Direitos Humanos para Concurso
Direitos Humanos para Concurso
Direitos Humanos para Concurso
Aula 00
Aula 00
Apresentação do
Curso
Introdução aos
Direitos Humanos
Sumário
Direitos Humanos para Concurso ....................................................................................... 4
Cronograma de Aulas ...................................................................................................... 7
1 - Considerações Iniciais ............................................................................................... 11
2 – Teoria Geral dos Direitos Humanos ............................................................................ 11
2.1 - Conceito e terminologia ...................................................................................... 11
2.2 - Estrutura Normativa ........................................................................................... 14
2.3 - Classificação dos Direitos Humanos ...................................................................... 18
2.4 - Fundamentos dos Direitos Humanos ..................................................................... 20
3 - Características dos Direitos Humanos ......................................................................... 24
3.1 - Superioridade Normativa (e norma jus cogens) ..................................................... 25
3.2 - Historicidade ..................................................................................................... 27
3.3 - Universalidade ................................................................................................... 29
3.4 - Relatividade ...................................................................................................... 32
3.5 - Irrenunciabilidade .............................................................................................. 33
3.6 - Inalienabilidade ................................................................................................. 34
3.7 - Imprescritibilidade ............................................................................................. 35
3.8 - Interdependência ............................................................................................... 35
3.9 - Caráter erga omnes ............................................................................................ 37
3.10 - Exigibilidade .................................................................................................... 38
3.11 - Abertura ......................................................................................................... 39
3.12 - Aplicabilidade imediata (efetividade) ................................................................... 39
3.13 - Dimensão objetiva ............................................................................................ 41
3.14 - Proibição do retrocesso (efeito cliquet) ................................................................ 42
3.15 - Eficácia horizontal ............................................................................................ 43
4 - Dimensões dos Direitos Humanos ............................................................................... 45
APRESENTAÇÃO DO CURSO
Direitos Humanos para Concurso
Iniciamos nosso Curso Regular de Direitos Humanos em teoria e questões,
voltado para provas objetivas e discursivas de concurso público.
Devido a procura e perspectiva de novos concursos que cobrem Direitos
Humanos, ele poderá ser usado para estudar tanto para concursos de Carreiras
Policiais, como para concursos de Procuradorias, Defensorias, Magistratura
e Ministério Público.
O presente curso abrangerá todos os assuntos que podem ser exigidos nas provas
objetivas e discursivas. O curso encontra-se com correções de escrita, atualização
legislativa e dos mais recentes julgados e nova formatação.
Num total de 17 aulas, passaremos por todos os assuntos teóricos da matéria,
sem deixar de alertar para as discussões recentes que envolvem a disciplina.
Esse será o curso mais completo que lançaremos de Direitos Humanos e
contemplará todos os diplomas internacionais mais relevantes.
Os assuntos serão tratados para atender tanto àquele que está iniciando os
estudos na área humanística, bem como àquele que está estudando há mais
tempo. Os conceitos serão expostos de forma didática, com explicação dos
institutos jurídicos e resumos da jurisprudência, quando importantes para a
prova.
Confira, a seguir, com mais detalhes, nossa metodologia.
Metodologia do Curso
Algumas constatações acerca da prova vindoura são importantes!
Podemos afirmar que as aulas levarão em consideração as seguintes “fontes”.
FONTES
Legislação e
Jurisprudência
Doutrina quando Assuntos Documentos
relevante dos
essencial e relevantes no Internacionais
Tribunais
majoritária cenário jurídico pertinentes ao
Superiores
assunto.
Para tornar o nosso estudo mais completo, é muito importante resolver questões
anteriores para nos situarmos diante das possibilidades de cobrança. Traremos
questões de todos os níveis, inclusive questões cobradas em concursos jurídicos
de nível superior de Direitos Humanos.
Essas observações são importantes pois permitirão que possamos organizar o
curso de modo focado, voltado para acertar questões objetivas e discursivas.
Súmulas, orientações
jurisprudenciais e Muitas questões anteriores Resumo dos principais
jurisprudência pertinente de provas comentadas. tópicos da matéria.
comentadas.
Apresentação Pessoal
Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Ricardo Strapasson
Torques! Sou graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e
pós-graduado em Direito Processual.
Estou envolvido com concurso público há 07 anos, aproximadamente, quando
ainda na faculdade. Trabalhei no Ministério da Fazenda, no cargo de ATA. Fui
aprovado para o cargo Fiscal de Tributos na Prefeitura de São José dos Pinhais/PR
e para os cargos de Técnico Administrativo e Analista Judiciário nos TRT 4ª, 1º e
9º Regiões.
Quanto à atividade de professor, leciono exclusivamente para concurso, com foco
na elaboração de materiais em pdf. Temos, atualmente, cursos em Direitos
Humanos, Legislação e Direito Eleitoral.
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Terei o
prazer em orientá-los da melhor forma possível nesta caminhada que estamos
iniciando.
E-mail: rst.estrategia@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos/
Cronograma de Aulas
AULA 00 - APRESENTAÇÃO DO CURSO, CRONOGRAMA DE AULA E INTRODUÇÃO AOS
DIREITOS HUMANOS – 02.01
1. Origem, sentido e evolução histórica dos Direitos Humanos.
2. A dignidade humana.
3. Os fundamentos filosóficos dos Direitos Humanos.
4. Direito internacional dos Direitos Humanos: fontes, classificação, princípios,
características, gerações e dimensões dos Direitos Humanos. Resolução de conflitos ante
a colisão de Direitos Humanos. A responsabilidade internacional por violação dos Direitos
Humanos: tratados internacionais de Direitos Humanos e as obrigações assumidas pelo
Brasil, formas de reparação e sanções coletivas e unilaterais. A vigência e eficácia das
normas do Direito Internacional dos Direitos Humanos. As possibilidades de aposição de
reservas e de oferecer denúncias relativas aos tratados internacionais de Direitos
Humanos. (parte 01)
1
PERES LUÑO, Antônio. Derechos humanos, Estado de derecho y Constitución. 5. edição.
Madrid: Editora Tecnos, 1995, p. 48.
2
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 7ª edição, rev.,
ampl. e atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 13.
3
SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos Diretos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2004, p. 110.
Comentários
A assertiva está incorreta. Primeiramente, é importante esclarecer que a
primeira parte da assertiva é confusa, não há verdadeiramente um consenso em
relação ao fundamento dos Direitos Humanos.
A dignidade da pessoa constitui o objeto central ou, ao menos, o principal direito
humano que temos. Porém, não é tecnicamente correto afirmar que o
fundamento da disciplina está na dignidade.
4
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl., Salvador: Editora JusPodvim,
2012, p. 25.
REGRAS PRINCÍPIOS
NORMAS
JURÍDICAS
regras princípios
5
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014
(versão digital).
6
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014
(versão digital).
Democracia
A democracia também é fundamental na estrutura principiológica dos Direitos
Humanos, na medida em que somente em Estados democráticos é possível
cogitar o exercício de direitos.
A democracia relaciona-se com o exercício da soberania popular, sendo
conceituada pela doutrina7 como:
A qualidade máxima do poder extraída a da soma dos atributos de cada membro na
sociedade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no governo por meio do
sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário.
Razoabilidade-proporcionalidade
A inclusão da razoabilidade e da proporcionalidade como critério interpretativo
proporciona uma abertura de valores na aplicação do Direito. O operador do
Direito não deve se limitar à subsunção (aplicação do fato à norma). Há,
evidentemente, uma série de princípios e valores a serem aplicados ao caso
concreto que irão reclamar um juízo de ponderação. Esse juízo tão melhor será
quanto mais razoável e proporcional for a interpretação. Não é uma tarefa fácil,
mas que releva a pretensão de se conferir real importância aqueles direitos que
7
BULOS, Uadi Lammêgo; Constituição Anotada, 5º edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2003,
p. 480.
Com base nos quatro status acima, é possível delinear uma classificação dos
Direitos Humanos em:
direitos humanos de defesa;
direitos humanos prestacionais;
direitos humanos de participação.
viabilizam a exigem, ao
DIREITOS DE participação do mesmo tempo,
misto
PARTICIPAÇÃO indivíduo na abstenção e
sociedade prestação
Comentários
O direito à saúde constitui um direito prestacional, por meio do qual a pessoa
poderá exigir do Estado os meios e instrumentos necessários a fim de lhe garantir
uma vida saudável. Portanto, trata-se de direito positivo, de modo que a
alternativa D é a correta e gabarito da questão.
Fundamentos
Paralelamente à corrente que nega a possibilidade de delimitação dos Direitos
Humanos, foi construída pela doutrina uma série de fundamentos que somados
constituem os fundamentos dos Direitos Humanos.
Estudaremos fundamentos principais:
o jusnaturalista;
o positivista; e
o moral.
Fundamento Jusnaturalista
Para a corrente jusnaturalista, o fundamento dos Direitos Humanos está em
normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de
um conjunto de ideias, de origem divina ou fruto da razão humana.
Assim, para essa corrente de pensamento, os Direitos Humanos seriam
equivalentes aos direitos naturais, consequência da afirmação dos ideais
jusnaturalistas.
8
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014
(versão digital).
9
ADI 595/ES, Rel. Celso de Mello, 2002, DJU de 26-2-2002.
10
SS 2.061 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Presidente, DJU 30-10-2001.
ser definida uma vez cessada a greve. Conta-se, para tanto, com o mecanismo dos
descontos, a elidir eventual enriquecimento indevido, se é que este, no caso, possa se
configurar.
Os julgados acima bem exemplificam que embora não seja a tese prevalente para
a defesa de direitos humanos, por vezes, é reportado como um dos fundamentos
da nossa disciplina.
Fundamento positivista
Segundo o fundamento positivista, a formação dos Estados Constitucionais
de Direito, como é o caso do Brasil, levou à inserção de Direitos Humanos nas
constituições.
Desse modo, se os Direitos Humanos estiverem escritos em textos legais são
considerados Direitos Humanos. Antes de serem positivados, são
considerados apenas valores e juízos morais.
Acerca dessa corrente leciona André de Carvalho Ramos11:
O fundamento dos direitos humanos consiste na existência da lei positiva, cujo pressuposto
de validade está em sua edição conforme as regras estabelecidas na Constituição. Assim,
os direitos humanos justificam-se graças a sua validade formal.
Fundamento Moral
Para finalizar, vejamos a fundamentação moral, segundo a qual os direitos
humanos consistem no conjunto de direitos subjetivos originados diretamente
dos princípios, independentemente da existência de regras prévias. Assim, os
direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não
aferem sua validade por normas positivadas, mas extraem validade
diretamente de valores morais da coletividade humana. Entende-se que a
moralidade integra o ordenamento jurídico por meio de princípios, referindo-se
às exigências de justiça, de equidade ou de qualquer outra dimensão da moral.
Existe, portanto, um conteúdo ético na fundamentação dos Direitos
Humanos, no que se refere à necessidade de assegurar uma vida digna
às pessoas.
Quadro sinótico
11
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica).
FUNDAMENTO JUSNATURALISTA
FUNDAMENTO POSITIVISTA
FUNDAMENTO MORAL
•Os direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não aferem
sua validade por normas positivadas, mas diretamente de valores morais da
coletividade humana.
Em suma:
Estudar essas características tem por finalidade permitir conhecer o atual estágio
de desenvolvimento da proteção dos Direitos Humanos na esfera internacional e
as respectivas consequências da aplicação interna dos Direitos Humanos no
ordenamento jurídico brasileiro.
Veremos as seguintes características:
Superioridade Relatividade ou
Historicidade Universalidade
Normativa Limitabilidade
Irrenunciabilidade
ou Inalienabilidade Imprescritibilidade Interdependência
Indisponibilidade
Proibição do
Dimensão objetiva Eficácia horizontal
retrocesso
3.2 - Historicidade
A historicidade traduz o fato de que os Direitos Humanos decorrem de um
processo de formação histórica, de modo que, com o tempo, os direitos
humanos surgem e se solidificam em razão das lutas da sociedade em
defesa da dignidade da pessoa.
Assim, não podemos afirmar que o conjunto de direitos que compõe nossa
matéria surge em determinado momento fixo. Pelo contrário, eventos como a
Declaração dos Direitos do Homem e as grandes Guerras Mundiais foram
marcantes para o surgimento gradual e para a expansão dos Direitos Humanos.
A historicidade é base para o estudo das dimensões (ou gerações) dos
Direitos Humanos, que veremos adiante.
Um aspecto interessante, relacionado com a historicidade, é a discussão acerca
da relação entre o Direito Natural e os Direitos Humanos. Vimos acima que um
dos fundamentos dos direitos humanos é a concepção jusnaturalista. Vimos,
também, que a principal crítica ao jusnaturalismo como fundamento é o fato de
não se adequar à ideia de historicidade!
Não vamos aqui tecer maiores considerações acerca do Direito Natural. Todavia,
devemos compreender que o Direito Natural traduz um conjunto de normas
fundadas na natureza das coisas, trata-se de um direito ideal, acima de todas as
12
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
(versão eletrônica).
leis, integrado por regras e por princípios que objetivam àquilo que é justo e
correto, tendo por finalidade legitimar as leis positivas. Assim, toda Constituição,
toda lei, todo tratado internacional – como diplomas normativos – deve partir do
Direito Natural (fundamento de legitimidade). Em razão disso, a doutrina afirma
que o Direito Natural é fixo, absoluto, universal e atemporal.
É exatamente esta última característica (atemporalidade) que nos interessa!
Afirma-se que o Direito Natural, em razão de estar acima do direito positivo de
cada Estado, se relacionaria com os Direitos Humanos. Isso, hoje, não é
considerado correto! Acabamos de estudar que os Direitos Humanos são
históricos, fruto do desenvolvimento da sociedade, que se constroem e se
solidificam com o tempo. Por outro lado, vimos, também, que o Direito Natural é
atemporal, sempre existiu e sempre existirá independentemente do momento
histórico. Notem que as duas coisas não se equivalem.
Os direitos naturais são inatos, cabendo a cada Estado, por meio de suas normas,
declará-los. Essa ideia não se aplica aos Direitos Humanos, que surgiram com o
lento evoluir da sociedade.
Esses conceitos e a correta compreensão da evolução dos Direitos Humanos serão
analisados ainda na presente aula, quando tratarmos da afirmação histórica dos
Direitos Humanos.
Por ora, lembre-se:
DIREITOS HUMANOS ≠ DIREITOS NATURAIS
13
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 26.
3.3 - Universalidade
O debate que envolve a universalidade, em Direitos Humanos, é: ser universal
na diversidade. Trata-se de um desafio da sociedade internacional que objetiva
interpretações comuns aos mais diversos temas da sociedade como direito à vida,
ao aborto, a transplantes de órgãos, a arquivos secretos etc.
Caro aluno, entendeu? Não?! Calma, logo entenderá!
A universalidade é uma característica tão discutida pelos estudiosos que a partir
dela podem ser identificadas duas correntes: universalistas e relativistas.
Analisar essas correntes envolve a discussão sobre “universalismo e relativismo
cultural”.
De acordo com a doutrina universalista, os direitos humanos podem ser
compreendidos em dois sentidos distintos:
Os Direitos Humanos destinam-se a todas as pessoas,
independentemente de suas características pessoais, culturais, sociais ou
econômicas. Não há que se falar em qualquer forma de discriminação
para saber se são, ou não, aplicáveis os Direitos Humanos.
Os Direitos Humanos abrangem todos os territórios, todos os
países, todas as sociedades. Podemos afirmar que os Direitos Humanos
possuem validade em qualquer local deste planeta, não havendo
limitações territoriais.
Diz-se, portanto, que os Direitos Humanos são universais, pois se aplicam a
todas as pessoas em qualquer lugar do mundo!
Conforme leciona Rafael Barreto14,
A universalidade pode ser ilustrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que
enuncia direitos comuns a todos os homens pela simples condição humana, sem nenhuma
discriminação, e que afirma que todos os seres humanos integram uma família única – a
família humanidade -, merecedora de respeito e dignidade de todos os lugares.
14
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 28.
Comentários
A questão acima é interessantíssima, pois envolve a discussão acerca do
relativismo cultural. Um dos efeitos causados pela pretensão de se universalizar
os Direitos Humanos é tornar homogêneas concepções muito distintas, hábitos e
culturas totalmente opostas.
Em face disso, o efeito gerado é inverso. Ao invés de se conseguir a proteção dos
Direitos Humanos, há uma cisão na sociedade com a discriminação de minorias.
Formam-se as dicotomias, que podem levar à formação de estigmas.
Assim, ao analisarmos as alternativas concluímos que essa dicotomização
estigmatizante leva à exclusão e segregação sociais, o que torna a alternativa
E a correta e gabarito da questão.
15
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar. 2ª edição, 2014, p. 292.
16
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar, p. 291.
17
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
(versão eletrônica).
Logo, a celeuma deve ser resolvida com equilíbrio, não é possível excluir um
em total detrimento do outro. É necessário que haja uma convivência harmônica,
desde que, evidentemente, seja assegurado aquilo que alguns doutrinadores
denominam de “núcleo duro” dos direitos humanos, vale dizer, o conjunto de
direitos humanos de suma importância e necessário, independentemente
das particularidades dos diversos povos.
UNIVERSALIDADE
3.4 - Relatividade
Estudamos em Direito Constitucional, na parte de Teoria Geral, que os princípios,
hoje considerados espécies de normas, não são absolutos. Vale dizer, quando o
aplicador do direito se confrontar com situação em que um princípio indica uma
decisão e outro princípio indica outra decisão oposta à primeira, o jurista deverá
relativizar um princípio para a defesa do princípio que entende, para
aquele caso, mais importante.
Vejamos um exemplo bem simples. O princípio da liberdade,
direito fundamental, poderá ser relativizado em diversas
circunstâncias, como, por exemplo, no caso de condenação
criminal ou nas hipóteses em que é admitida a prisão privativa do acusado. O
legislador, ao elaborar nosso Código Penal, analisou entre as diversas
modalidades de crimes e estabeleceu que uns violam bens e valores tão
importantes que, se confrontados com a liberdade individual, permitirão,
excepcionalmente e por certo lapso de tempo, a prisão do sujeito.
A ideia é a mesma! Pelo princípio da relatividade ou da limitabilidade,
devemos compreender que os Direitos Humanos podem sofrer limitações
para adequá-los a outros valores coexistentes na ordem jurídica.
Excepcionalmente, com fundamento na doutrina de Norberto Bobbio, existem
dois direitos humanos que são absolutos! São direitos que não poderão ser
relativizados em hipótese alguma.
Para a prova...
RELATIVIDADE
vedação à tortura
Exceções à logo são direitos humanos
relatividade absolutos:
vedação à escravidão
3.5 - Irrenunciabilidade
Para compreendermos a irrenunciabilidade (ou indisponibilidade), vamos
entender alguns aspectos jurídicos a respeito da renúncia.
Quem faz faculdade de Direito estuda, nas aulas de Teoria Geral, que as pessoas
podem renunciar a direitos considerados disponíveis. O ordenamento
jurídico prevê uma gama de direitos que são consubstanciados em textos legais.
Alguns são considerados tão importantes, porque tutelam a vida, a dignidade e
a liberdade que, mesmo que a pessoa queira renunciá-los, não poderá. Por outro
lado, direitos relacionados com aspectos patrimoniais podem ser renunciados. É
o que ocorre, por exemplo, com o perdão de dívidas. Embora o credor seja titular
da pretensão e dos valores a ele devidos, poderá renunciar.
18
Podemos citar, ainda: a) artigo V, da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “ninguém
será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”; b) artigo
7º, do Pacto dos Direitos Civis e Políticos: “ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas
ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido sobretudo, submeter uma
pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médias ou cientificas”; e c) artigo 5, 2, da
Convenção Americana sobre os Direitos Humanos: “ninguém deve ser submetido a torturas, nem
a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser
tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano”.
Adaptando essa ideia aos direitos humanos, porque eles envolvem o rol dos
direitos mais importantes de uma pessoa, não poderão ser renunciados, ainda
que se deseje abrir mão deles.
Vejamos um exemplo. Não é possível, por exemplo, determinada
pessoa dispor do próprio corpo, quando isso importar a diminuição
permanente da integridade física, conforme se extrai do art. 13, do
CC. Logo, por mais que a pessoa pretenda fazê-lo, não poderá vender
determinado órgão vital para ser transplantado no corpo de outrem.
Permitir tal situação seria renunciar à integridade física, um direito
humano fundado na dignidade da pessoa.
A dignidade humana deverá ser observada e respeitada pela
simples condição humana. Se é humano, deverá ter dignidade! Logo, pela
característica da irrenunciabilidade, devemos entender que a pessoa não
pode dispor sobre a proteção à sua dignidade. Assim, eventual renúncia a
direito humano é nula, não possuindo qualquer validade jurídica.
IRRENUNCIABILIDADE
3.6 - Inalienabilidade
Essa característica é bastante simples e relaciona-se com a irrenunciabilidade.
De acordo com a doutrina, os Direitos Humanos não poderão ser alienados.
Dito de outra forma, o titular não poderá dispor dos Direitos Humanos.
Dessa forma, a retirada de órgão humano vital não é aceita porque, por um lado,
viola a característica da irrenunciabilidade e, por outro, veda-se a alienabilidade
da dignidade para auferir lucro.
Por conta disso, inclusive, prevê o art. 14, do CC, que a disposição do corpo após
a morte, seja com objetivo científico ou com sentido altruístico, somente será
possível de forma gratuita.
INALIENABILIDADE
3.7 - Imprescritibilidade
A imprescritibilidade, que remete à ideia de que as normas de Direitos
Humanos não se esgotam, nem se consomem com o passar do tempo.
Estudamos em direito que se a pessoa não exercer o direito,
ou ao menos manifestar a pretensão, em determinado lapso
de tempo, não poderá mais fazê-lo por força do instituto da
prescrição. Esse instituto jurídico, contudo, em matéria de Direitos Humanos é
inaplicável, de forma que podemos dizer que os Direitos Humanos são
imprescritíveis.
A doutrina faz um alerta importante: não podemos confundir a imprescritibilidade
dos Direitos Humanos com reparação civil desses direitos. A intimidade é um
direito de todo ser humano durante toda a sua existência, inclusive para depois
da morte (post mortem).
Contudo, violado esse direito, nasce a pretensão de o prejudicado buscar
reparação civil para indenização material e moral. Essa pretensão, em que pese
decorrente de violação de um Direito Humano, está sujeita a prazos
prescricionais, que deverão ser observados nos termos da legislação civil.
IMPRESCRITIBILIDADE
3.8 - Interdependência
Entende-se por interdependência a mútua relação entre os Direitos Humanos
protegidos pelos diversos diplomas internacionais.
Comentários
Aqui temos uma questão que aborda as características dos Direitos Humanos.
Cada alternativa aborda uma característica diferente. Vejamos!
A alternativa A está incorreta, pois a historicidade (ou historicismo para a
banca) não pressupõe a supressão de Direitos. Como vimos, e isso se justifica no
estudo das dimensões dos Direitos Humanos, a cada evolução experimentada
pela sociedade há um número maior de direitos assegurados.
A alternativa B está igualmente incorreta, pois a universalidade refere-se à
aplicação dos direitos a todas as pessoas e em todos os lugares. Não há correção
direta entre a universalidade e a aplicação igualitária dos Direitos Humanos.
Ademais, ao contrário do que se afirmou, entre os Direitos Humanos destaca-se
o tratamento isonômico, que justifica o tratamento desigual despendido a grupos
vulneráveis da sociedade.
A alternativa C também está incorreta, pois em face da irrenunciabilidade, os
Direitos Humanos não podem ser restringidos pelas leis internas do pais, muito
embora possam ser flexibilizados em razão de outros valores ou direitos
assegurados (como ocorre com relação à prisão).
A alternativa D, por sua vez, é a correta e gabarito da questão, uma vez que os
direitos à indivisibilidade é característica dos Direitos Humanos ao lado da
complementariedade. Embora não tenhamos nos referido expressamente a essas
características, ao tratarmos da interdependência afirmamos que há uma relação
mútua entre os direitos humanos, considerados um corpo único de direitos.
Por fim, a alternativa E está incorreta. Como alertamos, a imprescritibilidade é
do direito humano e não em relação a eventuais reparações por violações a esse
direito. Desse modo, se o sujeito pretende uma reparação contra o Estado ante
a violação de algum direito, deverá observar os prazos previstos na legislação
para que possa exigi-lo judicialmente.
3.10 - Exigibilidade
A característica da exigibilidade relaciona-se com a implementação dos
direitos humanos. A efetividade sempre foi e será objeto de diversas
discussões, pois remete à análise da responsabilidade internacional dos Estados,
o que, por vez, é delicado de se impor ante a soberania de cada nação.
O estudo mais aprofundado da característica da exigibilidade remete aos modos
de verificação da responsabilidade de um Estado pela violação dos direitos
humanos, que não é assunto dessa aula.
Por ora, você deve saber que a exigibilidade denota a característica dos direitos
humanos que se preocupa com a implementação desses direitos e com a
efetividade da responsabilização dos Estados, quando violados.
EXIGIBILIDADE
3.11 - Abertura
Essa característica remete ao processo de alargamento do rol de direitos
humanos, de forma que, segundo os doutrinadores, o rol de direitos não é
taxativo (não exaustivo). Vale dizer, sempre será possível, a depender dos
influxos da sociedade, o reconhecimento de novos direitos humanos pois
eles possuem estrutura aberta.
O parâmetro para se considerar determinado direito como humano é o
princípio da dignidade, de forma que, se determinado direito remeter ou
repercutir na dignidade da pessoa, poderá ser considerado um direito humano.
Nesse contexto, citemos o exemplo do art. 5º, §2º, da Constituição Federal, para
qual, abraçando essa característica:
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.
limitada. Não vamos discorrer sobre cada uma dessas espécies de normas
constitucionais, contudo, é interessante efetuarmos um paralelo com as normas
de eficácia plena. Essas normas são aplicadas diretamente, não sendo necessário,
em razão disso, regulamentação infraconstitucional para que o direito seja
exercido. Além disso, se for um direito fundamental, não será possível a
legislação infraconstitucional restringi-la sob pena de inconstitucionalidade.
É o que acontece com as normas de direitos humanos. Regras e princípios que
disciplinam os direitos humanos possuem aplicabilidade imediata e
direta, não precisam de outras normas que venham especificar como
será a aplicação desses direitos. Pela simples positivação do texto no tratado
internacional já é plenamente possível cobrar a observância dessas regras.
É o que enuncia o art. 5º, §1º, da Constituição Federal:
As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
APLICABILIDADE
Comentários
Questão fácil, não?! Embora ela se refira à Declaração Universal dos Direitos
Humanos (DUDH), cobra-se, em verdade, as características da nossa disciplina
que, porventura, estão arrolados expressamente na DUDH.
Como vimos, universalidade, efetividade (ou aplicabilidade imediata) e
indivisibilidade (decorrente da interdependência) constituem característica dos
Direitos Humanos.
Portanto, a alternativa E é a correta e gabarito da questão.
DIMENSÃO OBJETIVA
Comentários
Questão tranquila. Devemos cuidar para não marcar como incorreta, com olhos
fixos na característica da proibição do retrocesso. Notem que a assertiva é
apresentada de forma ampla, como quem aborda a referida “luta pelos direitos”.
Ademais, justifica que o Estado, nessa luta, tem que se engajar, com a adoção
de ações e de políticas voltadas não apenas para a gestão interna do país (atos
de governo), mas para a defesa e representatividade do seu povo (atos de
Estado).
Desse modo, os influxos constituem realidade, de forma que presenciamos
avanços e retrocessos na evolução dos direitos humanos. Portanto, está correta
a assertiva.
ESTADO
SOCIEDADE
SOCIEDADE SOCIEDADE
19
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
(versão eletrônica).
Por isso se fala em eficácia diagonal dos direitos humanos quando se refere
à aplicação da teoria às relações de emprego.
Podemos esquematizar a relação da seguinte forma:
vertical
o Estado e a sociedade
HUMANOS
Com isso finalizamos mais uma parte da aula, a parte mais extensa. São vários
os conceitos e, por isso, trouxemos diversos esquemas para facilita a apreensão
do assunto.
20
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 36.
21
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar, p. 63.
22
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar, p. 63.
23
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar, p. 64.
24
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 41.
destina à coletividade, pois abrange todos que podem ser afetados pelos
descuidos ambientais e por práticas ilegais e abusivas nas relações de consumo.
O marco histórico, portanto, dessa dimensão é o Pós-2ª Guerra Mundial e o
surgimento da Organização das Nações Unidas em 1945.
Não há uma obra ou estudioso em específico para esse período, devemos
considerar que o marco teórico dessa geração são os trabalhos acadêmicos que
visam à proteção universal e solidária da humanidade.
Por fim, quanto ao marco jurídico destaca-se a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, criada pela Assembleia Geral da ONU, em 1948.
Quanto aos referenciais jurídicos, não confundam:
Comentários
A presente questão envolve a discussão a respeito das dimensões dos direitos
humanos. Trata-se de uma questão completa e aprofundada. Vejamos cada uma
das alternativas.
A alternativa A está incorreta. A primeira dimensão retrata dos direitos civis e
políticos. Caracterizam-se por serem direitos negativos, que impõem abstenção
estatal. Na alternativa fala-se em mudança nas relações econômico-sociais, o que
remete aos direitos sociais, econômicos e culturais, condizentes com a segunda
dimensão dos direitos. Ademais, de forma incoerente, fala-se também em direitos
relacionados com o desenvolvimento tecnológico e científico, característicos dos
direitos de quarta dimensão.
A alternativa B também está incorreta. Os direitos humanos de quinta dimensão
– segunda a doutrina de Paulo Bonavides – retrata os direitos relacionados à paz
e decorrem dos eventos terroristas, com marco no 11 de Setembro. A alternativa
refere-se também aos direitos de solidariedade e de fraternidade, característico
dos direitos de terceira dimensão.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Os direitos de segunda
dimensão constituem a igualdade em sentido material, suplantando a mera
igualdade formal, garantida pela primeira dimensão dos direitos. Ademais, os
direitos de segunda dimensão abrangem os direitos relacionados aos direitos
sociais, econômicos e culturais.
A alternativa D está incorreta. A alternativa retrata os direitos de primeira
dimensão, como comentamos na primeira alternativa, e não os direitos de
terceira dimensão.
A alternativa E está igualmente incorreta. Novamente a alternativa tratou dos
direitos de primeira dimensão, e não dos direitos de quarta dimensão.
Sobre as dimensões dos direitos, lembre-se:
Como
bem ilustra o esquema acima, é possível perceber que a cada passo avante da
sociedade, maior é a proteção da dignidade da pessoa.
Segunda, finalizamos um dos pontos mais importantes da aula de hoje. Como
forma de auxiliar a fixação dessas informações, sugerimos a revisão periódica do
assunto, de acordo com o quadro-síntese abaixo.
associação
ao lema da
Liberdade igualdade fraternidade
Revolução
Francesa
Revolução Gloriosa na
Inglaterra Revolução Mexicana Pós-2ª Guerra Mundial
marco
histórico Independência dos EUA Revolução Russa Surgimento da ONU
Revolução Francesa
“Encíclica Rerum
“Segundo Tratado sobre Novarum” (Papa Leão trabalhos acadêmicos
marco o Governo” (John Locke) XIII) que visem à proteção
teórico “O Contrato Social” “Manifesto do Partido universal e solidária da
(Jean-Jacques Rousseau) Comunista” (Karl Marx e humanidade
Frederich Engels”
Constituição Americana
Constituição Mexicana
de 1787
marco de 1917 Declaração Universal dos
jurídico Declaração Francesa dos Direitos Humanos, de 1948
Constituição de
Direitos do Homem e do
Weimar de 1919
Cidadão de 1789
direito à liberdade de
exemplo direito à saúde direito ao meio ambiente
expressão
pesquisas biológicas e
manipulação do patrimônio
genético das pessoas
(Norberto Bobbio)
direito direitos à paz
tutela da democracia, do
direito à informação e o
pluralismo político (Paulo
Bonavides)
Comentários
Lembre-se:
Comentários
Podem sintetizar as primeiras três dimensões da seguinte forma:
3ª D: direitos
difusos e
coletivos
2ª D: direitos
econômicos e
sociais
1ª D: direitos
civis e políticos
25
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 13.
Período Axial
Primeiramente vamos compreender o termo “axial”. Axial refere-se a eixo. Vale
dizer que o período axial dos direitos humanos é o eixo sobre o qual se
desenvolve a disciplina Direitos Humanos.
Compreendido entre VIII a.C e II a.C., esse período levou à formação
daquilo que conhecemos por humanidade.
O século VIII a.C. marca o INÍCIO do período axial, quando os estudiosos
estabeleceram princípios e diretrizes fundamentais da vida.
Em seguida, no século V a.C. nasce a filosofia, que marca uma evolução: a
passagem do saber mitológico para o saber da razão. Antes, as coisas eram
fantásticas, tudo o que existia era fruto da criação dos deuses. Com a filosofia, o
homem passou a exercer um papel crítico e racional na realidade, não mais
apegado à mitologia.
Em razão dessa mudança de postura, o homem passou a ser o centro das
discussões. Dito de outra forma: as pessoas passaram a ser objeto de análise
e de reflexão.
Isso não quer dizer que deixou de existir a mitologia ou religião, mas com o
tempo ela foi adaptada, de modo que passou a se cultuar, por exemplo,
antepassados, pessoas com modelos éticos para orientar o comportamento das
novas gerações.
Nesse período houve a aproximação e a compreensão mútua entre os
diversos povos que compunham as comunidades da época.
Assim leciona Fábio Konder Comparato26 sobre esse período:
É a partir do período axial que, pela primeira vez na História, o ser humano passa a ser
considerado, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não
obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais.
26
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 19.
Século XVII
Esse período é caracterizado pelo que a doutrina denomina de “crise de
consciência”, no qual os estudiosos e pensadores da época passaram a
questionar o poder político.
Ao lado das revoluções científicas da época, houve o renascimento dos ideais
republicanos e democráticos, intensificando-se o sentimento de
liberdade e de resistência ao poder absolutista.
Por conta disso, esse período é marcado pelo estatuto das liberdades pessoais,
com destaque para:
1. criação do habeas corpus; e
2. Bill of Rights.
Em suma: nesse período despontou o ESTATUTO DAS LIBERDADES
PESSOAIS, guardando íntima relação com a temática dos Direitos Humanos.
Comentários
Essa questão é extremamente maldosa!
Sabemos que o Bill Of Rights constitui uma declaração de direitos de liberdade
(de expressão, política e de tolerância religiosa). Trata-se de um documento que
surgiu no Reino Unido em 1689 e possui grande relevância para a afirmação
histórica dos Direitos Humanos.
Contudo, não é desse documento que trata a questão. Ela refere-se ao Bill of
Rights DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, que é o nome dado às primeiras
10 emendas à Constituição dos EUA de 1787. Esse documento caracteriza-se por
conter direitos básicos do cidadão em face do Estado, porém não se confunde
com Bill os Rigths que estudamos acima.
Portanto, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.
27
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 62.
Comentários
Temos aqui uma questão dificílima, mas que ilustra bem o nosso estudo. Em face
disso, vamos comentá-la no material. A Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão marca a Revolução Francesa e é fundamental na afirmação histórica dos
Direitos Humanos.
Embora seja reconhecido como documento fundamental de Direitos Humanos, há
autores que criticam o documento. Na questão, a FCC explorou justamente isso.
Ela quer saber, em cada um dos itens, quais são os críticos referidos.
Acreditamos que uma questão tal como essa é difícil de aparecer em provas. As
provas de Defensor Público do Estado de São Paulo caracterizam-se por serem
as mais difíceis do Brasil na matéria. Assim, se nós soubermos até o que eles
estão cobrando lá, não teremos dificuldade nenhuma em nossa prova.
No primeiro item temos um excerto de Karl Marx crítico ferrenho da burguesia e
do sistema capitalista desenvolvido após a Revolução Francesa. Notem que o
excerto deixa claro que a Declaração de Direitos do Homem é feita para “uma
espécie de homem”, o burguês.
Em relação ao segundo item, temos uma citação de Gouges. Sem necessidade
de nos aprofundarmos muito a respeito do tema, Marie Gouze (conhecida como
Gouges) foi uma feminista revolucionária. Defendia os direitos das mulheres e
criou uma obra denominada “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, em
crítica à autoridade masculina e à relação desigual travada na Declaração.
Desse modo, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.
PERÍODO OBSERVAÇÕES
Comentários
Analisando as alternativas, excluímos a alternativa A, pois o junaturalismo
constitui um movimento que é utilizado como fundamento dos Direitos Humanos
e não como marco histórico evolutivo da matéria. Do mesmo modo, a
independência do Brasil naõ possui significado na evolução dos Direitos Humanos.
6 - Questões
Considerando as questões analisadas no decorrer da aula (12 questões), mais as
42 questões que compõem a bateria abaixo, temos a seguinte distribuição de
questões, que denota a importância dos assuntos para fins de prova:
16 16 16
AULA 00
O grande publicista alemão Georg Jellinek, na sua obra "Sistema dos Direitos
Subjetivos Públicos" (Syzstem der subjetktiv öffentlichen), formulou
concepção original, muito citada pela doutrina brasileira no estudo da teoria
dos direitos fundamentais, segundo a qual o individuo, como vinculado a
determinado Estado, encontra sua posição relativamente a este cunhada por
quatro espécies de situações juridicas (status), seja como sujeito de
deveres, seja como titular de direitos. Assinale qual das attemativas abaixo
contém um item que NÃO corresponde a um dos quatro status da teoria de
Jellinek:
a) status passivo (status subjectionis).
b) status negativus.
c) status civitatis.
d) status socialis.
e) status activus.
EUA, é o que se diz, utilizam os direitos humanos apenas como pretexto para
os interesses totalmente profanos do poder e da economia; não lhes
interessa a situação jurídica da população, mas apenas o petróleo. E por
isso, assim prossegue o argumento, há dois pesos e duas medidas: em toda
parte onde os detentores do poder se destacam pelo bom comportamento,
deixando por exemplo que os bombardeiros norte-americanos estacionem
em seus territórios (como na Turquia, provavelmente, ou na Arábia Saudita),
a autonomeada polícia mundial ocidental não há de objetar nada contra a
pilhagem, a perseguição e a chacina de grupos inteiros da população ou
contra as condições ditatoriais."
(KURZ, Robert. Paradoxos dos direitos humanos. Folha de São Paulo, São
Paulo, 16 mar. 2003. Caderno Mais!, p. 9-11)
O excerto acima é relacionado ao
a) Multiculturalismo dos direitos humanos.
b) Universalismo de confluência dos direitos humanos.
c) Imperialismo dos direitos humanos.
d) Relativismo dos direitos humanos.
e) Universalismo dos direitos humanos.
6.2 - Gabarito
Questão 01 – A Questão 02 – CORRETA
Questão 25 – D Questão 26 – A
Comentários
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A é a correta e gabarito da questão.
Aqui temos uma questão introdutória da matéria, que cobra posicionamento
específicos acerca da estrutura dos Direitos Humanos.
De acordo com a doutrina de André Ramos de Carvalho a estrutura dos Direitos
Humanos é variada, podendo se caracterizar em:
segundo André
de Carvalho
Ramos
direito-
direito-pretensão direito-liberdade direito-poder
imunidade
direito à vedação à
direito à liberdade de
assistência prisão, salvo
educação credo
jurídica flagrante
Comentários
A assertiva está correta e demonstra justamente o fato de que a distinção entre
direitos humanos e direitos fundamentais reside apenas no plano da positivação,
não havendo se falar em diferença de conteúdo.
Comentários
A assertiva correta e explica bem a razão da existência do princípio. Em Direitos
Humanos deve ser observado o princípio da proibição do retrocesso, que visa a
impedir a redução de direitos humanos no âmbito jurídico.
Desta forma, quando regulamentado um direito humano o legislador não poderá
retroceder a matéria, com qualquer medida prejudicial à sua efetivação, como a
imposição de exigências para o seu cumprimento ou alteração de modo a excluir
um direito.
Comentários
Trouxemos essa questão a fim de expor uma curiosidade
sobre a teoria geral dos direitos humanos. A Teoria da
Margem de Apreciação surgiu em um julgamento da
Corte Europeia, mais especificamente no caso Handyside v. Reino Unido, e é
frequentemente utilizada em casos nos quais há uma ponderação de direitos.
De acordo com essa teoria, os Estados europeus possuem certa margem de
apreciação para tomar decisões quanto a assuntos internos, pois as autoridades
locais teriam melhor entendimento da situação analisada. Tratando-se de uma
teoria de relativização. Essa teoria representa um meio de solução de conflitos
concretos existentes entre o sistema internacional de direitos humanos e a
legislação interna de cada nação.
Na verdade, a teoria de margem de apreciação é vista no sentido oposto ao
enunciado da questão.
A assertiva está incorreta.
Comentários
Questão simples que cobra a classificação dos Direitos Humanos de acordo a
partir da relação entre o homem e o Estado. Essa classificação fixa 4 status, quais
sejam:
4 status de
Jellinek
status status
status civitatis status activus
subjectionis negativus
Comentários
Está incorreta a assertiva, pois no status negativo temos a pessoa na condição
de exigir a abstenção estatal. Equivoca-se, portanto, a questão ao confundir o
status negativo com o status de sujeição.
Comentários
Perfeita a assertiva. Como vimos em aula não há diferenças substanciais entre
Direitos Fundamentais e Direitos Humanos. Há, inclusive, autores que sustentam
que os termos deveriam ser unificados, sugerindo-se a expressão Direitos
Humanos Fundamentais ou Direitos Fundamentais Humanos.
De todo modo, podemos distingui-los do seguinte modo:
DIREITOS HUMANOS – direitos protetivos à pessoa na órbita internacional.
DIREITOS FUNDAMENTAIS – direitos protetivos à pessoa na órbita interna
Está correta, portanto, a assertiva.
Comentários
Essa é uma questão bastante difícil e que está incorreta. A doutrina
contemporânea afirma que não é possível falar em uma única fundamentação
dos Direitos Humanos. Entendem os doutrinadores que cada um dos
fundamentos (jusnaturalista, postitivista e moral) dos Direitos Humanos tiveram
sua contribuição para lançar as bases da nossa disciplina.
Prova disso são os julgados citados em aula do STF que se reportaram à origem
jusnaturalista dos Direitos Humanos.
Portanto, a assertiva está incorreta.
Comentários
Novamente temos uma questão bastante difícil, aplicada em concursos da DPE-
SP. A solução desse tipo de questão passa necessariamente pela sensibilidade do
candidato e pela leitura atenta das informações que subsidiam a resposta.
O excerto evidencia uma realidade: a utilização de argumentos de proteção aos
direitos humanos para assegurar vantagens de cunho econômico ou para a
imposição de poder de um Estado perante outros.
A partir dessa conclusão podemos eliminar as alternativas A e C, que retratam
o oposto de uma atuação impositiva verificada no excerto.
Por universalismo de confluência devemos entender a atuação posterior de
conciliação de direitos humanos, a fim de se encontrar um conjunto mínimo
protetivo. Ou seja, é a ideia de que, a partir de algum conflito existente na
comunidade em torno dos direitos humanos, forma-se uma mobilização com
vistas a chegar a um consenso. Nota-se, pelo excerto, que o consenso não é
cogitado: temos imposição pelo uso da força. Assim, eliminada a alternativa B.
A alternativa D também não é a melhor resposta, pois o relativismo indica que
cada país possui um conjunto próprio de direitos que considera fundamentais,
entendendo cada país deve respeitar a autonomia do outro para delimitar o rol
de direitos a proteger. Nota-se justamente o contrário a partir da leitura do
excerto, o que indica que está igualmente incorreta.
Comentários
Certeiramente a indivisibilidade e a universalidade constituem características dos
Direitos Humanos:
INDIVISIBILIDADE UNIVERSALIDADE
Comentários
Vejam que a afirmação não faz sentido. A universalidade conforme estudamos,
contrapondo com a ideia de relatividade, nos afirmou que os Direitos Humanos
tendem a serem aplicados para todas as pessoas e para todos os territórios,
28
HOBSBAWM, Eric. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Editora Companhia
das Letras, 2007, p. 14/5.
Comentários
Não abordamos diretamente o assunto “universalismo de chegada”, mas
decidimos trazer a questão na bateria de testes por um simples motivo: na hora
da prova nos depararemos inevitavelmente com surpresas. Ademais, quanto
mais “surpresas” vocês tiverem agora, menos vocês terão no dia da prova.
Pelo que vimos, ao longo desta aula, a pretensão dos Direitos Humanos é agregar
as diferenças existentes para criar uma teoria dos Direitos Humanos aplicável a
todos e em qualquer território. Portanto, podemos concluir que a assertiva está
correta.
Agregando conteúdo, podemos distinguir:
universalismo de partida: parte de determinado
acontecimento histórico pelo qual a sociedade passou para
futuramente haver o diálogo e respeito aos Direitos Humanos.
universalismo de chegada: intenta a discussão multicultural, de forma que
previamente a qualquer violação dos direitos humanos, a comunidade
internacional tenha a exata noção a respeito do dever de proteção da dignidade
da pessoa humana.
Está correta a assertiva, portanto.
Comentários
Devemos lembrar que a universalidade objetiva exatamente o contrário do
afirmado: estabelecer determinados valores protegidos em documentos
internacionais dirigidos a todos os países.
Logo, a assertiva está incorreta.
Comentários
É exatamente pelo fato de vincularem o gênero humano que os direitos humanos
são considerados irrenunciáveis, vale dizer, não constituem bens jurídicos
patrimoniais, cuja disposição pelo seu titular é permitida.
Logo, a assertiva está incorreta.
Comentários
Quando houver várias normas tratando do mesmo direito humano, em nome do
universalismo, e ideia de complementariedade dos Direitos Humanos, deve-se
aplicar a norma a norma mais benéfica à pessoa.
Não há, portanto, uma regra prévia de prevalência. Informa-se que a norma mais
favorável à pessoa será aplicável.
Estudamos em Direitos Humanos que as normas não se excluem, mas se
complementam. Assim, diante do conflito de normas, ao invés de aplicarmos as
regras jurídicas de solução de antinomias (critério cronológico hierárquico ou da
especialidade) ambas as normas devem ser aplicadas de forma complementar,
buscando-se a melhor forma de se proteger a dignidade da pessoa.
Classicamente, diante da presença de duas normas conflitantes, válidas e
emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas será
aplicada no caso concreto, o aplicador do direito deverá se valer dos critérios
acima mencionados.
Segundo o critério cronológico, a lei posterior revoga a lei anterior, vale dizer,
prevalece a norma mais recente. Para o critério hierárquico a lei de superior
hierárquica prevalece em comparação à lei inferior. Por fim, segundo o critério
da especialidade, a lei específica tem prevalência sobre a lei que estabelece
apenas normas gerais.
Comentários
A hermenêutica diatópica visa possibilitar o diálogo
entre as diversas culturas regionais e os direitos
humanos. Isto ocorre porque os direitos humanos são
Comentários
Uma das características dos direitos humanos é a imprescritibilidade. Isso quer
dizer que esses direitos não se perdem com o decurso do tempo. São direitos
protegidos de forma permanente devido a sua importância.
Para firmar o assunto, retomemos os principais aspectos da matéria:
As normas de Direitos Humanos não se esgotam com o passar do tempo
(conceito).
Os Direitos Humanos não se sujeitam a prazos prescricionais.
A pretensão indenizatória decorrente de violação de determinado direito
humano está sujeita à prescrição.
A assertiva está correta.
Comentários
O texto reflete a característica da relatividade. A complementariedade não é uma
característica dos direitos humanos.
vedação á tortura
Exceções à logo são direitos humanos
relatividade absolutos: vedação à
escravidão
Comentários
A assertiva está incorreta, posto que a rigidez hierárquica não caracteriza os
Direitos Humanos. Podemos afirmar, ao contrário, que os Direitos Humanos
adotam diversas fontes e devemos aplicar aquela que for mais favorável à
proteção da dignidade da pessoa humana.
Comentários
A Convenção de Viena consagra as denominadas normas jus cogens que são
consideradas normas de direitos humanos superiores, se sobrepondo às demais
normas do ordenamento internacional.
Assim, a assertiva está incorreta, posto que ao contrário do afirmado na
assertiva, a Convenção de Viena viabiliza normas superiores de Direitos
Humanos.
Comentários
Devemos ter máxima atenção para resolver essa questão. Embora a ideia central
de cada uma dessas características indique que ambas são excludentes, sabemos
que ambas convivem nos Direitos Humanos, de modo que se fala em
universalidade dos Direitos Humanos, respeitando-se diferenças culturais,
econômicas e sociais dos Estados.
Portanto, a assertiva encontra-se incorreta.
Comentários
Exatamente isso! Devemos lembrar que, em regra, os Direitos Humanos podem
ser flexibilizados, podem ser colmatados para conviver harmonicamente com
outros Direitos Humanos. Tal entendimento ganha relevo no contexto de que os
Direitos Humanos são compostos precipuamente por princípios.
Em que pese essa seja a regra, existem, segundo a doutrina de Noberto Bobbio,
dois direitos humanos que não podem ser relativizados, vale dizer que são
absolutos:
1. Vedação à tortura; e
2. Vedação à escravidão.
Deste modo, a assertiva está correta.
Comentários
Cuidado com essa questão. Devemos dissociar o direito humano do direito à
reparação civil em decorrência da violação a um determinado direito humano. Os
direitos humanos propriamente são irrenunciáveis e imprescritíveis, o que torna
a assertiva incorreta. Por outro lado, a reparação civil em decorrência da violação
aos direitos humanos é prescritível.
Notem, portanto, que a colocação de empregado para trabalhar em condições
subumanas é direito humano, cuja ação para livrá-lo de tal situação não
prescreve. Caso, entretanto, esse empregado pretenda uma reparação civil do
empregador que o submeteu a condições precarizantes, deverá postular uma
ação de reparação por danos materiais e morais, conforme o caso.
Comentários
Cuidado para não confundir os assuntos!
A aplicabilidade imediata dos Direitos Humanos refere-se ao fato de que as
normas de direitos humanos não dependem de normal ulteriores para lhe conferir
exequibilidade. Afirma-se, assim, que os Direitos Humanos possuem
aplicabilidade imediata.
Por outro lado, a vigência do tratado internacional em nosso ordenamento jurídico
depende da internalização.
Desse modo, podemos afirmar que tão logo seja internalizado o tratado
internacional, terá aplicação imediata em nosso ordenamento jurídico.
Logo, está correta a assertiva.
Comentários
Vejamos cada uma das assertivas.
A assertiva I está correta. A Constituição de Weimar representa a ascensão do
Estado Social do séc. XX e, concomitantemente, a crise do Estado Liberal do séc.
XVIII. A referida constituição, juntamente com a Constituição do México de 1917,
é marco do movimento constitucionalista, consagrando direitos socais de
segunda dimensão, estabelecendo entre outros direitos:
Direitos relativos às relações de produção e de trabalho;
Direito à educação, à cultura, à previdência;
Reorganização do Estado em função da Sociedade e não mais em função
do indivíduo; e
Função social da propriedade.
A assertiva II está correta, pois consagra expressamente tanto direitos de
primeira quanto de segunda dimensão.
A assertiva III está correta, posto que, segundo doutrina majoritária é possível
encontrar direitos de terceira dimensão na Declaração Universal dos Direitos
Humanos, notadamente, o direito ao desenvolvimento.
Nesse sentido, vejamos o art. 1º da DUDH:
1. O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual toda
pessoa humana e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento
econômico, social, cultural e político, a ele contribuir e dele desfrutar, no qual todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente realizados.
recebe nenhuma comunicação respeitante a um Estado Parte no Pacto que não seja parte
no presente Protocolo.
Artigo 4.º
1. Ressalvado o disposto no artigo 3.º, o Comité levará as comunicações que lhe sejam
apresentadas, em virtude do presente Protocolo, à atenção dos Estados Partes no dito
Protocolo que tenham alegadamente violado qualquer disposição do Pacto.
2. Nos 6 meses imediatos, os ditos Estados submeterão por escrito ao Comité as explicações
ou declarações que esclareçam a questão e indicarão, se tal for o caso, as medidas que
tenham tomado para remediar a situação.
Comentários
Questão que aborda as dimensões de Direitos Humanos.
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.
A alternativa B está incorreta em razão da base histórica. Ao contrário do
afirmado (“Magna Carta de 1215 e o Tratado de Versalhes”), os direitos humanos
possuem como marcos históricos e jurídicos:
1. Revolução Gloriosa na Inglaterra, em 1688;
2. Independência dos Estados Unidos, em 1777; e
3. Revolução Francesa de 1789.
4. Constituição dos EUA, de 1787; e
Comentários
A assertiva está incorreta, pois os direitos humanos de caráter social nem
sempre possuem eficácia direta e imediata, o que denota o caráter programático
dos direitos de segunda dimensão.
Comentários
A questão mistura os direitos de primeira geração, direitos de liberdade, e
menciona exemplos de direitos de segunda dimensão, os direitos sociais, dentre
os quais estão inclusos os direitos dos trabalhadores.
A assertiva está incorreta.
Comentários
Questão tranquila e de fácil solução. Para acertarmos essa questão basta
pensarmos na topografia do texto constitucional. Entre os títulos e capítulos da
Constituição da República encontramos, entre outros os direitos sociais,
positivados entre os art. 6º ao 11º. Apenas por isso poderíamos afirmar que a
assertiva está incorreta.
Ademais, cumpre mencionar que a acepção de que os direitos compreendidos
pela segunda dimensão possuem apenas caráter programático, resta plenamente
superada pela doutrina e jurisprudência. Atualmente, ainda que sejam normas
que dependem de regulamentação ou de implementação estatal por intermédio
de políticas públicas, todos os direitos sociais, econômicos e culturais possuem
alguma carga de vinculatividade e eficácia direta.
Assim, a assertiva está incorreta.
Comentários
Uma das características dos direitos humanos é a imprescritibilidade. Isso quer
dizer que esses direitos não se perdem com o decurso do tempo. São direitos
protegidos de forma permanente devido a sua importância.
Para firmar o assunto, retomemos os principais aspectos da matéria:
As normas de Direitos Humanos não se esgotam com o passar do tempo
(conceito).
Os Direitos Humanos não se sujeitam a prazos prescricionais.
A pretensão indenizatória decorrente de violação de determinado direito
humano está sujeita à prescrição.
A assertiva está correta.
Comentários
Está correta a assertiva. Entre os direitos de primeira dimensão estão os direitos
civis e, certamente, o direito de propriedade é um dos direitos individuais civis
mais importantes deles, ao lado do direito de liberdade e do princípio da
igualdade.
Do mesmo modo, os direitos de segunda dimensão são característicos do Estado
de Bem-Estar social, na medida em que representam a necessidade de o Estado
efetivar políticas públicas para garantir o bem estar da coletividade, tais como o
direito à saúde.
Logo, a assertiva está correta.
Comentários
Exato! Os direitos de terceira dimensão são representados pelos direitos de
fraternidade e solidariedade, que abrangem os direitos difusos e coletivos.
Quanto às quarta e quinta dimensões referidas na assertiva, se retornarmos à
Aula 01, podemos afirmar que as os direitos referidos estão em conformidade
com o posicionamento de Norberto Bobbio. Logo, ainda mais considerando que a
questão alertou haver divergências, a assertiva está correta.
Comentários
Essa assertiva tem que ficar memorizada. Os direitos dos trabalhadores são
espécie de direitos sociais de segunda dimensão. Lembre-se que, neste caso, a
atuação estatal ocorre com a intervenção nas relações de trabalho, com o fim de
evitar abusos por parte do empregador.
Logo, a assertiva está correta.
Comentários
A terceira geração dos direitos humanos engloba os direitos coletivos e difusos.
Os exemplos citados na assertiva são direitos sociais.
A assertiva está incorreta.
Comentários
A questão maliciosamente tenta nos induzir a erro. Vimos na parte da afirmação
histórica que a fase que compreende a dignidade como valor supremo, marcando
a concepção contemporânea dos Direitos Humanos ocorre após a 2ª Guerra
Mundial, e não com o término da 1ª Grande Guerra.
Logo, a assertiva está incorreta.
Comentários
Trata-se de questão bastante interessante acerca da evolução e afirmação
histórica dos Direitos Humanos.
A alternativa A está incorreta, posto que os ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade são discutidos antes da 2ª Guerra Mundial. É com a Revolução
Francesa que tais direitos são aventados e defendidos pela sociedade.
A alternativa B poderia gerar certa dúvida, pois, de fato, a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão constituem importante documento histórico na
afirmação dos Direitos Humanos. Entretanto, ao contrário do que fora afirmado,
a referida declaração é do século XVIII – de 1789 – e não do século XIX conforme
trouxe a questão.
A alternativa C está totalmente incorreta. A concepção filosófica racionalista
afirma a razão como única fonte para propiciar o conhecimento adequado da
realidade. Por decorrência, ao contrário do que mencionou a alternativa, esse
pensamento despoja-se do divino. Segundo essa corrente do pensamento
filosófico, o direito é compreendido como processo racional.
A alternativa D também está incorreta. O positivismo teve papel fundamental
para que os direitos assumissem caráter vinculativo, gerando efeitos jurídicos
perante toda a sociedade. Nesse contexto, à medida que foram positivados, os
direitos humanos passaram a ser exigíveis. Logo, contribuíram de modo
significativo para a afirmação e evolução histórica dos Direitos Humanos.
A alternativa E é a correta e gabarito da presente questão. Entre outros
pensamento filosóficos – como os mencionados pensamentos racionalista e
positivista – o “jusnaturalismo” teve forte influência para o reconhecimento dos
direitos humanos.
Comentários
A questão está incorreta e faz confusão entre os períodos de evolução dos
direitos humanos.
Comentários
A Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919 declararam
o surgimento de Estado de Bem Estar Social (Welfare State) e estabeleceram
uma série de direitos sociais que ampliaram a perspectiva em relação às
dimensões dos direitos e às atuações estatais, notadamente, no que se refere à
proteção dos direitos econômicos, sociais e culturais (direitos de segunda
dimensão).
A assertiva está correta.
Comentários
A assertiva está incorreta, tendo em vista que foi a Magna Carta, de 1215, que
representou a primeira carta de garantias e liberdades individuais concedidas aos
nobres da Inglaterra pelo rei “João sem Terra”.
A finalidade principal do documento foi a submissão do rei às suas regras a sim
de evitar arbitrariedades e excessiva cobrança de impostos, além de reconhecer
direitos civis como a propriedade privada e o direito de ir e vir.
Comentários
Correto. Tal afirmação consta da doutrina de Fábio Konder Comparato. Isso fica
evidente, especialmente no que tange à criação da ONU, que é decorrência direta
a mobilização internacional contra as barbáries da 2ª Guerra Mundial.
Logo, a assertiva está correta.
Comentários
O movimento socialista defende maior intervenção estatal, de modo que ao
Estado compete prover, na medida de suas possibilidades as necessidades da
sociedade. Essas necessidades caracterizam-se pelos direitos de segunda
dimensão.
Logo, está incorreta a assertiva.
Comentários
Quando da análise da afirmação histórica, vimos que o cristianismo foi essencial
para firmar a compreensão de que a pessoa é o centro das ações humanas,
contribuindo com o desenvolvimento dos Direitos Humanos.
Logo, a assertiva está incorreta.
Gabarito: Incorreta
Gabarito: E
Gabarito: C
Gabarito: E
Gabarito: Correta
Gabarito: C
Gabarito: A
Gabarito: D
Gabarito: C
Gabarito: C
Gabarito: C
Gabarito: D
8 – Resumo
Teoria Geral dos Direitos Humanos
CONCEITO: conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento
histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade
humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos
jurídicos em nível nacional e internacional.
dignidade: base dos Direitos Humanos é a dignidade da pessoa.
Direitos Humanos versus Direitos Fundamentais.
ESTRUTURA NORMATIVA
NORMAS:
no âmbito internacional:
a) aos tratados internacionais;
b) aos costumes; e
c) aos princípios gerais do Direito Internacional.
no âmbito interno destaca-se:
a) Constituição Federal;
b) Leis específicas; e
c) Atos normativos secundários (como decretos executivos).
d) CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
e) TEORIA DOS STATUS DE JELLINEK
f) 4 status, a partir da relação entre o homem e o Estado:
viabilizam a exigem, ao
DIREITOS DE participação do mesmo tempo,
misto
PARTICIPAÇÃO indivíduo na abstenção e
sociedade prestação
i)
j) CLASSIFICAÇÃO DO CASO LÜTH
k) CONCEITO: todos os direitos possuem um viés negativo e positivo ao
mesmo tempo. O que varia é a carga entre uma e outra, de modo que os
direitos ditos prestacionais possuem tão somente uma carga prestacional
mais significativa, ao passo que os direitos negativos, possuem uma carga
abstencionista mais intensa.
FUNDAMENTO JUSNATURALISTA
FUNDAMENTO POSITIVISTA
FUNDAMENTO MORAL
•Os direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não aferem
sua validade por normas positivadas, mas diretamente de valores morais da
coletividade humana.
Em suma:
HISTORICIDADE
HISTORICIDADE
UNIVERSALIDADE
UNIVERSALIDADE
==0==
RELATIVIDADE
RELATIVIDADE
vedação á tortura
Exceções à logo são direitos humanos
relatividade absolutos:
vedação à escravidão
IRRENUNCIABILIDADE
IRRENUNCIABILIDADE
INALIENABILIDADE
INALIENABILIDADE
IMPRESCRITIBILIDADE
IMPRESCRITIBILIDADE
INTERDEPENDÊNCIA
INTERDEPENDÊNCIA
EXIGIBILIDADE
EXIGIBILIDADE
ABERTURA
DIMENSÃO OBJETIVA
DIMENSÃO OBJETIVA
EFICÁCIA HORIZONTAL
associação
ao lema da
Liberdade igualdade fraternidade
Revolução
Francesa
Revolução Gloriosa na
Inglaterra Revolução Mexicana Pós-2ª Guerra Mundial
marco
histórico Independência dos EUA Revolução Russa Surgimento da ONU
Revolução Francesa
“Encíclica Rerum
“Segundo Tratado sobre Novarum” (Papa Leão trabalhos acadêmicos
marco o Governo” (John Locke) XIII) que visem à proteção
teórico “O Contrato Social” “Manifesto do Partido universal e solidária da
(Jean-Jacques Rousseau) Comunista” (Karl Marx e humanidade
Frederich Engels”
Constituição Americana
Constituição Mexicana
de 1787
marco de 1917 Declaração Universal dos
jurídico Declaração Francesa dos Direitos Humanos, de 1948
Constituição de
Direitos do Homem e do
Weimar de 1919
Cidadão de 1789
direito à liberdade de
exemplo direito à saúde direito ao meio ambiente
expressão
pesquisas biológicas e à
manipulação do patrimônio
genético das pessoas
(Norberto Bobbio)
direito direitos à paz
tutela da democracia, do
direito à informação e o
pluralismo político (Paulo
Bonavides)
PERÍODO OBSERVAÇÕES
9 - Considerações Finais
Chegamos ao final da aula inaugural! Vimos uma pequena parte da matéria,
entretanto, um assunto muito relevante para a compreensão da disciplina.
A pretensão desta aula é a de situar vocês no mundo dos Direitos Humanos, a
fim de que não tenham dificuldades em assimilar os conteúdos relevantes que
virão na sequência.
Além disso, procuramos demonstrar como será desenvolvido nosso trabalho ao
longo do Curso.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!
Ricardo Torques
rst.estrategia@gmail.com
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