Direitos Humanos para Concurso

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Livro Eletrônico

Aula 00

Direitos Humanos para concursos - Com videoaulas - Curso Regular 2017

Professor: Ricardo Torques


DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Aula 00
Apresentação do
Curso
Introdução aos
Direitos Humanos

Sumário
Direitos Humanos para Concurso ....................................................................................... 4
Cronograma de Aulas ...................................................................................................... 7
1 - Considerações Iniciais ............................................................................................... 11
2 – Teoria Geral dos Direitos Humanos ............................................................................ 11
2.1 - Conceito e terminologia ...................................................................................... 11
2.2 - Estrutura Normativa ........................................................................................... 14
2.3 - Classificação dos Direitos Humanos ...................................................................... 18
2.4 - Fundamentos dos Direitos Humanos ..................................................................... 20
3 - Características dos Direitos Humanos ......................................................................... 24
3.1 - Superioridade Normativa (e norma jus cogens) ..................................................... 25
3.2 - Historicidade ..................................................................................................... 27
3.3 - Universalidade ................................................................................................... 29
3.4 - Relatividade ...................................................................................................... 32
3.5 - Irrenunciabilidade .............................................................................................. 33
3.6 - Inalienabilidade ................................................................................................. 34
3.7 - Imprescritibilidade ............................................................................................. 35
3.8 - Interdependência ............................................................................................... 35
3.9 - Caráter erga omnes ............................................................................................ 37
3.10 - Exigibilidade .................................................................................................... 38
3.11 - Abertura ......................................................................................................... 39
3.12 - Aplicabilidade imediata (efetividade) ................................................................... 39
3.13 - Dimensão objetiva ............................................................................................ 41
3.14 - Proibição do retrocesso (efeito cliquet) ................................................................ 42
3.15 - Eficácia horizontal ............................................................................................ 43
4 - Dimensões dos Direitos Humanos ............................................................................... 45

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4.1 - Primeira Dimensão dos Direitos Humanos ............................................................. 46


4.2 - Segunda Dimensão dos Direitos Humanos ............................................................. 47
4.3 - Terceira Dimensão dos Direito Humanos ............................................................... 48
4.4 - Quarta e Quinta Dimensões dos Direitos Humanos ................................................. 49
5 - Afirmação histórica dos Direitos Humanos ................................................................... 55
5.1 - Afirmação do conceito de pessoa na história .......................................................... 56
5.2 - Grandes etapas históricas na afirmação dos Direitos Humanos ................................. 57
6 - Questões ................................................................................................................. 65
6 .1 - Questões sem Comentários ................................................................................ 66
6.2 - Gabarito ........................................................................................................... 74
6.3 - Questões com Comentários ................................................................................. 75
7 - Lista de Questões de Aula ......................................................................................... 98
8 – Resumo ................................................................................................................ 104
9 - Considerações Finais .............................................................................................. 114

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APRESENTAÇÃO DO CURSO
Direitos Humanos para Concurso
Iniciamos nosso Curso Regular de Direitos Humanos em teoria e questões,
voltado para provas objetivas e discursivas de concurso público.
Devido a procura e perspectiva de novos concursos que cobrem Direitos
Humanos, ele poderá ser usado para estudar tanto para concursos de Carreiras
Policiais, como para concursos de Procuradorias, Defensorias, Magistratura
e Ministério Público.
O presente curso abrangerá todos os assuntos que podem ser exigidos nas provas
objetivas e discursivas. O curso encontra-se com correções de escrita, atualização
legislativa e dos mais recentes julgados e nova formatação.
Num total de 17 aulas, passaremos por todos os assuntos teóricos da matéria,
sem deixar de alertar para as discussões recentes que envolvem a disciplina.
Esse será o curso mais completo que lançaremos de Direitos Humanos e
contemplará todos os diplomas internacionais mais relevantes.
Os assuntos serão tratados para atender tanto àquele que está iniciando os
estudos na área humanística, bem como àquele que está estudando há mais
tempo. Os conceitos serão expostos de forma didática, com explicação dos
institutos jurídicos e resumos da jurisprudência, quando importantes para a
prova.
Confira, a seguir, com mais detalhes, nossa metodologia.

Metodologia do Curso
Algumas constatações acerca da prova vindoura são importantes!
Podemos afirmar que as aulas levarão em consideração as seguintes “fontes”.

FONTES

Legislação e
Jurisprudência
Doutrina quando Assuntos Documentos
relevante dos
essencial e relevantes no Internacionais
Tribunais
majoritária cenário jurídico pertinentes ao
Superiores
assunto.

Para tornar o nosso estudo mais completo, é muito importante resolver questões
anteriores para nos situarmos diante das possibilidades de cobrança. Traremos
questões de todos os níveis, inclusive questões cobradas em concursos jurídicos
de nível superior de Direitos Humanos.
Essas observações são importantes pois permitirão que possamos organizar o
curso de modo focado, voltado para acertar questões objetivas e discursivas.

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Esta é a nossa proposta!


Vistos alguns aspectos gerais da matéria, teçamos algumas considerações acerca
da metodologia de estudo.
As aulas em .pdf tem por característica essencial a didática. Ao contrário do que
encontraremos na doutrina especializada de Direitos Humanos (Flávia Piovesan e
Augusto Cançado Trindade, para citarmos os expoentes neste ramo jurídico), o
curso todo se desenvolverá com uma leitura de fácil compreensão e assimilação.
Isso, contudo, não significa superficialidade. Pelo contrário, sempre que
necessário e importante os assuntos serão aprofundados. A didática, entretanto,
será fundamental para que diante do contingente de disciplinas, do trabalho, dos
problemas e questões pessoais de cada aluno, possamos extrair o máximo de
informações para hora da prova.
Para tanto, o material será permeado de esquemas, gráficos informativos,
resumos, figuras, tudo com o fito de “chamar atenção” para as informações
que realmente importam.
Com essa estrutura e proposta pretendemos conferir segurança e tranquilidade
para uma preparação completa, sem necessidade de recurso a outros
materiais didáticos.
Finalmente, destaco que um dos instrumentos mais relevantes para o estudo em
.pdf é o contato direto e pessoal com o Professor. Além do nosso fórum de
dúvidas, estamos disponíveis por e-mail e, eventualmente, pelo Facebook.
Aluno nosso não vai para a prova com dúvida. Por vezes, ao ler o material surgem
incompreensões, dúvidas, curiosidades, nesses casos basta acessar o
computador e nos escrever. Assim que possível respondemos a todas as dúvidas.
É notável a evolução dos alunos que levam a sério a metodologia.
Assim, cada aula será estruturada do seguinte modo:

Teoria de forma objetiva e


Referência e análise da
METODOLOGIA ESTRATÉGIA direta com síntese do
legislação pertinente ao
CARREIRA JURÍDICA pensamento doutrinário
assunto.
relevante e dominante.

Súmulas, orientações
jurisprudenciais e Muitas questões anteriores Resumo dos principais
jurisprudência pertinente de provas comentadas. tópicos da matéria.
comentadas.

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Apresentação Pessoal
Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Ricardo Strapasson
Torques! Sou graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e
pós-graduado em Direito Processual.
Estou envolvido com concurso público há 07 anos, aproximadamente, quando
ainda na faculdade. Trabalhei no Ministério da Fazenda, no cargo de ATA. Fui
aprovado para o cargo Fiscal de Tributos na Prefeitura de São José dos Pinhais/PR
e para os cargos de Técnico Administrativo e Analista Judiciário nos TRT 4ª, 1º e
9º Regiões.
Quanto à atividade de professor, leciono exclusivamente para concurso, com foco
na elaboração de materiais em pdf. Temos, atualmente, cursos em Direitos
Humanos, Legislação e Direito Eleitoral.
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Terei o
prazer em orientá-los da melhor forma possível nesta caminhada que estamos
iniciando.
E-mail: rst.estrategia@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos/

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Cronograma de Aulas
AULA 00 - APRESENTAÇÃO DO CURSO, CRONOGRAMA DE AULA E INTRODUÇÃO AOS
DIREITOS HUMANOS – 02.01
1. Origem, sentido e evolução histórica dos Direitos Humanos.
2. A dignidade humana.
3. Os fundamentos filosóficos dos Direitos Humanos.
4. Direito internacional dos Direitos Humanos: fontes, classificação, princípios,
características, gerações e dimensões dos Direitos Humanos. Resolução de conflitos ante
a colisão de Direitos Humanos. A responsabilidade internacional por violação dos Direitos
Humanos: tratados internacionais de Direitos Humanos e as obrigações assumidas pelo
Brasil, formas de reparação e sanções coletivas e unilaterais. A vigência e eficácia das
normas do Direito Internacional dos Direitos Humanos. As possibilidades de aposição de
reservas e de oferecer denúncias relativas aos tratados internacionais de Direitos
Humanos. (parte 01)

AULA 01 – TEORIA DOS DIREITOS HUMANOS – 16.01


1. Origem, sentido e evolução histórica dos Direitos Humanos.
2. A dignidade humana.
3. Os fundamentos filosóficos dos Direitos Humanos.
4. Direito internacional dos Direitos Humanos: fontes, classificação, princípios,
características, gerações e dimensões dos Direitos Humanos. Resolução de conflitos ante
a colisão de Direitos Humanos. A responsabilidade internacional por violação dos Direitos
Humanos: tratados internacionais de Direitos Humanos e as obrigações assumidas pelo
Brasil, formas de reparação e sanções coletivas e unilaterais. A vigência e eficácia das
normas do Direito Internacional dos Direitos Humanos. As possibilidades de aposição de
reservas e de oferecer denúncias relativas aos tratados internacionais de Direitos
Humanos. (parte 02)

AULA 02 – TRATADOS INTERNACIONAIS NO ORDENAMENTO BRASILEIRO – 30.01


4. A incorporação dos tratados internacionais de proteção de Direitos Humanos ao direito
brasileiro. A posição hierárquica dos tratados internacionais de Direitos Humanos em face
da Constituição da República do Brasil. O controle de convencionalidade. O direito da
autodiscriminação: discriminação direta e indireta e ações afirmativas. A execução de
decisões oriundas de tribunais internacionais de Direitos Humanos no Brasil. Normas de
interpretação dos tratados de Direitos Humanos.

AULA 03 – SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS – 13.02


5. O sistema internacional de proteção e promoção dos Direitos Humanos: Organização
das Nações Unidas (ONU). Declarações, tratados, resoluções, comentários gerais,
relatórios e normas de organização e funcionamento dos órgãos de supervisão, fiscalização
e controle. Órgãos convencionais e extraconvencionais.

AULA 04 – SISTEMA GLOBAL DE DIREITOS HUMANOS (PARTE 01) – 27.02


Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP). Protocolo Facultativo ao Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Segundo Protocolo Facultativo ao Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos visando à abolição da pena de morte.
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC). Protocolo
Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

AULA 05 – SISTEMA GLOBAL DE DIREITOS HUMANOS (PARTE 02) – 13.03

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Convenção para a Prevenção e Punição ao Crime de Genocídio.


Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados. Protocolo sobre o Estatuto dos
Refugiados.
Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial.

AULA 06 – SISTEMA GLOBAL DE DIREITOS HUMANOS (PARTE 03) – 27.03


Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.
Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher.
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes. Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
Estatuto de Roma sobre Tribunal Penal Internacional.

AULA 07 – SISTEMA GLOBAL DE DIREITOS HUMANOS (PARTE 04) – 10.04


Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Protocolo Facultativo à Convenção
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência.
Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores
Migrantes e dos Membros das suas Famílias.
Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas Contra o Desaparecimento
Forçado.
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

AULA 08 – SISTEMAS LOCAIS DE DIREITOS HUMANOS (PARTE 01) – 24.04


6. Sistema Regional Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos. Organização dos
Estados Americanos (OEA): declarações, tratados, resoluções, relatórios, informes,
pareceres, jurisprudência (contenciosa e consultiva da Corte Interamericana de Direitos
Humanos), normas de organização e funcionamento dos órgãos de supervisão, fiscalização
e controle. Comissão Interamericana de Direitos Humanos: relatórios de casos, medidas
cautelares, relatórios anuais e relatoria para a liberdade de expressão. Corte
Interamericana de Direitos Humanos.
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem.
Convenção Americana de Direitos Humanos.
Protocolo adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em matéria de direitos
econômicos, sociais e culturais – “Protocolo de San Salvador”.

AULA 09 – SISTEMAS LOCAIS DE DIREITOS HUMANOS (PARTE 02) – 08.05


Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.
Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos relativo à Abolição da Pena de
Morte.

AULA 10 – SISTEMAS LOCAIS DE DIREITOS HUMANOS (PARTE 03) – 22.05


Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.
Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas.
Convenção Interamericana sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra Pessoas Portadoras de Deficiência.

AULA 11 – DIREITOS HUMANOS E ACESSO À JUSTIÇA – 05.06

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7. Direitos Humanos e acesso à justiça: o dever dos Estados de promover o acesso à


justiça, 100 Regras de Brasília e desenvolvimentos no âmbito da Organização dos Estados
Americanos relacionados à Defensoria Pública.

AULA 12 – DIREITO HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 19.06


8. Mecanismos de proteção aos Direitos Humanos na Constituição da República do Brasil.
Federalização de crimes contra os Direitos Humanos. Remédios constitucionais.
9. Reflexos do Direito Internacional dos Direitos Humanos no direito brasileiro. Programa
Nacional de Direitos Humanos I, II e III. Programa Estadual de Direitos Humanos do
Estado. Comissão Nacional da Verdade: histórico, atribuições, legislação, audiências
públicas e relatórios.

AULA 13 – DIREITOS HUMANOS EM ESPÉCIE E GRUPOS VULNERÁVEIS (PARTE 01) –


03.07
10. Direitos Humanos em espécie e grupos vulneráveis. Direitos Humanos das minorias e
de vítimas de injustiças históricas.
11. Mulher. Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/06). Gênero; violência de gênero; violência
contra as mulheres. Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher. Medidas
protetivas às vítimas de violência doméstica e familiar. Atendimento obrigatório e integral
de pessoas em situação de violência sexual (Lei n. 12.845/13). Violência Obstétrica.
Diretrizes Nacionais para o Abrigamento de Mulheres em Situação de Risco e de Violência.
Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e Rede de Atendimento à Mulher
em Situação de Violência. Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres.
12. Negro. Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 12.288/10). Crimes resultantes de raça ou
de cor (Lei n. 7.716/89). Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Decreto n.
8.136/2013). Racismo Institucional. Ações Afirmativas. Comunidades Tradicionais;

AULA 14 – DIREITOS HUMANOS EM ESPÉCIE E GRUPOS VULNERÁVEIS (PARTE 01) –


17.07
13. Idoso. Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03). Plano de Ação para o Enfrentamento da
Violência Contra Pessoa Idosa. Carta de São José sobre os Direitos dos Idosos da América
Latina e Caribe. Benefício de Amparo Social ao Idoso; Lei Orgânica de Assistência Social
(Lei n. 8.742/92).
14. Pessoa com Deficiência. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Benefício de Amparo
Social à Pessoa com Deficiência; Lei Orgânica de Assistência Social (Lei n. 8.742/92).
Passe livre às pessoas com deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual (Lei
n. 8.899/94). Acessibilidade (Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000). Política Nacional
de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei n. 12.764/12).
Libras e Escola Bilíngue para surdos (Decreto n. 5.626/05).
15. Pessoas em situação de rua e Direito à Saúde Mental. Política Nacional para a
população em situação de rua (Decreto Federal n. 7.053/09). Política Estadual da Bahia
para a população em situação de rua (Lei Estadual n. 12.947/14). Consultórios na Rua
(Portarias do Ministério da Saúde n. 122 e n. 123 de 2012). Rede de Atenção Psicossocial
(Portaria do Ministério da Saúde n. 3.088/11). Centros de Referência de Assistência Social
– CRAS; Centros de Referência Especializados de Assistência Social – CREAS; Centros de
Referência Especializados em População em Situação de Rua (Centro Pop); Abordagem;
Unidades de Acolhimento; Lei Orgânica de Assistência Social (Lei n. 8.742/92); Tipificação
Nacional dos Serviços Socioassistenciais (Resolução CNAS n. 109/09). Política de Redução
de Danos (Portaria do Ministério da Saúde n. 1.028/05). Internação Voluntária; Lei
Antimanicomial; Internação Involuntária; Internação Compulsória (Lei n. 10.216/01).
Regulamentação das Comunidades Terapêuticas (Resolução CONAD n. 01/2015). Registro

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Tardio de Nascimento (Lei n. 6.015/73 e Provimento n. 28 do Conselho Nacional de


Justiça).

AULA 15 – DIREITOS HUMANOS EM ESPÉCIE E GRUPOS VULNERÁVEIS (PARTE 02) –


31.07
16. Povos Indígenas. Estatuto do Índio (Lei n. 6.001/73). Registro de Nascimento e de
Óbito de Índios (Lei n. 6.015/73 e Portaria n. 003/PRES, de 14 de janeiro de 2002).
17. LGBTTTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e pessoas
em situação de intersexo). Identidade de gênero; orientação sexual. Retificação de
registro de nascimento quanto ao nome e sexo de transgênero. Nome Social e uso de
banheiro nas escolas (Resolução n. 12 de 2015 - Conselho Nacional LGBT). Uso do Nome
Social na Defensoria Pública da Bahia (Portaria n. 479/2015. Dignidade da criança em
situação de intersexo. Atenção aos(às) travestis e transexuais no âmbito do sistema
penitenciário (Resolução SAP- 11 -Secretaria de Administração Penitenciária - de 30-1-
2014).

AULA 16 – DIREITOS HUMANOS EM ESPÉCIE E GRUPOS VULNERÁVEIS (PARTE 02) –


14.08
18. Sem-teto. Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/01). Regularização Fundiária Urbana.
Provimento do CNJ n. 44, de 18 de março de 2015. Programa Minha Casa, Minha Vida (Lei
n. 11.977/09).
19. Sem-terra. Prevenção e mediação de conflitos agrários. Plano Nacional de Combate à
Violência no Campo. Diretrizes nacionais para execução de mandados judiciais de
manutenção e reintegração de posse coletiva.
20. Imigrantes e Refugiados (Lei n. 9.474, de 22 de julho de 1997).

Essa é a distribuição dos assuntos ao longo do curso. Eventuais ajustes poderão


ocorrer, especialmente por questões didáticas. De todo modo, sempre que houver
alterações no cronograma acima, vocês serão previamente informados,
justificando-se.

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TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS


1 - Considerações Iniciais
Na aula de hoje vamos estudar a Teoria Geral dos Direitos Humanos.
Antes de iniciar a aula propriamente, é importante uma observação. Ao longo
desta aula haverá várias citações de doutrinadores consagrados. Isso é feito com
um propósito único: o estudo dessa parte é totalmente teórico, conceitual. Não
haverá tratado ou regras jurídicas internacionais a serem analisados. Pelo
contrário, há diversas correntes de pensamento que, ao longo da História,
moldaram os Direitos Humanos, tal como ele se apresenta hoje. Logo, leiam os
conceitos e, para memorizar, recorram aos gráficos e esquemas.
Antes de iniciar, gostaria de deixar um convite a vocês: CURTAM NOSSA
PÁGINA NO FACEBOOK, ESPECÍFICA DE DIREITOS HUMANOS. Lá teremos
diversas informações úteis, provas comentadas, artigos, tudo sobre provas de
Direitos Humanos. Aproveitem!
https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos
Boa aula!

2 – Teoria Geral dos Direitos Humanos


2.1 - Conceito e terminologia
A matéria Direitos Humanos pode ser conceituada como o conjunto de direitos
inerentes à dignidade da pessoa humana, por meio da limitação do
arbítrio do Estado e do estabelecimento da igualdade como o aspecto
central das relações sociais.
A definição consagrada na doutrina atualmente é a de Antônio Peres Luño1,
segundo o qual os direitos humanos constituem um
conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as
exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas
positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional.

A essência do conceito de Direitos Humanos centra-se na proteção aos direitos


mais importantes das pessoas, notadamente, a dignidade.

prover meios e instrumentos


IDEIA CENTRAL DOS DIREITOS
jurídicos para a defesa da
HUMANOS
dignidade das pessoas

1
PERES LUÑO, Antônio. Derechos humanos, Estado de derecho y Constitución. 5. edição.
Madrid: Editora Tecnos, 1995, p. 48.

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Afirmam os estudiosos, portanto, que a base dos Direitos Humanos é a


dignidade da pessoa. Mas o que é dignidade? Segundo Fábio Konder
Comparato2, dignidade é a
convicção de que todos os serem humanos têm direito a ser igualmente respeitados, pelo
simples fato de sua humanidade.

Em palavras mais simples: assegurar a dignidade de um ser humano é respeitá-


lo e tratá-lo de forma igualitária, independentemente de quaisquer condições
sociais, culturais ou econômicas.
Quanto à terminologia, a expressão que se disseminou é a de “direitos
humanos”, contudo, várias são as expressões que podem ser consideradas
sinônimas, por exemplo: “direitos fundamentais”, “liberdades públicas”, “direitos
da pessoa humana”, “direitos do homem”, “direitos da pessoa”, “direitos
individuais”, “direitos fundamentais da pessoa humana”, “direitos públicos
subjetivos”.
Três considerações são importantes.
 Os doutrinadores afirmam que a expressão Direitos Humanos é
pleonástica, pois o termo “direitos” pressupõe o ser humano. Não é possível
conceber direitos de um carro, direito de um animal etc. Somente o ser humano
pode ser sujeito de direitos, um carro ou animal poderão, por outro lado, ser
objetos de direito. Portanto, falar em “Direitos Humanos” é falar a mesma coisa
duas vezes. Isso é pleonasmo. De toda forma, a doutrina, a exemplo de Fábio
Konder Comparato, diz que é melhor falarmos em direitos humanos, porque o
termo remete à ideia de que esses direitos constituem exigências e
comportamentos que devem valer para todos os indivíduos em razão de sua
condição humana.
 Para evitar confusões, devemos distinguir Direitos Humanos de Direitos
Fundamentais.
Apenas para nos situarmos, vejamos a definição de Ingo Wolfgang Sarlet3,
doutrinador consagrado no tema:
Os direitos fundamentais, ao menos de forma geral, podem ser considerados concretizações
das exigências do princípio da dignidade da pessoa humana.

Como vocês podem perceber, os conceitos são praticamente idênticos. Assim, a


distinção não reside no conteúdo de tais direitos, mas no plano de
positivação. Melhor explicando:
 Direitos Humanos referem-se aos direitos universalmente aceitos
na ordem internacional; e
 Direitos Fundamentais: constituem o conjunto de direitos
positivados na ordem interna de determinado Estado.

2
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 7ª edição, rev.,
ampl. e atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 13.
3
SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos Diretos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2004, p. 110.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
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Nesse aspecto, vejamos as lições de Rafael Barreto4:


Apesar da variação de plano de positivação não há, em verdade, diferença de conteúdo
entre os direitos humanos e os direitos fundamentais, eis que os direitos são os mesmos e
objetivam a proteção da dignidade da pessoa.

DIREITOS HUMANOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

conjunto de valores e direitos


conjunto de valores e direitos na ordem
positivados na ordem interna de
internacional para a proteção da
determinado país para a proteção da
dignidade da pessoa
dignidade da pessoa.

 Fala-se, ainda, em centralidade dos Direitos Humanos, no sentido de que


a disciplina é importante em razão da matéria que tutela. Não é possível se
pensar em um Estado Democrático de Direito, como é o Brasil, sem criar uma
série de direitos e garantias para tutelar a dignidade da pessoa. Portanto,
dizemos que os direitos humanos são matéria central, tendo em vista que
são imprescindíveis para que a ordenamento jurídico afirme direitos das
pessoas e limite a atuação estatal contra arbitrariedades.

Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015


Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos
direitos humanos.
O principal fundamento dos direitos humanos no Brasil refere-se à dignidade
da pessoa humana. Por essa razão, além de haver consenso acerca do
conteúdo desse princípio, ele é válido somente para os direitos humanos
consagrados explicitamente na CF.

Comentários
A assertiva está incorreta. Primeiramente, é importante esclarecer que a
primeira parte da assertiva é confusa, não há verdadeiramente um consenso em
relação ao fundamento dos Direitos Humanos.
A dignidade da pessoa constitui o objeto central ou, ao menos, o principal direito
humano que temos. Porém, não é tecnicamente correto afirmar que o
fundamento da disciplina está na dignidade.

4
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl., Salvador: Editora JusPodvim,
2012, p. 25.

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Fora esse aspecto, encontra-se incorreta a assertiva na segunda parte. Existem


outros direitos para além daqueles explícitos no texto constitucional. Como bem
sabemos existem princípios implícitos que revelam normas de direitos humanos.
Ademais, não há consenso acerca do conteúdo da dignidade. Pelo contrário, há
muita dificuldade em se fixar o conceito de dignidade.

2.2 - Estrutura Normativa


Os direitos humanos apresentam uma característica marcante: possuem
estrutura normativa aberta.
E que o seria uma estrutura normativa aberta?
Estudamos em Direito Constitucional que as normas jurídicas compreendem
regras e princípios.
As regras são enunciados jurídicos tradicionais, que preveem uma situação
fática e, se essa ocorrer, haverá uma consequência jurídica. Por exemplo,
se alguém violar o direito à imagem de outrem (fato), ficará responsável pela
reparação por eventuais danos materiais e morais causados à pessoa cujas
imagens foram divulgadas indevidamente (consequência jurídica).
Os princípios, por sua vez, segundo ensinamentos de Robert Alexy, são
denominados de “mandados de otimização”, porque constituem espécie de
normas que deverão ser observadas na maior medida do possível.
Parece difícil, mas não é! Prevê art. 5º, LXXVIII, da CF, que a todos será
assegurada a razoável duração do processo. Esse é um princípio! Não há aqui
definição de até quanto tempo será considerado como duração razoável para, se
ultrapassado esse prazo, aplicar a consequência jurídica diretamente. Não é
possível dizer, de antemão, se um, cinco ou 10 anos é um prazo razoável. Por se
tratar de princípio, deve-se procurar, na melhor forma possível, fazer com que o
processo se desenvolva de forma rápida e satisfatória às partes.
Por conta disso, um processo trabalhista, que comumente envolve direito de
caráter alimentar, deve tramitar mais rápido (mais célere) quando comparado a
um processo-crime, por exemplo. É importante resolvê-lo rapidamente, para que
o empregado tenha acesso aos créditos decorrentes em razão da natureza
alimentícia. No processo penal, para uma completa defesa do réu, é necessário
que o processo seja burocrático, atentando-se a diversos detalhes que tornam o
procedimento mais demorado. É importante decidir com cuidado, para evitar
injustiça, porque uma condenação infundada é muito prejudicial.
Não há, portanto, como definir um prazo, a priori, no qual o processo seja
considerado tempestivo. Assim, fala-se em mandado de otimização, uma vez que
o princípio da celeridade deve ser observado na medida do possível e de acordo
com as circunstâncias específicas.
As regras, por sua vez, são aplicadas a partir da técnica da subsunção, ou
seja, se ocorrer a situação de fato haverá a incidência da consequência jurídica
prevista. Ou a regra aplica-se àquela situação ou não se aplica (técnica do “tudo
ou nada”). Para os princípios, ao contrário, a aplicação pressupõe o uso da

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técnica de ponderação de interesses, pois a depender da situação fática


assegura-se com maior, ou menor, amplitude o princípio (técnica do “mais ou
menos”). Retornando ao exemplo, para o processo do trabalho, o decurso de 2
anos poderá implicar violação ao princípio da celeridade; para o processo crime
o decurso de 5 anos não implicará, necessariamente, violação do mesmo
princípio.

REGRAS PRINCÍPIOS

mandados de determinação mandados de otimização

aplicado por subsunção aplicado por ponderação de interesses

técnica do "tudo ou nada" técnica do "mais ou menos"

E qual a importância disso tudo para os Direitos Humanos?


A estrutura normativa dos Direitos Humanos é formada principalmente
por um conjunto de princípios. Numa situação prática, você pode se defrontar
com trabalho em condições tão degradantes e precárias que, embora não
configurem escravidão no próprio sentido da palavra, permitirão afirmar que
aquela situação se assemelha à condição análoga de escravo, de acordo com os
princípios e regras envolvidos. São situações em que há tentativa de se mascarar
a realidade dos fatos, impondo-se ao empregado jornadas extenuantes, cobrança
de valores exorbitantes a título de moradia e ou de instrumentos para o trabalho,
entre outros abusos.
Além disso, em termos normativos, devemos frisar que tanto as regras como
os princípios são considerados espécie de normas, logo, possuem
normatividade. Hoje não é mais aceita a ideia clássica de que os princípios
constituem tão somente instrumentos interpretativos e orientadores da aplicação
do direito. Essa é apenas uma das funções dos princípios.

NORMAS
JURÍDICAS

regras princípios

possuem normatividade aberta,


ESTRUTURA NORMATIVA DOS
com maior incidência de princípios
DIREITOS HUMANOS
do que de regras

A partir dessa característica peculiar que se revela na estrutura normativa dos


Direitos Humanos, podemos identificar alguns princípios fundamentais na
consolidação da disciplina:

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 Dignidade da pessoa humana;


 Democracia;
 Razoabilidade-proporcionalidade.
Vamos analisá-los, de forma objetiva, em separado.

Dignidade da pessoa humana


A dignidade deve ser considerada como valor base de todo e qualquer
ordenamento jurídico. Pauta-se na ideia de uma conduta justa, moral e
democrática, de modo que a pessoa é colocada no centro das regras
jurídicas. Justamente devido a sua importância, a dignidade é colocada como
base fundamental do direito interno de qualquer Estado ou mesmo internacional.
Não é possível estabelecer um conceito único de dignidade. Para fins de prova,
devemos ter em mente que a dignidade constitui um valor ético, por
intermédio do qual a pessoa é considerada sujeito de direitos e
obrigações, que devem ser assegurados para garantir a personalidade,
os quais são garantidos pela simples existência.
Nesse contexto, veja o conceito de André de Carvalho Ramos5:
Assim, a dignidade humana consiste na qualidade intrínseca e distintiva de cada ser
humano, que o protege contra todo tratamento degradante e discriminação odiosa, bem
como assegura condições materiais mínimas de sobrevivência. Consiste em atributo que
todo indivíduo possui, inerente à sua condição humana, não importando qualquer
outra condição referente à nacionalidade, opção política, orientação sexual, credo etc.

Com base no conceito acima, é possível identificar dois elementos que


caracterizam a dignidade da pessoa humana:
1º  elemento negativo: vedação à imposição de tratamento
discriminatório, ofensivo ou degradante; e
2º  elemento positivo: busca por condições mínimas de sobrevivência, da
qual decorre a ideia de mínimo existencial.
Para encerrar esse tópico vamos abordar os “usos possíveis” do termo “dignidade
humana”. Trata-se de uma análise pautada no pensamento de André de Carvalho
Ramos6, mas que possui relevância porque é construída a partir da jurisprudência
do STF.
Para o autor é possível identificar os seguintes usos do termo:

USO DO TERMO NA A dignidade da pessoa é utilizada como fundamento para a criação


FUNDAMENTAÇÃO jurisprudencial de novos direitos, a exemplo do “direito à busca da
(EFICÁCIA POSITIVA). felicidade”.

5
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014
(versão digital).
6
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014
(versão digital).

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Ao abordar determinado tema, a dignidade da pessoa é utilizada


USO DO TERMO NA como parâmetro interpretativo. Por exemplo, ao tratar da celeridade
INTERPRETAÇÃO da prestação jurisdicional, a dignidade é alcançada, de acordo com
ADEQUADA. a jurisprudência do STF, quando a prestação jurisdicional é
tempestiva.

USO DO TERMO PARA


A dignidade assume na jurisprudência papel limitador da atuação
IMPOR LIMITES AO
estatal, a exemplo da limitação do uso de algemas.
ESTADO.

Na técnica de aplicação dos princípios a dignidade é ventilada, nos


USO DO TERMO PARA julgados do STF, para determinar a prevalência de um princípio em
SUBSIDIAR A relação ao outro. Foi utilizada tal interpretação para afastar o
PONDERAÇÃO DE trânsito em julgado de uma ação de paternidade. Vale dizer, em
INTERESSES. nome da dignidade, prestigia-se o direito à informação genérica em
detrimento da segurança jurídica decorrente da coisa julgada.

Por fim, embora constitua o centro axiológico do nosso ordenamento jurídico,


devemos tomar cuidado com a banalização do termo, pois, quando tudo encontra
fundamento na dignidade humana, esse valor nada servirá para determinar.

Democracia
A democracia também é fundamental na estrutura principiológica dos Direitos
Humanos, na medida em que somente em Estados democráticos é possível
cogitar o exercício de direitos.
A democracia relaciona-se com o exercício da soberania popular, sendo
conceituada pela doutrina7 como:
A qualidade máxima do poder extraída a da soma dos atributos de cada membro na
sociedade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no governo por meio do
sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário.

A democracia envolve a noção de cidadania e de coletividade, por intermédio da


qual a pessoa deixa de ter uma visão egoística, para se importar com valores
éticos e justos, com o objetivo de assegurar o respeito aos direitos mais básicos
da coletividade.

Razoabilidade-proporcionalidade
A inclusão da razoabilidade e da proporcionalidade como critério interpretativo
proporciona uma abertura de valores na aplicação do Direito. O operador do
Direito não deve se limitar à subsunção (aplicação do fato à norma). Há,
evidentemente, uma série de princípios e valores a serem aplicados ao caso
concreto que irão reclamar um juízo de ponderação. Esse juízo tão melhor será
quanto mais razoável e proporcional for a interpretação. Não é uma tarefa fácil,
mas que releva a pretensão de se conferir real importância aqueles direitos que

7
BULOS, Uadi Lammêgo; Constituição Anotada, 5º edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2003,
p. 480.

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possuem fundamental relevância, ante o emaranhado de normas jurídicas do


ordenamento.
Além de conduzirem a melhor opção do intérprete, a razoabilidade e
proporcionalidade evitam interpretações esdrúxulas, contrária aos
fundamentos do ordenamento jurídico.

2.3 - Classificação dos Direitos Humanos


A classificação é um recurso didático que tem por finalidade permitir uma visão
global de determinado assunto, a partir de categorias e grupos de temas. Em
nosso estudo, faz-se necessário estudar de forma objetiva e direta a
classificação dos Direitos Humanos.
Segundo a doutrina, a classificação dos Direitos Humanos traduz como se deu a
aplicação desses direitos ao longo do tempo. É também, portanto, reflete uma
análise histórica da matéria.
Para a nossa prova vamos abordar a temática a partir de duas visões: a de Georg
Jellinek e a explicitada no caso Lüth.

Teoria dos status de Jellinek


A teoria de Jellinek relaciona o homem e o Estado. A partir dessa relação é
possível alcançar quatro resultados: sujeição, defesa, prestacional e participativo.
De forma objetiva:

relação na qual a pessoa encontra-se


status subjectionis em estado de sujeição em relação ao
Estado.

relação na qual a pessoa detém tão


status negativus somente a prerrogativa de exigir uma
abstenção do Estado

relação na qual a pessoa tem a


status positivus possibilidade de exigir prestações do
Estado

relação na qual a pessoa poderá


status activus participar na formação da vontade do
Estado

Com base nos quatro status acima, é possível delinear uma classificação dos
Direitos Humanos em:
 direitos humanos de defesa;
 direitos humanos prestacionais;
 direitos humanos de participação.

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Os direitos humanos de defesa caracterizam-se por constituir uma prerrogativa


que poderá ser utilizada pela pessoa contra eventuais arbítrios estatais.
Constituem, portanto, direitos de cunho negativo, que resguardam a liberdade
dos indivíduos.
Os direitos humanos prestacionais relacionam-se com a prerrogativa de a pessoa
exigir uma conduta ativa do Estado a fim promover os direitos mais básicos.
Esses direitos, de cunho positivo, tutelam os direitos de igualdade.
Note que as duas primeiras classificações se relacionam com um assunto
“corriqueiro” em Direitos Humanos (e, também, em Direito Constitucional): as
dimensões. Realmente é uma visão muito próxima! Pela primeira classificação
temos a primeira dimensão; pela segunda classificação temos a segunda
dimensão. A terceira classificação de direitos humanos de Jellinek foge,
entretanto, à classificação das dimensões!
Os direitos humanos de participação envolvem a participação política da pessoa,
por intermédio da qual exigir é possível exigir uma abstenção ou uma prestação.
Temos, portanto, uma natureza mista, que se revela na defesa dos direitos de
liberdade (como, o direito de votar) e dos direitos de igualdade (a exemplo da
realização periódica de eleições, com a permissão ampla dos cidadãos como
candidatos).
Para fins de prova, devemos memorizar:

defesa dos exigem uma


DIREITOS DE
direitos abstenção negativos
DEFESA
liberdade estal

promoção dos exigem uma


DIREITOS
direitos de atuação positivos
PRESTACIONAIS
igualdade estatual

viabilizam a exigem, ao
DIREITOS DE participação do mesmo tempo,
misto
PARTICIPAÇÃO indivíduo na abstenção e
sociedade prestação

Classificação do Caso Lüth


Essa análise foi construída a partir do julgamento do “Caso Lüth” pelo Tribunal
Constitucional Alemão. A partir da visão de Jellinek foram estabelecidos grupos
de direitos, tendo em vista as pessoas a serem protegidas. Trata-se de uma
classificação subjetiva, pois ao sujeito é dada a garantia de abstenção, a
possibilidade de buscar uma prestação e, também, de participar politicamente.

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Aqui, nessa classificação, faz-se uma análise objetiva. A ideia é transcender a


visão subjetiva da classificação de Jellinek, levando em consideração a
coletividade como um tudo. Em tal análise objetiva, entende-se que todos os
direitos possuem um viés negativo e positivo ao mesmo tempo. O que varia é a
carga entre uma e outra, de modo que os direitos ditos prestacionais possuem
tão somente uma carga prestacional mais significativa, ao passo que os direitos
negativos, possuem uma carga abstencionista mais intensa.
Vejamos como o assunto já foi cobrado em prova:

Questão – FUNCAB - SEPLAG-MG – Direito - 2014


Consoante a teoria dos status dos direitos fundamentais, de autoria de
Jellinek, o direito à saúde, tal como previsto na Constituição Federal, é
considerado fundamental de status:
a) ativo.
b) negativo.
c) passivo.
d) positivo.

Comentários
O direito à saúde constitui um direito prestacional, por meio do qual a pessoa
poderá exigir do Estado os meios e instrumentos necessários a fim de lhe garantir
uma vida saudável. Portanto, trata-se de direito positivo, de modo que a
alternativa D é a correta e gabarito da questão.

2.4 - Fundamentos dos Direitos Humanos


Vimos que a base dos direitos humanos é a dignidade da pessoa. Nesse tópico
vamos investigar por que a dignidade é a base da disciplina, ou seja, os
fundamentos dos Direitos Humanos.
Esse tema é complexo e abstrato, envolvendo conceitos históricos e discussões
filosóficas. Entretanto, como o assunto é recorrente em provas, vamos trazer os
assuntos de forma sucinta e didática, com destaque para as principais
informações, em duas linhas de pensamento.
Por fundamentação compreendem-se as razões que legitimam e que
motivam o reconhecimento dos Direitos Humanos.

Impossibilidade de delimitação dos fundamentos


Formou-se, na doutrina, a corrente negativista que nega a possibilidade de
ser definido um fundamento para os Direitos Humanos.

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Há quem entenda, a exemplo de Norberto Bobbio, que é impossível definir o


fundamento de nossa disciplina, por 3 motivos:
1. Existem divergências quanto à definição de qual seria o conjunto de
direitos abrangidos. Assim, não seria possível definir o fundamento, pois
nem se sabe ao certo quais são os direitos compreendidos em nossa
disciplina;
2. Em razão de sua historicidade, os Direitos Humanos constituem disciplina
que está em constante evolução; e
3. Direitos Humanos constituem uma categoria de direitos heterogênea,
por vezes conflituosa, exigindo do aplicador a técnica da ponderação de
interesses.
Para outros doutrinadores, como o autor espanhol Peres Luño, não é possível
identificar o fundamento dos Direitos Humanos porque esses direitos são
consagrados a partir de juízos de valor. Vale dizer, são consagrados por
opções morais que, por definição, não podem ser comprovadas ou
justificadas, mas apenas aceitas por convicção pessoal.
O que significa isso?
Consiste no fato de que não existe uma norma, como é o texto constitucional de
um Estado, que seja fundamento de validade para as demais normas de
determinado ordenamento jurídico. Em Direito Constitucional estudamos que a
Constituição é fundamento de validade para todas as normas infraconstitucionais.
Já na seara dos Direitos Humanos, como inexiste um referencial (como a
Constituição), cada organismo internacional poderá compreender o fundamento
da disciplina de acordo com suas concepções morais e juízos de valor.
Para esses autores o fato de os direitos humanos possuírem estrutura aberta
impede que se delimitem os fundamentos dos direitos humanos.

Fundamentos
Paralelamente à corrente que nega a possibilidade de delimitação dos Direitos
Humanos, foi construída pela doutrina uma série de fundamentos que somados
constituem os fundamentos dos Direitos Humanos.
Estudaremos fundamentos principais:
 o jusnaturalista;
 o positivista; e
 o moral.

Fundamento Jusnaturalista
Para a corrente jusnaturalista, o fundamento dos Direitos Humanos está em
normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de
um conjunto de ideias, de origem divina ou fruto da razão humana.
Assim, para essa corrente de pensamento, os Direitos Humanos seriam
equivalentes aos direitos naturais, consequência da afirmação dos ideais
jusnaturalistas.

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Uma característica importante da corrente jusnaturalista é o cunho metafísico,


uma vez que os Direitos Humanos encontram fundamento na existência de um
direito pré-existente ao direito produzido pelo homem, oriundo de:
 Deus  escola de direito natural de razão divina; ou
 da natureza inerente do ser humano  escola de direito natural
moderna.
Em crítica a esse fundamento, argui-se que os direitos humanos são históricos,
ou seja, conquistados pela sociedade em razão das confluências sociais e
culturais, de forma que os Direitos Humanos não são pré-existentes a tudo que
existe de normativo.
De todo modo, essa corrente é importante, uma vez que
influenciou e ainda influencia o desenvolvimento dos
Direitos Humanos, tal como se extrai da jurisprudência do
STF, de acordo com os ensinamentos de André de Carvalho Ramos 8. Vejamos
alguns exemplos:
 Ao se pronunciar sobre o tema bloco de constitucionalidade, o Min. Celso
de Mello9 discorreu que os direitos naturais integram o referido bloco.
Cabe ter presente que a construção do significado de Constituição permite, na elaboração
desse conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de índole positiva,
expressamente proclamados em documento formal (que consubstancia o texto escrito da
Constituição), mas, sobretudo, que sejam havidos, igualmente, por relevantes, em face de
sua transcendência mesma, os valores de caráter suprapositivo, os princípios cujas raízes
mergulham no direito natural e o próprio espírito que informa e dá sentido à Lei
Fundamental do Estado.

Em sentido estrito, bloco de constitucionalidade refere-se às normas que servem


de parâmetro para o controle de constitucionalidade.
Em sentido amplo, por bloco de constitucionalidade devemos compreender o
conjunto das normas do ordenamento jurídico que tenham status constitucional.
É nesse sentido que o assunto ganha relevância para o estudo de Direitos
Humanos. Assim, além das normas formalmente constitucionais, todas as
normas que versem sobre matéria constitucional, tal como os direitos humanos
(segundo referência acima do STF) e os tratados internacionais de direitos
humanos serão considerados materialmente constitucionais.
 Ao tratar sobre o direito à greve como causa suspensiva do contrato de
trabalho, o Min. Marco Aurélio10 abordou-o como direito natural.
Em síntese, na vigência de toda e qualquer relação jurídica concernente à prestação de
serviços, é irrecusável o direito à greve. E este, porque ligado à dignidade do homem –
consubstanciando expressão maior da liberdade a recusa, ato de vontade, em continuar
trabalhando sob condições tidas como inaceitáveis –, merece ser enquadrado entre os
direitos naturais. Assentado o caráter de direito natural da greve, há de se impedir práticas
que acabem por negá-lo (...) consequência da perda advinda dos dias de paralisação há de

8
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014
(versão digital).
9
ADI 595/ES, Rel. Celso de Mello, 2002, DJU de 26-2-2002.
10
SS 2.061 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Presidente, DJU 30-10-2001.

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ser definida uma vez cessada a greve. Conta-se, para tanto, com o mecanismo dos
descontos, a elidir eventual enriquecimento indevido, se é que este, no caso, possa se
configurar.

Os julgados acima bem exemplificam que embora não seja a tese prevalente para
a defesa de direitos humanos, por vezes, é reportado como um dos fundamentos
da nossa disciplina.

Fundamento positivista
Segundo o fundamento positivista, a formação dos Estados Constitucionais
de Direito, como é o caso do Brasil, levou à inserção de Direitos Humanos nas
constituições.
Desse modo, se os Direitos Humanos estiverem escritos em textos legais são
considerados Direitos Humanos. Antes de serem positivados, são
considerados apenas valores e juízos morais.
Acerca dessa corrente leciona André de Carvalho Ramos11:
O fundamento dos direitos humanos consiste na existência da lei positiva, cujo pressuposto
de validade está em sua edição conforme as regras estabelecidas na Constituição. Assim,
os direitos humanos justificam-se graças a sua validade formal.

Essa corrente não pode ser considerada unilateralmente, pois a necessidade de


positivação do direito enfraquece-o. Não é possível aceitar que somente os
direitos humanos positivados no âmbito internacional ou internamente possam
ser assegurados. Ademais, adotando-se unilateralmente a tese positivista, se a
lei for omissa ou mesmo contrária à dignidade humana, estaremos diante de uma
precarização dos Direitos Humanos, o que é inaceitável.

Fundamento Moral
Para finalizar, vejamos a fundamentação moral, segundo a qual os direitos
humanos consistem no conjunto de direitos subjetivos originados diretamente
dos princípios, independentemente da existência de regras prévias. Assim, os
direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não
aferem sua validade por normas positivadas, mas extraem validade
diretamente de valores morais da coletividade humana. Entende-se que a
moralidade integra o ordenamento jurídico por meio de princípios, referindo-se
às exigências de justiça, de equidade ou de qualquer outra dimensão da moral.
Existe, portanto, um conteúdo ético na fundamentação dos Direitos
Humanos, no que se refere à necessidade de assegurar uma vida digna
às pessoas.

Quadro sinótico

11
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica).

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Nega a possibilidade de fundamentação dos direitos


humanos, por vários motivos:
 há divergências quanto à abrangência;
 estão em constante evolução;
Impossibilidade de
delimitação dos Fundamentos  constituem categoria heterogênea;
 são consagrados a partir de juízos de valor, que
não podem ser justificados e comprovados.
 constitui disciplina universalmente aceita e
fundada na moral.

FUNDAMENTO JUSNATURALISTA

•Normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de um


conjunto de ideias, fruto da razão humana.
•CRÍTICA: os Direitos Humanos não são direitos naturais, pré-existentes e
superiores a quaisquer espécie normativa, mas decorrente da evolução
histórica da sociedade

FUNDAMENTO POSITIVISTA

•São Direitos Humanos os valores e os juízos condizentes com a dignidade


positivados no ordenamento.
•CRÍTICA: considerá-lo como único fundamento enfraquece a proteção, porque
diante da omissão legislativa ou contrária à dignidade, permite-se a
precarização de tais direitos

FUNDAMENTO MORAL

•Os direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não aferem
sua validade por normas positivadas, mas diretamente de valores morais da
coletividade humana.

Em suma:

É possível delimitar os fundamentos dos Juntos, os fundamentos jusnaturalista,


Direitos Humanos que se consagraram ao positivista e moral justificam a importância
longo do tempo segundo diversas correntes dos Direitos Humanos para a sociedade
filosóficas. contemporânea.

Finalmente, registre-se que há outros fundamentos apontados pela doutrina, tal


como o racionalista, bem como doutrinas utilitaristas e comunistas que criticam
os fundamentos dos Direitos Humanos. Entretanto, em razão da objetividade e
das pretensões desse curso, deixaremos de abordar o assunto.

3 - Características dos Direitos Humanos


Em razão da consolidação dos Direitos Humanos no estudo do Direito
Internacional Público, por meio da edição de inúmeros tratados internacionais,
hoje é possível enumerar diversas características que permeiam o estudo dos
Direitos Humanos.

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Estudar essas características tem por finalidade permitir conhecer o atual estágio
de desenvolvimento da proteção dos Direitos Humanos na esfera internacional e
as respectivas consequências da aplicação interna dos Direitos Humanos no
ordenamento jurídico brasileiro.
Veremos as seguintes características:

Superioridade Relatividade ou
Historicidade Universalidade
Normativa Limitabilidade

Irrenunciabilidade
ou Inalienabilidade Imprescritibilidade Interdependência
Indisponibilidade

Caráter Erga Aplicabilidade


Exigibilidade Abertura
Omnes Imediata

Proibição do
Dimensão objetiva Eficácia horizontal
retrocesso

Não desanimem! Muitas dessas características são intuitivas e estão relacionadas


umas às outras. Além disso, ao final de cada uma delas selecionamos as principais
informações e as sistematizamos em um esquema que você guardará para a
prova!

3.1 - Superioridade Normativa (e norma jus cogens)


No direito interno brasileiro, os tratados internacionais de Direitos Humanos
possuem estatura de normas constitucionais ou, pelo menos, supralegais,
denotando a importância que nosso legislador conferiu à matéria.
No direito internacional, os Direitos Humanos são considerados como norma
imperativa em sentido estrito (“jus cogens”), que significa que os Direitos
Humanos contêm um conjunto de valores considerados essenciais para a
comunidade, de maneira que possuem superioridade normativa em relação
às demais normas internacionais.
Por conta disso, a norma cogente de direitos humanos não pode ser alterada
pela vontade de um Estado e a revogação de norma imperativa somente é
possível por intermédio de norma de igual hierarquia, ou seja, somente por outra
norma jus cogens, elaborada pelas mesmas partes.
O jus cogens está consagrado na Convenção Internacional sobre o Direito dos
Tratados de Viena de 1969 nos arts. 53, 64 e 71.

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O primeiro dispositivo conceitua a norma imperativa de direitos humanos (jus


cogens).
Artigo 53 - Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral
(jus cogens)
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma
imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma
norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela
comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma
derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito
Internacional geral da mesma natureza (destacamos).

Do art. 64 se extrai que o tratado superveniente que contrariar “jus


cogens” anterior será nulo.
Artigo 64 - Superveniência de uma Nova Norma Imperativa de Direito Internacional Geral
(jus cogens)
Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer
tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-
se.

O art. 71 estabelece as consequências da nulidade de um tratado internacional.


Artigo 71 - Consequências da Nulidade de um Tratado em Conflito com uma Norma
Imperativa de Direito Internacional Geral
1. No caso de um tratado nulo em virtude do artigo 53, as partes são obrigadas a:
a) eliminar, na medida do possível, as consequências de qualquer ato praticado com
base em uma disposição que esteja em conflito com a norma imperativa de Direito
Internacional geral; e
b) adaptar suas relações mútuas à norma imperativa do Direito Internacional geral.
2. Quando um tratado se torne nulo e seja extinto, nos termos do artigo 64, a extinção
do tratado:
a) libera as partes de qualquer obrigação de continuar a cumprir o tratado;
b) não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das partes, criados pela
execução do tratado, antes de sua extinção; entretanto, esses direitos, obrigações ou
situações só podem ser mantidos posteriormente, na medida em que sua manutenção não
entre em conflito com a nova norma imperativa de Direito Internacional geral.

Esses dispositivos, de acordo com a doutrina, foram fundamentais no sentido de


dar rumo à cristalização do jus cogens como costume internacional. A referida
Convenção não estabeleceu quais são as normas imperativas de direitos
humanos, porém, apresentou, ao longo de seu texto, alguns exemplos como a
proibição do uso da força, a autodeterminação dos povos e alguns crimes
internacionais como o genocídio e a tortura. Assim, o que definirá norma jus
cogens é a prática internacional reiterada de forma generalizada e
prolongada no tempo, o que resulta em convicção de obrigatoriedade
(costumes internacionais).

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Segundo André Carvalho Ramos12, os direitos de primeira dimensão – direitos


de liberdade, civis e políticos – são jus cogens. O autor vai além, afirmando que
todos os direitos fundamentais deveriam ser considerados jus cogens.
Nesse contexto, conclui:
Há incessante atividade de reconhecimento da qualidade de jus cogens de diversos direitos
fundamentais pelos tribunais internacionais criados pelos próprios Estados”, de maneira que
“no futuro, a natureza de norma imperativa será reconhecida a todos os direitos humanos,
sem qualquer distinção.
NORMATIVA (JUS COGENS)

Existem normas de direitos humanos que são hierarquicamente superiores


no ordenamento internacional (conceito).
SUPERIORIDADE

A superioridade dos Direitos HUmanos é, ao mesmo tempo, superior


materialmente (de conteúdo) e formal (pois são consideradas "jus cogens").

Para parte da doutrina, os direitos humanos de primeira dimensão são jus


cogens. Ousa-se afirmar, ainda, que todos os direitos humanos são jus
cogens em razão da matéria que disciplinam

3.2 - Historicidade
A historicidade traduz o fato de que os Direitos Humanos decorrem de um
processo de formação histórica, de modo que, com o tempo, os direitos
humanos surgem e se solidificam em razão das lutas da sociedade em
defesa da dignidade da pessoa.
Assim, não podemos afirmar que o conjunto de direitos que compõe nossa
matéria surge em determinado momento fixo. Pelo contrário, eventos como a
Declaração dos Direitos do Homem e as grandes Guerras Mundiais foram
marcantes para o surgimento gradual e para a expansão dos Direitos Humanos.
A historicidade é base para o estudo das dimensões (ou gerações) dos
Direitos Humanos, que veremos adiante.
Um aspecto interessante, relacionado com a historicidade, é a discussão acerca
da relação entre o Direito Natural e os Direitos Humanos. Vimos acima que um
dos fundamentos dos direitos humanos é a concepção jusnaturalista. Vimos,
também, que a principal crítica ao jusnaturalismo como fundamento é o fato de
não se adequar à ideia de historicidade!
Não vamos aqui tecer maiores considerações acerca do Direito Natural. Todavia,
devemos compreender que o Direito Natural traduz um conjunto de normas
fundadas na natureza das coisas, trata-se de um direito ideal, acima de todas as

12
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
(versão eletrônica).

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leis, integrado por regras e por princípios que objetivam àquilo que é justo e
correto, tendo por finalidade legitimar as leis positivas. Assim, toda Constituição,
toda lei, todo tratado internacional – como diplomas normativos – deve partir do
Direito Natural (fundamento de legitimidade). Em razão disso, a doutrina afirma
que o Direito Natural é fixo, absoluto, universal e atemporal.
É exatamente esta última característica (atemporalidade) que nos interessa!
Afirma-se que o Direito Natural, em razão de estar acima do direito positivo de
cada Estado, se relacionaria com os Direitos Humanos. Isso, hoje, não é
considerado correto! Acabamos de estudar que os Direitos Humanos são
históricos, fruto do desenvolvimento da sociedade, que se constroem e se
solidificam com o tempo. Por outro lado, vimos, também, que o Direito Natural é
atemporal, sempre existiu e sempre existirá independentemente do momento
histórico. Notem que as duas coisas não se equivalem.
Os direitos naturais são inatos, cabendo a cada Estado, por meio de suas normas,
declará-los. Essa ideia não se aplica aos Direitos Humanos, que surgiram com o
lento evoluir da sociedade.
Esses conceitos e a correta compreensão da evolução dos Direitos Humanos serão
analisados ainda na presente aula, quando tratarmos da afirmação histórica dos
Direitos Humanos.
Por ora, lembre-se:
DIREITOS HUMANOS ≠ DIREITOS NATURAIS

Para arrematar, vejamos o que nos ensina Rafael Barreto13:


Aquilo que é natural é atemporal, sempre esteve lá, e não é isso que ocorre com os direitos
humanos, que são fruto de um longo passar de anos. Basta indagar a escravos se a
liberdade sempre esteve lá, a torturados se a proibição de tortura sempre esteve lá para
que se perceba o equívoco dessa compreensão.

A característica da historicidade é tão importante que os estudiosos a consideram


como uma das características fundamentais dos Direitos Humanos.
HISTORICIDADE

Os Direitos Humanos decorrem de formação histórica, surgindo e se


solidificando conforme a evolução da sociedade (conceito)

Base para o estudo das dimensões dos Direitos Humanos

Implica a vedação ao retrocesso

13
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 26.

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3.3 - Universalidade
O debate que envolve a universalidade, em Direitos Humanos, é: ser universal
na diversidade. Trata-se de um desafio da sociedade internacional que objetiva
interpretações comuns aos mais diversos temas da sociedade como direito à vida,
ao aborto, a transplantes de órgãos, a arquivos secretos etc.
Caro aluno, entendeu? Não?! Calma, logo entenderá!
A universalidade é uma característica tão discutida pelos estudiosos que a partir
dela podem ser identificadas duas correntes: universalistas e relativistas.
Analisar essas correntes envolve a discussão sobre “universalismo e relativismo
cultural”.
De acordo com a doutrina universalista, os direitos humanos podem ser
compreendidos em dois sentidos distintos:
 Os Direitos Humanos destinam-se a todas as pessoas,
independentemente de suas características pessoais, culturais, sociais ou
econômicas. Não há que se falar em qualquer forma de discriminação
para saber se são, ou não, aplicáveis os Direitos Humanos.
 Os Direitos Humanos abrangem todos os territórios, todos os
países, todas as sociedades. Podemos afirmar que os Direitos Humanos
possuem validade em qualquer local deste planeta, não havendo
limitações territoriais.
Diz-se, portanto, que os Direitos Humanos são universais, pois se aplicam a
todas as pessoas em qualquer lugar do mundo!
Conforme leciona Rafael Barreto14,
A universalidade pode ser ilustrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que
enuncia direitos comuns a todos os homens pela simples condição humana, sem nenhuma
discriminação, e que afirma que todos os seres humanos integram uma família única – a
família humanidade -, merecedora de respeito e dignidade de todos os lugares.

Por outro lado, os relativistas se contrapõem à ideia de universalidade,


afirmando, em síntese:
a) é possível observar, na prática, divergências nos julgamentos
morais entre as mais diversas sociedades devido às diferenças
culturais, políticas e sociais;
b) as divergências possuem um sentido ou validade fora do seu
contexto social particular; e
c) não há julgamentos morais justificáveis fora de contextos culturais
específicos.
Conclui-se que, segundo os relativistas, apesar de ser possível compartilhar
valores, não há como justificar superioridade de um valor ou de uma
cultura em relação às outras, pois todas merecem igual consideração.

14
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 28.

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Sobre o tema, discorre Sidney Guerra15:


Para os defensores do relativismo cultural, os direitos humanos devem ser analisados em
um contexto histórico, político, econômico, moral e, por óbvio, cultural, isto é, os direitos
humanos devem ser concebidos de acordo com os valores existentes em determinado
Estado e não podem ser definidos em escala global.

Questão – FCC/TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário -


Serviço Social - 2015
No âmbito dos Direitos Humanos observa-se que, historicamente, há um
movimento de dividir a sociedade de forma dicotômica caracterizando os
seres humanos em normais e anormais, iguais e diferentes entre outras
nomenclaturas estigmatizantes. Nessa lógica,
a) as diferenças sociais não podem ser caracterizadas como elementos
estigmatizantes.
b) esta caracterização por oposto representa de forma natural as diferenças
na sociedade.
c) por se tratar de uma construção histórica, não há mecanismos que
possam mudá-la.
d) os estigmas são parte constitutivas das sociedades contemporâneas.
e) ao dividir a sociedade de forma dicotômica, reforça os processos de
exclusão e segregação social.

Comentários
A questão acima é interessantíssima, pois envolve a discussão acerca do
relativismo cultural. Um dos efeitos causados pela pretensão de se universalizar
os Direitos Humanos é tornar homogêneas concepções muito distintas, hábitos e
culturas totalmente opostas.
Em face disso, o efeito gerado é inverso. Ao invés de se conseguir a proteção dos
Direitos Humanos, há uma cisão na sociedade com a discriminação de minorias.
Formam-se as dicotomias, que podem levar à formação de estigmas.
Assim, ao analisarmos as alternativas concluímos que essa dicotomização
estigmatizante leva à exclusão e segregação sociais, o que torna a alternativa
E a correta e gabarito da questão.

15
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar. 2ª edição, 2014, p. 292.

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•Os direitos humanos destinam-se a todas as pessoas


e abrangem todos os territórios.
•Não se deve desconsiderar as diferenças, mas com
UNIVERSALISMO respeito às particularidade, objetiva-se encontrar um
modo de proteger a condição humana,
independentemente do sexo, da cor, da religião ou
das condições econômicas e sociais.

•As concepções morais variam de acordo com as


diversas sociedades.
•As diferenças não residem apenas na pessoa em si,
ou seja, na condição humana, mas no contexto social
RELATIVISMO
perante o qual estão inseridos.
•Não existe como justificar a concepção moral da
pessoal desprendido do contexto no qual ela está
inserida.

O conflito entre universalistas e relativistas ficou patente na elaboração da


Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), os países questionaram a
redação de alguns direitos, desqualificando a ideia de que haveria um consenso
de humanidade. Surgiu debate no sentido de que a DUDH constitui imposição de
pensamento de países ocidentais hegemônicos, não contemplando a visão de
povos asiáticos e africanos.
Em crítica ao universalismo, a doutrina relativista argumenta16:
Partindo sempre de um ponto de vista particular, que envolve a comunidade, a doutrina
relativista concebe uma série de críticas à concepção universalista dos direitos humanos,
por exemplo, que a noção de direitos humanos contrapõe-se à noção de deveres
proclamados por muitos povos; o conceito de direitos humanos leva em consideração uma
visão antropocêntrica do mundo, que não é compartilhada por todas as culturas; o caráter
ocidental da visão dos direitos humanos, que pretende ser geral e imperialista; a falta de
adesão formal por parte de muitos Estados aos tratados de direitos humanos ou a falta de
políticas comprometidas com tais direitos, o que seria indicativo da impossibilidade do
universalismo.

Assim, a compreensão mais correta de universalidade dos direitos humanos


remete à ideia de que devem ser levadas em consideração as
particularidades locais, bem como os contextos históricos, culturais e
religiosos de cada povo. Compete, contudo, a todos os Estados, sem
exceção, independentemente de seu sistema político, econômico ou
cultural, o respeito aos direitos humanos.
Fala-se que é razoável pensarmos em conceitos de justiça, legitimidade do
governo, dignidade da pessoa, proteção contra a opressão e arbítrio estatais
como preceitos que devem ser buscados por qualquer sociedade.
Segundo André Carvalho Ramos17 devemos buscar:
Afirmar que a pluralidade de culturas e orientações religiosas devem ser respeitadas com o
reconhecimento da liberdade e participação com direitos iguais para todos.

16
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar, p. 291.
17
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
(versão eletrônica).

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Logo, a celeuma deve ser resolvida com equilíbrio, não é possível excluir um
em total detrimento do outro. É necessário que haja uma convivência harmônica,
desde que, evidentemente, seja assegurado aquilo que alguns doutrinadores
denominam de “núcleo duro” dos direitos humanos, vale dizer, o conjunto de
direitos humanos de suma importância e necessário, independentemente
das particularidades dos diversos povos.
UNIVERSALIDADE

aplicam-se a todas as destinam-se a todas as


pessoas e pessoas
os Direitos
Humanos
em qualquer lugar do abrangem todos os
mundo territórios

A universalidade prevalece no confronto com a corrente relativista.

3.4 - Relatividade
Estudamos em Direito Constitucional, na parte de Teoria Geral, que os princípios,
hoje considerados espécies de normas, não são absolutos. Vale dizer, quando o
aplicador do direito se confrontar com situação em que um princípio indica uma
decisão e outro princípio indica outra decisão oposta à primeira, o jurista deverá
relativizar um princípio para a defesa do princípio que entende, para
aquele caso, mais importante.
Vejamos um exemplo bem simples. O princípio da liberdade,
direito fundamental, poderá ser relativizado em diversas
circunstâncias, como, por exemplo, no caso de condenação
criminal ou nas hipóteses em que é admitida a prisão privativa do acusado. O
legislador, ao elaborar nosso Código Penal, analisou entre as diversas
modalidades de crimes e estabeleceu que uns violam bens e valores tão
importantes que, se confrontados com a liberdade individual, permitirão,
excepcionalmente e por certo lapso de tempo, a prisão do sujeito.
A ideia é a mesma! Pelo princípio da relatividade ou da limitabilidade,
devemos compreender que os Direitos Humanos podem sofrer limitações
para adequá-los a outros valores coexistentes na ordem jurídica.
Excepcionalmente, com fundamento na doutrina de Norberto Bobbio, existem
dois direitos humanos que são absolutos! São direitos que não poderão ser
relativizados em hipótese alguma.

DIREITOS HUMANOS •vedação à tortura; e


ABSOLUTOS •vedação à escravidão.

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Tal entendimento fundamenta-se na ideia de que essas violações constituem atos


bárbaros, que ultrajam a consciência da humanidade, razão pela qual não
poderão ser aceitas em hipótese alguma!
Esse é o entendimento perfilhado, inclusive, no art. 2º, da Convenção Contra
Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes18:
1. Cada Estado tomará medidas eficazes de caráter legislativo, administrativo, judicial ou
de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer território
sob sua jurisdição.
2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais, como ameaça
ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública,
como justificação para a tortura.

Para a prova...
RELATIVIDADE

Os direitos humanos podem sofrer limitações para adequá-los a outros


valores coexistentes na ordem jurídica (conceito)

vedação à tortura
Exceções à logo são direitos humanos
relatividade absolutos:
vedação à escravidão

3.5 - Irrenunciabilidade
Para compreendermos a irrenunciabilidade (ou indisponibilidade), vamos
entender alguns aspectos jurídicos a respeito da renúncia.
Quem faz faculdade de Direito estuda, nas aulas de Teoria Geral, que as pessoas
podem renunciar a direitos considerados disponíveis. O ordenamento
jurídico prevê uma gama de direitos que são consubstanciados em textos legais.
Alguns são considerados tão importantes, porque tutelam a vida, a dignidade e
a liberdade que, mesmo que a pessoa queira renunciá-los, não poderá. Por outro
lado, direitos relacionados com aspectos patrimoniais podem ser renunciados. É
o que ocorre, por exemplo, com o perdão de dívidas. Embora o credor seja titular
da pretensão e dos valores a ele devidos, poderá renunciar.

18
Podemos citar, ainda: a) artigo V, da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “ninguém
será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”; b) artigo
7º, do Pacto dos Direitos Civis e Políticos: “ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas
ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido sobretudo, submeter uma
pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médias ou cientificas”; e c) artigo 5, 2, da
Convenção Americana sobre os Direitos Humanos: “ninguém deve ser submetido a torturas, nem
a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser
tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano”.

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Adaptando essa ideia aos direitos humanos, porque eles envolvem o rol dos
direitos mais importantes de uma pessoa, não poderão ser renunciados, ainda
que se deseje abrir mão deles.
Vejamos um exemplo. Não é possível, por exemplo, determinada
pessoa dispor do próprio corpo, quando isso importar a diminuição
permanente da integridade física, conforme se extrai do art. 13, do
CC. Logo, por mais que a pessoa pretenda fazê-lo, não poderá vender
determinado órgão vital para ser transplantado no corpo de outrem.
Permitir tal situação seria renunciar à integridade física, um direito
humano fundado na dignidade da pessoa.
A dignidade humana deverá ser observada e respeitada pela
simples condição humana. Se é humano, deverá ter dignidade! Logo, pela
característica da irrenunciabilidade, devemos entender que a pessoa não
pode dispor sobre a proteção à sua dignidade. Assim, eventual renúncia a
direito humano é nula, não possuindo qualquer validade jurídica.
IRRENUNCIABILIDADE

Não poderão os titulares do direito humano dispor desse direito,


ainda que pretendam fazê-lo (conceito).

A dignidade humana deve ser observada e respeitada pela simples condição


humana.

Renúncia a direito humano é nula.

É o que ocorre em relação a alguns direitos trabalhistas, que são impassíveis de


renúncia por seu titular, devido aos bens que tutelam.

3.6 - Inalienabilidade
Essa característica é bastante simples e relaciona-se com a irrenunciabilidade.
De acordo com a doutrina, os Direitos Humanos não poderão ser alienados.
Dito de outra forma, o titular não poderá dispor dos Direitos Humanos.
Dessa forma, a retirada de órgão humano vital não é aceita porque, por um lado,
viola a característica da irrenunciabilidade e, por outro, veda-se a alienabilidade
da dignidade para auferir lucro.
Por conta disso, inclusive, prevê o art. 14, do CC, que a disposição do corpo após
a morte, seja com objetivo científico ou com sentido altruístico, somente será
possível de forma gratuita.

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INALIENABILIDADE

Os Direitos Humanos não poderão ser comercializados pela pessoa


tutelada por esse direito (conceito).

relaciona-se com a irrenunciabilidade

3.7 - Imprescritibilidade
A imprescritibilidade, que remete à ideia de que as normas de Direitos
Humanos não se esgotam, nem se consomem com o passar do tempo.
Estudamos em direito que se a pessoa não exercer o direito,
ou ao menos manifestar a pretensão, em determinado lapso
de tempo, não poderá mais fazê-lo por força do instituto da
prescrição. Esse instituto jurídico, contudo, em matéria de Direitos Humanos é
inaplicável, de forma que podemos dizer que os Direitos Humanos são
imprescritíveis.
A doutrina faz um alerta importante: não podemos confundir a imprescritibilidade
dos Direitos Humanos com reparação civil desses direitos. A intimidade é um
direito de todo ser humano durante toda a sua existência, inclusive para depois
da morte (post mortem).
Contudo, violado esse direito, nasce a pretensão de o prejudicado buscar
reparação civil para indenização material e moral. Essa pretensão, em que pese
decorrente de violação de um Direito Humano, está sujeita a prazos
prescricionais, que deverão ser observados nos termos da legislação civil.
IMPRESCRITIBILIDADE

As normas de Direitos Humanos não se esgotam com o


passar do tempo (conceito).

Os Direitos Humanos não se sujeitam a prazos prescricionais.

A pretensão indenizatória decorrente de violação de determinado


direito humano está sujeita à prescrição.

3.8 - Interdependência
Entende-se por interdependência a mútua relação entre os Direitos Humanos
protegidos pelos diversos diplomas internacionais.

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Em razão da ampliação dos direitos humanos é comum, por exemplo, que um


direito se vincule ao conteúdo de outro, demonstrando a relação de
complementaridade.
Exemplifica-se a característica interdependência com a liberdade de associação
em relação ao reconhecimento do direito de associação profissional ou sindical.
O primeiro direito é genérico, garante a todos a possibilidade de se associarem
para quaisquer fins civis lícitos. Essa temática, levada para as relações de
trabalho, constitui o direito de associação profissional ou sindical, que nada mais
é do que a possibilidade de empregadores e de trabalhadores se reunirem para
a defesa de direitos que lhes são próprios. Notem que o segundo direito referido
guarda uma relação de dependência e de complementariedade em relação ao
seguinte.
Por fim, devemos saber qual característica da interdependência se relaciona com
a indivisibilidade. Embora não venhamos a tratá-la como característica própria,
há posição no sentido de que os direitos humanos constituem um corpo
único, a ser interpretado e aplicado em conjunto. Essas noções aproximam-
se da ideia de interdependência, que estamos estudando.
INTERDEPENDÊNCIA

Constitui a relação mútua entre os direitos humanos protegidos pelos


diversos diplomas internacionais (conceito).

Essa característiica relaciona-se com a indivisibilidade dos direitos humanos.

Questão – FMP/DPE-PA - Defensor Público Substituto - 2015


Sobre as características dos direitos humanos, é CORRETO afirmar que:
a) o historicismo é característica inerente aos direitos humanos, o qual
determina a possibilidade de que tais direitos sejam reconhecidos e,
posteriormente, suprimidos, conforme a evolução do pensamento humano.
b) a defesa da característica da universalidade dos direitos humanos
contempla a proibição de tratamento diferenciado a determinados grupos
sociais ou culturais, em qualquer circunstância.
c) a irrenunciabilidade reconhecida aos direitos humanos significa a
impossibilidade de que o seu titular abra mão de direitos previstos em

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tratados internacionais, os quais, entretanto, podem sofrer restrições por lei


ordinária, conforme o ordenamento jurídico de cada país.
d) os direitos humanos são caracterizados pela indivisibilidade e
complementariedade, de forma que compõem um único conjunto de direitos,
cuja observância deve ser sistêmica e lastreada no princípio da dignidade da
pessoa humana.
e) a imprescritibilidade dos direitos humanos determina a inexistência de
prazo para ajuizamento de ações em face do Estado a respeito de eventuais
violações desses direitos.

Comentários
Aqui temos uma questão que aborda as características dos Direitos Humanos.
Cada alternativa aborda uma característica diferente. Vejamos!
A alternativa A está incorreta, pois a historicidade (ou historicismo para a
banca) não pressupõe a supressão de Direitos. Como vimos, e isso se justifica no
estudo das dimensões dos Direitos Humanos, a cada evolução experimentada
pela sociedade há um número maior de direitos assegurados.
A alternativa B está igualmente incorreta, pois a universalidade refere-se à
aplicação dos direitos a todas as pessoas e em todos os lugares. Não há correção
direta entre a universalidade e a aplicação igualitária dos Direitos Humanos.
Ademais, ao contrário do que se afirmou, entre os Direitos Humanos destaca-se
o tratamento isonômico, que justifica o tratamento desigual despendido a grupos
vulneráveis da sociedade.
A alternativa C também está incorreta, pois em face da irrenunciabilidade, os
Direitos Humanos não podem ser restringidos pelas leis internas do pais, muito
embora possam ser flexibilizados em razão de outros valores ou direitos
assegurados (como ocorre com relação à prisão).
A alternativa D, por sua vez, é a correta e gabarito da questão, uma vez que os
direitos à indivisibilidade é característica dos Direitos Humanos ao lado da
complementariedade. Embora não tenhamos nos referido expressamente a essas
características, ao tratarmos da interdependência afirmamos que há uma relação
mútua entre os direitos humanos, considerados um corpo único de direitos.
Por fim, a alternativa E está incorreta. Como alertamos, a imprescritibilidade é
do direito humano e não em relação a eventuais reparações por violações a esse
direito. Desse modo, se o sujeito pretende uma reparação contra o Estado ante
a violação de algum direito, deverá observar os prazos previstos na legislação
para que possa exigi-lo judicialmente.

3.9 - Caráter erga omnes


Primeiramente devemos entender o que significa “erga omnes”. Esse termo é
muito comum no meio jurídico e significa aquilo que pode ser oponível contra
todos.

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Nesse contexto, entende-se que os direitos humanos são oponíveis contra


todos, abrangendo as demais pessoas, os Estados e os organismos
internacionais. Ninguém poderá se dizer superior aos direitos humanos para
afirmar que não precisa observar as normas de proteção.
Essa característica dos direitos humanos é bastante simples e se manifesta, de
acordo com os doutrinadores, por duas facetas:
1. É de interesse da comunidade internacional verem respeitados os direitos
protegidos pelo Direito Internacional, entre eles os direitos humanos; e
2. A aplicação geral das normas protetivas a todos os seres humanos sob a
jurisdição de um Estado, pela simples condição humana, sem consideração
quanto à orientação política, a etnia, ao credo, entre outras
particularidades.
ERGA OMNES

Os direitos humanos são oponíveis contra todos (conceito).

é de interesse da comunidade ver respeitado os direitos


humanos
Facetas:
a aplicação dos direitos humanos a todas as pessoas
decorre da mera condição humana

3.10 - Exigibilidade
A característica da exigibilidade relaciona-se com a implementação dos
direitos humanos. A efetividade sempre foi e será objeto de diversas
discussões, pois remete à análise da responsabilidade internacional dos Estados,
o que, por vez, é delicado de se impor ante a soberania de cada nação.
O estudo mais aprofundado da característica da exigibilidade remete aos modos
de verificação da responsabilidade de um Estado pela violação dos direitos
humanos, que não é assunto dessa aula.
Por ora, você deve saber que a exigibilidade denota a característica dos direitos
humanos que se preocupa com a implementação desses direitos e com a
efetividade da responsabilização dos Estados, quando violados.

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EXIGIBILIDADE

Denota a preocupação com a implementação dos direitos humanos e a


efetividade da responsabilização daqueles organismos internacionais
que violarem os direitos humanos (conceito).

mecanismos de implementação dos direitos


humanos; e
Envolve os seguintes
assuntos:
responsabilização dos Estados violadores das
regras de proteção internacional.

3.11 - Abertura
Essa característica remete ao processo de alargamento do rol de direitos
humanos, de forma que, segundo os doutrinadores, o rol de direitos não é
taxativo (não exaustivo). Vale dizer, sempre será possível, a depender dos
influxos da sociedade, o reconhecimento de novos direitos humanos pois
eles possuem estrutura aberta.
O parâmetro para se considerar determinado direito como humano é o
princípio da dignidade, de forma que, se determinado direito remeter ou
repercutir na dignidade da pessoa, poderá ser considerado um direito humano.
Nesse contexto, citemos o exemplo do art. 5º, §2º, da Constituição Federal, para
qual, abraçando essa característica:
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.

Consiste no processo de alargamento do rol dos direitos humanos (conceito).


ABERTURA

É sempre possível o reconhecimento de novos direitos humanos, desde que


relacionem-se ou decorram da dignidade humana.

art. 5º, §2º, da Constituição Federal.

3.12 - Aplicabilidade imediata (efetividade)


A aplicabilidade imediata dos direitos humanos consiste no reconhecimento
formal de que os direitos humanos são completos e, por serem completos,
podem, desde logo, ser aplicados.
Em Direito Constitucional, no estudo da eficácia das normas, diferenciamos
normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia

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limitada. Não vamos discorrer sobre cada uma dessas espécies de normas
constitucionais, contudo, é interessante efetuarmos um paralelo com as normas
de eficácia plena. Essas normas são aplicadas diretamente, não sendo necessário,
em razão disso, regulamentação infraconstitucional para que o direito seja
exercido. Além disso, se for um direito fundamental, não será possível a
legislação infraconstitucional restringi-la sob pena de inconstitucionalidade.
É o que acontece com as normas de direitos humanos. Regras e princípios que
disciplinam os direitos humanos possuem aplicabilidade imediata e
direta, não precisam de outras normas que venham especificar como
será a aplicação desses direitos. Pela simples positivação do texto no tratado
internacional já é plenamente possível cobrar a observância dessas regras.
É o que enuncia o art. 5º, §1º, da Constituição Federal:
As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
APLICABILIDADE

Regras e princípios que disciplinam os direitos humanos possuem


IMEDIATA

aplicabilidade imediata e direta, não precisam de outras normas


para disciplinar como será aplicação desses direitos (conceito).

art. 5º, §1º, da Constituição Federal.

Questão – FEPESE/SJC-SC - Agente de Segurança


Socioeducativo - 2013
São características da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
1. universalidade.
2. efetividade.
3. indivisibilidade.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 1.
b) É correta apenas a afirmativa 2.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
d) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.

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Comentários
Questão fácil, não?! Embora ela se refira à Declaração Universal dos Direitos
Humanos (DUDH), cobra-se, em verdade, as características da nossa disciplina
que, porventura, estão arrolados expressamente na DUDH.
Como vimos, universalidade, efetividade (ou aplicabilidade imediata) e
indivisibilidade (decorrente da interdependência) constituem característica dos
Direitos Humanos.
Portanto, a alternativa E é a correta e gabarito da questão.

3.13 - Dimensão objetiva


A dimensão objetiva dos direitos humanos é melhor compreendida se
contrapusermos com aquilo que a doutrina denomina de dimensão subjetiva.
Pela dimensão subjetiva, diz-se que os direitos humanos constituem um
conjunto de proposições jurídicas conferida às pessoas, visando a sua
proteção. Devemos perceber que essa dimensão se refere ao indivíduo enquanto
sujeito protegido pelos direitos humanos.
Segundo a dimensão objetiva, entende-se que os direitos humanos são
capazes de impor uma atuação estatal voltada para a proteção de tais
direitos. Nesse caso, não há preocupação com a proteção de um ou de outro
indivíduo que tenha seu direito humano violado. Preocupa-se com a criação de
mecanismos para a promoção dos direitos humanos em toda a sociedade,
por meio da criação de procedimentos e de entes capazes de assegurá-los.
Em resumo, a distinção:

•direitos humanos constituem um conjunto de


DIMENSÃO SUBJETIVA regras de proteção dos sujeitos de direitos
humanos

•direitos humanos são capazes de impor uma


DIMENSÃO OBJETIVA atuação estatal geral voltada para a proteção
de tais direitos

Por fim, a dimensão objetiva não exclui a dimensão subjetiva e vice-versa,


uma vez que ambas devem coexistir e trabalhar juntas e simultaneamente para
a proteção integral da dignidade da pessoa.
Ainda assim, o que caracteriza os Direitos Humanos é a dimensão objetiva.

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DIMENSÃO OBJETIVA

Os direitos humanos são capazes de impor uma atuação estatal


voltada para a proteção de tais direitos (conceito).

Objetiva criar mecanismos para a promoção dos direitos humanos em toda a


sociedade.

A dimensão objetiva não exclui a dimensão subjetiva (proteção aos sujeitos),


ambas devem coexistir.

3.14 - Proibição do retrocesso (efeito cliquet)


Em razão da historicidade dos Direitos Humanos, entende-se que a proteção
aos direitos da dignidade da pessoa é expansiva, ou seja, está sempre em
progresso.
Por exemplo, a vedação à tortura constitui um direito humano decorrente dos
graves acontecimentos nas Guerras Mundiais e dos movimentos ditatoriais,
inclusive no Brasil. Em razão desses eventos, a comunidade internacional voltou-
se contra a prática militar e, atualmente, defende que a vedação à tortura é
absoluta e universal. Assim, qualquer ato ou norma de Estado que viole a
dignidade da pessoa consistente em impingir sofrimento em alguém de forma
deliberada para o fim de obter informações políticas ou militares, constitui
violação aos Direitos Humanos e não poderá ser permitido, sob pena de
retrocesso.
Por vedação ao retrocesso devemos compreender a proibição à supressão de
direitos já reconhecidos em detrimento das conquistas históricas da
humanidade. Não é possível, assim, que a tortura volte a ser aceita como
mecanismo de obtenção de informação por militares em guerra, em nenhuma
hipótese!
PROIBIÇÃO DO
RETROCESSO

Uma vez assegurado o direito humano ele não poderá ser


suprimido (conceito).

Denota a característica expansiva e progressiva da disciplina.

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Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015


Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos
direitos humanos.
Na luta pelos direitos humanos, há avanços e retrocessos, decorrendo disso
a necessidade de o Estado e a sociedade civil se engajarem para que se
realizem ações e políticas públicas que sejam efetivamente de Estado e não
de governo.

Comentários
Questão tranquila. Devemos cuidar para não marcar como incorreta, com olhos
fixos na característica da proibição do retrocesso. Notem que a assertiva é
apresentada de forma ampla, como quem aborda a referida “luta pelos direitos”.
Ademais, justifica que o Estado, nessa luta, tem que se engajar, com a adoção
de ações e de políticas voltadas não apenas para a gestão interna do país (atos
de governo), mas para a defesa e representatividade do seu povo (atos de
Estado).
Desse modo, os influxos constituem realidade, de forma que presenciamos
avanços e retrocessos na evolução dos direitos humanos. Portanto, está correta
a assertiva.

3.15 - Eficácia horizontal


Chegamos à última característica dos direitos humanos!
Por eficácia horizontal dos direitos humanos compreende-se que não é
necessária lei para possibilitar a aplicação desses direitos às relações
privadas.
Logo, por eficácia horizontal dos direitos humanos compreende-se a aplicação
obrigatória e direta dos direitos humanos nas relações entre pessoas e
entes privados.
Estudaremos, na sequência, as várias dimensões dos direitos humanos. Veremos
que em todas elas os direitos humanos são compreendidos como um conjunto de
regras ou garantias que envolvem relações com o Estado, para o fim de
proteger tais direitos. Pela primeira dimensão diz-se que os direitos humanos
imputam abstenção do Estado, que não poderá violar a liberdade das pessoas.
Pela segunda dimensão estudaremos que o Estado deve atuar positivamente na
consecução dos direitos humanos. E, por fim, pela terceira dimensão objetiva-se
que o Estado atue na promoção coletiva dos direitos humanos. Portanto, em
todas as três dimensões, percebe-se claramente que a aplicação dos direitos
humanos foi pensada inicialmente para serem aplicadas às relações entre o
Estado e a sociedade.

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Essa relação é dita vertical, pois o Estado assume posição hierarquicamente


privilegiada em relação aos governados e pode, assim, ser representada:

ESTADO

SOCIEDADE

A doutrina de direitos humanos, contudo, passou a vislumbrar outra relação que


não apenas essa vertical, entre estado e sociedade, mas uma relação horizontal,
envolvendo, também, a aplicação dos direitos humanos às relações entre
privados.

SOCIEDADE SOCIEDADE

Para finalizar, fala-se em duas modalidades de eficácia horizontal dos direitos


humanos:
 PRIMEIRA: consiste na vinculação das relações particulares aos direitos
humanos; e
 SEGUNDA: consiste na fiscalização, pelo Estado, do cumprimento dos
direitos humanos pelos particulares.
Nesse contexto, nos ensina André de Carvalho Ramos19:
Cabe ao Estado, então, um papel ativo na promoção de direitos humanos, zelando para que
particulares não violem os direitos protegidos, ou, caso isso aconteça, buscando
imediatamente a reparação do dano sofrido.

Antes de passarmos ao estudo das dimensões de direitos humanos, vamos trazer


uma observação que pode ser explorada em sua prova: eficácia diagonal dos
Direitos Humanos. Isso mesmo: DIAGONAL!
Segundo alguns autores de Direito do Trabalho com formação humanista, a
eficácia diagonal é a que determina a aplicação dos direitos humanos nas
relações entre empregado e empregador.
Argumenta-se que a relação entre empregado e empregador, embora de
natureza privada, não é horizontal como as demais relações entre privados. Na
relação de emprego está presente a subordinação jurídica – requisito da relação
de emprego – e o empregado encontra-se presumidamente em condição inferior
ao empregado, razão pela qual não podemos afirmar que a relação de emprego
implica uma relação horizontal, mas também não podemos afirmar que essa
relação é totalmente vertical, tal como a relação entre o cidadão e o Estado.

19
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
(versão eletrônica).

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Por isso se fala em eficácia diagonal dos direitos humanos quando se refere
à aplicação da teoria às relações de emprego.
Podemos esquematizar a relação da seguinte forma:

A aplicação dos Direitos Humanos às relações de trabalho tem por finalidade


reequilibrar ou minimizar os efeitos da superioridade do empregador.

aplicação dos direitos humanos às relações entre


EFICÁCIA DOS DIREITOS

vertical
o Estado e a sociedade
HUMANOS

aplicação obrigatória e direta dos direitos


horizontal
humanos às relações privadas

aplicação dos direitos humanos na relação de


emprego, que é marcada pela hipossuficiência do
diagonal
empregado e pela subordinação jurídica do
trabalhador ao empregador

Com isso finalizamos mais uma parte da aula, a parte mais extensa. São vários
os conceitos e, por isso, trouxemos diversos esquemas para facilita a apreensão
do assunto.

4 - Dimensões dos Direitos Humanos


Outro tema pertinente ao estudo da Teoria Geral dos Direitos Humanos refere-se
à análise de suas gerações ou dimensões. Trata-se de uma associação em termos
gerais de períodos em que a sociedade se preocupou mais intensamente com um
ou outro direito humano. Segundo Rafael Barreto20, dimensões dos Direitos
Humanos é a
expressão costumeiramente utilizada para referir-se a determinado grupo de direitos,
surgidos numa determinada época histórica, com características bem peculiares.

Antes, porém, devemos fazer duas observações.

20
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 36.

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 Esse assunto é estudado em Direito Constitucional, quando se fala nas


gerações ou nas dimensões dos Direitos Fundamentais. Não está errado!
Vimos no início da aula que os direitos fundamentais correspondem aos
Direitos Humanos positivados no direito interno de determinado país. Logo,
essas considerações são, ao mesmo tempo, estudadas em Direito
Constitucional e em Direitos Humanos. Os direitos fundamentais, em
grande medida, refletem a evolução e a confluência dos fatores históricos
mundiais.
 Há discussão na doutrina se o mais correto é falar em gerações ou em
dimensões dos Direitos Humanos. Ambos querem dizer a mesma coisa,
contudo, prevalece o termo “dimensões”, uma vez que geração
pressupõe a superação de determinada fase e construção de um novo
modelo.
Na realidade, a cada fase de evolução dos Direitos Humanos foram agregados
outros direitos que vieram a somar com os direitos já assegurados, de maneira
que não houve superação da geração anterior, mas uma dimensão ampliativa da
proteção à dignidade da pessoa.
Como estudamos na parte das características, os Direitos Humanos são
históricos, de maneira que estão constantemente evoluindo com a sociedade. Em
decorrência disso, como os Direitos Humanos representam a proteção à
dignidade da pessoa, nunca poderão ser suprimidos (veda-se o retrocesso), de
forma que a cada fase da História dos Direitos Humanos assumem uma dimensão
cada vez maior.
Feitas as observações preliminares, vejamos cada uma das gerações.

4.1 - Primeira Dimensão dos Direitos Humanos


A primeira dimensão dos Direitos Humanos compreende
os direitos da liberdade, que são os direitos civis e
políticos, decorrentes das revoluções liberais e da
transição do Estado Absolutista para o Estado de
Direito.
Caracterizam-se esses direitos por imporem uma
abstenção estatal, por limitarem a atuação do
Estado em defesa dos direitos das pessoas. Em razão disso, diz-se que essa
dimensão representa direitos de caráter negativo. Essa característica faz total
sentido com o momento histórico de superação do absolutismo, que consistia
num governo concentrado nas mãos dos reis. Como forma de frear o poder do
soberano, foram criadas limitações legais à atuação estatal, que imporiam a
obrigação de o Estado não intervir nos direitos de liberdade e de propriedade.
Os grandes marcos históricos de surgimento dessa dimensão são:
1. Revolução Gloriosa na Inglaterra, em 1688;
2. Independência dos Estados Unidos, em 1777; e
3. Revolução Francesa de 1789.

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No campo dos estudiosos, aponta-se como marco teórico a obra “O Contrato


Social” de Jean-Jacques Rousseau e o “Segundo Tratado sobre o Governo” de
Jonh Locke, os quais afirmam que os homens possuem determinados direitos que
não podem ser suprimidos pelos governantes e que, se desrespeitados,
representam um governo arbitrário, violador de Direitos Humanos.
Por fim, identificam-se como marcos jurídicos dessa dimensão:
1. Constituição dos EUA, de 1787; e
2. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão redigida na França, em
1789.
Sobre os direitos civis, leciona Sidnei Guerra21:
Os civis são aqueles que, mediante garantias mínimas de integridade física e moral, bem
assim de correção procedimental nas relações judicantes entre os indivíduos e o Estado,
asseguram uma esfera de autonomia individual de modo a possibilitar o desenvolvimento
da personalidade de cada um.

Já em relação aos direitos políticos, discorre o autor22:


No que tange aos direitos políticos, que encontram seu núcleo no direito de votar e ser
votado, a seu lado se reúnem outras prerrogativas decorrentes daqueles status, como o
direito de postular um emprego público, de ser jurado ou testemunha, de prestar o serviço
militar e até de ser contribuinte.

4.2 - Segunda Dimensão dos Direitos Humanos


Essa geração compreende os direitos relacionados à
igualdade, abrangendo os direitos sociais, direitos
econômicos e os direitos culturais, em razão da
evolução do Estado Liberal para o Estado Social.
Ao contrário da dimensão anterior, os direitos de
segunda dimensão são notadamente prestacionais. Vale dizer, os Estados
passaram a ser obrigados a atuar positivamente para assegurar os direitos
sociais, econômicos e culturais.
Em termos políticos, o que se percebeu na época em que tais direitos foram
reclamados é que apenas a liberdade não era suficiente para garantir a dignidade
das pessoas. Era necessária, também, uma atuação estatal para corrigir
eventuais distorções ocorridas na sociedade em razão, principalmente, da
primazia do poder econômico.
Dois são os marcos históricos relevantes desse período:
1. Revolução Mexicana, em 1910; e
2. Revolução Russa, em 1917, que culminou com o comunismo da URSS.
Evidencia-se como marco teórico a “Encíclica Rerum Novarum”, de autoria do
Papa Leal XIII, em 1891. Outro documento importante é o “Manifesto do Partido
Comunista” de Karl Marx e de Frederich Engels, de 1948. Ambos indicaram a

21
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar, p. 63.
22
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar, p. 63.

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necessidade de dar mais atenção às questões sociais e uma melhor distribuição


das riquezas. A Encíclica papal, inclusive, mostrou-se contra arbitrariedades
cometidas pelos empregadores em detrimento da classe operária, especialmente
em relação às condições precárias de emprego e de exploração do trabalho da
mulher e de crianças e adolescentes.
Em relação aos marcos jurídicos, a doutrina aponta a:
1. Constituição Mexicana, de 1917, considerada o primeiro texto
constitucional a proclamar direitos sociais; e
2. Constituição de Weimar na Alemanha, de 1919, outra referência no trato
dos direitos socais.
Sobre os direitos sociais, econômicos e culturais, Sidnei Guerra23 os conceitua do
seguinte modo:
Os direitos sociais seriam aqueles necessários à participação plena na vida da sociedade,
incluindo o direito à educação, a instituída a família, à proteção à maternidade e à infância,
ao lazer e à saúde etc. Os direitos econômicos destinam-se a garantir um padrão mínimo
de vida e segurança material, de modo que cada pessoa desenvolva suas potencialidades.
Os direitos culturais dizem respeito ao resgate, estímulo e preservação das formas de
reprodução cultural das comunidades, bem como à participação de todos nas riquezas
espirituais comunitárias.

4.3 - Terceira Dimensão dos Direito Humanos


A terceira dimensão dos Direitos Humanos envolve os
direitos de solidariedade (ou fraternidade),
abrangendo os direitos difusos e coletivos.
Constituem, na realidade, os direitos assegurados às
pessoas em geral.
Essa é uma das dimensões mais importantes para a
nossa disciplina, uma vez que, ao final da 2ª Guerra
Mundial, as discussões acerca da própria compreensão
do ser humano se modificaram. Em razão das atrocidades decorrentes das
grandes guerras e dos regimes antissemitas, a sociedade passou a compreender
a necessidade de se assegurar ao máximo a proteção da dignidade da pessoa.
Nesse sentido vejamos os ensinamentos de Rafael Barretto24:
A característica central dos direitos não estará relacionada com o papel do Estado, mas sim
com o fato de serem direitos reconhecidos ao homem pela mera condição humana, direitos
pertencentes à Humanidade, independentemente de qualquer condicionamento quanto à
origem, etnia, sexo ou qualquer outro fator que configure uma discriminação.

Assim, os direitos de terceira dimensão englobam, por exemplo, os


direitos relacionados ao meio ambiente e a proteção jurídica do
consumidor. Perceba que tanto em um como em outro caso, a proteção se

23
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar, p. 64.
24
BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 41.

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destina à coletividade, pois abrange todos que podem ser afetados pelos
descuidos ambientais e por práticas ilegais e abusivas nas relações de consumo.
O marco histórico, portanto, dessa dimensão é o Pós-2ª Guerra Mundial e o
surgimento da Organização das Nações Unidas em 1945.
Não há uma obra ou estudioso em específico para esse período, devemos
considerar que o marco teórico dessa geração são os trabalhos acadêmicos que
visam à proteção universal e solidária da humanidade.
Por fim, quanto ao marco jurídico destaca-se a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, criada pela Assembleia Geral da ONU, em 1948.
Quanto aos referenciais jurídicos, não confundam:

•Declaração dos Direitos do Homem e do


1º DIMENSÃO
Cidadão, de 1789; e

•Declaração Universal dos Direitos Humanos, de


3ºDIMENSÃO
1948.

Essas seriam, portanto, as três dimensões dos


Direitos Humanos que remetem aos ideais da
Revolução Francesa, quais sejam: liberdade,
igualdade e fraternidade.
 liberdade: 1ª Dimensão dos Direitos
Humanos
 igualdade: 2ª Dimensão dos Direitos
Humanos
 fraternidade: 3ª Dimensão dos Direitos
Humanos.

4.4 - Quarta e Quinta Dimensões dos Direitos Humanos


Alguns doutrinadores de relevo no estudo da matéria afirmam existir a quarta e
a quinta dimensões dos Direitos Humanos. Devemos saber, inicialmente, que
essas dimensões não são consenso na doutrina, mas, por vezes, aparecem em
provas.

Quarta Dimensão dos Direitos Humanos


Segundo Norberto Bobbio, a quarta dimensão dos
Direitos Humanos compreende os direitos
relacionados às pesquisas biológicas e à
manipulação do patrimônio genético das pessoas.
Um ótimo exemplo de aplicação dessa dimensão dos
Direitos Humanos, no Brasil, é a Lei de Biossegurança
(Lei nº 11.105/2005), que disciplina regras sobre a

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produção e a comercialização de organismos geneticamente modificados e a


pesquisa com células-tronco.
Já Paulo Bonavides compreende que a quarta dimensão dos Direitos Humanos
envolve a tutela da democracia, do direito à informação e o pluralismo
político que, em última análise, é a dignidade das pessoas na vivência em
sociedade. Entende o autor que democracia, informação e pluralismo políticos
são mecanismos para máxima efetivação dos Direitos Humanos.
Pessoal, citamos dois autores: Norberto Bobbio e Paulo Bonavides por um simples
motivo: as vezes as questões abordam um ou outro, por isso, cuidado na hora
de resolver as questões!

Quinta Dimensão dos Direitos Humanos


Por fim, Paulo Bonavides enuncia que existe, ainda, a
quinta dimensão dos Direitos Humanos,
responsável pelo direito à paz, principalmente em
decorrência de atentados terroristas como “11 de
Setembro de 2011”, que assolou a comunidade
internacional e impingiu o medo de novos atentados e
ataques contra a paz mundial.

Questão – VUNESP/MPSP – Assistente de Promotoria I - 2015


Assinale a alternativa que corretamente disserta sobre aspectos conceituais
dos direitos humanos em sua evolução histórica.
a) Os direitos fundamentais da primeira dimensão são marcados pela
alteração da sociedade por profundas mudanças na comunidade
internacional, identificando-se consequentes alterações nas relações
econômico-sociais, sobretudo na sociedade de massa, fruto do
desenvolvimento tecnológico e científico.
b) Os direitos da quinta dimensão são direitos transindividuais que
transcendem os interesses do indivíduo e passam a se preocupar com o
gênero humano, com altíssimo teor de humanismo e universalidade,
inserindo-se o ser humano em uma coletividade que passa a ter direitos de
solidariedade ou de fraternidade.
c) A evidenciação de direitos sociais, culturais e econômicos, correspondendo
aos direitos de igualdade, sob o prisma substancial, real e material, e não
meramente formal, mostra-se marcante nos documentos pertencentes ao
que se convencionou classificar como segunda dimensão dos direitos
humanos.
d) Os direitos humanos da terceira dimensão marcam a passagem de um
Estado autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito

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às liberdades individuais, em uma perspectiva de absenteísmo estatal, fruto


do pensamento liberal-burguês do século XVIII.
e) Os direitos de quarta dimensão, ou direitos de liberdade, têm como titular
o indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou
atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais
característico, sendo, assim, direitos de resistência ou oposição ao Estado.

Comentários
A presente questão envolve a discussão a respeito das dimensões dos direitos
humanos. Trata-se de uma questão completa e aprofundada. Vejamos cada uma
das alternativas.
A alternativa A está incorreta. A primeira dimensão retrata dos direitos civis e
políticos. Caracterizam-se por serem direitos negativos, que impõem abstenção
estatal. Na alternativa fala-se em mudança nas relações econômico-sociais, o que
remete aos direitos sociais, econômicos e culturais, condizentes com a segunda
dimensão dos direitos. Ademais, de forma incoerente, fala-se também em direitos
relacionados com o desenvolvimento tecnológico e científico, característicos dos
direitos de quarta dimensão.
A alternativa B também está incorreta. Os direitos humanos de quinta dimensão
– segunda a doutrina de Paulo Bonavides – retrata os direitos relacionados à paz
e decorrem dos eventos terroristas, com marco no 11 de Setembro. A alternativa
refere-se também aos direitos de solidariedade e de fraternidade, característico
dos direitos de terceira dimensão.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Os direitos de segunda
dimensão constituem a igualdade em sentido material, suplantando a mera
igualdade formal, garantida pela primeira dimensão dos direitos. Ademais, os
direitos de segunda dimensão abrangem os direitos relacionados aos direitos
sociais, econômicos e culturais.
A alternativa D está incorreta. A alternativa retrata os direitos de primeira
dimensão, como comentamos na primeira alternativa, e não os direitos de
terceira dimensão.
A alternativa E está igualmente incorreta. Novamente a alternativa tratou dos
direitos de primeira dimensão, e não dos direitos de quarta dimensão.
Sobre as dimensões dos direitos, lembre-se:

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1ª Dimensão direitos civis e políticos

2ª Dimensão direitos sociais, econômicos e culturais

3ª Dimensão direitos de solidariedade ou de fraternidade

4ª Dimensão direito à democracia, à informação e ao pluralismo

direito à identidade individual, ao patrimônio genérico e à


5ª Dimensão
proteção contra o abuso das técnicas de clonagem e à paz

Para finalizar essa parte da matéria, vamos tecer duas considerações.


Primeira, o esquema abaixo representa bem a ideia de sobreposição de
acontecimentos históricos que vieram a causar a expansão da proteção da
dignidade das pessoas.

1ª Dimensão dos Direitos Humanos

2ª Dimensão dos Direitos Humanos

3ª Dimensão dos Direitos Humanos

4º Dimensão dos Direitos Humanos

5ª Dimensão dos Direitos Humanos

Como
bem ilustra o esquema acima, é possível perceber que a cada passo avante da
sociedade, maior é a proteção da dignidade da pessoa.
Segunda, finalizamos um dos pontos mais importantes da aula de hoje. Como
forma de auxiliar a fixação dessas informações, sugerimos a revisão periódica do
assunto, de acordo com o quadro-síntese abaixo.

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1ª DIMENSÃO DOS DIREITOS 2ª DIMENSÃO DOS 3ª DIMENSÃO DOS DIREITOS


HUMANOS DIREITOS HUMANOS HUMANOS

direitos sociais, culturais


direitos direitos civis e políticos direitos difusos e coletivos
e econômicos

associação
ao lema da
Liberdade igualdade fraternidade
Revolução
Francesa

 Revolução Gloriosa na
Inglaterra  Revolução Mexicana  Pós-2ª Guerra Mundial
marco
histórico  Independência dos EUA  Revolução Russa  Surgimento da ONU
 Revolução Francesa

 “Encíclica Rerum
 “Segundo Tratado sobre Novarum” (Papa Leão  trabalhos acadêmicos
marco o Governo” (John Locke) XIII) que visem à proteção
teórico  “O Contrato Social”  “Manifesto do Partido universal e solidária da
(Jean-Jacques Rousseau) Comunista” (Karl Marx e humanidade
Frederich Engels”

 Constituição Americana
 Constituição Mexicana
de 1787
marco de 1917 Declaração Universal dos
jurídico  Declaração Francesa dos Direitos Humanos, de 1948
 Constituição de
Direitos do Homem e do
Weimar de 1919
Cidadão de 1789

evolução passagem do Estado passagem do Estado Revolta da sociedade


da Absolutista para o Estado Liberal para o Estado contra as atrocidades das
sociedade Liberal Social guerras mundiais

direito à liberdade de
exemplo direito à saúde direito ao meio ambiente
expressão

4ª DIMENSÃO DOS DIREITOS 5ª DIMENSÃO DOS DIREITOS


HUMANOS HUMANOS

 pesquisas biológicas e
manipulação do patrimônio
genético das pessoas
(Norberto Bobbio)
direito direitos à paz
 tutela da democracia, do
direito à informação e o
pluralismo político (Paulo
Bonavides)

marco Lei de Biossegurança (Lei


11 de Setembro
histórico 11.105/2005)

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Vejamos duas questões, ante a frequência do assunto em provas!

Questão – FEPESE/SJC-SC - Agente de Segurança


Socioeducativo - 2013
Assinale a alternativa correta acerca da classificação dos Direitos Humanos
em gerações.
a) Os direitos de liberdade são classificados como de primeira geração.
b) Os direitos sociais ou de igualdade são classificados como de quarta
geração.
c) A segunda geração de direito compreende os direitos de liberdade.
d) A terceira geração de direitos é marcada pelos direitos tecnológicos, como
a bioética.
e) A segunda geração de direitos envolve aqueles denominados fraternos,
como o meio ambiente ecologicamente equilibrado

Comentários
Lembre-se:

1ª Dimensão direitos civis e políticos

2ª Dimensão direitos sociais, econômicos e culturais

3ª Dimensão direitos de solidariedade ou de fraternidade

4ª Dimensão direito à democracia, à informação e ao pluralismo

direito à identidade individual, ao patrimônio genérico e à


5ª Dimensão
proteção contra o abuso das técnicas de clonagem e à paz

Logo, a alternativa A é a correta e gabarito da questão.

Questão – VUNESP/PC-SP - Investigador de Polícia - 2013


Na evolução dos direitos humanos, costumam-se classificar, geralmente, as
gerações dos direitos em três fases (Eras dos Direitos), conforme seu
processo evolutivo histórico.

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Assinale a alternativa que representa, correta e cronologicamente, essa


classificação.
a) Direitos civis; direitos políticos; direitos fundamentais.
b) Igualdade; liberdade; fraternidade.
c) Direitos individuais; direitos coletivos; direitos políticos e civis.
d) Direitos civis e políticos; direitos econômicos e sociais; direitos difusos.
e) Liberdades positivas; liberdades negativas; direitos dos povos.

Comentários
Podem sintetizar as primeiras três dimensões da seguinte forma:

3ª D: direitos
difusos e
coletivos
2ª D: direitos
econômicos e
sociais

1ª D: direitos
civis e políticos

Portanto, correta a alternativa D.

5 - Afirmação histórica dos Direitos Humanos


O estudo da afirmação histórica dos Direito Humanos remete à análise dos fatos
históricos que levaram ao surgimento de direitos e de garantias protetivos da
dignidade das pessoas. Vimos que os Direitos Humanos são históricos e que
foram criados de acordo com a evolução da sociedade. Assim, estudar a
afirmação histórica dos Direito Humanos é estudar a história dessa
disciplina.
Segundo Norberto Bobbio, os direitos humanos não nascem “de uma vez por
todas”, mas estão, segundo leciona Hannah Arendt, em processo de constante
reconstrução.
No Brasil, o autor referência para o estudo da história dos Direitos Humanos é
Fábio Konder Comparato, que possui uma obra de 600 páginas,
aproximadamente, apenas sobre esse assunto. Como esse autor é considerado
frequente em provas, vamos sintetizar, neste tópico, os principais marcos
históricos relacionados em sua obra, sempre de forma didática e objetiva.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Ao iniciar sua obra, discorre o referido autor25:


O que se trata, nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda História: a
revelação de que todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e
culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes no mundo
capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de
que, em razão dessa radical igualdade, ninguém – nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe
social, grupo religioso ou nação – pode afirmar-se superior aos demais.

Pessoal, para que compreendamos a afirmação histórica dos Direitos Humanos


vamos dividir o estudo em 2 partes:
1º. afirmação do conceito de pessoa na história;
2º. grandes etapas históricas na afirmação dos direitos humanos.

5.1 - Afirmação do conceito de pessoa na história


O conceito de pessoa como objeto de reflexão na filosofia passa por um processo
que evolui paulatinamente ao longo de vários séculos. Neste tópico vamos
estudar os fundamentos para a compreensão da pessoa humana e a
afirmação da existência dos direitos humanos.
O homem ter passado a ser o centro das reflexões humanas implicou uma série
de reflexões acerca da pessoa e da igualdade de tratamento entre elas, pelo
simples fato de serem humanos.
Vários são os pensadores e momentos históricos relevantes em torno do estudo
da pessoa, da igualdade e da dignidade. Esses pensadores e momentos históricos
refletem um conjunto de ideais que levaram à construção dos direitos humanos
na contemporaneidade. Como é uma matéria bastante teórica e acadêmica,
acreditamos ser de pouca valia para concurso. De toda forma, vamos trazer as
principais reflexões num quadro-síntese, suficiente para a prova que faremos.

A lei escrita e os costumes são considerados o fundamento de toda a


GRÉCIA E
sociedade, repercutindo no regramento dos assuntos, de modo que a pessoa
ATENAS
passou a ser objeto de reflexão.

Centrou a discussão em torno da unidade moral do ser humano e da dignidade


FILOSOFIA
do homem, pelo qual devemos compreender todos como iguais embora
ESTOICA
existam muitas diferenças individuais.

O cristianismo prega que Jesus é modelo ético de pessoa, uma representação


CRISTIANISMO factível de Deus e de suas doutrinas na terra, que defende a igualdade entre
as pessoas.

Segundo a filosofia de Emmanuel Kant, a igualdade é a essência da pessoa,


FILOSOFIA responsável pelo núcleo do conceito de direitos humanos. Por conta disso, a
KANTIANA dignidade da pessoa deve ser considerada um fim em si mesmo, não
instrumento para se chegar a determinado objetivo.

25
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 13.

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Compreende que houve uma inversão de valores com o desenvolvimento do


PENSAMENTO
modelo capitalista, na medida em que o operário passou a ser considerado
MARXISTA
coisa, deixando de ser sujeito de direito.

Em síntese, a compreensão em torno da pessoa foi valorizada. Juntamente,


alguns conceitos atrelados à ética e aos comportamentos morais prevaleceram,
indicando a necessidade de serem protegidos alguns direitos essenciais
ao homem, em razão de sua natureza.
É por conta disso, que parte dos doutrinadores atrelam os Direitos Humanos ao
Direito Natural. Como já vimos nesta aula, Direitos Humanos e Direitos Naturais
não se confundem para a corrente majoritária do pensamento filosófico. Contudo,
é possível afirmar que, em sua origem, os Direitos Humanos surgiram com a
ascensão da acepção de Direitos Naturais, inatos ao homem.
Contudo, conforme ficará patente neste material, os direitos humanos se
desenvolvem e se afirmam com os acontecimentos históricos, não permanecendo
de forma estanque, absoluta e imutável ao longo do tempo.
Lançada a base sobre a qual se erigiu a disciplina Direitos Humanos, vamos
passar ao estudo de como se desenrolou esse processo de desenvolvimento.

5.2 - Grandes etapas históricas na afirmação dos


Direitos Humanos
Neste tópico vamos analisar os principais momentos históricos que marcaram a
evolução e a consolidação dos Direitos Humanos.
Como o assunto é, na realidade, de História, com a pretensão de facilitar o
entendimento vamos estudar o tema de forma sistemática e organizada,
lançando apenas as informações consideradas primordiais para a sua prova. Isso
permitirá que você, candidato, tenha uma noção global de como se deu o
desenvolvimento histórico para a formação da nossa disciplina.
Duas observações iniciais, a respeito dos momentos históricos, são importantes.
Primeira, a compreensão de determinados direitos como humanos é, em regra,
fruto da “dor física e do sofrimento moral”. Melhor explicando, a cada
momento histórico com registro de atrocidades, guerras e surtos de violência, a
sociedade se sensibiliza e dá um passo adiante na afirmação dos direitos
humanos.
Segunda, em regra, a afirmação de determinado direito humano é
acompanhada de grandes descobertas científicas ou invenções técnicas,
conforme ensina Fábio Konder Comparato.
Essas observações ficarão bastante claras à medida que avançarmos no estudo
do curso histórico dos direitos humanos.

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Período Axial
Primeiramente vamos compreender o termo “axial”. Axial refere-se a eixo. Vale
dizer que o período axial dos direitos humanos é o eixo sobre o qual se
desenvolve a disciplina Direitos Humanos.
Compreendido entre VIII a.C e II a.C., esse período levou à formação
daquilo que conhecemos por humanidade.
O século VIII a.C. marca o INÍCIO do período axial, quando os estudiosos
estabeleceram princípios e diretrizes fundamentais da vida.
Em seguida, no século V a.C. nasce a filosofia, que marca uma evolução: a
passagem do saber mitológico para o saber da razão. Antes, as coisas eram
fantásticas, tudo o que existia era fruto da criação dos deuses. Com a filosofia, o
homem passou a exercer um papel crítico e racional na realidade, não mais
apegado à mitologia.
Em razão dessa mudança de postura, o homem passou a ser o centro das
discussões. Dito de outra forma: as pessoas passaram a ser objeto de análise
e de reflexão.
Isso não quer dizer que deixou de existir a mitologia ou religião, mas com o
tempo ela foi adaptada, de modo que passou a se cultuar, por exemplo,
antepassados, pessoas com modelos éticos para orientar o comportamento das
novas gerações.
Nesse período houve a aproximação e a compreensão mútua entre os
diversos povos que compunham as comunidades da época.
Assim leciona Fábio Konder Comparato26 sobre esse período:
É a partir do período axial que, pela primeira vez na História, o ser humano passa a ser
considerado, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não
obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais.

Reino Davídico, Democracia Ateniensee e República Romana


A consciência histórica dos Direitos Humanos remonta ao desenvolvimento de
mecanismos de limitação do poder político. Em regra, os governantes criavam
leis para justificar seu poder, contudo, nas sociedades abaixo referidas, o poder
político encontrava-se subordinado.
 Reino de Davi (século XI e X a.C): subordinação dos governantes à lei
divina.
Os governantes não criam o direito para justificar o exercício de seu poder,
pelo contrário, estão submetidos a um conjunto de princípios e normas
superiores (de caráter divino).
 Democracia ateniense (século VIII a.C): sociedade subordinada à lei e
com ativa participação popular no processo político.

26
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 19.

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 República Romana: há limitação do poder político por meio da instituição


de um complexo sistema de controles recíprocos entre os diversos órgãos.
Em suma, todas essas sociedades caracterizam-se pela LIMITAÇÃO DO
PODER POLÍTICO e possuem importância na consolidação dos Direitos
Humanos.

Baixa Idade Média


O início da Idade Média (denominada de Alta Idade Média) é marcada pelo
esfacelamento do poder político e econômico, em razão da instauração do
feudalismo.
Contudo, a partir do século XI, houve o início de um movimento de retomada,
no qual grupos dominantes passaram a pretender o controle político da
sociedade medieval. Assim, os governantes, já na Baixa Idade Média, passaram
a centralizar o poder político em suas mãos, o que implicou uma série de pressões
de outros segmentos da sociedade contra abusos dessa reconstrução do poder
político.
Dois são os documentos marcantes dessa época:
1. Declaração das Cortes de Leão de 1188; e
2. Magna Carta de 1215.
Esses diplomas, em síntese, foram capazes de assegurar, no surgimento dos
direitos humanos, o valor liberdade. Essa liberdade, contudo, era específica e
em favor de determinados estamentos da sociedade.
Em suma: nesse período despontou A LIBERDADE COMO MANIFESTAÇÃO
INICIAL DOS DIREITOS HUMANOS.

Século XVII
Esse período é caracterizado pelo que a doutrina denomina de “crise de
consciência”, no qual os estudiosos e pensadores da época passaram a
questionar o poder político.
Ao lado das revoluções científicas da época, houve o renascimento dos ideais
republicanos e democráticos, intensificando-se o sentimento de
liberdade e de resistência ao poder absolutista.
Por conta disso, esse período é marcado pelo estatuto das liberdades pessoais,
com destaque para:
1. criação do habeas corpus; e
2. Bill of Rights.
Em suma: nesse período despontou o ESTATUTO DAS LIBERDADES
PESSOAIS, guardando íntima relação com a temática dos Direitos Humanos.

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Questão – MPT/MPT - Procurador do Trabalho - 2015


Sobre a evolução histórica dos direitos humanos, assinale a alternativa
CORRETA:
a) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América consiste em um rol de
direitos fundamentais inserido na Declaração de Independência proclamada
por Thomas Jefferson em 1776, posteriormente incorporado aos Artigos da
Confederação.
b) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América constitui-se de normas
originárias constantes da Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia
em 1787.
c) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América foi inserido somente em
1791 na Constituição americana, sob a forma de emendas constitucionais.
d) O Bill of Rights formalmente não é uma norma federal nos Estados Unidos
da América, mas sim uma interpretação extensiva da Declaração de Direitos
da Virginia promovida pela jurisprudência da Suprema Corte americana.
e) Não respondida.

Comentários
Essa questão é extremamente maldosa!
Sabemos que o Bill Of Rights constitui uma declaração de direitos de liberdade
(de expressão, política e de tolerância religiosa). Trata-se de um documento que
surgiu no Reino Unido em 1689 e possui grande relevância para a afirmação
histórica dos Direitos Humanos.
Contudo, não é desse documento que trata a questão. Ela refere-se ao Bill of
Rights DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, que é o nome dado às primeiras
10 emendas à Constituição dos EUA de 1787. Esse documento caracteriza-se por
conter direitos básicos do cidadão em face do Estado, porém não se confunde
com Bill os Rigths que estudamos acima.
Portanto, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.

Independência Americana e Revolução Francesa


Esse período é denominado por Fábio Konder Comparato27 como a “certidão de
nascimento dos Direitos Humanos”, tendo em vista que houve o
reconhecimento solene de que todos os homens são iguais, com mesmos
direitos perante a sociedade.
Dois são os documentos de destaque:
1. Declaração de Independência dos EUA; e
2. Declaração dos Direitos Homem e do Cidadão de 1789.

27
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 62.

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Esse período marca o ressurgimento da democracia, que objetivou a defesa


da classe burguesa contra o regime de privilégios e de governo irresponsável.
Esse movimento foi fundamental para a consolidação da democracia, dos direitos
de cidadania e da melhoria das condições de vida da sociedade.
Em suma: nesse período desponta-se LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA,
DIREITOS DE CIDADANIA E TENTATIVA DE MUDANÇA DAS CONDIÇÕES
DE VIDA como manifestações dos Direitos Humanos.

Questão – FCC/DPE-SP - Defensor Público - 2015


Analise as assertivas a seguir.
I. “Os droits de l'homme, os direitos humanos, são diferenciados como tais
dos droits du citoyen, dos direitos do cidadão. Quem é esse homme que é
diferenciado do citoyen? Ninguém mais ninguém menos que o membro da
sociedade burguesa."
II. “Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em todo o Universo.
Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais
envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A
bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação.
O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às
tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em
relação à sua companheira."
São autores, respectivamente, dos excertos críticos à Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão:
a) Karl Marx e Simone de Beauvoir.
b) Jean-Jacques Rosseau e Olympe de Gouges.
c) Karl Marx e Olympe de Gouges.
d) Jean-Jacques Rosseau e Simone de Beauvoir.
e) Robespierre e Hannah Arendt.

Comentários
Temos aqui uma questão dificílima, mas que ilustra bem o nosso estudo. Em face
disso, vamos comentá-la no material. A Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão marca a Revolução Francesa e é fundamental na afirmação histórica dos
Direitos Humanos.
Embora seja reconhecido como documento fundamental de Direitos Humanos, há
autores que criticam o documento. Na questão, a FCC explorou justamente isso.
Ela quer saber, em cada um dos itens, quais são os críticos referidos.
Acreditamos que uma questão tal como essa é difícil de aparecer em provas. As
provas de Defensor Público do Estado de São Paulo caracterizam-se por serem

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as mais difíceis do Brasil na matéria. Assim, se nós soubermos até o que eles
estão cobrando lá, não teremos dificuldade nenhuma em nossa prova.
No primeiro item temos um excerto de Karl Marx crítico ferrenho da burguesia e
do sistema capitalista desenvolvido após a Revolução Francesa. Notem que o
excerto deixa claro que a Declaração de Direitos do Homem é feita para “uma
espécie de homem”, o burguês.
Em relação ao segundo item, temos uma citação de Gouges. Sem necessidade
de nos aprofundarmos muito a respeito do tema, Marie Gouze (conhecida como
Gouges) foi uma feminista revolucionária. Defendia os direitos das mulheres e
criou uma obra denominada “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, em
crítica à autoridade masculina e à relação desigual travada na Declaração.
Desse modo, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.

Reconhecimento dos Direitos Humanos sociais de caráter econômico


e social
A intensa defesa da liberdade e das igualdades que permeavam o discurso após
a Revolução Francesa e a Revolução Americana tornou-se inútil para a crescente
e numerosa classe de trabalhadores.
Isso levou ao surgimento do socialismo de modo que, entre as contribuições
para os Direitos Humanos, destaca-se o reconhecimento dos direitos de
caráter econômico e social.
Em suma: DECORRENTE DA OPRESSÃO À CLASSE TRABALHADORA, O
SOCIALISMO VIABILIZOU O RECONHECIMENTO DE DIREITOS
ECONÔMICOS E SOCIAIS COMO HUMANOS.

Primeira fase de internacionalização dos Direitos Humanos


Essa fase remonta o início do século XIX e perdura até o final da 2ª Guerra
Mundial.
Três são setores de destaque:
1. direito humanitário, que culminou com um conjunto de leis para evitar o
sofrimento de soldados prisioneiros, doentes e feridos, bem como da
população atingida por conflitos bélicos. Destaca-se esse setor pela
Convenção de Genebra de 1864, que fundou a Cruz Vermelha.
2. luta contra a escravidão, cujo documento de destaque é o Ato Geral da
Conferência de Bruxelas de 1890; e
3. regulação dos direitos dos trabalhadores, com a criação da OIT em
1919.
Em suma: esse período é marcado pelo DIREITO HUMANITÁRIO, PELA LUTA
CONTRA A ESCRAVIDÃO E PELA REGULAÇÃO DOS DIREITOS DOS
TRABALHADORES.

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Evolução dos Direitos Humanos a partir de 1945


Esse período que se inicia ao emergir a 2º Guerra Mundial e perdura até os dias
atuais. O período caracteriza-se pela preocupação da humanidade com o valor da
vida, em especial após atrocidades e barbáries das guerras mundiais. Afirma a
doutrina que há preocupação com o valor supremo da dignidade.
A partir desse período, houve o aprofundamento e a definitiva
internacionalização dos Direitos Humanos, envolvendo não apenas os
direitos individuais, mas também os direitos de natureza civil e política,
direitos de conteúdo econômico e social.
Em suma: esse período denota O RECONHECIMENTO DA DIGNIDADE COMO
VALOR SUPREMO.
Com isso finalizamos, baseados nos ensinamentos de Fábio Konder Comparato,
os principais eventos históricos que marcam a afirmação dos Direitos Humanos.
Como é de hábito em nossa aula, vejamos uma síntese do analisado nesse
capítulo.

AFIRMAÇÃO HSTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS


Constitui a análise dos principais eventos históricos que, de algum modo, contribuíram para o
desenvolvimento e para a afirmação dos Direitos Humanos. Tais eventos, em regra estão
relacionados a:
 Atrocidades, guerras e surtos de violência; ou
 Descobertas científicas ou invenções técnicas.

PERÍODO OBSERVAÇÕES

Marca a passagem do pensamento filosófico, que passa a


PERÍODO AXIAL ser centrado no ser humano, reconhecendo que o homem é
o centro das atenções.

Constituem formas políticas nas quais o poder político


REINO DAVÍDICO, DEMOCRACIA encontra-se subordinado à lei, seja por interesse divino
ATENIENSE E REPÚBLICA ROMANA (Reino de Davi), por interesse democrático (Atenas) ou pela
estrutura segmentada e organizada da sociedade (Roma).

Marca a reação de setores da sociedade contra a retomada


do poder, exigindo o respeito a direitos de liberdade.
BAIXA IDADE MÉDIA
- Declaração das Cortes de Lesão de 1188; e
- Magna Carta de 1215.

Marca o renascimento de ideais republicanos e


democráticos, com destaque para o sentimento de liberdade
e de resistência a governos absolutistas:
SÉCULO XVII
- criação do habeas corpus
- Bill Of Rights

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Período que marca o nascimento dos Direitos Humanos, com


despontamento da legitimidade democrática, resguardo aos
INDEPENDÊNCIA AMERICANA E direitos de cidadania e valorização da dignidade.
REVOLUÇÃO FRANCESA
- Declaração de Independência dos EUA; e
- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

RECONHECIMENTO DOS DIREITOS Marca a reação da classe operária e difusão do pensamento


HUMANOS SOCIAIS DE socialista, que viabilizou o reconhecimento dos direitos
ECONÔMICOS E SOCIAIS econômicos e sociais como Direitos Humanos.

Marca o surgimento do Direito Humanitário (Cruz Vermelha)


PRIMEIRA FASE DE
– vertente dos Direitos Humanos – a luta contra a
INTERNACIONALIZAÇÃO DOS
escravidão (Ato Geral da Conferência de Bruxelas), bem
DIREITOS HUMANOS
como a regulação dos direitos trabalhistas (criação da OIT)

Marca a efetiva internacionalização dos Direitos Humanos,


EVOLUÇÃO DOS DIREITOS
com o reconhecimento da dignidade da pessoa como valor
HUMANOS A PARTIR DE 1945
supremo.

Questão – VUNESP/PC-SP - Auxiliar de Necropsia - 2014


Considerando a evolução histórica e cronológica dos direitos humanos em
âmbito internacional, pode-se afirmar que existiram três marcos históricos
fundamentais. São eles:
a) o jusnaturalismo, a promulgação da Constituição dos Estados Unidos da
América e a independência do Brasil.
b) a queda do Império Romano, a queda da Bastilha, na França, e a criação
da Organização das Nações Unidas.
c) o Iluminismo, a Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra
Mundial.
d) o totalitarismo, a queda de Hitler e a Promulgação da Constituição
Brasileira de 1988.
e) a criação da Igreja Católica, o constitucionalismo e o fim da Primeira
Guerra Mundial.

Comentários
Analisando as alternativas, excluímos a alternativa A, pois o junaturalismo
constitui um movimento que é utilizado como fundamento dos Direitos Humanos
e não como marco histórico evolutivo da matéria. Do mesmo modo, a
independência do Brasil naõ possui significado na evolução dos Direitos Humanos.

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A alternativa B está incorreta, pois embora as outras duas referências sejam


relevantes, a queda do Império Romano não trouxe consequências importantes
para a evolução da disciplina.
A alternativa D também está incorreta, internamente a CF possui relevância em
relação aos direitos fundamentais, contudo, não pode ser considerada marco
histórico da evolução dos Direitos Humanos. Quanto ao totalitarismo e a queda
de Hitler não podemos vinculá-los diretamente como marcos da nossa disciplina.
A alternativa E também não pode ser o gabarito, pois, embora a Igreja Católica
seja fundamental na divulgação dos valores cristãos de respeito à pessoa, não é
marco da evolução da disciplina. E, quanto ao constitucionalismo, é um
movimento jurídico que influenciou indiretamente na internalização de Direitos
Humanos.
Portanto, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.

6 - Questões
Considerando as questões analisadas no decorrer da aula (12 questões), mais as
42 questões que compõem a bateria abaixo, temos a seguinte distribuição de
questões, que denota a importância dos assuntos para fins de prova:

Distribuição das Questões

16 16 16

AULA 00

Teoria Geral Características Dimensões Afirmação Histórica

Serão, portanto, 54 questões de provas anteriores das mais diversas bancas. As


questões foram separadas de acordo com a importância da matéria para a prova.

Em relação aos assuntos estudados na aula de hoje, destacam-se os seguintes


assuntos:
 Fundamentos dos Direitos Humanos;
 Dimensões;
 Afirmação Histórica.

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teoria e questões
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6 .1 - Questões sem Comentários


Questão 01 – FUNCAB/SEGEP-MA - Agente Penitenciário -
2016
Acerca do conceito e estrutura dos direitos humanos, assinale a assertiva
correta.
a) Os direitos humanos têm estrutura variada, podendo ser: direito-
pretensão, direito-liberdade, direito-podere, finalmente, direito-imunidade.
b) Os direitos humanos são os essenciais e dispensáveis à vida digna.
c) O direito-pretensão consiste na autorização dada por uma norma a uma
determinada pessoa, impedindo que outra interfira de qualquer modo.
d) O direito-liberdade implica uma relação de poder de uma pessoa de exigir
determinada sujeição do Estado ou de outra pessoa.
e) O direito-poder consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de
outrem do dever de prestar.

Questão 02 - MPE-SC/MPE-SC - Promotor de Justiça –


Vespertina - 2016
Julgue:
Conceitualmente, os direitos humanos são os direitos protegidos pela ordem
internacional contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa
cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. Por sua vez, os direitos
fundamentais são afetos à proteção interna dos direitos dos cidadãos, os
quais encontram-se positivados nos textos constitucionais contemporâneos.

Questão 03 – CESPE/DPE-ME – Defensor Público – 2011 –


questão adaptada
Considerando a teoria geral dos direitos humanos, julgue o item a seguir.
O princípio da proibição do retrocesso social é uma cláusula de defesa do
cidadão em face de possíveis arbítrios impostos pelo legislador no sentido de
desconstituir as normas de direitos fundamentais.

Questão 04 - CESPE/DPE-ME – Defensor Público – 2011 –


questão adaptada
Considerando a teoria geral dos direitos humanos, julgue o item a seguir.
Consoante a teoria da margem de apreciação, nenhuma norma de direitos
humanos pode ser invocada para limitar o exercício de qualquer direito.

Questão 05 - TRT 23R (MT) - TRT - 23ª Região - Juiz do


Trabalho - 2011

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O grande publicista alemão Georg Jellinek, na sua obra "Sistema dos Direitos
Subjetivos Públicos" (Syzstem der subjetktiv öffentlichen), formulou
concepção original, muito citada pela doutrina brasileira no estudo da teoria
dos direitos fundamentais, segundo a qual o individuo, como vinculado a
determinado Estado, encontra sua posição relativamente a este cunhada por
quatro espécies de situações juridicas (status), seja como sujeito de
deveres, seja como titular de direitos. Assinale qual das attemativas abaixo
contém um item que NÃO corresponde a um dos quatro status da teoria de
Jellinek:
a) status passivo (status subjectionis).
b) status negativus.
c) status civitatis.
d) status socialis.
e) status activus.

Questão 06 – CESPE/PGE-PE - Procurador do Estado – 2009 -


adaptada
Quanto aos direitos e garantias fundamentais, julgue:
De acordo com a teoria dos quatro status de Jellinek, o status negativo
consiste na posição de subordinação do indivíduo aos poderes públicos, como
detentor de deveres para com o Estado. Assim, o Estado tem competência
para vincular o indivíduo, por meio de mandamentos e proibições.

Questão 07 – Inédita – 2015


Em relação ao conceito, fundamento e características dos Direitos Humanos,
julgue os itens subsecutivos.
Não existe diferença substancial entre Direitos Humanos e Direitos
Fundamentais, pois ambos visam à proteção da pessoa, estes na órbita
interna do Estado, aqueles na seara internacional.

Questão 08 – Inédita – 2015


Em relação ao conceito, fundamento e características dos Direitos Humanos,
julgue os itens subsecutivos.
Em relação aos fundamentos dos Direitos Humanos, predomina a teoria da
fundamentação moral, segundo o qual os direitos humanos são direitos
morais que não aferem validade em normas positivas, mas diretamente de
valores morais da coletividade humana.

Questão 09 – FCC/DPE-SP - Defensor Público - 2015


“Se há um direito humano à vida e à integridade física, como se pode aceitar
então, com anuência, que as intervenções militares ocidentais matem mais
pessoas inocentes que as atrocidades dos ditadores e dos terroristas? Os

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EUA, é o que se diz, utilizam os direitos humanos apenas como pretexto para
os interesses totalmente profanos do poder e da economia; não lhes
interessa a situação jurídica da população, mas apenas o petróleo. E por
isso, assim prossegue o argumento, há dois pesos e duas medidas: em toda
parte onde os detentores do poder se destacam pelo bom comportamento,
deixando por exemplo que os bombardeiros norte-americanos estacionem
em seus territórios (como na Turquia, provavelmente, ou na Arábia Saudita),
a autonomeada polícia mundial ocidental não há de objetar nada contra a
pilhagem, a perseguição e a chacina de grupos inteiros da população ou
contra as condições ditatoriais."
(KURZ, Robert. Paradoxos dos direitos humanos. Folha de São Paulo, São
Paulo, 16 mar. 2003. Caderno Mais!, p. 9-11)
O excerto acima é relacionado ao
a) Multiculturalismo dos direitos humanos.
b) Universalismo de confluência dos direitos humanos.
c) Imperialismo dos direitos humanos.
d) Relativismo dos direitos humanos.
e) Universalismo dos direitos humanos.

Questão 10 – CESPE/DPE-ES - Defensor Público - 2012


A respeito das características dos Direitos Humanos, julgue o item seguinte.
A universalidade e a indivisibilidade são características próprias da
concepção contemporânea dos direitos humanos.

Questão 11 – CESPE/DPE-ES - Defensor Público - 2012


Julgue o item seguinte:
A universalidade dos direitos humanos, necessariamente, impõe a visão de
mundo ocidental plasmada na Declaração Universal de Direitos Humanos.

Questão 12 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público - 2013


Julgue o item seguinte:
O conceito de universalismo de chegada sintetiza as garantias universais
aptas a sustentar uma teoria dos direitos humanos intercultural.

Questão 13 – CESPE/DPE-PI - Defensor Público - 2012


Os direitos fundamentais possuem determinadas características que foram
objeto de detalhado estudo da doutrina nacional e internacional. A respeito
dessas características, julgue o item seguinte.
O princípio da universalidade impede que determinados valores sejam
protegidos em documentos internacionais dirigidos a todos os países.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Questão 14 – CESPE/DPE-PI - Defensor Público - 2011


Os direitos fundamentais possuem determinadas características que foram
objeto de detalhado estudo da doutrina nacional e internacional. A respeito
dessas características, julgue o item seguinte.
A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais não destaca o fato de que
estes se vinculam ao gênero humano.

Questão 15 – FCC/DPE-SP - Defensor Público - 2009


De acordo com o Direito Internacional dos Direitos Humanos, no tocante à
interpretação, em caso de conflito, das normas definidoras de direitos e
garantias,
a) prevalece sempre a norma interna.
b) norma posterior derroga a anterior.
c) norma especial derroga a geral no que apresenta de específico.
d) prevalece sempre a norma mais benéfica à pessoa humana.
e) prevalece sempre a norma internacional.

Questão 16 – CESPE/DPE-ES – Defensor Público – 2012


Julgue o seguinte item, sobre a teoria geral, a afirmação histórica, os
fundamentos e a universalidade dos direitos humanos.
A hermenêutica diatópica constitui proposta de superação do debate sobre
universalismo e relativismo cultural.

Questão 17 – CESPE/DPE-PI – Defensor Público – 2009 –


questão adaptada
Quanto às características dos direitos humanos julgue o item a seguir.
A imprescritibilidade dos direitos fundamentais vincula-se à sua proteção
contra o decurso do tempo.

Questão 18 – ESAF/CGU – Analista de Finanças e Controle –


2012 – questão adaptada
Julgue o item subsecutivo:
Pela característica da complementariedade dos Direitos Humanos é possível
afirmar que:
“Os direitos humanos podem ser exercidos simultaneamente e encontram
limites nos outros direitos igualmente consagrados na Constituição. Assim,
pode ocorrer um conflito entre direitos e nesse caso é preciso uma solução
coerente que harmonize ambos os direitos”.

Questão 19 – Inédita – 2015

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Em relação ao conceito, fundamento e características dos Direitos Humanos,


julgue os itens subsecutivos.
São, entre outras, características dos Direitos Humanos: historicidade,
universalidade, rigidez hierárquica, aplicabilidade imediata, dimensão
objetiva.

Questão 20 – Inédita - 2015


Segundo dispõe a Convenção Internacional dos Direitos dos Tratados de
Viena, de 1969, julgue o item seguinte.
A Convenção de Viena veda a existência de normas de direitos humanos
hierarquicamente superiores às normas do ordenamento internacional.

Questão 21 – Inédita - 2015


De acordo com as características dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
Universalismo e relativismo são características excludentes.

Questão 22 – Inédita - 2015


De acordo com as características dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
Embora a relatividade seja característica dos Direitos Humanos, a doutrina,
a exemplo de Norberto Bobbio, afirma que a vedação à tortura e a vedação
à escravidão são direitos humanos absolutos.

Questão 23 – Inédita - 2015


De acordo com as características dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
Embora irrenunciáveis, os direitos humanos sujeitam-se às regras civilistas
de prescrição.

Questão 24 – Inédita - 2015


De acordo com as características dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
Pela característica da aplicabilidade imediata, entende-se que os Direitos
Humanos tão logo sejam internalizados à ordem jurídica nacional são
diretamente aplicáveis.

Questão 25 – MPT – Procurador – 2013


Leia e analise os itens abaixo:
I- Na Constituição Alemã de 1919, um dos marcos na tutela dos direitos
sociais, destacam-se a sujeição da propriedade à função social, a

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

possibilidade de socialização das empresas, a proteção ao trabalho e o direito


de sindicalização.
II- A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, sintetiza a
evolução que vinha ocorrendo de direitos humanos, inscrevendo os direitos
de primeira geração, as liberdades públicas, e os de segunda geração, os
direitos sociais.
III- O direito ao desenvolvimento integra a terceira geração de direitos
humanos, a dos direitos de solidariedade, estando previsto na Declaração
sobre o Direito ao Desenvolvimento da ONU, como um direito individual e
dos povos.
IV- O Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
institui para os indivíduos particulares dos Estados que o ratificaram o direito
de comunicarem ao Comitê dos Direitos do Homem da ONU, que foram
vítima de violação, mas disso resulta apenas uma proteção política, com um
parecer do Comitê.
Marque a alternativa CORRETA:
a) Apenas as assertivas I e II estão corretas;
b) apenas as assertivas II, III e IV estão corretas;
c) apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;
d) todas as assertivas estão corretas;
e) Não respondida.

Questão 26 – VUNESP/TJM-SP - Juiz de Direito Substituto -


2016
Sobre os direitos do homem, assinale a alternativa correta.
a) Os direitos de terceira dimensão são direitos transindividuais que
extrapolam os interesses do indivíduo, focados na proteção do gênero
humano. Evidencia-se nesse contexto a ideia de humanismo e
universalidade.
b) Os direitos humanos de primeira dimensão buscam o respeito às
liberdades individuais e têm como base histórica a Magna Carta de 1215 e o
Tratado de Versalhes.
c) A doutrina é unânime em reconhecer que a expressão direitos humanos é
sinônima da expressão direitos fundamentais, inexistindo distinção entre os
termos.
d) Os direitos humanos de segunda dimensão colocam em perspectiva os
direitos sociais, culturais e econômicos, bem como os direitos coletivos,
sendo a Constituição de Weimar a primeira carta política a reconhecê-los.
e) Alguns doutrinadores já reconhecem a existência da quarta e quinta
dimensões de direitos do homem. No primeiro caso, o foco seria o direito ao

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

desenvolvimento e à paz. No segundo caso, os direitos estariam relacionados


à engenharia genética e ao meio ambiente.

Questão 27 – CESPE - DPE-PE - Defensor Público - 2015


Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos
direitos humanos.
No Brasil, os entes federativos protegem automática e integralmente os
chamados direitos humanos de segunda geração, ou direitos sociais, por
força de consagração constitucional nesse sentido.

Questão 28 – CESPE/MPE-RO – Promotor de Justiça – 2010 –


questão adaptada
Quanto às dimensões dos direitos, julgue o item a seguir.
Os direitos humanos de primeira geração referem-se às reivindicações de
condições dignas de trabalho e originam-se das lutas sociais desencadeadas
com a Revolução Industrial.

Questão 29 – CESPE/MPE-RO – Promotor de Justiça – 2010 –


questão adaptada
Quanto às dimensões dos direitos, julgue o item a seguir.
Os direitos humanos de segunda geração ainda não foram incorporados à
legislação nacional, permanecendo, pois, como normas programáticas do
direito internacional humanitário.

Questão 30 – CESPE/DPE-PI – Defensor Público – 2009 –


questão adaptada
Quanto às características dos direitos humanos julgue o item a seguir.
A imprescritibilidade dos direitos fundamentais vincula-se à sua proteção
contra o decurso do tempo.

Questão 31 – Inédita – 2015


Acerca das dimensões dos Direitos Humanos, julgue os itens seguintes.
Os direitos de propriedade representam uma esfera clássica dos direitos de
primeira dimensão, enquanto os direitos sociais, característicos do Estado
de Bem-Estar Social, representam a segunda dimensão dos direitos.

Questão 32 – Inédita – 2015


Acerca das dimensões dos Direitos Humanos, julgue os itens seguintes.
Os direitos de coletividade são direitos de terceira dimensão. Embora não
haja unanimidade na doutrina, fala-se, ainda, em direitos de quarta e quinta
dimensão, respectivamente, os direitos relativos ao material genético e
direito à paz.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Questão 33 – Inédita – 2015


Acerca das dimensões dos Direitos Humanos, julgue os itens seguintes.
Os direitos de natureza trabalhistas atrelam-se especialmente à segunda
dimensão dos direitos humanos, exigindo do Estado uma posição
interventiva nos contratos de trabalho.

Questão 34 – questão inédita


Acerca das dimensões dos direitos humanos, julgue o item seguintes:
A terceira geração dos direitos humanos engloba direitos como saúde,
moradia e trabalho.

Questão 35 – CESPE/DPE-ES - Defensor Público - 2012


A respeito afirmação histórica dos Direitos Humanos julgue o item seguinte:
A concepção contemporânea dos direitos humanos surgiu com o término da
Primeira Grande Guerra Mundial.

Questão 36 – CS/DPE-GO - Defensor Público - 2014


Os direitos humanos ganharam nas últimas décadas especial atenção da
sociedade e dos meios internacionais e já se encontram incorporados ao
pensamento jurídico do século XXI. Estudiosos da matéria sustentam que o
seu fundamento filosófico e a justificativa estão ligados a movimentos
históricos, políticos e jurídico-sociais que marcaram a história da
humanidade. Nessa perspectiva,
a) o fim da II Guerra Mundial e a negação do valor do ser humano fazem
nascer os ideais representativos dos direitos humanos, quais sejam,
igualdade, liberdade e fraternidade.
b) as primeiras declarações de direitos humanos incluem a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, na França, com a Queda da Bastilha no
século XIX.
c) a Idade Moderna, por meio dos racionalistas, preconizava o direito divino
que pode ser despojado quando entra em sociedade.
d) as concepções positivistas, apesar de importante movimento,
preconizavam que as leis, uma vez previstas no ordenamento jurídico,
podem ser exigidas, pouco contribuindo para os direitos humanos.
e) o reconhecimento dos direitos humanos teve como um dos seus
fundamentos filosóficos o movimento denominado “jusnaturalismo”.

Questão 37 – CESPE/DEP-AC – Defensor Público – 2012


questão adaptada
Julgue o item seguinte:

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

A Declaração Universal de Direitos Humanos foi proclamada pelos


revolucionários franceses do final do século XVIII e confirmada, após a
Segunda Guerra Mundial, pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Questão 38 – CESPE/DEP-AC – Defensor Público – 2012


questão adaptada
Quanto à afirmação histórica dos direitos humanos julgue o item a seguir.
A Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919 são
marcos da afirmação dos direitos humanos de segunda geração.

Questão 39 - CESPE/DEP-AC – Defensor Público – 2012


questão adaptada
Quanto à afirmação histórica dos direitos humanos julgue o item a seguir.
O Bill of Rights, de 1689, foi a primeira carta de direitos de que se tem notícia
na história.

Questão 40 – Inédita – 2015


Relativamente à afirmação histórica dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
O estudo dos aspectos histórico dos Direitos Humanos conduz à conclusão
de que as atrocidades, guerras e surtos de violência mobilizaram a
comunidade internacional para a proteção dos Direitos Humanos.

Questão 41 – Inédita – 2015


Relativamente à afirmação histórica dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
O movimento socialista, especialmente difundido por Karl Marx e Friedrich
Engels, implicou o reconhecimento dos direitos difusos e coletivos.

Questão 42 – Inédita – 2015


Relativamente à afirmação histórica dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
O modelo filosófico cristão de pensamento propugnou a submissão do ser
humano à figura divina, não contribuindo para o desenvolvimento dos
Direitos Humanos.

6.2 - Gabarito
Questão 01 – A Questão 02 – CORRETA

Questão 03 – CORRETA Questão 04 – INCORRETA

Questão 05 – D Questão 06 – INCORRETA

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Questão 07 – CORRETA Questão 08 – INCORRETA

Questão 09 – E Questão 10 – CORRETA

Questão 11 – INCORRETA Questão 12 – CORRETA

Questão 13 – INCORRETA Questão 14 – INCORRETA

Questão 15 – D Questão 16 – CORRETA

Questão 17 – CORRETA Questão 18 – INCORRETA

Questão 19 – INCORRETA Questão 20 – INCORRETA

Questão 21 – INCORRETA Questão 22 – CORRETA

Questão 23 – INCORRETA Questão 24 – CORRETA

Questão 25 – D Questão 26 – A

Questão 27 – INCORRETA Questão 28 – INCORRETA

Questão 29 – INCORRETA Questão 30 – CORRETA

Questão 31 – CORRETA Questão 32 – CORRETA

Questão 33 – CORRETA Questão 34 – INCORRETA

Questão 35 –IN CORRETA Questão 36 – E

Questão 37 – INCORRETA Questão 38 – CORRETA

Questão 39 – INCORRETA Questão 40 – CORRETA

Questão 41 – INCORRETA Questão 42 – INCORRETA

6.3 - Questões com Comentários


Teoria Geral dos Direitos Humanos

Questão 01 – FUNCAB/SEGEP-MA - Agente Penitenciário -


2016
Acerca do conceito e estrutura dos direitos humanos, assinale a assertiva
correta.
a) Os direitos humanos têm estrutura variada, podendo ser: direito-
pretensão, direito-liberdade, direito-podere, finalmente, direito-imunidade.
b) Os direitos humanos são os essenciais e dispensáveis à vida digna.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

c) O direito-pretensão consiste na autorização dada por uma norma a uma


determinada pessoa, impedindo que outra interfira de qualquer modo.
d) O direito-liberdade implica uma relação de poder de uma pessoa de exigir
determinada sujeição do Estado ou de outra pessoa.
e) O direito-poder consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de
outrem do dever de prestar.

Comentários
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A é a correta e gabarito da questão.
Aqui temos uma questão introdutória da matéria, que cobra posicionamento
específicos acerca da estrutura dos Direitos Humanos.
De acordo com a doutrina de André Ramos de Carvalho a estrutura dos Direitos
Humanos é variada, podendo se caracterizar em:

ESTRUTURA DOS DIREITOS


HUMANOS

segundo André
de Carvalho
Ramos

direito-
direito-pretensão direito-liberdade direito-poder
imunidade

Cada um desses consectários impõe obrigações ao Estado. Confira:


 direito-pretensão: confere-se ao titular o direito a ter alguma coisa
que é devido pelo Estado ou até mesmo por outro particular. Assim, o
Estado (ou esse outro particular) devem agir no sentido de realizar uma
conduta para conferir o direito.
Por exemplo, o direito à educação, que deve ser prestado pelo Estado.
 direito-liberdade: impõe a abstenção ao Estado ou a terceiros, no
sentido de se ausentarem, de não atuarem como agentes limitadores.
Cita-se como exemplo a liberdade de credo.
 direito–poder: possibilita à pessoa exigir a sujeição do Estado ou de
outra pessoa para que esses direitos sejam observados.
O exemplo aqui é o direito à assistência jurídica.
 direito-imunidade: impede que uma pessoa ou o Estado hajam no
sentido de interferir nesse direito.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Cita-se como exemplo vedação à prisão, salvo na hipótese de flagrante


delito ou de decisão judicial transitada em julgado.
A alternativa B está incorreta ao mencionar “dispensável”. Ao contrário do
afirmado, os Direitos Humanos são os essenciais e indispensáveis à vida digna.
A alternativa C está incorreta, pois, conforme explicamos acima o direito
pretensão confere a alguém a prerrogativa de exigir a atuação de outrem. O
conceito trazido na alternativa é do direito-imunidade.
A alternativa D está igualmente incorreta, pois confunde o conceito de direito-
liberdade, com o direito-poder. No primeiro caso, impõe-se uma abstenção
estatal.
O erro da alternativa E está no fato de que o conceito apresentado não é do
direito-poder, mas do direito-pretensão.
Já que a questão cobrou o assunto, para que você memorizar esse assunto,
memorize:

direito-pretensão direito-liberdade direito–poder direito-imunidade

direito a ter alto


que o Estado
abstenção exigir a sujeição impede
(ou 3º) devem
agir

direito à vedação à
direito à liberdade de
assistência prisão, salvo
educação credo
jurídica flagrante

Questão 02 - MPE-SC/MPE-SC - Promotor de Justiça –


Vespertina - 2016
Julgue:
Conceitualmente, os direitos humanos são os direitos protegidos pela ordem
internacional contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa
cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. Por sua vez, os direitos
fundamentais são afetos à proteção interna dos direitos dos cidadãos, os
quais encontram-se positivados nos textos constitucionais contemporâneos.

Comentários
A assertiva está correta e demonstra justamente o fato de que a distinção entre
direitos humanos e direitos fundamentais reside apenas no plano da positivação,
não havendo se falar em diferença de conteúdo.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Questão 03 – CESPE/DPE-ME – Defensor Público – 2011 –


questão adaptada
Considerando a teoria geral dos direitos humanos, julgue o item a seguir.
O princípio da proibição do retrocesso social é uma cláusula de defesa do
cidadão em face de possíveis arbítrios impostos pelo legislador no sentido de
desconstituir as normas de direitos fundamentais.

Comentários
A assertiva correta e explica bem a razão da existência do princípio. Em Direitos
Humanos deve ser observado o princípio da proibição do retrocesso, que visa a
impedir a redução de direitos humanos no âmbito jurídico.
Desta forma, quando regulamentado um direito humano o legislador não poderá
retroceder a matéria, com qualquer medida prejudicial à sua efetivação, como a
imposição de exigências para o seu cumprimento ou alteração de modo a excluir
um direito.

Questão 04 - CESPE/DPE-ME – Defensor Público – 2011 –


questão adaptada
Considerando a teoria geral dos direitos humanos, julgue o item a seguir.
Consoante a teoria da margem de apreciação, nenhuma norma de direitos
humanos pode ser invocada para limitar o exercício de qualquer direito.

Comentários
Trouxemos essa questão a fim de expor uma curiosidade
sobre a teoria geral dos direitos humanos. A Teoria da
Margem de Apreciação surgiu em um julgamento da
Corte Europeia, mais especificamente no caso Handyside v. Reino Unido, e é
frequentemente utilizada em casos nos quais há uma ponderação de direitos.
De acordo com essa teoria, os Estados europeus possuem certa margem de
apreciação para tomar decisões quanto a assuntos internos, pois as autoridades
locais teriam melhor entendimento da situação analisada. Tratando-se de uma
teoria de relativização. Essa teoria representa um meio de solução de conflitos
concretos existentes entre o sistema internacional de direitos humanos e a
legislação interna de cada nação.
Na verdade, a teoria de margem de apreciação é vista no sentido oposto ao
enunciado da questão.
A assertiva está incorreta.

Questão 05 - TRT 23R (MT) - TRT - 23ª Região - Juiz do


Trabalho - 2011
O grande publicista alemão Georg Jellinek, na sua obra "Sistema dos Direitos
Subjetivos Públicos" (Syzstem der subjetktiv öffentlichen), formulou

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

concepção original, muito citada pela doutrina brasileira no estudo da teoria


dos direitos fundamentais, segundo a qual o individuo, como vinculado a
determinado Estado, encontra sua posição relativamente a este cunhada por
quatro espécies de situações juridicas (status), seja como sujeito de
deveres, seja como titular de direitos. Assinale qual das attemativas abaixo
contém um item que NÃO corresponde a um dos quatro status da teoria de
Jellinek:
a) status passivo (status subjectionis).
b) status negativus.
c) status civitatis.
d) status socialis.
e) status activus.

Comentários
Questão simples que cobra a classificação dos Direitos Humanos de acordo a
partir da relação entre o homem e o Estado. Essa classificação fixa 4 status, quais
sejam:

4 status de
Jellinek

status status
status civitatis status activus
subjectionis negativus

Portanto, a alternativa D é a que não traz um status correto e, portanto, é o


gabarito da questão.

Questão 06 – CESPE/PGE-PE - Procurador do Estado – 2009 -


adaptada
Quanto aos direitos e garantias fundamentais, julgue:
De acordo com a teoria dos quatro status de Jellinek, o status negativo
consiste na posição de subordinação do indivíduo aos poderes públicos, como
detentor de deveres para com o Estado. Assim, o Estado tem competência
para vincular o indivíduo, por meio de mandamentos e proibições.

Comentários
Está incorreta a assertiva, pois no status negativo temos a pessoa na condição
de exigir a abstenção estatal. Equivoca-se, portanto, a questão ao confundir o
status negativo com o status de sujeição.

Questão 07 – Inédita – 2015

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Em relação ao conceito, fundamento e características dos Direitos Humanos,


julgue os itens subsecutivos.
Não existe diferença substancial entre Direitos Humanos e Direitos
Fundamentais, pois ambos visam à proteção da pessoa, estes na órbita
interna do Estado, aqueles na seara internacional.

Comentários
Perfeita a assertiva. Como vimos em aula não há diferenças substanciais entre
Direitos Fundamentais e Direitos Humanos. Há, inclusive, autores que sustentam
que os termos deveriam ser unificados, sugerindo-se a expressão Direitos
Humanos Fundamentais ou Direitos Fundamentais Humanos.
De todo modo, podemos distingui-los do seguinte modo:
 DIREITOS HUMANOS – direitos protetivos à pessoa na órbita internacional.
 DIREITOS FUNDAMENTAIS – direitos protetivos à pessoa na órbita interna
Está correta, portanto, a assertiva.

Questão 08 – Inédita – 2015


Em relação ao conceito, fundamento e características dos Direitos Humanos,
julgue os itens subsecutivos.
Em relação aos fundamentos dos Direitos Humanos, predomina a teoria da
fundamentação moral, segundo o qual os direitos humanos são direitos
morais que não aferem validade em normas positivas, mas diretamente de
valores morais da coletividade humana.

Comentários
Essa é uma questão bastante difícil e que está incorreta. A doutrina
contemporânea afirma que não é possível falar em uma única fundamentação
dos Direitos Humanos. Entendem os doutrinadores que cada um dos
fundamentos (jusnaturalista, postitivista e moral) dos Direitos Humanos tiveram
sua contribuição para lançar as bases da nossa disciplina.
Prova disso são os julgados citados em aula do STF que se reportaram à origem
jusnaturalista dos Direitos Humanos.
Portanto, a assertiva está incorreta.

Se você teve dificuldades nas questões 01 a 08 retome o estudo do Capítulo 2


desta aula.

Características de Direitos Humanos

Questão 09 – FCC/DPE-SP - Defensor Público - 2015

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

“Se há um direito humano à vida e à integridade física, como se pode aceitar


então, com anuência, que as intervenções militares ocidentais matem mais
pessoas inocentes que as atrocidades dos ditadores e dos terroristas? Os
EUA, é o que se diz, utilizam os direitos humanos apenas como pretexto para
os interesses totalmente profanos do poder e da economia; não lhes
interessa a situação jurídica da população, mas apenas o petróleo. E por
isso, assim prossegue o argumento, há dois pesos e duas medidas: em toda
parte onde os detentores do poder se destacam pelo bom comportamento,
deixando por exemplo que os bombardeiros norte-americanos estacionem
em seus territórios (como na Turquia, provavelmente, ou na Arábia Saudita),
a autonomeada polícia mundial ocidental não há de objetar nada contra a
pilhagem, a perseguição e a chacina de grupos inteiros da população ou
contra as condições ditatoriais."
(KURZ, Robert. Paradoxos dos direitos humanos. Folha de São Paulo, São
Paulo, 16 mar. 2003. Caderno Mais!, p. 9-11)
O excerto acima é relacionado ao
a) Multiculturalismo dos direitos humanos.
b) Universalismo de confluência dos direitos humanos.
c) Imperialismo dos direitos humanos.
d) Relativismo dos direitos humanos.
e) Universalismo dos direitos humanos.

Comentários
Novamente temos uma questão bastante difícil, aplicada em concursos da DPE-
SP. A solução desse tipo de questão passa necessariamente pela sensibilidade do
candidato e pela leitura atenta das informações que subsidiam a resposta.
O excerto evidencia uma realidade: a utilização de argumentos de proteção aos
direitos humanos para assegurar vantagens de cunho econômico ou para a
imposição de poder de um Estado perante outros.
A partir dessa conclusão podemos eliminar as alternativas A e C, que retratam
o oposto de uma atuação impositiva verificada no excerto.
Por universalismo de confluência devemos entender a atuação posterior de
conciliação de direitos humanos, a fim de se encontrar um conjunto mínimo
protetivo. Ou seja, é a ideia de que, a partir de algum conflito existente na
comunidade em torno dos direitos humanos, forma-se uma mobilização com
vistas a chegar a um consenso. Nota-se, pelo excerto, que o consenso não é
cogitado: temos imposição pelo uso da força. Assim, eliminada a alternativa B.
A alternativa D também não é a melhor resposta, pois o relativismo indica que
cada país possui um conjunto próprio de direitos que considera fundamentais,
entendendo cada país deve respeitar a autonomia do outro para delimitar o rol
de direitos a proteger. Nota-se justamente o contrário a partir da leitura do
excerto, o que indica que está igualmente incorreta.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
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Portanto, o que temos na alternativa E é justamente a ideia de imperialismo de


Direitos Humanos, por intermédio do qual os EUA vestem-se sob o argumento de
proteção aos direitos das pessoas para assegurar interesses econômicos e impor
a dominação sobre outros países.
Nesse contexto segundo Eric Hobsbawm28:
O imperialismo dos direitos humanos tem características peculiares. Em primeiro lugar,
parte da proposição da legitimidade e até da necessidade de intervenções armadas
internacionais para introduzir ou impor os direitos humanos em uma era de crescente
barbárie. Em segundo lugar, os regimes tiranos seriam imunes à mudança interna, de modo
que apenas a força armada externa poderia conduzi-los a adotar os valores e instituições
políticas ocidentais. Em terceiro lugar, acredita-se que tais instituições podem ter êxito em
qualquer lugar e, assim, cuidar eficazmente dos problemas transnacionais e trazer a paz ao
invés de instaurar a desordem.

Questão 10 – CESPE/DPE-ES - Defensor Público - 2012


A respeito das características dos Direitos Humanos, julgue o item seguinte.
A universalidade e a indivisibilidade são características próprias da
concepção contemporânea dos direitos humanos.

Comentários
Certeiramente a indivisibilidade e a universalidade constituem características dos
Direitos Humanos:

INDIVISIBILIDADE UNIVERSALIDADE

os direitos humanos constituem um os direitos humanos destinam-se a


corpo único, que deve ser interpretado todas as pessoas e abrangem
e aplicado em conjunto todos os territórios

Logo, a assertiva está correta.

Questão 11 – CESPE/DPE-ES - Defensor Público - 2012


Julgue o item seguinte:
A universalidade dos direitos humanos, necessariamente, impõe a visão de
mundo ocidental plasmada na Declaração Universal de Direitos Humanos.

Comentários
Vejam que a afirmação não faz sentido. A universalidade conforme estudamos,
contrapondo com a ideia de relatividade, nos afirmou que os Direitos Humanos
tendem a serem aplicados para todas as pessoas e para todos os territórios,

28
HOBSBAWM, Eric. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Editora Companhia
das Letras, 2007, p. 14/5.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
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sempre respeitando as diferenças, de forma que não é possível pensar em


imposição da visão de mundo ocidental.
Logo, está incorreta a assertiva.

Questão 12 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público - 2013


Julgue o item seguinte:
O conceito de universalismo de chegada sintetiza as garantias universais
aptas a sustentar uma teoria dos direitos humanos intercultural.

Comentários
Não abordamos diretamente o assunto “universalismo de chegada”, mas
decidimos trazer a questão na bateria de testes por um simples motivo: na hora
da prova nos depararemos inevitavelmente com surpresas. Ademais, quanto
mais “surpresas” vocês tiverem agora, menos vocês terão no dia da prova.
Pelo que vimos, ao longo desta aula, a pretensão dos Direitos Humanos é agregar
as diferenças existentes para criar uma teoria dos Direitos Humanos aplicável a
todos e em qualquer território. Portanto, podemos concluir que a assertiva está
correta.
Agregando conteúdo, podemos distinguir:
 universalismo de partida: parte de determinado
acontecimento histórico pelo qual a sociedade passou para
futuramente haver o diálogo e respeito aos Direitos Humanos.
 universalismo de chegada: intenta a discussão multicultural, de forma que
previamente a qualquer violação dos direitos humanos, a comunidade
internacional tenha a exata noção a respeito do dever de proteção da dignidade
da pessoa humana.
Está correta a assertiva, portanto.

Questão 13 – CESPE/DPE-PI - Defensor Público - 2012


Os direitos fundamentais possuem determinadas características que foram
objeto de detalhado estudo da doutrina nacional e internacional. A respeito
dessas características, julgue o item seguinte.
O princípio da universalidade impede que determinados valores sejam
protegidos em documentos internacionais dirigidos a todos os países.

Comentários
Devemos lembrar que a universalidade objetiva exatamente o contrário do
afirmado: estabelecer determinados valores protegidos em documentos
internacionais dirigidos a todos os países.
Logo, a assertiva está incorreta.

Questão 14 – CESPE/DPE-PI - Defensor Público - 2011

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Os direitos fundamentais possuem determinadas características que foram


objeto de detalhado estudo da doutrina nacional e internacional. A respeito
dessas características, julgue o item seguinte.
A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais não destaca o fato de que
estes se vinculam ao gênero humano.

Comentários
É exatamente pelo fato de vincularem o gênero humano que os direitos humanos
são considerados irrenunciáveis, vale dizer, não constituem bens jurídicos
patrimoniais, cuja disposição pelo seu titular é permitida.
Logo, a assertiva está incorreta.

Questão 15 – FCC/DPE-SP - Defensor Público - 2009


De acordo com o Direito Internacional dos Direitos Humanos, no tocante à
interpretação, em caso de conflito, das normas definidoras de direitos e
garantias,
a) prevalece sempre a norma interna.
b) norma posterior derroga a anterior.
c) norma especial derroga a geral no que apresenta de específico.
d) prevalece sempre a norma mais benéfica à pessoa humana.
e) prevalece sempre a norma internacional.

Comentários
Quando houver várias normas tratando do mesmo direito humano, em nome do
universalismo, e ideia de complementariedade dos Direitos Humanos, deve-se
aplicar a norma a norma mais benéfica à pessoa.
Não há, portanto, uma regra prévia de prevalência. Informa-se que a norma mais
favorável à pessoa será aplicável.
Estudamos em Direitos Humanos que as normas não se excluem, mas se
complementam. Assim, diante do conflito de normas, ao invés de aplicarmos as
regras jurídicas de solução de antinomias (critério cronológico hierárquico ou da
especialidade) ambas as normas devem ser aplicadas de forma complementar,
buscando-se a melhor forma de se proteger a dignidade da pessoa.
Classicamente, diante da presença de duas normas conflitantes, válidas e
emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas será
aplicada no caso concreto, o aplicador do direito deverá se valer dos critérios
acima mencionados.
Segundo o critério cronológico, a lei posterior revoga a lei anterior, vale dizer,
prevalece a norma mais recente. Para o critério hierárquico a lei de superior
hierárquica prevalece em comparação à lei inferior. Por fim, segundo o critério
da especialidade, a lei específica tem prevalência sobre a lei que estabelece
apenas normas gerais.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Em Direitos Humanos, entretanto, os critérios acima podem ser desconsiderados


na hipótese de conflito entre normas a fim de que se aplique a norma mais
favorável. Essa é a essência de aplicação do princípio "pro homine".
Segundo doutrina de Luís Garcia, ao nos depararmos com o concurso simultâneo
de normas, sejam elas internacionais ou internas, devemos escolher para aplicar
a norma que: a) garantir mais amplamente o gozo do direito; b) que admitir
menos restrições ao exercício do direito humano; ou c) a que impor maiores
condições a eventuais restrições aos direitos humanos.
Assim, materialmente, a norma que otimizar de melhor forma o exercício de
determinado direito, deverá prevalecer. Notem que o referido princípio relaciona-
se com o conhecido princípio da norma mais favorável do Direito do Trabalho.
Este princípio impõe ao jurista a opção pela norma mais favorável quando da
elaboração da norma, no confronto entre regras concorrentes, bem como na
interpretação da norma. Registre-se, ainda, que na definição da norma mais
favorável prevalece a Teoria do Conglobamento por Institutos, pelo qual devemos
optar pela norma mais favorável dentro do conjunto de normas relativos a
determinada matéria ou instituto jurídico, de modo não desvirtuar o sistema
jurídico.
Guardadas as devidas diferenças, o princípio "pro homine" impõe, seja no
confronto entre normas, seja na fixação da extensão interpretativa da
norma, a observância da norma mais favorável à dignidade da pessoa,
objeto dos direitos humanos. Impõe a aplicação da norma que amplie o
exercício do direito ou que produza maiores garantias ao direito humano
que tutela.
O referido princípio torna-se importante no contexto atual dos Direitos Humanos,
em especial, em razão da disciplina trazida pela Emenda Constitucional nº
45/2004, que conferiu especial importância aos Direitos Humanos.
Caso o tratado internacional seja equivalente à emenda constitucional - conforme
dispõe o art. 5º, §3º, da CF - poderá prevalecer no confronto com as demais
normas constitucionais que compreendem a CF, se for considerado "pro homine",
vale dizer, mais favorável à dignidade da pessoa.
Portanto, a alternativa D é a correta e gabarito da questão.

Questão 16 – CESPE/DPE-ES – Defensor Público – 2012


Julgue o seguinte item, sobre a teoria geral, a afirmação histórica, os
fundamentos e a universalidade dos direitos humanos.
A hermenêutica diatópica constitui proposta de superação do debate sobre
universalismo e relativismo cultural.

Comentários
A hermenêutica diatópica visa possibilitar o diálogo
entre as diversas culturas regionais e os direitos
humanos. Isto ocorre porque os direitos humanos são

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

considerados universais, todavia, a soberania dos Estados impede a sua total


aplicação.
Desta forma, tal modalidade de hermenêutica representa um método de
interpretação que tem como objetivo superar o conceito absoluto de soberania e
adequá-lo às realidades regionais e, assim, superar o debate em torno do
universalismo e relativismo cultural.
Logo, a assertiva está correta.

Questão 17 – CESPE/DPE-PI – Defensor Público – 2009 –


questão adaptada
Quanto às características dos direitos humanos julgue o item a seguir.
A imprescritibilidade dos direitos fundamentais vincula-se à sua proteção
contra o decurso do tempo.

Comentários
Uma das características dos direitos humanos é a imprescritibilidade. Isso quer
dizer que esses direitos não se perdem com o decurso do tempo. São direitos
protegidos de forma permanente devido a sua importância.
Para firmar o assunto, retomemos os principais aspectos da matéria:
 As normas de Direitos Humanos não se esgotam com o passar do tempo
(conceito).
 Os Direitos Humanos não se sujeitam a prazos prescricionais.
 A pretensão indenizatória decorrente de violação de determinado direito
humano está sujeita à prescrição.
A assertiva está correta.

Questão 18 – ESAF/CGU – Analista de Finanças e Controle –


2012 – questão adaptada
Julgue o item subsecutivo:
Pela característica da complementariedade dos Direitos Humanos é possível
afirmar que:
“Os direitos humanos podem ser exercidos simultaneamente e encontram
limites nos outros direitos igualmente consagrados na Constituição. Assim,
pode ocorrer um conflito entre direitos e nesse caso é preciso uma solução
coerente que harmonize ambos os direitos”.

Comentários
O texto reflete a característica da relatividade. A complementariedade não é uma
característica dos direitos humanos.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

RELATIVIDADE Os direitos humanos podem sofrer limitações para adequá-los a


outros valores coexistentes na ordem jurídica (conceito)

vedação á tortura
Exceções à logo são direitos humanos
relatividade absolutos: vedação à
escravidão

A assertiva está incorreta.

Questão 19 – Inédita – 2015


Em relação ao conceito, fundamento e características dos Direitos Humanos,
julgue os itens subsecutivos.
São, entre outras, características dos Direitos Humanos: historicidade,
universalidade, rigidez hierárquica, aplicabilidade imediata, dimensão
objetiva.

Comentários
A assertiva está incorreta, posto que a rigidez hierárquica não caracteriza os
Direitos Humanos. Podemos afirmar, ao contrário, que os Direitos Humanos
adotam diversas fontes e devemos aplicar aquela que for mais favorável à
proteção da dignidade da pessoa humana.

Questão 20 – Inédita - 2015


Segundo dispõe a Convenção Internacional dos Direitos dos Tratados de
Viena, de 1969, julgue o item seguinte.
A Convenção de Viena veda a existência de normas de direitos humanos
hierarquicamente superiores às normas do ordenamento internacional.

Comentários
A Convenção de Viena consagra as denominadas normas jus cogens que são
consideradas normas de direitos humanos superiores, se sobrepondo às demais
normas do ordenamento internacional.
Assim, a assertiva está incorreta, posto que ao contrário do afirmado na
assertiva, a Convenção de Viena viabiliza normas superiores de Direitos
Humanos.

Questão 21 – Inédita - 2015


De acordo com as características dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
Universalismo e relativismo são características excludentes.

Comentários

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Devemos ter máxima atenção para resolver essa questão. Embora a ideia central
de cada uma dessas características indique que ambas são excludentes, sabemos
que ambas convivem nos Direitos Humanos, de modo que se fala em
universalidade dos Direitos Humanos, respeitando-se diferenças culturais,
econômicas e sociais dos Estados.
Portanto, a assertiva encontra-se incorreta.

Questão 22 – Inédita - 2015


De acordo com as características dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
Embora a relatividade seja característica dos Direitos Humanos, a doutrina,
a exemplo de Norberto Bobbio, afirma que a vedação à tortura e a vedação
à escravidão são direitos humanos absolutos.

Comentários
Exatamente isso! Devemos lembrar que, em regra, os Direitos Humanos podem
ser flexibilizados, podem ser colmatados para conviver harmonicamente com
outros Direitos Humanos. Tal entendimento ganha relevo no contexto de que os
Direitos Humanos são compostos precipuamente por princípios.
Em que pese essa seja a regra, existem, segundo a doutrina de Noberto Bobbio,
dois direitos humanos que não podem ser relativizados, vale dizer que são
absolutos:
1. Vedação à tortura; e
2. Vedação à escravidão.
Deste modo, a assertiva está correta.

Questão 23 – Inédita - 2015


De acordo com as características dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
Embora irrenunciáveis, os direitos humanos sujeitam-se às regras civilistas
de prescrição.

Comentários
Cuidado com essa questão. Devemos dissociar o direito humano do direito à
reparação civil em decorrência da violação a um determinado direito humano. Os
direitos humanos propriamente são irrenunciáveis e imprescritíveis, o que torna
a assertiva incorreta. Por outro lado, a reparação civil em decorrência da violação
aos direitos humanos é prescritível.
Notem, portanto, que a colocação de empregado para trabalhar em condições
subumanas é direito humano, cuja ação para livrá-lo de tal situação não
prescreve. Caso, entretanto, esse empregado pretenda uma reparação civil do
empregador que o submeteu a condições precarizantes, deverá postular uma
ação de reparação por danos materiais e morais, conforme o caso.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Logo, a assertiva está incorreta.

Questão 24 – Inédita - 2015


De acordo com as características dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
Pela característica da aplicabilidade imediata, entende-se que os Direitos
Humanos tão logo sejam internalizados à ordem jurídica nacional são
diretamente aplicáveis.

Comentários
Cuidado para não confundir os assuntos!
A aplicabilidade imediata dos Direitos Humanos refere-se ao fato de que as
normas de direitos humanos não dependem de normal ulteriores para lhe conferir
exequibilidade. Afirma-se, assim, que os Direitos Humanos possuem
aplicabilidade imediata.
Por outro lado, a vigência do tratado internacional em nosso ordenamento jurídico
depende da internalização.
Desse modo, podemos afirmar que tão logo seja internalizado o tratado
internacional, terá aplicação imediata em nosso ordenamento jurídico.
Logo, está correta a assertiva.

Se você teve dificuldades nas questões 09 a 24 retome o estudo do Capítulo 3


desta aula.

Dimensões dos Direitos Humanos

Questão 25 – MPT – Procurador – 2013


Leia e analise os itens abaixo:
I- Na Constituição Alemã de 1919, um dos marcos na tutela dos direitos
sociais, destacam-se a sujeição da propriedade à função social, a
possibilidade de socialização das empresas, a proteção ao trabalho e o direito
de sindicalização.
II- A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, sintetiza a
evolução que vinha ocorrendo de direitos humanos, inscrevendo os direitos
de primeira geração, as liberdades públicas, e os de segunda geração, os
direitos sociais.
III- O direito ao desenvolvimento integra a terceira geração de direitos
humanos, a dos direitos de solidariedade, estando previsto na Declaração
sobre o Direito ao Desenvolvimento da ONU, como um direito individual e
dos povos.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

IV- O Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos


institui para os indivíduos particulares dos Estados que o ratificaram o direito
de comunicarem ao Comitê dos Direitos do Homem da ONU, que foram
vítima de violação, mas disso resulta apenas uma proteção política, com um
parecer do Comitê.
Marque a alternativa CORRETA:
a) Apenas as assertivas I e II estão corretas;
b) apenas as assertivas II, III e IV estão corretas;
c) apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;
d) todas as assertivas estão corretas;
e) Não respondida.

Comentários
Vejamos cada uma das assertivas.
A assertiva I está correta. A Constituição de Weimar representa a ascensão do
Estado Social do séc. XX e, concomitantemente, a crise do Estado Liberal do séc.
XVIII. A referida constituição, juntamente com a Constituição do México de 1917,
é marco do movimento constitucionalista, consagrando direitos socais de
segunda dimensão, estabelecendo entre outros direitos:
 Direitos relativos às relações de produção e de trabalho;
 Direito à educação, à cultura, à previdência;
 Reorganização do Estado em função da Sociedade e não mais em função
do indivíduo; e
 Função social da propriedade.
A assertiva II está correta, pois consagra expressamente tanto direitos de
primeira quanto de segunda dimensão.
A assertiva III está correta, posto que, segundo doutrina majoritária é possível
encontrar direitos de terceira dimensão na Declaração Universal dos Direitos
Humanos, notadamente, o direito ao desenvolvimento.
Nesse sentido, vejamos o art. 1º da DUDH:
1. O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual toda
pessoa humana e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento
econômico, social, cultural e político, a ele contribuir e dele desfrutar, no qual todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente realizados.

A assertiva IV também está correta, embora seja assunto que retomaremos em


aula futura com mais atenção. O Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de
Direitos Civis e Políticos prevê, nos arts. 1º e 4º, respectivamente:
Artigo 1.º
Os Estados Partes no Pacto que se tornem partes no presente Protocolo reconhecem que o
Comité tem competência para receber e examinar comunicações provenientes de
particulares sujeitos à sua jurisdição que aleguem ser vítimas de uma violação,
por esses Estados Partes, de qualquer dos direitos enunciados no Pacto. O Comité não

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

recebe nenhuma comunicação respeitante a um Estado Parte no Pacto que não seja parte
no presente Protocolo.
Artigo 4.º
1. Ressalvado o disposto no artigo 3.º, o Comité levará as comunicações que lhe sejam
apresentadas, em virtude do presente Protocolo, à atenção dos Estados Partes no dito
Protocolo que tenham alegadamente violado qualquer disposição do Pacto.
2. Nos 6 meses imediatos, os ditos Estados submeterão por escrito ao Comité as explicações
ou declarações que esclareçam a questão e indicarão, se tal for o caso, as medidas que
tenham tomado para remediar a situação.

Logo a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

Questão 26 – VUNESP/TJM-SP - Juiz de Direito Substituto -


2016
Sobre os direitos do homem, assinale a alternativa correta.
a) Os direitos de terceira dimensão são direitos transindividuais que
extrapolam os interesses do indivíduo, focados na proteção do gênero
humano. Evidencia-se nesse contexto a ideia de humanismo e
universalidade.
b) Os direitos humanos de primeira dimensão buscam o respeito às
liberdades individuais e têm como base histórica a Magna Carta de 1215 e o
Tratado de Versalhes.
c) A doutrina é unânime em reconhecer que a expressão direitos humanos é
sinônima da expressão direitos fundamentais, inexistindo distinção entre os
termos.
d) Os direitos humanos de segunda dimensão colocam em perspectiva os
direitos sociais, culturais e econômicos, bem como os direitos coletivos,
sendo a Constituição de Weimar a primeira carta política a reconhecê-los.
e) Alguns doutrinadores já reconhecem a existência da quarta e quinta
dimensões de direitos do homem. No primeiro caso, o foco seria o direito ao
desenvolvimento e à paz. No segundo caso, os direitos estariam relacionados
à engenharia genética e ao meio ambiente.

Comentários
Questão que aborda as dimensões de Direitos Humanos.
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.
A alternativa B está incorreta em razão da base histórica. Ao contrário do
afirmado (“Magna Carta de 1215 e o Tratado de Versalhes”), os direitos humanos
possuem como marcos históricos e jurídicos:
1. Revolução Gloriosa na Inglaterra, em 1688;
2. Independência dos Estados Unidos, em 1777; e
3. Revolução Francesa de 1789.
4. Constituição dos EUA, de 1787; e

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

5. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão redigida na França, em


1789.
A alternativa C está incorreta, pois a distinção terminológica justifica-se apenas
no âmbito de positivação. Os direitos fundamentais são direitos positivados
internamente, ao passo que os direitos humanos são positivados
internacionalmente.
A alternativa D está incorreta. Trata-se de uma alternativa maldosa, pois a
Constituição e Weimar data de 1919 ao passo que a Constituição Mexicana é de
1917, portanto a primeira constituição a reconhecer direitos de segunda
dimensão.
A alternativa E, por fim, está incorreta pois o direito à paz refere-se à quinta
dimensão dos Direitos Humanos ao passo que na quarta dimensão temos a
questão das pesquisas biológicas e à manipulação do patrimônio genético das
pessoas (Norberto Bobbio) e tutela da democracia, do direito à informação e o
pluralismo político (Paulo Bonavides).

Questão 27 – CESPE - DPE-PE - Defensor Público - 2015


Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos
direitos humanos.
No Brasil, os entes federativos protegem automática e integralmente os
chamados direitos humanos de segunda geração, ou direitos sociais, por
força de consagração constitucional nesse sentido.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois os direitos humanos de caráter social nem
sempre possuem eficácia direta e imediata, o que denota o caráter programático
dos direitos de segunda dimensão.

Questão 28 – CESPE/MPE-RO – Promotor de Justiça – 2010 –


questão adaptada
Quanto às dimensões dos direitos, julgue o item a seguir.
Os direitos humanos de primeira geração referem-se às reivindicações de
condições dignas de trabalho e originam-se das lutas sociais desencadeadas
com a Revolução Industrial.

Comentários
A questão mistura os direitos de primeira geração, direitos de liberdade, e
menciona exemplos de direitos de segunda dimensão, os direitos sociais, dentre
os quais estão inclusos os direitos dos trabalhadores.
A assertiva está incorreta.

Questão 29 – CESPE/MPE-RO – Promotor de Justiça – 2010 –


questão adaptada

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Quanto às dimensões dos direitos, julgue o item a seguir.


Os direitos humanos de segunda geração ainda não foram incorporados à
legislação nacional, permanecendo, pois, como normas programáticas do
direito internacional humanitário.

Comentários
Questão tranquila e de fácil solução. Para acertarmos essa questão basta
pensarmos na topografia do texto constitucional. Entre os títulos e capítulos da
Constituição da República encontramos, entre outros os direitos sociais,
positivados entre os art. 6º ao 11º. Apenas por isso poderíamos afirmar que a
assertiva está incorreta.
Ademais, cumpre mencionar que a acepção de que os direitos compreendidos
pela segunda dimensão possuem apenas caráter programático, resta plenamente
superada pela doutrina e jurisprudência. Atualmente, ainda que sejam normas
que dependem de regulamentação ou de implementação estatal por intermédio
de políticas públicas, todos os direitos sociais, econômicos e culturais possuem
alguma carga de vinculatividade e eficácia direta.
Assim, a assertiva está incorreta.

Questão 30 – CESPE/DPE-PI – Defensor Público – 2009 –


questão adaptada
Quanto às características dos direitos humanos julgue o item a seguir.
A imprescritibilidade dos direitos fundamentais vincula-se à sua proteção
contra o decurso do tempo.

Comentários
Uma das características dos direitos humanos é a imprescritibilidade. Isso quer
dizer que esses direitos não se perdem com o decurso do tempo. São direitos
protegidos de forma permanente devido a sua importância.
Para firmar o assunto, retomemos os principais aspectos da matéria:
 As normas de Direitos Humanos não se esgotam com o passar do tempo
(conceito).
 Os Direitos Humanos não se sujeitam a prazos prescricionais.
 A pretensão indenizatória decorrente de violação de determinado direito
humano está sujeita à prescrição.
A assertiva está correta.

Questão 31 – Inédita – 2015


Acerca das dimensões dos Direitos Humanos, julgue os itens seguintes.
Os direitos de propriedade representam uma esfera clássica dos direitos de
primeira dimensão, enquanto os direitos sociais, característicos do Estado
de Bem-Estar Social, representam a segunda dimensão dos direitos.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Comentários
Está correta a assertiva. Entre os direitos de primeira dimensão estão os direitos
civis e, certamente, o direito de propriedade é um dos direitos individuais civis
mais importantes deles, ao lado do direito de liberdade e do princípio da
igualdade.
Do mesmo modo, os direitos de segunda dimensão são característicos do Estado
de Bem-Estar social, na medida em que representam a necessidade de o Estado
efetivar políticas públicas para garantir o bem estar da coletividade, tais como o
direito à saúde.
Logo, a assertiva está correta.

Questão 32 – Inédita – 2015


Acerca das dimensões dos Direitos Humanos, julgue os itens seguintes.
Os direitos de coletividade são direitos de terceira dimensão. Embora não
haja unanimidade na doutrina, fala-se, ainda, em direitos de quarta e quinta
dimensão, respectivamente, os direitos relativos ao material genético e
direito à paz.

Comentários
Exato! Os direitos de terceira dimensão são representados pelos direitos de
fraternidade e solidariedade, que abrangem os direitos difusos e coletivos.
Quanto às quarta e quinta dimensões referidas na assertiva, se retornarmos à
Aula 01, podemos afirmar que as os direitos referidos estão em conformidade
com o posicionamento de Norberto Bobbio. Logo, ainda mais considerando que a
questão alertou haver divergências, a assertiva está correta.

Questão 33 – Inédita – 2015


Acerca das dimensões dos Direitos Humanos, julgue os itens seguintes.
Os direitos de natureza trabalhistas atrelam-se especialmente à segunda
dimensão dos direitos humanos, exigindo do Estado uma posição
interventiva nos contratos de trabalho.

Comentários
Essa assertiva tem que ficar memorizada. Os direitos dos trabalhadores são
espécie de direitos sociais de segunda dimensão. Lembre-se que, neste caso, a
atuação estatal ocorre com a intervenção nas relações de trabalho, com o fim de
evitar abusos por parte do empregador.
Logo, a assertiva está correta.

Questão 34 – questão inédita


Acerca das dimensões dos direitos humanos, julgue o item seguintes:

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

A terceira geração dos direitos humanos engloba direitos como saúde,


moradia e trabalho.

Comentários
A terceira geração dos direitos humanos engloba os direitos coletivos e difusos.
Os exemplos citados na assertiva são direitos sociais.
A assertiva está incorreta.

Se você teve dificuldades nas questões 25 a 34 retome o estudo do Capítulo 4


desta aula.

Afirmação Histórica dos Direitos Humanos

Questão 35 – CESPE/DPE-ES - Defensor Público - 2012


A respeito afirmação histórica dos Direitos Humanos julgue o item seguinte:
A concepção contemporânea dos direitos humanos surgiu com o término da
Primeira Grande Guerra Mundial.

Comentários
A questão maliciosamente tenta nos induzir a erro. Vimos na parte da afirmação
histórica que a fase que compreende a dignidade como valor supremo, marcando
a concepção contemporânea dos Direitos Humanos ocorre após a 2ª Guerra
Mundial, e não com o término da 1ª Grande Guerra.
Logo, a assertiva está incorreta.

Questão 36 – CS/DPE-GO - Defensor Público - 2014


Os direitos humanos ganharam nas últimas décadas especial atenção da
sociedade e dos meios internacionais e já se encontram incorporados ao
pensamento jurídico do século XXI. Estudiosos da matéria sustentam que o
seu fundamento filosófico e a justificativa estão ligados a movimentos
históricos, políticos e jurídico-sociais que marcaram a história da
humanidade. Nessa perspectiva,
a) o fim da II Guerra Mundial e a negação do valor do ser humano fazem
nascer os ideais representativos dos direitos humanos, quais sejam,
igualdade, liberdade e fraternidade.
b) as primeiras declarações de direitos humanos incluem a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, na França, com a Queda da Bastilha no
século XIX.
c) a Idade Moderna, por meio dos racionalistas, preconizava o direito divino
que pode ser despojado quando entra em sociedade.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

d) as concepções positivistas, apesar de importante movimento,


preconizavam que as leis, uma vez previstas no ordenamento jurídico,
podem ser exigidas, pouco contribuindo para os direitos humanos.
e) o reconhecimento dos direitos humanos teve como um dos seus
fundamentos filosóficos o movimento denominado “jusnaturalismo”.

Comentários
Trata-se de questão bastante interessante acerca da evolução e afirmação
histórica dos Direitos Humanos.
A alternativa A está incorreta, posto que os ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade são discutidos antes da 2ª Guerra Mundial. É com a Revolução
Francesa que tais direitos são aventados e defendidos pela sociedade.
A alternativa B poderia gerar certa dúvida, pois, de fato, a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão constituem importante documento histórico na
afirmação dos Direitos Humanos. Entretanto, ao contrário do que fora afirmado,
a referida declaração é do século XVIII – de 1789 – e não do século XIX conforme
trouxe a questão.
A alternativa C está totalmente incorreta. A concepção filosófica racionalista
afirma a razão como única fonte para propiciar o conhecimento adequado da
realidade. Por decorrência, ao contrário do que mencionou a alternativa, esse
pensamento despoja-se do divino. Segundo essa corrente do pensamento
filosófico, o direito é compreendido como processo racional.
A alternativa D também está incorreta. O positivismo teve papel fundamental
para que os direitos assumissem caráter vinculativo, gerando efeitos jurídicos
perante toda a sociedade. Nesse contexto, à medida que foram positivados, os
direitos humanos passaram a ser exigíveis. Logo, contribuíram de modo
significativo para a afirmação e evolução histórica dos Direitos Humanos.
A alternativa E é a correta e gabarito da presente questão. Entre outros
pensamento filosóficos – como os mencionados pensamentos racionalista e
positivista – o “jusnaturalismo” teve forte influência para o reconhecimento dos
direitos humanos.

Questão 37 – CESPE/DEP-AC – Defensor Público – 2012


questão adaptada
Julgue o item seguinte:
A Declaração Universal de Direitos Humanos foi proclamada pelos
revolucionários franceses do final do século XVIII e confirmada, após a
Segunda Guerra Mundial, pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Comentários
A questão está incorreta e faz confusão entre os períodos de evolução dos
direitos humanos.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

A Revolução Francesa lançou os pilares de liberdade, igualdade e fraternidade e


estabeleceu uma série de direitos inéditos para o povo e dela se originou a
“Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão”.
Já a Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento completamente
diferente, que surgiu somente no século XX, após a criação da ONU.

Questão 38 – CESPE/DEP-AC – Defensor Público – 2012


questão adaptada
Quanto à afirmação histórica dos direitos humanos julgue o item a seguir.
A Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919 são
marcos da afirmação dos direitos humanos de segunda geração.

Comentários
A Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919 declararam
o surgimento de Estado de Bem Estar Social (Welfare State) e estabeleceram
uma série de direitos sociais que ampliaram a perspectiva em relação às
dimensões dos direitos e às atuações estatais, notadamente, no que se refere à
proteção dos direitos econômicos, sociais e culturais (direitos de segunda
dimensão).
A assertiva está correta.

Questão 39 - CESPE/DEP-AC – Defensor Público – 2012


questão adaptada
Quanto à afirmação histórica dos direitos humanos julgue o item a seguir.
O Bill of Rights, de 1689, foi a primeira carta de direitos de que se tem notícia
na história.

Comentários
A assertiva está incorreta, tendo em vista que foi a Magna Carta, de 1215, que
representou a primeira carta de garantias e liberdades individuais concedidas aos
nobres da Inglaterra pelo rei “João sem Terra”.
A finalidade principal do documento foi a submissão do rei às suas regras a sim
de evitar arbitrariedades e excessiva cobrança de impostos, além de reconhecer
direitos civis como a propriedade privada e o direito de ir e vir.

Questão 40 – Inédita – 2015


Relativamente à afirmação histórica dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
O estudo dos aspectos histórico dos Direitos Humanos conduz à conclusão
de que as atrocidades, guerras e surtos de violência mobilizaram a
comunidade internacional para a proteção dos Direitos Humanos.

Comentários

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Correto. Tal afirmação consta da doutrina de Fábio Konder Comparato. Isso fica
evidente, especialmente no que tange à criação da ONU, que é decorrência direta
a mobilização internacional contra as barbáries da 2ª Guerra Mundial.
Logo, a assertiva está correta.

Questão 41 – Inédita – 2015


Relativamente à afirmação histórica dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
O movimento socialista, especialmente difundido por Karl Marx e Friedrich
Engels, implicou o reconhecimento dos direitos difusos e coletivos.

Comentários
O movimento socialista defende maior intervenção estatal, de modo que ao
Estado compete prover, na medida de suas possibilidades as necessidades da
sociedade. Essas necessidades caracterizam-se pelos direitos de segunda
dimensão.
Logo, está incorreta a assertiva.

Questão 42 – Inédita – 2015


Relativamente à afirmação histórica dos Direitos Humanos, julgue os itens
seguintes.
O modelo filosófico cristão de pensamento propugnou a submissão do ser
humano à figura divina, não contribuindo para o desenvolvimento dos
Direitos Humanos.

Comentários
Quando da análise da afirmação histórica, vimos que o cristianismo foi essencial
para firmar a compreensão de que a pessoa é o centro das ações humanas,
contribuindo com o desenvolvimento dos Direitos Humanos.
Logo, a assertiva está incorreta.

Se você teve dificuldades nas questões 35 a 42 retome o estudo do Capítulo 5


desta aula.

7 - Lista de Questões de Aula


Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015
Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos
direitos humanos.
O principal fundamento dos direitos humanos no Brasil refere-se à dignidade
da pessoa humana. Por essa razão, além de haver consenso acerca do

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

conteúdo desse princípio, ele é válido somente para os direitos humanos


consagrados explicitamente na CF.

Gabarito: Incorreta

Questão – FCC/TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário -


Serviço Social - 2015
No âmbito dos Direitos Humanos observa-se que, historicamente, há um
movimento de dividir a sociedade de forma dicotômica caracterizando os
seres humanos em normais e anormais, iguais e diferentes entre outras
nomenclaturas estigmatizantes. Nessa lógica,
a) as diferenças sociais não podem ser caracterizadas como elementos
estigmatizantes.
b) esta caracterização por oposto representa de forma natural as diferenças
na sociedade.
c) por se tratar de uma construção histórica, não há mecanismos que
possam mudá-la.
d) os estigmas são parte constitutivas das sociedades contemporâneas.
e) ao dividir a sociedade de forma dicotômica, reforça os processos de
exclusão e segregação social.

Gabarito: E

Questão – FMP/DPE-PA - Defensor Público Substituto - 2015


Sobre as características dos direitos humanos, é CORRETO afirmar que:
a) o historicismo é característica inerente aos direitos humanos, o qual
determina a possibilidade de que tais direitos sejam reconhecidos e,
posteriormente, suprimidos, conforme a evolução do pensamento humano.
b) a defesa da característica da universalidade dos direitos humanos
contempla a proibição de tratamento diferenciado a determinados grupos
sociais ou culturais, em qualquer circunstância.
c) a irrenunciabilidade reconhecida aos direitos humanos significa a
impossibilidade de que o seu titular abra mão de direitos previstos em
tratados internacionais, os quais, entretanto, podem sofrer restrições por lei
ordinária, conforme o ordenamento jurídico de cada país.
d) os direitos humanos são caracterizados pela indivisibilidade e
complementariedade, de forma que compõem um único conjunto de direitos,
cuja observância deve ser sistêmica e lastreada no princípio da dignidade da
pessoa humana.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

e) a imprescritibilidade dos direitos humanos determina a inexistência de


prazo para ajuizamento de ações em face do Estado a respeito de eventuais
violações desses direitos.

Gabarito: C

Questão – FEPESE/SJC-SC - Agente de Segurança


Socioeducativo - 2013
São características da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
1. universalidade.
2. efetividade.
3. indivisibilidade.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 1.
b) É correta apenas a afirmativa 2.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
d) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.

Gabarito: E

Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015


Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos
direitos humanos.
Na luta pelos direitos humanos, há avanços e retrocessos, decorrendo disso
a necessidade de o Estado e a sociedade civil se engajarem para que se
realizem ações e políticas públicas que sejam efetivamente de Estado e não
de governo.

Gabarito: Correta

Questão – VUNESP/MPSP – Assistente de Promotoria I - 2015


Assinale a alternativa que corretamente disserta sobre aspectos conceituais
dos direitos humanos em sua evolução histórica.
a) Os direitos fundamentais da primeira dimensão são marcados pela
alteração da sociedade por profundas mudanças na comunidade
internacional, identificando-se consequentes alterações nas relações
econômico-sociais, sobretudo na sociedade de massa, fruto do
desenvolvimento tecnológico e científico.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

b) Os direitos da quinta dimensão são direitos transindividuais que


transcendem os interesses do indivíduo e passam a se preocupar com o
gênero humano, com altíssimo teor de humanismo e universalidade,
inserindo-se o ser humano em uma coletividade que passa a ter direitos de
solidariedade ou de fraternidade.
c) A evidenciação de direitos sociais, culturais e econômicos, correspondendo
aos direitos de igualdade, sob o prisma substancial, real e material, e não
meramente formal, mostra-se marcante nos documentos pertencentes ao
que se convencionou classificar como segunda dimensão dos direitos
humanos.
d) Os direitos humanos da terceira dimensão marcam a passagem de um
Estado autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito
às liberdades individuais, em uma perspectiva de absenteísmo estatal, fruto
do pensamento liberal-burguês do século XVIII.
e) Os direitos de quarta dimensão, ou direitos de liberdade, têm como titular
o indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou
atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais
característico, sendo, assim, direitos de resistência ou oposição ao Estado.

Gabarito: C

Questão – FEPESE/SJC-SC - Agente de Segurança


Socioeducativo - 2013
Assinale a alternativa correta acerca da classificação dos Direitos Humanos
em gerações.
a) Os direitos de liberdade são classificados como de primeira geração.
b) Os direitos sociais ou de igualdade são classificados como de quarta
geração.
c) A segunda geração de direito compreende os direitos de liberdade.
d) A terceira geração de direitos é marcada pelos direitos tecnológicos, como
a bioética.
e) A segunda geração de direitos envolve aqueles denominados fraternos,
como o meio ambiente ecologicamente equilibrado

Gabarito: A

Questão – VUNESP/PC-SP - Investigador de Polícia - 2013


Na evolução dos direitos humanos, costumam-se classificar, geralmente, as
gerações dos direitos em três fases (Eras dos Direitos), conforme seu
processo evolutivo histórico.
Assinale a alternativa que representa, correta e cronologicamente, essa
classificação.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

a) Direitos civis; direitos políticos; direitos fundamentais.


b) Igualdade; liberdade; fraternidade.
c) Direitos individuais; direitos coletivos; direitos políticos e civis.
d) Direitos civis e políticos; direitos econômicos e sociais; direitos difusos.
e) Liberdades positivas; liberdades negativas; direitos dos povos.

Gabarito: D

Questão – MPT/MPT - Procurador do Trabalho - 2015


Sobre a evolução histórica dos direitos humanos, assinale a alternativa
CORRETA:
a) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América consiste em um rol de
direitos fundamentais inserido na Declaração de Independência proclamada
por Thomas Jefferson em 1776, posteriormente incorporado aos Artigos da
Confederação.
b) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América constitui-se de normas
originárias constantes da Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia
em 1787.
c) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América foi inserido somente em
1791 na Constituição americana, sob a forma de emendas constitucionais.
d) O Bill of Rights formalmente não é uma norma federal nos Estados Unidos
da América, mas sim uma interpretação extensiva da Declaração de Direitos
da Virginia promovida pela jurisprudência da Suprema Corte americana.
e) Não respondida.

Gabarito: C

Questão – FCC/DPE-SP - Defensor Público - 2015


Analise as assertivas a seguir.
I. “Os droits de l'homme, os direitos humanos, são diferenciados como tais
dos droits du citoyen, dos direitos do cidadão. Quem é esse homme que é
diferenciado do citoyen? Ninguém mais ninguém menos que o membro da
sociedade burguesa."
II. “Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em todo o Universo.
Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais
envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A
bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação.
O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às
tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em
relação à sua companheira."

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

São autores, respectivamente, dos excertos críticos à Declaração dos


Direitos do Homem e do Cidadão:
a) Karl Marx e Simone de Beauvoir.
b) Jean-Jacques Rosseau e Olympe de Gouges.
c) Karl Marx e Olympe de Gouges.
d) Jean-Jacques Rosseau e Simone de Beauvoir.
e) Robespierre e Hannah Arendt.

Gabarito: C

Questão – VUNESP/PC-SP - Auxiliar de Necropsia - 2014


Considerando a evolução histórica e cronológica dos direitos humanos em
âmbito internacional, pode-se afirmar que existiram três marcos históricos
fundamentais. São eles:
a) o jusnaturalismo, a promulgação da Constituição dos Estados Unidos da
América e a independência do Brasil.
b) a queda do Império Romano, a queda da Bastilha, na França, e a criação
da Organização das Nações Unidas.
c) o Iluminismo, a Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra
Mundial.
d) o totalitarismo, a queda de Hitler e a Promulgação da Constituição
Brasileira de 1988.
e) a criação da Igreja Católica, o constitucionalismo e o fim da Primeira
Guerra Mundial.

Gabarito: C

Questão – FUNCAB - SEPLAG-MG – Direito - 2014


Consoante a teoria dos status dos direitos fundamentais, de autoria de
Jellinek, o direito à saúde, tal como previsto na Constituição Federal, é
considerado fundamental de status:
a) ativo.
b) negativo.
c) passivo.
d) positivo.

Gabarito: D

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

8 – Resumo
Teoria Geral dos Direitos Humanos
 CONCEITO: conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento
histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade
humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos
jurídicos em nível nacional e internacional.
 dignidade: base dos Direitos Humanos é a dignidade da pessoa.
 Direitos Humanos versus Direitos Fundamentais.

DIREITOS HUMANOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

conjunto de valores e direitos


conjunto de valores e direitos na ordem
positivados na ordem interna de
internacional para a proteção da
determinado país para a proteção da
dignidade da pessoa
dignidade da pessoa.

 ESTRUTURA NORMATIVA

possuem normatividade aberta,


ESTRUTURA NORMATIVA DOS
com maior incidência de princípios
DIREITOS HUMANOS
que de regras

 NORMAS:
 no âmbito internacional:
a) aos tratados internacionais;
b) aos costumes; e
c) aos princípios gerais do Direito Internacional.
 no âmbito interno destaca-se:
a) Constituição Federal;
b) Leis específicas; e
c) Atos normativos secundários (como decretos executivos).
d)  CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
e) TEORIA DOS STATUS DE JELLINEK
f)  4 status, a partir da relação entre o homem e o Estado:

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

relação na qual a pessoa encontra-se


status subjectionis em estado de sujeição em relação ao
Estado.

relação na qual a pessoa detém tão


status negativus somente a prerrogativa de exigir uma
abstenção do Estado

relação na qual a pessoa tem a


status positivus possibilidade de exigir prestações do
Estado

relação na qual a pessoa poderá


status activus participar na formação da vontade do
Estado
g)
h)  classificação dos Direitos Humanos com base nos status acima:

defesa dos exigem uma


DIREITOS DE
direitos abstenção negativos
DEFESA
liberdade estal

promoção dos exigem uma


DIREITOS
direitos de atuação positivos
PRESTACIONAIS
igualdade estatual

viabilizam a exigem, ao
DIREITOS DE participação do mesmo tempo,
misto
PARTICIPAÇÃO indivíduo na abstenção e
sociedade prestação

i)
j) CLASSIFICAÇÃO DO CASO LÜTH
k) CONCEITO: todos os direitos possuem um viés negativo e positivo ao
mesmo tempo. O que varia é a carga entre uma e outra, de modo que os
direitos ditos prestacionais possuem tão somente uma carga prestacional
mais significativa, ao passo que os direitos negativos, possuem uma carga

abstencionista mais intensa.

 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS

Nega a possibilidade de fundamentação dos direitos


humanos, por vários motivos:
Impossibilidade de
delimitação dos Fundamentos  há divergências quanto à abrangência;
 estão em constante evolução;

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

 constituem categoria heterogênea;


 são consagrados a partir de juízos de valor, que
não podem ser justificados e comprovados.
 constitui disciplina universalmente aceita e
fundada na moral.

FUNDAMENTO JUSNATURALISTA

•Normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de um


conjunto de ideias, fruto da razão humana.
•CRÍTICA: os Direitos Humanos não são direitos naturais, preexistentes e
superiores a quaisquer espécie normativa, mas decorrente da evolução
histórica da sociedade

FUNDAMENTO POSITIVISTA

•São Direitos Humanos os valores e juízos condizentes com dignidade


positivados no ordenamento.
•CRÍTICA: considerá-lo como único fundamento enfraquece a proteção, porque
diante da omissão legislativa ou contrária à dignidade, permite-se a
precarização de tais direitos

FUNDAMENTO MORAL

•Os direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não aferem
sua validade por normas positivadas, mas diretamente de valores morais da
coletividade humana.

Em suma:

É possível delimitar os fundamentos dos Juntos, os fundamentos jusnaturalista,


Direitos Humanos que se consagraram ao positivista e moral justificam a importância
longo do tempo segundo diversas corrente dos Direitos Humanos para a sociedade
filosóficas. contemporânea.

Características dos Direitos Humanos


 SUPERIORIDADE NORMATIVA (NORMAS JUS COGENS)
NORMATIVA (JUS COGENS)

Existem normas de direitos humanos que são hierarquicamente superior no


ordenamento internacional (conceito).
SUPERIORIDADE

A superioridade dos Direitos HUmanos é, ao mesmo tempo, superior


materialmente (de conteúdo) e formal (pois são consideradas "jus cogens").

Para parte da doutrina os direitos houmanos de primeira dimensão são jus


cogens. Ousa-se afirmar, ainda, que todos os direitos humanos são jus
cogens em razão da matéria que disciplinam

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

HISTORICIDADE
HISTORICIDADE

Os Direitos Humanos decorrem de formação histórica, surgindo e se


solidificando conforme a evolução da sociedade (conceito)

Base para o estudo das dimensões dos Direitos Humanos

Implica na vedação ao retrocesso

 UNIVERSALIDADE
UNIVERSALIDADE

==0==

aplicam-se a todas as destinam-se a todas as


pessoas e pessoas
os Direitos
Humanos
em qualquer lugar do abrangem todos os
mundo territórios

A universalidade prevalece, no confronto com a corrente relativista.

 universalismo versus relativismo

•Os direitos humanos destinam-se a todas as pessoas


e abrangem todos os territórios.
•Não se deve desconsiderar as diferenças, mas com
UNIVERSALISMO respeito às particularidade, objetiva-se encontrar um
modo de proteger a condição humana,
independentemente do sexo, da cor, da religião ou
condições econômicas e sociais.

•As concepções morais variam de acordo com as


diversas sociedades.
•As diferenças não residem apenas na pessoa em si,
ou seja, na condição humana, mas no contexto social
RELATIVISMO
perante o qual estão inseridos.
•Não existe como justificar a concepção moral da
pessoal desprendido do contexto no qual ela está
inserida.

 RELATIVIDADE

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

RELATIVIDADE

Os direitos humanos podem sofrer limitações para adequá-los a outros


valores coexistentes na ordem jurídica (conceito)

vedação á tortura
Exceções à logo são direitos humanos
relatividade absolutos:
vedação à escravidão

 IRRENUNCIABILIDADE
IRRENUNCIABILIDADE

Não poderão os titulares do direito humano dispor desse direito,


ainda que pretenda fazê-lo (conceito).

A dignidade humana deve ser observada e respeitada pela simples condição


humana.

Renúncia a direito humano é nula.

 INALIENABILIDADE
INALIENABILIDADE

Os Direitos Humanos não poderão ser comercializados pela pessoa


tutelada por esse direito (conceito).

relaciona-se com a irrenunciabilidade

 IMPRESCRITIBILIDADE
IMPRESCRITIBILIDADE

As normas de Direitos Humanos não se esgotam com o


passar do tempo (conceito).

Os Direitos Humanos não se sujeitam a prazos prescricionais.

A pretensão indenizatória decorrente de violação da determinado


direito humano está sujeita à prescrição.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
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INTERDEPENDÊNCIA
INTERDEPENDÊNCIA

Consitui a relação mútua entre os direitos humanos protegidos pelos


diversos diplomas internacionais (conceito).

Essa característica relaciona-se com a indivisibilidade dos direitos humanos.

 CARÁTER ERGA OMNES


ERGA OMNES

Os direitos humanos são oponíveis conta todos (conceito).

é de interesse da comunidade ver respeitado os direitos


humanos
Facetas:
a aplicação dos direitos humanos a todas as pessoas
decorre da mera condição humana

 EXIGIBILIDADE
EXIGIBILIDADE

Denota a preocupação com a implementação dos direitos humanos e a


efetividade da responsabilização daqueles organismos internacionais
que violarem os direitos humanos (conceito).

mecanismos de implementação dos direitos


humanos; e
Envolve os seguintes
assuntos:
responsabilização dos Estados violadores das
regras de proteção inrternacional.

 ABERTURA

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Consiste no processo de alargamento do rol dos direitos humanos (conceito).


ABERTURA

É sempre possível o reconhecimento de novos direitos humanos, desde que


relacionem-se ou decorram da dignidade humana.

art. 5º, §2º, da Constituição Federal.

 APLICABILIDADE IMEDIATA (EFETIVIDADE)


APLICABILIDADE

Regras e princípios que disciplinam os direitos humanos


IMEDIATA

possuem aplicabilidade imediata e direta, não precisam de


outras normas para disciplinar como será aplicação desses
direitos (conceito).

art. 5º, §1º, da Constituição Federal.

 DIMENSÃO OBJETIVA
DIMENSÃO OBJETIVA

Os direitos humanos são capazes de impor uma atuação estatal


voltada para a proteção de tais direitos (conceito).

Objetiva criar mecanismos para a promoção dos direitos humanos em toda a


sociedade.

A dimensão objetiva não exclui a dimensão subjetiva (proteção aos sujeitos),


ambas devem coexistir.

 PROIBIÇÃO DO RETROCESSO (EFEITO CLIQUET)


PROIBIÇÃO DO
RETROCESSO

Uma vez assegurado o direito humano ele não poderá ser


suprimido (conceito).

Denota a característica expansiva e progressiva da disciplina.

 EFICÁCIA HORIZONTAL

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
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aplicação dos direitos humanos às relações


vertical
EFICÁCIA DOS DIREITOS
entre o Estado e a sociedade
HUMANOS

aplicação obrigatória e direta dos direitos


horizontal
humanos às relações privadas

aplicação dos direitos humanos na relação de


emprego, que é marcada pela hipossuficiência
diagonal
do empregado e pela subordinação jurídica do
trabalhador ao empregador

Dimensões dos Direitos Humanos


1ª DIMENSÃO DOS DIREITOS 2ª DIMENSÃO DOS 3ª DIMENSÃO DOS DIREITOS
HUMANOS DIREITOS HUMANOS HUMANOS

direitos sociais, culturais


direitos direitos civis e políticos direitos difusos e coletivos
e econômicos

associação
ao lema da
Liberdade igualdade fraternidade
Revolução
Francesa

 Revolução Gloriosa na
Inglaterra  Revolução Mexicana  Pós-2ª Guerra Mundial
marco
histórico  Independência dos EUA  Revolução Russa  Surgimento da ONU
 Revolução Francesa

 “Encíclica Rerum
 “Segundo Tratado sobre Novarum” (Papa Leão  trabalhos acadêmicos
marco o Governo” (John Locke) XIII) que visem à proteção
teórico  “O Contrato Social”  “Manifesto do Partido universal e solidária da
(Jean-Jacques Rousseau) Comunista” (Karl Marx e humanidade
Frederich Engels”

 Constituição Americana
 Constituição Mexicana
de 1787
marco de 1917 Declaração Universal dos
jurídico  Declaração Francesa dos Direitos Humanos, de 1948
 Constituição de
Direitos do Homem e do
Weimar de 1919
Cidadão de 1789

evolução passagem do Estado passagem do Estado Revolta da sociedade


da Absolutista para o Estado Liberal para o Estado contra as atrocidades das
sociedade de Liberal Social guerras mundiais

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
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direito à liberdade de
exemplo direito à saúde direito ao meio ambiente
expressão

4ª DIMENSÃO DOS DIREITOS 5ª DIMENSÃO DOS DIREITOS


HUMANOS HUMANOS

 pesquisas biológicas e à
manipulação do patrimônio
genético das pessoas
(Norberto Bobbio)
direito direitos à paz
 tutela da democracia, do
direito à informação e o
pluralismo político (Paulo
Bonavides)

marco Lei de Biossegurança (Lei


11 de Setembro
histórico 11.105/2005)

Afirmação histórica dos Direitos Humanos


 O estudo da afirmação histórica dos Direito Humanos remete à análise dos
fatos históricos que levaram ao surgimento de direitos e garantias protetivos da
dignidade das pessoas.
 O estudo é dividido em 2 partes:
1º. afirmação do conceito de pessoa na história;
2º. grandes etapas históricas na afirmação dos direitos humanos.
 AFIRMAÇÃO DO CONCEITO DE PESSOA NA HISTÓRIA

A lei escrita e os costumes são considerados o fundamento de toda a


GRÉCIA E
sociedade, repercutindo no regramento dos assuntos, de modo que a pessoa
ATENAS
passou a ser objeto de reflexão.

Centrou a discussão em torno da unidade moral do ser humano e da dignidade


FILOSOFIA
do homem, pelo qual devemos compreender todos como iguais embora
ESTOICA
existam muitas diferenças individuais.

O cristianismo prega que Jesus é modelo ético de pessoa, uma representação


CRISTIANISMO factível de Deus e suas doutrinas na terra, que defende a igualdade entre as
pessoas.

Segundo a filosofia de Emmanuel Kant, a igualdade é a essência da pessoa,


FILOSOFIA responsável pelo núcleo do conceito de direitos humanos. Por conta disso, a
KANTIANA dignidade da pessoa deve ser considerada um fim em si mesmo, não
instrumento para ser chegar a determinado objetivo.

Compreende que houve uma inversão de valores com o desenvolvimento do


PENSAMENTO
modelo capitalista, na medida em que o operário passou ser considerado
MARXISTA
coisa, deixando de ser sujeito de direito.

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

 A compreensão em torno da pessoa foi valorizada. Juntamente, alguns


conceitos atrelados à ética e aos comportamentos morais prevaleceram,
indicando a necessidade de serem protegidos alguns direitos essenciais
ao homem, em razão de sua natureza.
 GRANDES ETAPAS HISTÓRICAS NA AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

AFIRMAÇÃO HSTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS


Constitui a análise dos principais eventos históricos que, de algum modo, contribuíram para o
desenvolvimento e afirmação dos Direitos Humanos. Tais eventos, em regra estão relacionados
a:
 Atrocidades, guerras e surtos de violência; ou
 Descobertas científicas ou invenções técnicas.

PERÍODO OBSERVAÇÕES

Marca a passagem do pensamento filosófico, que passa ser


PERÍODO AXIAL centrado no ser humano, reconhecendo que o homem é o
centro das atenções.

Constituem formas políticas nas quais o poder político


REINO DAVÍDICO, DEMOCRACIA encontra-se subordinado à lei, seja por interesse divino
ATENIENSE E REPÚBLICA ROMANA (Reino de Davi), por interesse democrático (Atenas) ou pela
estrutura segmentada e organizada da sociedade (Roma).

Marca a reação de setores da sociedade contra a retomada


do poder, exigindo o respeito da direitos de liberdade.
BAIXA IDADE MÉDIA
- Declaração das Cortes de Lesão de 1188; e
- Magna Carta de 1215.

Marca o renascimento de ideais republicanos e


democráticos, com destaque para o sentimento de liberdade
e resistência a governos absolutistas:
SÉCULO XVII
- criação do habeas corpus
- Bill Of Rights

Período que marca o nascimento dos Direitos Humanos, com


despontamento da legitimidade democrática, resguardo aos
INDEPENDÊNCIA AMERICANA E direitos de cidadania e valorização da dignidade.
REVOLUÇÃO FRANCESA
- Declaração de Independência dos EUA; e
- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

RECONHECIMENTO DOS DIREITOS Marca a reação da classe operária e difusão do pensamento


HUMANOS SOCIAIS DE socialista, que viabilizou o reconhecimento dos direitos
ECONÔMICOS E SOCIAIS econômicos e sociais como Direitos Humanos.

Marca o surgimento do Direito Humanitário (Cruz Vermelha)


PRIMEIRA FASE DE
– vertente dos Direitos Humanos – a luta contra a
INTERNACIONALIZAÇÃO DOS
escravidão (Ato Geral da Conferência de Bruxelas), bem
DIREITOS HUMANOS
como a regulação dos direitos trabalhistas (criação da OIT)

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DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSO
teoria e questões
Aula 00 – Prof. Ricardo Torques

Marca a efetiva internacionalização dos Direitos Humanos,


EVOLUÇÃO DOS DIREITOS
com o reconhecimento da dignidade da pessoa como valor
HUMANOS A PARTIR DE 1945
supremo.

9 - Considerações Finais
Chegamos ao final da aula inaugural! Vimos uma pequena parte da matéria,
entretanto, um assunto muito relevante para a compreensão da disciplina.
A pretensão desta aula é a de situar vocês no mundo dos Direitos Humanos, a
fim de que não tenham dificuldades em assimilar os conteúdos relevantes que
virão na sequência.
Além disso, procuramos demonstrar como será desenvolvido nosso trabalho ao
longo do Curso.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!
Ricardo Torques

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