ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO - Patologia
ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO - Patologia
ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO - Patologia
Generalidades
• Interstício é o espaço entre as células que é preenchido pela matriz extracelular (MEC)
• A MEC ou interstício é uma rede tridimensional intercelular complexa de macromoléculas fibrosas e viscosas
que circunda e sustenta as células
• MEC ocorre em duas formas básicas: a matriz intersticial e a membrana basal (MB)
Funções da MEC
• Preenche espaço entre as células e contribui para as propriedades biomecânicas dos tecidos
• Substrato tanto para a ancoragem/adesão quanto para a migração celular
• Regulador da proliferação celular: interação com fatores de crescimento, hormônios e integrinas
• Arcabouço para a renovação tecidual
• Define limites: base para o estabelecimento de microambientes teciduais (MB delimitando espaços e
separando epitélios de TC subjacente)
• A MEC ocorre em duas formas básicas: a matriz intersticial e a membrana basal (MB)
Matriz intersticial
o
• Colágenos fibrilares: polimerizam-se em fibrilas e fibras
o I, II, III, V
o Presentes nos ossos, tensões, cartilagens, vasos sanguíneos e pele
o A força tênsil dos colágenos fibrilares provém da ligação cruzada da tripla hélice por meio de ligações
covalentes que ocorrem após hidroxilação da lisina
▪ A enzima responsável, a lisina hidroxilase, é dependente de vitamina c
o
Laura Maria Turma 99
• Colágenos não fibrilares: formam redes bidimensionais
o IV > membranas basais
•
• Síntese de colágeno
1. Fator de crescimento
2. Síntese de polipeptídios de cadeias alfa
3. Penetração dos polipeptídios no RER
4. Hidroxilação da prolina e lisina (O2 e VitC)
5. Formação da tripla hélice (pró-colágeno)
6. Adição de galactose e glicosil-galactose
7. Secreção através da membrana
8. Clivagem do pró-colágeno (peptidases)
9. Associação das moléculas do colágeno para formação das fibrilas colágenas
10. Por ação da lisil oxidase, as moléculas de colágeno nas fibrilas formam ligações cruzadas, transversais,
entre resíduos de lisina;
11. Organização das fibrilas em fibras colágenas
•
Fibras elásticas
•
Substância fundamental amorfa
MEC
ALTERAÇÕES
Alterações do colágeno
• Primárias (congênitas): defeitos genéticos (raros) que comprometem a estrutura, a síntese ou a degradação
do colágeno » qualitativas
o Mutação nos genes da cadeia alfa
▪ Osteogênese imperfeita (I, II, IV)
• Doença dos ossos de vidro
• Grupo heterogêneo de doenças causadas por alterações em genes que codificam as
cadeias alfa-1 e alfa-2 do colágeno tipo I
• 4 formas clínicas principais (I e IV)
• Tipo I: leve, escleras azuis, hipermobilidade articular, fraturas recorrentes na infância
• Tipo IV: grave e letal » fraturas múltiplas congênitas, encurtamento das
extremidades, crânio amolecido (hemorragias no parto)
•
o Deficiência de lisina-hidroxilase
▪ Síndrome de Ehlers-Danlos (VI)
o Deficiência de glicosiltransferase
▪ Epidermólise bolhosa congênita
▪
o Deficiência de pró-colageno peptidases
▪ Dermatopráxis
o Deficiência de lisil-oxidase
▪ Cútis flácida
▪ Síndrome de Menkes
▪ Síndrome de Ehlers-Danlos (V)
▪
▪ Coloração especial de Tricômico Masson
▪
o Degradação excessiva do colágeno » inflamações » colagenases
o Escorbuto » deficiência de vitamina C
▪ Hidroxilação deficiente de colágeno
▪ Comprometimento da glicosilação e formação de ligações cruzadas
▪ Fragilidade capilar, hemorragias, alterações nos dentes e ossos
o Latirismo: ervilha-de-cheiro (toxina inibe a lisil-oxidase) » deformidades ósseas e aneurismas
▪ Alteração da elastina e colágeno
o Hidralazina e penicilamina: inibem a prolina-hidroxilase ou prejudicam as ligações cruzadas
▪ Gestação » deficiência na produção do colágeno no feto
o Algumas doenças metabólicas podem induzir o acúmulo de metabólitos inibidores da síntese de
colágeno.
▪
• Secundárias (adquiridas): alterações adquiridas que interferem na sua síntese (inibição da lisil-oxidase) ou
alterações nas fibras já existentes
o Elastose cutânea solar
▪ Exposição solar (fotoenvelhecimento) » elastólise, fragmentação, perda da elasticidade
o
• Transformação fibrinoide (“necrose fibrinoide”)
o Deposição de material acidófilo, amorfo, fibrinoide (fibrina+fibras colágenas degradadas)
o Doenças autoimunes » depósito de imunocomplexos nas paredes dos vasos » inflamação leva a
degradação da MEC e exsudação de fibrina
o Geralmente ocorrem nas vasculites
▪ Degradação de tudo em volta do vaso
o Na hipertensão arterial maligna, ocorre transformação fibrinoide da parede de pequenos vasos
o
Alterações na membrana basal
• Congênitas
o Síndrome de Alport: anormalidades do colágeno IV (MBG renal, cóclea, cristalino)
▪ Alterações na MBG » hematúria, proteinúria, insuficiência renal (IR)
• Adquiridas: alterações na espessura e integridade
o DM: espessamento das MB na microangiopatia diabética (rins, retina, pele)
o Depósito de imunocomplexos em doenças imunomediadas
o Depósito de proteína amiloide na amiloidose
o O espessamento de membranas basais na microcirculação ocorre caracteristicamente em diabéticos,
fazendo parte da chamada microangiopatia diabética.
AMILOIDOSE
• Depósito extracelular
• Proteínas com conformação errônea e insolúveis
• Formato físico de dobradura beta » torna a proteína insolúvel » não vai ser degradada
• Grupo de doenças que têm em comum a deposição na MEC de material proteico fibrilar, a substância
amiloide (beta-fibrilose)
o É constituída por material amorfo e acidófilo que se deposita no interstício e comprime as células
o A substância amiloide é identificada por colorações especiais (Vermelho Congo [cora em vermelho-
laranja salmão » luz polarizada para confirmação], tioflavinas T e S, cristal violeta)
• O material amiloide é constituído pela proteína amiloide (90%) e por glicoproteínas do componente P (10%)
• Amiloidose ocorre devido ao desbalanço entre a produção e degradação (a proteína é de difícil degradação)»
proteína amiloide não existe no corpo fisiologicamente
o Doenças inflamatória (com ou sem infecções)
o Alterações monoclonais de plasmócitos
o Doenças hereditárias (mutações)
• Os principais tipos de amiloide são:
o (1) proteína amiloide AL derivada de cadeias leves de imunoglobulinas (encontrada na amiloidose
associada à proliferação de plasmócitos e em amiloidoses idiopáticas, localizadas ou sistêmicas);
o (2) proteína amiloide AA, produzida a partir de um precursor sintetizado no fígado, denominado
precursor sérico da amiloide (proteína A do soro) ou proteína sérica associada à amiloide (SAA).
▪ A proteína amiloide AA é encontrada na amiloidose secundária a inflamações crônicas;
▪ Tuberculose, doença de Chron, artrite reumatoide, sífilis
▪ Amiloidose sistêmica mas com envolvimento renal
o (3) proteína amiloide formada por ou derivada da proteína transportadora de tiroxina e retinol
(chamada transtirretina) » ATTR » encontrada na amiloidose familial polineuropática e em algumas
amiloidoses senis;
o (4) proteína amiloide formada por β2-microglobulina (AB2M), que, normalmente, se associa às
moléculas MHC I (vista em pacientes em hemodiálise por período prolongado);
o (5) proteína β-amiloide encontrada na doença de Alzheimer, que se origina da clivagem de uma
proteína existente na membrana citoplasmática de neurônios;
o (6) proteína amiloide derivada de pró-hormônios ou de ceratina, vista na amiloidose associada a
tumores de células neuroendócrinas.
o AFib » fibrinogênio
• A substância amiloide forma depósitos de dimensão variada.
o No fígado, os depósitos começam nos espaços de Disse, comprimindo e destruindo as lâminas de
hepatócitos
o Nos rins, os depósitos são frequentes nos glomérulos e nos espaços intertubulares, levando à
hipotrofia e ao desaparecimento de túbulos.
▪ Proteinúria nefrótica
▪ Macroglossia, hematoma em volta do olho » patognomônico 1/3 dos casos
• Depósitos nos tecidos não-ósseos de compostos formados por cálcio e fósforo » hidroxiapatita
• Paratormônio estimula » liberação de cálcio esquelético » diminui a excreção fracionada de cálcio » aumenta
a absorção de cálcio intestinal
• Classificação
o Distrófica: Ca x P normal, lesão prévia
o Metastática: Ca x P alterado, sem lesão prévia
Distrófica
• Mais comum
• Necrose, ateromas, cicatrizes, trombos, cartilagens, tumores
• Patogênese
o Exposição de núcleos primários » fosfolípides, fibras elásticas, fibras colágenas, proteínas
desnaturadas, fosfoproteínas, ácidos graxos, bactérias
o Aumento local de concentração de cálcio e/ou fosfato
o Remoção de inibidores da calcificação
o Necrose caseosa, esteatonecrose, aterosclerose
o Psamomas (câncer da tireoide » carcinoma papilífero), corpos psamomatoso (comedocarcinoma,
meningioma, adenocarcinoma seroso de ovário)
• Coração » valvas » sítio mais comum » calcificadas, endurecidas
Metastática
CÁLCULOS
• Massa sólida
• Esféricas, ovais ou faceladas
• Compacta
• Consistência pétrea ou argilosa
• Litíase
• Colelitíase » vesícula biliar
o Cálculos de colesterol puros (90% de colesterol - 5 a 10% dos casos) » único
o Cálculos de colesterol mistos (60-90% de colesterol (restante são sais biliares) – 70-80% dos casos »
podem impactar no colédoco e gerar pancreatite) » são múltiplos e facetados
▪ Formação de bile supersaturada de colesterol (bile litogênica)
▪ Nucleação ou cristalização
• Muco, sais de cálcio, bactérias, ovos de parasitas ou células descamadas
• Deficiência de fator antinucleador
• Hipomotilidade da vesícula biliar
▪ Crescimento
▪ Cor pode variar » enegrecido, branco, verde
o Cálculos pigmentares (menos de 25% de colesterol) » menos frequentes
▪ Composto por sais biliares
▪ Negros
▪ Aumento da quantidade de bilirrubina não conjugada na bile
▪ Pequeno e mole » esfarela
▪ 4Fs » mais de 40 anos, mulher, multiparidade
o Dor no hipocôndrio direito ou epigástrio, pós-prandial,
• Nefrolitíase
o Oxalato cálcio e fosfato de cálcio » 80% dos casos
o Ácido úrico » gota
o Fosfato de amônio e magnésio » estruvita (infecções) » Proteus » coraliformes (corais)
o Cistina (alteração genética)
o Hidratação
o Formador de cálculo crônico » citrato
• Colédocolitíase
• Sialolitíase » glândulas salivares
o Estagnação de secreções ricas em cálcio
o Sialoadenite obstrutiva crônica
o Dor ao comer