Aula 17 - Política Nacional de Resíduos Sólidos

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AULA 17 - POLÍTICA NACIONAL DE

RESÍDUOS SÓLIDOS E DOS


RECURSOS HÍDRICOS
• RESÍDUOS SÓLIDOS

1. INTRODUÇÃO
A Lei n. 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Foi
regulamentada pelo Decreto n. 7.404/2010 e pelo Decreto n. 9.177/2017. Também há
regulamentação na Resolução Conama n. 452/2012.
A lei trata de todo tipo de resíduo, com exceção dos resíduos radioativos (art. 1º, §2º).
A lei dispõe sobre princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações que
devem ser adotados pelo Poder Público (federal, estadual, distrital e municipal) e pela
coletividade com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente
adequado dos resíduos sólidos (art. 4º). A Política Nacional de Resíduos Sólidos
integra a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a Política Nacional de
Educação Ambiental, regulada pela Lei n. 9.795/1999 e com a Política Federal de
Saneamento Básico, regulada pela Lei n. 11.445/2007, bem como com a Lei n.
9.966/2000 (dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada
por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob
jurisdição nacional).
Estão sujeitas à observância da Lei n. 12.305/2010 as pessoas
físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis,
direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que
desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao
gerenciamento de resíduos sólidos (art. 1º, §1º). Todos os
responsáveis pela geração de resíduos têm responsabilidade
compartilhada.
2. CONCEITOS (art. 3º)
Lixo e resíduo são termos que tendem a ser empregados como
sinônimos.

• Ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o


desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e
insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final.
• Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas
dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume
de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os
impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental
decorrentes do ciclo de vida dos produtos.
• Resíduo sólido: material, substância, objeto ou bem descartado resultante
de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
• Rejeito: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades
de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada.
• Diferença entre resíduo sólido e rejeito: resíduo sólido é o lixo que pode ser
reaproveitado ou reciclado; e rejeito é o lixo que não pode ser
reaproveitado.
• O lixo tem natureza jurídica de poluente (art. 3º, III, da Lei n. 6.938/1981).
3. PRINCÍPIOS E OBJETIVOS

São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos (art. 6º):


I - a prevenção e a precaução;
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as
variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde
pública;
IV - o desenvolvimento sustentável;
V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento,
a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam
as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do
impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no
mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta;
VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder
público, o setor empresarial e demais segmentos da
sociedade;
VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos;
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e
reciclável como um bem econômico e de valor social,
gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;
IX - o respeito às diversidades locais e regionais;
X - o direito da sociedade à informação e ao controle social;
XI - a razoabilidade e a proporcionalidade.
• São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (art. 7º):
I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;
II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos
resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos
rejeitos;
III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de
bens e serviços;
IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como
forma de minimizar impactos ambientais;
V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;
VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de
matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados;
VII - gestão integrada de resíduos sólidos;
VIII - articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o
setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão
integrada de resíduos sólidos;
XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para:
a) produtos reciclados e recicláveis;
b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com
padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos;
XIII - estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do
produto;
XIV - incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e
empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao
reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o
aproveitamento energético;
XV - estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.
5. PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

• São planos de resíduos sólidos (art. 14):


I - o Plano Nacional de Resíduos Sólidos;
II - os planos estaduais de resíduos sólidos;
III - os planos microrregionais de resíduos sólidos e os
planos de resíduos sólidos de regiões metropolitanas ou
aglomerações urbanas;
IV - os planos intermunicipais de resíduos sólidos;
V - os planos municipais de gestão integrada de resíduos
sólidos;
VI - os planos de gerenciamento de resíduos sólidos.
5.1. PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A União elaborará, sob a coordenação do Ministério


do Meio Ambiente, o Plano Nacional de Resíduos
Sólidos, com vigência por prazo indeterminado e
horizonte de 20 (vinte) anos, a ser atualizado a cada
4 (quatro) anos.
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos será
elaborado mediante processo de mobilização e
participação social, incluindo a realização de
audiências e consultas públicas.
5.2. PLANOS ESTADUAIS E MUNICPAIS DE RESÍDUOS
SÓLIDOS

Além do Plano Nacional, a elaboração de Planos


Estaduais e Municipais é condição para os estados e
os municípios terem acesso a recursos da União, ou
por ela controlados, destinados a empreendimentos
e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos,
ou para serem beneficiados por incentivos ou
financiamentos de entidades federais de crédito ou
fomento para tal finalidade (arts. 16 e 18).
5.3. PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

É parte integrante do licenciamento ambiental do empreendimento ou


atividade.
Estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos
sólidos:
I - os geradores de resíduos dos serviços públicos de saneamento
básico, de resíduos industriais, de resíduos de serviços de saúde e de
resíduos de mineração;
II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que:
a) gerem resíduos perigosos;
b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por
sua natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos
resíduos domiciliares pelo poder público municipal;
III - as empresas de construção civil;
IV - os responsáveis pelos terminais e os originários
de portos, aeroportos, terminais alfandegários,
rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira e
as empresas de transporte;
V - os responsáveis por atividades
agrossilvopastoris.
Dessa forma, mesmo caracterizados como não
perigosos, os resíduos estarão sujeitos à elaboração
de plano de gerenciamento quando não forem
equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder
público municipal.
6. RESPONSABILIDADES DOS GERADORES E DO PODER PÚBLICO

• O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela


efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política
Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações
estabelecidas na Lei n. 12.305/2010.
• Cabe ao poder público atuar, subsidiariamente, com vistas a minimizar
ou cessar o dano, logo que tome conhecimento de evento lesivo ao meio
ambiente ou à saúde pública relacionado ao gerenciamento de resíduos
sólidos, sendo que os responsáveis pelo dano ressarcirão integralmente o
poder público pelos gastos decorrentes das ações empreendidas.
• É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada,
abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os
consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos,
7. RESÍDUOS PERIGOSOS

• A instalação e o funcionamento de empreendimento ou


atividade que gere ou opere com resíduos perigosos
somente podem ser autorizados ou licenciados pelas
autoridades competentes se o responsável comprovar, no
mínimo, capacidade técnica e econômica, além de
condições para prover os cuidados necessários ao
gerenciamento desses resíduos.
• No licenciamento ambiental de empreendimentos ou
atividades que operem com resíduos perigosos, o órgão
licenciador do Sisnama pode exigir a contratação de seguro
de responsabilidade civil por danos causados ao meio
ambiente ou à saúde pública.
8. PROIBIÇÕES
• São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de
resíduos sólidos ou rejeitos:
I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;
III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não
licenciados para essa finalidade;
IV - outras formas vedadas pelo poder público.
Quando decretada emergência sanitária, a queima de resíduos a céu aberto
pode ser realizada, desde que autorizada e acompanhada pelos órgãos
competentes do Sisnama, do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária)
e, quando couber, do Suasa (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade
Agropecuária).
Dessa forma, a lei proíbe a incineração a céu aberto ou em recipientes,
instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade; a contrario
sensu permite a incineração de resíduos sólidos desde que realizada com
emprego de equipamentos licenciados pela autoridade ambiental competente.
São proibidas, nas áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos, as
seguintes atividades:
I - utilização dos rejeitos dispostos como alimentação;
II - catação;
III - criação de animais domésticos;
IV - fixação de habitações temporárias ou permanentes;
V - outras atividades vedadas pelo poder público.
O plano estadual de resíduos sólidos deve ter por meta a eliminação e
recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação
econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
É proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos,
bem como de resíduos sólidos cujas características causem dano ao
meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda
que para tratamento, reforma, reuso, reutilização ou recuperação.
9. LOGÍSTICA REVERSA

Regulamentada pelo Decreto n. 9.177/2017.


São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa,
mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos
sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de (art.
33):
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja
embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso;
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Se o titular do serviço público de limpeza urbana
e de manejo de resíduos sólidos, por acordo
setorial ou termo de compromisso firmado com o
setor empresarial, encarregar-se de atividades de
responsabilidade dos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes nos sistemas de
logística reversa dos produtos e embalagens a
que se refere o artigo 33, as ações do poder
público serão devidamente remuneradas, na
forma previamente acordada entre as partes.
POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS

A CF adotou, para as águas subterrâneas, o domínio estadual e


para as águas superficiais, houve divisão entre e União e os
Estados, de acordo com sua localização. Para as águas
superficiais, os corpos hídricos que ultrapassam os limites de
um Estado pertencem à União. A cada Estado cabe a gestão
das águas subterrâneas, embora possam ultrapassar os limites
de um único Estado.
Dessa forma, pela Constituição Federal, todas as águas
passaram a pertencer à União, aos Estados ou, por extensão e
analogia, ao Distrito Federal, conforme sua localização e
critérios constitucionais, não havendo titularidade municipal.
Não existem mais as águas comuns ou particulares no Brasil.
A Lei n. 9.433/1997 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e regulamenta o
inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e estrutura respectivos
fundamentos, objetivos, instrumentos.
A Lei n. 11.445/2007 estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.
O art. 21, XIX, da CF impõe a criação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos e a definição dos critérios de outorga de direitos de seu
uso.
A Lei n. 9.984/2000 criou a Agência Nacional de Águas (ANA) entidade
destinada a implementar a Política Nacional dos Recursos Hídricos. Ao que
tudo indica, essa lei foi criada para proteger serviços transferidos à iniciativa
privada.
Por meio da Lei da Política Nacional dos Recursos Hídricos, consagra-se, no
ordenamento jurídico brasileiro, a natureza de Direito Público dada à matéria,
em detrimento do seu tratamento como matéria inerente ao Direito Privado.
Fundamentos da PNRH (art. 1º)
a) a água é um bem de domínio público;
b) a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
c) em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
d) a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo
das águas;
e) a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
f) a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Objetivos da PNRH (art. 2º)

a) assegurar à atual e às futuras gerações a necessária


disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos
respectivos usos;
b) a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo
o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento
sustentável;
c) a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de
origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos
naturais.
d) incentivar e promover a captação, a preservação e o
aproveitamento de águas pluviais.
Instrumentos da PNRH (art. 5º)

a) Planos de Recursos Hídricos;


São planos diretores que visam a fundamentar e orientar a
implementação da PNRH e o gerenciamento dos recursos
hídricos (art. 6º). Serão elaborados por bacia hidrográfica, por
Estado e para o País (art. 8º). São planos de longo prazo, com
horizonte de planejamento compatível com o período de
implantação de seus programas e projetos.
b) enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
os usos preponderantes da água;
c) outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
Objetivo da outorga
O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos
assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício
dos direitos de acesso à água.
c.3) Obrigatoriedade de outorga
Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos
hídricos:
i) derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
ii) extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo
produtivo;
iii) lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,
tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
iv) aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
v) outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em
um corpo de água.
Prazo
Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo
não excedente a trinta e cinco anos, renovável (art. 16).
Dispensa de outorga
Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em
regulamento:
i) o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de
pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;
ii) as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
iii) as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
Nessas hipóteses, não há pagamento pelo uso da água, uma vez que a
outorga é indispensável para a cobrança do uso da água (art. 20).
Cobrança pelo uso de recursos hídricos;
Objetivos da cobrança (art. 19):
i) reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de
seu real valor;
iii) incentivar a racionalização do uso da água;
iii) obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e
intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
iv) estimular o investimento em despoluição, reuso, proteção e conservação,
bem como a utilização de tecnologias limpas e poupadoras dos recursos
hídricos, de acordo com o enquadramento dos corpos de águas em classes de
usos preponderantes; e
v) induzir e estimular a conservação, o manejo integrado, a proteção e a
recuperação dos recursos hídricos, com ênfase para as áreas inundáveis e de
recarga dos aquíferos, mananciais e matas ciliares, por meio de compensações
e incentivos aos usuários.
Saneamento básico
A Lei n. 11.445/2007 estabelece diretrizes
nacionais para o saneamento básico.
Reconheceu o valor universal de acesso à água
como um princípio, que alude a uma
responsabilização do Estado e dos operadores
pelo fornecimento adequado dos serviços.
Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão
prestados com base nos seguintes princípios fundamentais:
I - universalização do acesso;
II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as
atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de
saneamento básico, propiciando à população o acesso na
conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia
das ações e resultados;
III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza
urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas
adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente;
IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de
drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização
preventiva das respectivas redes, adequados à saúde pública e
à segurança da vida e do patrimônio público e privado;
V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem
as peculiaridades locais e regionais;
VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e
regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua
erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e
outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da
qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator
determinante;
VII - eficiência e sustentabilidade econômica;
VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando
a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de
soluções graduais e progressivas;
IX - transparência das ações, baseada em sistemas de
informações e processos decisórios institucionalizados;
X - controle social;
XI - segurança, qualidade e regularidade;
XII - integração das infra-estruturas e serviços com a
gestão eficiente dos recursos hídricos.
XIII - adoção de medidas de fomento à moderação do
consumo de água.
Política Nacional de Segurança de Barragens
A Lei n. 12.334/2010 estabelece a Política Nacional de
Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água
para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de
rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, bem como
criou o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança
de Barragens.
A lei conceito barragem com “qualquer estrutura em um
curso permanente ou temporário de água para fins de
contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de
misturas de líquidos e sólidos, compreendendo o
barramento e as estruturas associadas” (art. 2º, I).
Objetivos
Art. 3o São objetivos da Política Nacional de Segurança de Barragens
(PNSB):
I - garantir a observância de padrões de segurança de barragens de
maneira a reduzir a possibilidade de acidente e suas consequências;
II - regulamentar as ações de segurança a serem adotadas nas fases de
planejamento, projeto, construção, primeiro enchimento e primeiro
vertimento, operação, desativação e de usos futuros de barragens em
todo o território nacional;
III - promover o monitoramento e o acompanhamento das ações de
segurança empregadas pelos responsáveis por barragens;
IV - criar condições para que se amplie o universo de
controle de barragens pelo poder público, com base na
fiscalização, orientação e correção das ações de
segurança;
V - coligir informações que subsidiem o gerenciamento da
segurança de barragens pelos governos;
VI - estabelecer conformidades de natureza técnica que
permitam a avaliação da adequação aos parâmetros
estabelecidos pelo poder público;
VII - fomentar a cultura de segurança de barragens e
gestão de riscos.

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