Direito para todos:

PESSOAS COM DEFICIENCIA NO RN

Conhecendo, acessando e vivendo seus direitos
PREZADOS,

Esta cartilha é um guia abrangente,

um farol de conhecimento para
pessoas de todos os gêneros e tipos
de deficiência no Rio Grande do Norte,
Brasil. Mais do que uma compilação
de leis e serviços, é um convite à
conscientização, destacando a
importância vital de entender não
apenas os direitos, mas também os
deveres que vêm com a participação
ativa na sociedade. Acreditamos que
o acesso prático a esses direitos é
fundamental para a construção de
uma comunidade inclusiva e
equitativa.
O QUE SÃO ESSES DIREITOS? ONDE PODEMOS APLICAR ESSES DIREITOS?
O Estatuto da Pessoa com Deficiência, é uma Eles podem ser
legislação que busca assegurar os direitos das aplicados em diversas
pessoas com deficiência, promovendo sua áreas possíveis, que
inclusão social e garantindo a igualdade de serão trabalhadas ao
oportunidades. longo da cartilha,
como: educação,
saúde, trânsito,
trabalho, cultura,
ensino superior e entre
outros.

QUEM SÃO ESSAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA? ACESSIBILIDADE

De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Segundo o art. 8º do decreto 5.926/04,
Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) em acessibilidade é “a condição para utilização,
seu Artigo 2º, considera-se pessoa com com segurança e autonomia, total ou assistida,
deficiência aquela que tem impedimento de dos espaços, mobiliários e equipamentos
longo prazo de natureza física, mental, urbanos, das edificações, dos serviços de
intelectual ou sensorial, que, em interação com transporte e dos dispositivos, sistemas e meios
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua de comunicação e informação, por pessoa
participação plena e efetiva na sociedade em portadora de deficiência ou com mobilidade
igualdade de condições com as demais reduzida”. Aqui iremos abordar diversas áreas
pessoas. Essa legislação visa garantir direitos e de acessibilidade para o PDC.
promover a inclusão social, educacional,
profissional e cultural dessas pessoas.
INTRODUÇÃO
No Rio Grande do Norte, a legislação busca promover Entretanto, essa realidade ainda não existe para
a acessibilidade como direito fundamental, alinhado todos os níveis da educação, mas o governo do
aos princípios constitucionais de igualdade e Estado do RN recentemente apresentou o projeto
dignidade. Inspirada pelo artigo 5º da Constituição de lei que visa instituir o “Selo Escola Amiga da
Federal, a abordagem jurídica no estado visa eliminar Educação Inclusiva”, que visa agraciar as escolas
barreiras e garantir a plena participação das pessoas públicas e privadas do estado que adotem
com deficiência em todos os setores da sociedade, medidas para a implantação de um sistema
destacando a importância de espaços acessíveis, leis
educacional inclusivo de pessoas com deficiência
inclusivas e a erradicação do capacitismo. A justiça
em todos os níveis de ensino. Essa proposta foi
potiguar trilha caminhos que ressoam uma sinfonia
apresentada no dia 18/08/2023. E em breve,
jurídica pela igualdade e inclusão.
espera-se que o Estado seja agraciado com essa
lei, que tanto beneficia e promove os direitos das
ACESSIBILIDADE NA EDUCAÇÃO Pessoas com Deficiência, conforme sustenta seu
Estatuto.
No Rio Grande do Norte, diversas instituições de
ensino públicas e particulares que promovem a
igualdade e a acessibilidade à pessoas com
deficiência, como é o caso da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN) com medidas e
promoção de artigos que pensam na inclusão das
pessoas com deficiência, o Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte (IFRN) com o Núcleo de Apoio às Pessoas
com Necessidades Educacionais Específicas
(Napne), e o Centro Universitário do Rio Grande do
Norte (UNI-RN) com a promoção do Núcleo de
Inclusão.
ACESSIBILIDADE NO DIREITO
No âmbito jurídico do Rio Grande do Norte, as
medidas de acessibilidade para pessoas com
deficiência abrangem políticas que visam garantir a
aplicação efetiva dos direitos estabelecidos. Isso
inclui a promoção de legislação que assegure a
acessibilidade em espaços públicos, prédios e
serviços, bem como a proteção dos direitos
educacionais, trabalhistas e sociais das pessoas
com deficiência.

Além disso, iniciativas legais podem abranger

ações específicas para enfrentar a discriminação e ACESSIBILIDADE NO TRÂNSITO
o capacitismo, promovendo a participação ativa e
igualitária desses indivíduos na sociedade potiguar. O trânsito brasileiro possui diversas especificações voltadas
O enfoque jurídico busca, assim, criar um ambiente para acessibilidade, porém, estas não são de conhecimento
legal inclusivo que respalde e proteja os direitos das geral. O CTB (Código de Trânsito Brasileiro) é responsável
pessoas com deficiência no estado. principalmente pela educação no trânsito e pela fiscalização
das leis voltadas para a acessibilidade. Dessa forma, os
Em síntese, o Rio Grande do Norte busca construir direitos das pessoas com deficiência são garantidos de
uma base sólida de direitos para as PCD, maneira eficiente.
abordando não apenas a infraestrutura física, mas
também promovendo a inclusão em todos os Além disso, existe a ignorância da população perante o
aspectos da vida, desde a educação até a assunto da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) para PCD.
participação ativa na comunidade. Este enfoque Na situação das pessoas com deficiência, as especificações
holístico reflete o comprometimento do estado em são apenas a avaliação dos médicos, durante a etapa de
garantir a plena realização dos direitos exames, como o candidato vai se desenvolver diante da
fundamentais das pessoas com deficiência. dimensão da sua deficiência. E, posteriormente, são
Veremos mais a frente cada área, como já vimos, a necessários carros adaptados para PCD.
área da educação.
Nesse sentido, é importante citar os benefícios nas compras
de veículos realizadas por estes indivíduos. A lei 10.690/03
possibilita a compra de um carro para pessoa com
deficiência com até 30% de desconto, pois há a isenção de
impostos. A acessibilidade no trânsito também se expande na
questão da licença para estacionamento. O cartão Defis-DSV
existe para que o direito de ter uma vaga reservada seja
garantido e, este pode ser adquirido gratuitamente. Por isso,
conclui-se a importância de ter conhecimento sobre as leis e
direitos e deveres que abordam esse determinado grupo da
sociedade. Ademais, é lícito citar que a contribuição das pessoas com
deficiência cognitiva também receba a devida atenção,
incluindo-as em todas as etapas do processo cultural
ACESSIBILIDADE NA CULTURA promovendo a produção de obras e a participação em
grupos artísticos para que haja a expressão de suas vozes
A acessibilidade cultural diz respeito a medidas que visam únicas e para enriquecer o cenário cultural com ampla
garantir que às PCD tenham acesso aos bens culturais, como diversidade.
museus, teatros, cinemas, bibliotecas e outros. No entanto,
muitas pessoas deste grupo específico enfrentam Faz-se também necessária a capacitação de profissionais
dificuldades para o acesso deste direito tão crucial. Assim, é envolvidos nesse ramo para que possam compreender e
de suma importância orientar os locais e fornecedores de auxiliar aqueles que possuem certa dificuldade, criando
expressões culturais para a inclusão de pessoas com programas de adaptação de práticas e ambientes para que
deficiência física e/ou cognitiva ao tomarem medidas como: suas práticas sejam cada vez mais inclusivas. Dessa forma, é
rampas de acesso, sinalização visual e tátil, audiodescrição, essencial uma divulgação acessível em massa da
legendas, linguagem simples e adaptada, além de oferecer necessidade e importância dessas medidas para um meio
suporte individualizado para aqueles que necessitam. cultural inclusivo e diverso.
ACESSIBILIDADE NO PROGRESSO DE INGRESSO
À UNIVERSIDADE
No Estado do Rio Grande do Norte, também se
promovem as cotas como forma de equiparação ao ACESSIBILIDADE NA
ingresso nas instituições de ensino superior públicas e SAÚDE
privadas da pessoa com deficiência, através do Prouni, e
Na Constituição Federal de 1988, estão assegurados os direitos
do Sisu, para instituições como UFERSA, UERN, UFRN, UNI-
das pessoas com deficiência nos mais diferentes campos e
RN e outras.
aspectos:
• Leis n.º 7.853/89 - dispõe sobre o apoio às pessoas com
Outras personalidades também promovem o incentivo a
deficiência e a sua integração social
pessoas com deficiência de cursarem o ensino superior
• Lei n.º 8.080/90 - Lei Orgânica da Saúde
no estado, como é o caso da blogueira potiguar Raquel
• Decreto n.º 3298/99.
Nery, que possui autismo grau 2, considerado moderado
• Portaria n.º 204/91 - insere no SIH/SUS o tratamento em
e cursa Medicina na UFRN. Ela compartilha sua rotina em
reabilitação e seus procedimentos;
aplicativos como Tik Tok e Instagram, bem como as
• Portaria n.º 303/92 - inclui no SIA/SUS procedimentos de
dificuldades que enfrenta na universidade, ela também
reabilitação;
dá várias entrevistas em outros meios midiáticos,
• Portaria n.º 304/92 - fixa normas de procedimentos de
promovendo assim, um maior incentivo outros jovens de
reabilitação;
sua faixa etária no estado do RN a cursarem ensino
• Portaria n.º 305/92 - inclui internação em reabilitação no SIH/
superior.
SUS;
• Portaria n.º 306/92 - apresenta normas dos procedimentos
de reabilitação;
• Portaria n.º 225/92 - dispõe sobre o funcionamento dos
serviços de saúde para o deficiente no SUS;
• Portaria n.º 116/93 - inclui a concessão de órteses e próteses
na tabela de procedimentos ambulatoriais do SUS;
• Portaria n.º 146/93 - regulamenta a concessão de órteses e
próteses visando a reabilitação e a inserção social
ACESSIBILIDADE NO TRABALHO
Pessoas com deficiência encontram barreiras em várias áreas
de suas vidas. No mercado de trabalho as dificuldades mais
comuns encontradas por esses grupos são: Falta de
acessibilidade no local de entrevista, estereótipos e
preconceitos, desconhecimento das empresas, falta de
oportunidades de desenvolvimento profissional, treinamentos e
programas de capacitação e Limitações de mobilidade.

A contratação de PCDs não é apenas uma questão de A Lei das cotas estabelece que as empresas com 100 ou mais
responsabilidade social. Ela é crucial para promover a inclusão funcionários disponibilizem um percentual de seus cargos com
social e profissional, oferecer oportunidades iguais no mercado beneficiários do INSS reabilitados ou pessoas com deficiência. A
de trabalho, contribuir para a diversidade e a promoção de porcentagem varia de acordo com o tamanho da empresa,
ambientes mais ricos e inovadores. indo de 2% a 5% do total de funcionários da organização.
Mas não é toda deficiência que se enquadra nos critérios da lei.
No olhar mais atualizado prioriza-se a avaliação de
funcionalidade, com avaliação das atividades e das barreiras, A caracterização de deficiências para fins legais de
seguindo os conceitos da Classificação Internacional de enquadramento na cota de uma empresa segue os
Funcionalidade (CIF) e transformando a presença de PCDs na parâmetros do Ministério do trabalho, em seu documento de
força de trabalho de uma empresa em de suma importância 2018 intitulado “CARACTERIZAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS:
para o desenvolvimento das corporações, obtenção de Orientações para fins de cumprimento do art. 93 da Lei nº
resultados acima da média e desenvolvimento do mercado de 8.213/91”.
trabalho.
Para exercer papel inclusivo, se faz necessário existir um
A obrigatoriedade de inclusão de pessoas com deficiência nas compromisso com a diversidade e igualdade, além de
empresas é amparada pela Lei nº 8.213/91, também conhecida implantar políticas internas de inclusão com treinamentos e
como Lei de Cotas, foi promulgada no Brasil visando promover conscientização dos colaboradores acerca de preconceitos
a inclusão social e a igualdade de oportunidades para pessoas com o novo colega, favorecendo um ambiente acolhedor e
com deficiência no mercado de trabalho. mais produtivo.
NOVOS PROJETOS QUE EMBARQUEM AS ORGÃOS DE APOIO ÀS PESSOAS COM
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DEFICIÊNCIA ATUALMENTE NO RN
No dia 23 de novembro de 2023, lançaram-se 100 ações No Rio Grande do Norte existem alguns órgãos que
para implementar o novo "Viver sem limite", pessoas com deficiência podem procurar auxílio,
abrangendo áreas como gestão, participação social, como:
enfrentamento ao capacitismo e à violência,
Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com
acessibilidade, tecnologia assistiva, além da promoção
Deficiência - COMUDE/Natal;
dos direitos à educação, assistência social, saúde, e
Coordenadoria de Promoção e Defesa dos Direitos
demais direitos econômicos, sociais, culturais e
das Pessoas com Deficiência - CORDE/RN;
ambientais do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa Associação de pais, amigos e pessoas com
com Deficiência. Segundo o Planalto, o novo programa deficiência, de funcionários do Banco do Brasil e da
pretende, entre outras ações: Comunidade - APABB;
- Equipar 90 novas policlínicas com mesas Sociedade dos Cegos do Rio Grande do Norte -
ginecológicas e mamógrafos acessíveis, ampliando a SOCERN;
capacidade de atendimento em saúde sexual e Associação dos Deficientes Físicos do Estado do Rio
reprodutiva das mulheres com deficiência. Grande do Norte - ADEFERN;
- Formar 15 mil conselheiros tutelares na temática da Associação de Orientação aos Deficientes - ADOTE;
Associação dos Surdos de Natal - ASNAT;
Promoção de Direitos da Criança e do Adolescente com
Fraternidade Cristã da pessoa com deficiência do
Deficiência.
estado do Rio Grande do Norte - FCD/RN;
- Renovação da frota de ônibus urbanos para veículos
Rede de Cuidados à pessoa com deficiência -
com acessibilidade e tecnologia mais limpa nas RCPD/RN;
cidades com mais de 150 mil habitantes.
- Implantação da Central Nacional de Interpretação da E entre outros.
Língua Brasileira de Sinais.
- A formação de 63 mil professores e 106 mil gestores
em educação especial.
- A promoção de 120 mil novos contratos de trabalho de
pessoas com deficiência ou reabilitadas.
COMO PODEMOS AJUDAR AS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA?
Podemos auxiliar as pessoas com
deficiência através do respeito
principalmente, da inclusão e da
participação na melhoria das políticas
públicas destinadas a eles.

CONCLUSÃO
Diante do exposto, a concretização plena do Estatuto da Pessoa com Deficiência não é apenas um
imperativo legal, mas um chamado à ação para todos os cidadãos. Em consonância com o princípio
aristotélico de tratar desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade, cada indivíduo,
independente de sua própria condição, é convocado a se tornar um agente ativo na promoção e
defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Somente através do engajamento coletivo e da
conscientização sobre a importância de uma sociedade verdadeiramente inclusiva é que podemos
construir um ambiente onde a diversidade seja não apenas aceita, mas celebrada. Ao agir em prol da
igualdade real, contribuímos para a construção de um mundo mais justo e compassivo, onde a
dignidade e os direitos de todos são respeitados e valorizados.
 PROJETO DE EXTENSÃO - UNIRN

Cartilha elaborada por:

Guilherme Augusto de Queiroz Tavares
Júlia Duarte da Costa
Lília Pereira Duarte
Maria da Salete Baracho
Maria Jamilly Maranhão Pegado Cortêz
Thalia Paula Lima Silva

LEIA NA ÍNTEGRA: