Projecto Actualizado

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 21

Mário Sobrinho Assado

Impactos ambientais da exploração insustentável de recursos florestais- Estudo de caso


do Posto Administrativo de Ulónguè: 2020- 2023

Licenciatura em ensino de Biologia com habilidades em Química-EaD

Universida de Púnguè

Tete

2023
1.0. Introdução

A maior parte da população moçambicana é pobre e vive na zona rural, tendo como actividade
básica a agricultura de subsistência ou tradicional, que constitui a base da sua sobrevivência.
Embora a agricultura de subsistência constitua actividade predominante do meio rural, as
florestas, assim como as savanas fornecem, à população rural, variados produtos e matéria-
prima, dos quais, a lenha, o carvão vegetal, materiais de construção, plantas medicinais, entre
outros.

As plantas desempenham um papel fundamental no bem-estar das diferentes comunidades, e a


maioria da população não apenas depende das plantas, mas, sobretudo confia no uso de remédios
tradicionais, bem como nos serviços prestados pelos praticantes de medicina tradicional, cujo
conhecimento sobre plantas e sua ecologia é inestimável.

Apesar do papel que as florestas desempenham, nos últimos anos constatou uma redução
significativa destas, devido ao corte selectivo de madeira de valor tradicional para satisfazer as
necessidades básicas das comunidades em energia e materiais de construção e, de valor
comercial para alimentar o mercado nacional e estrangeiro, ambos em franco crescimento,
contudo, em ambos os casos, factores sociais e económicos estão por detrás da mudança da
composição e da cobertura florestal. É de realçar que também as práticas agrícolas impróprias
(agricultura tradicional) praticada pelas comunidades no meio rural agrava essa situação, devidas
as técnicas utilizadas.

Constitui um desafio do país, a percepção das causas e procura de soluções para uma utilização racional
e sustentável dos recursos florestas. É neste contexto que “ Impactos ambientais da exploração
insustentável de recursos florestais, estudo de caso do Posto Administrativo de Ulónguè: 2019 - 2023”
constitui tema da presente pesquisa.

Devido à importante função sócio-económica e ambiental que as florestas desempenham para as


comunidades, urge a necessidade para o seu uso racional, de modo que as futuras gerações possam
desfrutar do mesmo recurso. Tem-se como questão de partida para a presente pesquisa a seguinte:
Quais são os impactos ambientais da exploração insustentável dos recursos florestais no Posto
Administrativo de Ulónguè?

2.0. Tema e Problematização


2.1. Tema:

Impactos ambientais da exploração insustentável de recursos florestais.

2.2. Problematização

A exploração da flora deve ser feita de uma forma que permite salvaguardar os recursos deste
conjunto de espécies vegetais, visto que, ela faz parte da nossa sobrevivência.

Partindo do que é observado em determinadas áreas no Posto Administrativo de Ulónguè na


Localidade de Naming'ona no distrito de Angónia, e levando em consideração a excessiva
utilização de recursos da flora naquele ponto, a presente pesquisa trará vários exemplos
colectados com o intuito de responder o seguinte problema de pesquisa. " Quais são os impactos
ambientais da exploração insustentável dos recursos florestais?"

3.0. Hipóteses e Objectivos

3.1. Hipóteses
A exploração insustentável de recursos florestais pode provocar os seguintes impactos
ambientais:

Hipótese 1: Desflorestamento;

Hipótese 2: Erosão do solo e

Hipótese 3: Redução do efectivo de animais.

3.2. Objectivos:

Geral

Analisar os impactos ambientais provocados pela exploração insustentável dos recursos


florestais.

Específicos

 Identificar os factores intervenientes no processo de exploração dos recursos florestais;

 Descrever os problemas ambientais provocados pela exploração insustentável de recursos


florestais e

 Propor medidas que visam o uso sustentável dos recursos florestais.

4.0. Justificativa
A elaboração deste projecto de pesquisa deve-se ao facto do autor frequentar o Posto
Administrativo de ulónguè, concretamente na Localidade de Naming'ona várias vezes por ser o
local de trabalho.

Ao abservar em 2020, vastas áreas desflorestadas na localidade acima supra citada chamaram-me
atenção e a preocupação tomou conta de mim. A falta da reflexão na exploração de recursos da
flora de uma forma adequada e sustentável poderá trazer consequências graves para o ambiente.

Portanto, espero que este projecto de pesquisa traga soluções para inverter o cenário triste que se
observou.

5.0. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Este capitulo aborda a fundamentação teórica e tem os seguintes pontos: conceitos básicos, as
savanas tropicais, importância da vegetação, o desflorestamento no mundo e em Moçambique
em particular.

5.1. Conceitos básicos

Bioma é a associação natural e abrangente de plantas e de animais, delineada por padrões


comuns de clima, à escala continental. O mesmo bioma pode encontrar-se em várias regiões do
globo, onde as condições climáticas sejam semelhantes (valores e variações anuais de
temperatura e precipitação). Constituem exemplos de biomas: a tundra, floresta de folha caduca,
matagais mediterrânicos, pradaria, deserto. Segundo GARRIDO e COSTA (1996 p.192)
“vegetação é o conjunto de plantas cuja presença melhor corresponde espontaneamente às
condições ecológicas locais”.

Floresta é uma comunidade vegetal, caracterizada pela presença de árvores ou outra vegetação
lenhosa, que ocupa uma grande extensão de terra.

Savana é a pradaria tropical, que contem arbustos e árvores dispersas de vários tamanhos.
Localizam-se entre a floresta tropical e o limite de regiões desérticas de clima quente. As árvores
podem surgir concentradas em bosques ou em florestasgaleria ao longo dos rios. Segundo
FERREIRA e NETO (2002, p. 62), a exploração madeireira é o ramo da indústria madeireira
voltado ao processamento da madeira, inclui o plantio ou extracção, o corte, o armazenamento, o
tratamento bioquímico, a modelagem e a finalização.

Desmatamento ou desflorestação é a destruição em grande escala das matas. Refere à


destruição provocada pela acção humana, para explorar a madeira ou destinar a superfície
florestal a fins como cultivos agrícolas, pecuária, plantações de árvores, explorações minerais ou
urbanização de regiões, entre outros.

Silvicultura é a arte ou a ciência de manipular um sistema dominado por árvores e seus


produtos, com base no conhecimento das características ecológicas do sítio, com vista a alcançar
o estado desejado, e de forma economicamente rentável (Ribeiro et. al., 2002, p. 2).
Agricultura é a actividade que associa o Homem com a terra de uma forma sistemática e
metódica com objectivo de produzir alimentos. Pode incluir também a criação do gado
(BATOUXAS e VIEGAS, 1998, p. 9).

Mangais ou florestas costeiras são formações florestais que ocorrem nos estuários de rios e
lagos costeiros sujeitos ao regime de marés. Mangais são um tipo florestal, característico da zona
litoral da costa tropical e subtropical e, marcam uma transição entre a plataforma continental e a
marítima.

Recurso florestal é o recurso que se obtém a partir das florestas e que permite satisfazer
algumas necessidades humanas, seja de forma directa ou indirecta. Constituem exemplos de
recursos florestais as árvores e os animais.

Exploração florestal é a extracção de recursos de uma área florestada. A exploração dos


recursos florestais pode ocorrer de forma controlada ou não, dependendo da regularização,
fiscalização, consciencialização da importância das florestas e incorporação das comunidades no
processo de gestão das mesmas.

As savanas tropicais

O aparecimento da savana pode decorrer das características do solo, de incêndios periódicos


provocados por raios ou pela acção humana, ou da influência do clima.As savanas tropicais
encontram-se nas regiões quentes com precipitações anuais entre 100 e 400 milímetros, com uma
estação seca prolongada, durante a qual os fogos constituem uma parte importante do ambiente.
Elas são mais expressivas na África, embora também existam savanas ou pradarias tropicais de
considerável extensão na América do Norte e Sul e, Norte da Austrália. Uma vez que tanto as
árvores (acácias, imbondeiros, eufóbias arboscentes, palmeiras e árvores pirotescas), assim como
as gramíneas têm de ser resistentes à seca e ao fogo, o número das espécies que compõem a
vegetação não é grande (ODUM, 2004, p. 626 ). A população dos mamíferos ungulados da
savana africana não tem comparação em número e variedade, em qualquer outra parte do mundo.
Os antílopes, o gnu, a zebra e a girafa pastam em vastas áreas e são caçados por leões, chitas e
outros predadores como a hiena e cães selvagens. Neste bioma também se encontram
hipopótamos e crocodilos nos cursos de água e, mamíferos de grande porte como elefantes e, de
pequeno porte como os macacos. Os insectos são mais abundantes durante a estação chuvosa,
quando maior parte das aves nidifica, ao passo que os répteis podem ser mais activos durante a
estação seca.

5.2. Importância da vegetação

Importância económica

A cobertura florestal que cobre o planeta Terra é fortemente cobiçada, em particular nas regiões
tropicais, já que constituem um dos mais preciosos recursos naturais de que o homem dispõe,
sendo numerosas as suas aplicações de natureza económica (ANTUNES, 1999, p. 318).

Dentre os seus atributos económicos destacam-se:

 São fonte de matéria-prima de variadas indústrias: mobiliário, construção civil, fibras


sintécticas, celulose para o fabrico de papel, cola, vernizes;

 Delas se extrai uma imensidade de substâncias utilizadas na produção de medicamentos


(mais de um quarto dos quais contêm ingredientes activos extraídos de plantas);

 Constituem poderosa fonte de energia (aquecimento, confecção de alimentos),


desempenhando ainda, no mundo em desenvolvimento, um papel de grande relevo (fonte
de rendimento familiar nas zonas rurais).

Importância ambiental

Segundo ANTUNES (1999, p. 297), a vegetação constitui um património mundial, na medida


em que desempenha um papel de primeiro plano no equilíbrio ambiental; através da fotossíntese,
absorvem o dióxido de carbono, atenuando deste modo o efeito de estufa. Pela mesma função,
constituem autênticas “fábricas de oxigénio”, que proporcionam purificação constante do ar
atmosférico. Desempenham uma função despoluidora importante, nomeadamente através da
fixação de certos gases, poeira e outras partículas existentes na atmosfera (diminuindo as
doenças respiratórias). Actuam como regularizadores do clima (amenizam as temperaturas e
influenciam a humidade do ar, especialmente através da evapotranspiração), dificultando o
avanço da desertificação e travando o aquecimento global. Protegem os solos de erosão hídrica e
marinha e, travam o escoamento tumultuoso das águas, reduzindo a amplitude das cheias. Além
disso, assumindo o papel de “pára-vento”, protege também os solos de erosão eólica e marinha
no caso dos manguais. Em suma, a vegetação pode assumir uma função turística (ecoturismo) e
recreativa. É o caso das florestas tropicais e das florestas relativamente próximas dos centros
urbanos, que acolhem grande numero de pessoas, particularmente nas férias, fins-desemana e nas
épocas quentes.

5.3. O desflorestamento no Mundo

As florestas foram um dos primeiros ecossistemas a serem explorados e devastados pelo


Homem. O desflorestamento no mundo, iniciou-se com o surgimento e desenvolvimento da
agricultura e, prolongando-se até aos dias actuais e, é responsável por uma redução da área
florestal global da ordem de 20% a 25% (SANTOS, 2012, p. 97-98). A exploração florestal
tornou se necessária ao progresso e desenvolvimento económico e social. O problema não é a
exploração desses recursos, mas sim a pressão que sofrem, visto que muitas vezes, pela ânsia ao
lucro fácil e satisfação das necessidades básicas das populações mais pobres, tem pressionado
esses recursos intensivamente ao ponto de os esgotar em alguns locais ao ponto de por em causa
vários ecossistemas.

Calcula-se que a floresta mundial tenha vindo a sofrer nos últimos tempos um recuo anual da
ordem dos 30 milhões de hectares (ha). O desflorestamento é alarmante nos países da Ásia,
África e América do Sul. Segundo investigadores de um laboratório europeu, 5,8 milhões de ha
de floresta tropical húmida foram destruídos entre 1990 e 1997 e 2,3 milhões estão deteriorados.

No mundo tropical, a pressão sobre as florestas é mais acentuada apesar do desflorestamento ter
iniciado a apenas 30 anos, mas já conseguiu reduzir de forma drástica as áreas intactas de
floresta. A desflorestação nos trópicos é especialmente grave porque as florestas tropicais não se
regeneram facilmente e porque são uma fonte extremamente rica de biodiversidade. A floresta
densa equatorial ocupa uma área de cerca de 9,3 milhões de km2, e tem sido a mais sacrificada,
com especial incidência na América Latina, na África Ocidental, Sul e Sudeste da Ásia.

O Brasil é o país onde se encontra o maior território ocupado por florestas tropicais e é
simultaneamente o lugar onde a desflorestação causa mais danos. Até aos anos 70, considerava-
se que o desflorestamento de Amazonas era um problema menor, com um impacto local
limitado, no entanto, a situação mudou radicalmente. O desflorestamento não se limita aos países
em vias de desenvolvimento. Grande parte da Europa tem praticado o reflorestamento. A título
de exemplo, tem-se a França, em que havia 7 milhões de há. de floresta no séc. XVII, enquanto
na actualidade tem aproximadamente 14 milhões de hectares.Noutras zonas do mundo, a floresta
tem vindo, igualmente, a ganhar algum terreno, como por exemplo em Marrocos, no Chile, no
Uruguai e na África do Sul. Todavia, este esforço de reflorestamento ainda continua
insignificante quando comparamos com a destruição.

5.3.1. Causas do desflorestamento

Entre as principais causas do desflorestamento no mundo, destacam-se: as actividades agro-


pecuária, os incêndios, o pastoreio excessivo, a actividade industrial, a expansão urbana e o
desenvolvimento das vias de comunicação, poluição e turismo (ANTUNES, 1999, p. 320).

 Actividade agro-pecuária

O rápido crescimento da população mundial, e a consequente necessidade de produzir


quantidades crescentes de produtos alimentares da terra, obrigou a uma acelerada expansão da
superfície arável, quase sempre a partir da destruição da vegetação nativa. As queimadas no
sistema de agricultura itinerante têm sido também responsáveis pela destruição de enormes
extensões de floresta e savana, particularmente na África, América Latina e na Ásia do sul e
sudoeste.

 Os incêndios

A mortalidade da maioria das árvores se deve principalmente a fogo e secas. A influência destes
factores, varia de uma espécie para outra. (Ribeiro et. al., 2002, p. 43). Quer os incêndios
acidentais ou originados criminosamente são responsáveis pela devastação de milhões de
hectares de florestas. Flagelos de todos os verões, os incêndios florestais têm sido implacáveis
em muitas regiões do mundo, nomeadamente nos países mediterrâneos. Portugal não tem
escapado a este flagelo: só entre 1980 e 1995 as chamas devoraram mais de um milhão de
hectares da cobertura de florestas e de mato.

 O sobre pastoreio

Os rebanhos demasiado numerosos para a capacidade das terras de pastagem, especialmente o


gado bovino e caprino, de grande voracidade, constituem também, em muitas regiões, um
autêntico flagelo para a vegetação. Os efeitos perniciosos do sobre pastoreio manifestam-se pela
rarefacção ou mesmo desaparecimento de muitas espécies, devoradas pelo gado. Por outro lado,
comendo os rebentos, os botões e as folhas dos arbustos e das árvores jovens, os animais
impedem o seu normal desenvolvimento, chegando a morrer.

 A actividade industrial e a expansão urbana

O crescente consumo de madeira na construção civil e como matéria-prima do papel, de variadas


fibras artificiais e do mobiliário, entre outros, sacrifica grandes áreas florestais. A crescente
procura de certas madeiras exóticas, destinadas á construção civil de qualidade e a produção de
mobiliário de luxo leva a sistemáticas e desastrosas devastações da floresta tropical. Por outro, a
exploração mineira, tem efeitos altamente perniciosos na vegetação, constituindo uma das
formas de agressão do meio ambiente. Em suma, a expansão das cidades e o desenvolvimento
das vias de comunicação (construção de estradas e vias férreas) não deixaram de ter igualmente
impacto negativo na delapidação da vegetação para vários fins que vão desde a sua aplicação nas
construção de habitações, assim como fonte de energia para satisfazer as necessidades básicas
(ANTUNES, 1999).

5.3.2. Consequências do desflorestamento

O desflorestamento faz com que um solo fértil seja destruído, que mais facilmente ocorra erosão
do solo, aridez, inundações e consequente perda da vida selvagem.

Segundo ANTUNES (1999 p. 321), as consequências da desflorestação irracional são muito


variadas, pelo que se tem a degradação dos solos, alterações climáticas, impacto nos recursos
hídricos, alterações da forma como mais importantes.

 A degradação dos solos

Quando a vegetação desaparece, os solos desnudados ficam expostos a uma intensa erosão
hídrica e eólica. Com efeito, com a destruição da cobertura florestal, reduz-se drasticamente a
retenção e a absorção da água das chuvas pelos solos, facilitando assim a recorrência, muitas
vezes tumultuosa, que não só arrasta a terra com os sais minerais e substâncias orgânicas
indispensáveis ao desenvolvimento das plantas, como pode escavar ravinas. Nas regiões de clima
quente e seco, em muitas áreas da zona tropical, os solos desnudados ficam expostos à forte
insolação, podendo então originar-se uma carapaça dura e avermelhada, completamente pobre.
Com efeito, no caso dos incêndios, merece ainda o realce da destruição dos microrganismos
decompositores e mineralizadores, devido às altas temperaturas que o fogo provoca, o que
acentua consideravelmente o empobrecimento dos solos e a hidrofobicidade, o que faz com que
os solos tornam-se repelentes a água, o que aumenta o risco de erosão.

 Alterações climáticas

A desflorestação pode provocar modificações climáticas locais e regionais. Ela influencia no


aumento da concentração de dióxido de carbono, o que agravará o efeito de estufa, já que
existem menos árvores a consumir o dióxido de carbono atmosférico para realizar a fotossíntese.
Através da retenção da água das chuvas e também da sua transpiração, a vegetação torna o
ambiente e os solos mais húmidos. Quando elas desaparecem, o clima tornase mais seco, com
provável redução das precipitações, o que pode transformar boas terras aráveis em autênticos
desertos. Pensa-se que também é parcialmente responsável pelas inundações nas terras baixas,
como no Bangladesh, uma vez que as árvores ajudam a retardar o movimento da água.

 Redução dos recursos hídricos subterrâneos

Quando o solo está desprotegido, devido a destruição da sua cobertura florestal, a água das
chuvas perde-se rapidamente por escoamento superficial, o que dificulta a sua infiltração.

Nesta circunstância, dá-se o abaixamento da toalha freática, com a consequente

Entendida como processo de degradação dos ecossistemas, com extremo e redução dos recursos
hídricos subterrâneos.

 A desertificação

Impobrecimento dos solos, a desertificação atinge essencialmente as regiões áridas e semi-áridas,


incidindo particularmente no mundo em desenvolvimento. Embora esteja também associada a
alterações climáticas naturais, a desertificação surge na actualidade como resultado da acção
humana: destruição do manto florestal com destaque para a desflorestação, sobre pastoreio,
deficiente aproveitamento das águas (poços e nascentes), deficiente utilização do solo. As
alterações na fauna A devastação das formações florestais origina um empobrecimento da
fauna, pelas graves perturbações que se geram nas cadeias alimentares. Destruindo certas
espécies florestais que lhes servem de alimento, muitos animais herbívoros são condenados à
morte ou à emigração forçada. Por outro lado, a falta de herbívoros implica que os seus
predadores (carnívoros) tenham igual destino. Portanto, o solo desprotegido e ressequido deixa
de poder albergar grande número de pequenos animais terrícolas, alguns dos quais são
importantes para a qualidade dos solos, pois, revolvendo a terra, facilitam o seu arejamento.

5.4. O desflorestamento em Moçambique

As florestas e outras formações florestais nativas distribuem-se por cerca de 80 milhões de


hectares, ou seja, 78% da superfície total do território nacional. Dos 80 milhões de hectares,
8,7% correspondem a floresta com alta à média produtividade, 26% de florestas de média à baixa
produtividade e a restante percentagem a savanas pouco densas e de baixo valor comercial, mas
com enorme valor social, pelo facto de ser aqui que a população tem acesso a fonte de
combustível lenhoso, material de construção, pastagens, diversos alimentos e plantas medicinais.

A maior parte da população moçambicana vive na zona rural e vive da agricultura de


subsistência, interage e depende, em grande medida, das florestas para a sua subsistência e bem-
estar. A floresta fornece a população rural variados que incluem materiais de construção, lenha,
carvão, plantas medicinais, alimentos diversos, caça e pasto para o gado (MICOA, 2005, p. 20).
Apesar desta importante função sócioeconómica, os recursos agro-florestais enfrentam
problemas de desflorestamento. As causas do desflorestamento são a agricultura itinerante, o
sobre pastoreio, o acesso à posse de terra, a procura de lenha e matéria-prima, a produção de
carvão e a exploração florestal industrial. Podem ser acrescidas como causas, o analfabetismo, a
falta de envolvimento das comunidades, a fraca capacidade institucional, o fraco envolvimento
das comunidades na gestão dos recursos florestais, a falta de demarcação das áreas florestais e a
falta de planos de manejo florestal.

 Procura de lenha e carvão

Cerca de 80% da população moçambicana depende da energia da biomassa, principalmente a


lenha e o carvão vegetal para satisfazer as suas necessidades energéticas básicas (Ministério de
Energia de Moçambique, 2011). Estima-se que cerca de 18 milhões de m cúbicos são explorados
anualmente para o abastecimento de energia lenhosa. A procura de lenha e carvão no meio rural
e ao redor dos grandes centros urbanos constitui uma das principais causas que contribuem para
o desflorestamento e degradação florestal. Por ouro lado, o facto de em algumas zonas a venda
de lenha e carvão, constituir importante negócio e única fonte de rendimento indispensável para
a sobrevivência familiar das populações mais vulneráveis das zonas peri urbanas e rurais
concorrem para a permanência da actividade. Nas zonas per urbanas, algumas das necessidades
energéticas e perfis de consumo doméstico são bastantes semelhantes aos das zonas rurais. Por
um lado, os combustíveis de biomassa continuam a ser a principal fonte de energia utilizada na
confecção dos alimentos e, por outro lado, os combustíveis de biomassa são preferidos, não só
por serem provedores de melhor sabor aos alimentos, mas também devido ao baixo custo de
aquisição, quando comparados ao gás e a electricidade.

Outro aspecto a destacar tem a ver com o uso de recursos florestais na construção de habitação
tradicional, principalmente no meio rural, facto que que aumenta com o crescimento
populacional, principalmente no meio rural, onde os matérias de construção convencional são
bastantes caros quando comparados com os provenientes das florestas ou savanas.

 Práticas agrícolas inapropriadas

O facto de a maior parte da população do país viver no limiar da pobreza, não ter acesso à
tecnologia apropriada para a prática da agricultura, a agricultura itinerante é uma prática
generalidade no país e constitui uma das causas que concorrem para o desflorestamento, devido
as técnicas de preparação do campo como as queimadas, devastação e degradação das florestas
no país.

As comunidades usam o fogo para preparação dos campos agrícolas e algumas pessoas
acreditam que contribui para a fertilização do solo.
6.0. Metodologia

De acordo com BELLO (2005, p. 21) “Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada,


rigorosa e exacta de toda acção desenvolvida no método de projecto de pesquisa”.

Tipo de pesquisa

As pesquisas científicas são classificadas de acordo com três critérios a destacar: quanto à
abordagem, quanto aos objectivos e quanto aos procedimentos técnicos. Quanto à abordagem, as
pesquisas classificam-se em qualitativas e quantitativas. A pesquisa enquadra-se na qualitativa.

Para SEVERINO (1999, p. 94) “pesquisa qualitativa permite mergulhar na complexidade dos
acontecimentos reais e indaga não apenas o evidente, mas também as contradições, os conflitos e
as resistências a partir da interpretação dos dados no contexto da sua produção”.

Neste contexto, a pesquisa proporcionará respostas do ponto de vista qualitativo ao problema


levantado, isto é, permitirá a busca de respostas no campo relacionadas ao papel da comunidade
na gestão dos recursos florestais. Para além disso o pesquisador examinará as diversas ideias dos
pesquisados de modo a permitir uma melhor compreensão do objecto de estudo. No que se
referem aos objectivos, a pesquisa classificam-se em exploratória, descritiva e explicativa. A
pesquisa enquadra-se na descritiva que, segundo IVALA at. al. (2007, p. 28), “tem como
objectivo primordial a descrição das características de determinadas populações ou fenómenos”.
Uma das suas características está na utilização de técnicas padronizadas, tais como questionário e
observação sistemática. Para tal, será feita a descrição das actividades realizadas pela
comunidade enfatizando principalmente o desflorestamento.

No que se refere aos procedimentos técnicos, as pesquisas classificam-se em documentais,


experimentais, levantamento, estudo de campo, estudo de caso, pesquisa acção e pesquisa
bibliográfica. A pesquisa que será desenvolvida neste projecto enquadra-se na bibliográfica que,
segundo GIL (1995, p. 71), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Esta tem como principal
vantagem permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenómenos muito mais amplos do
que aquela que poderia pesquisar directamente.

Métodos

Para LIBÂNEO (1994, p. 150), Os métodos são caminhos usados para atingir um determinado
objectivo.Para esta pesquisa, serão usados dois grandes grupos de métodos, que são: métodos de
abordagem e de procedimento.

 Métodos de abordagem

Segundo MARCONI e LAKATOS (2003, p. 221), este método se caracteriza por uma
abordagem mais ampla, em nível de abstracção mais elevado, de fenómeno da natureza e da
sociedade. Portanto, este método engloba o indutivo, o dedutivo, o hipotético dedutivo e
dialéctico. Assim, para a pesquisa, será usado o método indutivo.

Detalhando ainda sobre este assunto, ibdem (2003, p. 106) afirmam que: “pelo uso deste método,
a aproximação dos fenómenos caminha geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo
das constatações mais particulares às leis e teorias”. Assim sendo, o estudo será feito por um
grupo de pessoas que constituem amostra, e, com base nelas, as suas conclusões seram
generalizadas.

 Métodos de procedimento

Segundo GIL (2002, p. 46), “Significa caminho para algo, uma acção encaminhada a um fim, um
meio para conseguir um objectivo determinado, o valor do método sempre estará condicionado à
meta a que nos propomos”.Os métodos de procedimento são etapas mais concretas da
investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenómenos, e
menos abstractos.

 Universo e amostra

Universo ou população é o conjunto de seres que apresentam pelo menos uma característica
comum (MARCONI e LAKATOS, 1999, p. 43). Neste contexto o universo desta pesquisa será a
população residente no posto administrativo de Ulónguè, localidade de Naming'ona, Distrito de
Angónia.

Técnica de colecta de dados

Constituem técnicas de colecta de dados, para a pesquisa, a observação directa e indirecta, a


entrevista, inquérito e a consulta bibliográfica.

 Observação

“A observação é uma técnica de colecta de dados para conseguir obter informações. Este, para
além de consistir em ver e ouvir examina factos que se desejam estudar”

MARCONI e LAKATOS (1999, p. 90). É, portanto, uma percepção atenta, racional, planificada
e sistemática dos fenómenos relacionados com objectivos de investigação das suas condições
naturais, habituais, sem os provocar, para oferecer uma explicação científica da natureza deles.
Segundo GIL (1995, p. 105), “Esta apresenta como principal vantagem, em relação às outras
técnicas, porque os factos são percebidos directamente, sem qualquer intermediação”. Desse
modo, a subjectividade, que permeia todo processo de investigação social, tende a reduzir a
observação pode ser directa ou indirecta.

 Entrevista

De acordo com GIL (1994, p. 114), “A Entrevista é uma outra técnica de colecta de dados,
através do diálogo face à face”.A necessidade de utilização da entrevista na pesquisa deve-se a
uma série de vantagens, entre as quais se destacam: possibilita a obtenção de dados referentes
aos mais diversos aspectos da vida social; é uma técnica muito eficiente para obtenção de dados
profundos do comportamento dos homens; os dados obtidos são susceptíveis à classificação e à
quantificação e não é necessário que a pessoa entrevistada saiba ler e escrever.

7.0. Cronograma
Nº Act. M A M J J A S O N
previstas

01 1ª Fase: X X X
Concepção
do projecto
e Colecção

02 2ª Fase: X X
Preliminar
do projecto

03 Elaboração X X X
do trabalho

04 Entrega do X
trabalho
final

8.0. Referências bibliográficas

ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia Económica. 8ªed, São Paulo, 1997

ANTUNES, João. Geografia 9 Ano. 3ª ed, Plátano Editora, Lisboa, 1999.

BATOUXAS, Mariana e VIEGAS, Julieta. Dicionário de Geografia. 1ª ed. Lisboa, 1998


CHIZZOTTI, António. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 6ª ed., São Paulo, Editora
Cortez, 2003.

FERREIRA, Maria do S. golsalvez e NETO, Manuel Amaral. Manejo florestal comunitário –


uma experiencia no sudets do Pará. Belém, 2002

GARRIDO, Dulce e COSTA, Rui. Dicionário Breve de Geografia. 1ª ed, Lisboa, Editorial
Presença, 1996.

GIL, António Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 4ª ed., São Paulo, Editora Atlas,
1994.

Como Elaborar Projectos de Pesquisa. 3ª ed., São Paulo, Editora Atlas, 1995.

IVALA, Adelino Zacarias, HDEZ, Jorge Martinó e LUÍS, Albertino. Orientações para
Elaboração de Projectos e Monografias Científicas. 1ª ed., Nampula, Universidade Pedagógica,
2007.

MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, E. Maria. Metodologia de Trabalho Científico:


Procedimentos Básicos, Pesquisas Bibliográficas, Projecto e Relatório, Publicações e Trabalho
Científicos. São Paulo, Editora Atlas. 1999.

MICOA. Medidas de Adaptação às Mudanças Climáticas. Maputo, 2005.

NANJOLO, Luís e ABDUL, Ismael. A Terra: Processos e Fenómenos. Maputo, Edições


Diname. 2002.

ODUM, Eugene P. Fundamentos de Ecologia. 6ª ed. Lisboa, 2004

OMR. O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento das Comunidades Locais nas


Áreas de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula. Maputo. Nº 18, 2014.

RIBEIRO, Natasha et. al. Manual de Silvicultura Tropical. Maputo, UEM, 2002

SANTOS, Filipe Duarte. Alterações Globais – Os desafios e os riscos presentes e futuros. 1ª ed.
Lisboa, 2012.

SEVERINO, A. Joaquim. Metodologia de Investigação. 3ª ed. São Paulo, Atlas Editora, 1999.

Você também pode gostar