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Londrina PR, de 09 a 12 de Junho de 2015.

O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O USO DO TEMPO NO TRABALHO DOMÉSTICO


FAMILIAR: BREVES APONTAMENTOS

Nayara Cristina Bueno

Mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina – UEL.
Docente do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Paraná –
UNESPAR/Campus de Paranavaí. E-mail: nayara_cbo@hotmail.com

Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o Programa Bolsa Família e o uso
do tempo no trabalho doméstico familiar. Para isso, utilizou-se de revisão bibliográfica. O
estudo faz apontamentos sobre a construção histórica da família como instância de proteção
social e como as políticas sociais e os programas de transferência de renda responsabilizam
as mulheres pelos cuidados no âmbito doméstico familiar, reforçando as desigualdades de
gênero.
Palavras-chave: Família; Políticas Sociais; Programa Bolsa
Família; Trabalho doméstico.

Abstract: This paper aims to reflect on the Programa Bolsa Família and the use of time in
the family housework. For this, we used a bibliographic review. The study makes notes on
the historical construction of the family as social protection proceedings and how social
policies and income transfer programs blame women for care in familiar domestic sphere,
reinforcing gender inequality.

Key-words: Family; Social Policies; Programa Bolsa Família;


Domestic Work.

1. INTRODUÇÃO

O Programa Bolsa Família atende, atualmente, 13 milhões de famílias em situação


de pobreza e 93% dos benefícios tem titularidade feminina. A responsabilidade dada às
mulheres no recebimento e manunteção do benefício passa pela exigência do cumprimento
de condicionalidades nas áreas de saúde e educação, o que pressupõe uma pessoa
disponível para o trabalho não remunerado, de cuidados e doméstico.
A divisão sexual do trabalho, na qual o trabalho remunerado está vinculado a esfera
da produção e direcionado ao homem e o trabalho não remunerado está vinculado ao
trabalho familiar e direcionado às mulheres, é uma construção histórica da sociedade
capitalista. Assim como a distribuição do trabalho dentro de casa. Isso somado a
naturalização da família como instância privada de proteção social tem sido determinante na
manutenção de obstáculos de ampliação da autonomia das mulheres.
Diante disso, este trabalho tem como objetivo refletir sobre o Programa Bolsa Família
e o uso do tempo no trabalho doméstico familiar. Procura demonstrar o quanto o Programa
tem reforçado as desigualdades de gênero e a necessidade de ampliação do debate sobre

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inclusão do trabalho não remunerado na discussão sobre o bem-estar dos indivíduos e nas
políticas sociais de modo geral.
O trabalho está organizado em dois momentos. O primeiro, apresenta breves
considerações sobre a construção histórica da família como instância de proteção social e,
consequentemente, a responsabilização das mulheres. O segundo, reflete sobre o
Programa Bolsa Família e o uso do tempo no trabalho doméstico familiar. Por fim, apresenta
as considerações finais.
Longe de esgotar a discussão sobre o tema, apresentamos apenas breves
apontamentos.

2. FAMÍLIA E POLÍTICAS SOCIAIS: A RESPONSABILIZAÇÃO DAS MULHERES

Este tópico tem como objetivo apresentar breves considerações sobre a construção
histórica da família como instância de proteção social e, consequentemente, a
responsabilização das mulheres. Isso ocorre sempre que se coloca a família como pilar de
proteção de seus membros. Com isso, pretende-se identificar os fundamentos políticos dos
programas de transferência de renda, em particular o Programa Bolsa Família.
Segundo Mioto (2008) o desenvolvimento do modo de produção capitalista trouxe
mudanças nas formas tradicionais de prover a proteção social, até então asseguradas pela
família, igreja e senhores feudais. Essas mudanças podem ser atribuídas ao
desaparecimento dos vínculos comunitários, à precariedade dos recursos disponíveis às
famílias e a nova forma de organização dos modos de vida no meio urbano.
A autora também afirma que entre os impactos do capitalismo nas famílias estão os
efeitos da separação entre a rua e a casa (diferenciação entre espaço público e espaço
privado), a divisão de tarefas entre mulher e homem, a instauração do salário individual e,
consequentemente, a idealização e naturalização da figura masculina enquanto provedor da
família e da figura feminina enquanto responsável pelos cuidados no âmbito doméstico.
Neste sentido, a divisão sexual do trabalho, onde o trabalho remunerado localiza-se
na esfera mercantil e o trabalho não remunerado na esfera familiar, culminou na
subordinação econômica, social e políticas das mulheres, considerando que são elas que,
predominantemente, realizam o trabalho doméstico e de cuidados dos membros da família.
A naturalização da divisão sexual do trabalho e a consolidação da família como
instância privada, conforme aponta Mioto (2008), instaurou o reinado da família como fonte
de proteção social por excelência. Com isso, espera-se, moralmente, que ela cumpra suas
funções e que mulheres e homens desenvolvam papéis pré-definidos. Isso porque a família

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passa a ter uma funcionalidade no sistema capitalista, de produzir pessoas cuidadas e


sadias.
Contudo, mesmo com as mudanças econômicas, sociais e políticas que levaram, no
pós-guerra, a instauração, em países centrais, de regimes de Bem Estar Social, onde o
Estado passou a constituir-se como o principal regulador entre as relações econômicas e as
demandas de proteção social das pessoas, a família permanece como instância de proteção
social de seus membros.
Apesar do consenso de que o Estado de Bem Estar Social envolve responsabilidade
estatal no sentido de garantir o bem-estar dos cidadãos, Esping-Andersen (1991) demonstra
que as atividades estatais se entrelaçam com a família e o mercado em termos de provisão
social. Além disso, o autor identificou variações internacionais dos direitos sociais e das
formas de estratificação do Estado, determinado pela formação política da classe
trabalhadora, a edificação de coalizões políticas e as reformas anteriores que contribuíram
para institucionalização das preferências de classe e do comportamento político.
Com isso, o autor desenvolveu, a partir dos diferentes modelos de Estado de Bem
Estar Social, os conceitos de familismo e desfamilismo. O primeiro, familismo, está presente
nos sistemas de proteção social que considera que as unidades familiares devem assumir a
principal responsabilidade pelo bem-estar de seus membros e, ainda, que Estado e mercado
devem agir apenas quando a família faltar. Enquanto que no segundo conceito,
desfamilismo, prevê a diminuição dos encargos familiares e a independência da família,
especialmente em relação ao parentesco, através da provisão de bem-estar social para
indivíduos ou grupos familiares pelo Estado e/ou mercado.
Diante disso, considera-se que políticas de cunho desfamilistas articulam ações e
serviços que fortaleçam os direitos individuais dos membros da família, ao mesmo tempo
em que atendam necessidades do grupo familiar, ou seja, diminuem os encargos,
principalmente das mulheres, nos cuidados de crianças, idosos e adultos com deficiência.
Assim como prevê acesso a renda e possibilita autonomia da família em relação ao
mercado.
Entretanto, a crise econômica mundial dos anos 1970, do século XX, ocasionou
mudanças significativas no papel do Estado, principalmente, com a retomada de ideais
liberais. O Estado passa a ser criticado pelos gastos com políticas sociais e são reeditados
os discursos de mínima intervenção estatal e do mercado como regulador da vida social. A
família e as organizações da sociedade civil são chamadas para cumprir “seu papel” na
provisão de proteção social aos indivíduos.
Novamente, ocorre à responsabilização dos membros da família, em especial das
mulheres, com políticas de caráter familista, nas quais as pessoas devem buscar no
mercado de trabalho, meios de subsistência e, ainda, meios privados de proteção social.

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Mioto (2008) também demonstra que as políticas neoliberais reforçam os papéis no âmbito
da família e, ainda, incidem nas possibilidades de inserção dos indivíduos em outras
esferas, particularmente no mercado de trabalho. Consequentemente, as mulheres terão
uma presença ‘secundária’ nessa esfera, quer no tipo de atividade ou salário, como também
nas duplas jornadas de trabalho.
É justamente a invisibilidade do trabalho realizado no âmbito doméstico que as
feministas passam a criticar nos anos 1970. Aguirre (2009) afirma que o trabalho realizado
no âmbito privado não é considerado enquanto contribuição para o desenvolvimento
econômico e social e levado em conta no desenvolvimento de políticas públicas, muito
menos reconhecido como acesso a proteção social por quem o realiza, fundamentalmente
as mulheres.
No Brasil, em particular, é na década de 1990 que as políticas de cunho neoliberal
ganham hegemonia. Apesar da Constituição Federal de 1988 prever uma serie de direitos
sociais, fruto das contradições presentes na sociedade e no Estado nas décadas de 1970 e
1980, é na regulamentação e depois na implementação das prerrogativas legais que se
identificam as fortes influências neoliberais. Focalização, transferência de
responsabilidades, privatização, participação da sociedade civil na execução de políticas
sociais e ambiguidades nas interpretações legais irão demonstrar o direcionamento familista
das políticas sociais.
Segundo Mioto (2008, p.141) se expande o perfil compensatório e residual das
políticas sociais e, nesse momento, se inicia a chamada era dos programas de transferência
de renda em muitos países latino-americanos, inclusive o Brasil. A autora demonstra que
esses programas, na tentativa de reduzir desigualdades verticais em relação à renda,
reforçam o caráter familista da política social e “[...] não atendem ao objetivo de proporcionar
a homens e mulheres a possibilidades de escolha real de vida”.
Portanto, historicamente, a família sempre foi a principal responsável pela proteção
social dos indivíduos e, mesmo em períodos e países em que o Estado esteve mais
presente esperou-se dela o cumprimento de suas funções e de homens e mulheres o bom
desempenho de seus papéis. Não se quer aqui negar a importância do grupo familiar na
socialização e na construção de afeto, mas sim, demonstrar a sobrecarga de
responsabilidades em que está submetida, em especial as mulheres no âmbito do cuidado.
Por outro lado, identifica-se a necessidade do Estado em assumir suas responsabilidades
na provisão do bem-estar dos cidadãos e do grupo familiar.

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3. O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O USO DO TEMPO NO TRABALHO DOMÉSTICO


FAMILIAR

Este tópico tem como objetivo refletir sobre o Programa Bolsa Família e o uso do
tempo no trabalho doméstico familiar, tendo em vista que o Programa privilegia a titularidade
do benefício às mulheres e, ao exigir condicionalidades nas áreas de educação e saúde,
reforça o papel, historicamente construído, da mulher enquanto responsável pelos cuidados
dos membros da família.
Identificamos no tópico anterior, que as tendências das políticas sociais familistas se
voltaram para o desenvolvimento de programas de transferência de renda, na tentativa de
reduzir as desigualdades verticais em relação a renda. Isso também foi impulsionado pelas
orientações dos organismos internacionais que, além de direcionar as políticas sociais a
critérios de focalização e privatização, também buscavam supervalorizar a família e,
consequentemente, reforçar a desigualdade de gênero, ao responsabilizar as mulheres
pelos cuidados dos membros da família.
No Brasil, o Programa Bolsa Família, criado em 09 de janeiro 2004, pela lei n.10.836,
reorganizou e unificou programas de já existentes (auxilio gás, bolsa escola e auxilio
alimentação. Atualmente atende 13 milhões de famílias em situação de pobreza e extrema
pobreza. O valor do benefício varia entre R$77,00 e R$336,00 a depender da renda familiar
e do número e idade dos/as filhos/as.
O Programa Bolsa Família integra a estratégia “Fome Zero” e tem por objetivo a
superação da fome e da pobreza, está articulado em três dimensões: promoção do alívio
imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda à família; reforço ao
exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por meio do
cumprimento das condicionalidades; coordenação de programas complementares, que têm
por objetivo o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família
consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza.
Na área de saúde, as famílias beneficiárias precisam acompanhar o cartão de
vacinação e o crescimento e desenvolvimento das crianças menores de 7 anos. As
mulheres na faixa de 14 a 44 anos também devem fazer o acompanhamento e, se gestantes
ou nutrizes (lactantes), devem realizar o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e do
bebê. Na educação, todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar
devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga
horária. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%. No
caso de descumprimento de condicionalidades, as famílias estão sujeitas a sanções
gradativas, que vão desde a notificação da família (advertência), passando pelo bloqueio,

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suspensão e cancelamento, caso o descumprimento ocorra por vários períodos


consecutivos.
Aqui duas questões precisam ser sinalizadas. Primeiro, que o combate a pobreza
não pode se resumir a transferência de renda, uma vez que a pobreza possui
multideterminações, sejam elas culturais (raça, gênero, etnia), de níveis educativos e/ou de
acesso a serviços gratuitos. Segundo, a imposição de condicionalidades em programas de
transferência de renda tem sido questionado por autores que defendem sistemas de
proteção social de acesso universal. Neste sentido, se acesso a saúde e educação são
direitos, não deveriam ser obrigatórios para manutenção de nenhum benefício ou, ainda,
causadores de penalizações em casos de não acesso.
O Programa Bolsa Família privilegia como titular a mulher, tendo como justificativa
que ela irá utilizar o recurso para o bem estar dos membros da família, ou seja, na compra
de alimentos e roupas, o que tem sido comprovado por diversas pesquisas. Ademais, no
reforço do papel feminino na esfera doméstica e de reprodução, espera-se dela o
cumprimento das condicionalidades, o que, segundo Carloto e Mariano (2009), pressupõe
uma pessoa disponível, gerando efeitos no tempo e no trabalho feminino.
Conforme demonstram autoras, o Estado cobra das mulheres pobres a execução de
tarefas relacionadas ao cuidado de crianças, adolescentes, idosos e pessoas com
deficiência e também a participação em programas complemantares, gerando
responsabilidades ou sobrecarga de obrigações relacionadas à reprodução social. Esse tipo
de ocupação disponibiliza menos tempo às mulheres para o trabalho remunerado.
Por outro lado, como já indicado nesse artigo, o trabalho realizado no âmbito
doméstico não tem visibilidade e não tem sido valorizado enquanto contribuição para o
desenvolvimento econômico e social. Por isso, Aguirre (2009) reforça ser necessário
considerar para análise e elaboração de políticas socias a soma de todas as formas de
trabalho (remunerado e não remunerado) porque ambos servem de base a cada sociedade
para proporcionar bem-estar a seus membros.
Aguirre (2009) identifica três tipos de trabalho não remunerado, sendo: I) trabalho
doméstico, cumprido em casa e refere-se a compras de bens, aquisição de serviços para a
casa, cozinhar, limpar a casa, lavar, passar a roupa, cuidar de animais domésticos e
plantas, organizar a distribuição de tarefas; pagar contas. O trabalho doméstico varia
conforme a sociedade, fatores culturais e condição socioeconomica. II) Trabalho de
cuidados familiares: é a ação de cuidar de uma criança, de uma pessoa adulta ou idosa
dependente. Além do trabalho material, há um aspecto afetivo e emocional que incluem
atividades como: brincar, levar a passeios, ajudar nos deveres de casa e socializá-los (as
crianças); atenção às necessidades fisiológicas, médicas e sociais (passear, fazer
companhia) aos idosos e doentes. III) Trabalho voluntário ou a serviço da comunidade:

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ações altruístas, voluntariado e gratuito. Identifica-se que esses trabalhos são realizados,
predominantemente, por mulheres e são reforçados pela naturalização da divisão sexual do
trabalho, por isso, a promoção da igualdade entre mulheres e homens tem como estratégia
central a transformação na divisão sexual do trabalho.
Portanto, o Programa Bolsa Família, ao direcionar o benefício às mulheres e exigir o
cumprimento de condicionalidades, provoca um uso demasiado de tempo destinado ao
trabalho não remunerado no ambito doméstico. Segundo Carloto (2012), essa situação
aliando a outros, como baixa escolaridade e ausência de serviços públicos de apoio a
cuidados de crianças, idosos e doentes, além de limitar as oportunidades das mulheres a
um trabalho remunerado, dificultam a contrução de sua autonomia.
Por outro lado, não há no Programa, qualquer indicador que demonstre essa
sobrecarga das mulheres. O acompanhamento do Programa Bolsa Família se reduz ao
número de beneficiários em cumprimento e descumprimento de condicionalidades, o que
dificulda dar visibilidade ao trabalho doméstico realizado pelas mulheres.
Diante do exposto, é necessário pensar em mudanças no direcionamento do
Programa Bolsa Família voltados à diminuição das desigualdades de genêro, assim como
criar indicadores que possam medir o tempo que as mulheres utilizam no trabalho doméstico
e de cuidados, principalmente, os vinculados ao cumprimento de condicionalidades.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do trabalho era refletir sobre o Programa Bolsa Família e o uso do tempo
no trabalho doméstico familiar. Diante disso, iniciamos a discussão a partir da identificação
de que, historicamente, a família foi chamada para promover bem-estar a seus membros, o
que significa responsabilizar as mulheres pelos cuidados e pelo trabalho doméstico não
remunerado. Mesmo em momentos históricos em que o Estado teve papel central na
provisão de bem-estar aos cidadãos, a família não deixou de ser incumbida de
determinadas funções.
Considerando que o Brasil não chegou a desenvolver um Estado de Bem Estar
Social, assim como teve fortes influências políticas e econômicas neoliberais, a partir da
década de 1990, o país desenvolveu políticas de caráter familista, ou seja, transferindo
responsabilidades para as famílias. O que se refletiu na criação e definição do Programa
Bolsa Família em 2003.
O Programa tem como foco reduzir desigualdades verticais, através da transferência
condicionada de renda, porém, utilizou-se das mulheres como principais aliadas no
atendimento de seus objetivos, seja em melhorar o consumo, reforçar o exercício de direitos

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básicos de crianças e, ainda, incluir as famílias, ou melhor, as mulheres em programas


complementares, muitas vezes, classificados como de geração de renda. Reforçando assim,
as desigualdades na distribuição do trabalho doméstico e de cuidados, além de dificultar o
acesso ao trabalho remunerado e a autonomia das mulheres.
Dito isso, identificamos a necessidade de revisão das estratégias do Programa Bolsa
Família e da criação de instrumentos para medir e dar visibilidade ao trabalho doméstico e
de cuidados realizados por mulheres, principalmente, no cumprimento de condicionalidades.
Sem prejuízo da ampliação da discussão sobre o trabalho não remunerado como parte
integrante da construção do bem-estar dos indivíduos.

REFERÊNCIAS

AGUIRRE, Rosario. Las bases invisibles del bienestar social: el trabajo no remunerado en
Uruguay. Montevideo: UNIFEM, 2009.

BRASIL, Presidência da República. Lei n.10.836, de 09 de Janeiro de 2004. Cria o


Programa Bolsa Família e dá outras providências.

CARLOTO, Cassia Maria. Condicionalidades nos Programas de Transferêncai de Renda e


autonomia das mulheres. Revista Sociedade em debate. Universidade Católica de Pelotas.
Vol. 18, n.2, jul/dez 2012. p.121-130.

CARLOTO, Cassia Maria. MARIANO, Silvana Aparecida. Gênero e Combate à Pobreza:


Programa Bolsa Família. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, n.17, set/dez 2009. p.
901-908.

ESPING-ANDERSEN, Gosta. As três economias políticas do Welfare State. Revista Lua


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MIOTO, Regina Célia Tomaso. amília e políticas sociais. In: BOSCHETTI, Ivanete.
BEHRING, Elaine Rossetti. SANTOS, Silvana Mara de Morais dos. MIOTO, Regina Célia
Tomaso. Política Social no Capitalismo: tendências contemporâneas. São Paulo: Cortez
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