Curso de Direito Empresarial
Curso de Direito Empresarial
Curso de Direito Empresarial
objebvo Íun
damental apresentar um estudo detalhado do d ireito I
empresarial
em seus vários fragmentos: teoria geral do direito empresarjal
e
direito societário (volume 1), título de credito (volume 2)
e recupe-
ração de empresas e falência (vo ume 3). Em toda a coleção, t
rl
faz-se
uma ênálise detalhada da doutrina nacional e estrangeirê,
clássjca
Iribunais nacionâis
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Grdduà(.o
À REVISTA E
-l|l ATUALIZADA
Pói-grôdü.íáo Píofiríionâit
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MARLON TOMAZETTE
CURSO DE
DIREITO I
I
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EMPRESARIAL
3 FALÊNOA E RECUPERAçÃO
DE EMPRESAS
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9e edição
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202L
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f€matuo pÊntÊado
cDú 3427
SUMÁRIO
29
8 36
9 37
2.1 Conceitodeempreúrio............................ 4l
2.1.1 Âtividade....................... +2
2,1,2 Economicidade,........... 42
2,1.3 A orgsnizaçào......,.,.,.,. 43
2.1.4 Profieslonalidade......... 44
2.1.5 Produção ou circulaçào de bens ou serviços.. 44
2.1.6 Direcionamento âo mercado........,.....,,,.,,,--..,. 45
2.1.7 AssunÇão do rlsco....... 45
2.2 Náo abÍengidos p€lo concêito de empresário ..,.........---------. 45
2.3 Situâçôesespeciâis 47
f.
AGRÂDEGIMET?OS
Agradeço em primeiro lug'ar a Deus, que nos dá a vida. Àgradeço também a meus
pais Joáo Tomazette (in memoriam) e Maria de Lourdes Barbosa Tomazette lin memo-
rrarz), bem como aos meus irmãos (Neto, Bruno e Vânia) que me criardm, me permitiram
estudar e me tornar um profissional do Direito.
Na minha üda acadêmica, foram determiaantes alguns proêssores que me deram
a certeza de que o eshrdo do Direito era o meu caminho. Por isso, agradeço aos profes-
sores Rona.ldo Polletti, Paulo Laitano Távora, Lucas Rocha Furtado e Gilmar Ferreira
Mendes, os quais, cada um a seu modo, me mostralam como o estudo do Direito pode
ser bom.
Agradeço também aos meus colegas, professores de Direito Comercial, Lucinéia
Possar, Marcelo Simões Reis, Mârcelo Barreto, Henrique Àrake, Carlos Orlando, Marce-
lo Féres, Luiz Guerra, Daniel Amin, Edilson Enedino, LÍ.lian Rose, Leonârdo Boccorny,
Raphael Borges, Eelipe Fernandes, Luís Winckler, Miguel Roberto, Sidarta, Samira Otto,
Gustavo Mourâo e Neila Lea.l, que múto contribuÍram para o amadurecimento das minhas
ideias e para a compreensão de vários assuntos, seia nas conversas nas salas dos profes-
sores ou em bancas de monogrúa.
Merecem uma mençâo especial meus alunos do UniCeub e da Escola Superior do
Ministério Público do Distrito Federal, responsáveis diretos por esta obra, com os quais
mais aprendi que ensinei.
Agradeço também a toda a equipe da clinica de doenças renais de Brasilia - CDRB
e ao lnstituto de Cardiologia do DistÍito Federal - ICDF que me permitiram manter
minhas atividades.
Por fim, agradeço à Kênia, que me dá alento para viver e para desenvolver qualquer
atividade.
r"'
'10
CUNSO DE DIBEITÔ EMPRESAB]AL
SuMÁRro i 11
2.3.5 Empresá!Íosirregulües..........,,.,...._.............
48 2.2 Não ser falido... 90
3 Exclusôes.....,,..
49 2.3 Não ter obtido outrâ recuperaçáo judicial 91
50 92
3.1 Empresâs públicâs e sociedâdes de
economia misu
3.2 InstituiÇóesfinanceirâs
51 3 Legitimidâdeâtiva................ 94
3.3 Seguradoras.....,.............
3.1 O próprio devedor 94
56 3.2 Grupos societários - Consolidaçâo processual e consolidâçào substânci41............. 95
57 3.2.1 Consolidaçáo 96
3.5 Operadoras de pianos de saúde ..:.......,.r_-_...--.-.......:..,.._-.........
58 32.2 ConsôlidaÇáo substanciâl 97
3.6 -Entidedes de preúdênciâ complementar
3.7 33 Hêrdeiros, côniuge e inventariente 97
Concessionárias de energiâ elétrice.....-
60 98
4 Ju.Ízo competelrte.........
4 Princípios
77 5.3.2.2 Arre[dadormercantil 110
78 5.3.2.3 Proprietário em contrato de venda com reserva de dominio. 111
4.1 Funçáo social da empresa...,....,...
4.2 Preservação da empresa.......................
80 5.3.2.4 Proprietário ou promitente vendedor de imóveis............:........ t12
5 8l 5.3.2.5 Credor de adiantamenlo de contrato de câmbio..,..,.,............... tt2
Natureza
5.1 Atocomplexo............,... 83 5.4 Créditos rurais com recursos controlados (Lei n.4.829/& - arts. 14 e 21).......... 1r3
5.2 Natureza processual........................ 6 Ju12ocompetenre.................................... 113
SUMÁFro 13
Documentqçã6 q.rtábil._...__...............
Docurnentos do reghtuo . 116
do coméaciô .
Câpítulo 6 - AdministradoriudiciâI. 147
7.2.4 Certidóes dos cartórios . 119 147
de protestos.
7.2.5 Relâçáo de credores..... 119 148
7.2.6 Relaçáo de empaegados
e seus créditos
120 3 A escolha do âdministrador judicial 149
Relaçâo de bens dos a
dministradores.e dos controladore§
127 3.1 PreferênciâpoÍquâlifrcaçãotécnica....... 149
7.2,8 Áeraçao de processos. 122 3,2 Idoneidade..................... 150
7.2.9 Contas bancárias e apücâções 123 3.3 lmpârcialidade 151
.........-.
7,2.70 Relatório detalhâdo
do pâssivo fiscal.§..
124 3.4 Confiâbilidade t52
7.2.17 RelaÇão de bens do ativo
não circulaflte
t24 4 Nomeeçâo..........................,................................ 153
8 Anú6e da pe tiçào inicial pelo jü2.........,... 124 5 Reclâmação contra a nomeâçáo 153
9 Constataçáo préüa................... 154
i0 Efeitos do ai Luzâmento 126
do pedido-. r55
10.1 Restdção da disponibüdâde r27 ts6
soble ben s do âtivo não
ckrulante-_........
102 Funcionaftento do conselho
âscel na§ companhias
127 6 lnvestidura do administrâdor judiciel 157
âbeltâ§.................... r28
10.3 Ploibição da disúibuiçáo 158
de Iucros....,.,
l1 Desistência... 128 158
12 Conciliâçôes e mediaÇôes..,...............,,.... 128 7.2 Prêstâçáo e recebimento de informâções 159
Capitulo 5
129 7.3 Atribuiçóes relacionâdes à assembleia geral de credores ... 160
- Decisão deprocessamento
dâ recupe.ação 7.4 Àtribuiçóes ligadâs ao comitê de credores
I O processamehto da recuperaç iudicial.
131
161
2
ão judicial 7.5 Contratâçãodeauxihares..................... l6r
Nâtureza do âtoiudicialque 131
3 Conteúdo e efeitos da decisao
determina o proce§samelto 7.6 Fiscalizaçâo do devedor em recuperaçáo judjcial e gestão provisória dos negó-
131
161
3.1 Nomeação do administrador judiciâl
133
7.7 Administraçâo e liquidaçáo da mâssâ falida 163
3.2 Dispensa de certidóes 134 7.8 Àberturâ de correspondências. 164
134
I
Suspensáo de execuçóes
contra o devedor combin
ade com a suspensáo de
7.9 lnvestigaçâo dos atos do falido. 165
oe apreensào e constriçã atog
o de bens do devedor 7.10 Prestaçóes de contas e relâtórios da âdministraçáo....................... 165
3.3.1 Prâzo 134
7.11 MaliIestâçôes e âção penal subsidiária....... 166
3.3.2 136
I Remunemçâo 167
3.3.2-t 137
Ações que demandem
quantias ilÍqujdas.. 9 Substituição.....,. t69
3.3.2.2 Execuçôes fiscâis.......,..
.....,............"""---.:-" 9.1 Prestâçáodecontas........... 169
?tD r.38
Açôes dos outros credores
náo sujeitos à re cuPeração.....,..... 9.2 R€muneraçâo......,,...,,.., 170
3.3.2.4 Ações sem efeitos pÂtrimoniais 139
3.4 Contas mensais
econô l0 Destituiçáo...................,,........... vr
t71
3.s Intlmação do Ministélio público 139
e dÂs fazendas públicas 10.2 Decisão judicia1.................. 172
3.6 SLrspensâo da pr$criçâ 140
10.3 Prestação de contas..............................................
Força atrativa do juJzo 141
recuperacional 10.4 Remuneração..... t74
4 14I
11 Responsabilidade civii.................. 174
11.1 Açâo de responsabilidâde 175
*:
r83
4.1 Irnpugnação para inclusáo do crédito.. 214
2.5.2 Classes pare apreciação do plano de
recupereção judiciel ..-_..--.......... 184
4.2 Irnpugnaçáo quanto ao valor ou classficaçáo do crédilo 215
Clesses parâ constituição e deiç:o do coElitê de credores_---._...... 185
43 Compctênciâ, plocedimúto e decisão 2t6
25.4 Disclrssôês e âlteraçôes no quâdro de Hábiüta9óês retardâúrüs 217
186
6 Créditos fãzendários 218
187
3 Comitê de credores 7 Créditos trebalhistâs 220
188
3.1 Conrposiçâo 8 i2r
189
3.2 Constituição 9 consolidâçáo do quadlo geral de credores.......... 221
r90
3.3 Eleiçâodoslnêmbros........................... 10 Alteraçôes do quadro geral de credores 222
t92
3.4 Investidura e funcionamento do comitê 10.1 lnclusão no quadro geralde credores.....
193
3.5 Competênciâ. 10.2 RetlÍlcâçáo do quadro geral de cledores....,......... 223
194
3.6 Remuneração. 10,2,1 Lêgitimidade etivâ..................................... 223
t97
3.7 Substituiçáo e dedhrlção dos membros. 10.2.2 Fundamentos. 224
r97
3.8 Responsabilidadectvil..-----------_-- 10.2.3 Competência. 225
197
10.2.4 Procedimento 226
Capítulo 8 - VertÍiceçâo de créditos.....,. 10.2.5 Decisáo
199
Identificaçáo dos credores nos processos
de fãlência e recuperaçáo judicial 199 10.2.6 Pagemento do crédito quesúonâdo..... 227
2 Fase adminis trati!ã...........................................
199 11 Credores palticulares do sócio de responsebüdade ilimitada.-.. 227
2.1 Listâ de credorq
2§1
2.2 Habilitaçôes Capltulo 9 - Plano de recuperàçeo iudlclal.
202
2.3 Dlveryénciaó...,, 1 ElaborâÇáo do plâno de lecupelação judicial..,..........,.,....,..,-...................
205 2
2.4 Relaçáo de credores Elementos do plano de recuperaçáo judicial
206 2.1 Laudos econômico-Íinanceiro e de avaliâção de bens................... 2§
[mpug[âções contla créditos que constâm
de lelaçâo
m7 2.2 Demonstreção de úabilidade econômica..................:..................... 230
207 2.3 Meios de recuperaçáo...,...,....................................... 231
Legitimidade..,.....,....,......,............
207 3 231
3.2.L Ministériopúblico-.,... ExemploÊdemeiosderecuperação...................,.....
207 3.1 M€dides finânceirâs
m8 3.2 Medidassocietárias 233
208 3.2.1 Reorgânizaçóes..
16 : CUÀSO OÊ OIAEÍTO
ÊMPNESAAáL
322
SUMÁR0 ; 17
hcorporâção, fusão ê cisâo.......,.....
3.2.2.1 lntervençáo do CÁDE -234 2.2.1 Retomadâ ou €rcinçáo das ações suspens*
3.2.3 contta o devedor,,..._.........,. 269
Capitalizáçào de dIüdes 234
2.2.2 Â situação do5 codev€dores e garentidores....
3.3 Medidas referentes 235 270
à gestão do devedor 2.3 Formâçáo de dhrlo eÍecutivo
iudiciel......
3.4 Medidas para captaçáo 236 271
de recursos 2.4 Âlienação de Êliai6 e unidadês prod utivas ,..........,..,.,.t.......,..........................,.........
3.5 Trarsferência 236
2.4.1 For!ía dê alieneção,.....
4 Limitâçóes ao pla[o, 237
2.4.2 Responsabiüdâdedoadquirente
4.1 Créditos trâbâlhistas 238 273
e de acidente de kabalho 3 Cumprimento da recuperaçào.,.....-...................
4.2 274
Garantias reai6........,......,.,..... 238 3.1 PêrÍodo dê observaçáo ............,..
4.3 Vâlieçâocambial................... 21e 3.2 Medidas postelioles ao período de observaçáo......,......,.......,..........-....
275
5 Apresentação do plano
de recupeEçáo jirdiciá1.... 24ô 4 Relaçôes iurldicas do devedor nâscidâs
277
durante a aecupeaaçâo
5.1 A{,res€ntação pelo 2q 4,I Obrigaçóes contra.ldas durànte â recupe.aÉo
iudiciâ-l 278
iuüciât _.-..__-._--_---__----__ 278
5.2 Â[,reseotÂção do plar.to
alternatjvo pelos credores.-......._ 241 ,L2 Firatrciarnento do devedor durante â recuperaÉo
242
,udiciâl __...* 279
C.píhlo 5 Extinçào do plocesso de rectperação
tO -
Aprêciação do plarro ,udicial , 281
de recüperação iudicid
I Madf$teçâo dos credores sob !e
.
24
6
o plano apresentado pelo 6.1
l.l Âprovâçâo tácita_
devedor.......---
244 283
6.2 ^brangência......
Hipóteses legâis
244 2U
2 Ânálisê do plano pélâ 6.2.1 Condenaçáocriminaldeffdtivâ....
assembleia dos credoles.. 284
2.1 Fase de úscussão:
âlte.ações no plano de 245
6.2.2 Indlcios vêementes de crime5 falimentale§....._-,,-...................,,.....,,.......,..
285
recupereçâo,.,...,,,...,,.... 6.2.3
2.2 Fese de votação do plano 247
Dolo, simulação ou f!âude eÍn íâce dos credore3........................,.................
285
6.2.4 Ga§tos p€§soâi§ excêssivos................_....__
Aproveçâo do plano 247 286
de recuperação..............,...... 6.2.5 Despesâs injusúff cáveis.........,............,......,...,
Ap.ovaçá o alternativa 247 287
I do plâno de lecuperação 6.2.6 Descapitâlização iniusti6cada.,.......................,.,.........
Ádesão eo plano 250
6,2.7 Simulâção ou omissão nâ üste de credorês.....
2.2.4 Rejeiçâo do plâno....... 248
3 Lirdtes da âh-raçâo
...... ..... 6.2.8 NegativadeprestaçãodeinforInaçÕes.........,.....
iulisdicionel 288
6.2.9 Preüsáo do plano de recuperação..............
Teoria do voto abusivo 253 2A9
3.2 254 289
3.2.1 A experjêncie dos Estâdos 289
Unldos 6.4 Substitüçâo
t-r, ApücabilidadeaoBrasil........ 25s 290
--
r.r .......... 6.4.1 Substituiçãodoemprêsárioindividual............
Critério tetaafásico 256 290
de atuação
iurisdicionÂl 6.4.2 Substituiçào do âdministrador de sociedade
258 29r
Ctpítulo ll - CoÍlcês6ão e culnptimento
7
dâ recupe raçào iudicial 292
1 Apresentaçâo de certidóes
negâtjr.as de débitos Cspítulo I2
1.1 Náo apresentação
tlibutá.ios.
259
- Recuperação judiclal especial
a". I 295
Noçóes gerais....
2 concessão da recuperÀçâo ""rtiaO""-... 2@ 295
iudicial...,,.........
2.1 Vinculaçáo de todos 264 296
os credores 21 Devedor empresário enquadrado como
ME ou Epp e produtor rural pessoa fÍsica... 296
2.2 Créditosabrangidos
266 298
294
18 CUHSO DE DIFEITO EMPÊESAEIAL
SUMÁBlo 19
4
299 3.1 Exdusâo absoluta 332
5
300 3.2 Exclusáorelati!.a. 333
Capítulo t3 - necupereçáo extÍaiudicirl.... 335
303
1 Noções ge.àis 4.1 Morte do êmprêsário indiüduâl 335
303
2 Suieitos 336
3M
4 3à8
304
2.2 Crédirosebrangidos
305
3 Modalidades...... t) Cepítufo 16, - lnsolvêrcia 340
306
3,1 Recuperâçâo€xtrajudicialdehomologação
fâcultativa.
3,10
4.2
§ 23 Sistema da cesseção de pagâmentos-....... 341
R€quilitorobiedvo3'....__
310
43 Pedido de homologEçeo._......- 2.4 SisterrB da impontualidade...-..-..-..-.... 342
311
I 4.4 Procedimênto da homologação 2.5 Sistena da ênumeràçáo lêgÊl 342
313
I 3 À insolvência no sistema b&§ileiro 342
314
3.I Conâssáo do devedor 342
(, 3Í6
3.2 Impontuaüdade injustificada.................. 343
I
316 3.2.1 Inedimplêrcia 343
2
I 317 3,2,2 Dívida llquida constante de títu.lo executivo 344
3 Fases da falênciâ.....
319 3.2.3 Valor superior a 4lO salários ÍrÍnimos....,..,..,,... 345
i 345
3.2 Fase falimentâr.
3.3
319 Execuçãofrustrada-. 347
3.3 Fase pós-hlimertâr
320 3.4 ,\tos de felénciâ 351
4 Objetivos............,....,.,......,...
320 3.4.1 Liquidaçãoprecipitâda 351
5 Princlpios
3.4.2 Utilizâçáo de meios ruinosos ou freudulentos 352
5.1 lgualdâde entÍe os credores..,,.........
323 3.+.3 lntençào de foÀudat credores ou rctárdar pagementos 353
5.2 Celeridadeproce3suâL.......,,............,
323 3.4.4 Tlespasse irregula!..... ----'.------.-.---:.-- 354
5.3 Economia processual.........,....,........,..
3.4.5 Simulâção da tranrferênciâ do prircipâl estabêIecimento.......................... 3s5
6 Pressupostos de in6teurãçào da falênclâ,...
324 3.4.6 Outorgâ ou reforço de garantia........................... 357
Abandono de estabelecimento.,..............-.-.......
b& Capítulo l5
L
- Ledtinúdade pasclva específica......
Falência como rêgittle especial.....,.,......,.............,...
3.4.7
3.4.8 Descump.imento de obrigação ârsurrúdâ no plâr.Io de .€cupetaçáo iudiciá]..,
358
359
327
2 Subn ssáo à falência. 3.5 Recoúecimênto de processo estrangeÍlo principal................. 360
32A
329
2.2 Empresários iÍreguIares...........................
1
SUMÁÂto ?1
I
3.1 Lêgitirnidade....-
.363
395
365
3.3 Procedimento.... 5.2
396
4 Pedido de falênciâ
6 5.3
396
368 5.3
4.t Legitimidade âtiva........
368
4.1.1 Qudquercredor...........
368 ú( Cs{,ltulo t8 - Êf.lto! dâ fâlêncta quarto à pesro& do falido...
I
4.r.1.1 401
Créditos vincendos......
368
1 Quem é coosiderado falido? ,........
1
4,1.1.2 «)1
Crêdor empresálio....,..
369
1.1 Sócios de responsabüdade ilimitada.........
,rc1
4.1.1.3 Credor domiciliado fora do 8rasi1.......................,.
369 1.2 Empresário indireto...,..............._........................... .... ,103
4.1.r.4 Cledores âscâis.....,,...,
370 2 Akibulção de responsabilidâdes a terceiros nâ falência
Heldeiro§, inventaliâ[te 404
e cônjuge sobreúvente........-_._.........-_.........__....
371 2.1 Desconsideraçào dâ personalidade jurÍdica no processo
fümentãr_.-..,,..,---_...__.
4.13 Sócios ou âcionista§ * 405
373 22 processual dâ des<onsideraÉo no processo fâltrreotár
4.2 lulro corrPetênte _._...._ ^püceção
!rc8
374 23 Quem pode ser atingido pela descorsideração?
4.3 Despacho inicial e citaçâo..._*-........ -_.*_'._.-_* ,lo8
3 Efeitos de Êlêrcia quanto à pessoa do falido ...-...........................,,..
410
3.1 lDabilitação empresaria1............................
4.4.t 410
376 3.2 CapacidadeprocessuâIdofa1ido...............
4.4.2 Depósito e115ivo.,.......... 412
37A 3.3 Sigilo de correspondência........,,.............__.........,,,...
4.4.3 Contestâção 413
380
4,4,4 InérciÂ..........,......,....,................,........ 414
45 Conciliaçáo, saneahento
3.4.1 Termo de comparecimento nos auros
e instrução.. 414
3a2 3.4.2 Entrega de bens, livros, papék e documentos
46 Decisâo do pedido de frléncia..........., 4t6
383 3.4,3 Restriçôes à liberdâde de locomoçáo.,,.,.............
4.6,1 Denegâçáo do pedido. 417
383 3.4.4 Cômparecimento aos atot da falência e manifestâçóes...,...................,..,,...
4.6.1.1 lídenjzeção de dânos causados ao deyedor....... 418
384 3.4.5 Presteção de informaçóes e lista de credoles.
4.6.1,2 Indenização de danos causedos 4t9
a tetceúos 386 3.4.6 ÀuxÍlio âo adminisuador iudiciâI......................
4.6.2 Decisáo de decretação dâ falência. 420
5 387 Descumplimento das obrigâçôes .......,,,............
Decretâção iudiciâl dâ falênciâ 420
5.1 387 3.5 Direitos do fâ1ido..................................,._...........
EIementos............................... 421
387 3.6 Dissoluçãodasociedadefalida.,..............
5.1.1 SÍntese do pedido , idenrific açáo
do falido
422
e dos administladores de
sociedadê falidâ...,.,...,............
387 6 6 Capítulo f9 - Efeltos da falência quânto Às obrlgações do fâlldo.
5,1.2 Termo IegaI.,.....,..,.........,.....,... 1
424
388
5.1.3 Contjnuaçâodoproces6o...-_-_---_--_-. I 2 Vencirnento antecipado
424
391 425
5.t.3.t Providêncies para formação da massa de credores....,.......,.
a I 3
391 Conversâo cambiel.....
s.t.3.2 427
Proüdências relacionadas à massa íalida 4 Suspeffáo condlcional dâ exigibilidâde dos
obiêtiva ...,............. . 393 iuÍos posleriore! à falência ,.,..--.,,.--.--.._.
5.1,3.3 427
Suspensãodas execuçôes, dos
atos de apreensào e constdtivos 4.1 Obrigâçóes com garantia real................__
eda presc ção contrâ o devedor 428
5.1.3.4
393 4.2 Debentures........
Órgàos no prccesso de falência 429
393 5 Formaçâo do juÍzo universâl e indivisÍve1.......
5.1.3.5 Comunicaçôes e diligências adicionais 430
5.1.4 Prisãopreventiva,......,.
394 5.1 Açõês anterioles à íalêncla.....1.............................
430
394 5.2 Âções trabalhistas .....
431
22 CUFSO DE DIÂE/TO EMPEESA8IAL
SuMÁBro i23
5
62
n 6
43
432 463
7
433 8
&4
5.7 AçÕes que demândam q uanties llÍquides
com litisconsórcio entle a Fazendâ 445
Públicaea Massa Falide. 9
434 465
l0
435 1l 6
6 SuspensÀo das execuçôes....
435 liquidaçào no sistema finânceiro 4.67
12 Àcordos paÍa compensâçáo e
6.1 Açôe6 que demandem quântias illquidas. 4A
436 13 Outros contrâtos...,...,.
6.2 Execlrçóes âscais,.............."...............
, .... . ... 436 13.1 Aberàüa de crédito M8
6.3 ExecuçÕes com hqrta pública iá desighada_. w
6.4 Açóes seÍn conteúdo econômico......
4% 13.2 Sêguto.*-
437 133 AlieoÂÉo ôduciáriâ em gdantiâ.-.-............- 469
7 SuspeDsão da pre3criÉo_* ... ....- -..
437 L3.4 Lê4!útg 470
8 Suspensáo do direito de retirada e do recebimento
do !.alor das quotas ou açóe§........-.
8.1 Direho de redràda......--.._..................,...........
439 13.5 Frânqúâ-- 470
439 13.6 Facbring..,.....,,.. at
8.2 Pagâmento âos sócios ou acioni6ta§
440 -
13.7 Securitizaçáo de recebÍveis .... ..... 473
9 Suspen6ão do direito de reterçáo.............,............
&1 474
t0 Compensação das obrigaçôes do falido...............
442 475
10.1 Requisitos dâ cornpensação nâ fâléncie
&3
10,2 Créditos não compensáveis,.......................,,......,...... CãpÍtulo 2l - Efeitos da falência quânto aos bens do falido ..... 476
10.3 Rêconhecimênto da compensâção...........
444
46
@ I Submissâo dos bens do falido ao Processo: foÍmação da ma§sa felidâ objetiva " ' 476
«0 I
1.2 Bens 488
4.5 Vendas e termo.......
461 1.3 Nâo rubmissão à etrecadaçáo 490
24 CUESO OE DIAEITO EMPAESAFIAL
SUMÁBlo 25
) Inventário e a\lalisção do6 beng, Ilvros e documentos arecadados
3 Guarda e conservâçâo dâ rtlessâ ÍÊIida...... .491
525
492
3.1 ContinuâçAo dos negócios 525
492
3,2 Produção dê renda com os bens ârrecâdados ,.......,................. 525
493
3.3 Possibilidâde de vende imediata...... s26
494
4 Âção de responsabilidade.........................,.........,. 526
496
4.1 Cabimento da açâo contra os úcios de responsebilidade
Iimitada àz
498
4.1.t Responsâbilidade dos sócios da sociedâde
Iimitada 527
1
5r3
2.1.5 Reembolso de âçóes....
543
2.2 Declarâção judiciÂl de ineficácia.
5.15
2.2,1^fãodedaràtóriadeiDeâcácia,.............'.....,......' 4.2 Decisào do
516 iuiz. 545
2.2.2 Prâzo..................................-....... 5 Liquid.çâo sumfuiâ: adiudicâçáo
516 e venda direta âos credores......
2.2,3 A decisão declerâtória de ineficácia 5
517
6 Vendá imêdiata,
2.2.4 Recurso 547
5t7
7 Âusênciâ de sucessão dos adquirentes...
5,18
518
8 Impugnaçõês.....
3.1 Câbimento........-- 550
519
3.2 Legitimidade e competência.............,.,.... Cepltulo 27- P.gâmento do pâ§6ivo........... 551
3.3 Í>tazo................
520 1 A ordem de pagamento
551
521
3.4 PÍocessamento, decisão ê recuaso..,..._.....
553
s22 2,1 C!éditos prioritálios (Lei n. 11.I01/2OOS _ art. 84,
I-A c. c. arts 150 e 151)....... 553
523 2.2 Financiamentos ao devedorem recuperaçãoiudiciaI..................,,
2.3 Pedidos de restituiçáo em diúeiro.......
555
zt) CIJSSO DE DIÂEITO EMPFESARIAL
r- SUMÁHro 27
5?t
2-2 Regime de administraçáo especial temporária RA!T).................. 598
572
2.3 Liqüdaçào extrajudjciaj....,........................ 599
2.1 Cablmento.........
2.3.1 600
2.2 Declarâção de ê(tinção das obrigeçóes
600
574
2.3 Extinção dos crédito8 extraconcu$âis.. 2.3.3 @2
576
3 Dilsolução da sociedade falida ..,............
2.3.4 Procedimentodaliquidação.. 603
s76
CapÍtulo 29 2.3.4.1 Verificaçáodecrédi1os................. 603
-Dâs dlsposiçôes penÂis em matéria
d€ falência e Íecuperação dê êmpre6a6....
1 Crimes fâlimentares 577 2,3.4.2 Reelização do ativo e pagameÂto do passivo...-- 605
2.1 Fraude a credores s78 2.4 Responsabilidade civil dos ex-âdministradores,.................. 605
I 3
2 Objetivos.............,...
Reconhecimento do processo
621 I *ú,.lyn
4 Medidâs de âssistência.........-...
estrângeiro,..............
623
)
4.1 lecuperação extraiudicial, falência e regimes
Suspensáo das €x€cuç&s, 624 especiai§
dâ prescdçâo e das
do devedôr medidas relati vas âo patrimônio
4.2 Resüiçâo à disponibilidade aecentes precedentes sobre a matéria.
de bens do ativo 6E
4.3 Ad]ninistração, rea.lizâção do devedor..........
e destinaçào do
625
ativo
4.4 produçáo de provâs do devedor,...,........,,....
626
4.5 Ineficácia dos atos do devedor 626 t, Ull
5 Cooperaçâo com autoridades 626
e tepre§entantes esh.angeiros...........
6 processosconcoaa"irtua.......,...._.
626
R4bftncias 627
629
crtses
tu
Trata-se de uma me-
Lei n.
Do
medida com o mesmo obietivo,
Tais meios de solução das crises
náo são garantias da sua superação,
tentativas de resolyer os problemas. mas apena§
Contudo , â experiência nos mostra que,
casos, a crise não poderá ser superada. em muitos
Diante disso, não há outro câminho a
da liquida ção patrimonial, orquanto,
se t uida çào nâo oco
uma empresa inviável no mercado pode ode
gera r preiuízos ainda maiores.
Ne steqaitTtar:
*-r- \ t+
3o i cunso oe oraerro EMpnEsaRrÂr I
trarão em vigor,
6. COELHO, Fábio UII$a. Curso dc direito comercial. B. ed, Seo p^.io: Sareiva, 2008, v. 3, p. 231.
2. GARELLÀ
7. GUGLIELMUCCI, Liíto. Lezioni di diríttoÍallímentdre. g. ed.Torino: Giâppicheui, 2@t, p. Z.
polir Sisrema Edi
,#ir?i'rfr3*;o;'*'**'*/e, stratesie ê metodi per ir risaramento
delfimprese. Na- 8.,. Mârlo. concodato strugiudizjala straregie e merodiper ü risanamenro dellimpress. Na.
-GARELLÁ,
poli: Sistemã EditoÍiall, 2003, p. 19, rrâdução livle de ,,la perdurante incapacità dell,impÍesa di far fro[tê ai
propri impegni con le ordinarie tisorse Íinânzierle â disposizionel
i;r, rilf"ltá;#llli; "rff:";ff;::t*",i,re suatesre e metodi per ir.isanam€nro derimpresâ.
Na-
1. ldem, p. 9.
9. COELHO Fábio Ulho^. Cutso de direíto comeftial. B. ed. Sào perlo: Sârâivâ, 2008, v. 3, p. 231.
t; ldern, p. L2-lz
10 /,ULETTA, ciuseppe L impresa dar codice di commercio del 1882 alcodice ci,le del Lg42. IB82-r982
Cento anni,dal Codice dt Comhercto. l/,ilâ.I,a: ciuffrê, 19g4, p, 81.
I1. COELHO, Fábio U1hoe. Curso de dircito comercial B. ed. Sào paülor Saraivâ, 200g, v.3, p.232.
I
34 CI.]FSO DE OIBEITO EMPEESARIAL
O ornetro oes evpnEsas eu cnrse
ü
I
namento iurÍdico,,.","" à'iJ:f,':,1:l;::?:[Lffi'"fl::::.tr:::*: ";i; de que a crise seja superada, restabelecendo-se o bom andamento dos ne_
aquetas que podem afetar inàresses
de gócios. Tais soluÇôes do mercado são regidas pelas normas inereotes ao negócio realii
---'-- -'ie!,,qrr óretrqÉ PtE(
cado e do aparato estatal. ".d, ";r",._;;;;pii'o.up"çao ao ,,,"r- zado, nâo havendo um tratamento especial por se tratar de uma forma de superação da
crise da empresa.
embora relevantes' não chesam a suscitar, por A solução de mercado é a forma natural de superação das crises, mas depende da
', ".:ff:1""'"$J,':fn*li::::l
,oruçao. a.p",ia.,ioilffi;".,';'Jâ1,Tffi::,.#1f:ã,i,"?l;)ili"j,ilil;;l atuação das forças do mercado e'também da possibilidade econômica de realização dos
Todavia, caso aa, nao ,"y"m investimentos, Em certos casos, o empresário, que passa pela crise, se recusa â permitir
Ili"1,jr1-"r_.5:" ".ação.
crrses, as quais, por afetarem "ot,iciàn"a"riroa".
mais envotviaos, exigem respostas-ãl-a'ur""do
g".", .or.. o ingresso de novos inyesüdore§, o que inüabiliza a soluçáo do mercado. Apesar disso,
ou não se pode aÍirmar que âs crises que não encontram solução no mercado sáo insuperá_
As outras crises sào capazes d€ afetar "at"t"i".
mais lnt"re"sea e, po, i"ro, u*" p"uo_ veis. Diante da impossibilidade da soluçâo do mercado, o aparato estatal oferece novas
cupaçâo maio!. Essas crises são a
econômica, ff";;;;;;;;niat, "rray"_que
existir isoladamente ou em coniunto podem respostas a tâis crises.
" Cada qual
com grande frequência a presença
na empresa. tem *"
um conteúdo,
' mas há
de m",. á" ,-" a"lr"li-a;;:'
As crises económicas, financei
7.2 Soluções estatais
em que podem repr.,"";
a redução de empresos. Em
;;;"';-,;";:;"T:[:]:ilTJi'.*lli]lãllii, ll,I"#i
outras D;hv.", p.i"--p-rã;.ã,âll"il"g"aor, .r.aor"r, Como visto, as crises da emplesa são perniciosas para a própria economia de
n:.: que estâo tigaáos à ati,iaaaà
"r", aese.ri;e;;;i, um
lllll]d-"d" " i'a'í"r","nao ,p"n", o paÍs e,por isso, o próprio aparato estatal deye fornecer meios de superação
proprio empresário. Em razão disso, há uma grand.
dessas crises,
É.;;.rp";;,*to para proteger a própria economia do país. Tais soluçóes estatais, princÍpio,
quanto do Estado, havendo inclusive do mercado a terão lugar
uma sérieãe respástas.ãio-J"ã"rl apenas na impossibilidade de uso das soluçóes do mercador3.
nosso ordenamento airporiçao p"to
iurÍdico, Para superar as crises pelas quais pâssa a empresa, o ordenamento jurídico
À grande preocupaçào do direito empresarial _ brasilei_
é com a crise financeira, pois ela ro fornece duas soluções gerais: a recuperação jud.icial e a recuperação
aretâ diletamente o mercado de crédito, extraiudicú.;;
dades empresariais. Embora, clarar d" A;";;;;;.*'o'jl'u..i"io a". ambas as soluções gerais, há a atuação do poder
fudiciário, nao comà sujeÍto responsável
d",p.s,-;,;;,,;.;;;;;::H:§[.;ljli:T:ffi,]rJ:::ili:f "trri pela reestruturação da atiyidâde, mas como um sujeito que vai
âcompanhar a aplicação
:Li::.,J",": dos procedimentos legalment€ previstosr..
petos potenciais efertos resivos
oup ela,
também se preocupa diretamentà com
p";;;;;;;;rril'l"o".lli'r_"n,o ;u.rai.o A recuperação judicial, por deffnição legal, tem por objetivo
a crise ecoÀô$ic",
aitada no art.
4z d,aLei, n. 11.101/2005.
"
perniciosos que podem decorrer
indi,"t.-.ãffii;;ff;;::*"s"^p.ar""-a.rta
os efeitos (...)
üabilizar a
derssa situação, como a redução da situação de crise econômico-financeira do devedoç a
dito e o aumento do risco. da concessão de cré_ fim de permitir a manutençâo da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores
e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservaçáo da empresa, sua
função social e o estÍrnulo à atividade econômica (Lei n. 11.101i2005 _ art. 47).
7.1 Soluçáo de mercado
ml*f lilfl*::Hffiil"}::iil1l',1::::#!ilHt:l:::::...1i:TH::: . Fábio Ulhoa Coelho afirma, com razâo, que "quando o aparato estatal é uti.lizado
oara g"ranti. a permanência
de emPresas insolventes inviáveis, operarse uma inversão
. A recuperaçâo extraiudicial também tem o mesmo objetivo, mas atua de forma
dlstinta, com menor interyencão
inaceitável: o risco da âtividade empresarral transfere-se do empresário para os seus
d credores"l7. Não há como negar que a manutençâo dessas empresas inviáveis gera mais
iurisdirional Aqui não existe uma regu.la-
munt"çao tao a.i"i"ã;,;il:::J:jp*'to j" Iiberdade maior para o emPresário e efeitos pernicioso§ do que sua liquidaçâo patrimonial, a qual, portanto, representará
os suieitos interessados na
solu.,.'I-":"tgt* melhor caminho a ser seguido.
",,.n.i.r ",
qu,nããã;:i#:_.1."'::ü:: 3lH:ii',,::t,nl1lffi n
A liquiqação. pgtriFonial total oldinária pode ocorrer por iniciativa do próprio em-
Além dessas soruções gerais, há,soruçôes
;t",,r" presário ou dos sócios da sociedade empresária. Nesse caso, instaura-se um proced(men-
srstema Íinanceiro nacional,
as segurador", ".p".in.", fr."."Lo"."rno., .o_o o
pr"..., àãrríal.ii*.i.r0"0., to tendente âo encerramento das atividades empresariais, com a deüda baixa no reg)Àt.o, __
um caràter mais estratégico para ",
a economia" do oorru"* Para as sociedades, tal procedimento é regido pelas normas societária§ (Código Civil e
especial do poder público. iaÍs e, por isro ,".ã.-,i u." nr.Air"çao
Tlis ativida!e, ,--pãi"r. í* ,I","a'"Jãllli.n" ,*0,.., Leín,6.444176\ e, quando houver conflitos entre sócio§, pelo procedimento comum do
I
I5. ldern, ibidem.
wWvrhÁ hq ,rí:)
17. COELHO, Fábio Lrlhoe. Cuno dê dieito .otflercial e. ed. São paulo: Sâraiva,2008, v.3, p.238.
àí
circundam a empresa (atividade), cerne desse ramo do direito. Dentro do direíto empre_
sarial, porém, há um ramo mais especÍfico que se preocupa com tais institutos. Esse
ramo mais especííico é normalmente chamado de direito falimentar ou de direito
con-
DrsPosrçóEs GERATS DA FALÊilGrA,
cursal, Todavia, dadâ a sua evolução, preferimos o uso da express^o
em crise, para d.enotar seu obieto especlfico: as respostas dà
crises da empresa.
direito da. empresa
ordenamento jurídico às
2 DA REGUPEIIÇAO JUDTGTAL E DA
BEGUPERAçAO EXTNAJUDIGIAL
i
Esse ramo do direito empresarial possui quatro objetivos fundamentaisrer I
{
. prevenir as crises;
. recuperar as empresas em crise;
. liquidar as empresas não recirperáv€is; e
I lntroduçáo
. punir os suieitos culpados em tais crises. Em razão dos efeitos perniciosos que as crises da empresa podem gerar, nosso or-
Tais obietivos denotam que não se trâta de um direito que regula denamento jurídico houve por bem criar diversos institutos para tentar superar as crises
apenas a falência
ou outros concurcos de credores. O moderno direito das ou para liquidar o que não é pâssÍvel de recuperação. Entle esses institutos, os rnais im-
empresas em crise preocupa-se
essencialm€nte com o valor da empresa em fuacionamentJ, portantes são aqueles que têm o maior âmbito de aplicação, isto é, aqueles que se aplicam
isto é, com a manutenção
da atividade, em vez de dar primazia aos interesses a um número maior de situaçóes. Nesta sihlaçáo, estão a falência, a recupemção iudicial
dos credores2o. Nâo há mais uma
üsâo liquidâtária nesse ramo do Direito, buscando-se, sempre que possÍvel, e â recuperação extrajudicial, todas disciplinadas pela Lei n. 11.101/2005.
a manuten_
ção.da atividade'r. Embora não haja a previsâo específica neise slntüo, acreditamos que Esta Leiveio para substitut a antiga legislaçâo brasileira sobre as empresas em cÍise,
o-direito dâ empresa em crise também pode ser usado p"." pruuani. alterando a orientação predominante para a busca da recuperâçáo das empresas em vez
as crises, cujos
efeitos podem ser perniciosos. da busca da sua liquidaçâo. Nesta legislação, há disposiçôes gerais aplicáveii aos trés
institutos, disposiçôes comuns à falênciâ e à recuperaçáo iudicial e disposiçóes especÍfi-
cas para cada um deles. Dentro dessa organização, vale a pena destaca! inicialmente, as
disposições gerais da Lei n. 11.101/2005.
que a constiruiçào
,.'""t;,i::ii?:i::.1:lff::i::":':ssevera
do trabalho
Federai erenca como tro desse conceito, temos três realidades: os empresários individuais (pessoas físicas),
empresárias e nâo humano, sem distinguir atividades EIRELI e as sociedades empresárias (pessoas jurídicas ou não). Apesar das diferençag que
e.p."ra.i"r. t,oti'"Ç1o
,"-,*.*. oo",* ;[:::.,Ji"r;,:i:1".:LH*: ff:.,:i,o:'"1*rum,:]:.:]i existem €ntÍe as três realidades, todas se inserem no mesmo conceito e, por isso, falare-
necessário analjsar a incidência mos genericamente de empresário, abrangendo todas elas.
especíâc" a. a", ,iiãili'*u.,... " desse suieito exercente da empresa pressupôe uma série de requisi-
À conÍiguração
Quaado a lej se reporta a en ".
deve-se entender uma rererência tos cumulativos, em relação aos quais há alguma <iivergência de tratamento na doutrina.
'a"o lü;;;ril;IlTy.lo'exerce a emPresa em seu próprio nome,
i'a"iau"r,
miado todo o risco d"
ao empre-
Sempre se reconhece a condiçâo de sujeito de direito, mas nem sempre há unanimidade
Jr;dd:;'^T:j aszu-
será o tihrlar da atiüdade. no tratamento dos demais elementos que irão qualiÊcáJo como empresário.
Ainda que ,n" *i"
entre pessoa
a
lil* :ue
""i,io" L",,?,Íi?11'ij-:l'11urr'rlrlo qo seu uPl. não
há distinção Àsquini, além da condiçâo de sujeito de direito, destâca a atividade econômicâ or-
emE
fisica em si e o
individual com ganizada, a finalidade de produçáo para o comércio de bens e serüços e a profissionali-
a"u"* ,". ;r;;;::1t:tá.:1" a L ei n. 12.441/2ott
também
ou. ruo "ur"ngjl";
u.nu ourii;il;':.',:"a",']lotviduais
de Responsabilidade Lim.itada
(EIRELIs)
dades, Giampaolo dalle Vedove, Francesco Ferraxa Junior e Francesco Galgano não destoam
centro autônomo de direitos da orientação de Asquini, destacando a organizaçâo, a economicidade dâ atividade e a
o e,rercicio rndividu;il;;;"0; ""_o e obrigaçôes pará
lndependentemente profissionalidade6. Pâulo Sérgio Restiffe indica como elementos dos empresáriosr o binô-
é que EIRELI poderá
s;;;;; "to*sarial
exercer atividade empresarial
da natureza, o fato
mio produção-intermediaçáo, a organizaçâo e a profissionalidadeT.
no conceito de empresário, e, por isso, se enquadra
Remo Franceschelli indica como elementos do empresário a produçào para o mer-
Ao iado do exercício indiyidua
cada vez mais comum a
é
cado, a organizaçâo e o fato de o empresário suportar o risco do empreendimento, como
.o.i.drd", p"r" ta't-r,i;;r;;::;;'o" "tpresa' utilizaçâo de elementos essenciais do conceito3. Tullio Ascarelli destaca os elementos do próprio
slvel nas sociedades. P,"l-" uniâo de esforços e/ou capitais que
Atividades é pos- conceito legal, a atividade econômica organizada, exercida profissionalmente e dirigida
mente, sendo frequente -l"nttes dificiimente podem ser exercidas individual-
e muito úti à produção ou circulação de bens ou serviçose, Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa in-
,o"i"a"a"",ur",e-iHffi:T:"""?rT,l:T..*;,""..'#:::::ffi dica como requisitos do empresário: (a) o exercício de uma atividade; (b) a natureza
gaÇoes e o risco
da empresa serão da sociedade. Í:i:TffJ:r:: econômica da atividade; (c) a organizaçào da atividade; (d) a profissionalidade; e (e) a
finaüdade de produção ou troca de bens ou serviçosro.
. Iais suieiros. empresário individual, EIR.ELI e sociedade empresária, são espécies
do
ffi :':""[ffi:Xi:;l:',:i::T,:,':ou" o" ..,0.*" i. ]ru..I,, 11 1"".,0**.. i,o,-
não §e aplicam a todos indistintamente,
"0"""' " ",;;.';;;;iâ,ljilll;"'i t':is no cenário econômico justiffca
mas 5..A.SQUI^{I,Álberto.Profilidell'imprêsa.Rtv6td.diDitittoCommercidle,v.XLt-partet,tg43,p.?-9.
to air".un.iaao u
"
ã,];#]ii#",Y::Y PaÍa entender a quem se
o tratamen- 6. \€DOVE, Giampaolo óalle, Noziohí di diritto d'it presd. padova: CEDAM, 2000, p. t6-18; FERRARA
recuperaçào aolica a falência, a IUNIOR, Flancesco; CORSI, Franc€Éco. Gli imp renditori e le socíetà. t7. ed. Milano: GiuffÍê, t9gg, p, g2-4Úi
iudicia, a a ."aurar"ar,t"'tos
é rundamentar identificar quem GALGANO, Francesco. DiÍitto civile e comtnerciale. 3. ed. pado\"a: CEDAM, 1999, v 3, t. 1, p, 17-30.
enquadra ou ;r;;;;;."i,J::'"":X"."";ti,:.'o''*'' se
7. RESTIrFE, PauLo Sé rgio. Recuperaçã.o d.e empresas. BaruerÍ: Manolà,2008, p. 165-166.
8. ÉRÀNSCESCHELLI, Remo. Corso di dititto commerciale. M)laí\o: ciuffrà, 1944. p. 35.
9. ÀSCARELLI, Tullio. Corso dí diritta cofilmerciale. iítrod\\zione e teoriâ dell,implesa. 3. ed. M ano:
Giuffrê, 1962, p. 146.
4. CASTRq Cârt os Alberto
Farracha de. F, nddmektas
p.72. do dircita Íatimentar_ 2 ed. 10. VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclêrc. Dâs pessoâs sujeitas e náo sujeitas aos regimes dê recupêraçáo
Curitibar Juruá, 2006,
de empresas e ao da falência. Inr PÀIVA, Lulz Fernândo Valente de (Cootd.l. Direito
Íalbrlefitar e d fioya lei
d.eJahncias e reeuperaç,âo de efipresas. Sào P^úlci. Quartier Latin, 2005, p.66.
CURSO DE DIÂEÍTO EMPNESARIAL
i
FAúNca, DA BEcuPEBAçÀo JUDlclÂL E oa RECUPEFAÇÀo ExrBAJUDlclal i 43
GEBÂts DA
a) a atiüdade;
b) a economicidade; 2,1.3 A organizaçáo
c) a organizaÇâo; qualiÍicaçâo de uma pes-
Náo basta o exercÍcio de uma atividade econômica Pâra a
d) a profissiona.lidade; soa como "empresário'i é essencial
também que este seia o responsável pela organização
e) produçâo ou circu.lação de bens ou serüços; dos fatores da produção para o bom exercÍcio da atiúdade' E essa organização deve ser
f) preva.lência sobre atiüdade pessoal do suieitot6'
de fundamental importâflcia, assumindb
a
o d.irecionamento ao mercado;
g) assunçâo do risco. A olganização nada mais é do que a colocação dos meio§ necessários, coordenados entre
sL para a reâlização de determinado ffmr7'
A organizâção pode ser do trabalho alheio, de bens e de um e outroiuntos' Normal-
2.1.1 Aüvidade mente a árganização não significa a Presença de habiüdades técnicas ligadas à atiúdade
fim, mas sim uma qualidade de iniciaüva, de decMo, capacidade de escolha de homens
é o sujeito de direito qu€ exerce e ben§, intuiçáo, entre outros dadosrs.
, _O-:Tpr:sárjo
e, ..um conjunto de atos destinados a um"
a emplesa, a qual é uma atividade,
isto
R"aia"a" .o-uãii.
N=ui-t""i. un,, ,rot"ao, Essa organizaçâo pode §e limitar à escolha de pessoas que, por determinada remu'
2.1.4 Profissionalidade
l 2.1.7 Assunçáo do risco
Só é empresário quem
. exercr de modo pro8ssiooal. Tal Remo Fraaceschelli destaca como o elemento PrePonderant€ da condiçâo de em-
deve ser entándida .o}; ;;,::-'-:-presaassume expressão não
,,a Iinguagem corrente, presário a âssunção do risco, um risco pecüar%.
não se refere a uma;;"d"#;:::::: 1'e à estabilidade
--'-- r--soal, mas porquanto
exercida22. e habitualid"de da atiiiJJI Nas atividades econômicas em geral, todos âssumem riscos. O investidor retira
capÍtal de seu patrimônio e o ligâ a determinadas atividades. Com essa conduta ele assu-
me o risco de perder o valor investido. Esse risco é previamente definido e Pode ser ex-
""-),1'":::T1:;J,T"rll3liXf i" ::,:iro exercente, mas de uma quaridade do modo tremamente reduzido de acordo com a situação, na medida em que Pode se! garantido
presário, bastando q;;'ff;,,;'-1
ft:Íissionali-dade nao depende da intenção do em-
por alguém, o qual será demandado no caso de p§uÍzo. O emPregado assume riscos em
um caráter estável.]ü;;';'""""."::ior a atividade se aprásente objetivamente com
tanto que atividades;";;";'i;J,^t:",ter continuado, nras apenas uma habituatidade, relação a sua capacidade de trabalho e o risco de não receber salários pelos serviços
empresa, mesmo em?;;;.l:r.à;,t"-'-nospedagem) também podem r prestados'7. No primeiro risco, há um seguro social, que, bem ou mal, o Protege de tais
;p.;i;; ;;l;
"""'ilffi :Til,::: :r;, " ^,
çõ.. riscos. Em relaçáo ao segundo risco, o empresfuio o garante, ele é resPonsável pelo pa-
"P
gamento dos salários, podendo ser demandado por isso.
2.1.5 Produção ou circulaçáo O empresário, por sua vez, assume o risco total da empresa. Não há uma prévia
de bens ou serviços
definição dos riscos, eles sáo incertos e ilimitâdos. Àdemais, o risco da âtividade náo é
A atjvidade desempenhada garantido por ninguém23, Se houver uma crise no ramo de atuaçáo do emPresálio, e e§te
, oelo
de bens ou serviços
ma, na circulaçâo tÉ1,1",
p;;#á"j:,§ffjj:::"j":temo§:f '*r*
a
:
produção ou circuraçâo
transformação
tiver prejuÍzo peta falta de demanda, ele não terá a quem recorler. A remuneração do
;;";;;;]:I-'uquçao de matéria-pri- empresário está sujeita a elementos imponderáveis que podem fugir das previsões de§te
viços, temos fu. {;;;";;"-'Eqraçao na negociação de bens. No que tange aos
" ser- e, nessa situaçâo, o risco é dele, não há a quem recorrer.
qualquer, desde de.terceiros apta a satisfazer uma necessidade
;ililrár:r
or" ta
ou;.tà ae a"t"raal;;:"0. tJà'Jt" §imples troca de bens"2s, eles não podem
ser
2.2 Não abrangidos pelo conceíto de empresário
O art. 966, parágrafo único, do Código Civil de 2002 afirma que náo são emPresfuio§
22. GAI,cÀ\o, aqueles que exercem profissão intelectual, de nâtureza cientÍfica, literária ou artística,
F.ànc esca Oiritto ciuile
23.
e cornrnerchle,
B, ed. padova; CEDAM , 1999. v.3,t.t, p. t7 ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores. Einbora tais atividâdes também
FERRARAIúNtoR, Francesco,
Ly9r. p.41. CORSI, Francesco. 6/l ihp renditori seiam econômicas, isto é, também produzam novas riquezas, é certo que seu tratamento
e te §oÉtu â. lt. ed. Milanoi ciuffrê,
o*' n*sto; DENozzÀ, France
Íío,'jr1to' sco.Appunti di dit to commercialc. S. ed. Milano:
Giuffrê, 26. FRÂNSCESCHELLI. Reíno. Corso di dhitto cornrnerciale, l\4llàr,ot Gi]uÍÍtà, 194{ P. 43
25. \4DOVE, ciaÍnpa olo dalle.
No.iont di diritto d,irnpresa. pedove 21- ldem, p. 43.
CEDÂM, 2OOO, p. 13_14.
28. tdêm, p. 44-45.
46 ii cunso oe oraerro EMpaEsaaraL
I
DIsPÓsiÇÓES GERAIS DA FALÊNCA, DA RECUPEFAÇÁO JUOICLAL E DA RECUPCNIÇÃO CX.AIUOICIII. i 47
t
não deve ser dado pelo
direito e e' con§equentemente,
I
"plicaçao
da r-ei n. iiiollô"r.'-"*arid não se pode falar em O Superior Tribunal de |usüça já airmou a natureza empresarial (e uma sociedade
i
de médicos que desempenhava atividade de análise laboratorial, afirmando que a aúvi-
dade desempenhada no caso concreto possuía nÍtido caráter empresarial e não pessoal35.
ll
Í:#:I+:H:l,j*:,H:"1ii":ff :fi que
:""".j:.H,.d,::í11'"::T,H:I:ff
ffi llJ_ Tal orientaçáo reforça a importância da organização para a configuração ou nâo de um
não se.coaduna com o
sário. As atividadl.-l.i.i*,íiijilt
sao prestadas
conceiro de empre- sujeito como emPresário.
de forma pessoal e, mesmo
ii..-,
concorrência de auxilr"lir,
*'.|"tul"c"o at confiança com com a
a.". vao na nlgli"' 'i" iuem desenvorve a aüüda-
o'" noje permeia as aiividades intelectuais, mas
e ...o qr" "o-o org.nã.J';;Jii:-
"rr" o'p;;;;';;;.",""*Te papel preponderante, ainda que se recolra ao 2.3 Situações especiais
uso de audliares,
2reva.lece, no sentido da assunçâo pessoa]
da atividade. do resultado Pelo exposto, vê-se que, para definir alguém como empresário ou não, o fundamen-
tal é aralisar a atMdade exercida por ele. Tal afirmaçâo é o que se depreende do capzl e
.",,TrHt&1'j:'"il*:;':"X Enunciado 1e4 da rrr
profissionais liberais
/ornada de Direito civil pro- do parágrafo único do art.966 do Código Civil. Todavia, há certas situações especiais
.artor, oi!i,i"":' :"" não sâo considerados empre também deÍinidas pela Lei n. 11.101/2005, nas quais a condiçâo de empresário ou de nào
"auo.. "
qe pessoal Fos
atores da produção for
desenvolüda: mais importante que a ativida-
empresário nâo dependeú exdusivamente da aüúdade desenvolvida.
Entretanto, o própri o art.
966. do código
qu" p.ofi"'ri-oi^jn]#"',"" li1st"f".único' civil afirma que aqueles
"r".""-
p."ra.ior, ," á u,,"i.;;.;;:'fi"#:t::lecual' cientJfica, literária ou artÍstica serãá em- 2.3.1 Sociedades por ações
cto oessas atividade, fo. p".tu elemento de empresa, isto
é, se o exercÍ-
Neste caso, ,"r."r"'o'.r'r""i
4" ,fflnstitujr qual sàbressai a organizaçào32. Com o Código Ciúl de 2002 surge uma nova distinçâo das sociedades, qual seja,
"
malor de natureza
al li*-ll|j*'r:::ior'-na ceqe esoaco
a uma atividade entre sociedades empresárias e sociedades simples. Ambas exercem atividades econômi-
deniroã;íü::ffi e:H[1""1"1:lj:f " intelectuar, mas era é apenas
em;iresarial. é
eremento u m cas, mas diferenciam-se pela natureza da atividade exercida, conforme.iá mencionado.
um dos critérios que podem Todaüa, em certos caso§, a forma utilizada é determinante, como no caso das sociedades
-
zaçao e a padronizaçao
s, para-verificara predominância da organi-
e obietivacae-t liados por ações.
viaaae, mais clara nJa-;
*,itividadera. Quanto mais padronizada for a ati_
:";"ilil::: da atividâde intelectual. As sociedades anônimas e comandita por açóes são sempre empresárias, nâo im-
consumidor h, ,.;;;;;;;cundária Outrossim, para o porta a atividade exercida por elas (CC - art. 982, parágrafo único). À organização e o
na atividade prestada, isto
prestador, *"r d;;;;;'r".rrf :"J'Í:* é, não interessa o
elemento pessoal passam a não ter relevância, À forma irá determina! a natureza empre-
sarial de tais sociedades, Em lazão dessa natureza, elas estáo sujeitas à falência, à recu-
peraçâo judicial e à recuperaçâo extrajudicial.
: ^ifÉx*;;i1;;;;;;ffi ts ;::;"É:il::: : ::i:::: t, 35. STI - 2r Turma - REsp 555.624lPB, Relâtor MINISTRO ERANCIULLINÊTO, Dl27-9"2A04.
48 j cuaso oe ornerro EMpREsAsrar
.Uffi 49
EtSpo'siçóEs GEFAIS OA FALÊNCÁ, OA FECUPEFAçÁq JUOICIAL E OA FÉCUeennçÂO rXrBe.:UOrCm !
m,*fi****fitr,*fiffi mindo qualquer responsabilidade perante o público, daÍ a denominaçâo como sócio
oculto, Á responsabilidade dele é apenas perante o sócio ostensivo, nos termos combi-
nados entre os doise.
Pelo exposto, vê-se que a sociedade em conta de pârticipação não é enquadEda como
2.3.3 Sociedade cooperativa empresária, porquanto ela não exerce qualquer aliüdade. Assim sendo, a sociedade em
conta de palticipâçáo náo está suieita à falência, à lecuperaçâo judicial e à recuperação
extraiudicial. Quem exerce atividade é o sócio ostensivo e, por isso, ele sim pode ser um
:.",ilffi
empresário e nessa condição estará suieito a estes regimeír. Do mesmo modo, o sócio
oculto, caso seja um empresário, também estará suieito a esses regimes, po! sua eventual
**tm****T**t*', fazem, Apesar da irregularidade, eles se inserem no conceito de empresário e, por isso, a
I
eles se aplica a Lei n. 11.101/2005, uma vez que o art. Ie da referida Lei nâo erige o exer-
iu prôprio nome, vinculando_se cício legu.lar da atividade para a sua incidência.
e assumindo toda
Todaüa, tal afirmação não é totalmente correta, porquanto para a recuperação iu-
dicial e para a recuperação extraiudicia.l um dos requisitos é o exercÍcio regular da ativi-
36. Em sentido contrárjoi
negândo a dade há pelo menos 2 anos (Lei n. 11.101/2005 - art.48). Logo, nâo há como cogitar de
ernpresa, Z, ed, Sà; pa\tlol NxGRÁo, Ricaldo.
37.
!X',*ff;|fj',:i;:e;;,;:, ,r4a huat dê direito co. aplicaçâo da recuperação de empresas aos empresários irregulares.
cAMPINHO, Sérgjo
de ranej.o: Renolãr, de cüprêsat o novo
2006. P. 9; To LEDO, paulo re8ime de insolvênciâ
Paujo F. C Selles F. C. Salles de. ln empresariel. Rio
de (Coo rd.). Comehü ÁBRÃO, Carios Henr ique;
2005, p.3; PnoENÇÂ, os à lei TOLEDO, 39. CÀRVALHO DE MÊNDONÇÁ, ,. X. Tratado de direito comercial brusileiro. AbJ.Jizedo por Ruymáí
ios Mâ.celo Martins. Dis São Paulo: Sârâiva
ão do Ministéri o Público, posiçôes pteliminâres; de Lima Nucci. Campina§r Bookselle! 2OOl, v, 2, t.3, p.262,
â plicaçâo da tegis
ln: MÀCHADO iaçáo, cornpetência
Ru bens Ápproba to (Coord.)
Pâulor eu arlier Latin,
40. ldem, p,262.
38, ESCARRA, Jean;
ESCARRA, Edo uard;
2OOS,
P.66. 41. PENTEADO, Meuro Rodrigues. In: SOUZA ,{,À'IOR, Francisco SátiÍo de; PITOMBO, António SéÍgio
Paris: SircI .1950 p.540. RAULT, Têân. Trdité
théori que et pratique de Â. de Morâes (Coord.). Coneitóríos à teí de reauperação de ehlpresar ejrtlá,?clí. Sào paulor &evista dos
de drait commercidl
Tribunek, 2005, p. 96j PERIN JúNIOR, Écio. CL rso de dircito Íalinentar e rccupetaçâo d,e emprcsds.3. ed.
Sâo Paúlo: Método, 2006, p, 92.
I
50 CUNSO DE OíRErrO Ei\,{PBÊSAÀIAL
;T.";'::ff::Tiij:i" ill::ã"::'J"Trr1"d' d"; ;;;;;;i.i'i.'lil ,o,,,*u, ,",,r- dade. Todavia, para as exploradoras de atividade econômica, nâo haveria a possibilidade
1
d" .""t."hã;;;;;, -".-" t,ni]oi:do: do art. 2s, da Lei n. 11.101/05, relativamente às empresas públicas e sociedades de eco-
;;;;:ãTJrlH;:":l::llÍ"üXi[Tilffi i ;:nffi:[lfi nomia mista exploradoras de atividades econômicas"5e. No mesmo sentido, José dos
Santos Carvalho Filho afirma que "se o Estado se despiu da sua potestade para atuar no
Para Lucas Rocha Furtado, campo econômico, não deveria ser merecedor da benesse de estarem as pessoas que criou
,
haveria a obrigâçáo
a falê
nâo é uma obrigação mercantil
por isso, nâo
d"';;.;"i:i"la e, para esse fim excluidas do processo falimentar"6o.
regracontida"na'mil;;ili";;:itr',"r'rff 'n.X,::ti:*H:ff Ora, para as prestadoras de serviço público, a própria continuidade dos serviços
:,",',?:ãÍ11: públicos pode )ustificar a nâo submissão aos termos da Lei n. 11.101/2005, sem qualquer
violaçào constitucional, dada a aplicação do art. 175 da Constituição Federal. De outro
50. BORBA, rosé Edwa tdo lado, as exploradoras de atividade econômica nâo possuem uma justificativa viável para
Tavares. Dircito societá
o. I ed. Rio de lzneiro: â discriminaçâo e, mais que isso, há mandamento constitucional que impede.tal dis-
sl. VERÇOSA , Hâroldo
Melheircs Ducle rc. Das pessoâs
Renovâr, 2003, P. s07
dê empresas e ao da falénciâ. sujeitas e não su tâs âos
regimes de criminação.
tnr PAIVÂ, L uiz Fernando
recuper.çàa de etlptesas. Valente de (Coord.) DiteitoÍalimen
se o Paulor euârtier Lâtin,
s2. PERrN lú}{loR. Écio Curso 2005, p. I 02-lo3
de di.i|o.falimentat 56. FLIITADO, Lucas Rocha. Curso dc direito adninistratívo.Relo Horizonte: Fórum,2OOZ, p. 220.
2006, p. ?7 e recq,eraçào de emprcsas. paulo:
3. ed. Sáo Método,
57. MEYER, rosê A.lexandte Corrêâ. A sociedede de economia miste esuâ exclusáo da novalei dê íálênciâs.
lÀ SA.NTOS, Pau.lo Penaha (Cootd). A noea lei d.Íaléncias. dc recuperarÀo d,e er presas - Lei L I1.101n@5.
Rio de Jeneiro: Foredre, 2006, p. 28-29; CÂRVÂLHO FILHO, Iosé dàs Santos , M;nudt de díreito administra-
,lvo. 15. ed. Rio dê laneiroi Lumen luris, 2006, p. 42q CÀMPOS, câbrlel de Bútto. Cut o dê dirêito dd,mínís-
,rariro. Eresllie: Foltlum, 2006, p. l28i DI PIITRO Mârtâ Sylüâ Zânella. Dircito adminbtratiw. 20. ed. São
Pau.lo: Àdas,2007, p.4?J-429i GASPÂRIM, Didge nes, Direiao adftinistÍativo. 13. ed. São paulo: Sarail1a, 2008,
p, 44q MELLO, Celso Ântôdo Bandeirâ de. Curo de d,irêito adnifiistraüyo. 21. ed. Sáo paulo: Malheiros,
2@6, p. 198; RIBEIRO, Renato V€ntura. O legime dá lnsolvênciâ das empresâs estatais. ln: CASTRO, Rod -
go R. Monteiro dq ARÂGÂO, Leendro Santos (Co otd.l. Dircito sociêtÁ;io e a nov@ lci dc
ldlêncids e rccupe-
tuçào dc ernpresas. Sáo Peulor Quartier Lâtin, 2006, p. 126.
oàesto. co,re]ttários à tei 58. MILLO, CelsoÀntônlo Bandeire de. Curso d.direito d.dmihlstt^tivo, 21. ed. Sáo paulor Ma]h€iros, 2006,
;,*;. ,:ilyft"ot^,, de sociedades anônimas.4.
ed. são pâüo: saraiv.à,2009, v. p. 206. Esse dife!€nciâçáo têm sido feita pêlo Supremo Tribunâl FedeÍal, â propósitor ADIn lSS2lDF, Relâtor
Ministro CÀRLOS VELLOSO, Dl t7-4-t99a, e RE 172816/ Rl, Relator úinistro PÂULO BROSSÀRD, D/
l3-5-1994.
r
9" *e a criação por autorização
I
. apenas
e ^^^t_11:uma forma de liqüdacao legal impediria da falêr
t8uencra, porquarto esta
e ;:::--'-1;-::*:qrtrd ber-se que, em caso de seu irsucesso econômico e financeiro, a sua ruína não
I
apà, ."rr";#;ff1l:
r.rc".L, "r^
1T
n-ece§sariamente de extinçao das sàciedade"i
simples problema de ordem privada. Suas repercussões funestas no meio social
" ê PossÍvei a conunuação
I haja novos i""*d:;;;";:-t:e d""d;;;; das atividades, não poderiam deixar desatento e desinteressado I Estado"e. Em razão di5so,
ou,ig"çâoco-;J;r.*,liiffi;FH,T:ã",::".:J::ifiiTlf foram criados Íegirnes especiais para as instituiçÕes financeims em crise, â saber, a inter-
determinar a submissâo ao .regime
iurrai.o p.jp.iol"r."ip.r"J] p'.ir"a"r: :,íl{i vençâo (Lei n. 6.O24174), aliquidação extraiudicial
(Lei n. 6.024174) e o Regime de Ad-
qua se insere a fatênciâ para todos a"n,.o ao ministração Especial Temporária (RAET) (Decreto-lei n. 2.321/87).
é o caso das empresas públicas
aqu:t, cr" ;;q;;#.li'o"J-pr."a.io., .o,no  exclusâo determinada pelo art.2s, II, dâ Lei n. 11.101/2005 âliada à eústência
e socied"a..
Portanto, pode_se concluir ".o,o]rl.-
a. ri.i.#.,.-. desses regimes esPecíais poderia levar à conclusão de que as instituiçóes financeiras não
que as empresas públicas e sociedades de
economia §e submetem à falência, à lecuperação iudicial e à recuperação extraiudicial. Todavia, a
il:11'":'::"fi'."#:;i'J::"*:'.":i::1o"u*t,t,,,i.nt"li.,*ol,oIr.,^.,,.,0,,r*r. própria Lei n. 11.101/2005, em seu art. 197, ressalta a manutenção das leis que tratam
t"çao co.roime o
",i.
i;;;ü1':]ifi:,li;lfi:T.1ã** "rmos,
numa interpre- dos regimes especiâis âplicáveis às instituiçó€s financeLas, com a aplicaçáo subsidíária
ds leÍ de falências e recuperaçáo de empresas. Nos termos das leis especiai§, vê-se que a
I
exdusáo das instituiçóes firâncairas é relati\ã e não absoluta.
I
3.2 lnsú,tuições íinanceins ALei n. 6.O24n4 e o Decreto-lei n. 2.321/87 nunca permitiram que as instituiçôes
financeiras tivessem acesso à concordata e, por isso, elas não têm acesso à recupelação
Outro caso de exclusão dos regimes judicial e à recuperação extraiudicial, prevalecendo os regimes especiais de solução das
da Lei n. I l.lol/2005 é o das
ceiras e entidades a elas equiparadàs. instituiçóes finan_ crises das empresasd. No entânto, a legislaçâo especiâl não veda a falência, ao contrário,
relativaôr e não de exclusão
co.f...";";;;;r,;;;le'l",rl."ro a" u*.rurao
absoluta, até prevê expressâmente a sua possibilidade.
No exercÍcio normal da sua atividade, as instituiçôes financeiras se sujeitam à íalên-
r",ffJ:'J'#i:ff:,iil1"i1ilx'. ""mente conceituadas como "as pessoas
iurÍdicas
principal ou acessória a coleta,
cia como qualquer êmpresário, isto é, podem ser feitos pedidos de falência por quaisquer
mediaçao ou aplicaçá"';";;ilil:T^t-:tiüdade inter- legitimados e, se preenchidos os pressupostos da Lei n. 11.101/2005, pode ser decretada
a falência. No entanto, uma vez decretâdo algum dos regimes especiais (intervenção,
l,:r';i;*T,'iJi'*,T:'.':,*Í.t'1":'"1?;l;?,:'.'"'.'i::.':J:,'.'i::iiIff:x{ã; liquidação extraiudicial e RAET) pelo Banco Central, elas não podem mais vir a falir em
que se dedicam plofissionâlmente
ções de crédito6,, isàfi;'"*o"i;l"J"t'*des é.sua atividade
a opera- razão de pedido de credor, mas apenas em razão de pedido do interventor ou do liqui-
trnanceiras os bancos, as Principal*. são instituiçôes dante, em todo caso, com autorizaçâo do Banco Central66.
au.iuu,all^tlélt-o
e corretoras.de
tÍhrlos e valores
casas de câmbio, .p.."a"."1i'.tls mobiliários, as Se o Banco Central, em sua funçâo fiscalizadora, não quis decretar nenhum dos
n. 11.79sl2008 ", '"*'^ le teqsing e as administradoras de consórcio (Lei
-art. ó. regimes especiais, há um claro sinal de que aquela instituição financeira não merece es-
Pela
importância do crédito Dâr forços de recuperação por parte do Estado. Neste caso, pode ser decretada a falência
.rio. t"i, inrtituiçJ".*,"":;'":;J::i " *"nomia' o E§tado passou a dar uma
atenção normalmente, porquanto o legime geral só pode ser afastado naquelas situaçóes em que
-"q,"".-ui,t"i",,il;ilil::; jf"l""ff ::ilff ]];:,:T;fl
" os efeitos danosos da quebra da instituição financeira .iustfiquem tal djferenciação.
[T,l".::ff ,,1* Todavia, se foi decretado algum dos regimes especiais, há claramente a intenção
estatal de proteger aquela entidade e, por isso, não se pode permitir o pedido de falência
61. COELHO, Fábio Lflhoâ Curco
Rlcerdo. Mafiaal
dê direito comercíal. I ed, 5ão Paulor Sarâiva, por qualquer pessoa. Em tais casos, cabe ao próprio Estado verificar a viabilidade de
de direito 2ú8, vi 3, p. 2sq NEGRÁO,
Haroido Malheiros Duclerc.
Des pessoas §uieites
5ào Pâu.lo: Sarelvâ, 2007, \t.
3, p. 37; VERÇOSÂ, manutenção do regime especial ou a submissáo ao regime fâlimentar. Na intervenção,
da Íalência. Ini pAM, Luiz náo suieitas
e ao§ rcgimes de recu
Fernando Val ente de (Coord_ PeraçÂo de empresâs e ao poderá ser autorizado o pedido de falência, quando o seu ativo não for suficiente para
peh?,o de cmpresas. Sào Paulo: ). Direita Íali,ncntar e a nova lel
Quertier Lâtin,2OO5. p. 104-105; PERIN delalêniias e
€nprerar. 3. ed. sáo Pauio TúNl OR, Ê,cio. Curso de
: Mélodo, 2006, D, 80;
de ehlptesas. Sâo peulo: FAZZiO TúNIOR, V/a1Ao. Nova 64. REQUIÀO, &ubens Cutso de dircitoÍdlit êrrrd,1 14. ed, São Pâulo: Sá!âivâ, 1995, v.2, p, 199-200,
ABRÁo, carlos Henriquei TOLEDO, paulo Attas, 2005, p. 54; TOLEDq peüo
E C. Sâlles de. Inr
cntpresas e Íaun.ia- São pa;-lo: F. C Salles de (Coorà.).
Comenürios à lci rte 65. VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Das pêssoas sujeÍtâs e nÁo sujeitâs âos rêgimes dê rccuperaçâo
Sarâili, 2OOS, p. ó de empresas e eo dâ fâlênciâ. In: PAM., Lúz Fernando Velente de (Cootd.). DiÍeito Íclimentat e a nova lei
62. MESSINEO, F.ft\cesco. Mahuale
di diitto civile e commerciale. g d.efalências e recuperação de empresas. SAo Pzulo Quartier Lâtin, 2005, p. 108i CAMPINHO, Sérgio. Falrn-
63. ÂBRÃO Neh ôn. Dircito bakêdtto. ed, Milano: Giuffrê, 1972,
v, 5 cia e rccuperaçdo de emprelar o novo regime de insolvênciâ empresarial. Rio de ,aneiro: Renovâ! 2006, p. 27.
tO, ed. São paulo: Saraiva,
ZOOT 17
'P. 66. COELHO, Fábio Ull\oa, Curso de direito comercidL8. ed. Sào Peolo: Sarâive, 2m8, v. 3, p. 250.
i
56 ! CURSO DE DIFEtÍo EIVPFESARtAL
Drsposiibes cemrs ol FALÊNCB, DA BECUFEFAÇÀOnUDIC|AL Ê OA sECUernoçÀO rnnoruo,c,nl i 57
3.3 Seguradons
As seguradoras possuem
3.4 Sociedades de capitalização
uma situaçâo similar àquela das
estando excluÍdas instituiçóes Íinanceiras,
relãtivamente da Lei n. li.lot/2005, Outra hipótese de exclusão relaúva7o envolye as chamadas sociedades de capitalização.
em que atuam e em r.rio-ào'.i.r."ao
do nível elevado d c acarretam para "rp..in.o
I
Sua atividade consúte essencialmente na celebração de conkato§, nos quais ,ajustam as
Que terceiros.T.
como é intuitivo, a atuacão partes que uma delas se compromete â entregar uma prestaçáo pecuniária mensal durante
segurados
d seguradoras deve ser capaz de
dar segurança aos
0".;;;;;;;;;;éulas certo tempo pam a outra, a qual, por seu turno, fica obrigada a paga! no vencimento da
.*"..ú"ü;",;;;;,ffi ;il,,"1'.TJ",rT:,":::* j:::'"Xl",:T:ff"r,fi estÍpu.laçáo ou em momento anterior, o total das prestaçóes efetuadas, acrescido de juros
tancra para a economia
do país também é ,":";;;;". ;;;;'a]r.rtl :: e correçâo monetália"?r. Éventualmente, o pagamento poderá ser realizado de forma ante-
acompaúamento
mais próximo das atividades das
,","0o ,". ,- cipada no caso de sorteios. Mais uma vez a confiança se mosEa determinante para que tal
para suas crises (DecretoJei segurado."r, .,irrã-o..gi-", atividade funcione bem e, para tanto, há uma fiscalizaçâo mais próxima do Estado.
seguradoras eventualmente
n. 73166). Tao ,.g,À.Ç"";, "rp".l.i,
í...r,,11i" ,ro_*rr" 0", A superyisão estatal sobre as sociedades de capitalização se dá desde a sua consti-
à falênc.
tuição e permanece durante todo o seu funcionamentoT2, Compete à SUSEp a fiscaliza-
_^-
No caso de
nómico-financeira
ins,ril; ; il:;[:; :::::"H::,T[:,::::_?ff:Hi:::l ção da constituiçâo, organizaçâo e funcionamento das sociedades de capitalização. por
da Sociedade seguradora, a
(5USEP) poderá SuperinenJlr.i-r-ai"üguro, nriurao, meio de remissão expressa do Decreto-leí D.26!16? ao DecÍeto-lei n. 73166, o regime de
determinar uma intervenção ou fiscalização das sociedades de capitalização é exatamente o mesmo das seguradoras,
caso de insucesso medidas especiais de fiscalização.
dessas medidas. a SUSEp encaminhará No
ao Conselho Nacional de Se_
proposta de cassação da autorizaçâo
íH:lJ::i:::::i-::)
-_-'" cEéuraooras. Laso seia acatada a proposta,
para tuncionamento das
a cessação dâs ou caso seia decidida em assembleia 68. VERÇOSÀ, Haroldo Malheircs Duclerc. Das pessoas sujeitâs e náo su.ieites âos rêgimes de recuperâç:lo
atividades da securaÍlora, deverá
-própria ser promoria" ii-quiliçao a", de empresâs e ao da fâlênciâ. ln: PAM, Luiz Femândo Valente de (Coord.). Direito
doras vo_luntariamente ,"gr."_ ilimcntar ê d novd lei
ou pela
rraçao especial temporária
susEp. il;í;;;._b#'"tli!l*.
"
o"
deÍdlênchs e rccuperuçdo de etnpresas. Seo prúo: euârtier Latin, 2OOS, pl l 12.
lLei n. r-o.rrolro0r -;;;.;;, "o_,"o-
;;rríã *l,llí'l " ,^,"."."rr". 69. COELHq Fábio Ulhoa. Cutso de dtrclto comercial, L ed. Sâo pau.],or Sârâlva, 2008, v. g, p. 249.
70. TOLEDO, Paulo E C. Salles de. ln: ÂBRÀO, Cârlos Henrique; TOLEDO, pâulo F. C. Sâllês de (Coord.).
Comeítátios à lei d.e recrytetu(io de empresas e Ídrércld. Sáo paulo: Sâraiva, 2005, p. 9i NEGRÀO Ricârdo.
suj€irâs aos resirnes de recupc!âção Manual de dircito cometêial e d,e empresd,.2. ed, São paulo: Sârâtw, 2007, v 3, p. 39.
tr;Ifi l:r+.t*ifl #J;,.lr":H rernândo
?::T'j:::::,:1": "*o
vâlenre de (Coo'd_)_ DiÍeLtoÍatiment.tr
ulo: Quarúer Laün. 2005, p. lIt.
ê a kova lei 71. RIZZÀRDO, Aínaldo. Cahiatas. T. ed. Rio de Janeiío: Forense, 2007, p. 1393.
72. CÁVALCÀNTL Flávio de Queiíoz Bezerrâ . Títulos de.4,italizaçno. Sáo pautro: MD 2007, p. 64.
58 CU8SO DE DINEITO EMPBESÂBIAL
FAúNca. DA REcuPEBAçÁo JUDlcAl- E DA FEcuPEn4ro F,rrFAJuorcrar ! 59
DspdsçôEs cERAls DA
pré ou pós-estabelecido, por prazo preüdenciário, nos termos da Lei Complementar n. 109/2001, a fim de complementar ou
indeterminado, com a fiIlalidade de garantir,
I
sem Iimite financeiro, a assistência à possibütar uma renda àqueles que contribuÍram. Tais entidades se subdiüdem em abertas,
saúde, peta faculdade de acesso e atendimen_
to por plofissionais ou serüços de saúde, üwemente quando acessÍveis ao púbLico em geral, ou fechadas, quando seu aces§o é mâis restrito.
escolhidos, integrantes ou não
de rede credenciada, contratada ou reierenciada, Nas entidades fechadas os planos sâo acessÍveis §omente aos empregados de uma
visando a assisténcia médica,
hospitalar e odontológica, a ser paga integral empresa ou grupo de empresas e aos servidores da Uniâo, dos Estados, do Distrito Fede-
ou parcialÍnente às expensas da ope-
Iadora contratada, mediante reembolso ou pagamento ral e dos Municípios, ou aos associados ou membros de pessoas iurÍdicas de caráter
direto ao prestador, por profissional, classista ou setoriâI. Estas devem ser organizadas sob a forma de fundaçáo
conta e ordem do consumidor (Lei n.9.65619g _
alt. Ie, I). ou associaçáo (Lei Complementar n. 109/2001 - art. 31, § 1s)74. Em nenhuma da§ duas
formas pode se configurâr um empresário ou uma sociedade empre§ária. As§im sendo,
A importância do atendimeqto à saúde da populaçáo
iustifica uma fiscalização as entidades fechadas de preüdência comPlementü sequer entram no âmbito de inci-
mais próxima_do Estado, a qual é realir"da p"t"
Âgêr"i" w"'.ion"jiu s"ua. ANSI. a dência da Lei n. 11.101/2005. Àpesar disso, a Lei Complementar n. 109/2001, em seu art
quebra da qualidade ou da continuidad.
a. t.l,,"*Tço, poJ."ur". iru;ur"o, .norrn"r, 47, diz expressamente que tÀis entidades estão absolutamente excluÍdas da falência e da
como a perda de vidas e, por isso, há essa fiscalização. Assim, ,i_ir. qr. a"t""t"d", recuperaçáo judicial ou extrajudicial, submetendo-se apena§ à intervenção ou à liquida-
nas operadoras de planos de saúde insuficiência Na-
das garanti", ao firr"n""iro, ção extlajudicia.l. Em todo caso, §ua fiscalização é realizada pela Superintendência
anormalidades econômico-financeiras "l'ultiUaio
ou administirati"";;;;.r';;. coloquem em cional de Preúdência Complementar (PREVIC), admitindo-se a intervenção, a liquidação
risco a continuidade ou a qualidade do atendimento
à saúde,I ettJ p'oa"rg a"t"._ir,". extrajudicial e administração especial de planos de benefício (Lei n. 12.154/2@9).
inctusive a
a alienaçâo da carteira, o regime
de direçao nr".t o,rii"nl"á, po.
tÍezentos e sessenta e cinco dia§, ou a liquidaçâo ir'"ro ,,ao ,up.rio. fá as entidades abertas sáo constituídas exclusivamente sob a forma de sociedade
" anônima (Lei Complementar n. 109/2001 - art. 36),logo, sâo sempre empresárias. Ape-
do caso (Lei n. 9.656/98
- art.24). "*t.",rdi"á, ";;;rme a gravidade
sar disso, o art.2e,II, da Lei n. 11.101/2005 determina sua exclusão da falência, da recu-
A existência desses regimes especiais afasta, a princípio, peraçãojudicial e da recuperação extraiudicial. Tal exclusão sejustifica mais umavez Pela
a incidência dos regimes
gerais previstos na Lei n. ll.I01/2005.
De fato, nao se admitá .""up"r"çao
a recuperaçâo extraiudicial das operadoras ;uai.i"f ou
de plano de saúde. "Todavia, a própria Lei n.
9.656/98 admite a possibilidade da falênci"
d". ope."dor", a" púr"li" *Uae, em um
caso específico. Assim como nas seguradoras 73. Por âtivo reüzáv€l deve-§e entender 'todo âtivo qu€ Possase! eonveatido em moeds corrente em Prazo
e nãs socied"auri"-"rpitrtir"çao, ,,ao ,u
admite o pedido de falência na íorma geral, compatlvelpare o pegamento des de§pe§âs edministlati'⧠e opelecionâis da masse Iiqüdandâ' (Lei n, 9.656198
mas apenas no c"ro a.g'ui,
" "rpuaifi""ao. - an. 23, § 2r).
,,.Poderáhaverfalênciadasoperadorasdeplanosdesaúde,desdefueduranteocurso 74. O dispositivo fâlâ nâ forma de fundâção ou sociedade civil sem Íins lucrativos, o que temos inierPretado
da liquidação extraiudicial seja constatado
que o ativo da liqulaaJ" ,ào g srn.iente para como ãssociaÇáo,
60 !' cunso or ornero EMpBESaFTAL
Es GERÂS DA FALÊNCIA. OA
RECUPEFAÇÀO JUDiCIAL E D FECUPERAçÁO EXI?Â],O.CA. i61
necessidade de âscalização
'.nao
po,"ru.r"
"
mais
i,,iiil'n"ç;"::T:ffi*':ff*".XiPor meio da aruaçâo da susEp, I Juízo comPetente
Haroldo Malheiros critica
tá da lei, mas conclui trater-se recuperação judicial e a recuPe-
exclusào âbsolutaE.
Too"rr", or"jll'"Lt"çâo
d'scordar desse entendimento,
de um caso de Além do âmbito de incidência comum, a falência, a
de hipótese de extraj udicial também têm em comum a definiçâo doiuízo comPetente Parâ
conhe-
exclur;r';;";:;:T": o"*-t""tiã'."
va à intervençàoeriqura"ruo dos respectivos Pedidos
aft. 62).
a"ri-11i1'
nstituiçÔes financeiras "oi,.";::',1",ffi|Ii:"il:
(Lei complementar da Lei n. 11.101/2005 diz que "é competente para homologar o plano de
- n. 109/2ool O art. 3e
recuDeraçâo extrajudicial, deferir a recuperação iudicial ou decretar a falêncÍa o iuÍzo do
Diante dessa remissão
exDressâ. â< ê-rir^r^-
a'-as entidades abertas
-L p.incipal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora
insútuiçôes n*r*i"r, seguirâo o mesmo regime locjdo
*
judicial ou extrajuJ;:,;;,
â, *"
em nenhuma hipótese,
das
do B!asil': Diante de tal disPositivo, vemos que há uma dupla regm de comPetência: o
;::l :tt""".suieitas' à recuperação
fa.lir normaim.n,u, no Iocal da filial no paÍs para empresários estrangeiros e o local do PrinciPaL e§tabelecimen-
i atividades. a"J;ilil.*iluerão .*.r.Í.io .ugular das suas
regimes especiais, o pedido to para os empresários brasileiros.
poderá ser feito p;-J;;.;;::''"T -dos
liquidante' nas hiPóteses
de falência só
No direito francês, o foro é definido pela sede das sociedades ou pelo endereço
cadas para as insúnii,i.;;;:::J.":" especificamente indi- declarado pelas pessoas físicas, afastadas quaisquer transfe!ências fictíciasz. Na Ar-
qentina, em relaçâo aos empresários, oPta-se Pela sede da administração dos negócios,
ãu, na falta desta indicaçâo, pelo Iocal do Principal estabelecimento, ou aindâ Pelo iuiz
I 3.7 Concessionárias de
energia etétrica que ficar preventoTs. No direito italiano, o foro comPetente é o do local da sede prin-
i
cipal da empresaTe.
Outra hipótese de exclusâo
ret
4.1
I.;;.;'.,rffi *:{;tigH;T'.:"'":l::;;l;íj*iirff
qualquer regra noua
Principal estabelecimento
de modo que ,r,r;;;;:;;X:rá tobr",,ibmissão a farência, À quase totalidade dos pedidos de falência, de recuPeraçâo judicial e de homologa-
normalmente ao processo
,.tuo ,u fo."- u^.luli;;;;,1::t "*-etem
(ex : empresas públicas
de farência, ção de recuperação extraiudicial é reâlizada por empresários brasileiros, isto é, empresá-
nomia mista). rratal'si];:;#;::Ii]' e sociedades de eco- rios constituídos de acordo com as leis brasileiras e com sede no país. Para tais Pedidos,
nores, mas ainda asrla relativa diferente das hipóteses formulados pelos empresários brasileiros, o foro colnpetente é o do local do principal
,*"
u*.trraouliexclusâo ânte-
estabelecimento.
A exclusào das concessionárias
_
arasta as tentat,vas
. ou t"tuperação judicial Caso o empresário exerça a atividade em um único local, o principal estabelecimen-
l"gtt"nesses
de superacâo ,rt-o crises e extraiudicia.l nâo
to será o próprio lugar do exercício da atividade. Todaúa, caso a atiüdade seia exercida
termos da citada Lei casos. Tais tentativas existem,
;_.;;.;;;,\;1; ," conduzidas pela Agência
nos
em diversas localidades, surge a dúvida sobre qual seria o PrinciPal estabelecimento, À
Eletrica (aNEEL), n;r;;;"
#;:";'do Nacionat de Energia
Lei nâo dá parâmetros claros para essa definição, gerando, assim, uma série de opiniôes.
a. int.*.nçao p".;á'"r*;,":1i::"?;T:::'"",:.,"':,:::,fs dois anos, com o tíhrro
Gladston Mamede afirma que não há uma solução única para identificar o principal
estabelecimento, deyendo-se analisar caso a caso qua.l será o mais importante para o em-
presárioso. No regime da lei anterior que tinha o mesmo dispositivo, Jorge Perbira Andrade
preferia entender o principal estabelecimento como a sede contratual, na medida em que
s9. SIMIONATO, Fr€derico À Monte Ttarado de dir.ito Íatimentaí. Prio de lânekor Forense' 2008' P 44i
HENTZ. Luiz Àntonio S oa.rcs Manltal deÍalén.id. e recuPerd'çà'o de enlp"ásas sáo Paulo: Juarez de Olivêira'
2m5, p. I8r NEGRÃO, Ri,cúdo. Manudl de dircíto conerci,l e de emprcsa 2 ed Sâo Peülo:
saraiva' 2007'
v 3, p. 29Lr CÀMUNHO , Sétgio. Fdlêttcid ê rccuperaçào de emPrcil1: o regime de insolvência emPresa_
'Rio ^ovo
rial. de Jan€iro: Renor"., iooa, p. ez, Of IÚCCA, Newton. tn: DE LUCCA, Newtoni SIMÂO FILHO'
Wlisoô de Ádâlberto (Coord.). Com etários à nova.lei de recuperaçio de epresas e d€/alá'úiar' 5áo Paulo: Quarlier
Latin, 2005, p. 98; LOBÀT O,Moecyt Falêr1.ia e recupêru?iio,Belo HotizorLte Del R€y, 2007' P 40; OLIVEIRÀ'
Celso Maráo de. Conre tÉá,rios à no"/a lei de falêrcias. Sáo Peulo: loB' 2005, p 108; VÀL\GRD!' Traiãno
de
MiíàÍrdA. Co enütios à lei dêfdténcids.4. ed.Rio de lâneiro: Forense Universitáriâ, 199' v l' P l38i FI'\LE'
Ndo. DirlttoÍdttimentdle. 11. ;d NaPoll Simone, 2003, P 71r VÀSCONCELOS, Ronzldo' Dircito
processual
Latin, 2008, P 143, SOUZA, Bernardo Pimentel Direito Pracessudl empresl'
lalimenur. Sío Paulo: Quârtier
;ial. Salvâdor: ,usPodivm, 2008. P. t7q GUERR A, L\tiz Antonio. Fdlênci^s e rc'up'la@ês de emPresa§ ct'$es
econômico-financeiías. Cornenúrios à Lei de RecuPeraçôes e de falênciâs Brasllia: GuerÍa Editore' 2011'
v. 1, p.217.
90. REQUIÃO, Rubens. Cuno de direitoÍdlimerrar 17. ed. Sáo Pâulo:'sârâiva, 1998' v l' p 93'
91. ALMSIDA, Amad ot Pees de Cutso de Íalência e reéuper^çào de efiprelas' 2l ed' sâo Pâulo; Saraivâ'
2005, p.68.
86.
92. ST, - CC 21775lDF, Relalor Ministro BUENO DE SOUZA,D/4-G2001iSTl - 2'Seçào - Cc
2r Seçâo -
87, COEIHO, Fábio Ulhoâ. :tagg/úG, R"l*. DE FIGUEIREDo rExElRÀ, D/8-9-1998i TIDF - 20070020070813ÀGl'
Mini"trô sÁLvlo
Ca6 o de dircito comerchl. -
I ed. São paulo: Saraiva Relator ,OSÉ DlvlNO DE OLIVEIRA, 6, Tulmâ Clvel, iulgado em 8-8-2007, D,I 30-8-2007, P
106; TlRs
2OO8, v,3, p.261. LEO LIMA,,ultado em 27-8-2008
Conflito de Cornpetênciá n.70022965081, Quinta CâmaIa CÍvel, Relâtor:
j
1
64 cunso oe ornsro EMpnEsABTAL
il
DspdStÇôÉS GEnars oA FALÊNCIA, oA RECUPEBÂÇÀo JUDICAL É DA REcUpEnaÇÃo Exrnruuo,c^ j 65
con-oito de competêlcia
enhe a iustir
pecuária era exercid";;;:;;:t::]omarca de comodoro
- MT, onde a atividade
competente deverá se! o da última sede constante do registro, na medida em que esta
rça de interpretaçào
afrmando que
A competência para
4.2 Filial de enpresários estrangeiros
apreciar t"cuperaçâo judicial
com §edes em comar""" degrupo de empresas Normalmente, a atividade emplesarial é exercida no Brasil por empresários que
*r,,l'""ojYl
rnrás, caso existente
pedido anterior de
,"ao.. f""" au u_].* f316nç1" tenham sede no pals. Todavia, nada impede que haja o exercÍcio de tal atividade por
que se encontra o ",iu1_
principal estabeleci-
mento da empresa con,."
o,.1,tlo:' "T a faléncia' ainda que esse
empresários estrangeiros, isto é, com sede fora do paÍs, desde que haia autorizaçâo do
,iao ,p."""n,"ao " pedido teúa Poder Executivo (CC - art. 1.134). Tal autorização é um tanto quanto burocrática e, por
"-*;;'ff1::.'**a isso, em muitos casos, prefere-se constituir uma sociedade com sede no Brgsil e de acor-
A nosso ver, por mais .
imDre( do com as leis brasileiras, de modo que teremos uma sociedade brasileira e não uma
d.Ãr,i;;'í|"..:::* teia ooprincipai
-
...h"g", uma
termo, é aconselhávet
interpretálo para
" sociedade estrangeira exercendo a atiyidade.
acreditamos que a
sã-e';;;"il;::::: ".ter seia estabelectnento. Tambem nâo
Embora seia mais comum a constituiçâo da sociedade brasi.leira, nada irnpede que
cipa.l estabelecime-n-ü a melhor interpretação
;;ffiãt-:t*"tária para o prin- J
;"
rar no país, exercendo suas atividades. Em relâçâo aos atos praticados no paÍs, o empre_
sálio estará suieito à jurisdiçâo de nossos tribunais (CC art. 1.137), inclusive para
-
ser.o roro comperenr".
rflt#jün*::":M$I::H:tff,j,....1:r0..:,1. eventuais pedidos de falência, de recuperaçâo judicial ou de homologação do plano de
*" ,rur.r".'.1,",-t"tupet"çao;ual.i"ü;'."ffi;::i;1::IJ::Í:
toro permitirá a melhor
recuperaçâo extrciudicia.l.
du,b"ns pa." o pagamer;;, e mais ágil arrecadação
,otu-" d".r"áoã, ã:."1
Na recuperação
iudiciat ou extrajudiciat, o maior
Entre os diyersos iuízes brasileiros, o competente para tais pedidos será aquele do
loca.l da fiIia.l do empresário estrangeiro. Nada mais lógico, pois é neste
processo. --- -"-ado nesse lugar
";;;.;";"",,.#:"j_ e, por isso, poderia
se manifestar no
local que ele vem
exercendo a atividade. Havendo mais de uma Êlial, deve-se buscar aquela mais impor-
tante, isto é, a principal filiale.
.",["":Hi:;T.T:ffiT"1T:.;'.*,Hi:#;i::il"T:l.J;,i:#: de falência,
Àtualmente, a Lei n. 11.101/200F conta com um capÍtulo inteiro para tratar da in-
isso, o foro
solvência transnacional (arts. 167-A a 167-y), permitindo o reconhecimento de proces_
93. sTI _cc36. 349/SD
Rel. Minisrro FERNANDO sos estrangeiros no Brasil.
2003, Dl to-tt_2 003, p, rsi GONÇÂLWS, SEGUNDA
SEÇÀo,iu]gãdo Ern 22-10.
94. cc tt6743lMG, Rel. Mtn istro
SEGUI\íDA sE ITAUL AI{Áú
çÀo, jutgado em lo-10-2)t2, DJe 70, Rel. p/ Àcórdâo Mi nistro Lt IS FILIPE SAIOMÁO, 96., CAM?INHO, Sérgio. Falência e recuperaçã,o de empresa: o novo regjme de insolvência empresâriâl. Rio
95, I]EZERRA ILHO r7-12-2012 i
r Manoel lusun
de lenêiro: Renovar,2006,p.3?j STI CC 29212/Sp, Rel. Mlnistro ÀRt pÀRCrNOLen, SrCUrbe SfçÁO,
-
Paulor Revista dos rccuperaçdo de emprcsas jvlgâdo ern 23-a-2úfr, Dl 25-9-2co0, p. 62.
Tribuoeis, 2007, p. eÍalêncras corneàtada.
56. 4. ed, São
97.. CAMPINHO, Sérgto- Fdlência e recuperaçita de empresa: o novo regime de insolvênciâ empresârial. Rio
de raneiro: Renovâr. 2OOó, p. 41.
66 CURSO D€ OIHEIIO EMPÊESABiAL
GERAts DA mLÊrrcn, oA BECJPEFAÇÁo JLDrcraL E DA REcuPEnaÇÀo Ertne-rorcr,ql i 67
:::r;ã#;,_j:fi":.::.",:";111fl,;:;,11tffiilj::Ti:'"fft,i1,.1?jifl;;
à faréncia. Na omissao.deãs resitimâdos,
i.,;;;;
a competência paÍa tais processos é absoluta.
Em todo caso, a partir da distribuição do pedido de falência ou de recuperação ju-
dicial ou da homologação de recuperação extIaiudicial, o juÍzo ao qual houve a distribui-
brasileiro (Lei ";,,,
rar como rePresentantes do processo
- 16z -E). n. i.tottzmà ção fica prevento para qualquer outro pedido de fa.lência, de recuperação judicial ou de
homologaçáo de recuperação extrajudicial, relativo ao mesmo devedor (art. 6P, § 8e da
Lei n, 11.101/2005).
4.3 Natureza da competência
I
70 j cunso o: o,aEtro EMpBEsaFrÁL
s GERATS DA FArÊNcA, DA REcuPEBAçÃo JUDlclaL Ê DA RECU'EBAÇÀo E"'tu''t'ot i 71
I
'"::il'::::ff1::: "0'o'r od e atuâção do emPresário ou da sociedade empresária""3'
creditório, não se c;:":il::,:#
I
§o
os interesses especÍficos
:Hkn:.T"::,ffi,ãifii:*::ifi ô texto da Lei n. 11.101/2005, a conclusáo rnai§ fâctÍvel é aquela de que
Ministério Público só ocorrerá nos casos legalmelte Previ§tos. Todavia,
dos credores trab;h;r;;;
";;;i. rida Lei determina a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil
Bernardo pimentel sustenta Em razão disso, aplica-§e o disposto no art. 178, l,.do CPC/2015,
- anecessidade da oitiva do
Ministério Fúblico em todas aos processos ali Previstos'
determina a intervenç ão obrigatória do Ministério Público nos casos em que houver
;l'i,'.','ff]iffi1'jã;il:];:[J"_.:y' 5ãre1"",,#"; ;;: há um interesse
iÍrteress e público ou social. Ora, nos processos de falência e de recuperação judicial, há
de' em razao ão ulã;;il.ái:'Ll::ir:ffil1ã$J"''ação nâo acarretaria nurida-
claratnente um interesse P úblico/social envolvido,
vale dizer, o interesse na tutela do
Como será visto, há uma funçào social da empresa que iustiÍica um acompanha-
que a intervenção do Mp só crédito.
se dará nos mais próúmo dos Proce§sos de falência e recuperação judicial e, desse modo,
",.".Tfr['"i:i?,1Í,3,1'$i'"1i","t'rmam
havendo necessidade mento
p.e-raiÀ"n,". pol'.-*"];i".'dfi de intimacão do Mp na fase justiÍica-se a intervenção do Ministério Público.
dessa Iin'ha de interpreiaçâo
exislência a. ,ri"**"r'.'-"r-;J#:":j*t:
prirzdos nos proce§§os' No mesmo
asseveram a Dentro dessa linha de entendimento, é essencial a intimação do ministério Para se
exist"m lutgados qu-;;;;;i":#,"*"
desnecessidade de intervenção
sentido, manifestar nos processos de falência e de recuPeração extraiudicial. Mesmo
na recupe-
tases do Droces<Írro i;-r- d.{ur
___ , .Àt rqLra ,t do MP em todas as tem-se entendido a existênciâ de um interesse social, consistente na
I
^^..: e evrur uma morosidade ração extmjudicial
indeseiável, permiúndo sua intervenção não deverá significar remessa dos
tuiela da funçao social da empresalla, Tal a
púbrico efetiramente esteya presente.
;H,Xtr11Tt"Ji::,ff:'":::l:1" " lnteresse o autos âo Ministério Público em todo e em qualquet momento do Processo, sob pena de
previsão expressa. o lei anterior' aÍrmou que, não havendo
Ministério noi,:-:']1"-1" violar o princÍpio da celeridade. A intervenção deverá ocorrer nos momentos essenciai§,
previstosrrr,'opiniào-m";',;;;;J;""* sÓ precisa ser intimado nos casos legalmente nos quais â tutela do interesse público justiÍique a Participação do Ministério Público,
r_u,, a",o"io'cu...,,"nffi
il"i ff [:J."jii:",,',."*r::'.",f ,;:*]::::"jil.* embora a opinião maioritária seia Pela intervenção aPenas nos casos legais.
ii:"itr,;É+;*;íBr%T'*sârd;S1q,:ffi hril;#*êrtt*ft ;#
jli[*êLti."!tí"#ifjü,tffi Ministra
lTi"T1":'gã!ií"iiti".:,r,;,'í#irx MARCO BUZZI, QUAJ{TA TURMÀ, julSado em 4-11-201"4, Dle 14-11'2o14i RE§p 1536550/R,,
NANCY ANDRIGHI, TÊRCEIRÀ TURMA, julgâdo em 8-5-2018,D/e 11-5-2018.
Rel.
I Definição
t.l Séie de atos
. Em razâo dos efeitos perniciosos qrre as crises da empresa podem gerat nosso
denamento iurÍd.ico, por As medidas de reestruturação Podem ser as mais diversas, daí se falar em
uma série
meio da I or_ As crises que ju§tificam a
de atos na recuperação e não apenas em um ato especÍfico
;uaiciar. rría-sãl-e il" bem
-l.i,:.?l;"i1.'3li.2i1?:.T:for
criai a recuperaçâo
adoçao da recuieração judicial dificilmente serâo superadas por um ato qualquer' Nor-
:.";?ffig1T1ifl :í;t jÍlt-ii,ffi ü[,li,H'ni*ffÍ;.:[T::: ,nul-ent", sáo Áec"ssáÍios diver§os atos para possibilitar a recuperação, como mudanças
padrão para a
toore a atividade empresarial' nas relaçôes com ós credores (novação das obrigaçÔes)' até a alteração do
paulo sérgio
Restiffe, ,o. nder que a recuperação possui gestão inlerna da atividade.
sual, afirma que ela é a "n,"'"t"" uma natureza proces-
"tiuiaáa"
ao
""u
iit;iffi;#:.._ -o-cursortormal das-coisas, retornando o riscoàa çóes de viabilidade econômica do devedor. Trata-se aPenas de um elemento
teórico Para
se busca aqui salwr o suieito. :frit:i§Í: do dos agent€s econômicos nes§âs situaçóes de crise da empresa pode
dessa aüüdade
-,, .ar",
" "tiià"aü;;;;"*, pois é ao redor ã "ornpoa,"rn"rr,o
feit"d" for*" ba§tante ilu§tratiYa Por meio da aPlicaçâo da teoria dos
jogosl!'
que
{empresa) circund.am iit.*rr*à"-ããi"rliir.o, quando
trabalhadores.. É mais impártante que "" "o*ur,:a"a" A teoria dos jogos tenta modelar as interaçÔes entre os gruPos de intelesse'
a atiüdade se maÍrtenla funclonando, ainda que" um jogo, levando em conta a con-
com outro tih. ar, pois sua manutençào p"r_lti.a g"."çao estes agem de forma e§tratégica, isto é, como se fosse
lÃp."go",
!rrrl áe
gur"çaoniu**
"" vJ quai§ estratégia é
àuta dãs outros'u. tal teoria Iida iustamente na§
de riquezas e o atend imento às necessià"a., com essas situações a
"
a" .o'_unlã"j". "
situaçõe§, e e§Pecíalmente nas
Uma vez obüda a manutencão da atiúdade, importanter6. Às interaçÕes ocorrem na§ mais diversas
ainda que com outro suieito, deyem-se que cada grupo
buscar os demais objetivos. Valedizer, situações da empresa em crise. Os conflitoS seráo constantes, uma vez
o primeiro objetiyo especÍffco prevalece sobre
demais, é ele.que deve pautar todas os de interesses (fisco, credores, fornecedores, trabalhadores ") tentará Proteger o seu inte-
as medidas da recuper";'r; üál A manurençào
da tonte produtora é essencial, os demais resse, mas a soluÇão tenderá a ser a mais eficiente para todos, diante da racionalidade
objetivos ..pê.rn.* JJrãndários. A pre-
valência da manutençâo da atividade
sobre á; à;;'rd;r"", econômica esperada em relação ao§ agentes.
poãi ser vistumbrada
nas decisões do Superior Tribunal
de )ustiça, q.ue impedem .onirllliuo À luz d.essa teoria, Podemos entender o comportamento dos diversos grupos de
trabalhistas contra o devedo! em recuperaçáo13, am u*."uç0", ligados a
" interesse em uma recuperaçáo judicial, Para entendeÍ a conduta do§ agentes
--
o segundo objetivo especÍfico é a manutenção dos empregos uma empresa em crise àevemos identiÍicar o iogo, os jogadores, a§ estratégia§ Possíveis
dos trabarhadores.
ganhos esferados para cada estratégiar7.
f e*1*-"i pois, por veze§. a crise já e os
I::^::TI",:."
numero de postos de trabalho rerá que diminuir, para
seÍou tantos probtemas que o
O jogo é a situaçáo d.e crise econômico-financeira de uma empresa viável' no
qual
se manter
ativiàade. Ressalte_se, a
mars uma vez, que o primeiro fim
da recuperação judicial é a manutenção há diversás grupos de interesse. Esses diversos grupos, como os empregados' os forne-
da atividade.
cedor". e outros, sáo os jogadores, que teráo a pos§ibilidade de apoiar ou não o plano
de
objerivo especÍfi.", ,i a"""i*à. *"ii",1,
ilIjii".::::*,.n"iro "i.il-', "_o*r,. 0", recuperaçáo apresentado (estratégias)13. Os ganhos esperados Para cadâ estratégia são
os
O terceiro objetivo especÍfico é a preservação
dos interesses dos credores. Apesar
d^a:recessidade da sua manifestaçào,
é certo que * l.,"r"rr* i"ã,,ià,-i"i, do,
cedem espaço à manutençào da fonte produtoi" .r"dor", 14, PIMENTA, Eduâr dó GoúlaÉ, Recuperação cle empteads. Sào Pàvlor tOB, 2006' P 78' BAIRD' Douglas
e à m"nutençjo aoriirpr"go, ao, tr"_ G.; GERTNER, Robert H.i PICKÉR, Randal C. Gdme theot! dnd 0'e Law Câmbrldge: Hârverd
Univ€rsiiy
Prcrs, 2002, p. 232-237 .
15. POSNER, Richard . Êconamic dnalysis of law. 5. ed. Bo6ton: Little, Brown and ComPâny, 199A' P ZI;
r0. QUEIROZ, ,orge. prevençâo de crisês sÀDDl, ,âiroiPINHEIRO, Armando Câsteh; D ireito' ecokomia e nercadot Rio de laneiro: Elsevier'
2005'
1o'.g.1;auop"*çâi2")*);,1"::;'rH:;":::::T,"iff.lt'jiiffiã.r."ioLrvErRA, Fáumâ Bavma de p.167.
lL MAMEDE, cladston. Direitu êmbresa tíal brdsileirot 16.COOrER,Robext,ULEN,Thomas,larlande.onomicssedRetkêleyrÀddison-Wesley'2000'P35;
Artas, 2006, v.4 p. 1g3. ' Íalénciq e rccuperaçáo de empresas. sâo paulol
BÀIRD, Douglss G.; GERTNER, Robert H.i PICKER ,Randdlc. Ga'me theory d-xd the ld'w Cai\ThridgêHatv^rd
ofo"to o MLhua[ University PreÊs, 2002, P. 1.
de diÍeita comerciat e de emçtrxa. 2. ed,
sâo pâulo: saraivâ, 2007, v
ilirJtnooo' 3, 17. COOTER, Robert; ULEN, Thomas. ,arv a nd economics.3. ed Berkeleyr Addison-\x/esley' 2000' P
35i
"r",|:r"T#.H;,t;ffiÍ"tr#":::r.Lrr,.,;;;;;";1.,a,.o.o-onu",,
um conjunto de nà.-"";;;
sistema"a. para ele,,.o princípio
;;;:;{:,:?lT:ffi"1llT,f:il:i§:"jlr",}fiff ff 24. ÀTI-ENZÂ, Manuelr MANERO )uan Ruiz . Las piêzas d.l dereêho: teorÍâ de los enunciados iurldicos'
determin".a
tle não produz, nem pode ser apresentado faixa legitima à;.à.r]à"i"r*. i"run.",on... Barcelona: ,tiel, 1996, p,21.
como i produzisr", u_i'rãrpo*, Madddl
va -. Assim, os princÍpios permitiriam .on.luri- 25. ALEXY, Robert. Teo adetos derechos fund,fiefitalês.Ítàdrç^o de Érnê§to Gdzón veldés'
iustificaçOes, .,a faltaã. á,ii."" Centro de Eshrdios Pollticoa y Coostituaioniês, 1993, p. 86, traduçáo livre de 'on normas que ordenan que
"r.",a"r.rô., "_ alSo seâ reâlizâdo en lâ mayor medida posible, deÍÍro de lss posibilidâdes iuíldicas y r€ales
êxist€ít€sl
*'*I[t;;fr ;h*h*r,,m:{t*Í".*rr do da sua recupemção. Reitere-se que a recuperaçâo é da atiüdade e não do seu titula!.
31. Tal princípio tem sua origem no princípio da garantia do desenvolvimento nacional,
RESTIFFE, paulo Sér8io
Rêcul,eru?ão de empreras_
Baruerl Manole ,2OOA, p. previsto nos arts. }, II, 23, X, 170, Vll e VIll, LZ4, caput e le, e 192 da
32. DOMINGOS, Cados 2-9 s Constituição
Ed uardo Quadrcs. Federala'1. A ideia da preservaçâo da empresa envolve a separaçâo
dtca, 2009, p. 7? -AS. r,lslarer da rccuperuçào judicial. entre a sorte da empre_
C\ritiba: l. M, Livraria luri- sa (atividade) e a sorte do seu titular (empresário individual ou
33, LAZZÁRINI sociedade), bem comà da
li Newton; DOMINGUES,Alessandra Reflexôes sob.e â rec upeIação
2@9, p. t24. de Ázevedo (Coord.) ,udicial dê empresas.
Dneib rccuperucional. Sào paúo:In: DE LUCCA,
etrefiier Latin,
sorte dos sócios e dirigentes da sociedade4. A recuperaçâo judicial não se preocupa
em
U. MIRANDA,lorBe Manuql
dê dirêito cobtítuciohal.
t'o' *oo""o 2. ed. Coimb!â CoimbÍa, 1998, 39. ÂRNOLDI, Paulo Roberto Colombo; RIBEIRO, Ademâr A revoluç âo do eí
,n otdeü econônica ha t. Iy p.466 .êlto Privado,
presaúado. Revista d.e Dl-
ft u"fo^u Coortttulçao a" I,aA 4. ed. São pâulo; Mâlhei.os, 1998,
i, 9, jàn.t rnat. 2OOZ, p. 2tg.
36, DUGUIT,I,C ón. Las
trur&Íott taciones del 10i--91:tjY1L-HO
Wtuiam Eustáquto de. ApontÂmentos lobre o princÍpio da pÍeservação da empresa.
lnl
CÁ.RVAIHO, Wiuiam Eustáquio dej CÂSTRO M oema t . S. de. bireiii
,âén e Cãrlos G
Grânáda: Comares, 2üY, t privddo, Traduçâo dê Adolfo posada, falirfi;ntur conternpoÍâneo. porto
p.216. Râmón Alegrq Sérgio Àntônio Fabris, 2008, p. 17S.
37. SZTAIM Râch el; FRANCO,
Vers Helena de Mello, 41.^ Mafte Zabaletâ" pincipio
Paulor Cempus, 2@8, p.2?g Falêrlcia e rccupcraçào da cmpresa _DIAZ, Et de conservación dc h empresa en la hl côncurcal. Madridt Civitas,
cm crise. Sào 2006, p. 33.
38. GRÂU, Eros R obefto.
p. 255;
A otdeh ecohô 42. RESTIFFE, Pâulo Sérgio. Recapêraçào de erzplesas. Baruerl Menole, 2008, p.4.
BERCOVICI , Gilberto. ode 1988.4. ed. São patllo:
A Conjti luiçáo de 1988 Malheiros, 1998,
Privado, n.7, jut./se
t.2001, p. Zz
nçào sociâl da propriedade 43. SÀNTOS,.Elenise Peruzzo dos. Os prlncÍpios clássicos e etuais dâ lel de fâiênciâs
e recupe.ação de
empresas. Inr BATTELO, Stlviolà.uieí p ncipaís contrové$ias na
noya lei deJalências. porto Nigre:iabris,
2008, p. 27; CARVÀLHO, Williern Eustáquio de. Âponramento§ sobre princtiio
o da presernaçao di empr."r.
f' 82 ! cunso oe oraero EMpaEsARrar
REcupERAçÀo JuorcraL: NoÇôEs GERATS 83
5.4 Naturezadicotômica I
Quâlquer que seja a natureza da recuperação iudicia.l, não há dúvida de que sua
concessão dependa da intervenção do Poder Judiciário. Tal intervenção, que não pode
ocorrer de ofÍcio, dependerá de provocaçeo dos interessados por meio de uma açâo. O
exercÍcio dessa ação é condiçáo imprescindivel para se obter a solução da crise emPresa-
ria.l. Ela representará, em última análise, o pedido de recuperação judicial.
Trata-se de uma ação predominantemente constitutiva positivar, na medida em que
ela visará a a.iustar a situação jurÍdica do devedor em crise, isto é, caso o pedido seja
acolhido, ela irá modiÍicar as relaçôes jurÍdicas do devedor. Mesmo aqueles que, como
nós, reconhecem um acordo na recuperação judicial vislumbram nesse pedido uma ação
constitutiya positivà, no sentido de que, uma vez concluÍdo o acordo, hâverá a modifica-
ção da situaÇão juridica do devedor.
ajuizada perante ojuÍzo do principal estabelecimento do devedor em
Essa ação será
crise e seguirá um rito especial constante da Lei n. 11.101/2005. Inicialmente, é funda-
mental identificar as condiçóes necessárias para se propor a açâo, bem como as peculia-
ridades referentàs à legitimidade e à petição inicial e sua instrução. A propositura da ação
e o despacho do juiz que defere o processamento da recuperação judicial integram a
chamada íase postulatóriar,
2 Requisitosespecíficos
A princípio, a recuperação iudicial aplica-se aos empresários e sociedades empresá-
rias em geral. Todavia, a própria Lei n. 11.101/2005, em seu art. 2e, exclui algumas Pessoas
dos efeitos da lei como um todo e, consequentemente, da recuperação judicial.
Assim, não podem requerer recuperação judicial as empresas públicas, as sociedades
de economia mista, as instituiçóes financeims, as coopeÍâtivâs de crédito, as adminÍstra-
doras de consórcio, as entidades de previdência complementar, as sociedades operadoras
de planos de assistência à saúde, as seguradoras, as sociedades de capitalização e outras
13. COELHO, Fábio t l hoa. Cu$o 17. CÀMPINHO, Sérg1o. Ealência e recüpeíaçào d. cmpresai o nwo rcgirne de lrúolvência emPr€sâriâI, Rio
de dhêito êotheftial, B. ed..
São paúlo: Saraiva, 2008, v 3, p.
14. SZTAiN, Râchelj FR ANCO, 407. de JanelÍo: Renovâr, 2006, p. 123.
Vera H elena de Mello. Falência
Paulo: Campus, 2008, p.235; ê da erftprêsa erh crise. Sáo
PIMENIA. Eduardo Goulart 18, COELHO, Fábio LrllÉa., Curso d. direita conercíal 8. ed. Sâo Paulor Sâraivâ, 2008, v 3, p. 409i CAMPOS
P, 9T; SIMIoNAIo, Frederico A. empresds. Sâo pa!1ot I o8,2006, BATALHA, Wilson de Souzai RODRIGUES NETTO, Nêlson; RODRIGUES NETTO, sÍlvia Ma-rie Labatê
Monte
15 No mesmo sentido: sTI REsp de râneiro: Forensq 2úA, p.
132. Batalhe. Coãêntá os à lei de recuperuçáo iudicial de cmprêtas eÍalêich.4. ed. São Paulo: LTr,2007, p.93.
RÂUL ARAÚIO,
- t800o32/ MX Rel, Ministro
MARCO BUZZ I, Rel. p/ Acórdão
QUÀR TA TLIRM^, iulgâdo eín 05/ 11/2019, Dle tOtU2t2O2o. o Minist 19. SZTÀIN, RacheL FRANCO veÍa Helen de N[ello, Falêú.ld e rc.uperuçilo dd êfliPt.ta em crise. Sâo
16 sT I -
REsp I8O0O32/M T, Rel. Paulo: CEmpus, 2008, p. 235.
Ministro MÂRCO BUZZ|, Ret. p/
QUA RTÂ TL'nMA,,utgado eín OS tl/m19, Acórdâo Ministro RAUL ÂRAúrO, 20. MAMÊDE, Gladston. Direito cmpftsdíial bftsileirct Íalência e rccuperaçáo de empresas. Sáo Pâulo:
I Dle I 0/02t2020.
Àtlas, 2006, v. 4, p. 186.
r 92 j oa o,oa,ro et.
"r"ro ""aaoa^,
i RtàueRruevro ol nrcupERAÇÁo JUDtctAL 93
Embora a recuperaçâ
o nâo deva ser usada
devedor goze de mais reite radamente , é possível
que o lhe é dada a oportunidade da recu-
rais de cinco anos para
de umâ recuperaçâo
iudicial, desde que atenda aos limitÀs em Íelaçâo aos credores e, Por isso, não
a recuperação judicial lsrnP
um plano es pecial ordinária e para a concedida
de recuperação pa aa com em relação aos §eus administra-
sociedâdes empresfuias, o requisito é exigido
microemPlesas e empre§ base em
limite6 tem por ais s as de pequ€no porte.
ão impostos para afastar em relação aos sócios
completamente um a ind ústria da rec uperação, Os (diret ores ou membros do conselho de administlaÇão) e
noyo ace§so à recuperaçã sem im pedir primeiros sáo o§ presentantes']3, o§ órgãos da sociedade, responsáveis
da concessâo dâ re cuperação o. Os prazos serão contados ICs, Os
por atoiudicial, isto é, sempre do dia direta no mundo concreto. o§ últimos são os sócios ou âcionistas
sua atuação mais
Já
ter decorrido cinco entre este dia e o novo pedido
anos pelo me hos, para deverl r de dirigk as atividades sociais'?a. O impedimento aqui é dirigido expres-
cuperação. que possa ser rcaliz iêm o pode
ado o novo pedido de conkole exercido
re- te a esses suieito s, nâo abrangendo o controle externoE, isto é, o
T 23. MIRANDÀ, Erancisco Antônlo Pontes de, Tratado d,e dircito privalo Campillasr Bookseler, 1999, v
**u,*it***t****ffi;n#ffi
1,
p. 4§2-483; COELHO, Fábio Vl\óâ. Curso de direito comercial. Sào Petrlor SaÍâivâ, 1999, v 2, p. 429.
24. CAIVALHOSA, Modesto.CamenüÍlos à lAídz socíêdades Aúnbíaí são Peulor sareivâ, 1992 v 2, P 429.
25, SZTÂ,N, Râchel. Ín: SOUZA IÚNIOR, Frâncisco Sátiro de; PITOMBO ÂntôÃio Sérgio de À. dê Moraes
\Cootd.). Comentárbs d lzi de recuperaldo d,e êmprct8 e Í41énci4. Sâo Paulo: Revistâ do§ Tribunajs, 2005,
p.224.
26. CÂRVAI-HOSA, Modesto. Comentórios à Lei de Sociedadet Anônirnds. Sâo Paulo: Sâraiva, 1997' v. 2'
21, GUGUELMUCCI Lino. 28. DE FERRÂ, Giampaolo. Manuale di dirittoÍallímentare.3. ed, Mila\o: Giuffrê, 2002, P. 3'49.
Lêziani di dirittoÍallbrlentare.
22. MAMEDE, Gladston. Dt S. ed..Iorinot Giappicheli,
2004 p
29. MESSINEO, Fraflcesco. Manuale di dititto cilllle e commerêi^le. M[âno: Giuffrê, 1957, Í 1' P.278,tta-
rcito emprcsa al brasileitur duçáo livre de "Con lâ nâscita dr essâ, sorge un Âuovo te(mine di riferimento di interessi e di râPPorti Siuri_
AUas, 2006, v. 4, p. fâlência e r€cuperaÇão de empresâs
187.
São Pauk) dici; si ha un soggeto 8iúridico di piü, ll quâle ha cepacità di diritti, câpâcità di volere e di agire, volontà e
responsabilità patrimoniâle propÍiâ':
I g4 CUASO OE DIF€IÍO EMPRESAFIAL
empreúria' ao requerer
F
.':
REouEBlMENlo oa aÉcuPERAÇÁo
Juolcnt : 95
a recuperaçáo, deverá.prever
ou a a.tienaçáo do conuole societário, *"' administ*dores
a substituiçâo dos
vontade social Poderá ser expressada em leuniâo,
a§§embleia ou em
afart"nd;, i."p;;;;;;;":" ,a
pedido só será PossÍvel se
r escrito de todos os sócios- Em todo cas o, o
deliberação favorável de
sócios que repres€n tem mais dâ metade do caPitâl
3 Legitimidade ativa f, c. c. 1.076, II).
- art. 1.071, VlIl geral (Lei n.Nas sociedades
ânôíimas, a deliberação de-
considerada
í em assembleia 6.494i76 - a4 122, lX) e será
CumPridos os requisitos especÍffcos, poderá os dispositivos legais se
maioria dos votos pre§entes. Em ambos o§
gaso§ ,
_, ^ - ser requerida a recuperação na
oo_ empresário que não se enquadre
nas exclusóes legais. Tal ."qu".i-"nto,
iudicial mas acreditamos que â sua razão de se ! permite a aPlicaçáo
mente, é feito pelo próprio empresário. norrn"I- à concord ata, simPles, a
N" i""iii_ . Nas sociedades em nome coletivo e em comandita
tem r.giti*i_
dade para requerer â recuperaÇâo
os hura"i"or, o ""t"Ã,;i;;;;,
.Àffi o ,nu"rr,"ri"n-
eraçáo iudicial3l
deverá decorrer da
maioria absoluta dos votos computa dos de acordo com o
te e o sócio remanescente. Não "ãii"rd'u"',í,",
há, portanto, previsão de legitimidade 1.040 e 1'046)4.
para o Ministério púbrico para credores e social (CC - arts. 1.010,
na legislação ura.rleira, como e aà'JiiJJio*a,."ito
e no direito portuguÉs3r. r."r,.er,, caso de urgência, o
administrador Poderá fazer sozinho o pedido de recuperação
a
desde que obtenha a concordância
do acionista controlador, convocando-se
pela
aplicaçâo das regras atinentes às edido dePenderá da concor-
-^^.-L:.*",d" IIRELI,
reqursito será verificado sociedâdes limitadas, tal geral imediatarnente No caso das limitadas, tal P
em re.lação À p"r"o" a-o ,i*rr, liuãiliiãirinistradores. da metade do caPital social. Essa urgência Pode-
de sócios que rePresentem mais
" pedidos de falência, quando o devedor tem o pÉzo
ocorrer e§pec ialmente no caso de
3.1 0 próprio devedor dez dias requerer a recuperaçao .iudicial.
Para
ou Pelo administrador com
ElRELls o pedido será feito pelo própr io titulâr
as
Obüamente, o maior interessado na das regras atinentes às iociedades Iimitadas
recuperação é o próprio deyedor e, por âutorizaçáo do tinrlar, dada a aplicaçáo
mesmo tem a legitimidade Drimárj isso, ele
.,r'-u1," i:ffi.§l :'.fi i:'"Í;[:H;1,r*ll:
",i",0"."1i#;:tié o "til,:ffi
titulâr da atiúdade (empresáriâ)
teg-;;;dü;;;;i],"ffr"H.. 3.2 Grupos societários - Consoliddçáo processual e consolidação substancial
Caso seja um empresário individual, o conjunto mais
pessoa fÍsica. Ele, por si só,
trata_se de urn" ri_plu, decisâo da própria José Engrácia Àntunes defile os grupos §ocietários como "todo
verificando o .urrrp.irn"nà à1, que' conservando embora as respectivas
rer a recuperação ""i.irri.r, ,"0*,
."nu"-
iudicial, que terá o seu regula. processamu.tà. wãã r,a poa"ru,
oo -ir,o, uã*o de sociedades
"om"ici"i" se encontram subordinadas a uma direção
os prepostos realizarem tal p"r. itttaicas próprias e distintas
requerimento, s.r,aá ã..iriã ao p.Oprio .rn_ "]rr"."fta"a*
ãil;*;;ii;;;. .olu^';i. x o"encia da ideia do grupo de sociedade é a auto-
presário, que_poderá até seÍ represent"ao,
*", ""r"n.iJ "
,À"l"piui.ffio.on.,r"n.,on"r, ."ãli*.fai"" a", integrantes, ligada â unidade econômica decorrente
de uma direção
por procuração. "-
única36.
.":o.0", sociedades empresárias, o requerimento dos grupos' nào se cria uma nova
^^_, )o
será tormulado da recuperação iudicial Âpesar da unidade econômica, com a formação
pelos adminisrradores, bem do grupo societário é a independência
de um ato de gestão ordinária,
como nas EIRELIs. Toda.via, nâo se trata p"r*iuitdi.". U-a das caracterGticas essenciais
cuia decisáo compe;;_"ú;ilila que "as sociedades agrupadas conservam a res-
etes. o reque- iu"iài.á ,u", integrantes, de modo
::l1::*o:0."0*á
de prévia manifestação da vo,il;;;il;. pelos sócios ou
"ntru
2006' P 101'
33. PIMENTA, Eduard o GotllaÍt' Recupêrd4o de empÍesas'SâoPedotloB'
o novo rcgime de Lnsolvêncie empre§âlial Rio
CÀMPINHO, Sérg io.Falêhcia erecuPelaçiio de
empresa:
30. 34.
I.IEGRÂO, Ricardo. Manual
dc diruito r.h,t.i-t e- de
:o comêrcidl )- empftsa, 2. ed. sâo peulo:
-*----, de Jâneiro: Renova! 2006, P 134
p. r3r. sâra lvà,2ooz, v,3, Ídjca da empresâ
35. ENGRÁCIÀ l|tr--TLNE 5,losé A. grupos de §ocledal4; estruturÀ e orgânizâção iur
Os
31. IANTIN, Micheti LE CANNU, psul- D,olt comherêtal plurisoci€táriâ. 2. ed. Coimbrar AmêdinÂ,roo2' P 52'
p. r9o-192. enateÍ)risês en difficdté. 7. ed. paris :D|d)oz,mz ,
36. COMPÀRÀfO, FábioKo det o potkr dc controle na sociedade aaaô'ifia
3 ed Rio de lâneiro: Forense'
32. MENEZES LEITÀq Lu& Mânuel Àt aesconsid"raçao peÍsonalidd-de^iÚttdica (disregard
TêIe: t de Ctdigo da irrsolvéncia 1983, p. 28: KOURY, suzy Éiizabeth Cavalci-ni
ao. J. ed. Coimbre: Almedina,
60 e da rccuperaçito .le empret* dnota- 1D7' P' 58i GAI_Gtu\o Francesco Diri"o
2006. D. iloct/ihe) e os gtupos dê empresas z' ea lto ie laíreiro: Forense'
civ e íommJrc'iate.z. ed.i"do*,ceDAM, t9g9' v 3' t lt' P 186'
"
ll
4.1 A situaçáo contrato foi firmado antes do pedido de recuperação iudicial, ele se submeterá ao pro-
dos créditos ttabalhistas
cesso. Já se a conclusão do contrato for posterior ao pedido, os hooorários estáo fora do
Assim, créditos trabalhistas referentes a serúços processo, Especificamente para os honorários de êdto, deve-se lembrar que a obrigaçáo
. prestados antes da distribuiçâo do
pedido também se submetem à recuperaçào, de pagar tal verba é uma obrigação condicional, isto é, suieita a um evento futuro e in-
uma vez que a obrigação já nasceusr, inclu_
54.. CAliIo, Jorge Luiz Lopes do. os efeitos preponderantes ó0. sTl - REsp 18699úlSP, Rel. Mioistra NÀ\CY ÁNDRIGHI, TERCEIRA TURMA, iul8ado em 16/06/2020,
do depós ito judicial frentê âos créditos sujer,
tos à recuperação judrclal. Revista dc Dle L9l0612O2O,
Ditcla Ricu)"rori"n"t, E.;;;,;.\l;";;;;;,
55.. TISP - Àgravo de Insrrumento 0136462-81.2011.8,26.0000, 6I. STI - REsp 1635608/5B R€1, Minlstra NÀNCY ÀNDRIGHÍ, TERCEIRÀ TURMA, julgado em l0-l l-
DeÉ€mbârgador Elliot Àkel, CAmârâ Reser-
vâdâ À Fâlência e Recuperâçào, 1g-10-2011. 2016, Dlc 14-ll-2116.
56 ST, - RESP 1700.487/ML Rel. D/ âcór.táo Ministro Mârco Aurélio Bêlüzze, Terceira Turmá,julgâdoem
62.ST, - REsp 1443750/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLlo BELLlzzE, Rel. p/ Acórdeo Ministro RI-
02t(]/.l20l9, Dlê de 26/o4tzors. CARDO VTLLAS BOÂS CUEVÀ, TERCEIRA TURMÀ, iulgado em 2o-to-2oL6, Dle 6-12-2016.
57. CORBO, wallacei GÀ-RCIÁ, Rodiico sáraivâ po.ro; 63. ST, - Aglrt no REsp 1846822/SP, Rel. Ministro MARCO ÂURÉLIO BELLIZZE, TÊRCEIRA TURMÀ,
SILVÀ, Jorge Luis da Costâ. À crieção de subclâsses
e^áposslb.iiidâde de trâtamento dilerencüdo iulgado em 0l/06/2020, Dle 04/06|2020.
980, jun.20I7, p.285.
entre *
.u",.rp"ur"çao 1ii"A'. Arrlrtoao, frituroir, u.
"."dor", 64. -
STI EREsp 706331/PR, Rel. Ministro HUMBERTO GoMES DE BÁRROS, CoRTE ESPECIAL, julgado
58. Idem, p. 293. eín 2O-2-2O08, Dle 3t-3-2008r STF
- Â1732358 ÀgR, Relator(a)r Min. RICÀRDO LEWANDOWSKI, Primeira
Iurma, jdgado em 3O-6-2N]s, Dle l57,Di\1/8,m820o9, Public. 21-8-2mq Emênt., v.237015, p.3134.
59- ST, - REsp 1634&16/RS, Ret. Minisrrã r
nELro BELLrzzE, rER.r,o^ ,ror^,,rrltlutJ*y.jH:,:j#:.i1*:Ídão vmistro MARC. AU- 65. STI - REsp 1152218/RS, Rel. Ministro LUIS EELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgedo em
ü7 / 05 12014, Dle @ / lo l21l4.
REouentt',l:uro ol secuPERAçAo JUDIcIAL i 103
102 ! cunso o: orn:rro EM'BESAFTaT
I de
para o-futuroos créditos
pagar a PeÍrsão' mas apenas
certo6 e ú o implemento dessa cond.içâo faz nascer a obrigação de pagar; logo, deve-ç da obrigaçáo de à recuperaçao"'
;rão exig(veis e se suieitam
considerar a data do êxito - normalmente, a data do bânsito em julgado da açáo - pan alime
"irã;".;1;;..d
verificar se é anterior ou posterior ao pedido,
Para os honorários sucumbenciais, a data do nascimento da obrigaçâo foi definida,
Créditos condicionais
pelo STl, como a data da sentença ou decisão iurisdicional que os fixar Assim, "se a vale
a uma condição §usPensiva'
sentença que arbitrou os honorários advocatÍcios for anterioi ao pedido recuperacional, cuia existência está subordinada de
Existem créditos câtivo, tome-§e os exemplos
o crédito dali decorrente deverá ser tido como concursal, devendo ser habilitado e pago a um evento
futuro e incerto. A ütulo exemPlifi se alcançados
(ea r'í oÚ') que só serão exigidos
s contingentes
nos termos do plano de recuperação judicial"67. de ativos com valore em face do devedor aPenas
surgirá aPós
fes ultados futuros' 'O direito do credor â referência a ser
certos acon tecer:,72 Àssim,
te r previsto ocorrido , o que Poderá não
o evento
4.3 usada é a da É
do imPlemento da condiçáo
Créditos com execuçáo em curso condicional Por isso'
credor nunca teúa o direito de receber o crédito
Pode ser que Se nem na
um crédito existente' antes do imp lemento da condição
Os créditos com execuçâo em curso náo têm sua situação muito alterada, devendo- em
não se Pode falar o vencrme nto anteciPado
de obrigações
-se considerar a datâ do crédito exequendo. Assim, mesmo no caso de execuçáo com agrawr a situação do füdo com
falência Pode-se q ue se Pauta Pelos Princl
muito mais razáo na recuperaçáo iudicial
(art' 47 da Lei 11.101/2005) À
penhora regular, como o crédito ainda não foi extinto, sua submissão ou não à recupela condicionaisT3' com n.
e da Preservaç áo da emPresa
ção.iudicial será definida pela data do nascimento do crédito. Todavia, nos casos de pios da função soc ial ao evento futuro e incerto
estabelecido
ilidade da obr igaçáo continuará submetida
créditos em execução com depósito iudicial para pagamento, reconhece-se a extinção da exigíb
exigibilidade.
obrigação6 e, por conseguinte, sua nâo submissão à recuperação judicial, pois "nâo há como condição de sua
como se admitir que o credor.já satisfeito se suieite aos efeitos da recuperação iudiciâ1"6'.
serão de responsabilidade exclusiva do credod2. Da mesma forma as eventuais despesas a hipótese de parcelamento/transação fiscal' A exclu§âo
8rt. 6s, § 7e-B), ressalvada
extra.judiciais de reúzâçáo de um protesto.
decorre do a rt. 187 do Código
Tribunal Nacional, que afirma que o crédito fi§cal
ou à recuperação )udicial'
- Ressalte-se, porém, que as custas dos processos entre devedor e credor, em que o 'ÍÉoésuieitoaco ncurso de credores
devedor seja vencido, permanecerão exigívei§, À tÍtulo €xemplificaüvo, as despesas ine-
tentes a uma ação de indenizaçâo movida pelo credor contra o devedor, em que este
tenha sido vencido, permanecem exigíveis. Dessa forma, sâo exigÍveis as custas dos 5.3.2 CrêdoresProprietáÍios
atos
do processo, mas também a diária de testemunhas e a remuneàçâo de peritos e assis-
a exclusão
I
tentes técnicos8s, bem como os honorários de sucumbência&. falta de intere§se em eventual negociação, a lei também determina
Pela
referidos no art 49' 39, da Lei n 11 101/2005'
dos chamados credores proprietários,
§
Diferentemente da legislaçáo anterior, são edgÍveis e, consequentemente, se sujeitam
bens móveis ou imóveis'
à recuperação os créditos referentes a multas e a pensóes alimentícias, Especificamente, ]ii"r, "."do. titutar da posiçáo de proprietário fiduciário vendedor de imóvel cujos
de
cralizaçâo do bem objeto dâ de espe_ 100, sTl - REsp 1758746/GO, R€I. Ministro MÀRCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMÀ, julSâdo
*!aii"ã*.,ràá ]""'"ài",.ii" ,".r,"."ru" ;,-
sarantla Íiducráriâ. suj"rça. à.
em 25 -9-2Or8, Dle 1c-l1-20r8,
110 j cunso oe oraeno EMpaESqRral
, REouERrMENro oa REcup€BAçÀo JUDICIAL i 111
5.3.2.2 Anendadormercantil
5.3.2.3 Proprietário em conüato de venda com reserva d€ domínio
Em situaçâo similar à da alienaç-ão
Íiduciária está o arrendador mercantil,
o credor do leasing. Neste contratô, ..um" vale dizer, Outra exclusão se refere ao ProPrietário em contrato de venda com leserva de do-
o*r* i"rlai"
iurídica, por tempo determinado. um bem comprado i'rlla p"rro" ftri." ou
mÍnio, ou seia, o creilor dos contratos de compra e venda com reserva de domínio náo
"rr""ii
pela " de
primeira acordo
indicâçôes da segunda, cabendo com as se suieitâ à recuPeração judicial, ainda que não registrado o contratolN Neste contrato' o
ar
n.d;;;;;;,-"d;:;;il:;:g}ffi;:,1Hr",:ij",:ff .11tiliã":r"Jfi:1t1: que se tem é "urria compra e venda de coisa móvel, em que se subordina a efetiva trans-
srmrlar a uma Iocaçào com opçâo ferência da propriedade ao pagamento integral do preço"lo'. O comprador já passa a ter
de co_pr" do b"_ lo;;ã;:--'
Para diminuir os custos deste â posse dÍretâ do bem, mas a transfe!ência da Propriedade Íica sujeita a uma condição
;uar.i"r, p..,niiinâ":,.'r," suspensiva. Àssim, o credor se resguarda de eventuais problemas com o devedor, na
se submeter à recuperâção, ",.iil'.,"1i:"::';t:::::-ã#::";:1f:.,11.:.,::i::T::
em tese, o§ ,i""o, do medida em que ele poderá reaver a coísa. Ainda que não haja o registro no cartório, ele
os custos deveriam ser menores. fâcilita"d. ,iã ,,,*uiro.", po. irro, já produz efelios entre as partes exduindo o crédito da recuperaçâo judiciallr0.
".."rá"ào. ",
Todavia, âqui também, esse c.edor ",";;;;;];;i_,"i.irrir"o,
nâo pode retira! do estabelecimento ".pruraror. Mesmo que o comprador peça a recuperaçáo judicial, os direitos do credor do con-
bens essenciais ao exercício do devedor
da atividad.;.. o;;;;;l;;;""
;;,:,Id"f.rim",,to do tÍato são mantidos. Repete-§e aqui a mesma orientaçâo da alienação fiduciária em ga-
processamento do pedido
de recuo rantia e do alrendamento mercântil. Se o devedor está na Po§se, mas ainda não adquiriu
à*.,_.;;;;;,;;'d";"":5iilTT§:,".j:'ii.;T*T:.::il,.râ:Í:fl ..ff
i::
lO5. TISP - 2& Câmers - ÀG 1062639500 - Relator Desêmbeigedor NEVES ,ulgÂdo êm 24-
101. SHtRAI, Rodrigo. Hipóteses r0-2006. ^MORIM,
excêpclonâis de s uieiçáo de operaçôes
à recuperaçáo
iudiciâI. Crise Eêondmica e Soluçõe, tarantidas por aliênaçáo fiduciáriâ 106. TISP - 26. Câmera - AG 1119044500 - Relâtor Desemb{gadoÍ VIÀ}.Í}ÍA COTRIM, iulgado em 30-
n.59, dez/2078.
102. FARIA, Mauro Teixeira de. Li bêração 7-2N7.
de recebívek por conte do desa tendimento
cializaçeo do bem obieto da garant
ie liduclárie. Su.i€ição Jo crédiro
do requisito de es P€' lO7. TlRl - ,1. Câmara Clvel - ÀG 2005.002,23836 - Relator De!êmbârgador REINÀLDO P ÀLBERTO
dlcial. Revistd de Direúo Bancário Sara ntido aos efeitos dâ rccuperaçáo FILHO, Julgàdo em 22-r1-2005.
e d.o Mercado de Capitals, y.
Ihstrumenro 2205499-25.201S.g. 26.0000. zs.j an./mar. 2017, p. 87; TlSp Àgravo de
Relaror: Dês. P-EREIRÀ CÂLçAS, lr 108. STI - REsp 1725609/RS, Rel. Ministrâ NÀNCY ANDRIGHI, TERCEIRÀ TURM,{, julgado em 20-
Empresârial, iulgâmento em 29- Câmâra Reservada d€ Direito
l-2C)16. 8-2019, D|.22-8-2019.
103. STI - Resp 179196159 Rel. Minisrrô 109. GÀGLIÀNO Pablo Stolzq PÀMPLONÀ FILHO Rodolfo. Novo ca$o de direito civil. §o Peu'lo. Sarai'
MÀRCO ÂURÉUO EELLIZZE' TERCEIRÀ
erns-4-2019, Dle de 12-4-2019. TURMÀ, julgdo ve, 2008, v. IY t. 2, p. 66,
104. MAIIITINS, 1rO. MinistÍe NANCY ÂNDRIGHI, TERCEIRÀ TURMA, julgado em
Frân, Cohtratos e ob gaçôes comêrcrar§. 15. ed. Rio
de raneiro: Forensê, 2O0O, p. -
STI REsp 1829641/SC, Rel,
4149.
03 /6 l2or9, Dle os I 09 12019.
F- '1
O crédito rural pode ser concedido com recursos controlados ou nâo controlados.
,:"
abrangido pela recuperação
iudicial o credo! dos contraros de com- Os Drimeiros sâo aqueles de origem oficiais, a sâber: os obrigatórios; os das Operações
--- e]111u1
pra 9
venda de imóveis ou de oromessa de- compra e venda de imóveis, Ofiirais de Crédito sob supervisâô do Ministério da Economia; os de qualquer fonte
desde que haja
cláusula de irrevogabüdade ou irretratabilidade,
inctusivãe]i,1ãrp-"ãiâ". onou,f,arr".. destinados ao crédito rural na forma da regulação aplicável, quando sujeitos à subvenção
 presença dessas dáusulas acaba assegurando
um direito real sobre o imóvel, permitin_ da União, sob a forma de equalização de encargos financeiros, inclusive os recursos ad-
do que o adquirente ou promissário
comprador pleiteie a adiudicaçâo compulsóriar1r. ministrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Ecooômico e Social (BNDES); os
Em razào desse direito real, o ploprietário da poupança rural; os dos fundos constitucionais de financiamento regional; e os do
.-_ ou promitente vendedor do imóvel não Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Euncafé)1r3.
tem como alterar as condições do contlato. por
iiso, a Lei n. 11.101/2005 optou por Os bancos oficiais ou nâo, com recursos aplicados na forma determinada pelo CMN,
impedir que o adquirente ou promissário
iirãr.. o foalrãã"rt".". .onai_ poderão empresar esses recursos a qualquer agente rural, observando os juros e demais
"o-pr"ao.
çóes desses contratos em razâo de uma recuperação ", iondições estabelecidas pelo CMN. Nesses casos, os créditos desses empréstimos náo
ou promitente vendedor.de imóveis nâo iudicial. Os direitos do proprietário
sâoàfetadospela re.up.."ção 1rdi"i"l, ."n,"n- estâráo sujeitos à recuperaçâo judicial do devedor, desde que tenham sido renegoci4dos
do-se todas as condições anteriores. Mante-_r" antes do pedido (Lei n.'11.101/2005 - a!t. 49, § § 7, e 8e).
" ".g**ç;;;;1J;..
. Aqui.também ocredor possui um único limite. Ele não poderá retirar do estabele-
bens de capital essenciais para a continuaçao
:1.:*" 9:d:led9r
rante os 180 dias de suspensào
aa sua atfiaade, du_
6 Juízo competênte
Dosteriores à deàisão de procàrJ"_"r,to à".".up"r"çao.
Trata-se de uma clara aplicaçâo do princÍpio
da preservâça" d"
";;;;r". Embora nâq sevislumbre a estrutura processual tradicional, podemos visualizar, na
recuperaçâo jüdicial, se.ia como acordo, seia como ação, a existência de dois polos: o polo
do devedor e o polo dos credores. Para se fumar a relaçâo entre esses polos, é essencial
5.3.2.5 Credor de adiantamento de contrato
de câmbio I intelvenção de um terceiro imparcial, o juiz. EIe será o responsável pela condução do
processo, embora não seia o responsável direto pela recuperaçâo da empresa.
.tamento fim,
Por não são abrangidos pera recuperação
iudicial os créditos referentes a adian- Entre os diversos juízes, dotados do poder jurisdicionâl, a Lei define como compe-
de contrato de câmbio para exportaçâo (Lei n. 11.101/2005 _
art. 86, II). por tente para apreciar o pedido de recuperação o juízo do principal estabelecimento do
em geral, o quese realiza é a tro." áu no devedor ou o da filial no.caso de empresário que tenha sede fora do país. Por principal
:i:.r::r".-":,1::":-d",cátnbio,
vdrc qrzer, re<eDe-se moeda estrangeira
"rp"ço,
-oud", estabelecimento, acreditamos que deveria ser entendido o de maror volume econômicorra,
e entrega_se moeda nacional. No adiântamento
de contrato de câmbio para exportação, mas a furisprudência do STf vem se firmando no sentido do principal estabelecimento
há um pãgamento ant""ipuáo;;i iro e,
a moeda nacional antes de se receber a moeda "nrr"g"o" ser a sede da administração do devedor115. Em todo caso, esse juiz é absolutamente com-
eitrangeira,
caso, o exportador vendeu mercadorias Petente para conhecer e conduzir o processo de recuperação iudicial.
.Nesse no exterior e possui um crédito a
receber em moeda estrangeira. Todavia,
tais valores só serão recebid.'os no futuro. Âssim,
ele pede para a instituição financeira
uma antecipação, ou seia, ele pede o pagamento
em
113. Disponlvel em: <https://www3.bcb.goybrlrn.//ííen'ríl/090217? 18o6f48c9,hlm>. AceÉso êm: 8 dez.
20m.
114. BÁRRETO FILHO, Oscat. Teorld do ettdbelecifiento comerciaL Sáo Paulor Max Limonad, 1969, p.
111 pIMENTA, Eduârdo 145-146; COELHO, Fábio Who1 Curso de dircito cometciaL8. ed. Sro PâLrlo: Sârsivâ, 2008, v. 3, p. 261.
Gonlart. Rcêuper4çito de emprcsds. São paulo: lOB,
2006, p. 122
112 SALOMÂO NETO, Edu atdo, Direlto bdncário. paulor
ll5. STI - 2r SeÇão - CC 27775/DE, Relatot Ministlo BUENO DE SOUZA, Dl 4-6-2CAri STI - 2. Seçeo
Sáo Atlâs, 2007, p. 320.
- cc 21899/MG, Relâtor Ministlo SÁLVIO DE FIGUEIRÊDO TEIXEIRÀ, Dl8-9-1998.
114 CUBSO DE DIAEITO EMPBESARIAL ReouenruEuro on necupERAÇÀo JuorcraL 115
requ.isitos formais e estruturais impostos pela Iegislaçâo processual. Os requisitos formú ; celebraçáo do acordo. Ademais, a exigência de requeÍimento de citaçâo do réu que nâo
se repete no CPC/2015 iá nâo era aplicável, tendo em vista a nahrreza do pedido de re-
5áo os inerentes a todos os atos processuais, como a forma escrita, o uso do vernáculo e
cuPeraÇão iudicial.
a assinatura de advogadorrT. )á os requisitos estruturais sâo aqueles que devem constaÍ
do texto da própria petição inicial, sendo previstos no art.3J.9 do CPC/2015. São requi-
sitos estruturâis: a indicaçáo do juÍzo competente, a qualiffcaçâo das partes, a causa de 7.2 lnstruçáo
pedir, o pedido, o valor da causa, as provas e a opção do autor pela reâüzação ou não de
audiência de conciliação ou de mediaçào. AIém de cumprir todos os reqúsitos gerais, a petição inicia.l da recuperação deverá
ser acompanhadâ dos.documentos essencÍais à propositura da ação. No caso da recupe-
O prirneiro requi'sito estrutura.l é o endereçamento da petiçâo iricial ao.juÍzo compe-
ração judicial, além daqueles documentos gerais para todas as ações (procuração, custas...),
tente, do local do principâl estabelecimento ou da filial do empresário que tenha sede fora
é essencial que a inicial da recuperação seiâ instruÍda com os documentos do art. 51 da
do paÍs. Além de identi[icar o iuiz, a petição inicial também deverá qualificar as partes do
Lei n, 11.101/2005. Podemos sintetizar os documentos a serem iuntados em algumas
processo. O ãutor é o próprio devedor, que deverá ser completamente qualiÍicado. Embo-
ideias: as causas da situaçeo patrimonial e os motivos da crise econômico-financeira, a
ra nâo haia propriamente !éus na ação, é essencial qualiÍicar os credores abrangidos, adm!
documentação conJábil, os documentos do regisho empresarial, as cerüdôes de protesto
úndo-se que sua qualficação venha em documento separado e nâo na própria inicialrs.
e as relaçóes descritivasl22,
Outro requisito estrutural da inicial é a causa de pedir, isto é, os fatos e os funda-
Tal dispositivo é obieto de acertadas crÍticas, na medida em que deixa de exigir a
mentos jurídicos do pedido. Na açâo de recuperaçáo judicial, a causa de pedir próxima
iuntada de documentos que comproyem os requisitos do art. 48 dâ Lei n. 11.f01/2005,
(fundamentos de fato) é a viabilidade da empresarte e o afastamento da ruína econômica
como a não obtenção de outra recuperação há menos de cinco anos ou a ausência de
da atiüdade. |á a causa de pedir remota (fundamento de dlreito) é a criaçâo do estado
condenação por crime falimentarr'13. Sequer são exigidas declaraçóes pessoais no sentido
jurÍdico de recuperaçâo judicial, como forma de superar a criserD.
do cumprimento desses requisitos.
Também é requisito da peuçáo o pedido, isto é, o qug 5s plstende com a ação ime-
diata (a proyidênciâ .jurisdicional) e mediatamente (o bem da vida pretendido). Na recu-
peração iudicial, o que se pretende é a sentença constitutiva do estado de recuperação 7.2.1 As causas da situaçáo patrimonial e os motivos da cÍise econômico-
Jinanceira
f16. CAIMON DE PASSOS,I.I. Cornentárlos ao Códtgo de processo Ciyil. 8. ed. Rio de laneiro: Forensê, Inicialmente, cabe âo devedor expor detalhadamente as causas da situaçáo patrimo-
1998, v. UI, p. 154,
l nial e os motiyos da crÍse econômico-financeira. Trata-se, em última análise, da exposição
117. RESTIFFE, Pâulo Sétgio. Re.uperaçào d. enprsar. Bâruert Menole, 2008, p, I15.
118. IdeÍn, p. 116.
119. LOBO, Jorge. In: Á,BRÃO, Carlos Hen(iquei TOLEDO, paulo F. C, Sàlte6 d,e (Cootd.). l2l. ldem, tbtdêm.
Comehtátios à
lei de recuperaçào de cmprcsas eÍalêicíd. Sào paulo: SâÍaiva, 2005, p. 131. NEGRÁO, Ricardo. .tdar u4l d. dtúlb êornêrclal c d. .rnüêtd.2. êd. S,oP?dulo: Seraivâ, 2007, v 3, p. 163.
120. RESTIEFE, Pêulo Séígio. Recuper4çào d. cblprrjaj. Bâruert Mânole, 2008, p. l l8. 123. ldem, p. 168.
:
I tr, : CUBSO DÉ DIAEITO EMPRESAFIÁL
Brouenrusmo ol ascupEBÂÇÁo JUDrcraL i .l .l
7
dos motivos da crise e das suas consequências sobÍe o patrimônio do devedol Deyem Cbmo a lei eÍge o exercÍcio regular dâ atividade há mais de dois ânos apenas, pode ser
ser apontadas as causas concretas da crise, não sendo suficientes meras alegaçÕes gené- que as demonstrâçôes abraniam âpenas dois exercÍcios. A ideia aqui é pêrmitir que os
ricasr'1 Deve-se indicar quais fatos especúcamente acarretaram a crise e quais são os credores tenham a ciência exata da situação do empresfuÍo, para poder se manifestar. A
reflexos dessa crise sobre o patrimônio do devedor. própria viabilidade da empresa poderá ser mais bem aferida à luz desses elementos.
São exemplos dessas causas:r2s divergências entre sócios, falecimento de sócio con- Além das demonstraçôes contábeis dos úItimos tIês exercÍcios, exige_se a apresen-
troladoc problemas na sucessâo, falta de capacidade técnica dos administradores, capital
tação de demonstraçÕes levantadas especificamente para a instrução do pedido Je recu-
insuficiente parâ a atividade, multas e outras sanções, problemas no fornecimento de peraçáo iudicial: (a) balanço patrimonial; (b) demonstração de resu.ltados acumulados;
matéria-prima, crise de tecnologia, variação cambial extrema, problemas no acesso âo (c) demonstraçâo do resultado desde o último exercÍcio social; (d)
crédito, aumento da concorrência, aumento de encargos, aumento de juros, aumento de relatório gerencial de
I fluxo de caixa e sua proieçâo; e (e) descriçáo das sociedades de grupo societário, de fato
tributos, política monetária e fiscal, entre outrds,
ou de direito. Nada impede a juntada de outuos documentos cJntáLeis para
Tais indicaçóes são fundamentais para 5e aferir quais medidas devem ser tomadas melhor in-
formar os çredoresr3r. Para microempresas e empresas de pequeno porte, pode ser
para supelar a crise, bem como o próplio interesse de agir do empresáriorr6. Ademais, apre_
§entada â escrituEção simplificada que lhe é permitida.
sem o adequado diagnóstico, a crise nâo será superada. Elas devem ser elaboradas pelo
O balanço patrimonial seryirá para apresentsr a realidade patrimonia.l
próprio devedor ou a pedido dele, sendo aconselhável o recurso a profissionais especia- do empresário,
vale dizer, ele fará uma comparaçáo entre o atiyo e o passivoem determinâda
lizadost2T. Em todo caso, deve-se te! um glande cúdado tendo em vista as eventuais data. Tal
demonstração deverá ser apresentada em relaçáo aos três últimos exercícios,
repercussóes penais das declarações firmadas, ou dois ú.ltimos,
conÍorme o caso, pu.a aÍert o comportamento do patrimônio do devedor que
Nos termos do art.51, l, da Lei n. 11.101/2005, as causas da situaçâo patrimonia.l e passa pela
crise, Não se trata de uma indicaçâo definitiva, mas a queda do pâtrimônio
os motivos dâ crise econômico-financeira precisam instruir a petiçâo inicial, vale dizer, em patamares
muito elerados pode significar a inviabilidade da continuaçâo da empresa.
elas devem constar em um documento separado instruindo a petiçãor23. Apesar disso, Além disso,
deverá ser le\ãntado um balanço especificamente para instruir pedidà
nada impede que tais dados constem da própria petição inicials, porquanto há uma o de recuperação.
grande proximidade de tais indicações com a própria causa de pedir. Rachel Sztajn afirma A demonstraçãó de resultados acumu-lados dos três ú.ltimos exercícios,
ou dds dois
inclusive não haver sentido na iuntada em separado, pois haveria apenas uma repetiçâo úhimos conforme o caso, tem por objetivo comparar os custos e as rêceitas
da atividade
da petição inicialr30, A nosso ver, ambas as formas devem ser admitidâs, dada a própria em tal perÍodo. A ideia é demonstrar a tendência da atividade,
isto é, d.eve_se demonstra!,
instrumentalidade das formas. no acumulado, se a atiyidade gerou lucros ou trabalhou no preiuízo.
Essa tendência tam-
bém é um indicado! muito útil para âÍerir a viabilidade da iecuperaçâo
da empresà.
Além doi resultados acumulados, deve ser aplesentado também
7.2.2 Documentaçâocontábil o resuitado do
exercício até o momento próximo ao do pedido, pois seria inviável
exigir que tal demons-
tração fosse levantada até o dia do pedidor3r. Deve_se
Também devem ser anexadas à inicial da recuperaçâo as demonstraçôes contábeis demonstrar se naquele exercício,
no qual se faz o pedido de recuperação, a atividade está
dos Eês rítimos exercícios, a fim de apontar a realidade dos negócios daquele devedor. dando lucros ou prejuÍzos, Não
se trata da demonstlaçâo do resultado de todo
o exercício, mas apenas do resultrdo até
àq-uele momento. Trata-se da sÍtuaçâo âtual do negócio,
sob a ótica de receitas e despesas.
I24. PÀCHECO,Iosé de Síltz. Pro.esso de rccupetuçáo iudicial e*truiudicial eÍalêncid.2. ed. B.io delü ei- A demonstrâção deve atingir as últimas semanãs anteriores ao pedido,
ro: Foreh6e, 2007, p. 146. não devendo
haver um perÍodo superior a 30 dias nâo demonstrado.
125. PIMENTA, EduaÍdoGoulart. Recuperaçào de empresas. São Paulo: lOB,2006, p. 103-104.
126. MAMEDE, Gladstoí. Direito empresa dl btdsileltut fâlér.cia e recuperâçáo de empresâs. Sáo Pâulo:
. Também é essencial apresentar um relatório do fluxo de caixa e sua previsão, isto é,
deve-se apresentar a entrada de recursos para o empresário
Àtlâs, 2006, Y 4, p. 206. nos últimos três anos e a
127. LOBO Previsão para os próximos exercÍcios. A quantidade de dinheiro que entra e sai
,oÍBe. Inr ÀBRÁO Cârlos Henrique; TOLEDO, Paulo f. C. Salles de (Cootd.l. Comentários à do negó_
leL de rcêuperaçâ,o de enprcsds e Íalêncía. Sào Palrlo: Sârâiva, 2005, p. 132.
128. COELHO, Fábio Uihoe. Curto de dircito conércial. 8, ed. Sáo Paulo: Sârâi\,.â, 2008, v. 3, p. 410. 131. SZTÀ,N, Râchel. In: SOUZA IúNÍOR, FrÂncisco Sáriro de; PITOMBO, Antôuo Sérgio de Â. de
129. NEGRÀO, Ricardo, Mdnual de dírêito comercial de empftsa. Z, ed. Seo Paulo; Sarâivâ, 2007, v. 3, p. 163. Morees (coord.). conéntá osà rcide rccup.raçào d. cmpfttus êÍarénc.. sJpJá,
e
2005, p. 253.
i*ir"a"s Tlibunâis,
I30. SZTAJN, Râchel. In: SOUZA ,úNIOR, Prancisco Sáliro de; PITOMBO, Antônio Séqio dê A. de
Motaes (Coard.). Camekhirías à leide rccupetaçào de.mprcsds eÍalêncía, Sâo PaulorRevistã dos Trlbunâit I32, MAMEDE, Gladston. Direito embft\4rial brusLleirot talên iae rccuperaÇÃo
de emptesas. Sáo paulor
2005, p.249. Atlas, 2006, v 4. p. 209.
I CURSO DE DIREITO EMPRESAAlAL BÉouEBrMElÍIo DA REcuPEFAç,Áo JúolclAL i 1 19
,i
cio e que tende a entÍar e sair no futuro é um grande referencial Para os credore§ que mostrar uma inadim-
I iliquidez , seia comprovàd8' Assim, deve-5e
querêm recebe! seus créditos, ou que querem manter negócios com aquele devedor. (caixa) ou Patrimônio Para arcar
ausência de recursos financeiro§
I
j
Fábio Uthoa Coelho a.ffrma que o importante é tão somente a previsão de fluxo fu- (Lei n. 11.101 /2OOS - art.51, § 6e, I) dentro dos dois
últimos anos
turo, pois o passado não terá mais qualquer importânciar33. Simionato, a nosso ver com
razão, entende que os fluxos passados e futuros sáo extrernamente felevantes Para afeli! t
a viabilidade da empresarí. Em todo câso, a Previsão para o futuÍo é a mais importante, : do rsgistro do comércio
mas há uma grande falta de certeza em tais previsôesr35, o que retira um Pouco da con-
bem como a colocaçâo dos livros à disposição do
fiabüidade do relatório. documentâç ão contábitiuntada,
regularidade
a da aÚvidade do empresário Todavia,
Além disso, é exigida a descrição das sociedades de gruPo societálio, de fato ou de Paia demonstrar
cisa ser comPletada pela prova da regularidade do registro daquele
direito, de que faça parte o devedor, Trata-se de uma descrição com informaçóes finan- isto é, de vem ser juntados a certidão de regu.laridade do
na iunta comercial,
ceiras e patrimoniais do grupo que, se não se estiver em litisconsórcio ativo, deve ser ao de Empresa§, o ato constitutivo atualizado e as atas de no-
Registro Público
menos conhecido dos credores com pârte de uma unidade econômica, âPesa! da ausên-
atuais âdministràdo
cia de unidade juridica- Não se pretende obrigar o dever a sempre fazer uma consolidação existênciâ do
processual, mas apenas se demonstra tudo para os credores conhecerem como se insere ,\ certidão do registro do comércio é fundamental para demonstrar a
vista a necessida-
naquele momento' bem como a data desse registro, tendo
em
o devedor do ponto de vista pútico. Caso exista a consolidação processual, devem ser (Lei n. 11.101/2005 - art.48)
de do exe rclcio r€gular da atMdade há mais de dois ânos
apresentados os documentos indiúdualmente para cada integrante do gruPo. pública, que fará presumir o
Trâta-§e de uma certidáo simplificada , mas dotada de fé
Além das demonstraçôes que serão entregues, os livros obrigatórios e demais rela- exercÍcio da aüvidade de forma regula r no período ali indicado.
Tal certidâo, contudo,
tórios auxiliares permanecerão à disposição do iuÍzo, do administrador iudicial e, me- poderá ser elidida por Prova em contrário'
diante autorizaçâo'iudicial, de qualquer interessado (Lei n. 11.101/2005 - art. 51, § 1e). No caso de sociedades, é essencial também ajuntada do ato constitutivo atualizadd;
A escrituração tem duas funçóes: organizar os negócios, servir de prova da aüúdade para permitiodo a identificação dos sócios e §ua resPonsabilidade pelas obrigaçôes sociaisls
terceirosrs e especificâmente para o fisco. Os livros atendem tanto ao interesse do em- ilessalte-se que, nas sociedades anônimas, o ato constitutivo não será suficiente
para
presário, no sentido da organização das suas atívidades, quanto ao interes§e público no identificar os âcionistas, os quais §erão aferidos, em regra, à luz dos livros do devedor'
sentido da fiscalizaçáo dessas atiúdadesr37. Pot vezes, serão necessários esclarecimentos Tal exigência iá decorreria do PróPrio aiuizamento da açào pela Pessoa iurÍdica Nas
aos sujeitos que atuam na recuperaçâo, os quais só Podeaáo ser obtidos nesses documen- sociedades çiôr'açÕes e nas demais, cujâ nomeação dos administradore§ 5e dê em ato
tos. Àssim, é fundamental que eles fiquem à disposiçáo, podendo o iuiz eventualmente separado, também é essencial a juntada dos instrumentos de nomeação dos administra-
determinar o depósito desses documentos ou das suas cópias em cartório. dores, a fim de aferir a sua legitimidade Para praticar atos pela sociedade.
No caso do exerclcio de atividade rural por pessoa fÍsica, esses documentos serão
substituídos pelo Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou pela Declaração
do Imposto sobre a Renda da Pessoa FÍsica (DIRPF) e balanço patrimonial dos ultimos 7.2.4 Certidóes dos cartórios de prolestos
2 anos (Lei n. 11.101/2005 - art.51, § ê, tl). Para o Produtor rural pessoa física, pas-
Outros documentos a serem iuntados Pelo requerente da recuPeração judicial sâo
sa-se a exigir que a crise, cârâcterizada pela Ínsuficiência de recursos Patrimoniais ou
as certidÕes dos cartórios de protesto dos locais onde o devedor exerça a atividade. Nes-
tas certidóes, constarão os eventuais protestos realizados em face do devedor, demons-
lr
133. COELHO, Fábio Uihoà. Curso dc dlrelto cot lerdlal. 8. ed. Sáo Paulo: Saraiva, 2008, v 3, p. 412. trando a existência de obrigações não pagas por ele. Caso o devedor tenha ciência de
134. SIMIONATO, Ere deico A. Mo..Lte. Ttd,tado dc direito faliftentdr. Rio dê lâneiÍo: Forense, 2008, p. 159 protestos realizados fora da sua área de atuaçâo, pela boa-fé objetiva, também deverá
135. SZTÀIN, Rachel. Inr SOUZA lÚNlOÀ, Francisco Sátiro de; PITOMBO, Antônio Sérglo de À. de aPresentar as certídôes respectivasl3e.
Moraes (Coord.). Corze ntários à lêi d,ê ncuper^?io de empresds . ídlêr1cia. Sáo Pâulo: Revista dos Trlbunais,
2005, p. 253.
L
136, GALGANO, Frân.esco. Dirtúo cívilê e commercial.e. 3, ed'. Pàd.ova: CEDÀM, 1999, v. 3, t. 1, p, 136i
CA-RVÀLHOSA, Modes to. Conentários ao CUA, Civil Sáo Pâulo: Salaiva, 2003, v, 13' p.17 6. 138, PIMENTÂ, Eduardo co'rJâ,rt. Recupetuçao de empt.sas, Sâo Pa'JIo: lOB,2006, p. 111.
137. RTPERT' Georges; ROBLOT, René. ?iaird élénentairc de droit coazreldzl S ed Pâris: Librâirie Gé- f39. tv!ÀMÊDE, GladstoÍ\, Dir.íco empresaríal brasileirot tàlência e rccupêrsção de empresâs. Sâo Pâulo:
nérale de Dloit et lurisprudence, 1963, v. 1, p,207. Âdas,2006, v 4, p. 225,
I
lT'
l
120 ! cuaso oe oraerro EMpBEsaFraL
,m Rçouearuevlo on necuruaeçÃo .ruorcrar- i 121
e, por isso, os créditos dos trabalhadores tâmbém deye!ão constar dela, uma yez que a emPresa i ustificaria a necessidade de aPresentação dessa relação
Afirma
a
lista de empregados não é objeto de publicaçâo. é ímPo ftãnte para aferir a evenhtal resPonsâbilidade desses admi-
tal relação
e Leonardo
ou controladoresrs2. No mesmo sentido, )osé da Silva Pacheco
náo veem problemas em tal imposiçãors3.
7 .?.7 Relaçáo de bens dos administradores e dos controladores I
Para que possam aoalisar a real situação do devedo! os credores devem conhecer
6
seu patlimônio, o que será apurado por meio da documentâÇão contábil. Todavia,
no
caso de sociedade, a Lei exige a apresentaçâo da relaçâo de bens dos administradores
e
dos controladores. Tal exigência só é iustificável no caso de sociedades com sócios partes do pro-
de
responsabilidade ilimitadaraT e, nesse caso, não bastâria a relação do controlador, mas
de
todos os sócios. Na grande maioria das sociedades, essa ex8ênciâ nâo faz senüdoús.
Fábio tÍlhoa afirma que essa relaçâo será fornecÍda com o intuito de aferir a üúü-
dade da outorga de garantias pelos controladores ou administradoresr.e. Todaüa. tal
possibilidade dependerá do plano de recuperaçâo que ainda não é apresentado nesse
momento. Âssim, efetivamente náo há muito sentido nessa apresentação, além de haver
um dewirtuameoto da autonomia patrimonial,
Há aqui uma confusão entre o empresário e seus controladores ou administradores,
Por mais relevância que tenham parâ a atiüdade, os administradores e controladores náo
se confundem com asociedade. Logo, não há sentido na.juntada de documentos referentes
a eles, Na verdade, tal relação de bens pode causar uma impressâo equivocada
nos credores, 7.2.8 Belaçáo de Processos
confundindo â sorte da empresa e a sorte dos seus administradorei ou controladores.
Rachel Sztajn afirma que tal intromissáo aumenta os custos de trânsaçâo, náo sendo Outro documento exigido para o pedido de recuperação judicial é a relação de pro-
cessos €m que o devedor seia Parte com a e§timativa dos valores envolvidos
Trata-se
razoável a exigência da apresentação da relação de bens sem a apuraçâo de motiyos para
mais uma vez de dar aos credores o mais completo conhecimento §obre a situação Por
aeventual desconsideração da personalidade.lurídicarso. Gladston Mamede ch egaa d\zer
que passa o deveciór Em tal relação, deveÍá heveÍ umaestimaüva dos valores em discus-
que tal exigência é inconstitucional, na medida em que violaria a dignidade d" p".ro"
sào iara da. a melhor informação possÍvel aos credores. A ideia que §e rePete âqui é a da
humana (CFl88 -art. le, lll) e â inviolabilidade da vidà privada (CFl8á art.5e, X)rs1.
- maior tÉnsparência possÍvel pâra que o acordo seja concluÍdol5s.
Frederico Simionato elogia tal obrigação e entende que ela é efetiyamente um requi-
Como a Lei nâo especifica, devem ser aPresentadas todas âs açôes em que o devedor
sito Para o processamento da recuperação. Ele afirma que a proteção do intelesse social
é parte, como autor, réu ou litisconsorterft, a Êm de dar a melhor Perspectivã sobre a situa-
Éo do devedor. Mesmo açóes sem reflexos econômicos deverão constar da lista Também
147. NEGRÀO, Ricârdo. Manual de dircito .omer.ial e de empr*a.2. ed. Sáo paulo: Sâíaiw, 2007, í 3,
p. 168.
148. LOBO lorge. ln: ABRÁO, Carlos Henrique; TOLEDO, paulo F. C. S olles de (Coord.J, Conettários à
leí dê rccuperaçào de êdprêsas e
íaléhcla. Sâo paulo: Saraiva, 2OOS, p. t32; MÀüEDE, Gled ston. DiÍeito
ehpresar-ial braslleirot falência e recuperâção de empresas. Slo pautà: Aúes, 2006, v.4, p. 152. SIMIONATo, Frederico A. Montê Tratado de dírcito ídktfien r4r. Rio de JanelÍo: For€nse,2008'
219; CÂMPOS
BÀTÀLHA, Wilson de Souzâ; RODnIGUES NETTq Nelson, RODRIGUES NETTO, SIlviâ Mariâ p.162-165.
Lábate
Batalha. Comehtáríos à Lei de recuperuçào 153. PACHECo, ,osê d a iil\e. Procetso d. recupet^çdo iudkidt, e*traiudiêial e Ídêhêid' 2' eà Rio àe lanei'
iudicial de empresas efalência, 4, ed, Sáo peulô: LTa 2007, p. lo0.
149, COELHO Fábio Ulhoa, Curso d.e direito comercüI 8. ed. SÀo paulo: Sarâiva, 2008, v. 3, p. 413. to: forense, 2007, p. 147; GUIMARÀES, Lêonerdo. Documentos a serêm ecostâdos, obriSalollámeote' à
p.tiçáo lnicial da.;cupeÍâçào iudiclâI. In: CARVÀLHO, williâm Eurtáqüo dq ÔÀSTRO, Moema A S de'
150. SZTÀ,N, Rach€I. ln: SOUZÂ rúNIOR, Francisco Sátiro de; PITOMBO, António Sérgio de À. de
Dtreito Íalime tar contemporàneo. Porto Sérgio ,{ntô o Fabri§, 2008, p 253,
Moraes (Coord.). Corze ntários à lei de rccuperaçdo de a r5,,, eÍalêrrcra. Sáo paulor
2005, p.254.
t Revista dos Tribuneis, ^legte:
f54. COELHO, Fábio LIhoà. Cuôo de dircito êorn€rci4l, 8. ed. São Paulo: Sereiv.a, 2008, v. 3, P' 413-414'
151, Gladston. Direito empresafial brasileiro: falência e recuperâção de emp.esâs, Sâo paulo:
r55. SIMIONÀTO, Frederico A. Monte. 7)arado de direitaÍatimê taL Rio dê Jâneiror Foren§€, 2008, P 165
-M.{rVEDE,
Atlas, 2006, y. 4, p. 220-222. p
f56, EAZZIO lÚrNlOR,weldo.Nova lei deÍalência e recuP.ruçào.le entpresas. Seo Pâulor Adas,2005' 164'
i24 | cunso oe olneno EMPÂEsaateL B€ouERrMENTo DA REcupERÁÇÁo JUDrcraL 125
166. STI - REsp 1783068/SP. Rel. Mlnist!â NÂNqY À\DRIGHI, TERCETRÀ IURMA' julgado em 5-2-2019'
165 LOBO,lotge.In: TOLEDq Pauio F. C. S. dêi ABRÁO, Cerlos Henr tque l1ooíd.). Comeitá.rios à lei de Dl.8-2-2019,
í.cuperaçâo d.e êmprcsas e Jalênêia, Sào paolot Saraivâ, 2005, p. l34t Íalên'la Sâo Paulo:
NEci{Áô, Ricaldo . Manuat de dircito 167 DlÀS, Leonúdo Àdriano Ribeiro Firarci dmênto nd recuPerdçào iudiclal e nd
comercial e de empresa.2. ed. São pâulo: SaÍaivâ , 2(n7 e. A, p. t7O.
, QuirtieÍ Lâtin,2014, p. 252-253.
128 i cuaso oe oraero EMpREsaÂrAL
Rrou:nrurrro oa aecupÊBAç,Âo JuorcraL i 12g
da recuperaçâo (Lei n. 11.101/2005 O enunciado 45 da I fornada de Prevenção e Solução Extrajudicia.l de LitÍgios conclui
- ârt. 48-A).
que'A mediação e conciliaçâo são compatÍveis com a recuperâçâo
iudicia.l, a extraiudicial
funcio- e a falência do empresário e da sociedade empresária, bem como em casos de superen-
dividamento, observadas as lestrições legaisi Cuida-se de orientação doutlináría, que
leconhece o cabimento e a importância desses mecanismos especialmente nos processos
de enÉentamento de ci§€, agocâ introduzidos nos artigos 20- a 2O-D da Lei ÍL 11.101/2005,
pois é nesse momento que suge mais forte essa necessidade.
Na autocomposição de interesses, as próprias partes envolvidas resolvem seus con-
Í1itos por sua própria vontade. É possivel que essa âutocomposição seja alcançada numa
10.3 negociação dileta das partes, mâs nem sempre isso é possÍvel, sendo muito útil o auxílio
Proibição da distribuiçáo de lucros
de um terceiro na busca dessa autocomposição. É nessa atuação do terceiro para auxiliar
Á. §ituâçâo de crise econômico-financeira, a autocomposição que aparecem as técnicas de mediação e concüiação.
pela qual passa o devedor, justificou a
inserção, no art. ê-A na Lei n. tt.lO1/2005, A ffiedidfro é a "atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder deci-
a" proiUiçao, aie aroviçao do plano de
recuperaçâo judicial, da distribuição de lucros sório, que, escolhido ou aceito pelâs partes, âs auxilia e estimula a identificar ou desen-
ou dividendos a "sócios e acionistas, con_
rgurando-se, inctusive, causa de aumento de pena, volver soluçôes consensuais para a controvérsiâ" (Lei n. 13.140/2015, art. 1!, parágrafo
de 1t6 a ll3, nocrimedo artigo 16g
da mesma lei (fraude a credores) nesse caso. único). De outro Iado na conciliação há uma intervenção mais direta de um terceiro,
A ideia é, se o devedor não conseguir hon-
rar suas obrigaçôes pontualmente ele nâo
l
neutro ao conflito, que pode até sugeri! soluçôes, mâs nuncâ poderá constranger ou
deve estar com lucros, a serem distribuÍdos.
intimidar as paites (CPC, art. 165, § 2s). O diálogo com a participação, maior ou menor,
de medida bem pesada, mas de fácil cumprimento para
,- futd"-:"
qevedores. Contudo, nos pequenos negócios, especialnente
a maioria dos de um tercéiro imparcial é a grande característica desses mecanismos.
os individuais, de onde virá A Lei n. 11.101/2005 (art.20-A) admite conciliaçóes e mediaçôes iudiciais e extra-
o sustento do deyedor? De um pro labore,t E si
nào for fixado? Vê_se que'à Ji"*rã" ,
exige cuidado na sua interpretaçào, podendo iudiciais, de modo antecedente ou incidente âos processos de recuperaçáo judicia.l. Tais
ser excepcion"dr, u*trumor, de práticas sempre devem ser incentivadas, mas nunca vão gerar a suspensáo de eventuais
necessrdade de pagamentos paÍa a subsistência
do próprio devedor "_ ""à, prazos ou processos em curso, por si só, salvo acordo entle os envolúdos ou concessão
de tutela de urgência, mesmo antes da decisâo de processamento, numa recuperaçâo
11 Desistência judicial. Em todo caso, os acordos celebrados devem ser homologados pelo mesmo
iuízo
competente para a eventual recuperaçâo iudicial ou extrajudicial (art. 20-C).
Realizado o pedido de recuperação judicial, o
devedor pode se arrepender e, nesses
O art. 20-B da Lei n. 11.101/2005 cita como exemplos que âutorizarão a mediação
casos, ele costuma ter a intenção de desistir
do pedido.
ea conciliaçâo antecedente ou incidental os conflitos entre sócios ou acionistas das so-
EnquÀto oluiz ai-nda nao determi-
nou oprocessamento darecuperação, o devedor poderá ciedades em dificuldades; disputas do deyedor com credores,não incluÍdos na recupera-
efehrar a dásistência, sem qualquer
impedimento. Todavia, seiá foi determinado
o processamento, a desistência só será poss!
vel com a concordância da assembleia geral
de credores (Lei n. 11.101/2005 _ art. 52, s,F).
como o deferimento do processamento já produzirá efeitos 168. SZTAIN Rechel Inr SOUZA JúNIOR, Frânctsco Sátiro dei PITOMBO, Antônio Sérgio de A. de Moraes
sobre â órbita dos credo-
res, não se pode permitir â desistência lcootd,).Concntà eÍalêncld. Seo pa,rlot Revista dos Tribunâis, 2OOS, p. 224.
os à lei de rccuperaçito de enpresdÂ
sem o seu consentimento. possibilitar a desistência
a todo momento seria permitir que 169. LOBO,lorge.ln: TOLEDO, Paulo F. C. S. dei ABRÁO, Carlos Henrique (Cootd.). Comehtáríos à lei de
empresfuios oportunistas se aproveitassem dos efeitos reêuperaçiio de etflpresas e
Íaléncia- Sâo Pâulot Saraivâ, 2OOS, p. l3g.
130 CURSO OE OIBETTO EMPBESÂBIAL
ção iudicial. Nesse exemplo, se fa.la em fase pré-processual e processual das disputas,
demonstrando a abrangência do cabimento dàs meios de autoàmposição. .
DEGISAO DE PROGESSAiIEIIITO
Também sâo citados como exemplos os conÍlitos entre o
ou permissionfuio de serviços públicos em recuperaçâo
devedor, concessionáriô
iudicial e órgãos reguladores ou
5 DA FEGUPERAçÁO JUIDIGTAL
€ntes públicos; e as disputas com titulares de crédiios
extraconcur'sais da vigência de
estado de calamidade pública, Ocorre que, nestes dois últimos
casos, se fala em devedo_
res 'tm recuperaçáo iudicial'i o que denota que estamos
mencionando como exemplos a
conciliaçâo e a mediação incidentais nesse caso.
De outro lado,-no caso da negociação de dÍvidas e respectivas
formas de pagamento,
nunca sobre classificaçào, natureza ou votação na assembleia (art,2O-8,
cre_d:re11b3ngidos pela (ecuperaçâo, se fala apenas em
s 3r), com os I O processamento da recuperaçáo iudicial
caráter antecedente. Ocorre que
o arúgo 20-8, § le vai dizer que pode ser ajuizada recuperação Estando em termos a petição inicial e a documentação apresentada pelo devedor,
iudicial e requerida a tu_
tela de ürgência a fim de que sejam suspensas as o juiz deverá deferir o processamento da recuperaçâo iudicial, fazendo com que o de-
execuções contra elas propostas pelo
prazo de até 60 (sessenta) dias, para tentativa de composiçâo vedor inglesse no processo. A recuperação ainda nâo foi concedida, mas a partir desse
com seus credores, em
procediraento de mediação ou conciüação já instauraào, momento o devedor.iá está no processo e sofre todos os efeitos decorrentes dessa
vale dizer, proced.imento de
concüiação/ mediação iá requerido pelo menos. Esse período condiçáo.
de 6O dias será deduzido
do prazo de 180 dias de suspensão Sidnei Beneti âfirma que, pela urgência do processo de recuperação iudicial, po-
Nos casosde conciliação pré-processual, se o devedor requer
a recuperação judicia.l
deria ser deferido o processamento da recuperaçáo de imediato com a determinação
ou extrajudicial em até 360 dias após a homologação do §imultânea do saneamento dos vÍciosr. A nosso ver, porém, náo é possÍvel o processa-
acoráo, o credor terá suas con-
qrçoes orrginais reconstituÍdas, mento reguJar do feito, enquanto a petição e a documentaçáo não estivelem em termos.
descontados os valores )á pagos (Lei n. 11.101/2OOS _ art.
2O-C, paú$rafo úniêo). Se o acordo já foi cumprido'nàss-e O art. 52 da Lei n. 11.101/2005 dispôe que a decisâo de processamento é proferida
p."ro, a extinção da
obrigaçâo não há mais crédito a ser restabelecid.o. ora, "o- apenas com
se foi àbtido acordo
quando a documentação estiver €m termos. Não estando âdequada a documentaçâo,
alguns credores, o acordo teria sido em vão, apesar de todo é caso de determinação da emenda à inicial, sem a possibilidade de determinaçâo si-
o esforço despendido, diante
da necessidade de uma recuperaçâo judicial. Àssim,
o restabelecimento do negócio ori_ multânea do processamento,
ginal só se iustifica se aquele crédito objeto de negociaÇâo Ausentes ou supridos os vícios, o.juiz determinará o processamento da recupemção.
tiver condições alteradas na
recuperação iudicial, pois se o plano de recuperação Trata-se de deqisão de caráter objetivo acerca do preenchimento dos requisitos legais,
iudicial não alte;ar o valor ou as
condições acordadas, que sáo as condiçoes vigentei naquele nâo cabendo ào juiz verificar a viabilidade ou não da recuperação? (Lei n. 11.101/2005
momento, -' não há interesse
de o credor que manifestou sua vontade us"r-rua pae.rogatiu". - art. 51, § F). Reitere-se, porém, que tal ato não representa a concessão da recuperaçâo,
mas apenas a efetiva instauração do processo, cu.io trâmite irá produzir uma série de
efeitos para que o devedor possa negociar e firmar o acordo com seus credores.
todas as determinações legais, oiuiz deverá determinar o processamentoda nosso ver, efetivamente trata-se de uma decisão interlocutória porquânto cabe
recupJraçãq,
do juiz que determina o processamento da recuperação ainda não ^decidir ao menos em sede de cogniçáo sumária, o cumprimento dos requisitos
.de, O ato â conce_
do pedido Outrossim, ta.l decisão produz uma série de efeitos, inclusive quanto aos
mas produzirá uma série de efeitos sobre a situaçáo do devedor, para permitir
que
haia a negociaçâo do acordo de lecuperação. Em outras palavras, credores, como a susPen são das execuçóes contra o devedor e seus sócios solidários
t do yui, quu
Ém Íazão disso, acreditamos que tal decisão seria agravável. O STI iá sinalizou nesse
determina o processamento da recuperação "to
.judicial apenas coloca o deuedor em uma
situaçâo especial de negociação. A condição especial desse ato produr tido, ao firmar a seguinte tese: "Cabe agravo de instrumento de todas as decisóes
efeitos sobre o
devedor, mas nâo representa ainda a concessâo da recuperação, gera algumas .interlocutóriâs proferidas no processo de recuperação iudicial e no processo de fa-
dúvidas
quanto a sua natureza. lência, por força do art. 1.015, parágrafo único, CPC/15"7. Contudo, por se trâta! de
Alguns autores afirmam que se trata de um despacho de mero expediente3, decisão baseada em uma cogniçâo sumária, ela não será definitiva, podendo ser revís-
uma yez ta a qualquer momento Pelo PróPrio iuiz.
que apenas determina o processamento do feito, Embora
ha)a um cànteúdo decisório,
tal ato judicial tem seus contornos definidos e limitados poi lui. D.ntro
dessa ideia, o
despacho seria irrecorrÍvel como todos os despachos de mero expediente.
foi acolh.ida pelo STJ no que tange à concordàta, ao afirmar quá .é
Tal orientação
irrecorrível o ato;u-
3 Conteúdo e eÍeitos da decisão
dicial que apenas manda processar a concordata prevenüva,,iSfJ _
Stmuta Ze4), o que Seja como despacho de mero expediente, seja como decisão interlocutória, o ato iudi-
provavelmente será mantido em relação à recuperaçao
iudicial. cial que defere o processamento da recupemção tem como conteúdo fundamenta.l o ingres-
.9uaor autores aôrmam que se trata de uma decisão interlocutóriaa, uma vez que
,decide so do devedor no processo para que sejam possÍveis a negociação e a conclusão do acordo
questões que afetam diretamente o clevedor e seus credores,
Dentro dessa ideia, de recupelação. Ocorre que, além de deferir o processamento, a decisão do iuiz deve!á
essa decisão.representaria uma espécie de rntecipaçâo
do provimento deÊnitiyos e, por conter uma sériede outrâs det€rminações, consoante constado art.52 da Lei n. 11,101/2OOS.
isso, enseiaria o recurso de agravo de instrumenio. O STJ,
i't na fundamentação de deier_
minado acórdão, chegou a aÍirmar que "os recursos questionando
Ademais, tal decisão produzirá automaticamente alguns efeitos definidos pela legislação.
â condiçâo de socie- Assim, além de deferi! o proc€ssâmento, o.iuiz nomeará o administrador judiciali deter-
dade. empresária da requerente do benefÍcio, bem
como a ausência de certidão de sua
regularidade ,iunto ao Registro público de Empresas devem minará a dispensa da apresentação de certÍdões negativas para que o devedor exerça sua§
ser tirados contra a decisão
que defere o processamento da recuperação judicial,,6. atividades; ordenará a suspensão de todas as execuçôes contra o devedo4 determinará ao
Na doutrina, o Enunciado 52 da I
Jornada de Direito Comercial também conduiu pela recorribilidade de devedor a apresentação de contâs mensais; e ordenará a intimação do Ministério público e
tal decisão, por das fazendas públitas, onde o devedor tiver estabelecimento,
meio de agravo. No mesmo sentido, o Enunciado io2 da III a frm de que informem os cré-
Jornada de Direito comercial
aÍirma que'â decisáo que defere o processamento da recuperaçáo judicial ditos eventualrhenie eistentes. Todos esses elementos constarão obrigatàriamente da decisão.
desafia agravo
de instrumento, nos termos do art. 1.015 do CpC/20151 O melhor seria que boa parte deles, exceto a nomeaçao do administradorjudicial, que depen-
derá de escolha, já decorresse automaticamente da Lei, mas preferiu o legislador determinar
que constassem obrigato amente da decisão de processamento,
Além do que consta!á expressamente na decisâo que defere o processamento, há
tn:ry; Fatência e.recuperuçào de empresai o rlovo .egimed€ insolvénciâ empresâÍiel. alguns efeitos produzidos por ta.l decisão, independentemente de determinação especÍ-
1^ ,-!1YOlIf", rT6, p. 136rÁNDREy Marcos. tn: DE LUCCÂ, Neíronj SIMÁO FrLHo, Àdalberto
Rio
:\cooÍó
l:n:To:Renov:í.
L^comeúUrios à nova leí de rccuperaçào de .rfipresas
fica. Assim, ela terá o condâo de suspender a prescriçáo temporariamente, em relaçâo às
e deÍalências. Sào peulo: euârtier Letin, 2008,
p. 281; LOBATO, Moacyr. Falência e recupetuçAo.
Belo Horizonte Del obrigaçôes sujeitas a recuperação (Lei n. 11.101/2OOS - art. 6e, l), a proibição de atos de
Rey, zOOZ, f. fóAi
4. NEGRÁO, Ricardo. Ma iual de direito êornercíal e de .mpresd.2.
ed. Sá.o paulo: Saraivâ, 2007, ú 3, p. l7O;
constrição por detentores de créditos suieitos à recuperação, e condicjonar o pedido de
cAMPoS BATÀLHA, \)íllson de soura; RoDBIGuES NETIO, Nelso& desistência à concordância dos credores (ârt.52, s,ts). Àdemais, os credores passarão a
RoDnicuii Nfrro, st,t »rr.i"
Lâbate Batalha. Con eÍíl tios à Lei de recuperdçAo judícial
de emprcsdà eÍdtência. 4.;d.. Sào paulot l:Ír, 2OO?, ter oportunidade de se manifestar no processo, requerendo a convocação da assembleia
p. 102i PÀCHECO, losé d a Sílva. proccsso'de rccuperaçAo judkial,
extmiudicial e Ídtência.2. ed. Rio de làlrei, para a constituição do comité de credores. Por fim, essâ deciSáo dará início ao procedi-
ro: Forensê, 2007, p. tSoj souzÀ, Bernaldo pim
D:ir"tto pro"r"ríot emp,riioria.i --íauaaor,lusnoaivm,
"nt"\.
2008, p. 181; LOBO ,orge. Direito concutsa!. 2. ed. Rio de faneiro: Forense, úsA, ;. ái.
mento de verificação de créditos, no qual serão identificados os credores do devedor que
5. rVÍlR?u\*DÂ, Pontes de, hatado de dlre o pttvado. Câmpinâ§: Bookseller 2OO4 v XXX, p. poderáo se manifestar.
tO8: RESTIFFE,
Pado Sérgio- Recupetuçào de empresds. Bar\reút Menole,
2óOg, p. 223.
STI - REsp looaglo/RJ, Ret. Minisrro
!.
3-2008, Dle 4-8-2Ao8.
FERNANDo GONÇAIVES, eUARTÂ TURMA, jutgado em r8-
1,STl-Rf,spI7o7o66/MT,Rel,MinistÉNANCYANDRIGHI,SEGUNDASEÇÁO,julgadoem03/1212020,
Dle 10/L2/2O20.
::iI
l
12. EPSTEIN, Dâvid.G . BaLkraptcy and reldted law in d nutshell.6.ed.St Pau]: Wesl Groüp,2002, p 152;
TÁ.88, ChâÍles lordan. 7h e lawoíbankruPtct New york; Foundation Pre6s,199?, p lTO
3.3 Suspensão de execuções contru o devedor comhinada com a suspensão de 13. PIMENTA, Eduârd o Go.Jllaú. Recuperaçào de effiprusas.Sáo Pa'rlotloB, 2006, p 127; BÁIRD' Douglâs
atos de apreensão e constÍição de bens do devedor G. Elemehts oÍbafikruptcy. 4. ed. New York Foundâtion Press, 2006, p 207.
julga-
14. ST, - A€Rg nos EDcl no REsp 1.280036/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
Também constará obrigatoriamente da decisão que defere o processamento da re-
da en 2o-8-;0i3, Dte 5-9-2013; ÁgRg no ÉRE§p i095352/5P, Rel. Ministro LUIS FELIPE sALoMÀo' sE'
cuperação iudicial â determinação da suspensão das execuçóes contrâ o devedor, a cha- GUNDÀ SEÇÁO, jrn8ad o e\n22-5-2073, DJe24-5-2013i AgRg no CC 116 173lÀL, Rel. Mini§tro PALiLO DE
TARSO SANSEVERINo, SEGUNDÀ SÊÇÁO, julgedo ern 10-4-2013' Dle 15-4-2013.
PIMINTA, Eduârdo Goulatt. P,ecuperdqta de empresás. Sâo paulo: IOB, 2006, p. l12-113 Atlas,2006, v. 4, p.85.
CIJBSO DE DINEITO EMPNESAR AL
DEc.sÃo DE p.BocÊssaM-Nro DA ÊÊcLpFrrÂÇÁo Juorcre- i 137
_Outrossim, é importante ressaltar que hayerá a suspensão e não a extinçâq da exe_ de apreensão ou atos constritivos dos bens do devedor Tais medidas serão limi-
cuçao que eventualmente poderá prosseguir, se houyer s
i reforma da decisão de proce!-
§amento. a 180 dias corridos (Lei n. 11.101/2005 - art. 189), contados da publicação da de-
Nas açôes que prosseguirão, também não poderào que defere o processamento. Dentro desse prazo, em tese, iá deve ter sido conclui
ser praticados atos que representem
ar ie a fase deliberativa, concedendo-se a recuperação ou deàretando-se a falência, vale
dentro de tal prazo o devedor já deve solucionar suas reiaçóes com os credores.
t
d
co
a situação do devedor se.ia solucionada antes dos 180 dias, pela aprovação do plano
Além de dar fôlego ao deyedor, a s uspensão em questão de recuperação, cessa a suspensão das execuçóes. O
perÍodo de 60 dias de suspensâo, em
visa a reiguardar a pró pria
atuação dos juízes, na medida em que a recuperaçâo razão de tutela de urgente para a conclusâo de procedimentos de mediaçâo e conciliaçáo,
poderá alterar as condi ções das
obrigaçóes do devedor. Ora, se as condições sâo será deduzido desses 180 dias'
alteraáas, pode ocorrer que uma obri-
gâção passe a ser exigível apenas no futuro
e, por isso, não possa ser executada. Assim,
permitir o trâmite de tal execuçãq seria inó cuo.
'r Todavia, nem sempre a solução da situaçâo do devedor ocorr:erádentro dos 180 dias.
!m a jurisprudênciat' já vinha admitindo a extensâo desse prazo, em
câsos excepcionais,
- a suspensão
também impedirá a quebra da igualdade entre os credore§, pois,
_Ademais, oroldo princípio da preservação da empresa. Ocorre que, com a mudança da lei, o prazo
::,1i1,\o1v*r:
se
suspensão, alguns róceberiam o ralor d"o
levarem conta"a prioridade dada a cada credor Com a suspensão,
,.rãditã
ouoo, nao, ,". àe 180 dias é prorrogável por mais 180 dias período, uma única vez, em caráter excep-
"
impede_se esse tr-ata_ cional, desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso tempora.l (art.
mento dEsigu€.l e passa a ser possível forma, u-a
m"ssa de á"ááiã., q,lu ," 6e, § 4P da Lei n. 11.101/2005).
oe mrmâ con,unta sobre o plano de recupemção judicial.
Ora, se as eáuçôes não podem ^*rr""*ao
prosseguir, obviamente os credores não podem Decorrldos os 180 ou 360 dias conforme o caso, não haverá mais suspensão. À sus-
exigir ao dev"aor ofalamento das obri_
gaçóes anteriores à recuperação, como expressamente pensão das execuçóes e da prescrição e aproibição das medidas constritivas e de apreen-
estabelecido no áreito fraacês1u.
O interesse do devedor em tal suspensão é patente e, por sáo, após o decurso do prazo inicial de suspensão, depende do uso pelos credores da
isso, a Lei diz que compe_
respectivos júzoi o defe.i,irenádo p'ro"ulrã-ãà a",""up.r"çao faculdade de propositura de plano alternativo, na forma dos §§ 49, 5e, 6É e 7e do art, 56 da
::-L:l:,Ti1"""r :"s
1.r11.-,i_"^i:ir*lü,:nre_suspensào das açôes. Essa comunicação deverá ser acompanha- Lei n. 11,101/2005, no prazo de 30 dias após o primeiro prazo de suspensão ou após a
qa oa prova da publicação da deliberação da assàmbleia pela apresentaÇão do plano alternativo.
decisâo que defere o processamento da recuperaçâo, por_
quanto é dessa publicação que se contirá a suspenào.
Aper". ao ,,"."rriara" d" .o_,r_
l].-1t^l?: nr: a suspensào produz etetroi desde o áeúÀ"n,ãàã p.o""rr"-"n,o
! :t:-l: pois.a comunicação
s-arecuperação, não é coflstitutiya da suspensãol7. A eventual demo_
devedor pode ensejar no máximo suaiesponsabilização por per-
::.::;:::i:içÍ
qas e oanos. No direiro *americâno. a suspensào começã no dia do ajuizamento e, mesmo
já Produz ereitos a partir desse A suspênsão das execuçóes é estabelecida de forma genérica, abrangendo execuçôes
:li:,::::':^t-".lilicada'as inscriçôes di"''. R;;i;;;;-t", porém, que em face do devedor (Lei n. 11.101i2005
::.,.::p:ir,"o.n"9 em cadastros de inadimplentes, pois a dívida ainda -
art. 6s) e dos credores particulares do sócio
"lasta
exlste,. arnda é exigivel, solidário por obrigações suieitas a recuperação judicial. Em fãce dessa regra, seria factível
mas âpenas tem sua execuçâo suspenia (Enunciado 54 da I
)or_ concluir que todas as execuçóes são suspensas. Todavia, a própria lei estabelece algumas
nada de Direito Comercial).
exceçôes, isto é, deÍine execuções que nâo serão suspensas pelo deferimento do proces-
samento da recuperação iudicial.
3.3.1 Prazo
A proteção dada ao devedor não pode significar um 3.3.2.1 Açóes que demandem quantias ilíquidas
sacrifÍcio desarrazoado para os
credores e, por isso, a suspensão não pàde ser-permanente.
Do mesmo Ãoao, a prolUlçao
A primeira exceção envolve as ações que demandam quantias ilíquidas (Lei n.
11.101/2005 _ art. 6e, § ls), inclusive as reclamaçôes trabalhistas. A expressão usada pela
16, JANTI N Michelj lei não é muito clara e deve ser interpretada como abrangendo as ações de conhecimen-
LE CANNU, paul. Droit cornnercialt enrleprises en dií6culté.7. ed. paris: Dâ11o2,2007,
p.250.
17. ÀNDRÊY Mârcosi DE LUCCA, Neutoq SIMÁO FILHO,
*"
Àdalbert o (Cooíd.), CamentáÍios à nova lei
de rccuperuçâo de ehpresas e
deÍaté cias. Sâo parlo, Ln;;, ;ó;, a,.r".ti". ;. ;;. ' 19,
18. T.{BB, Charles Jord aÍ\. The [d.v/ oÍ bankrupkl. New york: Foundâtjon press,7g9Z,p.147.
STI - Àglnt no REsp I862988/SP, Rel. Ministrâ MARIA ISÀBEL GÀLLOTTI, QUARTA TURMÂ,
julgado em 2r109/2020, Dle 24 lO9 l2O2O.
DECISAO DE PFOCESSAMEN]O OA ÊECUPERAÇÁO,]UDICIAL 139
138 CUBSO DE DIREITO EMPBESAEIAL
que demandem quantia ilÍquida não são suspensas, podendo prosseguir até a eventual
definição do valor devido, Nesse sentido, o STJ afirmou que "tratando-se, portanto, de
demanda cujos pedidos sâo ilÍqüdos, a ação de conhecimento deveú Prosseguir perante com resenra de domínio (Lei n. 11.101/2005 - art. 49,
ojuizo na qual foi proposta, após o qual, sendo determinado o valor do crédito, deveú ser
hóilitado no quaüo geral de credores da sociedade em recuperaçâo judicial'z.
3.3.2.2 ExecuçoesÍiscais
Outra exceçâo ubrange as execuçôes fiscais (Lei n. 11.101/2005 - ârt.6e, § 7e-B). A
I
ideia aqui é manter os créditos Íiscais afastados dos efeitos da recuperação )udicial, como
determinâ o art. 187 ão Código Tributário Nacional. Ocorre que as execuçôes fiscais não
abrangem apenas créditos de natureza tributária, mas também créditos não tributário§,
como multâs, indenizaçôes e outlos. Àssim, o prosseguimento das execuçóes fiscais
beneficia não apenâs os créditos tributários, mas todos os créditos do poder público que
seiam inscritos em dÍvida ativa e esteiam em fase de e.xecução, mesmo que não gozem de
maiores privilégios, como o caso das multas. 3.3.2.4 ..Agoes sem eÍeitos patÍimoniais econômicos
Por outro lado, o prosseguimento das execuçôes fiscais pode inviabilizar a continua-
Àlém das exceções expre§§amente Preú§tas na Lei n 11 101/2005, Podemos afumar
çáo da empresa23, uma vez que pode acarÍetar a penhora e a expropriação de bens e§sen- que também náo siráo suspensas aqueÍas ações sem efeito§ Patrimoniai§ econômicos2a'
ciais para a atividade desenvolvida pelo devedor, Para contornar esse problema, a própria JoÀo a nunciaçao de obra nova e a investigaçâo de paternidade sem pedido condenató-
Lei atribui ao juÍzo da recuperação judicial a competência para determina! a substitúção ,io. Or", o pro.urro de recuperação judiciãl visa a regularizar a situaçâo Pâtrimonial do
dos atos de constrição que recaiam sobre bens essenciais à manutençâo da atividade devedor eá crise, logo, açôis que não possuam reflexos patrimoniais não preci§am ser
empresarial durante o prazo de suspensão. Além disso, ela estabelece a possibilidade de ,i"tad"s p"lo pro."tárn"nto dá r"cup"iaçâo. O t!âmite natual de tais ações não afetará
um parcelamento especial para empresários em recuperação judicial (Lei n, 11,101/2005 o sr4r4§ do devedor e, por isso, não há necessidade da suspensão'
- art. 68), sem prejuízo da utilização da transação tributária.
3.4 Contas mensais
23. SIMIONÀTO, FredeÍlco A. Monte. ?ata do de direito ldlinentaL Rio de Jâneiror Forense, 2008, p. 56, Àdas, 2006, v.4, p. 83,
I
140 CUFSO DE OIBEITO EMPNESABIAL
DÉcrsÀo DE psoc-EssÂMEr.fi! DA FEcupERAçÂo Juorcre, | 141
i Í::::^" l:::l*":ro iudiciat. Trata-se de medida que visa a assegurar maior fisca_
uzaçao sobre a atuaçâo do devedor, durante todo o processo, às íazendas públicas, a intençâo é dar conhecimento da situação especial daquele
pãra evitar atos de
dilapidação do patrimônio ou de quebra aa igualdade'en;-o-s .devedor que ingressou com o pedido de recuperação. As fazendas públicas devem infor-
proc-essamento até a extinção do processo
Jào."s*. ousae o
de recuperaçâo o poder mú eventuais créditos perante o devedor
iudiciat, fudicil-
do devedor e tal fiscalizaçâo é ieita especialmente à
::-,::_i::1t1". ". "tuação
que serào apresentadas em juízo. A veracidade
luz
I
:::::l:ir_T1l*',
presraoas nestas contas será aferida pela comparaçáo com
das informaçoei
6 Suspensáo da prescrição
o relatório mensal das
deyedor, a ser apresentado judicial (Lei
?:iy,^q",1::_d.
t1.l0ll200' Olto n. ' Àlém de tudo o que constará expressamente do seu teor, a decisão que defere o
- att.22, tt, c\. "a-ir,i"tr"ão,
A
lei silencia sobre a forma e â estrutura das contas processamento dâ recuperação judicia.l também suspenderá o curso da presclição em
mensai§, deixando uma lacu- face do devedor (Lei n. 11.101/2005 - art. 6,e), não abrangendo a prescrição para o exer-
I na perigosa, Apesar disso, deve-se interpretar
o disposiuvo da Àelhor man€ira, sendo
possÍvel concluir que essas contas demãnstrativas cício dos direitos pelo devedor,T. No perÍodo de suspensâo, os prazos param de correr,
serâo ap..i"rri"-ã", ,ou for-" a. yoltando a correr do ponto em que parou, independentemente de determinação
balancetes melsai§, com especia.l atenção para " iudicial.
âs receitas e durp.s"s do perlodo, .om O prazo máximo da suspensão é de 180 dias, podendo ser encerrada anteriormente pela
as respectiyes origensr6. Não basta a apresentação
dos dados dolivro-diário, mas tam_ aprovação do plano de recuperaçâo judicial.
uma prestação áe
ll1irj-Í-r:::::"ia
qaqe_oa sua apresentação. "o.,."r."i"p.otur1ffi"-pàp.i"
Devem seÍ pre§tada§
p""ioai.i-
informaçôes que permitam a verifica-
A intençâo, aqui também, é dar fôlego ao devedor para que ele possa se reorganizar
çâo da atiüdade. eobter a recuperação. Como a prescdção estarásuspensa, não haverá maior preocupação
dos credores em propor açôes ou tomar medidas para interromper a prescrição. Dessa
. O não cumprimento dessa obrigaçâo enseiará automaticamente a destituição dos
âdministuedores (Lei n. 11.101/2005 _ art. s2, forma, o devedor não precisa!á se preocupar em se defender de tantas açôes nesse pe-
IV). A nosso v"" i a. riodo. Nada impede que os credores promovam açóes contra o devedor no perÍodo de
imporrará "p."iÀt"çaor,,i _"rgurn
destituição dos adÍnini",."ão.o'rVao "ont",
::Tj1*:i!1":
oe rrberdade para "mbém
a
o iuiz, isto é, náo apresentadas
suspensâo, mas.iá nâo haverá a necessidade de propor as açôes nesse período, pois a
âs contas, a destituição dos administra- prescriçâo não se consumará nesse interva.lo.
dores é obrigatória.
Valem aqui as mesmas consideraçôes sobre a suspensáo das execuçÕes.
A_mençâo,a administradores aplica-§e perfeitamente
_- às sociedades empresárias,
para o empresário individual. No caso destes,
i11::1"^r_e::: ::- porquanto nào há como
.qaqe qe puniçào,
nâo vemos possibi-
destituir o próprio devedor. o afastamento 3.V Forya atra.tiva do juízo recuperacional
excepcional, previsto no art. 64 da Lei n, 11.fOt/2005,
nao abr"ng" nao ,p..r"ntaçao
por isso, nâo se pode cogitar de tal providência " Ademais,
9:r-.on"r-", no caso. o uso A princÍpio, não há qualquer dispositivo que crie uma unidade para o juízo recu-
oa expressão destituiçào denota tratar_se de providência
distinta daquela prevista no peracional, isto é, não existe um dispositivo específico que fixe a competência do juÍzo
art. 64 da Lei n. 11.101/2005.
da r€cuperaçào iudicial para os processos que envolvamàs interesses das recuperandas.
Todavia, à luz dos princípios e dos objetivos da recuperaçâo judiciai, a jurisprudência
do STJ vem reconhecendo a competência do juÍzo da recuperaçáo judicial para qualquer
3.5 lntimaçáo do Minisério público e das fazendas púhticas medida que possa afetar o patrimônio dar ,u.up".andas, dada sua universa-
"-prur",
lidade e indivisibilidade. Registre-se, que tal fàrça atrativà só se dá a partÍr da decisão
A decisão que defere o processamento da recuperaçâo
.
terminar a intimaçâo do Ministério público e das )udicial também deverá de_ de processamento da recuperaçâors e perdura até o encerramento jo processo2e ou,
fazendas púúii.a, f"a"r"is, urt"arais u
municipais, onde o devedor exerce suas atividades.
Em relação únirterio públl"o, a
intimação visa a lhe dar ciência do feito, permitindo;;i;;;ü;cesso.
"o
No que
25. SZTAJN, RachêI. ln: SOUZÀ rúNIOR, Frâncisco Sátiro dei 27. MAMEDE, Glâdston. Dieito emprcsdríal brdsíleirot íàlêícia e recuperaçáo d€ empre3es. Sào pÁulo:
Moraes (Coord ) Coftentá os à lade recup.raçdo
PITOMBO, António sérgio de A. de Atlâ§, 2006, v. 4, p. 73.
ae enpresas eyalencii.iro plufo,n"uro," ao, f"iUun"i.,
STI - À8Rs no CC 1I7.216lDÊ,
?!'
12-6-2013,
Re], Ministrâ NANCY ANDRIGHI, SEGUNDÀ SEÇÀq iukâdo em
26. MÀMEDE, cladst on. Dieico ernDrcsaríal brasileirct
fàlêncla e lecupençáo de emPresâ§. sâo Paulo,
Dle 17 -6-2A:,3.
Âtlas,2006, v 4, p.229. 29, STI - Agtnr no CC 144.511/Sp, Rel. Ministro RtCÂRDo VILLÀS BôAS CLEVÀ, SEGLTNDÀ SEÇÂo,
I jÉl$â.d,o ern 26-4"2017 Dle
, Z-S-2OLZ .
142 CI,]FSO OE DIBÊITO EMPRESABIÁL
DECrSÁO DÉ PROCESSAMEMO DA BECUPEBAÇÀO JrOtC'A. i 143
aá da devedora36.
prometendo o sucesso de seu plano de ""t"iut""r_"rrro, "o._
recuperação, ainda que ultrapassado o Mesmo já havendo penhora anterior, prevalece a força atrativa do juÍzo da recupe-
Prazo legal de suspensâo constante do s 4p do art. 6g, da Lei
n. li.lOl/OS, sob pena ração, que passa a ser comPetente para decidir sobre todos os bens abrangidos pelo
de violar o princÍpio da continuidade processo3T. Do mesmo modo, em relação a débitos com consumidore§, mesmo diante de
da empresa32.
sua proteçâo constitucional, pois "viola o iuízo atrativo da tecuPeração a ordem de pe-
No mesmo sentido, o Ministro Luis Felipe nhora on line decretada pelo julgador titular do juizado especial, Pois a inserçâo da Pro-
Salomâo, afirmou que
teçáo do consumidor como direito fundamental não é capaz de blindáJo dos efeitos do
[...] ,"di-entada no âmbito da Segunda Seçâo desta Corte, que processo de reestruturaçâo financeira do fornecedor'3!. Em todos esse§ casos, as ações
"" "n.onto reco-
nhece ser o fuÍzo onde se processa a recupelaçeo judicial nâo são atraídas, mas atos de penhora e expropriação de bens do devedor deverão ser
o competente para iulgar
lf
as causas em que estejam enyolvidos submetidos ao juÍzo da recuperaçâo.
interesses e bens da empresa recuperanda,
inclusive para o prosseguimento dos atos Os bens fungíveis depositados por terceiros nas mãos do devedor Peltencem a este
de execuçâo, ainda^que o creaito sela
anterior ao deferimento da recuperação judicial, e têm seu destinoatraído para a competência doiuÍzo recuperacional. O ST) alrm3:'tm
devendo, port;nto, se submeter
ao plano, sob pena de inviabilizar a recupelação33. se tratando dd bens de terceiros que, efetivamente Passaram a integrar a propriedade da
recuperanda, como se dá no depósito irregular de coisas fungÍveis, regulado, pois, Pela§
O próprio STF aÍrmou que: regras do mútuo, a submissão ao concurso recuperacional afigura-se de rigor"3e.
37.
32.
ST) - REsp 1635332/RJ, Rel, Ministla NÀNCY ÀNDRIGHI, TERCEIRA TURMÀ, iulgedo em 17-11-
ST, - CC 79.r70lsp, Rel. Minkrro CA STRO MEIRA,
PRMEIRA SEÇÁO, Julgâdo em Lo_g_2ool, Dlê -2016, DJe 2!-11-2016,
19-9-2008.
38. STJ - RE§P 1598130/R], NEI Mhistro RÍCÁRDO VILLAS BOAS CUEVA, TERCEIRA TLIRMA, JUISã-
33. STI -
CC ro6.76slRr, Ret. MinhEo LrrS FELIPE SALOMÁO, doer 7 -3-2017, Dre lç3-2O17 .
20oe. D/, 2-lo-200e. No mesmo sentido. srl _ SEGUNDA SEÇ,{O iulgádo em 23_9_
}!ETI, SEGUNDA SEÇÃO, jul8ado em 23_2-201r
Agng roã ,"2õ s;.i*7ô i'"Iii,"oo" srgvrr sr- 39, STJ - RE§P T559595/MG, REI. MiNiSfuO MÁRCO AURÉLIO BELLIZZÉ, TERCEIRA TURMÀ, JUIgâdO
"", : Dje rc3-2o1r. err. l1ll2l20l9, Dle l3ll2l2,19.
i
14, -STI -
ÀSRg nos EDcl no CC 136.s71lMG, Rel. Minisrro MARCO AL.m.ÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA 47, sTl - A.glnt no cc 150.325/Sc, R€I. Minktro RtcA.B.Do VILLAS BôÀs cUEvÁ, SEGUNDA SEçÁO
SEÇÁO,ulgado em 24-S-2Otj, Dle 3t-S-21tz.
lnlgado em 03 t 12t21lg, Dle O6t l2/21ts.
45. sT, - Áglnt no cc 157.947lMT, Rel. Ministro LÁzARo Gt tMÀRÁEs (DESEMBAIGADoR coN- 48.
vocÂDo Do TRr r sTl - cc 166.591/sg Rel. Ministro ANToMo cÂRlos FERREIR^, SEGITNDA sEçÀo,,ul8âdo em
REGrÁo), SEGUNDÁ sÊçÃo, iutgado em B_B-2oti, iiiá_i"íon. 231L0120L9, Dle 28t tO/20t9.
16t STJ - CC 148.803/R,, Rel. Ministre NÂNCY ANDRIGHI, SEGUNDÂ SEÇÂO,
/ulgado em 26_4_2017, 49 LOBO,lorge.lnr TOLEDO, Psuio F. C. S. de;ABRÂO, Carlos Henlique (Coord.). Canentárlos à lei de
Dle 2-5-2017 .
recuperaçào dz empresds eJdlência. S^o paulo: Sarâlvâ, 2@5, p. 133.
,t
l. REQLIÁO. Rubens. Cwso de dircitoJdlimen ar. 17. ed. Sáo Paulo; Saraivâ, 1998, v t, p.27i COELHO,
lâbloUlhoa. Cutso d,e dircita comercial. Sâo Paulo: Sarsiva, 2000, u 3, p.223i PERIN IúNIoR, Écio. Curso de
direito falirnehtat. SLo PÀulo: Mérodo, 2002, p. 28-30.
'1
I 148 i
t
cunso oe ornerro EMPnESARTaL AD tr,t ttt Lstaeoo a luorctÀL 145
Na França, há também um adm.inistrador.iudicial que atuâ como auxiliar do em contraposiçâo às partes (devedor e credores), sendo os órgãos os instru-
iú22.
Na ltália, há a figura do curador em moldes similares ao administrador pelos quais o proces§o se desenvolverr
j iudicials. Et1
Portugal, também há uma figura similar denominada administrador da insolvência,
I
o lEle será o principal braço de âtuação doiuiz nos processos de falência e recuperaçào
qual, porém, pode ser escolhido pelos credoresa. fá na Espanha, há um regime diferen_
Cabe a eie trazer ao iuiz os subsídios necessários para o melhor andamento dos
ciado, seodo a administração concursal coÍhposta po! três membros5.
s de falência e recuperação iudicial2. Em razão disso, pode-se afirmar que ele
um munus públicot3, sendo enquadrado como funcionário público para fins penais
2 Natureza P - aú.327)
tendo em
autores afumam que essa idoneidade deve set moral e financeiraD,
:§::i:,*,]:*'.:d:::1T;.:::ffii"ffIienhoseiaadequado'omerhorseriaexisirl função a ser exercida e a eventual
responsabilidade pelos danos causados Àpesar
menção expressa, a necessidade da idoneidade financeira decorreria im-
dos seus representantes legai§. Há por outro lado uma irnprecisão terminológica na me-
dida em quà a afinidade é uma das espécies de parentesco, nos termos do ârt 1 595, §
1e'
3.2 ldoneidade do Código Civil de 2002, e não uma forma diferente de relaçáo famüiar
Nesse impedimento, incluem-se os parentes até o terceiro grau (pais, avós, bisavós'
A.lém da preferência por alguém dotâdo de qualiÍicaçâo técnica, a legislaçâo exige
filhos, netoí iimãos, tios, sobrinhos, sogros, cunhados), bem como todos os dePenden-
que o administrador judicial seja uma pessoa idônea, sem, contudo, explicar o que
vem tes economicamente (incluídos os empregados) e as P€ssoas que msrtenham lâços de
a ser essa idoneidade.
amizade ou inirnizade com o devedor, com os administradores da sociedade empresária'
com os sócios ou acionistas controladores ou com os seu§ representantes legais. Náo há
14 MÂMEDE, Gladston. Direito emptesarial brasileirc, Íàtànciz e lecuperâçâo de ernpresas. São paulol extensáo desses impedimentos a quem mantenha tais laços com o sócio não conkolador'
Atlas, 2006, v. 4, p. 93, que não exerça função de âdministraçáo.
15. MANGE, RenatÀ. O admlnis[ador judiciâI, ogestoriudicial e o comitê de credores na Lei n. ILIOl/05. Quem tem laços familiares, afetivos ou de dependência com o devedor, seus admi-
In: SANTOS, Paulo Penej w (Cootd.). A ,tova tei deÍdléncias e de recuperuçào de empreras Lci n. I t. filn\Os.
- nistradores, controladores ou representantes legais náo tem condições de fiscalizar a
Rio de Janeilo: Forcnse, 2006, p.66.
16 rANTlN' Mlchel; LE CÀNNU, paul. Droir do mmer.ial entÍeprises er.difiiculté. 7. ed. paris: Defloz, 2oo7,
p.299, 20. PACHECO, José dâ Silva. Processo de re.upetdçào iudiciAl, exttdiudicidl e Íalêhcia.z. ed. Rlo de raíeitol
17, MENEZES LEITÃO, Luls Mânuel Teles de, Códtgo dd insotvência lorense, 2007, p.69; PIMINTA, Eduardo Gouiart. Reiuperução de empresar. Sâo Páulor lOB, 2006, P' 17o;
do. 3. ed. Coimbra: Atm€dina, 2006, p.94.
e da recuperaçã,o dé.mpresas akota-
ToLEDo, Pauü F. a. salles de. tn: ÀBRÂo, cârlos Henriquer ToLEDO Paulo F C. sauês de (coord') Co-
tíentáriot à lei de reêüperdção de emPrcsds e Í\léncia. Sào Paulo: Sarelva, 2005, p. 47; CAMPINHO, S érgiô'
18. GONç.AIVES NETO, ÁlÍredo de Âssis. Adminlstração dâ Íaléncie, íealizaçáo do etivo ê pagâmento dos Falência e rccuperuçãi de rrpr"*, o no"o ,"f^" de insolvênciâ emPresaÍlal. Rio de Janeiro: Renovar, 2@6'
cr€dorês. In: SÀNTOS, Peulo Penâlvá (Coord.), á noyd leí deí4|érrcias e d.e recupeÍaçd.o SÍIViA
de ernpÍesas _ Lei n. P.57; CÀMPOI BÀTAIHÀ, Wilson de Souza-: RODRIGUXS NETTó, N€ISONI RODRIGUES NETTO,
11.101/20A5, Rio de láneiro: Forense, 2006, p. 2S1i MAMÉDE, Glâdslo n. Díreio empresarial
brasilcírot fa- Mariâ Labate Bâtalha. Co úentá os à lei de recuperaçáo iudicial de empresas e Í41ên ia.4. ed, SàoPaule: ÍÍr'
lêncla e recuperâção de êmpresâs. Sâo paulo: Atlâ§, 2006, v 4, p. 95. 2007, p.68,
19, MÀMEDE, GlÂdston. Dircito efiprcsarid.l brasilêirot tllêícia e recuperâçáo de empresâs. São paulo: 21. MÀMEDE, Giâdstoó. Dircito enPrêsd àt brasiteirot lalênctz e rccuPeraçào de emPresâs são Paulo
4t1as,2006,r4p,95. Adas, 2006, v. 4, p.91.
l
152 CUÀSO OE DIFEITO EMPAESAAIAL
, ADMtNtsTRoooa ..,ur,a,o, i 153
3.4 Confiabilidade
25. NXRY ,ÚNIOR, Nekon. P kclpios do ptoêêsso civil da, Constituiçào Fedéral. 5. ed. São paulor Revistâ 28. TIDF - 2OO4OO2OO57O47MSG, ReIatoTGETLILIO PINHEIRO, Conselho ÉsPeciâI, julSado êm 20-9-2OO5,
dos Tribunais, 1999, p. 129-130. r. D/8-11-2005, p. 84.
26. GRECO FILHO vi.ênte. Dircito proêessual civít BÍasiletro.ll. ed. Sâo paulorsârâivâ, t996,,t.2, p.gO. 29. ST, - lr Turma - RMS 17.219/ÀC, Relâtora Ministrá DEMSE ÂRRUDA, D/7-r1-2006; STJ - 3rTurÍna
27. PORTANOVÀ, Rui. Princípios do pÍocesso civil4. ed. porto Alegre: Livraria do Ádvogedo,2OO1, p. 125. - RMS 20467lRS, Relâtor Ministro CASTRO FILHO, DI7 -11-2005
il
156 CURSO OE DIAE|TO EMPRESABIAL
157
ADMTNlsTBÂDoB JUotctaL
-Lei *7.661145,
porquanto nesse caso não chegou a hayer
a invesüdura no cargo, uma vez que eles
ninguém chegou a ocupar o caÍgo, devem §e! notificados indu§ive os credores trabalhistas,
r dos Processos de falência ou de recuperação iudicial3T. Para auxiliar os
Hayendo a investidura, o administrador permanecerá
no cargo até o encer bendo os Pedidos de habilitação ou a aPresentação de divergências, o ad-
dos processos de falência ou recupe raçâo
iudicial. Eventualmente, ele poderá sair eletrônico para receber essas manifestaçóe§, ofere-
cargo antes do Êm do pro"u""o, noi casos deve fornecer endereço
de substituição ou destituiçâo. em seu §ire, modelos que poderão ser utilizados pelos credores, salvo deci-
em sentido contrário,
de ertratos dos
7 m relâcionado à Yerificação de créditos está o fornecimento
Competência prova para impugnaçôe§ de créditos Os
devedo r, como forma de habilitaçÔe§ e
devedo r fazem prova contra ele, mesmo que úo esteiam regularmente escri-
Investido no cargo, o administrador judicial passará credores podem de extratos dos livros para demonstrar a
a exercer as funçÕes que or isso, os lrecisar
cabem nos processos de falência e de recuperação judicial.
Na falência, suas valor ou a classificaçâo do seu crédito. Registle-§e que seráo fornecidos
serão basicamente a administeção-e a liquidação
da massa fúda. Na recuperaçãoi extrÀtos naquilo que interessar ao credor'
suas lirnçôes consistem es sencialrnente ju-
as funÇões básicas não esgotam a
na fisca-tizaçâo do devedor. Em ambos os Àém da comunicaçáo e do fornecimento de extratos dos üwos, o administrador
competência do administrador judicial, que é bem como competência elaboração de um quadro Proüsólio de credores
ampla, abra[gendo atos administrativos judiciais3s.
tSmHm tem a
e de credores) à luz da lista fornecida pelo devedor e das habilitações e divergências
Embora os processos de faiência e recupcração judicial
tenham finalidades tempesti!ãmente pelos credores constantes da lista. Neste Particular, com-
distintas, há competências do adm inistrador que também o exame da escrituraçáo do deYedor, para a elaboração desse
quadro
são aplicáveis a ambos, Em outras
lavras, há atos que o administrador caberá
iudicial irá praticar tanto na falência quanto na Tal relaç ão d.evidamente publicada poderá ser objeto de impugnaçôes, Nestas,
peração. Além das atribu lçoes comuns,
existem algumas atribuiçôes específicas r emitir p arecer, no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar à srra manifes-
falência e outras espec{fi cas para a recuperaçâo judicial. Para â
o laudo elaborado Pelo profissional ou empresa especializada, se for o caso, e todas
existentes nos livros Íiscais e demais documentos do devedor acerca do
o, constante ou não da relação de credores, objeto da impugnação. Neste
ponto, o
7.1 Atribuições ligadas à verificaçáo de crédhos r iudic ial acabará defendendo a própria relaçáo de credores elaborada por ele.
38. M.{MED!, Glâdston Direito entpr*adal brasileiro: Íâlência e rccvperaçáo d€ empreBes. Sâo peulo: Além das funçôes comuns aos processos de falência e recuperaçâo judicial, há fun-
Atlas,2006, v. 4, p. I0l. es específiças para cada um desses processos. Na recu peração iudicial, essas funçóes
39, BEZERRA FILHO, Manoel ]ustino. Zel y'e recuperaçào de efipresas e especííicas são voltadas especialmente à fisc alizaçâo da atividade do devedor que,
ldlêxcias cot lentada. 4, ed em
Pâulor Revista dos Tribunais, 2007, p. 93, VERÇOSÀ, Haroldo Malheiíos
Duclerc. ln: SOUZA ,úMOR, regra, nào é afastado da gestâo da empresa.
Frâncisco Sátiro de; PITOMBO, Antônio Sérgio de A. de Morâês (CooÍd.).
Come ntátiot à tci de
de ertprcsas efaléncia. Sã,o Peulor Revista dos Tribunais, 2005, p. l70; MAMEDE,
sd.tial btusilebot í êacia e t ecuperação de empresas, Sâo PaulorÀtlas, 2006, v.4, p.
Gladston. . Assim, na recuperaçâo judicial compete ao administrador judicial a fiscalização das
atividades do devedor e do cumprimento do plano de recuperaçao judlcial.
103. Desde a de-
162 CURSO OE DIBEITO EMPRESABIAL Aovrusrnaooa .luorcnr i 163
cisão que deferiu o processamento até o encerramento da recuperação judicial, a qhrlçãij e liquidaçáo da nassa falida
do devedor será acompanhada de perto pelo administrador iudicial. Dá-se a chance
recupelação, mas impôe-se uma fiscalização das atividades do devedor. falência, a função fiscalizâtória do administrador judicial perde importância,
Dentro dessa fiscalizaçáo, o administrador iudicial vai apresentar, pata .iuntada espaço à função liquidatória. Neste tipo de processo, o obietivo Primordial é
to do maior número posslvel de credores, logo, deve-se busca! a maximiza-
autos e no seu JiÍe, o relatório mensal das atividades do devedor, no qual será possÍ
ativos do devedor, para sua venda e posterior Pagamento dos credore§. A§sim,
apurar.a regularidade da conduta do devedor. Não se trata de simples iuntada, mas tam
nçôes esPec Íficas do administrador iudicial no processo de falêlcia se voltam à
bém de fiscalização dessa atuação do deyedor. Além disso, o âdministrador vai âpreensão, administraçáo e alienação dos bens do devedor, bem como ao paga-
tar um relatório sobre â apresentação do plano, no prazo de 15 dias da sua apresentaç to dos credores.
Íiscsllzatrdoveracidade e a conformidade das informaçoes prestadas pelo devedor,
a Nabusca, cabe ao administlador iudicial arrecadar e guardar os bens e documentos
também um relatório específico sobre o cumprimento do plano de recuperação, no pr4 devedor, elaborando o auto de âÍrecadação, nos termos dos arts. 108 e 1I0 da Lei n.
zo de 15 dias após a decisão de encerramento da recuperação. A nosso ver, este üümo l/2005, Nessa lógica, cabe a ele arrecadar, inclusive, os valores dos depósitos redi-
relatório deveria se! apresentado antes do encerramento do plocesso, em processos administrativos ou judiciais, ressahzdos apenas os depósitos,udiciais
a suspensão da exigibilidade de créditos tributários ou de processos náo tributários,
Essa fiscalizaçáo não se
limitará aos atos processuais praticados pelo devedor, mas realizados com o mesmo ob)eüvo. Igualmente, compete a ele a avaliaçâo desses ben§
abrangerá toda a sua gestão. Também serão fiscalizadas as trâtâtivas entre o deyedor e ados, podendo inclusive contratar, com âutorização iudicial, avüadores, prefe-
seus credores, cabendo ao administrador fiscalizar a regulâridade das práúcas. Cabe ao rancialmente oficiais, quando for necessário para a avaliaçâo dos bens. Âlém disso, remir
administrador iudicial, ainda, garantir que o devedor ou seus credores não adotem ex- (em benefÍcio da massa e mediante autorização iudicial) bens empenhados, penhorados
pedientes dilatórios, inúteis ou, em geral, prejudiciais ao regular o andamento das nego. ou Iegalmente retidos, a fim de ampliar a massa falida. Em relação aos bens imóveis, o
ciaçôes. Essas negociaçóe§ seguirão os termos convencionados entre os interessados ou, àdrninistrador ludiciql, no prazo de 15 (quinze) dias após a sua arrecadação, exibirá as
certidões de registro, extraÍdas posteriormente à decretação da falência, com todas as
na falta de consenso, por regras propostas pelo administrador iudiciâl e homologadas
indicaçôes que nele constarem. Na busca de novos bens, o adminisbador judicial deYe
pelo juiz, sempre de acordo com o princlpio da boa-fé ob.ietiva, na busca dos melhores
diligenciar a cobrança de dÍvidas, dando as respectivas quitaçóes.
resultados possÍveis,
Para uma celeridade maior na falência, a Lei impôs a apresentação de um plano de
A fiscalização mais próxima poderá ensejar inclusive o afastamento do devedor ou rrealizaçâo do ativo, em 60 dias após a nomeação, com a venda dos bens obtidos no pra-
a decretação da falência do devedor que náo cumpre as obrigações assumidas no plano zo máximo de 180 dias corridos, contados dajuntada dos autos de arrecadação, §ob pena
de recuperaçâo iudicial. Tal decretaçáo poderá ocorrer até de ofício, mas nada impede dedestituição, sâlvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisâo.iudicial.
que os interessados venham a provocar o iuiz. Há inclusive o deyer de o adminiskador Cuida-se de medida em prol da maímização dos ativos, mas só a experiência vai de-
monstrar se o plazo será efetivamente cumprido.
judicial requereressa convolaçâo em falência, enquanto nâo for encelrado o processo,
No que tange à admilistração da massa fa.lída, o administrador judicial será res-
reforçando mais ainda a ideia de que o relatório de cumprimento deveria ser apresenta
. ponsâvel pelos atos praticados em relaçáo a esse conjuflto patrimonia]. Àssim, compete
do antes do encerramento. Â apresentaçáo poste.ior será útil apenas para definir quú a ele relacionar os processos e âssumir a representação iudicial da massa falida; receber
obrigaçóes devem ser cumpridas após o encerramento do processoo. e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto
Além de toda a fiscaüzaçâo, o administrador .iudicial poderá provisoriamente geri! de interesse da massa; praticar todos os atos conservatórios de direitos e açôes; repre-
os negócios do devedor, nos casos de afastamento deste ou de seus administradores. Tal sentar a massa falida em iuízo, contratando, se necessário, advogado, cuios honorários
§erão previamente ajustados e aprovados pelo comitê de crçdores; requerer todas as
gestâo é provisória, pois só ocorrerá enquanto não houver a deliberação da assembleia
medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento da Lei, a proteção da
sobre a nomeaçâo do gestor iudicial. Havendo a nomeação e a aceitação do gestor no-
massa ou a eficiência da âdministração. Na falência do espólio,6cará suspenso o pro-
meado, cessam os poderes de gestão do administrâdor iudicial. cesso de inyentário, cabendo ao administrador iudicial a realizaçâo de atos pendentes
em [elação aos diÍeitos e obrigações da massa falida.
40. BEZERRA EILHO, Mânoel lustlno, Lei de rccuperuçito dê ernprcsas e Ídlêhcids cofiehtdda. 4. ed. Seo Cabe-lhe, ainda, a administração da empresa falida, no caso de continuação pÍo-
Paulo: Reviita dos Tribunais,2007, p.96. visória dos negócios (Lei n. L1.101/2005 - art. 99, XI). Também se insere na sua
CURSO DE OIREIÍO EMPRESABIAL
AoMrNrsrRAooR JUorcrAL ! 165
r 44, SZTÀiN, Raaheli FRÀNCO, Vera Helenâ de Mello. Falén cia e recupeaçAa da efipresd éhl .rise. Sâo
41. SIMIONATO, Fredetlco A. Monte. Trutado de dircitoÍalittlentar. Rio de Jeneiro: Forense, 2008, p.474. Paulo: Campus, 2O0g, p. 64.
166 CUBSO OE OlNE ÍO EMPFESAII]AL
Aounrsraeoon ruo ctar i 167
trativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa. Não se Remuneraçao
trata exatamente de uma pÍestaçáo de contas, mas da informação constante sobre a
judicia.l faz jus a uma remu-
situaçào da falência. Por todo o trabalho que lhe é atribuído, o administrador
sem natureza salarialas , dada a ausência de únculo emPregaÚcio. O valor e a
Embora não hafa propriamente uma prestaçáo de contas mensal, há a necessidade
mento desta remuneração serão fixados Pelo iuiz atentando à capacidade
de uma prestação de contas formal, que será inclusive autuada em apartado. Essâ pres- Paga
do devedor, ao grau de complexidade do trabalho e aos valores praticados
taçâo de contas deverá ocorrer, normalmente, no ffnal do processo, 30 dias após o último de Pagamento
semelhantes, Em outras Palavms, Íráo §e
pagamento realizado, apresentando tudo o que foi obtido e tudo o que foi pago. Havende no mercado P ara o desemP enho de atividades
(capacidade
impugnação ou parecer contrário do Ministério Público, ele deverá se manifestar sobre Íata de um valor aleatório, mas de um valor atento à realidade do devedor
r:
a oposição aplesentada. Aprovadas tais contas, o administrador elaborará, até 10 dias àe pagamento) e do mercado.
poderá
após a aprovaçâo, um relatório final que servirá de base para o iuiz encelrar o processo À princÍPio, há uma margem de liberdade nessa deÍinição, mas o valor não
à recuperação iudicial ou 5% do valor
de falência. ultrapassar 5% do valor dos créditos submetidos
(Lei n 11.101/2005 - art. 24). Nas recuperaçóes judiciais,
Na recuperação iudicial, também há a necessidade de uma prestação final de contas, dos bens vendidos na falência
com Pl ano especial, Pala microempres as ou empresas de pequeno Porte e Produtores
no prazo de 30 dias após o encellamento do processo. Há também a necessidade de (quatro milhÔes e oito-
rurais com valor dos créditos abrangidos de até RI$ 4.8oo.oo0,o0
apresentação de um relatório final sobre o cumprimento do plano de recuperação, no 2% (dois Por cento) dos créditos abrangidos
centos mil reais), existe um teto diferenciado
prazo de 15 dias, contados também do enc€rramento da recuperação.
na recuperação iudicial ou dos ben§ abrangidos no caso da falênciâ, no caso de microem-
Nos casos de substituição, destituição ou renúncia ao cargo, o administrador de- do administrador Trata-se de
Dresas ; emPresas de Pcqueno Porte Pâla remuneração
yerá prestar contas da sua gestâo. Nesta situâçáo, ele deve entregar ao seu substituto medida de reduçáo dos custos de§§es processos, em prol da manutençáo da
irma salutar
todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade. A âtividade (na recuPeração judicial) e da maximização dos ativos na falência'
eventual desobediência a esses prâzos obrigará o administrador judicial a presta! con-
Apesar dessa discricionariedade, â fixação da remuneração pelo )uiz poderá ser
tas no prazo de 5 dias, após a sua intimação, sob pena de configuração do crime de
objeto de agravo de instrumento, Por qualquer interessado (devedo!, credores, MP") com
desobediência.
o int ito dã dt"t", fÍxação. No ca§o da recuPeraçâo iudicial da VARIG, o
juiz havia
o valor em
" dos créditos submetidos à recuperaÇão, o que rePresentaria RS
0,2%
fixado
i,6 milhões, considerando-se o passivo na recuperação de R$ 4,8 bilhóe§ Em razâo de
7.l l Manifestações e ação penal suhsidiária recurso de agravo de instlumento, o TJRI reduziu a remunelação Para dois centé§imos
po, c"nto 1Oiôz%) do passivo6 Po§teriormente, houve §ubstituiçào do administrador
Por fim, é oportuno mencionar a competência do administrador judicial para sc judiciat e nova fixaçáo de remuneração Pelo iuiz,
manifestar em diversas situaçôes nos processos de falência e recuperaçâo judicial, bem juiz, a remuneração não será paga pelos cofres
como nos eventuais incidentes decorrentes desses processos. Tais manifestações re- Qualquer que seja o valor fixado pelo
públicos No caso da recuperação iudicial, o próprio devedor é o responsável pelo paga-
presentam em sua maioria pareceres que servirão de referência para a decisão a ser
mento. Na falência, a massa falida é a responsável pelo pagamento, enquâdrando-se tal
tomada pelo juiz. Vale dizer, tais ruanifestaçôes sáo meramente opinativas e náo yin-
crédito inclusive como extraconcursal (Lei n. 11.101/2005 - art.84), ou seia, tal crédito
culativas.
será pago com prioridade sobre os créditos devidos pelo falido.
A.lém das hipóteses já mencionadas, o administrador judicial deverá ser ouvido,
No que tange ao tempo do pagamento, há uma boa margem de liberdade, podendo
antes da decisão judicial sobre o pedido do devedor para aumento de despesas ou
este ser mensal, bimestral ou semestral. A legislação traz aPenas uma limitâção no que
contratação de empregados, no caso de recuperação com base em plano especial para
tange ao finat do pagamento, determinando que umâ Parte seia paga apenas após o cum-
microempresas e empresas de pequeno porte. De modo similar, cabe ao administrador
primento das funçôes de administrâdor judicial (Lei n. 11.I01/2005 - art. 24, § 2'!)'
se manifestar, no prazo de 5 dias, sobre o pedido de restituiçâo em relação a bens que
entraram para a massa falida ou estavam em poder do falido no dia dâ decretação da
falênciâ.
Por derradeiro, o administrador iudicial possui competência para o oferecimento 45. FAZZTO IÚNIOR , Wrldo. Nova tei e r.cuperaçllo de emlréJdr. Sáo Pâulor Atlâs, 2005,
de Íatàtcla
de ação penal subsidiária, no caso de omissão do Ministério Público. Tal poder deverá 1
p. 333.
ser exercido no prazo decadencial de 6 meses, após o decurso do prazo pala o Minis- {6, TiRl - 4r Câmara Civel - AG 2005.002.25685. DES. IAIR PONTES DE AIMEIDÁ, lulgâmento em
tério Público. 3-10-2006.
I'
I
168 i cuRso DE DrBEtIo EMpREsaBtaL
Aourr,rrgaaoon .tuorcnr 169
50. STI - REsp 1700700/5P, nêt. Minisríâ NA^-Cy ANDRTGHI, TERCETRA TURM.A, lulgâdo em S-2-
1
e deixará de administrar a massa falida. Em todo caso, ele deyerá dar ciência
a todes se- Dentro dessa liúa de interpretação, seria o caso inclusive de devolução dos
interessados do que iá foi realizado.
já recebidof.
Na recuperação judicial, o âdministrad or substituído
irá apresentar, psra iuntada que tal dispositivo é inconstitucional Polquanto inúabi-
autos, o lelatório mensal das atiúdades do devedor Gladston Mamed e afirma
até o momento. Além disso, acre
a renúncía imotivada , em afronta
à inviolabilidade da intimidade e à liberdade de
tamos que ele deyerá aprese[tar um lelató rio parcial
recuperação e uma prestação de contas.
sobre o cumprimento do plano CFl88 - a!t.5s, IV e XIll). EIe assevela ainda que a não atribuição de remu-
neste caso também seria inconstituciooal Por descon§iderar o valor social do
Na falência, o administrador substituÍdo também deverá prestar (CF/88
contas da sua ges- CFl88 - art. 1s, IV) e o PróPrio direito de Propriedade e sua funçâo social
táo, Nesta situaçáo, ele deve entregar ao seu substituto Gonçalves
5e, xxl I e XXIII)61.
todo, à" Uen, u aocl',rn"ntoi'js Sem falar em inconstitucionalidade, Alfredo de Assis
massa em seu poder, sob pena de responsabi.tidade.
A eyentual desobediencia a ãssl! eto também considera excessiva tal sançâo, esPecialmente porque as obrigaçôes do
obri8ará o administrador judicial a prestar contas no prrro
l-llzo,s à" I ai"r, ,ui judicial sáo obrigações'de meio e não de resultado62.
tntimação, sob pena de configuraçâo do crime de
desobediên.i". f^ toao.""à,"pO, "
ã1, nosso vet a renúncia imotivada se insere na liberdade do admini§tmdor iudicial,
.4.
verá entregar ao seu substituto todos os bens "t.
e documentos d" Àãf"lia" qll" urtu,i* caso' acredi-
em seu poder, configurando uma hiPótese de substituição e não de destituição Neste
Em todo caso, a prestação de contas deverá ocorrer
t rnol, poré-, que a remuneração nào será devida peta própria determinaçâo legal
no prazo de 30 dias, na meüda nesse sentido (Lei n. 11.101/2005 - art. 24, § 3s). Não vistumbramos qualquer incons-
em que a menÉo a administrador substihído no
art. 31, s t, da Lei n. 11.101/2005 re_ titucionalidade nesse dispositivo, mas apena§ a intenção de evitar aYenturas no exer-
Pres€nta um equívoco de redação, devendo ser interpretado para os casos de destituiçâo, que devem
tendo em üsta a matéria tratada no artigo. Tal interpretaçao clcio do cargo de administrador judicial. Trata-se de um rnúnus e um ônus63
nao signilca que o admi_ cumpridos, para que haia a contraPrestaçâo. Não se retira a liberda-
nistrador substituído na falência não tenÉ" quu pr."à, se! devidamente
dever de prestâr contas também nos caro, á" rrbrütuiçao, "ont"r,
foi, íii*pr.rr"rrr"nt. o de de renúncia, apenas se letira a remuneração daquele que a§sumiu o cargo e renun-
nos termos do art.22, lII, r, ciou sem motivo.
da Lei n. 11.101/2005. Todavia, nesses casos, o prazo
será de 30 dias, fixado no caprú do
art. 154 da Lei n. 1l.1Oi2OO5, e não de IO dias. A
maior parte da doutrina entende, porém,
que o prazo parâ prestação de contas na substituiçâo
é de 10 diass. í0 Destituição
AIém da substituiçâo, é possivel o afastamento do administrador iudicial Por meio
9.2 Bemuneraçáo
da destituiçâo, aql'al tem, porém, um caráter sancionatório. A ideia aqú é punir o ad-
ministrador iudi;ial que não cumpriu adequadamente as §uas funçóes, protegendo-ie o
A princípio, o administrador substituÍdo fará
ius à remuneração proporcional aos bom andamento do processo.
serviços desempenhados. A Lei n. 11.101/2OOS (ari.
Z+, S gp), .ontudolafirma que, se a
§ubstituiçâo ocorre em razão de r€núncia sem relevante
rárao de áiieito, não haverá
Írem mesmo proporcional. Dessa forma, apenas na ren,imcia
Íf1.,"-r"l:lll":"ào, lus_
a]i"ito,à remuneração proporcionalsT. A renúncia imotivada representa-
l0.l Hipóteses de destituiçáo
:ll."i:j i1l::i.
na um desrespeito à JustiÇa e à coletiúdade de credores"ss, Fábio
Ulhoa Coelho chega Nos termos do art. 31 da Lei n. 11.101/2005, a destituição §erá cabÍvel nos casos de
a aflrmar que a renúncia iniustificâda é uma hipótese
d" d"rtit"içJ;; desobediência aos preceitos da Lei, descumprimento de deveres, omi§são, negligência ou
"dministrador
59. COELHO, Fábio Ulhoa.. Cutso de dircito corrretcraL S. ed. 5ào Paulo: Sarsivâ, 2008, v 3, p. 275'
56. RESTIFFE, Paulo Sétlio. Recuperuçito de en4res4s.
Barueri: Manole, 2008, p. 333; NEGRÀO, Ricardo. 60. CÀMPINHO Sérgio, Falêncla e rccuper^@o de empruat o novo teglme de insolvência emPresârial Rio
Mdnuat de direito comercia.t e dc êmDrcsd. ?. ed !a" p",r", -,iã]oirilÉ^rnr*no,
s".",,",-i'ãú snrr,o.
de Janeiro: Renovsr,2006, p. 68,
Falen.h e rccuperaçào de emprcsl. o novo .e1irr.ea"
P. 69.
,n"or,.,.r"",ipi.."ir"r."rií á" i"i""., **.,* ,*, 61. MAMEDE, Glâdston. Direito efiprcsa el btu,ileíro. feléí\cia e re.uperâção de emPresas São Paulo:
Adas, 2006, v.4, p. 12+125.
57. PACHECO, ,osé d e Silvâ. prccesso de re.upetuçdo
_
ro: Forense, 2007, p. 77.
iudkiat, eitrdjudiciat e Íalência.2. eà. Rio de lânei- 62. GoNÇÁ,!VES NITO Alfredo de Àssis. Administraçeo de felência, realizaçáo do ativo e pegehênto dos
credore6. In: SÀNTOS, Paulo Penalva (Coord.) Á nova lei dê Ídlêtlcias e de rccuPerução de e,npresas: Lei n'
58. TOLEDO, Peulo F. C, Salies de. In: TOLEDO !âulo
F. C. Sâlles dê, ÁBRÂO Cârlos Heüique (Coord.). 11.101/2005. Rio de Janeiro: Forensê, 2006, p. 252.
Comentários à tei dê rccupetaçito de enpresas efaturrio.
Sao p"ufà,-úári,;õ;,;;:' 63. PROVINCIALI, R€nzo. Mdnuale di dirittoldllimentare.3. ed MilanorGiuffrê, 1955, v. 1, p,358
rrtl
prática de âto lesivo às atividades do devedor ou a terceiros. , O artigo 22, III, j, da mesma
incidente de destituição siga o mesmo tâmite da arguição de impedimen-
ue o
lei estabelece também a destituiçáo para o descumprimento do prazo de 180 dias para
suspeição6s. Garantindo-se a ampla defesa e o contraditório, o juiz deverá
venda dos ativos da massa falida, salvo autorização iudicial.
em desobediência aos preceitos da Lei de modo genérico, é certo que
. decidir pela destituiçáo ou continuação do administrador. Decidindo-se pela destituição,
Quando se fa.la
o.iuiz deverá imediatamente nomear o novo administrador, intimando pessoalmentefi o
o ob)etiyo é manter o administrador .judicial vinculado aos estritos comandos leg;is,
administrador destituído do seu afastamento do cargo.
cominando-lhe a pena de destituição pâra qualquer descumprimento, inclusive de even-
tuais prazos..tssim, se ele não elaborar o quadro plovisório de credores, no prazo assi_ Qualquer que seia a decisão proferida pelo juiz, ela será passível do recurso de agra-
vo dc instrumento por representar a decisão de uma questão incidental ao processo.
nalado no art. 7e, § 2e, da Lei n. 11.101/2005, isso já será motivo para a destituiçâo. Toda_
Gladston Mamede afirma que só seria cabível o recurso de agravo de instrumento no
via, a não apresentaçâo de relatórios ou dâ prestaÇão de contas só enseja a destituição se
caso de manutençâo do administrador judicial no cargo, pois no caso de destituiçâo
o administrador for intimado para cumprir tais providências no prazo de 5 dias e não o
haveria a quebra da confiança do juiáó7 e, por isso, o iuiz náo manteria o administrador
Íaz (Lei n. 11.101/2005 - art.23).
de qualquer forma, Para ele, eventuais üegalidades só poderão ser questionadas pela via
Também se coloca como motivo para a destituição o descumprimento dos deveres
do mandado de segurança.
legais, em especial aqueles previstos no art.22 da Lei n. 11.101/2OOS. O administrador
De fato, essa será a realidade, vale dizer, se o iuiz se convenceu de alguma das hipó-
iudicial tem um rol de deveres tânto na falência, quanto na recuperação judicial, que deve
teses de destituiçáo, ele não confiará mais no administrador e de qualquer forma ele nâo
ser cumprido estritamente para que o processo chegue a seu final, a bom termo. O des-
permanecerá no cargo. Apesar disso, é certo que a negaú}? dâ remuneração e a criação
cumprimento desses deveres é reputado como uma falta grave capaz de ensejar a desü-
de um impedimento pala processos futuros podem representar interesse recursal para o
tuição do administrador judicial. A desaprovação das contas é um sinal de que não
administrador judicial interpor o agravo de instrumento6, ao menos pala alterar seu
houve o cumprimento desses deveres, ensejando da mesma forma a destituiçâo do ad-
aíastamento Para uma substituição.
minist!ador judicial.
Por Íim, em decorrência da importância da função e de todos os interesses envolyi-
dos, a Lei reputa como motivo para a destituiçáo a omissáo, negligência ou p!ática de ato 10.3 Prestação de contas
lesivo às atividades do devedor ou a terceiros. Trata-se de uma puniçáo
lela conduta
desleal, seja ela omissiya ou comissiva, sem prejuízo dâ eventual responsabilização pelos Determinada essa destituição em um proccsso de falência, o administrador iudicial
danos causados. Quem câusa danos não se mostra apto ao exercÍcio da função de admi- deve prestar contas, em autos apartados, no prazo de 10 dias, contados da intimação da
nistrador iudicial e deve ser destituído. destituição, na forma do art. t.54 da Lei n. 11.foi/20O5. Tal prestaçâo de contas tem por
obietivo já fixa! aqtvsntuais responsâbilidades do administrador destituído e detelmínar
a indisponibilidade ou sequestro de bens para a satisfâçáo de eventual indenização.
1,0.2 Decisáo judicial À menção administrador substituído no dispositivo Iegal (Lei n. li.tO1/2005
a
- art.
31) representa um equívoco de redaçâo, deyendo ser interpretado aba.cândo também os
Ocorrendo alguma das hipóteses, a destituição será determinada motivadamente
casos de destituiçâo, tendo em vista a mâtéria tratada em tal artigo da lei6e.
pelo juiz, de ofÍcio ou a requerimento fundamentado de qualguer interessado (credores,
Ministério Público, devedor...). A decisáo será sempre do juiz, não sendo atribuído aos
credores poder para determinar a saída do administrador pois o dispositivo que atribuía
essa faculdade (Lei n. 11.101/2005 - art.35, l, c, e lI, a) foi vetado. No máximo, os cre-
dores poderão provocar o juiz para decidir a respeito. Meriâ Labâte Batalhâ. Co fiênkirios à Lei de rcêupêta4o
iudiciat de efipresds .Íatência. 4. ed. Sâo pâulot lÍr,
Com ou sem iniciativa dos credores, o juiz deverá ouvir preüamente o administra- 2007, p.78.
dor judiciala, garantindo-se a ampla defesa e o contraditório. paulo Sérgio Restiffe reco- 65, RESTIFFE, Pâulo
S érgio. Rêêuperaçdo d,e empresat, Batuer'\ Mànole, 2008, p. 329.
66. SZTAJN Râcheli FRÂNCO, Vera Helenâ de l./rello, Fa.léncia e recupera,iito dd, enpresa.ft cthe. Sâo
Paulo: Câmpus, 2008, p.61.
64. TOLEDO, Paulo E C. Salles de. tn: TOLEDO, paulo F. C. Salles de, ABRÁO, Ca os Henrique (Coord.). 67. MAMEDE, Gladston. Direito empr.saítal brasihírot Íelência e rccuperâçáo de empresas. Sáo paulo:
Conentáios à leí de recuperaçito de empresas eÍaténcra. Sáo paulo: S*aiva, 2OOS, p. BO; VERÇOIA, Hâroldo Aúas, 2006, v.4, p. 97.
Mslheiros Duclelc. lnr SOUZÀ rúNIOR, Francisco Sátiro dei PÍTOMBO Anrônio Sérgio d€ A. de Moraes 68. I{ESTIFFE, Paulo S érgio. Recuperaçito de efipleraí Bâruerir Mânole, 2008, p. 330,
lcooté,.), ComentáÍias à lei de rccllperaçã.o de empresas eÍalência. Sào pàuto: Revistâ ãos Tribunais, 2OOS, 69. BEZERRA FILHO, Meno€l ,ustino, l,d de recuperaçAo de eh4pre§as
p.l85j CÂMPOS BÂTÀLHÀ, !íilsonde Souza; RODRIGL'IS NETTO, NetsoniRODRtcUES NETTO, Sitvia e Ídlêncids cofiefitddd. 4. ed.. Sáo
Pâulor Revistâ dos Tribunais, 2007, p, 113.
176 ! cunso oe ornetro EMpREsAÂtAL
SL STI * 2r Turma - REsp 44500/MG, Relator p/ acórdáo Ministrô FRÀNC1ULLI NETO, D/9-9-2002. 4 COELHO, Fábio Ulhoa. Cufto de direito comer.ldl. 8. ed. São Paulor SâÍâivã, 2008, v. 3, p. 279.
174 i cunso or ornetro EMPRESABTAL
Aov Nrsraeoon .:uoLcaL i 175
10.4 Bemunençáo
1.1 Ação de resPonsabilidade
Por suâ própria natureza, a destituição retira do administrador
iudicial o direito à A princípio, a responsabilidade do administrador iudicial iá deve ser fixada na própria
remuneração (Lei n, 11.101/2005 art. 24, § 3r), gerando inclusive a obrigação
- de devol- tença que rejeita! as contas do âdministrador iudicial na falência (Lei n. 11.101/2005
ver os yalores eventualmente recebidosTo. Neste caso, o administÍador não executou
bem 154, § 5s), uma vez que a prática de atos Iesivos náo deveria autorizar a aprovação
o seu mister e tem que ser penalizado por isso. A melhor penalidade
é a não remuneraçáo contas. Todavia, mesmo que nâo seja fixada neste momento, ou que ainda não tenha
pelo trabalho desempenhado, a prestação de contas, é viável o ajuizamento de uma ação para fixar a respon-
Gladston Mamede aÍirma que a retirada da remuneração do administrador só
se iabilidade do administrador iudlciâ1.
JustiÍicaria como uma espécie de retenção de valores para eventual responsabilização (o Na falência, Renzo Provinciali e Fábio Ulhoa Coelho entendem que a legitimidade
administrador judicial pelos danos causados. Não havendo danos, ou sendo os danos a propositura da ação é, a p rincípio, exclusiva da massa falida por meio do novo
menores que o valor da remuneração, não se deve cogitar de perda da remuneraçâo. nistmdor judicialTa, que representaria todos os interesses envolvidos no processo
Ele
afirrna que essa perda seriâ inconstitucional, por violar os valores sociais do trabalho
eo Enquanto corle o plocesso, nenhum credor teria legitimidade para a propositura dessa
dileito de propriedadeTr, açáo, podendo, no máximo, tequerer a destituição do administador judicial. Após o
A nosso ver, a perda da remunercção é uma penal.idade pela fa.lha no exercício encerÉmento do Processo, qualquer credor interessado teria a Iegitimidade para a pro-
da
função de admidstrador judiciat. Ela não guarda relação com eventual indenização posirura, desde que houvesse requerido a destituição do administrador iudicialTs.
de_
vida peJo administrador .judicial. Trata-se apenas e táo somente de uma punição, perfeí_ Ousamos discordar desse entendimento, para reconhecer a legitimidade primária
tamente constitucional, aplicável ao administador faltoso. de cada um daqueles que sofreram o dano76, separando-se os danos causados à massa
falida ou à coletividade de credores daqueles danos câusados indiüdualmente77. No caso
de danos à massa falida ou ao conjunto de credores, a legitimidade para a ação será da
11 Responsabilidadecivil massa falida, por meio do novo administrador judicial, enquanto o processo de falência
esliver em curso. Após o encerramento do processo, qualquer credor ou mesmo o deve-
Pela competência que possui, é certo que atos do ad.ministrador judicial podem dor poderá ajuizar tal ação. Âcreditamos que seria aconselhável assegurar a legitimidade
causar danos à rnassa falida, ao devedor ou aos credoles. Se agiu com dolo ou culpa, ao credor ou devedor mesmo antes do encerramento do processo, no entanto, nosso atual
ele deverá ser responsabilizado poÍ tais preiuízos, A Lei n. 11.101/2OOS, portanto, regime impôe a conclusão da legitimidade dos credores apenas após o fim do processo
Pressupõe para a responsabilização do administrador sua conduta dolosa ou fá no cas.o de danos causados aos credoles individua.lmente, eles é que terão legiti-
iudicial
culposa, o dano e, por decorrência lógica, o nexo de causalidade entre o dano e midade parã piopo! a açâo em face do administrador iudicial, mesmo ao longo do pro-
a
conduta. cesso, independentemente de qualquer pedido de destituição do administrador judicia.l.
Trata-se de uma responsabilidade subjetiva do tipo clássico, como ocorre na I Se os credores sofreram os daros, eles é que podem pleitear a reparação desses danos. E
nâo se diga que não é possÍvel isolar o seu ilteresse do da comunhão de credores, por-
EspanhaT'z, que obedece aos mesmos princípios da responsabilidade dos mandatários73.
quanto a responsabilização aqui será do admiÍristlador iudicial isoladamente e náo da
Por não se falar mais em infraçâo às disposiçóes legais, náo há mârgem para
se cogi_ massa falida, uma vez que nesses casos ele não está agindo como órgão da falência. Tra-
tar de responsabilidade subjetiva com inyersão do ônus da prova ou mesmo objetiva.
ta-se de responsabilizaçáo do administrador por ato próprio e não de responsabilização
Para responsabilizar o administrador judicial, é essencial provar que ele agiu com
da massa falida.
dolo ou culpa.
70. TOLEDq Paulo C. Sâlles de. In: TOLÉDO pâulo Ê C. Salles d€i ABRÁO, CârloÉ Henriqu€ (Coord.).
F.
7{. PROVINCIALI, Re r.,,o, Manuate di ditittoÍallímektdÍe.3. ed,. Miar.cl c iuffrê, 1955, ú 1, p. 369, COELHO,
Cohenrúrios à lei de recupetuçào d.e empresas eÍalência. Sâo paulo: Ssraivâ, 2005, p. 65.
lábioulhoÀ. Comehtários à nova lei deÍalê cias e reêupetuçila àe empresàs. Sâo Páulor Saraivâ,2005, p.83.
71, MAMEDE, clâdston. Direito empresartal brasileirot felên ia e rccuperaçào de €mpresas. Sáo pâulor
75. COELHO, Fábio Ulhoa. Comentáfias à noya lei de Íalêfi.ias ê recupetuçita de emprcsag Sâo PaJlol
Sârâiva, 2005, p. 83.
Atlas, 2006, v.4, p. 125.
72. BUITRAGq Ramón Blanco. Notâs sobre la responsâbiridad de ios administradores concursalês. In:
76. CAMPINHO, SéÍgio, FdlAlcia. e rccuperaçâ.o de empresa: o novo rcgime de insolvência empresalial.
Rio de Janero: Renovar, 2006, p. 69.
GRACIÁ, Íuân Ignácio Peinado. Estudios de derecho concursat. MadriÀ.: Marclâl pons,2006, p. 52.
77, PROTO, C€sâre.ln: Dl PEPE, Giorgio Schiano(Cootd.). dirittoÍa imetltare rifarlndto.Padoyat CEDA,M,
73. GUYON, Yves. Dro it des affd,ircs.2. ed, pàúsr Êconomica, 19g8, t.2, D, 183. 2007, p.121.
§-tE
176 CUASO DE OIBEITO EMPNESAÂIAT
O nexo de causalidade demonstrará a capacidade que as omissões do administrador ,participar ati\.amente dos processos de falência e recuperação judicial. Não há dúüda de
que os credores são os principais interessados nesses processos e, por isso, eles devem
têm de causarem o prejuízo. Elas devem ser necessárias e ad'equadas parà gerar o resul_
ter â oportunidade de participar. Esta participaçâo poderá ocorler diretamente ou por
tado danoTe. A capacidade de causar os.danos é aferida pela inevitabilidade constante
do meio de representadtes, A proteção oferecida aos credores é um dos fatores determinan-
efeito, isto é, a câusa considera-se adcquada quando o fato (omissão) é apto para produ_
tes na fixação das taxas de juros e no tamanho do mercado de crédito3.
zir o dano causado, de tal modo que seria possÍvel evitar o àano, afastando aquele fatoso.
Ressalte-se, desde já, que o administrador judicial náo é órgáo responsável pela
Assim, se não houvesse omissão, nâo haveria o dano. participação dos credoles. Ele não é um representante dos credores, ele não defende os
Especialrnente nesse dever de fiscalização, há que se demonstrar que â fiscalizaÇâo , interesses dos credores. Por isso, a participação dos credores não se dá por meio do ad-
seria eÍiciente para evitar o resultado danoso. No caso da Côroa Brastel, o ministrador'jüdicial, mas por meio da assembleia e do comitê de credores
STJ entendeu
que não havia a responsabilidade do Bahco Central pela omissão na fiscalização,
pois o
resultado danoso não seria evitado pela fiscalização. ,A meta omissão na fiscalizaçâo,
ainda que existente, não levaria ao infeliz, mas não imprevisÍvel desate do 2 Assembleia geral de credores
Grupo Coroa_
-Brastel, dado o alto risco especulativo com que atuava,,sr.
Nos processos de faiência e de recuperação judicial os credores têm interesses co-
Há que se ressaltar que o dever de fiscalização é uma obrigaçâo de meio e não de muns, como a busca do maior número possível de bens, mas também há interesses di-
resultado. Assim sendo, não basta demonstrar o preiuÍzo num processo de recuperação vergentes, pois cada credor quer receber primeiro ou quer ter melhores condiçóes
judicial, é fundamental demonstrar que o administrador judicial para seu crédito'. Ocorre que, nesses processos, nâo podem prevalecer os interesses
não cumpriu adequada_
mente seus deveres e, em razão disso, houve o dano. Apenas com essa demonstração
é
que pode haver a responsabilização do administrador por omissão.
1. AULETTA, Giuseppe. Limpresâ dal Codice di CommeÍcio del1882 âl Codice Civile del1942 J882-1982
Cento Atlni d,al Cadlce di Comfiercio. Milanot Gluffrà, 1984, p, 8I.
78.BUITRAGO, Rámón Blanco, Notás sobre la responsabllidad de los a.dminjstradores
concursales. !n:
GRACIA, ,uan Ignácio Peinado. Estudios de derecho càncursal. Madrld: Marcial pons, 2. SALANDRA, Vittorio. Curso de dercêho tfiercarril. Trâduçáo de Jorge Bârrera Graí Méxi.o: Jus, 1949,
p. 2o06, 48. p. r0.
79. CÀVAIIERI FILHO, Sêr9io. Programa dc respon abiliddde cívit.2. ed,Sáo pâulo: Malheüos,2000, p. Sl.
80. GOMES, Oílando. Obrígdgões. t2. ed. Rio de
3. SADDI, JâiÍo. Assembleiâ de credorês: um ano d€ êxpêriênciâ da novâ lei de íalências. Ume avaliação.
Jâneiro: Forense 1999, p. 274. Dieito Bahcário ê Mercddo de CapitaÀ, âno 10, n. 36, abr/jun . 2ú7 , p. 2m,
Retista de
81. STJ - 2. Turmâ - REsp 4450O/MG, Relator p/ ãcórdào Ministro FRANCIULLT
NETO, D/9_9_2002. 4 COELHO, Fábio Ulhoe, Cutso de diÍeito .omelcial. 8. ed. São Pâulo: Saraiva, 2008, v. 3, p. 279.
I
178 I cunso or ornerro EMPREsaRTaL
t,$r MÂNrFEsÍAçÁo E FEpREsÊNÍaÇÁo Dos cREDoBEs 179
individuais, devendo ser buscada a solução que melhor atenda aos interesses d ermite afirmar que os retardatálios incluídos no quadro geral de credores votaráo
conjunto de credore§, nto na falência quanto na recuPeração judicial, pois todos os arrolados no quadro
Para atender aos interesses da coletividade, deve haver uma integraçáo de todo direito de voto (Lei n. 11.101/2005 - art. 39)10.
os credores, formando uma comunhãos, de forma que haja uma vontade coletiva e Especificamente na falência, náo votam os credores de pedido de restituição em
diversas vontades individuais. Essâ vontade coletiva será manifestada por meio da heiro e os credores e$raconcursaistl. Além disso, na recuperaçâo iudicial não parti-
sembleia geral de credores. Ela representa a reunião dos credores para deliberar sobrs ciparão da assembleia os credores excluÍdos da recuperaçáo, a saber, os credores titulares
matérias do seu interesse, nos processos de falência e de recuperação judicial da posiçáo de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóyeis, de arrendador mercan-
outras palavras, a assembleia é o ó19ão6 de deliberação desses processos, vaie dizer, slq i1l, de proprietário ou
promitente vendedor de imóvel cuios respectivos contratos con-
é "o órgáo colegiado deliberativo máximo entre aqueles que possuem crédito perants tenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações
a empresa em recuperação judicial ou em processo de execução concursal de falênciai. ou de proprietálio em contlato de venda com teserva de domÍnio (Lei n.
imobiliárias,
Tal órgão é facultativo na medida em que nem sempre será necessária essa manifesta- 11.101/2005 - art. 49, § 3r). Na mesma situação encontram-se os credores de adianta-
ção dos credoresl. mentos de contratos de câmbio (Lei n. 11.101/2005 - art.86, [I). Ainda na recuperação
não se submeterão ao processo aqueles credores cujos créditos náo seiam alte-
ludicial,
rados pelas condiçóes do plano de lecuperação, no entanto, a não participação deles
2.1 Panicipantes i dependerá da apresentaçâo do plano.
uma exclusão pela classe de credores, como ocorre na Espanha em relação aos créditos . No caso de credores detentores de créditos tmbalhistas, poderá haver a representa-
subordinadose. ção pelo respectivo sindicato, na ausência de atuação direta do empregado (art. 37, § 5i
da Lei n. 11.101/2005). O sindicato, para exercer tal mistec deverá apresentar ao admi-
Como uma espécie de punição, a lei afirma que os credores retardatários não
poderão votar na recuperação judicial, ressalvados os titulares de créditos decorrentes nistrador judicial, até 10 dias antes da assembleia, a relação dos associados que pretende
representar (art. 37, § 6e, da Lei n. 11.101/2005). No caso de empregado filiado a mais de
da legislaçâo do trabalho. Na falência, vale a mesma regra para os credores retardatá-
um sindicato, o próprio trabalhador deverá esclarecer qual sindicato o representará, âté
rios, salvo se já houver sido homologado o quadro geral de credores com a sua inclu-
24 horas antes da assembleia,
sâo. Não há motivo claro para tal distinçâo. Ademais, o próprio texto da Lei nos
Também podem participar da assembleia (art.43 da Lei n. 11.101/2005), mas sem
direito a voto, os sócios do devedo! bem como as sociedades coligadas, contloladoras,
5. PORFIRIO CARPIO,Leopold,olosé, La iuita de d.rêedores. À,,adri& Civitas,2008, p.42-43i FRANÇA,
conkoladas ou as que tenham sócio ou acionista com participaçâo superior a 10% (dez
Erâsmo Velladáo A. ê N. Ií: SOUZÂ )úNIOR, Frâncisco Sátirc dej PITOMBO, Antônio Sérgio dê A. de
Moraes (Coord.). Corrler,ü os à lEí de rêcuperaçáo de empÍesas eÍalê cia. Sào Pâulo: Revistâ dos Tribunâb,
por cento) do capital social do devedor ou em que o devedor ou algum de seus sócios
2005, p. 188. detenham participação superior a l0% (dez por cento) do capital social, e também o
6. PORFIRIO CARPIO, Leopoldo losé. La junta de dcreedorcs. Mradtid: Civitas, 2008, p. 7I; RESTIEEE, côniuge ou parente, consanguÍneo ou afim, colateral até o 2e (segundo) grau, ascendente
Parrlo Sérlio. Recuperuçilo dc empresas, Reruetl I Mânotê, 2008, p. 339. ou descendente do devedor, de administrador, do sócio controlador, de membro dos
7. SÀDDI, ,a!o. Âssembleiâ de credorêsr um ano de e,(periêncie da novâ lei de fâlências. Uma evaliação. conselhos consultivo, Íiscal ou semelhantes da sociedade devedora e à sociedâde em que
Revista de Direito Ba,ncário
e Meftado de Capitdis, ano 10, n. 36, abrljun.2AO?, p.216.
8. RESIIFFE, Pâulo Sérgio. Recuperaçào de empres4s. Bârueri: MánoLe, 2008, p. 338. Em sentldo contrá-
rio: MILANI, Malio Sérgio. Lei de rccupetuçâ,o judicial, recuperuçdo extruj^dicial e Jalêrlcia.omentadd. SLo 10, NEGRÃO, Ricerdo. Manlal de dircito .omcrcial . dê emprasd.2. ed.. Seo Pâulo: Sarâivâ, 2007,v.3, p.1l2i
Paulor Mâlheiros. 2011, p. 169, pare qu€m a assembleia é obrigâtóÍiâ, salvo nào na ausência de obieçáo ao CAMPINHÔ, Sérgio. fa léncia e rcc\peruçAo de e Wa o r.ovo rcgime de insolvência ernpÍesarial. Rio de
plâno de recuperâçáo. Iãneiro: RenovaÍ, 2OOó, p. 85.
9. PORFIRIO CARPIO,Leopoldolosé. La iunta dê acrcedores. Medti& Civitas, 2008, p.3lO. 11, NEGRÁO Ricardo . Manual de dircíto corrletctal e da empresa.2. ed.. Sâo Paulo: Sarâivã, 2007, v. 3, p. L l1.
Ir
80 CUBSO DE DIBEITO EMPBESABLAL
MANTFESTAÇÁo E REPFESENTAçÂo oos CFEDoFES : 181
f"i
l
mente, há competêncis para deliberü sobre a alienação dos bens do ativo não
t
que não esteiam abrangidos Pelo Plano aProvado, desde qqe os credores o
m. Vale dizer, a princípio, a autorização paravenda des§es ativos virá do iuiz, mas
I
ffiIIH::::::ffi
da massa de credores, isto é, a vontade coletiva interpretada como yontade unitária d
grupor2, vinculando inclusive os credores ausentes. Neste particulac usa-se uma téc
muito similar às assembleias gerais das sociedades anônimas, na qual a vontade da
têm 5 dias, após a autorização iudicial, Para requerer a submissão do tema à
bleia de credores, desde que representem mais 15% do total dos créditos abrangi-
pela recuperaçáo e prestação caução no valor da alienaçào.
Tanto nâ falência, quanto na recuperaçâo judicial, a assembleia de credores tem
comp etência para deliberar sobre a constituiçâo
do comitê de credores, bem como
â escolha e substituiÇáo dos seus mernbros. Ém última análise, a assembleia terá
cia <to réu (massa de credores) com a d.sistência. AIém disso, há a atribuição para deli. -$fl
Pam que a assembleia possa deliberar sobre os assuntos da sua competência, é es-
l.:elar sobre o nome do gestor judicial no caso de afastamento do devedor.
I
l* I sencial que haja a.regular e adequada convocaçáo, entendida como chamamento dos
Também a assembleiâ de credores terá competência para deliberar sobre a escolha ild Avontade manifestada deve ser a mais expressiva possÍvel, logo,
i credores para deliberarla.
do gestor judicial nos casos de afastamento do devedor (Lei n. 11.101/2005 - art.65). .'i
deve representar a vontade do maior número possível de credore§. Por isso, exige-se esse
Ainda na recuperação judicial, a assembleia tem competência para detiberar sobre a ii . chamamento formal para particiPação na assembleia. Sem a convocação válida, não
aprovação ou rejeição do plano de recuperaçáo. Tlata-se da vontade da massa de credo- ll
haverá a possibilidade de realização da assembleia, Acreditamos que tais formalidades
res necessária para firmat o acordo, que é a recuperação iudicial. Ressalte-se, porem, qu" ,ff
são dispensáveis no caso de comparecimento de todos os credores, por aplicação analó-
pode haver uma aprovação tácita do plano, quando os credores rão apresentam qualquer ii
gica do regime societáriors.
oposição no prazo legal. Neste caso, dispensa-se a realizaçâo íormal da assembleia geral l ll
de credores, pois a vontade da massaiá foi tacitamente manifestada. ll A convocação folmal da assembleia será sempre feita pelo juiz, embora fosse reco-
mendável atribuir essa iniciatiYa ao administrador iudicial. O juiz,convocará a assembleia
Vale a pena destacar que a assembleia tem compctência apenas para aprovar ou
rejeitar o plano de recuperação, não podendo impor modiíicaçôes. O máximo que os de ofÍcio ou mediante requerimento do Comitê de Credores, do Administrador Judicial
ou de credores que repÍesentem pelo menos 25% dos créditos de determinada classe (Lei
.
credores podem fazer é propor alteraçóes ao plano. Quando o art. 35 da Lei n. 11.10L/2005.]i
fala em competência para deliberar sobre a modificaÇão do plano, deve-se entender a -ii n. 11.101/2005 - art. 36), salvo no caso da venda de bens do ativo nâo circulante, em que
competência para propor essas alterações. seexige credores com 15% do total dos créditos Para requerer a convocação da assembleia.
i
O eventual requerimento para a convocaçáo da assembleia deverá ser fundamentado pelo
Na falência, a assembleia de credores tem competência para deliberar sobre a adoção i
interessado. Em todo caso, caberá aoiuiz a decisão pela convocação ou não da assembleia.
de íormas alternativas dc realização do âtivo, nos termoÁdo art. 145daLein. 11.10112005. t:
No caso de indeferimento do pedido de convocação, acreditamos que podeÍá ser inter-
Em outras palavras, os credores podem decidir pela adjudicação ou aquisÍção dos bens r,
posto o recurso de agravo de instrumento.
do falido pelo próprio credor. Além disso, a assembleia tem a possibilidade de aprovar a
realização do ativo por meio de processo competitivo organizado promovido por agente
especializado e de reputaçáo ilibada ou qualquer outra modalidade de realização do
13. ANDR.A.DÊ, Ronâldo Alves de. lnr DE LUCCÀ, Newtonj SIMÀO FlLHo, Adatberto (Coord.). Colne,'
aIivo. tários àfiava lei de rccuperaçdo de empresas e derAlir.las. Sào Paulo:Quartrer Lahn 2005, P. 180.
14. PORFIRIô CARPÍ O, Leapoldolosé. Ld junta d.e aÜeedores lúadridr Civitas, 2008' p 164.
I2. 15. PIMENTÀ, Eduardo GovJatt. Recuperaçáa de empresas. Sâo Patrlo.lOB, 2006, p. r51
PORFIRIO CARPIO, Leopoldo Iffé. td iunta de acreedotes. Madridr Civilas, 2008, p. 53.
I
'182 j cuaso oe oraaro EMpREsABIAL
MaNTFESTAçÀo E EEPFESENTAçÁo Dos cFEDoFÉs i 183
I
. No instrumento da convocação
das, o local,
deverá constar a relação de matérias a serem trata: iM
hora da assembleia, bem como o local onde pode ser obtia. .Joi,
a data e a
1
2.4 lnstalaçáo As deliberações da assembleia são tomadas por votos não secretoslT, levando em
I conta o valor dos créditos e não o número de credores, salyo Do que tange à aprovaçáo
do plano de recuperação judicial. O valor do crédito tuncionará como uma medida do
Regularmente <rrnvocada, a assembleia só poderá deliberar se houver
u- núa"ro ,l poder dos credores, de modo similar às quotas ou ações de sociedade, Em relação aos
I
mínimo de credores presentes (quórum de insta_lação), Haverá a instalaçâo da
assemUteia, créditos em moeda estrangeira, a convelsão será feita pelo câmbio da véspera da rea-
em primeira convocação, com a presença de credores que representem
mais da -etuae , lização da assembleia na recupemçáo. Na falência, a conversão será feita pelo câmbio
I dos créditos de cada classe, computados pelo valor e náà por
cabeça (Lei n. 1t.1OI/2005 ll do dia da decretação. Em todo caso, a deliberação tomada vinculará inclusive os cre-
- art, 37, § 2e), Para tânto, seráo levados em conta os valores constantes do quadro g"..1 '1 dores ausentes,
de credores, ou, na sua falta, nâ relação elaborada pelo administrado!
ou, n" f"t," aãrt", l' Do que for deliberado na assembleia, será lavrada ata que conterá o nome dos pre-
na lista apresentãda pelo devedor Em segunda convocação, a
assembleia poderá ser sentes e as assinaturas do presidente, do devedor e de 2 (dois) membros de cada uma das
instalada com qualquer número de credores.
classes votantes, e que será entregue âo juiz, juntamente com a lista de presença, no
A nosso vet salvo nos casos de constituição e eleiçâo do comitê, as classes aqui prazo de 48 (quarenta e oito) horas (Lei n. 11.101/2005 - art.37, s 7e).
sâo aquelas mencionadas no art. 41 da Lei n. 11.101/2005: I
- titurares de crédiàs i
derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalhoi
II - titu- t,
Newton, SIMÃO FILHO, Adalberto (Coord.), CoÍÍl entátios à nova lei de rccuperaçào d.e empresds e dzÍalén-
16. BEZERRA FILHO, Manoel lusali,rro. Lei de rccupera1ão de empresds cÍar. Sâo Paulor Quartie! Lâtin, 2005, p, 186,
. e Íaténcias comenta.d.a, 4. eé,. S o
Paulo: Revista dos Tribunâis, 2007, p. 122i MAMXDE,
dlâdjio n. bireito empresarial brasileiro: Íalén iee 17. PERIN IÚMOR, É cio. Curso de dlreito Íalimehcat e recuperaçã.o de empresas. Z, ed. Sâo Paulo: Método,
recupemçáo de empresâs. 5áo pÀulo: Àt1as, 2006, v 4, p. lBOr
ANDRADE, Ron;ldo Àlves de. In: DE LUCCA, 2006, p.24X.
184 CUBSO OE DIBE]TO EMPBESANIAL N4aNtFEsIAÇÃo E REpBESENTAÇÁo Dos cBEooBES B5
i as deliberaçôes serâo aprovadas pelo voto dos credores que Íepresentem a maloria
situaçâo, haverá uma forma diferente de cômputo dos voto§. Nas classes I e
créditos plesente à assembleia geral, levando-se em conta o valor dos créditos (I.ei
osta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, inde-
11.101/2005 - art.38). No caso de realização alternativa do ativo na falência, a delib
eme nte do valor de seu crédito. Nas dasses lI e IIt, a proposta deverá ser apro-
ção depende de aprovação de credores que representem dois terços dos créditos prese
credores que representem mais da metade do valor total dos créditos Presente§
tes na assembleia (Lei n. 11.101/2OOS
- art.46). ia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. Eventual-
admite-se uma aprovação alternativa do plano desde que se obtenha de forma
iva: (a) o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor
2.5,2 Classes para apreciação do plano de recuperaçáo judicial
os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes; (b) a apro-
Além da deliberação pelo plenário, certas matérias exigem a divisâo dos credores maioria das classes de credores na forma acima indicada; caso haja somente 2
)classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos I
(uma) delas; e (c) na
em gruposrs. Embora a ideia seia interessante, há alguns pioblemas nessa divisão,
nq
classc que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores,
medida em que são reunidos na mesma Çlasse parror, interesses bem distintosrr, na forma acima indicada
Ápesar disso, a Lei impõe a deliberaçào em classes em duas "o-situacocs: escorha do comitê computaclo
de credores e aprovação do plano de recuperaçào
.iudicial.
Na assembleia para apreciação do plano de recuperaçâo judicial, a votaçáo será
.
yidida em quatro classe§: I titulares de créditos di-
; 2.5,3 Classes
para constituição e eleição do comitê de credores
- derivados da legislaçâo do trabalho ou
decorrentes de acidentes de trabalho; lI - ütulares de créditos J.,,,r garantia real;
lll _ Para fins de escolha dos membros do Comitê de Credores, as deliberaçóes também
tihilares de créditos quirografários, com privilégio especial, com priiilégio geral separadamente em classes. Para este Íim, seráo quatro as clâsses votantes:
ou su_ §erão tomadas
bordinados; IV - titulares de créditos enquadraáos co-o microeàpresa ou empresa (a) credores derrvados da legislação do traba.lho; (b) credores com direitos reais de ga-
de
pequeno porte (Lei n. 11.101/2OOS
- alt. 41). A iurisprudência vem admitindo a criação rantia e privilégios especiais; (c) credores quirografários e com privilégio geral; (d) 1 (um)
de subclasses, desde que "seja estabelecido um critéiio objetivo, justiÍ.icado indicado pela de credores representantes de microempresas e em-
no plano de representante classe
recuPeração iudicial, abrangendo credores com interesses homogêneos,
ficando vedada presas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes (Lei n. 11.101/2005 - art.26). Esta di-
a estipulação de descontos que impliquem verdadeira anulação
de direitos de eventuais visâo é diíerente da divisão feita para a votaçáo do plano de recuperação judicial, o que
credores isolados ou minoritáriôs?o.
acreditamos ser uma falha da legislação.
Na clâsse I, estáo abrangidos não apenas os créditos decorrentes das relaçôes Em razão da falha apontada, Manoel fustino Bezerra Filho afirma que nas delibera-
de .
emprego, mas de toda e qualquer relação de trabalho (autônomo§, trabalhadores
even- Ções de constituição e eleiÇão do comitê deverão ser levadas em contas as mesmás clas-
tuais, avulsos ou temporários))r, que votarâo com a integralidade do seu
crédito. Na ses do art. 41, sob pena de privar da representação os credores de acidente de trabalho e
classe Il, encontram-se os credores garantidos por penhor ou hipoteca, que yotârão
os credores subordinadosD. Outros autores, a nosso ver com razão, mantêm a divisão
nesta classe até o valor do bem dado em garantia. Na classe lII,
aiém dos iredores já das classes23, especialmente por força do art,44 da Lei n. 11,101/2005, que diz que, na
indicados também entram os credores com garantia real na parte em que excede votação para o comitê, somente cada classe poderá votar
ao
valor do bem dado em garantia. Na classe Iü eocontiam-sá todos os credores que
De qualquer forma, a votâção será feita separadamente em cada classe, levando em
estejam enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte,
independen_ conta apenas o valor do crédito e não o número de credores. Será dispensada a realização
tem€nte da origem do crédito.
íormal da assembleia, nos casos de nomeação ou substituição dos membros, se houvcr
requerimento subscrito por credores que representem a maioria dos créditos de uma
classe indicando o nome do representaflte (Lei n. 11.101/2005 - art.26, § 2e).
18. COELHO, Fábio Ulíoa. C\rso de dircito êonerciat. B. ed. Sâo pslllo: Saraiva, 2008, v. 3,
F,. 397.
19. SÂDDI, ,âiro, Àssembleia dê credores: um âno de experiência dâ novâ rei dê fârênciâs.
umâ âvaiisçâo.
Retístd de Direito Bancário e Mercddo de Capitarr, âno t O;n. 96, abí/jun .2OO7, p.221. 22. BEZERRA FILHO, Manoel Justino. ,ê/ de rccuperuçao de énprcsds e falêficias cameiladd.. 4. ed, Sào
20. sT, Tribunâis,2007, p. 128.
Pâulor RevGtâ dos
- REsp 1634844/59 ReI Ministro RIcÀRDo vlLLAS BôÀs cuEvA, TERCÊIRA TURMA, iut8a-
do eín l2-3-2O19, Dle t5-3-2}t9_ 23. FRANÇÀ, Erasmo Valladáo À. ê N. ln: sOUzA ,ÚNIoR, Frencisco Sátiro de; PITOMBO, Ànrônio
21. Séryio de A. d€ Moraes (Coord,). Comentátios à lei de rccupe4çáo de efiprcsas e Íalêncií. sàô P llot Revis'
Nesse senrido: SADDI, Jâiro. r{ssemblerá de credores: um ano
l
UínA ayallâçào. Revista de Dbeito Bdncáriô e Mercado de
de experiência da novâ lci de falências. tâ dos Tribunajs, 2005, p. 212, C.{MPINHO Séríio. Falêrlcia e rccuperítçilo dê emprcsL: o
o\o rcgime d,e
Capitais, erro lO, n:e, abrlun. zOOZ, p. ZfA. insolvênciã empresarial. Rio de,âíeiro: RenoveÍ 2006, p.91-92.
I
I
ll 186 i cuBso DE orRErro EMPRESaRTAL IVIANTFESIAÇÁo E REPBESENTAÇAo Dos CBEDoRES i 187
2.5.4 Discussões e alteraçóes no quadro de credores a efetiyidade e a celeridade dos processos, náo impedindo o questionamento da existên-
iia, va.lor ou classificaçáo dos créditos3o, Erasmo Valladão França também afirma não
Qualquer que seja a instância deliberativa, serão levados em conta os valores cons- haver qualquer problema no dispositivo, reiterando a possibiJidade de decisão sobre o
tantes do quâdro geral de credores ou, na sua falta, na relação elaborada pelo adminis- crédito31. O valor
que se tutela aqui é a garantia do curso contínuo e célere dos processos
trador judicial, ou, na falta desta, na lista apresentada pelo devedor. Mesmo em caso de recuperação judicial3'?
de íalência e
impugnação, o ciedor impugnado terá o direito de voto proporcional ao valor então A nosso ver, a razâo está com estes ultimos, pois não se veda o acesso ao Poder |u-
constante do processc.r. Eventuaimente poderá ser concedida uma tutela antecipada no
diciário, mas apenas impõem-se limites às decisóes liminares, para não postergar dema-
processo de impugnação, para que o crédito náo seja considerado ou seja considerado de
siâdamente as deliberaçôes da assembleia. Nada impede que sejam impostos limites à
outta fotma2a. liminares ou tutelas antecipadas33, desde que não se afete o núcleo essencial
concessão de
Por questôes de segurança juridica, qualquer alteraçâo posterior nos créditos (ex- do acesso à )ustiça.
clusão, redução do valor..) náo afeta a deliberação tomada, não ensejando sua invalidaçâo
(Lei n. 11.101/2005 - art. 39, § 2r). Ronaido A1ves de Andrade chega a considerar tal
regra inaplicávelE. Frederico Simionato chega a afirmar que a "Lei,n. 11.101, neste passo, 2.6 lnvalidades
é, com certeza, uma Lei medÍocre e sem precedentes%. Manoel Justino Bezerra Filho,
emborâ â critique, afirma a plena aplicabilidade de tal regra'z7. Embora seja criticável, Embora não seja possível invalidar a assembleia pela eústência de decisóes poste-
acreditamos que tal regra é aplicável, por não incorrer em qualquer afronta ao texto da riores acerca da existência, valor ou classificação de crédito, é possível que ela seja inva-
Constituição Federal. A alteração no quadro de credores poderá enseiar no máximo a lidada por outros motivos3a. Nestes casos, a invalidação da deliberação da assembleia não
responsabilizaçâo pelos danos causados. prejudica!á os direitos de terceiros de boa-fé, como, por exemplo, os adquirentes de bens
Outrossim, não poderá ser deíerido provimento liminar de caráter cautelar ou an- alienados em razão da delii;eração. Os eventuais prejuÍzos dâ deliberação anulacla serão
tecipatório dos cfeitos da tutela, para a suspensão ou adiamento da assembleia-geral de de responsabilidade.dos credores que a aprovarelu, agindo com dolo ou culpa (Lei n.
credores em razão de pendência de discussão acerca da existência, da quantificaçáo ou 11.101/2005 -
art. 39, § 3,').
da classificação de créditos (Lel n. 11.101/2005 - art.40), Outros motivos podem even-
Caso existam vÍcios na assembleia, como a irregularidade da convocação ou da ins-
tualmente âutorizar a suspensão ou o adiamento da assembleia28.
tâlaçáo, a invalidade atÍngirá todas as deliberaçóes tomada§. Neste caso, Erasmo Vâlladão
Jairo Saddi, Frederico Simionato, Manoel Justino Bezerro Filho, Ronaldo Alves de FranÇa entende tratar-se de hipótese de anulabilidade, pela apücaçáo analógica do art. 286
Andrade e Maria Odete Duque Bertâsi considenm inconstitucional o disposto no art.
40, por violação ao art. 5e, XXXV da Constituição Federal, que assegura o acesso à jus-
tiça'?e, De outro lado, Gladston Mamede afirma que tal regra é necessária para asseguraÍ
ANDRÀDE, Ronaldo Alves de. In: DE LUCCÀ, Newton; SIMÁo FILHO, Adalberto (CooÁ.). comefltátíos
à nova lei de rccuperaçâ.o de empresas e deJalências. Sáo Paulo: Quartiex Latin, 2005, p. 192, SÂDDI, ,âiro.
Suspensào einvâlidação da assembleiâ de credores na novalei de íalências.In: CÁSTRO, Rodrigo R. Montei-
24. MÀMEDE, Gladstor,. Direito empresarial brasileirot falência e recuperâçáo de €mpresas. Sáo Paulo: ro de; ÀRAGÁo, L€andro santos (Coord.). Dir"eita societário e a nova lei d,e Íalé êids e íecuperaçáo d.e em-
Adas, 2006, v. 4. p. 134. ,r"ras. São Paulo: Quartier Lâdn, 2006, p. 39.
25, ANDRÁDE, Ronâldo Alves de. ln: DE LUCCA, Newtonj slMÁo EILHO, Àdalberro (coord.). Camer- 30. MAMEDE, Glâdsto . Direito emprcsarial bra.sileilot íalér,.ie e rccuperação de empresas. Sáo Paulo:
tátios à nova lei de rêcut)e4çã.o de empresas e deÍalências. Sâo Pa.U]ot Q|]ertier Lâlin, 2005, p. 190. Adãs, 2006, v. 4, p. 135. No mesmo sentido: PACHECO, losé da Silvã. zrocesso de recÍ,eeruçào iudkial, ea'
tmjudicial efalê cid,.2. ed. Rio de laneiro: Forense, 2007, p. 100.
26. SIMIONÀTO Frederíco A.. Montg Tratado d.e d.ireitoíalithentat. Rio de ,aneiror Forense, 2008, p. 104,
31. FRANÇA, Erasmo Valladáo A. e N. In: SOUZÀ ÍÚNIOR, Francisco Sátiro de, PITOMBO, Àntónio
27, BEZÉRRÀ rILHO, Manoel Justino.Iál d, recuperação de elhpresd.s eJa.lências cornentada.4. ed. Sâo sérgÍo de À. de Morses (Coord.). Conentá.tios à lei de rccuperaçàa de empresas e Jdtênda. Sâo Paulat Relis-
Paulor R€vista dos Tribunaj.s, 2oo7, p. 126-127. ta dos TrLbunais, 2005, p. 211.
28. CAMPOS BÀTALHA, wilson d€ Souzâ; RODRIGLES NETTq Nelson;RoDRIGUES NITTO, sflüÀ 32. CÀMPINHO, Sérgio. Falêh.ia e recupera.çao d.e emp/esa: o no\/o regime de insolvênciâ empresârial.
Mariâ Labâte Baialha. Comentárias à Lei de recuperaç,ro juílicial d,e emptesas eÍalência, 4, ed.5âo Paúlot l:Ít' Rio dê Janeiror Renova!, 2006, p. 79.
2007, p,88.
33, STF - ÀDC 4 MC, Relator(â): Mln. SYDNEY SANCHES, Tribunal Plêno, Julgâdo em 11-2-1998, D,r
29. BEZERRÁ EILHO, Manoel Justino. Zei le rccuperação de empresas e Íaléficias conlentddí. 4. ed.. Sào
21-5-1999, p.2, EMENT., v. 1951-01, p. 1.
Paulor Revista dos Tribunais,2A07, p.126"127iBERTASI, Maria Odere Duque. Àdministrâdor judicial, comi-
tê e assembleia dê credores na Lei dê Recuperaçáo de Empresâs e Fâlência. In: MÀCHÂDO, Rubens Appro- 34. FRANÇA, Erâsmo Valladâo A. e N. In: SOUZA JÚNIOR, Francjsco Sátiro de, PITOMBO, Àntônio
balo (Coord,), Comentátios à fiaw lei deÍalêficid e recuperdçào de etfipresas. Sâo Pâulo: Quartier Latin, 2005, Sérgio de A. de Moraes ( Coord.). Comentbios à lei de recuperaçáa de emptesas
Jalência. Seo P^iot Revls'
e
p. 149, SIMIONATO, Frederico À. Moni€. L'afa da de díreitoÍalimentctr. Rio dc lâneiror Forensê,2003, P. 105i ta dos Tribunâis,2005, p. 190-194.
188 CUBSO DE DIBEÍÍO EMPBÊSABIAL Mm resraçÀo t BEpÊESElrtAçÁo Dos cREDoREs i 189
e gamntir a tran§pa-
daLeín.6.4O4/7635, Assim sendo, a deliberação tomada em uma assembleia irregl
armen itê é "fiscalizar os atos realizados pelo administrador iudicial
te convocada ou instalada poderá ser convalidada pelo decurso de prazo e eÍiciênc ia à administraçáo a ser empreendida
na lecuperação ou na falência"3e
de
contados da iuntada da ata da deliberaçâo ao processo. Dentro desse prazo,
os cre
que náo participaram da deliberação têm legitimidade ativa para propor
a ação de an ConPosição
ção em face da massa falida ou dos próprios credores no caso de lecuperação
de repre§entaçáo
Neste último caso, o devedor deverá integrar o feito como litisconsorte Como o PróPr io nome demonstra, o comitê é um órgão colegiado
necess condiçáo, ele deve ser compo§to por membros que rePresentem os
credores. Nesta
No caso de vÍcio no voto (erro, dolo, fraude,,.) a deliberação só será invalidada brangidos pelos processos de recuperação judicial e faléncia Para
se verso§ credores a
volo eivado devÍcios foi determinante para a sua aproyação. Nestes casos, represen tatividade da maior parte dos cledoles, a Lei Prevê a §eguinte com-
os vícios gurar a
ser de nulidade ou de anulabilidade, seguindo-se o regime geral
do Código Civil ineren- posição Pâra o comitê (Lei n. 1t.101/2005 - art.26):
te ao vício invocado
Por fim, caso os ücios ocorram com a dtllberação (infração à lei),
. 1 lepresentante dos credores tlabâlhistas, corn dois suPlentes;
a irivâlidade atin_
girá apenas a deliberaçâo ücia da e nâo outras que tenhanr . 1 representante dos credores com direitos reais de garantia ou Plivilégios espe-
sidq tomad"r rru asj
sembleia. Neste caso, também estamos diante de ânulabilidade36,
sujeita ao prazo deca-
^"a-" , ciais e dois suPlentes;
dencial de dois anos da jun tada âos autos da ata da assembleia (CC . 1 representânte indicâdo pelos credore§ com Priülégio geral e pelos quiroglaíá-
art. 179)- rios com dois suPlentes;
1 representante indicado pela classe de credores rePre§entantes de microempre-
3 Comitê de credores sas e empresas de pequeno Porte, com 2 (dois) §uplentes'
A assembleia A forma como a Lei realiza es§a divisão é objeto de acertadas c!íticas, Pois cria uma
ólgão próprio para manifestação dos credores. Todayia, a realizaçâo
éo
.de uma divi6ão diferente dôs credores em relação àquela preYista Para a assembleia de credores
assembleia para o acompanhamento diáxio dos proce§sos é muito gravosâ
e vai (Lei n. 11.101/2005 - art. 41). Outrossim, o texto da Lei exclui a rePresentaçào de cíedo-
de encontro aos princÍpios da celeridade e da economia processual.
Em função disso, res por acidente de trabalho e credores subordinados.
surge a possibilidade de se constituir um comitê de credores,
isto é, um órgâo intetme_ Êm razão dos problemas apontados, Parte da doutrinae afirma que não deve §er
diário de representaçâo constante dos interesses dos credores nos processÀ
de falêncla aplicado o art.26 da Lei n. 11.101/2005 na sua literalidade, isto é, as classes a serem
lii e recuperação iudicial. rãpresentadas no comitê serão as mesmas cla§ses Previstas pelo alt 41 da Lei n'
Com o comitê, a massa de credores terá seus interesses acompanhados
mais de per- 1L.tot/2005 para a assembleia geral (l - credores trabalhistas e de acidente de trabalho;
to por suieitos indicados para representar esses interesses. Tal
comité terá uma função
ü - credorei com garantia real; III - credores com privilégio especial, com privilégio
eminentemente consultiva3T, manifestando os interesses dos credores geral, quirografários e subordinados; e IV - credores representantes de microempresas
em diversos atos que a náo
dos processos, mas ele terá também uma funçâo de coritrore3s, e empresas de pequeno porte). Dentro dessa linha, o princiPal argumento é
funcionando como um aplicação do ari,41 privaria da representação o§ credores de acidente de trabalho e os
órgão supervisor e fiscalizador da atuação deste e do próprio
devedor. Há uma grande credores subordinados,
semelhança com o Conselho deÀdministração das sociedades
anônimas, tânto nas funções
quanto na atuação efetiva do comitê, Luiz Antonio
Guerra afirma que a finalidade maior
bleia-geral de credores para a constituiçáo de Comitê Todavia, a nosso ver tal conclusão acabaria signficando a possibilidade de um co-
de Credores, podendo ainda autori_
zaÍ a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento mitê de um único membro, o que náo faz sentido. Assim, a deliberação para a constitui-
na recuperação iudicia.l
quando da decretação dâ falência (Lei n. 11.101/2005 _
art. 99, XII). Da mesma forma, o çâo do comitê de credores deverá ser tomada em pelo menos duas43 das classes do art.
administrudor iudicial poderá no máximo requerer a convocação 26, sob pena de se inviabilizar o funcionamento desse órgão. Outrossim, permitir que o
de uma assembleia para
deliberar sobre a constituição do comitê (Lei n. 11.101/2005_ comitê funcione por deliberação de apenas uma das classes é impor a vontade dessa
arts. 22,1, g, e 25, II, b).
41. FRÀNÇA, Erasmo Vallâdão A. e N. Inr SOUZA 45. FRANÇA, Erasmo va[adâo A. e N. In: SoUzA IúNIOR, Fíancisco 5áüro dej PITOMBO, Antônlo
sêrsio de A. de \4oras r Coodt. Comcakirias à tei
iúNtOR, Francisco Sátixo de; PITOMBO, Ànrônio Sérgio de A. de Moraes (Cootd.). Conlentdíios à lei de rccuperaçâo de etlprcsas e Ía[êncid. S^o Peulot Re.vis-
de rccuperaiao de enp"*),'"-àrcia. sao p^"t",Ru"L.
ta do, r ribunais, zoos. D. 2r2j cAM pn-Ho, sér,tt"
tuu;;" ; ;;";;;,"io")"'!Ç;i,,
no," *si^" a"
te dos Tribunais, 2005, p. 212j CÀMPINHO, Sét,io. Falêt1cid e lecuperaçiío de empresai o novo ftEiíne de
insolvência emprcsaial. Rio de
/aneiro: Renovar, 2006, p. 9r-92j NEGRÁo, Ricardo. Mahudr de aireito co_ " ihsohência empresarial. Rio de Jeneiro: Renovã! 2006, p. 91-92; MGRÃO, Ricardo, Maúudl de d.ireita êa-
mercial edeempresa.2. ed. Sâo pâulo: Sarâiva,2007, j, p. tllercial e d.e emprcsa.2, ed. Sáo Pâulo: Sâraiva, 2007, v. 3, p. 100. Em sentido cont!fuio: BEZERRA FILHO,
v too; BÀpTlSfa, erto ê..to, S.Ir,, Oe lUCCe,
Newton;stMÁo i no*
FrLHo, Âdalberto ícôôr.l )
_c,o ^"nra,ià
aar. sáo Pauto: euarrier Lãu1, 200s, p. .166. MILá
ii)"-i)ip-ffi.')" r*p,"ro,"a"pur_ NlAfloellusano, Lei de rccuperuçào de empresas eÍalénciat cotflektada,4. ed. Sâo Pat o: Rêvistâ dos Tribunâis,
NI, Mario sérgio. ael de
extruiudicial e íaténcia comenta.ta. S;o pa\tto: Malherro§
*2up")àii)-iraxirt, urrp*oça" 2407 , p.128.
20r r , ;. I 53.
46. SZTÁJN, Rachel, FRANCO, Vera Helena de Mel\o. Fdlêficia e rccupéraç,ào da efiprcsa em críse. Sào
42, NEGRÃO, Ricardo. Mahual de dírcita corl,lercial e de empresa.2.
ed. Sâo pâulo: Sarâiya,2007, vg, Pâulor Câmpus, 2008, p. 70.
p 98, IURIFICÀÇÁO, Cartos Alberto da. Rec,rp eração de empiesa e
fatenii" ii*"iiiao. sao pâutor Atlas, 47, COELHO, Fábio Ulhol.. Co»1ektários à tlot'a lei de e recuperução de emprcsas. Si'o Paulol
Íalências
43, §aráiva, 2005, p. 73.
BLUM, Bliân B. Ba hktaptc! and debtor/crcdllo/. 4. ed. New york:Aspen, 2006, p.
44 COELHO, Fábio Ulh.oa. Calflentá as à úova lei
11S. 48 NEGRÂO, Ricârdo. Manual de direito comercial e de enpresa.2. ed. Sáo Pâulo: Saraiva, 2007, v. 3,
deÍaléncias e reêuperaçào d,e enpresas. Sào palllot Sà- p 98; PURIFICÀÇÃO Cârlos Àlberto da. €c,peraç,ão de emprcsd. e Íalência comentdd.a Seo Panlot Atlas,
raiva, 2005, p, 73.
2011, p.82.
tt
1s2 i CI,]RSO DE DIFÉIÍO EMPBESAFIAL
MANIFFSTAÇÁO E FEPBESEN'IAÇÃO DOS CBEDORFS : 193
Para que o comitê exerç a suas competências, é essencial que ocorra lnvestidura e funcionanento do comitê
a ele
seus membros, o que, a p rincÍpio, acontecerá na própria assembleia que
deliberar a co
tituiçâo. Cada uma das classes, p revistas no art. 26, elegerá um membro titular Apesar de serem eleitos e escolhidos pelos credores da respectiva classe (art.44 da
ed n. 11.101/2005), é certo que a nomeação dos membros do comitê é um ato do iuiz, a
suplentes, sendo aconselhável inclusive a indicação de uma ordem entre
os su
m compete verificar a ausência dos impedimentos legais. Uma yez nomeados pelo
Par a nào haver dúvidas. De qualquer modo, a votaçâo será feita se paradâmente em
cla sse, levando em conta apenas o valor do cledito e nâo o nú mero os membros do comitê serão intimados pessoalmente para, em quarenta e oito
de credores. S
disp ensada a realizaçâo formal da assembleia parâ a nomeá assinar o termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar suas funçôes
ção ou substituição dos assumir todas as responsabilidades a ele inerentes
bro s, se houver requerimento subscrito por credores que representem a maioria
créditos de uma classe indicando o nome do representante (Lei n. 11.101/2005 A lei não prevê especficamente as consequências para a não assinatura pelos mem-
§ 2e). Em nenhuma hipótese será obstado o funcionamento do comitê pela inércia
- art. sdo comitê de credores do termo de compromisso no prazo de quarenta e oito horas,
alguma das classes do-se apenas à nomeaçáo de substituto para o administrador judicial. Nesse caso,
mos que a falta de assinatura do termo de compromisso no prazo deve ser en-
Seja na assembleia, seia em requerimento, os credores, a pr incípio, possuem
boa margem de liberdade na escolha dos seus representantes. Eles ida como recusa do encârgo, competindo ao juiz aplicar, por analogia, o art. 31, s 1i
I não precisam s Lei n. 11.101/2005, e chamar o suplente para recompor o órgão5r.
cred ores ou possuir qualquer conhecimento técnico especifico, embora a
ca
ré cnica seja recomendável. Embora não recomendável. não vemos Ocorrendo a investidura dos membros, reitere-se que nâo há necessidade de inves-
sequeÍ
de uma mesma pessoâ representar mais de uma classe de credo resae. A única a de todos eles, o comitê poderá começar a exercer suas funções, cabendo aos
imposiç
legal é que o membro nâo incorra nos impedimentos do art. 30 dâ
Lei r. 11.101/2005. róprios membros do Comitê a indicação do seu presidente (Lei n. 11.101/2005 - art.
A princípio, o comitê de credores tem poderes de iniciativa, de fiscalizaçáo No exercício dessas funções, o comitê atua como órgão colegiado, ou seja, toma
26, § 3e).
ec
sultivoss0. Diante dessas atribuiçóe§, é fun damental que os membros decisões por maioria. Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberaçáo
do comitê de
dores também seiam pessoas idôneas p ara exelcer tal mister, sob pena de se Comitê, o impasse será resolvido pelo admlnistrador judicial ou, na incompatibili-
torn
inútil e totalmente ineficaz a sua âtuação Diante disso, a Lei optou por impor os mesmo§ e deste, pelo iuiz. Em todo caso, as decisóes serão consignadas em livro de atas,
impedimentos colocados para o adminishador judicial. Assim, nâo podem ser parentes rubricado pelo juízo, que ficará à disposiÇão do âdministrador iudicial, dos credores e
até o 39 grau, amigos, inimigos ou dependentes do falido dos administradores, do devedor
controla
dores ou representantes legais da sociedade falida, nem podem ser pessoas que A princ(pio, o comitê funcionará na sua composiçâo completa com quatro membros
param ocu
cargo de administrador judici al ou membro de comitê de credores
nos últimos 5 anos Todavia, é oportuno esclarecer que nem sempre haverá a representação de todas as classes
que foram destituidas, deixaram de prestâr contas ou tiveram
as contas desap royadas, comitê. A própria Lei admite expressamente o funcionâmento do comitê de credores
pelos motivos já expostos.
m número inferior ao total previsto (Lei n. 11.101/2005 - art. 26, s 1e). A ideia aqui é
A principio, poderia ser considerada exagerada essa hão impedir o funcionameÍrto desse órgão, em razão da inércia de uma das classes.
Preocupâçâo, na medida em que
os membros do comitê são escolhidos pelos credores, que são os maiores
interes§ Em razão desse dispositivo, a maioria da doutrina admite a constitujção do comité
no bom andamento dos procedimentos concursais, Todayia, pela competência que
lhe é mesmo com apenas um membroS2. Acreditamos, porém, que esse número inferior ao
atribuÍda, é importante garantir também a idoneidade e a imparcialidade
de seus mem-
§1. TOLXDO, Paulo Ê C. Sâlles de, In: TOLEDO, Pauto F. C. Sâttes de, ABRÀO, Cârlos Henrique (Coord.)
49 Em sentido coDrrário: szrÀJN, Râchel; FRANCo, vera Helena e Mello. Eakncia e recu4eracào daün
Cohehtárrcs à lei de recupeM.çdo de ehpresas eÍald,í.;a. Sào p.rulo. Saraiw. 2005, p. 83
empresa efi crise. Seo pâulo: Campus,2008, p.70.
d
' 52. BEZERITA FILHO, I/lanoel lust\no. Noya leí de recupeaç,ào e
Íalêhcias conentada.3. ed. Sào Paulo
ü
s0. RICCL Edoardo F Leziatu sul Íattimento. 2. ed. M ano: ciufirê, 1997, p. J34-33sr GUGLTELMUCCI ]$ Revista dos Tribunais, 200 5, p, 102j CÁMPINHO, Sér9io. Falência e tecuperaçáo de empresat o noyo rcgnI.e
de insolvênciã emprêsâriàl , Rio de
Lino. Lezio4i di dÍittaÍatlimcntare.3. ed. Torino: Ciapprct-elli. )aneiro: Renovar 2006, p. 92, TZIRULNIK,Luiz- Direita Íalimentar 7 - ed
t.
2004, p. 9 l São laulo: Rcvisra dos Trib unâis,2005,p.90;CAMPOSBATALH,{,\íiLsond€Souzâi RODRIGUESNETTO,
194 i cunso oE DIBErÍo EMpBESABIaL
N/IANIFESTAÇÁo E BEPRESENTAçÁo DoS CREDoFES : 1S5
prcvisto seja de dois membros no mínimos3, pois não haveria sentido num comitê
l ,Há ainda a comPetênciâ para agir nos processos de falência e recuperaçâo. Especi-
um único membro, em especiai porque a Lei fala que as decisôes do comitê serào
te, compete ao comitê apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos
das por maioria. Ademais, com um único membro o comitê perderia sua função de ó
os. Outrossim, o comitô poderá apresentar impugnações à relação de credores
de !epresentação da massa de credores e não de uma única classe.
orada Pelo administrador .judicial, se entender que há algum problema quanto à
ao valor ou à classificaçâo de crédito constante dessa relâção. Dentro da mes-
a ideia, permite-se ao comitê pedir a exclusáo, outra classificação ou a retificação de
3.5 Competência
uer trédito, nos casos de descoberta de íalsidade, dolo, simulação, fraude, erro es-
ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito oLl da inclu-
De modo similar aos conselhos de administraçâo, o comitê de credores é facultativo;
âo no quadro geral de credores
mas, uma vez deliberada sua instalaçâo, ele desempenha papel fundamental no curso dos
processos de falência e recuperação judicial. Sua instauração, além de representar um O comitê de credores possui também uma competência genérlca para a defesa dos
Íorma mais eficiente de representação dos credores no processo, tenta dar maior agili- esses dos credores e do bom andamento do processo. Dentro dessa ideia, caberá
dade e segurança ao processo, tendo em vista os poderes de fiscalizaçâo, de consu.lta comitê de credores zelar pelo bom andamento do processo e peio cumprimento da
de inicialiva auibuidos a esre órgào. comunicar aoiuiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos
dores; e requerer a convocação da assembleia de credores. De nada adiantaria o
Tanto na falência quanto na recuperação, o comitê de credores tem uma com
cia consulúva, isto é, ele deve ser ouvido em diversos momentos do processo, como po1 poder fiscalizador se não houyesse a possibilidade de iniciativa contra atos ilÍcitos ou
exemplo, nas impugnações de créditos (Lei n. 11.101/2005 * art. 12). Haverá atos espe- inadequadoss6.
r
cíficos em cada um desses processo§, nos quais será necessária a oitiva do comitê, como , . Especificamente na recuperação judicial, o comitê, além das competências já citadas,
uma espécie de manifestação da yontade dos credores sobre o ato terá o poder de fiscalizar a administração das atividades do dcvedor, apresentando, a cada
I
l A1ém da funçâo consultiva, o comitê desempenhará também urrra função fiscaliza- (trinta) dias, relatório de sua situação. Dentro da mesma ideia, o comitê também tem
'competência para
dora nos processos de falência e recuperaçâo iudicial. Como a atuaÇão do administrador fiscalizâr a execuçáo do plano de recuperaçâo judicial pelo devedor
judicial é a mais relevante para os credores em ambos os processos, é claro que eles têm No caso de afastamento do devedor, caberá ao comitê o poder de requerer ao juiz medi-
interesse em acompanhar tal atuação. Esse acompanhamento poderá ser feito pelo co- das de eíeito patrimonial, ern especial a âutorização para a alienação de bens do ativo
mitê de credores que irá fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador pcrfiranente, a constituição de ônus reais e outrâs garantias, bem como atos de endiv!
judicial, Reforça-se a relevâ{cia da atuaçáo dos credores nesses processos, permitindo-lhes damento necessários à continuaçâo da atividade empresarial durante o período que an-
inclusiye fiscalizar um órgão auxiliar do juÍzosa, Tal fiscalizaçáo será realizada ao longo tecede a aprovação do plano de recuperação judicial
de todo o processoss de falência ou recuperaçâo, culminando com a análise final das con- Na recuperaçáo judicial, há ainda a competéncia para requerer informações ao de-
tas do administrador. . vedor que tem o dever de prestá-las, sob pena de afastamento (Lein. 11.101/2005-art
&, V). Obviamente, as solicitaçôes do comitê devem ser fundamentadas e devem dizer
respeito ao exercício das suas funçôes no processo. Também na recu peraçáo, há a com-
petência consultiya sobre a alienação ou oneração de bens do ativo permanente do de,
Nelson; RODRIGUES NETTO SÍlviâ Maria Lâbate BatalhÀ. Cohentários à Lei de recape%çào judicial de
emprctas eÍaléncia. 4. ed. Sáo Paulo: LTr 2007, p. 75; COÊLHO, Fábio Ulhoa. Comentários à kora lei de Jà- vedor, com exceção daqueles previamente relaciooados no plano de recuperação judicial
lências e rccuperuçào de êmp,.esas. São Pâulor SarÀiva, 2005, p. 74; ALMEIDÀ, Âmador Paes de, CrBo d, (urt.66). Na recuperação especial para microempresas e empresas de pequeno porte, o
Ialênêia e rccuperuçào de eÍr1preso,s.2l. ed. SãoPeulo: Saraiva, 2005, p, 2O9i VERÇOSA, Hâroldo Malheiros comitê deverá ser ouvido nos pedidos do devedor para aumentar despesas ou contratar
Duclerc. In: SOUZÀ JÚNIOR, Francisco Sátiro dei PITOMBO, Aniônio Sérgio de Â. de Moraes (Coord.).
Comenürios à lei de recuperaçtto de efipresas e Ídlélrela. Sáo Paulor Revista dos Tribunâis, 2OOS, p. l8O.
empregados (art. 71, IV).
53. NEGRÃO, Ricârdo. Maüual de dbeito êonerciat e de enptesa.2. ed. Sâo Paulo: Saraivâ,2007, v.3, p.100: Embora não haja, no art.27 da Lei n. 11,101/2005, a previsão de competências es-
pIMENTÀ, Eduardo coúlart. Recuperdç,âo de emplesas. São Paulor tOB,
2006, p. 163i TOLEDO, Paulo F, C. Pecíficas ao comitê na fal ência, é certo que, ao longo da Lei, há a atribuição de poderes
Salles de.ln:ÀBRÁO CeÍlos Hênrique; TOLEDO Paulo F, C, Salles de (Coord,.J. Comentários à teide Íec -
'específicos. Assim, caberá ao comitê aprovar os honorários dos advogados contratados
peruçào de enprcsas e Ía#rÍcia, Sáo Páulor Saraiv a, 2OA5, p. 69.
pelo administrador judicial para representar a massa falida
54. TOLEDO, Pâulo F. C. Salles de. In: TOLEDO, Paulo F. C. Sâl1es de; ABRÂO, Cados Henrique (Coord). lart. ZZ,lll, n\. De modo s!
milnr , o comitê tem competência consultiva sobre os pedidos do administrador para
Comentárias à lêi de recuperuçào de empresas e Íalêh.ia. São Pauloj Sâraiva, 2005, p. 71.
55, MAMEDE, Glâdston. Direito ettlpresd,ial brasiletro: falência e Íecuperâçào de empresâs. 5áo Paulo:
Àtlâs, 2006, v 4, p. 144, 56. Idem, p. 14S
!i
i
t'
'196 MmrrrsmçÁà e neemsEiÍtaçÁo Dos cBÉDoFEs ! 197
I
o administÍldor
isto é, trata-se de responsabilidade civil subjetiva clássica.
Como o comitêde credores é um órgão colegiado, a atuação do
órgão gera a
uEnrFrcAçno or cRÉDrTos
sabilidade de todos os seus membros, solidariamente. Caso algum
membro tenha
tação divergente da orientação da màioria, deverá fazer consignar em
ata suâ
para se exonerar da responsabil idade. Não havendo a consignaçâo
da divergência
ele endossa a delibelaçâo e ser á responsabilizado pelos eventuaiE prejulzos
decô
desta. Trata-se de regra similar à existente pâra os administ radores
das sociedades
nimas, no art. 158, § 1!, da Lci n. 6.404176
Embora a solidariedade não possa ser presumida, é certo que a regra
da ldentiÍicaçáo dos crêdores nos processos de Íalência e
da responsabilidade apenas no caso de consignação de divergência recupeÍaçáo iudicial
em ata demonstra
todos os membros do comitê são resp onsáveis pelos preju(zos causados,
salvo se
narem sua diyergência 5e todos são responsáveis pelos danos causados, por rÀ possibilidade de realizaçâo da assembleia de credores e de instituiçào do comitê
força do
942 do Código Civü, há que se estabelecer a soLidariedade entle eles, credoÍes, tanto na falência como na recuperação judicial, demonstla a necessidade de
na medida em
todos sâo causadores do dano, dos credores do devedor falido ou em recuperação judicial. i!{ais que isso,
t, íalência, tal identificação é importante especialrnente para saber quem deverá receber
que ordem. Na recuperação judicial, a identificação é fundamental para identiÍicar
fará parte do acordo e, consequentemente, para saber quem poderá se manifestar
o plano de recuperação judicial.
Apesar das distinçôes entre os processos de falência e recuperaçl,r jrrrlicial, o pro-
de idenliftcação dos créditos é comum a ambos, pois os dois processõs têm o
t concursal, isto é, os dois processos abrangem a universalidade dos credôres. As
ais diferenças existirão apenãs no começo do procedimento de verificação de
, pois em muitos casos não é o devedor que iniciará o processo de falência, ao
nfuário do que ocorre na recuperação iudicial
O procedimento estabelecido pela Lei n. 11.101/2005 tenta primar pela ceferidade
economia processual, estabelecendo-se boa parte do procedimento conduzido pelo
.iudicial, Â atuação iudicial contenciosa no procedimento é eventual, isto
na medida do possível o juiz apenas homologará as relações de credores do devedor
do administrador judicial. Em síntese, pode-se afirmar que o procedimento de verifi-
de créditos é composto de uma fase administrativa obrigatória e de uma fase
osa eventual, íormada por açôes incidentaisr. Na Argentina, o plocedimento por
ro é contencioso, representando um verdadeiro processo de conhecimento2.
Fase administrativa
Na falência e na recuperação judicial, o procedimento de verificação de créditos
i necessariamente uma fase administrâtiva, a qual, coino o próprio nome denota, é
conduzida pelo administmdor iudicial, que poderá contar com o auxllio de de credores
especializados. Ele, a princípio, tem condições para agiI de forma mais ágil que o de créditosterá inÍcio com a publicação
visto, a fase admin istÍaüva da verificação
endereço, imPortân-
pois este não se dedica a apenas um processo. A ideia aqui é agilizar o proc de credores, que é
uma relação nominal dos credo res, indicando
li§ta deverá ser elaborada e aPre§en-
impondo apenas eventualmente intervenção do juiz nas açóes incidentais que po
a e classi.ficação dos respectivos créditos. Tal
quanto no processo de recuPeração
tura surgirem. Ademais, se os envolvidos no processo não quiserem criar qualquer pÍóprio devedor tanto no Processo de falência, cre-
Ninguém melhor do que o
próprio deYedor Para aPresentar a relaçào dos seus
não há necessidade de manifestação decisória do juiz. náo pode ser considerada
, À lista de credores
é um documento unilaterâl e, Por isso,
administratiya é "o conjunto de atos não iudiciais destinados à ap
Essa fase ponto de partida identúcação dos credores'
va, conÍigurando aPenas o Para
lista deverá ser aP resentada juntamente
pelo administrador judicial, do passivo do devedor"s. EIa terá inÍcio com a publicaçãq com a Petição
Na recuPeração i udicial, tal (Lei n. 11.101/20Os
à da ação
lista de credores fornecida pelo próprio devedor, tanto na recuperação judicial qu sendo um dos documento§ essenciais Propositura
rilr o processamento da re-
na falência. Tal publicação ocorrerá iuntámente com a decisão que defere o proce 51, lll). Sem a a presentação da lista, o iuiz não Yai defe
mento da rccuperaçáo judicia.l ou com a decisão que decreta a falência, admi peraçáo iudicial
essencial à
devedor, tal documento também e
excepcionalmente que ela seja publicada posteriorment,,. Na falência requerida Pelo PróP rio por
. Todavia, na falência requerida
da açâo (Lei n. 11.101/2005 - art. 105, Il)
Com essa publicação, os credores ausentes da lista terão o prazo dc quinze dias possu i o dever de aPresentar essa lista
o devedor não é o autor da ação e não
apresentalem habilitaçôes de crédito (Lei n. 1I.i01/2005 - ârt. 79, § 1s), Os credoles q entada. De qualquer modo , será ônus do devedor tal aPre-
a eventual deíesa aPres
iência. Na hiPótese da falência
iá constarem da lista terâo o mesmo prazo para apresenta! eventuais diyergências sob pena de conÍiguração do crime de desobed na
conste dos autos, o j uiz deverá determinar
to ao valo! ou classificaçáo do seu crédito. Diante dâ lista apresentada pelo devedor, uerida p or terceiros, caso a lista não máximo de
que o falido a aPresente no Prazo
habilitaçôes, das divergências e dos documentos do devedor, o administrador judicial pria sente nça de decretaçâo da falência, ser
(Lei n 11 101/2005 - a!t' 99, ltl). Àcreditamos
5 dias , sob pena de desobediênciâ
elaborar uma relação de credores. Éssa relação de credores deve ser publicada em até que juiz eriia tal documento, mesmo antes da decretaçáo, a Íim de asse-
recomendá vel o
com a
dias contados do término do prazo para habilitação dos credores. Neste momento, caso de recusa da apresentação, mesmo
gurar maior celeridade ao Processo. No que tenha inÍcio o
deverá §er aP resentada Para
cerra-se a fase administrativa. configuraçáo da desobediência, tal li§ta admi-
que o
Para os créditos fiscais eúste um procedimento próprio no ârt. 7e-A ala Lei da verificação de créditos. Neste caso' acreditamos PróPrio
elaborá-la. Êm qualquer caso , a lista deverá ser Publicada Para
11.101/2005, nas falências. udicial deverá
efetivâmente, 5e inicie,
que a fase administrativa da verificação de créditos'
ocorrer Íra imPÍensa oficial (Lei n
Na recuperação j udicial, tâl Publicaçáo deverá
PUBI,ICAÇÁO DA LISÍA OE CHEDORES que conterá, além da lista de credores, o resu-
11,101/2005 - 52, § lr) po r meio de edital
da recuperação iudicial, bem
mo do pedido e da decisã o que defere o Processamento
e de ev€ ntual oPosiçáo ao Plano de
como a advertência acerca dos prazos de habilitaçáo
Alexandre da Silva chegam a mencionar
HABILITAÇÔES/DIVIBGÊNCIAS recuperaçào. Renato Li§boa Altàmani e Ricardo
ã existência de dois editais, um com o
inteiro teor da decisão que defere o Proces§amen-
Prazo de 15 dias
to e outro aPenas com os it€ns ac tm a mencionadosa,
A nosso ver, contudo' há apenas um
havendo previsão de outro edital com
o
edital, aquele mencionado no art' 52, § le, náo
inteiro teor da decisão que defere o processamento
BELAÇÁO DE CNEDORES entende-se pela aPlicaçáo do art 191
Na falência, nào há regra especÍfica e' p or isso,
Prazo de 45 diasapós o prazo
da Lei n. 11.101/2005, que determina a Publicaç
ão no sire da internet, dedicado à recuPe-
das habilitaçóes a.lizadas pela notificaçáo direta Por meio
ração judiciat e à falência, e as intimaçÔes serão re
o
No caso de moeda estrangeira, os créditos deyerão ser convertidos indicaçáo das eventuais ga rantias existentes, como
Para a mbóm a necessidade de
nacional. Na falência, o câmbio a ser considerado é o do dia da decretação garantia e§teja na posse do credor, tal fato
da instru mento. Caso o obi eto dâ falência, o bem
Na recuperação iudicial, a variação cambial só será afastada na recuperação a a eventual tomada de medidas' Na
i deverá ser comunicado, Par
com o consentimento do credor. Àpesar disso, é recomendável a conversão o bem' a p rincÍpio, Permanécerá na
ârrec adado, Na recuPerâçào iudicial,
bio do dia do pedido de recuperaçáo. Ressalte-se que para fins exclusivos de dcv(rí
r, até que haja alguma definição
sobre o seu d estino com a aProvação do
dcvedo
em assembleia geral, o crédito em moeda estrangeira será convertido pâra recuPeração iudicial
m
r j irá examiná-la, podendo inclu-
cional pelo câmbio da vésp era da data de realização da assembleia (Lei n. 1l.lO ntada a habilitaçâo, o administrador udicial
- ârt. 38, parágrafo único). or ou seus administradore§ (Lei n
esclarecimentos dos credores, do deved
caso, a Prestação das informaçôes ao administrador
Além disso, exige-se a indicação da própria origem da obrigação, mesmo 12tfr5 - üt,22,L, ô.Emtodo
que fala em com petência para exigir a Prestação de
trate de um título de crédito, excepcionando o princfpio da abstraÇâo apenas na
a deverrT imPosto Pel a legislação, o comParecl-
tação da habilitação, não afastando, porém, a proteção decorrente desse es. sendo restadas as infolmaçÕes, haverá intimâÇâo Para
Náo P
na Pres.üça do administrador, sob Pena de
ideia aqui é dar segurança à massa de credores, reduzúldo o número de fraudes,
ou em.iuízo e PlestaÇão de depoimento
judicial, tal recusa Pode
tenta-se dar mais transparência aos créditos. A indicação concreta da origem da do crime de deso bediência. No caso dâ recuPera ção
dos seus administradores (Lei n. 11.101/20O5 -
permitirá a melhor análise da sua realidade, afastando boa parte das eventuâis ificar o a fastamento do devedor ou
Compete ao credor apenas declinar essa origem na habilitação, náo sendo esse
udicial deverá analisar o Pedido de
comprovação de imediatorl m ou sent esclarecimentos, o administrador i
especi fica para cada habilitação, cabendo
Exige-§e também a aplesentação dos documenLos comprobatórios dâ existência litação Não há previsão de uma resposta
e divergôncias
créd ito, no original ou por cópias autenticadas se estiyerem administrado r judicial responder coniuntamente rodas as habilitaçóes
iuntados em outro crêdoresrs.
(Lei n. 11.101/2005 - art, 9i parágraÍo único). Tais provas poderão ser inclusive com a elaboraçãrr da relação de
extr
dos Iivros do devedor fornecidos pelo administrador judicial (Lei n. 11.101/2005
22, I, c). A ausência das provas documentais, a princípio, deverá gerar o inde
-
da habilitação, mas é sustentável que tais provas documentais seiâm
iurtadas logo
3 Divergências
o pedido, desde que haja um iusto motiyo para essa apresentação posterior. Apesar náo se limitarâo às Pessoas nâo cons-
As discussôes em relação à lista aPresentada
legislaçã o processual assegula! expressamente o mesmo valor probatório às coPlas da lista poderão discordar do valor ou da
tântes da lista. Mesmo aqueles que constam
tenticadas, salvo quando for impugnada a existência do documento, nâo vem o5a serâo dirigidas ao adminis-
J"'r-rin.úo ao ""u crédiio MaÀ uma vez' as divergências
bilidade da dispensa geral do originalis pelo teor literal da legislação. Assim, a creditam requerimento administra-
que sempre será necessário o original, salvo se ele estiver em outro processo
i.á", irãiJ"l "u" .onfigurando uma ação' mas um simples dispensa-se a
iiro. Pul", .azõei expostas' acreditamos que' por sua natureza'
-"rrr,", 1á
Ademais, a informalidade pode permitir que o administrador representação Por advogado.
.iudicial reco
a existência do crédito por outros meios. A própria Ie gislação prevê que a habili
indique as eventuais provas a serem produzidas, as quais se limitarão ao exame da Sarâiva' 2007' v' 3'
Ma,l]al de dbeito comercidl e de efipt.sd 2' ed' Sâo Patrlor
16. NEGRÃO, RicâÍdo.
Àdâlbêrto lcootd'\' co'n'ntários
Paulo Mârcondes ,õíi,úãco, ;u"r.", tlMÀô
p.59i BRINCAS,
F[Ho,
12, à fiovd I ei de recu?eraçào dc enP 'ir"tn
lríí" iilerri.t. sa. Paulor Quârti€r Lâtin' 2oo5' P I39' Em sentido
27
RE§p 72.706/5B Rel.
-11-2000, p, 764.
Mtni§tIo BARROS MONTEIRO, eUARTÁ TURMÂ, jutgado em s_10-2ooo, ,/ contrário: MAMEDE, Gladston. D iiiíàn iot bratileiro: falênciâ ê recuPerâçáo de emPlesas seo
Pau-
peraçâo judicial. Em ambos os casos, a intençâo do Ministério Público é impugnar créditos de terceiros quanto ao valor existência ou dassiÊcação. Àém
lisura de todo o procedimento, a Íim de proteger o interesse público maior no podem p€dk sua indusão no quadro de credores ou ainda questionar o valor ou
l
solucionar a situação da crise. Neste ponto, vale ressaltar que a legitimidade para o do seu próprio crédito, casos em que não haverá um credor impugnado. Nes-
no caso é expressa, não havendo qualquer discussão sobre sua interyenção. chamaremos essa de impugnâçâo a favor do crédito, trâ tando-a em tópicg à palte
Quando for instituído o Comitê de Credores, ele, como órqão colegiado que é, Todos os legitimados podem apresentar as impugnações contra a relação elaboradâ
deíender os interesses da massa de credores e não interesses individuais. Assim, suâ administrador judicial, manifestando-se cont(a a legitimidade, o valor ou a cla§sil'i-
gitimidade também é ampla para questionar os créditos presentes da relação de créditos ali presentes. Em síntese, as impugnaçóes são açôes incidentai§ que
pelo administrador judicial, Mais üma vez busca-se resguardar a lisura do pro a mudar a relaçâo de credores pela exclusâo de um cródito constante da relaçáo
de verificação dos créditos. alteração do valor ou dassificação dos créditos ali presentes. Em ultima análise,
represenllm açôes que questionam as decisões tomadas Pelo admini§trador iudicial
os créditos. Mesmo os créditos amparados em decisão judicial podem ser ob.ieto
3.2.3 Devedor ou seus sócios mento, desde que nâo se viole a coisa julgada'?s, questionando-se sua classt-
I ão ou apontando os mesmos motivos que ensejariam a impugnação do cumprimen-
Também está lcgitimado para apresentar impugnaçóes o próprio devedoc pelo I sentença
interesse no proccsso. Tanto na falência, quanto na recuperaçâo judir:ial, o devedor I
interesse em rr presentar sua efetiva relaçâo de credores, pois ela atetará a aproyação t
plano ou os pagamentos a serem efetuados. Entretanto, ressalte-se que o interesse Competência
apenas para excluir, reduzir o valor ou âlterar a classificação de créditos, não ha t . Os diversos legitimados deverão a.luizar suas impugnaçôes dirigindo-as a um juiz;
l
{
interesses para pretensão no sentido de ma.jorar os créditos consrirntes da lista,3. I se trata de uma açâo e não de um simples requerimento administrativo. Em regra,
I
A mesma lcgitimidade atribuÍda ao devedor foi estendida iros seus sócios ou ac I iuiz competente para o conhecimento e julgamento das impugnaçôes é o próplio juiz
nistas. Estes, embo.a não seiam titu.lares de interesse pessoal direto, possuem um 1
processo de falência ou de recuperação iudicial, uma vez que a impugnação é uma
resse direto na melhor solução da situação do devedor, poís tal solução pode afetar seus incidental a esses processos. Haveria na hipótese uma distribuição Por depefldência.
diÍeitos, na condição de sócios ou acionistas. Dentro dos mesmos limites mencionados I
No caso de a impugnação versar so bre créditos trabalhistas, a competência para o
para o devedor, seus sócios ou acionistas poderão apresentar impugnaçôes. Registre-se to da impugnaçâo será da iusúça do trabalho (Lei n. 11.101/2005 - art. @, § 2e)
que apesar do uso da coniunção'bu'; a legitimidade do devedor não exclui a legitimidade I
o processamento e iulgamento dâ impugnação. Nesse caso, como vai se discutir uma
I
dos sócios. Estes têm direitos autônomos em relação ao devedor, podendo apresentar questâo oriunda de uma relâção de trabalho, a competência é constitucionalmente asse-
ímpugnaçôes, mesmo contra a intenÇão do devedorr". i a à iustiça especializada do trabalho (CF/88 - art. 114). Caso a impugnação desses
I
i ditos sejâ apresentada iunto ao juiz da falência ou da recuperação judicial, deverá
I a remessa dos autos à iustiça do trabalho.
3.2.4 0ualquer credor
Ricardo Negrão'?6 possui uma opinião distinta. Não havendo decisão definitiva da
Todos os legitimados podem questionar a existência, classificação ou valor dos crédi-
I do trabalho, o credor trabalhista pode usar a fase administrativa do procedimen-
j to de verificação de crédito e, se houver, depois dessa fase, alguma impugnação, há duas
tos constantes da relação elaborada pelo administrador judicial. Especiffcamente para os
credores, a amplitude da impugnação é maior. Eles poderão, assim como os demâis legiti-
I situaçôes distintas. Se a impugnação é feita por terceiros, não se trataria de uma âção
I
23. ÂLIEMANI, Renato Lisboâi SILVA, Ricârdo Àlexendre da. Mz,udt dc ve frcdçao e habilitaçào de i 25. ÀLTEMÀNI, R€náto Lisboe: SILVÀ, Ricardo Alexand.e da. Marual de veríJicaçào e habilitaç.io dc
ctMitos na lei deídlências e recuperaçito de empre.rdr. Sáo Paulo; Quârtier Latin, 2@6, p. 172, '-üUitas ia lei deÍalêtlcias e recuperaçilo de ernpresar. São Pâulo: Quafiier Latin, 2006, p. 185.
24. GUERREIRO, ,osé Àetândle Tavares. In: SOUZA IúNIOR, Franclsco SátLo dej PITOMBO, 26. NEcRÂo, Ricerdo. Manual de direito comercial e de efipresd.2. ed. 5ão Pãulor Sarâit e, 2007, v 3, P 6l.
Sérgio de À. de Moraes (CooÍd.). Comentários à lei de ftcupctação de êt lpresds eÍdléncia. Sào Perlot
^ntônlo
,aewa- I No mesmo s€ntido: PÁCHECO losé da Silva. P,"o cesso de Íe.uperapão iudicidl, ertajudicial elb{êt1cíd.2 .!.d.
ta dos Tribunais,2005, p, 150. Rio de laneiror Forense, 2007, p.44.
I
I
I
3.5 Petiçâo iniciat Cada impugnação terá uma autuação, mas as várias impugnaçôes para o mesmo
serâo autuadas coniuntamente. Em todo caso, há um procedimento especial a ser
I
Como ação que é, a impugnação deverá atender aos requisitos formais
e estru , pleviito nos arts. 13 a 15 da Lei n. 11.101/2005.
impostos pela legislação processual. Os requisitos formais
sáo os inerentes a todos os Àpresentada a impugnação, os credores cuios créditos foram impugnados serão
processuais, como a forma escrita, o uso do vernáculo
e a assinatura de advogador. f{
reqúsitos estrutLlrais para contestar a impugnação no prazo de 5 dias, devendo juntar os documentos
são rqueles que devem constar do texto da próp ria petr,,
áo
sendo previstos no art. 319 do CPCl2015. Sâo requisitos indicar as provas que pretendam produzir A nosso vet a intimàção aqui Llrverá ser
estruturais: a indicaçáo do
competente, a quâlificação das partes, a causa depedir, pedido, oal, pois se trata na verdade de uma ciLâçáo para contestar a impugnação rpresenta-
o o valor da causae as
A petiçâo inicial deverá qualiÍicar sempre os sujeitos da relaçâo processual A ideia aqui é assegurar o contraditório, permitindo que o credor impugnado defen-
autor réu, O iuízo competente será normalmente o juÍzo da falência
e seu crédito.
ou da recuper
judicial. As partes a se qualificarem são o autor Passado o prazo da contestação, o devedor ê o comitê, se houver, serâo intimados
da impugnação e o crcdor
dispensando -se a qualificação do credor se o mesmo se maniÍestarem sobre a impugnação, no prazo comum de 5 dias, A manifestaçáo
for o impugnante.
Além dos sujeitos, a petição deve qualificar os outros elementos do devedor representa uma das mais importantes iníormaçôes a serem levadas em con-
i
da açâo: causa
pedir e o pedido. A causa de pedir envolve os fundamentos porquanto ele, em tese, é quem melhor conhece suas obrigaçôes. O Comité será ou-
de fato e de direito
l à pretensâo deduzida na impugnaç âo, podendo vido nesta íase, como uma espécie de órgâo consultivo para auxiliar a decisão do juiz.
consistir nos mais diversos motivos
pedido é a providência cional que Mesmo que eles sejam os impugnantes, é recomendável sua oitiva, como uma espécie de
iurisdi se pretende, seja a inclusão, a exclusâo ou a
teraçào do valor ou classificaç ão do crédito. réplica à contestaçâo apresentada.
Há ainda a necessidade de especiffcação das provas que
se pretende produzir, ou Findo este último prazo, o administrador judicial será intimado para emitir parecer,
menos o requerimento para a produção dessas provas.
O valor da causa é o benefíc no prazo de 5 dias, acompanhado de laudo elaborado por profissional ou sociedade es-
econômico que se obterá no caso de a colhimento da pretensâo,
devendo ser feita u pecializada, se for o caso, e de todas as informaçóes constantes dos livros do devedor
§obre âquele crédito. Em suma, o administrador irá dizer se mantém ou nào sua opiniâo
27. PENTEADO Mauro R odrigues.In: SOUZA
IúNIOR, Francisco Sátiro dei PITOMBO Antônio Sérgio sobre a situaçáo obieto da impugnaçâo. Exige-se aqui a intervenção de profissional espe-
de A. de Moracs (Coord.). Comehtários à lei de recuperaçào
Tribuniis,2005, p. 139; CAMPINHO, SÉrgi o. Faléicia
de empresas e /d/árrcra. Sáo Pâulo: Revista do6 cializado, para assegurar a maior idoneidade das informaÇóes a serem colocadas à dis-
e rccupetuçáo de empresat o noyo reglfie de ir\so
ciâ empresarial. 3. ed. Rio de Janelro; Renovet 2008, p.113r posição do juiz, Tal interveDção não se confunde com a eventual prova pericial que pode
CÀMPOS BATÀLHA, Wilsondesouzâi RODRI
GUÊS NEITO, Nelson; RODRIG UES NETTO, SíI via
Maria Labate 8atãlh e. Cornentáríos à lei de \rir a ser produzida
de empr$at ehléncia.4. ed. São paulo: LTr, 2007, p.
sLj TOLEDO, pa(lo F. C, Salles de
Carlos Henrique; TOiEDO, paulo F. C Salles de (Coord,). Apesar do silêncio da legislação, acreditamos pelas razões já expostas que deve haver
Corzetaürlos à lei de recupera?ào
falêhcia. Sáo iâulot Sa]'aiva, 2005, p. t9 tembém uma oportunidade de manifestação pelo Ministério Público, dada sua função de
2S. RESTIFFE, Paulo Séryio. Recuperaçato de enprera, Barueri: Manol€, 2008, p. lt5. Íiscal da lei e defensor do interesse social nesse procedimento. Não há sentido em per-
l
l
l
ll,ll131?,illT"ilI:',: j:*:ff T:;;1 j;llll*":J".-"'even'fuaisi.,pugn"ffi ffi-Ur*r=rsobre
3.7 Decisáo
ffifxr#h[H*f rtl:,;'fr[n'#'.]qffi
,]
tal decisão será uma sentença32 e não uma decisâo interlocutória33, porquanto
a
ffi'd" r"*rro ordinfuio, Por se tlatar do recurso comum às decisões de mérito em Pri-
o mérito da açáo de impugnação (CpC/2OiS ffiairo g."u". A nosso ver, porém, será o agravo de Petição o recurso cabÍvel' por ser o
- aú.4BZ,I). O próprio art. 18, pa ffiiÍe"urrJ face de decisões nos embargos à execuçáo3s, o que muito se assemelha
""bÍuel "m na justiça do'irabarho
29. N'EGRÀO, Ricardo . MafiL@t de direita .omercial e de empresa,2. ed. Sáo pauio: Sârâiva,
CUIMÀRÁES, Márc.o souzâ. o Minisrério púbtico no nov.r sisrema de:n*r"e".a
2OOr, ,. ,, ,.
ilffi;:tr
áW ffi ",:u::,ix.'.T:I:?:i: ffi*ill:, iilTi::TlliJaçâo
e a impugnação de crédiros. In:SÀNTOS, pauto penalva "*rr"i"iirf..t
{Coord.). á ,?ovàt"i a"pU*io"" a","r;r;;;;;;W
emp.resas: Lei lt.t07/2005. Rio de raneüo: Forense, 2006, p.
59; TOLEDq pauú f, C. Sattes ae. ti AíniffiI
/:ãl'":i;il'i::iJ?*ii'ffi';; """ o e (coordi Conen*irk" it"t a" )"i'ii'àía');;;";*'m cAMPlNHo, sérgio' Fa lênêia e íeêuperaçàa de efipresat o nolo rcEíme de insoLvência empresariel'
d. Rio de raneiro: Renovar,2008, p. 108
. 30 . CAMPINHô, Sérgío. Faléncia e rccupetução de empresat o novo Íegime de insolvêncl"
3. ed. Rio de lâneiro: Renovar, 2008, p.106. "-p."""riá!W sT - REsp 1821865/PR, Rel, Ministro MARCO ÀURÉLIO BÉLLIZZE, TERCEIRA TURMA' Jdgâdo
W 24t A9 12079, DIe Ot t 10 1 2a19
31, GUERREIRO, José Alexandre Tavares, ln: SOUZÀ
JúNIOR, Francisco Sátiro de; PITOMBO, Anró;iJfl
sérgio de A. de Morâes (Cootd..). Comettá as à tei de recuperaçâo ST, - REsp 505.697lRS, Rel. MinistroÀLDIR PASSARINHo lUNloR, QUÂRT'{ TURMA' julgado em
de eh,enro, iio iiito, ii*. ffi -2007, DI 24-9-2aO7, p. 3rr.
ta dos lribunâis, 2005, p.156. "Í"U""io. ,W
32. MÂMEDE, G.adston. DireiLo empresa al brasileirct 7. CÀMPINHO, Sérgio. Falência e recuPeruçã. o d,e empresa, o í\ovo rcgime de insolvênciâ empresalial
ÍalêrLLiÀ e recuperação de empresas. Slo paulo;S
Atlâs. 2006, v. 4, p. 169; CAMPINHO, Sérgio. FaI à,1cia e rccuperaçàa ed. Rio de ]aneiro: Renovar, 2008, p. 107i NEGRÁO ,Rícardo. Manual de dire,ito comercial e de empresa
de e^)resi, o no,o ràgi^e ae insolvén-ff
ciâ empresariâl 3 ed. Rio de ,aneiror Renovâr 2008, p. IoTr vAscoNceios, id. Sào Paulo: Saraivâ, 20O7, \1.3, p.63.
nonaldo. órre*o orororuo&
Íalimentar. Sào paalo:
euartier Latin, 2oo8, p.258. - ' -- .ffi 38. ALTEMÀNI, Renato Lisboa; SlLvÀ, Ricârdo Alêxandre dâ. Ma fiual d,e velificaçào e habilítdçáo de
33. ÁLTEMANÍ, Renato Lisboâi SILVA, Ricardo Alexandre ctéditos na tei deÍatêhêias e recuPeraçiLo de emptesa§. Sáo Paulo: Quartier Latin' 2006' P- 197'
. da. Ma n a.t d.e veri.ficaçào e haOititaçao lffi
créditos na lei de Ía.hncias e recuperaçào de empresar. São paulo:
euârtier L"*, ZOO6, i. iSS, - - - A"+ffi
ióúiri, - 39. TRT 2! Regiáo 3| Turma _ AgIâvo de lnstrumento em Agravo de Petiçâo 0062] '2004-004.02'01.2,
-
nardo Pimentel. Dirêlro prouessual emprasariaí. Sâjvâdor
)uspodiÀ,2OoB, p. tSZl. ' - ;.$
Relatora DesemÉargadora Maria de L,'ourdes Antonio, iulgado em 12-12-2008' PublicaçãÔ 20-1-2009'
214 CUNSO D€ DIBEITO EMPRESAB]ÀL
VEBrFrcÀÇÁo DE cnEDrros i 215
3.9 Desistência O próprio texto do art. 10 da Lei n. 11.101/2005 não deixa dúvida de que, se o credor
não apresentou habilitaçáo tempestiva iunto ao administrador, deverá lançar máo da
Até a decisâo da impugnação pelo.iuiz, o impugnante poderá desistir da ação,3s- ilitação retardatária e náo da impugnação. Esta deverá ser usada por aquele que usou
cando com as eventuais custas e honorários advocatícios devidos€. Dada a ausência de
habilitação tempestiva ou que não precisava usar da habilitação, porque seu crédito já
regra especifica, deve-se entender que se o impugnante não tem mais interesse na im- da lista fornecida pelo devedor Nesses casos, a impugnaçâo irá questionar em
pugnação, é perfeitamente factível o pedido de desistência, desde que ele arque com os tima análise, a decisâo do administrador judicial em relação a esse credor e não a sim-
ônus decorrentes do seu pedido. Não há que se cogitar de eventual âssqnçào da impug- omissão da relação de credores.
nação por outros legitimados, uma vez que eles tiveram a oportunidade de apresentar A distinçáo aqui não é meramente teórica, pois os credoíes que forâm diligentes nâ
suâs próprias impugnaçôes. íaseadmilistrativa não deyem sofrer as penalidades que são impostas ao credor que
apresenta habilitação retardatfuiá (exemplo: ausência de voto). Por isso, permite-se que
esses credores diligentes e apenas eles usem a impugnação tempestiva, mântendo o di-
4 lmpugnaçóes a Íavor do ôrédito (reclamaçóes do credor) reito de voto. Obviamente, caso seja apresentada impugnação para inclusão do crédito
fora das hipóteses admitidas, o juiz deverá recebêJa e processá-lâ como habllitação re-
As impugnações em geral se dirigem i créditos de terceiros, pleiteaado a exclusào, tardatária.
o rebaixamento da classificaçáo ou a reduçáo do valor incluído na relação de credores.
Contudo, não há dúvida de que o credor poderá apresentar impugnação em relaçáo ao
seu próprio crédito. Trata-se do mesmo tipo de ação, â qual obedecerá ao mesmo praz 4.2 Impugnação quanto ao valot ou classificaçáo do crédito
porém, ela terá o obieüvo de ver incluído o crédito no quadro de credores, melhorar
classificaçáo do crédito ou aumentar o seu yâlor.
AIém de pedir sua inclusão, o credor pode impugnar o valor ou a classificaçáo atri-
buÍda a seu próprio crédito. Se o credor nào apresentar a impugnação, no prazo de 10
dias, ele manifesta sua concordância c,rm o valor e a classificação determinados pelo
4.1 lmpulgnação pan inclusão do crédito administrador judicial, náo the cabendo novo questionamento.
Manoel Justino Bezerra Êilho, Bernardo Pimentel e Fábio Ulhoa Coelho uíirmam
Com efeito, impugnação ajuizada pelo credor para ver incluÍdo seu próprio cré-
a que essa impugnação em relação ao próprio crédito só será possÍvel se o credor apresen,
dito no quadro de credores é inegável (Lei n. 11.101/2005 - art. 8g). Todavia, es tou sua divergência tempestivamente. Os credores que já constam da lista sáo intimados
possibilidade limita-se à hipótese do crédito constante da lista fornecida pelo devedor, pessoalmente para apresentar suas divergências e, não o fâzendo, haveria preclusão da
mas excluído pelo administrador judicial, ou à hipótese de habilitaÇão tempestiva não matéria da discordânciaaz,
acolhidaa'. A impugnação não é um substituto da habilitação tempestiva dirigida Ousamos discordar desse entendimento, pois entendemos que a natureza administra-
admütistrador judicial ou da habilitação retardatáÍia. Ela servirá apenas para questionar tiva da divergência não pode ter o condão de inibir o acesso ao ]udiciário por meio da
eventuais decisóes do administrador judicial ao elaborar a relação de credores e s vale dizer, o uso ou não da instâacia administrativa não pode limitar ou im-
poderá ser feita pelos credores diligentes pedir o acess o ao Judiciário. A situação aqui é distinta da impugnação para inclusão do
, pois nâo se admitindo a impugnação, o credor ainda teria a habilitâçáo retardatária,
que nâo ocorreria nesta situação. Nâo é cabível o uso da habiJitação retardatária, para
orar o valor do créditos. Assim, a nosso vec mesmo sem apresentação de divergências,
40. COLOMBO, Giulianoi COSTÀ, PâtrÍciâ Bârbi. Dâ vêrificaçâo e dâ hâbilitâçâo d€ créditos. ln
Luiz Fernando Valente de (Cootd..). DireitoÍalinentar e d nova lei defalências e recuperação de empresas, ossÍvel a impugnaÇão quânto ao valor ou classiÍicação do próprio crédito.
Paúo: Quartier Latin,2005, p. 153.
41. CAMPINHO, Sérgio. Falência e rccuperalâ.o de etfipresat o noyo regime de insolvência empresâr
3. ed. Rio de )âneiro: Renovaa 2008, p. 105; BRINCÀS, Pâulo Marcondes.In: DE LUCCA, Newtoni SOUZÀ, Bernerdo Pimentel. Diteita pro.essual empresarial. Sz)vador: luspodivm, 2008, p.154:COELHO,
FILHO, AdalbeÍto (Cootd,). Comentários à noya lei íle recuperaçào de empresas e d.eÍaléncias. Sea Ulhoà. Cómentá os à nova lei cle falêhcias e recuperaÇito d-e empresas. Sâo P^tl.l. Samiva, 2005, p. 45;
Quartier Latin, 2005, p. 135j CAMPOS BÁTÀLHA, Wilson de Souzaj RODRIGUES NETTO Nelsonj ZInRA FILHO, Mafloel lustino. Zel de rccuperaçào de emprcsas e Ídlêncías comefttadL 4. ed. Sâo Paulo:
DRIGUES NETTO, Silvia Maria Lâbate Batalha. Conehtários à lei de tecupetuçào judicial de emprcsds dos Tribunais, 2007, p. 74
falência. 4. ed.. SAa Paulo tll,2017 , p. 57; BEZERRA FILHO, Manoel lust i,no. Lei de teéuperuçã.o de e STI- REsp472388/MG, Rel. Ministro CARLOS ÀLBERTO MENEZES DIREÍTO, TERCEÍRATURMA,
eÍahncias comentada.4. ed. Sào Paulo: Revista dos Tribunâis,2OO7, p.74.
Juigâdo em 17-6-2003, D/ 25-B-2AOZ, p.302.
2 6 CUFSO DE DIBEITO EMPRESÁB AI. VEBTFTcAÇÀo DE cFÉDiros 217
4.3 Conpetência, procedimento e decisão I;i so comum as decisões de mérito em primeiro grau*. A nosso ver, porém, será o
de petição o recurso cabível, por ser o recurso cabível em face de decisôes nos
Em regra, o juiz competente para o conhecimento e julgamento das impugnações é à execuçáoae, o que muito se assemelha à decisão das impugnaçôes.
o próprio iuiz do processo de falência ou de recuperação judicial, uma vez que a impug{
naçâo é uma ação incidental a esses processos. Haveria na hipótese uma distribuiçào po|
dependência. Contudo, no caso de a impugnação versar sobre créditos trabalhistas, i Habilitações rêtardatárias
competência para o julgamento da impugnação será da iustiça do trabalho (Lei 1l
11,101/2005 - art. 6s, § 2e) para o processamento e julgamento da imPugnação. \ AIéÍn da impugnação, outra aÇáo incidental possivel no procedimento de verificaçi(r
Aiuizada a ação de impugnação em relaçáo ao próprio crédito, ela deverá obe-- àe crédito é a chamada hâbilitação retardatária, a qual representa o pedido do credor de
decer ao procedimento previsto nos alts. 13 a 15 da Lei n. 11.101/2005, com as de: idmissão ao processo, feito após o'prazo de l5 dias, assinalado para habilitação junto ao
vidas adaptaçôes. Obviamente, como é o próprio credor que apresenta a impugnaçã6' adminis trador iudicial. Trata-se de ação incidental dirigida ao juiz da falência ou da re-
para incluir o seu crédito, ou para alterar o seu valor ou classificação, não haverá .cuperaçâo judicial, buscando o reconhecimento da sua condiçào de credor para paltici-
necessidade de citação dele para contestar o pedido. Ne§te caso, acreditamos ni I ne§§es ProcessoS
necessidade de se substituir a citaçâo do credor pela oitiva do administrador iudicial Como visto, o procedimento de verificaçáo de créditos se inicia com a publicação
e não pela citação do devedor, como sustentam Renato Lisboa Altemani e Ricard<j da lista de crcdores, fomecida pelo próprio devedor Os credores que não constam desta
Alexandre da Silya4. lista têm o p.azo de 15 dias para apresenlarem habilitação junto ao administrador judicial,
lndependentemente de quem seia citado, deverão ter oportunidade de se só havendo intervenção iudicial no caso de uma eventual impugnação. Todaüa, nem
nessa impugnação o devedor, o comitê de credores e o administrador iudicial. A sempre os credores que não constam da lista têm a ciência da nâo inclusão do seu crédi-
I ver, também se faz necessária a oitivâ do representante do Ministério Público, com tempo suficiente para providencicr a habilitaÇão iunto ao administrador judicial
motivos iá expostos. por isso, abre-se a possibilidade de urna nova tentativa de inclusão, a partir de então,
Após todas as oportunidades de manifestação, poderá haver a produção de pror,'as, como habilitação retârdatária
com ou sem produção de provas os autos seráo conclusos ao juiz. A decisão do )uü, Essa habilitação retardatáÍia tem natureza de ação, sendo dirigida ao juiz por meio
caso, é uma sentença6, e não ttÍnâ decisão interlocutóriâG, porquanto aPreciará o mérito petição, assinada por advogado, com recolhimento de custas, ocorrendo distribuição
ação de impugnação (CPC/2015 - art.487, l). O próprio art. 18, parágrafo único, da Lei dependência ao processo de falência ou de recupcração judicial. Obviamente, para
11.101/2005 reconhece tratar-se de sentença, que decide uma açáo incidental, e não ap créditos traba.lhistas e fazendários a competência será, respectivâmente, da própria
uma questão incidental no processo. Nessa sentença, haverá a condenação ao a especializada do trabalho e do )uÍzo da execuçáo fiscal. Em qualquer caso, a peti-
dos honorários advocâUcios desde que tenha ocorrido alguma controvérsiaaT na ação. deverá atender, além dos requisitos gerais de qualque! petição inicial (CPC/2015 - art
Da decisão sobre a impugnação, o recurso cabível é o recurso de agravo (Lei 9), os requisitos especÍficos para a habilitação (Lein. 11.101/2005 - art.9e)s0.
11.101/2005 - art. 17). Na justiça comum, deve ser usado o agravo de instrumento. Na recuperação judicial, a habilitação retardatária poderá ser ajuizada até o encer-
justiÇa do trabalho, há quem sustente o cabimento de recurso ordinário, Por §e trataÍ d ento do processo, mas, até â homologaçâo do quadro geralde credores, a habilitaçào
tária será processada pelo mesmo rito das impugnaçÕes de crédito (Lei n
1.101/2005 - art. 10), valendo aqú as mesmas orientaçôes firmadas para as impugnações,
almente no que tange ao procedimento, à decisão, à desistência e ao recurso cabÍ-
44. ALTEMANI, Renato Lisboa; SILVA. Ricârdo Àlexandre da. Marual de ve4Íicaçào e hdbilitação . Posteriormente à homologação do quadro de credores, ainda é possível a habilitação
créditosna lei de latências e reêuperaçào de empresas. São Paulor Quertier Letin, 2006, p. 183. ardatária por meio de açâo de procedimento comum. Na falência, passa a existir um
45. MAMEDE, Glâdston. Direito etfipresarial brdsileirct Íelênci^ e tecuPeÍâçáo de emPresâs. Sào
Atlas, 2006, v 4, p. 169, CAMPINHO, Sérgio. Falé ncia e recupetuçao de emp,'e§4: o novo regime de insolvê
.la empresariâl. 3. ed, Rio de lãneiro: Renovar, 2008, p, 107; VASCONCELOS, Ror,àldo. Direlta pra ÀLTEMÀNI, R€nato Lisbosi SILVA, Ricardo Alexandte da. Manual de veiÍcaçào e habilitação d.e
Ídlime ut, Sáo Pà\tlot Quânier Latin, 2008, p. 258. ha lei deJalêncías e recuperaçào de erfipresds, Sào Paulo: Quârtier Letin, 2006, p. 197
46. ÀLTEMÂNI, Renato Lisboâ, SILVÀ, Ricüdo Nev,andre da. Manual de verifrcaçao ê habiütdção TRT 2. ReSião - 3r Turmâ - Agravo de lnstrumento em Agravo de Petição 0062r-2004'00+02-01-2,
ctéditos nd tei defdlêhcias e rccuperuçao de empreMs. São Pâulo: Quartier Lâtin,2006, P. 193; SOUZA, Desemb.rgadora MÂIllA DE LOURDES ÁNTONIO,iulgedo em 12-12-2008, publicaçáo 20'1-2009
nardo Pimentel. Drrsita pro.essual empresariaL SalvadoÍ JusPodivm,2008, p, 157. MAMEDE, Gladston. Diftito ctllptcsaial brasilel,"o: falênciâ e recuperação de ernpresas. Sáo Paulo:Atlas,
47. CAMPINHO, Sérgio. Falêk i,a e rccaperuçào de emprcsa o novo regime d€ insolvência emPíesâl v. 4, p. r72r ALTEMANI, R€nnlo Lisboa; SILVA, Ricardo ,A.lexandre da. .Md, ual de veriÍL&çào e habilitagão
3. ed. Rio de rân€iío: Renovâr,2008, p. 108. ctditos na, lei de Íalenciat e rccuperuçilo de erfiprcsa§. São Pâulo: QueÍiêr Lâún, 2006 p, f25- 133.
2 I CUESO DE DIBEITO EMPÀESABIAL
VERrFrcaçÁo or cnÉoros j 219
todos os arrolados no quadro têm direito de yoto (Lei n. 11.101/2005 - art. 39)" , Na falência, co rr ro na recuperaçáo judicial, deve ser publicada uma lista de credores
fl
Igualmente como punição, os credores retardatários perdem o direito aos pagamentüf Íornecida pclo devedor, incluindo seus débitos fiscais, junto com a sentença que decretâ
já efetuados na falência, pois o processo nâo pode esperar, sem prejurzo da reserva de va-.$ a falência (Lei n. I1.101/2005 - art. 99, s 1e). Como as fazendas públicas federais, estaduais
lores, que será efetuada automaücamente nas habilitaçôes e impugnaçÕes retardatárias,d e municipais, de onde o devedor liver estabelecimento, tambem são intimadas, ele vai
Assim que for possÍvel, o administmdor judicial já deve iniclar o paLrlmento dos credoffi ciênciâ se está na lista de credores ou não, podendo alegar possuir créditos em face
e, enquanto não for incluÍdo no quadro, o credor retardatário não poderá receber essét§ daquele devedor, no prazo de 15 dias.
pagamerllos, ressaNãda a reserva de valores garantida (Lei n. 11.I0I / 2005 - art. 10, § Srliff Aquelas Fazendas Públicas que fá estavam na lista ou que se manifestaram, em 15
Da mesma forma, afasta-se o pagâmento dos acessórios (corr,,çrio e juros, se for olfi dias, alegando possuir créditos, vão participar dos incidentes de classificação do crédito
caso) entre o fim do prazo para habilitação junto ao administrador judicial e a data d㧠i:úblico na fir[ência. Após as intimâçóes decorrentes da decretaçio da falência, o juiz vai
pedido de habilitação retardatfuia. Todayia, o ST) úrma que'dentre as consequências áa,fi instaurar, de ofício, um incidente para cada Fazenda pública credora.
habütação retaldatáÍia nâo se encontra a perda do diÍeito de preferência no rateio de.fl Em cada incidente, â respectiva Fazenda Pública será intimada, eletlonicamente,
ativos"s2, ou seja, se um credor trabalhista faz habilitaçâo retardatária, depois do pagamenJffi que, em 30 dias, informe a relação completa de seus créditos inscritos em dÍvida
to de toda a classe trabalhista, ele ingressa no quadro de credores com a mesma preferên- atil'a, acompanhada dos cálculos, da classificação e das informações sobre a situâção
fl
cia, devendo ser pago com prioridade sobre os outros credores. âtual. Outros créditos da Fazenda Pública, como os nâo definitivamente constituÍdos,
fl
nâo inscritos em dÍvida ativa ou com exigibilidade suspensa, poderão ser informados em
momento posterior, mas iá podem ser informados desde logo, pois o verbo ,,poder,, leva
6 Créditos fazendários a crer que não há proibição de se informar imediatamente.
51. NEGRÁO, Ricardo. Mafiudl de direito .ofiercial e de erfipresa.2.eà..Sáo Paulo: Saraiva, 2007, v.3, p.1l?i Decorridos os 15 dias das objeções, a Fazenda pública ter{ l0 dias para se manifes-
CÀMPINHO, Sér8io. Falêncid e recuperaçào de ernprcsat o novo Íegirrre de insolvência empresarial. Rro dê ar,prestando esclarecimentos sobre as objeções, Os créditos incontroversos serão in-
,eneiro: Renover, 2006, p. 85: MÀMEDE, Glâdston. Dheito efipresarial brasíIelro: fâ!ência e recuperaçào dq clúdos no quadro geral de credores, imediatamente. Aqueles que.são obieto de alguma
empresás. Sáo Paulo: Àtlas,20A6, v,4, p,174tÍOLEDO Pâulo F. C. Salles de, Ini ABRÁO, Cârlos Henriqugl
controvérsia seráo obieto de reserva in tegral até o seu
TOLEDO, Pâulo F. C. Selles de (Coord.). Cot lenüÍios à lei de rccuperação de emprcsas cJdlência. Sâo PadÇi iulgamento deÍinitivo. Antes da
Saraiva,2005, p.30. ologação do quadro geral de credores, o administrador e a Iazenda pública se ma-
..
52. STI - REsp 1627459/DF, Rel. Ministro PAULO DE TÀRSO SANSEVERINO, TERCEIRÀ TURMÀ;r nifestarâo sobre a situaçâo do crédito e o juíz decidirá sobre a manutenção da reserva, se
)úlgado eÍn6-12-2016, Dle l4-3-2O17. : o crédito ainda nâo foi deÍinitivamente
iulgado.
VEB FrcaÇÀo DE cHÉDfios 221
220 CUESO DE DIREIÍO EMPBESABIAL
terceiros,
Ricardo Negráo5a pos§ui uma oPinião distinta. Se a imPugnação é feita Por
por competênciâ seria da
se tratâria de uma derivada da relação de trabalho e,
isso, a
PúulcA --__) comum. De outro lado, se a imPugnação fosse realizada pelo próprio credor
irqi INI.OHMÁ i-,;-l
Ioas,
JUDIDÁL
0BJrÇürs ista, a questáo seria derivada da relação de trabalho e, por isso, seria de compe-
L __-.1
da ju stiÇa especializada do trabalho. À nosso ver Porém, qualquer que seja a ação,
será um a açdo que envolve a relação de trabalho e, Por is§o, atrai
a competência da
A decisáo sobre os cálculos e a classificação dos créditos Íazendários na falência,
bem como sobre a arrecadaçâo dos bens, a realização do ativo e o pagamento aos credo- do trabalho.
ça especializada
res, competirão ao iuízo falimentar Assim, para analisar se o crédito é concursal ou ex- Apesar da submissão ao procedimento de verificação de créditos, é certo que o
traconcursal, ou se é quirografário ou fiscal, a competência será do juiz falimentar credor trabalhista não está impedido de promover a competente reclamaçáo trabalhi§ta
mesma forma, a discussão sobre o critério de cá.lculos acerca do crédito a ser habilitado. ra reconhecer o valor do seu crédito. Neste caso, se o crédito trabalhista e o seu valor
De outro lado, para discutir a existência, a exigibilidade e o valor do crédito fazen- m reconhecidos pelajustiça especializada do trabalho, ele será incluído diretamen-
dário, bem como para coblança contra os corresponsáveis, o juízo da execução fiscal é te Í1o quadro geral de credores. No curso dessas reclamações, o iuiz do trabalho Pode
quem vai conhecer, processar e decidir os pedidos. Ocorre que a Lei n. 11.101/2005, no delerminar, de olicio ou a requerirnento, â reserva de valores que entender devidos.
seu a ig() 7s-4, § 4e, II manda observar "o disposto no inciso ll do capzÍ do art. 9e desta
Lei e as <lemais regras do processo de falêncial o que náo é muito bem explicado, rna5
leva a crer que é admitida a habilitâção retardâtária pâra o crédito fazendário. I Açóes êm trâmite
De todo modo, parece ter-se um sistema similar ao do crédito trabalhista, em que De modo similar aos créditos trabalhista§, os crédito§ cuia existênciâ e valor §eiam
são cabívels as açôes previstâs para verificação de créditos (habilitaçáo retaÍdatária e reconhecidos judicialmente nâo plecisaráo se submeter ao procedimento daverificação de
impugnações), mas a competência será do juÍzo da execuçâo fiscal, se a discussão for crédiros, pois a evenhral submissão poderia üolar a coisa julgada. A própria Lei n 11.101/2005
sobre a eístência, a exigibilidade e o valor do crédito fazendário. Isso é reforçado pela expressan'rente afirma que as ações que demandem quantia ilíquida prosseguirão normal-
susPensâo das execuçôes fiscais até o final do processo e pela previsáo expressa de cabi- mentci âpós a decretação da falência com o administrador iudicial (Lei n. 11.101/2005 - art.
mento das habilitações retardatárias, inclusive na hipótese de não âpresentação da relaçâo 6e, § I '). À mesmâ lei prevê que, nesses casos, poderá ser determinada a reserva do valor
de créditos pela fazenda pública. do crédito, o qual, uma vezliquidado, será incluÍdo na classe própria (art 6e,§3s).Ocará-
ter impositivo da determinação legal - "será incluÍdo na classe próprid - demonstra que
nesta hipótese náo há a necessidade do procedimento de verificaçáo dos créditos
7 Créditostrabalhistas
Os créditos trabalhistas, a princÍpio, estáo sujeitos ao procedimento de veriÍicação dos
créditos, podendo inclusive apresentar habilitaçôes ou divergências (Lei n. 11.101/2005 - alt.
9 Consolidaçáo do quadro geral de credores
6e, § 2:). Caso nâo constem da lista fornecida pelo devedor, os credores trabalhistas poderr O quadro geral de credores será formado com o iulgamento das impugnaçóes tem-
pedir sua inclusão por meio de habilitaçáo dirigida ao administuador judicial. De outo lado, pesúvas e com as habilitaçóes e as impugnaçóes retardatárias decididas até o momento
se constarem da lista, mas não concordarem com o valor ou classificação atribuídâ a seu da sua formação. Tal quadro será consolidado pelo administrador judiciâI. Para tanto, ele
crédito, eles poderáo apresentar divergências, também dirigidas ao administrador judicial. Ievará em conta os créditos náo impugnados que constavam da relação de credores; as
decisôes do juiz nas impugnaçóes
habilitaçôes retardatárias até o momento; as deci§ões
e
Caso não se obedeça ao prazo das habilitâçôe§, ou caso o crédito não seja reconheci-
dos incidentes de classificação dos e as decisões judiciai§ que reco-
créditos fazendfuios;
do na fase administrativa ou ainda se houver algum questionamento quanto a sua existên-
. nhecerem a existência, o valor e a classificaçào de outros créditos (trabalhistas ou náo).
cia, valor ou classificaçáo, §urge a possibilidade das chamadas açôes incidentais (impugna-
çôes e habilitaçôes retardatárias). Estas açôes também se âplicam aos créditos trabalhistas.
Todavia, no caso delas, o juízo da falência ou da recuperação judicial não será competente
para apreciar a açãot3, que deverá ser julgada pela justiça especializadâ do trabalho.
PAes d,e. Curso de Íalêficia e concard.ata,18, ed,. Sào Pâulo: Sâreiva, 2000, p. 293.
54. NEGRÃO, Ricârdo . Mafiual d.e dbeito cot lercial e de empresa 2. ed Sáo Pauio: Sâíêiva, 2Ô07, v. 3, P 61
No mesmo sentido: PÁCHECo, iosé da Silva. Pro cesso de recuperaç,ão iudicial, exttaiudici^l eÍalêhcia 2 ed.
53. REQUIÁO, Rubeni. Curso de direito fatinezrar'. 17. ed. São Paulo: Sarâiva, 1998,v.Lp.3t7; ABRÀO, '
Nelgon. Curto Rio de ]aneiro: Forense, 2007, p. 44.
d-e àircítafalimentar.4. ed,. Seo PauLo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 164, ALMEIDA, Á.mâdor
I 222 i cuaso oE otF,É ra E M FBESaB tAL VEF FICAÇAO DÉ CFEDIT-OS : zZJ
il tos do art. 9e da l.ei n. 11.101/2005, específicos para a habilitação. A única mudan-
é o procedimento a ser seguido, que passa a ser o ordinário.
dicial sejâ encerrada sem o julgamento definitivo do quadro gernl de credores, hipflsse do crédito âli constante. Tal ação também é denominada de ação revisional55 ou de
eür que as hal)ilitrçôes e impugnaçôes não ão rescisóriaso, uma vez que ela visa a revisar o quadro geral ou rescindf a decisáo que
iulgâdirs serão redistribLriclas aos respectivos
juízos não recuperacionais e segu.irão o rito comum permitiu que o crédito Íosse incluído naquelas condições, A ideia aqui é muito similar à
ideia da impugnação, porém, mais restrita e com possibilidade de aiuizamento apenas
após a homologação do quadro geral de credores.
10 Alteraçôes do quadro geral dê credores
Mesmo após a homologação do quadro geral de credores, poderá haver a inclusão de I 10,2.'l Legitimidade ativa
I
novos créditos, bem como alteraçôes ou exclusóes de créditos constantes no quadÍo. Tais
mudanças decorrerâo das impugnações ou habilitaçôes não julgadas à época da homolo-
I A ação de retificaçâo poderá ser ajuizada pelo administrador judicial, pelo Comitê,
!
gação, ou dos procedimentos de inclusão e retificação do quadro geral de credores. pelo Ministério Público ou por qualquer credor habilitadosT. Em comparaçào com a im-
pugnação de créditos, abre-se a possibilidade de Iegitimidade para o adminístrador judi-
I
I cial, como órgão auxi.liar do iuízo para promover a relificação. De outro lado, afasta-se a
I
L
10.1 lnclusáo no quadro geral de credores I do devedor e dos seus sócios, como no direito italianoss, sob o fundamento
I de que os motivos que ensejam a eventual retificação decorrerâo de uma conduta inde-
I
Enquanto não for encerrado o processo de falência ou de recuperação vida do devedor e, por isso, não haveria sentido em legitimáJo para a ação,
iudiciai, obe- i
decido o prazo decadencial de 3 anos na falência, é possível a inclusão de novos créditos I
I
no quadro geral de credores, Aqueles que não constam do quadro, mesmo após a sua I
Í
l
homologação, podem requerer ao juiz cla falência em açâo própria, de procedimento 55. ÀLTEMANI, Renato Lisboai SILVÀ, Ricardo Álexandre da. Marual de ve fcaçã.o e habiLitaçàa de
ctéditas na lei deÍaléncias e recuperaçào cle emprcsas. Sáo Paulo: Quârtier Latin, 2006, p. 2O5r VASCONCE-
comum, a inclusào no quadro geral de credores (Lei n. 11.101/2005 art. f0, § @).
- I 1OS. Ronaldo. Direiro p.o rcssual Íali'nentar. Sào Páüo: Quarr ier Latjn,2008, p. 277.
A ideia aqui é exatamente a mesma da habilitaçáo retardatária, isto é, uma ação para I
6. SÍMIONATO, Frederico lt. Manle- Tratd.do d.ileitoÍalimenklr. Rio
cle de laneiro: Forense, 2008, p. 66.
admissão do credor ao processo de íalência ou recuperação judicial, com os mesmos I
ALTÊMANI, Rênâto Lisboar SILVÀ, Ricardo A\exanóÍ. d?. Manual de wrtÍicação e habilítaçàa de
requisitos daquela, mas a.iuizada após a homologação clo quadro geral de credores. A üéditas na.lei d,eJ.rlêncid.s e reêuperaçào de enpresas. Sáo Pâu1o: Quârtier Lâtin, 2006, p. 215.
inicial aqui dcyerá obedecer aos requisitos do art. 319 do CpC l2O7S, mas tanbém aos 58 PAIA,RDI, Piero. Manúale d,i cliritto Íallimentare. 6. ed. Milanor Giuffrê, 2002, p. 485
I
CURSO DE OIFFITO EMPRESAR]AL VEB FrcaÇÁo DÊ cBÉDlÍos lt5
rescisória. A limitação dos fundamentos parâ a retificaçào visa a proteger a segurançaj indicado"63,ou seja, o intencional desacordo enLre a vontiide interna e a vontade decla-
rÍdica, evitando discussôes intermináyeis sobre os créditos submetidos ao processo. i rada. Neste caso, há a particiPação do devedor no intuito dc
prejudicar os demais credo-
O primeiro fundamento possivel para a retificaçâo é a falsidade, entendida aqui
i
res, simuiando a realização de um negócio (exemplô: comPra e venda) que não ocorreu
o uso de documentos falsos que permitilam a inclusão do crédito no quadro, ou I na realidade, mas que tornaría o sujeito credor submetido ;to processo.
I 1
permitiriam sua inclusâo por valor ou em classe diüersa da efetivamente devida. PoI derradeiro, também é fundamento parâ a retiflcâ,; ro a existência de novos do-
se, nesse caso, a reú-6cação, para assegutar a prevalência da verdade real na apuração I
cumentos ignorados à éPoca da inclusão do crédito. Buscrr le mais uma vez fazer prel'a-
passivo do devedoç eütando pagamentos indeüdos ou voros indevidos nos processos
lecer a realidade dos fatos relativos aos credores. Documentos que iá existam à éPoca da
falência ou de recuperação judicial. i rerificação, mas que só sejam trazidos Posteriormente a conhecimento, devem enseiar
Outro funclamento é a fraude, aqui entendida como o artifício malicioso para I adequaçôes no quadro de credores, para que ele Possa refletir da melhor maneira Possi-
judicar terceirrrs, isto é, "a distorção intencional da verdade com o intuito de prejudicar I
í
vcl a rr'rrll" rrl,'
tetceiros"se. Não se trata apenas da Íraude cortra credores, mas de qualquer artifício
malicioso usado para preiudicar terceiros, mesnro sem que haja um concÍlio fraudulento
entre o devedor e algum dos seus credores. Mais uma yez, a ideia aqui é privilegiar i I 10.2.3 Competência
boa-fé objetiva, impedindo o uso de artifÍcios na definição da massa passiva do devedor.
Também é fundamento para a retificaçã o o erro essencial, entendido como a falsa Como algum dos fundâmentos acimâ mencionados, a lçáo de retificaçáo Poderá ser
I
noção da realidade que influencia a formaçáo da vontâde, sendo essencial por ter influên- I pÍoposta no juÍzo da falência ou da recuperaçâo iudicial, salvo no caso de créditos traba-
cia determinante sobre a formaçâo do negócio,urÍdico, isto é, sem ele o negócio jurÍdico Ihistas ou créditos reconhecidos em outro iuízo. Nestes casos, a açâo de retiíicação
não se formaria. Em outras palavras, o erro consiste "numa representaçáo inexacta ou na I correrá no juÍzo trabalhista ou naquele que originalmente reconheceu o crédito (Lei n.
l
ignorância de uma qualquer circunstância de facto ou de direito que foi determinante na
I
I1.101/2005 - art. 19, § Ie).
decisão de efectuar o negócio"@. I Gladston Mamede afirma que â comPetência será a do iuízo de primeiro grau se o
O Código Civil (art. 139) usa a expre§sá o erro substancial, especúcando que ele será crédito não foi ob.ieto de sentença, mas se o crédito cuja retificaçào se Pretende foi obie-
I
substancial quando interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, to de sentença, â competência seria do respectivo tribunâl e nâo do juízo de primeiro
t
ou a alguma das qualidades a ele essenciais; ou quando concerne à identidade ou à qua- graue. Apesar da semelhânça com â ação rescisória, nâo se deve cogitar de competência
I
lidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha originária do tribunal, mesmo que se queira rescindir crédito fundado em sentença,
I
influído nesta de modo relevante; ou, sendo de direito e não implicando recusa à aplica- I porquânto a lei é clara ao determinar o julgamento pelo "juÍzo da falência ou da recupe-
ção da lei, for o motiyo único ou principal do negócio jurÍdico, Ocoffendo esse tipo de ração'l ou sela, juízo de primeiro grau.
I
erro é que será possível a retificação.
I
Outro íundamento para a retificação do quadro de credores é o dolo que repre-
senta o artifício maiicioso que induz alguém à prática de um âto que de outra mâneira
I
61, PINTO, Carlos Alb etta dzMot Teo a, Seral d,o dlreito civil, 3, ed, Coimbrâ: Àmedlna, 1999, p. 518
i 62. LÀRENZ, Kârl. De rccho cilil petle generul. Traduçâo ê notas dê MiSuel lzquierdo y Maclas-Plcavêa.
Medri: Editoriã.les dê Derecho Reunida§, 1978, p. 544.
I
I
59. SILVA, Álexandre Co\tto. Aplicaçào dd de.sconsideraçito dd person\lüade jurldica no direito brdsileitu, .
i 63. BEVILAQUÁ, Cbvis. Téoria geml do dieiro civi, CarnPinasr RED, 1999, P.294
Sáo Paulo: LTR, 1999, p. 36. l 64. MAMEDE, Gladstan. Dlreito empresari*l brusileirot Ía)ê^.ià e recupereÇáo de emPresâs Sâo Paulol
60. PINTO, Cârlos ÀlheÍlo da Motà. Teoria gerdl do direito cirit.3. ed. Coimbre: Almedinâ, 1999, p. 505. 1
Àdâs, 2006, v. 4, p. U9.
226 I cuRso DE DlBEtro EMPFESAR aL
VenrrrceçÁo oe caÉoros i 227
10.2.4 Procedimento é possível que o vÍcio ocorra após o negócio e, por isso, o acolhimento do pedido
retificação nâo interferirá na higidez do negócio7o.
Ajuizada a ação de retificaçâo perante o competente .iuiz, ela seguirá o procedi_
mento comum (Lei n. 11.101/2005 - art. 19) e não o rito especial aplicável à impu
ção. Apesar da menção expressa âo procedimento comum, o uso da expressào 4o 4 2.6 Pagamento do crédito questionado
couber leva alglu\E autores a reconhecerem a possibilidade de adoção do mesmo r
das impugnaçõesG, com os mesmos prazos e as mesmas oportunidades de manifesta-
1 proposta a ação de retificaçâo, o pagamento ao titular
do crédito por ela âtingido
poderá ser realizado mediante a prestaçáo de caução no mesm o valor
çáo para 0s interessados. do crédi-
questionado, Não há necessidade de uma açâo autônoma para prestar â caução, isto
A nosso ver, porém, se a intenção fosse usar o procedimento das impugnações, a lei
ela poderá ser realizada nos auto5 do processo principal. A inte nção é evitar um paga-
teria sido expressa nesse sentido, como fez em relação às habütaçôes retardatárias
indevido, cuja rc.versibilidade seria muito difícil. De qualquer modo, acreditamos
n. 11.101/2005 - art. 10, § 59, Dessa forma, entendemos que deverá ser citado o
que o juiz poderia dispensar u caução se entender que a açáo de retificaçào não possui
que titúariza o crédito cuja retificaçâo se bretende, para contestar no prâzo de 15
maiores fundamentosTr
com possibüdade de répüca para o autor da açâo. Em todo caso, recomenda-se a oitiva
do administrador judicial e do Ministério Público, para a melhor informrção poss
chegar ao juiz. 1Í Credores particularês do sócio de responsabilidade ilimitada
Na hipótese pouco provável de falência ou recuperação judicial de uma sociedade
10.2.5 Decisáo que possua sócios de responsabilidade itimitada (nome coletivo, comandita simples e
por açires), também deverá ocorrer a verificaçâo dos créditos referentes
aos
Apris o regular rrrocessamento, a decisão a ser proferida pelo juiz é uma sente §ócios. Nesse caso, o procedimento será exatamente o mesmo (Lei n, 11.101/2005 _
art
porquanto decide uma âção incidental e não apenas uma questão incidental. Não há havendo apenas a consolidaÇão de um quadro de credores especÍfico para
), cada sócio
sevisualizar uma decisão interlocutória63 no caso, pois estamos claramente diante de uma responsabilidade ilimitada.
ação, com todos os seus elementos. Nessa condição, estarão suieitas ao recurso de agra-
vo "as decisóes proferidas nos processos a que se lefere esta Lei serão pâssÍveÍs de
de instrumento, exceto nas hipóteses em que esta Lei prever de forma diversa"
11.101/2005 - art. 189, § 1,, ID':
A depender do fundamento utilizado, a decisâo no processo de retificação pode
anular, declarar a nulidade ou mesmo manter intacto o negócio que deu origem ao cré,
dito6e. lsso porque nem sempre o fundamento dirá respeito ao negócio subjacente, afe-
tando por vezes a própria habilitação. Assim, no caso de simulação será declarada a
nulidade do negócio jurídico. fá no caso de erro, será decretada a sua anulação. Nos
65. ALTEMANL Renáto Lisboâi SILVÀ, Ricardo Alexandre da. Manuat de wriÍíêaçâo e hdbilitação d.
créditas na lei deÍa.léncias e Íecuperuçda de empresa§, Sâo Pâulo: QuaÍtier Latin,2006, p.230.
66. VÀSCONCELOS, Ronàldo. Direito prccessualÍalimentar. Sào Pe\tlo: Quarrier Latin,2008, p.278.
67. TOLEDO, Páulo F- C. Sales de. lÂ: ABRÃO, Carlos Henriquei TOLEDO, Paulo Ê C. Salles de (
Cafiefitárias à lei de ftcuperuçào de emprcsas eÍalá/rc,a. Sâo Pâulor Sarâivà, 2005, p. 43; MIRANDÀ, Pontes
de, batado de d,ireita pt lyalo. Campinasr Books elle\ 2@4, v, 29, p.269,
68. ALTEMÂNI, Renato Lisboâi SILVÀ, Ricardo Alexándre da. Maraal de verlÍiêdçao e habilitdçda
cÍédítos nd lei deÍalén ia, e recup.rdçao de aflprêsas. Sâo Paulo: Quârtler Latin, 2@6, p. 238. 70. VASCONCELOS, onaldo. Direito proccssualfaliríehtar,
R Seo parllo: euârtier Lâtin, 2008, p. 280.
69, ALTEMANI, Renato Llsboaj SILVA, Ricardo Alexandre da. Maz ual d.e ve Íi.dção e habilitaçào 71, ALTEMANL Renab Lisboa, SILVA, Rlcardo Álexandre da. Manual de vetiÍicaç'ão e habilitdção
créditos tra lei deJabnctas e recuperuçào de enpresas. São Pâulo: Quartier Latin, 2006, p. 211. de
üéd.icos ha le, deJalénclas e recuperaçào
de empresds. São paulo: euâ rtier Lâtin, 2006, p. 242.
228 i cuRso DE o BErro EMPRESARTAL
l, ! tlt ts
É
o
ê N,4anlfestaçóes do credor
í ElaboÍaçáo do plano'de recuperaçáo iudicial
impugnado
devcrá elaborar e
Ao longo do procedimento de verificação de créditos, o devedor
análise a propos-
I
ultlma
cr
+ sdi't âDresenta!;m pla;o de recuperaçào judicial, que rePresenta
credores.
em
Diferentemente do que ocorria.
ÍÉ á ú"i"1 de ser firmado com os seus
[.4aniÍ€staçóes do devedor ".árao " recupemção judicial pode atuar de diversas Ínaneiras scndo muito
<,
,
ãÃl aon.ordu,u, "
É,
e do cornitê de credores
mais flexÍvel às necessidades de cada emPresáIio e,
po[ isso, é necessária â apresentação
ê econônrico-fi-
à" uÀ pUno inai.""do as medidas necessárias Para a suPeraçào da crise
(0 110
é + -o1ll 1l
nanceifil.
judiclal No mesmo sentido do direito norte-americanor, no qual o deYedor tem r Prin-
podem apresentar
cípio a legitimidade exclu§iva, mas depois de certo prazo outros
ao devedor a legitimidade papa apre-
Produçáo d€ pÍovas uÀ planol o direito brasileiro assegura aPenas
surgir para os credores a possibilidade de
se necessário senàr essa proPosta de início, mai pode
I I
l, apresentaçal dà ptano alternativo. Essa aPresentação poderá ocorrer quando decor-
. Décisáo do juiz I
,ido, o. tào or.r á60 di"t (Lei n. 11.101/2005 i art 6, § 4q-A), sem uma deliberação
esta aPlovou a
dos credores ou quando o plano foi reieitado em assembleia, mas
A depender da decisào t concessâo de um prazo de 3-o dias Para apresentação de um plano alteÍnativo Pelos
I
credores (Lei n. 11.101/2005 - art.56' §'te).
I
Agravo
i
Í 2 Elementos do plano de recuperaçáo iudicial
i
I ALDERMAN ,R., MyleslL Busíness rcorgaíiz^tío,B. Denver: Outskirts Press' 2006' P 65'íú'
I
230 i cunso oe ornerro EMpBÊsantAL
PLANO DE BEcUPERAçÀo JUDICIAL 231
perfil subietivo da empresa; meios com predomihância sobre o perfil objetivo da izarão o capital social, por meio de créditos em face do devedof, transferin-
§a; meios com predominância sobre o perfil funcional da empresa e meios com consequentemente Pala a nova soci edade, que deverá negociar a forma
de recebi-
minância sobre o perfil corporativo da empresa6.
desses créditos
Apesar de nâo haver qualquer problema nas classificaçôes propostas, p por fim, mesmo âs obrigaçóes trabalhistas podem necessitar de aiustes, Para não
outra organização dos meios de recuperação, dividindo-os em: medidas Íinance acontinuaçáo da atividade do empresário. Nesse caso, deve-se buscar a redução
medidas societárias, medidas referentes à gestao, captaçâo de recursos e transferê comP ensação de ho!ários e a redução dâ iomada, mediante acordo ou conven-
ial, a
da atividade. dos
coletiva (Lci n. 11.101/2005 - art. 50, VIIt). Obviamente; â mudança nos direito§
dependerá da celebrâçáo de convençâo ou acordo coletivo, Pois a flexibi-
dos direitos trabalhistas depende desse instrumento.
3.1 fi/ledidasfinanceiras
O rlevedor que passa por uma crise econômico-finarl( cira, a ponto de necessitar Medidas'societárias
recuperação judicial, normalmente tem dificuldades para lr otrar as obrigações
junto aos credores. Em função disso, é muito comum que na recupelação
iudicial o Como a maior parte das aüvidades empresariais é desenvolvida por meio de socie-
vedor necessite de providências para aiustar suas relaçôe5 com credores, viabilizando , é possível também a utüzaçâo de medidas
societfuias, com o intuito de reorgani-
cumpriment() das obrigaçôes e a continuação da aüúdade. Essas medidas relacion atividade empresarial e permitir o seu melhor desemPenho. Dentro dessa ideia,
às obrigaçÕcs do deyedor serão chamadas de medidas financeiras. possÍveis mutações na estrutura da própria sociedade e alteraçóes na titularidade
Entre as rledidas financeiras mais comuns, está a concessão de prazos e cond controle da sociedade
especiais para pagamento das obrigaçôes vencidas ou vincendas (Lei n. 11.101/2005 art.
-
50,I). A concessão de prazos de carência, o parcelamento de dividas que tinhâm venci-
mento único ou mesmo a concessâo de descontos podem ser extremamente úteis, na 3.2.1 Reorganizaçóes
medida em que permitem a adequação do fluxo de caixa do devedor. Dessa forma, ele EntÍe as medidas societárias possÍveis Para a recuperaçáo, temos a possibilidade da
poderá usar mais recursos na sua atividâde e, consequentcmente, na superação da crise. transformação da sociedade e da constituição de uma sub§idiária integral. Em ambos os
Nessa mesma linha, é possÍvel a busca da ,tqualizaçâo de encargos financeiros rela- casos, o que se tem são ganhos oPeracionais que podem ajudar a viabilizar a superação
tivos a débitos de qualquer natureia, tendo como termo inicial a data da distribuição do da crise.
Pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem A transformação é a âlteração do tiPo societário de uma sociedade, independen-
prejuÍzo do disposto em legislação específica" (Lei n. 11.10I/2005 art. 50, XII). Em temente de dissolução ou tiquidação. A constituiçâo de uma subsidiária integral é a
-
outras palavras, pode-se buscar melhores condiçÕes no que tange aos iuros e demais criação de uma sociedade anônima com um único §ócio que, por sua vez, deve ser uma
encalgos financeiros cobrados do devedor, pois eles representam ônus muito pesados na rociedade brasileira, vale dizer, o PróPrio devedoÍ. Trata-se de uma ideia §imilar à de
atividade empresarial. A expressão e4ualízaçào Ítão é múito clara, mas deve ser entendi- uma tilial, porém, dotada de personalidade jurÍdica própria e, con§equentemente, de
da como um aiuste nos encargosT, inclusive com alguma remissâo parcial do valor com- direitos e obrigações próPrios. Em ambos os casos não há relaçÔes ou concentmçóes
binado, para permitir a superação da crise. com outras sociedades.
De forma similar, é possível a busca de outras formas de pagamento ou novas con- Na transformação, a mudança do tipo societálio visa aPenas a melhorar a forma de
diçôes para as obrigaçôes assumidas, Assim, podem ser usadas dações em pagamento ou administmção e atuação da sociedade, melhorando o seu desempenho. Dúcilmente, a
novaçoes de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de ter.- transformaçâo, por si só, será suficiente para superar a crise. Apesar disso, ela pode ser um
ceiro (Lei n. 11.101/2005 - art.50, IX), com o mesmo fim de regularizar a situaçâo do grande instrumento para redução de custo§, Para caPtação de recursos no mercado ou
fluxo de caixa do devedor, para melhorar o exercício da atividade. Do mesmo modo, é mesmo para melhoria na gestão. De formâ similat os benefício§ da constituição de uma
possÍvel a constituiçâo de uma sociedade de credores (Lei n. 11.101/2005 art, 50, X) subsidiária integral sâo de ordem operacional', melhorando a gestão de Parte do negócio'
-
6, NEGRÂO, Rlcardo. Manual de direito comercial e dà empreja, 4. ed. São pâulo: Sârâivâ, 2009, v. 3, 8. LOBO, loÍge. ln: ÀgRÁO, Cârlos Henriquei TOLEDO, Paulo ! C. Salles de (Coord)' Cômentários à lei
p. 143-161, de rccuperuçào de empresds Sào Pa..l.la Sárâiva, 2005, p. 124.
e
Ídléficia.
7, NEGRÀO, Ricãrdo. Manual dz direito tohiercial e de .tlpresd.4. eà. S^o paulo: Sâraivâ, 2009, v 3, p. 145. 9. NEGRÃO, Ricardo. Ma nual de direito cofiercial e de emprcsd. . ed. Sào Paulo: sâraiva,20@' v 3' p 147'
234 i cunso or o arrro EMPBESARTAL
PLANo DE ÂÊcuPEnaÇÁo ,ruDrclAL 235
12. 14. GUÊRRA, Glauco Martins: CÀSTRO, Rodrigo R. Monreiro de. Intervenção do esrâdo no domínio
BULGARELLI, §Í/âldiio. Concentruçào de empresas e d.ireito
arrtitrusre. 2. ed. São pâulo Àtl.rs, 199ó, êconômico e recuperâçâo judiciât. Inr CASTRO, Rodrigo R. Monteiro de; ARÀGÀO, Lea(dro Santos (CooÍd.).
p. 50.
Direita societdria e a nova lei de falências e rccuperd.çào de empresas, Sào Paulo: Quartier Latin, 2006, p. 264.
13. BAPTISTA, Luiz Olavo. Concentraçào de empresa s. Revista de Direito Civit, Imobitiário, Agúrio
Eüprcsarial, Sâo Paúlo, ano 3, n. 9,
e I 15. CÀMPINHO, Sé r}io. Fd.lênéld e rccuperuçilo de empr$d. o novo regime de insolvênci empressriel. 3. ed.
iut./ser. 1979, p. 184. i Rio de rarciro: Renover 2008, p. 159.
236 CUNSO DE DIÊÉITO EMPÊESABIAI PLANo DE FÉCUPEBAÇÀO JUD CIAL 237
aporte de novos recursos na devedora ou pela substituição dos administradores ou reduz seu patrimônio' para ter recuÍsosPara honrar
vedor reduz seu tamanho
houver confusão patrimonial ou desvio de fina_tidade, aí sim eles poderão ser resPO continuar a atividâde' obtendo receita suficiente Para
bilizados, mas não por esses simples fatos.
oiiü"çu"t ou -"t-o Para
r,
4 Limitações ao plano
A maioria da doutlina, a nosso ver com razáo, entende que o prazo deverá ser con-
Embora a liberdade seja o grande referencial para a el aboração da concessão da recuperação iudicial'za. Efetivamente, a lei só estabelece sanções para
do plano de recu
raçâo iudicial, a lei impóe alguns limites às medidas pro postas, mprimento do plano após a concessão da recuperação iudicial, logo, o prazo para
a fim de evitaÍ abus
viabil izar o atendimento aos princÍpios da recuperação j udicial o plano só pode iniciar após a concessão. Qualquer descumprimento anterior
teriâ efeitos e, por isso, não se Pode considerar que haja algum prazo anterior à con-
da recuperação.
4.1 Ctéditos trabathistas e de acidente de trabalho O prazo de 1 ano pode ser aumentado em até mais 2 anos, desde que o devedor
te garantias, obtenha a aprovação específica da classe dos credores trabalhistas
Em relação aos créditos trabâlhistrs e de acidente de trabalho, vencidos ia simples dos credores presentes) e seia garantido o pagamento integral da dívida
antes
pedido de recuperação, o plano não poderá prever prazo pelor
su a um ano para Assin, é possÍvel ter um prazo de 3 anos pala pagamento de 100% das dÍvidas trabaLhis-
No que tange aos crédiros de acidünte de trabalho, de ve-se entender c()mo
vencidos , desde que haja garantias pessoais e/ou reais, consideradas suficientes pelo juÍ2(, da
aqueles já apurados e liqúdados por decisão
iudicial, até o dia do aiuizamento da aÇâo :"flperaçâo, havendo aprolação desse prazo pela classe trabalhista, especificamente.
recuperação judicialro. Já nos crédi«rs trabalhistas. o ven cimento
é aquele norma_lmente
estabelecido para os pagamentos aos trabalhadores. A ideia i,
fundamental aqui é reduzir
o âmbito de negociação desses créditos, que possuem um tratamento privilegiado 4.2 Gamntias reais
nos
concursos de credore§.
Outro limite imposto ao plano de recuperaçâo )udicial refere-se às garantiâs !eais
- Além disso, não se pode prever prazo srrperior a 30 dias parâ pagamento dos cré-
ditos trabalhistas, de nitureza exclusivamente salarial, vencidos oferecidas pelo devedor Estabelece a Lei n. 11.101/2005 (art.50, § ls) que "na alicnaçâo
nos trê" meses ante_
riores ao pedido de recuperação, até o limite de 5 salários mínimos por debem objeto de garantia real, a supressâo da garantia ou sua substituiçâo somente serâo
trabalhador
(Lei n. 11.101/2005 admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiya garântia'l
- art. 54). Qualquer outla alte!âçào é possível, obviâmente desde
que haja o consentimento dos credores. A ideia aqui é resguardar privilégio O dispositivo tem a redaçâo um tanto quanto confusa, mas a doutrina tem-se
o desses
créditos e garântir um pagamento imediato do que é essÀcial para a sobrevivência esforçado para chegar ao alcance de tal regra. Rachel Sztajn e Silva Pacheco afirmam
digna do trabalhador. que â intenção do dispositivo é evitar qualquer a.lteraçâo na garantia real sem o con-
Em ambos os casos, define-se um prazo máximo para o pagamento sentimento do credor'?s. De modo similar, Sérgio Campinho afirma que a lei "condicio-
dos créditos sem,
contudo, fixar o termo inicial desse prazo_ Fábio Ulhoa Coelho e na à expressa aprovação de credor a alienação do bem objeto de garantia real ou a
)osé da Silva Pacheco
entendem que o prazo deverá ser contado do vencimento da obrigação?1. substituiçào da garantia"/6,
Manoel lustino
Bezerla Filho entende que o termo inicial desses prazos deve ser a juntada De outro lado, Fábio Ulhoa Coelho afirma que tal restriçáo deve ser entendida da
do plano de
recupelação aos autos2. Rachel Sztajn e Frederico Simionato, por seguinte forma:
usa vez, afirmam que
o termo inicial seria a aprovaçâo do plano pelos credo re§lrl
2a. CAMPINHo, sérgio. Falércia e recuperação de emprcsai o ítovo Íegime de insolvênciâ empresãrial.
t:.. gto. Fdténcia e rccupetuçiío de empresai o Riod€ leneiro: Renovâr 2008, p. 161;CAMPOS BÀTÀLHA,Iíilson dê Souzâ; RODRIGUES NETTO,
3. ed.
3O-, ÍlYfl*nO,
J. ed. l(lo
de Jeheiro: Renovar,2008, p. 162. ^ovo
regime de insolvênciã empresarial,
Nelsory RODRIGUES NETTO, SÍlvia Mâriâ LábeleBàtàlhà. Coríehtários à lei de re.uperaçdo iudlcldl de
emprcsas eÍdlehch,4. ed. São Peulor LTr, 2007, p. lo6i ANDREY, Ma.cos. In: DE LUCCÀ, Newtonr SIMÁO
21. PÀCHECO,losé dasil\a. proc.sso de rccupera?ã.o
iudiêldt, extrdltdicidl eÍaléncia.2, ed.. Rio de lanei- FILHO Àdalberto (Cootd.l. Comerrürios à iova lei de r.cuperaçito dc enpretas e de íalénêias. Seo P.ulol
ro: Forense,2m7, p. 15ó; COEI"HO, Fábio Ulhoâ.Cuno de dbeito
coÁeraiaf. B. ád. Sao pautor Saraiva, fmS, Quârtieí Latin, 2005, p. 294; LOBO, ,oÍge. In: ÀBRÃO, CâÍlos H€nriquq TOLEDO, Paulo F. C. Sâlles de
v.3, p.420.
lcooÁ.). Corrlentários à lei de rcê,upetuçdo de eft1prcsas e Jalência, Seo Paúlor Seraivâ, 2005, p, 146,
. BEZERRA fÍLHq M..noel l\t
22. no. Lei de recupetuçao de empresas e Íalêr1êias coherúada. 4. ed, Sâi,a 25. SZTA,N, Rachel. ln: SOUZA,ÚI{IOR, Francisco Sátiro de: PITOMBO, Ântônio Sérgio dê A. de Moraes
Paulo: R€vi5ta dos Tribunais, 2007, p. 169.
lcoord.). Comentá eÍatênêia. Sâo Pauto: Reviste dos Tribudais, 2005,
os à lei de recuperdçAo de emprcsdr
23. SZTAIN, Râch€1. Ín: SOUZA ,úNIOR, Frencisco Sátiro dei PITOMBO, Ànrônio Sérgio p, 267f PACHECO, José d Ptucesso dê recuperação judi.ial, extrajudicial eÍaléncia,2. ed. R;o de lanei-
de A. de
y::âes (9:_or9:) _91rn érí tários à Let de recuperaçao de empresds eÍalêú.ia. Sao páulo: Revista dos Tribunai.s, ror Forense, 2007, p. 162. ^Silva.
2005, p. 245j slMtoNÀTO, Frederico A. Monre. Trataào
2008, p. 178.
de díreito Jatiz"rá nio à. 7"n"i.o, ro."nr", 26 CAMPINHO, Sérgio. Fa!é cia e recuperaçào de empresa: o novo rcgime de insolvência empresarial.
3. ed. Rio de ,aneiío: Renoval 2008, p. l5O.
2 40 CURSO DE DIBEITO EMPRESABIAL
àL-aNo oe necueemçÁo .,ro,cm ! 241
Para a simples supressão ou substituição de uma g{rantia real, é suÍiciente que o I Apresentação Pelo devedor
plano de recuperâção iudicial seja aprovado. Mesmo que o titular da garantia nis
legais, o devedor deverá aPresentá-lo
teúa votado em favor do plano, sua aprovaçáo basta pâra a supressão ou substi- Elaborado o Plano, atentando- se aos limites
que
no Prazo imProrlogável2e de 60 dias, contados da publicação da decisão
tuição. Se, porém, for prevista a alienação do bem como meio de recuperação (Lei n. 11. t01/2005 - art. 53), sob pena
processamento da recuPeração i udicial
dicial, será indispensável a concordància do credor titular da garantiaz'. em falência Tal prazo, por vezes, §erá muito curto para a complexidade
convolação
o esboço fundamental das
negócios; mesmo assim, há que se aP resentar ao menos
Para o STJ, â simples desoneraçâo ou substituiçâo dâ garantia nâo depende do íim de não postergar indefinidamente a solução do processo
lledidas de recuPeraç âo, a
consentimento do credor titular da garantia, conforme já decididoi posteriores, mas terá quc
pe qualquer forma, es se plano poderá ser objeto de alterações
decretada falência do deve dor
aPresentado no pra zo, sob pena de ser
a
§eÍ
propositura da açào de recu-
[...] a supressão das garantias reâl e fideiussórias restou estampada expressamente A apresentação de§sa proposta nâo é requisito para a
ração iudicial, mas é ess encial ao longo do Proced
imento. Ao ajuizar o Pedido de
no plano de recuperação iudicial, que coàtou com a aprovaçâo dos credores devi-
sua in tenção de formalizar um acordo
damente representados pelas respectivas classes (providência, portânto, que con- recuPeraç ão judicial, o deved or apenas apresentâ
com os seus credore§, Pala su
perar a crise econôrnico-finance ira pela qual ele está Pas-
verge, nurna ponderaçáo de valores, cofn os interesses de§te§ maioritarianrcnte), o
sando, mas não Precisa Êpresentar desde o início
do process o a proposta de acordo,
que importa, reflexamente, na observância do § 1! do art. 50 da Lei n. 11.101/2005,
embora nada impeça que iá apresente o p lano3o. Estando em termos o pedido de
e, principalmente, na vinculâção de todos os credores, indisüntamente28. da recuperação, iniciando o procedimen-
recupe raçâo, o juiz deferirá o processamento
de 60 dias para apresentaçáo desta ProPosta de
to de ve rificeção de crédito e o Prazo
Da mesma forma, a simples ulienaçâo do bem objeto da garantia, sem afastar o direi acordo.
to real, não dependeÍá do conserLijme[to do titular da garantia, Todavia, a alienação do plano de recupe-
Há, pois, fundamental imPoltância no Prazo de aPresentaçáo do
bem, afastando-se a garantia que incide sobre ele, seia pela substituiçilo, seja pela simples punida com a convolação em falência'
,uçao 1uái.i"l, Porquanto sua iesobediência é
desoneraçáo, dependerá do consentimento especifico do credor titular da garantia. qr"*p"du , .""trplraçâo iudicial reconhece estar Pa§sando por uma crise econômico-
crise superar essa crise' o devedor
;;;;i." ", por isso, pleiieia a solução dessa Para
deve!á atenta; a certas determinaçôes legais, como o prazo de aPlesentaçío do Plano A
4.3 Variação cambial desobediência a essas determinações lega.is denota uma falta de cuidado incomPàtível
com a recuperação da empresa, o que cãnduzirá à decretaçâo da
falência' como forma
Por fim, a variaçâo cambial será conservada como parâmetro de indexaçáo da cor. àa p"t i-onial forçada para satisfazer o maior número possÍvel de credores'
tlquia"çâo
respondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor útular do respectivo crédito No direito norte-americano, o prazo é de 120 dias3r, admitindo-se
inclusive Prorrogaçõesr?'
aprovar expressamente previsâo diversa no plano de recuperação judicial. Mais uma vez, e não há convolação automática em falência
protege-se a gârantia que o credor tem especificamente em certa5 obrigações.
g6t segundo lugar, o plano, mesmo o alternativo, é umâ proposta que deve obedecer
parâmetros legais estabelecidos. Sem esses parâmetros (elementos obrigatórios, com
ncia âos limites legai§), a lei não considera legítima a proposta de acordo, mesmo
pelos credores, para colocação em votação.
A.lém disso, exige-§e um apoio substancial de credores, com uma alternativa de
órum. A primeira opção é ter o apoio formale oficializado de credores que represen-
25% do total dos créditos abrangidos pelo processo. A segunda opçâo, que só se
aplica se tiver ocorr ido uma assembleia de credores, é o apoio de credores que represen-
tem 35% dos créditos presentes naquela assembleia. Essa segunda nos parece mais viável,
pela própria dificuldade de instalação prática da assembleia em primêira convocação,
Também é necessário que o plano alternatiyo não crie mais er1-rbaraços aos sócios,
do que aqueles já assumidos anteriormente; vale dizer, nao se pode impor que os sócios
{q devedor assumam obrigações que não tinham antes, r:omo a garantia de pagamento
de certas dívidas. Nada impede que garantias, dadas pr:los sócios anteriormerte, sejam
marrtidas, o que se quer proibir são novos ônus e abusos pelo momento pelo qual passa
sociedade devedora.
No mesmo caminho, deve ser assegurada urna Iiberação de garantias pessoais, pres-
tadas anteriormente; no caso daqueles credo|es que estão apoiando ou aprovando o
plano alternativo. A ideia é realmente liberrr 4arantias pessoais nesse caso do plano al-
ternativo, pois isso representaria uma contraL,.,r tida à imposiçâo da vontade dos credores
sobre a vo:rlade do devedor na proposta do r,:ordo. Irnpôe-se uma cláusula de Iiberaçáo
de garantiâs pessoais que vinculará quem a ai)oiar ou aprovar
Por fim, exige-se a obediência ao teste do "melher interesse do devedor'l isto é, â
. não tiver sido aprovâdo o plano apresentado pelo devedor ( Lei n. 11.10U2005 recuperação iudicial náo pode impor mais sacrifícios do que a falência importaria para
- artigos 45 e 58, §1s); devedor Existe o teste do melhor interesse do credor, que garante que cada credor na
. contar com os elementos legais (Lei n. 11.101/2005 - art. 53); reorganização receberá pelo menos o que receberia na falênciâ33. lncorpora-se esse teste,
sob a ótima do devedor, impedindo que os credores, no plano alternativo,lhe imponham
. contar com o apoio por escrito de credores replesentativos (mais de 25% do
sacrifícios maiores do que os que seriam impostos na falência
créditos totais ou mais de 35% dos créditos presentes à assembleia que reieitou o
plano do devedor)r
. não imputar novas obrigaçôes aos sócios do devedor;
. contar com previsão de isenção dâs gamntias pessoais Pre§tadas por pess
naturais em relação aos créditos a serem novados daqueles que aPo iaram ou apro
varam o plano alternativo, rlão permitidas ressalvas de voto; e
. atender ao melhor interesse do devedor, náo lhe impondo sacri fÍcio maior do
que na falência.
lbieção
APREGTAçÁo oo plAluo
10 DE REcuPEnnçÁo JUDtctAL De outro lado, é certo que nem sempre os credores concordarão com a Proposta
ntada. Nesse caso;'não lhes cabe rejeitar o PIa[o imediatamente, ma§ §im aPresen-
uma oposição para que o plano seja objeto de discus§ão e deliberação pela massa de
Só têm legitimidade para apresentar essâ oposição os credores que no momen-
estivelem admitidos ao processo, seja por constarem da relação de credores, seja por
serem incluídos
por decisáo iudicial, EIes são os suieitos que farã o parte do acordo e, por
isso, têm a legitimidade
para questionar a proposta aPresentada
1 Manifestaçáo dos credores sobre o plano apresentado pelo Na oposigo, o credor deverá fundamentarl sua discordância por meio de razões de
devedor direito que justifiquem a náo aceitação do plano apre§entado. Não se trata aqui
fato e de
de uma simples informação de discordância, mas de um arlazoado especificando os
A princÍpio, como a recuperaçâo ;udicial tem natuleza de um acôrdo, é essencial
a motivos da oposição. Pâra tânto, pode-se invocar um sacrifÍciq maior dos credores do
o encontro entre as vontades do devedor e dos seus credores. Para que iisse encontro 4s que o necessário, a ausência de colaboração do próprio devedor que mantém níveis ele-
vontades ocorra, o devedor deverá tomar a iniciativa, apresentando umaproposta inicial vados de remuneração para seus administradores ou qualquer outro motivo que funda-
de acordo, o plano de recuperaçâo judicial. Tal proposta só produzirá efeitos se for acer- mente essa discordância em relaçáo ao Plano aPresentado. A irópria boa-fé obietiva
exige uma iustificativa, sob pena de indeferimento da oposiçâo, ou seja, oPosrçôes injus-
ta pelos credores. Em razão disso, todos os credores devem ter a chance de se manifestar
tificadas nâo podem ter o trâmite normal, devendo ser indeferidas de plano pelo juiz,
sobre o plano de recuperàção iudicial.
Mesmo sendo deüdamente justificada, nenhuma objeção por si só é capaz de con-
Pala que os credores tenham conhecimento do conteúdo da proposta de acordo e pos-
duzir à rejeição imediata do plano aPresentado, Porquanto este pode ser objeto de âlte-
sam se maniÍestar, a lei impÕe a publicação de um edital avisando aos credoÉs sobre a entle-
raçôes. Da mesma forma, nenhum credor tem o poder de reieitar o Plano de imediato,
ga do plano emiuiz. Este edita.l, que será publicado na imprensa oÍicÍal e erqjornal de grande por mais expressiva que seja sua participaçáo na massa de credores. Sua eventual discor-
circúação (Lei n. 11.101/2@5 - art. 191), conterá o aüso aos credores sobie o recebimento dância sempre conduzirá à convocação de uma assembleia geral para deliberar sobre o
do plano e fixará o prazo para eventuajs manifestaçóes. Náo se trata da publiçação do próprio plano apresentado. De outro lado, por menor que sejâ a participação do credor, qualquer
plano, mas apenas de um aviso sobre a possibüidade de acesso ao plano em júzo. oposição justificada também levará à convocação da assembleia de credores, para que
A parlir do momento em que os credores têm acesso ao piano, eles podem formar seja discutido e anaiisado o plano apresentado. Havendo oposição justificada, não há
sua convicção a respeito da proposta apresentada. Há, inicialmente, dois caminhos: outro caminho ao.iuiz, a nâo ser a convocaçáo da assembleia'.
aprovar o plano ou questioná-io, apresentando uma objeçâo. O prazo para essa manifes-
tação é de 30 dias contados da publicação da relação de credores elaborada pelo admi-
nistrador judicial ou da publicação do edital sobre o recebimento do plano de recupera-
2 Análise do plano pela assembleia dos credores
ção iudicial, o que ocorrer por último (Lei n. 11.101/2005 - art.55). Não havendo objeção, o plano será tido como aprovado tacitamente pelos credo-
res. Havendo objeção, deverá ser convocada uma assembleia geral de credores para
l
I
deliberar sobre a aprovaçáo ou não do plano (Lei n. 11.101/2005 - art. 56). No caso de
1.1 Aprovação tácita plâno alternativo, apresentado pelos credores, o plano será colocado em votação na
assembleia, se preenchidos os requisitos legai§, sem necessidade de novo edital sobre 2.1 fase de discussáo: alterações no plano de recuperação
o plano e nova abertura de prazo para objeçôes,
A assembleia dos credores será responsável pela aprovação ou desaProvação do Convocada a assembleia para ap[eciar o plano de recuperação apresentado pelo
plano de recuperação, em decisão, a princípio, soberana3. Terão direito de voto na devedor, câberá aos credores, a princípio, apenas a aproyaçáo ou a rejeição do plano
assembleia os credores su,eitos à recuperaçáo, cujas condiçôes de seus créditos seiam apresentado. Previamente a essa deliberação, obyiamente deverá haver uma fase de
alteradas no plano de recuperação judicial, Pessoas próximas ao devedor (seus sóciqs, discussáo do plano, na qual inclusive podem ser feitas mudanças no plano original-
sociedades coligadas, controladoras, controladas ou as que tenham sócio ou acionista 6ente apresentado. Nada impede que ocorram mediaçôes ou conciliaçôes incidentais
com participâçào superior a 10% (dez por cento) do capital social do devedor ou em ao pÍocesso, entre o devedor e os seus credores, as quais podem acarretar mudanças
que o devedor ou algum de seus sócios detenhâm participação suPerior a 10% (dez por rlo plano aPresentado.
cento) do capital social) poderão participar da assembleia geral de credores, sem te1 Contudo, não se atribui à assembleia o poder de alterar o plâno de recuperação
direito a voto, e não seráo consideradas para fins de verificação do quórum de instala- urilateralmentea, Todavia, nada impede que a assembleia sugira alterações ao plan<r
ção e de deliberação (Lei n. 11.101/2005 - art.43). apresentado, a fim de melhgr atender aos interesses enyolvidos. As eventuais alteraçóes
A assembleia será convocada pelo iuiz, com todas as formalidades legais, Para propostas pela assembleia de credores só serão levadas à yotação se contarem com a
realização em até 150 dias, contados do deferimento do processamento da recuperação concordância do próprio devedor e não implicarem a diminuiçâo exclusiva dos direitos
judicial. Tal pÍazo, a princípio, deverá abranger a primeira e a segunda convocaçóes, Á dos credores ausentes (Lei n. 11.101/20O5 - art. 56, § 3p).
ideia desse prazo é permitir que haja uma deliberação definitiva sobre o Plano antes de Essa questáo é muito relativizada no caso de apresentação de plano alternativo pelos
cessar a suspensão das ações e da prescriçào, que Perdura por até 180 dias da decisão credores, se.la um plano concorrente (quando existe também um plano do devedor a ser
de processamento, salvo no caso de prorrogaçáo desse prazo Pela aPresentaçâo de um a votado), seja um plano sucessiyo, apresentado após a reieição do plano do devedor.
plano alternativo por credores. No crso do plano alternativo, não há necessidade de Nessas situaçôes, são os credores que elaborarão a proposta e a votarão.
obediência a esse prazo.
Embora a intenção seja boa, a reaiizaçáo da assembleia, nesse prazo, nem semPre é
possível. Pode ser que não tenham decorridos os prazos ainda para manifestação dos
cÍedores. Outrossim, pode ser que haja um grande debate sobre o plano apresentado,
Com ou sem alteraçôes, o plano deverá ser submetido à votação pelos credores, isto
ensejando a realização de divesas assentadas da assembleia, impedindo assim que haja
é, deye-se yerificar se o acordo poderá ou não ser firmado. No caso de planos concor-
uma deliberaçáo denko do prazo de suspensáo. Nesses casos, haverá a abeltula da po§si-
rentes (um plano do devedor e outro alternativo pelos credores), caberá ao administrador
bilidade de âpresentação de plano alternativo pelos credores, de modo concorrente ao
devedor .iudicial colocar o plano do devedor primeiramente em votação e, em caso de sua rejeição,
o plano alternâtivo será votado. A lei não é clara sobre a votaçáo do plano concorrente,
. Em todo caso, a assembleia deve ser instalada com quórum de mais da metade do mas acredita-se ser o melhor caminho, considerando a previsão de um plano alternativo
total dos créditos de cada classe, em primeira convocaçáo, e qualquer número em segun- sucessivo à rejeição do plano apresentado pelo devedor Assim, a ideia é votar o plano
da convocaçáo, sendo realizada de forma una. Vale dizec'A assembleia geral de credores apresentado pelos credores, apenas depois do plano apresentado pelo devedor. No caso
para deüberar sobre o plano de recuperação judicial é una, podendo ser realizada em uma de planos sucessivos (plano alternativo apresentado pelos credores após a re.ieição do
ou mais sessÕe§, das quais participaÉo ou seráo considerados presentes apenas os credo- plano do devedor), a votaçáo iá ocorrerá nesses moldes, pois só depois da rejeiçáo do
res que firmaram a lista de presença encerrada na sessâo em que instalada a assembleia plano do devedor é que poderá aparecer o plano proposto pelos credores.
geral" (Enunciado 53 da I fornada de Direito Comercial).
3. SIMIONATO, Frede rico A. Moíle. Tta.tado de d.ircito Íalimentar. Rio de ianeiror Forênse, 2008, p. 185;
MAMEDE, Gladston. D ireito efiptesarial btusilejror falência ê recuPemçâo de êmPresâs. 2, ed. sáo Paulo;
Àtlâs,2008, v. 4, p. 227. SIMIONATO, Frederico A. Mor.te. Tratado de direito íatimentar. R\o Ae Jâneiror Forense, 2OOg, p. 180.
AFRECAÇÀo Do pLANo DE RÊcupÊÊaçÀo JUorcraL 2 49
248 ! cunso oe o aerro EMPRESABTaL
l
I
aprovando-o ou reieitando-o. Para tanto, a assembleia nâo será considerãda como um
I
todo, mas dividida em quatro classes (Lei n. 11.101/2005 - art.41): i I Bônco do BÍasil S/A Garantia Beal 13.S21. B5
. classe III -
credores com privilégio especial, cotl privilégio geral, quirografários, I
65.322,15
l BÍasliia lvlotoÍs Ltda 0uirografário
subordinados e com garantia real, pelo vâlor que exceder o bem dado em garantiÂ;
. classe IV - credores enquadrados como microqmpresâ ou empresa de pequeno Jim Morrison 0uiÍogÍaÍário 3.255,15
porte. i
:
Pneulândia Comerciêl Ltda. 0uirogrdfário 810,43
Para que o plano se)a considerado aprovado, eúge-se,? princ{pio, a aprovaçào crunu-
latrva nas quatlo classes, de acordo com os critérios de votaçáo inerentes a cada uma. Petrobras DistÍibuidora S/A 0uirograÍário r6.7ú,83
Assim, para a aprovação do plano é necessário o voto favorável da maioria dos credores I
de cada classe (computados por cabeça) e da maioria dos créditos das classes II e lll Ra,r ,ls SolArmarinho ElREtl IVE ME/EPP 19.569.00
dores, a maioria também deverá concordar com o plano, Diants dessa dupla exigQncia, q À lei reconhece a possibilidade de outra maioria bem significativa (nlaioria de todos
plano nessa classe só será considerado aprovado se contar com o voto de todos, ou c6Ín os créditos e maioria das classes) ser considerada suficiente para a aprovação d.o plano,
o voto do BB e do BRB, ou com o voto do BB e do ITAÚ. A aprovação apenas pelo BRB e desde que não haia tratamento dúerenciado na classe que não o Não sendo
pelo ITAÚ não será súciente, uma vez que não atingirá a maioria dos créditos. "p.ouou.
possÍvel ter a aprovação de todas as classes, a aprovação da maioria das classes e da
Na classe lll, serâo incluÍdos a SHELL BRÁSIL LTDA., â BRASÍLIA MOTORS maioria de todos os créditos é considerada suficientemente expressiva para que se con_
LTDA., JIM MORRISSON, a PNEULÂNDIA COMERCIAL LTDA. e PETROBRAS sidere o plano aprovado. A ideia é buscar sempre que possÍvel a aprovaçâo do plano,
DISTRIBUIDORA S/4. Nessa classe, também se exige uma dupla forma de aprovaçào, permitindo.a continuação da âtividade, desde que haja a concordáncia de uma-parte
Em primeiro lugar, eÍge-se a maioria dos credores e cumulativamente a aprovação da expressiva dos credores.
maioria dos créditos. Diante dessa dupla exigêriàia, o plano nessa classe só será conside- Ao tratar de§sa forma alternativa de aprovação do plano de recuperação, a Lei n.
rado aprovado se contar com o voto da SHELL e de mais dois credores pelo menos, Sern juiz "poderá conceder a recuperação" se cumpridos os requisitos
11.101/20O5 afirma que o
o voto da SHILL ou sem a concordânçia de pelo menos três credores, tâl plano náo será iá mencionados. O uso da expressãopoderá conceder noslevaria a crei em um poder dis-
considerado aprovado Àessa dasse. cricionário do iuid, no sentido de coruiderar ou nâo o plano aprovado. parte da nossa
doutrina chegâ a úrmar que essa aprovação alternaüv a é o cràm down brasileiroT, no
 jurisprudência vem admithdo a criaçáo de subclasses, desde que "seja estabeleci-
I
sentido de representar a possibilidade de o iuiz impor aos credores a aceitação do plano.
I
do um critélio obietivo, iusti6cado no plano de recuperaçáo judiçial, abrangendo credo-
res com interesses homogêneos, ficando vedada a estipulaçâo de descontos que impliquem
A nosso ver, pô!-ém, não se pode vistumbrar um poder discricionário do juiz nesse
caso.Não se trata ílc uma simples escolha subjetiva do
verdadeira anulação de direitos de eyentuais credores isolados ou minoritários"5. No iuiz sobre a convcniência e a
oportunidade da recuperação judicial, mas da verificação do cumprimenlo de certos
entanto, pam a votação devem ser observadas as classes previstas no altigo 41 da Lei n.
requisitos obietivos de aprovação do plano. Mesmo o uso da e xpressão poderá conceder
11.101/2005.
não afasta r,r juiz da necessidade de seguir a vontade
da maioria expressna dos credores.
Nâo se_qucr atribuir ao juiz um poder meramente homologatório, mâs sim reconhecer
a prevalência da vontade dos credores e do fim social a que se
2.2.2 Aprovação alternativa do plano de recuperagão destina a lei.
Dessa forma, acreditamos que a obediência aos requisitos do art.5g da Lei n.
Em mzão dos princípios que legem a lecuperação da empresa, especialmente os da 11.101/20O5 impôe ao iuiz a aceitação do planos. Em razâo àisso, podemos concluir que
função social e da preservação da empresa, optou-se por criar uma forma alternaúva de estamos diànte de uma forma de aprovàção alternativa, do plano e nâo do tlpíco cram
aprovação do plano de recuperaçáo judicial. Mesmo sem atingir a aprovação em cadâ doyr, pois neste instituto o iuiz manda cumprir um plano que náo foi aprovado, o que
náo se enquadra na hipótese em aná.lise. No caso do art. 5g, há uma aprovação explessi_
uma das classes de credores, o juiz poderá consideÍar aprovado o plano, desde que aten-
va do plano e não sua reieição.
didos os seguintes requisitos cumulativos (Lei n. 11.101/2005 - art.58, § 1s):
para votaçào, nos moldes anteriores. dicial"r3. De modo similar, afirmou-se que
Seria possível questionar a Iegitimidade de decretação da falência nesses casos' 13. STI - RE§p 1314209/SB Rel. Ministrâ NANCY ANDRIGHI, TERCIIRÂ TURMÀ, iulgado êm 22'5-2012,
Dle t -6-2012.
porquanto não teria ocorrido nenhum pedido nesse sentido. Todavia, ao pedir a recu-
14 ST' - RESP I532943/MT. REI. MiNiStÍO MÀRCO ÀURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, iUIgAdO
peraçâo, o devedor requer em última análise a solução de sua situaçâo econômico'fi- êm l3-9-2016, D/e 10'lo-2016. No mesmo sentidor ST, -
REsp 1587559/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE
nanceira, estando implícita no seu pedido a possibilidade de falência, como respostâ a §ÀLOMÃO, QUARTA TURMA, julgâdo em 6-4-20L7, Dle 22-5-2017 | S-Í J - REsp 1660195/PR, Rel. Minlstra
uma crise que não pode ser superaàa. Quem reconhece estar passando por uma crise NANCY ANDRIGHI, TERCEIRÀ TURMÀ, )ul Brdo eín 4-4-2017, Dle lO-4-2O77.
deve ter uma solução, seja no sentido da suPeração da crise, seja no §entido da liqui- 15. ARÂGÀO, Leandro de SÀnto§. Às6embleiâ Geral de credores: e agora? Um diálogo sobre a comuúão
decredores eo direito societário. Ín: CASTRO, RodrigoR. Monteirodej ARÀGÂO, LeandroSantos (Coord.).
daçâo patrimonial.
254 I ctaso or oraerro EMpREsanlaL
APREC aÇÀo Do pLANo DE ÊEcupERAÇÁo JUDrclal 255
I
série de outros requisitos, como a boa-fé do devedor, a viabilídade do plano, uma boa
va de sucesso, o adequado tratamento aos credoles atingidos pelo plano e ou-
Dircíto societário e a hovalêi deÍalérlcias e recuperaç,io de empresas. Sâo pauto:
euârtier Latin, 2006, p. 3O4. Entre esses requisitos, merece especia.l atençáo â obediência ao melhor interesse
16. LOBO, lorge, Inr ABRÃO, Carlos Henrique; TOLEDO, paulo
F. C. Sall€s de \Coord.). Comentá os à lei I
I credores, isto é, se o credor que rejeitou o plano receberia mais na falência do que na
enpresas eÍalênéia. Sâo pâulor SaÉiva,2OOS, p. 1SO. I recuperaçáo, o plano não pode ser confirmado'3. )á na forma usual de aprovação do
17. slMÀO FILHO Adâlberto. Inteíe6ses transt ndividuâis dos credores oas âssêmbleiás gerais
d€ eprovâçâo do pleno de recuperaçâo
e sistcmas plano, vê-se uma boa margem de discricionariedade para o juiz que ainda é ampliada pela
iudiciâl. lnr DE LUCCÂ) Newton, DOMINGU ÊS, Àessandra de
Azey edo (Cootd.), D beita tecupera.ciokdl. Sê\o PÀulo: ameücana.
euarti€r Latin,2OO9, p. Sg.
18. MUNHOZ, Edrrardo Secchi. Ànotâçôes sobre os limites do poderjurisdicionâl
na apreciaçáo do plano de
Nos Estados Unidos é possÍvel que um plano de lecupeFção judicial seja confirma-
recuperâçâo iudicirl. I?e/ ísta de Dteito Bancário e Mercado
de Capitais, a olO,n. , zb,r/jlln.2ú7, p.lE), Co mesmo contra avontade da maioria das classes desde que seiam atendidos os mesmos
19. !RÂNÇÀ, Erãsmo Vâlladáo Azevedo e Novâes. tnvaltdade das delibetações de assembleia geral das S-A. {
Sáo Pâulor Malheiros, 1999, p. 117. I
Secchi Anotações sobre os Iimrtes do poder TABB, Chârles lordan. frr e law oÍ baikruptc!. New York: Foundation Pre ss, 1997, p. 849.
d€ lvr"n91
19.recuperaÇào judicrar.
l9::d-oRevkta. iurirdicionâl na apreciarâo do plâno
de Direna Bancá o e Meftddo d, cap;raÀ, âro r0, n. 36, abí r)! .2ao7,p, BLUM, Rr\a\8, Ba kruptc! dkd debtor/creditor.4. ed. New York Aspen,2006, p.510-512
193. l
TA-BB, ChaÍlês rordan. The ldw oÍbank%ptc!.New York: FoundaLiod Press, 1997, p.841.
I
256 ! cuRso DE DtBEtro ÊMpREsaBrAL AprEchçáo Do eLANo De necueenaçÀo .ruorcÁL i 257
requisitos da aprovaçáo tradiciona.l, exceto obviamente a concordância de todos os cre- papel mais ativo no processo de recuperaçáo iudicial. Os requisitos impostos pelo direi-
dores. Nesta hipótese, sáo exigidos ainda certos requisitos esp€cÍficos, a saber: (a) o to norte-americano podem servir de referência para a melhor aplicaçáo da legislaçáo
plano deve ter a aprovação de pelo menos uma classe; (b) o plano não pode discrimin4
nacionâl sobre o assunto, cumprindo inclusive obietivos constitucionais e âssegurando a
injustamente uma classe; e (c) o plano deve ser iusto e equitatíyo íÍair and equitable)xa.
6aior eficiência possível ao regime da recuperaçâo judicial.
Esse é o cram down, que dá ao juiz o poder de intervir na deliberação dos credores, Na Constituição Federal de 1988, normâ maior do nosso ordenamento juídico, men-
impondo o plano de recuperação mesmo contra a vontade da maioria2s, mediante reque-
ciona-se a eÍiciênciâ exprcssamente como um principio regedor da administração púbtica
rimento do proponente26. A sua aplicação envolve uma grande margem de discriciona- (üt. 37), como um dos elementos a ser analisado no sistema de controle interno (ârt. 74) e
riedade doiuiz, especialmente na definição sobre iustiçâ e equidade do plano, bem comq
ao determinar que as atividades de segurança sejam eficientes (art. 1,14, s 7e). Assim, a efi-
sobre a ausência de discriminaçáo iniusta2T. Àssim, caberá âo juiz verificar se há algumq úrios momentos,
ciência está presente em sendo extremamente importante para as ativi-
discriminação entre as classes e se ela é justa, deixando margem para um claro juÍzo ds
dades âdministrativas no Brasil. A simples menção a esse princípio nesses pontos especíticos
valor A.lém disso, caberá ao iuiz analisar se o plano é iusto e equitatiyo, mais uma vez já levâ a crer que a eficiência é um obietivo a ser buscado na ahração do Direito.
numa análise bastante subjetiva, que, porém, possui certos testes de verificação.
Álém disso, a eficiéncia também deve reger as outras formas de atuaçâo do Direito,
- Registre-se que a Àrgentina também possui um instituto conhecido coúro ucram especiâlmente na elabolação e aplicação de regras jurÍdicas, em função dos próprios
down", mas com contornos completamente distintos. Trata-se de umâ troca de tihrlar!
obieúvos estabelecidos para a República Federativa do Brasil, no art. 3 da Constituição
dade das ações ou quotas da sociedade devedora, para üabilizar a celebração do acordo4
Federal de 1988. Nesse dispositivo, entre outros obiet ivo§, vê-se a garantia do desenvolvimento
e não uma imposição do acordo. No direito argentino, o cram down vísa a separar a
nacional que pode ser alcançado, entre outros meios, por um ordenamento iurÍdico
sorte da empresa da solte dos seus titulares2e.
eflciente.
Eros Grau afirma que "o desenvolvimento deve levar a um salto de uma estrutura
3.2.2 Aplicabilidade ao Brasil social pala outra, acompanhado da elevação do nivel econômico e do nível cultural-ini
telectuâl comunitá!io"32, Ora, uma das melhores maneiras de assegura{ essa elevação do
A Lei n. 11.101/2005 não trâta eipecificamente do cram down, a nosso ver nem nível econômico e do nível cr-rltural se dá por meio da adoção de regras e politicas efi-
mesmo no art. 58, § 19 porquanto nestâ hipótese há uma maioriâ aprovando o plano e cientes para alcançar os melhores resultados.
não sâo impostos requisitos para análise pelo iuiz. Em razão do silêncio da lei, Gladston Entretanto, a eficiência nâo pode ser tida como um yalor em si, mas como um com,
Mamede não reconhece ao juiz o poder de impor a aprovação do plano de recuperaçãor. ponente de valor que, somada a outros valores, pode servir para se alcançar obietivos
Na mesma linha, Frederico Simionato afirma que o magistlado não pode contraria! a maiores. No art. 170 da Constituição Federal, vê-se que a finalidade da ordem econômi-
decisão da assembleia de credores3t. ca não é assegurar a maximização da riqueza, mas sim assegurar a todos existéncia
De fato a legislaçâo brasileira náo dá parâmetros para uma eventual aproyação for- digna, conforme os ditames da iustiça social. Vê-se, nesse artigo, uma posição similar
àquela defendida por Calabresi que dá à justiça um papel dominante, inclusive com poder
çada do plano de recuperaçâo. Âpesar disso, os princÍpios estabelecidos no ârt. 47 e no
de veto sobre medidas que venham a ser tomadas, mesmo que eficientes33. 'A Constitui-
art. 75 da Lei n. 11.101/2OOS devem servir de frindamento paÍa reconhecer ao juiz um
ção é capita.lista, mas a liberdade é apenas admitida enquânto exercida no interesse da
justiça social e confere prioridade aos valores do trabalho humano sobre os demais valo-
24. ÉPSTEIN, Dâvid c , Banktuptq dnd related. law in a nutshell. 6. ed. St. pâul: \v€§t Group, 2002, res da economia de mercadol3a
p.444-445.
Assim, deve-se entender possível a irnposição do plano de recuperação iudicial aos
25. ÁIDERMAN TR., Mytês H r.organizadors. Denven Outskirts press, 2006, p. 67-68.
Basiness credores desde que nâo haja uma discriminação iniusta, desde que se atenda ao melhor
26. TÂBB, Charl€s ,ordàr., The latr oÍbankrupk /. New york: Foundâtion pres§, 1997, p. 85S. interesse dos credores e desde que o plano seja.iusto. Caberá não ao arbítrio, mas ao
27. BLUM, Brien B. Sankruptq and debtot/creditor 4 ed. New yoÍk Aspen, 2006, p. 513. convencimento do iuiz, a identiffcação desses critérios nos casos concretos para a apli-
28. MORO, Carlos Emilio. Crâmdown, In: ROUILLON, Âdolfo À. N, (Dir,), Derecho concursal. Bltenos
,\lres: Lâ Lêy, 2004, p. 539.
29. BAS, Francisco ,unyent SÀNDOVÀL, Carlos A. MoliI! . Le! de concurros )/ quiêbrus comenuda.Buerlos
ÁiÍes: Depâlína, 2003, t.l, p.248-285. 32. GRÀU, Eros Roberto. A ordeu4 econômicd id Constituiçào de 1988,4. ed. São peulor Malheiros, 199g,
30. MÀMIDE, Gladston. Dlteito empresarial brusileirct fàlénciâ, e tecupeÍaçâo d€ empresas, 2. €d. SAo
p, 238-239.
Paulor Atlâs, 2008, v.4 p.228. 33. CÀLABRESI, Guido. The costt oÍaccidents a leSal ând economic analysis. New Ftaven: yâle, 1970. p. 25.
3r.SIMIONÀTO, Fredeúco A. Mronte. Trdtad,o de direito ÍalineitAr. Rio de leneiro: Forense, 2008, p. 183. 3{. GRÂU, Eros Roberto. A ord.em econômicd. hd Canstituífro de l9BB.4. ed. São paulo: Malheiros, 199g,
Nomesúo sentidolPIMENTA, Eduardo G oular t. Recuperaçãa de efipresaj. Sáo paulortOB,2006, p, 189-190. p.212-2t2.
258 CUBSO OE D]AEITO EMPNÉSANIAL
l
caçào de vm cram d,oü./Í no Brasil, pelos benefÍcios que tal instituto traz. Eduardo
Munhoz foi extremamente feliz ao afirmar que
Se
lt GOITICESSÁO E GUMPBTMEIITO
[...] é hora de superar o dualismo soberania dojuiz vs. soberania dos credorcs, qu61 Í
11 DA REGUPENAçÁO JUDTGIAL
se tornou anacrônico no direito falimentar contemporâneo, em vista do consenso.
em torno da ideia de que o sistema deve procurâr conciliar o papel do juiz, do I
devedor e dos credores na produçáo de soluçóes que atendam a função pública do
direito da empresa em crise3s.
35. MLb.IHOZ, EduÀrdo Secchi. Ànotações sobre os limites do poder jurisdicionâl nâ apreciaçáo do Plenode
t
recupeÍâção iudicid. nêrhtd de Direitô Bancário e Mercado de Capitait, ano 10, n. 36, abr/iun. 2007, p. I99. l. COELHO, Fábio Ulhoe. Comehtários à nova lei deÍdlências ê recupera?ão de emptesas. Sào parrlo:
r.irã, 2OOS, p. 167.
36. COSTA, Daniel Cárnio O critério tetràÍásico de controle iudicial do ptano de recup€râção iudiciâj. DisporÍ_
vel emr <httpsr//mlgâlhas.uol.com.br/colunâ/insolyenciâ-em-foco/267199/o-criterio-lelrafasico.
-de-controle-judiciâl-do-plano-de-recuperacao-iudicial. Acesso em:22 dez.2020.
l -
REsp 1383982/pR, R€l. Ministro NAPOLEÃO NLIIES MÀtA
EL DE FÀRIA, PRIMEIRA TLTRMA,
EILHO, Rel. p/ Àcórdão Ministrô
iutgado em 8 -2-2018, Dle s-3-20t8.
Í
li E---------------
Havendo o parcelamento das dÍvidas tributádas, ou qualquer outra causa de susPensão A nosso ver, a nâo âpresentação das certidôes não pode significar a falência, por
da engibilidade (CTN - art. 151), o devedor não terá uma certidáo negativa de debitos f{ta de previsáo lega-l nesse sentidoT, uma vez que o dispositivo que preyia a conyolação
tributários, mas uma certidão posiüva com efeitos de negativa. Obviamente, tal certidào em falência não foi mantido na redação íinal da lei. O art.73 da Lei n. 11.101/20O5 nâo
contempla a não apresentação das certidões como uma hipótese da convolaçáo da recu-
também poderá ser apresentada para cumprir a exigência do art, 57 da Lei n. 11.101/2005i.
gcração em falência, logo, tal conclusão não tem suporte na legislação. Existe âté a pre-
5e a certidão positiva com efeitos dri negativa supre a CND para diversos ffns, não há
visâo de convolaçâo, pelo inadimplemento do parcelamento ou da trânsação ffscal ou
como negar sua aplicaçâo também ao Processo de recuperaçáo iudicial. pelo esvaziamento patrimonial, mas nâo pela simples não apresentâçáo de certidôes,
Outros autores, a nosso ver com razão, entendem que deve ser dispensada a apre-
sentaçáo das certidôes, isto é, a não apresentação das certidões não tem quaisquer con-
1.1. Não apresentaçáo das cettidões sequéncias, não impedindo a concessão da recuperação8. Nessa linha de entendimento,
diz-se que a apresentação das certidôes é dispensada em razáo do sistema e dos objetivos
Ocorre que nem sempre o devedor consegue ter qualquer uma das duas certidóes. da leie. No mesmo caminho, afirma-§e que tal exigéncia é ilegÍtima, não razoável e des-
EIe normalÍnente tem dÍvidas tributárias, em razão da própria crise econômico-Íinancei- proporcionalL0 e, por isso, deve ser afastada.
ra pela qual ele passa e, por isso, não possui certidôes negativas. Além disso, nem sempre A mesma opinião é sufragada pela jurisprudência, que vem aÍastando a exigência da
CNDI'. O ST).iá úrmou que
ele consegue a suspensào da exigibilidade dessas dMdas, inüabilizando até a certidáo
positiya com efeitos de negativa. Nesse caso, o devedor nâo conseguirá cumPrir a exi-
gência do art. 57 da Lei n, 11.101/20O5 e do art. 191-Â do CTN. Daí, indagâr se: quais a§ O parcelamento tributário é direito da empresa em lecuperação iudicial que conduz
a situaçáo de regularidade fiscal, de modo que eventual descumprimento do que
consequências da nâo ap.csentação das certidÕes?
dispôe o art. 57 da LRF só pode ser atlibuído, ao menos imediatamente e por ora,
Alguns autores entendem que a não apresentação das certidões deverá conduzir ao
indeferimento puro e simples do pedido formuladoa. De outro lado, há quem sustente
que nâo apresentaÇáo drs certidÕes deveria conduzir à decretação da falência, uma Yez
a
7. CAMPINHO, Sérgio, Falê cia e rcc peraçilo de enlpresd o novo tegime de insolvênciâ empr€sárial.
qu€ representariâ o descumprimento de um dos requi§itos essenciai§ à concessáo de 3. ed Rio de râneiror Renovaí 2008, p. 169; MAIA, Felipe Feínândes Ribeiro. Recupereção ,udicial vs. Fisco:
. suce$ào tribuúria. a exigênciâ de ceÍtidâo n€geti\.a de débito e o parcelâmento. IÍr CÀRVALHO, Wüiam
recuperaçáo iudicials. Mesmo criticando a exigência, há autores que reconhecem que se
Eustáqüo de; CASTRO, Mo€mÀ À. S. de. Dirriro Íalitneitat coít ãpotân€a Porto Âlegre: Sérgio Á,ntônio
nâo houver o pagamento dos tributos será decretada a falência do devedor, numa sub- F.bri§, 2008, p. 69f OLMIRÀ, Celso Marcelo de. Corrunüíios à nova lei deíalências. S o Paulo: |OB,2OO1,
p.296.
versão dos valores a serem levados em conta nesse Process06.
8, SIMIONATO, Fredetico A. Mont€. Tratado de dircitaÍalimentdt. Rio de Jâneirot Eorense, ZOOS, p.182.
9, BEZERRA FILHO, M^noel fustiío. Lei d.e rccuperuçiÍo de empresas e falêk ias comentdda. 4. ed.. Sâa
3. FÀzzlo IÚNIoR, waÍào. Nova lei deÍatência e recuPeruçáo dê enpresas. sza Paulor Adâs, 2005' Pau.lo:R€viste do6 Tribunais,2007, p.176r MARZAGÁO, Lidiâ Vâléria. A recuperâÇáo iudiciel. tn: MÂCHÀ-
p.172; CAMPINHO, Sé tgio. Fatência e recuperuçào de empresa: o íto',o regifie de insolvência emPre§âriál DO, Rubens Approbato (Coord,.r. Com.htários à Lei dc Ídténcias e rc.uperaçiro de êrnpr.sas. Sào Paulol
3. ed. Rio de lareiro: Renovar,2008, p. 167. Qurtier Letin, 2005, p. 107.
4. CAMPOS BÀTALH.A, wilson de Souza; RODRTGUES NETTO, N€tson; RODRTGLES NETTO, S0lia 10. MÂMEDE, Gledsto^. Dir.ito êmpresaríal busilêrlo: falênciâ e recupereção de empresas. 2. ed. São peulol
Maria Labate Bâtalha. Co fientá.rios à lei de ftcuperaçào iudicial de empresas eÍatêncid 4 ed, SAo PàúotlÍt, Ád45, 2008, v. 4, p. 229; MELO, Luciana Rochâ de. á inÍluência tributátíosia rccuperaçAo iüdicíd!
dos ctéditos
i
2007, p. 108; COVAS, Silvânlo. In: DE LUCCA, Nêwtoni SIMÃO FILHO, Àdalberto (Coord ) Co,i€ã'áior d2 etnprcsat.2OO8.79 í.Mono8ra6a (graduaçáo)- Unlceub, Brâs0tâiMAIA, Felipe Êernandes Àibeiro. Áecupe-
râçâo judiclâl vs. fisco: â sucessáo tributária, â ex.lgêrcia de ceítidáo negativa de débito e o parcelemento. Ín:
à nova lei d.e rccupeqção de empresas e de Íalrrcias. Sâo Pâulo: Qualtier Latin, 2005, P. 3M No m€6mo
CÂRVAIHO, w,i iaÍn Eustáquio de; CÀSTRO, Moeme Â. S. de. Dir€irola limentar êontemporá.neo. potto
sentido: T,DFT - Àcóíd âo 1253296, @159654520168070015, Relâtor: ESDRÀS NEVES, 6r Turmã CÍvel, datc
Alegre Sérgio Antônio Fabris, 2m8, p. 69: LOPES, Bráulio Lisboâ. Áspeclo s tributários daÍalêhcia e da recrye-
de julgamento: 3/6/2020, publicado no D/E: 15/6/2020. Pá8.: Sem Pá8inâ CâdastÍâdâ.
raçA.o dz emprcsas. Sâo Peulo:
Quartier Lâún, 2008, p. 217-218i AppENDL,vO Fábio Diniz. Os meios de recu,
5. CoE LHo, Fábio Ul hoa. Comentários à nova lei de JalênciAs e rccuPeraçào de efiPrcsas. sào PaÜlo: Selr.i' peraçào
iudicial. In: CASTRO, Rodrigo R. Monreiro de; AI{AGÃO, Leand ro Santos lcootd..). Diteitô societdrio
va,2oo5, p. 189; FAZZIo ,ÚNIOR, \íaldo. No va lei de falência e recuperdçilo dc eftlPrcsas Seo Peu'lo ê-a nova let deÍdlencias e recuperaçdo de êmpre§dg Sâo paulo:
euartier Lâ!in, 2q06, p. 3S2t STÀNTON, Márcie
Atlâs,20ó5, p. 172j RESTIEFE, Pâulo S érgio, Reéuperdçáo de eaPresd§ Barueri: Manole,2008, P 279i A gxit6..1. dâ...rdão de regulâridad€ Íiscal para e concessâo do plano de íêc;pêraçào iudiciâ], In: BAT-
Silva.
PENALVA SÃNToS, l. v. Recuperaçào iuAieidl deLmpiesas Rio ãelaneiro: Espaço ,urldico, 2007, p' 47r TELO SÍvio lavier. ?rtac ip.us con;torérsias nd ovà tei detaüncias.poito Negre: raÉris,i0o8,p. t+9.
6. LEITE, Hârrison FerÍeira. O entrâve do ârt. I9L-A da lei comPl€mentâr 118/2005 Pârâ â concessáo de ll T,SP - Câmâra Especisldc Fálênciaj. Agl5Ot.786.4/3. Relator: LINO MACHADO M^TÃO, SB 30-t,
recuperaçáo judiciâI. Ín: PElXoTo, Mârcelo Magalhães (Coord.). l?e/er os tributários da novd lei de Íabnde 2008i frSP - Cámarâ EspeciÀl de Falêncras. Agl 516.982-4/2-00. Relaror: PEREIRA CÀIÇAS. SB rundiaÍ,
comentários à LC l18/2005. São Paulo: MB 2005, p.3s-38. 30-1-2008.
sx----]fl
262 ; cunso DE or8Erro EMPREsÂBrar CoNcEssao E cuMpRrMENro oA BEcupEFAçÁo Juo,c,,^. ! 263
[...] no âmbito das leis interyentivas na esfera de liberdades dos cidadáos, quequal.
Mesmo com o parcelamento especial, acredita se que a orientação será mantida, em
que! Iimitação a direitos feita pela lei deve ser apropriada, exigÍvel e na iusta me-
face dos demâis algumentos.
dida, atributos que permitem identificar o conteúdo jurÍ(lico do cànone da
Em certos casos, como na recuperaçâo judiciâl da Parmâlat, o juiz dispensou a apre-
proporcionalidade ern sentido amplo: exigência de adequuçÃ(, da medida restri-
Eentação da CND pela violação ao princÍpio da proporcionalidade e aos princÍpios da
recuperação iudicial. ti\"â ao fim ditado pela lrópria lei; necercidede da restriçáo para garantir a efeú.
vidade do direito e a proporcionalidade e|tr sentido estdto, pela qual se ponde-
Na recuperação judicial da Bombril, o juiz entendeu que nâo há como eúgir as cer-
tidões negativas fiscaij para a concessão da recuperâção judicial enquanto não regula- Ia a relação entre a carga da restrição e o resultadoh.
mentado o parcelamento de c!éditos tributários. De fato, não seria razoável o fsco exigir
alguma coisa do devedor, enquanto não cumprir sua parte, no sentido da criação de um Pelo princípio da adequação a medida adotada deve ser apta a atingir a finalidade
palcelamento especial para os devedores em recuperação iudicial. Seria como exigir que almejada, ou seja, a medida adotada deve produzir os efeitos que se objetivam. "O prin-
apenas uma das partes de uma relação cumprisse suas obrigaçôes. Com a criação do cÍpio da conformidade ou adequação impõe que a medida adoptada para a realização do
parcelamento especial, acredita-se que tal argumento iá não terá o mesmo peso, mas, interesse público deve ser apropriada à prossecução do fim ou fins a ele subjacentes. [...]
pelos outros fundamentos, a dispensa será manüda. Trata-se, pois, de controlar a relação de adequaçáo medida-fim],Is Em primeiro lugar, a
Outrossim, náo há dúvida de que o Estado tem um dever positivo de colaborar com erigência das certidões não é apta pam alcançar os fins colimados no processo de recu-
a recuperação iudicial e não de criar entraves a ela. Ademais, a exigência das certidÕes peraçáo judicial ou os fins do próprio fisco no sentido de recebimento dos seus créditos,
contraria o princÍpio da proporcionalidade, pois lepresenta uma medidâ desnecessária à uma vez que na falência os créditos fiscais ficam até em terceiro lugar, correnáo riscos
defesa dos interesses do fisco. maiores de não recebimento do que na continuação da atividade.
O princípio da proporcionalidade decorre do Estado Democrático de Direito e, por De outro lado, temos o princípio dã necessidade ou exigibilidade, que significa em
isso, pode-se afrmar que ele tem sede constitucional, e deve pautar toda atuâçâo estatal, strtese que a atuaçáo estatal deve ter a maior eficácia, como o menor.sacrif Ício de direi-
desde a ediçâo das leis até a atuaçâo concreta, especialmente nos casos de restrição de tos. l. I. Gomes Canotilho âfirma que
direitos. Vitalino Canas afirma que
12. STI -
REsp 1I87404/MT, Rel. Ministro LUIS FELIPE SAIOMÀO, CORTE ESPECIAL, julgado €m 19-
6-2013, Dle 2l-A-20l3iSTJ - REsp 1658042/RS, Rel. Ministrâ NÀI{CY ANDRIGHI, TERCÊIRA TURMÂ, p
14. BÀRROS, Suzâna deToledo. O nctpio da proporcionalidad,e e o contiole da êonstitupionalidale das
his rcrtrltiws de dircitos funddrflentais. Btaslliar BrâsÍlia ,urÍdica, 1996, p. 27.
)llgado eío 9-5-2017, DIe 16-5-20Ui STI - Aglnt no AREsp 1185380/SC, Rel, Ministro RICARDO \4LLÁS
BÔAs cuEVÀ, TERCEIRÀ TüRMA, julgâd; e m 26-6-2ola, Dje 29-6-20t8. 15. CANOTILHO, l. Dlrcita cohstítucional
J, Goínes. e teoria d,a corlsrirr&áo. 2. ed. Coimbre: Álmedina,
13. CANAS, Vitâlino. O princlpio da proibiçào do excesso râ Constltuiçáo. In: MIRÀNDA, ,orge (OrBJ. 199a, p.262.
PeÍspecüvas constitucioftais nos 20 anos da Consrituiçào de 1976. Coimbra: Coimbra, 1997, v. 2, p. 335. 16. Idem, p,263.
264 : cuRso DE DtREtro EMpBEsAnÂL CoNcESsÁo E cutvlp8l]\,4ENTo oa BECUpERAÇÁo JUDtctaL 265
gravosa, com menos benefÍcios gerados, por isso, também por este aspecto, nâo pode
Embora não ponha fim ao processo, a decisão concessir.a da recuperação )udicial é
prevalecer juiz acolhe o pedido formulado Pelo autor.
efetivamente uma sentença, porquanto o
Por fim, há um princípio da proporcionalidade em sentido estrito ou razoabilidade, apesar do briJhantismo dos seus defensores, nâo podemos considerar a decisão conces-
pela qual a atuação estatal deve ser ponderada, sopesando todos os valores em jogo s siva uma simples decisão interlocutó!ia2o, porquanto ela acolhe, em última análise, a
compatibilizando-os. "Meios e fim são colocados em equaçâo mediante um iuÍzo de pretensâo deduzida pelo autor da ação.
ponderação, com o obfectivo de se avaliar se o meio utilizado é ou não desproporciona- Em se trâtando de uma sentença, normalmente o lecurso contra ta.l decisão seria o
do em relação ao fim. Trata-se, pois, de uma questão de medida ou desmedida para ss .
recurso de apelação, com os efeitos inerentes a ela. Todavia, o processo de recuperação
alcançar um fim: pesar as desvantagens dos meios em relaçâo às vantagens do fiml,I? prática dos atos previstos no plano de recuPeraçâo iudicial,
iudicialprecisa continuar, com a
Ponderando-se os valores em jogo, vê-se claramente que deve prevalecer a preservação como a alienaçâo do estabelecimento e outras medidas. Em razão disso, a Lei n. 11.101/2005
da empresa, pelos benefÍcios que essa preservação gera pâra todos, inclusive pala o fisco.
{art.59, § 2r) prevê expressamerite o recurso de agravo de instrumento como o recurso
Portanto, na hipótese da recuperação judiciâI, a exigência da CND náo atende a cabÍvel contra tal decisão. Tal determinação legal visâ a permiür que o processo continue
nenhum dos três princípios especÍficos, mostrando-se claramentedesproporcional e, por com o juÍzo de priràeiro grau, levando apenas cópias do feito para a LlstáJrcia recuÍsal.
conseguinte, inconsütucional. De fato, o fisco nâo parricipa do acordo de recuperaçào, O eventual recurso poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério
nào tem suas execuçóes fiscaír suspensas e de forma alguma é prejudicado pelo anda- priblico, questionando eventuaisúcios formais ou materiais na concessâo da recuperaçâo
mento da recuperação iudicial. Desse modo, não há nenhuma necessidade de se resguar- iudicial, O recurso seguirá as mesmâs regras do Código de Processo Civil, inclusive
dar o pagamento dos créditos fiscais na recuperação )udicia[8. quanto ao prazo e à possibüdade de efeito Euspensivo, dada a aplicação daquele Codex
Poderia se dizer que o fuco é prejudicado pela nâo sucessâo do eventual adquirente aos processos de falência e de recuperação judicial (Lei n. 11.10U2005 - art. 189).
I
do estabelecimento (Lei n. 11.101/20O5 - art.60, parágrafo único). Todavia, em outros Sem recurso ou nâo sendo concedido o efeito suspensivo no recurso interposto, a
crsos de alienaçôes iudiciais, de imóveis, por exemplo, também náo há sucessáo do ad- decisâo concessiva da recuperaçâo judicial produzirá uma série de efeitos, a saber: a
quirente. Assim, não há dúvida de que não há prejuÍzo na concessão da recuperação iu- vinculação de todos os credoÍes sujeitos à recuperaçáo â novas obrigações constantes do
dicial sem a apresentação de certidôes negativas de débitos tributário§, pelo contrário, plano, a formação de um título executivo .judicial e a submissão da alienaçâo de{iliais ou
t "a concessão pode trazer benefÍcios bem maiores em râzão da continuação da ativida- unidades produtivas às regrâs previstas na própria Lei n. 11.101/2005. Àlém disso, para
de. Ao permiti! que a atividade seia recuperada, o fisco protegerá não só seus interesses incentivar a continuação da atividade, os créditos pertencentes a fornecedores de bens
de arrecadação futura, mas os interesses da comunidade e dos trabalhadores que circun- ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação
dam a empresa. judicial, desde que tais bens ou serviços sejam necessfuios para a manutençâo das ativi-
dades e que o tratamento diferenciâdo seja adequado e razoável no que concerne à rela-
çâo comercial futura, poderão ter um tratamento diferenciado no plano de recuperação
2 Concessáo da recuperaçáo iudicial judicial (Lei n. 11.10U20O5 - art. 67, p. único).
se considere a vontade dos credores em conjunto (massa de credores ),r, ainda que
-algum Na novaçâo, esse surgimento da nova obrigação extinguirá a obrigação original, tendo
deles indiúdualmente possua certas divergências. O conjunto de credores é tratado çqrna
efeitos a princíPio müto simüares aos do efetivo pagamento.
uma comunhâo para todos os efeitos, na recuperação .judicialrr.
Por ter o condão de extinguir a obrigaçáo original, a novaçâo, em regra, extingue o§
Assim, ao ser concedida a recuperação judicial, os credores sujeitos a ela , mesmo
que não concordem com o plano, ficarâo vinculados. "Uma vez aprovado o plano direitos do credor em relaçâo aos coobrigados solidários (exemplo: avalistas) e também
de extingue as eventuais obrigâçÔes acessórias, como a fiança%. Do mesmo modo, extin-
recuperação judicial, todos os credores a ele se submetem, independentemente de dis_ :
guem-se as eventuais garantias a ela inerentes pertencentes a terceiro§, que não partici-
cordância ou, como in casu, de inércia d.o credor"23. A vontade representativa da mggsa ;
param da novaçáo, dada a condiçâo de acessórias da obrigação original (arts, 364 e 366
de ctedores é considerada suficiente para a vinculação de todos os credores sujeitos
à
do Código Civi.l).
recuperaçâo, mesmo que não tenham concordado com o plano proposto. Repete-se âqui
uma ideia muito comum nas sociedades, de vinculâr todos pela vontâde da maioria. Tal Todavia, na recuperação judicial o art.59 da Lei n. I1,101/2005 diz que o plano de
regra é fundamental para viabilizar a recuperação )udicial, porquanto se deve simplificar recuperaçáo "implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e
e facilitar as medidas necessárias à recuperação da empresa tcdos os credores a ele suieitos, sem prejuÍzo das garantias'l Na mesma linha, o art.49,
§ 1e, da mesma lei úrma: "Os credores do devedor em recuperação iudicial conserr,,am
seus dteitos e privilégios contrâ os coobrigados, fiadores e obrigados de regressol'Ao
2.2 Novação pssalvar as garantias e os direitos em face dos coobrigados, a legislação da recuperação
inova em relação à legislaçâo geral sobre a novação, subordinando-a às exigências da
Âo vincular todos os credores a elâ sujeitos, a concessão da recuperaçâo judicial Íecuperaçào iudicia.l'7.
também significará a novação dos créditos, ou seja, os créditos abrangidos pelo plano de Tentando conciliâ! o regime da novaçào e as regras da recuperaçâo judicial, parte
recuperaçáo judicial passarâo a ter as condiçóes ali previstas e não mais as suas condições da doutrila afirma que
a concessâo da recuperaÇào judicial irá operar a liberaçâo dos
originais. Surge um novo contorno pâra as obrigaçôes abrangidas pelo plano, com o in- bens dados em penhor, hipoteca ou anticrese portcncentes a terceiros que não fazem
tuito de viabilizar a superação da crise econômico-financeira. parte do plano e liberará o fiador que não consentir expressamente com o plano2s.
Êm seu sentido clássico, a novaçáo representa a "substiluiçáo de uma dÍvida antiga Nessa linhâ de entendimento, interpretam-§e as g4rântias referidas pela lei como aque-
por uma dlvida nova"a, vale dizer, extingue-se a obrigação antiga e surge uma nova obri. las oferecidas pelo próprio devedor, não atingindo aquelas garantias oferecidas por
gação. Nessa nova obrigação pode haver a substituição de algum dos su)eitos envolvidos terceiros.
(credor ou devedor) ou do objeto da obrigaçâo, falando-se no primeiro caso de novação
Outros autore§, a nosso yer com razão, asseveram que não Íicam alteradas as garan-
subjetiva e no segundo caso de novação objetiva. Ambas podem ocorrer na recuperaçâo
tias, nem reais nem pessoais2e, prestados pelo devedor ou por terceiros. A lessalya ex-
judicial, a depender do plano aprovado pelos credores.
Só ocolrerá novação se a.lguma coisa for alterada em relação à obrigação originalB;
até por isso, os credores que não têm os seus créditos alterados sequer participam da 26. Ídêm, p.523.
votação do plano de recuperação iudiciâI. Àlterando-se a.lguma coisa na obrigaçâo origi- 27. CF{A\/!S, Nâúlia clistina. Novaçáo ou inovação? tn: CARVAIHO, Wüliâm Eustáquio dq CASTRO,
nal, surgirá uma nova obrigaçâo com os contornos deÍinidos pelo plano de recuperação.
Moemâ Á. S. de. Direlro Jalilfiêktar co tefiporár€o. porto Alegre Sérgio Àntônio Fabris, 2008, p. 168.
28 NIGRÁO, Ricârdo. Mcnual de direito com.rcial e de emprcsa.4. ed. Sâo pâulo: Saraiva, 2009, v. 3,
p, 187-188i MUNHOZ, Eduardo Secchi. In: SOUZA
IúNIOR, Frâncisco Sáriro de; PITOMBO, Antônio
Sérgio de À. de Moraes (Coord.l. Comentdrios à Lei de rccupetuçito de erfipresd, é/arár.ia. Sáo pâulo:
Revis-
ta dos Tribunâis, 2005, p, 29O-291t CHÀVES, Natátie Cristina. Novaçã; ou inávaçáo?
Inr CÀRVALHO,
Wiuiam Eustáquio dq CASTRO, Moemâ Á,. S. de. Direito
2f. CAMPINHO, Sérglo.Fd,lê ctd. rccupetuçdo decmpresat o nwore$me de iísolvência empresarlâl. Ilio Íalifieitat ca temporá.neo, porto Àlegret Sérgio
Antônio Fâbris, 2008, p. 164.
dê JánêlÍo: Renovar, 2006, p. 13,
29..CAMPINHO,Sérgio.Fdlénciderecrperaçàod.eemprcsaionovoregimedeinsolvênciâempresarial.
22. PORFIRIO CAnPIO, LeopolÀolosé. La juntd dc d.r.edores. Maddd: Civites, 2OOg, p. 42-43. 3. êd. Rio de laneiÍo: Renovar, 2008, p. ISO; LOBO,
,orge. In: TOLEDO, iaulo Ê C. S. de; .q.BRÂô, Carlos
23. STI - REsp 16614%/PÉ, Rel. Ministro HERMAN BEMÀMIN. SEGUNDÀ TURMA, Julgâdo em 274, Heftiqr.re (Coord.). Com ehtótios à lei de recuperuçâo de empresas elaléncra. Sáo paulo: Serâivã,2005, p.
158;
2Ol7 , Dlc 8-5-2017 . PACHECO, Iosé de Silvâ. Proce$o de recuperaçao judiciat, ertraiuAicia! eÍatênê.id.2.
ed. Rio de lanei;ot Éo-
24, tensê,2007, p. 166, BEZERRÀ FILHO, Manoel ,ustiío, Lei de reéuperaçàa de elr1prcsas eÍalêhcias comehtada,
POTHIER, Robert loseph. Tratado das obrEag6es, Trâduçáo de !íitt 8âtistâ e Douglâ. Dias Feírein,
4. €d. São Pâúor Revistâ dos Tribunâis, 2007, p. 1781 C.AMPOS
Camplnas: SeÍvanda, 2001, p, 5I1. BÀTALHÂ, l7ilson de Souzal RODRIGLES
NETTO, Nelsoq RODRIGUES NETTO, SÍlvia Mariâ Labâte Batâlha. Com entátios
25. à lei d.e rccuperdçilo iudi-
ldeí , p.522. cial de efipresas e lalêhci.d. 4. €d. Sáo paulo: LTr, 2007, p. lO9.
i
I
264 CURSO OE DIREITO EMPRESAB AL CorcrssÁo g cuupnruENTo DA BEcupÉBAÇÁo JUDrcaL 26S
pÍessa da lei, que mencionâ "sem prejuízo das garantiasí' deixa entrcver a intenção do Na pendência da condiçâo, a novação produz todos os seus efeitos, isto é, a obriga-
legislador de alterar o regime próprio da noEção, mantendo as garantias mesmo dada§ extinta não podendo ser eígida, a não ser nas condiçôe§
cáo anterior está iuridicamente
por terceiros. Mesmo as fianças se mantêm, agora, sem qualquer dúvida, pois o.lrt.49, no plano. Em razão disso, deve-se promover a baixa das obrigações cu.ia exigi-
Drevistas
'iilidade
§ 1c, da Lei n. 11.101/2005 é expresso ao afirmar que os credores conservam seus direitos foi alterada pela recuperação iudiciall. Assim, se há uma dívida vencida inscrita
em face dos fiadores, Nesse sentido, iá decidiu o ST)30:
io SERASA, cu.ia exigibilidade, nos termos do plano aprovado, só se dará a partir de dois
anos de carência, deve-se baixar esta dívida do cadastro. Reitere-se, porém, que a nova-
[...] a Jurisprudência desta Corte se ârmou no senüdo de que o plano de recuperl- ção é condicionâl, isto é, se for decretada a faléncie nos dois anos subsequentes à con-
ção iudicial opera novaçào das dÍvidas a ele submetidas, mas as garantias rcais ou cessáo da recuperaçáo iudicial, a inscrição poderá ser retomada.
fidejussórias, em regra, são plese§adas, podendo o credor exercer seus direitos O STJ, porém, não reconheceu a baixa dos protestos dos coobrigados referentes às
conha terceiros garantidores, e impóe â manutenção das ações e execuçóes afoia-
mesmas dlvidas objeto da novação35. Ousamos discordar desse entendimento. A nosso
das contra fiadores, avalistas ou coobrigados em geral. veç a lógica da suspensão das açôes não se aplica nesse momento. Na suspensão das
ações, o que se quer é apenas dar uma folga para'o devedor negociar o acordo. Ao passo
Os encargos também se mantêm, salvo disposição dÍversa do plano de recuperação que, com a novação, o acordo,)á está fechado, Iogoiá existe uma nova dIüdâ. Se a dÍúdâ
aprovado3l. A alteração do regime da novação, embora juridicamente seja um desvir- anterior não existe mais, porque foi novada, não há como marter o registro do náo pa-
tuamento do instituto, é necessária para viâbilizar a aprovação do plano e a recupcraçâo gamento de uma dívida que náo mais existe. Assim, quando o devedor cumpre o plano
da empresa. dívida nos termos do acordado, ainda assim deveria ser mantido o protesto.
e paga a
Mais uma vez desvirtuando o regime geral da novação, a legislação da recuperaçâo
judicial estabelece que a novação fica condicionada ao cumprimento das obrigaçÕes
constantes do plano e à ausência de convolação em falência, pois uma vez decretada a 2,2.1 Retomada ou extinçáo das ações suspensas contra o dsvedor
falência antes do encerramento da recuperação judicial3'?, os créditos restabelecem suas
condiçÕes originais (l-ei n. 11.101/2005 - art.61, § 2e). No direito italiano, mesmo com Questâo um pouco mais complexa envolve a retomada das açôes que anteriormen-
a falência, o acordo se mantém válido, cabendo apenas aos credores a cobrança do resÍ- te hayiam sido suspensas. Como já mencionado, o prazo de 180 dias da suspensâo das
duo do acordo, salva cláusula expressa em contrário33, açóes não é considerado um prazo de fato improlrogáyel, mas o fato é que as açóes não
podem ficar suspensas indeÍinidâmente. Todavia, finda a suspensão, resta a dúvida sobre
O benefÍcio decorrente da concessão da recuperação iudicial fica, portanto, subme-
a retomada ou não da ação, tendo em vista a novaçâo operada pela concessão da recu-
tido a uma condição resolutiva (convolação em falência). Se ela não for implementada
peração. O STJ já afirmou que "uma vez aprovado o plano de recuperação, não se íaz
serão martidas as condições do plano. Todavia, se for decretada a falência, os credores
plausÍvel a retomada das açóes e execuções indiúduais após o decurso do prazo legal de
terâo reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas,
180 dias, pois nos termos do art. 59 da Lei n. 11.101/05, tal aprovação implica novaçâo"36.
deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados
I
no âmbito da lecuperação judicial. Se a obrigação iá foi paga, ou seja, extinta, nâda há a Pensando exclusiyamente, sob a óticâ da noyação, as obrigações anteriormente
restabelecer, porquanto os atos validamente praticados não são atingidos. executadas estão extintas e, por isso, o processo de execução deveria ser extinto. Assim,
pela extinção do crédito exequendo, o câso seria iustamente de ertinção da execução37.
34. STI - nEsp 1260301/DF, Rel, Ministra NÂNCY ÀNDRIGHI, TÊRCEIRA TURMA, Julgâdo em 14-8-
30. Àglnt no REsp 160297215B Rel, Ministlo RICÀRDO VILLÁS BÔÀS CUEVA, TERCEIRA TUR-
sTJ - 2012, Dle 21-8-2012,
MA,,ul8ãdo em 27-9-2016, D/re 1l-10-2016. 35. -
ST, REsp 1630932/sP, RêI. Ministro PÀULO DÉ TARSO SÀNSEWRINO, TERCEIRA TURMÀ,
31. LOBO, Iorge- ln: TOLÉDO, Pâulo F. C. S. dq ABRÁO, Carlos Henriq)e lcoord.\. Comentários à lei de iulgado em l8-6-2019, D,L lr-7-2019.
rccupcragio de emprêras elalêncía. Sío Pado: Saraiva, 2005, p. I59. 36, ST, - AgRg no cC llo.2solDF, Rel. Ministra N.{\CY ANDRIGHI, SE§UNDA SEÇÀO, julgado em
32. MLNHOZ, Eduârdo Secchi. Inr SOUZÀ IÚNIOR, F!âncisco Sátiro dei PITOMBO, Antônio Sérgio de A -9 -20]0, D l e 16 -9 -zot O.
A. de Morâe6 (Coo.d.). comentáúos á lei d.e rccuperaçao d.e empresas e Íaldrcia. Sáo Pâulor Revista dos Tri- 37. Apelaçáo CÍvel n. 70050291657, Décima Sexta CâmarÀ CÍvel, Relatolr ERGIO ROQUE MlNl-
T,RS -
bunâi§,2005, p. 297.
NE, julgedo em
22-8-20l3i TrRS - Apelação CÍvel n. 70052412350, Décima Sétims Câma!â Clve1, Relâtor:
33. RINALDI, Vâlter. Gli accordi di íistrutturazione dei debiti. ln: Dl PEPE, Giorgio Schiâno (Coord.). // LIEGE PURICELLI PIRES, iulgado em21-3-2013r TIMG - Apêlaçâo Clvel 1.0344.09.048952-9/001, Relâtor(a):
dirítco Íallimentate íiÍorrna,o. Padovat CEDAM,2@7 , p, 674. Des.(e) MÁRctA DE PAoLI BAtBtNo, 17. cÂMÁRA cÍvEL, iulgamento em 7-3-2013, publicaçáo dâ
270 CURSO DE DiNElIO EMPFÊSABIAL Concmsno : culapàrvÉNÍo DA RÊcupEflaçÁo Juo,c,o. j 271
Ocorre que a situaçáo nâo é tão simples assim, pois se trata de uma novação dife.e "Os credores do devedor em recuperação )udicial con-
art.49, § le, da mesma lei afirma:
de uma novação condicional direitos privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regressol'
servam seus e
A nosso ve! mesmo sendo uma novação condicional, não há possibilidade de rs- Diante da previsão legal especÍfica, os codevedores egarantidores mantêm a respon-
tomada da execução contla o devedor em recuperação judicial, desde que o crédito
sabilidade que possuÍam antes da novaçâo, Poi§ nâo participaram do negócio, e a lei,
esteja ablangido pelo plano e consequentemente tem sido objeto da novação. Ern pri-
expressamente, afirma que os credores conservam seus direitos e privilégios. Em contra-
meiro lugar, ainda que condicional, a novação é causa de cxtinçâo de crédito e, por partida, há a queslão do direito de regresso em relação aos valores pagos, isto é, se o
conseguinte, Aa execução. Em segundo lugaç a condição para a retomada da situalãq valor pago pelo garantidor for maior do que o valor consignado no plano para aquela
anterior do crédito é a decretaçâo da falência, nos dois ânos seguintes e, havendo falên- dÍyida, qual dos dois montantes pautará o direito de regresso? Se um avalista pagou cem
cia, não há espaço para execuçôes individuais, mas apenas para a execuçáo conculsal. mil reais ao credor mas o plano cgnsiderava que o credor só poderia cobrar cinquenta
Ademais, se manticla a novaçáo, isto é, âpós o decurso do prazo de dois anos sem 0 mil reais do avalizado, qual será o montante do direito de regresso exercido pelo avalista.
convolação em falência, com a extinÇão do processo de recuperaçâo, a leidá ao credor,
Ao pagar uma dívida, o avalista, fiador, coobrigado ou obrigado de regresso, oassa a
em caso de inadimplência do plano r opçâo de executar o plano ou pedir a falência d9
ter úma posição eqúvalente àquela ostentada pelo credor pago, isto é, passa a ocupar a
devedor, sem a abertura da possibrlrdade de retomada do processo. "Em nenhuma cir_
posiçâo jurídica deste na relação. Assim, o tih. ar do direito do regresso só pode cobrar
cunstância yislumbra-se a possibrlrdade de o credor retomar a execução embasada ncr
o que o credor poderia cobr:ir. Em qualquer hipótese, o direito de leglesso é garantido
crédito extinto por novaÇão'33.
ao codevedor ou ganntÍdor que paga, nas mesmas condiçóes do credor que recebeu o
I vaiot isto é, o pagamento transfere ao devedor o direito do credor que recebeu. Em suma,
odireito de regresso se submete às limitaçóes do plano de recuperação e, nesta condiçâo,
2.2.2 A situação dos codevedores e garantidores
acaba soírendo os efeitos da novaçãoar.
No caso dos codevedores, a questão é mais complexa, pois eles sequer se beneíiciam
(la suspemão das ações pela decisão de processamento. No caso de um avalista, a situação
é parcialmente resolvida pelo princípio da autonomia das obrigaçôes, pois fatos ligados
2.3 Formaçâo de título executivo judicial
ao avalizado (novaçào) nâo atingem a obrigação do avalista. O STf já afirmou que.a Para dar mais força ao acordo firmado, a concessão da recupelaçâo judicial torna-o
novação do crédito não âlcança o instituto do aval, garantia pessoal e autônoma por meio um tÍtulo executivo iudicia.l, na íorma do art. 515, ll do CPC/2015. Por já ter havido uma
da qual o gatantidor coirpromete-se a pagar tÍtulo de c!édito nas mesmas condi.çóes do análise judicial do acordo firmado, o plano de recuperação judicial passa ter a mesma
devedor"se. As condiçóes a que se refere o dispositivo são questões de forma. força da sentença homologatória de uma transação iudicial. Desse modo, para forçar o
1
Mesmo nos demais coobrigados, há uma regra especial na recuperaçáo judicial, que cumprimento do acordo, os credores podem lançar mão do plocedimento inerente ao
I
mantém a mesma lógicam. Para a recuperação judicial o art. 59 da Lei n. 11.101/2005 diz cumprimento de sentença, no qual as possibilidades de questionamento do devedor são
que o plano de recuperaçáo "implica novaçâo dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o menores, isto é, as matérias de defesa do devedor sáo bem mais restritas (CPC/2015 - art.
I
devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem preiuÍzo das garantias'l Na mesma linha, o 525, § 1s). Com isso o plano passa a ter uma força maior, dando mais segurança aos cre-
I
dores do que simples acordos privados firmados sem a irtervençâo do poder judicifuÍo.
súmula êm 15-3-2013, IlMc - Apelâçáo Civel 1.0303.09.009730,2/001, Relator(a): Des.(â) LUIZ CARLOS
2.4 Alienaçáo de filiais e unidades produtivas
GOMXS DA MATA, r3lCÂMÀRA CÍ\TL, julgamenro em 29-3-ZOl2, publicâção dâ súmula em 2-4-2012.
I
exercíciodeuma atiyidade econômica separada. O artigo 60-À da Lei n. lf.IOI/20Q5 diz { pção aprovado para realização dos aúvos. Também serão admitidos esses outros meios
que a unidade produtiv-a isolada poderá abranger bens, direitos ou ativos de qualquer .,1
de alienação por ordem judicial, ouvidos o comitê e o administrador iudicial,
natureza, tangÍveis ou intangÍveis, isolados ou em conjunto, incluídas participações dos J Em qualquer das modalidades, que será considerada sernpre uma alienação iudícial,
sócios. ll públicai e o Ministério Público serão intimados eletronicamente.
as fazendas
Âssim, tlata-se, em última análise, de um destaque patrimonial, com proteção parq i Impugnaçóes sobre o valor da venda só serâo recebidas se acompanhadas de oferta
o adquirente e a continuidade da atiúdade econômica, podendo ser formada por ope.1- :
firme do impugnante ou de terceiro para âquisição do bem alienado por valor superior
çôes de uma companhia aérea, ou até por açôes ou quotas, no caso da recuperação i iudi- ao valor obtido na venda, com a prestaçáo de caução de 10% da oferta apresentada. T!a-
i cial de uma holdinga'. Em cada caso, será possÍvel formar uma UPI e proceder a sua ta-se de excelente medida para evitar simples tumultos por avaliação de um bem, que
alienação nos termos aqui detalhados.
numa situaçáo de crise tem seu pfeço naluralmente afetado.
Caso a alienação dessas UPI esteja prevista no plano de recuperação, haverá um
regime próprio para esse negócio.
2.4.2 Responsabilidadedoadquirente
I
2.4.1 Forma de alienação Outra mudança no regime da alienação da UPI diz respeito à responsabilidade do
adqürente. Fora do processo de recuperação iudicial, há responsabilidade do adquirente
Normalmente, tal alienação seria submetida a um procedimento de negociaçâo pelas obrigaçôes regularmente contabilizadas (CC - art. 1.146), pelas obrigaçóes traba-
particular e decidida exclusivamente entre as partes envolvidas. Todavia, se ela estiver lhistas (CLT - art.448) e pelas obrigaçÕes tributárias, neste último caso, integral ou
previstâ no plano de Íecuperação judicial, ela se submeterá ao disposto no art. 142 da Lei subsidiariamente a depender da continuaçáo ou restabelecimento de atividade econômi-
n. 11.101/2005, vale dize! não será um negócio privado qualquer, mas uma negociação ca pelo devedor (CTN - art. 133). Todavia, tal responsabilidade em muitos casos invia-
conduzida e fiscalizada no âmbito do processo de recuperação. biliza a aquisição do estabelecimento, porquanto não haveria interessados na aquisiçâo
Em razão da Íncidência do referido dispositivo, a forma da venda dos estabelecimen- que quisessem arcar com os ônus dessa sucessão, em especia.l se o alienante está passan-
tos isolados será definida pelojuiz, ouvido o administrador judicial e o comitê, se houver. do por alguma crise econômico-financeira.
Não caberá ao devedor decidir a forma de alienação do estabelecimento, qu€ por sua Para viabilizar a alienaçâo das filiais ou unidades produtivas nos processos de recu-
importância deve!á obedecer a um procedimento bem mais formal, para se ter o acesso peração judicial, a Lei n. 11.101/2005 (arr. 60) affrma que em tâis alienaçóes o ob.ieto
do maior número de interessados na aquisiçáo e obter o melhor preço possível. Caberá estará livre de quaisquer ônus. Além disso, o mesmo dispositivo afirma que os telceiros
ao juiz escolher entre as seguintes formas de alienaçâo: leüão €letrônico, presencial ou adquiÍentes náo terão responsabilidade por obrigaçôes do alienante, por tratar-se de uma
hÍbrido, processo competitivo organizado, na forma detalhada no plano de recuperação aquisiçâo a tÍhrlo originário da propriedade sobre o estabelecimento isolado{. Tais pro-
ou no plano de realização do ativo; ou outro meio aprovado pelos credores ou pelo juizs. üdências favorecem a continuação da atividade, protegendo os interesses que a circundam
No leilão eletrônico, presencial ou hlbrido, será abertâ a possibilidade de lances de forma mais eficiente, valorizando os estabelecimentos isolados, a.lém de tornar atra-
dos interessados. Na primeira chamada do Ieilão, deve-se observar o valor da avaliação tiva sua negociaçãoas.
do bem. Na segunda chamada, 15 dias após a primeíra, deye-se obedecer ao mÍnimo Especificamente no que tange à responsabüdade do adquirente, vale a pena destacar
de 50% do valor da avaliaçâo. Na terceira chamada, l5 dias após a segunda, se!á aceito que náo hqyerá nenhum tipo de sucessão em lelação às obrigaçôes do devedor, inclusive
qualquer preço. as de natureza tributária. Privilegia-se a continuação da atividade que, em longo prazo,
Nas outras modalidades de alienação, haverá uma aprovação da assembleia de cre- trará maiores benefÍcios do que o simples pagamento dos credore§. A sorte da empresa
dores específlca para a forma de alienação ou como forma prevista no plano de recupe- (atividade) é distinta da sorte do empresário e, por isso, deve-se viabilizar sua
continua-
ção sem as obrigaçôes que tocayam ao deyedor. Neste particular os credores também
42. LEITE, Àlêxandre Borges. Unidâde Píodutiva tsohde (UPI)| conceito, não sucessáo e competénciâ. In:
\íAISBERG, tvo; RIBEIRO,losé Horácio H. R.; SÀCRÀMONE, MâÍcêlo Batbosa. Direíto Comercial,Íalência at4. Ldem, p. 247 .
e rêc4peraçâ,o d,ê.mpreia, - temas. Sâo Pâulo: QuâÍtier Latin, 2019, p. 172.
L
45. HlN, vânilda Fátrmâ Maiollne. Responsabllldâde tributárla na íâlência e na recuperação judiciâl e a Lei
43. STI - RE§p 1689I87/R,, Rel. Minisrlo RTCARDO VILLÀS BÔÀS CUEVA, TERCEIRA TURMA, iulga- Lomplementar n. 118/2005. In: SANTOS, Paulo penalvâ (Coord.). Á ,ova lei deÍaléhcia.s e de Ecuperução
de
do eín 05/0512O2O, Dle 71lOSl2O2O. empresait Lei ll.l0ll2005. Rio de laneiro: Forens e,2006, p.4Í,2.
I
I
não restarão prejudicados, na medida em que eles se sub-rogaÍão no produto da vçnda TaI conclusão, embora correta, é passÍvel de questionamentos pelo teor
do art.6l
dos estabelecimentos isolados. da Lei n. 11.101/2005, que diz que, uma vez concedida a recuperação yúdicia.l, "o.iuiz
beneficiem dessa não lesPonsabilização, haverá
Para evitar que pessoas de má-fé se poderá determinar a manutenção do devedor em recuperação
,iudicial até que sejam
sucessão por todas as obligaçÕes do devedor se oadquirente for sócio do devedor ou de cumpridas todas as obrigaçóes previstas no plano que vencerem até, no máximo,2 (dois)
sociedade controlada pelo devedor; parente, em linha reta ou colateral até o 4s (quarto) anos depois da concessão da recuperaçâo judicial, independentemente do eyentual pe-
grau, consanguÍneo ou afim, do devedor ou de sócio da sociedade devedora; ou se for rÍodo de carêncial Numa primeira leitura desse dispositivo, seria possÍvel imaginar
lue
identificado como agente do devedor com o intuito de fraudar a sucessão. O grau de as medidas de recuperação teriam o prazo máximo de dois anos. No entanto, esse não
proximidade entre o adquirente e o devedor é um indÍcio suficiente de má-fé para afâstar foi o objetivo do legislador O que se pretende é não elernizar o processo de recuperação,
o beneflcio na não responsabilização. que acarreta ônus tanto para o poder judiciário, quanto parâ o devedor com pagamen_
o
to da remuneração do admi[istrador iudicial, não se impedindo, porém, um prazo
O ST)ft e o STFaT têm reconhecido que a competência para decidir se há ou não supe-
rior para as medidas de recuperação50.
sucessão é do juÍzo da recuperaçáo e este€ vem aíirmando não haver sucessão pelas
obrigações trâbalhistas. O Supremo Tribunal Federal, no iulgamento da ÂDI 3934, Criou-se naverdade uma sepalação na fiscalizaçâo do cumprimento do plano.
Num
acabou concluindo pela perfeita constitucionâlidade do referido disPositivo, asseve- primeiro perÍodo, essa fiscalização é mais próxima, sendo feita tanto pelos credores
rando que quanto pelo admini§trador iudiciar, pelo comitê de credores e pero Ministério púbrico,
no próprio processo. Num segundo perÍodo, não exisLe mais o processo, pois
haveria iá
umgrau rnaior de confiança no devedor que cumpriu a prlmeira parte das suas obrigações
Do ponto de üsta teleológico, salta à vista que o referido diploma Iegal büscou,
e, por isso, o acompanhamento é maÍs leve, íeito apenas pelos
aotes de tudo; gÀlantir a sobrevivência das empresas em dificuldades - não ratas credores. Em outras pala-
vezes derivadas das vicissitudes por que passa a economia globalizada -, autori-
vras, sob o aspecto processual a recuperação terá uma
iudicial duração de dois anos,
zando a alienação de seus aüvos, tendo em conta, sobtetudo, a funçáo social que contados da concessão;já sob o aspecto material, o prazo da recuperação
será o previsto
tais complexos patrimoniais exelcem, a teor do disposto no art, 170, lll, da Lei no plano aprovadosr.
Maior4,
é fazer uma fiscúzaçáo mais próíma do de- e, por isso, os efeitos da recuperação judicial ainda perduram, mantendo assim a vincu-
A ideia desse período de observação
vedor no começo da recuPeração, Pois ainda não se tem a demonstração de que ele üá lÂçáo de todos os credores à deliberaçáo da Assembleia"ss.
realmente cumprir as medidas propostas. Ne§se Período, o processo de recuPeraçâo
judicial ainda estará em andamento, ainda exÍstirá um administrador iudicial fiscalizan-
do o devedor e ainda poderá exi§tir um comitê de credores. Em última análise, nesse 9.2 Medidas posteriores ao período de ohservaçáo
períoclo, o devedor é acompanhado de perto, ainda atuando com o nome seguido com a
expÍessão em recuperaçao A existência do perÍodo de observaçâo é fundamental para o melhor andamento do
iudicial
Passado o perÍodo de observação, com o adequado cumPrimento das obrigaçÕes processo de recuPeração iudicial. Àpesar disso, náo há como negar que as medidas de
assumidas, presume-se-que o devedor é uma Pessoa de confiança e, ne§sa condição, recuperação judicial não se exautem nesse perÍodo, ou seja, é possÍvel que existam me-
cumprirá todos os comPromi§sos assumidos. Por presumir-se essa confiança' o pro- didas no plâno posteriores ao período de observação e, consequentemente, posteriores
cesso rie recuperaçâo deverá ser inclusive encerrado, finalizando-se também os PerÍo- ao ptóplio encerramento do processo de recuperâção.
dos de rtuação do administlador iudicial e do eventuai comiiê de credores' No mesmo
,{,pesar de n-âo se ter mais um processo de recuperaçâo judicial, tais medidas também
camrrno, o devedor não precisará mais atuar com o nome seguido da exPressão em
dwem ser cumpridas pelo devedor. Nesse caso, a fiscalização desse cumprimento será
recuperaçao judicial.
feita diretamente pelos credores interessados. Hayendo o descumprimento de obdgações
De outro lado, se o devedor náo cunrpre suas obrigações no período de observação'
ele demonstra que não vai cumPrir os demais compromissos assumidos Êm razão disso,
assumidas no Plano, após o período de observaçâo, não haverá a convolaçáo automática
o juiz deverá de ofÍcio, ou a requerimento, determinaÍ a convolaçâo da recuperação em em falência, restando aos credores duas opções: o pedido de íalência ou o direito de
falência (l,ei n. 11.101/2005 - art. 61, § 1e). Ora, se nesse início o devedor já não se mos- pÍomover o cumprimento do plano de recuperação .iudicial.
tlou confiável, o melhor é não lhe dar mais o benefÍcio da recuPeraçâo judicial e resolver Os cÍedores preiudicados pelo descumprimento do devedor posterior ao pedido de
sua situação patrimonial por meio da íalência. Trata-se de uma penalidade pesada' mas
observação podem buscâr apenas o cumprimento das obrigaçôes assumidas no plano,
que se jr-rstifica em razâo do grau de sacrifício que se imPôe aos credores na recuperaçâo
mas inadimplidas. Nesse caso, o procedimento â ser seguido será o procedimento do
judicial, Apesar disso, é recomendável que o juiz dê mais uma chance de o devedor cum-
prir ar medidas previstas no Plano, evitando assim a falênciaí. cumplimento de sentença, uma vez que o plano aprovado se tornou título executivo
judicial com a concessáo da recuperaçâo (Lei n. 11.101/2005
Sendo decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direito§ e gamn- - art.59, s 1e). Em última
tias nas condiçôes originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente análise, haverá uma execuçâo das medidas previstas no plano de recuperação, como
pagos e ressalvados os âtos validamente Praticados no âmbito da recuPeração iudiciâl qualquer outra execução.
(Lei n. i 1.101/2005 - art. 61, § 2e). Ne§sa hipótese, cessam os efeitos da novaçáo ocor- De outro lado, se os credores entenderem que não há mais confiança no devedor
rida com a concessáo da recuPeração judicia.l. Se não há mais motivo para confiar na que nâo cumpre sequer as obrigaçóes do plano, eles podem pretender a decletação da
recuperação, não há mais necessidade de mante! o sacrifício dos credores Ressalte-se'
falência do devedor, por meio de uma açâo própria para esse ffm. Nesse caso, o des-
porém, que os atos vdidos praticados nesse Periodo não serão tevistos, vale dizer' um
pagamento efetuado pelas condições originais é Perfeitamente válido e extingue a cumprimento das medidas assumidas no plano é considerado um ato de falência (Lei
àU.ig"çao, nâo havendo o que restabelecer n, 11.101/2005 - art. 94, lII, g), vale dizer, um ato que denota a insolyência do deyedor.
Enquanto não extinto o Processo, mantém-se o poder da assembleia geral de credo- Se ele nâo cumpre as obrigaçôes, nem nas condições favoráveis assumidas no plano de
res que poderá eventualmente aprovar alteração do Plano de recuperação
judicial Reco- lecuperação iudicial, haveria motivo suficiente para crer que não haverá a possibilida-
pro'
nhece-se a soberania da assembleia de credores, enquanto ainda não encerrado o de de superaçáo da crise. Em todo caso, a opção por um ou outro caminho será dos
de 2 ano§
cesso. Nesse sentido, o STI já afirmou que'Ainda que transcorrido o Prâzo até
credores.
de superúsão iudicial, não houve, como ato §ubsequente, o encerramento da recuperaçáo'
4 Relaçóes iurídicas do devedor nascidas durante a art, 67, furante a recuperação judiciall deye ser entendida como
partir do momen- ,,a
I recuperaçáo judicial to em que o pedido de recuperação é ajuizado"6o. Leonardo Adràno Ribeiro Dias
afiÍmâ que "a extranconcursa.lidade abrange todos os créditos concedidos após a dis_
Durante o processo de recuperação judicial, o devedor pode continuar a celebrar tribuiçâo do pedido de recuperaçâo judicial'bt.
negócios, mas pala quem negocia esses negócios nem sempre são atrativos, pelo alto De outro lado, o STI decidiu que "a expressão ,durante a recuperação judicial,i
risco de inadimplência presumido diante da situação de crise. Assim, um pedido de gravada nos arts. 67, caput, e 84,Y, daLei de Falências e de Recuperaçâo de EmpÍesâ§,
recuperaçáo pode paralisar o bom funcionamento da empresa. No entanto, se houver abrange o período compreendido entre a data em que se defere o processamento da
acesso a crédiio durante o processo, problemas de liquidez e a dificuldade do regular recuperação judicial e a decretação da falência, interpretação que melhor harmoniza
funcionamento do negócio podem ser superados. a norma legal com as demais disppsiçôes da lei de regência e, em especial, o princípio
da preseryação da empresa (LP, art. 47)"6r.
A nosso yeta melhor interpretâção é aquela que reconhece que a,,expressâo du-
I
4.1 1brigações contraídas durante a recrperaçáo judicial
rante a recuperação iudicial" âbrangeria desde a data do pedido e não a data do pro_
I cessamento, pois essa é a data da existência do pedido e a data-base de apuração da
Quem continuu a manter relações jurídicas com o devedor ganhará uma condição
privÍlegiada, numa eventual falência do devedor, qual se.ia, a de credor extraconcursal §ubmissáo ou niio do crédito à recuperação fuücial63,
(Lei n. 11.101/2005 - art. 84, I-E) para esses créditos decorrentes de relações surgidÂs Além disso, é possÍvel que o plano de recuperaçáo judicial conceda condiçóes
durante a recuperação judicial. Às expressóes "obrigaçÕes contraÍdas pelo devedor" e especiais para os credores que continuarem a fornecer normalmente para o devedor,
"durante a recuperaçào judicial'l constantes do artigo 67 da Lei n. 11.101/2005, sã<r admitindo-se, por exemplo, a criação de uma classe de credores parceiros ou financia-
objeto de séÍia controvérsia doutrinária. dores que terão melhores condiçóes de pagamento, desde que tâis bens ou serviços
Soble a expressào 'obrigaçôes contraídas pelo devedor'l Fábio Ulhoa Coelho en- se)am necessários para a mânutenção das atividadesr' que o tratamento diferenciado
seja adequado e razoável no que concerne à relação comercial futura,
tende que tal privilégio vai alcançar apenas os créditos negociaist6, No mesmo sentido,
Leonardo Adriano Ribeiro Dias afirma que tal expressão deve abranger apenas credo-
res que colaboraram voluntariamente com a recuperação judicialsT. De outro lado,
Eduardo Secchi Munhoz €ntende que "todas as obrigações contraÍdas pelo devedor no
4.2 Financiamento do devedor durante a recuperaçáo
iudicial
período de recuperação sâo consideradas extraconcursais no caso de decretaçáo da
Na redaçáo original da Lei n. 11.101/2OOS, não há necessidade de autorizaçâo
falência, ou seja, os créditos correspondentes ocuparão o primeiro lugar na classifica- iu_
dicial para que o devedor consiga obter empréstimo, mas também não há nenhuma
çáo dos créditos, devendo ser pagos antes de todos os demais (art. 84)'53. À nosso ver, ploteção especia.l para esses Íinanciadores.
quando o dispositivo fala em obrigaçóes "contraÍdas" pelo devedor, a interpretação, até
Com os artigo§ 69-A a 69-F tentâ-se criar um mecanismo de proteção para os fi_
pela finalidade da norma, deve abranger atos negociados pelo devedor.
nanciadores que úabilize o acesso ao crédito, por parte do devedo!, em recuperação
Sobre a expressão 'durante a recuperaçâo judiciall Fábio Ulhoa Coelho entende
iudiciâI, viabilizândo a superação da crise. Sem um sistema especia.l de proteção, nin-
que vai abranger as obrÍgaçôes assumidas a partir do pedido de recuperaçáo judicialse,
No mesmo sentido, Manuel Justino Bezerra Filho afirma que "esta expressão do caPU, do
60. BEZERRA FILHO, Manoel lustino. Lei de ftcaperaçdo de emprcsas e
tt.lO.l
tada artlgo por arti8o.
Ídtêúciat Lei 2OOS comen-
5 ed. em e'book baseada na td. ed. impressa, sao naú", rt n"ri*. i.*a, iôlg
56. COELHO, FábLo Ull\or. Cofientários à Let d. Ealêiciet c Recupcr4çào àe E prcsd.s. 3. eà. ern e-bo* comentárloG âo artgo 67, irem 4. ".r""
baseãdâ nâ 13. ed irlrprêssa. Sâo Pâulo: Thomson Reuters Bre6ü 2018, item l9O. 6t' DIÁs, LêoneÍdo Ádriàno Rrbeirc. FinanciarrÍento ha recupcraçdo
iudiciar e naÍa.rércia. sáo pe..rol
57. DIAS, Leonârdo AdÍiâno Ribeiro. Firarci cmento na le.uperaçào iudicíal . na Íalência. Sào PÀúol Quartle! Latin, 2Ol{, p. 179.
Quartler Latin,2014, p. 177.
91 STI - REsp 1399853/SC, Rel. Mtnistrâ MARÍÀ ISÀBEL GATLOTII, net. p/ Acórdão Mtnisüo ÀNTO_
58. MUNHOZ, Eduardo Secchi. In: SOUZA lÚNlOR, Erancisco Sátiro dq PITOMBO, Ántônio Sérgio de NIO CAIILoS FERREIRA,
eUÀRTA TURMÀ, iutgado em ro/02/20r5, Die rgjo:tiôis, No mesmosentido:
À. de Moraes (Coord.). Co mentárias à lei de rccuperaçao de erfipresds e Ídlência. 2. ed. Sáo Paulo: ReviJta dos sr, - REsp r368sso/sB Ret. Minisrro LUrs FELIÍ,riaror"t,fO eu^niA'iúnMa-,lJgaa"
Dre23/lLl2Ot6.
em oalrolzorA
Tribunâb,2007, p.3U.
59. COELHo, Fábio Ull\oà. Conentários à Lei de Fdlêkcids ê Recuperdçào de Empresas, 3, ed. em e'book ::. §t]r1gr11/Rs,
11_t21202O, Rel. Minisrro RrcÀRDo vlLLAs BôAs cUEVA, SEGUNDÁ sEÇÁo, jul8a-
beseâde nâ 13. ed. impressa. São Paulo: Thomson Reuters Brâsii,2018, item I92. oo em09/ DIe LZ/t2t2O2O
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280 CUFSO DE OIHEITO EMPRESAH]A|
guém financiaria; se financiasse, cobraria iuros muito elevados, Pelo PróPrio ri§co de
m tóes de segurança
CoNCEssÀo E cuMpnrMrrro oe necueeu6o .iuorcnl
exposição da operaçáo. Ressalte-se, desde iá, que náo se trata do mesmo sistema ame- náo podem alterar a natureza do crédito ou suas garantias, se o desembolso de recursos
ricano do "Debtor-in-possession -DlP - Einancing, no qual a proteçâo ainda é maior já foi feito e o flnanciador está de boa-fé. De outro lado, se, antes da liberação total dos
e mais efetiva que a do sistema nacional«. valores, houver convolação da recuperaçâo |udicial em falência, o contrato será extin-
Eduardo Secchi Munhoz explica que: "Há duas formas principais de financiamen- to e as garantias e preferências (extraconcursalidade) serão mantidas até o valor dos
to, classificadas segundo o momento em que é concedido. Aquele que é concedido repasses iá efetuados.
garantia real de 2s grau, conforme o caso, exceto alienação fiduciária, independente- sâo legal especÍfica, o recurso cabÍyel seria o recurso de apelaçáo, mas atualmente "as
mente do consentimento do tihJar da gamntia de ls grau. Os dileitos do credoÍ titular decisóes proferidas nos processos a que se refere esta Lei serão passíveis de agravo de
da gârantia de 2e grau lecairâo sobre o saldo da venda do bem, após a sati§fação do instrumento, exceto nas hipóteses em que esta Lei prever de forma diversa" (Lei n.
titular da garantia de primeiro grau. 11.101/2005 - art. 189, § li It).
Havendo autorizaçâo judiciât, o contrato poderá ser celebrado, enquadrando'se o Nessa decisão, o iuiz determina!á o pagamento do saldo da remuneraçáo do admi-
crédito como extraconcursal, nos moldes do artigo 67 da Lei n. 11.101/2005. Por ques' nistrador judicial, desde que ele apresente o relatório final e tenha suas contas aprovadas.
Melhor seria fixa! a apresentação do relatório e a prestação de contas previamente à
sentença, mâs isso não ocorreu. Desse modo, na sentença há apenas a determinação do 6.1 Abrangência
pagamento, o qual, porém, fica!á condicionado à apresentaçâo, no prazo de quinze
O art. 64 da Lei n. 11.101/2005 prevê expressamente a possibilidade de afastamento
de um relatório final e a aprovação da prestâçáo de contas, a ser tealizada no prazo de 30
dias. Haverá, portanto, uma nova decisão liberando o saldo de honorários ao adminis
tevedor ou seus administradores" da condução dos negócios durante o procedimen-
judicial, vale dizer, desde a decisão de processamento até a sentença
de recuperação
úador iudicial.
encerramento, poderá ocorrer tal afastamentoTo. euando se tratar de um empresário
Além disso, o iuiz acâbârá com o estado de recuperação judicial, afastando a
individual, nâo há dúvida de que esse afastamento é do próprio devedor pessoa física,
fiscalização pelo administrador judicial e pelo comitê de credores e permitindo ai pois é ele quem conduz os negócios. Todavia, quando se trata de sociedade empresária,
atuaçào do devedor, sem qualquer registro da recuperação iudicial, seia na junta há uma divergência sobre a abrangência desse afastamento.
comercial, seia oo seu próprio nome. Assim, a sentença determinará a dissolução de Em se tratando de sociedade empresária, a conduçáo da atividade é feita pelos
comitê de credores, se houver, a exôneráçào do administrador judicial, a apuração administradores (diretores, membros do conselho de administraçâo e simples admi_
das custas devidas e as comunicaçôes ao Íegistro de empresas para a anotaçâo do fim nistradores), logo, não há dúvida de que eles podem ser afastado§. para alguns autores,
Ja recuperação. o úastamento na sociedade se lirnitaria a esses administradores, pela própria interlção
do dispositivoTt.Ocorre que alguns autores estendem esse afastamento à própria pes_
soa jurídicaz. Outros estendem tal afastamento aos sócios da sociedade, qualquer que
6 AÍastarnento §eia a sua participaçâo73. Há ainda aqueles que estendem o afastamento ao sócio con_
rroiador?a.
Diferentemente da falência, na qual o afastamento do devedor ou de seus admi-
A nosso ver, pela própria intençâo do dispositivo, o afâstamento deve ficar restrir(,
nistradores é natural, na recuperaçar. judicial, o devedor e seus administradores, em aos administradores da sociedade, Não haverá necessidade de afastamento da pessoa
regra, se manterâo no exelcÍcio da âlividade. Como a intenção da recuperação é man- jurÍdica, caso os administradores sejam afastadr,s, pois são eles que
atuam no dia a dia.
ter a atividade em funcionamento e nào apenas maximizar ativos para pagar o maior Outrossim, por mais releváncia que tenham para a atividade, os sócios não se confundem
número possível de credores, é natural que os atuais condutores da atividâde s€ man; c<-rm a sociedade, ou seja, eles não exercem a atividade.
Nem mesmo os controladores
tenham, sendo apenas fisàalizados pcio administrado! judicial e pelo comitê de credo, podem ser confundidos com a própria sociedade,
res, se houver. Os mesmos questionamentos feitos em relação a sociedade podem ser feitos em
Ocorre que, excepcionalmente, poderá haver o afastâmento dos devedores ou de rlaçáo a EIRELI e, por isso, chegamos às mesmas conclusões, isto é, o eventual
afasta-
seus administradores da conduçáo da atividade empresaria.l, durante o procedimento mento deve abranger o responsável pela condução dos negócios, seia o tihra!
da EIRELI,
da recuperação judicial. Esse afastamento visa a privilegiar a melhor condução da ati-
se.ja o administrador por ele designado.
vidade, facilitando a própria aceitação do plano pelos credores. Todavia, ela deverâ
aplicada com muito cuidado, isto é, apenas nas hipóteses expressamente previstas 70. MAMEDE, Gladston. Dit.ito empresarial brajjleiro: fâlêÍlciâ e lecuperâção de empr€sas. 2. ed. Sáo
Pado: Aúâs,2008, v.4, p. 252.
art. 64 da Lei n, 11.101/20O5. Tal decisão poderá ocorrer de ofício ou a requerimento
71. LOBO, ,oíge. ln: TOLEDO, paulo r. C. S. dei ÀBRÂO, Carlos Hent
ique (Coord.) . Comentários à lei de
de qualquer interessado, mesmo que não faça parte do processo, como por exemPl de empresd,s eÍalénclà. Sâo pâulor Saratva,2OOS, p. 168.
um empregado6s. No direito norte-americano, a mesma possibilidade é assegurada ao Sj.eio. Falência e rêcuperuçdo de eüprcsa, o ÍLovo regime d€ insolvência empresâriât.
lr:, 91YflM9,
J. êo.
ltro de laneiro: Reno!ãr, 2009, p. 153.
juiz, quando for necessário, para proteger os interesses dos credores e outros que cir-
?3 SIMIONATO, Frederico A.Mronte. Tratado de dirêltoÍalimentar.Rio de forense,2OO8, p,
cundam a atividade6e. PrMENIA. Eduardo Goütârt. Recuperaçito d. em7t Jâneilo: 192j
r^. Saá p,d",l-ôA, àdZ,;';;;.'"
7{. MUNHOZ, Eduardo Secchi. rn: SOUZÀ IúNIOR, Francjsco Sátiro de; PITOMBO,
Àntônio Sérgio de
(Co o ú..). Co rke k t á t ios à Lei de rccuperaçào Ae
68. empreras e hléncia. Sào PàuJc: Revista dos
MÂMEDE, Gladstan, Direito empr*a al brasileirct felêncLà e recuperaçào de €mpr$âs. 2. ed TribunÀis,2OO 5, p. 302i COELHO, Fáb io Vlhoa. Comentários à nova lei d,e
Paulor Atles, 2008, v. 4, p.253. ,as. São Paulor aaraive,2AOS, p. Íalénêias e recupetuçita de empre-
t77i FÀZZIO Watdo. Nova lei de Íalêncid e rccuperuçito de
69. BLUM, Brian B. Bdnkruptcy and debtor/crcdit À 4. €d. New York: Aspen,2006, p. lll. ezprzsas. Sâo paulo: Àdâs, 2oos, p. 175
'ÚNIOR,
284 CUASO DE DIFEIÍO EMPSESAÊIAL
Co\cESsÁo E cuMFB vENTo DA RECLPFFAÇÀo --o,c,lL : 285
a âtividade empresarial, especialmente num processo de recuperação )udicial. Seria apenas tomar uma providência acautelatória Para o bom andamento do processo de
recuperação judicialTs.
recomendável até a extensáo do afastamento para outros crimes, que também denotariam
ainidoneidade, como os crimes contra o sistema financeiro nacional, contra as relaçÔes
48). De outro lado, se a condenaçáo definitiva se deu posteriormente ao pedido de recu- fraude e simulação sâo provas claras da má-fé e, por isso, imPõem o afastamento do
sujeito que incorreu nessas práticas, desde que sejam feitas com o infuito de preiudicar
peraçáo, aÍ sim haveÍá o afastamento do devedor ou de seus administradores. Há conse-
quências bem distintâs, â depender especificamente do momento em que se tornou
definitiva a condenaçâo pela prática dos crimes falimentares. n. ruêú,p,t79.
78, MAMEDE, Glsdston. Direito é/t1prcsarial, brusíleirot Í^léncie e rccuPeraçáo dê emPresas, 2. ed Sáo
Paulo: Atlas, 2008, x 4, p. 255.
75. MUNHOZ, Eduardo Secchi. In: SOUZA IÚNIOR, Francisco Sátiro de; PITOMBO, Àntônio sérgio de 79. BEVILÀQUA, Clóvis, Teorid getdl do direito civil, Campínas: RED, 1999, P. 294.
À. dê Moraes (Coord.), Cofientátios à Leí dê rccuper^çâo de.rnpr.sas e/arén.ia. Sâo Paulo: Revistâ dos
Tíibunáis, 2005, p. 302. 80. SILVÀ, Àlexandre Co,rta, Aplicação d,a descohsiderdçdo da pefiandliddde ju dica. a dircito brusileiro
Sâo Pâulo: LTR, 1999, p. 36.
76. rÀZZIO JÚMOR, waldo. Nova lei deÍatê cia e rccuperaçdo de enp,'esar. 5ào Pâulor Àdas, 2005, p. 178
CUSSO DE OIEE]TO EMPBÊSARIAL
CoNcessÀo e cuvpnivENTo DA RECUpÉÊaÇÀo Jro,c,nl ! 287
81. MÀMEDE, Gladlton. Dbeito erhpresa Também é fundamento pâra o afastamento do devedor ou de seus administradores
. al brdBileirot falérrcie e rc.uperação de empresas. 2. ed. Sáo
l Páulo: Atlas,2008, v 4, p, 2S7. a conduta de descapitalizar iniustificadam€nte a empresa ou realizar operaçôes prejudi-
82. tdem, p,260.
I
83. MAMEDE, Ghdston. DÍeito empresaÍidl brdsileirc: íalêní:ia
, e rccuperaçáo de empresas. 2. ed. São 84. MÀMEDE, Gladston. Dircito empresarial btusileirot falência e tecuperaÇáo de emplesâs. 2. ed. São
Yaulo: Atlâs, 2008, v.4. D.262-263
Psulo: Átlâs,2008,v,4 p.264-266.
288 i cunso oe ornerro EMPBESaFTAL CoNcEssÀo E culapgrvilro DA REcupEÂAçÂo JUDtc AL 249
ciais ao seu funcionamento regular. Mais uma vez repete-se a ideia, os credores g Previsáo do plano de recuperaçáo
realizando um sacrifÍcio e querem uma contrapartida do devedor. Se este tira o
da atividade de forma injustificada ou realiza operações que em nada ajudarão na Por derradeiro, o art.64 da Lei n. t1.101/2005 prevê o afastamento do devedor ou
raçáo da crise, obviamente ele não deve continuar na condução dos negócios, pois nie .de seus administradores, caso tal providência esteja prevista no plano de recuperação
está cooperando para a superaçâo da crise. À prestaçâo de garantias (avais, fianças.,.) al Para superar a crise, por vezes são necessárias mudanças nâ gestão da atividade
iudicial.
terceiros, sem contrapartidas, é exemplo de operação prejudicial ao bom funcionamento s essas mudanças podem passar pelo afastamento dos atuais gestores, com a nomeaçào
do deved,rrd'. de novos suieitos para conduzir a atividade. Havendo essa previsão no plano aprovado,
nada mais lógico do que cumprir tais medidas com o afastamento do devedor ou de seus
administradores da gestão do negócio. Náo há aqui uma penalidade, mas uma medida
ô.2.7 Simulação ou omissáo na lista de credores PAra
recuperar a emPresa.
6.2.8 Negativa de prestaçáo de inÍormações nlstladores, Ao se referir a administradores, o dispositivo se aplica perfeitamente às so-
ciedades empresárias, mas não serve bem para o empresário indiüdual. Ademais, o uso
Mais uma vez dentro da ideia da colaboraçâo inelente ao processo de recuperação da üprcssáo destítu,ça-o denota tlatar-se de providência distinta daquela prevista
no art.
64 da Lei n. 11.101/2005.
iudicial, o devedor deverá âpresentar em juízo as informações que forem requeridas,
inclusive pelo administrador iudicial, assegurando a transparência na condução da
atividades6. Em últimâ análise, ele deve colaborar para o bom andamento do processo.' 6.3 Decisào de afastanento
Nessa linha de entendimento, se o devedor se recusa a prestar informaçôes que deveriam
ser prestadas, é cabÍvel o afastamento. Registre-se que ele só tem o dever de prestâr as Ocorrendo qualquer hipóteses legais, o juiz deverá, de ofÍcio ou a requerimento,
informaçôes que sejam pertinentes ao processo, vale dizer, informâções completamen-
" o devedor ou seusdas
ahstar administradoràs. Embora não haja previsão específica nesse
te alheias ao processo podem ser recusadas, sem qualquer penalidade. sentido, âcreditamos que deva ser ouvido o devedor ou adminiitrador
a ser afastado. em
s5. FAzzlO JÚMoR, w^ldo. Nol/d lei defalélcid e recuperaçào de empresar. sáo Paulo: Atlas, 2m5, P. l80j
86. ÊAZZIO iÚNIoR, wald,o. Nova lei delaLêncid ê reêuperuçào de enplésas. Sâo Pauio: Àtlas, 2005, P. 180.
290 CURSO DE OIflE]TO EMPFÉSÀHIAL
B**r,=*H'"T*ffi :':::i'J"":"';--.
atenção aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório3?. para
embasar sua decisão, acreditamos que o iuiz possa também ouvi! o Ministério
: "-.,
o comitê de credores e o âdministrador judicial. Em todo caso, a decisão caberá ao
princlpais interessados na boa condução da atividade, presume-se que
sendo passível do recurso de agravo de instrumento, Q:'Como os
G6ôres enüdarâo os melhores esforços para escolher um bom gestor judicial. Uma vez
pela assembleia, o gestor eleito deve!á assinar um termo de
Stcilhido compromisso, em
Í
6.4 Substituiçao i I ffibüdes similares àqueles previstos para o admidstrador
iudicial.
aceitar o encargo para gerir os negócios do devedor, o
Se ele recusar ou estiver
da Lei n, 11.101/2005, Assim, para substituir o devedor afastado, deverá ser nom i
do um gestor judicial para conduzir os negócios, durante o processo de recuper ,4,2 Substituição do administrador de sociedade
I
judicial. Apesar do nome, não cabe ao juiz a escolha do gestot mas aos próprios I
dores reunidos em assembleia, vale dizer, ao decidir pela destituição do empre O art. 64, parágmfo único, da Lei n. 11.101/2005 d iz expressamente
I que, "verificada
individual, o juiz não nomeia um substituto, mas apenas convoca uma assembieia r das hipóteses do capr, deste art igo, o juiz destituirá
o administraàor, que será
credores para deliberar sobre o nome do gestor iudicial. Até essa escolha, o admini§: i bstituÍdo na forma prevista nos atos co nstitutivos do devedor
ou do plano de recupel
trador judicial conduzirá as atividades do devedor. Àqueles que entendem que o iudiciall Âs mençôes a administrad or e a ato constitutivo transparecem a intençâo
afastamento também abrange sócios afirmam que o sócio afastâdo também se tâl dispositivo, no sentido de aplicar-s e às sociedades. Desse
modo, se for destituÍdo
substituÍdo pelo gestor88. sdministrador de uma sociedâde, have rá sua substituição
nos termos do ato constitu_
Os credores têm uma boa margem de liberdade na escolha desse gestor, i da referida sociedade, norm almente com a eleiçâo pelos
sócios ou acionistas de
se apenas sua idoneidade. Permite-se inclusive que um dos próprios credores seja s administradores.
I
colhido. Só não poderá ser eleito quem for muito próximo ao devedor ou quem A maioria da doutrina entende que o
demonstrou não ser de confiança. De modo mais detalhado, não poderá ser iuiz pode escolher entre a substituição do
I nos termos do ato constitutivo e a nomeação de um gestor)udiciap.
gestor a pessoa que nos últimos 5 (cinco) anos, ío exercÍcio do cargo de adminis À luz
judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperaçáo iudiciaI anterior,
destituÍda, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestaçâo 89. COEIHO, Fábio Ulhoa. Cometüttos à novd hi e rccüperaçlro de empresas. Sáo paulo: Sâ-
2005, p. 178; PÀCHECO, losé da Sllva
contas desaprovada. Também não pode ser eleito quem tiver relação de parentesco recuperaçiio iudicidl, er.ttdjudicíal e
Íalência
Rio de Jâneiro: Eorense, 2{nZ, p.1?3
MAMEDE, cladston. Dtreiro empresaridl brdsileitut falênciâ
87.
t Atlas,2008, v 4, p.271; COE LHO, fábio Ulhoâ.
e recuperâção de empÍesas. 2. ed. Sáo
CÁMPINHO, Sérgío. Faléncia ê recuperaçito di empresa: o novo regime de insolvêncie empresâriel Corrlenttrrios à ho vd leí deÍalências e rcêuperdçto de
3. ed. Rro de Janeiro: Renovâç 2008, p. Sáo Paulo: Sâràiva, 2005, p. l78j PACHECO,,osé
I53. dâ Silvâ Pío.esso de recuperaçito judicial, ertra-
eíaléncia.2. ed. Rio de Íaneiror Forense, 2007, p. 173i COVAS,
88. COELHO, Fábio Ulhoa. Cotfiehtátlos à nayd lei deJalências e rccuperuçilo de empresa* Sáo pavlotsâ- FILHO, Àdalberto (Co orà.). Conentários à no;a lei
Silvânio. Inr DE LUCCÀ, Newton;
d.e tecuperaçAo de emprcsas e de
raiva, 2005, p. I78i PIMENTA, Eduardo Goulart. Recuperação de empresas. São pãulo: IOB, 2006, p. 175. i uãrtiêr Lârin, 2005, p. 3I7 Íalêncids. Sào
i
r------.-_.7
292 CUASO DE DIBEITO EMPNESAHIAL CoNcEssÃo E cuMp8rMENTo DA FEcupEÂAÇÁo JUolc aL
rff f ,:"J:".'"Tff i'trtr:iu::ii"f,:k:::jffill{*j*r#tri1::+"jàffi A primeira hipótese de convolaçâo envolve uma incapacidade do devedor, para
:[",T,ilt:1ffi:]:#;il: i"'fi']':t"i;"i:1illffi'j:il::::.'"".:'": :i:]i :#m cumprir as condições exigidas por Íei para o acordo de recuperaçâo judicial. À segunda
ilil
hípótese envolve a falta de acordo com os credores, consideradas todas as oportunidades
que o devedor terá. A terceira hipótese envolve uma quebra da confiança que se espera
i:;"':'ifi l:li'l :il"::i::i':il1l1111111,"1""i11,'J" do devedor, ao menos no perÍodo de observação. A quarta hipótese tem mesma ideia da
:jiiT,f",,.ffi quebra da confiança, mas em relação a débitos fazendários negociados.
A úitima hipótese e a que dependerá de provas mais detalhadas, na medida em que
se exige a prova da liquidação substancial do negócio que só será demonstrada por uma
7 Convolaçáo em Íalência insuficiência de recursos para a manutenção da atividade econômica, podendo inclusive
demandar uma pericia específica. O STJ admitiu a convolaçâo em falência pelo "inadim-
crise
Quem pede a recuperação judicial reconhece estar pâssando por umâ plemento de dÍvidas extraconcursais, incluindo-se salários vencidos e de energia elétrica
mico-financeira e, Por isso, pleiteia a soluçáo dessa crisc. Para suPerar essa crise' fornecida após o deferimento do pedido de recuperaçâo, ao que se soma a sonegação de
dor deverá atentâr a certas determinaçôes legais, como o prazo de apresentação do p documentos e a prestação de informaçóes inverídicas acerca da situação econômica, fi-
no prazo legal A desobediência a essas determinaçôes legais denota uma falta de cúda I nanceira e patrimonial da sociedade empresária, plenamente possÍvel a convolação da
do incompatÍvel com a lecuperâçâo da empresa, o que conduzirá à decretação da recuperaçâo em fa.lência"'3.
cia, como forma de liquidação Patrimonial forçada para satisfazer o maior número Reconhecendo-se a liquidaçáo substancial do negócio, com o esvaziamento patri-
sÍvel de credores, J monial, em prejuÍzo aos credores não abrangidos, será cabÍvel a conyolação da recupe-
Há uma espéc ie de pedido implícito na recuPeraçào iudicial, consistente na ração em falência. No entânto, os atos de liquidaçâo praticados serâo considerados váli-
tação da falência no caso do descumPrimento das condiçôes I egais ou das obr dos e eficazes, até para não gerar insegurança iurídica, mas haverá o bloqueio do
assumidas. O art.73 da Lei n, 11.101/2005 é expresso ao dete rminar a convolação produto de eyentuais alíenaçôes e a devolução ao devedor dos va.lores iá distribuidos aos
rccuperaçáo judicial em falêncla nas seguintes hipóteses: credores, os quais ficarão à disposição do juÍzo na falência.
Nessas hipóteses, há a convolação da recuperação em falência, vale dizer, no próprio
a) não apresentaçáo do ptano de recuperaçào no Prazo de 60 dias, contados processo de recuperação judicial será decretada a falência. Os credores zujeitos à recu-
despacho que defere o processamento da recuPelaçâo; peração não precisam ajuizar uma nova ação com o objetivo de decretar a falência do
b) rejeiçâo do plano de recuperação do devedor pela assembleia de credores, devedor, pois no processo de recuperação judicial é que haverá essa decretação. De outro
apresentação de plano alternativo pelo§ credores ou se reieitado o plano lado, os credores não su.ieitos à recuperação podem pedir a falência do devedor, qtte será
sentado pelos credores; processada normâlmente.
91. LoBo, Jorge.ln: TOLEDO, Pâuio F. C. S, de;ABRÁO, Carlo§ HenriqJe (Coord) Co'nehtdrios à lei 93. STJ -REsp 1751300/SP, Rel. Ministro P ULO DE TARSO SANSEyERINO, TÊRCEIRA TURMA, juf
recLlperdpiio de empr.sase Ídléhcia. Sã,o Pe\úot Saraiva. 2m5, P. 169. Eado .Íi 11ll2l20t9, DIe 17 I \2t20t9.
Bt-- tr
294 CUESO DE OIÂEITO EMPRESARIAL
l. MÀMEDE, Gledsron. Dieito emprcsa al brurtlriro: falênciâ e recuperação de empresâs. 2. ed. São pau-
lo: 4!tlas,2008, v.4, p. 230; RAMOS, Tony Luiz. pla io especial de recuperaçito das micios e pcquenas empre-
,as. Sáo Paulo: IBlu, 2006, p. 23r BEZERRA FILHO, Ma..oel h)stit\o. Lei'de r;.uperaçtlo de empresas eJalêicias
comentada. 4. ed. S^o Peulo: Revista dos Trjbunâis, 2007, p. I9l.
2. ZANtNt, Cerlos Klein. In: SOL-rZA IúNIOR, Francisco Sátiro dei PITOMBO Antônio Sêrgio de À. de
MoÍaes (Coord.). Core, tários à lei de reêuperaeào dê .rnpesas e
Íaténci* São paulo: Revista do-s Tribunâis,
2005, p. 315.
3. ZANINI, Carlos Kein, Ínr SOUZA IúNIOR, Erencisco Sátiro dei PITOMBO, Antôdo SéIgio de A. de
Moraes (Coord.). Conc rütios à tei d.e rccuperaçào de ernpres* eÍalêhcia. Seo pa;b: Revista do_s Tribunals,
2005, p. 315.
d Tony Lülz . Pldrlo espeêial dc rêcuperuçito dds micros e pequ.nas êmpresas. Sáo paúor lglu, 2006,
- 11110!,
P. 9i PINHEIRO, Hélia Mârciâ Gome§. A rêcuperação da microemptàss e das empresas de pequeio porte.
94. STI - REsp 1368550/sP, Rel. Ministro LUts FELIPE SALoMÃo, QUARTÀ TURMÀ, julgado em 4-10- Inr SANTOS, Pâulo Penalva (Coord), A nova lii àefalências e de re)uperaçào
de enpresas: Leí LL.IOL/2OOS.
2AÉ, DIe 23-ll-2OL6. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 167.
296 CUFSO DÊ DIÊEITO ÉMPBESAFIAL RrcUPEFAÇÁO JUoICIAL ESPECIAL 257
Tendo em mente que a recuperâção especial também é uma recuPeração judiçial, § Rg 4.800.000,00 (quâtro milhôes e oitocentos mil reâis). O parâmetro usado é o da recei-
cabe-nos analisar apenas suas peculiaridades. Naquilo em que nâo houYer regra especÍ- .{ 13 bÍuta, que corresponde ao produto da venda de bens e serviços nas operaçôes de
fica para a recuperação especial, ela seguirá o regime geral da recuperação judicial. g conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultâdo nas operaçôes em conta alheia,
não íncluÍdas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
Em qualquer caso, só podem se enquadrar como microempresas ou empresas de
2 Sujeitos pequeno porteos su.ieitos que esteiam devidamente registrado§. O tratamento diferenciadq
assegurado a esses exercentes de atividaàe econômica não veio para incentivar o inÍor-
lnicialmente cabe-nos identificar os suieitos que podem estar envolvidos na recu-
malismo e, por isso, esses benefÍcios dependem necessariamente do registro adequado.
peraçâo especial. Como acordo que é, a recuperação especial terá de um lado um devedor
Especificamente parâ a recuperâçâo especial exige-se a condição de empresário ou so-
passando pela crise e de outro seus credores, cuia pârücipaçâo é essencial para a supe-
ciedade empresária e, consequentemente, o registro na junta comeraial,
ração da crise.
Além da receita bruta e do registro, há uma série de exclusôes do regrme das mi-
croempresas e empresas de pequeno porte no a!t.3e, § 4p, da Lei Complementar n.
123/2006. Âssim, nào pode se enquadrar como microempresa ou empresa de pequeno
i 2.1 Devedor empresário enquadrcdo cono ou EPP e produtor rural pessoa
porte a pessoa iurídica que tenha por sócio outra pessoa juÍdica, ou que participe de
física ^/lE
outra pessoa jurÍdica. De modo similar, estâo excluÍdas do regirne diÍerenciado as pessoas
jurÍdicas que sejam filiais, sucursais, agências ou lepresentaçóes, no pais, de pessoa jurÍ-
No Brasil, a maior parte das atividades empresariais pode ser considerada de peque-
no ou médio porte. Desse modo, os pequenos e médios empresários assumem papel dica com sede no exterior.
fundamental na economia nacional, vale dizer, sem eles nossâ economia trava, com eles A fim de evitar a burla aos limites de receita bruta impostos, não pode se enquadrar
nossa economia pode crescer Para proteger tais empresários, é mister que se compati- como micÍoempresa ou empresa de pequeno porte a sociedade que tenha sócio que seja
bilizem as exigências da atividade empresarial com o volume de recursos movimentado insclito como empresário individual (enquadrado como microempresa ou empresa de
por estes, isto é, náo se pode exigir dos pequenos e médios empresários o mesmo que se pequena porte) ou que seja também sócio de outra sociedade (enquadrada como microem-
l ,
exige de uma grande companhia. presa ou empresa de pequena porte), cuja receita brutal global ultrapasse os limites do
,' Diante dessa situaçâo, a própria Constituiçâo Federal (art. 179) determinou que a enquadramento. Na mesma linha de entendimento, nâo se admite o enquadramento de
União, os Estados, o Distrito Federd e os Municípios gozarão de tratamento jurídico sociedade cuio sócio ou titular pârticipe com mais de 10% do capital de outra sociedade,
diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte, simplificando-se suas cuia receita somâda ultrapasse os limites de enquadramento. Ainda na mesma linha, nâo
se admite o enquadramento de pessoa jurÍdica na qual o titular ou sócio seja administrador
obrigaçôes tributárias, administlativas, previdenciárias e creditÍcias. Em atenção ao
mandamento constitucional, a Lei Complementar n. 123/2006 garante um tratamento de sociedade, cuja receita somada ultrapasse os limites de enquadramento.
diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno Em todos esses casos, as participâçóes no capital de cooperativas de crédito, bem
porte no âmbito dos Poderes da Uniáo, dos Éstados, do Distrito Federal e dos MunicÍpios, como em cefltrais de compras, bolsas de subcontratação, no consórcio previsto na Lei
especialmente no que se refere ao regime tributário, ao cümprimento de obrigaçóes Complementar n. 123/2006 e associaçó€s assemelhadas, sociedades de intelesse econô-
trabalhistas e previdenciárias, e no que tange ao acesso ao crédito e ao mercado. mico, sociedades de garantia solidária e outros tipos de sociedade, que tenham como
Tendo em vista o objetivo de simplificação do procedimento e redução dos custo§, objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econômicos das microempresas e empre-
a Íecuperação especial deverá se aplicar a empresários com menores condiçÕes financei- sasde pequeno porte, não podem representar qualquer impedimento ao enquadramento,
I
ras. Nessa Iinha de entendimento, só poderâo lançar mão da recuPeração especial os Também estão exclutdas as cooperativas, §alvo as de consumo, e as sociedades por
devedores empresários ou sociedades empresárias que se enquadrem como microem- açóes, cuia estrutura denota a desnecessidade de proteção diferenciada. Ainda pela com_
presa ou empresa de pequeno po!te. Não se dispensa a qualÍdade de empresário ou so- plexidade de sua estruturc, náo se admite o enquadramento de sociedade que seja resul-
ciedade empresária e exige-se também o enquadramento especÍfico. tante ou remanescente de cisâo ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa
A Lei Complementar n. 123/2006 (art. 3s) define quem se enquadra como microem- iurÍdica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário ânteriores. por fim, nâo
presa ou empresa de pequeno porte. São enquadrados como microempresa os suieitos s€ admite o enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte das so-
cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e ses§enta mil ciedades que exerçam ativÍdade de banco comercial, de investimentos e de desenvolü-
reais). São enquadrados como empresas de pequeno porte aqueles suieitos cuio fatura- mento, de câixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou
mento seja superior a RS 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a de crédito imobiliálio, de corretora ou de distribuidora de tÍtuios, valores mobi.liários e
298 i cunso oe ornerro EMPBE$qBAL ' RecucenaçÀo .:uornL EsPÉca ! 299
câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalizaçâo para a delimitação da extensâo em que se efetiyará o poder de julgar do magistrados.
ou de previdência complementar Como todâ petiçáo inicial, a exordial da recuperaçáo especial precisa atendêr aos requi-
Foi equiparado a esse devedor ME/EPP, para fins da recuperação com plano especial, sitos formâis e estruturais impostos pela legislação processuat. A única peculiaridade é a
o produtor rural pessoa fÍsica, desde que o valor dos créditos abrangidos pelo plano nâe necessidade de a própria inicial indicar a opçáo pelo regime da recuperação especial, ou
exceda R$ 4.800.000,00 (quatlo milhóes e oitocentos mil reais). Eíge-se, porém, que seia seja, no silêncio presume-se a opção pela recuperação iudicial comum, Diante da possi-
um produtor regisEado na junta comercial e que tenha pelo menos 2 anos de regulari, bilidade até da desistêocia do pedido sem o consentimento dos credores antes da decisão
dade fiscal. de processamento, acreditamos que o devedor até esse momento também poderá alterar
â opçáo realizada por um ou outro procedimento6.
Além de cumprir todos os requisitos gerais, a petiçâo iniciâl da recuperação d€ye!á
2.2 Créditos ahrangidos ser acompanhada dos documentos essenciais à propositura da ação. No caso da recupe-
raçãojudicial, além daqueles documentos gerais para todas as açôes (procuraçâo, custas...),
Tendo em vista o objetivo de simpiificação do procedimento e redução dos custos, essencial que a inicial da recupeÍação seia instruída com os documentos do art. 51 da
é
a recuperação especial deverá se aplicar aos empresários com menores condições
Lei n. 11.101/2005. Podemos sintetizar os documentos a serem iuntados em algumas
financeiras. Nessa Iinha de entendimento, só poderâo lançar máo da recuperaçáo especial
ideias: as causas da situaçâo patrimonial e os moüvos da crise econômico-financeira, a
os devedores empresários ou sociedades empresárias que se enquadtem como micloem-
documentação contábil, os documentos do registro empresarial, as certidóes de protesto
presa ou empresa de pequeno porte. Não se dispensâ a qualidade de empresário ou so-
e as relaçôes descritiva§7. No que tange à documentação contábil, admite-se a apresen-
ciedade empresária e exige-se também o enquadramento específico. taçáo de livros e escrituração contábil simplificada, nos termos da legislação especÍffca
No regime original, o devedor empresário que se enquadre como microempresa ou das microempresas e empresas de pequeno porte (Lei n. 11.101/2005 - âÍt.51, s 2e).
empresa de pequeno porte só podia requerer a recuperação especial em face dos seus Estando em termos a J:etição inicia.l e a documentaçào iuntada, o juiz deverá deferir
credores quirografários, excetuados aqueles decorrentes do repasse de verbas oficiais e
o processamento da lecupcraçáo judicial, nos termos do art. 52 da Lei n. 11.101/2005,
os credores propÍietários referidos nos arts. 49, § $, e 86, II, da Lei n. u.101/2005. Atual-
Tal decisão de processamento, contudo, terá seus eíeitos limitados aos créditos abrangi-
mente, com a Lei Complementar n, 147, a amplitude é maior, podendo ser abrangidos na
dos na recuperaçâo especial, ou seja, não haverá a suspensào do curso da prescrição nem
recuperação iudicial todos os c!éditos existentes na data do pedido, ainda que não ven-
das execuções por créditos não abrangidos pela recuperação especial. Se eles não sâo
cidos, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos
atíngidos pela recuperação especial, não há motivo para que seus dileitos sejam afetados
nos §§ 3r e 4s do a!t. 49. Abrangem-se praticamente todos os créditos, excetuados apenas
pela slspensão quer da prescrição, quer das açôes desses credores.
os créditos fiscais, os decorrentes de repasse de recursos oficiais e os chamados credores
Tal decisão será publicada iuntamente com a Lista de credores apresentada pelo devedor,
I
propÍietários previstos nos §S 3s e ,F do art. 49.
dando inÍcio ao procedimento de veri6cação decréditos. Pelas razôes já expostas, os credore§
A abrangência de mais tipos de credores dá uma chance maior de recuperaçào a', nâo abrangidos sequer precisam palticipar do procedimento de verificação de créditos.
d€vedor. A limitaçâo aos credores quirograÍários era uma repetição da antiga concorda
ta que restringia demâsiadamente a chance de recuperação, na medida em que é muito
difÍcil ter apenas credores quirograÍários no quadro de credores. Dessa forma, tal inicia-
tiva tende a permitir que a recuperação iudicial se;a mais efeüva.
4 Plano especial de recuperaçáo
Da publicação da decisâo que defere o processamento da recuperação o devedor
3 Pedido e processamento
terá, sob pena de decretação da falência, 60 dias para a apresentação em juízo do plano
especial de recuperâçáo que representa, em última análise, a proposta do acordo a ser
Assim como no regime geral da recuperação judicial, a recuperação especial envol- firmado.
I
ve um acordo a ser firmado em juízo, Para que esse acordo se concretize é essencial o
ajuizamento de uma ação perante o iuízo do principal estabelecimento do devedor. Tal
5. CALMON DE PÀSSOS,I. l. Comentáios ao Código de processo Ciyir. 8. ed. Rlo de Janeiro: Forense,
âçáo normalmente é aiuizada diretamente pelo devedor (empresfuio individual, EIRELI 1998, ú lll, p. I54.
ou sociedade empresfuia), mas nada impede que seja ajuizada pelo sócio remanescente, 6. MÀMEDE, Gladstoa. Dírcito enpr8arial brasileitut íalêrlcie e íecupereçào de empreses. 2. ed. Sào
pelo inventariante, pelo cônjuge ou pelos herdeiros (Lei n. 11.101/2005). v 4 p. 230.
Pâulor Atlâs, 2008,
Esse ajuizamento será feito por meio de uma petição inicial, que representa o ins- 7, NEGRÀO, Rlcardo. Manudl dê direito comercial e de empresa. 2. ed. Sâo paulo: SâraLvâ, 2007, v. 3,
trumento necessário para a constituição de desenvolvimento do processo, bem como p. 163.
L
300 CUBSO OE DIAEIIÔ EMPBESABIAL BEcuPERÂçÁo JUolctaL ;sPEclaL 301
publicação
Na sua redação original, o plano de recuperação especial só poderia conteÍ o seguin- manifestação no Prazo de 30 dias, contados da publicação desse edital ou da
te meio de recuperaçáo: parcelamento em até 36 (trinta e seis) paÍcelas mensais, iguais e da relação de credores. Como na lecuPêrêçáo comum, os credores PoderãÔ
aProvar o
sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a. (doze por cento
plano de recuperaçâo iudicial tacitamente ou apresentar oPosiçôes iustificadas'
ao ano), com a possibilidade de carência máximâ de 180 (cento e oitenta) dias, contados
Náo havendo qualquer objeção dos credores, considera-se o Plâno tacitamente apro-
da distribuição do pedido de recuperação judicial, para o primeiro pagamento.
vado. De outrolado, havendo obieção, não haverá a convocação da assembleia de credores
Em última análise, o plano especial podia contar com uma dilaçáo de prazo para com o
pâgâmento das dÍvidas, sob a torma de um parcelamento, com juros de 1% ao mês, admi- Até esse momento, o procedimento da recuperaçáo especial em tudo se identificâ
tindo se uma carêÍrcia de até 180 dias para o primeiro pagamento. Embora simples, tais procedimento da recuperaçâo judicial comum, mas, a Partir de agora, haverá mudanças'
medidas podem ser úteis para superação da crise, na medida em que podem permitir uma O iuiz decretará a falência, automaticamente, se houver objeção de credores que
(Lei
equalização do fluxo de caixa, evitando grandes dispêndios imediatos com o paBamento representam mais da metade de qualquer uma das classes dos créditos abrangidos
n,lt.1ot/zoo5 - 72, parágrafo único). Neste Particular, a ÍecuPeração especial é Pior
dos credores quirografários8. De outro laclo, a obrigação de pagamentos mensais permitia "tt.
do que a recuperação judicial ordinária, na medida em que nesta a rejeição Por uma
das
um fluxo continur.r de pagamento aos credórese.'
clasies do art.41 não importa a automática rejeiçâo do acordo. Assim, o melhor seria
Com a Lei Complementa! n, l47l21l4, o plano preverá parcelamento em até 36
(trintae seis) parcelas mensais, iguâis e sucessiv"as, acrescidas dejuros equivalentes à Taxa
aíastar esta decretação automática da fa.lência, fazendo uma interpretação teleológica'
para considerar que o plano só será reieitado se for rejeitado pela maioria das classes
Sistema Especial cle Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a propos-
ta de abatimento do valor das dÍvidas. Àtera-se a taxa de iuros para a 'faxa SELIC, man- abrangidas (objeçao de mais da metade dos créditos), aPlicando-se neste caso a mesma
tendo-se como impositivo o pa.rcelamento. Mantém-se tâmbém a carência de I80 dias divisáà de classes do art. 41. Em todos os casos, a contagem dos votos deverâ obedecer
para o prin reiro pagârnento e admite-se o pedido de abatimento do valor das dÍvidas, que ao disposto no art.45 da Lei n. 11.101/2005.
pode ser muito útil pura o devedor reerguer e recuperar a sua atividade. Obviamente, as obieçóes devem ser fundamentadas na falta dos requisitos legais ou
Em complemenro aos meios de recuperação, o plâno estâbelecerá a necessidade de razões cconômico-financeiras que demonstrem que a cri§e é insuperáve|', sob pena de
autorizaçào do iuiz, d.,pois de ouvido o administrador fudicial e o Comitê de Credores, serem indeíeridâs pelo iuizr'. Fábio Ulhoa Coelhora prevê a necessidade de manifestaçào
se houver, para o deve,lor aumentar despesas ou contrâtar empregados. Controla-se de do devedor para manter ou alterar o plano diante das objeçóes, ensejando a decisáo do
fundamento na legisla-
forma bem rígida a atuação do devedor nesse caso, a fim de que o prazo que ihe é dado luiz em relação ao eventual conflito, o que, Porém, náo encontra
No mesmo sentido, outros autores reconhecem a possibilidade de audiência para
seia suficiente para a superação da crise. Aumentos de gastos e contratações de empre- çáo.
gados são possiveis, mas deverão ser autorizados pelo juiz, ouvidos o administrador iu- superaçáo do conflito, o que também nâo possui previsão lega|í.
dicial e o comitê de credores, se houver. Deve-se, porém, fazer uma interpretação teleo- De outro lado, se a obieção for apresentada por credores que representem até a
lógica dispensando a autorizaçâo judicial, se a contratação do empregado for apenas metade dos créditos, presume-se que os demais credores concordaram com o plano
parar suprir uma lacuna, sem representar acréscimo de despesasr0. especial e, por isso, elqserá considerando aProvado. Nesse caso, cabe ao iuiz conceder a
reàuperaçâo se atendidas as demais condiçóes legais Para tanto. Não sendo atendidas as
demais condiçóes legais, como os requi§itos Previsto§ no alt 48 da Lei n 11 101/2005' o
5 Procedimento juiz indeferirá o pedÍdo.
Gtadston Mamede entende que também será decretada a falência se não houver q
atendimento aos requisitos legais, pois haveria uma análise do mérito do pedido e não
apenas questôes processuaisr6. Â nosso vet porém, a decretação da falência só seria pos_
sÍvel nas hipóteses previstas expressamente no art.73 dâ Lei n. 1I.IO1/2OOS, entre as
13 REGU PERAçÁO E)ff nAJ UD|CIAL
quais nâo se encontra a falta de requisitos, O uso do aditivo também no aÍt.72 se refere
às demais hipóteses de convolaçâo em falência, como a nào apresentaçâo do plano de
recuperação no prazo legalT. Ademais, permitir a decretaçáo da falência em mais casos
não se coaduna com a ideia do tratamento privilegiado às microempresas e empresas de
peque11o porte.
Tony Luiz Ramos entende que outra mudança no procedimento da recuperaçào I Noçóes gerais
especial diz respeito ao eveltual pedido de desistência posterior à decisão de processa-
mento. Nesse caso, o art. 52, § 4e, da Lei n. 11.101/20o5 condiciona a desistência à apro_ Na recuperação judicial, temos um acordo firmado judicialmente entre o devedor e
vação dos credores reunidos em assembleia, porém na recuperaçâo especial nâo haveria seus credores com o objetivo de super uma crise econômico-financeim. Suâ previsão,
a realização de assembleia de credores, cabendo ao fuiz o poder de aceitar ou não a de- porém, não impede outros üpos de acordos com o mesmo obietivo, mas acordos firma-
sistência, cabendo-lhe ana.lisar a ausência da intenção de burlar a lei ou fraudar os cre- dos extraiudicialmente, daí falar-se em recuperação extra)udicial. Tais acordos extrajudi-
doresrs, como era exigido em relaçào à concordatale. A nosso ver, poftm, o art. Z2 s6 ciais eram tratados como atos de falência no regime anterior e agora passam a ser exDres-
dispensa a realização da assembleia para apreciar o plano de recuperaçáo e não para samente admitidos pelo nosso ordenamento iurídico, representando uma alternativi de
outros fins. Desse modo, no caso de desistência haveria a necessidade de convocação da superaçâo das crises.
assembleia de credores, com todos os ônus dessa convocação impostos ao devedor2o. Embora a intervenção do Poder )udiciário possa ser medida otimizadora para a
conclusáo do acordo entre o devedor e seus credoresr, é certo que ela também reprcsen-
ta custos mais elevados, com a necessidade de atuação de um administrador judicial, de
um procedimento de verificação de créditos e até da convocação de assembleias de
credores. Em razão disso, deve-se abrir outro caminho para a celebração desse acordo,
um caminho mais rápido, informal e econômico2, a sabe6 a recuperação extrâjudiciâI, na
qual a intervençâo estatal é apenas acessória. A recuperaçáo extraiudicial, poJtanto,
"outorga ao devedor que atingiu um estado crÍtico, a possibilidade de administrar extrâ-
)udicia.lmente um acordo com seus credores de uma maneira simples e prática"3.
Em outras palavras, trata-se de um acordo firmado extrajudicialmente entre o deye-
dor e seus credores com o obietivo de superação da crise econômico-financeira, levado
apenas eventualmente à homologação pelo Poder Judiciário. O objetivo e a natuleza são
os mesmos da recuperação judicial, vale dizer, trata-se de um contrato4 para superação
da crise, mas sua realização é mais simples e mais pÉtica, uma vez que a intervenção do
Poder )udiciário é eventual e meramente homologatóÍia. Trata-se de a.[go muito similar
16. M^MEDE, Gladston Dircíto eüprcsaridl btusileirot frllêncie e rccupelaçáo de empresas. 2. ed. SÁo
Paulo: Atles, 2008, v.4, p. 232.
17. BEZERRA FILHO, Menoel Justino. Zei de recuperdçào de.fipresat cJaléncias cornentada.4. ed Sào
PÀulo: RêvÍste dos lribunsis,2007, p. l9S. 1. MAMEDE, Gledston. Dircíto êripresaridl brd.silêirot ídênci^e rcêuperaçáo de empresas.2. ed. São pâu-
18. RAMOS, Iony Lulz, Plano especial dc rc.üFeraçdo dat nicros e pequênds êrfipresas. Sâo pe\lJo: lg,l!, lo: Atlas, 2008, v. 4, p. 278.
2m6, p. 63. 2. DEMARTIM, Hernán. A recuperaçâo extreiudicial um novo âto negocial? ln: B^TTELO, Sllvio leviêr
19. 5Tl - RE6p 184.727lSP, Rei. Ministro 1)íALDEMÂR ZVEITER, TERCETRA TLRMA,lul8âdo êm 13-2. Ptlncipais contoyétsids nd nova lei deÍdlêhêids, Porto Alêgre: Eabris, 2008, p. 78.
200t, Dl 2-4-2út, p. 286. 3. ldem, ibidem.
20. PINHEIRO, Hélia Marcia Gomes. A rccupereçÃo da micloemprese e dâs empresas de pequeio poÍte. 4. PROVINCIÀLI, Renzo.Con otddto preyentiva estragiudkiale.Româr lanua, 1999, p. 1O2i DEMARTINI,
Ift SANTOS, Pâulo Pen l-lv^ (Coord.\. A nova ki defa!ênclas e de rccuperaçáo de emprerast Lei t!.tCl/2@s. Hêrnán. A recupere(áo extrâjudicial: um novo ato negocial? In: BATTELO,SÍlviola:l,lel' pÍinaipais coitrovér-
Rio de raneiro: Eorensê,2006, p. 176. sias na novd lei dêÍalén ias. Po[to Àlegre: Fabr ís,2008, p.27.
304 i cunso oE ornrrro EMPFEsaÂrar REcuPEHAÇÁo ErIBA]uorcrAl 305
ao prepackdged plaz do direito norte-americanos e ao ecuerdo preventivo ertrajudicial - também estariam excluÍdas da recuperação extraiudicial as empresas públicas e so-
do direito argentinoó. A existência dessa recuperação extraiudicial náo plejudica outms ciedades de economia mistas.
modalidades de acordo entre o devedor e seus credores (Lei n. 11.101/2005 - art. 167).
2.2 Créditosabrangidos
2 Sujeitos
O devedor empresário, que nâo se enquadre nas exclusôes legais, poderá negociar
Como acordo que é, a recuperaçâo extrajudicial terá de um lado o devedor em crise o acordo da recuperação extrajudicial com os credores existentes até o momento do
e de outro lado seus credores, que negociarào extraiudicialmente as condiçôes necessárias acordo. Todavia, alguns credores não se submeterâo a esse acordo, seia pela indispo-
para a superação da crise. Todavia, não é qualquer devedor que poderá lançar máo desse nibilidade do crédito, seja pela falta'de interesse para a eyentual negociação. Nada
acordo. Do mesmo modo, nâo são quaisquer credores que poderão ser chamados a par- impede, porém, que mesmo em relação a esses sejam realizadas outras modalidades de
ticipar desse acordo extraiudiciai. acordos individuais
Nâo perticipam da recuperação extrajudicia.l os credores fiscais que, em razão do
princípio da legalidade e pela indisponibüdade do interesse público, não são passíveis de
2.1 Devedor negociação, fora dos parcelamentos e das hipóteses legais de transação.
De outro lado, ficam excluídos da recuperação extraiudiciâ.l os credores que nào
Podem Iançar mão da recuperação extrajudicial os devedores que se enquadrem
teriam qualquer interesse na negociação, por iá possuÍrem uma grande segurança nos
como empresários individuais ou sociedades empresárias, vale dizer, pessoas físicas ou
seus créditos, em razão do direito de propriedade. Nesta exclusão entram os credores
sociedades que exeÍçam atividade econômica organizada para a produção ou circulação
titulares da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador
de bens ou serviços para o mercado. Ao contrário de outros paÍses, noss,r Direito só
mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóyel cujos respectivos cont.atos
prevê a recuperação para quem se enquadre nessa situaçáo e nâo para quaiquer Pessoa.
corltenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporaçôes
Por se tratar de um benefício, para obter a eventual homologação .iudiciâI, exige-se
imobiliárias, de proprietário em contrato de venda com reserva de domÍnio ou de adian-
ainda que essas pessoas esteiam exercendo regularmente a atividade empresarial, isto
tamento de contrato de câmbio (Lei n. 11.101/2005 - art. 49, ss 3e e 4s).
é, sociedades em comum, mesmo que seiam empresárias, não podem lançar mào da
Não são mais excluídos da recuperação extraiudicial os créditos trabalhistas e por
recuperação extrajudicial.
i
acidentes de trabalho, desde que o devedor proyidencie a negociaçâo coletiva com o
Mesmo os que se enquadram como empresários podem ser excluÍdos d.r recu- sindicato da respectiva categoria profissional. Nesse caso, a âtuaçâo dos sindicatos supre
peraçáo extraiudicial, por possuÍrem um regime especial de superação dâ crise,
eventual incapacidade e força de negociação dos credores trabalhistas.
acompanhado mais de perto pelo Estado, dada sua importância par.r a economia.
Desse modo, poderão pa*icipâ! da recuperação extraiudicial os créditos existentes
Desse modo, estão excluídos dâ recuperação extraiudicial a instituição financeira
na data da celebração do acordo, com exceção dos créditos fiscais e dos créditos detidos
pública ou privada, a cooperativa de crédito, o consórcio, a entidade de previdência
pelos credores proprietfuios, Ressalte-se que não há necessidade de o acordo abranger
complementar, a socÍedade operadora de plano de assistênciá à saúde, a sociedade
todas essas classes, ou mesmo todos os créditos integrartes de uma classe, isto é, o
seguradora, a sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas
plano pode se restringir a um grupo de credores de mesma natureza e suieito a seme-
às anteriores. Âlém disso, dentro de uma opiniáo maioritária no direito empresarialT,
lhantes condiçóes de pagamentoe. Assim, se o devedor possui obrigaçôes com garantia
5. BLUM, Brian B. Bankruptc! and d.ebtot/crediror, 4. ed, New Yorkr Aspen, 2006, p. 503.
insolvência empresariâI. Rio de Janeiro: Renovar, 20,06, p. 24: HENTZ, Lu iz Antooio Soeres. Manual
6. AIEGRTÂ, Hector. Facultades deljuez e interpretácion de lâs normas sobre acuerdo preventivo extraju_
léncia e rccupeÍaúo de empreras. Sào Paulo: ,uerêz de Oliveira, 2005, p. 15; EURTADO, Lucas
daía-
dlcial (ubicâción sistemáticâ y alguos efectos). Inr ALEGRIA, Hector (Dir.l. Acuedo prerentivo ertraludi.i^l Rochã. Carso
dc diteíto admifiiÁtrativo. Belo Horizonte: Fórum , 2007 , p. 220,
Bueno6 Aire§: La Ley, 2004, p, 49.
7. MAMEDE, Gladsto n. Dbeito empresarial brasil€rior fâlência e Íecuperâçáo de empresâs. São Paulor Atlâs,
8. À nosso vêí, tâl €xcjusão é inconstitucional no que tsnge às sociedades de €conomiâ mista e empresâs
2006, v.4, p,42, PÀCHECO, losé dâ SiNa, Pro.esso de Íecuperdção ludíêial, ertraiudicial e ldlêrtcio Públicâs exploradorâs de atividade econàmica, que não po-dem ter um regime diferenciado dâs entidad€s
2. ed. Rio de lâneiro: Foren6e, 2007, p. 21i FAZZIO JúNIOR, !íâ1do. Noea leí deÍaléh.ia e tecupetdçào de Privâdas nos termos do ârt. 173 da Constitúção FederâI.
énpreszs. Seo Paulo: Atlas, 2005, p. 52-54: NEGRAO,Ricatào. Manual de dircito comercidl e de efipresd' 9, SÁNTOS, Paulo Pêíalve. A recüpemção extraiudicial ne nova lei de fâlênciâs. In: SANTOS, pâu1o penel-
2. ed. Sáo Paulo: SaraivÀ,2007, v, 3, p.35-36, COELHO, Fábio Ulhoa. Círco de dheito comercíal. 8. ed. Sâo ve lcooíd.). A noi/a leí de
Íalêkcias e de rc.uperuç,âo de efiplesas: le\ ll]o I /2005. Rio de ,aneiro: Forense,
Pâulor Sslaiva,2008, v. 3, p. 248; CAMPINHO S érgio. FaAncia e lecuperdçào d.e etfipresa: o no'to regime de 2006, p. 384.
306 CUFSO OE OISEITO EMPSESAÂIAI,
REcUPÉBAÇao ExrR .Juorcrar- ! 307
real de curto prazo e de longo prazo, a recuperâçâo extraiudicial poderá abranger apenas quer equÍvoco nas terminologias adotadas, mas preferimos a expressão recuperdçâo
.
um desses grupos, dando mais margem de liberdade à atuação da autonomia privadaro. etctraj udicial de ho mo logaçào Íacultativa
O essencial é que a divisâo em grupos seia realizada por critérios ob.,etivos e impessoaisrl.
Nessa hipótese, caberá às partes decidir se levam ou não o acordo à homologação.
Levando o acordo à homologação judicial, ele passará a ter a condiçáo de titulo execut!
vo judicia.l (CPC/2015 - art. 515, IU), vale dizer, ele terá mais força no eventual cumpri_
3 Modalidades
mento. Para tanto, obyiamente deverão ser cumpridas as formalidades legalmente exigi_
DeÍinidos os créditos abrangidos pela recuperação extraiudicial, o devedor poderá das para a homologação. De outro lado, se ele não for levado à homologação, o acordo é
negociar com eles as condições necessárias para a superação da crise. Êm alguns casos, vá.lido e produz efeitos como qualquer contrato privado. Além disso, pode-se buscar a
o devedor consegue a anuência de todos os credores e firmârá normâlmente o âcordo homologação para realizar a venda de êstabelecimentos por meio de hasta judicial? (Lei
com eles, vinculando-os aos termos do acordo. Em outros casos, ele não consegue a n. 11.101/2005 - art. 166).
adesão unânime dos credores, mas consegue a adesão de uma boa parte deles, nâo sendo Há quem sustente, porém, que a homologação nesse caso também seria obrigatória
possivel, a princ(pio, ffrmar o acordo com todos os credores. Âpesar disso, os próprios para ser tratada como recuperação extraiudicia.Is. Sem a homologação, hâveria
um simples
obietivos da recuperação fizeram com que a legislação aceitasse o acordo também nesse
acordo privado, mas nâo uma recuperação extraiudicial. Àpesar de parecer contrária
caso, vinculando todos os credores, desde que ele fosse homologado iudicialmente e a
opinião ora esposada, vê-se que se óega à mesma conclusão. A homologaçâo não
cumprisse certos requisitos legais. Essa dualidade de situaçÕes nos leva a uma distinção é essen-
cia.l para o acordo, mas é essencial para que ele produza os efeitos iá mencionados.
entre duas modalidades de recuperação extrajudicíal.
Nem sempre o devedor consegue a adesão unânime dos credores a sua proposta
Caso o devedor obtenha o coosentimento de todos os seus credores, o acordoiá será de
acordo. Por vezes, há uma mjnoria resistente a qualquer proposta de negociaÇão que
firmado pelo simples encontro (ie vontades entre o devedor e esses credores, ya.le dizer,
inviabiliza o acordo. Nesses casos, a vontade da minoria prevaleceria sobre a vontade
a homologação judicial do acordo é facultativa. Já que a homologação iudicial não é es- da
maioria e sobre o próprio princÍpio da preservação da empresa. Em razâo disso, a Lei n.
sencial, pode-se denominar essa modalidade de recuperâçâo extrajudicial de homologa-
11.101/2005 admite que a recuperação extraiudicial seia concluída sem o consentimento
ção facultativar2. Há quem prefira as expressóes recuperação erctrajudicial ordináriat1,
unânime dos credores, yale dizer, se o devedor coosegui! uma adesão expressiva dos
recuperdção etúrajudicial unànime ou de adp-çào tota|a, recuperaçAo üctrajudicial indivi-
credores, ele poderá vincular todos os credores aos termos do acordo, desde que promo_
duaüzadats ou ainda recuperdçã,o e,ctrajudi.t:iq,l meramente homologatórialí. Não hâ quaJ-
va a sua homologação )udicial.
superior a 10% (dez por cento) do capital social do devedor ou em que o devedor ou Outro requisito da homologação da recuperação extraiudicial é a ausência de con-
algum de seus sócios detenha participação superior a 10% (dez por cento) do capital denaçáo definitiva por crime falimentar (Lei n. 11.101/2005 - arts, 168 a 178). Esse im-
social, a cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, colateral até o 2s (segundo) grau, pedimento, decorrente da condenação por crime falimentac só passa a existir a partir do
ascendente ou descendente do devedor, de administrador, do sócio controlador, de hânsito em iulgado da sentença condenatória, tendo em yista a presunção de inocência
membro dos conselhos consultivo, fiscal ou semelhantes da sociedade devedora e à
§ociedade em que quaisquer dessas pessoas exerçam essas funçÕes. 24. COELHO, Fábio UlÀoa. Curso de direito .om e,,clal 8. ed. SÀo paulo: Sarâivâ, 2008, v. 3, p. 434; CAM-
PINHO, Sérgro. Falrr.ia e rccuperaeào de empres4i o novo regime de iÍrsolvêncie emprêsartal. g. ed. Rio de
IeneiÍo: Renovar, 2008, p.454.
22. NEGRÁO,Ricaldo,Manualdedireitocofiercialedeempr?sa,4.êd.SãoPaulo:Sâ.rai,2009,v3,P.204.
25. NEGRÁO, Ricardo. Mdnual de dírcito êofiercial e de ernpresa.Z. ed. Sáo pâulo: Sârâivâ,2007, v. 3,
23. PÂM, Luiz Fêrnando Valentê de. Da recup€raçeo extrajudicial. In: PAIVÀ, Luiz Fernândo Va.leíte d. p.127.
\Cootd.). Ditelto Íalirfientat e d nova let d.eJalêkctds e recuperução d.ê emprerar. Seo Pâulo: Quartier Làtin'
2@5,p,571. 26. PIMENTÀ, Eduard o coulârt. Recaperaçàô de emprcsas. Seo pa\rlo lOB, 2006, p. 91.
E
310 CUFSO DE OIREIÍO ÊMPRESARIAT
RTcuPEBAçÁo ErlBA"JUotcraL 311
do art. 5e, LVII, da Constituição FederalrT. No caso de empresfuio individuâl, ta.l requisi_ rimprorrogável de 90 (noventa) dias, contados da data do pedido, atingfu o quórum de
to é exigido em relaçâo ao próprio empresáÍio pessoa flsica. Já nas sociedades empresá-' absoluta.
maioria ,
riâs, o requisito é exigido em relação aos seus administradores (diretores ou membros do
Outro lequisito objetivo é a ausência de previsào de pagamento antecipâdo de cre-
conselho de administração) e em relação aos sócios controladores.
dores, evitando benefÍcios de alguns em detrimento de outros, no caso da eyentual de-
Para obter a homologação da recuperação extraiudicial, o devedor não poderá te1
cÍetaçâo da fa.lência pela não superação da crise. Na mesma linha de entendimento, o
obtido recuperação com base em um plano especial de recuperação para microempre-
plano de recuperação extrajudicial só será homologado se não contiver tratamento
sas e empresas de pequeno porte, nos últimos cinco anos, Além disso, ele não pode te1
desfavorável aos credores que nele não são abrangidos (Lei n. 11.101/2005 - art. 161,
obtido recuperação judicial ou homologado plano de recuperação extrajudicial nos
s 2s), tentando evitar assim alguma espécie de conluio entre o devedor e alguns credores3o.
últimos dois anos. Não se pode permitir que o empresário use reiteradamente a
Também é requisito objetivo a concordância dos credores para o afastâmento da
recuPeração para superar suas crises. O uso da recuperação em momentos próximos
variação câmbial que lhes era assegurada originalmente (l,ei n. 11.101/2005 - art. 163,
denota a incompetência do empresário em gerir aquele negócio e, por isso, afasta a
possibilidade de nova recuperaçào,3. s ;s). A1ém disso, na alienação de bem objeto de garantia rcâ1, a supressão da garantia ou
sua substituição somente serâo admitidas mediante a aprovação expressa do credor ti-
Por fim, exige-se que não esteia pendente pedido de recuperaçâo judicial, vale dizeç
tular da respectiva ganntiâ (Lei n. 11.101/2005 - art. 163, §,ts).
nâo pode o devedor usar os dois caminhos (recuperação judicia.l e extrajudicial) ao mes-
mo tempo. Nada impede, porém, que ele desista da recuperaçào judicia.l, obedecendo às
determinaçôes legais, e realize um acordo extrajudicial para ser levado à homologação.
O que nâo se admite é o uso simultâneo das recuperaçôes iudicial e extrafudicial.
4.3 Pedido de honologação
27. MAMEDE, Gled6to^. Ditaito eüprcsafial brusileiro: Í?Àéícia e recupemção de empresas. Sâo paulor 32. PAM, Luiz Fernândo Velente de. Da recupereçào êxtraiudiciâI. In: pÁIVÀ, Luiz Fernando Valente de
Atlas, 2006, r 4, p. 187. lcoord.J. Dirciti íalimentar e a kova lei de Ídlêrlcias e Íecaperueo d. .mpresd;. Sáo paulo: euârtier Lâtin,
2005,p,572.
28. COELHO, Fábio Ulhoe. Cutto de dircito.omercial, S. ed. Sáo pâulo: Ssieivâ, 2008, v. 3, p. 4O9i CÂMPOS
BÀTÁIH^, Mlson de Souz4 RODRIGUES NÊTTO, Nelson; RODRIGUIS NETTO, Süvia Maria Lábáte
33, DEMÂRTINI, H€rnán. À recuperaÇão €xtÍâiudicialj um novo ato negociâl? In: BATTELO, S0vio ,avier,
Balalíe. Comentittíos à lei de rccupetuçáo ludictal de empresas cÍalên.id, 4. ed. São pÂulo: LTr, 2007, p, 93. Ptihcipais controvéBias nd nova lei de Ialências. Porto Àlegrs Fabri6, 2008, p. 83; Â.\DREY Marcos. In: DE
LUCCA, Newton: SIMÁO FILHO, Àdalberto (Coord..). Comentá os à nova lei de recuperuçào da enprcsas
29. COELHO, Fábio UII\oa. Cuno de dieíto comercial. B. ed. Sâo pa]ulo; Saraiva, 2m8, v. 3, p. 434; CÀM- e deÍalêhcias. Seo P^do; Quartier Lâtin, 2005, p. 580; MELÀRÊ, Márciâ Reginâ Machado. Â recuperação
PINHO, Sérgio. falérrcra e recupcraçito dê empresa: o novo r€gime de insolvência empresaúal. 3. ed. Rio de ert.âiudicial, In: MÀCHÀDO, Rub€ns Approbâto (Coo.d..). Comentários à nova lei de Íatêncid. e recuperuVio
Jâneiro: Í{enovâr, 2008, p.454, de empresas. Sào Pzulo: Quartieí Lâtin, 2005, p, 157.
CUNSO OE D REIÍO EMPRESABIAL
No caso de homologação facultativa, o pedido de homologação deve vir acompa- e obteve o consentimento necessário para que o acordo seja aprovado e homologado em
nhado do próprio acordo firmado entre o deyedor e seus credores, bem como da sua juízo. Dentro da ideia de redução dos custos, não se cogitará de assembleia dos credores
iustificativa. No caso da homologação obrigatória, exige-se ainda que o pedido seia ins- e, por isso, a comprovaçâo da aceitação regular do acordo deverá ser feita já no pedido
truÍdo com outros documentos que demonstrem a real situação do devedor e comProvem de homologâção.
a regularidade do acordo. De modo mais detalhado, na homologaçáo obrigatória, o pe-
dido devcrá ser instruido com os seguintes documento§ (Lei n. 11.101/2005):
apetição inicial conte com o apoio de pelo menos 1/3 dos créditos de cada classe (Lei 1 448) e pelas obrigaçóes tributárias (CTN - art. 133). No que tange a estas ultimas obri-
11.101/2005 - art. 163, § 8e). gaçóes, a responsabilidade será subsidiária se o alienante continuar ou restabelecer
Obedecido o trâmite legal, o juiz homologará o plano de recuperação extuajudicia.l qualquer atiúdade econômica nos seis meses subsequentes ao negócio, Nos demais casos,
ou indeferirá essa homologação, em ambos os casos, por meio de uma sentença. Desta a responsabilidade do adquirente pelas obrigaçôes tributárias será integral.
sentença proíerida, cabe recurso de apelação, sem efeito suspensivo. Náo homologado o À princlpio, todos os efeitos gerados pela homologação do plano de recuperaçào
plano, o devedor pode apresentar novo pedido de homologaçâo, cumPrindo o§ requisitos extrajudicial serào voltados para o futuro, isto é, para depois da homologâção. No entan_
legais para tanto. to, é lÍcito pactuar a produção de efeitos pretéritos, apenas no qüe tange à modificação
Gladston Mamede úrma que, se o motivo da impugnação que impede a homolo- do valor ou da forma de pagamento dos credores signatários, ratificando pagamentos
gaçáo é a existência de atos de falência, o juiz deveria decretar a falência, pois esse é um efetuados antes da homologação. Caso não se obtenha a homologaçáo, devolve_se aos
dos pressupostos da falência3. À nosso ver, porém, não há previsão legal nesse sentido e, credores signatários o direito de exigir seus créditos nas condiçóes originais, deduzidos
os valores efetivamente pagos (Lei n. 11.101/2005
por isso, não se deve âdmitir a decretação da falência, mesmo nesses casos. Caso o credor - art. 165, s 1!).
impugnante queira a decreta!âo da falência, ele deverá ajuizar uma ação própria para
isso, com todo o procedimento inerente a esse pedido.
5 Efeitos da homologaçáo
Uma vez homologada, a recuperação extrajudicial produzirá seus eíeitos, vinculan-
do inclusive os credores que não aceitaram o plano inicialmente, desde que tenha sido
obtida a concordância de mais de três quintos dos créditos de cada espécie ou grupo
abrangido pelo plano. Outrossim, essâ vinculação de todos os credores produzirá a no-
vação dos seus créditosa, que passarão a ter as condiçóes previstas no plano de recupe-
ração extraiudicial, mesmo que se decrete a falência do devedor posteriorment€. Em
última análise, a novação na recuperação extrajudicial é a mcsma do Códlgo Civi.l, §em
qualquer peculiaridade. Àlém disso, a homologaçáo tornará o plano de recuperaçâo ex-
traiudicial um útulo executivo .iudicial (CPC/2015 - art. 515, III), dando-lhe mais força.
Outro efeito da homologação é a submissão da eventual alienação de estabelecimen-
to prevista no plano à forma preyista para essa alienação na falência (Lei n. 11.101/2005 -
arts. 166 c. c. 142), vale dizex por meio de leilão, plopostâs ou Pregão. Neste Particulat,
registre-se que será obedecida apenas a forma prevista para a a.lienação de e§tabeleci-
mentos na falência, mas não seus efeitos, vale dizer o adquilente de um estabelecimento
alienado em uma recuperação extraiudicia.l responderá pelas dÍvidas do alienante, nas
condiçô€s previstas pelo direito comum5. Assim, o adquirente responderá pelas dÍüdas
regularmente escrituradas (CC - aÍi.1.146), pelas obligâçôes trabalhistas (CUI - art.
14 FALÊTCIA oresário
loncursal
insolvente,
de seu
submete-se a um complexo de normas que obietivam a execução
patrimônio"5. De modo similac diz-se que a falência é'b processo de
grccução coletiva decretado por sentença judiciâI, contra o (comerciante) devedo! com
ob;etivo de satisfazer o crédito dos credores"6. No mesmo senúdo, afirma-se que a falên-
cia t um processo de execução coletiva contra o devedor insolvente'' ou ainda que ela
é "um processo de execução coletiva, no quâl todo o Patrimônio de um empresário de-
clarado falido - pessoa física ou iurÍdica - é arrecadado, visando o Pagamento da uni-
1 l\loções gerais versalidade de seus credores de form4 completa ou proporcional"s.
3. FÜHRER. MaximiLianus Cláudio Américo. Roteirc de faléhcia e concordatas. 15. ed. Sâo Paulo: Revb'
9. MONTENIGRO FILHO, Misael, Catto d. direito prcêessudl civil 4, ed, Sào Pâulo: Àtlas, 2007, v. 2,
p.229.
ta dos Tribunãjs, 1998, p.27,
4. VÁMPRÉ. Spencer. Trutddo elementar de direito cofiercial. Ri,o de leneiro: F. Brigui€t & Cia., 1925;
10, DRO\4NCIÀLI Renzo. Mdnuale di diriüoÍallitnerltdtê.3. ed.M,ilano: Giufftà, 1955,v 1,p.6rFERRA-
v. llt, p.9 R{,Í.ancesco.ll fallien o. Mlano: Giufftê, 1959, p, 38,
:1 ü
318 j cunso or ornerro EMeBESABTAL FALÊNCÁ 3',|9
envolve efetivamente um processo de execução coletiva. As demais regras estâo ligadss em análise. Tal fase se inicia com o pedido de falência ou eventualnrcnte com o pedido
de recuperaÇão judicial e se encerra com a sentença. Caso hâia a denegação da falência,
a esse processo, vale dize! só existem em função das regras prrcessuaisr6, nâo afetando,
portanto, a natureza processual da falênciat7. A própria Lei r. 11.101/2005, em seu art. obviamente não há a sequência das próximas fases, porquanto sequer é cablvel a falência
no caso em ânálise. De outro lâdo, decretada a falência, passa-se à próxima fase.
75, parâgrafo único, reforça essa ideia com a plevisáo da upticação dos princÍpios da
celeridade e da economia processual.
jurisdicional conLenciosa. Á ausência de um título executivo, a possibilidade de Decretada a falência, passa-se à segunda fase do processo chamada de fase falimen-
tar propriamente dita, na qual o processo atuará como um processo de execuçâo. Nesta
fase do processo, telemos providêocias tendentes à apuração do passivo, apuração do
ll. PROVINCIÁLI, Renzo. Manuale di dirittaÍaltinentare, Z. ed.. MílÍLnor Giu!f!à, 1955, v t, p.8. ativo, reüzação do ativo, pagamento dos credores e medidas complementares.
12.. ROCCO, Ugo. D€ Iu naturale2a prcc.sso de quiebra quiebra,Írad,
aLel
I de la. seitencia que dectare la Na fase falimentar, serão identficados os credores sujeitos iio processo, po! meio do
d€ lorge Guerr€lo. Bogorá: Themb, 2OOO, p. 60-66.
procedimento de verificação de créditos, que é essencialmente o mesmo da recuperação
13. ÂIMEIDA, Amado t PÍ.es de. Curso dê Íalênêid ê recuperaçAa d. cmpleras, 25. ed. Sào pâulo: Seftiva,
2009, p. 18.
judicial. A única diferença é a eventual intimaçâo do devedor para a,untada da lista de
14. DAVAC(, credores, uma vez que nem sempre se encontlará nos autos na fase pré-fa.limentar. Nes-
Carfo. I d iaturu giuridíêa det Íallimento. padovat CEDAM, 1940, p. 1gZ-212.
se procedimento de verificação dos créditos serão identiÍicados o credor, a natureza e o
15, SIMIONÂTO, Frederico A. Monte, Tratada de direitaÍdlimehtdÍ.Rio de lanejío: Forensê, 2008, p, 2S3, valor dos créditos submetidos à falência, resguardando a igualdade entre esses credores.
16. PACHECO losé de Silva. prccessodeÍaléhcia e concordata.g. ed, Rio de raneiro: forense, 1999, p. lS.
l Neste particular, surge a eventual declaração de ineficácia dq atos do falido para afastar
1Z SATTA, Salvaror€. ,/s tituziohi di diritto
Ídllimerr4re 3. ed. Roma: Foro Italiano, 1949, p.27; COELHO, a eventual desigualdade que foi indevidamente cliada entre os credoresre,
Êábto llll\oa. Comentários à nova let dc
Íalências e rccupcraçào de empresas. Sâo pâulor Samiva, 2005, p. I94i
OLI\€IRA, Cebo Marcetode. Comentá osànova lei deÍalêncías. iáo palllo: lOB,2OOS, p.3l& NEdRÃO
Rrcardo. Mdnual de dieita camerctal e de etlpresa.4. €d, sáo pâulo: Saraiva,2009,
v S, p.2131PROVINCIÂ-
Ll,ReÍ)zo. Manuale di dÍittoÍa menarc.3.ed Mitanor Giuffré, 1955, v 1, p.6j C^RVALHO
DE MENDON-
18. SAITA, Salvato.e. ,as titu.iolri di dirtftoÍallimerü4re. 3. ed. Româ: Eoro ltallâno, 1949, p. 27-28r MIRAN-
çA, I. X. Tratddo de dlrcito cofiercidl brusileiru. 7. ed. Rio de faneiro: Fieitas Bastos, 1964, v. .yll, p. l9l Dlt,Pontes de. Tqtada de direito ptiyado, Ceínpiítes: Booksellêr, 2004, v, 28, p. 30-31.
FERRARA, Frencesco.1I fallimento. Milano ciuií.ê, 1959, p.66. 19. FERRARA, Francêsco. Íauim.nto. Milano: Giuffrê, 1959, p.41.
320 ! cunso oe orne ro EMPâESABTaL il FALÉNC A 321
,d
Além disso, na fase fümentar seráo tomadas as medidas necessárias para a apursç6s..,'t Íeduz os prejuÍzos dos credores e tenta assegurar a recuperação dos créditos. Nesse ca_
do patrimônio do devedor suieito ao processo. Neste paÉicular, se inserem as medidas { minho, permite-se o desenvolvimento de um sistema saudável de concessão de créditos
de desapossamento que permitiráo a formação da massa falida. lncidentalmente, podem privados com riscos menores e menores custos.
surgir questóes relacionadas à íneÍicácia dos atos pratiiados pelo falido, bem como prs- Embom a realidade ainda mostre problemas na concessão de crédito, é certo que
tensôes pala retirar bens da massa falida (pedido de restruição) ou até impedir que os
sem a falência, esses problemas seriam muito maiores. A falência atua em prol do mer_
bens ingressem na massa falida (embargos de terceiro).
cado, tentando evitar os efeitos negativos que o fenômeno da insolvência traria para a
A simples apuração do ativo não é sufrciente para a satislãção dos credores e, por i55s, economia como um todo. A insolvênqia minaria a concessâo de crédito e inviabüzaria
ela é um antecedente à realização do ativo, isto é, a transformação da massa falida em boâ partedas atMdades empresariais. Com a hlência, tenta-se evitar justamente esses
dinheiro para o pagamento dos credores. Ressalte-se, porém, que não há mais a necessi- efeitos nefastos da insolvência dos empresários.
dade de se aguardar o fim da apuraçáo do ativo, para iniciar a sua realização. De qualquer
No entanto, a Lei n. 1f.101/2005 nbs dá outlo viés, ao afirmar expressamente, em
modo, à medida que se realiza o atiyo, surgem os recursos necessários para o pagamento
setr. att.75, que "a falência, ao promover o afastamento do devedor dá suas atividades,
do passivo de acordo com a ordem legal de preferência estabelecida parâ tanto.
- úsa: I - preservar e a otimizar a uti.lização produüva dos bens, dos ativos e dos recu$os
Em complemento às proúdências realizadas para pagamento dos credores, também produtivos, inclusiye os intangíyeis, da empresa; II - permitir a liquidação célere dâs
são exigidas medidas complementales, como as prestações de contas e relatórios por empresas inviáyeis, com vistas à realocação effciente de recursos na economiâ; e III _
parte do administrador judicial. À luz dessas medidas complementares, o juiz terá a se- fomentar o empreendedorismo, indusive por meio da viabilização do retorno célere do
gurança necessária pam encerrar o processo e consequentemente a fase íalimentar. empreendedor falido à atividade econômica1 Em razão disso Moacyr Lobato afirma que
o ob)etivo da falência é a "preservação de bens e recursos, possibiliiando a utilizaçãoio
âcervo patrimonial, no todo ou em parte, por terceiros que deem destinação âdequada
3.3 Fase pós-falimentar aos bens que serúam de instrumento ao exercÍcio da âtividade econômica mâl sucedida"lr.
Nâo se pode mais üslumbrar apenas a satisfaçâo dos cre<Jores como objetivo da falênciarr.
Se nccessário, após encerlada a falência, e possível que ainda oco.ra â extinção das
Há, portanto, um objetivo mais especÍfico na falência, no sentido da maximizaçâo
obrigaçóes do falido, pelos motivos do artigo 158 da Lei n. 11.101/2005, se âinda não
do yalor dos recursos produtivos do devedor. Essa maximização atenderá aos interesses
houve essa extinção na fase falimentar propriamente dita.
dos credores, na medida em que permitirá a obtenção de mâis recursos e, consequente-
mente, o pagâmento de mais credores.
4 Obietivos
Entre todas as fases da falência a mais importante é a fase falimentar, que busca a
satisfação dos cledores. Êm razão disso, pode-se afirmar que seu obietivo màis amplo é
o pagamento de todos os credores do devedor empresário de acordo com uma ordem
legal de preferência. Dentro dessa ideia, a falência teria como objetivo principâl assegura!
a igualdade entre os credores de um devedor iuridicamente insolvente, permitindo que
eles tenham seus créditos satisfeitos de acordo com a ordem legal de preíerência (impor-
tância para o legislador) e não pela sua agilidade. Nesse sentido, seriâ possível repaltt os
preiuÍzos entre os credores proporcionalmente à importância de cada crédito. Por derradeiro, fa.la-se em um "retorno célere do empreendedor falido
à atividade
 falência tem, portanto, como principal obietivo a segurança do crédito2o, Quando nômica'; numa tentativa de trazer o "fresh start" para o direito brasileiro.
O objetivo
"fresh start" no sistema americano é beneficiar 'b devedor
nos referimos a crédito, aqui, não falamos apenas do crédito individual, mas do crédito honesto, mas infeliz na
do seu patrimônio" com a possibilidade de voltar ao mercado, sem submeter
Público, como instituição necessária ao desenvolvimento das atiyidades econômicas. Ao
afastar o devedor que não se mostrou capaz, liquidando o seu patrimônio, a falência
2r. LOBÀIO, Moâcyr. Ialé, cia e recupetuçAo. Belo Horizonts Dêl Rey,
20. REQUIÁO, Rubens. Cutso de d,ireitoíaltmenrar. 1.7, ed. São Peulo: Sâlaivá, 1998,v. 1,p.27;COELHO, 2007, p. IS3_1g4.
Eábio VIhoâ. Curso de diêito conercial. S. ed., Seo Paulo; Sereivâ. 2008, v. 3, p. 233-234; PERI N ,úNIOR, Êclo 22. FAZZO ,úMOR, \ríald o. Nova tei deÍalêhcia e Íeêuperu?ào de erxpresas.Sào pâulo:
Atlas, 2005, p. 30.
Cuno de direito Íalirheútar e rccuperaçào de empresar. 3- ed. Sáo Paulo: Método, 2006, p. 53-56. GUGLIELMUCCI, Lino. Lezioni di ditittoÍa irrenurc.3. ed,, Tol]rí\ot ctÀppichelli, ?004, p.9.
il
322 CURSO DE DINEITO ÉMPEESAEIAL F^LÊNC A
I:
seus ativos novamente aos credores entáo exi§tentesr, A§sim, a Lei n 11'101/2005 visa 5.1 lgualdade entre os uedores
soluçõe§
Permitir esse retorno rápido do devedor após a falência, como um incentivo, Para I A falência é um processo de execução coletiya contra o devedor empresário e, nes_
mais rápidas daquelas atividades não viáveis. I
condição, ela üsa ao pagamento de todos os credores e nâo apenas
i sa
de alguns. Como
raramente haverá recursos suficientes para o pagamento de todos, o processã de falênóia
organiza os credores em classes e efetua o pagamento de acordo com uma
5 Princípios I
ordem de
importância. A ideia é dar um tratamento melhor a quem merece mais proteção, evitan-
I do uma situaçào de desigualdade entre os credores.
Para que a falência consiga alcançar seus objetivos, ela deverá obedecer a certos
Quem passa por uma crise econômico-financeira râramente consegue pagar todo§
princÍpios, que deverão pâutar interpretação da Lei n. 11.101/2005, bem como a própria
a os seus credores. Em razão disso, é coinum que os empresários em crise optem pelo
atuação do Poder Judiciário nos plocessos de falência. Os princÍpios "§ão norma§ que I pagâmento de certos credores, deixando outros sem recebe!. De outro
lado, os credores
ordenam que algo seja realizado na maior medlda possÍvel, dentro das possibilidades I
não pagos tendem a tomar as medidâs necesúrias para a saúsfação do seu crédito, mas
jurídicas e reais existentes''s. Eles representam, Portanto, normas gerais com alto grau apenas os mais ágeis tendem a ter sucesso. Emúltima análise, a tendência normal é que
alguns credores recebam e ouüos fiquem irsatisfeitos, sem um critério para
de abstração que podem ser cumpridas em difelentes graus. saber quais
I serão pagos ou nâo.
De forma genérica, falando da Lei como um todo e não aPenas da falência' Elenise A falência, âo instituir uma execuçâo coletiva, tenta afastar essa desigualdade, im-
I
Peruzzo dos Santos indica como princÍpios a igualdade entre os credores, a celeridade' a I pondo um tratamento igualitário entre os credores. Esse tratamento igualitário
i não
publicidade, preservaçào da empresa, aviabilidade e a maximização do valor dos aÚYos
a significa que todos os credores terão o mesmo tratamento, mas que os credores
em si-
'§íaldo Fazzio tuação igual Lerâo o mesmo tratamento e os credores ern situaçãà desigual
do falidotu. Também de forma genérica, Júnior elenca como Princípios do I terão trata_
mento desigual. Nesse sentido, não pode ocorrer o pâgamento de um
regime da insolvência do agente econômico o da úabilidade da emPre§a, da relevância I
àdor quirogra_
fário e nâo o de outro credor quirografário. De outro lado, é possÍvel ocorrer
dos interesses dos c(edores, da Publicidade do§ Procedimento s, daphr conditio creditorut ' I ó
pagamento de um crédito trabalhista sem o pagamento de credores quirografários.
Em
da rnaximização de ativos e dâ preservaçáo da empresa2?. No mesmo caminho' Carlos suma, credores da mesma espécie terão o mesmo tratamento e creàores
de espécies
Àlberto Farracha de Castro elenca como princÍpios do direito falimentar a preser%çáo i distintas terão tratamento distinto,
do crédito, a igualdade de credores, a vedaçâo ao enriquecimento ilÍcito, a pre§ervação . Fala-se enr aplic aç^o da par conditio creditorum, no sentido de que
I todos os credo_
da empresa, a celeridade e a coletividade'3. res terão direitos iguais no processo de falência, ressalvadas as preferências estabelecidas
i pela legislaçâo,,. Do mesmo modo, todos os credores suportarão os prejuJzos
Apesar da diversidade na enumeração dos princÍpios pela doutrina, podemos elen' decorren_
tes da falência do devedor. Náo há um nivelamento entrsos .."do..ri-"s
car como princípios específicos da falência: (a) a igualdade entte os credoces Qtar condi' I t.t'- trat"*en_
to adequado às peculiaridades de cada um3o, buscando alcançar,
na medida do possÍvel,
tio creditorum); (b) a economia processual; e (c) a celeridade processual Também s
t o tlatamento mais
iusto dos credores diante da crise.
aplicarâo aqú os demais princípios do CPC.
I Celeridade processual
24. ,ACKSON Thoma6 H. The logic and lbnit: olbankruptcy law.WashjÍtgton: Beard Books' 1986' P'
259.
O tempo é um mal para qualquer atuaçào jurisdicional. Até por
25, AIEXÍ RobeÍt. 7eô rÍ4 de los derc.ho' Jundanlehtales, TÉdtJçAo d€ EÍnesto Gaflón Veldés. I isso, a Constituiçâo
que ordenan ral estabelece um direito fundamental à adequada duração
Centro de Estudlos Políticos y Constih-rcionales, 1993, P. 86, úaduçáo livre de "son normas do processo (art. Ss,
algo sea realizado en la mayor medida posible, dentro de lâs posibilidades jurÍdicas y reales e-xistentes'i I II), Há uma grande preocupaçâo com a utilidade das decisÕes,
buscando-se as
26. SÀNTOS, El€nise Peruzzo dos. Os princlPios clássicos e âtuais da lei de falênciâs € re formas de dar a quern tem razão tudo aquilo e exatamente aquilo a que
I tem
êmpresas. [n: BATTELO,SNIolàvlet Ptin ipais cot'rtrovértlas nd nova lei de Íalânciaí. Porto Alêgre:
2008, p. 13-36.
27. FÀzZlO JÚMOR, weldo , Novd enPE'$'SáoPe!Jot Atlas' 2005' P'
tei d.Ía|én.ia e recuPeraçáo dê
:^XXlllilXi"',i;,Y:,:-';:;:':,::;lY:'ill;l"t.Ji}iii#!!;iff"1;l;"",,0,,
28. CASTRo, Cerlos Àlb€rto Fürachâ de. Frrlda mentos do ütcito Íatímet'z' 2' êd Curitib$ Juruá'
p,45-61.
Si
,""{
direito, Neste particula! exsurge o fator tempo como grande inimigo da efetiúdade do de crise econômico-financeim. Só teremos a falência se estiverem presentes certos pres-
processo, na medida em que uma demora nâ prestação iurisdicional pode inüabilizar o supostos especÍÍicos, a saber: a legitimidade passiva especÍfica, a insolvência do devedor
adequado exercÍcio dos direitos. (estado falimentar) e a decretação
iudicial&.
Na falência, os efeitos perniciosos do tempo são ainda maiores. "O tempo corrói os O primeiro pressuposto para a instauração da falência é a legitimidade passiva es-
ativos de forma visível e contestável, prejudicando todos os envolúdos: credores, empre- pecÍfica, entendida como uma restrição da aplicaçâo da fa.lência,lm outras palavras, a
sário ou sociedade empresária falida (e seus sócios), trabalhadores e terceirosl'31 Quanto falência só se aplica aos empresários individuais e sociedades emp(esárias que nào seiam
mais demorar o processo de falência, menos eficiente será a suâ atuação. Daí a necessi- afastados por detelminaçôes legais especÍficas. Em tese, a legitimidade eipecífica dos
dade de termos um processo célere, vale dizer, o mâis rápido possÍvel, sem preiuÍzo, empreEários se iustifici como uma formâ de tutela mais rígida do crédÍto na atividade
contudo, das garantias constitucionais das pârtes. empresarial, protegendo de forma mais efetiva aqueles que concedem o crédito essencial
Como já mencionado, a falência é um processo que visâ âo afastamento do devedor para a aüvidade. Esse âmbito restrito de aplicação nâo é mais uma tendência mundial,
para a maximização dos seus ativos e pagamento do maio! número possÍvel de credores, mas continua a existir no Brasil e na Itália!5, que deixa para os não empresários o
red-uzindo ou aÍâstando os preiuízos decorrentes da atuâção do devedor Dessa forma, procedimento da insolvência civil. Na França* e na Espanhar, a falência pode ser e"-
iá
quanto mais rápido for o processo de falência, melhores serão os resultados atingidos, tendida a não empresfuios.
isto é, menores serão os prejuÍzos dos credores. Em razáo disso, por determinação ex- Além da legitimidade passiva especÍfica, exige-se a insolvência do devedor empre_
Pressa do art. 75, parâgtaÍo único, da Lei n. 11.101/20O5, a falência deverá obediência sário, isto é, um estado de fato que denote a impossibilidade de curprimento das obri-
também ao princípio da celeridade processual, tendo ilclusive preferência de tramitâção gaçôes. A insolvência aqui é iurídica, isto é, ela decorre do cnquadramento em uma das
sobre outlos feitos. hipóteses legalmente previstas e não econômica. para fins de falência não se eúge que o
patlimónio do devedor seja menor que suas dÍúdas, mas que ele se enquadre em alguma
das hipóteses legais de insolvência jurídica.
5.3 Economiaprocessual Eúge-se ainda para a instauração da falência a decretaçáo
iudicial, porquanto a insol_
vência jurídica é um estado de fato, mas a falência é um estado de direito que depende da
Dentro da mesma ideia, no sentido dr busca de um processo de falência mais rápido,
decretação pelo poder judiciário. Essa decisão judicial irá verificar a presenta dos dois pri-
impõe-se a obediência ao princÍpio da e(:r)nomia proceEsual, que visa a reduzir náo só o
metos pressupostos e a ausência de fatos impediüvos à tàlência. Trata_se de um controle
tempo, mas também o custo do processo3'?. Este não é um ffm em si mesmo, mas um
jurisdicional necessário para evitar abusos e pa.a a condução adequada do processo no
meio para que os obietivos da falência sejam alcançados. Assim, deve-se evitar a prática
sentido da satisfação de todos os credores, de acordg com uma ordem legal de preferência.
de atos desnecessários ao processo, vale dizer, deve-se buscar "o máximo resultado na
atuação do direito com o mínimo emprego possível de âtiüdades processuais"33. Não se Elederico Simionato acrescenta a inviabilidade econômica como requisito da falên_
estabelece uma anarquia processual, mas devem ser dispensadas formalidades inúteis. cia, tendo em vista a possibilidade de requerimento da recuperâção judiciai no prazo da
defesa (Lei n. 11.101/2005 art. 95)33. De fato, se ainda houver viabilidade econômica da
que apenas atrasam o bom andamento do processo, -
empresa, pode-se impedir a íalência com o pedido e a concessão da recuperaçâo. No
entanto, por uma questão de organização náo trataremos essa inviabilidade como um
6 Pressupostos de instauraçáo da Íalência
Àpresentadas as noçóes gerais sobre a falência, deve-se ter em mente que, embora
seiâ um instrumento necessário, a falência náo deve set usada em qualque! situação, vale 34. RE-QUIÃO, Rubens.Curso dê direitoÍdlimeárar. 17. ed. Sáo paulo: Sârâive,1998, v 1. p.4li RÂMALHO,
dizer, apenas excepcionalmente será instaurada a falência como resposta a uma situaçâo Roben Curso AórEo e prittico delaléncias e concorlards. Sào paulo: Sararve,
t984, p. 20.
3í ÀMBROSINI, Stefano; CÀVALLI, Stefâno; ,ORIO, Alberto. Truttato ,lí dititto commerciale. pedoya,
CEDÀM,2009, v XI, t.2, p. 17-21.
31. MAMEDE, Gledslon. Direito elnprcsalial btusil.irot Íâlêncle e Íecuperâção de empÍesas. 2, êd. São 36. IANTIN, Micheli LE CANNU, peul. Droj, commercialt entrepúseÉ en difiiculté. 7. ed. pariB: Daloz,
Peulo: Ada§, 2008, v. 4, p. 288-289, 2J07. p. 148.
32. PÀCHECO, José daSilva, Prccesso de recuperuçAo judi.íal, etbdjudicíal eÍdlência.2. ed,Río del 37. PL'I-cAR EZeUERRÀ,luâna. La nalidâdeJurldicâ de tas sociedades como criterio de sumetimien-
ro: Forense, 2007, p. 194. io al concurso de acreedores. ln: GR ACIA,
luân Ignácio Peinado, Ertudios de deftcho concursal. Madridl
33. BEZERRÀ FILHO, Mânoel Jrlstiho. ,el le têcuperaçito d,e emptesds e Jalêicids cafi,rentadd,. 4. eà Pons,2006, p. 212
Paulo: Revista dos Tribu.\ús, 2$7 , p. 2o2. SIMIONÀTO,
'38 Fre deúco A. Monte. Ttatad.o d.e direitoíatimehtar.Rio de Janeiro: Forense, 2008, p, 26t
326 i cuaso oe oLneno EMPnÉsanlar
novo requisito da falência, mas como um aspecto a ser levado em conta no terceiro re-
quisito, que é a decletaçâo judicial.
Discute-se âinda se a pluralidade de credores é ou não um pressuposto da falência,
Há quem defendas que a plurálidade de credores é necessária para a falência, uma vg2
15 LEGTTIMIDADE PASSIUA ESPEGíFIGA
que ela só se justjfica como execução coletiva e execução coletiva de um único credor seria
uma contradiçâo. Havendo um único credor não haveria a necessidade de instauração da
falência, isto é, a execuçâo singular seria suficiente para atender aos interesses do credor. Não
sejustiÍicaria tal grau de ingerência estatal em proveito de um único credor, isto é, só deveria
haver umaintervenção estatal tão grave em razão de algum interesse público na falência. No
mesmo sentido, poderia seusaro argumento de que a falência não pode ser usada como um 1 Falência como regime especial
simples meio de cobrança{, o que acabaria ocoffendo no caso do único credor.
De outro lado, a nosso ver com razão. há quem sustente que a falência pode se de- Como visto, a falência é o procedimento de lÍquidaçâo patrimonial forçada {o de_
senvolver com um único credoraL, porquanto em nenhum momento a legislação estabe- vedor que se encontra juridicamente insolvente. Embora essa insolvência
iurídica exista
lece esse pressuposto. Ademais, essa comprovação seria impossíyel antes dâ decretação, em relação a todos os tipos de devedores, nosso legislador houver por bem deixar a fa-
inüabüzando até logicamente a colocação dess€ requisito como pressuposto da instau- lência apenas para os devedores empresários, sejam eles empresários indiüduais, sejam
raçâo da falência. sociedades empresárias. No Brâsil, mantém-se um duplo regime: falência para os deve-
dores empresários e insolvência civil para os demais devedores (CpCtTB
Por mais estranho que possa ser uma falência com um único credor, ela não é veda- - arts.74g a
786-A - até o surgimento de lei especial, nos termos do art. 1.052 do CpC/2OlS). Trata-
da e, além disso, a qualquer momento pode ser instaurada a pluralidade de credores, haja
se de uma restrição tradicional, iustificada em razâo do maior volume de crédito relacio-
vista a possibilidade das habilitações retardatárias. A fa.lência é um meio de liquidaçâo
patrimonial forçada do devedor insolvente, ainda que essâ insolvência dccorra de um nado à atividade empresarial. Essa legitimâção específica, porém, vem aos poucos per-
dendo importância. Por exemplo, em Portugalt, na França2 e na fspanha3, à falOncia yá
único credor.
pode ser estendida a nâo empresários.
Na recuperação judicial é até mais justificável essa legitimaçáo especifica, uma vez
que a recuperação visa a mante! a atividade e são os empresários que exercem a ativida_
de empresarial, que representa a principal força da economia. Mesmo a recuperação
iudicial poderia se. estendida a outros devedores, tendo em ústa os efeitos benéficos que
ela traz ao melcado de crédito como um todo. Contudo, na fa_tência, o principal objetivo
não é manter a âtividade, mas afastar o devedor e maximizar seus ativos para paga! o
maior número possível dê credores, realocando de forma útil e rápida seus ativos no
mercado, permitindo inclusive uma rápida retomada da atividade pelo devedor. Ora, no
caso dos devedores não empresários também se deve buscar a satisfaçâo do maior nú-
mero possível d€ credores, logo, não há moüvo que
iustiôque essa diferenciaçâo. A in-
39, PROVINCIÀLI, Reítzo. Manudle di dirítto Íallímentarê. 3. ed. Mrila'no: Giuffrê, 1955, v, l, p. 201i CÂS- solvência ciül nâo é tão eficiente quanto a fâIência na proteçâo do credor e, por isso, esta
TRO, Cárlos Àberto FarÍacha de. Fundarnent$ do dircito Íalinentar.2. ed. Curitiba: luruá, 2006, p. 105- 1O8; deveria ser aplicada de forma mais ampla,
LÉH, Tibor Nicolâs.I4jÍa ltlite dans le boit eutopée contine tal. PâÍist Màrcel ciard, 1932, p. 52.
40. ST) -
REsp 399.644/SD Re!. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRÂ TURMA, iulgado em 30-4-2002,
Dl l? -6-2w2, p.259i ST, -REsp 138.396/SC, Rel. Ministro CESÀR ÀSFOR RoCHÀ, QUARTÀ TURMA,
julgedo em 2l-2-2ú2, Dl 20-5-2002, p. 143.
41. FERRARÀ, Francesco. Íallirrlento, lr',ilàno: ciuffrê, 1959, p. 41; FAZZIO lúNlOR, Waldo. Nrlir L,
L MENEZES LEITÂO, Luls Menuel Teles de. Cd digo dd insolvência . da rccup.rddo dê cmpresds ano-
defdléhcia é recupera?ao de er presas, Sáo Pau,lo. Atlâs,2005, p.l98i CÁMPINHO,$ét}io. Falência e rcct!-
t do, 3. ed. Colmbra: Alm€dina, 2006, p. 46.
Peraçào de ehprcsa: o novo regime de insolvênciâ empreseriâI. 3. ed. Rio de ,aneirc: Renovar, 2008, p. I99j 2, ,ÂNTIN, Michel; LE CÀNNU, paul, D,,ol, cofimerclali entreprlies en dlfficulté. 7, êd. pâris: Dalloz,
NEGRÂO, Ricardo, Md, ual de díreíto comercia! e de emprest.4. ed., Sào Paulo: Saraiva, 2009, v 3, p. 218; 2N7, p. ,4A.
CARVÀLHO DE MENDONÇA, l. X. Tratado de direito comercial brasileirc.7. ed. Rio de lâneiro: Freitát 3. PULGAR EZQUERRÀ, Juâna. Lá perlonalidad Jurldica de lâs sociedádes como critedo de sumetimiento
Bâsros, 1964, v. vlt, p. 163-164; REeUIÁO Rubens, Cutso de dteitoÍali,nen,ar. 17. ed. sáo paulor saraiva, rl concurso de acreedores. lnr G nAClÁ, Juan Igná cio peinado. EsLudios de derccha concwral.
1998, v. 1, p.43i MIRAND}',Pontex d,e. Trdtado de dbeito priyado. Caínpinasr BoolGelleí 2004, v. 29, p. 153,
Mâdtldt Mâtcial
Pons, 2m6, p. 212.
328 CURSO OE DIREITO EMPflÊSARIAL LEcmMroaDE PAsstvA EspECIFtcA 329
As crÍticas a essa restrição da aplicação da falência não são recentes. Renzo Provir- organízação são a pâdronização e obietivaçâo da aüüdadee. Quanto mais padronizada
ciali afirmava que a insolvência era sempre a mesma, fosse o devedor empresário ou não, for a atiüdade, mais clara fica a condiçâo secundária da aüüdade intelectual. Outiossim,
e por isso o remédio em face dessa insolvência deve.ia ser distinto a depender do tipo de para o consumidor há certa fungibilidade na atividade prestada, isto é, nâo interessa o
devedor'. De modo similar, Carlos Alberto Farracha de Castro assevera que a Constitui- prestador, mes apenas o serviço em si. Nesses caso§, estará presente a atividade empre-
çâo Federal elenca como principios a livre iniciativa e a valorização do trabalho humaoo, sarial e, consequentemente, a legitimação especÍfica para a falência.
sem distinguir atividades empresárias e nâo empresárias, logo, nâo há motivo para tal Em todo caso, não se exige uma prova inicial da condição de empresário do reque-
distinçâo de tratamento da insolvência5. Apesar das acertadas crÍticas, deve-se limitar a
rido. Cabe ao devedor questionâ. esse pressuposto, apresentando uma certidão negativa
aplicação da falência aos empresáÍios individuais e às socieclades empresárias em razão
da junta comercial, e a partir dai o credor deverá provar a condiçâo de empresárro irre-
do que dispÕe a Lei n. 11.101/2005.
gular do devedor, para submetê-lo à falência, uma vez que o registro é apenas deciarató-
rio e não constitutivo da condiçâo de empresáriolo.
2 Submissáo à Íalência
Diante do atual panorama legislativo, pode vir a falir quem exerce profissionalmen- 2.1 Situaçõesespeciais
te atividrde econômica organizada para a produçáo ou a circulação de bens ou serviços
Embora o enquadr.amento como empresário ou sociedade empresária se dê pela
(conceito do Código Civil de 2002, art. 966 - no mesmo senüdo do art. 2.082 - Código
atividade exercida, é certo que há determinadas situaçôes especiais que leyam em conta
Civil italiano), vale dizer, o sujeito de direito que exerce a empresa está su,ieito à falência.
a forma societária ou o registro.
Reitere-se que dentro desse conceito temos dois tipos de sujeitos, a plincÍpio, submetidos
à falência: os empresários individuais (pessoas fisicas) e as sociedades empresárias (pes- As sociedades anônimas e comandita por açóes sâo sempre empresárias, não im-
soas iurídicas ou nâo). portando a atividade exercida por elas (CC - ârt. 982, parágrafo único) e, por isso, em
Registre-se, porém, que o próprio Código Civil faz uma exclusáo do conceito de regra se submetem à falência. De outro lado, as cooperatiyas são sempre sociedades
empresário, afirmando que nâo são empresários aqueles que exercem profissâo intelectual, simples, independentemente da atividade exercida (CC - art.9g2, parágrafo único) e, por
de naturezr cientlfica, literária ou artÍstica, ainda que com o concurso de auxiliares ou isso, não se suieitam à falência.
colaboradores. Essa exclusão decorre do papel secundário que a organização âssume Outra situação especial abrange os empresários rurais, uma vez que em relaçáo a eles,
nessas atividades6 e náo apenas de um caráter histórico e sociológico7. Nas atividades não náo há obrigatoliedade do registro na junta comerciâl (CC - art. 971), mas uma faculda-
empresatiais, o essencial é a atividade pessoal, o que não se coaduna com o conceito de de, em virtude do verbo pod,er, que consta do citado dispositivor. Em função disso, o
empresário. As atiyidades intelectuais são prestadas de forma pessoal e, mesmo com a emp.esário rural que se registra! no registlo de empresas (junta comercial), estará sujei-
concorrência de auxiliares, há uma relação de confiança com quem desenvolve a ativida- to ao regime empresârial e o que nâo se registrar ffcará sujeim ao regime civil Desse modo,
de8. Não há como negar a organização que hoje permeia as atividades intelectuais, mas o empresário rural que está registrado na iunta comerciâl está su,eito à fa.lênciar2, De
é certo que essa organização não assume papel preponderante - ainda que se recorla ao outro lado, aquele que nâo estiver registrado na iunta não se submete a esse regime.
uso de auxi.liares, o personalismo prevalece, no sentido da assunção pessoal do resultado
da atividâde.
Eventualmente, as atiüdades intelectuais podem ür a configurar uma atiüdade em- 9. VERÇOSÀ, FLâroldo Mâlheiros Duclerc. De3 pessoas sujeitâ5 € náo 3uiejtar aos rêgiÍflês de rêcuperâção
de empresas e ao da íalência. In: PAJVÀ, Luiz Fêmândo velente de (Cootd..l. Direib
presarial. Alguas dos critérios que podem ser usados para verificar a predominância da JAbfieitar . d. noea lei
aleÍahn.ías e rccupetuçào de empresaí Sào pd:uJot
euertier LâtiÍ! 2OOS, p. 93.
10. CAMPINHO, Sérgio. Faléncia e racupctdçào de emprese: o nwo rcgime de imolvêflaia empresariâI.
.
3. êd. tuo de ]areiro: Renovet,2ú8, p,222-224.
4. PROVINCIALI, Renzo. Md udh d,i diriüoÍallbnentare. S. ed,. Mllar.o: Giuffrê, 1955, v. 1, p. 102. 11. Em sentido conEário: negândo a íacultâtiüdade do rêgiôtlo NEGRÂq &iceÀa. Manual d. dieito co_
fieralal ê de empr.sa,X, ed. São Paulor Saraivâ,2003, v. 1, p. 18S.
5. CÀSTRO, Carlos Alberto Farrach d€. Pzrlamentas do dlreito Íalbíerrúar. 2. ed- Curlttbâ: luruá, 2006,
p.72. 12. CAMPINHO, Sérgio. Fdlência. e rc.apetuçAo de e presa.. o r,o,lo rcg, ffê dê insolvência empÍêsariãl. Rio
dê laneiror Renovâr, 2Ooó, p. 9; TOLEDO pâulo F. C. sáltes de. In: AdRÀO, cârlos Henrique; ToLEDO,
6. DE CUPIS, Adriano. Istituzlohi di dirttto príyaro. Milano; Giuffrê, 1yl8, v. 3, p. 134.
Paulo Ê C. Salles de (Co otd.'. Coüentltios à tei de rccuperaçito de empresas e
7, Ídlêhcia. Seo peúot Sa'Íltya,
Nesse sentldo: )AIGER, Pier Giusto; DENOZZA, Ênncesco. Appuni di dititto comm.rciale.5. ed. 2005, p. 3i PROENÇA,losé Marcelo Mâltinr, Disposiçôes preliminúes-- aplicâ;âo
da legistaçÁo, competên-
Mileno: GiuÍfrê, 2000. p. 24. .iâ ê intervençào do Ministério Público.In: MACHADO, Rubens App.ob;ro
\Cootd). Amentáiios à nova
8. VÊDOVE, Glampâolo dsüe. Nozloni di diritto d'ihpresa. Pzdove: CÉDAM, 2000, p. 20. lel de Íalêicia ê rccupetuçito d.e erflpresas. Sáo paulo: Lârin, 1'OOS, p. 66.
euartier
r-
330 CUBSO DÉ DIÂÊIÍO EMPEESABIAL LÊcmMtDAoE passtva EspEclFtca 331
Por fim, há que se ressaltar que a sociedade em conta de particiPaçâo nâo é enqua- mente o titular da atividade, ele apenas empresta seu nome, conscientementq ou não, a
drada como empresária, Porquanto ela não exerce qualquer atividade. Às§im sendo, a terceiro, que é quem usufrui dos benefÍcios da âtividade, inclusiv€ gerindo a âtividâde
§ociedade em conta de participação nâo está §ujeita à fa.lência. Quem exerce atividade é por procuraçâo ou outros mecanismos. Nesses casos, discute-se quem deve falir: aquele
o sócio ostensivo e, por isso, ele pode ser um emPresário e, nessa condição, poderá se que empresta o nome "laranja" ou aquele que efetivamente se beneficia da atividade?
submeter à falênciar3. Do mesmo modo, o sócio oculto, caso seia um emPresário, também O "laranja'normalmente é submetido à ía.lência, uma vez que â atividade é exercida
estará su)eito à íalência, por sua eventual atividade e náo pela condição de sócio oculto' em nome e, consequentemente, as obrigaçôes são assumidas também em seu nomerT.
Na
Ítá[ia, parte da doutrinars reconhece que aquele em benefÍcio de quem se exeice a ativi-
dade também deve ser considerado um empresário (indireto) e, poi isso, deve_se subme-
2.2 Empresáriosirregulares têlo à falência. Contudo, a maioria da doutrina e a jurisprudência
italiana não estendem
a legiümidade ao empresário indireto, êmbora reconheçam a possibilidade de responsa_
DeÍinida a questâo da legitimação para a falência para os empresários, há que §e bilizaçâo destere.
esclarecer que não se exige aqui a regularidade da atividade, vale dizer, podem falir mes-
A nosso ver, não apenas por I'una questão de jusüça, mas por umâ questão de impu_
mo os empresários não registrados ou aqueles que estejam impedidos para o exercÍcio
tação, há que se reconhecer a submissão do emplesário i[dileto à falência. se a arividade
da atividadera. Em tais situaçôes, é PossÍvel até a âutofalênciâ, Porquânto a Lei exigtia
é desenvolvida no interesse especifico e exclusivo do empresário indireto,
apenas um devedor em crise qu€ não cumpre as condiçôes para a recuperaçáo judicialls. é natural que ele
seia considerado efetivàmente o empresárioe e, por isso, possa vir a falir. Não se
Ademais, quando a Lei exige a prova da condição de empresário para autofalência, ela deve ad_
mitir que esse tipo de suieito que s€ beneficia da atiüdade fique imuneàs sançóes impostas
requer a juntada de "[...] contrato social ou estatuto em vigor ou, se não houve! a indica-
em razâo da insolvência da atividade. O Tribuna.l de fustiça do Rio Grande do Sul,
çâode todos os sócios, seus endereços e a relaçáo de seus bens pessoais" (Lei n. 11.10i/20O5 - usando
a desconsideraçâo da personalidade jurÍdica,
art. 105, IV). Ora, se a próPria Lei admite exPressamente a ausência de contrato social estendeu a falência ao empresário
iá indiretorl.
em uma sociedade que requer autofalência, está admitindo o pedido de autofalência por Ressalte-se, porém, que náo deve ser considerado imedirtamente empresário
indi_
empresfu ios irregularesr6. reto o sócio oculto da sociedade em conta depârticipâção, dada a previsão legal
especl-
Êca para sua atuação. Câso se trate de uma efeüva s(lciedade em conta de participação,
No caso dos empresários irregu.lares, caberá ao autor do Pedido de falência a com-
provação da condiçâo de empresário, que decorrerá do exercÍcio da empresa Nem os benefÍcios deveráo se! repartidos entre os sócios e, por isso, não se poàe cogitar
de
interesse exclusivo do oculto, para configurar um empresário indireto.
senrpre tal prova é fácil, mas será necessária, pois a falência, hoje, ainda é um regime
espccial aplicável apenas aos empresários.
3 Exclusôes
2.3 Empresárioindireto
A principio, todos os suieitos que se enquadrem como empresários estâo suieitos ao
plocesso falimentar nos termos do art. lc dâ Lei n. 11.IOI/2OOS.
Como visto, ,rs empresfuios regulares ou irregulares se submetem à fdência' Con- Contudo, o a!t. 2s da
por vezes, aquele que aparece como empresário no muado iu!ídico não é efetiva- mesma lei assevera que ela nâo se aplica a empresas públicas, sociedades
tu<Jo, de economia
mista, instituiçóes Ênanceiras públicas ou privadas, cooperatil.as de crédito,
administra-
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F, Milano: Giuffrê, 1997, p,
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gio de À, de Morees (Coo td,) , Comentáfios à tei de recuperaçdo de efipresas úrárda. Sâo Paulo: Revi§ta dos 21. TIRS - Ágrevo de Instlumenro n. 70029609286, euinta Cámara Cível, Rêlâtorj LEO
LIMA, lulgâdo €m
Tribunais, 2005, p. 96. t 7 -20{8.
CURSO DE DIBEITO EMPFE9AFiAL LEGmMToaDE PAssrvA ESPEclFrca
doras de consórcios, entidades de previdência complementar, sociedades operadoras de seria vedado pelo art. 173, § le, da Constihriçáo Federal6. De outro lado, há quem, a
plano de assístência à saúde, sociedades seguradoras, sociedades de capitalizaçáo e outras nosso ver com !azão, diferencie as empresas públicas e sociedades de economia mista
enüdades legalmente eqúparadas às anteriores. São as chamadas exclusôes, que se jus- que prestam serviço das que exploram atividade econômica, conclúndo pela exclusão
tiÍicarism pelâ importânciâ estrâtégica de certas atividades para a economia. absoluta para as primeiras e pela submissão plena à fa.lência no caso das ú.ltimas26..
Numa primeira visâo, poderia se concluir que, não se âplicando a Lei n. 11'101/2005, Com efeito, as entidades estatais exploradoras de atividade econômica estão su-
tais empresários não estâo sujeitos à falênciâ, o que seria até corroborado Pela existên- (CF - art. 173, § ls) e as
ieitas ao mesmo regime das entidades de direito privâdo
cia de regimes especixis para as crises de algumas dessas entidades. Todavia, algumas prestadoras de serviços públicos estão suieitas ao regime próprio do direito Público
dâs leis que tratam desses regimes especiais admitem a falência em certas condiçôes. (CF - art. 175)27. Dentro dessa concepção, não se pode admitir um tratamento Privi-
Assim, é necessário fazer uma distinção entre casos de exclusão absoluta (imPossibili-
legiado para as primeiras, com a nâó submissão à falência, mas é períeitamente admis-
dade de falência) e casos de exclusão relativa2'z, nos casos em que a falência é possível
sível a não submissâo das prestadoras de serviços públicos. Portanto, pode-se concluir
em certas condições.
que as empresas públicas e as sociedades de economia mista Prestadora§ de serviço
público estâo absolutamente excluídas da falência. |á as que exploram atividade eco-
3.1 üclusão absoluta nômica estão suieitas à falência.
2. ed, Rio de ]aneirol Forense, 2007, p. 21, FÀZZIO ,ÚNIOR, !íâldo. Nova lei de Íalênêia e rccupetaçào de p. 44Oi MELLO, Celso Antônio Bandeim de. Caruo de d,ireito admhlsbatiro. 2L ed. São Páulo: Malhelros,
eüpreras. São Paulo: Atlai, 2005, p. 52-54; NEGP.AO,Ric,trdo. Mdnual de dircito coraerciaL e de emprcsL.2- 2006, p. r98i RIBEIRO, Reneto Venturâ. O regme d"a insolvênciedâs empresa! estatai§.In: CASTRO, Ro&i-
ed. Sâo Pâulo: Salaiva, 2007, v 3, p. 35-36, COELHO, Fábio Ulhoa. Crlso de direho comelcial 8. ed Sào go Il. MonteiÍo dei ARAGÁO, Leandro Santos (C oord."J. Direito societárío ea nova lei de laêhcias e ftcupe'
Paulo: Sârâivâ, 2008, v 3, p, 248j CAMPINHO, S ét}lo. Falência e recuperuçào de etfipres* o novo rcgi,tne de telao de efiNesds. Seo Pâulo: Quartier Latin,2006, p. 126.
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lêhcid e recuperdçdo de enpresai, Sâo Paulor ,uarez de oltveirâ, 2005, p. 15; FLTRTADo, Lucas Ro.hâ. Cülso 2006, p.206. Es5â diferenciâçáo tem sido feita pelo Supr€mo Tribunal Fedelal, a propósito: ÀDlN 1552/DF,
dédireíb admí is|ativo. Belo Horizonte FóÍum, 2007, p. 220, C^J{VALHOSA, Modesto, Coftentátios à lei Relator Ministro CÀRLOS VÊLLoSo, D,fde 17-4-98, € RE u2Sl6RL Relator Ministro pÀULO BRoSSARD,
d. socíedades anônimaí 4, ed. Sâo Paulo: Saraiva, 2009, v. 4, t. l, p. 430. D,lde l3-5-94.
334 | cuaso oe ornerro EMpBEsABtaL -l LEGIIM|oADE PASsrva ÉsPÉclFrca
consórcio), temos uma exclusão relativa mtsta. No exercício normal da sua atiyidade, as embora Sérgio Campinho entenda que esse prazo deve ser estabelecido em relação ao
instituições Íinanceiras se sujeitam à íalência como qualquer empresário, isto é, podem
pedido de falências3, A nosso yer, porém, o texto literal do dispositivo exige que essa
contagem seja feita em relaçáo à decretaçáoe e não ao pedido.
ser feitos pedidos de falência por quaisquer legitimados e, se preenchidos os pressupostos
da Lei n, 11.101/2005, pode ser decretada a falência. Para alguns autores, tal restrição temporal aplica-se apenas aos pedidos formulados
No entanto, uma vez decretado algum
porcredores3s, uma vez que ela se insere em dispositivo específico para defesas que podem
dos regimes especiais (intervenção, liquidação extra.judicial e RÂET) pelo Banco Central,
ser aplesentadas diante do pedido de falência, isto é, o côniuge sobreüvente, o inventa-
não podem mais vi! a falir em razáo de pedido decredot, mas apenas em razão de pedido
riante e os herdeiros poderão requerer a falência do espólio mesmo após esse prazo de
do interventor ou do liquidante, em to, i, r .jaso, com autorização do Banco Centralrr.
Na intervenção, poderá ser autorizrr,lo o pedido de faiéncia quando o ativo náo for
suficiente para cobrir sequer metade do valor dos créditos quirografários, quando julga-
da inconveniente a liquidação extrâjudicial e quando a complexidade dos negócios da 30.ÀMBROSINI, Srefânoi CÀVÀLLI, Stefanoi ,ORIO, Alberro. Tratt4to di diritto co ítdcialc. padoval
CEDÂM, 2009, v. Xl, t.2, p. 72.
instituição ou a gravidade dos fatos apurados aconselharem a medida (Lei n. 6.024174 -
31.PROVÍNCIÂLI, R€íta,o. Manualc di dinfioÍallimeitare.3. ed, Mjle o:Giuffré,1955, p.225.
aÍt. Na tiqúdação extraiudicial, ta.l pedido poderá ser autorizado quândo o seu
12, d).
32.ÂMBROSINI, Steànoi CÀVALLI, Stêfanoi ,ORIO, Àlberto, Truttato di diritto conrnerciale. pad.ovàl
ativo não for suficiente para cobrir pelo menos a metade do valor dos créditos qutogra-
CEDAM, 2009, v. XL t. 2, p. 68; REQUIÃO, Rube É. Curso de dircito Íalim.rúar. 17. ed. Sáo paulo: Sarâivá,
fários, ou quando houver fundados indÍcios de crimes falimentares- Durante o Regime 1998, v. l, p.51.
de Administraçâo Especial Temporária (RÂET) náo há possibilidade de pedido de falên- 33, CÂMPINHO, Sérgio. Falêncía e ftcuperdqi.o d.e efiprcsd o novo reglme de lnsolvência emprêsâriel. 3.
cia, em nenhuma hipótese. Todavia, tal regime pode conduzir à liquidação extraiudicial ed. Rio de Jâneiror Renovsr, 2008, p. 19. No mesmo sertido: SIMIONATO Frcdedco A,Monk,, Truuào dê
e, nesse caso, a falência é possÍvel nas condições iá mencionadas. dircitoÍalimentar.\io de Janeiro: Forense, 2OOg, p. 366. ;
um anos, desde que presentes os demais pressupostos da falência- À no§so ver porélq, mento da falência"ar, A maioria da doutrina", a nosso ver com razão, afiqma que essa
a restrição se dá em relação aos pedidos de fa.lências em geral, com a intenção deimpedir limitaçâo temporal exige a baixa regular do empresário na junta comercial, ou se,a, nâo
tumultos no processo de inventário, ablangendo quaisquer legitimados. Apesar da inclu- atinge o encerramento de fato das atiyidades sem o devido procedimento, que é o mãis
são dessa previsáo no art. 96, ela não se encontra nas matérias de defesa especificamen- comum na prática. Neste caso, a falência ainda será possÍvel, desde que preseDtes os
te dirigidas aos pedidos formulados pelos credores.
demais pressupostos.
Caso dentro desse perÍodo de um ano já seja concluida a partilha, não há mais mo-
Acrescente-se que a prova da baixa no registro gera uma presunção apenas relativa
tivo para se cogitar de falência do espólio'. Do mesmo modo, no caso de continuação dq
do encelramento das atividades que não prevalecerá contra pÍova postelio! ao exercÍcio
atividade por outras pessoas, obviamente a falência será possÍvel em relação ao lrovg
da aüvidade. Havendo prova do exercÍcio da atiyidade após a baixa no registlo, fica res-
empresário que assumiu a atiyidade. A restrição temporal aqui exPosta diz respeito ape-
nas à íalência do espólio e não à continuação da atividade.
tabelecida a legitimação passiva parâ a falênciâ. Neste aspecto, há a primazia da realida.
de sobre as formalidades do registro de empresas.
Contudo, como podem existir obrigaçôes anteliores ao encerramento das atividades,
4.2 Encerranento das atividades a legislação 6xa um prazo decadencial'3 de dois anos para que se possa requerer a falên-
cia de quem cessou âs atividades (Lei n. 11.101/2005 - art. 96, VIII), em caso de inâdjm-
A condição de empresário decorre essencialmente do exercício da atividade empre-
sarial, logo, c<.rm o cncellamento dâs atiüdades cessa essa condiçâo33 e, consequentemen- plência, sem relevante razão de direito, de dÍüda lÍquida constante de tÍhrlo executivo,
te, a legitimação passiva para a falência. A regra, portanto, é que, cessado o exercÍcio da cujo valor ultrapasse 40 salários mÍnimos (impontualidade injustificada). Nào se quer
rtiúdade, deixa de haveÍ legitimação passiva dos empresários (individuais ou sociedades)3' estende! a legitimidade a quem deixou de ser empresário, mas apenas estâbelecer um
para a faléncia. prazo para que os credores anteriores a essa cessação das atividades possam fazer o pe-
A princÍpio, deve-se provar esse encerramento das atividâdes com a certidào da dido de falênciae,
Junta Comercial que denote o cumprimento de todas as formalidades legalmente eúgidas Essa possibilidade mantém-se apenas em relação aos casos da chamada imporrtua-
para a baixa. W'aldo Fazzio lúnior admite outros meios de prova do encerramento da lidade injustificada de dívidas antedores à cessaçâo da atividade, não sendo possivel nos
atividadee, asseverando que o empresário irregular não teria como fazer essa pro!ã e não outros frrndamentos da falênciaas, porquanto o art.96, VIII, que estabelece esse prazo,
poderia se submeter à falência eternamente. O STf também admite qualquer meio de trata apenas do pedido de falência com bâse na impontualidade injustificada, Nos demais
prova da cessào das âtividades do devedor, afirmando que 'â falta de inscrição do distrâ-
to social no Registro Público de Empresas Mercantis é irrelevante se for comprovada, por
outros meios, a inatividade da empresa pelo perÍodo de dois anos contados do requeri- 41. STI - REsp 1.107.937lMT, Rel. Minjit e NANCY ÀNDRIGHI, TERCETRA TURMA, iutgado em ]8-9-
2010, D/.8-10-2010
ll 42. BEZERRÂ FILHO, Manoel lustlno. Zél lê
rccuperuçào de .mprcsas . Íalêrlcias .onénta.da. 4. Íjd. Sdo
Páulo: Revbta dos Tribuneis, 2m7, p. 255; ABRÁO, Carlos Heüique tn: ABRÂO, Ca'1os Henlique; TOLEDO,
Paulo F. C. Sall€ dê. (Cooú..J, Comentários à lei lé recupcraçào de ernprcsas eÍalência,seopat]lê SalfLiva,
36. NEGRÀO, Ri.ardo. Manual de direito comerêial e de enpraa.4. ed- São Paulo: SÂí{il,á, 2009, v 3, P.4i}. 2m5, p. 24q PÀCHECO José dâ Sill/e. P,'ca§so de rccÍ.pcraçtu iudi.idl ertdiudkía! eialênciz.z. ed. Rio de
37. PÂRENToNI, Lêonaldo Nettoi GUlMÀRÀls, RaIa€l Couto. ln: CORRÊ^-LIMÂ, osma! Brina; cOR' la,neiro: Folcnse,2007, p.241: SIMIONÂTO Frederico À. Mont€. Irarado de dircito Íatimcntar. Rio de lanej-
RÊA LIMA, sér8io Mou Ào (cootd.). comentários à not/a lci de Íalê cia e recuperuçàa de êmptesds. R:,o de !o: Forense,2008, p. 35O; REQI.J-IÁO Rubenr. Cttso de cliíeito Íatimentdr.l7. ed. Sâo paulor Sareh?, 1998,
laneiro: Forense, 2009. p ,7l? , p.7o2:, VALVERDE, Trâiano de Miranda. Co ment&ios à lêi de Íalênciat. 4. ed- v. l, p. 52i VAIVERDE, Trâiarlo de Miránda. Conentártu à lei de
Íalêncta.s. 4. ed. Rio de ,aneüo: tor€ns€
Rio de Jânêiro: Forense Universitária, 1999, v 1, p.95. Universitária. 1999,v 1, p, 92; MIRÀNDÀ, Pontes de. Tratddo de dileíto priyado. Câmpinas: Bookselleç 2004,
38. FRANCO, vera Helena de Mello. In: SOUZÂ IÚMOR, Frâncisco SátiÍo dei PTTOMBO Antônio Sérglo
v 28, p. ,lO.
de À, de Morees (Coord.). Comentátias à lei de tecüperdçào de erfipresas €/aléíeiiu. Sáo Pâulo: Revlsta dos 43. VAI"VERDE, Trajâta é.eMitanàa, Comentários à lei deldlêhcias.4. ed, Rio dê lâneiío: Forense Univer-
Tribunâls, 2oo5, p. 402. sitária, 1999, v. 1, p. 92; MIRANDÀ, Pontes de. f,.a tadn de dircíb ptívado. Campinas: Bookseller, 2004, v. 28,
p..10
39. Gládston Mamede nâo aplicâ esse disposjtivo às sociedades, mas apenás aos emP.esáÍios individuah,
MÀMEDE, Glâdston. Dircito emprcsa al brusilerror falência e recuperâçáo de empr€sâ§. 2. ed. Sáo Panlo: &. VÀMPRÊ, Spêncer. Trutado êlemeitar de díreito com.rcidl.Rio d,elàneiro: F. BÍiguier & Cia., 1925, v. Iil,
Atlâs, 2008, v.4, p. 350. p.68.
40. FAZZIO IÚNIOR,Waldo, Nova lei de faléncia e recuperução de ernpresas. Sáo Paulo: Àtlas,2005, 45. NEGRÀO, Ricárd o. Mdnual de dirctto corlêrclal e de efiüesa, 4. êd. São paulo: Sârelvâ, 2009, v. 3,
p.234. P.41.
338 CUBSO OE DIBEIÍO EMPNESAAIAL
, Ltcrr vroAo; passtva ESpEclFtcA 339
fundamentos, a cessação regular das atiyidades acaba com a legitimidade Para eventual Essa hipótese de perda da legitimação para o processo
de fa.lência sempre foi pre-
pedido de falência. vista apenas para as sociedades anônimas. Como bem ressaltado por
Ricardo Negrào€,
essa distinçâo não se iustifica, polquanto os motivos para
afastar a S.A. que teve seu
ativo partilhado também se apticam às demais sociedaàes. Gladston
Mamede, por sua
4.3 Liquidação da sociedade anônma vez, entende que em todas as sociedades após a partilha do ativo
não há mais que se
cogitar da falência, porquanto os credores teriam direito apenas
a cobrar dos sócios o
Como visto, o encerrâmento das atividades gera a perda da condição de empresário que eles receberam na partilha e aiuizar eventual açao de perdas
e da legitimação para o processo de falência, ressalvada a possibilidade de pedido de e danos contra o
liquidante (CC - art. 1,110){',. para ele, nâo se aplicaria às soc-iedades
falência nos dois anos seguintes ao encerramento. A princÍpio, tal regra se aPlica a todos empresárias o li_
mite temporal de dois anos para o pedido de falência após a cessação
os empresários, sejam eles hdividuais ou sociedades empresárias. Todavia, para as so- das atividades.
Apesar disso, o texto da lei é expresso ào referir-se apenas
ciedades anônimas, há uma regra especial. às sociedâdes anônimas,
isto é, para as demais sociedades empresárias o afastamenio da
falência decorrerá apenas
Nas sociedades anônimas, não será decretada a sua fa.lência depois de liquidado e do encerramento t'orma.l das atiüdades, admitindo_se o pedido
nos dois anos seguÍntes
partilhado o seu ativo (Lei n. U.101/2005 - art. 96, § 1r). Veia-se que o limite aqü é para ao encermmento. Embora injusti6cável, nossa Iegislaçâo mantém
essa regra especi.Êca-
a decretação e náo para o pedido de fa.lência. À§sim, no que tange à5 sociedades anônfunas,
mente para âs sociedades anônimas.
a impossibilidade da falência não exige o encerramento legular das atiYidades com a
baixa no registro, mas apenas a conclusão do procedimento de liqüdaçáo com a Partíha
do ativo aos acionistas no procedimento de dissoluçâo.
Na dissolução da sociedade temos três fases distintas: a dissoluçâo stricto sensu, a
liquidação e a extinçáos. A dissoluçâo sfrícto sensu é a cavsa do encerramento da socie-
dade, vale dizer, é o marco inicial do procedim€nto. Ocorrendo qua.lquer das hipóteses
de dissolução da sociedade, inicia-se s liquidação como processo de apuração do ativo,
pagamento do passivo e partilha do eventuâl saldo entre os acionistas ou, nas pâlavras de
Garrigues, é'o conjunto de operaçóes da sociedade que tendem a fixar o Pattimônio
social divisível entre os sócios"{7. Nesta fase, é apurado o que a sociedade possui, trans-
folma-se esse patrímônio em dinheiro, faz-§e o pagamento dos credores e Partilha-se o
eventual saldo entle os acionistas. Posteriormente, o liquidante presta!á contas e será
extinta .L sociedade, com a baixa no registlo.
Unra vez parti.lhado o ativo, a sociedade nada mais possui de patrimônio e, Por isso,
não se cogita mais da decretação da sua falência, porquanto náo haveria patrimônio a ser
executado. Por essas lazóes, impede-se a falência da sociedade anônima depois de par-
tilhado seu âtivo. Os credores que não recebelem te!ão o direito de exigk dos acionistâs,
individualmente, o pagamento de seu crédito, até o limite da soma por eles recebida, e
de propor contrâ o liquidante, se for o caso, açâo de perdas e danos (Lei n. 6,404/76 - art.
218). Entretanto, durante o processo de liquidação é possível a falência, desde que seja
antes da partilha.
46, PENTEÀDO, Mâuro Rodrigues. Djrso/açdo e llquidaçdo de sociedades. 2, ed. Sáo Paulo: Saraiva, 2000,
P. 18. 48. \EGRÃO, Ricârdo. Manua! de d.ieito amercia! e de emprex.4. ed. SÉo peulor
Sâraiva, 2009, v 3, p. 44.
47. GARRIGUXS, Joaquln, Curso da derecho mercantil. 7. eà. Bogotát'femis, 1987, v. 2, p. 290, traduçáo 49. MAMEDE, Gladston, Direita em,rê.dtidl brasileio: telêacla e recupeÍeçáo
de empresâs. 2. ed. Sáo
liwe de"et conjuhto de operd.ciones de la sociedad que Ehden afidr el hdber socidl divisible entre lot socios'. P.ulo: Atlas, 2008, v. 4, p. 350.
lNsoLvêNcÁ 341
16 TÍUSOLUÊluGIA to difÍcil, uma vez que seria necessário fazer um levantamento de todo o atiyo e pas-
sivo do devedoró, bem como do acesso ao crédito que lhe seria disponibilizadoT.
Ademais, tal estado patrimonial deficitário pode ser meramente transitólio, não ius-
' tiflcando a falência.
Apesar da dificuldade probatória, tal sistema acabou sendo adotado, em relação
à insolyência civil, pelo art.748 do CPC/73, que estabelece que "Dá-se a insolvência
toda vez que as dÍvidas excederem à importância dos bens do devedor'l Contudo,
1 A insolvância mesmo nessa situação, admite-se a presunção da insolvência por outros fato§ (CPC/73 -
art.750).
Além da legitimação passiva especÍfica, a falência exige um pressuposto ob,etivo que
denominaremos de insolvência, entendida como a situaçáo de fato que denota a impos-
sibilidade de superaçáo da crise empresarial, isto é, que denota que a crise é treversÍvel. 2.2 Sistena da incapacidade de pagar
Sérgio Campiúo a conceitua como b estado de fato revelâdor da incapacidade do ativo
do empresário de propiciarJhe recursos suficientes a pontua.lmente cumprir suas obri- Outro sistema de con6guração da falência é aquele que pressupõe a incapacidade
gaçóes, que por carência de meios próprios, quer por falta de crédito'z. Regisbe-se que de pagar. Neste caso, estabelece-se genericamente esse fundamento para a falência, ma§
nâo se trata de um simples ato, mas de um estado geral de incapacidade de pagamento a legislação admite também a presunção da incapacidade de pagar em razão de alguns
das suas obrigaçôes3, vale dizer, a insolyência é o estado geral do devedoÍ que não está fato§, como a suspensão de pagamentos, A inadimplência aqui seria apenas um indício
em condiçóes de satisfazer regularmente as suas obrigaçóesa. da incapacidade de pagars.
I
Além da confissão, a insolvência do devedor cmpresário também poderá ser confi-
2.5 Sistena da enumeraçáo legal gurada em razâo de certos fatos que denotem a impossibilidade de pagar as suas obriga-
I çôes. Nestes casos, há uma presunção de insolvência considerada suficiente para o
Um último sistema configura a insolvência a partir de um rol de situaçóes legalmen- preenchimento do segundo pressuposto.da falência. No sistema brasileiro, a insolvência
te previstas que tEduziriam di.eta ou indiretamente a situação de insolvência. Há nesse l
é presumida, na maioria dos casos, em razão da chamada impontualidâde injustificada.
sistema menos margem para discussões, uma vez que a lei seria responsável por indicar Se o empresário deixa de cumprir alguma obrigaçâo, isso não significa necessaria-
quais fatos configuram a insolvência do deyedor. Contudo, haveria uma limitação das mente que ele esteia em diffculdades financeiras. Todavia, se ele deixa de pagar sem
situaçôes caructelizadoras da insolvência, podendo deixar algumas lacunaslr. I
I motivos uma obrigação com certas características, o estado de insolvência é presumido,
va.le dizer, é considerado insolvente o devedor empresário que não paga, sem relevante
i
razáo de direito, dlüdâ lÍqüda constante de título ou tíh. os executivos, cujo va.lor ultra-
3 A insolvência no sistema brasileiro passe quarenta salários mínimos (Lei n. 11.101/2005 - art. 94, I). Essa impontualidade
representa para nossa legislaçâo uma manifestação ostensiva e qualificada da impossibi,
Ao cont!ário de muitos paÍses que adotaram um sistema único, o Brasíl adotou lidade de pagarls.
um sistema misto de configuraçáo da frlência. Além da insolvência confessada pelo
Nâo se configurará a insolvência, porém, sc a obrigaçâo inadimplida fbr inexigÍvel
devedoc admite-se também a presunção de insolvência em razão da impontualidade
na falência (Lei n. 11.101/2005 - art. 94, § 2e), ainda que atenda aos requisiros de confir
iniustificrda, dâ execução frustrada ou da prática de atos de falência (Lei n. 11.101/2005 -
guraçâo da impontualidâde. Assim, nào autorizam o pedido de falência os créditos poÍ
art. 94). Náo se exige a insolvência econômica, mâs âpenas uma insolvência jurídica
obrigaçôes a tÍtulo gratuito e pelas despesas que os credores fizerem para tomar palte na
que adviria dos fatos previstos em leirr, isto é, não intelessa ao direito brasileiro o dé-
recuperação judicial ou na falência, salvo as custâs judiciais decorrentes de lltÍgio com o
ficit patrimonial, mas apenas a análise de, ertos fâtos ligâdos ao devedor que denotem
devedor. Em razão do princípio da legalidade, também não se admite pedido de falência
ir impossibilidade de fazer frente a suas obrigaçôes. Em suma, no Brasil, a insolyência
fundado em crédito fiscal]o,
pode se configurar pela confissão do devedor pela impontualidade injustificada e por
atos enumerados legâlmente (execuçâo frustrada e atos de falência) e pelo reconheci-
mento de processo estrangeiro principal como hipóteses de presunção de insolvênciar..
3.2.1 lnadimplência
Ressalte-se, porém, que não se trata de qualquer inadimplência, exige-se ainda que se
tuate de um náo pagamento desmotivado. Obviamente, caso o devedor tenha relevantes
Lf. CÀMPNHq Sérgio. Fauncía e rccaperaçáo de empresa.. o novo tegimê dê lnsolvênciâ êmpresârial.
3, ed. Rio de Janeiro: Rênovar,2008, p. 194.
12. NAVARRINI, Umberto. IlÍallimento,Totiíto: Eretelli Boccâ, 1926, p. 26. f5. CÀMLHO DE MENDONÇÀ, l. X. Trdtado de dircito comerctal brasileirc.7. ed. Rio de lareiro:
13. COELHO, Fábio t lhoa. Cutso ile tlbeto comercrar. S. €d. Sáo Paüor Sereivâ,2008, v 3, p.251. F.eita! Bastos, 1964, v VII, p.202.
14. CAMPINHO, Sérgio. Falêhcia e recuperaçt o de empresd: o.ro.vo regimê de insolvência empreserÍál 16. MAMEDE, Gledston. Direita empr.sarial brasileiro: taléncia e rccupê!âçâo de empresas. 2, ed, São
3. ed. Rio de Janeto: Renovar,2008, p. 196. Paulo: Adâs, 2008, v.4 p.299.
344 CUBSO OÊ DIBEITO EMPNESARIAL lNsoLVÉNcra 345
razôes para não efetuar o pagamento, nâo se pode falar em ínsolvência do devedor Essas não fazet entregar coisa ou pagar quantia; ou extrajudicial, com a obrigaçâo decolrente
relevantes razões de direito são as mais diversas possíveis, havendo alguns exemplos no de letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata e debêntures, bem como de
art. 96 da Lei n. 11.101/2005, como a quitaçâo da obrigaçáo, a falsidade do tÍtulo que a qua.lquer outro título a que ele estabelecer força executiva.
legitima, a prescrição, a nulidade da obrigaçáo ou qualquer outro fato que extinga ou Especificamente em relaçáo às duplicatâs, discutiâ.se se aduplicata sem aceite seria
suspenda obrigaçào ou não legitime a cobrança de título. Em todos esses casos, há uma um título executivo a ponto de justificar a fa.lência. Neste caso, é essencial que ao tíhro
motivaçâo que afastaria a presunção de insolvência, porquanto a inadimplência náo de- sejam juntados o instlumento do protesto e o comprovante, pois é a junçáo desses do-
correria da impossibilidade de pagar, mas da iustiffcativa para o não pagamento. cumentos que torna o sacado devedor do tÍtulo, embora nâo o tenha assinado, excepcio-
Não havendo relevante râzáo de direito para não pagar, a legislação não cogitâ qual nando o princÍpio da literalidade. Só com eles é que se tem a vinculação cambiáda do
foi o motivo desse inadimplementorT. Ainda que se trate de uma dificuldade temporária sacado e, por isso, eles são essenciais para a propositura da açâo, mesmo nâo tendo o
de caixa ou de uma momentânea falta de liquidez (falta de dinheiro em máos), a insol- títuio sido assinado pelo sacado (ST] - Súáda 248).
vência será presumida em razão da impontuâlidade. Reíorça-se, neste particular, a ideia Em qualquer dos tittüos executiyos, a obrigação deverá ser liquida, certa e exigível,
de que o sistemâ brasileiro não cogita do déficit patrtmonial como caracterizador da porquento se tais atributos são exigidos para s execuçào singular (CpC/2015 - art. 783),
insolvência, mas apenas de sinais exteriores, ainda que momentâneo§, da impossibilida- com muito mais razão deverão ser exigidos para a contieuração da insolvênciarr. Â exig!
de de pagamento. büidade decorre dovencÍmento da obrigâçáo, pois enquanto nÃo venciü a obrigação não
se pode requer seu cumprimento. À certeza diz respeito ao alto grau de probabilidade da
existência do crédito. Por fim, a tiquidez diz respeito à determinação do objeto da obriga-
3.2.2 Dívida líquida constante de título executivo çà(,, isto é, o montante da obrigação já está definido, vale dizer, 'é lÍquida a dÍvida quando
a importância se acha determinada em todos os seus elementos de quantidade (dinheiro)
A inadimplência, sem releyante razão de direito, deverá dizer respeito a dÍúdas lÍ- e qualidade (coisas diversas do dinheiro), natureza e espécie (prestaçâo de Íato)"rr.
quidas constantes de tÍtulo ou tÍtuios executiyos. Em outras palavras, a insolvência só
será prcsumida se a obrigaçâo inâdimplida possuir tamanho grau de certeza que pelmi-
ta ao credoc desde logo, pleitear medidas satisfativas do seu direitols, isto é, que permita 3.2.3 Valor superior a 40 salários mínimos
ao credor pleitear diretamente â execuÇão do crédito, sem a necessidade de qualquer nova
demonshaçâo dâ sua existênciare. O título executivo é o'Aocumento (mas não só o do- Para que a já referida inadimplência configure a insolvência, como sinal da impos-
cumento) conduzido pelo credor que releva a ocorrência de um ato ou de um fâto jur! sibilidade de pagar as obrigações, exige-se atualmente um valor mínimo para as dividas
dico (mas não só o ato ou o fâto iurÍdico) suficiente, por si só, para permitir que seia in- náo pagas. Só se falará em insolvência se as diüdas forem superiores a 40 salários r nimos,
vadida a esfera patrimonial do devedor na busca da satisfação do credor"to, no dia do pedido, porquanto inadimplênciâs de dÍvidas menores não são consideradas
A incorporaçâo da obrigação em um titulo executivo lhe dá uma importância maior, pelo legislador como suficientes para denotar a impossibilidade de pagar as obrigaçóes.
fazendo com que a inadimplência dessa obrigaçáo seja considerada mais sériã, a ponto Em todo caso, esse valor poderá ser alcançado pela soma de vfuios créditos pertencentes
a vários credores, isto é, poderá haver um litisconsórcio para atingir o valor necessário
de se presumir a insolvência para fins falimentares. Pala tanto, valem todos os tÍtulos
para a configuração da insolvência (Lei n. 11.101/2005 üt. 94, s 1r).
executivos, s€jam eles judiciais (CPC/2015 - art. 515) ou exhajudiciais (CPC/2015 - art. -
784 e leis espatsas).
Desse modo, pode configurar a insolvência a inadimplência sem relevante razâo de
3.2.4 Prova da impontualidade
direito de dlvida constante em qualquer tÍtulo executivo iudicial, como, por exemplo, a
sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de íLze\ Essa inâdimplência, sem relevante razão de direito, de dÍyidas constantes de títulos
execut ivos, cujovalor ultrapasse quarenta salários mÍnimos deverá ser comprovada pelo
17. CARVALHO DE MENDONÇA, l. X. Tratado de dircíto comercial brasileitu. 7. eà. Rio de la sado na decretação da falência, Para tanto, nossa legislâção admite um único mero
Freitas Bastos, 19&, v Vll, p. 202.
18. CARMONA, Carlos Alberto. filubs ocecutivos extrâjudiciais no processo civil brasileiro. ln: NEGRÃO, Ricardo, Mal, ual de dheito cofieft.ial e de efiptesd. 4. ed, Seo psulo: Sâlaivq, 2009, v. 3, p. 23I,
Tereza Arruda Alvim. Processo dê execuçd.o e 4st /nror afrs. Seo Paulo: Revista dos Tribunâis, 1998, P. 59.
MEDE, Gladston. Dreiro e rpresarial br tikirot falênciâ e rêcuperação de empresâs. 2. ed. Sáo pâulo:
19. LIEBMÀN, Enrico Í\tllio, Proce$o de exccuçro. São Paulo: Bestbook, 2003, p. 39. ,M,,t.4,p,296.
20. MONTENEGRO FILHO,MisaeLCurso dedircito pracessual civit. 4. ed.5ão Paulo: Atlas,2007, v 2, P 275' SHIMURA, Sérglo. Ztulo eréczrrlo. Sào Pâulor Sãrsivâ, 1997, p. 13&139
CI]BSO DE OIREITO EMPBESAR AI hsorvÉrcre i 347
de prova, qual seja: o protesto (Lei n. 11.10I/20O5 - aÉ. 94, § 3e). Embora possam sg3
vislumbladas outras formas de comprovar uma inadimplênci1, em razáo da gravidade d3 Iado, caso se trate de simples protesto cambial, que supre o protesto espeáial, devem
falência, a impontualidade injustificada dependerá dessa prova solene. prevalecer as regras estabelecidas para os tJhrlos de crédito. Nos títulos de crédito, esta-
belece-se como regra geral que o protesto será feito no local do pagamento do título
Náo se exige o inÍcio do processo de execução ou cumPrimento de sentença, rnqs
(Decreto n. 2.044/1908 - art. 28)2, admitindo no caso de cheque a opção entre o locàl do
apenas o protesto como meio de prova dessa inadimplência'?r. Qualquer qre seia o tÍtulo,
pagamento e o domicÍlio do devedor (Leí n.7.352 /BS - art. 48: Lei. n.9.49219? - art. $\
ele deve estar protestado, ainda que se trate de título normalmente nâo sujeito a Protes-
Para fins de pedido de falência, o ST, iá se manifestou no sentido de que é essencial
to, como os tÍtulos executivos iudiciai§, isto é, mesmo sentenças condenatórias precisam
a identiÍicaçâo da pessoa que recebeu a intimação (Súmula 361), afirmando que a gravi-
ser protestadas para a configuração da insolvência?4, Parâ os títulos iudiciai§, o art.5l7
do CPC/2015 só admite o protesto depois de transcorrido o Prazo Para pagamento no dade de tal protesto exige uma certeza maior de que a intimação foi efetivamente reali-
procedimento do cumprimento de sentença. zada. A exigência da identificação da pessoa nâo significa, porém, que a intimação deve-
rá ser recebida por preposto ou administlador com poderes especÍficos, isto é, exige-se
Em termos gerais, o protesto é o ato pmticado perante o competente cartório, para
apenas a identiâcação da pessoa que recebeu, não sendo necessário que ela tenha pode-
fins de prowr fato relevante relacionado a quaisquer documentos de dÍvida. O intele§-
res esPecÍficr:s para esse recebimentoD.
sado fará o pedido ao cartório, o cârtório intimará o devedor e, transcorrido o Pra"o dâ
intimação sem manúestação, seú lawado o Protesto que Poderá Provâr a falta de devo-
luçáo, a ía.ltâ de aceite, a falta de data do aceiti ou a falta de pagamento de uma obrigaçào.
Especificamente para a conffguraçâo da insolvência, exige-se especiÍicamente a prowa do
3.3 kecução írustÍada
não pagamento de uma obrigaçáo constante de título executivo, cujo valor ultrapasse Outra forma de presunção da insolvência é a configuraçào da chamada execução
quarenta salários mÍnimos, A intimaçâo solene para que se efetue o pàgamento denota-
frustrada, que também denotaria a impossibilidade de pagamento das obrigaçóes. pelas
ria mais firmemente a impossibilidade de pagar as obrigações, isto é, se o devedor em- mesmas razôes anteriores, se o empresário tem uma execução contra sie esta não produz
presário mesmo intimado por urn cartório não pâga a obrigaçáo, isso denota que ele não
resultados em termos patrimoniais, há uma presunção de que aquela pessoa nào terá
tem condiçôes de honráJa, fazendo presumir a sua insolvência. condições de fazer frente às suas obrigaçôes. Nâo se trata apenas do inadimplemento,
Não há a necessidade do protesto especial2s, mesmo o simples protesto cambial §€rá mas da presunção de uma insuficiência patrimoniâl para honrar as suas dÍvidass.
adequado para a configuraçáo da impontualidade iniustificada, porquanto ele iá seria uma Ressa.lte-se, de imediato, que tal presunção só se opera nos casos de execuçáo para
prova da inadimplência. Eúge-se apenas um protesto regular para a configuração da pagamento de dinheiro, não se aplicando aos demais tipos de execução. Nos termos li-
impontualidade injustificada. TaI regularidade não envolve um prazo específico para a terais do art. 94, II, da Lei n. 11.101/2005, a execução é frustrada quando o devedor,
realização desse protesto que, por conseguinte, poderá ser realizado a qualquer momen- 'txecutado por qualquer quaoüa llquida, não paga, náo deposita e não nomeia à penho-
tox, mas a realizaçáo do protesto perante o competente caltório e a obediência ao pro- ra bens suficientes dentlo do prazo legal':A princípio, a pessoâ citada em um processo
cedimento lega.lmente estabelecido. de execução teria prazo para pagar, deposÍtar ou nomear bens à penhora, findo o qual se
No que tange ao cartório competente, caso se trate de plotesto esPecialmente lavra- configuraria a execuçâo frustrada pela tripla omissão do devedor.
do para fins íalimentares, deverá ser usado o cartório do domicÍlio do devedor'?T. De outro Todavia, o processo de execução foi reformado e hoje iá não há mais uma citação
para nomear bens à penhora, o que traz dúüdas quanto ao momento da configuração da
execução. Àtualmente, a execuçáo para pagamento em dirheiro se divide em duâs espé-
23. sTl - REsp 743.199/RS, Rel, Ministro HUMBERTO GOMIS DE BÀRROS, TERCEII{A TURMA' jul-
cie§: o cumprimento de sentença fundado em tÍtulo execuüvo
gjàdo em 4-rO 2.@? , DI 22-to-2co7 , p. 245. ,iudicial e a execução de
tÍtulo extraiudicial. Em ambos, o procedimento é distinto e não há mais citação para
24. COELHO. Fábio Ulhoe. Cutso dê direito comclci4r, 8. ed São Peulo: Saraivâ, 2008, v. 3, p. 253j BEZER-
R^ FILHO, Manoel lütlíro. L.í d. tccuperaçàode emprcsas efalências cottt rrada. 4. ed. Sáo Pado: Revbtâ nomear bens à penhora.
dos T.ibunâis, 2007, p.244,
25. ST, - REsp 674.125/GO R€I. Ministro CARLOS ÁLBERTO MENEZES DIREITO TERCEIRA TURMÀ,
28. CÀMPII"}ÍO, Sérgio. Faléhcid e rccuparuçào dê emprcsa o têgime de insolvência empresâlial.
Julgado em 16-11-2006, D/ t2-3-2oo7, p.219. ^ovo
3. ed. Rio de ,aneiro: Renovar,2ú8, p.24?.
26. CAMPTNHO Sérg io, Fa!éncíd e ÍecupêMçào de emprcsa: o novo regime de insolvêncie empreserirl'
3. ed. Rio de Jeneko: Renover,2008, p.249.
29, ST, - AgRg no Ag 636.26I/MG, Rel. Minisrro SIDMI BENETL TERCEIRÂ TURMÀ, jutgâdo em 15-
+?.ú8, Dle?-s-2co8i EAZZTO JúMOR, §íâldo. No va lzi deJdlência e recuperuião de êmprcsas. Seo peúol
27, ST, - REsp 4I837I/SB RêI. Ministro-CESAR ASEOR ROCHA, QUARTA TURMA, iulgado em l'10' Adâs,2005, p,212.
2002, Dt 25-Li:2002, p.240; MAM.EDE, Gladston. Dlrcito emprcsa dl brarileilo: falência e recuperação de
empresas, 2. ed. São Paulo: Atla§, 2008, v. 4, p.304.
30. REQUIÂO, Rubens , Curso de direito Íatitnenaar. 17. ed. São pâulo: Saraiva, 1998,v1,p.84.
CUASO DE DIBfITO EMPAESANIAL ,M lrcowÊrcn i 349
de bens liwe§ e
No cumprimento de sentença, o art,523 do CPC/2015 estabelece que o deve(or cumprimento do mandado pelo oficial de justiç4, ate§tando a ausência
quem sustente que tal hiPótese 5ó se configuraria
condenado ao pagamento de quantia certa ou )á fixada em liqu.idação tem o prazo de ãesembaraç.dostt. De outro lado, há
localizar bens penhoráveis3t, a partir das diligências fru§tra-
quinze dias para efetuar o pagamento, sob pena da incidência de uma multa de 10% sobre dante da impossibilidade de
o valor em execução e honorários de advogado, também de 10%. O devedor será intima- das para a localização de bens penhoráveis.
do para pagar, pelo Diário dâ ]ustiça, na pessoa de seu advogado consütuÍdo nos autos; Àinda no regime do CPC anterior, Sérgio Campinho, a nos§o ver com razão' afirma
ou por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou que a execução fiustrada só se configurará no caso de o devedor ser intimado Pelo iuiz'
áe oÍÍcio ou a requerimento, Pâra nomear bens à penhora e nâo
o.fizer no prazo assina-
quando não tiver procurador constituÍdo nos autosi ou por meio eletrônico, quando, as
lados. O que se deve considerâr como insolvênciâ é e§§a omissão do devedor, porquanto
empresas públicas ou privadas não tiverem procurâdor constituÍdo nos autos, mas esti-
parà a configuraçáo da
verem cadastradas eletronicamente no tribunal, para Íins de recebimento de citaçôes e a simples recusa do credor dos bens nomeados não é suficiente
intimaçôes; ou, ainda, por edita-I, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na execução frustradar-.
fase de conhecrmento. No regime do CPC/2015, há a pleYisão, aPlicável tanto ao cumprimento de sente['
O inÍcio do cumprimento de sentença poderá ocorrer mediante simples requeri- ça como àLecução de Útulo
extraiudicial, da intimação do devedor para nomear bens à
penhora (CPC/2ôIS - ttt.774,V) como medida final de busca de bens Se o devedor
mento nos próprios autos do processo já instaurado ou mediante plocesso novo no caso
intimado tire. b"ns passÍveis de penhora, ele deverá indicá-los sob pena de pratical ato
em que o processo formador do tíhrlo não comporte a fase de cumprimento de seotença
atentatório à dignidade daiustiçâ. Nestâ situação, a ausência debens penhoáveis é capaz
(exemplo: sentença penal condenatória). No primeiro câso, .ráo há que se cogitar de novâ
presunçáo de
citação do réu. Já no segundo caso, haverá a citação do réu para a liquidaçâo ou para a de representar; incapacidade de eíetuar Pagamentos, traduzida como
execuçâo (CPC/2015 - art. 515, 5 1e). Ern nenhum dos casos é fixado prâzo para a no- insolvência do devedoc
meaçáo de bens à penhora, havendo a expedição imediâta de mandado de penhora e Tal fato deve ser comprovado por uma cerúdão lavrada pela secretaria da vara res-
ponsável pela condução áo pro"".to de execuçâo (Lei n 11 10I/20o5 - art 94' §
4e)'
avaliação de bens sujeitos à execução, para ser cumprido ptlo oficial de justiça. Não há
mais direito do devedor de nomear bens à penhorasl. Esta agora será realizada pelo offcial i.Iesta hipàtese, não se exige o protesto3s, porquanto a certidão d. iuízo já se!á a Prova
suficiente dessa execução irustiada. Embora ambas as hÍPóteses atestem uma
inadim-
de justiça ou recai!á sobre os bens indicados pelo credor
plência, no caso da execução frustradâ a celtidâo do iuÍzo dispeÍrsa o Protesto Também
Na execução de tÍtulo exkajudicial, a situação não é muito diferente. Neste proce-
se tem admitido a juntada de cóPias autenticadas do próprio processo de execuçáo para
dimento, o devedor é citado paÍa pagar â dÍvida em três dias (CPC/2015 - art. 829), após
demonstrar essa situação3e
o que poderá o oficial de iustiça, munido da segunda úa do mandado, proceder imedia-
tamente à penhora e avaliação de bens, que poderão ser inclusive indicados pelo credor Embora se reconheça que a impontualidade e a execução frustrada §ão hipóte§es
na petição inicial da execução. Mais umavez, não há o direito de o devedor nomear bens distintas, discute-se r" o u"lor -Ínirno exPres§amerlte exigido na impontualidaáe se
à penhola, logo, não há mais prazo para tal providência por parte do devedor. A penho-
ra recairá sobre os bens indicados pelo exequente, sâ-lvo se outros forem indicados pelo 34. GUIMARÁ-ES. Maia Celeste Morai§. As â.lterâçóes do Código de Proc€sso Civil em
màtériâ de execu'
executado e aceitos pelo iuiz, mediante demonstação de que a constriçeo ploposta lhe çio u r,r* ."p"..u""ó". na nova lei de faiências. In: C,\RVAIHO, Mlliam Eustáquio dei CASTRO Moemâ
será menos onerosa e não trará preiúzo ao exequente. ou)irpli^"rar contenporâwo. Porto NegÍe: Sérgio ^ n tônio Fâbris, 2008' P 2I6rGoLIVÉ'A' Ioâo
i.. S, dr.
À""o C""."raã a". n íe ler í\o 11101/2005 - coorentários artigo Por aÍtigo' Rio de
No regime do CPC antelior, Ricardo Negrão afirma que a execuçáo frustrada estará "rp.r4çâo;Íalên
ro: Forense, 2009, p. 235 'anêi-
configurada após o decurso do prazo para pagamento sem a nomeação de bens à peúo- 35. CAMPOS BATAIHÀ, wilson dê Souzai RODRIGUES NETTo' Nelson; RODRIGUES Nl,'l
1O' S0víâ
ra pelo devedor32, Berna.do Pimentel Souza afirma, por sua vez, que a execução será Ma.ía Labâte Bâtalhâ. Co meitários à lei de rccuP.raçito ludicíal de eÍ1Ües45 Íaléncia' 4 '
lÍt'
eC'' s^ t'a'iot
'
considerada frustrada se, no prazo de 3 dias da citaçâo o executado não pagar, nâo depo- 1/]/J7, p. r49.
sitar e não for possível realizar a penhora pelo oficial de justiça33. De modo similar, 36. CÀMPINHO, 5érg io Faléncia e r.cupeÍaçào de .mpresdi o novo regime de in§olvênciâ empr*ârial'
3. ed, Rio de laneiro: Renovâr, 2008' p. 265
Maria Celeste Guimaráes assevera que a execuçáo frustrada só se configuraria após o
37. STI -
RE§p 316232/SP, Rel. Ministro RL"Í ROSADO DE AGUIÀR, QUARTA TURMA, j'rlgâdo em
1l-9-2001, D/ 5-11-2001, P. 119
31. MONTENEGRO ÊILHO, M:É;eel. Cutso de dircito prccessLal civí|.4. ed. Sáo Paulo: Atlas,2007, u 2, 38, BEZERRA FILHO Maroel )us!ino. a.i de re cuPeruçào dé .mPresas e Ídlêncie' conentid,
4 ed Sào
p.398. Pâulo: Revistâ dos Trlbunsi!, 2007, P. 248r STI - RE5P 252.134/SP, Rel. Ministro AIDTR PASSÀRINHO lU-
32. NEGRÀO, nicardo. M.nual de direito coúcrcial ê d. eupresa.4, ed. Sáo Paulo: Sâraivs, 2009, v. 3' NIOR, QUARTÁ TURMA, iulSado em 25- 11-2002, Dl 1O-3-,o03, P.223
p.20. 39. STI - REsp r74966/MG, Rel Ministro ALDIR PÀSSÀRINHO JUMOR, QUÀRTA TURMA' julgâdo em
33. SOUZÀ, Bernaldo Pimentel. Díreito prccessual empresarial. salvaóo.; JusPodtvm, 2008, p. 208. ll-6-2(n2, DJ l9-8-2O02, P.167
350 Cl]RSO O: OIBEI-|o €MPRESABIAL lNSoLvÊNaa 35
aplicaria também so caso da execuçâo frustrada. Carlos Henrique Àb!âo assevera que o Ezoável admitir medidas dos dois Iados tendentes ao recebimento. Se a decretaçáo da
referido também se aplica na execução frustrada, pois haveria a necessidade de se tratar fâlência náo extingue a execução individual, apenas a suspende, o pedido também deve
de uma execução sériae. A maioria da doutrinâ4r, a nosso ver com razão, nào exige um ter esse mesmo efeito,
valor mínimoda obrigação, pois o fato de deixar de demonstrar capacidade para cumprir Não se configurará a insolvência, porém, se a execução envolver uma obrigâção que
uma obrigação iá em fase de execução iudicial iá é suficiente para fazer presumir a insol- é inexigÍvel na falência (Lei n. 11.101/2005 - art. 94, § 2s). Assim, não autorizam o pedi-
vência (Súmula 39 - T)SP). do de falência os créditos por obrigaçoes a título ,{ratuito e pelas despesas que os credo-
Havendo a coníguraçâo da execução frustrada, poderá ser requerida a falência do res fizerem para tomar parte na recuperação iudicial ou na falência, salvo as custas judi-
devedor empresário, não sendo admissível a simples conversão da execuçâo em pedido ciais decorrentes de litÍgio com o devedor. Outrossim, também se desconfigura a
de falência, sobretudo pela diversicl.rde de ritosar. Nesse pedido, não exige, até por falta insolvência nesse caso se houver l nomeaçio de bens à penhora, ainda que intempestiva4T.
de previsão legal, a declinação da orrgem da dÍvida{r, sendo suficiente a explicitaçâo do
fato objetivo da execução frustrada. Essa conclusâo é corroborada pela possibilidade do
pedido de falência, mesmo por credores diversos daqueles que promovem â execução. 3.4 Atos de falência
Caso a falência seja requerida pelo próprio exequente, tal pedido pre)udicará a
Àlém da impontualidade e da cxecução fru,trada, também pode ser presumida a
continuaçâo regular do processo cic execuçãos em relação ao requerido no pedido de
insolvência da prática dos chamados atos de falência, os quais poderiam ser deÍinidos
falência, pois não se podem usar dois meios para receber o mesmo crédito. Há quem
como sinais exteriores da ruina patrimonia.l, isto é, sinais exteriores da impossibüdade de
entenda que deve haver a extinçáo dô processo original de execuçãos, salvo se houver
paga! suas obrigações. Tais âtos não são compatíveis com exercício seguro, duradouro e
codevedores solventes. Outros entendem que bastaria a simples suspensáo da execução
prudente da atividade empresarials, denotando assim a insolvência do devedor. Eyitando
pela fa.lta de bens penhoráveisa6 A nosso yer, nâo há a necessidâde de extinçâo da exe-
maiores discussôes, nossa legislação elaborou um rol taxativo de atos que podem ser
cuçáo, mas deve haver ao menos sua suspensão (Súmuta 50 - TJSP), pois não seria
considerados atos de falência (Lei n. l1.l0l/2005 - art.94, lll), afastando, porém, a pre-
sunção de insolvência quando o ilto fbr praticado com fundamento em um plâno de re-
«). ABRÂO Cados Hênrique. In: ABRÃO, Cârlos Henriquei TOLEDO, paulo F. C. Sâlles de (Coord.). Co- cuperaçâo judicial. Nessas hipóteses, o pedido de falência descreverá os fatos que a cârac-
fie d.ê rcêuperuçdo de êt lpresas e Íalênêla. Sáo pauto: Saraivá, 2005, p. 229.
tários à lel terizâm, iuntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas.
41. GOUVEÂ, Joáo Bosco Câscardo de. PecúpeBçAo eÍaléncia:lein.ll.lol/2005 - comentários ârrigo
por artigo. Rio d€ Jáneiror Forense, 2009, p. 235j LORA'IO, MoacyL Falé .ía c recapera@o. Relo lH'.oílzontel
Del Rq.,2007, p. 158, PÂCHECO, losé da Silva. Pro cesso dê êup.raçno judicial,.rtraiudkiat cÍdléncia.2. ed.
Rioderaneiro:Forênsê,2m7,p.232;COEI.HO,FábiolJllr.o.Comcnütiosàho1/aleid.eÍalênciaserecupera-
3.4.1 Liquidaçáoprecipitada
çào de cnpresas, SàoPaulo: Sârâivâ,2005, p. 257i CÀMPOS BÁ,TÂLHA, Wlson de Souzâ; RODRIGUIS
NETrO, Nelson; RODRIGU F:S NETTO, Silviâ Mâria Labate Baralhâ. Corn enlbios à tei d.e rcêupera.çã.o iüdi- O primeiro ato de falência indicado pela lei é a liquidaçâo precipitada, entendida
cial de .mptesas e falência. 4. ed. 5áo Paulor LTr, 2ú7 , p. t4gt ÉAZZIO I(JNLOR, W^ld,o. No1)d tei de
Íalêhêta como a "apressada venda de bens que compôem o seu estabelecimento sem atentar para
e recup.ru@o de empresai. Sáo Paulo: Àtles, 2005, p. 214; P,{RENTONI, Leonâldo Netto; GLIIMARÀES, a garantia que representam para seus credores"a. Diante de dificuldades, o empresfuio
Rafael Couto. Inl CORRÊA"LIMÀ, Osmar Brinaj CORRÊA LIMA, Sérgio Moutã,o (Coord..\ Conentárias à
nova A defaêhcid e recupetu4o d,c emprcsas. Fiio de ,ân€iro: For€nse, 2009. p. 667.
aliena seus bens de forma precipitada, a bâixo custo, em bloco ou ainda aliena os bens
necessários ao exercicio da aüvidade. Tal situação denota a tentativa de esvaziamento do
42. STI - AgRg no Àg 718.895/59 Rd Ministlo SIDNEI BENETI, TERCEIRÂ TLTRMA, julgado em 25-11-
2008, Dle 19-12-2úA. Em senddo contrário: BEZERRA FILHO, Menoel lu5rino, Lci de recupcraçáo de etn- pâtrimônio em razão de diÍiculdades financeiras. Em face disso, a insolvência será pre-
presds eldQnc.ias comen ada. 4. ed. Sáo paü.lo: Reüsta dos'liibunâls, 2OOZ p. 248. sumida, autorizando o pedido de falência.
43. ST, - REsp 742.446/DF, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCETRA TURMA, jul- Nâo se enquadram nessa hipótese as chamadas "queimas de estoque" ou as simples
gàdo em 6-3-2ctr,8, Dle2+3-,f,f,8. liquidações de mudança de estação. Nessas ações, não se pode falar em mâlícia do
44. FAZZIO IÚMOR, \íald o, Nova lei deÍalência e redpêta,çáo de emprcsas. Sâo pâulor Àtlâs, 2OOS, p, 214.
45. STI - ÂgRg na MC 5.641/5B Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRÀ
TURMA, julgâdo em 29-11-2002, r/
IO-3-2003, p. 180. 47, STI - REsp 741.053/5B Rel. Ministro LL,IS FELIPE SÀLOMÁO QUARTA TURMÀ,,ulgâdo em 20-10-
2@9, Dle9-Ll-2cn9.
46. CÀMPINHO, Sérgio. Fd.lêncià e rccuperd.çito de empresa: o r,ovo regime de insolvência emplesaiial.
3, ed. Rio de Jâneiror RenovâÍ, 2008, p. 267, SIMÁO FILHO, Àdâlberto, lnr DE LUCCÂ, Newton; SIMÁO 48, MÀMEDE, Glâdston. Dieito empreso al brasileirot íàlêí1cia e ftcuperaçÃo de empreses. 2. ed. Slto
FILHO Adâlberto (Coo|d.). Comentátios à nova lei de recuperaçiio de cmprcsas e deÍdlêicids. Seo Pellol Paulo: Atlas, 2008, v.4, p. 329.
QuÂruer Latin,2005, p,39* STI - REsp 124.966lMG, Ret. Ministlo ALDTR pÂssARÍNHO,UMoR, eUÀR- 49. CAMPINHO, Sérgio. FdÂfici4 e re.uperução de erhpresa: o novo reglme de insolvência empresâllal.
TA TURMA, iulgâdo em ll-6-2002, Dl t9-8-2cf,2, p. 167. 3, ed. Rio de raneiro: Renova I,2OOA, p.27O.
352 CUBSO DE O]FÉITO EMPNESAB AL
lNsoLVÉNc a 353
empresário pâra presumir a sua insolvência. Outrossim, não se trâta de uma liquidação dulento para efetuar pagamentos, pois não acarretaria diminuição do patrimônio do
precipitada, mas de uma prática comum que está dentro dos padróes do mercado. A devedorse.
liquidação só será precipitada se fugir dos padróes, pois nesse caso denotará ruÍna do
devedor e aÍ sim se pode falar em uma presunção de insolvências, É essencial que se
trate de uma operação desordenada, injustificável, fora dos padrôess1, náo sendo necq5- 3.4.3 lntençáo de fraudar credores ou retardar pagamentos
sária a má-fé nessa hipóteses?.
Também se presume a insolvência quando o devedor empresário ,,realiza ou, por
atos inequÍvocos, tenta realizar, com o obietivo de retardar pagamentos ou fraudar
3.4.2 Utilizaçáo de meios ruinosos ou Íraudulentos credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a ter-
ceiro, credor ou não" (Lei n. 11.101/2005 - art. 94, III, ú). A descriçâo desse ato de
Outro ato de falência é â utilização de meios ruimlsos ou fraudulentos para efetug falência é bem extensa e abrange diversas condutas realizadas ou tentadas de formâ
pagamentos, na medida em que evidenciam "uma desordem administrativa no patli- inequívoca pelo devedor, que podem ser especficâdas em termos mais detalhados, da
mônio do devedor geradora de um progressivo empr>brecimento"5!. Mesmo sendo seguinte maneirà:
realizado o pagaÍnento, o uso de tais meios denota ciaramente a impossibilidade do
devedor manter o pagamento regular de suas obrigaçõessa. Tal situaçâo, naturalmente, a) realização de negócio simulado com intençâo de ftaudar credores;
denota a impossibilidade de pagamento das dívidas. Embora preüsto na mesma alÍnea
b) tentaüE iaequÍvoca de reâlização de negócio simulado com intençáo de frauda!
do ato anterior, trata-se de ato de falência distinto, o que decorre da própria coniunção
credores;
ou utilizadâ no dispositiyoss.
c) realizaçâo de negócio simulado com intenção de retardar pagamentos;
Não há, na própria lei, uma definição de quais atos se enquadrariam como meios
ruinosos ou fraudulentos, mas tem-se entendido esses âtos como atos que diminuem d) tentativa inequÍvoca de realizaçâo de negócio simulado com intenção de retar_
o ativo e aumentam ou Íingem aumentar o passivos6. Como exemplos de meios ruinosos, dar pagamentos;
terÍamos a realização de empréstimos a iuros excessivos, a realizaçáo de negócios ar- e) auenaçáo de ativos a terceiro, credor ou não, com intenção de fraudar credores;
riscados e a alienação de bens essenciais ao exercício da atividadeí. Já nos meios frau- f) tentativa inequívoca de alienação de ativos a teÍceiro, credor ou não, com in_
dulentos teríamos como exemplos: a apropriação indébita de valores e a emissão de tenção de fraudar credores;
duplicatas simuladasss, Embora o cheque sem íundos seja tratado penalmente como
g) alienaçâo de ativori â terceiro, credor ou não, com intenção de retardar pâga_
umâ fraude (CP - art. 171, § 2e, VI), ete náo pode ser enquadrado como um meio frau-
mentos;
h) tentativa inequÍvoca de alienação de atÍyos a terceiro, credor ou lrào, com in-
50. FERREIRÁ, WalderneÍ. Ttul.a.lo dz diftito corãer.iar. São Pâulo: Ssraivâ, 1965, v. 14, p. 81.
tençâo de retardar pagamentos.
51. MÂMEDE, Glâdstoí. Dlreil.o zmpresa al brasileirc. falén ie e recupeíaçào de empresas. 2. ed. Sào
v 4, p. 329.
Pauto: Adas, 2008, A princípio, o ato de falência decorrerá da realizaçâo de negócio simulado ou da
52. MIRÀNDÀ, Pontes de. Tru.tada d. direito priyado. Ceúpinâs: Book6ellêr, 2004, v. 28, p. 117. alienação da totalidade ou de parte do ativo a terceiro, credo! ou nâo. Os negócios simu-
53. CAMPINHO, Sérgio. Fabncia e reêuperaçito de cmltresat o novo rcgime dê iniolvência empresâriú lados abrangem "a declaração engaaosa da vontade visando a produzir efeito diverso do
3. ed. Rio dê ,aneiro: R€novar, 20olt, p. 271. ostensivamente indicado"6, ou seja, o intencional desacordo entre a vontade internâ e a
vontade declarada. Presume-se a simulação em relação aos atos que aparentarem confe_
55. PARENTONI, Leonardo N€rto, GL{MÀRÁF]S, Refáel Couto. Inr CORRÊÀ-LLVÀ, Osmar Brinai COR' rir ou tlansmitir direitos â pessoas diversas dâquelâs às quais realmente se conferem, ou
R!À LMÁ,, Sérgio Moqá.o (Cootd..). Conentlrios à \oyd lei d,e falênata. e reclperuçAa dê enpresas. Rio de transmitem; contiverem declaraÇáo, conffssão, condiçáo ou cláusula não verdadeira; ou
J.nei-ro: Forense, 2009, p. 670.
quando os instrumentos particulales forem antedatados, ou pós-datados (CC art. 167,
56. MIRANDA, Pontesde. Truüda de Aireito pflvulo. Campinâs: Bookseller, 2004, v.28, p. lI8. -
57. VAMRDE, Trâjano de Miânda. Comentários à lei deÍalências.4. ed. Rio de raneirc: Forense Univer-
sitáriâ, 1999, v 1, p.40. 59. PARENTONI, Leonârdo Nettoi GUIMÂRÁES, Rafael Couto, In: CORRÊA-LIMA, Osmâr B.inâ, COR-
58. CÀMPINHO Sérgío. Falêficia e rccuperaçào de cmpresa. o novo regime de insolvência emplessrial RÊA LIMA, Sérglo Moutào lcaord.). Cômentátioô à not)a tei de Jd,tência e recupêrdçáo ,le emüesas. R\o de
3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 271; FERREIRA, Weldemar. Tiarado de d.ireito êofiercicl. Seo Piulol Janêiro: Eorense, 2009, p. 670.
Saraiva, 1965, v. 14, p. 82. 60. BEVILÀQUA, Ctó v.3. Teoria gerat do dbeiúo clvú CÂmpinas: RED , tg9g, p. Zg4.
t
ril
CUBSO OE DIFEITO EMPBESAB1AL lrsorvtrcrn i 35S
§ 1e). De outro lado, a alienação de ativos abrange qualquer formâ de transferência de empresarial sem obedecer às condiçôes legais exigidas para
tânto denota que está pas_
ativos (venda, doação...) para terceiros, credores ou nâo. sando por diÊculdades financeiras e, po. isso, se presuÀe
sua insolvência. O ato de fa-
lência não é o trespasse puro e simples, mas o trespasse
Para a presunçào da insolvência, Porém, não basta a prática de negócio simulado ou se- ãiJiãn.i" l,
legais que, além disso, também representa um ato " "o.,aiçou,
a alienação de ativos. É essencial que o ato seja Platicado com a intençáo de fraudar obietivamente ineficaz no caso da
decretaçâo da falência.
credores ou retardar pagamentos, isto é, é essencial que o ato tenha a intenção de Preju-
dicar os credores de alguma forma, fraudando-os ou retardando o Pagamento dâ obrigâ- ressaltar que quem adquire o estabelecimento
passa a responder
çáo. Nesses casos, o devedor tenta sonegar ou ocultar bens do acesso dos credores,
^-,""4:lI1::^1.]:se
peras oongaçoes do devedor regularmente contabi.lizadas
(CC _ art. i.146), pelas obri-
gaçóes trabalhistas (CLT art. 448) e pelas
ainda que apenas parà retârdar pagamentos. Sem essa intenção não se configura o ato de - obrigaçóes tribuiariasiêfN _ art. rga). f-
falência, vale dizer, exige-se para esse ato de falência o dolo especíÍicou'de prejudicar os trepa:se, ainda quã irregular, ,"r,ao u"neri"o po.
:*r::^i,::':::1.-,_r-"::es,,o
rsso, qrncumente esses credores
farão pedido de falência com"."u"
credores de alguma forma. Exemplos claros desse ato de falência são a criação de dívidas ",
esse fuodamentoe. Àpesar
disso, o ate 4q 6al6.cia existe e poderá.ensejar o pedido
fictícias para retirar bens do alcance dos credores e as alienações de ativos abaixo do seu de falã".i" pà. qraqr.. .."ao"
inclusive por esses que acabam sendo ber,"ii"i"dt".
lglor real, em conluio com o adquirente
Ressalte-se, por fim, que â Lei n. l1.lO1/2005
Em todo caso, a presunÇâo dainsolvência não decolrerá aPenas da realização do ato nâo é muito técnica no uso da expres_
sáo estabelecimento, usando a expressão para idenüficar
em si, mâs tâmbém da tentativa inequivoca de sua reÚzação, porquanto em ambos os tanto o est;;iecimento global
como os estabelecimentos indMdualizados (unidadcs produtivas).
casos o devedor demonstra sua incaPacidade de honrar as obrigaçôes. QuaÍrdo o ato é Eãrazao aisso, para
Gladston Mamede e Manoel Justino Beze.ra rüho.,.,
tentado de forma inequívoca pelo devedor, ainda que não seja concluÍdo, ele iá demons- oto ã" i"Énlü r".a .""ng,.,r"ao
tanto nâ alienação do estabelecimento grobal como
tra sua má-fé na condução dos legócios e, consequentemente, sua insolvência' Quem no caso a""ri"i"r""irn"nto, maiui
dualizados, desde que o devedor não obtenha
pratica ou tentr praticar os atos mçncionados mostra claramente que não tem condição a conc.,.dância ãàrã, n"ro
o"?r suficientes para pagá_los. Em sentid. .""il.i";;;;elena
"."aor"r,
de fazer frente às dÍvidas que possú, fazendo presumir a sua insolvênciâ. Além disso, tai§ l_11.:,,- de rvrelo
rranco úntende que a hipótese em tela abrange apenas
atos, pôr- representarem atos de má-fé, também serão declarados ineficazes no caso da a transferência do e§tabelecimen_
to globall A nosso ver, porém, a razão esticom
íalência do devedor. os primeiro§, poi" ,,ã ,"r,o a" ti n.
11.101/:2005 nâo se usa a expressâo esf4á et""i^"nto
no quu ," ,.f"ru o
art. L142 do Código Civü. ^u"moráúo-"
3.4.4 Trespasseinegular
Nos termos do a!t. 1,142 do Código Civil, o estabelecimento é "todo complexo de
3.4.5 Simulação da transÍêrência do principal estabelecimento
bens organizado, para exelcício da empresa, por ernpresário, ou por sociedade empresá-
Também se presume a insolvéncia quando o
rial vale dizer, o estabelecimento representa o complexo de bens que permite o exerclcio devedor empresário ,limula .r transfe-
rência de seu principal estabelecimento com
da atiúdade empresarial. Esse conjunto de bens pode ser ob)eto das mais diversâs nego- o obietivo de bu;ht ; ie;islação ou a nsca_
lização ou para prejudicar credor" (Lei n.
ciaçôe§, inclusive a alienâção. Esta alienação, denominada de tresPasse, exige que o§ tt.loli2oos _ in, fri,ã.'", duas partes
distintas nesse ato de falência: a simrúação ".,.
da transferêncàJ, prr..,iJi
credores do alienante sejam ootificados e, no Prazo de trinta dias, manifestem sua con-
to e obietivo ilícito nesse ato. "r,"U.f".in,"n-
cordância expressa ou tácita com a alienação. Tal concordância é dispensada quando o
como já mencionado,
alienante mantém bens suficientes para o pagamento dos credole§ (CC - art. 1 145)' Tai§ simuração representa o intencional desacordo
a
entre a von_
tade interna e a vontade declarada- presume_r"
exigências são feitas porquanto o estabelecimento rePresenta uma parcela significativa do .ã-"iio ,,o, qo"
patiimônio do empresário e, consequentemente, uma boa Parte da garantia dos credores
" "i_ri"çJ "- "o"
Caso o trespasse obedeça a essas condições ele é plenamente regular. Contudo' §e 62. ?ÁRENToNI, Leonardo Netto: GUTvARÂ!s,.Râhel
Couto. ln:coRRÊA-LIMA, osmar Brinaj CoR-
REA LIMA, Sérgio Mou Ào (Coojd,.). Com.ntátios à nova
o alienante não obtém a concordância dos credores, nem fica com bens suÍici€ntes Pa{a têi de Íaténcia e kcupera.çda d2 enprcsas.
Jâneiro: For€nse, No de
pagá-los, o trespasse realizado é considerado irregular e faz Presumir a insolvência do 2009, p. 673.
63. MÀMEDE, Gladsron. Driei to emprctarial brasíleiro.
àevedor. Quem transfere o conjunto de bens essenciais ao exercÍcio da atiYidade P.ulor Arlas, 2008, v 4, p. 337 BEZERRA
faléncie e recuperaçáo de empreses. 2. ed.
Sáo
i FILHO, Manoet lustino. Zéi de reêupefaçã.o d,e empresqs
comeilrada. 4. ed. São pâulol eÍàlêficias
Revistâ dos Tribunâi§,2007,p. 2SO.
61. MÂMÉDE, Glâdst on, Dheito enpresarial brasileiro'. fàlência e rcc'rperação de empresâs 2 ed 64 souzA IÚNIoR, F râncbco Sátiro dei PITOMBO, Anrônio Sé rgio de A.
Urios à lei de rccuperuçá, o de de Moraes (Cootd.). Comen-
Paulo: Àtlas,2008, v 4, p- 335. enpresas eJalência. Sâo pâulo: Reviste dos Tribunai§,2005,
p.396
356 CUBSO DÊ DIFELTO EMPBESABIAL INSoLVÊNca 357
aparentarem conferir ou transmitir direitos a Pessoas diversas daquelâs às quâis realmen- opiniôes em sentido contrário7o, o ato de falência ora estudado abrange tão somente a
te se conferem, ou transmitem; contiverem dedaração, confissão, condição ou cláusula dienação do principal estabelecimento e não de qua.lquer um deles, pelo próprio teor
não verdâdeira; ou quando os instlumentos Particulale§ forem antedatados, ou pós-da- literal da legislaçáo.
tados (CC - art. 167, § 1s). Se a transferência se deu por questóes inerentes ao negócio, como melhor acesso a
Para a configuração do ato de falência exige-se, porém, que se trate dâ simulação da melhores meios de escoâmento dos produtos, benefÍcios kibutários ou outras condiçôe§
transferência do principal estabelecimento, sem haver na própria lei uma explicação mais econômicas, não há que se cogitar da presunçâo de insolvência. A simulação da transfê-
detalhadâ dessa idei a. A expressâo ÚunsÍerência é erLtetdidÀ Por alguns6s como a aliena- rência desse estabelecimento principal só será ato de fa.lência se tiver o objetivo de burlar
ção, mas, a nosso ve& trata-se da mudança de localização6 e não da mudança de titula- a legislação, a flscalização ou preiudicar credores. É nessa intcoção que se denota a inca-
ridade, pois quando se quiser falar na uansferência de titulâridade, a Própria lei usott a pacidade de pagaç afastando dos credores as maiores posslbilidades de fiscalização e o
expressáo dlienaçáo Âssim, o ato de falência PressuPõe a simulação da mudança física próprio íoro competente do process_o dé falência, psudicando-os na defesa dos seus
do principal estabelecimento, interesses. Embora não se trate expressamente de um ato ineficaz, é certo que essa simu-
A própria Lei n. 11.101/2005 usa, em seu ârt Y, a exptess^a principal estabeleci' lação s,rrá desconsiderada na fixação da competência para o processo de falência71.
tderúo para deÊnir o foro comPetente para os Processos de falência e recuperação judicial
Como já mencionado, há uma divergência sobre a interPretação de§sa exPressão. Há
quem sustente que o principal estabelecimento é â sede contratual6T e há quem su§tente 3,4,6 Outorga ou reÍorço de garantia
que é o centro vital de comando administÍativo dos negóciosd, posição esta Prevalecen-
Também pratica ato de falência o devedor empresário que 'dá ou reforça garantia a
te na jurisprudência, Outros autores, a nosso ver com !azão, entendem que o PrinciPal
credor por dÍvida contraída anteriormente sem Íicar com bens liyres e desembaraçados
estabelecimento é aquele de mais importância econômica6e, Registre-se que, apesar de
suficientes para saldar seu passivo" (ki n. 11.101/2005 - art.94, IIt, e). Com um grande
número de credores e sem condiçôes de honrar todos os seus compromissos, devedores
65..a,BRÁ.O,CarlosHenrlque.ln:ÀBRÁO,CeÍlosHenriquo;'ÍOLEDO,PauloF.C.Sallesde(CooÍd.).Co- insolvenles tentam favorecer alguns credores em detrimento dos outros, assegurando a
mentá os à leÍ de recupetdiao de cmpresas c Jatén ia. Sã; I'aulo: Sâraiva, 2005, P. 234; LISBÔÀ, Lbândrâ estes uma melhor condição no futuro concurso de credores. Tal ato quebra a igualdade
Colêtti. A nove lei de falências e os ato§ falenciais. In: BATTELO, Snvio ,avlet. Píincipak cotlttovéÉias ta entre os credores e também faz presumir a insolyência, na medidc em que não há motivo
fi ora lei d.. Ídun iá.s, P orto Al€gre: Fabri§, 2008, p, 21 L
66. COELHO, Fábio Ulhoà, Curso de dh.ito comercial.8. ed. São Paulor Sârâiva, 2008, v. 3, P. 256i CÀMPI-
NHO, Sérgio. fatércja e recuperaçilo de emPresd: o novo r€gime de insolvênciâ emPÍêsâriâl 3 ed Rio de Paulo F. C. Salles de. In: ABRÀO, Cárlos Henriquei TOLEDO, paulo F. C. Salles de lcootd.l. Corn nürios à
laneiro: Renovar, 2008, p. 273; MAMXDE, Glâdlton- Direito e.nprcsdrial btarilei,'o: falênciâ e recupeiÀção
de
lei de r..uperuqáo de .mpresas e Íalên.ia, Sáo perlo: Sâraiva, 2OOS, p. I li SALOMÀO, Luis Feltpe. À rova lei
empreses. 2. ed. Seo Pâulor Àtlás, 2008, v 4, p. 318, SIMÁO FILHO, Àdalberto ln: DE LUCCA, Newtoo, de rêcuperaçáo d€ empresâsr s declereção ,udicial dâ felência e a quebra requeridâ p€lo própriodevedor (Lei
súÁo FILHO, Àdalbefto (Coo.d.). Coãeítáriot à novd lei d, rccuPeruçào de êtnprcsa, ê d. Ídbnciaa Sâo r 2mS).ln: SA.\TOS, Pâulo penelva (Coord .). ..t xova hi deJalAncía, e dc rccu
11.101, de 9 dê fevereiro de
Paulo: Quartier Lâtin, 2m5, p. 403; PARENTONL L€onardo Netto; GUIMARÃES, RaÍâeI Couto ln: COR- pcruçdo d..mpr.tds. Lei n. rl.10l/2005. Rio de ranei«): Forense,2006, p. te6, PIMINTA, Eduffdo Goulârt.
RÊÀ-LIMÀ, Osmar Brina; CoRRÊÀ LtM.{, sérgio Mourâo (Coord.). c'dtflentátios à úova lei deÍalê cide P,.cupera@o de ehptesar. Sáo Pâulor IOB, 2006, p. 96i C A MPOS BÀTAI ,HÀ, \X/il6on de Souzâj ROD&IGUES
rc.upetaçito de .mpresLs. Rto de Janelro: Folens e,2A09, p.676. NITTO, Nelsoq RODRIGUES NETTO, SÍlviâ Müiâ Labate Batalhâ. Cbtl entários à lei di rc.uperaçào
iudi-
67. PACHICO, ,osé dâ siiva. prccesso de rccuPeraçao iudkial" eãtíaiudicial êÍaEncia.2. ed. Pio delaoeiÍol cial dê empresas e Íalêncía. 4. êd. São Paulo; LTr 2007, p. 46; PROENçA, ,osé Mrcelo Mârtins. Disposiçóes
Forense, 2007, p. 32. preliminales - apiicaçáo dâ legiilaçáo, comp€tência e interv€nçâo do Ministério público. h: MÂCltÀDO,
Rubens Approbato (Coo td,.), Comcntádos à nova lel de
68. SIMIONÀTO, Fre deúco L, Monte. Truudô dc dlrcito Íatimentzt. Rio de laneiro: Eorense, 2008, P 44i Íalência e rccupeaçiro de .mptesdr. Sào pdr.lot eueí
der Latin, 2005, p. 67; PENTIADO, Mâuro RodrigueÉ. In: SOLJ.ZA
HENTZ, Luiz Antonio 5 oaÍês. Manual deÍalência. recuPeraç/to de.mP..5a5. são P.ulo: Juarez de Olivêira' IúNIOR, Franctsco Sáriro dq PITOMBO,
Anúnio Sérgio dê A. de MoÍees (Coord.). Codenririos à lêi de recupctuçá.o de .mpresas e
2005, p. 18i NEGRÁO, Ricardo. Manudl de díreiro comer.ial. de cmPrcsa.2. ed SÃo Paulo: saraivâ,2m7, v 3' Ía!êncid. Sâo
Pâulo: Revisrâ dos Tribunâis, 2OOS, p. l2Z SZTAJN, Rachel ERANCO; Ve tàHelena de }t/rella. Falâncta re_
p, 29i CÂMPINHo, Sé t}ío Faléficia e rcc Pe çilo de enpresd, o novo tegime de insolvência êmpresârid' e
.Ltperaçào da. emprêsa em czrr. Sáo Paulo: Câmpu§, 2008, p. 27, PERIN
iio de lrneiro: Renovar, úoe, p, :z; or luica; Newtorl In: DE LUCCA, Newto$ sIMÂo FILHo, Àdâl- JúNÍOR, Écio. Cutso de d.ireúo.íali_
menur e rccuperaçAo de emprcsaí3. ed,. Sâo Paulo: Método, 2006, p. llS; FÂZAO ,úMOR, Wâ.ldo.
berl.o (Coord.l. Comcnt/irios à nova lei de rccupctaçãa de emprcsas. deÍalêrrctas. Sâo Pâulo: Quartiet Letrn' úva
hi deÍalénêia e recuperaçào dê êmptesas. Sâo Paulor Atlas, 2005, p, 7b sr TrpR 17. C. Civelem Com. Inr.
2005, p. 9s; LOBÀIO, M oà.yt. Falêncíd ê rc;uPeraçdo. Relo Horizontet Del Rey, 2007, P 40; OLIVEIR'{' -
CCO395308-4 Foro Re8ional de Câmpina clande do Sul da Reàiáo Mctropolttânã de Curittbâ Rel.r Des.
-
Celso i.4arceio de. Coze ntáribs à nova lel defaténcla§. são Paulor IO8,2005, P.1o8i V !\ERDE, Trâjano de - -
À/:iranda. comentÁrios à tei de Íalêácias.4. eá. Riode lanêi..o: Forense UniversitÁlia. 1999, v. l, p. I38i FIALE'
GÁMÀLIEL SEME SCAFF UNâNME J, 27.06.2007I TJR' ÚÉCIMA SÉXTA CÂMÀRA CÍVEL AG
- - - .
20ül.0m.253,r0 - DES. CHERUBN HTLChS SCHWA-RTZ
Aldo. DirittoÍalliíenure. I I. ;d. Napoli: Simonê, 2003, p. 7l; VASCONCELOS, Ronalào. Dircito Proêêssual - ,u]gamenro I Lg-Z-zcf/a.
latímentaL Seo Pa]!i,ot Quârtier Latin, 2008, p. 143i SOUZA, Bernaldo Pimenle| Diftito Pro.essual etfiprcsd' 70. BEZERRA FILHO, Manoel ,ustino. ,di de ,,é êuperaçdo de empresd.s e
Ídlências colnefitada. 4. ed, SAo
rlal. Sâlvador: lusPodivm, 2008, ?. 179. Paulor Revlsta dos Tribu 2OO7 , p. 250.
^a\s,
69. COELHO, Fábio UlíoÀ- Cu$o de direito conerciaL 8. ed. São Paulo: Sâraiva, 2oO8, v. 3, P. 261; BARRE- 7I. STJ _ CC 32.988/R', REI, MiNiStrO SÁ.LVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, SEGTJNDÂ SÊÇÃO,
JUIgAdO
TO ÊILHO, OscÂr, Ieori a d.o estabele.imeLto êom.r.ial. Sào Pâulo: M&'( Limonad, 1969, P I45_ 146; TOLEDO em74-ll-200L, Dl 4-2-2OO2, p.269.
CUÂSO OE DIflE ÍO EI/IPBESARIAL .M lNsoLvÊNCA 359
Iegítimo para privüegiar alguns credoles em detrimento de outros. Náo há necessidade, Àausência representa a não presença físicazT do ührlar junto ao estabelecimento, não
porém, de se demonstrar a intençâo do devedoc sendo obietivamente um ato de falência.
configurando ato de falência, porém, se o devedor deixar representante habilitado e com
Registre-se, porém, que o ato de falência se configura pela outorga ou reforço de recursos suficientes. O abandono, por sua vez, representa o descâso em relação ao esta_
garantia (hipoteca, penhor, alienaçâo Íiduciária, direito de retenção...) em relação a dÍvi- belecimento, a intencional desvinculação do titu.lar em relaçâo ao estabelecimento, re_
dâs já existentes, vale dizec novas obrigações assumidas podem ter garantias, sem que presentando ato de falência, independentemente de dolozs. por fim, na ocultação ou
isso represente qualquer presunçâo de insolvência. O que denota a insolvência é o priyi- tentatiya de ocultação do empresário, há o propósito de não ser encontrado, não haven-
légio dado a alguns credores que iá existem em detrimento de outros, isto é, a melhora do também necessidade de dolo nessa conduta,
da condiçâo do credor em relação à ordem de pagamentoT', A outorga ou reforço da A prova desses fatos pode se dar de muitas maneiras, como a devolução de corres_
garantia deyem ser posterioles à existência da dÍvida, não sendo ato de falência o mero
pondJncias, a tentativa frustrada de citaçâo por meio de oficial de
registro da garantia concedida concomitante à existência da dívida?3. A outorga de garan- iustiça, notÍcias de
imprensa, impossibilidade de acesso de agentes de fiscalização, a intimação frustrada em
tia pode ser necessária para a captação de recursos e, por isso, nada terá de irregular protestos, acúmulo de colrespondências e até a reiterada devoluçao de e_mails no caso
quardo vier acompanhada desses recursos.
de estabelecimentos virtuaisTq.
A.lém disso, é certo que só se presumirá a insolvência se o devedor ficar sem bens
livres e desembaraçados para solver seu passivo. Po! mais iniustificável quê seja, o p.iv!
légio outorgado por quem tem bens sufcientes para pagar seus credorcs não denota 3.4.8 Descumprimento de obrigaçáo assumida no plano de recuperaçáo judicial
qualquer impossibilidade de pagamento. )á a outorga ou reforço de garantia para credo-
resjá existentes, sem ter bens suÍicientes parâ pagar os outros credores, faz presumir que O empresário que pede a recuperação judicial reconhece estar passando por uma
o devedor está insolvente e quer privilegiar alguns credores, na ineútável f.rlência. Tal clise econômico-ffnanceira, mas entende ser possÍvel superar essa crise e manter a ati-
conduta, além de ser ato de falência, também é considerada ineficaz em reliedo à massa yidade em funcionamento. Para tanto, haverá um plano
de recuperação judicial que in-
falida (Lei n. 1r,l0l/2005 - art. 129, III). dicará as medidas necessárias para a superação dessa crise, abarcando as obrigações que
o devedor diz te! condições de cumprir, A adoçâo das ntedidas dependerá do collsenti_
mento da massa de credores, vale dizer, os credores consentem com as medidas do plano
3.4.7 Abandono de estabelecimento de recuperação iudicial, dando um voto de confiança ao devedor para mante! a
atividade
em frrncionamento.
Também pratica ato de falência o deyedo! emplesário que "ausenta-se sem deixar
Dentro dessa perspectiva, o devedor terá que cumprir as obrigaçôes previstas no
representânte habilitado e com recursos suficientes para pagar os credorês, abandona
plano, sob pena de se quebrar a con_âança depositada nele. Ademais, Àse
estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicÍlio, do local de sua sede ou de seu descumprimen-
to das obrigaçôes é suficiente para denotar a impossibilidade de superaçáo da ciise,
principal estabelecimento" (Lei n- 11.101/2005 - att. 94, Ill, J). Tais condutas denotam isto
é, ésuficiente para fazerpresumir uma insolvência irremediável do Jevedor. Desse modo,
claramente uma tentativa do devedor fugir das suas responsabilidades e, por isso, fazem
o descumplimento das obrigaçôes previstas no plano de recuperaçâo
presumir a insolvência do devedor, uma vez que é dever primordial de todo empresário iudicial também
representa um ato de falência.
se manter na condução dos seus negócios7{. Em qualquer uma delas, os credores ficam
impedidos matelialmente d€ exigir o pagamento que lhes é deúdo?s, denotando a impos- Se tal descumprimento ocorrer nos dois anos seguintes à concessão da recuperação
sibilidade de o devedor pagar suas obrigações76.
judicial, o juiz deverá de ofício, ou a requerimento, determinar
a convolação da iecupe-
ração em falência (Lei n. 11.101 /2005 - art. 61, s le). Ora, se nesse inÍcio o devedo;
iá
não se mostrou confiável, o melhor é nâo lhe dar mais o benefício da recuperação
72. MÀMEDE, Gladston. Dircito emprcsa al bruslleirot falêíala e rccupeIação de eniplesas. 2. ed. ,udicial
Sâo e resolver sua situação patrimodal por meio da falência.
Pâulo: Arlâs,2008, v.4, p. 319.
Trata-se de uma penalidade
pesada, mas que se justifica em razâo do grau de sacrifÍcio que
se impõe aos credores na
73. À8RÃô, Carlos Hentique. Inr ABRÂO, Cârlos H€üiquei TOLEDO, Pâulo F. C. Salles de (Coord.). Co- recuperaçâo judicial. Àpesar disso, é recomendável que o juiz dê mai5 uma chance
nentáfios à lel d,e recuperuçáo de êmprusas eÍalência. Sâo Paulor Saraiva, 2005, p. 236. de o
74. FERIEIRA, Waldeíner. Ttutddô de direito comercia]. Seo paulo: Sàtelve, 1965, v. 14,p.91.
75. CARVÂLHO DE MENDONÇÀ, l. X. Trutad.o dê diteito êoúercíal bresileiro, T, ed. Rio de leneiro: 77, MIRA\DA, Pontês de, Tratado d. dheito prírado. Cempinas: BoolGelleÍ 2m4, v. 28, p. Izt.
FreitaÉ Bastos, 1964. v. VII, p.251. 78. Idem, tbidem, p. 122.
76. LISBÔA, Lisândra Colettl. À nova lei de Íalências e os âtos fâlenci"i.. In,BÀTTELO, Sll,io ,"ui.r: 79. NÉGRÀO Rlca.do. Manual de díraito corfiercial e d.c.mpresa.4. ed. São paulo: Sarain.2009, v.3,
Princip^is corltrovérsias na novd lei defa!ências. Porto Àlegre Fabris, 2008, p. 215. p.2n.
360 i CURSO OE DIAEITO EMPFESÂBIAL
b) rejeição do plano de recuperação do devedor pela assembleia de credores, §€m Numa primeira leitura do art. 105 da Lei n. 11.10U20O5, vê-se o pedido de autofa-
âpresentação de plâno alternativo pelos credores ou se reieitado o plano apre-- lência como um dever do empresfuio 'tm crise econômico-Íinanceira que julgue não
sentado pelos credores; atender aos requisitos parâ pleitear sua recuperação iudiciall Contudo, não há nenhuma
c) descumprimento de obdgâçóes assumidas no plano de recupelaçâo, durante o sânção para a falta do pedido e, por isso, não se pode falar propriamente em um deye!
perÍodo de observação, Íixado pelo juiz, de até 2 ânos, contados do deferimen- iurídico de requerer a autofalência'. O que há é uma opção do deyedor.
to da recuperação;
A grande vantagem da autofalência é a demonstração da boa-fé do devedor empre-
sário que quer ver sua atividade regularmente ence(rada. Caso ele não providencie a
d) deliberação dos credores em assembleia;
autofalência e mesmo assim sua atividade seja encerrada, para alguns, pode se conÍigurar
a dissolução irregular como espécie de abuso de direito, apta a autorizar a desconsidera-
e) por descumprimento dos palcelamentos fazendários ou da transação prevista
çâo da personalidade jurídica.
no art. lo-C da Lei n. lo.522l 2OO2;
O TJMG já afirmou que "é da respoflsabilidade da empresa que esüver em dificul-
í) quando identúcado o ewaziamento patrimonial da devedora que implique li-
dades para cumprir com seus compromissos, buscar os mecanismos legais colocados à
quidação substancial da empresa, em prejuÍzo de credores nâo suieitos a recu- sua disposição, taG como a concoldata ou mesmo a autofalência, náo é possÍvel admitir-
peraçâo iudicÍâI, inclusive as Fazendas Públicas. se o encerruunento irreguJar de suas atiüdades, sem qualquer satisÍâÇão aos credoresB.
Nessas hipóteses, o juiz, de ofício ou a requerimento, decretará a falência no próprio Obvíamente, o pedido de autofalência não desconÍigura a dissolução irregular, quando
processo de recuperaçáo iudicial. Os credores su,eitos à recuperação não precisam ajui- for lealizado após a dilapidâção do pâtrimônio da sociedadea.
zar uma nova ação com o objetivo de decretar a falência do devedo., pois no processo de
recuperação judicial é que haverá essa decretâção, preenchendo-se o terceiro pressupos-
to da falência. 3.1 Legitimidade
Havendo a convolaçáo da recuperação em falência, os atos praticâdos durânte o
A autofalência pode ser requerida por quâlquer emplesário, inclusive pelos irregu-
perlodo de recuperação permanecerão válidos, desde que tenham obedecido à legislaçào,
lares, porquanto a lei exigiria apenas um devedor em crise que não cumpre as condições
De outro lado, a novação openda em relação aos créditos abrangidos no plano deixará
para a recuperação judicials. Àdemais, quando a Iei exige a provâ da condição de empre-
de produzir efeitos, isto é, os créditos retornarão às suas condiçóes originais, desde que
sário para autofalência, ela requer a iuntadâ de'tontlato sociâl ou estatuto em vigor ou,
ainda nào tenham sido extintos, Por fim, vale ressaltar que os créditos quirograÍários
se nâo houvet a indicaçáo de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens
suieitos à recuperação iudiciâl peltencentes a folnecedores de bens ou serviços que pessoais" (Lei n. 11.101/2005 - art. 105, tV). Ora, se a própria lei admite expressamente
continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperaçâo iudicial terão a ausênciâ de contrato social em uma sociedade que requer autofalência, está admitindo
Privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, no limite do vâlor o pedido de autofalência por empresários irregulares.
dos bens ou serviços fornecidos durante o período da recuperação (Lei n. 11.101/2005 -
Regular ou não, caso se.ia um empresário individual, trata-se de uma simples decisão
art. 67), inclusiye os serviços advocatÍcios para a propositura e acompanhamento da
da própria pessoa fÍsica. Ele, por si só, veriíicando a impossibilidade de supelação da clise,
recr-rperação )udicia.lr.
Z NEGRÁO, Ric.rdo..À{d fiual de dietto coúerclal e de .mpresd.4. ed. Seo pâulo: Ssreivá, 2009, v. 3, p. 282;
3 AutoÍalência CAMpÍNHO, Sérgio. Faré, cta . r.cup.raçào d. êmprcia; o novo rêgime de insolvência empresâÍiâI, 3. ed- Rio
de ,anelro: Renovar, 2008, p. 285j NÉRl, José Nsdi. ln: CORRÊA-LIM.,rI, Osmâr Brinâj CORRÊA LIMÂ,
Sérgio Mou!áo (Coord.) . Com.nt.trios à noya lei de Íaléúcla e recuperaçilo de emptesas. R|/o àe la ejflo. Eo-
A recuperaçâo iudicial é requerida pelo devedor que enteode que a crise é superável, rense, 2009, p. 802.
mas, Por vezes, o próprio devedor entende que a crise não pode ser solucionada. Ne§§e§
3, TJMG - OitN" Câmara CÍvel - Apelâção CÍvel n. \,O0OO.OO.27M??-9/OOO - Relator Desembârgadoí
casos, ele toma a iniciativa de requere! sua autofalência, como forma de liquidação iudi- PEDRO IÍXNRIQUIS, jutgamento em 3O-9-20o2, D,I de l3-6-2003.
cial do seu patrimônio. Trata-se de uma confissão da situação de insolvência e da impos- 4. TIDF - 2002015000ó0294PC, Relâtor ARNOLDO CÂMANHO DE ASSIS, 3. Turma Clvel, julgâdo em
sibilidade de superação desse estado. 26-9-2007 , Dl L7 -6-2008, p.71.
5. PERIN IÚNIOR, Êcio. Curso de direib Ídlbíentat ê recuperuçiro de e?rpresar 3. ed. Sáo pâulo: Método,
2006, p.93; FRÀNCq VeIe Helenâ de Mello.In: SOUZÀ JúMOR, Frarcisco Sáriro de; PITOMBO, Antônio
i. STI - REsp 136855o/SP, Rel. Minisrro LUIS FELIPE SAI"OMÁO, QUARTA TURMÀ, Julgedo em +10' Séryio de À. d€ Moraes (Cootd,). Com.nürios à lei de rccuperaçào de ernprcsas e.Íaléncta. S^o peúlot Revis-
2016, DIe 23-ll-2.OL6. t. dos Tribunais, 2005, p. 96.
364 CURSO DE OIÂEITO EMPFESARIAL DEcnEraçÀo Juorcrar DA rerÊrcn i 365
poderá requerer a autofalência, que terá o seu regular processamento. Nâo há Poderes Para 3.2 Pedido
os prepostos ledizarem tal requerimento, sendo essencial a decisão do próprio emPre§ário,
que poderá até ser representado, mas emuma representação conveocional, Por Procuração. Em todo caso, o devedor em crise econômico-financeira deverá expor as razóes da
impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, isto é, deverá expor a cau-
No caso das sociedades empresárias, o requelimento da autofalência será formula-
sa de pedir da âutofalência, Além disso, o pedido deyerá ser instruÍdo com uma sélie de
do pelos administradores. Todavia, não sê trata de um ato de gestão ordinária, cuia de-
documentos, elencados pelo art. 105 da Lei n. i 1.I01/2005:
cisâo compcte exclusivarnente a eles. O requerimento dependerá de Prévia mànifestação
da vontade da sociedade pelos sócios ou acionistas. I - demonstrâçóes contábeis referentes âos 3 (três) últimos exercÍcios sociais e as
Nas limitadas, a vontade social poderá ser expressa em reuniâo, em assembleia ou levantadas especialmente,para insttuir o pedido, confeccionadas com estrita ob-
em manifestação por escritô de todos os sócios. Em todo caso, o pedido só será po§§ÍYel servância da legislação societália aplicável e compostas obrigatoriamente de:
se contar com a deliberâçào favorável de sócios que representem mais da metâde do r) balanço patrimonial;
capital social (CC - art. 1.071, VIll c. c. 1.076, lt). Nas sociedades anônimas, delibera-
a
b) deàonstraçÁo de resultados acumulados;
ção deverá ser tomada em assembleia geral (Lei n. 6.404/76 - art. 122, lX) e será consi-
c) demonstração do resútado desde o último exercÍcio social;
derada aprovada pela maioria dos votos presentes.
d) relatório do fluxo de caixa;
Nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, a princÍpio, a decisâo
deverá decorrer da maioria absoluta dos votos computados de acordo com o capital social
ll - relaçáo nominal dos credores, indicendo endereço, importância, nehúeza e
(CC - arts. 1.010, 1,040 e 1.046). Contudo, tais sociedades possuem sócios de responsa- classficaçâo dos respectivos créditos;
bilidade ilimitada que também serão considerados falidos (Lei n. 11.101/2005 - art. 81). lll relação dos bens e dileitos que compôemo ativo, com a respectiva estimativa
Em razão disso, Adalberto Simão Filho fala que todos deverão assinar o pedido6. Ricardo de valor e documentos comprobatórios de propriedade;
Tepedino, por sua vez, afirma que todos os sócios devem se! ao menos ouvidosT, mas que lV - prova da condiçáo de empresárlo, conhato social ou estatuto em vigoi ou, se
a vontade da rnaioria prevâlece. Acreditamos que a razão está com o último, vale dizer, não houveç a indicaçáo de todosos sócio§, seus endereços e a relaçâo de seus bens
a nosso ver, prevalecerá a vontade da maioria, âdmitindo-se a oposição dos sócios que pessoais;
discordarem do cabimento da medida. V - os livlos obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei;
Em caso de urgência, o adminisirador poderá fazer o pedido de autofa.lência, mesmo VI - relação de seus administradores nos úlümos 5 (cinco) anos, com os respecti-
antes de qualquer deliberação. Nas sociedades ana)nimas, tal pedido deverá contar com vos endereços, suas funçóes e participaçào societália
a concordância do acionista controlador, convocando-se a assembleia geral imediâtamen-
Inicialmente, exige-se que o devedor apr€sente a prova da condição de empresário,
te, No caso das limitadas, tal pedido dependerá da concordâncru de sócios que represen-
com a juntada do estatuto ou contrato social em vigor. Tal exigência é feita na medida em
tem mais da metade do capital social.
que apenas empresários podem recorrer à autofalência, como meio de liquidaçáo patri-
Caso a sociedade já esteja em processo de liquidação, a legislação dá ao liquidante a monial diante de uma crise insupe!ável. Essa previsâo nâo impede, porém, que mesmo
competência para o requerimento da autofalência (CC - art. 1.103, VII; Lei n.6.444176 os empresários ilregulares façam o pedido de autofalência, podendo nesses casos apre-
- art. 210, VII). Contudo, pelos efeitos de tal pedido, exige-se a obediência das formal! sentar apenas a Íelaçeo de todos os sócÍos com os respectivos endereços e a relação de
dades prescritas para o tipo societário, com â deliberação pelos quóruns iá mencionados. seus bens pessoais.
Nas EIRELIs, o requerimento será feito pelo titular ou Pelo administrador, neste Gladston Mamede considera inconstitucional tal exigência no que tange aos bens
último caso com autorizaçáo do titular, pois nâo se trata de um âto especÍfico de gesteo. particulares dos sócios, na medida em que representaria umâ afronta à intimidade que
Ihes é assegurada constitucionalmentes. Contudo, a nosso yer, náo há qualquer inconsti-
tucionalidade nessa exigência paru a autofaléncia, uma vez que essa relação de bens só se
6. SIMÁO FIII-HO, Adâlberto. In: DE LUCCA, Newtoni SIMÁO FÍLHO, Adalberto (Coord,.). Cornektátíos
à nova leid. rucuperuçao de emprcsas e deÍalências. Sáo Paulo: QuadieÍ LÂtin, 2005, p. 467.
7. TEPEDINO RicâÍdo. In: ÁBRÁO, Cerlos Henrique; TOLEDO Paulo F. C. S?-]les de (CooÍd.t. Comentáríos 8. MÀMEDE, Gladston Dircito.mprcsafial brasileiro: falência e recuperaçáo de empresas. 2. ed. Sáo
à lei de rccuperaçilo de .mpftsas eÍauncia. Seo Paulor Sâraiva, 2005, p. 287. Pâulo: Atles, 2008, v. 4, p. 353,
r-.
aplica a sociedades sem legistro, nas quais os sócios também serão considerados Náo atendida a emenda, processualmente a medida deveria ser o indeferímento da
falidos
(Lei n. 11.101/2005
- art.81). petição inicialtt. Entretanto, boa parte da doutrina assevera que não se deveria cogitar de
Além disso, exige-se a demonstração dâ situação econômico-financeira do devedor indeferimento da inicial, desde que presentes os elementos necessários para se aferir a
com a apresentação da relação descritiva de seus bens, com a respectiva necessidade da autofalência (existênciâ de credores, confissão da crise e impossibilidade
estimatiya de
valor e documentos comprobatórios de propriedade. De outro ladà, de prosseguimento da atiyidade)r'. A nosso ve! porém, nesses casos, o juiz pode dispensar
exige-se também a
relação nominal dos credores, com a indicaçâo do endereço, do valor o documento e dar prosseguimento ao pedido, mas não simplesmente ignorar a ausência
eàa classificação
dos créditos, permitindo, assim, uma comparação entre o ativo e o passivo. de algum documeoto. Caso não haia essa dispensa especÍfica, por nâo haver prejuízo para
Exige-se ainda a apresentação das demonstrações financeiras, dos livros o andamento do processo, o juiz deverá efetivamente indeferir a petição inicial.
e demais
documentos contábeis do devedor a fim de que seja possivel inyestigar Cumpridos os requisitos e regularmente instruída a petição inicial, o iuiz deverá
os atos que acâ_
baram gerando a crise, que culminou no pedido de autofalência,
desfãzendo aqueles atos receber o pedido e determinar o seu rêgular processamento, No processamento da au-
que possam ser considerados ineficazes ern relâção à massa tofa.lência náo há preyisão de citação a ser realizada. Todavia, se o pedido de faiência se
falida. Neste pàrticular,
devem ser entregues em iuizo todos os livros obrigatório§, as demonstraçôes contábeis deu sem a concordâÍrcia de todos os sócios solidária e ilimitadamente responsáveis, deve-
dos riLltimos três exercÍcios e demonstraçóes leva-ntadas especi.ffcamente para
â instrução se promover e citação desses sócios para que possam eventualmente contestar o pedidoir.
do pedido de autofalência: (u) balanço patrimonial; (b) demonstraçaã de resultados i
Àpesar da ausência de previsáo nesse sentido, como tais sócios também são corciderados
acumulados; (c) demonstração Jo resultado desde o úlümo exercício
social; e (d) reta_ fúdos, é natural que eles seiam ao menos ouvidos pelo jú2.
tório de fluxo de caixa. Nada rnrpede a Sócios - que não são considerados falidos e credores nâo sào citaclr: nâ autofa-
iuntada de outros documentos contábeis para -
melhor informar os credores. para microempresas e empresas de pequeno porte, pode Iência, mas podem apresentar oposição ao requerimento. Tal oposiçào deye (lizer respei-
ser apresentada a escrituraçâosimplificada que lhe é permitida. to à falta dos pressupostos da falência ou à eventual possibüidade de superaçáo da crise
Dentro da mesma perspectiva, também deve ser apresentada a relaÇão dos âdminis- e continuação da atividadela. Caberá ao juiz, nesse caso, âpreciar as razôes levantadas e
-
tredores dos últimos cinco anos, com os respectivos endereços, funçôes participaÇôes
e
decidir pela decretação ou denegaçâo da falência.
societária§, para que se avalie o que efetivamente ocorreu com a sociedade que Com ou sem oposição, caberá ao juiz verificar a presença dos pressupostos da fa-
teve que
lançar mão da autofalência. A ideia é investigar o que foi realízado e responsabilizar quem lência e, se for o caso, decrerá-la por meio de sentença que obedecerá aos requisitos do
tiver algumâ responsabilidade pessoa.l pelos prejuízos causados. art. 99 da Lei n. 11.10f/20O5. A partir da decretação, não há qualquer diferença entre â
autofalência e a falência requerida po! credores. Até essa decretação, é possível que o
devedor se retrate e desista do pedido de autofalênciaL'.
3.3 Procedimento
§uizado o pcdido de autrÍ'alência, por meio de advogado dotado de poderes especiaisr, Lf. CÀMPINHO, Sérgio. Fdlénéla c rcaapcraçào d. .mpresat o noto .egime de insolvêôciâ empresadâL 3.
€d Rio derâneiro: R€novar,2OO8. p.285t NÉRl, rosé Nadi. tn: CORRÊ^-LIMÀ, Osrnâr Brina; CORRÊ,\ LIMÀ,
o iuiz verfica!á o cumprimento dos lequjsitos e a regul.r instrução do pedido. Havendo
Sêrgio Mourão (Coord.) , Comentários à nova lei de Íalêhcia e rêcuperaçdo de emprcsas. R|,o de laíeirot Ío-
a.lguma falha, deverá ser determinada a emenda à petição inicial para o prosseguimento do reüe, 2009, p. 809i CAMPOS BATAIHA,, Vilson de Souza: RODRIGUES NETTO, Nelsoni RODRTGUES
feito. Eventualmente a falha p<.rderá ser relev-ada, caso nào haia jreyuízá para NETTO, Sfr'la Mada Lâbate Batal}:ll Comentários à U de rc.upera?ào judicial de cnpresas e falência. 4. ed.
o bom anda_
São Paulo: LTr, 2007, p. 165r BEZERR FÍLHO Mânodlvstino. Lei de r.cuperução de cmpretas êÍalêncí*
mento do feito, como quando os dados do documento que náo ioi yuÀtado possanr
ser comentad.d.. 4, ed. SZo Pâulo: Revilta dos Tlibuneit, 2OO7 , p. 278.
obtidos em oukos documentos que foramiuntados. Assim, caso o devedor não
apresente 12. NEGRÂO, Ricardo.Maiualdcdireito coíteíciat.d. crnpresa,4.ed.Sào Par o: Sâralva,2009, v 3, p.285;
o balanço patrimonial separado, mas indique os dados contábeis necessários
nos rivros, FRANCO, Verâ Helenâ de M€llo. In: SOUZ.{ JúN'IOR, Francisco Sáttuo dêi PITOMBO, Àntôdo Sérgio de
pode se dispensar a aplesentação. Do mesmo modo, quando nâo houver À. de Moraes (Coord.). Co mentittios à lel de t cuperaçào de etfiprêtds e falá1cia. S:to Paulor Rêvistâ dos Tri-
mais caixa para a
realização das demonstrações ex.igidas especficamente para a instrução do pedidoro. bunâis,2005, p.420i COELHO, Fábio L'lhoâ. Co mentários à nova lei deÍalêicías e rccupcn çito de ernprsas.
São Paulo: Sârâiv-a, 2005, p. 295.
13. TEPEDINO, Ricardo, ln: ABRÀO, Carlos Henrique; TOLEDO, paulo F. C. SÀllês de (Coord.). Carnêri-
ll*PlJl"-r::19nuate di dçittolduimé,lrará. 6. ed. Milano: Giúfrê, 2002, p. 86; SrMÁO FTLHO, tálios à lei de rccupercçilo dê ehÍprcsas eÍaléncia. Sáo Paulo: Sarei , 2005, p. 291.
?. ,,l
Addberto. In: DE LUCCA, NewroE SIMÃo FILHO, Ádelberto (Coord.).
Co mentáriàs à nova lei de recupe- 14, TEPEDINq Ricardo. In: Cerlos Henriquej TOLEDO, Paulo F, C. Sâlles de (Coord.). Comáft -
raçáo de cmpreus e de fará,r.la§. Sáo paulor ^BRÃqe Íalência. São Paulo: Sarai!ã, 2OOS, p. 291.
euartiêr Ladn, 2OOS; p. 467. tátios à ki de rucupetação de empresas
10. TEPEDINO Ricardo. ln:ABRÁO, Carlos Henriqu€i TOLEDO peulo Ê C. Salles de (Coord.). Cornrr- r5. COELHO, fábio Ulho . Comcntários à nova lel de e rccupetução de emprcsa' Seo Paúo:
tários à lei de rccuperaçào de empresas eÍalência. Sâo iâulo: Sârâiva, Íalàncias
2OOS, p. 292. Seraivâ, 2005, p. 295.
368 CUBSO D€ OIREÍTO EMPBESAAIAL
pÊcBETAÇÂo JUDlclaL DA FArelcra
i 36g
4 Pedido de falência eventua.l depósito elisivors. A nosso ver, porém, não há qualquer lestrição para
o tihrlar
de créditos úncendos, nâ medida em que a lei exige apenas a qualidade de ciedor
Além da iniciativa do próprio devedoc a faléncia também poderá ser decretada em ea
çomprovaçâo da insolvência do devedor empresário. Àinda que se trate de um
processos aiúzados por terceiros. Nesses casos, falamos em pedido de íalência para iden- crédito
ilíquido, vincendo ou mesmo condicional, o credor terá a legitimidade para formular
tificar esse processo iniciado por terceiros com o objetivo de verificar a presença dos dois o
pedido de falênciatr. Nâo se dispensa aqui a comprovaçào dJnsolvência, que
primeiros pressupostos e decretar a falência, caso não exista nenhum fato impeditiyo. poderá se
dar por um protesto emprestado ou pela certidão de processo movido por outro
credor.
I O que se quer dizer aqui é que pÍesentes os demais pressupostoi, qualquer credor,
' inclu-
sive o tihrlar de crédito vincendo, terá legitimidade ativa
4.1 Legitinidade ativa o iara íeito.
í
I
O pedido de falência não pode ser apresentado por qua.lquer pessoa, mas apenas
pelas pessoas autorizadas pela leuislação para a formulaçâo desse pedido. 4.1.1.2 Credorempresário
Caso se trate de credor empresário, este deverá anexar ao pedido
de falência prova
de que exerce regularmente a empresa (certidáo da
4.1.1 0ualquer credor I
Junta cornerciar). Tratâ-se de uma
restriçáo à atuação de empresfuios irregulare§, com a intençào de incentivâr
ainda mais
Tendo em üsta os objetivos da falência, obviamente quem tem maiE interesse nessa a regularização do exercÍcio da atMdade, vale dizer, é um
meio inditeto de incentivar a
I
medida são os credores e, por conseguinte, eles naturalmente têm legitimidade para regu.larizaçào das atividades empresariaisrc.
ajuizar o pedido de falência. Nos termos literais do afi.97,LV, da Lei n. 11.101/2005, l
qualquer credor está legitimado para fbrmular o pedido de falência. Em todo caso, ele i
deverá comprovar essa condição de credor, apresentando o título dessa obrigaçâo, ainda
4.1.1.3 Credor domiciliado Íora do Brasil
que se trate de obrigaçâo náo vencida, abrangendo inclusive os credores trabalhistasr6. I De outro lado, caso se trate de credor domiciliado fora do
Brasil, deverá prestar
Desse modo, a legitimidade toca aos cledores empresfuios, aos cledores civis, aos caução pelas custas do processo e pela indenização em câso
de pedido de má-fé. A nos_
residentes no paÍs ou no exterior. 'fambém não se faz qualquer exigência de valor para so vet a caução também deve abranger os eventuais
I honorários devidos nesse processo.
que o credor tenha legitimidade, isto é, qualquer que seja o valor a receber, o credor terá, Em todo caso, a_ caução será fixada pelo
I iuiz poÍ estimativa, para permitir o prossegui_
a princÍpio, a legitimidade para fazer o pedido de falência, porquanto é apenas na confi- mento do pedido: Nolmalmente será fixada em dinheiro, mas
! n.ada impede que seja
guração da impontualidade que há essa exígência de valor. Naturalmente, por falta de rea.lizada em bens ou mesmo
por meio de uma carta de fiança.
l
interesse de agir, aqueles titulares apenas de obrigaçóes que nâo podem ser exigidas na Pela aplicação subsidiária do CpC/201S (ârt. g3), há quem
I entenda que é possÍvel
falência (Lei n. 11.101/2005 - art. 5p) não seIão legitimadosrT. dispensar essa caução, quando o credor tiver bens lmOu"i,,itu.aor
rro Brasil, livres e
I desembaraçados, suficientes para cobrir as custas e
a eventual indenizaçaorr. De outro
j
lado, há quem entenda que pela especialidade da Lei de Falências, não há que se cogitar Ocorre que, com a Lei n. l4.ll2l2.O2}, supera-se essa discussão, na
medida em que
dessa dispensa da cauçâo2. A nosso ver, a mzão está com os primeiros, uma vez que não cria um mecaíismo de submissào dos créditos da fazenda pública
§e
haveria nenhuma especificidade no processo de falência que aÍastâsse o regime geral do à falência com o
incidente de dassificação de crédito público (Lei n. ll.LOll2O2O _ aÍr.7rA),
CPC sobre a caução. no qual se
prevê inclusive a suspensâo das execuções fiscais até o encerramento
Ressalte-se, por 6m, que será dispensada a caução em relação aos credores domicilia- da falência (Lei n.
11.l0rl2o20 - art 7z-4, s 4", v). com esses rimites, vislumbramos maiores dificuldades
dos na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, em razão do ârt. ,le do Protocolo de Coope-
para reconhecer uma iàlta de interesse da fazenda pública, no pedido
raçâo € Assistêncla JuÍisdiciona.l promulgado pelo Decreto n..2.057/96. Outros acordos de de falência, espe_
cialmente porque não haverá a opção de continuação das execuçóes fiscais.
cooperação firmados pekl lirasil podem dispensar a caução em relação a outros países. Âssim,
acredita-se que a melhor solução agora é o reconhecimento da legitimidade
ativa do
fisco para o pedido de f.rlência.
4.1.1.4 Credores Íiscais
Fora dessas condicionantes, não hú, a princípio, restriçâo da legitimidade dos cre- 4.1,2 Herdeiros, inventariante e cônjuge sobràvivente
dores pela natureza do crédito. Assim, não há qualquer restrição para o aiuizamento do
pedido de falência, mesmo para credores com gaEntia real e trabalhistâs. Contudo, para No caso do espólio do empresário indiüdual, o pedido de falência
também poderá
os credores fucais surgiu uma graÍlde discussão. ser formulado pelos herdeiros, pelo Ínventariante e pelo côniuge sobreúvente,
sem qual_
A favor da legrtimação da Fazenda PubLicaa, alegava-se o interesse da Fazenda nos quer ordem entre eles26, na medida em que tais suieitos
têm interesse na soluçáo da si-
remédios peculiares ao processo falimentâr. Contla a legitimidade alega-se a falta de tuação patrimonial do espólio do devedor empresário que se mostre
interesse de agir2a, na medida em que o fisco já teria a execuçáo fiscal como meio eficien- insolvente. Embora
não seia muito usual a faléncia do espólio individual, o pedido possÍvel
te para a satisfaçáo dos seus créditos. Neste ponto, a matéria parece ter sido pacificada é para deixar a
liquidaçâo patrimonial a cargo do poder
no âmbito da 2! Seçáo do ST|'s, a qual proclamou, por maioria, a ile!{itiuridade da Fazen- iudiciário, desde que comprovada a insolvência
jurÍdica do espólio, em qualquer uma das modaridades previstas
da Pública para o requerimento da falência. no art. ,)4 da Lei n.
11.101/2005. Registre-se que tal legitimação é assegurada apenas
em relaçuo ao empre_
sário individual, náo abrangeodo, por exemplo, herdeiros de
um sócio27.
SÂo Peulol Campus, 2008, p, 25, LOPES, Brâulio Lísboa, Atpectos tribütátias daÍalén.iu e da recuperaçlo àe
O inventariante é "a pessoa designada por lei e nomeada nos autos
enprcra§. Sáo Pâulor Quârtier Latin, 2008, p. «)5 do inventário
para representar o espólio, ativa e passivamente,
22. CAMPINHO, Sérgio. Faléncia e recupcíação de empresa: o noto rcgime de insolvênciâ empresatial. 3. tanto emiuÍzo (art.75, VU do CpC/2015)
ed. Rio de ,eneiro: Renovâr, 2008, p. 289. quanto fora dele, e proceder à relação dos bens e dos
herdeilos"1s. A atuaçáo dele con_
23. SAIOMÁO, Luis Felipe. A novâ lei Lre .ecuperaçâo de empresas: a declaração judicirl dr falência € a siste essencialmente na administraçâo dos bens do espólio
até o fim do processo. Caso
qüebíâ r€qu€rida pêlo próprio devedor (L!i 11.lol, de 9 d€ f€vereiro de 2005). ln: SANTos, Paulo Penalva ele constate a insolvência do empresário individual
falecido, não haverá patrimônio a
lcootl). A nova lêi d.eÍalências e dc rccuperuçdo de emprcsas: Lei ll.l0l l2@5. Rio de ,aneiro: Forenr€, 2006, ser partilhado e, por isso, ele poderá requerer a falência
p.201; AIMETDÀ, AmâdoÍ Paes de, Curso deIalência e conco ata.18. ed" 5ão Pâulo: SaÍaivâ,2000, P.61; para que se promova a liqui-
STI - 3r Tu.rma - Resp 10660, Relato! Ministro COSTA LEÍ18., Dl d.e t2-t2-t995; LOBÀTO, Morcl daçâo judicial desse patrimônio. para os deyedores nao
emprásários, o inventariatte
il cia e recuperuçdo, BeIo Horizonte: Del Rey, 2007, p, 18 2r FAZZIO IÚNIOR, wâldo. Nova lei de Íalê .ia também tem a competência para requerer a insolvência
recupctuçiio de.mprcsas. São Peu.lo: Àtlas, 2005, p. 252, civii do espólio (CpCl2OtS _
art. 618, VIII).
24. REQUIÁO Ruben§. cutso dedircitoÍalimeiú4^ 17. ed. sào Paulo: S.rÀiva, 1998, v, L p. 1o9; R,4 MALHo.
'
Rúbeí. Curso teórico e prátko deÍaléncias e concorilaúaJ. Sâo Paulo: Salaivâ, 1984, p.96i CÁ.MPINHO, Sérglo. Caso os herdeilos verifiquem a insolvência também lhes
é atribuída a legitimaçáo
Faléncl,a e rccuperuçila .le empresdi o novo regifie de insolvênciâ emplesarial. 3. êd. Rio de laneiro: o pedido de falência, para que se promova a liquidação judicial
ara
do patrimônio do
empresário falecido. No regime anterior, havia uma
Sâo Paulo: Campus, 2008 discussão se o pedido teria que ser
enpresas. Sáo Peulor Quartier Latin, 2oo8, p.
preia,4. ed. Sáo Pâulo: Sârâive, 2009, v. 3, p. 55.
feito por todos'1e os herdeiros em coniunlo ou se umr deles já teria â legitimidade' Ahral-- PaÍa parte da doutrina, tal restrição temporal aplica-se apenas aos pedidos formu-
lados por credores3e, uma vez que ela se inserà em dispositivo especÍfico para defesas que
mente, qualquer dúvida foi afastada, uma vez que o art. 97 da Lei n. 11.101/2005 se refe-
podem ser apresentadas diante do Pedido de falência, isto é, o côniuge sobrevivente, o
re explessamente a qualquer herdeiro.
inventariante e os herdeiros Poderão requerer a falência do espólio mesmo após esse
Também se atribú a legitimação ao côniuge sobreüvente pelos mesmos motivos acim; prazo de um anoe, desde que presentes os demais pre§supostos da falênciâ. A nosso ver,
mencionados, No regime anterior, alguns autores3l condicionavam a legitimidade do côn- porém, trata-se de uma restrição geral estabelecida Para qualguer hipótese de falência'
juge à prova do seu interesse econômico e ouhos dispensavam essa prova32. Vera Helena d6 Gladston Mamede aíirma que se o pedido for feito poi todos os credores e pelo
Mello Franco mantém a exigência da prova do interesse econômico3. À nosso ver, como o côniuge meeiro se tlataria de uma autofalênciaar. Outros autores entendem que o pedid<l
cônjuge é herdeiro necesúrio (CC art. I.845), esta discussão está superada, pois semprs fêito pelo côniuge, pelos herdeiros ou pelo inventaliante sempre será uma au[ofâlênciair'
-
haverá o interesse econômico, além do que a lei não faz qualquer condicionante para esse
A nosso ver, porém, a hiPótese é distinta, uma vez que há um dispositivo separado para
a legitimaçáo do próprio devedor. Ademais, na autofalência Prevê-se que aPós a decre-
tegitimadoy. Pela similaridade de interesses econôniicos, deve-se reconhecer essa legitima-
taçáo o processo seguirá as mesmas regras da falência decretada a pedido dos demais
çâo também para o companheiro, desde que deúdament€ comProv-àda es§a condiçÀo$. legitimados (Lei n. 1I.10I/2005 - art. 107, parágrafo único), inclu§ive inventariãnte,
Em todo caso, a decretaçáo da falência do espólio se submete a um prazo decaden- côniuge e herdeiÍos, denotando que sâo hiPóte§es distinta§.
cial* de um ano a contar da morte do emPlesário (Lei n. 11.101/2005 - art.96, § 1e).
Registle-se que o prazo máximo é fixado em relação à decretação da fa.lência e náo ao
pedido, embora Sérgio Campinho entenda que esse p razo deve ser estabelecido em re-
4.1.3 Sócios ou acionistas
lação ao pedido de falênciai7. A nosso ver, porém, o texto literal do dispositivo exige que Por derradeiro, é ass( surada ao§ §ócio§ ou acioni§tas das §ociedades empresárias a
essa contagem seia feita em relação à decretação33 e nào ao pedido. te8ítimidade para (equerer a fâlência das sociedades de que fâçam parte. Não se trala de
autofalência, mas de atuação dos sócios ou acionistas em nome próprio, como meio de
defesa contra dilapidaçào do patrimônio social ou aumento de sua resPonsabilidade,
29, REQUIÁO, Ruben s. curso de diieito Íalin n idr 17. ed. Sào Pâulor SaEivâ, 1998, v. 1, p. 104.
decorrente da má conduta de administradore§ e dos demais sócios. Obviamente, tal le-
30. VÀLVERDE, Traia de Mi:3:nda. Comêrttários à l.i de Íalêr1êias.4, ed Rio d€ ,âneito: Fotense Univer'
^o
§itária, 199, v. 1, p. I;3; PÀCHÊCO, losé da Silva. Proce\so deÍalênciz e concoúata.9. ed, Rio de laoeilol gitimação para agir em nome próPrio será útil ao§ sócios minoritários,Pois os controla-
Revista Forense, 1999, p.66. dores têm a possibilidade de deliberar o pedido de autofalência. Tal Pútica não tem sido
31. TZIRULMK, Luiz. Dlr.ito falimentar. 3. ed.5ão Pâulo: Revistâ dos Tribunaís, 1999, P. ToiVAI\|ER- comum, pois os sócios ou acionista§ têm preferido se retirar da sociedade€.
DE, Trâjano de Miranda. Coménkiíios à tei de fali,.i4r. 4. ed. Rio de lenefo: Forense UniversiiíÍiâ, 199,
v l, p. 153. Apesar da mençáo apenas a quotistâs ou acioni§tas, que deootaria a aplicação desse
32. A3RÃO, Nêkon. Crrso de dneibJaLiãeiuL4. ed. Sáo Peulo: Revista dot Tribunáis, 1993, P.73 dispositivo apenas a sócios de limitadas e acioni§tas de sociedades anônimas e coman-
33. FR.L\CO Vêrà Hêlena de Mello, tn: SOUZA IÚMOR, Fr.ncl§.o Sátirc dê, PITOMBO, Àrt6nio Sérgio
de A. de MoÍâe6 (Cootd-). Come tários à lei d.c recuPetuçiio de .mprctas a/aÍ&cia. Sáo Paulor Revista do§ '
39. VAMPRÉ, spencer Traudo étàãcrítaÍ dc diíêito co,neÍxid.niodele éjtoi F. Brigui€t, 1925, v Íll, P' I82;
TÍibúneis, 2005, p. ,IO5.
FRANCO, vera Helenâ de Mello ln: SOUZA ItJMoR. Fr.Jlcilco Sátlro de; PITOMBo, Antônio Sérgio de
34. CAMPINHo, sérgio. Fatência e tê.upefiçdo de empresa: o novo regim€ de in§olvência empresslial 3' A, de Moraes (Coo!d.). Co ment"ítios à ki de recuperaçào de et Prera\ e Ífulrrcld. Sáo Pâulol Revistâ dos
'I'ri'
ed. Rio de lsneiro: Renovar, 2008, p. 287. bueis, 2005, p. aO4.
35. PÁJIENTONI, Leonardo N€tto; GUIMARÂES, Refael Couto. In: CORRÊÀ-LlMÀ, O6mâr Brina; COR- 40. NEGRÃO Ricârdo. Md.iual de dlrcito comcrctdl e de oíprcsa 4. ed.Sào Pâüor Sâraiva, 2009, v. 3, P 43;
RÊA LIMÀ, Sérgio Mou úo (Cootd.). Comentátlos à nova lei de Ídlê cia e recúPeruçáo de ehpresas Rio Ae FRANCO, Vera Hêlêna de Mello. I
SOUZA JÚN[ÔR, Francisco SátiÍo dei PITOMBO, Àrtônto Sérgio de
,aneiro: forense, 2009, p.708. A. de Morâes (Coord.). Co m.nthíos à leí de rccupetuçao dé cmPrurat e Ídlênêk. Sáo Pâulq Ílevistâ dos Tri-
I
3ó. AMBROSIM, Stetano, CÀVÀLLI, Stefano,,ORIO Àlberto. ?rarra,o di diritto co mêrciale' Pedo't^l buneis, 2005, p. 4O1.
CEDAM, 2009, v. xl, r. 2, p. 68i REQUIÂo, Rubens. Cursô de d.iftitoÍalimen ,ar. 17. ed. São Paulo: Sâraivâ,
41. MÀMEDE, Gladstoí't. Diíeito afipresari\l brasileíro; faJ,ência ê racuPeraçâo d€ emPrelas. 2. ed. Sáo
1998, v. I, p.51.
Peulo: Atlâs, 2008, v. 4, p. 347.
37. CÂMPNHq Sé!çio. FdléncíL c rêcuP.raçdo de cmpresd, o noeo regim€ de insolvênclâ
42. NEGRÃO, Ricardo. Mdiual de dirclto comercial e de émPresa.4, ed. Sáo Paulo: Sârâiva,2009, v, 3,
3. ed. Rio dê raneilor Resovar,2008, p, 19.
p. 286.
38. STF - RE 23ús, Relator(a): Min. NELSON HUNGRIA, PRIMEIRA TURMÀ, iulgedo em 6-5-1954: {3. COELHO, Fábio Ulhoa. Cuno ,le ilireito coríe,'.ral. 8. ed. Sáo Pâulo: Sâraiva, 2008, v. 3, p 259.
ADI Data 1-8-1955, p.2570, Er,r,e t,,\t.179-02, p.7o9
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ditas por açôes, essa legitimaçâo caberá aos sócios de qualquer sociedade emPresfuiâ+, do adminisúativo dos negócios€, posição esta prevalecente na iurisprudência. Outro§
inclusive das sociedades em nome coletivo e em comandita simPles. Me§mo nas §ocie- autores, a nosso vet com razão, entendem que o principal estabelecimento é aquele de
dades em comum, os sócios têm essa legitimidade, desde que comprovem a existência mais importância econômicas.
da sociedade por escrito (CC - art. 987). Contudo, na sociedade em conta de participa-
ção nâo há o exercÍcio de atividade empresarial e, por isso, náo se Pode cogitar de legiti-
rnidade do sócio para o pedido, pois tal sociedade não está sujeita à fâlência.
4.3 Despacho inicial e citação
Gladston Mamede restringe tal legitimação ao pedido baseado em atos de falência, Âjuizado o pedido de falência, caberá verificar a regularidade formàl da petição e
na medida em que o sócio não ostentaria a condição de credor pam requerer, ainda que sua regular instrução, devendo mandar sanar eventuais irregularidades, podendo in-
com base em créditos de terceiros, a falência como fundamento na impontualidade ou na clusive indeferir a petição inicial no caso de não correção. Estando a petiçâo formal-
execução frustrada'5. Trajano de Miranda Valverde entende não haver restrição de fun- mente adequada e regularmente instríÍda, o;uiz deverá determinar lr citação do re-
damentação para esse pedido6. A nosso vec a lei efetivamente não faz essa restriçâo. querido e, caso se trate de pedido de falência, baseado na impontualidade ou na
Mesmo nas hipóteses de atos de falência ou de execuçáo frustrada, os sócios ou acionista§ execução frustrada, o juiz deverá fixar imediatamente os honorários, considerando a
podem ter intere§se nâ decretaçâo da falência Para afastar sua eventual responsabilidade. possibilidade do depósito elisivo (Lei n. 11.101/2005 - art. 98, parágrafo único). Even-
No entanto, há que se reconhecer que caso o pedido rePresente um abu§o por parte do tualmente, no caso de credor domiciliado fora do país, esse despacho inicial também
sócio ou acionjsta, isso poderá ensejar inclusive sua exdusáo do quadlo 6ociâl (cC - arts. deverá fixar a caução a ser prestada.
1.030 e 1.085) ou a suspensão dos seus direitos nâs §ociedades por açÔes (Lei n.6.404/76 - Ressalvada a eventual necessidade da cauçâo, o próximo passrl rro procedimento do
art. 120). pedido de falência será a citação do devedor e dos eventuais sócios de responsabiüdade
O STÉ, no regime anterior, chegou a dizer que "o acionista, quando requer a falência ilimitada para apresentar contestação no prazo de l0 dias. A legislação, a princÍpio, rláo
da sociedade de que faz parte, nessa qualidade, deve provar o interesse moral que tem define a forma de realizaçâo dessa citaçâo, de modo surge umâ divergência.
para fazêJo"'7, Contudo, o teor da legislaçâo não deixa margem Para esse tipo de discus- Alguns autorcs,r asseyeram a possibilidade de realizaçáo da citação por todos os
são atualmente, apenas exigindo a condição de sócio ou acionista Pâra o Pedido, meios admitidos pelo CPC, vale dizer, por meio postal, por hora certa, por oficial de
iustiça e até por edital, quando o devedor se encontrar em Iocal incerto e não sabido. Eles
invocam a falta de determinação especÍfica na legislação falim€ntar e a própria âplicação
4.2 Juízo competente subsidiária do CPC. Outros,2, a nosso ver com !azão, entendem que a citação só poderá
ser realizada por oficial de iul ií;a ou eventualmente por edital, na medida em que o
O pedido de falência deve ser formulado por quem tem legitimidade perante o,uÍzo
da cilcunscriçáo judicial do principal estabelecimento do devedor ou da Íilial do empre-
sário que tenha sede tbrado país (Lei n. 11.101/2005 -art 3s). Comoiá mencionado, há 49. Poí todos: VÁ.LVÊRDE, frejano de Mirandr - Cor êitdrios à lêi delarircids.4. €d. Rro Je raneÍro: Foren-
Universit&ia, 1999, v. l, p.
uma divergência sobre a interpretação dessa exPÍessão. Há quem §ustente que o pÍinciPal
se 138.
pedido de falência representaria uma espécie peculiar de processo de execuçáo, no qual defensores dessa tese, a má-fé envolúda nesses atos seria incompaúvel com a possibili-
não se admite, em regra, a citaçâo por via postal, nem a citação Por hora certa. dade da recuperação iudiciat. De outro lado, há quem a admita em todos os casos de
Dentro dessa perspectiva, após o despacho inicial deverá ser expedido mandado de pedido de falências. Ricardo Negrão restringe sua aplicâção ao pedido fundado na im-
citaçâo. parâ ser cumprido por oficial de justiça. Caso o devedor não seja encontrado e pontualidade, diante da preyisáo como matéria de defesa no art.96 da Lei n, 11.101/2005s.
sejam realizadas as diligências necessárias na sua locâlizaçáo será possÍvel a citação por À nosso ver, o pedido de recuperação judicial deve ser admitido nos casos de im-
edital. Neste caso, o prazo doedital deverá ser Íixado pelojuiz entre 20 e 6odias (CPC/201§ pontualidade e de execução frustrada, desde que envolvendo credores que possam ser
- aft,257, tll)s. Àém disso, no caso da citaçâo editalÍcia deverá haver a nomeaçâo de abrangidos pela recuperação judicial. Além da convolação da recuperação judicial em
curador especial para o devedor (CPC/2}l't - arf.72,ll), qtalquer que seja o fundamen- falência, o art. 73, parágrafo único, da Lei n. 11.101/2005 admite a decretação da falên-
to do pedido de falência. ciâ por tais fundamentos (impontuâlidade e execução frustrada) apenas em relação a
credores nâo abrangidos pela recuperação. Assim, em relaçâo aos créditos abrangidos
pela recuperação nâo seria possível a decretação da falência por tais motivos. Já no caso
4.4 Posturas do devedor dos atos de falência, efetivamente náo se pode admitir o pedido de recuperação, por-
quanto, mesmo depois dâ lecuperação, a falência poderá ser normalmente decretada
Realizada a citação, o caminho do pedido de falência depende!á da postura adotada
pelo devedor, uma vez que a lei lhe dá diversas opÇôes que podem até preiudicar o Pedi- POr esse motivo,
do. Uma vez citado, o devedor poderá: Em todo caso, o art. 95 da Lei n. 11.101/2005 afuma que esse pedido deve ser apre-
sentado no prazo da contestação (10 dias contados da citação). Para alguns, esse prazo é
. apresentar pedido de recuperação judicial; fatal, não sendo admissível qualquer pedido de recuperaçeo após o prazo da contestaçáot.
. efetua! o depósito elisivo, com ou sem contestação; Outros, a nosso ver com razáo, concluem que tal prazo não é fatal, uma vez que enquan-
. to nâo for decretada a falência o devedor poderá preencher os requisitos para fazer o
contestar o pedido no prazo de 10 dias;
pedido de recuperaçãos3. Tal prazo servirá apenâ5 pala obstar imediatãrnente o prosse-
. Íicar inerte; guimento desse pedido de faléncia.
. reconhecer o pedido. Ao se aÍirmar que o pedido de recuperaçáo no prazo da contestação obsta o pros-
A depender da postura adolada, o processo tomará rumos distintos seguimento do pedido de falêncía, estamos falando de simples suspensâo ou de extinÇão
do pedido? Parte da doutrinate assevera que ta.l prazo servirá para que o pedido de re-
cuperação imediatamente suspenda o trâmite do pedido de falência, desde que devida-
4.4.1 Pedido de recuperação iudicial
sentação de um pedido de recuperaçáo judicial. Se o devedor reconhecer que está Pas- 55. VIGIL NETO, Luiz lr.kio. Teoria Íaüríentar t rcgimes rccup.tutórioi PoÍto Aleg.€: Livrariâ do Advo-
gado, 2008, p. 2l4i PACHICO, losé da Silva. Procás so de recup.rdçáo iudkial ertrajudicidl elalênÉia.2. eà.
sando por uma crise econômico-financeira que pode ser suPerada, dá-se a ele â possibi- Rio de ianeúo: ForênEe, 2007, p. 237, BEZERRÂ FILHO, Menoel Justino. Iei de rccuperaçAo d.e empresas e
lidade de tentar superar essa crise (Lei n. 11.101/2005 - art. 95). Com essa medida, o _lttié,1cizt con ntaád.4. êd São P.ulo: R€vista dos Tribun.i§, 2m7, p. 253i Ctu\tPOS BÂIÀLltA, \Jíilson de
devedor buscará evitar a falência, celebrando um acordo com a massa dos §eus credotes souzâ; RODRIGUES MTTO, Nelson; RODRIGUES NETTO, S0via Marlâ Lúete Batâlhá . Comêrrtátios à lei
dc recuperuçd,o judicial d. ernpresas eÍaEncia.4, ed, Sáo Paulo: LTÍ, 2007, p. 151.
pâra ter condiçôes de superar a crise e manter a ativida(lc em funcionamento, Tlata-se
da mais clara aplicação dos princÍpios da função social e dit ',r'eservação da empresa. 56. NEGRÃO tucardo. Manud de dirêito cotnêrcial c de cmpíesa.4. ed- Sãa Paulo: Sâralvâ, 2O@i v. 3, p. 264.
Dentlo dessâ perspectiva principiológica, parte da doulrina defende a possibilidade 57. MÀMEDE, Glad6lon, DíÍeito emprcsaridl brusileirot fàlércia ê tecuperâçáo de empresâs. 2. ed. Sào
Paulo: Àús, 2008, v 4, p.359.
desse pedido de recuperação, apenas nos casos de pedidr-r lundado na impontualidade ou
58. PARENTONI, Leonerdo Netto; GUIMARÁES, Rafa€l Couto.ln: CORRÊÀ-LIMÀ, Osmâr BÍinâ; COR-
na execução frustrada, afastando sua possibilidade no caso dos atos de fâlênciasa. Para os RÊÀ LIMÂ, Sérgio Moutào \Cootd.l. Comefitárior à novd lei deÍatêficid. e recuperuç,iia de empresas. Rio de
Jâneiror Forense, 2009, p. 682i CAMPINHO, Sérgto. Fd,Uncla e recuperuçào de empresat o l..oyo rcglúne d.e
iisolvência empresâriel.3. ed. Rio de Jâneiro: Renovâr, 2008, p.296.
53. BAIBINO Márcia D€ Pàoli. In: CORRÊÀ-LI,VÀ, Osmâr Brinâ; CORRÊA LtMÀ, Sérgiô Mourão (Coord)' 59 CAMPINHO, Sérgio. Faléncia e rc.upera,çáo de empresa. o novo rcgime de insolvência empresalial,
Cot entáríos à novd lel deÍaléfi.id, e rccuperação de emprcsds.Rio delaíeiro: Forense,2009, p.722 3. ed. Rio de Jâneúo: Renovâr, 2008, p.296t PARENTONI, Leonardo Nenoi GUIMÀÍ(ÁES, Rafael Couto. lnl
CORREA-LIMA, Osmar Brina, CORR-Ê,{ LIMA, Sérgio Mourão (CooÍd.). Comeht ttios à nova lei de Ía[.ência
3. ed. Rio de ,aneiro: RenovaÍ, 2008, p. 295; MÀMEDE, Gladston. Dlreiro emPresa/ial brasilêirot falência ' e reêuperuçlto de empresar. Rio de ,aneiro: forens€, 2009, p. 681.
'ü
mente comunicado, asseverando, porém, que só seú elidida a falência com a concessão para o exame da legitimidade do créditoe, vale dizer, "feito o regular depósito, a via fali_
da recuperação judicial. De outro lado, Gladston Mamede assevera que o pedido de mentac por conta daquele pedido nâo se configura"6s.
recupe.ação judicial feito dentro desse prazo deverá ser comunicado nos autos do pe- Como mencionado, o depósito elisivo regular deve ser integrâl e em dinheiro6,
dido de falência, acarretando aimediata extinçâo do pedido sem iulgamento do mérito@, abrangendo o valor totâl do crédito devido, acrescido dejuros e correção monetária, bem
por envolver uma sucessáo de relaçôes processuais. Fábio Ulhoa Coelho, por sua vez, como do montantc de honorários arbitrados pelo juiz no despacho inicial, e deverá ser
entende que apenas a decisão de processamento suspenderá o andamento do pedido de realizado no prazo da contestaÇão (10 dias), consoante determina literalmente o art. 98,
falência6'. parágrafo único, da Lei n. 11.101/2005. Contudo, em razâo da graúdade da faléncia, tem-
A nosso ver, deve haver apenas a suspensão do trâmite do pedido de falência, nos se aclmitido o dep(isito posterior ao prazo da contestação67, uma vez que ele também
casos de credor submetido aos eíeitos do plano de recuperação. Os pedidos feitos por 5slvirra para desconfigurar a insolvência.
credores nâo abrangidos pela recuperação tramitaráo normalmente62. Acreditamos que Nos casos de depósito incompleto, tem-se admitido que o depósito inicial seja pos-
a hipótese é de suspensáo, porque, embora o pedido de recuperaçào iudicial também teriormente completado, mediante determinaçâo do iúzo. Caso o devedor entenda que
possa culminar na íalência (Lei n. 11.101/2005 - a!t. 73), é certo quqele eventualmente o valor cobrado é maior do que o devido, ele poderá fazer um depósito inferior discutin_
poderá ser ertinto por questóes processuais, sem a decisâo sobre o mérito do pedido. do o valor do débito o que, porém, é desaconselhável, uma vez que, se o valor devido for
Nesses casos, seria possÍvel voltar e decidir o pedido de fãlência. Em todo caso, com a maior que o do depósito, nâo haverá a elisão da falência. Em todo caso, se ao final ficar
concessào da recuperaçào iuüciai, se a obrigação estiver submetida ao plano de recupe- constatado que o depósito foi incompleto, e.le não terá o condão de impedir a decretaçâo
ração, o pedido de falência seú elidido. da falênciad.
Apesar de respeitáveis opinióes em sentido contrário63, nâo vemos motivo para Pelo teor Iiteral do art.98, paráglafo único, da Lei n. 11.101/2005, tal depósito só
impedir que o pedido de recuperaÇão judicial seja cumulado com as demais posturas que será admitido nos pedidos de falência baseados na impontualidade e na execução frus-
podem s,:r assumidas pelo devedor. Eventualmente, poderá ser apresentada contestação, trada, uma vez que nesses casos o depósito afasta a configuração da insolvência. parte da
para evitar â eventua.l decretação da falência nos autos desse processo, uma vez que nem doutrina Lambém admite o depósito elisivo nos casos de pedidos fundados em atos de
sempre o processo de recuperação iudicial poderá tramitar falência, o que afrstaria a legitimidade do c.edor requerente6e. A maioria da doutrinaro,
4.4.2 Depósito elisivo 64. FAZZIO ,úNIOR,Waldo. Nova lci dcJàtéicia e ftúperaçdo de ernpresas- São peulo: Àtlas, 2005,
p,258.
Outra postura que pode ser adotada pelo devedor citado em um pedido de falência 65, SIMIONAIO, Fredêrico A. Mo^te, Taudo de direitoJàlimektar.Rio dê râneko: Forense,2OOB, p.35ô,
é a realização do chamado depósito etisivo, isto é, a realização de um depósito impediti- 66. GOUVÊÀ, ,oão Bosco CeBczÍdo. Reêupeü.çáo judiciat .
Íalência _ Lei n. ll.lOU2OOs _ com€ntário
altigo por artigo. Rio de râleirol Forense, 2009, p. 244.
vo da decretação da falência. Esse depósito deve abraoger o valor total do crédito, acres-
cido de correção monetária, juros e honorálios advocatÍcios (Lei n. 11.101/2005 - art. 67. GO UVEÀ, ,oáo Bosco Câscardo de. Âedrp. raçdo É Íalência: lei n. lt l0l /2005 _ comêntários ertigo por
ârtigo. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 244.
98, parágrafo único; Súmula 29 do STI), desconfigurando a ideia de insolvência do deve-
dor. Ora, se ele consegue fazer esse depósito, não hlt rnotivo pala presumir a sua insol-
68. TJMG - ê CÂMARÀ CÍVEL -ÂGRÂVO rL 1,0647.05,051303,3/001, Relâror Desembügâdor
EDLLSON
FERNÀ\DES, i. em 22-8,2006, publicado eEr 6-9-2006.
vência e, consequentemente, não há motiyo para dccretação da falência. O objetivo do
69. coELHo, Fábio ulhoa. comeatários à xova tei de Íatênctat e recuperaçáo de enw.sas. sâo peúrot sa-
depósito elisivo é impedir a decretação da falência requerida, deslocando a análise doiuiz ftjeà,2015, p.270i BEZÉR RA FILHq Múoel Ius nno. Lei de recupêraçd; de ámpresas ifalêncías
comentada,
4. ed. Sái Paul:: Revisra dos Tribunâts, 2007, p.261; BAIBINO, úárcie De paoli ln, COirRÊA_LIMA,
OrÍnâr
Brina; CORREA LIMÁ, SéBio Mourão (Coord). Cori efiürios à novd Li deíaléncia
e recuperdçdo dc efipía-
sas. I{io de Janêiro: Foren sc, 2AA9, p, 226.
60. MÂMEDE, Glâdst on. Dir.ito cmprusarial brusileirot ír.lênciâ e rc.uperâçáo de empresas, 2. ed. Sâo 70. SIMÁO FILHO, Àdalbêrto. ln- DE LUCCA, Newton; SLVÂO FILHO, AdelbeÍto (Cootd). Comentbto,
Pâúo: Ad!s,2008, v.4, p. 358. lei dc_tecryeruçào de e prcsas e dalalêncrur. Sào pâulor eusrtier t_.tirr, ZdOS, p. tOt; CeUnOS AA_
!!?y
lAlH^, wllson de Souzaj RODRIGUES
61. COELH0 Fábio Ulhoe. Cane tá as à novd tei de e recuperaçào de cmpresd§. Sâo Pa§lol NEITO, Netsonj RODRIGLJES NEfTO, Sil;E Marta Labare Bata-
Jaléicias lhÀ,_Comehtátios à bt d. rccüperaçado jÍ,/dicial dê êtnpresas cÍalêncin. 4. ed_
Sâraiva, 2005, p. 262. São p;Joi LT., 2007, p. lsa; SÍ-
MIONATO, Frederico A . Monte. Tmtzda de direialàlimentar. No de
lataro: Forense, 2OOa, p. looi mCHE-
62. 14GIL NETO, Luiz lnÀclo, Teo dÍalimentü a ftgt es rect4reratóras. Porto Alegrer Livralis do Àdlrc- CO, ,osé da Silva. Prcresr o dê recuperuçito judiciat, eiúdjudi.ldt efatêh.la.
2. ed. Rio de janetro: Forense, 2007,
gâdo, 2008, p.210.211. p. 247r FRANCO, verâ Hetenâ de Meuo. In: SOUZA
,úNIOR; Francisco Sárro de; ptToMBO, Àntônio
63. BEZERRÀ FILHO MárLoel l,lslino. Lei de rccupetaçdo d2 emprcsas e Íalênêids comcÁtada. 4. ed. Sb Sérgio de À. dê tvÍorae§ (Cootd,). Comenth os à tei de rccaperasito de
empresas e/a/Cncia. Sao par:.lo: Revis-
tã dos Tribunais, 2005, p. 406; CÀMPINHO, Sérgio, Fatêicia á recupeiçào
Pâulo: Revista dos Tribu nàis, 2007 , p. 253. de ímpresa: o novo regime de
rF- II
por isso, caberá âo credor o levantamento do valor depositado, mas não há que se cogi- I
Além disso, o devedor também poderá questionar a sua legitimidade passiva para
tar de procedência do pedido, como leva a crer o art.98, parágrafo único, da Lei n. I
o processo de falência nos moldes já discutidos. Não é qualquer devedor que 'rstá
1I.101/2005. Nesse caso, deve-se julgar elidido o pedido de falência e não procedente, l sujeito à falência, mas apenas os devedores empresários. Quem não é empresário
pois a procedência do pedido significaria a decretação da falência. poderá contestar o pedido de falência alegando a não submissão a esse tiPo de pro-
I
Havendo contestação do devedor, o objetivo do depósito elisivo continua aser impedir cedimento.
)
a decretaçâo da falência, rnas ele passa a ter a natureza de càutela7t, deslocando a análise : O devedor poderá ainda questionar a existência da in§olvência de sua Parte, uma vez -
I
do júz para o exa.me da legitimidade do crédito72. Nesse caso, também nâo há que se cogi- que sem a insolvência iurídica não se pode cogitar da falênciâ. Neste particular, a contes-
tar de decreraçáo da falência, mas de uma discussão sobre o crédito redamado, vale dizer, i taçáo terá o objeüvo de afastar a imponhralidade injustjficada, a elccução fru§tmda ou
caberá ao juiz, em últÍma análise, decidir quem levantará o depósito. Caso acolha as râzões os atos de falência.
do devedor, o juiz denegará o pedido de falência e determinará o levantamento do depósi- l EspeciÊcamente no que diz respeito à impontualidade, o art. 96 da Lei n. 11 101/2005
to pelo próprio devedor. Caso não aceite as razries do devedor, o iuiz deverá)ulgar elidido elenca exemplificativamenteTa matérias que podem ser arguidas para desconfigurar essa
o pedido de falência e determinará o levantamento do depósito pelo credor hipótese de presunção de insolvência, a saber: falsidade do tÍhdo execuüvo, Prescriçâo,
nulidade da obrigação ou do título, pagamento da dívida, qualque! outro fato que extin-
ga ou suspenda a obrlgaçáo ou náo legitime a cobrança do tÍtulo, vÍcios no Prote§to ou
4.4.3 Contsstação
)
no seu instrumento. 'Ial elenco náo impede a apresentação de qualquer outra matéria de
Outrâ postura possível do devedor é a simples apresentaçâo de contestação ao pe- defesa que desconÍigure a impontualidade, como a insuficiência do valor ou qua.lquer
dido, com o objetivo de evitar a decretação da falência. Aqui não cogitaremos da reali- outro iusto motivo para a inadimplência. Registre-se que o referido dispositivo mencio-
zação simultânea do depósito elisivo e da contestação, iá analisada no item anterior, mas rla ainda a apresentaçào de pedido de recuperação judicial, o que a nos§o ver aPena§
I
da apresentaçâo apenas de uma contestaçâo no prazo de 10 dias, para impedir que se I suspende o pedido de íàlência. Há mençáo aindâ à cessaçâo do exercÍcio da atividade há
I
decrete a falência. Admite-se também a apresentaçâo de impugnação ao valor da causa mais de dois anos antes do pedido de falência, o que a nosso ver afasta a legitimidade
e exceções de imped.imento e suspeição, não sendo admitida, porém, a reconvenção pela ' passiva para o pedido.
especifcidade do processo falimenta/3. Qualquer que se)a a matéria levantada na contestação, caberá ao iuiz apreciá la e
i
l decidir o pedido, extinguindo-o sem iulgamento do mérito, denegando-o ou decretrrndo
a falência.
irúolvência empresârlâl. 3. êd Rio de Janeiro: Renovãa 2008, p. 293; MÂMEDE, GlÀdsttoí1" DÍrcito ernprcsarial 1
bta leiro: Í?-lêíc12. e recuperâção de cmpresâs. 2. ed Sào Pâulo: Aús, 2m8, v. 4, p. 34I; NEGRÃO, Riceldo.
Manual dc d.ircito êom.rcial e de empresa, 4. ed. São Paulo: Sareiva, 2009, v. 3, p. 279; VIGIL NETO, Luiz
Lnâcio. Teo aÍalim.ntar . regimet rccupelaNótios. Porto Alegre LivÍâria do Àdvogado, 2008, p, 214.
I
I
4.4.4 tnércia
I
71. SCÀLZILLI, Joáo Pedro; SPINÉLLI, Luis Felipe; TELLECHEA, Rodti1o, Recuperaçao de etxprcs4s. I Âlém das já mencionadas posturas ativas contra a falência, o devedorcitado também
falêncía: teotià e pútica nâ Lei n. 11.101/2005.3. ed, Sáo Paulo:Álmedlnã,2018, p.612. t
I poderá ficar inerte ou mesmo reconhecer o pedido. A inélcia do devedor equivale à re-
72. FÂZZIO JÚNIOR, Weido. Nova hi deÍdléncta c recuperdçâo de enprera§. Seo Paulo: Atlâs, 2005, p.258; I
velia e gera confissão quanto à matéria de fato (CPC/2o15 - a!t. 344). Nesse câso, cabe-
NEGRÁO, Ricardo. Curso de direito comêrclâlê de êmpresa.12. ed. São Pâulo: Saraiva,2OI8, v 3, p.269; STI I
- REsp 1433652/R,, Rel. Minisrro LUIS FELIPE SATOMÁO, QUÀRTA TURMÂ, iulgado êm 18/09/2014DI€ I rá ao juiz verificar se, com a confissão dâ matéria de íato, estão Presentes todos os Pres-
29110/2014; TISP"Súmula 40: O depósito ellsivo náo âfâstâe obrigeçá. Jl, exâme do pêdido de íãlência Par? I
definir quem o lêv.anta : I
73. VASCONCELOS , RorlaJdo. Dlrcito processual Íalimentor. Sâo paulor Qualtier Latin, 2008, p. 182;
I
)
74, NEGRÀO, Ricaldo. Ma ual dedireito comer.ial e de émpresa.4. ed. São Pâulo: Sârâiva,2009, v 3, p.279;
COELHO, Fábio Ulhoa. Cotrleútários à nova lei deÍalê cias e rccuperaçdo de emprctas. Sâo Paulo: Sâ!âiva, GOUVEA, ,oáo Bosco Cascerdo de. Recuperaçila e
faléncíL\ lel n.ll.1'0112005 - comentários artigo Por er-
2OO5, p.269. I tigo. Rio de râneiroi Forense, 2009, p. 219.
I
I
382 ! cunso or orneno EMeREsAFTaL
DEcREiaÇao JUDrcrAr- oa mÊucra i 383
l Caso o iuiz entenda que não é à caso de decretaçâo da falência, ele deveú denegar
Após a adoção de determinada posrura pelo devedor, o processo de fa.lência se or- i o pedido. Essa decisáo pode decorrer de questôes processuais, da realização do depósito
dinariza, vale dizer, passa a seguir essenciâlmente o procedimento ordinário, o procedi- elisivo ou mesmo da não conffguração dos pressupostos da falência, Áinda que se fale
mento comum. Neste procedimento, o CPC|2OI_S prevê a possibilidade da designação i "elisão do pedido'i estaremos diante da não decletaçáo da falência e, por isso, é possÍvel
de audiência de conciliação (art. 3:3.I). Pela falta de previsâo especÍfica na legislação fali- i tratar a decisão nesses casos como uma hipótese de denegaçâo.
I
mentar, há quem negue a possibilidade da referida audiência de conciliação?6. Contudo, Ao denegar o pedido de falência, o juiz deverá condenar a parte vencida ao paga-
pela aplicação subsidiária do CPC ao procedimento do pedido de falência, pelo nÍtido I
mento das despesas antecipadas e dos honorários advocatícios (CPC/2015 - art. 85), Em
l
caráter recuperâtório da atual legislação e pela viabilidade de acordo, é até recomendável regra, a parte vencida na denegâção do pedido de falência é autor da ação, que não ob-
I
a audiência de conciliação,. I
teve a decretaçâo da falência,logo, caberá a ele arcar com os ônus sucumbenciais. Toda-
I
Realizada a audiência e obtida a conciliaçâo, o juiz deverá extinguir o processo sem I viâ, quando o devedor efetua o depósito elisivo, sempre haverá a denegação do pedido,
decretar a falência7a. Se não forobtida aconciliâção, o iuiz fixará os pontos controvertido§, mas eventualmente ele será considerado a parte vencida. Assim, quando o devedor faz o
decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas,
I
depósito sem apresentar contestaçâo ou quando faz o depósito com contestação, mas
I
designando audiência de instlução e julgamento, se neaessário, I esta não é acolhida, ele é o vencido e, por isso, deye arcar com o ressalcimento das des-
I
pesas antecipadas e com o pagamento dos honorários adyocatÍcios.
A eventual produção de provas no processo de falência em nada difere dx produção I
I
384 CUNSO OE DISEITO EMPRESAFIAL DEcqEraçÃo .uDrcraL oa arÊrcre i 385
4.6.1.1 lndenizaçáo de danos causados ao devedor força do ârt. 927 do mesmo Código Civil, quem pratica ato ilícito é obrigado a indenizar
q5 danos causados em mzão dessa conduta. Assim sendo, caso o autor dopedido de fa-
O requerimento da falência é um direito dos credores e dos demais legitimedos e lênciâ denegado câuse danos ao devedor, agindo com dolo, culpa ou com abuso de direi-
sua denegação é um fato normal, vale dizer, nem todo pedido de falência será a ele deverá ser responsabilizado pelos danos causados. No caso de mais de
1q, um reque-
Ocorre que o requerimento da falência é ato de inegável gravidade, isto é, a simples
rente, eles responderão solidariamente pelos danos causados.
lização do pedido pode abalar a confiança do mercado naquele empresár 1() ()U mesmo
restringir o crédito a que ele reria acesso. Em razão dessas consequências, o pedido de Apesar da possibilidade de indenização em todos esses.casos, há diferenças entre os
falência deve ser realizado com muita responsabi.lidade por seu autore. : danos causados por dolo e os danos causados por culpa ou por abuso de direito.
Dentro dessa perspectiva, a Lei n. 11.101/2005, em seu art. 101, aÍirma que o juu No caso de pedido doloso, o juiz poderá, na pr(ipria sentença de denegação, conde-
poderá, na própria sentença de denegação, condenar aquele que fez um pedido doloso nar o lequerente ao pagamento da índenizaçâo dos danos causados (Lei n. l.t I01/200s
de falência a indenizar o devedor pelos danos causados, que deverão ser apurados em
- art. 101). Sâo exemplos requerimento doloso: a utilização de documento falso, falsas
de
liquidução de sentençâ. O dispositivo não menciona expressâmente a possibilidade de.
declaraçôes para a realização do protesto, duplicata simulada, título sabidamente inexi-
uma ação própriâ para obter essa indenização, nem o cabimento dessa indenização nos
gÍvels. Neste caso, a condenação poderá ser feita até de ofícios, em moldes simi.lares à
casos de dolo ou :rbuso, como havia previsão no regime anterioÍ
condenação por litigância de má-fé.
Diante do teor da previsão legal, Ricardo Negráo afuma que ela se refere apenas aoÊ
casos de danos materiais, admitindo a indenizâção apenas nos casos de dolo e na própria A ausência de manifestação do iuiz não impede o aiuizamento de açáo própria para
sentença de denegação, sem a possibilidadede uma ação própria. Paía os eventuais danos obter a condenação do requerenteao pagamento da indenização dos danoscausados pelo
morais, ele admite a condenação tanto na sentença denegatória, quanto em ação própria requerimento doloso. Apesar da falta de previsáo específrca nesse sentido, não há dúvida
ajuizada especificamente para esse fim01, De modo similar, Márcia de Paoli Balbino en- da possibilidade dessa ação própria pelo regime geral da responsabilidade civil e pela
tende que, no reginrc atual, não há indenizaçâo em casos de culpn ou abuso no p previsão de que o terceiro prejudicado também poderá ajuizar essa ação p!ópria, sem
de falência. Além disso, ela nâo admite a possibilidade de uma ação p!ópria para eventual qualquer prevenção do juÍzo falimentar. Se o terceiro pode usar uma açâo própria para
indenizaçâo em nenhum caso, restringindo a indenização âos casos de pedido doloso,
esse flm, nâo há motivo para impedir que o devedor também tenha essa possibilidade.
sendo possÍvel a condenação apenâs na sentença denegatória da falência3:. Ela exige
ainda o requerimento do devedor paÍa essa condenaçào83. Mesmo que não haja dolo no requerimento de falência, é certo que é possÍvel que o
A maioria ds doutrinae, porém, tem uma interpretação mais ampla, admiündo a
requerente seja responsabilizado também nos casos de culpa ou abuso de direito, como
indenização nos casos de dolo, culpa ou abuso, Outrossim, a maioria da doutrina também por exemplo, na falta de controle dos pagamentos lealizados. Apesar da falta de previsão
admite o ajuizamento de uma ação própria para obter a referida indenização. especÍfica, pelas mesmas razôes iá expostas, quem causat dano agindo com culpa ou
A nosso vet a razão está com esta últimâ opinião. O Código Civil estabelece que abuso de dircito terá que indenizar os preiuízos causarlos ao devedor. Neste caso, porém,
quem agir com dolo, culpa ou abuso de direito comete ato üícito ( rrts. 186 € 187). Por é essencial o ajuizamento de açâo própria para condenal o requerente ao pagamento da
referida indenização, sem prevenção do juízo falimentarsT.
80. CÀMPINHo. Sérgio. Falência c r.cuperdÇào de ê presa) o novo regime de insolvênci. empr€ssliâI. A indenizaçâo, §eja ffxada na sentença denegatória do pedido, seia fixada em âção
3. ed RIo de lâneilo: Renovâí 2008, p. 3lZ
Própria, abrangerá tanto os danos morais quanto os danos mâteriais causados ao devedor.
81. NEGRÁo, Ricardo. Mdfiuat de dlreito .omêrcial e dê .rnpresa. 4. ed. são Paulo: sarâivâ, 2009, v. I
p.322-324.
82. BALBINO, Má«,iâ De Paoli.lnrCORRÊÀ-LIMÀ, O.mrr BrinaiCORRÊÂ LIMÁ, Sérgio Mouráo 85.
..CÀMPINHO, Sérg io. Faléncia e rccuperuçã,o de empÍàsai o llovo regime de insolvêncta êmpresaJial. 3
Comentdrios à r1oya Lci deÍalência e rccupêruçiro de etnpftsas. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 756. ed. Rio de raneiro: Renovar,2008, p.312.
83. BALBINO, MÍrcia De Paoli. Ín; CORRÊA-LIMA, Osmar Brina; CORRÊA LIMÁ, Sérgio 8á VÂIVERDE, Trâieno de Mirenda. Comentá osàleide
Íalêncids. 4. ed. Rio de laneko: Forense Univ€r,
(Cootd.l, Coment rrios à ,1ova lei de Íalêncid e recuperaçào de cfipr*ds. Rio de I aneiro: Forense,2009' iitária. 1999, v. l, p. 97r MÀMEDE, Gladston. Dircito ?mprcsarial brasikiro: Íalência ê recuperaçáo de ert|-
p.756. 2. êd- Sào Paulo: Ârlas, 2008, u 4, p. 373; NEG RAO,Ricaúo. Mahua! de direho corrletcial e de empft-
4 €d. Sâo Pâulo: Sareiva,2OQ9,v.3, p.324.
84. BEZERRA FILHO, Mânoel ,ustino, Ie, ls recupétaçAo ih empresds e Íalêh.ias comentddd, 4 ed.
Paulo: Revistâ dos Tribunâis, 2007, p. 270, COELHO, !ábio Ulhoa. Comentários à nova lei de ÍA|ékêids CÀMPOS BÀTÀIHA, Wilson de Souzej RODRIGUES NETTO, Nelson; RODRIGUES NET TO Sílvià
reauperuçAo de empresas. Sâo Paulo: Sareiva, 2005, p. 281i CAMPINHO, Sétgío. Faléncia e rccuperaçAo Lehàle BÀtàlhà. Comentários à lei de rccuperaçàa judi1ial de cfiprcsds e
ldtéficía. 4. ed, Sào Paulo, LTr,
ernpresai o novo tegifie de lnsolvênciâ empresarial. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 313. p. I58.
I
Os danos morais devem ser entendidos como lesões a direitos de caráter não pecuj
niário, vale dizer, lesões a direitos da personalidadea". Os devedores pessoas fÍsÍcas e I 4.6.2 Decisão de decretaçáo da falência
mesmo os devedores pessoas juridicas (CC - ârt. 52) possusm direitos de personalidadg Não havendo qualquer problema processual no pedido de falência, estando presen_
e por isso podem sofrer danos morais (Súmula 227 - STJ). No caso do pedido de falênciq, tes os pressupostos e não havendo qualquer fato impeditivo, deverá o iuiz decretar a
os danos morais representam, em especial, violações ao direito à honra e à boa imagem falência. Com tal decisão é que se preenche o terceiro pressuposto da falência, isto é, com
do devedor (credibilidade). Neste caso, a indenização não visa a reparar o dano,61s ela é que se pode falar em falência propriamente dita. Até àntào, há um pedido, mas a
apenas a compensar a dor sofrida pela lesão a um direito da Persona.lidade, uma violação íalência só se iniciará com essa decisão, que terá o mesmo conteúdo e os mesmos efeitos
à sua dignidade que seja capaz de causar-lhe aflíçôes, angústia ou desequilÍbrio do seq tanto quando for proferida no processo de falência, como quando vier de uma autofalên_
bem-estar3e. Em razão disso, eles normalmente devem ser fixados na PróPria sentençâ ciâ ou da convolação de uma recuperação. por isso e por sua importância, tÍataremos
que condenar ao pagamento da indenrzação. dessa decisão em tópico à parte.
Por danos materiais, deve-se entender a lesÃo ao patrimônio do devedoreo, entendi- f
do como o conjunto de relaçÕes economicarnente apreciáveis da pessoa. Para reparar essa
lesão, o responsável dever'á indenizar a vítima, pagando o que ela perdeu (dano emergen- i 5 Decretação judicial da Íalôncia
te), bem como o que ela deixou de ganhar (lucro cessante), registrando-se que aPenas o
ganho esperável se configura como lucro cessanteel, isto é, vale nesse particular o prin- Qualquer que se,ia o processo, só se pode falar em falência a partir do momento em
que o juiz decretar a falência. Como já mencionado , a falência é um
cípio da restituição iÍrtegrâ|. Neste caso dos danos materiais, há quem sustente que rÉo estado de direito que
há a necessidade de se conrp rovar esses danos, deixando sua apuração exclusivamente só se instaura com a decretação iudicirl.
O primeiro elemento exigido pelo art. 99, I, para a decisâo que decreta
a falência
88. GAGLIÀNO Pablo Stolzer PÀMPLONA FILHO Rodolfo Novo crrs o de dircito ctvil.4. ed. Seo PasV íntese do pedido, vale dizer, a descrição su mária do processo
I no qual se decreta a
Saraiva, 2006, v. 3, p. 55, }j ência. Tal re quisito acaba se confundindo com o relatório
inerente a todas as sen-
89. CAVALIERI FILHO , Setgl<). Ptogrdma de respohsabitidade civil.1. ed, Sâo Pâulo: Atlas, 2007, p. 80' I , mas de qualquer forma é exigido como elemento es pecífico no caso de decre-
ü
90. p.7I.
ld€m,
i da falência
I
91. ldem,lbrdem. ; ,
Além da sÍntese do pedido, que naturalmente constaria em qualquer decisão,
o art.
92. FRÀNCO verÀ Helena de Mello. In: SOUZA l(ÍNlOR, FIaílci§co Sátiro dq PITOMBO, Antônio SéÍi ,1, da Lei n. U.101/2005 exige que a decisão de decretação identifique
gio de A. de Moraes (Coo rd,), Comentátíat à kl de recuPer^fio de ernpresds e Ídlêt1cia, Sào Pztiot RevistÀ
I mo os administradores da sociedade falida, por falido deve_se
o falido, bem
fribunais,2oos, p.412. 'ol
: enGnder o próprio
I
93. TIDF - 200601105714274PC, Relâtorâ DesembargâdoÍa NÍDIA CORRÊA LIMA,3r Turm Clv€I iuq
gãdo em 18-11-2009, D/ 27-ll-2009, p.241. ll SOUZA, Bernardo Pimentel. Direito processual ehpresaríaa
Salvadoí: ,uspodivm,2oO8, p. 215.
Er,i ----fl
388 i cunso oe ornerÍo EMPBEsABTAL DEcflEraÇÀo JUDTcTAL De rerêrcn ! 389
devedor os sócios de responsabilidade ilimitada (Lei n. 11.101/2005 - art 81) e qualquer @ntativa de identificação do perÍodo de insolyência do devedoreT. para a dedaração de
outla pessoa que seja considerada falida. Além disso, no caso das sociedades fúdàs, é 1nefrcácia de alguns deles.
essencial a identificação dos administradores da sociedade, uma vez que eles são os res- No Brasil, a fixaçâo desse termo legal pelo júz deve obedecer a certos parâmetros
ponsáveis pela atuação concreta da sociedade. A exPres§ão administradores nãodeve541 obietiyos (Lei n. 11.101/2005 - art. 99, ll). Assim, caso se tmte de um pedido de falência
entendida na sua acepção mais Precisa, abrangendo apenas aqueles que podem praticar baseado na impontualidade, o termo legal poderá ser fixado em até 90 dias antes do
atos pela sociedade falida, como os administradores das sociedades regidas pelo Código primeiro protesto por falta de pagamento, excluÍdos os que foram cancelados. Nos casos
Civil e os diretores das sociedades po! açôes de autofa.lência, ou de pedido de fa.lência fundado na execução frustrâda ou nos atos de
A identificaçáo do falido lern Por função limitar o âmbito de arrecadação dos bens íalência, o termo legal pode.i ser Íixado em até 90 diâs contados da distribuição do pe-
que irão formar a massa falida. Apenas os qualificados como falidos nessa decisão é que dido. Por fim, no caso de recuperaçâo judicial convolada em falência, o termo legal po-
terão seus bens submetidos ao processo falimentar e, con§equentemente, arrecadados. derá reEoagir até 90 dias contadoi da distribuiçâo do pedido de recuperaçâo judicial.
Trata-se de definição importantíssima para o bom andamento do Proce§so, sem o que Não possui qualquer importância, para essa 6xação, eventual pedido de homologaçâo de
não se poderá dar o devido andarnento à falência. recuPeração extraiudicial.
Outrossim, o falido terá um.r serrcde deveres nocursodo processo (Lei n' l1 L0l/20Q§ A lei estabelece apenas o limite máímo para a fixação do terrno legal, cabendo
- art. lO4), esPecislmente a prestação de informações e a entrega de documentos em ao juizverificar dentro desse limite qual deve ser considerado o termo legal. Há, por-
)uízo. Também por isso, é necessária a qualificação do falido para saber quem terá tais tanto, uma certa discricíonariedade nessa fixação, desde que obedecido esse limite
obrigaçóe§. No caso de sociedades falidas, tais obrigaçôes tocaráo aos administradores máximo. Por uma questão de prudência, é até recomendável que ele seia fixado sem-
e, por isso, exige-se 5ua identiticação como elemento €sPecífico da decisão que decreta pre no limite Iegalmente admitido, para uma investigação mais ampla dos atos prati-
a falência cados peb falido.
No regime antelior, o termo Iegal poderia ser fixado na própria decisão que decre-
ou mesmo posteriormente e se admitia sua alteraçáo pelo juiz à luz de
tasse a falência
5.1 .2 Termo legal
novos elementos. O novo regime introduzido pela Lein. 11.101/2005 ÍIão reproduziu os
Outro elemento esp ecifico da decretaçáo é a fixaçâo do termo legal, que pode s mesmos dispositivos do regime anterior, estabelecendo apenas que o termo legal deverá
entendido como 'b marco inicial, o dies a 4zo do estado (ainda que presumrdo) da insol- ser Íixado na sentença que decreta a falência (art. 99, Il),
vência empresária do devedor"'5. Esse termo legal permitirá a deter minaçáo "do perÍodo Apesar da omissâo, alguns autoreses reconhecem a possibilidade de fixaçao depôis da
ânterior à decretâção da quebra, que serve de referência para a auditotia dos '!ros P sentença que decreta a faléncia e outross ainda reconhecem a possibüdade de modifica-
cados pela sociedade fatida"'í'. O Período inve§tigâtório terá início no termo Ltgal çãô do termo legal pelo iuiz à luz de novos elementos que se apresentem, como por
encerrará com a decretação da falên cia. Nesse periodo, há que se inves'.tgar os a exernplo, a notícia posterior à decretaçâo da falência de um protesto mais antigo. Waldo
praticados pelo falido, pois é possíve I e até provável que ele tenhâ Praticâdo atos em Fazzio Júnior limitâ a possibilidade dessa mudança aos dois anos seguintes ao trânsito
deúimento da massa de credores. em julgado da sentença que decretou a falêncialoo. A admissibilidade dessa mudança do
Embora a falência só tenha início com a decÍetação judicial, é certo que muito ante§
dessa decretaÇão o devedoriá estava em cri§e, isto é, iá estâva passando por di y/. VALI.ERDE, Tra)ano d,e MiÍar.da. Comentá os à lêi dcÍdléncíLs.4. ed. Rio d€ ,aneiro: Forense Univer-
.iá estava i uridicamente insolvente. Essc estado de
irsolvência pode levar o devedor a 199, v. l, p. 183.
sitária ,
praticar atos ileg Ítimos em detrimento dos credores, daÍ a necessidade de fixar um 98 NEGRÁO, RicÀrdo. Ma udl de direito comerLiat e de empnsa. 4, ed, Sâo pâulo: Sâraivâ, 2009, v. 3. p.
ríodo para investigação dos atos P raticados e, mais que isso, facilitar a declaraçâo BAIBINO Márcia De Peoü. ln: CORRIA-LIMA, OsmaÍ Brinâi CORXÊÁ LLVÀ, SéÍgio Mou.âo (Coord.)
ineficácia de certos atos praticados nesse período. Para tal objetivo é que se exige a à nova lei deÍalêhcia ê ftêupêruçào íle empresas.Rio de ,aneiro: Forense, 2009, p. 734.
termo legal não é aceita de forma pacífica, havendo autoreslor que entendem ser inv.iável à decretaçâo da falência, mesmo que fora do termo legal. Em razão disso, alguns autores
a alteraçâo do termo legal Íixado, diante da falta de disposiçáo legal nesse sentido, identificam esse segundo perÍodo como período suspeito, diferenciando.o do termo Ie-
A nosso ver, apesar da omissáo da Lei n. 11.101/2005, deve ser admitida a a.lteração galÚ. Outros autoresro, porém, idenüficam o período suspeito e o termo legal, náo ha-
do telmo legal, à luz de novos fatos que se apresentem ao iuizro'?, No processo de falência, yendo, portanto, uma uniformidade de tratamento, Ricardo Negrão entende que a ex-
nem sempre o juiz terá acesso a todos os dados necessários para a identificação do esta- ptessío período suspeiro possui uma acepção mais ampla, abrangendo três períodos
do de insolvência e, consequentemente, parâ a fixaçáo do termo legal. Não se pode impor distinto§: o termo legal, os dois anos anteriores à decretação da falência (período suspei-
a imutabilidade do termo legal Íixado na sentença, uma vez que nem sempre ele será o to em sentido estlito) e o período de quinze dias anteriores ao pedido de falênciât10,
miris correto. Náo se pode t:ntender que a fixação do termo legal gere coisa julgada ma, A nosso ve! efetivamcnte há distinçôes entre o período suspeito e o trrmo legâ[. O
terial, porquanto â cognição, neste pârticular, nâo é a mais profunda possível. Não ha- chamado período suspeito é "uma simples relaçüo de tempo em que se acha com a reve-
vendo coisa julgada material, nada impede que o iuiz reveia a fixação do termo legal@, lação do estado de falência, gera desconfiança a respeito dos atos praticados pelo falido
na proteção do melhor interesse dos credores, Naturalmente, essa eyentual retificaçâo durante ele"rrr. Ele abrange os dois anos anteriores à decretação da falência e quase sem-
,1eve ser publicada e deve enseiàí a interposição do r€curso de agravo de instrumento. pre vem antes do termo legal. No termo legal, há alguma exteriorizâção do estâdo de
lndependentemente da discussão soble a possibilidade da letificação, é certo que o insolvência (primeiro protesto, pedido de falência ou pedido de recupe!âção iudicial),
perÍodo delimitado pelo termo legal é muito importante, na medida em que certos atos vcle dize!, o termo legal já traz consigo algo mais concreto para a configuração do estado
praticados nesse período sâo considerados objetivamente ineficazes em relaçâo à masss falimentar do devedor. Ambos servirão de referência para a ineficácia de ceúos âtos
Íalida, independentemente de flaude ou má-fé dos envolvidos (Lei n. 11. tO1/2005 - art, praticados pelo füdo, mas o termo legal é Íixado pelo iuiz na decretaçâo da falência e o
129, l, ll e III). Carvalho de Mendonça chega a considerar a Íixação do termo legal tão . periodo suspeito é legalmente estabelecido.
impoltante quanto a própria decretação da falêncialoa.
Na Ârgentinà, não se fala em termo legal, mas apenas em período suspeito que de-
verá ser fixado pelo juiz, podendo retroâgt até dois anos da decretaçáo da falênciaroi, 5.1.3 Continuação do processo
com o mesmo ob,etivo do nosso termo legal. Nâ França, tâmbém só se fala em período
suspeito, o qual p,rderá retroagir até 18 meses do julgamento do pedidore, Na ltália, Além dos elementos já nlencionados, o iuiz deverá incluir nâ sentença de decretação
também se fala apenas em perÍodo suspeito, o qual é fixado legalmente em um ano ou da falência algumas medidas necessárias ao prossegulmento do feito,
seis meses a depender do tipo de ato praticadoroT. No Brasil, como visto, fala-se apena§
em termo legal nos moldes já mencionados.
5.1.3.1 Providências para a formaçáo da massa de credores
No Brasil, a lei não Lrla em período suspeito, mas apenas no termo legal, o qual,
Porém, não e o único refilencial para a ineficácia de atos praticados pelo falido. A lei Como é sabido, no processo de falência há a necessidade da identificaçâo de todos
também considera objeti\',rrnente ineticazes certos atos praticados nos 2 anos anteriores os credores do fúdo, para que eles sejam pagos de acordo com a ordem legal de prefe-
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2 CURSO DE DIÊE TO EMPBESÀNAL DECRETAÇAo JUDTCTAL oa FALÊNC|A : 393
rência. Para a identificação desse conjunto de credores, há uma fase administr 15 dias abrange tanto habilitações quanto divergências. As habilitações sâo pedidos de
obrigatória e uma fase contenciosa eventual. A fase administrativa é 'o coniunto de indusáo no processo, feitos por quem nào consta da lista de credores. As divergências são
não judiciais desúnados à apuração, pelo administradorjudicial, do pâssivo do devedor"u2" discordâncias em relação âo valor ou à classi.ficação dos créditos constantes da lista. Tanto as
De outro lado, a fase contenciosa abrange açôes incidentaisÍ3 (imp ugnações, habilitações habilitâçôes quanto as divergências são requerimentos adminisüaúvos, dirigidos ao adminis-
retardatárias e impugnações quanto ao próprio crédito), que nem sempre ocorre!ão. ipdor judicial, que não excluem o maneio de aÇões iud.iciais com obietivos simüares, como
Para agilüar esse procedimento, a sentença que decreta a hlência deverá determinar as impugnaçóes quanto ao próprio crédito e as habütaçôes retsrdatáriâs.
a
adoção dâs providências necessárias para a !'erificaçáo de créditos, ao menos para a fase 1dn1:
nisb"ativâ. Nesse sentido, a referida decisão ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo
de 5 (crnr:r r) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e' 5.'1.3.2 Providências relacionadas à massa Íalida objetiva
dassficaçào dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de deso_
bediência. Além disso, ela expücita!á o prazo de 15 dias para as habütaçôes de crédito. Dentlo da ideia geral de pagamento doi credores de acordo com a ordem iegal de
Na fase admrnistiativa da verificaçào de créditos, a lei toma como marco inici.al a preferência, é essencial que no processo de falência seja formada a massa falida objetiva
publicaçáo de uma lista de credores a ser apresentada pelo deyedor. Esta [ista é uma re- entendida como con)unto de bens que são abrangidos pelo processo e serão usados para
lação nominal dos credores, indicando endereço, impoltância, natureza e classiâcação â satisfação dos credores. Nesse sentido, a sentença deverá determinar a expedição de
dos respecüvos créditos. Tal lista deveú ser elaborada e apresentada pelo próprio deve- ofícios aos órgáos e repaÉiçÕes públicas e outras entidades parÍr que ürformem a exis-
dor. tênciâ de bens e direitos do falido, para que possâm integnr o processo,
Outrossim, cssa massa falida objetiva deye ser protegidâ para que cumpra da melhor
Nos casos da recuperação judicial conyolada em falência e da autofalência, tal lista
maneira possÍvel a sua função. Dentro dessa perspecüva, â sentença que decreta a falência
deverá ser apresentada juntamente com a petição inicial, sendo um dos documentos es-
proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submeten-
senciais à propositura da açâo (Lei n. 1l.lo1/2005 - arts. 51, lll, e 105, II). Na hipótese d1
do-os preliminarmente à autorização judicial e do comitê de credores, se houver. Natu-
falência requerida por terceÍlos, caso a lista não conste dos autos, oiuiz deyerá determinar,
ralmente, caso hajâ a continuaçâo dos nogócios do falido, não haverá necessidade de au-
na própria sentença de decretaçâo da falência, que o falido a apresente no prazo máximo
torização para os bens cuja venda faça paÍte das atividades normais do devedor.
de 5 dias (Lei n. 11.101/20O5 -
art. 99, tll). Naturalmente, a depender da atividade do
devedor tal prazo pode-se mostlar muito curto e, por isso, é razoável admitir o pedido de
prorrogaçào desse prazo, desde que rea.lizado dentro do prazo legalmente estabelecidoLra.
Diante da eventual recusa Ílessa apresentaçâo, conÍigurâ-se o crime de desobediência, 5.1.3.3 Suspensáo das execuções, dos atos de apreensáo e constritivos e
devendo o juiz comuflicar o fato ao Milristério Público, quc decidirá pelo oferecimento dà da prescriçáo contra o devedoÍ
denúncia ou pela instauração de inquérito policial para a apuração dos fatos.
Dentro da mesmâ pempectiva de perÍniür a adequada continuaçâo do processo, a
No caso de recusa da aplesentação, mesmo com a coofiguraçâo da desobediência,
sentença que decreta a falência deverá determinar a suspensão das execuçoes contra o
tal lista deverá ser apresentada para que tenha inÍcio o procedimento da verificaçáo de
falido, evitando eyentual recebimento fora do processo de falência. Entretanto, não serão
créditos. Neste caso, acreditamos que o próprio administrador judicial deverá elaboráJa.
suspensas as açôes que demandam quantias ilÍquidas (Lei n. 11.10I/2005 - art.6e, §§ le
Em qualquer caso, a lista deverá ser publicada para que a fase administratiya da veri-âca-
e 2e), inclusive as reclamaçóes trabalhistas. A expressão usada pela lei nâo é muito dara
ção de créditos, efetivarnsni6, t. f.i.i.. e deve ser interpretada como abrangendo as ações de conhecimeoto, nas quais se discu-
A partt da publicação dessa lista, é aberto o prazo de 15 dias para habilitaçóes e diver- te a existência ou o valor de certos créditosrls,
gências, prazo este que deve ser assinalado na sentença que decreta â fa.lência. Emborà o art.
I 99, IV da Lei n. 11.101/2005 se refira ap€nas ao prazo para habilitaçôes, é certo que o prazo
5.1.3.4 Órgãos no processo de falência
o iuiz também podeú convocar a assembleia geral de credores para a constituição que decreta a falência determine a prisão preventiva dos autores dos referidos
Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventuai naturalmente, desde que presentes os lequisitos inerentes a esse tipo de prisão
em funcionamento na recuperação iudicial quando da decretação da falência. ÍrÍovada a ex.istência dos crimes falimentares e havendo indÍcios suficientes de autoria, o
poderá decretar. a plisão preventiva como garantiâ da ordem pública, da ordem
mica, po! conveniência da instrução criminal, ou para assegurâr a aplicação da lel
5.1.3.5 Comunicaçóes e diligências adicionais
penal (CPP - art. 3t2).
Para que se dê prosseguimento âo processo de falência, é cssencial que se dê amplo
conht:cimento desse estado, Assim sendo, outros elementos qrre devem constar obriga-
toriamente da decretaçâo da fa.lência envolvem as comunicaçóes praxe sobre a falência. b.1,5 Continuação dos negócios e lacração do estabelecimento
Assim, o iuiz deverá ordenar ao Registro Público de Empresas (iuntas comerciais) e à
Deve ainda consta. da seltença que decreta a falência uma decisào sobre a con-
Secretaria Especial da Receita Federaldo Brasil que procedam à anotação (arquivamen-
tinuaçâo provisó!ia dos negócios do falido ou sobre a lacraçâo do estabelecimento.
to) da fa.lência no registro do devedor, pára que conste a expÍessâoÍolido, a data da de-
Embora a lei use a coniunçáo alternativa or, levando a cret que o iuiz terá que decidir
cretaçâo da falê[cia e a inabilitação pam o exercício da atividade empresarial até a extin-
necessariamente pela lacraçáo ou pela continuação, nâyerdade acreditamos que o.iuiz
ção das suas obrigaçóes, dando uma publicidade geral à falência. Ta.l comunicação
terá arnpla liberdadelln. Ele poderá decidir pela lacração, pela continuação das ativi-
deverá ser feita a todas as juntas comerciais, nas quais o devedo! possua registrorr6g I
dades, pela lacração de certas unidades e pela continuação em outras ou ainda pela
Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, onde é feita a inscriçào do CNPJ.
não continuâçào das atividades, sem a necessidade de lacração de qualquer unidade
Outrossim, o juiz ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fa- produtiva.
zendas Públicas Federal e de todos os Estados e MunicÍpios em que o devedor tiver es-
No regime atual, o iuiz deve se maniÍestar sobíe tais assuntos na sentença de decre-
tabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. Caso a falência seja de uma
trçáo da falênciar':o, vale dizer, tal manifestação é elemento obrigatório da referida senten-
sociedade aberta, acreditamos que também deve haver comunicação à Comissão de
ça, havendo inclusive quem sustente que essa é a única oportunidade para analisar tais
Valores Mobüários (CVM) e à Botsa de ValoreslrT.
questóesrrr. A nosso ver, porém, a exigência é da manifestaçáo sobre os temas e nâo de
Eventualmente, âo decretar-se a falência, podemser necessárias diligências adicionais r:ma decisâo definitiva. Nada impede, porém, que mesmo posteriormente o iuiz analise
pam resguardar os inteÍesses das partes envolvidas, como avenda imediata de certos bens novamente essas questões, à luz do que fo! se aplesentando, não havendo, portanto,
perecÍveis, o desligamento de maquinfuio, a busca e apreensâo de documentos ou mesmo força preclusiva na primeira decisão sobre o assuntol,2.
o pedido de tirrça policial para resguardar a integridade da massa falida.'Iais Qiligências
O iuiz também podeú autorizar a continuaçâo proviEória dos negócios do falido,
podem e devem constar da própria sentençã que decreta a falência, dando a mais exata
quando essa continuação for capaz de tmzer mais valores para o processo, atendendo
aplicabilidade aos princlpios da economia e da celeridade processual, representando uma
melhor os interesses dos credores. Nessa eventual continuação, os negócios não serão
espécie de aplicação do poder geral de cautela do juizlrs.
tocados pelo devedor falido, mas pelo administrador iudicial, que poderá eventualmente
até contratar auxiliares para essa atividade. Às despesas da continuâÇáo da atividade seráo
pagas pelo administrador com os recursos dispooíveis em caixa.
5.1 .4 Prisao preventiva
Alguns autores entendem que essa continuação depende de requerimento pelo
devedor no curso do processorts. Outuos, a nosso ve! com razão, entendem que o iuiz
No momento da decÍetaçáo da falência, podem existir provas suficientes da prática
de cri.rnes falimentares pelo devedor falido, ou pelos administradores da sociedade falida.
Embora tais crimes ainda precisem ser processados e julgados, admite-se que a própria
ll9. tdcr& p.368.
I20. VIGIL NETq Luiz lnácio. norhÍolimenta,r e rcglrfie| recuperd.tórlos. porto Àlegrer Livrarie do Advo-
tado,2008, p.228.
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Comentátios à hi de rêêq)eraçdo de empresas eÍalência. Sáo Paulo: Salaivâ, 2005, p. 263.
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Sér glo.
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Renovâ-r, 2008, p. 298i MAMEDE, Gladston. Direiro u mprcsa al brdsileiro: hlência e re-
Paulo: Revista dos TÍibu oàs, 2@? , p. 266. cupeiàção de empresâs. 2. ed. Sâo Paulo: Àtlâs, 20OB , v. 4, p. 37O.
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Paulo: Àths, 2008, v,4, p,365. Pâulor Campus,2008, p. 120,
396 CUÊSO DE O]8ETTO EMPBESARLAL DEcBEraçáo JuotclaL oA FALÊNcra : 397
deve se pronunciar até de ofícioDa sobre â continuação ou não das atividades. O subsidiária do Código de Processo Civü, em especial do art.499, admite-se
da Lei n. 1LI01/2005 é claro ao afirmar que a falência "yisa a preservar e otimizar a a interposição de recurso de agravo pelo Mini§tério PúblicoL'?7.
lizaçáo produtiva dos ben§, ativos e recursos produtiyos, inclusive os intangÍ No caso de denegação da falência, como vimos, o recurso cabÍvel será a apelaçáo,
empresa'i Assim sendo, não há dúvida de que o iuiz tem o dever de analisar a viab Pía.zo
de 15 dias. Nócaso de decretaçáo da falência, será cablvel o recurso de agravo
da continuaçào da atividade, independentemente de qualquer requerimento, pqr1 n. 11 .101/20O5 - art. 10O), no prazo de 15 dias (CPC/2015 - art. 1.003, § 59). Einbo-
zar os ativos do íalido, em beneflcio da massa de credores, o disPo sitivo mencione genericamente o lecur§o de agravo, há
que se entender como
vel o agravo de instrumentol2s Registre-se que o uso do agravo cle instrumento se
De outro lado, caberá ao juiz decidir se lacra ou não o estabelecimento do
ustifrca na medida em que o Proces so de falência tem que continuar a correç Produzin-
Deverá ocorrer a referida lacração sempre que houver risc() para a execução da etapa para se atingir sua
do-se todos os seus efeitos e Praticando-se todo§ os atos necessários
arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falidâ ou dos interesses dos c com a ordem legal de
finalidade última, que é o pagamento dos credores, de acordo
res (Lei n. 1f.101/2005 - art. 109). Ao decidir pela lacração, o juiz também define os autos teriam que ser remetidos ao tribunal, impe-
preferênÇia Se houvesse apelação,
extensão na medida cm que ela pode ser tota.l ou parcial. No caso de estabelec autos
dindo o regular processâmento do feito. Por isso, impôe-se a remessa de cópias dos
hospitalares, de pesquisa, de ensino, ou congêneres, assiin como nos serviços de ao tribunal, por meio do recutso de agravo de instrumento.
que produzirem, venderrm, adqurrirem, consumirem, prescreverem ou forn Interposto o recurso de agravo de instrumento, o seu Processamento selá natulal
drogas ou de qualquer outro em que existam essas substâncias ou produtos, a mente o mesmo do Código de Processo Civil, assegu-rada, porém, a Pleferênciâ de tra-
obrigatória (Lei n. 1 L .343120O6 - art. 69, l). mitação em quâlquer instância (Lei n. 11.101/2005 - a!t.89). Nâturalmente, será possível
aâtlibuiÇão de efeito suspensivo a esse recurso, nos moldes do art. 1.019, t do CPC/2015'
Além disso, por se tratar do que§tionamento de uma decisão de mérito, muito similar a
5.2 Publícidade uma âpelação, a nosso ver, deve-se assegurar a sustentação oral aos advogados interes-
sados no feito.
Como qualquer decisâo iudicial, a sentença que decreta a falência deverá ser publi-
cada. O iuiz ordenará a publicaçâo de edital eletrônico com a íntegra da decisâo que
decleta a falência e a relação de credores apresentada pelo falido.
5.4 Natureza
5.3 frecursos Como visto, a decisão que decreta a falência é resPonsável pelo inÍcio da falência em
si e,por isso, o lecurso contra tal decisâo é o agraYo de instrumento, uma vez que o
Com a regular prrblicaçáo dâ sentença, abre-se aos intrressados a possibilidade de processo deve continuar. Em razão dessas especiÍicidades há quem sustente que a lefe-
interposiÇáo de recursos contra tal decisáo (Súrnula 25 - S. I). A legitimidade para in- rida decisão é uma decisão interlocutória. No entanto, também há quem sustente que ela
terposição desse recurso de agravo de instrumento toca naturalmente ao devedor falido. é uma senteoÇa. A própriâ Lei n. 11.101/2005 não é uniforme na terminologia adotadâ,
Contudo, nada impede que qualquer outlo interessado126 inlerponha tal recurso. Pela chamando-a às vezes de decisão (arts. 99, parágrafo único, e 100) e às vezes de se[tenÇir
(arts. 99 , caput, e l8O) .
Bernardo Pimentel Souzal2e entende que a decisâo que decreta a falência é uma
decisão interlocutória agtavável e nâo uma §entença. Para ele, a decisão simplesmente
124, CAMPINHO, Sér'io. Fabncia e rccuperaçAo dê emprêsat o no\§ reíitlle de Imolvênciâ empÍesariâI. 3.
ed, Rlo de Janeiro: Renovar, 2008. p. 297; MAMEDE, Gladstot, Direito cmpresarial brasilêirat falêncleetê-
cupe.açáo de êmpr€sâs.2. ed. Sáo Paulo: Atlas,2008, v. 4, p. 368; BALBINO Márcia De Paoli ln: CORRÊÂ- I27. VASCONCELOS , ÍloneJd.o. Dircito Prccessual Í^lit enur. S^o P.úlo: Quârtier Latin, 2008, P. 230i
-LIMA, Osmâr Brinâ; CORIÊA LIMÀ, SéÍgn, Mo!Íáo \Cooíd.». Corrlcntátios à úova lei deÍalência e rccu- CÀMPINHO, Sérgio. Falé n.ta e rccuperaçAo dê.mPre§ar o novo rêgime de insolvêncú empresarial.3 ed Rio
dê ,aneiro: Renov; 2008, p. 3ol; NEGRÂO, RlceÍdo. Md ual ib direito cofieícial e de emPÍesa 4, ed sâo
peruçilo dê ct prcsas. Rio de Janeiro: Forensc, 2009, p. 745t LOBÀTO M oact"í Faléhéta e rccu.pêruçào. BeIo
Páulor Saraiva, 2009, v. 3, p, 320.
Horlzontq Del R€y,2007, p. 198.
128. BÊZERRA FILHO Mânoel lustino. I€l de re cuPerd.çào de empresas e Ídlências come ta.da 4, ed sao
125. ABRÁO, Cârlos Henrique. In: ÀBRÃO, Carlos Henrique; TOLÊDO, Paulo F. C. Saues d€ (Coord.). Paulo: Rêvista do6 Tribunais, 2007, p. 269i SIMIONÃTO, Fr€derico A. Morlte, Tratido d'e diteitoJaliúentLr,
Comentá os à lzi de re.upea@o de empEsas e Íaléncía. Sáo PalJ,lo, Sâíeite,2OOí, p.265. Rio de,âneiro: Foreose, 2008, p.423r NEGRÁO, Ricârdo. Manual de diteito cornercial e de emprcsa.4 ed.Sâo
126, SZTAÍN, Rachelj FRANCO, Ve!â Helena de Mello. Fdlência ê teauperdçao dd ernpresd em c se. Seo Paulo: Süaiva, 2009, v. 3, p. 320.
Paulo: Campus, 2008, p. l23l V^SCONCELOS , Ron'-]do. Direito proéessual Jalimentd/. Sào Paulo: QualtieÍ 129. SOUZA, Bernard o Plfientel. Direito Ptocessudl emprcsario.l Sâleâdor: ,usPodivm, 2008, P 2l5' 1'\o
Latin, 2008, p.230. rnesmo senúdo, VtGtL NE^lo,Ltizlnâcio TcoriaÍalitfientar e rcgimes r.clpetdtdrjo§. Porto Àlegre: Livnria
398 j cunso or orRero EMpRESaRIAL
DECRÊTAÇÂo JUDrcrAr DA FALÊNcra i 399
I
afirma tratar-se de uma sentença eminentemente constitutiva na medida em que
surgir uma noya situaçáo jurídicâu'g. Pontes de Miranda afirma também a preponderâ EFETTO§ DA FALÊilGIA OUAiITO
da eficácia constitutiva e o faz dando valores de um â cinco para cada eÍicácia da
tação da falência nos seguintes termos: constitutividade (5), declaratividade (3), c
1 À ptsson Do FALIDo
natividade (2), mandamentalidade (1) e executividade (4)rs.
A nosso ver, efetivamente trata-se de uma sentença preponderantemente co
tiva, porquânto ela âbre nova fase na vida econômica do falidor4r, modificando suas
jurÍdicas. Há, inegâvelmente, uma cãrga decla ratória nessa sentença, nâ medida em que
ela reconhece a insolyência do devedor emprt|sário, contudo, a esse carga declaratória se
agrega e prepondera a eflcácia constitutiva com a modificqção e a extinção de relações 1 Ouem é considerado falidoT
.iurídicas do falidora'1. Ela cria situaçóes jutídicas noyasrarl, constitui um sraúzs iurídico de
füdo's e modifica as reiaÇôes iurídicas êntre o lâlido, seus credoÍes e terceiros em gera!45. Como visto, a sentença que decreta a falência é uma sentença preponderantemente
Ademais, rrào se pode cogitar de falência sem essa sentença, vale dizer, é ela que faz nas constitutiva positiva, na medida em que elâ cda situaçóes jürídicas novasr e mais espe-
cer a tirlêrlcia, refo!çândo sua natureza constitutivar_
cifrcamente cria o sraÍas jurÍdico de falido2, produzindo efertos sobre a pessoa do falido,
sobre as obrigaçôes do falido, sobre os contratos do falido e sobre os bens do falido. para
analisar esses efeitos, é essencial saber quem é considerado falido, pois a definiçâo dessa
condição é que irá delimitar o âmbito de incidênciâ desses efeitos.
l
Naturalmente, é considerado falido o devedor empresário que está insolventc
iuridicamente e que teve sua falência decretada, Esse devedor foi réu do pedido de
falência ou lutor da autofalência ou da açâo de recuperação judicial convolada em
falência, Ele é quem está pnssando por uma crise insuperável e, por isso, é ele quem
deve sofrer a liquidaçáo parrimonial forçada por meio dâ fâlência. Estamos falando
aqui tanto dos empresários individuais (pessoas fÍsicas) quanto das sociedades em-
presárias (pessoas jurídicâs ou náo) e das Empresas lndividuais de Responsabilidade
139. RtCCl, Edoârdo Ê Lezioni sulÍaltimento.2: ed. Milano: Giuffré, 1997, p.127; SÀTTÂ, Salvatore..í§- |
Limitada - EIRELIs, vale dizer, nâo falamos apenas de pessoas jurídicas enquadradas
titu.iahl di dititto JàUimrrrare. 3. ed. Româr Foro ltaliano. 1949, p.56i COELHO, fábio Ulhoâ. Corfl€rrlrios como falido, mas de qualquer devedor empresário. Por ser considerado falido, é a
à nova lei defdênci4s. recuperuçào de emprcsa§. Sâo Paulo: Saraiva, 2005, p. 273i ABRÁO, Nelson, Curro pessoa do devedor, suas obrigações, seus contratos e seus bens que sofreráo dos efei-
de direito Jalimcntar. 4. ed. Sâo Pãulo: Rcvista dos fribunâis, 1993, p. 81; ALMEIDÀ, Àmador Paes de.
CLrso deíalêncií e rccuperuçãa de enpntsa'25. ed. Sáo Pâulo: Sâraiva, 2009, p. 107r LACERDA, I. C.
tos da falência.
Sampaio dc. Manual de d.ireieoÍal,imentar AtuâIizada por Jorge de Miranda Magâlh.les. 14. Êd. Rio de lâ-
neúo: Freitâs Bastos. 1999. p.89: REQUIÁO, Ruhens. Cutso de dirciôfalirn"rrlar 17 ,rd. Sáo Peulo: Sarâi-
va, 1998, v. 1,p. 125iNEGRÁO, Ricaldo. Mdraal de dircito comercial e de.mprcsa 4. ed,. Sâo Pàúot Sâ- \
raivâ, 2009, v. 3, p. 305; FAZZIO lÚNlOR, Vâldo. Nova lei de Ía!éncía e rccuperu?âo de emprcsas. Sáo i
l.l Sócios de responsabilidade ilinitada
paulor Atlâs, 2005, p. 267; VASCONCELOS, Ronalào. Ditcito processualÍaliríentar Sào paulor
Quârtier i
Latrn,2008, p. 209. Nas sociedades empresárias em geral, é a sociedade que é considerada falida, nâo
havendo, a princÍpio, extensão da falência a seus sócios ou administradores. Contudo,
i l4O, MIRANDÀ, Pontês de. Tratado de dircito p vad,a. Campif,ai Booksellea 2004, v. 28, p. 187.
o art. 81 da Lei n. I 1. 101/20O5 determina que, no caso de decretação da faléncia de
t4l. Idem, p. 168.
sociedade que tenha sócios de responsabilidade ilimitada, esses sócios também são
142. VÀSCONCÉLOS, Ronaldo. Direito procestaal Íalimenur, Sào Paulü: Quartier Latin, 2008, p. 210.
considerados falidos e sofrem todos os efeitos da falência.
143. RICCI, Edoardo F. Lezioni sullallimentn,2. ed. Milâno: Giuffrê, 1997, p. 127.
1,t4. PAJA-RDI, Piero. Ma nuate di ditittoJallimen are.6. ed. Mitano: ciuffrê ,2(n2, p.ll7. I
145. ÀMBROSIM, Stefeno, CAVAILI, Stefanoi ,ORIO, Àberto. ?arra to dl diritto cotttftrclale. Pedo'tü
CEDAM,2OO9,v.XI,I.2, p.212. i
1.46. ROCCO, Ugo. Dé la ndturaleza del prcceso de quLebra ! de la rcntencia que dectara la quiebra. T:.ã-
r. RlCCl, Edoardo F.l,ezioní tulÍauimento,2. ed. Mitano: clufftê, 1997, p.122,
dtrçào de rorge Guerrero. Bogotá: Themjs,2000, p.75-77. L PÂIÀRDL Picro..À{4 nualê di díritto Íallí en are.6. ed. M.ilanor Giuffrê, 2002, p,117
I
402 i cuaso or o aer-o EMPÊEsAF AL EFE[os DA FALÊNc]a oualro À eesson oo auoo ! 403
Assim, nas sociedades em comum e nas sociedades em nome coletivo, todsg rentemente possam se enquadrar nessa extensão, para evitar nulidades na eventual
sócios são considerados falidos e sofrem os efeitos da falência. Nas sociedades e decisão que os considere falidos. Na prática, tal problema não preocupa.
comandita simples, a extensáo da falência atingirá os sócios comanditados. Por fi Tal ertensão da falência aos sócios de responsabilidade ilimitada é uma prática co-
nas sociedades em comandita por açóes, a extensão atingirá os acionistas diletores d
mum no direito comparado, existindo no direito argentino6, no antigo slstema português7
sociedatle. Em suma, qualquer sócio quc tcnha rcsponsabilidade ilimitada pelas obrl- e no direito italianos. Na prática, porém, elâ é muito pouco efetiva, na medida em que
gaçôes da sociedade será considerado falido e sofrerá os efeitos da falência, deyend
existem muito poucas sociedades com sócios de responsabilidade ilimitada. No perÍodo
ser inclusive citado no eventual pedido de falência de 1985 a 20O5, onúmero de sociedades com sócios de responsabilid.rde ilimitada repre-
Como esse tipo (le sócio tem o dever de pagar as dÍyidas da sociedade, é natural senta bem menos que 0,1% das constituiçóes realizadas nas juntas comerciaise. A limita-
que a falência lhe selà estendida, Os direitos dos credores não recaem apenas sobre ção de responsabllidade dos sócios é hoie um postulado do direito societário'0.
patrimônio da sociedade, mas também sobre o patrimônio desses sócios e, por isso, .
os eÍeitos da falência se estendem â eies. Cômo eles são considerados falidos, seus bens-
serâo arrecadâdos no processo, mas, por sua situaçâo peculia!, é recomendável que 1.2 Empresário indireto
seja liquidado em primeiro lugar o patrimônio da sociedade, e só posteriormente o
dos sócios, na medida em que fbr necessário3. Também nos casos de transformação Como visto, os empresários regulares ou irregulares se submetem à falência. Contudo,
por vezes, aquele que aparece como empresá-rio no mundo jurídico não é efetiyamente o ti-
da sociedade para um tipo societário de responsabilidade Iimitada, mantém-se i res-
ponsabilidade ilimitâda dos sócros em relação às obrigações anteriores à transforma- tular da atiúdade; ele apenas emplesta seu nome, conscientemente ou não, a terceiro, que é
quem usuÊui dos benefícros da ativrdade, indusive gerindo a atividade por procuração ou
ção (CC - art. 1.115; Lei n, 6.,\04176 - att.222).
outros mecanismos. Nesses casos, discute-se quem deve falir: aquele que empresta o nome
Mesmo os sócios de responsabilidade ilimitada que já saÍram do quadro societá-
'laranja" ou aquele que efêtivamente se beneffcia da atiüdade?
rio (retirada ou exclusão) tamLéin podem ser considerados falidos. Para a extensão da
falência a esses que já não compõem o quadro societário, são exigidas duas condiçôes: O "laranja' normalmente é submetido à falência, uma vez que a atividade é exercida em
que a saÍda tenha ocorrido há menos de dois anos e que ainda existam dívidas anr,,- nome dele e, consequentemente, as obrigâçôes são assumidas também em seu nomeLr. Na
riores à sua saÍda qrie nâo tenham sido solvidas. RegistÍe-se que a data da saída dos Iiália, parte da doutrinar2 reconhece que aquele em benefício de quern se exerce a atiüdade
sócios nesse caso é.r data do arquivamento da alteração contratual. Preenchidos os tâmbém deye ser considerado um empresário (indireto) e, por isso, deve-se submetê-lo à
a jurisprudência italiana não estendem a legitimi-
fBlência, Contudo, a maioria da doutrina e
requisitos, tâis sócios podem ser considerados falidos e sofrerãcr os efeitos da falência,
dade ao empresário indireto, embora reconheçam a possibüdade de responsabilização dester3,
mas apenas em relaçâo às dívidas anteriores à sua saÍda. No direito argentino, não se
toma como referência o prazo de dois anos, mas o inÍcio da cessaÇâo de pagamentos{.
Essa extensáo dl falência a ex-sócios tlaz ploblemâs de ordem prática5, uma vez 6. BAS, Franclsco )unyenti SANDOVÂL, Câdos A. Mdún& L.! de con ursos ! qLtebras .oraentad.d. )\lleíos
Ailes: Depelma, 2003, t. tl, p. 283.
que a verificação d<)s lequisitos para a extensão da falência ao ex-sócio só se dá nor-
malmente após a decretação da falência, Àssim sendo, no curso da fase pré-fa.limentar 7, SERR^, Catârinâ. aalênêías derí'ddas ê àmbito subi.tivo daÍaUncia. Coimbra: Coimbra, 199, p. r01.
dificilmente é possível saber se haverá ou nâo a extensão. Sem saber se estâo presentes 8. Stêfãno; CAVALLI, Stêfanoi lORtO, Alberto. Trattzto di diritto eom ercidle. Padoval
2009, v. XI, t. 2, p.26.
^TVBROSIM,
CEDÀrV,
ou não os requisitos para a extensão da falência, é difÍcil saber se o ex-sócio deve ou
9. Disponlvel em: <httpl/w\ l.d^rc.9o\t.bíl>.
não ser citado para contestar o pedido e, §em sua citação, não pode haver a extensão
I0. MILMÀN, Dâytd. Ndtlorral corpotute law in a globalised markett the U( experience in perspective.
da falência a ele. Em razão disso, acreditamos que o juiz deve citar os ex-sócios que Chêltenhamr Edwa-rd Elgar, 2@9, p, 66.
11. RtCCt, Edoardo É Lczioni sul Íallimento.2. ed. Milâro: Giuffrà, 1997, p.53; PROVINCIÀLI, llcnzo.
Manualc di diltto Íd.Umerr4rc. 3. ed. Milâno: Giufiià, 1955, v. L p. 110.
12. PAJAX.DI, Piero. Mahudle dl ditittoÍallimehlale. 6. ed. Milânor GiúÍrà, 2002, p. 59i RlCCl, Edosrdo F.
3. COELHO, Fábio Ulhoâ. Curso de d.ircito comrrcial 8. ed. Sáo Pâulo: Sârâiv"â, 2008, v. 3, p. 286. Lezionl tulÍdllirnento.2. ed. Milâno: GiuÍfrê, 1997, p. 52.
4. BÀS, Frâncisco lunyent, SA-\DOVAL, Carlos À, Mollna, Le! de concursos ! quíêbras comentdda. B[eóoB 13. ÀMBROSINI, Stêfano; CÁVÀLLI, Steâno; ,ORIO Albefto. frartaro di dititto commerêidk, P.d,o\.z:
Áires: D€pâlme, 2003, t. tl, p. 286. CEDÀM,2009, v Xl, r. 2, p. 32f PROVINCIALI, Renzo. Manuak di diritto Ídhirnêntdrc.3. ed. l§Áilàrft Gl\rÍ-
5. BEZERRA ÊILHO, Mânoêl Justino. Iel dê ré. upêftçào de ernprcsas e laléncias com.ntada. 4. ed.. 5ào frê, 1955, v. 1, p. 110j FERRAnA, Francesco, ,Irlaílimerao. Milano: Gluífrê, 1959, p. 99, DE FERRA, Giâmpao-
Pâulor Revjstâ dos Tfibunais, 2007, p. 208. lo. Manuale di d,ititto Íallimentare. 3. ed.. Milano: Giuffrê, 2002, p. 13.
I
404 CUNSO DE DIBEITO EMPRESABIAI ErErros DA FAúNCA ouANro À pEssoa Do FAtlDo : 405
A nosso ver, não apenas por uma questâo de iustiça, mas Po! uma questão de 2.1 Desconsidençáo da personalidade jurídica no processo falimentar
imputaçào, há que se reconhecer a submissão do empresário indireto à falência. Se a
atividade é desenvolvida no interesse especÍfico e exclusivo do empresário indireto,6 A lei reconhece a pessoa iurídica como um importantÍssimo instrumento Para o
natural que ele se.ja considerado efetivâmente o empresáriora e, por isso, possa vir 3 exercÍcio da atividade empresarial, não a trânsformando, porém, num dogma inatacável.
falir. Náo se deve admitir que esse tipo de sujeito que se beneficia da atividade fique A personalidade jurÍdica das sociedades "deve ser usada para propósitos legÍtimos e
imune às sançôes impostas em razão da insolvência da atividade, O Tribunal de Jus- não deve ser pervertida"2o. Todavia, câso tais prop(isitos sejam desvirtuados, nâo se
tiça do Rio Grande do Sul, usando a desconsideração da personalidade )urídica, já pode fazer prevalecer o dogma da separação patrimonial entre a pessoa iurídica e os
estendeu a falência ao empresário indiretoL5. seus memb!os.
Desvirtuada a utilização da pcssoa jurídica, nada mais eficaz do que retirar os Privi-
légios que a lei assegura, isto é, descartar a autonomia patrimonial no caso concreto,
2 Atribuiçáo de responsabilidades a tercêiros na falência esquecer a separação entre sociedàde e sócio'?r, o que leva a estender os etêitos das obri-
gaçôes da sociedade a estes. AssiÍr, os sócios iicam inibidos de Praticar atos que desvir-
Além do próprio devedor (empresário individual, EIRELI ou sociedade empre- tuem a (unção da pessoa iurÍdica, pois caso o façâm não estarão sob o amParo da auto-
sária), também podem, em tese, ser considerados falidos outros sujeito§, no que à nomia patrimonial.
doutrina chama de extensão da falência16, falências derivadasr? ou falências depen- A desconsideração é, pois, r t'orma de adequar a pessoa jurÍdica aos Íins para os
dentesl3. Ocorre que o artigo 82-A da Lei n. 11.101/2005 diz que "é vedada a exten- quais ela foi criada, vale dizer, é a forma de limitar e coibir o uso indevido deste privi-
21, SERIcK, Rolf, Áadri.ú.ia J redlidad en lÃs sociedades mercantiles: el abuso de derecho Por medio de la
personâ jurÍdice. Trâduçâo e comentários de drrcito espanhol poÍrosé Puig Brutau. Bârcêlonâ: Ariel,1958, P.
24t.
14. RICCL Edoâldo Ê lezioti sulÍallimento.2. eà. Milano: Giuft, 197, p. 55.
22. VERRUCOLI, Piero. Il superurnento della perso dlità giurldíca delL so.ietà di cdpltali nella Common
15. TJRS - Agrevo de lnstrumento n. 7002960986, Quinta Câmara CIVêI, Relâto. LEO LIMA, julSedo €m
Law ehelld Cívil Law. M[âno: Giuffrê, 1964, p. 195.
15-7-2009.
23. LÀTTIN, Norrnân D. Lattíá on corpoíatiorls. Brooklyn: The Poundation Press, 1959, p. 67.
16. PROVINCIALI, R€r]f,o, Manuale di diriüoÍdllin nuft.3,.d, Ml'la or GiuÍftà, 1955, v.2, p. 1009.
24. HENN, Harry G.i -A.LEXÁNDER, John R. Zdw oÍcotporatloru,3, ed,St. Pâul West Group, 1983, p.346,
l
17. SERRA, Câte.!inâ. F4,/1,,cia.t derivalas c àmbito subjêtivo da ldléncií, Coilrlbr Coimbrâ.1999, P.67. l
t!âduçâo livre d€ 'úre concept will be suttahÉd onl, so long dt lt Lt intok and arnplofedlor lcgitinau Put'
18. FERRARÀ, Frâncêsco. Ilfallim.nto, Nr''iilanor Giuffrà, 1.959, p. 83. pos.s. Perversion of the .ohcept to lríptuper uscs and dishohdts cn^ (e, g,, to PeryetuateÍraud, to evaàe the
19. ST, - REsp 1293636/GO, Rel, Ministio PAULO DE TÁRSO SANSEVERiNO, TERCETRA TURMÀ, hw to escape obligatíons) on the othet har1d, wlll fiot be .oufitefiaficed.. ln betwee,4 are rarious sltudtiorls
wheÍe the courts might disregüd copotateness to achiev a j*rt t tule
iulgâdo em 19/08/2014, Ae Oa/O9l2OL4.
406 CURSO DE DIBEITO EMPAES,qRAL Erenos oe rniÉncn ouaNro À eessoe oo rnuoo l 407
.!
Em síntese, a desconsideração da personalidade jurídica é a retirada episódica, credoresx. Com essa redação, o desvio de finalidade passa a ter o mesmo cerne, qual seja,
momentânea e excepcional da autonomia patrimonial da pessoa jurÍdica, a fim de es- â intenção dos envolvidos de lesar ou praticar ilÍcitos de qualquer natureza.
tender os efeitos de suas obrigaçôes à pessoa de seus sócios ou administradores, ç6s1 Além disso, o § 5e do altigo 50 é expresso ao dizer que "Não constitui desvio de Íi-
o fim de coibir o desvio da função da pessoa jurÍdica, perpetrado por estes. Ela também nalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica
serve para responsabilizar os titulares das EIRELI. específica da pessoâ iurídica1 Ora, a simples expansão dos negócios ou â alteràção da
Não há nâ legislação falimentar dispositivo especÍfico que trate da desconsideração finalidade original da pessoa jurÍdica nâo podem ser considerados motivos suÍicientes
da personalidade jurÍdica. O art. 82-4, parágrafo único, da Lei n. 11.101/2005, porém, para a desconsideração, uma vez que esta visa evitar o uso abusivo da personalidade )u-
remete ao artigo 50 do Código Civil que será, portanto, a fonte primária da desconside- rÍdica, o que não é câracterizado em tâis sifuaçôes. A mudança do foco dos negócirrs é
ração aqui. Registre-se, também, a remissão ao CPC para a aplicâçrio processual da uma operação normal que não pode ser considerada suficie[te para qualquer tipo de
desconsideração da personalidade jurídica, afastando a utilização da âÇão de responsa- punição.
bilidade do artigo 82 da Lei n. 11.101/2005 para essa frnalidade. Outrossim, o parágrafo segundo traz três hipóteses de conliguração da confusão
Em certos microssistemas pode-se até admitt a teoria meno! que se contenta com patrimonial, como "a ausência de separaçâo de fato entre os patrimônios,l caracterizlda
o simples inadimplemento, mas, num processo geral como a falência, só se pode cogitar pori
da desconsideraçào da personalidade jurídica fundada na teoria maiorE, que exigká o
preenchimento dos pressupostos do artigo 50 do CC. Essa conclusão é reforçada pelo I - cumpdmento repetiúvo pela sociedade de obrigaçôes do úcio ou do adminis-
artigo 6"-C da Lei n. I1.f01/2005, que diz que "é vedada atribuição de responsabilidade hâdor ou vice-versa;
a terceiros em decorrência do mero inadimplemento de obrigaçôes do devedor tãlido ou
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestaçôes, exceto o
em recuperaçâo judicial'; úastando o simples inadimplemento como fundamento para a
de valor proporcionalmelte insignúicÀnre; e
desconsideração.
De acordo com o artigo 50 do CCi, será cabível a desconsideração da personalidade lll - outros atos de descumprimento dà autonomia patrimonial.
nos casos de desvio de finalidade e c<-rnfusáo patrimonial.
O pagamento de obrigaçôes do sócio pela pessoa jurÍdica ou vice_versa é classica-
O parágrafo primeiro do artigo 50 diz expressamentei "Para fins do disposto neste
mente enquadrado como hipótese de confusão patrimonial, pois o patlimônio de uma
artigo, desvio de finalidade é a utÍtizaçáo da pessoa jurídica com o propósito de lesar
pessoa deve ser destinado ao cumprimento de suas próprias obrigações e nâo de obri-
credores e para a prática de atos ilícilos de qualquer naturezal Com a alteração, o desvio
gâçôes de telceiros2e. Todavia o dispositivo exige explessament; que se trate de um
de finalidade passa a ser necessariamente um ato proposital para lesar credor ou pralicar
cumprimento repetitivo, isto é, do cumprimento de várias obrigaçôes e, não, de uma
outros atos ilícitos (lavagem de dinheiro, ocultação de bens...). Não há grande novidade,
obrigação isolada. Embora entenda que é razoável essa exigência, uma vez que nos pe_
uma vez que o próprio STI iá exigiâ "at.) intencional com intuito de fraudar terceiros''26.
quenos negócios esse tipo de pagamento cruzado é comum, é necessário ter cautela para
Neste ponto, o conceito do desvio de finalidade passa a se assemelhar com o con- que o requisito da reiteração seja adequado ao caso concreto. Assim, deve-se ter o
ceito clássico de fraude que é o artifício malicioso para prejudicar terceiros, isto é, "a cüdado de exigir apenas algo que demonstre o abuso da personatidade jurídica, sem
distorçào intencional da verdade com o intuito de prejudic:rr terceiros"2'. O essencial na
ências exageradas nas provas. O importaote é que, pela conexão entre as operaçôes
sua caracterizaçâo é o intuito de preiudicar terceiros, independentemente de se tratar de
pessoa iuÍdica e do sócio ou administrador não exista uma se paração fática entre
eles, de modo que a personalidade jurídica é usada como ,, mero instrumento" para
os
interesses de seu controlador.
A transferência de ativos ou passiyos senr efetivas contraprestaçôes é outro exemplo
..
clássico de confusâo patrimonial. Â transferência de ativos ou passivos realizada, sem a
devida justiffcativa econômica, nada mais é do que a ur rlizaçâo io patrimônio da pessoa
25. GONÇAIVES, Oksâ:ndrc. Deséonsidetuçito dd.persondttdadeiu di.a, Curitibar luruá, 2004, p. l48j ST,
- REsp 693.235lMT, Rel. Miniltro LUIS FEUPE S LOMÁO QUÀRTA TURMÀ, julgado em 17-11-2009,
DIe 3}-ll-2.W.
I
26. REsp 1572655/Rl, Rel. LÍioistÍo RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCETRÂ TURMA, julgado em 28. SILVA, Alexandre Covto. Aplicaçtto da desconsideraçào da personaltdade
20,3-20r8. Sào Prulo: LTí 1999, p. 39.
iu dira no direib brasileio.
27. SILVA, Alexandre Coufo. Aplkaçdo da desconsideruçào da pe\onalidade jwíd.ica no direito brasil i
I i?. STI - REsp %8.117/MS, Rel. Mioistre NANCY /\!\DRIGHL TERCEIRA TURMA, Julgado em 22-6-
São Paulo: LTa 1999, p. 36. 2010, D./e 3-8-2010.
I
I
408 CUNSO OE DIAErIO EMPRESANlAL EFElTos DA FALÊNCÁ ouaNro À pÊssoa oo FALroo : 4Og
jurídica pelos sócios ou administradores e vice-versa. Assim, quando um sócio "adqui.re" de sócio majoritário ou controlador"3r, No mesmo sentido, a Corte assentou que a "des-
bens da pessoa jurídicâ, mas não repassa para a pessoaiur(dica os valores correspondenl consideração da personalidade jurídicà, quando cabÍvel, atinge os bens dos sócios ou
tes, há uma clala mistura dos patrimônios. Do mesmo modo, emPréstimos entre a Pe§§oa administradores que praticaram ou se beneficiaram da conduta i.lÍcita"3l.
jurídica e o sócio, embora comuns, precisam obedecer às condições normaís {e mercado,
Com a redação dada pela Lei n. !3.87412OL9, passa a constar expressamente da
sob pena de representarem também um mecanismo de mistura dns patrimônios,
Iegislaçâo que a desconsideração servirá apenâs para atingir quem se beneficiou direta
Por fim, o dispositivo menciona qualquer outro ato de descumprimento da autono- ou indiretamente pelo abuso da personalidade jurÍdica. Opta,se pelo critério do bene-
miu pâtrimonial, o que representa uma cláusula geral, muito útil, Para incluir outras hi-
fÍcio, isto é, quem direta ou indiretâmente (para pareltes...) obteve algum tipo de ganho
póleses de mistura entre os patrimônios da pessoa jurídica e de seus sócios ou adminis-
pelos âtos de confusâo patrimonial ou desvio de finalidade é que deverá ser responsa
trx(k)res e vice-versa. A ideia aqui é mostrar que o rol é exemplificalivo, abrangendo
bilizado. Acreditamos que os participantes de tais atos também deveriam ser alcançados,
todos os atos que representem o uso indevido da autonomia patrimonial-
mas consideramos razoável e sa.lutar a limitação aos suieitos que direta ou indiretamen-
te obtiveram benefÍcio. Afinal, a responsabilização de um sócio pelos ilÍcitos perpetra-
2.2 Aplicação processual da desconsidemçáo no processo falimentar dos por outro sócio seria, em muitos casos, tãtor de desestlmulo a investimentos, pois
exigiria elevadGsimo grau de conâança ertre os envolvidos, funcionando como uma
Caso o pedido de desconsideraçáo se.ia feito até a Prolação da s€ntenqa que decreta "fiança reciprocai
a Íâlência, é recomendável que seia citâdo o sócio a se! atingido, nos mesmos moldes de A mesma lógica valerá para os administradores das sociedades.
um sócio de responsabilidade ilimitada. Eventuâlmente, Pode-se até usar medidas acau- Além de sócios e administradores, tem-se admitido que a desconsideração atribua
telatórias de bloqueio e indisponibilidade de bens desses sócios até a decisão do Proce§-
responsabilidade a outras sociedades integrantes de um mesmo grupo societário, também
so. Nesse caso, a própria sentença que decretar a fa.lência terá todos o§ elementos obri-
por meio da desconsideração da personalidade jurÍdica. A mesma ideia se aplica a terceiros.
gatórios também em relaçáo aos sócios a se.em êtingidos, mantendo-5e, porém, um
único processo e um único administrador judicial30. Os grupos societários são reuniões de sociedades sob direçâo única. É a direção
única o elemento caracterizador de um grupo de sociedadess, isto é, para se vislumbra!
Mesmo sejá foi decretada a falência, nada impede que haja a decretação da descon-
a existência de um grupo econômico, é necessário que haja uma reunião de sociedades
sideraçáo e a consequente atribuição de responsabilidades por dÍvidas do falido, desde
que comprovados os pressupostos iá mencionirdos, Por meio do chamado incidente de sui€itas a uma ingerência constante e comum na condução dos seus negócios. Essa inge-
desconsideração da personalidade jurÍdica. Com o CPC/2015, acleditamos recomendá- rência pode ser realizada por uma sociedade de comando ou por um órgão colegiado
yei que se instaure o incidente de desconsideração da personalidade jurÍdica, na forma com representantes dos vários membros do grupos, em outros termos, pode decôrrer
dos arts. 133 a 137, mesmo nos processos de falência, sem a suspensão do processo de uma relaçâo de natureza contratual ou de uma relação de Índole financeira, pela qual
(Enunciado 101 - III Jornadâ de Direito Comercia.l), sem prejuÍzo de medidas acautela' haia participação relevante no capital das integrantes do grupo.
tórias de indisponibilidade e bloqueio de bens dos sócios. A atribuição de responsabilidades na falência para outras integrantes do mesmo
Decretada a desconsideraçáo, mesmo posteriormente, mantém-se a unidade do grupo societário ocorreú apenas nas hipóteses que autorizam a desconsideração (CC
processo, mas pode ser necessária a instauração de uma nova verificação dos créditos - art. 50, § 4e), A consütuição de um grupo societálio é um mecanismo legítimo de ex-
particulaÍes do atingido pela desconsideração. pansáo empresarial e não pode ser considerada uma práüca suficieote para a desconsi-
deraçáo, pois não representa qualquer desvirtuamento na utilizaçáo da pessoa jurÍdica.
sagra entendimento já consolidado no âmbito do Superior Tribunal de |ustiça O STf já 32. STJ - Áglnt no REsp r74O658lDF, Rel. Ministra MARIA ISÀ8EL GALLOTTL eUARTA TURMA,
afirmou que "os efeitos da desconsideração da persofialidade jurÍdica somente alcançam iulgâdo em r3-11-2018.
os sócios particípantes da conduta ilícita ou que dela se beneficiaram, aindâ que se trate 33. COMPÀR ATO, Fábio Koíde1 O poder de condole na sociedad.e anôniza. 3. êd. Rio de laneiro: Forense,
1983, p. 28; KOURÍ Suzy Elizabeth Cevâlcânte. A dca.ontidcru@o da penorulidade iurtd.kd (dist.gard
doctrUel e os grupos de cmpr.sar. 2. ed. Rio de lâneiro: FoÍense, lB7, p. 58; GALGÂNO, trancesco. Dfit o
cívile e comm.rciale.S. ed, Pedovâ: CEDAM, 1999, v. 3, t. II, p. 186.
30. G ONÇAA/ES, Okândr o. Dcsconsideraç,Ào da penoaalidade jurídica, Cnritibâ, ,uruá, 2004, p. l+155' 34. MISSINXO, Frâncesco. Ma ualê di dititto êirtle. commerchle.g. ed. Milâno: ciurfÍà,1972, x S, p.22.
m'
410 CUASO OE OIREITO EMPRESAB L Ererros ol rlrÊrcu ouluro À ptssoa oo rerroo i 4l l
3 EÍeitos da Íalência quanto à pessoa do Íalido Tal proibição não é eterna, ela perdura até o trânsito em iulgado da sentença que
extinguir as obrigações do falido. Enquanto as obrigações não são extinta§, deve-se man-
Definidos os suieitos que podem ser considerados falidos, resta analisar as conse- ter o impedimento, evitando que essa pessoa que não foi confiável no exercício da ativi-
quências pessoais desse srar&J jurÍdico, isto é, resta analisar os efeítos da falência quanto dade empresarial volte a exercê-la. Ocorrendo a extinção das obrigaçôes, em qualquer
à pessoa do falido. Registre-se, de imediato, que trataremos nesse tópico dos efeitos das hipóteses do art, 1stl da Lei n. 11.101/2OOE, não há mais moüvo para mantei a pioi-
pessoais, deixanclo os efeitos patrimoniais para outro item. biçâo, uma vez que os credores prejudicados nada mais podem reclamar. Com essa ex-
tinção, será feita a ânotaçáojunto ao registro do ompresáno. Reitere-se, porém, que nada
impede que o falido seja sócio ou até administrador de sociedade.
3.1 lnabilitação empresaial Ess:r inabilitação é uma clara aplicação da teoria da falência como sançáos. Tal teo-
ria, contudo, é obieto de acertadas criticas e tem sido cada vez menos utilizada pelas
O primeiro efeik) da falência quanto à pessoa do falido é sua inabilitação empresarial. legislações. Na ltália, a atual legislação nâo cogita mais de sançóes tâo pessoais na dàcre-
Em outras p3lavras, .r pr.tir da decretação da falência, surge um impedimento para a tação da falência3o. Mesmo na Argentina, onde a inabilitação continua a exisú seu pra-
pessoa do falido exercer a atiúdade empresarial. Literalmente, o art. 102 da Lei n. zo é menor, perdurando até um ano após a decretação da falência ou após a constataçáo
11.101/2005 assevera que'b falido fica inabilitado para exercer qualquer atMdade em- da cessação de pagamentose.
presârial a partt da decretaçáo da falência e até a sentença que extingue suas obrigaçôe§1 À inabilitação até agora analisada é um efeito automático da sentença que decreta a
Essa inabilitaçâo será devidamente averbada iunto ao registro do empresário, como falência, abrangendo apenas o falido e proibindo apenas a condiçáo de empresário indi-
forma di: dar publicidade a esse estado de füdo, e deyerá ser obedecida, sob pena de vidual. Contudo, no caso de condenaçâo por crimes faiimentares pode surgir uma ina-
conÍiguração de crime falimentar e irregularidade no exercÍcio da atividade, a partir da
bilitaçáo mais ampla.
publicação da sentença que decretar a falência35.
No caso de prática <1e crime falimentar, pode ser determinado expressamente, como
Como iá mencionado, os efeitos da falência se estendem a quem quer que seia
efeito secundário da sentença condenatória, a proibição do exercício da atividade empre-
considerado falido, isto é, ao empresário indMdual, à sociedade empresária e aos sócios
sarial, o impedimento para o exercÍcio de cargo de administrador ou memb«r de.coÀse-
de responsabilidade ilimitada. Gladston Mamede assevera que o iuiz pode estendeÍ
Iho fiscal de sociedade, bem como a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou
essa inabilitação a sócios de responsabüidade limitada ou administradores, desde que
por gestão de negócio§. Tais restrições nâo sâo automáticas, dependendo de decretaçà()
o faça iustificadamente rLa sentença que decreta a fa.lência'". A nosso ver, porém, o que
especÍfi ca na sentença condenatória.
pode haver é a extensão da própriâ falência e, consequenLemente, da inabilitação. A
§imples extensão da inabi.litação não teria muito sentido, nem resultado prático. Reitele-se que essa inabilitação mais ampia não decorre da falência, mas da ôonde_
naçâo por crime fa.liÍnentar, dependendo de decretação específica. Outrossim, elanão s,:
O Íâlido atingido por esse efeito não se torna incapaz, nras apenas softe uma restí-
restringe ao falido, podendo abranger qualquer pessoa que seja condenada por tais crimcs,
ção para o exercÍcio de certas atividades. A inabütaçâo proibe a pessoa do falido de ser
incluindo o falido, os sócios, os administradores da sociedade e âté o administrado. jLr-
empresário individual, isto é, prolbe o falido de exercer a atiyidade empresarial em seu
próprio nome, não impedindo a condição de sócio ou mesmo de administrador de so- dicial. Ademais, ela é mais restritiva, pois determina a proibição de ser empresário indi
vidual, de ser o administrador ou membro de conselho fiscal de sociedade, bem como <i,.
ciedade. Apesar de já ter evoluido em relação ao regime anterior, a atual legislaçáo ainda
está centrada na figura do empresário indiüdual e, por isso, estabelece o impedimento
geÍir empresa por mandato ou por gestão de negócios.
apenas para tal condição. Em decorrência dessa inabiütaçâo, o falido também Êca impe- Por fim, é oportuno registrar que essa inabilitação se estenderá até S anos após a
dido de ser corretor de seguros (Lei n. 4.594164 -
dtt.3g, d); de ser corretor de naúos extinçào da punibilidade ou até a reabütaçâo penâ.l, o que ocorrer primeiro, não impor_
(Decreto n. 20.881/31 - art. 207); de ser leiloeiro (Decreto n. 21.981/32 - art. 3e, d). Âlém tando o momento da extinção dâs obrigaçÕes (Lei n. 11.101/2005
- art. 181, S 1s). A
disso, ele fica impedido de exercer a tutela e a curatela (CC -
arls. 7.735,l, e L.77 4). reabilitação criminal é a declâração iudicial de que o condenado teve extinta a pena â que
foi condenado, estando apto a viver em sociedade, devendo desaparecer os efeitos decor-
rentes da condenaçào, inclusive com o sigilo sobre os registros do processo, A reabilita-
35. FÉRÉS, Marcelo de Andrade. In: CORRÊA-LIMA, Osmâr Brlnei CORRÊA LtMÀ, Sérgio Mourâo
lcootd,,), Conefitáríot à t ova lcl deÍaÉrrcta
a rccuperação de efiprcsas.Rio de Jâneilo: !o.eísê, 2009, p. 770.
38. FÉRES, Marcelo de Àndrede. Inr CORRÊÂ-LIMA, Osm Brinâ; CORRÊÀ LIMÀ, Sérglo Mou.áo
36. MÀMEDE, Gladston. Dir.iao .mpr.sarial brasíleirot Íâlêncii e rccupêrâçáo de empresas. 2. ed. Sáo
lGooÂ.|. Corhentários à fiova hi d.Ía!ência e ftcuperuçào dc emprcras. Rio àê Janeiro: Forênsê, ã009, p. 770.
Peu.lo: Àtlas, 2008, v.4 p.394.
39. RONCO Simonêtta. Gti effetti del âllimeoto. tn: Dl pEpE, clorgto Schiztro(Cootd.l,Il dirittofa imen-
37. Tal decreto foi forÍnalmente revogado pelo Decreto sem núhero de 25 de abril de l99l. Contudo, en- tare ríÍormato. Dedc,'ret CEDÂM, 2007, p. 143.
têndemos que o Decreto n. 20.881/1931 t€m hierÀrquia de lei ordinária, pois não haviâ Congresso em funcio-
nâmento, sendo completâmente sem e0cácie a citadâ revogaçâo. 40- EÀ\'IER-DUBOIS, Eduârdo M, Concürsos ! quiebrds. Buenos Ntest Errepâr, 2003, p. 372.
I
412 i cunso oe ornaro EMPRESABTaL
Ereros oa ratÊrcn ouaNTo À pESsoA Do FAL Do ! 413
ção poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquel
l
X.3 Sigilo de coÍespondência
modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o periodo de prova da suspen- I
são e o do livramento condicional, se não sobrevier levogação, desde que o condenadq I ' Na administração da massa falida, cabe ao administrador a abertura das correspon-
i
tenha tido domicílio no País no refêrido prazo e tenha dado, duEnte esse tempo, demons- I dências dirigidas ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interes§e da
tração efetiva e constante de bom comportamento público e privado (CP - ârt.94). â
t..
. massa (Lei n. 11.101/2005 - art. 22, lII, d). Não se pode sequer cogitar do crime de vio-
i lação de correspondência, Pois este exige uma violaçáo indevida da correspondência e,
I no caso da falência, há autorização legal expressa para a abertura da correspondência.
t
3.2 Capacidade processual do falido I
.A.ssim, pode-se dizer que um dos efeitos da decretação da falência é o fim do sigilo das
{ correspondências empresariais do falido.
A inabilltação acima mencionada decorre diretamente da previsão de que o falido A intenção da Lei neste caso judicial o maior número
é assegurar ao administrador
perderá a administração e o poder de disposição sobre os seus bens (Lei n. 11.101/20Q5 possÍvel de informaçôes. As correspondências dirigidas ao devedor podem conter infor-
- art. 103). Se não pode âdministrar os bens, não pode exercer a empÍesa. Contudo, a maçóes essenciais e, por isso, o administrador deve ter conhecimento delas. A nosso ver,
nosso ve! esta privação se enquadra melhor êôm um efeito quanto aos bens do falido, I tal poder do ad ministndor judiciâI abiange inclusive correspondências eletrônica§s, teldo
De qualquer modo, essa privação é a responsável direta pela inabilitação e também por em ústâ e-rnail No direito italiano, há indusive previsâo expressa
a propagação do uso do
lestrições no que tange à atuaçáo processual do falido. l desse poder em relação às comunicâçôes eletônicass, mas estabelece-§e o deYeÍ de enhe-
I
Por não ter mais os poderes de administração e de disposição dos seus bens, os quais ga dessa correspondência pelo falido ou petos administradores da sociedade falida.
I
passarão à masia falida, o falido deverá ser substituído nos processos relaciooados direta A fim de resguardar o sigilo nas comunicaçóes, assegurado constitucionalmente
ou indiretamente a seus bens, interesses e negócios. Quem não tem o poder material de (CF/88 - art. 5,, XII), o pxóprio dispositivo restringe a comPetência do administrador
disposição não pode ter uma atuação processua]al. Assim, seja como nutor, seja como réu, i
judicial, determinando a entrega ao devedor das correspondêrcia§ que não forem de
interesse da massa faüda. Ora, é natural que cartas de amor, convites de casamento e
o falido deixará de ser palte no processo, sendo substituÍdo pela massr tãlida, que será re- I ;
presentada pelo administrador jud.icial (Lei n. 11.101/2005 - art. 76, parágrafo único),
l outras correspqndências de caráter claramente pessoal sejam entregues diretamente âo
Dentro dessa perspectiva, alguns autores chegam a falar em perda da capacidade devedor falido, uma vez que em nada interessam ao proces§o de falência.
Ruben .i.rrnalho considera tal efeilo inconstitucional i. De modo menos incisivo,
processual pelo falido, abrindo apenas algumas exceçôes para a sua atuação processuala2, l
nos casos em que a lei expressamente autoriza, como o aiuizamento de açóes de impug- 1
respondências foram dirigidas ao endereço de funcionamento da empresa, elas presumi-
nação de créditos (Lei n. 11.101/2005 - art.8e). Mesmo nós processos em que ele é
damente náo têm caráter pessoâl e, por isso, podem ser abertas pelo administrador judi-
1
substituÍdo pela massa falida, ela poderia interver como assistente, requerendo o que I
cialae. Caso ele abra alguma correspondência Pessoal, deverá encaminhá-la ao devedor
I
entender de direito e interpondo os recursos cabíveis. Portanto, o falido náo perde a
I
capacidade processua[, mas terá resüiçóes nesta seara, ele poderá atuar em nome próprio, I
por conta próplia, nas questôes que se referem ao seu interesse de agire. I
I
I
45. ldem, p.474.
I
41. PAIARDI, I'iero. Manuale di difitta ÍaÀimentare. 6. ed. Milano: GiuÍfré,2OO2, p- 25O. I
46. RONCO, Simonetta. GIi€ffetti del falllmento. tn: Dl PEpE,GioÍgio Sc\ianolcooÀ) IL ditittôíallime -
I tdte riíormatô, Pàdovâ CEDÀM, 2007, p. 143.
42. RONCO, Simonettâ. GIi -"ffetti del íallim€nto. ln: DI PÊPE, Giorgio S (hiàno lcooú.). dirittoÍallirnen- I
tate riforaato. E^do\at CEDAM, 2007, p. I45. I
47. RÂMALHO, Rube']..Curso têófica ê ptácico deÍalências a éokcordatd.s. São PaulorSarâiva,1984, p, 143.
43. FÀZZIO lÚNlOR, !íaldo. Nova lei d,eÍalência e recuperaçã.o de emprelas. Sáo Paulo: Á.dâs, 2005, p.298. 48. MÁMEDÉ, Glâdsto n. Direito empresarial brdsileiro: falência e recupelaçáo de emPresas. São Paulo:
I
Àtlas, 2006, v,4, p. 114-115.
44. SIMIONÁTO, F ed.erico A.. Mo]l.te. Traudo de dircita Íalimentat. Rlo de laneilor For€nse, 2008, p. 481i
STI -Aglnt no REsp 1265548, QUÂRTA TURMÀ, Relâtor para âcórdáo; Ministro ÀNTOIiIO CARLOS 1 49. ToLEDO, Paulo Ê C. SâllêB d€, In: TOLÉDO, Paulo F. C sâlies deiABI{Âo, Cârtos Henrique (CooÍd ).
FERREIRA, julgado em 2s-6-2019. Cafiefitários à lei de recuperaçdo de etlplesa.s eÍalência. Sâo Paolot S aiva, 2005, p. 56.
I
l
4 4 CUFSO DE D sEITO EMPBESANIAL
EFÉros DA FALÊNCA ouANro À pEssoA Do FALTDo i 415
A.lém dos efeitos.já citados, â decretação da falência impõe ao falido um O reíerido termo de compârecimento deverá contcr inicialmente a qualificação
dever geral
de colaboraçãosl no processo falimentar. O artigo 104 da Lei n. ft.t01/200S
faz refe-rêq_ completa do falido ou dos administradores da sociedade talida, em especial o nome, a
cia ao representante legal do falido, mas isso não retira do próprio falido
esses deveres, nacionalidade, o esta<lo civil e o endereço completo do dornicÍlio. Trata-se de exigência
até pela penalizaçâo prevista para o descumprimento. inerente ao dever de colaboração, uma vez que tais iníormaçóes permitirâo a comuni-
Embora não tenha mais condições de superar a crise, o falido deve colaborar caçáo e a busca de informações júnto ao falido ou administrador da sociedade falida.
.liquidaÇão para a
Eventuais mudançâs nesses elementos informados também deverão ser comunicadas
mais pronta e efetiva do seu patrimônio. Nesse sentido, ele deverá auxiliar
especialmente o iuiz e o administrador judicial, na medidâ em que ninguém ao juÍzo.
melhor do
que o próprio para dar informaçóes e prestar esclarecimentos essenciais Dentro da mesma peffpectivs, eúge-se, no caso de sociedades, a identificação (nome
ao bom anda-
mento do plocesso. e endereço) de todos os sócios, acionistas controladores, diretores ou administradores
da sociedade. Registre-se que, nas sociedades por açÕes, que podem ser muito graldes,
não se exige a qualificrção de todos os acionistas e rdministradores, mas apenas do acio-
nista controlador e dos diÍetores da sociedade. Em todo caso, deverão ser apresentados
o contrato social ou estatuto e a§ lespectivas modificaçôes, devidamente reglstlados.
Também para facilitar o acesso a informações, exige-se que o referido termo conte-
nha a qualiÍicaçáo do contador encarregado da escrituração do devedor. Mais urna vez,
trata-se de informação primordial para conhecer a realidade do falido, bem como para
apurar eventuais irregularidades, inclusive a prática de crimes falimentares, como a con-
tabilidade paralela.
Aléar disso, o referido termo deverá explicitar as causas determinantes da falência,
3.4,1 Termo de comparecimento nos autos para que se tenhâm parâmetros obietivos sobre a p<.rssibilidade dir continuação da em-
pÍesa, seja provisoriamente, seja definitivamente com outro sujeito. Outrossim, tal hfor-
A primeira obrigaçáo que se impõe ao falido e aos administradores ou [quidantes da mâção também é útil pâra eyentual responsabilização penal do falido ou dos admiristra-
sociedade falida é o comparecimento em dia, local e hora designodos pelo dores da sociedade riiida. Em razão disso, é razoável permitir que eles se recusem a
administrador
)udicial, no prazo não superior a 15 (quinze) dias após a decretação da fJência, para firmar prestar tal esclalecinento, mantendo o silêncio, uma vez que ninguém é obrigado a
um termo de comparecimento, prestando inÍormaçôes iniciais produzir provâ contra si mesmos4.
e se colocando à disposição
para colaborar com o processo. Para Gladston Mamede, tal informaçáo só será necessária quando for requerida
pelos credoress5.A nr)sso ver, porém, quando o díspositivo menciona que ta.l explicitação
deverá ocorrer "quando se tratar de pedido feito por credores'l o que se guer na verdade
50. SZTAJN, Râchel; FRÁNCO, Vera Helena de Mello. Faléncid e rccuperaçao
cla empÍesd ern crise. Sâo
Pâulo: Campus, 2008, p. 64i CÁ-MPINHO, Sérgio. Faléncia e recupetuú;
de empresa: o'tovo regime de in-
solvência empresârial.3. ed, Rio de lâneiro: RenoEr,2OO8, p.320;
aIMiONATO, Fr€derico A. Monre. ?ara_ 52. FÉRES, Mârcelo de Ândrade. ln: CORRIA-LIM^, Osmar Brina; CORRÊÀ LÍMA, Sérgio Mou!áo
do d.e dirêitoÍalineitaLRio de ianeiro: Forense, 2008, p. 474; PERIN
Iú.JIO R,Écto. Cursa de direito Íatimen_ \Cootd,). Cotfiettárias à fiovd lei deÍalência e recupetuçiLo de empresas. Rio dê Jan€tlo: Forense, 2009, p.786.
tat e rczupetuçà.o de erfiplesar. 3. ed, São paulo: M étod.o, 2006, p.
242 .
51. BAS, Francisco Junyentj SÀNDOVAI,, Câdo s A. M1oli.na. Let de canan:ljos quiebras camentada. Buenos 53. MÀMEDE, Gladstor\. Direito empresatial brasileirot falência e recuperàção de empresas, 2. ed. São
tures: Depalma, 2003, r. 2, p. 78; FfREs, Malceto de Andrade. ú:
! Paulo: -\das, 2008. v.4, p. 396-397.
CORRÊÀ_LÍúA, o;m,rr Brinâr CoRRÊÁ
LIMÀ, Sérgio Mouráo (Coord,.). Canehttirios à hova lei deÍatê cid e recuperaçito
de emprcsas.Rio delanei_
g. ldem, p.398.
rô; Forense, 2009, p- 785.
55. ldem, p.396-397.
I
416 CURSO OE DIREITO EMPBESÀFIAL EFErros DA FALÊNCB ouaMroÀ pEssoA Do FAuDo : 417
-:
é afastar tal menção no caso de autofalência*. Neste caso, o próprio pedido conteú essa materiais idôneos à materializaçâo da escrituração1 tendo em vista a possibilidade da
explicitação, uma vez que o art. 105 da Lei n. 11.101/20O5 exige o declínio das razôes da
3doção do sistema de fichas ou mesmo do sistema de microfilmagem dos livros;,.
impossibilidâde de prosseguimento da atividade empresarial. Em todo câso, é essencial
Os livros obrigatórios deverâo ser entregues em juízo iuntamente com o termo de
a explicitação dessas causâs.
comparecimento, devendo serencerrados peloiuiz e entregues ao administradoriudicial.
Por fim, o referido termo deverá conter relaçóes descritivas dos principais elementos
5e for da preferência, os livros podem ficar na secretaria do juízo. Embora não haja a
envolvldos na atuação do devedor. Assim, o termo deverá conter uma relação dos man-
previsáo do momento da eotrega dos livros facultativr-rs, deve-se entender que eles deve-
datos outorgados pelo falido que ainda estejam enr vigort, com o nome e endereço do
rão ser entregues em juÍzo, o mais breve possível, seguindo o mesmo procedimento dos
mandatário constituÍdo. Também deverá conter a relação dos bens móyeis e imóveis do
livros obrigatórios. Eventual omisslio poderá ensejar a intimaçâo pessoal para entrega,
falido que não se encontrem dentro do estabelecimento. Ainda se exige a relaçáo de so-
sob pena de configuração do crime de désobediência.
ciedades das quais o fa.lido faça parte, com as respectivas comprovaçôes, bem como das
Também deverâo ser entreguris trrr juÍzo os demlis papéis e documentos do fãlido,
suas contas bancárias, aplicaçôe§, tÍLulos em cobçança e processo em andamento. Em
suma, o termo deverá conter as informaçóes essenciais sobre a atuação do falido. com a maior brevidade possÍvel, rerrdo em vista a ceieridade que deve reger a falência.
Do mesmo modo, caberá ao falido a entrega de b€ns suieitos à falência, com a indicação
dos bens que esteiam em poder de terceiro. Mais uma vez, a eventual omissão poderá
3.4.2 EntÍega de bens, livros, papéis e documentos ensejar â intimâção pessoal para essa entrega, sob pena de configuração do crime de
desobediência.
 decretação da falência também impôe ao falido administrador ou liquidante
e ao
da sociedade falida a entrega de bens, livros e documentos em)ulzo. Ora, se há um dever
geral de colaboraçâo para o bom andamento do processo, o desdobramento mais ime- 3.4.3 Bestriçôes à liberdade de locomoção
diato desse dever é essa entrega de bens, liyros, papéis e documentos do falido. Com isso,
permite-se um processo mais ágil e mais barato, atentando aos princípios da economia Outra obrigaçâo imposta ao falido e ao administrador ou liquidante da sociedade
I
e da celeridade processunl que devem reger toda a falência. falida consiste em "não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo
ius-
I to e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procuradoi bastante" (Lei n. 11.101/2005
A lei impóe como obrigação comum a todos os empresários, ressalvado o pequeno -
empresário53 (o art. 1.179, § 2c, do Código Civil dispensa o pequeno empresário da escri- art. 104, ltl). Devemos Ínterpretar esse dispositivo com cautela, porquanto não é essencial
i
que o falido ou administrador da sociedade falida tenha domicílio na mesmacomarca do
turação), a manutenção de uma escrituração contábi.l dos negócios de que participam. I
processo de faléncia. Não se pode impor a tais suieitos uma eventual mudança de clt,r: r i-
Tal escrituração tem por funções: organizar os negócios, serürde prova da aüúdade para I
gatórios ou facu.ltativos. Para esse fim, devem ser considerados liwos luaisquer meios sociedade falida são bem comuns. No direito italiano atual, exige-se a comunicaçâo de
I
eventuais deslocamentos ao iuÍzo íalimentaf. No direito argentino, eúge-se a autoriza-
I
çâo judicial, mas apenas para yiagens ao exterior6a, No regime brasileiro anterior, exigia-
56. NEGRÀq RiceÍdo. Manuzl d. dbeito .onercl^l e de emprcsa.4. ed, São Pãulo: Sar.i!"a, 2009, v. 3, p. 360. I
57. MAMEDE, Glâd6tor.. Dircíto .mpresarial brasileirct fâlêr.ciâ ê tecuperaçáo de empresas. 2. ed. são
Paulo: Atlâs, 2008, v. 4, p.4O2, I
61. FÉRÉS, Mârcêlo de Andrade. In: C()RRÊÀ-LIl\lA, ( )smar Brinâi CORRÊÀ LtMÀ, Sérgio Mouráo
58. Empr€sá.io individual com receita brutâ, no âno-calendirio ânterior, de até RS 8I.OOO,O0 (oitenta e um looorc,.). Comehtátios à now lei delalêru:ia e recuperuÇ.ia de emprcsaÂ.Rio de Janeiro: Foíens€,2009, p.788.
mil reais). 1 62. FÉRES, Marcelo de Àndrade. ln: CORRÊÀ-LtMA, Osmâr Brinâi CORnÊA LIMA, Sérgio Moureo
(Coord.). Comentárias à noya lEl deÍalttch e re.uperaçâ.o.le emprcsas. Rio de
59,GALGÀNO, Fran.êsco, Dititto ciyilê e .ttmmerciate- 3. ed.. Paàovâ: CEDAM, 1999, v, 3, t. 1, p. 136i râneilo: Forens€,2009, p.790.
CARVÁLHOSÀ, Modesto. Camentá as ao CtiirÍo Ciyll. Sào Paulo: SeraiIà,2@3,v. t3, p.776. 63.ÀMBROSINI, Stefâno, CÀVÀLLl, Srcfano; ,ORIO, Alberto. Truttdto di diritto commerciale. padova.
60. RIPERT, Georgeri ROBLOT,Rg1é. náhá tléfientaire de droit cohtrfie,,.taL S. ed. paris: Librai.ie Générâ- CEDÀM,2009, v. XI, t. 2, p.319.
1€ de Droit êt de lurbprudence, 1963, v, 1, p, 207. 64. FAVIER-DUBOIS, É.dua-do M. Cancursos ! quiebras. B\\enos Akest Errepâr, 200g, p. 221.
I
418 ; cuRSo oE DtÀEtro EMpBEsABtar
I com a eventual defesa apresentada. De qualquer modo, será ônus do devedor tal apre- póteses constitucionalmente admitidas. Ele afirma a impossibilidade de qualquer forma
sentaÇão sob pena de conffguração do crime de desobediência. de prisão como meio de coerção para o cumplimento de obrigações.
Na hipótese da íalência requerida Por terceiros, caso a lista não conste do§ auto§, o Ousamos discordar desse entendimento. A nosso yer, a lazão está com o mestre
juiz deverá determinar, na própria sentença de decretação da falência, que o falido a mineiro Marcelo Féres, para quem a lei instituiu um novo crime: a desobediência Íali-
apresente no prazo máximo de 5 dias, sob pena de desobediência (Lei n 11101/2005 - mentar75, que consistiria não no descumprimento da ordem de um funcionário público,
art. 99, lll). lgualmente, no prazo de até 15 dias, o devedor ou representante da socieda- mas no descumprimento das obrigaçoes previstas pelo art. 104 da Lei n. Il.101/2005,
de falída deverá enviar para o administrador a rehção de seus credores, em arquivo após a intimação pelo juiz para cumpri-las. Há efetivamente um caráter penaÍ6 nessa
previsão, que deve ser aplicada com extremo cuidado, mas pode ser regularmente âpli-
eletrônico, no üia em que prestar as declaraçóes (Lei n 11.101/2005 - art 104, XI)'
cada. Ao chamar esse crime de desobediência, o legislador quis trâzer a mesma discipli-
na do crime de desobediência previsto no art.3ll0 do Código penal, isto é, pena de de-
tenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses e multa, ressaltando-se mais uma vez que a
3.4.6 Auxílio ao administrador iudicial
aplicação da multâ seria LoLalmenle in,,, da.
Como no processo de falência o administrador será o órgão mais atuante, impôe-se Por se tratar de crime preüsto nâ Lei n. 11.101/2005, a eventual condenação c mi-
ao falido e ao administrador ou líquidânte da sociedade falida um dever geral de auxflio nal deffnitiya traz consequências adic]onais" Assim, o juiz poderá determroar expressa-
ao administrador judicial. Exige-se ainda que tal auxÍlio seia prestado com zelo e preste- mente, como efeito secundário da sentença condenatória, a proibiçào do exercÍcio da
za, isto é, seja prestado de forma diligente e da maneira mais rápida possÍvel, tendo em atividade empresarial, o impedimento para o exercício de cargo de administrâdor ou
vista os próplios objetivos do processo de falência.
membro de conselho fiscal de sociedade, bem como a impossibilidade de gerir empresa
por mandato ou por gestão de negócios. Essa inabilitaçáo se estenderá até S anos após a
extinção da puníbilidade ou até a reabilitâçáo penai, o que ocorrer primeiro (Lei n.
3.4.7 Descumprimento das obrigaçóes 11.10i/2005 - art. 181, s 1e).
Da mesma forma, cabe-lhe intervir como assistentez nos processos em que a massa Nessa liquidaçáo, será apurado o ativo da sociedade falida e pago o passivo. Finda a liqui-
falida for interessada, podendo requerer o que entender de direito e até inte(por recursos. dação, encerra-se o processo de falência.
Embora tenha uma atuaçáo processual mais restrita, o íalido continua a ter interesse e legiti- Encerrado o processo de Íalência, Sérgio Campinho entendç que a sociedade pode-
midade para atuar nesses processos. Outrossim, ele terá o direito de requerer o que for ne- rá ser extinta com a devida baixa no registroTe, como leya a crer o artigo 156 da Lei n.
cessário para a proteçeo dos seus direitos. Ademais, a própriâ Lei n. 11,101/2005 prevê âlguns 11.101/2005, que determina a baixa no CNPI com o encerramento do processo. A própria
direitos especÍfrcos ao fúdo, como por exemplo, a apresenhçào de impugnação de créditos ideia de extinção do processo de falência, como causa de extinção das obrigaçôes (Lei n.
(ârt. t3!) e a participação na assembleia de credores, §em direito â voto (art, 43).
11.101/2005 - art. 158, Vl), leva a crer no encerrâmento também da pessoa jurÍdica.
Excepcionalmente, o falido também terá direito a remuneração módica, que será Ademais, a referência à "viabilização do retorno célere do empreendedor falido à ativi-
arbit{âda pelo luiz, desde que a massa comporte trl pagamento e o lalido cumpra de dade cconômica" (Lei n. 11.101/2005 - art. 75, tll) como objetivo da falência também
forma diligente e útil os seus deveresT3. Embora não haja previsão expressa sóre essa conduz a essa conclusão.
remuneração, como havia no regime anterior, é perfeitamente possÍvel que o juiz a fixe
tendo em vista a colaboração ativa do falido no processo. lsso ocorrerá muito raramente,
em razão das próprias possibüdades de pagamento dâ massa falidà.
77. MIRANDÂ, Pontes d,e. Tatado de díreito p,,iyado. Câmpinâs: BooksêlleÍ, 2004, v. 28, p. 283; EÉRES,
lvÍârcelo de Andrade.ln: CORRÊÀ-LIMA, Osmar Bdn4 CORRÊÀ LIMA, Sérgio MouÉo (CooÍd.). Cotnen-
tárias à noya lei deJalênêid e recuperaçáo de empresa§. Rio de Jân€iro: Forense, 2009, p. 782,
78. PERIN ÍÚMOR, É c\o- Curso de d eitoÍalifltentdr e recuperaçâa deetnple§4s.3, ed. SâoPâulor Métodô,
l. MIRANDÀ, Pontes de. Tratado d. dir.ito privado. Cam?ini': Booksell€r 2004' v. 28, P. 231; AL'
MEIDA, Amâdor Paes de, Curto deÍalêicid.. teêúperaçao d.e empres45. 25. ed. São Pâulo: Sâraivâ,2009, 5 MÀMEDE, ciladston. Direito empresaríar brasilái,'or fâlêncra e recupelação de eÍnpreses. são paulo: Atre,,
p. 138. 2006, v. 4, p.69.
2, pRO\4NCIALI, R€nz o. Marlüdte di dittttoíatlimeÍrare, 3, ed. Miisno: Giuffrê, 1955, v 1, P.455; NEGRÁO, 6. CAMPINHO, Sérgio. Faléncia e rccuperdçào de efiprcsai o novo regime de Insolvê[cia
emprlsaria]. Rlo
Í\icaído. Manudl de dircito comercial e d. enpera. 4. ed. São Pâulo: Sâraiva, 2009, v. 3, P. 325; CÀMPINHO, .
deJáneüo: Renovaí 2006, p. 143.
Sétlio. Fa!ê cia e reçupetuçào de empr.s*: o novo regime de in6olvêrciâ emPresaÍiá.I. 3. ed. Rio de Janeirol
?. MAMEDE, c ladsto n. Direito eftprcsariél btdrlleiro: faléncia c recupeÍâção de empresâs. Sâo paulo: Atlas,
Renovar, 2008, p. 335i SIMIONÁTO, Frederico A. M.onte- Tratado de dircito Íalimentar. Rio de laneirct Fo- -
2006, v. 4, p, 70; VALVERDE, Traiano de Mir"ânda , Comei ários à tei d;ÍaLéxdas.
rense, 2008, p. 439j AMBROSINI, Stêfâno; CAVÀLLI, Stefano; IORIO, Albefto. TrattÁto di diitto êo ner +. eà. Rio de laneiro; Foren,
se Unlversitddâ, 1999, p. 2LO.
.kI€. Padova: CE DAM, 2009, v, Xl, t. 2, p. 359.
8. MAMEDE, Gladsto n Direito empresaria! brasiLin : fâléncie ê recupereçto de empresas, São paulo: At!âs,
3. MAMEDE, Gladston . Dlreito empresarídl bftlsireiro: falénciâ e rccuperâçáo de emPr€sâs 2. ed. Sào Pau-
2006,
-v.4, p. 71i TOLEDO Paulo F. C. Sa.lles de. tn: ABRÃO, Carlos Éenriquei TOL'EDO, pâulo F. C.
lo: Adas,2008, v 4, p.423; LOBATO, Moacyr Falêncid e recuperação.Belo Horizonte Del Rey,2007, P 219i Sâlles
de looord.\. Cornenürios à bi de recup.raçÀ.o de empresat eÍalêrrcia. Seo nâU,
TZIRULMK, Luiz. Dir€ito Íali.nentar 7. ed,. Sâo Paub: Revista dos Tribunâis, 2005, p. l8O. S"r"iru, zms, p. ff.
4. 9. COELHO Fábio Ulhoà. Comehtários à novd leí de Ía!êh.ias e ftcry)eld?ào de ernprcsas. Sâo pàv)ot Sarai-
ULLOA, Francesca Cuomo. Gli effêtti dêl fâümenn) per i creditori. lnr Dl PEPE, Giorgio Schiâno (Coord.)
va, 2m5, p. 34.
diricto fallinentdre riíornaro. Padova: CEDAM ,2OO7 , p. 151.
ffi.i.------]il
426 i cuaso oe orneno EMPREsÂBtaL E.Erros ;ÁLÉ\ch ouaNTo as
DA oBH GAÇôES oo *or_oo i 427
l
vencidos. Assim sendo, â falência impõe o vencimento antecipado das obrigaçóes do ' Dentro da mesma perspectiva do não agravamento da situação do falido, não pode-
falido (Lei n. 11.101 l2tn, - afi.77), d.e modo que todas elas )á sejam exigÍveis a partii da râo ser exigidas.na falência as cláusulas penais dos contratos unilaterais vencidos em
falência e possam ser pagas de acordo com a ordem de preferênciaro. virtude da feléncia (Lei n. 11.f01/2005 - art.83, s 3e). O vencimento antecipado das
Caso não houyesse o yencimento antecipado, o Íator temporal poderia ter algurn3 , obrigações não significa o seu pagamento imediato, vale dizer, após a falência há um
influência nos pagamentos. Com o vencimento antecipado, há uma uniformização das intervalo até o pagamento dessas obrigações já vencidas. Assim sendo, poderia rie ima_
obrigaçôes do falido, afasLando qualquer influência do fator temporal na ordem de pagq- ginar rlue as multas incidentes em razão de atraso no pagamento seriam exigÍveis quan_
mento, Trata-se de efeito lógico do procedimento concursal, sendo imprescindÍvel parl do do pagamento do principal. Contudo, isso seria agravar a situaçâo do falido, uma vez
que o processo de falência possa atender sua finalidade de forma adequada, isto é, parq que no momento da falência, ele nào tinhâ dever de pagar qualquer multa. Contudo, se
que todos os credores do falido possam ser pagos de acordo com a sua ordem de prefe- a incidôncia da cláusula penal nào decorrcu da falência, mas do vencimento antes da
rência. Além disso, os titulares de créditos vincendos não têm mais por que esperar o falência, rla será exigível,
vencimento e o deyedor não tem mais por que gozar do benefício do agualdo do venci- lmagioe-se a seguinte situação: aotes da faiência, o falido era devedor de R$ 100.000,00
mentolL. Não há motivo para que certos credores assistam o desenvolvimento do pro- (cem mil reais) em um contrato de mútuo com vencimento para 31-12-2025, com pre-
cesso, até que seus créditos esteiam vencidos. vjsâo de mu.lte de 2% para o atraso no pagamento. Nesse caso, a falência foi decretada
Naturalmente, essa exigibüdade antecipada importará no abatimento do valor dos em2o-2- )O2O, tornando aquela obrigação imediatamente exigÍvel, mas sem o acréscimo
iuros equivalentes a essa antecipação, porquanto a falência nâo pode agravar a situação da nrulta, uma vez que o vencimento da obrigação decorreu ãa falência,
do falido. Devem ser abatidos os iuros conveocionados pelas partes ou, na impossibili- Por fim, é oportuno esclarecer que o vencimento antecipado d.as obrigações não
dade de determinaçâo destes, os iuros legaisl. "Com a dedução dos juros que fluiriam pode prejudicar o eventual codevedor solvente do falido. Em outras palavras, as obriga-
até o vencimento normal do crédito, evita-se que o vencimento antecipâdo da dÍvida çóes em que o falido €stá ao lado de um codevedor solvente só vencem antecipadamãn-
importe em benefÍcio ao credor"13, isto é, a falência não pode importaÍ o enriquecimen- te para o fa1idor6. No caso de solidariedade, o credor poderá habilitar o seu crZdito p"."
to sem causa do credorra. recebimento imediato na falência, mas nâo poderá cobrar imediatamente o codevedor
Como mencionado, esse vencimento antecipado, embora essencial ao processo de solidário solvente (CC - art. 333, parágrafo único). Ressalte-se, porém, que, no caso da
falência, não pode agravar a situação do falido. Nesse sentido, não pode haver o venci- falência do devedor principal de um tÍtulo de crédito, há o vcnàimento antecipâdo do
mento antecipado das obrigações condicionaisr5, isto é, das obrigaçôes cuia exigibilidade útu.lo em relaçâo a todos os codeyedores, dada a especificidade do regime cambial.
está suieitâ a um evento futuro e incelto. Ora, tais obrigâçóes nem sempre se tornarão
eúgÍveis, vale dizer, pode ser que o devedor jamais tenha o dever de pagáJas. Assim, a
falência não pode impor ao falido o dever de pagar as obrigaçÕes condiciona.is. A exigi- 3 Conversáo cambial '
bilidade destas continuará submetida ao evento futuro e incerto estabelecido como Além da unÍormizaçâo temporal, a falência também impõe uma uniíormizaçáo mo-
condição de sua eúgibilidade. netária ,lâs obrigaçôes do falido. Assim, as obrigaçóes em moeda estrangeira d.everão ser
convertidas para moeda nacional, peto câmbio do dia da decretaçâo da fa.lência (Lei n.
IlLOU2OOS - art.77), Trata-se mais uma vez de medida necessária ao bom andamento
do
10. LTLLOA, Frâncescâ Cuomo, Gü effetti dd Éliim€nto per i cÉditori. ln: Dl PEPÉ, Giorgio Schiano (Coord.). processo, para que se tenha um padrâo moletário comum a todos os credores, permitindo
Il dirittoÍaúimentare riÍormaro. Pâdovâ: CEDÀM, 2097, p. 152.
inclusive aferir o peso de cada um deles numa eventual assembleia de credores. Se náo
1I. PROVINCIALI, Renza. Manual, di ditlttaÍallimeniarc.3. ed. MIIàrlo: Giuffrê, 1955,v.1,p.485. houvesse a falência, a conversâo cambial se daria pelocâmbio do dia do efetivo pagamento.
12. ZAMNI, Carlos Klein. In: SOUZÁ, JÚMOR, Francisco Sátiro de; PITOMBO, Àntônio sérgio de À. de
Moree6 (Coord.). Coftlr, tários à Lei de recup.ruçilo dê efipresas c Í41êúcid. Sào Pâulo: Revista dos Tribunais,
2005, p. 339.
Suspensáo condicional da exigibilidade dos iuros posteriores
13. ÀNDRlGHi, FátiÍn.t Nancy, lnr CORRÊÀ-LIMÀ, Osmar Brinal CORR! LIMA, Sérgio Mouráo
à Íalência
\Coo!d..r, Comentá os à nova lei dc Ídlén.id ê recuperaçdo dc cmpresds. Rio de Jâneiro: forense, 2009,
p.512,
A decretação da falência é responsável pela instauração do concurso de credores e,
14. SIM IONATO Fred eti(,o A. Monle, Tratddo de diteito Idlim.itar. Rio de laneiror Forense, 2008, p. 457. por isso, ela impõe a uniformização temporal e monetária das
obrigações do falido. Essa
15. PROVINCTÀLI, Renzo. Manualê dí dítittoÍallimentarc.3, ed,. Mle or GiuÍ{rê, 1955, v. 1, p.485j CAM-
PINHO, Sérgio. .Falézcla e rccuperdçào de empresar o novo regime de insolvência empresarial. 3. ed. Rio de
lanêirol Renova! 2008. p. 341; NÉGRÀO, Ricerdo. Mdrludl de dírelto comercidl c de err1prcsd. 4. ed. Seo
Pâulo: Sarai!ã,2009, v. 3, p, 336. ÀIMEIDA, Amador PâesAe. Cutso deÍatência e con.otdata, p. líg
428 ! cuRso DE DrÊErro EMPBESABTAL
EFErros DA FALÊNca ouaN'ro Às oBBTGAçôES Do 'aLrDo I 429
uniformizaçâo levará em conta a situaÇâo dos créditos no dia da decretação da falência, 4.2 Debêntures
uma vez que, em uma situação ideal, os pagamentos deveriam ocorrer no mesmo dia:
Contudo, como o pagamento nâo ocorre de imediato, oPtou-se por determinar as obri- Às debêntures são títulos representaüvos de um empréstimo público lançado pela
gaçôes, a princípio, pela condição existente no dia da decregaçáo da falênciar7. Àssirn, ss sociedade anônima. Cada emissão de debêntures representa um'emPréstimo
realiza-
juros molatórios e remuneratórios vencidos após a decretação da falência não entram A sociedade, ao decidi! a emi§são das debêntures, está íazendo uma oferta de um
do.
nesse cômputo. Os juros anteriores à falência são normalmente incluído§ no cálculo dos contrato de mútuo, que se completa com a subscriçâo dos títulos, que rePresentaria
créditos. A atualização monetária deverá ser realizada até a data do efetivo Pagamentole, a aceitaçâo do contrato2l. Quem adquire a debênture se torna credor
da sociedade
uma vez que ela não representa acréscimo no valor do crédito. pelo valor emprestado e vantagens oferecidas pela sociedade, o que, quâse sempre,
Embora essa não sejà a ternlinologia usada pela legislação, é isso o que efetivamen- abrange juros.
te ocorre. Em vez de classificar esses juros como uma categoria à Pàrte, a legislação Uma emissão de debêntures pode oferecer vários tipos de garantia aos mutuantes
preferiu determinar a suspensâo da exigibilidade dos iuros vencidos após à decretaçào (Lei n.6.4041?6 - a!t. :-)8), quais se,am, a garantia real e â garantia flutuante Nesta' os
da falência, salvo se o ativo for suficiente para o pagâmento de todos os credores (Lei n. credores possuem utn privilégio geral soble o ativo lÍquido da companhia, vale dizeç eles
1f.101/2005 - art. 124). Não é o 6m da fluência dos juros, mas a subordinação da sua têm uma prioridade, recebem antes daqueles que nâo têm qualquer garantia A consti-
exigibilidade ao pagamento de todos os outÍos cledores. Em última análise' os juros
tuiçáo de uma garantia é facultativa, Pode[do a sociedade deliberar pela emissão de
posteriores à falência representarâo a tLltima categoria a ser Paga, depois inclusive dos
debêntures sem qualquer gârantia, que Podemos chamar de debêntures quirogrÚárias
créditos subordinados.
Além da ausência de garantia, nossa Iei das sociedades anônimas prevê a possibilidade
Mesmo os juros dos créditos tributários têm sua exigibilidade suspensa, uma vez de emissão das chamadas debêntures suboÍdinadas,
que nâo se trata de matéria afeta à lei complementarle. Tal efeito, porém, tem duas exce-
só Íespondem Por haver uma menção genérica a debêntures, alguns autores úrmam que a exceção
ções: os juros das debanlures e as demais obrigaçóe§ com garantia real, mas
à suspensão da exigibilidade dos )uros abrangeria todas as debêntures'', isto é, todo§
os
por esses ruros o prociuto da venda dos bens dados em garantia. O excesso seria dassifi-
tipos de debêntures teriâm direito de exigir normalmente o§ iuros posteriores à falêncf'
cado como crédito quirografárrc para algun§2o, mas, a nosso ver, o exces§o entra na cate-
goria geral dos juros. Anosso ver, porém, a exceçáo deve se restringir àquelas debêntures com garantia real23,
uma vez que só responde por esses juro§ o Produto dos ben§ dados em garantia' Se não
houvesse a garântiâ, nada responderia por es§e§ iuros e, Por isso, â exceção abrange aPe-
4.1 0brigações com garcntia real nas as debêntures e as demais obrigaçÔes com garantia !eal.
Os créditos com garantia reâl são aqueles que possuem urtl bem vinculado a sua
2l.BÀTÂLHÀ,wils,rndesouzâCãmPos.Comentáriosàleídassociedal€Ja,ó,ittlzsÍliodsJâneiro:Fo-
satisfação e, nessa condição, trazem um risco muito baixo para os credores. Êsse é o caso ftnsq L9n , v. 7, p. 347 .
do penhore da hipotecâ, nos quais há resPectivamente bens móveis e bens imóveís dados de decretâção da falêncÍa sobre as obÍigaçô€s do devedor ln: PAIVÀ'
22. MARTINS, Glauco Alves. Efeitos
em garantia. A vinculaçâo desses l.,"ns à satisfaçâo da obrigaçirr traz umn expectativa LulzFemândovalelrtede|cooÀ.)'DircltoÍalimentafêafiovtletdeíalénciasel.cuPcr^çâodeemPfesas.sâo
tegítima de pagamento integral e, pc,r isso, nesses casos, mantém o Pagament" dos iuros, P.ulo: Quarti€r Latin, 2005, P. 476; HENTZ, Luiz Antonio Soâres. ln: DE LUCCÀ, Nêwton; SIMÁO FILHO'
mas apenas responde por esses juros t) Ploduto da venda do bem dado em garantia' Àdá.lberto (Coord-). Corn entátios à nova let de recuPêruçito de etnPresaÁ e daflé'íc'lar' Sáo Paulo: Quartie!
Lrtin, 2005, p. 5O7.
23. TÉPEDINO, Ricardo. lnl ABRÁO, Cârlos Henriquej TOLEDO, Peulo F. C Salles de (Coord ) Co e'[-
tários à tei de r..uperuçao de empresds |Íalêncid São Paulo: Sâraiv'e, 2005, p 336 ARAÚ,O, ,osé Francelino
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BATALHA, Wilson de Souzai RODRIGLES NETTO, Nelson; RODRIGUES NETTO. Sllvia Maíh Labâte
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ERONTINL Pa'rlo Selvador. ln: SOUZÀ IÚMOR, Francisco Sátiro dei PITOMBO, Antônio sérgio de A de
Luiz Fernando Valefl,rte d e \CooÍd.|. DireitoÍl\ímetltar e a hova lei dcÍalências e reruperdçào cmpreras seo
'l':
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19. STJ - ÀgRg no RErp 1086o58/PR, Rel. Mintstro LUIZ FUX, PRIMÉIRA TURMÂ, iulgado em 4-8-2009' 2005, p. 452; SIMIONATO, Erederlco À. Monte. fia tado d2 direito Íalbneital. Rio de ,aneiío: Foren§e' 2008'
pa!1o: Súâiva, 2008, v 3, p 325i MA-
D/e 3-9-2009; MAMEDÉ, Glad.sl()^. Dlreita empr$drial brasil.eirot f?.lêíciâ e recuPeraçáo de emPresas 2 ed' p. 459; COELHO, Fábio Vlhoà. Curso de dircito conercial.I eé., Sâo
Sáo Paulo: Atlas, 2008, v.4, p.428. úEDE, Glâdston. Dileiro e prêsarial brasileirot fÀ\ência c rêcuPeraçâo d€ emPr€sas 2 êd- sáo Paulo: '\Úas'
20. BEZERRA PILHO, Manoel lustino. lei le re êuperução de enpresas e Í |ências comentada 4 ed Sàa 2008, v. 4, p, 430, NEGR AO, RicaÀo. Mdnudl de dkeito comerêial e d.e etlpresa. 4 êd- São Paulo: Sarâlvâ'
Paulo: Revista dos Tribunais, 20ú, p.3o2. 2009, v. 3, p. 345.
430 i cuaso ot o nerTo EMpRÉsaBraL
EFE Tos DA FALÊNca ouaNTo Às oBFTGAÇôES Do ror,ro i 431
26. ST, - REsp 467.516/MT, Rel. Minlst e NÀNCY ANDRIGHI, TERCEIR,{ TURMÂ, iulgado em 2t
2Z STF - RE 5839SS, Relâror(a): Min. RICA!,Do LE.0íANDOw.SKt, Tribunel pleno, julgado em 2B_s_2009,
REERCUSSÃO GERAL
2006, Dl20-3-2W, p.264, NORONHÀ,loão Orávio dei CORRÊÀ LIMÂ, Sérgio Mourâo. IniCORRÉA. t7t6.
- MÉR|TO Dle-162, Divutg. 27-8-2009, public. 28-8_20(», ;ment., v. 2371-09, p.
ffi. 1
432 CUBSO DE DIFEIIO EMPBESABlAL EFErÍos DÂ FALÊxcA ouaNro Ás oBRtGAÇóEs Do FALtDo
i
433
l
juízo falimentar, quando a massa falida for autora ou litisconsorte ativa. Se a massa fali Ora, se é a Constituiçáo que define a competência para tais aÇóes, uma norma
da figurar no polo passivo, por uma questão de prudência, prefere-se atrair a ação, infraconstitucional náo pode alterá-la. A ressalva, constante da parte final do art.
ainda que não prevista na lei de falências, para o juízo falimentar. Dessa forma, uma aç 109, I, da Constituição Federal, abrange apenas as causas previstas na lei de falên-
de indenização aiuizada pela massa falida manterá a regra normal de fixação de compe- cias e não as ações sobre bens, interesses e negócios do falido. Assim, açóes de
téncia, salvo se estiver prevista na legislaÇão fâlimentar. Tod6via, uma açâo de indeni2s-
indenizaçáo aiuizadas pela Caixa Econômica Federal, pelo INSS ou pela Uniã<r
Federal contra a massa falida serão processad.rs e julgadas pela iustiça federal. lá o
çào contra a massa falida será atraida para o juÍzo falimentar.
eyentual pedido de falência formulado pela Caixa Econômica Federrl ,ru um pedi
do de restituiçâo formulado pelo INSS deverâo ser ajuizados perantc ,r iustiça es-
tadual do principal estabelecimento do devedor ou da filial do empresário estran-
5.5 Ações cuja competência é deíinida pela Constituíção
geiro. O iuiz falimentar atrai apenas as causas de falência,r, as quais sào
Ao tratar das exceçôes à força atrativa do juizo falimentar a doutrina, em sua disciplinadas pela Lei n. f1.101/2005. Tal orientação é reÍbrçada pela previsão d,r
art. 45, l, do CPC/2015, que autoriza a não remessa dos feitos para â iustiça federai.
maioria, limita-se ao estudo das hipóteses acin]i. Contudo, há outra questão que
mesmo havendo interesse da União Federal, suas autarquias ou empresas públicrs,
ainda pode ser discutida. Embora não previstas expressamente como exceção à
caso se trate de açóes de falência.
unidade do julzo falimentar, como ficam as açôes cuia competência seia constitu
1
cionalmente deíinida, em especial aquelas de competência da justiça federai (CF/88
- art. 109)? São atraidas para o iuÍzo falimentar ou mantêm sua regra de compe- 5.6 Ações imobiliárias
tência?
I rA.lguns :rutores
mencionam ainda como exceçâo à Íorça âtrâtiva do juÍzo falimentar
Carlos Klein Zanini'13 afirma que tais açôes são atrâÍdas Para o juízo falimentar, I
l as açôes de despejo e as açôes relativas a imóveis3x, por se tratar de regra de competên-
considerando a ressalva feita nâ parte final do art. 109, l, da Constituiçâo, que diz cia absoluta. A nosso vet porém, tal exceçáo não se justifica, na medida em que a com-
expreEsamente que a iustiça federal é competente para iulgar "as causas etn que a petência absolutâ nesses casos é fixada por uma Iei ordinária (CpC), náo havendo
i
União, entidade âutárquica ou empresa pública federal forem interessadâs na con- I qualquer óbice pura que outra lei ordinária altere essa regra de fixação de competência.
dição de autoras, rés, assistentes ou oponente§, exceto as de falênciai Outros au- Nesse sentido, o STI já afirmou que "os motivos que iustificam a improrrogabilidade da
tores2e, a nosso vet com razão, afirmam que tais aÇóes não sáo âtraldas Pâra o iulzo l competência das ações reais imobiliárias parecem ceder diante da competência confe_
falimentar,,leda a fixaçáo de competôncia pela Clonstituição. O STI já reconheceu rida ao juízo indivisÍvel da falência, o qual, por definição, é um foro de atração, para o
a competência da justiça federal para execução (que ficou suspensa) e embargos à' qual converge a discussão de todas as causas e açôes pertinentes a um patrimônio com
universalidade .luridica"33. A indivisibilidade do jufzo falimenta! é perfeitamente aplicá-
execução envolvendo os interesses da Caixa Econômica Eederal e de devedor{
vel a tais açõesk.
I
28. ZANIM, Cârlos Klein. ln: sOLzA It'ÀllOR, Frâncisco Sátiro de; PITOMBO, Àntônio Sérgio dê A. db
Moraes (CooÍd.). Com. nttrios à tei de r.cupetução d. ernpresas e I^Iência. São Paulo: Rcvista dos Tribunal6, I
2005, p.337. 3r. ST, - CC ar346/Sg Rel, Ministro ARI PÀnGENDLER, SEGUNDA SEÇÁ.O,iutgedo êm u/12l2002, D/
29. PACHECO, losé deg:]va. ProêeÂso de rccuperaçAo iudicial, eatrajudicíal eÍ^UnciL 2. ed. Rio de Iâneiro: I 17-3-2ú3, p. r?4.
Eorens€,2007, p. 196; â.NDRIGHI, FállÍrla Nancy.ln: CORRÊA-LIMA. Osmar BÍina; CORR A LlMÀ' 32. NEGRÀô, Ricardo . Manúal d.e d.ireito cornercial e de empresd. 4. ed., Sã,o P^rlo: Sarâive, 2009, v. 3, p.
Mouráo (Coord.). Cot l rn tários à novd lei deÍaléncid e recupêraçào de emprcsas Rlo de raneiro: Foren§e, 301; STf
p. 50rj STI - CC 16.11s/RS, Rcl. Ministro SÁLVLO DÉ FIGTIEIRÉDO TEIXEIRÂ, SEGUNDÀ SE
I - CC 34]9:]/GO, REI. MiNiSfuO ANTÔNIO DE PÁDUÀ RIBÊIRO, SEGUNDÀ SEÇÁO, julgado em
5-2OO5, Dl l-7-l005,p. z.
gzdo er 23-LO-2OO2, Dl24-2-2N3, p. U9i VIDOTTE, Müia Crisuía. In: DE LUCCÂ, Nêq,toG S
FILHO, Adalberto (Coord.). eamentátios à nova lei de rccuperuçào de ernPresas e deÍdlênéias 33. CC 84.752lRN, Rel. Miniskà NÂNCY ÂNDRIGHI, SEGUNDA SEÇÁO, julgado em 271612007, Dl tL
Paulo: Quartier Lâtin, 2005, p. 343; COELHO Eâhio Ul}:.oa. Cutso dê direito comercidl.8. ed. Sao I , p. 433. No mesmo senúdo: REsp 1554361/cO, R€1. Minisrro LUIS FELIPE SAL OMÁO,
QUARTA
Serâive,2008, v.3, p.263; NEGRÁO, Ricardo. Ma nual de direíto co ercial c dc cmpresa. 4. ed. Sào
TURMA, ju'lAado ern 2l-2-2017 , Dle I5-3-m17
lo: Sarâlva, 2009, v. 3, p. 301. i ZÂNINI, Carlos Klejn. lnr SOUZÂ IúN1OR, Francisco Sátiro de; PITOMBO, Antônio Sérgio de A. de
30. STI - CC 147.6UlSg Rel. Minisrro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEçÃO iulSado a.É lc.ooÍd.). Comentátios à lei de rccryercçàa dê empÍêsas e Seo Pà'!.lot Revista dos Tribunais,
I falênêia.
13-2-2019, DJe 19-2-2019. p. 338.
I
I
434 ! 6unso or oraerro EMeBESaRTAL EFEnos DA FALÊNCÁ o,JANro Às oBBtcÂçóEs Do rar roo j 43S
5.7 Ações que demandan quantias ilíquidas com litísconsórcio entre a Fazenda 5.8 Procedimentosarbitrais
PúblicaeaMassaFalida
Para Carlos Alberto Carmona, a arbitragem.é uma técnica para â soluçâo de con_
Conforme iá visto, as açóes que demandam quantias ilÍquidas, como as ações de tJrovérsias através da intelyenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de
conhecimento em geral, in.lLÀsive reclamaçóes trabalhistas, neo siio suspensas pelâ uma convenção privada, decidindo com base nesta convenção sem a intervençâo do
Éstado, sendo a decisão Ílestinâdâ a essumir a eficácia de sentença
decretaçâo da falência ou pela decisão de processamerto da recuperação, prosseguin_ iudicial,'3s. A arbitragem
representa, em última análise, uma forma alternauva de solúção de conflitos, na qual
do normalmente até a fase de liquidação, mas não chegando i tàse de cumprimento,
predomina a autonomia da vontade. Nesta forma de soluçâo de conflitos, a solução será
Ta I fato decorre do art. 6e, s l,r, que trata apenas da su s pensão das ações c da Prescriçào
dada por um terceiro, não integrante do poder judiciário, alheio ao conflito. A escolha
contra o deved(,( desse caminho decorrerá de um ato de vontade das partes em conflito. As próprias par-
O ST) tem entendido tal a igo também como uma exclusão do juízo falimentar, tes sesubmetem yoluntarianlente a essa forma de soluçâo que tende a ser bem mais ágil
isto é, para o sTJ tais açóes também nâo seriam atraÍdas apesar de não se encontrarem do que a solução iurisdicional tradicional. Atualmente, os processos arbitrais oão sáo
entre as exceçóes previstas no ârt.76 da Lei n. 1,1.101/2015. Nesse sentido, afirmou-se atraÍdos pelo juízo falimentar, conforme o s 9e do artigo ê da Lei n. tl.10i/2005.
que "tratando-se de demanda cujos pedidos são ilÍquido§, a açáo de cr:nhecimento de-
verá prosseguir - a princípio rré a sentença -, perante o iulzo na qual foi proposta. não
havendo falar em competência absoluta do Juizo Falimentar para apreciar e julgar
5 Suspensáo das execuçóes
a
demanda, nos termos do art, 6s, § le, da Lei n. I1.10I/2005"x5. AIém de atrair os credor,rs e as ações para o iuÍzo falimentar, a decretação da falên_
Tal exclusão da força atrativa é correta para as açóes ajuizadas anteriormente à cia deve impedir que pagamentos de obrigaçÕes do falido sejam realizados em outros
processos. É inerente à falência a proÍbição do pagamento inàividual dos credores3e; Se
decretação da falência não atingindo as açôes novas, uma vez que eles não se encontram
todos deyem recorrer ao juÍzo falimentar para receber, ninguém pode receber seu crédi_
entre as exceçóes indicadas pelo art. 76 da Lei n. 11.101/2005, nem possuem qualquer
to em outro tipo de processo, sob pena de desvirtuamento da ordem legal de preferências
outro motiyo para não serem processadas e julgadas perante o juízo uniyersal.
entre os credores. Nào se deve privilegiar os credores mais ágeis, mas sim aqueles que
Todavia, o STf já decidiu que tal exceção à força atrativa do juizo falimentar se forem considerados de maior relevância.
estenderia também às açóes ajuizadas posteriormente36, desde que hâ,a liticonsórcio Assim sendo, a decretação da falência impóe a suspensão das execuçÕes contra o
palsivo entre a massa falida e a fazenda pública, pois nesse caso prevaleceria o foro da devedor (Lei n. 1l.101/2005 - art. @, II), bem como de qualquer ato de retenção, aresto,
Fazenda Pública que sofreria os eventuais efeitos e não o foro da massa íalida. Em sede penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre
os bens
de recurso repetiúvo, afirmou-se que do deyedor, oriunda de demandas iudiciais ou extraiudiciais clios créditos ou obrigações
sujeitem-se à falência (Lei n. 11.lOI/2OOS art. 6e, I1I). No direi«r italiano, proÍbe-se
- o
aiuüamento ou prosseguimento de açôes que possam comprometer os bens abrangidos
A competência para processar e )u1gar demandas cÍveis com pedidos illquidos pela fa.lência4. Caso não houvesse a suspensão, havería o rjsco de aigum credor
receber
conta massa falida, quando em litisconsórcio passivo com pessoa jurÍdica de dÍ- fora do processo de falência, podendo desobedecer à ordem tegal dà pagamentos.
reito público, é do juízo cível no qual for proposta a ação de conhecimento com- NatuElmente, não são todas as ações que precisam ser suspensas, porquanto nem
petente paraiulgar açôes contrâ a Fazenda Pública, de acordo as respectivas oormas todas as ações geram o risco de pagamento fora da ordem tegal de prefeiências. Assim,
de organizaçâo judiciária37. também há algumas exceçôes a esse efeito.
3s. 5Tl - CC 122.869/GO, Rel. Mlnistro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, jutgâdo em 38, CARMONA, Carlos /'l.berto, Atbitrdgem eplo4rsso: um comentálio à Lêi 9.307/96. Sáo paulo: Malhe!
22 - L0 -ml 4, Dle 2 - 12-2Ol 4. ros, 1998, p. 43.
36. STJ - ÀgRg no REsp 14716I5/SP, R€1. Ministro MARCO BUZZI, QUARTÀ TURMÀ, julgâdo eÍr 39, ULLOÀ, lrancesca Cuomo. cli effetti del fellimento per i creditori, ln: DI pEpE, ciorgio Schiâno (Coord.).
16-9 -2014, Dlê 24-9 -2014. Ildt ttofallt cntarc Íormato. Padova: CÊD ÃM, ZOO?,'I. tS6.
37. STI - REsp 1643856/SP, Rel. Mlnistro OG FERNÂNDÊS, PRIMEIRA SEÇÁO, iulsâdo em 13-12-2017, 40. ULLOA, Fmncesca Cuomo. cli effeni d€l íallirnento per i creditori. ln: Dt pEpE, ciorgio Schiáno (Coord.).
DIe 19-12-2017. Ildi tofaUimerltare Íomato.padovat CEDAM,2OO7, p. tS6.
I
porquanto náo faria sentido mante! a prescrição em curso e suspender ou ações, por paÍte dos sócios da sociedade falida, Evita-se com isso o tumulto que seria
as eventuais açôes.
gerado por alterações societárias decorrentes da retirada de sócios. Além disso, tal efeito
Contudo, nos casos em que o prazo for decadencial, não haverá a suspensão
prazo pela decretaçâo da falência.8. Do mesmo modo, se a prescrição se refere
clo também impede pagamentos a sócios fora da ordem legal de preferência.
a açôes que
devam ser ajuizadas pelo falido contra terceiros, nâo há a suspensãoae.
No caso dos créditos âscais, porém, não haverá essa suspensâo da plescriçâo, uma 8.1 Direito de retirada
vez que a matéria de prescrição tributáÍia deve ser tratada por lei complementar5o
e não
por lei ordinária, uma vez que se trata de norma geral de direito tributário (CFlg8 _ Nas sociedades contratuais, em geral, há a Êgura da retirada como meio de lesolução
art.
146). Desse modo, deverá ocorrer o aiuizamento das execuçóes fiscâis de créditos tribu- da sociedade em reiação a um sócio, na qual ele, por iniciativa própria, dissolve seu vín-
tários, mesmo durante o processo de falência, a fim de eütâr a prescrição da pretensão.
culo com a sociedade apurando os haveres que lhe cabem. A retimda do sócio, também
No caso de créditos náo tributários, a suspensào se aplica normalmenteí, uma vez que
denominada recesso, pode ocorrer nas sociedades por prazo indeterminado, indepen-
nesses casos a matéria será regida por lei ordinária.
dentemente de motivação específica (CC - art. 1.029). Trata-se de um direito societário
Assim, a suspensão da prescrição se refere apenas a açóes contra o falido, nâo abran_ de natureza potestativa dirigido à extlnçáo da relação societária daquele sócio com a
gendo outras hipóteses de prescrição como a aquisitivâ. Apesar de náo ser suspensa sociedades3. Já nas sociedades por prazo determinado, náo se admite a denúncia imoti-
pela
decretação da falência, a prescrição aquisitiva é interrompida, em razâo dos efeitos vada do conkato, exigindo-se para o recesso do sócio o reconhecimento iudicial de uma
da
falência sobre o patrimônio do devedo! que passaria automaticamente para a posse
da iusta causa para tanto.
massa falida em razào da decretaçáo da falência. A propósito, o ST) aÍirmou que:
Nas sociedades limitadas por prazo indeterminado, os sócios possuem o direito de
recesso independentemente de motivaÇão, em função da natuleza conkatual da socie-
O bem imóvel, ocupado por quem tem expectati\,? de adquiri-lo por meio da usu_ dade e, sobretudo, pela garantia constitucional de que ninguém será compelido a manter-
capiâo, passa a c(»npor um só patrimônio afetado na decretaÇâo da Íalência, cor_ se associado. Tal possibilidade advém da natureza contratua.l do ato constitutivo de tais
respondente à mnssa falida objetiva. Assim, o curso da prescriçáo aquisitiva da sociedadess. Já nas limitadas por prazo determinâdo, é autorizada a retirada dos sricios
propriedade de bem que conrpôe a massa falida é interrompido com a decretaçâo quando houver modificaçâo do contrato, fusão da sociedade, incorporaçào de outra, ou
da falência, pois o possuidor (seja ele o falido ou terceiros) perde a posse pela in- dela por outra, fixando-se um prazo de 30 dias para o exercÍcio de tal direito.
cursâo do Estado na sua esfera iurídicatr. Nas sociedades anônimas, um dos direitos essenciais dos acionistas é o dircito de
retirada, que consiste nâ faculdade outorgada por lei aos acionistas de se retirarem da
sociedade, obtendo o pagamento do reembolso. Todavia, dada a naturezâ institucional
que é peculiar às sociedades por açôes, tal direito não é concedido de forma generaliza-
da. Não é dado ao acionista o direito de retirar-se quando assim o desejar, causando um
48. PERIN TÚMOR, diÍcítoÍalt nentat e re.upêr4çào de ernpresas.3.
É ci,o. Curso de êd- São paulo: Mérodo,
- p.326,
2006,
49. FÂZZIO IúMOR, Waldo. Novd tzi dc/alência ê rec4perdlro de emprcsas. Sâo paulo: Atlas, 2005, p. 292. 53. FONSECÂ, Tiago Soarcs da, O direito de etlonetação do sócio no Código das sociêdddcs cot tcrcidis.
50._,STI - Súmula vmculante n, Bi STJ _ AgRg no REsp 991.s20lRS, Rel. Ministlo HERMÀN BENIÁMIN, Colmb!â: Àlmedina, 2008, p. 25.
SEGUNDA TURMA, ,u.l Eedo err. j-t}-2cr/9, Dle tg-t2-2OOB. 54 LUCENÂ, José wal decy. Das sociêdades por quotas de resporlsabiliddde llmitadd.2. eL Rio de laíeí.ol
51. 5Tl Renovar 1997, p. 554-555; CÂM?INHO, Sérgio.O d,belto dê empresd à luz do úavo Código Civ,l, 4, ed. Rio
- AgRg no Ag ro4l976lsp, Rel. Mini6tra ELIANA CÀLMON, SEGLNDA TURM.{, jutgâdo em 14-
lO-2008, DlcT -11-2m,8. de lâneko: Renorãr,2004, p. 219; COELHO, Fábio ülhoa. A soêiedade limitdda no novo Códlgo Clvil. Sâo
Pâu.io: Sereiva,2003, p. l OZi LOBO,loqe. Sociedades limitadas,Rio d,elaneiror Forense,2004, v. 1, p.231-232;
52. ST) - REsp 1680357/nl, Rel. Minjstrâ NÀNCY ANDRIGHI, TERCETRÂ TURMA, julgâdo em 10, t 0_2017, MRILLO, Luclola Febrete Lopes. Manual da soci.dad. limitddd t o ,lovo Código Civil, C.uritlba, l\tt-tá,2ú4,
DIe r6-t0-20r7.
p. !27.
440 CUFSO DE OlNEITO FMPEESAEIAL EFErros DA FALÊNcB ouaNTo Às oBFrcAÇóEs Do FALTDo M1
ônus à sociedade, caso não deseie mais continuar, a saÍda é a venda de suas açóes retiradast. Sendo necessário um balanço especial para apurar o valor das açóes,
a
ftensejou
direito só é possÍvel nos casos legalmente elencadosss. Assim, se concilia a autonomia
sociedade, e também a autonomia dos acionistas, limitando-se o direito de retirada
ffi, çempanhia pagará imediatamente 80% (oitenta Por cento) do valor de reemboiso cal-
ffiltglado com base no ultimo balanço e, Ievantado o balanço especial, pagará o saldo no
hipóteses efetivamente relevantes.
ffi orazo de 120 (cento e vinte) dias, a contar da data da deliberaçáo da assembleia geral (Lei
Em certas situaçôes, contudo, a jurisprudência vem admitindo a "dissolução parcial', a.t. 4s,s
W ;. 6.4M 17 6 - 2n).
da sor:iedade, isto é, vem admirindo o exercício do direito de retirada pelos acionistas,
Decretada a fa.lência, tâis prazos não Precisam ser cumpridos. Ertt prlmeiro lugat por-
independentemente de motivo lcgal. Essa orientação se restringe â "sociedades anônimas
{ue esses pr:rzos são diriSidos à sociedade falida e, a partir da falência, ela não deverá efetuar
de médio e pequeno polte, em regra, de capital fechado, que concentram na pessoa de
seus sricios um de seus elementrrs preponderantes, como sói acontecer com as sociedades Àais pagamentor. Al(im disso, o crédito dos sócíos ou acionistas se submete ao concurso de
ditas familiares, cujas açóes circulam entre os seus membros, e que sâo, por isso, consti- credores, Àlguns autores entenderJr tratar-se de crédito quirogratárioe, Por se tratar de
t\Ídas intuito personae"í. Com efeito, em determinados casos a sociedade anônima tem crédito residual. Mas, a nosso ver, tâis créditos devem ser dassificados como subordinados6r,
uma nítida natureza pessoal e, por isso, deve-se admitir que a simples quebra de alíecrio ficando abaixo inclusive dos qr,rirografários e das multas, uma vez que são créditos dos
societa,tis seja motivo para a letirada. sócios nessa condiçào (Lei n. I t.101/2005 - art. 83, VIll, á). Em todo caso, esse crédito
sesubmete à ordem legal de Pagamentos e, Por i§so, a decretâçâo dâ fâlência também
Tal direito existe basicamente por três r?zões, quais sejam: frear transformaçôes na
sociedade, tutelar o interesse individual do sócio ou acionista e conciliar a autonomia da suspende o Pagamento aos sócio§ ou acionistâs.
sociedade com a autonomia dos sócios ou acionistassT. Essas razóes que iustificam esse
direito nâo sáo súicientes para permitir mudanças na sociedade falida. Uma vez decre-
tâda a falência, nâo há qualquer sentido no exercício desse direito, porquanto isso tumul- 0 Suspensão do direito dê ret€nçáo
tuaria avida da sociedade, que teria que realizar alterações contrahrâis ou âlterações no§
Também é eteito da decretação da falência a §u§Pen§âo do direito de retenÇão §obre
livros societários e não hayeria qualquer beneflcio pâla o sócio ou acionista, Assini,
os bens suieitos à arrecadação (Lei n. 11.101/2005 - art. 116). Mais uma vez cuida-se de
decretada a falência, Íica suspenso o exercÍcio do direito de Íetirada, ou seja, "a declaÍaçào
medida essencial à garantia da ordem de Pagamento entre os credores. Para que esta §eja
da íalência acarreta a permanência do sócio ou acionista na sociedade até o encerrâmen-
to final da falência"s8, deyidamente obedecida, faz-se necessária a suspensão do direito de retenção
O direito de retenção é "uma garantia que a lei concede ao credor e que consi§te em
conservar este, até que seia satisfeito seu crédito, determtnadas coisâs que se âcham em
8.2 Pagamento aos sócros ou ac,on,btas seu poder em conexão com o mesmo crédito, mas que sáo deüdas a outrem"62. Certos
credores têm assegurado o direito de retenção, isto é, o direito de munter certos bens sob
Se o direito de retirada.já foi exercido, os sócios ou acionistas têm dileito ao recebi-
sua posse até o efelivo pagamento da obrigaçâo. Trata-se, em certa medida, de uma forma
mento do valor das suas quotas ou açóes. Nas sociedades contratuais, esse pagamento
de autotuteta privadae. Assim, o locatário tem dileito de retençáo sobre a coisa locada até
deverá ser feito no prazo contratualmente estabelecido ou, no silêncio do contrato social,
â indenização das benfeitorias úteis ou necessárias feitas com o consentimento do locador
em 9O dias (CC - art, 1.031). Nas sociedades por açÕes, emregra, o pagamento deverá
(CC - aÍt. 578). A mesma situação existe no contrato de dePósito (CC - art. A4).
ocorrer no prazo de 40 dias, contados da dâta da publicação da ata da assembleia que
Ora, manter esse direito de reteflção aPós adecretação da falência Poderia significar
o desvirtuar da ordem de pagamento, uma vez que há cr.iditos mais privilegiados do que
55, Lei. n.6.4O4n6, art 136, 1 a VI e IX, combinâdos corn o â!t. 137 e a!ts. 221,223, § 2,,,236,252 e 256,52.. 59, CÂRVALHOSA,. Modesto. Comentdtíos à lei d. socicddd.ês anônima.s, 4. ed. Sào Pâulo: Saraiva, 2009, v.
1, p. 45o.
56. STJ -
EREsp 111294/PR, Rel. Ministro CASTRO ÊILHO, SEGUNDÀ SEÇÂO, julgâdo em 28-6'2006,
D/10-9-2007, p. 183,
REsp 651.722lPR, Rel. Minktro C^RLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEiRA 60. CÂMpOS BATÀLHA, Wilson de Souzai RODRIGLES NITTO, Neldoni ROI)RIGUES NETrO, Sílviâ
TURM^, iu.lgÀdo êm 25 -9-2006, Dl 26-3-2OU , p. 233. Malie Lâbete Bâtalha. Co meht irÍos à lei de r.ct peraçáo itÀkial de empresas eJalêr.id. 4, ed. Sáo Paulo: LIr,
57. PARAÍSO, Annâ LrlzaPris.o. O direito de retirdda nd sociedada anônima.2. ed.Rio delàneiror Lumen
2$7,p,175.
luris, 20ü0, p. 14. 6L TEPEDINO, Ricârdo. tn: ABRÃO, Cr-rlos Henriquei TOLEDO Pâulo Ê C. Sâlles de (Coord.). Comer-
58. MARTINS, Glâuco Àves. Efeitoa da dec.etaçáo dâ felência sobÍe as obrigaçôês do devedor. tn: PAIVÀ,
e
Íalêficia. Sáo Paulo; Salaivâ, 2005, p. 306-307.
táríos à lel de rccüperaçAo de enprcsas
Luiz F€rnando Vâlente d e \Cood.). DireitoÍdlimefitdr e a xova lei deJdlências e re.uperaçilo de emprcsas, Slo 62. ESPÍNOLÀ, Eduardo, Garantid e*tinçila ddt obrigdções CamPinas: Bookselle., 2005, P 272.
2
Peulo: Quartler Lâtin, 2005, p, 472-473. 63. PROVINCIAIL Renzo. Mdnuale di diittoÍdllirnentare. S ed. Milano: Giulfrà' 1955, v. 1, p. 477.
442 j cuRso oe ornerro EMeBESAB AL
EFE Tos DA FALÊNca ouaNTo Às o88lcaçôEs oo rouco i 443
o titularizado por quem tem o direito de retenção. Ademais, isso poderia preiudicar.â
todos os outros créditos, apesar de inúmeras críticas quanto a essa permissão6s. Trata-se
maximização dos ativos do falido, que poderia ser obtida com a reunião dos vários. Nào
de uma hipótese de compensação legals.
há motiyo para querer reter os bens, uma vez que eles serâo ablangidos pelo processo
de
falência, com a deyida tutela judicials.
Em razão de todo o exposto, fica suspenso o direito de retenção sobre os bens 10.1 nequisitos da compensaçáo na falência
do
falido, os quais deverâo 6er entregues ao administrador judicial. Com a entrega do bem,
o credor deve participar do processo de falência, como titular de um crédito com privi- Inicialmente, é oportuno esclarecer que as obrigacôes compensáveis precisam ter
légio especial. Nào se mantém a autotutela, mas se dá certo privilégio ao titular do direi_ surgido até a decretação da falência. Créditos posteriores, como restituições em dinhe!
to de retençâo. ro, não sáo passÍveis de compensaçâo7o, em razâo do surgimento da massa falida como
Moacyr Lobato6 afirma que, excepcionalmente, o direito de retenção poderá con_ um sujeito de direitos. Além disso, há outros requisitos para a.compensação.
tinuar a ser exercido. No caso de depósito de produtos agropecuários, nos termos da Lei Essa forma de extinçáo das obrigaçoes do falido não difere da compensação estabe-
-
n. 9.97312000, o depositário poderia opor o direito de retenção à massa falida, parl ps_ lecida Pelo Código Civil e, por isso, os requisitos para que se opere essa compensação são
gamento de adiantamentos felLos com fretes, seguros e demaG despesas e serviçq5, os mesmo§. Para que se realize essa extinção, exige-se que os débitos e créditos recípro-
desde quedevidamente autolizados, por escrilo, pelo depositante; ar.mazenagem e demai5 l
cos seiam líquidos, certos exígíveis e que haja uma fungibilidade enEe as obrigaçóes,
despesas tarifárias; e comissóes, custos de cobrança e outros encargos, relativos à opera_ isto é, as obrigações a serenr compensadas devem ser homogêneas, fungíveis entre si.
ção com mercadorias depositadas, diante da previsáo do art.9r, s 1e, da mesma lei. A Assim, exige-se que as ()l)riqaçóes a serem compensadas sejâm homogêneâs, isto é,
nosso ve! porém, nâo se pode admitir esse superprivilégio ao depositálio de tais merca_ fungíveis entre si. §e o falido deve dinheiro mas tem que receber laranjas, a compensaçâo
dorias. Apesar da especificidade da referida norma, deve prelalecer o regime da Íãlência é inadmissivel. Se os ob.letos forem distintos, nào se pode admitir a compensação. Só se
que suspende o direito de retenção em prol do concurso de credores. pode compensar uma dívida de dinheiro com um crédito de dinheiro. A fungibüidade
entre as prestações é essencial para essa compensaçáo. Na falência, tal requisito nãô traz
nenhuma peculiaridade.
Í0 Compensação das obrigações do Íalido AIém da fungibilidade, a compcnsaçâo exige que os débitos e créditos recÍprocos
sejam lÍquidos e certos. A certeza diz respeito à existêncix da obrigação e a liquidez diz
Por derradeiro, a decretação da falência produz efeitos no que tange à compensaÉo respeito a sua determinaçâo. Assim, só poderão ser compensadas oDrigaçôes nas quais
das obrigações do falido. não se discute nem sua existência, nem seu vator. A pendênciâ de dúvidas quanto a esses
A compensação é "a extinção das dividas de duas pessoas por direitos reciprocos"6. aspectos recomenda a nàt, extinção das obrigações. Na falênr:ia, tal requisito também
O Código Civil, em seu art.368, afirma que "Se duas pessoas forem ao mesmo tempo nâo tmz nenhuma peculiaridade.
credor e devedor umâ da outra, as duas obrigações extiaguem-se, até onde se compen- Por Íim, exige-se que l1s obrigações sejam exigíveis, isto é. já esteiam yencidas e
sarem': Em outras palayns, trata-§e de encontro de créditos e débitos recÍprocos, para a possam ser cobradas. Assim, obrigaçôes inexigíveis na falência, como as obrigaçôes a
extinçáo das obrigaçóes. A compensação, em geral, é extremamente vantajosâ na medi- título gratuito, não podem ser compensadas, Da mesma forma, us obrigaçóes naturais
da em que simplifica os negócios e representa garêntia de satisfaçâo para os credores6T. nâo podem ser compensadas, por falta de exigibilidade. Contudo, a grande discussão
Na fa.lência, essas vantagens são ainda maiores, A não submissâo ao concurso de desse requisito está no vencimento das obrigações.
credores torna â compensação extremamente intelessante pâra o não falido, uma vez que Na falência, as dÍvidas do falido ou já vencerâm antes da falência ou venc€ram em
haveria sérios riscos de nâo recebimento do seu crédito. N€sse sentido, o art. 122 daLei razão da decretação da fa]ência (Lei n. 1L101/2005
- art. 77), salvo as obrigações condi_
n. 11.101/2005 assegura a compensação das obrigações do falido com preferência sobre
68. FRONTINI, Paüo Sâlvâdor In: SOUZÀ IúMOR, Erencisco Sátilo dê, PITOMBO An!ônio Sérgio de
A. de Moraes (Coord.). m.ntárlos à hi de recapêtuçdo
64. ldenr, p.478, Co d.e efipresds .Íalá[cia. Sáo paulo: Revista dos Tri-
bunâis, 2005, p. 449.
65. LOBATO, Moecyr. Faêr.ia c ftcapcraçao. Belo Horizonrs Del Rey, 2OO7 , p, 221-222.
69, Al"MXlDÀ, AÍnador Paes ê.e, Curso delatêrlcta e rccuperaçito àc emprcsds,25. ed. Seo p^ulo: Saralva,
66. POTHIER, Robert loítapí Trdudo das obrigaçá.j. Treduçào de Witt Baflstâ e DoLrgles Dla, Ferreira. 2009,p.1?5.
Campinâs: S€§znda, 2001, p. 549.
70. AMBROSINI, Steíano; CÀVAILI, Stefâno; lORlO, Alberto. Ttattato di diricto commercidle. p^do\al
67. ESPÍNOLÀ, Eduârd o. Ga@ntia e exürrç,io das obrigaçóe§. c;àmpintLs: Booksell€Í 2005, p. 166. CEDAM,2009,n XI, t.2, p. 383.
ETE|ÍOS OA FAGNCA OUÁNTO ÀS OBRIGÂçÔES DO FALIDO M5
444 CURSO DE DIBEITO EMPBESAÂIAL
cionais e as cláusulas penais dos contratos unilaterais vencidos em razáo da falência. relativização que se impõe como uma questão de economia não pode tutelar fraudes
Assim, a exigibilidade das dÍvidas do falido sempre estará presente, salvo nos casos men-' praticadas por determinados sujeitos, A quebra da ordem legal de preferências deve ser
cionados, De outro lado, os créditos do fãlido não vencem em razão da falência e obede- feita com muito cuidado, para não beneficiar pessoas que estão agindo de má-fé'
cerâo âo vencimento combinado entre as partes. Se o crédito do falido )á era eígível no
Pessoas demá-fé que têm dividas para com o falido podem procurar comprar cré-
dia da falência, não há qualquer dúvida quanto à possibilidade da compensação. Contu- o
do, e os créditos vincendos do falido, podem ser objeto da compensação? ditos em face do falido, para efetivar essa comPensação e, naturalmente, nessa comPra
valor pago ao credo. original será bem iníerior. A relarivizaçáo da ordem de pagamento,
Àlguns autoresTr negam a possibilidade.da compensação com créditos üncendos do
falido, uma vez que estaria ausente o requisito da exigibilidade imposto para tal forma de nesses casos, nâo se sustenta, pois a má-fé de tai§ sujeitos não Pode ser Protegida Em
extinção das obrigaçóes. OutrosT2 afirmam que mesnr() o crédito vincendo poderia ser função disso, nâo podem ser obieto de compensação os créditos transferidos depois da
compensado, uma vez que o prazo se presume a favor do devedor e ele poderia renunciar decretaçáo da falência ou do conhecÍmento do estado de insolvência, salvo quando se
a esse prazo, dados os benefÍcios decorrentes da compensação. Ambas as opiniões têm tratar de tlansmissâo c446a morti' fusá.o, incorPoração ou cisão.
argumentos fortes, mas acreditamos que a razâ,i está com os defensores da primeira
Aquele que adquire crédito§ em face do falido após a decretação da falência ou apó§
opinião, apesar de uma eventual iniustiça nessa conclusào.
a ciência <1o estado de insolvência não está agindo de boa-fé. Quem iria
querer um cré-
Com efeito, a compensaçáo na falência deverá obedecer aos requisitos da legislacâo
dito em face de um devedoÍ que não tem condiçóes de hoorar suas obrigações? À má-fé
civil e, entre esses requisitos, se encontra a exigibilidade, o vencimento da obrigação a
ser compensada. Quando o crédito do fâlido é vincendo, não há dúvida de que o devedor é impede a reúzação da compensação. Afasta-se essa má-fé se
presumirla nesses casos e
poderá renunciar ao prazo que é estipulado em seu favor, porém, essa renúncia só se a aquisição decorreu de sucessáo a tÍtulo universal, isto é, nâo se qui§ adquirir especifi-
efetua após a decretação da falência, não sendo mais possível cogitar da compensação. camente aquele crédito, mas ele integra um Patrimônio que foi transferido. As§im, se o
A obrigação sujeita a termo não pode ser compensadr, salvo no caso de prazos de favorTr, crédito foi transferido após a falência, ou após a ciência do estado de iflsolvência em
que não se conÍrndem com o plazo necessário para o vencimento da obrigação. O regi'
rezão de morte, fusâo, cisáo ou incorporaçâo, a comPen§aÇão ainda será possÍvel.
me italiano é diferente, porquanto lá há disposição expressa que impede a compensação
de obrigações vincendas do falido, quando transferidas após a ciência do estado de insol- do regime geral do Código Civil, também não serão comPensávei§ âs
Pela aplicaçâo
vência e, por isso, §em a transferência não haveria problema na compensaçáo, obrigaçóes provenientes de esbulho, furto ou roubo; as originárias de contÍatos de co-
modato, depósito ou alimentos; e aquelas nas quais a coisa obieto da Prestaçâo não é
174j PRO\4NCIÀLL Renzo, Mdnualê di dítittôÍdllirnehtare.S, ed. Mianor GiufÍrê, I955, v. 1, p.492. 75. NÉGRÂO, Ricârd o. MaÍlual de direito .omêlcidl e de efiprcta 4. ed 5áo Pâulo: Sarâivâ, 2009, v 3,
73. ESPINOLA, Edua.do. Gdrantid e ettikçào dds obtigaçôes. CarJ.pinâs: Bookseller 2005, p. 179. p.421.
M6 CUBSO DE OiRÊITO EMPBESAAÁT W EFE[os DA FALÊNcra ouAl,rTo Às oBBTGAÇôES Do FALtoo i 447
l
I
I
I 0.3 Beconhecinento da compensaçâo possui dinheiro depositado nessas instituiçóes, Diante dessa situaçáo, as referidas insti-
I tuiçóes financeiras sustentam que poderia haver a compensação, nesse caso, uma vez que
'fendo em vista os requisitos necessários à compensaçâo I
na falência e as proibições
I
hayeria um débito do falido e um crédito, consistente da devolução dos saldos bancários.
de realização dessa compensação, é possÍvel identificar claramente quando
á"r" to.rr1" I
Tal questão, porém, é ob,ieto de controvérsias.
de extinção das obrígaçôes pode ocorrer. por se tratar de compensaçào legal, isto I
é, inr- Alguns autoresso afirmam que a compensação é perfeitamente cabível nesses casos,
posta por lei, discute-se se há ou não a necessidade da provocação ao juÍzo
falimentar I uma vez que existiriam créditos e débitos recÍprocos, fungíveis, lÍquidos, certos e exi-
para que ele declare a extinçâo das obrigâções. i
gÍveis, especialmente porque o contrato de conta-corrente é encerrado automatica-
i
. Afguns autores entendem que a compensação pode ser reconhecida de ofício?6 pelo mente com a decretação da íalência ít,ei n. 11,101/2005 - art. 121). De outro lado, há
iuizo fâlimentar. Outros afirmâm que o reconhecimento da compensaçâo deve ser re- l quem negue taxâtivamente essa pos'ibilidade, uma vez que os saldos bancários com-
querido ao juízo falimentâr77. Há ainda quem afirme qr-te é duranie o procedimento poriam o caixa do devedor e, por isso, seriam bens suieitos à arrecâdaçâo e não crédi-
de
veriíicação de créditos que caberá a declaração da exisiência ou nào
dÀ compensação7e. I tos do falidos'. A nosso ver, a solução da questão passa pela natureza da relação esta-
Com eíeito, a compensação legal é normalmente re,.<-rnhecida em juízo, especia[- belecida entre o falido e a instituiçâo tinanceiru.
- I
mente quando no processo em que se cobra um deyedor No processo de falência, 1
Normalmente, os saldos bancários a favor clo falido decorrente de um contrato de
esse
reconhecimento da compensação legal pode ser feito no julgamento de eventuais l
conta-corrente, pelo qual o balco se obriga a inscrever em partida de débito e crédito
açõe5
(habililaçôes retardatárias e impugnaçÕes) relacionadas à veriícação I
de crédito ou outras I
os valores monetários retiredos ou remetidos pelo cliente. Nessa perspectiya, os yalo-
açóes a uizadas especiflcamente para esse fim. Não vemos, no atual sistema, possibili_
a res depositados possuem o caráter de um direito autônomo de créditoa,, o que permi-
da-de de reconhecimento de ofício pelo
iuiz, uma vez que ele náo tem mais esse pode! na I tiria a realização da compensação em face de dlvidas iunto à instituiçào Íinanceira,
verificac-áo de créditos. Em todo câso, o juiz apenas ,leclara a existência da compensação I
Ocorre que, a nosso ver, embora o contrato de conta-corrente seia um contrâto autô-
no momento do encontto de créditos e débitos reciprocosTe, isto é, no momento Í
nomo33, náo é o contrato de conta-corrente que dá o direito ao saldo bancário, mas o
da de_
cretação da fâlência. I
contrato de depósito, isto é, o contrato de conta-corrente dá direito apenas aos lança-
I
mentos de crédito e débito, mas o direito em si âo levantamento dos valores decolre
l de um depósito.
10.4 Saldos bancários e conpensação
Em se trâtando de um contrato de depósito, esse contrato seria denominado de
Anrlisada a possibilidade da compensação no processo de falência, resta analisar depósito irregular. Por envolver dinheiro (bem fungÍvel), nâo há a possibilidade de
uma úhima questão concernente à compensâção envolvendo saldos bancá-rios. Normat_ devolução exatamente do bem depositado, mas de bens da mesme qualidade e quan-
mente, o devedor falido possui dívidas com instituiçôes financeiras e, em muitos tidade dos depositados. Diante disso, a disciplina desse contrato é feita de acordo
casos,
com as regras do mútuo (CC - art,645). Pelas regras do mútuo, estabeiece-se que a
84. STJ - SEGI,\DÀ SEÇÁO . RESP 5014O1/MG, Relator Minisüo CAÍITOS ALBERTO MENEZES DI.
RÉITO, i. em 14-4-2004 , Dl de X-tl-2co4. I
I
, L GOMES, Orlando. Coârlaros. 18. ed. Rio de laneiro: Forense, 199, p. 7l
I
I
I
450 CURSO DE DAEITO EMPEESANIAL
m-,,,7 EFErros DÂ FÁLÉNca ouaNro aos coNTuros Do roa,oo
! 4S1
decretação da falência'?. O regime geral é a definição caso a caso pelo administrador ;pode haver algum questionamento iudiciâl de tal decisãos. Os intelessados podem
judicial. 5olicitar aojuiz que reveja a decisão do administradoÍ iudicial e decida pela continuação
Ântes de analisar as opções que o administrador judicial tem, é oportuno esclarecer do contrato, o que, contudo, é raro.
que tal regra geml náo se aplica a todos os contÍatos bilaterais, porquanto há contratos
em que náo há o que se decidir sobre ,r cootinuaçâo ou não do contrato. Se estiver pen-
dente apenas uma prestação do falido consistente no pâgamento em dinheiro, r, , rclo
',
2.2 Decisáo pela continuaçáo do contrato
deverá pagar essa prestação da ordem legal, sem se cogitar de decisão pela cootine.rção
ou não do contrato. lmagine-se um contraLo de compra com mercadoria já entregue e já Além da resolução, o administrador iudicial pode decidÍr pela continuaçâo do con-
revendida, mas ainda não paga pelo falido. Nesse caso, não se cogita de continuação ou trato. A decisã() também é do administrador, mas ele tem que motivá_la dentro das
não do contrato, mas de simples pagamento do valor na ordem de preferência. Da mes- . próprias justificârivas admitidas pela legislação, a redução do pàssivo, o impedimento do
ma forma, se há prestação da outra parte que não depende de qualquer prestação do aumento do passivo e a manutenção e preservaÇâo de atiyos. A redução e o não aumen-
falido, a outra parte tem o dever de cumprir sua obrigação, independentemente de deci- to do passivo sigtrifican-I que o ativo será repartido entle um númercl maior de credores,
são sobre a continuação ou não do contrato. aumentando os valores recebidos. A manutenção e a preservaçâo ,le ativos seryem para
maximizá-los, também aumentando o valor a ser reparüdo entre os credores. Em tàdas
Por isso, há que se limitar quais contratos bilaterais são abrangidos por essa regra
essas hipóteses, I , rJntinuação é iustificável porque beneficia a massa de
geral. Gladston Mamede3 restringe, ci,Írr razão, a aplicaçao dessa regra geral a três si- credores e faci_
lita o alcance dos obietivos primordiais da falência.
tuaçóes: (a) contratos em que a presruçro do falido não consista no simples pagamen-
to em dinheiro; (b) contratos em que esteia pendente prestaçáo da outra parte que Além da motivaçáo, a decisào do administrrdor jud.icial pela continuaçâo do con_
dependa do cumprimento de prestação pelo fatido; e (c) contratos de trato sucessivo. rrato depende de autorizaçáo do comitê de credores. Como essa continuação afetará
Apenas nessas três situaçÕes é que se pode cogitar de decisáo pela continuação ou não
diretamente seu interesse, nada mais lógico do que contar com a chancela do
órgão de
representaçâo dos credores no processo, Nâo se lrata de simples consulta, mas
do contrato. de auto-
rização efetiva do comitê de credores. Mesmo com essa autorização, nada impede
O sistema itâliano também estabelece uma r!-gra geral para contratos bilat€'rais. o
questÍonamento iudicial da decisâo tomada.
Contudo, a regra é expressâmente restrita aos contratos com prestaç(jes recÍprocas nâo
Ocorre que o comitê de credores é um órgão facultativo e nem sempre estará pre-
executadas por ambas as partes, ou nâo completamente exauridos, Nesses contrâtos, a
sente no processo. No caso de inexistência do comitê, alguns autores
falência implica a suspensão da execuçâo dos contratos até que o curador, com âutoriza- entendem q;e o
administrador judicial decidirá sozinho6 e outrosT afirmam que caberá ao juiz
ção do comitê de cÍedores, decidâ entrar no contrato ou dissolvê-loa. Trata-se de'uma daressa
autorizaçâo. A nosso ver, a autorização continua a ser essencial e será dada pelo.iuiz,
regra geral, est.rhclecida sob a rubrica de "efeitos da falência quanto a relaçôes iurÍdicas pois
o urt. 28 da l,ti n, 11.101/2005 estabelece que, ,,não haveodo Comitê de
preexistentes'l (lue pode ceder espaço a regras especiais, Credores, cibe-
rá ao administrador iudicial ou, na incompatibilidade deste, ao
iuiz exercer suas atribui_
çóes'l Ora, a chancela de uma decisão do administrador judicial não pode ser dada por
ele mesmo e, por isso, essa atribuição será exercida pelo jú z,
2.1 Decisão pela Íesoluçáo do contrato
Há que se ressaltar que, em caso de falta de autorização do comitê, poderá
haver
Uma das opçôes que se colocam ao administmdor.iudicial em relação aos reíeridos o suprimento judiciâl dessa autorização8. De fato, não há como excluir
da apreciaçáo
contratos bilaterais é a decisão pela resolução dos contratos, isto é, a decisão pela náo do poder judiciário qualquer resão ou ameaça de resão a düeito. E tal
caso .,io g air.-
continuação dos contratos firmados. Tal decisáo cabe exclusivamente ao administrador
judiciat, não havendo necessidade de autorização para que ele dc'cida nesse sentido, 5. TEPE DINq Ricârdo. ln: ABR ÃO, Carlos Heffique; TO LEDO, pãulo F. C. Sdtês de (Coord.). CoiÉrrtáríos
Apesar de ser, a princÍpio, uma decisão soberana do administrador rudicial, é certo que à lêid. rccupehçào de cmpresds eÍa!ància, Seo pauio: Sâraiva, 20OS, p. 313.
6. COILHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comerclul. 8. ed. Sáo paulo: Saàive, 2008, v. 3, p. 3O2,
2. cofitt^tot idfalêfi.|d.2,
7. NFCRÁO, Ricardo , Monual de díreito cot lercia! e d.e empresa, 4. ed. Sâo paulo; Sarâiva, 2009, í 3, p,
PENALVA SANTOS,I, A, Obrigdçõês e êd. Rio de iàr,r o: Reoovâr,2003, P.6.
394i MAMEDE, Glâdston. Direito .mpresd al brasileiro: faíància
e recuperaçao de empresas. Z. ed. Sao
3. MAMEDE, Glâdston. Diíeito e prcsd dl brasdéiro: fâlênciâ e recuperação d.,,,rpresâs.2. ed. SáoPâu- Paulo: Atlas.2008, v. 4, p.433i LOBATO, Moâc,fr. Fdlência
e rccuperuçaoi Aetf ÀJzonte, oa ney, zoOZ,
lo: Atlâs, 2008, v. 4, p. 43I. p.223.
4. DIMLâIDO, Antonio. Gli êffetti del fâ.llimento sui râpporti giuridici preesistentl. ln: DÍ PEPE. Giorglo 8..MA.VE-.-.DE,Gladíoi-Dircúoempreranalbraçjleim:falênciãerecupêraçáod€empresâs.2.êd.Sáopau-
Schieno (Coord.). ,íI lrrÍtto fauimentare tihmato. Pado\ã: CEDÀM, 2007, p. 2r7. ro: ArrÂs. zuo8. y.4, p. 434i FRONTtNI, paulo Salvador
In: SOUZA TúNIO!, Francrscoiátiro de; ptTOMBO.
452 CUBSO DE DIRETÍO EMPBESANIAL EFE[os oa FALÊNcta ouaNTo Aos coNTRAros Do FALtDo 453
rente, sendo possível que o administrador judicial busque o suprimento da autoliz o havia prazo fixado, já a Lei n. 11.101/2005 fixa o prazo de 90 dias para a interpelaçào
do comitê de credores por uma decisão judicial'. Contudo, é oPortuno registrar que §em, contudo, dizer as consequências da perda desse
prazo.
maioria dos casos, essa autorização já será judicial, diante da inexistência do comitê. A maioda da doutrinâ âfirma que se trata de um prazo fatal, decadencial para alguns'r
Em todo caso, a decisáo pela continuação do contrato normalmente ensejará ou preclusivo para outrosI3. Nessa linha de enlendimento, após o transcurso do referido
pesas posteriores à falência. Tais despesas, por decorrerem de atos válidos Prâtic prazo, os terceiros nào teriam mais a Possibilidade de fazer a interPelação, para obter a
pelo administrado[ iudicial, são consideradas crédittrs extraconcursais (Lei n, 11.101/200§ resposta do administrador iudicial sobre a c'rr:irtuaçào do contrato. E mars que isso, a
ausêflcia da interpelaçâo no prazo impede que se busque qualquer indenizaçâo pelo não
art. 84, V)ro. Essa condição deverá ser levada em conta na decisáo Pela continuação ou ' cumprimento do contratorl.
n:l( ) do conlralo.
Outros autores, a nosso ver com razão, âfirmâm que o referido prazo não deve ser
considerado preclusivort, isto é, náo deve ser considerado um prazo fatal. Ora, se nào
for mais admitida a interpelaçáo após o referido prazo, como ficaráo os contratos, já
2.3 lnterpelaçáo que a falência nâo os resolve automaticamente? A falta de resposta a essa indagação
nos leva à conclusão d.r não se tratar de um prazo fatal. A nosso ver, a imPortâncirr
A possibilidâde tanto Pelr conünuação do contrato, como Pela resolução,
de decisão
desse prazo está apenas na possibilidade de se intelpretar o silêncio do administrador
pode gerar dúvidas nos suieitos que forem Pârtes de§ses contratos bilaterais' O âguardo, como não continuação do contrato. Peldido o prazo, será sempre necessária a resPos-
da decisão pode não ser muito interessante Em razão dis§o, o contratante Pode interPe' ta do administrador.
Iar o administrador judicial para que ele declare se irá cumprir ou náo o contrato (Lei n. Não bastasse o iá mencionado, é certo que, caso se entenda que é um prazo fatal, os
11.101/?005 - art. 117, § 1e). preiuÍzos sofridos por aqueles que perderam o prazo da interpelaçâo ticam sem proteçào
A legislação não trata da forma para tal interPelâção, mas recomenda-se sempre e isso não é justificável. Todos os danos causados devem ser indenizados, A eYentual
l
454 CUBSO OE OIBEITO EMPHESARIAL EFE[os DA FALÊNcra ouaNro aos coNrFAros oo FALtDo 455
l
ll por perdas e danos (CC - art. 389)16. Ademais, o art. 117, s 2e, da Lei n, 11.101/2005,
necessárias nâo é abrangida por essa indenização. Portanto, o crédito sempre será qui-
prevê essa indeniza ção, nâo restringe o seu cabimento ao caso de interpel açâo,
Íografário, ainda que prevista uma cláusula penal prefixando o valor dessa indenização.
nando genericamente a declaraçáo negâtiva e o silêncio do administrador como
Essa classificação da indenização, por vezes, tr torna pouco atrativa. Contudo, é
geradores do dever de indenizar, valendo inclusive os termos de eventual cláusula
p possível que o prejudicado pela resolução busque essa indenização.
estabelecida para o eventual descumprimento do contratorT.
Tal indenização ser;i.rpurada em processo au[ônomo, para evitar qualquer conluio
na sua fixaçãot3, mesmo no caso de existência da cláusula penalre. O autor da ação
parte que foi p§udicada pelo não cumprimento do contrato. O réu sera a maisa
seráll 5 Cláusula resolutótia expressa
falidà
(Lei n. 11.101/2005 - art. 76, parágraío único), O juÍzo competente será o julzo A regra geral acima analisada cede espaço no corpo (la
a rcgras especiais preyistas
falimen_
tac uma vez que se trata de açâo contra a massa falida, intentada após a decretação própria Lei n. 11.10i/2005 e em leiíesparsas. Assim, contralos como o de conta-corren-
da
falência, Pela Íalta de previsão específicê, tal ação seguirá pelo rito ordinálio.
te sâo automaticamente encerrados pela decretação da falência (Lei n. 11.101/2005 - art.
Aplicando o regime geral das hdenizações por descumprimento de obrigação, alguns 121), não havendo que se cogitar de decisâo do administrador iudiciâI. Ocorre que certos
autores'?') incluem na indenização o dano emergente (aquilo que se perdeu) e o lucro contratos também possuem legrâs entabuladas pelas partes no sentido da resoluçâo do
cessante (o que se deixou de ganhar). Outros autores, a nosso ver com razão, a6rmam contrato no caso de falência de uma delas. Essas cláusulas resolutórias expressas se apli-
que tal indelizJ\'ão deve inclui! apenas o dano emergente2l, uma vez que, com a decre_
cam no caso da falência ou prevalece a regra de decisão pelo administrador judicial?
tação da falên( i.r, não há que se cogitar de lucro cessante. Com efeito, se o devedor faliu,
Alguns autorests âssc! eram que a autonomia da yontade Llas p,rítes deve ser presti-
o credor não rr ra ganhar nada mais após a falênciâ e, por isso, não é razoável incluir os
giada, aplicando-se a regra gera.l apenas no silêncio do contrato. Há quem admita a legi-
lucros cessant\rs na eventual indenização. Nâo há como incluir os lucros cessantes, por-
que eles não existem diante da decretação da íalência. Em todo caso, parece ser válida timidade da previsão de rescisão do contrato pela simples distribuição do pedido de fa-
a
preâxação dessa indenização no contrâto, a qual deverá ser confirmada pelo iuiz. lência2{. Outros's, a nosso vcr com razão, afirmam que a cláusula resolutória expressa nào
poderia prevalecer em detrimento da Lei de Falências, uma vez que as regras desta são
Deferlda a indenização, ela é classificada como crédito quirograffuio a ser inscrito
normas ,le ordem pública. Nesta última opinião, afirma-se que a cláusula resolütólia
no quadro de credores. Nâo vemos, como Gladston Mamede22, a possibilidade de um
expressa envolveria uma tentativa de fraudar urra norma de ordem pública, como a
crédito privilegiado nesses casos, uma vez que se trata exclusivamente da indenizaçâo
constânte no art. 117 da Lei n. 11.101/2005. No (jireito italiano, é afâstada expressamen-
pelo descumprimento do contrato. A eventual indenizaçáo por benfeitorias úteis ou
te a eficácia da cláusula resolutória expressa4.
16. BOITEUX, Eernando Netto, Contratos bilateÍâij na recuperaçÃo I .Liiclal e na felêociâ.In: SÁ.NTOS, 23. VAI,VERDE, Traiano óeMltaída, Camêntários à lei defalêncid3.4. ed. Rio de lâneiror Forense UniveÍ-
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21. BEZÉRRA FILHO, Manoel ,u6tino. Iei de reauperdçito de emprcsas eÍal&têid.s comentad.a,6, ed,, Sâo recuperação de empresa§.2. ed. Sâo Patrlor Atlâs,2008,,t.4, p,435i'IEPEDINO, RicÀrdo. l]r; ABI(Âq Carlos
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Paulo: Àtlás,2008, v. 4, p. 439. CEDÀM, 2009, v. Xl, t, 2, p. 491.
456 Er-Erros DA oLANTo aos coNl Âaros Do to, oo | 457
CURSO OE D BEITO EMPNESAAAL "a,É\cÉ
Por fim, é essencial que as mercadorias ainda não tenham sido revendidas pelo questóes até de boa-fé, é admissÍvel que o administrador judicial
fali_ se oponha ao receb!
do de boa-fé. Essa revenda pode ter sido feitâ com bâse em conhecimentos de tianspor- mento das partes nesse caso e leve ao juiz a soluçâo da coátrovérsia}.
te e outros documentos e, desde que não seja fraudulenta, afasta esse direito de
sustar a
entrega das mercadorias. Se elas já foram revendidas, sem fraude, a terceiros de boa_fé,
csle$ devem ser protegidos, cabendo ao vendedor a entrega das mercadorias 4.3 Venda para pagamento
e a sua en prestações
habilitação no quadro de credores.
O Código CiüI, em seu {rt. 495, estabelece â mesma regra para qualquer hipótese No crsode coisa móvel vendida para pagamento em prestações, a princlpio,
de vale a
insolvência do compndot sem, contudo, exigir que as mercaàorias ainda não tenham regra geraL dos contraios bilaterais, cabendo a decisâo ao aàmiaistrador judicial.
sidcr caso se
revendidas. Naturalmente, a regra do (:ódigo Civil só se aplica fora dos casos de falência decida P, l,r não cunrprimento do contrato, caberá a restituição
das prestaçóes iá pagas,
do comprador. Havendo falência do comprador, as regras da Lei n. 11.l,Ol/2005 prevalecem. crédito esre que seú incluÍdo em classe própria (Lei n. 11.101
IZOOS _ 119, III). A mes- ut
ma regra se aplica aos contratos de p.estação de serviços também
contratados a plestaçóes.
Considerando que o art. 119, lII, da Lei n. ll.1OI/2005 menciona
apenas a restitu!
4.2 Venda de cor'sas compostas çáo dos valores pagos, alguns autores asseveram que não deve
haver indenização3s.
Outros, a nosso ver com razão, aÍirrnam ser pertêitamente aplicável a indenização pekr
Outra regra especial diz respeito à venda pelo falido de colsas compostas, que são não cumprimento do contrato. De fato, o dispositivo u.p".À.o nâo
normalmente equipamentos de grande porte, cuias partes sâo entregues em momentos menciona o cabi-
mento da indenização, mas também nâo diz que caberá apenas
a restituiçâo dos valores.
sucessivos. Quando ,r íalido vende alguma coisa que seja composta e ainda não entregou Ademais, o afastamento da indenizaçâo seria uma discriminaçâo
todas as partes integrantes, aplica-se a regra geral dos contratos bilaterais, isto é, cabirá
injusúcável aos pre_
iudicados nessas sihraçôes.
a decisão ao administrador judicial. A decisão pelo não cumprimento do contrâto
nesses Com ousem indenização, é certo que é cabÍvel a lestituição dos valores que,já
casos é que traz uma regra especial. foram
pagos nos referidos contratos. Sem especificar, a lei determina
a inclusão dãsse crédito
Se o administrador iudicial optar pelo não cumprimento do contlato, o comprador na classe própria, Para alguns, essa crasse própria seria a crasse d.os
_
poderá colocar os equipamentos créd.itos ext.""on*
iá recebidos à disposiçáo da massa faüda, reclamando saiss, na medida em que essa restituiçãà dãcorreria de um
ato válido praticado pelo
perdas e danos, que seráo classificadas como crédito quirografário (Lei n. 11.101/2005 administrador iudicial (Lei n. 11.lOf/2005
- art. g4 V). Outros asseveram
tratar_se de
- art, 119, II). Tal indenização é a nresma prevista na regra geral dos contrâtos bilaterais uma vez que nâo há nenhum privilégio ou garantia Ínerente a tal
e, como visto, deye!á abranger apenas o dano emergente. ".91ifo1tiiJ9g1f1rio,
crédito'. Há ainda quem enquadre esse pagamento como pedido
de restituiçâo em di_
AIém disso, o comprador poderá pleiteâr â restituiçâo dos valores já pagos. Esta nheito, uma vez que a coisa a ser entregue não mais existe3s ou por
I se tratar de um
restituição, pâra alguns autores, é enquadrada como crédito quirografárÍo3, e, pari outros, adiantamento (arras) no contrato3e.
é crédito com privilégio especial3s. A nosso ver, como nâo é àsse[urado direito de reten- Por uma questão deiustiça, o referido crédito deveria ser bem privilegiado,
uma vez
ção ao comprador, pois as coisas já lhe pertencem com a €ntrega, o crédito da restituição que a retenção das prestaçôes pagas conffgura âté
clime (Lei n. i.SZttSt _ art. 2s, X).
deyerá ser considerado quirografário. Contudo, não vemos como enquadrá-lo eà nenhuma das hipóteses
de crédito privite_
.houveEventua-lmente,
o recebimento
a lestituição das coisas já recebidas pode ser abusiva, quando lá ] gÍado. Ora, ao receber as prestações, o falido tem propriedade
a e a disponibüdade do
quase completo da coisa composta, Embora improúvel, à possivel
que o comprador queira colocar à disposição da massa falida as partes já recebidas, por
I
dinheiro e, por isso, nâo há como falar em pedido de restituição. Ademâis, os valo oue a falência suspende o direito de retenção6. Nesta última linha de interPretação, essas
foram recebidos pelo falido e não pela massa falida, de modo que não há como enquad js5pesas deveriam ser pleiteadâs em ação própria.
nas hipóteses do art. 84 da Lei n. 11.101/2005. Essa restituiçâo não decorre de um ato A nosso ver, a razão está com os primeiros. Apesar da expres§áo u§ada, náo se trata
válido praticado pelo administrador judicial, mas da impossibilidade de cumprimento do .
propriâmente de um diieito de letenção, ma§ de um abatimento nos valoles que deverão
contrato. Assim, o crédito em questáo deve ser considerado quirografário por isso, não se pode falar
ser àevolvidos. O dinheiro pago ao comprador lhe pertence e,
em direito de retençáo nesse ca§o, O§ abatimentos necessários Para cobrir tais
despe§as,
a nosso ver, são perfeitamente legÍtimos e valem mesmo no caso de íalência. A própria
4.4 Compra e venda com reserva de dominio
legislaçào falimentar fâla em re§tituição nos termos do contrato e, nos termos desse
Outra Íegra especial diz respeito aos contratos de compra e venda de coisas móveis contrato, a restituição deve ter esses abatimentos.
com reserva de domÍnio. Neste contrato, o que se tem é "uma compra e venda de coisa
móvel, ern que se subordina a efetiva transferência da propriedade ao pagamento integFal
do preço"*. O comprador iá passa a ter a posse direta do bem, mas a tlansferência da 4.5 Vendas a termo
propriedade fica suieita â uma condição suspensiva. Assim, o credo! se resguarda de
Outra regra esPecial diz respeito termo. Nestâs, o contrato é
às chamadas venda a
eventuais problemas com o devedor, nâ medida em que ele poderá reaver a coisa.
concluÍdo, mas comprador e vendedor ajustam ur termo para entÍega da mercadoria,
Havendo a lâlência do complador, cabe ao administrador judicial decidir pela con-
isto é, ajustam uma data futura Para o cumPrimento das prestaçóes. Como o contrato de
tinuação ou não do contmto. A decisão pela continuação deverá se! justificada e autori- compra e venda, pois o
compra e venda é consensual, nâo se trata de uma promessa de
zada pelo comitê de credores ou, nâ inexistência desse, pelo iuiz, como nos contratos
contrato iá é firmado Pelas pades na data do encontro de vontades. Ta[ tipo de contrato
bilaterais em geral, À decisão pela resolução desse contrato é também do administrador
é muito comum com gêneros ag!ícolas,
)Lrdicial, mas ele deverá sempre ouvir o comitê de credoles. Neste último caso, trata-se
apenas de uma consultaar e náo de uma autorizàção e, por isso, náo há que se cogitar da Para as vendas a termo, a PrincíPio, aplica-se também a regra geral dos contratos
oitivâ do juiz, caso não exista comitê, uma vez que o iuiz não é um órgáo consultivo, bilaterais, cabendo a decisâo âo administrador judicial. Nào sendo executado o contrato,
se asmercadorias têm cotaçáo em bolsa ou mercado, haverá o ajuste entre o vaLor do dia
Decidindo não continuar com o contrato, o administrador judicial restituirá a
do contrato e do dia em que a mercadotia deveria ser entregue (Lei n. 11 10112005 - art,
t:oisa móvel comprada com reserva de domÍnio ao vendedor, exigindo a devolução, nos
I19, V). Ricardo Negrão afirma que a indenizaçâo será paga ao vendedore. Para Silva
termos do contrato, dos valores já pagos (l,ei n. 11.101/2005 - art. 119, [V). A referôn-
Pacheco, quem paga a diferença é quem tolna a iniciativa de náo cumprir o contrato4s
cia aos termos do contrato traz uma questáo sobre a possibilidade ou não de retenção
Para Sampaio Lacerda, o pagamento da diferença depende da variaçáo da cotação das
das prestaçÕ€s.
melcadorias, sob pena de haver enriquecimento ilícito de alguma das partes6.
Nos termos do art. 527 do C,ldigo Civil, "é facrrltado ao vendedor reter as prestaçôes
A nosso ver, de fato esse âiuste entre o preço do dia do contrato e do dia da entrega
pagas até o necessário para cobrir ir depreciaçã,, d.r coisa, as despesas feitas e o mais que
é que vai deÍinir quem tem que pagar a diferença, Pois §e nâo houvesse isso, uma das
de direito lhe for deúdo. O excedente será devolvido ao comprâdor; e o que faltar lhe
paltes se enriqueceria indevidamente. Havendo variação Positiva (subida do Preço),
será cobrado, tudo na forma da lei processual'l Para tanto, é essencial uma vistoria e o
haverá um crédito para o comPrâdor, poi§ ele terá que gastar mais do que gastaria no
arbitÍamento dos valores. Para alguns autores42, continua valendo a referida retençâo
cumprimento do contrato. Havendo variaçáo negativa (queda do preço), haverá um
mesmo na íalência. Outros, porém, asseveram que essa retenção não é possível, umavez
crédito para o vendedor, Pois o comprador terá que gastar menos para comPrar as mt's'
mâs mercadorias. A massa falida Poderá Ler um crédito ou um débito nesse contrâLo,
40. i; \i ;LIÁNO,PabloStolrêiPAMPLONAFILHO,Rodolfo.rvovorrrcodedireitocivil.SáoPalrlo:Sarai-'
va,2008, v. IV t. 2, p.66.
41. FRoNTINI, Paulo Salvador. In: SOUZA )ÚNIOR, F!âncisco Sátiro dei PITOMBO, Àntônio Sérgio d€
À, de Moraes (Coord.). Co menü os à lei de rccuperdçào de ernpresas e Íarércta. 5ão Paulo: Revistâ dos Tri-
43. MAMÉDE, Glâdstor., Direito .mPresarial brusileirot f.iiêncià e rccuPeraçâo de êmpresas. 2. ed Sáo
bunais, 2005, p. 440.
Paulo: Atlas, 2008, v. 4, p. 444.
42. MARTINS, Glâuco Alves. Efeitos dâ decretaçâo dâ Íalência sobre as obalgâçóês do devedor. In: PÀlVÂ,
44. NEGRÁO, Ricardo . Maaual de direito comercial e da cnw$a.4. eÃ. São Paulo: sriâiva, 2009, v. 3, p. 412
Luiz Fernándo Vâlente d e (Coord,,). Direíto Íalimentat e a novd téí de Ía!ências e recuperaçao dc empresas. §o
Paulo: QuÂrtier Lâtin, 2005, p. 460i CAMPINHO, Sétíio. Fdlêfi.id e rccupemçáo dê enpresat o novo legime 45. PACHECO, Tosé dâ Silw. Processo defalência e concorddu li ed. Rio de raneiro; Forense, 2004, p. 326
de insolltnciâ €mpresarial. 3. ed, Rio de Jan€iro: Renovar, 2008, p. 353. 46, LACÊRDÀ, l. C. Sam pzio de. Manudl de diteito Íalímehtaí 3. ed Rio de )anêiro: Renorar, 1997, P, 181.
'd-.
-Nos
demais casos, deve-se aplicar a legislação comurn da promessa de compra e 7 Locação
venda. De acordo com o §TJ, no sistema geral da promessa de compra e venda "o
direito No caso da locaçâo (Lei n. 11.101/2005 - art. 119, VII), a falência do locador nào
real ) aquisiçâo do imóvel, no caso de promessa de compra e venda, sem cláusula de
arrependimento, somente se adquire com o registro,,a. Nesta perspectiva, se houve a resolve o contuato, que continuârá a ser executado, uma vez que trará rccursos paÍa a
prenotaçâo da promessâ, o promissário comprador terá direito à aquisição massa falida. Essa continuação não impedirá a yenda do bem locado, que ocorrerá nor-
do imóvel, malmente. Registre-se que nessa venda, que será sempre judicial, o locatário nâo terá
mesmo no caso de falência do promitente-vendedor. Em caso contrárÍo, o contrato cai
na regra gera.l dos contratos bilaterais. Se o falido for o promissário compradôr, tarnbém direito a impor ao adquirente a manutenção do contratoso, uma vez que tal aqúsição se
é aplicável a regra geral dos contratos bilaterais.
dará a título origináriost.
No caso da falência do locatário, o administrador judicial pode denunciar o contra-
to, a qualquer tempo. Trata-se de um poder assegurado ao administrador judicial, não
havendo como o locador interpeláJo. Enquanto não houver a denúncia, o contrato é
47. MÀMEDE, Glâdstoí. Direito ernpresa a! b4sihlm: íâJêrrcia e rcdtpêraçáo de êmpresas. 2. êd.
. São
Paulo: Átles, 2008, v.4 p. 446; FRONTIM, pâulo Sâlvedor. In- SOUZA lúNlõR, Érencisco Sátúo de; PITOM- 49. IUSTEN lriLHO MêIçal. Comenúrios à lei de liaiuções . contrdtos a,lministratiyos,9. ed. Sâo Paulo.
BO, Antônlo Sérglo d€ A. dê More$ (Coord.). Co mentários à lel dc recuperdçito Dialética, 2002. p. 539.
de empftsa, eÍatén<:ia. Seo
, Paulor R€viste dos fribunajs, 2005, p, 44ti COEL,HO, Fábio Ulhoâ. Crlro;le dieito éomerciaL.
L ed. Sâ,o
Pâulor Sârriva, 2@8, v. 3, p. 307; PROVTNCIÁII, R enzo. Manuale di diitto
50. MÀMEDE, Gladston, Direíto empresaial btusíleitut falêrrcia e recuprração dê empresas. 2, ed. Sâo
Íallir^enare. B. ed. Milznot Gít!f- v 4, p.451.
Paulo: Atlas,2m8,
frê, 1955, v. 1 p.627.
48. 51. STI - nDcl nos EDcl no ÀgRg no REsp 1075591/RS, R€|. Ministra ELIANÂ CALMON, SEGLI.IDA
STI - REsp 431432/5B Rel, Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA rL,RMÀ, julgado em 14-
TURMA,iulgâdo em 10-ll-2109, Dle L9-11-20A9, ST, - REsp 1038800/Rl, Rel. Mirüstro HERMÂN BENÍIÀ-
l2-2C104, Dl 27 -6-2005, p. 396.
MIN SEGUNDA TURMÀ, julsado em 20-8-2009, Dle 27 -8-2OO9.
Íi
464 j cunso or oraerro EMPRESABTAL EFElTos DA FALÊÍlcra ouaNTo aos coNTnaros Do FALTDo i 465
mantido, Em todo caso, a denúncia do contrato não gera a obrigaçâo de indenizar, urnl própria semelhança os contratos de comissão nos quais o falido é comissário sâo extintos
vez que se trata de um poder assegurado ao administrador judicials?. pela decretação da fa-lência, salvo se alheios à atividade empresarial.
Quando o talido é o locatário, se existirem aluguéis anteriores à falência que não Questão peculiar se refere ao chamado mandato em causã própria, no qual o man-
foram pagos, caberá ao credor habilitar o seu crédito. Os pagamentos posteriores à fa- dâto é exercido no intêresse exclusivo do mandatário, dispensando-s€ inclusive a presta-
lên( ia são créditos extraconcursais e, sendo essenciais à continuaçáo do processo, podem ção de contas. Nessa situaçáo, o negócio iurídico a que se destina o mandato deve-se
até ser rdiantados, nos termos do art. 150 da Lei n. 11,101/2005r;' considerar perfeito e acabado55, nâo havendo que se cogitar de revogação do mandato
pelo administrador )udicial$. Salvo nos casos do art. 129 dâ Lei n. 11.101/2005, os atos a
serem praticâdos com base nesse m.rndato mantêm-se normalmente.
I Mandato
Os contratos de mandato outorgados e recebidos pelo falido também sofrem os
efeitos da falência (Lei n. 11.101/2005
9 Conta-corrente
- ârt. l2O).
C)s man(iatos outorgados pelo falido serâo resolvidos pela decretâção da falência, O contrato de conta-corrente é aquele pelo qual o banco se obriga a inscrever em
saNrr os mandatos para representação iudicial. O afastamento clo devedor deve signili- paruda de débito e crédito os valores monetários retirados ou remetidos pelo cliente.
car também o afastamento dos seus representantes (mandatários). No que tange aos Trata-se do instrumento mais usual para o caixa da atiüdade empresarial. Com o afas-
mandatos para representaçáo judicial, sua manutenção é recomendável, na medida em tamento do falido da administraçáo dos seus bens, nada mais lógico do que encerrar esse
que normalmente iá houve o pagamento pelos serviços a selem prestados. Ademais, â contrato (Lei n. 11.101/2005 art. 121). Caberá ao administrador judicial a abertura de
manutençâo desses mandatos não gera maiores atlasos no andamento do processo. conta específica vinculada ao juízo para o caixa da massa falidâ.
Nâtu.Àlmente, os mandatos judiciais continuarào em vigor uté a revogação pelo admi-
nistrador judicial, que poderá optar pela contrataçâo de novos advogados.
Em relação aos mandatos recebidos pelo falido, cessam com a declaraçâo da falência, 10 Contratos de sociedade
salvo se alheios ao exercÍcio de atividade empresarial. As questões pessoais do falido,
como um mandato parâ contlaçâo de matrimônio, não deyeÍn ser afetadas pela falêrlcia.
O falido pode ser sócio de várias sociedades que não são atingidas pela falência.
Nesse caso, os contratos de sociedâde serão resolvidos em relação ao falido e ele será
Contudo, sua atuâçüo empresarial, ainda que como mandâtário, deve ser evitada, umâ
vez que ele perde a administração dos bens e fica inabilitado para a atividade empresarial
excluÍdo de pleno direito do quadro societário (Lei n. 11.101/2005), Ele deixará de ser
até a extinçáo das suâs obrigações. Adema.is, a confiança que (leve ser inerente à atuâção
sócio, mas será feita apuração dos seus haveres que serâo entregues à massa falida,
isto é, ela receberá a parte que toca ao falido no patrimônio da sociedade, O pagamen-
de qualquer mandatário cessa com a decretaçâo da sua falênciar.
to dessa apuração de haveres obedecerá aos termos do contrato social e, no silêncio
A mesma regra se apüca aos casos em que o falido é comissário em um contrâto de
deste, será feita judicialmente e o pagamento deverá ocorrer em noventa dia§ (C(l -
comi§são mercantil. O conkato de comissão é conceituado no art.693 do Código Ciúl
art. 1.031).
como aquele que "tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu
próprio nome, à conta do comitentel Neste contrato, o comissário firma os contratos em Embora o dispositivo faça menção apenas à condiçâo de cotista ou comanditário,
devemos interpretar essa regra especial como atinente a todas as sociedades contratuais.
§eu próplio noftre com os terceiros, mas em benefÍcio do comitente, sendo remunerado
Assim, a mesma regra será aplicável se o falido for coüsta, comanditado ou comanditário.
aPenas Por umll comissão paga por este. Trata-se de contrato muito próximo ao contra-
Sempre haverá a exclusão de pleno direito e a apuração de haveres.
to de mandato, tanto que as regrâs deste se aplicam supletivamente à comissâo. Todayia,
no mandato, o mandatári() age em nome e em proveito do mandante, iá na comissáo o Nesse úpo de sociedade, é possível que a resolução em relação a um sócio acarrete
comissário age em nomr próprio, mas em proyeito do mandante. Em todo caso, pela a dissolução da sociedade como um todo. Nesses casos, não se procederá imediatamen-
55. CAMPOS BATALHÂ, wilson de Souzâi RODRIGUES NETTO, Nelsoni RODRIGUES NITTO, Sdvia
52. TEPEDIN( ),Ricârdo ln:ABRÀO, Carlos Henriquei TOLEDO, Paulo É,C,Salesde(Coord.), Co entários MaÍie Labate Batalha. Cofientárias à lei de tecuperuçào ju.licidl de enpresas e Íaténcia. 4. ed. Seo Pàrlot LTr,
à lei de recuper,4tu de emprcsas e lalêh.ía. Seo Paulo: Sarâivâ, 2005, p. 321.
2m7, p. 182; TEPEDINO, Ricâldo. Inl ABRÁO Ceílos Henrique: TOLEDO, Paülo t C. Sãlles de (Coord.). Co-
53. MÀMEDE, Glâdstor.. Direito empresaríal brdsirêto: falência e recuperaçâo de emptêsâs.2. ed. Sâo Pau- nentá.rios à bi de recuperu?ão de emprcsas êÍa.láncla. Sâo Paulor Saraiva, 2005, p. 313, p. 325; VÁL\ERDE,
lo:Adas,2008, v. r, p.452. Trajano d€ Mkandâ. Conentários à Li deÍdléncías.4. ed. Rio de Jeneúo: FoÍense Universiúrjâ, 199, v l, p. 366.
54. NAVARRIM, Umberto. lÍdllimento. Torino: Fretelli Boccâ, 1926, p.146, 56. MIRAÍDA, Pont€s de. Truta.do de direito plivadn. Camp\na§Bookseller 2004, v.28, p.357.
El---l
466 i cunso or orarrro EMeFESARTAL
Tos DA FALÇNcra ouaNro aos coNTRAros Do ro,.
EFE
oo i 467
te ao pagamento da apuraçáo de haveres devida ao sócio falido. Em primeiro lugar^será porador e constituirâo patrimônio de aÍetação, desúnado
à consecuçâo da incor_
realizada a liquidação da sociedade com o pagamento de todo o seu passivo. E à luz dq poração correspondente e à ent.ega das unidades imobiliárias
aos respectivos
que restar, será paga a apuração de haveres para a massa falida. adquirentes" (L€i n. 4.59tt64 _ art.3t_A).
Nas sociedades em conta de participação, a solução varia confirma a posiÇão do
falido (CC Com isso, haverá uma boa garantia pâra os adquirentes.
- art. 994, §§ 2r e .ls). 5e o falido for o sócio ostensivo, haverá a dissolução d3
sociedade, com a liquidaçàrr da conta. Havendo saldo a receber pelo sócio oculto, este Nessâ situaçâo, nos 60 dias que se seguirem r\ decretação da Íalência
do incí)rporâdor,
será crédito quirografário, De outro lâdo, se o falido for o sócio oculto, aplica-se a regr3 ocondomÍnio dos adquirentes realizará assembleia geral. na qual instituirá o
condomínio
geral dos ( ,)ntratos bilaterais, cabendo a decisão ao administrador judicial. da construção, por instrumento público ou particilar, e deiiberará sobre os
termos da
continuâção da obra ou da liquidação do patrimônio de afetação, com a alienação
Nas sociedades por ações nâo há um contrato a ser resolvido e, por isso, suas ações dos
elementos componentes do patrimônio áe aíetaçâo. Er"a comissao poderá
são arrecadadas no processo de falência, para posterior âlienaçâo57. Caso se trate de uma inclusive
alienar as unidades que até a data da [alência nrio tiverem sido alienadas pelo
sociedade anônima de pessoas, deve-se admitir, diante dâ dificuldade de eventual venda, falido. Em
suma, os promitentes-compradores é que decidirão o que íazer, Após
que se promova a dissolução parcialda sociedade, com o pagamento da parte que tocaria a tomada da deci-
são e o uso do pâtrimônio de afetação, o administradoriudicial
ao falido à massa falida. Esta última possibüidade se restringe a "sociedades anônimas de arrácadará o saldo a tãvor
da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra
médio e pequeno porte, em regra, de capital fechado, que concentram na pessoa de sers ela remanescer.
sócios um de seus elementos preponderantes, como sói acontecer com as sociedades
ditas famüares, cujas açôes cilculam entre os seus membros, e que são, p,)r isso, consti- 12 Acordos para compensaçáo e liquidaçáo no sistema
tuidas íntuitu p er so nae",3. finaneeiro
O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SpB) surgiu para dar mais segurânça
11 lncorporagáoimobiliária lidade a transaçôes financeiras no Brasil. Dentro ãesà perspectiva,.r
e agi-
Lei n. 10.214
prevê expressâmente a possibilidade de celebraçâo
Na incorporação imobiliária, "determinada sociedade empresária obriga-se a pro- de conirât;s para a compensaÇão e
liquidaçâo de obrigações no âmbito do Sistema Financeiro Naciánal,
mover a construção de edifícios e a transferir a propriedade das unidades auLônomas aos admitindo inclu_
âdquirentes, os quais, em contrapartida, se obrigam a pagar o preço aiustado"sr. Há, em sive â compensaçáo multilateral de obrigaçôes. Tais acordos
devem ser firmados entre
as instituiçoes financeiras e pessoas físicas ou jurídicas,
última análise, a coniugação dos serviços de construção e de yenda das unidades imobi- integrantes ou não do Sistemâ
liárias construídas. No caso das incorporações imobiliárias, a decretação da falência do Financeilo Nacional, vedada a atuação de qualquer das pari"r.o-o int"r-"alijà.a
incorporador extingue o contrato, mas ela não atinge os patrimônios de atetação consti- nesses acordos.
tuídos para a realização do empreendimento.
_ Nos sistemas em que o volume e a natureza dos negócios, a critério do Banco
central do Brasil, forem capazes de oferecer risco à solidez-e ao normal
Por uma questáo de segulança, o incorporador poderá constituir um patrimônio de funcionamen-
afetaçào prra o referido empreendimento imobiliário. Neste caso, to do sistema financeiro, as câmaras e os prestadores de serviços
de compensação e de
liquidaçáo assumirâo, sem preiuÍzo de oúrigaçôes a""o.r"r,t""
àu iui, regulamento ou
[...] o terreno e as acessóes objeto de incorporação imobiliáliâ, bem como os demais relaçâo a cada participante, a posição de parte contratante, para fins
:on::a_,.T
Iiqüdação das obrigaçóes, rea.lizada por intermédio da cârnara
de
beos e direitos a ela vinculados, manter-se-ão apartados do patrimônio do incor- ou prestadoràe serviços.
Neste caso, deverão contar com rnecanismos e salvaguardas
que permitam às câmâfas
e aos.prestadores de serviços de compensação
e deliquidaçáo certeza da
57.SANTOS, Theóptulo de Arerêdo. tn: CORRÊA-LIMÂ, Osmar Brtna, CORRÊÁ LIMA, Sérgio MouÍáo
Há"rr"gur",
uma boa "margem de
llqurdaçeo das operaçôes neles compensadas e liquidadas,
lcooÀ.), Comehtátios à nova hí dcÍaténcia e rccupetuçAa de empresds,Rio de ,enêiro: Forense, 2009, p. 881i
NEGRÁO, Ricardo. Ma nLa! de díreito êomcrcial e de empresa. 4. ed. Sáo Páulo: Sereivâ, 2009 , v. 3, p. 425t
segurança nesses contratos.
CÀMPINHO, Sérgio. Fa lêncía a re.uperaçdo de ernprerd: o novo Íegime de insolvênclâ empr€sârial.3. ed. Rlo Essa segurança é garantida mesmo em caso de falência
de trma das partes envolvidas
de Jeneiro: Reno!ãí 2008, p. 362. no acordo. Caso haja acordo para compensaçáo e liquidação
de obrigaçàes no âmbito do
58. STi - EREsp 111294/PR, Rel. Minislro CASTRO FILHO, SEGLNDA SEÇÃO, julgado em 28-6-2006, D/ sistema financeiro nacional, a parte não falida poàerá
10-9-2007, p. 183i REsp 651.722lPR, nel Ministro CARLOS ÀLBERTO MÊNEZES DÍREITO, TERCEIRA considerer-o tontrato vencido
IURMÀ, iulgado em 25-9-2(ffi, Dl ?6-3-2N7, p.233. antecipadamente, fupótese em que será üquidado na forma
estabelecida em regu.lamen_
to, admitindo-se.a compensação de eventual crédito que
59, PENÀLVA SANTOS, Pâdo. Os contratos nâ recupeÍâçáo judiciâl e na falência.ln: PAM, Luiz Fêrnen- venha a ser apurado em favor
do Vâl€nte de (Coord.). DireitoÍalimenut do talido com créditos detidos pelo contratante (Lei
e d nova lei de Íalências e rccuperuçAo de empresas. Sáo Pz,Jlol n. 1t.tOI/2OOS _ a;t. 1f9, VIII). Em
Quartier Lâtin, 2005, P. 427. outras palavras, os acordos firmados com as câmaras
de compensação e liquida çâo (clea-
I
EFE[os oa ÉALÊNCÁ ouANÍo aos coNTBAÍos Do ;AL1o0 469
z168 j cunso oe ornerro EMpREsaRrÀL
13.1 Abenura de créciito Naturalmente, para aqueles que admitem a cláusula resolutóriâ expressa, poderá
haver a iesolução automáÚcr do contrato, nesses casos.
O contrato de abr.tura de crêdito é aquele contrato "pelo qual o Banco se obriga a
colocar à disposiçáo do cliente de terceiro certa importância pecunifuia, facultando{he '
a utilização dessa soma no todo ou em parte, quer por meio de saque, de âceite, de aval 1i.3 Alienaçáo íiduciária em garantia
ou de tiança até o montante convencionado"e. Nesse contrato, há a outorga ao direito de
utilização do crédito, isto é, o direito de dispor do crédito, podendo o beneficiário fazer A alienâção fiduciária em garantia ocorre quando o devedor transmite ao credor â
uso ou não dele. Normalmenre, esse contrato está ligado ao contrato de conta-corrente, propriedade de um bem, sob a condição le§olutiva do pâgâmento da obrigação garantida,
sendo o crédito aberto por unra institu.ição financeim.
,"rá.ua.do-se a potse direta. Em outras palavras, o devedor aliena para o credor um bem,
que ele adquiriu ou que já constava do seu patrimônio, em garantia de deterlninada'
Se a falência é daquele que abre o crédito, não há que se cogitar de continuaçâo do
,ib.igação. Õaso a obrigaçáo seia paga, a propriedade plena retornará t. devedor' Ca§o a
contrato, uma vez que não há sentido na atuação da massa falida como alguém que con- obrilaiao nao sela pagà, o credor poderá fazer recair os seus direitos sobre o bem' dado
cede créditos. De outro lado, se a falência foi do beneficiado pela abertura do crédito, há em garantia, que está na sua propriedade.
duas situaçÕes distintas. Se o crédito já foi usado, não há que se cogitar de decisáo sobre No caso de falência do credor fiduciante, a solução será dada pelo que for aplicável
a continuaçáo do contrrro, mas apenas de habilitaçâo do crédito. De outro lado, se o ao contrato garantido. Normalmente, o contrato garantido é um contrato de financia-
crédito ainda não foi ,r rLizado, vale a regra geral dos contratos bilaterais, mesmo quando mento (mútuo), o qual é unilateral, uma vez que as prestações são exclusivamente esta-
I
ele é ligado a uma cor r,r -corrente, uma vez que se trata de contÍato autônomo, Natural- I belecidtrs em proveito do credor fiduciante. Ne§te caso, nada mais Iógico do que o pros-
mente, para aqueles que admitem a cláusula resolutória expressa, poderá haver a resolu- seguimento do contrato PlinciPal e do contrato de alienaçâo fiduciária Caso §e trate de
ção automática do contrato, nesses casos. uma compra e venda, vale a regra geral dos contratos bilaterais, mas também é recomen-
dável o prosseguimento do contrato.
De outlo lado, no câso de falência do devedor ôduciário, vale também o regime do con-
13.2 Seguro tlato garantido. Caberá ao administrador judicial decidir pela continuação ou nâo do
contrãto garantido, seja ele bilateral ou unilateral. Caso nâo haja Prosseguimento do
Nos termos do art. 757 do Códí1o Civil: "Pelo contrato de seguro, o segurador se contrato, á credor Íiduciânte, Por ter a Propriedade do bem, poderá realizar o pedido de
obriga, mediante o pagamento do prêmio, e garântir interesse legítimo do segurado, re' resütuiçâo para a retomada do bem e, obtendo a retomada, deverá promover sua aliena-
ção para a satisfaçao do seu crédito (Decreto-lei n.9tLl69 - ârt.
lativo à pessoa ou à coisa, contra riscos Predeterminados," Trâta-se dâ instituição de uma 7s) O eventual saldo
garantia contra o risco que pode sofrer uma Pessoa ou coisâ Tal contrato é classiÍicado
como consensual, bilateral, oneroso e consensual,
61, ALVIM, Pedro, O rontruto de seguro.S.ed- Rio de ranêfot Forense, 1999'P'162'
L
Nas raras hipóteses de falência da seguradora, acreditamos que sempre haverá a
62. PENÀLVÀ SANl'oS,l. A. obti*^ções. contratos ,ra Íalência.2. ed. Rio de râneilo: Renovâr' 2003'
extinção do contrato, uma vez que a atividade não pode mais ser exercida. Os eventuais p. 60.
63. DMUNDO, Àntonio. Gli effetti del fallimento sú .aPPorti giuridici píeesi§renti ln: Dt PEPE GioÍ8io
Schiano (Coord.). .al lltl tto Íallirnentare riÍométo. Padovâ: CEDAM, 2007, P 279'
60. COVELLO, Sérgio C^rlos. Cohttdtos bdncd,.ios. 3. ed. Sâo Paulo: Leud, 1999, P. 183.
mr---,
410 CUÊSO DE DIREIÍO EIVPBESANIAL
Ereros or rnlÉrcn duaNro Aos coNTRAÍos oo FALTDo i471
Por meio d,o leasing "uma pessoa jurÍdica arrenda a unla pessoâ tísica Enr outras palavrus, a franquia é o
ou jurÍdica,
por tempo determinado, um bem comprado pela primeira d. acordo
com a. inái"açOÃ
da segunda, cabendo ao arrendatário a opçao de aàqutir o »em arren<tado
findo o Jãn- sistema de irproximaçâo comercial, onde o Íranqueador permite através de licençâ
trato,-mediante o pagamento de urn preço regidual,d. Há, aqui, algo
muito similar a uma de exploraçáo de murca, de patente ou de ambos, e consequente transmissão do
locaçáo com opção de compra do bem locado.
know-how, qte terceira pessoa denonrinada franqueado, que se suieita à mantença
Nâo irá regra especial em relação âos etbitos da falência sobre o contrato
*
Dentro dessa perspectiva,
ds /€145i7g,. de padrões 6xos, e de exploraçâo do obie to do Íranchising em rede, pela colabora-
vale a regra gerar dos contratos b aterais, isto é, cabe!á
administrador iudicial
ao ção horizontal para o escoamento de bens ou serviços67.
a decisão, sei;r o
fatido arrendador, seja o falido arrendatário. Ha-
vendo íalência do arrendatário e seÍrJo deliberada a não
continuação do conrrato, cabe_ De forma mais sintética, pode se afirmar que a franquia é o "sistema de produçdo
rá ao arlendante a restituição do bem que ainda lhe pertence. Coniudo,
no caso de falên-
cia do arrendante há alguma controvérsia. e/ou distribuição de bens e de prestação de serviços segundo formato dado pelo fran-
queador"d.
Decidida a não conünuaçâo do contrato, se o falido for o arrendante, A. penalva
-
Santos entende que o devedor tem direito à aquisição do bem, uma vez que
). Não havendo regra especial, aplica-se à franquia o regime geral dos contratos bila-
ele teria o
'direito impostergável" de exercer a opção de cãmpiaus. terais6e. Nesse sentido, a decisào caberá ao administrador iudicial, nos moldes já mencio
Contudo, a nosso ver, esse direi_
to não existe. No contrato de Lcasing, a propried,ade se mantém com a arrendadora nados. A decisão pela nao continuaÇão do contrato no caso de falência da franqueada é
e,
nessa condiçao, ela tem direito de reaver o bem que lhe pertence, natural e raramente traz maiores problemas. Contudo, a decisão pela nâo continuação
no cas() de náo conti-
nuação do contrato. O máximo que se poderia admitir seria a restituição do contrato em caso de falência da franqueadora é problemática, especiâlmente no que
dos eventuais
valores antecipadamente pagos â tÍtulo de valor residual garantido6. tange às franqueadas. Àssim, a de(isão nesses casos envolve muitos interesses e, por isso,
seu questionamento judicial é até natural.
Mais uma vez, reitere-se, para aqueles qLre admitem a cláusula resolutória expressa,
- Novamente, reitere-se, para aqueles que admitem a cláusula resolutória exPressa,
poderá haver a resoluçáo automática do contrato diante
dessa cláusula.
poderá haver a resolução automática do contrato.
13.5 Franquia
73.6 Factoring
De acordo com o art. lr da Lei n. lg.g66/2}f9,
Nos termos do art. 15, § le, IIl, d, a Lei tr,.249195,oÍactoriíg,éa"prestaçãocumu-
lativa e contínua de serviços de assessoria erreditÍcia, mercadológica, gestão de crédito,
o sistema de ftanquia empresaÍial, pelo qual um franqueador autoriza por
meio de seleçâo de riscos, administlação de contas a pagar e a receber, compra de direitos credi-
contrato um franqueado a usar marcas e outros obietos de p.opriedade intelectual,
tórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestâçâo de serviços': Pelo conce!
to legal, vê-se que o Ídctoring é uma atividade empresarial que envolve a prestação de
61. MARTINS, Fren. Corrtatas e obrigd,ções .ottlercidlr. 15. ed. Rio d€ laneito: Forensc, 2OOO, p. 449
65. PEN,{LVÀ SÀNTOS,l. A. ebrígdçõês
^
e contrà,tos iaídtência.2. ed.. Rio d€ leneirc: Renovâr, 2003, 67. SOUZÂ, Carlos GÉÂtavo. Contrattos tnercarrlr. Rio de ,aneiro: Ereitas Bâ6tos, 2m6, p. 300,
P. 80.
68. MÂRIÁNI, Irineu. Contrdtos erfipftsariais. Poíto Alêgre Llvíariâ do Àdvogado, 2007, p. 361.
66. T'R' _ TERCEIRÀ CÀ}üARÀ CÍ\GL - ÀP
TE - lulgamênto: 26-3-2002.
2OO1.OOr,131O7 - DES. Á,NTONIO EDUARDO F, DUAR- 69. NEGRÁO, Ricardo, Manual de direito cot ercial e de empr.sa.A. ed. Sáo Paulo: Sâ!âive, 2009, v. 3,
p,427.
472 i cunso oe oraerro EMPFÊsanrAL EFErTos DA,A-É\cB oLA\Ío aos coNTBA-os Do 'a-lDo i 473
selviços e a compra de aúvos financeiros (créditos). Todavia, nem sempre as d uas ativi- À princípio, nessas modalidades também se aplica a regra geral dos contntos bila'
valores devidos pelo falido
dades serão exercidas simultaneamente. Daí a doutrina diferenciar algumas modalidades terais, cabendo a decisáo ao administrâdor iudicial. Eventuais
do contrato seráo habilitados na classe Própria e eventuais valores a serem recebidos pçlo íalido serão
i.
Haveria o lactoring trustee, q\al há apenas a prestaçâo de serviços de gestão fi- remetidos Para a massa falida.
^o
nanceira e de negócios da empresa-cliente?o. De outro lado, ha,reria o maturityÍactoting,
no qual ocorreria a compra de créditos, mas sem antecipaçâo de recursos, isto é, a em-
ptesa de factoring (faturizadora) garantiria apenas a adimplôncia ou pontualidade do 13.7 Securitização de recebiveis
pâgamento. Nesta modalidade, haveria também a prestaçào de serviços comuns vincu-
lidos ao crédito, Entretanto, a modalidade mais vs]ual é o cohventional Jactoring, que A securitização de recebíveis representa um.t oportunidade de captação de recurstls
novos tÍhl.los rePresentativos de certo§ crédito§ (re-
envolve a compra de dbeitos creditórios, com o pagamento imediato dosvalores a quem lunto ao público, com a cmissâo dã
transferiu os créditos (faturizado). cebÍveis) que foram adquiridos. Trata-se, em ú.lttma análise, do uso de crédito§ futuros
No caso do factoring trustee, as paries se obrigam a prestar serviços de um lado e para emissão de valores mobiliários negociáveis no mercado.
pagamentos do outro lado. Por tratar-se de contrato bilateral, vale a regra geral pela qual A expressão securi,iz\?ao veÍr do te no §ecrrriúies do dfueito norte-americano, que
cabeú ao administrador decidir pela continuação ou não do contrato. signfica "um termo geral que iadui não apenas valores mobi.liários tradicionais como
No maturíty Íactorizg, haveria do lado do fatulizado o deve! de transferir os tÍtulqs aÇões e debêntules, mas também uma variedade de participaçóes que envolvem um in-
e prestar informações e do lado da faturizador o dever de cobrar os títulos e pagar o seu yestimento com um letorno primaliamente ou exclusivamente dependente dos esforços
valor no vencimento. No conventional factoring, as obrigaçôes do faturizado seriam as de outra pessoa, que não o investidor"T3, No Brasil, o melhor seria o uso do teÍmo titu-
mesmas e da faturizâdora consistiriam no dever de cobrar o crédito e antecipar ao menos lnrização|a e náo securitiz^çAo, dada aausência do uso da exPressâo §ecrri,les no país'
uma parte do seu valor.
A operaçáo envolve três Polos: a originadora, a securitizadora e o investido/s'
Ocorre que, em ambas as modalidades, discute-se se haveria ou náo a obrigação do
A originadora é o empresário ou qualquer pes§oa interessada na captação de recur-
faturizado de honrar o crédito transferido em razão do nâo pagamento pelo devedor
sos no mercado, mas que, por si só, não consegue ter acesso a tal mecanismo, apesar de
original. Palte da doutrina reconhece a possibilidade de que exista uma convençào ex- possuir créditos a receber (recebíveis). Nessa §ituaçâo, ela (originadora) transfere scus
pressa no sentido da responsabilidade pelrr solvência do devedor na cessão de crédito7r,
créditos à seculitizadora, que é uma sociedade de proPósito esPecÍfico (SPE), ou seia, que
OutrosT2 úrrÍram, a nosso ver com razão, que nâo haveria responsabüdade do endossan-
se destina apenâs ao exercÍcio des6â atiüdade.
te ou do cedente, porquanto haveria uma compra do crédito e dos riscos.
A securitizadora, tendo Por lastro os créditos adquitidos, emitiú títulos e vall)res
mobiliários, que seráo oferecidos ao público (investidor) rro mercado de capita.is76. Com os
recursos captados iunto ao público (investidor), a §ecurÍtizadora Pâgará à originadora o
70. MARIÁM, Irineu, Contratos crnprcsüiab. Irdrto AlegÍe Livraria do Àdvo9do, 2007, P. 303
valor dos créditos transferidos, com um pequeno deságio', sem o qual a oPeração seria
71. DOMM, Àntonio Cârlos. Direito de regres Fdctorhg, ar.o ll, i. 12, abt.ljttr..2Ü)S, p.23-241
so. Revista do
lvtÀRlÀNl, Irinêu Corúra tosempresaialí Dotlo Negr€: Liwariâ do .{dvogado, 2007. p. 33Oi GUÊRRÀ, Luiz
Antônioi GONÇÁ-LVES, Vâlério Pe&oso. Corta tos ,nercantis diÍcrekciador. Br.s0ia: Btâsliâ luídicâ, 2007, DE NoRONHÀ, TERCEIRA TURMA, )ulgado eÍí 21-8-2008.
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DIe l2-12-2OO8.
de. A c€ssáo d€ crédito, o tllLrlo de crédito, o e^dossa, o erel,Ídctoíing e reSrêsso. ln: PEREIRÂ JÚNIOR,
73. HÂMILTON, Rob eúW. The hv,/ oÍ corporarlons. 5 cd. St. Paul: West GrouP,2000, P 666, traduçâo
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li\.ede " b d gencral tctm th\t includes kot ortl, ttddltiondl seí,uriti.B such as shares oÍ stock, bords, and
432-433; LEIIE, Lúz Le rnos. Factoringno Rúsi.L 10 ed, Sáo Paulo: Àtlas ,2OO5, p.227 -2W S'Íl - RESP 820672/
debentures, bit ako a variet! oÍ inteftsts thdt inyolw dn iúvest ent wllh the retu pri drilt ot e"lusivel!
DF, ReL Ministro HUMBERTO GOMES DE BÀRXOS, TERCEIRA TURMA,iulgado em 63-2008, D/ 1'-4-
dépendent on the eíorts oÍ 4 pefion other thdn the ínvestotr.
2008 p. l; T)DF - 200601100418634PC, Rêlâror ÀNÀ MÀRIÀ DUARTE ÀMÁRANTE BRITO, 6. Turma
74. CHÀVES, Mariâ Ctistind.Dircito empr$Ltial: secu.itizâçáo de créditr's Belo HorlzonterDei Rey,2006,
Cível, julSado em 13- 12 .2(fr6, DI lL3-2O07 , p, 106,
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72. COSTA, §íille Du eftf. T[tul6 de créd.ito. Belo Horizont€: Del Rê, 2003, p. 178i RIZZA.&DO, A-rnaldo.
75, CHAVES, Mariâ Cíistiíí.. Direito cmprcsdrial: securitizeção de crédrtos. Belo Horizonts Dêl Rey' 2006,
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FoÍênse. 1999, p. zl6r8i BERTOLDI, Merceloi RIBEIRO, Márciâ Cârlâ Pe.é,e. CuBo deançado dê dieito .o'
tneréía!.3. ed, Sâo Pa]Jlo: Revista dos Tribunâis, 2006, p.755, CoELHO, FábiolJlhoa. Curso de dircito comet'
76. GAGGIM, Fernândo Sí.!1waí?,. Secuitízaçdo de receblvcis SâoP3.ttlo. LEUD,2oc3' P 19'
IVAISBERG,
.idl. 7. €d. Sào Pâulo: Saraiva, 2OCl, v. 3, p. 143; MAÂTINS, Fran, Corrratos e obrigaçóes comerci4k. L5. ed. n. YAZBEK, Otáüo. O risco de crédito e os novos ins!Íumentos: uma análi5e funcional ln:
Rio de ian€ifo: Forênse. 2L{0, p.4Í}o; STI - REsp 992.42IIRS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BAR- lvoi FONTES, Mârcos Rolim Fernandes (CÍrord,). Cohttdtos bancárlo§. Sâo Paulo: Qualtler Lâtin, 2006,
474 i cunso oe ornErro EMpREsaBiAL
EFErros oA FALÊNch ouANTo aos coNTBATos Do FALTDo i 475
de apreensão
na qual os credores não terão a possibilidade
chamada impenhorabi.lidade,
ã"s", bent p"r" " tatisfação dos seus créditos'
EFEITOS DA FALÊilCIA OUAITITO apresenta ;lgumas clas-
21 AOS BEiIS DO FALIDO A doutrina processualista, ao trata! da impenhorabilidade'
.in"rço*.e,r"f,Ji ae Assis fala ern impenhora'bilidade material
processual
absoluta' impenhorabi'
impenhorrbilidade
itlril rnr,".,li ."r"tiva, impenhorabi'iidade "bt"i::t:
a impenhorabilidade absoluta t
r relativr
Jutores distingueÀ
^-'rpssual relativa3. Outros na qual são
::HÜffi;ilt ã" pt"."^i" ti"uano'ierá adotaàa a última classiticação'
ser penhorados na ausência de outros
::1"tii mJr;",;;;nhoráveis os bens que podem que não podem re§porrder por
u"n, a,, á"r.ao, impenhàráveis aqueles
" "usolutamente
1 Submissáo dos bens do Íalido ao processo: Íormaçáo da dívida;, salvo em condiçÕes excepcionais'
determina que não serão arrecadados
massa Íalida obietiva Especificamente Para a (alência, o art' 108' § 43'
os bens absolutamente impenhoraveis.
Dentro àessa ideia, devem §er-entendidos aqueles
excePcionai§'
! ) caráter
coletivo da falência significa que ela abrange todos os credores do faiido e u"., q"ã resplrrder por dkidas do falido' salvo em condiçÓes
poa..
tambem que ela deve abranger todos os seus bens, Para satisfazer coletivamenle os cre-
"-
Assim, náo devem §" sub-"t"' ao' "f"itos
da falência basicamente os bens elencados Pelo
absoluta
dores, os bens do deyedor devem ser reunidos e se submeter ao processo de falência. art. 833 do CPC/2015 e pela Lei n só/g0
Registre-se que a impenhorabilidade
à aquisição do PróPrio
Todos os bens atuais do falido, ou que venham a ser adquiridos no curso da falência, ficam oãa.A r.. ooosta no caso de execuçao dã dlvidas referentes
sujeitos ao procedimento falimentar,
"u"
ffi;;;;;.;I;a" *
a' a" Lei n 8 ôoe/eo gPru' pensão ümentÍcia )'
ztt-215.
CoÍÍ€iâ TÁLÀMlNf' EduaÍdo C ''so avaífa-
dei
4. WÀMBIÉR, Luiz Rodrigues; AIMEIDA' Flâvio Renâto
g.ed lo' Revisra dos iribunais' zooz' v 122-124; MARINONI' Luiz Guilher-
z'p
do de Drocesso civil saoPaT
2007' p 2s3-254r DIDIER IR '
llJ'í#ffiffi;;;;.;; c,"i. i*"çu' sn"-p*ro: Revistâ do§ rribunâis'
v s' P 543i BUÉNo' cassio
1. MIRA-\DA, Pontes ó.e. Tratado de dbeito priyado. Campines: Bookseller, 2004, v. 28, p. 289 il;;Ti.?;;;,;il ti-piuu'ot "iu z "a' salvador: Podivm' 2o1o'
di'eho p'o"u'r''al cili' sáo Paulor sarâivâ' 2008' v 3' p 222
2, REQUIÁO, Ruben§.Cu$o de dkeito Íalinelarar. 17. ed- Sáo Paulor Saraivâ, 1998,v. 1,p.l8l ;"ür"ü. ã;;;;r; ti,ido d'
478 i cunso oe orarrro EMpBEsARTaL
Errrros on caúlrclq ouaNTo aos BENs oo FALIDo i 47g
6. STI
9. PACHECO, losé dâ Silva. ?roc.sso de rccupera?ôo ju.licial, cr.traiudhial efaléncia, Z. ed,, Rio de Janeiro:
- REsp 978.689/5g Rel. Midisrro LLIS FELtpE SA,IOMÃO, eUARTA TURMA, ju]gedo em 6-8-2009, Eotenáe, 2007 , p. 271.
Dlc 24.8-2c0]9.
10. CÂMPINHO, sé!gi,o. Falêrlia e rccupeftçd,o de erfipresai o r,olo rcgime de insolvênciâ empreserial 3.
STI - REsp eSgSgZlSP,
Z
2(frA, p,74.
Rel. Ministro LUIZ FUX, pRIMEIRA TURM A, itlLgedo eír çLZ-Z(I,Z, Dl2B"2- ed. Rio de Jâneiro: Renovâr, 2008, p, 328; NEGRÁO. Dicâd.do, Mdnua! de direita .omercial c d. empre*. S. ed.
São Paulo: SÂEiva,2010, v. 3, p.415.
480 i cunso oe ornuro EMPnÉsARrAL EFE[os oa FALÊNca ouaNTo aos BÊNS Do FALroo ! 481
mento de certas obrigações. O art. 119, IX, da Lei n. 11.101/2005 é expresso ao Outro exemplo de patrimônio de aíetação é o das câmaras e prestadoms de servi-
afirmar que ços de ccrmpensação e liquidaçâo Íinanceira (clearings), integrantes do sistema de pa-
gamentos brasileiro regido pela Lei n. 10.214l20o1. Nos sistemas em que o volume e a
os patrimônios de afetação, constituldos para cumprimento de destinâçáo especÍ- natureza dos negócios, a critério do Banco Central do Brasil, forem capazes de oferecer
fica, obedecerão ao disposto na legislação respecliva, Permanecendo seus bens, risco à solidez e ao normâl funcionamento do sistema Íinanceiro, as câmaras e os pres-
direitos e obrigaçóes separados dos do falido âté () ldvento do resPeclivo termo ou tadores cle serviços de compensação e de liquidação assumiráo, sem preiuÍzo de obri-
até o cumplimento de sua Íinulidâde, ocasião em que o administrall, )r judicial ar- gaçôes decorrentes de lei, regulamento ou contrato, em relaçâo a cada participante, a
recadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe Própria o crédito posição de parte contratânte, para fins de liquidaçâo das,rbrigações, realizada por in-
que contra ela rernanescer termédio da câmara ou prestador.de serviços. Nesle caso, deverão contar com mecq-
nismos e salvaguardas que permitam às câmaras e aos prestadores de serviços de
A ideia é náo quebrar a segurança dada aos credores de certos emPreendirnentos compensirção e de liquidaçâo assegurar a certezr da liquidação das operações neles
pela âfetaçáo de certa parcela do patrimônio do devedor compensadas e liquidadas.
O patrimônio de afetâçáo nâda mars é do que uma segregâção Patrimonial. Ele repre- Há uma boa margem de segurança nesses c(),rtratos, normalrnente com a aÍetação
senta o "coniunto de bens segregados (lo patrimônio de um sujeito Para o cumPrimento de um palrimônio ao cumprimento das obrigaçates ali assumidas. Nos termos da Lei
de 6nalidades especlficas, com direitos e obrigaçôes próprios, o qualnão se comunica corl
n. 11.101/2005, os ativos financeiros, bens e direitos depositados como garântias iunto
o patrimônio geral daquele suieito"rr. Embora o patrimônio seia uma universalidâde, vem
às clearings dos mercados de renda fixa ou variável deverâo ser liquidados segundo as
se admitindo paÍa certos obietivos esse tipo de segregação patrimonial.
regras contidas nos regulâmentos próprros de cada cámara. Os acordos Íirmados com as
Àssim, na incorporação imobiliária, o incorporador poderá constituir um patrimÔ-
câmaras de compensaçáo e liquidação lcLearings\ serão normalmente cumpridos, afas-
nio de afetação para o referido empreendimento imobiliário, Neste caso,
tando-se os credores de tais operações ,.kr processo de falência.
C)utlo exemplo é o patrimônio de afetaçâo do regime fiduciário das Letras lmobi-
o terreno e as acessões obieto de incorporação imobiliária, bem como os demais
bens e direitos a ela yiflculados, manter-se-ão apirrtados do Patlimônio do incor-
liárias Garantidas - t.lG, na forma dos arts. 69 e 70 da Lei n. 13.09712OL5. Há inclusive
a previsáo expressa dc que os ativos vinculados ao regime fiduciário não serão abÍangido§
polador e constituirâo patlimônio de afetação, destinado à consecução da incor-
pelo processo de falência, não intcgrando a massa concursal. Do mesmo modo, o patri-
poração correspondente e à crtrega das unidades imobiliári⧠aos resPectivos
mônio rural de afetaçâo da Lei 13.986/2020 (art, 10, § 4r, II).
adquirentes (Lei n. 4.591/64 - art. 31-A).
I do administrador |udicial.
ll. I O afastâmento do devedor significa, em última análise, que o fal.ido é privado dos
BASTIDÀ, Cristienâ Moreile. Considerâções gereis sobÍ!: o patrimônio de âíetsçáo nâs incorporâções
imobilúri8.I(.. ÀLVES, Al€xândr€ Eerreirâ de Àssumpçâoi CÀ§lA, Guilherme Calmon Nogueift da, Te tds poderes de administraÇão e disposição de seus bens (Lei n. 11.101/2005 - art. 103). Essa
de dircito civil-empresdrlal. Rio de ,aneiro: Renovar 2008, p. Ii'íl. I privação normalmente é um efeito aLrtomático da decretaçáo da falência, mas pode co-
I
ul82 i cunso or otaerro ÊMpRESAR aL
meça( antes, a partir do eventual arrestot, de bens do falido. Em todo caso, essa privaçâo
da administração perdura âté o fim do processo de falência13. Neste período, cabêráao
falido a fiscalização dessa administraçào, a requisição das providências necessárias para
a conservaçáo de seus direitos ou dos bens arrecadados e a intervenção como assistente
nos processos em que a massa falida seja palte ou interessada.
22 A FASE FALIMEilTAR DO PROCE§SO
12. A Lei n. 11.101/2005 relcr€-se â scquesrro (a.rt. lO3), mâs tecnicrrnenle a medidâ prévia de âpreeflsáo
de bens d(i devedor é o ârresto, potquânto nÀo sê trata de coisa obieto de litÍgios, Nesse senüdor SOUZA,
2 Apuração do passivo
Bernardo Pimentel. Direito prccessual empresarial 2. ed. Sâlvador: ,ust)rdivm, 20tO, p. 238.
Na falência, dentro da DersDectiva. cla satisfaçâo
13. FÉRES, MâJcelo de Aadrade. ln: CORRÊA-LMA, Osmar Brhar CORRÊA t.tMA, Sérgio Mourão do maior número possÍvel de
credores, de acordo com a oidem lega.l
(Coo.d.,). Cornen irios à hova leí deJalbtcid ê recuperd?ào de emprcsas. Rio
de ,aneiro: Eorense, 2009, p. ZS.
d" p."fu;;:;, Jã"*.."i"..rr.."r
quem sào
os credores. para tanto, desenvolve_se
14. FÉRES, Marcelo de Àn&âde. tn: CORRÊÂ-LIMÁ, Osmar Brina; CORRÊA LIMÁ, Sérgio Mourâo
o procedimento
qual, na falência, ocorre após a decretaçaoda
á;;;;iilü"
de créditos, o
(CoaÀ,), Comêfitários à novd lel d,elalêficía e recuperaçài d.e emprcsds. Rio de falência, isto e, a-"r,iio-il f"r" f"fi_"rrt".
Janebo: Forense, 2009, p. 778. pr,opriamente dira. Não si poderia
No diÍeito italiano, prevê-se apen s a ineficácie desses arosr PROVINCIALL Í\enzo. Manuale di dirittoÍÃlti imagin". r".in."çãà-a-" ã.eàiáJ"r,t". airro, poo
ntênt4te,3. ed. Milr o: Giúfrê, 1955, p. 398i RONCO, Simonette. cli effetti del fallimento. In: DÍ pEpE,
atê esse momento sequer se poderia falãr em "uma falencia,
._-urnà u-*e.rçao .otetiu".
Giorgio Schiano (Coord.1. diÍittoÍAllimehtare tiÍotmato. pedoya.t C.EDAM,2@Z, p. 142. Enr sÍntese, nesse procedimento de verificação
. dos créditos .erao id"ntifi"ado, o
credor, â natureza e o valor dos créditos
15.,{RÂÚrO,JoséFrar\celi,ILode.ComehtáriosàleidelaténciastrccuperuÇàodeeftprcsas.Sáopâulo:Sâ- ,ub."rãá;l àlã;t"i'.'u"iu"'.ãLao igu"ta"ae
raive, 2009, p, 230i PACI{ECO, José dâ Silva. Pro cesso de recuperaçao judkidl, ertruiudícial êÍalêhcia.2. entre es5es credores, Neste Darticul
"
Rlo de raneiror Forense, 2007, p. 260,
êd..
d" f" J,-;;;;, ;;;; ã'"ffi :'iã:J;#"1Aâü#i1 ff::"Ji.x?i".ff :[f :*:,::
credorcsl. Âssim, de certa forma, *,í*r"r"iã"i
16. PRO\4.\ChLI, Rotrzo. Manuale di ditiüoÍallimatffe.g. ed. Múano: Giuffrà, 1955, p.392.
tambérrr se inserem na fase fúmentar,
af iiü;;,,;:;õ"" revocatórias
i 17. FÉRES, Mâ-rcelo de Andrâdê. In: CORRÊÀ-LIM,À, Osmar Brinâ; CORRÊÀ LIMA., Sé.gio Moudo na apuraçâo do atÍvo.
(Cootd.l. Comentários à novd lei deÍalêncid e recuperaçâa de empresds. Rio de
Jareirc: Forerlse, 2009, p. 77Si
SZTAJN, Rachel; FRÀ\CO Vera Helena de Mello. Falência e rccuperaçAo da ernprêsa em c se. Sâo pâülo:
Campus,2008, p. I35.
i. FERRARA, Frâncesco. /,íÉ,Lúrncrro.
Milano: GiuffÍê, 19S9, p.4l
484 i cuRso oE DrBErro EMPRESAnTaL
A FASE FAUMÊ}IIAB Dô PBocESso : 485
I 2.1 Fase administrativa Diante da relação, dasdecisôes do iuiz nos processos de impugnaçáo e de habilitaçâo
de classificação do cré-
retardatária, das comunicaçôes de outros )úzos e dos incidentes
identificação desses credores é basicamente o
a ser usado Para â dito fazendário, será elaborado e consolidado o quadro geral de credores O quadro geral,
O procedimento -
juiz mencionará importância e a classifica-
mesmo clu recuperação judicial, com uma fase administrativa obrigàtória, conduzida pelo assinado pelo e pelo adminislrador iudicial, a
ri juntado autos e publicado
administrador iudicial. Ela terá inrt:io com a pubticação da lista de credoÍes fornecida ção de
cada crédito na data da decretação da falência, será aos
(cinco) da sentença q ue houver
pelo próprio devedor. A[ém disso, trl fase é coorPosta pela aPresentação de habilitâçôe§ no órgão oficial, no praz,o de :; dias, contado da data
; div;rgências dirigidas ao administrador judicial, encerrando'se com a publicação da Tal quadro, embora tenha a de ser definitivo, pode
iulgado as impugnaçóes. Pretensão
relação de credores elaborada tambóm pelo âdministrador iudÍcial' sofier alteraçoes aré o final do processo, Por decisóes tomadas em ações de inclusão e
A lista a ser publicada para dar início ao procedinr,'nto é elaborada e apresentada r€tificação do quadro (Lei n. I i 101/2005 - art. 19).
pelo próprio devedor. Na falôncia requerida Pelo Próprio devedor, lal documento
iambém é essencial à propositura <la açáo (Lei n 11.101/2005 - art 105' Il) Todavia,
na falência requerida por terceiros, o devedor nâo é o autor da ação e não Possui o
3 Apuraçáo do ativo
dever de apresentar essa lista com a eventual defesa apresentada De qualquer modo, Além de apurar passivo, identi.ficando os credores submetidos ao processo, a fase
c,
será ônus do devedor tal aPresentação, sob pena de configuração do crime de deso- falimentar também cuidaúda apuração do ativo enteÍIdida como a identificaçâo e apreen-
bed.iência. Na hipótese da falência requerida PoÍ terceiros, caso a lista não conste dos sâo do patrimônio do falido que ficará vinculado ao processo. Como visto,
um dos efeitos
autos, o juiz deyerá determinar, na PróPÍia sentença de decretaçáo da falência, que rr da decretaçâo da falência é a submissão de todos os bens atuais e futuros do falido ao
falido a apresente no prazo máximo de 5 dias, sob pena de desobediência (t'cr processo, salvo os bens absolutamente impenhoráYeis e os Patrimônio§ de afetação,
apreendido de forma que
n. 11.10I/2005 - ârt.99, IID. tontudo, csse patrimônio precisa ser identificado e Precisa ser
Acreditamos ,u, .""qrnsndável que o juiz eúja tal documento, mesmo antes da possa ser gerido pelo adrninistrador iudicial.
decretação, a fim de assegurar maior celeridade ao Processo. No caso de recusa da Neste particulâr da fase falimentâr se inserem as medidas de desapossamento que
apresentaçâo, mesmo com a configuraçáo da desobediência, tal lista deverá ser apre- permitirão a íormação da massa falida, bem como a guarda e conseruação das reíeridas
sentada pâra que tenha inÍcio o procedimento da verificação de créditos Neste caso' mercadorias. Incidentalmente, podem surgir que§tões relacionadas à ineficácia dos atos
acreditamos que o próprio âdministrador judicial deverá elaborá-la Em qualquer caso' praticados pelo falido que eventualmente podem trazer novos bens para o Processo,
a lista deverá ser publicada para que a fase administraüva da verificação de créditos I Assim, a ineíicácia e a ação revocatória também compôem, de certa forma, a aPuração
efetivamente se inicie. do ativo. Na mesma persPectiva se in§ere a ação de responsabilidade dos sócios dp res-
ponsabilidade limitada, controladores e administradores da sociedade falida. Atém disso,
A partir da publicação da lista, abre'se o prazo de quinze dias Para apresentaçâo das
podem surgir medidas pàra retirar bens que indevidamente foram apreendidos para a
habilitaçóes e d.ivergênciâs. As Primeims §áo feita§ Por pessoas que não constam da lis t't ' i
massa falida (pedidos de restituição) ou até impedir que os bens ingressem na massa
mas entendem que possuem a condiçáo de credoras e, Por isso, devam participar d'r
falida (embargos de terceiro).
processo. Já as ultimas são feitas Por quem consta da li§tâ, mas discorda dâ classificat 'it)
Por vezes, nessa apuração do ativo, nada ou quase nada é localizado, isto é, não
ou do valor atribúdo ao seu crédito.
existem bens ou recurso que pudessem cobrir sequer os custos do processo veriÍicando-
À luz da lista, das habilitaçÕes e das divergências, o administrador jLrdicial elaborará -se, nesses câsos, a chamada falência frustrada. O artigo 114-A da Lei n. 11 101/2005
uma relação de credores, que tâmbém deve ser Publicada. passa a tratar dessa situação estâbelecendo que cabe ao administrador iudicial informar
I imediatamente ao juiz, que, ouvido o Ministério Público, fixará o prazo de 10 dias para
i
os interessados requererem o que for a bem dos seus direitos. Um ou mâis credores
2.2 Fase contenciosa e quadro geral de credores
I
I
poderão requerer o prosseguimento da falência, desde que depositem os valore§ neces-
sfuias pâra cobrir as despesas e os honorários do administrador judicial, que serâo con-
I
retardatária§ Além disso' as credores, o administrador deve vender o que encontlou (30 dias para bens móveis e 60
n. 11.101/2005 - art. 8e), sem preiuízo de imPugnaçôes I
podem requerer suâ inclusão no dias para imóveis), apresentando relatório para extinção do processo.
pessoas que nâo participaram da fase administrativa
I
p.o.."ro po. meio das habititaçoes retardâtálias (Lei n. 11.101/2005 - art 10) Tanto l
Nesse sentido, o Enunciado 105 da lll Jornada de Direito Comercial afirma que "Se
estas quanto aquelas são dirigidas ao juiz e §erão iulgadâs Por ele. apontado pelo administrador iudicial, no relatório previsto no art. 22, lll, e, da Lei n
I
486 i cunso or ornerÍo EMpBESABTaL
4 Realizaçáo do ativo
A simples apuração do ativo náo é suliciente para a satisfação dos credores
isso,.ela é urn antecedente à realizaçáo do ativo, isto é, a cransformaça,,
a"
e, poi 1 AÍÍecadaçáo dos bens, livros e documentos do devedor
em dinheiro para o pagâmento dos credores ou o próprt) pagsmgnto
-"rr" frtia-a
direto dos credqr;_l Assim que assinar o termo de compromisso, o administrador judicial deve passar a
Ressalte-se, porém, que não há mais a neccssldade die se agirardar
o fim a" áo tomu as medidas necessárias para o cumprimento dos objetiyos do processo falimentar.
ativo, para iniciar a sua realização, De qualquer modo, à Àedida que "pu."çao
se reúa oativq Dentro dessa perspectiv-a, o art. 108 da Lei n. 11.101/2005 impóe como primeirn tarefa
surg€m os reculsos necessários para o pagamento do passivo
de acordo com a ordem do administmdor a arrecadação dos bens, iivros e documentos do devedor, Trata-se de
legal de preferrincia estabelecida para tanto, objetivo geial do processo
falimentâr medida lógica, para evitar a dilapidação e o desaparecimento de bens. Seus objetivos sâo
âssegurar a preservaçâo da massa falida, permitir sua avaliação e otimizar os procedi-
mentos de realização do ativol.
5 Pagamento do passivo
O falido perde a administração dos bens que estão suieitos ao processo e, por isso,
À medida que for sendo realizado o ativo, o administrador é naturâl que o administrador iudicial assuma essa administração. Assim, a arrecadação
iudicial passará
recursos à sua disposição, os quais deyerã o ser ttLilizados para pagamento
I te! consiste no desapossamento do falido e na imissâo do administrador iudicial na posse
o dos credores
Neste ponto, é natural ter em mente que tais recursos não dos bens, livros e documentos do falido. Trata-se de ato judicial de âpreensão, muíto
serão suficientes para pagar
lodos os credores e, por isso, há que § e estabelecer uma ordem lega.l para simÍlar à penhora, manifestando o caráter executivo2 da falência. No caso dos bens cor-
o pa gamentí) à
luz da importância atribuída a cada crédito póreos, deve haver sua apreensão fÍsica e, no caso dos incorpóreos, são exigidos apenas
atos documentai§.
Em complemento às providências realizadas para pagamento dos credores,
também Tâl arrecadação será praticada pelo administrador judicial pessoalmente, ou por
sâo exigidâs medidas complemeritàres, con ro a, pre"taçõ", de
contas t, relatórios por
meio de cartâs prec.L(irias expedidas pelo juÍzo falimentar3. Caso haja necessidade, pode
Parte do adminÍstlador iudicial. À luz dessa. medidas complenentares, o ,uiz terá n se-
gu.ança necessária para encerrar o processo e consequentemente hayer o auxÍlio de oficial de,ustiça e até o arrombamento do imóyel no qual os bens estão
a fase l.alimentar
guardados, neste caso com autorização judicial específicaa.
A princÍpio, a atual legislação nâo exige que a arrecadaçáo seja acompanhada pelo
representante do Ministério Público, mas nada impede que ele a âcompanhe. Da mesma
forma, admite-se o acompanhamento da arrecadâçâo pelo próprio devedor falido (Lei
n. 11.101/2005 - art. 108, § 2q). Mesmo sem o seu comparecimento, para facilitar a âtua-
çáo do administrador e o ândâmento do processo, impõe-se âo falido o dever de entregar,
l, M^MEDE, Glâdston Direito crnpresarial brdsilelro: fâlência e recupeáçâo de empÍeser. 2. êd. São Pau.
1o: Atlas, 2008, v.4, p.473.
2. PROVINCIÂLL nênza. Md udh dl diritto fallirncntdre. S. ed,. M,lJieno: Giufírà, 1955, v. I, p. 394.
3. NEGRÁO, Ricardo. Manudl de direito comérctdl . de e pr.sa. 5, ed, São Paulo: Saraiv., 2010, v, 3,
p.493.
4. SZTAIN, Rachel; ERANCO, Verâ Helena de Melo, FaBncia e recupetaçáo da ctflprcsa ern crit.. Sâo
Pâulo: Cempw, 2008, p. 180,
li
disposição o pedido de
sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao adrninistrador iudicial-(Lei \1 de imediato, que o§ Proprietários dos bens arrecadado§ têm à sua
V). p"r" proiegàr os seu" direitos, Pois §ó o iuiz e não o administrâdor iudicial
n. I l.lol/2005 - art. 104, il .*,,irn-
para thls devolver os benss No direito italiano reformado' iá se veda a
Em todo caso, caberá ao iuiz decidir se lacla ou nâo o estabelecimento do devedors. I i"ã.,.iur,ioo
quais terceiros Possuam direitos claramente recoúecíveise'
Deverá ocorrer a referida lacraçáo sempre que houver risco para a execução da etapa de , i ara"a"doçaoda U"nt sobre os
arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou dos tnteresses dos credo- i 'Altrrrdisso,ofalidotambémdeveráindicarparaseremarrecadadososbensque
norvenhr'r tenha em poder de terceiros (Lei n 11 101/2005 - art 104'
res (tei n. 11.101/2005 - art. 109). Ào decidir pela lacração, o juiz tembém define sua
V)' os quais tam-
exercÍ-
extensão na medida em que ela pode ser total ou parcia.l. ;;;;;.., , rbrangidos pela arrecadação. Lembre-se de que a falência suspende o
(art. por isso, até os ben§ que pocleriam ser retidos
iin ào dlr"ito a" ,utenção 116) e,
i.rrrbérn ,"rao Para taÍ)to, oadministrador deYerá requer ao iuiz as medidas
1.1 Livros e documentos n"."rsari"".
",.""âdados.
O raministrador )udicial não pode por si desapossar os terceiros desses
bens'
I .2 Bens
8.BERT()l.Dl,Mârcrloln:CORRÊÀ'LIMA,OsmârBrinaiCORRÊÀLIMA'SêrgioMouráo(Coord)'
Também devem ser arrecadados bens do falido, os quais fornr.rrão um Patrimônio lei tleÍdlêncld e recuPeraçào d'e e»íPruras Rio de Jânêiro: Forense' 2009'
p 8l5'
Cofiehtárit)t à fiova
de afetaçâo7 vinculado aos fins do processo. Os bens arrecadados formam a massa falida 9. COSTÁ. Àessànd!â Lâccertamento del Passivo e deidiriú Personali ê reali dei terzi su beni mobili e im_
2007' p 350'
objeüva, uma univeÍsüdade de direito que iá existe desde a decretação da falência, ma§ ."uiri.r^,óiúrT,ci"rgioschiâno(coord-i./,diitbÍdlliúentarcriíon'4úoPadov CEDAM'
da ênprcsa em Sâo
será corpori.ficada com a arrecadação. Registre-se, porém, a existênciâ também da cha- lo. SZTAJN, Râchel FRÀNCO, vera Hêl€,â de Müo' Fa!én'ia ' rc'u?ctulÁo 'ns'
re'up'rdçào d'
mada massa falida subietiva, que seria o sujeito de direitos, sem personalidade, dirigido iã.r", ã,ií"1, zôã,'p. iàz; lnlúlo l"se rr" ncellrlo de' com'ntárLos à lêt de íalên'ias c
,Ífiplesa§, são Paulo: Sârâiva, 2009, p.2«)'
à consecuçào dos objeúvos da falência.
11. TEPEDINo, Ricârdo. ln: ABRÃO, Csrlos Henrlquq TOLEDO' Pâulo E
C Sall6 de (coord') Col'e''
A princípio, sâo arrecadados e entram para a massa falida os bens que estejam em *u" ilti-r*"p*"çuo lte emPratAs cÍa!êncl,, 4 ed Sâo Pâulo: Sarâlvâ' 2010' p «)7i BERTOLDL Mârce-
poder do falido, mesmo que não lhe pertençam. Trata-se de medida de segurança, para iã, i"' êóirú,.,-irvl', osmar Érina; côRRÊÂ LIMÂ, sérgio Mourlo
(coord'l' comentá osànovaleíde
eyitar o desaparecimento de bens em detrimento dos interesses dos credores. Registre-se, Forense' 2009' P 817_818'
Íatência. recaperuç,io de eríprc§as. Rio de reneüo:
3'
12. CÀMPINHO Sé.g io FdlêncíL . reauP.raçi'o d' e'fiprcsd o trovo regime d€ in§olvênciâ emPresariá]
srüÁo ru-Ho, Àdâtberto lrx DE LUccÂ' Ne$'tonr slMÀo FILHo'
oài" r*o.,-ri""";'* iúÀ, p. azer
5. ABRÁO, Câtlos H nÍique, lnr ÀBRÃO, Carlos Henriquei TOLEDO, PÂulo F. C. Se.lles de (coord.). Co- "ã.
A;;i;;;"'ió;;;ô. ar. intárioi à nova tei dc ncupêr^çáo d'e empr"4s e d?/al"c'a' sâo Peulo: Quedier
,nenüriot à lei dc recupefitio de empresas e Íaláréia. Sâo Pâulo: Sarsive , 2@5, P. 265, Latin,2005, p.475.
6. SZTÀIN, Rachel; lrRÀNCO, Vera Helena de Mêllo. Fdlêicia e recl.peração d@ empresa efi crise. Sâo 13.NEGRÂO,Ricardo.Marrualdedb.ibêo'nerciÚledeemprêtL's'edSáoPaulo:Sarâivâ'2010'v3'P'
Pâulo: C.mpus,2008, p. 183. i. Direito emprcsaridl braJilei"o: fâlência e te'uPeÉçâo de emPre6â5 2 €d Sâo
500; MAMEDE, Glad§to
7. REQUIÀO, Rubêns. Curto de direito ldlirftenr4r. 17. ed. Sâo Pâulo:sâraiva, 1998,v.1,P. 181. Paulo: Àtlâs, 2008, v. 4, P. 476
490 i cuaso oe ornerro EMpBEsaRtaL
TI APUaaÇao Do AÍrvo i 491
I
492 CUBSO DE OIAE[O EMPBESABIAL
Aeun4Âo oo rrrvo i 493
20. VILAS BOÀS, Daniel Rivorêdo' continueçâo dos negócio§ n' l;' "
i'1: cÍitérloi e condiçôes ln:
I
a massa falida, mediante autorização do comitê de credores, se houver. I
Não tendo sido da perspectiya de um processo falimentar Por fim, sâo de conservaçâo arriscada
constituÍdo o comitê, â autorização deverá ser dada pelo juiz. 1
aqueles que trazem riscos de seeurança (explôsão, poluiçâo...) ou mesmo que atraem
A escolha dessa hipótese traz problemas no que tange à escolha da outra parte I
dq a cobiça de marginais.
contrato. À princípio, tal escolha caberá ao administrador judicial, uma vez que
a lei dá Pelas dificuldcdcs inerenres a sua guarda, os referidos bens podem ser vendidos
a ele a possibilidade de efetuar tais contratos. Contudo, i
é recomendável que ele dê ampla
I antecipadamente pclrr administr:rdor judicial com autorização judicial, ouvidos o comitê
publicidacle a essa intençáo, buscando a melhor oferta para os
interesses da massa, pro_ e o falido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas (Lei n. 11.101/:005
cedendo de forma similâr à prevista para a venda dos bens da massa falida,
I
- art. lf3). Não há
como ocorre previsão de oitiva do Ministério público, mas, pelas razôes expostas, âcreditâmos ser
no direito italianora. iá
i recomendável também a manifestação do pdrquet, denfto d.esse mesmo prazo.
Escolhido o arrendatário, será celebrado um contrato comum de locação,
de arren- I A principio, os bens em questão devem ser vendidos imediatameote, atendendo_se
damento ou outro contrâto que se adéque para fins previstos. Em
todo caso, o contrato i ao próprio obietiyo de maximizaçâo dos ativos do falido, nào ensejando maiores ques-
não poderá gerar direito de preferência ou qualquer disposição
sobre os bens, mas per_ tionamentos. Contudo, o falido ou outros que devem se manifestar podem questionar a
mitirá que ingressem mais recu$os para a masia falida, o que é
extremaorcnte interes- i venda, alegando a instrumentalidâde de taÍs ber», que poderão facilitar acontinuação do
sante para a própria fioalidade do processo. Além disso, não hâverá i
qualqucr prejuízo negócio, seia pela reforma da decisão que decretou a falência, seia pela alienaçâo em
para o andamento do processo, pois o bem, obieto da contratação, i
podirá ser alienado a bloco da massa falida. Em todo caso, caberá ao iú2, atentando aos interesses da fa.lência,
qua.lquer tempo, independentemente do prazo contratado,
rescindindo_se, sem direúo à i a decisão sobre a yenda imediata dos referidos bens, a qual obedecerá ao procedirnento
multa, o coltrato Íealizado. Obviamente, o adquirente do bem poderá l
anuir com a con- I
geral parr venda de bens que compóem a massa falidar.
tinuaçâo do contrato, mas a decisão caberá exclusivamente a elà.
Âlém da venda imediata dos referidos bens, o ârt. lll da LeL n. ll.1OU2OOS tam-
Embora tal hipótese seia extremamente similar à continuaÇão proyisóÍia
dos ÍIegó- I bém permite que o iuiz autorize os credores, de forma individual ou coletiva, a adqui-
cios,lá grandes diferenças no que tange aos riscos dâ ativÍdadezs. Nocaso
de coirtinuaçáo I
rir ou adiudicar, de imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida â
provisória, o risco da atividade será da própria massa falida I
e, consequentemente, dos I regra de classificação e preferência entre ele§, ouvido o Comitê, se houver. Sem a
credores, Já no caso do arrendamento da massâ, o risco será
do arrÀdatário. Assim, constituição do comitê deyerá ser ouvido o administrador judicial. para essa autoriza-
acreditamos que tal medida é preferÍvel. I
ção, o.juiz deverá levar em conta os custos e o interesse da massa falida, evitando essa
I
liquidação antecipada se houver a possibilidade de negociação mais vantaiosa do con-
junto de bens.
3.3 Possibilidade de venda imediata I
Por questôes de benefÍcio para a massa falida, certos bens devem ficar guardados. havendo motivo para manter um processo de falência ou para promover a guarda des-
.,
Nesta situação encontram-se os bens perecíveis, os deteríoráveis,
I
ses bens. Neste caso, a a<iiudicaçâo deverá abranger todos os bens arrecadados, sob
os suieitos à desva-
lorização, os de conservaçáo arriscada e os de conservação dispendiosar6.
I pena de não haver sentido nessa ântecipaçâor8. De todo modo, há que se atentar para
Os bens a ordem de preferênciâ entre os credores, de forma que aqueles mâis privilegiados não
perecÍveis são aqueles que perdem suas caracterÍsticas e subsiância
se não forem
uti.lizados dentro de certo plazo. De outro lado, são bens deterioráveis seiam preiudicados.
aqueles que
podem perder sua utilidade, como os outlos produtos com prazo I Para Manoel Justino Bezerra Fi.lho, tal hipótese ralamente ocorrerá, porquanto ela
de validade quase
encerrado. Além disso, são bens suieitos à desvalorização aqleles que depend.:ria do consentimento de todos os credores2r. Outros autoress, po! sua vez, ad-
se to!nam ob-
soletos rapidamente, como os computadores de uso pessoal.
São bens de difícil guar_ I
da os bens que ense.iarão muitas dcspesas na sua conservação,
Íniustificáveis dentro I
27. RIBEIRO, Márcia Carla pêreirâ. ln; CORRÊA-LIMA, Osmâr Brinej CORRÊA LtMÁ, Sérgio Mou-
I rào (Coo.d.l.Comêntáriü à úoya let Lle htL ciac recuperdçao de eirpresar. Rlo delaneiror Forense,2OO9,
I p.83s.
24. AMBROSIM, Stefâno, CAVÂLLI, Stefsnoi 28. SZTÀJN, Râchel, FRANCO, Vera ilelena de Mello. Fdlêhcta e recup.rdçil,o d,a enpr$a em crise. Sào
iORIq ÀIbêrto. Ttuttato .li diritto .nnmercidte. pa.)ovrl I Pâulo: Cempus,2008, p. 184.
CEDAM, 2009, v. XL t.2, p. 538.
25. ldem, p.535. I 29. BEZERRA FILHO, Manoef ,ustino. tei Aê recupetu*o dê empreses c faüncias comenuda, 6. eÀ, Sâo
26. NEGRÁO, Ricârdo, Manuat de
i Paulo: Revistâ dos Tribunâis,2009, p.2S1.
dinib corn ftial e de errípresd- 5. ed. Sáo pâulor Sarâjvã, ZOi0, v. 3, p.
500-501. 30. TEPEDINO, nicardo. ln: ÀBRÀO, CÁllos Henrtquq TOLEDO, peulo F. C. Sall€s de (CooÍd.). Corncrr-
i tários à lei de recupera,,,o de empresas eÍaléncr'a. 4. ed. Sáo paulo: Sâraiva, 2010, p. 413, RIBEIRO, Márcie
I
i
Aeunnçro oo arwo i 497
496 ! cunso oe oraero EMPFÊsARIAL
ajuiza-
mitem aquisição por um credor ou por um conjunto de credores. Acreditamos que esta
a própria para a desconsideraçâo3a, enquanto a açào aqui referida dependerá desse
última opiniáo é a correta, uma vez que o disPositiYo fala em autorização aos credores mento esPecial.
de forma individual ou coletiva. De todo modo, os outros credore§ náo serão Prejudica- Tal açâo poderá ser aiuizada por todo§ os intere§sados, em especial a própria massa
ativa os cre
dos, Caso se trale dr uma aquisiçâo pura e simples, ele dePositará o§ valores totais da íalida representada Pelo administrador iudicial. Também têm legitimidade
araliação, Além disso, ,r.rso a adjudicação seja feita por um credor ou por uma dasse de dores e o Ministério Público35, 'rrna vez que o art.82, § 2s, da Lei n 11 101/20O5 mencio-
inter"ssados na açáo de responsabilidade Ademais'
credores que não seja a mais privilegiada, deverá ocorrer o pagamento Por esse credor naa possibüidade de requerimcir«r dos
para
da parte que caberia a esses credores mais privilegiados. pelaialta de uma previsão esp,'ica, deve usar como parâmetro a Iegitimidade ativa
I ação revocatória (Lei n. 11 101i.1005 art- t32), que, em última análise, tâmbém é uma
Além da arrecadação, podem §er tomadas outras medidas tendentes à-forrnaçào da ) comum e será processada e iulgada peloiuízo falimentar que temcomPetência absolutas
massa falida obietiva, isto é, medidas que visâm ao aumento do coniunto de bens subme- para tal aÉo, por se tratar de ação Prevista na legislaçáo esPecͧca Para evitar Posterga-
tidos ao processo. Neste particular, se irserem boa parte das hipóteses de ineficácia de para o âiuizamento dessa ação é de 2 (dois) anos'
I
çoes indefinidas, o prazo estabelecido
atos praticados pelo falido, que serão estudadas mais à frentdt. Além disso, também se contados do trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência Tal
prazo' por
inserem na ideia da apuraÇão do ativo o aiuizamento de ação de responsabilidade contra i para de resPonsabilida-
sua especialidâde, Prevalece sobre os prazos gerais fixados âções
controladores, sócios de responsabilidade limitada ou administradores da sociedade tã- de de administradores, como os três anos contados da data da publicação da atr
que
lida (Lei n. 11.101/2005 a!t.82). I
aprovar o balanço referente ao exercicio em que a violaçáo tenha ocorrido, fixados na Lei
Dentro da pelspecLiva da busca do maioÍ número possível de bens para compor a I n.6.404176 (aÍt.287 , ll, b,2)37.
massa falida e, consequentemente, o maior número possÍvel de credores, há a
Pagar
1
4.1 Cahimento da açâo contra os sócios de responsabilidade limitada te de seu patrimônio pessoals. O valor investido é o que a lei convencionou denominar
preço de emissâo, isto é, o valor que se deve pagar para subscrever a ação.
Quase todas as sociedades empresárias atuais adotam as formas de sociedade limi- Não se pode falar que a responsabilidade dos acionistas é limitada ao valor nominal
tada e de sociedade anônima, nas quais os sócios têm riscos limitados. Diante desse
re_ da açâo. Este guarda !êlaçâo diretamente com o capital social,
gime de responsabilidade, não se pode aplicar aos sócios das limitadas e das sociedades iá o preço de emissâo pode
§er igual ou superior ao valor nominal (Lei n.6,4O4/26
anônimas o art. 81 da Lei n. 11.101/2005, isto é, a decretação da fâléncia das sociedades -
att. 13), representando o valor
exigido do acionista em função de diversas circunstâncias (oferta, procura, valorização...),
limitadas e anônimas nào se estende auLomaticamente aos seus sócios ou acionistas,
tendo como patamar mÍnimo o valor nominal da açâo, O que eiceder o valor nom.inal
Apesar disso, há a possibilidade de uma ação de responsabilidade nos termos da legisla-
dcve ser destinado à formaçâo de reserva de capital.
ção dn regência de tais sociedades,
Náo havendo a íntegralizaçáo do preço de emissão das ações, será cabÍvel a ação
de responsabilidade contra cada um dos que não integralizaram. Nesta sociedade, náo
se cogita de solidariedade entre os acionistns. Além disso, será possível usar a ação de
4.1.1 Responsabilidade dos sócios da sociedade limitada
responsabilidade contra o acionrsta que proferiu um yoto abusivo (contla o inte(esse
social) ou um voto conflitante (com interesse pessoal) que gerou danos para a socieda,
O trÀço mâjs característico da sociedade limitadâ e a rcsponsabüdade dos seus sócios,
de (Lei L 6.404176 - art. 115, §s 3e e zls). Também será posiível o aiuizamento da refe_
que é o moüvo primordial da dispersão de tal sociedade pelo ordenamento.iurÍdico
na_ rida ação nos casos de problema na avaliaçào dos bens (Lei n. A.U+|Z6 art. gg, s 6e)
cional. A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, havendo
a e no caso de recebimento de lucros indevidos dos bens (Lei n ,6.&4t76
-
solidariedade pela integrali.zação do capital social (.rrt. 1.052). Em outras palayras, cada - art.2O1,,s2e).
sócio tem responsabilidade por sua parte no capital social, mas pode ser chamado
a
honrar a paIte que falta ser paga pelos outros sócios nesse capital social, em virtude
da 4.2 Besponsabilidade do controlador
solidariedade estâbelecida entre todos os s(icios. Uma vez pago todo o capital social, nada
mais pode ser exigido dos sócios patrimonialmente, exceto em hipóteses excepcionais. O art. 116 da Lei n. 6.404/76 conceitua o acionista controlador como sendo a pessoa
Diante disso, pode-se aÍirmar que a possibilidade de ação de responsabilidade contra natural ou jurÍdica, ou grupo de pessoas vinculadas por meio de acordo de acionistas ou
os sócios selimitaú às hipóteses de não integralizaçâo do capital social, respondendo toclos sob o controle comum, que possua direitos de acionista que assegurem, de modo perma-
os sócios solidariamente por essa iÍrtegralizâçjo. A Íim de proteger a integridade do capital nente, a preponderância nas deüberaçôes sociais e, consequentemente, o poder de elege!
social, o Código Civil afirma que os sócios respondem soüdariamente pela exata estimaçáo a Ína.ioria dos administradores, exercendo o domlnio sobre o funcionamento
da sociedaàe,
dos bens conferidos, pelo prazo de 5 anos (art. 1.055), lrale dizer, se houve uma superava- em fuIlçâo do exercÍcio desse poder. Tal conceito abrange tão somente o contiole interno,
liaçâo de bens em prejúzo da efetividade do capital social, os sócios serão obrigados a uma vez que, na sua configuração, o fator iündamental é o exercício do direito de ,.,r,1o1r.
desembolsar r diferença de seu patrinônicr pessoal. â superavúação do bem para a inte- O conceito de controlador no direito brasileiro abrange pessoas fGicas,
iurÍdicas, ou
gralização equipara-se à não integmlização do valo! devido à sociedade,,3e. grupos de pessoas ligadas por acordo de àcionista§. Assim sendo, não é necessário que
Além disso, tal açâo poderá ser aiuizada nos casos Lle distribuição fictJcia de luclos haja apenas um controlador, pode haver um grupo que exerça o controle em conjunto.
com preiuizo do capital social (CC - art. I.059) ou deiiberação infringente do contrato Tal grupo pode estar ligado por um acordo de acioniitas, ou pode usar de outros meios
social ou da lei (CC - art. 1.080), Fora desses casos, não se cogita da possibilidade do para exercer o controle por meio de intermediários, jungidos à orieotaçâo de um único
ajuizâmento da referida açâo de responsabilidade. controladoraz, Nestes casos, despreza-se o intermediário, buscando a sociedade contro-
ladora em úttimo graua.
O acionista controlador possui um grande poder na conduçâo da companhia. do controladofl. Vale registrar que tal enumeraçào não é taxativa, Podendo o
davia, tal poder vem acompanhado de deveres, pois modernamente não mais se autoridades âdministraüvas, como a Comissão de Valores Mobitiários (CVM),
e as
o exercÍcio irresponsável do direito de propriedade. Dessa íorma, o poder de incluir outros atos lesivos na relâçâo de abusos praticados pelo controlado14
deve ser exercido tendo em vistâ a realização do objeto soci.rl, sem deixar de atentar '. No âmbito do Código Civil, não há regras específicas para a eventual responsabili-
a funçáo social da sociedade, .espeitando e atendendo Icalmente aos direitos e inte zaçâo do controlador e a natureza contratual de tais sociedades afasta a:rPlicação das
de todos aqueles vinculados à ernpresa (empregados, acionistas minoritários, in regras da Lei n. 6.401176. A responsàbilizaçào do controlador das sociedades regidas
pelo
res e a comunidade em que âtua)s. Código Civil se dará nas condições da responsâbilizàção dos sócios dessas sociedades,
Diante dessa funçâo do exercÍcio do poder de corrtrole, a Lei das S A. pune o
exe(cÍcio abusivo, impondo ao controlador que age abusivamente () devrr de i ndenizar
os danos causados por sua atuação. Essa responsabilizaçáo do controlador dsçq11ç 6 4.3 Besponsabilidade dos administradores
não atendimento ao interesse social, bem como do desrespeito aos interesses dos mino-
Além da previsâo de responsabilidade dos sócios de responsabilidade limitada e dos
ritários, dos colaboradores e até da comunidade onde a sociedade atua.
controladores, há a previsão da responsabilidade dos administradores das sociedades, Os
O art. 117 da Lei n. 6.4O4176 enumera exempliÊcativamentes as hipóteses de exer= âdministradores sao órgâos da sociedade e, nessa condiçâo, praticam atos por esta, que con-
cÍcio abusivo do poder de controle: sequentemente é responúvel por tais atos. Todavia, nem semPre o adminisüador age corre-
hmente, podendo em determinadas cilcunstâncias odrapolar seus poderes ou violar seus
. orientar a sociedade para fim estranho ao objeto social, ou lesivo ao interesse deveres, ou ainda agir com dolo ou cu.lpa. Nestes câsos, é necessário que se resPonsabilize
nacional; pessoa.lmente o administrador perante todos os que suportarem danos decorrentes de tal
. favorecer outra sociedade em detrimento dos minoritários; atuaçáo, isto é, perante a sociedade e perante terceiros. Recomenda-se aqui uma responsabi-
. lização pelo erro na administração dos negócios, isto é, sem erro do administradof,
üquidar companhia rentável;
. Nas sociedades Iimitadas em geral; os administradores, na estruturâ que for definida
cisão, fusâo, incorporaçâo ou transformação para obter t antagem indevida;
pelo contrato social, têm poderes para gerir a sociedade, isto é, têm o poder de tomar as
. praticar atos alheios ao intelesse da cornpanhia, em prejuÍzo aos minoritáíos, decisóes necessárias à realização do objeto social que nâo seiam de comPetência privativa
aos empregados ou ilvestidores; da assembleia ou reuniáo dos sóciosrc. No exercício desses poderes, os administradores
. eleger administrador que sabe inapto, moral ou tecnicamente; podem causar danos à sociedade, assumindo responsabilidade pessoal, quando agirem com
. induzir os administradores à práLica de atos ilegais, promovendo a sua ratifi- culpa (CC - art. 1.016) ou em desacordo com os deveres de diligência e de lealdadd', que
cação; lhes tocam por sua condição de administrador, ou ainda quando violarem a Proibição de
não participarem direta ou indiretamente de atividade concorrente da sociedade (art. 1.171)
. contrâtar com a companhia diretamente, ou por meio transverso, em condições Nessas circunstâncias, seÉ cabÍvel a ação de responsabilidade conhaesses administradores,
de fayorecimento, não estendidas a outros; valendo a mesma ideia para as demais sociedades regidas pelo Código Civil.
. aprovar coDtss irregulares; Nas sociedades anônimas, se o adminisuador causar danos, agindo com dolo ou cul'
. subscrever novas açôe§, com bens estranhos ao objeto social da companhia. pa, a responsabilidade passa a ser dele, pessoalmente falando Perante a sociedade e peran-
responr, ::1id.r,le se provar ao juiz que agiu de boa-fé (: no intrjresse da sociedade. "Dir- | Com efeito, o colapso patrimonial do devedor costuma ter um período de incubação',
-se-á que a lei presume, nesses caso§, a culpa do diretor peio que a ele incumbirá provar no qual a atividade é desenvolvida de modo anormal, dadas as diÍiculdades que começam
que â violação da lei ou dos estatutos resultou de circunstânciâs especialÍssimas, por ele a surgir Com a decretação da falência, deve-se tentar reconstituir o patrimônio que foi
não pÍovocadas ou relativamente às quais não podia ele ter nenhuma influência, ou ain- consumido durante esse perÍodo de anormalidade ou ao menos restabelecer a igualdade
da, que os prejuÍzos veriÍicados ocorreriam em qualquer hipótese:'t entre os credores, a qual pode ter sido quebrada, Nesta perspectiva se inserem as medidas
A chance de o administrador se exonerar da responsabilidade é uma decolrência de declaração de ineficácia que üsam ao retorno de bens que náo develiam ter sâido do
patimônio do empresário, bem como ao lestabelecimento da igualdade entre os credores.
lógica da sua relação com ã companhia, isto é, ele só será responsabilizado se o ato lhe
for imputado pessoalmente, e náo à companhia. Se mesmo agindo corretamente, no Contudo, não cogita de invalidaçâo dos atos praticado§, mas apenas de sua inefi-
se
interesse da companhia e de boa-fé, ele causou dano a alguém, nâo se lhe deve imputar cíciâ em relação à massa falida. O sistema francês Íiri reformado Pâra tratar tais ca§os,
tal responsabilidade. Esta será da companhia, pois naverdade quem causou dano a alguém agora como nulidade3. No Brasil, Porém, o ato não é nulo, nem anulável, mas apenas
foi .r companhir, agindo regulârmente. inefk- rz em relaçáo à massa, isto é, Produz efeitos entre as Partes e Perante terceiros, mas
não perante a massa. É como se o ato não existisse para a mâssa fâIidaa, vale dizer, trata-
se de uma espécie de inopoúbilidadd, assim como no direito italiano6.
52. LÀCERDA, r. C, Samp.io de,Conenürios à lei d.ts ncicdades ahônim6. Sáo l'rulo: S.rái\"a, 1978, v 3,
P.206,
53. CARVÁLHOSÀ, Modelto. Corn ntA os à lei de sociedade: dnônnkas, Sâo Pâul , Sârâive, 1997, v. 3, P,
317. 1. PÀTTI, Adriâno. Gli eff€tti del hllimento sugli ltd PÍeSiudizievoti Per I credrtori. ln: Dl PEPE, Giorgio
Schiâno (Coord.). / árl tto Íallít ent^rc riÍorrflato.
padova: CÊDÀM,2007,
P' 192.
54, COELHO Fábio Ulhoe. Curso dc díretto caarr.ial São Paulor Saraiva, 1999, 't. 2, p,257,
Não produzindo efbitos perante a massa falida, os eventuais bens ou yalores Registre-se, porém, que nenhum dos atos referidos nos incisos I, II, Ill e Vl do art.
devem retorna! para a massa falida ou ao menos deve sel restabelecida a condição 9 desta lei que ienharn sido previstos erealizados na forma definida no plàno de recu-
credores possuÍam antes desse ato. Entre as partes ou perante terceiros, porém, o
ato ,iudicial será declarado ineficaz (Lei n. 11.101/2005 - art. 131). Assim, os Paga-
produzir efeitos, gerando direito a indenizâçôes ou outras consequências jurÍdicas. antecipados, os pâgamentos por meios diversos e a instituição ou reforço de
Para os fins dessa declaração de ineficircia, alguns autores mencionam a existênii{i ntia reâI, iÍrclusive retenção, mesmo Ee praticados dentro do termo legal, não serâo
de açôes revocâtórits e outrosT falam ent rireficácia subjetiva e ineficácia objetirra. se r.alizados nos termos do plano de recuperação judicial devidamente aPro-
R
nosso ver, a últimà classificaçáo é a que melhor serve para a organização da matéria t pelos credores, Da mesma forma, o trespasse previsto no plano de recuPeração
dli
l.,r ma mais didátic.r I devidamente aprovado não será declarado ineÍicaz. C)utras condutas, mesmo que
iircuPeração, nâo ficam imunes à eventual declaraçâo de irleficácii.
lirevislas no Plano de
Aém disso, na recupertção extraiu dicial não há qualquer imunidrde dos atos pÍaticados,
2 lneÍicácia obietiva ainda que tenha ocorrido a homokrgação judicial't.
I Dentro da ideiâ da ineficácia, certos atos praticados pelo Íalido são conside
!
ob,etivamcnte ineficazes (Lei n. 11.101/2005 - art- 129\, isto é, devem ser
l 2.1 Cabimento
ineficazes independentemente da intenção das partes, da prova de má-fé ou mesmo
fraude. Àinda que praticado de boa-fé, os atos que se enquadram na ineficácia o I O rol dos atos considerados objetivamente ineffcazes está inserido taxatiYamente na
não produzrrào efeitos perante a massa falida. Há uma espécie de presunção abs oluta de 1
lei, mais especiíicamente no art. 129 da Lei n. 11.101/2005 e no ari +5, § 8g, da Lei
fraudes ou, como diz o direito argentino, uma ineficácia de pleno direitor. A ide I
n.6.404176, Basta o enquadramento em um desses casos para ser possÍvel a declaração
assegu rar o melhor tratamento possível à massa de credores, diante da decretação I de ineficácia, independentemente da intenção das pa es.
Íul ência, nio se cogitando aqui de uma puniçáo ao füdo ou a terceiros. Registre-se I
I
da que atos praticados pelo falido após a decretação da falência sào nulos e não são I
abrangidos por essa ineficácia, uma vez que ela se refere a atos do íalido anteriores à 2.1.1 Atos praticados dentro do termo legal
I
decretação da falência.
Éntre os atos que podem ser declarados ineficazes, três deles devem ter sido prati-
A princÍpio, mesmo atos praticados com iudicial poderâo ser de-
base numa decisão
clarâdos ineficâzes, como, por exemplo, uma daçáo em pagamento dentlo do termo legsl
I
cados dentro do termo legal, que é "o marco nicial, o dies a 4ro do estado (ainda que
prevista em um acordo deúdamente homologado em juÍzoro. Neste caso, a sentença que I presumido) da insolvência empresária do devedor"la. Esse termo iegal permitirá a deter-
motivou o ato será rescindida, ou melhor, será ineficaz em relação à massa falidarL. Não se minação "do perÍodo anterior à decret.rção da quebra, que s('rve de referência para a
tmta aqui de uma violação à coisa iu.lgada, mas apenas da proteção da igualdade entre oc auditoria dos atos praticados pela sociedade falida"'5. O períorlí) investigatório terá inÍcio
no termo legal e se encerrará com a decretaçâo da falência, ."esse perÍodo, é possÍvel e
credores, uma vez que nenhuma sentença condenará o devedor a praticar os atos que
possam ser considerados obietivamente ineÊcazes. Se o devedor praticar alguma dessas até provável que o falido tenha praticâdo atos em detrimento cla massa de credores, cu.ia
ineficácia deve ser declarada.
condutas, será algo que pôrtiu da sua própria jniciativa, isto É, a rescisão aqú se refere a
decisóes que não tenham apreciado o mérito de qualquer pretensãorr. No Br r.r il, a Ílxação desse termo legal pelo juiz deve obedecer a certos Parâmetros
obietivos (t.ci n. 11.101/2005 - art. 99, tt). Assim, caso se trate de um pedido de falên-
cia baseado na impontualidade, o termo legal poderá ser fixado em até 90 dias ante§
7. COELHO, trábio Ulhoa. Cutso de direito corflrrcr.r. ll. ed. Sào peulot Saiaiva,2OLO, y.3, p.2g+295, do primeiro protesto por falta de pagamento, excluídos os que foram cancelados, Nos
8. PROVINCIALI, Renzo. Manuale dt dirtttoÍdllirnenurc.3, ed, Milâno: Giuffrê, 19SS,v 1, p. S23.
9. FAVTER-DUBOIS, Edüa.do M, Coic,tsos , qurérra'. Bueoo3 Àirês: EÍrepan 2003, p. 239.
10. T,DFT - 2007011063923iJ4pC, Relâtor FERNANDO HABIBE, I Tulma Clvel, julgado em 9-6-2010, 13. IHEoDORO lÚNlolt, Humbertoi FA-RIA, ruliâna Cordeiro de, Iír CORRÊA-LIMÀ, Osmál Brine;
D,r 18-ê2010, p. s9. CORRÊA L[MA, Sérgio uourào (Coord.). Comrntáíios à now lei d.Íalência e recupetdçdo de empí.sdí Rio
11. VIGIL NETq de Jeneiro: Foren e, 2009. p 941.
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g.do, 2008, p. 269. 14. MAMEDE, Glâdst on. Dtrcíto .ítprêtarial rrasil€iro: falênciâ e recupe.ação de empresas 2. ed. São
12. SANTOS, Frâncisco Cláudio de Almeida. A eçáo revocâúria na novâ lei de lecup€rÃçáo de empr.sâs ê Paulor AtLa§,2008, v. 4, p. 259.
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11.101/2005. Rio de lânêiro: Forefte,2006, p.348. rúve,2005, p 275,
506 i cunso or orne ro EMpBEsAFtaL lNEFrcÁcA pos AÍos pBATrcaoos PELo FALIDo : 507
19. CÀRVAIHO DE MENDONÇA, l. X. frzr4do ile dlreito cornercl^l brasilelta 7. ed. Rio de Jâneirc: Frei-
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17. STJ - AgRS no Ag 928.962lsq R€t. Mjnisrío vAsco DELLA GIUSTINA (DESEMBAIT( ;ADOR
CON_
Paulo: Àtlâs,2008, v. 4, p. 525.
VOCADO DO T,/RS), TERCEIRÀ TURMÀ, julgâ do em :Í.-a-21t1, Dlê 2ÇB-2O\O. 21. ST)- REsp lO4O715/DF, Rel.lvlinistro MÀSSAMI LmDÂ, TERCEIRÁ rURMA,iulgado êm 4-5-2010,
18 }\EGRÃO, Ricaldo. Manudl de diÍeito conerclal e de emprcra. S.-ed. São psulor S.,ü.,r ,, r, 2oI0, v. 3, p. Dle 20-5-20tO.
523; MARTIN, Antonio. ln: SOUZA IúMOR, Francisco Sátiro de; pITOMBO,
ÀnrônÍ) sirgio de Â. áe 22. TEpEDINO, Rlcsrdo. In: ABRÀO Cârlos Henriquq TOLEDO, Pâulo E C. Sálles de (Coord.). Co,tá,-
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2005, p. ú6. v 3' P. 489.
23. I'IEGRÁO Ricardo. Manual de direito cometcial e de empresa.4. eA. São Paulo: Sâreiva, 2009,
508 i cuaso or o aero EMpREsaarAL
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. de êmpresas. 2. ed. SÃo _CLÂRO JúNIOÍ(,
Paulo: Atlas, 2008, r 4, p. 526. Weldo, Nova leí deÍdlência e recup.rÃçào de ernpretas. Sâo paulo: Atlâs, 2OOS, p, 27ô LACÉRDA, C. Sarn-
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Í
P.ulo: Aús, 2008, 4, p. 528.
28. SIMIONÂTO Fredeúco A.Monte. Ttutado 33. ÀLMEIDA, Àmâdoí Paes de. Curso .le laléncia e recupeuçAo dc emplásar. 25. êd. São paulor Sareiva,
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Universitária, 1999, v..l, p. l8O; CÀMDINHO Sé rgi,o. Falência e reciperaçito de emprcsa: o íovo regifiê
de
.
lNEFrcÁcn oos ÀÍos PnATtcaoos PELo FALIDo 51
510
i 1
47. PATTL Adriano. Gli elferti dêl fâllimento sugfi âni pregiudizievoli
5f. rÉRES, Mârcelo A n dtzAe. Estdbelecirfiento
ehpftsathl. Seo paulot Sarelva, ZAo./, p. 54.
per i creditori. Irl: DI pEpE, cio.gio 52,
s€hiâno (Coord.). rl drnfro
Íattinentare riÍoffiab:D"a*à,
Crn,q,ú, iài, p i;:r.'*'" -' STI -REsp 628.860/Sp, Ret. MiniEtro CESAR ASFOR ROCHÀ,
eUARTA TURMA, iulgado em 6-4_
2004, DJ 7 -6-2N4, p. 237 .
48. SIMION.ÂTO, Frederico A_ Monte. Trutado de díreito
p,569. íalimeàrar. Rio de ,aneiro: Forense, 2OOg, 53.. VIGIL NETO, Luiz |rrácio. TeoriaÍalitlentat e regimes recuperaürios. porto Alegr€: Livrãria do Advo_
gado, 2{nE, p. 26? .
lNEFtcAcra Dos aros PFAÍrcAoos PELo FAL oo i 51 5
514 i cunso oE DrÊElro EMPRESABIaL
I
516 ! cunso oe ornero EMpBEsÁRtÂL
INEFcÁcta oos AÍos pnATrcloos ptr-o çerroo j 51 7
Embora nâo se.ja necessária, nada impede que se a)uÍze uma açào esp ecÍfica sequer é necessália, não se pode falar em um prazo fatal para tal pedido de ineficácia e,
por isso, acreditamos que ela poderá ser requerida até â extinção das obrigações do falido66.
declarar a ineficácia obietiya. Nesse caso, tal ação poderá ser proposta pelo ad
judicial, por qualquer credor ou pclo Ministério Público, fazendo-se uma a piicação Francesco Vassali afirma que a açáo nesse caso nâo constitui um meio para Íãzer
lógica do art. 132 da l-ei n. 11.101/2005. Índiscutivelmente, poderào ser réus valer um direito, mas âpenas para remover um obstáculo ao exercício do poder execrrti-
dessa
as pessoas que participaram do ito, independentemente da sua boa_fé. À rnesma vo e, por isso, nâo se dcveria cogitar de prazo para o exercício da ação, salvo em siruaçocs
I
vale para os sucessores dessas pessoas que participaram do ato. Já no que tange I excepcionais expressrrmente pÍevistas pela legislaçá067. Náo se pode cogitar sequer cle
aos uma .rplicação anal(igica do prazt-: da ação reyocatória, uma vez que a cx(eção não dt,v.
ceiros adquirentes, a questão enseia maiores êuidados. i
I
se! estendidâ para t.Lis situaçôes. Portanto, pela natureza da açáo, pelâ impossibilidr(lc
No regime anterior, tal ação era explessameote admitida contra os terceilos da aplicaçào analógica e pelo silênóio da lei, p,rde-se concluir que não há prazo especili_
Íentes, também independentemente da sua boa-fé. Apesar do si.lêncio da atu i
co para o pedido de ineficácia obietiva, quc poderá ser formulado até I extinçÀo 1i,rs
Sérgio Campinho a6rma que a âção poderá abranger também os terceiros I
I obrigâçôes.
dada a obietividade dâ ineffcácia6r. Com efeito, a ob)eúvidade dessa declaraçáo de
cácia que independe rlc prova de fraude ou mesmo da ciência do estado de insol I
do devedor denota a possibilidade de alcançar mesmo terceiros. Contudo, acreditamos 2.2.3 A decisáo declaratória de ineficácia
que o silêncio da lei deve ser interpretado em outro sentido. A nosso ver, os terceilos
i
adquirentes a tíh. o gratuito serâo sempre atingidos, mas os terceiros adquirentes a I Com a declaraçáo da ineiicácia do ato, as partesdeverão retornar ao estado anteriot
títu-
lo oneroso não devem ser sacrificados, a menos que tivessem a ciência do estado I corn a restituiçâo do que saiu do patrimônio do devedor, bem como deve ser restabele-
iá fali_
mentar à épocaa, Nâo haverá preiuízo para a massa íalida nessa exclusão, nem os terc€i- I cida â situação anterior entre os credores. por aplicaçâo analógica do art. 135 da Lei
ros que sequer guârdaram relação com o falido. n. 11.101/2005, deve-se dar ao terceiro a possibilidade de optar pela restituição em espé_
{
I cie ou pelo pagamento do va.lor atualizado do bem.
Em todo caso, a ação será aiuizada perânte o iuízo falimenta, por se tratar de me_
O terceiro de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores gastos n(,s ntos que
dida prevista na lei de falência e, por isso, atraída para o juÍzo universal e indivislvel, I
forem declarados objetivâmente ineficazes. Essa reitihrição se dá fori do quadro de cre_
Regulamente processilda, a ação correrá pelo procedimento comum e raramente deman-
dores, permitindo que os terceiros de boa-fé não sejam prejudicados. Ademais, configu_
da-rá a dilaçâo probatória pela obietividade da ineficácia.
rada a boa-fé, o terceiro rem a possibilidad€ de pleitear perdas e danos contra o deyedor
e seus garantidores por meià de açáo própria.
2.2.2 ?razo
2.2.4 Becurso
Apesar do silêncio da legislação. alguns autu.a, ql'l" para evitar rnseguranças
deve-se aplicar o mesmo prazo preyisto pala a ação"fi.-"-
revocatória do art. 130 da Lei No caso de ajúzamento da ação revocat(iria, da sentença em tâl processo caberá
n. u.101/2005, isto é, um prazo decadencial de tIês ânos contados da decretaçâo da fà- recurso de apelação a ser recebido no efeito suspensivo (CpC l2OlS
- art.1012), tendo
lênciaa. Outros autores afirmanr, porém, que não há que se falar em decad.ência do <.lirei-
62. CA M PINHO Sérgio. Falênêia e rcc)qeraçà.o dc e presa: o \ovo íegime de insolvência empresari.l. 3. 65.. VIGIL NETO, Luiz l^âcio. TêoriaÍdttrrlêntat e rcglmes re.qara,tórios. porto Alegre: Ljvratiâ do Advo-
ed, Rio de raneiro: Renovâr, 2008, p. 38I. No mesmo sêntidor VASCONCILOS, Rot aldo. Dircü; pÍocess@l gâdo, 2008, p. 267; CAMI'INHO, Sétgio- Falência e rccupe%çao de cfipftsar o novo;rgime de lnsolvên,.tr
êmpresârial. 3. ed. Rio de ranei.o: R€novar, 2008, p. 3B2i SIMIONATO F;ê d.rico A. Mo;te. Tratada lte (1i,,
Íalúnentat, Sào Pa]ulot
QuâÍtier Larin, 2008, p, 338. t,
tohlinêntar.Riodelen€iro: Forense,2O0& p.560; SOLlzA, B€rnârdo ptm entel. Direttu processualempt_ b
63. PÀJARDI, Pi€ro. M"úuale di diritto Íallimentare.
6. ed. Milano: ciuffrê, 2002, p.35S /lal. Salvador: ,usPodivm, 2008, p,234i PÀITI, Adriano, Gli eff€lti del fallimento sugti âlii pregiudiz iev;], p.,r
&. SZlArN, Râchel ERANCO, Vera Helena de M.\lo. Falência e recuper.ttio d.a enpresa em crtse Sào I cr.ditori. In: DI PEPE, cioÍglo Schlaôo (Coord.).It di tto
laltimentdra tiÍotflidto: pxdo;rt CEDAM,.) \o7,
Pauio: Cimptls, 2m8, p. 169, THEODORO IúNIOR, Humbêrtoi FÂRtÀ,lúâne Cordeiro de. In: CORRÊA- p.180.
"LlMÀ, Osrnar Brina; CORRÊÀ LtMÀ, Sérgio M outâo (Cootd.). ComeÁtários à nova lêi d.Ja.lénéid e Íecu- 66. BEZERRÀ FILHq Menoêl twtino. Leí de recupetaçAo de .mpresas e Ídlências cotnehtada, 6. .:d Sào
peqçito de cmpr$ds. Rio de ,aneiro: Forense, 2009, p. 946; VASCONCELOS, Ronaldo. Dt;êíb proccssual Pâulo: nevistâ dos Tribunals,2OOg, f,.23l.
Íalímenta,r. Sao Petlot Quartier Lâtin, 2008, p. 338.
67. VÀSSAII, Francesco. Diritto Íallimenurc. Torino: ciappichê[i, 1997, v.2, t. 1,p.tS-17.
lNEFlcÁcrA Dos aÍos PÊarlcaDos PELo FALIDo | 519
518 ! cuBso oE DIBEIÍo EMPBESABTaL
A par da ineficácia prevista no àrt. 129 da Lei n. 11.101/2005, o art. 130 da rnesma
lei prevê a possibilidade de declaraçàc.r de ineficácia dos atos fiaudulentos Praticados peio 3.1 Cabimento
falido anteriormente à falência. Apesar de se falar em revoqação, deve-se entender essa
subietiva se dtrige
revogação como um caso de ineÍicácia7] e não de nulidade' or.r anulabilidadc ', uma vez Ao contrário da ineficácia obietiva, o cabimento da ine8cácia
pelo devedor' Pela necessidade de prova dessa fraude' torna-
;utpetradas
"ont;;"í.;;à;; a ineficácia de tais
-r" art"."i"f. âi*ir"mentoàe uma açáo revocatória Para reconhecer
68. CAMPOS BATALHA, r0íilson de Sours; RODRIGLTES NETTo, Nel§on; RODRIGUES NTTTO, Silvia série de atos nos quais haveria esse elemen-
C"*"lno á" .çlendonça enumera uma
Mariã Labat€ Bftãlha. Comeitd as à let di recuperaÍÀo iuàici-al de empresas eÍalência,4. ed. Sào Patio. LT!' preço'
pagamento do
"iãr.
io da fraude, como as alienaçôes fraudulentas sem
2007, p. 197r THEoDoRo IÚNIOR, Humbertoi FARIA, )uliana Cordeiro de. ln: CORRÊA-LlMÁ, Osmar de má-fé' a qui-
Brirla, CORRÊA LIMA,5érglo Mourão (Coord.). Co mentdtios à nava lei delaléncia. recuperuçào de emprc'
""o"i"*rti"o
salvo se o dinheiro 1á estive§se
cr)nr 'r devedor; as transaçóes realizadas
para nomes de tetceiros; a renúncia
sas. Rio d€ laneiro: Forensê, 2009, p. 954, SÂNTOS, ErancÍsco Cláudio de Àlmeida A sçáo revocâtóriâ ná ;;;; .;;;;g"..;to real; as transiêrências de benstodo ca§o' exige-se a prova do conluio
nova Iei de recuperaçâo d€ empr€sâs e de falénciar. ln: SÀNTO S, Paulo Per\alva (c.oord.) . A nova lci dê.falén- de coisas, entre outro§?s Em
af,ir"ito.; à
cias ede rccuperuçdD de empre:&stLei ll.tgll2oos. Rio de lâneiro: Forens€,2006, P 346. "É"n.iuno (consilium bem como o pre)uÍzo da
entre o deve.lo, c o telceiro contratarLte Íraídls)'
69. PÉR1N IÚMOR, Écio. cuno dcdireitaÍ\ümentar e recuperaçào ih.mprssds. 3. €d. São Paulo: Método, f"lid" (ererrr, s damni) para essadeclaração de ineficácia'
2006, p.289; MÀRTIN, Àntonio.ln: SOUZAIÚNIOR, FÍancisco Sáttode; PITOMBO, Antônio Sérgio deA.
Áassa
po-
de Moraes (Coord.), Com ektários à Lcl de rcêuPeraçàa de empresas eÍdlêt1cia. Sâo Paulo: Revisla dos Tribu_ caracterizado pela simples ciência de que os ato§ praticados
O conluio aqui é
n.is,2oo5, p.472iSZTA,N, RacheliFRANCq Ver. Helene de Mello. Fdlércia e reêuperaçào daemPrcsd êt'l ciência é comprovada pelo comportamento
dem causar dano.,, No caso do falido, essa
cr!§á. Sáo Peulor Cempus,2008, p. 170; SIMDNATO, Fredêrico A. Moíte. fra tudo de direito ÍaLim'nur Rio o terceiro' o cohluio
do devedor que cria ou agrava seu estado de insolvência Já Para
de Janeiro: üorense, á008, p. 586; oLIVEIRÂ, C€bo Mâtcelo de. Com.ntàtíos à nova lei de íalêncús Szo ou presumido do estado de insolvencia do
J pelo conhecimento efetivo
Peulo: lOB. 2005, p.519.
"*figrr"ao
VASCONCELOS, l\t'í\ ldo, Diíeito Processual Jallmentat. Seo Paulor Quartier Lâlin, 200t1, p 336i devedor falido?6.
70.
demonstrado apenas de forma in-
CÀ,VPINHO, SéÍ8to.Fa léhêia crecuperuçào de efiPresat o no'/o rcgiffed€ insolvência emPlesariâl 3 ed Rio Obviamente, esse conhecimento normalmente é
roal das partes' Carvalho de lvlendonça
de laneko: Renovâr 2008, p.383.
air",il"Ji " i.p.tsibilidade de aferir o estado
como: a clandestinidade do
71. COELHO Fábio LÍlhoâ. Com€ntários à novâ lei de falênchs e de recupêração de emPresas. Sâo Paulor inai.iot Oue denotariam a existência do conlúo'
SâIsi\|a,2OO5, p.3*; SPTNELLÍ, Andréa Martin§ Râmos. Falência - dbPosições geÉis - inoveções e proce- "rr.rln
i " a"s bens üenados na posse do devedor' quando deveriam passar para
dimento. h: M CHADo, Rubens APProbato. Cot t€rl ürios à kovd lei dcÍalênrlas c recuperaçiio de emPrcs&s' "i"' "ãtrint"çu, da falência; a âlienaçáo de todo o
Sáo Paulo: Quartier Latin,2OO5, p.2ii; TEPÊDINO, Ricardu. Inr TOLEDO, Paulo Ê C. S. dej ÀBRÁO Cârlos terceiro; a fâlta de causa; o Preço ül; a proximidade
a multíplicaçâo de ato§ para encobrir a verdade;a comPrade
bens
Hentique (Coord.), Comentá os à lel de rccupetuçito de clfiptssas êÍalência. Sáo Pâulo: Sereiva,2005, P 358; a"r"aor;
LOBÀTO, Moacrr. Fa,é ncia e r.cupcmçao. Relo Horizonie Del Rey, 20O7, p. 252; PERIN ,ÚNIOR, Écio'
"r,.i*ãJo'ao
iealizada por quem nâo está na livre administração do seu Pâtrimônio; e o
pârente§co ou
Curso dc dit ib ialimeúar e rccupeía@ de emprc as. 3. ed. Sâo Paulo: Método, 20o6, p. 275i THEODORo
JÚMOR, Humb;r@ EARIA, Juliâna Cordeiro de.ln: CoRR A-LIMA, O.m.!BÍinâi CORRÊA LIMA, SéÍ8io
MouÍão (Coord.). Come, tárlos à nora lêi del^lêttcia e recuperdçào de emPteias. Rio de Janeiro: Foíense, 2009,
74. REQUIÂO Rubens.Curco dc diÍeitoÍali u ed Sáo Pâulo: Saíâiva' 1998' v l' p' 191
p. 903; NEGRÂO, Ricârd o. Mdnudl d,c dirêito comercial e de empíesL 5, .d, 5áo Paulo: Sâraivâ, 2010, v 3, p' 'nldr' ll r)delâneiro: Fre!
conlêrcial btuslleirÊ 7
5lq ÀMBROSIM, St"feno; CÂVAILI, Stefano, IoRto. Alb€lto Truttato di diritto co.nmêrciale Padovzl ?5. CARVALHO Dll MENDONÇA,I X fraÍa'l ' de direito 'd
CEDAM, 2009, v. XI, t.2, p. 394. !âs Bâstos, 1964, v VIl, P 549
di diritto Pàdoval
72. BEZERRÀ FILHO, Menoêl lustino. Lei de ftcuperaçao dc cmpresas . Íalênêias co,nentadd 6 eà' s'|o 76. ÀMBRoSlNl, SEfaío; CAVALLI, Siefânoi JoRIO' Nberlo FARIA'
Ttattata
'omnerciale
ii,i. rNrooono Úi'iloR' Humberror Juliana cordeiro de ln: coRRÊÀ-
Paulo: Reviitâ dos Tribunais,2009, p. 270. â"so,iüiàr, ". r, p. àss,
à nova t,i d'eÍdté'tci. ê ftcuwdçào
(coord'l comeitÁtios
73. szTAJN, Râchel; ÊRANCO, Vera Helena de Mello. Falência . recuperd4o da ctlPrcsa e,fi c se Sz'o ;;;ffi;;;;i;;;aõtiRÊÀLIM '
sérsio Mourão
de emPresdt.Rio delaneiro: Forense' 2009' P 937'
Pâulo: Campus,2008, p. 166.
5 20 CUBSO OE OIÀEITO EMPBESAEIAL
INEFrcÁca Dos aÍos pgAlcroos prro rnrroo i 52 l
81. ÀMBROSINI, Steíânoj CAVALLI, Stefano; ,ORIO, Alberro. Trdttato 88. THEODORO JúNIOR, Humberto; EARIA, Julians Cordeirc de. In: CORRÊÁ,LIMA, Osmar BÍtnâ;
di dirítto comilercidte. padoya:
CEDAM, 2009, v. Xl, t. I CORRÊÀ LIMÀ, Sérgio Mouráo (Coord.). Con e ntári8 à nova lei d.
2, p. 465. falênch . rccuperu@o dÊ erflWesas. Rio
d€ Jâneiro: Forense,2009, p.947. No mesmo sentido, SANTOS, Frân.isco Oáudio àe Almeida, À açao revo-
I
I
INEãcÁc A Dos Aros PÊATlcaDos PÉLo tAlloo i 523
522 : cuRso DE DtREtro EMPRESAR|aL
rsso, tal prazo não se coni'unde com o prazo de 4 anos contados da ceLebração
do 4 Sequestro
gócio jurldico para anulaçâo de atos fraudule[tos (CC - art. 178, II). Mesmo se
o
I útil da declaração de ineficácia' o juiz p'rderá determinar
Para asseguíar o resultado
foi convalidado pelo decurso do tempo sem impugnação, ele ainda pode ter sua ine em poder de
dos bens retirados do patlimônio do devedor que esteilírl
{
r:ácia declarada, uma vez que o prazo de rrês anos é contado da decretação da falên ^ "..u"",ro
l"'"lr"ii. -art 137)' Trata-se de medida eminentemrrrre cautelar que
e não da data do ato. ",,r.to,2o05 uu o d""p"tecimento de bens que retorn:irin Ín à massa fali-
:;;i;;;"",;.tí"nt,,
do sequestro cautelar
l', .ar,, u" ã".,*afàn a" in"ficecià aqui' trâta-se efetivamente
3.4 ". do cpc/zttrs, u''," vez que se quer apenas
pÍoteger o bem de even-
Processamento, decisão e recurso I
;;;;;;;;aô,
tuâl perecimento.
medida PreYentivJ Para a ação
Ajuizada a ação dentro do prazo, ela correrá pelo procedimento comum, com â Embora o disPositiYo fale nesse sequestlo trrtno
que tal nretlida seja também aiuizada de forma
citação dos legitimados passivos para apresentrr defesa no prazo de 1S dia§, seguin_
.uutJrr, *."aitr-os que nada imPeça
outrosiirrr, mesnr{) na ineficácia obietiva que
rlo-se da réplica e da produção de pr,rvas, se for () caso, não se cogitando de possibi_ ur.iderrtal n,, curso da ação revocatória.
em vista os
!dade de conciliaçâo. Dessa forma, não há que se cogitar de citação para audiência ini*"na" a" u-" revocatórra' o §equesüo tâmhém é rtdmissivel' tendo
"ção
de conciliação, pois se trata de causa que nâo admite autocomposição (CpC/20fs própiios obietivos dessa medida
- art. 334, § 4e, II). Após a devida instluçáo, caberá ao iuiz decidir a açâo. Da senten-
ça em tal plocesso, caberá recurso de apelaçâo a ser recebido no efeito suspensivn
(CPC/2015 - art. 1.012), tendo em vista a ausêrcia de exceçào ao regime geral do 5 Securitizaçáo de recebíveis
recurso de apelaçào. dr inci-
A fim de proteger realização de certas operações' a nossa legislaçáo afasta
a
Em caso de procedência, o juiz declarará a ifleficácia do ato e determina!á que as §ubjetiva, o ato de cessão de créditos para compa-
dência da ineficácia] seja ob,etiva, seja
pre)uízo dos direitos
partes retornem ao estado anterior, com a restituiçào cm espécie do que saiu do patri-
nii", ,""urltir"aor"s, quando a ineficácia possa ser declarada em (Lei n' 11'10172005
mônio do devedor ou o vâlor de melcado desses bens. A princípio, estabelece-se uma emitidos pelo securitizador
ílos Dortadores de valores mobiliários
opção parâ o réu da açiio, isto é, ele é quem decidirá se restitui o próprio bem ou o seu :;.1;;;. i'ó. R"i[r"o" qu" a ideia dessa imunida<le é dar segurançi a es§e tipo de
atual economia'
valor atualse. Por se tratar de uma açáo de caráter pessoal, não é essencial a restituiçâo operação, que é extremamente imPortante na
em espécie. Em todo caso, deverá haver o acréscimo das perdas e danos causados à mas- A exDressão §ecLtri, termo securítíes do diÍeito norte-americano' que
izaçàovemdo
sa falida em razão do ato pmticado. geral que inclui não apenas valoreÀ mobiliários tradicionais
como
.inrrin""-Iu-i"r*o unr rn-
de parücipaçóes que envolvem
O terceilo atingido pela declaraçâo de inelicácia terá direito ao recebimento dos ;;ã;;"bu;irt"t, ías também uma variedade
dependente dos esíorços
ou exclusivamente
valores eventualmente gastos no ato declarado ineflc1zB. Contudo, nesse caso, nâo se uaa,i-"n,o aorn orn retorno Primariamente
cogita âqui de pedido de restituição dos valores gastos pelos terceiros, uma vez que tal d"-;;;; ;;;", o." não o irwesüdorar' No Brasil' o melhor seria o uso do termo újlrzla'
país Ela
;;;;;'. ;; ;i;itizaçao, dada a ausencia d. uso da expressão secÍ"i'i€s no
possibilidade depende da boa-fé do terceiro e, nesse caso, pela necessidade da provâ de
dispersar riscos e desintermediar o
fraude, não há boa-fé a ser tutelada. Assim sendo, os valores gastos pelo terceilo deverâo tã?À, frnç0." n-rndamenta"is: mobilizar riquezas'
ser objeto de habilitaçâo e inclusão no quadro de credores na classe correspondente, processo de finânciamentoe! '
A securitizaçáo de recebÍveis rePresentâ uma
oPortunid!de de.captação de recursos
normalmente como credor quirografário, sem cogitar de perdas e danos em razâo da de certos créditos (re-
lrr.r,o uilfi"o,'"om a emissâo de novos títulos representalivo§
má-fé inerente ao ato fraudulento.
'c.ü.1;:,.; f;;
"o adqukidos Trâta-se' em última ânáli§e' do uso de créditos tuturos
P. 666, trâduçáo
RobeÍlw. The tata aÍ corPor4iio6 5 ed St Peul: We st Group,
2000,
,r. gn51 ., r)N,
li.Lre de " is 4 lcneral tatm chat bíc.lud$ not
ohu truditiondl saéurities su'h 4s sharcs oÍ stock, bond.s, and de'
catóris na nova lei de recuperÀçáo de empresâs c de falências. In: SANTOS, Pâulo Pênâlvâ (Coord.),,4 nova
i that involve an ihvest ent with the Ítturn pt inaril, ot ex.lusive
l!
bentuíes, but abo a vdtiett of terests
hi d.ÍaUncids e de rc.vperuçlto de eüpresas Lei I l.tO1/ZOOs. Rio de Janeiror Forense, 2006, p. 343.
ierson other than the invutol"
depehdekt oi the eÍotts of a
89.5ÀTTÀ,Salr?tore.lstituzianididirittolallimenale.3.ed.Rorna:Foroltaliâno,1949,p,185rTEPEDINO, tos. Belo Horizonte Del ReY, 2006,
Rrcardo. In: ABRÃO Carlos H€nriquq TOiEDO, paulo Ê C. Sãllês de (Coord ,). Comettàios à lei de ncupe- 92. CHAVES, Maliâ C ti§llna. Dircito emPrcsarial securitlzâçâo de crédi
ruçito d,e êmpresds eÍabndla. 4, .d. São Pâulo: Sarsiva, 2010, p.481. P,47.
93, CÂMINHÂ, Uinle , Secutitiz^çAo Sáo Pevlo: Saraivâ' 2005' P 38'
90. SATIA, Salvâtorê. /jtitwiotli dí dítittoÍallimen r4,'é. 3. êd. Româi loro ltâtiano, 1949, p. 186.
524 ! cuaso oe ornerro EMpaESqBÁL
2 Pedido de restituição
94 Meria c Írsttnà Diteito émprcsarlal: securirizrLção decréditos. Belo Como já mencionado, os pedidos de restituição representam rçoes judiciais Para
^-cHÀvEs, Horizonre Der Rey,2006
p. 133-rT. retirada de bens, inclusive dinheiro, da massa falida. Em outÍas palavras, trata-se de
95. cÀcGIM, Fernando Schwatz. Secu tízaçito de reccbtveis. Sáo perllo: LEUD, uma ação que visa a corrigir a formação da massa falida, retirando bens que ali não
2OO3, p. t9,
96. YÀZBEK, Otávio. O rkco de cÍédito ê os novos lnstrumentos: umâ aútise funcional, deveriam estar A princÍpio, essa medida pode abranger bens móveis ou imóveis, cor-
ln: WAISBERG,
n oolim Fernândes (coord.1. controtot uoi"ariir. iao na,,ü'{uartier póreos ou incorpóreos, fungÍveis ou infungÍveis, não havendo qualquer limite. No di-
"..o" ratin, :ooe,
f"1rt;*rtt, reito francês, a reivindicaçáo se limita aos bens móveisr, assim conro no direito italiano
97. GAGGIM, Fernando kh' a\2. Sêcutitizaçào de recebtveis. Sâo palllor LEUD,
2003, p. ZO.
98 YAZBEK, Otáúo. O risco de crédiro e os no,vos instíumêntos: gme
ânálise funcional. In: WAISBERG,
Ivoi FONTES, Marcos Rolim Fernând$ (Coord). Contaas bancÁrios.
Si. A"uf"i{ul.,i". l_"ain, ZOOO, p.
323; cÁcGIM, Fehend o Schwerz. Secu tizaçào de recebívr,is.
Seo palL", iflrElOã:, p. zr.
l. )ANTIN, Michel;LE CANNU, Peul. Droi,óonrlercid* entleprises en dilmcrdté.7. êd Paris: D.lloz,2007,
P.453.
526 j cuaso oe orrerro EMPBESABTaL
T P€DIDO DE ÊESÍITU]ÇÁO E EMBABGOS DE ÍERC' PO ! 527
ro já não deveriam compor a massa falida e, por isso, são pa§síveis de re§tituiçào'
A ideia
anteriormente à reforma2. Com â reforma, oo direito italiano a restituição tàmbém pode
abranger bens inróveisl.
I é sempre a mesma, retirar da mâssa falida aqueles bens que náo devern responder pelas
Não se trata de uma proteção especial a certos credores, mas apenas de correçôes obrigaçôes do falido
na formação da massa íalida, tanto que os titulares desses dirl,.itos nâo concorrem com Do mesmo modo, os ploprietários de bens que foram arrer:adados ou que estavam
os credores do frlido, Os valores que sairão da massa falidr ,erão pagos independente- em poder do falido no dia da decretaçio da tirlência têm o direrro de pedir a restituiçâo
I
mente de os credores do falido receberem alguma coisa, por,.iuanto reitere-se que os ti- dosiens que lhes Pertencem (Lei n. I t.101/2005 - art'85, cctput)' Assim' se o fâlido é
tulares desta não sio credores4. locatário áe ce, r,, bem e ele foi arrecadado, aberá ao ProPrietário pedir a re§lituição
desse bem, na meclida em que ele nâo deve rt:sponder pelas obrigaço.'s
do tâlid ) Des-
sarte, nos contratos de arrendamento em geral, de comPra e venda com reserva de
que pertencem ao falido devem ser restituído§.
2.1 Cabimento domÍnio e de comodato, os bend não
Também nos contiatos de consignação é cabivel a restiluiçáo, uma vez que a J)rr)Prie-
Os pedidos de rcstituição sempre têm a mesma natureza e o mesmo obietivo. Con-- dade da coisa entregue para venda n.ro é transferida ao consignatáritl . Para os cont!a-
I
tudo, o fundamento a ser utilizado para tal pretensão pode vaÍiar. Em razão disso, pode- tos de alienação fiduciária em galantia ,leasingeparao ó'ePósito, farernos
um detalha-
I mos falar em pedido de restituição geral, pedido de restituição especisl e pedido de mento maior.
resütuiçáo em dinheiro.
isto é, caberá a! administradorjudicial litação do depositante no quadro geral de credores, na condição de quirografárior6. Den-
a d"cirao. Ou"idlã" inao .o.,tinu"çao
to, se o falido for o arrendante, A. penalva
ao.ont i tro dessa linha de argumentação, o STJ iá paci.ficou a orientação de que náo cabe pedido
,. Santos entenau qu" o a",ruJo. ,em direito "-
aquisição do bem, uma vez que ele te.riâ à I
porquanto tal depósito
o ?ireito iÍnpostergâuá" Ju de restituiçáo17 no depósito bancário, é um depósito irregular, por
opçuo au
compralr. Contudo, a nosso ver, esse direito "*u."u, "
dade se mantém com a arrendadora e, nessa
nao existe. No cJnt a. álrg, prop.i"-
condíção, ele tem "to "
direito de Íeaver o bem
I
que lhe pertence, no caso de não continuação 12. TJR' - TERCEIR.A. CÃMÂRA CÍ\ EL - AP 200!.OO1.l3lO7 - DES. A,\TONIO EDUARDO F. DUAR-
do contrato. O máximo que se poderia TE- lulgamento; 26-3-2002.
I
13. MÀRTÍNS, Fran. Cohttatos . oüiga4ões corlelclair. 16. ed, Rio de laneiro: Forense, 2010, p. 353; cON-
ÇALVES, Cârlo! Robcrro. Dítcíli clvil bÍasileiro. ó. ed. Sâo Peu.lor SâÍeivq ,2OO9,y.lll,p.99.
8. CAMPINHO Sérgio. Falénêia e r.cuDcftçAo de erry)resa.
o novo 14. STI - EREsp 3e,.ó99lRS, Rel. Nlinistro ÂRl PÀRGENDLER, Rel. p/ Àçórdão Ministro IERNANDO
rcgime de hsolvênciâ empresârlal. g.
ed. Rio de Janeiro: Renovar,2OOg, p. 391. GONÇALVES, SEGUNDA SEÇÁO, :úlgâdo €m lO-12-2003, D,I3-5-20()4, p. 91.
9. I
FERNANDES, Iean CÀdo$ Ceerdo frductátia
dc títulos de üédito: a 15. FERREIRA, §íaldemar. Trdtaíb de dircito comercial, SâoPalr.lot S?tâiva.1966, v. 15, p. 106.
cuP€râçao judi(.al da ernp resa. 2. ed. R io de
posiçáo
-p'i;;'. - do
-" credor
'''"' fiducÉrio na rê,
Íenerro: Lumen lurts, 20I0, I 16. MIRÂNDA,
Po ntes de. Trdtado d! direita priyddo. Câmpinâr: Booksellea 2004, v 29, p. 126i C ARVAIHO
10. MARTINS, Fran. Co, tr,,tos e obrigaçôca coüerciair.
IS, €d. Rio de ,âneiror Forense, 2000, p. DE MENDONÇ^,,. X. Tratado de dteito comercià b
slhíro.7. ed,. Rio de laneiro: Frêitâ3 Bàstos, 1962, v.
449. I VIll, p. 288.
11' PENALV^ sANTos,L A. ob gaç6e.,
c contra,os naÍaréicid. z. ed. Rio de
P.
-
80. lâneiro: Renova!,2003, 17. STI - REsp 501401/MG, Rel. Ministlo CA-RLOS AIBERTO MENÊZES DIRÉITO, SEGIJNDA SEÇÁO,
julSado em l#.20o1. 1),I3-ll-2004, p.130.
I
I
{E
:l ](l CUFSO DÉ OiHEITO EMPRESABIAL T PEDIDO OE EESTITU ÇÃO E EMBAFGOS DF TEIiCE 8O 531
I
envolver bens f',r ngiveis (dinheiro). Ainda que se tratas§e o contrâto como conta-corren- Lrara ocabimento desse pedido de restituição especial, exige-se, em primeiro lugar,
que se coisas sejam vendidas a crédito ao falido, isto é, com algum prazo para que ele
to. n.i(, haveria o direito à restituição Pelos mesmos motivosLs I
efirrue o pagamento. Vendns à vista com inadimplência do falido não seriam abrângida§
Éispecificamente para o depó5ito bancário, Sérgio Mouráo Corrêa Lima afirma que I
por essa hipótese. É essen,r'ial que haja uma venda a crédito, na medida em que essa res-
a restituição seria cabível, uma vez que o próp.io conceito de instituiçâo financeira do
tituiçã() (,speciâl visa a tutclar o crédito. O pagamenLo com tÍtulos de crédito náo solvidos
I
ârt. 17 da Lei n.4.595/64 úla em recursos de terceirosre Assevem, irinda, o ilustre mestre I
de irne(lr.rto tarnbém seria abrangido, pois são obrigaçôe§pro solvehdo2t.
mineiro que os recursos clepositados Por terceiros fariam parte de uma contabilidade I
Exr t"-se também que as coisirs vendidls tenhâm sido entregues Iros 15 dias anterio-
especiiica, não inLegrando o patrimônio lÍquido da instituição. Por 'lerradeiro, ele asse
res ào | , luerimento da falência. A maioria da doutrinà faz uma interPretação restritiva
vera rl . o depósito irregular não se traniíormaria em mútuo pelas próprias peculiarida
I
do disp. srtivo, de modo a que esse pedido de restituição só será possivel se a melc adoria
des d, .tepósito. lodavia, a juri§prudência já se firmou lambém n' r sentido do nio cabi '
foi efer,..rmente entregue efltre o décimo quinto dia aoterior e o dia do âiuizamento do
mento da restituição.
pedido ri,' talênciaE. A nosso ver, porém, o período da entrega vai desde o décirno quin-
De fato, não se pode confundir o depósito bancário e o mútuo, pela própria finali- Lo dia anterior ao pedido para frente23, uma vez que em tôdo es§e perÍodo há boÀ fó dos
dade distinta de ambos, Contudo, a lei é e,tpressa ao tfirmar que o depósito irregular I vendedores a ser tutelada e é L,rr,r difícil ter a ccrteza da ciência do pedido de iãlêrcia.
segue as regras do mútuo e, Por isso, transtêriria a propriedade ao dePositário A resti- Como a6rma Mamede, o legisl.rdor fixou aPenas o termo 4 {!lo des§a entrega, viabilrran-
tüção em dinheiro é posslvel quando a lei ou o contrato retila do falido a disponibilida- I
do a restituição da§ mercadorias enüegue§ a Partir desse dia?4. Em todo caso, d.'vc-se
de do dinheiro (STF - Súmula 417) No caso do depósito de bens fungÍveis en geral, I
,ronsiderar o dia da entlega efetiva e nâo o dia da remessa (STF - Súmula 193).
inclusive dinheiro, os art§. 645 e 587 do CC denotam que o depositário tem a di§ponibi- Por fim, exige-se que as coisas ainda não tenham sido vendidas, Porquanto a paltir
lidade, afastando o cabimento da restituição em dinheiro. Em todo caso, registre-se que da entrega tâis b€ns Ihe pertencem e qualquer venda realizada é Perfeitamente regulara.
o Eundo Garantidor de Créditos (FGC) garante um pagalnento de I{S 250'000'00
(duzen-
I Se o falido vendeu tais mercadorias, o fez normalmente porquanto elas lhe Pertenciam.
tos e cinquenta mil reais) por CPF/CNPJ no caso de íalência ou 1i'lQidâçáo extrriudicial i Pâra Ricardo Negrão, a venda feita pela massa falida acarretaria a sub§tituição da resti-
de instituiç(ics financeiras assoclâdas. I
tuiçáo do bem vendido por seu equivalente em dinheiro2ó. A oosso ver, porém, se a
Mesmo nos casos de CDB - Certificado de DePóslto Bancário, deve §er aPlicadâ I
to de sua falência, se ainda nâo alienada Tal hiPótese não protege o direito de ProPrie- Sive. Prcccsso de recuper^çdo iudicial" crnaiudkial ê JAEn.ia.2, ed. No de Jâneiro; Forense, 2007' P 217;
CAMPINHO, Sér8io. fiz lênciac re.lQeaçilo dcêmpresaonovoírgií ede insolvência empresarial 3 ed- Rlo
dade, mas a boa-fé dos que negociaram com o falido nos dias mais Próximos ao requeri- I
de râneiror Renov.! 2008, P. 396; C \MPOS BATAI-HA, \íilson de Souzer RODRIGUES NETTO, Nelsonj
t mento da íalência. Trata-se, em última análise, de uma espécie de ineficácia de certos RODRÍGUES NETTO, Sílvlâ Mariâ Labete Batslha Cohcntários à Li de ftcup.ruçào iudirldl de e'hprcsat e
negócios realizados com o falido, retornundo-se ao §r4rrJs anterior. lalhcia.4. ed. Sâo Pzolo: LTr, 2007, p. l«), LOB A'Io, i'\oàc'!r' Falêncid e rcalpêruç'ao. Belo HoÍi? onte:' Del
I
I Rey, 2007, p. 269i NEGR ÃO, Ricaí<lo M^nual de diteilo comerzial e d.e emprrra. 5, ed. São Pâulo: Sârâivâ'
2010, v. 3, p. 512.
I 23. REQUTÁO, ltul\r) s. Curso de direito.Íalimental. 17. ed. Sâo Pâulo: SaraiYâ, 1998' v 1, P 285
prirado. CamPinas: Bookseller,2ot)4, v 29, p 126' 24. MAMXDE, (;l.,,ls lon. Diftito eí,prcta al rmsireiro: fâlêncÉ e recuPeração de empresâs' 2 êd Sáo
18. MIRÀNDA, tronles de. Trdtado de direito
I PaulorAdâs, 2008, v. l, P, 502.
t9. CoRR!À LIMA, sérgio Mourão Ín: coRRÊA-LtMA, osm.r Brina: coRRÊA LIMÀ, sérglo MouÍão I
recuperuçilo de er prcsas Rio dê ,ânei!o: Eorense, 2009' P 600 25. ST, - REsp 155.090/R,, Rel. Ministro CÀRLOS ÀLBERTO MENIZES DIREITO TERCEIRÂ'I URMA'
lcooÁ.). Co efitátios d ni,ta lei deJalência e
iulgâdo em 16-3-1999,D,r l0-5-1999, P. 166.
20. - l8olo3l/SP Mi stra NÂNCYANDRIGHI, TÊRCEIRA IURMÀ,Julgado em 4-6-2019'
26. NEGRÁO, Ricardo. Manual de dircito conercial e de emPrcsd.3. ed" Sâo Paulo: Sareive,2010, v l,P 509'
sTJ REsp Ret.
DIe 7 -6-2019, I
I
532 i cu8so oE orBErro EMPHESAR aL PEorDo DF FÉsÍrurÇÃo E 6ygaq6". sE rEprs'es i 533
yenda foi realizada pela massa falida', a venda tamh(lnr e regular, porquanto
s^ão. b 2.1"3.2 Adiantamento de contrato de câmbio
que integram o patrimônio do devedor e, por isso, il l).incipie, respondem por suas
gaçôes. Ademais, a legislação exige que a coisa não Lenhir sido vendida, sem es Outra hipótese nâ qual se admite a restituiçào em dinheiro . ,r r:uso do adianlamen-
por quem. A.ssim, se a melcadoria foi vendida pelo falido ou pela massa, não cabe to a contnto de câmbio para exportação (Lei n. tt.l0l/2005 - rr. 86, U). l,ela própriâ
de restituição. Nesses casos, o Lerceiro ( omprador não pode ser prejudicado e, por is nahtreza dos negócios realizados e pelo pagamento em moeda esrrangeira, o recebimen-
não cabe o pedÍdo de restituição. to dos valores pelas exportaçóes costuma demorar, de modo qLre i:abc ao expurtador usar
No caso de transformação ou consur.ro da coisa, o STF afirnrlva que náo o adiantamento de contrxto de câmbio- Nesse tipo de contrât(,, uma instituição finance!
óbice à restituiçáo (STF - Súmula 495), sal"o se ela houvesse sido alr|rrada. O S-i l. poré ra antecipa valores a<l er rortador que ele só receberia quanc|r do pagamento das expor-
ahstou o pedido de restituição pelo consumo da coisa yendida nas con<irçôes men<.«.r tações realizada§. Trata se de instrumento de crédito fundamental para o desenvolvi-
A nosso ver, â razáo está como o STJ, porquanto a restituição especial deve dizer mento do setor expr)rtador.
exdusivamente à própria coisa, não se cogitando da sua substituição pelo dinheiro Pata incentiyar e proteger esse tipo de operação, garante-se a quem adiantou a
lente, O art. 86 da Lel n. 11.101/2005 não preyê a restituiçâo em dinheiro como su quantia a restituiçâo dos valores antecipados, antes do pagamento dos próprios credores
dr restituiÇão especial, denotando que esta só poderá ocorrer em espécie. do falido (STJ Súmula 307). Afasta-se esse tipo de fornecedor de crédito dos riscos da
falência, indep.:ndentemente da data da entrega do dinheiro (STJ - Súmula 133), por
'questôes de pohtica financeira e incentivo às exportaçôes. Nesse cas(), porém, a restitui-
2.1.3 Pedido de restituiçáo em dinheiro
ção só será possÍvel se o prazo total da operação não ultrapassar o prazo de 750 dias
prcvisto no ârt. l0 da Ilesolução n. 3.568/2008 do CMN.
Àlém das restituiçôes em espécie, admite-se também o pedido de restituiçáo em
dinheiro, isto é, a retirada de dinheiro da massa falida, fora do concurso de
ldeia é a mesma, rÍrn s o cumprimento da restituição se dará eor dinheiro, de
2.1.3.3 Valores gastos por terceiros de boaJé em atos declarados inelicazes
to similar a um pagânrento, porém, reitere-se, fora do concurso de credores.
geÍais, podemos afirmar que a restituiçào em dinheiro será possÍvel com,' ,.rcedâneo dbr
Além disso, é cabivel o pedido de restituição em dinheiro dos valores pagos pelos
pedido de restituiçáo geral, para o adianLamento de contrato de câmbio à exportação;' terceiros de boa-fé, nos casos de declaraçâo de ineficácia (Lei n. 11.101/2005 - art. 86,
para o ressarcimento de dinheiro gasto po( terceiro de boa-fé em atos declarados ineÍi-
lll). Nos casos de ineficácia previstos no art. 129 da Lei n. 11.101/2005, por não se exigir
cazes e para o caso de dinheto em poder do falido, sobre o qual ele não tenha disponi-
a prova de fraude, é certo que terceilos de boa-fé podem vir a ser afetados pelo reconhe-
bilidade (STF - Súmula 417). cimento da lneficácia do ato, Em câsbs como esse, colocar esse terceilo no quadro de
credores seria extremamente iniusto, por isso, optou-se por admitir parâ eles o pedido
de restituição dos va.lores entregues nos aros cuia ineficácia venha a ser reconhecida. Se
2.1.3.1 Sucedâneo do pedido de restiluiçáo geral
o ato é ineficaz. naturâlmente os valores gastos nào deveriam compor a massa falida e,
No caso da procedência do pedido de restituição geral, o autor deveria receber o por isso, serão objeto da resütuição em dinheiro.
próprio bem de volta. Contudo, em razão da demora ou mesmo de outros fâtores, pode
ocorrer que o bem não esteja mais compondo a massa falida, haverá a substituição do
bem a ser restituÍdo por dinheiro (Lei n. 11,101/2005 - art. 86, l). Nestes casos, o leque- 2.1,3.4 Dinheiro em poder do falido sobre o qual ele náo tenha
.ente receberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o disponibilidade
lespectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado, a fim de evitar qualque! enri-
quecimento indevido dâ massa. Por derradeiro, deve-se mencionar o pedido de restituição nos casos de dinheiro em
poder do falido sobre o .iLral ele não tenha disponibilidade. Em certos casos, por força da
lei ou mesmo por força de um contrato, o falido tem em suas mãos dinheiro, mas nâo
t€m a disponibilidade sobre ele e, por isso, será cabÍyel a restituição. Tal hipótese muito
se assemelha aopedido de restituição geral, mas por questões didáticas será tratada aqui
27. STI - REsp 57.036/RS, Rel. Ministro SÁIVIO DE UGUEIREDO TEIXETRÂ, QUÀRTÀ Tt RMA, iul- no pedido de restituiçlo em dinheiro.
gedo em l4-5-1996, D,f10-6-1996, p.20335.
Àssim, será cabível a restituição em dinheiro das cont buições previdencifuias des-
28. STI - REsp 47403o/RS, R€|. Minjstrâ NANCY ANDRIGHI, TERCEIRÂ TUR MA, iu.lgado em 28-9-2004,
Dl 3-ll-2tr04, p. 199. contadas dos salários dos empregados e não repassadas pelo empregador falido (Lei
PEDTDo oE RÉsrlrulçÁo E ÊMBARGoS DÉ TEBCEIBo 53
534 CL]BSO O€ DIAEITO EMPNESÂAIAL
aos valores
í\,8,21219L - art. 51, pârágrafo único)1'. Nesse caso, a lei estabelece a indis Sérgio Mourão Corrêa Lima também estende o pedido de restituição
entidades destinam essen
recolhidos a entidades de previdência complementars
do empregador sobre tais valores e, por isso, admite-se a restituição íora do q Tais se
previdenciário' nos termos da l-ei
credores. Registre-se, porém, que a restituiçáo nessa situação se limita aos va-lores cialmente a executar planos de benefício de caráter
possibilitaÍ uma renda àqueles
contados, nãr: abrangendo juros, multas c oLltlos encargos que se suj('itrrão à ordem Complementar n. 10972001, a ffm de complementar ou
pagamento entre os credoress. A restituição também será cabÍvel nos mesmos que contribuÍram. Elas se subdividem em aberta§, quando acessÍveis ao público em geral'
nem se submetem ao PÍoces-
I
para todos os valores relativos â tributos retidos na fonte, de descontos Je terceiro ou' ou fechadas, quando seu acesso é mais restrito. As últimas
sub-rogação e a valores recebidos pelos agentes arrecadadores e não re<:r,lhidos aos coí so falimentar (Lei Complementar n. 109/2OOl art 47) Já as primeiras (entidades aber-
-
públicos. tas) poclem vir condiçôes excepcionais, configurando uma hipótese de exclusào
a [aLir em
vez que o art 50 da
No caso do chamado "crédito consignado'i que representâ um mútuo plivado, relativà. Neste ca§o, não vemos a Possibilidade da restituição' uma
valores retidos pelo empregador devem ser repassados para o credoc vale dizec o e estabelece que os créditos dos participantes têm prefe-
Lei Complementar n. 109/2001
e tlabalhistas'
pregador nào tem mais a disponibilidade sobre os valores retidos. Desse modo, se rências, mas não Prevalecem sobre a preferência de créditos tributários
'
empregador falir será cabível a restituição dos valores já retidos e não repas§adosrr. Vale dizer, são credores e não Úhr.lares de direito à restituiçâo'
De forma similar, os valores recebidos pelas âdministradoras de consórcios
deverão ser ob,eto de restituição em dinheiro, fugindo do quadro de credores32
termos do ârt. g, § 5s, da Lei n. 1I.79512008, os bens e direilos adquiridos pela adminis- 2.2 Procedimento
tradora em nome do grupo de consórcio, inclusive os decorrentes de garantia, bem como
Em qualquer uma das hipóteses de cabimento, o pedido de restituiçáo será aiuizado
seus frutos e rendimentoE, não se comunicam com o seu patrimônio; não integram o
pelo titular do direito de restituição pennte o iuÍzo tâlimentâr' No direito francês' é es-
ativo da administradora; nào respondem direta ou indiretamente por qualquer obrigaçâo
tabelecido um prazo fatal d€ três me§es contados da publicação da abertura do Procedi-
da administradora; não compôem o elenco de bens e direitos dâ administradora, Para
mento concursal para o Pedido34. No Brasil, não há prazo especial pâra tal ação e' por
eíeito de liquidaçâo iudicial ou extra)udicial; e não podem ser dado§ em garantia de dé:
falência Embora tenhâm resultâdos
isso, ela poderá ser ajuizada até o fim do Processo de
bito da administradora. Por isso, os valores serão objeto de restituiçáo aos con§orciado§,
parecidos, o pedido de re§tituição habilitaçâo
ea de crédilo não se confundem e o even-
na medida em que não devem compor a massa falida.
tual pedido de habütação de crédito, ainda que anterior, náo representa uma preclusâo
Esta última hipótese podelia pôr em discussâo a orientaçio sobre a r€stituiçâo no
da Íaculdade de pedir a restituição3s.
caso do depósito bancário, Porém, reitere-se que a restituiçáo em dinheiro que se dis-
cute aqui é possÍvel porque a lei ou o contrato letira do falido a disponibilidade do Na petição inicial, caberá ao requerente fundamentar o seu pedido e descrever a
dinheiro. No caso do depósito de bens fungÍveis em geral, inclusive dinheiro, o§ arts. coisa reclamada, porquanto a partir do pedido fica suspensa a dispodbilidâde da coisa
até o tânsito em,ulgado (Lei n. 11.10U2005 - art. 91). Regularmente ajuizado,
o pedido
645 e 587 do CC denotam que o deposÍtário tem a disPonibilidade, afastando o cabi-
do ía-
mento da restituiçáo em dinheiro. Em todo caso, regisEe-sê que o Fundo Garantidor será autuado em sepa-rado e seguirá um Procedimento esPecial, com a intimação
lido, do Comitê, dos credoles e do administlador iudicial para que, no pràzo sucessivo
de Créditos (FGC) garante um pagamento de RS 25O.OOO,OO (duzento§ e cinquenta mil
reais) por CPF/CNPf oo caso de falência ou liqüdação extraiudicial de insütuiçôes de 5 (cinco) dias, se manÚestem, Yalendo como contestaçâo a manifestaçâo cont!ária à
financeiras associadas. restituição. Não há Previsão de oitiva do Mini§tério Público, o que, a nosso vet é reco-
mendável diante do interesse Público envolvido no Processo, no mesmo prazo de 5
(cinco) dias.
29. ST, AgnB no RE3p 757.780/Rs, Rel. Ministro M AURO CAMIBELL M.\RQUES, SEGUNDÀ
- TURMA'
)tigÃdo eín l? -12-20@, Dle 4-2-mrc.
CORRÊÁ LIMA, Sérgio Mouráo lnr CORR!À-LIMA, Osntrr Brinái CORRÊA LIMA' SéÍgio
33. Mourâo
30. STI - REsp 666351/SP, Rel. Minj3tlo LUIZ FUx, PRIMEIRÀ TIJT{MA, iulSâdo em l5-9'2005, D/26-9-
2(n5, p.207, REPD| 6-3-2mó, p. l8O. (Cootd,l,Coúentárto§ànovaleidcÍalêncíL.rccuPêrdçnodcctnP''sas'Rlodelàítciro:For€ns€'2009'P618'
31. S1' - RE§p 1342677lMG, Rel. Miniltro LUIS FELIPÉ SÁLOMÁO, QUÀRTA TURM,\, iulgâdo em 3,4. IANTIN Michêl; LE CANNU, Pâut. r/oir.otfirnercialten*êpt§esendifficulté' 7 ed' Paris:Dâlloz' 2007'
rO I 03 / 2020, Dlc M I 0A 20m. p.455.
32. ST, - REsp 410363/SP Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMÁ, iulge- 35. STI - REsp 410363/5B Rel. MinisEo HUMBERTO GOMES l)ll BARROS, TERCEIRA TURMÀ, Julta-
do.Í l8-+2(n6, Dl22-5-2006, p. 190. áo em 18-4-2ú6, Dl2l-5-2ü6 P. N.
536 i cuaso or orngro EMpFEsaarAL
PEDroo oç nEs l rcÀo -FacEtqo
E ÉMBAqcos DE i 531
3 Embargos de terceiro
Quando não couber pedrdo de restituição, os terceiros poderão lançar mão dos
embargos de terceiro (Lei n. 11.101/2005 - art.93), para impedir a apreensâo de bens l
pelo âdmioistrador judicial. Não se trata aqui de uma opção ao pedido de restituição,
mas de uma ação especificamente para evitar a entrada de bens para a massa falida,
similar à demanda de separação do direito italianoaT. O caso mais usual dos embargos
de terceiro será a defesa de um côn)uge que não quer y€r sua meação arrecadada pela
falência do outro,
A legislação prevê estranhamente legitimidade para o ajuizamento dos embargos
a
de terceiro pelos credores. Naturalmente, eles não são os únicos que podem Pretender
evitar medidas de apreensáo de bens que lhe pertençam. Por isso, deve-se fazer uma
interpretaçáo extensiva admitindo a legitimidade ativa para todo aquele que Possa ser
prejudicado pclas medidas de apreensáoa. De qualquer modo, os embargos deverão ser
ajuizados contra a massa füda, pelante o próprio iúzo falimentar, em razâo da força
atrativa que lhe é atribuída com a decretação dâ falência. Podem impugnar os embargos
os mesmos legitimados para se manifestarem no pedido de r€sütuiçâoae.
45. NEGRÃq Ricâ.Ído. Manual de di\lto @neftíal ê de cnpretd. S. ed" Sâo Pa'io: Sâraiva, 2l) t 0, v. 3, p. 517.
46. TEIXEIRÂ, Sálüo de liguehedo; TEI)GIRÀ, \[nÍcius de Figueiredo. In: CORRÊA-LI]VLÀ, Osmar Brinâ;
CORRÊÀ LIMA, sérgio Monrâo (Coord.). Con e ntários à ,tova let dcÍalên id ê rcêuperuçilo d.e .mpresds. Rio
de ]âneiÍo: Forense, 2009, p.623.
47. SÂTIÀ, Sâlvâtore. lstituzioni di diÍiüoÍdllirn rrale 3. ed. Rome: Foro ltaliâno, 1949, p. 243.
6' ed S^o
48. 6 50. BEZÊRRA FILHO, Manoel Juítino. Iel le lecuperuçlio de efipresas Ídlência|-cot1êntddA'
e
BEZERRA rII"HO Mánoêl Justino. ,Lei le r.cuperaçào de empresas e Íalêncids cot lenuda. ed. Sáo
Pâulo: Rêvista dos Tribuneir, 2009, p.212. í.,,r":nã"r"i"àÀ. fiiuunais, 2009, p. 212'2I3i ABRÁO, Carlo§ Henriqu. tn: ÀBRÃo, carlos H€nriquei
iÜ;#õ;il; ê. i"liiiái(cooia.J co^*utius à tei de recuperdçito de empresas eÍdténcid' 4 ed's^o
49. TEIXIIRA, Sálvio TEIXEIRÀ, \4nÍcius de Figueiredo.In: CORRÊÀ-LIMÀ, Osmar Brine;
de Figueiredoi
Pâulor Saraivâ, 2010, P 330.
CORRÊA LLVA, Sérgio Mourão (Coo!d.). Comenúrios à nova lei de Ídlêncid e rccuperaçilo de cmPresA! Rio
dc lanelro: For€nse, 2009, p. 636. 51, VASCONCELOS, Ronalào. Direito pracessualfdlimenar' Seo p^ulo: Quartier Latin' 2008' p 325
I
REALTzÂÇao oo ATIVo i 541
2 Formas de alienaçáo
26 REArtzAçÁo Do ATtuo Normalmente, a realização do ativo se dá pela venda da massa falida obietiva. Ocor'
re que a mâssâ falida é normalmente composta de vário§ bens, que podem ser vendidos
isoladamente ou em coniunto. Tendo em vista o princÍPio da preservação da empresa,
nossa legislaçáo dá preferência a formas de realização do aiivo que possibilitem a conti-
nuação do exercÍcio de atividades econômicas, isto é, nossa legislaçâo dí preferência, mas
não obrigâ, a manut.rnção da unidade de produçáo em íuncionàmento
Nesse sentido, t.r rrt. 140 da Lei n. 11.101/2005 menciona quatro íormas Pos§ívcis
1 Aliênação da massa Íalida de realizaÇao, estabelecendo uma preferência entre ela§, muito similar à existente no
( ) principal objetivo a ser direito argentinor. A preferência é pela alienação da empresa em bloco ou em unidades
buscado no processo farimentar é a satisfação do
maior produtiva§- Náo sendo possivel a alienação dessa forma, poderá haver a venda dos bens
número possível de credores dentro de uma ordem legal de preferênciar.
n""" ul""nç"a individuais também em bloco ou, não sendo possÍvel, separadamente.
esse objetivo, é natural e extlemamente importante a Éusca
áe bens pa.a vinculá-ios ao
pagamento dos credores. Nessa busca, estão inseridas as medidas Assim, a forma preferencial de realização do ativo é a'alienação da emPresa, com
de arrecadaçii,,, as aço.s
de responsabiüdade e mesmo as declaraçóes de ineficácia, com â yenda de seus estabelecimentos em blocoi A terminologia a/lenação de empresa é
os aiustes imp,,stos pelos
pedidos de restituição e peirs embargos de terceiros. com equivocada, na medida em que a empresa rePresenta a atiüdade econômica organiza-
isso, forma-se a rnassa falida
obietiva que, embora nâo seja administrada pelo devedor falido, da para a produçâo ou circulação de bens ou serviços para o mercado e não um con-
ainda lhe pertence.
junto de bens. Ela é trazida do direito francês2 e rePiesenta a venda de toda a massa
isso não basta; para o pagamento
.legal.Contudo,
de preferênc:ia,
dos credores de acordo com uma ordem
falida em bloco. A i(lrir é tentar manter a âtividade íuncionando, aindu que com outro
deve-se promover a cobrança das dÍvidas que o fâlido tinha a receber
i e também a explopriação dâ massa íalida. Esta expropriação titular Ademais, a reunião dos bens pode trazer consigo alguma valorização nessa
sàrá realizada com a trans_ alienaçâo, o chamado going concern varae, que representa uma exPectativa econômicâ
formaçáo da massa falida em dinheiro a ser utillzado para o pagamento
de credores ou da atividade em funcionamento3.
mesmo.com a adjudicaçiio pelos próprios credores. Em todá caso,
a expropriaçáo teÉ
como obietivo final o pâgamento ou a permissão do pagamento dos Em segundo lugaç deve-se buscar a alienação da emPresa, com a venda de suas
credores do falido
de acordo com a ordem lega.l depreferência, filiais ou unidades produtivas isoladamente. Essa alienaçâo da empresa (terminologia
Essa expropriaçâo normalmente é sequencial à apuração do ativo. Ressalte-se, equivocada, a nosso ver) terá Po! obieto o coniunto de determinados bens necessários
porém, à operaçâo rentável da unidade de produçáo, que Poderá compreender a transferência
que não há mais a necessidade de se aguardar o fim da apuração
do ativo para rniciar a sua
realizaçâo. Todaüa, em alguns casos, recomenda-se o Íim da apuração de contratos específicos (Lei n. 11.101/2005 - art. 140, § 3e)' À ideia, dessa forma, não
do ativo para que o
conjunto de bens esteia devidâmente formado. De qualquer màdo, é vender todos os bens, mas conjuntos de bens aptos a assegurar o exelcício da ativi-
á medida qui se realiza
o ativo, surgem os recursos necessários para o pagamento clo passivo dade econômica, tentando manter a atividade, ainda que parcialmentea. Às iustificati-
de acordo com a
ordem legal de preferência estabelecida para tanto,;bjetivo gerai vas aqui sâo as mesma§.
do processo falimentar.
O administrador judicial deverá, no prazo de 60 dias ap,rs a sua Nas duas primeiras formas, é possÍvel que, hclusive, haia a transferência de contra-
nomeação, apreseo_
tar um plano deta.lhado de realizaçâo dos ativos, inclusive cr)m a estimativa tos. Acreditamos, porém, que neste particular valem as regras do art. 1.148 do Código
de tempo não
superior€ 180 dias a partir da juntada de cada auto de arrecâdaçâo. Em outras palavras, Civil, que permitem a transferência apenas de contratos náo personalíssimos. Outrossim,
a partir de cada auto de arrecadação deverá ser apresentado no caso da locaÇão, acreditamos que a cessáo dependerá do consentimento do locador
um plano de venda, em .rté
60 dias, com previsão de prazo para venda nâo superior a 1g0 (Lei n. 8.245191 - art. 13), EspeciÍicamente no que tange aos contratos de trabâ.lho, os
dâs. À ideia aqui é, mais
do que nunca, maximizar o yalor dos ativos, tornando o processo mais
âgil, Na buscâ
dessa agilidade, a alienação não dependerá da consolidaçâo do quadro
geral de credores. 1., FÀVIIjR-DLEOIS, Ed]uatdoM. Co cutsos y q4irrr4J. Bueno§ Àjres: ÊrrePar, 2003, P 338.
A alienação dos ativos deve considerar o caráter forçado da venda e-a coniuntura
mercado no momento da yenda, mesmo que desfavorável, para estabelecer
do 2. JACqUÊMONT, Ànóre. Droit dcs êrlEêP ses en dlficrtlté.6, ed,Par's: l,itec,2009'p 429,
os preços a 3. CÀMPOS BATALHÀ,, Mlson de Souzai RODRIGUES NETTo, Nel§,,n; RODRIGUES NETTO, Sllvia
serem considerados para a venda. De todo, obedecido o pràcedimento
tegal, tendo em Mâriâ Labâte Batalhâ. Co mentd os à lel d,e rc.uperaçao iudicla.l de eúprcsds eÍaléncia.4. ed. Sâo Pelio.l:ft'
vista as próprias peculiaridades dessa alienaçâo, não se aplicará conceito 20ü?, p.zOL.
de preço vil,
permitindo-se a venda por valores inferiores e até a doaçãà dos
ativos arrecadados. 4. rACQUEMONT, Andre. Droit des enücprises en difrculú.6, ed. PÀtis: Litec, 2009, p. 429.
-]-rÍt.
BEAUzÀÇÀo Do aTrvo
: 543
542 i r:uaso oe ornerro EMpRESARIAL
ã;;il;;;i";' "ri.'r."ira;.
desde que realizada essa aProvaçâo' Ne§se seg\rndo'
a aprovação da
5. PE&IN rÚNtOR, É.io. Cu6o de direito Jalimentar . re.uperaçilo de errprssas. 3. €d. Sáo Páulo: Método,
2006, p,178. 8. MÂMEDE,Gladston.Dkeitoefiprcsalialbrusilei'o:falênciaerecuPereÇeodeemPresas.2.ed.sáoPau.
6. PROTq Cesere. Della vendita dellàttivo fallimentale. ln: DI PEPE, Giorgio Schlâno (Coord.). 1, /tnt o lo: Atlas, 2008, v. 4, P. 594.
Ídllldcntat. $onnato, Padovâ: CEDÀM, 2007, p. 445. g.BERNAIDI'Ricardo.tn:SoUzÀJÚMoR,Fta[ckcosátúodeipIToMBo,AntônioSéÍgiode
dos Trib unais,
7. MÀM!DÉ, Gtadston- Dircito erfipresarial brusiieilo: feléncia e recuperÂçào de emprlsas, 2. ed. São Pâu- Zrru nürioÉ à lei d's recuperalào d'e enPlêsas e Íalênc'd sao Pâulor Revistâ
lo: Àtlas,2008, v {, p. 586. "t".ã'ô-tai
2A05, p. 492
B,
544 ! cunso oe otnerro EMeRESARTaL
i{EÁLlzÁ+o Do arrvo : 545
ostâ, ou ao menos à classiticaçào entrc eles. De todo modo, deferida a venda direta,
5 Liquidação sumária: adiudicaçáo e venda direta aos crodores.,
dor adquirirá o bem e entregará pâra a massa falida o preço da avaliação. E§ses va-
Pela grande variedade de empresários que podem ser atingidos Pela íalência, em I loÍes serão empregàdos para o pagametlLo do pàssivo.
certrs situaça).s, a reaiização do ativo nenr sempre deve ser realizacLa do modo explica(q. I L)e outro lado, o dispositivo ainda prevê que o juiz podeÍá autodza! a adiudicação
Em r lgumas siluações, poderá haver a adjudicação pelos credores, ou mesmo uma venda i de bens pel:s credores. Essa adiudicação signifrca a imediata transferência do bem aos
dlrrta a eles. t)ara alguns autore'. essa liqr'ri<1àção sumária só será possível se abrangel credores pelo preço da avaliaçri, r. Se o valor do seu crédito for superior ao valor dos bens,
todos os bens arreca<laclosLs. A nr)sso ve! porriftr, es§a realizâçÀo ilrlediata do ativo pode eienàoteráquepagarnadr'i,',rvalorforinferi,)r,eleteráquedevolveradiferençapara
,rbranger a totalidade dos bens arrecadados, otr mesmo ape63s alguns deles!6, na medids I a massa íalida. Em todo ca.,,., sse credor rrio poderá ser beneficiado em detrimento de
em que o interesse .i()s credores será determinante ne§se cJ ii)' i outros credores, isto é, a adiLrclicação só poderá ser deÍêrida se nenhum credor meihor
Quando a massa faiida arrecadada é muito Pequena,
nio co§tunril ser razoável ter I c.lassificcdo ficar sem receber. Éssa exigêncla, que muitas vezes vai inviabilizar a adjudi-
vez que o processo (:rrstaria muiIo mais do que o cação, e necessária para que scia resgua.dada a igualdade entre os credores Emsuma,a
todo o trâmite Processual normal, uma
benefício auferido. Nesta situaÇão, o alt 111 da l'ei n 11' 101/2005 afirma que o iuiz I adjudicação só será possÍvel-quando feita Por todos os credores, ou ao menos pelos
poderá aulorizar os credores a adquirir ou adjudicar, de imediato, os bens arrecadados, credores mais privilegiados ou r nda quando o adjudicante depositar em juÍzo os valores
pelo valor da avahação. Trata-se de uma espéciq de liquidacào sumária que se mostra I
que seriam recebidos pelos credores mais privilegiados que ele.
extremamente ÍazoáYel. I Também haverá liquidaçâo sumária nos casos de falência frustrada, mas, nesse caso,
No direito espanhol reíormado, admite-se a figura da liquidação anteciPadâ exclu- I com venda dos âlivos de forma acelerada (30 dias para bens móveis e 60 dias para bens
sirzmente a pedidà do devedorlT. No Brasil, não se i(lentitica quem poderá requerer essc
1
I imóveis).
liquidação sumária, mas acreditamos que qualquer interes§ado poderá ter a iniciativa.
I
Para permitir essa liquidação sumária, o juiz det'er'r r[entar aos interesses da massâ
i
6 Venda imediata
falida e aos custos do processo, tentando fazer algo que seja o mais eficiente possÍvel. Tal
opção nâo deve gelar prejuÍzos, nem custos exagerados no processo Todavia' não é só
I
Alérrr da aquisiçâo imediata pelos credores, é possÍvel também uma venda imediata
lsso, o luiz também deverá atentar Para o interesse dos credores na adiudicaçào ou even- aberta ao público. Por questóes de benefÍcio para a massa falida, certos bens podem ser
i
tualmente na compra direta dos ben§. Em todo caso, a decisão do
juiz pressupôe â oitiva alienados imediatamente. Nesta situação encontram-se os bens perecíveis, os deteriorá-
do comitê. se houver, mas seria recomendável a abertura de prazo para os credores se I veis, os sujeitos à desvalorização, os de conservação arrÍscada e os de conservação dis-
I
inanifestaremrs. i pendiosare. Os bens perecíveis são aqueles que perdem suas carâcteristicas e substância
A lei determinâ ainda que o iuiz atente para a regra de classificaçâo e preferência se nâo forem utilizados dentro de certo prazo. De outro lado, sào bens deterioráveis
I
entle os credores. Essa deteÍminaçâo não inviabiliza a realização da liquidação sumária' aqueles que podem perder sua uti.lidâd(', como os outros Produtos com prazo de va.lida-
mas apenâs tenta resguardar a igualdade entre os credores Em outras Pâlavras, essa
li- I
de qurse encerrado. Além disso, são benr suieitos à desvalorização aqueles que se tornam
quidaião sumária não poderá gerar resultados Piores Para os credores do que ocorreria obsoietos rapidamente, como os computidoles de uso pessoal. São bens de difícil guar-
com a alienaçáo normal da massa falida.
I da os bens que enseiarão muitas desPesas na sua conseryação, injustiÊcáveis dentro da
julzo Se houver perspectiva de um processo falimentar Por frm, são de conservaçáo arriscada aqueles
Nos casos de venda direta, o credor interessado fará a proposta em
i que trazem riscos de seguranÇa (exPlosâo, poluição...) ou mesmo que atraem a cobiça de
concorrênciâ entre vários credores, o iuiz deverá dar preferência àquele que fez a melhor
margiÍrais.
I
Pelas dificuldades inerentes a sua guarda, os referidos bens Podem ser vendidos
I
SZTAIN, Râ.hel; FRANCO, Ver Hel€na de Mello F4lêficia e recuPer^çilo dd efftprcsd em crise Seo antecipadamente pelo administradoÍ iudicial com autorizâção judicial, ouvidos o comitê
15.
Pautor Campus,2008, P I84, e o falido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas (Lei n. 11.101/2005 - art. 113). Não há
16. MAMÉDE. Gfãdsto n Dieito erfiPresdlial brasileiro: Íelàíci' e rccuperaçâo de emPresas 2 ed Sáo i preyisão de oitiva do Ministério Público, mas, pelas razÕes já expostas, acreditamos ser
Paulo: Adas, 2008, v. 4, P. 578 i recomendável também a manifestação do parquet, dentro desse mesmo Prazo.
ez' La reÍorma de la ley concu$all
17. GONZÁIEZ, losé Ànlonio Garcla-Crucesi SÁNCHEZ, ,áYieÍ lóp I
una prlÍner. lectura d€l Real DêcretoJey 3/2oog Madrid: Araízadi' 2009' P 145'
Henrique; TOLEDO Paulo F C Salles de (Coord Cone'- ) 19. NÉGRÂO, Rlcerdo, Manudl de direito comelcidl e de emprcad. 5. êd.. Sào Paulo: &raiva, 2010, v 3, P
18. TEPEDINO, Ricârdo, Ín: ÀBRÁÔ, Carlos
tátios à lei de recuPeraçao de emptesas eÍ\Iêhcia.4 ed Sâo Pâulo: Sârâ1vâ' 2010' P 4l3' I 500-501.
I
I
\*Et-,
I
A pri[cípio, os bens em questão devem ser vendidos imediatamente, atendendo I
te a atividade pr)deria prosseguir. Outrossim, a sucessão diminuiria o número de interes-
ao próprio obietivo dc maximizaçáo dos ativos do falido, náo enseiando maiores ques- i
sados ou mesmo inviàbilizaria a alienação. Assim, pelo interesse dos credores e da própria
tionànrentos. Contudo, o falido ou outros que devem se manifestar podem questionll.q j
atividade é qLre se atâsta a sucessão do adquirente. Todavia, para eritar que pessoas de
venda, alegalldo a instrLrmentalidade de tais bens, que poderão facilitar a contimraçáo do
l má-fé se beneficienr dcssa nâo responsabilizaçáo, haverá sucessão em todas as obrigaçôes,
negócio, seja pela reforrna da decisão que decretou a falência, seia pela alienação em
bloco da massa Íalida. Em tod,) caso, caberá ao juiz, atentando aos intoresses da Íalência, I no caso ".m que paircor suspeitas sobr. r relaçào do,rdquirente com o falido.
a decisão sobre a venda imediata dos retêridos bens, a qual obedecerl ao procc(limentô Assim, h.rverá sucessão em todas as obrigações se o adquirente for sócio dr jocie-
I
geral para venda de bcns que <:ompôem a massa falida!t'. j dade fa.lida, pr)Íquanto, embora seja uma pessoa distinta, há claro vÍnculo <lue p,,e sus-
I
peitas na âquisição. De modo simi[âr, também haverá sucessão se o aclquirenre Íirr sclcio
minoritário em sociedade controlada pelo falido, pelas mesmas razôes. Nesses dois casos,
7 Ausência de sucessão dos adquirentes I
I
há muita dificuldade em separar o t'alido desses âdquAentes e, por isso, houve,se por bem
I estabelecer a sucessão, o que na prática representa uma medida proibitiva da aquisição
Ém qualquer das modalidades de alienação da massa falida, os üdqúrentes nii, , devem I
ter responsabilidade pelas obriqaçóes do falido, sob pena de não atrair nenhunr interes- por tais suieitos.
sado para essa aqüsiçáo. A venda dos bens nesse caso é tornada mais atrativa, na medi- I
I Na mesma linha, tambem haverá sucessâo se o adqürente for parente, em linha reta
da em qu€ eliminâ qualquer direito dos credores sobre os bens, havendo a sub-rogação I q 4t (quarto) grau, consanguÍneo ou afim, do devedor ou de s,i, io da
ou colateral
desses direitos dos credores no produto da realização do ativo (Lei n. 11.101/2005 - art. I "15
I sociedade devedora. O parentesco pode dizer respeito ao próprio devedor falido ou a
141). Eles só podem fazer recair seus direitos sobre esse resultado obtido. I
qualquer sócio, mesmo que minoritário da sociedade falida. O vinculo de palentesco traz
Dcntro dessa perspectiva, não haverá sucessâo do rrdquirente em relaçào a quaisquer
obrigaçóes do falido, nem tributárias, nem trabalhistàs, mesmo que a venda se refira i consigo também a ideia de proximidade e consequentcmente põe alguma suspeição sobre
I
apenrs a bens isolados (Lei n. ll.l0ll220' - art. 141, II). O Supremo Tribunal Federal, a aquisição e, por isso, é estabtiecida a sucessáo. Embora não se mencione expressamen-
no julgamento da ADin 3.934, acabou concluindo peh perfeita constitucionalidade do I te o cônjuge, é natural que ele r.rmbém seja atingido pela regra da sucessào, bem como o
referido dispositivo, assevcrando que, I
companheiro ou companheira2z,
I Por derradeiro, prevê-se a sucessâo quando o adquirente for identificado como
Por essas râzôes, entendo que os â!ts. 60, parágrafo único, e 141,It, do texto IegEI I
agente do devedor com o intuito de fraudar a sucessâo. Obviamente, qualquer intuito
em comento mostÍam-sc constitucionalmente higidos no aspecto em qúe estab€- I
fraudulento deve ser vedado e, por isso, é estabelecida a sucessão quando houver esse
lecem a inocorrência de sucessão dos créd.itos tra balhistas, pâÍticularmente porque I
intuito. Todavia, a prova dessa intenção é muito dificil, logo, deve-se tentar identificar
o legislador ordinário, ao concebê-los, optou por dar concreção a ddterminados I na postura do adquirente em que interesse ele está agindo. Se ele estiver agindo no inte,
valores constitucionais, a saber, a liwe iniciativa e a função sociâl da propriedade -
I próprio faliCo ou de qualquer um dos mencionados acima, deve-se considerá-l,r
resse do
de cuias m"]nifestações a empresa é uma das mais cónspÍcuas - em detrimento de I
um agente do falid<l e impor a sucessão nesse caso,
outros, com igual densidade axiológica, eis que os reputou mais adequados ao
I
tratâmento da matéria2l. Nestes casos, o ST)23 e o STFZ têm reconhecido que a competência para decidir s,,
I
há ou nâo sucessâo é do juízo da falimentar, uma vez que o objeto da discuss;io são ape-
I
Mesmo em relação às penalidades pecuniárias decorrentes da Lei ít, L2,84612O13, nas os efeitos dessa alienação e náo a eventual responsabilidade. Mesmo em obrigaçóes
não há como se cogitar de sucessáo (Enunciado 104 da III lornada de Direito Comercial). I
trabalhistas, não se discute eventual responsabüÍdade, mas sim efeitos da alienaçâo e,
I
Cuida-se da mais clara aplicação dos princÍpios da função social e da preservação portanto, a competência será sempre do juízo falimentar
I
da empresa, na medida em que, com o estabelecimento de alguma sucessão, dificilmen-
i
I 22. MÀMEDÊ, Gladston. Diteito emprcsd dl brdsileiro. íalência e recuperâçào de êmpresâs. 2. ed. São
20. RIBEIRO, Márcia Carla Pereiír. tn: CORRÊÀ-LIMÀ, Osmar Brinai CORRÊÀ LIMA, Sérgio Mourâo Parrlo: Âdas, 2008, v.4 p. 59L
I
(Coord.l. Caftefiürios à hovd lei deíaléncia e rccupe%ção de emprcsds.Rio de )âneiro: Forense. 2009, p, 835. 23, SÍl - CC 6l272lRl, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGT NDA SEÇÃO, jutgedo €m 25-+2m7, D/
21. STF- - ÀDÍ 3934, R€lÂtor(â)r Min. RICÀRDO LEWÀNDO\íSKI, Tribunal Pleno, iulgado em
Pleno I
25-62W, p.213.
27-5-2N9, Dle-2og,Di\tulg. 5-11-2009, PubLic. 6-11-2009, Emen!. V 2381-02, p,374. I 24. STF - Pleno - RE 583.955/Rl, Relaror Ministro RICARDO LEVANDo!íSKY, i. êm 29-5-2009,
I
550 i cunso oe ornetÍo EMeBESAnTAL
8 lmpugnaçóes
Em qualquer uma das modalidades de realização do ativo, poclerâo ser aprese
impugnaçôes por quaisquer credores, pelo devedor ou pelo Minrstério público, ap
27 PAGAII'EIIITO DO PAS§IUO
do qualquer ilegalidade na alienação, como a aquisiçáo por alguém que não poderá
participar da realização. Há quem admrta a impugnaçâo por qualquer intere*südo
um licitante que não saiu vence.lor25. Embora não conste express,rmente essa po
dade, acreditamos ser possível a impugnaçâo desses terceiros âf)enas no !lue t rrl]ge
a
matérias de ordem pública.
Tal impugnação deverá ser apresentada no prazo de 48 (quarenta e oito) hor65 dx 1 A ordem de pagamento
arremataçâo. Caso as impugnaçóes se fundamentem no valor obtido na ali()nação do
bem, só será admitida e processada se estrver acompanhâda de uma oferta vin,,ut"nt" àã À medida que se rerliza o ativo, o administrx.ior ,udicial Passa a ter recursos dispo-
realização
p!óprio impugnante, ou de terceiros, por valor pres.:nte superior ao valor de v. nda. Além níveis para efetuar os Paliamentos (levidos. Todavia, os recursos obtidos com a
disso, edge-se o depósito de uma cauçáo de 10% do valor da oferta, para ref.)rçar a se- do ativo dificilmente serào sulicientes para pagar todos os credore§' Àssim,
o pagâmen-
riedade da proposta. Havendo várias impugnações no mesmo sentido, discutindo o valqr to deve obedecer a uma ordem de preferência§ legalnrente estabelecida, com o intuito de
da venda, só seguirá aquela com maior valor oferecido. privüegiar aqueles créditos que gozam de maior importância tissa ordem, porém' é ob-
Feita a impugnâção, os autos serão conclusos ao juiz que, no prazo de 5 (cinco) dias, )eto de grandes controvérsia§.
decidirá sobre as impugnaçóes e, julgando-as improcedentes, ordenará a enkega dos beur Nô direito italiano, a ordem será: ( I ) créditos extraconcursais @redudícibili\; (2\
ao arrematante, respeitadas as condiçôes estabelecidas no edital. Da decisão do,uiz nes- créditos com garantias ou privilegios (PreLazione); e (3) créditos quirografáriosl' No
§as impugnaçôes pode ser interposto recurso de agravo de instrumento, pelas regras direito francês, a classificaçáo dos credores é diferenciada em relaçáo aos próprios bens
normais do do CPC. No caso de uma impugnação sem fundamentos razoáveis, que que tenham sido alienados2. No Brasil, apes.rrdo art. 149daLein 11 101/2005' a ordem
alega vício na alienação, o juiz deverá considerar tal impugnaçáo ato atentatório ii digni- áe pagarnento será: (1) extraconcqrsais (art u4); e (2) concursais (art 83)' na ordem dos
dade da justiça, aplicando as penas previstas no CPC para tal tipo de comportamento. respectivos artigos. Apesar disso, surgcm várias controvérsiâs'
Essa hipótese se justifica apenas de uma impugnação completamente desarrazoada, se Desde a Lei 14.112/2020, todos os créditos prioritários e as restituiçóes em dinheiro
houver razoabilidade na impugnaçáo, nâo há o que ser punido. forâm inseridos entre os extlaconcursais, no sentido de que tais c!éditos não entram no
quadro 8era.l de credores (concursais),
Apesar do texto do referido di§Positivo, Fábio Ulhoa Coelho, Porém, l,:ntende que'
pela necessidade do Proces§o, os extraconcursais deveriam ser Pâgos em Primeiro lugar
pu"sando a" restituiçóe§ em dinheiro para o segundo lugaC' Ocorre que existem ainda
no§ termos dos arts. 150 e l5I da Lei l 1 101/2005'
iagamentos que devem ser anteciPcdos,
ÀÃador Paes de Almeida coloca em igualdade tle condiçóes com os extrac('ncursais os
créditos do art. 1514.
Embora reconheça a exi§tência dessas anteciP rÇóes, Joáo Bosco Cascardo Gouvêâ dá
prioridade total aos Pedidos de restituição em dinhcrro, res$ltando que o§ pagâmentos dos
(Coord ) /I di'
I VIGOTTI, Franco. Lâ riPartizlone dellâttivo failimenta.e. lm DI PÊpE, biorgio Schiano
ittoÍallifiütar. tíÍorrnaúo Padovs: CEDÀM, 2007, P 465.
2. 2009, P 482'
,ACQUEMONT, An &e. Droit de| ehteprhet er1 difrculté.6. ed. P..is: Lite.,
3. coELHO. Fábio Ulh oa, Cofienü as à nord lei deJahncins e recuPeraçâo de emprusds Sao Paulotsatài'
25. CÀMPOS BÂTALHA, Ml6on de Souzâ; RODRIGUES NETTO, Nelson; RODRIGLIES NETTO, Süviâ vâ,2m5, p. 382.
Maria Lâbate Batalha. Comentá os à lci de recupercçã.a judicidl de êtfipresdt eÍdléhêid.4. ed. Sâo Pzúlo ufr, 4. ALMEIDA, Amado t Pzes de. Cufto de Íaléhcla e rccaperuçào d'e et'lprêsas' 25 ed sào Paulor Sarâiva'
2@7, p.205, 2@,p,279.
CUBSO OE OIFEIÍO EMPBESÂRIAL Plcrunrro oo easslo i 553
créditos dos arts. 150 e 151 não poderão ser feitos em detrimento
dessâs por delradeiro, devem ser Pagas as obrigaçóes do falido consolidadas
no quadro
I
Francisco Sátiro de Souza Jr. e Sérgio Campinho6 têm entendimento
de credores, na ordem Prevista no
art. 83 da Lei n. 11.101/2005. A ordem de prefe'
simil
condicionam as antecipações à existência de recurso s suÍicientes para conta a imPortância e a circunstància
o estabelecida no referido artigo leva em
das restituiçóes em dinheiro e dos credores extraco ncursais. nte para o Pagamento de todos os credores
De outro
t, nte usual de que o ativo não seú suficie
autoresT afümam que o pagamento do passivo deve começar pelo do fa.lido, devem ser pagos os
p seja Pos sível o pagamento de todas as obrigaçôes
litálio dos créditos previstos nos arts, 150 e 151 da Lei n. 11.101 /2005, posteriores à decretaçáo da falência
(Lei n. 11.101/2005 - art. 124). Se ainda sobrar
após
tuições em dinheiro, os créditos extraco ncu!sais er devolvido ao falido
valo! esse sâldo remanescente deverá s
::'"',',':ü:':::?ffi
mesma lei,
ri:
quadro geral de credores na ordem p revista
nâ
no art
rccúpetató os.Potto t\le8re: Livrarie do Advogado,2OOS, p. 289; SZTATN, Râchêl;EnANCO, Vera Hê- 2005, p.551.
lenà.de Mello. Faléncia e recúperaçito da empÍesa em crise. Sâo patr/to: Câmpus, 2008, p. umâ visào generelistâ ln: PÀIVA' Luiz Fernân-
199i MAMEDE, 9. SIMÀO flLHO, Àdâlb€rto Fâses fâlenciâl e Pós falenciâl: Sao Patrlol
Glàdstoí. Direito enlpresa al brasireirot Íerêícra e recuperação dê empresas. 2. ed. sâo pãulor (Coord.) Direlto e d ;ova lei de lalências c riuperdçdo de ênPrcsdÉ
Allas, 2008, do vetente de fdlimentat
y.4,p.597.
Quarh€r Latid, 2005, P 541
PAGAMET'Íro Do PAssvo ! 555
554 CiJRSO O€ OIBEITO EMPEESAFIAL
sos suficientes, as restituiçóes também cederáo lqgar aos pagamentos antecipados do Contudo, alguns fornecedores continuam mantendo relaçóes e, por isso, são dignos
150 da Lei n. 11.101/2005.
dessâ proteção especial, numa eventual falência do devedor. Também entram nessa po-
Os yalores restituIdos devem ser deüdamente atualizados, uma yez que sição os atos jurakos válidos praticados g.pós a decretação da falência. Se nâo fosse dado
a cor reçâo
monetária nâo lepresenta acréscimo, mas simples recomposiçâo do poder aquisitivo esse privilégio, ninguém praticaria tais atos.
da
moeda corroldo pela inflação (STJ Súmula 36). Não haverá, porém, a incidência
- de
iuros nessa restituição, uma vez que os iuÍos representariam um crédito que deverá sg
submeter ao concurso de credores. Outrossim, se os yalores disponÍveis n âo forem
sufr_ 2.6 Auantias fornecidas pelos credores
cientes para pagar todas as restituiçóes, deverá haver um rateio entre o§ credores"
Em
todo caso, não vemos a possibilidade de aplicação do a!t. S2g, § 1e do C PC/2015, O sexto lugar entre os extraconcursais é ocupado pelas quantias fornecidas pelos
diante
da especialidade da legislação falimentart3 credores à massa falida pelos credoros. Por vezes, o andamento do processo, em especial
a busca de bens, depende de providências que preóisam ser imediatamente pagas e nem
sempre há recursos disponÍveis. Neste caso, algum credor pode fornecer quantias para
Adninistrcdor judicial, seus auxiliares, membros do comitê empregados da a massa falida para essas providências. Tais valores deverâo ser restituidos aos credores
massa no segundo lugar entre os extraconcursais.
2.5 Negócios firmados pelo devedor durcnte a rccuperação judicial finais do processo como créditos extraconcursais nos processos em que ela seja vencida.
Os honorários de sucumbência nesses processos também se inserem nessa categoria. Se
Mais uma vez, numa lógica de proteção a quem forneceu produtos ou serviços, a massa falida foi parte de processos e foi derrotada, ela deverá arcar com esses pagamen-
inclusive dinheiro, ao devedor durante a recupemção, dá-se uma preferência a esse tipo tos, A preferência aqui não diz respeito ao andamento do processo de falência, mas ao
de suieito, para que esse fornecimento exista. Se o devedor está em recuperaçâo judicàl, andamento de outros processos que também podem ser fundamentais na cons€cuçâo
o risco é muito alto para quem fornece. Assim, é mais fácil, parar esse fornecimento. dos objetivos da falência.
13. TEIXEIRÀ, Sálvto de Figueiredoi TEIXEtRA, Vintcius de Figueiredo, In: CORRÊÀ-LIMA, Osmar Brinaj 14. NEGRÂO, Ricardo. Maiual de direito comercial e de empresa. S. ed. Sâo Paulo: Sa.aiva, 2010, v. 3, p.
528i ARAÚ,O, José Frâncelino de. Comentários à lei de Íaléficlas e rccuperaçáo d,e emprcsas. Sâo Peulot Sa-
CORRÊA LIMA, Sérgio Mourào (Coord.). Corn e ntátlos à nova lei deÍelência e Íecupetuçào de empresas. Rio
íeive.2009. p. l90i SZTAJN, Râchel; FRÀNCO Vera Helena de Mello. FaICr cií e Íecuperdçiio da ethpresa em
d€ ,aneiror Forense, 2009, p. 628.
úrÀe. São Peulo: Cempus, 2008, p, 49,
558 j cunso oe ornrrro EMpREsaRtaL Prcaveuro oo plssvo I 559
ordor falido (CF/88 - art. 7e, XXV ), as quais independem dos benefícios deúdos
Obúamente, nada impede que a massa falida requeira a gratuidade pelo
de iusüçârl "que
cando dispensada desses pagamentos. Ocorre que, nesses casos, será 19 da Lei n.8.213ig1 define o acidente de trabalho como aquele ocor-
necessária a íNSS. O
da impossibilidade de fazer frente aos custos dos processosr6. A simples ".,. emPresa, Provocando lesão corporal' pertur-
re pelo e*ercÍcio do trabatho, a sewiço da
faléncia não faz presumir a dificuldade. Nesse se ntido, o STJ afirmou que,
.iá Laiao frlnciot ou doença que cause a morte ou a perda ou redução' pelmanente ou
"l o trabalhoi Se nesses acidentes o empregador agiu com
temporária, da capacidade Pâra
[...] tratando-se de massa falida, não se pode presumir pela simples quebr.a q$a: ut" r"ta oUtigado a indenizar o acidentado e esse crédito ocupará o Primeiro lugar
6 "utp",
do de miserabilidade ju!Ídica, tanto mais que os benefÍcio. a" quu poau
go"., no quadro geral d€ credoÍe§.
'massa falida'já estào legal e expressamente preyistos,
dado que a massa ialida "é Em igualdade de condiçôes com os créditos decorrentes de acidente de trabalho
decor!ência exatamente não da 'precária' saúde Íinanceira (passivo superior estáo as o-brigaçóes Úabalhistas, sei4m as verbas de natureza
salarial ou de natureza
ao
até o limite de 150
atiyo), mas da própria 'fa.lta' ou 'perda' dessa saúde financeirarT, indenizatórial Tals c!éditos, porém, só ocuparão o Primeilo luga!
do
,.Iário, -lni-o, por trabalhador, descontando-se inclusive o Pagamento Prioritário
mÍnimos deve-
,.,. tSf a, I-ui n. i1.101/2005". Assim, o que ultrapassar os 150 salários
rá ser classificado como crédito quirograíário O valor do sâlário
mÍnimo Para esse
2.9 outms dívidas da massa falida efeito será o do dia do efetivo pagamentorq.
pelo
Tal limite, embom taxado de injusto por algunsm, foi considerado constitucional
Porderradeiro, em nono lugar €stão as obrigaçóes tributárias relativas a fatos
Supremo Tribunal Federal, uma vez que
geradores ocorridos após a decretaçâo da falência, porquanto a obrigação nesse
caso
é da massa falida e não mais do falido. pela aplicaçâo do art. 187 do CTN, deverão
ser
pagos pllmeiramente os tributos federais, depois os estaduais e por último os [.., ] náo há aqú qualquer perda de direitos por parte dos traba'lhadores' porquanto'
munici-
pais. Havendo concorrência entre obrigações tributárias e atos válidos praticados independentemente da categoria em que tais créditos eEtejam classificados' eles
na
falência ou na recuperâçâo judicial, deve ser respeitada a ordem estabelecida no art. g3 nào deixam de existir nem se tornam ineúgÍveis Quer dizet os crédito§ trabalhis-
da Lei n. 11.101/2005, pela própria diversidade das obrigaçôes aqui previstas, tas não desaparecem pelo simPles fato de serem convertidos em
quirografários'
mas apenas perdem o seu caráter preferencial, não ocorrendo'
pois' nesse a§Pecto'
3.1.1 Equiparados
3.1.2 Honorários de profissionais liberais
Certas leis especiais preveem equiparaçóes aos créditos trabalhistas.
Nesse sentidoj Situação um pouco mais complicada é â dos honorários devidos a advogados. Em-
a Lei n. 8.844/94, em seu art. 2e, s 3e, aÍirma que os créditos da
Caixa Econômica Federal boÍa não haia vínculo empregatÍcio na situaÇão, os honorários advocatÍcios também
relatiyos ao FGTS devido pelo empregador são equiparados aos
créjitos trabalhistas. possu€m natuleza alimentar, sejam contratuais, sejam sucumbenciais,T. O próprio STf já
Ora, tais créditos, em última análise, são verbas desiinadas
u*p."g"do.. e.ri;,-lu;; reconheceu essa natureza alimentaç mêsmo que os honorários sejam devidos a socieda-
se precisaria falar na equiparaçáo nesse caso. "o,
des de advogados'?s. Em razão dessa natureza, Gladston Mamedée defende sua equipa-
Também são equiparados os créditos refelentes à remunelação
dos represeltantes raçáo a salários, inclusive para fins de preferência em processo falimentar. A maioria da
comerciais! (Lei n. 4,886165 - âÍr- 44), dada sua semelhança com as doutrina aÂrma que os honorários advocatícios devem se! classficâdos entre os créditos
verbas trabalhistas.
Tal equiparação é criticada por Sérgio campinho, que afirma
a necessidade de leis com- dotados de privüégio gera.ls. A mençâo a privilégio sem especi.ficar bens seria suffciente
plem€nures pa-ra tais equiparaçóes, dada a situação dos créditos
tributáriosi.. Embora o para o enquadramento na categoria do privilégio gerat.
privilégio dos créditos trabâlhistas efetivamente seia atribuJdo por
lei complementar, a À divergência se refere à interpretação do art. 24 da L€i n. 8.906/94, que afirma que
natureza de crédito trabalhista é fixada por lei oldinária. por issà,
entendemos perf"iia- o crédito de honorários advocatÍcios constitui crédito privilegiado oa falência. A defini-
mente lÍcita a equiparaçâo, embora acreditemos que ela deveria ser
revogada. ção dessa explessão crédito privilegíado é que enseia a dúvida na classificâção dos hono-
Também entram na mesma categoria os créditos referentes a pensões rários advocatícios. O melhor seria que a própria lei identiÍicasse que tipo de crédito é
alimentlcias,
polque sua natureza alimentar permite a equiparação a salários.
Esfecificamente, no que esse, mas não o fez. Nesse caso, cabe ao intérprete classificar esse crédito.
tange às pensões, o silêncio da Lei n. r1.101/2oos deve ser interpretâdo
I
como a não re- O ST/ pacificou seu entendimento, em sede de recurso repetitivo3', no sefltido de que
petiçãodâ orientação do revogado Decretolei n. 7.661/45,
ou sejal tais obrigações passam os créditos resultantes de honorários advocatÍcios têm natureza alimentar e equiparam-
a ser exigÍveis, apesar das crÍticasrs. Aqui, estamos falando
não só das pensôes decorren_
tes de vínculos familiares, mas também daquelas decorrentes
de atos iiÍcitos. A condição
de crise do devedorpode ensejar a redução ou a extinçào
da obrigação de pagar a pensão, 26. STI - REsp r79041/P(, ReL Ministrâ NANCY À\DRlGHl. TERCEIRÁ TURMA, julgado €m 2,+2019,
mas apenas para o futuro, Dle 4-4-2019.
Os créditos de pensão alimentícia 27. ST, - EREsp 706331/PR, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL, iulga-
_ iá existentes serâo exigíveis e equiparados aos
créditos tnbalhistas, em razão de sua natuleza alimentar Assim, ô.o er 20-2-2008, Dle 31,3-2008i STF - 41 732358 AgR, Relator(a)r Mjn. RICARDO LÊIíANDO!íSKI,
ti
"sobre valores que ostentam indubitáv€l naturezâ iá decàiu o SfJ que, PRTMEIRA TURMÀ, iulEaÀoer 30-(-2co9, Dle-157, Div'lls. 20-8-2009, Public. 2l-8-2009, Ement., v 2370-
alimenta, pois se referem à pensão t5, p.3134.
fixada em decorrência de perda definitiva da capâcidade laboral do
recorrido, deve ser 28, STI - REsp s6619o/SC, Rel. Ministrâ NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMÀ, julgado em 14-6-2005,
Dl 1L7 -2ú5, p. 514.
ti
29. MAMEDE, Gladston, Direito empresa dl brasileirot lÉ'lênciâ e rccuperaçâo de emplesas. 2. ed. Sáo
v 4, p. 553.
Pâulo: Atlas,2008,
30. NEGRÁO Ricardo. Makua] dê ilielto comercial e de etfiprcs4. 5, ed,. São Peulo: Sârâivâ, 2010, Í 3, p. 575i
ÀRAÚO,,osé Frôncelinode.Comentá os à lei deÍalên.ias e recqerdgâo de emp[sai. Sáo Pador Sârâivâ, 2009,
p. r85i CAMPOS BÀTALHA, Wilson de Souza; RODRIGUES NETTq Nebon; RODRTGUES NETTO, Sílvia
22. CORRIA LIMA, Sér8io MouÍào. tnr CORR!^_LIMA, Osmar Brlna; CORRIA
LIMA, SéÍgio Mouíào
l Mada Labate Batalha. Come,táríot à lei de rccuperaçda ludhial de enfiadt eÍalárcla.4. ed. Sáo Pâulo: LTr,
(Cooú.), Comentários à nova lei deÍ4\ência e ftcupetuçào
* emptesas.Rio de Janeiro: ForeÍr6e, 2009. p. 538. 2007, p,136 COELHq Fàbio Vlho6. Comettátlos à nora lei deÍalé cias e Íêcupéraçào de emprcsas. Sàogsúo
23. NEGRÁO, Ricardô. Manaa! d. dircito comercial e de empresa. s, ed. Sâo pâulo: Samtvâ, 2010, v. 3,
Salaiva, 2005, P. 226; SZTAJN, Rachê! ERÂNCO Vere Hêlenâ de Mello. Fará, cid e recüpêraçAo dd empÍ.sd em
p,561. crÀe. Sâo Pâüo: Câmpus,20O8, p. 46; SOUZÁ fR., FÍâncisêo Sátlro. ln: SOUZA Tt NIOR, Frâncisco Sátiro de,
PITOMBO, Aotônio Sérgio de A. de Moràes (Coord.1. Comêntários à Lei dercc pefiçâo de etfiprêtat elalência.
Falência e Íecuperaçào de ehpresd,.. o oovo
ed. "
,a1ll]\rols*gto.
11. Rio de,aneiro:
Renovar,2008, p.4O9.
rcgime de insolvênciâ empre6eriâ1. 3. Sáo Paub: &evista dos Tribunais, 2005, p. 363t CAMPINHO, Sérgio, fdlérrc ia e re.upcra,çio de emprcsat o novo
I rcgime de insolvênciâ êmpresâriâI. 3. ed. Rio de Jâneiro: Rênova! 2008, p. 416.
25. COELHO, Fâbio Ulho?.. Cornentáfios à noea ki deÍaléh.ias e reêuperado
rEivã, 2m5, p. 34.
de emprcsas. Sàopaslot Sa- 31. sTl - REsp 1152218/RS, Rel, Ministro LUIS FELIPE sALoMÃo, CoRTE EspEClÁI, iulgado em
07 l05l2Ot4, Dle 09ll0l20l4,
5bt CI]FSO DE OIBEITO EMPRESARIAL
Pacauevro oo eassrr i 563
-se aos trabalhistas para eíeito de falência. A natureza alimentaÍ do crédito o tornaria eqú- vontade indiúdual - circunstância que o disüngue dos ingressos de tipo patrimonial"33.
parado aos tlabalhistas em todos os aspectos, mas em e§Pecial na sua classificação para f16 r Na mesma linha, Geraldo Ataliba afirma que 'a obrigâção tuibutália nasce da vontade da
falimentares. À mesma odentação vem sendo firmada nos honorários deúdos a outros lei, mediante a ocorrência de um fato (fato imponÍvel) nela descrito. Nào nasce, como as
profissionais liberais como serviços contábeis e afins, ainda que prestados por sociedades obrigâçôes tributárias (ex voluntate), da vontade das partes. Esta é irrelevante para de-
profissionaiss2.
terminar o nascimento deste vÍnculo obrigacional"s.
Apesar de divergências doutrinárias, o Supremo Tribunal Federal iá possui orienta-
3.2 Créditos com garcntia real çâo pacífica, no sentido de que são cinco as espécies tributárias:
Em segundo lugar no quadro geral de credores estão os créditos dotados de gârantia As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidêocia ou pelo
real até o limite do valor dos bens dados em ganntia. Esse é o caso do penhor e da hipote-
fâto gelador da respectiva obrigação (CTN, a!t.4e) são as seguintes: a) os impostos
ca, nos quais há lespeçtivamente bens móvéis e bens imóveis dados em garantia Apesar
(CE arts. 145, I, 153, 154, 155 e 156); b) as taxas (CF, ârt. l45,ll); c) as contribuições,
do desuso, também se inserem nessa câtegoria os crédito§ Por anticrese, nos quais a garÀn-
tia dá ao credor o direito de Perceber, em compensação da dIúda, os frutos e rendimentos que podem ser âssim dassificadas: c.1. de rnelhoria (CF, art. 145, lI);c.2. parafucais
de um imóvel. A ünculaçâo de§§e§ bens à satisfaçáo da obrigação uaz uma expectaüva (CF, art, 149), que sâo: c.2.1. sociais, c.2.1.1. de seguridade social (CF art. 195, I, II,
Iegítima de pagamento integral e, Po! isso, nesses casos há a classificaçáo em segundo lugar' III), c.2.1.2. outras de seguridade sociâl (CF, art. 195, § 4r), c.2.1,3. sociais gerais (o
Reitere-se, porérn, que essa classificação só abrange o valor do crédito que tenha FGTS, o salário-educação, CF, art.212, § 5c, contribuições para o SESI, SENAI,
equivalência aos bens dados em garantia. Assim, §e o crédito é de R$ 1.000'000,00 (um SENÀC, CF art. 2,lO); c.3. especiâis; c.3.1. de intervençâo no domínio econômico
milhão de reais) e o valor dos bens dâdos em garantia é de R$ 800.000,00, âpenas esta
(CF, art. 149) e c.3.2. corporativas (CF, art.149). Constituem, ainda, espécie tribu-
última parte será classiÍicada em segundo lugar. O vdor do crédito que exceder a garan-
tia será classificado como quirografário. Para tanto, será considerado como valor do bem tária: d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148)35.
objeto de garantia !eal a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no
caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado, a Todas essas exaçóes ocuparão o terceiro Iugar no quadro geral de credores.
qual sempre ocorrerá, Caso haja concorrência entre diversos créditos tributários, a preferência ficará com
os valores devidos à União Federal e suas autarquias, Após o que devem ssp p4r.r.t
créditos devidos aos Estados e ao Distrito Federal coniuntamente e pro ra.ta.. Por fim,
3.3 Créditos tributários
devem ser pagos os MunicÍpios coniuntamer.te e pro rdtd. Bráúio Lisboa Lopes alrma
Em terceiro Iugar no quadro geral de credores estâo os créditos tributários, inde- que tal disposição é inconstitucional por afroritar ao pacto federativo36. A nosso ver, a
pendentemente da iua natureza e do seu temPo de con§tituição, excetuadas as multas inconstitucionalidade efetivamente existe, uma vez que não há nenhum motivo para
iributárias, que teráo classificação à parte. Nos termos do art.3sdo CTN, "Tributo é toda privüegiar os créditos federais em detrimento dos demais entes fedelatiyos. Contudo,
prestaçáo pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se Possa exPrimi!, que
embora seia criticada3T, tal ordem de preferência foi considerada legÍtima pelo STF na
náo constitua sançâo de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade admi-
Súmula 563.
I
nistrativa plenamente vinculada'l São os créditos reíerente§ a essas obrigações que te'ão
essa classificação e nâo todos os c!éditos devidos a entidades públicas.
Um dos traços essenciais do conceito de tributo diz respeito à sua compulsoriedade' 33. FONROUGE, Giulianl. Conceitos de dircíto tributório. Traduç^o d.e Gerâldo Àtâlibâ ê Marco Àurélio
vale dizer, o tributo é uma exaçâo obrigatória sobre a qual o contribuinte náo tem Poder Greco. Sào Paulo: LÀEL, 1973, P 20-21
de escolha. Giuliani Forrouge afirma que o "elemento Primordial do tributo é a coerçáo 34, ATAI-IBA, G erâldo . Hipótese de lhcidênôid tributárla,5, eà. SàoPaulo; MElheiros,l99Z p.52.
por parte do estado, já que ã criado pela §ua vontade soberana - com Prescindência da 35. STF - RE 138284 Relator(a)r Min. CÀRLOS VELLOSO, TRIBUNAL PLENO, iulgado em lL7-1992, D,r
28-8-1992, p. 19456, Ement, v. 1672-03, p. 437 , R ry v, 143-01, p. 313.
36. LOPES, Bráulio Li6boa. Aspêctos tributários dd.Íd,lêicid e d4 recuperaçào de emprcsa' Seo Peulo, Qvar
úer Lâtin, 2008, p. 120.
l.l sTF - REsp 185I20/SC, Rel. Ministm NÀNCYANDzuGHI, TERCETRA TURM^, jul8âdo em 18/02/2020'
DJe 20 l02/2024.
37. HARADA, Kiyoshi, Aspectos ttlbutá.rias da nova lei defaléhcia.s, ClJtitibâ: luruá,2005, p.94.
5M CUNSO DE OISEITO EMPFESANIAL Prc,qrverro oo passvo i 565
Em quarto lugar encontram-se os créditos quilograffuios, entendidos como , Em sexto lugar no quadro geral de credores estão os credores subordinados, enten-
créditos comuns, sem qualquer garaaüa ou privilégio, Trata-se de uma didos como aqueles definidos por lei com essa condição, que significa uma Posíção infe-
sidual, vale dizer, se o crédito não se enquadrar em outra categoria, ele será rior aos demais credores. Nessa condição encontram-se as debêntures subordinadâs (Lei
quirografário. Para a Lei n. 11.101/2005, também entram nessa categoria os
t.6.4o4176 - art.58) e as letras financeúas que contêm â cláusula de subordinaçâo (Lei
trabalhistas na parte em que exceder aos 150 salários mÍnimos, os créditos com
real na parte em que exceder a garantia
n.12.24912-010 - art. 4A).
Também são considerados subordinados os créditos de acionistas ou administrado-
res sem vÍnculo empregatício decorr€ntes dessa condição, se tal contrâtação não obede-
3.5 Multas ceu a condiçôes comutativas e práticas de mercado. Vale dizer, se for um crédito em
condiçôes normais de mercado, ele se!á qualificado como qúrografálios. APenas se o
Em quinto lugar no quadro geral de credores estão as multas. O caráter punitivo É c!édito do sócio ou administrador decolrer de condiçôes alheias àquelas práticas no
que as coloca numa dassificaçâo tão ruim no quadro geral de credores, Elas não repre- mercado, é que haverá a colocação como subordinado. São exemPlos as remunerações
§entam o pagâmento de uma obrigação assumida pelo falido ou imposta por lei, rna5 uErq devidas aos administradores fora dos padrões do mersado, bem como emprésümos de
sançâo pelo descumprimento da obrigaçáo. Incluir as multas juntamente ao valor da sócios fora das práticas de mercado. Não consideramos mais que se exiia aqui que a
obrigaçâo seria puni! os credores e comprometeria o próprio objeüvo da falência3s. por origem do crédito seja a condição de sócio ou administrador, diante do próprio condi-
isso é que se fez essa separação, deixando as multas nessa colocação. No regime anterior cionante previsto na redação.
as multas não eram nem exigÍveis e hoje são exigíveis, mas apenas no sétimo lugar no
quadro geral de credores.
Nesta categoria entram as multas contratuais, isto é, as multas decorrentes de des- 4 Realizaçáo dos pagamentos
cumprimento de obrigâções contratuais. Sérgio Campinho, porém, insere nestâ catego-
ria apenas as muitas contratuais moratórias, afirmando que as compensatólias seriam À medida que se realiza o ativo, o administrador judicial deverá efetuar os Pa-
quirografárias3e. A nosso ver, porém, tal distinção não é possÍvel, uma vez que o texto da gamentos obedecendo à ordem mencionada. Nâo havendo possibilidade de pagamen-
lei se refere exclusivamente â multas contratuais, sem distinguir se sâo penalidades pelo to integral de qualquer categoria e não havendo ordem estipulada dentro da câtego-
atraso ou antecipação das perdas e danos. Não são exigÍveis, porém, as multas de con- ria, deverá ser feito um rateio com o pagamento proporcional a todos os credores
tratos unilateEis cujo vencimento se deu em virtude da falência. daquela classe.
Também se inserem nessa categoria as penalidades pecuniárias por infração das leis Para que ocorra o rateio, deverá ser formado quadro geral de credores provisório,
penais ou âdministrativas, inclusive as multas tributárias. Penas decorrentes de conde- composto pelos créditos não impugnados, pelas decisões nos incidentes de classifi-
naçóes criminais, de infraçôes de trânsito, decorrentes do exercÍcio do poder de polícia caçâo do crédito fazendário e pelos iulgamentos das impugnaçôes e habilitaçóes
pelo Estado e as tributárias serão classificadas nessa posiçào no quadro geral de credores.
realizadas até o momento. Se todas as impugnaçôes apresentadas no prazo já foram
Especificamente para as multas tributárias, haverá a separaçáo em relaçào ao crédito
)ulgadas para determinada classe, poderá ser realizado o rateio para ela, sem prejuÍ-
principal que será enquadrado como crédito tributário, Especificamente neste ponto, é
zo da reserva de valores para os créditos ainda não julgados.
oportuno esclarecer a revogação das Súmulas 192 e 565 do STE, que afirmavam que as
multas tributárias nào seriam exigÍveis. Os credores devem levantar os valores em juÍzo no prazo fixado pelo juiz. Não
o fazendo, seráo intimados, por via postal ou mediante publicação no caso de advo-
gado constituÍdoe, para fazer o levantamento em 60 dia§. Permânecendo inertes, os
recursos destinados a tais credores serâo obieto de novo lat€io (Lei n. 1r.101/2005
38. CORRÊA LIMA, Sér8io Moudo. tn: CORn-ÊÁ-LIMA, Osmar Brinâ; CORRÊA LIMA, Sérgio MourÀo
- art. 149, § 2e).
(Coord,,),Cor.ntbiosànavaleidéÍalér1ciaerccupeftçd,od,eenpresas.Ri,odeJâneiro:Forense,2009,p.553.
39. CAMPINHO, Sérgio. Fdlincia e recupetuçAo de emprua: o r!..vo regime de insolvênciâ empresarial. 3. €, CORRÊÀ LIMA, Sérgio Mourâo. In: CORRÊÁ-LIMA, Osmer Brina; CORRêA LIMA, Sérgio Mourão
laneilo: Renovár,2008, p.416.
ed. Rio de lgoord.). CornentáÍios à nova lei defalência e recuperaçdo de emPresas, Rio de Ianeiro: Forense, 2009. P. l0l2
I
566 i cunso oe onaro EMPff€s^RraL PÂcaMENTo oo PAssrvo i 567
Para Mamede, estamos diante de um prazo decadencial que extingutia o próprití to. Havendo reser% de importâ,ncias, os valores a ela relativos §carão depositados âté o
direito de crédito4l. A nosso ver, porém, não se deve entender que o credor perdeu sêü iulgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este finalmente recoqhecido, no
direito, mas apenas que ele terá que aguârdar um novo rateio para tentar receber algu.ma. todo ou em parte, os recursos depositados seráo obieto de rateio suplementa.r entre os
coisaa2. Em nenhum momento, o dispositivo impõe uma penalidâde tâo graye, Aléni, credoÍes remanescentes.
disso, tal decurso de prazo não é motiyo para extinção das obrigaçóes do falido, noil
A reserva pode ser determinada pelo iuiz trabalhista ou pelo iuiz que estiver apre-
termos do art. 158 da Lei n. 11.101/2005.
ciando ação que demanda quantiâ iüquida. No caso das impugnâçóes retardatfuias e das
Caso seja possÍvel o pagamento de todos os credores, deverâo ser pagos os juros
habilitaçôes retârdatárias, também se!âo feitas reserva§, nesse caso, pelo próprio juÍzo
exigíveis posteriormente à fâlência. Vale dizer, os )uros posteriores à falência representa-
rão a última categoria a ser paga, depois inclusive dos créditos subordinados. Mesmo os da falência. Do mesmo modo, nos casos de impugnaçôes de créditos tempestivas, o
juros dos créditos tributários ocupa!ão essa posição, uma vez que nâo se trata de matéria próprio.juÍzo fa.limentar poderá detefminar a reserva de valores. Por derradeiro, existe
afeta a lei complementarc. Tal efeito, porém, tem duas exceções: os juros das debêntures a reserva de40% da remuneraçâo do administrador judicial, a qual já é determinada pela
e as demais obrigaçóes com garantia real, mas só respondem por esses julos o produto própria legislação falimentar. Negada a res€rva, o prejudicado poderá interpor agravo
da venda dos bens dados em garantia. O excesso não cobertopelo produto das ga.anüas de instrumento visando à reforma da decisão do iü2.
seria classificado como crédito quirografário para algunsa, mas, a nosso ve!, o excesso
OUADRO RESUMIDO DA ORDEM OE PAGAMÊNÍOS
entra na categoria gerâl dos juros.
Pagos todos os cledores, inclusive os iuros posteriores à falência, o que sobejar
será devolvido ao falido. No eventual caso de pagamento indevido, os credores que Posiçáo ClassiÍicaçáo do crádito
receberam valores indevidamente serão obrigados a restituir os valores devolvidos
CÍéditos tÍabalhistas de natureza esuirameTte salarialvencidos nos 3 (1rês) .neses an.
em dobro, desde que configurado o dolo ou a má-fé, na constituição do crédito. aJ
leriores à oecretaçáo da falêic,a. aré o rinite de 5 (cinco) salários rrín mos por trabalha-
prazo para pleitear essa restituiÇão é de 3 anos, em razão da aplicaçâo do art.206, §
dor {a1. 151)
3i do Código Ciyilas.
2 As despesas Çujo pagamento antecipado seja indispensável à adminiskação da Íalência,
inclusive na hipôtese de continuâçáo provisóÍia das atividades (aÍt. 150)
5 Reservas de valores ,l
3 0s valores efetivôrnente entregues ao devedor em recuperaçáo iudicial pelo financiadoÍ
Todos os pagamentos aqui mencionados só poderão ser realizados quando o crédi- (ans. 69-A a 69+)
to houver sido deÍinitivamente julgado. Para proteger os credores que ainda não ingres-
saram no quadro, é possívelque seja feita uma reserva de valores para o futuro pagamen- 4 Bestituiçoes em dioheiro (art.86)
44. lé re. B Despesas com arrec?daçá0, administraçã0, realizaçáo do âtivo e distribuiçáo do seu
BEZERRA FILHO, Máno€l lustino. Lél .peraçao d.e empretds e
ídlênciLí cafiet1tada 4. ed. Sào
Paulo: Revista dos T.ibunâis, 2007, p. 302. produto, bem como custas do processo de fêlência {art.84, lil)
45. ÀR^ÚJO rosé Francellr\o de. Comentáriot à let defalências e recupemçilo de empresds. S^o Pal]J.ot Sa'
raiva,2009, p.3Oz SOUZATR., Fíâncisco Sátiro.ln; SOUZA TÚNIOR, Francisco Sáliro de; PITOMBO, Àn- Custas judiciais Íelativas às açôes e execusôes em qLre a massa falida tenha sido venci-
tônio séÍgio de A. de Mo râes (Cootd.). cornenúÁos à Lei de rccupetaçito de emPrelas e lalência. Sào PalÚlol da (art.84, lV))
Revistâ dos Tribunais,2005, p. 503.
568 CURSO DE DIÂEITO EMPRESAEIÁT
'11
Tributos a fatos g€rado-res o corridos a pós a de 28 E EXTrÍrçÁO DAS OBnIGAçÓES
Créditos derivados da legislação do trabalho, I imitados a 150
mÍnimos por credor, e os deco ÍÍentes de acidentes de
1. CORRÊA-LIMA, Osmar Brina ln: CCIRRÊA-LIMÀ, Osrnâr Brinâ; CORRÊ'{ LIMÀ' sérgio Mourão
e ftcuperuçilo de emPíesas.Rio de lâneiro: çorense' 2m9' P
1029'
lcoord,.). Comentários à nova lei deÍ^\ência
E:-.--------------
iudicial, é essencia.l Provar que ele agiu com dolo ou culpa, De todo modo, é
imPositiva
Nessa prestação de contas, o administrádor judicial deverá detalhar toda a
's das responsabüidades do administrador no caso de reieição das contas' sendo
ção de recursos que ele fez, descrevendo as receitas obtidas e todos os pagamentos 6xaçao
Para resguar-
ao longo do processo, Trata-se de um cololário da sua função, vale dizer se ele geriu I sentençâ desse caso o tíh:lo executivo para a indenização da massa fa.lida.
resultados des§a eYentual resPon§abilizaçáo, o iúz Poderá determinâr a indisPo-
a.lheios, deverá especficar o que ocorreu com esses rectusos. No caso da fa.lência, essa àar os
nibilidade ou o sequestro de bens do administrador iudicial'
ciflcâçáo envolverá o detalhamento de todo o ocorrido na hse falimentar, desde a
do ativo, passando pela realização do ativo, chegando até o pagamento do passivo. Não havendo qualquer irregularidade, o iuiz aprovará as contas do administlador
Prestadas as contas; o iuiz ordenará a publicação de aviso de que as co[tas fo iudicial por sentença. Tal decisão é passÍvel de recurso de apelação, a ser recebido em
entregues e se enconÍam à disposição dos interessados, que po ambos os efeitos. Com o trànsito em iulgado dessa decisâo poderão ser tomadas as me-
prazo de 10 (dez) dias. A legitimidade pam eventual impugnaÇão didas subsequentes Para extinçáo do,Processo falimentar.
ressado no feito, abrangendo o falido, seus sócios, os credores ou
se houver. Apresentada a impugnação, a leidetermina a realização das diligência s neces-
sárias à apuração dos fâtos (Lei n. 11.101/2005 - alt. 19, § 3e). Dentro dessa ideia, podem 1.2 Relatóriofinal
ser realizadas perÍcias contábeis ou prestados esdarecimentos pelo próprio administradr)r
judicial'1sobre os fatos que embasam a eventua.l impugnaçáo. .
Aprowadas as contas, o administrador iudicial deverá apresentar um relatório final,
para iuntada aos autos da falência, no prazo de 10 dias, contados do trâffito em iulgado
Decorrido o prazo das impugnaçóes e realizadas âs eyenhrais diligências Pam aPuraçáo do ativo e o do
ãa sentença de aprovação das contass. Tâl relatório deverá indicar o valor
dos fatos relacionados a estas impugnaçôes, o juiz deverá intimar o Ministério Público para
se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, Àqui, independentemente de qualquer discussão
produto de sua rea.lização, o valor do passivo e o dos pagamentos feitos aos credores, e
sobre o interesse social do feito, é obrigatória a intervençâo e a manifestação do Ministério especificará justificadamente as responsabilidades com que continuará o íâlido Trata-se
Público (Lei n. 11.10i/2005 - art. 154, § 3e). Tal manifestação se revestirá da forma de um de uma descrição geral de toda a fase falimentar do processo e da situâção em que ainda
parecer que deverá pugnar pela aprovação ou pela §eição das contâs conforme o caso. se encontra o falido âpós o andamento do Proces§o. ÀPó§ a aPresentação desse relatório,
deverá ser liberado ao administrador o valor («)%) que ficou reservado da sua remune-
Sem impugnação e sem parecer contrário do Ministério Público, as contas deverâo
ração (Lei n, 11,101/2005 - art.24, § 2s)
serjulgadas por sentença imediatamente. Havendo impugnação ou Parecer contrário do
Ministério Público, a lei determina que o administrador judicial seja ouvido, no prazo
fixado pelo juiz. Tal manifestação independe da existência de prévia manifestaçâo do
administrador judicial para esclardcimento de fatos colocados na imPugnação. Trata-se
1.3 Sentença de encerramento
aqui de assegurar a obseryância dos princípios da ampla defesa e do contraditório asse-
Com base no relatório final, o juiz deverá encerrar o processo falimentar por sen-
gurados legalmente, uma vez que a decisâo nesse processo Pode influenciar diretamente
tença, a qual é considerada essencial para a conclusão do Processo6 (Lei n 11 101/2005
nos interesses do administrador judicial. À luz de todas essas manifestaçóes, Pode ser
necessária eventual produçâo de provas. Com ou sem a produção de provas, também - art. 155). Eventualmente, tal sentença poderá ser proferida no caso de ausência de
credores habüitados7. No Brasil, não se admite a reabertura do PÍocesso, ao contrário de
deverá ocorrer o julgamento das contas do administrador.judjcial Por sentenç4.
outÍos paÍses, como a ltálias. Em todo caso, a sentença deverá ser publicada por edital na
Caso o juiz verifique problemas nas contas prestadas, ele deverá reieitá-las, Por
imprensa oficial e, se a massa falida comPortar, em iornal de grande circulaçâo' De tal
sentença, da qual será cabÍvel recurso de apelação, a ser recebido no efeito susPen§ivo' apl!
se;tençâ, é cabÍvel o recurso de apelaçâo, a ser recebido em ambos os efeitos, pela
Nessa sentença de re.ieição, o iuiz .iá deverá fixar as eventuais responsabilidades do ad-
cação do regime geral do art. 1 012 do CPC/2015
ministrador judicial (Lei n. 11.101/2005 - art. 154, § 5s). Trata-se de uma responsabili-
dade subietiva do tipo clássico, como ocorre na Espanha3, que obedece aos me§mos
princípios da responsabilidade dos mandatáriosa. Para responsabilizar o administrador 5. CORRÊA-LIMA, Osmer Brinâ lnr CORRÊA-LlMÀ, Osmâr Brina; CORRÊÀ LIMA, Sérgio Mourào
(Cootd.l. Code tárias à nova lei àeJalência e recuPerdçào de empresas.Rio de raneiror Foren6e, 2009, P 1036'
2. CORRÊA-LIMÀ, Osmar Brine ln: CORRÊA-LIMÁ, Ormâr Brina; CORRÊA LIMA, Sérg1o Mou!âo 7. AIVES, Mârcos Lima. Encerramenlo fâlldo ln; SANTOS, Pâulo
da falênciá e extinçâo dâs obrigeçôes do
Penâlvâ (Coord-). Á,ova lei de ÍdlànciLs e de recupetuçao de empresL, Lei 11.101/2005. Rio de ,aneiro: Fo-
lcootd), Comenaiios à nova lei deÍdléncid e r.cuperaçito de empresat.Rio de Janeiro: Forense,2009, P 1031'
rensê, 2006, P.355.
3.BUITRAGO, Râmón Blânco. Notes sobre la responsabllidâd de los admioistrador€s concursales' lrr
GRÀCIA, Juen tgúcto Peinado. Estudios de derccho concursal. Madndt Marclâl Pons,2006. P. 52. 8. AMBROSINT, Stefanoi CAVÀLLI, Stefano; IORIO, Àlbe«o. Ttattato di diittt) êotnmerêiale Padovàl
CED,{M,2009, v. XL t 2, P. 691.
4. GUYON, Yves. Dro, t.[es aÍdires,2. ed. Pa:is: Economica, 1988,t.2,p. 183
l
CUFSO DE OIÂEITO EMPBÉSABIAL ENCERFAI4ENTo Do pRocEsso E ÊxnNÇÁo DAs oBBrcAçóEs : 573
Seu conteúdo será eminentemente constitutivo negativo, mas também Mesmo antes do encerramento da falência, a extinçâo das obrigaçôes do devedor
dotado d€
alta c ga declatatóriae. Esta effcácia se dá na medida em que a sentença irá pelo pagamento de todos os créditos. Dentro dessa ideia, cogitemos da entrega do
declarar
realização de tudo que podia ser feito no processo. Todaúa, prevalece o caráter diúeiro aos credores, mas também da eventual daçâo em pagamento. Além disso,
tutiyo, uma vez que a referida sentença irá desconstituir o sratus de falido e ence também podemos enquadrar aqui as demais hipóteses de extinçáo das obrigaçóes,
alguns efeitos, mas não todos, dâ decretaçâo da fa.lência. comoacompensâçâo,aconfusáo,aremis§âo,âtransação,ocompromissoeanovaçâol2.
A princÍpio, com o trânsito em iulgado dessa sentença a condição de falido desa_ Do mesmo modo, nos eventuais casos de prescrlção e decadência também poderia
parece, uma vez que sequer existe processo falimentar Âlém disso, uma
série de res_ haver a extinção normal das obrigaçóes. Em todos esses casos, as regras serâo aquelas
trições impostas ao falido desaparece, como a necessidade de comunicar ao do Código Civil para tais institutos.
iuÍzo
eventuais deslocamentos (Lei n. 11.101 I2OOS art.104, III). Do mesmo Também antes do encerramento da falência, é considerada causa de extinçáo
- -oao, o i"táô
voltará a ter capacidade processual plenaro e nâo mais se cogitará dâ fo.ça atrativa das obrigaçóes do devedor falido o pagamento de mais de 25% dos créditos quiro-
Jl
iulzo falimentar. grafários habilitados, isto é, o rateio que âbranja ao menos 25% do valor de cada
Além de todos esses efeitos, tal sentença vai determinar a baixa no CNp) çqro crédito quirografário habititado. Para se atingir tal percentual, o falido pode fazer
6
encerramento do processo. À p!ópria ideia de extinçáo do processo de falência,
como um depósito complementar em relaçáo à realização do ativo. Tal hipótese só Pode-
causa de extinção das obrigaçóes (Lei n. 11.101/2005 art. 15g, M), leva a crer rá ocorrer se todos os créditos classificados acima dos quirografários forem inte-
- no en,
cerramento também da pessoa iurídica. Ademais, a referência à "viabilizaçâo do retorno gralmente pagos.
célere do empreendedor falido à atividade econômica,, (Lei n. 11.tOl/2OOS _ aft. Por fim, também é possÍvel a extinçáo das obrigações, ântes do encermmento da
75, IID
como objetivo da falência também conduz a essa conclusão. íalência, no caso do decurso do prazo de 3 anos após a decretação da falência. Felnando
Gonçalves e GustavoMourão afirmam tratar-se de verdadeira hipótesede remissão legalr3,
o que faz todo sentido diante da redação legal que considera o termo inicial dâ contagem
2 Extinçáo das obrigações
desse prazo a própria sentença de decretação da falência, Nesse particulac não faz mais
No direito francês, o simples encerramento do procedimento de liquidâção encerrâ sentido falar em prescrição da exigibilidade das dÍvidas, porque se está diante de um
osdireitos dos credores contra o devedor, salvo algumas exceçóeslr. No Brasil, o encerra_ momento em que a prescrição continua suspensa. O que se tem é efetivamente uma
mento da falência é uma das causas de extinção das obrigaçóes e nâo a única. remissão legal, uma espécie de perdão das dívidas de alguém que teve a falência, buscan-
do sua rápida recolocação no mercado,
2.1 Cabimento A fixaçâo desse prazo de 3 anos é feita para não postergar indefinidamente a situação
do falido. Se após esses prazos nada mais foi obtido, nâo há motivo para perpetuar tâis
Como ressaltado, em primeiro lugar, as obrigaçôes do falido são declâradas extintas obrigaçôes. Registre-se, porém, que tal prazo não se aplicam aos créditos tributáriosra,
se o processo de falência for extinto, seia numa fâlência frustrâda (Lei n. I l.lOU2O05 _ art. uma vez que haveria necessidade de lei complementar para tanto (STF - Súmula Vincu-
114-A), seja numa falência na qual foi concluÍda a realizaçâo de todo o ativo, e distribuÍdo lante 8), seja o prazo prescricional, seja ele decadencial.
o produto entre os credores (Lei n. 11.10U2005 - art. 186). Tenta-se trazer a figura do
"fresh start" (rápido recomeço) para o devedor, diante de um processo mais célere com
extinção automática das suas obrigações por esse fato. 12. GONÇALVES, Fernândo; MOURÁO, Gustâvo César ln:CORRÊÁ-LIMA, osmâr Brina; CORRÊA
LIMA, SéÍgio Vlou.áo (Coord.), Comêntários à nova lei delalência e recuperaçâo de êmpftsds. Rio de lanei-
ro: Forense, 2009, p. 1062.
13. cONçAIVÊS, Fernando; MOURÂO, Gustavo césar. Inr CORRÊA-LIMA, Osmar Brinâ; CORRÊA
9. MIRANDÀ, Pontes de. Tratado LÍMA, Sérgio Mourâo (C oo.d,\. Comehários à nova lei de Ídlêh.ia e rccuperàçilo de empresas. Rio de lânei-
de d,ireita p,.lvádo, Campinâsr Booksêllen 2004, v. 29, p, 427; CORRÊA-
-LIMA, Osmãr Brina In: CORRÊA-LÍMA, Osmer Brinâ; CORRÊA L[MA, Sér8io Mourão ro: loÍeôse, 2009, p, 1062.
Alercandre Demetrius Pereira, os suieitos pâssivos desse crime são apenas os credoresu.
social4. Renzo Provinciali os enquadra como crimes contla o PahimÔnio e contra a'
e
A nosso ver, a razão está com o ultimo, uma vez que este crime pressupõe um preiuÍzo ou
ministraçào da justiça§'
a possibilidade d€ preiulzo aos credores.
Por sua vez, entende tratar-se de crimes de natureza
Àrtur Migliari lúnior,
fipo objedvo - praticar qua.lquer conduta fraudulenta de que resulte ou possa re-
uma vez que ferem a economia Pública e o c!édito Públicoó Andreucci aÍirma
5ultar prejuÍzo aos credores.
crimes contra o crédito Público7. Orâ, se é a ideia de tutela do crédito que deve
compreen sâo dos crimes falimentaress, o melhor enquadramento seria iustamente en Elemento cubietivo - dolo direto associado ao elemento subietivo do tipo, consis-
os cflmes contra o crédito público. Todavia, a diversidade de crimes nos faz concluir tente na intençâo de assegurar vantagem indeüda para si ou para outrem.
pluriobietividade, ou seja, há mai§ de naturezâ no gruPo dos crimes falimentarese Causâ especial de aunento de pena - a pena é aumentada de l/6 a 1/3 se o agen-
te elabora escrituração contábil com dados inexatos, ou omite lançamento contábil, ou
âltera escrituraçâo ou balanço verdadáiros, ou destrói total ou parcialmente os documen-
2 Dos cÍimes em espécie tos contábeis ou registros contábeis informatizados, ou simula composição do capital
socia.l ou distribui lucros, antes da aprovação do plano de recuperação judicial, a sócios
Os crimes falimentares ú§am a Punir condutas muito diversificadas' sendo oportui
e acionistas (Lei n. 11.101/2005 - art. 168, § 1s).
no especificar cada uma destas condutas com a análise de cada crime em espécie '
A pena será aumentada de um terço, no caso de comprovaçâo de caixa doi§, isto
é, de comproyação de elaboração de contabilidade paralela (Lei n. I1.1Ol/2005 - art.
2.1 Fraude a credores 168, § 2s).
Concurso de pecso&§- i[correm nas mesmas penas quaisquer colaboradores do
"Art. 168. Praticâr, antes ou depois da sentençâ que decretar a falência, concederü empresário ou da sociedade empresária que pratiquem condutas previstas para este
recuperaçáo judicial ou homologar a recuperaçâo extrajudicial, ato fraudulento de que ,
tipo penal.
resulte ou possa resultar prejuÍzo aos credores. com o fim de obter ou assegura( vantageÍÍi
ConsumrçAo - a consumaçâo se dá com a prática do ato fraudulento, independen-
indevida para si ou para outrem.
temente do resultado, por tratar-se de crime formal12,
Pena - reclusâo, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multal'
Suieito ativo o devedor ou os agentes a ele equiparados (seus sócios' diretore§'
Redução ou subctitulçáo da pena - tratando-se de falência de microempresa ou
- de empresa de pequeno porte, e não se constatando prática habitual de condutas frau-
gerentá, administradores e conselheiros, de fato ou de direito) Também podem ser dulentas por parte do falido, poderá o juiz reduzir a pena de reclusâo de l/3 (um terço)
dç"
iujeitos ativos os contadores, técnico§ contábeis, auditore§ e outros profissionais.que' a 2/3 (dois terços) ou substituí-la pelâs penas restritivas de direitos, pelas de perda de
qualquer modo, concorretem Para as condutas criminosas descritas neste artigo' na
bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
medida de sua culpabilidade. (Lei n. 11.101/2005 - art. 168, § zl,).
Suieito p8§sivo - Manoel Iustino Bezerra Füo coloca os credores sujeitos passiYos
justiçaro' Para Andreucci
mediatos, sendo a sujeição Passiva imediata da administração da
2.2 Violação de sigilo empresarial
Rro de,aneiro: Revan 2006' p 65'
4. BÀTISTÀ, Nilo. aiÉi es de dbeito penalÍatbne"at
Art. 169. Violar explorar ou divulgaô sem justd cdusa, sigilo empresarial ou d,ados
5,PROVINCIALLRenzo,Manuatedidirittoldhimentdre3ed'Mílao:Giuffrê'1955'v2'pr328-13X9: confidencíais sobre operaçôes ou serviços, contríbuind.o para a conduçà.o do devedor a
Latil
6. MIGLIARI TÚNloR , AÍthu., crimês cle reéuperdÇito de empresas e delalér'cias' Sáo Pauloi Quartier , estad.o d.e inviabilid.ad.e econômica ou fi.nanceira:
2aa6,p.53. :i'
lean (Cootd.l. ctbnài,
Pena - reclusá.o, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa!
7. À\DREUccl, Ricardo Àntonio. Dos crimes em esPécie. ln: DÀoUN, A,Iexandre p' 62
con a Lel 11.101/2oos, São Paulor QuÂrtier Latin 2$)6' 'r i
Íalitkentarcs de acordo '
230
8. CÀEIIIO, Pedro Sob re a ndttreza dos crifies Íatenciais CoirnbÂ' Coimbrâ' 2OO3' P
11. ÀNDREUCCI, Ricardo Ántonio, Dos crimes em espécie. In: DÂOUN, Alexãndre lean (Coord.). Crim er
leolÂ' Ptállca e questÕ€s de concurso' comentá'
l
9. PEREIRÀ, Alexandr eDemevi\B. CrimesÍalimentat's:-;l[ijl-i-iiü't' ôsmâr Brinar coRRÊA LIMA' Íalinentares de acoldo cot l .t Lei 11.101/2N5. Sâo Paulo: Quârtieí Latin, 2006, p. 95j PEREIRA, Alexândr€
das. sáo Peulo: Malheiros,20lo, p 64; slLVí'"'-; F Demetrlús. CÍimet Íalimentares., teoúa, ptáli(a e questões de concursos comentadâs. Sâo pâulor Malheiros,
sérgio Mourão (coord.) . a ro*'ilii
co-"rtario" Titioiii " '"*puoçao a" e''zlrésd' Rio de '
'sneiro: 2010, p. 136.
rense, 2009, p. 1125.
6 ed Sb 12. ANDREUCCL RicaTdo Àntonio. Dos crimes em espécie. lni DAOUN, Álexandre Jean (Coord.). O'1,íes
10. BÊZERRÀ FILHO, Mânoel lustino. trêl dê recuperaçàa de emPresas
e Íalências comentada'
lalimentares de acordo .o,11a Lei 11.n1/2005. Sào Pauloi Quartier Lârin, 2006, p. 66.
Pâulo: Revistâ dos Tribunais,2009, p.334.
i
Suieito ativo - qualquer pessoa que propaga as informaçóesr3. Trata_se de Consumaçâo -a consumação se dá com a prática, a levelação ou propagaçâo das
comum. , independentemente do resultado, por tratar-se de crime forma.l.
SuJeito paasivo - quem detenha o segredo empresarÍal, em especial o
submetido à faléncia ou à recuperação iudicial ou extraiudicial. Alexandre D
Pereira também inclui como suieitos passivos a comunidade dos credores, a 2.4 lndução a eno
ção da iustiça e o devedor conduzido à inviabilidade econômico-financeirali.
Tlpo obJedvo
Art 171. Sonegar ou omitir informações ou prestar inÍormações falsas no processo
revelar a terceiros, fazer uso ou infringir segredo empresarial,
- defaléncia, de recuperaçào judicial ou de recuperaçdo eaítrajudicial, com of,m d,e ind,uzir
iusta causa. O segredo empresarial deve ser entendido como aquilo que dá alguma
tagem ao emplesário sobre os demais agentes econômicos.
t erro o iuiz, o Minisário Público, os credores, a assemblzia-geral de credores, o Comitê
ou o adminisÚa.dor judícial:
Elemento subiedvo - dolo direto.
Pena -
reclusâo, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multai
Consumaçâo - a consumação se dá com a prática, a dilulgação, uso ou
Suieito advo- qualquer pessoa que sonega, omite ou presta informações falsas nos
sigilo empresarial, independentemente do resultado, por tratar-se de clime forrnal
processos de falência ou de recuperação de empresas,
§uieito passivo - a administraçáo da iustiça é o suieito passivo imediatds. Caso haia
a intenção de lesar o património dos credores, eles serão os suieitos passivosre.
2.3 Divulgaçáo de informações Íalsas
Tlpo obietivo deix de prestar informaçÕes nos processos de falência ou recu-
-
Art170. Divulgar ou propalar por qualquer meio, inJormação falsa sobre devedol peração, ou prestar ioformaçóes falsas nos mesmos processos.
em recuperação judicial, com o fim de levá,-lo àfalência ou de obter . :i: vantagem: Elemento Eubietivo - dolo direto associado ao elemento subietivo do tipo, consis-
tente no intuito de induzir a erro o iuiz, o Ministério público, os credores, a assembleia
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multai' i I
geral de credores, o Comitê ou o administrador judicial.
Sujeito ativo - qualquer pessoa que propaga as informaçôes. Trata-se de crimN
Consumaçáo - a consumaçâo se dá com a omissão ou com a prestação das infor-
comum. I
maçôes falsas, independentemente do resultado, por tratar-se de crime formal2o,
Sujeito passlvo Í
-
para Andreucci, os credores seriam sujeitos passivos dessa cori.
I
dutars. Alexandre Demetrius Pereira coloca como sujeitos passivos o devedor, a comulri,-
dade de credores e a administrâção da iustiça'6. Manoel Justino Bezerra Filho limita; ji- 2.5 Favorecimento de credorcs
nosso ver com lazão, a sujeição so devedor submetido à recuperaÇâo iudicial, porquan[d t
se trata de crime que visa prejudicar tal devedorrT. Art.172, Praticar antes ou depoís da sentença que decretar a
falência, conceder a
fipo obietivo - revelar a terceiros informaçôes falsas sobre o devecloc ou dar cursb recuperaçã,ojudicial ou homologar plano de recuperação extmjudicidl, atn de dkposi?ão
a inÍormaçâo falsa já divulgada. ou oneraçà.o patlimonial ou gerador de obrigaçào, destinad,o a favorecer um ou mais
credores em prejuízo dos demais:
Elcmento subietiyo - dolo direto associado ao elemento subietivo do tipo, consis-
tente no intuito de levar o devedor ao estado de falêncía ou obter vantagem. Pena - reclusão, de 2 (dois) a S (cinco) anos, e multa:
Sufeito ativo
- o devedor submetido a processo de falência ou de recuperação
de empresas. Nas mesmas penas incorre o credor que em conluio se beneficiar do
I
13. ANDREUCCI, Ricârdo Àntonio. Dos crim€s em espécie. In: DÁOUN, Àlexandre lean (Coord.), 8tO.
com a Lei ) 1,101/2005. Sào PâulorQuartier Latin,2006, p.72.
Íalirne tarcs de acordo
14. PERÉIRA, A.lexândrcDemelÍiús. Ctimet Íalimentarc* teotlà, ptáticâ ê questôes de concursos
tades. São Páulo: MâlheiÍos, 2010, p. 162.
15. À\DREUCCI, Ricârdo Antonio. Dos crimes em espécie. In: DAOUN, Alexandre fean (Coord.) 18. BEZERRA FILHO, Manoel lustiío. Lêi de rccuperaiTio de empresas
de dcotdo com d L.i 11.101,2005. Sâo Paulo: Quarlier Lâtin, 2006, p, 72.
e Íatêdcíe, ôomentada. 6. ed. Sâo
Íalímentares Paulo: Revistâ dos TÍlbunâis, 2009, p. 338.
16. PEREIRÀ, Alexân& e Demettitts, Crifies falifiefltares teoria, prâüc, e questões de concursol 19. ÂNDREUCCI, Ricardo Antonio. Dos crimes em .spécie. In: DAOUN, Àexandrc rean (Coord.). Crirr"s
tâdas, §áo Paulor Malheiros, 2010, p. 167.
D lzlirnehtarcs de dcotdo com a Lei I 1.10 j /2OOS, Sâo pául;r euáltier Latin , 2A06, p.7 6.
17. BEZERRÀ FILHO, Manoel ,ustino.lei de re.uperu@o de emprcsas efaléncias comenuda.6. 20. ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Dos crimes em espécie. In: DAOUN, Alexandre
Paulo: Revisra dos lribunâis,2009, p.335 Jean (Coord.). Cnzres
Jalirnehtares de a,êordo con a Lei I t. tO 1/2&)S. Sâo paul;: euârtíer Lâtin, 2006, p. ?7 .
'i
582 j cunso oe ornero EMPFEsARIaL Das DlspostçôEs PENAIS EM MAÍÉRÁ oÉ FALÊNpIA E RECUPEFAçÀo DE EMPFESAS i
Sui€ito passivo - os credores prejudicados2re secundariamente a Pe a - reclusão, de 2 (dok) a 4 (qaaío) anos' e multai
justiçaz. bens que
Suielto advo - qualquer Pessoa que adqüre' recebe ou- usa -ilicitameote
fipo obJedvo - praticar atos de disposiçâo (vendas, doaçôes...) ou oneEção ( que terceiro de boa-fé o faça'
deveriá estar na massa falida ou inÍ1ui para
tos reais de garantia) patrimonial, ou ainda assumir obrigaçóes aÍlte§ ou depois
da Suielto pas§ivo - a administração da justiça e os credores6'
tença nos processos de falência ou recuperaçâo, com o intuito de favorecer certos que deveriam integrar
Tlpo obietivo - adquirir, receber ou usar ilicitamente ben§
dores. para que terceiro de boâ-Íê
*"r.i iaiã1. r"_bém se inclui na tipificaçâo a inÍluência
Elemento subietlvo dolo direto oü eventual associado ao elemento sub.jetrvo do
- "incorra nas mesmas condutâs'
tipo, consistente no intuito de favorecer certos credores, em preiuÍzo dos demais. de que bem deveria
Elemento subieüvo - dolo direto, exigindo-se a consciência
;
i{rt.
173. Apropriar-se, desviar ou ocultor bens pertencentes ao devedor sob recupe- Art. 175.Apresentu4 emJalêncía, recuperaçao iudicial ou.recuperdção eítrajudícial'
raçào jud,tcial ou à massafalida, inclusive por meio d,a a,quisiçli,o por interyosta pessod:
,rto4"'i habiiinçâo de creditoi ou reclamação falsas' ou iuntdr a elds título
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) dnos, e multai "reiiÃ
falso ou símulad.o:
Sureito ativo qualquer pessoa que se apropria, desvia ou oculta bens do devedor.
- Pena - reclusão, 2 (doís) a 4 (qudtro) *nos' e multa!
d.e
Sujelto pâsElvo - a administraçâo da justiça e os credores prejudicadosra. Suleito ativo - qualquer pessoa que aPresente relação de c!éditos' habilitaçÊes
Tipo obretivo .. r;;;;;;;; t"tr.., or;rni, docuÀentos falsos em tais atos' Tratâ-se de crime
- tomar para si bens, dar outro destino ou esconder bens do devedor
em processo de falência ou Íecuperação judicial, inclusive por meio de terceiros. comum.
eo
Elemento subietivo Suielto passivo a administraçáo da )ustiça'z6 Para Àndreucci' os credo,res
-
- dolo direto ou eventual.
ver' efetivamente todos têm essa
ConsumsçÃo a"r"ãoi t"-Uia podem ser suieitos Passivos2? A nosso
- prática dos atos de apropriação, desvio
a consumaçâo se dá com a
ou ocultação de bens, Trata-se de crime de mera conduta. *i"i.ao ,"rri*,", .l.a uez que o crime aqui mencionado preiudica o andamento do Pro-
..rro, -à, ta-bé. os demais credores e o devedor'
ou reclamaçóes falsas'
Tipo obietlvo - apresentar Íelação de créditos' habilitações
2.7 Aquisiçáo, recebimento ou uso ilegal de bens ou iuntar documentos falsos em tais atos'
da falsidade'
Elemento subietivo - doto direto, exige-se a consciência
Art. da relação de crédito§'
174, Adquirin recebeh usar ilicitamente, bem que sabe pertencer à massafalida Consurnaçeo - a consumação se dá com a aPresentaçâo
tais atos'
ou influir pdra que ,erceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use: fr"Uifit"faa falsas, ou com a juntada de documentos falsos em
""..afamações
Trata-se de crime de mera conduta'
21. BEZERRA flLHO, Mânoel ,ustino. ,el de recuperaçito de empresas eÍaléhêla| comefitada.6, ed, Seo
Pâulo: Revista dos Tribunais,2009, p. 339. ln: DÀOUN' 4exandre Jeed (Coord.). CrirrreJ
25, ANDREUCCI, Ricardo Antonio' Dos crimes €m esPécie p,'8J: PEREIRA, Alexandre
22, PEREIRA, Aexándrc Demetri'rs. Ctitnes Íalirrrentarctt teorie, prâticâ € questões d€ concursos comen- àt-""ià-i" .r"ra" d Lei t 1'rctnooí'são Paulo: Quàrrler Lâtin' 2006'
tadâs. São Paulo: MalheiÍos,2OLO, p. 172.
t;:;;:;;;;;,;; "an teoria' praica e questóes de concursos comêntadas' Sáo Paulo:
Mâlh€iros,
f^ünentais'
23. ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Dos cÍimes em espécie. Inr DÀOUN, Alexândí€ ]ean (Coord.). Crlr es 2010, p. 180.
ed. sao
de acatdo com a Leí lt,l01/2005,5ão pâdo: quartier Lâtin ,2006, p.78.
Íalimefitdres 26. ;EZERRÀ FILHO, Manoêl Jusrino. ,el de re.upefaçao
ilê er prcsas e Ía!êicla. corneitada,6.
24. BEZERRÀ tlLHO, Manoel JustiÂo. aei l€ rcêupetuçào de emprcsas e Ídlências conentadd. 6. ed. Sào Psulo: Revista dos Tribunãls,2009, P 341'
ln: DÀOUN'-Al€xándre (CooÍd') Cri''es
Paulol Revista dos Tribunâis, 2009, p. 339i PEREIRÀ, Alexandr€ Demetri\rs. CrifiesÍdlime tares.. tearie, 27. ANDREUCCI, Ricâldo Àntonio Dos crimes em esPécie Latin' 2006' 83'
práticâ e questôes de concursos comentâdas. Sào pauloj Mãlheiros, 2010, p. 175. a Lei l t lot/2los seolauto: Quartrer P 'eàn
;;i'^;;;,;;";;;;;;;^
584 ! cunso oe oraerro EMpBEsaaaL Das DrsposlÇôEs pENAts EM MÁTÉBA
DE FAGNoAL REcupEBAçÁo oE EMpREsas !
sentido a sua disciptina iurídicaaa. Nessa linÀa de entendimento, a §entença dâ penas, a mais grave, uma vez que seda única a lesáo iurídicâv. "O fato criminoso que,
da falência, da concessâo da recuperação judicial ou da homologação da ãm útima aná.lise, se Pune é â violação do direito dos credores Pela superYeniente in-
extraiudiciâl seria condiçao de punibilidade apenas para os crime§ anteriores à solvência do comerciante"3s.
sentenças5. Para os crimes posteriores à decretação, a sentença seria um pre§suposto, Na noya legislação, Ricardo Neg!ão entende ser poss(vel o concurso de crimes an-
elemento do tipo. Contudo, a maioria da doutlina não faz essa di§tinção e impõe a refr- tefalimentares e crimes pós-falimentares, na medida em que não haveria o mesmo obje-
rida sentença como condição de punibilidade para todos os crimes falimentares3ó. to nesses crimes3e. Antonio Paulo C. O. Silva, Ricardo Andreucci e Adalberto Simão Filho
entendem que nâo há qualquer novidade, mantendo-se o princÍPio da unicidade do
crime falimentars, pelos mesmos motivos anteriormente expostos. O ST| também pa-
4 Prescrição rece manter esse Princípio, ao afirmar que
38. ST, - RHC ro593/SP, Rel. MinisEo,ORGE SCÀRTEZZIM, QUINTÀTURMÀ, julSedo em28-8-2001,
Dl8-ç2ú2, p.229.
39. NEGRÂo, Ricârdo. Ma,nual de dlrelto comerci4l 2 d.c ernpr.sa.2. ed SÃo Paulo: Serâiv'., 2007, v 3, P
E t'doÚ
34. FRÀGOSq Heleno Cláudio. Pressupo6tos do crime e condiçôes obietivss de Punibilidâde lrl. 57r-5?3.
direita e processo penal em homenagem a Nekon Hungid.Rio de laneiro: Forênse' 1962' p l58-179'
SILVA, Antonto Pâv\o C. O. Cofientdtlos às disPosiçôes pekdís da lei dê recuperuçào de empresds eJí'
d.e
40.
35. fnÀGOSO, H€leno Cláudio. Pressupostos do cÍime Punibilidade lí: '€s,l'dor
e condiçóes objetivas de
,ercr'as. Sào Paulor Quarúer Lâtin, 2005, P. 47_48; ANDREUCCI, Ricardo Do§ crimes em êsPécle
de dircito êproêesso penal em homenagem a Nelsofi Hungth,Rio deleneíro: Êorense'
t962' P 158_17* SILVÀ' (Cootd.), cot
^ntonio.
a Lei 11101/200s SLo Paulol
In: DAoL$.I, Alexândre le rt Crifies Ídlirnentarcs de acordo
LlüA, Mouráo (cooÍd) comentários à hi
,ane.
'i" In: cônnÊe.-itur, osmâr Brana; coRÂÊA sérgio
'1ovd Quartier Lâtin, 2006, p. ó3; SIMÁO FlLHo, Adalberto. ln: ; DE LUCCÀ, Newton (Coord.). Co, á,-
NosrRE' Guilherme À de
7oiii"i, i n"upuoçao de empresas Rio de laneiror Forensi, 2009, P 1180,
táriú à fiova let d,e recuPeraçâo de empruas elalência. Quartier Latiq 2005, p. 614,
úá.".", In, sou2.c lilNloR, Francisco Sátiioi", pnovso, r"tonio sérgio de A de Morâes
(coord)"
Comentátios à Lei de rccuperkçiio de empresas e Íatência, Seo Pat\lot Revisá dos fribunais' 2005' P 557; 41. ST, - -.
HC 56.368i Sq Rel. Ministro GILSON DIPD QUINTA TURMA, iulgado €m 24-10-2006, D/ 20-
aÍti8o por I I -2006, p. 347.
GOUVEÀ, roáo Bosco C ascardo de. Recuperagâi e falência: Lei n.ll lol/2005 - comcntário§
I
a igo. Rio de raneiro: Forense, 2009, P. 39] 42. MIGLIARI IÚ){]O R, Atú,uL Crtfies de rccuperaçào de emptesas e deJaíérrrar. Sáo Paulo: Quartier Lâtin,
2006, p. lo6f BÀTISTÀ, Nto. Liçõ?: de dircito pênal Íalimenbr Rio de l^íÉlÚo: Rev"án, 2006, p. lot; PEREIRA'
36. MIGLIÀRI IÚMO R, Atthvr. Ctihes de recuPerkçâo de empresu$ e de Ídléncids s^o Pâdo: Qudtiêr d€-con. Alexandre Demetrius. CrbfiesÍalime tdre§ teoie, práticâ e questóes de concursos comentada§ Sào Paulo:
Latin, 2006, p.91r PEREIRA, Ale*anare oemeiitii. Cri-n Toti^"ntous: te;ia' Píáti€â e questões
p pfSfeNi, oent. O,li tosÍu\ímerltarcs na Leí I 1-tu1nNs' Mâlhelros, 2010, p. 125, SILVA, ,ane. lÂ: CORRÊÀ-LIMÁ, Osmar BÍinâl CoRRÊÁ LIMA, sérgio Mourào
cursos comentâdãs. Sâo Panlo' Malheiros,2oro, 8ô,
1200'
Curitiba:,uruá, 2007, p. 139. \Cood.). Comeitátios à tuva lei deÍdlêhcia e re.uperuçilo de emprcsas.l\io de,âneiro; Forense,2009, P
588 CURSO OE DIFÊ'TO EMPBESÂFIAL
ruE Das otspostÇôEs pÉNAts EM MAÍÉBla oE FALÊNo E BÊcuPEBAÇÃo 0É EMPRESÀS 589
)osé da Silva Pacheco, !í'aldo Fazzio )unior, Ricardo Andreucci, Roberto Podval,
6 Açáo penal Paula Kahan Mandel Hakim, Marcelo Piacitelli, Leonardo Musumecci Filho, Antonio
I sérgio Pitombo, Renato de Mello Jorge Silveira, Beatriz Vargas e Denis Pestana enten'
dem que a ação penal não poderá ser processada no iuízo da falência, mas no juÍzo
I
Com ou sem aplicaçâo do princípio da unicidadg a persecução penal
dos crimes fali:
mentares se dará por meio de ação penal pública incondicionada (Lein.
i criminal{s, revogando inclusive as normas de organização iudiciária em sentido con-
11.110/200;_;;l
184). A princípio, a denrincia deverá ser oferecida com as informaçóes I trário. Embora não afirme taxativamente, Ricardo Berenguer parece concluir que o
constantes dos
do próprio processo. caso se entenda necessálio, ao Ministério níutco poaera
a;; í
t
melhor seria o julgamento pelo.iuÍzo criminala6. A conclusão desse§ autores é que a lei
daa instauração de inquérito policial para a investigação sobre a eristêncâ
ser reqrieJi
de organizaçâo judiciária não poderia eliminar, nem alterar, a divisão entre jurisdição
I
ou não dos crimes
falimentares. Não existe mds no texto da lei o inquérito civil e penal.
iudicial, como ocorria no regime dã
levogado Decretorei n. 7.661/45. Apesar disso, a doutrina entende que ruda Fábio UIhoa Coelho afirma que tal dispositivo seria inconstitucional por invadir
impeÀe a ins-
tauração de eventual inquérito judicial, se hcilitar a apuração de eventual as competências dos entes federados sobre a organização iudiciriria'?. Ârthur Migliari
crime*. texto da
Junior, Ricardo Negrão, Manoel Justino Bezerra Filho afirmam que aPesar do
lei de falências, nadâ impede que a lei de organização judiciária atribua a competência
à vala especializadas. ,{ nosso ver, essa última oPinião nos parece mais razoável, uma
vez que a expressâo juízo criminal rlâo significa necessariamente uma vara esPeciali-
zada. Em muitos locais, há varas únicas de competência geral. Até por isso, nada im-
pecle que a lei de organizaçáo judiciáriâ atribua e§§a competência ao juÍzo falimentar'
45. PACHECo, losé da Slvà. Processo dê rccuPerdçáo iudicial, erüaiudicidl ê Íalência 2. eô. Rio de làneiíol
Forenss 2008, p. 373; PESTANÀ, Dênis, Deliúor íalimentares íd Lei 11,1 /2005 Cvritlhã luruâ' 2007 ' p'
2O7j ÀNDREUaCL Ricârdo Áotonio. Dos climes êm espécie. lni DAOUN' }Jexandte ]eaa. CtinesÍalificn-
pODvAL, Roberto; HÀKIM,
No caso de omissão do Ministério público, admite_se a apresentação de ação penâ] tares de acotdo com a Lel 11.101/2005. Sâo Pà,.úo: QuaÍtier Latin, 2006, P. 92i
Paula Kehen Mândel. Aspêctos Processuâis Penals da lel de falência§. In: PAIVA, Luiz Fernândo Valenté de
subsidiária por parte de qualquer credor habilitado ou do administrador judiciáI,
no (Coord,), Dirclto ldlittentat e d novd lei d.e Íaléficias e reatpetaçào de em?rerar- Sáo paulo: Quarti€r Lâtin,
prazo decadencial de 6 meses (Lei n. 11.101/2005 a!t. 184, parágrafo 2005, p.618; PlTbMBo, Aitonio sérgio À. de Morâes- lÍ! SOUZÀ IÚNIOR, Frâncisco Sáliro de
- único). Trata-se
de ação penal privada subsidiária da ação penal pública. Caso o Ministério público
soli_ l3ooÀ) Comen tuios à lêi de re.upetuçào de emPresas e Ídlência, Sio Pà\tlo: REVISTA DOS TRIBUNAIS,
cite diligências adicionais ou mesmo determine o arquivamento de eventual inquérjto, 2005, p.559; SILVÉIRA, Renâto de Mello rorge. Asdisposiçôes Penâis dalei de recuPcraçáo deemPresâs e de
-l
fa.lência: crimes em espécie € procedimento. ln: MÀCHÀDO, Rubêns ApPrcbato lcootd). Coftentátios à
nâo há omissão e, por isso, nâo surge essa legitimidadi subsidiáriaa.
novd lei deÍalénaias e recuperaçilo de cmpresas. Sáo Paulo: Quartieí Lâtin, 2005, p.295-296i PIÀCITEI],
Malceb, úusuMEccl FlLHo, Leonâído. Inr slMÃo FlLHo, Âdalbertoi DE LUccA, Newton (coold )'
Comentários à nove lei de r,êcuperâçào de emPresas e falência. Quartier Latin, 2005, 635i VAIGÀS, Beâtriz'
7 Competência ln: coRRÊ^-LlMA, osmar Brina; CORRÊA LIMA, sérgio MouÉo (Co otd.l. Cohentário§ à nova lei deÍa'
lência e tucuperuçao de emprcsaL Rio dê làneiror forense,2009, P. 12mi FAZZIO TÚMoR, wsldo Nova lei
de Jalêrcid e recuperaçilo de efipresas Sáo l'àulo: Atlas, 2005, p 371.
. A açâo penal ajuizada
deverá ser promovida
pelo Ministério público ou pelos legitimados subsidiários
46. BERENGUER, Ricârdo. O PÍocesso Penal nos cíimes íaümentâÍes lnr DAOUN, Àlexândre rean (Coord )
perante o.juÍzo crÍmina.l da jurisd(áo ond-e tenha sido decretada
Crim.t Ídlifltehtdres de 4.ordo aoti d Lei 1 1 101/2005. são Pâulor Quartier Laiin, 2006, p 194'
47. COELHO, Fábio Ulhoa. Comerrtáriot à nord leí deÍalêÍcíds e rccuPefiçilo de emprcsds. Sâo Pavlot Sa'
43. raiva, 2OO5, p. 412. No mêsmo sentldo: ARÀÚJO, Iosé Frâncelino de. Correntários à lei deÍalé .ids e rccupe-
PEREIRA, Àexând re Demetrias. Oimes
Í4lifiehtares. teoúL, prállca e questôes de concursos comen, raçdo de enprcsds. *o Paulo: Sa.aivâ, 2009, P. 342.
tadas. São Pâúo: Mâ.lheiros, 2OlO, p. 242.
44. DÀOUN, Àlexandre ,eân. À. iniciâtiva processual do credor habilitado e do adminiltrador 48. MIGLIÂRI IUNIOR, Atll\§t. Crimet dê recuperaçao de emPresas c lelalerctur, Sâo Pâulo: QuarÚer
rágrafo úLrico do art. 184 da LeÍ n. 11.IOI/2OOS. In: DAOUN, Alexârdre iudicial; pa- Latin, 2006, p. 194i NÉGRÃO, Ricârdo. Mabral de d.ireito comercial e de.npre§d 2. ed São PeuLor Sárâiva,
Iean (Ciird.j.'CrimesÍat.nenures 2OO?, v.3, p.584; RE7-ÉRRÀ FILHO, Manoel ,ustioo. Nova lei de recuperaçáo e falüciat conehtada Z ed'
de acordo corfl a Lei 1!. t0l,/2@S. Sáo pâulo: Letin, 2006, p. 225.
euertier São Pâulo: Reüsta dos Tribunais,2005, P. 386-387.
Das orsPosrÇÔEs PEMrs ÉM MArÉRA oE FA!ÊNcIÁ
E FÉcuPÉFAÇÂo oE EMPBEsas i 591
590 ! CITRSO DE DIBEITO EMPnESAÂ|AL
10 DesobediênciaÍatimentar
Além de todos os aspectos mencionados, a Lei n. 11.101/2005 menciona em diversos
dispositivos (arts. 22, § 2"-, arts.2g,99, lII, e 104, parágrafo único) a configuração do
crime de desobediência que pode ser praticado tanto pelo deyedor ou seus administra_
dores, quanto pelo administrador judicial ou mesmo pàr credores. A configuração
desse
crime se dará basicamente pelo descumprimento de certos deveres legais. Âssim, o ad_
ministrador judicial praticará a desobediência se for intimado pessoalmente pan prestar
contas e não o fizer no prazo de 5 dias, Os credores, o deyedor ou seus administradores
praticarão tal crime quando nâo atenderem à intimação para que compareçam à
sede do
iuÍzo para prestar informações ao administrador judicial. O devedor lraticará tal crime
quando for intimado pessoalmente e não apresentat no prazo máximà
de 5 (cinco) dias,
relação nominal dos credores, indicando endereço, importâacia, natureza e classificaçâo
dos respectivos créditos ou quando descumprir seus àeveres, sendo intimado pessoal_
mente para cumpri-los.
Não se trata exatamente do mesmo crime de desobediênciâ previsto no Código
Penal e, por isso, é recomendável chamálo de desobediência falimentafr, Essa diferen-
ciaçâo leva alguns autores a considerar tal típificação inconstitucional, na medida
em que
REGIUES ESPEGIAIS DE principal3. Sâo instituiçôes financeiras os bancos, as distribuidoras e corretoras de Utu-
30 EÍIIFRE]IITAME TTITO I'E GRISES los e yalores mobiliários, as casas de câmbio, as operadoras de /easjrrg., as cooperativas
de crédito e as administradoras de consórcio (Lei n. 11.79512008 - art. 39).
Pela importância do crédito pata a economia, o Estado passou a dar uma atençáo
maior tais instituições, especialmente para suas eventuais crises. Em razão disso, forarn
a
leta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiro§, em 3. ÀgRÁO, Nelson. Direito bancário,70. ed SÀo Peu.lor Saraiva,2007, P,17.
moeda nacional ou estràngeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros" 4. SZTÀrN, Rechel; FRANCO, Vera Helena de lly'..ello Fdêícia e recuPeruçào da efipresd em cÍhe. Sío
(Lei n. 4.595164 - art. 17). Ém outras palavras, sâo entidades que se dedicam profis- Paulo: Camp$, 2008, P. 289,
7. SZTAJN, Râchel, FRANCO, Verâ Helena de Mello Fdlêncíd. e rccuperaçào da efipresa em e se. Sào
2.1.l Decretaçáo o perÍodo da intervrcnção. Além disso, a deqetaçâo da inGrvenção gera a inexigibilidade
dos depósitos já odstentes à datâ de sua du.."t
À intervenção pode s er decretada se a entidade softer pre,juÍzo, decorrente çào. out o*ri-,-il.ã.u."iuo a" ,n,.*"n_
ção implica a suspeÍtsâo do mandato dos memúros da admi-rt
administlação, que suieite a Íiscos os seus credores. Também é possÍvel a se kata de um afastanento definitiyo, mâs apenas de uma üo ãI']o"i"a"a"r. Nao
I suspensao do mandato.
intervenção se forem veriÍicadas reiteradas inÍraçóes a dispositivos da legislaçáo
nâo regulâlizadas após as determinaçóes do Banco Central do B rasil, no
uso das
atribuiçôes de fiscalização. Por derradeiro, pode ser decretada a i ntervençâo 2.1.3 lnterventor
nos
de impontualidade injustificada, execuçáo frustrada e atos de fa lência, desde
que
possÍvel evitar a falência (Lei n. 6.024174 aft.2e\ Além dos efeitos acima mencionados, o Banco Central
- deverá nomear um interven_
adas as.funçôes inérentes à administração da instituiçâo
Em qualquer um dos casos mencionados, a intervenção pode ser decretada
e, ::i-llr: i*l-i.
escolna do lnterventor é livre e, uma v_ez nomeado,
Íinanceira, A
pelo Banco Central ou a requelimento dos administradores da instituiçâo, ele passârá a ter competência para
se praticar todos os atos pela instituição financeira. Em
I
' de poderes para tanto, No caso de pedido dos administradores eles deverâo relação a" àirporiçaà ou
"o, "ià.-
-
oneraçâo do patrimônio, depende de autorizaçâo do
as causas do pedido, ressâltando que ta.l medida não os exonera de eventual Banco Cunt."t,
lidade. Também é possível o pedido pela Bolsa de Valores em relaçâo às corretoras O interventor nomeado deverá ainda promover a
arrecadação de liwos e documen_
a tos da instituição, bem como levantar o UaLço ge.A
ligadass. Em todo caso, a intervençã o não excederá a 6 (seis) meses, podendo, por eÀu"nú-.iãlãliuror, ao*.u'to,
deci_ e bens da sociedade. Os ex-administrador""
são do Banco Central do Brasil, ser prorrogada uma única vez, até o máximo de outr,,gs aá .ítia"a. á"uu.io .ntrig", int._.ntor,
em cinco dias, contados da posse deste, declaração. "o
6 (seis) meses. assinad" po. toao,
em que conste a indicação: (a) do nome, nacionalidade, "rrr*i;riio
estado civií e enáereço dos"t"r,
ad-
A princípio, tal medida se aplica apenas a instituiçÕes financeiras públicas ou priva_ ministradores e membros do Conselho Fiscal que estiyerem
das, excetuadas as federais. Como o Banco Central integra a administraçâo federal, meses anteriores à decretação da medida; (b)
ei exercià nos últimos f2
seria dos mandatos que, porventurâ, tenham
estranha essa aplicação a instituiçóes federais, uma vez que poderiam ser tomadas outras outorgado em nome da instituiçâo, indicando o seu
objeto, noi" á ãnà"..ço ao .rna"_
medidas inerentes a sua própria gestâo. Outras instituições públicas de âmbito estadual tário; (c) dos bens imóveis, assim como dos móveis, q;"
.
no estabele_
podem se submeter perfeitamente à intervenção.
:lT*j:
(q) da.paÍticipação que, porventura, ";.,;;;.;;"m
cada aáministrador ou membro do Con-
Como é extremamente comum a existência de diversas atividades ligadas a uma serno tt§cat tenha em outras sociedades, com a
respectiva indicação.
instituição financeira, o Banco Central poderá estender o regime de ifltervenção parâ as Com-base nessa documentação e nas infermações
obtidas, o inteÍventor deverá, no
pessoas iurÍdicâs que possuam regime de integÍação de atividade ou vínculo de interesse_ prazo de 6O dias da sua posse, apresentar
um relatório. Este deverá conter: (a) exame da
Isso será possÍvel quando as pessoas jurídicas forem devedoras da sociedade sob inter- escrituraçâo, da aplicaçáo dos fundos e disponibilidades
e da situafJe.onomico+in"r,_
vençáo, quando seus sócios ou acionistas palticiparem do capital desta em importância ceila da instituição; (b) indicação, devidamente comprovaài,
ào, iiÃlo_i"ro", a"no-
supelior a 10%, ou forem cônjuges ou parentes até e 2e grau dos membros da diretoria sos que eventualmente tenha verificado; e (c) propoita
.iustificada da adoção das provi-
ou dos seus conselhos. dências que lhe pareçam convenientes E insiituiçào.
n;à; iõed;, ;;_, que mesmo
antes desse relatório o interventor requeiÍa ao
Banco Central as medidas que julgar
convenientes para a supelação da crise.
2.1.2 EÍeitos da intervenção
I
A decletação da intervenção por si produz alguns efeitos, em especial aqueles indica- 2.1.4 Fim da intervenção
dos no art. 6e da Lei n. 6.024/74. Assim, ela determinará suspensâo da eigibilidade das Verificando a possibi.lidade de superaçâo da crise,
obrigações vencidas dâ instituição sob interyenção, de modo que os credores não poderão - o interventor deverá requerer ao
para a adoção das medidas que ju!", c'à*Jri.nt",
I exigir o cumprimento das obrigaçóes durante o perÍodo desse regime especial. Na mesma }f:f.:::] :ylização
narqaoe. superada a crise, o Interventor deve propor o fim
p"ra ta n-
da intervenção, com o restabe_
linha, ela determina a suspensão da fluência do prazo das obrigaçôes vincendas anterior- lecimento normal das atividades. Nâo s""ao *p"."a."iri*
mente contraídas, também para eútar que novas obrigaçôes possam ser exigidas durante
o'ini"*'"ã. a",n"ra r"qu"_
decrete a liquidação extraiudiciâl ou m"sr* lu. o
:T^Íl?1T:: -C"l1at O pedido
a larencE da socÍedade. de falência somente "utorir" "
puai.
será autorizaáo quando o ativo da
8. TZIRULNIK, Luiz. /,lutuen?ro e liquidação ê*tt4iudicíct dds instituiçõês fidnceins.2. ed. Sâ,o pevlol
Revista dos Trlbunâis, 2000, p.47. NEGnÃO, Rlcardo. Ma, ual, dê dtrêito ôonercta] ê de emt»esa. S. ed.
Seo paulo: Saratva, 2010, e 3, p, 720.
s98 CUESO DE OIREÍTO EMPBESAEIAI Becrues especres os eNÊBÊNÍaMÉNÍo DE cnrsEs i 599
instituição não for súciente para cobrir sequer metade do ya.lor dos créditos qürografários, devidamente comprovada, dos atos e omissões danosos que eventualmente tenhâ verifi-
ou quando julgada inconveniente a liqúdaçâo extraiudicial, ou quando a complexidade do; cado; e (c) a proposta justificada da adoção das providências que lhe pareçam convenien-
negócios da instituiçâo ou a graüdade dos fatos apurados aconselharem a medida, tes à instituiçáo. Trata-se da principal peça do RAET. É a partir desse relatório que serão
determinados os rumos da instituição financeira submetida a tal regime.
2.2 Begime de administração especial tenporária (frAFl) À luz desse relatório, o Banco Central poderá autorizar a transformação, a incorpo-
ração, a fusão, a cisão ou a transferência do controle acionário da institúçâo, em face dâs
Com obietivos similares aos da intervençâo, o Decretolei n.2.321/87 criou o re- condiçóes degarantia apresentadas pelos interessado§. Essa primeira medida obviamen-
gime de âdministraçâo especial temporária (RAET), aplicável também a instituiçóes
te deverá cumprir as regras societárias atinentes à operaçáo, o que nem sempre será
financeiras públicas e privadas, exceto as federais. Esse regime também visa à supera-
viável, uma vez que pode ser difícil a concordância dos sócios. A.lém disso, o Banco
ção da crise de instituiçóes Íiflanceiras e poderá ser decretado nos mesmos casos da
Central pode propor a desapropriaçáo, por necessidade ou utilidade pública ou por in-
intervençâo (Lei * 6.024174 - art. 2e) e se constatâr a prática reitelada de operações
teresse socia.l, das açÕes do capital social da instituição. Ainda há a possibilidade de de-
contrárias às diretÍizes de polÍtica econômica ou financeira traçadas em lei federal; eu
a existência de pâssiyo a descoberto; ou o descumprimento das normas referentes à cretaçào da liquidação extraiudicial da institüçâo. Por fim, registre-se que o regime es-
conta de reseryas bancárias mantida no Banco Central do Brasil; ou ainda a gestào pecial também cessará se houver normalização das atividades.
temerária ou fraudu.lenta de seus administrâdores, §sim como a intervenção, trata-se
de medida administrativa transitóriato.
O RAET nâo úeta o curso normal das atividades da instituiçâo financeirâ, mas de-
2.3 tiquidaçáo extrajudicial
termina o imediato afastam€nto dos seus administradores e dos membros do conselho
Caso não seja possÍvel a superação da crise das instituiçôes financeiras públicas ou
Íiscal. Nesse caso, a atividade passará a ser conduzida por um conselho diretor, nomeado
privadas, exceto as federais, o Banco Central poderá decretar a liquidaçâo extrajudicia.l,
pelo Banco Central do Brasil, com plenos poderes de gestáo, constituÍdo de tantos meÍrl.
bros quantos iulgados necessários para a condução dos negócios sociais. Tal conselho entendida como "uma forma de extinção da emplesa determinada pelo Estado e* ojtclo,
terá os poderes ordinários de gestâo da insútuição, mas eventuais atos de disposição ou ou a rcquelimento dela própria, quando ocorrerem graves indÍcios ou evidência de in-
oneração do patrimônio dependerão da autorização do Banco Central. Poderá o Banco solvência ou quando lhe for cassada a autorizaçáo para funcionar"rr. Em outras palavras,
Central do Brasil atribuic a pessoas jurÍdicas com especialização na área, a administração a liquidação extraiudicial é'b procedimento liquidatório concursal que, assim como a
especia.l temporária da instituição. falência, visa conferir tratamento paritário aos credores do deyedor insolyente, mas.que,
Os membros do conselho diretor assumirão suas funções de imediato, indepen- por se tratar de medida administrativa voltada também à tutela de interesses públicos, é
dentemente de qualquer publicação. E a partir dessa posse nas funçôes, eles deverão instaurado e conduzido fora da esfera iudicial"r',
escolher o presidente, dividir as atribuições e definir quais matérias esta!ão suieitas à Trata-se, em suma, de procedimento concursal similar à falência, mas conduzido
decisáo colegiada, Além disso, eles deverão receber dos ex-administradores declaração,
na esfera administrativa. O objetivo da liquidação extrajudicial é o saneamento do
assinada em conjunto por todos eles, de que conste a indicaçâo: (a) do nome, naciona-
mercado íinanceiror3. Tendo em vista esse obietivo, a decretação da liquidaçâo extra-
lidade, estado civil e endereço dos administradores e membros do Conselho Fiscal que
judicial produz efeitos similares aos da decretaçâo da falência, todavia, ela será condu-
estiverem em exercÍcio nos últimos 12 meses anteriores à decretação da medida; (b)
dos mandatos que, porventura, tenham outorgado em nome da instituição, indicando zida pela própria administraçáo pública, visando a resguardar uma soluçáo mais
o seu objeto, nome e endereço do mandatário; (c) dos bens imóveis, assim como dos pronta e rápida pala a crise com menores prejufzos. Há um presumido interesse pú-
móveis, que não se encontrem no estâbelecimento; (d) da participação que, polventu- blicora nas atividades suieitas a €ssa liquidação administratiya, como no caso brasileiro
ra, cada administrador ou membro do Conselho Fiscal tenha em outras sociedades, das instituiÇôes financeiras.
com a respectiyâ indicação.
Por remissão expressa ao texto da Leí n. 6.024/74, o conselho diÍetor deverá apre-
11. REQUIÁO, Rubens, Cutso d,e direito Íalbnenz, 14. ed. SÀo Paulo: Sarsiyà,I995,v.2, p,201-202.
seotar um relatório que contenha: (a) o exame da escrituração, da aplicaçâo dos fundos
12. RODRIGUES, Fred ericouârle. Irlsolvérlcid bancária.Relo{otizonter Mardamentos, 2004. p. lO4.
e disponibilidades e da situação econômico-financeirâ da instituiçâo; (b) a indicação,
13. TZIRULMK, Luiz. lntervehçAo e líquidaçito .rtmjudicial das irlstitulções l anê.iras.2. ed, Sao Pa\lol
Revistâ dos Tribunâis,2000, p,41.
10. RODRIGUES, Frederi.o\4àne. lhsolvéncia bdncária. Belo Horizonter Mandamentos, 2004, p. 85 14. PAIARDI, Piero. Ma nudle dí diritto Ía.llimenrare. 6. €d. Milâno: Giuffrê ,2OO2, p.751.
"il
600 i cuaso oe oratrro EMpnEsaFlaL
Becnts rspecn,s or eNFFENTAMENTo DE cBrsES ; 601
2.3.1 Decretaçáo
pagâmentos fora da^ordem de preferências e, por isso, as açôes devem
ser suspensas para
 liquidação extrajudicial pode ser decretada e* o/lclo em algumas que o§ pagamentos fiquem concentrados. pelas semelhanças com a falência,
hipó acred.itamos
saber: ocorrências que comprometam sua situação econôÍnica ou financeira que nâo devem ser suspensas as açôes que demandem quantia ilÍquida (açôes
es
de conhe-
mente quando deixar de satisfazer, com pontualidade, seus compro mlssos cimento), ao menos até a apuração do vCor devido, coÀo já havia reconhecido o STf6.
ou quando
caracterizar qualquer dos motiyos que autorizem a decreta Pela especiffcidade da legislaçâo, também não devem ser suspensas
as execuções fiscaisrr.
ção de falência; quando a
administração üolar gravemente as normas legais e estatutá rias que disciplinam As âçôes sem repercussâo econômica-poderâo prosseguir normalmenters,
uma vez que
a atü não prejudicarâo a liquidaçâo. Naturalmente, essa suspensão só beneficia
dade da instituição, bem como as determinaçôes do Conselho Monetário o devedor em
Nacio liquidação extrajudicial, náo se estendendo aos demais litisconsortêsre.
do Banco Central do Brasil, no uso de suas atribuiçô es legais; quando a instituiçào
preiuÍzo que suieite a risco anormal seus credores quirografários; ou ainda quando, Também é colocada como efeito da liquidação extraiudicial a proibição
cas- de aiuiza_
sada a autorização para funcionar, a instituição não iniciar, nos 90 (noventa) mento de novas açôes, enquanto perdurar a liquidaçâLo (Lei n.6.ó24n4 _ art. í8,4).
dias s eguin-
tes, sua liquidação ordinária, ou q uando, iniciada esta, verificar o Banco Embora possa até ser justificável tal efeito, não vemos sua compaübilidade com
Cen tral do nosso
Brasil que a morosidade de sua administraçã o pode acarretar preiuÍzos pala ordenamento constitucional. O art. Se, XXXV da Constituição Fàera.l assegura
os credore§ a inafas_
(l^eí n. 6.024n4 tâbilidade da tutela jurisdicional. Ora, nesse caso, nenhuma lei poderia afastar
- afi. LS, t) to. Apesar disso, o STJ também iá leconheceu a aplicação desse üspositivoro.
esse direi_
Também poderá ser decretada a liquidação extraiudicia.l a requerimento
dos ad- Com objetivos similares, também é efeito da decretação da liquidâção a interrupção
ministradores da instituiçâo, se eles tiyerem poderes para tanto. Àlém disso, é possívei
a decretação a pedido do interventor ou do conselho diretor, no caso da prescrição relatiya a obrigações de responsabilidade áa instituição. Dentro
do RefT,.A, da !ers_
Bolsa de Valores também tem legitímidade para requerer a liquidação em
pectiva de uma execução coletiva, é razoável impor efeitos que
relaçáo às tornem desnecessárias
novas ações contra a liquidanda. por isso, é prevista a interrupção, não
corretolas a ela ligadasrs. Em todos esses casos, o pedido deverá especificar os mátivos a suspensão, como
para essa medida. na falêocia, da prescrição das açôes, de modo que ao finai dà iiquidação, prazosos pres_
cricionais se reiniciem do zero.
Em todos esses casos, a decretação será determinada por despacho do presidente
do Bânco Central que muito se âssemelhará a uma sentenç; de decretação da falência. _ Outro efeito dâ decretaçâo da Iiquidação extrâiudicial é o vencimento antecipa_
do das obrigaçóes da liquidanda. Tratâ-se da uniformização temporal
Há a exigência inclusive de fixaçâo de um termo legal, que não poderá ser superio! das obrigaçôes,
a 60 a fim de evitar que o fator tempo se.ia determinante na definição
(sessenta) dias contados do primeiro protesto por fa.lta de pagamento dos pagamentos. Se
ou, na falta deste, todos devem ser pagos na liquidação de acordo com a ordem legal áe
do ato que haja decretado a intervenção ou a liquidação. EmLora fixado de forma dife- lreferências,
nada mais razoável do que afastar qualquer critério temporal
rente da atual legislaçâo, o termo legal fixado desse modo tem o mesmo obietivo. e diixar tàdas as obrl_
gaçõe§ vencidas. Neste aspecto, porém, ressalte-se que
não serão atendidas as cláu-
sulas penais dos contratos unilateÍais vencidos em yirtude da
decretaçâo da liquida,
ção extraiudiciâ1.
2.3.2 EÍeítos
A lei estabelece também como efeito da liquidaÇâo extrajudicial a não fluência de
juros, mesmo que estipulados, contra a massa, enqua[to
Decretada a liquidação extrajudicial, será produzida uma série de efeitos que visam não integla.lmente pago o pa§-
a
-
facilitar a conclusão do processo, da melhor maneira possível. Tendo em yista a se_ sivo. Trata-se, assim como na falência, de uma suspensão da conãiçao
da exigib làade
melhança de obietiyos, os efeitos da decretação extraiudicial sáo muito parecidos com
os efeitos da decretaçâo da falência. Em outras palavras, tâis efeitos yisam a permitir o 16. ST' RE§p 92.805/MG, Ret. Ministro
pagamento do maior número possÍvel de credores, de acordo com uma ordem legal de
- sÁLvlo DE FtcuEIREDo TEIXEIRA, QUARIA TURMA,
Julgâdo em 16-4-1998, D/ 25-5-tgg9, p.12r.
preferência. Aqui não se quer reeÍguer a atividade, mas apenas promover a liquidaçáo 17. STI - REsp 92.980/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRÂ TURMA,
iutgâdo em 20-10-2009, D/e
patrimonial. 6-I1.2OO9i STI - ERErP 757,576lPR, ReI. Mini6tro HUMBERTo MÀRTINS,
PRiMÉIRA SEÇÂó, j,ú;;;;;
26 - | 1 -2008, Dl ê 9 - t2- 2OO8.
O primeiro efeito da liquidaçâo é a suspensâo das ações e execuçôes iniciadas sobre
direitos e interesses relativos ao acervo da entidade liquidanda. Não se podem permitir 18. STI - REsp 676,489/pE, Rel. Minislre ELIANÀ CÀIMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17-S-2OOS,
Dl 20-6-2005, p, 226.
19. ST, Rʧp 1025358/RS, Rel.
- Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRÁ TURMA, julgado em I3-4-
15. TZIRULNIK, Luiz . InteÍvenção 2AlO, Dle l4-5-2O]-0,
e liquilação extrujudicldl das ihstituições fhanceiras. 2. ed. Sâo paúIol
Revista dos Tribunãis,20OO, p. 55. 20. sTJ-REsp468.942lp,Rel.Ministroá,RlPÀRGENDLER,TERCEIRATURMÀ,jul8âdoem13,9-2005,
Dl 3-L0-2005, p,241.
BEGTMES EspEcrars DE ENFRENTAMEMTo DÉ cRrsES ! 603
60 2 CURSO DE DIREITO EMPRESABIAL
Aqueles que estáo dispensados da habilitaçáo poderão consultar relação que estar6 2.3.4.2 Realização do ativo s pagamento do passivo
poder do administrador.
Cada habilitação apresentada será respondida individualmente. O liquidante Mais uma yez de forma similar ao que ocorre na fa.lência, na liquidação extra,iudicial
iunta-
rá a cada declaração a informâção completa a respeito do resultado das averigu açôes também deverá ocorrer a realização do ativo. Esta se dará por meio de procedimento
a
que procedeu nos livros, papéis e assentamentos da entidade, relativos ao cré dito decla- licitâtório, com autorizaçâo do Banco Central. Na busca de mais recursos, poderão ser
rado, b em como sua decisão quanto à legitimidade, yalor e classificaçâo, podendo inclu- tomadas medidas de responsabilização de administradores, bem como medidas para'
sive pedir inÍormaçôes dos administrâdores da instituiçâo. Os credores serão notiffcados declaraçáo de ineficácia dos atos praticados pela liquidanda, nos mesmos moldes da le-
por escrito da decisão e, no prazo de 10 dias, poderâo interpor recursos que serão apre_ gislação falimentar. Apurado o ativo, deverão ser pagos os credores de acordo com a
ciados pelo Banco CentrâI. ordem legal de preferência estâbelecidâ na atual lei de falências.
Rubens Requião admite nesse procedimento a uti.lização de habilitação retardatária,
pela aplicação subsidiária da tei de falênciasz, apesar do silêncio da lei específica. A nos-
so veç porém, nada poderá ser feito na esferà administrativa, a nâo ser nos prazos pre- 2.3.5 Encenamento da liquidaçáo
vistos em lei. A peculiaridade da habilitação retardatária exigiria previsáo especÍfica na
A princÍpio, o procedimento de liquidaçâo será encerrado por decisâo do Banco
Lei, n. 6.02417 4, o E e não ocorre.
Central, nos câsos previstos no aÉ. 19,l daLei n.6.024174.
À luz das suas decisôes, das decisões dos recursos e da relação de credores dispen-
Em primeiro lugar, a liquidação poderá ser encerrada quando não houye mais o que
sados da habilitação, o liquidante deverá elaborar um quadro geral de credores que será
publicado na imprensa oficial e em jornal de grande circulaçáo. Nesta publicação, cons- fazer no procedimento da liquidação extrajudicial. Assim, nos casos de pagamento inte-
gral dos credores quirografários, exaustão do ativo ou iliquidez ou difÍcil realizaçáo do
tará aviso de que o referido quadro e o balanço da entidade liquidanda estâo fixados nâ
sede e nas demais dependêncías da entidade para conhecimento, ativo remanescente. Em todos esses casos, fez-se o que podia ser feito com os bens arre-
cadados e nada mais iustiÍica a continuaçáo do procedimento. para fins de publicidade,
Nem todos irão concordar com esse quadro elaborado pelo liquidante. por isso,
deve-se proceder à anotação do encerramento da liquidação extraiudicial no registro
qualquer interessado poderá apresentar impugnações, no prazo de 1O dias contados da
correspondente e substituir, na denominação da sociedade, a expressão ..Em liquidação
publicaçào do quadro. O titular do crédito impugnado será notificado e, no prazo de 5
extrajudicial" por "Liquidaçâo extrajudicial encerrada,i
dias, poderá apresentar as âlegaçóes que julgar convenientes. Após dar parecer sobre a
impugnaçâo, o liquidante a encaminhará para julgamento pelo Banco Central. Após o Também é possível o encerlarnento da liquidação pela convolação em tiquidação
iulgãmento de todas as impugnações, o liquidante fará as alteraçÕes que forem determi- ordinária, ou seja, pela conünuação da liquldação conduzida pela própria instituição e
nadas no quadro geral de credores e publicará aviso sobre as eventuais modificaçóes no náo mais pelo Banco Central. De modo similaü a liquidação será encerrada também pela
quadro, que a partir de então será considerado definitivo. Após a definição do quadro mudança do obieto social da instihriçáo, para uma atividade que nào integre o sistema
geral de credores, aqueles que não se conformarem teráo 30 dias para restabelecer as financeiro nacional, não mais iustificando a preocupaçáo do Banco Central. para mudan-
açóes suspensas ou propor açôes que entenderem cabÍveis (Lei n. 6.024/74 - att.27). ça do obieto social ou convolação em liquidação ordinária, a proposta poderá ser feita
l rata-se de prazo decadencial23. após âprovaçâo da maioria simples dos créditos (votação pelo valor) presentes em as-
Apesar de pretender ser definitiyo, é certo que o quadro geral dos credores poderá sembleia geral de credores.
soÍier alterações até o 6nal da liquidação. Admite-se a revisão dos créditos incluídos, até Àinda é possÍvel o encerrarnento da liquidação pela transferência do controle socie-
o final da liquidaçáo, no caso de dolo, fraude, falsidade, simulação ou documentos igno- tário da instituição. Deye-se entendeÉ porém, que essa transferência será autorizada pelo
rados à época da sua inclusão, Feito o pedido de revisão, o interessado terá o prazo de 5 Banco Central e envolverá providências que permitam a superaçâo da crise da instituição.
dias para se manifestar após o que o pedido será decidido pelo Banco Central. O credor Por fim, é possível o encerramento da liquidaçào extraiudicial pela falência da insti-
prejudicado por essa nova decisão também terá o prazo de 30 dias, contados da ciência tuiçáo financeira,
da decisáo, para restabelecer ou ajuizar as ações que entender cabÍveis.
Antes de todos esses legimes especiais, as instituiçôes filanceiras tiyerâm sua ativi-
REQUIÁO, Rubên§. Cúro de dircito Íalimcnur 14. ed. Sâo pâulo: S.râiva, l9gí, v.2, p.243. dade conduzida por seus administradores. Estes, dada sua condição de presentantes, em
23. ldeín, p,242. regra, nâo respondem pelâs obrigaçôes da sociedade, Todavia, pela importânc,a da âti-
',l!m REGTMES EspÊclAl5 DE ENFBENTAMÉNTo DE cRrsÉs 607
606 ! cunso oe orarno EMPBEsaRTÂL
údade das instituiçôes financeiras, a própiaLeí n.6,024174 traz regras sobre a respon- r assumidas durante a sua gestão, é obietiva (arts. 36,39' 40' 43' 45' , Par' único e 47
sabilização de administradores e membros do conselho fiscal em todos esses regirnes I da tei 6.024/74)"". No mesmo sentido, Francisco losé Siqueira úrma:
especiais. Mesmo no RA-ET, tais medidas se aplicam pela remissão expressa feita pelo a!t.
19 do Decreto-lei n. 2.321/87. Nada impede ainda que se.ia decretada a desconsideração E não se alegue a existência de qualquerantinomia entre a§ disPo§içóes dos arts.
da personalidade jurÍdica, desde que presentes os seus pressupostos, em especial o be- 39 e 40 da Lei 6.024, de 1974, Na realidade, o§ dois Preceitos legais se comPle-
nefície daquele que será chamado a responder2a. mentam e deYem ser intelpretados coniuntamente Um legula o vÍnculo interno
da obrigaçao solidária, admitindo o elemento subietlvo ao tratar da resPonsâbi-
lidade dos administradores pelos atos que tivelem praticado ou omis§ôes em que
2.4.1 Natureza
houverem incorrido. O outlo regula o vÍnculo externo da obrigação solidária,
Neste assunto, o art, 39 da Lei n. 6.024174 díz que "os administradores e memblos prescrevendo objeúvamente a responsabüidade dos âdministradores pelas dívidas
do Conselho Fiscal de instituições financeiras responderão, a qualquer tempo, salvo contraÍdas em nome da instituiçâo financeira durante a sua gestãom'
prescliçáo extintiva, pelos que tiverem pralicado ou omissões em que houverem incor-
ridoi Sobre o mesmo, o art, 40 da mesma Lei diz: "Os administradoles de instituiçõe§ Posteriormente, o STJ, a nosso ver com razão, alterou sua ophiâo afumando que a
Íinanceiras respondem solidariamente pelas obrigaçôes por elas assumidas durante sua responsabilidade é subjeüla, mas com inversão do ônus da Prola, asseverando que "a Lei
gestão até que se cumprami A diferença d€ conteúdo entre os dois altigos trouxe inúme- n,6.O241Lg74, toda]rta, autoriza a inversão do ônus da ProYa, de modo que compete aos
administradores da irstituição demonstrar que atuaram com o devido zelo, impedindo
ras divergências sobre a natureza dessa responsabilidade.
sua responsabilização P€los PrejuÍzos causados"3r. No mesmo sentido, â 4'! Turma do STJ
Para Rubens Requião, Modesto Carvalhosa e Fábio Ulhoa Coelho, tal responsabi.li-
afirmou que:
dade depende da prova do dolo ou da cr:Jpa do administrador2s, alterando-se apenâs o
modo de apuração de tal responsabilidade. De outro lado, para Luiz Tzirulnik, esta res-
O art. 39 da Lei n. 6, tíata del\ipótese de responsabilidade subjetiva dos
O24l1g7 4
ponsabilidade só é exduÍda pelâ prescrição, independendo da prova de dolo ou cu.lpa do
administradores e conselheiros fiscais de instituição financeira §ubmetida aos
administrâdor'?6. Ricardo NegÉo também considera tal responsabilidade objetiva, tendo
regimes de intervenção, tiquidação extraiudicial, íalência e administração tem-
em yista a lecessária proteção ao crédito público'z7,
porária. Respondem ele§ somente Pelos atos que tiverem Praticado ou omissôes
Paulo Roberto Tavares Paesr úrma que a responsabilidade dos administradores de
em que houverem incorrido com culpa ou dolo. O art.40 também cuida de
instituições financeiras será sempre subjetiya quando se tratar do art. 39 da Lei n. 6.024,
responsabilidade subjetiva e apenas comPlementa o dispositivo anterior, estabe-
de 3-3-1974, e responsabilidade objetiva, no caso do art.40. O STJ iá se pronunciou de
lecendo a solidariedade entre os administradores culposos e a instituiçâo finan-
forma similar, afirmando que "a responsabüidade dos administradores é de dupla natu-
rezar pelo art. 39 da lei 6.024/74, é subjetiva; nos termos do art. 40, pelas obrigações ceira em relaÇão às obrigaçÕes Por esta assumidas durante a gestâo daqueles, até
que sejam cumpridas, A Lei n.6.02411974, todavia, autoriza a inversão do ônus
da prova, de modo que compete aos administradores da insütuição demonstrar
24. STI - REsp 1036398/nS, Rel. Mini6tra NÂNCY ANDRIGHI, TERCEIRÀ TURMÂ, julgêdo em 16-12-
que atuaram com o devido zelo, a fim de nâo serem responsabilizados Pelo§
2008, Dle 3-2-20A9 .
prejulzos causados3'?.
25. REQUIÁO, Rubens. Cutso de dircitoÍalimen ar. 17. ed. Sáo Pautor Serâive, 1998, v.2, p.251; COELHO,
Fábio Ulhoa. A responsabiiidâde civil dos administradores de instltulçóes íinânceins. Inr In: MOSQUERA,
Roberto Quiroge (Coord.). Aspeetos atudís do direito do ,nêrcado frnaficeiro e de capltdis, Seo Pa§lo, Dialéll-
ca, 1999, p. rl2i CÁIVÁLHOSA, Mod€sto. Cort entdrios à lel de sociedadet dhônirflas,4. ed,. Sâo Petrlo: Sà' 29, - REspzlz4'lsP, Rel Mjnistro RUY ROSADO Df ÀGUIÂR, QUA.RTA TURMA,iulgado êm 4-10-
STI
raiw, 2009, v. 3, p. 375. 1994, Dl 3r-tO-1994, P. 29500.
26. TZIRULNIK, Luiz. Intervençào e liqaidaçào ?ãtmjudkial das irlstithiçõesÍnanceiros.2. ed. São Paulo; 30. SIQUEIRA, Francisco Io5é. Institulçõê§ finânceirâsr regimês €§peciais no dileito brasil€iro Revkta de
Revistâ dos Tribunais, 2000, p. 77. direito b4ficário do marcado de cdPítait e d4 drbitragenl, âno 4, n 12, ebr/jurl 2001' P 60_61 '
10-2007'
27. NEGRÃO Ricardo , Manual dê dirêib conercíal e de empresa. 5. ed.'âo Peúo: Sar.iva, 2010, v. 3, P. 749 31. sf, - REsp,l47.939/SP, Rel. MiniBtrâ NANCY ÀNDRIGHI, TERCETRA TURMA, iulgado em 4-
28. PAES, n R. Tâváres . Rsponsabiliàade dos adrflifibtradores de toêiedadd, 2, ed, Sáo Pâulo: Revistâ dos
Dl 25-10-2007 , P. 166,
Tribunais, 1997, p.48. No mesmo sentidor SZTA,N, Rachel; FRANCO, Ve ta}{.elene de Mello. FalênciL e re- 32. STJ - REsp 962,265lSP, Rel. Ministro oTÂvlo DE NoRONHÀ, QUARTÀ TURMÀ' julgado em
cupetuçãa daehpresd err.r'fue. Sâo Paulo: Câmpus, 2008, p. 304. !4- 6 -20! 1, D l e 22' 6 -2o 1 1 'oÃo
608 i cuaso oe orneÍTo EMpÊEsaFlqL
Rrcrves:specrars oe e^rnrrrortnrro oe cnsts i 609
com â indicação das respecü\Es importâncias, bem como a relação dos créditos da
Ea_ 4 Operadoras dê planos de saúde
zenda Pública e da Preüdência e dos demais credores, com indicação das importâncias
e procedência dos créditos, bem como sua classficação, de acordo com a legislação Mais um caso de regimes especiais diz respeito às operadons de plangs privados de
de
falências. Eyentuais prefudicados poderão impugnar o quadlo de credores no prazo assistên€ia à saúde, nos termos da Lei n. 9.656/98. A importância do atendimento à saú-
de
15 dias. À SUSEP examinará as impugnaçôes e fará
publicar, no Diárío OJicial da llnião, de da populaçáo justifica uma fiscalização mais próxima do Estâdo, a qual é realizada pela
sua decisão, dela noüficando os recorrentes porvia postal, sob AR. Da decisão da SUSE! Agéncia Nacional de Saúde (ÀNS). A quebra da qualidade ou da continuidade de tais
cabe recurso ao Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio no prâzo também serviços pode causar prejuízos enormes, como a perda de vidas, e, por isso, há essa fis-
de 15 dias. Aqueles que ainda se sentirem prejudicados poderão retomâr açôes ou mesmo calização.
propor aquelas que entenderem cabÍveis, devendo hayer reserva de valores até o Assim, sempre que detectadas nas operadoras de planos de saúde insuâciência das
iulga_
mento das açóes. garantias do equilíbrio Íinanceiro, anormalidades econômico-financeiras ou administra-
Caberá à SUSEP a reâlização do ativo e o pagamento dos credores, observada a tivas grayes que coloquem em risco a continuidade ou a qualidade do âtendimento à
classificaçào legal. Ultimada a liquidação e levantado o balanço final, será à mesmo sub- saúde, a ANS poderá determinar a alienaçâo da carteira, o regime de direção ffscal ou
metido à aprovaçáo do Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com rela- técnica, por prazo não superior a trezentos e sessenta e cinco dia§, ou a liquidação extra-
tório da SUSEP. Pelo exercÍcio das suas atividades, a SUSEP faráius a uma remunelaçáo .judicial, conforme a graúdade do caso (Lei n.9.656/98 - art.24). A ANS, er o1frcro ou
de cinco por cento sobre o ativo apurado nos trabalhos de tiquidação, competindo ao por recomendação do diretor técnico ou Íiscal ou do üquidante, poderá, em ato âdminis-
Superintendente arbitrar â gratincação a ser paga aos inspetores e funcionários encarre- kativo d€vidamente motivado, determinar o afastamento dos diretores, administradores,
gados de executáJos. gerentes e membros do conselho Íiscal da operadora sob regime de direção ou em liqui-
dação. No prazo que lhe for designado, o diretor-Íiscal ou técnico procederá à análise da
A liquidação poderá ser encerrada antecipadamente, nos casos de eventual pedido
organização administrativa e da situaçâo econômico-Íinanceira da operadora, bem assim
de falência, o qual só poderá ser formtdado se, no curso da liquidaçâo, ficar constâtado
da qualidade do atendimento aos consumidores, e proporá à ANS as medidas cabÍveis,
que o ativo nâo é suficiente para o pagamento de pelo menos metade dos credores qui_
inclusive a transformação do regime de direçâo em liquidação extraiudicial.
rografários, ou quando houver fundados indícios da ocorréncia de crime falimentar
(Decreto-lei n.73166 - art. 26). Haroldo Malheiros Verçosa entende que no caso de Poderá haver falência das operadoras de planos de saúde, desde que durante o curso
da liquidação exbaiudicial seia constatado que o ativo da liquidanda não é suficiente para
omissào da SUSEP seria possível o pedido de falência pelos credores3T. A nosso ver, con-
o pagamento de pelo menos metade dos créditos quirografários, ou que o aüvo realizávele
tudo, a legislação especial deve prevalecer, não admÍtindo o pedido de falência pelos
da massaliquidanda nâo é suficiente, sequer para o pagamento das despeses administra-
credores, mas apenas na situação especiÍicamente indicada pela legislação33.
tivâs e operacionais inerentes ao regular processamento da liquidação extrajudicial ou
As mesmas regras acima mencionadas se aplicam às chamadas sociedades de capi- que há fundados indÍcios de crimes falimentares (Lei n. 9.656198 art. 23), Nestes casos,
talização, cuia atividade consiste essencialmente na celebração de contrâtos, nos quais
-
a ANS autorizará o liquidante a requerer a falência. Ressalte-se que
as operadoras de
"ajustam as partes que uma delas se compromete a entregar üma prestação pecuniária plano de saúde nem sempre são empresárias e, não sendo empresárias, nào podem falir
mensal durante certo tempo para a outla, a qual, por seu turno, fica obrigada a pagar, no nem nos casos mencionados. Caso não se trâte de uma sociedade empresária, os casos
vencimento da estipulaçâo ou em momento anterior, o total das prestações efetuadas, mencionados poderâo enseiar o pedido de insolvência civil.
acrescido de juros e corleção monetária"3r. Por meio de remissão expressa do Decreto-lei Para resguardar os eventuais prejuízos causados na gestão da operadora, a Lei n.
n.261167 ao Decreto -leí n.73166, o regíme de ffscalização das sociedades de capitalização 9.656/98 determina a indisponibilidade dos bens dos administradores dos últimos doze
é exatamente o mesmo das seguradoras, abrangendo inclusive as medidas especiais de meses, até que sejam apuradas suas responsabilidades. Tal indisponibilidade poderá ser
fiscalização, a intervenção e a liquidação extrajudicial. estendida, por determinação da ÀNS, às pessoas que houverem concorrido nos últimos
doze meses para a crise da operadora ou pala terceiros que houverem nesse perÍodo
adquirido bens dessas pessoas. Não se incluem nessa indisponibilidade os bens absolu-
37, VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclêrc. Das pessoas suieitâs e nâo sujeitas eos regimes de recuperação
de €mpresas e âo de Íalência. In: PÁIVA, Luiz Fernando Valentê dê (Coo rd.), Direito
Íalimentat . a now léi
d.elalências e re.upetaçito de empresas. Seo ParTlor Quartier Lati$ 2005, p. 112.
410, Por âtivo realizável dêve-se entender "todo ativo que poaga ser converddo em moede colrente em prazo
38. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso d.e direito coâercút 8. ed. Sâo paulo: Saraiva, 2008, v. 3, p. 249. compâtível parâ o pagamento dâs despesas adminisuetives e operâcionais da messe liquidânda, (Lei n. 9.656/98
39. RIZZÂRDO, Aínãld.o. Coküatos. ?. ed..R\o d€ ,âneiror Eorense, 2007, p.lg93, - ârt.23, S 2.).
6 4 CURSO OE DIFEITO EMPfiÊSAsIAL RecrMes :sp:ctcts oe tNFFEIÍrÂMENro DE cÊlsEs i 615
regulamento.
Nesses casos, a PREVIC poderá decretaf, a intervençáo, nomeando interyentor pelo 6 Aviaçáo comercial
Prazo necessário âo exame da situação da entidade e encaminhamento de plano destina-
são as
do à sua recuperaçâo. Durante o perÍodo de intervençáo, os atos de a.lienaçâo ou onera- Outras entidades suieitas a regime§ especiais de enfrentamento das crises
Embora submetam integralmente à Lei n'
ção do patrimônio dependerão de autorização expressa da pREVIC. A intervenção ces- instituiçôes de aviaçáo comercial. elas se
de intervençâo e
sará quando aprovado o plano de recuperação da entidade pelo órgâo competente ou se f1.101/à005, a Lei n.7.565186 (arts. 187 a 191) prevê a Possibilidade
decretada a sua liquidação exrraiudicial (Lei Complementar n. iO9/2001 tais entidâdes. À importância de tais serviços efetivamente
- aft.46). úquidaçao extrajudicial de
mais próxima e, isso, são previ§tos os regimes esPeciais'
A liquidação extrajudicial será decretada peta PREVIC quando a crise íor insuperá- exige uma fiscalização estatal Por
restabelecimento da normalidade dos §erviços e durará enquanto
vel. Neste caso, deyemos entender por clise insuperável a ilviabilidade de recuperação A ítervençáo visa ao
616 : cunso DEDtHEToEMpREsAFtaL Recrues rspecrÀs oe errneure"e*o o, c",ses ! 617
necessária à consecução do objetivo. Sendo úviável o reerguimento da atiúdade Durante o período da htervenção, é razoável assegurar recursos ao interventor para
ea
superação da clise, poderá ser decretada a liquidação extra.iudicid ou mesmo a falência, que ele possa mânter ou mesmo melhoraÍ a qualidade dos serviços, Para tanto, admite-se
Tais medidas nâo têm sido muito usadas, havendo o uso mais frequente da recuperação a transferência de recursos financeiros do poder concedente parâ assegurar â continui-
judicial e da fa.lência para tais entidades. dade e a prestaçáo adequada do serviço concedido enquanto durar a intervenção. Ao Íim
da intervenção, tais recursos deverâo ser devolvidos pela própria concessionária de
serviço público de energia elétrica ou pelâ pessoa jurÍdica que assumir a concessão, no
7 Concessionárias de energia elétrica prazo de 90 (noventa) dias.
Embora tenha a gestão, o interventor não é responsável pela busca das medidas de
Outro grupo que passou amerecer um tratamento especial para superaçâo da crise
recuperação da atividade da concessionária. Nos termos do art. 12 da citada Lei n.
foi o grupo das concessionárias de energia elétrica (Lei n. 12.76712012), mais uma vez em
12.767120L2, cabe aos acionistas a ap'Íesentação de "plano de recuperação e correção das
razão da importância da atividade para o paÍs. No caso de tal atividade, como se trata
de falhas e transgressôes que ensejaram a intervenção': no prazo de 60 dias. Tal plano de
um setor regulado, a responsável pelas medidas de tentativa de superaçâo da crise é a
recuperaçáo deverá indicar no nÍnimo: (4,) â discliminação pormenorizada dos meios
agência regu.ladora do setor (ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica), em moldes
de recuperaçâo a serem empregados; (b) a demonstração de suaviabilidade econômico-
similares aos regimes especiais iá mencionados.
financeira; (c) a proposta de legime excepciona.l de sançóes regulâtórias Para o perÍodo
Sem um rol especÍÍico de comportamentos predefinidos, em qualquer caso de ina_ de recuperaçáo; e (d) o prazo necessário para o alcance dos objetivos, que nâo poderá
dequação da prestação dos serviços de energia elétrica, será possivel que a Uniâo (poder ultrapassar o termo final da concessâo,
concedente), por meio da ÀNEEL, promova uma intervençâo para a adequação do ser-
Ressaltadas as obrigaçôes mencionadas, a princÍpio, qualquer medida pode ser Pro-
viço. A princÍpio, tal intervenção terá a duraçâo de um ano, admitindo uma prorrogação,
posta, podendo-se tomar como parâmetro o rol exeniplificativo do art. 50 da Lei n.
por até mais dois anos. O ato que decla!âr a intervençâo conterá a designaçáo do inter_
11.101/2005. Todavia, o plano não pode afetar as garantias da Fazenda Pública aplicáveis
ventor, o valor de sua remuneração (custeado com recursos da concessionária), o prazo
à cobtança dos seus créditos nem alterar as definiçóes referentes a resPonsabilidade civil,
da intervenção, os objetivos e os seus limites.
comercial ou tributária, em especial no que se refere à sucessão tributária, a que se refe-
Declarada a intervenção na concessão de serviço público de energia elétrica, a ANEEL re o art. 133 do CTN.
deverá, no prazo de 30 (trinta) dias, instaurar procedimento administratiyo para com-
Tal plano será apreciado pela ANEEL, que se o conceder, fará cessar a intervençáo,
provar as causas determinantes da medida e apurar responsabüidades, assegurado o di-
Durante o período de execução do plano, a concessionária deverá adotar as medidas para
reito de ampla defesa. Tal procedimento deve dular, no máxim-o, um ano. Havendo a correção das falhas e transgressôes e apresentar certidão de legulâridade fiscal com a
comprovação de que â intervenção náo observou os pressupostos legais e regulamentares,
Fazenda Federal e o Eundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), no prazo de 180
será declarada sua nulidade, e o serviço deve ser imediatamente deyolvido à concessio- (cento e oitenta) dias; e enviar trimestralmente à ANEEL relató(io sobre o cumprimento
nária, sem preju[zo de seu direito à indenização, a ser apurado em processo próprio.
do plano de recuperação e corleção das falhas e transglessôes até a sua eÍetiva conclusão,
Durante a interyençâo hayerá a suspensão do mandato dos administradores e mem- sob pena de declaração de caducidade da concessâo ou da aplicação das sanções contra-
bros do conselho fiscal. Assim sendo, asseguram-se ao interventor plenos poderes de tuais previstas.
gestão sobre as operações e os atiyos da concessionária e a prerrogativa exclusiva de
Não apresentado o plano no prazo, ou havendo oseu indeferimento, a própria ANEEL
convocar a assembleia geral nos casos em que julgar conveniente. Tai6 poderes de gestáo, deve tomar as medidâs que entender necessárias parâ o restabelecimento da qualidade
porém, náo são tâo amplos assim, na medida em que os atos do interventorque impliquem
dos serviços. Entre as medidas possíveis estão a declaração de caducidade, nos termos
disposiçâo ou oneraçâo do patrimônio da concessionária, admissâo ou demissáo de pes- do art. 38 da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; a cisão, incolporação, fusão ou
soal dependerão de prévia e expressa autorização da ANEEL. transformação de sociedade, constituição de subsidiária integml, ou a cessáo de cotas ou
Ào lado dos poderes de gestão, o interventor tem alguns deveres. Assim que assumir açôes, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; a alteração do
suas funçôes, o interventor deverá arrecadar mediante termo próprio, todos os livros da controle societário; aumento de capita.l social; ou a constituição de sociedade de propó-
concessionária e os documentos de interesse da administlação; e levantar o balanço geral sito especÍfico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor. Da de-
e o inventário de todos os livros, documentos, dinheiro e demais bens da concessíonária, cisão que indeferir o plâno, cabe pedido de reconsideraÇão à própria ANEEL no prazo
ainda que em poder de terceiros, a qualquer título. Além disso, ele deye prestar contas à de dez dias, cuia decisão definitiva deverá ser tomada em até 15 dias úteis.
ANEEL sempre que requerido, respondendo civil, administrâtiva e criminalmente por Independentemente da soluçâo, deve-se analisar as causâs da crise, verificando o
seus atos. cabimento ou não da responsabilizaÇáo dos administradores da concessionáriâ, me-
618 j cuaso oe onerro EMeRESARTaL
I
diânte inquérito conduzido no âmbito da ÀNEEL. Para tanto, a lei determina a respoD.
sabilidade equivalente aos âdministradores de uma sociedade anônima, isto é, nos casor I iISOLUÊilGIA TRAilSilAGTOIUAL
de dolo, cu.lpa, úolaçâo da lei ou do estatuto (Lei L 6-404176 - art. 158). Todavia, hl
uma previsão de solidariedade para com a companhia pelos atos de gestáo praticados
31
em tais hipóteses. Não há uma responsabilidade objetiva, mas uma previsão genéricâ
de solidariedade entre o administrador e a companhia, nos casos de dolo, culpa, viola-
ção da Igi ou dos estatuto§. O melhor seria estender o regime dos administradores das
instituições finânceiras, mas esta não foi a opção do legislador
Com o intuito de assegurar tal responsabilidade, os administradores da concessio-
nária sob intervençâo ou cuia concessão seja extinta, ficarão com todos os seus bens I lnsolvênciatransnacional
indisponÍveis, não podendo, por qualquer forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-
Jos até a apuraçào e a liquidação final de suas responsabilidades. Tal indisponibilidade À atividade empresarial, como um todo, gera uma série de dificuldades para quem
se estende a quem esteve uo exercício dâs funções de administlaÇão da concessioúria a exerce, se)a na busca de novos mercados, seia na manutençâo da clientela, em suma,
de serviço púbüco de energia elétrica nos 12 (doze) meses anteriores ao ato que determi- nas exigências que a atiüdade impóe no dia a dia.I Essas dificuldades, naturais no exer-
nar a intervenção ou declarar a extinção. Naturalmente, excluem-se dessa indisponibü- cÍcio da empresa, podem acabar culminando em crises dos mais diversos tipos, que
dade os bens considerados inalienáveis ou impenhoráveis pela legislação em vigor, e os podem advir de fatores alheios ao empresário (suieito que exerce a empresa), mas também
obietos de contrato de alienaçâo, de promessa de compra e venda e de cessão de direito, podem adür de caracterÍsticas intrínsecas a sua atuação. Elas podem significar uma
desde que o respectivo instrumento tenha sido leyado a registlo público até 12 (doze) deterioraçáo das condições econômicas da atividade, bem como uma dificuldade de
meses antes da data de declaraçâo da intervenção ou da extinção. Não havendo indicia- ordem financeira para o seu prosseguimento.
mento, a ANÉEL, de oflcio ou a requerimento, pode suspender a indisponibilidade, As consequências de tais crises podem ter reflexos nos interesses de todos aqueles
que permeiam a atividade econômica, ensejando inclusive a existênciâ de normas espe-
clficas sobre a empresa em crise, as quais tem especial importância em um cenário global.
Proya disso é a existência de inúmeras iniciativas de entidades supranacionais, de orga-
nizações profissionais ou mesmo de entidades internacionais na busca de normas que
tratem da insolvência transfronteiriça desde o inÍcio da década de 1980'?.
1.1 Teorias
1. PIMENTA, Eduârdo Go]ulart, Recuperaçào de ebrpresds, Sâo Paulo IOB, 2006, p. 70.
2. HALLIDAÍ Terence C.; CÀRRUTHER, Brtce G. Bdnkruph Blob?.l lawmaking ând systemic financial
crisis, Stanfordi Stanford University Press, 2009, p. 114-I15.
3. rERRARI, Faânco. Forum shopping despite international contrâct lâw convet\lions. l teÍkdtional and
comparative law qudrterrr, London, v 51, issue 3, jlJ'ly 2@z p.706.
ô20 ! cuaso te oraeÍo EMpBEsAfflaL
INSOLVÊNCIA TRANSNACIONAL 621
6 MCLACHL,{N, câftpber. Lrs pendens in international litigation. In I Recue des cours de tAcadétlie de
11. LOPUCKI, Lynn M. Cooperation in Intehatlonal Bankruptcf A Post-Universalist Cornell
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^pproâch,84jan.2021,
I
Considera-se processo estrangeiÍo:'qualquer processo iudicial ou âdministlativo, I
I 2 Obietivos
I
de cunho coletivo, indusive de natuÍeza cautelar, aberto em outro país de acordo com
Havendo tal situação a insolvêncía transnacional, se Permite a adoçâo das medidas
disposiçôes relativas à insoMncia nele viçntes, em que os bens e as atividades de urtr I
para tal situaçâo, buscando esPecialmente uma cooPeração entre os iufzes ou outras
i
devedor este,iam sujeitos a umâ autoridâde estrangeira, para fins de reorganização ou autoridades competentes, que esteiam em Países diferentes, aliada a uma aplicaçáo uni-
Iiquidação" (Lei n. 11.101/2005 - afi. 167-9,l). A ideia abrange desde as tradicionâis forme das regras, sempre com observância da boa-fé.
I
A princÍpio, essa deÍiniçáo é feita caso a caso. A cooperação entre julzes brasileiros e iuÍzes de países diferentes diretals, no sen-
é
Salvo prova em contrário, o juiz pxesumirá como centro de intere§ses Principais do tido de não depender de qualquer tribunal superior ou órgão diplomático, e ocorrerá caso
tradorjudicial, na falência (Lei n. 11,101/2005 - art, 167-E). Thomson Reuters Bra§il,2021, e-book, ltem 487
624 CURSO OE DIBEIIO EMPBESÁAAL INSdLVÊNCA TRANSNACIONAL t)z5
I
similares. Cuida-se de medida que dá celeridade ao processo. De outro lado, na coope-
4.3 Administnçáo, realizaçáo e destina@o do ativo do devedor I
ração indiretâ, quem faz as comunicaçóes ou coopera diretamente é o administtador
I
adequadamente protegidos. No mesmo caminho, pode haver uma coordenação da administraçâo e da supervisáo
Àqui também, no caso do processo estmngeiro não PrinciPal' o iuiz nâcional deve dos bens e dâs âtividades do devedor, de modo que todos os atores envolvidos no pro-
ter o cuidado de identiffcar quais bens estarão submetidos a esse Processo estrangeiro cesso tenham ciência da situação de cada ativo e da atiüdade do devedor, para a adoção
Além disso, o iuiz deverá certiÍicar-se de que os intelesses dos credores' do devedor e de de medidas que se fizerem necessárias. Nessa atuação coordenada, podem ser írmados
terceiros interessados serão adequadamente protegidos' protocolos de cooperação, em busca de celeridade e economia processual, sempre no
sentido da proteção dos interesses tutelados em cada tipo de processo.
O juízo falimentar do processo reconhecido como não principal deve prestar ao I
4.4 Produçáo de provas juÍzo principal, sem preiu{zo de outras julgadas convenientes para a cooperaçâo, as se-
guintes informaçóes: ativo e passivo apurados; créditos identificados e sua classficação,
Para a Proteção dos bens do d.evedor e no interesse dos credores' o iuiz
brasileiro inclusive de créditos suieitos à lei estrangeira; relação de açôes em que o devedo! seia
qr. re"onhu"", o processo estrangeiÍo, tanto principal como náo principal' Pode deter- parte no paÍs; e ocoÍrência do eventual término da liquidação e o que foi apurado ao final.
Àinar ou o fornecedimento de informaçóe§, aqui no Brasil' relativos
a coleta de provas
a bens, a direitos, a obrigaçôes, à resPonsabüidade e à atividade do
devedor Para a atua-
ção adequada do processo estrangeiro, tais
provas podem ser fundamentais' seia para a 6 Processosconcorrentes
de regular condução dos ne-
imporiçáo de ."rionsabilidades, seia para uma verificação
gócios e nâo ocultação de bens, O Íeconhecimento do processo estrangeiro impede a abertura de processos de insol-
vência no Brasil, salvo se o devedor possuir bens ou estabelecimento no PaÍs (Lei n.
11.101/2005 - art. 167-R). Em outras pa.lavras, se o devedor nâo possui bens ou estabele-
cimento no Brasil, o iuÍzo nacional apenas vai cooperar e prestar informaçôes ao represen-
4.5 lneticácia dos atos do devedot
tantedo processo estrangeiro, De outro lado, se existirem bens ou estabelecimentos no país,
Por derradeiro, no reconhecimento do Plocesso estrangeiro, tanto
princiPal quanto nada impede que surja um processo naciona.l, concorrente ao processos estrangeilo.
que busquem a Existem processos concorrente§, quando há um processo estuangeiro para lidaÍ com
não principâl, o rePresentante estangeiro fica autorizado a ajuizarâções
praticados pelo devedor anteriormente, nos moldes dos artigos 129 e a insolyência do devedor e existe no Brasil, também, um processo de recuperação judicial,
ineÍicacia àe atos
âdotar medidas extrajudicial ou de falência relativo ao mesmo devedor. A convivência dos dois processos
130 da Lei n. 11.101/20o5 4 ideia aqui é dar ao representante o direito de
igualdade é que vai configurar a existência dos proce§sos concorrentes.
no paÍs que sirvam de base para a busca de ativos e o restabelecimento da
entie os iredores. No caso do processo estrangeiro não principal' o juiz nacional deve Enquanto convivem os processos, nacional e estrângeiro, nenhum atiyo, bem ou
recurso remanescente da liquidação será entregue ao hlido se ainda houver passivo não
ter o cuidado de identificar quais bens estaráo submetidos a esse Processo estrangeiro'
satisfeito em qualquer outro processo falimentar transnacional, Àlém disso, o processo
principal de falência só poderá ser extinto âpós a extinção dos processos estrangeiros nâo
principais, ou nos casos em que se tenha certeza de que não existem mais ativos líquidos
5 Cooperação com autoridades e representantes Êstrangeiros remanescentes.
de coopera-
Os artigos 167-P e 167-Q da Lei n. 11.101/2005 trazem regras para fins O processo brasileiro, normâlmente, se ümitârá a tratar dos bens e do estabelecimen-
representantes estrangej- to do devedor localizados no Brasil. Eventual-rnente, a atuação do juízo brasileiro pode se
ção, direta o'u indireta, do juiz brasiteiro com as
autoridades e
ros. A cooperação direta se dará quando oiuiz faz a comunicaçáo ousolicita informaçôes' estender a bens ou estabelecimentos localizados, desde que se trate de medida necessária
ou medídas
sem intermediálios e sem necessidade de carta rogatória, auxÍlio diplomático
para a cooperaçâo e a coordenação com o processo estrangeiro. O essencial é que náo hâja
''trÇ
Ê
628 CUBSO OE DIFEIÍO EMPRESAFIAL
tr
i
uma sobreposição d€ atuaçóes iurisdicionais, sempre tendo em vista o 6.m ú.ltimo da regu.
,
laçâo da insolvência transnâcional que é a cooPeraçáo e coordenaçào das atuações,
Dentro dessa linha de pensamento, são estabelecidos alguns parâmetros. REFERÊilGTAS
i
Assim, se o processo no BÉsü sugiu antes do pedido de reconhecimento, as medidas l
de assistência devem ser compatíveis com o processo brasileiro. Àém disso, não se aplica-
!ão ao processo estrangeiro reconhecido como principal as medidâs automáticas de assis- I
tência: suspensão de execuçôes, de prescrição, de medidas constritivas; eas restriçõessobre ABRÁ.O, Carlos Henrique. O papel do Poder [udiciário na aplicação da Lei 11.101/05. tn:
disponibilidade e onerâção de bens do ativo não circulante (Lei n. 11.101/2005 - art. f 67-M). OLIVEIRA, Fátima Bayma de (Org.). Recuperaçdo de empresas. Sâo Paulo: Pealson
De outro lado, se o processo brasileiro for posterior ao reconhecimento do processo Prentice Hall, 2006, p.51-55.
estrangeiro, as medidas de assistência nâo automáticas iá concedidas devem ser revistas pelo
juíz, o que é perfeitamente admissÍvel, tendo em vista o ca.ráter essencialmente precário des- TOLEDO, Paulo E C. Salles de (Coord.). Cotflentários à lei de rccuperaçã.o de
sas medidas de assistência, que podem ser revistas a qualquer tempo. ]á as medidas de assis-
empresas eJalência.4. ed. São Paulo: Saraiva,2010.
tência automáticas serão modiôcadas ou cessadas, de acordo com zua compatibilidade com
o processo brasi.leiro, à luz da Lei n. 11.101/2005. O replesentânte estrargeilo também está
ABRÂO, Nelson. Crrso de direitoÍdlimezÍar. 4. ed. São Pau.lo: Revista dos Tribunais, 1993.
autorizado a participar do processo de recuperação iudicial, de recuPeração extra.iudicial ou
de falência do mesmo devedo! em curso no Brasil; e intervir em qualquer processo em que
o devedor seja parte, atendidas as exigências do direito brasileirc. Díreito bancálio. !O. ed.. Sao Paulor Saraiva, 2007
Além disso, é certo que o reconhecimento prévio de um processo estrangeiro como
principal é motivo de presunçáo da insolvência jurÍdica do devedor, autorizando o repre- ALDERMAN )R., MylesH, Busifiess reorgafiizations, Dentlet Outskirts, 2006
sentante estrangeiro, o devedor ou os credores a requerer a falência no Brasil, tendo esse -.
fundamento (Lei n. 11,101/2005 - art. 169-U). ALEGRIA, Hector. Facultades del juez e interpretácion de Ia6 normas sobre acuerdo pre-
Em qualquer caso, se o processo estrangeiro for reconhecido como não principal, o ventivo extraiudicial (ubicación sistemática y algunôs efectos). In: Tq,LEGRIA, Hector
.iuiz nacional deve ter o cuidado de identificar quais bens estarão submetidos a esse pro- (D'tr.). Acuerdo preventivo ertrajudicíaL Buenos Aires: La L ey,2004, p. 49-62,
cesso estrangeiro.
Apesar disso, os credores estrangeiros teráo o mesmo tratamento dos credores bra-
ALEXY Robert. Teor{a d,e los derechosfund,amentales.Traduçáo de Ernesto Garzón Valdés
sileiro, observando especialmente a respectiva clâssificação no Brasil. O juiz deve deter-
Madrid: Centro de Estudios PolÍticos y Constitucionales, 1993.
minar as medidas apropriadas, no caso concreto, para que os credores que não tiverem
domicÍlio ou estabelecimento no Brasil tenham acesso às notificaçôes e às informaçôes
dos processos de recuperação iudicial, de tecupeÍação extrajudicial ou de falência. ALMEIDA, Àmador Paes de. Curso de Jalência e recuperaçAo de empresas,25, ed. Sâo
Para esse efeito, os cr&itos estrangeiros de natuÍeza tributária e Preúdenciária, bem como Paulor Saraiva, 2009,
as penas pecuniárias por infraçâo de leis penais ou adminisúati!"s, não participarão dos Pro-
cessos de recuperação e serâo dassiÊcados como subordinados nos processos de falêocia. AIMEIDA, Marcus Elidius Micheüi de, O pedido de Íestituição e os embargos de terceiro.
Àlém disso, o crédito devido ao representante estrangeiro, salvo quando ele for o In: PAM, Luiz Femando Valente de (Coord.). DíreitoÍalimentar e a nova lei d,eJalências
próprio devedor ou seu representante, é equiparado ao crédito do administrador iudicial, e recuperaçào d.e emp,.era§. 5ão Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 305-322.
qualificando-se como extraconcursal (Lei n. 11.101/2005 - art. 84, l-D).
Para os credores, em geral, o tratamento é comum. O único detalhe é que o credor ALTEMANI, Renato Lisboa; SILVA, Ricardo Alexandre da. Manual de verdicaçâo e habi-
qu€ tiver recebido parcialmente no exterior não poderá receber no Brasil, enquanto os
litaçõo de crédnos na lei d,e /alêncids e recuperaçdo de empresas, Sâo Paulo; Quartier
credores da classe não tiverem recebido a mesma proporção. Assim, se um crédito es-
trangeiro quirografário recebeu 50% do valor no processo estrangeiro, esse crédito só Latin,2006.
será pâgo no Brasil se os créditos brasileiros equivalentes (ex.: quirografários) iá tiverem
recebido os mesmos 50%. ALVES, Marcos Lima. Encerramento da falência e extinção das obrigaçôes do falido. lnr
SÂNTOS, Pâulo Penalva (Coord,l. A nova lei de Jalêncías e de recuperaçào de empresas:
Lei 11.101/2005. Rio de faneiro: Forense,2006, p.351-363.
ALVIM, Pedro. O contruto cle seguro.3. ed. Rio de )aneiro: Forense, 1999
l
.T
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REF€BÊNcras 631
630 CURSO DE DIREITO EMPAESAFIAL !
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c do lfstituto dê Direito Público (lDP) G.raÇuado
pela Universidãde de Brasília, Mestre e Doutor
crn Ilireito pelg CentÍo lU niversitá rio de 'Brasília
iUniCEUB). participou de vários semináiios na
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