Notas de Aulas Parte 13 (Mec. Solos I)
Notas de Aulas Parte 13 (Mec. Solos I)
Notas de Aulas Parte 13 (Mec. Solos I)
Tema:
Conteúdo da parte 13
1 Classificação do solo de acordo com seu coeficiente de permeabilidade
3 Força de percolação
4 Areia movediça
5 Filtros de proteção
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Grau de
Tipo de solo Valor de K (cm/s)
permeabilidade
Solo de permeabilidade alta Alta Acima de 10-1
Solo de permeabilidade média Média 10-1 a 10-3
Solo permeabilidade baixa Baixa 10-3 a 10-5
Solo de permeabilidade muito baixa Muito baixa 10-5 a 10-7
Praticamente
Solo praticamente impermeável
impermeável Menor que 10-7
a) Tem origem nas características do fluido, que está percolando (ou movimentando)
através do solo; e
b) Tem origem no tipo de solo.
OBS. Viscosidade é o atrito interno do fluido, o qual pode ser compreendido como
RESISTÊNCIA, que o fluido oferece ao movimento.
µT
K 20 = .K T (2.1)
µ 20
em que:
K20 = coeficiente de permeabilidade do solo padrão, ou na temperatura padrão;
KT = coeficiente de permeabilidade do solo na temperatura To C, em que é realizado
o ensaio;
µT = viscosidade da água na temperatura To C; e
µ20 = viscosidade da água na temperatura de 20o C.
K = f (D2 ) (2.2)
em que:
K = coeficiente de permeabilidade do solo; e
D = diâmetro do solo.
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OBS. De acordo com a lei de Poiseuille, eq.(2.2), percebe-se que o solo tem um
diâmetro uniforme ou invariável igual a D, o que raramente ocorre na prática.
K = 100.De 2 (2.3)
em que:
K = coeficiente de permeabilidade do solo (cm/s); e
De = D10 = diâmetro efetivo do solo = diâmetro tal que 10% do solo, em peso, tem
diâmetros menores que ele.
OBS. A fórmula de Hazen, eq.(2.3), é válida para areias com Cu < 5, onde Cu é o
coeficiente de não uniformidade do solo.
OBS. e = Volume de vazios do solo (VV) / Volume de sólidos do solo (VS); Se o solo
é compactado o índice de vazios do solo (e) diminui.
Quanto maior o grau de saturação do solo, que está sendo ensaiado, maior
será a sua permeabilidade: Pois, a presença de ar nos vazios do solo tende a
impedir a passagem da água.
0,009
0,007
0,006
0,005
0,004
0,003
0,002
0,001
0
70 75 80 85 90 95 100
Grau de saturação (%)
OBS. Estrutura dos solos é a forma como estão dispostas as partículas do solo.
Uma amostra de solo com uma estrutura dispersa terá uma permeabilidade
menor que uma amostra de solo com uma estrutura floculada.
OBS. O arranjo das partículas de solo pode ser compreendido como sedo a
estrutura do solo
3 Força de percolação
Bem, com base na Figura 3.1, tem-se que a força de percolação (Fp), que é
resultante da percolação (ou movimentação) da água no solo do corpo-de-prova,
corresponde à seguinte equação:
Fp = P1 − P2 (3.1)
em que:
Fp = força de percolação da água atuante no solo do corpo-de-prova;
P1 = força hidrostática atuante no corpo-de-prova devido à carga de água h1; e
P2 = força hidrostática atuante no corpo-de-prova devido à carga de água h2.
sendo:
P1 = γ W .h1.A (3.2)
e
P2 = γ W .h2 .A (3.3)
em que:
P1 = força hidrostática atuante no corpo-de-prova devido à carga de água h1; e
P2 = força hidrostática atuante no corpo-de-prova devido à carga de água h2;
h1 = carga de água do reservatório da esquerda;
h2 = carga de água do reservatório da direita;
γW = peso específico da água; e
A = seção transversal do corpo-de-prova.
em que:
Fp = força de percolação da água atuante no solo do corpo-de-prova na direção do
escoamento;
P1 = força hidrostática atuante no corpo-de-prova devido à carga de água h1;
P2 = força hidrostática atuante no corpo-de-prova devido à carga de água h2;
h1 = carga de água do reservatório da esquerda;
h2 = carga de água do reservatório da direita;
γW = peso específico da água
A = seção transversal do corpo-de-prova; e
∆h = perda de carga devido à percolação da água pelo corpo-de-prova.
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∆h
i= (3.5)
L
em que:
i = gradiente hidráulico atuante no solo do corpo-de-prova;
∆h = perda de carga devido à percolação da água pelo corpo-de-prova; e
L = comprimento do corpo-de-prova.
Fp = γ W .A.L.i (3.6)
em que:
Fp = força de percolação atuante no solo do corpo-de-prova na direção do
escoamento;
γW = peso específico da água;
A = seção transversal do corpo-de-prova;
i = gradiente hidráulico atuante no solo do corpo-de-prova; e
L = comprimento do corpo-de-prova.
V = A.L (3.7)
em que:
V = volume do corpo-de-prova;
A = área da seção transversal do corpo-de-prova; e
L = comprimento do corpo-de-prova.
Fp = γ W .i.V (3.8)
em que:
Fp = força de percolação atuante no solo do corpo-de-prova na direção do
escoamento;
γW = peso específico da água;
i = gradiente hidráulico atuante no solo do corpo-de-prova; e
V = volume do corpo-de-prova de solo; ou volume de solo submetido à força de
percolação Fp.
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4 Areia movediça
σ'a = σa − ua (4.1)
em que:
σ’a = tensão efetiva atuante em um ponto a qualquer do solo;
σa = tensão total atuante em um ponto a qualquer do solo; e
ua = pressão neutra ou poropressão no ponto a qualquer do solo.
OBS(s).
a) Pressão neutra é a pressão que atua na água intersticial do solo, geralmente a
pressão neutra é igual à pressão piezométrica no ponto;
b) Interstícios são os pequenos vazios existentes entre os grãos dos solos;
c) Piezômetro é um instrumento utilizado para medir a pressão atuante em um fluido;
d) Quando a pressão neutra (u) é zero, caso comum em areias não saturadas,
tensão efetiva atuante no solo (σ’) é igual à tensão total (σ) atuante no solo;
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e) O solo está saturado quando seu grau de saturação (Sr) é igual 100%, ou seja,
quando todos os vazios do solo estão preenchidos com água; e
f) O tema tensões atuantes no solo será abordado com profundidade na disciplina
Mecânica dos Solos II.
OBS(s).
a) Compreende-se como tensão normal total atuante no plano de ruptura do solo (σ),
a tensão total que atua a 90º no plano de ruptura do corpo-de-prova no ensaio de
compressão triaxial; e
b) O ângulo de atrito efetivo da areia (φ’) pode ser determinado por meio do ensaio
de compressão triaxial, o qual será visto em Mecânica dos Solos II.
OBS(s).
a) Pressão neutra é a pressão que atua na água intersticial do solo, geralmente a
pressão neutra é igual a pressão piezométrica no ponto; e
b) Interstícios são os pequenos vazios existentes entre os grãos dos solos.
σ A = uA (4.6)
em que:
σA = tensão normal total atuante no plano de ruptura da areia, ou no ponto A; e
uA = pressão neutra no ponto A.
em que:
sA = resistência ao cisalhamento do solo (areia) no ponto A;
σ’A = tensão normal efetiva atuante no plano de ruptura da areia, ou no ponto A;
σA = tensão normal total no plano de ruptura da areia, ou no ponto A;
uA = pressão neutra no ponto A; e
φ’ = ângulo de atrito do solo arenoso, em termos de tensões efetivas.
Para obter a altura de carga crítica (hC), a partir da qual ocorre o fenômeno
de areia movediça; Basta igualar a tensão normal total atuante no plano de ruptura
da areia, ou no ponto A (σA) à pressão neutra no ponto A (uA), e fazer h (altura de
carga) = hC (altura de carga crítica); Assim sendo, tem-se que:
σ A = uA (4.8)
em que:
σA = tensão normal total atuante no plano de ruptura da areia, ou no ponto A;
uA = pressão neutra atuante no ponto A;
h1 = altura do nível de água sobre a areia saturada, ou sobre o corpo-de-prova;
L = comprimento do corpo-de-prova;
γW = peso específico da água;
γSAT = peso específico saturado do solo (ou da areia do corpo-de-prova); e
h = altura de carga ou energia, que promove a percolação da água pelo corpo-de-
prova.
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σ A = uA
γ W .h1 + γ SAT .L = γ W .(hC + h1 + L )
γ W .h1 + γ SAT .L − γ W .h1 − γ W .L = γ W .hC
L.γ SAT − L.γ W = γ W .hC
L.( γ SAT − γ W ) = γ W .hC
L.( γ SAT − γ W )
hC =
γW (4.9)
em que:
hC = altura de carga crítica, a partir da qual ocorre o fenômeno de areia movediça;
L = comprimento do corpo-de-prova;
γSAT = peso específico saturado do solo (ou da areia do corpo-de-prova); e
γW = peso específico da água.
h
i=
L (4.10)
em que:
i = gradiente hidráulico atuante no solo;
h = perda de carga que ocorre devido à percolação da água pelo solo; e
L = comprimento de solo, através do qual percola a água.
L.( γ SAT − γ W )
h γW (γ − γW )
iC = C = = SAT (4.11)
L L γW
em que:
iC = gradiente hidráulico crítico atuante no solo;
hC = altura de carga crítica, a partir da qual ocorre o fenômeno de areia movediça;
L = comprimento do corpo-de-prova;
γSAT = peso específico saturado do solo (ou da areia do corpo-de-prova); e
γW = peso específico da água.
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Fp = γ W .i.V (4.12)
em que:
Fp = força de percolação atuante no solo do corpo-de-prova na direção do
escoamento;
γW = peso específico da água;
i = gradiente hidráulico atuante no solo do corpo-de-prova; e
V = volume do corpo-de-prova de solo; ou volume de solo submetido à força de
percolação Fp.
em que:
FpC = força de percolação crítica, a partir da qual ocorre o fenômeno de areia
movediça;
γW = peso específico da água;
iC = gradiente hidráulico crítico atuante no solo do corpo-de-prova; e
V = volume do corpo-de-prova de areia; ou volume de solo submetido à força de
percolação crítica FpC.
OBS(s).
a) O fenômeno de areia movediça não ocorre em argilas e em outros solos coesivos,
pois estes solos apresentam a coesão (c) na sua equação de resistência ao
cisalhamento; Por exemplo: para um solo argiloso, a resistência ao cisalhamento do
solo é dada pela seguinte equação:
s = c + (σ − u).tg(φ' ) (4.14)
em que:
s = resistência ao cisalhamento do solo argiloso;
c = coesão do solo argiloso;
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b) Nos solos argilosos ou coesivos, se o gradiente hidráulico atuante solo for muito
alto, o que pode ocorrer é o fenômeno de levantamento de fundo da escavação.
5 Filtros de proteção
5.1 Introdução
OBS(s).
a) Erosão é o carreamento (ou transporte) de partículas de solo pela água; e
b) O piping é uma das causas mais frequentes de ruptura de barragens.
A Figura 5.1 ilustra uma barragem de terra com um filtro horizontal, cujo
objetivo é proteger a barragem contra o fenômeno de erosão progressiva ou “piping”.
A Figura 5.2 ilustra uma cortina de estacas prancha, onde foi usado um filtro
de proteção, o qual apresenta as seguintes vantagens:
Figura 5.2 - Cortina de estacas prancha, onde foi usado um filtro de proteção
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em que:
D15 (DO FILTRO) = diâmetro tal que 15% do solo usado para filtro, em peso, têm
diâmetros menores que ele; e
D85 (DO SOLO) = diâmetro tal que 85% do solo que receberá o filtro, em peso, tem
diâmetros menores que ele.
em que:
D15 (DO FILTRO) = diâmetro tal que 15% do solo usado para filtro, em peso, têm
diâmetros menores que ele; e
D15 (DO SOLO) = diâmetro tal que 15% do solo que receberá o filtro, em peso, tem
diâmetros menores que ele.
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Uma vez definidos os limites para os D15 (DO FILTRO) devem-se desenhar as
curvas granulométricas, que correspondem aos limites material de filtro; Sabendo-se
que o coeficiente de não uniformidade (Cu) do material de filtro é aproximadamente
igual ao Cu do solo a ser protegido. Assim sendo, as curvas granulométricas limites
do material do filtro têm um aspecto similar ao do solo a ser protegido.
D60
Cu =
D10 (5.3)
em que:
Cu = coeficiente de não uniformidade do solo;
D60 = diâmetro tal que 60% do solo, em peso, têm diâmetros menores que ele; e
D10 = diâmetro tal que 10% do solo, em peso, têm diâmetros menores que ele.
OBS(s).
a) Uma vez definido o material a ser usado como filtro, para estabelecer as
dimensões do filtro deve-se atentar para as condições hidráulicas do problema; Por
exemplo: determinar a vazão que escoará pelo filtro; e
b) Um método de se determinar a vazão através dos maciços de terra é o método
das redes de fluxo, que será apresentado em aulas futuras.
OBS(s).
a) Sabe-se que a manta sintética, que é usada para filtrar a água nos drenos (ou
filtros) longitudinais de estradas é conhecida como geotêxtil; e
b) Se as partículas de solo fino penetrarem no dreno (ou filtro) podem fazer com que
o dreno (ou filtro) colmate (ou tenha seus vazios preenchidos por solo fino); Assim
sendo, o filtro fica colmatado ou entupido e perde sua função de drenar a água, o
que é prejudicial para o pavimento.
Referências Bibliográficas
BUENO, B. S.; VILAR, O. M. Mecânica dos solos. Apostila 69. Viçosa - MG:
Universidade Federal de Viçosa, 1980. 131p.
CRAIG, R. F. Mecânica dos solos. 7. ed., Rio de Janeiro - RJ: LTC - Livros
Técnicos e Científicos Editora S. A., 2007. 365p.
LAMBE, T. W.; WHITMAN, R. V. Soil mechanics, SI version. New York: John Wiley
& Sons, 1979. 553p.
PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos. 3. ed., São Paulo - SP: Oficina
de Textos, 2006. 355p.