2023 - Tese Enem Violência Doméstica Contra Crianças
2023 - Tese Enem Violência Doméstica Contra Crianças
2023 - Tese Enem Violência Doméstica Contra Crianças
‘A violência contra crianças é tão normalizada que chega a ser considerada uma forma de educação’
Neste Dia Mundial da Infância (21), coordenadora do Childfund Brasil fala da importância de debater a
maneira como as famílias e toda a sociedade educam e cuidam das crianças
Por Canguru News - 21 de março de 2023
De 2016 a 2020,
dentre as 34.918 mortes violentas intencionais de crianças e adolescentes, pelo menos 1.070 ocorreram na faixa
etária de até 9 anos
Por Águeda Barreto ‒ Enquanto seres em formação, crianças e adolescentes precisam ser cuidados e
protegidos em condições adequadas para que desenvolvam o seu pleno potencial. Mas, infelizmente,
a violência infantil é uma realidade persistente em todo o mundo, gerando sérias consequências para o
desenvolvimento e formação das crianças e da sociedade. No dia 21 de março celebra-se o Dia Mundial da
Infância e esse é um marco importante para que toda a sociedade possa refletir: como estamos protegendo e
cuidando das nossas crianças?
O Relatório do Status Global sobre Prevenção da Violência contra Crianças, de 2020, aponta que quase a
metade de todas as crianças no mundo sofrem violência física, sexual e psicológica regularmente. Os
números no Brasil também refletem uma difícil realidade: mais de 80% das violências contra crianças
são cometidas dentro de casa e por familiares ou pessoas próximas. No Disque 100, canal de denúncia sobre
violações dos direitos humanos, até maio de 2022, foram registradas 78.248 denúncias de violência contra a
criança ou adolescente. No mesmo canal, em 2021, foram 101.186 denúncias e, em 2020, foram feitas
94.885 denúncias.
Segundo o Panorama da Violência Letal e Sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, no período de
2016 a 2020, dentre as 34.918 mortes violentas intencionais de crianças e adolescentes – em que a maioria
está entre 15 e 19 anos –, foram identificadas pelo menos 1.070 crianças de até 9 anos. Só em 2020, foram
213 mortes violentas intencionais nessa faixa etária. Entre elas, 40% morreram dentro de casa, com 46% das
mortes causadas por uso de armas de fogo e 28% por armas brancas ou por agressão física. O estudo
constatou que crianças morrem com frequência em decorrência de crimes com características de violência
doméstica.
Esses são números drásticos, que refletem uma realidade mascarada e subnotificada. A violência contra
crianças é tão normalizada que muitas vezes é considerada uma forma de educação. Precisamos debater e
repensar de forma urgente como educamos e cuidamos das crianças – e não só as famílias, mas toda a
sociedade.
Considerando a necessidade de prevenir a incidência de dados tão alarmantes, o ChildFund Brasil lançou a
campanha “Criança é para Ser Cuidada” – que busca conscientizar e mobilizar a sociedade sobre violências
contra crianças em casa e na internet. A campanha visa disseminar informações sobre a parentalidade
positiva na prevenção de diferentes tipos de violência doméstica e sobre os cuidados necessários no
ambiente digital. Busca também influenciar e monitorar políticas públicas relacionadas às temáticas e
mobilizar toda a sociedade para prestar atenção à forma como as crianças são cuidadas. A organização
realiza ainda oficinas e seminários sobre proteção infantil em comunidades em situação de vulnerabilidade
social – através do recurso de doações.
https://cangurunews.com.br/a-violencia-domestica-contra-criancas-e-tao-normalizada-que-muitas-vezes-e-considerada-uma-forma-de-educacao/
O importante é que a sociedade esteja atenta e informada, para que esses abusos e violências sejam
coibidos, pois, mesmos nos casos em que crianças e adolescentes não perdem suas vidas, eles podem
ficar marcados para sempre, podem ser vítimas de danos irreparáveis e que estarão gravados em suas
almas, todos os dias de suas vidas.
A violência contra crianças e adolescentes nem sempre é visível no corpo, pois são perpetrados por
comportamentos e palavras veladas que embora não compreendam em função da sua fase de
desenvolvimento, vão permeando esses pequeninos pela culpa, fazendo-os carregar sobre seus
pequeninos ombros o peso do mundo, das frustrações e talvez até doenças de seus pais e / ou familiares.
A nossa casa é nosso porto seguro, ou pelo menos deveria ser, especialmente quando se é criança e
adolescente. Infelizmente a maior parte desses abusos acontece em casa e é praticado por alguém em
quem a criança confia, o que torna a prática de tais violências ainda mais cruel.
A Lei Henry Borel configura violência doméstica e familiar contra a criança e adolescente qualquer
ação ou omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico ou dano patrimonial,
considerando ainda tal violência como uma das formas de violação dos direitos humanos. A triste
realidade do aumento da violência contra crianças e adolescentes neste último ano estampa as capas dos
jornais pelo país.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, no que se refere à violência sexual
contra crianças e adolescentes, identifica-se que entre as características do agressor, percebe-se que o
criminoso é: “homem (95,4%) e conhecido da vítima (82,5%), sendo que 40,8% eram pais ou padrastos;
37,2% irmãos, primos ou outro parente e 8,7% avós.
O local da violência também permanece o mesmo: 76,5% dos estupros acontecem dentro de casa.
Importante destacar que nesse tipo de crime, são vítimas meninas e meninos.
De acordo com a Childhood Brasil é importante estarmos atentos aos sinais de violência doméstica e
sexual, que podem apresentar alguns sinais, entre eles:
• Lesões, hematomas e outros machucados sem uma explicação clara ou coerente de como
aconteceram;
• Gravidez na adolescência;
• Medo de adultos estranhos ou conhecidos, de escuro, de ficar sozinho e de ser deixado próximo ao
potencial agressor.
Vale ressaltar que o fato de existir um ou mais sinais dos acima mencionados, não indica
necessariamente que a criança ou adolescente sofreu ou está sendo vítima de violência doméstica ou
sexual.
Se suspeitar que isso esteja ocorrendo, você deve agir. Se tiver dúvidas de como proceder, procure
o Conselho Tutelar para obter as orientações específicas. A investigação para apurar se houve ou não a
agressão, cabe as autoridades competentes.
Lembre-se, violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes acontece em famílias de todas
as classes sociais e em todas as composições familiares, sem qualquer distinção.
Drª. Larissa Reis (OAB/SP Nº. 359.225) e Drª. Mara Lúcia Nunes (OAB/SP Nº. 173.973).
https://www.larissareis.adv.br/publicacoes/violencia-domestica-e-familiar-contra-criancas-e-
adolescentes/
Nos primeiros 118 dias de 2024, disque-denúncia recebeu 508.978 notificações. Grupo é o que mais sofre agressões
Deivid Souza 12/05/2024 02:01, atualizado 12/05/2024 16:54 Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
No Brasil, a cada hora, 180 casos de violência contra crianças e adolescentes são registrados. Esta foi a média
calculada entre todas as notificações do tipo de 1º de janeiro a 28 de abril de 2024.
O número foi levantado pelo Metrópoles, no Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, e obtido
considerando os 508.978 registros de violência contra crianças e adolescentes nos 118 primeiros dias do ano.
Os casos registrados nos primeiros meses de 2024 são uma repetição do que aconteceu em 2023. No primeiro
semestre do ano passado, foram contabilizadas 613.184 violações. O segundo semestre daquele ano teve aumento,
na comparação com o primeiro, de 14,2%, totalizando 700.123 anotações.
As crianças são o público com maior registro de violações nos quatro primeiros meses de 2024. Em 2024, logo na
sequência vieram os seguintes grupos: idosos (330.864), mulher (250.104), pessoa com deficiência (158.727) e
cidadão, família ou comunidade (95.230).
Os casos mais comuns são os que se referem à questão psicológica. Neste grupo entram situações de tortura psicológica,
omissão de afeto e cuidados, exposição, constrangimento, ameaça ou coação e injúria, entre outros.
O perfil predominante da violência cometida contra crianças e adolescentes é descrito segundo os seguintes
critérios: local onde ocorre, duração da violência e periodicidade. Pode, portanto, acontecer na moradia onde
residem vítima e suspeito (64%), ocorrer há mais de um ano (33,4%) ou ser diária (75,5%).
Acolhimento
No Distrito Federal (DF), a recepção especializada a crianças, adolescentes e familiares de vítimas de de abuso tem
como referência o Centro de Atendimento Integrado 18 de Maio, vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania do
DF.
“A gente percebe violências em vários estágios. Em se tratando de crianças que foram violentadas, estou falando de um
estupro mais violento, de uma forma pontual, elas são encaminhadas diretamente ao 18 de Maio. Toda família chega muito
fragilizada”, explica a secretária de Justiça e Cidadania do DF, Marcela Passamani.
A secretária acrescenta que o processo de escuta da vítima e dos familiares é feito por profissionais especializados
neste tipo de situação. Um dos objetivos é evitar que a narrativa das agressões se transforme em uma revitimização.
“Isto é para que a criança não tenha de revisitar esse momento tão traumático na vida dela e fragilizar o
depoimento, que pode ser transformado ao longo dessa escuta. É importante preservar o depoimento”, diz Marcela.
Política pública
Questionado sobre os desafios para conter os diversos tipos de violência contra crianças e adolescentes, o Ministério
dos Direitos Humanos e da Cidadania afirmou que as agressões são um “fenômeno complexo e multifacetado”.
“Abordar os principais desafios para o seu enfrentamento requer uma análise criteriosa, abrangente e interdisciplinar, que
integre os esforços de diversos de órgãos e entidades”, disse o Ministério, em nota.
A pasta ressaltou o papel das unidades de ensino como ambiente de proteção às crianças, sobretudo em reconhecer
sinais de violência. Sobre as diretrizes para reduzir as agressões, o ministério afirmou ser importante a aplicação da
Lei federal nº 13.431/2017, conhecida como Lei da Escuta Protegida.
“Em cumprimento à Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem desenvolver políticas
integradas e coordenadas para garantir os direitos humanos da criança e do adolescente no âmbito das relações
domésticas, familiares e sociais”, sustentou a pasta.
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https://www.metropoles.com/brasil/brasil-registra-180-violencias-contra-criancas-e-adolescentes-por-hora
Foto: Depositphotos
Cerca de 66 mil casos de violência contra crianças e adolescentes foram registrados pelo disque
100 somente no primeiro trimestre deste ano. Em relação ao mesmo período de 2023, houve uma alta
de 26,8%. A maior parte envolve violência física, psíquica, patrimonial e negligência.
A psicóloga clínica Alessandra Araújo explica que muitas vezes as crianças que sofrem nessa situação
não conseguem identificar a violência, interpretando gestos tiranos como demonstrações de carinho.
Por isso, é importante que os adultos próximos estejam atentos a quaisquer mudanças
comportamentais, como tornar-se mais agressiva ou retraída.
Segundo os dados levantados pela reportagem, cerca das 19,1 mil vítimas são crianças de até 5 anos.
Os dados levantados pela reportagem também revelam que, pelo menos 21 mil denúncias relatam
violência que ocorre há mais de um ano contra os adolescentes e as crianças, sendo a maioria
praticada dentro da residência onde a vítima mora com o agressor e denunciada por próximos.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania explica que, com os dados, é possível adquirir
indicativos sobre quais são os tipos de violências e violações de direitos contra crianças e adolescentes
mais periódico, bem como gênero, idade, localidade, raça e perfil do agressor.
https://reporterceara.com.br/2024/04/25/violencia-no-brasil-contra-criancas-ou-adolescentes-foi-mais-frequente-no-primeiro-
trimestre-de-2024-em-comparacao-com-2023/
27/04/2024 12:52
Denúncias cresceram 26,8% em relação a 2023 (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
O Disque 100 registrou 66.551 casos de violência contra crianças e adolescentes nos três
primeiros deste ano (91 dias), numa média de uma vítima a cada dois minutos. Em relação ao
mesmo período de 2023, houve uma alta de 26,8%.
A maior parte envolve negligência e violência física, psíquica e patrimonial. Os dados foram
obtidos por meio de um levantamento exclusivo do R7, parceiro nacional do Portal
Correio, no painel de monitoramento do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
De acordo com os dados, pelo menos 21 mil denúncias relatam violência que acontecem há
mais de um ano contra os adolescentes e as crianças, sendo a maioria praticada dentro da
residência onde a vítima mora com o agressor e denunciada por terceiros. Os dados
levantados pela reportagem também revelam que 19,1 mil vítimas são crianças com menos
de 5 anos.
De acordo com a psicóloga clínica Alessandra Araújo, as crianças muitas vezes não
conseguem identificar a violência que sofrem, interpretando gestos autoritários como
demonstrações de carinho. Por isso, é importante que os adultos ao redor estejam atentos a
mudanças comportamentais, como tornar-se mais retraída ou agressiva.
“O adulto adoecido hoje tem muito dessas marcas dessa infância, dessa criança interior. Então, buscar
ajuda, como grupos terapêuticos infantis, vai fazer com que essa criança possa se fortalecer. A criança
não é o problema, mas muitas vezes reflete as dificuldades emocionais dos pais ou cuidadores.”
ALESSANDRA ARAÚJO, PSICÓLOGA CLÍNICA
A especialista afirma também que, quando uma criança é frequentemente exposta a gritos e
brigas, seu corpo libera adrenalina e cortisol, contribuindo para um estado de alerta
constante. “É importante reconhecer e abordar essas questões para garantir um ambiente
seguro e saudável para o desenvolvimento infantil.”
A psicóloga explicou que as três principais violências sempre são a verbal, física e sexual.
Segundo ela, aa sociedade, a cultura do abuso está disseminada, e crianças por volta dos sete
anos de idade, ou até mesmo mais cedo, podem passar pelo primeiro momento de
descoberta da sexualidade.
Quando uma criança é criada em um ambiente saudável, livre de violência física, verbal e sexual, ela tem
a oportunidade de se desenvolver de forma mais segura e estável. Nesse ambiente, onde é ouvida e suas
emoções são validadas, ela se torna mais segura de si mesma e menos propensa a desenvolver patologias
físicas, como disforia de imagem e problemas relacionados à alimentação.
ALESSANDRA ARAÚJO, PSICÓLOGA CLÍNICA
Ao R7, o Ministério explicou que após, o recebimento da denúncia, o registro é encaminhado
aos órgãos responsáveis pela proteção, defesa e responsabilização em direitos humanos. “A
Central de Atendimento do Disque 100 aguarda um retorno destes órgãos em até 30 dias.
Não havendo resposta, a Central realiza um monitoramento e alerta aos órgãos sobre a
denúncia encaminhada anteriormente”, aponta.
A pasta também ressalta que, no momento, ainda “não há legislação que obrigue os órgãos
parceiros a fornecer informações acerca do andamento das denúncias direcionadas através
dos canais de atendimento da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos”.
Análise criteriosa
O Ministério também comentou o aumento no número de registros, que deve ser analisado
de “forma criteriosa”, na avaliação da pasta.
Os registros podem abranger desde casos suspeitos até violências confirmadas pelas autoridades.
Também é vital reconhecer que essas estatísticas podem subestimar a realidade da violência devido a
subnotificações causadas por medo, vergonha ou falta de confiança nas instituições.
MINISTÉRIO DOS DIRETIOS HUMANOS E CIDADANIA
Para solucionar a defasagem, a pasta promove campanhas para estimular as denúncias pelo
Disque 100 com o objetivo de sensibilizar a população sobre a gravidade dessas violências e
estimular a denúncia em casos suspeitos e confirmados.
“Tais iniciativas têm como objetivo proteger os direitos fundamentais das crianças e dos
adolescentes e encaminhá-los aos órgãos competentes. O monitoramento dos dados do
Disque 100 possuem uma importância primordial para a compreensão das violências”,
pontua.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania explica que, com os dados, é possível
“obter evidências sobre quais são os tipos de violências e violações de direitos contra
crianças e adolescentes mais recorrentes, bem como idade, gênero, raça, localidade, perfil do
agressor, dentre outros”.
“Os dados possuem papel também de subsidiar a formulação da política pública nas
estratégias de prevenção, atendimento, enfrentamento, articulação e combate às violências
contra crianças e adolescentes”.
https://portalcorreio.com.br/a-cada-dois-minutos-uma-crianca-ou-adolescente-e-vitima-de-algum-tipo-de-violencia-no-brasil/