Risk Canvas

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Risk Canvas

Projeto é projeto, e todos possuem riscos que precisam ser gerenciados, não
importa se a abordagem é tradicional ou ágil. Vou me abster de repetir a importância e
os benefícios desse tipo de gestão para não ser enfadonho e repetitivo, mesmo sabendo
que muitos profissionais de projetos e gestores de empresas não levam isso muito a
sério. Para essas pessoas eu só tenho uma coisa a dizer: “Oh pai, perdoe-os! Eles não
sabem o que fazem“ (Cristo, 0033) .
Para aqueles que me conhecem, sabem da minha apreciação pela parte
quantitativa de riscos, mas depois de realizar uma pesquisa com mais de 100 empresas
sobre o nível de maturidade em gerenciamento de riscos em projetos, descobri,
segundo meus dados, que de uma escala de 1 a 5, 91% das empresas estão entre os
níveis 1 e 2, ou seja, não fazem nada ou algo muito pouco estruturado, sem processo
definido. Para esse tipo de empresa, fazer gerenciamento de riscos quantitativo é algo
tão distante quanto Shangri La ou surreal como os quadros de Salvador Dali.
Dessa forma, decidi criar há alguns anos o Risk CanvasÒ, após descobrir que não
havia nenhum modelo que tratasse disso, segundo (Google, 2016) . Após algumas
iterações com amigos e modelos preliminares lancei uma versão final que já utilisei em
diversos trabalhos de consultoria e treinamentos e o Risk CanvasÒ se mostrou bastante
simples, mas efetivo, tanto em projetos tradicionais quanto ágeis, passando por riscos
de portfólios e até mesmos riscos corporativos e de processos de diversos setores da
indústria. Afinal de contas, risco é risco, não importa onde esteja, e os processos básicos
são sempre os mesmos.
O objetivo era criar algo simples, colaborativo, visual, capaz de se adaptar a
qualquer contexto e sem perder a eficácia, mas acima de tudo, aumentar o nível de
maturidade e aculturar os usuários do modelo, sendo o mais lean possível, naquilo que
considero essencial para uma boa gestão de riscos.
O Risk CanvasÒ foi desenhado para contemplar todos os processos clássicos de
gerenciamento de riscos e é composto por 8 campos, numerados sequencialmente para
que o usuário siga o fluxo de forma lógica e racional, conforme pode ser observado na
figura 1 abaixo.

Figura 1 – Visão geral do Risk Canvas


No interior de cada campo já está descrito o que precisa ser feito para o seu
preenchimento, mas diversas dicas serão dadas ao longo do artigo de como utilizar os
campos de forma prática. Antes de mais nada você ou sua equipe vão precisar de post
it de duas cores diferentes. Uma cor para as ameaças (risco negativo) e outra para as
oportunidades (risco positivo). Normalmente uso post it de 5cm x 5 cm.

Identificação
Os campos 1 e 2, exibidos na figura 2 são dedicados à identificação dos riscos.
Para cada risco identificado coloque um número que servirá de índice e vai acompanhar
esse risco em todo o canvas. Dessa forma, a primeira ameaça será descrita em um post
it de uma cor definida e deverá ser identificado como 1 (descrição do risco). A segunda
como 2 (descrição do risco) e assim por diante. O mesmo procedimento deverá ser feito
no campo 2, mas com post it de cor diferente para as oportunidades. Conforme imagens
abaixo. Lembre-se que os riscos precisam ser descritos com uma causa incerta e um
efeito.

Figura 2 – Identificação dos riscos

Análise e Priorização
O campo 3 é dedicado à medição e priorização dos riscos. Neste momento, como
os riscos já possuem um índice, não é mais necessário escrevê-los novamente. Basta
colocar o índice e posicionar o risco de acordo com a sua probabilidade de ocorrência e
o impacto percebido. Uma dica importante é escolher, inicialmente, o risco que a equipe
tiver a maior chance de avaliar com mais precisão, independente de ser uma ameaça ou
uma oportunidade. Isto facilita muito a medição dos outros riscos, pois ele servirá de
balizador para os demais. Observe que quanto mais para a direita e mais para cima,
maior será o grau de prioridade desse risco, independente de ser ameaça ou
oportunidade. É importante observar que outros critérios de priorização diferente da
probabilidade e impacto podem ser usados, tal como a urgência, detectabilidade, custo
de resposta, etc.
Figura 3 – Análise e priorização dos riscos

Tratamento dos Riscos

Os campos 4 e 5 são reservados para as respostas aos riscos. Reparem que


podemos planejar respostas para momentos anteriores aos riscos (Fazer Antes) e para
posteriores aos riscos (Fazer Depois). Não é obrigatório que existam respostam para
todos os riscos e nem que se tenha resposta para antes e depois. Isto varia de risco para
risco. Não custa lembrar que as respostas anteriores aos riscos no caso de ameaças
podem ser (aceitar, eliminar, transferir e mitigar) e para as oportunidades podem ser
(aceitar, provocar, compartilhar e melhorar). Uma outra dica é: depois que se planejar
as respostas, coloque-as de cima para baixo em ordem de importância. Para efeito de
acompanhamento, costumo marcar com um símbolo de check as respostas que já foram
implementadas. Para cada resposta, lembre-se de escrever o número índice relativo ao
risco em questão, conforme pode ser observado na figura 4

Figura 4 – Tratamento dos riscos


Integração e Responsáveis
No campo designado com o indicador 6, trata-se da integração da gestão de
riscos com outras áreas de planejamento. Isto é de fundamental importância para o
planejamento efetivo de um projeto, pois em muitos casos ao se pensar em uma
resposta para um risco teremos que afetar outra área de planejamento e este plano
específico precisará ser revisto. Tomemos um exemplo em que para se responder a uma
ameaça um gerente decida terceirizar um serviço como forma de minimizar um risco.
Isto provocará efeitos em vários planejamentos como, por exemplo, as aquisições,
stakeholders, custos, cronograma, etc. Assim, para cada risco, coloque o seu número de
índice e as áreas de gestão afetadas. Vale lembrar que não só as áreas de projetos
podem ser influenciadas, mas também setores corporativos, como compras, marketing,
recursos humanos e assim por diante. O importante é destacar quem precisa saber que
está resposta será implementada e como será afetado.
Já o campo 7 serve para designar um responsável pelo risco. Todo risco deve ter
alguém que vá se responsabilizar pela implementação das ações, seu monitoramento,
atualizações e tudo mais relativo a ele. De forma análoga, escreva no post it o número
índice e o responsável pelo risco. Uma visualização mais detalhada dos campos de
integração e responsáveis podem ser observados na figura 5.

Figura 5 – Integração e responsáveis

Reavaliação dos riscos

Finalmente, o campo 8, observável na figura 6, é reservado para a reavaliação dos


riscos após as respostas. Observe que essas reavaliações deverão ser feitas com base
nas ações planejadas para serem implementadas antes dos riscos, pois as ações
posteriores só serão implementadas se os riscos ocorrerem e, portanto, o evento não
será mais um risco. Mais uma vez, apenas o índice do risco é necessário ser preenchido
neste momento. Várias situações podem acontecer e as mais típicas serão descritas
abaixo:
1) Se a resposta mexer apenas com a probabilidade, e mantiver o impacto previsto,
o post it será deslocado da posição inicial apenas no seu eixo horizontal.
2) Se a resposta mexer apenas com o impacto, e mantiver a probabilidade, o post
it será deslocado da posição inicial apenas no seu eixo vertical.
3) Se a resposta mexer tanto com a probabilidade como o impacto previsto, o post
it será deslocado da posição inicial em seus dois eixos.
4) Se a resposta a ameaça for para eliminar o risco, o post it simplesmente
desaparecerá do quadro. O mesmo acontecerá se um gestor decidir provocar
uma oportunidade. Isso se deve ao fado de as incertezas terem sido eliminadas
e não se constituir mais um risco.
5) No caso de se aceitar um risco, ou mesmo se planejar alguma ação somente para
um momento posterior ao risco, a posição inicial do post it deverá ser mantida.

Figura 6 – Reavaliação dos riscos

É muito importante que neste momento seja feita uma comparação entre o
campo 3 (avaliação antes dos tratamentos) e este campo, para se observar a efetividade
das ações.
Após esse planejamento inicial, é hora de se realizar o monitoramento dos riscos.
Isto é uma fase muito importante do processo. Novos riscos podem aparecer, novas
ações podem ser necessárias, as probabilidades e/ou os impactos podem mudar, ou
mesmo os riscos podem desaparecer.
Nesses casos, basta inserir novos post its, modificar suas posições,
complementar as informações e assim por diante. Se o risco foi ultrapassado, ou não
houver mais possibilidade de acontecer, eu simplesmente retiro ele do painel.
Lembre que tudo deverá ser feito de forma colaborativa e que nos post its,
podemos colocar qualquer observação, tal como escrever a probabilidade em
percentuais ou o impacto, caso tenhamos essa observação, bem como o custo e
momento das respostas e qualquer outra informação pertinente e que seja útil para o
projeto. Uma visão geral do Risk CanvasÒ após o seu preenchimento pode ser observada
na figura 7. Observe a efetividade da gestão de riscos comparando o quadro 3 (riscos
antes dos tratamentos) e o quadro 8 (riscos após o tratamento).
Figura 7 – Risk Canvas preenchido

Conclusão
Como foi dito anteriormente, a ferramenta pode ser utilizada para qualquer tipo
de metodologia escolhida para o projeto. Muitos adeptos das abordagens ágeis afirmam
que a metodologia em si já responde aos riscos do projeto. Não considero isso uma
verdade absoluta e existem sim riscos nos sprints que precisam ser identificados e
geridos de forma adequada, maximizando as chances de se alcançar os objetivos.
O Risk CanvasÒ, da forma como tenho utilizado, pode ser impresso em formato
A1 ou A0, dependendo da quantidade de riscos que se pretende gerenciar. Diversas
vantagens podem ser citadas na sua utilização:

1) Facilidade de utilização
2) Ações colaborativas
3) Transparência
4) Adaptabilidade
5) Gestão visual
6) Efetividade das ações
7) Aculturamento nos processos
8) Tempo de preenchimento dos campos bastante reduzido

Dessa forma, espero que o uso da ferramenta tenha sido esclarecido e que todos os
leitores possam a partir de agora fazer bom uso e aprimorem seus processos de gestão
de riscos em seus projetos e suas empresas.

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