Introducao A Teologia Pastoral 6
Introducao A Teologia Pastoral 6
Introducao A Teologia Pastoral 6
AULA 6
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de hoje. Assim sendo, a sua teologia é bastante atual, ajudando a compreender
a existência humana em uma realidade carregada de secularismo e pluralismos.
Para Rahner, a missão da Igreja é o significado da ação pastoral (teologia
prática). É o anúncio, a evangelização, a caridade e o serviço. De acordo com o
teólogo, a pastoral da Igreja está relacionada à dimensão missionária, ao âmbito
da Palavra (proclamação do evangelho de diversas formas); à vivência da
caridade (atendimento as situações de carência das comunidades, expressão do
amor concreto); e também à celebração dos sacramentos (pelos quais a Igreja
comunica a própria ação de Deus).
A teologia prática tem como objeto próprio a vida total da Igreja ou, dito
de outro modo, a auto realização da Igreja em sua totalidade. Isto inclui,
por um lado, as distintas dimensões nas quais a Igreja auto realiza-se,
como, por exemplo, o culto litúrgico, o anúncio da Palavra, os
sacramentos, a catequese, a vida eclesial do indivíduo etc.; e, por outro
lado, os diferentes sujeitos desta auto realização: ministros, leigos,
comunidade local, grupos eclesiais, Igreja em geral etc. (Vigueras,
2004, p. 113)
Este teólogo alemão, por meio de suas reflexões teológicas, afirma que a
Igreja tem três funções consideradas essenciais em relação à ação pastoral:
ensinar, com referência propriamente ao anúncio da Palavra de Deus; celebrar,
o que inclui as celebrações; e guiar, faceta ligada à ação do pastor que conduz
o seu rebanho para um lugar de vida plena.
Um dos principais aspectos da ação pastoral trazida pelo teólogo é a
importância da articulação da sempre velha e sempre nova mensagem
evangélica com as categorias de prática atuais e as formas institucionais de
nosso tempo. Schurr afirma que a missão cristã é anterior à ação eclesial; por
isso, está muito mais aberta ao conteúdo de compreensão. A dimensão menos
visível do pensamento de Schurr, nesse sentido, é a do serviço e da caridade.
Teólogo espanhol, Floristán nos lembra que a ação cristã, ou práxis cristã,
atualiza a práxis de Jesus, considerando a implantação do Reino de Deus em
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sociedade, mediante a construção do povo de Deus em estado de comunidade
cristã. Nesse sentido, é importante considerar que é indispensável expor uma
fundamentação do tríplice ofício de Cristo como profeta, sacerdote e rei,
representando um meio de análise da missão da Igreja (Floristán, 2002, p. 199).
O tríplice ofício, conforme explicita Floristán, tem sido entendido pela
Igreja a partir das funções pastorais, como: função profética do anúncio do
evangelho; função litúrgica marcada pela celebração do culto; e função caritativa
com o serviço libertador. Essa estruturação é apresentada pelo teólogo como
aspecto atual na dimensão da ação pastoral cristã.
Contudo, podemos verificar que a base da reflexão dos teólogos, em
suma, apresenta a compreensão do ministério de Cristo – que é profeta, ou seja,
refere-se à dimensão do anúncio da Palavra; pastor, aquele que integra, que
forma comunidades para o serviço; e sacerdote, que institui e promove
sacramentos.
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humildade, a simplicidade, o serviço e, sobretudo, a compaixão e a misericórdia
com os pobres, marginalizados e sofredores (Júnior, 2017).
Esse foi o grande Evangelho de Jesus, o principal ensinamento que a
Igreja tem para o mundo. Por essa razão, normalmente falamos da missão da
Igreja em termos de evangelização. Sua missão é profética; trata-se de fazer
com que o Reino de Deus esteja presente no mundo (Júnior, 2017).
Nesse sentido, a ação pastoral profética se refere ao anúncio da palavra,
à fascinação e ao conhecimento de Cristo. Anunciar Jesus tem por objetivo fazer
com que as pessoas o conheçam, que percebam a sua grandeza e se sintam
fascinadas – ou seja, é um processo de adesão à fé. Essa adesão conduz à
conversão pastoral, à mudança de vida após a proposta apresentada pelo
Evangelho. Aderir à fé é fazer parte do corpo eclesial da Igreja.
Assim, dois aspectos devem ser destacados:
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TEMA 3 – AÇÃO PASTORAL COMO AÇÃO LITÚRGICA
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cultura e à compreensão do povo. É, acima de tudo, a presença de Deus no meio
de nós.
Para entender a importância dessa pastoral, devemos inicialmente
compreender o significado de ação litúrgica e da pastoral litúrgica. A ação se
refere à própria celebração dos sacramentos, enquanto a pastoral é um conjunto
de ações a serviço da liturgia, como intermédio para o encontro com Cristo.
Fernandes (2009) nos mostra que a ação eclesial objetiva, de imediato, a
participação ativa, consciente e frutuosa dos fiéis na celebração, colaborando
para a edificação do corpo de Cristo, mediante a santificação das pessoas e o
culto a Deus. Na edificação do corpo de Cristo, a pastoral litúrgica colabora com
a edificação de toda a humanidade, pois “A celebração litúrgica coroa e comporta
um compromisso com a realidade humana… e com a promoção (9,4). Isso
significa que também os membros da pastoral litúrgica devem visar à
transformação do mundo em Reino de Deus” (Fernandes, 2009).
A pastoral litúrgica implica ainda cuidados com a preparação, a realização
e a avaliação das celebrações, com a formação do povo e dos ministros, além
da organização da vida litúrgica nos vários níveis eclesiais.
Créditos: Pmmart/Shutterstock.
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A pastoral litúrgica corresponde a um tríplice objetivo da liturgia: promover
celebrações autênticas, formação litúrgica e organização da vida litúrgica. Essa
pastoral tem elevada importância, pois nos coloca em proximidade com a
realidade profética de Jesus, nos preparando para viver intensamente a palavra
e a eucaristia, oferecendo a todos um encontro com Cristo, uma experiência de
Deus.
Créditos: Pixel-Shot/Shutterstock.
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A Igreja, enquanto corpo de Cristo, é responsável por expressar Jesus.
Por isso mesmo, em Mt 18, 19-20 Ele descreve: ““Em verdade também vos digo
que, se dois entre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa
que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus.
Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio
deles”.
Não estar em comunhão com Cristo e com a comunidade é ficar longe da
presença do Senhor. Existem certas ações e pedidos que só serão atendidos se
realizados juntos, em concordância, em comunhão. Um exemplo disso parte do
próprio Jesus, que não realizou a sua missão completamente sozinho, pois
sempre esteve em companhia de discípulo e seguidores.
Em Jo 17, 21, Jesus pede ao Pai que os irmãos sejam um, assim como
Ele e o Pai são um: “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim
e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste”. Assim, de certo modo, podemos estabelecer que o mundo somente
crerá verdadeiramente em Jesus se nós, cristãos, vivermos uma vida de
comunhão e unidade (comunidade).
Em comunhão, conduzimos mais pessoas para o reino de Deus. Jesus
disse que seríamos reconhecidos como discípulos se tivéssemos amor uns pelos
outros: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns
aos outros” (Jo 13, 35).
A pastoral da comunhão e do serviço, trabalhada a partir dos três
ministérios atribuídos a Jesus (sacerdotal, profeta e pastor), revela uma relação
muito íntima, pois a comunidade cristã é sempre uma comunidade em missão,
pautada na dimensão do serviço – portanto, não é fechada em si mesma.
A missão da Igreja promove vitalidade para a comunidade. Porém, para
que isso ocorra, ela necessita ser uma “casa de comunhão”. “A Igreja como casa
é vista como lugar de ternura, onde todos somos irmãos que caminham juntos e
devemos afeto mútuo, um querer bem que tire toda a apatia à dor alheia, onde
todos somos filhos do mesmo Pai celeste, superando a superficialidade de
relações mecânicas e frias” (Schmidt, 2021, citado por Erpen, 2021).
Estar em comunhão, em comunidade, em Igreja, nos remete a pensar na
Trindade, no amor que transborda e é comunicado a todas as criaturas. A
comunhão é essencial na vida cristã, pois ela garante eficácia para a verdadeira
pastoral.
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É nesse sentido que afirmamos que a Igreja, em toda a sua dimensão
pastoral, precisa ser um lar, onde são criados laços e vínculos de fé e amor. Um
lar, como bem sabemos, necessita da colaboração de todos. Ninguém pode ser
indiferente ou alheio, já que cada um é uma pedra da construção. Assumir essa
postura indica uma proximidade relacional entre as pessoas, criando uma
“koinonia” (do grego, comunhão) entre os fiéis, que não são mais anônimos, mas
conhecidos, próximos e familiares (Schmidt, 2021, citado por Erpen, 2021).
Nesta grande casa, que é a Igreja, é preciso abrir as portas para acolher
irmãos e irmãs, pois vivemos em um mundo individualista, indiferente, em que o
medo e a violência predominam. A Igreja como casa é espaço de encontro com
Deus, que se dá na celebração da Palavra, na vivência fraterna, no serviço e na
caridade, revelando a plena beleza de Deus.
O encontro com Deus é intermediado pela comunhão com os irmãos. O
amor que une é o mesmo amor que leva ao serviço. Somos todos discípulos de
alguém que pautou toda a sua vida no serviço, e por isso devemos ser espelhos
e propagar a vida cristã – não uma vida pensada em privilégios, mas na busca
da solidariedade e do serviço ao reino de Deus.
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Figura 3 – Celebração do lava-pés: maior sinal da doação de Cristo e exemplo
de serviço a ser seguido por toda a Igreja
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Deus como podemos. Se tivermos talentos, precisamos usá-los também para o
serviço.
Nesse âmbito, também temos oportunidades de servir na Igreja. Afinal, o
propósito maior da comunidade eclesial é nos oferecer oportunidades de ajudar
uns aos outros. Os membros da Igreja servem fazendo a obra missionária,
aceitando encargos, realizando visitas a outros irmãos e prestando outros
serviços na Igreja.
A ação pastoral da Igreja é comunhão, é amor, é serviço. Ela nos remete
ao entendimento de que os cristãos devem viver na gratuidade, ou seja, não
devemos viver pensando apenas em nós mesmos, mas também no reino de
Deus, agindo em benefício de um contexto mais amplo: a transmissão do amor
e a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, colaborando para a
edificação do Reino de Deus.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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planeta, dirigindo-se a todos que habitam nele e evidenciando que a ação
pastoral deve ser realizada em comunhão, nos mais diversos âmbitos.
REFERÊNCIAS
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada Ave-Maria. 141. ed. São Paulo: Editora Ave
Maria, 2001.
ERPEN, J. A Igreja como uma casa de comunhão. Vatican News,10 mar. 2021.
Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-03/igreja-
como-casa-de-comunhao-padre-gerson-schmidt.html>. Acesso em: 22 set.
2021.
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