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TSE-UNIFICADO

Tribunal Superior Eleitoral

Técnico Judiciário – Área Administrativa

Língua Portuguesa
Obra

TSE UNIFICADO – Tribunal Superior Eleitoral


Técnico Judiciário – Área Administrativa

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa

ISBN: 978-65-5451-363-0

Edição: Maio/2024

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
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de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
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Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................5
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.................................. 5

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS................................................................... 10

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL................................................................................................. 25

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL..................................................................... 30

EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES


E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL...........................................................................30

DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO....................................................... 38

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO....................................52

RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO...................................53

REGÊNCIAS VERBAL E NOMINAL....................................................................................................................59

CONCORDÂNCIAS VERBAL E NOMINAL.........................................................................................................62

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS......................................................................................... 75

Colocação dos Pronomes Átonos................................................................................................................... 95


Emprego de Modos Verbais............................................................................................................................. 96
Emprego de Tempos Verbais........................................................................................................................... 96

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.......................................................................................117

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE................................................................................122

REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO.....................................................................126

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.....................................................................................................................126

SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO; REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA


DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO; REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS
E NÍVEIS DE FORMALIDADE............................................................................................................................130
LÍNGUA PORTUGUESA

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS


VARIADOS

A interpretação e a compreensão textual são aspectos essenciais a serem dominados por


aqueles candidatos que buscam a aprovação em seleções e concursos públicos. Trata-se de
um assunto que abrange questões específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer e
dominar estratégias que facilitem a apreensão desse assunto pode ser o grande diferencial
entre o quase e a aprovação.
Além disso, seja a compreensão textual, seja a interpretação textual, ambas guardam
uma relação de proximidade com um assunto pouco explorado pelos cursos de português: a
semântica, que incide suas relações de estudo sobre as relações de sentido que a forma lin-
guística pode assumir.
Portanto, neste material você encontrará recursos para solidificar seus conhecimentos em
interpretação e compreensão textual, associando a essas temáticas as relações semânticas
que permeiam o sentido de todo amontoado de palavras, tendo em vista que qualquer aglo-
meração textual é, atualmente, considerada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que
precisa ser reconhecido por quem o lê.
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma breve diferença entre os termos com-
preensão e interpretação textual.
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo sentido, mas, como pretendemos deixar
claro neste material, ainda que existam relações de sinonímia entre palavras do nosso voca-
bulário, a opção do autor por um termo ao invés de outro reflete um sentido que deve ser
interpretado no texto, uma vez que a interpretação realiza ligações com o texto a partir das
ideias que o leitor pode concluir com a leitura.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no texto, e, geralmente, é marcada por
uma palavra ou uma expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáticas. A com-
preensão textual estipula aspectos linguísticos essencialmente relacionados à significação
das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica.
Sabendo disso, é importante separarmos os conteúdos que tenham mais apelo interpre-
tativo ou compreensivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Esses assuntos completam o estudo basilar de semântica com foco em provas e concur-
sos, sempre de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a estudar com afinco e
dedicação, sem esquecer de praticar seus conhecimentos realizando a seleção de exercícios
finais, selecionados especialmente para que este material cumpra o propósito de alcançar
sua aprovação.

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INFERÊNCIA — ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

A inferência é uma relação de sentido conhecida desde a Grécia Antiga e que embasa as
teorias sobre interpretação de texto.

Dica
Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do texto nas linhas apresentadas.

Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
A primeira e mais importante delas é identificar a orientação do pensamento do autor
do texto, que fica perceptível quando identificamos como o raciocínio dele foi exposto, se de
maneira mais racional, a partir da análise de dados, informações com fontes confiáveis ou se
de maneira mais empirista, partindo dos efeitos, das consequências, a fim de se identificar
as causas.
Por isso, é preciso compreender como podemos interpretar um texto mediante estratégias
de leitura. Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema, que é intrigante e de gran-
de profundidade acadêmica; neste material, selecionamos as estratégias mais eficazes que
podem contribuir para sua aprovação em seleções que avaliam a competência leitora dos
candidatos.
A partir disso, apresentamos estratégias de leitura que focam nas formas de inferência
sobre um texto. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre o processo de inferên-
cia, que se dá por dedução ou por indução. Para entender melhor, veja este exemplo:
O marido da minha chefe parou de beber.
Observe que é possível inferir várias informações a partir dessa frase. A primeira é que a
chefe do enunciador é casada (informação comprovada pela expressão “marido”), a segunda
é que o enunciador está trabalhando (informação comprovada pela expressão “minha che-
fe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada pela
expressão “parou de beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto que induzem o
leitor a interpretar essas informações.
Tratando-se de interpretação textual, os processos de inferência, sejam por dedução ou
por indução, partem de uma certeza prévia para a concepção de uma interpretação, construí-
da pelas pistas oferecidas no texto junto da articulação com as informações acessadas pelo
leitor do texto.
A seguir, apresentamos um fluxograma que representa como ocorre a relação desses
processos:

DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR

INFERÊNCIA
INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA

A partir desse esquema, conseguimos visualizar melhor como o processo de interpreta-


ção ocorre. Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estratégias que compõem
cada maneira de inferir informações de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indutivo e, ainda, como articular a isso o
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nosso conhecimento de mundo na interpretação de textos.
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A INDUÇÃO

As estratégias de interpretação que observam métodos indutivos analisam as “pistas” que


o texto oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certeza na interpretação. Dessa for-
ma, é fundamental buscar uma ordem de eventos ou processos ocorridos no texto e que
variam conforme o tipo textual.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos identificar uma organização cronológi-
ca e espacial no desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso do pretérito
imperfeito; na descrição, podemos organizar as ideias do texto a partir da marcação de adje-
tivos e demais sintagmas nominais; na argumentação, esse encadeamento de ideias fica mar-
cado pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista.
No processo interpretativo indutivo, as ideias são organizadas a partir de uma especifica-
ção para uma generalização. Vejamos um exemplo:

Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no
tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar.
São em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capa-
zes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às
ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por concei-
tos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21)

O trecho em destaque na citação do escritor Lima Barreto, em sua obra “Recordações do


escrivão Isaías Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento indutivo compõe a inter-
pretação e decodificação de um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estratégias usadas
para identificar essa forma de interpretar, deixamos a seguir dicas de como buscar a organi-
zação cronológica de um texto.

PROCURE A propriedade vocabular leva o cérebro a aproximar as palavras que têm maior
SINÔNIMOS associação com o tema do texto
ATENÇÃO AOS Os conectivos (conjunções, preposições, pronomes) são marcadores claros de
CONECTIVOS opiniões, espaços físicos e localizadores textuais

A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos aspectos que o autor pode colocar
explicitamente ou de maneira implícita no enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam procurar nos enunciados implícitos do
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texto aspectos para abordar em suas provas.


No momento de ler um texto, o leitor articula seus conhecimentos prévios a partir de uma
informação que julga certa, buscando uma interpretação; assim, ocorre o processo de inter-
pretação por dedução. Conforme Kleiman (2016, p. 47):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo temas, e ao testá-las ele estará depreendendo
o tema; ele estará também postulando uma possível estrutura textual; na predição ele estará
ativando seu conhecimento prévio, e na testagem ele estará enriquecendo, refinando, checan-
do esse conhecimento.
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Fique atento a essa informação, pois é uma das primeiras estratégias de leitura para uma
boa interpretação textual: formular hipóteses, a partir da macroestrutura textual; ou seja,
antes da leitura inicial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual ao qual o texto per-
tence, a fonte da leitura, o ano, entre outras informações que podem vir como “acessórios”
do texto e, então, formular hipóteses sobre a leitura que deverá se seguir. Uma outra dica
importante é ler as questões da prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses já esta-
rão agindo conforme um objetivo mais definido.
O processo de interpretação por estratégias de dedução envolve a articulação de três tipos
de conhecimento:

z conhecimento linguístico;
z conhecimento textual;
z conhecimento de mundo.

O conhecimento de mundo, por tratar-se de um assunto mais abrangente, será abordado


mais adiante. Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.

Conhecimento Linguístico

Esse é o conhecimento basilar para compreensão e decodificação do texto, envolve o reco-


nhecimento das formas linguísticas estabelecidas socialmente por uma comunidade linguís-
tica, ou seja, envolve o reconhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhecimento sobre o funcionamento da língua
não são, necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras que estabelecem, por exem-
plo, no caso da língua portuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a, que a ordem
de escrita respeita o sistema sujeito-verbo-objeto (SVO) etc.
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento linguístico é aquele que “abrange desde
o conhecimento sobre como pronunciar português, passando pelo conhecimento de vocabulá-
rio e regras da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
Um exemplo em que a interpretação textual é prejudicada pelo conhecimento linguístico
é o texto a seguir:

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Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020.

Como é possível notar, o texto é uma peça publicitária escrita em inglês, portanto, somente
os leitores proficientes nessa língua serão capazes de decodificar e entender o que está escri-
to; assim, o conhecimento linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas são algumas
estratégias de interpretação em que podemos usar métodos dedutivos.

Conhecimento Textual

Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conhecimento linguístico e se desenvolve pela


experiência leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de textos, melhor se dá a sua
compreensão. Nesse conhecimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque prepara sua
leitura de acordo com o tipo de texto que está lendo. Não se lê uma bula de remédio como
se lê uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma reportagem como se lê um poema.
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-se com a habilidade de reconhecer dife-
rentes tipos de discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.

Conhecimento de Mundo

O uso dos conhecimentos prévios é fundamental para a boa interpretação textual, por
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isso, é sempre importante que o candidato a cargos públicos reserve um tempo para ampliar
sua biblioteca e buscar fontes de informações fidedignas, para, dessa forma, aumentar seu
conhecimento de mundo.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso conhecimento de mundo que é rele-
vante para a compreensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso cérebro associar
informações, a fim de compreender o novo texto que está em processo de interpretação.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exercício para atestarmos a importância da
ativação do conhecimento de mundo em um processo de interpretação. Leia o texto a seguir
e faça o que se pede:
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Como gemas para financiá-lo, nosso herói desafiou valentemente todos os risos desdenhosos
que tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enganam” disse ele, “um ovo e não uma
mesa tipificam corretamente esse planeta inexplorado.” Então as três irmãs fortes e resolutas
saíram à procura de provas, abrindo caminho, às vezes através de imensidões tranquilas, mas
amiúde através de picos e vales turbulentos. (KLEIMAN, 2016, p. 24)

Agora tente responder às seguintes perguntas sobre o texto:


Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhuma dessas questões, porém, ao desco-
brir o título desse texto, sua compreensão sobre essas perguntas será afetada. O texto se
chama “A descoberta da América por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque res-
ponder às questões; certamente você não terá mais as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar seus olhos por uma segunda vez a ele,
já sabendo do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento prévio que é essencial para
a interpretação de questões.

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS

Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart1, “são
unidades estruturais, relativamente autônomas, organizadas em frases”.
Os tipos textuais marcam uma forma de organização da estrutura do texto, que se molda a
depender do gênero discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que
apresentam a predominância de narrações (contos, fábulas, romances, história em quadri-
nhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação do Enem, teses, dissertações,
artigos de opinião etc.).
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e
apresentamos a seguinte figura, que demonstra como podemos identificar os tipos textuais e
suas principais características, tendo em vista que cada sequência textual apresenta caracte-
rísticas próprias que pouco ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutura linguís-
tica quase rígida que nos permite classificar os tipos textuais em cinco categorias (narrativo,
descritivo, expositivo, instrucional e argumentativo).

GÊNERO TEXTUAL

FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO

10 1 BRONCKART, 1999 apud CAVALCANTE, 2013.


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A partir dessa imagem, podemos identificar que a orientação gramatical mantida pelas
frases apresenta marcas linguísticas, assinalando o tipo textual predominante que o texto
deve manter, organizado pelas marcas do gênero textual ao qual o texto pertence.

TIPO TEXTUAL
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no texto. Também é chamado de
sequência textual
GÊNERO TEXTUAL
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente

Uma última informação muito importante sobre tipos textuais que devemos considerar
é que nenhum texto é composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a existência de
predominância de algumas sequências em detrimento de outras, de acordo com o texto.
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo suas
principais características e marcas linguísticas.

CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Narrativo

Os textos compostos predominantemente por sequências narrativas cumprem o objetivo


de contar uma história, narrar um fato. Por isso, precisam manter a atenção do leitor/ouvinte
e, para tal, lançam mão de algumas estratégias, como a organização dos fatos a partir de mar-
cadores temporais e espaciais, a inclusão de um momento de tensão (chamado de clímax) e
um desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrativo pode ser caracterizado por sete
aspectos. São eles:

z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equilíbrio, o que demanda uma situação


conflituosa;
z Complicação: desenvolvimento da tensão apresentada inicialmente;
z Ações (para o clímax): acontecimentos que ampliam a tensão;
z Resolução: momento de solução da tensão;
z Situação final: retorno da situação equilibrada;
z Avaliação: apresentação de uma “opinião” sobre a resolução;
z Moral: apresentação de valores morais que a história possa ter apresentado.
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Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte exemplo, a canção “Era um garoto
que como eu...” Vamos lê-la e identificar essas características, bem como aprender a identifi-
car outros pontos do tipo textual narrativo.

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Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América
Situação inicial: predomínio de
Não era belo, mas mesmo assim
equilíbrio
Havia mil garotas a fim
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane e Yesterday
Cantava viva à liberdade
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América Complicação: início da tensão
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Clímax
Lutar com vietcongs
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Resolução
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota,
ra-tá-tá-tá Situação final / Avaliação
Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Pois está morto no Vietnã [...]
No peito, um coração não há
Moral
Mas duas medalhas sim

Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021.

Essas sete marcas que definem o tipo textual narrativo podem ser resumidas em marcas
de organização linguística que são caracterizadas por:

z presença de marcadores temporais e espaciais;


z verbos, predominantemente, utilizados no passado;
z presença de narrador e personagens.

Importante!
Os gêneros textuais que são predominantemente narrativos apresentam outras tipologias
textuais em sua composição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamen-
te por uma sequência textual. Por isso, devemos sempre identificar as marcas linguísticas
que são predominantes em um texto, a fim de classificá-lo.

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Para sua compreensão, também é necessário saber o que são marcadores temporais e
espaciais. São formas linguísticas como advérbios, pronomes, locuções etc. utilizadas para
demarcar um espaço físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos, esses ele-
mentos são essenciais para marcar o equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem
a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: atualmente, naquele dia,
nesse momento, aqui, ali, então...
Outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é impor-
tante aprendermos a identificar os principais tipos de narrador de um texto:

Narrador: também conhecido como foco narrativo, é o responsável por contar os fatos que com-
põem o texto
Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos
contados, porém, não participa das ações
Narrador onisciente: os fatos podem ser contados na 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece
os fatos e não participa das ações, porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto,
levando o texto para a 1ª pessoa

Alguns gêneros conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas são notícia,
diário, conto, fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem
essencialmente narrativos não significa que não possam apresentar outras sequências em
sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial
atentar-se às marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora
conhecer as marcas mais importantes da sequência textual classificada como descritiva.

Descritivo

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêne-
ros que utilizam esse tipo textual geralmente utilizam a sequência descritiva como suporte
para um propósito maior. São exemplos de textos cujo tipo textual predominante é a descri-
ção: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista de compras.
Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, que relata, no ano de 1500, suas impres-
sões a respeito de alguns aspectos do território que viria a ser chamado de Brasil.

Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como
LÍNGUA PORTUGUESA

pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco
mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa,
do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua
cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso
desvergonha nenhuma.

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021.

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Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da des-
crição do cenário e dos personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto,
vermelho, nuas, tingida, descobertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato
descritivo utilizado para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa e os navegadores.
Considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se um
gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros, como, por exemplo, o
e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêne-
ros, como podemos ver no cardápio a seguir:

Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-


desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso em: 30 ago. 2021.

Note que há a presença de muitos adjetivos, locuções, substantivos, que buscam levar o
leitor a imaginar o objeto descrito. O gênero mostrado apresenta a descrição das refeições
(pão, croissant, feijão, carne etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce,
salgado, com calabresa, moída etc.). Ele está organizado de forma esquematizada em seções
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a facilitar a leitura (o pedido, no caso) do
cliente.

Expositivo

O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a fim de deixar claro o tema principal
14 do texto. Nesse tipo textual, é muito comum a presença de dados, informações científicas,
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citações diretas e indiretas, que servem para embasar o assunto do qual o texto trata. Para
ilustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir:

Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-
agua

O infográfico acima apresenta as informações pertinentes sobre o panorama mundial da


situação da água no ano de 2016. O gênero foi construído com o objetivo de deixar o leitor
informado a respeito do tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da linguagem clara e
objetiva, de recursos visuais para atingir esse objetivo.
Assim como os tipos textuais apresentados anteriormente, os textos expositivos também
apresentam uma estrutura que mistura elementos tipológicos de outras sequências textuais,
tendo em vista que, para apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descritivos, narrativos
e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos podem, muitas vezes, serem confundidos
com textos argumentativos, uma vez que existem textos argumentativos que são classifica-
dos como expositivos, pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação.
LÍNGUA PORTUGUESA

Outra importante diferença entre a sequência expositiva e a argumentativa é que esta


apresenta uma opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem para a argumentação,
uma vez que o fato exposto é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento sobre
uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as características desse conceito sem espaço para
opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:

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z Apresenta informações sobre algo ou alguém, presença de verbos de estado;
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que organizam a informação;
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
z Presença de figuras de linguagem como metáfora e comparação;
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao final do texto.

Os textos expositivos são comuns em gêneros científicos ou que desencadeiam algum


aspecto de curiosidade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO


08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43
Hedy Lamarr - conexão wireless
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” (1933), a austríaca naturalizada norte-ame-
ricana Hedy Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia controlar torpedos à distância,
durante a Segunda Guerra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequência de rádio para que
não fossem interceptados pelo inimigo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde, permitin-
do o desenvolvimento de tecnologias como o Wi-Fi e o Bluetooth.

Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracterizado por estabelecer um “propósito


autônomo” (CAVALCANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a realizar alguma tarefa.
Esse tipo textual é predominante em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet,
horóscopos e também nos manuais de instrução.
A principal marca linguística dessa tipologia é a presença de verbos conjugados no modo
imperativo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
Para que possamos identificar corretamente essa tipologia textual, faz-se necessário obser-
var um gênero textual que apresente esse tipo de texto, como o exemplo a seguir:

Como faço para criar uma conta do Instagram?


Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) ou Google Play Store (Android).
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone para abri-lo.
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de telefone (Android) ou Criar nova conta (iPho-
ne) e insira seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigirá um código de confirmação),
toque em Avançar. Também é possível tocar em Entrar com o Facebook para se cadastrar com
sua conta do Facebook.
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de telefone, crie um nome de usuário e uma se-
nha, preencha as informações do perfil e toque em Avançar. Se você se cadastrar com o Facebook,
será necessário entrar na conta do Facebook, caso tenha saído dela.

Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em: 07/09/2020.

No exemplo acima, podemos destacar a presença de verbos conjugados no modo imperati-


vo, como: baixe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como: instalar, cadastrar,
avançar. Outra característica dos textos injuntivos é a enumeração de passos a serem cum-
pridos para a realização correta da tarefa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais
16 didática.
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É importante lembrar que a principal marca linguística dessa tipologia é a presença de
verbos conjugados no modo imperativo e em sua forma infinitiva. Isso se deve ao fato de
essa tipologia buscar persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.

Argumentativo

O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais complexo e, por vezes, pode apresentar
maior dificuldade na identificação, bem como em sua análise.
O texto argumentativo tem por objetivo a defesa de um ponto de vista, portanto, envol-
ve a defesa de uma tese e a apresentação de argumentos que visam sustentar essa tese.
Alguns exemplos de textos argumentativos são artigos, monografias, ensaios científicos e filo-
sóficos, dentre outros.
Outro aspecto importante dos textos argumentativos é que eles são compostos por estru-
turas linguísticas conhecidas como operadores argumentativos, que organizam as orações
subordinadas, estruturas mais comuns nesse tipo textual.
A seguir, apresentamos um quadro sintético com algumas estruturas linguísticas que
funcionam como operadores argumentativos e que facilitam a escrita e a leitura de textos
argumentativos:

OPERADORES ARGUMENTATIVOS
É incontestável que...
Tal atitude é louvável / repudiável / notável...
É mister / é fundamental / é essencial...

Observe o exemplo a seguir:

“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das mais diversas doenças
relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos nem de longe compensam o dinheiro
gasto com essas doenças. Além disso, as empresas têm grandes prejuízos por causa de afasta-
mentos de trabalhadores devido aos males causados pelo fumo. Portanto, é mister que sejam
proibidas quaisquer propagandas de cigarros em todos os meios de comunicação.”

Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/texto-argumentativo/argumentacao.html. Acesso


em: 30 ago. 2021. Adaptado.

Essas estruturas, quando utilizadas adequadamente no texto argumentativo, expõem a


opinião do autor, ajudando na defesa de seu ponto de vista e construindo a estrutura argu-
LÍNGUA PORTUGUESA

mentativa desse tipo textual.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTE, M. M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2013.

17
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O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS?

Quando pensamos em uma definição para gêneros textuais, somos levados a inúmeros
autores que buscaram definir e classificar esses elementos, e, inicialmente, é interessante
nos lembrarmos dos gêneros literários que estudamos na escola. Podemos nos remeter aos
conceitos de Tragédia e Comédia, referentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odisseia, ambas de Homero? Mas o que esses
textos têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pensar que nada, além do fato
de terem sido escritos pelo mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias respeita um
padrão textual estabelecido e reconhecido na época em que foram escritas.
De maneira análoga, quando pensamos em gêneros textuais, devemos identificar os ele-
mentos que caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes. Logo, da mesma forma que
comparamos as estruturas de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças entre uma
notícia e um artigo de opinião, por exemplo, e também é fundamental identificar as razões
que nos levam a classificar cada um desses gêneros com termos diferentes.

Importante!
Esse ponto de interseção é o que podemos estabelecer como os principais aspectos de
classificação de um gênero textual.

Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. 71), o ponto de interseção que estabelece
sobre qual gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de comportamentos estereotipados
e anônimos que se estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam sujeitos a uma variação
contínua”. Logo, o primeiro elemento que precisamos identificar para classificar um gênero é
o papel social, marcado pelos comportamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem vive
em sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender tão bem quanto ser compreendido.
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor diferencia tipos e gêneros textuais, uma vez
que os tipos textuais não têm apelo ao ambiente social e são muito mais identificáveis por
suas marcas linguísticas. O fator social dos gêneros textuais também irá direcionar outros
aspectos importantes na classificação desses elementos, justamente devido à dinâmica social
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de alterações em sua estrutura.
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, tornando o gênero completamente
modificado, como se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exemplo; ou podem ser alte-
rações pontuais que se prestam a uma finalidade específica e momentânea, como aconteceu
com o anúncio, apresentado a seguir, da loja “O Boticário”:

PROPAGANDAS e os contos de fadas – parte 3. Encantamentos Literários, 2009. Disponível em: http://
encantamentosdaliteratura.blogspot.com/2010/08/propagandas-e-os-contos-de-fadas-parte_16.html. Acesso em:
10 fev. 2023.
18
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O gênero anúncio apresenta uma clara referência ao gênero contos de fada, porém, a
estrutura desse gênero que é, predominantemente, narrativo foi modificada para que o pro-
pósito do anúncio fosse alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adquirir os produtos
da marca. No caso do gênero anúncio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a fim de que a principal função do anún-
cio se cumpra, qual seja: vender um produto.
A partir desses exemplos, já podemos enumerar mais algumas características comuns a
todos os tipos de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o propósito de um gênero,
para alguns autores, como Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. Segundo esse
autor, os gêneros têm a função de realizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a posi-
ção de que o propósito comunicativo é o critério de maior importância, pois é o que motiva
uma ação e é vinculado ao poder do autor.
Além disso, um gênero textual, para ser identificado como tal, é amparado por um protó-
tipo textual, o qual também pode ser reconhecido como estereótipo textual, que resguarda
características básicas do gênero. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencionado
acima, identificamos traços do gênero contos de fada tanto na porção textual do anúncio que
menciona “varinha de condão” quanto pelas imagens que remetem ao conto da “Cinderela”.
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os falantes de uma comunidade a reco-
nhecer o gênero e também a escrever esse gênero quando necessitam. Isso é o que torna a
característica da prototipicidade tão importante no reconhecimento e na classificação de um
gênero. Ademais, os traços estereotipados de um gênero devem ser reconhecidos por uma
comunidade, reafirmando o teor social desses elementos e estabelecendo a importância de
um indivíduo adquirir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais gêneros se é exposto.
Portanto, a partir de todas essas informações sobre os gêneros textuais, podemos afirmar
que, de maneira resumida, os gêneros textuais são ações linguísticas situadas socialmen-
te que servem a propósitos específicos e são reconhecidos pelos seus traços em comum.
A seguir, demonstramos uma tabela com as características básicas para a correta identifica-
ção dos gêneros textuais:

GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:


z Ações sociais
z Ações com configuração prototípica
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
z O propósito de uma ação social
z Divididos em classes
LÍNGUA PORTUGUESA

Outra importante característica que devemos reforçar é que os gêneros textuais não são
quantificáveis, existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros sofrerem com as rela-
ções sociais, que são instáveis, não há um número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.

GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS


Relação com aspectos sociais Associação a aspectos linguísticos
Não podem sofrer alteração, sob pena de serem
Podem ser alterados
reclassificados
19
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GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
Estabelecem uma função
Organizam os gêneros textuais
social

Apesar de não existir um número quantificável de gêneros textuais, podemos estudar a


estrutura dos gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o fito de nos prepararmos
melhor e ganharmos tempo na resolução de questões que envolvam esse assunto. Por isso,
a seguir, iremos nos deter aos principais gêneros textuais abordados em importantes bancas
de concursos no país. Posteriormente, trazemos questões de provas de concursos anteriores
que irão nos auxiliar a praticar esse conteúdo.

Notícia

A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e, como tal, deve apresentar os fatos
narrados de maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequências textuais nar-
rativas e descritivas na sua composição linguística, por isso, é fundamental sempre termos
em mente as características basilares de todos os principais tipos textuais, os quais tratamos
anteriormente.
Como aprendemos no início deste capítulo, os gêneros textuais possuem características
que os distinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a questões sociais, um
propósito comunicativo e apresentar uma configuração mais ou menos padrão que varia em
poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas características. Seu propósito comu-
nicativo é informar uma comunidade sobre assuntos de interesse comum, por isso, a notícia
deve ser comunicada com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a transmite apresente
sua opinião sobre os fatos; outra importante característica da notícia é a sua configuração
prototípica, seu padrão textual reconhecido por leitores de uma comunidade.
Essa configuração própria da notícia é reconhecida pelos termos: Manchete, Lead e Cor-
po da Notícia. Vejamos na prática como reconhecer o esquema prototípico desse gênero:

Casal suspeito de assaltos é preso após colidir carro na contramão enquanto


Manchete
fugia da polícia, em Fortaleza
Foram apreendidos três aparelhos celulares roubados e uma arma de fogo com
Lead
seis munições.
Um casal suspeito de realizar assaltos foi preso após capotar um carro ao dirigir
na contramão enquanto fugia da polícia na tarde deste domingo (13), no Bairro
Henrique Jorge, em Fortaleza.
Corpo
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que os assaltantes diri-
da notícia
giam em alta velocidade pelas ruas após abordar de forma fria os pertences.
“A mulher estava conduzindo o carro e o comparsa dela abordava as pessoas
colocando a arma na cabeça”, afirmou.

Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.

Na formulação de uma notícia, para que ela atinja seu propósito de informar, é fundamen-
tal que o autor do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tornar seu texto imparcial
20 e objetivo:
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O quê?
Onde? MANCHETE

Quando?
CORPO DA Como?
NOTÍCIA
Por quê?

É importante ressaltar que, com o advento das redes sociais, tornou-se cada vez mais
comum que o gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas diferentes, como as
redes sociais. Isso democratiza a informação, porém também abre margem para a criação de
notícias falsas que se baseiam nesse esquema de organização das notícias tentando passar
alguma credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos afirmar que a fonte de publi-
cação é tão importante para o reconhecimento de uma notícia quanto à estrutura padrão do
gênero da qual tratamos acima.
O próximo gênero que trataremos é a reportagem que guarda sutis diferenças em compa-
ração com a notícia e também é muito abordada em provas de concursos.

Reportagem

A reportagem é um gênero textual que, diferentemente da notícia, além de oferecer infor-


mações acerca de um assunto, também apresenta os pontos de vista sobre um tema, tendo,
portanto, um caráter argumentativo; essa é a principal diferença entre os gêneros notícia e
reportagem.
Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou buscar ser, imparcial, ou seja, não deve-
mos encontrar nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por isso, nesse texto, as sequên-
cias textuais mais encontradas são a narrativa e a descritiva, justamente com a finalidade de
se evitar apresentar um ponto de vista.
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre um mesmo fato, pois essa opinião é o
principal “ingrediente” dos textos desse gênero que são representados, predominantemente,
pela sequência argumentativa.
É importante relembrarmos que o tipo textual argumentativo é organizado em três macro
partes: tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse padrão, a reportagem aprofun-
da-se em temas sociais de ampla repercussão e interesse do público, algo que não é o foco da
notícia, tendo em vista que a notícia busca apenas a divulgação da informação.
LÍNGUA PORTUGUESA

Diante disso, o suporte de veiculação das reportagens é, quase sempre, aquele que faz uso
do vídeo, como a televisão, o computador, o tablet, o celular. As reportagens têm um caráter
de “matérias especiais” em jornais de ampla repercussão, mas também podem ser veicula-
das em suportes escritos, como revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das redes
sociais, estas são os principais meios de divulgação desse gênero atualmente.
Conforme a Academia Jornalística (2019), a reportagem apresenta informações mais deta-
lhadas sobre um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. Isso significa que o repórter
deve demonstrar os lados que compõem a matéria, a fim de que o leitor construa sua própria
opinião sobre o tema.
21
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A despeito dessas diferenças na construção dos gêneros mencionados, a reportagem e a
notícia guardam semelhanças, como a busca pelas respostas às perguntas O quê? Como?
Por quê? Onde? Quando? Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da reportagem
quanto da notícia, que se diferencia da primeira por seu caráter essencialmente informativo.

NOTÍCIA REPORTAGEM
Questiona fatos e efeitos de um fato
Apresenta um fato de forma simples e objetiva
determinado
Objetivo é informar Apresenta argumentos sobre um mesmo fato
Apuração dos fatos objetiva Apuração extensa

Conteúdo sem ordem determinada, pode apre-


Conteúdo de curto prazo
sentar entrevistas, dados, imagens etc.

Conteúdo segue o modelo da pirâmide inverti-


-
da (conf. acima)

Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado.

É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência
textual e que, portanto, a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero
é essencialmente argumentativo, porém pode apresentar outras sequências textuais a fim de
alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais
objeto de provas de concurso com um dos gêneros mais comuns em provas de seleções: o
artigo de opinião.

Artigo de Opinião

O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero
usa a argumentação para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse ins-
trumento textual situa-se no âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que circula,
principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a
discussão de um problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão, podemos defender
nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor solu-
ções para a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocu-
tor; para isso, ele terá que usar de informações, fatos, opiniões que serão seus argumentos.
Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta:

O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma deter-
minada ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumen-
tação a favor de uma determinada posição assumida pelo produtor e de refutação de possíveis
opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação constante de sustentação das
afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam conven-
cer o interlocutor (2011, p. 305).
22
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Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos conheci-
mentos, como: enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de
determinados recursos linguísticos que percebemos que nada é por acaso, pois, a cada esco-
lha há uma intenção: “[...] toda atividade de interpretação presente no cotidiano da linguagem
fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011,
p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos
conhecimento sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especia-
listas no assunto por eles abordado. Ao escolherem um assunto, os autores devem considerar
as diversas “vozes” já existentes sobre o mesmo assunto. E, dependendo da intenção, apoiar
ou negar determinadas vozes.
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples,
direta, convincente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um
artigo de opinião pessoal; porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o articulista con-
segue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua produção textual não fique
centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) pro-
põem a seguinte estruturação:

z identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão


polêmica;
z tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
z reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias
são articuladas e o texto é concluído.

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO


Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto
Tese do autor (posicionamento defendido) – Tese contrária (posicionamentos
Desenvolvi-
de terceiros) – Aceitação ou refutação – Argumentos a favor da tese do autor do
mento
texto
Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado

No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão
que ligam as ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fun-
damental prestar ainda mais atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com a coesão
na escrita e na leitura de textos opinativos.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, segui-
LÍNGUA PORTUGUESA

mos nossa abordagem apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua
portuguesa em concursos públicos: o editorial.

Editorial

Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O ter-
ceiro será o editorial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião
de um veículo de comunicação.
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Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma
geral, iremos nos atentar aqui para as principais características do gênero editorial e no que
ele se diferencia do artigo de opinião, por exemplo.

EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão

O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia


central ou problema social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação
do ponto de vista defendido e conclui-se com a retomada da opinião apresentada inicialmen-
te. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião é que aquele representa a opinião
de uma corporação, empresa ou instituição.

EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS


z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural
z Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante
z Linguagem clara, objetiva e impessoal

O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em
concursos públicos, também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de
redação. Por isso, a seguir, apresentamos um breve esquema para facilitar a escrita desse
gênero, especialmente em certames que cobrem redação.

EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS


Parágrafo Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser
1 didático ao apresentar o assunto ao leitor
Parágrafo Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo as causas e
2 indicativos concretos do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto
Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de
Parágrafo
especialista da área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilus-
3
tram a argumentação
Parágrafo Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial
4 sem se repetir

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DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL

As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos casos, contraproducentes, tendo em


vista que a lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é derivada de proces-
sos históricos de evolução da língua.
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno craque em ortografia: leia sempre! Somen-
te a prática de leitura irá lhe garantir segurança no processo de grafia das palavras.
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior parte das regras não são efêmeras,
porém, são em grande número.
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portuguesa, é importante estarmos atentos
ao uso de letras cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto à escrita correta. Veja:

z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. Ex.: ameixa, frouxo, trouxe.

USAMOS X: USAMOS CH:


�Depois da sílaba en, se a palavra não for de- �Depois da sílaba en, se a palavra for deri-
rivada de palavras iniciadas por CH: enxerido, vada de palavras iniciadas por CH: encher,
enxada encharcar
�Depois de ditongo: caixa, faixa �Em palavras derivadas de vocábulos que são
�Depois da sílaba inicial me, se a palavra não grafados com CH: recauchutar, fechadura
for derivada de vocábulo iniciado por CH: me-
xer, mexilhão

Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10 out. 2020.

z É com G ou com J?

Usamos G em:

„ Substantivos terminados em: -agem; -igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem;


„ Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio. Ex.: sacrilégio; pedágio;
„ Verbos terminados em: -ger e -gir. Ex.: proteger; fugir.

Usamos J em:

„ Formas verbais terminadas: em -jar ou -jer. Ex.: viajar; lisonjear;


LÍNGUA PORTUGUESA

„ Termos derivados do latim escritos com j. Ex.: majestade; jejum.

z É com Ç ou S?

„ Após ditongos, usamos, geralmente, Ç quando houver som de S. Ex.: eleição;


„ Escrevemos S quando houver som de Z. Ex.: Neusa; coisa.

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z É com S ou com Z?

„ Palavras que designam nacionalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês e -esa


devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; inglês; marquesa; duquesa;
„ Palavras que designam qualidade, cuja terminação seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
embriaguez; lucidez; acidez.

Essas regras para correção ortográfica das palavras, em geral, apresentam muitas exce-
ções; por isso é importante ficar atento e manter uma rotina de leitura, pois esse aprendizado
é consolidado com a prática.
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da leitura e da escrita de textos, por
isso, recomendamos que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de informação, pois,
além de contribuir para seu conhecimento geral, sua habilidade em língua portuguesa tam-
bém aumentará.

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

O novo acordo ortográfico é um documento que normaliza diversas mudanças na língua


portuguesa. Ele foi assinado em 1990, mas seu uso só passou a ser obrigatório a partir de
2016. Esse documento foi elaborado com base nas mudanças práticas da língua e nos estudos
desenvolvidos por linguistas. Além disso, tem o objetivo de padronizar a ortografia em diver-
sos países nos quais se fala e escreve a língua portuguesa.
É importante estudar essas mudanças na língua, pois a ortografia é um aspecto responsá-
vel por “tirar” pontos na avaliação da redação, logo, pode ser essencial para prejudicar sua
nota.

Alfabeto

z Como era:

A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z;

z Como está:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z.
Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfabeto; agora, contamos com o acréscimo
das letras K, W e Y, totalizando 26 letras no alfabeto do português brasileiro. Essa mudan-
ça ocorreu com a intenção de oficializar letras que, na prática, já faziam parte de diversas
palavras em português. Ou seja, as letras não estavam no alfabeto, mas já eram utilizadas
no cotidiano em nomes de pessoas, marcas, ou abreviações como: km, Yago, Kamila, Wilson,
Olympikus, entre outros.
Pensando nisso, o acordo procurou tornar oficial as letras que já eram utilizadas pelos
falantes do português.

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Importante!
Ter tornado essas letras oficiais não muda a escrita de palavras que já existem, ou seja,
palavras como “quilo” e “quilômetro” não passarão a ser escritas como “kilo” e “kilômetro”.
A oficialização significa, sim, que a partir de agora novas palavras podem usar essas letras.

Além do alfabeto, as principais mudanças trazidas pelo novo acordo ortográfico foram: o
fim do uso do trema, mudanças na acentuação e mudanças no uso do hífen, que detalhare-
mos a seguir:

Fim do Uso do Trema

O trema já estava caindo em desuso, visto que não é necessário ter o acento para identifi-
car a pronúncia. Com o novo acordo ortográfico, de forma oficial, o trema não é mais utili-
zado, seja em palavras portuguesas ou aportuguesadas.
Muitos não lembram, mas o trema era representado por dois pontinhos em cima do “u”
que indicavam hiato.

z Antes do acordo: freqüência; cinqüenta; conseqüência; tranqüilo;


z Depois do acordo: frequência; cinquenta; consequência; tranquilo.

Atenção: o trema ainda é usado em nomes próprios estrangeiros como Bündchen e Mül-
ler, por exemplo.

Acentuação

O acento diferencial não é mais usado em palavras paroxítonas com vogal tônica aberta
ou fechada que possuem a mesma escrita.

z Antes do acordo: pára (verbo); pólo (substantivo); pêlo (substantivo);


z Depois do acordo: para (verbo); polo (substantivo); pelo (substantivo).

Nos casos em que o acento marca a diferença entre verbos no singular e plural, como em
vem (singular) e vêm (plural) e tem (singular) e têm (plural), o acento foi mantido.
O acento circunflexo não é mais usado com e e o aberto e fechado (mêdo: medo, almôço:
almoço), nem em letras repetidas, como em palavras paroxítonas terminadas em “êem” nem
em palavras com o hiato “oo”.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Antes do acordo: lêem, vôo, abençôo;


z Depois do acordo: leem, voo, abençoo.

O acento agudo não é mais usado em palavras paroxítonas com ditongo aberto ei e oi.

z Antes do acordo: andróide, alcatéia, idéia, diarréia, estóico;


z Depois do acordo: androide, alcateia, ideia, diarreia, estoico.
27
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É comum confundir com as paroxítonas com as oxítonas terminadas em ditongo aberto.
As oxítonas com ditongos abertos continuam com acento: herói e dói.
O acento em palavras paroxítonas com i e u tônico depois de ditongo não é mais
utilizado.

z Antes do acordo: feiúra, bocaiúva;


z Depois do acordo: feiura, bocaiuva.

PRINCIPAIS MUDANÇAS
Assunto Mudança Como era Como ficou
ACENTUAÇÃO
Só aparece em palavras estran- Conseqüên-
Consequência
Trema geiras. Deixou de ser utilizado em cia
Aguentar
palavras da língua portuguesa Agüentar
Ditongo em palavras Idéia Ideia
Não recebem mais acento
paroxítonas Assembléia Assembleia
Hiatos com paroxítonas
Não recebem mais acento Feiúra Feiura
com “i” ou “u”
Enjôo Enjoo
Letras repetidas: ee/oo Não recebem mais acento
Lêem Leem
Pára Para
Acento diferencial Deixou de ser utilizado
Pêlo Pelo
Acento diferencial em con- Ele tem. Ele tem.
Mantido
jugações verbais Eles têm. Eles têm.

Hífen

z Não se usa hífen nos casos em que o primeiro termo acaba em vogal e o segundo termo
começa com vogal inicial diferente.
Ex.: semiárido, autoestima, contraindicação;
z Exceção: em palavras com prefixo com o segundo elemento começando em -h, utiliza-se
hífen.
Exemplos: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano;
z Usa-se hífen nas palavras com o primeiro terminado em vogal e que o segundo elemento
começa com vogal igual.
Ex.: anti-inflamatório, micro-ondas, arqui-inimigo;
z Exceção: nos prefixos átonos (sem acento) co-, pre-, re-, e pro-, o hífen não é usado.
Exemplos: reenviar, preestabelecer, coordenação;
z Não se usa hífen em palavras compostas, quando, pelo uso, se perde a noção de composição.
Exemplos: paraquedas, paraquedista, mandachuva;
z Exceção: o hífen permanece em palavras compostas que não têm um elemento de liga-
ção e que formam uma unidade, como as que definem animais e plantas.
Exemplos: erva-doce, quinta-feira, cavalo-marinho.

A seguir, há um quadro comparativo com algumas palavras mais comuns em relação ao


uso do hífen:
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ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO
Microondas Micro-ondas
Semi-analfabeto Semianalfabeto
Co-autor Coautor
Infra-estrutura Infraestrutura
Extra-escolar Extraescolar
Dia-a-dia Dia a dia
Ultra-som Ultrassom
Re-eleição Reeleição

Uso das Letras Maiúsculas

De acordo com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, as letras maiúsculas são
usadas em

z nomes próprios de pessoas, animais, lugares (cidades, países, continentes...), acidentes


geográficos, rios, instituições e entidades;
z marcas;
z nomes de festas e festividades;
z nomes astronômicos;
z títulos de periódicos e em siglas;
z símbolos ou abreviaturas.

Exemplos: Luiza, IBGE, Espanha, Riachuelo, Alagoas, Jogos Olímpicos, Revista Veja.
As letras minúsculas são usadas em todas as outras situações, como: dias da semana, meses
e estações do ano e pontos cardeais. Exemplo: terça-feira, janeiro, verão, sul, nordeste.
O uso da letra maiúscula ou minúscula é opcional para títulos de livros (totalmente em
maiúsculas ou apenas com maiúscula inicial), palavras de categorizações (rio, rua, igreja…),
nomes de áreas do saber (biologia), matérias e disciplinas (português, matemática), versos
que não iniciam o período e palavras ligadas a uma religião.

Uso do Acento Grave

Apesar da dificuldade de muitos com as regras do uso de crase, o novo acordo prevê que o acen-
to grave continue a ser utilizado apenas para marcar a ocorrência de crase, nos casos já previstos
nas normas gramaticais. Não há alteração quanto a novas formas de uso ou proibição da crase.
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: à, às, àquele, àquela, àquilo.

Divisão Silábica

O novo acordo mantém as regras de divisão silábica já existentes; no entanto, faz uma
especificação sobre a separação das palavras em linhas diferentes.
Quando é necessário separar as palavras que já têm hífen, a nova regra prevê que o hífen
seja repetido em cima e em baixo.
Exemplo: Naquela cidade, a festa repetia-se todos os anos.
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DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL

EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE


CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL

Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organizar as ideias apresentadas de modo


a torná-lo coeso e coerente. Porém, como fazer para que essa organização mantenha esse
padrão? Para descobrir, primeiro é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência e por
que buscar esse padrão é importante.
Os textos não são somente um aglomerado de palavras e frases escritas. Suas partes devem
ser articuladas e organizadas harmoniosamente de maneira que o texto faça sentido como
um todo. A ligação, a relação, os nexos entre essas partes estabelecem o que se chama de
coesão textual. Os articuladores responsáveis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser articulados de forma que garanta uma
relação lógica entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteligível e faça sentido em deter-
minado contexto. A respeito disso, temos a coerência textual, que está ligada diretamente à
significação do texto, aos sentidos que ele produz para o leitor.

COESÃO COERÊNCIA
Utiliza-se de elementos superficiais, dando-se Subjacente ao texto, enfatiza-se o conteúdo e
ênfase na forma e na articulação entre as ideias a produção de sentido/relação lógica

Podemos usar uma metáfora muito interessante quando se trata de compreender os pro-
cessos de coesão e coerência.
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um prédio. Tal qual uma boa constru-
ção precisa de um bom alicerce para manter-se em pé, um texto bem construído depende
da organização das nossas ideias, da forma como elas estão dispostas no texto. Isso significa
que precisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, a fim de defendermos nossas
ideias adequadamente.
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as principais formas de marcação, em um texto,
de processos que buscam organizar as ideias em um texto, principalmente, os processos de
coesão que, como dissemos, apresentam um apelo mais forte às formas linguísticas que os
processos envolvendo a coerência.
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas características da coerência em um texto
e como esse processo liga-se não apenas às formas gramaticais, mas, sobretudo, ao forte teor
cognitivo. Tendo em vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, coletivamente,
não por acaso, o grande linguista e estudioso da língua portuguesa, Luis Antônio Marcuschi
(2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico que se encontra mais na mente que no texto”.
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) para esclarecer ainda mais o conceito
de coerência e passarmos ao estudo detalhado dos processos de coesão. A autora afirma que
a coerência:

[...] Não está no texto em si; não nos é possível apontá-la, destacá-la ou sublinhá-la.. Ela se cons-
trói [...] numa dada situação comunicativa, na qual o leitor, com base em seus conhecimentos

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sociocognitivos e interacionais e na materialidade linguística, confere sentido ao que lê (2013,
p. 31).

A seguir iremos nos deter aos processos de coesão importantes para uma boa compreen-
são e elaboração textual. É importante destacar que esses processos de coesão não podem ser
dissociados da construção de sentidos implícita no processo de organização da coerência. No
entanto, como nossa finalidade é tornar seu aprendizado mais fácil, separamos esses concei-
tos com fins estritamente didáticos.

Coesão Referencial

A coesão é marcada por processos referenciais relacionados a ideias a partir de mecanis-


mos que inserem ou retomam uma porção textual. Os processos marcados pela referencia-
ção caracterizam-se pela construção de referentes em um texto, os quais se relacionam com
as ideias defendidas no texto.
Esse processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode ser reconhecido pelo uso de
algumas classes de palavras, das quais falaremos a seguir.
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os processos referenciais que envolvem o uso de
expressões anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013), “as expressões que reto-
mam referentes já apresentados no texto por outras expressões são chamadas de anáforas”.
Vejamos o exemplo a seguir:

O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que vivia de suas discretas lutas, no início de
sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem promissor, mas nunca se inte-
ressou realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony Gazzo, com
quem manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano
e o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na primeira luta que fez com Apollo Creed.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.

A partir da leitura, podemos perceber que todos os termos destacados fazem referência a
um mesmo referente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utilizado foi o uso de anáfo-
ras que assumem variadas formas gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
Já os processos referenciais catafóricos apontam para porções textuais que ainda não
foram mencionadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a seguir: “Os documentos
requeridos para os candidatos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
LÍNGUA PORTUGUESA

Dica
Em provas de concursos e seleções, ainda se encontra a terminologia “expressões refe-
renciais catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no material. No entanto, é importante
salientar que, para linguistas e estudiosos, as anáforas são os processos referenciais que
recuperam e/ou apontam para porções textuais.

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z Uso de Pronomes ou Pronominalização

Utilizar pronomes para manter a coesão de um texto é essencial, evitando-se repetições


desnecessárias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como a classe de pronomes é vas-
ta, vamos enfatizar neste estudo os principais pronomes utilizados em recursos textuais para
manter a coesão.
A pronominalização é a base de recursos anafóricos que recuperam porções textuais ou
ainda um nome específico a que o autor faz referência no texto. Vejamos dois exemplos:

O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden foi quente, com diversas interrupções e
acusações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indicação de Trump da juíza conserva-
dora Amy Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Ginsburg. O presidente
defendeu que tem esse direito, pois os republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifica
essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que eles ainda não aceitaram que perderam a
eleição”. […].
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA são o país mais atingido pela pandemia - são
7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que
eles fariam até que uma vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo que Trump “não
tem um plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua resposta atacando a China - “deve-
riam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as estatísticas da Rússia e da
própria China e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho” nesse momento dos
EUA.

Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.

Após a leitura do texto, é possível notar que a recuperação da informação apresentada é


feita a partir de muitos processos de coesão, porém, o uso dos pronomes destacados recupera
o assunto informado e ajuda o leitor a construir seu posicionamento. É importante buscar
sempre o elemento a que o pronome faz referência; por exemplo, o primeiro pronome pes-
soal destacado no texto refere-se ao termo “democratas”, já o segundo, faz referência aos
presidenciáveis que participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses pronomes apontam
para uma parcela objetiva do texto, diferente do pronome “essa”, associado ao substantivo
“tragédia”, que recupera uma parcela textual maior, fazendo referência ao momento de pan-
demia pelo qual o mundo passa.
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção da coesão, porém, o uso inadequado
pode gerar ambiguidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a coesão. Ex.: Encon-
trei Matheus, Pedro e sua mulher.
Não é possível saber qual dos homens estava acompanhado.
Por fim, destacamos que as classes de palavras relacionadas neste capítulo com os pro-
cessos de coesão não podem ser vistas apenas sob a ótica descritiva-normativa, amplamente
estudada nas gramáticas escolares. O interesse das principais bancas de concursos públicos
é avaliar a capacidade interpretativa e racional dos candidatos, dessa feita, a análise de pro-
cessos coesivos visa analisar a capacidade do candidato de reconhecer a que e qual elemento
está construindo as referências textuais.

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z Uso de Numerais

Conforme mencionamos anteriormente, o uso de categorias gramaticais concorre para a


progressão textual; uma das classes gramaticais que auxilia esse processo é o uso de numerais.
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que essa classe promove, auxiliando na
ligação de ideias em um texto. Dessa forma, as expressões quantitativas, em algumas circuns-
tâncias, retomam dados anteriores numa relação de coesão.
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o primeiro era para os professores, o segun-
do para os alunos.
As formas destacadas são numerais ordinais que recuperam informação no texto, evitan-
do a repetição de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.

z Uso de Advérbios

Muitos advérbios auxiliam no processo de recuperação e instauração de ideias no texto,


auxiliando o processo de coesão. As formas adverbiais que marcam tempo e espaço podem
também ser denominadas de marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
Perceba que esses advérbios só podem ser associados a um referente se forem instaurados
no discurso, isto é, se mantiverem associação com as pessoas que produzem as falas. Assim,
uma pessoa que lê “hoje não haverá aula” em um cartaz na porta de uma sala compreenderá
que a marcação temporal refere-se ao momento em que a leitura foi realizada. Por isso, esses
elementos são conhecidos como dêiticos.
Independentemente de como são chamados, esses elementos colaboram para a ligação de
ideias no texto, auxiliando também a construção da coesão textual.

z Uso de Nominalização

As expressões que retomam ideias e nomes, já apresentados no texto, mediante outras for-
mas de expressão, podem ser analisadas como processos nominalizadores, incluindo subs-
tantivos, adjetivos e outras classes nominais.
Essas expressões recuperam informações mediante novos nomes inseridos no texto, ou
ainda, com o uso de pronomes, conforme vimos anteriormente. Vejamos um exemplo:

Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior foi um cantor, compositor, músico,
produtor, artista plástico e professor brasileiro. Um dos membros do chamado Pessoal do
LÍNGUA PORTUGUESA

Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB
do nordeste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados da década de 1970.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.

Todas as marcações em negrito fazem referência ao nome inicial Antônio Carlos Belchior;
os termos que se referem a esse nome inicial são expressões nominalizadoras que servem
para ligar ideias e construir o texto.

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z Uso de Adjetivos

Os adjetivos também são considerados expressões nominalizadoras que fazem referência


a uma porção textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo acima, a oração “Belchior
foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plástico e professor” apresenta seis
nomes que funcionam como adjetivos de Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informa-
ções sobre essa personalidade, referida anteriormente.
É importante recordar que não podemos identificar uma classe de palavra sem avaliar o
contexto em que ela está inserida. No exemplo mencionado, as palavras cantor, compositor,
músico, produtor, artista, professor são substantivos que funcionam como adjetivos e cola-
boram na construção textual.

z Uso de Verbos Vicários

O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e significa “fazer as vezes”; assim, os verbos
vicários são verbos usados em substituição de outros que já foram muito utilizados no texto.
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós esperávamos.
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda oração pelo verbo “foi”.

ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES


Ser: “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
Fazer: “Poderíamos concordar plenamente, mas não o fizemos”
Aceitar: “Se ele não acatar a promoção não aceita por falta de interesse”
Foi: “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”

z Uso de Elipse

A elipse é uma forma de omissão de uma informação já mencionada no texto. Geralmente,


estudamos a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de linguagem de uma gramáti-
ca. Neste material, iremos nos deter a maiores aspectos da elipse também nessa seção. Aqui
é importante salientar as propriedades recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
pósito de manter a coesão textual.
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como recurso coesivo “corresponde à estratégia
de se omitir um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequência maior (uma frase intei-
ra, por exemplo) já introduzidos anteriormente em outro segmento do texto, mas recuperável
por marcas do próprio contexto verbal”. Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo:

“O Brasil evoluiu bastante desde o início do século XXI. O país proporcionou a inclusão
Sem
social de muitas pessoas. A nação obteve notoriedade internacional por causa disso. A
Elipse
pátria, porém, ainda enfrenta certas adversidades...”
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do século XXI e proporcionou a inclusão social de
Com
muitas pessoas, por causa disso obteve notoriedade internacional, porém ainda enfrenta
Elipse
certas adversidades...”

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Coesão Sequencial

A coesão sequencial é responsável por organizar a progressão temática do texto, isto é,


garantir a manutenção do tema tratado pelo texto de maneira a promover a evolução do
debate assumido pelo autor.
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a partir de locuções que marcam tempo,
conjunções, desinências e modos verbais.
Neste material, iremos nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que são utiliza-
das para garantir a progressão textual.

z Conjunções Coordenativas

As conjunções coordenativas são aquelas que ligam orações coordenadas, ou seja, orações
de valor semântico independente. Na construção textual, elas são importantes, pois, com
seus valores, adicionam informações relevantes ao texto.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando na coesão:

Não apenas conversava com os demais alunos como também atrapalhava


ADITIVA
o professor
ADVERSATIVA Eram ideias interessantes, porém ninguém concordou com elas
ALTERNATIVAS Superou o estigma que pregava “ou estuda, ou trabalha” e conseguiu ser aprovada
EXPLICATIVA Ao final, faça os exercícios, pois é uma forma de praticar o que aprendeu
O candidato não cumpriu sua promessa. Ficamos, portanto, desapontados
CONCLUSIVA
com ele

Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções precisam manter uma relação contextual,
estabelecida pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso, orações como esta: “Não
gosto de festas de aniversário, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as ideias ligadas
não estabelecem uma relação de adversidade, como demonstra a conjunção “mas”.

z Conjunções Subordinativas

Tais quais as conjunções coordenativas, as subordinativas estabelecem uma ligação entre


as ideias apresentadas num texto, porém, diferentemente daquelas, estas ligam ideias apre-
sentadas em orações subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra para terem o
LÍNGUA PORTUGUESA

sentido apreendido.
Exemplos de conjunções subordinativas atuando na coesão:

CAUSAL Como não havia estudado suficiente, resolvi não fazer essa prova
CONSECUTIVA Falaram tão mal do filme que ele nem entrou em cartaz
COMPARATIVA Trabalhou como um escravo
CONFORMATIVA Conforme o Ministro da Economia, os concursos não irão acabar

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Ainda que vivamos um período de poucos concursos, não podemos
CONCESSIVA
desanimar
CONDICIONAL Se estudarmos, conseguiremos ser aprovados!
À proporção que aumentava seus horários de estudo, mais forte o can-
PROPORCIONAL
didato se tornava
FINAL Estudava sempre com afinco, a fim de ser aprovado
TEMPORAL Quando o edital for publicado, já estarei adiantado nos estudos

Importante!
Não confundir:
Afim de – Relativo à afinidade, semelhança: “Física e Química são disciplinas afins”.
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como objetivo, com desejo de: “Estou a fim de
comer pastel”.

z Conjunções Integrantes

As conjunções integrantes fazem parte das orações subordinadas, na realidade, elas ape-
nas integram, ligam uma oração principal a outra, subordinada. Como podemos notar, o
papel dessas conjunções é essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são “peças” que
unem as orações. Existem apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.

Quando é possível substituir o que pelo pronome isso, esta- Quero que a prova esteja fácil.
mos diante de uma conjunção integrante Quero. O quê? Isso
Sempre haverá conjunção integrante em orações substanti- Perguntei se ele estava em casa.
vas e, consequentemente, em períodos compostos Perguntei. O quê? Isso

Coesão Recorrencial

z Uso de Repetições

As recorrências de repetições em textos são comumente recusadas pelos mestres da língua


portuguesa. Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos professores recomendam em
uníssono: evite repetir palavras e expressões!
No entanto, a repetição é um recurso coesivo essencial para manter a progressão temática
do texto, isto é, para que o tema debatido no texto não seja perdido, levando o escritor a fugir
da temática.
Embora também não recomendemos as repetições exageradas no texto, sabemos valo-
rizar seu uso adequado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, alguns usos comuns
dessa estratégia coesiva.

CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES


O candidato foi encontrado com duzentos milhões de reais
Marcar ênfase
na mala, duzentos milhões!
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CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES
Marcar contraste Existem Políticos e políticos
“Agora que sentei na minha cadeira de madeira, junto à minha
mesa de madeira, colocada em cima deste assoalho de madei-
Marcar a continuidade temática ra, olho minhas estantes de madeira e procuro um livro feito de
polpa de madeira para escrever um artigo contra o desmata-
mento florestal” Millôr Fernandes

z Uso de Paráfrase

A paráfrase é um recurso de reiteração que proporciona maior esclarecimento sobre o


assunto tratado no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre algo utilizando-se
de outras palavras. Conforme Antunes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em outro
ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo:

Ceará goleia Fortaleza no Castelão. Fortaleza é goleado pelo Ceará no Castelão.

Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais da capital cearense. A forma como o
texto se apresenta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em posições diferentes, cum-
pre um papel importante na progressão temática do texto.
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo uso de expressões textuais bem
características, como: em outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em resumo,
em suma, em síntese etc. Essas expressões indicam que algo foi dito e passará a ser ressigni-
ficado, garantindo a informatividade do texto.

z Uso de Paralelismo

As ideias similares devem fazer a correspondência entre si; a essa organização de ideias
no texto, dá-se o nome de paralelismo. Quando as construções de frases e orações são seme-
lhantes, ocorre o paralelismo sintático. Quando há sequência de expressões simétricas no
plano das ideias e coerência entre as informações, ocorre o paralelismo semântico ou para-
lelismo de sentido.

ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS JUNTAS


Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintática a qual a frase está inserida; vejamos
um exemplo em que houve quebra de paralelismo:
“É necessário estudar e que vocês se ajudem” — Errado.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem” — Correto.
Devemos manter a organização das orações, pois não podemos coordenar orações redu-
zidas com orações desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-las ou somente
desenvolvida ou somente reduzidas.

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No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é a mesma, porém deixamos de analisar os
pares no âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Vejamos o seguinte exemplo:
“Por um lado, os manifestantes agiram corretamente, por outro podem não ter agido erra-
do” — Incorreto.
“Por um lado, os manifestantes agiram corretamente, por outro podem ter causado pre-
juízo à população” — Correto.
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi sua irmã e a outra estava bem”
— Incorreto.
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi sua irmã e a outra foi minha prima”
— Correto.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTE, M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2016.


KAUFMAN, A. M.; RODRIGUEZ, M. H. Escola, leitura e produção de textos. Tradução de
Inajara Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1995.
OHUSCHI, M. C. G.; BARBOSA, F. de S. O gênero artigo de opinião: da teoria à prática em
sala de aula. Acta Scientiarum. Language and Culture, 33(2), 2011, 303-314.

DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO

ASPECTOS GERAIS

Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre os grandes grupos de palavras existentes


na língua, como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são grupos morfológicos. Ao combi-
nar as palavras em frases, nós construímos um painel morfológico.
As palavras normalmente recebem uma dupla classificação: a morfológica, que está rela-
cionada à classe gramatical a que pertence, e a sintática, relacionada à função específica que
assumem em determinada frase.

Frase

Frase é todo enunciado com sentido completo. Pode ser formada por apenas uma palavra
ou por um conjunto de palavras.
Ex.: Fogo!
Silêncio!
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano Ramos).

Oração

Enunciado que se estrutura em torno de um verbo (explícito, implícito ou subentendido) ou de


uma locução verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresentá-lo completo ou incompleto.
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a poluição.
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque).
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Período

Período é o enunciado constituído de uma ou mais orações.


Classifica-se em:

� Simples: possui apenas uma oração.


Ex.: O sol surgiu radiante.
Ninguém viu o acidente.
� Composto: possui duas ou mais orações.
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.” (Chico Buarque)
Chegou em casa e tomou banho.

PERÍODO SIMPLES — TERMOS DA ORAÇÃO

Os termos que formam o período simples são distribuídos em: essenciais (Sujeito e Predi-
cado), integrantes (complemento verbal, complemento nominal e agente da passiva) e aces-
sórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto).

TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO

São aqueles indispensáveis para a estrutura básica da oração. Costuma-se associar esses
termos a situações analógicas, como um almoço tradicional brasileiro constituído basica-
mente de arroz e feijão, por exemplo. São eles: sujeito e predicado. Veremos a seguir cada
um deles.

Sujeito

É o elemento que faz ou sofre a ação determinada pelo verbo.


O sujeito pode ser:

� o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;


� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa pelo verbo;
� o termo que pode ser substituído por um pronome do caso reto;
� o termo com o qual o verbo concorda.
Ex.: A população implorou pela compra da vacina da covid-19.
LÍNGUA PORTUGUESA

No exemplo anterior a população é:

z o elemento sobre o qual se declarou algo (implorou pela compra da vacina);


z o elemento que pratica a ação de implorar;
z o termo com o qual o verbo concorda (o verbo implorar está flexionado na 3ª pessoa do
singular);
z o termo que pode ser substituído por um pronome do caso reto.
(Ela implorou pela compra da vacina da covid-19.)

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Núcleo do Sujeito

O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal porque é a respeito dela que o predicado
diz algo.
O núcleo indica a palavra que realmente está exercendo determinada função sintática,
que atua ou sofre a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substantivo, ou uma palavra
com valor de substantivo, ou pronome.

z O sujeito simples contém apenas um núcleo.

Ex.: O povo pediu providências ao governador.


Sujeito: O povo
Núcleo do sujeito: povo

z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído de dois ou mais termos.

As luzes e as cores são bem visíveis.


Sujeito: As luzes e as cores
Núcleo do sujeito: luzes/cores

Dica
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se as expressões interrogativas quem? ou o
quê? antes do verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao governador.
Quem pediu uma providência ao governador?
Resposta: A população (sujeito).
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o outro.
O que iria de um lado para o outro?
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).

Tipos de Sujeito

Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:

Simples
DETERMINADO Composto
Elíptico
Com verbos flexionados na 3ª pessoa do plural
INDETERMINADO
Com verbos acompanhados do se (índice de indeterminação do sujeito)
INEXISTENTE Usado para fenômenos da natureza ou com verbos impessoais

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z Determinado: quando se identifica a pessoa, o lugar ou o objeto na oração. Classifica-se
em:

„ Simples: quando há apenas um núcleo.


Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
Núcleo: aluguel
Sujeito simples: O aluguel da casa;
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
Núcleos: sons, cores.
Sujeito composto: Os sons e as cores;
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não aparece na oração, mas é possível de
ser identificado devido à flexão do verbo ao qual se refere.Ex.: Vi o noticiário hoje de
manhã. Sujeito: (Eu)

z Indeterminado: quando não é possível identificar o sujeito na oração, mas ainda sim está
presente. Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representado por um índice de indetermi-
nação do sujeito, a partícula “se”.

„ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não se referindo a nenhuma palavra deter-


minada no contexto.

Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje.


Entende-se que alguém passou cedo;

„ Colocando-se verbos (intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação) sem comple-


mento direto na 3ª pessoa do singular acompanhados do pronome se, pronome que
atua como índice de indeterminação do sujeito.

Ex.: Não se vê com a neblina.


Entende-se que ninguém consegue ver nessa condição.

Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito

Esse tipo de situação ocorre quando uma oração não tem sujeito mas tem sentido com-
pleto. Os verbos são impessoais e normalmente representam fenômenos da natureza. Pode
LÍNGUA PORTUGUESA

ocorrer também o verbo fazer ou haver no sentido de existir.


Geia no Paraná.
Fazia um mês que tinha sumido.
Basta de confusão.
Há dois anos esse restaurante abriu.

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Classificação do Sujeito Quanto à Voz

z Voz ativa (sujeito agente)

Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.


Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exerce a ação na frase;

z Voz passiva sintética (sujeito paciente)


Ex.: Corta-se cabelo.
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito “cabelo” sofre uma ação, diferente do
exemplo do item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da oração.

Importante notar que não há preposição entre o verbo e o substantivo. Se houvesse, por
exemplo, “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais sujeito, seria objeto indireto,
um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, e não um sujeito da oração. Nesse caso,
o sujeito é indeterminado, marcado pelo índice de indeterminação “-se”.

z Voz passiva analítica (sujeito paciente)


Ex.: A minha saia azul está rasgada.
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presença da partícula -se.

Predicado

É o termo que contém o verbo e informa algo sobre o sujeito. Apesar de o sujeito e o pre-
dicado serem termos essenciais na oração, há casos em que a oração não possui sujeito. Mas,
se a oração é estruturada em torno de um verbo e ele está contido no predicado, é impossível
existir uma oração sem sujeito.
O predicado pode ser:

z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.


Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar);
Predicado: seguem sua marcha;
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujeito (oração sem sujeito):
Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
Predicado: Chove pouco nesta época do ano.

Para determinar o predicado, basta separar o sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito,
o predicado abrangerá toda a declaração. A presença do verbo é obrigatória, seja de forma
explícita ou implícita:
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
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Classificação do Predicado

A classificação do predicado depende do significado e do tipo de verbo que apresenta.

z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo significativo se concentra em um nome (cor-


responde a um predicativo do sujeito).
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. O predicado nominal tem por núcleo um
nome (substantivo, adjetivo ou pronome).
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo Mendes)
Predicado: são mais bonitas.
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo Bilac)
Predicado: estão cheias de calafrios.

É importante não confundir:

z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, mas um estado momentâneo ou per-
manente que relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é o predicativo do sujeito;
z Predicativo do sujeito: função exercida por substantivo, adjetivo, pronomes e locuções
que atribuem uma condição ou qualidade ao sujeito.

Ex.: O garoto está bastante feliz.

Verbo de ligação: está.

Predicativo do sujeito: bastante feliz.

Ex.: Seu batom é muito forte.

Verbo de ligação: é.

Predicativo do sujeito: muito forte.

Predicado Verbal

Ocorre quando o núcleo significativo é um verbo (transitivo ou intransitivo) ou uma locu-


ção verbal. Da natureza desse verbo é que decorrem os demais termos do predicado.
LÍNGUA PORTUGUESA

O verbo do predicado pode ser classificado em transitivo direto, transitivo indireto,


verbo transitivo direto e indireto ou verbo intransitivo.

z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exige um complemento não preposicionado,
o objeto direto.

Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” Noel Rosa


Verbo Transitivo Direto: Fazer.

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Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
Verbo Transitivo Direto: trouxe;

z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transitivo indireto tem como necessidade o com-
plemento acompanhado de uma preposição para fazer sentido.

Ex.: Nós acreditamos em você.


Verbo transitivo indireto: acreditamos
Preposição: em
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
Verbo transitivo indireto: obedeceu
Preposição: a (a + os)
Ex.: Os professores concordaram com isso.
Verbo transitivo indireto: concordaram
Preposição: com;

z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o verbo de sentido incompleto que exige dois
complementos: objeto direto (sem preposição) e objeto indireto (com preposição).

Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe outras.” (Machado de Assis)


Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Objeto direto 1: anedotas
Objeto indireto 1: lhe
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
Objeto direto 2: outras
Objeto indireto 2: lhe;

z Verbo intransitivo (VI): é aquele capaz de construir sozinho o predicado, que não precisa
de complementos verbais, sem prejudicar o sentido da oração.

Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.


Verbo intransitivo: adormeciam.

Predicado Verbo-Nominal

Ocorre quando há dois núcleos significativos: um verbo nocional (intransitivo ou tran-


sitivo) e um nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo transitivo, predicativo do
objeto).
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
Verbo intransitivo: parou
Predicativo do sujeito: atento
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” está caracterizando o sujeito “O homem”
e, por isso, é considerado predicativo do sujeito.
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo intransitivo: marchou
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Predicativo do sujeito: desorientado
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indica um estado do termo “Fabiano”, que
também é sujeito. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Machado de Assis)
Verbo transitivo direto: achou
Objeto direto: o raciocínio
Predicativo do objeto: exato
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza um julgamento relacionado ao termo “o
raciocínio”, que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos concluir que temos um
caso de predicativo do objeto, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é o sujeito.
O que é o predicativo do objeto?
É o termo que confere uma característica, uma qualidade, ao que se refere.
A formação do predicativo do objeto se dá por um adjetivo ou por um substantivo.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Predicativo do objeto: proveitoso
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Predicativo do objeto: vitoriosa
Para facilitar a identificação do predicativo do objeto, o recomendável é desdobrar a ora-
ção, acrescentando-lhe um verbo de ligação, cuja função específica é relacionar o predicativo
ao nome.
O filme foi proveitoso.
Ela era vitoriosa.
Nessas duas últimas formas, os termos seriam predicativos do sujeito, pois são precedidos
de verbos de ligação (foi e era, respectivamente).

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO

São vocábulos que se agregam a determinadas estruturas para torná-las completas. De


acordo com a gramática da língua portuguesa, esses termos são divididos em:

Complementos Verbais

São termos que completam o sentido de verbos transitivos diretos e transitivos indiretos.

z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acompanhado de preposição.


Ex.: Examinei o relógio de pulso.
LÍNGUA PORTUGUESA

Gostaria de vê-lo no topo do mundo.


O técnico convocou somente os do Brasil. (os = aqueles).

Pronomes e sua Relação com o Objeto Direto

Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase
sempre exercem função de objeto direto, os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos também
podem exercer essa função sintática.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram quem? A minha pessoa”)
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Nunca vos tomeis como grandes personalidades. (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= “Convidaram quem? Ela”)
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= “Receberam quem? Nós”)
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem ser objetos diretos. Normalmente, apare-
cem antes do pronome relativo que.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: esse algo é o objeto direto)
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome feminino definido)

z Objeto direto preposicionado

Mesmo que o verbo transitivo direto não exija preposição no seu complemento, algumas
palavras requerem o uso da preposição para não perder o sentido de “alvo” do sujeito.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros facultativos.

Exemplos com Ocorrência Obrigatória de Preposição:

Não entendo nem a ele nem a ti.


Respeitava-se aos mais antigos.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro.
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher feita.” (Ciro dos Anjos).

Exemplos com Ocorrência Facultativa de Preposição:

Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daquele templo.


A escultura atrai a todos os visitantes.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num pedestal.
Ao povo ninguém engana.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles.
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “dessa” (preposição de + pronome essa) pre-
cisa estar presente para indicar parte de um todo, quando assim for o contexto de uso. Logo,
a pergunta é se a pessoa bebeu uma porção da água, e não ela toda.

z Objeto direto pleonástico: é a dupla ocorrência dessa função sintática na mesma oração,
a fim de enfatizar um único significado.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de Andrade)
z Objeto direto interno: representado por palavra que tem o mesmo radical do verbo ou
apresenta mesmo significado.

Ex.: Riu um riso aterrador.

Dormiu o sono dos justos.

Como diferenciar objeto direto de sujeito?


Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
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Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
O objeto direto pode ser passado para a voz passiva analítica e se transforma em sujeito.
Os jogos da seleção foram ignorados.

z Objeto indireto: é complemento verbal regido de preposição obrigatória, que se liga dire-
tamente a verbos transitivos indiretos e diretos. Representa o ser beneficiado ou o alvo de
uma ação.

Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da casa 260.


Gosto de ti, meu nobre.
Não troque o certo pelo duvidoso.
Vamos insistir em promover o novo romance de ficção.

z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais

Pode ser representado pelos seguintes pronomes oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe,
lhes. Os pronomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, comigo, te, ti, contigo) podem funcionar
como objeto indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?

z Objeto indireto pleonástico: ocorrência repetida dessa função sintática com o objetivo
de enfatizar uma mensagem.

Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.

Complemento Nominal

Completa o sentido de substantivos, adjetivos e advérbios. É uma função sintática regida


de preposição e com objetivo de completar o sentido de nomes. A presença de um comple-
mento nominal nos contextos de uso é fundamental para o esclarecimento do sentido do
nome.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
Para melhor identificar um complemento nominal, siga a instrução:
LÍNGUA PORTUGUESA

Nome + preposição + quem ou quê


Como diferenciar complemento nominal de complemento verbal?
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração. (complemento verbal, pois “ao meu cora-
ção” liga-se diretamente ao verbo “obedecia”)
Naquela época, a obediência ao meu coração prevalecia. (complemento nominal, pois “ao
meu coração” liga-se diretamente ao nome “obediência”).

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Agente da Passiva

É o complemento de um verbo na voz passiva analítica. Sempre é precedido da preposição


por, e, mais raramente, da preposição de.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares ser, estar, viver, andar, ficar.

TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO

Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutura básica da oração, são importantes


para compreensão do enunciado porque trazem informações novas. Esses termos são cha-
mados acessórios da oração.

Adjunto Adnominal

São termos que acompanham o substantivo, núcleo de outra função, para qualificar, quan-
tificar, especificar o elemento representado pelo substantivo.
Categorias morfológicas que podem funcionar como adjunto adnominal:

z artigos;
z adjetivos;
z numerais;
z pronomes;
z locuções adjetivas.

Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo ficaram esquecidos no quarto.


Iam cheios de si.
Estava conquistando o respeito dos seus.
O novo regulamento originou a revolta dos funcionários.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.

z Pronomes oblíquos átonos e a função de adjunto adnominal: os pronomes me, te,


lhe, nos, vos, lhes exercem essa função sintática quando assumem valor de pronomes
possessivos.

Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo).

z Como diferenciar adjunto adnominal de complemento nominal?

Quando o adjunto adnominal for representado por uma locução adjetiva, ele pode ser
confundido com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga a dica:

„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao qual se liga for concreto.


Ex.: A casa da idosa desapareceu.
Se indicar posse ou o agente daquilo que expressa o substantivo abstrato.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada;
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„ Será complemento nominal: se indicar o alvo daquilo que expressa o substantivo.
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não foi respeitada.
Notava-se o amor pelo seu trabalho.
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.

Adjunto Adverbial

Termo representado por advérbios, locuções adverbiais ou adjetivos com valor adverbial.
Relaciona-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas circunstâncias.

z Tempo: Quero que ele venha logo;


z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
z Modo: O dia começou alegremente;
z Intensidade: Almoçou pouco;
z Causa: Ela tremia de frio;
z Companhia: Venha jantar comigo;
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as roupas;
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo;
z Finalidade: Vivia para o trabalho;
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez;
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã;
z Origem: Descendia de nobres.

Não confunda!
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de adjunto adnominal, basta saber se o ter-
mo relacionado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que o sentido seja parecido.
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui é um adjunto adnominal)
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um adjunto adverbial)

Aposto

Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes ou orações. O aposto tem como propósi-


to explicar, identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apontar algo, alguém ou um fato.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma bicicleta.
LÍNGUA PORTUGUESA

Aposto: filha de D. Raimunda


Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu grandes obras.
Aposto: Machado de Assis.
Classifica-se nas seguintes categorias:

z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. Separa-se do substantivo a que se refe-
re por uma pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões ou dois-pontos.
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram ontem, acabaram de voltar de férias.
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos;
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� Enumerativo: usado para desenvolver ideias que foram resumidas ou abreviadas em um
termo anterior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e riachos.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber, preconceito, antipatia e arrogância;
z Recapitulativo ou resumidor: é o termo usado para resumir termos anteriores. É expres-
so, normalmente, por um pronome indefinido.

Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos estavam empolgados com a feira.


Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau, países africanos onde se fala
português;

� Comparativo: estabelece uma comparação implícita.


Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo;

� Circunstancial: exprime uma característica circunstancial.

Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas apropriadas;

� Especificativo: é o aposto que aparece junto a um substantivo de sentido genérico, sem


pausa, para especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por substantivos próprios.

Exs.: O mês de abril.

O rio Amazonas.

Meu primo José;


z Aposto da oração: é um comentário sobre o fato expresso pela oração, ou uma palavra
que condensa.

Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua preocupação.


O noticiário disse que amanhã fará muito calor — ideia que não me agrada;

� Distributivo: dispõe os elementos equitativamente.

Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra para as perguntas.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.

Dica
�O aposto pode aparecer antes do termo a que se refere, normalmente antes do sujeito.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Senna marcou uma geração.
� Segundo o gramático Cegalla, quando o aposto se refere a um termo preposicionado,
pode ele vir igualmente preposicionado. Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
tudo ele tinha medo.
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e
curvas. (adjetivos, apostos do predicativo do sujeito). Falou comigo deste modo: calma e
maliciosamente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial de modo).
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z Diferença de aposto especificativo e adjunto adnominal: normalmente, é possível reti-
rar a preposição que precede o aposto. Caso seja um adjunto, se for retirada a preposição,
a estrutura fica prejudicada.

Ex.: A cidade Fortaleza é quente.


(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
O clima de Fortaleza é quente.
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?);

z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: o aposto não pode ser um adjetivo nem ter
núcleo adjetivo.

Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.


(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado — adjetivo)
Homem desesperado, João sempre perde o controle.
(aposto; núcleo: homem — substantivo).

Vocativo

O vocativo é um termo que não mantém relação sintática com outro termo dentro da
oração. Não pertence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para chamar ou interpelar
a pessoa que o enunciador deseja se comunicar. É um termo independente, pois não faz
parte da estrutura da oração.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha consulta.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio.

z Para distinguir vocativo de aposto: o vocativo não se relaciona sintaticamente com


nenhum outro termo da oração.

Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.


O aposto se relaciona sintaticamente com outro termo da oração.
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável.
Sujeito: a cozinha de Lufe.

Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao sujeito).

PERÍODO COMPOSTO

Observe os exemplos a seguir:


A apostila de Português está completa.
Um verbo: Uma oração = período simples
LÍNGUA PORTUGUESA

Português e Matemática são disciplinas essenciais para ser aprovado em concursos.


Dois verbos: duas orações = período composto

O período composto é formado por duas ou mais orações. Num parágrafo, podem aparecer
misturados períodos simples e períodos.

PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO


O povo levantou-se cedo para evitar
Era dia de eleição
aglomeração
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Para não esquecer:
Período simples é aquele formado por uma só oração.
Período composto é aquele formado por duas ou mais orações.
Classifica-se nas seguintes categorias:

z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;

„ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas,


explicativas.

z Por subordinação:

„ Orações subordinadas substantivas: subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas,


completivas nominais, predicativas, apositivas;
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas, explicativas;
„ Orações subordinadas adverbiais: causais, comparativas, concessivas, condicionais,
conformativas, consecutivas, finais, proporcionais, temporais.

z Por coordenação e subordinação: orações formadas por períodos mistos;


z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO

As orações são sintaticamente independentes. Isso significa que uma não possui relação
sintática com verbos, nomes ou pronomes das demais orações no período.
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” (Fernando Pessoa)
Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha
Oração coordenada 3: a obra nasce.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M.
de Assis)
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à porta da sala de Damasceno
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
Conjunção adversativa: mas nada

Orações Coordenadas Sindéticas

As orações coordenadas podem aparecer ligadas às outras através de um conectivo (elo),


ou seja, através de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome sindética. Veremos agora
cada uma delas:

z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou simultaneidade.

Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas também, mas ainda, bem como, como tam-
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bém, senão também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
Os convidados não compareceram nem explicaram o motivo;

z Adversativas: exprimem ideia de oposição, contraste ou ressalva em relação ao fato


anterior.

Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão,


não obstante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a morte.” (Laurindo Rabelo);

z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou se excluem.

Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ...
já), (talvez ... talvez).
Ex.: Ora responde, ora fica calado.
Você quer suco de laranja ou refrigerante?

z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica sobre um raciocínio.

Conjunções constitutivas: logo, portanto, por conseguinte, pois isso, pois (o “pois” sem
ser no início de frase).
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima semana.
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo Mendes Campos);

z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem expressa. Conjunções constitutivas: que,


porque, porquanto, pois.

Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale a “pois”)

Vamos almoçar de novo porque ainda estamos com fome.

RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO

Formado por orações sintaticamente dependentes, considerando a função sintática em


LÍNGUA PORTUGUESA

relação a um verbo, nome ou pronome de outra oração.


Tipos de orações subordinadas:

z substantivas;
z adjetivas;
z adverbiais.

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Orações Subordinadas Substantivas

São classificadas nas seguintes categorias:

z Orações subordinadas substantivas conectivas: são introduzidas pelas conjunções


subordinativas integrantes que e se.

Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de impostos.


Não sei se poderei sair hoje à noite;

z Orações subordinadas substantivas justapostas: introduzidas por advérbios ou prono-


mes interrogativos (onde, como, quando, quanto, quem etc.);
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias roubadas.

Não sei quem lhe disse tamanha mentira;

z Orações subordinadas substantivas reduzidas: não são introduzidas por conectivo, e o


verbo fica no infinitivo.

Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras;

z Orações subordinadas substantivas subjetivas: exercem a função de sujeito. O verbo


da oração principal deve vir na voz ativa, passiva analítica ou sintética. Em 3ª pessoa do
singular, sem se referir a nenhum termo na oração.

Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)


Foi importante que você regressasse. (sujeito oracional) (or. sub. subst. subje.);

z Orações subordinadas substantivas objetivas diretas: exercem a função de objeto


direto de um verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto da oração principal.

Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)


Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub. subst. obj. dir.);

z Orações subordinadas substantivas completivas nominais: exercem a função de com-


plemento nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio da oração principal.

Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (complemento nominal)


Tenho necessidade de que você me apoie. (complemento nominal oracional) (or. sub.
subst. compl. nom.);

z Orações subordinadas substantivas predicativas: funcionam como predicativos do


sujeito da oração principal. Sempre figuram após o verbo de ligação ser.

Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do sujeito)


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Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.);

z Orações subordinadas substantivas apositivas: funcionam como aposto. Geralmente


vêm depois de dois-pontos ou entre vírgulas.

Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)


Só quero uma coisa: que você volte imediatamente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.).

Orações Subordinadas Adjetivas

Desempenham função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais raramente, aposto expli-
cativo). São introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os quais, as quais,
cujo, cuja, cujos, cujas etc.) . As orações subordinadas adjetivas classificam-se em: explica-
tivas e restritivas.

z Orações subordinadas adjetivas explicativas: não limitam o termo antecedente, e sim


acrescentam uma explicação sobre o termo antecedente. São consideradas termo acessó-
rio no período, podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isoladas por vírgulas.

Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos, cria trinta gatos;

z Orações subordinadas adjetivas restritivas: especificam ou limitam a significação do


termo antecedente, acrescentando-lhe um elemento indispensável ao sentido. Não são iso-
ladas por vírgulas.

Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é incurável;

Atenção! Como diferenciar as orações subordinadas adjetivas restritivas das orações


subordinadas adjetivas explicativas?

z Ele visitará o irmão que mora em Recife.

„ Restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai visitar apenas o que mora em Recife.

z Ele visitará o irmão, que mora em Recife.


LÍNGUA PORTUGUESA

„ Explicativa, pois ele tem apenas um irmão que mora em Recife.

Orações Subordinadas Adverbiais

Exprimem uma circunstância relativa a um fato expresso em outra oração. Têm função de
adjunto adverbial. São introduzidas por conjunções subordinativas (exceto as integrantes)
e se enquadram nos seguintes grupos:

� Orações subordinadas adverbiais causais: são introduzidas por: como, já que, uma vez
que, porque, visto que etc. 55
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Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé porque ficamos sem gasolina;
� Orações subordinadas adverbiais comparativas: são introduzidas por: como, assim
como, tal qual, como, mais etc.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) que a importada;
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: indica certo obstáculo em relação ao
fato expresso na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São introduzidas por: embora,
ainda que, mesmo que, por mais que, se bem que etc.
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã;
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: são introduzidas por: se, caso, desde
que, salvo se, contanto que, a menos que etc.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal;
� Orações subordinadas adverbiais conformativas: são introduzidas por: como, confor-
me, segundo, consoante.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos;
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: são introduzidas por: que (precedido
na oração anterior de termos intensivos como tão, tanto, tamanho etc.) de sorte que, de
modo que, de forma que, sem que.
Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou;
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão perfumadas que me estontearam.” (Cecília
Meireles);
� Orações subordinadas adverbiais finais: indicam um objetivo a ser alcançado. São intro-
duzidas por: para que, a fim de que, porque e que (= para que)
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos tivessem bom estudo;
� Orações subordinadas adverbiais proporcionais: são introduzidas por: à medida que, à
proporção que, quanto mais, quanto menos etc.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a aprecio;
� Orações subordinadas adverbiais temporais: são introduzidas por: quando, enquanto,
logo que, depois que, assim que, sempre que, cada vez que, agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.

Para separar as orações de um período composto, é necessário atentar-se para dois ele-
mentos fundamentais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos (conjunções ou
pronomes relativos). Após assinalar esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
representa, a partir da quantidade de verbos ou locuções verbais. Exs.:
[“A recordação de uns simples olhos basta] — 1ª oração
[para fixar outros] — 2ª oração
[que os rodeiam] — 3ª oração
[e se deleitem com a imaginação deles]. — 4ª oração (M. de Assis)
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo basta, pertencente à 1ª (oração principal).
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém ambas são dependentes do pronome
outros, da 2ª oração.

Orações Reduzidas

z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
56 z As que são substantivas e adverbiais: nunca são iniciadas por conjunções;
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z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas por pronomes relativos;
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses conectivos;
z Podem ser iniciadas por preposição ou locução prepositiva.
Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com conjunção.
Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restaurante. (desenvolvida).
O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.

Orações Reduzidas de Infinitivo

Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar
normalmente.

z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O. S. substantiva subjetiva reduzida de


infinitivo)

Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo)


A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva predicativa reduzida de infinitivo)
Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva completiva nominal reduzida de infini-
tivo)
Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S. substantiva apositiva reduzida de infini-
tivo);

z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés pelas mãos.

O meu manual para fazer bolos certamente vai agradar a todos;

z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado, continua jogando bola.

Sem estudar, não passarão.


Ele passou mal, de tanto comer doces.

Orações Reduzidas de Gerúndio

Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apositivas, adjetivas, adverbiais.


LÍNGUA PORTUGUESA

z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando livre dos juros;


z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo ajudando um ao outro. (subjetiva)
z Agora ouvimos artistas cantando no shopping. (objetiva direta);
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o coração;
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não contou a verdade.

Orações Reduzidas de Particípio

Podem ser adjetivas ou adverbiais.


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� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
Nosso planeta, ameaçado constantemente por nós mesmos, ainda resiste;
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não haveria problemas. (condicional)
Dada a notícia da herança, as brigas começaram. (causal/temporal)
Comprada a casa, a família se mudou logo. (temporal).

O particípio concorda em gênero e número com os termos referentes.


Essas orações reduzidas adverbiais são bem frequentes em provas de concurso.

Períodos Mistos

São períodos que apresentam estruturas oracionais de coordenação e subordinação.


Assim, às vezes aparecem orações coordenadas dentro de um conjunto de orações que são
subordinadas a uma oração principal.

1ª oração 2ª oração 3ª oração


O homem entrou na sala e pediu que todos calassem.
verbo verbo verbo

1ª oração: oração coordenada assindética.


2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em relação à 1ª oração e principal em
relação à 3ª oração.
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta em relação à 2ª oração.
Resumindo: período composto por coordenação e subordinação.
As orações subordinadas são coordenadas entre si, ligadas ou não por conjunção.

z Orações subordinadas substantivas coordenadas entre si


Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe meus pais, nem que culpe meus parentes.
Oração principal: Espero.
Oração coordenada 1: que você não me culpe.
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais.
Oração coordenada 3: nem que culpe meus parentes.

Importante!
O segredo para classificar as orações é perceber os conectivos (conjunções e pronomes
relativos).

� Orações subordinadas adjetivas coordenadas entre si


Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é cautelosa, não faz tudo sozinha.
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é cautelosa;
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas entre si
Ex.: Não só quando estou presente, mas também quando não estou, sou discriminado.
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Oração subordinada adverbial 1: quando estou presente
Oração subordinada adverbial 2: quando não estou;
� Orações coordenadas ou subordinadas no mesmo período
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram seu papel, no entanto a realidade não é
assim.
Oração principal: Presume-se
Oração subordinada subjetiva da principal: as penitenciárias cumpram seu papel
Oração coordenada sindética adversativa da anterior: no entanto a realidade não é assim.

REGÊNCIAS VERBAL E NOMINAL

Regência é a maneira como o nome ou o verbo se relacionam com seus complementos,


com ou sem preposição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) exige com-
plemento preposicionado, esse nome é um termo regente, e seu complemento é um termo
regido, pois há uma relação de dependência entre o nome e seu complemento.
O nome exige um complemento nominal sempre iniciado por preposição, exceto se o com-
plemento vier em forma de pronome oblíquo átono.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe foram leais.
Observação: complemento de “lhe”: predicativo do sujeito (desprovido de preposição)
Pronome oblíquo átono: lhe
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do sujeito (desprovido de preposição).

Regência Verbal

Relação de dependência entre um verbo e seu complemento. As relações podem ser dire-
tas ou indiretas, isto é, com ou sem preposição.
Há verbos que admitem mais de uma regência sem que o sentido seja alterado.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
V. T. D: esquecia
Objeto direto: os favores recebidos.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia
Objeto indireto: dos favores recebidos.
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que, mudando-se a regência, mudam de sen-
tido, alterando seu significado.
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
LÍNGUA PORTUGUESA

(aspiramos = sorvemos)
V. T. D.: aspiramos
Objeto direto: ar poluídos.
Os funcionários aspiram a um mês de férias.
(aspiram = almejam)
V. T. I.: aspiram
Objeto indireto: a um mês de férias
A seguir, uma lista dos principais verbos que geram dúvidas quanto à regência:

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� Abraçar: transitivo direto
Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço;
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo direto com sentido de “acariciar”)
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto no sentido de “ser agradável a”);
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não personificado)
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indireto: refere-se a coisas e pessoas);
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da preposição a, rege indiferentemente
objeto direto e objeto indireto.
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo indireto)
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo, rege apenas objeto direto:
Ajudaram o ladrão a fugir.
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto direto:
Ajudei-o muito à noite;
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (transitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com sentido de “desejar muito” — não admite
“lhe” como complemento);
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transitivo direto com sentido de “respirar”)
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo indireto no sentido de “desejar”);
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de “prestar assistência”
O médico assistia os acidentados.
O médico assistia aos acidentados.
- Transitivo indireto no sentido de “ver, presenciar”
Não assisti ao final da série;
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milhares de pessoas.”
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
A jovem não queria casar com ninguém. (transitivo indireto)
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo direto e indireto);
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de predicativo do objeto
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo direto com sentido de “convocar”);
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de predicativo do objeto com sentido de “deno-
minar, qualificar”);
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indireto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transitivo direto e indireto: sentido de
“acarretar”)
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Este vinho custou trinta reais. (intransitivo);
� Esquecer: admite três possibilidades
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Esqueci-me dos acontecimentos.
Esqueceram-me os acontecimentos;
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. (transitivo direto com sentido de
“acarretar”)
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. (transitivo indireto com sentido de “mostrar
má disposição”)
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo direto e indireto com sentido de
envolver-se”);
� Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à coisa: objeto indireto, com as preposi-
ções de ou sobre
Informaram o réu de sua condenação.
Informaram o réu sobre sua condenação.
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coisa: objeto indireto, com a preposição a
Informaram a condenação ao réu;
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indireto, com as preposições em e por
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia;
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intransitivo com sentido de “cortejar”)
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Garret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“encantar-se”);
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito;
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo indireto).
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo direto e indireto);
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
LÍNGUA PORTUGUESA

Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e indireto);


� Suceder: intransitivo; transitivo direto
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no sentido de “ocorrer”).
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido de “vir depois”).

Regência Nominal

Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) exigem complementos preposiciona-


dos, exceto quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
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Advérbios Terminados em “mente”

Os advérbios derivados de adjetivos seguem a regência dos adjetivos:


análoga / analogicamente a
contrária / contrariamente a
compatível / compativelmente com
diferente / diferentemente de
favorável / favoravelmente a
paralela / paralelamente a
próxima / proximamente a/de
relativa / relativamente a

Proposições Semelhantes a Primeira Sílaba dos Nomes a que se Referem

Alguns nomes regem preposições semelhantes a sua primeira sílaba. Vejamos:


dependente, dependência de
inclusão, inserção em
inerente em/a
descrente de/em
desiludido de/com
desesperançado de
desapego de/a
convívio com
convivência com
demissão, demitido de
encerrado em
enfiado em
imersão, imergido, imerso em
instalação, instalado em
interessado, interesse em
intercalação, intercalado entre
supremacia sobre

CONCORDÂNCIAS VERBAL E NOMINAL

Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se umas com as outras. Ao se relaciona-


rem, elas obedecem a alguns princípios: um deles é a concordância.
Observe o exemplo:

A pequena garota andava sozinha pela cidade.


A: artigo, feminino, singular;
Pequena: adjetivo, feminino, singular;
Garota: substantivo, feminino, singular.

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Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos adnominais) concordam com o gênero
(feminino) e o número (singular) do substantivo.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordância: verbal e nominal.

Concordância Verbal

É a adaptação em número — singular ou plural — e pessoa que ocorre entre o verbo e seu
respectivo sujeito.
Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmente, o Brasil, mesmo diante de opiniões con-
trárias, as quais insistem em desmentir que nosso país é cheio de “brasis” — digamos assim
—, ganha disparando dos outros, pois houve influências de todos os povos aqui: europeus,
asiáticos e africanos.
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de um sujeito simples “o Brasil”, portanto o
verbo correspondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no singular.
Destrinchando o período, temos que os termos essenciais da oração (sujeito e predicado)
são apenas “[...] o Brasil [...]” — sujeito — e “[...] ganha [...]” — predicado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Verbo bitransitivo: Prefiro
Objeto direto: natação
Objeto indireto: a futebol

Concordância Verbal com o Sujeito Simples

Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do sujeito.

Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário exorbitante.

Diferentes situações:

z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de sentido coletivo, o verbo fica no singular.
Ex.: A multidão gritou entusiasmada;
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o verbo posterior ao pronome relativo con-
corda com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do Brasil que se situam mais
próximos do Meridiano?;
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.:
LÍNGUA PORTUGUESA

Fomos nós quem resolveu a questão;

Por questão de ênfase, o verbo pode também concordar com o pronome reto antecedente.
Ex.: Fomos nós quem resolvemos a questão.

z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, demonstrativo ou indefinido no plural +


de nós / de vós, o verbo pode concordar com o pronome no plural ou com nós / vós. Ex.:
Alguns de nós resolviam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos essa questão;

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z Quando o sujeito é formado por palavras pluralizadas, normalmente topônimos (Amazo-
nas, férias, Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se houver artigo definido antes de
uma palavra pluralizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse artigo, o verbo fica no
singular. Ex.: Os Estados Unidos continuam uma potência.
z Estados Unidos continua uma potência.
z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cidade de Santos fica em São Paulo.”)

Importante!
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o verbo fica no singular ou no plural.
Os Lusíadas imortalizou/imortalizaram Camões.

z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais de um, cerca de, perto de, menos de,
coisa de, obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: Mais de um aluno compare-
ceu à aula.
Mais de cinco alunos compareceram à aula.

A expressão mais de um tem particularidades: se a frase indica reciprocidade (pronome


reflexivo recíproco se), se houver coletivo especificado ou se a expressão vier repetida, o ver-
bo fica no plural. Ex.: Mais de um irmão se abraçaram.

Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.


Mais de um aluno, mais de um professor estavam presentes.

z Quando o sujeito é formado por um número percentual ou fracionário, o verbo concor-


da com o numerado ou com o número inteiro, mas pode concordar com o especificador
dele. Se o numeral vier precedido de um determinante, o verbo concordará apenas com o
numeral. Ex.: Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.

Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é viver bem.


Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.

� Os verbos bater, dar e soar concordam com o número de horas ou vezes, exceto se o sujei-
to for a palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não chegou (Duas horas deram...).
Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).
Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez badaladas soaram).
Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio da escola soou dez badaladas).
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o verbo concorda com o sujeito paciente.
Ex.: Vendem-se casas de veraneio aqui.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão interessada;
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por
que Vossa Majestade está preocupada?
Suas Excelências precisam de algo?
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z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!

Concordância Verbal com o Sujeito Composto

� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas gramaticais diferentes


Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/chegaram ontem;
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada ou nenhum
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve manter o espírito esportivo;
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no singular
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/ajudavam (preferencialmente no singular);
� Gradação entre os núcleos do sujeito
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para me acalmar (preferencialmente no
singular);
� Núcleos do sujeito no infinitivo
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde;
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resumitivo (nada, tudo, ninguém)
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro, nem um nem outro
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui;
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu foco nos estudos;
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras como, menos, inclusive, exceto ou as
expressões bem como, assim como, tanto quanto
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na final;
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas aditivas enfáticas (tanto... quanto /
como / assim como; não só... mas também etc.)
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua popularidade em alta;
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um único núcleo, o verbo fica no singular con-
cordando com o núcleo único. Mas, se houver determinante após a conjunção, o verbo fica
no plural, pois aí o sujeito passa a ser composto.
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o
dos combustíveis aumentaram.

Concordância Verbal do Verbo Ser


LÍNGUA PORTUGUESA

� Concorda com o sujeito


Ex.: Nós somos unha e carne;
� Concorda com o sujeito (pessoa)
Ex.: Os meninos foram ao supermercado;
� Em predicados nominais, quando o sujeito for representado por um dos pronomes tudo,
nada, isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concordará com o predicativo (preferen-
cialmente) ou com o sujeito
Ex.: No início, tudo é/são flores;
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� Concorda com o predicativo quando o sujeito for que ou quem
Ex.: Quem foram os classificados?
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância (predicativo), o verbo concorda com o
predicativo
Ex.: São nove horas.
É frio aqui.
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� O verbo fica no singular quando precede termos como muito, pouco, nada, tudo, bastan-
te, mais, menos etc. junto a especificações de preço, peso, quantidade, distância, e tam-
bém quando seguido do pronome o
Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
Divertimentos é o que não lhe falta.
Dez reais é nada diante do que foi gasto;
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da oração não aparecer entre o verbo ser e o
que, o ser ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo concordará com o ter-
mo não preposicionado entre eles.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
São eles que sempre chegam cedo.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (construção adequada)
São nessas horas que a gente precisa de ajuda. (construção inadequada)

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL

Concordância do Infinitivo

z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:


Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujeito esclarecido)
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito implícito “nós”)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. (dois pronomes implícitos: eu, nós)
Até me encontrarem, vocês terão de procurar muito. (preposição no início da oração)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. (verbos pronominais)
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser indicando tempo)
Estudo para me considerarem capaz de aprovação. (pretensão de indeterminar o sujeito)
Para vocês terem adquirido esse conhecimento, foi muito tempo de estudo. (infinitivo
pessoal composto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no particípio);
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locução verbal)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono sendo sujeito do infinitivo).

Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo no plural, usa-se tanto o infinitivo pes-
soal quanto o impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo com valor genérico)
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo precedido de preposição de ou para)
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)

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� Concordância do verbo parecer
Flexiona-se ou não o infinitivo.
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o equivalente a “Pareceu-me que os candi-
datos estavam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexionado de acordo com o sujeito, no
plural)
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, logo o infinitivo será impessoal);
� Concordância dos verbos impessoais
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
Fazia quinze anos que ele havia se formado.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo auxiliar fica no singular)
Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul;
� Concordância com sujeito oracional
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa
do singular.
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
Ficou combinado que sairíamos à tarde.
Urge que você estude.
Era preciso encontrar a verdade.

Casos mais Frequentes em Provas

Veja agora uma lista com os casos mais abordados em concursos:

� Sujeito posposto distanciado


Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropical brasileira seres estranhos;
� Verbos impessoais (haver e fazer)
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Havia problemas no setor.
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir vai ter sujeito “problemas”, e vai ser
variável);
� Verbo na voz passiva sintética
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
� Verbo concordando com o antecedente correto do pronome relativo ao qual se liga
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que tinham experiência;


� Sujeito coletivo com especificador plural
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;
� Sujeito oracional
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no singular);
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjunto ou complemento no plural
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar atrito. (verbo no singular).

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Casos Facultativos

z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o estádio;


z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/fizeram rir;
z Fui eu quem faltou/faltei à aula;
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura brasileira;
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a ciência. (1,5% corresponde ao singular);
z Chegaram/Chegou João e Maria;
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram aqui;
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política brasileira;
z O problema do sistema é/são os impostos;
z Hoje é/são 22 de agosto;
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos a aprovação;
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.

Silepse de Número e de Pessoa

Conhecida também como “concordância irregular, ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:

z Silepse de número: usa-se um termo discordando do número da palavra referente, para


concordar com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem vida muito curta, logo mur-
cham. (ideia de pluralidade: todas as flores);
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa
do plural. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de diversas etnias, somos multiculturais.

Concordância Nominal

Define-se como a adaptação em gênero e número que ocorre entre o substantivo (ou equi-
valente, como o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Muro alto. / Muros altos.

Casos com Adjetivos

z Com função de adjunto adnominal: quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
minal e estiver após os substantivos, poderá concordar com as somas desses ou com o
elemento mais próximo.
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / Encontrei colégios e faculdades ótimos.

Há casos em que o adjetivo concordará apenas com o nome mais próximo, quando a qua-
lidade pertencer somente a este.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
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Quando o adjetivo funcionar como adjunto adnominal e estiver antes dos substantivos,
poderá concordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Existem complicadas regras e
conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualificado por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o adjetivo no singular. Ex.: Ele estuda as lín-
guas inglesa, francesa e alemã.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar os adjetivos (também no singular), ante-
por um artigo a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a língua inglesa, a francesa
e a alemã.

z Com função de predicativo do sujeito

Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará com a soma dos elementos.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do sujeito acompanhará a concordância do
verbo, que por sua vez concordará tanto com a soma dos elementos quanto com o nome mais
próximo.

Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Estavam abandonados a casa e o quintal.


Como saber quando o adjetivo tem valor de adjunto adnominal ou predicativo do sujeito?
Substitua os substantivos por um pronome:
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. (substitui-se por “eles”)
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, então é um adjunto adnominal.

z Com função de predicativo do objeto

Recomenda-se concordar com a soma dos substantivos, embora alguns estudiosos admi-
tam a concordância com o termo mais próximo.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e seus subordinados.

Algumas Convenções

� Obrigado / próprio / mesmo


Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
LÍNGUA PORTUGUESA

A própria enfermeira virá para o debate.


Elas mesmas conversaram conosco.

Dica
O termo mesmo no sentido de “realmente” será invariável.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.

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z Só / sós
Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”.
Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas apenas queriam ficar sozinhas.)
A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de ficar a sós;
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados;
� Meio
Quando significar “metade”: concordará com o elemento referente.
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora);
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quando significar unidade de medida, é
masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”;
� É proibido entrada / É proibida a entrada
Se o sujeito vier determinado, a concordância do verbo e do predicativo do sujeito será
regular, ou seja, tanto o verbo quanto o predicativo concordarão com o determinante.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta caminhada está boa.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a entrada de crianças.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
� Menos / pseudo
São invariáveis.
Ex.: Havia menos violência antigamente.
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumento é pseudo-objetivo;
� Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com ele.
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito irritados.
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bastante irritados.
Se ambos os termos puderem ser substituídos por “vários”, ficarão no plural. Se puderem
ser substituídos por “bem”, ficarão invariáveis;
� Tal qual
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, com o substantivo posterior.
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais quais os pais.
z Silepse (também chamada concordância figurada)
É a que se opera não com o termo expresso, mas o que está subentendido.
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é linda!)

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Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos com o estabelecimento aberto no final
de semana.)
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasileiros, estamos esperançosos.);
� Possível
Concordará com o artigo, em gênero e número, em frases enfáticas com o “mais”, o
“menos”, o “pior”.
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / Conheci crianças as mais belas possíveis.

PLURAL DE COMPOSTOS

Substantivos

O adjetivo concorda com o substantivo referente em gênero e número. Se o termo que


funciona como adjetivo for originalmente um substantivo fica invariável.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola também é um substantivo; mantém-se no
singular)
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é um substantivo; mantém-se no singular)

Adjetivos

Quando houver adjetivo composto, apenas o último elemento concordará com o substan-
tivo referente.
Os demais ficarão na forma masculina singular.
Se um dos elementos for originalmente um substantivo, todo o adjetivo composto ficará
invariável.
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o plural, pois ambos são adjetivos.
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no singular, assim como “verde”, por ser
substantivo. Nesse caso, o termo composto não concorda com o plural do substantivo refe-
rente, “folhas”.
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” também pode ser um substantivo.

O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma lógica de “musgo” do exemplo anterior.
Atenção! Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo composto iniciado
por “cor-de” são sempre invariáveis. O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois elemen-
LÍNGUA PORTUGUESA

tos flexionados no plural (peles-vermelhas).

Lista de Flexão dos Dois Elementos

� Nos substantivos compostos formados por palavras variáveis, especialmente subs-


tantivos e adjetivos:
segunda-feira — segundas-feiras;
matéria-prima — matérias-primas;
couve-flor — couves-flores;
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guarda-noturno — guardas-noturnos;
primeira-dama — primeiras-damas;
� Nos substantivos compostos formados por temas verbais repetidos:
corre-corre — corres-corres;
pisca-pisca — piscas-piscas;
pula-pula — pulas-pulas.
Nestes substantivos também é possível a flexão apenas do segundo elemento: corre-cor-
res, pisca-piscas, pula-pulas;

Flexão Apenas do Primeiro Elemento

z Nos substantivos compostos formados por substantivo + substantivo em que o segun-


do termo limita o sentido do primeiro termo:
decreto-lei — decretos-lei;
cidade-satélite — cidades-satélite;
público-alvo — públicos-alvo;
elemento-chave — elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão dos dois elementos: decretos-leis, cidades-
-satélites, públicos-alvos, elementos-chaves;
z Nos substantivos compostos preposicionados:
cana-de-açúcar — canas-de-açúcar;
pôr do sol — pores do sol;
fim de semana — fins de semana;
pé de moleque — pés de moleque.

Flexão Apenas do Segundo Elemento

� Nos substantivos compostos formados por tema verbal ou palavra invariável + subs-
tantivo ou adjetivo:
bate-papo — bate-papos;
quebra-cabeça — quebra-cabeças;
arranha-céu — arranha-céus;
ex-namorado — ex-namorados;
vice-presidente — vice-presidentes;
� Nos substantivos compostos em que há repetição do primeiro elemento:
zum-zum — zum-zuns;
tico-tico — tico-ticos;
lufa-lufa — lufa-lufas;
reco-reco — reco-recos;
� Nos substantivos compostos grafados ligadamente, sem hífen:
girassol — girassóis;
pontapé — pontapés;
mandachuva — mandachuvas;
fidalgo — fidalgos;
� Nos substantivos compostos formados com grão, grã e bel:
72 grão-duque — grão-duques;
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grã-fino — grã-finos;
bel-prazer — bel-prazeres.
Não flexão dos elementos;
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos formadores, que se mantêm invariá-
veis. Isso ocorre em frases substantivadas e em substantivos compostos por um tema
verbal e uma palavra invariável ou outro tema verbal oposto:
o disse me disse — os disse me disse;
o leva e traz — os leva e traz;
o cola-tudo — os cola-tudo.

FUNÇÕES DO SE

Embora já tenhamos abordado esse tema anteriormente, deixamos aqui uma síntese das
funções mais cobradas desse vocábulo.

Funções Morfológicas

z Pronome;
z Conjunção.

Funções Sintáticas

� Pronome reflexivo com a função sintática de objeto direto


Ex.: Elas não se encontram na redação;
� Pronome reflexivo com a função sintática do objeto indireto
Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar;
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintática do objeto direto
Ex.: Admiravam-se de longe;
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintática do objeto indireto
Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas;
� Pronome reflexivo com a função de sujeito de um infinitivo
Ex.: Ela deixou-se ir;
� Pronome apassivador
Ex.: Compram-se jornais;
� Pronome de realce
Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução;
LÍNGUA PORTUGUESA

� Índice de indeterminação do sujeito


Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo;
� Parte integrante dos verbos essencialmente pronominais
Ex.: Queixou-se muito da vida;
� Conjunção subordinativa integrante
Ex.: Ela queria ver se conseguiria;
� Conjunção subordinativa condicional
Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos.

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FUNÇÕES DO QUE

Funções Morfológicas

z Pronome;
z Substantivo;
z Preposição;
z Advérbio;
z Interjeição;
z Conjunção.

Funções Sintáticas

� Pronome relativo (igual a “o qual”, “a qual”)


Ex.: A curiosidade é um vício que desconhece termos;
� Pronome substantivo indefinido (igual a “que coisa”) ligado ao verbo
Ex.: Elas não sabiam o que fazer;
� Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”, “quanta”) ligado ao substantivo
Ex.: Que alegria!
� Pronome interrogativo (no final de frase é acentuado)
Ex.: Por que não vai conosco?
Não vai conosco por quê?
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é acentuado)
Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade;
� Preposição (a depender do contexto, pode ser substituído por “de”)
Ex.: A gente tem que explicar com franqueza certas coisas;
� Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao adjetivo)
Ex.: Que bela tarde!
� Interjeição (sempre acentuado)
Ex.: Quê! Você tem coragem?
� Partícula expletiva
Ex.: Que experto que é teu irmão!
� Faz parte da locução expletiva
Ex.: Ele é que sabe das coisas!
� Conjunção causal (igual a “porque”)
Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas adequadas;
� Conjunção integrante
Ex.: Suponhamos que elas viessem;
� Conjunção comparativa
Ex.: Uma era mais esperta que a outra;
� Conjunção concessiva (igual a “embora”)
Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele;
� Conjunção condicional (igual a “se”)
Ex.: Que você pague a promissória, hão de entregar a mercadoria;
� Conjunção conformativa (igual a “conforme”)
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Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos;
� Conjunção temporal
Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram tudo;
� Conjunção final
Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse;
� Conjunção consecutiva
Ex.: Falou tanto que ficou rouco;
� Conjunção aditiva
Ex.: Anda que anda e nada encontra;
� Conjunção explicativa
Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir.

FUNÇÕES DO SEM QUE

Locução conjuntiva com valor de condição, concessão, consequência, negação de conse-


quência, negação de causa, modo. Essa locução pode ser substituída para formar orações
subordinadas reduzidas de infinitivo.
Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse atrás.”
Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira sem a mãe correr atrás”, e então tería-
mos uma oração reduzida de infinitivo.
Ex.: “A democracia não será efetiva sem liberdade de informação e não será exercida sem
que esta esteja assegurada a todos os veículos de comunicação visual.”
Poderia ser reescrita como “A democracia não será efetiva sem liberdade de informação
e não será exercida sem esta estar assegurada a todos os veículos de comunicação visual”,
formando agora uma oração reduzida de infinitivo.

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

A palavra morfologia refere-se ao estudo das formas. Por isso, o termo é utilizado por lin-
guistas e também por médicos, que estudam as formas dos órgãos e suas funções.
Analogamente, para compreender bem as funções de uma forma, seja ela uma palavra,
seja um órgão, precisamos conhecer como essa forma se classifica e como se organiza.
Por isso, em língua portuguesa, estudamos as formas das palavras na morfologia, que
organiza as classes das palavras em dez categorias. A seguir, estudaremos detalhadamente
cada uma delas e também veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras denotativas,
LÍNGUA PORTUGUESA

atualmente, muito cobradas por bancas exigentes.

ARTIGOS

Os artigos devem concordar em gênero e número com os substantivos. São, por isso, con-
siderados determinantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e artigos indefinidos. Os definidos funcio-
nam como determinantes objetivos, individualizando a palavra, já os indefinidos funcionam
como determinantes imprecisos.
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O artigo definido — o — e o artigo indefinido — um — variam em gênero e número, tor-
nando-se “os, a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os indefinidos. Assim, temos:

z Artigos definidos: o, os; a, as;


z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.

Os artigos podem ser combinados às preposições. São as chamadas contrações. Algumas


contrações comuns na língua são:

z em + a = na;
z a + o = ao;
z a + a = à;
z de + a = da.

Dica
Toda palavra determinada por um artigo torna-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o
cuidar etc.

NUMERAIS

São palavras que se relacionam diretamente ao substantivo, inferindo ideia de quantidade


ou posição. Os numerais podem ser:

z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois potes de sorvete; zero coisas a comprar;
ambos os meninos eram bons em português;
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma série. Ex.: Foi o segundo colocado do con-
curso; chegou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual determinada quantidade é multi-
plicada. Ex.: Ele ganha o triplo no novo emprego;
z Fracionários: indicam frações, divisões ou diminuições proporcionais em quantidade. Ex.:
Tomou um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu metade do pagamento.

Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, isto é, designam um conjunto, porém


expressam uma quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
Dúzia: conjunto de doze unidades;
Novena: período de nove dias;
Década: período de dez anos;
Século: período de cem anos;
Bimestre: período de dois meses.

Um: Numeral ou Artigo?

A forma um pode assumir na língua a função de artigo indefinido ou de numeral cardi-


nal; então, como podemos reconhecer cada função? É preciso observar o contexto em uso.
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Observe:
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z Durante a votação, houve um deputado que se posicionou contra o projeto;
z Durante a votação, apenas um deputado se posicionou contra o projeto.

Na primeira frase, podemos substituir o termo um por uma, realizando as devidas alte-
rações sintáticas, e o sentido será mantido, pois o que se pretende defender é que a espécie
do indivíduo que se posicionou contra o projeto é um deputado e não uma deputada, por
exemplo.
Já na segunda oração, a alteração do gênero não implicaria em mudanças no sentido,
pois o que se pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por um deputado, marcando a
quantidade.
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos atentos com a aparição das expressões
adverbiais, o que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a seguir:

z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante destacar que sua forma é masculina.


Logo, a concordância com palavras femininas é inaceitável pela gramática.

Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.


Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.

z A forma 14 por extenso apresenta duas formas aceitas pela norma gramatical: catorze e
quatorze.

SUBSTANTIVOS

Os substantivos classificam os seres em geral. Uma característica básica dessa classe é


admitir um determinante — artigo, pronome etc. Os substantivos flexionam-se em gênero,
número e grau.

Tipos de Substantivos

A classificação dos substantivos admite nove tipos diferentes. São eles:

z Simples: formados a partir de um único radical. Ex.: vento, escola;


z Compostos: formados pelo processo de justaposição. Ex.: couve-flor, aguardente;
z Primitivos: possibilitam a formação de um novo substantivo. Ex.: pedra, dente;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Derivados: são formados a partir de substantivos primitivos. Ex.: pedreiro (pedra), den-
tista (dente), florista (flor);
z Concretos: designam seres com independência ontológica, ou seja, um ser que existe por
si, independentemente de sua conotação espiritual ou real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada,
carro;
z Abstratos: indicam estado, sentimento, ação, qualidade. Os substantivos abstratos exis-
tem apenas em função de outros seres. A feiura, por exemplo, depende de uma pessoa,
um substantivo concreto a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, coragem, liberalismo,
feiura;
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z Comuns: designam todos os seres de uma espécie. Ex.: homem, cidade;
z Próprios: designam uma determinada espécie. Ex.: Pedro, Fortaleza;
z Coletivos: usados no singular, designam um conjunto de uma mesma espécie. Ex.: pinaco-
teca, manada.

É importante destacar que a classificação de um substantivo depende do contexto em que


ele está inserido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma pessoa = Próprio);
O amigo mostrou-se um judas (judas significando traidor = comum).

Flexão de Gênero

Os gêneros do substantivo são masculino e feminino.


Porém, alguns deles admitem apenas uma forma para os dois gêneros. São, por isso, cha-
mados de uniformes. Os substantivos uniformes podem ser:

z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres humanos e sua diferença é marcada pelo arti-


go. Ex.: o pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente / a cliente; o líder / a líder;
z Epicenos: designam geralmente animais que apresentam distinção entre masculino e
feminino, mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho ou fêmea. Ex.: cobra
macho / cobra fêmea; onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; girafa
macho / girafa fêmea;
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e não são distinguidos por artigo ou adje-
tivo; o gênero pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: a criança; o monstro; a
testemunha; o indivíduo.

Já os substantivos biformes designam os substantivos que apresentam duas formas para


os gêneros masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam formas diferentes nas terminações para
designar formas diferentes no masculino e no feminino:
Ex.: ator/atriz; ateu/ ateia; réu/ré.
Outros substantivos modificam o radical para designar formas diferentes no masculino e
no feminino. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
Ex.: pai/mãe; boi/vaca; genro/nora.

Gênero e Significação

Alguns substantivos uniformes podem aparecer com marcação de gênero diferente, oca-
sionando uma modificação no sentido. Veja, por exemplo:

z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;


z O testemunho: relato de experiência, associado a religiões.

Algumas formas substantivas mantêm o radical e a pequena alteração no gênero do artigo


interfere no significado:
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z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.

Além disso, algumas palavras na língua causam dificuldade na identificação do gênero, pois
são usadas em contextos informais com gêneros diferentes. Alguns exemplos são: a alface; a
cal; a derme; a libido; a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o telefonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessariamente, relação com o gênero, são admi-
tidas tanto no masculino quanto no feminino: o personagem / a personagem; o laringe / a
laringe; o xerox / a xerox.

Flexão de Número

Os substantivos flexionam-se em número, de maneira geral, pelo acréscimo do morfema


-s. Ex.: casa / casas.
Porém, podem apresentar outras terminações: males, reais, animais, projéteis etc.
Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, como:
flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal, terminada em L e que tem
como plural “males”.
Já os substantivos terminados em al, el, ol, ul fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.:
coral / corais; papel / papéis; anzol / anzóis.
Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas de plural acei-
tas: meles e méis.
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem plural com o acréscimo do -s ou pelo
acréscimo de -es. Ex.: capelães, capitães, escrivães.
Contudo, há substantivos que admitem até três formas de plural, como os seguintes:

z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;


z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.

Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas que terminam em -ão o acréscimo do -s.
Ex.: órgão / órgãos; órfão / órfãos.

Plural dos Substantivos Compostos


LÍNGUA PORTUGUESA

Os substantivos compostos são aqueles formados por justaposição. O plural dessas formas
obedece às seguintes regras:

z Variam os dois elementos:

Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mestres -salas;


Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guardas -noturnos;
Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças -feiras.
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z Varia apenas um elemento:

Substantivo + preposição + substantivo. Ex.: canas-de-açúcar;


Substantivo + substantivo com função adjetiva. Ex.: navios-escola.
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.: abaixo-assinados.
Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.
Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos formados por
verbo + advérbio
verbo + substantivo plural
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha.

Variação de Grau

A flexão de grau dos substantivos exprime a variação de tamanho dos seres, indicando um
aumento ou uma diminuição.

z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufixos aos substantivos indicar um aumento


de tamanho.
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra, fogaréu, boqueirão, poetastro;
z Grau diminutivo: exprime, ao contrário do aumentativo, a diminuição do tamanho/pro-
porção do ser.
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, pequenina, papelucho.

Dica
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo dos substantivos pode alterar o sentido das
palavras, podendo assumir um valor:
Afetivo: filhinha / mãezona;
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.

O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas

O novo acordo ortográfico estabelece novas regras para o uso de substantivos próprios,
exigindo o uso da inicial maiúscula.
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:

z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva,


Xuxa, Cinderela;
z Nomes de cidades, países, estados, continentes etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo
Horizonte, Ceará, Nárnia, Londres;
z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia das Crianças;
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embaixada do Brasil, Ministério das Relações
Exteriores, Gabinete da Vice-Presidência, Organização das Nações Unidas;

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z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás Cubas. Caso a obra apresente em seu
título um nome próprio, como no exemplo dado, este também deverá ser escrito com ini-
cial maiúscula;
z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra
Mundial;
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudes-
te, Oriente, Ocidente. Importante: os pontos cardeais são grafados com maiúsculas apenas
quando utilizados indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer o Sul (O Sul do Brasil);
quando utilizados indicando uma direção, devem ser escritos com minúsculas. Ex.: Correu
a América de norte a sul;
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).

Atente-se: em palavras com hífen, pode-se optar pelo uso de maiúsculas ou minúsculas.
Portanto, são aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e vice-presidente; porém,
é preciso manter a mesma forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.

ADJETIVOS

Os adjetivos associam-se aos substantivos, garantindo a estes um significado mais preciso.


Os adjetivos podem indicar:

z Qualidade: professor chato;


z Estado: aluno triste;
z Aspecto, aparência: estrada esburacada.

Locuções Adjetivas

As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos adjetivos, indicando as mesmas


características deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo, referindo-se a outro substantivo ou
expressão substantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos diferentes locuções adjetivas ao lado da forma adjetiva, importantes
para seu estudo:
LÍNGUA PORTUGUESA

z voo de águia / aquilino;


z poder de aluno / discente;
z conselho de professores / docente;
z cor de chumbo / plúmbea;
z luz da lua / lunar;
z sangue de baço / esplênico;
z nervo do intestino / celíaco ou entérico;
z noite de inverno / hibernal ou invernal.

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É importante destacar que, mais do que “decorar” formas adjetivas e suas respectivas
locuções, é fundamental reconhecer as principais características de uma locução adjetiva:
caracterizar o substantivo e apresentar valor de posse.
Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
A abertura de conta pode ser realizada on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela preposição “de”, pode ser confundida com a
locução adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante perceber que a locução adje-
tiva apresenta valor de posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para ver “o crime”,
indicado na frase, foi pela abertura da porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
zando o substantivo “abertura”.
Já na segunda frase, a locução destacada é adverbial, pois quem sofre a “ação” de ser
aberta é a “conta”, o que indica o valor de passividade da locução, demonstrando seu caráter
adverbial.
As locuções adjetivas também desempenham função de adjetivo e modificam substanti-
vos, pronomes, numerais e orações substantivas.
Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
Já as locuções adverbiais desempenham função de advérbio. Modificam advérbios, ver-
bos, adjetivos e orações adjetivas com esses valores.
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv.

Adjetivo de Relação

No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer o aspecto morfológico designado como


“adjetivo de relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
Para identificar um adjetivo de relação, observe as seguintes características:

z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apresentar meios de subjetividade. Ex.: Em
“Menino bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é subjetivo, pois a beleza do menino
depende dos olhos de quem o descreve;
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de relação sempre são posicionados após
o substantivo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;
z Derivado do substantivo: derivam-se do substantivo por derivação prefixal ou sufixal.
Ex.: paternal — pai; mundial — mundo;
z Não admitem variação de grau: os graus comparativo e superlativo não são admitidos.
Ex.: Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco mundial”.

Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presidente americano (não é subjetivo; posiciona-


do após o substantivo; derivado de substantivo; não existe a forma variada em grau “america-
níssimo”); plataforma petrolífera; economia mundial; vinho francês; roteiro carnavalesco.

Variação de Grau

O adjetivo pode variar em dois graus: comparativo ou superlativo. Cada um deles apre-
82 senta suas respectivas categorias.
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z Grau comparativo: exprime a característica de um ser, comparando-o com outro da mes-
ma classe nos seguintes sentidos:

„ Igualdade: compara elementos colocando-os em um mesmo patamar. Igual a, como,


tanto quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios;
„ Superioridade: compara, evidenciando um elemento como superior ao outro. Mais do
que, melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente do que o dinheiro;
„ Inferioridade: compara, evidenciando um elemento como inferior ao outro. Menos do
que, pior do que. Ex.: Homens são menos engajados do que mulheres.

z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor


semântico desse grau apresenta variações, podendo indicar:

„ Característica de um ser elevada ao último grau: superlativo absoluto, que pode


ser analítico (associado ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao
adjetivo).

Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).


O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético);

„ Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe:


superlativo relativo, que pode ser de superioridade (o mais) ou de inferioridade (o
menos).

Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de


superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo rela-
tivo de inferioridade).

Importante! Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a


forma analítica (mais alta, mais magra, mais bonito etc.).

Ex.: A modelo é mais alta que magra.

Porém, se uma mesma característica referir-se a seres diferentes, empregamos a forma


sintética (melhor, pior, menor etc.).
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos Adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível for-
mar novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
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z Derivados: são palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade,
mulherengo etc.;
z Simples: apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-
-brasileiro, amarelo-ouro etc.

Dica

O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos Adjetivos Compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável:

„ os adjetivos compostos azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete;


„ locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
„ adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro.

z Varia o último elemento:

„ primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados;


„ adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou


nacionalidade de seres e objetos. O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser
relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense, fluminense, cearense.

z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumei-
ramente usado para designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve
origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha
de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.

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Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advér-
bio. Em alguns casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando
circunstância.
LÍNGUA PORTUGUESA

As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advér-
bios. Porém, decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado
esperado na resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advér-
bios para, a partir delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das ques-
tões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo
advérbio:

z Dúvida: talvez, caso, porventura, quiçá etc.; 85


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z Intensidade: bastante, bem, mais, pouco etc.;
z Lugar: ali, aqui, atrás, lá etc.;
z Tempo: jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração.
Como dissemos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por
isso, para identificar com mais propriedade a função denotada pelos advérbios, é preciso
perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locu-
ções adverbiais ou orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) enver-
gonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento)
às claras (modo).

Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o
sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há tam-
bém as que são formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo =
novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve =
brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as
locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou
seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido.
Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada ante-
riormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o
termo destacado não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com
essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que
não admite voz passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna
86 tal estrutura agramatical; por isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
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Atenção!

z Locuções adverbiais apresentam valor passivo;


z Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em ques-
tões. Buscamos desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo
decorando listas de locuções adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos.


Para evitar essa confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma
pergunta, exprimindo ideia de tempo, modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interroga-
tivos, pois não substituem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar,
tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e
superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais - Tão bem
GRAU bem*)
COMPARATIVO Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: as formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
LÍNGUA PORTUGUESA

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
Superioridade
GRAU SU- Mal Pessimamente Muito mal
-
PERLATIVO
Superioridade:
Muito Muitíssimo -
o mais
Superioridade:
Pouco Pouquíssimo -
o menos
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Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica
invariável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no femi-
nino ou no plural; caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até clas-
sificados como tal, mas não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído,
pois, geralmente, é isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente for-
madas pela forma ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas
podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal.
Caso venha deslocado, em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o
pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento
recebe a terminação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.

PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa


forma, a função dos pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas,
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relações de posse, indefinição, quantidade, localização no tempo, no espaço e no meio tex-
tual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação
textual, pois colaboram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração,
além de estruturar a organização textual, contribuindo para a coesão e também para a coe-
rência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com


mais informações sobre eles:

PRONOMES DO CASO
PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO
OBLÍQUO
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.


Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou
adjunto.
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.

z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos.
Ex.: Informei-o sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos — com-
plementados por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.


Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e
que os pronomes “ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da
LÍNGUA PORTUGUESA

função que exercem.


Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de
complemento:

z 1ª pessoa: mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


z 2ª pessoa: ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);
z 3ª pessoa: si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).

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Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em
“mate ele”. Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do
caso reto como complemento verbal, desde que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”,
“apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes
oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.

Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucio-
nalizada linguisticamente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas pecu-
liaridades importantes:

z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos rela-
cionados a esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à
noite.

Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a


partir das formas usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituí-
dos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos inter-
locutores sejam reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre
outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura
e das funções sociais que designam:

z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais;
z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do governo e das Forças Armadas membros do
alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos graduados, oficiais até o posto de coronel,
tratamento cerimonioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): papa;
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): bispos.

Os exemplos apresentados fazem referência a pronomes de tratamento e suas respectivas


designações sociais conforme indica o Manual de Redação oficial da Presidência da República.
Portanto, essas designações devem ser seguidas com atenção quando o gênero textual abor-
90 dado for um gênero oficial.
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Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:

z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tratamento é importante destacar que o plural
de algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas com a letra a, o plural é feito com o acrés-
cimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meritíssimo Juiz;
z O tratamento dispensado ao Presidente da República nunca deve ser abreviado.

Pronomes Indefinidos

Os pronomes indefinidos indicam quantidade de maneira vaga e sempre devem ser utili-
zados na 3ª pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar e podem ser invariá-
veis. Observe a seguinte tabela:

PRONOMES INDEFINIDOS2
Variáveis Invariáveis
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas Ninguém
Todo, toda, todos, todas Quem
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
Certo, certa, certos, certas Nada
Vários, várias Cada
Quanto, quanta, quantos, quantas Que
Tanto, tanta, tantos, tantas -
Qualquer, quaisquer -
Qual, quais -
Um, uma, uns, umas -

As palavras certo e bastante serão pronomes indefinidos quando vierem antes do subs-
tantivo, e serão adjetivos quando vierem depois.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome indefinido).


Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
A palavra bastante frequentemente gera dúvida quanto a ser advérbio, adjetivo ou pro-
nome indefinido. Por isso, atente-se ao seguinte:

z Bastante (advérbio): será invariável e equivalente ao termo “muito”.


Ex.: Elas são bastante famosas;

2 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-


nenhum-outro-qualquer-quem-quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020. 91
Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.
z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente ao termo “suficiente”.
Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para a festa;
z Bastante (pronome indefinido): concorda com o substantivo, indicando grande, porém
incerta, quantidade de algo.
Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.

Pronomes Demonstrativos

Os pronomes demonstrativos indicam a posição e apontam elementos a que se referem as


pessoas do discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por eles no tempo, no espaço
físico ou no espaço textual.

z 1ª pessoa: este, estes / esta, estas;


z 2ª pessoa: esse, esses / essa, essas;
z 3ª pessoa: aquele, aqueles / aquela, aquelas;
z Invariáveis: isto, isso, aquilo.

Usamos este, esta, isto para indicar:

� Referência ao espaço físico, indicando a proximidade de algo ao falante.


Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto como prova;
� Referência ao tempo presente.
Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês, pagarei a última prestação da casa;
� Referência ao espaço textual.
Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta procurava um presente para o marido (o
pronome refere-se ao último termo mencionado).

Este artigo científico pretende analisar... (o pronome “este” refere-se ao próprio texto).
Usamos esse, essa, isso para indicar:

z Referência ao espaço físico, indicando o afastamento de algo de quem fala.


Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você;
z Indicar distância que se deseja manter.
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não confia nesses políticos;
z Referência ao tempo passado.
Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias estive em São Paulo;
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter falado sobre isso. Sinto uma energia
negativa nessa expressão utilizada.

Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:

� Referência ao espaço físico, indicando afastamento de quem fala e de quem ouve.


Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?
� Referência a um tempo muito remoto, um passado muito distante.
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Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as portas abertas. Bons tempos aqueles!
� Referência a um afastamento afetivo.
Ex.: Não conheço mais aquela mulher;
� Referência ao espaço textual, indicando o primeiro termo de uma relação expositiva.
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta preferiu beber chá; aquela, refrigerante.

Dica
O pronome “mesmo” não pode ser usado em função demonstrativa referencial. Veja:
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo esqueceu de preencher o gabarito.
Correto: O candidato fez a prova, porém esqueceu de preencher o gabarito.

Pronomes Relativos

Uma das classes de pronomes mais complexas, os pronomes relativos têm função muito
importante na língua, refletida em assuntos de grande relevância em concursos, como a aná-
lise sintática. Dessa forma, é essencial conhecer adequadamente a função desses elementos,
a fim de saber utilizá-los corretamente.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo ou a um pronome substantivo men-
cionado anteriormente. A esse nome (substantivo ou pronome mencionado anteriormente)
chamamos de antecedente.
São pronomes relativos:

z Variáveis: o qual, os quais, cujo, cujos, quanto, quantos / a qual, as quais, cuja, cujas, quan-
ta, quantas;
z Invariáveis: que, quem, onde, como;
z Emprego do pronome relativo que: pode ser associado a pessoas, coisas ou objetos.
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O cachorro que estava doente morreu. A caneta
que emprestei nunca recebi de volta.
� Em alguns casos, há a omissão do antecedente do relativo “que”.
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer).
� Emprego do relativo quem: seu antecedente deve ser uma pessoa ou objeto personificado.
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo.
� O pronome relativo quem pode fazer referência a algo subentendido: quem cala consente
(aquele que cala).
� Emprego do relativo quanto: seu antecedente deve ser um pronome indefinido ou demons-
trativo; pode sofrer flexões.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado. Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.
� Emprego do relativo cujo: deve ser empregado para indicar posse e aparecer relacionan-
do dois termos que devem ser um possuidor e uma coisa possuída.
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi língua portuguesa — o relativo cuja está ligando aula
(possuidor) à matéria (coisa possuída).

O relativo cujo deve concordar em gênero e número com a coisa possuída.


Jamais devemos inserir um artigo após o pronome cujo: Cujo o, cuja a
Não podemos substituir cujo por outro pronome relativo.
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O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte pergunta: “de quem/do que?”
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor do que? Do filme).
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de quem? Do rapaz).

� Emprego do pronome relativo onde: empregado para indicar locais físicos.


Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
� Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumindo as formas aonde e donde.
Ex.: Irei aonde você for.
� O relativo “onde” pode ser empregado sem antecedente.
Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
� Emprego de o qual: o pronome relativo “o qual” e suas variações (os quais, a qual, as
quais) é usado em substituição a outros pronomes relativos, sobretudo o “que”, a fim de
evitar fenômenos linguísticos, como o “queísmo”.
Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) ninguém se lembra.

O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão textual, desfazendo estruturas


ambíguas.

Pronomes Interrogativos

São utilizados para introduzir uma pergunta ao texto.


Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais? Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que?
Quem?).
Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos anos tem seu pai?
O ponto de interrogação só é usado nas interrogativas diretas. Nas indiretas, aparece ape-
nas a intenção interrogativa, indicada por verbos como perguntar, indagar etc. Ex.: Indaguei
quem era ela.
Atenção: os pronomes interrogativos que e quem são pronomes substantivos, pois subs-
tituem os substantivos, dando fluidez à leitura.
Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a realização da atividade (O tempo não
permitiu a realização da atividade. O tempo estava instável)3.

Pronomes Possessivos

Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso e indicam posse. Observe a


tabela a seguir:

1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas


SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas

94 3 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30. jul. 2021.


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Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) também podem atribuir
valor possessivo a uma coisa.
Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o pronome esteja ligado ao verbo pelo
hífen, a relação do pronome é com o objeto da posse.
Outras funções dos pronomes possessivos:

z delimitam o substantivo a que se referem;


z concordam com o substantivo que vem depois dele;
z não concordam com o referente;
z o pronome possessivo que acompanha o substantivo exerce função sintática de adjunto
adnominal.

Colocação dos Pronomes Átonos

Estudo da posição dos pronomes na oração.

z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. Casos que atraem o pronome para próclise:

„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: Não me submeto a essas condições.
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, relativos. Ex.: Foi ela que me colocou nesse
papel.
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se apresente como um rico investidor, ele
nada tem.
„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.: Em se tratando de futebol, Maradona foi
um ídolo.
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe
agradecemos.
„ Orações interrogativas, exclamativas, optativas (exprimem desejo). Ex.: Como te
iludes!

z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. Casos que atraem o pronome para
mesóclise:

„ os pronomes devem ficar no meio dos verbos que estejam conjugados no futuro, caso
não haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.: Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgu-
lhar-me-ei dos nossos estudantes.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Casos que atraem o pronome para ênclise:

„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me muito honrada com esse título.
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o quanto sou importante.

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Casos proibidos:

„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo).


„ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou de nada (errado) / Falou pouco;
lembrou-se de nada (correto).
„ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).

VERBOS

Certamente, a classe de palavras mais complexa e importante dentre as palavras da lín-


gua portuguesa é o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e os agentes desses
atos, além de ser uma importante classe sempre abordada nos editais de concursos; por isso,
atente-se às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em número, pessoa, modo e tempo,
além da designação da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências, que podem ser:

z Número-pessoal: indicando se o verbo está no singular ou plural, bem como em qual pes-
soa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª);
z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada.

Iremos apresentar essas desinências a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências


modo-temporais, precisamos explicar o que são modo e tempo verbais.

Emprego de Modos Verbais

Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma relação enunciada pelo verbo.

z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de certeza.

Ex.: Estudei muito para ser aprovado.

z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude de dúvida, desejo ou possibilidade.

Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.

z Imperativo: o modo imperativo designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido.

Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.

Emprego de Tempos Verbais

O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente,
podemos indicar o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto,
ramificações específicas. Observe a seguir:
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z Presente:

Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo
todos os dias no mesmo horário.
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei).

z Passado:

„ Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no passado.

Ex.: Estudei até ser aprovado.

„ Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga
ou durativa.

Ex.: Estudava todos os dias.

„ Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à outra mais antiga.

Ex.: Quando notei (passado), a água já transbordara (ação anterior) da banheira.

z Futuro:

„ Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.

Ex.: Estudarei bastante ano que vem.

„ Futuro do pretérito: expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado.

Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.

A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tem-
pos simples e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma úni-
ca palavra, ou verbo, conjugado no presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse
LÍNGUA PORTUGUESA

caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.


Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos,
respectivamente:

Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples

TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO


-e (1ª conjugação) e -a (2ª e 3ª
Presente *
conjugações)
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TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
-va (1ª conjugação) -ia (2ª e 3ª
Pretérito imperfeito -sse
conjugações)
Pretérito mais-que-perfeito -ra *
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *

*Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais.

Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Indicativo)

z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter (presente do indicativo) + verbo princi-
pal particípio.
Ex.: Tenho estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: ter (pretérito imperfeito do indi-
cativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Tinha passado.
� Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Terei saído.
� Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar: ter (futuro do pretérito simples) + verbo
principal no particípio.
Ex.: Teria estudado.

Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Subjuntivo)

� Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter (presente do subjuntivo) + verbo princi-
pal particípio.
Ex.: (que eu) Tenha estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: ter (pretérito imperfeito do sub-
juntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (se eu) Tivesse estudado.
� Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no
particípio.
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais

As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles
assumem em determinados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como subs-
tantivos, adjetivo ou advérbios.

z Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por
vezes, pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.
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z Particípio: marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar tam-
bém em -do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se,
em alguns casos, em número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
Quando cheguei, ela já tinha partido.
Ele tinha aberto a janela.
Ela tinha pago a conta.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenô-
meno designado. Pode ser pessoal ou impessoal:

„ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do dis-
curso. É usado na formação de orações reduzidas. Ex.: comer eu. Comermos nós. É para
aprenderem que ele ensina;
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar ape-
nas a conjugação. Ex.: estudar — 1ª conjugação; comer — 2ª conjugação; partir — 3ª
conjugação.

O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.


Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.

Dica
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo
composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.

Classificação dos Verbos

Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em:
regulares, irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impes-
soais e auxiliares, além das formas nominais. Vamos conhecer as particularidades de cada
um a seguir:

z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regu-
laridade no uso das desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os
verbos regulares mantêm o paradigma morfológico com o radical, que permanece inalte-
LÍNGUA PORTUGUESA

rado. Ex.: verbo cantar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram
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z Irregulares: os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências ver-
bais. Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo
um paradigma próprio para cada grupo verbal.

Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que uti-
lizamos como exemplo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os
verbos anômalos. Ex.: verbo estar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu estou Estive
Tu estás Estiveste
Ele/ você está Esteve
Nós estamos Estivemos
Vós estais Estivestes
Eles/ vocês estão Estiveram

z Anômalos: esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências


verbais, consideradas anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um
exemplo bem usual de verbo dessa categoria é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas
dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.

Vejamos a conjugação o verbo “ser”:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregu-
laridade que ocasiona uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como
anômalos.

z Abundantes: são formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma for-
ma de particípio aceitas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma
de particípio regular e outra irregular. Vejamos alguns verbos abundantes:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
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INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Secar Secado Seco
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Torcer Torcido Torto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Aceitar Eu já tinha aceitado o convite O convite foi aceito
Aviso quando tiver entregado a
LÍNGUA PORTUGUESA

Entregar Está entregue!


encomenda
Quando chegou, encontrou o animal
Morrer Havia morrido há dias
morto
Expelir A bala foi expelida por aquela arma Esta é a bala expulsa
Tinha enxugado a louça quando o pro-
Enxugar A roupa está enxuta
grama começou
Depois de ter findado o trabalho,
Findar Trabalho findo!
descansou
Se tivesse imprimido tínhamos como
Imprimir Onde está o documento impresso?
provar
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INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Limpar Eu tinha limpado a casa Que casa tão limpa!
Dados importantes tinham sido omiti-
Omitir Informações estavam omissas
dos por ela
Após ter submergido os legumes, repa- Deixe os legumes submersos por alguns
Submergir
rou no amigo minutos
Suspender Nunca tinha suspendido ninguém Você está suspenso!

z Defectivos: são verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas,
gerando um “defeito” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são
os verbos colorir, precaver, reaver etc.

Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo,
bem como: aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir,
ruir, computar, colorir, carpir, banir, brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa
característica, como latir, bramir, chover.

z Pronominais: esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma
verbal. É importante lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Pre-
dominantemente, os verbos pronominais apresentam transitividade indireta, ou seja, são
VTI. Ex.: Sentar-se.

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se

z Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta-
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação
verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimentamos friamente;
z Impessoais: verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar
etc.

„ O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será
impessoal. Ex.: Havia muitos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em
concurso público;
„ Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno cli-
mático ou tempo. Ex.: Está muito quente! / Era tarde quando chegamos;
„ O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos;
„ O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tem-
po climático. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor;
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„ Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujei-
to inexistente;
„ O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver
preenchido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impes-
soal, também, o verbo ir: “Vai uns bons anos que não vejo Mariana”.

z Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e tam-
bém nas locuções verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter
e haver.

Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo


principal determina a regência estabelecida na oração.
Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes
na formação da voz passiva analítica.

z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:

„ Gerúndio: terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advér-


bio ou adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando;
„ Particípio: terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser
classificado em particípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em
-ado e -ido.

A norma culta gramatical recomenda o uso do particípio regular com os verbos “ter” e
“haver”. Já com os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do particípio irregular.
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / Os traficantes foram expulsos pelos
policiais.

„ Infinitivo: marca as conjugações verbais.

AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (amar, passear);


ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (comer, pôr);
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (partir, sair).

Dica
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjugação, pois origina-se do verbo “poer”. O mes-
LÍNGUA PORTUGUESA

mo acontece com verbos que deste derivam.

Vozes Verbais

As vozes verbais definem o papel do sujeito na oração, demonstrando se o sujeito é o agen-


te da ação verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:

� Ativa: o sujeito é o agente, praticando a ação verbal.


Ex.: O policial deteve os bandidos; 103
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� Passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbal.
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial — passiva analítica;
� Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
� Reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo, pois pratica e recebe a ação
verbal.
Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O menino se agrediu;
� Recíproca: o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo, porém há uma ação comparti-
lhada entre dois indivíduos. A ação pode ser compartilhada entre dois ou mais indivíduos
que praticam e sofrem a ação.
Ex.: Os bandidos se olharam antes do julgamento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos
se cumprimentaram.

A voz passiva é realizada a partir da troca de funções entre sujeito e objeto da voz ativa.
Só podemos transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva se o verbo da voz ativa
for transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Logo, só é possível fazer a transformação
para a voz passiva se houver a presença do objeto direto.
Importante! Não confunda os verbos pronominais com as vozes verbais. Os verbos pro-
nominais que indicam sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-se, entre outros,
acompanham um pronome que faz parte integrante do seu significado, diferentemente das
vozes verbais, que acompanham o pronome “se” com função sintática própria.

Outras Funções do “Se”

Como vimos, o “se” pode funcionar como item essencial na voz passiva. Além dessa fun-
ção, esse elemento também acumula outras atribuições:

z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética é feita com verbos transitivos direto (TD)
ou transitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o “se” junto ao verbo, por isso, o
elemento “se” é designado partícula apassivadora, nesse contexto.
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) — “Se” (partícula apassivadora).

O “se” exercerá essa função apenas:

„ com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;


„ com verbos que concordam com o sujeito;
„ com a voz passiva sintética.

Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujei-
to paciente.

z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” funcionará nessa condição quando não for
possível identificar o sujeito explícito ou subentendido. Além disso, não podemos confun-
dir essa função do “se” com a de apassivador, já que, para ser índice de indeterminação do
sujeito, a oração precisa estar na voz ativa.

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Outra importante característica do “se” como índice de indeterminação do sujeito é que
isso ocorre em verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos de ligação. Além
disso, o verbo sempre deverá estar na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Acredita-se em Deus.

z Pronome reflexivo: na função de pronome reflexivo, a partícula “se” indicará reflexão


ou reciprocidade, auxiliando a construção dessas vozes verbais, respectivamente. Nessa
função, suas principais características são:

„ sujeito recebe e pratica a ação;


„ funcionará, sintaticamente, como objeto direto ou indireto;
„ o sujeito da frase poderá estar explícito ou implícito.

Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um presente de aniversário (implícito).

z Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se” será parte integrante dos verbos pronomi-
nais, acompanhando-o em todas as suas flexões. Quando o “se” exerce essa função, jamais
terá uma função sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar explícito ou implícito.
Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a filha;
z Partícula de realce: será partícula de realce o “se” que puder ser retirado do contexto sem
prejuízo no sentido e na compreensão global do texto. A partícula de realce não exerce
função sintática, pois é desnecessária.
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos;
z Conjunção: o “se” será conjunção condicional quando sugerir a ideia de condição. A con-
junção “se” exerce função de conjunção integrante, apenas ligando as orações, e poderá
ser substituído pela conjunção “caso”.
Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estudar, será aprovado).

Conjugação de Verbos Derivados

Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo primitivo; para trabalhar a conjugação
desses verbos, é importante ter clara a conjugação de seus “originários”.
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algumas de suas derivações a seguir, pois são
assuntos relevantes em provas diversas:

z Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor;


LÍNGUA PORTUGUESA

z Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;


z Ver: antever, rever, prever;
z Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir.

Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjugação apresenta paradigma derivado,
auxiliando a compreensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e
todos os demais que terminam em -iar. Os verbos com essa terminação são, predominante-
mente, regulares.
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PRESENTE — INDICATIVO
Eu Crio
Tu Crias
Ele/Você Cria
Nós Criamos
Vós Criais
Eles/Vocês Criam

Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geralmente são irregulares e apresentam algu-
ma modificação no radical ou nas desinências. Acompanhe a conjugação do verbo “passear”:

PRESENTE — INDICATIVO
Eu Passeio
Tu Passeias
Ele/Você Passeia
Nós Passeamos
Vós Passeais
Eles/Vocês Passeiam

Conjugação de Alguns Verbos

Vamos agora conhecer algumas conjugações de verbos irregulares importantes, que sem-
pre são objeto de questões em concursos.
Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:

PRESENTE — INDICATIVO
Eu Adiro
Tu Aderes
Ele/Você Adere
Nós Aderimos
Vós Aderis
Eles/Vocês Aderem

A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”. São conjugados da mesma forma os


verbos dispor, interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, entrepor, supor.

PRESENTE — INDICATIVO
Eu Ponho
Tu Pões
Ele/Você Põe
Nós Pomos
Vós Pondes
Eles/Vocês Põem

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PREPOSIÇÕES

Conceito

São palavras invariáveis que ligam orações ou outras palavras. As preposições apresen-
tam funções importantes tanto no aspecto semântico quanto no aspecto sintático, pois com-
plementam o sentido de verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado sem a presença
da preposição, modificando a transitividade verbal e colaborando para o preenchimento de
sentido de palavras deverbais4.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para,
per, perante, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim chamadas pois pertencem a outras clas-
ses gramaticais, mas funcionam, ocasionalmente, como preposições. Eis algumas: afora, con-
forme (quando equivaler a “de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo, segundo,
senão, mediante, que, visto (quando equivaler a “por causa de”).
Acompanhe a seguir algumas preposições e exemplos de uso em diferentes situações:

“A”

z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças;


z Conformidade: Escrever ao modo clássico;
z Destino (em correlação com a preposição de): De Santos à Bahia;
z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;
z Direção: Levantar as mãos aos céus;
z Distância: Cair a poucos metros da namorada;
z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;
z Lugar: Ir a Santa Catarina;
z Modo: Falar aos gritos;
z Sucessão: Dia a dia;
z Tempo: Nasci a três de maio;
z Proximidade: Estar à janela.

“Após”

z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;


LÍNGUA PORTUGUESA

z Tempo: Logo após o almoço descansamos.

“Com”

z Causa: Ficar pobre com a inflação;


z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;

4 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com
o qual mantêm relação. Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são
acompanhados por preposições e, sintaticamente, o termo que completa o sentido desses nomes é conhecido
como complemento nominal. 107
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z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem planos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave;
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância;
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; comigo sempre é assim.

“Contra”

z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;


z Direção: Olhar contra o sol;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho contra o peito.

“De”

z Causa: Chorar de saudade;


z Assunto: Falar de religião;
z Matéria: Material feito de plástico;
z Conteúdo: Maço de cigarro;
z Origem: Você descende de família humilde;
z Posse: Este é o carro de João;
z Autoria: Esta música é de Chopin;
z Tempo: Ela dorme de dia;
z Lugar: Veio de São Paulo;
z Definição: Pessoa de coragem;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio;
z Instrumento: Comer de garfo e faca;
z Meio: Viver de ilusões;
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm;
z Modo: Olhar alguém de frente;
z Preço: Caderno de 10 reais;
z Qualidade: Vender artigo de primeira;
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa corajosa.

“Desde”

z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;


z Tempo: Desde ontem ele não aparece.

“Em”

z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de dólares;


z Meio: Pagou a dívida em cheque;
z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi bom;
z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as mãos em concha;
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z Transformação ou alteração: Transformou dólares em reais;
z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco;
z Fim: Pedir em casamento;
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba;
z Modo: Escrever em francês;
z Sucessão: De grão em grão;
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;
z Especialidade: João formou-se em Engenharia.

“Entre”

z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;


z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve discórdia.

“Para”

z Consequência: Você deve ser muito esperto para não cair em armadilhas;
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
z Proporção: As baleias estão para os peixes assim como nós estamos para as galinhas;
z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Destino ou direção: Olhe para frente!

“Perante”

z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.

“Por”

z Modo ou conformidade: Vamos escolher por sorteio;


z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Conformidade: Copiar por original;
z Favor: Lutar por seus ideais;
z Medida: Vendia banana por quilo;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Meio: Ir por terra;


z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Tempo: Viver por muitos anos.

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“Sem”

z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem dinheiro.

“Sob”

z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. Pedro II;


z Lugar: Ficar sob o viaduto;
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.

“Sobre”

z Assunto: Não gosto de falar sobre política;


z Direção: Ir sobre o adversário;
z Lugar: Cair sobre o inimigo.

Locuções Prepositivas

São grupos de palavras que equivalem a uma preposição.


Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) / Falei acerca do tema da prova. (locução
prepositiva)
A locução prepositiva na segunda frase substitui perfeitamente a preposição “sobre”. As
locuções prepositivas sempre terminam em uma preposição (há apenas uma exceção: a locu-
ção prepositiva com sentido concessivo “não obstante”).
Veja alguns exemplos:

z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, voltaram logo;


z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito de finanças;
z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu nada grave;
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, a língua é indispensável para que pos-
samos pensar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos;
z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, não passei no exame;
z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito para com os mais velhos;
z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa um short.

Outros exemplos de locuções prepositivas: abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a
despeito de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; junto de; perto de; por entre;
por trás de; quanto a; a fim de; por meio de; em virtude de.
Atenção! Algumas locuções prepositivas apresentam semelhanças morfológicas, mas sig-
nificados completamente diferentes. Observe estes exemplos5:

z A opinião dos diretores vai ao encontro do planejamento inicial = Concordância;


z As decisões do público foram de encontro à proposta do programa = Discordância;
z

110 5 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020.


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z Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas = Substituição;
z Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = Oposição.

Combinações e Contrações

As preposições podem se ligar a outras palavras de outras classes gramaticais por meio de
dois processos: combinação e contração.

z Combinação: quando se ligam sem sofrer nenhuma redução.

a + o = ao
a + os = aos

z Contração: quando, ao se ligarem, sofrem redução.

Veja a lista a seguir6, que apresenta as preposições que se contraem e suas devidas formas:

z Preposição “a”:

„ Com o artigo definido ou pronome demonstrativo feminino:


a + a= à
a + as= às
„ Com o pronome demonstrativo:
a + aquele = àquele
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquilo

z Preposição “de”:

„ Com artigo definido masculino e feminino:


de + o/os = do/dos
de + a/as = da/das
� Com artigo indefinido:
de + um= dum
LÍNGUA PORTUGUESA

de + uns = duns
de + uma = duma
de + umas = dumas
� Com pronome demonstrativo:
de + este(s)= deste, destes
de + esta(s)= desta, destas
de + isto= disto

6 Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm.


Acesso em: 20 nov. 2020. 111
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de + esse(s) = desse, desses
de + essa(s)= dessa, dessas
de + isso = disso
de + aquele(s) = daquele, daqueles
de + aquela(s) = daquela, daquelas
de + aquilo= daquilo
� Com o pronome pessoal:
de + ele(s) = dele, deles
de + ela(s) = dela, delas
� Com o pronome indefinido:
de + outro(s)= doutro, doutros
de + outra(s) = doutra, doutras
� Com advérbio:
de + aqui= daqui
de + aí= daí
de + ali= dali

z Preposição “em”:

„ Com artigo definido:


em + a(s)= na, nas
em + o(s)= no, nos
� Com pronome demonstrativo:
em + esse(s)= nesse, nesses
em + essa(s)= nessa, nessas
em + isso = nisso
em + este(s) = neste, nestes
em + esta(s) = nesta, nestas
em + isto = nisto
em + aquele(s) = naquele, naqueles
em + aquela(s) = naquelas
em + aquilo = naquilo
� Com pronome pessoal:
em + ele(s) = nele, neles
em + ela(s) = nela, nelas

z Preposição “per”:

„ Com as formas antigas do artigo definido (lo, la):


per + lo(s) = pelo, pelos
per + la(s) = pela, pelas

z Preposição “para” (pra):

„ Com artigo definido:


para (pra) + o(s) = pro, pros
112 para (pra) + a(s)= pra, pras
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Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por Preposições

Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar o que significa Semântica. Semântica é
a área do conhecimento que relaciona o significado da palavra ao seu contexto.
É importante ressaltar que as preposições podem apresentar valor relacional ou podem
atribuir um valor nocional.
As preposições que apresentam um valor relacional cumprem uma relação sintática
com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados deverbais, conforme já
mencionamos. Essa mesma relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advérbios, os
quais também apresentarão função deverbal.
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida pela regência do verbo concordar).
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo complemento nominal).
Estou desconfiado do funcionário (preposição exigida pelo adjetivo).
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo advérbio).
Em todos esses casos, a preposição mantém uma relação sintática com a classe de palavras
a qual se liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na sentença.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocional é preponderante apresentam uma
modificação no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são componentes obrigatórios
na construção da sentença, divergindo das preposições de valor relacional. As preposições
de valor nocional estabelecem uma noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo etc.
Vejamos algumas na tabela a seguir:

VALOR NOCIONAL DAS PREPOSIÇÕES SENTIDO


Posse Carro de Marcelo
Lugar O cachorro está sob a mesa
Modo Votar em branco / Chegar aos gritos
Causa Preso por agressão
Assunto Falar sobre política
Origem Descende de família simples
Destino Olhe para frente! / Iremos a Paris

CONJUNÇÕES

Assim como as preposições, as conjunções também são invariáveis e também auxiliam na


organização das orações, ligando termos e, em alguns casos, orações. Por manterem relação
LÍNGUA PORTUGUESA

direta com a organização das orações nas sentenças, as conjunções podem ser coordenati-
vas ou subordinativas.

Conjunções Coordenativas

As conjunções coordenativas são aquelas que ligam orações coordenadas, ou seja, orações
que não fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, essas conjunções ligam núcleos
de um mesmo termo da oração. As conjunções coordenadas podem ser:

113
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z Aditivas: somam informações. E, nem, bem como, não só, mas também, não apenas, como
ainda, senão (após não só).
Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei.
O gato era o preferido, não só da filha, senão de toda família.
z Adversativas: colocam informações em oposição, contradição. Mas, porém, contudo,
todavia, entretanto, não obstante, senão (equivalente a mas).
Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
A culpa não foi da população, senão dos vereadores (equivale a “mas sim”).

Importante! A conjunção “e” pode apresentar valor adversativo, principalmente quando


é antecedida por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho não deixava.

z Alternativas: ligam orações com ideias que não acontecem simultaneamente, que se
excluem. Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
Ex.: Estude ou vá para a festa.
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.

Importante! A palavra “senão” pode funcionar como conjunção alternativa: Saia agora,
senão chamarei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).

z Explicativas: ligam orações, de forma que em uma delas explica-se o que a outra afirma.
Que, porque, pois, (se vier no início da oração), porquanto.
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a enxada!
Viva bem, pois isso é o mais importante.

Importante! “Pois” com sentido explicativo inicia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte,
pois sinto saudades.
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar
voltará, pois, a subir.

z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a segunda conclui o que foi dito na primeira.
Logo, portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, destarte, pois (deslocado na frase).
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado.
Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-se.

Dica: as conjunções “e”, “nem” não devem ser empregadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que ambas
indicam a mesma relação aditiva, o uso concomitante acarreta em redundância.

Conjunções Subordinativas

Tais quais as conjunções coordenativas, as subordinativas estabelecem uma ligação entre


as ideias apresentadas em um texto. Porém, diferentemente daquelas, estas ligam ideias
apresentadas em orações subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra para terem
o sentido apreendido.

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� Causal: iniciam a oração dando ideia de causa. Haja vista, que, porque, pois, porquanto,
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) etc.
Ex.: Como não choveu, a represa secou.
� Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia de consequência. Que (depois de tal,
tanto, tão), de modo que, de forma que, de sorte que etc.
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
� Comparativa: iniciam orações comparando ações e, em geral, o verbo fica subtendido.
Como, que nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior, maior), tanto... quanto etc.
Ex.: Corria como um touro.
Ela dança tanto quanto Carlos.
� Conformativa: expressam a conformidade de uma ideia com a da oração principal. Con-
forme, como, segundo, de acordo com, consoante etc.
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
Amanhã chove, segundo informa a previsão do tempo.
� Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia contrária à da oração principal. Embora,
conquanto, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que etc.
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
Trabalhava, por mais que a perna doesse.
� Condicional: iniciam uma oração com ideia de hipótese, condição. Se, caso, desde que,
contanto que, a menos que, somente se etc.
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondido sua mensagem.
Posso lhe ajudar, caso necessite.
� Proporcional: ideia de proporcionalidade. À proporção que, à medida que, quanto mais...
mais, quanto menos...menos etc.
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser aprovado.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
� Final: expressam ideia de finalidade. Final, para que, a fim de que etc.
Ex.: A professora dá exemplos para que você aprenda!
Comprou um computador a fim de que pudesse trabalhar tranquilamente.
� Temporal: iniciam a oração expressando ideia de tempo. Quando, enquanto, assim que,
até que, mal, logo que, desde que etc.
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia do Futuro.
Mal cheguei à cidade, fui assaltado.

Atenção! Os valores semânticos das conjunções não se prendem às formas morfológicas


desses elementos. O valor das conjunções é construído contextualmente, por isso, é funda-
LÍNGUA PORTUGUESA

mental estar atento aos sentidos estabelecidos no texto.


Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a procura? (Se = causal = já que).
Ex.: Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar puro no campo? (Quando =
causal = já que).

Conjunções Integrantes

As conjunções integrantes fazem parte das orações subordinadas; na realidade, elas ape-
nas integram uma oração principal à outra, subordinada. Existem apenas dois tipos de con-
junções integrantes: “que” e “se”. 115
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� Quando é possível substituir o “que” pelo pronome “isso”, estamos diante de uma conjun-
ção integrante.
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? Isso).
� Sempre haverá conjunção integrante em orações substantivas e, consequentemente, em
períodos compostos.
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O quê? Isso).
� Nunca devemos inserir uma vírgula entre um verbo e uma conjunção integrante.
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual (errado).
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).

INTERJEIÇÕES

As interjeições também fazem parte do grupo de palavras invariáveis, tal como as preposições
e as conjunções. Sua função é expressar estado de espírito e emoções; por isso, apresentam forte
conotação semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a uma frase. Ex.: Tchau!
As interjeições indicam relações de sentido diversas. A seguir, apresentamos um quadro
com os sentimentos e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:

VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO


Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
Alívio Arre! Ufa! Ah!
Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!

É salutar lembrar que o sentido exato de cada interjeição só poderá ser apreendido diante
do contexto. Por isso, em questões que abordem essa classe de palavras, o candidato deve
reler o trecho em que a interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido expresso no texto.
Isso acontece pois qualquer expressão exclamativa que expresse sentimento ou emoção
pode funcionar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por exemplo, que são inter-
jeições por excelência, mas que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o papel das locuções interjetivas, conjunto
de palavras que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus! Ora bolas! Valha-me Deus!

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EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

Um tópico que gera dúvidas é a pontuação. Veremos a seguir as regras sobre seus usos.

USO DE VÍRGULA

A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três funções básicas: marcar as pausas e as
inflexões da voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e orações; e esclarecer o signi-
ficado da frase, afastando qualquer ambiguidade.
Quando se trata de separar termos de uma mesma oração, deve-se usar a vírgula nos
seguintes casos:

� Para separar os termos de mesma função:


Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta;
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de enumeração:
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi arrastado pelo tsunami;
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que já apareceu na frase) do verbo:
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, filmes de terror;
� Para separar palavras ou locuções explicativas, retificativas:
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 anos;
� Para separar datas e nomes de lugar:
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto e, nem, ou:
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.

A vírgula também é facultativa quando o termo que exprime ideia de tempo, modo e lugar
não for uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos:
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / Ontem, choveu o esperado para o mês todo.

Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações

� Entre o sujeito e o verbo:


LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Todos os alunos daquele professor, entenderam a explicação. (errado)


Muitas coisas que quebraram meu coração, consertaram minha visão. (errado);
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo predicativo do sujeito:
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explicação. (errado)
Os alunos precisam de, que os professores os ajudem. (errado)
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. (errado);
� Entre um substantivo e seu complemento nominal ou adjunto adnominal:
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida pelos alunos. (errado);
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da passiva:
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele professor para a feira. (errado); 117
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� Entre o objeto e o predicativo do objeto:
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado).

USO DE PONTO E VÍRGULA

É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto e vírgula (;):

� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas:


Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, ficou triste;
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas:
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portanto, exausto;
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma):
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o ouvinte.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai, sorvete;
� Em enumerações, portarias, sequências:
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
O Procurador-Geral da República;
O Colégio de Procuradores da República;
O Conselho Superior do Ministério Público Federal.

DOIS-PONTOS

Marcam uma supressão de voz em frase que ainda não foi concluída. Servem para:

� Introduzir uma citação (discurso direto):


Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas
suas respostas”;
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo, distributivo ou uma oração subordinada
substantiva apositiva:
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: professores, jornalistas, médicos;
� Introduzir uma explicação ou enumeração após expressões como por exemplo, isto é, ou
seja, a saber, como:
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, Filosofia, Ciências...;
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas (relação semântica de oposição, explicação/
causa ou consequência):
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um homem culto.
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com cautela;
� Marcar invocação em correspondências:
Ex.: Prezados senhores:
Comunico, por meio deste, que...

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TRAVESSÃO

� Usado em discursos diretos, indica a mudança de discurso de interlocutor: Ex.:


— Bom dia, Maria!
— Bom dia, Pedro!;
� Serve também para colocar em relevo certas expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou colchetes:
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso carioca ― vão fazer videoaulas. (aposto
explicativo)
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que vamos jantar. (oração intercalada)
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máquina de fazer versos ― já havia o poeta
parnasiano”.

PARÊNTESES

Têm função semelhante a dos travessões e das vírgulas no sentido que colocam em relevo
certos termos, expressões ou orações.
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos jantar. (oração intercalada)

PONTO-FINAL

É o sinal que denota maior pausa. Usa-se:

� Para indicar o fim de oração absoluta ou de período.


Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” Carlos Drummond de Andrade;
� Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento.
sec. = secretário.
a.C. = antes de Cristo.

Dica
Símbolos do sistema métrico decimal e elementos químicos não vêm com ponto final:
Exemplos: km, m, cm, He, K, C.

PONTO DE INTERROGAÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA

Marca uma entonação ascendente (elevação da voz) em tom questionador. Usa-se:

� Em frase interrogativa direta:


Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?;
� Entre parênteses para indicar incerteza:
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho que havia palavra melhor no contexto;
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar surpresa:
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?); 119
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� E interrogações retóricas:
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro que não jogaremos comida fora à toa”).

PONTO DE EXCLAMAÇÃO

� É empregado para marcar o fim de uma frase com entonação exclamativa:


Ex.: Que linda mulher!
Coitada dessa criança!;
� Aparece após uma interjeição:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico;
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”;
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer marcar uma ênfase:
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 metros em 20 segundos!!!

RETICÊNCIAS

São usadas para:

� Assinalar interrupção do pensamento:


Ex.: ― Estou ciente de que...
― Pode dizer...;
� Indicar partes suprimidas de um texto:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois desceu as escadas apressadamente. (Tam-
bém pode ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois desceu as escadas
apressadamente.);
� Para sugerir prolongamento da fala:
Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias?
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...;
� Para indicar hesitação:
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha vergonha;
� Para realçar uma palavra ou expressão, normalmente com outras intenções:
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!

USO DAS ASPAS

São usadas em citações ou em algum termo que precisa ser destacado no texto. Podem ser
substituídas por itálico ou negrito, que têm a mesma função de destaque.
Usam-se nos seguintes casos:

� Antes e depois de citações:


Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, afirma Dad Squarisi, 64;
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaísmos, gírias e expressões populares ou
vulgares, conotativas:
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna que desejava.
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Não gosto de “pavonismos”.
Dê um “up” no seu visual;
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, às vezes com ironia ou malícia:
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” sonoro;
� Para citar nomes de mídias, livros etc.:
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.

COLCHETES

Representam uma variante dos parênteses, porém têm uso mais restrito.
Usam-se nos seguintes casos:

� Para incluir num texto uma observação de natureza elucidativa:


Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os
outros”;
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), a fim de indicar que, por mais estra-
nho ou errado que pareça, o texto original é assim mesmo:
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro alugado.” (Machado de Assis);
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda Fonologia:
Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy];
� Para suprimir parte de um texto (assim como parênteses):
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois desceu as escadas apressadamente.
ou
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois desceu as escadas apressadamente (caso
não preferível segundo as normas da ABNT).

ASTERISCO

� É colocado à direita e no canto superior de uma palavra do trecho para se fazer uma cita-
ção ou comentário qualquer sobre o termo em uma nota de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo triste acrescido do sufixo -eza*.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjetivo, o que origina um novo substantivo;
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão ou lacuna em um texto, principalmente
em substituição a um substantivo próprio:
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encaminhado aos responsáveis;
LÍNGUA PORTUGUESA

� Quando colocado antes e no alto da palavra, representa o vocábulo como uma forma hipo-
tética, isto é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
Ex.: Parecer, do latim *parescere;
� Antes de uma frase para indicar que ela é agramatical, ou seja, uma frase que não respeita
as regras da gramática.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.

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USO DA BARRA

A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:

� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser substituída pela conjunção “ou”:
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta;
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separação das conjunções e/ou:
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais e/ou escritos;
� Para indicar itens que possuem algum tipo de relação entre si:
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número (plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h;
� Para separar os versos de poesias, quando escritos seguidamente na mesma linha. São
utilizadas duas barras para indicar a separação das estrofes:
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que passa perto,/meu peito é puro deserto./
Subo monte, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noite./Mas a estrela é minha.”
Cecília Meireles;
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra não foi escrita na sua totalidade:
Ex.: a/c = aos cuidados de;
s/ = sem;
� Para separar o numerador do denominador nos números fracionários, substituindo a bar-
ra da fração:
Ex.: 1/3 = um terço;
� Nas datas:
Ex.: 31/03/1983
� Nos números de telefone:
Ex.: 225 03 50/51/52;
� Nos endereços:
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232;
� Na indicação de dois anos consecutivos:
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso;
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
Ex.: /s/.

Embora não existam regras muito definidas sobre a existência de espaços antes e depois
da barra oblíqua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singular, masculino/feminino,
sinônimo/antônimo.

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

Um assunto que causa grande dúvida é o uso da crase, fenômeno gramatical que corres-
ponde à junção da preposição a + artigo feminino definido a, ou da junção da preposição a +
os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela marcação
(`) + (a) = (à).
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Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
Regra geral: haverá crase sempre que o termo antecedente exija a preposição a e o termo
consequente aceite o artigo a.
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exige preposição).
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + palavra que não aceita artigo).
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação no uso da crase, mas existem especifici-
dades que ajudam no momento de identificação:

CASOS CONVENCIONADOS

z Locuções adverbiais formadas por palavras femininas:


Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
Espero vocês à noite na estação de metrô.
Estou à beira-mar desde cedo;
z Locuções prepositivas formadas por palavras femininas:
Ex.: Ficaram à frente do projeto;
z Locuções conjuntivas formadas por palavras femininas:
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão aumentando;
� Quando indicar marcação de horário, no plural
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
Fique atento ao seguinte: entre números teremos que de = a / da = à, portanto:
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase);
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo:
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada àquele outono.
Por favor, entregue as flores àquela moça que está sentada.
Dedique-se àquilo que lhe faz bem;
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou de:
Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
Referimo-nos à de preto;
� Com o pronome relativo a qual, as quais:
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou de sair.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de férias.
LÍNGUA PORTUGUESA

CASOS PROIBITIVOS

Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor orientação de quando não usar a crase.

� Antes de nomes masculinos


Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o material agrada a todos.” (MM)
O carro é movido a álcool.
Venda a prazo;
� Antes de palavras femininas que não aceitam artigos
Ex.: Iremos a Fortaleza. 123
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Macete de crase:
Se vou a; Volto da = Crase há!
Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza;

� Antes de forma verbal infinitiva


Ex.: Os produtos começaram a chegar.
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar com franqueza, parecem dar a enten-
der que o fazem por exceção de regra.” (MM);
� Antes de expressão de tratamento
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa Excelência;
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando a regência do verbo exigir
preposição
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes;
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos o pacote.
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio;
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhuma, tanta, certa, qualquer, toda, tama-
nha e antes do pronome “uma”
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do contrato.
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação suspeita de fraude.
Eles estavam conservando a certa altura.
Faremos a obra a qualquer custo.
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
Refiro-me a uma pessoa especial.
� Antes de demonstrativos
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa;
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de personalidades históricas
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin;
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
O pacote foi entregue a ti ontem;
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a lado)
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal de justiça;
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância sem determinante
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
Astronauta volta a Terra em dois meses.
Os pesquisadores chegaram a terra depois da expedição marinha.
Vocês o observaram a distância.

CRASE FACULTATIVA

Nestes casos, podemos escrever as palavras das duas formas: utilizando ou não a crase.
Para entender detalhadamente, observe as seguintes dicas:
124
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� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem se tem proximidade
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;
� Antes de pronomes possessivos no singular
Ex.: Iremos a/à sua residência;
� Após preposição até, com ideia de limite
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui
estranho afeto.” (CBr. 1, 67)

CASOS ESPECIAIS

Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.


Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes forem femininos, normalmente a crase
não será utilizada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para evitar ambiguidades.
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto).
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de instrumento).
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto).
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de instrumento).

Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com Nomes de Lugares

z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase


Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, moro em Copacabana, passo por
Copacabana);
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, passo pela Bahia).

Macetes

z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre
a, contra a, com a, à moda de, durante a;
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. Quando o da ocorre paralelo ao à, há
crase;
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder ser substituído por às duas, há crase.
Quando o a uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àquilo quando tais pronomes puderem ser
LÍNGUA PORTUGUESA

substituídos por a este, a esta e a isto;


z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e nomes de cidades quando esses termos esti-
verem acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à distância de 200 metros do pico da
montanha.

A compreensão da crase vai muito além da estética gramatical, pois serve também para
evitar ambiguidades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto,
não exige preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações como “Pintura feita à mão”, já que
“à mão” seria o advérbio de instrumento da ação de pintar. 125
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REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

Quando escolhemos determinadas palavras ou expressões dentro de um conjunto de pos-


sibilidades de uso, estamos levando em conta o contexto que influencia e permite o estabele-
cimento de diferentes relações de sentido.
Essas relações podem se dar por meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia,
polissemia, hiponímia e hiperonímia.

Importante!
Léxico: conjunto de todas as palavras e expressões de um idioma.
Vocabulário: conjunto de palavras e expressões que cada falante seleciona do léxico para
se comunicar.

Sinonímia

São palavras ou expressões que, empregadas em um determinado contexto, têm signifi-


cados semelhantes. É importante entender que a identidade dos sinônimos é ocasional, ou
seja, em alguns contextos uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, o que pode não
acontecer em outras situações.
O uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por exemplo, pode ocorrer de maneira
equivocada se utilizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade de suas significações é
diferente.
O emprego dos sinônimos é um importante recurso para a coesão textual, uma vez que
essa estratégia revela, além do domínio do vocabulário do falante, a capacidade que ele tem
de realizar retomadas coesivas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura do texto.

Antonímia

São palavras ou expressões que, empregadas em um determinado contexto, têm significa-


dos opostos. As relações de antonímia podem ser estabelecidas em gradações (grande/peque-
no; velho/jovem); reciprocidade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é casado/ele é
solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:

126
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Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.

A relação de sentido estabelecida na tirinha é construída a partir dos sentidos opostos das
palavras “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nesse contexto.

Homonímia

Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia ou grafia, porém apresentam signi-
ficados diferentes. É importante estar atento a essas palavras e a seus dois significados.
A seguir, listamos alguns homônimos importantes:

acender (colocar fogo) ascender (subir)


acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
bucho (estômago) buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
LÍNGUA PORTUGUESA

cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)


cerrar (fechar) serrar (cortar)
cervo (veado) servo (criado)
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez)
círio (vela) sírio (natural da Síria)
cito (forma do verbo citar) sito (situado)

127
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concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
coser (costurar) cozer (cozinhar)
esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público)
expectador (aquele que tem esperança, que
espectador (aquele que assiste)
espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
espiar (observar) expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
estático (imóvel) extático (admirado)
esterno (osso do peito) externo (exterior)
estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)

Fonte: Só Português, [s.d.].

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido diferente e forma semelhante, conforme
demonstramos nos exemplos a seguir:

z Absorver/absolver

„ Tentaremos absorver toda esta água com esponjas. (sorver)


„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis de seus pecados (inocentar).

z Aferir/auferir

„ Realizaremos uma prova para aferir seus conhecimentos (avaliar, cotejar).


„ O empresário consegue sempre auferir lucros em seus investimentos (obter).

z Cavaleiro/cavalheiro

„ Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria do rei participaram na batalha (homem


que anda de cavalo).
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„ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre sempre as portas para eu passar (homem
educado e cortês).

z Cumprimento/comprimento

„ O comprimento do tecido que eu comprei é de 3,50 metros (tamanho, grandeza).


„ Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação).

z Delatar/dilatar

„ Um dos alunos da turma delatou o colega que chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).
„ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando seu estômago (alargar, estender).

z Dirigente/diligente

„ O dirigente da empresa não quis prestar declarações sobre o funcionamento da mesma


(pessoa que dirige, gere).
„ Minha funcionária é diligente na realização de suas funções (expedito, aplicado).

z Discriminar/descriminar

„ Ela se sentiu discriminada por não poder entrar naquele clube (diferenciar, segregar).
„ Em muitos países se discute sobre descriminar o uso de algumas drogas (descrimina-
lizar, inocentar).

Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/. Acessado em 17/10/2020.

Polissemia (Plurissignificação)

Multiplicidade de sentidos encontrados em algumas palavras, dependendo do contexto. As


palavras polissêmicas guardam uma relação de sentido entre si, diferenciando-as das pala-
vras homônimas. A polissemia é encontrada no exemplo a seguir:

LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: https://bit.ly/3jynvgs.

Hipônimo e Hiperônimo

Relação estabelecida entre termos que guardam relação de sentido entre si e mantêm uma
ordem gradativa. Exemplo: hiperônimo — veículo; hipônimos — carro, automóvel, moto,
bicicleta, ônibus...
129
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REFERÊNCIAS

ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.
CAVALCANTE, M. M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2013.
HOMÔNIMOS. Só Português, [s.d.]. Disponível em: https://www.soportugues.com.br/
secoes/seman/seman6.php. Acesso em: 26 abr. 2024.
KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 16. ed. Campinas: Pontes, 2016.
KOCH, I. G. V.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed . São
Paulo: Contexto, 2015.
SACCONI, L. A. Nossa Gramática Completa Sacconi – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo:
Nova Geração, 2010.
SCHLITTLER, J. M. M. Recursos de Estilo em Redação Profissional. Campinas: Servanda,
2008.

SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO; REORGANIZAÇÃO DA


ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO; REESCRITA DE TEXTOS DE
DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE

A reescrita de textos é essencial em vários aspectos, como para corrigir erros e escrever
mais claramente. No contexto dos concursos públicos, para responder às questões apresenta-
das, é necessário identificar qual é a opção cuja reescrita mantém o sentido do texto original,
sem que haja mudança de compreensão, baseada na intenção do emissor da mensagem.
A coesão é um dos principais pontos a se observar na produção de um texto e, consequen-
temente, na reescritura, para manter a coesão e a harmonia do texto. Conjunções, advérbios,
preposições e pronomes, principalmente, apresentam aspectos que podem transformar com-
pletamente o sentido de um enunciado. Portanto, eles merecem especial atenção. Além disso,
até mesmo uma vírgula pode mudar o sentido de um enunciado, assim, elas também devem
ser observadas.
As frases reescritas precisam manter a essência do texto base, ou seja, a informação prin-
cipal. É importante observar os tempos verbais empregados e a ordem das palavras também.
Após a reescrita, as frases precisam:

z manter o significado original;


z manter a coesão;
z não expressar opinião que não esteja na frase original;
z respeitar a sequência das ideias apresentadas no texto original.

Há algumas maneiras de reEscrever um texto. Destacaremos aqui o deslocamento dos


enunciados e a substituição de palavras ou trechos.

SUBSTITUIÇÃO

A substituição pode ser realizada por meio de recursos como sinônimos, antônimos, locu-
ção verbal, verbos por substantivos e vice-versa, voz verbal, conectivos, dentre outros.

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Sinônimos

Palavras ou expressões que possuem significados iguais ou semelhantes. Ex.:

z O carro está com algum problema/O automóvel apresentou defeitos.

Antônimos

Palavras que possuem significados diferentes, ou seja, significados opostos que podem ser
usados para substituir a palavra anterior. Ex.:

z O homem estava nervoso e inquieto/O senhor não estava calmo.

Locução Verbal

Ao invés de usar a forma única do verbo, é possível substituir o verbo por uma locução
verbal e vice-versa. Exs.:

z Vou solicitar os documentos amanhã/Solicitarei os documentos amanhã.

Verbo por Substantivo e Vice-versa

Pode-se usar um substantivo correspondente no lugar de um verbo ou vice-versa, desde


que isso faça sentido dentro do contexto. Exs.:

z Caminhar: caminho;
z Resolver: resolução;
z Trabalhar: trabalho;
z Necessitar: necessidade;
z Estudar: estudos;
z Beijar: beijo;
z O trabalho enobrece o homem/Trabalhar enobrece o homem.

Voz Verbal

É possível mudar a voz verbal sem mudar a mensagem do enunciado. Exs.:


LÍNGUA PORTUGUESA

z Eu fiz todo o trabalho/Todo o trabalho foi feito por mim.

Palavra por Locução Correspondente

Pode-se, na reescrita, trocar uma palavra por locução que corresponda a ela, ou vice-ver-
sa. Ex.:

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z O amor materno é singular/O amor de mãe é singular.

Conectivos com Mesmo Valor Semântico

Os conectivos são palavras ou expressões que têm a função de ligar os períodos e pará-
grafos do texto. Os conectores ou conectivos podem ser conjunções ou advérbios/locuções
adverbiais e sempre promovem uma relação entre os termos conectados.
Por meio da substituição de conectivos, é possível modificar e reescrever um trecho sem
que haja mudança de sentido.

Importante!
Identifique a relação que cada conector indica, pois, ao substituir um conector por outro
que não possui relação semântica, pode ocorrer mudança no sentido do texto. Ao usar um
conectivo para substituir outro, é necessário que ambos estabeleçam o mesmo tipo de
relação.

A seguir, relembraremos algumas das principais relações que os conectores expressam:

z Adição: e, também, além disso, mas também;


z Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto;
z Causa: por isso, portanto, certamente;
z Tempo: atualmente, nos dias de hoje, na sociedade atual, depois, antes disso, em seguida,
logo, até que;
z Consequência: logo, consequentemente, por consequência;
z Confirmação/Reafirmação: ou seja, nesse sentido, nessa perspectiva, em suma, em outras
palavras, dessa forma;
z Hipótese/Probabilidade: a menos que, mesmo que, supondo que;
z Semelhança: do mesmo modo, assim como, bem como;
z Finalidade: a fim de, para, para que, com a finalidade de, com o objetivo de;
z Exemplificação: por exemplo, a exemplo de, isto é;
z Ênfase: na verdade, efetivamente, certamente, com efeito;
z Dúvida: talvez, por ventura, provavelmente, possivelmente;
z Conclusão: portanto, logo, enfim, em suma.

Dentro de cada um dos grupos de conjunções acima citados é possível haver substituição
entre as conjunções sem que haja prejuízo no entendimento final do trecho reescrito.

DESLOCAMENTO

Deslocamento é o recurso utilizado para reescrever determinado trecho, que se baseia em


modificar de lugar determinados termos. Ou seja: um termo que estava no início pode ir para
o final do texto e vice-versa.
Podemos citar como exemplo os períodos a seguir:

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z Faleceu, em São Paulo, o jornalista Ricardo Boechat;
z O jornalista Ricardo Boechat faleceu em São Paulo.

Para reescrever frases utilizando o deslocamento, é necessário observar se há mudança de


sentido e se a correção gramatical foi mantida. Do mesmo modo, para analisar uma questão
de reescritura, é necessário observar qual elemento foi deslocado e se esse deslocamento
provocou mudança de sentido ou inadequação gramatical.
É possível deslocar os seguintes termos em uma oração:

Adjunto Adverbial

Ex.: Na semana passada, participei de todas as aulas da faculdade. Participei de todas as


aulas da faculdade na semana passada.
Observando os pontos anteriormente mencionados, é possível perceber que neste caso
não há mudança de sentido, e que a correção gramatical foi mantida, já que o adjunto adver-
bial de tempo no final da oração não precisa de vírgula.

Adjetivo

Ex.: Meu novo namorado trabalha com vendas;


Meu namorado novo trabalha com vendas.
Na frase original, o adjetivo “novo” está antes do substantivo, e na segunda frase, aparece
depois. No entanto, é possível perceber que não há mudança de sentido e que a correção gra-
matical foi mantida, já que essa mudança não implica necessidade de vírgula nem provoca
erro gramatical.

Pronome Indefinido

Ex.: Não quero que alguma situação tire nossa paz;


Não quero que situação alguma tire nossa paz.
Neste caso, não há mudança de sentido e a correção gramatical foi mantida, pois essa
mudança não implica necessidade de vírgula nem provoca erro gramatical.
Observe o quadro a seguir para sanar suas dúvidas sobre as diferenças entre os recursos:

DIFERENÇAS ENTRE OS RECURSOS


Deslocamento Substituição
LÍNGUA PORTUGUESA

Muda um termo de lugar dentro do próprio Substitui determinado termo do trecho,


enunciado mantendo o mesmo sentido
Antes Antes
Ex.: Dessa forma, todos poderemos ir juntos Ex.: Dessa forma, todos poderemos ir juntos
ao local do evento ao local do evento
Depois Depois
Ex.: Todos poderemos, dessa forma, ir juntos ao Ex.: Assim, todos poderemos ir juntos ao local
local do evento do evento

133
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Este tema da reescrita de textos pode ser aplicado tanto a questões de concursos quanto à
produção de redações e textos diversos.
Nas questões, é necessário analisar as opções dadas para encontrar aquela na qual a escri-
ta esteja gramaticalmente correta e o sentido original do texto esteja presente, sem mudan-
ças na compreensão.
Já nas redações, a reescrita é essencial para corrigir erros e escrever de forma mais clara.
Ela auxilia, também, para poder utilizar o texto-base como subsídio para a escrita, fazendo
modificações de alguns trechos e adaptando-os para a sua escrita.

NÍVEIS DE LINGUAGEM E VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela pode ser considerada um conjunto de
dialetos. Alguém já disse que em país algum se fala uma língua só, há várias línguas dentro
da língua oficial. E no Brasil não é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem a sua.
A essa característica da língua damos o nome de variação linguística. De forma sintética,
podemos dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão formal e padrão informal; cada
um desses tipos apresenta suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos:

Padrão Formal

z Norma Culta

A norma culta da língua portuguesa é estabelecida pelos padrões definidos conforme a


classe social mais abastada, detentora de poder político e cultural. As pessoas cujo padrão
social lhe permite gozar de privilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, as regras
da língua, direcionando o que é considerado permitido e aquilo que não é.

z Norma-Padrão

A norma padrão diz respeito às regras organizadas nas gramáticas, estabelecendo um conjunto
de regras e preceitos que devem ser respeitados na utilização da língua. Essa norma apresenta um
caráter mais abstrato, tendo em vista que também considera fatores sociais, como a norma culta.

z Língua Formal

A língua formal não está, diretamente, associada a padrões sociais; embora saibamos que
a influência social exerce grande poder na língua, a língua formal busca formalizar em regras
e padrões as suas normas a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre a linguagem.

Padrão Informal

z Coloquialismo

Diz respeito a qualquer traço de linguagem (fonético, lexical, morfológico, sintático ou


semântico) que apresenta formas informais no falar e/ou escrever.
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z Oralidade

A oralidade marca as maneiras informais de se comunicar. Tais formas não são reconhe-
cidas pela norma formal, e, por isso, são chamadas de registros orais ou coloquiais, embora
nem sempre sejam realizados apenas pela linguagem oral.

z Linguagem Coloquial

A linguagem coloquial marca formas fora do padrão estabelecido pela gramática. Como
sabemos, existem alguns tipos de variação linguística; dentre elas, as mais comuns em provas
de concurso são:

„ Variação Diatópica ou Geográfica

A variação diatópica pode ocorrer com sons diferentes. Quando isso acontece, dizemos
que ocorreu uma variação diatópica fonética, já que fonética significa aquilo que diz res-
peito aos sons da fala. Temos também o exemplo das variações que ocorrem em diversas
partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens chamam de penal o estojo escolar para guardar
canetas e lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro para representar um carinho
feito em alguém. O que em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira, no Norte e no
Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa variação denominamos diatópica lexical, já que
lexical significa algo relativo ao vocabulário.

„ Variação Diastrática ou Sociocultural

A variação diastrática, como também ocorre com a diatópica, pode ser fonética, lexical
e sintática, dependendo do que seja modificado pelo falar do indivíduo: falar adevogado,
pineu, bicicreta, é exemplo de variação diastrática fonética. Usar “presunto” no lugar de
corpo de pessoa assassinada é variação diastrática lexical. E falar “Houveram menas per-
cas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação diastrática sintática.

„ Variação Diafásica ou Estilística

A variação diafásica, como ocorreu com a diatópica e com a diastrática, pode ser também
fonética, lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não por morar em determinado
lugar nem porque todos de sua camada social usem, é usar a variação diafásica fonética.
LÍNGUA PORTUGUESA

Um padre, em um momento de descontração, brincando com alguém, dizer “presunto” para


representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a variação diafásica lexical. E, finalmen-
te, um advogado dizer “Encontrei ele”, também em momento de descontração, no lugar de
“Encontrei-o” é usar a variação diafásica sintática.

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VARIAÇÃO DIAFÁSICA
Diafásica Mudança no som, como veio (pronúncia com E aberto) e more (pronúncia com E
fonética fechado, assemelhando-se quase a pronúncia de i)
Diafásica Ocorre em contextos de informalidade, em que há mais liberdade para usar gírias
lexical e expressões lexicais diferentes
Diafásica Ocorre com a alteração dos elementos sintáticos, ocasionando erros
sintática

„ Variação Diacrônica

Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido estabelecido em algumas palavras ao longo
dos anos. Podemos citar alguns exemplos comuns, como as palavras Pharmácia – Farmácia;
Vossa Mercê – Você. Além dessas, a variação diacrônica também marca a presença de gírias
comuns em determinadas épocas, como broto, chocante, carango etc.

HORA DE PRATICAR!
1 (CEBRASPE-CESPE — 2024) Leia o texto para responder à questão.

Dizer que o petróleo é um elemento de influência nas relações geopolíticas contemporâneas é


repetir o óbvio. Desde que ele se tornou a matriz energética básica da sociedade industrial e o
elemento fundamental para o funcionamento da economia moderna, ter ou controlar as fontes
de petróleo e as rotas por onde ele é transportado representa questão de vida ou morte para as
sociedades contemporâneas.
Quando pensamos na geopolítica do petróleo neste início do século XXI, o primeiro fato que nos
vem à mente são os conflitos do Oriente Médio, como a guerra Irã-Iraque e a guerra do Golfo em
1990-1991. Reduzir esses conflitos ao elemento “petróleo” seria um erro, pois questões outras
estavam e estão envolvidas. Contudo, não se deve esquecer que aí estão as maiores reservas
petrolíferas do mundo.
No entanto, se examinarmos com alguma atenção as notícias do dia a dia, veremos como o pro-
blema do petróleo dentro da geopolítica contemporânea não é algo que afeta apenas os países
do Oriente Médio. A busca pelo “ouro negro” está tendo impacto em outras regiões do mundo.
Em nível menor, países como o Brasil têm enfrentado os mesmos problemas das maiores potên-
cias no que se refere a suprir suas necessidades energéticas, e isso tende apenas a piorar. Aqui
cabe uma reflexão sobre os efeitos geopolíticos da futura mudança da matriz energética global.
Mesmo sendo algo pouco provável em curto e médio prazo, o próprio esgotamento do petró-
leo vai obrigar a economia global a convocar outras fontes de energia, como a nuclear ou as
células de hidrogênio. As alterações na sociedade global que tal mudança provocará serão, evi-
dentemente, imensas, mas ninguém parece ainda ter refletido a contento sobre seus impactos
geopolíticos.

João Fábio Bertonha. Notas sobre a geopolítica do petróleo no século XXI. In: Boletim de Análise de Conjuntura
em Relações Internacionais, n.º 58, p. 9-10, 2005 (com adaptações)

Acerca dos sentidos e de aspectos linguísticos do texto, julgue o item a seguir.


136
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No terceiro parágrafo, a expressão “dia a dia” poderia ser grafada como dia-a-dia, sem prejuízo
da correção do texto, pois as duas formas são admitidas pela ortografia oficial em vigor.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Leia o texto para responder à questão.

A discussão sobre um gênero neutro na linguagem deriva do uso do gênero gramatical masculi-
no para denotar homens e mulheres (Todos nessa sala de aula devem entregar o trabalho.) e do
feminino específico (Clarice Lispector é incluída pela crítica especializada entre os principais
autores brasileiros do século 20.).
Na gramática, o uso do masculino genérico é visto como gênero não marcado, ou seja, usá-lo
não dá a entender que todos os sujeitos sejam homens ou mulheres — ele é inespecífico. Por ser
algo cotidiano, é difícil pensar nas implicações políticas de empregar o masculino genérico, mas
o tema foi amplamente discutido por especialistas como uma forma de marcar a hierarquização
de gêneros na sociedade, priorizando o homem e invisibilizando a mulher. O masculino genérico
é chamado, inclusive, de falso neutro.
Entretanto, essa abordagem não é unânime no campo da linguística. Para muitos estudiosos, a
interpretação sexista do masculino genérico ignora as origens latinas da língua portuguesa.
No latim havia três designações: feminina, masculina e neutra. As formas neutras de adjetivos e
substantivos no latim acabaram absorvidas por palavras de gênero masculino. A única marca-
ção de gênero no português é o feminino. O neutro estaria, portanto, junto ao masculino.
O Brasil não é o único país onde a linguagem neutra é discutida. Alguns setores acadêmicos, ins-
tituições de ensino e ativistas estadunidenses já consideram usar pronome neutro para se referir
a todos, em vez de recorrer à demarcação de gênero binário.
Especialistas avaliam que a modificação gramatical em línguas latinas pode ser muito mais com-
plexa e custosa do que no inglês ou no alemão, em que já está em uso o gênero neutro, porque
as línguas anglo-saxônicas em si já oferecem essa opção.
Segundo especialistas, esse tipo de inovação é mais fácil de ocorrer no inglês, em que, com exce-
ção daquelas palavras herdadas do latim, como actor (ator) e actress (atriz), a flexão de gênero
não altera os substantivos e adjetivos. No caso do português, essa transformação não depende
apenas da alteração de um pronome, porque a flexão de gênero afeta todo o sintagma nominal.
Assim, a flexão de gênero é demarcada pela vogal temática a ou o (como em pesquisadoras
brasileiras) e(ou) por meio do artigo a ou o (como em a intérprete).
Mesmo com os desafios morfológicos, linguistas afirmam que não é impossível pensar em pro-
posições mais inclusivas, e que isso não necessariamente significa que haja uma tentativa de
LÍNGUA PORTUGUESA

destruição do português. Segundo explicam esses especialistas, a história de uma língua sem-
pre conta muito sobre a história de seus falantes, de modo que as coisas que falamos hoje em
dia não brotaram da terra nem vieram prontas, mas dependem da nossa história como humani-
dade. Nesse sentido, as propostas já existentes seriam os primeiros passos nesse movimento, e
não uma forma final a ser imposta a todos os falantes.

Internet: <https://tab.uol.com.br> (com adaptações)

Acerca de aspectos linguísticos do texto, julgue o item que se segue.

137
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As palavras “já” e “está” (sexto parágrafo) são acentuadas graficamente de acordo com a mesma
regra de acentuação gráfica.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Leia o texto para responder à questão.

As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes quanto ao que podem expressar,
e o fazem com igual facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto,
dois fatores dificultam a aplicação de algumas línguas a certos assuntos: um, objetivo, a defi-
ciência de vocabulário; outro, subjetivo, a existência de preconceitos.
É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua dos méritos (culturais, científi-
cos ou literários) daquilo que ela serve para expressar. Por exemplo, se a literatura francesa é
particularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa seja superior às outras
línguas para a expressão literária. O desenvolvimento de uma literatura é decorrência de fatores
históricos independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos
méritos da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imaginária vantagem literária de se
utilizar o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto
foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau
de adiantamento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo.
Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos científicos da contemporaneidade são as
instituições e os pesquisadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica interna-
cional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a supremacia científica norte-americana
se tivessem verificado, por exemplo, na Holanda, o holandês nos estaria servindo exatamente
tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estruturais intrínsecos que o façam
superior ao holandês como língua adequada à expressão de conceitos científicos.
Não se conhece caso em que o desenvolvimento da superioridade literária ou científica de um
povo possa ser claramente atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes
literaturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes nações (as mais ricas, as
mais livres de restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais poderosas política e
militarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se
dá mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são também produtos da riqueza e da
estabilidade de uma sociedade.
O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de não desenvolverem vocabulário técnico
e científico suficiente para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem chegar a ser mui-
to grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem
de assuntos científicos e técnicos.

Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações)

A respeito dos aspectos gramaticais do texto, julgue o item a seguir.


A palavra “decorrência” é formada pelo processo de derivação sufixal, a partir do verbo decorrer
e do sufixo –ência.

( ) CERTO ( ) ERRADO
138
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4. (CEBRASPE-CESPE — 2021) O fenômeno conhecido como judicialização da saúde é multifa-
cetado. Por um lado, as ações judiciais comprometem uma parcela significativa do orçamento
para atender demandas específicas de alguns pacientes; por outro, podem significar o único
caminho para salvar ou prolongar a vida de pacientes, especialmente de pessoas com doenças
raras ou crônicas, como diabetes e câncer, que dependem de medicamentos de alto custo. Há
também o uso desse recurso extremo para medicamentos equivalentes aos disponíveis no sis-
tema público de saúde e, até mesmo, para a compra de produtos como fraldas ou água de coco
— sempre com receita médica.
A preocupação com o impacto da judicialização nos municípios é justificável. Há casos em que
uma única ação pode comprometer todo o orçamento da saúde de uma cidade de pequeno por-
te. Algumas iniciativas buscam contornar esse obstáculo por meio de arranjos institucionais.
Um dos exemplos mais lembrados é o de Santa Catarina. Em 1997, municípios do entorno da
cidade de Lages, a 200 quilômetros de Florianópolis, uniram-se para encontrar melhores formas
de administrar os recursos para a saúde, frequentemente afetados pela judicialização. Os prefei-
tos e gestores dos municípios perceberam que, isoladamente, era mais complicado enfrentar as
decisões judiciais. Por meio do consórcio intermunicipal, criou-se um padrão comum de atuação,
que evitou sobreposições de pedidos e racionalizou gastos e investimentos.

Bruno De Pierro. Demandas crescentes. In: Revista Pesquisa FAPESP, 18 (252), fev. 2017, p. 18-22 (com
adaptações)

Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item


que se segue.
No trecho “A preocupação com o impacto da judicialização nos municípios é justificável”, o adje-
tivo “justificável” tem o mesmo sentido da expressão passível de justificativa.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (CEBRASPE-CESPE — 2023) Leia o texto para responder à questão.

O ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as inovações tecnológicas decorrentes da


aplicação da inteligência artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se vivencia
uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA no cotidiano, como também se observa a
existência de robôs com sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos quais os algo-
ritmos passam a decidir autonomamente, superando a programação original. Nesse contexto,
um dos grandes desafios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteligência artificial é a
questão da responsabilidade civil advinda de danos decorrentes de robôs inteligentes, uma vez
LÍNGUA PORTUGUESA

que os sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa centralidade da culpa na
responsabilidade civil se encontra desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial.
Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de IA passam a decidir de forma diversa da
programada, há uma dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro humano e aque-
les que derivaram de uma escolha equivocada realizada pelo próprio sistema ao agir de forma
autônoma. O comportamento emergente da máquina, em função do processo de aprendizado
profundo, sem receber qualquer controle da parte de um agente humano, torna difícil indicar
quem seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo decisório decorreu de um aprendi-
zado automático que culminou com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há
139
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evidentes situações em que se pode vislumbrar a existência de culpa do operador do sistema,
como naquelas em que não foram realizadas atualizações de software ou, até mesmo, de quebra
de deveres objetivos de cuidado, como falhas que permitem que hackers interfiram no sistema.
Entretanto, excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura necessário para a res-
ponsabilização com base na culpa.

B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de inteligência artificial e responsabilidade civil:


uma análise da proposta europeia acerca da atribuição de personalidade civil. In: Revista Brasileira de Direitos
Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020, p. 93-4 (com adaptações)

Com relação a formas verbais empregadas no texto, julgue o item subsequente.


No parágrafo, o tempo verbal em “seria” indica que se trata de um acontecimento que se deu no
passado posteriormente a outro também ocorrido no passado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (CEBRASPE-CESPE — 2023) A expectativa de vida da população brasileira ao nascer subiu


no ano de 2021, segundo dados da Tábua Completa de Mortalidade de 2021 divulgados em
novembro do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados,
publicados no Diário Oficial da União, mostram que o número subiu de 76,8 para 77 anos na
comparação com 2020. Anualmente, o IBGE divulga esses números para o total da população
brasileira, com data de referência em 1.º de julho do ano anterior e para todas as idades, confor-
me prevê o artigo 2.º do Decreto n.º 3.266/1999.
As informações sobre a expectativa de vida da população são usadas para a tomada de decisão
em várias políticas públicas. Esse dado é utilizado, por exemplo, para determinar o fator previ-
denciário no cálculo das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social. Na divulgação
dos números de 2020, o IBGE informou que as mortes decorrentes da pandemia de covid-19
não foram incluídas no levantamento e que essas informações só devem ser incorporadas na
divulgação de 2023, referente ao ano de 2022. Mesmo assim, a inclusão seria apenas em caráter
preliminar. Portanto, a divulgação seguiu a mesma metodologia do ano anterior, sem o impacto
da pandemia.
“É bem provável que em 2023 a gente tenha uma Tábua preliminar (corrigida pela covid-19) para
o Brasil; para as unidades da Federação, são necessários os dados do Ministério da Saúde, que
demoram um pouco mais”, explicou a demógrafa Izabel Guimarães Marri, gerente de população
do IBGE na ocasião. “Em 2024, a gente vai ter a Tábua (referente a 2023) com todos os ajustes e
estudos por unidades da Federação”, previu.

Internet: <noticias.uol.com.br> (com adaptações).

Julgue o item, relativo às ideias e a aspectos linguísticos do texto precedente.


No primeiro período do último parágrafo, o vocábulo ‘bem’ intensifica o sentido do termo ‘provável’.

( ) CERTO ( ) ERRADO

140
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7. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais perigosas
do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicídios: 2.262 em um ano, média de 188 por mês.
Mas esse cenário mudou, e a cidade apresentou uma das maiores reduções de crimes registra-
das nos EUA.
Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorque ficou conhecida como “janelas que-
bradas” e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo, para impedir uma
espiral de violência que levasse a crimes mais graves.
Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela quebrada” foi superestimado. O mais
importante, dizem, foi identificar focos de criminalidade para concentrar, ali, ação preventiva. Foi
possível assinalar áreas pequenas onde criminosos mais atuavam, onde se sabia que crimes iam
ocorrer.
O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham presença visível e constante da polí-
cia. As patrulhas preventivas — e em grande número — em focos de crime foi essencial para redu-
zir a violência. “O crime é mais situacional do que se pensa, inclusive homicídios. Com a patrulha
policial, pessoas que iam cometer crimes simplesmente foram fazer outra coisa”, afirma outro
especialista, Frank Zimring.
Outra medida que teve papel importantíssimo foi a implementação de cortes (tribunais), nos anos
90, para tratar de crimes menores, mediar conflitos comunitários e casos de violência doméstica
e para lidar com usuários de drogas. A ideia é evitar que esses conflitos evoluam e aumentar a
confiança dos cidadãos no sistema judiciário e político.

Internet: <www.bbc.com > (com adaptações).

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próxi-
mos itens.
No trecho “e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo”, o “a”, em ambas
as ocorrências, classifica-se como preposição e seu emprego deve-se à presença da palavra
“combate”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (CEBRASPE-CESPE — 2023) Leia o texto para responder à questão.

Um contraste não menos nítido que o da oposição dos sexos é o fornecido pela oposição das
classes em determinada sociedade, a qual tende a se revelar por meio de certos sinais exteriores
como a vestimenta, as maneiras, a linguagem, chegando mesmo a refletir-se no modo pelo qual
as pessoas se distribuem no espaço geográfico.
LÍNGUA PORTUGUESA

É assim que podemos, por assim dizer, visualizar as sutis diferenças que separam os seres entre
si, pois elas aqui e ali se petrificam, as diversas áreas residenciais urbanas simbolizando as diver-
sas classes sociais, os indivíduos espalhando-se pelos bairros de uma cidade de acordo com os
grupos a que pertencem, como se procurassem, através de uma unidade local, reforçar a identi-
dade de usos e costumes, de hábitos e mentalidade. Como se, numa existência de aproximação
constante e frequente confusão de seres de estratos diversos a que a vida urbana nos obriga,
fosse necessário, para preservar uma demarcação social existente, mas ameaçada, reforçar a
todo momento uma realidade imponderável, cuja exteriorização conferisse a cada um uma segu-
rança maior.
141
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No entanto, à maneira de uma radiografia que nos revela, na sua nitidez, detalhes imperceptíveis
ao olho nu, mas que, sendo estática, não retém a vida, o palpitar do coração, o fluir constante
do sangue nas artérias, enfim, os fenômenos fisiológicos que se produzem no interior do nosso
corpo, os esquemas da sociedade também não nos fazem suspeitar a luta surda e subterrânea
dos grupos, a ininterrupta substituição dos indivíduos num arcabouço mais ou menos fixo.
Pois a separação de classes não é rígida como a que existe entre as castas. A classe é aberta e
percorrida por um movimento contínuo de ascensão e descida, o qual afeta constantemente a
sua estrutura, colocando os indivíduos de maneira diversa, uns em relação aos outros. A socie-
dade do século XIX, ao contrário daquela que a precedeu, não opõe mais, nem mesmo entre a
burguesia e a nobreza, barreiras intransponíveis, preservadas pelo próprio Estado por meio das
leis suntuárias ou das questões de precedência e de nível.
Essa possibilidade nova de comunicação entre os grupos substitui a antiga fixidez, ou melhor, a
fixidez relativa da estrutura social, por uma constante mobilidade, fazendo com que a sociedade
se assemelhe, na admirável comparação de Proust, “aos caleidoscópios que giram de tempos
em tempos, colocando sucessivamente de maneira diversa elementos que acreditávamos imó-
veis, e compondo uma outra figura”.

Gilda de Melo e Sousa. O espírito das roupas: a moda no século XIX. São Paulo/Rio de Janeiro: Cia das Letras/
Ouro Sobre Azul, 2019, p. 111-112. (com adaptações)

Em relação a aspectos da organização do texto, julgue o item que se segue.


No último parágrafo, a expressão “fixidez relativa” tem a função textual de reiterar o alcance
semântico da expressão “antiga fixidez”

( ) CERTO ( ) ERRADO

9. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Leia o texto para responder à questão.

Em 2015, pesquisadores argentinos anunciaram a descoberta dos fósseis da maior criatura da


Terra. Eles estimaram que o dinossauro tivesse 40 metros de comprimento e 20 metros de altu-
ra (quando esticava o pescoço). Com 77 toneladas, teria sido tão pesado quanto 14 elefantes
africanos e teria tido sete toneladas a mais do que o recordista anterior, o argentinossauro, tam-
bém localizado na Patagônia. Um mês após o anúncio dos argentinos, paleontólogos brasileiros
apresentaram um fóssil resgatado em Presidente Prudente (SP), que afirmaram ser do maior
dinossauro do país. O Austroposeidon magnificus, como o chamaram, tinha 25 metros de com-
primento e viveu há 70 milhões de anos, segundo os estudiosos. E o Planalto Central abrigou
gigantes como esses? Embora escavações nunca tenham sido feitas no Distrito Federal e no
Entorno até então, especialistas detectaram indícios de esqueletos de animais extintos e de ins-
trumentos usados por homens das cavernas na região.
O ser humano não conviveu com os dinossauros em nenhuma parte do mundo. Os dinossauros
foram extintos há milhões de anos, antes do surgimento da humanidade. Mas o primeiro registro
da presença humana no Planalto Central coincide com a fase de extinção dos primeiros animais
que habitaram a região, bichos grandes e ferozes, como o tigre-dentes-de-sabre. Os homens da
caverna também tinham a companhia de outros animais enormes, como o megatério, uma espé-
cie de preguiça, e o gliptodonte, um tatu gigante de até um metro de altura. Por uma faixa de terra

142
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onde hoje é a América Central, animais do norte chegaram ao sul. Entre eles, o mastodonte, os
cães-urso e os ancestrais dos cavalos, todos antigos moradores do cerrado.
Apesar da longa coexistência, não há nenhuma evidência confiável de que o homem tenha caça-
do os animais gigantes de forma sistemática no território nacional ou mesmo na América do Sul,
ao contrário do que ocorreu na América do Norte, onde mamutes e mastodontes eram presas
constantes das populações humanas. O desaparecimento da megafauna no território nacional
provavelmente não teve relação direta com a chegada do serhumano, como algumas hipóte-
ses para essa extinção sugerem. Os pesquisadores Mark Hubbe e Alex Hubbe acreditam que a
extinção dos animais tenha sido desencadeada por uma mudança climática. Na teoria deles, as
espécies da megafauna teriam se extinguido gradualmente a partir da última grande glaciação,
no fim do período chamado Pleistoceno (há aproximadamente 12 mil anos). Os maiores não
teriam vivido além de dez mil anos atrás, e os menores teriam avançado um pouco além da nova
era, até quatro mil anos atrás.

Internet: <www.correiobraziliense.com.br> (com adaptações)

Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item que se segue.
No quarto período do último parágrafo, o isolamento do advérbio “gradualmente” entre vírgulas
seria gramaticalmente correto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (CEBRASPE-CESPE — 2023) Leia o texto para responder à questão.

O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos matriculados em cursos de formação
de professores, mas com um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para especialis-
tas, isso mostra que a docência se torna opção pela facilidade em ingressar no ensino superior,
pelas baixas mensalidades e pela alternativa de cursos a distância — não pela vocação.
Estudos internacionais mostram que um bom professor é um dos fatores que mais influenciam
na aprendizagem. Os dados são de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimen-
to (BID), que traçou o perfil de quem estuda para ser professor na América Latina e no Caribe.
Enquanto, no Brasil, 20% dos universitários estão em cursos como licenciatura e pedagogia, na
América Latina são 10% e, em países desenvolvidos, 8%.
Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem querer ser professores quando estão no
ensino médio. E, apesar da grande quantidade de alunos matriculada em cursos de licenciatura e
pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecionar disciplinas específicas em áreas de ciências
exatas e da natureza.
LÍNGUA PORTUGUESA

Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela profissão e só 7% ingressam, de fato,
na universidade, porque há muita concorrência e maior seleção. No Chile e no México, os dois
índices são mais próximos: cerca de 7% se interessam pelo magistério e menos de 15% cursam
pedagogia ou licenciatura.
“Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em programas de formação de professores
para conseguir um título”, diz o economista chefe da divisão de educação no BID, Gregory Elac-
qua. Ele afirma que isso não é bom para a educação.
“A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na frente vão enfrentar o desafio de educar
crianças vulneráveis também”, diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, que atua
143
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na área de formação de professores, Mariana Breim. “Se é este público que está procurando a
docência, temos de abraçá-lo e fazê-lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados mostram que
71% dos estudantes de pedagogia e licenciatura no Brasil são mulheres, índice semelhante ao
verificado em outros países latinos.

Internet: <noticias.uol.com.br> (com adaptações)

Julgue o item seguinte, relativo à classificação gramatical de palavras, à pontuação e à sintaxe


de concordância e regência no texto.
No trecho ‘A gente atrai as pessoas mais vulneráveis’ (primeiro período do último parágrafo), a
colocação do acento indicativo de crase no vocábulo ‘as’ manteria tanto a correção gramatical
quanto a coerência do texto, dada a possibilidade de emprego do verbo atrair, no contexto em
questão, quer como transitivo direto, quer como transitivo indireto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11. (CEBRASPE-CESPE — 2024) Quando falamos em direito, estamos falando inicialmente de um


enorme conjunto de regras obrigatórias, o chamado direito positivo. Mas o vocábulo direito é
usado também para os estudos, o curso de direito, a assim chamada “ciência do direito”. Numa
terceira acepção, a palavra designa os direitos de cada um de nós, chamados de direitos subje-
tivos, pois somos os sujeitos, os titulares, desses direitos.
Ninguém ignora que paira sobre nossas cabeças uma gigantesca teia de normas, que atinge
praticamente todas as nossas atividades. Muitos pensadores têm destacado que o direito atual
parece ter invadido tudo: há direito em toda parte, para todos, para tudo. A contrapartida é que,
assim como temos de seguir as normas, os outros também têm de obedecer a elas e, desse
modo, respeitar os direitos de cada um de nós, os ditos direitos subjetivos.
Vivemos num tempo em que as questões legais se tornaram corriqueiras. Apesar dessa popula-
rização, ainda existe uma enorme dificuldade de acesso às coisas do direito. Ao mesmo tempo,
os mecanismos da justiça são cada vez mais acionados, até para resolver quem fica com o
cachorro depois da separação, ou se o condomínio pode impedir seus moradores de ter animais.
A sobrecarga dos tribunais, e sua lentidão, é parcialmente consequência desse excesso de liti-
giosidade e da incapacidade das pessoas de resolver com bom senso, compreensão e respeito
as questões de convivência em sociedade.

Eduardo Muylaert. Direito no cotidiano: guia de sobrevivência na selva das leis. São Paulo: Editora Contexto,
2020, p. 11-13 (com adaptações)

Acerca dos sentidos e de aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item a seguir.
No segundo período do terceiro parágrafo, o emprego do sinal indicativo de crase no trecho “ain-
da existe uma enorme dificuldade de acesso às coisas do direito” é obrigatório.

( ) CERTO ( ) ERRADO

144
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12. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Leia o texto para responder à questão.

Não estamos opondo máquinas a ecologia, como se as máquinas fossem aquelas coisas que só
servem para violentar a Mãe Natureza e violar a harmonia entre o ser humano e a natureza ― uma
imagem atribuída à tecnologia desde o fim do século XVIII. Também não estamos seguindo a hipó-
tese de Gaia de que a Terra é um único superorganismo ou uma coletividade de organismos. Em
vez disso, gostaria de propor uma reflexão sobre a ecologia das máquinas. Para dar início a essa
ecologia das máquinas, precisamos primeiro voltar ao conceito de ecologia. Seu fundamento está
na diversidade, já que é apenas com biodiversidade (ou multiespécies que incluam todas as formas
de organismos, até mesmo bactérias) que os sistemas ecológicos podem ser conceitualizados.
A fim de discutir uma ecologia de máquinas, precisaremos de uma noção diferente e em paralelo
com a de biodiversidade ― uma noção a que chamamos tecnodiversidade. A biodiversidade é o
correlato da tecnodiversidade, uma vez que sem esta só testemunharemos o desaparecimento de
espécies diante de uma racionalidade homogênea. Tomemos como exemplo os pesticidas, que
são feitos para matar certa espécie de insetos independentemente de sua localização geográfica,
precisamente porque são baseados em análises químicas e biológicas. Sabemos, no entanto, que
o uso de um mesmo pesticida pode levar a diversas consequências desastrosas em biomas dife-
rentes. Antes da invenção dessas substâncias, empregavam-se diferentes técnicas para combater
os insetos que ameaçavam as colheitas dos produtos agrícolas ― recursos naturais encontrados
na região, por exemplo. Ou seja, havia uma tecnodiversidade antes do emprego de pesticidas como
solução universal. Os pesticidas aparentam ser mais eficientes a curto prazo, mas hoje é fato bas-
tante consolidado que estávamos o tempo todo olhando para os nossos pés quando pensávamos
em um futuro longínquo. Podemos dizer que a tecnodiversidade é, em essência, uma questão de
localidade. Localidade não significa necessariamente etnocentrismo ou nacionalismo, mas é aqui-
lo que nos força a repensar o processo de modernização e de globalização e que nos permite refle-
tir sobre a possibilidade de reposicionar as tecnologias modernas.

Yuk Hui. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu Editora, 2020, p. 122-123 (com adaptações).

Ainda com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item a seguir.
No trecho “Localidade não significa necessariamente etnocentrismo ou nacionalismo, mas é
aquilo que nos força a repensar o processo de modernização”, a forma verbal “é” concorda com
o termo “Localidade”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

13. (CEBRASPE-CESPE — 2023) Leia o texto para responder à questão.


LÍNGUA PORTUGUESA

Em 1898, Nikola Tesla impressionou quem assistiu à sua apresentação na Feira Electrical Exhibition,
que aconteceu no (então recém-inaugurado) Madison Square Garden, em Nova York.
Em uma piscina, o cientista colocou um barco em miniatura — que, de repente, começou a se mover
sozinho. A plateia, boquiaberta, logo o indagou sobre o feito. Tesla disse que havia equipado o barco
com um “sistema inteligente”, capaz de responder, inclusive, a comandos de direção.
As pessoas, então, gritaram para que a miniatura navegasse para frente, para o lado, para trás… E
o barquinho obedeceu, como se estivesse “ouvindo” as ordens. Mentira. Tesla estava comandando
tudo à distância. Cortesia de sua invenção: o primeiro sistema de controle remoto via ondas de rádio. 145
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Hoje, claro, ninguém cairia no truque do barquinho. Mas, naquela época, quase ninguém conhe-
cia as propriedades da radiotransmissão — a primeira transmissão transatlântica, feita pelo ita-
liano Guglielmo Marconi, havia acontecido apenas um ano antes, em 1897. Tesla, assim como
Marconi, foi um dos precursores desse campo de estudo, que revolucionou o modo como nos
comunicamos.

Rafael Battaglia. Internet: <https://super.abril.com.br/cultura> (com adaptações).

Julgue o item que se segue, em relação a estruturas linguísticas do texto.


O segmento “o cientista” (primeiro período do segundo parágrafo) retoma, por coesão, o termo
“Nikola Tesla” (primeiro período do primeiro parágrafo).

( ) CERTO ( ) ERRADO

14. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Leia o texto para responder à questão.

A pandemia transformou a rotina de diversas pessoas ao redor do mundo, principalmente em relação


à sustentabilidade.
Dentro de casa, aumentou a percepção quanto à importância de modelos de consumo mais cons-
cientes e responsáveis, como a escolha de produtos mais duráveis e menos geradores de resíduos.
No entanto, a transformação mais significativa, que deveria vir das empresas, ainda é relativamente
tímida.
De acordo com Mariana Schuchovski, professora de Sustentabilidade do ISAE Escola de Negócios, a
disseminação do vírus é resultado do atual modelo de desenvolvimento, que fomenta o uso irracional
de recursos naturais e a destruição de hábitats, como florestas e outras áreas, o que faz que animais,
forçados a mudar seus hábitos de vida, contraiam e transmitam doenças que não existiriam em situa-
ções normais. “Situações de desequilíbrio ambiental, causadas principalmente por desmatamento e
mudanças de clima, aumentam ainda mais a probabilidade de que zoonoses, ou seja, doenças de
origem animal, nos atinjam e alcancem o patamar de epidemias e pandemias”, explica a professora.
A especialista aponta que todos nós, indivíduos, sociedade e empresas, precisamos entender os
impactos desta pandemia no meio ambiente e na sustentabilidade bem como refletir sobre eles e,
principalmente, sobre a sua relação inversa: o impacto da (in)sustentabilidade dos nossos modelos
de produção e consumo como causador desta pandemia. “Toda escolha que fazemos pode ser para
apoiar ou não a sustentabilidade”, diz Mariana. Por outro lado, para que possamos fazer melhores
escolhas e praticar o verdadeiro consumo consciente, é necessário que, em primeiro lugar, as empre-
sas realizem a produção consciente, assumindo sua verdadeira responsabilidade pelos impactos que
causam.

Internet: <www.ecodebate.com.br> (com adaptações)

Com base nas ideias do texto, julgue o item que se segue.


O texto associa a escolha de produtos mais duráveis e menos geradores de resíduos a um mode-
lo de consumo mais consciente e responsável.

( ) CERTO ( ) ERRADO

146
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15. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A PETROBRAS responde por cerca de 80% dos combustíveis ofer-
tados no Brasil. Para isso, muito foi investido em infraestrutura, com operações que consomem
quase 100 bilhões de reais ao ano, conforme dados de 2021.
O caminho do petróleo do poço até virar combustível no carro das pessoas é longo e complexo.
Começa na procura: acertar onde furar e encontrar petróleo exige conhecimento técnico de geó-
logos e geofísicos e bastante investimento. E, mesmo com um time de experts do mais alto nível,
achar petróleo não é certo.
Transportar o petróleo do mar até as refinarias é também uma tarefa complexa, para a qual são
utilizados dutos e navios. Em terra, ele é tratado em refinarias, que separam desse óleo as fra-
ções de gasolina, diesel e gás de cozinha, entre outros derivados. Os produtos são então dispo-
nibilizados às diversas distribuidoras que hoje atendem o mercado brasileiro, responsáveis por
fazer chegar cada um deles aos consumidores finais.

Internet: <duvidasgasolina.petrobras.com.br> (com adaptações)

Considerando as ideias, os sentidos e aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item


subsequente.
Infere-se do texto que achar petróleo não é uma certeza porque os erros na identificação do local
de perfuração impedem o reconhecimento da localização exata do produto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

16. (CEBRASPE-CESPE — 2021) No dia 31 de outubro de 1861, depois de um conturbado processo


de construção, que durou cerca de três décadas, a Bahia inaugurou a sua primeira penitenciária,
que recebeu oficialmente o nome de Casa de Prisão com Trabalho. A instituição foi construída
numa área pantanosa, na periferia da cidade de Salvador.
A implantação da penitenciária fazia parte do projeto civilizador oitocentista, e o Brasil acompa-
nhava uma tendência mundial de modernização do sistema prisional, que teve início na Inglaterra
e nos Estados Unidos no final do século XVIII. As execuções e as torturas em praças públicas,
utilizadas para atemorizar a quem estivesse planejando novos crimes, foram, gradativamente,
abandonadas. Entrava em cena a penalidade moderna, que planejava privar o criminoso do seu
bem maior — a sua liberdade —, internando-o numa instituição construída especificamente para
recuperá-lo, que recebeu o nome de penitenciária. O seu funcionamento era regido por normas
que seriam aplicadas de acordo com o modelo penitenciário escolhido pelas autoridades, mas
utilizavam-se elementos como o trabalho, a religião, a disciplina, o uso de uniformes e, sobretudo,
o isolamento como métodos de punição e recuperação.
Dessa forma, esperava-se criar um “novo homem”, que seria devolvido à sociedade com todos os
LÍNGUA PORTUGUESA

atributos necessários à convivência social, principalmente para o trabalho. Foi com essa expec-
tativa que os reformadores baianos implantaram a Casa de Prisão com Trabalho.

Cláudia Moraes Trindade. O nascimento de uma penitenciária os primeiros presos da Casa de Prisão com
Trabalho da Bahia (1860-1865). In: Tempo, Niterói, v. 16, n. 30, p. 167-196, 2011 (com adaptações)

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item que se segue.

147
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Até as reformas iniciadas no período oitocentista, as penas tinham caráter preventivo, o que é
criticado pela autora do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Leia o texto para responder às questões 17 e 18.

A lembrança da empregada ausente me coagia. Quis lembrar-me de seu rosto, e admirada não
consegui — de tal modo ela acabara de me excluir de minha própria casa, como se me tivesse
fechado a porta e me tivesse deixado remota em relação à minha moradia. A lembrança de sua
cara fugia-me, devia ser um lapso temporário. Mas seu nome — é claro, é claro, lembrei-me final-
mente: Janair. E, olhando o desenho hierático, de repente me ocorria que Janair me odiara. Eu
olhava as figuras de homem e mulher que mantinham expostas e abertas as palmas das mãos
vigorosas, e que ali pareciam ter sido deixadas por Janair como mensagem bruta para quando
eu abrisse a porta. De súbito, dessa vez com mal-estar real, deixei finalmente vir a mim uma
sensação que durante seis meses, por negligência e desinteresse, eu não me deixara ter: a do
silencioso ódio daquela mulher. O que me surpreendia é que era uma espécie de ódio isento, o
pior ódio: o indiferente. Não um ódio que me individualizasse mas apenas a falta de misericórdia.
Não, nem ao menos ódio. Foi quando inesperadamente consegui rememorar seu rosto, mas é
claro, como pudera esquecer? Revi o rosto preto e quieto, revi a pele inteiramente opaca que mais
parecia um de seus modos de se calar, as sobrancelhas extremamente bem desenhadas, revi os
traços finos e delicados que mal eram divisados no negror apagado da pele.

Clarice Lispector

A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 2009 (com adaptações)

17. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Julgue o item que se segue, relativo às ideias e aos aspectos lin-
guísticos do texto precedente.
Há no texto, sobretudo no trecho “a do silencioso ódio daquela mulher”, elementos que compro-
vam que a negligência e o desinteresse da narradora desencadearam o ódio que Janair nutria por
ela e que estava expresso no “desenho hierático”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

18. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Julgue o item que se segue, relativo às ideias e aos aspectos lin-
guísticos do texto precedente.
Em “fugia-me” e “lembrei-me”, a forma pronominal “me” poderia ser suprimida sem prejuízo da
correção gramatical do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

148
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19. (CEBRASPE-CESPE — 2023) Leia o texto para responder à questão.

O amor bate na aorta

Cantiga do amor sem eira


nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.

Meu bem, não chores,


hoje tem filme de Carlito!

O amor bate na porta,


o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,


meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.


LÍNGUA PORTUGUESA

Olha: o amor pulou o muro


o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã. 149
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Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender…

Carlos Drummond de Andrade

Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006, p. 46-48 (com adaptações)

No que concerne à tipologia e ao gênero do texto, julgue o item a seguir. O texto, composto de
versos, classifica-se como poema.

( ) CERTO ( ) ERRADO

20. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Seja como for, está claro que a distinção entre o que seria natural
e o que seria cultural não faz o menor sentido para os aborígenes australianos. Afinal de contas,
no mundo deles, tudo é natural e cultural ao mesmo tempo. Para que se possa falar de natureza,
é preciso que o homem tome distância do meio ambiente no qual está mergulhado, é preciso
que se sinta exterior e superior ao mundo que o cerca. Ao se extrair do mundo por meio de um
movimento de recuo, ele poderá perceber este mundo como um todo. Pensando bem, entender
o mundo como um todo, como um conjunto coerente, diferente de nós mesmos e de nossos
semelhantes, é uma ideia muito esquisita. Como diz o grande poeta português Fernando Pes-
soa, vemos claramente que há montanhas, vales, planícies, florestas, árvores, flores e mato,
vemos claramente que há riachos e pedras, mas não vemos que há um todo ao qual isso tudo
pertence, afinal só conhecemos o mundo por suas partes, jamais como um todo. Mas, a partir
do momento em que nos habituamos a representar a natureza como um todo, ela se torna,
por assim dizer, um grande relógio, do qual podemos desmontar o mecanismo e cujas peças e
engrenagem podemos aperfeiçoar. Na realidade, essa imagem começou a ganhar corpo relati-
vamente tarde, a partir do século XVII, na Europa. Esse movimento, além de tardio na história
da humanidade, só se produziu uma única vez. Para retomar uma fórmula muito conhecida de
Descartes, o homem se fez então “mestre e senhor da natureza”. Resultou daí um extraordinário
desenvolvimento das ciências e das técnicas, mas também a exploração desenfreada de uma
natureza composta, a partir de então, de objetos sem ligação com os humanos: plantas, animais,
terras, águas e rochas convertidos em meros recursos que podemos usar e dos quais podemos
tirar proveito. Naquela altura, a natureza havia perdido sua alma e nada mais nos impedia de
vê-la unicamente como fonte de riqueza.

Philippe Descola. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Editora 34, 2016, p.22-23 (com adaptações)

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto anterior, bem como às ideias
nele expressas, julgue o item a seguir.
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Seriam mantidas a correção gramatical e a coerência do texto caso o trecho “Mas, a partir do
momento em que nos habituamos a representar a natureza como um todo, ela se torna, por
assim dizer, um grande relógio” (sétimo período) fosse reescrito da seguinte forma: Porém, des-
de que passamos a compreender a natureza como uma totalidade em si, ela se transformou em
uma espécie de grande maquinário.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9 GABARITO

1 Errado

2 Errado

3 Certo

4 Certo

5 Errado

6 Certo

7 Errado

8 Errado

9 Certo

10 Errado

11 Certo

12 Certo

13 Certo

14 Certo

15 Errado

16 Errado

17 Errado

18 ERRADO

19 Certo

20 CERTO

ANOTAÇÕES
LÍNGUA PORTUGUESA

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ANOTAÇÕES

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