1 Lingua Portuguesa
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1 Lingua Portuguesa
Língua Portuguesa
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa
ISBN: 978-65-5451-363-0
Edição: Maio/2024
LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................5
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.................................. 5
Esses assuntos completam o estudo basilar de semântica com foco em provas e concur-
sos, sempre de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a estudar com afinco e
dedicação, sem esquecer de praticar seus conhecimentos realizando a seleção de exercícios
finais, selecionados especialmente para que este material cumpra o propósito de alcançar
sua aprovação.
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INFERÊNCIA — ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO
A inferência é uma relação de sentido conhecida desde a Grécia Antiga e que embasa as
teorias sobre interpretação de texto.
Dica
Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do texto nas linhas apresentadas.
Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
A primeira e mais importante delas é identificar a orientação do pensamento do autor
do texto, que fica perceptível quando identificamos como o raciocínio dele foi exposto, se de
maneira mais racional, a partir da análise de dados, informações com fontes confiáveis ou se
de maneira mais empirista, partindo dos efeitos, das consequências, a fim de se identificar
as causas.
Por isso, é preciso compreender como podemos interpretar um texto mediante estratégias
de leitura. Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema, que é intrigante e de gran-
de profundidade acadêmica; neste material, selecionamos as estratégias mais eficazes que
podem contribuir para sua aprovação em seleções que avaliam a competência leitora dos
candidatos.
A partir disso, apresentamos estratégias de leitura que focam nas formas de inferência
sobre um texto. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre o processo de inferên-
cia, que se dá por dedução ou por indução. Para entender melhor, veja este exemplo:
O marido da minha chefe parou de beber.
Observe que é possível inferir várias informações a partir dessa frase. A primeira é que a
chefe do enunciador é casada (informação comprovada pela expressão “marido”), a segunda
é que o enunciador está trabalhando (informação comprovada pela expressão “minha che-
fe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada pela
expressão “parou de beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto que induzem o
leitor a interpretar essas informações.
Tratando-se de interpretação textual, os processos de inferência, sejam por dedução ou
por indução, partem de uma certeza prévia para a concepção de uma interpretação, construí-
da pelas pistas oferecidas no texto junto da articulação com as informações acessadas pelo
leitor do texto.
A seguir, apresentamos um fluxograma que representa como ocorre a relação desses
processos:
INFERÊNCIA
INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no
tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar.
São em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capa-
zes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às
ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por concei-
tos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21)
PROCURE A propriedade vocabular leva o cérebro a aproximar as palavras que têm maior
SINÔNIMOS associação com o tema do texto
ATENÇÃO AOS Os conectivos (conjunções, preposições, pronomes) são marcadores claros de
CONECTIVOS opiniões, espaços físicos e localizadores textuais
A DEDUÇÃO
A leitura de um texto envolve a análise de diversos aspectos que o autor pode colocar
explicitamente ou de maneira implícita no enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam procurar nos enunciados implícitos do
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Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo temas, e ao testá-las ele estará depreendendo
o tema; ele estará também postulando uma possível estrutura textual; na predição ele estará
ativando seu conhecimento prévio, e na testagem ele estará enriquecendo, refinando, checan-
do esse conhecimento.
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Fique atento a essa informação, pois é uma das primeiras estratégias de leitura para uma
boa interpretação textual: formular hipóteses, a partir da macroestrutura textual; ou seja,
antes da leitura inicial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual ao qual o texto per-
tence, a fonte da leitura, o ano, entre outras informações que podem vir como “acessórios”
do texto e, então, formular hipóteses sobre a leitura que deverá se seguir. Uma outra dica
importante é ler as questões da prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses já esta-
rão agindo conforme um objetivo mais definido.
O processo de interpretação por estratégias de dedução envolve a articulação de três tipos
de conhecimento:
z conhecimento linguístico;
z conhecimento textual;
z conhecimento de mundo.
Conhecimento Linguístico
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Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020.
Como é possível notar, o texto é uma peça publicitária escrita em inglês, portanto, somente
os leitores proficientes nessa língua serão capazes de decodificar e entender o que está escri-
to; assim, o conhecimento linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas são algumas
estratégias de interpretação em que podemos usar métodos dedutivos.
Conhecimento Textual
Conhecimento de Mundo
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental para a boa interpretação textual, por
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isso, é sempre importante que o candidato a cargos públicos reserve um tempo para ampliar
sua biblioteca e buscar fontes de informações fidedignas, para, dessa forma, aumentar seu
conhecimento de mundo.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso conhecimento de mundo que é rele-
vante para a compreensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso cérebro associar
informações, a fim de compreender o novo texto que está em processo de interpretação.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exercício para atestarmos a importância da
ativação do conhecimento de mundo em um processo de interpretação. Leia o texto a seguir
e faça o que se pede:
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Como gemas para financiá-lo, nosso herói desafiou valentemente todos os risos desdenhosos
que tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enganam” disse ele, “um ovo e não uma
mesa tipificam corretamente esse planeta inexplorado.” Então as três irmãs fortes e resolutas
saíram à procura de provas, abrindo caminho, às vezes através de imensidões tranquilas, mas
amiúde através de picos e vales turbulentos. (KLEIMAN, 2016, p. 24)
Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart1, “são
unidades estruturais, relativamente autônomas, organizadas em frases”.
Os tipos textuais marcam uma forma de organização da estrutura do texto, que se molda a
depender do gênero discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que
apresentam a predominância de narrações (contos, fábulas, romances, história em quadri-
nhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação do Enem, teses, dissertações,
artigos de opinião etc.).
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e
apresentamos a seguinte figura, que demonstra como podemos identificar os tipos textuais e
suas principais características, tendo em vista que cada sequência textual apresenta caracte-
rísticas próprias que pouco ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutura linguís-
tica quase rígida que nos permite classificar os tipos textuais em cinco categorias (narrativo,
descritivo, expositivo, instrucional e argumentativo).
GÊNERO TEXTUAL
TIPO TEXTUAL
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no texto. Também é chamado de
sequência textual
GÊNERO TEXTUAL
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente
Uma última informação muito importante sobre tipos textuais que devemos considerar
é que nenhum texto é composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a existência de
predominância de algumas sequências em detrimento de outras, de acordo com o texto.
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo suas
principais características e marcas linguísticas.
Narrativo
Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte exemplo, a canção “Era um garoto
que como eu...” Vamos lê-la e identificar essas características, bem como aprender a identifi-
car outros pontos do tipo textual narrativo.
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Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América
Situação inicial: predomínio de
Não era belo, mas mesmo assim
equilíbrio
Havia mil garotas a fim
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane e Yesterday
Cantava viva à liberdade
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América Complicação: início da tensão
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Clímax
Lutar com vietcongs
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Resolução
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota,
ra-tá-tá-tá Situação final / Avaliação
Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Pois está morto no Vietnã [...]
No peito, um coração não há
Moral
Mas duas medalhas sim
Essas sete marcas que definem o tipo textual narrativo podem ser resumidas em marcas
de organização linguística que são caracterizadas por:
Importante!
Os gêneros textuais que são predominantemente narrativos apresentam outras tipologias
textuais em sua composição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamen-
te por uma sequência textual. Por isso, devemos sempre identificar as marcas linguísticas
que são predominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
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Para sua compreensão, também é necessário saber o que são marcadores temporais e
espaciais. São formas linguísticas como advérbios, pronomes, locuções etc. utilizadas para
demarcar um espaço físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos, esses ele-
mentos são essenciais para marcar o equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem
a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: atualmente, naquele dia,
nesse momento, aqui, ali, então...
Outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é impor-
tante aprendermos a identificar os principais tipos de narrador de um texto:
Narrador: também conhecido como foco narrativo, é o responsável por contar os fatos que com-
põem o texto
Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos
contados, porém, não participa das ações
Narrador onisciente: os fatos podem ser contados na 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece
os fatos e não participa das ações, porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto,
levando o texto para a 1ª pessoa
Alguns gêneros conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas são notícia,
diário, conto, fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem
essencialmente narrativos não significa que não possam apresentar outras sequências em
sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial
atentar-se às marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora
conhecer as marcas mais importantes da sequência textual classificada como descritiva.
Descritivo
O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêne-
ros que utilizam esse tipo textual geralmente utilizam a sequência descritiva como suporte
para um propósito maior. São exemplos de textos cujo tipo textual predominante é a descri-
ção: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista de compras.
Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, que relata, no ano de 1500, suas impres-
sões a respeito de alguns aspectos do território que viria a ser chamado de Brasil.
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como
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pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco
mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa,
do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua
cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso
desvergonha nenhuma.
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Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da des-
crição do cenário e dos personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto,
vermelho, nuas, tingida, descobertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato
descritivo utilizado para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa e os navegadores.
Considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se um
gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros, como, por exemplo, o
e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêne-
ros, como podemos ver no cardápio a seguir:
Note que há a presença de muitos adjetivos, locuções, substantivos, que buscam levar o
leitor a imaginar o objeto descrito. O gênero mostrado apresenta a descrição das refeições
(pão, croissant, feijão, carne etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce,
salgado, com calabresa, moída etc.). Ele está organizado de forma esquematizada em seções
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a facilitar a leitura (o pedido, no caso) do
cliente.
Expositivo
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a fim de deixar claro o tema principal
14 do texto. Nesse tipo textual, é muito comum a presença de dados, informações científicas,
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citações diretas e indiretas, que servem para embasar o assunto do qual o texto trata. Para
ilustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-
agua
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z Apresenta informações sobre algo ou alguém, presença de verbos de estado;
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que organizam a informação;
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
z Presença de figuras de linguagem como metáfora e comparação;
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao final do texto.
Instrucional ou Injuntivo
Argumentativo
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais complexo e, por vezes, pode apresentar
maior dificuldade na identificação, bem como em sua análise.
O texto argumentativo tem por objetivo a defesa de um ponto de vista, portanto, envol-
ve a defesa de uma tese e a apresentação de argumentos que visam sustentar essa tese.
Alguns exemplos de textos argumentativos são artigos, monografias, ensaios científicos e filo-
sóficos, dentre outros.
Outro aspecto importante dos textos argumentativos é que eles são compostos por estru-
turas linguísticas conhecidas como operadores argumentativos, que organizam as orações
subordinadas, estruturas mais comuns nesse tipo textual.
A seguir, apresentamos um quadro sintético com algumas estruturas linguísticas que
funcionam como operadores argumentativos e que facilitam a escrita e a leitura de textos
argumentativos:
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
É incontestável que...
Tal atitude é louvável / repudiável / notável...
É mister / é fundamental / é essencial...
“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das mais diversas doenças
relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos nem de longe compensam o dinheiro
gasto com essas doenças. Além disso, as empresas têm grandes prejuízos por causa de afasta-
mentos de trabalhadores devido aos males causados pelo fumo. Portanto, é mister que sejam
proibidas quaisquer propagandas de cigarros em todos os meios de comunicação.”
REFERÊNCIAS
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O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS?
Quando pensamos em uma definição para gêneros textuais, somos levados a inúmeros
autores que buscaram definir e classificar esses elementos, e, inicialmente, é interessante
nos lembrarmos dos gêneros literários que estudamos na escola. Podemos nos remeter aos
conceitos de Tragédia e Comédia, referentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odisseia, ambas de Homero? Mas o que esses
textos têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pensar que nada, além do fato
de terem sido escritos pelo mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias respeita um
padrão textual estabelecido e reconhecido na época em que foram escritas.
De maneira análoga, quando pensamos em gêneros textuais, devemos identificar os ele-
mentos que caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes. Logo, da mesma forma que
comparamos as estruturas de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças entre uma
notícia e um artigo de opinião, por exemplo, e também é fundamental identificar as razões
que nos levam a classificar cada um desses gêneros com termos diferentes.
Importante!
Esse ponto de interseção é o que podemos estabelecer como os principais aspectos de
classificação de um gênero textual.
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. 71), o ponto de interseção que estabelece
sobre qual gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de comportamentos estereotipados
e anônimos que se estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam sujeitos a uma variação
contínua”. Logo, o primeiro elemento que precisamos identificar para classificar um gênero é
o papel social, marcado pelos comportamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem vive
em sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender tão bem quanto ser compreendido.
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor diferencia tipos e gêneros textuais, uma vez
que os tipos textuais não têm apelo ao ambiente social e são muito mais identificáveis por
suas marcas linguísticas. O fator social dos gêneros textuais também irá direcionar outros
aspectos importantes na classificação desses elementos, justamente devido à dinâmica social
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de alterações em sua estrutura.
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, tornando o gênero completamente
modificado, como se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exemplo; ou podem ser alte-
rações pontuais que se prestam a uma finalidade específica e momentânea, como aconteceu
com o anúncio, apresentado a seguir, da loja “O Boticário”:
PROPAGANDAS e os contos de fadas – parte 3. Encantamentos Literários, 2009. Disponível em: http://
encantamentosdaliteratura.blogspot.com/2010/08/propagandas-e-os-contos-de-fadas-parte_16.html. Acesso em:
10 fev. 2023.
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O gênero anúncio apresenta uma clara referência ao gênero contos de fada, porém, a
estrutura desse gênero que é, predominantemente, narrativo foi modificada para que o pro-
pósito do anúncio fosse alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adquirir os produtos
da marca. No caso do gênero anúncio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a fim de que a principal função do anún-
cio se cumpra, qual seja: vender um produto.
A partir desses exemplos, já podemos enumerar mais algumas características comuns a
todos os tipos de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o propósito de um gênero,
para alguns autores, como Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. Segundo esse
autor, os gêneros têm a função de realizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a posi-
ção de que o propósito comunicativo é o critério de maior importância, pois é o que motiva
uma ação e é vinculado ao poder do autor.
Além disso, um gênero textual, para ser identificado como tal, é amparado por um protó-
tipo textual, o qual também pode ser reconhecido como estereótipo textual, que resguarda
características básicas do gênero. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencionado
acima, identificamos traços do gênero contos de fada tanto na porção textual do anúncio que
menciona “varinha de condão” quanto pelas imagens que remetem ao conto da “Cinderela”.
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os falantes de uma comunidade a reco-
nhecer o gênero e também a escrever esse gênero quando necessitam. Isso é o que torna a
característica da prototipicidade tão importante no reconhecimento e na classificação de um
gênero. Ademais, os traços estereotipados de um gênero devem ser reconhecidos por uma
comunidade, reafirmando o teor social desses elementos e estabelecendo a importância de
um indivíduo adquirir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais gêneros se é exposto.
Portanto, a partir de todas essas informações sobre os gêneros textuais, podemos afirmar
que, de maneira resumida, os gêneros textuais são ações linguísticas situadas socialmen-
te que servem a propósitos específicos e são reconhecidos pelos seus traços em comum.
A seguir, demonstramos uma tabela com as características básicas para a correta identifica-
ção dos gêneros textuais:
Outra importante característica que devemos reforçar é que os gêneros textuais não são
quantificáveis, existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros sofrerem com as rela-
ções sociais, que são instáveis, não há um número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.
Notícia
A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e, como tal, deve apresentar os fatos
narrados de maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequências textuais nar-
rativas e descritivas na sua composição linguística, por isso, é fundamental sempre termos
em mente as características basilares de todos os principais tipos textuais, os quais tratamos
anteriormente.
Como aprendemos no início deste capítulo, os gêneros textuais possuem características
que os distinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a questões sociais, um
propósito comunicativo e apresentar uma configuração mais ou menos padrão que varia em
poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas características. Seu propósito comu-
nicativo é informar uma comunidade sobre assuntos de interesse comum, por isso, a notícia
deve ser comunicada com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a transmite apresente
sua opinião sobre os fatos; outra importante característica da notícia é a sua configuração
prototípica, seu padrão textual reconhecido por leitores de uma comunidade.
Essa configuração própria da notícia é reconhecida pelos termos: Manchete, Lead e Cor-
po da Notícia. Vejamos na prática como reconhecer o esquema prototípico desse gênero:
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja seu propósito de informar, é fundamen-
tal que o autor do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tornar seu texto imparcial
20 e objetivo:
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O quê?
Onde? MANCHETE
Quando?
CORPO DA Como?
NOTÍCIA
Por quê?
É importante ressaltar que, com o advento das redes sociais, tornou-se cada vez mais
comum que o gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas diferentes, como as
redes sociais. Isso democratiza a informação, porém também abre margem para a criação de
notícias falsas que se baseiam nesse esquema de organização das notícias tentando passar
alguma credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos afirmar que a fonte de publi-
cação é tão importante para o reconhecimento de uma notícia quanto à estrutura padrão do
gênero da qual tratamos acima.
O próximo gênero que trataremos é a reportagem que guarda sutis diferenças em compa-
ração com a notícia e também é muito abordada em provas de concursos.
Reportagem
Diante disso, o suporte de veiculação das reportagens é, quase sempre, aquele que faz uso
do vídeo, como a televisão, o computador, o tablet, o celular. As reportagens têm um caráter
de “matérias especiais” em jornais de ampla repercussão, mas também podem ser veicula-
das em suportes escritos, como revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das redes
sociais, estas são os principais meios de divulgação desse gênero atualmente.
Conforme a Academia Jornalística (2019), a reportagem apresenta informações mais deta-
lhadas sobre um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. Isso significa que o repórter
deve demonstrar os lados que compõem a matéria, a fim de que o leitor construa sua própria
opinião sobre o tema.
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A despeito dessas diferenças na construção dos gêneros mencionados, a reportagem e a
notícia guardam semelhanças, como a busca pelas respostas às perguntas O quê? Como?
Por quê? Onde? Quando? Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da reportagem
quanto da notícia, que se diferencia da primeira por seu caráter essencialmente informativo.
NOTÍCIA REPORTAGEM
Questiona fatos e efeitos de um fato
Apresenta um fato de forma simples e objetiva
determinado
Objetivo é informar Apresenta argumentos sobre um mesmo fato
Apuração dos fatos objetiva Apuração extensa
É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência
textual e que, portanto, a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero
é essencialmente argumentativo, porém pode apresentar outras sequências textuais a fim de
alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais
objeto de provas de concurso com um dos gêneros mais comuns em provas de seleções: o
artigo de opinião.
Artigo de Opinião
O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero
usa a argumentação para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse ins-
trumento textual situa-se no âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que circula,
principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a
discussão de um problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão, podemos defender
nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor solu-
ções para a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocu-
tor; para isso, ele terá que usar de informações, fatos, opiniões que serão seus argumentos.
Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta:
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma deter-
minada ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumen-
tação a favor de uma determinada posição assumida pelo produtor e de refutação de possíveis
opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação constante de sustentação das
afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam conven-
cer o interlocutor (2011, p. 305).
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Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos conheci-
mentos, como: enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de
determinados recursos linguísticos que percebemos que nada é por acaso, pois, a cada esco-
lha há uma intenção: “[...] toda atividade de interpretação presente no cotidiano da linguagem
fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011,
p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos
conhecimento sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especia-
listas no assunto por eles abordado. Ao escolherem um assunto, os autores devem considerar
as diversas “vozes” já existentes sobre o mesmo assunto. E, dependendo da intenção, apoiar
ou negar determinadas vozes.
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples,
direta, convincente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um
artigo de opinião pessoal; porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o articulista con-
segue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua produção textual não fique
centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) pro-
põem a seguinte estruturação:
No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão
que ligam as ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fun-
damental prestar ainda mais atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com a coesão
na escrita e na leitura de textos opinativos.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, segui-
LÍNGUA PORTUGUESA
mos nossa abordagem apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua
portuguesa em concursos públicos: o editorial.
Editorial
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O ter-
ceiro será o editorial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião
de um veículo de comunicação.
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Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma
geral, iremos nos atentar aqui para as principais características do gênero editorial e no que
ele se diferencia do artigo de opinião, por exemplo.
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão
O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em
concursos públicos, também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de
redação. Por isso, a seguir, apresentamos um breve esquema para facilitar a escrita desse
gênero, especialmente em certames que cobrem redação.
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DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
z É com G ou com J?
Usamos G em:
Usamos J em:
z É com Ç ou S?
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z É com S ou com Z?
Essas regras para correção ortográfica das palavras, em geral, apresentam muitas exce-
ções; por isso é importante ficar atento e manter uma rotina de leitura, pois esse aprendizado
é consolidado com a prática.
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da leitura e da escrita de textos, por
isso, recomendamos que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de informação, pois,
além de contribuir para seu conhecimento geral, sua habilidade em língua portuguesa tam-
bém aumentará.
Alfabeto
z Como era:
A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z;
z Como está:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z.
Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfabeto; agora, contamos com o acréscimo
das letras K, W e Y, totalizando 26 letras no alfabeto do português brasileiro. Essa mudan-
ça ocorreu com a intenção de oficializar letras que, na prática, já faziam parte de diversas
palavras em português. Ou seja, as letras não estavam no alfabeto, mas já eram utilizadas
no cotidiano em nomes de pessoas, marcas, ou abreviações como: km, Yago, Kamila, Wilson,
Olympikus, entre outros.
Pensando nisso, o acordo procurou tornar oficial as letras que já eram utilizadas pelos
falantes do português.
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Importante!
Ter tornado essas letras oficiais não muda a escrita de palavras que já existem, ou seja,
palavras como “quilo” e “quilômetro” não passarão a ser escritas como “kilo” e “kilômetro”.
A oficialização significa, sim, que a partir de agora novas palavras podem usar essas letras.
Além do alfabeto, as principais mudanças trazidas pelo novo acordo ortográfico foram: o
fim do uso do trema, mudanças na acentuação e mudanças no uso do hífen, que detalhare-
mos a seguir:
O trema já estava caindo em desuso, visto que não é necessário ter o acento para identifi-
car a pronúncia. Com o novo acordo ortográfico, de forma oficial, o trema não é mais utili-
zado, seja em palavras portuguesas ou aportuguesadas.
Muitos não lembram, mas o trema era representado por dois pontinhos em cima do “u”
que indicavam hiato.
Atenção: o trema ainda é usado em nomes próprios estrangeiros como Bündchen e Mül-
ler, por exemplo.
Acentuação
O acento diferencial não é mais usado em palavras paroxítonas com vogal tônica aberta
ou fechada que possuem a mesma escrita.
Nos casos em que o acento marca a diferença entre verbos no singular e plural, como em
vem (singular) e vêm (plural) e tem (singular) e têm (plural), o acento foi mantido.
O acento circunflexo não é mais usado com e e o aberto e fechado (mêdo: medo, almôço:
almoço), nem em letras repetidas, como em palavras paroxítonas terminadas em “êem” nem
em palavras com o hiato “oo”.
LÍNGUA PORTUGUESA
O acento agudo não é mais usado em palavras paroxítonas com ditongo aberto ei e oi.
PRINCIPAIS MUDANÇAS
Assunto Mudança Como era Como ficou
ACENTUAÇÃO
Só aparece em palavras estran- Conseqüên-
Consequência
Trema geiras. Deixou de ser utilizado em cia
Aguentar
palavras da língua portuguesa Agüentar
Ditongo em palavras Idéia Ideia
Não recebem mais acento
paroxítonas Assembléia Assembleia
Hiatos com paroxítonas
Não recebem mais acento Feiúra Feiura
com “i” ou “u”
Enjôo Enjoo
Letras repetidas: ee/oo Não recebem mais acento
Lêem Leem
Pára Para
Acento diferencial Deixou de ser utilizado
Pêlo Pelo
Acento diferencial em con- Ele tem. Ele tem.
Mantido
jugações verbais Eles têm. Eles têm.
Hífen
z Não se usa hífen nos casos em que o primeiro termo acaba em vogal e o segundo termo
começa com vogal inicial diferente.
Ex.: semiárido, autoestima, contraindicação;
z Exceção: em palavras com prefixo com o segundo elemento começando em -h, utiliza-se
hífen.
Exemplos: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano;
z Usa-se hífen nas palavras com o primeiro terminado em vogal e que o segundo elemento
começa com vogal igual.
Ex.: anti-inflamatório, micro-ondas, arqui-inimigo;
z Exceção: nos prefixos átonos (sem acento) co-, pre-, re-, e pro-, o hífen não é usado.
Exemplos: reenviar, preestabelecer, coordenação;
z Não se usa hífen em palavras compostas, quando, pelo uso, se perde a noção de composição.
Exemplos: paraquedas, paraquedista, mandachuva;
z Exceção: o hífen permanece em palavras compostas que não têm um elemento de liga-
ção e que formam uma unidade, como as que definem animais e plantas.
Exemplos: erva-doce, quinta-feira, cavalo-marinho.
De acordo com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, as letras maiúsculas são
usadas em
Exemplos: Luiza, IBGE, Espanha, Riachuelo, Alagoas, Jogos Olímpicos, Revista Veja.
As letras minúsculas são usadas em todas as outras situações, como: dias da semana, meses
e estações do ano e pontos cardeais. Exemplo: terça-feira, janeiro, verão, sul, nordeste.
O uso da letra maiúscula ou minúscula é opcional para títulos de livros (totalmente em
maiúsculas ou apenas com maiúscula inicial), palavras de categorizações (rio, rua, igreja…),
nomes de áreas do saber (biologia), matérias e disciplinas (português, matemática), versos
que não iniciam o período e palavras ligadas a uma religião.
Apesar da dificuldade de muitos com as regras do uso de crase, o novo acordo prevê que o acen-
to grave continue a ser utilizado apenas para marcar a ocorrência de crase, nos casos já previstos
nas normas gramaticais. Não há alteração quanto a novas formas de uso ou proibição da crase.
LÍNGUA PORTUGUESA
Divisão Silábica
O novo acordo mantém as regras de divisão silábica já existentes; no entanto, faz uma
especificação sobre a separação das palavras em linhas diferentes.
Quando é necessário separar as palavras que já têm hífen, a nova regra prevê que o hífen
seja repetido em cima e em baixo.
Exemplo: Naquela cidade, a festa repetia-se todos os anos.
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DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL
COESÃO COERÊNCIA
Utiliza-se de elementos superficiais, dando-se Subjacente ao texto, enfatiza-se o conteúdo e
ênfase na forma e na articulação entre as ideias a produção de sentido/relação lógica
Podemos usar uma metáfora muito interessante quando se trata de compreender os pro-
cessos de coesão e coerência.
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um prédio. Tal qual uma boa constru-
ção precisa de um bom alicerce para manter-se em pé, um texto bem construído depende
da organização das nossas ideias, da forma como elas estão dispostas no texto. Isso significa
que precisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, a fim de defendermos nossas
ideias adequadamente.
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as principais formas de marcação, em um texto,
de processos que buscam organizar as ideias em um texto, principalmente, os processos de
coesão que, como dissemos, apresentam um apelo mais forte às formas linguísticas que os
processos envolvendo a coerência.
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas características da coerência em um texto
e como esse processo liga-se não apenas às formas gramaticais, mas, sobretudo, ao forte teor
cognitivo. Tendo em vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, coletivamente,
não por acaso, o grande linguista e estudioso da língua portuguesa, Luis Antônio Marcuschi
(2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico que se encontra mais na mente que no texto”.
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) para esclarecer ainda mais o conceito
de coerência e passarmos ao estudo detalhado dos processos de coesão. A autora afirma que
a coerência:
[...] Não está no texto em si; não nos é possível apontá-la, destacá-la ou sublinhá-la.. Ela se cons-
trói [...] numa dada situação comunicativa, na qual o leitor, com base em seus conhecimentos
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sociocognitivos e interacionais e na materialidade linguística, confere sentido ao que lê (2013,
p. 31).
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão importantes para uma boa compreen-
são e elaboração textual. É importante destacar que esses processos de coesão não podem ser
dissociados da construção de sentidos implícita no processo de organização da coerência. No
entanto, como nossa finalidade é tornar seu aprendizado mais fácil, separamos esses concei-
tos com fins estritamente didáticos.
Coesão Referencial
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que vivia de suas discretas lutas, no início de
sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem promissor, mas nunca se inte-
ressou realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony Gazzo, com
quem manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano
e o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na primeira luta que fez com Apollo Creed.
A partir da leitura, podemos perceber que todos os termos destacados fazem referência a
um mesmo referente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utilizado foi o uso de anáfo-
ras que assumem variadas formas gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
Já os processos referenciais catafóricos apontam para porções textuais que ainda não
foram mencionadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a seguir: “Os documentos
requeridos para os candidatos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
LÍNGUA PORTUGUESA
Dica
Em provas de concursos e seleções, ainda se encontra a terminologia “expressões refe-
renciais catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no material. No entanto, é importante
salientar que, para linguistas e estudiosos, as anáforas são os processos referenciais que
recuperam e/ou apontam para porções textuais.
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z Uso de Pronomes ou Pronominalização
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden foi quente, com diversas interrupções e
acusações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indicação de Trump da juíza conserva-
dora Amy Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Ginsburg. O presidente
defendeu que tem esse direito, pois os republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifica
essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que eles ainda não aceitaram que perderam a
eleição”. […].
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA são o país mais atingido pela pandemia - são
7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que
eles fariam até que uma vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo que Trump “não
tem um plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua resposta atacando a China - “deve-
riam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as estatísticas da Rússia e da
própria China e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho” nesse momento dos
EUA.
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z Uso de Numerais
z Uso de Advérbios
z Uso de Nominalização
As expressões que retomam ideias e nomes, já apresentados no texto, mediante outras for-
mas de expressão, podem ser analisadas como processos nominalizadores, incluindo subs-
tantivos, adjetivos e outras classes nominais.
Essas expressões recuperam informações mediante novos nomes inseridos no texto, ou
ainda, com o uso de pronomes, conforme vimos anteriormente. Vejamos um exemplo:
Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior foi um cantor, compositor, músico,
produtor, artista plástico e professor brasileiro. Um dos membros do chamado Pessoal do
LÍNGUA PORTUGUESA
Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB
do nordeste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados da década de 1970.
Todas as marcações em negrito fazem referência ao nome inicial Antônio Carlos Belchior;
os termos que se referem a esse nome inicial são expressões nominalizadoras que servem
para ligar ideias e construir o texto.
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z Uso de Adjetivos
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e significa “fazer as vezes”; assim, os verbos
vicários são verbos usados em substituição de outros que já foram muito utilizados no texto.
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós esperávamos.
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda oração pelo verbo “foi”.
z Uso de Elipse
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do século XXI. O país proporcionou a inclusão
Sem
social de muitas pessoas. A nação obteve notoriedade internacional por causa disso. A
Elipse
pátria, porém, ainda enfrenta certas adversidades...”
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do século XXI e proporcionou a inclusão social de
Com
muitas pessoas, por causa disso obteve notoriedade internacional, porém ainda enfrenta
Elipse
certas adversidades...”
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Coesão Sequencial
z Conjunções Coordenativas
As conjunções coordenativas são aquelas que ligam orações coordenadas, ou seja, orações
de valor semântico independente. Na construção textual, elas são importantes, pois, com
seus valores, adicionam informações relevantes ao texto.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando na coesão:
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções precisam manter uma relação contextual,
estabelecida pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso, orações como esta: “Não
gosto de festas de aniversário, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as ideias ligadas
não estabelecem uma relação de adversidade, como demonstra a conjunção “mas”.
z Conjunções Subordinativas
sentido apreendido.
Exemplos de conjunções subordinativas atuando na coesão:
CAUSAL Como não havia estudado suficiente, resolvi não fazer essa prova
CONSECUTIVA Falaram tão mal do filme que ele nem entrou em cartaz
COMPARATIVA Trabalhou como um escravo
CONFORMATIVA Conforme o Ministro da Economia, os concursos não irão acabar
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Ainda que vivamos um período de poucos concursos, não podemos
CONCESSIVA
desanimar
CONDICIONAL Se estudarmos, conseguiremos ser aprovados!
À proporção que aumentava seus horários de estudo, mais forte o can-
PROPORCIONAL
didato se tornava
FINAL Estudava sempre com afinco, a fim de ser aprovado
TEMPORAL Quando o edital for publicado, já estarei adiantado nos estudos
Importante!
Não confundir:
Afim de – Relativo à afinidade, semelhança: “Física e Química são disciplinas afins”.
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como objetivo, com desejo de: “Estou a fim de
comer pastel”.
z Conjunções Integrantes
As conjunções integrantes fazem parte das orações subordinadas, na realidade, elas ape-
nas integram, ligam uma oração principal a outra, subordinada. Como podemos notar, o
papel dessas conjunções é essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são “peças” que
unem as orações. Existem apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.
Quando é possível substituir o que pelo pronome isso, esta- Quero que a prova esteja fácil.
mos diante de uma conjunção integrante Quero. O quê? Isso
Sempre haverá conjunção integrante em orações substanti- Perguntei se ele estava em casa.
vas e, consequentemente, em períodos compostos Perguntei. O quê? Isso
Coesão Recorrencial
z Uso de Repetições
z Uso de Paráfrase
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais da capital cearense. A forma como o
texto se apresenta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em posições diferentes, cum-
pre um papel importante na progressão temática do texto.
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo uso de expressões textuais bem
características, como: em outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em resumo,
em suma, em síntese etc. Essas expressões indicam que algo foi dito e passará a ser ressigni-
ficado, garantindo a informatividade do texto.
z Uso de Paralelismo
As ideias similares devem fazer a correspondência entre si; a essa organização de ideias
no texto, dá-se o nome de paralelismo. Quando as construções de frases e orações são seme-
lhantes, ocorre o paralelismo sintático. Quando há sequência de expressões simétricas no
plano das ideias e coerência entre as informações, ocorre o paralelismo semântico ou para-
lelismo de sentido.
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintática a qual a frase está inserida; vejamos
um exemplo em que houve quebra de paralelismo:
“É necessário estudar e que vocês se ajudem” — Errado.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem” — Correto.
Devemos manter a organização das orações, pois não podemos coordenar orações redu-
zidas com orações desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-las ou somente
desenvolvida ou somente reduzidas.
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No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é a mesma, porém deixamos de analisar os
pares no âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Vejamos o seguinte exemplo:
“Por um lado, os manifestantes agiram corretamente, por outro podem não ter agido erra-
do” — Incorreto.
“Por um lado, os manifestantes agiram corretamente, por outro podem ter causado pre-
juízo à população” — Correto.
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi sua irmã e a outra estava bem”
— Incorreto.
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi sua irmã e a outra foi minha prima”
— Correto.
REFERÊNCIAS
ASPECTOS GERAIS
Frase
Frase é todo enunciado com sentido completo. Pode ser formada por apenas uma palavra
ou por um conjunto de palavras.
Ex.: Fogo!
Silêncio!
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano Ramos).
Oração
Os termos que formam o período simples são distribuídos em: essenciais (Sujeito e Predi-
cado), integrantes (complemento verbal, complemento nominal e agente da passiva) e aces-
sórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto).
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica da oração. Costuma-se associar esses
termos a situações analógicas, como um almoço tradicional brasileiro constituído basica-
mente de arroz e feijão, por exemplo. São eles: sujeito e predicado. Veremos a seguir cada
um deles.
Sujeito
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Núcleo do Sujeito
O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal porque é a respeito dela que o predicado
diz algo.
O núcleo indica a palavra que realmente está exercendo determinada função sintática,
que atua ou sofre a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substantivo, ou uma palavra
com valor de substantivo, ou pronome.
Dica
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se as expressões interrogativas quem? ou o
quê? antes do verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao governador.
Quem pediu uma providência ao governador?
Resposta: A população (sujeito).
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o outro.
O que iria de um lado para o outro?
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
Tipos de Sujeito
Simples
DETERMINADO Composto
Elíptico
Com verbos flexionados na 3ª pessoa do plural
INDETERMINADO
Com verbos acompanhados do se (índice de indeterminação do sujeito)
INEXISTENTE Usado para fenômenos da natureza ou com verbos impessoais
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z Determinado: quando se identifica a pessoa, o lugar ou o objeto na oração. Classifica-se
em:
z Indeterminado: quando não é possível identificar o sujeito na oração, mas ainda sim está
presente. Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representado por um índice de indetermi-
nação do sujeito, a partícula “se”.
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração não tem sujeito mas tem sentido com-
pleto. Os verbos são impessoais e normalmente representam fenômenos da natureza. Pode
LÍNGUA PORTUGUESA
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Classificação do Sujeito Quanto à Voz
Importante notar que não há preposição entre o verbo e o substantivo. Se houvesse, por
exemplo, “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais sujeito, seria objeto indireto,
um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, e não um sujeito da oração. Nesse caso,
o sujeito é indeterminado, marcado pelo índice de indeterminação “-se”.
Predicado
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre o sujeito. Apesar de o sujeito e o pre-
dicado serem termos essenciais na oração, há casos em que a oração não possui sujeito. Mas,
se a oração é estruturada em torno de um verbo e ele está contido no predicado, é impossível
existir uma oração sem sujeito.
O predicado pode ser:
Para determinar o predicado, basta separar o sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito,
o predicado abrangerá toda a declaração. A presença do verbo é obrigatória, seja de forma
explícita ou implícita:
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
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Classificação do Predicado
z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, mas um estado momentâneo ou per-
manente que relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é o predicativo do sujeito;
z Predicativo do sujeito: função exercida por substantivo, adjetivo, pronomes e locuções
que atribuem uma condição ou qualidade ao sujeito.
Verbo de ligação: é.
Predicado Verbal
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exige um complemento não preposicionado,
o objeto direto.
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Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
Verbo Transitivo Direto: trouxe;
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transitivo indireto tem como necessidade o com-
plemento acompanhado de uma preposição para fazer sentido.
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o verbo de sentido incompleto que exige dois
complementos: objeto direto (sem preposição) e objeto indireto (com preposição).
z Verbo intransitivo (VI): é aquele capaz de construir sozinho o predicado, que não precisa
de complementos verbais, sem prejudicar o sentido da oração.
Predicado Verbo-Nominal
Complementos Verbais
São termos que completam o sentido de verbos transitivos diretos e transitivos indiretos.
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase
sempre exercem função de objeto direto, os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos também
podem exercer essa função sintática.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram quem? A minha pessoa”)
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Nunca vos tomeis como grandes personalidades. (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= “Convidaram quem? Ela”)
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= “Receberam quem? Nós”)
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem ser objetos diretos. Normalmente, apare-
cem antes do pronome relativo que.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: esse algo é o objeto direto)
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome feminino definido)
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija preposição no seu complemento, algumas
palavras requerem o uso da preposição para não perder o sentido de “alvo” do sujeito.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros facultativos.
z Objeto direto pleonástico: é a dupla ocorrência dessa função sintática na mesma oração,
a fim de enfatizar um único significado.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de Andrade)
z Objeto direto interno: representado por palavra que tem o mesmo radical do verbo ou
apresenta mesmo significado.
z Objeto indireto: é complemento verbal regido de preposição obrigatória, que se liga dire-
tamente a verbos transitivos indiretos e diretos. Representa o ser beneficiado ou o alvo de
uma ação.
Pode ser representado pelos seguintes pronomes oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe,
lhes. Os pronomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, comigo, te, ti, contigo) podem funcionar
como objeto indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
z Objeto indireto pleonástico: ocorrência repetida dessa função sintática com o objetivo
de enfatizar uma mensagem.
Complemento Nominal
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Agente da Passiva
Adjunto Adnominal
São termos que acompanham o substantivo, núcleo de outra função, para qualificar, quan-
tificar, especificar o elemento representado pelo substantivo.
Categorias morfológicas que podem funcionar como adjunto adnominal:
z artigos;
z adjetivos;
z numerais;
z pronomes;
z locuções adjetivas.
Quando o adjunto adnominal for representado por uma locução adjetiva, ele pode ser
confundido com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga a dica:
Adjunto Adverbial
Termo representado por advérbios, locuções adverbiais ou adjetivos com valor adverbial.
Relaciona-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas circunstâncias.
Não confunda!
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de adjunto adnominal, basta saber se o ter-
mo relacionado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que o sentido seja parecido.
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui é um adjunto adnominal)
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um adjunto adverbial)
Aposto
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. Separa-se do substantivo a que se refe-
re por uma pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões ou dois-pontos.
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram ontem, acabaram de voltar de férias.
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos;
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� Enumerativo: usado para desenvolver ideias que foram resumidas ou abreviadas em um
termo anterior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e riachos.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber, preconceito, antipatia e arrogância;
z Recapitulativo ou resumidor: é o termo usado para resumir termos anteriores. É expres-
so, normalmente, por um pronome indefinido.
O rio Amazonas.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra para as perguntas.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
Dica
�O aposto pode aparecer antes do termo a que se refere, normalmente antes do sujeito.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Senna marcou uma geração.
� Segundo o gramático Cegalla, quando o aposto se refere a um termo preposicionado,
pode ele vir igualmente preposicionado. Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
tudo ele tinha medo.
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e
curvas. (adjetivos, apostos do predicativo do sujeito). Falou comigo deste modo: calma e
maliciosamente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial de modo).
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z Diferença de aposto especificativo e adjunto adnominal: normalmente, é possível reti-
rar a preposição que precede o aposto. Caso seja um adjunto, se for retirada a preposição,
a estrutura fica prejudicada.
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: o aposto não pode ser um adjetivo nem ter
núcleo adjetivo.
Vocativo
O vocativo é um termo que não mantém relação sintática com outro termo dentro da
oração. Não pertence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para chamar ou interpelar
a pessoa que o enunciador deseja se comunicar. É um termo independente, pois não faz
parte da estrutura da oração.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha consulta.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
PERÍODO COMPOSTO
O período composto é formado por duas ou mais orações. Num parágrafo, podem aparecer
misturados períodos simples e períodos.
z Por subordinação:
As orações são sintaticamente independentes. Isso significa que uma não possui relação
sintática com verbos, nomes ou pronomes das demais orações no período.
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” (Fernando Pessoa)
Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha
Oração coordenada 3: a obra nasce.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M.
de Assis)
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à porta da sala de Damasceno
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
Conjunção adversativa: mas nada
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas também, mas ainda, bem como, como tam-
52
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bém, senão também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
Os convidados não compareceram nem explicaram o motivo;
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ...
já), (talvez ... talvez).
Ex.: Ora responde, ora fica calado.
Você quer suco de laranja ou refrigerante?
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por conseguinte, pois isso, pois (o “pois” sem
ser no início de frase).
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima semana.
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo Mendes Campos);
z substantivas;
z adjetivas;
z adverbiais.
53
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Orações Subordinadas Substantivas
Desempenham função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais raramente, aposto expli-
cativo). São introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os quais, as quais,
cujo, cuja, cujos, cujas etc.) . As orações subordinadas adjetivas classificam-se em: explica-
tivas e restritivas.
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos, cria trinta gatos;
Restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai visitar apenas o que mora em Recife.
Exprimem uma circunstância relativa a um fato expresso em outra oração. Têm função de
adjunto adverbial. São introduzidas por conjunções subordinativas (exceto as integrantes)
e se enquadram nos seguintes grupos:
� Orações subordinadas adverbiais causais: são introduzidas por: como, já que, uma vez
que, porque, visto que etc. 55
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Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé porque ficamos sem gasolina;
� Orações subordinadas adverbiais comparativas: são introduzidas por: como, assim
como, tal qual, como, mais etc.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) que a importada;
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: indica certo obstáculo em relação ao
fato expresso na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São introduzidas por: embora,
ainda que, mesmo que, por mais que, se bem que etc.
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã;
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: são introduzidas por: se, caso, desde
que, salvo se, contanto que, a menos que etc.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal;
� Orações subordinadas adverbiais conformativas: são introduzidas por: como, confor-
me, segundo, consoante.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos;
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: são introduzidas por: que (precedido
na oração anterior de termos intensivos como tão, tanto, tamanho etc.) de sorte que, de
modo que, de forma que, sem que.
Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou;
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão perfumadas que me estontearam.” (Cecília
Meireles);
� Orações subordinadas adverbiais finais: indicam um objetivo a ser alcançado. São intro-
duzidas por: para que, a fim de que, porque e que (= para que)
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos tivessem bom estudo;
� Orações subordinadas adverbiais proporcionais: são introduzidas por: à medida que, à
proporção que, quanto mais, quanto menos etc.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a aprecio;
� Orações subordinadas adverbiais temporais: são introduzidas por: quando, enquanto,
logo que, depois que, assim que, sempre que, cada vez que, agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Para separar as orações de um período composto, é necessário atentar-se para dois ele-
mentos fundamentais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos (conjunções ou
pronomes relativos). Após assinalar esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
representa, a partir da quantidade de verbos ou locuções verbais. Exs.:
[“A recordação de uns simples olhos basta] — 1ª oração
[para fixar outros] — 2ª oração
[que os rodeiam] — 3ª oração
[e se deleitem com a imaginação deles]. — 4ª oração (M. de Assis)
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo basta, pertencente à 1ª (oração principal).
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém ambas são dependentes do pronome
outros, da 2ª oração.
Orações Reduzidas
z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
56 z As que são substantivas e adverbiais: nunca são iniciadas por conjunções;
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z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas por pronomes relativos;
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses conectivos;
z Podem ser iniciadas por preposição ou locução prepositiva.
Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com conjunção.
Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restaurante. (desenvolvida).
O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.
Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar
normalmente.
Períodos Mistos
Importante!
O segredo para classificar as orações é perceber os conectivos (conjunções e pronomes
relativos).
Regência Verbal
Relação de dependência entre um verbo e seu complemento. As relações podem ser dire-
tas ou indiretas, isto é, com ou sem preposição.
Há verbos que admitem mais de uma regência sem que o sentido seja alterado.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
V. T. D: esquecia
Objeto direto: os favores recebidos.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia
Objeto indireto: dos favores recebidos.
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que, mudando-se a regência, mudam de sen-
tido, alterando seu significado.
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
LÍNGUA PORTUGUESA
(aspiramos = sorvemos)
V. T. D.: aspiramos
Objeto direto: ar poluídos.
Os funcionários aspiram a um mês de férias.
(aspiram = almejam)
V. T. I.: aspiram
Objeto indireto: a um mês de férias
A seguir, uma lista dos principais verbos que geram dúvidas quanto à regência:
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� Abraçar: transitivo direto
Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço;
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo direto com sentido de “acariciar”)
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto no sentido de “ser agradável a”);
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não personificado)
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indireto: refere-se a coisas e pessoas);
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da preposição a, rege indiferentemente
objeto direto e objeto indireto.
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo indireto)
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo, rege apenas objeto direto:
Ajudaram o ladrão a fugir.
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto direto:
Ajudei-o muito à noite;
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (transitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com sentido de “desejar muito” — não admite
“lhe” como complemento);
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transitivo direto com sentido de “respirar”)
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo indireto no sentido de “desejar”);
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de “prestar assistência”
O médico assistia os acidentados.
O médico assistia aos acidentados.
- Transitivo indireto no sentido de “ver, presenciar”
Não assisti ao final da série;
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milhares de pessoas.”
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
A jovem não queria casar com ninguém. (transitivo indireto)
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo direto e indireto);
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de predicativo do objeto
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo direto com sentido de “convocar”);
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de predicativo do objeto com sentido de “deno-
minar, qualificar”);
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indireto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transitivo direto e indireto: sentido de
“acarretar”)
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Este vinho custou trinta reais. (intransitivo);
� Esquecer: admite três possibilidades
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Esqueci-me dos acontecimentos.
Esqueceram-me os acontecimentos;
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. (transitivo direto com sentido de
“acarretar”)
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. (transitivo indireto com sentido de “mostrar
má disposição”)
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo direto e indireto com sentido de
envolver-se”);
� Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à coisa: objeto indireto, com as preposi-
ções de ou sobre
Informaram o réu de sua condenação.
Informaram o réu sobre sua condenação.
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coisa: objeto indireto, com a preposição a
Informaram a condenação ao réu;
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indireto, com as preposições em e por
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia;
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intransitivo com sentido de “cortejar”)
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Garret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“encantar-se”);
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito;
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo indireto).
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo direto e indireto);
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
LÍNGUA PORTUGUESA
Regência Nominal
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Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos adnominais) concordam com o gênero
(feminino) e o número (singular) do substantivo.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordância: verbal e nominal.
Concordância Verbal
É a adaptação em número — singular ou plural — e pessoa que ocorre entre o verbo e seu
respectivo sujeito.
Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmente, o Brasil, mesmo diante de opiniões con-
trárias, as quais insistem em desmentir que nosso país é cheio de “brasis” — digamos assim
—, ganha disparando dos outros, pois houve influências de todos os povos aqui: europeus,
asiáticos e africanos.
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de um sujeito simples “o Brasil”, portanto o
verbo correspondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no singular.
Destrinchando o período, temos que os termos essenciais da oração (sujeito e predicado)
são apenas “[...] o Brasil [...]” — sujeito — e “[...] ganha [...]” — predicado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Verbo bitransitivo: Prefiro
Objeto direto: natação
Objeto indireto: a futebol
Diferentes situações:
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de sentido coletivo, o verbo fica no singular.
Ex.: A multidão gritou entusiasmada;
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o verbo posterior ao pronome relativo con-
corda com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do Brasil que se situam mais
próximos do Meridiano?;
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.:
LÍNGUA PORTUGUESA
Por questão de ênfase, o verbo pode também concordar com o pronome reto antecedente.
Ex.: Fomos nós quem resolvemos a questão.
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z Quando o sujeito é formado por palavras pluralizadas, normalmente topônimos (Amazo-
nas, férias, Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se houver artigo definido antes de
uma palavra pluralizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse artigo, o verbo fica no
singular. Ex.: Os Estados Unidos continuam uma potência.
z Estados Unidos continua uma potência.
z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cidade de Santos fica em São Paulo.”)
Importante!
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o verbo fica no singular ou no plural.
Os Lusíadas imortalizou/imortalizaram Camões.
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais de um, cerca de, perto de, menos de,
coisa de, obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: Mais de um aluno compare-
ceu à aula.
Mais de cinco alunos compareceram à aula.
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o número de horas ou vezes, exceto se o sujei-
to for a palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não chegou (Duas horas deram...).
Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).
Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez badaladas soaram).
Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio da escola soou dez badaladas).
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o verbo concorda com o sujeito paciente.
Ex.: Vendem-se casas de veraneio aqui.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão interessada;
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por
que Vossa Majestade está preocupada?
Suas Excelências precisam de algo?
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z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
Concordância do Infinitivo
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo no plural, usa-se tanto o infinitivo pes-
soal quanto o impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo com valor genérico)
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo precedido de preposição de ou para)
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
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� Concordância do verbo parecer
Flexiona-se ou não o infinitivo.
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o equivalente a “Pareceu-me que os candi-
datos estavam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexionado de acordo com o sujeito, no
plural)
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, logo o infinitivo será impessoal);
� Concordância dos verbos impessoais
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
Fazia quinze anos que ele havia se formado.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo auxiliar fica no singular)
Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul;
� Concordância com sujeito oracional
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa
do singular.
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
Ficou combinado que sairíamos à tarde.
Urge que você estude.
Era preciso encontrar a verdade.
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Casos Facultativos
Concordância Nominal
Define-se como a adaptação em gênero e número que ocorre entre o substantivo (ou equi-
valente, como o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Muro alto. / Muros altos.
z Com função de adjunto adnominal: quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
minal e estiver após os substantivos, poderá concordar com as somas desses ou com o
elemento mais próximo.
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / Encontrei colégios e faculdades ótimos.
Há casos em que o adjetivo concordará apenas com o nome mais próximo, quando a qua-
lidade pertencer somente a este.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
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Quando o adjetivo funcionar como adjunto adnominal e estiver antes dos substantivos,
poderá concordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Existem complicadas regras e
conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualificado por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o adjetivo no singular. Ex.: Ele estuda as lín-
guas inglesa, francesa e alemã.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar os adjetivos (também no singular), ante-
por um artigo a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a língua inglesa, a francesa
e a alemã.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará com a soma dos elementos.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do sujeito acompanhará a concordância do
verbo, que por sua vez concordará tanto com a soma dos elementos quanto com o nome mais
próximo.
Recomenda-se concordar com a soma dos substantivos, embora alguns estudiosos admi-
tam a concordância com o termo mais próximo.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e seus subordinados.
Algumas Convenções
Dica
O termo mesmo no sentido de “realmente” será invariável.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
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z Só / sós
Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”.
Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas apenas queriam ficar sozinhas.)
A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de ficar a sós;
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados;
� Meio
Quando significar “metade”: concordará com o elemento referente.
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora);
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quando significar unidade de medida, é
masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”;
� É proibido entrada / É proibida a entrada
Se o sujeito vier determinado, a concordância do verbo e do predicativo do sujeito será
regular, ou seja, tanto o verbo quanto o predicativo concordarão com o determinante.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta caminhada está boa.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a entrada de crianças.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
� Menos / pseudo
São invariáveis.
Ex.: Havia menos violência antigamente.
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumento é pseudo-objetivo;
� Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com ele.
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito irritados.
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bastante irritados.
Se ambos os termos puderem ser substituídos por “vários”, ficarão no plural. Se puderem
ser substituídos por “bem”, ficarão invariáveis;
� Tal qual
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, com o substantivo posterior.
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais quais os pais.
z Silepse (também chamada concordância figurada)
É a que se opera não com o termo expresso, mas o que está subentendido.
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é linda!)
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Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos com o estabelecimento aberto no final
de semana.)
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasileiros, estamos esperançosos.);
� Possível
Concordará com o artigo, em gênero e número, em frases enfáticas com o “mais”, o
“menos”, o “pior”.
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / Conheci crianças as mais belas possíveis.
PLURAL DE COMPOSTOS
Substantivos
Adjetivos
Quando houver adjetivo composto, apenas o último elemento concordará com o substan-
tivo referente.
Os demais ficarão na forma masculina singular.
Se um dos elementos for originalmente um substantivo, todo o adjetivo composto ficará
invariável.
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o plural, pois ambos são adjetivos.
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no singular, assim como “verde”, por ser
substantivo. Nesse caso, o termo composto não concorda com o plural do substantivo refe-
rente, “folhas”.
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” também pode ser um substantivo.
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma lógica de “musgo” do exemplo anterior.
Atenção! Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo composto iniciado
por “cor-de” são sempre invariáveis. O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois elemen-
LÍNGUA PORTUGUESA
� Nos substantivos compostos formados por tema verbal ou palavra invariável + subs-
tantivo ou adjetivo:
bate-papo — bate-papos;
quebra-cabeça — quebra-cabeças;
arranha-céu — arranha-céus;
ex-namorado — ex-namorados;
vice-presidente — vice-presidentes;
� Nos substantivos compostos em que há repetição do primeiro elemento:
zum-zum — zum-zuns;
tico-tico — tico-ticos;
lufa-lufa — lufa-lufas;
reco-reco — reco-recos;
� Nos substantivos compostos grafados ligadamente, sem hífen:
girassol — girassóis;
pontapé — pontapés;
mandachuva — mandachuvas;
fidalgo — fidalgos;
� Nos substantivos compostos formados com grão, grã e bel:
72 grão-duque — grão-duques;
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grã-fino — grã-finos;
bel-prazer — bel-prazeres.
Não flexão dos elementos;
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos formadores, que se mantêm invariá-
veis. Isso ocorre em frases substantivadas e em substantivos compostos por um tema
verbal e uma palavra invariável ou outro tema verbal oposto:
o disse me disse — os disse me disse;
o leva e traz — os leva e traz;
o cola-tudo — os cola-tudo.
FUNÇÕES DO SE
Embora já tenhamos abordado esse tema anteriormente, deixamos aqui uma síntese das
funções mais cobradas desse vocábulo.
Funções Morfológicas
z Pronome;
z Conjunção.
Funções Sintáticas
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FUNÇÕES DO QUE
Funções Morfológicas
z Pronome;
z Substantivo;
z Preposição;
z Advérbio;
z Interjeição;
z Conjunção.
Funções Sintáticas
A palavra morfologia refere-se ao estudo das formas. Por isso, o termo é utilizado por lin-
guistas e também por médicos, que estudam as formas dos órgãos e suas funções.
Analogamente, para compreender bem as funções de uma forma, seja ela uma palavra,
seja um órgão, precisamos conhecer como essa forma se classifica e como se organiza.
Por isso, em língua portuguesa, estudamos as formas das palavras na morfologia, que
organiza as classes das palavras em dez categorias. A seguir, estudaremos detalhadamente
cada uma delas e também veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras denotativas,
LÍNGUA PORTUGUESA
ARTIGOS
Os artigos devem concordar em gênero e número com os substantivos. São, por isso, con-
siderados determinantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e artigos indefinidos. Os definidos funcio-
nam como determinantes objetivos, individualizando a palavra, já os indefinidos funcionam
como determinantes imprecisos.
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O artigo definido — o — e o artigo indefinido — um — variam em gênero e número, tor-
nando-se “os, a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os indefinidos. Assim, temos:
z em + a = na;
z a + o = ao;
z a + a = à;
z de + a = da.
Dica
Toda palavra determinada por um artigo torna-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o
cuidar etc.
NUMERAIS
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois potes de sorvete; zero coisas a comprar;
ambos os meninos eram bons em português;
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma série. Ex.: Foi o segundo colocado do con-
curso; chegou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual determinada quantidade é multi-
plicada. Ex.: Ele ganha o triplo no novo emprego;
z Fracionários: indicam frações, divisões ou diminuições proporcionais em quantidade. Ex.:
Tomou um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu metade do pagamento.
Na primeira frase, podemos substituir o termo um por uma, realizando as devidas alte-
rações sintáticas, e o sentido será mantido, pois o que se pretende defender é que a espécie
do indivíduo que se posicionou contra o projeto é um deputado e não uma deputada, por
exemplo.
Já na segunda oração, a alteração do gênero não implicaria em mudanças no sentido,
pois o que se pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por um deputado, marcando a
quantidade.
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos atentos com a aparição das expressões
adverbiais, o que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a seguir:
z A forma 14 por extenso apresenta duas formas aceitas pela norma gramatical: catorze e
quatorze.
SUBSTANTIVOS
Tipos de Substantivos
z Derivados: são formados a partir de substantivos primitivos. Ex.: pedreiro (pedra), den-
tista (dente), florista (flor);
z Concretos: designam seres com independência ontológica, ou seja, um ser que existe por
si, independentemente de sua conotação espiritual ou real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada,
carro;
z Abstratos: indicam estado, sentimento, ação, qualidade. Os substantivos abstratos exis-
tem apenas em função de outros seres. A feiura, por exemplo, depende de uma pessoa,
um substantivo concreto a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, coragem, liberalismo,
feiura;
77
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z Comuns: designam todos os seres de uma espécie. Ex.: homem, cidade;
z Próprios: designam uma determinada espécie. Ex.: Pedro, Fortaleza;
z Coletivos: usados no singular, designam um conjunto de uma mesma espécie. Ex.: pinaco-
teca, manada.
Flexão de Gênero
Gênero e Significação
Alguns substantivos uniformes podem aparecer com marcação de gênero diferente, oca-
sionando uma modificação no sentido. Veja, por exemplo:
Além disso, algumas palavras na língua causam dificuldade na identificação do gênero, pois
são usadas em contextos informais com gêneros diferentes. Alguns exemplos são: a alface; a
cal; a derme; a libido; a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o telefonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessariamente, relação com o gênero, são admi-
tidas tanto no masculino quanto no feminino: o personagem / a personagem; o laringe / a
laringe; o xerox / a xerox.
Flexão de Número
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas que terminam em -ão o acréscimo do -s.
Ex.: órgão / órgãos; órfão / órfãos.
Os substantivos compostos são aqueles formados por justaposição. O plural dessas formas
obedece às seguintes regras:
Variação de Grau
A flexão de grau dos substantivos exprime a variação de tamanho dos seres, indicando um
aumento ou uma diminuição.
Dica
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo dos substantivos pode alterar o sentido das
palavras, podendo assumir um valor:
Afetivo: filhinha / mãezona;
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras para o uso de substantivos próprios,
exigindo o uso da inicial maiúscula.
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:
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z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás Cubas. Caso a obra apresente em seu
título um nome próprio, como no exemplo dado, este também deverá ser escrito com ini-
cial maiúscula;
z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra
Mundial;
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudes-
te, Oriente, Ocidente. Importante: os pontos cardeais são grafados com maiúsculas apenas
quando utilizados indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer o Sul (O Sul do Brasil);
quando utilizados indicando uma direção, devem ser escritos com minúsculas. Ex.: Correu
a América de norte a sul;
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).
Atente-se: em palavras com hífen, pode-se optar pelo uso de maiúsculas ou minúsculas.
Portanto, são aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e vice-presidente; porém,
é preciso manter a mesma forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.
ADJETIVOS
Locuções Adjetivas
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É importante destacar que, mais do que “decorar” formas adjetivas e suas respectivas
locuções, é fundamental reconhecer as principais características de uma locução adjetiva:
caracterizar o substantivo e apresentar valor de posse.
Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
A abertura de conta pode ser realizada on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela preposição “de”, pode ser confundida com a
locução adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante perceber que a locução adje-
tiva apresenta valor de posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para ver “o crime”,
indicado na frase, foi pela abertura da porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
zando o substantivo “abertura”.
Já na segunda frase, a locução destacada é adverbial, pois quem sofre a “ação” de ser
aberta é a “conta”, o que indica o valor de passividade da locução, demonstrando seu caráter
adverbial.
As locuções adjetivas também desempenham função de adjetivo e modificam substanti-
vos, pronomes, numerais e orações substantivas.
Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
Já as locuções adverbiais desempenham função de advérbio. Modificam advérbios, ver-
bos, adjetivos e orações adjetivas com esses valores.
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv.
Adjetivo de Relação
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apresentar meios de subjetividade. Ex.: Em
“Menino bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é subjetivo, pois a beleza do menino
depende dos olhos de quem o descreve;
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de relação sempre são posicionados após
o substantivo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;
z Derivado do substantivo: derivam-se do substantivo por derivação prefixal ou sufixal.
Ex.: paternal — pai; mundial — mundo;
z Não admitem variação de grau: os graus comparativo e superlativo não são admitidos.
Ex.: Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco mundial”.
Variação de Grau
O adjetivo pode variar em dois graus: comparativo ou superlativo. Cada um deles apre-
82 senta suas respectivas categorias.
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z Grau comparativo: exprime a característica de um ser, comparando-o com outro da mes-
ma classe nos seguintes sentidos:
z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível for-
mar novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
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z Derivados: são palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade,
mulherengo etc.;
z Simples: apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-
-brasileiro, amarelo-ouro etc.
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
z Invariável:
Adjetivos Pátrios
z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumei-
ramente usado para designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve
origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha
de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
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Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advér-
bio. Em alguns casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando
circunstância.
LÍNGUA PORTUGUESA
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advér-
bios. Porém, decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado
esperado na resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advér-
bios para, a partir delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das ques-
tões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo
advérbio:
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração.
Como dissemos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por
isso, para identificar com mais propriedade a função denotada pelos advérbios, é preciso
perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locu-
ções adverbiais ou orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) enver-
gonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento)
às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o
sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há tam-
bém as que são formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo =
novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve =
brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as
locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou
seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido.
Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada ante-
riormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o
termo destacado não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com
essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que
não admite voz passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna
86 tal estrutura agramatical; por isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
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Atenção!
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em ques-
tões. Buscamos desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo
decorando listas de locuções adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e
superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
Obs.: as formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
LÍNGUA PORTUGUESA
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica
invariável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no femi-
nino ou no plural; caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até clas-
sificados como tal, mas não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído,
pois, geralmente, é isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente for-
madas pela forma ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas
podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal.
Caso venha deslocado, em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o
pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento
recebe a terminação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.
PRONOMES
Pronomes Pessoais
PRONOMES DO CASO
PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO
OBLÍQUO
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos.
Ex.: Informei-o sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos — com-
plementados por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).
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Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em
“mate ele”. Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do
caso reto como complemento verbal, desde que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”,
“apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes
oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucio-
nalizada linguisticamente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas pecu-
liaridades importantes:
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos rela-
cionados a esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à
noite.
z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais;
z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do governo e das Forças Armadas membros do
alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos graduados, oficiais até o posto de coronel,
tratamento cerimonioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): papa;
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): bispos.
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tratamento é importante destacar que o plural
de algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas com a letra a, o plural é feito com o acrés-
cimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meritíssimo Juiz;
z O tratamento dispensado ao Presidente da República nunca deve ser abreviado.
Pronomes Indefinidos
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de maneira vaga e sempre devem ser utili-
zados na 3ª pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar e podem ser invariá-
veis. Observe a seguinte tabela:
PRONOMES INDEFINIDOS2
Variáveis Invariáveis
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas Ninguém
Todo, toda, todos, todas Quem
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
Certo, certa, certos, certas Nada
Vários, várias Cada
Quanto, quanta, quantos, quantas Que
Tanto, tanta, tantos, tantas -
Qualquer, quaisquer -
Qual, quais -
Um, uma, uns, umas -
As palavras certo e bastante serão pronomes indefinidos quando vierem antes do subs-
tantivo, e serão adjetivos quando vierem depois.
LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes Demonstrativos
Este artigo científico pretende analisar... (o pronome “este” refere-se ao próprio texto).
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Dica
O pronome “mesmo” não pode ser usado em função demonstrativa referencial. Veja:
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo esqueceu de preencher o gabarito.
Correto: O candidato fez a prova, porém esqueceu de preencher o gabarito.
Pronomes Relativos
Uma das classes de pronomes mais complexas, os pronomes relativos têm função muito
importante na língua, refletida em assuntos de grande relevância em concursos, como a aná-
lise sintática. Dessa forma, é essencial conhecer adequadamente a função desses elementos,
a fim de saber utilizá-los corretamente.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo ou a um pronome substantivo men-
cionado anteriormente. A esse nome (substantivo ou pronome mencionado anteriormente)
chamamos de antecedente.
São pronomes relativos:
z Variáveis: o qual, os quais, cujo, cujos, quanto, quantos / a qual, as quais, cuja, cujas, quan-
ta, quantas;
z Invariáveis: que, quem, onde, como;
z Emprego do pronome relativo que: pode ser associado a pessoas, coisas ou objetos.
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O cachorro que estava doente morreu. A caneta
que emprestei nunca recebi de volta.
� Em alguns casos, há a omissão do antecedente do relativo “que”.
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer).
� Emprego do relativo quem: seu antecedente deve ser uma pessoa ou objeto personificado.
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo.
� O pronome relativo quem pode fazer referência a algo subentendido: quem cala consente
(aquele que cala).
� Emprego do relativo quanto: seu antecedente deve ser um pronome indefinido ou demons-
trativo; pode sofrer flexões.
LÍNGUA PORTUGUESA
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado. Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.
� Emprego do relativo cujo: deve ser empregado para indicar posse e aparecer relacionan-
do dois termos que devem ser um possuidor e uma coisa possuída.
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi língua portuguesa — o relativo cuja está ligando aula
(possuidor) à matéria (coisa possuída).
Pronomes Interrogativos
Pronomes Possessivos
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. Casos que atraem o pronome para próclise:
Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: Não me submeto a essas condições.
Pronomes indefinidos, demonstrativos, relativos. Ex.: Foi ela que me colocou nesse
papel.
Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se apresente como um rico investidor, ele
nada tem.
Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.: Em se tratando de futebol, Maradona foi
um ídolo.
Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe
agradecemos.
Orações interrogativas, exclamativas, optativas (exprimem desejo). Ex.: Como te
iludes!
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. Casos que atraem o pronome para
mesóclise:
os pronomes devem ficar no meio dos verbos que estejam conjugados no futuro, caso
não haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.: Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgu-
lhar-me-ei dos nossos estudantes.
LÍNGUA PORTUGUESA
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Casos que atraem o pronome para ênclise:
Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me muito honrada com esse título.
Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o quanto sou importante.
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Casos proibidos:
VERBOS
z Número-pessoal: indicando se o verbo está no singular ou plural, bem como em qual pes-
soa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª);
z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada.
Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma relação enunciada pelo verbo.
O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente,
podemos indicar o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto,
ramificações específicas. Observe a seguir:
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z Presente:
Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo
todos os dias no mesmo horário.
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei).
z Passado:
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga
ou durativa.
z Futuro:
Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.
A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tem-
pos simples e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma úni-
ca palavra, ou verbo, conjugado no presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse
LÍNGUA PORTUGUESA
z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter (presente do indicativo) + verbo princi-
pal particípio.
Ex.: Tenho estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: ter (pretérito imperfeito do indi-
cativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Tinha passado.
� Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Terei saído.
� Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar: ter (futuro do pretérito simples) + verbo
principal no particípio.
Ex.: Teria estudado.
� Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter (presente do subjuntivo) + verbo princi-
pal particípio.
Ex.: (que eu) Tenha estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: ter (pretérito imperfeito do sub-
juntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (se eu) Tivesse estudado.
� Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no
particípio.
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.
As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles
assumem em determinados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como subs-
tantivos, adjetivo ou advérbios.
z Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por
vezes, pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.
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z Particípio: marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar tam-
bém em -do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se,
em alguns casos, em número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
Quando cheguei, ela já tinha partido.
Ele tinha aberto a janela.
Ela tinha pago a conta.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenô-
meno designado. Pode ser pessoal ou impessoal:
Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do dis-
curso. É usado na formação de orações reduzidas. Ex.: comer eu. Comermos nós. É para
aprenderem que ele ensina;
Impessoal: não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar ape-
nas a conjugação. Ex.: estudar — 1ª conjugação; comer — 2ª conjugação; partir — 3ª
conjugação.
Dica
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo
composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.
Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em:
regulares, irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impes-
soais e auxiliares, além das formas nominais. Vamos conhecer as particularidades de cada
um a seguir:
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regu-
laridade no uso das desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os
verbos regulares mantêm o paradigma morfológico com o radical, que permanece inalte-
LÍNGUA PORTUGUESA
Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que uti-
lizamos como exemplo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os
verbos anômalos. Ex.: verbo estar:
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregu-
laridade que ocasiona uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como
anômalos.
z Abundantes: são formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma for-
ma de particípio aceitas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma
de particípio regular e outra irregular. Vejamos alguns verbos abundantes:
z Defectivos: são verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas,
gerando um “defeito” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são
os verbos colorir, precaver, reaver etc.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo,
bem como: aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir,
ruir, computar, colorir, carpir, banir, brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa
característica, como latir, bramir, chover.
z Pronominais: esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma
verbal. É importante lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Pre-
dominantemente, os verbos pronominais apresentam transitividade indireta, ou seja, são
VTI. Ex.: Sentar-se.
z Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta-
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação
verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimentamos friamente;
z Impessoais: verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar
etc.
O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será
impessoal. Ex.: Havia muitos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em
concurso público;
Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno cli-
mático ou tempo. Ex.: Está muito quente! / Era tarde quando chegamos;
O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos;
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tem-
po climático. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor;
102
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Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujei-
to inexistente;
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver
preenchido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impes-
soal, também, o verbo ir: “Vai uns bons anos que não vejo Mariana”.
z Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e tam-
bém nas locuções verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter
e haver.
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:
A norma culta gramatical recomenda o uso do particípio regular com os verbos “ter” e
“haver”. Já com os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do particípio irregular.
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / Os traficantes foram expulsos pelos
policiais.
Dica
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjugação, pois origina-se do verbo “poer”. O mes-
LÍNGUA PORTUGUESA
Vozes Verbais
A voz passiva é realizada a partir da troca de funções entre sujeito e objeto da voz ativa.
Só podemos transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva se o verbo da voz ativa
for transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Logo, só é possível fazer a transformação
para a voz passiva se houver a presença do objeto direto.
Importante! Não confunda os verbos pronominais com as vozes verbais. Os verbos pro-
nominais que indicam sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-se, entre outros,
acompanham um pronome que faz parte integrante do seu significado, diferentemente das
vozes verbais, que acompanham o pronome “se” com função sintática própria.
Como vimos, o “se” pode funcionar como item essencial na voz passiva. Além dessa fun-
ção, esse elemento também acumula outras atribuições:
z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética é feita com verbos transitivos direto (TD)
ou transitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o “se” junto ao verbo, por isso, o
elemento “se” é designado partícula apassivadora, nesse contexto.
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) — “Se” (partícula apassivadora).
Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujei-
to paciente.
z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” funcionará nessa condição quando não for
possível identificar o sujeito explícito ou subentendido. Além disso, não podemos confun-
dir essa função do “se” com a de apassivador, já que, para ser índice de indeterminação do
sujeito, a oração precisa estar na voz ativa.
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Outra importante característica do “se” como índice de indeterminação do sujeito é que
isso ocorre em verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos de ligação. Além
disso, o verbo sempre deverá estar na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Acredita-se em Deus.
z Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se” será parte integrante dos verbos pronomi-
nais, acompanhando-o em todas as suas flexões. Quando o “se” exerce essa função, jamais
terá uma função sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar explícito ou implícito.
Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a filha;
z Partícula de realce: será partícula de realce o “se” que puder ser retirado do contexto sem
prejuízo no sentido e na compreensão global do texto. A partícula de realce não exerce
função sintática, pois é desnecessária.
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos;
z Conjunção: o “se” será conjunção condicional quando sugerir a ideia de condição. A con-
junção “se” exerce função de conjunção integrante, apenas ligando as orações, e poderá
ser substituído pela conjunção “caso”.
Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estudar, será aprovado).
Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo primitivo; para trabalhar a conjugação
desses verbos, é importante ter clara a conjugação de seus “originários”.
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algumas de suas derivações a seguir, pois são
assuntos relevantes em provas diversas:
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjugação apresenta paradigma derivado,
auxiliando a compreensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e
todos os demais que terminam em -iar. Os verbos com essa terminação são, predominante-
mente, regulares.
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PRESENTE — INDICATIVO
Eu Crio
Tu Crias
Ele/Você Cria
Nós Criamos
Vós Criais
Eles/Vocês Criam
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geralmente são irregulares e apresentam algu-
ma modificação no radical ou nas desinências. Acompanhe a conjugação do verbo “passear”:
PRESENTE — INDICATIVO
Eu Passeio
Tu Passeias
Ele/Você Passeia
Nós Passeamos
Vós Passeais
Eles/Vocês Passeiam
Vamos agora conhecer algumas conjugações de verbos irregulares importantes, que sem-
pre são objeto de questões em concursos.
Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:
PRESENTE — INDICATIVO
Eu Adiro
Tu Aderes
Ele/Você Adere
Nós Aderimos
Vós Aderis
Eles/Vocês Aderem
PRESENTE — INDICATIVO
Eu Ponho
Tu Pões
Ele/Você Põe
Nós Pomos
Vós Pondes
Eles/Vocês Põem
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PREPOSIÇÕES
Conceito
São palavras invariáveis que ligam orações ou outras palavras. As preposições apresen-
tam funções importantes tanto no aspecto semântico quanto no aspecto sintático, pois com-
plementam o sentido de verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado sem a presença
da preposição, modificando a transitividade verbal e colaborando para o preenchimento de
sentido de palavras deverbais4.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para,
per, perante, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim chamadas pois pertencem a outras clas-
ses gramaticais, mas funcionam, ocasionalmente, como preposições. Eis algumas: afora, con-
forme (quando equivaler a “de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo, segundo,
senão, mediante, que, visto (quando equivaler a “por causa de”).
Acompanhe a seguir algumas preposições e exemplos de uso em diferentes situações:
“A”
“Após”
“Com”
4 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com
o qual mantêm relação. Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são
acompanhados por preposições e, sintaticamente, o termo que completa o sentido desses nomes é conhecido
como complemento nominal. 107
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z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem planos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave;
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância;
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; comigo sempre é assim.
“Contra”
“De”
“Desde”
“Em”
“Entre”
“Para”
z Consequência: Você deve ser muito esperto para não cair em armadilhas;
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
z Proporção: As baleias estão para os peixes assim como nós estamos para as galinhas;
z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Destino ou direção: Olhe para frente!
“Perante”
“Por”
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“Sem”
“Sob”
“Sobre”
Locuções Prepositivas
Outros exemplos de locuções prepositivas: abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a
despeito de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; junto de; perto de; por entre;
por trás de; quanto a; a fim de; por meio de; em virtude de.
Atenção! Algumas locuções prepositivas apresentam semelhanças morfológicas, mas sig-
nificados completamente diferentes. Observe estes exemplos5:
Combinações e Contrações
As preposições podem se ligar a outras palavras de outras classes gramaticais por meio de
dois processos: combinação e contração.
a + o = ao
a + os = aos
Veja a lista a seguir6, que apresenta as preposições que se contraem e suas devidas formas:
z Preposição “a”:
z Preposição “de”:
de + uns = duns
de + uma = duma
de + umas = dumas
� Com pronome demonstrativo:
de + este(s)= deste, destes
de + esta(s)= desta, destas
de + isto= disto
z Preposição “em”:
z Preposição “per”:
Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar o que significa Semântica. Semântica é
a área do conhecimento que relaciona o significado da palavra ao seu contexto.
É importante ressaltar que as preposições podem apresentar valor relacional ou podem
atribuir um valor nocional.
As preposições que apresentam um valor relacional cumprem uma relação sintática
com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados deverbais, conforme já
mencionamos. Essa mesma relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advérbios, os
quais também apresentarão função deverbal.
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida pela regência do verbo concordar).
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo complemento nominal).
Estou desconfiado do funcionário (preposição exigida pelo adjetivo).
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo advérbio).
Em todos esses casos, a preposição mantém uma relação sintática com a classe de palavras
a qual se liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na sentença.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocional é preponderante apresentam uma
modificação no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são componentes obrigatórios
na construção da sentença, divergindo das preposições de valor relacional. As preposições
de valor nocional estabelecem uma noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo etc.
Vejamos algumas na tabela a seguir:
CONJUNÇÕES
direta com a organização das orações nas sentenças, as conjunções podem ser coordenati-
vas ou subordinativas.
Conjunções Coordenativas
As conjunções coordenativas são aquelas que ligam orações coordenadas, ou seja, orações
que não fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, essas conjunções ligam núcleos
de um mesmo termo da oração. As conjunções coordenadas podem ser:
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z Aditivas: somam informações. E, nem, bem como, não só, mas também, não apenas, como
ainda, senão (após não só).
Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei.
O gato era o preferido, não só da filha, senão de toda família.
z Adversativas: colocam informações em oposição, contradição. Mas, porém, contudo,
todavia, entretanto, não obstante, senão (equivalente a mas).
Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
A culpa não foi da população, senão dos vereadores (equivale a “mas sim”).
z Alternativas: ligam orações com ideias que não acontecem simultaneamente, que se
excluem. Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
Ex.: Estude ou vá para a festa.
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Importante! A palavra “senão” pode funcionar como conjunção alternativa: Saia agora,
senão chamarei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).
z Explicativas: ligam orações, de forma que em uma delas explica-se o que a outra afirma.
Que, porque, pois, (se vier no início da oração), porquanto.
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a enxada!
Viva bem, pois isso é o mais importante.
Importante! “Pois” com sentido explicativo inicia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte,
pois sinto saudades.
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar
voltará, pois, a subir.
z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a segunda conclui o que foi dito na primeira.
Logo, portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, destarte, pois (deslocado na frase).
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado.
Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-se.
Dica: as conjunções “e”, “nem” não devem ser empregadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que ambas
indicam a mesma relação aditiva, o uso concomitante acarreta em redundância.
Conjunções Subordinativas
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� Causal: iniciam a oração dando ideia de causa. Haja vista, que, porque, pois, porquanto,
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) etc.
Ex.: Como não choveu, a represa secou.
� Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia de consequência. Que (depois de tal,
tanto, tão), de modo que, de forma que, de sorte que etc.
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
� Comparativa: iniciam orações comparando ações e, em geral, o verbo fica subtendido.
Como, que nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior, maior), tanto... quanto etc.
Ex.: Corria como um touro.
Ela dança tanto quanto Carlos.
� Conformativa: expressam a conformidade de uma ideia com a da oração principal. Con-
forme, como, segundo, de acordo com, consoante etc.
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
Amanhã chove, segundo informa a previsão do tempo.
� Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia contrária à da oração principal. Embora,
conquanto, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que etc.
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
Trabalhava, por mais que a perna doesse.
� Condicional: iniciam uma oração com ideia de hipótese, condição. Se, caso, desde que,
contanto que, a menos que, somente se etc.
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondido sua mensagem.
Posso lhe ajudar, caso necessite.
� Proporcional: ideia de proporcionalidade. À proporção que, à medida que, quanto mais...
mais, quanto menos...menos etc.
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser aprovado.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
� Final: expressam ideia de finalidade. Final, para que, a fim de que etc.
Ex.: A professora dá exemplos para que você aprenda!
Comprou um computador a fim de que pudesse trabalhar tranquilamente.
� Temporal: iniciam a oração expressando ideia de tempo. Quando, enquanto, assim que,
até que, mal, logo que, desde que etc.
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia do Futuro.
Mal cheguei à cidade, fui assaltado.
Conjunções Integrantes
As conjunções integrantes fazem parte das orações subordinadas; na realidade, elas ape-
nas integram uma oração principal à outra, subordinada. Existem apenas dois tipos de con-
junções integrantes: “que” e “se”. 115
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� Quando é possível substituir o “que” pelo pronome “isso”, estamos diante de uma conjun-
ção integrante.
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? Isso).
� Sempre haverá conjunção integrante em orações substantivas e, consequentemente, em
períodos compostos.
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O quê? Isso).
� Nunca devemos inserir uma vírgula entre um verbo e uma conjunção integrante.
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual (errado).
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
INTERJEIÇÕES
As interjeições também fazem parte do grupo de palavras invariáveis, tal como as preposições
e as conjunções. Sua função é expressar estado de espírito e emoções; por isso, apresentam forte
conotação semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a uma frase. Ex.: Tchau!
As interjeições indicam relações de sentido diversas. A seguir, apresentamos um quadro
com os sentimentos e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:
É salutar lembrar que o sentido exato de cada interjeição só poderá ser apreendido diante
do contexto. Por isso, em questões que abordem essa classe de palavras, o candidato deve
reler o trecho em que a interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido expresso no texto.
Isso acontece pois qualquer expressão exclamativa que expresse sentimento ou emoção
pode funcionar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por exemplo, que são inter-
jeições por excelência, mas que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o papel das locuções interjetivas, conjunto
de palavras que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus! Ora bolas! Valha-me Deus!
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EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
Um tópico que gera dúvidas é a pontuação. Veremos a seguir as regras sobre seus usos.
USO DE VÍRGULA
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três funções básicas: marcar as pausas e as
inflexões da voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e orações; e esclarecer o signi-
ficado da frase, afastando qualquer ambiguidade.
Quando se trata de separar termos de uma mesma oração, deve-se usar a vírgula nos
seguintes casos:
A vírgula também é facultativa quando o termo que exprime ideia de tempo, modo e lugar
não for uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos:
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
DOIS-PONTOS
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda não foi concluída. Servem para:
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TRAVESSÃO
PARÊNTESES
Têm função semelhante a dos travessões e das vírgulas no sentido que colocam em relevo
certos termos, expressões ou orações.
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos jantar. (oração intercalada)
PONTO-FINAL
Dica
Símbolos do sistema métrico decimal e elementos químicos não vêm com ponto final:
Exemplos: km, m, cm, He, K, C.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
RETICÊNCIAS
São usadas em citações ou em algum termo que precisa ser destacado no texto. Podem ser
substituídas por itálico ou negrito, que têm a mesma função de destaque.
Usam-se nos seguintes casos:
COLCHETES
Representam uma variante dos parênteses, porém têm uso mais restrito.
Usam-se nos seguintes casos:
ASTERISCO
� É colocado à direita e no canto superior de uma palavra do trecho para se fazer uma cita-
ção ou comentário qualquer sobre o termo em uma nota de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo triste acrescido do sufixo -eza*.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjetivo, o que origina um novo substantivo;
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão ou lacuna em um texto, principalmente
em substituição a um substantivo próprio:
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encaminhado aos responsáveis;
LÍNGUA PORTUGUESA
� Quando colocado antes e no alto da palavra, representa o vocábulo como uma forma hipo-
tética, isto é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
Ex.: Parecer, do latim *parescere;
� Antes de uma frase para indicar que ela é agramatical, ou seja, uma frase que não respeita
as regras da gramática.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
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USO DA BARRA
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser substituída pela conjunção “ou”:
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta;
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separação das conjunções e/ou:
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais e/ou escritos;
� Para indicar itens que possuem algum tipo de relação entre si:
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número (plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h;
� Para separar os versos de poesias, quando escritos seguidamente na mesma linha. São
utilizadas duas barras para indicar a separação das estrofes:
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que passa perto,/meu peito é puro deserto./
Subo monte, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noite./Mas a estrela é minha.”
Cecília Meireles;
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra não foi escrita na sua totalidade:
Ex.: a/c = aos cuidados de;
s/ = sem;
� Para separar o numerador do denominador nos números fracionários, substituindo a bar-
ra da fração:
Ex.: 1/3 = um terço;
� Nas datas:
Ex.: 31/03/1983
� Nos números de telefone:
Ex.: 225 03 50/51/52;
� Nos endereços:
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232;
� Na indicação de dois anos consecutivos:
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso;
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
Ex.: /s/.
Embora não existam regras muito definidas sobre a existência de espaços antes e depois
da barra oblíqua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singular, masculino/feminino,
sinônimo/antônimo.
Um assunto que causa grande dúvida é o uso da crase, fenômeno gramatical que corres-
ponde à junção da preposição a + artigo feminino definido a, ou da junção da preposição a +
os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela marcação
(`) + (a) = (à).
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Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
Regra geral: haverá crase sempre que o termo antecedente exija a preposição a e o termo
consequente aceite o artigo a.
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exige preposição).
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + palavra que não aceita artigo).
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação no uso da crase, mas existem especifici-
dades que ajudam no momento de identificação:
CASOS CONVENCIONADOS
CASOS PROIBITIVOS
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor orientação de quando não usar a crase.
CRASE FACULTATIVA
Nestes casos, podemos escrever as palavras das duas formas: utilizando ou não a crase.
Para entender detalhadamente, observe as seguintes dicas:
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� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem se tem proximidade
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;
� Antes de pronomes possessivos no singular
Ex.: Iremos a/à sua residência;
� Após preposição até, com ideia de limite
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui
estranho afeto.” (CBr. 1, 67)
CASOS ESPECIAIS
Macetes
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre
a, contra a, com a, à moda de, durante a;
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. Quando o da ocorre paralelo ao à, há
crase;
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder ser substituído por às duas, há crase.
Quando o a uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àquilo quando tais pronomes puderem ser
LÍNGUA PORTUGUESA
A compreensão da crase vai muito além da estética gramatical, pois serve também para
evitar ambiguidades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto,
não exige preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações como “Pintura feita à mão”, já que
“à mão” seria o advérbio de instrumento da ação de pintar. 125
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REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO
Importante!
Léxico: conjunto de todas as palavras e expressões de um idioma.
Vocabulário: conjunto de palavras e expressões que cada falante seleciona do léxico para
se comunicar.
Sinonímia
Antonímia
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Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
A relação de sentido estabelecida na tirinha é construída a partir dos sentidos opostos das
palavras “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nesse contexto.
Homonímia
Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia ou grafia, porém apresentam signi-
ficados diferentes. É importante estar atento a essas palavras e a seus dois significados.
A seguir, listamos alguns homônimos importantes:
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concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
coser (costurar) cozer (cozinhar)
esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público)
expectador (aquele que tem esperança, que
espectador (aquele que assiste)
espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
espiar (observar) expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
estático (imóvel) extático (admirado)
esterno (osso do peito) externo (exterior)
estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
Parônimos
Parônimos são palavras que apresentam sentido diferente e forma semelhante, conforme
demonstramos nos exemplos a seguir:
z Absorver/absolver
z Aferir/auferir
z Cavaleiro/cavalheiro
z Cumprimento/comprimento
z Delatar/dilatar
Um dos alunos da turma delatou o colega que chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).
Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando seu estômago (alargar, estender).
z Dirigente/diligente
z Discriminar/descriminar
Ela se sentiu discriminada por não poder entrar naquele clube (diferenciar, segregar).
Em muitos países se discute sobre descriminar o uso de algumas drogas (descrimina-
lizar, inocentar).
Polissemia (Plurissignificação)
LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs.
Hipônimo e Hiperônimo
Relação estabelecida entre termos que guardam relação de sentido entre si e mantêm uma
ordem gradativa. Exemplo: hiperônimo — veículo; hipônimos — carro, automóvel, moto,
bicicleta, ônibus...
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.
CAVALCANTE, M. M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2013.
HOMÔNIMOS. Só Português, [s.d.]. Disponível em: https://www.soportugues.com.br/
secoes/seman/seman6.php. Acesso em: 26 abr. 2024.
KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 16. ed. Campinas: Pontes, 2016.
KOCH, I. G. V.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed . São
Paulo: Contexto, 2015.
SACCONI, L. A. Nossa Gramática Completa Sacconi – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo:
Nova Geração, 2010.
SCHLITTLER, J. M. M. Recursos de Estilo em Redação Profissional. Campinas: Servanda,
2008.
A reescrita de textos é essencial em vários aspectos, como para corrigir erros e escrever
mais claramente. No contexto dos concursos públicos, para responder às questões apresenta-
das, é necessário identificar qual é a opção cuja reescrita mantém o sentido do texto original,
sem que haja mudança de compreensão, baseada na intenção do emissor da mensagem.
A coesão é um dos principais pontos a se observar na produção de um texto e, consequen-
temente, na reescritura, para manter a coesão e a harmonia do texto. Conjunções, advérbios,
preposições e pronomes, principalmente, apresentam aspectos que podem transformar com-
pletamente o sentido de um enunciado. Portanto, eles merecem especial atenção. Além disso,
até mesmo uma vírgula pode mudar o sentido de um enunciado, assim, elas também devem
ser observadas.
As frases reescritas precisam manter a essência do texto base, ou seja, a informação prin-
cipal. É importante observar os tempos verbais empregados e a ordem das palavras também.
Após a reescrita, as frases precisam:
SUBSTITUIÇÃO
A substituição pode ser realizada por meio de recursos como sinônimos, antônimos, locu-
ção verbal, verbos por substantivos e vice-versa, voz verbal, conectivos, dentre outros.
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Sinônimos
Antônimos
Palavras que possuem significados diferentes, ou seja, significados opostos que podem ser
usados para substituir a palavra anterior. Ex.:
Locução Verbal
Ao invés de usar a forma única do verbo, é possível substituir o verbo por uma locução
verbal e vice-versa. Exs.:
z Caminhar: caminho;
z Resolver: resolução;
z Trabalhar: trabalho;
z Necessitar: necessidade;
z Estudar: estudos;
z Beijar: beijo;
z O trabalho enobrece o homem/Trabalhar enobrece o homem.
Voz Verbal
Pode-se, na reescrita, trocar uma palavra por locução que corresponda a ela, ou vice-ver-
sa. Ex.:
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z O amor materno é singular/O amor de mãe é singular.
Os conectivos são palavras ou expressões que têm a função de ligar os períodos e pará-
grafos do texto. Os conectores ou conectivos podem ser conjunções ou advérbios/locuções
adverbiais e sempre promovem uma relação entre os termos conectados.
Por meio da substituição de conectivos, é possível modificar e reescrever um trecho sem
que haja mudança de sentido.
Importante!
Identifique a relação que cada conector indica, pois, ao substituir um conector por outro
que não possui relação semântica, pode ocorrer mudança no sentido do texto. Ao usar um
conectivo para substituir outro, é necessário que ambos estabeleçam o mesmo tipo de
relação.
Dentro de cada um dos grupos de conjunções acima citados é possível haver substituição
entre as conjunções sem que haja prejuízo no entendimento final do trecho reescrito.
DESLOCAMENTO
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z Faleceu, em São Paulo, o jornalista Ricardo Boechat;
z O jornalista Ricardo Boechat faleceu em São Paulo.
Adjunto Adverbial
Adjetivo
Pronome Indefinido
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Este tema da reescrita de textos pode ser aplicado tanto a questões de concursos quanto à
produção de redações e textos diversos.
Nas questões, é necessário analisar as opções dadas para encontrar aquela na qual a escri-
ta esteja gramaticalmente correta e o sentido original do texto esteja presente, sem mudan-
ças na compreensão.
Já nas redações, a reescrita é essencial para corrigir erros e escrever de forma mais clara.
Ela auxilia, também, para poder utilizar o texto-base como subsídio para a escrita, fazendo
modificações de alguns trechos e adaptando-os para a sua escrita.
A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela pode ser considerada um conjunto de
dialetos. Alguém já disse que em país algum se fala uma língua só, há várias línguas dentro
da língua oficial. E no Brasil não é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem a sua.
A essa característica da língua damos o nome de variação linguística. De forma sintética,
podemos dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão formal e padrão informal; cada
um desses tipos apresenta suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos:
Padrão Formal
z Norma Culta
z Norma-Padrão
A norma padrão diz respeito às regras organizadas nas gramáticas, estabelecendo um conjunto
de regras e preceitos que devem ser respeitados na utilização da língua. Essa norma apresenta um
caráter mais abstrato, tendo em vista que também considera fatores sociais, como a norma culta.
z Língua Formal
A língua formal não está, diretamente, associada a padrões sociais; embora saibamos que
a influência social exerce grande poder na língua, a língua formal busca formalizar em regras
e padrões as suas normas a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre a linguagem.
Padrão Informal
z Coloquialismo
A oralidade marca as maneiras informais de se comunicar. Tais formas não são reconhe-
cidas pela norma formal, e, por isso, são chamadas de registros orais ou coloquiais, embora
nem sempre sejam realizados apenas pela linguagem oral.
z Linguagem Coloquial
A linguagem coloquial marca formas fora do padrão estabelecido pela gramática. Como
sabemos, existem alguns tipos de variação linguística; dentre elas, as mais comuns em provas
de concurso são:
A variação diatópica pode ocorrer com sons diferentes. Quando isso acontece, dizemos
que ocorreu uma variação diatópica fonética, já que fonética significa aquilo que diz res-
peito aos sons da fala. Temos também o exemplo das variações que ocorrem em diversas
partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens chamam de penal o estojo escolar para guardar
canetas e lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro para representar um carinho
feito em alguém. O que em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira, no Norte e no
Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa variação denominamos diatópica lexical, já que
lexical significa algo relativo ao vocabulário.
A variação diastrática, como também ocorre com a diatópica, pode ser fonética, lexical
e sintática, dependendo do que seja modificado pelo falar do indivíduo: falar adevogado,
pineu, bicicreta, é exemplo de variação diastrática fonética. Usar “presunto” no lugar de
corpo de pessoa assassinada é variação diastrática lexical. E falar “Houveram menas per-
cas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação diastrática sintática.
A variação diafásica, como ocorreu com a diatópica e com a diastrática, pode ser também
fonética, lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não por morar em determinado
lugar nem porque todos de sua camada social usem, é usar a variação diafásica fonética.
LÍNGUA PORTUGUESA
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VARIAÇÃO DIAFÁSICA
Diafásica Mudança no som, como veio (pronúncia com E aberto) e more (pronúncia com E
fonética fechado, assemelhando-se quase a pronúncia de i)
Diafásica Ocorre em contextos de informalidade, em que há mais liberdade para usar gírias
lexical e expressões lexicais diferentes
Diafásica Ocorre com a alteração dos elementos sintáticos, ocasionando erros
sintática
Variação Diacrônica
Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido estabelecido em algumas palavras ao longo
dos anos. Podemos citar alguns exemplos comuns, como as palavras Pharmácia – Farmácia;
Vossa Mercê – Você. Além dessas, a variação diacrônica também marca a presença de gírias
comuns em determinadas épocas, como broto, chocante, carango etc.
HORA DE PRATICAR!
1 (CEBRASPE-CESPE — 2024) Leia o texto para responder à questão.
João Fábio Bertonha. Notas sobre a geopolítica do petróleo no século XXI. In: Boletim de Análise de Conjuntura
em Relações Internacionais, n.º 58, p. 9-10, 2005 (com adaptações)
( ) CERTO ( ) ERRADO
A discussão sobre um gênero neutro na linguagem deriva do uso do gênero gramatical masculi-
no para denotar homens e mulheres (Todos nessa sala de aula devem entregar o trabalho.) e do
feminino específico (Clarice Lispector é incluída pela crítica especializada entre os principais
autores brasileiros do século 20.).
Na gramática, o uso do masculino genérico é visto como gênero não marcado, ou seja, usá-lo
não dá a entender que todos os sujeitos sejam homens ou mulheres — ele é inespecífico. Por ser
algo cotidiano, é difícil pensar nas implicações políticas de empregar o masculino genérico, mas
o tema foi amplamente discutido por especialistas como uma forma de marcar a hierarquização
de gêneros na sociedade, priorizando o homem e invisibilizando a mulher. O masculino genérico
é chamado, inclusive, de falso neutro.
Entretanto, essa abordagem não é unânime no campo da linguística. Para muitos estudiosos, a
interpretação sexista do masculino genérico ignora as origens latinas da língua portuguesa.
No latim havia três designações: feminina, masculina e neutra. As formas neutras de adjetivos e
substantivos no latim acabaram absorvidas por palavras de gênero masculino. A única marca-
ção de gênero no português é o feminino. O neutro estaria, portanto, junto ao masculino.
O Brasil não é o único país onde a linguagem neutra é discutida. Alguns setores acadêmicos, ins-
tituições de ensino e ativistas estadunidenses já consideram usar pronome neutro para se referir
a todos, em vez de recorrer à demarcação de gênero binário.
Especialistas avaliam que a modificação gramatical em línguas latinas pode ser muito mais com-
plexa e custosa do que no inglês ou no alemão, em que já está em uso o gênero neutro, porque
as línguas anglo-saxônicas em si já oferecem essa opção.
Segundo especialistas, esse tipo de inovação é mais fácil de ocorrer no inglês, em que, com exce-
ção daquelas palavras herdadas do latim, como actor (ator) e actress (atriz), a flexão de gênero
não altera os substantivos e adjetivos. No caso do português, essa transformação não depende
apenas da alteração de um pronome, porque a flexão de gênero afeta todo o sintagma nominal.
Assim, a flexão de gênero é demarcada pela vogal temática a ou o (como em pesquisadoras
brasileiras) e(ou) por meio do artigo a ou o (como em a intérprete).
Mesmo com os desafios morfológicos, linguistas afirmam que não é impossível pensar em pro-
posições mais inclusivas, e que isso não necessariamente significa que haja uma tentativa de
LÍNGUA PORTUGUESA
destruição do português. Segundo explicam esses especialistas, a história de uma língua sem-
pre conta muito sobre a história de seus falantes, de modo que as coisas que falamos hoje em
dia não brotaram da terra nem vieram prontas, mas dependem da nossa história como humani-
dade. Nesse sentido, as propostas já existentes seriam os primeiros passos nesse movimento, e
não uma forma final a ser imposta a todos os falantes.
137
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As palavras “já” e “está” (sexto parágrafo) são acentuadas graficamente de acordo com a mesma
regra de acentuação gráfica.
( ) CERTO ( ) ERRADO
As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes quanto ao que podem expressar,
e o fazem com igual facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto,
dois fatores dificultam a aplicação de algumas línguas a certos assuntos: um, objetivo, a defi-
ciência de vocabulário; outro, subjetivo, a existência de preconceitos.
É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua dos méritos (culturais, científi-
cos ou literários) daquilo que ela serve para expressar. Por exemplo, se a literatura francesa é
particularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa seja superior às outras
línguas para a expressão literária. O desenvolvimento de uma literatura é decorrência de fatores
históricos independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos
méritos da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imaginária vantagem literária de se
utilizar o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto
foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau
de adiantamento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo.
Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos científicos da contemporaneidade são as
instituições e os pesquisadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica interna-
cional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a supremacia científica norte-americana
se tivessem verificado, por exemplo, na Holanda, o holandês nos estaria servindo exatamente
tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estruturais intrínsecos que o façam
superior ao holandês como língua adequada à expressão de conceitos científicos.
Não se conhece caso em que o desenvolvimento da superioridade literária ou científica de um
povo possa ser claramente atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes
literaturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes nações (as mais ricas, as
mais livres de restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais poderosas política e
militarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se
dá mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são também produtos da riqueza e da
estabilidade de uma sociedade.
O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de não desenvolverem vocabulário técnico
e científico suficiente para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem chegar a ser mui-
to grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem
de assuntos científicos e técnicos.
Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações)
( ) CERTO ( ) ERRADO
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4. (CEBRASPE-CESPE — 2021) O fenômeno conhecido como judicialização da saúde é multifa-
cetado. Por um lado, as ações judiciais comprometem uma parcela significativa do orçamento
para atender demandas específicas de alguns pacientes; por outro, podem significar o único
caminho para salvar ou prolongar a vida de pacientes, especialmente de pessoas com doenças
raras ou crônicas, como diabetes e câncer, que dependem de medicamentos de alto custo. Há
também o uso desse recurso extremo para medicamentos equivalentes aos disponíveis no sis-
tema público de saúde e, até mesmo, para a compra de produtos como fraldas ou água de coco
— sempre com receita médica.
A preocupação com o impacto da judicialização nos municípios é justificável. Há casos em que
uma única ação pode comprometer todo o orçamento da saúde de uma cidade de pequeno por-
te. Algumas iniciativas buscam contornar esse obstáculo por meio de arranjos institucionais.
Um dos exemplos mais lembrados é o de Santa Catarina. Em 1997, municípios do entorno da
cidade de Lages, a 200 quilômetros de Florianópolis, uniram-se para encontrar melhores formas
de administrar os recursos para a saúde, frequentemente afetados pela judicialização. Os prefei-
tos e gestores dos municípios perceberam que, isoladamente, era mais complicado enfrentar as
decisões judiciais. Por meio do consórcio intermunicipal, criou-se um padrão comum de atuação,
que evitou sobreposições de pedidos e racionalizou gastos e investimentos.
Bruno De Pierro. Demandas crescentes. In: Revista Pesquisa FAPESP, 18 (252), fev. 2017, p. 18-22 (com
adaptações)
( ) CERTO ( ) ERRADO
que os sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa centralidade da culpa na
responsabilidade civil se encontra desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial.
Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de IA passam a decidir de forma diversa da
programada, há uma dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro humano e aque-
les que derivaram de uma escolha equivocada realizada pelo próprio sistema ao agir de forma
autônoma. O comportamento emergente da máquina, em função do processo de aprendizado
profundo, sem receber qualquer controle da parte de um agente humano, torna difícil indicar
quem seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo decisório decorreu de um aprendi-
zado automático que culminou com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há
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evidentes situações em que se pode vislumbrar a existência de culpa do operador do sistema,
como naquelas em que não foram realizadas atualizações de software ou, até mesmo, de quebra
de deveres objetivos de cuidado, como falhas que permitem que hackers interfiram no sistema.
Entretanto, excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura necessário para a res-
ponsabilização com base na culpa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
140
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7. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais perigosas
do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicídios: 2.262 em um ano, média de 188 por mês.
Mas esse cenário mudou, e a cidade apresentou uma das maiores reduções de crimes registra-
das nos EUA.
Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorque ficou conhecida como “janelas que-
bradas” e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo, para impedir uma
espiral de violência que levasse a crimes mais graves.
Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela quebrada” foi superestimado. O mais
importante, dizem, foi identificar focos de criminalidade para concentrar, ali, ação preventiva. Foi
possível assinalar áreas pequenas onde criminosos mais atuavam, onde se sabia que crimes iam
ocorrer.
O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham presença visível e constante da polí-
cia. As patrulhas preventivas — e em grande número — em focos de crime foi essencial para redu-
zir a violência. “O crime é mais situacional do que se pensa, inclusive homicídios. Com a patrulha
policial, pessoas que iam cometer crimes simplesmente foram fazer outra coisa”, afirma outro
especialista, Frank Zimring.
Outra medida que teve papel importantíssimo foi a implementação de cortes (tribunais), nos anos
90, para tratar de crimes menores, mediar conflitos comunitários e casos de violência doméstica
e para lidar com usuários de drogas. A ideia é evitar que esses conflitos evoluam e aumentar a
confiança dos cidadãos no sistema judiciário e político.
No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próxi-
mos itens.
No trecho “e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo”, o “a”, em ambas
as ocorrências, classifica-se como preposição e seu emprego deve-se à presença da palavra
“combate”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Um contraste não menos nítido que o da oposição dos sexos é o fornecido pela oposição das
classes em determinada sociedade, a qual tende a se revelar por meio de certos sinais exteriores
como a vestimenta, as maneiras, a linguagem, chegando mesmo a refletir-se no modo pelo qual
as pessoas se distribuem no espaço geográfico.
LÍNGUA PORTUGUESA
É assim que podemos, por assim dizer, visualizar as sutis diferenças que separam os seres entre
si, pois elas aqui e ali se petrificam, as diversas áreas residenciais urbanas simbolizando as diver-
sas classes sociais, os indivíduos espalhando-se pelos bairros de uma cidade de acordo com os
grupos a que pertencem, como se procurassem, através de uma unidade local, reforçar a identi-
dade de usos e costumes, de hábitos e mentalidade. Como se, numa existência de aproximação
constante e frequente confusão de seres de estratos diversos a que a vida urbana nos obriga,
fosse necessário, para preservar uma demarcação social existente, mas ameaçada, reforçar a
todo momento uma realidade imponderável, cuja exteriorização conferisse a cada um uma segu-
rança maior.
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No entanto, à maneira de uma radiografia que nos revela, na sua nitidez, detalhes imperceptíveis
ao olho nu, mas que, sendo estática, não retém a vida, o palpitar do coração, o fluir constante
do sangue nas artérias, enfim, os fenômenos fisiológicos que se produzem no interior do nosso
corpo, os esquemas da sociedade também não nos fazem suspeitar a luta surda e subterrânea
dos grupos, a ininterrupta substituição dos indivíduos num arcabouço mais ou menos fixo.
Pois a separação de classes não é rígida como a que existe entre as castas. A classe é aberta e
percorrida por um movimento contínuo de ascensão e descida, o qual afeta constantemente a
sua estrutura, colocando os indivíduos de maneira diversa, uns em relação aos outros. A socie-
dade do século XIX, ao contrário daquela que a precedeu, não opõe mais, nem mesmo entre a
burguesia e a nobreza, barreiras intransponíveis, preservadas pelo próprio Estado por meio das
leis suntuárias ou das questões de precedência e de nível.
Essa possibilidade nova de comunicação entre os grupos substitui a antiga fixidez, ou melhor, a
fixidez relativa da estrutura social, por uma constante mobilidade, fazendo com que a sociedade
se assemelhe, na admirável comparação de Proust, “aos caleidoscópios que giram de tempos
em tempos, colocando sucessivamente de maneira diversa elementos que acreditávamos imó-
veis, e compondo uma outra figura”.
Gilda de Melo e Sousa. O espírito das roupas: a moda no século XIX. São Paulo/Rio de Janeiro: Cia das Letras/
Ouro Sobre Azul, 2019, p. 111-112. (com adaptações)
( ) CERTO ( ) ERRADO
142
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onde hoje é a América Central, animais do norte chegaram ao sul. Entre eles, o mastodonte, os
cães-urso e os ancestrais dos cavalos, todos antigos moradores do cerrado.
Apesar da longa coexistência, não há nenhuma evidência confiável de que o homem tenha caça-
do os animais gigantes de forma sistemática no território nacional ou mesmo na América do Sul,
ao contrário do que ocorreu na América do Norte, onde mamutes e mastodontes eram presas
constantes das populações humanas. O desaparecimento da megafauna no território nacional
provavelmente não teve relação direta com a chegada do serhumano, como algumas hipóte-
ses para essa extinção sugerem. Os pesquisadores Mark Hubbe e Alex Hubbe acreditam que a
extinção dos animais tenha sido desencadeada por uma mudança climática. Na teoria deles, as
espécies da megafauna teriam se extinguido gradualmente a partir da última grande glaciação,
no fim do período chamado Pleistoceno (há aproximadamente 12 mil anos). Os maiores não
teriam vivido além de dez mil anos atrás, e os menores teriam avançado um pouco além da nova
era, até quatro mil anos atrás.
Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item que se segue.
No quarto período do último parágrafo, o isolamento do advérbio “gradualmente” entre vírgulas
seria gramaticalmente correto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos matriculados em cursos de formação
de professores, mas com um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para especialis-
tas, isso mostra que a docência se torna opção pela facilidade em ingressar no ensino superior,
pelas baixas mensalidades e pela alternativa de cursos a distância — não pela vocação.
Estudos internacionais mostram que um bom professor é um dos fatores que mais influenciam
na aprendizagem. Os dados são de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimen-
to (BID), que traçou o perfil de quem estuda para ser professor na América Latina e no Caribe.
Enquanto, no Brasil, 20% dos universitários estão em cursos como licenciatura e pedagogia, na
América Latina são 10% e, em países desenvolvidos, 8%.
Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem querer ser professores quando estão no
ensino médio. E, apesar da grande quantidade de alunos matriculada em cursos de licenciatura e
pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecionar disciplinas específicas em áreas de ciências
exatas e da natureza.
LÍNGUA PORTUGUESA
Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela profissão e só 7% ingressam, de fato,
na universidade, porque há muita concorrência e maior seleção. No Chile e no México, os dois
índices são mais próximos: cerca de 7% se interessam pelo magistério e menos de 15% cursam
pedagogia ou licenciatura.
“Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em programas de formação de professores
para conseguir um título”, diz o economista chefe da divisão de educação no BID, Gregory Elac-
qua. Ele afirma que isso não é bom para a educação.
“A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na frente vão enfrentar o desafio de educar
crianças vulneráveis também”, diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, que atua
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na área de formação de professores, Mariana Breim. “Se é este público que está procurando a
docência, temos de abraçá-lo e fazê-lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados mostram que
71% dos estudantes de pedagogia e licenciatura no Brasil são mulheres, índice semelhante ao
verificado em outros países latinos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Eduardo Muylaert. Direito no cotidiano: guia de sobrevivência na selva das leis. São Paulo: Editora Contexto,
2020, p. 11-13 (com adaptações)
Acerca dos sentidos e de aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item a seguir.
No segundo período do terceiro parágrafo, o emprego do sinal indicativo de crase no trecho “ain-
da existe uma enorme dificuldade de acesso às coisas do direito” é obrigatório.
( ) CERTO ( ) ERRADO
144
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12. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Leia o texto para responder à questão.
Não estamos opondo máquinas a ecologia, como se as máquinas fossem aquelas coisas que só
servem para violentar a Mãe Natureza e violar a harmonia entre o ser humano e a natureza ― uma
imagem atribuída à tecnologia desde o fim do século XVIII. Também não estamos seguindo a hipó-
tese de Gaia de que a Terra é um único superorganismo ou uma coletividade de organismos. Em
vez disso, gostaria de propor uma reflexão sobre a ecologia das máquinas. Para dar início a essa
ecologia das máquinas, precisamos primeiro voltar ao conceito de ecologia. Seu fundamento está
na diversidade, já que é apenas com biodiversidade (ou multiespécies que incluam todas as formas
de organismos, até mesmo bactérias) que os sistemas ecológicos podem ser conceitualizados.
A fim de discutir uma ecologia de máquinas, precisaremos de uma noção diferente e em paralelo
com a de biodiversidade ― uma noção a que chamamos tecnodiversidade. A biodiversidade é o
correlato da tecnodiversidade, uma vez que sem esta só testemunharemos o desaparecimento de
espécies diante de uma racionalidade homogênea. Tomemos como exemplo os pesticidas, que
são feitos para matar certa espécie de insetos independentemente de sua localização geográfica,
precisamente porque são baseados em análises químicas e biológicas. Sabemos, no entanto, que
o uso de um mesmo pesticida pode levar a diversas consequências desastrosas em biomas dife-
rentes. Antes da invenção dessas substâncias, empregavam-se diferentes técnicas para combater
os insetos que ameaçavam as colheitas dos produtos agrícolas ― recursos naturais encontrados
na região, por exemplo. Ou seja, havia uma tecnodiversidade antes do emprego de pesticidas como
solução universal. Os pesticidas aparentam ser mais eficientes a curto prazo, mas hoje é fato bas-
tante consolidado que estávamos o tempo todo olhando para os nossos pés quando pensávamos
em um futuro longínquo. Podemos dizer que a tecnodiversidade é, em essência, uma questão de
localidade. Localidade não significa necessariamente etnocentrismo ou nacionalismo, mas é aqui-
lo que nos força a repensar o processo de modernização e de globalização e que nos permite refle-
tir sobre a possibilidade de reposicionar as tecnologias modernas.
Yuk Hui. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu Editora, 2020, p. 122-123 (com adaptações).
Ainda com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item a seguir.
No trecho “Localidade não significa necessariamente etnocentrismo ou nacionalismo, mas é
aquilo que nos força a repensar o processo de modernização”, a forma verbal “é” concorda com
o termo “Localidade”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Em 1898, Nikola Tesla impressionou quem assistiu à sua apresentação na Feira Electrical Exhibition,
que aconteceu no (então recém-inaugurado) Madison Square Garden, em Nova York.
Em uma piscina, o cientista colocou um barco em miniatura — que, de repente, começou a se mover
sozinho. A plateia, boquiaberta, logo o indagou sobre o feito. Tesla disse que havia equipado o barco
com um “sistema inteligente”, capaz de responder, inclusive, a comandos de direção.
As pessoas, então, gritaram para que a miniatura navegasse para frente, para o lado, para trás… E
o barquinho obedeceu, como se estivesse “ouvindo” as ordens. Mentira. Tesla estava comandando
tudo à distância. Cortesia de sua invenção: o primeiro sistema de controle remoto via ondas de rádio. 145
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Hoje, claro, ninguém cairia no truque do barquinho. Mas, naquela época, quase ninguém conhe-
cia as propriedades da radiotransmissão — a primeira transmissão transatlântica, feita pelo ita-
liano Guglielmo Marconi, havia acontecido apenas um ano antes, em 1897. Tesla, assim como
Marconi, foi um dos precursores desse campo de estudo, que revolucionou o modo como nos
comunicamos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
146
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15. (CEBRASPE-CESPE — 2022) A PETROBRAS responde por cerca de 80% dos combustíveis ofer-
tados no Brasil. Para isso, muito foi investido em infraestrutura, com operações que consomem
quase 100 bilhões de reais ao ano, conforme dados de 2021.
O caminho do petróleo do poço até virar combustível no carro das pessoas é longo e complexo.
Começa na procura: acertar onde furar e encontrar petróleo exige conhecimento técnico de geó-
logos e geofísicos e bastante investimento. E, mesmo com um time de experts do mais alto nível,
achar petróleo não é certo.
Transportar o petróleo do mar até as refinarias é também uma tarefa complexa, para a qual são
utilizados dutos e navios. Em terra, ele é tratado em refinarias, que separam desse óleo as fra-
ções de gasolina, diesel e gás de cozinha, entre outros derivados. Os produtos são então dispo-
nibilizados às diversas distribuidoras que hoje atendem o mercado brasileiro, responsáveis por
fazer chegar cada um deles aos consumidores finais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
atributos necessários à convivência social, principalmente para o trabalho. Foi com essa expec-
tativa que os reformadores baianos implantaram a Casa de Prisão com Trabalho.
Cláudia Moraes Trindade. O nascimento de uma penitenciária os primeiros presos da Casa de Prisão com
Trabalho da Bahia (1860-1865). In: Tempo, Niterói, v. 16, n. 30, p. 167-196, 2011 (com adaptações)
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item que se segue.
147
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Até as reformas iniciadas no período oitocentista, as penas tinham caráter preventivo, o que é
criticado pela autora do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A lembrança da empregada ausente me coagia. Quis lembrar-me de seu rosto, e admirada não
consegui — de tal modo ela acabara de me excluir de minha própria casa, como se me tivesse
fechado a porta e me tivesse deixado remota em relação à minha moradia. A lembrança de sua
cara fugia-me, devia ser um lapso temporário. Mas seu nome — é claro, é claro, lembrei-me final-
mente: Janair. E, olhando o desenho hierático, de repente me ocorria que Janair me odiara. Eu
olhava as figuras de homem e mulher que mantinham expostas e abertas as palmas das mãos
vigorosas, e que ali pareciam ter sido deixadas por Janair como mensagem bruta para quando
eu abrisse a porta. De súbito, dessa vez com mal-estar real, deixei finalmente vir a mim uma
sensação que durante seis meses, por negligência e desinteresse, eu não me deixara ter: a do
silencioso ódio daquela mulher. O que me surpreendia é que era uma espécie de ódio isento, o
pior ódio: o indiferente. Não um ódio que me individualizasse mas apenas a falta de misericórdia.
Não, nem ao menos ódio. Foi quando inesperadamente consegui rememorar seu rosto, mas é
claro, como pudera esquecer? Revi o rosto preto e quieto, revi a pele inteiramente opaca que mais
parecia um de seus modos de se calar, as sobrancelhas extremamente bem desenhadas, revi os
traços finos e delicados que mal eram divisados no negror apagado da pele.
Clarice Lispector
17. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Julgue o item que se segue, relativo às ideias e aos aspectos lin-
guísticos do texto precedente.
Há no texto, sobretudo no trecho “a do silencioso ódio daquela mulher”, elementos que compro-
vam que a negligência e o desinteresse da narradora desencadearam o ódio que Janair nutria por
ela e que estava expresso no “desenho hierático”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
18. (CEBRASPE-CESPE — 2021) Julgue o item que se segue, relativo às ideias e aos aspectos lin-
guísticos do texto precedente.
Em “fugia-me” e “lembrei-me”, a forma pronominal “me” poderia ser suprimida sem prejuízo da
correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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19. (CEBRASPE-CESPE — 2023) Leia o texto para responder à questão.
Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006, p. 46-48 (com adaptações)
No que concerne à tipologia e ao gênero do texto, julgue o item a seguir. O texto, composto de
versos, classifica-se como poema.
( ) CERTO ( ) ERRADO
20. (CEBRASPE-CESPE — 2022) Seja como for, está claro que a distinção entre o que seria natural
e o que seria cultural não faz o menor sentido para os aborígenes australianos. Afinal de contas,
no mundo deles, tudo é natural e cultural ao mesmo tempo. Para que se possa falar de natureza,
é preciso que o homem tome distância do meio ambiente no qual está mergulhado, é preciso
que se sinta exterior e superior ao mundo que o cerca. Ao se extrair do mundo por meio de um
movimento de recuo, ele poderá perceber este mundo como um todo. Pensando bem, entender
o mundo como um todo, como um conjunto coerente, diferente de nós mesmos e de nossos
semelhantes, é uma ideia muito esquisita. Como diz o grande poeta português Fernando Pes-
soa, vemos claramente que há montanhas, vales, planícies, florestas, árvores, flores e mato,
vemos claramente que há riachos e pedras, mas não vemos que há um todo ao qual isso tudo
pertence, afinal só conhecemos o mundo por suas partes, jamais como um todo. Mas, a partir
do momento em que nos habituamos a representar a natureza como um todo, ela se torna,
por assim dizer, um grande relógio, do qual podemos desmontar o mecanismo e cujas peças e
engrenagem podemos aperfeiçoar. Na realidade, essa imagem começou a ganhar corpo relati-
vamente tarde, a partir do século XVII, na Europa. Esse movimento, além de tardio na história
da humanidade, só se produziu uma única vez. Para retomar uma fórmula muito conhecida de
Descartes, o homem se fez então “mestre e senhor da natureza”. Resultou daí um extraordinário
desenvolvimento das ciências e das técnicas, mas também a exploração desenfreada de uma
natureza composta, a partir de então, de objetos sem ligação com os humanos: plantas, animais,
terras, águas e rochas convertidos em meros recursos que podemos usar e dos quais podemos
tirar proveito. Naquela altura, a natureza havia perdido sua alma e nada mais nos impedia de
vê-la unicamente como fonte de riqueza.
Philippe Descola. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Editora 34, 2016, p.22-23 (com adaptações)
No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto anterior, bem como às ideias
nele expressas, julgue o item a seguir.
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Seriam mantidas a correção gramatical e a coerência do texto caso o trecho “Mas, a partir do
momento em que nos habituamos a representar a natureza como um todo, ela se torna, por
assim dizer, um grande relógio” (sétimo período) fosse reescrito da seguinte forma: Porém, des-
de que passamos a compreender a natureza como uma totalidade em si, ela se transformou em
uma espécie de grande maquinário.
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 GABARITO
1 Errado
2 Errado
3 Certo
4 Certo
5 Errado
6 Certo
7 Errado
8 Errado
9 Certo
10 Errado
11 Certo
12 Certo
13 Certo
14 Certo
15 Errado
16 Errado
17 Errado
18 ERRADO
19 Certo
20 CERTO
ANOTAÇÕES
LÍNGUA PORTUGUESA
151
Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.
ANOTAÇÕES
152
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