Embriologia Respiratória

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Estudar a Embriologia Respiratória

O desenvolvimento do sistema respiratório está intimamente relacionado ao do sistema


digestivo desde o princípio. Portanto, não é surpreendente que as malformações na
região do intestino primitivo acabam acometendo a região superior de ambos os sistemas.

As vias de sinalização desempenham um papel crucial na maturação pulmonar. A via do


fator de crescimento transformador-beta (TGF-β), a via do fator de crescimento do
fibroblasto (FGF), fator de transcrição tireoidiano 1, fator nuclear dos hepatócitos 3beta e
a via do fator de crescimento epidérmico (EGF) são algumas das principais vias
envolvidas na maturação pulmonar.

Estágios de Maturação Pulmonar

1) Estágio Embrionário:
(Ocorre entre a terceira e a sexta semana de gestação)

O desenvolvimento dos pulmões começa durante a terceira semana, com o surgimento de


um divertículo respiratório (broto respiratório) que cresce a partir do divertículo
laringotraqueal na parede ventral do intestino primitivo anterior. O broto respiratório se
expande na direção ventral e caudal, invadindo o mesênquima ao redor do intestino
anterior. Logo depois, o broto respiratório, que inicialmente se comunica diretamente com
o intestino anterior, separa-se dele, e eventualmente o intestino anterior forma o esôfago.
Concomitantemente, a extremidade distal do broto respiratório se bifurca nos brotos
bronquiais primários direito e esquerdo, enquanto a extremidade proximal (pedúnculo)
forma a traquéia e a laringe. Até a quinta semana de gestação, os brotos bronquiais
primários formam três brotos bronquiais secundários no lado direito e dois no esquerdo,
indicando o surgimento dos lobos primordiais dos pulmões. Cada broto brônquico
secundário dá origem a dez brotos bronquiais terciários em cada lado, demarcando o final
da fase embrionária.

2) Estágio Pseudoglandular:
(Ocorre entre a sexta e a décima sexta semana de gestação)

A árvore respiratória se ramifica mais doze a quatorze vezes, resultando na formação


dos bronquíolos terminais. Esta via será revestida por um tipo específico de epitélio
respiratório, o epitélio colunar simples (ciliado) que vai sofrendo transição para o epitélio
cubóide simples (alguns cílios).
3) Estágio Canalicular:
(ocorre entre a décima sexta e a vigésima oitava semanas de gestação)

Cada bronquíolo terminal se divide adicionalmente em bronquíolos respiratórios, na 24ª


semana, que ficam rodeados com um aumento da vascularização. Subsequentemente, os
lúmens dos bronquíolos respiratórios aumentam de tamanho como resultado do
afinamento de suas paredes epiteliais.

4) Estágio Sacular:
(ocorre entre a vigésima oitava e a trigésima sexta semanas de gestação)

Os bronquíolos respiratórios dão origem a uma geração final de ramos terminais. Esses
ramos são circundados por uma densa rede de capilares, formando os sacos terminais
(alvéolos primitivos) que são revestidos por células alveolares tipo I e tipo II.
As células alveolares tipo I (pneumócitos tipo I) são as células que formam a superfície de
troca gasosa no alvéolo. Já as células alveolares do tipo II (pneumócitos tipo II) agem
como o "cuidadoras", reagindo a danos nas células do tipo I, e fazem isso se dividindo e
agindo como células progenitoras para ambas as células tipo I e tipo II. Além disso, elas
sintetizam, armazenam e liberam/libertam surfactante pulmonar na superfície alveolar,
onde a substância age na otimização das condições para a troca gasosa. Embora a troca
gasosa seja possível neste momento, ela ainda é muito limitada, pois os alvéolos ainda
são imaturos e existem em pequena quantidade. De fato, a formação dos sacos terminais
continua durante a vida fetal e pós-natal. Antes do nascimento, existem aproximadamente
vinte a setenta milhões de sacos terminais, enquanto o número total em
um pulmão maduro é de aproximadamente trezentos a quatrocentos milhões.
5) Estágio Alveolar:
Esse é o momento onde precisa haver as condições necessárias para a mudança para
uma troca gasosa autônoma. Este estágio continua após o nascimento, à medida que os
pulmões continuam a se expandir e a aumentar a superfície para a troca de gases.
Nesse momento há produção de surfactante nos sacos alveolares, transformação dos
pulmões de órgãos secretores para órgãos que realizam trocas gasosas e há também o
desenvolvimento por completo das circulações sistêmicas e pulmonar.
*É importante salientar que os movimentos respiratórios fetais (MRF) são extrema mente
importantes para estimular a maturação dos pneumócitos e da musculatura respiratória.
Quando o bebê nasce, seus pulmões estão preenchidos por líquido amniótico e essa
substituição se dá através da boca e nariz, dos vasos sanguíneos e também dos vasos
linfáticos.
O desenvolvimento dos pulmões ocorre até os 8 anos de idade quando há aumento dos
bronquíolos e alvéolos, aumentando a superfície hematoaérea e aumento no nú mero dos
capilares alveolares.
Identificar as modificações pulmonares fisiológicas pós-natal

1) Líquido Pulmonar:

Na parte final da gravidez, cerca de dois dias antes do início do trabalho de parto
espontâneo, começa a verificar-se: diminuição da secreção do LPF; fluxo deste no sentido
alvéolo → capilar → microcirculação → linfáticos; e a aumentar a absorção ou fluxo no
sentido inverso, preparando o pulmão para receber ar no pós-parto. Ou seja, a partir
desta data e no período pós-natal passa a predominar a absorção sobre a secreção: a
adrenalina e noradrenalina libertadas pelo sistema simpático-suprarrenal, assim como a
vasopressina, actuando sobre receptores no pólo basal do pneumatócito I, vão estimular o
AMP-cíclico e promover a abertura de canais de sódio no pólo apical do mesmo
pneumatócito, facilitando tal fluxo e progressivo esvaziamento do alvéolo em LPF.
Calcula-se que durante o trabalho de parto e durante as primeiras horas de vida seja
absorvido, cerca de 90% do LPF. Durante a passagem do feto pelo tracto genital inferior a
compressão do tórax também contribui para a expulsão do LPF pela boca e nariz, sendo
que este mecanismo apenas contribui para a expulsão de cerca de 10% do total de LPF.
Este fenómeno fica comprometido se se verificar extracção do feto por cesariana electiva
(antes do início do trabalho de parto), determinando que o volume do LPF no ser
extrauterino (RN) seja, em tais circunstâncias, praticamente igual ao que existe na vida
fetal, o que poderá dificultar a entrada de ar na via respiratória.

2) Primeiros Movimentos Respiratórios:

A primeira inspiração sobrevém aproximadamente dentro dos primeiros 15 segundos de


vida extrauterina; é desencadeada pelo frio, estímulos nociceptivos e variações das PA
(alveolares) de O2 e de CO2 , secundárias à laqueação do cordão umbilical.
A primeira inspiração é caracterizada pela abertura da glote e aumento do tono da
musculatura respiratória, que permite opor-se à resistência viscosa do LPF existente na
via respiratória e às forças de tensão superficial e resistências teciduais, e facilitar a
entrada de ar na via aérea.
A primeira expiração efectua-se com a glote semi-encerrada: corresponde ao primeiro
choro. Nem todo o ar inspirado é expirado, sendo de referir que cerca de 20-30 mL (ar
residual) fica localizado nos alvéolos que mantêm distensão residual estável desde que
exista surfactante funcionante.
O estabelecimento de movimentos respiratórios rítmicos está essencialmente na
dependência de quimiorreceptores carotídeos.

3) Produção de Surfactante:

O surfactante pulmonar é uma mistura complexa de lipídios e proteínas localizadas na


parede interna dos sacos alveolares que possui função tensoativa de reduzir a tensão
superficial nos alvéolos, devido a sua propriedade anfifílica, prevenindo o colapso
pulmonar (colabamento).
A produção de surfactante começa no estágio canalicular e aumenta durante o estágio
sacular, além de o início do trabalho de parto e o alongamento dos alvéolos pelo ar
também estimular sua produção.
A distensibilidade pulmonar (complacência) depende da secreção de surfactante
pulmonar a partir da 20ª semana de gestação pelos pneumatócitos do tipo II.

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