Tratamento de Emissoes, Agua, Residuos e Efluentes
Tratamento de Emissoes, Agua, Residuos e Efluentes
Tratamento de Emissoes, Agua, Residuos e Efluentes
CDD 628.3
Introdução 11
7
é voltado para a legislação e para a parte regulatória
dos temas, não adotando uma visão técnica.
Esperamos contribuir para seu desenvolvimen-
to profissional e acadêmico.
8
9
10
Iintrodução
O surgimento da preocupação com o
meio ambiente
11
compatibilizar o desenvolvimento econômico, com
a proteção dos recursos ambientais.
Neste momento, a ONU optou por cuidar de
mais uma tarefa: a proteção ambiental. Assim, foi
criado o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente – PNUMA, com sede em Nairobi, no Qu-
ênia, para tratar da preservação do meio ambiente
dentro do sistema das Nações Unidas.
Em seguida, para comemorar os dez anos da
Conferência de Estocolmo, a ONU criou a Comis-
são Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento, que publicou um relatório sobre as discus-
sões travadas ao longo de quase quatro anos.
Tal relatório é conhecido como Relatório Brun-
dtland, pois a presidência desta comissão ficou a cargo
da ex-primeira ministra da Noruega Gro Brundtland.
A publicação desse relatório trouxe, pela pri-
meira vez, um conceito de desenvolvimento susten-
tável, que conforme a ONU:
12
forçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e
necessidades humanas.”
Fonte: Portal Eletrônico da ONU no Brasil. “Relatório Brun-
dtland – Nosso Futuro Comum”.
13
Documentos internacionais assinados durante
a Conferência Mundial para o Meio Ambiente
e Desenvolvimento do Rio de Janeiro – ECO 92
14
do Rio de Janeiro, a Conferência conhecida como
“RIO+20”.
Apesar das críticas realizadas pela mídia, que
questionavam a inexistência de acordos ou assunção
de metas durante a conferência, houve avanço nas
discussões que envolvem a temática dos recursos
naturais.
Como resultado formal dessa conferência foi
delineado o seguinte conceito de desenvolvimento
sustentável: “O desenvolvimento sustentável é o
modelo que prevê a integração entre economia, so-
ciedade e meio ambiente. Em outras palavras, é a no-
ção de que o crescimento econômico deve levar em
consideração a inclusão social e a proteção ambien-
tal.” (Fonte: Portal Oficial da Conferência Rio+20.)
Assim, o desenvolvimento sustentável manteve-
-se como uma estratégia para a conciliação do cresci-
mento econômico dos países e a preservação do meio
ambiente em sua concepção original, pois buscou es-
tabelecer uma nova sociedade, para que as futuras ge-
rações tenham a mesma possibilidade de usufruir dos
recursos naturais que a nossa geração possui.
Atualmente, a preocupação com a utilização ra-
cional dos bens ambientais continua na pauta dos
governantes mundiais, pois essas questões afetam
diretamente a vida de toda população mundial.
Como exemplo da evolução das preocupações
ambientais, podemos citar a questão dos refugiados
15
ambientais, que constitui o fluxo de pessoas que são
obrigadas a deixar o seu país de origem, em razão
de questões climáticas que impedem a sua ocupação.
Calcula-se que os refugiados ambientais representam
cerca de 10 milhões de pessoas, havendo indicativos
de um aumento significativo nas próximas décadas.
Ainda, em relação à Economia dos países, toda
a produção mundial está sendo cobrada pela prote-
ção ambiental.
Neste sentido, há a imposição das regras previs-
tas pela ISO 14.0001, uma certificação internacional,
que visa assegurar a produção de determinada em-
presa, e deu-se com respeito às normas de proteção
ao meio ambiente.
Pelo exposto, com os avanços na proteção dos
bens ambientais e com a globalização dos meios de
comunicação, não há como evitar que as empresas
possuam uma responsabilidade socioambiental, e que
a população crie uma cultura para o consumo cons-
ciente, sob pena de sofrermos a escassez dos recursos
naturais, inviabilizando a vida humana no planeta.
Com o intuito de regular a proteção ambiental no
país, em 1981 foi editada a Lei n.º 6.938, que estabe-
lece a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA.
Essa lei mais o artigo 225 da Constituição Fede-
ral Brasileira de 1988 apresentam quais são os princí-
pios que devem reger a proteção ambiental no país.
É muito importante uma rápida leitura prévia
16
desses dispositivos legais, para assimilar os conteúdos
que serão propostos nessa obra.
Ainda, a PNMA também criou o SISNAMA –
Sistema Nacional do Meio Ambiente, que é compos-
to pelos órgãos brasileiros responsáveis pela proteção
e melhoria da qualidade ambiental.
Dentre esses órgãos, o CONAMA – Conselho
Nacional do Meio Ambiente é o órgão consultivo e
deliberativo que vai assessorar e estabelecer normas e
padrões compatíveis com o meio ambiente, ecologi-
camente, equilibrado.
Desta forma, muitas das legislações que ire-
mos estudar são editadas pelo CONAMA, no uso
da sua competência estabelecida pela PNMA, no
artigo 6.º, inciso II.
17
Unidade 1
Tratamento de emissões atmosféricas
Caro(a)Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
20
meno do efeito estufa:
21
C - Parte da radiação infravermelha (calor) é refetida
pela superfície da Terra, mas não regressa ao espaço,
pois é refletida de novo e absorvida pela camada de
gases de estufa que envolve o planeta. O efeito é o
aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera.
22
II) Degradação da Qualidade Ambiental: a alteração adversa das
características do meio ambiente;
III) Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividade que direta ou indiretamente:
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VII) Efeitos adversos da mudança do clima: mudanças no
meio físico ou biota resultante da mudança do clima, que te-
nham efeitos deletérios significativos sobre a composição, resi-
liência ou produtividade de ecossistemas naturais e manejados,
sobre o funcionamento de sistemas socioeconômicos ou sobre
a saúde e o bem-estar humanos;
VIII) Emissões: liberação de gases de efeito estufa ou seus precurso-
res na atmosfera, numa área específica e num período determinado;
IX) Fonte: processo ou atividade que libere na atmosfera gás
de efeito estufa, aerossol ou precursor de gás de efeito estufa;
X) Gases de Efeito Estufa: constituintes gasosos, naturais ou antrópi-
cos, que, na atmosfera, absorvem e reemitem radiação infravermelha;
XI) Impacto: os efeitos da mudança do clima nos sistemas hu-
manos e naturais;
XII) Mitigação: mudanças e substituições tecnológicas que re-
duzam o uso de recursos e as emissões por unidade de produ-
ção, bem como a implementação de medidas, que reduzam as
emissões de gases de efeito estufa e aumentem os sumidouros;
XIII) Mudança do Clima: mudança de clima que possa ser di-
reta ou indiretamente atribuída à atividade humana, que altere
a composição da atmosfera mundial e que se some àquela pro-
vocada pela variabilidade climática natural observada ao longo
de períodos comparáveis;
XIV) Sumidouro: processo, atividade ou mecanismo que re-
mova da atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou precursor
de gás de efeito estufa; e
XV) Vulnerabilidade: grau de suscetibilidade e incapacidade
de um sistema, em função de sua sensibilidade, capacidade de
24
adaptação, e do caráter, magnitude e taxa de mudança e varia-
ção do clima a que está exposto, de lidar com os efeitos adver-
sos da mudança do clima, entre os quais a variabilidade climá-
tica e os eventos extremos.
25
efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o
mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente,
em geral.
26
nosso ver, é de suma importância para a atividade
prática, que envolve perícias e auditorias ambientais
ter conhecimentos básicos sobre licenciamento am-
biental e o Formulário de Emissões Atmosféricas.
O licenciamento ambiental é um dos instru-
mentos da Política Nacional do Meio Ambiente -
PNMA, sendo regulado pela Resolução CONAMA
n.º 237/1997, que apresenta as seguintes definições:
27
dimento, apresentado como subsídio para a análise da licença
requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área de-
gradada e análise preliminar de risco;
IV) Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto
ambiental que afete diretamente (área de influência direta do pro-
jeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados.
28
1.2. A POLÍTICA NACIONAL SOBRE
MUDANÇA DO CLIMA
29
mudança do clima pelas três esferas da Federação, com a parti-
cipação e a colaboração dos agentes econômicos e sociais inte-
ressados ou beneficiários, em particular aqueles, especialmente,
vulneráveis aos seus efeitos adversos;
VI - à preservação, à conservação e à recuperação dos recursos
ambientais, com particular atenção aos grandes biomas natu-
rais tidos como Patrimônio Nacional;
VII - à consolidação e à expansão das áreas legalmente prote-
gidas e ao incentivo aos reflorestamentos e à recomposição da
cobertura vegetal em áreas degradadas;
VIII – ao estímulo ao desenvolvimento do Mercado Brasileiro
de Redução de Emissões – MBRE.
Parágrafo único. Os objetivos da Política Nacional sobre Mu-
dança do Clima deverão estar em consonância com o desenvol-
vimento sustentável, a fim de buscar o crescimento econômico,
a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais.
30
de emissões permitidas pela legislação brasileira para
a adequação ao padrão de qualidade do ar exigido no
nosso país.
Desta forma, estes padrões de qualidade do
ar estão disciplinados na Resolução CONAMA n.º
003/1990 mencionada anteriormente.
Antes de analisarmos quais são as medidas le-
gais de qualidade do ar, devemos ter em mente que a
poluição atmosférica será sempre definida pela pre-
sença de certas substâncias poluentes no ar. Então, o
monitoramento do ar será realizado com o intuito de
verificar a sua qualidade de acordo com a presença
de certas substâncias na atmosfera.
Por essa razão, a Resolução CONAMA n.º
003/1990, em seu artigo 3.º, prevê regras para os po-
luentes padrões, que são: (i) as partículas totais em
suspensão, (ii) a fumaça, (iii) as partículas inaláveis, (iv)
o dióxido de enxofre, (v) o monóxido de carbono, (vi)
o ozônio e (vii) o dióxido de nitrogênio, a saber:
31
zentos e quarenta) microgramas por metro cúbico de ar, que
não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
b) Padrão Secundário:
1 - concentração média geométrica anual de 60 (sessenta) mi-
crogramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150
(cento e cinquenta) microgramas por metro cúbico de ar, que
não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
II - Fumaça
a) Padrão Primário:
1 - concentração média aritmética anual de 60 (sessenta) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150
(cento e cinquenta) microgramas por metro cúbico de ar, que
não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
b) Padrão Secundário:
1 - concentração média aritmética anual de 40 (quarenta) mi-
crogramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 100
(cem) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser
excedida uma de uma vez por ano.
III - Partículas Inaláveis
a) Padrão Primário e Secundário:
1 - concentração média aritmética anual de 50 (cinquenta) mi-
crogramas por metro cúbico de ar.
2- concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150
(cento e cinquenta) microgramas por metro cúbico de ar, que
não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
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IV - Dióxido de Enxofre
a) Padrão Primário:
1 - concentração média aritmética anual de 80 (oitenta) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 365 (tre-
zentos e sessenta e cinco) microgramas por metro cúbico de ar,
que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
b) Padrão Secundário:
1 - concentração média aritmética anual de 40 (quarenta) mi-
crogramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de,100
(cem) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser
excedida mais de urna vez por ano.
V - Monóxido de carbono
a) Padrão Primário e Secundário:
1 - concentração médio de 8 (oito) horas de 10.000 (dez mil)
microgramas por metro cúbico de ar (9 ppm.), que não deve
ser excedida mais de uma vez por ano.
2 - concentração média de 1 (urna) hora de 40.000 (quarenta
mil) microgramas por metro cúbico de ar (35 ppm.), que não
deve ser excedida mais de uma vez por ano.
VI - Ozônio
a) Padrão Primário e Secundário:
1 - concentração média de 1 (uma) hora de 160 (cento e ses-
senta) microgramas por metro cúbico do ar, que não deve ser
excedida mais de uma vez por ano.
VII - Dióxido de Nitrogênio
a) Padrão Primário:
33
1 - concentração média aritmética anual de 100 (cem) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 1 (uma) hora de 320 (trezentos e
vinte) microgramas por metro cúbico de ar.
b) Padrão Secundário:
1 - concentração média aritmética anual de 100 (cem) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 1 (uma) hora de 190 (cento e noven-
ta) microgramas por metro cúbico de ar.
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estabelecimento de metas de redução a curto, médio
e longo prazo.
É importante verificar que esta resolução esta-
belece que é de competência dos Estados o monito-
ramento da qualidade do ar (artigo 4.º).
Essa mesma resolução prevê em seu artigo 5.º
situações excepcionais, quando os níveis de qualida-
de do ar podem ser alterados visando prevenir grave
e iminente risco à saúde da população.
Então, nessas situações de emergência mesmo
os particulares que estejam observando corretamen-
te os padrões de qualidade do ar, podem ser obri-
gados a reduzir suas atividades, sem direito à inde-
nização estatal, com o intuito de manter a higidez
atmosférica da região.
Convém, ainda, lembrar que, no Brasil, a pre-
venção da qualidade do ar com o estabelecimento de
padrões primários e secundários é dividida em clas-
ses, ou seja, áreas territoriais distintas dentro do ter-
ritório nacional de acordo com os usos pretendidos.
Desta maneira, a Resolução CONAMA
005/1989, que disciplina sobre o Programa Nacio-
nal de Controle da Poluição do Ar – PRONAR esta-
belece as seguintes classes:
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ser mantida a qualidade do ar, em nível o mais próximo possí-
vel do verificado sem a intervenção antropogênica.
Classe II: áreas onde o nível de deterioração da qualidade do
ar seja limitado pelo padrão secundário de qualidade.
Classe III: áreas de desenvolvimento onde o nível de deterioração
da qualidade do ar seja limitado pelo padrão primário de qualidade.
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Resolução CONAMA n.º 382 Dispõe sobre o estabelecimento
de 26.12.2006. de Limites Máximos de Emis-
sões de Poluentes Atmosféricos.
Lei n.º 12.187/2009. Institui a Política Nacional sobre
Mudança do Clima – PNMC.
37
Veicular, visando controlar a emissão de poluentes
e melhorar a qualidade do ar na cidade, de acordo
com os limites de emissões estabelecidos na Portaria
009/SVMA 2013.
38
zada em relação à moeda utilizada no país. No entan-
to, continua em vigor, o que apenas causa a conversão
da pena de multa na moeda, atualmente, corrente.
Segundo Paulo Affonso Leme Machado (2011,
P. 570) provocar emissão “significa lançar na atmos-
fera os poluentes que possam ofender a saúde, a se-
gurança, a tranquilidade de alguém”.
O mesmo autor afirma que “não é qualquer
emissão que caracteriza a contravenção”. Desta for-
ma, para haver a configuração da contravenção pe-
nal de emissão de fumaça, vapor e gás, é necessário
que a quantidade emitida esteja regulamentada em
alguma legislação ambiental, ou, no silêncio do po-
der público, é necessário que haja a probabilidade
de ofensa ao ser humano, que pode ser constatada
através de perícia.
Como vimos, a Lei das Contravenções Penais não
pune de forma severa a emissão de poluentes atmosféricos.
Por sua vez, o Código Penal Brasileiro (Decre-
to-lei n.º 2.848/1940) trata os crimes que envolvem
o perigo comum de maneira mais rígida.
Quanto às emissões atmosféricas, é necessário co-
nhecer os seguintes crimes previstos no Código Penal:
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Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Modalidade Culposa.
Parágrafo único: Se o crime é culposo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
40
significativa da flora:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1.º. Se o crime é culposo:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2.º. Se o crime:
I – tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para ocu-
pação humana;
II – causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ain-
da que momentânea dos habitantes das áreas afetadas, ou que
cause danos diretos à saúde da população;
III – causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção
do abastecimento público de água de uma comunidade;
IV – dificultar ou impedir o uso público das praias;
V – ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou
gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacor-
do com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
§ 3.º incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo ante-
rior, quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade
competente, medidas de precaução, em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.
41
1.6. Monitoramento do ar
Após, verificarmos como são estabelecidos e
quais os padrões de qualidade do ar, que são adota-
dos em nosso país, iremos estudar como é realizado
o monitoramento da qualidade do ar atmosférico.
Conforme vimos, a Resolução CONAMA n.º
003/90 estabeleceu em seu artigo 4.º, que “o monito-
ramento da qualidade do ar é atribuído aos Estados”.
Desta maneira, cada Estado irá determinar atra-
vés de legislação específica como será desenvolvido
o monitoramento das atividades, que lançam po-
luentes atmosféricos capazes de alterar o padrão de
qualidade do ar.
É cediço que este monitoramento da poluição
do ar deve ser realizado por técnico devidamente
habilitado; capaz de captar, compreender e acompa-
nhar a situação dos recursos ambientais, que estão
sendo afetados pelo processo produtivo.
O objetivo do monitoramento da qualidade at-
mosférica corresponde ao apresentado no artigo 2.º
da PNMA (Lei n.º 6.938/81), qual seja “a preserva-
ção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propicia à vida, visando assegurar, no País, condições
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana”.
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A título de exemplo, no Estado de São Paulo, a Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB possui uma rede
de monitoramento com estações móveis, que registra ininterrup-
tamente as concentrações dos poluentes na atmosfera.
Em seguida, com base nos dados coletados, é disponibilizado dia-
riamente um boletim com a situação do ar nas últimas 24 horas.
Para conhecer melhor o método utilizado para a determina-
ção dos poluentes consulte o portal eletrônico da CETESB,
disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-
-B?sicas/23-Redes-de-Monitoramento.
Outro exemplo que podemos citar é o do Estado do Rio de
Janeiro, que através do Instituto Estadual do Meio Ambiente –
INEA monitora a qualidade do ar para determinar o nível de
concentração de poluentes presentes na atmosfera, de modo a
subsidiar ações governamentais para o controle de emissões.
Para maiores informações sobre este monitoramento acesse o
portal eletrônico do INEA, disponível em: http://www.inea.
rj.gov.br/fma/qualidade-ar.asp#monitoramento
43
1.7. Equipamentos e métodos para determinação da
concentração de poluentes
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Monóxido de Carbono Método do Infra-Vermelho não
Dispersivo ou Método Equivalente
Ozônio Método da Quimioluminescên-
cia ou Método Equivalente
Dióxido de Nitrogênio Método da Quimioluminescên-
cia ou Método Equivalente
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No mesmo sentido, a Resolução CONAMA n.º
340/03, dispõe sobre a utilização de cilindros para
o vazamento de gases, que destroem a Camada de
Ozônio.
Desta maneira, conforme artigo 1.º desta lei
fica proibido o uso de cilindros pressurizados des-
cartáveis, que não estejam em conformidade com as
especificações dessa resolução.
O principal objetivo é evitar a liberação de
substâncias controladas na atmosfera, estabelecendo
o recolhimento e coletas adequadas, para que não
ocorram danos ambientais, que colaborem para a
ocorrência do fenômeno das mudanças climáticas.
46
lítica, não interfira na saúde e no sossego público.
Assim, essa legislação disciplinou que são pre-
judiciais à saúde e ao sossego público, os ruídos com
níveis superiores aos considerados aceitáveis pela
Norma NBR-10.151.
Cumpre ressaltar que o nível sonoro é medi-
do em decibel (dB), através de aparelhos específicos
de medição. O objetivo é tentar estabelecer qual é
a sensação que o ruído causa no ouvido humano.
Ainda, cabe lembrar que a Resolução CONAMA n.º
001/90 trouxe critérios para a execução de projetos
de construção, ou de reformas de edificação e para a
emissão de ruídos por veículos automotores.
Também, é necessário conhecer as disposições
da Resolução CONAMA n.º 002/90, que institui o
Programa Nacional de Educação e Controle da Po-
luição Sonora, denominado “SILÊNCIO”.
Desta forma, este programa será coordenado
pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Am-
biente e dos Recursos Naturais Renováveis, contan-
do com a participação de Ministérios do Poder Exe-
cutivo, órgãos estaduais e municipais.
Em relação ao Programa Silêncio, é necessário
conhecer os dispositivos, que estão elencados do ar-
tigo 1.º da referida Resolução:
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ção e Controle da Poluição Sonora – SILÊNCIO com os objetivos de:
a) Promover cursos técnicos para capacitar pessoal e controlar os pro-
blemas de poluição sonora nos órgãos de meio ambiente estaduais e
municipais, em todo o país;
b) Divulgar junto à população, através dos meios de comunicação dis-
poníveis, matéria educativa e conscientizadora dos efeitos prejudiciais
causados pelo excesso de ruído;
c) Introduzir o tema “poluição sonora” nos cursos secundários da rede ofi-
cial e privada de ensino, através de um Programa de Educação Nacional;
d) Incentivar a fabricação e uso de máquinas, motores, equipamen-
tos e dispositivos com menor intensidade de ruído, quando de sua
utilização na indústria, veículos em geral, construção civil, utilidades
domésticas etc;
e) Incentivar a capacitação de recursos humanos e apoio técnico e lo-
gístico dentro da polícia civil e militar, para receber denúncias e tomar
providências de combate para receber denúncias, tomar providências
de combate para receber denúncias e tomar providências de combate
à poluição sonora urbana em todo o Território Nacional;
f) Estabelecer convênios, contratos e atividades afins com órgãos e
entidades que, direta ou indiretamente, possa contribuir para o desen-
volvimento do Programa SILÊNCIO.
48
ma da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
NBR 10.151.
Quanto aos efeitos adversos causados pelo ru-
ído, Paulo Affonso Leme Machado (2011. P. 636)
expõe que um estudo da Organização Mundial de
Saúde constatou os seguintes sintomas: “perda de
audição; interferência com a comunicação; dor; in-
terferência no sono; efeitos clínicos sobre a saúde;
efeitos sobre a execução de tarefas; incômodo; efei-
tos não específicos”.
Por essas razões, faz-se necessária a regulação e
o estabelecimento de padrões, para que a emissão de
sons não seja abusiva e prejudicial à saúde humana.
49
poluição. O intuito desta legislação é a criação de
zonas destinadas à instalação de indústrias, compati-
bilizando suas atividades à proteção ambiental.
De acordo com José de Sena Pereira Jr., “tanto o
Decreto-Lei n.º 1.413/1975, como a Lei n.º 6.803/1990,
foram concebidos em decorrência dos graves proble-
mas de poluição do ar em regiões densamente indus-
trializadas, entre as quais Cubatão, em São Paulo. Eles
estabelecem regras para a localização de áreas indus-
triais e as limitações de uso em seus entornos, e não
tratam especificamente de limites de emissão”.
Em remate, essas são as legislações mais rele-
vantes em relação ao controle da poluição industrial
por fontes fixas.
50
Questões
1. O que são os padrões de qualidade do ar?
51
Unidade 2
Resíduos sólidos
Caro(a)Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
54
mentos para a gestão integrada dos resíduos sólidos,
como, por exemplo, a coleta seletiva, os planos de
resíduos sólidos, os inventários, acordos setoriais,
entre outros.
Em relação ao gerenciamento de resíduos só-
lidos urbanos, a PNRS o conceitua como “conjun-
to de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas
etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamen-
to e destinação final ambientalmente adequada dos
resíduos sólidos e disposição final, ambientalmente,
adequada dos rejeitos, de acordo com o plano muni-
cipal de gestão integrada de resíduos sólidos, ou com
plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigi-
dos na forma desta Lei”.
Em outras palavras, o gerenciamento dos re-
síduos sólidos compreende as seguintes etapas: (i)
a geração, (ii) o armazenamento, (iii) o transporte e
(iv) a destinação final ambientalmente adequada.
Podemos pontuar como principais preocupa-
ções, em relação aos resíduos sólidos nas grandes
cidades, o volume exacerbado da produção de lixo
pela população e a destinação incorreta, que está, di-
retamente, ligada à poluição dos rios, do ar e a con-
taminação do solo.
Desta forma, algumas das soluções propostas
pela PNRS seriam o estabelecimento de padrões
sustentáveis de produção e de consumo, a recicla-
gem, a disposição ambientalmente adequada e a lo-
55
gística reversa.
Conforme artigo 9.º da PNRS, as diretrizes de
gestão e gerenciamento de resíduos sólidos devem
respeitar a seguinte ordem de prioridade:
Não Geração > Redução > Reutilização > Reciclagem > Tra-
tamento dos Resíduos Sólidos > Disposição Final Ambiental-
mente Adequada dos Rejeitos.
56
Desta forma, o gerenciamento dos resíduos só-
lidos urbanos será exercido através da cooperação
entre União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas e
estabelecimentos comerciais.
Faz-se necessário atentar que o poder público,
o setor empresarial e a coletividade são responsáveis
pela efetividade das ações voltadas para assegurar a
observância da PNRS.
Por essa razão, a PNRS instituiu no seu arti-
go 30, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos, de modo que os fabricantes,
importadores, distribuidores, comerciantes, consu-
midores e titulares dos serviços públicos de limpeza
são responsáveis pela destinação adequada e logísti-
ca reversa dos resíduos utilizados por suas ativida-
des, formando uma cadeia de responsabilidade.
Para a atividade prática envolvendo o mane-
jo dos resíduos sólidos, é fundamental conhecer as
proibições postas pela PNRS, nos artigo 47 a 49:
57
dos rejeitos dispostos como alimentação;
- nestas áreas, é vedada a catação, a criação de animais domés-
ticos e a fixação de habitantes;
-importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos;
-outras formas vedadas pelo poder público.
58
substituição à correção pelo salário mínimo, o Poder Executivo
Federal estabeleceu sistema especial de atualização monetária.
O Decreto federal 3.179/99, em seu art. 41, prevê a multa de
R$ 1.000,00 (um mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinquenta mi-
lhões de reais) para quem “lançar resíduos sólidos, líquidos ou
gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacor-
do com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos”
(inciso V).
As infrações previstas pelas legislações estaduais e federais não
inibem as Prefeituras municipais de também legislarem sobre
a matéria, desde que não invadam as normas já estatuídas, dis-
pondo em contrário. As posturas municipais, portanto, pode-
rão ampliar as situações infracionais, a elas cominando penali-
dades adequadas. (grifo nosso)
59
Art. 51. Sem prejuízo da obrigação de, independentemente da
existência de culpa, reparar os danos causados, a ação ou omis-
são das pessoas físicas ou jurídicas que importe inobservância
aos preceitos desta Lei ou de seu regulamento sujeita os infra-
tores às sanções previstas em lei, em especial às fixadas na Lei
9.605 de 12 de fevereiro de 1998: “dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades de-
rivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências” e seu regulamento.
60
Por se tratar de um assunto de interesse do po-
der local que envolve a prestação e a organização de
serviço público, a limpeza urbana fica sob a compe-
tência dos Municípios, conforme disciplina o artigo
10 da PNRS:
61
peza urbana e o manejo dos resíduos sólidos:
Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos:
conjunto de atividades, infraestruturas e instalações ope-
racionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
destino final do lixo doméstico, do lixo originário da var-
rição, limpeza de logradouros e vias públicas.
Como se nota, a limpeza do lixo urbano adota
as mesmas etapas utilizadas para o gerenciamento
de outros resíduos sólidos: (i) a geração, (ii) o arma-
zenamento, (iii) o transporte e (iv) a destinação final
ambientalmente adequada.
Sobre o serviço público de limpeza urbana, o
artigo 7.º da Lei 11.445/2007 dispõe:
62
Cumpre, ainda, apresentar a classificação dos
resíduos de limpeza urbana e dos resíduos sólidos
urbanos, proposta pelo artigo 13 da PNRS:
Resíduos de Limpeza Urbana: os originários da
varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e
outros serviços de limpeza urbana;
Resíduos Sólidos Urbanos: (i) resíduos domi-
ciliares (os originários de atividades domésticas em
residências urbanas) e (ii) resíduos de limpeza urba-
na (originários de varrição, limpeza de logradouros e
vias públicas e outros serviços de limpeza urbana).
Após, conceituarmos os resíduos urbanos e sua
limpeza, será necessário entender como se dá a sua
gestão integrada de modo a compatibilizar a preser-
vação do meio ambiente urbano com os problemas
de crescimento demográfico, de geração exacerbada
de resíduos e a maneira adequada de realizar a sua
coleta e destinação final.
É evidente que com a publicação da PNRS
houve um enorme avanço nos serviços de limpeza
urbana. Isto porque ela veio organizar toda a ope-
ração no trato dos resíduos sólidos, de modo que o
manejo urbano também foi aprimorado.
De acordo com os termos desta lei, a gestão in-
tegrada de resíduos sólidos corresponde a um “con-
junto de ações voltadas para a busca de soluções
para os resíduos sólidos, de forma a considerar as
dimensões políticas, econômica, ambiental, cultural
63
e social, com controle social e sob a premissa do de-
senvolvimento sustentável”.
Considerando que, atualmente, o Brasil encon-
tra-se em um período de crescimento econômico, as
atividades industriais, de infraestrutura e o progresso
tecnológico acabam dificultando, mas não impedin-
do, a implementação da gestão integrada de resíduos.
Por essa razão, a destinação final de resíduos
sólidos urbanos no Brasil é, em sua maior parte, ina-
dequada, conforme mostra o gráfico a seguir.
64
A respeito da nova sistemática da PNRS em
relação à limpeza urbana, Carlos R. V. Silva Filho
(2012, p. 379) explica que:
O modelo de gestão integrada de RSU (Resí-
duos Sólidos Urbanos) previsto pela PNRS, a cargo
dos municípios e do Distrito Federal, deverá cobrir
integralmente o fluxo de resíduos, com a plena uni-
versalização da coleta e viabilização da destinação
ambientalmente adequada e sustentável da totalida-
de dos materiais descartados. A esse novo proces-
so deverão ser adicionados esforços de redução na
geração diretamente conectados com medidas de
reutilização, os quais deverão ser agregados às ações
de separação e reciclagem, permitindo a recupera-
ção dos materiais e da energia contida nos resíduos,
por meio de processos de tratamento, com a poste-
rior disposição dos rejeitos em aterros sanitários, os
quais deverão também proporcionar a recuperação e
o aproveitamento do biogás gerado nessas unidades,
o que possibilita, inclusive, a mitigação da emissão
de gases de efeito estufa (GEE), com a consequente
contribuição para a redução dos efeitos de aqueci-
mento global.
65
Fonte: FILHO. 2012. P. 375.
66
Por essa razão, foi criado o Sistema de Valorização dos Resídu-
os Sólidos, que visa, justamente, reaproveitar os resíduos que
teriam como destinação final os aterros sanitários.
O principal intuito deste Sistema de Valorização de Resíduos
é transformar os resíduos urbanos em novas fontes de maté-
rias-primas, com o objetivo, em longo prazo, de transformar a
produção regular de resíduos sólidos em um processo autos-
sustentável, através da reutilização.
Em relação a este tema, é importante conhecer alguns dos con-
ceitos apresentados pela PNRS, nos incisos do artigo 3.º:
67
sociedade: o aterramento dos resíduos sólidos.
Desta forma, o método utilizado nos aterros
sanitários envolve o armazenamento do lixo no pró-
prio solo, ocorrendo uma operação periódica onde
os resíduos são cobertos por terra e outras substân-
cias.
É certo que todo este procedimento exige o
monitoramento adequado da área, uma seleção ri-
gorosa da sua localização e o preparo que antecede a
operação do aterro sanitário.
Cabe informar que a técnica do aterramento é
considerada simples, mas eficaz quanto ao descarte
dos resíduos e rejeitos produzidos pela população;
em especial quando o poder público não dispõe de
recursos técnicos e financeiros para o tratamento de
seus resíduos sólidos.
Por sua vez, os lixões constituem maneira com-
pletamente inadequada e irregular para o descarte
dos resíduos sólidos, gerando inúmeras adversidades
à salubridade do meio ambiente afetado, inclusive
contaminação da área.
Em linhas gerais, nos lixões, os resíduos são
despejados sem nenhuma espécie de controle: o des-
carte é realizado a céu aberto, sem a devida imper-
meabilização do solo e sem critérios técnicos.
Vale lembrar que outros instrumentos previstos
na PNRS também devem ser adotados para a dispo-
sição dos resíduos, como a reciclagem, a reutilização
68
e a logística reversa.
Isto porque, apenas a utilização de aterros sani-
tários não seria suficiente para a disposição de todos
os resíduos advindos das grandes concentrações ur-
banas, vez que os aterros não possuem técnica para o
aproveitamento energético dos rejeitos depositados.
A Lei da PNRS prevê no artigo 54 que as ati-
vidades dos lixões deverão ser encerradas até o ano
de 2014:
69
Com efeito, após essa data estabelecida pela
PNRS todos os estabelecimentos de disposição ina-
dequada de resíduos que se encontrem em funciona-
mento deverão ser compulsoriamente fechados pelo
poder público.
Como exemplo de bom funcionamento, pode-
mos citar o Aterro Bandeirantes, localizado próximo
a capital do Estado de São Paulo, desativado em 2007.
Aterro Bandeirantes
70
O LIXO QUE VIRA ENERGIA E CRÉDITO DE CAR-
BONO – Aterro Bandeirantes, em São Paulo, foi fechado em
2007. Mas, os 40 milhões de toneladas de lixo enterradas lá,
podem ser usadas para gerar energia.
71
tanta que não se pode, por exemplo, plantar árvores de grande
porte no terreno do aterro, pois as raízes atingiriam os resíduos
e poderiam liberar o metano na atmosfera.
Para capturar esse gás, o aterro Bandeirantes tem 400 pontos
de captura, que retiram o metano que se forma com a putrefa-
ção do lixo, debaixo da terra, e leva para a Usina Termelétrica
Bandeirantes. A usina, administrada pela empresa Biogás, apro-
veita esse metano, transformando o gás do lixo em eletricidade:
a usina tem capacidade de fornecer energia elétrica para até 300
mil pessoas.
A Biogás faz parte de um programa de crédito de carbono.
Como o metano seria liberado na atmosfera, caso a usina não
existisse, poluindo o ar e contribuindo para o fenômeno do
aquecimento global, a usina e a prefeitura recebem dinheiro
por evitar essas emissões. O ganho é duplo: financeiro, para
a cidade e para a empresa, e ambiental para a sociedade. An-
derson Alves da Silva, coordenador da Biogás, diz que, sem a
usina, 80% do metano do aterro simplesmente sairiam para a
atmosfera. Com a usina, apenas 0,01% polui o ar. "Só nesta
manhã, por exemplo, nós deixamos de emitir até o momento
300 toneladas de CO2 equivalente", disse.
Fonte: Reportagem de Bruno Calixto para Revista Época.
72
Conforme notícia disponível no site da CE-
TESB – Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo, sobre o Aterro Mantovani:
73
gava não dispor de recursos financeiros para a execução das
medidas necessárias ao diagnóstico e remediação da área.
Em 2000, a CETESB e o Ministério Público Estadual decidi-
ram convocar as empresas que haviam depositado resíduos no
local para assumirem sua parcela de responsabilidade sobre a
contaminação.
Em 2001, a CETESB autuou as empresas que utilizaram o
Aterro Mantovani, exigindo a adoção de medidas para a solução
do problema, uma vez que o proprietário dos empreendimentos
não reunia condições de resolvê-lo sozinho.
Fonte: Banco de Notícias do Site da CETESB. Disponível em:
http://www.cetesb.sp.gov.br/noticentro/004/12/17_aterro.pdf
74
O próximo método de disposição dos resíduos
sólidos que merece ser pontuado é a compostagem.
Através desse processo biológico, o lixo é transforma-
do em matéria orgânica, que pode ser utilizada como
adubo para o solo. Assim, são utilizados microrganis-
mos, no interior de um depósito próprio com o obje-
tivo de controlar a decomposição do resíduo.
Cumpre ressaltar que o procedimento da com-
postagem não pode ser utilizado para qualquer espé-
cie de resíduo sólido, apenas para resíduos orgâni-
cos, que não possuem qualquer tipo de contamina-
ção química perigosa.
Como vimos, essas soluções ambientais repre-
sentam alternativas eficientes para a substituição da
disposição em aterros sanitários, considerando as
dificuldades locacionais, que envolvem esse tipo de
destinação final dos resíduos sólidos.
75
minação da população.
Outra definição legal, sobre os resíduos prove-
nientes de serviços de saúde, está expressa no artigo
1.º, da Resolução CONAMA n.º 283/2001, que dis-
põe o tratamento e disposição final dos resíduos de
serviços de saúde:
76
a Resolução CONAMA n.º 358/2005, dispondo
igualmente sobre os resíduos de serviços de saúde.
Cabe salientar que uma das principais inovações
trazidas por esta resolução são os seguintes concei-
tos dispostos no artigo 2.º, nos seguintes incisos:
77
XII – Sistema de Tratamento de Resíduos de Serviços de
Saúde: conjunto de unidades, processos e procedimentos que
alteram as características físicas, físico-químicas, químicas ou
biológicas dos resíduos, podendo promover a sua descaracte-
rização, visando à minimização do risco à saúde pública, à pre-
servação da qualidade do meio ambiente, à segurança e à saúde
do trabalhador;
XIII – Disposição Final de Resíduos de Serviços de Saúde: é
a prática de dispor os resíduos sólidos no solo, previamente,
preparado para recebê-los, de acordo com critérios técnico-
-construtivos e operacionais adequados, em consonância com
as exigências dos órgãos ambientais competentes;
78
resíduos hospitalares é que eles devem ser acondi-
cionados atendendo às exigências legais referentes
ao meio ambiente, à saúde e à limpeza urbana.
79
80
Questões
1. Aponte qual o conceito legal de resíduos sólidos.
81
Unidade 3
O direito das águas
Caro(a)Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
84
f) os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mes-
mos influam na navegabilidade ou flutuabilidade.
85
classes, segundo os usos preponderantes, que se lhes
quer dar. O enquadramento dos corpos de água nes-
sas classes é feito não necessariamente no seu estado
atual, mas sim nos níveis de qualidade que deveriam
ter para garantir os usos a que se pretende destiná-
-los, o que exige um controle de metas visando a
atingir, de modo gradual, os objetivos do enquadra-
mento.
86
quer correntes de água em terrenos de seu domínio,
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limi-
tes com outros países, ou se estendam a território es-
trangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais; (...) VI – mar territorial;
(...) VIII – os potenciais de energia hidráulica; (...)”.
Deste modo, podemos afirmar que as águas
interiores superficiais, que não estejam localizadas
no território de algum Estado pertencem à União,
enquanto as águas subterrâneas pertencem sempre
serão estaduais.
Por essa razão, o artigo 21, inciso XII, b, da
Constituição Federal prevê que cabe à União explo-
rar diretamente ou mediante concessão, permissão
ou autorização, os serviços e instalações de energia
elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de
água, em articulação com os Estados, onde se situam
os potenciais hidroenergéticos.
Sobre esse aproveitamento, o Código de Águas
irá discorrer a partir do artigo 34, que assegura “o
uso gratuito de qualquer corrente ou nascente de
águas, para as primeiras necessidades da vida, se
houver caminho público que as tornem acessíveis”.
Finalmente, convém ressaltar que o Código de
Águas de 1934 criou uma principiologia que envolve
a valoração e o aproveitamento racional das águas, o
que hoje nos permite a cobrança pelo uso da água.
Os dispositivos do Código de Águas, que esta-
87
belecem a possibilidade de reconhecer o valor eco-
nômico da água são os seguintes:
• Artigo 36, parágrafo 2.º: “o uso comum das águas pode ser
gratuito ou retribuído, conforme as leis e regulamentos da cir-
cunscrição administrativa a que pertencem”.
• Artigo 43, caput: “as águas públicas não podem ser derivadas
para as aplicações da agricultura, da indústria e da higiene, sem
a existência de concessão administrativa, no caso de utilidade
pública e, não se verificando esta, de autorização administra-
tiva, que será dispensada, todavia, na hipótese de derivações
insignificantes”.
• Artigo 139, caput: “o aproveitamento industrial das quedas
de águas e outras fontes de energia hidráulica, quer do domínio
público, quer do domínio particular, far-se-á pelo regime de
autorização e concessões instituído neste Código”.
•Artigo 178: “no desempenho das atribuições que lhe são
conferidas, a divisão de Águas do Departamento Nacional da
Produção Mineral fiscalizará a produção, a transmissão, a trans-
formação e a distribuição de energia hidroelétrica, com o trí-
plice objetivo de: a) assegurar serviço adequado; b) fixar tarifas
razoáveis; c) garantir a estabilidade financeira das empresas.”
88
Assim, através dessa gestão das águas trazida
pelo Código de Águas, é permitido, hoje, ao Poder
Público estabelecer a cobrança pelo uso da água,
como forma de fomentar o uso racional deste recur-
so e dar ao usuário uma indicação do valor da água.
Como conclusão, o Código de Águas foi o
primeiro diploma legal a regulamentar a gestão das
águas no país e prever o aproveitamento do seu po-
tencial hidráulico, estabelecendo a possibilidade da
cobrança pelo uso da água. Por sua vez, as normas
do CONAMA n.º 357/2005 e 396/2008 vão estabe-
lecer os padrões mínimos de qualidade da água.
89
I – a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos
hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar
o uso múltiplo das águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implemen-
tação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada
e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e
das comunidades.
90
pectivos usos;
II – a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, in-
cluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimen-
to sustentável;
III – a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críti-
cos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos
recursos naturais.
91
to em corpos de água de esgotos e demais resíduos,
entre outros.
Neste ponto, impende saber que independem
de outorga as seguintes atividades definidas no arti-
go 12 da PNRH:
92
I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
I – a Agência Nacional de Águas;
II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Dis-
trito Federal;
III – os Comitês de Bacia Hidrográfica;
IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Dis-
trito Federal e municipais, cujas competências relacionem-se
com a gestão de recursos hídricos;
V – as Agências de Água.
93
94
Questões
1. Aponte quais as categorias de águas estabele-
cidas no Código de Águas.
95
5. (Ministério Público/MG – 2010). A respeito do regi-
me jurídico da água, considere as seguintes proposições.
96
97
Unidade 4
Tratamento de efluentes
Caro(a)Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
100
sobre a proteção da água, como um bem comum
de toda população. Iremos nos ater às legislações
federais, vigentes indistintamente para todo o país,
para que possa ser transmitido um panorama geral
da proteção hídrica no Brasil.
A principal legislação a ser estudada é a Resolu-
ção CONAMA n.º 430/2011, que estabelece condi-
ções e padrões de lançamento de efluentes.
Cumpre ressaltar, também, a Lei 9.984/2000,
que criou a Agência Nacional de Águas – ANA.
A ANA é uma autarquia federal vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente, que vai disciplinar e
implementar a Política Nacional de Recursos Hídri-
cos, fiscalizando o uso da água e definindo as con-
dições de operação do uso da água. Considerando
a importância deste órgão, é necessário o estudo da
legislação que instituiu essa agência reguladora.
Em adição, o Decreto 5.440/2005 define os
procedimentos de controle e da qualidade das águas
de sistemas de abastecimento e a Lei n.º 9.966/2000
dispõe sobre a prevenção, controle e fiscalização da
poluição causada por lançamento de óleos e outras
substâncias nocivas.
É importante conhecer essas legislações, pois
suas disposições são fundamentais para compreen-
der e trabalhar com a matéria que envolve o trata-
mento de efluentes.
Como vimos, durante o período brasileiro de
101
industrialização, os danos e degradações do meio
ambiente levaram o poder público a criar uma regu-
lamentação para a utilização dos recursos hídricos,
visando à sua preservação.
Com a publicação da Resolução CONAMA n.º
430/2011, que estabeleceu padrões de lançamentos
de efluentes. Os efluentes foram conceituados no ar-
tigo 4.º, inciso V, como:
102
se determinar quais são as reais condições da água.
A análise qualitativa da água vai buscar estabe-
lecer a conformidade ou não da qualidade hídrica,
com os padrões exigidos pelos órgãos ambientais.
Assim, o que se busca é a avaliação das substâncias
que estão compondo a água.
Por outro lado, a análise quantitativa vai envol-
ver a coleta de dados numéricos. Ou seja, vai exami-
nar toda a composição hídrica para detectar se há
algum desequilíbrio ou contaminação.
Desta forma, os efluentes que são resultantes
de atividades domésticas, industriais ou rurais são
analisados através desse método, para que possam
ser encaminhados para tratamento adequado ou dis-
postos na natureza, caso não haja risco de contami-
nações ou danos ao meio ambiente e à população.
O principal objetivo da caracterização qualitati-
va e quantitativa é verificar se há conformidade com
os padrões de qualidade das águas estabelecidos nas
legislações pertinentes.
Também, se buscar evitar graves danos am-
bientais e de saúde pública, que podem advir do não
tratamento dos resíduos hídricos que não estão em
conformidade com as condições sanitárias exigidas.
103
O tratamento de efluentes líquidos envolve as
seguintes fases: (i) o pré-tratamento, (ii) o tratamen-
to primário, (iii) o tratamento secundário e (iv) o tra-
tamento terciário de lodos.
104
lodo deve ter sido reduzido significativamente.
105
Conforme informações disponíveis no endere-
ço eletrônico da CETESB, são propostas as seguin-
tes modalidades de reuso da água:
A reutilização de água pode ser direta ou indire-
ta, decorrentes de ações planejadas ou não:
- Reuso indireto não planejado da água: ocorre
quando a água, utilizada em alguma atividade huma-
na, é descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira
não intencional e não controlada. Caminhando até
o ponto de captação para o novo usuário, a mesma
está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (di-
luição, autodepuração).
106
do-se a uso em indústria ou irrigação.
107
108
Questões
1. Aponte qual o conceito legal de efluentes.
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110
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Antônio Carlos Porto. Como Comerciali-
zar Créditos de Carbono. 7.ª ed. São Paulo: Trevisan
Editora, 2010.
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