Extinção Dos Contratos. Cumprimento Contratual. Alunos

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EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

I) Extinção natural do contrato

1) Cumprimento do contrato

a) direto: quando cumprido da forma prevista na obrigação.

b) indireto: quando há o pagamento, mas de forma diversa da prevista na obrigação.

c) anormal: quando ocorre a extinção da obrigação, mas sem o pagamento.

1.1) Formas de cumprimento indireto e anormal de cumprimento

1.1.1) Consignação em pagamento judicial e extrajudicial

Art. 334, C.C. “Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento
bancário da coisa devida, nos casos e forma legais”.

Art. 335, C.C: “ A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida
forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou
de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.”

Art. 344, CC. “O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a
qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento”.

Não sabe a quem pagar, consigne, sob pena de pagar duas vezes.

Se a dívida vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer
um deles requerer a consignação, evitando assim a prescrição durante a disputa (art. 345, CC).

Existem duas formas de consignação em pagamento: a judicial e a extrajudicial.

a.1) A consignação extrajudicial: consiste no depósito em conta bancária, em estabelecimento bancário


preferencialmente oficial, do mesmo local do pagamento, que apenas poderá ser levantado, mediante
ordem judicial, pelo credor litigante, notificado do depósito.

Só é cabível em obrigações pecuniárias (dinheiro).

Após a notificação do banco ao credor sobre o depósito, não havendo a recusa expressa ao pagamento
realizado, o devedor fica liberado da obrigação e o comprovante de depósito vale como prova da quitação,
podendo o credor levantar o dinheiro a qualquer tempo.

A liberação se dá exclusivamente nos limites da quantia depositada. Portanto, caso o credor entenda que
ainda existe uma diferença de valores poderá realizar essa cobrança via judicial.

Se o credor recusa o pagamento, deve o devedor propor a consignação judicial, em 1 mês, provando à
instituição financeira que propôs a lide. Não proposta a ação no prazo previsto, o depósito fica sem efeito,
podendo o depositante levantar o valor (art. 539, CPC). Objetiva conservar a eficácia liberatória do depósito
extrajudicial, permitindo assim o aproveitamento do processo.

Proposta a ação: terá início a mora do credor que não aceitou o dinheiro.
Não proposta a ação: terá início a mora do credor que não efetuou pagamento válido.

a.2) Consignação judicial: mediante a propositura da ação de consignação (art. 539 e seguintes, CPC).

Deve ser proposta no lugar do pagamento.

Cessa para o devedor os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.

Tratando-se de prestações sucessivas, pode fazer também os depósitos sucessivos, no mesmo processo e
sem mais formalidades, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento.

Alegada a insuficiência do depósito, o autor pode completá-lo, em 10 dias, salvo se corresponder a prestação
cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. Nesse caso, o credor pode levantar a quantia ou a
coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela
controvertida.

b) Pressupostos de validade

Art. 336 C.C. “Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às
pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.”

O pagamento tem que ser feito pelo devedor ou por terceiro em seu nome.

O objeto tem que ser exatamente o devido.

Em relação ao tempo, a consignação deve ser realizada na época combinada para o pagamento e caso ocorra
atraso sofrerá os efeitos da mora. É possível o pagamento antecipado desde que o prazo estipulado não
tenha sido em benefício do credor.

Também deverão ser respeitadas as cláusulas contratuais. Exemplos, forma de pagamento, à vista ou a
prazo, conforme pactuado.

Lugar do pagamento: o depósito deve ser requerido no mesmo lugar onde seria realizado o pagamento ao
credor, conforme estabelecido no contrato.

c) Objeto da consignação em pagamento: obrigações de dar, consistentes na entrega de objetos ou em


dívidas pecuniárias.

1.1.2) PAGAMENTO POR SUB-ROGAÇÃO: visa a tutelar direito de terceiro que paga em lugar do devedor (ou
diretamente ou por empréstimo a ele), assumindo o lugar do credor.

A relação obrigacional se resolve em relação ao credor original, que já foi satisfeito, mas o devedor não fica
liberado do vínculo obrigacional, pois permanece devedor, agora frente àquele que o desobrigou perante o
credor originário.

Há pagamento sem a extinção da obrigação.

a) Espécies de sub-rogação

a.1) sub-rogação legal: que decorre da lei - art.346, CC: “A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:

I - do credor que paga a dívida do devedor comum;


II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o
pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.”
A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em
relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores, mas na sub-rogação legal, o sub-rogado só poderá
exercer esses direitos até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor (art. 349 e 350, CC).

a.2) Sub-rogação convencional - art. 347, CC:

A sub-rogação é convencional:

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição
expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

b) Sub-rogação parcial:

Se o credor originário receber do 3º apenas parte do débito, permanece titular do crédito restante não
recebido e aquele que pagou apenas se sub-roga quanto ao montante pago.

Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da
dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.

Art. 350, CC. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão
até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.

A sub-rogação não se presume, tem que ser expressamente declarada.

1.1.3) IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO: é a indicação de qual débito será pago, quando o devedor tem mais de
uma dívida líquida e vencida com a mesma pessoa e da mesma natureza, haja vista que não será possível
quitar todas (art. 352, CC).

O devedor só poderá imputar o pagamento se o valor oferecido for suficiente para a quitação integral da
dívida indicada, pois o devedor não pode ser obrigado a receber parceladamente, se assim não ajustou.

a) Espécies de imputação

a.1) A realizada pelo devedor: é aquela em que ele indica qual a dívida a ser quitada e não precisa da
autorização do credor, salvo no caso de dívidas ilíquidas e não vencidas.

a.2) A realizada pelo credor: quando o devedor não indica qual a dívida a ser paga, então, o credor escolhe. A
imputação é feita pelo credor e não poderá o devedor reclamar, salvo se cometido violência ou dolo (art.
353, CC).

a.3) A imputação legal: se dá nos termos da lei, se não definido de maneira diversa pelo devedor ou credor.
Legalmente, a imputação se fará nas dívidas líquidas e vencidas e em primeiro lugar, na mais onerosa. E se
houver capital e juros, deve haver a quitação primeiro dos juros (art. 354 e 355, CC).

Dívidas ilíquidas e não vencidas, só podem ser objeto de imputação ao pagamento mediante anuência do
credor, ou seja, apenas mediante convenção.

1.1.4) DAÇÃO EM PAGAMENTO: é a entrega em pagamento de coisa diversa daquela inicialmente


estipulada, desde que haja a concordância do credor (art.356, CC).

Pode ser objeto da dação em pagamento prestação de qualquer natureza, inclusive, pecuniária.

Regulamento da dação realizada:

Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas
normas do contrato de compra e venda.
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva,
ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

1.1.5) NOVAÇÃO: é a criação de uma nova obrigação com o objetivo de extinguir a anterior, substituindo-a.

Trata-se, portanto, de uma forma de extinção da obrigação, sem satisfação da prestação.

a) Requisitos da novação

a.1) existência de uma obrigação que será substituída por outra.

Não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas (art. 367, CC). Já a obrigação anulável pode
ser objeto de novação, sua substituição é entendida como renúncia do interessado ao direito de pleitear a
anulação.

a.2) criação de uma nova obrigação, sem a criação de um novo vínculo obrigacional não há que se falar
novação.

a.3) animus novandi: que é o elemento psicológico do ato que indica a intenção demonstrada pelas partes
em extinguir uma obrigação mediante a criação de uma nova.

Essa nova obrigação pode ter objeto diferente ou igual à primeira, pode ter cláusulas e seguranças diversas
ou idênticas, desde que se mantenha o animus novandi, ou seja, a intenção das partes em criar uma nova
obrigação para extinguir completamente anterior.

b) Espécies de novação: são determinadas conforme a alteração que sofreu a relação jurídica.

Art. 360. Dá-se a novação:


I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
(Novação objetiva ou real: ocorre quando há a substituição do objeto da obrigação)
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
(novação subjetiva ou pessoal passiva)
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite
com este.
(novação subjetiva ou pessoal ativa)

Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento
deste.

c) Efeitos da novação

Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o
primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.

Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em
contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens
dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação.

Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que
contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores
solidários ficam por esse fato exonerados.

Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.
1.1.6) COMPENSAÇÃO

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações
extinguem-se, até onde se compensarem.

1.1.6.1) Espécies

a) Legal: decorre da lei e independe da vontade das partes. Ou seja, se opera mesmo que uma das partes se
oponha.

- A parte interessada poderá alegá-la em sede de contestação, reconvenção e embargos à execução.

- Incapaz figurar como parte no negócio não impede a realização da compensação.

A compensação legal produz efeitos retroativos em relação às duas dívidas, de modo que se opera desde a
data em que ambas passaram a coexistir.

a.1) Requisitos da compensação legal

- Reciprocidade das obrigações: requisito principal para a existência da compensação, haja vista que para
sua configuração é necessário que duas pessoas sejam credores e devedores uma da outra. Porém há
exceção.

Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode
compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.

Exceção: no caso do fiador, não há reciprocidade de dívidas.

O fiador, que é terceiro interessado, se tiver crédito frente ao credor do afiançado, pode compensar o débito
do afiançado com o que o credor tem com o fiador.

Por outro lado, no caso do terceiro interessado que surge no negócio a partir da cessão do crédito pelo
credor, a situação muda.

Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos seus direitos, não
pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a
cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha
contra o cedente.

- Dívidas líquidas e vencidas: para que haja compensação, as dívidas envolvidas devem ser necessariamente
líquidas, vencidas e de coisas fungíveis (Art. 369 e 370, CC).

Se uma das dívidas for ilíquida, só será possível a compensação judicial, mediante o devido processo de
liquidação.

Se a dívida não estiver vencida, o devedor não pode ser obrigado a pagar antecipadamente.

A Fungibilidade dos débitos não exige apenas a fungibilidade genérica, mas que as coisas sejam fungíveis
entre si, só podendo ser substituídas por outras de mesma espécie, qualidade e quantidade.

a.2) Dívidas não compensáveis

Art. 373, CC. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:

I - se provier de esbulho, furto ou roubo;


II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.

a.3) Renúncia à compensação.

Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia
prévia de uma delas.

Renúncia unilateral: pode ser tácita, quando o devedor quitar espontaneamente a sua dívida, ou
expressa, quando houver declaração no sentido de não ser possível a compensação.

Para que produza efeitos, a renúncia unilateral tem que ser anterior ao surgimento dos requisitos para que a
compensação se efetive.

Acordo entre as partes: os próprios interessados, de comum acordo, afastam a possibilidade da


compensação.

Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem dedução
das despesas necessárias à operação.

Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no compensá-
las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.

b) convencional ou voluntária: decorre de acordo entre as partes. Sempre deve haver reciprocidade de
dívidas.

c) judicial: determinada por juiz, quando cabível a compensação legal.

É a aplicação da compensação legal em uma situação judicial. A compensação é declarada na sentença que
reconhece crédito do réu contra o autor em reconvenção.

7) CONFUSÃO

a) Conceito: Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de
credor e devedor.

b) Pode ser total ou parcial (Art. 382, CC).

Quando parcial, o devedor permanece obrigado ao restante não alcançado pela confusão.

c) Confusão na obrigação solidária e na indivisível

Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a
concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.

Na obrigação indivisível será aplicada a mesma regra. A extinção da obrigação será parcial e o pagamento
deverá ser exigido dos demais coobrigados, descontando-se a parte que foi objeto de confusão.

d) Extinção da confusão

Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior.

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