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(Redirecionado de Mamífero)
Características
Pequeno
Diversidade Esta página cita fontes, mas que não cobrem todo o conteúdo. Ajude a
Padrão
Distribuição geográfica inserir referências (Encontre fontes: ABW • CAPES • Google (N • L • A)). (Dezembro
de 2014) Grande
Morfologia e Anatomia
Sistema esquelético- Largura
Os mamíferos (do latim: Mammalia) constituem uma Subclasse de
muscular Mamíferos
animais vertebrados do domínio Eukaryota, do reino Animalia e filo Padrão
Sistema
cardiovascular Chordata, subdivididos em dois grupos: aquáticos (cetáceos, Ocorrência: Triássico Superior - Recente 220–0 Ma Largura
Sistema respiratório sirênios e pinípedes) e terrestres (quadrúpedes e bípedes), que se PreЄ Є O S D C P T J K Pg N

caracterizam pela presença de glândulas mamárias[1] que, nas Cor (beta)


Sistema nervoso e
órgãos do sentido fêmeas, produzem leite para a alimentação dos filhotes (ou crias), Automático
Cérebro presença de pelos ou cabelos, com exceção dos golfinhos e de
Claro
Olfato algumas baleias, que somente na fase embrionária possuem
Noite
Audição pelos.[1]

Visão
São animais endotérmicos, ou seja, de temperatura corpórea
Sistema tegumentário constante, chamados também de "animais de sangue quente",
Origem e evolução graças à sua pele, a qual é formada por duas camadas principais
História evolutiva (epiderme e derme), onde se encontram glândulas sebáceas e
Classificação sudoríparas que auxiliam a regular a temperatura, além das
Ver também glândulas mamárias, responsáveis pelo nome da classe. O cérebro
Referências controla, então, a temperatura corporal e o sistema circulatório,
incluindo o coração, que apresenta quatro câmaras.

Os mamíferos incluem 5 416 espécies (incluindo os seres humanos),


distribuídas em aproximadamente 1 200 gêneros, 152 famílias e 46
Diversidade dos mamíferos
ordens, de acordo com o compêndio publicado por Wilson e Reeder
Classificação científica
(2005). Entretanto novas espécies são descobertas a cada ano,
Domínio: Eukaryota
aumentando esse número; e até o final de 2007, o número chegava
Reino: Animalia
a 5 558 espécies de mamíferos.
Filo: Chordata

Acredita-se que os primeiros mamíferos surgiram no período Subfilo: Vertebrata


Superclasse: Tetrapoda
Jurássico, entre há 176 milhões e 161 milhões de anos, durante o
Classe: Synapsida
reinado dos dinossauros. Novas evidências científicas, entretanto,
Subclasse: Mammalia
sugerem que os precursores dos mamíferos podem ter surgido há
Subclasses
pelo menos 208 milhões de anos, durante o período Triássico
Superior.[2] Prototheria
Monotremata
Theria
Características Marsupialia
Placentalia
O marco inicial para o
reconhecimento científico dos (famílias e gêneros dos mamíferos)
mamíferos como grupo foi a
publicação por John Ray (1693) da obra "Synopsis Methodica Animalium
Quadrupedum et serpentini generis", onde inclui uma divisão dos animais
que possuem sangue, respiram por pulmões, apresentam dois ventrículos
no coração e são vivíparos. Tal definição ainda hoje se mantém válida,
Mãe amamentando seus lembrando-se que à época os monotremados não eram conhecidos. Carolus
filhotes
Linnaeus (1758), com a décima edição do Systema Naturae, cunha o termo
Mammalia para o qual a definição é essencialmente aquela apresentada por
Ray.

E. R. Hall (1981) caracterizou a classe Mammalia como "sendo especialmente notáveis por possuírem
glândulas mamárias que permitem à fêmea nutrir o filhote recém-nascido com leite; presença de pelos, embora
confinados aos estágios iniciais de desenvolvimento na maioria dos cetáceos; ramo horizontal da mandíbula é
composto por um único osso; a mandíbula se articula diretamente com o crânio sem intervenção do osso
quadrado; dois côndilos occipitais; diferindo das aves e répteis por possuírem diafragma e por terem hemácias
anucleadas; lembram as aves e diferem dos répteis por terem sangue quente, circulação diferenciada completa
e quatro câmaras cardíacas; diferem dos anfíbios e peixes pela presença do âmnio e alantoide e pela ausência
de guelras".

Muitas das características comuns aos mamíferos não aparecem nos outros animais. Algumas delas, porém,
podem ser observadas nas aves – uma alta taxa metabólica e níveis de atividade ou complexidade de
adaptações, como cuidado pós-natal avançado e vida social, aumento da capacidade sensorial, ou enorme
versatilidade ecológica. Tais características semelhantes nas duas classes sugerem que tais adaptações são
homoplasias, ou seja, se desenvolveram independentemente em ambos os grupos.

Outras características dos mamíferos são sinapomorfias dos amniotas,


adaptações partilhadas por causa do ancestral comum. Os amniotas, grupo
que inclui répteis, aves e mamíferos, são vertebrados terrestres cujo
desenvolvimento embrionário acontece sobre proteção de membranas fetais
(âmnio, cório e alantoide). Entres as características herdadas se encontram
aumento do investimento no cuidado das crias, fertilização interna,
derivados queratinizados da pele, rins metanefros com ureter específico, Anatomia de rim bovino
respiração pulmonar avançada, e o papel decisivo dos ossos dérmicos na
morfologia do crânio. Ao mesmo tempo, os mamíferos compartilham grande
número de características com todos os demais vertebrados, incluindo o plano corpóreo, esqueleto interno, e
mecanismos homeostáticos (incluindo caminhos para regulação neural e hormonal).

Os mamíferos exibem também características exclusivas, chamadas de


autapomorfias. Essas características únicas servem para distinguir e
diagnosticar claramente um táxon. Entre as principais autapomorfias da
classe Mammalia estão:

glândulas mamárias;
lactação/amamentação;
viviparidade obrigatória (exceto nos monotremados);
Bezerro mamando
presença de pelos;
tegumento rico em várias glândulas;
derivações integumantárias específicas (garras, unhas, cascos, cornos,
chifres, escamas, espinhos, placas dérmicas);
posição e função dos membros são modificados para suportar modos
locomotores específicos;
cintura torácica simplificada;
ossos pélvicos fundidos;
Uma gata amamentando seus
diferenciação regional da coluna vertebral;
filhotes.
crânio bicondilado;
caixa craniana aumentada;
arcos zigomáticos maciços;
cavidade nasal com labirinto nasoturbinado;
presença de nariz/focinho;
palato ósseo secundário;
sistema circulatório completo com coração de quatro câmaras com o
arco aórtico esquerdo persistente;
eritrócitos bicôncavos e anucleados; Uma cadela amamentando
pulmões com estrutura alveolar; seus filhotes.

diafragma muscular;
órgão vocal na laringe;
três ossículos na orelha média (estribo, bigorna e martelo);
cóclea longa e espiralada (exceto nos monotremados);
meato auditivo longo;
aurículas externas (= orelhas) móveis;
mandíbula composta por um único osso, o dentário;
Os ursos-polares são
junção dentária-escamosal; mamíferos marinhos.
presença de um ramo mandibular;
dentes grandes variando em número, forma e função;
heterodontes;
presença de dentes molares;
difiodontes;
cérebro proporcionalmente maior que dos outros animais;
maior atividade e alta versatilidade na função locomotora;
diversidade de vida social;
aumento do espectro de reações comportamentais e suas interconecções com o aumento da capacidade de
aprendizado social e individual e diferenciação interindividual;
"topo" da cadeia evolutiva, possuindo todos os sistemas completos e reprodução sexuada.

Diversidade
Os mamíferos apresentam um número relativamente pequeno de espécies se comparado com as aves (9 600)
ou com os peixes (35 000), e até insignificante se comparado com os moluscos (100 000) e os crustáceos e
insetos (10 000 000). Seus números estão mais próximos aos répteis (6 000) e aos anfíbios (5 200). Entretanto,
na diversidade corpórea, tipos locomotores, adaptação ao habitat, ou estratégias alimentares, os mamíferos
excedem todas as demais classes.

O tamanho corpóreo dos mamíferos é altamente variável, sendo seus extremos a baleia-azul (Balaenoptera
musculus), maior mamífero marinho, com 30 metros de comprimento e chegando a pesar 190 toneladas, o
maior mamífero já existente; o elefante africano (Loxodonta africana), maior mamífero terrestre, com 3,5 metros
de altura (até os ombros) e 6,6 toneladas, o maior mamífero terrestre atual; até o musaranho-pigmeu (Suncus
etruscus) e o morcego-nariz-de-porco-de-kitti (Craseonycteris thonglongyai) com cerca de 3-4 centímetros de
comprimento e até 2 gramas de peso, os menores mamíferos até hoje descobertos.

Distribuição geográfica
Os mamíferos estão distribuídos praticamente em todas as regiões do
globo terrestre, incluindo a Antártida, onde focas são encontradas na sua
zona costeira. No polo norte, têm sido encontrados ursos-polares (Ursus
maritimus) até 88°N e focas-aneladas (Phoca hispida) têm alcançado as
vizinhanças do Pólo Norte. Mamíferos são encontrados em todos os
continentes remanescentes, em ilhas, e nos mares e oceanos da Terra.

Uma foca.
Mamíferos marinhos podem ser encontrados a uma profundidade de até
3 000 metros (ex. Cachalote (Physeter macrocephalus)), enquanto
mamíferos terrestres podem ser vistos do nível do mar até elevações acima dos 6 500 metros. Eles estão
distribuídos em todos os biomas, incluindo tundra, desertos, savanas e florestas. Espécies de várias famílias
têm se adaptado ao modo de vida aquático em pântanos, lagos e rios. Eles estão presentes, tanto abaixo da
superfície terrestre, no caso de animais subterrâneos e escavadores, quanto acima dela, nos galhos das
árvores no caso dos animais arbóreos, ou nos céus, através do voo, no caso dos morcegos.

A distribuição geográfica dos mamíferos é muito variada. A ordem Tubulidentata, cujo único representante é o
porco-da-terra (Orycteropus afer) é endêmica da África. Os monotremados (ornitorrinco e as equidnas) e quatro
ordens de marsupiais (Dasyuromorphia, Notoryctemorphia, Peramelemorphia, Diprotodontia) estão confinados
à Oceania. Duas ordens de marsupiais (Paucituberculata e Microbiotheria) são encontradas somente numa
área restrita da América do Sul. As duas maiores ordens, Rodentia e Chiroptera, ocorrem naturalmente em
todos os continentes, exceto Antártida, e foram os únicos a terem alcançado muitas ilhas oceânicas. Artiodátilos
e carnívoros ocorrem em todos os continentes, exceto Antártida e Oceania, embora representantes de ambos
tenham sido introduzidos na Austrália. Os cetáceos e os pinipédios são os grupos mais amplamente distribuídos
pelo planeta.

Variação similar ocorre no nível de família e espécie. Nenhuma espécie de mamífero é naturalmente
cosmopolita, ou seja, ocorre em todo o mundo, embora algumas espécies tenham uma ampla distribuição
cobrindo vários continentes. O lobo (Canis lupus) e a raposa-vermelha (Vulpes vulpes) são os animais
terrestres mais amplamente distribuídos cobrindo grande parte do Hemisfério Norte. No Novo Mundo, a onça-
parda (Puma concolor) apresenta a maior distribuição, ocorrendo do Canadá ao Chile. No outro extremo, certas
espécies possuem distribuição restrita, não passando de poucos quilômetros quadrados, como por exemplo, a
toupeira-dourada da África do Sul.

Outros mamíferos apresentam uma distribuição descontínua. Ela pode ser natural, como é o caso da lebre-da-
eurásia (Lepus timidus) que habita as regiões polares e boreais da Eurásia, mas uma população é encontrada
nos Alpes, uma relíquia da última era glacial. Ou pode ser um fenômeno induzido pelo homem, como no caso
do leão (Panthera leo), que atualmente é encontrado em partes da leste e sul da África e na Índia, mas que já
habitou o norte da África, Oriente Médio, sul da Europa e sul da Ásia, e até mesmo a América do Norte, no final
do Pleistoceno.

A diversidade e a riqueza da fauna mamífera são influenciadas por diversos fatores complexos combinados,
entre eles, a história evolutiva, o grau de isolamento e a complexidade do seu habitat.

Morfologia e Anatomia

Sistema esquelético-muscular
No crânio dos mamíferos, os ossos dérmicos, originalmente formados na calota craniana, cresceram ao redor
de todo o encéfalo, fechando completamente a caixa craniana. Os ossos que formam a extremidade inferior da
abertura temporal dos Synapsida são curvados até o arco zigomático.

A mandíbula dos mamíferos é formada por um único osso, o dentário, em contraste à mandíbula de ossos
múltiplos dos demais vertebrados com mandíbulas. O dentário se articula diretamente com o osso esquamosal,
um osso dérmico do crânio. A articulação mandibular dos demais vertebrados é formada pelo quadrado, no
crânio, e pelo articular, na maxila inferior. Nos mamíferos, estes ossos se juntaram ao estribo, resultando em
uma orelha média com três ossos, único a estes animais.

Os mamíferos são os únicos a possuírem músculos de expressão facial, os quais são derivados dos músculos
do pescoço dos répteis e inervados pelo sétimo nervo craniano.

A dentição dos mamíferos é dividida em diversos tipos de dentes, ou seja, são heterodontes: incisivos, caninos,
pré-molares e molares. A maioria dos mamíferos possui dois conjuntos de dentições em suas vidas (difiodontia).
O primeiro conjunto – os dentes de leite – consiste somente de incisivos, caninos e molares decíduos, embora a
forma destes seja bem parecida com a dos molares permanentes no adulto. A dentição adulta permanente
consiste do segundo conjunto de dentes originais, os permanentes, com erupção posterior. Os mamíferos são
os únicos animais que mastigam e engolem um discreto bolo alimentar. Os térios possuem tipos únicos de
molares, chamados de tribosfênicos.

Diferentemente da postura reptiliana, os mamíferos apresentam uma postura ereta, com os membros
posicionados sob o corpo.

Os mamíferos apresentam uma articulação do tornozelo diferenciada, cujo ponto de movimento está entre a
tíbia e o astrágalo. Na cintura pélvica, o ílio tem forma de barra e é direcionado para frente, e o púbis e o ísquio
são curtos; todos são fundidos num único osso, chamado de pelve. O fêmur apresenta um trocânter distinto
sobre o lado lateral proximal, para a ligação dos músculos dos glúteos, que dão aos mamíferos extremidades
arredondadas.

Com poucas exceções, todos os mamíferos possuem sete vértebras cervicais – peixe-boi (Trichechus spp.) e o
bicho-preguiça-de-dois-dedos (Choloepus hoffmanni) possuem seis vértebras, e o bicho-preguiça-de-três-dedos
(Bradypus variegatus), possui nove. Eles também apresentam um complexo atlas-áxis, único e especializado,
nas duas primeiras vértebras cervicais. Podendo rodar suas cabeças de duas formas: na maneira tradicional,
de cima para baixo, na articulação entre o crânio e o atlas; e de maneira mais derivada, de lado a lado, na
articulação entre o atlas e o áxis.

Os mamíferos restringiram as costelas às vértebras mais craniais (torácicas) do tronco. As costelas lombares
apresentam conexões zigapofiseais, as quais permitem a flexão dorso-ventral. A capacidade de mover a coluna
vertebral de maneira dorso-ventral, nos mamíferos, pode estar relacionada com sua habilidade de deitar sobre
o lado de seus corpos, algo que os demais vertebrados não conseguem realizar facilmente. Esta habilidade
pode ter sido importante na evolução da amamentação, com mamilos posicionados ventralmente.

Sistema cardiovascular
O coração dos mamíferos difere dos demais amniotas por possuir um septo ventricular completo e somente um
arco sistêmico, embora o arco duplo original seja aparente durante o desenvolvimento. Uma condição similar é
observada nas aves, mas ela claramente surgiu convergentemente nos dois grupos, pois é o arco sistêmico
esquerdo que é retido (como a aorta única) nos mamíferos, e o arco direito nas aves.

Os monotremados retêm um pequeno sino venoso como uma câmara distinta, os térios incorporaram esta
estrutura ao átrio direito, como o nodo sinoatrial, o qual age como o marca-passo do coração.

Os mamíferos também diferem dos demais vertebrados quanto à forma de seus eritrócitos (glóbulos vermelhos
ou hemácias), os quais não possuem núcleos na condição madura.

Coração de Coração de mamífero Coração de Coração de mamífero


mamífero. Em mamífero. Em
exposição no exposição no
MAV/USP. MAV/USP.

Sistema respiratório
Os mamíferos apresentam pulmões grandes e com lobos, de aparência esponjosa devida à presença de um
sistema de ramificações delicadas dos bronquíolos em cada pulmão, terminando em câmaras fechadas de
paredes finas (os pontos de trocas gasosas), chamadas de alvéolos.

A presença de uma estrutura muscular, o diafragma, exclusiva dos mamíferos, divide a cavidade peritoneal da
cavidade pleural, além de auxiliar as costelas na inspiração.

Sistema nervoso e órgãos do sentido


Os mamíferos possuem encéfalos excepcionalmente grandes entre os vertebrados, os quais evoluíram em
caminhos, de certa forma, independentes dos demais amniotas. Em seus sistemas sensoriais os mamíferos são
mais dependentes da audição e da olfação do que a maioria dos tetrápodes, sendo menos dependentes da
visão.

Cérebro

A porção aumentada dos hemisférios cerebrais dos mamíferos, o neocórtex, ou neopalio, é formada de forma
única. A porção dorsal do córtex é aumentada para a formação do neopalio (enquanto os sauropsídeos
aumentam a porção lateral), apresentando uma estrutura laminada complexa. Em mamíferos mais derivados, o
neopálio domina todo o encéfalo rostral e se torna altamente invaginado, o que aumenta muito a área de
superfície.

Outras características únicas do encéfalo mamaliano incluem lobos ópticos divididos na região mediana, um
cerebelo não-invaginado, e uma grande representação da área para o sétimo nervo craniano, a qual está
associada com o desenvolvimento da musculatura facial.

O cérebro dos mamíferos conta ainda com o sistema límbico, responsável pelas emoções e sentimentos.

Olfato

O apurado senso de olfato da maioria dos mamíferos está, provavelmente, relacionado ao seu comportamento
noturno. Os receptores olfatórios estão localizados em um epitélio especializado, sobre os ossos
nasoturbinados no nariz. O bulbo olfatório é uma porção proeminente do encéfalo em muitos mamíferos, mas
os primatas apresentam um bulbo pequeno e pouco sentido de olfação, provavelmente associado a seus
hábitos diurnos. O senso de olfato também é reduzido, ou ausente, nos cetáceos, em associação com sua
existência aquática.

Audição

Os mamíferos apresentam uma orelha média mais complexa do que a dos demais tetrápodes, contendo um
conjunto de três ossos (estribo, martelo e bigorna), em vez de um único osso.

Diversas outras características dos mamíferos térios também contribuem para o aumento da acuidade auditiva.
Estas incluem uma longa cóclea, capaz de uma discriminação maior de tons. Além disso, a orelha externa, ou
aurícula, ajuda a determinar a direção do som. A orelha, em conjunto com o estreitamento do meato auditivo
dos mamíferos, concentra sons oriundos de uma área relativamente grande. A maioria dos mamíferos é capaz
de mover a aurícula para captar sons, embora os primatas antropoides não apresentam tal característica. A
sensibilidade auditiva de um mamífero terrestre é reduzida se as aurículas são removidas. Mamíferos aquáticos
utilizam sistemas inteiramente distintos para ouvir sob a água, tendo perdido ou reduzido suas orelhas externas.
Os cetáceos, por exemplo, utilizam a maxila inferior para canalizar ondas sonoras a orelha interna.

Visão

Os mamíferos evoluíram como animais noturnos, para os quais a sensibilidade visual (formação de imagens
sob pouca luz) era mais importante do que a acuidade (formação de imagens precisas). Os mamíferos
possuem retinas compostas, primariamente, de células bastonetes, as quais apresentam uma grande
sensibilidade à luz, mas são relativamente fracas para uma visão acurada.

A maioria dos mamíferos apresenta um tapetum lucidum bem desenvolvido, o qual constitui uma camada
refletora por trás da retina, fornecendo uma segunda chance para que um fóton de luz estimule uma célula
receptora. Este tapeto provoca o brilho nos olhos que você observa quando aponta uma lanterna em direção a
um gato ou a um cão. O tapeto é mais desenvolvido em mamíferos noturnos, e foi perdido nos primatas
antropoides diurnos, incluindo os humanos.

Sistema tegumentário
Em muitos aspectos, a cobertura externa dos mamíferos é a chave para seu modo único de vida. A variedade
de tegumentos dos mamíferos é enorme. Alguns roedores possuem uma epiderme delicada, com apenas
algumas células de espessura. Já os elefantes têm diversas centenas de células de espessura. A textura da
superfície externa da epiderme também varia, desde a lisa (cobertas ou não por pelos) até as rugosas, secas e
enrugadas.

Apesar do tegumento mamífero se parecer com o dos demais vertebrados, quanto a sua forma, com camadas
epidérmicas, dérmicas e hipodérmicas, há também componentes únicos. Ele apresenta pelos, glândulas
sebáceas, glândulas apócrinas, glândulas sudoríparas, e estruturas derivadas da queratina, como unhas, garras
e cornos.

Os pelos têm uma variedade de funções incluindo a camuflagem, a comunicação e a sensação (tato), por meio
das vibrissas (bigodes). Entretanto, a função básica dos pelos é a proteção contra o calor e o frio.

As estruturas secretoras da pele se desenvolvem a partir da epiderme. Há três tipos principais de glândulas de
pele nos mamíferos: as sebáceas, as apócrinas e as écrinas. Exceto pelas écrinas, as glândulas da pele estão
associadas aos folículos pilosos e a secreção em todas elas se dá sob o controle neural e hormonal.

As glândulas sudoríparas comuns dos humanos não parecem ser um traço mamífero primitivo, visto que a
maioria dos mamíferos não termo regulam por meio da secreção de fluidos pela pele. As glândulas sebáceas
são encontradas em toda a superfície do corpo. Elas produzem uma secreção oleosa que lubrifica e
impermeabiliza o pelo e a pele. Glândulas apócrinas apresentam uma distribuição restrita na maioria dos
mamíferos, e suas secreções parecem ser utilizadas na comunicação química.

Muitos mamíferos possuem glândulas de odor especializadas, as quais são modificações das sebáceas ou das
apócrinas. A marcação por odor é usada para indicar a identidade do animal e para definir territórios. Glândulas
de odor são posicionadas em áreas do corpo que permitem o contato fácil com os objetos, tais como a face, o
queixo e os pés.

Glândulas écrinas produzem uma secreção aquosa com pouco conteúdo orgânico. Na maioria dos mamíferos,
estão restritas às solas dos pés, às caudas preênseis e a outras áreas em contato com superfície do meio
ambiente, nas quais elas melhoram a adesão ou a perceção táctil.

Glândulas mamárias possuem uma estrutura de ramificação mais complexa do que a das demais glândulas de
pele. Elas possuem diversas características básicas em comum com as glândulas apócrinas e sebáceas,
entretanto são altamente especializadas.

As estruturas queratinizadas da pele são variadas, algumas estão envolvidas na locomoção, nas ofensivas, na
defesa e na apresentação, como as unhas, as garras e os cascos; outras na proteção, como as placas
dérmicas; outras na alimentação, como o bico córneo do ornitorrinco.

Origem e evolução

História evolutiva
Ver artigo principal: História evolutiva dos mamíferos

Os mamíferos são os atuais descendentes dos sinapsídeos, o primeiro grupo bem estabelecido de amniotas
que surgiu no Carbonífero Superior. Os sinapsídeos apresentavam várias características mamíferas,
notadamente a existência de uma única fossa temporal de cada lado do crânio e a diferenciação de dentes
molares, mas no essencial, a sua anatomia manteve-se tipicamente reptiliana, com membros transversais,
coanas e uma pequena cavidade neurocraniana.

Adelobasileus

Sinoconodon

Morganucodon
Mammaliaformes Cynognathus, um cinodonte
void Docodonta do Triássico
void
void ––Hadrocodium
void
––Mammalia

A classe Sinapsida compreendia duas ordens: a Pelicosauria, um grupo mais primitivo; e a Therapsida,
chamada também de répteis mamalianos evoluídos, que representam a transição para os verdadeiros
mamíferos. Dentro da última, encontram-se os cinodontes, grupo que serviu de transição entre os répteis e os
mamíferos. Nos cinodontes observam-se vários traços mamalianos, como a fossa temporal aumentada, o
número de ossos que forma a parte superior do crânio é reduzido, diferencia-se o palato secundário, a parede
do neurocrânio modifica a sua organização, e os dentes tornam-se cada vez mais complexos e especializados.

Os primeiros mamíferos, ou mammaliaformes como são tipicamente conhecidos, apareceram no período


Triássico. Durante todo o restante da era Mesozoica, estes primitivos mamíferos, conhecidos em sua maioria
por poucos esqueletos e de considerável número de crânios, mandíbulas e dentes, foram animais de tamanho
diminuto e ecologicamente insignificantes. Entretanto, sua contribuição foi especialmente importante para a
evolução, pois foi durante o final do Jurássico e início do Cretáceo que estes animais estabeleceram as
características básicas mamíferas que levaram a uma tremenda variedade de formas que viveram durante a era
Cenozoica.

Houve dois grandes períodos de diversificação dos mamíferos durante a era Mesozoica. O primeiro,
englobando o final do Triássico e o Jurássico e estendendo-se pelo Cretáceo Inferior, produziu formas de
transição do estágio reptiliano para o mamífero, conhecidas como mamaliformes, que em sua maioria, não
sobreviveu além da era Mesozoica. A segunda radiação, a qual ocorreu no Cretáceo Médio, foi composta de
mamíferos mais derivados, ou seja, os verdadeiros mamíferos, incluindo os primeiros térios.

Classificação
Modelos classificatórios para a classe Mammalia já vem sendo propostos desde 1693, quando John Ray
subdividiu os mamíferos em dois grupos: aquáticos ou cetáceos e terrestres ou quadrúpedes (apesar de incluir
os peixes-boi no último grupo). Modelos um pouco mais elaborados foram propostos por Linnaeus em 1758, e
por Lacépède em 1799.

Apenas muitos anos após a descoberta dos monotremados (ca. 1790) e dos marsupiais australianos (ca. 1760),
foi caracterizada a grande divergência quanto aos aspectos dos sistemas reprodutores entre esses dois grupos
e os placentários. Em 1816, Henri Marie Ducrotay de Blainville dividiu os mamíferos, com base nessas
características, em duas subclasses: os monodelfos (placentários) e os didelfos (marsupiais e monotremados).
Em 1834, o autor manteve a designação difelfos para os marsupiais e transferiu os monotremados para uma
terceira subclasse, a dos ornitodelfos.

Theodore Gill, em 1872, criou a divisão Prototheria para incluir os ornitodelfos e a divisão Eutheria para incluir
os monodelfos (placentários) e os didelfos (marsupiais). O táxon Eutheria de Gill foi posteriormente rebatizado
de Theria, sendo o Eutheria mantido apenas para os placentários.

George Gaylord Simpson (1945), em seu "Principles of Classification and a Classification of Mammals"
apresentou uma classificação tanto de animais viventes como espécies fósseis e suas inter-relações. Está
classificação foi universalmente aceita até ao fim do século XX. Ela trazia o seguinte arranjo (simplificado):

Classe Mammalia Linnaeus, 1758

Subclasse Prototheria Gill, 1872


Ordem Monotremata Bonaparte, 1838

Subclasse Theria Parker & Haswell, 1897


Infra-classe Metatheria Huxley, 1880
Ordem Marsupialia Illiger, 1811

Infra-classe Eutheria Gill, 1872


demais ordens

Nos últimos anos, a classificação dos mamíferos vem sofrendo grandes mudanças em função de dois fatores
principais: a mudança da filosofia de classificação e o avanço dos estudos moleculares.

A filosofia de classificação vem mudando gradualmente da escola de Sistemática Evolutiva (Simpson 1945, por
exemplo) para a Sistemática Filogenética (McKenna e Bell 1997, por exemplo). A popularização da utilização de
sequências de DNA (tanto nuclear quanto mitocondrial) para inferir relações de ancestralidade e descendência
tem revolucionado a taxonomia, indicando grupos muitas vezes radicalmente diferentes das visões tradicionais.
A grande maioria dessas hipóteses vem sendo confirmada com dados adicionais moleculares e/ou
morfológicos, muitas vezes incluindo fosseis. Diversos arranjos taxonômicos vêm sendo debatidos, com visões
opostas sendo defendidas por diferentes grupos de pesquisadores. Por outro lado, vários consensos sobre a
classificação dos mamíferos foram alcançados nos últimos anos e encontram suporte em uma variada gama de
dados e análises.

A mais recente proposta de classificação baseada em estudos moleculares propõe quatro linhagens ou grupos
de mamíferos placentários, que divergiram de um ancestral comum no período Cretáceo, apesar dos registros
fósseis ainda não terem corroborado com essa hipótese. Esses achados moleculares são consistentes com os
padrões de distribuição dos mamíferos. Entretanto eles não refletem os dados morfológicos, em alguns casos, e
por isso não é aceito por muitos estudiosos.

Um marco recente na classificação dos mamíferos é a terceira edição de Wilson e Reeder (2005), que
apresenta uma listagem de todas as espécies descritas de mamíferos viventes e recém extintos até 2003,
contabilizando 5 416. Entretanto, com o desenvolvimento de novos métodos de análise molecular e a
descoberta de novas espécies, esse número vem aumentando a cada ano (2004 - 22 espécies; 2005 - 43
espécies; 2006 - 49 espécies; e 2007 - 28 espécies), contabilizando hoje cerca de 5 558 espécies. Entre os
principais colaboradores para esse aumento estão a ordem Chiroptera com 43; os roedores com 40; e os
primatas com 36 novas espécies.

Chave classificatória dos mamíferos viventes (simplificado):

Classe Mammalia

Subclasse Prototheria
Ordem Monotremata (ornitorrinco, equidnas)

Subclasse Theria
Infraclasse Marsupialia
Ordem Didelphimorphia (gambás, cuícas e catitas)
Ordem Paucituberculata (cuícas-musaranho)
Ordem Microbiotheria (monito-del-monte)
Ordem Notoryctemorphia (toupeiras-marsupiais)
Ordem Dasyuromorphia (mulgaras, kowari, quolls, dasyurus, dibbler, narrows, diabo-da-tasmânia,
ratos-marsupiais, fascogales, ningauis, dunnarts, planigales, mirmecóbio)

Ordem Peramelemorphia (bandicutos e bilbies)

Ordem Diprotodontia (possuns-pigmeus, petauros, cuscos, cangurus, coala, vombates)

Infraclasse Placentalia
Superordem Afrotheria:
Ordem Afrosoricida (tenrecos e toupeiras-douradas)

Ordem Macroscelidea (mussaranhos-elefantes)

Ordem Tubulidentata (porco-formigueiro)

Ordem Hyracoidea (híraxes)

Ordem Proboscidea (elefantes)

Ordem Sirenia (dugongo e peixes-bois)

Superordem Xenarthra
Ordem Cingulata (tatus)
Ordem Pilosa (preguiças e tamanduás)

Superordem Euarchontoglires:
Ordem Scandentia (tupaias)

Ordem Dermoptera (colugos)

Ordem Primates (lêmures, jagras, pottos, angwantibos, lóris, társios, macacos, homem)

Ordem Rodentia (ratos, lêmingues, hamsters, esquilos, castores, arganazes, tuças, gundis,
porcos-espinho, tuco-tucos, farfana, cuandus, chinchilas, pacarana, capivara, porquinho-da-índia,

preá, cutias, octodontes, rútias)

Ordem Lagomorpha (lebres, coelhos, pikas)

Superordem Laurasiatheria
Ordem Eulipotyphla (ouriço, mussaranho, toupeira, solenodonte)
Ordem Chiroptera (morcego)
Ordem Pholidota (pangolim)

Ordem Carnivora (cão, gato, urso, doninha, foca)

Ordem Perissodactyla (cavalo, rinocerontes e anta )

Ordem Artiodactyla (porco, camelo, hipopótamo, veado, búfalo, gazela, girafa)

Ordem Cetacea (baleia, cachalote, golfinho)

Três considerações devem ser levantadas:

1. As ordens Afrosoricida, Erinaceomorpha e Soricomorpha formavam a antiga ordem Insectivora, ainda


utilizada por alguns investigadores;
2. As ordens Cingulata e Pilosa compunham a antiga ordem Edentata, cujo termo atualmente foi elevado a
superordem;
3. Em algumas publicações os artiodáctilos e os cetáceos aparecem formando uma única ordem, a
Cetartiodactyla.

Ver também
Lista das novas espécies de mamíferos 2004-2007
Outros projetos Wikimedia também
Lista de mamíferos de Portugal contêm material sobre este tema:
Lista de mamíferos do Brasil Definições no Wikcionário
Lista de mamíferos pré-históricos
Imagens e media no
Localização dos primeiros mamíferos na escala de tempo
Commons
Taxonomia de Wilson e Reeder
Diretório no Wikispecies
Referências
1. ↑ a b Mundo Educação. «Mamíferos» . Consultado em 21 de março de 2014
2. ↑ . «Nova descoberta sugere que mamíferos surgiram antes do que se acreditava» . Acervo. Consultado em 28 de
junho de 2022

Bibliografia
SIMPSON, G.G. (1945). The Principles of Classification and a Classification of Mammals, Bulletin of the
American Museum of Natural History. New York.
McKENNA, M. C., BELL, S. K. (1997). Classification of mammals above the species level. Columbia
University Press, New York.
NOVAK, R.M. (1999). Walker's Mammals of the World, Johns Hopkins University Press. Baltimore.
WILSON, D.E., REEDER, D.M. (2005). Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic
Reference, 3ª edição. Johns Hopkins University Press, Baltimore, Maryland, 2.142 pp., 2 volumes.
GRZIMEK, B., SCHLAGER, N., OLENDORF, D. (2003). Grzimek's Animal Life Encyclopedia, Thomson Gale.
Detroit.
POUGH, F.H., JANIS, C.M., HEISER, J.B. (2003). A Vida dos Vertebrados, Atheneu. São Paulo.
todamateria.com.br acessado em: 03/04/2018.

Ligações externas
«Mammalia» (em inglês). no Tree of Life Project.
«Mamíferos - Características» . no UOL Educação.
«Mamíferos - diversidade e capacidade de adaptação» . no UOL Educação.

· · Ordens viventes de mamíferos [Expandir]

· · Classes viventes de Cordados [Expandir]

: Q7377 · AAT: 300265707 · BNCF: 292 · BNF: 119324095 · BRE: 2220123 · EBID: ID ·
Controle de autoridade GEA: 8394 · GND: 4051253-8 · JSTOR: mammals · LCCN: sh85080259 · NARA: 10638722 ·
NDL: 00563410 · PSH: 919

Bold Systems: 62 · Dyntaxa: 4000107 · EOL: 1642 · EPPO: 1MAMMC · FE: 12613 ·
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Categoria: Mamíferos

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