Aula 86 - Procedimento Cautelar
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Procedimento Cautelar
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PROCEDIMENTO CAUTELAR
Obs.: Fumaça do bom direito é algo concedido para o processo civil. No sentido de: “Eu
quero essa tutela, dei-me a, pois há uma fumaça do bom direito, algo difuso, mas que
aparenta indicar que aquilo que eu digo que é meu de fato é meu.”
Quando se pede a prisão de alguém, é porque o direito é bom? Lógico que não, é porque
a impressão que se passa é que o crime existe, que a materialidade existe, que há indícios
de autoria, então não use essa categorização do processo civil no processo penal.
Se não pode falar fumaça do bom direito nem perigo da demora, fala-se Fumus Comissi
Delicti, ou seja, a fumaça do cometimento do delito e o Periculum Libertatis, o qual é o perigo
de deixar esse indivíduo em liberdade.
Não confunda a periculum libertatis das cautelares em geral e da preventiva (art. 312).
Vejamos:
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas obser-
vando-se a:
I – (i) necessidade para aplicação da lei penal, (ii) para a investigação ou (iii) a instrução
criminal e, nos casos expressamente previstos, (iv) para evitar a prática de infrações penais;
(Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
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Art. 283, §1 o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infra-
ção a que não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de
liberdade.
Desde a concepção, em 1990, no Japão, que com as Regras de Tóquio queriam desca-
racterizar, incluindo tutela cautelar e precisava materializar aquele espírito dentro da ordem
jurídica pátria, o que foi feita com a Lei 12403 através do qual se criou um leque de opções
de tutela cautelar alternativas à prisão (art. 319 e 320).
Desse modo, se de um lado está sendo dado um monte de opção, e de outro está sendo
dito que a prisão cautelar é medida de extrema ratio, está se afirmando que essas caute-
lares alternativas à prisão gozam de preferibilidade. Essa expressão foi criada por Gustavo
Bardaró, tendo sido ainda mais fortalecida com o pacote anticrime no parágrafo sexto. Veja:
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Art. 282, § 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a
sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabi-
mento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamen-
tada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada. (Redação dada
pela Lei n. 13.964, de 2019)
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas obser-
vando-se a:
§1º As medidas cautelares poderão ser aplicadas ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE.
Fulano de tal com dezessete processos, recebe cautelar para ficar em casa, podendo
só sair de casa para o trabalho, mas o MP, pela ordem, conhecendo a história de Fulano,
pede para que seja colocada a monitoração eletrônica. Perceba que tinha a possibilidade de
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decretar apenas a limitação de locomoção, mas também pode acumular com a monitoração
eletrônica tanto do ponto de vista da efetividade das cautelares como da melhor aplicação ao
caso concreto.
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Outro exemplo, seria proibir o Fulano de sair do município, mas, na verdade, o medo se
estende a ele se evadir para o exterior. Diante disso, faz-se essa proibição juntamente com
a apreensão do passaporte.
O pai das cautelares é J. J Gomes Canotilho. Além disso, ele cunhou a expressão e
desenvolveu a expressão Cláusula de Reserva de Jurisdição, o que quer dizer que essas
cautelares se inserindo nessa cláusula só podem ser decretadas por um juiz competente,
mas investido de jurisdição, já que até mesmo as cautelares diversas da prisão atuam e inter-
ferem em direitos fundamentais. Isso é a regra!
Exceção:
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O debate não se limita apenas a prisão, mas envolve todo o desenho das cautelares
pessoais, porque antes da Lei 12403 o processo penal era regido pela ótica da bipolaridade,
com o entendimento que o juiz poderia decretar prisão cautelar de ofício a qualquer tempo
no curso da persecução. Isso era criticado, pois viola o sistema acusatório, visto que o juiz
ao atuar, oficiosamente, ele passa a um status de protagonista de interessado no processo,
sendo que ele não exercer tal papel, já que o sistema acusatório é forjado na ótica da divisão
das funções em diversas instituições, necessitando que o julgador seja imparcial.
Diante disso, a Lei 12.403 avançou nesse aspecto, mas não o suficiente, e passou a dizer
que o juiz não pode decretar preventiva e qualquer outra cautelar de ofício pessoal na fase da
investigação, mas pode na fase judicial e somente agora com a lei anticrime (Lei 13.964/19)
que foi consolidado a densificação do sistema acusatório (Expressão do Professor Pedro
Coelho), como visto, por exemplo, no art. 3º- A do CPP, mas também como é visto no art. 311
e art. 282, § 2º do CPP.
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Perceba que, a partir da Lei anticrime não existe mais a possibilidade de atuação oficiosa.
Em algum momento terá essa possibilidade de atuação oficiosa?
Tem-se as hipóteses de:
– conversão do flagrante em preventiva – resolvida pela terceira sessão;
– redecretação de preventiva;
– art. 20 da Lei Maria da Penha;
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Por que eles vão requerer cautelar? Basta imaginar que, como foi o caso desse HC,
decretaram prisão preventiva e a defesa veio a requerer cautelar diversa.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Pedro Coelho.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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