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EXCELENTÍSSIO SENHOR DOUTOR DA VARA CIVEL DA COMARCA DE

SÃO LEOPOLDO/RS

TAYNARA RIBEIRO DE MELLO, brasileira, divorciada,


OAB/RS 126.083, CPF 023298150-77, residente e
domiciliada à Rua São Pedro nº 426, apt. 02, vem,
respeitosamente, a presença de vossa Excelência
propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANO MORAL

em desfavor da empresa BOA VISTA SERVIÇOS S.A,


inscrita no CNPJ sob o n. 11.725.176/0001-27, com
sede na Av. Tambore, 267, Edif Can C. Alphaville,
andar 15, Torre Sul Conj 151ª. E-mail
contato@boavista.com.br;

E contra ACORDO CERTO LTDA. Inscrita no CNPJ pelo


n. 08.702.298/0001-93, com sede na Rua Card
Arcoverde, 2365, conj 81 A 84, Pinheiros, São
Paulo/SP, e-mail contato@acordocerto.com.br;

E SERASA LIMPA NOME S.A, inscrita no CNPJ pelo n.


62.173.620/0001-80, com sede na Avenida das Nações
Unidas, 14401, Anexo Torre C-! Cond Complex PQ da
Cidadeconj191 192 201, 211, salacj 212,221,111,231,
setor CJ 232 241 e 242 – Vila Gertrudes, São Paulo/SP,
pelos fatos e fundamentos que seguem.
I- DOS FATOS

Em 26 de novembro d e 2022 a autora ingressou com uma ação


(5026568-38.2022.8.21.0033) contra a RENER
Administradora de Cartões de Crédito, oportunidade em que
requereu e declaração da prescrição da cobrança de dívida,
o que lhe foi provido, vejamos (decisão em anexo):

“Em suma, estou votando por dar parcial provimento


ao recurso tão somente para declarar prescrita a
pretensão da cobrança da dívida prescrita, objeto da
presente demanda.”

A ação em comento transitou em julgado em 25 de junho de 2024.

Ocorre que a cobrança e os efeitos paralelos seguem ocorrendo, uma vez


que as plataformas das rés seguem apontando as dívidas e, ainda, tem
vazado a informação para ouras empresas, trazendo prejuízo para a
autora.

Ante o exposto, vem a autora para requerer a procedência da presente


para determinar que as rés excluam a informação das dívidas prescritas
das suas plataformas, bem com requer indenização moral pelos prejuízos
que vem causando.

É o breve relato dos fatos.

II- DO DIREITO

1. ASSISNTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA


A Requerente pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,
assegurada pela Lei 1060/50, tendo em vista não poder
arcar com as despesas processuais, razão pela qual
postula o benefício da assistência judiciária gratuita
conforme faz prova da sua condição econômica pelo
documento que acosta. O art. 5º, inciso LXXIV, da
Constituição da República de 1988 (CR/88), preceitua que
o “Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que comprovem insuficiência de recursos”.

O Código de Processo Civil em seu artigo 98 também faz


menção à gratuidade da justiça, sendo que estabelece que
é possuidor deste direito aquele que manter insuficiência
de recursos. Ocorre que trata do assunto de maneira vaga,
mantendo ausência de critérios objetivos para a avaliar
especificamente o que seria a denominada “insuficiência
de recursos”.

Haja vista que a requerente está desempregada e mora


sozinha ela faz jus ao referido benefício eis que não possui
condições de pagar as custas e despesas do processo sem
prejuízo próprio, conforme documentos anexos. Desse
modo, diante do artigo 98 e seguintes do Código de
Processo Civil, bem como do artigo 5º, inciso LXXIV da
Constituição Federal, o autor faz jus à concessão da
gratuidade de Justiça.

2. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DO CONSUMIDOR

No caso em tela cabe o reconhecimento da aplicabilidade


do Código de defesa do Consumidor no caso em comento,
no mesmo sentido que já vem sido entendido nesta
mesma jurisdição, a fim de garantir a segurança jurídica e
a igualdade de aplicação da lei a todos.
Ocorre que o presente caso cumpre os requisitos do
artigo 2º do Código do Consumidor devendo ser
enquadrada como relação de consumo, vejamos:

“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou


jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a


coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo.”

Da mesma forma faz jus à inversão do ônus da prova haja


vista que todas elas estão em poder da referida empresa.
Neste sentido a inversão das provas é medida que se
impõe no caso em tela nos termos do artigo 6º, VIII do
CDC:

“Art. 6º São direitos básicos do


consumidor:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,


inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;”
Assim urge que seja aplicado o Código do Consumidor e a
inversão do ônus da prova no presente caso eis que
claramente se trata de relação de consumo.

3. PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA


O artigo 300 do Código de Processo Civil dispõe que nos
casos em que a urgência for contemporânea à propositura
da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento
da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela
final, com a exposição da lide, do direito que se busca
realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil
do processo.

No presente caso está devidamente demonstrada a


possibilidade de acolher a pretensão na medida em que
evidente o risco de dano na manutenção dos acessos às
dívidas prescritas por plataformas vazadoras de dados.

Ocorre que, caso a autora tenha interesse, irá buscar por


outras formas as empresas credoras. Assim, estarem ou
não constando nas plataformas da ré não impede em nada
a satisfação ou não das dívidas prescritas.

Outrossim, o fumus boni iuris ESTÁ EVIDENTE NA


DECLAÇÃO JUDICIAL DA PRESCIRÇAO DO DITEITO DE
COBRANÇA , EM ANEXO.

Nesta trilha, o periculum in mora está diretamente


relacionado com direitos personalíssimos da autora que
estão sendo violados. A concessão da mexida liminar
serve para cessar o abalo contínuo da violação
constitucional e a sensação de invalidade do ordenamento
jurídico frente a sua condição de cidadã brasileira,
detentora de direitos de personalidade que de nada
valem.
Portanto, não há dúvida quanto à probabilidade do direito
e risco de dano (art. 300, CPC), visto que a postagem em
discussão dá muito mais vazão ao vazamento de dados e
punição da autora do que a cumprir eventual papel de
“facilitadora” de inexistente relevância social,
preponderando, aqui, o direito dos autores à preservação
de sua imagem.

4. DO VAZAMENTO DE DADOS – EXCLUSÃO DAS DÍVIDAS


PRESCRITAS DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES

É de pleno conhecimento que as plataformas tidas como


“de acordos”, tais como as rés, por mais que se disfarcem
de meras apresentações as dívidas prescritas apenas com
senha para o próprio devedor, tem vazado os dados que
colecionam e, de fato, não obtém funcionalidade par a
autora que prefere buscar por si só as empresas credoras.
Assim, tendo em vista que DIVIDA PRESCRITA NÃO PODE
SER COBRADA, sem a autorização da autora, a exposição
dos dados se torna sim UMA FORMA DE CORANÇA.

Nesta trilha, as próprias plataformas já contam com


modalidades pagas para proteção dos dados ali
constantes, inclusive para não vazarem informações de
dívidas prescritas, vejamos:
Sobre o vazamento de dados das empresas ré, inclusive, já é
motivo de indenização moral eis que comercializar dados é
ilegal e afronta a LGPD eis que se trata da comercialização de
dados e perfil financeiro de CPFs tais como os da autora. Vide
decisão em anexo, prolatada em Ação Civil Pública, 0736634-
81.2020.8.07.0001.

Desta feita, no caso em tela, a dívida em questão foi


declarada prescrita e cumpre NÃO DEVE integrar plataforma
de cobrança que vem vazando dados.

A autora não concorda c que suas informações de dívida


prescrita componham a rede mundial de computadores e
teme pelo vazamento de dados.

Neste sentido, os URL a serem excluídos são:


1.

Não há dúvidas de que o caso em análise evidencia violação


ao direito de inviolabilidade da vida privada, da honra e da
imagem e a consequente indenização pelos danos
decorrentes de sua violação, nos termos do artigo 5º, V e X,
da Constituição Federal.

5. DA REQUISIÇÃO DE PERÍCIA TÉCNICA


Tendo em vista que o tema aqui abordado ultrapassa a
expertise jurídica, insta que seja determinada perícia com
profissionais capacitados afim de:

1. Rastrear o vazamento de quaisquer dados da autora


pelas plataformas das rés;
2. Rastrear o vazamento de dados de dívidas prescritas da
autora pelas plataformas das rés, inclusive para
instituições bancárias.

6. DANO MORAL IN RÉ IPSA


Versa o artigo 186 do Código Civil sobre o dever que recai
o causador de ato ilícito em indenizar aquele que sofreu
o dano, vejamos:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

O dano moral In ré ipsa resta configurado no caso em tela


eis que as rés vem expressando cobrança da autora sobre
dívida prescrita e vazando dados pessoais e financeiros,
gerando o dever de indenizar conforme precedente que
segue:

Portanto, ainda que se encaixe o presente caso em dano


moral in ré ipsa, sendo presumido o dano moral, salienta-
se que a autora vem sofrendo abalo íntimo por não ter
possibilidade de recomeçar sua vida e progredir na vida
em razão desta negativação. Inclusive não consegue ter
relacionamentos com instituições bancárias

Nestes termos requer a autora a indenização por danos


morais no valor de R$ 20.000,00 (20 mil reais) ou em
quantum que Vossa Excelência entender por justo para
reparar os danos sofridos bem como para que sirva de
reprimenda ao réu de fora a não repetir o ato ilícito com
outras pessoas.

III- DOS PEDIDOS


Ante o exposto, requer a autora:
a) O deferimento da Liminar para as res excluírem qualquer
informação sobe dívidas prescritas da autora, sob pena de
multa diária, nos termos do art. 77, § 2º, do CPC;
b) O deferimento do benefício da AJG;
c) O deferimento da aplicação do CDC ao caso em tela;
d) A citação das rés para, querendo, contestarem esta ação;
e) A determinação de perícia técnica para rastrear o
vazamento de dados;
f) O provimento do presente pleito para:
a) Determinar a permanente exclusão das informações
das dívidas prescritas da autora da rede mundial de
computadores;
b) Condenar as rés a indenizar a autora por danos
extrapatrimoniais, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais);
c) A condenação das rés em custas e honorários
advocatícios de sucumbência;
g) Protesta por todos os meios de prova possíveis em direito.

Dá-se a causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais)

Termos em que, espera deferimento.

São Leopoldo, 25 de julho de 2024

Taynara Mello

OAB/RS 126.083

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