Nicodemos Araújo - Cantos Do Entardecer

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NICODEMOS ARAÚJO

CANTOS
DO
ENTARDECER

IMPRENSA UNIVERSITÁRIA – U V A –
SOBRAL – 1979 – CEARÁ
NICODEMOS ARAÚJO

CANTOS
DO
ENTARDECER

IMPRENSA UNIVERSITÁRIA - UVA - SOBRAL - CE


1979 -
Que importa, já me alveja na cabeça neve dos anos,
como em cerro a bruma ?
Alberto de Oliveira

Só a poesia nos faz brincar um pouquinho nas oficinas de Deus.


Olavo Bilac

Ser poeta é guardar migalhas de alegria,


para reparti-las com os deserdados.
Ernani de Conto
DO AUTOR

Harmonia Interior (Versos) - Ed. O ACARAÚ


Santa Cruz do Acaraú (Monografia) - Ed, O ACARAÚ
Município de Acaraú (Monografia) - Ed, O ACARAÚ
Vozes de Alma (Versos) Ed. CORREIO DA SEMANA
Minha Prece (Poema) - Ed. O ACARAÚ
O Anjo Protetor (Teatro) Ed. MENSAGEIRO DA FÉ
Pela Glória do Altar (Hinário) Ed. - O ACARAÚ
Falas do Coração (Versos) - Ed. CORREIO DA SEMANA
Bela Cruz (Monografia) Ed. A FORTALEZA
Folhas de Outono (Versos) - Ed. A FORTALEZA
Acaraú (Esboço Histórico) Ed. Imprensa Oficial do Ceará
Descendência de Meus Avós - Genealogia - Ed FORTALEZA
Capitão Diogo Lopes (Biografia) - Imp. Universitária
Palavras ao Leitor
CANTOS DO ENTARDECER são poemas que escrevi
e que ainda não haviam sido publicados.
Pobres, como tudo o mais que há produzido a minha
modesta seara literária, merecem, no entanto, o meu apreço
meu carinho, em virtude da afinidade espiritual que nos une e
nos integra. Aí estão, portanto, seis dezenas de poesias
escritas sobre diversos assuntos, em diferentes épocas, e sem
preocupação de escola, estilo ou modismo. Nada disto.
Sempre tenho escrito assim, E assim, continuarei a
escrever, sem vaidade nem pretensão a elogios. Aliás não
tenho a ingenuidade de almejá-los. São do escritor e poeta
Sânzio de Azevedo os dois quartetos que com a devida vênia
a seguir transcrevo,

" Dizem-me: o estilo em que tens trabalhado


teus poemas, já morreu... É bem diverso o
canto novo, É a marcha do universo!
Teu modo de escrever foi superado"

" Que hei de fazer? Bem vejo quão mudado o


verso está; mas em meu sonho imerso
continuo a escrever, e ao meu verso resuma
sempre um sopro do passado"

Ocorre comigo exatamente o que sucede ao esteta de


"Cantos da Longa Ausência", a esta altura, já por conta de
minha idade,
" Que hei de fazer?"
NICODEMOS ARAÚJO
Acaraú, 1979
ENTARDECER

É o fim da tarde... O dia terminando...


O sol mortiço e morno já procura.
esconder se na curva do ocidente.
E nuvens cor de chumbo, em vagaroso bando,
pela amplidão se arrastam preguiçosamente.
Ruflam asas na sombra. A viração cicia...
Um velho sino plange – Avemaria...
Em tudo há um toque de melancolia.

Assim também ocorre nesta vida.


Depois dos sonhos bons da mocidade
e do estágio forte da maturidade,
a velhice penosa vem chegando...
E, na medida
em que, um a um, vão decorrendo os anos,
em nossos corações os desenganos,
pouco a pouco, se vão acumulando.

9
Então nossos caminhos,
outrora de esperança iluminados,
e onde cantavam tantos passarinhos,
de sombras e quietude agora são tomados,
Porém aos olhos d'alma, embora já cansados,
desfila sempre, na ancianidade,
o sereno cortejo da saudade.

É o milagre da reminiscência
suavizando as penas da existência.

É a mão amiga da recordação


semeando flores na desilusão.

10
O IDOSO PODE SER FELIZ

A João Venceslau Araújo

Mesmo se atinge, em sua caminhada,


uma idade avançada,
ao inverso do que por aí se diz,
a gente pode ver fulgores de alvorada.
Pode lutar, sonhar, sorrir e ser feliz.

A ancianidade
não deve ser uma inutilidade.
A vivência normal de muitos anos
até que pode, às vezes, o homem preparar
para enfrentar e superar
suas desilusões e desenganos.

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A velhice, que importa?
quando a auto-confiança nos conforta?
Busquemos, no passado,
energias e atrações para o presente.
É assim que o idoso, remoçado,
pode viver tranquilamente.
E até realizado integralmente.

Fé dentro d'alma e paz no coração


fazem brilhar, na estrada ao ancião,
uma fulguração suave e boa,
que a vida lhe povoa
desta doce e puríssima alegria
que o bom Deus, lá do Alto, nos envia.

É a graça da Divina Providência


semeando luz no ocaso da existência.

O amor não tem idade.


A vida é um dom de Deus e um nosso bem.
Então, é um gesto natural perfeito,
que o idoso defenda o seu direito
de servir, de sonhar, de ser feliz também.

12
A CEGA DA CASINHA DE PALHA

A José Evandro Gifoni Moura

Quem do sítio "Barreiras" se avizinha,


vê, junto ao cajueiral que ali farfalha,
uma pequena e mísera casinha
feita de ramos de mofumbo e palha.

Faz anos mora nela uma velhinha


cega e tão velha, que não mais trabalha.
Seu alimento de água e farinha;
seu mundo é a choça onde ela se agasalha.

Sozinha ali, como os anacoretas,


rezando um terço de continhas pretas,
lembra, talvez, bons tempos que viveu.

E assim, bem perto da final jornada,


ei-la feliz, serena e conformada,
na humildade e na fé que Deus lhe deu.

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A JUVENTUDE

Ao José Dimas

A Juventude,
que ama a Deus e se apoia na virtude,
ardente de entusiasmo e de alegria,
palpitante de fé e de energia,
rica de auto-confiança,
é a imagem sublime da esperança.

É o Futuro vibrando no Presente;


é o Presente a vibrar, em busca do Futuro,
caminhando, seguro,
por uma estrada clara e florescente.

Juventude é aspiração, é amor, é otimismo;


força viva e atuante, é dinamismo.
No entanto, o coração do jovem deve ser
fecundo de nobreza e benquerer,
pulsando sempre no ideal mais puro,
a serviço do bem, na trilha do dever.
Pois ao jovem pertence à glória do Futuro.

Na juventude sã, que nunca se entibia


a sociedade crê e a Pátria se confia.

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SONHOS DESTRUÍDOS

Contava apenas dezenove anos,


— idade em que a existência é mais querida,
e entre doiradas ilusões vivida,
na magia de lépidos enganos.

Mas esses sonhos rútilos e ufanos,


e a sua juventude tão florida,
rolaram todos, sem calor, sem vida,
ao som de cinco tiros desumanos.

Pobre mãe, ante o corpo inanimado,


como que sente o coração parado,
na dor imensa que sua alma invade.

O porvir que almejara, cor de aurora,


ao filho amado, se resume agora
num misto de amargura e de saudade.

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SONHOS QUE SE FORAM

Ao Dr. Carlyle Martins

Em meus tempos de moço, os lindos sonhos


tão próprios dessa idade,
sonhos azuis doirados cor-de-rosa,
sonhos afoitos, sôfregos, risonhos;
fizeram palpitar minha alma ansiosa,

numa festa de esperança e alacridade.


Continuei pela vida caminhando...
Dobrei a curva da maturidade...
E... então
os sonhos foram, aos poucos desertando...
Deixando, apenas, no meu coração
a meiguice tranquila da saudade.

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Recordar é viver – alguém falou.
Nesta recordação serena e boa,
que minha alma povoa,
sustentado na fé que me abençoa,
ue gosto da feliz saudade que ficou.

E esta serenidade e esta alegria


que agora na minha alma se entesouram
sinceramente, eu nunca trocaria
por todos esses sonhos que se foram.

20
RISO DE PALHAÇO

A DINORÁ TOMÁS RAMOS

Eis o palhaço ali no picadeiro,


dizendo piadas para aquela gente.
A troupe necessita de dinheiro,
e exige muito o público assistente.

Mas o pobre palhaço galhofeiro


é canceroso. E ri forçadamente,
pois o dono do Circo, interesseiro,
quer contentar o povo ali presente.

Sucede a mesma coisa nesta vida,


onde há tanta miséria colorida
e entre festas encobre-se o fracasso.

Quanta gente inditosa que procura


dissimular a sua desventura
sob um riso forçado de palhaço!

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CONSELHO DE PAI

Ele estava no fim. Seu mal não tinha cura.


Chorava ao pé do leito a esposa dedicada.
O médico, que a doença amenizar procura,
baixa a cabeça e sai. Já não espera nada.

E eis que sentindo o enfermo a vista semiescura


e do instante final à próxima chegada,
chama o filho mais velho, e sua mão segura
entre as suas. E fala, a voz entrecortada:

— Não minta nunca, filho. A Deus principalmente.


Ajude a seus irmãos. De todos seja amigo,
Seja bom, generoso e digno e capaz.

No mundo, filho meu, só o homem que não mente,


e vai fazendo bem, sem ter um inimigo,
pode viver feliz, pode morrer em paz.

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MEU CAVALO DE TALO

Uma lembrança linda e bem querida,


do meu bom tempo de menino pobre,
lembrança que ficou na minha vida
e que a saudade, vez em vez, descobre,
foi meu cavalo
de talo.

Talo de carnaúba era a montada.


Dois cortes, na cabeça, em semidiagonal,
formavam-lhe as orelhas. Um coração
era aberto na testa avermelhada.
E os olhos desse exótico animal
que jamais esqueci,
eram dois caroços de Jeriquiti.
A rédea de cordão,
torcida e retesada,
mantinha-lhe a cabeça sofreada.

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Então eram os passeios e carreiras,
nas façanhas equestres pela praça.
Havia cavalos pé duro e cavalos de raça.
Pois numerosos eram parelheiros,
tantos eram, também, os cavaleiros.
E esse turfe bizarro de meninos
dispostos e traquinos,
era das nossas melhores brincadeiras.

Oh! dias de inocência e de esperança,


que nunca me saíram da lembrança!

Tudo isso, porém, já vai distante.


Ah! minha infância alegre e fascinante!
Era-me a vida, então, um sonho azul-doirado
que se escondeu nas dobras do Passado.

Essa quadra tão doce e tão feliz,


meu Deus, quem não recorda e não bendiz?

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O ACROBATA

Não tinha pai nem mãe. E assim vivia


buscando, em seu destino infortunado,
um trabalho qualquer. mesmo acanhado,
prá manter-se na vida acre e vazia.

buscou... sofreu... lutou... Até que um dia


por um Circo qualquer foi contratado.
E em pouco tempo havia conquistado
o primeiro lugar na acrobacia.

Mas hoje, em perigosa curvatura


sobre um arame, a trinta pés de altura,
precipitou-se em rápida descida...

E o crâneo espedaçou no poste, em frente,


achando a morte, assim tragicamente,
no mesmo Circo onde buscara a vida.

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PARA UM LAR SER FELIZ

Nosso lar deve ser considerado


Um recinto sagrado
para a vida em família,
onde, em vez de discórdia e da quizília,
a unidade se faça
à luz perene da Divina Graça.

A vivência perfeita da união


é uma dádiva sem par, que Deus bendiz;
é o dom de mais valor que a vida encerra,
durante a nossa peregrinação,
entre os males e enganos desta terra.
E é unindo nossas mãos.
e olhando como irmãos nossos irmãos,
que a gente um dia pode ser feliz.

29
Então,
para que brilhe no lar a claridade
da ventura e da paz,
necessário se faz
que entre os esposos a fidelidade
crie um clima de harmonia e compreensão;
que haja entre os filhos a fraternidade,
e em todos reine o amor, no espírito cristão

Se vivemos assim o nosso lar encerra


um pedaço de céu na terra.

30
O MENINO DA CALÇADA

Para Maria Orildes Sales Freitas

Sob a marquise do Supermercado


o menino dormia,
deitado na calçada,
descalço, seminu, cor macerada.
O bracinho dobrado
de macio travesseiro lhe servia.

Eu olhava o Menino da Calçada...


O sol ia subindo... E gente atarefada
passava, indiferente.
Um homem gordo, barbado, ar soberano,
fumando um bom cigarro americano,
olhou de esguelha a cena comovente,
e falou: — "Descuidista vagabundo".
(É mesmo assim o mundo).
O pequeno mais tarde acordaria,
sem pão e sem café,
para mais outro dia
sem instrução e sem fé.

31
Pensei... Deliberei. Num gesto imediato,
deitei no carro a gélida criança,
(Nunca é tarde demais para a esperança)
a enfermeira, entre feliz e amargurada,

Atendeu, prontamente,
uma enfermeira de face angustiada.
Olhou o garoto demoradamente...
Em seus olhos, então, eu vi o intenso brilho
de uma lágrima luminosa,
que "tremeu, tremeu, tremeu, e rolou, silenciosa
E de repente,
e falei ao chofer: — "Para o Orfanato".
gritou: "Meu filho! Sim! Ele é meu filho!"
E abraçou-se ao Menino da Calçada.

32
LEMBRANDO ANA ZÉLIA

Perecera Ana Zélia, E, consternada,


muita gente à camboa só encaminha.
uma dúzia de barcos esquadrinha
as águas, na procura acelerada.

Recordo, ante a tragédia inopinada,


que sempre à missa de domingo eu tinha
a saudosa garota por vizinha,
atenta à cerimônia celebrada.

E agora, toda vez que vou à igreja,


lembro Ana Zélia... E esta lembrança enseja
em mim profunda comoção. E quando

me posto ali, para o sagrado culto,


tenho a suave impressão de ver seu vulto
no mesmo branco, em frente ao meu, rezando.

33
O LEÃO DO CIRCO

A Ribeiro Neto

" Oh! raio, oh! sol, suspende a lua


Bravos ao palhaço que anda na rua “

Sim, O Circo chegara na cidade


anunciando palhaçadas,
e baianadas,
e "atos da variedade ".

Mas, a melhor, a máxima atração


era mesmo o leão

A meninada
numerosa e vadia,
e alegre, e curioso, e alvoroçada,
corria e acorria à velha praça
ia ajudar o palhaço. Isto valia
uma entrada, de graça.

34
" Oh! raio, oh! sol suspende a lua,
Bravos ao palhaço, que anda na rua "

Mas depois da função


A gente ouvia, cheia de emoção,
no silêncio feral da madrugada
os medonhos rugidos
do magro enorme leão
Rugidos, não.
Eram vozes de dor, eram gemidos
da pobre fera faminta, aprisionada
dentro da jaula sobre um caminhão

E o mísero leão, nesse sofrer sem nome


rugia e gemia,
entre os ferros da prisão, passando fome.

35
Muito provavelmente o bruto recordava
os bons tempos de sua liberdade
na selva exuberante, onde reinava
Ali, então, pompeeava
bem farto, e forte, e orgulhoso, e ufano,
feliz e soberano
na sua absoluta majestade

Um dia, porém lhe armaram um alçapão


E afinal foi capturado, o incauto leão
E eis o Rei destronado,
vendido, maltratado, aprisionado,
E no Circo aguilhoado
Eis a fera enjaulada
a rugir e a gemer, dentro da madrugada.

Destino irônico e tirano


o desse pobre leão.
No picadeiro, agora, sua função
é divertir, é dar prazer
ao mesmo homem sagaz e desumano
que o prendeu
e o vendeu
e tanto o faz sofrer.

36
VELHO OSTERNO

A Cladiemer Carvalho

Velho Osterno, que vivia


numa pobreza total
viu-se, com juste alegria
curado daquele mal.

É que, após muita porfia


ele obteve, afinal,
sua aposentadoria,
por conta do FUNRURAL,

Hoje o vi de roupa nova.


E indaguei, prá tirar prova:
– Que foi isto, velho Osterno?

E ele,feliz e contente,
respondeu-me altivamente:
– Sou empregado do Governo.

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38
EM LOUVOR DO NEGRO

O brasileiro ainda não soube demonstrar ao negro o respeito


e a admiração por tudo quanto lhe deve,

C. Antunes

Para Márcio Catunda

Eu tenho pelo negro uma admiração


que vem do meu amor pelo Brasil.
Sinto um misto de vergonha e compaixão,
ao lembrar o comércio torpe e vil
que, ao tempo, aqui se fez da negra escravidão

Três séculos de opressão e tirania:


três séculos de apróbrio e maldição
marcaram, em território brasileiro,
e injusto e desumano cativeiro
de uma raça inditosa que gemia,
"sem luz, sem ar, sem razão",

Mas, o preto que nos veio de além-mar


no porão dos navios portugueses,
que ajudou nossa Pátria a progridir
com seu labor, do eito para o tronco'
aos açoites do feitor malvado e bronco,
não vacilou jamais, ao repelir
as forças de invasão holandeses.

39
Também não vacilou ao lado das Bandeiras
que os índios arrancaram às selvas brasileiras,

E os filhos das Sinhás ? Quantas mães pretas


as seu colo de ébano os ninaram,
cantando cangerê, amamentaram,
em suas ricas, ubertosas tetas,

Louvor, por tudo isto, o negro meu irmão,


que soube, como eu amar esta grande Nação,
E deu-lhe, a par do amor, as suas energias;
- seja o trabalhador de pé-no-chão
ou seja o Trigre da Abolição,
seja Luís Gama ou seja Henrique Dias.

40
EM LOUVOR DA ÁGUA

Ao Mons. Édson Magalhães

São para ti, oh! água benfazeja,


o meu louvor e a minha gratidão,
Água humilde que flui, que vem do chão.
contigo a minha Igreja,
pela mercê do Céu me faz cristão.

Ante a maldade humana, o Pai da criação,


no Dilúvio te mandou,
para expungir, de vez, a perversão.
E, da face da terra, assim exterminou
aquela corrompida geração.

Quando Moisés, em seu audaz intento,


meritório e bendito,
libertava os judeus da escravidão do Egito,
e esse Povo de Deus clamava e se exhauria
na sede intensa e atroz que o consumia,
eis que num sobrenatural portento,
que a hunana inteligência não concebe,
jorraste, em borbotões, das escarpas dos Horebe.

41
Oh! líquido sagrado, em ti Cristo Jesus
recebeu seu batismo, no jordão,
pelas puras mãos proféticas de João,
com assistência da Divina Luz.

Realmente és dom de Deus, assim se dando...


Enchendo o rio, o lago e o próprio mar enchendo,
com poder estupendo,
as plantas fecundando,
e, pela mão da cinência, o mundo energizando

Louvo-te, oh! água pelo que nos deste:


pelo que fazes, pelo que fizeste,
Pra nós teu bem um bem particular encerra
quando, após longa e angustiosa espera,
a chuva providencial desce da atmosfera
e ensopa o chão sequioso e adusto do Nordeste,
numa graça do Céu, fertilizando a terr.,

42
A ENCHENTE

Rugindo o rio repentinamente,


avulta, inchado, na expansão da enchente.

Da Costa e Silva

Há três meses o inverno começou


O campo está coberto de pastagem
E esta linda roupagem.
da cor auspiciosa da esperança
ao feliz lavrador trouxe abastança
que Deus abençoou, na safra que chegou,

A chuva desce copiosamente,


generosamente.
Nas lagoas se escuta a sinfonia
do bizarro coral da saparia,
asquerosa e vadia,

Nos regatos, em perene murmurar,


correm as águas cantantes,
buliçosas, ligeiras, murmulhantes,
para o rio grande que se vai lançar
na imensidade líquida do mar.

43
O passaredo, em festa de harmonia,
derrama pelo espaço a sua alacridade,
É o tempo da fartura e da felicidade:
o tempo da alegria,

Certo dia, porém,


o rio enorme, mais enorme vem
aumentando,
espumando,
e transbordando as águas do "caixão",
e fazendo cachoeira,
É o tempo em que a alegria da gente
muda-se, de repente, em tempo de aflição.

É o cataclisma da inundação;
é a cheia, em seu flagelo indômito e fatal,
Ela que vem trazendo o pânico geral.
As águas turvas invadindo,
e cobrindo e recobrindo
as várzeas da ribeira,
vão lavando, de rojo, no caudal
de sua impetuosa corredeira
árvores, e animais, e plantação.

44
E, num sinistro doloroso acento,
forte como um clamor de imprecação,
soa, no mofumbal, de momento a momento,
o canto agourejante do "carão",

Nos arraiais, inda mais horrificante,


e mais impressionante
o quadro se apresenta:
– a avalanche tremenda tudo invade.
na sua fúria de calamidade,
traiçoeira e violenta.

Na casinha do pobre a situação


é de miséria e desesperação:
– os cacaréus as águas arrastaram,
e o barro das paredes derribaram
Sobre um jirau armado, as pressas, no terreiro
toda a família treme, apavorada,
ente o furor crescente do aguaceiro,
tentando resguardar o pouco que inda pôde retirar,
antes que desabasse a rústica morada.

45
O chefe – esposo e pai – humilde, mas valente,
sobre um toro de pau partiu no turbilhão
das águas, a buscar a salvação
daquela gente
que ele conserva no seu coração,
E a nadar, quando a quando, solta um grito,
para esperança de seu povo aflito.

X X X

Todos rezam com fé e eis que bem perto ecôa


o prolongado som do búzio da canoa,
É a salvação que, providencialmente,
Deus mandou para as vítimas da enchente,
Toda a família, então, se vai acomodando
ou, melhormente, vai se incomodando
na rude embarcação
que corajosamente enfrenta o turbilhão,

Lá vão: – esposa e os filhos pequeninos,


amarelos e franzinos,
A tarrafa a espingarda, os fiangos de redes,
a cruz de palha benta e os santos das paredes.
O cachorro, o bichano, os bacorinhos
dentro de um velho urú a galinha e os pintinhos
E grimpado na proa, em cômicos, meneios,
um velho papagaio, a dizer nomes feios.

XXX

Em meio àquela estranha confusão,


as águas vai singrando a tosca embarcação
– Gente, aves e animais, que faz lembrar até
a milenária barca de Noé.

46
RIO AMAZONAS

A Agripino Silveira

Ele vem do Peru, em seu itinerário.


É o " Amazonas" imenso e legendário.
Espumando e bramindo, aos borbotões,
ele entra no Brasil com o nome " Solimões "
Mas quando ao "Rio Negro" ao longe vai juntar-se,
"Amazonas ", então, passa a chamar-se

Vai fluindo entre o mundo verdejante


da floresta imponente e exuberante,
onde uma rica fauna a gente conta:
onde os animais raríssimos se aponta,
e onde exibe a atração de seu matiz
um sem número de pássaros gazis,
numa festa de música volante.

Ali o viajor contempla, embevecido,


"a pompa tropical deste Brasil querido".

Mais de seis mil quilômetros de curso,


formidando, triunfal, piscoso e fundo,
(sua bacia é a maior do mundo)
ei-lo rolando as águas em torrentes.
E, ao longo do percurso,
recebe o seu milheiro de afluentes

47
Se a "pororoca ", em fúria, doidejante,
o agita e encapela,
ele uiva, e brada, e estruge horrissonante,
como o mar, aos açoites da procela.

Na ribeira, aqui e ali, um "igapô"


E o assombroso "Rio Mar",
só depois de formar
A vastíssima ilha "Marajó"
Tem sua embocadura,
com mais de cem quilômetros de largura.

E, entoando a Netuno o seu festivo cântico,


soberbo e colossal, vai desaguar no Atlântico.

Quadro maravilhoso! Até – diríamos –


se o "Amazonas", acaso, estacionasse:
toda sua água então se acumulasse,
e, um ano após, na terra se espalhasse,
outro dilúvio universal teríamos.

48
JERICOACOARA

A Francisco Felipe Rocha

Alva, plana, macia, extensa, fascinante


É assim a praia de "Jericoacoara"
Obra maravilhosa e rara
da natureza. O afoito navegante
que ali passa, em seu ofício temerário
talvez recorde, ainda, o "Forte - do - Rosário”
erguida há quase quatrocentos anos,
Ali nossos guerreiros espartanos
infligiram duríssimos reveses
às hordas invasoras dos franceses.

Lá da curva onde o mar emenda no infinito


as ondas partem, sucessivamente...
E vêm rolando crespas, rumorosas
até quebrar-se nas fraldas escabrosas
do morro de arenito
que ergue o dorso e se alonga, alastrando de grama
tornando inda mais belo o belo panorama,

49
A famosa enseada
acolhe, "generosa e hospitaleira",
toda a frota pesqueira
que lá procura estada.
Lá, onde o pescador, pasmoso de energia,
luta, prá conseguir o pão de cada dia,

É um encanto ficar-se ali para escutar


a perene canção oceânica do mar
Em cima – o céu azul, em sua imensa tela:
em baixo – a praia branca, imensamente bela

Alguém que, porventura,


daquela praia histórica se acerque,
nestas noites de luar esplendecente e ameno,
supõe ver, a vagar, na arenosa planura,
as sombras de Jerônimo de Albuquerque
e de Soares Moreno.

50
O MILAGRE DA CHUVA

Ano de seca, Fulgurante e cru


o sol tem a quentura de um braseiro,
Morre o gado nas margens do ribeiro:
fareja, no alto, o ávido urubu

No sertão só tem verde o juazeiro,


o xique-xique e o mandacaru
Nas estradas, faminto e seminu,
vai o retirante, no infeliz roteiro,

Mas volta a chuva, O campo reverdece...


Como que a mão de Deus à terra desce,
na bênção da alegria e da esperança,

Canta gente feliz pelos caminhos,


pastam rebanhos, noivam passarinhos,
É o tempo da fartura e da abastança

51
O MANDACARU

Para Messias de Vasconcelos

Quer venha a chuva alegre o benfazeja,


numa rica e segura promissão:
quer venha o sol que na amplidão dardeja,
trazendo a terra o sopro de Plutão.

O" Mandacaru" nasce, cresce e viceja,


e alimenta rebanhos no sertão.
Em plena seca sua flor alveja
na haste, que brota e esgalha em qualquer chão

Tão resistente quanto o "Xique-xique,


para ele não existem chãos maninhos;
não há mesmo rocha onde não frutifique,

E assim, pelos "agrestes" infecundos,


em seu caule anguloso, entre os espinhos,
mostra os bonitos frutos rubicundos,

52
O COQUEIRO MORTO

A Ribeiro Simas

Faz anos, conheci este coqueiro


dominando a paisagem verdejante,
o porte senhoril, sempre altaneiro,
alçado para o céu, firme e pujante

As palmas oscilando ao tom do vento,


como enfeites de carros alegóricos,
lembravam, no perene movimento,
asas de enormes pássaros pré-históricos.

Da viridente fronde lhe pendiam


cachos de frutos redondis e aquosos,
Passarinhos gazis sempre faziam
ouvir alí seus gorjeios maviosos.

Ao lado o "Acaraú" pertinho desce,


rolando as águas para o “mar bravio"
E o mangue, espesso e erguido, até parece
um muro verde, protegendo o rio.

53
Porém, não sei porque, um certo dia
a copa do coqueiro alto, imponente,
começou murchar. Ninguém sabia
que mal assim lhe viera de repente.

E o coqueiro morreu. Os passarinhos,


que ali vinham cantar frequentemente,
numa troca de afagos e carinhos,
fugiram... Tudo então ficou silente.

No alto do estipe, a fronde ressequida


aponta a umbela imensa da amplidão.
E assim semelha, o vegetal sem vida,
enorme ponto de interrogação.

Hoje, no entanto, quando já brilhavam


clarões do sol, sobre o coqueiro havia
um bando de graúnas, que cantavam,
recepcionando, talvez o novo dia.

Mas, ouvindo esses trinos que ressoavam


nas palmas secas sobre o espique torto.
eu supús que as graúnas decantavam
ternas saudades do coqueiro morto.

54
FLORES

Manhã cedinho, eu gosto imensamente


de olhar as flores cândidas, franzinas,
– rosas, lírios, miosótis e boninas...
Policromia encantadora e olente.

Como faz bem ao coração da gente


caminhar, pelas horas matutinas,
nos vergéis, nas devesas, nas campinas,
sonhando, alegre, entre o ramal florente:

Flores... Existe em seu encanto e essência


qualquer cousa de graça, de inocência,
de ternura, de sonho, de esperança.

Nos campos, nos jardins, seja onde for,


contemplando-as, eu vejo em cada flor
um sorriso mimoso de criança.

55
PAISAGEM

Para Ribeiro Ramos

Às vezes, de manhã, vou espairecer na "Ponte"


junto ao rio que serpeja entre a relva macia,
E fico a contemplar o mangue ali defronte,
na camboa, onde brinca a jaçanã, vadia,

Escuto o pipilar da passarada insonte,


enquanto o sol se eleva e sua luz radia
E – opala colossal no engaste do horizonte –
o "Mucuripe" além, meus olhos delicia:

Pasta o gado na ilha, E, pisando de leve


o mimoso estendal do bredo florescente,
vejo um bando gentil de garças cor de neve.

E ao norte, o rijo caule erguido em vertical,


imponente e triunfal, dominando o ambiente,
aos açoites do vento, oscila o coqueiral.

56
O VAQUEIRO

O vaqueiro, em seu traje de guerra:


– Guarda – peito, Perneira e Gibão –
na ribeira, no vale ou na serra,
é um bravo que orgulha o sertão,

Cavalgando o ginete ligeiro,


na armadura de couro que veste,
destemido e garboso, o vaqueiro
represeta um herói do Nordeste,

Sobre as rêses que vão "desgarradas ",


os maiores perigos destrói;
vence montes, rechãs e quebradas,
desmonstrando sua fibra de herói

Quemo vê nessa sua "peleja"


em seu rude labor temerário,
tem a firme impressão que ele seja
um guerreiro valente e lendário.

Quer tangendo, no aboio saudoso,


quer buscando, nos chãos de pastagem,
o vaqueiro fiel, cuidadoso,
é padrão de trabalho e coragem.

57
MANHÃ SERTANEJA

Ao Dr. Francisco José Ramos Gomes

É manhã no sertão. A esbelta carnaubeira


sacode, ao vento brando, a fronde verdejante
E o rio, em turbilhões, dominando a ribeira,
rola as águas buscando o velho mar distante,

Alí é a Casa-Grande, alpendrada e fagueira,


que acolhe, hospitaleira, o cansado viajante
Tem ao lado o curral, onde a vaca leiteira
fornece reifeção nutritiva e abundante,

Ao fulgor da manhã, tudo se aclara e doura.


Homens passam, cantando, em rumo da lavoura,
tendo a fé dentro dalma e sobre o ombro a enxada.

E o sol parece um disco esplendoroso e lindo,


suspenso do infinito azul, retransmitindo
o canto matinal da alegre passarada,

58
DIA DO PROFESSOR

(versos escolares)

Salve esta data bendita


cheia de grande esplendor,
em que o Brasil comemora
o Dia do Professor.

É o dia da justiça
da gratidão e do Amor
uma festa da cultura
o Dia do Professor.

O Mestre é um novo apóstolo,


em seu sublime labor.
Eis porque comemoramos
o Dia do Professor.

59
A natureza é mais bela,
o sol tem mais esplendor,
em sua rica homenagem
ao Dia do Professor,

Em meu jardim notei hoje,


novo encanto em cada flor,
certo porque esta data
é o Dia do Professor.

É dever de cada povo


exaltar seu benfeitor.
Por isto é que festejamos
o Dia do Professor,

Entoemos, nesta data,


muito hinos de louvor,
saudando festivamente
o Dia do Professor.

60
A PROFESSORA

Severa e maternal, é ela, em muitos casos,


formadora de caracteres desfigurados no domicílio.

Humberto de Campos

Manhã iluminada e encantadora,


Ei-la que passa,
resoluta e serena, pela praça.
É a Professora

Vai à Escola, – que ali é seu "batente",


onde trabalha, feliz, diariamente,
abnegadamente.
Alma ardente de fé e ardente de esperança,
vai levar instrução
ao jovem ou à criança.
E a todos oferece, generosamente,
seu zelo, seu amor, sua dedicação.

É assim que trabalha a professora,


seja nas capitais ou seja no sertão.
Ela é uma jardineira benfeitora,
espalhando, feliz, entre a população,
as pétalas de luz de sua profissão.

61
Sua tarefa de sempre é incutir
nos alunos as luzes do saber,
É este o seu dever e o seu querer:
– preparar gente nova prá vencer,
nos caminhos do mundo, as lutas do porvir.

O Magistério. Sim, o magistério,


em sua obra elevada e meritória,
é, realmente, um grande ministério,
rico de benefícios e de glória,

Compêndios manuseando e textos explicando


de artes e ciências,
na mais bela e mais nobre das missões,
a Professora vai plasmando e aprimorando
as jovens consciências;
e instruindo, formando, orientando
as novas gerações,
porquanto é no primor da classe juvenil.
que se apoia o futuro do Brasil.

62
O ESTUDANTE

O estudante
aplicado, fiel, perseverante,
é uma promessa esplêndida e gentil
e uma grande esperança do Brasil.

Brasil, onde se escuta, a cada instante,


"de um povo heróico o brado retumbante"

Por isto o estudante deve ter,


antes de tudo, o senso do dever,
e a consciência da responsabilidade.
Pois é no seu labor,
na sua aplicação, no seu valor
que se esteia o porvir da nacionalidade.

63
No ardor da juventude
que caminha, feliz, em busca do Saber,
há sempre a influência da virtude
que ampara e dá vontade de vencer.

Estudai, mocidade,
com zelo e amor, vontade e alegria,
com nobre espírito de brasilidade.
A Pátria vos confia
o seu futuro de unidade e glória,
Estudai, estudai, que uma Nação
onde o povo procura
a riqueza inapreçável da Instrução,
pode orgulhar-se, porque está segura
de que seu nome brilhará na História.

64
A NORMALISTA

Franca e alegre deve ser a normalista


e firme no entusiasmo e na virtude.
Ter amor ao dever. Ser otimista
num belo exemplo para a juventude.

Ter a fibra e a coragem do alpinista


que escala o monte alcantilado e rude.
E com esperança e fé que se conquista
a vitória do ideal, em plenitude.

A Normalista deve ter consciência


do mérito, do valor e da excelência
que terá, para o mundo, o seu labor.

Magistério é missão nobre e bendita.


Para exercê-lo o mestre necessita
moral, saber, dedicação e amor.

65
JOSÉ DE ALENCAR

Exaltemos a memória
do grã José de Alencar,
nome nimbado de glória,
durante este ano que a história
das letras vai festejar.

Lembra o Brasil literário


cem anos do passamento
deste vulto extraordinário,
que esplende no calendário
– gigante do pensamento.

Foi um grande romancista,


este escritor invulgar;
teatrólogo, jornalista,
jurisconsulto, contista
e orador parlamentar,

66
Grande amigo do selvagem,
foi seu defensor primeiro,
pondo em destaque a coragem,
dando colorido à imagem
do indígena brasileiro.

A preciosa bagagem
de sua enorme cultura,
em sua bela mensagem,
trouxe uma nova roupagem
à nossa literatura

Fascina e comove a gente


esse romance-poema
do prosador emitente
obra prima ultra-excelente,
intitulada IRACEMA.

Ao Ceará coube a grória


de ser o berço natal
desta figura que a História
conserva em nossa memória
– um brasileiro imortal.

67
O DIA BENDITO

Povos, cantemos hinos de harmonia,


que o Natal de Jesus o sino anunciou,
E a nossa festa eterna de alegria
e de eterno amor
está no Senhor,
Está no Cristo que chegou.

É a festa da Esperança,
Jesus veio alumiar nosso destino.
"O verbo feito carne, um Deus feito criança"
O Amor sem dimensão,
E a nossa alma vai
louvar e adorar a Deus-Menino
que nos veio do Pai,
para nossa salvação.

É a festa da Unidade
e da Fraternidade,
do convívio de irmão
Que esta nossa amizade, esta irmanização
seja um perene exemplo de união,
na vivência do Evangelho cristão.

68
Neste Dia Bendito
Deus Pai nos enviou lá do infinito
o Cristo salvador.
Em louvor deste dia,
na fraterna união, no fraternal carinho,
em nossa andança, ao longo do caminho
deixemos uma flor.

Hozanas e harmonias
entoemos em honra do Messias.
Natal é Deus presente
no meio da gente.

69
QUADRINHAS DO NATAL

Já faz quase dois mil anos,


Jesus nasceu em Belém,
trazendo aos seres humanos
a graça do Eterno Bem.

Natal. Um clarão divino


dentro da lapa se espalha
E eis nascido o Deus Menino,
sobre uma cama de palha.

Mistério do Céu! Jazia


naquele humilde recanto,
entre José e Maria,
um Deus que é três vezes santo.

A voz do anjo anuncia


a Mensagem da Esperança:
– Entre os braços de Maria
jaz um Deus feito criança.

Lá da humilde manjedoura
da cidade de Belém,
nos veio a Luz Salvadora,
que é fonte de eterno bem

Natal – bênção para o povo,


Luz de Amor para o cristão
que mostra um caminho novo
em rumo da salvação.

70
A paz da fraternidade,
na fé segura, imortal,
testemunha, de verdade,
o sentido do Natal,

Para toda humanidade


O Natal de Cristo traz
o bem da fraternidade,
na fé, no amor e na paz.

Natal o mais belo dia


do calendário cristão.
Festa de paz e alegria,
promessa de salvação.

Glória ao bom Deus, lá na altura!


Paz aos homens, cá na terra!
Eis a suprema ventura
que o Natal de Cristo encerra.

É Natal, Fraternizemos,
para viver como irmãos
pois só assim cumpriremos
nosso dever de cristãos

Jesus que tão pobremente


nasceste na humanidade,
hoje eu peço o meu presente:
dá-Me a graça da humildade.

71
PAI NOSSO

Pai Nosso eterno e excelso e onipotente,


que estais no céu, para onde a fé nos guia,
santificado seja, eternamente.
o Vosso Nome que nos alumia.

Venha a nós Vosso Reino Altipotente.


Vossa Vontade em que o fiel confia,
seja feita na terra, oh! Pai clemente,
e no Céu, onde esplende o Eterno Dia.

De cada dia o nosso pão, Senhor,


nos dai, na graça do fraterno amor:
nossas ofensas todas perdoai.

como aos nossos ofensores perdoamos


Não permitais que em tentação caiamos,
mas livrai-nos do mal, Divino Pai.

72
CAMINHAR JUNTOS

A Antônio Camelo de Araújo

É muito bom caminhar juntos.


Vamos seguir o trilho aberto da unidade.
De nossas vidas, pelo amor, façamos
exemplos fiéis de solidariedade.

Alegrias e dores repartamos,


num sentimento mútuo de amizade.
Unidos como irmãos mais trabalhamos
em benefício da comunidade.

Todos nós, seja moço ou seja velho,


cumpramos os preceitos do Evangelho,
como Deus, pela Igreja, nos convida,

E, na vivência de uma fé consciente,


marchando juntos, infalivelmente,
chegaremos à Terra Prometida.

73
EM LOUVOR DO MOBRAL

O Brasil desfraldou a bandeira


do MOBRAL, na campanha sem par,
que na imensa Nação brasileira,
vai ao povo o alfabeto levar.
Sem a luz da Instrução, certamente,
nesta Pátria ninguém ficará;
para todos o régio presente,
afinal, desta vez chegará.

Brasileiro, atenção! Velho ou novo


partilhai da missão do MOBRAL.
Seu programa é programa do povo;
Seu labor é labor nacional.
O fulgor do alfabeto levemos,
desde o vale ao soberbo alcantil,
pois assim construindo estaremos
a grandeza maior do Brasil.

74
Do Mobral o sublime projeto
que enobrece inda mais a Nação
é a riqueza ofertar do alfabeto
aos que dela privados estão.
Ensinemos, com fé e alegria
ao irmão que não sabe escrever.
O Brasil sempre espera e confia
que cumpramos o nosso dever

Ajuda promover o homem rude


incutir-lhe as primeiras noções
de Ciência, Higiene e Saúde
é das nossas mais nobres ações.
Eis, em seu meritório programa
o que faz, no Brasil, o MOBRAL
E aos fiéis patriotas conclama
para sua missão cultural.

Brasileiros, ouvi este brado!


Quem vos chama é a voz do MOBRAL
Cada um seja um novo soldado
desta nova cruzada imortal.
Neste amado país-continente
espalhemos o excelso clarão,
para que no Brasil, finalmente,
todo mundo receba instrução.

75
LUTEMOS PELA FÉ

Avante, irmãos! Altos louvores demos


ao Pai, nosso bom Deus, nosso Senhor,
as luzes do Evangelho propaguemos.
Para que todos entendam Seu amor.

Lutemos pela Fé, com esperança


no Cristo que nos trouxe a salvação
Assim ninguém vacila e nem se cansa,
nesta luta que eleva o bom cristão.

Tenhamos mais ardor nesta peleja,


mais fé, mais segurança e mais amor,
E vamos trabalhar pra ver a Igreja
mais firme e mais unida no Senhor.

A batalha da Fé é apostolado
que robustece o nosso amor fraterno.
Então, cada um de nós seja um soldado,
nesta cruzada de sentido eterno.

76
VERSOS AO CORAÇÃO DE MARIA

A Irmã Margarida Maria Barata de Castro

Oh! Mãe do povo cristão,


teu coração é bondade,
é chama viva de amor,
É desvelo, é caridade.

Teu coração, Mãe querida,


é fanal de amena luz,
dirigindo a minha vida
para a vida de Jesus.

Por uma cortante espada


– falou, no templo, Semião –
terás, oh! Predestinada,
varado o teu coração.

Porém, quanto mais ferida,


quanto maior sua dor,
mais a Mãe se torna unida
ao seu Filho Redentor.

O coração de Maria
brilhando no alto dos céus,
é salvação e alegria
de todo o povo de Deus.

Oh! Mãe do povo cristão,


nunca me deixes sozinho;
que a luz de teu coração
brilhe sempre em meu caminho.

77
DIA DO TRABALHO

Salve o Dia do Trabalho!


Um dia que é sempre novo,
Dia da plaina e do malho,
festa da terra e do povo,

Trabalho – escola da vida,


Bendito seja o labor
que nos guia e nos convida
para a luta e para o amor.

Bendita a mão calejada,


bendito o suor copioso
que, no manejo da enxada,
ensopa o chão dadivoso,

78
Rasgando as carnes da terra,
a rude folha do arado,
em seus atritos encerra
um louvor ao Ser Criado,

Mina, Fábrica, Oficina,


Escritório, Atelier:
– arenas onde se ensina
a lutar, para vencer.

Dediquemos nossa vida


ao Trabalho e à Oração
Que seja a Pátria querida
um Brasil grande e cristão.

79
AS ARMAS DA VITÓRIA

A João Damasceno Vasconcelos

Nos incertos caminhos desta vida,


é comum se encontrar, na lida insana,
alguns espinhos da maldade humana,
que o nosso orgulho raramente olvida

– Quem é que já não teve a alma ferida,


neste mundo falaz que tanto engana?
Mas o otimismo que do amor promana
torna a existência alegre e bem vivida.

A vida é, quase sempre, uma peleja:


contra as decepções que o mundo enseja:
luta que, as vezes, nos magoa e dói.

Mas pra vencer a guerra da maldade.


basta a humildade, a fé e a caridade,
– trilogia do Bem que a paz constrói.

80
FRATERNIDADE

Ao Pe. Osvaldo Chaves

O Cristo nos ensina: - Amai vossos irmãos,


E este perene amor ao próximo nos faz
com que alegremente unamos nossas mãos,
para o viver feliz, na comunhão da paz.

Que tenhamos somente os sentimentos sãos,


na vivência da fé, que tanto bem nos traz.
E o lar de cada um seja um lar de cristãos,
onde a desunião não possa entrar jamais.

Um gesto de incentivo, um favor, um sorriso devemos ao irmão,


quando se faz preciso, manifestando, assim, nosso fraterno amor.

Ao bendito calor desta fraternidade,


teremos nesta vida a exelsa luz que há-de
clarear nosso caminho em busca do Senhor.

81
VERSOS PARA O DIA DAS MÃES

Salve o DIA DAS MAES que hoje passa


ao vibrar da alegria e do amor!
Dia pleno de luz e de graça
a quem damos festivo louvor.

"Anjo feito mulher"; mãe querida,


todo o orbe te deve exaltar.
És a luz tutelar desta vida
soberana bendita do lar.

Santo DIA DAS MÃES! Este dia


a mais doce ventura nos traz.
Data excelsa que diz alegria,
diz bondade no amor e na paz.

Hoje todas as mães nesta terra,


seu quinhão de homenagem terão
Este é um dia festivo que encerra
o penhor da mais pura afeição

No jardim de nossa alma colhemos


o buquê com que vimos ornar
esta data que tanto queremos,
pela sua beleza sem par.

82
MEU PRESENTE

(No Dia das Mães)

Oh! Mãe. ouve o meu canto:


quero cantar contigo,
meu anjo sacrossanto
que amo e que bendigo.

O teu desvelo santo


é meu seguro abrigo;
de amor bendito manto:
meu doce pálio amigo.

Neste dia fulgente,


aceita o meu presente;
meu preito de afeição.

Aceita mãe querida,


minhalma, minha vida,
meu terno coração.

83
DIA DOS PAIS

Dia dos Pais, é data de alegria;


festa do amor, festa da gratidão
aquele que no lar tem primazia,
e de todos um lugar no coração.

O Pai é o chefe, o orientador, o guia


da família que vive em comunhão
e a quem, a Deus, perante a Igreja,
um dia prometeu benquerença e proteção.

Na conduta do Pai se espelha o filho;


no olhar paterno ele divisa o brilho
que pode o seu caminho iluminar.

Ditosa a esposa que no companheiro


sente o amor nobre, intenso e verdadeiro
que une a família e faz feliz o lar.

84
LEMBRANÇA DE MINHA MÃE

Imagem da bondade e da pureza, que verteste em minhalma


a felicidade do sofrer e do perdoar, espírito sideral de minha
mãe.

Rui Barbosa

O tempo tão veloz, em sua caminhada


que jamais pode ser interrompida,
há dez anos levou a minha mãe querida,
minha querida mãe, sempre lembrada,

Foi numa tarde clara de setembro.


Tarde fatal da qual sempre me lembro.

E desde então, no decorrer dos anos


eu venho recordando todo dia
a luta, a paciência e a dedicação,
e os esforços insanos
dessa nobre criatura, a quem tanto queria,
cuja imagem fiel guardo no coração.

85
Seu lema era o trabalho, era a dedicação
Sua religião era o dever,
na solidez da fé que sempre lhe amparava
E ajudando a manter
a família que aos poucos aumentava,
com mais bravura e mais ardor lutava,
Bravura e ardor sem par, sem dimensão.

Amor e fé, trabalho e compreensão,


quadrinômio que a vida lhe marcava,
e maravilhosamente se ajustava
ao seu materno e imenso coração.

Um dia o companheiro lhe faltou,


A morte arrebatou
o esposo que com ela repartia
a lida e as provações do dia-a-dia,
Mas em seu lar a vida prosseguiu,
conformada
e inalterada,
que a direção de tudo ela assumiu

86
E no milagre da fé que sempre a sustentou,
disfarçando em sorriso os cardos da saudade,
cresceu, se desdobrou,
em seu cuidado, em sua atividade,
E assim, com sua responsabilidade,
aos filhos ensinou
o amor ao trabalho e o culto do dever
nas lições que nos deu até morrer.

Recordando esse tempo já passado,


tenho no coração sempre gravado
o rosto de minha mãe sempre querida.
E o exemplo de sua luta e do seu amor,
pela graça de Deus Nosso Senhor,
vem lá do céu, orientar-me a vida.

87
MARIA ALICE

Para José Pacífico e Maria Selma

Três anos de existência hoje completa,


em sua doce e natural meiguice,
nossa alegre e vivaz Maria Alice
– açucena em botão, que é minha neta.

De todos nós mimada e predileta


dona de inteligência e faceirice
já tem aspirações: ontem me disse
que pretende passear de bicicleta.

Maria Alice, com teus pais eu peço,


para ti, um caminho sem tropeço
neste mundo falaz que tanto ilude.

Deus te conserve sempre esta inocência,


para que seja, assim tua existência
um tesouro de graça e de virtude.

88
BENDITA SAUDADE

Ao Dr. José Adauto Filgueira Bastos

Mais um ano hoje faz que, em sua crueldade,


a morte infausta e atroz levou meu pai querido,
enchendo o nosso lar de pranto e de saudade:
deixando imerso em dor meu coração ferido.

E eu bendigo a saudade imensa que me invade,


ela que nos retrata o chefe estremecido,
prudente, compreensivo e cheio de bondade,
na certeza feliz de seu dever cumprido.

Mestre, às suas lições eu devo quanto valho,


pois ele me ensinou nas lutas da existência,
o culto excelso e bom do amor e do trabalho.

Sua terna lembrança eu guarda com carinho.


E, em meu profundo amor, o vejo, com frequência
como um raio de sol brilhante em meu caminho.

89
SAUDAÇÃO AO DIA DA INDEPENDÊNCIA

Vibrando, altivos, festivamente,


na mais ardente brasilidade,
comemoremos a data ingente
da nossa ingente Liberdade.
Salve esta data ! Salve este dia,
a resplender de glórias mil,
em que cantamos a autonomia
que é um direito do Brasil,

O nobre sangue de Tiradentes,


correndo vivo da Capital,
lá em São Paulo fez-se afluente
do Ipiranga, hoje imortal.
E esse regato, feito esperança,
feito, afinal, brasilidade,
deu eco ao grito do Bragança
que nos legou a Liberdade.

90
Sim. Foi nas margens do Ipiranga,
que nossa gente briosa e brava
quebrou cadeias, partiu a canga
que esta Nação tanto humilhava.
E a voz do Príncipe tão destemido
repercutiu em Portugal,
livrando o nosso Brasil querido
da condição colonial

Oh! povo amigo valente e forte,


de alma tão cheia de amo febril
cantemos, todos de sul a norte
a Independência do Brasil!
Salve o Cruzeiro resplandecente
Salve este sol de intensa luz,
que ilumina perenemente
este País de Santa Cruz!

91
JORNADA DE GLÓRIA

Eu creio no porvir da nossa Pátria amada;


eu creio no valor do povo brasileiro.
Povo nobre, e valente, e generoso, e ordeiro,
trilhando do progresso a luminosa estrada,

É um exemplo esta gente ativa e denodada,


que prossegue, segura, em seu feliz roteiro,
para ver o Brasil maior, mais sobranceiro,
ao labor de uma raça altiva e bem formada.

Quem quiser conhecer a ingente trajetória,


os feitos imortais, a marcha para a glória,
a perene expansão de uma Nação viril,

cuja excelsa grandeza o seu povo constrói,


com amor, e com trabalho, e fibra de herói,
leia, com atenção a História do Brasil.

92
CANTO À BANDEIRA

Salve, Bandeira! Ardentemente


o nosso amor te acaricia.
E, unida em prece a nossa gente
o teu conceito a Deus confia.

Pálio querido a tua imagem


que ao tom do vento se balança
tem para nós, uma mensagem
de entusiasmo e de esperança.

Quando drapejas tão bonita


em graciosa ondulação
Bandeira amiga, em ti palpita
o nosso próprio coração.

Teu acenar a paz encerra


sagrado pano multicor
que simbolisa a nossa terra
na efusão do nosso amor.

Amado símbolo fremente


de nossa pátria varonil
em ti nós vemos, fielmente,
a própria imagem do Brasil.

93
DUQUE DE CAXIAS

O nome luminar do Duque de Caxias


sempre resplanderá nas páginas da História
deste amado Brasil que ele cobriu de glória,
paziguando os irmãos, batendo as tiranias.

Nas lutas e na paz, nas dores e alegrias


sempre se destacou sua ação meritória,
Eis por que sua augusta e perenal memória
toda a Nação cultua, em altas harmonias.

Lembrando em “Itororó, Aví, Angustura,”


a sua liderança, e tática, e bravura,
exaltemos, também, seu nobre coração,

Pois esse herói que a própria alma da Pátria encerra,


teve duplo valor: se foi grande na guerra,
muito maior se fez na pacificação.

94
POEMA PARA ACARAÚ

Salve, Acaraú! Cidade


cheia de encanto e bondade,
escrínio do meu ideal.
Belo torrão camarada,
onde canta a passarada
na fronde do mangueiral,
E onde a verde mongubeira
refloresce a vida inteira,
no seu sonho vegetal.

Louvores à tua gente


progressista, inteligente,
trabalhadora e leal.
Povo honesto, povo nobre,
sempre unido – rico ou pobre –
no convívio fraternal,
lutando pela riqueza,
pela paz, pela grandeza
de sua gleba natal.

95
Vejo a Matriz, as capelas,
as praças amplas e belas,
com as mongubas colossais,
onde brincaram, contentes,
filhos teus, hoje eminentes
figuras nacionais,
Vejo a casa – joia urbana –
onde vibrou, soberana,
a lira de Antônio Tomás.

Vejo, com admiração,


as casas de educação,
em seu labor cultural:
vejo o "Campo," o "Açude Novo"
"Outra Banda ", com seu povo,
com seu porto fluvial,
onde a garça voliteja
e o denso mangue verdeja,
à luz do sol tropical.

Marcando a zona urbanita,


numa curva tão bonita,
que deslumbra a vista – olhai ! –
o rio enorme e lendário,
em seu longo itinerário,
beirando a cidade vai.
E, ja cansado da andança,
nas águas do mar se lança,
qual filho abraçando o pai,

96
Quando rompe a madrugada,
pondo a ligeira jangada
aos açoites do terral",
O pescador inicia
seu labor de cada dia,
fazendo o "pelo sinal"
E enquanto a vela se enfuna,
escuta a voz da graúna
cantando no coqueiral.

Acaraú, minha vida,


minha cidade querida
"meu jardim primaveril"
és a mais linda parcela
desda Pátria augusta e bela
deste vasto céu de anil;
és uma jóia encantada,
que por Deus foi lapidada,
para adornar o Brasil.

97
POEMA PARA BELA CRUZ

Ao Padre Francisco de Assis Lopes

Bela Cruz, minha cidade,


ninho de hospitalidade
desta Terra de Iracema.
Contemplando, com ufania,
a tua fotografia,
eu escrevo este poema.

Em meio à praça atraente,


tua matriz imponente
ergue a torre para os céus.
No cimo, Nossa Senhora,
de mãos unidas, implora
pra nós a graça de Deus.

Vejo o "Mercado, o Bradesco,


A IACOL," no gigantesco
movimento costumário,
E no bairro de Brasília,
para o lazer da família,
O "Centro Comunitário."

98
Vejo as casas de instrução,
em sua excelsa missão
que a nova grei formará.
E, apontando o firmamento,
vejo o poste de cimento
que serve á "Teleceará."

Ali o "Alvorada Clube,"


que se destaca na urbe,
onde o grêmio o edificou.
Ao sul se ostenta na altura
o monumento-escultura
da Virgem que aqui passou.

Todo escalvado, se eleva


O "Alto da Genuveva"
– berço da Comunidade;
Campos de pouso e de esporte,
e, em seu majestoso porte,
o Hospital-Maternidade.

99
Neste teu solo fecundo
abri os olhos ao mundo,
para os labores da vida.
Muita coisa me tens dado:
por tudo, muito obrigado,
minha cidade querida,

Oh! Bela Cruz, minha terra!


Viveiro amigo que encerra
meu amor sem dimensão.
Admiro este teu povo,
em seu ideal sempre novo,
de progresso e de união,

Bela Cruz de minha gente,


muito mais que teu presente,
teu futuro brilhará.
Salve, cidade gentil!
Enfeite do meu Brasil!
Coração do meu Ceará!

100
PARABÉNS MEU BRASIL

Salve Brasil de Brasília!


pátria do hoje e do amanhã
do Cristo do Corcovado,
Brasil do Maracanã
de Orós, de Volta Redonda
da Sudene e da Sudam

Brasil do Rio de São Paulo,


com seus Metrôs colossais;
Furnas Projeto Rondom,
da Embratel da Petrobrás,
Tucuruí, Via Dutra,
Tubarão e Nuclebrás;

da Embratur, de Paulo Afonso;


Brasil que sobe e que avança;
do INCRA, do FUNRURAL
Brasil de Boa Esperança,
da Embraer e Três Marias,
– meu chão de paz e abastança

101
de "Itaorna e Sobradinho,"
“Ilha Solteira, Itaipú"
“Rio Doce e Eletrobrás”
“Polo Araguaia-Xingú,”
“Trombeta, Camaçarí,”
de “Portobrás, de Iguaçu”

Brasil das Duzentas Milhas


– berço do sábio e do herói –
Brasil da “Transamazônica”
da “Ponte Rio-Niterói”
É assim que uma Nação
sua grandeza constrói.

Parabéns, oh! meu Brasil!


Brasil, país-continente!
Oito e meio milhões- quilômetro!
Cento e dez milhões de gente!
Meu Brasil, és na verdade,
"Um país que vai prá frente"

102
TROVAS

O livro é mestre excelente;


tem fulgor de alvorecer.
Fulgor que conduz a gente
no caminho do Saber.

Nossa mão sempre estendamos


ao irmão, quando cair,
Deus manda que assim façamos;
nosso dever é cumprir.

Na querela, na questão,
geralmente o que se cala
tem mais direito e razão
do que aquele que mais fala.

Diz, por al muita gente


-e este ditado não falha -
que a língua do maldizente
corta mais do que navalha.

Os lindos sonhos que a gente


cultiva na mocidade,
vão-se com o tempo... Somente
fica conosco a saudade.

103
Fogem sempre, uma por uma,
as glórias que o mundo traz,
Pois elas são como espuma,
que até a brisa desfaz,

Se caires na viagem
desta vida imprevidente,
recobra nova coragem
te levanta e segue em frente,

Quando a minha mãe querida


prá sempre os olhos fechou,
no jardim da minha vida
a flor mais bela murchou.

Quem esquece o Onipotente,


e só nos homens confia,
fracassará fatalmente,
nas lutas do dia-a-dia.

– Teu fado fez-se inimigo?


Lembra o adágio que diz:
– Nunca é tarde, meu amigo,
para a gente ser feliz,

104
Você que gosta de fumo,
tome cuidado, meu amigo:
– Quando maior o consumo,
maior se torna o perigo.

Se às vezes falta a bonança,


e o temporal te assedia,
não perca nunca a esperança
invoca a Deus, e confia.

Para animação do povo


– isto ouvi desde criança –
a chegada do Ano Novo
traz sempre nova esperança

Para o rico, para o pobre,


para o ateu, para o cristão,
não há palavra mais nobre
do que a palavra perdão.

Desta vida passageira,


cheia de orgulho e vaidade,
apenas uma caveira
resume a realidade.

105
Oh! Senhor, eu não desejo
comer sozinho o meu pão;
que nunca me falte ensejo
de o partir com meu irmão.

Junta à tua esmola ao pobre


um sorriso de amizade.
Este é um gesto bem nobre
de fraterna caridade.

– Quereis a dor esquecer,


nesta vida atribulada?
ide ouvir, no amanhecer,
os trinos da passarada.

Tratemos sempre o velhinho


com respeito e com meiguice,
pois, pelo mesmo caminho,
marchamos para a velhice.

O coveiro Pedro Neve


diz ao defunto que enterra:
– A terra te seja leve,
E arremessa-lhe mais terra.

106
Do meu tempo de criança,
qual preciosa mercê,
eu conservo na lembrança
minha carta de A B C.

Quem priva com muita gente


e um inimigo não faz,
este é feliz certamente
pois pode viver em paz.

Se vês o pobre na estrada,


não lhe negues teu sorrir:
o riso não custa nada
e é tão bom de repartir...

Atrás das glórias da vida


correndo demais não vá
Quanto mais alta a subida,
maior a queda será.

– Errante? Afasta da mente


o desespero mesquinho,
Nunca é tarde para a gente
retomar o bom caminho.

107
Se não puder defender
meu irmão que está errado,
prefira nada dizer.
É melhor ficar calado.

Mulheres espevitadas,
pregando moral na aldeia,
quase todas são danadas
prá falar da vida alheia.

Preso do vício do baralho,


o homem perde a noção
do tempo, esquece o trabalho
e, às vezes, se faz ladrão.

Reparte a tua amizade


e flores do teu carinho;
ouve esta grande verdade:
– Ninguém é feliz sozinho.

Estejamos sempre perto


da vida de nosso irmão;
para amá-lo esteja aberto
sempre o nosso coração.

108
Para mudar nossa dor
em alegria e esperança,
às vezes basta uma flor
ou um sorriso de criança.

Coração que tanto sofre,


por causa de um grande amor,
eu fiz de você um cofre,
para guardar minha dor.

Vendo as ondas em sua lida,


noto, então, a semelhança
entre o vaivem desta vida
e este mar cor de esperança

Saudade, – aroma que ungiu


o lenço que me acenou:
soluço de que partiu:
suspiro de quem ficou.

Neste mundo há muita gente


que se nos mostra feliz,
disfarçando heroicamente,
o mal que sofre e não diz.

109
Saudade seis badaladas
de um velho, sino ao sol-por;
sete letras destacadas
na antologia do amor.

Eu quero no meu caminho


muitas flores para dar,
com amizade e carinho,
a meus irmãos que encontrar.

Comece na meninice
a luta pelo aprender:
o velho Platão já disse
que o sol da vida é o saber.

Tenha fé. Não ande a esmo,


Mantenha a cabeça erguida,
que a confiança em si mesmo
já é vitória na vida.

Neste mundo de trapaça


muitas vezes a bebida,
conduz consigo a desgraça
que destrói a nossa vida,

110
Vivamos fraternidade,
ajudando a nosso irmão,
que a vida sem caridade
não tem sentido cristão.

À medida que se avança,


nesta vida de ilusão,
sucede à cada esperança,
mais uma decepção.

Quando o homem, já cansado,


atinge a ancianidade,
gosta de ver o passado,
no espelho da saudade.

Mesmo cansado, velhinho,


a vida feliz nos é,
se aclara o nosso caminho
o brilho excelso da fé.

Não há tesouro que iguale


da bondade o imenso dom:
a terra toda não vale
a riqueza de ser bom.

111
No mundo, cada criança,
em qualquer meio nascida,
é uma nova esperança,
que desabrocha na vida.

Do semelhante busquemos
ver sempre o lado melhor,
e facilmente acharemos
razão para ter-lhe amor.

Muitos querem liberdade,


sem saber que ser liberto,
é ser bom, ter humildade
e andar no caminho certo.

Já no ocaso da existência,
pecador e peregrino,
lembro, saudoso, a inocência
do meu tempo de menino,

Meditando o Evangelho,
no que ele ensina e nos diz,
o homem quanto mais velho,
mais aprende a ser feliz.

112
No mundo a humanidade
vive sempre a procurar
a plena felicidade,
que aqui não pode encontrar.

Os sonhos da juventude,
que o coração me embalaram,
eu quis guardar, mas não pude:
os desenganos levaram.

Oh! lua meiga e silente,


branca, da cor da saudade,
foste minha confidente,
nos tempos da mocidade,

Frequentemente afirmamos
que o tempo passa veloz.
No entanto nos enganamos,
pois quem passa somos nós,

Da realidade a tormenta
meus sonhos todos levou,
e o coração se alimenta
da saudade que ficou.

113
– Não viva o homem sozinho –
Disse o Pai da Criação.
Então vem, com teu carinho,
povoar-me a solidão.

Mau destino o do invejoso,


que os bens dos outros almeja
E como o ganancioso:
– Quanto mais tem, mais deseja

Oh! Senhor, eu não desejo


comer sozinho o meu pão
Que nunca me falte ensejo
de o partir com meu irmão

Se em tua vida os azares


trouxerem decepção,
em vez de desesperares,
toma nova decisão.

Trabalho e dever cumprido,


à luz de um nobre ideal,
nos dão à vida um sentido
humano, justo, integral.

114
PRECE

(Sem A)

Jesus, Cristo Senhor, justo e bondoso,


Deus Filho que em Belém tiveste o berço,
e, seis lustros depois, em dor imerso
morreste no suplício ignominioso,

ouve, Excelso Senhor, pedir-Te eu ouso,


os rogos que Te elevo neste verso.
Ó Cristo, luz que esplende no Universo
e de nós todos Redentor piedoso.

No sorvedouro deste mundo escuro,


eu Te suplico um porto bem seguro,
refúgio certo de perene luz.

Entre os escolhos deste meu roteiro,


Se meu cuidoso e firme timoneiro,
misericordiosíssimo Jesus.

115
ÍNDICE

Falando ao Leitor......................................................................... 7
Entardecer.................................................................................... 9
O Idoso Pode Ser Feliz….......................................................... 11
A Cega da Casinha de Palha…...................................................13
A Juventude............................................................................... 15
Sonhos Destruídos..................................................................... 17
Sonhos que Foram .................................................................... 19
Riso de Palhaço.. ....................................................................... 21
Meu Cavalo de Talo................................................................... 25
Conselho de Pai......................................................................... 23
O Acrobata................................................................................. 27
Para um Lar ser Feliz................................................................. 29
O Menino da Calçada.................................................................31
Lembrando Ana Zélia................................................................ 33
O Leão do Circo ........................................................................ 34
Velho Osterno…........................................................................ 37
Em Louvor do Negro................................................................. 39
Em Louvor da Água.................................................….............. 41
A Enchente...... .......................................................................... 43
Rio Amazonas... ........................................................................ 47
Jericoacoara............................................................................... 49
O Milagre da Chuva................................................…............... 51
O Mandacarú. ............................................................................ 52
O Coqueiro Morto….................................................................. 53
Flores........................................................................…............. 55
Paisagem…................................................................................ 56
O Vaqueiro................................................................................. 57
Manhã Sertaneja........................................................................ 58
Dia do Professor......................................................................... 59
A Professora............................................................................... 61
O Estudante................................................................................ 63
A Normalista.............................................................................. 65
José de Alencar.......................................................................... 66
Dia Bendito................................................................................ 68
Quadrinhas do Natal.................................................................. 70
Pai Nosso................................................................................... 72
Caminhar Juntos........................................................................ 73
Em Louvor do Mobral................................................................74
Lutemos pela Fé......................................................................... 76
Versos ao Coração de Maria...................................................... 77
Dia do Trabalho......................................................................... 78
As Armas da Vitória................................................................. 80
Fraternidade............................................................................... 81
Versos para o Dia das Mães...................................................... 82
Meu Presente............................................................................. 83
Dia dos Pais............................................................................... 84
Lembrança de Minha Mãe......................................................... 85
Maria Alice................................................................................ 88
Bendita Saudade........................................................................ 89
Saudação ao Dia da Independência........................................... 90
Jornada de Glória....................................................................... 92
Canto à Bandeira........................................................................ 93
Duque de Caxias........................................................................ 94
Poema para Acaraú.................................................................... 95
Poema para Bela Cruz................................................................ 98
Parabéns, Meu Brasil............................................................... 101
Trovas ......................................................................................103
Prece.........................................................................................115
Composto e impresso na
IMPRENSA UNIVERSITARIA DA FUNDAÇÃO
VALE DO ACARAÚ - UVA -
Caixa Postal D3 Tel. (085) 611-2730
62 100 SOBRAL - CE - BRASIL -

Digitalizado por Rosimeire Freitas em 2022

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