Noções Básicas de Primeiros Socorros

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Departamento de Medicina

Faculdade de Ciências da Saúde

Noções Básicas de
Primeiros Socorros
Giancarla Aparecida Botelho Santos
Disciplinas de Anatomia Humana / Primeiros Socorros
O que são os Primeiros Socorros?

São os primeiros procedimentos de emergência que visam manter


as funções vitais e evitar o agravamento de uma pessoa vítima de
acidente, eventos clínicos, ferida, inconsciente ou em perigo de vida, até
que ela receba assistência qualificada.
Etapas Básicas
1. Avaliação do Local do Acidente (cenário)
• Perigos iminentes que ameaçam a segurança (dimensionamento da cena)
• Mecanismo de lesão ou mal súbito
• Número de vítimas
Etapas Básicas
2. Garanta sua Segurança
• Uso de EPI
• Prevenção de doenças
Etapas Básicas
3. Proteção do Acidentado
• Preservação da vítima

4. Avalie as Condições Gerais da Vítima


Avaliação Primária

X - Hemorragia (exsanguinante)
A - Via aérea
B - Respiração e ventilação
C - Circulação
D - Disfunção Neurológica
E - Exposição
X - Hemorragia grave

ARTERIAL VENOSA CAPILAR


Saída intermitente Saída contínua de Saída de sangue
de sangue vermelho sangue vermelho em pequena
brilhante escuro quantidade
A – Vias aéreas
No atendimento pré-hospitalar, 66-85% das mortes evitáveis
ocorrem por obstrução de vias aéreas.
Manobras de abertura das vias aéreas

Manobra de hiperextensão da coluna Manobra de anteriorização da


cervical e elevação do queixo (head-tilt mandíbula e elevação do mento
chin-lift) (jaw thrust chin lift)
B – Respiração
Avaliar os movimentos torácicos e sons da respiração:
1. frequência respiratória Idade Respirações por
minuto (rpm)
Adultos e crianças acima de 8 anos 10 a 20
Crianças (1 a 8 anos) 20 a 30
Lactente 30 a 40

2. inspeção dos movimentos torácicos


(profundidade)
B – Respiração
3. Cianose
4. desvio de traqueia
5. observação do uso da musculatura acessória
Desvio de traqueia

Cianose de extremidades
B – Respiração

Caso o paciente não esteja respirando, este é o momento


de ofertar oxigênio à ele.
C – Circulação (HP3)

H Hemorragias leves

P Pulsos periféricos e centrais


Pele: fria, pegajosa, sudoréica >>> CHOQUE
P Perfusão > 5 segundos
P Sinal de hemorragia interna

Idade Batimentos por minuto (bpm)


Adultos e crianças acima de 8 anos 60 a 100
Crianças (1 a 8 anos) 100 a 120
Lactente 120 a 140
C – Circulação – avaliar sinal de hemorragia interna
D – Avaliação Neurológica

Avaliar o estado de consciência do paciente

Alerta: paciente falando, gesticulando


AVDI Verbal: responde a estímulos verbais
Doloroso: responde a estímulos doloroso
Inconsciente: não responde a nenhum estímulo
E – Exposição da Vítima

Preservar a privacidade da vítima!!!


Observar se há objetos aderidos
Evitar hipotermia
Avaliação Secundária

Exame físico
Sinais vitais
Histórico
Avaliação continuada
Exame físico
Cabeça e face: inspecionar e palpar couro
cabeludo, orelhas, ossos da face, olhos, pupilas,
nariz e boca.

Pescoço: avaliar regiões anterior e posterior,


distensão das veias jugulares, deslocamento da
traquéia.
Exame físico

Tórax: observar se há uso de musculatura acessória,


tiragem intercostal e de fúrcula e movimentos
assimétricos.

Abdome: observar se há distensão, buscar por


sensibilidade, deformidades ou áreas enrijecidas.
Exame físico
Membros superiores e inferiores: palpação pulsos distais e perfusão dos
membros (reenchimento capilar), avaliar força motora e sensibilidade.
Sinais Vitais

• Temperatura Sinais de apoio:


• Pulso • Dilatação e reatividade das pupilas

• Respiração • Cor e umidade da pele


• Perfusão capilar
• Pressão arterial
Histórico

• Sinais e sintomas • Alergias


• Alergias • Remédios em uso
• Medicamentos • Doenças prévias/Gravidez
• Passado médico/Prenhez • Eventos relacionados à lesão
• Líquidos e alimentos • Última refeição
• Eventos anteriores ao ocorrido
Avaliação Continuada

Reavaliar os sistemas
Buscar sinais de gravidade
Encaminhar para centro especializado
Suporte Básico de Vida
• Paciente não responsivo -> Acionar SAMU
• Buscar pulso e respiração simultaneamente por 10s
1. Respiração normal, com pulso -> observar
2. Respiração anormal, com pulso -> ventilar
Reavaliar
3. Respiração ausente, sem pulso -> iniciar RCP a cada 2
minutos
• Solicitar DEA (desfibrilador automático externo)
• Avaliar ritmo Aguardar serviço de
emergência
-> chocável (1 choque e reinicia RCP)
-> não chocável (reinicia RCP)
Ressuscitação Cardiopulmonar
Algoritmo da American Heart Association

Atendimento do RCP de alta Desfibrilação Ressuscitação Cuidados Recuperação


serviço médico de qualidade avançada pós PCR
emergência

AHA, 2020
Ressuscitação Cardiopulmonar - IMPORTANTE
• C – COMPRESSÕES TORÁCICAS - ENFÂSE
• Centro do tórax, 1/3 inferior do osso externo.
• 100 a 120 compressões/minuto.
• Profundidade mínima de 5 cm e máxima de 6 cm.
• Permitir o retorno do tórax ao final de cada compressões.
• Minimizar as interrupções nas compressões (≤ 10 segundos).
• Alternar os profissionais a cada 2 minutos.
Coloque as mãos na posição correta

Use o peso do seu


corpo para fazer as Mantenha a
compressões. coluna reta

Braços retos

Calcanhar da mão dominante


sobre o ponto médio do osso
esterno
CUIDADO
Posicionamento incorreto dos membros superiores
Ressuscitação Cardiopulmonar em Crianças de 1 ano a puberdade

• 2 mãos ou 1 mão sobre


a metade inferior do
osso esterno.
• Profundidade ≥ 1/3 do
diâmetro torácico
ântero-posterior.
• 1 socorrista 30:2
• 2 socorristas 15:2
Ressuscitação Cardiopulmonar em Bebês (menos de 1 ano de idade)
• 1 socorrista – 2 dedos no centro do tórax, logo abaixo da linha mamilar
(30:2).

• 2 ou mais socorristas – polegares no centro do tórax, logo abaixo da linha


mamilar (15:2).
Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho
(OVACE)
Sinais de engasgo:
• Mãos no pescoço, tossindo, agitado,
dificuldade de respirar, cianose,
dificuldade de falar, respiração
ruidosa (sibilo ou estridor) ou
ausência de som, rebaixamento do
nível de consciência.

Sinal universal de OVACE


Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho
(OVACE)
Obstrução parcial (leve)
• consciente, tosse, respiração preservada, responde a comandos.

Obstrução total (grave)


• consciente ou inconsciente, tosse silenciosa ou não tosse, respiração
ruidosa ou ausente, não fala.
Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho
(OVACE)
Conduta para obstrução leve
- Acalmar vítima, incentivar tosse e monitorar

Conduta para obstrução grave


Remoção
- Vítima responsiva: Manobra de Heimlich do corpo
- Vítima não responsiva: RCP estranho?
1 Apoiar o bebê no braço, com a cabeça
mais abaixo que o corpo, tendo o cuidado
de manter a boca do bebê aberta.

2 Aplicar 5 batidas com o “calcanhar” da


mão nas costas do bebê, na região entre
as escápulas

3 Virar o bebê com a barriga para cima,


mantendo a inclinação original e a boca
aberta, e iniciar 5 compressões no osso
esterno da criança, logo abaixo da linha
imaginária traçada entre os mamilos

4 Repita esse ciclo até o bebê expelir o objeto.


Manobra de Heimlich na criança ou adulto

 Posicionar se atrás da vítima em pé ou sentada.

 Fechar a mão dominante em punho colocando-a


no ponto médio do abdomen da vítima (entre o
umbigo e o processo xifóide do osso esterno).

 Coloque a mão não dominante aberta sobre a


mão fechada em punho.
Manobra de Heimlich na criança ou adulto
 Realize compressões rápidas, pressionando para dentro e para cima (movimentos

em J).

 Realizar as manobras até a saída do corpo estranho ou até a criança ou adulto se

tornar irresponsivo.

 Dosar a força aplicada.


Manobra de Heimlich na criança
Manobra de Heimlich na gestante

A força é realizada no
osso esterno, logo
abaixo das mamas.
Manobra de Heimlich no obeso

Obeso consciente:
• Em posição de arqueiro,
realiza-se a manobra de
Heimlich invertida.
• A região do estômago é
pressionada contra o
diafragma.
Manobra de Heimlich auto-aplicação
Hemorragias
• Perda de sangue através de ferimentos ou pelas cavidades naturais.
• Origem: arterial, venosa ou capilar.
• Localização: interna ou externa.
• Hemorragia interna: Tórax (drenar), Abdomen, Pelve (estabilizar fratura),
Retroperitônio e Ossos Longos.
• Classificação:
• Classe I: <15%
• Classe II: 15-30%
• Classe III: 31-40%
CHOQUE HIPOVOLÊMICO
• Classe IV:>40%
Hemorragias

Hemorragia externa:
Pressão direta:
- Pano limpo ou curativo estéril sobre o ferimento
- Aplicar pressão manual constante
- Elevar membro acima do nível do coração
Hemorragias
Sangramento nasal:
- Fratura de crânio: SAMU
- Sem fratura: compressão e inclinação para frente
Hemorragias
Torniquete
- Conter hemorragias em membros
- Proximal à lesão de 5-7cm
- Acima da articulação
- Apertar até o sangramento parar
- Avisar que vai doer
- Anotar horário de aplicação

Não é preconizado, mas é necessário bom senso


Queimaduras

Mecanismo de lesão: calor, eletricidade,


fricção, química, radiação.
Classificação: superficial, espessura parcial
(superficial ou profunda), espessura total e
extensão para tecidos profundos.
Extensão das lesões: regra dos nove.
Gravidade: 1º grau, 2º grau e 3º grau – e
queimaduras elétricas.
Queimaduras
Interrupção do processo de lesão
• Retirar acessórios e roupa
• Lavagem copiosa com água corrente por 20-30 min
• Nunca usar agentes neutralizantes
• Realizar cobertura da ferida com pano seco

Vias aéreas e ventilação


• Verificar perviedade da via aérea
• Checar critérios de lesão inalatória
• Queimadura circunferencial em pescoço ou tórax?
Convulsão
Consiste em uma atividade elétrica anormal do cérebro, causada por um
desbalanceamento entre os agentes inibitórios e excitatórios do cérebro

Condições que devem obrigatoriamente ser encaminhada ao hospital:


• Pacientes que apresentam a crise pela primeira vez.
• Convulsão causada por traumatismo.
• Aspiração (respirar líquidos) durante a crise.
• Convulsão em ambiente aquático.
• Pacientes idosos e/ou diabéticos.
• Grávidas.
• Convulsão que dura mais de 5min.
Convulsão
• Mantenha a via aérea e monitore a melhora.
• Fale de maneira calma.
• Proteja a pessoa de uma lesão.
• Colocar a pessoa suavemente no chão.
• Afastar os móveis ou outros objetos.
• Coloque algo macio sob sua cabeça e segure-a.
• Não coloque os dedos ou objetos na boca da pessoa.
• Coloque a pessoa deitada de lado.
• Se a crise convulsiva passar, explique ao socorrista como ocorreu assim que
ele chegar.
Convulsão
Tontura e Desmaio
• Caso a vítima consciente: evitar queda e sentá-la com a cabeça entre os
joelhos/deitada com as pernas elevadas em 20 a 30 cm.
• Caso a vítima desmaiada: mantê-la deitada em decúbito dorsal com
pernas elevadas de 20 a 30 cm.
• Afrouxar as roupas e monitorar vômitos (respiração).
• Avaliar condição potencialmente fatal causadora do quadro.
• Verificar se houve alguma lesão durante a queda da vítima.
• Após recuperação, sentar a vítima de forma lenta e gradual.
• Acionar o SAMU, quando necessário.
Ferimento

Ferimento fechado
• Avalie o acidentado e identifique a lesão.
• Trate a hemorragia interna com imobilização da região.
• Prevenir o estado de choque até o transporte ser realizado.
Ferimento
Ferimento aberto
• Todos: conter hemorragia e proteger o ferimento.
• Abrasão: lavar o ferimento com água limpa corrente.
• Incisão: aproximar as bordas.
• Transfixação: não remover objetos encravados e estabilize-os.
• Amputação: guardar a parte amputada em gaze ou compressa estéril
umedecida com soro; ou colocar dentro de um saco com soro, dentro
de um segundo saco ou caixa de isopor com gelo.
Ferimento
Fraturas, Luxações e Entorses
• Exponha o local e verifique o pulso distal, a mobilidade, a
sensibilidade e a perfusão.
• Imobilize manualmente uma articulação acima e uma abaixo.
• Se houver resistência, não alinhe o membro luxado, torcido
ou fraturado e faça a imobilização na posição encontrada.
• Monitore a circulação e controle hemorragias até o
transporte.
Outras Urgências e Emergências

• Parto de emergência
• Afogamento
• Choque elétrico
• Trauma penetrante e evisceração
• Emergências cardíacas (IAM)
• Emergências neurológicas (TCE, AVC)
• Emergências metabólicas (diabetes)
• Emergências psicológicas (suicídio, agressividade)
OBRIGADA!!!

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