A Crucificação de Jesus
A Crucificação de Jesus
A Crucificação de Jesus
crucificação
2ª edição
944y
ideia ação
N. PISAN
A pesquisa do dr. Zugibe não tem paralelo na história. Sua obstinação e precisão
técnica no assunto o transformaram em um dos principais experts na crucificação de
Jesus.
Seu trabalho é realmente meticuloso, pois seus estudos vão do Jardim do Getsemani à
tumba onde Jesus foi colocado - e envolve muitas controvérsias sobre a
crucificação, como o tipo de cruz, a localização dos pregos e a causa precisa da
morte.
Dr. Zugibe faz também a análise mais profunda já feita até hoje sobre o Sudário,
desvendando mistérios da vestimenta com o uso da mais recente tecnologia e
colocando de lado falsos juizos sobre a peça, que há muito tempo tem obscurecido o
status desse artefato religioso tão reverenciado.
ideia ação
08-0045
CDD: 232.963
CDU: 232.963
ÍNDICE
Agradecimentos Introdução
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Parte 1
1: Getsemani
3: Coroando um Rei
11
5: Crucificação
7: Hipóteses de Asfixia......
131
945 19 30 55
41 ±
69
88
11: Introdução ao Sudário de Turim. 211 12: Descrição do Sudário........ 218 13:
História do Sudário....... 253 14: Conceitos Forenses e Interpretações Post
Mortem...................267 15: Estudos Tridimensionais do Sudário...... 290 16:
Técnicas Investigativas Aplicadas ao Sudário 302 17: Sustentação para a
Autenticidade 366 18: A Polêmica sobre o Carbono 14..... 389 19: Novos Avanços e o
Futuro do Sudário 20: A Via-crúcis Forense: uma Meditação. 418 432
Referências Bibliográficas
439
Parte 1:
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
AGRADECIMENTOS
G ostaria de agradecer a algumas pessoas muito especiais que foram importantes para
o sucesso do meu livro: à minha esposa, Catherine, que tem sido a força motriz de
todos os meus propósitos, que tem ficado ao meu lado nos momentos de altos e
baixos, constante fonte de inspiração e de inestimáveis conselhos nesses mais de 52
anos de casamento. Devo muito, também, a dois fantásticos padres que foram
fundamentais para meus estudos sobre a crucificação: padre Angelus Shaughnessey, da
Ordem dos Capuchinhos Franciscanos, e padre Peter Weyland, SVD*. Padre Angelus
motivou-me a continuar os estudos sobre a crucificação, incentivou-me a dar
palestras sobre o tema e providenciou material sobre as Escrituras. Padre Weyland,
também escultor e ferreiro, estimulou-me a realizar experimentos de suspensão, com
o intuito de elucidar algumas das controvérsias a respeito da asfixia, e até montou
uma réplica da cruz original para que eu fizesse esses experimentos. Meus
agradecimentos vão também para meu filho Fred, especialista em cardiologia, que me
assistiu nos primeiros experimentos,
10
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
quando era apenas um garoto, e para meu filho Tom, advogado e juiz, que participou
de todos os meus experimentos de suspensão. Agradecimentos especiais à minha filha
Theresa, que me assistiu em minha prática de medicina por mais de 25 anos e me
auxiliou em todos os meus experimentos de suspensão, e a seu marido, Steve
Mandracchia, advogado, que também participou de vários experimentos; e a meu filho
Kevin, um engenheiro mecânico que também me ajudou e ainda serviu como voluntário.
Sou grato, ainda, a meu amigo Barrie Schwortz, fotógrafo profissional, especialista
em imagens, webmaster do www.shroud.com, por me permitir usar as Figuras 2-4, 6-5,
12-1 A e B, 12-2, 12-4, 12-6, 12-7 e 18-2, por melhorar a qualidade de muitas de
minhas fotos e por seu valioso conhecimento e aconselhamento sobre a pesquisa a
respeito do Sudário. Gostaria de agradecer, ainda, a meu editor, senhor Matt
Harper. Sua meticulosa
INTRODUÇÃO
12
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
de uma vida inteira desafiou toda a minha carreira científica e meu conhecimento
médico nas áreas de patologia forense, medicina, cardiologia, anatomia, bioquímica,
psicologia, biofísica, fisica, ciência da computação, farmacologia, química
orgânica e não-orgânica e botânica.
The Cross and the Shroud", meu livro anterior, escrito em 1988, representou a
culminância de mais de 38 anos de pesquisa sobre os aspectos médicos da
crucificação e do Sudário de Turim. Desde a publicação desse trabalho, eu conduzi
novos experimentos sobre a crucificação. Assim, o corpo da literatura sobre o
assunto cresceu consideravelmente. Este novo livro representa a culminância de mais
de 53 anos - um novo olhar sobre a pesquisa a respeito dos aspectos médicos e
científicos da crucificação.
Em 1950, quando conheci o livro A Doctor at Calvary**, de Pierre Barbet, fiquei tão
envolvido que passei a dar palestras para várias platéias sobre o assunto. Contudo,
isso foi antes do meu ingresso na Universidade de Columbia para obter meu PhD em
anatomia humana, quando comecei a perceber que as observações e conclusões de
Barbet continham erros médicos e científicos. Por exemplo, os estudantes de
anatomia tinham um número de mnemônicos para memorizar várias estruturas anatômicas
em determinada ordem. Ao aplicar um desses mnemônicos no osso do pulso, percebi que
o espaço de Destot estava no lado oposto ao do pulso em que o Sudário de Turim
mostrava o ferimento. Comecei, então, a investigar a teoria de Barbet sobre o
polegar que faltava, suas hipóteses sobre asfixia, e mais. E foi então que percebi
que Barbet não havia aplicado os princípios do método científico em suas várias
hipóteses-requisito obrigatório na pesquisa científica. Ainda assim, suas
conjecturas foram publicadas em uma
"N. do T: "A Cruz e o Sudário", inédito no Brasil.
INTRODUÇÃO
Para minha grande decepção, minha pesquisa revelava que a literatura relacionada
com os aspectos médicos da crucificação e do Sudário estava inundada por uma
avalanche de artigos redigidos por indivíduos não-qualificados-incluindo
cirurgiões, radiologistas, clínicos gerais, psiquiatras, cientistas, estudiosos de
campos não relacionados e até mesmo leigos -, cujas conclusões se baseavam em
rumores e especulações, e não em resultados científicos, condição obrigatória
exigida pelos critérios do método científico de pesquisa. Além disso, descobri, ao
longo dos anos, que grande quantidade de artigos havia sido escrita por indivíduos
sinceros e repletos de boas intenções, mas que não possuíam a educação, o
treinamento e a experiência necessários para avaliar e interpretar as informações e
assim obter conclusões válidas. E também houve casos de pessoas que, inflamadas de
fervor religioso, chegaram a conclusões errôneas, ou seja, totalmente gratuitas.
13
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
A segunda seção deste livro discute o Sudário de Turim, uma relíquia extraordinária
que traz a imagem de corpo inteiro-frente e costasde um homem crucificado, e que
muitos acreditam ser a vestimenta que envolveu o corpo de Jesus depois que ele foi
removido da cruz. Além do aspecto religioso, a relíquia é valiosa para os
estudiosos, já que oferece informações importantes sobre o mecanismo da
crucificação. De sua descoberta, em 1349-quando esteve em poder de Geoffrey de
Charny, lorde de Lirey-, até os dias de hoje, o Sudário e sua autenticidade têm
sido motivo de muita controvérsia. Desde o começo já existia uma batalha entre os
crentes e os descrentes, mas essa rixa nunca foi tão furiosa como no dia 13 de
outubro de 1988, quando o Sudário foi testado por três renomados laboratórios
especializados em carbono 14 e o resultado divulgado apontou que a peça remontaria
aos tempos da Idade Média, mais ou menos no período 1260-1390 d.C. Ainda assim, os
mais sofisticados estudos feitos por renomados experts de várias disciplinas
científicas, que utilizaram técnicas e equipamentos de última geração, falharam em
explicar como a imagem foi criada. Todas as tentativas de recriar a imagem também
falharam. Além disso, como explicar os numerosos estudos, elaborados por outras
disciplinas, que sustentam sua
14
INTRODUÇÃO
Finalmente, nesta nova edição, cito também algumas das recentes teorias e
descrições da crucificação de Jesus na cultura popular. O sucesso de bilheteria A
Paixão de Cristo, do produtor Mel Gibson, foi exaustivamente anunciado e
distribuído pelos quatro cantos do mundo não como um típico filme de Hollywood, e
sim como precisa recriação da crucificação de Jesus. Como o filme, na verdade, é
repleto de grandes erros, achei necessário discuti-lo no livro. Outra nova seção
critica o grande número de novos livros que tratam da chamada Teoria do Desmaio,
que proclama que Jesus não morreu na cruz.
Este livro representa minha procura pela verdade a respeito de dois dos mais
discutidos e debatidos tópicos no mundo. Tentei apresentar as informações e
argumentos que cercam a crucificação e o Sudário de maneira clara e imparcial.
Espero que o leitor possa emergir destas páginas com maior compreensão e interesse
crescente por esses assuntos.
Acima de tudo: seja leal contigo mesmo / E seguir-se-á, tal como a noite segue o
dia / Que então não poderás ser falso com nenhum outro homem.
Hamlet
15
{1} GETSÊMANI
Deus meu, eu clamo de dia, porém tu não me ouves; e de noite, mas não acho
descanso. Salmos 22:2
N a noite de Páscoa, na estrada que vai de Jerusalém a Betânia, em algum lugar além
do Vale do Cédron, nas escarpas ocidentais do Monte das Oliveiras, conhecido como
Getsemani (gath shemani, que significa "prensa de azeite"), ocorria um espetáculo
de significado monumental. Caminhando com passos vacilantes, Jesus de Nazaré
apareceu, profundamente entristecido, e com voz trêmula falou a seus apóstolos
favoritos, Pedro, Tiago e João: "A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e
vigiai" (Marcos 14:34). Esse não era o Jesus que eles tinham visto em Sua
Transfiguração havia pouco tempo. Depois de um período de exaustão e repetidas
orações,
FIGURA 1-1
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
ele olhou para o céu e disse: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice; todavia,
não se faça a minha vontade, mas a tua'. E então apareceu um anjo do céu e lhe deu
forças. E, entrando em agonia, ele orou mais intensamente: e seu suor transformou-
se em gotas de sangue que caíram ao chão" (Lucas 22:42-44). Lucas, o autor da
passagem, era um clínico, um grego nativo da Antioquia, que escrevia nos distritos
de Acaia e Beócia. Ele era bem-educado, conhecia o idioma aramaico e estava
familiarizado com as culturas judaica e greco-romana. Concluíra seus estudos na
cidade de Tarso e era amigo íntimo de Paulo. Ele colheu informações de testemunhas
oculares e documentos e escreveu seu evangelho em 61 d.C., aproximadamente, embora
algumas fontes datem-no de 63 d.C. Lucas era um historiador preciso, com um texto
elegante marcado por cadência leve e vocabulário prodigioso. Parece estranho que
nenhum dos outros evangelhos contenha informação sobre o suor de sangue ou o anjo
consolador. Mas Lucas era médico, e, portanto, mais sensível a observações médicas
e científicas do que Mateus, Marcos ou João. Além disso, ele deve ter feito
perguntas às suas fontes e, assim, buscado precisão. Finalmente, muitos dos
primeiros escribas cristãos deliberadamente deixaram esse tipo de material de fora
de seus trabalhos pelo temor infundado de inimigos como Celso ou Porfirio, que
atacavam a credibilidade dos evangelhos. Mais tarde, quando esses temores foram
colocados de lado, numerosos códigos dos primeiros escritores foram resgatados, e
dessa forma não restou sombra de dúvida sobre a autenticidade da passagem de Lucas.
SUANDO SANGUE
GETSEMANI
Uma busca na vasta literatura médica revelou que um número significativo de casos
de hematidrose foram gerados por extremada reação de ansiedade motivada pelo medo.
A associação com o medo pode ser sentida de forma contundente em um estudo de J. H.
Pooley em 1884, com base em casos fundamentados. O estudo de Pooley incluía seis
casos, entre os quais o de um prisioneiro condenado que exibia essa condição
enquanto estava sendo levado para execução na guilhotina ou ao patíbulo para
enforcamento; o caso de uma mulher que foi vítima de tentativa de estupro e o caso
de um marinheiro que manifestou a condição durante violenta tormenta em alto-mar.
Nesta última situação, o aterrorizado marinheiro começou a suar sangue profusamente
e não conseguia falar
21
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
22 22
durante a tormenta; mas, quando a tempestade passou, o suor de sangue parou e sua
voz voltou ao normal. Em 1918, o dr. C. T. Scott descreveu um caso raro de uma
menina de 11 anos que vivia resguardada pelos pais, já que manifestava intenso
pavor de ataques aéreos. A criança passou a ter surtos freqüentes de hematidrose,
que começavam na fronte, uma semana depois de haver ficado extremamente assustada
com uma explosão de gás na casa ao lado, enquanto ela ainda estava na cama. Exames
de sua transpiração feitos no microscópio revelaram a existência de glóbulos
vermelhos e brancos. Em 1967, os doutores R. G. Gadzhieve A. M. Listengarten
estudaram um caso de hematidrose numa jovem que começara a suar sangue aos 19 anos.
Isso acontecia quando a paciente ficava nervosa, excitada, preocupada e assustada.
Casos de hematidrose foram relatados nos Estados Unidos por Mitchell, em 1880; na
literatura francesa, por Broeg, em 1907, e por Darier, em 1930; na literatura
russa, por Lavsky, em 1932, e por Gadzhiev e Listengarten, em 1962; na literatura
alemã, por Ledalius, em 1683, Tittel, em 1876 e Riecke, em 1923; na literatura
inglesa, em 1861, por Chambers, e em 1918, por Scott. O caso de Lavsky foi
associado com mudanças psicológicas e comportamentais. Na maioria dos casos,
glóbulos vermelhos foram observados na transpiração, logo após a análise
microscópica. Nenhum sangue ou outras anormalidades físicas foram encontradas nos
exames seguintes para justificar o fenômeno, e a desordem não parecia responder a
tratamento. Holoubek e Holoubek elaboraram um relatório contendo 76 casos e os
agruparam em indivíduos com doenças sistêmicas, menstruação irregular, esforço
excessivo, causas desconhecidas e origens psicogênicas (ocorrências simples,
recorrentes e estigmáticas). Eles concluíram que "os fatores psicogênicos presentes
em uma situação de medo extremo ou em um estado de contemplação mental intensa são
os fatores motivadores em amplo número de relatos".
GETSEMANI
23
24
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
MEDO E HEMATIDROSE
Para entender como o medo causa hematidrose, é necessário aprender alguns fatos
médicos básicos sobre o sistema nervoso autônomo, a anatomia das glândulas de suor,
os efeitos da ansiedade e como se inicia a "reação lutar ou fugir".
O sistema nervoso autônomo consiste de uma divisão simpática (DS) e uma divisão
parassimpática (DP). Juntas, elas controlam várias funções do corpo, como a
freqüência cardíaca; os movimentos do trato gastrointestinal; o calibre das
válvulas sangüíneas; a transpiração; as contrações ou o relaxamento dos músculos da
bexiga urinária, da vesícula biliar e dos brônquios; a abertura e a contração das
pupilas; e a acomodação. Em termos práticos, as duas divisões podem ser
consideradas antagônicas, isto é, um sistema reage de forma oposta ao outro. Por
exemplo, a DS aumenta a freqüência cardíaca durante a excitação e a DP a diminui. A
DS ativa e a DP desativa as glândulas sudoriparas. A DS relaxa ou dilata a pupila
para que entre mais luz na penumbra e a DP contrai a pupila sob a luz solar direta,
para reduzir a quantidade de luz que entra no olho. A DS relaxa o olho para a visão
a distância e a DP o contrai para a visão mais próxima.
GETSEMANI
Efeitos da Ansiedade
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Lutar ou Fugir
GETSEMANI
Entendendo como o sistema nervoso autônomo funciona, tendo uma idéia básica da
anatomia das glândulas sudoríparas e compreendendo o que é ansiedade e como a
reação lutar-ou-fugir é ativada, é possível aplicar esse conhecimento para entender
o mecanismo da hematidrose no Jardim do Getsemani. Eis o que aconteceu: a reação
lutar-ou-fugir foi iniciada pelas águas turbulentas de medo extremo, tristeza e
ansiedade que direcionavam o espírito de Jesus para os limites extremos de Sua
humanidade. "Minha alma está triste até a morte" (Marcos 14:34). A missão de Jesus
era clara e Ele era capaz de prever todo o espectro de sofrimento e morte que
estava por vir. Esse prelúdio produziu medo extremo e satisfez todos os critérios
médicos para que se iniciasse a resposta simpatética autônoma. O coração de Jesus
bateu forte em Seu peito, um suor frio se manifestou, Sua pele ficou empalidecida,
Suas pupilas se dilataram, Seus músculos se enrijeceram e Ele começou a tremer
durante toda a noite. O fato de que Jesus "caiu no chão e orou..." (Marcos 14:35)
foi uma indicação de sua fraqueza, já que era incomum um judeu ajoelhar-se durante
a oração. Jesus orou repetidamente. Essa reação severa foi seguida de uma reação
contrária desencadeada pelo sistema nervoso parassimpático, em resposta à aceitação
de Jesus de Seu destino. As Escrituras nos dizem: "Ele se retirou, ajoelhou-se e
rezou: 'Pai, se queres, afasta de mim este cálice; todavia, não se faça a minha
vontade, mas a tua'. Então, apareceu-Lhe
27 22
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
um anjo vindo do céu (Figura 1-1), deu-Lhe forças, e Ele, estando em agonia, orou
mais intensamente (Lucas 22:41, 42). A taxa cardíaca diminuiu, o corpo inteiro
começou a suar, Seus músculos relaxaram, a cor retornou à Sua face. Seus vasos
sangüíneos se dilataram, precipitando o sangue nos delicados capilares que
circundam as glândulas de suor (Figuras 1-2 e 1-3) e induzindo-os a irromper nos
dutos, misturando o sangue com a crescente quantidade de suor, projetada à
superficie da pele exatamente como foi descrito por São Lucas, o médico: "E seu
suor transformou-se em gotas de sangue, que caíram ao chão" (Lucas 22:43).
GETSEMANI
de exaustão total, que cessou abruptamente quando, depois que o anjo O reconfortou,
houve uma reação contrária e Ele aceitou Seu destino. Isso fez que seus vasos
sanguíneos se dilatassem e irrompessem diretamente nas glândulas de suor,
terminando por sair pela pele, exatamente como foi descrito por São Lucas. A
hematidrose é considerada um caso médico raro, mas a presença de ansiedade e
profundo pavor corresponde aos numerosos casos relatados na literatura médica
previamente indicada. A hematidrose no Getsemani foi o reflexo do extremo
sofrimento mental de Jesus.
29
Como pasmaram muitos à vista Dele - pois o Seu aspecto estava tão desfigurado que
não era o de um homem, e a sua figura não era a dos filhos dos homens. Isaías 52:14
P or volta das duas horas da tarde, logo depois da agonia no Jardim do Getsemani,
Jesus foi amarrado pelas costas e levado do local-por um grupo de funcionários do
templo e soldados romanos, através do vale do Cédron - até a casa de Caifás, o
supremo sacerdote, onde Ele seria apresentado ao Sinédrio logo pela manhã. Após um
interrogatório preliminar feito por Anás, sogro de Caifás, Jesus foi levado a uma
área de detenção, onde, de acordo com Lucas, "os homens que detinham Jesus zombavam
Dele e O feriam; e, vendando-lhe os olhos, perguntavam: 'Profetiza, então: quem foi
que te bateu?' E, blasfemando, diziam muitas outras coisas contra Ele" (Lucas
22:63-65). Nota: a extensão do açoitamento e a jornada através do Vale do Cédron
certamente contribuíram para a condição física de Jesus, já enfraquecido pela
hematidrose e a ansiedade aguda sofrida
O FLAGELO ROMANO
O conselho era composto por altos sacerdotes, líderes do povo, fariseus eescribus.
O interrogatório, que consistia apenas no testemunho de Jesus, não atingia os pré-
requisitos necessários para a condenação segundo as leis judaicas. Estas exigiamo
depoimento de pelo menos duas testemunhas, e não apenas a palavra do acusado, para
que fosse expedida a sentença de morte. Caifás perguntou a Jesus: "És tuo Cristo, o
filho do Abençoado?". Jesus respondeu: "Eu sou. E vereis o Filho do homem assentado
à direita do Poderoso e vindo com as nuvens do Céu" (Marcos 14:62). Isso era tudo o
que eles precisavam ouvir; o Sinédrio rapidamente condenou Jesus à morte, sem mais
testemunhas, já que ao dizer que era filho de Deus, Ele estaria blasfemando. O
Procurador da Judéia, contudo, era a única pessoa com poderes para decretar a pena
de morte, e o Sinédrio sabia que a única chance de ela ser aprovada seria com base
política e não por meio de uma acusação religiosa. "Depois, conduziram Jesus da
presença de Caifás para a sala de julgamento" (João 18:28) para que se apresentasse
perante Pilatos. O pretório (sala de julgamento) era o local onde o pretor exercia
sua função, sobre o pavimento da fortaleza romana de Antônia, localizada na "mais
alta das colinas" (Flávio Josefo, A Guerra Judaica). A fortaleza era composta por
quatro torres, que circundavam um vasto local aberto. O sumo sacerdote e os
escribas levaram Jesus perante o Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos, "E começaram
a acusá-lo, dizendo: Achamos este homem pervertendo nossa nação e proibindo de dar
o tributo a César, e dizendo ser, ele mesmo, Cristo, Rei"" (Lucas 23:2). "Alvoroça
o povo, ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia até aqui" (Lucas 23:5). Jesus
foi então levado para dentro. Pilatos entrou novamente no pretório e tomou seu
lugar na cadeira posta no centro do tribunal elevado e em forma de arco. Depois de
questionar Jesus, Pilatos afirmou que não podia considerá-10 culpado de crime
algum, muito menos de lesa majestade contra o governo de Roma. Pilatos até tentou
livrar-se da
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32
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
situação, enviando Jesus para Herodes, mas este simplesmente o vestiu de maneira
pomposa e o mandou de volta. Pilatos ainda insistiu que Jesus não era culpado de
nada e não tinha intenção de matá-lo, dizendo que Ele não fizera coisa alguma digna
de morte. "Castigá-lo-ei, pois, e soltá-lo-ei" (Lucas 23:15-16). Ordenou então a
flagelação para apaziguar os sacerdotes e líderes do povo judeu, achando que, ao
verem Jesus num estado tão lastimável, eles ficariam satisfeitos. "Pilatos, então,
tomou Jesus e mandou açoitá-lo" (João 19:1). Mas o que é, verdadeiramente, a
flagelação? Como é executada e qual o efeito que tem sobre a vítima?
O QUE É FLAGELAÇÃO?
Oflagellatio romano, mais conhecido como flagelação ou açoitamento, era uma das
mais temidas de usualmente executado
FIGURA 2-1
todas as punições. Um castigo brutal e desumano, pelos soldados romanos, que usavam
um dos mais terríveis instrumentos da época, chamado flagrum, ou, nas palavras de
Horácio, "o horrível flagelo". A flagelação era um procedimento normal entre os
romanos antes da crucificação. Muitos acham que no açoitamento era usado um chicote
comum. De certa forma isso é correto, mas seria como comparar um choque elétrico a
um raio. Oflagrum era confeccionado de várias formas, sendo que a mais corriqueira
era a de um chicote de couro com três ou até mais extremidades também de couro, com
bolinhas de metal, ossos de carneiro (astragals) e outros objetos pendurados ao
final de cada uma (Figura 2-1). Esse tipo de flagrum é o mais compatível com as
descobertas relativas ao Sudário. As evidências indicam que o flagrum com várias
extremidades e suas esferas de
OFLAGELO ROMANO
Os romanos não tinham nenhuma lei que regulamentasse o número de golpes que
poderiam ser aplicados. Em compensação, era contra a Lei Mosaica exceder 40
chibatadas, e 39 era um número usualmente aplicado para estar de acordo com a lei.
Em muitos casos, a vontade dos executores determinava o número de golpes, muitas
vezes por diversão pessoal. Entretanto, quando eles não queriam que o crucarius
(avitima) sucumbisse muito rápido, administravam apenas alguns açoites antes da
crucificação. O número de chibatadas dependia também de quem era o indivíduo e da
natureza de seu crime. Quando o scoitamento era usado como forma de punição
capital, a vítima era espancada até a morte. Essa punição era também empregada como
forma de extrair informações de espiões, inimigos políticos e conspiradores. Quanto
maior o crime, mais intenso era o castigo com flagrum, exceto nos casos de
crucificação, nos quais, como já foi dito, não era intenção que o indivíduo
morresse muito rápido na cruz.
A ordem de Pilatos para que Jesus fosse açoitado de forma tão extrema foi baseada
em seu desejo de aplacar a multidão, pois tinha medo de que a massa o denunciasse
ao imperador ou que se iniciasse uma revolução. Foi claramente uma movimentação
política da parte de Pilatos, visto que
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34
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
nem ele nem Herodes encontraram culpa em Jesus. A punição, porém, não aplacou
ninguém, já que mesmo quando Pilatos deu aos oficiais judeus a opção de libertar
Jesus ou um assassino e ladrão de nome Barrabás (Pilatos estava certo de que não
iriam querer um assassino entre eles, certamente iriam preferir Jesus, que já tinha
sido açoitado até os limites da Lei Judaica), a massa exigiu que Barrabás fosse
solto e Jesus crucificado. Por fim, Pilatos foi obrigado a pronunciar a sentença,
que foi irrevogável. Ibis ad crucem ("Tudeverás ir para a cruz").
FIGURA 2-2 O ato da flagelação. A vítima era normalmente amarrada a uma coluna e
açoitada.
O FLAGELO ROMANO
Você já recebeu um golpe na costela, como um soco ou uma bolada de beisebol? A dor
é extremamente intensa e pode durar semanas. A respiração se torna superficial, já
que uma inspiração profunda provoca dor. A isso se chama tensão nos músculos.
Dormir passa a ser um problema, porque a única posição confortável é deitar-se de
costas. Deitar-se do lado do ferimento é muito desconfortável, e, como a estrutura
das costelas é interligada, deitar do lado oposto coloca tensão em todo o conjunto,
ampliando o desconforto. Imagine a intensidade da dor se você receber numerosos
golpes violentos na costela com o flagrum, como foi descrito antes. Pacientes que
se machucam no tórax ou sofrem certos tipos de cirurgia, como a do aparelho
urinário, apresentam dificuldade para respirar e são periodicamente obrigados a
usar um aparelho chamado espirômetro, para assegurar que os pulmões inflem
totalmente e impedir que se contraia pneumonia.
Os efeitos da flagelação fazem o que foi relatado anteriormente parecer apenas uma
simples surra. Depois do açoitamento, aparecem no corpo da vítima enormes feridas
(com matizes de preto, azul e vermelho), lacerações, arranhões e inchaço,
basicamente ao redor das perfurações feitas pelo peso dos objetos ou scorpiones.
Sêneca fez referências às "horrendas contusões" nos ombros e no peito.
Freqüentemente, as costelas eram fraturadas. As vítimas esperneavam, se contorciam
em agonia, caindo de joelhos, mas eram forçadas a se levantar novamente, até não
poder mais. A respiração do açoitado era severamente afetada, porque os golpes no
peito causavam dores excruciantes toda vez que ele tentava recuperar o fôlego. Os
músculos intercostais, entre as costas e os músculos do peito, apresentavam
hemorragia, e os pulmões eram lacerados, freqüentemente colapsados -todos esses
fatores impunham à vítima extrema dor quando tentava respirar. Experimentos em
animais realizados pelos doutores R.A. Daniels e W. R. Cate mostraram que os golpes
no peito dos espécimes
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O FLAGELO ROMANO
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
A.C.W.E.
FIGURA 2-3
01/888
a. a região das costas mostra as marcas de ferimentos feitas pelo cinto e pelo fio
do abajur
b. a cavidade torácica
mostra hemorragia
c. os pulmões entraram em
colapso e apresentam
hemorragia
(Material obtido no curso de uma investigação médica oficial e admitido como prova)
01/885
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O FLAGELO ROMANO
FIGURA 2-4
39
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
40
A "diversão" dos soldados começou logo após o brutal açoitamento, antes de Jesus
ser levado a Pilatos. Marcos relata: "Vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na
cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido; e começaram a saudá-lo: 'Salve, Rei
dos Judeus'! Davam-lhe com um graveto na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos,
o adoravam" (Marcos 15:17-19). Afinal de contas, Ele não reivindicara o título de
Rei dos judeus? Era tudo o de que os soldados precisavam. Eles chamaram seus
camaradas e criaram uma paródia da coroação de Jesus. O manto púrpura era a
vestimenta usada por reis e líderes logo após uma conquista militar. O manto, junto
com a coroa de espinhos, contribuiu para ridicularizar a posição de Jesus. Um falso
cetro feito de gravetos foi colocado em Suas mãos. Os soldados passaram pelo
Cristo, ajoelhando-se perante Ele, cuspiram
42
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
nEle, tiraram-Lhe o falso cetro e com ele golpearam Sua coroa de espinhos, e também
o nariz e a face, como se Lhe rendessem "homenagem". Seu rosto ficou arranhado e o
nariz machucado. É de lamentar que, a propósito da coroação de espinhos, a tradição
só mencione a humilhação grosseira a que o Cristo foi submetido, e não o sofrimento
físico que indubitavelmente Ele suportou. A maioria dos cristãos parece haver
esquecido o alto grau de dor física causado pela coroação de espinhos.
FIGURA 3-1
FIGURA 3-2
COROANDO UM REI
43
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
44
o espinho-de-cristo são
FIGURA 3-3
COROANDO UM REI
45
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 3-4 Gundelia tournefortii. Planta com acúleos afiados. Observe os aculeos.
Esta não é uma planta
Para testar essa hipótese, nós inicialmente repetimos a experiência de Whanger, mas
logo a abandonamos, já que não era cientificamente aplicável. Em vez disso,
preparei uma experiência com amostras da Gundelia, tanto secas quanto frescas, que
me foram enviadas pelo dr. Danin. As plantas frescas foram embrulhadas em toalhas
de papel embebidas em uma substância salina, para mantê-las razoavelmente viçosas.
Usando os ferrões encontrados nas folhas e na flor (Figura 3-5a), fiz várias
tentativas para penetrar a pele da testa, a região da têmpora e a parte anterior do
crânio de um corpo de mulher, não reclamado, 35 anos, vítima de um acidente. A
primeira tentativa foi feita aplicando um robusto espinho da Gundelia como se fosse
uma seringa de injeção. Com o espinho seguro firmemente por dois dedos, em ângulo
ligeiramente inclinado, foi possível - usando
46
COROANDO UM RE
uma pressão muito forte - penetrar um pouquinho na pele. Só que, ao usar o segmento
da planta contendo três ou mais espinhos, para simular uma coroa, e aplicar pressão
forte - direta e em ângulo -, as partes espinhosas da Gundelia, tanto secas quanto
frescas, não penetraram no couro cabeludo. Quando aumentamos ainda mais a pressão,
os espinhos se curvaram ou se quebraram (Figura 3-5b), mal arranhando a superfície.
Isso sugere que uma coroa feita com a Gundelia poderia provocar um pequeno
sangramento, mas não no grau encontrado no Sudário, que revela que o cabelo e a
parte de trás da cabeça foram literalmente saturados com sangue. Os soldados
atingiram a cabeça de Jesus apenas com um graveto quando o ridicularizaram, mas
isso não causaria pressão suficiente para que Jesus sangrasse tanto. Mais tarde, o
dr. Whanger mandou um outro vídeo, em que ele e uma ajudante tentam penetrar seu
couro cabeludo com uma projeção espinhosa de uma Gundelia seca, que parecia bem
consistente. A ajudante segurou o espinho bem firme entre os dedos, dando força
para a haste e evitando que ela se dobrasse (se você cima da planta sem segurar a
haste de cada quebram-se facilmente ao serem pressionados tentou, então, novamente
penetrar o couro suave, usando uma técnica similar ao ato Praticamente não houve
sangramento. Apenas
a. Tentativa de penetrar o
pressionar a parte de espinho, eles dobram ou contra o crânio). Ela cabeludo, mas
de forma de aplicar uma injeção. um filamento de sangue
47
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
48
COROANDO UM REI
A inervação que permite a percepção de dor na cabeça é feita por ramos de dois
nervos principais: onervo trigêmeo, que supre essencialmente a parte frontal da
cabeça, e o grande ramo occipital, que abastece a parte de trás (Figura 3-6).
Somente uma representação esquemática da distribuição dos nervos é apresentada, já
que esses ramos se dividem de forma infinitesimal pela pele. Para apreciar essa
distribuição, pegue um alfinete e tente achar uma parte do seu couro cabeludo que
seja isento de dor. Você vai descobrir que a tarefa é praticamente impossível.
Estímulo ou irritação de ramos desses dois nervos principais causam dor.
49
50
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Por exemplo, se algum dos minúsculos ramos do nervo trigêmeo que suprem os dentes é
irritado, uma dor de dente é desencadeada, e todos nós sabemos como é esse tipo de
dor. É certamente difícil acreditar que a irritação de um "nervinho" tão pequeno
possa causar tamanha dor. Outra importante condição clínica associada com a
irritação do nervo trigêmeo é chamada de ticdouloureux ou major trigeminal
neuralgia. Descrita pela primeira vez por Fothergill em 1776, ela causa surtos
repentinos de uma dor penetrante, lancinante e explosiva nos lados direito ou
esquerdo da face, que podem durar de segundos a minutos, com períodos refratários
intermitentes. Embora seja típico que os pacientes fiquem livres da dor entre os
surtos, novos episódios dolorosos podem acontecer em sucessão tão rápida que a
sensação acaba perdurando. "Zonas de gatilho", ou áreas que desencadeiam dor, estão
presentes nos lábios e nos lados do nariz e podem ser ativadas por estimulo tátil.
Se uma dessas zonas é tocada ou atingida, um surto repentino de dor acontece e pode
até imobilizar o indivíduo. Pacientes descrevem essas dores como "facadas",
"choques elétricos" ou "golpes com atiçador de carvão". Durante o ataque, tiques ou
distorções no rosto podem ocorrer e os pacientes sofrem espasmos de absoluta
agonia. Toques suaves, movimentos faciais, o ato de mascar, falar ou golpes de ar
no rosto podem precipitar o ataque. A freqüência dos surtos aumenta quando existem
fadiga e tensão. Muitos pacientes têm tanto medo da dor que preferem ficar
imobilizados. De acordo com o dr. Robert Nugent, professor e presidente do
Departamento de Neurocirurgia da Escola de Medicina da Universidade de West
Virginia, e pioneiro no tratamento, "a neuralgia do trigêmeo é considerada a pior
dor que um ser humano pode sofrer. É tão devastadora que se torna insuportável sob
qualquer de suas diversas formas" (West Virginia University Newsletter, 1986).
Casos mais leves ou moderados às vezes respondem a certos tipos de medicamento como
carbamazepina, conhecido comumente como Tegretol, uma substância relativamente
tóxica que impede a condução dos impulsos da dor através dos nervos,
COROANDO UM RE
FIGURA 3-6
51
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
52
A “COROAÇÃO” DE JESUS
COROANDO UM RE
Figuras 12-4 e
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
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Então Pilatos saiu outra vez, e disse-lhes: "Eis aqui vo-10 trago fora, para que
saibais que não acho nEle crime algum." João 19:4-5
mestado lastimável, Jesus flagelado foi levado ao pretório pelos soldados. Seu
corpo estava cruelmente desfigurado e atormentado pela dor do terrível açoitamento,
Sua visão estava embaçada. Coberto de sangue por causa das lacerações, escoriações
e machucados que cobriam Seu corpo, Ele mal podia ficar de pé. Secreções e vômito
manchavam Seu rosto e a vestimenta. Pilatos contava com a compaixão e a
misericórdia dos judeus, mas eles não se compadeceram das lamentáveis condições de
Jesus e insistiram em que Ele fosse crucificado, dizendo: "Nós temos a Lei, e
segundo essa lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus" (João 19:7). João
continua: "Ora, Pilatos, quando ouviu essas palavras, mais atemorizado ficou" (João
19:8). Pilatos decidiu libertar Jesus mesmo contra a opinião do povo, mas os judeus
se tornaram frenéticos e gritaram: "Se soltares
56
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
este homem, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César" (João
19:12), e quando Pilatos perguntou: "Devo crucificar seu rei?", o chefe dos
sacerdotes respondeu: "Não temos rei, mas César" (João 19:15). Pilatos desistiu:
"Então o entrego para ser crucificado" (João 19:16). João relata: "Tomaram, pois, a
Jesus, e Ele, carregando a própria cruz, saiu para o lugar denominado Caveira, que
em hebraico se chama Gólgota" (João 19:16-17).
FIGURA 4-1 Tipos de cruz: a. crux simplex patibulum crux compacta patibulum T FFX
stipes stipes b.crux immissa e. cruz commissa d. crux decussata (simples estaca) ou
crux capitata (T ou cruz tau) (cruz de Santo André) (convencional)
Além disso, seria também muito difícil-em alguns casos, impossível -o crucarius
carregá-la, já que ela pesava de 80 a 90 quilos; ainda mais no caso de uma pessoa
que já tivesse sido açoitada antes da crucificação. E essa cruz parecia ser pouco
prática, pois seria necessário um número muito grande delas, tendo em vista que os
persas e os romanos ordenavam centenas e até milhares de crucificações de uma vez
só (veja o Capítulo 5). Essas crucificações em massa demandariam que muitas cruzes
fossem fabricadas antecipadamente, pois cada crucarius devia ser pregado com a cruz
ainda no chão, para que depois ela fosse erguida e fixada no solo - algo muito
complexo para ser feito de forma massiva. Além disso, a maioria das referências
históricas relata que as estacas já ficavam no chão, do lado de fora dos portões da
57
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Talos de sustentaçãodireita
Protuberância do
do osso direito
FIGURA 4-2
cidade. Isso indica que o crucarius era pregado no patibulum, que seria então
inserido na cavidade retangular presente no topo da estaca. A terceira variação da
crex compacta é a crex decussata ou cruz em X, também chamada de Cruz de Santo
André, porque supostamente ela teria sido usada para crucificar Santo André em
Patrae. Entretanto, a Cruz de Santo André só aparece em documentos datados do
século X, e alguns historiadores duvidam de que ela tenha sido usada para
crucificar Santo André. Flávio Josefo, por sua vez, relata em A Guerra Judaica que,
durante o cerco de Jerusalém, os soldados romanos capturaram muitos judeus durante
a fugae, aborrecidos com sua inútil resistência, pregaram muitos deles em várias
posições diferentes, por puro esporte.
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59
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
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para levantar as fibras das áreas occipitais do Sudário, sugerindo que eles teriam
vindo do patibulum da cruz em que o homem do Sudário foi crucificado. O problema é
que Garza-Valdez é pediatra, e não botânico, e nenhuma confirmação sobre a
identificação dos túbulos de madeira foi feita por um botânico, assim como não foi
realizada tentativa alguma para determinar se as supostas espécies de carvalho
descobertas existiam na Terra Santa na época da crucificação de Jesus. Mas é
interessante saber que pólen de carvalho foi descoberto no Sudário. Veja o Capítulo
17 para mais informações.
O QUE É O TÍTULO?
O título, também conhecido como Titulus Crucis, era uma tábua com a descrição da
natureza do crime do crucarius, e era pregada na cruz logo acima da cabeça da
vítima. A tábua era carregada pelo condenado, geralmente pendurada ao pescoço, do
local da condenação até o do suplício na cruz. João escreveu: "E Pilatos escreveu
também um título, eo colocou sobre a cruz; e nele estava a inscrição: 'Jesus de
Nazaré, Rei dos Judeus'. Muitos dos judeus, pois, leram esse título, porque o lugar
onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade, e estava escrito em hebraico,
latim e grego" (João 19:19-20). O sumo sacerdote implicou com o fato de que o crime
de Jesus estava escrito como sendo "Rei dos Judeus" e reclamou veementemente com
Pilatos, dizendo: "Não escreva 'O Rei dos Judeus', mas 'Este homem disse: Eu sou o
Rei do Judeus". Pilatos respondeu: "O que escrevi, escrevi" (João 19:21-22). Parece
que Pilatos já não estava preocupado com o que seria noticiado em Roma. As
Escrituras fazem referência ao fato de que havia "uma inscrição acima dEle" (Lucas
23:38), sugerindo que fora usada a crux immissa e não a crex commissa. Mas nossos
experimentos demonstraram que haveria espaço adequado para o título na crux
commissa
A Basílica de Santa Cruz de Jerusalém contém uma relíquia feita com a madeira da
nogueira, que mede 25 centímetros de comprimento por 14 centímetros de largura e
2,6 centímetros de espessura; supostamente, seria parte do Titulus Crucis de Jesus.
Ela contém três linhas de caracteres escritos em latim, grego e hebraico ou sírio-
caldaico. O artefato está muito danificado e foi descoberto em Jerusalém por Santa
Helena (mãe do Imperador Constantino), no começo do século III (Figura 4-3). Testes
recentes com C-14 indicam que ele dataria do período entre 915 e 1074 d.C.
Uma reprodução em escala natural do título foi feita usando como base essa relíquia
(Figura 4-4). Os caracteres foram escritos da direita para a esquerda. O uso das
três linguagens tem sido motivo de debate, já que existe apenas uma referência
bíblica sobre a inscrição ter sido feita em três línguas (João 19:20). Há
documentação, entretanto, que comprova que isso era realizado rotineiramente. Em A
Guerra Judaica, volume 5.2, o historiador Josefo afirma que lajes colocadas em
vários locais traziam avisos, alguns escritos em latim e outros em grego. No século
IV, o biógrafo Julius Capitolinus escreveu sobre um título com inscrições em grego,
aramaico, egípcio e persa, colocado no sepulcro do imperador Giorgianus Pius, que
morreu vítima de assassinato. Além disso, o livro Interpreter's Bible" esclarece
que havia um uso para as três línguas em Jerusalém. O latim era a língua dos
funcionários
LENDAS DA CRUZ - São inúmeras as lendas sobre a origem da cruz. Estou incluindo
algumas para o se do leitor. Na Alemanha, a lenda afirma que uma pereira cresceu e
produziu flores de cor vermelhose depois da morte de Cristo. Nos Estados Unidos,
dizem que as pétalas das flores da bela Cornus florida wood) são vermelhas e
retraidas para lembrar os ferimentos de Cristo. Na Polónia, eles atribuem a cruz ao
chapo, cujas folhas tremem com medo da vingança de Deus. Outra lenda relata que o
choupo protegeria as de raios, embora o álamo, a ele relacionado, não propiciasse
essa proteção. Uma lenda na Inglaterra que o arevinho foi usado para fazer a cruz
e, desde então, foi relegado à condição de erva daninha. Siamente, na Itália, a
clematite foi considerada a matéria-prima da cruz. A história conta que, na época
da ação, ela era uma árvore de grande porte, mas, depois, foi condenada a tornar-se
modesta trepadeira. Em paises, o carvalho, o amiciro e o pinheiro foram também
relacionados com a confecção da cruz. A ppi, acreditava-se que o pinheiro começara
a produzir espirais em forma de cruz depois da Crucificação.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 4-4
nazi wa An
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CARREGANDO A CRUZ
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
soldados se alinharam pela rua para manter a ordem e coibir possíveis tumultos, já
que a massa hostil se apinhava, xingando e cuspindo em Jesus enquanto Ele passava.
Figura 4-5
ROAD SALADIN
STREET OF
Gordon's
Calvary
miah's Grotte
ST PAULS ROAD
CODFREY FOUILLON ST
Damascus G
STATUTE MILE
Museum
Herod's Gate
MOHAMMEDAN Bethesda
MAN ROAD
Church of St.Anne
CHRISTIAN VA
Church of the
MAMILLA
QUARTER
ROAD
CHRISTIAN ST
DAVID ST
TTFET OF THE
CHAIN
Wailing
BETHLEHEM
ARMENIAN
QUARTER
QUARTER
mition
Live Cute
ME OPHEL
ISRAEL
JERUSALEM
Chapel ri Galila
Church of the
MOUNT MORIAN
Deme Dome
Golden Gatethsemane Church of the Chains of the Rock
Gate of
Akan Stables
Mosque Loung
Temb
Gate
City of David
the Prophets
ESTAÇÕES DA CRUZ
REZEIGARS
Old Poo
HOUREDUCT
1-Jeune condenado à morte 3-Jesus ca pela primeira ver - 7-Ju obrigado 9-Jus ca
pela terce 10-Jesus despido 11- 12-Jesus more na cruz egar a cu heres de eu 13-
estado da cu 14-Jesus elevado para o sepulcro
OF HINOM
64
para uma crítica do filme), mas é improvável que a vítima fosse fisicamente capaz
desse ato.
Existem duas escolas de pensamento sobre a maneira como a barra horizontal era
carregada. A maioria dos estudiosos abraça o conceito de que cada extremidade do
objeto era amarrada nos pulsos e braços da vítima (veja a Figura 4-6), mas dessa
forma seria difícil equilibrá-la, por causa de seu peso e volume. O objeto muito
provavelmente era pendurado em apenas um dos ombros. Esse conceito é compatível com
o depoimento de Tertuliano, de que Jesus carregou Sua cruz no ombro. Alguns autores
interpretam que era a cruz inteira, pois tinham a impressão de que a barra
horizontal tinha de ser carregada nos dois ombros. Sindologistas (indivíduos que
estudam o Sudário) enxergam
65
66
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
duas imagens nas costas do Sudário de Turim como evidência de que a cruz foi
colocada nos dois ombros e amarrada aos pulsos. Essa interpretação, porém, é
sujeita a debate, e o leitor deve ir ao Capítulo 12 para informações adicionais.
Quando Jesus chegou ao local da crucificação, estava quase desfalecido, por causa
da severa exaustão causada pelo sofrimento físico e mental que lhe foi infligido no
Jardim do Getsemani, pelo brutal açoitamento no pretório e pela enervante,
lancinante dor causada pela coroa de espinhos. A exaustão foi acompanhada pela
falta de ar, pelo fluido pleural que estava lentamente se acumulando em Seus
pulmões e por um possível pneumotórax devido ao brutal açoitamento, além dos
efeitos da jornada ao Calvário.
FIGURA 4-6
As vestes de Jesus estavam praticamente grudadas em Seu corpo por causa do sangue
coagulado nas feridas causadas pelo açoitamento. Segundo as normas romanas, a roupa
era removida durante o açoitamento, mas por causa das disposições judaicas a
vestimenta de Jesus foi mantida na jornada ao Calvário. As Escrituras nos contam
que os soldados fizeram apostas para ficar com Suas vestes (Marcos 15:24),
provavelmente porque a túnica constituía-se em uma única peça de tecido, o que a
tornava muito valiosa para ser repartida em quatro partes. Os dados rolaram, e foi
tarefa do vencedor remover a roupa de Jesus, já que agora pertencia a ele. Fico
imaginando como o soldado fez isso. Teria ele molhado o tecido para amolecer o
sangue coagulado, como os médicos e enfermeiras geralmente fazem ao remover uma
atadura grudada em um ferimento? Se nos lembrarmos de que o nome do jogo era dor,
então se torna claro qual foi o método usado. A roupa foi arrancada, causando
surtos de dor pelo corpo de Jesus. Todo mundo se lembra de quando um parente ou
amigo disse que a melhor maneira de se retirar uma bandagem é puxá-la de uma só
vez. Mesmo que a dor seja momentânea, pense em quão aguda ela seria se de repente
uma gigantesca gaze fosse removida da frente e das costas de seu corpo, incluindo
os braços.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
{5} CRUCIFICAÇÃO
João 19:6
A crucificação era uma forma bárbara de punição praticada pelos romanos, persas,
fenícios, assírios, babilônios, egípcios, gregos, selêucidas, cartagineses e
judeus. De acordo com Plinio, a crucificação foi inventada por um homem chamado
Tarquinius Priscus e começou a ser usada por volta de 260 e 160 a.C. Porém, a
literatura milenar indica que ela já estava presente no século VI a.C. A palavra
crucificação origina-se da palavra cruciare, ou seja, torturar, atormentar. Era um
destino infame reservado a traidores, escravos, assassinos cruéis, agitadores
políticos e religiosos, piratas, rebeldes e indivíduos que não possuíam direitos.
Acredita-se que os romanos aprenderam a técnica com os fenícios, por volta do
século III a.C. Cicero, no século I a.C., em suas orações contra Verres (II 5, 2-
67), citou a crucificação como "a mais cruel e atroz das punições"
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
70
CRUCIFICAÇÃO
gruta 4), os essênios, uma das seitas judaicas, realizavam crucificações pelo crime
de blasfemia ou idolatria. Alexandre, o Grande, crucificou duas mil pessoas no
cerco de Tiro.
Josefo indica que os soldados pregavam as vítimas em diferentes posições por mera
diversão, raiva, sadismo, capricho ou ódio. Hengel
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72
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
cita o testemunho de Sêneca sobre esse tópico: "Eu vejo cruzes lá, não de um
formato apenas, mas construídas de diversas maneiras; algumas têm suas vítimas com
a cabeça batendo no chão. Outras empalam suas partes íntimas e outras mantêm os
braços do condenado esticados no patibulum” (Hengel, 1977).
A crucificação foi abolida pelo imperador Constantino no século IV, no ano 341 d.C.
Mesmo assim, ela foi praticada em várias ocasiões durante os séculos seguintes. A
professora Paola Ricca escreve que um documento exibido pelo professor Angelo
Gramaglia, do Seminário de Turim, mostra que, no século VII, durante as lutas entre
árabes e cristãos, estes últimos foram crucificados em massa da mesma forma que
Jesus, como sinal de desprezo. O professor Philip Jenkins, da Universidade da
Pensilvânia, relata que os muçulmanos europeus tinham conhecimento da crucificação
e a praticavam. Ele cita o exemplo do grande místico Sufi al-Hallaj, que foi
crucificado em Bagdá no ano de 922, e também sugere que "detalhes da crucificação
encontravam-se disponíveis para qualquer europeu que viajasse ao mundo islâmico
durante as Cruzadas". Um escriba árabe chamado el Sujuti escreveu sobre um jovem
turco que foi crucificado em 1247 em Damasco, Síria, e Thurston e Atwater
informaram sobre a crucificação de cerca de 25 padres das ordens dos jesuítas e
franciscancs em Nagasaki, Japão. De acordo com Ian Wilson, o revolucionáric
mexicano Emiliano Zapata teria crucificado latifundiários em postes telegráficos;
durante a Segunda Guerra, os nazistas teriam crucificado judeus no campo de
concentração de Dachau; e, mais recentemente, turcos se utilizaram da crucificação
como um meio para torturar seus prisioneiros políticos. A crucificação tem sido
correntemente reportaca no Sudão. Em 1993,
CRUCIFICAÇÃO
quando o papa João Paulo II fez uma visita ao país, ele referiu-se às práticas do
agressivo regime islâmico como "uma particular reprodução do mistério ocorrido no
Calvário".
Em 1998, dois padres em Cartum, Sudão, foram acusados de armar bombas numa
tentativa de interromper as celebrações que marcavam os eventos que levaram a
Frente Islâmica ao poder. Se condenados, os dois padres e outros 18 seriam
crucificados. Mas parece que a pressão de grupos internacionais de direitos
humanos, como a Anistia Internacional, conseguiu adiar o julgamento. O Código Penal
Sudanês impõe penalidades muito duras para vários crimes, incluindo execução ou
execução seguida de crucificação, com a mão direita e o pé esquerdo amputados.
Recentemente, troquei correspondência com um missionário de Délhi, India, que
visitou Nuba, no Sudão, e ele deparou com várias crucificações, podendo observá-
las. Ele me informou que um ministro chamado Revendo Aroon, da igreja anglicana,
parece ter sido uma das vítimas, mas ele, felizmente, se escondeu. Ele relatou que
as mãos das vítimas foram pregadas nos antebraços e concomitantemente amarradas, e
os pés foram pregados na estaca. Não havia suppedaneum (repouso para os pés). Elas
gritavam de agonia e muito sangue saía das mãos e pés até que elas morressem na
cruz. Quando o missionário tentou fotografar, o flash alertou a polícia, que
confiscou seu material e o prendeu. Felizmente, um amigo explodiu alguns fogos de
artifício para distrair as autoridades e ele fugiu.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
CERIMÔNIAS DE CRUCIFICAÇÃO
"Crucificações" de protesto
CRUCIFICAÇÃO
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
transfixadas durante a crucificação. O uso de pregos nas mãos e nos pés também é
apoiado na descoberta feita em 1968 de um judeu crucificado, que ainda tinha o
prego afixado no pé. O exactor mortis também se incumbia de verificar se a vítima
estava realmente morta e relatar o ocorrido ao procurador, que então preenchia a
declaração oficial de óbito.
CONSTRUÇÃO DA CRUZ
Altura
CRUCIFICAÇÃO
TITIT
FIGURA 5-1
Pregos romanos datados de cerca de 83 d.C. Estas são algumas amostras das sete
toneladas de pregos que foram escavadas pelo professor Richmond em uma fortaleza em
Inchtuthill, Escócia. (Pregos doados por Sir Geoffrey Ford, Instituto de Metais,
Londres.)
sua morte. Cruzes mais curtas também tornavam mais fácil o trabalho dos animais que
destroçavam os condenados. A opinião geral de que a cruz de Jesus era do tipo mais
baixo é apoiada pelo fato de que um graveto curto (Marcos 15:36) foi usado para
trazer o vinagre (posca) aos lábios do crucarius. O tamanho menor também é
compatível com os ferimentos no lado direito do Sudário de Turime permite o ângulo
correto de penetração, pela lança, no saco pericardial e no coração.
A sela
Também existe muita controvérsia a respeito do fato de a coluna da cruz conter uma
sela (sedile, pegma, cornu, chifre) que se projetava no meio da cruz, como foi
reportado por Cícero, "como um chifre de rinoceronte". A vítima era posicionada
nela para que o corpo tivesse algum apoio, a fim de minorar seu sofrimento (equitar
cruci, cavalgar a cruz). O sedile era usado principalmente quando os executores
queriam que a vítima permanecesse viva por mais tempo, às vezes dias seguidos. Sem
esse apoio, a vítima não sobreviveria por um período tão longo. Houve casos em que
alguns condenados permaneceram vivos na cruz por uma semana. Lipsius descreve o
caso de dois indivíduos que ficaram nove dias pendurados na cruz, mas é óbvio que,
sob uma
77 17
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
A lei judaica proíbe que se deixe o crucarius na cruz de um dia para o outro. As
Escrituras dizem: "Se um homem tiver cometido um pecado digno de morte, e for
condenado à morte, e o tiveres pendurado numa árvore, o seu cadáver não deverá
permanecer toda a noite no lugar, mas o enterrarás no mesmo dia; porquanto aquele
que é pendurado é maldito de Deus" (Deuteronômio 21:22-23). Assim, seria pouco
provável que qualquer artifício para prolongar a vida de Jesus tivesse sido usado.
Suppedaneum
Pregos
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CRUCIFICAÇÃO
FIGURA 5-2
Prego de aço feito pelo padre Weyland usando a réplica de um prego exposto na
Capela Santa de Jerusalém, alegadamente trazido por Santa Helena, e que se acredita
ser um dos pregos usados na crucificação de Jesus. O prego também corresponde às
características daquele encontrado no osso do calcanhar
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80 80
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O método pelo qual a barra horizontal e a vítima pregada nele eram colocados no
poste ainda não é claro, e nenhuma referência definitiva sobre o processo foi
descoberta. Várias referências na literatura histórica sobre frases em latim como
ascendre crucem (ascender à cruz) e patibulum suffixus (segurem o patibulum)
poderiam indicar que o exactor mortise seu quaternio possuíam alguma técnica para
executar as manobras. Gorman sugere que dois membros da equipe de execução
levantaram cada extremidade do patibulum e um terceiro agarrou Jesus pela cintura
para que Ele ficasse de pé. Ele foi, então, posto de costas para o poste, enquanto
dois membros da equipe levantaram a barra horizontal até o alto, usando para isso
pedaços de pau, enquanto dois indivíduos seguravam Jesus pelo corpo. Outra
possibilidade é que uma corda tenha sido amarrada ao redor do corpo e o patibulum
foi erguido até o alto da estaca, enquanto dois homens ajudavam levantando as
extremidades da barra horizontal. Acredito que os executores deveriam ter algum
tipo de escada para fazer com que o condenado subisse de costas, enquanto dois
membros do quaternio erguiam a barra horizontal e um outro ajudava a vítima a
chegar ao último degrau. Ao chegar no topo, o patibulum era colocado no encaixe,
enquanto as pernas da vítima eram seguras pelos homens. Quando o sedile era usado,
a tarefa se tornava mais fácil, já que a vítima podia se apoiar nele enquanto o
patibulum era colocado no lugar e os pés eram pregados. Um sedile obviamente não
foi utilizado no caso de Jesus, por causa dos feriados da Páscoa e do Shabat, e
nenhum procedimento teria sido tomado para que sua vida fosse prolongada.
CRUCIFICAÇÃO
Quando eu soube que Mel Gibson tinha a intenção de fazer um filme historicamente
correto sobre a Crucificação, escrevi a ele oferecendo minha assistência. Incluí
minhas credenciais e o fato de que tinha estudado a Crucificação por mais de 52
anos. Não recebi resposta. Tive a impressão de que ele poderia não ter recebido a
comunicação, e talvez isso tenha acontecido, porém, mais tarde fui informado por um
amigo, que se encontrara com Gibson e sua equipe em Fátima, Portugal, um ano antes
de eu lhe ter escrito, que ele havia recomendado a Gibson que me contatasse.
Percebi que Gibson já tinha suas próprias idéias sobre como iria fazer o filme. Mas
fiquei profundamente desapontado quando vi a fita, já que, em minha opinião, a
produção era tipicamente "Hollywood" e repleta de erros. Eu espero pelo menos
ajudar as massas a compreender que Jesus foi terrivelmente castigado e passou por
um intenso sofrimento em reparação aos pecados do homem. Ao contrário de muitos
críticos, eu não acredito que o filme retrate o anti-semitismo. Acredito que Jesus
teve de sofrer e morrer em reparação ao pecado original cometido por Adão e Eva, e,
assim, os participantes não importam.
81
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
cristãos não percebe a angústia mental de Jesus, tão extrema que Ele chegou a suar
sangue. Eles não estão cientes de que Jesus se fragilizou ao ter uma visão
celestial que Lhe mostrou todo o sofrimento que estava por vir na expiação dos
pecados do homem. Isso trouxe a Ele uma alta carga de sofrimento físico e mental.
Em minha opinião, um filme melhor teria mostrado Jesus desfalecido nos braços do
anjo confortador que veio até Ele, de acordo com as Escrituras (veja a Figura 1-1).
O golpe no olho de Jesus, que o deixou inchado, com matizes de preto e azul, também
está em desacordo com as Escrituras, já que Ele não teria sido espancado no Jardim
do Getsemani.
Gibson retrata Jesus como uma pessoa fraca e assustada, o oposto dos relatos de
Lucas e Mateus, nos quais Jesus conclama que não devemos ter medo daqueles que
matam o corpo físico, além do Evangelho de João, que cita as palavras de Jesus: "O
perfeito amor elimina todo o medo". É importante entender que Jesus "escolheu"
morrer como um homem "físico", e não como um Deus, com todas as Suas
suscetibilidades.
Gibson usou aramaico e latim numa tentativa de transmitir autenticidade, mas deixou
de fora o grego, uma omissão importante. Ele obviamente não estava a par de que o
grego era a lingua franca da Terra Santa durante a época de Jesus. Era a língua do
comércio internacional e da cultura no século I na região oriental do Mediterrâneo.
A linguagem usada no templo era o hebraico, enquanto o aramaico era a língua comum
ente os judeus, e o latim era usado na lei romana. De acordo com João 19:20, o
titulus era escrito em grego, latim e hebraico (veja Figuras 4-3 e 4-4), mas o
titulus no filme só aparece escrito em latim e hebraico.
82
CRUCIFICAÇÃO
posição ereta na cruz, com quatro pregos, enquanto Emmerich disse que isso
aconteceu no chão, com apenas três pregos. Numa recente edição da revista Time,
David Van Biema relata que um místico revelou a Maria de Agreda que Jesus levou
6.666 golpes no corpo e 110 na cabeça, foi picado pelos espinhos 110 vezes, teve 3
espinhos mortais aplicados em Sua testa e perdeu 28.430 gotas de sangue. Parece até
o computador de um anjo. É interessante saber que o Papa Clemente XIV proibiu a
continuidade do processo de canonização de Maria de Agreda, porque ela declarou em
seu livro que todos deveriam acreditar em tudo o que ela diz. Durante as
investigações para o processo de beatificação de Catarina Emmerich, experts alemães
estudaram os documentos e livros de seu biógrafo, Brentano, e chegaram à conclusão
de que apenas uma pequena porção do que foi publicado podia ser atribuído a ela.
Padre Peter Gumpel, um jesuíta alemão baseado em Roma e envolvido na causa dela,
recentemente confirmou isso e insistiu em que todos os escritos atribuídos a ela
vinham sendo descartados. O Catholic News Service publicou uma citação do Padre
Gumpel que dizia que Emmerich estava sendo julgada "não apenas pelo que ela
escreveu, mas, como sempre, por suas virtudes".
Em seu livro, A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, Catarina Emmerich
relata que dois carrascos primeiro bateram em Jesus com "uma espécie de pau
espinhento, coberto com nós e farpas. Os golpes com esse pedaço de pau abriram sua
carne em pedaços. Seu sangue jorrou e manchou seus braços, Ele grunhiu, orou e teve
convulsões". Ela então relata: "Dois novos carrascos tomaram o lugar daqueles antes
mencionados [...], seus açoites eram compostos de pequenas correntes, ou correias
cobertas com ganchos de metal, que penetraram nos ossos e arrancaram pedaços de
carne a cada golpe". Ela continua: "Eles passaram cordas em Sua cintura, debaixo de
Seus braços e acima de Seus joelhos, e, depois de terem amarrado Suas mãos
fortemente nos anéis posicionados na parte superior do suporte, começaram a açoitá-
lo novamente, com ainda mais fúria que antes, e um deles atingia-
83
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
84
CRUCIFICAÇÃO
85
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
em choque. Uma pessoa afetada pela causalgia em apenas uma das mãos gritaria
intensamente em agonia; imagine-se, então, se ambas as mãos e os dois pés fossem
atingidos. E Jesus não grita em momento algum na versão de Gibson da Crucificação.
Outro erro é a enorme quantidade de sangue presente no chão, que, no filme, foi
limpo por Maria e Maria Madalena. A ciência forense não apóia essa descrição, e eu
acredito que foi feita apenas para efeito dramático.
Nas centenas de cenas de homicídio que investiguei ao longo dos últimos 34 anos,
tal acúmulo de sangue só aconteceu em casos de múltiplos esfaqueamentos, ferimentos
profundos etc. O filme também mostra sangue e água jorrando do peito de Jesus no
rosto de Maria e de um soldado quando Ele é atingido por uma lança. Isso é
cientificamente incorreto e não está de acordo com as Escrituras. Depois que a
lança penetra o peito, o pulmão entra em colapso com a entrada de ar, por causa da
pressão negativa na cavidade torácica. Isso faz com que a efusão pleural entre na
cavidade torácica. Quando a lança é retirada, sangue e plasma emanam suavemente do
ferimento no peito, como conseqüência do golpe na efusão pleural e da perfuração do
átrio direito do coração (veja o Capítulo 10).
No final, existem oito pontos principais nos quais o filme falha em mostrar com
exatidão como foi a Crucificação de Jesus. Em primeiro lugar, a fita omite o
terrível sofrimento mental de Jesus no Jardim do Getsemani, que já Oteria deixado
debilitado. Segundo, a lancinante dor no rosto causada pela neuralgia do trigêmeo
decorrente dos efeitos da coroação também foi totalmente negligenciada. Além disso,
o severo espancamento (32 vezes) com bastões seguido por quase dez minutos de
brutal açoitamento (frente e costas, com um flagrum contendo afiados scorpiones,
executado por
86
CRUCIFICAÇÃO
de vários golpes. E, mesmo que por um milagre Jesus tivesse sobrevivido a isso, Ele
teria experimentado extrema dificuldade para respirar, sufocando a cada tentativa
de inspirar e ofegando. Além disso, uma pessoa nessas condições não poderia ter
carregado uma cruz que pesava entre 80 e 90 quilos. Também totalmente ausente está
o efeito da fixação dos pregos nos pés e nas mãos. Isso teria provocado uma
condição médica chamada causalgia, uma das mais terríveis dores que pode sofrer o
ser humano, levando a vítima a gritar, em extrema agonia. O suppedaneum (descanso
para os pés) mostrado no filme é uma invenção de artistas do século passado, e não
cabe em uma representação realística da Crucificação. Ao contrário do que é visto
no filme, o fenômeno "sangue e água" não acontece como se o material fosse
espirrado, mas escorre suavemente da ferida quando a lança é retirada, pois a
efusão pleural que circunda os pulmões diminui em razão do colapso do órgão.
Finalmente, a grande quantidade de sangue que Maria Madalena e a mãe de Jesus
limparam do chão é inconsistente com os ferimentos causados.
87
Tomaram, pois, a Jesus; e Ele, carregando a Sua própria cruz, saiu para o lugar
chamado Caveira, que em hebraico se chama Golgota. Ali O crucificaram, e com Ele
outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. João 20:17-18
esus foi levado ao local da crucificação e despido de Sua vestimenta externa (uma
manta) e da túnica que estava por baixo. Ele ofegava e apertava o peito cada vez
que respirava - resultado do brutal açoitamento. Cada movimento repentino do Seu
peito e as sacudidas dos soldados traziam-Lhe uma dor insuportável. Jesus, então,
foi jogado ao chão e colocado de costas com Seus ombros e braços estendidos na
barra da cruz, enquanto o resto do corpo permanecia no chão. Um dos executores
segurou Seu peito, e outro, as Suas pernas, para que um terceiro pudesse pregar
Suas mãos na cruz. Isso sem dúvida provocou uma dor excruciante em Seu peito e
dificultou Sua respiração, fazendo com que Ele gritasse de agonia e se debatesse
contra os soldados com toda a força. Enquanto era mantido no chão, cada braço era
separadamente estendido a força, para que ficasse paralelo à barra
JESUS CHEGA AO CALVÁRIO
89
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 6-1
crucifixos mais antigos, como o de marfim, datado de 420 d.C., que se encontra no
Museu Britânico (Figura 6-1), e o que está no portal de madeira de Santa Sabina, em
Roma, datado da primeira metade do século V, mostram os pregos no centro das
palmas. Estudiosos da crucificação, como Hengel, escreveram que, nos tempos
romanos, era regra pregar o crucarius nas duas mãos e nos pés.
90
foram penetradas no ponto onde o osso é mais sólido." Mais tarde, ele desenvolveu
outra suposição, a de que somente um prego penetrou ambos os pés, ignorando
totalmente a revelação de Santa Brigite, conforme a qual cada pé teria sido
perfurado separadamente. Padre Weyland, famoso escultor e religioso, resumiu
competentemente a situação: "Conjecturas e teorias que não são apoiadas por
experimentos realistas sempre me deixaram indiferente."
ANATOMIA DA MÃO
91
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Músculos tenares
Ramo motor do nervo mediano ao tenar mediano
Osso pisiforme
Artéria ulnar
Músculos hipotenares
Aponeurose palmar
Aponeurose palmar-
FIGURA 6-2
Palma da mão. O tendão palmar longo é uma estrutura similar a uma corda descendo do
pulso. Note que o nervo mediano é sempre localizado adjacente à lateral do polegar
desse tendão e corre para a palma ao longo do sulco tenar. Note também a aponeurose
palmar, uma ampla faixa cujas fibras correm paralelamente aos dedos. Ilustração de
Frank Netter. (Cortesia do Grupo Farmacêutico Ciba, copyright © 1957.)
92
Palmar longo
Nervo mediano"
ulnar
Artéria radial
Duo mediano
Ligamento volar do
polegar
Abdutor do polegar
Trio ulnar
Dupla mediana
Flexor longo do
Trio radial
Músculos lumbricais
Artéria radial-
Região dos
dois tendões
Artéria ulnar
6232
Nervo ulnar
Trio ulnar
Pronador quadrado
Rádio
FIGURA 6-3
Ulna
Mão e pulso. Esta é uma camada mais profunda da mão e do pulso, incluindo o nervo
mediano e seus ramos e os oito pequenos ossos carpais da área do pulso. Ilustração
de Frank Netter (Cortesia do Grupo Farmacêutico Ciba, copyright © 1957.)
93
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Artéria radial-
Ramos da divisão profunda do nervo ulnar aos músculos interosseos e aos lumbricais
3 e4
Triquetral-
Rádio-
Ulna
Osso pisiforme
Artérias volares
Lunar
Rádio-
Ulna
Navicular (escafoide)Lunato
Rádio Tubérculo
Triquetral
-Pisiforme
Abd
de Lister
Navicular
Pisiforme-
Mult.gr.
Hamato-
Hamato
Ext
Opp
Capitato
Add
Mult. menor
Capitato
Músculo abdutor do
quinto dedo
Aspecto volar
Aspecto dorsal
Interosseo volar
dorsal
Ext-Externo Abd Abdutor Opp Oposto Add-Adutor Ramo ab. pol. Ramo abdutor do polegar
Mult, menor Osso multiangular menor Mult. gr. Osso multiangular grande
Mão e pulso. Esta é uma camada ainda mais profunda da mão e do pulso. Note o tendão
palmar longo. O nervo mediano sempre corre no lado do polegar desse tendão. Os
ossos carpais são agora mais fáceis de identificar. Ilustração de Frank Netter.
(Cortesia do Grupo Farmacêutico Ciba, copyright © 1957.)
94
FIGURA 6-5
composto de oito pequenos ossos, detalhados nas Figuras 6-4e6-9, todos eles
firmemente presos uns aos outros por ligamentos entrelaçados que provêem força a
essa área.
95
96
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
HIPÓTESES DE BARBET
Depois que Barbet concluiu que os pregos enfiados na palma da mão não poderiam
suportar o peso do corpo, ele procurou por uma área mais forte. Depois de alguns
experimentos, concluiu que o homem do Sudário foi pregado na área do pulso chamada
espaço de Destot e não na palma da mão. Citando seu livro, A Doctor at Calvary:
"Descobre-se que no meio dos ossos do pulso existe uma área livre circundada pelos
ossos capitato, semilunar, triquetral e hamato. Nós conhecemos esse espaço tão bem
que está de acordo com o trabalho de Destot..." (Barbet, 1963). Infelizmente, isso
não pode ser verdade, porque esses quatro ossos localizam-se na região do pulso
pertencente ao dedo mínimo (ulnar) e não na região do polegar (radial), como é
mostrado no Sudário! Olhe para a imagem do ferimento na mão para confirmar isso.
Note que a imagem do ferimento na mão no Sudário é, sem dúvida, na região radial
(polegar) do pulso (Figura 6-5).
Tendo ganho um título de Mestre e o de PhD em Anatomia Humana, em adição ao meu
título de Doutor em Medicina, e tendo lecionado anatomia geral para estudantes de
medicina, o erro de Barbet me atingiu como uma tonelada de tijolos. Mesmo assim,
dei a ele o benefício da dúvida e cuidadosamente chequei para ver se o espaço
poderia ter relação com o local representado no Sudário, emergindo no ponto em que
Barbet sugere. Mas, depois da verificação, descobri que anatomicamente não havia
possibilidade de que tal conexão pudesse ser feita.
Embora algumas pessoas possam acreditar que Barbet simplesmente cometeu um erro ao
nomear os ossos do pulso, eu não creio que isso tenha acontecido. Primeiro, em Les
Cinq Plaies du
FIGURA 6-6
2.
4.
5-
Diagrama do pulso por Barbet, de seu livro Les Cinq Plaies du Christ, mostrando o
espaço de Destot.
11
I ΠΛΗ
12
Christ, livro que Barbet escreveu em 1937, 13 anos antes de Doctor at Calvary, ele
incluiu um diagrama do pulso (Figura 6-6) mostrando o espaço de Destot ladeado
pelos ossos capitato, semilunar, triquetral e hamato no lado do pulso referente ao
ulnar (dedo mínimo), e não no lado radial (polegar), como está representada a
ferida no Sudário. Isso pode ser confirmado em qualquer livro de anatomia. Eu
incluí uma tabela que fornece nomes equivalentes aos ossos que formam o espaço de
Destot (Tabela 1, página 98). Em segundo lugar, no mesmo livro há uma foto de um
cadáver que Barbet pregou em uma cruz, e a ilustração mostra que os pregos estão,
na verdade, no lado do pulso relativo ao dedo mínimo (ulnar) e não no lado do
polegar (radial) (Figura 6-7).
97
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
TABELA 1
LIVRO OSSO 1 OSSO 2 OSSO 3 OSSO 4 Doctor at Calvary Hamato Semilunar Capitato
Triquetral Le cinque plaies Os crochu Semilunar Grande Osso Piramidal du Christ
Ciba Symposia Hamato Luniforme Capitato Triquetral
Diagrama de nomes equivalentes dos ossos que compõem o espaço de Destot. Isso foi
incluído para converter os nomes dos ossos carpais de um sistema a outro, para
evitar confusão, já que muitos artigos utilizam nomes diferentes.
Barbet cometeu outro grave erro, clamando que, quando ele enfiou o prego no espaço
de Destot, cerca de metade ou dois terços do tronco do nervo mediano foram
rompidos. Isso não é anatomicamente possível, porque o nervo mediano não está
localizado na área do espaço de Destot, mas corre na área do pulso referente ao
polegar e ao longo do sulco tenar até a palma da mão. Um jeito fácil de localizar o
nervo mediano do seu pulso é dobrá-lo para a frente. Você vai notar uma estrutura
firme, como se fosse uma corda, projetando-se externamente. Esse é o tendão palmar
longo. O nervo mediano corre ao longo desse tendão do lado do polegar, não do dedo
mínimo. Obviamente, Barbet estava danificando o nervo ulnar, que corre na área do
espaço de Destot.
Onde o ferimento poderia ter sido feito para ser compatível com o Sudário? Antes de
respondermos a essa questão, lembre-se de que a imagem do ferimento mostra as
costas da mão e representa apenas a saída do prego, não a sua entrada. Então, não
sabemos especificamente por onde o prego entrou!
98
FIGURA 6-7
Cadáver suspenso na cruz por Barbet, de seu livro Le cinq plaies du Christ. Note
que o prego se encontra no lado do pulso relativo ao ulnar (dedo mínimo) e não no
lado radial (polegar), onde o ferimento na mão é mostrado no Sudário.
Em primeiro lugar, o prego não poderia ter entrado no espaço de Destot, porque está
no lado errado do pulso. Segundo, não poderia ter entrado no centro da palma,
porque ele não teria saído no local do ferimento que a imagem do Sudário de Turim
aponta. Em terceiro lugar, não poderia ter entrado no espaço entre o rádio e a
ulna, porque não teria saído onde é mostrado no Sudário. Isso faculta apenas duas
possibilidades.
1-O prego poderia ter entrado no pulso no lado referente ao polegar (radial), ou
seja, na área do pulso oposta ao espaço de Destot. Ele poderia ter passado através
de um espaço criado por outros quatro
99
100
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
2-O prego poderia ter entrado na parte superior da palma da mão - não no centro da
palma. Essa área é também tão robusta quanto o espaço de Destot ou a área radial.
Um prego entrando nessa região poderia emergir no local detalhado no Sudário.
Para localizar essa área, abra suas mãos, com as palmas voltadas para cima. Você
vai notar proeminências volumosas estendendo-se pela mão a partir da base do
polegar. Essas massas são chamadas de músculos da eminência tenar (veja Figura 6-
2), os quais produzem a flexão dos polegares (ou seja, estes se curvam em direção
às palmas). Estenda seu polegar até a ponta do dedo mínimo. Um sulco profundo
chamado sulco tenar é visto na base da proeminência que se estende a partir da base
do polegar. Se um prego é direcionado para esse local, a alguns centímetros de onde
o sulco começa no pulso, com a ponta em um ângulo de cerca de 10 a 15 graus em
direção ao pulso e ligeiramente voltada para o polegar, o prego iria se inclinar
para uma área criada pelo osso metacarpal do dedo indicador e pelo capitato e ossos
inferiores multiangulares do pulso, que eu chamei de área Z (Figura 6-9).
Demonstrei esse caminho há mais de 44 anos, no laboratório de dissecção de anatomia
humana (Figuras 6-10 e 6-11).
FIGURA 6-8
FIGURA 6-9
rádio
ulna
multiangular inferior
-triquetral
metacarpal
Espaço de Destot
hamato
capitato
área Z
101
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
102
FIGURA 6-10
FIGURA 6-11
Prego na parte de trás da palma. O prego da Figura 6-10 emerge no mesmo local do
ferimento na mão notado no Sudário.
sulco tenar, na palma da mão; a faca tinha passado pela área Z e a ponta saiu na
parte de trás do pulso, exatamente como é visto no Sudário (Figura 6-12). Raios X
da área mostraram que não havia evidência de ossos quebrados!
ferimentos no meio de suas mãos?" (Zacarias 13:6). Ele também reportou que São Tomé
acreditava que os ferimentos encontravam-se no meio das mãos. Além disso, ele
indicou que o aparente machucado no pulso estava em desacordo com a profecia de
Davi: "Eles perfuraram minhas mãos." Ele então argumentou que o peso do corpo
"teria rasgado as mãos, de acordo com os experimentos feitos pelos pintores e
escultores que usavam cadáveres como modelos para as suas obras". E citou uma das
revelações de Santa Brígida, em que a Virgem Maria lhe disse: "Perforatae fuerunt
Filiomeo manus in ea parte in qua os solidius erat" (as mãos do meu Filho foram
perfuradas na parte onde o osso é mais sólido"). Ele concluiu, então, que os
romanos não enfiaram o prego no meio da palma, perfurando a mão de um lado a outro,
mas devem ter feito isso de forma oblíqua, em direção ao braço, e o prego deve ter
emergido na área carpal, como é mostrado no Sudário. É importante saber que Barbet
criticou duramente a hipótese de Paleotto, dizendo que seria "anatomicamente
impossível". Mas era Barbet quem estava incorreto, e Paleotto, na pista certa.
Embora posicionar o prego no lado radial do pulso (o lado do pulso que o Sudário
mostra) não possa ser excluído como possível
FIGURA 6-12
Facada através da palma da mão (ferimento de defesa). Uma jovem ergueu sua mão para
tentar se proteger de um cruel ataque. Note o ferimento na área da palma, no sulco
tenar. A faca passou pela área Z, emergindo no mesmo local que se observa na imagem
do ferimento da mão no Sudário.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
1. A região da palma é o local em que a maioria dos cristãos ao longo dos séculos
acredita que se deu o ferimento.
5. Está de acordo com as Escrituras: "Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou
eu mesmo" (Lucas 24:39) e "Ele mostrou-lhes suas mãos e seu lado...". Depois Ele
disse a Tomé: "Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos..." (João 20:20-27),
"eles perfuraram minhas mãos e pés" (Salmos 22:16).
6. Assegura-se que nenhum osso foi quebrado, de acordo com João 19:33, 36; Salmos
34:20; Números 9:12 e Êxodo 12:46.
É interessante que não se sabe de nenhum estigmático que tenha tido ferimentos no
pulso antes da hipótese de Barbet. Além disso, a legitimidade dos estigmáticos pós-
Barbet que tiveram ferimentos nos pulsos, como o padre italiano Gino Buresi e o
padre americano Brussis, foi recentemente contestada. Alega-se que aparentemente,
Brussis procura os refletores e supostamente está registrado no Guinness, o livro
dos recordes, como a pessoa que permaneceu em uma roda-gigante por mais tempo do
que qualquer outra.
8. É o local em que a maioria dos estigmáticos através dos séculos antes do dr.
Barbet - exibiu seus ferimentos. Entre eles estão São Francisco de Assis, Padre
Pio, Teresa de Konnersruth, Santa Catarina de Sienna, Catarina de Ricci, Louise
Lateau e Maria Esperanza.
Os Polegares Desaparecidos
105
106
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Barbet indicou que cada vez que o prego atravessava o espaço de Destot, o nervo
mediano era seccionado pela metade ou em dois terços, fazendo que o polegar se
recolhesse para a palma. Isso é indefensável por duas razões. Primeiro porque, como
demonstramos antes, o nervo mediano não passa pelo espaço de Destot, mas corre no
lado oposto (polegar ou lado radial) do pulso, junto ao tendão palmar longo. Mesmo
se o nervo mediano fosse ferido, causando um estímulo mecânico, como Barbet
declarou, isso não faria com que o polegar fosse recolhido para a palma da mão.
Odr. Ernest Lampe, um dos principais cirurgiões do mundo com especialização na mão,
ao discursar sobre ferimentos no nervo mediano, em seu livro Surgical Anatomy of
the Hand", relata que quando o nervo é seccionado "ocorre a incapacidade de se
flexionar o polegar, o indicador e o dedo médio". Isso me foi confirmado por dois
outros cirurgiões especializados em reconstrução da mão.
A FÓRMULA DE TENSÃO - Para começar, é essencial notar que essa fórmula vai
determinar apenas a força de tração ou força de tensão, em quilos, nas mãos e
braços durante a suspensão com as pernas pendendo livres (ou seja, sem que o pé
esteja escorado na cruz). Ela não pode ser aplicada se os pés estiverem apoiados na
cruz. A fórmula de tensão determina a tração (força) exercida em cada mão. A
aplicação dessa fórmula indica que o valor dessa tração ou força é uma função do
ângulo dos braços com a estaca da cruz. Por exemplo, se a vítima pesa 175 libras
(80 quilos) e suas mãos e braços estiverem suspensos num ângulo de 65 graus com a
vertical e suas pernas estiverem suspensas livremente, haveria uma tração de 207
libras (94 quilos) em cada mão. É importante realçar que a fórmula de tensão só se
aplica à suspensão livre, isto é, sem apoiar o pé no stipes (estaca).
107
108
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O Método Científico
Para dar início ao método científico, existe uma observação inicial ou uma idéia
que leva à coleta de dados. Uma hipótese é então formulada e experimentos são
desenvolvidos para obtenção de evidências que sustentem a hipótese. Os resultados
são cuidadosamente analisados para determinar se a hipótese é válida ou não e se
outras experiências são necessárias. Os resultados são publicados ou submetidos a
outros cientistas para avaliação e confirmação. É importante saber que o filósofo
francès Denis Diderot escreveu, em 1753: "Existem três meios principais para
adquirir conhecimento que se encontram disponíveis para nós: observação da
natureza, reflexão e experimentação. A observação coleta fatos; a reflexão os
combina; o experimento verifica o resultado da combinação. A nossa observação da
natureza deve ser diligente, a nossa reflexão, profunda, e os nossos experimentos,
exatos. Nós raramente vemos esses três meios combinados; e, por essa razão, os
gênios criativos não são comuns" (Denis Diderot, On the Interpretation of Nature",
n. 15, 1753).
Quando os braços são suspensos diretamente acima da cabeça, existe uma distribuição
igual da metade do peso do corpo em cada um dos braços, porque só existe uma força
vertical. Quanto maior o ângulo que os braços criam com a vertical, maior a tração
ou tensão em cada braço, já que um vetor horizontal ou força age proporcionalmente
a cada aumento do ângulo. Se um indivíduo pesa 175 libras e os braços estão num
ângulo de 65 graus com a vertical, a fórmula seria:
Será que as palmas das mãos agüentam o peso do corpo? Vamos avaliar a terceira
hipótese de Barbet submetendo-a ao método científico. A primeira parte do método
científico, ou seja, observação, foi aplicada por Barbet quando ele notou que a
imagem do ferimento no Sudário se encontrava na região do pulso e não na palma da
mão, como geralmente é mostrado em crucifixos e pinturas. Ele tentou fortalecer
esse exame com a observação de que a aponeurose palmar (veja a Figura 6-2) não
parece ser forte o suficiente para suportar o peso do corpo caso o prego tivesse
atravessado a palma da mão. Baseado nessas duas observações, ele formou a hipótese
de que as palmas das mãos não suportariam o peso do corpo se as mãos fossem
pregadas na barra horizontal da cruz. Para provar sua hipótese, ele montou um
experimento inválido, no qual enfiou um prego na palma da mão de um braço recém-
amputado (sem nenhum histórico clínico quanto à condição do braço), suspendeu um
peso de 88 libras (cerca de metade
109
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
TABELA 2
FORÇA DE TENSÃO NOS BRAÇOS Angulo do braço Tração em cada com a vertical mão em
libras 0 87 10 89 20 93 30 101 40 114 45 124 50 136 55 153 60 175 65 207 70 256 75
338 80 504 83 718 85 1.004 87 1.672 88 2.507 89 5.014
Nota: Tensão em libras exercida em cada mão de um individuo pesando 175 libras, de
acordo com o ângulo de cada braço com a vertical.
do peso de uma pessoa de 176 libras) no cotovelo e descobriu que o prego rasgou a
mão em dez minutos, tendo-se sacudido o conjunto. Ele juntou isso a cálculos
matemáticos derivados da fórmula de tensão para um homem suspenso em um ângulo de
65 graus, e indicou que resultariam em uma força de tração de cerca de 207 libras
(94 quilos) em cada mão. Ele então concluiu que as palmas das mãos não agüentariam
o peso de um crucarius.
As palmas das mãos não podem ser excluídas, porque a experiência de Barbet com o
braço amputado é inválida. Vamos ver por quê. Em
110
FIGURA 6-13
Qual é o montante da tração nas mãos quando os pés estão presos à estaca? Embora
não haja dúvida de que a hipótese de Barbet com respeito à tração nas mãos quando
os pés estão presos seja indefensável, o método científico exige que os princípios
sejam cumpridos para que
111
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
112
Durante nossos experimentos de suspensão, observamos que a dor nos braços e ombros
foi intensa quando nossos voluntários foram erguidos sem um suporte para os pés
(Figura 6-14) e notadamente reduzida quando os pés se encontravam seguros (Figura
6-15). Observamos, também, que Barbet aplicou a fórmula de tensão para determinar o
montante da tração nas mãos, embora ela seja aplicável somente no caso da suspensão
pelos braços sem que os pés estejam presos. Além disso, notamos que Barbet usou
apenas um braço amputado para chegar a suas conclusões, o que é estatisticamente
inválido. Finalmente, as condições do braço não foram divulgadas (a indicação usual
para amputação é gangrena). Essas observações levaram à seguinte hipótese.
EXPERIENCIA
A primeira fase de nossa experiência foi conduzida para determinar a exata tração
em cada mão durante a suspensão quando os pés estão pendendo livres, quando os pés
estão presos à estaca separadamente e quando eles estão presos um em cima do outro.
Foi necessário executar nossas experiências em uma cruz que possibilitasse uma
correspondência com o ângulo presumível dos braços de Jesus com a estaca, que
possibilitasse uma maneira de prender as mãos na barra horizontal sem comprimir os
pulsos e que permitisse que os pés ficassem apropriadamente presos à estaca. Uma
vigorosa cruz com uma estaca de 2,34 metros de altura, uma barra horizontal medindo
2 metros de largura e uma base segura com um ângulo de aço reforçado foi construída
pelo falecido padre Peter Weyland, um renomado escultor, ferreiro e sindonologista.
113
114
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
SEGURANDO OS PÉS-Uma série de orifícios numerados, com pequena distância entre si,
foi perfurada ao longo dos dois lados da estaca, numa extensão de 60 cm, na região
dos pés/pernas - para que um cinto especial pudesse ser colocado em diferentes
níveis, correspondendo a diferenças individuais na altura, para que assim os pés
ficassem seguros e firmemente apoiados na estaca.
FIGURA 6-14
Voluntário suspenso sem suporte para os pés. Todo o peso do corpo se concentra nas
mãos e nos ombros, causando muita dor. Mas não há dificuldade para respirar.
FIGURA 6-15
Voluntário suspenso com suporte para os pés. Há um grande alívio para as mãos e os
ombros, com uma pressão maior nas pernas quando os pés estão seguros.
FIGURA 6-16
Close-up da luva. Ela tem uma abertura na base dos dedos para receber o prego que é
inserido no patibulum, no ponto correspondente à extensão do braço do voluntário.
115
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
50.01
FIGURA 6-17
Aferidor de Distensão Digital Programável Omega. Usado para medir a força de tração
em cada mão.
calcanhares contra o stipes até que as solas dos pés ficassem na cruz no ponto mais
baixo possível e os pés permanecessem seguros nesse nível (Figura 6-18). Isso foi
repetido com um pé em cima do outro. As leituras foram retiradas dos aferidores e
gravadas. Os resultados dessa experiência são mostrados na Tabela 3.
CONCLUSÃO
Esses estudos validam totalmente a hipótese e também demonstram que a palma da mão
poderia agüentar um peso superior a 225 libras ou 102 quilos (por extrapolação). O
experimento também substancia o fato de que a fórmula de tensão não é aplicável
quando os pés estão presos à estaca, já que, nesse caso, boa parte da tensão é
exercida nas pernas. Sempre tive muitas reservas quanto ao experimento de Barbet
com o braço amputado, já que ele só o fez uma vez e, ainda assim, usando apenas um
braço. Amputações de braço são muito raras na medicina, e acontecem principalmente
quando existe gangrena por causa da obstrução do fornecimento vascular causado por
doença ou grave circunstância traumática. Em casos como esses, os tecidos
isquêmicos
116
TABELA 3 TRAÇÃO NAS TRAÇÃO NAS PESO DO VOLUNTARIO COM A ESTACA ANGULO MÃOS EM LIVRE
MÃOS SUSPENSÃO TRAÇÃO NAS MÃOS COM SUPORTE EM SUSPENSÃO (EM LIBRAS) (EM GRAUS)
LIVRE (MEDIDA PARA OS PES PESO+2 (COS) (EM LIBRAS) EM LIBRAS) (EM LIBRAS) 204 65
238/239 241 78/79 190 65 221/222 225 72/73 180 65 209/210 213 69/70 174 65 202/203
206 66/67
117
118
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 6-19
FIGURA 6-20
a. Um arranhão causado por fricção está presente no osso rádio, no local indicado
pela seta. presumivelmente produzido pela inserção do prego.
b. Detalhe de a.
e. Comparação da área do arranhão no osso rádio com um osso rádio normal e a ulna.
Da escavação Giv'at ha Mivtar. (Cortesia da Sociedade de Exploração de Israel.)
Haas.)
119
120
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
de crucificação ocorridos no Sudão, as vítimas foram pregadas nas palmas com cordas
amarradas em torno dos pulsos para garantir maior apoio (veja o Capítulo 5).
Aperte com força o punho de sua mão direita e dobre o pulso para a frente. O tendão
palmar longo vai sobressair no centro da frente do pulso em 90% dos indivíduos.
Esse tendão é usado anatomicamente para localizar o nervo mediano, que fica no seu
lado direito (veja as Figuras 6-2 a 6-4). Note como esse nervo corre pelo pulso e
se encontra com uma via junto com o sulco tenar, como foi descrito antes.
Além disso, o próprio ato de ser levantado com a barra horizontal e colocado no
encaixe no topo da estaca traria ainda mais dor, em razão da tração das mãos contra
os pregos. A alta temperatura e a exposição ao sol aumentariam ainda mais o
sofrimento. O levantamento da barra horizontal teria provocado uma dor brutal a
Jesus e um aumento no grau do choque traumático.
FIGURA 6-21
121
122
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
foi fixado em cima do outro usando-se apenas um prego. É interessante saber que,
apesar de nenhum dos Evangelhos especificamente relatar que os pés foram pregados,
eles informam que nenhum osso foi quebrado (João 19:33 e 36; Salmos 34:20; Números
9:12; Êxodo 12:46). Isso também está de acordo com o fato de que seria extremamente
difícil pregar um pé em cima do outro sem fraturar nenhum dos ossos, especialmente
usando pregos grandes e fortes, como o encontrado na escavação Giv'at ha Mivtar
(veja as Figuras 5-2 e 6-20).
Como já foi dito anteriormente, as revelações de Santa Brigite indicam que os pés
de Jesus foram fixados com dois pregos. Em outras épocas, os pés eram pregados lado
a lado, e Gregório de Tours, no século VI, escreveu: "Quatro Pregos (mãos e pés)".
Outros escritores da antiguidade, incluindo São Gregório Nazianzen, São Bonaventura
e Santo Anselmo, porém, parecem dar apoio à teoria dos três pregos, e muitos
sindologistas que estudaram o Sudário de Turim defendem a idéia de que um pé foi
posto sobre o outro. Isso por causa da estranha posição na impressão do Sudário,
com a ponta do pé direito avançando para dentro e com o pé esquerdo parecendo
ligeiramente menor. Mas isso não passa de especulação, por causa do efeito do rigor
mortis e da quebra incompleta do rigor. Eu já presenciei muitos casos de rigor
mortis em minhas investigações de cenas de crime e também antes de realizar
autópsias, em que nós rotineiramente temos de rompê-lo. O dr. Gambesia, um médico
americano, abraça a incomum e hipotética teoria dos dois pregos, dizendo que um
prego perfurou a área do metatarso de um pé enquanto um segundo prego atravessou a
frente do tornozelo eo calcanhar. Mas existe pouco suporte para essa teoria.
Suas reconstituições indicaram que a vítima foi posicionada na estaca com as pernas
separadas, tendo cada pé pregado nas laterais da cruz.
para segurá-los.
Se você aplicar o mesmo princípio à crucificação, vai perceber que, depois que as
mãos estivessem presas, o executor simplesmente dobraria os joelhos da vítima e,
talvez, de início amarrasse seus pés na estaca.
123
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 6-23
Posição dos pés durante a crucificação. As solas dos pés permanecem rente à estaca
pelo fato de os joelhos estarem ligeiramente curvados.
124
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O SUPPEDANEUM
Com Pregos
A dor da causalgia nos pés de Jesus teria sido extrema, com o prego pressionando os
nervos plantares, da mesma forma que se deu com o nervo mediano durante a
perfuração das mãos. Mesmo o menor movimento daria início a dores queimantes,
contínuas e lancinantes. Depois de um curto período na cruz, as fortes cãibras, o
adormecimento e o esfriamento da parturrilha e das coxas, causado pela compressão
devido à flexão dos joelhos, teriam forçado Jesus a arquear Seu corpo numa
tentativa de esticar as pernas. Isso se daria periodicamente, por todo o tempo em
que Ele permaneceu na cruz.
127
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 6-25
128
FIGURA 6-26 Suspensão experimental na cruz, com arqueamento. A posição arqueada èra
picamente assumida para aliviar a tensão nos ombros e para estender as pernas a fim
de aliviar as caibras.
130
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
causa da crescente efusão pleural. O suor abundante e a perda de sangue devem ter
aumentado o Seu grau de choque, causando-Lhe tontura e falta de ar. Seu batimento
cardíaco se acelerou e Seu coração iria bater fortemente contra o peito para
compensar a perda de fluido e o grau de choque. A dor também seria acentuada por
causa da profunda fadiga. Monheim escreve: "Um fator importante no limiar da dor de
um paciente é a fadiga. Já foi definitivamente provado que um paciente que se
encontra descansado e teve uma boa noite de sono antes de um acontecimento
desagradável vai ter uma resistência maior à dor do que aquele que está extenuado".
Como você sabe, Jesus ficou de pé durante quase toda a noite depois de sua agonia
mental no Jardim do Getsemani, e sofreu uma série de episódios traumáticos. Depois
de tudo isso, ele se encontrava extremamente exaurido, experimentando dores ubíquas
e num estado de choque crescente.
Quanto mais aprendemos sobre ciência, mais percebemos que seus maravilhosos
mistérios são todos explicados por umas poucas leis simples tão interligadas e tão
dependentes umas das outras, que vemos a mesma mente animando todas elas. Olympia
Brown, 1835-1900
E xistem várias teorias sobre o mecanismo e causa da morte de Jesus, mas as três
que merecem atenção incluem asfixia, causas relacionadas ao coração (ataque
cardíaco ou ruptura do órgão) echoque. Exaustivas investigações forenses em meu
laboratório com meticulosas experiências foram conduzidas para determinar a
validade de cada uma das hipóteses.
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Porém, aquilo que parecia uma análise convincente não foi baseado em fato
científico. As suposições de Barbet envolvem três pontos que ele acreditava que
seriam evidências para fundamentar suas hipóteses:
132
HIPÓTESES DE ASFIXIA
Hynek tentou confirmar as alegações de LeBec com uma observação que ele fez
enquanto servia no exército austro-germânico na Primeira Guerra Mundial. Hynek
testemunhou o enforcamento de soldados condenados pendurados pelos pulsos com seus
pés pouco acima do chão. Os soldados tinham que se erguer para expelir o ar dos
pulmões. Depois de um curto período, ocorreram violentas contrações de todos os
músculos, causando severos espasmos. O indivíduo torturado tinha extrema
dificuldade para expirar, causando a asfixia. Isso durava cerca de dez minutos, e
logo depois ele era retirado da forca. Barbet reforçou as observações de Hynek com
o depoimento de dois prisioneiros do campo de concentração de Dachau, que também
testemunharam o enforcamento de um condenado de modo similar. Os prisioneiros
recordaram que o condenado tinha dificuldade para respirar e continuamente erguia o
corpo num esforço para tomar fôlego, até que ficou muito exausto e morreu por
asfixia.
Ambas as observações são muito interessantes, mas somente seriam válidas quando
aplicadas a indivíduos cujos braços estão suspensos diretamente acima da cabeça e
as pernas pendendo livres. Além do mais, isso não é aplicável de forma alguma à
suspensão na cruz; seria como comparar maçãs com laranjas. Nessa circunstância, as
mãos estão suspensas acima da cabeça e suportam o peso do corpo. É uma situação
totalmente diferente daquela em que uma pessoa fica suspensa em um Angulo de 60 a
70 graus, com os pés presos a uma estaca. Barbet até
133
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
baseou sua hipótese num ângulo de 65 graus com a estaca e os pés presos. Isso
também é confirmado pela fotografia de um cadáver que Barbet pregou na cruz (veja a
Figura 6-7) e pelo crucifixo de Villandre (Figura 6-8).
Padrão de Bifurcação
O segundo ponto que Barbet usou numa tentativa de provar sua hipótese foi o fato de
que a imagem do ferimento da mão no Sudário (veja a Figura 6-5) revela um aparente
duplo fluxo de sangue, com um ângulo de cerca de 5 graus. Ele alegou que isso
demonstra que o ar ficava preso na inspiração, fazendo com que o homem no Sudário
se
134
HIPÓTESES DE ASFIXIA
erguesse para respirar, causando, assim, uma mudança do ângulo do fluxo de sangue
que emanava do ferimento no pulso e representando as duas posições que Jesus teria
assumido para poder respirar enquanto estava na cruz. Barbet postulou que Jesus
estava impossibilitado de expirar (expulsar o ar), como foi observado nos
prisioneiros do exército austro-germânico e em Dachau, pois o ar ficava preso na
inspiração (introduzir ar nos pulmões). Por conseguinte, ele teve que se erguer,
com ajuda dos pés, para expelir o ar de Seus pulmões. Essa interpretação do padrão
de bifurcação é totalmente ridícula, porque a imagem do ferimento na mão que mostra
esse padrão encontra-se nas costas da mão, não na frente. Por que isso
interessaria? Muito simples. A parte de trás da mão é pressionada contra a barra
horizontal da cruz pelo prego. Qualquer quantidade de sangue que pudesse escapar
formaria uma grande mancha nas costas da mão. Além disso, não deve ter havido
sangramento, porque o enorme prego teria selado o ferimento; os braços estariam
acima da cabeça, obstruindo o fluxo venoso, e a pressão sangüínea estaria baixa por
causa do estado de choque.
135
136
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
sangue poderia ter escorrido pelos dois lados da protuberância do estilóide ulnar,
criando o padrão visto no Sudário (consulte o Capítulo 14, na parte "Ferimento da
Mão", para uma discussão completa).
QUEBRAR AS PERNAS
resultar na perda de dois litros de sangue, e mais de quatro litros serão perdidos
se os dois ossos femorais forem fraturados. A quebra das pernas causaria uma grave
hipovolemia, acrescida à perda de sangue e de fluidos corporais por causa do
açoitamento, da hematidrose e do suor excessivo, além da perfuração dos pés e mãos,
do tempo na cruz etc. Em alguns casos, uma volumosa embolia pode ocorrer,
resultando em morte rápida. Como o crucarius já se encontrava em severa condição de
fraqueza por causa do choque, a acentuada hemorragia resultante da fratura dos
ossos das pernas e a violenta dor iriam aprofundar o nível do choque traumático e
hipovolêmico, com conseqüente queda na pressão sanguínea e rápido congestionamento
nas extremidades inferiores, resultando em perda da consciência, coma e morte.
Historicamente, acredita-se que a skelokopia era executada em todos os crucarius,
incluindo aqueles que usavam sedile (sela) e ficavam suspensos por longos períodos
de tempo. Certamente, quebrar as pernas das vítimas que tinham o sedile como apoio
seria contraditório, já que esse procedimento era adotado para que não pudessem se
erguer a fim de respirar. O crurifragium tinha uma segunda função - prevenir que a
vítima se arrastasse depois da remoção da cruz se ainda estivesse viva e, assim,
evitar que fosse devorada por animais selvagens. É interessante que há muitos que
acreditam que as pernas eram quebradas para agradar ao público.
137
138
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
HIPÓTESES DE ASFIXIA
enrolado em volta da parte superior do braço e os cabos foram presos a uma unidade
de medição eletrônica de pressão para obter dados referentes aos períodos de
descanso e suspensão. Um oxímetro auricular (Figura 7-3), que permitiu leituras do
nível de oxigênio no sangue antes e durante a suspensão, foi preso a cada orelha.
A EXPERIÊNCIA
A cruz usada nestas experiências foi montada da mesma forma que a cruz utilizada
nos experimentos de suspensão discutidos no capítulo anterior.
Instruções e precauções
Antes de ser amarrado à cruz, cada voluntário foi instruído a nos informar
imediatamente sobre dificuldades para respirar, qualquer tipo de dor, cãibras nos
músculos ou qualquer outro problema que estivesse experimentando.
Cada voluntário subiu numa pequena escada ou numa mesa e seus braços foram
esticados na barra horizontal de forma que se encontrasse o orificio numerado
correspondente à extensão de seu braço. Os parafusos foram, então, inseridos nesses
orificios e as luvas protetoras foram colocadas por cima deles. A escada ou mesa
foi gentilmente retirada e o corpo pôde ficar totalmente suspenso. Os joelhos,
então, foram dobrados deslizandose os calcanhares contra a estaca, até que as solas
dos pés ficassem bem firmes, no ponto mais baixo possível, e os pés foram amarrados
exatamente nesse ponto usando-se as cintas (Figura 6-24).
139
140
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 7-2
FIGURA 7-3
HIPÓTESES DE ASFIXIA
FIGURA 7-4
suspensão.
OBSERVAÇÕES VISUAIS
141
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
superior dos braços, nos músculos do peito e nas coxas em quase todos os
voluntários, particularmente depois de 10 a 15 minutos de suspensão. Alguns
voluntários queixaram-se de formigamento nas mãos, nos braços e em algumas áreas
onde ocorria contração muscular.
QUEIXAS SUBJETIVAS
Foi pedido a cada voluntário que apresentasse suas queixas subjetivas sobre o que
haviam experimentado durante todo o procedimento da suspensão, incluindo dores,
localização das dores, sentimentos psicológicos, dificuldade para respirar e assim
por diante. A queixa mais comum referia-se à forte tensão nos ombros; rigidez, dor
e cabras nas panturrilhas; ou dor nos joelhos, pés e pulsos. Todos os indivíduos
estavam informados quanto à sua respiração e indicaram que o peito estava um tanto
rígido. A respiração se tornou abdominal e as inspirações eram curtas, com
expirações mais longas. Não foi reportado, no entanto, nenhum caso de dificuldade
na respiração, em nenhum estágio da suspensão. Em alguns casos raros, respiração
espasmódica foi
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HIPÓTESES DE ASFIXIA
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
HIPÓTESES DE ASFIXIA
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
HIPÓTESES DE ASFIXIA
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
QUÍMICA SANGUÍNEA
RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA
1. O ângulo dos braços com a estaca foi diferente entre os indivíduos, com uma
variação de 64 a quase 70 graus.
4. Uma queixa comum foi um sentimento de rigidez no peito e um pouco de dor nas
pernas entre 8 e 15 minutos após o início da suspensão. Quando isso aconteceu, foi
permitido aos voluntários que endireitassem as pernas arqueando o corpo.
148
HIPÓTESES DE ASFIXIA
7. A freqüência cardíaca elevou-se a 170, mas não houve arritmias, exceto por uma
ou outra batida irregular. Houve algumas freqüências mais altas, que chegaram a
180, mas diminuíram logo que os voluntários superaram o medo inicial. A pressão
sanguínea aumentou em vários graus, dependendo do estado de condicionamento do
voluntário. O eletrocardiograma mostrou somente tremores musculares e prematuras
contrações benignas nos átrios e nos ventrículos, mas nenhuma anormalidade cardíaca
significativa.
8. As costas dos voluntários nunca tocaram a cruz. A dor nos ombros ou nas pernas
fez que muitos deles arqueassem seus corpos, de forma que o topo da cabeça tocasse
a estaca, aliviando, então, a dor nas panturrilhas, joelhos, ombros e pulsos
(Figura 6-26).
EXPERIÊNCIAS ADICIONAIS
Posição na Cruz
149
150
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
ficassem grudadas na cruz, no ponto mais baixo possível da estaca, com os pés
seguros por uma cinta. Isso foi repetido com um pé em cima do outro. Foi importante
estabelecer nossas condições da mesma maneira que Barbet, para podermos provar ou
refutar sua teoria da asfixia.
Endireitando o Corpo
Essa experiência foi conduzida para determinar se era possível endireitar o corpo,
como foi proposto por Barbet. Já que a posição dos nossos voluntários correspondeu
aos critérios indicados por Barbet (estabelecidos na experiência anterior), foi
pedido aos voluntários selecionados que endireitassem o corpo. Foi-lhes dito que
tentassem empurrar os pés contra as amarras, com toda a força possível, como se
suas vidas dependessem disso. A experiência foi repetida com um pé em cima do
outro.
condições físicas não conseguiram empurrar o corpo para se endireitar, por mais que
tentassem, seria improvável que uma pessoa machucada e exaurida, particularmente
sentindo uma dor extrema e pregada pelas mãos e pelos pés, conseguisse obter forças
para endireitar o corpo.
Padrão de Bifurcação
151
152
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
RESULTADOS: Nós notamos, em todos os testes, que não houve mudança no ângulo dos
pulsos; em vez disso, na maioria dos casos, os braços dobraram-se nas articulações
laterais entre o rádio e a ulna e os ossos carpais proximais (Figura 7-5b), e em
alguns casos eles se dobraram nos cotovelos. Essa experiência demonstrou que não é
possível endireitar o corpo a partir da posição "caída", refutando, assim, a
hipótese de Barbet de que o padrão de bifurcação era prova de que o crucarius
assumiu duas posições. A experiência demonstrou também que, mesmo se o crucarius
pudesse se endireitar, não haveria mudança no ângulo do pulso, refutando essa parte
da hipótese de Barbet.
Apesar dos fatos citados, ainda existem aqueles que propagam as hipóteses de Barbet
de que o crucarius teve de assumir duas posições na cruz-a "posição caída", em que
o ar é preso na inspiração, e a posição mais ereta, a fim de expirar, e quando não
fosse mais possível esticar o corpo, a vítima morreria asfixiada.
HIPÓTESES DE ASFIXIA
FIGURA 7-5
a) Já que não é possível que o voluntário se levante por conta própria, ele é
ajudado, para que o ângulo da mão na região do pulso possa ser observado.
b) Essa experiência revela que não houve mudança no ângulo do fluxo sanguíneo no
pulso, mesmo se o voluntário tivesse conseguido se levantar por conta própria.
153
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
154
HIPÓTESES DE ASFIXIA
155
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Eu apresentei todas essas questões de forma clara para que todos contemplassem se o
crucarius, Jesus, seria fisicamente capaz de se erguer para respirar em um período
de várias horas enquanto suspenso na cruz, como proposto por Barbet. Será que uma
pessoa em estado de choque traumático e hipovolêmico, que já tinha sido espancada
na casa de Caifás (o sumo sacerdote); tinha passado por uma extrema ansiedade, a
ponto de sofrer hematidrose; tinha sido brutalmente açoitada com o flagrum; sofrido
neuralgia do trigêmeo por causa da coroa de espinhos; tropeçado e caído por cerca
de 800 metros, carregando uma barra horizontal de madeira que pesava de 50 a 75
libras, ao longo de parte do caminho; que foi, então, perfurada nas mãos e pés com
grandes pregos na região dos nervos medianos e plantares e suspensa numa cruz,
poderia repetidamente forçar seus pés e mãos inchados e doloridos contra os pregos
para tentar respirar, em um período de várias horas? Eu acho que não!
156
Vocês não percebem quão necessário é um mundo de dores e conflitos para que uma
inteligência seja escolada e transformada numa alma?
John Keats
158
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
teria obstruído a artéria coronária (trombose coronária), fato que ele atribui a
exaustão, desidratação, baixo nível de oxigênio no sangue, estresse psicológico,
incluindo medo e frustração, açoitamento, agonia na cruz e asfixia em pequeno grau.
No entanto, o professor Bernard Knight, um renomado patologista forense e ex-
diretor do Instituto de Medicina Forense de Cardiff, País de Gales, comentando a
teoria de Bollone, relatou: "Os dados são muito escassos para afirmar que Jesus
morreu de ataque cardíaco e asfixia ou se ele morreu num tempo mais rápido que o
normal para uma crucificação. Cientificamente, se você não tem nenhum dado básico,
não pode tirar conclusões. É como dizer que a Lua é feita de queijo verde."
159
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Artéria pulmonar
Auricula
Auricula direita
Artéria
Aorta
esquerda
Placas
oclusivas
coronária
Artéria
coronária
direita
esquerda
ÁREA DO
Ventriculo
INFARTO
direito
LOCAL
DA OCLUSÃO
Ventriculo
FIGURA 8-1
esquerdo
160
HIPÓTESES DE ATAQUE CARDIACO/RUPTURA DO CORAÇÃO
um dia (muito raramente) ou quatro semanas depois do ataque, mas é mais comum
durante a primeira semana, com um tempo médio de ocorrência de sete dias.
161
162
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Choque Hipovolêmico
Ochoque hipovolêmico (choque de baixo volume) é marcado por uma significativa queda
no volume de sangue, decorrente de hemorragia ou perda de fluidos corporais
(diarréia, vômito, queimaduras etc.), causando uma queda na pressão sanguínea,
constrição dos vasos sanguíneos periféricos e um aumento na taxa cardíaca como
forma de compensação,
19 164
165
166
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
pálpebras endurecem em cima dos globos oculares, produzindo um olhar fixo, a ponta
da língua se torna rígida e amortecida e a pobre vítima tem visões de piscinas
límpidas e riachos cintilantes".
Choque Traumático
RECONSTITUIÇÃO FORENSE
Para que se possa chegar à mais provável causa da morte de Jesus, é essencial que
se examinem, na seqüência, todos os eventos, do Getsemani ao Calvário. A extrema
agonia mental exibida no Jardim do Getsemani teria causado alguma perda no volume
de fluido circulante (hipovolemia), tanto por causa do suor como por causa da
hemaditrose, e teria provocado acentuada fraqueza. O bárbaro açoitamento com o
flagrum composto de tiras de couro contendo pesos de metal ou pedaços de osso nas
pontas teria causado penetração na pele e trauma nos nervos, músculos e pele,
fraturas nas costelas ou deslocamentos das costelas e da cartilagem, lacerações,
infiltração de sangue através dos espaços intercostais e da musculatura das costas
e do tórax, escoriações, ruptura alveolar (espaços de ar nos pulmões) e, muito
provavelmente, colapso de um pulmão (pneumotórax), reduzindo a vítima a uma
condição exaurida e deplorável.
Experiências feitas com animais por Daniels e Cate mostraram que golpes no peito
dos bichos resultaram em ruptura nos espaços que retêm ar no pulmão (alvéolos) e
espasmos nos tubos de ar (brônquios). Além disso, o termo pulmão traumático molhado
refere-se ao acúmulo de sangue, fluido e muco proveniente de um grave trauma
(ferimento) no peito. Tenney e Primrose também concluíram que Jesus teria
experimentado choque traumático. Embora eles não mencionem choque hipovolêmico,
podem ter considerado a hemorragia e a perda de fluidos como parte do trauma.
167
168
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
devastadoras, cada vez que Ele era atingido com um cetro, ou cada vez que caía no
caminho para o Calvário, e toda vez que era empurrado pelos soldados. A respiração
ou mesmo os movimentos da caminhada Lhe teriam provocado dor. Isso se teria somado
ao estado de choque traumático induzido pelo açoitamento. A estrada ingreme e
vertiginosa para o Gólgota, o sol ardente, o ato de carregar a barra horizontal da
cruz nos ombros por um curto período, as freqüentes quedas e golpes que sofreu
também teriam contribuído para o choque traumático e hipovolêmico. A efusão pleural
(líquido ao redor dos pulmões) teria aumentado gradualmente depois do brutal
açoitamento e começado a comprometer a respiração. A hemorragia nas costelas
fraturadas e as lacerações nos pulmões teriam contribuído para a hipovolemia.
169
170
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
fortes do sol do meio-dia, pelo calor produzido pela atividade muscular aumentada e
pelas respostas hipotensivas (baixa pressão sanguínea) do corpo à dor e hipovolemia
(baixo volume de fluido). Como não houve tentativa de repor os fluidos ou de cessar
a dor, os mecanismos compensatórios teriam chegado a um ponto de saturação. Eu
detalhei conclusões e resultados de uma pesquisa e discuti as teorias sobre asfixia
e ruptura do coração num artigo chamado "Morte por Crucificação", que apresentei em
um dos mais exigentes e prestigiosos fóruns de patologia forense do mundo - A Seção
de Patologia Forense no 35° Encontro Anual da Academia Americana de Ciências
Forenses, em Cincinnatti, Ohio, no dia 19 de fevereiro de 1984. O leitor deve se
reportar a esse artigo, que mais tarde foi publicado no Canadian Society of
Forensic Science Journal", vol. 17 (1983): 1-13, para uma discussão mais
aprofundada sobre os mecanismos de choque envolvidos na crucificação, dede o início
até a morte.
causa de choque. Barbet, porém, não fez nenhuma referência a ele na parte principal
de seu livro, A Doctor at Calvary, mas inclui a opinião do amigo no Apêndice II.
Dessa forma, o dr. Smith é assim citado:
"Eu sou da opinião de que existe uma notável evidência de que Cristo morreu de
falha cardíaca, por causa do extremo choque causado pela exaustão, dor e perda de
sangue. Quanto à asfixia, ou falha respiratória, como preferimos denominá-la, o
autor [referindo-se a Barbet] acha que isso aconteceu porque os músculos
respiratórios se tornaram rigidos na inspiração devido à queda do tronco para a
frente, afastandose da seção vertical da cruz, dificultando o ato de expirar e
assim esvaziar os pulmões do dióxido de carbono. Essa teoria não é apoiada por
algumas das evidências indicadas no livro
Pilatos pareceu surpreso com o fato de Jesus ter morrido tão cedo, e certamente
isso foi baseado em sua vasta experiência, depois de ter ordenado inúmeras
crucificações. Em minha opinião profissional,
171
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
porém, a razão da morte aparentemente prematura de Jesus originase no brutal
açoitamento ao qual Ele foi submetido (pelo qual Pilatos foi responsável, a fim de
tentar aplacar a multidão) e em outros ferimentos recebidos durante Sua jornada do
Getsemani ao Calvário. O açoitamento de Jesus foi particularmente violento. Lembre-
se de que Pilatos não encontrou nenhuma evidência de que Jesus havia cometido algum
crime e, assim, não poderia justificar Sua crucificação. Ele o mandou para Herodes,
que o despachou de volta. Então, num último esforço, Pilatos ordenou o perverso
açoitamento, numa tentativa de acalmar a multidão. Jesus foi duramente açoitado,
causando sérios danos aos pulmões, costelas e à estrutura do corpo, levando-o a um
estado de choque prematuro, manifesto por meio de extrema fraqueza, tremores,
provável colapso do pulmão, ataques e desmaios. Adicione se a isso, ainda, a
angústia mental, a coroa de espinhos, o ato de carregar a barra horizontal da cruz
e todo o processo de crucificação. Assim, qualquer pessoa com algum conhecimento de
patologia forense ou medicina de emergência ficaria espantada ao saber como Ele
agüentou por tanto tempo, sem se surpreender com Sua morte relativamente rápida.
172
Então um dos soldados furou o lado de seu corpo com uma lança e de lá saíram sangue
e água. João 19:34
O fenômeno "sangue e água" descrito por João tem sido há muito tempo foco de
controvérsia, e muitas teorias foram postuladas para tentar explicá-lo. Para
entender as várias hipóteses e a validade de cada uma delas, o leitor deve se
familiarizar com a anatomia relevante e os mecanismos pelos quais o corpo forma
fluidos ao redor dos pulmões e no tórax.
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Arteria inominada
Artéria e veia
subclavia esquerda
LINN.
ARCH
SVC
Aa.
DAUR
AUR
R.ATR
Quinto
espaço intercostal
FIGURA 10-1
R.V.
L.V.
M Orificio mitral P Orificio pulmonar RV Ventriculo direito SVC Veia cava superior
T Orificio tricuspide
*N. do T: Editado no Brasil com o titulo Manual de Anatomia Prática, Ed. Atheneu,
1976.
174
O PERICÁRDIO E O CORAÇÃO
O pericárdio é um saco em forma de cone feito de uma fina membrana fibrosa, porém
muito forte, que contém o coração e as raízes dos grandes vasos sanguíneos,
incluindo a aorta (a maior artéria, que leva o sangue do coração para todas as
partes do corpo), a veia cava (que carrega o sangue do corpo de volta para o
coração) e a artéria e a veia pulmonares (que transportam sangue de e para os
pulmões). O saco pericárdico está firmemente ancorado na cavidade torácica, com seu
"pescoço" junto dos grandes vasos localizados no topo do coração. A base está presa
firmemente à parte central do diafragma (fino músculo em forma de cúpula que separa
a cavidade torácica da cavidade abdominal); as laterais do saco estão presas a cada
pleura (as membranas que circundam cada pulmão); e a frente do saco está ligada à
parede torácica.
O coração, dentro do saco pericárdico, estende-se pelo lado esquerdo do peito, como
indicado na Figura 10-1. Note que o átrio direito, que é a câmara direita superior
do coração (indicado por R. ATR), estende-se por aproximadamente 2,5 centímetros à
direita do osso esterno, enquanto os ventrículos esquerdo e direito (as câmaras
inferiores do coração, indicadas por LV e RV), assim como o átrio esquerdo, ou
câmara superior esquerda do coração, se estendem predominantemente pelo lado
esquerdo do esterno. Se fluido se acumula no saco pericárdico, ocorre o que se
chama de efusão pericárdica, que é clara e aquosa. Se sangue se acumula no saco
pericárdico, então ocorre o hemopericárdio. Essa condição é usualmente causada pela
ruptura do músculo cardíaco ou da raiz da aorta. Em um indivíduo normal, o coração
é relativamente móvel dentro do saco, mas em diversos casos patológicos essa
mobilidade pode ficar seriamente comprometida.
Cada pulmão é também circundado por uma bolsa membranosa chamada pleura. O espaço
potencial entre a pleura e o pulmão é chamado espaço pleural. Se fluido se acumula
nesse espaço, seja por causa de um ferimento (trauma) na parede torácica e nos
pulmões, seja por causa
175
176
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Agora que temos uma idéia básica da anatomia dessa área e informações sobre fluido
ou sangue nas cavidades pericárdica e pleural, vamos investigar e analisar as
diversas hipóteses que nos foram apresentadas para tentar chegar àquela que é mais
aceitável.
A Tabela 4 mostra as várias hipóteses que foram propostas para explicar o fenômeno
"sangue e água". A mais plausível é a última, chamada Hipótese 11. Ela indica que a
lança penetrou no átrio direito do coração (câmara superior direita), que teria se
enchido de sangue porque, imediatamente antes da falência cardíaca, o coração se
contraiu e ejetou o sangue na circulação pela última vez. Em resposta, o átrio
direito se encheu passivamente de sangue por causa da pressão elevada da
circulação. Uma maciça efusão pleural (fluido em volta dos pulmões) que vinha se
acumulando lentamente nas horas seguintes ao açoitamento (a efusão pleural é
normalmente detectada algumas horas depois de se receber golpes no peito) já se
fazia presente. O repentino golpe da lança arremessada por um dos soldados penetrou
o pericárdio e o átrio direito. O rápido e violento movimento feito para retirar a
lança, então, liberou o sangue, que aderiu à lâmina, e um pouco da efusão pleural
da cavidade pleural, resultando no fenômeno de "sangue e água". Porém, não haveria
nenhuma substância aquosa fluindo do peito, já que depois que a lança foi retirada,
o ar entraria rapidamente no peito, aumentando a pressão na cavidade torácica e
causando, assim, o pneumotórax (colapso do pulmão). Só teria havido um fluxo de
substância aquosa e sangue do ferimento em razão da penetração inicial da lança
(imediatamente antes do colapso), e uma pequena quantidade de sangue do átrio
direito do coração teria sido carregada pela ponta do objeto. Isso faria o nível de
fluido ao redor do pulmão baixar, já que haveria mais espaço no peito por causa do
colapso dos pulmões.
177
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
HIPÓTESE 1
HIPÓTESE 2
(sangue)
HIPÓTESE 11 (a) átrio direito do coração perfurado pela lança (sangue) e efusão
pleural resultante do açoitamento (água)
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HIPÓTESES 1 a 3 podem ser eliminadas, já que assumem que Jesus estava vivo, quando
não existe dúvida de que Ele já se encontrava morto quando foi atingido pela lança.
As Escrituras são claras a esse respeito. São João declara: "Vieram então os
soldados e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com Ele fora crucificado,
mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto, não Lhe quebraram as pernas;
contudo, um dos soldados Lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água"
(João 19:32-34). Todas as hipóteses que supõem que Jesus estava vivo quando a lança
O atingiu parecem estar baseadas na idéia de que não sai sangue de um corpo sem
vida. Isso não é verdade. O sangue pode fluir dos ferimentos de um morto,
especialmente se a morte ocorrer de forma violenta. Certos fatores químicos no
sangue, responsáveis pela coagulação, não parecem ser particularmente ativos em
algumas pessoas, e substâncias químicas chamadas trombolisinas, que têm a
capacidade de dissolver coágulos, parecem estar presentes em grandes quantidades em
tais indivíduos. Por experiência, sei que o sangue não coagula em muitos indivíduos
que morrem violentamente por causa do aumento das trombolisinas, as quais impedem a
coagulação. Em vítimas de homicídio e de acidentes automobilísticos, há um
escoamento das feridas durante o transporte e outros movimentos do corpo. Além
disso, o sangue permanece sem coagular em várias pessoas levadas para a autópsia
por cerca de oito horas após a morte, mesmo em caso de morte por causas naturais,
em de
As oito hipóteses restantes (4 a 11) são todas baseadas no fato de que Jesus estava
morto no momento em que foi atingido pela lança. Nas hipóteses 4 a 8, o saco
pericárdico é furado pela lança. Nas hipóteses 4a7, o sangue está presente no saco
pericárdico por causa da ruptura do coração (hipóteses 4 e 5) e ruptura da aorta
(hipóteses 6 e 7). O "fenômeno do sangue" é atribuído ao sangue puro sob pressão no
saco pericárdico nas hipóteses 4 e 6 e ao sangue separado (com o soro claro por
cima e a camada sanguinolenta embaixo) nas hipóteses 5 e 7.
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180
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
HIPÓTESE 7 propõe uma aorta rompida, mas com a separação do sangue no saco
pericárdico em uma camada superior de soro e uma inferior contendo sangue. Isso
também não é aceitável, pela mesma razão apresentada para as hipóteses 4 a 6.
fluido claro migrar do pericárdio para a parede torácica através do "túnel", como
indicado por Barbet, sem se misturar com sangue.
HIPÓTESE 10, proposta por Savio, atribui o fenômeno "sangue e água" à efusão
pleural hemorrágica que se separou em uma camada superior de soro e uma camada
inferior sanguinolenta. Se a lança penetrasse no peito em um cenário desses, o
fluido que emanaria quando ela fosse retirada seria claro ou rosado, não
propriamente sangue e água.
A forma como o crucarius era removido da cruz é pura especulação, já que não existe
informação na literatura antiga. Mas a reconstituição baseada em fatores anatômicos
e mecânicos permite diversas possibilidades lógicas. Em primeiro lugar, se os
pregos atravessassem a madeira até a parte de trás da cruz, eles poderiam ser
facilmente removidos com algumas pancadas em sua extremidade. Uma corda seria
amarrada na cintura da vítima e acima da barra horizontal como apoio (lembre-se de
que durante a suspensão as costas ficam distantes da estaca). Então os pregos dos
pés seriam removidos com pancadas nas pontas utilizando-se um martelo, enquanto um
membro do quaternio segurava a corda. Outros membros do quaternio, simultaneamente,
removeriam os pregos das mãos. Como os pregos eram quadrados e
181
182
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Em alguns casos o prego teria que ser arrancado da cruz, particularmente nas
situações em que o objeto não atravessasse a madeira. O prego descoberto no
calcanhar do homem na escavação Giv'at ha Mivtar tinha sido fixado na lateral da
estaca, de forma que a ponta do prego não atravessaria a madeira. O prego estava
curvado na ponta e ainda havia preso a ele um pedaço de madeira da cruz,
confirmando uma técnica de remoção com goiva ou cinzel.
No momento da remoção, o corpo estaria num estado de rigor mortis, com os braços e
pernas no mesmo ângulo assumido por último na cruz (veja discussão sobre rigor
mortis e quebra do rigor mortis no Capítulo 14 e a Figura 14-1).
A literatura está inundada com alegações de que a Ressurreição de Jesus não ocorreu
porque Ele estava vivo quando foi descido da cruz, e apenas fingia que estava
morto. Esses argumentos receberam o termo Teoria do Desmaio, porque todas as
asserções compartilham o mesmo tema, ou seja, que Jesus não estava morto, mas em um
estado inconsciente ou em coma (induzido, para simular a morte) quando foi retirado
da cruz. Essa teoria compreende várias hipóteses que foram repetidamente refutadas
por experts em teologia e ciência, e em alguns casos os autores foram
escancaradamente apresentados como
impostores. Algumas das hipóteses chegam ao cúmulo de afirmar que, seo Sudário é
autêntico, poder-se-ia dizer que o sangue, particularmente ao redor do ferimento
lateral, prova que Jesus estava vivo quando foi envolto no Sudário. Infelizmente,
como na lenda da fênix, a Teoria do Desmaio é reduzida a cinzas, mas ressurge de
tempos em tempos. Obviamente, uma parte do público contesta a Ressurreição de todas
as maneiras. Eles se recusam a desistir da teoria, pois sabem que a única maneira
de concluir isso seria provando que Jesus não morreu na cruz. Vários autores
perceberam isso e descobriram um nicho lucrativo, um campo fértil. Alguns dos mais
conhecidos e citados artigos e livros sobre a Teoria do Desmaio são discutidos
aqui. Alguns livros se tornaram best-sellers e fizeram fortunas para seus autores.
184
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
comunidade hippie em que um homem havia sido esfaqueado no peito durante uma briga
doméstica. O homem estava inconsciente, mas o som do ar sendo sugado para dentro do
peito através do sangue e outros fluidos corporais podia ser ouvido na sala.)
Pilatos também checou com o centurião para certificar-se de que Jesus estava morto
antes de liberar o corpo para José de Arimatéia (Marcos 15:43-45). Agora, se o
Sudário é autêntico, ele acabaria com todas as dúvidas, porque registra uma
inegável evidência de rigor mortis (veja o Capítulo 12). Além disso, se Jesus
estivesse fingindo estar morto por baixo da vestimenta, não haveria ritual
funerário, incluindo o ato de lavar o corpo, eo Sudário estaria saturado de sangue
oriundo das inúmeras lacerações e feridas, pois mesmo o menor machucado iria
sangrar profusamente enquanto o coração batesse.
AS TEORIAS DO DESMAIO
Karl Bahrdt
Karl Bahrdt propôs que Jesus era membro da sociedade secreta dos essênios, uma
seita ascética judaica que vivia perto do Mar Morto naquela época. Bahrdt alega que
Jesus era um impostor e que a Ressurreição nunca aconteceu. Em Ausführung des Plans
und Zwecks Jesu (1784-92), ele afirma que Jesus estava em coma ou sono profundo
assistido por São Lucas, o médico, que deu a Ele drogas para que aguentasse o
sofrimento da Crucificação, e Sua aparente Ressurreição foi um despertar do coma,
assistido por José de Arimatéia. Ele diz, então, que no terceiro dia, quando Jesus
retornou, Sua aparição assustou os vigias da tumba e Ele foi viver em reclusão com
os essênios. Admite-se que Jesus poderia ser um essênio, já que ele criticava os
saduceus e os fariseus, mas nunca os essênios. Bahrdt segue com inúmeras alegações
sem nenhuma base científica, histórica ou teológica. Segundo ele, a multiplicação
dos pães para alimentar o povo não foi milagre, mas tratava-se de um estoque
de alimentos que estava escondido; Seu retorno da morte foi um despertar do coma ou
sono profundo; Seu andar sobre as águas deveuse a uma plataforma colocada sob a
superfície da água etc.
Karl Venturini
Na mesma época, Karl Venturini propôs uma versão similar à teoria de Bahrdt, mas um
pouco mais simples. Ele sugeriu que Jesus era membro de uma "sociedade secreta",
que queria que Ele fosse reconhecido como um Messias espiritual e não esperava que
Ele fosse crucificado. Um membro dessa sociedade, vestido de branco, ouviu lamentos
vindos da tumba, espantou os guardas e resgatou Jesus, que depois disso foi viver
em reclusão. Muitas outras hipóteses similares foram propostas.
COMENTÁRIO: Assim como a teoria de Bahrdt, essa versão é totalmente especulativa,
sem nenhum suporte teológico, histórico ou científico.
Heinrich Paulus
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Ahmadi
Nicolas Notovitch
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Ernest B. Docker
Em 1920, Ernest B. Docker, um juiz, teorizou que Jesus estava num estado auto-
hipnótico que dava a impressão de morte, e ainda repudia as Escrituras afirmando
que o golpe com a lança aplicado pelo soldado pode nunca ter acontecido.
Em 1957, tanto Robert Graves quanto Joshua Podro propuseram que Jesus estava em
coma na cruz, que a lança perfurou o peito, mas não os pulmões, e que o "fenômeno
sangue e água" indicou que Jesus não morreu. Eles também afirmam que, quando um
guarda O encontrou vivo durante sua tentativa de roubar os preciosos ungüentos do
Sudário, ele deixou que Jesus partisse. Jesus, então, apareceu aos Seus discípulos
e partiu para um esconderijo.
Hans Naber
Em 1957, Hans Naber (ou Kurt Berna, John Reban) relatou no livro alemão Inquest on
Jesus Christ-Did He Die on the Cross? que Jesus não morreu na cruz. Sua tese foi
totalmente baseada nas imagens do sangue da testa e da ferida da lateral do corpo
mostradas no Sudário de Turim, alegando que o coração tinha que estar batendo para
que tais
189
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
de Jesus. O leitor também deve consultar a seção intitulada "O Homem do Sudário Foi
Lavado depois da Morte?", no Capítulo 14. Finalmente, minha avaliação do homem do
Sudário combina com a de outros patologistas forenses e gerais que estudaram a peça
- o rigor mortis estava presente (veja a seção "Quebrando o Rigor", no Capítulo
14).
J. D. M. Derrett
COMENTÁRIO: Isso também é como um conto de fadas, sem nada que substancie as
asserções. A morte de Jesus não dependia do fato de Seu coração ser perfurado.
Derrett ignorou por completo os inúmeros ferimentos que Jesus sofreu. De qualquer
modo, para concordar com o relato nas Escrituras do "fenômeno sangue e água", o
coração teria que ter sido perfurado.
Barbara Thiering
Em 1992, Barbara Thiering, em seu livro Jesus and the Riddle of the Dead Sea
Scrolls", usa sua própria interpretação dos Pergaminhos do Mar Morto e postula que
Jesus estava inconsciente na cruz, depois de ter ingerido veneno de cobra, e que
Ele arquitetou Sua fuga da tumba.
191
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Em 1992 e 1993, como Hans Naber, Holger Kersten, um professor, e Elmar Gruber, um
parapsicólogo, anunciaram que sua conclusão, baseada em intensos estudos sobre o
Sudário, mostrou que Jesus não morreu na cruz porque o sangue impresso no Sudário
prova que o coração ainda batia quando Ele foi embrulhado no tecido. Em seu popular
livro, The Jesus Conspiracy", eles atribuem isso a um plano que envolvia José de
Arimatéia, Nicodemos e o centurião, por meio do qual teriam drogado Jesus com ópio
depois de três horas na cruz, em seguida retirando-O e levando-Oà tumba. Eles
tentaram reforçar a tese dizendo que Jesus teria ficado só três horas na cruz,
quando outros homens crucificados da mesma maneira permaneciam vivos por horas e
até mesmo dias. Eles sugerem que aloé e mirra foram colocados no corpo enquanto Ele
estava sendo embrulhado, para curar Seus ferimentos. Afirmam que Jesus foi levado
pelos essênios. Já que a autenticidade do Sudário é exigida (sine qua non) para que
a teoria funcione, eles fazem uma revisão completa da literatura a respeito do
Sudário e declaram que a datação por carbono foi forjada pela Igreja, que teria
substituído amostras do século XIII pela datação de carbono em 1988. Eles tentam
explicar o mecanismo da formação da imagem no Sudário dizendo que ungüentos herbais
aplicados no corpo se misturaram ao suor na vestimenta e assim foi criada uma
imagem de contato.
COMENTÁRIO: Essa hipótese, assim como a de Naber, que já foi descrita, é baseada na
autenticidade do Sudário. Os mesmos argumentos que utilizei para refutar a hipótese
de Naber podem ser usados para
"N. do T.: publicado no Brasil sob o titulo A Conspiração Jesus, pela editora Best
Seller.
192
Karl Herbst
Karl Herbst, um ex-padre católico que acreditava que Deus não permitiria que Seu
filho morresse e que dizia que a datação por carbono de 1988 estava errada,
publicou um livro chamado Kriminalfall Golgotha para mostrar que Jesus não morreu
na cruz. De acordo com o
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Rodney Hoare
Rodney Hoare, que morreu em 1997, era presidente da Sociedade Britânica para o
Sudário de Turim e um ávido entusiasta de sua autenticidade. Porém, ele
aparentemente desviou-se da rota e seguiu a escola de Hans Naber, que prega que
Jesus estava vivo debaixo do Sudário. Em seu livro publicado em 1984, A Piece of
Cloth, The Turin Shroud Investigated", Hoare indica que consultou os Cientistas
Forenses do Leste Britânico, baseados em Nottingham, que estudaram as fotografias
do Sudário e concluíram que o homem se encontrava em coma profundo, não morto. Como
a penetração das "manchas" por toda a extensão da parte de trás e da frente é
razoavelmente constante, eles concluíram que a temperatura do corpo era uniforme,
uma condição que só poderia estar presente se o sangue ainda estivesse circulando e
o coração batendo. Além disso, em resposta aos efeitos do ferimento produzido pela
lança, os cientistas forenses supostamente informaram a Hoare que se alguém
colocasse o dedo no local onde teria ocorrido o ferimento, e levantasse o braço, o
local estaria muito alto para que ocorresse graves danos, já que a lança teria
entrado mais embaixo. Em seu livro de 1995, intitulado The Turin Shroud is
Genuine**, Hoare relata a seguinte discussão com seus cientistas forenses:
Depois de um tempo, eu disse: "E quanto ao ferimento no peito?" "Teria havido pouco
dano. Coloque sua mão no ponto em que a lança penetrou, como na fotografia do
Sudário, e levante os braços para os lados na posição de crucificação; veja que
seria muito alto para que acontecesse algo grave, já que o ferimento veio de baixo.
Teria sangrado, como podemos ver, e poderia ter possibilitado o acúmulo de água
entre o pulmão e a cavidade ao mesmo tempo. Essa água, a efusão pleural, teria se
formado quando o corpo foi açoitado. O pulmão teria
"N. do T.: "Um Pedaço de Pano, o Sudário de Turim Investigado".
195
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
sido forçado para trás, mas mesmo se a arma tivesse penetrado os pulmões, eles
podem localizar o ferimento: Então eu perguntei: "Se o ferimento no peito não foi
fatal, qual foi a causa da morte desse homem?: Eles discutiram isso por uns 30
minutos até chegarem a um consenso, que foi o seguinte: se ele tivesse vivido antes
do século XVII, estaria morto. Talvez ele se encontrasse inconsciente na cruz,
respirando muito mal, então, para os espectadores, ele estaria morto. Era isso que
eles esperavam. Depois de Harvey, eles teriam tomado seu pulso, que se encontraria
quase sem batimento. Se ele tivesse vivido no século XX, teria sido atestado que
estava em coma. (Hoare, 1984)
Hoare também relata que a "notável escuridão ao redor da área do nariz no Sudário
pode ser explicada pela exalação mínima de ar quente", mas surpreendeu-se ao
observar que as áreas do cabelo e da barba também estavam escuras, já que seriam
mais frescas. Mas isso não o deteve. Ele meramente sugeriu que um segundo fator, a
concentração de um agente que se desenvolveu, foi o responsável pela escuridão nas
áreas da barbae do cabelo. Ele pareceu ligado à teoria da Vaporografia de Vignon.
Veja o Capítulo 16 para uma discussão mais detalhada sobre Vignon.
196
Wilson também me disse que o professor Taffy Cameron, chefe de medicina forense do
Hospital de Londres, refutou totalmente a alegação de Hoare de que o homem no
Sudário não estava morto.
Uma consideração mais importante é o ângulo do ferimento produzido pela lança, que
depende de vários fatores, como quão alto o crucarius foi suspenso do chão, a
altura do soldado que empunhou a lança, o local onde o soldado estava (uma colina,
um monte etc.), o comprimento do cabo da lança, como a arma estava sendo segurada
197
198
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
durante o golpe etc. Helmut Felzman, da Alemanha, tentou apoiar as teorias de Hoare
com a ridícula declaração de que a área nas costas da figura da medalha dos
peregrinos de 1357, de Lirey, descoberta no rio Sena em 1855 (atualmente encontra-
se no Museu Cluny), representava uma grande quantidade de sangue no Sudário. Nenhum
cientista iria concluir que o corpo estava vivo simplesmente olhando para uma
medalha de peregrino (Figura 13-3). Os numerosos erros encontrados no livro de
Hoare são, às vezes, ostensivos, revelando pesquisa descuidada. Eis aqui um exemplo
inacreditável, encontrado na página 63 de seu livro A Piece of Cloth", de 1984:
Barbet colocou voluntários em cruzes amarrando seus pés e mãos na madeira para
observar o que acontecia. Cada voluntário achou que seu peito se encontrava
totalmente expandido quando seu peso foi suportado pelos braços, sem possibilidade
de expirar. Nessa posição, eles começaram a sufocar lentamente, e câibras, que
começaram nos braços, se espalharam por seu tronco e pernas. Como eles não podiam
inalar nem soltar o ar, o oxigênio em seu sangue diminuiu e eles poderiam morrer
asfixiados em questão de minutos. A única forma em que o voluntário poderia
permanecer vivo seria se ele forçasse os pés para aliviar a pressão nas mãos e
braços, conseguindo, assim, inspirar e expirar rapidamente, antes que entrasse em
colapso devido à exaustão. Eventualmente, num curto espaço de tempo, o cansaço
impediria o voluntário de pressionar os pés, e assim ele morreria asfixiado se não
fosse solto a tempo.
A referência de Hoare para isso é Humber, The Fifth Gospel", 1974, página 125.
Apesar de Humber se referir ao trabalho de Barbet, ele não faz menção alguma a
experiências com seres vivos nessa página,
nem em qualquer outro lugar do livro. Eu estudei, ao longo dos anos, toda a
literatura referente ao trabalho de Barbet, e não tenho conhecimento de nenhuma
experiência que ele tenha conduzido com seres vivos.
Hugh J. Schoenfield
The Passover Plot: A New Interpretation of the Life and Death of Jesus" (Element
Books Ltd., 1994) foi um best-seller escrito por Hugh J. Schoenfield, com uma nova
interpretação: segundo a obra, Jesus acreditava ser o Messias e deliberadamente
procedeu de forma a cumprir as profecias do Velho Testamento - e para isso chegou a
"fabricar" sua própria crucificação, arrumando alguém para Lhe dar drogas de forma
que parecesse estar morto e, depois, Ele teria sido removido da cruz e levado à
tumba para ser revivido. Resumindo, Jesus é descrito como um charlatão que planejou
toda a Paixão, incluindo a Ressurreição, mas tudo deu errado quando Ele foi
esfaqueado acidentalmente na cruz por um soldado romano, e sobreviveu apenas o
tempo suficiente para instruir Seus seguidores.
"N. do T: "O Plano do Cordeiro Pascal: Uma Nova Interpretação da Vida e da Morte de
Jesus"
199
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
200
Kjell Ytrehus
Essa mais recente teoria, publicada em 2002 por um médico norueguês, Kjell Ytrehus,
reza que Jesus aparentava estar morto, mas na verdade se encontrava em profundo
coma por causa da hipotermia (baixa temperatura do corpo). Usando uma informação a
priori, Ytrehus especula que Jerusalém fica a 500 metros acima do nível do mar, e
que "numa quinta-feira à noite, no ano 33, estava tão frio que os servos do supremo
sacerdote tiveram que fazer uma fogueira no pátio do jardim para se manterem
aquecidos. No dia posterior à sexta-feira em que Jesus foi crucificado, o tempo
estava horrível... Muitos apontam que no dia em que Jesus foi crucificado o tempo
deveria estar particularmente ruim e que estava frio para permanecer suspenso, nu,
por horas na cruz fincada nas alturas desimpedidas do Gólgota". Ele tenta, então,
apoiar isso com a mesma "lorota" de que Jesus estava na cruz por apenas seis horas,
que a crucificação pode durar dias e que os dois ladrões ainda estavam vivos e
tiveram seus ossos quebrados. E indicou que Jesus já se encontrava em péssimas
condições por causa dos ferimentos, do ato de carregar a cruz, do sono e da fome;
por isso, Ele se tornou "uma provável vítima de resfriamento". Ele tenta apoiar
essa tese alegando que Jesus não foi enterrado profundamente no chão, mas colocado
numa caverna, e que Pôncio Pilatos provavelmente aceitou um pequeno suborno para
deixar Jesus sair vivo da cruz.
Isso nos indicaria uma temperatura média de 19°C (66°F) a 22°C (93°F). Ytrehus
aponta que a temperatura do corpo de Jesus estava bem abaixo dos 25 °C (77°F), e
que uma pessoa com essa temperatura poderia parecer sem vida. Ele fala, ainda, que
foram reportados casos de pessoas com esse grau de hipotermia que foram revividas
ou que voltaram espontaneamente à vida. É verdade que existem casos raros de
ressuscitação em certos indivíduos usando técnicas ultramodernas e sofisticadas,
mas não em pessoas que apresentassem choque hipovolêmico e traumático, pneumotórax,
efusão pleural e perfuração do átrio direito do coração, e com certeza não
espontaneamente. Um caso de ressuscitação espontânea seria menos plausível. Se
estivesse chovendo e ventando, Jesus poderia sofrer um certo nível de hipotermia em
razão de seus ferimentos e de sua nudez, mas isso é apenas uma grosseira
especulação na tentativa de corroborar a hipótese de Ytrehus. Ele tenta apoiar sua
tese desconsiderando o ferimento com a lança, porque "gente morta não sangra", e
então diz que não houve perfuração no peito, atribuindo o sangue no Sudário a uma
bolha de sangue no local. Essa hipótese, porém, não considera o componente água no
"fenômeno sangue e água". Cheque a hipótese 11 na seção intitulada Sangue e Água.
Como foi apontado, o sangue e a água são facilmente explicados pela retirada da
lança; água por causa da maciça efusão pleural, e sangue resultante da penetração
no átrio direito.
201
202
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
COMENTÁRIO: Esses livros são mencionados aqui só para mostrar que se trata de obras
de ficção, e não oferecem argumento crível de que Jesus não morreu na cruz. Há, na
verdade, um desrespeito à fidedignidade histórica dos Evangelhos nessas obras, e
muito do material mostra-se contrário aos preceitos do Cristianismo. O Legado
Messianico é mais ou menos uma continuação de O Santo Graalea Linhagem Sagrada.
Dan Brown
O Código Da Vinci liderou a lista de best-sellers por um bom tempo e vendeu mais de
3 milhões de exemplares. O livro indica que Jesus morreu na cruz, mas havia se
casado com Maria Madalena, que estava grávida na época. Eu incluí o livro por sua
similaridade com O Santo Graalea Linhagem Sagrada e O Legado Messianico no que se
refere ao casamento de Jesus com Maria Madalena e Sua mudança para a França,
estabelecendo a família real merovingia. O Código da Vinci refere-se a mensagens
crípticas que foram supostamente incorporadas por Leonardo da Vinci (um suposto
membro da sociedade secreta
conhecida como Priorado de Sião) em suas pinturas, como A Santa Ceia. Uma parte
importante do código alega que Maria Madalena, e não João, está presente na
representação da Santa Ceia feita por Da Vinci. Brown indica que o Santo Graal não
é um vaso no sentido material, e desenvolve uma nova interpretação para o Graal.
Ele sugere que Maria Madalena possuía sangue real da Casa de Benjamim e que ela
era, na verdade, o Santo Graal-o vaso referido como o "sagrado feminino" que
carregou os filhos de Jesus-e que seria a sucessora de Jesus, e não Pedro. Brown
também cita informações de vários livros, incluindo O Santo Graalea Linhagem
Sagrada, de Baigent, Leighe Lincoln; Maria Madalena e o Santo Graal: A Mulher do
Vaso de Alabastro*e The Goddess in the Gospels Redaiming the Sacred Feminine**, de
Margaret Starbird; e mesmo A Revelação dos Templários: os Guardiães Secretos da
Verdadeira Identidade de Cristo ***, de Picknett e Prince. Existem muitos outros
aspectos ficcionais no livro.
COMENTÁRIO: Embora no relato de Brown Jesus tenha morrido na cruz, seu livro é
citado aqui somente para mostrar que ele é essencialmente ficcional e contém
inúmeras falácias, erros e inconsistências não apoiadas por evidências históricas
ou relativas às Escrituras
**N. do T: "A Deusa nos Evangelhos: Reclamando o Sagrado Feminino", sem tradução no
Brasil. ***N. do T.: Publicado pela Editora Planeta do Brasil, 2006.
203
204
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
do Chelsea Physick Garden de Londres postulava que a esponja contendo a posca (uma
bebida não alcoólica ingerida pelos soldados romanos) que foi servida a Jesus na
cruz estaria misturada com a planta mandrágora, levando-O a um sono profundo ou a
um estado de transe, dando a todos a impressão de que Ele havia morrido na cruz.
Ela baseou sua teoria em relatos sobre o uso da mandrágora como anestésico no
século I, por Dioscórides, um médico do exército, botânico e Pai da Matéria Médica
da Ásia Menor, que viajou com os exércitos grego e romano.
É importante entender que, embora a mandrágora e outras drogas como o ópio tenham
sido usadas como sedativo e analgésico por médicos pioneiros como Dioscórides e por
cirurgiões nos primeiros séculos, contra a dor, para induzir o sono e, em altas
doses, para aliviar ador e sedar pacientes antes de um procedimento cirúrgico, os
efeitos dessas drogas comparados aos dos narcóticos modernos eram relativamente
brandos. Até a Idade Média, esponjas contendo componentes de mandrágora, ópio e um
sem-número de outras plantas medicinais eram posicionadas nas narinas dos pacientes
durante as cirurgias. Porém, evidências mostram que mesmo os principais cirurgiões
da época duvidavam de sua eficiência, porque eles amarravam seus pacientes antes da
cirurgia. Em vista desses fatos, uma pergunta deve ser formulada: "Será que um
preparado de mandrágora dado a Jesus na cruz seria capaz de deixá-Lo inconsciente a
ponto de todos acharem que Ele estaria morto?" A resposta é "de jeito nenhum!".
Jesus foi vítima das dores mais terríveis que um homem poderia sofrer. A hioscina e
a hiosciamina contidas na mandrágora não aliviariam esse grau de dor, especialmente
com o peso do corpo sendo sustentado pelos pregos. A extensão e o grau da dor
teriam tornado o corpo de Jesus imune aos efeitos sedativos da mandrágora. Altas
doses de um preparado com a planta anulariam os efeitos sedativos, aumentando a
agitação e a confusão, e poderiam ser letais, considerando o grau de choque que
Jesus estava experimentando (veja o Capítulo 9). Essa teoria da mandrágora é
totalmente implausível, dada a magnitude da dor e do sofrimento de Jesus. Em minha
opinião, se tivessem dado mandrágora a Jesus, em vez de aliviar Sua dor ou levá-Lo
a um estado de sono profundo ou coma, ela apressaria Sua morte.
205
206
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
novamente no Mar de Tibério. Ele andou com dois discípulos pela estrada de Emaús
(cerca de 11 quilômetros de Jerusalém). Seria impossível caminhar nas péssimas
condições físicas em que Jesus se encontrava (veja os Capítulos 1 a 4). Além dos
ferimentos sofridos antes da cravação na cruz, a penetração dos pregos de 12
centímetros de comprimento em seus pés teria provocado inchaço e indescritivel dor,
com os efeitos se manifestando na primeira hora e aumentando progressivamente. Nos
próximos dois dias, os pés teriam inchado tremendamente e estariam tão
infeccionados que não haveria chance de cura por meio de nenhum tipo de terapia.
Jesus não poderia ficar de pé nem andar por pelo menos um mês, se não mais.
Os autores que usaram o Sudário como evidência de que Jesus estava vivo depois de
Sua remoção da cruz eram ignorantes ou desprezaram elementos médicos e científicos
que evidenciamo contrário. Além disso, a presença de rigor mortis, percebido no
Sudário e reconhecido por renomados patologistas forenses e gerais, atesta isso.
Finalmente, devemos perguntar: por que os discípulos iriam adorar Jesus se Ele
tivesse aplicado um golpe? Se Jesus fosse um farsante que acreditava ser o Messias,
seria razoável que Ele Se permitisse ser crucificado. Mas este teria sido o fim-
caso encerrado. A principal questão aqui parece ser esta: se Jesus não morreu na
cruz e apareceu diante de Seus discípulos gravemente machucado e necessitando de
cuidados médicos, teriam eles colocado suas vidas em perigo proclamando que Ele era
o Messias? Teriam abandonado suas posses e passado por terríveis privações e
perigos para pregar ao mundo o sofrimento de Jesus, Sua morte e Ressurreição? Eu
creio que não. Esse fato é corroborado pela resposta de Pedro àqueles que ficaram
maravilhados e surpresos quando ele curou o homem que era coxo de nascença. Pedro
declara:
Homens de Israel, por que vos admirais deste homem? Ou, por que fitais os olhos em
nós, como se por nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar? O Deus de
Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a Seu servo Jesus, a
quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, quando este havia decido
soltá-lo. Mas vós negastes o Santo e Justo, e pedistes que se vos desse um
homicida; e matastes o Autor da Vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do
que nós somos testemunhas. (Atos 3:12- 15)
207
NTR
Parte 2:
N ão existe dúvida de que as pessoas envolvidas com o Sudário querem que ele seja a
mortalha de Jesus e de que outros se dedicam a provar que ele é uma fraude.
Infelizmente, os estudos sobre o Sudário têm sido uma bagunça ao longo dos séculos
XX e XXI. A literatura a respeito é inundada por artigos de experts que escrevem
dentro e fora de suas áreas de conhecimento, diletantes sem nenhuma credencial
escrevendo sobre áreas que requerem conhecimento específico, jornalistas
papagaiando o que outros já disseram etc. Além disso, nunca houve um sistema
organizado de avaliação do material existente. Como conseqüência, muitas alegações
baseadas em boatos usadas como base para apoiar a autenticidade
212
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Algumas das imposturas que vêm tomando conta do campo da sindonologia (estudo do
Sudário) incluem as seguintes frases, constantemente utilizadas: "Já que a imagem
do Sudário é quase invisível de perto, não pode ser uma pintura, porque o artista
teria que ter braços de aproximadamente 4,5 m de comprimento"; "O polegar não
aparece no Sudário. Será que um falsário poderia ter imaginado isso?"; "Existe um
fluxo duplo de sangue no pulso, provando que ele teve que levantar e abaixar o
corpo na cruz para poder respirar"; "Quebraram as pernas dos dois ladrões para
evitar que eles erguessem o corpo para respirar"; etc. Esses diálogos repetitivos
ou "lorotas" foram vividamente demonstrados em inúmeros artigos publicados na
imprensa internacional depois do fiasco da datação por carbono. Comentários como "o
teste com o carbono 14 provou que o Sudário é uma fraude do século XIII" ou "o
Sudário é falso" foram propagados sem que fosse considerado que o teste com o
carbono muitas vezes aponta erros com uma margem de centenas ou milhares de anos ou
que o Sudário poderia ser simplesmente uma bemintencionada obra de arte, em vez de
uma simples fraude. Além disso, as diatribes dos membros da "turma do Sudário"
contra os cientistas da datação por carbono 14, incluindo clamores de conspiração e
declarações inflamadas, nunca foram rebatidas e são contrárias aos princípios da
ciência. Mesmo assim, os tais cientistas também cometeram seus "pecados" em seus
contra-ataques.
213
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
A CONTROVERSIA
Até agora, os estudos mais sofisticados realizados por experts de renome de várias
disciplinas da ciência, usando equipamentos de última geração e métodos modernos,
não conseguiram explicar os mecanismos pelos quais a imagem foi criada (in statu
nascenti), e todas as tentativas de reproduzi-la resultaram em fracassos
retumbantes. Além disso, como podemos lidar com os numerosos estudos sofisticados
de outras disciplinas feitos para apoiar a autenticidade? Isso significa assunto
encerrado? De jeito nenhum! Há nova esperança no horizonte de que o Sudário de
Turim talvez não seja uma falsificação da Idade Média e que os estudos com o
carbono 14 não sejam falhos. Mas como ambos os pontos podem ser verdadeiros?
Numa tentativa de chegar a uma resposta a esse imbróglio, a qual vem escapando aos
renomados cientistas e estudiosos através dos anos, é importante obter uma
compreensão básica da literatura sobre o Sudário. A respeito disso, providenciei ao
leitor uma pesquisa aprofundada e uma avaliação do conhecimento corrente sobre o
Sudário, uma crítica às várias hipóteses, e recentes estudos que apóiam
214
VENDO O SUDÁRIO
215
216
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 11-1
FIGURA 11-2
Vimos o Sudário no começo da manhã de sábado, no dia 7 de outubro, exposto bem alto
em um altar, em uma moldura, protegido com um vidro à prova de balas, por causa de
uma tentativa anterior de destruí-lo (Figura 11-2). Foi uma experiência
desconcertante olhar a imagem depois de tantos anos - 25, para ser mais exato - em
que estudei as fotografias em preto-e-branco tiradas por Enrie. Quando entrei no
longo corredor, a caminho do Sudário, fui capaz de distinguir a imagem do "Homem do
Sudário" somente quando fiquei a alguns passos de distância. Mesmo assim, usei um
par de binóculos Zeiss 8 x 30, de excelente qualidade, para observar detalhes dos
ferimentos das mãos, as marcas do açoitamento, o ferimento lateral e as impressões
dos pés.
A semana que se seguiu à conferência foi reservada para 120 horas de estudos
científicos do Sudário realizados pelo Projeto de Pesquisa do Sudário de Turim
(STURP) e outras entidades. As atividades incluíram espectroscopia no visível,
ultravioleta e de infravermelho; microscopia leve, ultravioleta, fluorescente e de
fase; termografia infravermelha; radiografia; microscopia eletrônica; análise
computadorizada; análise de imagem fotográfica com filmes especiais; análise
microquímica etc.
217
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
conhece como "efeito meio-tom". Heller e Adler relataram, em 1981, que a cor nas
áreas da imagem aparecia somente na superfície de fibras individuais. As imagens da
frente e das costas estão presentes porque o indivíduo crucificado foi deitado na
extremidade de um longo e desigual lençol de linho que foi estendido no chão. A
extremidade oposta do Sudário, então, foi passada por cima de sua cabeça, cobrindo
o rosto e a parte da frente do corpo, como mostrado na pintura de G. Clovio, que
foi reproduzida por G. B. della Rovere e agora está exposta na Galeria Sabauda
(Figura 12-2). Porém, estudos críticos das imagens dorsal e frontal mostram que o
procedimento de dobradura parece ter sido mais complexo do que essa descrição
geral. Em 1998, com o objetivo de obter medidas acuradas do Sudário, a dra. Flury-
Lemberg removeu a "orla" azul que tinha sido tecida no século XIX para proteger as
bordas do manuseio durante as exposições e descobriu que a medida exata do Sudário
era de 14 pés e 315/16 polegadas (437 centímetros) de comprimento e 3 pés e 711/16
(111 centímetros) de largura. Contudo, as medidas oficiais do Sudário feitas em
2000 por Bruno Barberis e Gian Maria Zaccone na posição em que fica exposto (imagem
frontal à esquerda e dorsal à direita) são as seguintes: extensão da parte de
baixo-437,7 centímetros (14,3602 pés); extensão da parte de cima 441,5 centímetros
(14,4848 pés); lado esquerdo (altura) - 112,5 centímetros (3,6909 pés); e lado
direito (altura) - 113 centímetros (3,7301 pés). Giulio Fanti chama a atenção para
o fato de que a extensão do Sudário varia mais de 2 centímetros, dependendo da
umidade do ambiente, e que se a umidade relativa não for incluída na medição, deve-
se levar em conta uma variação implícita maior que 2 centímetros (e-mail de
27/2/2004). Assim, compare tudo isso com as medidas tomadas em 2002, na seção
intitulada "A Restauração", a seguir.
219
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
volta Zé composto de 70 a 120 fibras líneas que medem pelo menos 0,25 ± 0,3
milímetros.
Muito barulho tem sido feito sobre o aparente paradoxo de que a imagem dorsal é
mais curta. Porém, isso é esperado, porque a ligeira flexão das pernas e a
cobertura do tecido em cima delas, seguindo seu contorno, faz parecer que a imagem
da frente é mais longa. Pode ser interessante saber que isso refuta a teoria de
Lavoie, de que o corpo estava em posição ereta quando a imagem foi impressa. Marcas
características sugestivas de açoitamento estão presentes atrás do joelho.
Pregado a todo o verso do Sudário encontra-se um revestimento de linho conhecido
como Vestimenta Holandesa, que foi meticulosamente cerzido pelas freiras Pobres
Claras depois do incêndio de 1532, em Chambéry, para dar suporte ao Sudário
danificado. O linho é irregularmente costurado em um padrão espinha de peixe
(Figura 12-3), e parece estar deteriorado em alguns pontos. Ele é seguro com uma
borda azul contendo uma lâmina de metal para dar peso e coberto com um pano
vermelho. O Sudário fica enrolado em um cilindro de madeira num relicário da Capela
Guarini, na seção superior do altar.
O corpo no Sudário está nu e o homem é barbado e tem cabelo longo, com uma imagem
nas costas que lembra um rabo (Figura 12-4). Entretanto, Pellicori relata que o
rabo-de-cavalo é, muito provavelmente, resultado de uma imagem irregular, devido a
mudanças na trama do tecido. Ele indica, também, que o mesmo é válido no caso das
faixas que aparecem na separação entre rosto e cabelo. Discretas faixas de
220
DESCRIÇÃO DO SUDARIO
fios de diferentes cores estão presentes tanto na trama (conjunto dos fios passados
no sentido transversal do tear) quanto na urdidura (conjunto dos fios dispostos no
tear paralelamente ao seu comprimento), e podem ser mostradas através de raio
ultravioleta de alto contraste, transmissão de raios Xe fotografia por transmissão
de luz, com algumas áreas mostrando fios mais escuros na trama e outras áreas
mostrando fios mais escuros na urdidura, presumivelmente em razão de alguma
FIGURA 12-1
Sudário de Turim (a) frente, (b) verso. O Sudário como se fosse visto por meio de
um negativo fotográfico. (Cortesia de Barrie Schwortz.)
221
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 12-2 Como o Sudário foi colocado no corpo. Pintura de Giovanni Battista
della Rovere, um artista do século XVI, na Galeria Sabauda. (Cortesia de Barrie
Schwortz.)
FIGURA 12-3
FIGURA 12-4
222
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
Já foi dito que existe um lapso de imagem nas laterais da imagem facial no Sudário.
Porém, ao usar a ferramenta lasso tool magnética do programa Photoshop, Barrie
Schwortz mostrou que essas laterais estão de fato visíveis nas áreas mais escuras
dos lados do rosto.
As áreas representando o sangue dos vários ferimentos produzidos pelos pregos, pelo
açoitamento, pela coroa de espinhos e pela lança foram vistas mais vividamente numa
cor escura, que lembra marromarroxeado, embora alguns tenham dito que a cor mais
pareça um vermelho escarlate, ou seja, cor de sangue. Estudos feitos por Adler
indicaram que a cor vermelha vista na microscopia é compatível com alguém que foi
vítima de um trauma grave, devido aos produtos provenientes da decomposição dos
glóbulos vermelhos, a saber, bilirrubina. Outra explicação para a cor vermelha pode
ser o tratamento do tecido com saponária. Sob fotografia ultravioleta fluorescente,
todos os ferimentos mostram em torno de si um anel de retração de soro de albumina
que seria completamente desconhecido para um falsificador. É importante notar que
nenhuma imagem está presente onde existe sangue, indicando que a formação da imagem
ocorreu depois que ele manchou o local, e que a presença do sangue impediu a
formação de imagem nessas áreas. Embora isso não seja perceptível a olho nu, foi
demonstrado por Adler, que removeu sangue de várias fibras de áreas de imagem, por
meio de hidrólise enzimática proteolítica (que remove
223
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 12-5
Região da cabeça, "visão negativa" frontal. O Sudário como seria visto através de
um negativo fotográfico. Note as imagens brancas tortuosas na testa que representam
fluxos de sangue dos ferimentos causados pela coroa de espinhos. Note o "3" reverso
na testa.
224
DESCRIÇÃO DO SUDARIO
o sangue). Nenhuma imagem estava presente nas fibras que continham sangue. Se isso
fosse feito por mãos humanas, o artista teria que pintar todas as manchas de sangue
com os halos de albumina nos ferimentos e fluxos de sangue, incluindo o sangue das
marcas de açoitamento, usando sangue humano, e então pintar a imagem do corpo em
torno delas, em suas localizações exatas, e eliminar imagens onde existisse sangue.
Um processo complicado, sem dúvida.
A parte de trás da cabeça também mostra uma agregação de manchas vermelho-escuras
similares, indicativas do resultado dos espinhos afiados (Figura 12-4). O cabelo na
imagem frontal está na frente e cobre as orelhas. É por isso, obviamente, que
Lavoie acha que o homem do Sudário estava de pé quando a imagem se fez. Todavia, a
explicação mais óbvia é que a cabeça estava curvada para a frente, porque não há
espaço discernível referente ao pescoço, em razão da suspensão dos ombros, com a
cabeça presa entre eles e dobrada para a frente. Isso foi confirmado em nossas
experiências de suspensão, já que essa era a posição em que o crucarius ficava
durante a suspensão, quando os braços estavam em um ângulo que variava de 65 a 68
graus. A cabeça ficava presa entre os ombros erguidos. Essa também é uma boa
evidência de que o crucarius se encontrava em rigor mortis, porque os ombros
permaneceriam em uma posição erguida, com a cabeça presa entre eles, mesmo depois
que o rigor mortis dos braços fosse quebrado a fim de baixá-los. A técnica de foto
em relevo de Guerreschi mostra que a cabeça está ligeiramente virada de lado e
curvada para a frente. Outra possível explicação para essa posição do cabelo vem do
fato de que ele ficou saturado com o sangue, e a subseqüente secagem das fibras
capilares fixou-o nos dois lados do rosto, da mesma forma que um spray para cabelo
o mantém rígido. Existe uma suspensão do peito, que também é consistente com o
rigor mortis que ocorreu durante a crucificação (Figura 12-6). A parte de trás da
cabeça também está saturada com sangue (Figura 12-4). As sobrancelhas parecem estar
inchadas e há um indício de que os cílios estejam cortados. A área
225
226
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
abaixo do olho direito parece inchada, assim como a ponte do nariz, com uma linha
na extremidade distal da ponte que é consistente com um deslocamento do osso ou da
cartilagem, mas não uma fratura. Isso é confirmado por ampliação de imagem
computadorizada VP-8, que mostra uma depressão na junção do osso/cartilagem (veja a
Figura 15-2), e está de acordo com Êxodo 12:46 e Números 9:12: "Nenhum osso será
quebrado." As bochechas também parecem estar um pouco inchadas.
As pernas estão bem juntas e parecem se tocar, de acordo com a técnica de foto-
relevo de Guerreschi. Há indicação de uma grande escoriação ou contusão na região
do joelho esquerdo. As panturrilhas mostram um arredondamento natural. Um pé parece
estar virado em direção ao outro. A área do pé revela a sola direita e o calcanhar,
o que é indicativo de que os joelhos foram dobrados. Porém, como é mostrada a parte
de trás do joelho direito, um mecanismo de contato poderia ser excluído. Somente o
calcanhar esquerdo e várias imagens correspondendo à cravação estão presentes. A
ausência de um pé parece ter sido causada pela intrincada forma como a vestimenta
foi dobrada sobre ele.
Existem duas impressões lineares escuras com interrupções nos dois lados do
Sudário, com quatro pares duplos de remendos brancos triangulares, que são os
locais dos buracos de queimadura que foram meticulosamente reparados pelas Freiras
Pobres Claras sob ordem de Carlos III, o Duque de Savoy, dois anos depois do
incêndio que aconteceu na sacristia da Santa Capela de Chambéry, no dia 3 de
dezembro de 1532. As áreas escuras triangulares, que são similares quanto à cor, só
que mais escuras que as imagens, representam as queimaduras, os pares triangulares
brancos são os remendos costurados pelas Freiras Pobres Claras e as linhas escuras
são as áreas queimadas das dobras. O fogo foi apagado depois que vários baldes de
água foram atirados no Sudário. Este foi dobrado em 48 camadas e colocado num baú
de prata, e alguns acreditam que os quatro jogos de furos em forma de "L",
localizados na região central da vestimenta, no nível das mãos, chamados de
"buracos de atiçador" (Figura 12-7), foram causados em um evento litúrgico, quando
um padre agitou um incensório em cima do Sudário e acidentalmente derrubou nele
carvão em brasa com incenso (veja o Manuscrito de Orações, Capítulo 13),
provavelmente quando o Sudário era dobrado em quatro camadas. Rogers indicou que
despendeu um bom tempo olhando para esses buracos através do microscópio e sondou-
os com uma agulha. A região
228
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
mostrava-se dura quando tocada com a agulha, e ele teve a impressão de que eles
ocorreram como resultado de resina espirrada ou incenso. Esses buracos se encontram
em um padrão simétrico, e não foram atribuídos ao fogo de Chambéry, porque sua
localização indica um método de dobradura distinto daquele sugerido pelas marcas
produzidas pelo famoso incêndio. Os progressivos níveis de penetração e a repetição
dos quatro buracos idênticos indicam que a vestimenta foi dobrada ao meio no
comprimento, e novamente no comprimento (metade de sua largura). Isso é confirmado
pelo fato de que os buracos aparecem distintamente no Sudário Lier, pintado em
1516, supostamente por Albrecht Dürer, antes do incêndio de Chambéry, bem como na
medalha de peregrino encontrada no Sena em 1357, e na réplica do Sudário que está
na igreja de Saint Gommaire, na Bélgica, datada de 1516. Grandes manchas de água,
obviamente resultantes do momento em que se tentou apagar o incêndio, são
vividamente percebidas. Muitos têm atribuído as áreas queimadas sob os remendos a
gotículas de prata derretidas do baú que teriam penetrado o Sudário, mas
recentemente discutiu-se que essas gotículas de prata iriam se resfriar depois de
penetrar apenas uma ou duas camadas. O professor Giulio Fanti, professor de Medidas
Térmicas e Mecânicas em Pádua, recentemente me informou que Aldo Guerreschi e
Michele Salcito apresentaram um documento na Conferência Internacional de Paris de
2002 indicando que as gotículas de prata não podem ser responsáveis pelos buracos,
e opinaram que uma barra de metal incandescente penetrou a caixa e o interior do
Sudário (e-mail de 3/7/2003). O dr. Ray Rogers, um expert em pirólise, também me
informou que o que aconteceu "foi por causa de uma intensa variação térmica, mas
que não afetou em nada o centro da vestimenta dobrada" (e-mail de 3/7/03). Ele
também indicou que as principais beiradas das áreas queimadas na transição de
branco para o amarelo provavelmente teriam estado a uma temperatura de 300 a 350°C,
mas o centro do relicário teria experimentado pouca ou nenhuma mudança de
temperatura (o que se confirmou por análise com lignina).
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
FIGURA 12-6
O Sudário de Turim, visão frontal, abaixo dos ombros. A visão do Sudário como você
iria observar. Note o padrão de bifurcação no pulso. O ferimento do peito na parte
superior direita (à esquerda do remendo triangular) na verdade está no lado direito
do peito. (Cortesia de Barrie Schwortz.)
229
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
9.
FIGURA 12-7
FIGURA 12-8
230
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
É também interessante saber que outros pequenos reparos foram feitos por São
Sebastião Valfré, em 1694, pela Princesa Clotilde de Savoy, em 1868, e pelas Filhas
de São José, em 1973.
A RESTAURAÇÃO
231
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
principal autoridade no que diz respeito à parte têxtil do Sudário, acompanhada por
sua ex-estudante Irene Tomedi, na Sacristia da Catedral de Turim.
232
DESCRIÇÃO DO SUDARIO
Tive a sorte de ser um dos vários pesquisadores que haviam assistido à Conferência
de Villa Guarino, em março de 2000, e fui convidado pelo cardeal Poletto para
comparecer a um encontro no dia 20 de setembro de 2002, no Seminário na via XX
Settembre, 83, das 7 às 9 e meia da noite, depois do qual fomos levados para ver o
Sudário restaurado, antes que a informação fosse dada à imprensa, no dia seguinte.
No encontro, apresentações foram feitas pelo cardeal Poletto, curador do Sudário;
monsenhor Giuseppe Ghiberti, presidente do Comitê Diocesano para o Sudário;
professor Piero Savarino, consultor científico do curador; e pela dra. Mechthild
Flury-Lemberg, a
233
234
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
século VI - em Edessa em 944 e Constantinopla até 1204 - que foi descrita somente
como uma face, porque Wilson sugeriu que se o Sudário foi dobrado em oito camadas,
somente o rosto seria visto; (d) destruição de importantes informações químicas em
áreas que apresentavam imagens de manchas de sangue, soro e água; (e) perda de
relações históricas; (f) perda de fatores químicos referentes aos buracos (na dobra
vertical lateral, no nível das mãos); (g) perda de grandes quantidades de
informação crítica; (h) perda de importantes aspectos da restauração do século XVI;
(i) falha em não consultar os experts do Sudário, incluindo os quatro especialistas
têxteis que estudaram a peça; (i) distorção do Sudário; (k) utilização de
procedimentos invasivos radicais durante essa "restauração" que raramente são
empregados em técnicas arqueológicas; e (i) um sem-número de reclamações
semelhantes. Porém, a crítica mais comum foi quanto ao equívoco das autoridades de
Turim ao não consultarem experts sobre o Sudário e à sua refutação aos protestos de
que o material carbonizado seria um risco para a roupa. Em resposta à afirmação de
que o acúmulo de detritos referentes ao incêndio de 1532 poderia ter trazido
efeitos danosos de longo prazo às imagens do Sudário, Ray Rogers, químico,
especialista em pirólise conhecido internacionalmente e um dos membros originais do
STURP, argumentou que o acúmulo de carbono não teria provocado deterioração, e que
não havia ameaças químicas ou de outro teor nas áreas carbonizadas e empoeiradas,
já que estavam lá havia mais de 450 anos.
DUPLA SUPERFÍCIE
Como o lado posterior da face não era discernível na visão "prévia"exceto pelo
cabelo e por esmaecidas imagens do rosto e das mãos -, G. Fanti, professor de
Medidas Térmicas e Mecânicas em Pádua, e Roberto Maggiolo aplicaram técnicas
especiais de processamento digital de imagens chamadas padronização de moldes (que
emprega filtros especiais
235
236
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
237
238
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
fibras entre ambas as superfícies não ficariam coloridas. Já que uma característica
evidente na parte de trás é o cabelo, talvez ele tenha impedido a difusão de
vapores, mantendo-os presos.
DESCRIÇÃO DO SUDARIO
do corpo na vestimenta".
239
240
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
há outros fatores que impedem a precisão, como a presença do rigor mortis, os
efeitos de condimentos funerários, efeitos das condições climáticas (sol, vento e
chuva) durante as exposições, a falta de informações quanto ao fato de o Sudário
estar em uma superfície dura ou macia antes de ter recebido o corpo, quão esticado
estava o Sudário nesse momento e muitos outros fatores.
Vários experts estimaram que a altura do homem crucificado está entre 179,07
centímetros e 187,96 centímetros, e eles mediram a imagem diretamente do Sudário ou
a partir de reproduções em tamanho natural. Lorrenzo Ferri, por exemplo, reportou
que a imagem media 186 centímetros (74 polegadas); o padre Peter Weyland estimou a
altura em 181,36 centímetros quando tirou as medidas para a Comissão Francesa. O
padre Weyland, no entanto, descobriu que o tamanho do Sudário em si era de apenas
13 pés e 11 polegadas e um quarto (aproximadamente 424 cm), revelando uma
discrepância de 3 polegadas e três quartos (+ 8 cm); o Sudário, na verdade, mede 14
pés e 3 polegadas (+434 cm). Isso daria uma altura de 72 polegadas e meia (±183
cm), que ainda é uma polegada e meia menor que a estimativa de Ferri. O dr. Luigi
Gedda, anatomista, chegou à medida de 72 polegadas (+183 cm) durante uma exposição
privada do Sudário em Montevergine, em 1946. Tanto o dr. Giovanni Judica-Cordiglia
quanto o dr. Paul Vignon estimaram a altura do homem no Sudário em 70 polegadas
(+178 cm), enquanto o dr. Robert Bucklin reportou uma altura de 71 polegadas (+180
cm). Uma análise antropomórfica computadorizada feita por Fanti, Marinelli e
Cagnazzo apontou uma altura de 174 ± 2 centímetros (68,5 ± 1 polegada). A maioria
dos pesquisadores concordaria em que o homem do Sudário tinha pelo menos 72
polegadas (183 cm) de altura, com uma polegada a mais ou a menos. Essa medida de
aproximadamente 6 pés (183 centímetros) condiz com a altura de 6 pés fornecida pela
Cruz de Medição do Imperador Justiniano, que está na galeria de São João Laterano,
em Roma. No que se refere a isso, três homens competentes e confiáveis
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
foram mandados a Jerusalém no século VII por Justiniano para determinar a altura de
Jesus. Eles supostamente mediram o Sudário e então construíram uma cruz com base em
suas medidas.
Como essa altura de 6 pés é comparável à média de altura de um homem daquela época?
Estimativas feitas por antropólogos indicam que alturas de 5 pés e 2 polegadas a 5
pés e 4 polegadas (157 cm a 162 cm) eram a média. As escavações Giv'at ha Mivtar
revelaram doze esqueletos do sexo masculino que possuíam, em média, 5 pés e 4
polegadas de altura. Inquestionavelmente, com a altura estimada do corpo do homem
no Sudário, ele seria considerado alto para a época.
Foi postulado que a configuração na testa que se assemelha a um "3 reverso" seria
devida a sulcos profundos da testa, mas isso não passa de alta especulação, pois
tais sulcos teriam que ter sido muito profundos, e, mesmo assim, duvido de que
teriam produzido tal resultado. A explicação mais plausível é que, depois da
remoção da coroa de espinhos, o desalojamento dos coágulos de sangue seco provocou
um escoamento de sangue dos ferimentos. Se o corpo estivesse sendo levado para a
tumba, os movimentos do corpo teriam facilmente contribuído para formar o fluxo
tortuoso.
241
242
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Sangue no Cabelo
DESCRIÇÃO DO SUDARIO
Lavoie também indica que o homem do Sudário tinha que estar em posição vertical
durante a formação da imagem, porque o cabelo é visto ao longo das laterais do
rosto. Não estou convencido de que seus estudos forneçam evidência para sustentar
isso. Em minha reconstituição forense dos efeitos da coroa de espinhos, o cabelo
estaria saturado com sangue, que teria ficado seco, produzindo o efeito similar ao
de spray para cabelo e justificando sua posição ao longo das laterais do rosto.
243
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Mãos
Não é totalmente correto afirmar que a impressão do ferimento nas costas da mão
direita está sobre a área do pulso. O ferimento na região atrás da palma é onde o
pulso encontra os ossos metacarpais das costas da mão (veja a Figura 6-5). Isso é
retratado nas fotografias tridimensionais em relevo feitas por Tamburelli (Figura
15-3), que mostram os dedos, costas da mão, pulso e imagem do ferimento. Quando um
prego penetra a fissura tenar da palma, como foi indicado anteriormente, ele sai
entre a base dos ossos metacarpais do indicador e do dedo médio e os dois ossos
carpais correspondentes, no ponto indicado na impressão no Sudário de Turim.
244
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
desse jeito. Isso foi confirmado pelo dr. Ernest Lampe, um dos principais
cirurgiões de mão do mundo, que ao discutir os ferimentos no nervo mediano em seu
livro, Surgical Anatomy of the Hand", relata que, quando ocorre o rompimento do
nervo mediano, "ocorre inabilidade para flexionar o polegar, o indicador e os dedos
médios". Também consultei vários cirurgiões especializados em reconstrução de mão,
e todos eles concordaram em que pode haver um rápido reflexo inicial, seguido por
uma extensão do polegar.
Existe, porém, uma explicação simples para o fato de os polegares não estarem
visíveis no Sudário. Isso acontece por causa da posição natural dos polegares, já
que, tanto numa pessoa viva quanto em um cadáver, eles ficam na frente e
ligeiramente ao lado do dedo indicador (Figura 12-10 a eb). Seria quase impossível
obter imagens dos polegares, já que eles nunca teriam tocado o Sudário. Observei
isso em meu dia-a-dia como médicolegista durante mais de 34 anos, em indivíduos
mortos que são comumente trazidos ao necrotério envoltos em mortalhas ou lençóis
com seus pulsos cruzados e muitas vezes amarrados um ao outro. Os lençóis que
cobrem os corpos nunca tocam os polegares. Em todos os casos, os polegares ficam na
frente e ligeiramente ao lado do dedo indicador.
De acordo com um artigo do Medical World News, escrito em 1980 por Rhein, depois de
ter ouvido minha explicação, até o dr. Bucklin concordou que minha teoria pode
estar correta. Ele também disse que algumas das mais recentes fotografias
computadorizadas feitas pela equipe do STURP "mostram o polegar ao lado do dedo".
Para que você se convença, faça o seguinte: coloque suas mãos ao longo do corpo,
numa posição relaxada, e veja onde os polegares ficam posicionados em relação à
mão. Você vai perceber prontamente que eles estão na frente e ligeiramente do lado
dos dedos indicadores. Eu
245
246
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
tenho exposto isso por muitos anos, e finalmente consegui convencer muitos devotos
de Barbet depois que o artigo do Medical World News foi publicado.
Açoitamento
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
a. Visão lateral da mão. O braço está naturalmente posicionado de lado com a palma
voltada para o corpo. O polegar está diretamente na frente do dedo indicador.
b. As costas da mão
mostrando que o polegar não está visível, já que ele fica naturalmente na frente e
ligeiramente ao lado do dedo médio.
Uma imagem consistente com uma abrasão está presente na região do ombro direito, o
qual parece estar mais baixo que o esquerdo. Existe também uma imagem na região da
escápula esquerda consistente com uma abrasão. Essas abrasões são consistentes com
os ferimentos causados pelo ato de carregar a barra horizontal da cruz.
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248
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O Ferimento Lateral
Depois de medir o ferimento que tem um formato quase oval, no lado direito do
Sudário, numa reprodução fotográfica em tamanho natural, eu concordo plenamente com
a localização do ferimento proposta pelo dr. Barbet, que foi entre a quinta e a
sexta costelas, com o lado direito do machucado medindo cerca de 15 centímetros a
partir do centro do peito e o lado inferior esquerdo medindo um pouco menos de 6
centímetros a partir do centro do peitoral. Uma mancha de sangue abaixo da área do
ferimento oval indica que logo antes de a lança penetrar algum sangue correu pela
região do peito, secando e coagulando. Então, quando a vítima foi retirada da cruz
e colocada no Sudário, uma quantidade de sangue liquefeito vazou do grande
ferimento lateral para as costas, criando marcas horizontais (veja as Figuras 12-4,
12-6). Existe evidência de coágulo e separação de soro em algumas áreas. As
fotografias tridimensionais do Sudário feitas por Tamburelli mostraram saturação
adequada do ferimento do peito (veja Figura 15-3). A quantidade de sangue e a
descarga aquosa tinham de ser muito pequenas (veja o Capítulo 14).
Pés e Pernas
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
então puxado para cima das solas e posto em volta dos dedos até o topo dos pés. Em
seguida, o tecido no topo do corpo foi puxado para cima das coxas, joelhos, e parte
inferior das pernas, diretamente para os dedos dos pés. Essa explicação parece
estar de acordo com o que postulou o frade Werner Bulst: "A razão pela qual não há
imagem da sola do pé direito (exceto por um segmento do calcanhar) e parte inferior
da panturrilha esquerda talvez se deva a uma ligeira flexão do joelho, provocando a
flexão do pé ligeiramente para a frente, ou a retração do pé esquerdo para dentro,
para cima do pé direito, logo acima dos dedos deste. Em primeira instância, quando
a vestimenta foi puxada para cima das solas, ela teria grudado na sola direita, mas
ligeiramente distante da sola do pé esquerdo, e, em segunda instância, a sola do pé
esquerdo teria sido protegida da vestimenta pelo pé direito". É importante notar
que ambas as instâncias parecem explicar o aparente encurtamento da perna esquerda.
249
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
para ver essas imagens e diz que isso é compreensível, já que levou muito tempo
para estudá-las. Completa afirmando que elas são vistas nas fotos de 1931 tiradas
por Enrie, mas não nas que foram feitas em 1978.
O que você chamou de "imagens" poderiam ser facilmente manchas químicas e outros
elementos nas fotografias com mais de 30 anos de existência, em preto-e-branco,
reveladas em alto contraste, que você utilizou. Enrie fotografou o Sudário em filme
ortocromático, que apresenta alto contraste e é tipicamente usado em litografia.
Ele
250
DESCRIÇÃO DO SUDÁRIO
certamente realça o contraste da imagem, mas não fornece uma visão acurada do que
realmente está no Sudário, já que ele captura os matizes mais leves de cinza e os
converte em branco puro; os matizes cinzaescuro ele converte em preto puro, mudando
os dados. O que aparece na foto é deslumbrante aos olhos, mas não necessariamente
representa acurada e cientificamente o que se encontra no Sudário. As fotos de
Enrie não contêm nenhum dado das cores que existem no Sudário. Imagens com tons e
colorações contínuas podem providenciar mais dados para que se possa determinar o
que realmente existe na peça. Eu acredito que um efeito observável deveria ser
observável por todo mundo, mesmo se não conseguimos identificar aquilo que estamos
olhando. Você me disse uma vez que somente um botânico poderia distinguir as
imagens de flores. Eu então retruquei que TODOS deveriam ser capazes de vê-las, mas
que talvez somente um botánico pudesse IDENTIFICÁ-LAS. Vamos encarar o fato: mesmo
os mais céticos concordam que existe a imagem de um homem na vestimenta. Por què?
Porque eles podem vê-la.
251
252
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
De fato, muitos dos objetos alegadamente "vistos no Sudário são, sem sombra de
dúvida, não-judaicos e pagãos: (1998)
Parece um tanto implausível que o centurião romano que acertou a lança em Jesus
desistisse da arma para que ela fosse enterrada junto
Dele.
A verdade é a única virtude que dá dignidade e valor à história. Lord Acton, 1834-
1902
A documentação histórica se torna firme por volta de 1349, quando o Sudário estava
em posse de Geoffrey de Charny, lorde de Lirey, mas sua trajetória anterior tem
sido objeto de muita controvérsia. Referências ao Sudário ou à sua imagem são
estas: nos dois primeiros séculos, ele foi citado nos evangelhos apócrifos. No
século IV, foi relatado por Arculfo, bispo da França; no século XII, por Luís VII e
Emanuel, o primeiro Comneno; e no século XIII por Robert de Clary. Os estudos do
falecido Paul Vignon, professor de Biologia do Instituto Católico de Paris, no
começo do século XX, deram grande ímpeto
254
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
para que se preenchessem falhas na cronologia. Ele descobriu que ícones e outras
pinturas bizantinas da cabeça de Jesus continham incríveis semelhanças com a imagem
no Sudário de Turim, como a barba, a ausência de pescoço, o nariz adunco, uma
sobrancelha erguida, um bigode dividido, olhar fixo, olhos de coruja, narinas
largas e marcas peculiares, como uma figura quadrada e parecida com uma caixa, com
o lado de cima faltando (acredita-se que seja um filactério) e com ou sem um "V"
embaixo dessa caixa na área entre os olhos. Os ícones contêm algumas dessas
características citadas ou todas elas. Eles incluem a catacumba de São Ponciano em
Roma, que data do século VIII (Figura 13-1); a Imagem de Edessa, uma pintura em
tecido (544); o Cristo Pancreator no Monastério de Santa Catarina, no Sinai (550);
o Ícone de Cristo em São Ambrósio (700); Mosaico Cristo Pancreator no domo da
Igreja de Daphne, Grécia (1050); e o mosaico do Cristo Entronado na Catedral de
Hagia Sophia (850). Em seu livro Unlocking the Secrets of the Shroud, o dr. Lavoie
cita o dr. Ernst Kitzinger, professor da Universidade de Harvard e expert em arte
bizantina, que relatou:
HISTORIA DO SUDÁRIO
FIGURA 13-1
255
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 13-2
256
HISTORIA DO SUDÁRIO
cerca de 944, revelou em um sermão que a imagem não apenas mostrava o rosto como
também tinha sangue e água dos ferimentos do lado, indicando pela primeira vez que
o Mandylion tinha um tamanho integral. Wilson também demonstrou que se uma
fotografia em tamanho natural do Sudário de Turim fosse dobrada em quatro, somente
o rosto ficaria visível. Em 1192, Gyorgy Pray, um estudioso jesuíta, descreveu
muitas características do Sudário no Manuscrito de Códigos de Orações que se
encontra na Biblioteca Nacional Szecheneyi, de Budapeste. Durante uma visita a essa
biblioteca, Jerome Lejeune, professor de Genética da Universidade de Paris e
Sorbonne, notou buracos correspondendo, em exato alinhamento, aos furos em "L", os
chamados "buracos de atiçador" no Sudário (veja a Figura 12-7), o corpo nu de Jesus
com as mãos cruzadas e sem os polegares deitado em um tecido com padrão espinha de
peixe, dedos peculiarmente longos, uma mancha de sangue acima do olho direito
correspondendo à mancha do "3 reverso", da mesma forma que se observa no Sudário
(Figura 13-2). Essas descobertas apóiam a suposição de que o Mandylion, ou Imagem
de Edessa, era na realidade o Sudário de Turim, e supostamente foi levado de
Constantinopla para a França no século XIII por um Cavaleiro Templário da família
Charny. Os Cavaleiros Templários eram uma ordem secreta religiosa formada por ex-
cruzados que adoravam uma imagem misteriosa e lutavam para proteger os
necessitados. Porém, 1350 é a data mais antiga em que podemos confirmar
definitivamente a existência do Sudário. Geoffrey de Charny, supostamente um líder
templário, construiu a Igreja Lirey no começo dos anos 1350, onde instalou o
Sudário. Além disso, uma medalha de peregrinos ligeiramente danificada, que hoje se
encontra no Museu Cluny, em Paris, e que mostra o Sudário em referência a uma
exibição da peça acontecida em 1357, foi encontrada no fundo do rio Sena (Figura
13-3). Essa medalha também exibe os chamados "buracos de atiçador".
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258
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 13-3
A questão de uma possível fraude artística surgiu pela primeira vez em 1359, quando
Henry de Poitier, bispo de Troyes, supostamente proibiu Jean de Vergy, viúva de
Geoffrey de Charny, de exibir o Sudário, já que ela estava lucrando com isso. O
bispo de Poitier alegou que o Sudário era fraudulento e que havia descoberto o
artista que o havia pintado. A favor do fato de que isso era um golpe, sabemos que
o Sudário não era uma pintura, que Jean de Vergy estava ganhando uma quantia
significativa, que essa foi uma época excelente para o mercado de relíquias e que
os peregrinos, que eram os compradores em potencial, estavam indo em massa a Lirey
em vez de Troyes. Infelizmente, a repercussão foi tão grande que o Sudário foi
recolhido por 32 anos, até que os Charny ganharam, em 1390, a permissão do antipapa
Clemente VII para exibi-lo novamente, mas sob certas condições. O público teria que
ser informado que o tecido não era a vestimenta com a qual Cristo teria sido
enterrado, mas sim uma imitação ou representação do verdadeiro Sudário. Essa
restrição foi supostamente respeitada, mas quando a exposição foi descoberta por
Pierre d'Arcis o novo bispo de Troyes -, este mandou um memorando a Clemente II,
informando o antipapa de que uns 30 anos antes o seu predecessor, o bispo de
Poitier, tinha descoberto a fraude e o artista que havia participado dela. O papa
Clemente II, porém, silenciou o bispo e permitiu à família Charny que seguisse com
a exposição.
HISTORIA DO SUDARIO
O Sudário permaneceu na Capela de Lirey até 1452, quando Margarete de Charny, neta
de Geoffrey de Charny, trocou o Sudário com Ana de Lusignano, esposa de Ludovico,
duque de Savoy, pelo castelo de Varambon e rendas provenientes da propriedade de
Miribel, perto de Lyon. A partir de 1471, ele foi movido para e/ou exibido várias
vezes em Vercelli, Turim, Ivrea, Susa, Chambéry, Avigliano, Rivolo, Pinerolo e
muitas outras cidades. Em 1502, o seu lar passou a ser
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260
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Chambéry, e ele foi guardado na Capela Real do Palácio Chambéry, por Margarete da
Áustria, duquesa de Savoy, e colocado num baú de prata na Capela Superior. Ian
Wilson, eminente estudioso do Sudário, recentemente me informou, em um e-mail
datado de 9/2/2003, que o baú foi comissionado por Margarete da Áustria e criado
pelo artista flamengo Leivan van Latham em 1509, a um custo de 12 mil ecus de ouro,
ou cerca de 3 milhões de dólares. Ele acha que o baú tinha que ter sido feito de
prata sólida com ornamentos de ouro, e, em vista de tamanha distinção, seria
improvável que madeira fizesse parte de sua estrutura, como já foi sugerido. Em
1532, um incêndio irrompeu e derreteu parte do baú de prata, fazendo com que a
substância amolecida pingasse nas bordas do Sudário. Os danos foram reparados pelas
Freiras Pobres Claras em 1534, que também teceram a Vestimenta Holandesa, uma
espécie de reforço para o Sudário. O Sudário viajou para Turim, Vercelli, Nice e
Chambéry durante as Guerras FrancoInglesas. Em 1578, o Sudário foi levado para
Turim por Emmanuel Filbert para poupar São Carlos Borromeo, arcebispo de Milão, da
rigorosa viagem aos Alpes. São Carlos realizou uma peregrinação no dia 6 de outubro
de 1578 para cumprir uma promessa feita durante a devastação de Milão pela peste,
segundo a qual ele iria venerar o Sudário de Turim. O Sudário foi então colocado na
Capela de Guarini, em 1694.
HISTORIA DO SUDÁRIO
centímetros, com velocidades de 14 e 20 minutos, respectivamente, conforme a
velocidade dos filmes naquela época. Enquanto revelava o filme, tarde da noite, Pia
notou que o negativo permitia que a imagem fosse vista de uma forma surpreendente,
com uma completa inversão de luzes, dando ao Sudário as características de um
negativo, e ao negativo as características de uma impressão positiva (Figuras 13-4e
13-5). Pia ficou emocionado e disse que o impacto foi tão grande quando viu a
imagem do rosto que seu corpo simplesmente ficou petrificado.
Em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, o Sudário foi transferido para um local
seguro, e isso se repetiu durante a Segunda Guerra, no dia 25 de setembro, 1939,
quando foi escondido no Monastério Beneditino de Montevergine, em Avelion, nordeste
de Nápoles. O Sudário permaneceu em uma estrutura semelhante a uma fortaleza até o
dia 28 de outubro de 1946, quando foi devolvido a Turim (veja o recorte de jornal
na Figura 13-6). Uma exposição do Sudário aconteceu em 1931 em honra a Humberto II
de Savoy, rei da Itália e dono do Sudário, e novamente em 1933, para honrar os
1.900 anos da morte e ressurreição de Jesus.
261
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 13-4
262
HISTORIA DO SUDÁRIO
FIGURA 13-5
Foto do Sudário de Turim, visão frontal, como aparece no negativo. Compare com a
Figura 13-4. Observe que há uma inversão do claro e do escuro, semelhante a uma
imagem fotográfica. (Cortesia de Gene Hoyas.)
263
LUO
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
The Chicago Tribune.I BERNE, Switzerland, April 2- The Glornale d'Italia reported
today that as a result of aerial bombard ments the shroud in which Christ was
buried and which has been preserved in the chapel of the cathedral of Turin has
been taken secretly to a safe repository.
Only the king of Italy, the crown prince, and the archbishop of Turin know the spot
to which the pall has been removed Transfer was con firmed in a notarial
deposition. The genuineness of the relle, which in the course of history has been
several times contested, was established scientifically only 12 years ago.
FIGURA 13-6
A Itália esconde o Sudário (recorte de jornal de 1919). O Sudário foi movido para
um local seguro.
FIGURA 13-7
King Umberto
Italy's deposed King Umberto, who died March 18, left the Shroud of Turin, believed
to be the burial cloth of Jesus Christ, to Pope John Paul II in his will, a
spokesman for the family has confirmed.
The shroud, a 14-foot-long linen cloth, is on display to the public in the Turin
cathedral, but has belonged to the royal house of Savoy since the Middle Ages. It
bears marks many Catholics believe to be the imprint of the face of Christ.
264
HISTORIA DO SUDÁRIO
Humberto III. Ele tirou uma série de excelentes fotografias usando os equipamentos
mais modernos e o melhor conhecimento disponível na época. Não foram feitos
retoques. De fato, vários fotógrafos foram trazidos para examinar as chapas e
atestaram que isso não aconteceu. Foi até preenchida uma declaração juramentada na
presença de Guilo Turbilo, tabelião de Turim, no dia 28 de maio de 1931.
Houve uma tentativa de destruir o Sudário em 1972, quando um intruso subiu pelo
teto do Palácio Real e entrou na Capela Real. A relíquia foi salva pela proteção de
asbesto no interior do sepulcro, no altar Bertola (veja "O Incêndio de 1997", a
seguir). Desde sua aquisição em 1452 e até a morte de Humberto II, no dia 18 de
março de 1983, o Sudário esteve sob poder da Casa de Savoy. O rei Humberto II cedeu
o Sudário ao papa João Paulo II (veja o recorte de jornal, Figura 13-7).
Aconteceram também exposições em 1978 e 2000. Em novembro de 2000 o Sudário foi
colocado no baú Alenia, até sua remoção para restauração, em 2002.
O INCÊNDIO DE 1997
265
266
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Quatro séries de evidentes queimaduras redondas num padrão simétrico são visíveis
no Sudário. Elas não podem ser atribuídas ao incêndio que ocorreu em 1532 em
Chambéry, já que a sua localização sugere um sistema de dobragem diferente daquele
que se deduz a partir das queimaduras resultantes do incêndio de Chambéry. Esses
buracos de queimadura foram feitos certamente antes de 1532, já que eles aparecem
em uma pintura do Sudário feita em 1526 e mantida em Lierre, Bélgica. Os buracos
não foram remendados, da mesma forma que aqueles produzidos pelo fogo de Chambéry.
De fato, a Vestimenta Holandesa que foi costurada para reforçar a estrutura do
Sudário durante a restauração de 1534 é visível por baixo deles.
Fatos que a princípio parecem improváveis vão, mesmo com escassa informação,
abandonar o manto no qual estão escondidos e se revelar em sua nua e simples
beleza. Galileu Galilei
268
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
RIGOR MORTIS
O termo rigor mortis vem do latim e significa "rigidez causada pela morte". Essa
rigidez e o encurtamento dos músculos são causados por uma irreversível reação
química. As mandíbulas, pescoço, braços, pernas e tronco se tornam duros como pedra
e ficam na posição em que o indivíduo se encontrava pouco antes de sua morte. Por
exemplo, se o indivíduo morreu enquanto uma perna estava numa posição elevada e o
braço acima de sua cabeça, esses membros vão se manter desse jeito por cerca de 12
horas depois que o rigor mortis se estabeleceu. Esse fato tem significado médico
legal para determinar se o corpo foi movido depois que o rigor mortis aconteceu.
Por exemplo, se um corpo é encontrado estendido com as pernas suspensas no ar, é
óbvio que ele foi movido da posição onde elas repousavam. O rigor mortis geralmente
começa nas mandíbulas, músculos faciais e pescoço, aproximadamente três horas após
a morte, e se manifesta progressivamente nos músculos do pescoço, peito, pulso e
tornozelos, joelhos e quadris, tornando-se completo num período de 18 a 36 horas. O
estado de rigor permanece por cerca de 12 horas e gradualmente desaparece. Embora o
rigor mortis seja usado na patologia forense como uma forma de se verificar a hora
em que ocorreu a morte, ele é muito variável, e por isso não é de forma alguma
confiável, sendo utilizado, então, junto com critérios.
Origor mortis é causado por uma complexa reação química que é natural às fibras
musculares. A seguir, tem-se uma explicação simplificada do processo. Cada músculo
é formado por miofibrilas microscópicas que são quimicamente constituídas de dois
tipos de filamentos de proteína, finos e grossos, chamados actina e miosina.
Durante as contrações musculares, esses filamentos interagem uns com os outros,
fazendo que hastes de actina deslizem entre hastes de miosina, num processo similar
ao de um pistão dentro de um cilindro. A actomiosina é formada, e ela é mais curta
que a actina e a miosina. Um produto químico no corpo chamado adenosina trifosfato,
ou ATP, que
QUEBRANDO O RIGOR
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270
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
posição de suspensão. Além disso, quando ele foi retirado da cruz, além de ter sido
quebrado o rigor nos joelhos, isso também teve que ser feito nas juntas dos ombros
e dos cotovelos, para que o homem assumisse a posição observada no Sudário. O
professor James Cameron, conhecido patologista forense do Hospital de Londres,
também atribui a rigidez dos braços ao rigor mortis e concorda que quem retirou o
homem da cruz teve que quebrar o rigor nos ombros e braços, assim, os braços
estariam posicionados como se pode ver no Sudário. É também interessante saber que
estátuas e pinturas famosas mostram Jesus nos braços de Sua mãe, em uma posição
totalmente relaxada, não em estado de rigor. Entre as estátuas estão a Pietá
(Michelangelo) e Deposizione Di Cristo Nel Sepolcro (Meridionale), e as pinturas
incluem Compianto Su Cristo Morto (Fantini), Trinita e Angelo Piangente (DeLonhy);
duas obras de Ferrari, ambas intituladas Compianto Su Christo Morto, duas obras de
Lanino intituladas Compianto Su Christo Morto, Christo Morto Sostentuto Dagli
Angeli (Trevisani); Cristo Soretto Dagli Angeli (Seiter); Deposizione Nel Sepolcro
(Heemskerk), Deposizione di Cristo e Virgine (Francia); além de várias outras. Uma
obra, porém, intitulada Compianto Su Cristo Morto, de Domenico Merzagora, mostra,
mais corretamente, Jesus estirado e suspenso, em completo estado de rigor mortis
(Figura 14-1).
Quanto ao fato de o sangue de Jesus ter fluído depois de Sua morte, essa questão
pode agora ser respondida afirmativamente, porque Sua morte se encaixa numa
situação de violência, que pode levar à fluidez do sangue. Essa morte violenta,
somada à ausência de contrações nos pequenos vasos sangüíneos, poderia facilmente
colaborar para muitas das inúmeras marcas de sangue notadas no Sudário de Turim.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
272
FIGURA 14-1
FIGURA 14-2
Fibrila de linho de uma área com imagem de sangue. Material retirado com fita
adesiva. A parte escura é sangue.
FIGURA 14-3
acidente automobilistico. Ferimento em uma vítima que ainda sobreviveu várias horas
após o acidente. A ferida foi lavada e pressionada com uma toalha de
papel.
As imagens rubras que supostamente são de sangue nas áreas de ferimento do Sudário
de Turim destacam-se em marcante contraste com o tom sépia da imagem do homem do
Sudário. Existe pouca dúvida quanto ao fato de que essas áreas têm aparência de
sangue e correspondem, no geral, diretamente às marcas feitas durante o
açoitamento, a coroação com espinhos e a própria crucificação. Estudos científicos
das "áreas manchadas de sangue" foram conduzidos pela primeira vez em 1973, por um
grupo especial de experts, a Comissão de Turim. Essa comissão foi convocada pala
primeira vez em 1969 para examinar e conduzir testes no Sudário e fazer
recomendações para futuros experimentos científicos. Em contraste, é importante
saber que as imagens de sangue permeiam a espessura total do Sudário, o que não
ocorre com a imagem do corpo, e tais imagens só estão presentes na superfície das
fibras externas. Em 1973, o professor Giorgio Franche, sorologista e diretor do
Instituto de Medicina Legal da Universidade de Modena, E. Mari Rizatti e E. Mari
fizeram testes de sangue em dez fibras separadas do tecido das áreas "manchadas de
sangue" do Sudário. O resultado foi negativo. No mesmo ano, o professor Guido
Filogamo e Alberto Zina, autoridades em anatomia humana da Universidade de Turim,
foram incapazes de encontrar evidências de sangue nas fibras do tecido utilizando
microscópio eletrônico. Eles indicaram que raramente traços de sangue podem ser
isolados positivamente, a não ser que eles tenham uma origem recente, e ambos os
cientistas admitiram que suas descobertas negativas não excluem a possibilidade da
existência de sangue. Até 1980, porém, não houve nenhuma confirmação, química ou
morfológica, de que essas áreas seriam sangue. Uma questão que sempre se formula é:
por que as áreas de sangue apresentam a cor rubra, como a de sangue fresco, e não
um vermelho amarronzado, de sangue velho? De acordo com Raes, saponária, que era
utilizada para preservar as roupas e foi identificada no Sudário, preserva também a
cor do sangue. A saponária
273
274
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Em 1980, porém, os drs. Alan Adler e John Heller, usando um espectroscópio e testes
microquímicos, descobriram e reportaram a presença de sangue nas fibrilas de linho
utilizando amostras retiradas das áreas de ferimento do Sudário por meio de fita
adesiva (Figura 14-2). Como os testes de sangue usuais podem resultar em falsos
positivos que podem até incluir sais de ferro e dar falsas reações negativas, em
que existe pouca solubilidade quando se usam amostras envelhecidas, eles escolheram
um teste mais específico, que poderia converter o grupo hemático suspeito a uma
porfirina que permitiria uma fluorescência Soret característica. O teste exibiu
reação positiva para sangue. Além disso, testes imunológicos demonstraram que o
sangue é de origem primata.
Odr. Baima Bollone, junto com os drs. Jorio e Massaro, reportou em 1981 que o
sangue era de origem humana, usando uma técnica de anticorpo fluorescente. O grupo
relatou que foi determinado, com sucesso, o grupo sangüíneo, que era do tipo AB.
imagens de sangue estavam presentes na vestimenta antes que a imagem do corpo tenha
sido colocada, aparecido ou, talvez, se desenvolvido. Seja lá o que for que
produziu a imagem do corpo, parece que o sangue protegeu as fibras do processo de
formação de imagem. Isso foi confirmado pelo dr. Adler, que submeteu um número
significativo de fibras das áreas da imagem que continham sangue à digestão
enzimática e não encontrou evidência nenhuma de imagem. O dr. Rogers olhou
diretamente para os fluxos de soro aumentados sob o microscópio e não percebeu
nenhuma cor por baixo deles, e Don Janney, também da equipe do STURP, produziu
realce RGB das imagens de fotografias de fluxos de soro e concluiu que não havia
imagem embaixo deles. O dr. Rogers também relatou, em um e-mail datado de 11/3/2004
ao Grupo de Discussão do Sudário, que a cor da imagem nos pulsos e mãos é bastante
densa, que não havia imagem sob o "fluxo de soro", e que a soma das evidências
parece apoiar a posição de que o sangue impediu a formação de imagem. O dr. Adler
também mostrou que cada ferimento apresenta anéis de retração de soro que podem ser
vistos sob raio ultravioleta, confirmando a presença de exsudatos coagulados. Os
drs. Heller e Adler confirmaram a presença de enzimas digestivas e fluorescamina.
Também confirmaram a presença de albumina por meio de verde de bromocresol.
275
276
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
é conhecido que falsos positivos são comuns quando se tenta determinar o tipo
sanguíneo de amostras antigas, o que ocorre por causa de vários fatores, incluindo
a presença de antígenos de outros organismos, como insetos. Não temos idéia do que
os produtos de decomposição dentro e ao redor das moléculas fazem às ligações, nem
o que os danos das próprias moléculas acarretam à ligação dos anticorpos aos
antígenos nesses testes ao longo do tempo. Provavelmente, os reagentes não
funcionaram adequadamente nas velhas proteínas deterioradas, mas nenhum estudo
caso-controle confiável foi feito. Surpreende-me o fato de que ninguém tenha
confirmado o resultado de Bollone et al. É bom saber que o dr. Adler relatou:
"Grande parte desse material antigo dá como resultado AB porque ele pode se
confundir com contaminação bacteriana da parede das células. Testes imunológicos
são feitos por dois motivos: as proteínas têm extensões de açúcar, os chamados
sacarídeos, aos quais os anticorpos reagem, e as paredes das células de bactérias
são, na verdade, sacarídeos. Uma porção de proteínas são glicoproteínas. Acontece
que antígenos comuns do sangue tipo ABO são glicoproteínas, e assim o teste é
baseado no determinante de açúcar" (Case, 1996).
Existem aqueles que insistem em que a presença de sangue nas imagens relativas às
áreas de sangue no Sudário não descartariam por completo uma fraude, já que algum
artista esperto que talvez quisesse enganar o público poderia ter usado sangue nas
áreas de ferimento e em outras áreas. Esse argumento é rebatido pelo dr. Adler, que
declarou: "Simplesmente não se pode dizer que as imagens de sangue foram pintadas.
Seria preciso um grande suprimento de exsudatos frescos de coágulos de um ser
humano traumaticamente ferido para pintar tudo de uma maneira correta do ponto de
vista forense. Ele teria, ainda,
CONCEITOS FORENSES E INTERPRETAÇÕES POST MORTEM
que pintar um anel de contração de soro em cada ferimento. A lógica sugere que um
falsário ou artesão daquela época não saberia como fazer isso, aliás, nem saberia
que seria preciso fazê-lo."
A polêmica em torno da questão de o homem do Sudário ter sido lavado ou não antes
de ser colocado na mortalha tem grande importância no que se refere à autenticidade
do Sudário de Turim. O conceito de que o homem crucificado não foi lavado não seria
prontamente aceitável pelo patologista forense cuja experiência também inclui
estudos de padrões de fluxo de sangue ante mortem e post mortem em tecidos durante
reconstituições forenses. A aceitação da hipótese de que a vítima não foi lavada
colocaria a autenticidade do Sudário de Turim em dúvida. Portanto, é fundamental
que essa controvérsia seja resolvida de maneira forense.
277
278
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Todo patologista forense praticante sabe que cada pequeno ferimento pode sangrar
profusamente durante a atividade cardíaca e observa resultados de sangramento de
ferimentos de praticamente todos os tipos no dia-a-dia. É também importante
perceber que, por um considerável período de tempo antes da morte, o fluxo de
sangue dos ferimentos teria diminuído, porque o estado de choque teria causado uma
acentuada hipotensão no indivíduo crucificado. É igualmente importante notar que as
marcas de açoitamento foram feitas várias horas antes de a vítima ser removida da
cruz, de forma que crostas de coágulos se teriam formado nas feridas, tornando
difícil entender como as marcas de açoitamento poderiam ter deixado impressões tão
precisas. Todo patologista forense que eu consultei concordou em que os ferimentos
teriam causado grandes sangramentos e que o corpo teria que ter sido lavado, para
estar de acordo com a precisão dos ferimentos no Sudário. Na edição de dezembro de
1980 do Medical World News, o dr. Michael Baden, patologista forense e ex-
médicolegista chefe de Nova York, concordou em que, se o Sudário é genuíno, o corpo
teria que ter sido lavado. Ele também acrescentou que, se o corpo foi lavado, deve
ter escorrido algum sangue dos ferimentos. O dr. Rogers apoiou a teoria de que o
corpo foi lavado, pois revelou que não acredita que houvesse evidência química de
suor na roupa durante o tempo em que o homem do Sudário permaneceu envolto nele.
Ele
argumenta que resíduos de esqualene e outros elementos químicos que compõem o suor-
os quais teriam sido transportados para a vestimenta por meio dos efeitos da tensão
de superfície na fase líquida - estão ausentes do Sudário (e-mail do Grupo Yahoo de
Ciência, 5/12/2003). Quanto a esse assunto, ainda, os Gilberts não detectaram a
presença de esqualene em seu espectro, que apóia a suposição de que o corpo foi
lavado, e as análises de raios X por dispersão de energia do dr. Adler revelaram
que as áreas manchadas pela água eram pobres em sódio e potássio. Esses elementos
concentrariam sais solúveis quando a água migrasse através das áreas de imagem.
Assim sendo, se o corpo não fosse lavado, haveria uma ausência da maior parte da
imagem do corpo no Sudário, porque haveria grandes quantidades de sangue em toda a
peça, impedindo os mecanismos de produção da imagem. Já foi dito que todo o sangue
não teria, necessariamente, sido transferido para a vestimenta. Isso se opõe ao
fato de que, por ter sido violenta a morte em questão, a presença de fibrinolisina
e suor, como discutido, teriam prontamente transferido o sangue para o Sudário.
Como não há grandes áreas, irregulares, mostrando uma ausência de imagem do corpo,
o sangue deve ter estado ausente nas áreas de imagem antes da formação da imagem, e
a única forma de se obter isso seria lavando o corpo.
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280
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Se o indivíduo morto não tivesse sido lavado, esses padrões bem definidos no
Sudário não estariam presentes, porque a maior parte do sangue nas marcas de
açoitamento teria coagulado e o sangue localizado nas áreas periféricas e no lado
externo dos ferimentos teria secado antes de a vítima ser colocada na cruz. Além
disso, os arranhões mostrados na fotografia UV fluorescente feita por Miller e
Pellicori não teriam ficado visíveis. De acordo com as experiências de Lavoie et
al., um pano teria que ser colocado no coágulo úmido não mais que duas horas e meia
depois que o sangramento parou. Além disso, os autores discutem que coágulos
umedecidos teriam que ser transferidos em uma hora para uma imagem-espelho, para
deixarem as marcas. Deixando de lado todos os outros ferimentos, ninguém discutiria
o fato de que os ferimentos devidos ao açoitamento foram produzidos e que a
coagulação começou horas antes da morte. Além disso, a maioria dos experts forenses
concorda em que o homem do Sudário apresenta evidência de rigor mortis, como já foi
discutido antes, indicando que ele já se encontrava morto havia algum tempo, antes
de ser descido da cruz. De acordo com estudos do grupo de Lavoie, esses ferimentos
perfeitamente definidos não poderiam ter sido transferidos de forma alguma. Ainda
assim, muitos dos ferimentos encontrados no Sudário de Turim são extremamente
distintos, correspondendo a marcas em forma de haltere. Mesmo se os coágulos desses
ferimentos satisfizessem os critérios de tempo e umidade postulados pelo grupo de
Lavoie, as marcas de açoitamento - incluindo as áreas sanguinolentas ao redor
delas-seriam indistintas e extremamente variáveis em tamanho e formato, dependendo
da profundidade e do ângulo do ferimento, da quantidade do fluxo de sangue, dos
padrões do fluxo e se o coágulo aderiu ou não aos ferimentos. Além disso, mesmo se
as gotas de suor que pingaram da vítima amolecessem algum sangue seco nas áreas
externas dos ferimentos, as marcas seriam indistintas e de formato variado. Porém,
se o corpo fosse lavado, o sangue seco ao redor dos
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282
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Ferimento da Mão
Durante a remoção da cruz, a ponta do prego quadrado e delgado seria batida com um
martelo para que ele fosse removido. O fluxo de sangue da área da mão/pulso teria
ocorrido mais logicamente depois
da remoção dos pregos da área da mão, fazendo com que o sangue que continha
fibrinolisina (veja a seção "Fluxo de Sangue Depois da Morte") vazasse da entrada
do prego no ferimento da área radial à área ulnar, bifurcando-se nos dois lados da
protuberância estilóide ulnar (a convergência óssea na parte de trás do pulso, no
lado do dedo mínimo), criando, assim, o padrão de bifurcação. Isso também indica
que o fluxo bifurcado ocorreu depois que o prego foi removido e não enquanto Jesus
ainda estava pregado à barra horizontal da cruz.
Visto que o fluxo sanguíneo ocorreu depois da morte, ele foi considerado "impuro" e
não teria sido lavado durante o ritual de lavagem. Para demonstrar que o fluxo
sanguíneo dos ferimentos acontece em indivíduos mortos, observamos e lavamos
ferimentos de pessoas que viveram algumas horas depois de sofrerem acidentes fatais
(Figuras 14-4 e 14-5).
As pontas dos pregos quadrados e afilados foram batidas com um martelo e os pregos
foram removidos. É óbvio que o fluxo de sangue nos braços ocorreu logo depois da
remoção dos pregos (que selaram os ferimentos durante a suspensão) da área da mão,
fazendo que o
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
sangue que continha fibrinolisina corresse pela parte de trás dos braços enquanto
eles ainda estavam suspensos sobre a cabeça, rígidos no rigor mortis e no mesmo
ângulo em que se encontravam quando foram pregados na cruz. Os padrões de fluxo são
consistentes com a posição do crucarius na cruz, com alguns dos padrões se
modificando ligeiramente durante o processo de remoção da cruz. A quantidade de
sangue vista no Sudário é pequena, embora possa parecer grande para os não-
iniciados. Mas boa parte do meu trabalho de 34 anos como patologista forense tem
sido estimar a quantidade de sangue em vários tipos de roupa, lençóis, carpete
etc., em investigações de homicídio, suicídio e mortes acidentais. Falando em
termos forenses, a razão pela qual a quantidade de sangue nos braços é pequena se
deve ao fato de que o coração não estava batendo quando os pregos foram removidos e
os braços se encontravam em posição suspensa. Além disso, os braços estariam livres
de sangue antes da morte, porque os pregos teriam selado os ferimentos, a pressão
do sangue era muito baixa e os braços estavam em uma posição elevada.
Ao começar essa discussão, devo deixar claro que minha conclusão de que o homem do
Sudário foi lavado antes de ser colocado na vestimenta é baseada somente em fatos
científicos. Um aspecto essencial da reconstituição forense é buscar suportes
auxiliares. Quanto a isso, as seguintes informações sobre fatos históricos e
relativos às Escrituras são apresentadas com a total percepção de que alguns pontos
dessas áreas podem estar além do expertise de um patologista forense. Assim, o
material é apresentado com a consulta e orientação de experts para que se possa
mostrar que existe apoio tanto nas Escrituras quanto nos costumes funerários
judaicos para a hipótese da lavagem do corpo. A suposição de Ian Wilson de que
muitos estudiosos das Escrituras
FIGURA 14-4
FIGURA 14-5
285
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 14-6
acreditam que Jesus foi lavado porque eles assumem que a passagem do Evangelho de
São João é historicamente acurada - "Tomaram, pois, o corpo de Jesus, e o
envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na
preparação para o sepulcro" (João 19:40)-é obviamente correta, já que a passagem é
clara e direta em sua interpretação. As evidências em favor do funeral de acordo
com os costumes judaicos incluem o Evangelho de São João (19:40); O Evangelho
Perdido Segundo Pedro (seção 6), indicado a seguir; o uso de especiarias funerárias
(João 19:39) e o envolvimento do corpo em uma mortalha (João 19:40).
O rabino Dan Cohn Sherbok, da Universidade de Kent, na Inglaterra, relatou que não
era apenas uma obrigação legal envolver o corpo em panos, mas também lavá-lo e
ungi-lo, mesmo no Shabat ("Sudário Judaico de Turim", Expository Times, 1981). Numa
recente
286
comunicação via e-mail, Diane Fullbright relatou: "A idéia de que o corpo não teria
sido lavado por causa de várias leis judaicas relativas a pessoas condenadas à
morte por causa de crimes religiosos etc. é irrelevante por uma série de razões,
não apenas porque os seguidores de Jesus não o consideravam um criminoso" (Grupo
Yahoo do Sudário, 6/12/2003). Porém, a declaração de Wilson de que "Tendo em vista
que Jesus não foi lavado, não se pode sustentar a autenticidade do Sudário",
baseando-se no fato de que não havia tempo suficiente para a lavagem, já que o
Shabat estava prestes a se iniciar, é completamente indefensável, já que uma
lavagem completa do corpo acompanhada por um ritual resumido pode ser feita em
questão de minutos. Eu observei isso pessoalmente numerosas vezes em meu diaa-dia
como médico-legista, em casos envolvendo a morte de judeus ortodoxos. O Evangelho
Perdido Segundo Pedro (seção 6)-uma evidência controversa, não aceita pelos
estudiosos-é citado aqui porque contém uma declaração definitiva referente ao fato
de que Jesus foi lavado antes de ser colocado no Sudário: "E eles pegaram o Senhor
e O lavaram e O enrolaram em lençóis de linho, e o levaram à Sua tumba, que era
chamada Jardim de José." Esse código em pergaminho foi encontrado em 1886 pela
Missão Arqueológica Francesa, quando escavavam a tumba de um monge no Vale do Nilo
Superior, na margem direita do rio, na cidade de Akemin, que se chamava Panópolis.
Historicamente, estudiosos religiosos reconheceram a existência desse evangelho.
Por exemplo, referência a esse documento foi feita em 190 d.C. por Serapião, bispo
de Antioquia; em 253 d.C. por Origen, e em 300 d.C. por Eusébio, bispo de Cesárea.
Em 455 d.C., Theodoret indicou em sua obra Religious History que os nazarenos
usaram O Evangelho Perdido Segundo Pedro. É interessante saber que a visionária
Catarina Emmerich relata que a imagem do Sudário apareceu depois que Ele foi
lavado, ungido e envolto na vestimenta.
A Pedra da Unção, reconhecida desde a Era Bizantina e que no momento está guardada
na Igreja do Santo Sepulcro, é tida como a
287
288
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
pedra em que Jesus foi lavado e ungido, de acordo com Wilson. Além disso, muitos
estudiosos das Escrituras têm opinado sobre a lavagem do corpo antes do
sepultamento. Lavoie et al. apresentaram um estudo de uma lei judaica que trata de
costumes funerários ao longo do século XVI. Embora os principais fundamentos das
leis funerárias da época de Jesus sejam, talvez, essencialmente os mesmos de hoje
em dia, nós não sabemos se existem diferenças entre os processos praticados hoje e
aqueles praticados à época da morte de Jesus. Mas, se apresentarmos justificativas
científicas para a lavagem baseados nas práticas modernas, então eu argumento que o
único fluxo de sangue depois da morte incluiria pequena quantidade de uma
substância aquosa e tingida de sangue saindo do ferimento produzido pela lança. A
quantidade de substância aquosa e de sangue vazando desse ferimento tinha que ter
sido pequena, porque logo depois que a lança entrasse na cavidade do peito, os
pulmões teriam entrado em colapso devido à pressão atmosférica. O nível de fluido
teria caído imediatamente, pois haveria mais espaço na cavidade torácica. Assim, o
único fluido a vazar do ferimento teria sido aquele da penetração inicial da lança
(imediatamente antes do colapso), além da pequena quantidade de sangue relativa ao
átrio direito do coração que ficou na ponta da lança, em razão do movimento rápido
de retirada. Em minha opinião, essa quantidade é significativamente menor que
aquela ditada como sendo a quantidade mínima de sangue após a morte requerida para
considerá-lo impuro, segundo a Mishná e o Talmude. Todo o restante do sangue no
corpo deveria estar presente antes da morte e poderia ser lavado, conforme as
prescrições judaicas. Se um rito funerário rápido fosse necessário, o ritual de
lavagem poderia ter sido cumprido em questão de minutos, de acordo com minhas
observações e consultas junto a estudiosos rabinos. Mesmo se saísse um pouco mais
de sangue do ferimento feito pela lança, o pequeno volume de sangue ao redor
poderia ter sido facilmente evitado durante os procedimentos de lavagem. O ato de
lavar, então, teria causado o vazamento de sangue de cada um dos
forenses.
289
A ciência, afinal, é somente uma expressão para nossa ignorância de nossa própria
ignorância. Samuel Butler, 1835-1902
àquela da imagem, o qual foi coberto meticulosamente com um pano em que foi
projetada uma foto do Sudário de modo que todas as características da imagem se
ajustassem apropriadamente. Eles então tiraram fotos com e sem o pano no lugar;
assim, poderiam obter distâncias roupa-corpo em um plano perpendicular à linha do
cume (o ponto em que a vestimenta se encontra mais próxima do corpo). Um
microdensitometro foi usado para seguir as linhas do cume a fim de obter um
registro gráfico da relação da intensidade da imagem com a distância roupa-corpo.
Eles puderam concluir que a hipótese de Vignon estava correta. Sujeitaram, então,
os pontos da imagem das fotos do Sudário à análise do VP-8, como foi feito quando
foram processadas tridimensionalmente as fotografias de Marte, porque a fonte de
luz estava a certa distância. Eles obtiveram fotos tridimensionais fascinantes da
imagem do Sudário, o que não seria possível com fotografia comum, porque esta
mostraria distorção com o nivelamento do relevo, incluindo o braço junto ao peito e
o nariz pressionado na face. Observaram também que, como a imagem não produziu
nenhuma marca de pincel direcional, tal como poderia ter sido efetuada por um
artista, uma falsificação não pareceu possível.
291
292
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 15-1
uma ruptura que atravessa o nariz. É importante enfatizar que o nariz não estava
quebrado, o que seria contrário aos textos das Escrituras, segundo os quais nenhum
osso foi quebrado. Antigas práticas judaicas incluíam a colocação de fragmentos de
cerâmica ou moedas para selar as pálpebras. Tamburelli afirma que o uso de moedas
era raro durante o início da era cristã e desapareceu durante o século II,
adicionando, desse modo, outro ponto positivo à autenticidade do Sudário (G.
Ricciotte, Life of Christ, por Oscar Monadici, Sett., 1974).
FIGURA 15-2
293
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 15-3
295
FIGURA 15-4
ha
Turim, Itália.)
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
claramente, revelam a posição das marcas das feridas mais precisamente, revelam a
possibilidade de moedas sobre os olhos, e supostamente eliminam a possibilidade de
que o homem era velho. Por meio da restauração da imagem, eliminação de
imperfeições e realce da imagem, o resultado é uma bonita e provável fotografia do
homem do Sudário (veja a Figura 15-4).
O resultado da experiência de Vala foi impressionante. Ele criou com sucesso uma
representação tridimensional da cabeça do Sudário a partir de uma fotografia
bidimensional.
ESTUDOS TRIDIMENSIONAIS DO SUDÁRIO
FIGURA 15-5a
Região da cabeça do Sudário. O círculo branco designa a área onde a moeda fora
supostamente colocada sobre o olho. (Cortesia de Peter D. Fox, Universidade de
Loyola, em nome de Francis Filas, S. J.)
FIGURA 15-5b
Região do olho direito, vista por meio do analisador de imagens VP-8. Letras que
parecem ser UCAI na região superior esquerda, na posição horária de 10 para as 11,
alegadamente representando algumas das letras da moeda (lepton) de Pilatos
detalhada na Figura 15-6b. (Cortesia de Peter D. Fox, Universidade de Loyola, em
nome de Francis Filas, S. J.)
MOEDAS SOBRE OS OLHOS - O primeiro relatório condizente com as imagens dos objetos
semelhantes a moedas encontrados sobre os olhos da imagem de Turim veio dos estudos
tridimensionais de computador de Jumper e Jackson, em 1977. Usando um analisador de
imagem VP-8, esses investigadores notaram objetos semelhantes a botões sobre ambos
os olhos na forma tridimensional de moedas. Eles pesquisaram na literatura e
encontraram referências aos antigos costumes judaicos que mostravam que moedas ou
fragmentos de cerâmica eram colocados sobre os olhos de indivíduos mortos para
impedir que vissem o caminho até seu destino final na eternidade.
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298
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 15-6a
Ampliação da região do olho direito do Sudário. Novamente, letras que parecem ser
UCAI e um cajado aparecem na área do olho direito. (Cortesia de Peter D. Fox,
Universidade de Loyola, em nome de Francis Filas, S. J.)
FIGURA 15-6b
Típica moeda de Pôncio Pilatos que existe ainda hoje. Esta é a mesma ampliação que
foi usada na imagem da Figura 15-6a. (Cortesia de Peter D. Fox, Universidade de
Loyola, em nome de Francis Filas, S. J.)
Cno Sudário onde um K está presente nas moedas de Pilatos que possuímos)". Filas
indicou que, com probabilidade matemática, haveria uma possibilidade em 6,22 x 10%
de que as marcas no olho são uma ocorrência aleatória. Indicou também que o olho
esquerdo continha um lépton de Júlia com um nítido feixe de cevada, que foi cunhada
em 29 CE, em honra à esposa de Tibério César, Júlia.
Um apoio adicional para a hipótese de Filas foi fornecido pelo dr. Robert Haralick,
diretor do Laboratório de Análise de Dados Espaciais do Instituto Politécnico de
Virgínia e Universidade Estadual de Blackburg, Virginia. Usando a análise digital
do negativo da imagem
299
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
sobre o olho direito, ele relatou encontrar duas letras adicionais, Oe C, antes e
depois do UCAI.
Qual é o mecanismo para tal formação de imagem? Uma sugestão foi feita pelo dr.
Igor Benson, um engenheiro e padre da Igreja Ortodoxa Russa da Carolina do Norte,
que tem estudado os efeitos da radiação das descargas elétricas de alta tensão, de
alta freqüência. Benson sugere que uma espécie de relâmpago pode ter sido o
culpado, atingindo of corpo durante uma tempestade elétrica, carregando-o com
energia de alta tensão, a qual teria imediatamente dissipado sua energia iônica
(descarga), vulcanizando assim a vestimenta e imprimindo as moedas no Sudário. Ele
forneceu um modelo experimental direcionando uma fonte de alta energia de um tubo
de energia de cátodos posicionado dentro de uma esfera de vidro para uma pequena
moeda colocada em um pedaço de linho no campo de energia. Uma queimadura ocorreu no
linho, mostrando detalhes precisos da moeda. O dr. Scheuermann, um físico da
Alemanha, e o dr. Graeme Coote, um físico da Nova Zelândia, também se envolveram,
independentemente, na questão de descargas elétricas de alta tensão produzindo a
imagem no Sudário. Coote, entretanto, é da opinião de que as altas tensões podem
ter sido produzidas pela pressão na rocha durante um terremoto, e não por um
relâmpago, como proposto por Benson (veja a hipótese da modificação da descarga
elétrica, no Capítulo 16).
300
do STURP e
301
Quanto mais aprendemos sobre ciência, mais percebemos que seus maravilhosos
mistérios são todos explicados por umas poucas leis simples tão interligadas e tão
dependentes umas das outras, que vemos a mesma mente animando todas elas.
O bservações: antes de embarcar numa avaliação das várias teorias sobre a formação
da imagem, é necessário apresentar alguns termos mais freqüentemente utilizados e
alguns pontos de informação básica. A imagem "corpo-apenas" refere-se à imagem
inteira, excluindo as áreas das imagens das manchas de sangue. A esse respeito, a
imagem corpo-apenas está essencialmente ausente na parte de trás do Sudário (exceto
pelas fracas imagens discutidas no Capítulo 12, em "Dupla Superficie"), mas a maior
parte das imagens de manchas de sangue aparece completamente através da roupa. Foi
mostrado por Adler
TECNICAS INVESTIGATIVAS APLICADAS AO SUDÁRIO
e outros que quando uma fibra manchada de sangue de uma área de imagem é tratada
enzimaticamente para remover o sangue, nenhuma imagem está presente por baixo,
demonstrando que o sangue estava presente antes da formação da imagem. Além disso,
as imagens corpoapenas estão presentes somente na superficie extema das fibras do
Sudário, com uma penetração de apenas duas ou três fibrilas. A escuridão da imagem
do corpo parece ser determinada pelo número de fibrilas em uma unidade de área;
quanto mais fibrilas, mais escura ela é. Quanto mais perto uma pessoa estiver da
imagem, mais difícil será visualizá-la, e ela literalmente some quando a pessoa a
observa muito de perto. A ampliação da imagem também faz com que ela se desvaneça,
tornando difícil visualizá-la.
303
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
304
4. A avaliação microquímica indicou que não havia condimentos ou óleos, nem agentes
bioquímicos produzidos pelo corpo em vida ou após a morte.
5. Houve um contato direto do corpo com o Sudário que explica as marcas de açoite e
o sangue.
9. Embora mudanças similares possam ocorrer com o ácido sulfúrico ou o calor, não
existem métodos físicos conhecidos que possam ser responsáveis pela totalidade da
imagem.
10. A resposta para a questão de como a imagem foi produzida ou o que a produziu é
um mistério.
11. A imagem do Sudário é a de um ser humano real, um homem que foi açoitado e
crucificado, e não o produto de um artista.
Em 1984, um exame completo das várias manchas e imagens no Sudário foi publicado em
Archaeological Chemistry III, por Jumper, Adler, Jackson, Pellicori, Heller e
Druzik, em que relataram o seguinte:
305
306
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
4. A cor das fibrilas foi sujeita a testes de solubilidade com toda a gama de
solventes orgânicos e foi descoberto que essa cor não pode ser extraída. Fortes
ácidos ou bases não afetaram a cor.
5. Como a maior parte dos corantes orgânicos é afetada pelas altas temperaturas, se
um corante orgânico criou a imagem, deveria haver alguma mudança nas cores das
bordas das marcas de queimadura, resultantes do incêndio de Chambéry.
8. Não existe evidência de qualquer aderência entre as fibrilas das áreas de imagem
corpo-apenas. Além disso, os testes para proteína nas fibrilas dessas áreas
resultaram negativos, abaixo de um milésimo de miligrama, utilizando-se testes de
sensibilidade, incluindo o método de fluorescamina, digestão de proteases e o teste
de negro de amido. O teste de negro de amido, contudo, se usado isoladamente e sem
controle como McCrone fez, pode levar a resultados enganosos, porque pode macular
celulose oxidada.
10. Nas áreas de imagem relativas ao sangue, as fibrilas parecem estar aderidas. O
teste para proteína resultou positivo para essas fibrilas. Isso também foi
reportado por Schwalbe e Rogers e por Pellicori. Este último também notou que havia
uma cobertura das fibras e variação de cor. Levando tudo em consideração, a cor nas
áreas de sangue mostra-se diferente daquela na área da imagem corpo- apenas.
11. Testes de mancha microquímicos com iodo indicaram a presença de algumas frações
de goma nas fibras do Sudário.
13. Em conclusão, esses pesquisadores indicam que eles não têm uma explicação
simples e satisfatória para como a imagem se formou
307
308
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
DESCOBERTAS ADICIONAIS
4. As medulas das fibras de imagens não mostram coloração, exceto em áreas onde
ocorreram queimaduras, no incêndio de Chambéry.
Os mecanismos pelos quais uma imagem foi produzida no Sudário continuaram sendo um
enigma. Era esperado que os estudos feitos pelo STURP depois da exposição de 1978
iriam finalmente acabar com as dúvidas e revelar como a imagem foi produzida.
Infelizmente, embora muitas informações sobre a natureza da imagem tenham sido
obtidas nesses estudos, o mecanismo ainda foge a uma explicação, levando a mais
especulação e controvérsia.
Várias teorias propostas para a formação da imagem incluem as que se seguem, que
depois serão discutidas em detalhe:
3. A hipótese de contato
4. Hipótese de Volckringer
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310
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
8. As hipóteses de processamento fotográfico, que incluem: a. A hipótese de
processamento fotográfico de Crawley b. A hipótese Da Vinci formulada por Picknette
Prince c. A hipótese fotográfica de Allen
A questão de uma fraude artística apareceu pela primeira vez em 1359, quando Henry
de Poitier, bispo de Troyes, supostamente proibiu Jean de Vergy, viúva de Geoffrey
de Charny, de exibir o Sudário, com o que ela aparentemente estaria lucrando. O
bispo de Poitier declarou que o Sudário era fraudulento e que ele tinha descoberto
o artista que o havia pintado. O Sudário foi retirado de circulação por cerca de 32
anos, até que os de Charnys discretamente ganharam permissão do antipapa Clemente
XII para exibi-lo novamente, mas com certas reservas. Os visitantes tinham que ser
informados previamente de que a peça não era a roupa de Jesus, mas uma
representação do Sudário autêntico. Essa exigência foi cumprida, mas depois que
descobriu sobre a exibição, Pierre d'Arcis, o novo bispo de Troyes, supostamente
mandou um memorando a Clemente XII, informando ao papa que,
Em 1898, depois das revelações fotográficas de Pia, houve uma onda de renovado
interesse no Sudário por parte da comunidade científica. No mesmo ano, porém, o
eminente historiador Ulysses Chevalier abriu velhas feridas ao defender a teoria da
fraude. Ele alegou que a imagem foi pintada no século XIV, e apoiou suas acusações
com os velhos documentos de d'Arcis. Alguns anos depois, o renomado padre jesuíta,
estudioso e escritor Herbert Thurston escreveu prodigiosamente contra a
autenticidade do Sudário. Seus argumentos apareceram por mais de 50 anos na
Catholic Encyclopedia, uma fonte de referência para milhões de católicos. Isso foi
finalmente retificado por um excelente artigo apresentado por Otterbein, um padre
redentorista, que substituiu o artigo de Thurston sobre o Sudário.
COMENTÁRIO Rex Morgan, editor do Shroud News, indica que os fatos podem ter sido
distorcidos. Ele escreveu:
[...] pesquisa desde o informe de Chevalier no começo deste século levanta uma
considerável suspeita sobre se o documento de d'Arcis não passava de um memorando
sem data e sem assinatura, que nunca foi enviado e que nem mesmo foi escrito pelo
tal bispo. Existem vários documentos papais autênticos tratando da exibição da
vestimenta em Lirey, na França, nos anos 1300, que revelam a disputa entre d'Arcis
e seu predecessor e seus proprietários na época, a familia de Charny, e existe
opinião bem pesquisada e autorizada de que os documentos de d'Arcis não passam de
um julgamento apressado feito em meio ao calor de um debate. (Morgan, 1985)
311
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O relatório feito em 1978 pela equipe do STURP não nota nenhuma evidência de marcas
de pincel, como foi determinado pelas análises microscópicas, e a análise de
Fourier (uma análise matemática de padrões de vibração) não mostrou nenhum padrão
de direção. Lorre e Lynn analisaram a imagem da parte de trás do Sudário com um
computador IBM 360/65 e notaram uma distribuição inexplicável e aleatória de formas
retas, sem padrão de direção. Além disso, seus estudos meticulosos demonstraram que
a imagem no Sudário não foi resultado de tintas, corantes ou outros materiais
artísticos, removendo assim todas as dúvidas quanto ao fato de ter sido criado por
um artista e refutando a afirmação do bispo de Poitier, que dizia ter descoberto a
pessoa que o pintou. Além disso, as numerosas tentativas de reproduzir a imagem
usando tintas, pigmentos e outras substâncias resultaram em fracassos retumbantes.
Nenhum dos resultados apresentou as gradações exatas que tornaram possível o efeito
de negativo-inverso quando testados fotograficamente, e também falharam no teste
tridimensional. Durante os estudos com pólen, o dr. Max Frei descobriu que nenhum
dos polens que ele testou estava grudado à vestimenta ou coberto com água solúvel
para pintura, adicionando uma forte evidência contra a hipótese de ser o Sudário
uma pintura falsa.
312
corpo e os aloés usados no processo funerário. As Escrituras nos dizem que os aloés
eram, de fato, usados nos rituais funerários: "E Nicodemos, aquele que
anteriormente viera ter com Jesus de noite, foi também, levando cerca de 40 quilos
de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em
panos de linho com as especiarias, como os judeus costumam fazer na preparação para
o sepulcro" (João 19:39-40). Vignon postulou que a uréia presente no suor e no
sangue se degrada, liberando vapores de amônia que exalam do cadáver e reagem
quimicamente (oxidam) com os aloés na roupa, resultando em uma coloração marrom.
Ele descobriu que a intensidade da imagem variava inversamente à distância da roupa
ao corpo. Em outras palavras, quanto mais distantes da roupa as partes do corpo
estavam, mais alto os vapores de amônia tinham que subir, resultando numa imagem
menos intensa dessas partes do corpo e vice-versa. Experiências subseqüentes foram
conduzidas saturando-se estátuas e cadáveres com amônia e encharcando-se o linho
com uma mistura de óleo e aloés. Imagens negativas apareceram no linho, mas nem de
longe com a perfeição do Sudário.
313
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Outro argumento contra essa teoria é que estudos químicos de Rogers ao Grupo
sofisticados feitos por Ray Rogers, um brilhante químico e membro do STUPR, não
revelaram nenhuma evidência de aloés ou mirra no Sudário. Além disso, a equipe do
STURP aplicou laser Raman com microssonda, refletância infravermelha e microscopia
direta e não encontrou evidência desses materiais. Tanto os aloés como a mirra têm
composições muito características e são extremamente complexos, contendo grupos
químicos chamados glicosídeos, aglicones e cadeias de açúcar. Rogers indicou que a
argumentação de Bollone de que ele seria capaz de identificar aloés e mirra através
de meios imunoquímicos nunca foi publicada em uma forma que pudesse ser confirmada,
e declara que todas as frações de aloés têm características espectrais extremamente
intensas, que são fáceis de detectar por meio de refletância espectrométrica.
Algumas frações iriam reagir com grupos de hidroxila da roupa e permanecer ali por
um longo período. Componentes dos aloés e da mirra também estavam ausentes em todas
as amostras do Sudário, e seria improvável que os componentes fenólicos tivessem se
vaporizado ou sido varridos. E, ainda, se o Sudário tivesse sido lavado o
suficiente para remover os aloés, isso também teria alterado o sangue. Rogers
também relatou que a mirra tem um odor penetrante (que não estava presente durante
os testes do STURP); que se algum de seus componentes tivesse entrado em contato
com a roupa, ele teria reagido com a celulose e algumas frações ainda estariam lá;
que parece lógico que, se não se consegue fazer com que um material apareça, ele
não pode ser muito importante para a formação da imagem; e que a análise
espectrométrica de pirólise de massa forneceu resultado negativo (e-mails do
Sudário, datados de 27/4, 3/5 e 6/5 de 2003.
314
"E no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as
especiarias que tinham preparado. E acharam a pedra removida do sepulcro, mas,
quando entraram, não acharam o corpo." Alternativamente, os aloés e a mirra
poderiam estar em recipientes ou sacolas ao redor, e não foram aplicados ao
Sudário, ou poderiam ter sido aplicados no lado da não-imagem do Sudário, onde a
Vestimenta Holandesa teria impedido que os cientistas do STURP fizessem os testes.
Em último caso, os aloés e a mirra poderiam estar em forma de pó e não de óleo.
3. A Hipótese de Contato
Essa teoria foi aventada por Vignon antes de ele formular a sua hipótese do vapor.
Ele usou um giz vermelho, que aplicou em sua área facial, desenvolvendo um falso
bigode, e seus assistentes pressionaram levemente uma peça de linho com albumina
contra seu rosto. A imagem resultante ficou bem distorcida, e Vignon abandonou essa
abordagem. Ele concluiu que, em teoria, a hipótese de contato não poderia produzir
uma imagem não distorcida do rosto, que é muito irregular e em diferentes planos,
porque, se a imagem da face fosse aplanada, iria resultar em uma impressão maior e
distorcida. Após a exposição de 1932, houve um novo interesse pela hipótese de
contato por parte de dois especialistas em medicina forense, os doutores Romanese e
JudicaCordiglia, além de um químico, o dr. Scotti, de Turim. Romanese encharcou um
cadáver com uma solução salina que lembrava suor, colocou uma vestimenta de linho
contendo aloés em pó sobre o corpo e obteve imagens negativas do cadáver. O dr.
Judica-Cordiglia despejou sangue no cadáver; colocou sobre este uma vestimenta de
linho que tinha sido encharcada com uma mistura de aloés, terebintina e óleo e
expôs a roupa a vapor quente. Ele conseguiu produzir imagens com gradações que
resultaram em imagens negativas, mas nada que se aproximasse da qualidade da imagem
do Sudário. Mais tarde, o professor Sebastiano Rodante, do Centro Internacional de
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 16-1
FIGURA 16-2
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
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segunda crítica tem a ver com a inabilidade dos mecanismos de contato quanto a
produzirem um efeito apropriado de distância roupa-corpo como foi demonstrado no
Sudário. Os estudos de realce de imagens pelo computador parecem conter informações
tridimensionais codificadas compatíveis com o fato de o Sudário ter sido enrolado
em um corpo humano. Além disso, imagens parecem estar presentes nas áreas onde não
haveria contato do corpo com a roupa.
4. Hipótese de Volckringer
Uma hipótese bastante interessante vem das observações feitas em 1942 por Jean
Volckringer, um farmacêutico do hospital São José, de Paris. O dr. Volckringer
notou que certas ervas pressionadas em um livro por muitos anos freqüentemente
produziam imagens surpreendentes e detalhadas das plantas, com padrões de inervação
(Figura 16-1a) nas páginas acima e abaixo da planta, e às vezes estendendo a imagem
para uma página adicional abaixo. Ele também notou que as ervas tinham que ter
estado no livro por um longo tempo para produzir a imagem, porque nenhuma das ervas
recentes, mesmo uma que estava pressionada num livro havia 34 anos, produziu
qualquer tipo de imagem. Porém, uma erva que permaneceu mais de um século produziu
uma imagem clara e bem definida. Quando fotografias dessa imagem foram tiradas, uma
imagem positiva foi produzida no filme negativo (Figura 16-1b), como o que acontece
quando o Sudário é fotografado. Além disso, a coloração da imagem é similar à cor
da imagem corpo-apenas vista no Sudário. Mas existe, todavia, uma diferença
essencial: a imagem do Sudário está presente apenas na superficie das fibrilas,
enquanto no padrão de Volckringer a imagem penetra o papel. Os padrões de
Volckringer ganharam lugar de respeito entre os estudos do Sudário, embora
primariamente como uma curiosidade. Nos últimos anos, porém, houve um interesse
renovado, já que recentes estudos indicaram que a imagem corpo-apenas pode ser
conseqüência de uma decomposição acelerada das fibrilas de celulose na área da
imagem. O papel do livro contendo os padrões de Volckringer também apresentava um
alto conteúdo de celulose, indicando um mecanismo similar na produção da imagem.
Tendo isso em vista, o dr. John DeSalvo, um biofísico, decidiu comparar os dados de
refletância espectral visíveis dos padrões de Volckringer com os dados derivados da
imagem corpo-apenas do Sudário obtidos pelos Gilberts em 1978. DeSalvo descobriu
padrões quase idênticos. Ele então checou o padrão ultravioleta e descobriu uma
ausência de
319
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Parece que os ácidos da planta, incluindo ácido láctico, são transferidos para o
papel, alterando a estrutura da celulose nos locais de transferência após longo
período de tempo. DeSalvo então postulou a hipótese revisada de contato direto pelo
vapor, que propõe dois mecanismos para explicar a imagem no Sudário. O primeiro é
um mecanismo de contato direto, em que o homem do Sudário teria uma grande
quantidade de ácido láctico na pele-relativo ao suor abundante causado pela tortura
e crucificação -, que teria se deslocado para a roupa e produzido a imagem do
Sudário, depois de muito tempo. DeSalvo especulou que o ácido láctico não iria
penetrar no Sudário como fez nas páginas do livro nos padrões de Volckringer por
causa da baixa absorção do Sudário. O segundo mecanismo é um processo de difusão
molecular para explicar a natureza tridimensional da imagem, já que a concentração
de ácido láctico é maior nas áreas da roupa mais próximas do corpo, causando assim
um maior grau de degradação de celulose e vice-versa.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
descobriu sulfeto de mercúrio, outra cor de terra, e uma tempera colágena para
pintura, todos eles usados por artistas através dos séculos. McCrone também disse
não acreditar que exista sangue nas imagens indicadas como tal e acha que a
diferença de cor entre as imagens de sangue e a do corpo-apenas se deva à presença
de certa quantidade de pigmentos de ferro. Para apoiar isso, ele diz que os
resultados para o sangue foram negativos nas mesmas amostras para as quais Adler,
Hellere Bollone, independentemente, informaram resultados positivos. Ele declarou
em sua conclusão final no Skeptical Inquirer (primavera de 1982): "Eu não consigo
ver nenhum mecanismo possível pelo qual o Sudário poderia ter sido produzido, a não
ser pelo trabalho de um artista. A fiel representação de todas as marcas anatômicas
e patológicas, como descritas no Novo Testamento, seria difícil de produzir, exceto
por um artista. Elas não têm distorção e são exatamente da forma como gostaríamos
que parecessem".
Traços de pigmentos de tinta descobertos por McCrone foram confirmados por outros
investigadores, mas sua origem é fonte de debate. As descobertas são
inquestionavelmente compreensíveis, porque muitos sudários têm sido copiados por
artistas diretamente do Sudário de Turim. Esse é um processo relativamente
laborioso, que envolve misturar suas tintas no mesmo recinto onde está o Sudário,
Golpes de ar e movimentos do corpo poderiam facilmente carregar
os pigmentos para o Sudário. Ainda mais contundentes são os estudos recentes feitos
por Fossati de vários sudários famosos que foram, na verdade, colocados em cima do
Sudário de Turim por algum tempo para que fossem reconhecidos como "relíquia
venerável". Isso ocorreu particularmente com os sudários das igrejas espanholas de
Guadalupe e Navarette, em 1568; de Torres de la Alameda, em 1620; La Cuesta, em
1654; Aglie, em 1822; e também nos Estados Unidos, em 1624, pela igreja Our Lady of
the Rosary (Summit, Nova Jersey). Todos os sudários foram repousados, imagem por
imagem, em cima do Sudário de Turim.
Alguns pesquisadores têm argumentado que a cor nas fibrilas não se origina de
pigmentos inorgânicos. Adler informou que "essa cor amarelada, cor de palha, das
fibras da imagem do corpo não correspondem a nenhuma coloração proveniente de
qualquer forma conhecida de óxido de ferro". Além disso, Adler informou que não
existe correspondência das imagens corpo-apenas com a concentração de óxido de
ferro, já que as características espectrais da imagem corpoapenas são diferentes
daquelas encontradas no óxido de ferro. A cor das fibras, relacionada ao óxido de
ferro, também é desmentida pelo fato de que a oxidação ou redução converte as
fibrilas amarelas da imagem corpo-apenas a uma cor branca. Somente algumas raras
partículas de óxido de ferro são notadas nas fibrilas da imagem corpo-apenas.
Grandes quantidades de ferro ligaram-se à celulose do Sudário (não óxido de ferro),
e cálcio também estava presente. Acredita-se que isso se deva à capacidade do linho
de unir ferro e água por meio da associação de ions durante a maturação, ou seja, o
processo de manufatura pelo qual o linho é imerso na água durante a fermentação.
Foi estimado que 90% do ferro e cálcio existem nessa forma ligada à celulose do
linho, e somente uma pequena quantidade está presente como óxido de ferro. Esses
componentes de óxido de ferro provavelmente surgiram da conversão de alguma
quantidade de ferro das bordas das manchas de água a cáqui mineral. Testes
similares foram feitos com amostras
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Para argumentar com mais força contra o conceito do uso de tintas fabricadas pelo
homem, todo o ferro do Sudário, seja de partículas de óxido de ferro, seja de
sangue, provou ser 99% quimicamente puro, sem nenhum manganês, níquel ou cobalto. O
pigmento relativo ao vermelho-terra, seja ele de fontes medievais ou mais antigas,
estava contaminado com manganês, níquel ou cobalto em mais de 1%. Além disso, se
corantes naturais solúveis em água estivessem presentes, eles teriam migrado quando
as manchas de água ocorreram. Isso não parece ter acontecido. O teste de negro de
amido, se usado sozinho ou sem controle, como McCrone fez, entretanto, pode levar a
resultados enganosos, já que pode manchar celulose oxidada.
Estudos de pólen também se somaram aos argumentos contra a teoria de McCrone. Odr.
Max Frei descobriu que nenhum dos possíveis polens estava grudado à roupa ou
coberto com têmpera, adicionando portanto uma forte evidência contra a teoria de
que o Sudário é uma pintura.
Em 1978, Joe Nickell, cujas habilidades nas áreas médica e científica incluíam
ensinar técnicas de escrita, atuação como mágico e trabalhos como investigador
particular, publicou artigos na Humanist (novembro/ dezembro de 1978) e na Popular
Photography (novembro de 1979) sobre uma interessante técnica de desenho em relevo,
que ele usou para criar imagens positivas e negativas em baixo-relevo de Bing
Crosby. Nickell encharcou uma roupa com água quente, moldou-a com os contornos do
relevo com uma ferramenta e esperou que secasse. Então ele fez
COMENTÁRIO A princípio, deve-se perceber que Joe Nickell se encontra fora de seu
campo, que é caçar fantasmas e realizar truques, e não tem conhecimento científico
necessário para apresentar conclusões válidas em uma área que tem desafiado até
renomados experts. Sua habilidade para produzir uma imagem em positivo e negativo
não prova que ela foi produzida por um artista e que o Sudário é uma fraude. Além
disso, Rogers, usando técnicas químicas sofisticadas, informou que aloés não foram
encontrados no Sudário (veja "A Hipótese Vaporográfica de Vignon"). Mesmo McCrone,
que acredita que o Sudário foi produto de um artista, supostamente não fez
acusações de que o Sudário seja uma fraude, como fez Nickell, mas indicou que
sentiu que "um artista foi encarregado de pintar o Sudário". McCrone provavelmente
trabalhou em casos forenses o bastante para entender que o memorando de d'Arcis não
oferece prova de acusação contra quem era o artista, se é que houve um, ou das
circunstâncias envolvendo a tal confissão. A abordagem não-científica de Nickell em
seu livro, The Inquest, nos lembra as propostas de indivíduos que tiram coisas do
contexto da Bíblia para provar sua idéia ou então para fortalecer as credenciais de
uma determinada pessoa e ignorar as excelentes credenciais de outra somente para
desmerecê-la.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Para que se pudesse atribuir algum crédito à hipótese de Nickell, ter-se-ia que
submetê-la a testes rigorosos. Em primeiro lugar, Nickell teria que produzir uma
imagem completa, duplicada, de tamanho natural, e as apropriadas manchas de sangue
num pedaço de linho comparável, frente e verso, com todos os detalhes do Sudário de
Turim, incluindo as marcas de açoitamento e outros ferimentos, braços cruzados na
altura dos pulsos, as imagens peculiares de pés e pernas etc. A seguir, o "sudário"
resultante teria que ser sujeito às mesmas condições do incêndio de Chambéry.
Então, ele teria que ser analisado por meio de espectroscopia visível,
infravermelha e ultravioleta; fluorescência de raios X; imagem radiográfica;
termografia infravermelha microscopia eletrônica de varredura; testes microquímicos
etc. e fornecer resultados similares. Depois, amostras teriam que ser retiradas com
fita adesiva e submetidas a análises químicas, biofísicas, microscópicas, de
microscopia eletrônica de varredura, raios X, exame ótico etc. e dessa forma
fornecer resultados similares. Além disso, todas as imagens e manchas no "sudário"
teriam que ser similares e teria que haver ausência de imagem onde houvesse manchas
de sangue. Por último, análise de
imagem por meio de computador teria que ser realizada para determinar se a relação
da distância corpo-roupa está presente. Se o sudário de Nickell não satisfaz todos
os critérios, ele não pode ser aceito como um desafio legítimo à autenticidade do
Sudário de Turim.
Uma mistura de óxido de ferro e pó de colágeno foi usada para desenhar em uma
superfície relativamente lisa de um papel para impressão de jornal e transferida
para uma peça de linho mediante suave fricção com um pedaço plano de madeira e,
então, dissolvendo o colágeno por meio da aplicação de vapor para unir os pigmentos
às fibras. Craige Bresee propuseram que um artista na época medieval poderia ter
esboçado a imagem em longos lençóis de papel ou velum (material feito quando se
encharca a pele de bezerro) e que os resíduos da solução utilizada podem ter se
depositado no Sudário, o que poderia justificar os traços de outros elementos
químicos descobertos nele. Eles também sugeriram que talvez uma aplicação de vapor
tenha sido criada inadvertidamente como resultado da tentativa de apagar o fogo de
Chambéry com água.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
no Sudário são muito precisas, a técnica de fricção iria causar manchas, anéis de
soro estariam ausentes da maior parte das áreas e padrões de separação de soro
seriam impedidos de se formar.
Adler escreveu que já que não existe mudança na cor da imagem nas interfaces entre
as manchas de água e/ou queimaduras e as imagens do corpo, o cromóforo da imagem do
corpo não poderia ser oriundo do óxido de ferro, porque a única forma conhecida de
óxido de ferro dessa cor é a forma hidratada, que seria descolorida pelo fogo.
Quanto à hipótese Craig-Bresee, ele relatou: "Não há evidência microscópica,
química ou espectroscópica da presença do requerido pó seco proposto por eles. Eles
também não tratam do problema da imagem do sangue nem explicam as mudanças químicas
na celulose. É uma tentativa interessante, mas não chega a lugar algum" (The Nature
of the Body Images on the Shroud of Turin'"*, 1999).
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
formada por raios de luz passando através de um pequeno furo para dentro de uma
sala escura. Em 1609, Kepler sugeriu usar lentes de quartzo para melhorar a imagem
projetada pela câmara escura. Por centenas de anos foi observado que certos sais de
prata eram sensíveis à luz e não ficavam escuros quando expostos ao sol. Na
primeira parte do século XIX, Thomas Wedgewood estava capturando imagens com os
sais de prata, mas não conseguia mantê-las. Foi quando esses dois processos se
juntaram que a fotografia foi criada. Por volta de 1818, Jean Nicephore Niepce
produziu a primeira imagem fotográfica echamou-a de beliografia. Em 1839, Sir John
Herschel mudou o nome para "fotografia", que deriva do grego para "luz" e
"escrita". Embora Louis-Jacques Daguerre tenha juntado forças com Niepce e de certa
forma melhorado o processo, ele só foi aperfeiçoado muitos anos depois. Ao examinar
o Sudário, uma análise cuidadosa revela que, tirando o reverso claro-escuro dos
pontos luminosos e das sombras, a imagem falha como um verdadeiro negativo
fotográfico. Esse reverso éprimariamente notável porque artistas através da
história têm detalhado tipicamente os pontos luminosos como as áreas claras e as
sombras como as escuras. Isso é revertido na imagem do Sudário e, conseqüentemente,
a imagem lembra o reverso claro-escuro de um negativo fotográfico. Porém, é aqui
que a similaridade com um negativo fotográfico termina. Um exame cuidadoso revela
que as áreas claras e escuras do Sudário são diretamente proporcionais às
distâncias entre o corpo e a roupa nessas áreas. Em essência, a densidade da imagem
do Sudário mapeou a topografia do corpo que a peça cobriu. Imagens fotográficas têm
limites definidos ou distintos, mas isso não está presente no Sudário. Além disso,
essas mesmas relações distânciadensidade da roupa ao corpo também são responsáveis
pelo chamado efeito tridimensional (veja "Avaliação Tridimensional do Sudário", no
Capítulo 15), que não está normalmente presente em negativos fotográficos.
Aparentemente, é um fato histórico que o Sudário foi mantido em um baú de prata por
séculos e as marcas de queimadura produzidas durante o incêndio de Chambéry foram
causadas pelo derretimento desse baú no calor... Talvez, como resultado de um corpo
estirado nesse Sudário, certos elementos químicos ou impressões latentes foram
deixados nas fibras. Teria ocorrido algum tipo de reação química durante os séculos
em que o Sudário esteve guardado no baú de prata? Será que o calor do castelo em
chamas "revelou" a impressão? [] Será que algum monge piedoso e artista,
embasbacado pela aparição milagrosa da impressão, e percebendo que não havia nenhum
sinal de crucificação, resolveu adicionar os pontos "positivos" das marcas de
ferimentos?
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Roupa coberta com sais de prata sensiveis à luz agindo como filme Depois que a
imagem frontal foi exposta a segunda metade teve que ser montada para receber
imagem da parte de trás do corpo Lentes de quarta monta sna abertura da camara
escur Balde de urina/amónia para agir como fixador dos sais de prata sensiveis
"Defunto de gesso suspenso por virios dias de exposição ao sol forte Depois que
tempo suficiente se passou ele teve que ser virado para que a parte de trás do c e
de frente abertura
FIGURA 16-3
Essa hipótese foi apresentada em um best-seller chamado The Turin Shroud: in Whose
Image? The Shocking Truth Unveiled", por Picknette Prince. Os autores afirmam que o
Sudário é uma farsa, uma obra-prima criada na Idade Média pelo gênio Leonardo da
Vinci, usando uma forma primitiva de fotografia, um auto-retrato para representar a
cabeça de Jesus e um cadáver para retratar o corpo. Eles relatam que a imagem no
Sudário definitivamente não é uma pintura A propósito, a informação que acrescenta
intriga ao livro foi dada a eles por um membro proeminente do Priorado de Sião (um
grupo que colocava
"N. do T.: "O Sudário de Turim: de Quem é a Imagem? A Verdade Chocante Revelada",
sem tradução em português.
332
João Batista acima de Jesus), que indicou aos autores que Da Vinci fazia parte
dessa sociedade, a qual existia desde tempos medievais. Picknette Prince sustentam
que Da Vinci perpetrou a fraude usando uma técnica fotográfica que ele inventou
para criar a imagem no Sudário. A fraude foi supostamente motivada por razões
políticas e pelas inclinações anticatólicas de Da Vinci. Para apoiar a hipótese de
que o Sudário é uma farsa, os autores relatam as supostas alegações dos entusiastas
do Sudário de que outras imagens estão presentes na peça, como pregos, um martelo,
flores, uma vassoura e uma lança. Os autores argumentam que essas imagens
adicionais não existem e que, tirando a imagem do homem, a única coisa que se vê é
o padrão espinha de peixe da peça de linho.
COMENTÁRIO Em primeiro lugar, a medalha dos peregrinos de 1350 não deixa dúvidas
quanto ao fato de que o Sudário não foi feito por Leonardo da Vinci, já que ele
nasceu em 1452.
Além do mais, a imagem do Sudário falha como verdadeiro negativo fotográfico, como
já foi discutido, em Hipóteses de Processamento Fotográfico. Em segundo lugar,
Adler relata que não existem evidências químicas ou espectroscópicas em seus
sensibilizadores, e já que é uma imagem refletida, ela iria falhar em um teste com
um analisador VP-8. Em terceiro lugar, a crítica da hipótese fotográfica de Allen
discutida na próxima seção por Barrie Schwortz, fotógrafo profissional e científico
e especialista em imagem, também se aplica aqui. É interessante que os laboratórios
de radiocarbono dataram o Sudário como sendo de cerca de 1260 a 1390 d.C., com 95%
de margem de acerto, enquanto Da Vinci nasceu em 1452 e morreu em 1519. Mas, por
questões de segurança, os laboratórios adicionaram mais 4,9% ao nível previsto,
estendendo o alcance para 1000 a 1500 d.C. Isso deu uma chance a Da Vinci, mas por
bem pouco. Porém, como já foi citado, a medalha dos peregrinos deveria remover
todas as dúvidas. Além disso, pelo fato de o Manuscrito de Orações húngaro,
333
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
datado de 1190, mostrar os mesmos "buracos de atiçador" no Sudário que são visíveis
hoje (veja "Manuscrito de Orações", no Capítulo 13, História do Sudário), o
Sudário, na verdade, daa do período inferior do limite estendido.
O professor Nicholas Allen, da África do Sul propôs que a imagem do Sudário é obra
de um fotógrafo medieval que produziu com sucesso uma imagem fotográfica negativa
de um cadáver num lençol de linho, usando uma câmara escura e substâncias químicas,
incluindo sal de prata, quartzo e amônia extraída da urina, materiais disponíveis
na época e também mencionados nos textos de Leonardo da Vinci. variável,
334
COMENTÁRIO O processo usado pelo professor Allen é tão impressionante por ter
produzido uma imagem do Sudário quanto por ser superior a qualquer outro. Além
disso, sua imagem agiu como um negativo, de maneira similar à imagem do Sudário.
Barrie Schwortz, um fotógrafo profissional, especialista en imagem e membro da
equipe do STURP de 1978, avaliou as experiências de Allen e concluiu que "a teoria
da protofotografia proposta pelo professor Nicholas Allen foi
335
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
"N. do T: "O Sudário de Turim é Uma Fotografia Medieval? Uma Avaliação Critica da
Teoria".
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Em segundo lugar, a pele durante um ataque de calor não se torna suarenta, mas
extremamente seca e quente, com ausência de suor, porque há uma disfunção no
mecanismo que regula o calor. Os autores tentaram apoiar sua teoria, a priori,
citando o livro de Barbet, na parte que trata dos enforcamentos no campo de
concentração de Dachau: ...JO suor era particularmente abundante. Sem dúvida, uma
quantidade extraordinária, durante os últimos minutos antes da morte [...]", e
citando meus estudos sobre crucificação onde eu indiquei que "uma acentuada reação
de suor se manifestou na maioria dos indivíduos". Infelizmente, essa evidência foi
usada fora de contexto e malinterpretada. Temperaturas tiradas durante os episódios
de suor em meus experimentos nunca se mostraram hipertérmicas e variavam entre
35,56°Ce 37,22°C. Nenhuma dessas citações, porém, apóia a hipótese de ataque de
calor, já que essa condição se manifesta por febre alta e cessação do suor, com
pele seca.
É importante não confundir ataque de calor com uma condição médica chamada exaustão
por calor, que se deve a uma acentuada
339
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
a massa corpórea, mais fria a temperatura ambiental, e quanto menos roupa estiver
envolvendo o corpo, mais rápido o esfriamento.
340
As partes onde o Sudário foi queimado no incêndio de Chambéry são referidas como as
áreas de queimadura. As fibrilas de linho nessas áreas mostram diferentes graus de
queimadura, que vão do levemente queimado (marrom-claro) ao muito queimado (preto).
341
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
342
Para que a teoria da queimadura seja aplicável, um efeito termal mais suave teria
que ser operante. É interessante que as experiências de Pellicori para acelerar o
processo de envelhecimento ou decomposição por meio de cozimento controlado, com ou
sem aplicação de substâncias estranhas-como perspiração ou azeite de oliva - ao
linho, reproduziram coloração amarela e características espectrais similares
àquelas encontradas no Sudário. A aplicação de calor meramente acelera o processo
de decomposição. Em outras palavras, o que poderia ter ocorrido normalmente em um
longo período é acelerado pelo calor em questão de horas. A hipótese de Pellicori
sugere que talvez os ungüentos utilizados para o sepultamento tenham se transferido
para o Sudário, e esses ungüentos teriam catalisado a degeneração da celulose nas
áreas de contato. As limitações da hipótese de Pellicori derivam do fato de que,
embora ela explique a imagem do corpo por contato, não explica a imagem facial não
distorcida representada no Sudário (veja em "Hipótese de Contato").
Um fator significativo que milita contra a formação da imagem por meio de altas
temperaturas é a ausência de furfurol e outros produtos de pirólise do linho que
seriam esperados. Além disso, há escurecimento da medula e outros defeitos de
aquecimento nas fibras queimadas, enquanto a celulose nas fibras da imagem não é
colorida.
10b. A Hipótese de
Na edição de junho de 1985 do Shroud News, Rex Morgan apresentou a hipótese do dr.
Graeme Coote, um físico da Nova Zelândia, que sugere que, durante umterremoto, a
pressão nas rochas contendo cristais de quartzo, e não raios globulares, gerou a
alta voltagem que impactou o Sudário. Considerando isso, Coote citou Mateus 28: 1-
2, que indica que um terremoto ocorreu na aurora do domingo posterior à morte de
Jesus: "No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria
Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. E eis que houvera um grande
terremoto". Coote cita no Shroud News
343
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
344
estimou as circunstâncias do que poderia ser necessário para produzir uma imagem no
linho lembrando aquela do Sudário.
O que se segue é apresentado ao leitor para que ele possa compreender alguns dos
conceitos fundamentais. Uma descarga elétrica é uma descarga luminosa da superfície
de um objeto que é altamente carregado eletricamente, causada pela ionização do gás
ao redor. Até 1879, nós aprendemos que havia apenas três estados de matéria na
terra-sólido, líquido e gasoso. Em 1897, Sir William Crookes, um físico inglês,
identificou um quarto estado de matéria, chamado plasma, que na verdade é a forma
mais comum de matéria. Uma descarga elétrica é um plasma. Sólidos, líquidos e gases
comuns são eletronicamente neutros e muito frios ou densos para permanecer em
estado de plasma. As temperaturas e densidades do plasma vão do frio ao muito
quente e denso. Um exemplo dessa última ocorrência é o cerne de uma estrela. O
plasma consiste em uma coleção de elétrons livres e íons criados a partir da
retirada de elétrons dos átomos usando uma fonte de energia termal, elétrica,
ultravioleta ou a laser, que pode ser controlada ou acelerada por meio de campos
magnéticos. Afirmase que a imagem do Sudário possui características que estão em
evidência em imagens produzidas por descargas elétricas. Essas imagens são
superficiais, e como a descarga elétrica é reduzida no ar, ela supostamente pode
vencer a distância corpo-roupa e transportar informações tridimensionais. O
conceito de como a descarga elétrica
345
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
COMENTÁRIO A respeito da formação de imagem pelo raio globular, Adler relatou que
as condições para a estabilidade tornariam isso improvável. Esse conceito de
formação de imagem por meio de descarga elétrica só é aceito por um pequeno grupo
de pesquisadores do Sudário, e é essencialmente baseado em conjectura e
especulação.
1. Uma descarga elétrica capaz de deixar uma imagem extensa necessitaria de energia
significativa.
346
TECNICAS INVESTIGATIVAS APLICADAS AO SUDÁRIO
6. Quando duas superfícies se tocam (se elas têm alguma condutividade), elas
alcançam a mesma voltagem potencial. Portanto, elétrons não podem ser acelerados de
uma superfície a outra, e assim não haveria descarga elétrica.
7. A cor escura no final da imagem do nariz não poderia ser resultado de uma
descarga elétrica, já que é um ponto de contato, e deveria ser branca, porque não
há potencial em um ponto de contato. Em outras palavras, todos os pontos de contato
deveriam ser incolores.
8. Energia suficiente transferida a uma roupa pode fazê-la atingir uma temperatura
alta o bastante para formação de cor, mas é duvidoso que energia suficiente possa
ser transferida por uma simples descarga elétrica para produzir cor, já que a
reação primária no ar seria a oxidação das fases orgânicas.
10. A descarga elétrica não pode ser considerada mecanismo de formação de imagem,
já que requer alta voltagem saindo de pontos ou extremidades.
347
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
348
Rogers também nota que de Liso mostra uma fibra de sua experiência em que a medula
é colorida. Ele relata que as figuras são irrelevantes no nível macroscópico, até
que se percebe que elas começam a mostrar a qualidade de imagem correta no nível
microscópico.
Embora tenha sido relatado que descargas elétricas afetam somente as camadas mais
externas do material, elas de fato penetram toda a porosidade do tecido. Se elas
afetam a superfície mais externa e o lado oposto, elas iriam afetar o âmago da
roupa.
349
350
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Adler era da opinião de que a descarga elétrica chega perto de alcançar alguns
critérios físicos e químicos, mas indicou que as imagens sempre foram de objetos de
espessura fina e não poderiam ser aplicados testes significativos de VP-8. Tanto
Giovanna de Liso quanto Francesco Lattarulo, em seus documentos citados, argumentam
que a imagem do Sudário foi criada por uma combinação complexa de eletrostática ou
descarga elétrica originada como um campo piezelétrico gerado por um terremoto em
um ambiente (uma tumba numa caverna) onde a atmosfera já estava ionizada pelo gás
radônio. Isso é totalmente especulativo, e se efeitos piezelétricos durante um
terremoto são invocados para explicar a imagem, algumas considerações bem
detalhadas e dados experimentais são exigidos para substanciar isso.
imagem das mãos, não foram formados diretamente por raios X dos ossos, porque os
raios X teriam sido muito energéticos, passando direto através do material sem
deixar rastro. Em vez disso, de acordo com Carter, as imagens dos ossos são
responsáveis pelas imagens mais intensas da pele do dedo entre o osso e a roupa.
COMENTÁRIO Alan Adler relatou que a hipótese dos raios Xé "formidável física e
quimicamente, mas bizarra biologicamente. Qualquer um que passasse por tal radiação
estaria morto antes de ser crucificado" (Chemical and Engineering News, 21 fev.
1981). O mecanismo postulado por Giles Carter-de que raios de alta energia poderiam
reagir com silicone e sódio na sujeira e no sal na pele e emitir raios X suaves e
secundários, que iriam produzir a imagem-é obstruído pelo fato de que o corpo foi
lavado durante os rituais funerários, o que teria removido esses componentes. Além
disso, foi estabelecido que o sangue no Sudário estava presente antes que a imagem
se formasse, impedindo a formação de imagem nas áreas onde o sangue se encontrava.
A presença de sangue não seria um obstáculo à penetração de raios X. Um grande
problema quanto à hipótese dos raios Xé explicar como os raios X passariam através
da carne e das estruturas esqueléticas e falhariam ao penetrar no linho, resultando
em uma imagem muito superficial na superficie das fibras, sem qualquer imagem
superficial nas fibrilas que estão abaixo da superfície ou na parte de trás das
fibras. A roupa inteira deveria ser penetrada com imagens, em ambos os lados. Para
completar, a fonte dos raios X não é clara.
351
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 16-4
352
353
354
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
ao marrom na camada de proteção, mas a celulose não se coloriu. Rogers examinou uma
amostra que não sofreu radiação, uma amostra que sofreu radiação ao máximo e outra
que sofreu radiação ao máximo e foi aquecida a 150 graus centígrados por 10 horas.
A amostra irradiada que não foi aquecida ficou branca e apresentou mudanças
facilmente visíveis na estrutura de seus cristais; já a amostra aquecida se tornou
quebradiça.
Heller e Adler relataram que a coloração da imagem no Sudário está presente apenas
em toda a superfície exterior de cada uma das fibras coloridas e penetra somente
até à profundidade das fibras mais externas, permanecendo na parte superior dos
fios da trama do tecido. As fibras de celulose não foram afetadas. Acreditava-se
que a cor da
imagem fosse devida a mudanças químicas nas fibras de celulose do linho. Adler
descobriu que a cor das fibras que compõem a imagem poderia ser atenuada com um
componente químico chamado diimida, descolorindo as fibras do linho e, assim,
confirmando os dados espectrográficos de que a cor da imagem devia-se, na verdade,
a uma complexa conjugação de ligações atômicas covalentes; e, contrariando a crença
anteriormente vigente, a celulose, por si mesma, não teria nenhum envolvimento na
formação da imagem. O fato observado por ele de que a coloração (espectros) podia
ser removida da superfície pelo adesivo da fita usada para colher as amostras
confirmou isto e ainda demonstrou que a coloração e as faixas de cor estavam
presentes apenas na camadas exteriores da superfície das fibras, envolvendo uma
camada fina de impurezas das fibras que possuíam as mesmas propriedades químicas e
a mesma cor da coloração da imagem. Outros seccionamentos ópticos e cortes
transversais feitos por Adler mostraram a cor na superfície das fibras da imagem.
Isto foi plenamente confirmado por Rogers, que coletou 35 amostras de várias partes
do tecido, algumas contendo centenas de fibras, e demonstrou que, em si mesma, a
celulose das fibras da imagem não havia sido colorida pelo processo de formação da
imagem - uma vez que a cor das fibras foi literalmente arrancada quando a fita
adesiva foi aplicada sobre estas fibras, restando apenas as fibras do tecido de
linho, limpas e sem cor (Figura 16-6). Ele também observou fibras que mostravam
ligeiras falhas na coloração em alguns pedaços, com fibras sem cor abaixo dessas
primeiras. Algumas apresentavam um descascamento da camada de cor; e mesmo as
fibras cujas imagens eram mais escuras não possuíam cor em seu interior. Usando uma
agulha de dissecação, ele analisou as fibras de várias áreas do tecido, incluindo a
parte do nariz e dos calcanhares, mas não conseguiu encontrar nenhuma coloração da
imagem no interior da trama do tecido. A coloração da imagem variava entre 200 e
500 nanômetros de espessura, apresentando-se irregularmente depositada sobre a
superficie; e as fibras de linho abaixo
355
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 16-5
FIGURA 16-6
Cor nas imagens das fibras arrancadas com fitas adesivas usadas para colher
amostras: "fantasmas". Área 3 AF: moldes de nós crescidos. O brilho no linho é
causado pela refração da luz na camada fina da cor da imagem que foi arrancada do
adesivo. A camada tem uma espessura menor que 0,5 micrômetro. Um pouco de adesivo
perturbado pode ser visto ao longo dos "fantasmas". A iluminação cônica é
importante. Rogers usou um condensador 0,85 NA para conseguir um cone de luz com um
ângulo em ápice de 116 graus. A luz se aproxima da amostra de um plano bem
nivelado. Isso enfatiza os componentes transparentes que têm um índice de refração
diferente do adesivo, e quase transforma o fundo dos moldes em preto. Iluminação
cônica 800X (Cortesia do dr. Ray Rogers.)
356
357
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Alguns anos atrás, Sue Benford, trabalhando com o pessoal responsável pelo reator
nuclear da Universidade do Estado de Ohio, formulou uma hipótese que considerava
possíveis relações entre a imagem do Sudário, a datação por carbono 14 e a formação
da imagem estarem conectadas a efeitos da radiação de nêutrons e de raios gama.
Depois de conduzir uma série de experiências tanto com radiação de neutrons quanto
com raios gama sobre o linho, a equipe concluiu que não via nenhuma possibilidade
de envolvimento da radiação em algum desvio no carbono 14 ou na formação da imagem.
Supostamente, os resultados obtidos por eles contribuíram para validar os estudos
de Ray Rogers e Adler.
Além disso, existem outros fatores que eliminam a radiação como possibilidade. Os
fatores mais significativos são os testes químicos anteriormente realizados com o
Sudário, que excluem a penetração de radiação como origem da formação da imagem.
Uma vez que existem sulfoproteínas no sangue, o teste de iodo azida (um teste muito
sensível, que identifica grupos de sulfetos ativos) produz um resultado positivo
nas áreas do Sudário que contêm sangue; e um resultado negativo nas áreas que não
contêm sangue - ou seja, nas quais não há imagem. Além disso, quando as áreas que
contêm sangue do Sudário são levemente aquecidas, são produzidos sulfetos de
hidrogênio; porém, se as áreas com sangue tivessem sido suficientemente aquecidas
por qualquer tipo de radiação ou fervidas em óleo, o mesmo não aconteceria.
Radiação ou fervura em óleo teriam produzido resultados negativos no teste de iodo
azida e nenhum sulfeto de hidrogênio teria sido produzido sob aquecimento brando.
Isto confirma que o Sudário nunca foi submetido a radiação intensa; nem "fervido no
óleo" e jamais foi aquecido o suficiente para que fossem removidos os sulfetos.
Uma idéia para ser considerada: se a radiação tivesse sido realmente capaz de
produzir a formação da imagem (o que deveria ter acontecido quando o corpo ainda
estava envolvido no Sudário), por que a presença de uma imagem não foi notada
quando a vestimenta foi encontrada
358
na tumba pelos seguidores de Jesus? Por que não existe nada a este respeito nas
Escrituras ou em quaisquer outras fontes? Este fato, por si só, já seria suficiente
para sustentar a hipótese de uma formação lenta da imagem.
359
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Rogers observou o que parecia ser a presença de um efeito descolorante muito suave,
que parecia ser condizente com o método usado por Plínio, O Velho (23-79 d.C.) há
aproximadamente 2 mil anos-no qual o linho era fiado manualmente em um fuso, e os
fios resultantes eram alvejados individualmente, dando a cada um deles um aspecto
matizado diferente. Teares manuais verticais eram utilizados e os fios de urdidura
(que correm para cima e para baixo, ao longo do tear) eram lubrificados com uma
goma grosseira, para protegê-los do desgaste e para facilitar o intrincado processo
de tecelagem, no qual fios da trama entrelaçam-se, no sentido horizontal, passando
por cima e por baixo dos fios de urdimento verticais para formar o tecido. O
alvejamento era seguido por um procedimento de lavagem, no qual era utilizado um
extrato de Saponaria officinalis, a erva saponária, para tornar o tecido mais
flexível. A este respeito, é significativo que a presença da erva saponária tenha
sido detectada no Sudário. Em nível molecular, a saponária decompõe-se em cadeias
de açúcar como a glucose, a galactose, a xilose, o ácido glucônico etc, e, além
disso, ela é
TECNICAS INVESTIGATIVAS APLICADAS AO SUDÁRIO
a agente umidificador muito bom. O tecido era, então, posto para secar sobre
arbustos, ao ar livre. Rogers e Arnoldi presumiram que, durante este processo,
alguns dos materiais em suspensão ou em solução -incluindo alguns carboidratos das
partículas de goma, dos açúcares da saponária e outras impurezas não-identificadas
- se concentrariam durante a secagem ou pela evaporação na superfície das fibras,
formando, assim, uma camada incolor, constituída principalmente de carboidratos,
componentes encontráveis nas superfícies exteriores das fibras mais expostas.
Impurezas de goma eram essencialmente ausentes no linho medieval; mas estão
presentes no Sudário. É importante notar que os tecidos modernos são destituídos de
redutores sacarídeos, essenciais para a reação de Maillard. Quase todos os tecidos
modernos são alvejados com cloro ou ozônio e contêm fibras sintéticas; e podem
conter ou não algum tipo de goma purificada (e não uma goma grosseira),
remanescente do corte e da lavagem com detergentes sintéticos. Mesmo se fossem
engomados após a lavagem, a goma moderna, não sendo redutível, não poderia produzir
qualquer coloração. Segundo afirma Rogers, "o Sudário foi alvejado porque os fios
em muitos grupos separados, formam o que vemos como 'faixas de cor'. Impurezas
provenientes da tecelagem e da lavagem ainda estão ali, em quantidades variáveis,
porque todo o tecido do Sudário não foi alvejado por inteiro. Um lençol utilizado
somente no percurso entre o leito de morte e a morgue não acumularia tamanha
quantidade de cadaverina e de putrescina. E, mesmo que o fizesse, não haveria
partículas de redutores sacarídeos suficientes com que estas substâncias pudessem
reagir".
363
364
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O maior problema com esta hipótese é explicar como esta reação foi capaz de criar
uma imagem tão precisa. Sua confirmação requereria a experimentação com um corpo
humano logo após a morte, sob várias circunstâncias específicas, para simular as
condições na tumba.
365
Em 1973, Frei usou fitas adesivas para coletar amostras de poeira de várias áreas
do Sudário e analisou esta poeira usando um microscópio luminoso e um microscópio
de escaneamento de elétrons. Identificou
IDENTIFICAÇÃO DO PÓLEN
No sumário de um trabalho apresentado no Simpósio de Dallas, Texas, em 2001, o dr.
Avinoam Danin, do Departamento de Botânica da Universidade Hebraica e autoridade
mundial sobre a flora da Terra Santa escreveu:
367
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
TABELA 5
Mediterráneo
Norte da África
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TABELA 5
*Locais onde o pólen foi descoberto pelo dr. Frei
Mediterráneo
plantas cujo pólen foi descoberto no Sudário. 31. Linum mucronatum Bert. 32.
Lythrum salicaria L 33. Oligomerus subulata Boiss. 34. Onsoma syriacum Lahili 35.
Oryza Sativa L 36. Paliurus spina Christi Mill. 37. Peganum harmala L 38. Phillyrea
angustifolia L. 39. Pinus halepensis L 40. Pistacia lentiscus L 41. Pistacia vera L
42. Platanus orientalis L. 43. Poeterium spinosum 44. Prosopis farcta Macbr. 45.
Prunus spartoides Spach. 46. Pteranthus dichotomus Forsk. 47. Reaumuria hittella J.
& Sp. 48. Ricinus communis L 49. Ridolfia segutum Moris 50. Roemeria hybrida DC.
51. Scabiosa prulifera L. 52. Scirpus criquerius L. 53. Secale montanum Guss. 54.
Silene conoida L. 55. Suaeda aegyptica Zoh. 56. Tamarix nilotica Bunge 57. Taxus
baccata L. 58. Zyglophyllum damosum Boiss NÚMEROS TOTAIS França/Área do
Constantinopla Urla (Jerusalém Ira/Turim Arábia/Areas do . • . • . . . . . .. . . .
17 18 13 18 45 2589
Norte da África
Saara
Itália
Edessa)
369
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 17-1
Pólen de Paliurus spina-christi mill. Encontrado no Sudário pelo dr. Max Frei.
Ampliado 6.900 vezes (foto superior) e 12.400 vezes (foto inferior). (Cortesia do
professor Werner Bulst).
370
O geólogo alemão Lennart von Post (1884-1951) foi quem primeiro estabeleceu os
princípios básicos da análise do pólen em seus estudos sobre ambientes primitivos.
Ele determinou as seguintes características básicas: a) várias plantas produzem
grandes quantidades de pólen (um pinheiro pode produzir 100 bilhões de grãos de
pólen); b) o revestimento exterior dos grãos de pólen (esina) é extremamente
durável, sobrevivendo por centenas de milhões de anos; e, c) todas as plantas da
mesma espécie produzem grãos de pólen com a mesma forma geral, mas esta conformação
mostra-se diferente de acordo com as espécies. Cerca de 5% (4,95%, exatamente) dos
grãos de pólen carregados pelo vento voltam a cair sobre a terra num raio de 1.600
metros das plantas que os geraram - exceto alguns que chegam a viajar por até 48
quilômetros. O tamanho dos grãos de pólen varia entre dez e duzentos milésimos de
milímetro, suas formas vão desde a esférica até a espiralada, e sua superfície pode
ser áspera e irregular ou completamente lisa e uniforme. Uma membrana protetora
chamada esina reveste os grãos de pólen, e é muito resistente à ação de substâncias
químicas, sendo responsável pela excelente preservação do pólen sob circunstâncias
adversas. O pólen mistura-se à atmosfera, é carregado por massas de ar, e cai sobre
a terra; quando os grãos caem sobre
FIGURA 17-2 Fibra de algodão do Sudário de Turim. Encontrada solta na fita adesiva
de uma amostra retirada da área que contém sangue.
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372
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
lagos, depositam-se em camadas. O pólen tem sido utilizado pelas ciências forenses
para identificar suspeitos em vários crimes e reconstituir as ações de vários
indivíduos, vivos ou mortos.
Frei descobriu que somente 17 das 58 espécies presentes no Sudário eram comuns na
França ou Itália. Praticamente todas as outras eram de origem não-européia e
comumente encontráveis na região de Jerusalém. É interessante notar que um dos
tipos de pólen encontrados no Sudário seja derivado da planta-muito comum na Síria-
conhecida como "espinho-de-cristo", a Paliurus spina-christi mill. (Figura 17-1),
uma das plantas com a qual acredita-se haver sido confeccionada a coroa de espinhos
(veja o Capítulo 3). Ainda que alguns indivíduos argumentem que ventos fortes
poderiam carregar o pólen da região de Jerusalém para a Europa, esta é uma
afirmação facilmente refutável. Em primeiro lugar, quando o pólen foi coletado, o
Sudário foi exposto apenas por alguns dias; e dizer que os ventos fortes que vinham
de Jerusalém transportaram o pólen até depositá-lo sobre o Sudário exatamente nos
dias da exposição seria algo fantasioso demais para merecer alguma credibilidade
científica. Em segundo lugar, uma vez que os vários tipos de pólen florescem em
diferentes épocas do ano, seria improvável que os ventos fortes pudessem ter
carregado todos os tipos de pólen até o Sudário em épocas tão precisas. Os estudos
de Frei certamente oferecem fortes evidências de que o Sudário permaneceu por um
longo período na região de Jerusalém.
ARQUEOLOGIA TÊXTIL
373
374
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
e eram difíceis de remover, de acordo com o dr. Ray Rogers. A descoberta das fibras
do algodão foi de suma importância porque há essencialmente uma ausência de algodão
entre as fibras do linho na parte principal do Sudário, e o algodão era
dificilmente encontrável na Europa, ao menos até 1350 d.C. Conseqüentemente, a
presença do algodão na área analisada por Raes, sua relativa ausência nas outras
áreas do Sudário, e sua raridade na Europa medieval levantam sérias suspeitas de
que a área de Raes e as áreas adjacentes analisadas com radiocarbono fossem
anômalas. É relevante notar que tanto o linho quanto o algodão eram utilizados no
Oriente Médio na época de Jesus. John Tyrer, um tecnólogo têxtil diplomado, de
reputação internacional, indicou que é mais provável que o linho do Sudário seja um
produto do Oriente Médio, uma vez que o algodão não era extensivamente cultivado na
Europa. O professor Bollone, do Instituto de Medicina Forense de Turim afirmou que
os tecelões na época de Jesus costumavam utilizar diferentes tipos de fios no mesmo
tear. Na verdade, já havia sido aventada a hipótese de que a regularidade dos fios
do Sudário seria indicativa de uma data posterior ao primeiro século. Mas John
Tyrer contestou a validade deste argumento, tendo em vista os fios de muitos
antigos tecidos egípcios, preservados nos museus de Manchester e Halifax serem
ainda mais regulares do que os do Sudário e que o conhecimento e a habilidade do
fiandeiro são os fatores mais importantes a serem considerados. Também argumentou-
se que os egipcios costumavam tramar seus fios de modo a obter um padrão de fibras
suavemente ondulado, e não em ziguezague, mas Tyrer afirma que já foram encontrados
padrões de tecelagem com fios em ziguezague produzidos no final da Idade do Bronze,
e que o tecido reversível, cujo comprimento media três vezes a largura, poderia ter
sido confeccionado na Síria ou na Palestina no primeiro século, uma vez que esses
lugares situavam-se no cruzamento das principais rotas comerciais mundo. Para
embasar essas afirmações, amostras do museu de Egiptologia de Turim revelam os
seguintes padrões: 1) suavemente
375
376
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
Por último, mas não menos importante, vale ressaltar que a variação na coloração
característica dos fios do Sudário parece mais condizente com a dos tecidos
produzidos nos tempos antigos, quando o linho era manufaturado de acordo com a
descrição fornecida por Plínio, o Velho. Durante esse período, as bobinas de fios
eram alvejadas e postas para secar individualmente, antes que eles fossem
utilizados na tecelagem, produzindo fios de variados matizes de branco.
Diferentemente disto, durante a Idade Média, a peça de linho inteira era alvejada
depois de haver sido tecida, conferindo uma coloração consistente e uniforme a
todos os fios. Isto é demonstrado claramente quando o Sudário é visto contra a luz-
em condições de iluminação apropriada-, com luz ultravioleta, com fotografia de
alto-contraste e sob a emissão de raios X, que produz um efeito de faixas de cor,
devido à variação nas cores dos fios da trama e do urdimento (empregados,
respectivamente, no sentido da largura e do comprimento do tecido). Além disso, há
uma variação na intensidade da fluorescência em diferentes grupos dos fios no
Sudário, indicando que o tecido inteiro não foi alvejado numa mesma ocasião.
Uma área que sempre esteve sob exame minucioso diz respeito à identificação e ao
motivo para a existência de uma estreita faixa de
material que divide a área principal com um cerzimento, e que torna o tecido mais
espesso, no sentido do comprimento, em um dos lados do Sudário-que apresenta a
mesma coloração da área principal, à qual o tecido é conectado por uma linha de
costura. Uma longa lista de interpretações para esta faixa da margem já foi
cogitada, incluindo as seguintes: a) a faixa seria uma parte que foi adicionada ao
Sudário para melhor centralizar a imagem no tecido; b) a faixa seria um reforço
utilizado para as ocasiões em que o tecido fosse pendurado para ser exposto; ou, c)
teria tido várias utilidades, durante o processo de confecção do Sudário.
O TECIDO DE OVIEDO
377
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 13-3
Sudarium de Oviedo: lado do avesso. Este o lado que esteve em contato com o corpo.
Não existe imagem, como no Sudário de Turim; mas apenas manchas de sangue.
(Cortesia de Mark Guscin, Centro Espanhol de Sindonologia)
378
mantido por aproximadamente 75 anos - embora, no século XII, Lucas, o Bispo de Tuy,
afirmou que ele teria sido levado a Monte Sacro, nas Astúrias, em 711 d.C., porque
os mouros avançavam em direção a Toledo. Quando o rei Alfonso das Astúrias venceu
os mouros, mandou construir uma câmara sagrada para as relíquias, em torno da qual
seria erigida a catedral de Oviedo. Ao longo dos séculos, o relicário foi aberto
muito raramente, mas, na Páscoa de 1075 d.C., ele foi aberto pelo rei Alfonso,
acompanhado por sua irmã, Doña Urraca, e por Rodriquez Diaz de Vivar, conhecido
como o famoso El Cid. Eles oficiaram serviços religiosos e, na mesma ocasião,
inventariaram o conteúdo da arca, acusando a presença do Sudarium. A Arca Sagrada
foi, então, depositada em um belo cofre de prata, com uma placa que descrevia o seu
conteúdo. Mark Guscin informou-me que, "no que concerne à história do tecido, posso
dizer com toda a confiança que esteve na Espanha desde o início do século sétimo,
e, definitivamente, encontrava-se em Jerusalém em 570 d.C. Há uma provável
referência ao tecido na mesma cidade no terceiro ou quarto século, em um texto de
Nonnos de Panopolis" (e-mail, 22 de junho de 2004).
Os estudos sobre o Sudarium iniciaram-se no final dos anos 80, por insistência do
monsenhor Giulio Ricci; que era, naquela época, presidente do Centro Romano de
Sindonologia. O monsenhor Ricci fez várias suposições, baseadas em suas observações
e comparações microscópicas com o Sudário, e solicitou a assistência de Max Freium
especialista em pólen e criminologista suíço-, que encontrou duas espécies de pólen
da região da Palestina (que também foram encontradas no Sudário) e outros tipos de
pólen do norte da África (que não estavam presentes no Sudário), correspondendo ao
suposto trajeto das viagens. Além disso, não havia pólen originário da Turquia ou
da França no Sudarium, mas tipos de pólen dessas regiões estavam presentes no
Sudário, além de pólen da região de Jerusalém. É interessante apontar que a dra.
Carmen Gómez Ferraras da Universidade Complutense de Madri, identificou um tipo de
azinheira
379
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
380
Ostópicos a seguir foram publicados como um sumário dos resultados da equipe depois
dos primeiros dez anos de investigação do Sudarium, intitulado "Estudo Comparativo
entre o Sudarium de Oviedo e o Sudário de Turim" (G. Heras Moreno, J. D. Villalain
Blanco, J. M. Rodriquez Almenar, traduzido por M. Guscin, e apresentado no III
Congresso Internacional de Estudos sobre o Sudário de Turim, 5-7 de junho de 1998).
1. O Sudarium de Oviedo é uma relíquia que tem sido venerada na catedral de Oviedo
por muito tempo. Nele apresentam-se manchas formadas por sangue humano,
supostamente do tipo AB.
3. Ele aparenta ser uma peça de vestimenta funeral, que provavelmente foi colocada
sobre a cabeça do cadáver de um adulto do sexo masculino, de constituição normal.
4. A face do homem que foi coberta pelo Sudarium possuía barba, bigode e cabelo
comprido, preso à altura da nuca, em um "rabo-de-cavalo".
5. A boca do homem estava fechada, seu nariz foi comprimido e forçado para a
direita devido à pressão exercida para fixar o tecido sobre o seu rosto. Ambos
estes elementos anatômicos foram identificados claramente no Sudarium de Oviedo.
6. O homem estava morto. O mecanismo que deu forma às manchas é incompatível com
qualquer tipo de movimento respiratório.
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7. Na região inferior da parte de trás de sua cabeça há uma série de ferimentos
produzidos em vida por objetos agudos. Estas feridas sangraram por aproximadamente
uma hora antes que fossem cobertas pelo tecido.
8. Quase toda a cabeça os ombros, e ao menos uma parte das costas estavam cobertas
de sangue antes que a cabeça fosse coberta por este tecido. Isto é sabido porque é
impossível reproduzir as manchas no cabelo, na testa, e no alto da cabeça com
sangue de um cadáver. Pode-se, portanto, declarar que o homem foi ferido antes da
morte com algo que fez seu couro cabeludo sangrar e que produziu as feridas em seu
pescoço, ombros e no centro e na parte superior das costas.
10. O tecido foi colocado sobre a cabeça a partir das costas e preso ao cabelo por
objetos pontiagudos. A partir daí, circundou o lado esquerdo da cabeça até a
bochecha direita, onde, aparentemente sem razão, foi dobrado sobre si mesmo,
terminando por ser dobrado como uma sanfona sobre a bochecha esquerda. É possível
que o tecido tenha sido colocado desta maneira porque a cabeça formou um obstáculo
e, por isso, ele foi dobrado sobre si mesmo, Ao colocar o tecido nesta posição,
duas áreas manchadas podem ser anatomicamente observadas - uma sobre o "rabo-de-
cavalo" e outra sobre o topo das costas. Quando o homem morreu, o corpo foi mantido
em posição vertical por cerca de uma hora, e o braço direito foi mantido suspenso,
com a cabeça curvada 70 graus para a frente e 20 graus para a direita. Como isso
poderia ser aceitavelmente descrito como "posição vertical"? Se o homem do
Sudarium de Oviedo tivesse sido pendurado somente pelo braço direito, o resto do
corpo, especialmente a cabeça, estaria relativamente distante do seu braço,
pendendo para a esquerda. Esta posição é incompatível com a da cabeça que o tecido
cobriu. Conseqüentemente, é fácil deduzir que o corpo estava pendurando por ambos
os braços. Mas se o corpo estivesse pendurado dessa maneira, sem sustentação para
os pés, o homem teria morrido em 15 ou 20 minutos e assim não haveria tempo
suficiente para gerar a quantidade de líquido necessária para formar essas manchas
visíveis no tecido. Se o corpo tivesse sido pendurado com os dois braços acima da
cabeça, então esta penderia para a frente e não para a direita. Assim, a única
posição do corpo compatível com a formação das manchas no tecido de Oviedo é com os
dois braços abertos, esticados acima da cabeça e os pés numa posição tal que
tornasse a respiração muito difícil: ou seja, uma posição totalmente compatível com
a da crucificação. Podemos dizer que o homem foi primeiramente ferido (sangue na
cabeça, ombros e costas) e depois crucificado.
11. O corpo foi depositado no chão sobre o seu lado direito, com os braços na mesma
posição, e a cabeça ainda pendendo 20 graus para a direita e a 115 graus da posição
vertical. A testa foi posicionada sobre uma superfície dura e o corpo foi deixado
nessa posição aproximadamente por mais uma hora.
12. O corpo foi, então, deslocado enquanto a mão esquerda de alguém tentava, em
várias posições, estancar o fluxo de líquido do nariz e da boca, pressionando
firmemente esses órgãos. Este movimento pode ter durado uns cinco minutos. O tecido
esteve dobrado sobre si mesmo por todo esse tempo. O tecido foi, então, esticado de
modo a envolver toda a cabeça, como um capuz, e novamente preso por objetos
pontiagudos. Isto fez com que parte do tecido,
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dobrada em forma de cone, caísse sobre as costas. Com a cabeça coberta desta
maneira, o cadáver foi seguro (parcialmente) por um punho esquerdo. O tecido foi,
então, movido para o lado, cobrindo a face nesta posição. Assim, uma vez que o
obstáculo (que poderia ter sido o cabelo emaranhado com sangue ou a cabeça pendente
para a frente e para a direita) foi removido, o tecido cobriu inteiramente a cabeça
e o cadáver foi movido pela última vez, com o rosto voltado para baixo e apoiado
sobre um punho esquerdo fechado. Este movimento produziu a grande mancha
triangular, em cuja superfície podem ser vistas as marcas em forma de dedos. Como o
movimento precedente, este poderia ter durado no máximo uns cinco minutos.
13. Finalmente, ao ser depositado em seu lugar de destino, o corpo foi posicionado
com o rosto voltado para cima e, por razões desconhecidas, o tecido foi removido da
cabeça.
documentada do Sudário, então isto poderia levar a datação do Sudário até pelo
menos as datas mais antigas da história conhecida do Sudarium. A arca das reliquias
(Arca Sagrada) e o Sudarium estiveram, sem nenhuma dúvida, na Espanha desde o
início do século sétimo, e a história registrada em vários manuscritos, de várias
épocas e áreas geográficas, os remete, novamente, até Jerusalém, no primeiro
século. A importância disto para a história do Sudário não pode ser mais
enfatizada.
A datação por carbono do tecido de Oviedo supostamente foi realizada entre 1990 e
1992, quando Bollone enviou amostras coletadas pelo monsenhor Ricci em 1975 para a
Universidade do Arizona. As amostras haviam sido anteriormente datadas como sendo
do século sétimo. Todavia, houve relatórios contraditórios sobre a datação por C-
14, que questionavam até mesmo o fato de a datação haver sido alguma vez realizada.
Quando Mark Guscin escreveu ao dr. Paul Damon em uma tentativa de sanar a
controvérsia envolvendo a datação por carbono, recebeu a seguinte resposta de
Damon: "Ambas as amostras foram recebidas supostamente como gás CO, em ampolas que
tinham vazamento de ar e, portanto, eram imprestáveis. Nós preferiríamos tê-las
recebido como tecido e promovido a combustão nós mesmos. Em conseqüência, não houve
resultados favoráveis e a declaração é tão errônea quando forjada." Contudo, Mario
Moroni apresentou evidências de que a datação foi realizada com uma das amostras,
em 1990, que presumivelmente datava de 642-869 d.C. (a amostra submetida pelo prof.
Bollone), e que um segundo fragmento da primeira que havia sido submetida a uma
simulação de fogo fora testada em 1992 e datada de 666-771 d.C. Em vista de toda
essa controvérsia, a conclusão de Mark Guscin, que aparece na página 84 de seu
livro, é a seguinte:
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
As amostras não foram obtidas com permissão para serem submetidas à datação por
radiocarbono, e presumivelmente foram coletadas pelo monsenhor Ricci cerca de 15
anos antes de terem sido enviadas a Tucson. Quando o foram, não havia informações
suficientes sobre sua proveniência para acompanhá-las; uma das amostas chegou até
mesmo a ser declarada como pertencente ao século XI. Paul Damon afirma que datação
nunca foi realizada, e que nos resultados enviados à Itália os números das amostras
não coincidem. O laboratório sugere a realização de um experimento sério. Levando
tudo isto em consideração, os supostos resultados para a datação por carbono do
Sudário podem ser seguramente ignorados. (Guscin, 1998)
Há, entretanto, muita informação que atesta o fato de que o Sudarium de Oviedo pode
ser mesmo o tecido que cobriu a face de Jesus. Há fortes evidências históricas de
que o Sudarium data ao menos do sétimo século, e possivelmente de muito antes,
quando chegou à Espanha; e há fortes evidências de que ele tenha sido trazido para
a Espanha de Jerusalém, no primeiro século, para protegê-lo das invasões persas,
Duas espécies de pólen da região da Palestina que também foram identificadas no
Sudário, a presença de tipos de pólen do norte da África que não foram encontrados
no Sudário e que são condizentes com as supostas viagens, a ausência de tipos de
pólen da Turquia ou da França no Sudarium que estavam presentes no Sudário junto
com pólen da região de Jerusalém, e os estudos aprofundados, realizados pela equipe
da investigação do Centro Español de Sindonologia (EDICES), contribuíram muito para
o embasamento de sua autenticidade. Adler
indica que havia boas evidências de que as marcas do sangue como aquelas do Sudário
fossem derivadas da exsudação de coágulos de sangue e que os estudos fotográficos
da imagem mostram um padrão altamente congruente com as marcas correspondentes no
Sudário. Infelizmente, uma tentativa de comparar o DNA do tecido com o aquele do
Sudário, realizada por Caorino e outros, em 1995, não foi bem-sucedida devido a
problemas de contaminação.
Meu ceticismo quanto ao tipo do sangue, neste caso, é o mesmo quanto ao tipo do
sangue no Sudário. Tanto o sangue do Sudário quanto o do Sudarium foram
classificados como do tipo AB pelo dr. Luigi Bollone. Peritos bastante
familiarizados com a classificação de amostras de sangue antigo disseram-me que não
há nenhuma evidência definitiva da validade da classificação do tipo sanguíneo em
amostras de sangue tão antigas, particularmente para um tipo de sangue tão incomum.
Estas amostras antigas podem acusar falsas reações positivas para os anticorpos. É
um fato bem conhecido que falsas reações positivas são comuns na classificação do
sangue antigo devido a muitos fatores, incluindo antígenos de outros organismos,
tais como insetos. Não temos nenhuma idéia do que as quebras e ligações moleculares
podem haver produzido, nem sobre quais danos as próprias moléculas possam haver
causado às ligações entre os anticorpos e os antígenos, ao longo do tempo. Pode
haver uma falha nos reagentes para que funcionem adequadamente sobre velhas
proteínas danificadas, mas até hoje, não foi realizado nenhum estudo confiável. O
dr. Alan Adler também relatou que, "muitas amostras antigas resultam como sangue do
tipo AB porque ele pode ser confundido com a contaminação bacteriana da parede
celular. Você faz o teste imunológico por duas razões: as proteínas têm segmentos
de açúcares, os assim chamados sacarídeos, aos quais os anticorpos comuns do sangue
reagem. As paredes celulares das bactérias são, na verdade, sacarídeos. Muitas das
proteínas são glicoproteínas, assim como muitos antígenos comuns do sangue dos
tipos A, Be O são glicoproteínas; por isso, o teste é
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baseado na determinação do açúcar" (uma entrevista com Adler em "O Sudário de Turim
e o fiasco da datação por C-14" White Horse Press, Cincinnatti, 1996, por T. W.
Case). A este respeito, fiquei extremamente surpreso por ninguém haver tentado
confirmar os resultados de Bollone e outros, quando foi publicado seu relatório, em
1982, afirmando que o sangue no Sudário de Turim era do tipo AB, além dos seus
resultados para o Sudarium. É minha opinião, e foi sugerido também por Adler, que a
análise mitocondrial do DNA deve ser realizada tanto com o Sudarium, quanto com o
Sudário de Turim. Determinar o DNA presente em ambos os tecidos, caso isto seja
possível, é a única maneira de obtermos a confirmação definitiva de que os dois
estiveram em contato com a mesma pessoa.
A ciência é construída de fatos, assim como uma casa é construída com pedras. Mas
uma coleção de fatos não é ciência, da mesma forma que um amontoado de pedras não é
uma casa.
Ava través dos anos, tem havido inúmeras referências ao teste de datação por
carbono 14 feito com o Sudário de Turim como científica definitiva sobre sua idade
e sobre ser este o tipo de teste que estabeleceria definitivamente sua
autenticidade. Infelizmente, não é tão simples. O método possui limitações, pois a
radiação cósmica e variações solares, além da questão da contaminação, podem causar
problemas para a datação precisa do tecido. Mesmo assim, os especialistas sempre
acharam que uma aproximação bastante razoável para a datação seria possível.
O teste de datação por carbono 14 (radiocarbono) foi descrito pela primeira vez em
1947, pelo ganhador do Prêmio Nobel Willard
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
F. Libby, que o desenvolveu na Universidade de Chicago para utilização em datações
arqueológicas e geológicas. A teoria por trás da datação por carbono 14 é a
seguinte: o carbono 14 é formado na atmosfera terrestre pela interação entre
nêutrons e o nitrogênio 14. Esses neutrons são produzidos por uma interação de
raios cósmicos com o nitrogênio presente nas camadas mais altas da atmosfera da
Terra. O carbono 14, então, é oxidado e se transforma em dióxido, e, juntamente com
o carbono 12 e o carbono 13, é distribuído na atmosfera, oceanos, lagos etc. O
carbono 14 é mais pesado que o carbono normal e começa a se decompor imediatamente
depois que é formado. Sob condições teóricas ideais, essa decomposição - em forma
de radiatividade ocorre num ritmo exponencialmente uniforme e exato. O ritmo de
decomposição é dado em termos de meia-vida (5.730 anos). Depois desse período de
tempo, ele continua a perder metade dos 5.730 anos restantes e pode ser usado para
datar material que tenha vivido até há não mais de 50 mil anos e há não menos de
500 anos. Quanto mais antiga a amostra, mais difícil datá-la, pois há menos carbono
14 presente. Para materiais mais antigos, exigem-se amostras maiores para que a
datação seja mais precisa. Inversamente, quanto mais recente é o objeto analisado,
mais carbono 14 encontra-se presente, e menores podem ser as amostras.
PREOCUPAÇÕES
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
pela Princesa
Clotilde, 1868
Faixa
Fundo da
Vestimenta
Holandesa,
Lateral
A1
Cerzidura achatada, que une a, assim chamada, faixa lateral à parte principal do
Sudário
FIGURA 18-1
396
para que sejam realizados os testes com radiocarbono-que incluem ácidos, bases,
detergentes etc. - foram executados, para eliminar impurezas. As amostras foram
levadas aos respectivos laboratórios e as mensurações por radiocarbono foram,
subseqüentemente, realizadas. A conclusão dos estudos indicou que o Sudário era uma
peça medieval, datada de cerca de 1260 a 1390 d.C., com um nível de ao menos 95% de
certeza. Esses resultados foram anunciados formalmente ao mundo no dia 13 de
outubro de 1988, e, em seguida, publicados na revista científica Nature, em 1989,
sob a autoria de 21 cientistas. Eles chegaram até mesmo a declarar que "esses
resultados, portanto, oferecem evidências conclusivas de que o linho do Sudário de
Turim é medieval".
AS CONSEQÜÊNCIAS
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 18-2
Área de onde foram retiradas as amostras do Sudário. Visão iluminada da área das
amostras. Esta é uma ampliação da área das amostras feita por Barrie Schwortz do
canto de uma fotografia de 4 x 5 polegadas, realizada a contra-luz, que mostra o
lado frontal do Sudário. A foto foi tirada em 1978. Pode-se ver nitidamente as
áreas mais claras da amostra de Raes, com a área de onde foram retiradas as
amostras de Tite
Amostra de Raes
2. Não houve substância colando ou ligando as fibras. Isto significa que não havia
tintas ou outros agentes que as estivessem mantendo unidas.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
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6. Estudos realizados por Adler, comparando as fibras presentes nas fitas adesivas
retiradas da principal parte do Sudário com aquela das amostras submetidas aos
testes de radiocarbono, submetendo as a testes de Microscopia Infravermelha
Transformada de Fourier (FTIR) e Espectroscopia Microscópica por Escaneamento de
Elétrons, revelaram uma clara diferença na composição química das fibras submetidas
ao radiocarbono em comparação com os vários tipos de fibras do Sudário, suscitando
dúvidas quanto à precisão da datação por radiocarbono.
7. Exames forenses da imagem feitos por Heller e Adler mostraram que ela era
compatível à de um homem que fora crucificado, em rigor mortis, apresentando
múltiplos ferimentos, circundados por halos microscópicos cuja análise revelou
serem marcas de soroalbumina (o soro sangüíneo, ou plasma). Isto foi confirmado em
testes realizados com metilfenol, fluorescamina e outros testes enzimáticos. Halos
de soroalbumina eram desconhecidos na Idade Média. Estes halos são percebidos ao
redor das marcas da flagelação eram difíceis de serem vistos sob luz normal, mas se
revelaram vividamente em fotos realizadas com luz ultravioleta. Os halos eram muito
pequenos e seria necessário um microscópio para vê-lose uma instrumentação
microscópica especial para que eles fossem pintados ao redor de cada um dos
ferimentos; uma tarefa gigantesca se fosse realizada em tempos modernos e
simplesmente impossivel nos tempos medievais.
11. O interior das fibras não apresentava coloração, como foi indicado acima. Isto
elimina pinturas e corantes que pudessem penetrar as fibras.
13. A presença de sangue foi detectada em várias áreas do Sudário e confirmada por
Heller e Adler, por meio de diversos testes de sangue legalmente aceitáveis em
tribunais de justiça, incluindo varredura microespectrofotométrica de cristais e
fibras, testes positivos de cianometemoglobina e de hemocromógenos, varredura
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14. A utilização de enzimas para digerir o sangue revelou que não existe nenhuma
imagem subjacente nas áreas em que o sangue está presente (onde se formaram padrões
condizentes com vários ferimentos e sangramentos), comprovando que o sangue estava
presente antes da formação da imagem. A este respeito, como seria humanamente
possível criar padrões precisos (tintas e corantes não foram usados) de uma imagem
tão complexa e incorporar nela as áreas de sangue, incluindo os halos de
soroalbumina que já estavam presentes e eliminar precisamente a imagem onde haveria
sangue? Isto também seria uma tarefa fenomenal, especialmente nos tempos medievais.
Se isso fosse um empreendimento fraudulento, por que o artista não teria pintado a
imagem primeiro e aplicado o sangue depois? Por que ele usaria sangue de verdade,
se, na época, não seria possível identificar sua autenticidade? O sangue autêntico
também necessitaria de agentes anticoagulantes para que pudesse ser utilizado na
pintura.
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20. Uma moeda bizantina da coleção de William Yarbrough, que foi datada de 690
d.C., revelou várias características similares ao Sudário. Uma característica
única, segundo Paul Maloney, é que "o gravador que cunhou a moeda propositalmente
traçou linhas que conectam os olhos às sobrancelhas" de maneira similar à que pode
ser vista no Sudário (Boletim Informativo ASSIST vol. 1, n.° 2, 1989).
22. Embasamento histórico citado por Wilson e Scavone faz o Sudário remontar ao
século I.
25. O estudo comparativo realizado por Adler, em 1996, das amostras de fibras
coletadas do Sudário com fita adesiva com as das amostras submetidas ao teste de
radiocarbono por Microscopia Infravermelha Transformada de Fourier e Espectroscopia
Microscópica por Escaneamento de Elétrons, revelaram uma nítida diferença na
composição química das fibras submetidas ao radiocarbono em comparação com os
vários tipos de fibras do Sudário. As fibras continham sódio, magnésio, alumínio,
cloro, potássio e cálcio. Adler sugeriu que as amostras de radiocarbono poderiam
ser provenientes do material utilizado no reparo feito pelos de Charnys.
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3. Um procedimento de "teste cego" não foi obedecido, uma vez que os representantes
de cada laboratório presentes sabiam quais eram as amostras do Sudário e quais
seriam utilizadas para controle, e supostamente conheciam as datações destas
últimas.
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informava que ele mandara amostras em duplicata de grãos queimados que encontrara
em suas escavações - em Gia, na Beócia, Grécia - para dois laboratórios de datação
por carbono em duas partes do mundo, e que recebera leituras que diferiam em cerca
de 2.000 anos. A resposta dele foi: "Eu sinto que esse método não é exatamente
confiável."
Trata-se de um fato bem conhecido, divulgado por meio de boatos, uma entrevista
gravada e um artigo de jornal (Il Messaggero), que um polêmico teste de carbono,
secreto e não-autorizado, teria sido realizado, em 1982, com um único fio do
Sudário, no Instituto de Tecnologia da Universidade da Califórnia, pelo professor
George R. Rossman. As duas pontas dos fios foram analisadas e, supostamente, ambas
resultaram em datas diferentes: uma seria de 200 d.C., e a outra, contendo goma,
seria de 1.200 d.C. Antes do teste, o procedimento de prétratamento detectou a
presença de goma. Embora o Instituto de Tecnologia (CalTech) tenha negado, através
de uma carta, que o dr. Rossman sequer tenha realizado o teste, uma entrevista
gravada de uma conversa entre o dr. Alan Adler e Mark Antonacci, fornecida por Sue
Benford e Joe Marino, revela que o teste foi realizado, mas os resultados nunca
foram divulgados, pois não haviam sido aprovados pelas autoridades de Turim. Marino
contatou o dr. Rossman, em 30 de junho de 2002, que confirmou haver realizado o
teste, mas afirmou que não desejava mais falar a respeito do Sudário.
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DESMASCARANDO O CARBONO 14
Logo depois que os testes com carbono 14 foram divulgados, duas novas hipóteses
desafiaram os estudos baseados na datação por carbono, tendo como base os efeitos
do incêndio de Chambéry sobre o conteúdo do carbono 14. A hipótese levantada por
Kouznetsov sobre o incêndio de Chambéry argumentava que o fogo poderia fazer o
Sudário parecer mais recente, enquanto a descoberta de uma cobertura bioplástica
nas fibras do Sudário-supostamente devido a organismos liquenófilos, que também
contribuíram para que o Sudário parecesse mais recente e conduziram à hipótese da
cobertura bioplástica. Ambas as hipóteses foram consideradas pelos pesquisadores
como "as grandes esperanças do Sudário" e têm sido exaustivamente citadas para
contestar os resultados do carbono 14 que dataram o Sudário como sendo um produto
da Idade Média, criado entre 1260 e 1390 d.C.
do carbono 12 no tecido. Para provar essa hipótese, ele obteve um pedaço de linho
datado do ano 200 d.C., da região de En Gedi, em Israel. Esse tecido foi submetido
a condições semelhantes às do incêndio de Chambéry, em 1532, que incluiu exposição
ao calor intenso e a adição de prata para catalisar a carboxilação da celulose. O
calor supostamente derreteu a prata do cofre que guardava o Sudário, fazendo com
que partículas caíssem sobre o tecido, enriquecendo-o com novos isotopos de carbono
14. Kouznetsov, então, submeteu o linho a outro teste de carbono 14, obtendo uma
datação de 1.400 anos. Ele atribuiu esse efeito ao biofracionamento com aglutinação
química de C-14 extrínseco ao tecido sob influência de calor.
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Sudário contém uma boa quantidade de bactérias de origem humana, muitas delas
filamentosas, que deixam no linho manchas amarelo-palha. Eles submeteram as fibras
da área do teste com radiocarbono cedidas por Ricci ao processo de limpeza
utilizado pelos laboratórios, chegando até mesmo a aumentar a concentração da
solução, mas descobriram que isto não produzia qualquer efeito sobre a cobertura
bioplástica.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 18-3
Detalhes microscópicos típicos das fibras de linho. Uma fibra de linho é composta
de muitas fibras pequenas que são ligadas por material polimérico natural. Quando
estes materiais são removidos, a fibra de linho se desmembra em inúmeras pequenas
"células definitivas". (Cortesia de Jeanette Cardamone.)
414
FIGURA 18-4 Células definitivas extirpadas. Área IEB. Pode-se ver imagens das
fibras menores desfiando-se de uma fibra maior na área do dedo do meio. Elas
desmembraram-se em fios (filamentos) de células definitivas. Existe coloração na
imagem apenas na superfície externa das células. Ampliado 200x. (Cortesia de Ray
Rogers.)
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pôde comparar as fibras dessas áreas em particular com aquelas da área principal do
Sudário. Ele notou que a cobertura amorfa estava presente apenas nas fibras de Raes
e nas fibras da área utilizada para a datação com radiocarbono.
417
A ciência se torna perigosa somente quando imagina que alcançou seu objetivo.
George Bernard Shaw, 1856-1950
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
foi obviamente reparada. Falta tecido ali. Ela foi recosturada sobre a borda. A
explicação mais simples para o erro na datação é que há um pedaço de tecido
costurado naquela parte. E isto não foi testado". Eles notaram que Adler também
indicou num relatório de um simpósio da ACS em 1996 que as amostras de radiocarbono
não eram representativas das áreas que não continham imagem, que abrangem a maior
parte do tecido.
Marino e Benford, então, formularam sua tese de que um pedaço de tecido do século
XVI foi utilizado para reparar uma parte que faltava da faixa lateral, que se
estendia ou se sobrepunha à parte retirada para o teste com o C-14. Eles postularam
que técnicas especiais de tecelagem conhecidas como "costura francesa" ou
"invisível"-sendo que a última era utilizada em falhas maiores, quando não era
possível usar a primeira - eram empregadas em tempos medievais (o termo "invisível"
não deve ser entendido literalmente; na verdade, a técnica permitia fazer
restaurações quase imperceptíveis). O recosimento envolve o entrelaçamento manual
dos fios da área danificada, criando reparos praticamente invisíveis. Marino e
Benford sugeriram que o remendo poderia ser proveniente de um pedaço de tecido que
Margaret da Áustria, a Duquesa de Savoy, deixou como herança à sua igreja, em Brou,
depois de sua morte em 1532 e que foi posteriormente restaurado com a técnica da
"costura invisível".
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O terceiro especialista foi a Albany International, onde Louise Harner disse que "o
fio de urdimento é diferente nos dois lados da amostra" e indicou a presença de um
padrão grosso/fino no lado direito, enquanto o esquerdo era mais regular. Em
essência, o tecelão combina o padrão do tecido original colocando um pedaço de
tecido semelhante sobre a área danificada e entrelaça as bordas desfiadas dos dois
pedaços de forma a tornar a emenda invisível. Outras informações dos especialistas
têxteis incluíram uma forte descoloração na área do remendo, uma emenda mais
perceptível próxima da área de 14 x 9 centímetros que havia sido cortada, e uma
junção vertical que era pouco visível adjacente à região do remendo do século XVI e
à área principal do Sudário.
Marino e Benford argumentaram que o remendo havia sido feito na Idade Média, depois
que o pedaço de 14 x 9 centímetros fora retirado, provavelmente em função do
testamento de Margaret da Áustria, lavrado em 20 de fevereiro de 1508, para atender
ao seu desejo de legar à igreja um pedaço do Sudário. Eles afirmam que Margaret
morreu em 1531, ocasião em que o pedaço do Sudário foi removido e subsequentemente
substituído. A conclusão de Adler de que os "painéis
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FIGURA 19-1
Cobertura de goma arábica nas áreas das amostras de Raes e naquelas submetidas à
datação por radiocarbono, sugerindo a cobertura bioplástica. Fibras retorcidas da
amostra de radiocarbono num índice de refração de 1.515, demonstram a cobertura com
goma/pigmento/fixador (cortesia do dr. Ray Rogers).
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
FIGURA 19-2A
com Rogers, a decomposição cinética da lignina indica que levaria entre 1.300 e
3.000 anos para alcançar o nível de composição observado. Em contraste, a lignina
do resto do Sudário assim como a lignina das bandagens do Pergaminhos do Mar Morto
permitiram um teste negativo de vanilina; enquanto a Vestimenta Holandesa indica um
resultado positivo. Portanto, a importância deste teste reside no fato que ele só
pode ser encontrado em linho mais recente como resultado de um envelhecimento
lento, sugerindo que esta área é muito mais nova do que o resto do Sudário. Outra
diferença importante deriva de uma observação feita por Raese confirmada por Rogers
e outros de que existe algodão (veja Figura 17-2) nos fios da amostra e é fácil
encontrá-lo ali; enquanto que o único algodão encontrado na parte principal do
Sudário era parte das impurezas superficiais. Rogers informou que o linho na área
submetida ao C-14 havia sido alvejado por uma técnica diferente da utilizada na
parte principal do Sudário, ocasionando uma forte descoloração na área do remendo.
É importante notar que o falecido professor Al Adler também relatou, em 1996, que a
composição química das fibras na área da
426
FIGURA 19-2B
Local de união das pontas na área da amostra de Raes. Esta microfotografia foi
tirada com uma ampliação óptica de 100 vezes. É fácil notar a dessemelhança entre
as pontas. As fibras da parte superior direita continuam em direção à esquerda e
terminam. Esta parte não é contínua ao longo de toda a extensão do segmento do fio.
A junção exata é difícil de detectar. As fibras do lado inferior esquerdo terminam
claramente pouco antes do final da fibra. Infelizmente esta microfotografia
ampliada 100X não possui melhor resolução, nem é colorida. (Cortesia de Ray
Rogers).
427
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O FUTURO DO SUDÁRIO
428
que a área parecia haver sofrido algum tipo de reparo. Esta observação levou-os a
consultar especialistas em reparos "invisíveis" de tapeçaria e outros artigos
têxteis, e todos concordaram com a hipótese aventada. Marino e Bendford, então,
consultaram a literatura científica sobre o Sudário e renomados cientistas,
incluindo Ray Rogers e os trabalhos do falecido Al Adler, que apresentaram
evidências incontestáveis de que a amostra radioativa era espúria, diferente da
parte principal do tecido. Quando esta evidência foi adicionada aos 24 fatos que
apóiam a autenticidade do Sudário (veja Capitulo 18), iniciou-se uma poderosa ação
em favor da autenticidade.
Mas uma ação poderosa ainda não é prova. Nós nos encontramos em meio a um impasse,
que somente pode ser resolvido com um teste de carbono apropriado, feito com
amostras coletadas ao acaso, retiradas das áreas principais do Sudário. Alguns
críticos alegam que as autoridades de Turim resistem à execução de novos testes
porque isto reduziria drasticamente o movimento turístico da cidade ou porque o
valor do Sudário seria tremendamente depreciado, caso fosse provado que ele é de
origem medieval. Eu não acredito que isto seja verdade, mas acredito que sua
resistência venha da crença na natureza sagrada do tecido. Contudo, alguns
especialistas como Meachan, Rogers e muitos outros cientistas e estudiosos têm
escrito ao cardeal Poletto indicando que este temor pode ser aliviado ao se fazerem
os testes em algumas das fibras e na poeira de carbono que foram removidos durante
a restauração de 2002. Tecido carbonizado seria o material mais estável do Sudário
que poderia ser datado. Foi informado que a fluorescência percebida nas áreas
queimadas indica que elas foram produzidas numa atmosfera com baixos níveis de
oxigênio, produzindo, desta forma, boas amostras. Isto resultaria num teste muito
preciso e, ao mesmo tempo, poderia fazer dissipar-se a nuvem originada na Idade
Média e que alcançou notoriedade com a recente polêmica sobre a datação por carbono
14. Contudo, é essencial que um protocolo apropriado seja seguido à risca, para
evitar os erros cometidos nos testes de
429
430
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
radiocarbono, em 1988. Um protocolo sugerido por Rogers incluiria discussões
preliminares com os participantes, para familiarizá-los com os fatores que poderiam
influenciar os resultados, submissão em separado das amostras do carbono removido
durante a restauração das áreas queimadas, com os agrupamentos por data sendo
considerados mais importantes do que determinações isoladas; submissão de amostras
não-manipuladas de áreas bastante diferentes, para minimizar a contaminação, e
submissão de amostras para diferentes laboratórios comerciais, sem publicidade.
espectroscopia digital de imagens pode ser utilizada com microscópio ou com certos
instrumentos médicos para captura de imagens com definição extremamente alta e
detalhes com características espectrais; e, depois, sem tocar o Sudário, é possível
direcionar todo esse volume de informação para um computador e armazená-la em CD-
ROMs. Barrie Schwortz participou do desenvolvimento dessa instrumentação com seu
associado de longa data, o dr. Warren Grundfest, diretor do laboratório de
Tecnologia de Laser e Revelação, no Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles.
Se a imagem foi produzida por algum artifício, esta seria uma das maiores-senão a
maior-fraudes perpetradas na história e o "enigma do Sudário" seria finalmente
solucionado. Por outro lado, se o Sudário for datado do século I, haveria duas
possibilidades: ele seria, realmente, o Sudário de Jesus, ou poderia ser o sudário
de um homem crucificado à época em que Jesus viveu, com uma possível margem de 150
anos (se não houver complicações na datação do radiocarbono). Adler indicou que
mesmo que a peça fosse datada do século I, ainda não haveria maneira de testar se
ela fora utilizada por Jesus. Todavia, as informações convergiriam positivamente
para indicar tratar-se mesmo do Sudário de Jesus, devido à presença de imagens
condizentes com a coroa de espinhos, o ferimento causado por uma lança, a ausência
do crurifragium, e mais importante, a ausência de decomposição. Um sudário
normalmente não seria removido do cadáver de uma pessoa crucificada, mas
permaneceria envolvendo o corpo e entraria em decomposição juntamente com ele ou
então ficaria terrivelmente manchado e apodrecido. Contrastando com isso, se o
Sudário envolveu Jesus, então não haveria decomposição, uma vez que Ele permaneceu
envolto no tecido por apenas 34 a 36 horas. Por isso, se um novo teste de
radiocarbono apontasse uma datação do século I, as evidências esmagadoras
indicariam que este não seria o Sudário de Turim, mas sim o Sudário de Jesus.
431
Cada fórmula que expressa uma lei da natureza é um hino de louvor a Deus. Maria
Mitchell, 1818-1889
Jesus no Calvário, numa espécie de via-crúcis forense, para que possamos avaliar
criticamente cada fase, de modo a obtermos uma compreensão mais precisa dos efeitos
da crucificação-o que, sem dúvida, enriquecerá muito as nossas meditações.
Pouco depois, Ele foi preso e levado ao Sinédrio, onde foi molestado e acusado de
blasfemia e então levado diante de Pilatos, onde foi acusado de estar "pervertendo
a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, Rei"
(Lucas 23:1-2). Pilatos enviou Jesus
433
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
434
a Herodes, que o devolveu a Pilatos. Nenhum dos dois pôde apontar as faltas deste
homem. Mas a multidão frenética queria que Jesus fosse crucificado a qualquer
custo, até ao ponto de libertar Barrabás, um assassino brutal, em vez de Jesus.
Numa última tentativa de evitar a crucificação, Pilatos ordenou um açoitamento
brutal, mais severo do que o normal: "Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus, e
mandou açoitá-lo." (João 19:1). Ele então foi curvado e amarrado a um pilar baixo,
onde foi flagelado nas costas, peito e pernas, com um flagrum multifacetado, que
continha pedaços de metal em suas extremidades. Os scorpiones penetraram
profundamente em sua carne, dilacerando pequenos vasos, nervos, músculos e a pele.
O peso dos scorpiones fazia com que as cintas de couro fossem projetadas para a
parte da frente de seu corpo, dilacerando a carne dali também. Seu corpo deformouse
em função da dor, fazendo com que Ele caísse ao chão, somente para que O colocassem
de pé novamente. Breves movimentos convulsivos ocorreram, seguidos por tremores,
vômitos e suores frios. Gritos ecoavam a cada golpe recebido. Sua boca ficou seca e
a língua colou-se ao céu da boca. Ele foi reduzido a um estado lamentável, já que
Pilatos queria aplacar a sanha da multidão, de modo a dissuadi-la de sua exigência
para que Ele fosse crucificado. Pilatos ofereceu à turba uma escolha entre
Barrabás, um assassino brutal, e Jesus, mas a multidão preferiu que Jesus fosse
crucificado e Barrabás libertado. O castigo de Pilatos não satisfizera à multidão
ensandecida; que, sedenta de sangue, clamava: "Crucifiquem-no!" Jesus respirava com
dificuldade. Sua respiração tornou-se menos profunda e mais rápida, uma vez que Ele
não conseguia respirar por causa das fortes dores no peito, decorrentes dos
ferimentos em Sua caixa torácica, costelas e pulmões. Cada passo era doloroso,
obrigando-O a segurar Seu peito.
recurvos, que crescia ao lado do Pretório, fabricaram uma coroa com os ramos
entrelaçados e a fixaram em Sua cabeça. Esta era a coroa para o "Rei dos Judeus" e
um graveto foi Seu cetro. Eles prestaram homenagem ao novo rei desfilando à Sua
frente, ajoelhando-se diante Dele e golpeando-lhe as faces com o cetro e cuspindo
em Jesus. Suas bochechas e nariz ficaram vermelhos, feridos e inchados. Dores
agudas e lancinantes, que pareciam choques elétricos ou pontadas com ferro em brasa
revelavam-se em Seu rosto, imobilizando-o e fazendo com que Ele evitasse voltá-lo
para qualquer direção, tornando a dor ainda mais intensa-uma condição médica
conhecida como neuralgia do trigêmeo ou tic douloureux. Suas feições distorceram-se
e Seu corpo ficou tão tenso que não conseguia mais mover-se, pois cada movimento
provocava novos ataques agonizantes.
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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
caminho para o Gólgota, colina acima, pela ladeira íngreme e empoeirada. Ele
respirava cada vez com mais dificuldade, devido ao lento acúmulo de fluido ao redor
de Seus pulmões-condição médica chamada de efusão pleural, resultante do brutal
açoitamento. No Calvário, os soldados lançaram dados para disputar quem ficaria com
Suas vestimentas, e o vencedor descobriu que elas estavam grudadas às inúmeras
lacerações causadas pelo açoitamento. O soldado agarrou as vestes e arrancou as
violentamente. Jesus sentiu como se Seu corpo inteiro estivesse em chamas. A barra
horizontal da cruz foi depositada no chão e Jesus foi colocado sobre ela, com três
homens imobilizando-O; um deles, em cima de Seu peito. Isto trouxe uma dor terrível
e mais dificuldade para respirar, pelos danos causados às paredes da caixa
torácica, devido ao açoitamento. Jesus gritava em agonia. Enquanto os soldados o
seguravam, um prego grande e quadrado foi fincado através da palma de Sua mão, na
proeminência muscular localizada na base de Seu polegar. Ele soltou um grito de
fazer gelar o sangue de quem o ouvia. O prego penetrou no nervo mediano, causando
uma das piores dores que um ser humano pode sofrer, chamada causalgia. Durante a
Primeira Guerra Mundial, soldados que sofriam ferimentos no nervo mediano, devido a
estilhaços de granadas e bombas de fragmentação, entravam em choque profundo, se
não fossem medicados imediatamente. Apesar da exaustão, Jesus se contorcia e
lutava: a dor era insuportável e queimava como se um raio tivesse atravessado Seu
braço. A segunda mão foi pregada à trave da mesma maneira, fazendo com que Ele
desse outro berro de agonia. Jesus, então, foi forçado a ficar de pé, com Suas mãos
pregadas à barra. Seus joelhos dobraram. Dois soldados levantaram cada extremidade
da barra enquanto outros dois agarraram Jesus ao redor de Seu corpo. Então, eles
colocaram a barra no encaixe que havia sido escavado no topo da estaca. Enquanto
seguravam Jesus pela parte inferior de Seu corpo, dois membros do quaternio
dobraram Seus joelhos e forçaram Seus calcanhares contra a estaca, até que eles
ficassem firmemente apoiados à cruz. Um dos homens fincou um
FIGURA 20-1
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