Meu Carcere de Luxo
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Dedicatória
(...)
Você alguma vez já parou para pensar na sua vida, mas não
sobre coisas que você quer fazer, e nem sobre o que você já faz,
mas sim sobre algo que nunca poderia pensar em fazer e mesmo
assim, o risco vale a pena, foi exatamente o que eu fiz, eu fui
subjugada e muitos diriam que sou uma amaldiçoada, mas tem algo
pelo qual luto todo os dias para permanecer.
Sou uma mulher maltratada pelo marido há anos, meus
únicos amigos são a governanta e o motorista, vejo meus pais uma
vez por semana e não tenho o pingo de romantismo na vida, mas
chega de me lamentar, hoje é o dia, finalmente, apesar de ser só
uma vez a cada dez dias, eu vivo e respiro por essa liberdade.
Paul já foi para o trabalho e eu agradeço aos céus por isso,
desde aquele episódio desagradável ontem à noite, já faz um tempo
que Paul não me toca intimamente e eu fico aliviada por ele não ser
tão canalha a esse ponto, porque eu não quero essa aproximação, e
a única maneira de conseguir seria a força.
Estou sentada na grama atrás da casa em meio ao jardim
respirando um pouco de ar fresco, faz tempo que não faço isso,
sentia falta dessa paz. Logo pela manhã tomei meu café e tirei um
tempo para mim e isso eu posso dizer que tenho de sobra.
— Elizabeth, você tem visitas. — Me viro em direção a casa e
avisto Clary me gritando, quem será? Só Paul recebe visitas.
— Você avisou que Paul não está?
— A visita é para a Senhora.
— Avise que já estou indo. — Caminho para dentro da casa e
vou em direção a sala de visitas. — Chris? — Mas o que ele está
fazendo aqui, ele sabe que essa hora Paul está na empresa, e é
onde ele também deveria estar.
— Olá, Liza, tudo bem? — Ele se vira e vem em minha
direção.
— Sim. A que devo a visita? Clary disse que era para mim. —
Posso ter sido um pouco ríspida, mas não deveria estar em
companhia de homem nenhum sem meu marido, ele pode imaginar
uma nova traição da qual também não seria culpada.
— Ela estava certa, vim falar com você. Podemos nos
sentar? — Ele segue para o sofá de centro e se posta sobre ele.
— Claro. — Me sento ao seu lado e o olho em expectativa.
Só posso estar ficando maluca mesmo.
— Sua maquiagem e roupas longas não escondem as
agressões daquele crápula. — Fico envergonhada com suas
palavras e inclino o rosto para fugir de seus olhos reprobatórios,
mas logo o vejo pegar em meu queixo e fazer com que eu o olhe
novamente.
— Não deveria ter vergonha, você não tem culpa de nada, eu
fui tão negligente com você, sabia que havia algo de errado, mas
não podia fazer nada antes de ter provas. — Fico confusa com sua
interação sem saber onde isso pode nos levar.
— Você não me conhece direito Chris, como poderia saber
do que Paul é capaz. — Tento me manter firme em minhas palavras,
mas quem eu quero enganar.
— Eu sei bem mais do que aparenta, mas isso é assunto
para outra hora, eu vim pedir que venha comigo e me deixe cuidar
de você. — Ele não pode estar falando sério.
— Eu não posso sair do lado do meu marido para fugir com
outro homem, quem pensa que sou. — Levanto-me e ando para
longe dele.
— Eu não tenho interesse em você como mulher, só quero te
ajudar, me deixa fazer isso por você. — Seus olhos aparentam
súplicas, como se estivesse a ponto de perder o controle.
— Você não entende, Paul tem algo que me pertence, além
do poder de acabar com minha família, eu não posso deixá-lo. —
Não posso fazer isso com meus pais, mas admito que a vontade de
ir embora é enorme.
— Me diz o que ele tem contra você e daremos um jeito de
conseguir de volta. — Chris olha em meus olhos esperando uma
resposta positiva a sua proposta.
— Não posso contar a verdade, mas posso te pedir ajuda em
outra coisa. Estou confiando em você com a minha vida, e espero
que não esteja errada. Eu reúno provas contra Paul há algum tempo
sobre minhas agressões, pago duas médicas que fazem laudos
para que eu mantenha comigo quando puder usar, só que essa
minha vida clandestina está um pouco perigosa e preciso de alguém
que possa me cobrir em determinados momentos.
— Feito, em mim você terá essa pessoa. Somos amigos
apesar de tudo.
— Sim, amigos. — Como eu queria que fosse algo mais. —
Você tem que ir agora.
— Eu sei. — Sou pega de surpresa quando Chris me abraça
forte, e que braços são esses. Minha nossa! — Como faço para falar
com você?
— Quando eu precisar, eu entro em contato, não ligue para
minha casa e nem pergunte sobre mim novamente, meu marido
consegue ser bem possessivo quando quer.
— Por que se refere a ele como marido, passa a impressão
de que são um casal feliz? — sua pergunta me pega de surpresa.
— Porque no final de tudo, a aliança que está em meu dedo
me prova essa dolorosa realidade. Tenha um bom dia, Christopher.
— O levo até a porta e me despeço dele.
Misericórdia, esse homem é lindo demais. Seria irresistível,
caso minha vida não fosse tão complicada. Christopher apareceu na
vida do meu marido de um modo que eu mal entendo, sei que são
sócios da empresa que meu pai trabalha, mas como viraram
amigos, disso eu nunca soube. Às vezes, sinto como se ele me
perseguisse com o olhar todas as vezes que estamos perto um do
outro e sinceramente eu não vejo algo ruim nisso. Vou em direção à
cozinha e lá vejo Clary começando a preparar o almoço.
— Quer ajuda? — Ela dá um pulinho como quem levou um
susto. — Desculpa, não quis assustá-la.
— Não faça isso comigo, chegando assim em silêncio. Já
estou quase acabando, pode ficar tranquila, fui contratada para isso
senhora, cuidar da casa e todas as atividades que remetem a ela,
por isso Paul me quis, para que não tivesse mais ninguém na casa,
apenas aqueles que veem duas vezes na semana para limpeza.
— Ele apenas queria que eu ficasse incomunicável, no meu
cárcere privado de luxo. — Quando Clary me olha, vejo tristeza em
seus olhos.
— Sinto muito minha criança.
— Está tudo bem Clary, eu me acostumei a vida que tenho.
— Acostumei-me, mas não aceitei.
— Você é tão nova para se acostumar com uma vida assim,
se ao menos tivesse uma miniatura sua para lhe fazer companhia.
— Eu nunca pensei que diria isso, mas eu ter perdido meu
filho foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Eu só tenho
vinte e dois anos e hoje ele teria apenas dois anos. O que eu vivo
aqui eu não desejaria a um pedaço do meu coração, você entende?
— Lágrimas rolam por meu rosto sem que eu perceba e Clary a
seca com suas mãos.
— Eu entendo. — Recebo um abraço apertado da minha
melhor e única amiga. — Agora vamos almoçar, porque saco vazio
não para em pé. — Levanto meus lábios em uma tentativa de dar
uma risada, mas, na verdade, o que se faz é apenas um sorriso. —
É isso que eu quero, um sorriso nesse rosto lindo.
Almoçamos juntas ao Brian, e depois fui ao meu quarto tomar
um banho e me deitar. Peguei um livro na estante e comecei a lê-lo
até pegar no sono.
Capítulo 7
Um mês depois...
Já se passaram quatro semanas desde a agressão, não pude
cumprir com muitos dos meus compromissos, os pontos caíram e as
marcas no meu corpo e em meu rosto não aparecem mais.
Pego o relógio em cima da mesinha e vejo que são dez horas,
tomo um banho rápido, me visto, e desço correndo pelas escadas
de casa.
— Clary, cadê você mulher, você sabe que dia é hoje, é meu dia,
minha liberdade. — Saio gritando pela casa até encontrá-la na
cozinha, mas vejo mais alguém sentado à mesa.
— Então hoje é o dia da sua liberdade, interessante. — Paul está
olhando para mim desconfiado, o que eu vou fazer, eu tinha que ter
gritado logo hoje.
— Paul, que coincidência, você não foi trabalhar hoje? — Tento
permanecer calma, mas minha voz entrega meu nervosismo.
— Eu ainda vou trabalhar minha querida, apenas quis tomar café
com a minha esposa hoje, precisamos conversar. — O que será
dessa vez.
— É claro. — Sento-me ao seu lado e começo a me servir com
os pães postos à mesa.
— Então, Liza, me explica uma coisa, por que hoje é o dia da
sua liberdade? — Minhas mãos começam a tremer enquanto corto
um pedaço de pão doce.
— É que hoje é o dia de fazer compras, e eu me sinto livre
quando o faço, só isso. — Espero que realmente ele acredite nessa
mentira.
— Interessante escolha de palavras, fazer compras remete a
liberdade. Aproveite, porque é a única que você terá. — Ele se
levanta da mesa e antes de sair se vira para mim. — Hoje é a noite
do pôquer com os caras, não voltarei antes das duas da manhã.
— Tudo bem, se divirta. — No momento em que profiro minhas
palavras, ele já estava bem longe de vista.
— Misericórdia, meu coração quase saiu pela boca agora, como
você sai gritando assim pela casa menina, quer me matar — Clary
fala com a mão no peito.
— Desculpa, eu acordei feliz e não medi as consequências, sinto
muito.
— Espero que ele tenha acreditado nessa sua desculpa, porque
a mim não convenceu nadinha. — Caio na gargalhada. Realmente
foi uma péssima mentira.
— Não era de todo mal, realmente eu vou ao shopping hoje, está
com você aquele dinheiro que lhe pedi que fosse tirar do banco. —
Ela sai da cozinha e volta com um envelope nas mãos.
— Está aqui, só não entendo por que não usar o seu cartão. —
Ela me estende o envelope para que eu o pegue.
— Porque Paul saberia pelo extrato bancário aonde eu fui e isso
não pode acontecer.
— Um dia eu saberei onde a senhorita vai a cada dez dias
durante a noite. — Nunca poderei contar-lhe a verdade.
— Quem sabe um dia.
Subo para quarto, pego minha bolsa e peço para Brian me levar
ao shopping. O shopping de Sweet Dreams é grande e possui
somente lojas de grife, realmente não é para os pobres e isso a meu
ver é total falta de compaixão e empatia ao próximo, a sociedade de
hoje é tão mesquinha.
Chego aonde quero estar e entro na loja com uma placa escrita,
“Onde seus desejos são realizados”, em letras discretas.
— Olá, bom dia, lembra-se de mim? — falo a recepcionista, que
me conhece desde sempre, já que venho somente aqui.
— Sim senhora, já separei o que me pediu, irei pegar, só um
minuto. — Ela segue por um corredor e a perco de vista.
Algum tempo depois a recepcionista aparece carregando uma
caixa preta envolta com um laço de cetim vermelho.
— Aqui está senhorita. A madame fez exatamente do jeito que
pediu. — Ela estende a caixa em cima da mesa e abre a tampa para
que eu veja.
— Isso, está perfeito. Muito obrigada, aqui está o pagamento,
tenha um bom dia. — Saio da loja e sigo para o estacionamento,
avisto Brian e ele abre a porta do carro em prontidão.
— Para casa Senhora?
— Sim, Brian. Vamos direto para casa.
Já se passou bastante tempo e isso porque minha casa não fica
nem uma hora de distância do shopping, mas o trânsito não
cooperou em nada com a minha pressa, mesmo assim conseguimos
chegar antes do almoço.
— Clary, já estou em casa. Vou subir para o quarto, me avise
quando o almoço estiver pronto — aviso enquanto subo as escadas.
— Sim, senhora — ela profere suas palavras vindas da cozinha.
Preciso esconder a caixa até a hora de sair, ninguém pode ver e
tenho receio de que o Paul venha para casa a qualquer momento.
Retiro de dentro da caixa e coloco em meu closet, pego a mesma e
descarto no lixo que fica de fora da casa, nada de deixar as provas
do "crime" avista.
Meus dias na mansão são calmos, eu leio, converso com a
Clary, como e assisto filmes na TV. E isso é o resumo da minha vida
em quatro anos de casada, e pensar que eu poderia estar com meu
pequeno agora mesmo, e lembrar o modo pelo qual ele foi tirado de
mim, me deixa triste, carreguei meu amor por nove meses na
barriga e ele se foi.
Tive depressão pós-parto pela perda do meu menino, fiquei um
bom tempo sem sair de casa, tinha crises de pânico durante a noite
e ficava com medo de qualquer contato, fui agressiva, feria as
pessoas com palavras e sempre me sentia culpada pelo que
aconteceu.
Hoje eu sei que não tive culpa, Deus quis levar meu pedacinho
do céu, e pensar que ele poderia estar no mesmo inferno que eu,
minimiza meu sofrimento e me faz se sentir mais aliviada.
Posso parecer insensível, mas somente quem sofre como eu,
sabe que se fosse seu próprio filho não o iria querer nessa situação
de vida em que me encontro.
Chegou a hora, Paul não chegará tão cedo, então, vou
aproveitar. Deixo um bilhete em cima da bancada caso ele apareça,
dizendo que irei visitar meus pais e saio de casa.
Pego um táxi e minutos depois chego ao lugar com uma placa
nada discreta escrita em Neon. Peço ao segurança minha liberação
e ele me dá passagem para que eu siga em diante.
— Olá, meu amor, não via a hora de vê-la de novo, você tem
cinco minutos.
Fico pronta algum tempo depois e sigo para o local, entro no
ambiente e vejo uma luz fixa em meu rosto, logo me entrego ao meu
mundo de sonhos e me perco até o fim da noite.
— Como sempre, magnifique, minha adorável Fênix, até daqui
dez dias, amore mio.
— Boa noite, Seigneur.
Chego em casa uma hora da manhã, entro pela garagem e me
certifico de que o carro de Paul não esteja lá, entro em casa e vou
direto para o meu quarto, tomo um banho e me troco para dormir.
Hoje foi melhor do que todos os outros, estava completamente
entregue ao momento, ainda sinto o toque da liberdade em meu
corpo e escuto o som em meus ouvidos.
Capítulo 8
O fim da noite de ontem foi tão mágico que acabei por ficar a
manhã inteira no quarto terminando de ler meu romance da Jane
Austen — Orgulho e Preconceito, a rainha do romance, a mulher
morreu, mas suas obras até hoje são as mais disputadas, sou
extremamente apaixonada por livros, e adquiri esse gosto por ficar
tanto tempo em casa.
Já passa do meio-dia e decido descer para a cozinha e
comer alguma coisa, não tomei café hoje e estou com uma fome de
outro mundo. Quando desço as escadas, escuto risadinhas
abafadas e me aproximo devagar, mas nada poderia me preparar
para o que eu veria, Clary e Brian estão aos beijos, quanto tempo
será que isso vem acontecendo.
— Uhum? — Faço um barulho com a garganta para que eles
percebam minha presença e os dois se afastam rapidamente. — Eu
vou querer saber o que acontece aqui? — Contenho minha risada e
faço minha cara de séria.
— Liza, eu sinto muito, não deveríamos fazer isso em horário
de trabalho. — Sério, eu estou amando, eles são tão sozinhos, sem
filhos e sem companheiros, família não conta por que a maioria só
aparece para pedir dinheiro.
— Eu estou completamente feliz por vocês, quando isso
aconteceu, me contém tudo, finalmente algo interessante nessa
casa. — Sento-me no balcão da cozinha e espero pela história
como uma criança feliz.
— Já faz umas semanas — Brian quem fala. — Eu já gostava
dessa cabeça dura, mas ela nunca me deu esperança em minhas
investidas.
— Olha pelo lado bom, eu cedi um dia — Clary diz isso com
divertimento em sua voz e olha para Brian com carinho.
— Vocês são tão fofos. Que felicidade, só não deixem Paul
descobrir, assim como eu entrei aqui e vi vocês, poderia ser ele. —
Sei que é ruim acabar com o clima, mas preciso alertá-los.
— Sabemos disso, teremos mais cuidado — Clary fala e
pega na mão de Brian, e posso ver o amor que existe entre eles.
— Ai meu Deus, que felicidade. — Acho que pareço uma
criança que acabou de ganhar um doce.
Conversamos mais um pouco durante o almoço, fiquei
sabendo das atitudes de Brian para conquistar Clary e sinceramente
o cara se esforçou pra caramba. Ele deixava uma rosa e um
chocolate na porta da casa dela todos os dias de manhã, a levou
para jantar, almoçar, tomar café na padaria, fizeram um passeio de
barco no lago, foram para o parque de diversões e isso a Clary
deixou bem claro que quase vomitou nas moças que estavam na
frente dela, quem disse que amor tem idade é um tremendo babaca,
não importa o tempo, ele sempre prevalece.
Fiquei na sala durante a tarde assistindo uns filmes, até
escutar a porta da frente se abrindo, já passa das dezoito, é Paul
com certeza. Desligo a TV e já vou subindo as escadas para ir ao
meu quarto, não estou a fim de vê-lo e estou cheia de brigas.
— Ei, onde a senhorita pensa que vai, desça aqui, temos
visitas. — Olho para trás e vejo duas figuras que amo tanto entrar
em casa.
— Mãe, pai, que ótima visita, senti saudades de vocês. —
Recebo um abraço de ambos bem apertado.
— Oi, querida, sua mãe e eu viemos lhe fazer uma proposta,
podemos nos sentar?
— Claro, sigam-me. — Guio meus pais até a sala e peço
para que eles se sentem, ofereço algo para beber, mas eles
recusam. — Então, qual proposta querem me fazer, estou ansiosa?
— Charles e eu, achamos que seria bom para você passar
umas semanas lá em casa com a gente, sentimos tanta falta da sua
companhia, meu amor, e ficamos solitários sem você. — Mamãe
pega em minha mão e se vira para Paul. — Isso, se Paul não achar
ruim. — Ela o olha esperando sua resposta, ele está encurralado,
duvido que irá protestar.
— Mas é claro que Liza pode ir, só peço que não tirem minha
esposa de mim por muito tempo, eu fico com saudades. — Como
pode ser tão cínico, cretino.
— Eu aceito mamãe, só preciso arrumar minhas coisas, me
esperem aqui e já volto. — Saio apressada, mas escuto passos
atrás de mim.
— Eu vou ajudá-la, fiquem à vontade. — Corro pela escada e
Paul sai correndo atrás de mim, chego no quarto e tento trancar a
porta, mas ele a afasta com um golpe só. — Precisamos conversar
antes dessa sua excursão. Você tem algo a ver com esse pedido
dos seus pais, Liza, porque pode apostar, se eu souber que você
anda contando algo para eles, acabo com todos vocês em um piscar
de olhos.
— Não tive nada a ver com isso, só devem estar com
saudades mesmo e se quer saber, vai para o inferno você e suas
ameaças. — Ele que pense que aguentarei calada essas merdas, já
chega de ser a esposa submissa.
— Eu posso até ir para o inferno, mas juro que te levo junto,
se você não for minha, não vai ser de mais ninguém. — Ele sai do
quarto e bate à porta com força. Vai sonhando que serei a esposa
troféu por muito tempo, você não perde por esperar querido. Pego
minha mala já pronta, minha bolsa e desço.
— Pronto, vamos. — Meu pai pega minha mala e segue para
o carro a colocando no porta-malas, e eu e mamãe vamos logo
atrás. — Obrigada por isso, fiquei feliz por poder ficar com vocês um
tempo.
— Já que você não vai até em casa, então, vamos até você.
Ficará conosco por três semanas e hoje vamos jantar naquele
restaurante brasileiro que você gosta — mamãe diz e fico feliz por
isso.
— Aí caramba, amo demais aquelas comidas nordestinas,
delícia. — Meus pais sorriem e vamos direto ao restaurante.
Quando chegamos ao "Typical Brazilian Foods", entramos e
um garçom nos guia até uma mesa que fica encostada na janela,
posso ver as pessoas e os carros lá fora, observo um grupo de
amigos rindo do outro lado da rua, assim como um casal se beijando
encostado no carro, nem sei o que é mais me divertir, não se
preocupar com as coisas e nem com as situações.
Pedimos um baião de dois, tapioca de carne seca e de
sobremesa um bolo de rolo, típico de Pernambuco, uma maravilha,
acabamo-nos de tanto comer e depois de conversarmos bastante,
fomos para a casa.
— Meu amor, se quiser ir dormir, o quarto é o mesmo, não
mexemos em nada. — Meu ninho de amor e carinho, finalmente
em casa.
— Claro mamãe, vou tomar um banho e dormir. — Ela beija
minha bochecha e papai beija minha testa, pego a mala e subo para
o andar de cima.
Minha casa sempre foi tão aconchegante, não é a mansão
que vivo com Paul, mas é cheia de afeto, eu sempre quis uma casa
grande e cheia de luxo para meus filhos, e nem isso eu pude ter, no
final de tudo eu percebi que nada vale sacrificar a felicidade, eu só
queria poder voltar para trás, apagar meu futuro e reescrevê-lo
novamente. Meu quarto é lilás e tem espelho no teto, é bem grande,
tem uma cama box de casal, uma mesinha para o computador, uma
estante para livros e um guarda-roupa embutido na parede.
Depois de tomar um banho longo de banheira, já se passava
das vinte e três horas, não estou com sono, então, desço para tomar
um leite. Quando estou na cozinha, vejo papai sentado tomando um
suco.
— Pai, não conseguiu dormir? — Sei que, às vezes, ele ainda
sofre de insônias, assim como eu.
— Hoje o sono não decidiu cooperar. E você, princesa?
— Só vim tomar um copo de leite. — Pego o copo e coloco o
leite para tomá-lo em poucos goles. — Saudades dessa casa, me
sinto tão bem aqui.
— Às vezes, quando falo com você, me parece que não é
feliz em seu casamento, meu amor. Tem algo que queira me contar?
— Tem tantas coisas que o senhor não sabe meu pai.
— Não, pai, está tudo bem, Paul e eu tivemos uma briga e
estamos nos acertando aos poucos. — Deveria abrir uma escola
para mentirosos, estou ficando boa nisso.
— Todo casal briga, Elizabeth, mas sinto que ainda me
esconde algo, só espero que aquele moleque não tenha feito nada
contra você, senão acabo com aquela cara de mauricinho na base
da porrada, eu gosto muito de Joseph, mas Deus que me perdoe
por proferir tal palavras, não souberam criar Paul, eu não me opus
sobre o casamento de vocês porque sabia que estava apaixonada,
mas se não está dando mais certo, volta pra casa e para nós.
— Prometo para o senhor que se não me sentir mais
confortável com minha vida, eu volto. — Papai se aproxima e me
abraça com ternura.
— Será que tem espaço para mais um. — Mamãe está
encostada no batente da porta e se aproxima de nós.
— Sempre, mamãe. — Abro meus braços e nos permitimos
um abraço em família. Meus pais são meus heróis, eu os amo mais
do que a mim mesma. — Vou para o meu quarto, boa noite. —
Beijo-os em seus rosto e saio da cozinha.
— Charles, aqui não, nossa filha pode ver. — Escuto
risadinhas dos meus pais quando me afasto. O amor deles é tão
lindo e tão sincero, um dia ainda irei sentir esse sentimento. Me
tranco no quarto e continuo a ler meu romance, porque esse amor
na realidade, está mais difícil do que ser divorciada.
Capítulo 12
(...)
É hoje!
Finalmente o dia chegou. Sabe quando você passa dias em
agonia, ansiedade, desespero e coração acelerado, pois é, essa sou
eu enquanto não me encontro com Christopher.
Estou me sentindo ousada durante esses dias e vou
aproveitar essa minha pequena mudança. Já passou da uma da
tarde, visto o Corselet Feminino de renda na cor vermelha e coloco
um sobretudo por cima, acompanhado dos meus saltos e desço as
escadas de casa.
— Onde vai querida? — Mamãe surge não sei de onde na
porta de entrada.
— Sair com um amigo e vou pegar um dos carros. — Ela me
olha desconfiada, mas acena em concordância, minha mãe sabe
que não tenho amigos, muito menos homens.
Pego o carro do papai da garagem e sigo para o hotel, em
menos de 30 minutos chego ao meu destino, deixo que o
manobrista cuide do veículo e vou em frente. O Hotel Sweet Dreams
Palace é enorme, sua estrutura é uma verdadeira riqueza e apesar
de estar com medo de ser reconhecida por alguém, não me importo
e crio toda coragem para ir adiante.
— Boa tarde! Quarto 3003, por favor. — Antes de sair de
casa, Chris havia me dito que tinha reservado um dos quartos e
deixado o cartão de acesso na recepção.
— Ah, sim, senhorita, aqui está a chave. — Pego o cartão e
vou em direção aos elevadores.
Em alguns minutos as portas se abrem e ando pelo corredor
até encontrar o quarto, paro em frente uma porta grande e branca, a
destranco e entro em seguida. O ambiente está em um clima
romântico apesar de o dia ainda estar claro, tem pétalas de rosas
amarelas deixadas no chão que fazem um caminho até a cama,
champanhe no gelo em cima da mesinha de cabeceira e uma
música tocando em um volume baixo que logo percebo ser do Lewis
Capaldi — Hold Me While You Wait, mas o que me chama
realmente atenção é um homem lindo e musculoso parado sem
camisa de frente para janelas enormes tomando um copo de whisky.
— Chris? — Vejo que o peguei desprevenido e ele se vira
rápido ao ouvir o som da minha voz.
— Você veio, fiquei com medo que não viesse. — Ele se
aproxima e me pega em seus braços me dando um beijo urgente e
desesperado. — Você não sabe como me sinto o homem mais feliz
do mundo por ter você aqui em meus braços.
— Eu sinto o mesmo. — Voltamos a nos beijar, mas agora
estou sendo levada para a cama. — Espera, tenho uma surpresa
para você. Sente-se e aprecie o show. — Vou em direção ao som e
mudo a música para: Dance for You da Beyoncé. Começo a fazer
movimentos com os braços e com o corpo, mexo os quadris
generosamente e faço uma dança sensual para ele.
— Uau! Não sei onde você aprendeu a fazer isso, mas
espero que faça para sempre. — Sorrio para ele enquanto se
aproxima. — Agora, que tal eu te ajudar a tirar cada peça bem
devagarinho. — Ele me pega no colo e me coloca sobre a cama,
beija meu pescoço, rosto e em seguida segue para meus seios,
desce o zíper do corpete que fica nas costas depositando beijos por
toda extensão até meu ombros, quando estou livre dele, abocanha
um dos meus seios com sua boca e me faz arfar com o toque da
sua língua em minha pele. Chris se levanta e fica de joelhos para
mim, desce uma das minhas meias e beija o caminho percorrido,
assim faz com a outra, quando estou prestes a tirar os saltos, ele
me impede. — Não, quero você somente com eles. — Assinto e ele
segue com seus beijos pelo meu corpo, no fim só estou de calcinha
e sapatos.
— Agora me deixe tirar as suas. — Me levanto e beijo seu
peito, passando minha língua até seu umbigo. Mordo sua orelha e
beijo seu pescoço, em seguida lhe dou um beijo cheio de
expectativa e carinho. Abro o zíper da sua calça e a desço por suas
pernas torneadas, quando o vejo somente de cueca fico encantada,
Chris é tão lindo e gostoso. — Você é perfeito. — Ele abre um
sorriso e segue passando suas mãos por meu corpo, assim, como
faço com o dele. Logo sou colocada novamente na cama, vejo ele
pegar um preservativo na gaveta e voltar para cima de mim, em
meio a beijos, promessas e carícias trocadas já estamos totalmente
pelados e ainda permaneço de saltos. — Você põe ou eu ponho?
— Ainda não terminei as preliminares, princesa. — Suas
mãos descem para meu clitóris e fazem um vai e vem gostoso, em
minutos sua boca substitui suas mãos e explodo em um orgasmo
incrível. Tento fazer o mesmo com ele, mas ele não deixa. — Ainda
não, hoje vou amar somente seu corpo como você merece. — Ele
se levanta por algum tempo para colocar a camisinha, e então, se
posta em cima de mim. — Você está pronta? — Faço que sim com a
cabeça e o sinto entrar devagar, sinto uma dorzinha chata e ele
para. — Calma, vai ficar tudo bem.
— É que já faz muito tempo. — Sorrio tímida e ele leva seus
lábios ao meu. Quando me acostumo com seu tamanho, ele começa
um movimento gostoso e se entregamos um ao outro.
(...)
— Bom dia, mãe, pai. — Acordei mais cedo hoje e desci para
saber da situação do Chris antes que meu pai saia para trabalhar.
— Bom dia, minha princesa, caiu da cama, ainda são sete e
meia — minha mãe fala enquanto atravesso a cozinha em busca de
uma xícara de café.
— Estava sem sono. Já tem alguma notícia sobre a empresa
pai, o Chris vai ser dispensado? — Meu pai estava comendo uma
fruta, mas olha para mim com uma expressão indecifrável.
— Você percebeu que em nenhum momento perguntou como
seu marido está? — Putz! Eu nem me lembrei do traste.
— Porque eu acabei de ligar para o meu marido e ele está na
casa dos pais dele. — De repente meu pai larga a fruta e olha em
minha direção.
— Quem vai me contar a verdade, você ou sua mãe, porque
tenho certeza de que ela sabe. — Nesse momento minha mãe olha
para mim com cara de que fiz besteira. — Paul me ligou e disse que
estava na empresa, ao menos que eu tenha ouvido errado ou você
esteja mentindo para mim, não vejo outra explicação, então, quem
começa a falar.
— Charles, não precisa pegar pesado com nossa menina —
mamãe tenta amenizar a situação, mas creio que só tenha piorado.
— Pai, eu sinto muito. — Quando vejo já estou confessando
ao meu pai que tenho um caso com o melhor amigo do meu marido,
ou nesse caso, ex-amigo.
— Meu Deus, Elizabeth, então, foi por isso a briga de ontem,
como você pôde filha, eu te criei melhor do que isso. — Vejo
decepção no rosto do meu pai e me sinto tão mal.
— Paul não sabe de nada pai, deixa eu explicar para o
senhor. — De repente ele levanta a mão e pede que eu me cale.
— Não tem explicação para traição, independente do seu
marido ser um playboyzinho mimado e egoísta não justifica, você
sabe o que eu e sua mãe passamos com nossos pais e eu sempre
me orgulhei de ter uma família sincera e honesta, como acha que
me sinto agora. — Lágrimas rolam pelo meu rosto e meu pai se
levanta para sair. — Você vai terminar seja lá o que vocês tiverem,
porque senão eu conto para o seu marido. Eu amo você minha filha,
mas nunca vou aceitar essa atitude nem de você e nem da sua mãe
que mentiu para mim, e me escondeu a verdade. — Minha mãe está
triste, e por minha culpa eu fiz meus pais brigarem. Ele pega a
maleta dele e sai de casa.
— Mãe, o que eu faço? — Ela me abraça e enxuga minhas
lágrimas.
— Não sei filha, faz o que seu coração mandar, eu sinto
muito querida. — Minha mãe volta para sala e depois escuto a porta
bater.
Eu preciso do Chris, não sei se ele está em casa, mas como
não fala comigo, vou atrás dele. Subo para o quarto, me arrumo e
pego minha bolsa. Alguns minutos depois estou na frente do seu
prédio, é grande, aperfeiçoado e tem vidros espelhados, peço a
entrada para o porteiro e ele diz que irá verificar com o senhor
Moore, não demorou muito até que permita que eu entre, subo de
elevador até o nono andar e bato na porta umas três vezes.
— Liza, o que aconteceu? — Chris abre a porta e então, olho
para ele com lágrimas nos olhos, não demora muito e já o estou
abraçando.
— Meu pai descobriu sobre nós. — Ele não fala nada e
continua a me abraçar.
— Como assim descobriu, mas não faz nem uma semana
que estamos juntos, como isso foi acontecer. — Eu sou tão idiota,
não consigo guardar segredo nenhum, deve ser por isso que Paul
consegue me manipular tão facilmente.
— Eu contei, cometi um erro e não poderia continuar
mentindo. — De repente ele se desvencilha do meu aperto e anda
pela sala com as mãos na cabeça.
— Ah, Liza, conheço muito bem o Charles para saber que ele
não reagiu muito bem a essa informação. — Assinto com a cabeça
e me sento no sofá.
— Ele pediu para que eu acabasse com nosso
relacionamento, senão contaria para o Paul. — Chris vai até a
mesinha encostada na parede e dá um soco tão forte nela que me
assusto.
— Ele não pode fazer isso, você tem que contar para seus
pais a verdade. — Nunca vi o Chris tão nervoso.
— Isso não vai mudar em nada, meu pai nunca vai aceitar
isso, ele é bem rígido com relação a disciplina. — Meu pai nunca vai
aceitar uma traição, ele sabe o que isso faz com as pessoas, ainda
mais depois que descobrir que o genro é psicopata.
— Nunca vou desistir de você, então, você vai dizer isso para
o seu pai ou irá mentir para ele, eu não sei, mas agora você é minha
mulher. — Ele vem até mim e me beija, é um beijo calmo, mas com
certo receio, sinto que ele tem medo de me perder.
— Espera Chris, não deveria ter batido no Paul, aquilo foi
errado. — Só fez com que nossa situação complicasse mais ainda.
— A hora foi errada, mas com certeza o soco que eu dei nele
foi muito certo, a minha vontade era de bater mais, mas o idiota caiu
logo no primeiro golpe, minhas aulas de luta valeram a pena. —
Acho que acabei de ter uma ideia.
— Você pode me ensinar a me defender, não posso deixar
que ele faça de novo, por favor. — Ele abre um sorriso e pega em
minhas mãos.
— Nada me faria mais feliz do que ensinar a minha garota a
dar uma surra no crápula. — Chris coloca as mãos na minha cintura
e me leva para o quarto me deitando na cama. — Senti saudades.
— Ele me beija com intensidade e retribuo com desespero, esse
beijo é o melhor que já provei. — Que tal você começar a tomar
pílula, quero te sentir sem nenhuma barreira. — Sorrio para ele
concordando, também quero senti-lo sem nada para nos atrapalhar.
— Te amo, Liza.
— Também amo você. — Comecei tirando sua camiseta e
depois as calças, olhei para ele com desejo e ele sorriu para mim,
retirei sua cueca e pude apreciar seu corpo nu em cima de mim, não
me contentei e me esfreguei com vontade nele, logo ouvi um
gemido e não pude distinguir de quem veio, mas com certeza
apreciei cada som que ecoava entre essas paredes. Ele logo
começou a tirar meu vestido e minha lingerie, beijou meu corpo
como tinha feito da primeira vez, cada parte venerada por sua língua
e seus lábios.
— Você é linda, gostosa e toda minha. — Amo quando ele
fica possessivo e diz que sou sua, parece que meu corpo recebe
uma descarga elétrica que o deixa todo em alerta. Viro ele na cama
para que eu fique por cima e começo a beijar seu peito, ele não é
totalmente liso, tem alguns pelos ralos, seu corpo é tão musculoso
que posso ver seus gominhos. — Mulher, você é uma loucura. —
Continuo a beijá-lo por todo corpo até chegar aonde eu mais queria,
o envolvo com a boca e o deixo apreciar. — Isso é tão bom amor,
continua. — Não demora muito e o vejo se entregar ao momento. —
Agora é minha vez.
Chris e eu, passamos algumas horas bem quentes, claro que
paramos em algum momento para se recuperar, mas o que vinha a
seguir era melhor do que a primeira vez. Ele realmente ficou
suspenso da empresa, seu pai disse que ele poderia voltar em duas
semanas, então, tínhamos esse tempo só para nós. Assistimos
juntos “Um amor para recordar”, foi escolha minha, mas Chris não
reclamou, até achei que ele seria o tipo de homem machista que diz
que não vê filme de mulherzinha, mas ele apenas me disse que não
existe isso de filme de homem ou mulher, é apenas um filme e que
quando o produziram não pensaram em público alvo, apenas que
comovessem a todos, esse homem se mostra cada vez mais
incrível. Passei o dia com ele, mas já estava na hora de voltar para
casa, papai e mamãe, daqui a pouco chegaria.
— Preciso ir, Chris. — Ele não ficou muito feliz, mas assentiu.
— Tudo bem. Depois me conta o que decidiu contar para seu
pai. — Acenei com a cabeça e fui para porta. — Até mais amor, me
avisa quando chegar, eu te levaria, mas não quero mais
descobertas por um longo tempo. — O beijo nos lábios e sigo para
fora do prédio. Chego em casa e está tudo em silêncio, e é quando
tiro meus saltos para não causar barulho.
— Estava com ele, não é. — Isso não foi uma pergunta, mas
sim uma confirmação. Meu pai está encostado na parede de frente
para porta de entrada com cara de poucos amigos.
— Pai, eu o amo, não vou me afastar dele, se quiser contar
para o Paul, vai em frente. — Eu realmente espero que ele não
conte, senão pode pôr tudo a perder.
— Eu conversei com sua mãe e entramos em um acordo, eu
não aceito o que você faz, mas não sou ninguém para te impedir,
você é maior de idade e toma suas próprias decisões. — Então, ele
sobe as escadas e me deixa lá embaixo sozinha com menos um
problema nas costas. Pego meu celular e escrevo uma mensagem
para o Chris.
Chris: “Oi gata, que tal sair para tomar uns drinks, tenho
novidades?”
Eu: “Claro meu lindo, estou com saudades, espero que o Bar
seja perto da sua casa ou em um hotel.”
Paul foi preso e minha vida virou uma loucura, não faz nem
um dia e a imprensa já sabe o que aconteceu. Fui parada por
repórteres na frente da minha própria casa e agora estou indo para
a delegacia depor, não sabia que isso viraria notícia nacional, mas
estou completamente agradecida a Christopher. Meu pai falou
ontem à noite com Joseph e ele está arrasado, nunca imaginou que
o filho fosse agressor, ladrão e sabe mais o que, não contei a
ninguém sobre ele ter me violentado, não tenho provas contra isso e
já se passou muito tempo para fazer exame de corpo de delito, na
empresa vai ser um pouco complicado para os funcionários
saberem sobre o assunto e possam vir a desconfiar de Joseph por
ser o pai. Meus pais estão me acompanhando porque o delegado
quer que todos os envolvidos compareçam para depor sobre a
conduta de Paul, então, a família dele junto com Chris já depôs, só
falta a minha declaração e a dos meus pais, tomei cuidado para ir
em um horário que Alice não esteja lá, mas não posso confiar que
ela não apareça, recusei todas as chamadas dela até agora e prefiro
evitar desaforo e mantê-la bem longe de mim, Verônica disse que é
o melhor e concordo com ela. Chego ao meu destino e os repórteres
já estão postos na porta.
— Vamos, minha filha. — Papai abre a porta do carro para
que eu saia e dois policiais nos acompanham até a porta enquanto
os jornalistas gritam querendo respostas. — Isso aqui está uma
loucura.
— Só porque ele é rico, meu amor, quem não ama uma
fofoca de gente famoso, não respeitam a nada e nem a ninguém, a
maioria é tudo por obrigação e outros é porque realmente gostam de
provocar — mamãe diz enquanto entramos pela porta da delegacia.
— Senhora Turner, queira me acompanhar, falará primeiro
com o delegado. — O policial me escolta até uma salinha, entro e
vejo um homem sentado de frente para mim e um escrivão ao seu
lado. O delegado aparenta ser um homem de uns quarenta e cinco
anos, tem barba, cabelos pretos e é um pouco rechonchudo.
— Pode se sentar, senhora Turner. Me fale um pouco da sua
relação com seu marido desde quando se conheceram. — Relato
todos os momentos que passei com Paul, como antes ele era
carinhoso e amoroso, e se transformou de repente nesse monstro.
— Como descreveria sua relação com a senhora Alice Turner?
— Para o senhor estar me perguntando sobre isso, creio que
ela deve ter falado muito mal de mim, minha relação com a minha
sogra é um pouco complicada, mas para resumir, ela me odeia. —
Se ele soubesse o que ela me fez, mas não é hora de fazer
acusações contra alguém, seria a palavra dela contra a minha,
porque as provas já não existem mais.
— E por que ela te odeia? — Me parece que ele não
descansará até saber de tudo.
— Deve ser porque ela tem ciúmes do filho, é o único que ela
tem, Alice sempre foi uma mãe superprotetora, protegia Paul de
tudo e não duvido nada que acobertou muitas coisas erradas que
ele fez. — O delegado me perguntou mais algumas coisas e depois
me falou que o cara que colocou a escuta na casa do Chris
confessou o envolvimento de Paul, parece que ele tinha gravado a
conversa dos dois planejando o ato, não sei como Christopher
conseguiu achar, mas ainda bem que deu tudo certo, no caso do
roubo, o contador que ajudou Paul também confessou para diminuir
a pena e mostrou as provas das transferências bancárias que
inocentam meu pai.
— Por hoje é só, queira assinar sua declaração e pode ir para
a casa. — Leio o papel que consta meu depoimento e assino, não
deveria estar falando com a polícia sem o meu advogado, mas
como o acusado aqui é o Paul, não vi problemas. Pensando nisso,
espero que o Senhor Allen esteja bem, fiquei com medo dele ter
sofrido algo muito grave.
— Obrigada. — Saio da sala e chamo minha mãe, ela é a
próxima a depor e depois meu pai. — Pai, quando tudo isso vai ter
fim, falta uma caminhada muito longa até Paul ser condenado.
— O importante é você estar segura. — Ele me envolve em
seus braços e vejo Chris vindo em nossa direção.
— Liza, posso falar com você? — Meu pai me solta do seu
abraço e olha para Chris.
— Christopher, acho melhor minha filha não falar com você
aqui. — Papai tem razão, mas sinto falta dele.
— Eu sei, Charles, eu só queria saber se ela está bem. —
Peço ao meu pai que nos deixe a sós e ele assente.
— Oi, meu amor, senti tanto sua falta. Eu sofri muito sem
você durante esses meses. — Quero abraçá-lo forte, mas melhor
prevenir.
— Eu também, meu amor. Paul fez algo de ruim a você? —
Não sei se deveria contar algo grave aqui na delegacia, melhor
deixar para depois.
— Prefiro contar quando estivermos em um ambiente mais
reservado. — A delegacia está cheia e vejo muito policiais andando
de um lado para o outro.
— Tudo bem. Vou até sua casa hoje à noite. — Assinto
concordando quando vejo Alice vir até mim bufando de raiva.
— Isso tudo é culpa sua, a vagabunda e o amigo que o
traíram, que bela dupla vocês fazem, meu filho não deveria estar
preso, ele é inocente. — Só pode ser piada, ela conhece muito bem
o filho que tem. Sinto mãos tocaram meus ombros e vejo que é meu
pai.
— Alice, aqui não é lugar de fazer escândalos, quer que eu a
leve para casa? — Meu pai é um homem muito gentil. — Só preciso
fazer meu depoimento e depois posso levá-la, você está muito
alterada.
— Oh, por favor, Charles, você sabe que sua filha vem
enganando meu filho há semanas, é uma vagabunda sem caráter —
ela grita tão alto que até o delegado saiu da sala junto de outros
policiais.
— O que está acontecendo aqui, não quero baderna na
minha delegacia, queira se retirar, senhora Turner. — O delegado e
a minha mãe veem até onde nós estamos.
— Você deveria prender esses dois, eles dormiam juntos
pelas costas do meu menino. — Nessa hora o delegado me olha
com um ar de questionamento, pelo visto vou ter que abrir o jogo
sobre isso também.
— Não interessa o que eles tenham feito, aqui o julgado é
seu filho, não eles. Escoltem a senhora até a saída, quando se
acalmar poderá voltar. — O policial chegou perto dela pedindo para
que ela seguisse em frente, mas antes que ela saísse me olhou com
ódio.
— Meu Deus, minha filha você está bem? — Mamãe se
aproxima de mim e pega em meu rosto. — Onde Joseph se
encontra que não está de olho nessa maluca da Alice, a mulher está
transtornada.
— Ele está apagando o incêndio que se formou na empresa
fazendo reunião com os outros acionistas — Chris quem fala e tenta
se aproximar de mim novamente, mas minha mãe me afasta dele.
— Queira se retirar também, Christopher, depois dessa
confusão é melhor conversarem depois. — Chris assente e vai
embora. Quando olhamos para trás o delegado olha a cena com
muita atenção e pede para que meu pai vá para a sala. — Que
loucura minha menina e isso é só o começo. — Minha mãe tem toda
razão, ainda não acabou.
Decidi ficar na casa dos meus pais durante uns dias, pelo
menos até passar o julgamento de Paul, ainda não decidi se vou
ficar na minha casa ou venho morar com eles novamente. Tenho
que conversar com o advogado sobre minha situação atual, porque
tenho certeza de que irão apreender os bens do Paul, ainda
precisam rever o fato de como adquirir de volta o dinheiro que ele
roubou, tanta coisa para fazer.
— Pronto meus amores, já acabei meu depoimento. Vamos
para casa. — Nos despedimos do delegado e seguimos para casa.
— Mãe, pai, tenho que conversar com o advogado da família,
preciso saber como ficará os bens de Paul. — Preciso de uma
conclusão na minha vida, mas mesmo que ficasse com tudo, não
iria querer, daria tudo ao Joseph, afinal, metade das coisas dele se
dá ao dinheiro da empresa e nada mais justo do que voltar para o
lugar de origem.
— O certo seria você adquirir todo o dinheiro dele, pois se
casaram em regime de comunhão universal de bens, mas com o
fato do roubo o delegado conversou comigo e disse que os bens
ficam apreendidos, não poderá fazer movimentações bancárias e
nem vender qualquer imóvel ou carro. Por enquanto a justiça tem
plenos poderes no patrimônio de Paul. — Não me surpreendo com
as palavras do meu pai, eu previa tal atitude. — A senhorita voltará
a morar conosco querida.
— Tudo bem, pai, mas está na hora de seguir em frente e
fazer faculdade, ainda não sei qual caminho seguir, mas vou me
esforçar. — Eles me dão um sorriso e algum tempo depois
chegamos em casa. Subo para meu quarto e fico o resto do dia
pensando em tudo que aconteceu até agora. De noite, Chris virá me
visitar, e preciso falar tudo que ele ainda não sabe.
(...)
Peguei no sono e acordei somente agora, olho para o relógio
e vejo que já são dezenove horas, quando pego meu celular tem
uma mensagem do Christopher dizendo que chegará às vinte horas,
levanto-me, tomo um banho e coloco um vestido e uma rasteirinha.
Tinha comentado com meus pais que Chris viria jantar, eles não
gostaram muito da ideia pela crise recente, mas também não
recusaram. Desço para a sala de jantar e ajudo Sophia a colocar a
mesa, algum tempo depois escuto a campainha tocar e vou até a
porta.
— Oi, querida. — Chris não espera minha resposta e me dá
um beijo de tirar o fôlego, como senti saudades do calor do seu
corpo. — Precisamos ter uma conversa séria.
— Tudo bem, mas depois do jantar, aproveita e conversa com
meus pais, eles não acharam certo você vir aqui nesse momento,
mas não negaram. — Ele assente e passa por mim indo até a sala.
— Pai e mãe, o Chris chegou. — Eles o cumprimentam e pede que
ele se sente.
— Boa noite, Sr. e Sra. Harper. Acho que já passou da hora
de termos uma conversa, a única coisa que tenho para falar é que
amo sua filha e não vou desistir dela, esperei muito tempo para tê-
la.
— Eu sei que minha filha te ama, Christopher, mas do jeito
que vocês começaram essa história foi tão errada, e não interessa
quem era o Paul, eu mesmo queria arrebentar a cara daquele
playboyzinho, mas não justifica o ato de vocês dois — papai fala
sério, mas não vejo raiva em suas palavras.
— Espero que cuide da nossa menina. Bem-vindo a família.
— Mamãe se levanta e dá um abraço no Chris, foi mais fácil do que
pensei. Jantamos e conversamos sobre bastante coisas que não
remetiam ao meu marido. Chris e eu, decidimos ir ao meu quarto
conversar.
— Chris, durante alguns meses eu dançava em um clube
noturno. — Ele arregala os olhos e já sei o que ele está pensando.
— Não é nada disso que pensa, eu não fazia stripper e nem dormia
com clientes, era só uma dança sensual com fantasias, nada
demais. Eu resolvi parar e não vou mais fazer.
— Agora eu sei de onde saiu aquela dança que você me fez
na primeira vez. Espero que não pare de dançar para mim. — Abro
um sorriso e acaricio seu rosto.
— Talvez eu possa abrir uma exceção, e meus pais jamais
podem ficar sabendo sobre isso. — Ele assente e, então, eu
continuo. — Há uns dois meses, Paul me estuprou enquanto eu
estava inconsciente, eu não acreditei que ele teria coragem, mas ele
fez com que eu desmaiasse e, então, eu... — Lágrimas rolam por
meu rosto e ele as enxuga fazendo com que eu o abrace. — Foi tão
horrível acordar de manhã e saber que fui violada dessa maneira.
— Eu vou fazer aquele filho da puta mofar na cadeia, eu te
prometo. — Vejo ódio em suas palavras e acredito nele.
— Tem mais uma coisa, ele matou a ex dele, aquela que iria
testemunhar. Ele me contou isso durante o surto de raiva que teve
quando descobriu o que fazíamos e que éramos amantes. — Até
hoje não me convenci que ele pode fazer isso.
— Achei que ela só tinha perdido o controle do carro na
estrada. Meu amigo virou um monstro da pior espécie, mas vamos
atrás de quem fez esse serviço para ele e vamos conseguir provar.
Quando você não me respondeu, eu achei que algo de ruim tinha
acontecido, e quando vim aqui na sua casa, seu pai me expulsou,
mas não antes da sua mãe me dizer que você estava bem, eu fiquei
aliviado, mas não desisti, principalmente depois que Spencer foi
espancado e isso também foi obra dele não é, infelizmente ele levou
a única prova contra Sebastian e sobre isso não podemos provar, ao
menos que ele confessasse e isso seria impossível. — Balanço a
cabeça concordando, realmente Sebastian se safou dessa, mas a
vida ainda vai cobrar dele da pior maneira, eu acredito na justiça
divina. — Ficaria mais tempo, mas seus pais não permitirão.
— Realmente, fazer sexo com os pais no quarto ao lado, não
é a ideia de romantismo. — Chris cai na gargalhada e aproveito
para rir também. — Eu vou ser folgada e não vou te levar até a
saída, se importa?
— Não, meu amor, descansa, porque o dia foi longo. — Eu
dormi bastante, mesmo assim, ainda me sinto com um peso nas
costas. Chris vai embora e eu fico com meus pensamentos.
Capítulo 22
(...)
Acordei cedo hoje, pois não dormi muito bem, quando desço
para a cozinha, Verônica está preparando o café da manhã, e
agradeço porque estou com fome.
— Como dormiu? — Ela pega uma fornada de pão e coloca
sobre o balcão.
— Péssima. Não vai trabalhar hoje? — Passo manteiga no
pão fresquinho enquanto pego uma xícara de café.
— Eu sou a dona, posso ficar em casa um dia. — Essa
mulher é muito especial, se tivesse uma filha seria muito amada e
cuidada feito princesa.
— Obrigada por tudo, você é uma ótima amiga. — Pego a
Nutella e passo em outro pão, amo demais essa delícia.
— Sabe que te amo como uma irmã mais nova, e se quiser
ficar aqui em casa durante um ano pode ficar. — Dou risada
lembrando do que falei ontem.
— Fica tranquila, mas quem sabe algumas semanas. Você
não se sente sozinha nessa casa enorme, e ainda sendo vizinha da
Alice? — Ela se senta ao meu lado e começa a se servir.
— Ela não mora tão perto assim e tem mais, me acostumei
com a solidão, há muitos anos sou sozinha. — Isso é tão triste, sinto
por ela.
— Você é uma mulher linda, não precisa ficar sozinha. —
Como dizia uma pessoa que conheci há muito tempo, "Verô é um
mulherão da porra".
— Ser sozinha é uma opção, já te expliquei por que, mas não
quer dizer que não tenho minha cota de homens sexys e suados na
minha cama. — Quase me engasgo com o pãozinho na boca, gente
eu não consigo ser assim não, falar as coisas sem um pingo de
timidez. — Ah, para, Elizabeth, você também faz sexo e muito,
Christopher é um pedaço de mal caminho. — Começo a rir,
enquanto ela fala.
— Ele é, com certeza, aquele homem faz umas loucuras que
chego até ficar com calor. — Acho que me empolguei e o pior é que
as lembranças de ontem vem junto e mudo minha expressão
rapidinho.
— Conversa com ele, sei que vão se acertar, ele te ama feito
louco, não desisti de vocês dois, está na hora de ser feliz. — Assinto
para ela e volto a comer, assim como ela.
— Amanhã é o aniversário dele, estava planejando um dia
romântico, mas não tem mais clima para isso, o pior é que Paul faz
aniversário um mês depois, eles têm a mesma idade. —
Infelizmente.
— E quantos anos ele vai fazer? — Verônica pergunta e digo
que será 29 anos. — Oh, minha juventude, não volta mais, tenho 38
anos, estou chegando nos quarenta e, daqui a pouco vou ser uma
senhora muita chata e rabugenta. — Dou risada com essa
colocação sem cabimento.
— Para de ser dramática, não tem nada a ver, ainda pode
sair por aí pegando os novinhos fácil, fácil. — Verônica solta uma
gargalhada e se levanta para colocar a xícara na mesa e guardar as
coisas.
— Posso até acreditar, mas esse povo jovem só quer saber
de sexo selvagem e de várias posições que eu nem sabia que
existia, por isso digo que estou velha, nem parece que ando
transando por aí. — Agora sou eu quem gargalho, essa minha
amiga é completamente maluquinha. — Mas, espera aí, não me
confunda, eu não sou vadia não hein, Elizabeth?
— Eu sei que não, é só um pouco mais doida do que pensei.
— Ajudo ela a lavar a louça do café e depois subo para o quarto,
pego meu celular e ligo para Chris.
— Elizabeth, você está bem, fiquei preocupado. — Não
muito, mas vou sobreviver.
— Sim, estou bem, precisamos conversar. — Resolver
tudo isso é o que eu mais quero.
— Eu sei, vem aqui em casa. — Sua voz me parece triste e
cansada.
— Chego em 30 minutos. — E espero que dessa vez tudo
se resolva.
— Ok, te espero. Não fui trabalhar hoje mesmo, não
estava com cabeça. — Imagino, eu também não iria.
Desligo o telefone, tomo um banho e escovo os dentes, me
arrumo, peço obrigada a Verônica por ter sido uma pessoa incrível
comigo e ela diz que eu sempre poderei contar com ela. Saio da
casa dela e vou de novo para o apartamento de Christopher, logo
quando o porteiro me vê, abre o portão e entro na garagem para
depois subir ao andar.
— Que bom que chegou, pode entrar. — Passo por ele e sigo
para a sala.
— Deixe-me falar e depois você resolve o que vai fazer. —
Ele assente e, então, eu começo. — Me perdoa, eu fui infantil por
agir daquele jeito com você, não deveria ter saído daqui, mas, tenta
entender, você vai ter um filho com outra mulher, eu nunca tive nem
sequer um pedido de namoro formal, até porque uma mulher casada
não poderia ser namorada de ninguém, mas aí aparece outra que
tem mais de você do que eu poderia ter nesse momento,
simplesmente fiquei transtornada e me sentindo traída, porque você
não usou a camisinha Christopher. — Ok, acho que eu me alterei de
novo.
— Não foi planejado, Elizabeth, e se for pra te pedir algo,
será em casamento, porque você merece isso bem mais do que um
pedido de namoro romântico igual aqueles dos livros de romance ou
de filmes água com açúcar que você gosta de ler e assistir. Poxa,
Liza, eu sempre amei somente uma mulher e ela está na minha
frente agora, eu namorei com Suzane por duas semanas, isso se
você chama aquilo de namoro, nunca transei com ela a não ser no
dia que ela me encontrou bebendo no bar depois de você ter me
rejeitado, acordei no outro dia sem saber o que tinha acontecido, saí
da casa dela sem nem falar com ela, porque estava morrendo de
vergonha e ódio por ter sido tão fácil, depois conversamos e dei
uma oportunidade a ela, o resto você já sabe. — Putz, não acredito
que o filho foi gerado depois de uma noite de bebedeira, e estou
começando a suspeitar que ela planejou tudo isso, mas vou segurar
minha língua, por enquanto.
— Um dia eu vou conseguir olhar para trás e não lembrar
disso, até lá prefiro não saber da sua transa bêbada com ela. —
Christopher vem até mim e beija minha testa.
— E talvez um dia eu vou conseguir olhar para trás e saber
que você não me abandonou na primeira dificuldade, até lá assim
como você, eu quero um tempo. Eu pensei muito sobre isso,
enquanto te ligava loucamente ontem à noite e é o melhor para nós
dois no momento. — Se vocês vissem a minha cara agora, com
certeza teriam feito igual, quão burra eu fui por achar que ele me
perdoaria fácil assim.
— Chris, não faz isso. — Ele me solta e vai para a porta,
abrindo-a em seguida.
— Foi você quem fez, Elizabeth. — Ando até onde ele está e
paro para olhá-lo.
— Amanhã é seu aniversário e como não estarei ao seu lado,
feliz aniversário, Christopher. — Ele abaixa a cabeça visivelmente
chateado, mas responde.
— Obrigada. — Saio de lá e ele fecha a porta atrás de mim,
como eu me sinto agora, completamente destruída, fui a culpada por
perder um homem que realmente me amava. Começo a chorar até
chegar em casa, mas dessa vez eu dirijo com cuidado.
— Liza, como você faz isso comigo e com seu pai minha
filha, quase morri de preocupação. — Não consigo responder e as
lágrimas começam a cair novamente. — O que aconteceu, meu
amor?
— Mãe, eu o perdi, perdi o homem que eu amo. — Ela me
abraça forte e me leva para a sala. Não sei por que ela e meu pai
não estão trabalhando, mas estou quebrada demais para perguntar.
— Foi horrível, eu me sinto destruída, dói tanto mamãe.
— Oh minha filha, mas você estava tão feliz ontem — papai
diz, enquanto se senta ao meu lado.
— Mas aí a Suzane apareceu grávida e tudo foi por água
abaixo — digo em meio aos soluços, estou arrasada.
— Como assim? Christopher te traiu? Eu vou lá agora dar um
murro na cara dele, não vou aceitar outro igual Paul na sua vida, eu
deixei que você sofresse com minha imprudência de não olhar para
minha menina, mas agora isso não vai acontecer — papai fala ao
mesmo tempo em que se levanta e vai em direção a porta, mas eu
grito para ele não ir, porque não é culpa do Chris e sim minha.
Explico todos os detalhes aos meus pais e eles se acalmam.
— Minha nossa, filha, que confusão, mas você não deveria
ter agido assim, Liza, mas vai passar, meu amor, Chris só está
magoado, uma hora ele vai perceber que também fez burrada e vai
vir atrás de você. — Eu já não tenho tanta certeza disso, eu magoei
muito ele.
— Eu não acredito nisso mãe, eu o feri demais. Chris sempre
foi meu porto seguro, esteve comigo em meus piores momentos e
lutou por mim, mas aí eu corri dos problemas da vida dele tão rápido
quanto entrei, eu sou uma mulher horrível, talvez ele esteja melhor
sem mim. — Começo a chorar novamente e mamãe faz carinho em
meus cabelos.
— Não diga isso, Elizabeth, você é uma mulher incrível,
lutadora, eu te admiro muito, minha filha — meu pai diz, enquanto
mamãe apenas concorda.
— Seu pai tem razão, você é "Meu precioso". — Só mamãe
para brincar com uma frase dos filmes do senhor dos anéis nesse
momento, mas se ela queria me fazer sorrir, conseguiu. — Te amo
para todo sempre.
— Eu também amo os dois. — Ambos me abraçam bem forte
e depois peço para ficar sozinha.
Subo para o quarto e me deito de qualquer jeito na cama,
volto a chorar incansavelmente, eu fui tão burra, como eu me
arrependo, eu não sei o que fazer agora, não sei como tê-lo de
volta, eu me sinto vazia sem ele, é um sentimento que me deixa
louca e ao mesmo tempo extasiada, eu o amo com tudo que sou.
Escuto meu celular tocar e vejo que é Christopher me ligando.
— Alô, Chris, você mudou de ideia? — Espero que sim.
— Elizabeth, Spencer acabou de me ligar, o detetive
conseguiu as últimas provas que restavam, Paul será acusado
pelo assassinato de Samira, finalmente acabou, agora podemos
focar em Alice. — Sinto suas palavras firmes e distantes.
— Achei que você ia desistir de me ajudar, já que não
estamos mais juntos. — Sinceramente, achei que ele até mudaria
o número do celular.
— Nosso relacionamento não interfere na justiça, eles
precisam pagar e é isso que vou fazer. Agora preciso ir, até
mais. — Ele quer dizer fim do relacionamento não é, eu sei, eu
mereço essa frieza.
— Será que vamos poder conversar sobre isso algum
dia? — Espero que sim, porque fica difícil pensar viver sem ele.
— Talvez um dia, não sei. — Então, ele desliga sem nem ao
menos me deixar responder.
Essa é a oportunidade perfeita para Suzane dar em cima de
Chris de novo, ela pode conquistá-lo e eles viverem felizes com o
bebê e, tudo por minha culpa. Volto a chorar deitada em minha
cama, porque de hoje em diante minha vida vai se resumir a isso,
CULPA. Não quero saber se ainda é de manhã, vou dormir o resto
do dia para esquecer toda essa merda.
Capítulo 29
Não sei por que eu ainda fico fazendo isso. Acabei de voltar
da casa de Christopher, onde vi ele mais uma vez entrando com a
Suzane, aí que ódio, eu sou tão trouxa, de hoje em diante eu
desisto, vou seguir minha vida sem me preocupar com o Chris, eu já
fiz de tudo para tê-lo de volta, mas ele não quer.
Chego em casa, estaciono o carro na garagem de qualquer
jeito e entro, mas quando estou subindo as escadas alguém me
chama.
— Elizabeth, vem aqui, eu e seu pai precisamos conversar
com você. — Ah, não, estou sem cabeça para isso.
— Hoje não mãe, vou dormir, amanhã conversamos. — Vou
subindo as escadas quando escuto ela falar.
— Está cedo ainda menina. — Continuo andando até chegar
em um quarto, meus olhos estão embaçados por causa do choro e
vou logo tirando minha roupa para em seguida ficar nua, me jogo na
cama e fico lá pensativa.
— Uau, se eu soubesse que ganharia uma mulher nua na
minha cama, teria visitado a tia Suzan há muito tempo. — Me
levanto da cama desesperada e olho para um homem que acabou
de sair do banheiro apenas com uma toalha na cintura.
— Meu Deus, quem é você, como entrou aqui. SOCORRO,
ALGUÉM ME AJUDA. — De repente o homem pula sobre a cama
para perto de mim e tampa minha boca com a mão. Tento me soltar,
mas ele é mais forte do que eu.
— Sua louca, eu sou sobrinho da tia Suzan, não sou nenhum
pervertido estuprador, e quem é você? — Quem sou eu, sério, o
cara está na minha casa. — Vou tirar a mão da sua boca, me
promete que vai ficar quietinha? — Balanço a cabeça concordando,
então, ele retira a mão.
— Meu nome é Elizabeth, e a sua tia Suzan é minha mãe. —
Ele me olha espantado e depois vejo seus olhos percorrer meu
corpo e, é quando percebo que ainda estou nua, corro para a cama
e pego o lençol me cobrindo. — Seu pervertido, olha para lá.
— Tia Suzan tinha falado para minha mãe que você era
casada. — Será que ninguém assisti os jornais?
— Eu fui casada e tem alguns meses que me separei, passou
na TV. — Ele vai até sua mala e tira de lá uma roupa.
— Não, eu estava no Brasil por um ano e não vi notícia
alguma e, em relação minha mãe, ela não me contou sobre isso, me
desculpa se te assustei. — Ainda não confio nesse cara, ele tem
aparência de uns 35 anos, tem cabelos curtos e lisos que agora
estão penteados para trás porque está molhado, tem olhos azuis e é
loiro, putz, o cara é um gato e estou nua na frente dele com as
roupas jogadas no chão. — Vai ficar aí me olhando, gostou do que
viu gata. — Reviro os olhos por essa afirmativa presunçosa e pego
minhas roupas no chão indo para a porta, não acredito que entrei no
quarto de hóspedes, mas sou parada por uma mão que prensa meu
corpo na parede.
— Será que dá para você me soltar garoto? — Olho bem no
fundo dos seus olhos e posso ver o oceano em forma de duas
bolinhas charmosas.
— Você é gostosa, que tal brincarmos um pouco e eu não
sou nenhum garoto, tenho trinta anos. Quantos anos você tem,
Elizabeth? — E essa última parte ele fala no meu ouvido e posso
sentir meu corpo ganhar vida, parece que a abstinência está dando
o ar da graça.
— Eu nunca dormiria com você nem que fosse o último
homem da terra. — Saio do seu aperto e abro a porta para sair.
— Eu gosto de fazer as pessoas engolirem suas próprias
palavras. — Arrogante, cafajeste, cretino, mas muito gostoso, isso
não posso negar.
— Liza, o que você está fazendo nua no quarto de Clark?
Não vai me dizer que vocês transaram, minha filha, eu sei que você
está sem faz tempo, mas, por favor, se controle. — Olho para minha
mãe incrédula, quem ela acha que sou.
— Mamãe, eu não sou vadia, eu amo o Christopher, isso aqui
foi apenas um mal entendido. — Ela me olha estranha, mas assente
e vai para o seu quarto, quando olho para trás, Clark está na porta
rindo da situação. Babaca! — Não ri não, pode se voltar contra
você.
— E eu vou amar esse resultado, Elizabeth. — Então, ele
fecha a porta e vou atrás da minha mãe.
— Mãe, quem é esse homem? — Entro no seu quarto e vejo
que está colocando um batom na bolsa.
— Ele é filho de uma amiga minha que tive na faculdade e vai
passar uns dias aqui na nossa casa, seu nome é Clark Lincoln e a
mãe dele se chama Mendi Lincoln. — Mas isso não tem lógica
nenhuma.
— Eu nunca soube dessa sua amiga, muito menos que tinha
um marmanjo que te chamava de tia, e por que ele tem que ficar
aqui, não tem hotel não? — Ninguém merece receber visitas
inconvenientes.
— Realmente eu não falo de todos que conheci durante a
vida, querida e, Clark veio para cá apenas para me visitar, então,
sua mãe me ligou e me pediu que ele ficasse aqui, é melhor do que
um hotel. — Eu não acho, ele poderia muito bem ficar em um hotel.
— É só alguns dias, meu amor, ele trabalha de detetive particular,
então, viaja muito e quis apenas ficar aqui um tempo antes de ver a
mãe dele.
— Tudo bem, a senhora e o papai, ainda vão sair?
— Sim, Clark chegou e tivemos que esperar você voltar para
ficar com ele. Seja simpática, meu amor, iremos ficar fora a noite
toda, então, se cuidem e, por favor, minha filha, põe uma roupa. —
Ela beijou minha testa e saiu do quarto, fui para o meu e dessa vez
era o certo, tomei um banho e desisti de dormir optando por assistir
um filme na sala.
Fiz uma pipoca no micro-ondas, arrumei um suco para beber
e me sentei no sofá ligando a TV, coloquei na Netflix e escolhi o
filme.
— Até que enfim um filme, estava um tédio lá em cima, mas
sua mãe me disse que você ia cuidar de mim, então, passa a pipoca
para cá. — O inconveniente tira o pote de pipoca da minha mão e
começa a comer como se só tivesse ele.
— Ei, larga de ser folgado e faz sua própria pipoca. — Tiro
dele e trago para perto de mim novamente.
— Você é muito chata garota, nada hospitaleira ou gentil, a
titia Suzan não é assim não. — Como ele é otário, lanço meu olha
de "não estou nem aí pra sua opinião" e ele vira para a frente. —
Por que acabou o casamento? — Literalmente ele traz o pior de
mim, não é possível.
— Coloca no Google, talvez você ache. — Tento levantar-me
do sofá porque já estou impaciente, mas ele me puxa para seu colo.
— Me solta.
— Desde que eu te vi hoje, eu penso em fazer isso. — Meus
lábios são atacados por um beijo urgente e sedento. Ele passa suas
mãos pelo meu corpo e, quando chega na minha bunda, me levanta
para que eu coloque as pernas uma de cada lado do seu quadril e
assim eu faço. — Você é tão linda e gostosa, Elizabeth. — Ele
continua a me beijar e eu não o paro, quando ele se afasta para tirar
sua camiseta, vejo seu tanquinho malhado e passo a mão pelo seu
peito, barriga e ombros, pego em seu cabelo e puxo para mais perto
de mim, continuando a beijá-lo. Logo Clark começa a desabotoar
minha blusa, botão por botão, quando ele a tira, não estou usando
sutiã e, então, ele beija cada um dos meus seios e os leva a boca.
— Elizabeth... — ele chama meu nome e nesse momento eu paro
tudo que estou fazendo, saio do seu colo porque me lembrei de
quando Chris gritava meu nome na hora do sexo e fico desnorteada.
— Eu não posso fazer isso, é muito errado, eu... — Antes que
eu termine a frase, pego minha blusa no sofá e subo correndo as
escadas com Clark me gritando, que merda que eu ia fazer, pareço
uma vagabunda no cio.
Entro dentro do quarto e tranco a porta, tiro o resto da minha
roupa e me deito nua, ultimamente dormir pelada me traz paz e me
sinto liberta.
Quase ia transar com Clark no sofá dos meus pais e, ainda
por cima com um homem que conheço há apenas algumas horas,
eu me sinto péssima, mas não sei porque deveria, Chris está lá com
Suzane para cima e para baixo, duvido que não tenha transado com
ela há muito tempo e a boba aqui se sentindo mal por ter me
proporcionado uns minutos de prazer, que ódio, se eu não tivesse
feito merda, eu estaria agora com ele, meu amor, o homem que
sempre irei amar, sinto que eu o traí e isso está me corroendo.
Com que cara eu vou olhar para meus pais amanhã e para
Clark, preciso abrir um buraco no chão e me enfiar nele, porque eu
estou literalmente sem noção.
Me enrolo em meus cobertores e fecho os olhos, melhor
dormir para esquecer ou pelo menos fingir que esqueci.
Capítulo 31
Já faz uns dois meses que Sophia não trabalha mais aqui em
casa, meus pais conseguiram ajudar ela a se aposentar mais cedo,
já que ainda faltavam alguns anos. Visitei ela apenas uma vez, mas
sempre ligo para saber como ela está, não me esqueci da minha
promessa de levá-la para morar comigo e em algum momento da
minha vida isso vai acontecer.
Acordei, tomei meu banho e me arrumei, agora estou aqui
criando coragem para sair do quarto depois do que aconteceu
ontem, hoje é domingo e não tenho nada para fazer fora de casa.
Preciso encarar a situação e largar de ser covarde, levanto-me da
cama e abro a porta.
— Até que enfim, achei que ia ter que montar acampamento
aqui na porta do seu quarto. — Levo um susto grande ao ver Clark e
acabo dando um murro nele por reflexo. — Aí, caramba, isso doeu,
por que me bateu?
— Sei lá, foi reflexo, não deveria ficar espreitando a vida das
pessoas desse jeito. — Olho feio para ele e ele me dá um sorriso.
— Você fica linda brava e mais ainda quando tenta fugir de
mim pelo quase sexo de ontem à noite. — Tampo a boca dele
rapidamente e olho em volta para ver se ninguém escutou.
— Nunca mais repita isso, foi apenas uma recaída, não vai se
repetir. — Ele tira minha mão da sua boca e começa a falar.
— Eu sei disso pela forma que você fugiu ontem, parecia o
Jerry fugindo do Tom, fiquei assustado quando você deu um pulo e
saiu correndo pela escada, você deveria praticar corrida como
esporte, vai ganhar uma medalha de ouro. — Acabo rindo das suas
brincadeiras descabidas. — Que tal sermos amigos e a senhorita
sair comigo hoje para jantar, não aceito não como resposta.
— Amigos, sério? Talvez seja uma boa ideia sair de casa,
tudo bem, vamos sim. — Eu estou precisando mesmo de alguém
para conversar e depois do que aconteceu ontem, Verônica precisa
de um tempo para ela.
— Me fala onde tem um restaurante bom aqui, porque até
agora não saí de casa e não conheço nada. — Digo para ele que
tem um restaurante muito bom no centro e que é um pouco chique
demais, ele me diz se estou chamando-o de pobre que não pode
pagar nem um jantar para uma mulher linda e eu apenas peço
desculpas pela minha atitude. — A senhorita passou a manhã e
metade da tarde fugindo de mim, então, vamos sair para caminhar,
espairecer um pouco, tem algum lugar legal aqui? — Digo que tem
uma cafeteria perto daqui e não acredito ainda que ele ficou tudo
isso de tempo do lado de fora do meu quarto me esperando. —
Perfeito, vamos agora. — Ele pega na minha mão e me puxa para o
andar debaixo.
— Mãe, pai, vou sair com Clark, iremos em uma cafeteria —
grito já na porta e meus pais não respondem, não sei onde eles
estão, mas agora não tenho tempo de procurar. Saímos de casa
apressados e fomos andando até o lugar.
— Me conta um pouco sobre você, Elizabeth, se a sua vida
está nos jornais deve ser interessante. — Dou risada ironicamente e
ele dá a maior gargalhada. — Desculpa, só para descontrair, eu
poderia pesquisar no Google, mas amo ouvir histórias da fonte,
sabe como é, detetive é ótimo em procurar provas.
— Minha vida é um mar de sofrimento, me casei nova
demais, meu marido se tornou um crápula abusivo, perdi meu filho
quando ele nasceu e conheci o amor da minha vida um pouco antes
de me libertar, mas por ironia do destino, eu perdi ele mais rápido do
que tive. — Chegamos na cafeteria e ele abre a porta para que eu
entre, nos sentamos em uma mesa longe da porta e pedimos dois
cafés, Clark ficou com um capuccino e eu fiquei com um café com
doce de leite.
— Quantas complicações, você é apaixonada por esse cara
que conheceu depois do seu marido? — Assinto com a cabeça e
conto um pouco sobre meu relacionamento com Christopher. —
Uau, ele era o melhor amigo do seu marido, então, a situação é
mais grave, o importante agora é que você está livre, Liza, se me
permite chamá-la assim.
— Livre? Depende do seu ponto de vista, fiquei durante
meses correndo atrás de um homem que não quis saber de mim e
ainda por cima virei uma maluca perseguidora. — Ele me olha
pasmo pela minha declaração e diz que as pessoas reagem de
maneiras diferentes ao término de um relacionamento, mas no meu
caso eu fiquei maluca, por isso parei com tudo. — Eu só queria... sei
lá, eu já nem sei mais o que eu quero.
— O seu problema é que você nunca parou para pensar em
si própria, viveu em função do seu marido e agora está vivendo em
função desse cara, você tem que andar com as suas próprias
pernas, Elizabeth, não deixe ninguém e nenhuma circunstância
tomar as decisões por você. — Poxa, ele está certo, eu sei disso,
mas isso não muda o fato de não saber o que fazer. — Olha, posso
te fazer uma proposta. — Digo que sim e ele continua. — Vem
comigo para o Brasil, eu ia visitar minha mãe em Seattle durante
uns dias depois de visitar a tia Suzan e voltar para lá, tenho certeza
de que a tia não vai se importar.
— Mas eu nem te conheço direito, como sei que não é um
assassino em série disfarçado de bom moço. — Eu não acredito
que possa estar cogitando ir embora do país, é loucura, ou será que
não, preciso pensar por um tempo.
— Sua mãe e a minha podem comprovar que não sou
assassino, nem estuprador ou sequestrador. Você pode estudar,
Liza, as faculdades do Brasil não são tão ruins assim e ainda você
pode ficar longe de toda essa confusão que é sua vida. — É,
poderia ser uma boa.
— Preciso pensar e conversar com meus pais, te dou a
resposta amanhã. Vai ficar quantos dias em casa? — Ele diz que
ficará apenas até amanhã e dou graças a Deus pelo meu
passaporte estar em dia. — Ok, então, amanhã converso com você
sobre isso de novo, caso eu vá, como eu irei permanecer no país?
— Você vai como visitante e depois que chegarmos lá
resolvemos o seu visto, você indo para estudar será mais fácil
adquirir visto de estudante e depois que fixar residência no Brasil,
você poderá ter o visto permanente caso queira trabalhar e morar
lá. Eu já tenho o meu, já que podemos ter dupla cidadania. — Acho
que essa seria uma boa, pelo jeito parece que já tomei minha
decisão. A garçonete voltou com nosso café e ficamos um tempo
conversando sobre outras coisas.
— Como vou aprender o português? — Ele diz que irá me
ensinar e que é um pouco complicado, mas não impossível e que
também poderei fazer curso.
— Está me parecendo que já tomou uma decisão, Liza. — Eu
digo que pode ser uma loucura, mas sim, eu vou me mudar para o
Brasil, preciso desse tempo para me redescobrir. — Fico feliz por
isso, ficará na minha casa de início e resolveremos depois tudo que
possa vir a acontecer. — Assinto para ele e depois vamos embora
após pagar a conta.
— Vamos caminhar até a hora do jantar, voltamos a tempo
para se arrumar.
— Claro. Essa cidade é muito linda, não tive oportunidade de
conhecê-la, amo tia Suzan, mas infelizmente não somos tão
próximos, na época em que conheceu minha mãe ela já estava com
seu pai, ele é um homem admirável, nossas mães não faziam o
mesmo curso na faculdade, se conheceram em uma festa e depois
disso criaram uma amizade forte, se distanciaram com o tempo,
mas nunca esqueceram uma da outra, sua mãe visitava a minha
mais vezes quando você era criança, não sei como você não
conhece a amizade das duas. — Pior que não conheço, mamãe não
é de falar muito da sua vida, vai entender.
— Minha mãe é uma caixinha de surpresas, depois que me
relacionei com meu ex-marido foi mais fácil ficar longe, não é de se
admirar que não conheça Mendi e se você diz que ela a visitava
somente quando eu era criança, aí mesmo que ficou mais fácil não
saber de nada, não lembro muito bem da minha infância. — Clark
diz que ambas conversam muito pelo celular, mas faz anos que não
se encontram.
— Você vai vir para a casa da minha mãe comigo, vou ficar lá
somente uns três dias e depois vamos para o Brasil. — Concordo e
depois de um tempo andando pelo parque de Sweet Dreams
voltamos para a casa. — Te vejo daqui uma hora, Liza, até já. — Ele
entra em seu quarto e eu no meu.
Espero que não esteja me enganando com Clark. Enquanto
estou em meus pensamentos desvairados, mamãe entra no meu
quarto e pergunta como foi o passeio, digo que foi bom e falo da
proposta de Clark, ela diz que respeitará a minha escolha e que
talvez seja uma ótima oportunidade para a felicidade.
— Então eu irei mamãe, será que pode conversar com o
papai, amanhã mesmo irei com Clark para casa da sua amiga em
Seattle e depois iremos para o Brasil.
— Claro, meu amor, eu converso com seu pai, agora se
divirta no jantar e seja feliz, pensa em você apenas uma vez na
vida, Elizabeth. — Ela me abraça e saí do quarto me deixando
sozinha.
Não tenho ninguém para avisar da minha decisão, somente
Verônica, amanhã irei eu mesma na casa dela conversar com ela.
Tomo um banho demorado e visto um vestido lilás que marca
minhas curvas com fenda nas duas pernas, coloco um salto preto e
saio com minha bolsa em direção ao andar debaixo.
— Uau, você está maravilhosa. — Clark vem até mim e beija
meu rosto.
— Ah, querida, você está linda, parece com sua mãe quando
jovem. — Papai me abraça. — Sua mãe me contou sobre sua
decisão e só quero dizer que eu aprovo se te fizer feliz, você merece
mais do que as migalhas que alguém possa te dar, você merece o
mundo. — Os pais sempre nos querem dar mais do que
merecemos, talvez um dia eu saiba como é ter um instinto de mãe.
— Amo vocês, serei melhor a cada dia e, mostrarei que
posso ser forte e independente. — Clark e eu saímos de casa,
acabamos tendo que usar o carro da minha mãe de novo, porque
Clark não está com o dele aqui e eu não tenho o meu. Deixo que ele
dirija e vou guiando o caminho.
— Está mais feliz com sua decisão? — Clark pergunta.
— Nunca pensei que poderia tomar essa decisão tão rápido
na minha vida, mas chega de planejar sempre o que fazer, agora é
hora de seguir em frente, amanhã irei na casa de uma amiga minha,
ela se tornou uma irmã pra mim e não posso ir sem conversar com
ela. — Assim como Sophia, Clary e Brian, irei ligar para eles e
avisar da minha mudança, sentirei saudades de todos, mas irei levar
cada um em meu coração.
— Você pode voltar um dia, Liza, não precisa ficar lá para
sempre. — Talvez eu não queira voltar. Chegamos no restaurante e
fomos entrando logo depois de sermos recepcionados pelo garçom.
— O que irão querer? — Pegamos o menu e escolhemos um
peixe para o jantar junto com um Cosmopolitan (drink que
harmoniza com peixes e comidas leves, é feito com Vodka, suco de
cranberry e limão com licor de laranja).
— Só não vamos exagerar, se você voltar bêbada para a
casa, sua mãe me mata. — Dou uma risada um pouco alta demais e
acabo chamando atenção das pessoas em volta, olho para elas
envergonhada e quando me viro vejo quem menos esperava, passei
tanto tempo correndo atrás de Christopher e agora ele na minha
frente acompanhado de Suzane não me faz se sentir melhor. Mudo
minha expressão e Clark percebe. — Liza, aconteceu alguma coisa?
— Ele está aqui, cinco mesas atrás da nossa, perto da janela,
ele a trouxe. — Clark se vira e vê Chris olhando para nós com cara
de poucos amigos.
— Você quer ir embora, podemos ir em outro lugar. — Digo
para ele que tenho que enfrentar meus próprios demônios e essa é
uma oportunidade. — Você está certa, só relaxa e aproveita a noite.
O garçom traz nossos pratos e os drinks, acabo bebendo
rápido demais e Clark me repreende dizendo que não terei mais
nenhum desses, comemos em um silêncio contido e conversamos
em alguns momentos. Me levanto da mesa dizendo que irei ao
banheiro.
Christopher não tirou os olhos de mim a noite toda e Suzane
não gostou nenhum pouco de ser ignorada, tento conter meu
coração que acelera toda vez que o vejo, mas não fiquei nenhum
pouco confortável com essa situação.
Faço minhas necessidades e lavo as mãos para sair do
banheiro, quando abro a porta sinto uma mão me puxa para dentro
novamente.
— Christopher, você está maluco, me solta. — Ele está
possesso de raiva e posso me divertir com suas expressões.
— Quem é ele? — Eu mereço, ele não tem direito algum de
perguntar isso para mim.
— Não interessa, agora me solta. — Ele solta meu braço e
passa as mãos no cabelo.
— Você está com ele? Namora com esse cara, Elizabeth? —
Só pode ser brincadeira essa ceninha de ciúmes.
— Você não tem nada a ver mais com a minha vida, eu corri
atrás de você feito idiota durante três meses e passei o último te
seguindo por aí feito uma louca psicopata, eu cansei de esperar o
tempo que você irá me perdoar, eu me arrependi no dia seguinte e
você me deixou por quatro meses. — Sinto lágrimas escorrerem
pelos meus olhos e acho que ele não percebeu quando disse que
vigiava ele.
— Liza, eu ia te procurar, mas é que eu... — Interrompo-o,
não o deixando terminar, eu não quero mais desculpas.
— Não quero ouvir, já chega de me rastejar por homem, eu
pulei de Paul para você e agora que percebi isso, não quero mais
viver assim, com inseguranças sem saber o que eu quero da minha
vida. Passar bem, Christopher. — Quando vou saindo do banheiro,
ele me pega pela cintura e me puxa para perto dele, fecha a porta
em seguida e me beija do nada, mal tenho outra reação se não for
corresponder essa saudade que tenho há muito tempo.
Começo a abrir sua calça e descer sua cueca até o joelho.
Chris me põe sentada na pia do banheiro e rasga minha calcinha,
levanta meu vestido e entra em mim sem nenhuma cerimônia.
— Porra, amor, você é muito gostosa, eu senti saudades
disso. — Não respondo e continuo a beijá-lo, Chris faz o movimento
de vai e vem com força e rapidez, não demora muito para eu ter um
orgasmo e ele me acompanha. — Precisamos conversar em um
lugar que não seja um banheiro. — Desço da pia e me limpo assim
como ele que se veste em seguida. Vejo-o pegar minha calcinha do
chão e guardar no bolso.
— Isso é meu e não temos mais o que conversar, já está tudo
acertado, Christopher, agora me dê licença.
— Liza, espera, quando você descobriu que era adotada
enviei um e-mail ao meu detetive e pedi que procurasse seus pais.
— Como é, eu não pedi isso a ele.
— Nunca te pedi isso. — Ele diz que não, mas queria estar
preparado caso eu mudasse de ideia.
— Ele encontrou seus pais, Liza, e me mandou hoje os
documentos, você pode vir até minha casa amanhã à noite e
conversar comigo. — Será que eu deveria dizer que vou embora, eu
acho melhor não.
— Não vai rolar, me manda por e-mail, Christopher, ou
manda alguém me entregar, mas não vou falar com você. — Saio do
banheiro e volto para a mesa.
— Olha eu não queria falar nada, mas preciso, você demorou
bastante, ainda mais depois que Christopher saiu atrás de você e
deixou a acompanhante grávida plantada na mesa, fiquei tão mal
que fui até conversar com ela. — Não acredito que Clark fez isso.
— Foi confraternizar com o inimigo Clark. — Ele dá um
sorriso e diz que o inimigo é uma mulher linda, mesmo com uma
bola enorme na barriga.
— Ela não é tão ruim assim, tudo bem que ficou na defensiva
no começo, mas batemos um bom papo, acabei descobrindo que
Chris não está com ela. — Nossa, ela falou muita coisa para um
desconhecido. — Tenho meus meios de descobrir a verdade, Liza,
se quiser mudar de ideia ainda dá tempo, por que olhando para
você percebo que não estavam conversando no toalete. — Sinto
minhas bochechas esquentarem.
— Não, eu tenho certeza do que preciso agora e é viver
sozinha pelo menos uma vez na vida. Eu vou com você Clark. —
Acabei não contando para ele sobre minha adoção e nem o
conteúdo da minha conversa com Chris, prefiro deixar em off por
enquanto. — Vamos para a casa. — Clark paga a conta e voltamos
em silêncio para casa, quando chego, subo direto para o quarto sem
falar com ninguém.
Tiro a roupa e tomo outro banho, àquele sexo no banheiro foi
quente, que saudades eu senti do corpo dele junto ao meu, que falta
ele me faz. Saio do chuveiro e escuto meu celular receber uma
notificação, vou até ele e vejo que é um e-mail de Christopher.
Autora
Enquanto Liza embarca no avião, Chris, alguns segundos
depois, recebe seu e-mail achando que finalmente poderá ter a
mulher que ama de volta, mas se decepciona quando lê o que ela
escreveu.
Oi, Chris.
Se você está lendo esse e-mail é porque já fui embora, então,
por favor não venha atrás de mim, eu passei minha vida vivendo às
custas das pessoas que me amavam e outras nem tanto, tive um
casamento infeliz com Paul e na maioria das vezes eu deixei de
lutar por minha sobrevivência e acabei aceitando muitas coisas que
vinham dele, mas aí você apareceu e mudou meu mundo, me
mostrou que era certo lutar pela liberdade e foi isso que fiz,
agradeço muito a você por ter me mostrado que o amor é puro e
verdadeiro, que ambas as partes podem contribuir pra um futuro
promissor e feliz.
Quando terminamos o nosso relacionamento eu me acabei
literalmente, passei a correr atrás de você feito louca, mas como
bem sabe você me ignorou todas as vezes, depois disso passei a
persegui-lo por onde ia e era doloroso demais te ver com a Suzane,
eu queria ser ela ali carregando o nosso filho, mas essa não foi a
vontade divina.
Há alguns dias conheci um amigo que em pouco tempo me
mostrou que eu vivia para outras pessoas e não por mim, abriu
meus olhos para a realidade que era minha vida, então, decidi
buscar um caminho diferente longe de tudo que fui e que iria ser ao
ficar, um lugar onde possa me inovar e me redescobrir como
mulher.
Eu quero que seja feliz Chris, mesmo que não seja comigo,
pois preciso desse tempo para mim, busquei novos objetivos na
minha vida e quero percorrê-los sozinha.
Meus sentimentos por você não mudaram de uma hora para
outra, eu ainda te amo, mas fazer isso por mim me mostrará que
posso ser mais do que a sombra de alguém.
Com carinho,
Liza.
(...)
(...)
Christopher
Minha vida sem Elizabeth não está das melhores, ambos
erramos em nosso relacionamento e isso começou a partir do
momento que nos envolvemos enquanto Liza era casada,
deveríamos ter feito tudo certo, mas ficamos cegos pela paixão.
Quando eu recebi aquele e-mail, achei que meu mundo iria acabar,
mas respeitei sua vontade e, não fui atrás dela ou sequer liguei e
nem mandei mensagem, se ela quer um tempo, é isso que irei dar a
ela.
Meu pequeno Nathaniel nasceu lindo e saudável, é um bebê
esperto e quase nem chora, eu achei isso uma dádiva já que muitos
bebês choram demais nos primeiros meses de vida, a pediatra me
disse que tenho que agradecer muito a Deus porque meu filho é um
entre milhões.
O relacionamento que tenho com Suzane é estritamente de
amizade e pais com relação a Nathan, não vou dizer que ela não
tentou muitas vezes voltar para mim e até me beijou um dia, mas
tratei de afastá-la, dizendo claramente que amo a Liza e deixar de
amá-la não é fácil e temo que nunca consiga, acredito que se for
para ficarmos juntos, a vida e o Senhor a trará para mim novamente.
Minha mãe veio ao meu apartamento conversar comigo sobre
meu filho e deixar claro que se arrepende pelo modo que tratou
Elizabeth. Depois da prisão de Alice, ela mudou suas perspectivas e
se sente muito envergonhada pelo que fez, eu disse que Liza não
era uma mulher rancorosa e que com certeza já havia até
esquecido, mas o que me deixou bravo no fim da visita é ela querer
que eu case com Suzane. Meus pais são muito tradicionais e
acreditam que uma criança deve nascer em um lar estável, mas
deixei claro que meu filho é um menino muito amado pelos seus
pais e que não precisamos morar juntos ou assinar um papel para
ele ser feliz, porque no fim seria somente isso, um contrato, pois não
amo e nem nunca amei Suzane. Antes em algum momento me
arrependi amargamente por tê-la engravidado, mas quando se vê o
rostinho do seu filho, esse pensamento muda completamente, eu
sou tão agraciado pelo meu menino e não consigo mais me
arrepender por tê-lo, apenas queria que fosse da mulher que eu
amasse. Às vezes, me pego pensando em como seria um filho meu
e da Liza, tenho certeza de que se parecia com ela, porque aquela
mulher é tão linda, seu rosto angelical, sua pele macia, tudo nela me
encanta e ela está enraizada no meu coração.
— Christopher, onde estão seus pensamentos? — Desperto
dos meus devaneios e olho para Suzane com meu filho no colo. Vim
visitá-lo, mas me perdi em minhas lembranças.
— Em meu filho, penso muito nele — minto porque não quero
questionamentos da minha vida. — Seus pais viram visitá-la que
dia?
— Eles veem na semana que vem. Segura aqui o pequeno.
— Suzane me passa meu filho para que eu o pegue no colo e,
quando sinto seu corpinho em minhas mãos a sensação é de pura
felicidade. Ele é tão pequenino e um amor, dorme demais e não vejo
a hora de ouvir suas palavras ou vê-lo andando. — Fizemos um
bom trabalho, Christopher, ele é perfeito. Nunca pensei que poderia
amar alguém dessa maneira, é tão intenso, eu sinto que morreria
por ele sem pensar duas vezes. — Eu sei o que ela sente, porque é
o mesmo que eu sinto.
— Sim, Suzane, ele é incrível. — Passo a mão em seu
rostinho e ele segura meu dedo com essas mãozinhas gordinhas. —
Voltará a trabalhar quando, precisamos contratar uma babá.
— Por enquanto eu cuidarei do meu bebê, não vou voltar a
trabalhar nesses primeiros meses, como trabalho para a empresa
do meus pais, eu consigo ficar em casa mais tempo do que o
permitido, não quero me afastar dele. — Queria que meu bebê
ficasse comigo, mas concordei com Suzane quando decidimos que
no começo era melhor ele se acostumar a ficar aqui e com ela,
venho visitá-lo todos os dias, mas não o levo.
— Tudo bem, você tem razão, devemos esperar um pouco.
Sabe que pode contar comigo para qualquer coisa. — Eu sempre
me coloco a disposição para meu filho, largo tudo por ele.
— Eu sei Chris, você é um homem incrível e um pai
maravilhoso, não poderia arrumar um melhor para meu Nathan. —
Suzane tem se mostrado uma mãe atenciosa e amorosa, cuida bem
do nosso filho e sempre é presente na vida dele, afinal, ainda somos
bons amigos. — Teve notícias dela?
— O que eu te falei sobre conversarmos sobre a Liza, eu sou
seu amigo Suzane, mas não quero falar dela com você, porque
conheço sua opinião em relação a ela e não é muito boa. — Olho
para meu filho em meu colo e ele está dormindo feito um anjinho.
— Me desculpa, só penso em como é injusto você amar uma
mulher que não lutou por você. — Eu não sei se consigo conviver
com esses julgamentos que faz contra Liza.
— Ela lutou muito por mim, eu que a ignorei porque estava
com o orgulho ferido, me magoei muito com a atitude dela e fechei
os olhos para razão. Liza é uma mulher incrível e não quero você
falando mal dela, nada do que você disser me fará deixar de amá-la.
— Vejo raiva estampada em seu rosto e, espero que um dia possa
encontrar alguém que a ame.
— Como pode um homem como você definhar nessa paixão
sem sentido, ela foi embora, Christopher, escolheu desistir de você
e em vez de estar superando isso, continua com esses
pensamentos inoportunos cravado na mente. — Ela se levanta e sai
da sala pisando firme. Enquanto espero que se acalme, fico um
pouco mais com meu bebê.
Sempre quis ser pai, mas nunca imaginei como seria bom
quando isso acontecesse. Pedi teste de DNA para Suzane depois
que terminei com Liza para comprovar a paternidade, claro que ela
não gostou nada da minha desconfiança e se sentiu ofendida, mas
não podia deixar de ter certeza, aprendi que na vida uma mulher
quando ama faz de tudo para ter o homem ao seu lado.
— Suzane, você está bem? Não quero brigar com você, só
deixar claro o que eu penso dessa sua atitude descabida, não temos
um relacionamento e nunca teremos — falo mais alto para que me
escute, enquanto ponho meu filho no bebê conforto.
— Você não dá uma chance para nós, sabe que eu poderia te
fazer feliz Chris, por favor, nos dê uma segunda chance. — Suzane
volta para a sala e está vestindo um robe, não sei o que ela está
fazendo, mas espero que não seja o que eu estou pensando.
— Cansei de tentar explicar a mesma coisa para você, vou
embora e depois quando chegar a razão conversamos. Boa noite,
Suzane. — Saio da sala indo em direção a porta e ela corre até mim
parando na minha frente.
— Eu posso mostrar a você o quanto sou persuasiva, não
desisto fácil como ela. — Ela tira o robe que a cobre e está
completamente nua. — Eu sou sua, faz o que quiser comigo. — Eu
vou fazer sim, mas algo que ela não vai gostar nada e vai ferir seu
orgulho, só espero que assim ela aprenda.
— Eu olho pra você e não sinto tesão nenhum Suzane, você
é uma mulher linda, mas não é mulher pra mim, eu não quero
transar com outra, eu quero minha Liza e, mesmo que no futuro eu
fique com alguém, pode ter certeza que será somente sexo casual.
— Peguei pesado e com certeza posso ser chamado de escroto,
mas eu não ligo, tenho que falar de um modo que ela entenda de
uma vez, até agora usei palavras brandas e isso vai mudar.
— Você pode ter sexo casual comigo. — Ela passa a mão em
meu corpo e eu tiro suas mãos de mim, pego o robe para que vista
e dou a ela.
— Não, eu não posso, porque em você existe sentimentos e
eu não vou alimentar isso, não sinto vontade de tê-la em meus
braços, sinto muito. — Saio de lá sem olhar para trás e vou para
casa. Eu poderia ficar um tempo sem vê-la para deixá-la pensar,
mas com Nathaniel não temos esse luxo.
Deixarei a vida me levar para onde quiser e esperarei ansioso
pelo meu futuro, porque eu anseio para tê-la de novo, minha amada,
Elizabeth, só Deus sabe o quanto peguei meu celular querendo ligar
ou mandar um e-mail, é uma luta constante, mas até agora eu tenho
me saído vitorioso e com meu filho tem sido mais fácil, pois me
distraio com ele.
Capítulo 36
(...)
Doze horas, esse foi todo o tempo que dormi e, agradeço aos
céus por Clark não ter me acordado. Minha Lucy mexia muito
durante à noite, me deixando um pouco desconfortável, mas
aproveitei meu sono o máximo que pude. Como acordei tarde,
substitui o almoço pelo café da manhã e Clark não ficou muito feliz
comigo, não me importei com seus sermões e comi meu pão
francês com muito empenho. Depois de tomar um banho e ficar
apresentável, peguei um dos livros que comprei e li boa parte, mas
acabei recebendo uma mensagem das meninas me dizendo que eu
iria sair hoje, no começo eu neguei, mas elas me disseram que seria
na Casa de Repouso para Idosos que Rafa é voluntária, como
nunca fui lá, então, aceitei. Nesse momento, estou no carro de
Sabrina dirigindo até o local, que fica uns 40 minutos de distância da
minha casa.
— Clark me falou que a senhorita acordou tarde e que não
almoçou, tem que parar de ser imprudente e cuidar da nossa
menina, Elizabeth — Rafaela esbraveja com um pouco de raiva.
— Ele exagera, só foi uma vez e, quando ele não estava
olhando acabei comendo de qualquer jeito, então, não precisa de
tanta implicância — bufo sentada no banco de trás.
— Nós só nos importamos com você, não é implicância, é
apenas cuidado. Sabe que amamos você e essa princesa que nem
nasceu ainda — Sabrina fala e acabo ficando um pouco mal pelo
modo que os tratei.
— Me desculpem, é que nem sempre gosto de ser
paparicada, no começo é bom, mas depois se torna inconveniente
alguém sempre ao seu lado, dizendo o que você tem que fazer e o
que comer. Entendem? — Ambas concordam comigo e dizem que
vão pegar leve, porque talvez eles tenham exagerado um pouco.
Chegamos no lugar e vejo um portão enorme ser aberto, antes de
se chegar à casa tem um jardim extenso com uma estrada para
percorrermos.
— Uau, é lindo esse lugar — digo com um sorriso nos lábios
e, quando avisto a casa posso ver que ela é toda branca e luxuosa.
— Não sabia que era tão lindo aqui, pode fazer doação?
— Claro, o quanto quiser, mas como você faria isso se não
tem dinheiro — Rafaela quem diz e vejo que está na hora delas
saberem a minha história.
— Lembra que falei para vocês que eu tinha um passado e
que por enquanto não saberiam qual? — Ambas acenam com a
cabeça. — Pois é, eu sou rica.
— O que? Como assim? Você só havia nos contado
fragmentos do seu casamento, do namoro com Chris, que já teve
um bebê e morreu, e por fim que seu marido era um escroto
violento, mas nunca falou que era rica — Sabrina fala um pouco
desesperada. Não sei como consegui enganá-las por tanto tempo,
mas, às vezes, minhas amigas podem ser um pouco lerdinhas com
as coisas que estão na frente delas.
— Na verdade, eu sou milionária. Vou contar as partes que
não especifiquei. — Estacionamos o carro em frente à casa, mas
não saímos, antes preciso contar tudo e é isso que faço. Falo da
Alice, das mortes, dos detalhes do meu envolvimento com Paul, que
tipo de pessoa ele era e, por fim da minha adoção.
— Uau, amiga, sua história merecia estar em um livro,
caramba que família complicada, ainda bem que sua ex-sogra foi
presa, porque a mulher é meio psicopata. — Concordo com a
cabeça, enquanto Rafaela fala.
— A vadia da sua ex-sogra e do seu ex-marido tem sorte de
estarem presos, porque senão eu iria pegar um voo para os States e
acabar com os dois com uma surra — Sabrina fala e dou risada
dela, minha amiga é uma lutadora e defende a todos que ama.
— Agora tudo já passou e posso viver em paz. — Todas nós
saímos do carro e seguimos para dentro de “Corações
resplandecentes”, passamos pelo hall de entrada e uma senhora
vem nos cumprimentar.
— Olá, meninas. Não sabia que traria visitas Rafaela. — Uma
senhora muito gentil cumprimenta todas nós com um abraço.
— Oi, senhora Lima. São minhas amigas, e tinham muita
vontade de conhecer onde eu ficava quase todo fim de semana. —
Ela me dá um sorriso e passa a mão na minha barriga, eu não disse
que todo mundo gosta da barriga de grávida.
— E esse bebezinho, você é uma das mães mais linda que já
vi. É menina? — Nossa, como ela acertou precisamente.
— Sim, minha pequena Lucy. — Ela me diz que seu nome
significa iluminada e, eu digo que ela é minha luz em meio a minha
vida cheia de escuridão. — Não vejo a hora de conhecê-la.
— Vamos entrar, a casa é de vocês. Já sabe o que fazer,
Rafa, o senhor Florence estava te aguardando. — Seguimos a
senhora para os jardins da casa e, lá havia muito velhinhos
sentados e conversando, as senhoras faziam crochê e os senhores
jogavam xadrez. — Lucca, aqui está a Rafaela. — Ela nos
apresenta ao senhor e nos sentamos ao seu lado.
O dia passou rápido e pude conhecer melhor o que minha
amiga faz. Ela é apenas a acompanhante que conversa e os
divertem para que se distraiam e, não se percam em suas próprias
mentes, conheci várias pessoas legais e me apaixonei pelo lugar.
Falei com a senhora Lima, que é quem administra esse lugar e tratei
de fazer uma doação enorme, ela me disse que os filhos dos idosos
também pagam pela hospedagem deles, mesmo assim, eu quis dar
algum dinheiro.
— Foi incrível meninas, gostei de cada segundo. — Entramos
no apartamento e seguimos para a cozinha. — Estou com fome,
vamos pedir pizza. — Ambas concordam e, Sa se distância para
fazer o pedido.
— Onde está Clark? — Rafaela pergunta e pensa que me
engana com sua indiferença.
— Deve estar no quarto dele, ele me disse que não sairia
hoje. — Ela me diz que irá chamá-lo para comer com a gente e finjo
que acredito.
— Onde foi a Rafa? — Conto o que ela me disse para
Sabrina e minha amiga gargalha alto com a falta de desculpas
esfarrapadas que Rafa arruma. — Eu acho que ela está
apaixonada. — Digo que concordo com ela, mas que são dois
cabeças-duras.
— Quem sabe eles não se assumem um dia não é. Nada é
impossível quando se tem amor. — Só de falar essas palavras,
meus pensamentos vão direto para Christopher, não posso mentir
dizendo que não sinto a falta dele.
— Liza, você está aqui ainda? — Olho pra Sa e, ela me diz
que estava me chamando há alguns segundos.
— Me Desculpa, me perdi em meus pensamentos. — E na
saudade que sinto de minha casa e das pessoas que amo.
— Tudo bem. Você espera no sofá e eu vou atrás da Rafaela.
— Sento-me, enquanto Sabrina sobe atrás de Rafa.
Será que fiz certo em aceitar recomeçar algo com Miguel,
tudo bem que eu sinto atração por ele, mas isso não deveria bastar
em uma relação, é bem complicado quando as dúvidas aparecem,
mesmo que não estejamos namorando. Hoje ele me mandou uma
mensagem me dizendo que trabalharia na parte da tarde e que
amanhã viria me ver.
— Você não sabe o que eu vi. — Sa desce as escadas
correndo e se joga no sofá dando muitas risadas. — Cheguei no
quarto de Clark e a porta estava aberta, quando olhei dentro nossa
amiga estava jogada em cima dele, não me aguentei, comecei a rir
muito e no fim os dois me pegaram espionando.
— Não acredito. — Começo a rir junto dela e Rafaela desce
as escadas com Clark.
— Não é o que vocês estão pensando, eu tropecei no tapete
do chão e cai em cima dele, foi totalmente inocente. — Dou risada
mais ainda da sua cara de pau, porque minha amiga não sabe
mentir.
— No quarto de Clark não tem tapete. — Sabrina começa a
rir que nem uma hiena e me junto a ela.
— Ok, já chega de rirem de nós — Clark quem fala e ambos
se sentam com a gente. — Você já contou do beijo desentupidor de
pia na frente do prédio, Liza. — Paro de rir na mesma hora e minhas
amigas me encaram com os olhos arregalados.
— Como assim, você não falou isso. — Droga, Clark é um
bocudo.
— Que merda, belo amigo você é. Eu beijei Miguel aqui em
frente, só isso, não tem mais nada a declarar. — Mas quem disse
que elas me deixaram em paz, tive que contar os detalhes as duas,
porque não parariam de me perguntar.
— O cara é quente mesmo, hein? Amiga se ele não gostasse
de você, eu me queimaria nesse incêndio. — Começo a rir
novamente da colocação de Rafaela, pois todos nós estamos
surpresos e Clark está com uma cara de poucos amigos, pois
quando a ouviu dizer essas palavras sua feição mudou
radicalmente. — Que foi, eu quero um relacionamento sério, mas
também não sou santa.
— Com certeza ela não é, se contasse a metade das coisas
que ela já fez — Sabrina diz e leva um tapa de Rafa no braço.
— Fica quieta e deixa o passado onde está. — Agora foi eu
quem fiquei curiosa, mas quando ela quiser contar, eu saberei.
Escutamos a campainha tocar e Clark vai até a porta, depois
de algum tempo traz a pizza com o refrigerante e coloca sobre a
mesa. Vou até a cozinha, pego os pratos e copos e, ponho no lugar.
Sabrina se senta ao meu lado e Rafa ao lado de Clark de frente
para mim.
Comemos, conversamos e caçoamos uns aos outros, mas
em determinado momento me senti mal e corri para o banheiro,
acabando por vomitar tudo que havia comido. Não entendi o porquê
de isso ter acontecido, pois fazia tempo que não sentia enjoo, mas
dessa vez veio com tudo. Meus amigos queriam me levar ao
hospital, mas eu queria somente tomar um banho e dormir e, foi
exatamente o que fiz.
Rafaela e Sabrina optaram por ficar aqui comigo e, dormiram
no quarto de hóspedes. No começo foi bem ruim pegar no sono e
acabei acordando de madrugada para tomar uma água. Quando
passei pela porta de Clark fiquei pasma quando escutei gemidos
vindo de lá e a voz da Rafa, não acredito que fizeram isso comigo
aqui do lado, que nojo, desci e fiz o que tinha que fazer e depois
voltei ao quarto para dormir.
Capítulo 39
(...)
Clark
Chego ao hospital algum tempo depois e pergunto a
recepcionista sobre Elizabeth, quando acabo vendo as meninas
sentadas na recepção junto ao Carlos, vou até eles e coloco as
coisas que trouxe na cadeira. Quando voltei para buscar os
documentos e roupas, Sabrina foi com Carlos em seu carro
enquanto Rafaela ia com Liza e Miguel.
— O que aconteceu, como ela está? — Elas me olham e
posso ver que choraram. — Falem logo. — Aumento o tom de voz,
mas Carlos quem diz.
— Liza teve pressão alta e acabou desmaiando vindo para
cá, Miguel está cuidando dela nesse momento e não poderemos
assistir ao parto, pois será uma cesariana de emergência. —
Começo a ficar preocupado e minhas mãos tremem.
— Amor, vai ficar tudo bem, nossa menina é forte. — Rafaela
se aproxima de mim e me abraça.
— Eu não posso perdê-la, Rafa. — Ela diz que não
perderemos ninguém hoje e que tudo ficará bem.
— Temos que avisar aos pais dela, eles precisam vir para cá
— Sabrina fala e pego o celular de Liza, que está em meu bolso e,
me levanto para avisá-los.
— Eu faço isso. — Saio de lá e vou para fora do hospital,
desbloqueio o celular e ligo para Suzan, digo como sua filha está e
ela fica preocupada, mas acabo por tranquilizá-la, mesmo eu nem
tendo certeza de nada, ela me diz que contará aos outros e que
pegarão o próximo voo para cá.
Quando desligou a chamada, o celular volta para a tela dos
contatos e vejo o número de Christopher, Liza pode me odiar, mas
tenho que fazer isso, clico em cima do número e o telefone começa
a chamar.
— Alô, Elizabeth, é você? — Vejo que parece um pouco
surpreso pelo tom da sua voz.
— Desculpa, mas aqui é o amigo de Liza, meu nome é
Clark. Minha amiga pode me odiar, mas não posso deixá-la
passar por isso sem seu apoio.
— Cadê ela, o que aconteceu? — Sua voz fica um pouco
alterada e percebo que está preocupado.
— Ela está na sala de cirurgia e precisa de você mesmo
que não admita, só venha para o Brasil que lhe explicarei tudo e
se quiser confirmar sua localização com os pais dela, diga que
conversou comigo e eles lhe ajudaram. — Desligo o celular e
caminho de volta para dentro.
Em nenhum momento falei com ele em português, não sei se
ele conhece a língua ou não, então, não arrisquei, apenas enviei por
mensagem o Estado e cidade em que estamos e o endereço do
hospital, só espero que ele consiga chegar aqui e se virar em São
Paulo, porque não irei buscá-lo, não sairei daqui até ter notícias da
Liza.
— Então, conseguiu avisar? — Sento-me na cadeira e Rafa
pergunta.
— Sim, está tudo certo. — Deixo de fora a parte em que
chamei Christopher para depois, não estou a fim de dar explicações.
Passamos umas horas sentados naquela cadeira
desconfortável e com dor nas costas. Carlos acabou comprando
café para nós, pois mesmo estando atentos, estávamos um pouco
bêbados da festa, mas graças a Deus que não exageramos muito,
porque senão como poderíamos socorrer Liza.
— Família de Elizabeth Harper? — Uma médica grita e nos
levantamos rápido indo até ela. — Eu sou a Doutora Torres, vocês
têm algum parentesco com a paciente?
— Somos amigos, mas cadê o Miguel, ele não ia fazer o
parto? — pergunto antes que ela se negue a falar algo.
— Sim, claro. Se vocês o conhecem, então, acho que é para
vocês mesmo que ele me mandou dar notícias. Miguel não pode
sair do lado da paciente nesse momento e me pediu que eu viesse
esclarecer o que aconteceu. — Fico um pouco apreensivo e apenas
peço que continue. — A senhorita Harper desmaiou, porque ela teve
um aumento de pressão, quando ela chegou aqui conseguimos
estabilizar para que pudéssemos começar o parto, mas no meio do
procedimento, ela teve uma parada cardíaca e tivemos que parar
para socorrê-la. — Aí meu Deus, a minha menina. — Os gêmeos
nasceram saudáveis e estão em observação, assim como Elizabeth,
que se encontra estabilizada e se recuperando no quarto. Ela se
manterá desacordada até amanhã. — Como assim, gêmeos?
— Mas doutora, era somente uma menina — Sabrina diz a
médica.
— Miguel me explicou a situação e não entende o que
aconteceu durante os ultrassons, mas são gêmeos. O corpo dela se
curará com o tempo e, quando ela estiver pronta para respirar
sozinha tiraremos o tubo. — Volto a sentar na cadeira,
completamente sem chão.
— Podemos vê-la? — Rafa que estava ao lado de Carlos
pergunta a Doutora.
— Por enquanto ainda não, mas o Doutor Miguel virá
conversar com vocês depois. — Ela sai e nos deixa sozinhos sem
reação alguma.
— Meu Deus, tomara que Liza fique bem, eu não conheço
sua história, mas sei que é uma lutadora — Carlos diz e todos nos
entreolhamos. — Eu preciso ir, minha mulher ligou e quer saber
notícias.
— A mesma que bateu na Liza, não obrigada, eu não me
importo — digo ríspido e Rafa pede desculpas dizendo que estou
apenas nervoso. — Eu estou bravo sim, mas não para ser
negligente com o que falo, me desculpe pelo modo que falei, mas
sabe que eu estou certo. — Ele assente, diz que tem que ir embora
e, apenas vai em direção a saída.
— Você não deveria ter falado assim, quem merece o
desprezo é a louca da esposa dele, não ele — Sabrina fala para
mim e apenas assinto, estou sem cabeça para nada.
— Preciso dormir, estou muito mal com tudo isso, é difícil ver
minha menina assim e estou com muito medo. — Abraço minha
mulher e ela escora o rosto em meu ombro.
— Eu sei que ela ficará bem amor, ela é forte.
— Sim, ela é.
(...)
Acabei cochilando na cadeira do hospital por mais algumas
horas, Miguel veio até nós e conversou sobre a situação de
Elizabeth, pedimos para vê-la e ele liberou a entrada de uma pessoa
por vez e, agora estou indo para a quarto que ela ocupa. Entro no
ambiente e a vejo, me aproximo e pego em sua mão, choro ao
pensar na situação que ela viveu, eu sei que estou parecendo um
bebê chorão, mas não posso evitar, foi fácil nascer sentimentos por
Liza, ela é uma pessoa maravilhosa e eu a amo como uma irmã
mais nova.
— Oi, Liza, seus amigos estão aqui por você pequena, você
vai se recuperar e poderá ver seus lindos bebês, depois daqui
passarei para conhecê-los, espero que tudo se resolva rápido. —
Dou um beijo em sua testa e saio de lá, peço a enfermeira que me
leve a unidade neonatal e ela diz que só podem fazer visitas os pais
da criança, mas explicou a ela a situação e a mesma se compadece
deixando-me vê-los.
— Aqui senhor Clark, lhe dou dois minutos, são essas duas
fofuras aqui. — Ela aponta para duas crianças mais lindas que eu já
vi, com cabelinhos pretos e tão pequenos.
— Por que eles têm que ficar aqui? — Miguel não havia me
explicado o motivo e eu nem perguntei, estava ansioso para ver
Liza.
— Eles são saudáveis, mas por conta do que aconteceu a
mãe, precisam ficar em observação e aqui evitam de quaisquer
complicações. — Assinto e ela sai me deixando ali com eles.
— Oi, bebês, minha pequena Lucy e meu homenzinho que
ainda não sei o nome, mas tenho certeza de que sua mãe escolherá
um perfeito. Não posso tocá-los ainda, mas vocês dois são umas
fofuras. — Fico observando ambos pelo tempo que posso e depois
volto para a recepção.
— Estou acabada e muito cansada — Rafa diz quando me
vê.
— Vai para a casa amor, eu aviso qualquer coisa, não posso
sair daqui, estou esperando uma pessoa. — Ela me olha sem
entender, mas digo que explicarei depois.
— Eu volto depois que dormir um pouco. — Assinto para ela
e a mesma, saí com Sabrina.
Fico lá sentado por um bom tempo mexendo no celular até
que vejo o nascer do sol e, me levanto para ir a cantina tomar um
café forte, mas quando volto observo uma confusão se formar na
recepção, parece que um homem está discutindo com a enfermeira
em Inglês e acho que sei quem é, corro até o mesmo e vejo ser
Christopher e pelo jeito a mulher não sabe falar outra língua, peço
desculpas a mesma e digo que resolverei.
— Você é o Clark? — Assinto para ele e peço que se sente
comigo. — Me diz como ela está, eu estou tão preocupado.
— Como conseguiu chegar aqui tão rápido?
— Meus pais têm um jatinho particular, mas agora eu quero
saber dela. — Aceno e começo a contar tudo que vem acontecendo
desde que ela descobriu a gravidez, claro que sem muitos detalhes,
mas o que realmente importa. — Por que ela não me contou? Eu
não entendo a Elizabeth, eu dei a ela o tempo que me pediu, mas
ela não poderia me tirar a convivência com meus filhos.
— Isso não é hora para ter raiva e nem discutir, ela precisa
de você, do homem que ama e do pai dos filhos dela. — Ele me
olha sem entender e percebo que deixei a informação de que são
dois de fora. — Desculpa, esqueci de falar, são um casal de
gêmeos, lindos e saudáveis. — Christopher começa a chorar na
minha frente e compadeço da situação.
— Posso vê-los? — Digo que sim e me levanto para
conversar com a médica de plantão, pois Miguel havia ido embora e
disse que voltaria depois de descansar e tomar um banho. —
Obrigado Clark, ainda bem que ela teve você quando fui um
completo idiota e a deixei ir embora sem lutar. — Assinto para ele e
o mesmo, segue uma das enfermeiras.
— Ficarei aqui se precisar de mim, como não sabe falar
português pode ter algum momento que precise de ajude. — De
longe ele diz que tudo bem e agradece novamente. Volto para a
cadeira e fico lá aguardando, pego o café que deixei de lado e tomo
ele como se fosse a água da juventude, pois estou muito cansado e
com dor nas costas de ficar aqui.
Eu espero realmente que Liza fique bem, pois olhar e
conversar com Christopher só me fez perceber o quanto ele a ama e
um amor assim não pode ser negligenciado por ninguém, nem
mesmo pelo tempo. Minha menina mesmo tão nova fez muitas
escolhas na vida e nem todas foram boas, ela tem que saber
reconhecer o que é bom para ela e, principalmente saber ceder
quando está errada e repensar suas decisões baseadas em duas
vidas, porque de hoje em diante, ela não é uma só, mas sim quatro
pessoas lutando pela felicidade.
Se alguém me dissesse que eu encontraria uma amizade tão
verdadeira, eu diria que seria praticamente impossível, mas Liza fez
com que isso se tornasse realidade e de quebra me trouxe Rafaela.
No começo, eu não queria ceder aos meus sentimentos, mas só um
bobo como eu não reconheceria que aquela doidinha é a mulher da
minha vida e me faz um homem muito feliz. Pensei muito sobre o
que Elizabeth me falou, sobre Rafa morar comigo e decidi que isso
será uma boa coisa, preciso evoluir e formar uma família e, com ela
posso pensar nisso novamente. No passado, eu me magoei muito
com as pessoas que mais confiava, mas a vida me mostrou que
temos sempre uma segunda chance de consertar as coisas e ser
feliz.
Capítulo 44
(...)
(...)
Já estava de noite quando acordei assustada e sai correndo
para o quarto dos meus filhos, não ouvi a babá eletrônica, mas
quando cheguei lá, eles não estavam no berço e, então, desci
correndo as escadas e encontrei eles com Clark e Rafaela, nesse
momento parecia que eu tinha tirado um peso da alma.
— Meu Deus, não façam isso comigo, fiquei tão assustada
quando não os vi lá, me senti uma mãe ruim por não ter ouvido o
choro deles. — Sento-me na cadeira e tento voltar a respiração
normal.
— Calma, Elizabeth, cuidamos deles para que pudessem
dormir melhor — Clark diz e, tento formular algumas palavras ainda
com o coração acelerado.
— Deveriam ter me avisado, por favor, nunca mais façam
isso. — Eles assentem e quando me levanto para tomar um banho,
Rafa me chama.
— Liza, você está sangrando. — Olho para baixo e vejo a
pequena quantidade de sangue manchar meu vestido.
— Droga, os pontos devem ter aberto, preciso lavar o local
para não infeccionar e tomar meu banho. — Rafa diz que ligará para
Miguel vir aqui e cuidar disso.
— Ele já vinha mesmo, só que dessa vez será mais cedo. —
Subo para o quarto e tomo meu banho lavando a área com cuidado.
Saio do chuveiro, escolho uma roupa limpa e, me troco
depois de passar meus cremes de corpo. Olho para Chris dormindo
sereno e não sei se o acordo, mas tenho certeza de que ele ficaria
bravo se eu não o fizesse, e como está perto das visitas chegarem
melhor assim.
— Chris, querido. — Dou beijinhos no seu rosto e ele
desperta devagar.
— Liza, o que aconteceu? Cadê os bebês? — Ele dá um pulo
da cama rápido demais, mas o tranquilizo.
— Está tudo bem. Eles estão com Clark e Rafa, mas acordei
tão desesperada porque não escutei o choro deles que acabei
correndo pela casa e abri meus pontos, Rafa ligou para o Miguel vir
dar um jeito.
— Meu Deus, amor, você tem que prestar atenção no que
faz. Deite-se aqui, ainda está saindo sangue. — Digo que a água do
chuveiro estancou um pouco o sangue, mas não parou totalmente.
— Cadê o Miguel, ele já chegou?
— Estou aqui, me desculpem a invasão, mas é que não
podemos perder tempo, pode infeccionar. — Miguel entrou com tudo
no quarto fazendo com que eu me assustasse, assim como
Christopher, mas ele não falou nada e apenas deu espaço para
Miguel se sentar na cama. — Pode levantar o vestido.
— Espera aí. Liza, você está usando? — Olho para ele
confusa e depois me lembro que ele fala sobre a calcinha.
— Sim, querido, eu estou. — Dou risada da cara de alívio de
Chris e levanto meu vestido, tudo bem que essa cena está sendo
um pouco constrangedora, eu poderia ter colocado um short
folgado, mas juro que não pensei nessa possibilidade, estou tão
acostumada a não apertar mais nada embaixo.
— Vou limpar e aplicar uma anestesia no local para refazer
os pontos — Miguel diz e apenas assinto, enquanto Chris olha com
cara de poucos amigos. — Pode pegar um lençol para mim,
Christopher? — Ele olha pra Miguel e depois faz o que ele pede.
— Aqui está. — Chris entrega para ele o lençol e Miguel
cobre a parte da minha calcinha deixando de fora somente a área
abaixo da minha barriga, graças a Deus, fiquei tão nervosa com
essa situação que nem pensei nisso. — Vou sair e já volto.
— Acho que seu marido não gosta de mim.
— Por que será, não é? Sabrina foi falar o que não devia e
deu nisso, mas é só ciúmes, uma hora passa, desculpa por isso
Miguel. — Olho para ele e lhe dou um sorriso, enquanto continua a
fazer o que começou.
— Tudo bem, se fosse Simone eu estaria bem mais bravo do
que ele, sou um pouco ciumento. — Digo para ele que ela tem muita
sorte por tê-lo. — Nosso relacionamento está muito bom, eu amo
tanto ela, Liza.
— Fico feliz pelos dois, na próxima vez que me visitar pode
trazê-la, e se eu não estiver mais no país, faço questão que fiquem
os dois na minha casa. — Ele agradece e diz que esperará um
pouco mais para essa visita. — Como está a situação aí embaixo?
— Está tudo bem, sem maiores complicações, só espero que
tenha mais cuidado. Pronto, terminei. — Digo que prestarei mais
atenção em minhas atitudes e depois me levanto da cama
arrumando meu vestido. — Vou descer e chamar Christopher. —
Assinto e ele sai do quarto.
Eu não tinha motivos para esconder de Christopher sobre
meu quase relacionamento com Miguel, mas também não queria
que ele soubesse por outra pessoa, Sabrina ter contado me deixou
magoada, não queria que a confiança que havia depositado nela
fosse sofrer um pequeno deslize como aconteceu, mas perdoei
porque a amo e não quero discutir com nenhum dos meus amigos.
— Tudo bem, amor. O pessoal já chegou, só vou tomar
banho e desço com você, isso se você quiser me esperar. — Digo
que descerei para não deixar os convidados esperando. — Ok. As
crianças estão no berço, Rafaela e Clark deram outro banho nelas
no banheiro dele e agora só estão te esperando para você dar de
mamar. — Assinto e saio do quarto.
— Pode deixar gente, agora eu assumo daqui — falo para
meus amigos que estão a minha espera no quarto dos bebês.
— Tudo bem. Vamos descer e te esperar lá embaixo. —
Quando eles fecham a porta pego cada um dos meus filhos e dou
de mamar, é uma emoção tão grande, eu sinto que posso lutar e
vencer qualquer batalha por eles, que enfrentarei qualquer um para
que eles fiquem bem, ser mãe é algo divino e só o Senhor pode nos
dar essa benção, claro que é trabalhoso e, às vezes, ficamos
malucas com cada situação que aparece, mas no fim ignoramos
tudo isso apenas por um sorriso e um “Eu te Amo” dos nossos
filhos.
Depois que alimentei meus pequenos, desci para conversar
com as visitas. Vi Christopher falando com meus pais, sendo que
nem ao menos sabia que eles viriam, também havia meus amigos e
o namorado de Sabrina, mas não encontrei Miguel entre eles.
— Oi, pessoal. Boa noite, e sejam bem-vindos na minha
humilde residência — cumprimento cada um deles e, passo a
conversar com meus pais perguntando como estão as coisas
durante a estadia no Brasil, mas depois me disperso e vou até
Rafaela. — Rafa, cadê o Miguel?
— Ele achou melhor ir embora para não causar
desentendimento com o Chris. — Digo para ela que isso não
deveria acontecer. — Nós sabemos, Liza, mas você conhece o
homem que ama e isso não acabaria bem.
— Chris não é um homem das cavernas, Rafaela, ele só é
um pouco ciumento. — Ela me diz que desde o dia do hospital ele
exagera um pouco, principalmente pela discussão que teve com
Miguel.
— Desculpa amiga, mas essa é minha opinião. Eu sei que a
sua situação com os dois é um pouco complicada, mas ciúmes em
excesso não é bom. — Me compadeço de suas palavras e concordo
com seus pensamentos, realmente ciúmes demais acaba com um
relacionamento.
— Christopher nunca teve esse tipo de atitude, talvez esses
meses tenham o mudado mais do que pensei.
— Ele nunca teve antes, porque não precisava se preocupar
com você se envolvendo com um outro homem, mas hoje a situação
é bem diferente, você conheceu uma vida diferente aqui, Liza, e
acho que ele só tenha medo de perdê-la e que em algum momento
você perceba que não precisa dele pare ser feliz. — Acho que
preciso conversar com Christopher e saber o que ele pensa.
— Rafaela tem razão, Elizabeth. Não estamos falando para
você brigar com ele, somente converse, você não é mais aquela
menina assustada que se mudou para esse país, agora você é uma
mulher independente, linda e lutadora — Clark diz e assinto para
seu argumento.
— Eu vou fazer isso hoje à noite. — Saio de perto deles e
vou conversar um pouco com Sabrina.
— Oi, Sa, Lucas — cumprimento a ela e seu namorado. —
Que bom que veio, já estava virando um namorado fantasma para
nós, quero que se sinta em família conosco.
— Olá, Elizabeth, obrigada pela consideração. Sabrina
sempre me falou o quanto vocês são incríveis com ela e fico feliz
pela minha namorada ter pessoas que a amam de verdade — ele
fala e lhe dou um sorriso casto.
— Vocês dois são maravilhosos, sabiam. Amo demais meus
amores, sou tão amada que me sinto mimada de tanto amor. — Só
a Sabrina mesmo para falar essas coisas.
A noite foi maravilhosa e demos muitas risadas durante o
jantar, principalmente meus pais que esqueceram o filtro nos
Estados Unidos, nunca pensei que ouviria tenta indecência saindo
da boca deles, julguei que foi pelo álcool que beberam durante a
noite toda, mas graças a Deus, Clark levou eles para o hotel antes
que fizessem mais besteiras.
O namorado da Sabrina parecia um menino perdido no meio
de tantas pessoas, minha amiga esqueceu de mencionar que o
coitado não falava inglês e imagina só a cena dele tentando
entender o que falávamos, foi um horror, pois tivemos que traduzir a
cada frase dita na mesa. Não sabíamos desse fato sobre ele,
porque durante as poucas vezes que o vimos falávamos em
português e, jamais passou pela minha mente pedir o currículo dele
para saber se ele conhecia outras línguas, aí já viu, foi uma guerra
de idiomas durante o jantar, primeiro o Inglês que ele não sabia e
que quando traduzíamos, meus pais bêbados e Christopher
perguntavam sobre o que era, mas admito que foi engraçado em
certos momentos.
Christopher bebeu por nós dois, pois como estou dando de
mamar para Theo e Lucy, eu não poderia ingerir álcool, mesmo
dizendo que uma taça não faria mal, eu resolvi não arriscar, no fim
nossa conversa ficou para outro dia, pois ele desmaiou só de
encostar a cabeça no travesseiro.
Capítulo 46
“Olá, Elizabeth.
Paul Turner.
Lágrimas começam a cair dos meus olhos, não sabia que ele
estava sofrendo tanto na prisão, mas o que me deixa feliz é saber
que nunca fui violentada, como pode ele me fazer pensar nisso por
tantos anos sem ao menos se importar pelo que fez a mim.
— Liza, eu sinto muito, meu amor, por tudo isso, mas fico tão
feliz de ele não ter feito nada com você naquela noite. — Ando para
seus braços e choro em seu peito.
— Ah, Chris, como pode depois de tanto tempo tudo isso
ainda mexer comigo. — Ele me diz que são coisas que nunca
esquecemos, apenas aprendemos a superar. — Se você quer saber
o mais incrível é que eu o havia perdoado, assim como fiz com
Alice, mas isso não impede que eu ainda chore por relembrar, ele
sofreu barbaridades na cadeia, meu amor, não desejaria isso para
ninguém, nem para o meu próprio inimigo.
— Eu sei, por isso amo você. — Beijo meu marido com calma
e somos interrompidos pela campainha novamente. — Nossa, hoje
teremos muitas visitas, se é que posso chamar assim. — Me viro
para trás e abro a porta novamente.
— Alice, o que você está fazendo aqui, como saiu da prisão?
— Vejo minha ex-sogra na minha frente e olho para Christopher,
pois não fomos avisados disso. Ela tem uma expressão triste, veste
roupas simples e aparenta uma idade muito avançada.
— Olá, Elizabeth, Christopher. Preciso conversar com vocês.
— Ainda me sinto impressionada, mas me afasto para que ela entre.
— Diga o que quer e depois vai embora, mas antes me fale
como saiu da cadeia? — Ela diz que por bom comportamento, e que
agora vive de auxílio do governo. — Quando você foi solta?
— Semana passada, aluguei um quartinho para morar com o
dinheiro que tenho para sobreviver agora e me senti no direito de vir
pedir perdão a vocês, passar muito tempo trancada em um lugar, te
faz refletir sobre muitas coisas, e agora que meu menino morreu,
não tenho mais ninguém. — Alice começa a chorar na minha frente
e me compadeço da situação, pois sou mãe e sei a dor de perder
um filho.
— O que isso quer dizer, você quer que sejamos sua família,
nem sequer sabemos como soube onde eu morava — Chris diz e
acho muito estranho alguém que não tem nada, saber de tantas
coisas.
— Consegui ajuda de alguém, mas agora isso não vem ao
caso, só queria mesmo me desculpar por tudo que fiz a vocês e a
sua família. Sei que errei muito, mas me arrependo amargamente
pelas minhas atitudes, principalmente por meus pais, não sei se um
dia irei me recuperar de todas as coisas que agora vejo com
clareza, mas farei o resto dos meus dias serem melhores do que os
que já vivi.
— Nós já perdoamos há muito tempo as suas atrocidades,
mas jamais esqueceremos o que fez — falo e ela diz que entende,
mas que o perdão é a parte mais difícil de conseguir e isso é o que
ela veio buscar.
— Agora preciso ir. Obrigada por me receberem. Adeus,
Elizabeth. — Eu e Chris, acompanhamos ela até a porta de casa e
deixamos que vá.
— Eu ainda não acredito que era mesmo Alice, quase não a
reconheci depois de tantos anos, será que ela realmente mudou,
Chris? — Ele diz que só o tempo mostrará, mas que não quer fazer
parte do futuro dela para saber. — Nem eu, meu amor, deixe como
as coisas estão.
— Só quero que fique bem, Elizabeth. Eu te amo, meu amor.
— Chris me beija com carinho, mas somos interrompidos.
— Mãe, pai, vão para um quarto — Lucy diz ao descer as
escadas com seu irmão atrás.
— Até parece que você nunca beijou na vida, Lucy — Theo
diz e olhamos diretamente para ela.
— Como assim, me explica isso direito — meu marido diz e já
vi que saíra faísca, claro que eu sei que minha menina já beijou,
mas meu filho não economiza palavras para deixar a irmã em
confusão.
— Theo, você é um idiota, quando estava namorando a olhos
puxados, eu guardei seu segredo, mas agora você conta os meus.
— Lucy dá um soco no ombro do irmão que lança um olhar de raiva
para ela.
— Eu só não devolvo, porque não sou mais criança como
você. Não sei por que o papai não pode saber, se a mamãe sabe a
verdade. — Agora me ferrei.
— Você é um fofoqueiro, Theodore — falo muito
decepcionada por ele sair contando as coisas sem medir as
consequências.
— Nada disso, meu filho é sincero enquanto as mulheres da
minha vida mentem para mim. — Olho pra Chris e digo para ele
parar de drama. — Isso não é drama, é somente a verdade. Agora
me digam quem foi o cara, porque vou ter uma conversa muito seria
com esse rapaz. — E é nesse momento que as coisas pioram.
— Querido, lembra quando fomos no jantar na casa do CEO
da empresa há dois meses, então, ele tem um filho que tinha
acabado de voltar de uma viagem pela Europa e por isso o jantar de
comemoração. — Ele assente e depois de olhar para o rosto
assustado da minha filha eu continuo. — Foi ele que Lucy beijou.
— NÃO É POSSÍVEL, LUCY HARPER MOORE, COMO
VOCÊ ME FAZ UM NEGÓCIO DESSES, O CARA TEM 28 ANOS,
EU VOU MATAR UM HOJE. — Meu marido ficou tão transtornado
que saiu gritando até a sala e nós fomos atrás dele.
— Pai, eu posso explicar, foi eu que tive a iniciativa, ele
tentou impedir, mas fui mais rápida, depois disso acabamos
cedendo mutuamente.
— Filha, você não está ajudando. — Olho para Christopher e
ele está todo vermelho de raiva. — Amor, eu já briguei com ela, mas
agora não é mais o momento, temos que aceitar e seguir em frente.
— Como vou aceitar isso, meus filhos de repente começaram
a gostar de ficar com pessoas mais velhas e mal saíram da escola.
— Theo interrompe o pai dizendo que é homem suficiente para
saber tomar suas próprias decisões. — Eu sei que sim meu filho, só
achávamos que não seria algo tão radical assim, que tipo de
pessoas namoram alguém que ainda está no ensino médio.
— Pai, falta quatro meses para acabar a escola, eu e Lucy, já
temos dezoito anos, saberemos lidar com todas as situações, assim
como você e mamãe, nos ensinaram a sermos fortes. Eu amo
vocês, e o rumo que tomarmos não irá mudar isso ou nossa índole,
ainda somos filhos de vocês e temos muito orgulho pelo pai que
temos, e tenho certeza que Nathan também tem, mesmo que ele
não esteja aqui para confirmar isso. — Eu e Chris, abraçamos
nossos pequenos muito emocionados, porque mesmo que os filhos
cresçam, para nós eles sempre permanecem crianças.
— Desculpem eu ter gritado, mas fico nervoso com
determinadas situações que vocês dois colocam eu e sua mãe. Lucy
espero que não esteja mais com esse homem. — Minha filha olha
para mim e vejo que também omitiu algo.
— Mas você disse que só tinha sido uma vez, Lucy —digo e
ela explica que quando me contou realmente tinha sido só uma vez,
mas que depois reencontrou ele e aconteceu de novo.
— Esse garoto vai ter que vir aqui em casa conversar
comigo, minha filha é uma menina de família e não vai ficar beijando
as escondidas, diga que estou esperando-o comparecer — Chris
fala e depois sai nervoso.
— Deveria ter contato para mim, agora terá que mandar
Benjamin vir nos visitar, pois concordo com seu pai e não criamos
filhos para andar fazendo as coisas escondidos.
— Mãe, você acha que o papai vai aceitar meu
relacionamento com ele, assim como fez com Theo. — Digo que só
Deus sabe e vou atrás de Chris.
— Meu amor, está bravo comigo? — Entro no nosso quarto e
ele está sentado na cama. — Eu não contei por que achei que só
tinha sido uma vez. — Sento-me ao seu lado e ele pega em meu
rosto.
— A questão não é essa, Elizabeth, eu sou seu marido e
aqueles lá embaixo também são meus filhos, você não pode
esconder as coisas de mim. — Ele tem razão, anos depois e essa é
a primeira coisa que não conto para ele.
— Me perdoa, nunca mais farei isso. — Abraço apertado meu
marido e ficamos ali em silêncio sentindo um ao outro por um bom
tempo.
(...)
Autora
Alice passou a viver com o auxílio disponibilizado pelo
governo por causa da sua idade avançada, e a morar em um quarto
alugado no prédio onde seu agente da condicional era administrador
e viviam outras ex-detentas, fato do qual não contou a Elizabeth e
nem ao Christopher. Viver uma vida solitária e sozinha é a pior parte
das consequências.
Conto Extra — Meu Coração é Seu
FIM
Notas
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