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UNIVERSIDADE DE UBERABA

JOSÉ RENATO DE AZEVEDO REPOLHO

UMA JORNADA DE INTERDISCIPLINARIDADE

BELÉM - PA
2023


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JOSÉ RENATO DE AZEVEDO REPOLHO

O RELATO DE UMA JORNADA

Este é um memorial acadêmico descritivo


apresentado como requisito para graduação no
curso de Letras – Português e Inglês pela
Universidade de Uberaba

Orientadora: Profa. Mônica A. de O. Cruz

BELÉM - PA
2023


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Dedico este Memorial ao criador, destino
de todas as perguntas importantes e
origem de todas as respostas finais.


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AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais Júlio e Luzia, por me ensinarem sobre o previsível.


Aos meus irmãos e irmãs, participes de meus primeiros diálogos.
Aos meus filhos André e Renata por, me ensinarem sobre o imprevisível.


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Que é Deus?
Deus é a inteligência suprema, causa
primária de todas as coisas.
Allan Kardec – 1857


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INTRODUÇÃO

A sistematização de minhas memórias neste memorial acadêmica com


certeza se mostrou um desafio que espero ter vencido da melhor forma possível,
pois para executá-lo e descrever neste trabalho minha jornada de aprendizagem,
tive que abarcar tempos e espaços muito distantes, para ser mais exato foi uma
viagem de 46 anos por cidades distantes 100, 200, 800 e 4.000 km distantes,
realmente a jornada da vida pode ser tão estranha como saudosa, percebi isso ao
rever sua diversidade e ao mesmo tempo unidade de conteúdo.
Tendo passado quase 50 anos desde meus primeiros olhares curiosos para
os segredos dos livros, ainda que as memórias por vezes falem por si ou por
fantasias do que pensamos ter sido, acredito que os eventos marcantes estão
sempre presentes e espero tê-los retratados com fidelidade neste memorial.
Espero ter alcançado um patamar de veracidade que atenda as expectativas,
tanto do leitor quanto para este autor, e que o esforço de ir além do que imaginava a
princípio, em memórias tão longínquas no tempo, em documento há muito
esquecidos em gavetas e pastas com o cheiro característicos de antigos livros possa
ter se materializado em um relato palatável.

O RELATO DE UMA JORNADA


Da origem

Sou José Renato de Azevedo Repolho e aqui começo a relatar meu processo
de vida e aprendizagem contínua. Não posso obviamente começar sem incitar
minha família, pois sou o filho mais novo de uma família de 7 irmãos, cujo pai Julio
de Oliveira repolho e mão Luzia de Azevedo Repolho, cujas origens são cidades
ribeirinhas do interior do estado do Pará, sempre souberam do valor da educação
ainda que apenas tendo completado o primeiro grau em sua época. Mas agraciado
com o fato de ser o filho mais novo e ter contado com uma irmã mais velha, Maria
das Graças de Azevedo Pinheiro com primeira a se graduar com professora de
matemática na família e uma segunda irmã graduada em psicologia, deste modo
tinha a possibilidade de ter o mínimo de livros que eu uma criança precisa para
despertar para a leitura e os estudos.


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Mas é de ressaltar que não basta ser um bom leitor é necessário sobretudo
ao aprendiz ser um bom observador, e eu observava que em minha família quase
todos faziam sacrifícios para se manter firme nos estudos. Pude observar os
sacrifícios que meu pai, apesar de ser um homem de poucos estudos, de tudo fazia
para incentivar e apoiar seus filhos. Pude, não só observar seus exemplos, mas
soube juntá-los e fazer as interpretações necessárias dos fatos que aconteciam ao
redor, e me ensinaram tanto quanto ou mais do que tudo que eu pude ler na época.

Da formação básica

O ano era 1976 estava esperando para entrar na escola no ano seguinte, já
com meus 6 anos de idade e quase-alfabetizado arriscava minhas as leituras em
livros de matemática do ensino básico onde podia entender muito mais os números
e figuras do que as letras, e isso não deixa de ser uma ironia pois no presente, no
outro extremo da jornada, estou a me formar em letras. Porém guardo a lembrança
de que sempre me orgulhei em ter uma certa facilidade e aptidão natural para
aprender os mistérios da matemática e fica fascinado, especialmente pelas figuras
geométricas que sempre me encantavam nos primeiros livros da infância.
E assim cruzei a primeira fronteira, entrando para a escola, seria a primeira
série do ensino de primeiro grau, na época chamada Escola Estadual Maroja Neto
na cidade de Belém do Pará, onde passei a estudar por 4 anos e sempre sendo um
excelente aluno, a exceção talvez no quarto ano, quando a pré-adolescência já
despontava em conjunto com uma certa rebeldia. Um fato curioso nesta época foi
que no primeiro ano, apesar de toda a empolgação pelo começo dos estudos
adoeci. Foi bem no início do segundo semestre, onde fui acometido de hepatite,
sendo afastado dos estudos na escola por cerca de um mês e meio. Mas pensam
que isso teve alguma influência nos meus estudos? Não, o fato é que naquele ano
todas as minhas notas foram 10, assim como nos anos seguintes, até chegar o
famigerado quarto ano.
Meus segundo e terceiro ano transcorreram de maneira calma, aluno
comportado, que sempre chegava cedo, gostava de sentar-me na primeira fileira, e
era atento a tudo, sempre tinha um bom diálogo com o professor, na realidade com a
professora, fato estranho foi perceber que homens podiam ser professores somente


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lá pelo sétimo ano. Nestes anos, ainda que participativo eu via a escola muito mais
como atividade social, local de rever amigos e não a percebia como fonte de
conhecimento, pelo menos não como fonte exclusiva do conhecimento. Ver a escola
como um fato agradável da vida em sociedade foi algo natural, longe da visão de
algo obrigatório com deveres de casa difíceis e estas foram, com toda certeza,
coisas nas quais eu não pensava.
Então estava tudo indo bem para minha educação, mas então o destino
desencadeou outro ponto que tornou marcante no meu espaço-tempo educacional,
o casamento de minha segunda irmã, psicóloga com um advogado possuidor de
uma extensa biblioteca, para a época, era quase o paraíso não fosse o fato de
estarmos vivendo sob um regime de ditadura militar, lembremos que era o final dos
anos 70.
É difícil dizer todos os impactos que a leitura pode desencadear na mente de
um jovem aprendiz, mas vou resumir dizendo que após os primeiros livros da
matemática que tanto me encantaram, pude ler as obras de Monteiro Lobato, alguns
dos grandes clássicos da literatura portuguesa e do brasil, consultar uma ou duas
enciclopédias, a história das grandes civilizações, as seleções de Reader’s Digest e
até alguns livros de Sigmund Freud. Então, ainda que não tendo a pretensão de
fazer uma autoanálise, hoje compreendo que após a tempestade de conhecimentos
em áreas tão diversas passei a ter uma certa dificuldade em minha posterior jornada
acadêmica dentro de sala de aula. Dificuldade pela falta de interdisciplinaridade,
assunto que somente nas gradações ainda distantes no futuro pude praticar de
forma mais natural.
E foi neste cenário que avancei para o famigerado quarto ano, talvez seja um
pouco exagero chamá-lo assim, então digamos que foi um ano incômodo, marcado
por insatisfações de um aluno sempre à frente de suas turmas. O fato é que no
quarto ano já pensava que não precisava sentar-me no banco da escola, pois tudo já
sabia e pouco aprendia no meio da multidão de alunos, eram outros tempos e salas
com 50/60 alunos eram um padrão normal na época. Talvez seja digno de nota e
dizer que à época a imaginação de quem já tinha lido ao Sítio do Pica Pau Amarelo
entrava em conflito com a frequência na escola, pelo fato de ter que estar dentro de
sala de aula quando poderia estar na frente da televisão vendo a narizinho do nariz
arrebitado e divertindo me com as brincadeiras da Emília, e correlacionando isso


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com o imaginário dos livros lidos. O fato é que o quarto ano se mostrou muito
enfadonho e faltar era palavra de ordem, o que para minha professora deve ter sido
um mistério pelas notas que obtinha.

Do amadurecimento fundamental

E assim cheguei na quinta série no ano de1981 na escola estadual de 1º grau


dr. Justo Chermont, foi uma mudança muito grande em relação ao ano anterior, onde
minhas expectativas eram “agora eu vou poder aprender de verdade, pois agora
terei uma disciplina para cada assunto”, fazia sentido ser assim e não tudo
misturado como nos quatro anos anteriores, onde só tínhamos quatro matérias, que
que apesar dos esforços pedagógicos de dedicadas professoras, não conseguiam
fazer o nexo entre assuntos diversos. E realmente assim foi, com um leque maior de
matérias desenvolvi um certo interesse maior pela sala de aula, germinando em
especial um maior interesse em matemática, história e nas Ciências biológicas, foi
um ano bom.
Na sequência passei ao sexto ano, donde posso dizer que foi o único ponto
interessante a lembrar é que havia uma professora de matemática que eram desafio,
pois assim todos comentavam, pois costumava deixar em recuperação grande parte
das turmas, o que no final não se provou ser um desafio muito grande pois eu tirava
10 em todas as provas, ainda assim não deixou de ser um fato interessante ao ponto
de reverberar em minhas lembranças. E aí então veio a sétima série e o mais
relevante de dizer é que nesse ano descobri que estava doente, algo bem
complicado para o início dos anos 80, diagnosticado com a doença de Hansen ou
hanseníase este foi um ano difícil, mas foi também o ano da primeira grande paixão
infelizmente, eventos estes que se mostram mutuamente excludentes de serem
tratados, quando um preconizava um certo distanciamento ou isolamento das
pessoas e o outro ansiava pelo contato com a jovem amada.
Mas apesar do desafio ter sido grande para um jovem de 13 anos posso dizer
que a doença em si me levou a conhecer pessoas muito mais velhas a ter conversas
com médicos, fisioterapeutas e outros pacientes, deste modo o trágico evento
acabou por lapidar uma certa maturidade precoce, necessária para aquele período
de superação da doença, mas fatídica para um início de adolescência, afinal


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associa-se a adolescência como a fase certa para se praticar as bobagens que nos
levam ao amadurecimento.
Neste mesmo período tenho que ressaltar que conheci os livros que
moldaram e de certa forma uniram muitas ideias dispersas de tudo que eu já havia
lido da história e psicologia humanas, das ciências exatas e naturais, das variadas
literaturas, foram os livros de um autor por pseudônimo Alan Kardec. Obras que me
ajudaram a unir variados conceitos e múltiplos pontos de vista, de tudo o que já
havia aprendido, e do tão pouco vivido. Apesar de serem livros de leitura simples e
direta, possibilitaram-me organizar e preencher lacunas perigosas, para uma mente
que se formava com base nas ciências, de tal modo a trazer harmonia a um caos
que principiava a se formar nas diversas linhas de pensamentos das ciências
aprendidas, este é um resumo pois falar deste ponto de inflexão de minha vida em
detalhes extrapolaria os limites do escopo deste trabalho singelo.
E assim chegamos no último ano do primeiro grau, meu ritmo de leitura em
casa com livros e nas disciplinas eram certamente intensos, mas também era uma
época de mudanças de vida pois passaria para o segundo grau e ainda me ocupava
fazendo tratamento para me recuperar da hanseníase. Foi neste contexto, ou
vendaval de eventos, que tomei minha primeira decisão madura e pensada acerca
do futuro, decidir escolher uma profissão na área de tecnologia e como as vagas
eram muito concorridas à época organizei um pequeno grupo com 3 colegas para
prestar concurso tenho uma escola técnica federal.


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REFERÊNCIAS

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. In: ______. Obra
completa em quatro volumes. Org. Aluízio Leite et al, 2. Ed. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 2008ª. V. I, p. 623-758.


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