Módulo 41 - Absolutismo Inglês - Apogeu
Módulo 41 - Absolutismo Inglês - Apogeu
Módulo 41 - Absolutismo Inglês - Apogeu
1. A Dinastia Tudor
Após a Guerra dos Cem Anos, a Inglaterra viveu uma forte crise dinástica, quando duas famílias de nobres
disputaram o trono, envolvendo o país na Guerra das Duas Rosas (1455-1485). O conflito terminou quando
Henrique Tudor foi coroado rei, com o nome de Henrique VII. O primeiro monarca dessa dinastia contou com o
apoio das ordens sociais, cansadas de um longo período de guerras civis. Suas diretrizes governamentais
procuraram pacificar o país, estimular o mercantilismo e fortalecer o poder real.
Maria I, irmã
mais velha
de Elizabeth
Seu sucessor Henrique VIII deu continuidade à sua obra. Como já vimos, teve um importante papel na
afirmação do poder monárquico ao realizar a Reforma Anglicana com base no Ato de Supremacia, que lhe
conferia total poder em assuntos religiosos e o tornava chefe da igreja na Inglaterra. Após a sua morte, ocorreu
um curto período de instabilidade.
Um de seus filhos, Eduardo VI, assumiu em 1547. Entretanto, durante seu curto governo, o poder esteve sob a
influência do Conselho Privado (órgão consultivo de confiança do rei).
Com a morte de Eduardo VI, em 1553, subiu ao trono sua irmã Maria Tudor, fanática católica e que tentou
neutralizar a reforma iniciada por seu pai, perseguindo os protestantes. Ao casar-se com Felipe II da Espanha,
gerou uma grande intranquilidade na Inglaterra, pois seus súditos temiam o tradicional rival e a influência da
Igreja Católica. Maria Tudor morreu em 1558 e, em seu lugar assume Isabel I (Elisabeth), filha de Henrique VIII
com Ana Bolena, cujo reinado durou até 1603.
Isabel consolidou a Reforma Anglicana por meio da Lei dos 39 Artigos, adotando como doutrina o calvinismo
e mantendo a hierarquia episcopal, além de parte do cerimonial católico.
Seu governo foi marcado por um forte desenvolvimento econômico, seguindo as orientações
mercantilistas, ao dar grande impulso à criação de companhias de comércio e à indústria artesanal, bem como
ao iníciar a colonização da Virgínia na América do Norte. O estímulo à atividade corsária provocou uma crise
enorme com a Espanha. O rei Felipe II organizou uma frota de navios de guerra para atacar a Inglaterra ¾ a
Invencível Armada ¾ que acabou sofrendo uma derrota humilhante, perdendo quase a metade de seus navios.
Isso inaugurou uma nova fase na disputa pela hegemonia europeia, pois nesse momento, o domínio espanhol
foi substituído pelo inglês, que passou a exercer a supremacia comercial no Atlântico.
Ao
consolidar o
anglicanismo
, Isabel I
(Elizabeth)
reforçou o
poder do
Estado
Inglês.
Porto de Londres no final do século XVI.
Podemos afirmar que, durante o longo reinado de Isabel, o poder absoluto foi implantado de fato. Entretanto,
sua morte, sem deixar herdeiros, levou seu primo, o rei Jaime I da Escócia, a assumir, iniciando a Dinastia dos
Stuarts, e à tentar de legalizar o absolutismo diante do Parlamento. Isso gerou um conflito que só terminou
com a Revolução Gloriosa em 1688.
2. Cronologia
1485-1509: Reinado de Henrique VII.
Realmente, todos estes períodos revolucionários constituem uma única fase, que é a Revolução Inglesa,
iniciada em 1640 e completada em 1688.
Esta revolução tem sido analisada por causa da oposição do Parlamento à tentativa dos Stuarts de implantar o
absolutismo em termos legais, pois ele existia de fato desde a época dos reis Tudors no século XVI.
Parece-nos, entretanto, que a situação é inversa. É o Parlamento, detentor do poder de direito, que agora tenta
torná-lo de fato. Durante o século XVI, o absolutismo de fato tinha sua razão de ser, porque a burguesia
necessitava do poder real forte para acabar com o poder dos senhores, reformar a Igreja e confiscar seus bens
que foram postos em circulação no mercado, defender o Estado das pretensões imperialistas dos espanhóis e
garantir a expansão comercial pelo Novo mundo.
Depois de realizados esses objetivos, o poder absoluto tornou-se desnecessário, passando a constituir um peso
morto que entravava o progresso da burguesia inglesa. Na fase em que o poder forte era necessário, muitos
direitos lhe foram outorgados, como governar por decretos, mediante a administração particular de livre
escolha; controlar o poder judiciário e a religião; conceder monopólios a quem lhe aprouvesse para aumentar
as rendas do Estado; cobrar impostos alfandegários; manter um exército permanente.
No fundo, o poder monárquico continuava ligado à nobreza, a quem abatera, com o objetivo de ter apoio contra
a burguesia mercantil. As instituições do Estado, isto é, as leis, os órgãos de governo, a justiça, impediam a
continuidade do desenvolvimento econômico desejado pela burguesia. Por exemplo, os proprietários rurais
precisavam transformar as terras cultivadas por pequenos proprietários em pastos para a criação de ovelhas,
atividade mais lucrativa que a agricultura, mas eram impedidos pelo rei que protegia os pequenos proprietários
nos seus tribunais.
A revolução burguesa na Inglaterra procurava eliminar os entraves ao desenvolvimento capitalista, cujo maior
representante era o absolutismo real. A Revolução Gloriosa tornou-se, então, um marco importantíssimo nessa
luta, pois nenhuma outra revolução se produziu na Inglaterra até hoje.
No plano da história europeia, a Revolução Inglesas precedeu a Revolução Francesa, constituindo exemplo para
esta, a qual se iguala em importância histórica, e até mesmo a supera, por ter sido definitiva.
Com a morte de Isabel I, a Inglaterra foi governada por Jaime I, iniciando-se a dinastia dos Stuarts, de origem
escocesa. Sua atuação absolutista chocou-se contra o Parlamento, que travou uma luta política com os Stuarts.
2. Fatores da Revolução Inglesa
Na Revolução Inglesa, os problemas econômicos, sociais e políticos misturaram-se aos religiosos.
Com o aumento de importância da agricultura (em 1640, a Inglaterra era responsável por quatro quintos do
consumo europeu, já que o seu intenso comércio estimulou a produção de alimentos e matéria-prima), os
empresários capitalistas passaram a investir na compra e na exploração das terras, adotando técnicas e
equipamentos que aumentavam a produção. Com os pequenos proprietários, a quem se uniram, estavam
interessados em expulsar das terras os seus antigos rendeiros. Mas esses rendeiros eram protegidos pelo rei,
pelos nobres e pelos chefes da Igreja Anglicana, que estavam todos ligados à agricultura também e em nada
queriam alterar a situação vigente. Os monopólios, concedidos pelo rei a alguns grandes capitalistas, e os
privilégios (“herdados" da Idade Média), que tinham as corporações na produção de artigos artesanais nas
cidades, constituíam outros motivos de insatisfação para a burguesia.
Empobrecidos pela concorrência burguesa na agricultura, os nobres viram sua riqueza diminuir ainda mais com
a inflação (que enriquecia os burgueses); agarraram-se então às rendas do Estado, controlando a
administração. Os burgueses, por outro lado, controlavam o poder local e elegiam seus representantes para o
Parlamento.
Ao pretender aumentar os impostos pagos pela burguesia para manter os nobres (seu instrumento contra a
ascensão burguesa, que ameaçava o poder real), o rei entrou em choque com o Parlamento, que se
considerava o único com direito a legislar sobre essa matéria.
Rei e burgueses opuseram-se também por questões religiosas. O puritanismo tinha numerosos adeptos na
burguesia, pois pregava o trabalho e a poupança, tão a gosto dessa classe social. O rei, para quem o controle
da Igreja era um instrumento indispensável do poder, protegia a Igreja Anglicana e perseguia os que atacavam
a religião oficial. Os conflitos religiosos entre puritanos e anglicanos foram, desse modo, a expressão de uma
luta mais importante: o choque entre burguesia e realeza. A prova é que o primeiro movimento revolucionário
pelo controle do poder na Inglaterra foi chamado Revolução Puritana.
3. A Revolução Puritana
A luta entre o Parlamento e o rei começou em 1628, quando o Parlamento impôs a Carlos I a “Petição dos
Direitos", pela qual problemas relativos a impostos, prisões, julgamentos e convocações do exército não
poderiam ser executados sem a autorização parlamentar. Carlos I disse que aceitava a imposição, mas não a
cumpriu. Quando a reunião parlamentar do ano seguinte condenou sua política religiosa e o aumento dos
impostos, o rei dissolveu o Parlamento e governou sem ele durante onze anos. As decisões que tomou durante
esse tempo provocaram protestos em toda a Inglaterra.
A revolta começou na Escócia, com a tentativa de imposição do anglicanismo aos puritanos e presbiterianos, e
logo se espraiou. Os rebeldes, que se negaram a pagar os novos impostos instituídos por Carlos I, foram
condenados pelos tribunais reais em 1639 e 1640.
Em 1640, os problemas financeiros obrigaram o rei a convocar o Parlamento; este só funcionou durante um
mês, pois foi dissolvido ao negar-se a aumentar os impostos, como queria Carlos I. Ainda nesse mesmo ano, foi
reunido um novo Parlamento, que, durante os dezoito meses seguintes, transformou a administração da
Inglaterra, perseguiu ministros do rei e passou a controlar a convocação do exército e a política religiosa.
Em 1641, a eclosão de uma revolta separatista na Irlanda forçou a organização de um exército, cujo comando
foi negado ao rei. Tornou-se, então, obrigatória a reunião do Parlamento pelo menos a cada três anos, e o rei
perdeu o direito de dissolvê-lo.
Ainda em 1641, o Parlamento dividiu-se entre alguns líderes radicais (que queriam desapropriar as terras dos
senhores religiosos) e a aristocracia unida aos burgueses capitalistas conservadores (que se sentiram
ameaçados pelo povo e voltaram-se para o rei, “encarnação" da ordem e da segurança). Aproveitando-se disso,
Carlos I tentou recuperar seu poder, indo contra as medidas parlamentares. Começou então a guerra civil, no
início de 1642.
O comando do exército parlamentarista foi dado a Cromwell, que revolucionou a organização militar da época,
tornando-a muito mais eficiente. A ascensão aos postos começou a ser feita por merecimento, e não por
nascimento, como antes. O povo pôde participar da revolução, pois foi organizado em grupos para discutir os
problemas mais importantes. Embora precisasse dele na sua luta contra o rei, a burguesia começou a temê-lo,
vendo que o povo começava a influir no curso dos acontecimentos.
O exército de Cromwell foi influenciado durante algum tempo pelas ideias democráticas de certos grupos
artesãos, os “niveladores", que não conseguiram, no entanto, convencê-lo de suas ideias radicais. A sua luta
pelo poder favoreceu o aparecimento dos “escavadores", proletários urbanos e rurais que não possuíam terras.
Muito disciplinado, o exército de Cromwell tornou-se uma força política poderosa: ocupou cidades, pôs em fuga
líderes do Parlamento e assumiu o controle da situação - destituiu a Câmara dos Lordes, aprisionou e depois
mandou decapitar em praça pública o rei. A guerra civil culminou com a implantação da República, em 1649.
4. Commonwealth
Com a República, começou a segunda fase da Revolução Puritana, a Commonwealth. Em poucos anos,
Cromwell venceu Carlos II (filho de Carlos I) e dominou todo o Império Britânico. O “ Ato de Navegação",
baixado em 1651 (os produtos importados pela Inglaterra só podiam ser transportados por navios britânicos ou
pertencentes aos países produtores), provocou a luta com os Países Baixos, cujo comércio se baseava no
transporte de mercadorias. Esse ato permitiu que fosse estabelecida a supremacia inglesa nos mares.
Cromwell governou com intolerância e rigidez, impondo a todos as suas ideias puritanas. Em 1649, quando os
escavadores se apossaram de terras no condado de Surrey e começaram a explorá-las, para demonstrar que
elas lhes pertenciam, foram dizimados pelos soldados da República. O mesmo movimento surgiu em outras
regiões da Inglaterra, mas em todas elas foi reprimido. Quando, em 1653, o Parlamento tentou limitar seu
poder, Cromwell dissolveu-o e fez-se proclamar “Protetor" da Inglaterra, Escócia e Irlanda. A partir daí governou
com plenos poderes até a sua morte, em 1658.
Sucedeu-o seu filho Ricardo, que, não tendo as qualidades do pai, foi considerado incapaz e destituído do poder
em 1659. Os burgueses desejavam a segurança, e os irlandeses e escoceses, a volta da realeza. O Parlamento
procurou, então, Carlos II, que estava refugiado na Holanda. Ao ser restaurado no poder em 1660, Carlos II
prometeu a anistia geral, a tolerância religiosa e o pagamento ao exército. Embora tudo parecesse continuar
como antes, o Estado tinha sido reorganizado em outras bases: o rei era agora uma espécie de funcionário da
nação, a Igreja Anglicana deixou de ser um instrumento do poder real e a burguesia já estava bem mais
poderosa que a nobreza.
5. A Revolução Gloriosa
Sentindo-se totalmente limitado pelo Parlamento (que legislava sobre as finanças, a religião e as questões
militares), Carlos II uniu-se secretamente a Luís XIV da França, rei católico e absolutista, o que o tornou
suspeito ao Parlamento. Desse momento em diante, o rei não pôde mais interferir na política europeia sem o
consentimento parlamentar.
Seu irmão e sucessor, Jaime II, era católico e amigo da França. Como tomara várias medidas a favor dos
católicos, o Parlamento revoltou-se e chamou Maria Stuart e seu marido, Guilherme de Orange, dos Países
Baixos, para assumir o governo em lugar do rei, que fugiu para a França.
Guilherme só foi proclamado rei (com o nome de Guilherme III) depois de ter aceitado a Declaração de Direitos,
que limitava muito a sua liberdade e dava ainda mais poder ao Parlamento: o rei não podia revogar as leis
parlamentares e o próprio trono podia ser dado pelo Parlamento a quem lhe aprouvesse, após a morte do rei
em função; as reuniões parlamentares e as eleições seriam regulares; o orçamento anual seria votado pelo
Parlamento; inspetores controlariam as contas reais; os católicos foram afastados da sucessão; a manutenção
de um exército permanente em tempo de paz foi considerada ilegal. Todas as decisões passaram a ser
tomadas pelos ministros, sob a autoridade do lorde tesoureiro. O Tesouro passou a ser dirigido por funcionários
que, na época das guerras, orientavam a política interna e externa. Em 1694, foi criado o Banco da Inglaterra,
para emprestar dinheiro ao Tesouro e aconselhar seus funcionários.
Ficou assim organizado o tripé do desenvolvimento do capitalismo inglês, montado pela burguesia: o
Parlamento, o Tesouro e o Banco da Inglaterra. E terminada, sem derramamento de sangue, a Revolução
Gloriosa marcou a ascensão da burguesia ao controle total do Estado. Nesse sentido, ela pode ser considerada
o complemento da Revolução Puritana.
Uma vez estabelecida no poder, a burguesia fez com que fossem retirados os obstáculos à sua expansão: a
terra foi liberada para os comerciantes e completou-se a expulsão dos rendeiros. O desenvolvimento da
Inglaterra, depois disso, foi enorme.
No século XVI, enquanto Portugal e Espanha dominavam e monopolizavam as ricas regiões tropicais da
América, as expedições inglesas não passavam de explorações no Novo Mundo. De fato, a colonização inglesa
na América teve início no século XVII, e à Inglaterra não sobraram terras ricas e em abundância. Em
comparação com as colônias luso-espanholas, as colônias da Inglaterra eram pobres e pouco desenvolvidas,
pois localizavam-se em áreas de pouco ou quase nenhum interesse econômico para o mercantilismo reinante
naquela época.
Derrotados pela França na Guerra dos Cem Anos (1337 a 1453), os ingleses acabaram mergulhando em uma
guerra civil – a Guerra das Duas Rosas (1455 a 1485) –, que somente teve fim com a ascensão da Dinastia
Tudor, a qual realizara a centralização do poder político.
Durante o reinado dos Tudors (1485 a 1603), com os reis Henrique VII, Henrique VIII e Isabel I, teremos a
consolidação do absolutismo na Inglaterra.
Com a morte de Isabel I, que não deixou herdeiros, deu-se a ascensão da Dinastia Stuart, da Escócia. O reinado
dessa dinastia ocupou, praticamente, todo o século XVII e foi marcado pelos constantes conflitos entre o rei e o
Parlamento.
Como meio de se impor ao Parlamento, os Stuarts iniciaram violentas perseguições aos burgueses. Esse
período de conflitos é denominado Revolução Inglesa e abrange: a Revolução Puritana, de 1642 a 1649; a
Revolução Gloriosa, de 1688, que colocou a burguesia definitivamente no poder na Inglaterra.
Para muitos, ficar na Inglaterra era arriscado. Preferiram recomeçar a vida do outro lado do Atlântico, o que
acabou impulsionando, ainda mais, a colonização da América.
O mapa
indica as
datas
principais do
processo
explorador e
colonizador
inglês na
América, que
foi resultado
de quase um
século e meio
de
expedições.
Como vimos, durante a Dinastia Tudor, não foi dado um grande impulso colonizador. A preocupação dos reis
dessa dinastia estava voltada mais para a consolidação do poder real, condição básica para as Grandes
Navegações.
Durante o governo de Henrique VII, John Cabot (Giovanni Caboto) realizou a primeira expedição oficial do
governo inglês, em 1497, em busca de uma rota para as Índias, e acabou morrendo durante a segunda
tentativa, em 1498. Seu filho, Sebastian, continuou a busca iniciada pelo pai na Baía de Hudson, entre 1508 e
1509.
A tentativa de Cabot foi frustrada, mas acabou servindo, mais tarde, de fundamento para a Inglaterra
reivindicar a sua parte dos territórios americanos.
O reinado de Elizabeth, marcado pelas rivalidades com a Espanha, intensificou as viagens à América,
estimuladas pelos saques e pelo contrabando nas Antilhas.
Em 1585, Walter Raleigh, com permissão da rainha, armou uma expedição para a América e fundou a colônia
da Virgínia. A experiência fracassou, em 1587, pois os colonizadores não resistiram aos ataques indígenas.
A colonização efetivou-se durante o reinado dos Stuarts, que favoreceu a criação das Companhias de Comércio,
entregando a estas o monopólio do comércio e da colonização do Novo Mundo, além de conceder doações de
propriedades.
Em 1606, a London Company, propriedade de Sir Thomas Smith, recebeu o direito de plantar e explorar a
Virgínia. Mais tarde, a companhia passou a ser denominada Virginia Company. A expedição foi comandada pelo
capitão John Smith. Apesar dos esforços e do desenvolvimento da plantação de tabaco, as mortes se
avolumavam entre os colonos. O empreendimento foi considerado um fracasso e, em 1624, a Virginia Company
foi dissolvida e o território voltava a ser uma colônia real.
Nessa mesma época, a Plymouth Company recebeu o direito de exploração no Norte, na região próxima ao
Canadá, que posteriormente foi denominada Nova Inglaterra.
Esse território foi ocupado, efetivamente, a partir de 1620, quando o navio Mayflower desembarcou um
pequeno grupo de povoadores de origem puritana (calvinistas), que fugiam às perseguições político-religiosas.
Desse núcleo teve origem a colônia de Massachusetts.
A partir da colônia de Massachusetts, formaram-se as colônias de: Rhode Island, reconhecida por Carlos I em
1644; Connecticut, reconhecida em 1662; New Hampshire, reconhecida em 1679.
Colônias do Sul
Em 1632, George Calvert (Lorde Baltimore) recebeu o privilégio de fundar uma colônia ao norte da Virgínia:
nascia Maryland, um refúgio para os católicos perseguidos na Inglaterra. A Carolina foi fundada a partir de uma
doação real feita a oito nobres, em 1663. Originalmente estava dividida em três jurisdições, mas, em 1729,
após uma sublevação de colonos contra o governo local, foi dividida em dois governos: Carolina do Norte e
Carolina do Sul.
A Geórgia, localizada no extremo sul da ocupação inglesa, foi a última colônia a ser fundada. Em 1729, foi
concedida por George II a um militar e acabou transformando-se em um refúgio aos presos por dívidas.
Nova York, Nova Jersey, Delaware e Pensilvânia compõem as colônias do centro do território ocupado pela
Inglaterra na América.
Para evitar conflitos entre o Norte e o Sul, ficou estabelecida uma região, pertencente à Coroa Inglesa,
denominada "Terra de Ninguém", entre os paralelos 38 e 41 graus.
Os holandeses se aproveitaram da ausência de colonos ingleses e, sob orientação da Companhia das Índias
Ocidentais, fundaram nesse território Nova Amsterdã e o Forte Orange, dando início à colônia de Nova
Holanda, que abrigava colonos de diferentes origens (finlandeses, alemães, suecos e negros livres).
A ida de puritanos para a região desencadeou um processo de lutas entre holandeses e ingleses, que terminou
em 1664, quando os holandeses aceitaram a supremacia da Coroa Inglesa. A região foi cedida ao Duque de
York. Mais tarde, o duque dividiu o território de Nova York com Sir George Cartaret, originando Nova Jersey,
que, após a falência, em 1702, foi transformada em colônia real.
A Pensilvânia resultou da doação de um vasto território concedido por Carlos II a William Penn, em 1681, líder
de uma seita nascida na Inglaterra, os quakers. Tal doutrina pregava a igualdade, o pacifismo e a humildade
como regras de vida, estabelecendo que a salvação divina estendia-se a todos, sem distinção de status social.
Ao formar sua colônia, Penn prometeu garantir liberdade de pensamento e participação política a todos os
colonos.
Delaware nasceu da compra de um território pertencente a Nova York por William Penn, em 1682, visando
garantir passagem livre para o Oceano Atlântico. Em 1701, com a assinatura das Cartas de Liberdade,
Delaware tornava-se independente da Pensilvânia.
Escravos
numa
plantação
de
algodão.
As colônias do Norte e do Centro compunham o grupo das colônias de povoamento. Formadas em territórios de
clima temperado, essas colônias foram marcadas pelo desenvolvimento da pequena e da média propriedades,
pela policultura e pelo trabalho livre. Quando muito, utilizava-se como forma de trabalho a servidão
temporária (indentured servant), que consistia na aquisição de trabalhadores brancos por um pequeno
período, mediante o pagamento das passagens destes da Europa para a América.
Os limites impostos pelo clima fizeram com que, nessas colônias, além da pequena produção agrícola, se
desenvolvessem as indústrias manufatureira e de peixe salgado e o extrativismo vegetal.
Não havendo uma economia rica o suficiente para despertar a cobiça da Coroa, praticamente nesses territórios
inexistia a rigidez do Pacto Colonial. Com isso, houve a possibilidade de formação dos triângulos comerciais,
que interligavam a Nova Inglaterra, a qual negociava seus produtos com as Antilhas e a África. O resultado
dessas transações era a obtenção de vários produtos e a comercialização de escravos pela Nova Inglaterra,
propiciando a acumulação de capital, o desenvolvimento manufatureiro e o fortalecimento de uma burguesia
na região.
Os territórios do Sul formaram as colônias de exploração, que se estabeleceram em regiões de clima tropical e
subtropical, com base na grande propriedade agrícola, monocultora e escravista – a plantation. A sua produção
era totalmente voltada para as necessidades da economia metropolitana.
5. A administração inglesa
O autogoverno (self-government) talvez seja a característica mais significativa no processo de
desenvolvimento das colônias norte-americanas. Esse self-government remonta a uma tradição inglesa
formada com as revoluções do século XVII, de manutenção dos direitos fundamentais dos homens livres.
Essa mentalidade foi transportada para a América pelos colonos ingleses e logo se refletiu na importância dada
à autonomia política local.
A tolerância religiosa também fez parte do processo colonizador inglês na América, já que, entre as colônias
fundadas, muitas tiveram origens religiosas que não necessariamente eram a religião do rei.
Os governadores de cada colônia eram nomeados pela Coroa, porém, geralmente, saíam das elites locais. Seus
poderes eram limitados pelas Assembleias locais e seus salários eram pagos pelos próprios colonos.
Em termos econômicos, à Coroa cabia o exercício do monopólio comercial e a criação de moedas e leis que
impedissem o desenvolvimento da indústria e navegação, a fim de evitar a concorrência entre metrópole e
colônias.
Módulo 44 - Absolutismo francês
1. Introdução
No final do século XV e início do XVI, a monarquia francesa era uma das mais fortes no contexto europeu. Em
1494, a França tinha a extensão de 459 mil km 2; em 1559, tinha 465 mil km 2. Os limites dos Estados eram
imprecisos e geravam inúmeras discussões. A população girava em torno de 18 milhões de habitantes, tendo a
Espanha de 8 a 10 milhões e a Inglaterra por volta de 4 milhões na mesma época.
Na área territorial do país, os grandes feudos, imunes ao poder real, desapareciam progressivamente. Em
1523, os territórios do Duque de Bourbon, no Maciço Central, foram confiscados.
A partir da política interna, desenvolveram-se as relações exteriores: Carlos VIII (1483-1498), Luís XII (1498-
1515) e Francisco I (1515-1547) preocuparam-se em expandir as fronteiras do reino, embora nem sempre com
êxito.
Esses reis, completando a obra dos ancestrais dos últimos três séculos, organizaram a corte e o poder central.
Em torno do rei, aglomeravam-se os conselheiros: príncipes, senhores feudais, bispos e militares. Esses nobres
foram atraídos à corte, deixando suas propriedades para viver junto ao monarca.
Henriqu Henriqu
e de e IV, o
Guise, iniciador
chefe da
da Liga Dinastia
Católica Bourbon
. .
Francisco I, o
rei que
assinou a
Concordata
de Bolonha.
A grande dificuldade do exercício do poder estava nas províncias. A efetivação das ordenações reais
encontrava nessas áreas sérios obstáculos: a oposição dos senhores, ciosos de suas prerrogativas; as
liberdades das províncias, que vinham da Idade Média; os privilégios adquiridos de longa data pelas cidades e
vilas; a distância que separava as regiões e colaborava para o isolamento, em decorrência das condições
difíceis de comunicação. Mesmo assim, a organização progrediu. A distribuição da justiça foi melhorada, com a
criação de dois tribunais chamados Parlamentos, que funcionavam em Rennes e Aix-en-Provence, limitando
bastante a justiça feudal e eclesiástica. A ordenação de 1539 substituiu o latim pelo francês na redação dos
julgamentos e atas notárias.
No setor financeiro, foi criado o Tesouro Central, incumbido de receber as contribuições tributárias. Em 1542
foram instituídas as Intendências, encarregadas de arrecadar os impostos localmente. O problema
fundamental dessa administração era o cargo vitalício e hereditário. Um administrador não podia ser afastado
de seu cargo, podendo transferir a terceiros ou deixar a herança a quem designasse.
Pela Concordata de Bolonha, realizada em 1516, o rei Francisco I adquiriu o direito de nomear os bispos e
abades do reino. Havia a necessidade de confirmação papal, mas tratava-se de mera formalidade. O alto clero
passou a ser controlado pelo rei, sendo dele dependente.
3. As guerras de religião
Depois de Henrique II (1547-1559), sucessor de Francisco I (1515-1547), o poder real esfacelou-se em virtude
das guerras religiosas. Por volta de 1520, apareceram na França os primeiros protestantes. Seu número
aumentou rapidamente em todas as camadas sociais, mas principalmente entre os burgueses e nobres opostos
à centralização excessiva do poder real. A França tinha 18,5 milhões de habitantes, dos quais os protestantes
representavam apenas 1,5 milhão. Com Francisco II (1559-1560), o poder era exercido praticamente pela
família De Guise, que liderava o partido católico.
Os protestantes tentaram atrair o rei para o seu partido, durante a Conspiração de Amboise, que terminou com
uma violenta reação católica de Antônio de Guise, massacrando os protestantes em Vassy. Com a ascensão de
Carlos IX (1560-1574), menor de idade, as coisas se complicaram ainda mais. A rainha-mãe, Catarina de Médici,
tentava conduzir a política do trono equilibrando-se entre protestantes e católicos.
Catarina de
Médici, a
mãe de
Carlos IX,
que, junto
com o líder
católico
Henrique
de Guise,
armou a
trama da
Noite de
São
Bartolomeu
.
O casamento de um príncipe da casa Bourbon com a rainha protestante de Navarra abriu perspectiva para que
o herdeiro, Henrique de Navarra e Bourbon, pudesse chegar ao trono. O medo de uma conspiração protestante
levou Catarina de Médici e o líder católico De Guise a convencerem Carlos IX de que havia uma conspiração
protestante. Dois mil protestantes foram assassinados na Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de
1572, entre os quais estava o almirante Gaspar de Coligny. A guerra entre os dois partidos tornou-se violenta,
com a participação de voluntários de toda a Europa, exortados pelo papa.
A guerra
religiosa na
França, no
século XVI,
culminou
com o
massacre de
centenas de
protestantes
na Noite de
São
Bartolomeu.
Com a ascensão de Henrique III (1574-1589), irmão de Carlos IX, continuava a tutela exercida pela "Santa Liga
Católica", de Catarina de Médici e da família De Guise. Amedrontado, Henrique III mandou assassinar Henrique
de Guise, provocando uma rebelião dos católicos. Apoiado por Henrique de Navarra, líder protestante, Henrique
III tentou reconquistar Paris, mas foi assassinado. Seu herdeiro legal era Henrique de Navarra, que precisou
abjurar o protestantismo para ascender ao trono. A frase "Paris bem vale uma missa", pronunciada pelo rei,
confirmou seu interesse pelo poder.
Dessa forma, teve início a Dinastia Bourbon, em substituição à Dinastia Valois. Pelo Edito de Nantes (1598), o
novo rei, Henrique IV (1589-1610), concedeu liberdade religiosa aos protestantes, dando-lhes o direito de
manter algumas praças-fortes.
O Cardeal de Richelieu foi figura
fundamental para o absolutismo francês.
Quando Henrique IV morreu, subiu ao trono Luís XIII. Seu governo foi inicialmente conduzido por Maria de
Médici e pelo primeiro-ministro, Cardeal de Richelieu, que tomou as primeiras medidas no sentido de conseguir
a centralização do poder e de tornar a França uma potência na Europa.
Internamente, perseguiu nobres e protestantes que colocassem em risco o poder real. Destruiu a fortaleza
(praça-forte) de La Rochelle, onde os protestantes se refugiavam, acabando com seus direitos políticos e
militares e mantendo apenas sua liberdade de culto.
Externamente, participou da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) para diminuir o poder dos Habsburgos e
garantir os interesses da França na Europa.
A teoria do poder absoluto, em franco progresso, delineou os princípios fundamentais do poder de fato e de
direito divino. O rei era apresentado como representante de Deus na Terra, estabelecendo o caráter sagrado do
seu poder.
O cardeal
italiano Giulio
Mazzarino,
sucessor de
Richelieu no
cargo de
primeiro-
ministro,
durante a
menoridade
de Luís XIV.
Luís XIII,
tutelado pelo
Cardeal de
Richelieu,
faleceu com
pouca idade.
Na política interna, Mazzarino conviveu com uma guerra civil que se alastrou por mais de quatro anos,
conhecida como as guerras da Fronda, em que a burguesia de Paris e a nobreza lutavam contra a excessiva
centralização imposta pelo cardeal.
Com a morte de Mazzarino, em 1661, Luís XIV assumiu as funções de rei e ministro, fazendo recuar as
instituições governamentais que cresceram na época do ministério de Mazzarino. Afastou dos altos postos do
governo os ministros permanentes e os conselhos, base do governo no período anterior, relegados a um plano
secundário. Dirigiu o Estado com o auxílio de secretários e do diretor-geral das finanças, Colbert, alcançando
em seu governo o auge do absolutismo. Era visto como herói, protetor das artes, defensor da Igreja, legislador
e defensor dos fracos contra os fortes.
Luís XIV, o Rei-Sol, considerado o maior de todos os reis Bourbons.
Por meio das lettres de cachet (cartas régias) e dos comissários, o rei impôs sua vontade aos particulares e às
instituições. O Exército mercenário, pago pelo Estado e a serviço do rei, garantia a execução das leis. Suas
ideias absolutistas foram sintetizadas na célebre frase "L'État c'est moi" (o Estado sou eu).
No plano social, Luís XIV promoveu a ascensão da burguesia, escolhendo seus ministros nesta classe.
Equiparou os grandes ministros aos nobres tradicionais. A nobreza foi domesticada, atraída a Versalhes, onde
se arruinou pelo luxo da corte, incompatível com suas rendas reduzidas. Os nobres que se acercavam do rei
obtinham pensões, postos de comando no Exército e o direito de governar províncias. A guerra era um meio de
lhes dar condições de subsistência. Em suma, o rei equilibrava-se sobre as duas ordens sociais, com ligeiro
favoritismo para a burguesia.
O luxo francês
Por causa do caráter absolutista do governo de Luís XIV, a política econômica na França foi colocada em prática
pelo chefe do ministério, Jean-Baptiste Colbert, que via no mercantilismo “não um fim em si mesmo, mas o
meio mais conveniente de aumentar a riqueza e o poder do Estado".
Colbert tinha plena certeza de que a riqueza de um país dependia da quantidade de ouro e prata acumulados,
a ponto de afirmar que os metais constituíam “o sangue da economia, o sangue do próprio Estado". Por essa
razão, adotou uma série de medidas, tais como: a proibição à exportação de metais; o desenvolvimento da na
ve gação; o crescimento do Império Colonial Francês, buscando melhorar a balança comercial; a criação de
várias companhias de comércio.
Os franceses apoiaram suas atividades comerciais na produção de artigos de luxo destinados à exportação e
também de seus produtos agrícolas. Assim, o mercantilismo francês mereceu a rotulação de essencialmente
industrial, denominando-se colbertismo.
Apesar de todo o incentivo dado ao desenvolvimento das indústrias nacionais, consistente na importação de
mão de obra especializada e nos subsídios concedidos às empresas privadas, a carestia dos produtos
industriais, fruto das constantes guerras empreendidas pelo monarca Luís XIV, o Rei-Sol, acabou debilitando a
economia francesa. Entretanto, apesar das profundas críticas tecidas pelos economistas liberais contra Colbert
logo após sua morte, subsistiu na França uma marinha reconstituída, uma legislação comercial mais atualizada
e uma moderna e prós pera tecelagem.
A historiografia atual reconhece o gênio de Colbert, justificando os limites de sua obra em razão das
instituições e das ideias de seu tempo.
Ministro Colbert da França
Política externa e fim do governo
No plano internacional, a França adotou uma política de constante agressão aos países vizinhos, em busca da
hegemonia europeia, o que desestabilizou as finanças francesas. A revogação do Edito de Nantes, em 1685,
acabou debilitando ainda mais o erário francês, pois provocou a saída de quase 200 mil huguenotes do país,
em sua maioria ligados à economia: industriais, comerciantes, artesãos etc.
5. Cronologia
1453: Fim da Guerra dos Cem Anos.
1598: Promulgação do Edito de Nantes, por Henrique IV, dando liberdade religiosa aos
protestantes na França.
Considerado por muitos o pai das fábulas modernas, Jean de La Fontaine (1621-
1691) acrescentava uma forte carga moral em seus escritos.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Tr%C3%AAs_Mosqueteiros)