Criança Feliz - Um Balanço Crítico de Sua Implementação
Criança Feliz - Um Balanço Crítico de Sua Implementação
Criança Feliz - Um Balanço Crítico de Sua Implementação
– um Balanço Crítico de
sua Implementação com
Ênfase nos Municípios
Alexandre Abdal1
Resumo
O presente artigo realiza uma reflexão crítica sobre a implementação do
Programa Criança Feliz (PCF) pelos municípios. Criado em 2017 pelo Governo
Federal, o PCF está presente em, aproximadamente, 2.800 municípios brasilei-
ros e visa a promoção do desenvolvimento integral da criança e de sua família
ao longo da primeira infância mediante visitas domiciliares e consideração do
contexto de vida das famílias atendidas. O seu público prioritário são famílias
com gestantes e/ou crianças até três anos atendidas pelo Programa Bolsa Família e
famílias com crianças até seis anos atendida pelo Programa de Prestação Continuada.
Metodologicamente, esta reflexão crítica foi construída a partir de metodologias
qualitativas de pesquisa (entrevistas e observação direta) realizadas em três
municípios de estados do Centro-Oeste brasileiro, a partir de minha participa-
ção como consultor do Projeto 914BRZ3002 – Apoio ao Programa Bolsa Família e
ao Plano para a Superação da Extrema Pobreza do, à época (2018-19), Ministério do
Desenvolvimento Social. Os aspectos do PCF discutidos são: (i) os seus traba-
lhadores (coordenadores, supervisores e visitadores); (ii) a sua implementação
Introdução2
O presente artigo tem, por objetivo, produzir uma reflexão crítica sobre a
implementação do Programa Criança Feliz (PCF), criado em 2017 pelo Governo
Federal. O principal insumo para este artigo foi a minha colaboração, como
consultor, ao Projeto 914BRZ3002 – Apoio ao Programa Bolsa Família e ao Plano
para a Superação da Extrema Pobreza realizado por parceria entre o Ministério
do Desenvolvimento Social (MDS), atual Ministério da Cidadania (MCid), e a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A
minha participação no projeto ocorreu durante o segundo semestre de 2018 e
janeiro de 2019 e implicou no trabalho de campo em três municípios de um estado
do Centro-Oeste brasileiro3 nos meses de setembro e outubro de 2018.
Do ponto de vista metodológico, o trabalho de campo realizado esteve orien-
tado para a avaliação do processo de implementação do PCF pelos municípios,
estando majoritariamente baseado em métodos qualitativos de pesquisa. Foi dese-
nhado como um estudo de casos múltiplo e exploratório e empregou técnicas de
entrevistas semiestruturadas, observação direta e conversas informais individuais
ou em grupo com os agentes locais do PCF4. A unidade de análise foi o município
e as unidades de observação (informantes) foram os atores municipais relacionados
à implementação do PCF (coordenadores/gestores, supervisores e visitadores) por
um lado, e visitas domiciliares e famílias beneficiárias, por outro. Permaneci uma
semana em cada município, com pelo menos três dias de cada uma dedicada inte-
gralmente à observação direta do trabalho de visitação e interação visitador-família.
Destaco que as realidades locais dos três municípios observados são bas-
tante diferentes, sendo um de porte pequeno (menos de vinte mil habitantes), um
de porte médio (aproximadamente cem mil habitantes) e outro de grande porte
(quase um milhão de habitantes). Outras diferenças importantes, além do porte,
são estrutura produtiva e ocupacional, dimensão da área rural e incidência de
pobreza. Dentre as semelhanças, destaco patamar mínimo de estruturação da
Assistência Social, com os três municípios figurando entre os pioneiros na imple-
mentação do PCF. Em parte, as diferenças entre os municípios explicam-se pelo
método de seleção das unidades de observação: amostragem não probabilística
visando abarcar a maior variabilidade do fenômeno de interesse5.
O artigo está organizado em cinco seções, além desta introdução e uma
conclusão com recomendações ao final. A próxima e primeira seção apresenta o
PCF. As seções de dois a cinco discutem os seguintes aspectos do PCF: (i) traba-
lhadores e equipes; (ii) implementação e seus ciclos; (iii) funcionamento e dinâ-
mica, primeiro, com ênfase na visitação e, depois, na intersetorialidade.
5 Sobre vantagens e limites da amostragem não probabilísticas ver Howard Becker (2007).
6 Esta seção está baseada em Ministério do Desenvolvimento Social (2017a; 2017b; 2017c).
7 Conforme dados do próprio Ministério da Cidadania (MCid) disponíveis em sua página na inter-
net: http://mds.gov.br/assuntos/crianca-feliz/crianca-feliz/o-crianca-feliz.
até três anos e as suas famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF); (ii)
crianças de até seis anos e as suas famílias beneficiárias do Benefício de Prestação
Continuada (BPC); e (iii) crianças de até seis anos afastadas do convívio familiar
por medidas de proteção.
Atualmente, o PCF é coordenado pelo MCid e possuí desenho interfedera-
tivo e intersetorial. A sua implementação depende de coordenação vertical (entre
diferentes níveis de governo) e horizontal (entre diferentes políticas setoriais).
Integra União, estados e municípios, por um lado, e assistência social e combate
à pobreza com saúde, educação, cultura e direitos humanos, por outro. Cada um
dos entes coordena, articula a intersetorialidade, planeja e acompanha o Programa
em seu âmbito e, também, coordena, respectivamente, um Comitê Gestor especí-
fico e o Grupo Técnico Interministerial, estadual ou municipal. União e estados
também fornecem orientações técnicas e metodológicas, apoio técnico e de capaci-
tação e informações sobre o público alvo para os municípios. Os municípios, entes
da ponta, são os responsáveis últimos pela sua execução, formam e capacitam as
equipes de visitadores e planejam e realizam os acompanhamentos por meio de
visitação domiciliares. A equipe municipal básica do PCF consiste em coordena-
dor, supervisores e visitadores8.
Os eixos centrais do PCF são intersetorialidade, territorialidade, e foco na
família mediante estratégias de visitação domiciliar. Enquanto Programa inter-
setorial, o PCF articula as ações de assistência social com saúde, educação, cul-
tura, direitos humanos e combate à pobreza, estando diretamente integrado aos
programas de enfrentamento da pobreza, como o PBF e o BPC, ao mesmo tempo
em que reforça e potencializa ações da política de Assistência Social voltadas
à primeira infância no âmbito do SUAS, como a Proteção Social Básica (PSB), a
Proteção Social Especial (PSE) e os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
Enquanto Programa territorializado, o PCF tem os CRAS como unidades centrais
em seu arranjo institucional, uma vez que os Centros são os locais responsáveis
pela gestão do território da rede socioassistencial de PSB e pela oferta do Programa
de Atenção Básica à Família (PAIF). Em geral, é nos CRAS que as equipes do PCF
estão lotadas, sendo a partir deles e de seus territórios que as visitas do PCF são
planejadas e realizadas.
8 Pode-se afirmar que o PCF funciona em arranjo institucional específico, com União responsável
pela formulação, estabelecimento de metas e financiando o PCF e entes subnacionais, municípios
à frente, implementando-o. Ver Marta Arretche (2012) e Renata Bichir et al (2020).
9 Ver Care for Children Development (Unicef, 2012) e a sua tradução feita pelo MDS: Cuidados para o
Desenvolvimento da Criança (CDC): notas do multiplicador (MDS, sem data).
10 Exemplos de trabalhos disponíveis que levam a cabo algum tipo de investigação empírica do PCF
são: Natália Montoya et al (2018) e Ronan Gaia et al (2019).
11 Exemplos: Aldaíza Sposati (2017), Carolina Capilheira (2018), Lisete Arelaro e Janaina Maudonnet
(2017), Jucemeri Silveira (2017) e Paula Fonseca (2017).
12 Nos municípios pesquisados, a renda mensal dos visitadores variava entre R$ 1.200,00 e R$
1.300,00.
13 A meta era de 100 indivíduos no município pequeno, 700 no médio e 1.900 no grande.
Público-alvo do PCF
(demanda potencial global)
Famílias efetivamente
atendidas pelo PCF (meta)
Lado A Lado B
Município médio e grande: continuidade do
Município pequeno: interrupção do
atendimento de famílias com recém-nascidos
atendimento de famílias com recém-nascidos
Heterogeneidade: independente de constar no sistema
até que conste no sistema
municípios Município pequeno e médio: não
Município grande: ajustamento do visitador à
ajustamento da jornada do visitador à
jornada de 6 horas, própria da SAS
jornada de 6 horas
Município médio, supervisor 1: lançamento Município médio, supervisor 2: lançamento
Heterogeneidade:
semanal das visitas no sistema, sempre a sem periodicidade definida das visitas no
supervisores
partir da SAS sistema, preferencialmente a partir do CRAS
Município médio, CRAS X, visitador 1
Município médio, CRAS X, visitador 2:
Heterogeneidade: (ex-agente comunitário de saúde):
valorização da capacitação da família para
visitadores valorização do acompanhamento da saúde
confecção de seus próprios brinquedos
durante a visita
Fonte: trabalho de campo. Elaboração: Alexandre Abdal
14 Para uma discussão aprofundada do burocrata de nível de rua ver Gabriela Lotta (2012).
15 Ver, por exemplo, Enrique Saravia e Elizabete Ferrarezi (2006), Celina Souza (2006), Michael
Howlett et al. (2013) e Gabriela Lotta (2019).
Dimensão Descritivo
Tempo de duração da visita não é uniforme. Por diferentes motivos (engajamento da
família, disposição e pressa ou pontualidade do visitador, número de visitas por dia, tempo
Tempo de visita de deslocamento entre uma família e outra etc.), visita varia entre 20 e 50 min. Não foi
detectada a percepção de que visitas menores de 40 min. interfiram nos resultados do
Programa em termos de desenvolvimento infantil (desde que a família esteja engajada).
Apesar de recomendações do CDC, visitadores adaptam o local de realização da visita às
Local de realização da
características do domicílio e do terreno, condições climáticas e disposição das famílias em
visita
seguir recomendações.
Preocupação com bem- Grau de preocupação com bem-estar de toda a família varia por visitador. Alguns chegam
estar geral da família a dedicar quase metade da visita sobre bem-estar de cada membro da família.
Sobretudo os visitadores que passaram pela área da saúde, por exemplo, como agentes
Preocupação com comunitários, conferem maior atenção a questões relativas à saúde da criança, do
saúde da família cuidador e/ou de toda a família. Nesses casos, visitador acompanha vacinação, peso e
altura, doenças em geral, idas ao posto, escovação dos dentes etc.
Preocupação com Há visitadores bastante preocupados com entorno da família atendida, buscando conhecer
família expandida condições dos agregados e vizinhos e dedicando parte da visita para isso. Alguns, utilizam
(agregados e vizinhos) isso para busca ativa.
Disposição de flexibilizar a aplicação do CDC varia entre visitadores. Alguns entendem
Disposição em a visita exclusivamente como aplicação do CDC e apresentam pouca disposição para
flexibilizar o CDC questões relativas a vizinhos, saúde ou bem-estar da família. Esses visitadores seguem o
CDC o mais próximo possível, ao passo em que estão menos atentos a encaminhamentos.
continua...
Dimensão Descritivo
Cada visitador lida de uma forma específica com os brinquedos. Há desde aqueles
que possuem “os seus” brinquedos e nunca os deixam com as famílias até aqueles que
Relação com
emprestam brinquedos às famílias. Há aqueles que valorizam a atividade (brincar)
brinquedos
durante a visita e há aqueles que valorizam as famílias confeccionarem os seus próprios
brinquedos.
O grau de engajamento das famílias e cuidadores no PCF condiciona as possibilidades de
Grau de envolvimento, realização das atividades da visita segundo o CDC. Famílias/cuidadores pouco engajados
mobilização e estão menos dispostos a realizar as atividades, implicando desde menor propensão
engajamento das à pontualidade e recepção do visitador nos dias e horários combinados, passando
famílias com o PCF por ausência de disposição em arrumar local da visita e a criança, chegando ao baixo
engajamento na atividade proposta. Nesses casos, a execução do CDC fica prejudicada.
Embora periodicidade do atendimento a gestantes seja mensal, alguns visitadores acabam
por fazer um acompanhamento semanal delas. Isso ocorre por algum tipo de voluntarismo
Gestantes
do visitador associado, por exemplo, à cobranças da própria gestante e/ou à gestante já ter
outro filho sob atendimento semanal.
Fonte: trabalho de campo. Elaboração: Alexandre Abdal
16 Em média, cada visitador com jornada de oito horas por dia deve acompanhar 30 famílias por
semana. Se a jornada cair para seis horas, a meta de atendimento semanal é de 24.
Dimensão Descritivo
Como o CRAS não possui recursos humanos para estar presente em todo o seu território
PCF como olhos, braços e, ao mesmo tempo, nem todas as suas atividades serem de visitação, o PCF, com as suas
e pernas do CRAS dinâmicas de visitação, permite ao CRAS chegar em um público que é seu, mas que, até
então, não conseguia atingir.
Dinâmica de Porque visitadores do PCF estão em contato permanente e sistemático com populações
encaminhamentos nos territórios do CRAS, condições propícias para a identificação e encaminhamento
(integração PCF e PAIF/ de casos para o acompanhamento ou apoio de outras políticas da assistência social
benefícios eventuais) (CadÚnico, PBF, BPC) e/ou serviços do CRAS (PAIF, benefícios eventuais).
Um desafio posto ao visitador é constituir e manter carteira de acompanhamentos
Informações para
suficiente para a meta de atendimentos. Portanto, o acesso a tais famílias é fundamental
inclusão de famílias no
e uma boa relação formal (compartilhamento de listagens) e informal (compartilhamento
PCF (integração PCF e
de informação em tempo real a respeito de famílias incluídas no PBF ou BPC) entre
CadÚnico/PBF)
visitadores e pessoal do CRAS, CadÚnico e PBF mostra ser de grande relevância.
Fonte: trabalho de campo. Elaboração: Alexandre Abdal
Síntese e recomendações
Os atores locais do PCF possuem, basicamente, uma avaliação positiva do
Programa. Todos com os quais conversei, de visitadores a coordenadores, reco-
nhecem dificuldades, desafios e dilemas em relação a sua implementação, mas
nada que coloque em xeque a sua existência. Além disso, reconhecem pelo menos
duas ordens de resultados associados ao PCF, os quais são aqui caracterizados
como “resultados esperados em termos de desenvolvimento infantil” e “resulta-
dos não previstos”, esses últimos relacionados ao aumento de público do CRAS
vis-à-vis o espraiamento de sua presença no território.
***
Figura 8. Recomendações
Recomendações Descritivo
Problema 1: regras pouco flexíveis de acesso e permanência no PCF, atreladas ao corte de
renda do PBF. Recomendação: deslocar linha de corte do PBF para o CadÚnico. Desafio:
aumento imediato da população em codições de elegibilidade, eventual necessidade de
priorização no curto prazo.
I. Desenho, regras de
acesso e permanência Problema 2: regime de metas de atendimento insere elemento de heterogeneidade
no público-alvo. Recomendação: incorporação de metas de médio e longo prazo (por
exemplo: 4 e 8 anos), com meta efetiva convergindo para demanda efetiva e/ou potencial
+ elaboração de plano municipal para expansão do público atendido. Desafios: aumento
das necessidades de recuros financeiros, humanos e de estruturação à Assistência Social.
continua...
Recomendações Descritivo
Problema 1: heterogeneidade na relação PCF-CRAS, com casos de falta de compreensão
e acolhimento mútuo. Recomendação: protocolo e ações institucionais de sensibilização,
compreensão e integração mútua entre trabalhadores do CRAS e PCF, incluindo ações das
coordenações. Desafio: Resistência e incompreensões de curto prazo do CRAS em relação
ao PCF e/ou desmotivação dos coordenação para promover integração.
Problema 2: Fraqueza institucional e inoperância do Comitê Gestor do PCF.
Recomendação: valorização institucional do Comitê Gestor, com sensibilização de seus
II. Arranjo institucional
membros, e ampliação da participação com inclusão de representantes da sociedade civil e
e instâncias
das familías beneficiadas. Desafios: resistências dos membros atuais do Comitê Gestor e/
ou da coordenação do PCF e/ou das SAS.
Problema 3: Rotatividade e desvalorização da visitação e precariedade do vínculo de
visitador. Recomendação: valorização do visitador mediante aumentos salariais e
formas mais perenes de contratação que incluam garantia dos direitos trabalhistas na sua
integralidade. Desafios: enrijecimento do quadro de visitadores e maiores necessidades
de recursos.
Problema 1: heterogeneidade nos processos de seleção e contratação de visitadores.
Recomendação: privilegiamento dos processos impessoais de seleção e contratação,
com valorização da experiência prévia em visitação e/ou políticas sociais e inclusão de
entrevistas. Desafio: baixa organização e estruturação da SAS / PCF e/ou persistência de
III. Formação das práticas pessoais de indicação.
equipes, contratações e Problema 2: heterogeneidade nos processos de contratação de supervisores e
compras coordenadores. Recomendação: privilegiamento de processos impessoais de seleção
e contratação, pelo menos no caso de supervisores, preferência pelo aproveitamento
de pessoal da própria SAS ou da área social e/ou com formação específica nas áreas
de serviços sociais, gestão de políticas públicas e afins. Desafios: ausência de pessoal
disponível com esse perfil e/ou persistência de práticas pessoais de indicação.
Problema 1: dificuldades cotidianas do trabalho de visitação, com destaque para
segurança e locomoção do visitador. Recomendação: desenvolvimento de protocolo
“de resgate do visitador” e disponibilização de linha direta com supervisor + liberação
do compartilhamento de carros/motoristas entrea SAS e CRAS com o PCF e/ou criação de
linha de financiamento para o aluguel de carros e contratação de motoristas. Desafio:
IV. Dinâmicas de necessidade de coordenação pelo MDcid e de disponibilização de mais recursos.
visitação
Problema 2: imposição, pela realidade, de limitações à aplicação do CDC.
Recomendação: incluir e prever possibilidade de flexibilização do CDC em casos
relacionados ao desengajamento do cuidador, espaços inadequados para as atvidades,
situações familiares específicas e que demandam cuidados adicionais etc. Desafio:
necessidade de discussão e formação permanente acerca dos limites dessa flexibilização.
Fonte: trabalho de campo. Elaboração: Alexandre Abdal
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Roteiro para emprego de grupos focais. In ABDAL, Alexandre et
al. Métodos e técnicas de pesquisa em Ciências Sociais: bloco qualitativo. São
Paulo: Sesc-Cebrap, 2016.