Capítulo 21

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Capítulo 21

Ensino e Educação

A importância da relação teoria-prática na


formação inicial docente

Autores: Resumo
Ivan de Oliveira Holanda Filho A formação inicial docente é considerada fundamental
Mestrando em Economia Rural, para o sucesso do professor na sua carreira, pois é durante
Universidade Federal do Ceará esse processo que ele adquire conhecimentos teóricos e
(UFC/PPGER)
práticos que o ajudarão a se desenvolver como
profissional competente e capacitado a atuar de forma
Patrícia Pimentel Pereira efetiva na sala de aula. A formação inicial também
Especialista em Psicopedagogia pelo
Centro Universitário Estácio de Sá permite ao professor construir seus próprios saberes e se
tornar um agente ativo na construção da sua profissão,
buscando aprimoramento constante e uma atuação ética
Ernandes Farias da Costa
Especialista em Educação Matemática e comprometida com a educação. Este estudo teve como
pela FAK objetivo geral discorrer sobre a relação da teoria e da
prática na formação inicial do licenciado. Para tanto,
Marcos Paulo Mesquita da Cruz adotou-se uma abordagem qualitativa, com uma natureza
Doutorando em Economia Rural, classificada como aplicada, com relação aos objetivos a
Universidade Federal do Ceará metodologia caracterizou-se como exploratória e
(UFC/PPGER)
descritiva e, na elaboração da pesquisa, empregou-se,
como procedimento de pesquisa, uma revisão
Rickardo Léo Ramos Gomes bibliográfica. Ao final da pesquisa ficou claro que a
Professor do Programa de Pós-
Graduação do Instituto Euvaldo Lodi e formação inicial de professores/as tem papel
do Centro Universitário Faria Brito fundamental no processo de edificação do futuro
professor. Recomenda-se, por fim, que as políticas de
formação de professores tenham especial atenção ao
hiato na relação entre teoria e prática, pois este pode ser,
DOI: 10.58203/Licuri.83101
perigosamente, reforçado ou desconstruído a depender
Como citar este capítulo: do currículo dos cursos de formação.
HOLANDA FILHO, Ivan de Oliveira et al. A
importância da relação teoria-prática na Palavras-chave: Saberes. Políticas educacional. Escola.
formação inicial docente. In: MEDEIROS,
Janiara de Lima (Org.). Ensino e Educação: Currículo.
contextos e vivências. Campina Grande:
Licuri, 2023, p. 271-282. v. 2.

ISBN: 978-65-999183-2-2
A importância da relação teoria-prática na formação inicial docente Holanda Filho et al., 2023

INTRODUÇÃO

Diante das várias mudanças no âmbito educacional que ocorreram na educação nas
últimas décadas em nosso país a formação de professores é uma questão importante e
continua a ser discutida e revisada na educação brasileira.

Na opinião de Demier (2019, p. 03) "a formação inicial do professor é uma das fases
mais importantes do processo de profissionalização docente, pois é neste momento que
são consolidadas as bases para sua atuação profissional."
O estágio é uma atividade importante, mas precisa ser acompanhado de maneira mais
eficiente por diretores, coordenadores e professores, bem como por políticas públicas que
melhorem a formação dos licenciandos.

"[...] o estágio é uma atividade que deve ser exercida com responsabilidade e
compromisso, de forma a garantir que o licenciando tenha uma experiência formativa
adequada e que esteja preparado para enfrentar os desafios da sala de aula" (SILVA;
SANTOS, 2020, p. 12).

Este estudo teve como objetivo discorrer sobre a relação da teoria e da prática na
formação inicial do licenciado.

Partiu-se do pressuposto de que a formação inicial de professores precisa ser


considerada como um processo contínuo e dinâmico, que abrange não apenas o ato de
compartilhar conhecimentos teóricos, mas, inclusive, a necessidade premente de se
desenvolver uma vivência prática que permita garantir um diálogo constante entre
teoria e prática. Considerou-se, portanto, que a unidade entre teoria e prática é
fundamental para garantir a eficácia da formação docente (FARIAS; BATISTA NETO,
2022).

METODOLOGIA

Optou-se, para a elaboração desta pesquisa, uma abordagem qualitativa, com uma
natureza classificada como aplicada, com relação aos objetivos ela caracteriza-se como
exploratório e descritivo e, no seu desenvolvimento, utilizou-se, como procedimento de
pesquisa, uma revisão bibliográfica.

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Yin (2016, p.25), falando sobre pesquisa qualitativa, afirma: “sua amplitude indica a
potencial relevância e fascínio da pesquisa qualitativa: diferente de outros métodos das
ciências sociais, praticamente todo acontecimento da vida real pode ser objeto de um
estudo qualitativo”.
Com relação à revisão bibliográfica realizada seguiu-se o entendimento de Gil (2007,
p. 64): “é uma pesquisa elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, com material
disponibilizado na Internet”.

Dentre os autores pesquisados merecem destaque os seguintes: Pimenta e Lima


(2017); Junges, Ketzer, Oliveira (2018); Libâneo (2018) e Oliveira (2019).

O conhecimento dos autores referente à temática pesquisada, associado ao conhecimento


destes pesquisadores foi fundamental para desenvolver uma análise com uma maior
riqueza de detalhes, alusiva ao objeto de estudo.

A IMPORTÂNCIA DA DOCÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO

A docência é fundamental para o desenvolvimento e formação das crianças e jovens.


O professor tem um papel crucial na aquisição de conhecimento, na construção de
habilidades sociais e emocionais, e na formação de valores e princípios éticos. Além disso,
o professor é o primeiro mentor e modelo para muitas crianças e jovens, influenciando
suas escolhas e perspectivas futuras. A docência é, portanto, uma responsabilidade
importante e significativa que impacta diretamente a vida das crianças e jovens.
O estágio docente é importante porque permite aos futuros professores
experimentarem a dinâmica de uma sala de aula antes de iniciarem sua carreira e apoiá-
los no desenvolvimento de suas habilidades pedagógicas e de liderança. Além disso, o
estágio permite aos futuros professores aplicar conceitos teóricos aprendidos durante sua
formação em situações reais e aprender com a supervisão de um professor experiente. O
estágio também é uma oportunidade para os futuros professores se familiarizarem com as
políticas e expectativas da escola, bem como com as necessidades e desafios dos alunos
e suas famílias. Considera-se, portanto, que o estágio é uma etapa crucial para a formação
de um professor competente e eficaz (OLIVEIRA, 2019)
Ressalte-se que não se deve esquecer que devido à forte influência das experiências
escolares e dos modelos de ensino impostos na formação inicial de professores, que muitas
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vezes não incentivam a reflexão crítica sobre o papel do docente e a importância da


construção coletiva do conhecimento. Por isso, é necessário que a formação de
professores seja revisada para incluir uma perspectiva mais ampla e atualizada sobre a
educação e a atividade docente. (BASTOS; NARDI, 2018)
Isso pode resultar em aulas monótonas e pouco significativas para os estudantes, e em
uma falta de desenvolvimento da capacidade crítica e criativa dos alunos.

É importante que os professores sejam incentivados a questionar e a desenvolver suas


práticas pedagógicas, a fim de proporcionar uma aprendizagem mais ativa e significativa
para os estudantes. A formação contínua é fundamental para garantir que os professores
estejam sempre atualizados e capacitados a enfrentar os desafios da educação
contemporânea.
Daí porque vários autores consideram que é fundamental que a formação inicial de
professores inclua uma combinação de teoria e prática, com o objetivo de proporcionar
uma compreensão mais profunda e reflexiva sobre a atividade docente. Atividades como
estágios supervisionados, visitas a escolas, trabalhos em grupo e projetos pedagógicos são
exemplos de como a teoria pode ser aplicada e refletida na prática (BASTOS; NARDI, 2018;
LIBÂNEO, 2018; PIMENTA; LIMA, 2017)
Além disso, é importante que os futuros professores tenham acesso a diferentes
perspectivas e modelos pedagógicos, para que possam desenvolver sua capacidade crítica
e criativa e formar suas próprias concepções sobre a educação (BASTOS; NARDI, 2018;
LIBÂNEO, 2018; PIMENTA; LIMA, 2017).
Para Oliveira (2019, p. 04):

Um distanciamento entre teoria e prática pode levar a muitos equívocos na


formação e na construção da identidade do professor, distanciando-os cada
vez mais das teorias acadêmicas. Portanto, é necessária a interconexão da
escola com a universidade como uma via de superação deste equívoco,
sendo este o espaço de formação inicial na apropriação teórica e prática,
pois uma não pode se efetivar sem a outra.

Pode-se perceber que o comprometimento e responsabilidade são essenciais para esse


processo. Responsabilidade essa não exclusiva do estagiário, mas dos professores que
deverão acompanhá-lo tanto da sala de aula como da universidade, pois somente com essa

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“sinergia” esse processo pode ser desenvolvido.

ENSINAR: UM PROCESSO DE “MÃO-DUPLA”

Ensinar é um processo de mão-dupla porque envolve uma troca constante de


informações e conhecimentos entre o professor e o estudante. O professor fornece
informações e conhecimentos, enquanto o estudante os processa e os incorpora ao seu
próprio conhecimento. A aprendizagem dos estudantes é influenciada não apenas pelo
conteúdo que eles recebem, mas também pela forma como eles são motivados,
estimulados e desafiados a refletir e a aplicar o que aprenderam (FARIAS; BATISTA NETO,
2022)
Por sua vez, a compreensão e as respostas dos estudantes podem influenciar o
professor a ajustar suas estratégias de ensino e a revisar suas próprias concepções sobre
o processo de ensino-aprendizagem. Portanto, ensinar é uma dinâmica contínua de
interação e colaboração entre professor e estudante.
Cabe, então, ao docente, no seu constante aprimoramento, ir adquirindo
competências e habilidades e quando oportuno compartilhá-las com outros docentes,
alunos, estagiários em prol da melhoria da educação de nosso país.

Também se recomenda que os governantes possam agir com um “olhar” mais atento
para as escolas, professores e alunos. Fica então evidente que o processo de docência é
muito amplo e fatores como: motivação, resiliência, criatividade, didática, paciência,
equidade, empatia, respeito, solidariedade tornam esse processo tão único e encantador
(ARAÚJO; PRADO, 2022)
Oliveira (2019, p. 05) citando Freire (2005) faz a seguinte argumentação:

É preciso desenvolver um processo de conscientização que possibilite


visualizar a atuação docente na realidade, para que se possa atuar nela e
incidir de forma dialética e interativa no que constitui a teoria e a prática.
Esta articulação contribui na ampliação e desenvolvimento em diferentes
aspectos da formação, quer seja o humano, o social, o cognitivo, o
emocional, entre ouros necessários.

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Portanto é fundamental que os governantes tenham consciência da importância da


formação de professores e invistam em políticas públicas que visem a melhoria da
qualidade da formação inicial e contínua dos docentes. A formação de professores é
crucial para garantir que eles tenham as habilidades e conhecimentos necessários para
desempenhar sua função de maneira eficaz e proporcionar uma educação de qualidade
para os estudantes (ARAÚJO; PRADO, 2022)

Além disso, é importante que os governantes apoiem a pesquisa e o desenvolvimento


de novas práticas pedagógicas e tecnologias educacionais, a fim de garantir que a
educação esteja sempre se adaptando às necessidades e desafios contemporâneos.
O Acompanhamento do Licenciando

O acompanhamento do licenciando é importante porque o estágio é uma oportunidade


para os futuros professores receberem orientação e suporte durante seu processo de
formação. O acompanhamento permite que eles reflitam sobre suas práticas e concepções
sobre ensino e aprendizagem, e desenvolvam habilidades e estratégias pedagógicas de
maneira mais consciente e efetiva.
Além disso, o acompanhamento oferece uma oportunidade para que os licenciandos
sejam expostos a diferentes perspectivas e abordagens pedagógicas, ampliando sua
compreensão sobre o ensino e ajudando-os a se prepararem para as complexidades da sala
de aula. O acompanhamento também pode ajudar os licenciandos a estabelecerem
relações positivas com seus futuros colegas e supervisores, bem como oferecer uma base
sólida para o seu desenvolvimento profissional futuro.
Araújo e Prado (2022, p. 04) entendem que:

[...] o trabalho de acompanhar os estagiários, futuros professores, requer


estratégias que favoreçam o diálogo com as variadas concepções e com os
diversos contextos em que as práticas acontecem, considerando as
especificidades e as condições em que ocorrem. Assim, o desenvolvimento
de processos formativos que visem à aprendizagem da profissão docente de
forma crítica, de modo a construir uma compreensão da escola em sua
complexidade e múltiplas faces é uma necessidade. Desta forma, os
estagiários necessitam participar de uma prática pedagógica alicerçada
pela reflexão-ação-reflexão, aprendendo a problematizar o ensino que

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praticam, investigando suas ações, produzindo e mobilizando saberes,


estando atentos.

Considera-se muito importante que haja conectividade entre o professor regente e o


licenciando, mas a falta de planejamento por parte dos dois pode ser um problema grave,
pois é importante que ambos saibam o conteúdo a ser lecionado que haja diálogo entre
eles.

Outro grande problema é a conciliação entre estudos e estágio em que muitas vezes,
o estagiário acaba tendo que priorizar uma disciplina e/ou se concentra em provas e
seminários acadêmicos e deixa o estágio um pouco de lado (FARIAS; BATISTA NETO, 2022)
Importante deixar claro que a formação docente pode ter um início, mas é um
pensamento ingênuo dizer que ela tem um “fim”. Freire (2001, p. 12) já nos fazia refletir
sobre essa questão em:

Seria realmente impensável que um ser assim, ‘programado para


aprender’, inacabado, mas consciente de seu inacabamento, por isso
mesmo em permanente busca, indagador, curioso em torno de si e de si no
e com o mundo e com os outros; porque histórico, preocupado sempre com
o amanhã, não se achasse, como condição necessária para estar sendo
inserido, ingênua ou criticamente, num incessante processo de formação.
De formação, de educação que precisamente devido à invenção social da
linguagem conceituai vai muito mais além do que o treinamento que se
realiza entre os outros animais.

Logo a sala de aula é um início de construção da “identidade docente” em que


podemos aprender, ensinar, mas não é algo cíclico. Ou seja, estamos sempre aprendendo,
reaprendendo, e redescobrindo novos caminhos. Uma pessoa pode ler, por exemplo, um
determinado livro e ter uma ideia e conclusão a respeito dele, mas ao ler o livro anos
depois poderá haver novas compreensões e/ou novas interpretação haja visto que ele
mudou com tempo assim como suas ideias, seus ideais, suas motivações entre outros
fatores (JUNGES; KETZER; OLIVEIRA, 2018)
O que se defende aqui é que é na sala de aula que os professores exercem suas funções
e têm contato direto com os alunos e suas necessidades. Neste espaço, eles desenvolvem

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suas habilidades pedagógicas e formam sua visão sobre a educação e seu papel como
professor.

Além disso, a sala de aula é também onde ocorre o processo de ensino-aprendizagem,


o que pode influenciar a forma como o professor entende sua função e seu papel na
educação. Portanto, a sala de aula é um importante local para a formação e a construção
da identidade docente.

FORMAÇÃO CONTINUADA: CAMINHOS E MELHORIAS NA QUALIDADE DO


ENSINO

Os autores deste artigo consideram que a melhoria da formação continuada de


professores no Brasil pode ser alcançada por meio de cinco ações:
Criação de parcerias com instituições de ensino superior: é importante estabelecer
parcerias com universidades e faculdades para oferecer programas de formação
continuada aos professores, com a possibilidade de obtenção de certificados e títulos
(BASTOS; NARDI, 2018)
Investimento em políticas públicas de formação continuada: é necessário que o
governo invista em programas e projetos de formação continuada para professores, com
recursos financeiros adequados e infraestrutura adequada (BASTOS; NARDI, 2018)

Foco em áreas específicas de atuação: é importante oferecer programas de formação


continuada que atendam às necessidades específicas dos professores em diferentes áreas
de atuação, como tecnologia educacional, inclusão, entre outras (FARIAS; BATISTA NETO,
2022)

Desenvolvimento de programas inovadores: é importante explorar novas tecnologias e


metodologias pedagógicas para a formação continuada, que permitam aos professores
aprimorar suas habilidades e atualizar seus conhecimentos (FARIAS; BATISTA NETO, 2022)
Estímulo à participação voluntária: é importante incentivar os professores a buscarem
a formação continuada por meio de programas voluntários, oferecendo a eles
reconhecimento e recompensas por seu esforço (LIBÂNEO apud MARIN; PIMENTA, 2018)

Estas são algumas das ações que podem ser tomadas para melhorar a formação
continuada de professores no Brasil, contribuindo para a melhoria da qualidade da
educação oferecida aos estudantes.

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Sobre isso Junges, Ketzer e Oliveira (2018, p. 03) argumentam:

Em função dos novos tempos contemporâneos, que estão sempre em


constantes mudanças, considerando ainda as não poucas dificuldades
educacionais, dois dos fatores que deveriam ser preponderantes na prática
docente são a compreensão e a flexibilização dos modelos pedagógicos,
com a finalidade de inserir o indivíduo na sociedade, preparando-o para a
autonomia e cidadania, com condições de agir e modificar o meio em que
vive.

A formação permanente de professores é vista como fundamental para o


desenvolvimento profissional dos docentes, pois permite a atualização e aperfeiçoamento
dos conhecimentos e habilidades necessárias para exercer a função de professor de
maneira eficaz e eficiente.

Ferreira e Souza (2021, p. 17) afirmam que: "a formação de professores precisa ser
repensada e revitalizada, de forma a preparar os licenciandos para as demandas
contemporâneas da educação".
O conceito de formação docente é relacionado ao de aprendizagem permanente
considerando saberes e competências. Portanto o docente desejado ou eficaz caracteriza-
se como um sujeito polivalente, profissional competente, agente de mudança, professor
investigador, intelectual crítico transformador.
Ressalte-se que a formação inicial dos professores é um momento de excelência da
formação profissional, no qual ocorre a apropriação do conhecimento que deverá ser
ampliado no decorrer da vida docente (JUNGES; KETZER; OLIVEIRA, 2018).

Além disso, a formação permanente também é considerada importante para a reflexão


crítica sobre a prática docente, possibilitando a construção de uma identidade docente
consciente e comprometida com a educação. Por isso, é comum que a ideia de professor
reflexivo esteja ligada à formação contínua, já que essa formação pode propiciar um
processo de autoavaliação e aprimoramento da prática docente.

É preciso uma reciprocidade mútua entre os formadores e os professores


em formação, caso contrário, corre-se o risco de não surtir efeito a
formação, pois vê-se com claras evidências de não atendimento às

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necessidades básicas de interdisciplinaridade entre o formador e o


formado, haja vista que ambos são responsáveis pela emancipação salutar
da educação (JUNGES; KETZER; OLIVEIRA, 2018, p. 06).

A educação no Brasil tem uma longa história de influências políticas e ideológicas, o


que pode levar a pressões sobre professores e impactar na formação e prática docente. É
importante que se busque uma educação mais equilibrada, com liberdade de expressão e
pensamento, para garantir a formação de indivíduos críticos e conscientes.
As pressões ideológicas podem limitar a capacidade dos professores de trabalhar de
forma independente, o que pode afetar a qualidade da educação. Além disso, a
desvalorização social e profissional dos professores pode ter impacto na formação e
motivação deles, afetando ainda mais a educação. É fundamental valorizar e apoiar a
formação e o trabalho dos professores para garantir uma educação de qualidade para
todos.
A falta de participação dos professores na elaboração dos cursos de formação
continuada pode resultar em programas mal planejados e inadequados às necessidades
reais dos educadores. É importante que os professores sejam envolvidos no processo de
elaboração desses cursos, de modo a garantir sua efetividade e relevância para a prática
docente. A valorização e o envolvimento dos professores são fundamentais para garantir
a qualidade da educação e o sucesso dos alunos. (OLIVEIRA, 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constata-se que a formação docente é um processo que visa desenvolver habilidades


e conhecimentos necessários para os professores serem eficazes em suas aulas. É
importante que o currículo da formação docente equilibre os conhecimentos disciplinares
e pedagógicos, para que os professores possam ensinar de forma clara e eficaz.
A pesquisa indica que a relação teoria/prática na formação de professores é
importante pois são complementares. A teoria fornece conceitos e ferramentas teóricas
para ensinar, enquanto a prática permite a aplicação prática desses conhecimentos na
sala de aula. Sem teoria, a prática pode ser ineficaz, e sem prática, a teoria pode não ser
compreendida ou aplicada corretamente.

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Entendemos que a base teórica na formação de professores é fundamental para


orientar a prática e desenvolver uma abordagem crítica e reflexiva na sala de aula. A
teoria por meio dos seus conceitos e ferramentas vai ajudar os professores a construir um
ambiente de aprendizagem que fomente a formação humana dos estudantes e os ajude a
construir seus próprios conhecimentos.
Por outro lado, compreendemos a prática docente como um cabedal de ações
vivenciadas e conduzidas por teorias, no exercício da docência. É exatamente essa
prática, no instante em que informa o que é próprio ao/a professor/a que vai conferir sua
identidade profissional que se forma por toda a sua vida docente.
Ficou claro que a formação inicial de professores/as tem papel fundamental no
processo de edificação do futuro professor. Recomenda-se, por fim, que as políticas de
formação de professores tenham especial atenção ao hiato na relação entre teoria e
prática, pois este pode ser, perigosamente, reforçado ou desconstruído a depender do
currículo dos cursos de formação.

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