Oper Dif Var
Oper Dif Var
Oper Dif Var
São Paulo, SP
2015
Conteúdo
1 Preliminares 1
1.1 Variedades Diferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Métrica Riemanniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Conexão Riemanniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3 Método de Perron 46
3.1 Método de Perron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4 Aplicações 66
4.1 Desigualdade de Heintze-Karcher e Teorema de Alexandrov . . . . . . . . . . 66
4.2 Problema de Autovalor de Stekloff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.3 Rigidez de Quase sólitons de Ricci . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Referências Bibliográficas 81
Capítulo 1
Preliminares
Neste capítulo vamos exibir algumas definições, resultados e exemplos da teoria básica de
geometria Riemanniana, os quais serão utilizados no decorrer deste curso. Mais especifica-
mente, vamos relembrar os conceitos de variedades diferenciáveis, campos de vetores tan-
gentes, métricas e conexões. Para maiores detalhes recomendamos ao leitor as referências
[12, 26, 28].
Nestas notas utilizamos a convenção de Einstein da soma, segundo a qual estará implícita
uma soma sempre que houver índices repetidos e em posições invertidas.
−1
(ii) Para todo par α, β, com xα (Uα ) ∩ xβ (Uβ ) = W 6= ∅, os conjuntos x−1
α (W ) e xβ (W )
1
satisfazendo (i) e (ii) é uma estrutura diferenciável em M . Denotaremos apenas por M n
uma variedade diferenciável M de dimensão n.
Observação 1.1. (a) M ser Hausdorff significa que quaisquer dois pontos de M têm vizi-
nhanças disjuntas; (b) Dizemos que M possui base enumerável para sua topologia se M pode
ser coberto por uma quantidade enumerável de vizinhanças coordenadas.
Decorre da condição (ii) da Definição 1.1 que a Definição 1.2 independe da escolha das
parametrizações x e y .
Definição 1.4. Diz-se que uma variedade diferenciável M é orientável se admite uma es-
trutura diferenciável {(Uα , xα )} tal que:
2
Um vetor tangente em p é o vetor tangente em t = 0 de alguma curva diferenciável
α : (−, ) → M com α(0) = p. O conjunto dos vetores tangentes a M em p com as
operações usuais de funções é um espaço vetorial n-dimensional que é denotado por Tp M .
Escolhendo uma parametrização x : U → M n em p = x(0) as representantes locais da
função f ∈ C ∞ (M ) e da curva α nesta parametrização são respectivamente
3
Portanto,
y−1 ◦ β(t) = ϕ
e◦α
e(t) = (y1 (x1 (t), . . . , xm (t)), . . . , yn (x1 (t), . . . , xm (t))).
n o
0 ∂
Assim a expressão de β (0) na base ∂yi
de Tϕ(p) N é dada por:
n n
0
X ∂y 1
X ∂yn
β (0) = x0i (0), . . . , x0i (0) , q = x−1 (p).
i=1
∂xi q
i=1
∂xi q
Isto mostra que β 0 (0) não depende da escolha de α. E também podemos escrever
Portanto, dϕp é uma aplicação linear de Tp M em Tϕ(p) N cuja matriz nas bases associadas
∂yi
às parametrizações x e y é precisamente a matriz ∂x j
.
Definição 1.6 (Fibrado tangente). Seja M n uma variedade diferenciável. O fibrado tangente
de M é a união disjunta de todos os espaços tangentes. Formalmente,
[
T M := {p} × Tp M
p∈M
O conjunto T M definido acima tem uma estrutura diferenciável, ver por exemplo [12].
Agora faz sentido considerarmos a seguinte aplicação entre variedades diferenciáveis como
segue. Seja X : M → T M uma aplicação diferenciável que a cada ponto p ∈ M associa um
vetor X(p) ∈ Tp M . Para esclarecermos a diferenciabilidade de X no sentido da Definição
1.2, convém considerarmos uma parametrização x : U ⊂ Rn → M para então escrevermos
para cada p ∈ x(U ),
∂
, X(p) = ai (p)
∂xi
n o
onde cada a : U → R é uma função em U e ∂x∂ i é a base associada a x, i = 1, . . . , n. Isso
i
permite afirmarmos que X é diferenciável se, e só se, as funções ai são diferenciáveis para
4
alguma (e portanto para qualquer) parametrização. Assim podemos considerar X como um
operador atuando em funções f ∈ C ∞ (M ) do seguinte modo
∂ f˜
(Xf )(p) = X(p)(f ) = ai (p) (p)
∂xi
onde f˜ = f ◦ x é a expressão local de f na parametrização x. Sendo assim, X é diferenciável
se, e só se, Xf ∈ C ∞ (M ) para toda f ∈ C ∞ (M ). Vamos nos referir a aplicação X como um
campo de vetores em M e denotaremos X(M ) o conjunto dos campos de vetores de classe
C ∞ . Neste contexto, é importante observar que cada campo de vetores é uma aplicação
X : C ∞ (M ) → C ∞ (M ), R-linear, tal que X(f h) = f Xh + hXf, para toda f, h ∈ C ∞ (M ).
Definição 1.7. Sejam X e Y campos de vetores em X(M ). Definimos o colchete de Lie dos
campos X e Y , denotado por [X, Y ] como
[X, Y ] = ai ∂i bj − bi ∂i aj ∂j
(1.1)
X(Y f ) = ai ∂i (bj ∂j f ) = ai ∂i bj ∂j f + ai bj ∂i ∂j f.
Analogamente,
Y (Xf ) = bi ∂i (aj ∂j f ) = bi ∂i aj ∂j f + bi aj ∂i ∂j f.
Trocando i por j e j por i na segunda parcela da equação anterior e usando o fato que
∂i ∂j f = ∂j ∂i f , teremos
[X, Y ]f = ai ∂i bj − bi ∂i aj ∂j f.
(1.2)
5
Isso mostra a unicidade local de [X, Y ] e portanto podemos defini-lo globalmente, bastando
considerar suas expressões locais como em (1.2). Consequentemente, [X, Y ] ∈ X(M ).
(a) Bilinearidade:
[aX + bY, Z] = a[X, Z] + b[Y, Z]
[X, aY + bZ] = a[X, Y ] + b[X, Z]
(b) Anticomutatividade:
[X, Y ] = −[Y, X]
Hn = {(x1 , . . . , xn ) ∈ Rn ; x1 ≥ 0}.
(ii) Para todo par α, β, com fα (Uα ) ∩ fβ (Uβ ) = W 6= ∅, os conjuntos fα−1 (W ) e fβ−1 (W )
são abertos em Hn e as aplicações fβ−1 ◦ fα e fα−1 ◦ fβ são diferenciáveis.
6
Definição 1.10. Um ponto p ∈ M é dito ponto de bordo de M se para um sistema de
coordenadas f : U → M em torno de p se tem f (0, x2 , . . . , xn ) = p. O conjunto dos pontos
de bordo de M , é chamado o bordo de M e indicado por ∂M .
Além disso, é possível provar que a definição de ponto de bordo independe do sistema
de coordenadas e que o bordo de uma variedade diferenciável de dimensão n com ∂M 6= ∅ é
uma variedade diferenciável (sem bordo) de dimensão n − 1. Para mais detalhes consultar
[13].
As definições de diferenciabilidade de funções, plano tangente, orientabilidade, etc., para
variedades com bordo são introduzidas de maneira inteiramente análoga às correspondentes
definições para variedades diferenciáveis (sem bordo).
Diz-se que uma cobertura X = {Xα }α∈A de uma variedade diferenciável M é localmente
finita se qualquer ponto p ∈ M possui uma vizinhança que intersecta apenas um número
finito de conjuntos da cobertura X . Em particular, p pertence somente a um número finito
de conjuntos de X .
Definição 1.12. Seja M uma variedade diferenciável e X = {Xα }α∈A uma cobertura aberta
de M . Uma partição diferenciável da unidade com relação a X é uma família de funções
diferenciáveis {fα : M → R}α∈A tais que, para todo α ∈ A,
1. Para todo α, fα ≥ 0.
3. Cada ponto p ∈ M possui uma vizinhança na qual apenas um número finito de funções
fα são diferentes de 0.
X
4. fα (p) = 1, ∀p ∈ M .
α∈A
7
Note que as condições 3 e 4 garantem que a coleção {supp (fα )}α∈A é localmente finita.
Costuma-se dizer que a partição diferenciável da unidade {fα } está subordinada à cobertura
X.
Teorema 1.1. Uma variedade diferenciável M possui uma partição diferenciável da unidade
se, e só se, toda componente conexa de M é de Hausdorff e tem base enumerável.
Definição 1.13. Uma métrica Riemanniana em uma variedade diferenciável M é uma cor-
respondência que associa a cada ponto p ∈ M um produto interno gp : Tp M ×Tp M → R (uma
forma bilinear, simétrica, positiva definida) no espaço tangente Tp M , que varia diferenci-
avelmente no seguinte sentido: Considere um sistema de coordenadas locais (U, x) e sejam
X, Y ∈ Tp M . Temos que,
Portanto, dizer que a métrica varia diferenciavelmente é dizer que as funções coordenadas
gij : U → R, dada por gij = h∂i , ∂j i, são funções diferenciáveis em U . Uma variedade
diferenciável M com uma dada métrica Riemanniana g chama-se variedade Riemanniana
(M, g).
Utilizando a partição da unidade podemos ver que toda variedade diferenciável M possui
uma métrica Riemanniana. De fato, seja {fα } uma partição diferenciável da unidade de M
subordinada a cobertura {Xα } de M por vizinhanças coordenadas. Logo, podemos definir
uma métrica Riemanniana h, iα em cada Xα : a induzida pelo sistema de coordenadas, isto
é, considere uma métrica no aberto da respectiva parametrização e defina h, iα induzida pela
diferencial desta parametrização. Façamos então
8
das funções fα é estritamente positiva (pois a soma delas é um), portanto hu, ui > 0, o que
mostra a positividade. Assim (1.3) define uma métrica Riemanniana em M .
Definição 1.16. Uma conexão de Levi-Civita (ou Riemanniana) ∇ em uma variedade Rie-
manniana é uma aplicação
∇ : X(M ) × X(M ) → X(M )
onde X, Y, Z ∈ X(M ) e f, g ∈ C ∞ (M ).
9
Para cada i, j escolhemos n-funções Γ1ij , . . . , Γnij diferenciáveis em U para definirmos ∇∂i ∂j :=
Γkij ∂k , logo
Isso mostra que ∇X Y só depende de ai (p), bk (p), das derivadas X(bk ) e da escolha de funções
Γkij . Em outra palavras, se α : I → M é uma curva diferenciável tal que α0 (0) = Xp , then
∇X Y depende apenas dos valores de Y ao longo de α, isto é, se Y ◦ α = Z ◦ α, então
∇α0 Y = ∇α0 Z. Portanto, podemos definir a conexão afim localmente como em (1.4), que é
única fixada as funções Γkij , donde podemos defini-la globalmente em M .
Observe que a primeira parcela da conexão é exatamente a derivada direcional do Rn ,
enquanto que a segunda se destaca pelo aparecimento das funções Γkij que são os símbolos
de Christoffel da conexão.
Teorema 1.2. Em uma variedade Riemanniana (M, g) existe uma única conexão Rieman-
niana ∇.
A simetria de ∇ no último termo de cada uma das igualdades acima, permite reescrevê-las
como
XhY, Zi = h∇X Y , Zi + hY, ∇Z Xi + hY, [X, Z]i (1)
XhY, Zi + Y hZ, Xi − ZhX, Y i = 2h∇X Y , Zi + hY, [X, Z]i + hZ, [Y, X]i − hX, [Z, Y ]i.
Portanto,
2h∇X Y , Zi = XhY, Zi + Y hZ, Xi − ZhX, Y i − hY, [X, Z]i − hZ, [Y, X]i + hX, [Z, Y ]i. (1.5)
10
Logo, se existem duas conexões Riemaniannas ∇1 e ∇2 , elas devem ser dadas por (1.5),
donde h∇1X Y − ∇2X Y, Zi = 0, para todo X, Y, Z ∈ X(M ). Como a métrica é uma forma
bilinear não-degenerada, ∇1X Y = ∇2X Y , para todo X e Y , o que implica ∇1 = ∇2 .
Para provar a existência, basta observar que o lado direito de (1.5) só depende da métrica
e dos valores de X, Y e Z, logo podemos definir ∇ por esta equação. É imediato verificar
que ∇, assim definida, satisfaz as propriedades desejadas.
(1.1)
(Γkij − Γkji )∂k = ∇∂i ∂j − ∇∂j ∂i = [∂i , ∂j ] = 0. (1.6)
Isto equivale a Γkij = Γkji , o que justifica o nome simetria no item (4 ) da Definição 1.16. Além
disso, aplicando a fórmula de Koszul aos campos de vetores coordenados, obtemos:
Reescrevendo, temos
1
Γm
ij gml = (∂i gjl + ∂j gli − ∂l gij ).
2
Como a matriz (gij ) é positiva definida, segue que ela admite uma inversa (g ij ). Multiplicando
ambos os lados da igualdade acima por g lk , e observando que gml g lk = δm
k
, encontramos
explicitamente
1
Γkij = g lk (∂i gjl + ∂j gli − ∂l gij ) (1.7)
2
que é a expressão para os símbolos de Christoffel da conexão Riemanniana em um sistema
de coordenadas qualquer.
Alternativamente, podemos obter a conexão Riemanniana, bastando definir uma conexão
afim por meio da expressão em (1.7), esta por sua vez está unicamente determinada e cumpre
as propriedades desejadas.
11
Capítulo 2
Para um maior aprofundamento dos assuntos que abordaremos neste capítulo recomendamos
ao leitor as referências [26, 32, 38].
O valor do campo T (Y1 , . . . , Yr ) (ou da função no caso de (0, r)-tensores) num ponto
p ∈ M depende unicamente dos valores dos campos de vetores Y1 , . . . , Yr ∈ X(M ) no ponto
p. Isto é, se Z1 , . . . , Zr ∈ X(M ) são tais que Yj (p) = Zj (p) (1 ≤ j ≤ r). Então
Com efeito, para provar este fato, primeiramente vamos considerar campos X1 , . . . , Xr ∈
X(M ) e supor que para algum j, Xj (p) = 0. Em uma vizinhança coordenada U de p, temos
Xj = ai ∂i . Seja ψ uma função bump em p, com supp ψ ⊂ U e ψ(p) = 1. Assim, a função
ψai ∈ C ∞ (M ) e o campo de vetores ψ∂i ∈ X(M ), para cada i = 1, . . . , n. Consequentemente,
12
Como cada ai (p) = 0 e ψ(p) = 1, segue que T (X1 , . . . , Xj , . . . , Xr )(p) = 0. Agora por
hipótese Yj (p) = Zj (p) para todo j, isso vai implicar pelo fato anterior e pela multilinearidade
de T que
T (Y1 , . . . , Yr )(p) − T (Z1 , . . . , Zr )(p) = 0,
conforme havíamos afirmado. A este fato vamos nos referir como o caráter pontual dos
tensores.
Exemplo 2.1. O tensor métrico g : X(M ) × X(M ) → C ∞ (M ) que faz corresponder a cada
ponto p ∈ M e a cada par X, Y ∈ Tp M , o produto interno de X e Y na métrica Riemanniana
de M , isto é, gp (X, Y ) = hX, Y ip , é um (0, 2)-tensor e suas componentes no referencial {∂i }
são os coeficientes gij da métrica Riemanniana no sistema de coordenadas dado.
É imediato que ωX está unicamente determinada. Neste sentido, temos um (0, 1)-tensor
X [ : X(M ) → C ∞ (M ), dado por
Por simplicidade de notação, e desde que não teremos perigo de confusão, omitiremos o
a ” no (1, r − 1)-tensor correspondente ao (0, r)-tensor T . Em particular, o tensor métrico
“e
g, será identificado com o (1, 1)-tensor identidade I em X(M ).
Em uma variedade diferenciável é possível estender a noção de derivada covariante a
tensores como veremos agora.
13
Definição 2.2. A derivada covariante de um (1, r)-tensor T é um (1, r + 1)-tensor ∇T dado
por
∇X T (Y1 , . . . Yr ) := ∇T (X, Y1 , . . . , Yr ).
Decorre daí que ∇Z ωX pode ser identificado ao campo ∇Z X, ou equivalentemente, ∇ωX pode
ser identificado ao operador ∇X. Isto mostra que a derivada covariante de tensores é uma
generalização da derivação covariante de campos (derivar um campo é o mesmo que derivar
covariantemente o seu dual).
Definição 2.3. Seja T um (1, 1)-tensor. Define-se a derivada covariante de segunda ordem
∇2 T = ∇∇T como o (1, 3)-tensor, dado por
14
Isso se justifica pelos cálculos seguintes:
∇2X,Y Z := ∇∇Z(X, Y )
= ∇X (∇Z(Y )) − (∇Z)(∇X Y )
= ∇X ∇Y Z − ∇∇X Y Z, (2.3)
Subtraindo (2.4) de (2.3) obtemos, para cada Z ∈ X(M ), o (1, 2)-tensor dado por
15
Fazendo Z variar na equação (2.5) obteremos um (1, 3)-tensor, bastando provar a lineari-
dade em Z. O que motiva a definição seguinte.
dado por
R(X, Y )Z = ∇X ∇Y Z − ∇Y ∇X Z − ∇[X,Y ] Z. (2.6)
Observemos que a notação R(X, Y, Z) também é adequada para este tensor. Além disso,
alertamos que alguns autores costumam considerar o tensor curvatura com um sinal trocado
de (2.6). Neste caso as definições que dependem do sinal deste tensor devem ser trocadas
de acordo com a definição escolhida, tomando por referência que a curvatura seccional (cf.
Def. 2.5 à frente) da esfera canônica unitária seja 1.
e
∇[X,Y ] Z = ([X, Y ]z1 , . . . , [X, Y ]zn ).
Usando o tensor métrico podemos definir o tensor curvatura como sendo o (0, 4)-tensor
dado por
R(X, Y, Z, W ) = hR(X, Y )Z, W i
2. R(X, Y, Z, W ) = R(Z, W, X, Y ).
16
4. (∇X R)(Y, Z, W ) + (∇Y R)(Z, X, W ) + (∇Z R)(X, Y, W ) = 0 (segunda identidade de
Bianchi).
Observemos que no item 4, às vezes, será mais conveniente que o tensor curvatura seja
considerado com a notação R(X, Y, Z). Mas, independentemente disto, sempre teremos o
(1, 4)-tensor (∇X R)(Y, Z, W ) = ∇R(X, Y, Z, W ).
Dizemos que um referencial ortonormal {e1 , . . . , en } em um aberto U ⊂ M é geodésico
em p ∈ U se (∇ei ej )(p) = 0 para todos i, j = 1, . . . , n.
Para uso posterior vamos estabelecer as seguintes notações:
Às vezes, também será conveniente reescrever o tensor curvatura R na bem adequada notação
seguinte:
R(X, Y, Z) = [∇X , ∇Y ]Z − ∇[X,Y ] Z.
[∇i , R(ej , ek )]el := ∇i R(ej , ek )el − R(ej , ek )∇i el = ∇i Rjkl = [∇i , ∇j ∇k − ∇k ∇j ]el
= [∇i , [∇j , ∇k ]]el .
Além disso, vamos observar que Identidade de Jacobi ainda é válida na forma
Alertamos que estas observações serão de extrema importância para a prova do item 4 da
proposição anterior.
17
Demonstração da Proposição 2.1. A primeira parte de 1 segue diretamente da definição
de R. Para provarmos a segunda parte, note que a linearidade nas duas últimas parcelas,
nos permite afirmar que segunda igualdade é equivalente a hR(X, Y )Z, Zi = 0, uma vez que
podemos usar a identidade de polarização em Z para obter o resultado desejado, deste modo
vamos calcular
18
Assim, R(Z, W, X, Y ) = R(Y, X, W, Z).
Para a prova de 4, basta considerar um referencial geodésico {e1 , . . . , en } em um ponto
p ∈ M . Neste caso, para todos i, j, k, l = 1, . . . , n, temos (em p)
Então,
∇i Rjkl + ∇j Rkil + ∇k Rijl = [∇i , [∇j , ∇k ]]el + [∇j , [∇k , ∇i ]]el + [∇k , [∇i , ∇j ]]el
= [∇i , [∇j , ∇k ]] + [∇j , [∇k , ∇i ]] + [∇k , [∇i , ∇j ]] el = 0.
Segue-se da Álgebra linear que esta definição não depende da escolha dos vetores x, y que
geram σ. Além disso, note que, se {e1 , . . . , en } é uma base ortonormal de Tp M , temos
Fixemos um vetor v ∈ Tp M , de modo que {v, e1 , . . . , en−1 } seja uma base ortonormal de
Tp M . Vamos considerar todas as possíveis curvaturas seccionais dos planos que podemos
gerar com v e tomar a média
n−1
1 X
Ricp (v) := Kp (v, ei ).
n − 1 i=1
Esta é a que chamaremos de curvatura de Ricci no ponto p segundo v. Deste modo, podemos
novamente considerar a base ortonormal {e1 , . . . , en } ⊂ Tp M , para calcularmos a média
n
1X 1 X
s := Ricp (ej ) = Kp (ej , ei ).
n j=1 n(n − 1) i,j
19
Definição 2.6. Definimos o tensor de Ricci como o traço do tensor curvatura de Riemann.
Isto é, se {e1 , . . . , en } ⊂ Tp M é uma base ortonormal e u, v ∈ Tp M , então para cada p ∈ M
o tensor de Ricci é dado por
n
X n
X
Ric(u, v) = hR(ei , u)v, ei i = hR(ei , v)u, ei i = Ric(v, u),
i=1 i=1
onde a segunda igualdade segue da Proposição 2.1 e prova que o tensor de Ricci é simétrico.
isto é,
S
= s.
n(n − 1)
Por isso, chamaremos S de curvatura escalar, enquanto que s será chamada de curvatura
escalar normalizada.
Recordemos agora o seguinte fato sobre EDO: Seja X um campo diferenciável de vetores
em M . Dado p ∈ M , existe uma vizinhança U ⊂ M de p, um intervalo (−ε, ε), ε > 0, e
uma aplicação diferenciável ϕ : (−ε, ε) × U → M tais que a curva t 7→ ϕ(t, q), é a única
∂ϕ(t,q)
curva diferenciável satisfazendo ∂t
= Xϕ(t,q) e ϕ(0, q) = q, para todo t ∈ (−ε, ε) e q ∈ U .
Observemos que este resultado é apenas uma extensão para M n do teorema fundamen-
tal de existência, unicidade e dependência das condições iniciais das equações diferenciais
ordinárias. De fato, basta observar o caráter local deste último, juntamente com o difeomor-
fismo local de M n com Rn .
Sejam X, Y ∈ X(M ) e ϕ : (−ε, ε) × U → M o fluxo de X. Consideremos, para cada
t ∈ (−ε, ε), o difeomorfismo ϕt : U → ϕt (U ) dado por ϕt (q) = ϕ(t, q). A derivada de Lie de
Y com respeito a X é o campo de vetores que a cada p ∈ M associa ao vetor tangente dado
por
d 1 −1
dϕ−1
(LX Y )p = t Yϕ(t,p) = lim dϕt Yϕ(t,p) − Yp . (2.8)
dt t=0 t→0 t
20
Como ϕ−1
t = ϕ−t e ϕt ◦ ϕ−t = id , temos a seguinte equivalência com a definição (2.8)
1 1 1
(LX Y )p = lim dϕ−t (Yϕt (p) − dϕt Y ) = lim dϕ−t (Yϕt (p) − dϕt Y ) = lim Yϕt (p) − dϕt Y .
t→0 t t→0 t t→0 t
Na última igualdade utilizamos que lim dϕ−t = id . Este fato segue da definição de vetor
t→0
tangente e da dependência contínua de ϕ(t, q) com relação a t e q.
LX Y = [X, Y ].
Este fato mostra que o campo de vetores [X, Y ] também pode ser interpretado como
uma derivação de Y ao longo das trajetórias de X. Para prová-lo, convém alertarmos para
o seguinte resultado.
Fato 2.2. Sejam U um aberto de M , ψ : (−ε, ε) × U → R uma função diferenciável, tal que
ψ(0, p) = 0, para todo p ∈ U . Então, existe uma função diferenciável h : (−ε, ε) × U → R,
satisfazendo
∂ψ
ψ(t, p) = th(t, p) e = h(0, p) (2.9)
∂t t=0
Demonstração.
Z 1 Z 1
∂ψ(st, p) ∂ψ(st, p)
h(t, p) := ds ⇒ th(t, p) = d(st) = ψ(t, p).
0 ∂(st) 0 ∂(st)
(dϕp Xp )ϕ(p) (f ) = Xp (f ◦ ϕ)
Demonstração. Seja α uma curva diferenciável em M tal que α(0) = p e α0 (0) = Xp . Pela
definição apresentada na Proposição 1.1, temos
d
(dϕp Xp )ϕ(p) (f ) := (ϕ ◦ α)0 (0)(f ) = (f ◦ ϕ ◦ α) = Xp (f ◦ ϕ).
dt t=0
21
Demonstração do Fato 2.1. Para cada f ∈ C ∞ (M ), consideremos a seguinte função diferen-
ciável ψ : (−ε, ε) × U → R, dada por ψ(t, p) = f ◦ ϕ(t, p) − f (p). Note que ψ(0, p) = 0 para
∂ϕ(t,p)
todo p ∈ U , então pelo Fato 2.2, existe h satisfazendo (2.9) e como ∂t
= Xϕ(t,p) , teremos
∂
f ◦ ϕt (p) = f (p) + th(t, p) e Xp (f ) = (f ◦ ϕ) = h(0, p).
∂t t=0
Assim,
1
(LX Y )p (f ) = lim (dϕ−t Yϕt (p) )(f ) − Yp (f )
t→0 t
1
= lim Yϕt (p) (f ◦ ϕ−t ) − Yp (f )
t→0 t
1
= lim Yϕt (p) (f − th) − Yp (f )
t→0 t
1
= lim Yϕt (p) (f ) − Yp (f ) − lim Yϕt (p) (h).
t→0 t t→0
A derivada de Lie pode ser estendida para tensores. Para tanto, vamos focar nossa
atenção para os (0, r)-tensores T . Os resultados para os (1, r)-tensores são análogos.
Novamente vamos considerar um campo de vetores X ∈ X(M ), o seu fluxo ϕ : (−ε, ε) ×
U → M , e para cada t ∈ (−ε, ε), o difeomorfismo ϕt : U → ϕt (U ) dado por ϕt (q) = ϕ(t, q).
A derivada de Lie de T com respeito a X é o (0, r)-tensor LX T que a cada p ∈ M associa
ao operador dado por
d 1 ∗
(ϕ∗t T )p = lim
(LX T )p = ϕt Tϕ(t,p) − Tp .
dt t=0 t→0 t
d d
(LX f )p = (ϕ∗t f )(p) = (f ◦ ϕt (p)).
dt t=0 dt t=0
22
Por simplicidade, façamos a prova deste fato para um (0, 2)-tensor T . Vejamos:
1 ∗
(LX T )p (Y, Z) = lim ϕt Tϕ(t,p) (Y, Z) − Tp (Y, Z)
t→0 t
1
= lim Tϕt (p) (dϕt Y, dϕt Z) − Tp (Y, Z)
t→0 t
1
= lim Tϕt (p) dϕt Y − Yϕt (p) + Yϕt (p) , dϕt Z − Zϕt (p) + Zϕt (p) − Tp (Y, Z) .
t→0 t
Pela bilinearidade de T ,
1
(LX T )p (Y, Z) = lim Tϕt (p) (dϕt Y − Yϕt (p) ), dϕt Z − Zϕt (p)
t→0 t
1
+ lim Tϕt (p) (dϕt Y − Yϕt (p) ), Zϕt (p)
t→0 t
1
+ lim Tϕt (p) Yϕt (p) , (dϕt Z − Zϕt (p) )
t→0 t
1
+ lim Tϕt (p) (Yϕt (p) , Zϕt (p) ) − Tp (Y, Z)
t→0 t
Em particular:
LX df = dLX f.
Portanto, a Fórmula de Koszul (1.5) da conexão Riemanniana de (M, g) pode ser reescrita
como uma equação entre os (0, 2)-tensores:
2∇Y = dωY + LY g.
Para maiores detalhes sobre derivada de Lie recomendamos o livro de John Lee [26].
23
2.1 Operadores Diferenciais
Relembremos que todo campo de vetores Y ∈ X(M ) pode ser escrito localmente em
termos dos campos coordenados ∂1 , . . . , ∂n como segue:
Y = g ij yi ∂j ,
em que yi := hY, ∂i i. De fato, primeiro escreva Y = ak ∂k , em seguida note que hY, ∂j i = ak gkj
implica ai = g ij hY, ∂j i. Em particular, escrevendo fj := h∇f, ∂j i = ∂j f , a expressão local
para o campo de vetores gradiente é:
∇f = g ij fj ∂i . (2.13)
24
Seja X um campo diferenciável em M e {e1 , . . . , en } um referencial ortonormal em uma
Xn
vizinhança aberta U ⊂ M . Se X = ai ei em U , então
i=1
n
X
divX(p) = (ei (ai ) − h∇ei ei , Xi). (2.16)
i=1
De fato,
n
X n
X n
X
divX = h∇ei X, ei i = (ei hX, ei i − hX, ∇ei ei i) = (ei (ai ) − h∇ei ei , Xi),
i=1 i=1 i=1
o que prova nossa afirmação. Além disso, uma conta direta, prova que para todo X, Y ∈
X(M ) e f : M → R, vale:
25
A última igualdade em (2.21) é motivada pela definição apresentada na equação (2.4) e
do fato a seguir:
∇df = ∇2 f,
R(X, Y )∇f = (∇X ∇2 f )(Y ) − (∇Y ∇2 f )(X), (2.25)
L∇f g = 2∇2 f.
1
d|∇f |2 = ∇2 f (∇f, ·). (2.26)
2
26
é chamada o elemento de volume (ou forma volume) de M , o qual também denotaremos
por dM . É imediato que w está bem definida, isto é, wp (v1 , . . . , vn ) não depende da base
ortonormal positiva escolhida.
Suponha agora que M é uma variedade com bordo ∂M . Denotamos por ν o campo
unitário normal exterior a M ao longo de ∂M . A orientação de M induz uma orientação em
∂M como segue: dado p ∈ ∂M e dada uma base β = {u1 , . . . , un−1 } ⊂ Tp ∂M , dizemos que
β é positiva se {ν, u1 , . . . , un−1 } é uma base positiva de Tp M.
Proposição 2.2. Seja M n uma variedade Riemanniana orientada, com elemento de volume
dM . Então
d(XydM ) = (divX)dM (2.29)
Demonstração. Segue da Proposição 2.2 e do teorema de Stokes, ver por exemplo [26], que
Z Z Z Z
divX dM = d(XydM ) = XydM = (X > + X ⊥ )ydM
M ZM ∂M Z ∂M Z
= (hX, νiν)ydM = hX, νiνydM = hX, νi d(∂M ).
∂M ∂M ∂M
27
Note que no caso de ν ser o normal unitário interior a M ao longo de ∂M , o segundo
membro da igualdade no Teorema 2.1 muda de sinal.
As fórmulas da proposição a seguir são conhecidas como as identidades de Green.
Nesta seção veremos algumas importantes propriedades dos tensores as quais envolvem os
operadores diferenciais e são úteis em análise geométrica. Nosso primeiro trabalho será
definir um produto interno entre tensores.
Seja (x1 , . . . , xn ) um sistema de coordenadas locais em uma variedade diferenciável M n
com métrica Riemanniana g = h, i, {∂1 , . . . , ∂n } o referencial coordenado e {e1 , . . . , en } um
referencial ortonormal. O traço de um (0, 2)-tensor T é dado por
X
tr(T ) = T (ei , ei ),
i
ou ainda,
tr(T ) = g ij T (∂i , ∂j ) = g ij g(T (∂i ), ∂j ). (2.32)
Observemos que T (∂i ) = g kl g(T (∂i ), ∂k )∂l = g kl g(∂i , T ∗ (∂k ))∂l , onde T ∗ é o operador adjunto
de T. Consideremos outro (0, 2)-tensor S e seus respectivos (1, 1)-tensores, dados por
28
Desta forma, temos T : X(M ) → X(M ) e S : X(M ) → X(M ). Além disso, S ∗ : X(M ) →
X(M ) é tal que hS(X), Y i = hX, S ∗ (Y )i. Vamos procurar uma expressão para tr(T S ∗ ).
Vejamos:
(2.32)
tr(T S ∗ ) = g ij g ((T S ∗ )(∂i ), ∂j ) = g ij g (T (S ∗ (∂i )) , ∂j )
= g ij g(T (g kl g(∂i , S(∂k ))∂l ), ∂j )
= g ij g kl g(S(∂k ), ∂i )g(T (∂l ), ∂j ) = g ij g kl Ski Tlj .
Assim, em {e1 , . . . , en },
X X
tr(T S ∗ ) = Tij Sij = g(T (ei ), ej )g(S(ei ), ej )
i,j i,j
X X X
= g(T (ei ), g(S(ei ), ej )ej ) = g(T (ei ), S(ei )),
i j i
X X
tr(T T ∗ ) = g(T (ei ), T (ei )) = |T (ei )|2 (2.35)
i i
e
X X
tr(T g ∗ ) = g (T (ei ), I(ei )) = g (T (ei ), ei ) = tr(T ). (2.36)
i i
As relações (2.34) e (2.35) nos mostram que podemos definir um produto interno entre
os (0, 2)-tensores T e S, fazendo
hT, Si := tr(T S ∗ ). (2.37)
29
Exemplo 2.6. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana n-dimensional. Definimos o tensor
sem traço de um tensor T por
tr(T )
T̊ := T − g.
n
Então
tr(T ) 2 tr(T )2
0 ≤ |T̊ |2 = T − g = |T |2 − .
n n
Assim,
tr(T )2
|T |2 ≥ ,
n
ocorrendo a igualdade se, e só se,
tr(T )
T = g.
n
Em particular, se T = ∇2 f , temos
(∆f )2
|∇2 f |2 ≥ . (2.39)
n
Proposição 2.4. Para todo campo de vetores diferenciável X e Y em uma variedade Rie-
manniana (M n , g = h, i), são válidas as seguintes fórmulas:
1. ∆hX, Y i = div (LX g)(Y ) + div (LY g)(X) − div(∇X Y ) − div(∇Y X).
30
para deduzirmos que
X
div (LX g)(Y ) p = h∇ei (LX g)(Y ), ei i
i
X
= (h∇ei ∇Y X, ei i + h∇ei ∇ei X, Y i + h∇ei X, ∇ei Y i)
i
X
= div(∇Y X) + (h∇ei ∇ei X, Y i + h∇ei X, ∇ei Y i).
i
Analogamente,
X
div (LY g)(X) p
= div(∇X Y ) + (h∇ei ∇ei Y, Xi + h∇ei Y, ∇ei Xi).
i
Assim,
div (LX g)(Y ) + div (LY g)(X) = div(∇Y X) + div(∇X Y ) + ∆hX, Y i.
Observe que esta última equação, juntamente com o item 1, é suficiente para provar a equação
(2.40).
31
Proposição 2.5. Para todo campo de vetores diferenciável X em uma variedade Rieman-
niana (M n , g = h, i) e funções f, ` ∈ C ∞ (M ), são válidas as seguintes fórmulas:
1
1. 2
div (L∇f g)(X) = Ric(X, ∇f ) + hX, ∇(∆f )i + h∇2 f, ∇Xi.
1
2. 2
∆|∇f |2 = Ric(∇f, ∇f ) + |∇2 f |2 + h∇f, ∇(∆f )i.
3. ∆h∇f, ∇`i = 2Ric(∇f, ∇`) + 2h∇2 f, ∇2 `i + ∇f, ∇(∆`)i + h∇`, ∇(∆f )i.
o que é suficiente para concluirmos a prova da fórmula de Bochner (item 2). Mais geralmente,
fazendo X = ∇` no item 1, temos
32
De modo que, fazendo X = ∇f e Y = ∇` na equação (2.40), obtemos
∆h∇f, ∇`i = div (L∇f g)(∇`) + div (L∇` g)(∇f ) − h∇f, ∇(∆`)i − h∇`, ∇(∆f )i
−2Ric(∇f, ∇`) − 2h∇2 f, ∇2 `i
= 2Ric(∇f, ∇`) + 2h∇2 f, ∇2 `i + h∇f, ∇(∆`)i + h∇`, ∇(∆f )i.
onde p ∈ M n e (v1 , . . . , vr ) ∈ Tp M × . . . × Tp M.
Além disso, de acordo com a Observação 2.1, a métrica Riemanniana g em M , induz em cada
espaço dual Tp∗ M do espaço tangente Tp M , um produto interno com propriedades análogas
a g, bastando definir para cada X [ , Y [ ∈ Tp∗ M
hX [ , Y [ i = hX, Y i, (2.43)
33
em que X, Y ∈ Tp M são os vetores correspondentes a X [ e Y [ , respectivamente. Ademais,
X X
hdivT, Z [ i = h(divT )] , Zi = h(divT )] , ei ihZ, ei i = (divT )(ei )hZ, ei i
i i
X
= (divT ) hZ, ei iei = (divT )(Z).
i
Ao se escrever esta última relação para um (0, 2)-tensor, fica implícito que estamos traba-
lhando com o (1, 1)-tensor correspondente. Ademais, quando não houver perigo de confusão,
]
omitiremos por simplicidade o “ ”.
Relembremos que o (1, 1)-tensor identidade I de X(M ) está associado ao (0, 2)-tensor
métrico g, o que permite considerar divg = divI ou, mais geralmente, vamos provar o
próximo resultado bastante usado em análise geométrica.
Fato 2.4. As seguintes fórmulas são válidas em qualquer variedade Riemanniana (M n , g):
Pela antisimetria dos dois primeiros índices do tensor curvatura e pela segunda identidade
de Bianchi
X X X
dS(ek ) = − h∇k Riji , ej i = h∇i Rjki , ej i + h∇j Rkii , ej i
i,j i,j i,j
X X
= h∇i Rjki , ej i + h∇j Rikj , ei i,
i,j j,i
34
onde na última parcela usamos que, em p, ej hRkii , ej i = ej (Rkiij ) = ej (Rikji ) = ej hRikj , ei i.
Por outro lado, ainda no ponto p, temos
X X X
(divRic)(ek ) = h(∇i Ric)ek , ei i = h∇i Ric(ek ), ei i = ei hRic(ek ), ei i
i i i
X X X
= ei (Ric(ek , ei )) = ei hRjki , ej i = h∇i Rjki , ej i,
i i,j i,j
Lema 2.1. Seja T um (0, 2)-tensor simétrico em uma variedade Riemanniana (M n , g).
Então vale
div(T (ϕZ)) = ϕhdivT, Zi + ϕh∇Z, T i + T (∇ϕ, Z),
Demonstração. Pelas propriedades do operador divergente, pela equação (2.42) e pela sime-
tria de T , teremos
Para àqueles que despertarem interesse em outras aplicações do referido lema, recomen-
damos uma breve lida em [3, 4, 22, 30]. Por exemplo, quando trabalhamos com hiper-
superfícies n-dimensionais de uma forma espacial, podemos considerar as r-ésimas funções
simétricas da curvatura Sr , os r-ésimos tensores de Newton Pr e o operador Lr . Relembre-
mos que os tensores de Newton são definidos indutivamente por: P0 = I e, para 1 ≤ r ≤ n,
Pr = Sr I − APr−1 , onde A é o operador de Weingartein da hipersuperfície. Enquanto que o
operador Lr : C ∞ (M ) → C ∞ (M ) é definido por
Lr (f ) = tr(Pr ◦ ∇2 f ) = hPr , ∇2 f i.
35
Um fato importante que foi provado por Rosenberg em [37] é que cada Lr toma uma forma
divergente. Mais exatamente, temos
Lr (f ) = div(Pr ∇f ).
Corolário 2.1.
∆df = d∆f + Ric(∇f, ·), (2.44)
Ric(X, ∇f ) + (d∆f )(X) = div(∇2 f (X)) − h∇X, ∇2 f i = (div∇2 f )(X) = (∆df )(X)
para todo X ∈ X(M ), que é suficiente pra concluir o resultado do presente corolário, uma
vez que o tensor de Ricci é simétrico.
36
Einstein igual a (n−1)k. Ademais, uma conta direta mostra que toda superfície Riemanniana
é uma variedade Einstein. Para o caso em que M n é conexa de dimensão n ≥ 3, o Teorema
de Schur garante que a função de Einstein é constante igual a Sn , uma prova deste fato pode
ser encontrada em [12].
Relacionado a este tópico, vamos recordar a definição que aparece no Exemplo 2.6, para
o caso particular do tensor de Ricci, a saber
˚ := Ric − S g.
Ric
n
Assim, pelo Fato 2.4 teremos
˚ = n − 2 dS.
divRic
2n
Também precisaremos do lema abaixo, que é uma propriedade geral para (0, 2)-tensores
simétricos em uma variedade Riemanniana.
Lema 2.2. Para todo (0, 2)-tensor simétrico T em uma variedade Riemanniana (M n , g),
vale
hLZ g, T i = 2h∇Z, T i,
37
M̄ de variedade ambiente. O caso particular em que a codimensão m da imersão é 1, F (M )
é denominada uma hipersuperfície.
Definição 2.14. Sejam M n e M̄ n+m duas variedades diferenciáveis com métricas h·, ·iM e
h·, ·iM̄ , respectivamente. Uma imersão F : M n → M̄ n+m é chamada imersão isométrica (ou
Riemanniana) se
hX, Y iM = hdFp (X), dFp (Y )iM̄
Seja F : M n → M̄ n+m uma imersão. Segue da forma local das imersões que para cada
p ∈ M existe uma vizinhança U ⊂ M de p tal que a restrição de F a U é um mergulho sobre
F (U ), para uma prova precisa deste fato ver, por exemplo, [12]. Mais precisamente, existem
uma vizinhança Ū ⊂ M̄ de F (p), um aberto V ⊂ Rn+m e um difeomorfismo ϕ : Ū → V ,
tais que ϕ aplica difeomorficamente F (U ) ∩ Ū em um aberto do subespaço Rn ⊂ Rn+m .
Desta forma podemos simplificar a notação identificando U com sua imagem F (U ) e cada
vetor v ∈ Tq M, q ∈ U, com dFq (v) ∈ TF (q) M̄ . Sendo assim, o espaço tangente de M em q
se torna um subespaço do espaço tangente de M̄ em q (aqui já estamos identificando q com
F (q)). Além disso, podemos estender (localmente) os campos de vetores em M para campos
de vetores em M̄ , isto é, os campos de vetores em M restritos a U podem ser estendidos a
campos de vetores em Ū . Ademais, assumindo a partir de agora que F seja uma imersão
isométrica, vamos observar que para cada q ∈ U , o produto interno em Tq M̄ o decompõe na
soma direta
Tq M̄ = Tq M ⊕ Tq M ⊥
T M̄ |F (M ) = T M ⊕W T M ⊥ .
38
Sendo assim, podemos considerar as seguintes projeções:
( )> : T M̄ |F (M ) → T M e ( )⊥ : T M̄ |F (M ) → T M ⊥ .
¯ X̄ Ȳ )> + (∇
¯ X̄ Ȳ = (∇
∇ ¯ X̄ Ȳ )⊥ . (2.45)
Vamos estudar cada uma dessas parcelas separadamente. Para tanto, sejam X, Y, Z
campos de vetores em U ⊂ M (que estamos identificando com F (U )) e X̄, Ȳ , Z̄ as respectivas
¯ X̄ Ȳ em q ∈ U só depende de X̄(q) = X(q) e dos valores de Ȳ ao
extensões locais a M̄ . Como ∇
longo de qualquer curva diferenciável tangente a X(q), podemos definir (independentemente
das extensões) os dois entes geométricos a seguir:
¯ X̄ Ȳ )> e α(X, Y ) := (∇
DX Y := (∇ ¯ X̄ Ȳ )⊥ .
¯ X̄ Ȳ , Z̄i + hȲ , ∇
XhY, Zi = X̄hȲ , Z̄i = h∇ ¯ X̄ Z̄i = h∇
¯ X̄ Ȳ , Zi + hY, ∇
¯ X̄ Z̄i
¯ X̄ Ȳ )> , Zi + hY, (∇
= h(∇ ¯ X̄ Z̄)> i = hDX Y, Zi + hY, DX Zi
e, a expressão local dos colchetes (ver (1.1)) nos permite deduzir que, em U , [X̄, Ȳ ]> = [X, Y ],
logo
¯ X̄ Ȳ )> − (∇
DX Y − DY X = (∇ ¯ Ȳ X̄)> = (∇
¯ X̄ Ȳ − ∇
¯ Ȳ X̄)> = [X̄, Ȳ ]> = [X, Y ].
¯ X̄ Ȳ − ∇X Y.
α(X, Y ) = ∇
39
caso de Y , consideremos f ∈ C ∞ (U ) e f¯ uma extensão de f a Ū . Notando que, em U ,
X̄(f¯)Ȳ = X(f )Y , temos
¯ X̄ Ȳ = ∇X Y + α(X, Y ).
∇ (2.46)
Esta equação é conhecida como a fórmula de Gauss. A grosso modo, podemos dizer que a
equação (2.46) nos conduz ao estudo de duas geometrias sobre M , uma tangente dada pela
primeira parcela, e outra normal dada pela segunda parcela. Com o objetivo de estabelecer-
mos uma ligação entre elas, consideremos {ν1 , . . . , νm } um referencial ortonormal local em
X(U )⊥ . Então, para cada νi , temos
¯ X νi , Y i + hνi , ∇
0 = Xhνi , Y i = h∇ ¯ X Y i = h(∇
¯ X νi )> , Y i + hνi , α(X, Y )i.
¯ X νi ) > .
Aνi X = −(∇
para todos X, Y ∈ X(M ). Como de praxe, podemos definir Aνi como sendo o (0, 2)-tensor
dado por Aνi (X, Y ) := hAνi X, Y i, o qual é simétrico, isto é, hAνi X, Y i = hX, Aνi Y i. A
aplicação Aνi é o operador de Weingerten ou operador de forma da imersão F , enquanto que
(2.47) é a equação de Weingerten.
Com fins de formalização do operador α, indicaremos por X(U )⊥ os campos de vetores
(diferenciáveis em U ) normais aos campos tangentes diferenciáveis em U .
40
em coordenadas locais, para cada p ∈ M a aplicação αp : Tp M × Tp M → Tp M ⊥ dada por
αp (X, Y ) = α(X, Y )(p) depende somente dos valores de X e Y em p, portanto o campo de
vetores normais α(X, Y ) tem caráter tensorial.
Como o operador Aνi é simétrico, convém considerarmos o seu traço, para isso vamos
definir a função curvatura média Hi na direção νi , dada por
1
Hi := tr(Aνi ).
n
De modo que, podemos definir um campo local de vetores diferenciáveis normais a M pela
m
X
expressão H := Hi νi . Este campo independe dos νi 0 s, uma vez que, para cada p ∈ M ,
i
temos
m m n n m n
1X 1 XX 1 XX 1X
H= tr(Aνi )νi = hAνi ej , ej iνi = hα(ej , ej ), νi iνi = α(ej , ej ),
n i n i j n j i n j=1
em que {e1 , . . . , en } é uma base ortonormal de Tp M . Segue que nH = tr(α), o que prova a in-
dependência afirmada. Dizemos que H é o vetor curvatura média da imersão F . Observemos
que, se M é orientável podemos definir H globalmente.
H = Hν e ¯ X ν)> = −∇
Aν X = −(∇ ¯ X ν.
hR(Ei , Ej )Ej , Ei i − hR̄(Ēi , Ēj )Ēj , Ēi i = h∇Ei ∇Ej Ej − ∇Ej ∇Ei Ej − ∇[Ei ,Ej ] Ei , Ei i
¯ Ē ∇
−h∇ ¯ Ē Ēj − ∇
¯ Ē ∇¯ Ē Ēj − ∇
¯ [Ē ,Ē ] Ēi , Ei i.
i j j i i j
41
¯ [Ē ,Ē ] Ēi − ∇[E ,E ] Ei , Ei i = 0, e
Note que h∇ i j i j
¯ Ē ∇¯ Ē Ēk = ∇
¯ Ē ∇E Ek + α(Ej , Ek )
∇ i j i j
¯ Ē ∇E Ek + ∇
= ∇ ¯ Ē (hα(Ej , Ek ), νiν) (2.49)
i j i
Donde
¯ Ē ∇
h∇ ¯ Ē Ēj , Ei i = h∇E ∇E Ej , Ei i − hAν Ej , Ej ihAν Ei , Ei i
i j i j
¯ Ē ∇
h∇ ¯ Ē Ēj , Ei i = h∇E ∇E Ej , Ei i − hAν Ei , Ej i2 .
j i j i
hR(Ei , Ej )Ej , Ei i − hR̄(Ēi , Ēj )Ēj , Ēi i = hAν Ej , Ej ihAν Ei , Ei i − hAν Ei , Ej i2 . (2.50)
Assim, em p, vamos obter a equação (2.48), conforme havíamos afirmado. Ademais, notando
que
hR(Ei , Ej )Ej , Ei i − hR̄(Ēi , Ēj )Ēj , Ēi i = hα(Ej , Ej ), α(Ei , Ei )i − |α(Ei , Ej )|2 .
Uma conta análoga a esta feita anteriormente, prova a equação de Gauss em seu formato
mais geral a seguir.
Teorema 2.2. Seja F : M n → M̄ n+m uma imersão isométrica. Para cada p ∈ M e todos
vetores ortonormais x, y ∈ Tp M , é válida a seguinte fórmula:
42
aqui, que não dependeram da positividade da métrica, mas somente da não degenerescência
da mesma, passam a valer tomando o devido cuidado de acrescentar, quando necessário, o
sinal dos vetores envolvidos. A seguir veremos um exemplo de variedade diferenciável que
contém uma métrica pseudo-Riemanniana, mas para o nosso propósito, o interessante é que
ela contém uma variedade Riemanniana.
¯ X ν = −dν(X).
Aη (X) = −∇ (2.52)
Sn (1) = {p ∈ Rn+1
0 ; hp, pi = 1}.
Hn (−1) = {p ∈ Rn+1
1 ; hp, pi = −1, pn+1 ≥ 1},
43
Riemanniana ∇ de Mn (c) é dada por
¯ X Y − α(X, Y ) = ∇
∇X Y = ∇ ¯ X Y − chα(X, Y ), p~i~p
¯ X Y − chAp~ X, Y i~p
= ∇
¯ X Y + chX, Y i~p.
= ∇
Outro fato a ser observado é que: Para o caso de acontecer hη, ηi = −1, fazendo as
mesmas contas da prova da equação de Gauss, mas com a observação que aparecerá um
sinal trocado na segunda parcela da equação (2.49), obteremos
¯ = ∇f + fν ν;
1. ∇f
¯ = ∆f − nHfν + ∇
2. ∆f ¯ 2 f (ν, ν);
1 ¯ ¯ 2 ¯ 2 f (ν, ∇f
¯ ),
3. 2
h∇|∇f | , νi =∇
44
o que prova o primeiro item. Para o segundo, basta fazer a conta seguinte
n+1
X
¯ ¯ e ei )(f )
∆f = ei (ei (f )) − (∇ i
i=1
Xn
¯ ν ν)(f )
= ei (ei (f )) − ∇ei ei (f ) − α(ei , ei )(f ) + ν(ν(f )) − (∇
i=1
n
X n
X
¯ 2 f (ν, ν)
= ei (ei (f )) − ∇ei ei (f ) − α(ei , ei )(f ) + ∇
i=1 i=1
¯ 2 f (ν, ν)
= ∆f − nH(f ) + ∇
¯ 2 f (ν, ν).
= ∆f − nHfν + ∇
O terceiro item é um fato mais geral conforme equação (2.26). Façamos a prova deste caso
particular:
n+1
1 ¯ ¯ 2 1 X ¯ |2 )ei , νi = 1 ν(|∇f
¯ |2 )
h∇|∇f | , νi = h ei (|∇f
2 2 i=1 2
1 ¯ ¯ ¯ ∇f,
¯ ∇f
¯ i=∇
¯ 2 f (ν, ∇f
¯ ).
= νh∇f, ∇f i = h∇ν
2
Proposição 2.6. Seja F : M n → Rn+1 uma imersão isométrica de uma variedade compacta
M n no espaço euclidiano Rn+1 . Então existe um ponto q0 ∈ M n e um vetor normal ν ∈
Tq0 M ⊥ tais que Aν (q0 ) é positivo definido.
Então para ν = −~
q0 , temos
45
Capítulo 3
Método de Perron
∆u = f
onde f está no conjunto das funções contínuas em Ω, cuja notação clássica é C 0 (Ω).
∆u = 0
46
Definição 3.3. Seja Ω ⊂ Rn um domínio. Uma função u ∈ C 0 (Ω) será dita subharmônica
(respectivamente superharmônica) em Ω, se para toda bola B ⊂⊂ Ω (isto é, o fecho de B é
compacto e está contido em Ω) e toda função harmônica h em B, satisfazendo u ≤ h(u ≥ h)
em ∂B, tivermos também u ≤ h(u ≥ h) em B.
Teorema 3.1 (Propriedade da Média). Seja u ∈ C 2 (Ω) harmônica. Então para toda bola
Br (x) ⊂⊂ Ω vale Z
1
u(x) = u(y) dSy (3.1)
nωn rn−1 ∂B(x,r)
ou equivalentemente Z
1
u(x) = u(y) dy (3.2)
ωn rn B(x,r)
h : ∂B(0, 1) −→ ∂B(x, r)
z 7−→ x + rz = y
47
Observe que dh = rId∂B(0,1) . Logo, h é um difeomorfismo com jacobiano igual a rn−1 e
∂B(x, r) = h(∂B(0, 1)). Utilizando o teorema de mudança de variáveis para integrais temos:
Z Z Z
u(y) dSy = u(y) dSy = u(x + rz)rn−1 dSz .
∂B(x,r) h(∂B(0,1)) ∂B(0,1)
Logo,
Z
1
ϕ(r) = n−1
u(x + rz)rn−1 dSz
nωn r ∂B(0,1)
Z
1
= u(x + rz) dSz .
nωn ∂B(0,1)
Derivando com respeito a r, temos pelo teorema da convergência dominada e pela regra da
cadeia, Z
0 1
ϕ (r) = ∇u(x + rz) · z dSz .
nωn ∂B(0,1)
Agora vamos notar que o normal exterior unitário no ponto y ∈ ∂B(x, r) é exatamente
y−x
ν= r
. Então, pelo teorema da divergência
Z Z
0 1 1
ϕ (r) = ∇u(y) · νdSy = ∆u(y)dy = 0. (3.3)
nωn rn−1 ∂B(x,r) nωn rn−1 B(x,r)
48
Observação 3.1. Para o caso de funções u ∈ C 2 (Ω) subharmônicas (superharmônicas), a
propriedade da média é descrita como segue: para toda bola Br (x) ⊂⊂ Ω vale
Z
1
u(x) ≤ (≥) u(y) dSy
nωn rn−1 ∂B(x,r)
ou equivalentemente Z
1
u(x) ≤ (≥) u(y) dy.
ωn rn B(x,r)
Então u é contante. Consequentemente uma função harmônica não pode assumir valor
máximo (ou mínimo) em um ponto do interior de Ω, a menos que ela seja constante.
49
Temos que Φ 6= 0, pois y ∈ Φ. Além disso, Φ é fechado em Ω, pois Φ = u−1 ({A}). Ademais,
Φ é aberto em Ω. Com efeito, seja x0 ∈ Φ e r > 0 tal que Br (x0 ) ⊂⊂ Ω. Então,
Z Z
1 A
A = u(x0 ) ≤ u(y) dy ≤ dy
ωn rn Br (x0 ) ωn rn Br (x0 )
Arn
Z
= dy = A.
ωn rn B1 (x0 )
Isto é, Z Z
1 1
u(y)dy = A ⇒ (u(y) − A)dy = 0.
ωn rn Br (x0 ) ωn rn Br (x0 )
Demonstração. Segue imediatamente do princípio do máximo (mínimo) forte, uma vez que,
sendo Ω limitado teremos Ω compacto e portanto u ∈ C 0 (Ω) atinge um máximo e um mínimo,
os quais devem ser atingidos no ∂Ω, a menos que u seja constante.
Isto é, u = v em Ω.
50
Corolário 3.1 (Unicidade do Problema de Dirichlet). Sejam g ∈ C 0 (∂Ω) e f ∈ C 0 (Ω). Se
existe uma solução u ∈ C 2 (Ω) ∩ C 0 (Ω) do problema
∆u = f em Ω
(P )
u=g em ∂Ω.
Então ela é única.
Por outro lado, u = g ≥ 0 em ∂Ω. Assim, u(x) ≥ 0, ∀x ∈ Ω. Agora, suponhamos que exista
x0 ∈ Ω tal que u(x0 ) = 0. Então, a função u atingiria o mínimo em Ω, logo seria constante.
Como u(x0 ) = 0, segue que u ≡ 0, o que é absurdo.
Observação 3.2. Um outro resultado que obtemos a partir do princípio do máximo é que se
u é subharmônica no sentido clássico, isto é, u ∈ C 2 (Ω) e ∆u ≥ 0, então u é subharmônica
no sentido da Definição 3.3. Com efeito, seja B ⊂⊂ Ω e h uma função tal que
∆h = 0 em B
u≤h em ∂B.
Então a função w := u − h satisfaz: ∆w ≥ 0 em B e w ≤ 0 em ∂B. Segue do princípio do
Máximo Fraco que w ≤ 0 em B, isto é, u ≤ h em B.
51
Esta mesma observação vale para funções superharmônicas. A prova é feita de maneira
análoga.
As propriedades a seguir serão provadas apenas para as funções subharmônicas (no sen-
tido da Definição 3.3), pois a prova para as funções superharmônicas é análoga. Além
disso, segundo a observação anterior, tais propriedades serão trivialmente verificadas para
as funções subharmônicas (superharmônicas) no sentido clássico.
Demonstração. Devemos provar que para toda bola B ⊂⊂ Ω e qualquer função h tal
que
∆h = 0 em B
−u ≥ h em ∂B,
52
ou seja,
∆(h − w) = 0 em B
⇒ v ≤ h − w em B
v ≤h−w em ∂B
pois v é subharmônica. Como u ≤ w em B e v ≤ h − w em B, segue que u + v ≤ h
em B.
Então,
Z Z
1 1
u(x) ≤ h(x) = h(y)dSy = u(y)dSy .
nωn rn−1 ∂B(x,r) nωn rn−1 ∂B(x,r)
Em particular, elas verificam o Princípio do Máximo, pois na prova deste último fato
só precisávamos da Propriedade da Média e da continuidade da u.
sup w = sup w ≤ 0 ⇒ u − v ≤ 0 em Ω,
Ω ∂Ω
ou seja, u ≤ v em Ω.
é subharmônica em Ω.
53
Demonstração. Observe que ui ∈ C 0 (Ω) ⇒ u ∈ C 0 (Ω).
Seja B ⊂⊂ Ω e h satisfazendo
∆h = 0 em B
(∗)
u≤h em ∂B.
Devemos mostrar que (∗) ⇒ u ≤ h em B. Com efeito, como para todo i, ui ≤ u, temos
∆h = 0 em B
⇒ ui ≤ h em B.
ui ≤ h em ∂B
Logo, u = max ui ≤ h em B.
54
anj xj e (aij ) é a matriz de R na base canônica do Rn .
P P
onde y1 = j a1j xj , . . . , yn = j
∂ 2v X ∂ 2u
(x) = a a
ki ji (R(x)).
∂x2i k,j
∂y j ∂yk
X ∂ 2v XX ∂ 2u
∆v(x) = 2
(x) = aki (aij )t (R(x))
i
∂xi k,j i
∂yk ∂yj
2 X ∂ 2u
X ∂ u
= δkj (R(x)) = 2
(R(x)) = ∆u(R(x)).
k,j
∂yk ∂yj j
∂y j
Como havíamos afirmado. Sendo assim, para analisarmos a equação ∆u = 0 nos interessa
supor que u é radial (isto é que só dependa de r = |x|, x ∈ Rn ). Veremos agora que a solução
de Laplace possui uma solução radial. Para isso, seja u(x) = v(|x|) = v(r), então
∂r xj ∂ 2r 1 x2j
= e = − 3.
∂xj |x| ∂x2j r r
Assim,
∂u ∂v ∂r xj ∂ 2u x2
00 j 0 1
x2j
= = v0 e = v + v ( − ).
∂xj ∂r ∂xj |x| ∂x2j r2 r r3
Donde
v0 v0 (n − 1) 0
∆u = v 00 + n − = v 00 + v.
r r r
Fazendo w = v 0 , temos
(n − 1)
w0 +
w = 0.
r
Integrando em r, obtemos w = cr(1−n) . Assim, podemos escrever
a ln r + c, se n = 2
v(r) = ,
b r2−n + d, se n ≥ 3
55
Definição 3.4. A função
1
n(2−n)ωn
|x − y|2−n , se n ≥ 3
Γ(x − y) = Γ(|x − y|) =
1
2π
log |x − y|, se n = 2
Dada uma função u ∈ C 2 (Ω)∩C 1 (Ω) queremos obter uma expressão para u(y) em termos
da solução fundamental Γ(x − y) onde y ∈ Ω é um ponto arbitrário.
Como ∆Γ = 0 para x 6= y, a singularidade em x = y nos impede de usarmos diretamente Γ
no lugar de v na segunda identidade de Green. Para superarmos esta dificuldade, aplicaremos
a segunda identidade de Green na região Ω\B ε (y), onde ε > 0 é escolhido de modo que
Bε (y) ⊂⊂ Ω. Assim,
Z Z ∂u
∂Γ
Γ∆u − u∆Γ dx = Γ −u dS.
Ω\B ε (y) ∂(Ω\B ε (y)) ∂ν ∂ν
Agora, olhando apenas para a última integral e observando que o vetor normal unitário
x−y
é dado por ν = |x−y|
, temos
Z Z Z
∂u ∂u ∂u
Γ(x − y) dS = Γ(ε) dS ≤ |Γ(ε)| dS
∂Bε (y) ∂ν ∂Bε (y) ∂ν ∂Bε (y) ∂ν
Z
= |Γ(ε)| |h∇u, νi| dS
∂Bε (y)
Z
≤ |Γ(ε)| sup |∇u| dS
Bε (y) ∂Bε (y)
56
Logo, Z
∂u
Γ(x − y) dS → 0 (quando ε → 0).
∂Bε (y) ∂ν
Além disso, para o caso n ≥ 3 (o caso n = 2 é análogo) note que
∂Γ X X 1 (xi − yi )
(x − y) = ∂i Γνi = |x − y|−n (xi − yi )
∂ν i i
nωn ε
1 X 1
= |x − y|−n (xi − yi )2 = |x − y|−n · |x − y|2
nωn ε i
nωn ε
1
= |x − y|−n+2 .
nωn ε
Assim, utilizando o Teorema 3.1,
Z Z
∂Γ 1
u (x − y) dS = u|x − y|−n+2 dS
∂Bε (y) ∂ν nω n ε ∂B (y)
Z ε
1
= uε−n+2 dS
nωn ε ∂Bε (y)
Z
1
= u dS = u(y).
nωn εn−1 ∂Bε (y)
Portanto, tomando o limite quando ε tende pra zero em (3.4), concluímos que
Z Z
∂Γ ∂u
u(y) = − u (x − y) − Γ(x − y) dS − Γ(x − y)∆u dx (3.5)
∂Ω ∂ν ∂ν Ω
Definição 3.5 (Potencial Newtoniano com densidade f ). Para uma função integrável f , a
integral Z
u(y) = Γ(x − y)f dx
Ω
é o potencial newtoniano de f . Note que se f ∈ C0∞ (Ω), de acordo com (3.5) a solução da
equação de Poisson −∆u = f deve ser o potencial Newtoniano de f . Denotamos por C0∞ (Ω)
o conjunto das funções suaves com suporte compacto em Ω.
57
Os dois teoremas a seguir serão úteis apenas para justificar provas posteriores e as demon-
strações podem ser encontradas em [21].
Teorema 3.7. Seja B = BR (0) e ϕ uma função contínua em ∂Ω. Então a função u definida
por
R2 −|x|2 R ϕ(y)
nωn R ∂B |x−y|n
dSy se x ∈ B
u(x) =
ϕ(x) se x ∈ ∂B
58
1. B 0 ∩ B = ∅, temos: U = u em B 0 e pela subharmonicidade de u em Ω, segue que U ≤ h
em B 0 .
Definição 3.7. Seja Ω ⊂ Rn um domínio limitado e ϕ uma função limitada em ∂Ω. Uma
função u ∈ C 0 (Ω) subharmônica (respectivamente superharmônica) em Ω é chamada sub-
função (respect. superfunção) com relação a ϕ, se u ≤ ϕ (respect. u ≥ ϕ) em ∂Ω.
Observação 3.6. Denotamos por Sϕ o conjunto das subfunções com relação a ϕ, isto é,
Observe que este conjunto é não vazio, pois como ϕ é limitada, digamos, m ≤ ϕ(x) ≤
M, ∀x ∈ ∂Ω, basta tomarmos u(x) = m, ∀x ∈ Ω.
Proposição 3.2. Toda subfunção com relação a ϕ é menor do que ou igual a qualquer
superfunção com relação a ϕ.
59
Teorema 3.8. A função de Perron é harmônica em Ω.
Demonstração. Inicialmente afirmamos que u está bem definida. Com efeito, para qualquer
v ∈ Sϕ vale o princípio do máximo, logo
Temos que
• Vn (y) → u(y), pois vn0 (y) ≤ Vn (y) ≤ sup v(y) = u(y), ∀n ∈ N e vn0 (y) → u(y) para
v∈Sϕ
cada y ∈ Ω.
Como (Vn )n∈N é limitada e Vn é harmônica em B ∀n ∈ N, pelo Teorema 3.6 temos que a
sequência (Vn )n∈N contém uma subsequência (Vnk ) convergindo uniformemente em qualquer
bola B ρ (y) com ρ < R, para uma função ve que é harmônica em B ρ (y). Então ve(y) = u(y)
(unicidade do limite) e ve ≤ u em Bρ (y), pois Vnk (x) ≤ sup v(x) = u(x) ⇒ lim Vnk ≤ u para
v∈Sϕ
k suficientemente grande.
Afirmamos que: ve = u em Bρ (y), isto é, u será harmônica em Bρ (y) e provará o teorema.
Com efeito, suponha, por absurdo, que ve(z) < u(z) para algum z ∈ Bρ (y). Então, como u é
e ∈ Sϕ tal que ve(z) < u
definida pelo supremo, existe u e(z) ≤ u(z).
60
u, Vnk } e considerando o seu levantamento harmônico em Bρ (y),
Definindo wk := max{e
isto é,
w (x),
k x ∈ Bρ (y)
Wk (x) =
wk (x), x ∈ Ω\Bρ (y)
temos que Wk ∈ Sϕ e, como antes, obtemos uma subsequência de (Wk )k∈N convergindo
uniformemente em B r (y) (∀r < ρ), para uma função w que é harmônica em B r (y).
Escolhendo r ∈ (0, ρ) tal que z ∈ B r (y) e observando que Vnk ≤ wk ≤ Wk ≤ sup v =
v∈Sϕ
u ∀k ∈ N chegamos a ve ≤ w ≤ u em B r (y) e ve(y) ≤ w(y) ≤ u(y) = ve(y), isto é, ve(y) = w(y)
e como ve é subharmônica e w é harmônica em B r (y) temos que ve − w é subharmônica em
B r (y). Além disso, ve − w ≤ 0 em ∂B r (y). Então pelo princípio do máximo, concluímos que
e(z) < wk (z) ≤ Wk (z), o que conclui a prova do
ve = w em B r (y). Absurdo, pois ve(z) < u
teorema.
Então w é a função de Perron. Com efeito, seja v ∈ Sϕ . Por (P) temos que w ∈ Sϕ e v − w
é uma função subharmônica em Ω. Como v − w ≤ ϕ − ϕ = 0 em ∂Ω, pelo princípio do
máximo, v − w ≤ 0 em Ω. Logo, sup v ≤ w e uma vez que w ∈ Sϕ segue que sup v = w.
Sϕ Sϕ
O próximo passo é estabelecer condições em ∂Ω para que a função de Perron seja solução
do problema (P).
(i) w é superharmônica em Ω;
61
Lema 3.1. Sejam Ω ⊂ Rn um domínio limitado, u a função de Perron e ϕ uma função
limitada em ∂Ω. Se ϕ é contínua em ξ ∈ ∂Ω e ξ é regular, então u(x) → ϕ(ξ) quando
x → ξ.
Além disso, considere m = min w > 0. Então w(x) ≥ m, ∀x ∈ Ω\Bδ (ξ). Tomando k > 0
Ω\Bδ (ξ)
tal que km ≥ 2M , temos que
kw(x) ≥ 2M se |x − ξ| ≥ δ.
ou seja,
−kw(x) ≤ h(x) − ϕ(ξ) + ε, ∀x ∈ ∂B.
• Se x0 ∈ Bδ (ξ), então para x0 = ξ, f (ξ) = ϕ(ξ) − ε − kw(ξ) = ϕ(ξ) − ε < ϕ(ξ). E para
x0 6= ξ, −ε < ϕ(x0 ) − ϕ(ξ). Como −kw(x0 ) < 0, obtemos ϕ(ξ) − ε − kw(x0 ) < ϕ(x0 ),
isto é, f (x0 ) < ϕ(x0 ).
62
• Se x0 6∈ Bδ (ξ), sabemos que kw(x0 ) ≥ 2M ≥ −2ϕ(x0 ) ⇔ −kw(x0 ) ≤ 2ϕ(x0 ). Daí
concluímos que
−ε − kw(x0 ) ≤ 2ϕ(x0 ).
−ε − kw(x0 ) ≤ −2ϕ(ξ).
isto é, f (x0 ) ≤ ϕ(x0 ). O que conclui a prova de que f (x) é uma subfunção em relação a ϕ.
A prova de que g(x) é uma superfunção com relação a ϕ segue os passos da demonstração
anterior.
Por fim, usando a definição de u e o fato de que toda superfunção domina qualquer
subfunção, temos em Ω,
ou equivalentemente,
|u(x) − ϕ(ξ)| ≤ ε + kw(x).
Como w(x) → w(ξ) = 0 quando x → ξ, (pois w ∈ C 0 (Ω)), obtemos u(x) → ϕ(ξ) quando
x → ξ.
possui solução se, e somente se, todos os pontos do bordo são regulares.
63
onde u é a função de Perron. Então v é harmônica em Ω e como para todo ξ ∈ ∂Ω, u(x) →
ϕ(ξ) quando x → ξ segue que v ∈ C 0 (Ω) e portanto, v ∈ C 2 (Ω) ∩ C 0 (Ω) é solução de (P ).
Reciprocamente, fixe ξ ∈ ∂Ω e suponha que o problema de Dirichlet (P ) tenha uma
solução w para ϕ = Φξ : ∂Ω → R, dada por Φξ (x) = |x − ξ|. É imediato que w é uma função
barreira em ξ.
Uma condição suficiente para que o problema (P ) tenha solução em um domínio limitado
Ω ⊂ Rn é que Ω verifique a condição da esfera exterior, isto é, para qualquer ξ ∈ ∂Ω existe
uma bola B = BR (y) ⊂ Rn \Ω tal que ∂B ∩ ∂Ω = {ξ}. Neste caso, a função w : Ω → R dada
por
log |x−y| se n = 2
R
w(x) =
R2−n − |x − y|2−n se n ≥ 3,
ou seja, w(ξ) = 0
64
Além disso, se p 6= q em ∂Ω, então Bε⊥ (p) ∩ Bε⊥ (q) = ∅, e a aplicação π : Vε (∂Ω) → ∂Ω que
associa a cada q ∈ Vε (∂Ω) o pé do único segmento normal que o contém é de classe C 1 .
Agora, sejam η o campo normal unitário exterior a ∂Ω e ξ ∈ ∂Ω. Considere y = ξ + 2ε η(ξ).
Afirmamos que ∂B 2ε (y) ∩ ∂Ω = {ξ}.
Com efeito, suponha que existe ξ 6= ξ tal que ξ ∈ ∂B 2ε (y) ∩ ∂Ω. Então
ε ε
y − ξ = η(ξ) e y − ξ = η(ξ)
2 2
daí,
ε
|y − ξ| = = |y − ξ|
2
e como hy − ξ, vi = 0 = hy − ξ, vi, ∀v ∈ Tξ ∂Ω, segue que y ∈ Bε⊥ (ξ) ∩ Bε⊥ (ξ), o que é absurdo.
Como ξ é arbitrário concluímos que Ω verifica a condição da esfera exterior e B 2ε (y) ⊂ Rn \Ω
é a bola procurada.
65
Capítulo 4
Aplicações
Neste capítulo faremos a primeira aplicação das ferramentas que apresentamos nestas notas
de aula. Para este fim, consideraremos uma variedade Riemanniana orientável, conexa e
fechada M n mergulhada no espaço euclidiano Rn+1 , além disso Ω será um domínio compacto
de Rn+1 com conexão de Levi-Civita ∇ e tal que o bordo de Ω seja M com a orientação
dada pelo campo de vetores normais unitários ν interior a Ω ao longo de M , H denotará
a curvatura média de M com respeito a ν. Para não ter perigo de confusão, aqui vamos
denotar por ∇, ∆ e ∇2 o gradiente, o laplaciano e o hessiano calculados na métrica de M ,
enquanto que ∇,
e ∆e e∇e 2 os respectivos entes calculados na métrica de Rn+1 . Precisaremos
do seguinte lema:
66
Integrando ambos os membros da igualdade acima para Ω e f , obtemos
Z Z Z
1 e ∇f 2
e | dx = h∇f,e ∇( e )i dx + |∇ e 2 f |2 dx.
∆| e ∆f (4.1)
2 Ω Ω Ω
Sendo assim, basta calcularmos separadamente cada um dos itens que não aparece na fórmula
desejada. Comecemos notando que ∇f = 0 em M , então utilizando o teorema da divergência,
em seguida, os itens 1 e 3 do Lema 2.3, teremos
Z Z Z Z
1 2 1 2 2 e 2 f (ν, ν) dM.
∆|∇f | dx = −
e e h∇|∇f | , νi dM = −
e e ∇ f (ν, fν ν) dM = −
e fν ∇
2 Ω 2 M M M
(4.2)
Por outro lado, ∆f
e = 1 em Ω. Então, pela primeira identidade de Green, obtemos
Z Z Z
h∇f,
e ∇( e )i dx = −
e ∆f dx − fν ∆f
e dM.
Ω Ω M
67
Agora utilizando a desigualdade (2.39), temos
e )2 ≤ (n + 1)|∇
1 = (∆f e 2 f |2 (4.6)
ou equivalentemente,
e 2 f |2 ≤ n
1 − |∇ .
n+1
Então Z ∂f 2 n
Z
n
n H dM ≤ dx = V ol(Ω).
M ∂ν n+1 Ω n+1
Por outro lado, como ∆f
e = 1 em Ω e ν é o normal interior a Ω,
Z Z
∂f
V ol(Ω) = ∆f dx = −
e dM.
Ω M ∂ν
Isto é, Z
1 1
V ol(Ω) ≤ dM.
n+1 M H
Ocorrendo a igualdade se, e só se, ocorre a igualdade em (4.6), isto é
e 2f = 1
∇ IdRn+1 .
n+1
Segue que f deve ser da forma
1
f (x) = |x|2 + hx, vi + c
2(n + 1)
68
Como aplicação do Teorema de Heintze e Karcher daremos uma demonstração do seguinte
teorema devido a Alexandrov.
e 2 xi (ν, ν).
e i = ∆xi − nHν(xi ) + ∇
∆x
|∇xi |2 = |∇x
e i − ν(xi )ν|2 = |∇x
e i |2 − 2ν(xi )h∇x
e i , νi + ν(xi )2 |ν|2
e
n+1
X n+1
X
|∇F |2 = (1 − ν(xi )2 ) = n + 1 − ν(xi )2 = n + 1 − |ν|2 = n.
i=1 i=1
e = (0, . . . , 0) e ∇F
O fato de ∆F e = (∇x e 1 , . . . , ∇x
e n+1 ) implica que
Z Z Z
2
0 = hF, ∆F
e idx = − |∇F e | dx − hF, Fν idM
Ω ΩZ M
69
Logo,
V ol(M ) = (n + 1)HV ol(Ω). (4.8)
∂
em que ∂ν
é a derivada normal com respeito ao vetor normal unitário ν exterior a M ao
longo do bordo ∂M . Fixada uma métrica Riemanniana g em M , é bem conhecido que o
espectro do problema (4.9) é discreto bem como o traço do operador H 1 (M ) → L2 (∂M ) é
compacto. Neste caso, os autovalores formam uma sequência 0 = vo < v1 ≤ v2 ≤ . . . → ∞,
ver por exemplo [19]. Historicamente, (4.9) é conhecido como o problema de Stekloff pois
foi introduzido por ele em [40] para domínios com bordo do plano. Neste caso, como tem
sido bem observado em [18], este problema tem aplicações em física. A função φ representa
o estado de temperatura sobre um domínio M tal que fluxo sobre o bordo é proporcional à
temperatura.
Em [18] Escobar discutiu algumas estimativas do primeiro autovalo não nulo v1 para o
problema (4.9) em termos da geometria da variedade (M n , g). Por exemplo, ele provou que
um 2-dimensional disco euclidiano de raio r−1 é rígido na classe das superfícies compactas
com curvatura de Gauss não negativa e curvatura geodésica do bordo kg = r, ele também
observou que kg ≥ r implica v1 ≥ r. Enquanto que em dimensão n ≥ 3 para variedades
com curvatura de Ricci não negativa, usando a fórmula de Reilly-Bochner, ele mostrou
que v1 > k0 /2, em que k0 é uma cota superior para qualquer autovalor da segunda forma
fundamental do bordo. Para mais detalhes e motivações do problema (4.9) é mais apropriado
recomendarmos os trabalhos de Escobar [18] e suas referências.
(FALTA DIGITAR OS TEOREMAS COM AS DEMONSTRAÇÕES)
70
4.3 Rigidez de Quase sólitons de Ricci
Nesta seção, vamos estudar os quase sólitons de Ricci, basicamente, reescreveremos alguns
resultados de [22]. Comecemos relembrando a definição de fluxo de Ricci introduzida por
Hamilton no final do século 20. Dada uma família a 1-parâmetro de métricas g(t) em uma
variedade Riemanniana M n , definida em um intervalo I ⊂ R, denotando por Ricg(t) o tensor
de Ricci na métrica g(t), a equação do fluxo de Ricci é
∂
g(t) = −2Ricg(t) . (4.10)
∂t
Em [23] Hamilton provou que para qualquer métrica diferenciável g em uma variedade
Riemanniana compacta M n , existe uma única solução g(t) para a equação (4.10) definida
em algum intervalo [0, ε), ε > 0, com g(0) = g. Para o caso completo não compacto, Shi
provou em [39] a existência de uma solução completa de (4.10) sob a condição da curvatura
seccional de (M n , g) ser limitada.
Um sóliton de Ricci é um fluxo de Ricci (M n , g(t)), 0 ≤ t < T ≤ +∞, com a propriedade
que, para cada t ∈ [0, T ), existe um difeomorfismo ϕt : M n → M n e uma constante σ(t) > 0
tal que σ(t)ϕ∗t g = g(t). Uma maneira para gerar sólitons de Ricci é a seguinte: considere-
mos uma variedade Riemanniana (M n , g), com um campo de vetores X e uma constante λ
satisfazendo
1
Ricg + LX g = λg. (4.11)
2
Em seguida, vamos definir a função σ(t) = −2λt + 1, para cada t ∈ [0, T ), com T := +∞,
1
se λ ≤ 0, e T := 2λ
, se λ > 0. Finalmente, basta considerarmos ϕt como a família a 1-
X(x)
parâmetro de difeomorfismos gerados pelo campo Yt (x) = σ(t)
, para todo x ∈ M n . Esta
caracterização permite que alguns autores considerem a equação (4.11) para definirem sóliton
de Ricci. Para maiores detalhes sobre o fluxo de Ricci, duas boas referências são [16] e [17].
Em [34] Pigola, Rigoli, Rimoldi e Setti estudaram a equação (4.11), com a condição
adicional de que o parâmetro λ seja uma função e X um campo de vetores gradiente, a esta
nova classe eles se referiram a um quase sóliton de Ricci gradiente. Posteriormente, em [5]
Barros e Ribeiro consideraram a seguinte definição geral de quase sóliton de Ricci.
Definição 4.1. Um quase sóliton de Ricci é uma variedade diferenciável M n munida com
uma métrica Riemanniana g, um campo de vetores X e uma função sóliton λ : M → R
71
satisfazendo
1
Ric + LX g = λg, (4.12)
2
onde Ric denota o tensor de Ricci de (M n , g) e LX g a derivada de Lie de g na direção de
X.
Exemplo 4.1. Seja (Mn (c), g◦ ) a esfera canônica Sn (1) ou o espaço hiperbólico Hn (−1),
de acordo com o número c seja 1 ou −1, respectivamente. Além disso, seja hv a função
altura com respeito a um vetor unitário v ∈ Rn+1
τ . Então para cada v, a função λv (x) :=
c(n − 1) − chv (x), define uma estrutura de quase sóliton de Ricci gradiente em (Mn (c), g◦ )
com função potencial hv , uma vez que o tensor de Ricci e o hessiano de hv , ambos calculados
na métrica g◦ , são dados por: Ric = c(n − 1)g◦ e ∇2 hv = −chv g◦ .
Assim como o sóliton de Ricci, também podemos associar um quase sóliton ao fluxo de
Ricci. De fato, sejam (M n , g) uma variedade Riemanniana completa e g(t) uma solução de
(4.12), definida em um intervalo [0, ε), ε > 0, tal que ϕt seja uma família a 1-parâmetro de
72
difeomorfismos de M n , com ϕ0 = idM e g(t)(x) = τ (x, t)ϕ∗t g(x) para todo x ∈ M n , onde
τ (x, t) é uma função real diferenciável e positiva em M n × [0, ε), de modo que τ (x, 0) = 1.
Então,
∂ ∂ ∂
g(t)(x) = τ (x, t)ϕ∗t g(x) + τ (x, t) ϕ∗t g(x),
∂t ∂t ∂t
que em t = 0, se torna
−2Ricg = −2λ(x)g + LX g,
∂
onde λ(x) = − 21 ∂t τ (x, 0) e X = ∂
∂t
ϕ(x, 0), logo (M n , g, X, λ) é um quase sóliton de Ricci.
A seguir estabeleceremos algumas propriedades e condições de rigidez dos quase sólitons
de Ricci gradiente. Para os não gradientes, nos restringiremos ao caso compacto, conforme
Teorema 4.3. Comecemos recordando a fórmula integral abaixo, que foi provada em [5].
Contudo, apresentaremos outra prova deste fato, onde utilizaremos uma técnica que consiste
na escolha apropriada de um (0, 2)-tensor simétrico e de um campo de vetores na variedade,
para então aplicarmos o Lema 2.1. Ressaltamos ao leitor que tal técnica será aproveitada
para o estudo de quase sóliton de Ricci não gradiente compacto, conforme veremos a frente.
A partir de agora, assumiremos que todas as variedades com estrutura de quase sóliton
de Ricci serão completas, conexas e orientáveis, além disso, as compactas serão sempre sem
bordo.
Lema 4.2. Seja M n , g, ∇f, λ um quase sóliton de Ricci gradiente. Então,
∆f 2 1 S 1
∇2 f − g = − ∆S + (n − 1)∆λ + ∆f + g(∇S, ∇f ). (4.14)
n 2 n 2
Em particular, se M n é compacta, vamos ter a seguinte fórmula integral
(n − 2)
Z Z
2 ∆f 2
∇f− g dM = g(∇S, ∇f )dM. (4.15)
M n 2n M
Demonstração. Com efeito, segue do Lema 2.1 e da segunda identidade de Bianchi contraída
que
73
ou ainda
S (n − 2)
˚2f 2 2
∇ = div ∇ f (∇f ) − λ∇f + ∇f + g(∇S, ∇f ). (4.17)
n 2n
Então, a fórmula integral (4.15) segue por integração de (4.17). Por outro lado, aplicando a
função potencial f na versão dual da fórmula contraída de Bochner, obteremos
1 (2.44)
− ∇S + ∇λ = div(−Ric + λI) = div∇2 f = ∇∆f + Ric(∇f ) = ∇(nλ − S) + Ric(∇f ),
2
donde
1
Ric(∇f ) = ∇S − (n − 1)∇λ, (4.18)
2
assim, pela equação fundamental (4.13),
2
S S
∇f= − f +c− g, (4.21)
n(n − 1) n
para alguma constante c. De fato, desde que (M n , g, ∇f, λ) é Einstein, pela equação (4.13)
2
S
∇ f = λ− g. (4.22)
n
Por outro lado, pela equação (4.18)
S
∇ f + λ = 0.
n(n − 1)
74
S
Donde λ + n(n−1)
f = c, para alguma constante c, assim basta substituirmos o valor de λ na
equação (4.22) para obtermos (4.21).
Petersen e Wylie [33] também estudaram os sólitons de Ricci estaciorários com curvatura
escalar constante. Utilizando a mesma ideia desses autores veremos que todo sóliton de
Ricci gradiente (M n , g, ∇f, λ) estacionário, com curvatura escalar atingindo um máximo, é
Einstein com curvatura escalar nula. Portanto, a função potencial f é tal que ∇2 f = 0. Com
efeito, pelo Lema 4.2 e pela equação (4.20),
1 S 2 S2
∆f (−S) = Ric − g + ≥ 0,
2 n n
onde ∆f S = ∆S − g(∇S, ∇f ). Desde que o operador ∆f é elíptico, segue-se do princípio do
máximo forte de Hopf, que Ric = Sn g e S = 0. Então, novamente por (4.20), ∇2 f = 0, como
havíamos afirmado. Ademais, se f não é constante, isto implica |∇f | = k, para alguma
constante k 6= 0. Desta forma, através de um argumento tipo Cheeger-Gromoll usamos o
fluxo de ∇f para definirmos uma isometria entre (M n , g) e um cilindro R × N n−1 sobre uma
hipersuperfície totalmente geodésica N n−1 ⊂ M n , para maiores detalhes ver por exemplo o
item (b.2) do Teorema 1.3 em [34].
O resultado seguinte estabelece uma condição de rigidez para um quase sóliton de Ricci
gradiente com curvatura escalar constante.
Proposição 4.1. Seja (M n , g, ∇f, λ) um quase sóliton de Ricci gradiente com curvatura
S
escalar constante S. Suponha que λ + n(n−1)
f atinge um máximo, então esta função é
constante em M n e a função sóliton λ satisfaz a seguinte equação diferencial parcial
S S2
∆λ + λ= .
n−1 n(n − 1)
Em particular, se λ ou f não for constante, então para S ≥ 0, M n é isométrica a uma esfera
euclidiana.
75
para alguma constante c. Além disso, pela equação fundamental (4.13),
S S S2 S
∆λ = − ∆f = (S − nλ) = − λ. (4.24)
n(n − 1) n(n − 1) n(n − 1) (n − 1)
O que prova a primeira parte. Em particular, pela equação (4.23), λ não é constante se, e
∆f
somente se, f não é constante. Desde que ∇2 f = n
g, a equação (4.20) implica que (M n , g)
é Einstein. Logo, pela equação (4.21),
S S
∇2 f = − f +c− g. (4.25)
n(n − 1) n
Ademais, S > 0, caso contrário por (4.23), λ seria constante. Desta forma, podemos aplicar
o Teorema 2 devido a Tashiro em [41] para concluir que M n é isométrica a uma esfera
euclidiana.
Exemplo 4.2. Para cada vetor não nulo a ∈ Rn+1 , considere as funções λa (x) = −hx, ai +
n − 1 e fa (x) = −λa (x) + c, onde c ∈ R e x = (x1 , . . . , xn+1 ) ∈ Sn ⊂ Rn+1 é o vetor posição,
então (Sn , g, ∇fa , λa ) são as únicas estruturas não triviais, de quase sóliton de Ricci gradiente
em Sn .
Com efeito, suponha que (Sn , g, ∇f, λ) seja um quase sóliton de Ricci gradiente não
trivial, onde g = h, i é a métrica usual induzida de Rn+1 . Como a sua curvatura escalar S é
constante e igual a n(n − 1), segue da Proposição 4.1, que λ + f é constante e
Por outro lado, já é conhecido que ∇2 hx, ai = −hx, aig (ver, por exemplo [2]). Logo, a função
λa descrita neste exemplo é tal que, ∆λa = nhx, ai = n(n − 1 − λa ), isto é, λa satisfaz a
equação (4.26). Em verdade, qualquer outra solução de (4.26) tem esta forma. Para ver isto,
suponha que λ̃ seja outra solução de (4.26), defina ψ = λ̃ − λa e note que ∆ψ = −nψ, então
para algum vetor não nulo b ∈ Rn+1 teremos ψ(x) = hx, bi (ver, por exemplo [7]). Assim
76
onde ã = a − b, como havíamos afirmado. Ademais, se c é uma constante, então para as
funções λa e fa = −λa + c, teremos
logo
Ricg + ∇2 fa = (n − 1)g − hx, aig = {(n − 1) − hx, ai}g = λa g.
X = Y + ∇h,
onde Y ∈ X(M ) é tal que divY = 0, e h é a função potencial de Hodge-de Rham. Então,
teremos a proposição seguinte.
77
Proposição 4.2. Para um quase sóliton de Ricci compacto M n , g, X, λ , vale
n−2
Z Z
S 2
Ric − g dM = g(∇S, X)dM. (4.27)
M n 2n M
Demonstração. Desde que X = Y + ∇h, onde Y é um campo de vetores em M n com
divergente nulo e h é a função potencial de Hodge-de Rham, podemos reescrever a equação
fundamental (4.12) da seguinte forma:
onde Th = 21 LY g +∇2 h. Além disso, tomando o traço na equação (4.28), temos ∆h = nλ−S.
Em seguida, pelo Lema 2.1 e pela segunda identidade de Bianchi contraída,
1 ˚ 2 h 2 + 1 (∆h)2 + h∇2 h, 1 LY gi
div(Th (∇h)) = g(∇λ, ∇h) − g(∇S, ∇h) + ∇
2 n 2
1 ˚ 2 h + (∆h)(nλ − S) + h∇2 h, 1 LY gi
2 1
= g(∇λ, ∇h) − g(∇S, ∇h) + ∇
2 n 2
1 S 2 1
˚ 2 h + h∇2 h, LY gi,
= g(∇λ, ∇h) + λ∆h − g(∇S, ∇h) − ∆h + ∇
2 n 2
que integrando obtemos
n−2
Z Z Z
2 ∆h 2 1
∇ h− g dM = g(∇S, ∇h)dM − h∇2 h, LY gidM. (4.29)
M n 2n M 2 M
Em seguida, a partir de equação (4.28), obtemos
S S 1
∇2 h − λg + g = −Ric + g − LY g.
n n 2
Então,
∆h 2 S 2 1 1
∇2 h − g = Ric − g + LY g, LY g + hRic, LY gi, (4.30)
n n 2 2
ou ainda, novamente pela equação (4.28)
∆h 2 S 2 1 2 1
∇2 h − g = Ric − g − h∇ h, LY gi − hRic, LY gi + hRic, LY gi
n n 2 2
S 2 1 2 1
= Ric − g − h∇ h, LY gi + hRic, LY gi. (4.31)
n 2 2
78
Por outro lado, o teorema da divergência combinado com os Lemas 4.3 e 2.2 mostram que
Z Z
0=2 h∇Y, RicidM = hLY g, RicidM. (4.32)
M M
Finalmente, a equação (4.27) segue por integração da equação (4.31) combinada com a
equação (4.32) e a equação (4.29).
LX g = 2ρg, (4.33)
em que
divX nλ − S
ρ= = . (4.34)
n n
Além disso, o fator conforme ρ satisfaz a seguinte equação (ver por exemplo p.28 em [42]):
S
∇2 ρ = − ρg. (4.35)
n(n − 1)
S
Como ρ é não constante, segue que é um autovalor não nulo do laplaciano, donde S > 0.
n−1
p
Consequentemente, M n é isométrica a uma esfera Sn (r), em que r = n(n − 1)/S é o raio
da esfera, conforme [31]. Ademais, ρ é uma autofunção correspondente ao primeiro autovalor
não nulo λ1 = S/(n − 1) da esfera Sn (r). Escrevendo
n(n − 1)
u=− ρ, (4.36)
S
obtemos,
1 n(n − 1) 2 1
L∇u g = ∇2 u = − ∇ ρ = ρg = LX g. (4.37)
2 S 2
79
Isso completa a prova do teorema. Cabe ressaltar que, a menos de constantes e homotetia,
o resultado do presente teorema é exatamente como no Exemplo 4.2.
80
Bibliografia
[1] Alexandrov, A. D. Uniqueness Theorems for surfaces in the Large I. Vestnik Leningrad
univ. 11 (1956) 5-17.
[3] Barros, A.; Gomes, J. N. A compact gradient generalized quasi-Einstein metric with
constant scalar curvature. J. Math. Anal. Appl. 401 (2013) 702-705.
[4] Barros, A.; Gomes, J. N.; Ribeiro, E. A note on rigidity of the almost Ricci soliton.
Arch. der Math. 100 (2013) 481-490.
[5] Barros, A. ; Ribeiro Jr., E. Some characterizations for compact almost Ricci solitons.
Proc. of the Amer. Math. Soc.140 (2012) 1033-1040.
[6] Barros, A.; Batista, R.; Ribeiro Jr, E. Compact almost Ricci solitons with constant
scalar curvature are gradient. Monatsh. Math. 174 (1) (2014) 29-39.
[8] Biezuner, R. J. Equações Diferenciais Parciais I/II. Notas de Aula, Minas Gerais, 2010.
[9] Brendle, S. Constant mean curvature surfaces in warped product manifolds. Publ. Math.
Inst. Hautes Études Sci. 117 (2013) 247-269.
[10] Brickell, F.; Clark, R. S. Differrential Manifolds. Van Nostrand Reinhold Co., London,
1973.
[11] Catino, G. Generalized quasi-Einstein manifolds with harmonic weyl tensor. Math. Z.
271 (2012) 751-756
81
[12] Carmo, M. P. Geometria Riemanniana. Projeto Euclides, IMPA, Rio de Janeiro, 2011.
[15] Cheeger, J. Finiteness theorems for Riemannian manifolds. Amer. J.Math. 92 (1970)
61-74.
[16] Chow, B. ; Lu, P. ; Ni, L. Hamilton’s Ricci flow. Providence, Rhode Island: American
Mathematical Society, 2010. (Graduate studies in mathematics, v. 77)
[17] Chow, B. ; Knopf, D. The Ricci flow: an introduction. Providence, Rhode Island: Amer-
ican Mathematical Society, 2004 (Mathematical surveys and monographs, v. 110)
[18] Escobar, J. F. The geometry of the first non-zero Stekloff eigenvalue. J. Funct. Anal.
150 (1997) 544–556.
[19] Escobar, J. F. Topics in PDEs and Diferential Geometry. XII School of Differential
Geometry, Goiânia, Brazil, July 2002.
[21] Gilbarg, D.; Trudinger N. S. Eliptic Partial Differrential Equations of Second Order.
Springer-Verlag, New York, 2001.
[23] Hamilton, R. S. Three-manifolds with positive Ricci curvature. J. Diff. Geom. 17 (2)
(1982) 255-306.
[24] Heintze, E.; Karcher H. A general comparison theorem with applications to volume
estimates for submanifolds. Ann. Sci. École Norm. 11 (1978) 451-470.
82
[25] Klingenberg, W. Contributions to Riemannian Geometry in the large. Ann. of Math. 69
(1959) 654-666.
[29] Lima, E. L. Curso de Análise, vol. 2, Projeto Euclides, IMPA, Rio de Janeiro, 2010.
[31] Obata, M. Certain conditions for a Riemannian manifold isometric with a sphere. J.
Math. Soc. Japan 14 (1962) 333-340.
[33] Petersen, P. ; Wylie, W. Rigidity of gradient Ricci solitons. Pacific J. of Math. 241 (2)
(2009) 329-345.
[34] Pigola, S. ; Rigoli, M. ; Rimold, M. ; Setti, A. Ricci almost solitons. Ann. Sc. Norm.
Sup. Pisa Cl. Sci. (5) 10 (4) (2011) 757-799.
[36] Ros, A. Compact hypersurfaces with constant higher order mean curvatures. Revista
Matemática Iberoamericana 3 (1987) 447-453.
[37] Rosenberg, H. Hypersurfaces of constant curvature in space forms. Bull. Sc. Math. 117
(1993) 217-239.
83
[39] Shi, W.-X. Deforming the metric on complete Riemannian manifolds. J. Diff. Geom. 30
(1) (1989) 223-301.
[40] Stekloff, M. W. Sur les problèmes fondamentaux de la physique mathématique. Ann. Sci.
École Norm. Sup. 19 (1902) 455–490.
[41] Tashiro, Y. Complete Riemannian manifolds and some vector fields. Trans. Amer. Math.
Soc. 117 (1965) 251-275.
[42] Yano, K. Integral formulas in Riemannian geometry. Marcel Dekker, Inc., New York,
1970.
84