Síntese 02 Éticca e Bioética

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Síntese da aula 02 de ética e bioética

Professora: Nayara Almeida

E-mail: nayara.almeida@univassouras.edu.br

Insta: @nayaralmeidafisio @nayara_almeida_cursos

O início da Bioética se
deu no começo da década de
1970, com a publicação de
duas obras muito importantes
de um pesquisador e professor
norte-americano da área de
oncologia, Van Rensselaer Potter. Ele sugeriu que se estabelecesse uma “ponte” entre duas culturas, a
científica e a humanística, guiado pela seguinte frase: “Nem tudo que é cientificamente possível é
eticamente aceitável”. Para o autor, o conhecimento pode ser perigoso, entendendo o conhecimento
perigoso, como aquele que se “acumula muito mais rapidamente do que a sabedoria necessária para
gerenciá-lo” e sugere que “a melhor forma de lidar com o conhecimento perigoso é a sabedoria, ou
seja, a produção de mais conhecimento e mais especificamente de conhecimento sobre o
conhecimento”

Um dos conceitos que definem Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que tem como
objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida. (LEONE;
PRIVITERA; CUNHA, 2001).

O progresso científico não é um mal, mas a “verdade científica” NÃO pode substituir à ética.
Hans Jonas introduziu o conceito de ética da responsabilidade. Para ele todos têm responsabilidade
pela qualidade de vida das futuras gerações. Foi ele também que abordou o conceito de risco e a
necessidade de avaliá-lo com responsabilidade.

Conceitos históricos e as relações assistenciais:

Hipócrates (séc. IV A.C.) é considerado o “Pai da Medicina”. Sua importância


é tão reconhecida que os profissionais da saúde, no dia da formatura, fazem o “Juramento de
Hipócrates”. Segundo esse juramento, os profissionais devem se comprometer a sempre fazer o
bem ao paciente.

Entretanto, devemos retomar alguns conceitos históricos para compreender melhor a


influência dessa época. No século IV A.C., a sociedade era formada por diversas castas (camadas
sociais bem definidas e separadas entre si) que faziam com que ela fosse “piramidal”. Mas o que isso
significa? Isso quer dizer que, na base da pirâmide, encontrava-se a maior parte das pessoas: os
escravos e os prisioneiros de guerra, que nem mesmo eram considerados “pessoas”. Eles eram
tratados como objetos e não tinham nenhum direito. Logo acima deles, numa camada intermediária
(portanto em número um pouco menor), estavam os cidadãos. Os cidadãos eram os soldados, os
artesãos, os agricultores, e estes tinham direitos e deveres. No topo da pirâmide estavam os
governantes, os sacerdotes e os MÉDICOS.

Conceitos Históricos e as relações assistenciais

1. Paternalismo

Os profissionais da saúde detêm um conhecimento técnico superior ao dos pacientes, não são
mais dignos que seus pacientes, não têm mais valor que eles (como pessoas). Quando o profissional se
considera superior (em dignidade) a seu paciente, temos uma postura paternalista. Os profissionais
que se baseiam nessa postura paternalista são aqueles que não respeitam a autonomia de seus
pacientes, não permitem que o paciente manifestem suas vontades. Por outro lado, também alguns
pacientes não percebem que podem questionar o profissional e aceitam tudo o que ele propõe, pois
consideram que “o doutor é quem sabe”.

É comum que os profissionais da saúde tenham uma atitude paternalista para com os clientes,
ou seja, decidam o que é melhor para eles, sem levar em conta seus pensamentos ou sentimentos e,
geralmente, justificam suas atitudes com uma frase semelhante a esta: “é para o seu próprio bem”,
mesmo que o cliente discorde. Desta forma, mesmo tendo a intenção de fazer o bem, estão reduzindo
adulta a condição de crianças e interferindo em sua liberdade de ação.

2. Catersianismo

Estabelecido por René Descartes no século XVII, o método cartesiano (ou cartesianismo), ao
propor a fragmentação do saber (com a divisão do “todo” “em partes” para estudá-las isoladamente),
sem dúvida contribuiu para o desenvolvimento da ciência. Entretanto, o cartesianismo gerou a
superespecialização do saber, entre os quais o saber na área da saúde. Esse fato colaborou para a
perda do entendimento de que o paciente é uma pessoa única e que deve ser considerado em sua
totalidade (em todas as duas dimensões), pois nos acostumamos a estudar apenas aquela parte do
corpo humano que vamos tratar. De fato, com o avanço cada vez mais rápido da ciência, fica difícil
saber de tudo. Entretanto, não podemos perder a visão de que o paciente que vamos atender é um
todo, para não sermos “um profissional que sabe quase tudo sobre quase nada” e que assim não
conseguirá resolver o problema do paciente.

A ética da responsabilidade e a bioética conduzem a responsabilidade para com as questões do


cotidiano e das relações humanas em todas as dimensões desde a corrente principialista iniciou-se
com o Relatório Belmont (1979), com princípios básicos na solução dos problemas éticos surgidos na
pesquisa com seres humanos.

Além do contexto histórico, devemos entender o contexto cultural e social em que estamos
inseridos antes de enveredar para a discussão bioética. Algumas vezes nem percebemos quais são as
ideias que nos cercam e que podem dificultar a adoção de uma postura realista (nesse contexto,
adotamos o conceito de que uma postura realista é aquela que considera todos os aspectos de uma
situação ou realidade).
Mas quando nos referimos a contexto cultural ou social, estacamos três modalidades que
exercem atualmente grande influência na reflexão ética: o individualismo, o hedonismo e o
utilitarismo.

Individualismo

No seu formato mais radical, o individualismo propõe que a atitude mais importante para
tomarmos uma decisão seja a reivindicação da liberdade, expressa na garantia incondicional dos
espaços individuais. Contudo, essa independência não é possível, pois nós somos seres sociais, frutos
de relações
familiares e dependentes de vínculos sociais. Essas relações determinam limites às liberdades
individuais e impõem responsabilidades diante das consequências dos atos individuais na vida
dos outros. Os vínculos nos fortalecem, a independência nos fragiliza.

Hedonismo

A segunda corrente cultural e social que nos cerca é o hedonismo. Na lógica hedonista, a
supressão da dor e a extensão do prazer constituem o sentido do agir moral. Falar em suprimir a dor e
estender o prazer, em um primeiro momento, parece ser algo positivo. Então quando começa a
distorção? Quando essa busca se torna o único referencial para todas as nossas ações. Este é o
hedonismo. Na reflexão ética, o predomínio dessa lógica hedonista faz com que o conceito de vida
fique reduzido a essas expressões sensoriais de dor e prazer.

Utilitarismo

A terceira corrente cultural e social que nos influencia é o utilitarismo. Nessa perspectiva, as
nossas ações se limitam a uma avaliação de “custos e benefícios”. O referencial “ético” para as decisões
é ser bem-sucedido; o insucesso é considerado um mal. Só o que é útil tem valor.

Fundamentos éticos

O nosso fundamento ético é tão importante quanto à estrutura de um prédio. Se esse


fundamento não está bem entendido, corremos o risco de não enfrentar de maneira adequada
os desafios éticos que a nossa profissão pode trazer. O
fundamento ético será sempre a base para a nossa tomada de decisão. Mas qual é esse fundamento?

A pessoa humana

A pessoa é única. Isso significa que as pessoas são diferentes (mesmo os gêmeos idênticos
são diferentes), Reconhecer que “o outro é diferente de mim” não significa que uma pessoa
é melhor que a outra. Uma pessoa não vale mais que a outra. Somos iguais a todos no
que se refere à dignidade. A pessoa é composta de diversas dimensões: dimensão biológica (que as
ciências da
saúde, medicina, enfermagem, odontologia, fisioterapia e outras estão acostumadas a
estudar), dimensão psicológica (que os psicólogos estudam detalhadamente), dimensão
social ou moral (estudada pelas ciências sociais) e dimensão espiritual (estudada pelas
teologias). Por isso, falamos que a pessoa é uma totalidade, pois todas essas dimensões
juntas compõem a pessoa.

O valor da Vida
Outro conceito importante para construirmos a nossa reflexão ética/bioética é o de vida
humana. Para a Bioética, é fundamental o respeito à vida humana. Mas o que designamos vida?
Segundo os principais livros de Embriologia, a vida humana inicia-se no exato momento da
fecundação, quando o gameta masculino e o gameta feminino se juntam para formar um novo código
genético. Esse código genético não é igual ao do pai nem ao da mãe, mas que é composto de 23
cromossomos do pai e de 23 cromossomos da mãe. Sendo assim, nesse momento, inicia-se uma nova
vida, com patrimônio genético próprio, e, a partir desse momento, essa vida deverá ser respeitada.

Princípios bioéticos: A Autonomia, Não-Maleficência, Beneficência, Justiça e Eqüidade

1. Autonomia

O princípio da autonomia requer que os indivíduos capacitados de deliberarem sobre suas


escolhas pessoais, devam ser tratados com respeito pela sua capacidade de decisão. As pessoas
têm o direito de decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida. Quaisquer atos
médicos devem ser autorizados pelo paciente.

2. beneficência

Refere-se à obrigação ética de maximizar o benefício e minimizar o prejuízo. O profissional deve


ter a maior convicção e informação técnica possíveis que assegurem ser o ato médico benéfico ao
paciente (ação que faz o bem). Este princípio proíbe infringir dano deliberado ao paciente.

3. Não-maleficência

Estabelece que a ação do médico sempre deve causar o menor prejuízo ou agravos à saúde do
paciente (ação que não faz o mal).

4. Justiça

Estabelece como condição fundamental a eqüidade: obrigação ética de tratar cada indivíduo
conforme o que é moralmente correto e adequado, de dar a cada um o que lhe é devido. O médico
deve atuar com imparcialidade, evitando ao máximo que aspectos sociais, culturais, religiosos,
financeiros ou outros interfiram na relação médico-paciente.

Considerações Finais:

A Bioética pretende contribuir para que as pessoas estabeleçam “uma ponte” entre o conhecimento
científico e o conhecimento humanístico, a fim de evitar os impactos negativos que a tecnologia pode ter
sobre a vida (afinal, nem tudo o que é cientificamente possível é eticamente aceitável). Em razão da
influência histórica, cultural e social que sofremos, devemos estar muito atentos; caso contrário, corremos
o risco de perder os parâmetros que devem nos nortear na nossa atividade profissional para que nossas
atitudes sejam éticas.

Bibliografia:
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade18/
unidade18.pdf

https://www.scielo.br/j/tce/a/NrCmm4mctRnGGNpf5dMfbCz/?format=pdf

https://books.scielo.org/id/33937/pdf/rego-9788575413906-02.pdf

https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade18/
p_02.htm

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