Unidade 7 - Estudos Ambientais

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Unidade 7 - Estudos Ambientais

Leopoldo Uberto Ribeiro Junior

Nesta unidade iremos abordar os estudos ambientais. O estudo ambiental tem a função de
ser um instrumento para formalização de um processo de intervenção ambiental. Existem
vários tipos de estudos, que irão depender da modalidade da licença ambiental e do tipo
de intervenção.

7.1 Definição

Estudos Ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos


ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade
ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais
como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental
preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área
degradada e análise preliminar de risco.

Na Unidade 6 estudamos a identificação e classificação de


impactos ambientais. Esse conhecimento é fundamental para
se consolidar um bom estudo ambiental.

A elaboração de estudos ambientais consiste, especificamente, no apanhado de


análises prévias necessárias para o processo de licenciamento ambiental, que é fornecido
por órgãos competentes para o desenvolvimento e implantação de empreendimentos
diversos.
Sendo assim, entende-se por estudos ambientais, aqueles que avaliam os aspectos
ambientais relacionados a localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade
ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida.
Cada órgão ambiental é responsável por regulamentar procedimentos e estudos
ambientais necessários, a fim de que todos os riscos e impactos ao meio ambiente possam
ser mensurados. Entender qual impacto o empreendimento irá gerar é primordial para
definir quais estudos serão necessários (BRASIL, 2021).
Conforme Ferreira (2010), independentemente do tipo de estudo, os conteúdos
dos estudos ambientais devem abranger:
 Caracterização do meio físico (geologia, geotécnica, geomorfologia e
hidrografia);
 Caracterização do meio biótico (fauna e flora);
 Diagnóstico do meio antrópico (socioeconômico);
 Levantamento da legislação ambiental incidente (municipal, estadual e
federal).
No Brasil, apesar da existência de alguns estudos ambientais comuns exigidos na
maioria dos estados, o conteúdo dos estudos ambientais, e a fase do licenciamento em
que poderão ser solicitados, podem variar de estado para estado, de acordo com
legislações e procedimentos próprios. Em muitos estados, o estudo ambiental é
substituído por uma listagem de documentos pré-determinados de acordo com a atividade
e porte do empreendimento (BRASIL, 2021).
Destaca-se que, no âmbito federal, cabe ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Renováveis (Ibama) determinar a elaboração e realizar a análise de
estudos de impacto ambiental (EIA) e de relatórios de impacto ambiental (Rima).

7.2 Tipos de Estudos

Os estudos ambientais são aqueles relativos aos aspectos ambientais, referentes à


localização, instalação e operação, de uma determinada atividade ou empreendimento que
possa apresentar, de alguma forma, impactos ambientais.
Há vários tipos de estudos ambientais, que são exigidos como subsídio para
o licenciamento ambiental. De acordo com a Resolução n° 237/97 do CONAMA, as
atividades e empreendimentos capazes de causar considerável degradação ambiental,
devem apresentar um Estudo de Impacto Ambiental — EIA e respectivamente
um Relatório de Impacto Ambiental — RIMA (EIA-RIMA).
Normalmente, o tipo de estudo ambiental empregado depende de alguns fatores
relacionados sobretudo ao tipo de atividade envolvida, o tamanho do empreendimento e
a sua localização. Dentre esses estudos podemos citar:
 Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
 Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.
 Plano de Controle Ambiental – PCA.
 Relatório de Controle Ambiental – RCA.
 Relatório Ambiental Simplificado – RAS.

7.2.1 Estudo de Impacto Ambiental – EIA


Comum a todos os estados e regulamentado pela Resolução nº 001/1986 do
CONAMA, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) são exigidos no licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades que
possam causar significativos impactos ambientais.
No EIA são abordados os aspectos técnicos necessários à avaliação dos impactos
ambientais a serem gerados pelo empreendimento. O EIA deve ser elaborado por equipe
técnica multidisciplinar habilitada, e deverá conter no mínimo, as seguintes atividades
técnicas, conforme Resolução:
I – Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos
ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área,
antes da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia,
os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as
correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacando as espécies
indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de
extinção e as áreas de preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia,
destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as
relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização
futura desses recursos.

II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação,


previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes,
discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos
e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de
controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.

lV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e


negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
Sugestão de leitura: Material Complementar: EIA/RIMA - PCH
Ninho da Águia.

7.2.2 – Relatório de Impacto Ambiental – RIMA


O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão,
a fim de propiciar maior entendimento e clareza para a população quanto as características
do empreendimento, os impactos ambientais gerados, as propostas de mitigação dos
impactos, entre outros aspectos da implantação e operação do empreendimento.
As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por
mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que
se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as
consequências ambientais de sua implementação. Conforme disposto na Resolução
CONAMA 01/1986, o RIMA refletirá as conclusões do EIA e deverá conter no mínimo:
I – Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais,
planos e programas governamentais;

II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um


deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as
fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de
energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;

III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto;

IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade,


considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e
indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e
interpretação;

V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes


situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização;

VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos
negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado;

VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;

VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral).
O RIMA sintetiza as informações do EIA em linguagem mais
acessível para a população.

7.2.3 Plano de Controle Ambiental – PCA e Relatório de Controle Ambiental (RCA)


O Plano de Controle Ambiental (PCA) envolve todos os projetos executivos,
citados no licenciamento prévio do empreendimento ou atividade, propostos para
mitigação dos impactos ambientais. Sua elaboração se dá durante a Licença de Instalação
(LI). O Plano deverá expor, de forma clara, o empreendimento e sua inserção no meio
ambiente com todas as suas medidas mitigadoras e compensatórias.
Para exemplificar, podemos citar o caso de uma atividade que tenha a geração de
resíduos sólidos. O Programa de Gestão de Resíduos Sólidos visa o gerenciamento dos
resíduos, contribuindo para reduzir, reutilizar, reciclar e dispor de forma adequada os
resíduos gerados, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e
recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas
previstas para gestão dos resíduos.
Já o Relatório de Controle Ambiental (RCA) é solicitado para empreendimentos
ou atividades que não gerem impactos ambientais significativos, sendo seu conteúdo
estabelecido caso a caso. Este estudo apresenta a caracterização da região de instalação
do empreendimento, além do plano de controle ambiental, contendo fontes de poluição
ou degradação e suas medidas de controle.
Caso o órgão ambiental responsável verificar que a atividade ou empreendimento
é um potencial causador de degradação ao meio ambiente, pode definir, também, outros
estudos ambientais. O mesmo ocorre caso a atividade não exerça significativa degradação
ambiental.

7.2.4 Relatório Ambiental Simplificado – RAS


O Relatório Ambiental Simplificado (RAS) é um dos documentos que instruem o
requerimento de Licença Ambiental Simplificada, normalmente quando todas as licenças
são expedidas em conjunto.
O RAS deve conter a descrição da atividade ou do empreendimento, bem como
identificar, de forma sucinta, os possíveis impactos ambientais e medidas de controle,
relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de atividade.
O Relatório Ambiental Simplificado (RAS) pode ser exigido no licenciamento
ambiental de empreendimentos de impacto ambiental de pequeno porte, e normalmente
apresenta a caracterização do empreendimento, o diagnóstico ambiental da região onde
este se localizará, os impactos ambientais e respectivas medidas de controle.

Nessa unidade, podemos concluir que o estudo de impacto


ambiental, é um documento de natureza técnica, de acesso público,
que tem como finalidade avaliar os impactos ambientais gerados
por atividades e/ou empreendimentos potencialmente poluidores
ou que possam causar degradação ambiental. Deverá também apresentar medidas
mitigadoras e de controle ambiental, garantindo assim o uso sustentável dos recursos
naturais. Ele é introduzido de forma preventiva para danos ambientais e, ao se constatado
o perigo ao meio ambiente, medidas são tomadas para minimizar ou evitar os prejuízos
ambientais.

Referências

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Estudos Ambientais. Disponível em:


http://pnla.mma.gov.br/estudos-ambientais. Acesso em: 23 set. 2021.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.237, de 22 de dezembro


de 1997. Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política
Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 22 dez. 1997.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.001, de 23 de janeiro de


1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto
Ambiental – RIMA. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17
fev. 1986.

FERREIRA, Vanderlei Oliveira. A abordagem da paisagem no âmbito dos estudos


ambientais integrados. GeoTextos, v. 6, n. 2, 2010.

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