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Tese - Edinaldo L. Costa - 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA TROPICAL

ESTUDO DA ECOLOGIA QUÍMICA DA BROCA-DO-FRUTO DO


CUPUAÇUZEIRO Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera:
Curculionidae): PROSPECÇÃO DE SEMIOQUÍMICOS E ESTUDOS
COMPORTAMENTAIS

EDINALDO LOPES DA COSTA

MANAUS
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA TROPICAL

EDINALDO LOPES DA COSTA

ESTUDO DA ECOLOGIA QUÍMICA DA BROCA-DO-FRUTO DO CUPUAÇUZEIRO


Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae): PROSPECÇÃO DE
SEMIOQUÍMICOS E ESTUDOS COMPORTAMENTAIS

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Agronomia Tropical da
Universidade Federal do Amazonas, como
requisito parcial para obtenção do título de
Doutor em Agronomia Tropical, na Área de
Produção vegetal.

Orientador: Prof. Dr. Neliton Marques da Silva


Co-Orientadora: Dra. Maria Carolina Blassioli-Moraes

MANAUS
2018
EDINALDO LOPES DA COSTA

ESTUDO DA ECOLOGIA QUÍMICA DA BROCA-DO-FRUTO DO CUPUAÇUZEIRO


Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae):
PROSPECÇÃO DE SEMIOQUÍMICOS E ESTUDOS COMPORTAMENTAIS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropical da


Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para obtenção do título
de Doutor em Agronomia Tropical, área de concentração Produção vegetal.

Manaus, 17 de janeiro de 2018


Dedico a minha família, pelo incentivo e apoio sempre.

v
AGRADECIMENTOS
A Deus, fonte de luz e confiança em minha caminhada.
Aos meus pais, Edno Soares da Costa e Maria de Nazaré Lopes da Costa, por representarem
minha fonte de segurança e amor;
À minha família (irmãos, irmãs, cunhados, sobrinhos, tios e avós), pelo amor e por sempre
acreditarem no meu sucesso profissional;
À minha Esposa, Adriele Ribeiro Costa, minha filha Sophia Ribeiro Costa e meu filho Levi
Ribeiro Costa pela inspiração e amor.
À Universidade Federal do Amazonas e Faculdade de Ciências Agrárias pela minha formação
e oportunidade de realizar o curso de Pós-Graduação em Agronomia Tropical;
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pela concessão de bolsa de
estudos durante o curso;
A Secretaria Municipal de Educação do município de Manaus (SEMED) pela liberação para
realizar curso de Pós-Graduação por meio do PROGRAMA QUALIFICA e propiciar ao
servidor uma política de qualificação condizente, de valorização.
A Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino do Amazonas - SEDUC pelo
apoio e acompanhamento durante o curso.
À Embrapa Amazônia Ocidental, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pelo apoio logístico e
financeiro necessários para a conclusão deste trabalho;
Aos Doutores, Neliton Marques da Silva e Carolina Moraes Blassioli, pela orientação,
aprendizado e oportunidade de conviver com exemplos de profissionais dedicados, grandes
detentor de conhecimentos na área de Entomologia e Ecologia Química. Meus sinceros
agradecimentos e profunda admiração;
À Dra. Aparecida das Graças Claret de Souza por ser a responsável pela minha participação
nessa linha de pesquisa tão importante dentro do projeto pesquisa: Pesquisas e inovações
tecnológicas para o desenvolvimento da cultura do cupuaçuzeiro no Estado do Amazonas –
Edital PRÓ-ESTADO/FAPEAM.
Aos Doutores, Miguel Borges, Raúl Laumann, Flávia batista Gomes, Márcio Wandré,
Ronaldo Ribeiro de Moraes e Ana Maria Santa Rosa Pamplona pelas valiosas sugestões para
o aperfeiçoamento do trabalho;

vi
Aos servidores da Embrapa Amazônia Ocidental, em especial ao Senhor Manoel Alvino
Santos Andrade, Alarico de Souza Garcia, Joaquim Valdomiro Pinheiro Seabra, Sergio de
Araújo Silva e a todos que participaram de etapas da pesquisa, pela ajuda.
Aos amigos Jakson Douglas, Paulo Correa e Wanderley Guimarães pela ajuda nas coletas e
instalação de experimentos.
Ao inesquecível grupo de estudos de Pós-graduação, Jakson Douglas, Marcelo Tavares,
Rodrigo Rener, Fabiana Rocha, Suelen Lima, Francisco Martins, pela amizade e momentos de
descontração.
Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho e para que
eu pudesse dar mais esse passo em busca do meu objetivo profissional, meu muito obrigado.

vii
SUMÁRIO

Página
ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................................................................... x
ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................................................... xi
OBJETIVOS......................................................................................................................................................... xiii
Geral................................................................................................................................................................. xiii
Específicos ....................................................................................................................................................... xiii
HIPÓTESES ......................................................................................................................................................... xiv
RESUMO .............................................................................................................................................................. xv
SUMMARY ......................................................................................................................................................... xvi
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 17
O uso de semioquímicos no controle da broca-do-cupuaçu (Conotrachelus humeropictus) ............................ 17
2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................................................... 20
2.1. A espécie [Theobroma grandiflorum (Willd ex Spreng) Schum] ........................................................ 20
2.1.1. Características gerais ................................................................................................................... 20
2.1.2. Importância socioeconômica do cupuaçuzeiro ............................................................................ 21
2.1.3. Ocorrência e distribuição ............................................................................................................ 21
2.1.4. Aspectos botânicos ...................................................................................................................... 23
2.1.5. Compostos orgânicos voláteis do cupuaçuzeiro em interação inseto-planta ............................... 24
2.2. A espécie Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae) ........................... 26
2.2.1. Descrição taxonômica ................................................................................................................. 26
2.2.1. Danos e importância econômica.................................................................................................. 28
2.2.2. Biologia ....................................................................................................................................... 29
2.2.3. Atividades comportamentais ....................................................................................................... 31
2.2.4. Manejo e controle ........................................................................................................................ 33
2.2.5. Semioquímicos no manejo de Conotrachelus humeropictus....................................................... 36
2.3. Semioquímicos..................................................................................................................................... 38
2.3.1. Semioquímicos e interações ecológicas ...................................................................................... 38
2.3.2. Semioquímicos e o manejo de insetos-pragas ............................................................................. 39
2.3.3. Cairomônios em insetos-pragas................................................................................................... 42
3. CAPÍTULO I: Avaliação da influência dos voláteis de diferentes estruturas (flor, fruto e folha) do
cupuaçuzeiro sobre o comportamento de busca de Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera:
Curculionidae). ...................................................................................................................................................... 45
RESUMO .............................................................................................................................................................. 45
SUMMARY .......................................................................................................................................................... 46
3.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................................... 47
3.2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................................ 50
3.2.1. Local ....................................................................................................................................................... 50
3.2.2. Obtenção das formas imaturas e adultos ................................................................................................. 50
3.2.3. Período fenológicos do cupuaçuzeiro...................................................................................................... 52
3.2.4. Coleta de voláteis .................................................................................................................................... 52
3.2.5. Análises químicas dos compostos orgânicos voláteis do cupuaçuzeiro .................................................. 53
3.2.6. Avaliação da atividade biológica dos voláteis do cupuaçuzeiro no comportamento de busca de C.
humeropictus ..................................................................................................................................................... 54
3.2.7. Análises estatísticas ................................................................................................................................. 56
3.3. Resultados e discussão ................................................................................................................................... 57
3.3.1 Análise química dos compostos orgânicos voláteis ................................................................................. 57
3.3.2. Bioensaios com adultos de C. humeropictus ........................................................................................... 62
3.2. CONCLUSÕES ............................................................................................................................................ 65
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................... 66
viii
4. CAPÍTULO II: Extração e identificação do feromônio de agregação de Conotrachelus humeropictus
Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae) oriundos de pomares de cupuaçu no Estado do Amazonas. .............. 72
RESUMO .............................................................................................................................................................. 72
SUMMARY .......................................................................................................................................................... 73
4.1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 74
4.2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................................ 75
4.2.1. Obtenção da Criação Estoque ................................................................................................................. 75
4.2.2. Coleta de voláteis de C. humeropictus .................................................................................................... 77
4.2.3. Análises químicas ................................................................................................................................... 78
4.2.4. Produção do feromônio por C. humeropictus ......................................................................................... 79
4.2.5. Configuração absoluta do ácido grandisoico produzido por C. humeropictus ........................................ 80
4.2.6. Bioensaios em olfatômetro ...................................................................................................................... 80
4.2.6.1. Status fisiológicos dos insetos testados ............................................................................................ 80
4.2.7. Eletroantenografia (EAG) para C. humeropictus .................................................................................... 83
4.2.8. Teste de campo........................................................................................................................................ 84
4.2.9. Análises estatísticas ................................................................................................................................. 85
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................................... 86
4.3.1. Identificação dos compostos macho-específicos de Conotrachelus humeropictus ................................. 86
4.3.3. Quantificação do composto ácido grandisoico ........................................................................................ 92
4.3.4. Avaliação da atividade biológica de C. humeropictus mediante os compostos sintetizados................... 93
4.3.5. Bioensaios com olfatômetros em Y ........................................................................................................ 93
4.3.6. Eletroantenografia (EAG) de C. humeropictus ....................................................................................... 98
4.3.7. Teste de atratividade em campo .............................................................................................................. 99
4.2. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 101
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 102

5. CAPÍTULO III: Avaliação do nível e intensidade de infestação natural de Conotrachelus humeropictus


Fiedler (Coleoptera: Curculionidae) em pomar de cupuaçuzeiro. ....................................................................... 108
RESUMO ............................................................................................................................................................ 108
SUMMARY ........................................................................................................................................................ 109
5.1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................ 110
5.2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................................................... 111
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................................. 112
5.2. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 118
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 119
CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................................................................... 122
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 123

ix
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Compostos orgânicos voláteis coletados de plantas de cupuaçuzeiro em diferentes fenofases


(média + erro padrão da média em μg no intervalo de 24h). ................................................................ 59

Tabela 3. 1 Número total de frutos infestados, número total de insetos adultos coletados no sacolejo,
média de larvas de Conotrachelus humeropictus e de orifícios de saída de larvas por fruto de cupuaçu,
em área experimental da Embrapa Amazônia Ocidental. Manaus, AM. 2017 ................................... 113

Tabela 3. 2 Número total de frutos avaliados, número de frutos broqueados, porcentagem média de
frutos de cupuaçu atacados e número total de adultos de Conotrachelus humeropictus coletados pelo
sacolejo em área experimental da Embrapa Amazônia Ocidental. Manaus, AM. 2017. .................... 114

x
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. 1 Área experimental utilizada para coleta de insetos e voláteis de plantas de cupuaçu......... 51

Figura 1. 2 A - Sistema de aeração de plantas utilizado para coleta de voláteis no campo. ................. 53

Figura 1. 3 Diagrama do sistema de bioensaios em olfatômetro em “Y”. ............................................ 55

Figura 1. 4 Compostos orgânicos voláteis totais (média + EP) liberados por plantas de cupuaçuzeiro
nas fenofases de mudança foliar, floração e de frutificação. ................................................................ 58

Figura 1. 5 Perfis cromatográficos de plantas de cupuaçuzeiro nas fenofases de mudança foliar (M.
foliar), floração e frutificação. .............................................................................................................. 58

Figura 1. 6 Análise de Variáveis Canônicas (AVC) indicando a composição dos voláteis de plantas de
cupuaçuzeiro em diferentes fenofases. . ................................................................................................ 62

Figura 1. 7 Resposta da primeira escolha de machos e fêmeas adultos do campo de Conotrachelus


humeropictus para extratos de aeração (24h) de cupuaçuzeiro em três fenofases (mudança foliar,
floração e frutificação) no olfatômetro em “Y”. ................................................................................... 64

Figura 2. 1 Área experimental utilizada para coleta de insetos e voláteis de plantas de cupuaçu......... 76

Figura 2. 2 Vista inferior do abdome de macho e fêmea de C. humeropictus. Separação dos sexos com
base em observação da região esternal do último segmento abdominal. .............................................. 77

Figura 2. 3 Sistema de aeração para coleta de voláteis de machos e fêmeas de C. humeropictus


separados, juntamente com cana-de-açúcar como fonte alimentar. ..................................................... 78

Figura 2. 4 Diagrama do sistema de bioensaios em olfatômetro em “Y”. ........................................... 82

Figura 2. 5 Olfatômetro em “Y” adaptado, vidraria anti-splash. .......................................................... 83

Figura 2. 6 Armadilhas utilizadas para captura dos insetos campo. ...................................................... 85

Figura 2. 7 Área experimental da Embrapa Amazônia Ocidental. Esquema de distribuição das


armadilhas......................................................................................................................... ..................... 85

Figura 2. 8 Perfil cromatográficos do extrato de aeração obtidos na análise de CG-DIC com injetor
splitless. . ............................................................................................................................................... 88

Figura 2. 9 Estrutura química dos três compostos identificados no extrato de aeração de machos de C.
humeropictus. ........................................................................................................................................ 88

Figura 2. 10 Espectro de massas dos três compostos específicos dos machos. A. grandlure I, B
grandlure II e C ácido grandisoico. ....................................................................................................... 89

Figura 2. 11 Perfil de cromatograficos do extrato de aeração de C. humoripictus obtidos usando uma


entrada de coluna fresca a 40oC. .......................................................................................................... 90
xi
Figura 2. 12 Análise em CG-quiral do A) ácido grandisoico, B) extrato de aeração de 55 machos de C.
humeropictus, C) co-injeção do ácido grandisoico com o extrato de aeração de 55 machos. .............. 92

Figura 2. 13 Emissão média do composto ácido grandisoico por machos de C. humeropictus, durante a
escotofase e fotofase (F2,12= 4,425, p= 0,03088). . ............................................................................. 93

Figura 2. 14 Primeira escolha de machos e fêmeas de C. humeropictus procedentes da coleção estoque


e campo1 para odor e extratos de insetos vivos em bioensaios com olfatômetro em Y. . .................... 94

Figura 2. 15 Primeira escolha de machos e fêmeas de Conotrachelus humeropictus procedentes da


coleção estoque e campo para solução sintética (ácido grandisoico (Sol.AG), Grandisolactona (Sol.
Glactona) e Grandisol (Sol.GSOL) - 0,01 mg.ml), ácido grandisoico septo (AG-septo - 2 mg/septo) em
bioensaios com olfatômetro em Y manufatura acrílico......................................................................... 97

Figura 2. 16 Primeira escolha de machos e fêmeas de Conotrachelus humeropictus procedentes do


campo para ácido grandisoico (AG) - 2 mg/septo em bioensaios com olfatômetro em Y adaptado com
de vidraria anti-splash. ......................................................................................................................... 98

Figura 2. 17 Resposta de uma antena de fêmeas de C. humeropictus à solução sintética de 0.01 mg/mL
de ácido grandisoico. Análise por CG-EAD. ........................................................................................ 99

Figura 3. 1 Área experimental utilizada para coleta de insetos e voláteis de plantas de cupuaçu....... 112

Figura 3. 2 Número total de machos e fêmeas adultos de C. humeropictus coletados no período de


janeiro a dezembro de 2017, amostradas pelo método do sacolejo, em 30 cupuaçuzeiros componentes
de um monocultivo, com e sem mata ao redor. Manaus, AM. ............................................................ 115

Figura 3.3 Precipitação pluviométrica e temperatura médias observadas na Estação Agroclimatológica


Convencional da Embrapa Amazônia Ocidental - CPAA durante o ano de 2017. Manaus, AM. ...... 115

Figura 3. 4 Levantamento e monitoramento de adultos de Conotrachelus humeropictus no período de


janeiro a dezembro de 2017, amostradas pelo método do sacolejo, em 30 cupuaçuzeiros componentes
de um monocultivo. Manaus, AM. ...................................................................................................... 116

Figura 3. 5 Levantamento e monitoramento físico de adultos de Conotrachelus humeropictus em


plantas adjacentes a mata e dentro do pomar, no período de janeiro a dezembro de 2017, amostradas
pelo método do sacolejo, em 30 cupuaçuzeiros componentes de um monocultivo. Manaus, AM. .... 117

xii
OBJETIVOS

Geral

• Prospectar semioquímicos envolvidos no comportamento de Conotrachelus


humeropictus (Coleoptera: Curculionidae) associados ao cupuaçuzeiro visando seu
uso no manejo integrado de pragas (MIP)

Específicos

• Analisar o perfil químico de voláteis emitidos pelo cupuaçuzeiro (Theobroma

grandiflorum) nas fenofases (floração, frutificação e mudança foliar);

• Avaliar por meio de bioensaios a atividade biológica dos voláteis emitidos pelo

cupuaçuzeiro no comportamento de busca de C. humeropictus;

• Extrair, identificar e quantificar semioquímicos da broca do cupuaçu C. humeropictus;

• Avaliar a resposta comportamental de machos e fêmeas para os extratos contendo os

compostos sexo-específico.

• Monitorar a população de C. humeropictus (inseto-alvo) no campo e avaliar o nível e

intensidade de infestação natural de em pomar de cupuaçuzeiro afim de auxiliar

estudos de ecologia química.

xiii
HIPÓTESES

• O cupuaçuzeiro apresenta diferenças no perfil de voláteis liberados por plantas e estes


voláteis influenciam no comportamento de busca de C. humeropictus;

• Conotrachelus humeropictus discrimina cupuaçuzeiros na fenofase de mudança foliar


daquela na floração por meio das diferenças no perfil de voláteis emitidos por plantas
de diferentes fenofases.

• O recrutamento de novos indivíduos de C. humeropictus à cultura do cupuaçuzeiro é


estimulado pelo sinergismo de “compostos químicos específicos” com voláteis
emitidos por plantas de cupuaçuzeiro.

• O reconhecimento entre machos e fêmeas de C. humeropictus pode ser mediado por


um feromônio sexo-específico.

xiv
ESTUDO DA ECOLOGIA QUÍMICA DA BROCA-DO-FRUTO DO CUPUAÇUZEIRO
Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae): PROSPECÇÃO
DE SEMIOQUÍMICOS E ESTUDOS COMPORTAMENTAIS

Autor: Edinaldo Lopes da Costa


Orientadores: Neliton Marques da Silva
Maria Carolina Blassioli Moraes
RESUMO

Esta tese teve por objetivo a prospecção de semioquímicos e estudos comportamentais


de Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940, associados ao cupuaçuzeiro. Trabalhou-se na
perspectiva de compreender a origem, função e o significado dos compostos químicos
naturais que regulam as interações entre C. humeropictus e o cupuaçuzeiro (Theobroma
grandiflorum (Willd ex Spreng) Schum), neste caso, incluindo feromônios e aleloquímicos.
Para isto, estudos com semioquímicos de insetos e plantas foram desenvolvidos em
plantações de cupuaçuzeiro localizados nos campos experimentais da Embrapa Amazônia
Ocidental, na região de Manaus-Amazonas entre os anos de 2015 e 2017. As análises
químicas dos extratos de aeração do cupuaçuzeiro mostraram que há diferença na composição
das misturas de voláteis liberadas nas fenofases (floração, frutificação e mudança foliar)
consideradas. A classe de compostos liberadas nas diferentes fenofases foi similar sendo
composto majoritariamente de monoterpenos, sesquiterpenos e alguns aromáticos. Machos
adultos de C. humeropictus responderam preferencialmente aos odores liberados pelo
cupuaçuzeiro na fenofase de frutificação. Machos produzem três compostos específicos que
não estão presentes nos extratos de aeração de fêmeas, os compostos ácido grandisoico,
grandlure I e grandlure II. Fêmeas respondem para o composto majoritário ácido grandisoico.
O levantamento de insetos adultos no pomar constatou maior nível de infestação em plantas
localizadas ao redor da mata, onde aproximadamente 91% dos insetos (% do total observado
no pomar) estavam presentes. O nível de infestação durante a safra chegou a 42%, com média
de quatro larvas por fruto. Adultos de C. humeropictus foram coletados em todos os meses do
ano, com níveis mais baixos durante o período da safra. Os resultados sobre a atratividade do
ácido grandisóico para fêmeas, respostas preferenciais dos machos aos odores liberados na
frutificação, níveis de infestação no fruto e adultos na planta durante a safra tem implicações
importantes ao uso de semioquímicos no manejo integrado da broca-do-cupuaçu.
Palavras chaves: Feromônio, broca-do-cupuaçu; compostos orgânicos voláteis, cupuaçu.

xv
STUDY OF THE CHEMICAL ECOLOGY OF CUPUASSU FRUIT BORER
CUPUASSU Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae):
PROSPECTION OF SEMIOCHEMICALS AND BEHAVIORAL STUDIES

SUMMARY

This thesis had the objective the prospection of semiochemicals and behavioral studies
of cupuassu fruit borer (Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940). In this study, worked on
perspective of understand, origin, function and meaning of the natural chemical compounds
that regulate the interactions between C. humeropictus and the cupuassu ((Theobroma
grandiflorum (Willd. Ex Spreng) Schum), in this case, including pheromones and
allelochemicals. For this, studies with semiochemical of the insects and plants were developed
in cupuassu plantations located in the experimental fields of Embrapa Western Amazonia, in
the region of Manaus-Amazonas between the years of 2015 and 2017. The chemical analyzes
of cupuassu aeration extracts showed that there is difference in the composition of the volatile
mixtures released at the phenological stages considered. The class of compounds released in
the different stages was similar being composed mainly of monoterpenes, sesquiterpenos and
some aromatics. Adult males of C. humeropictus responded preferentially to odors released
by the cupuassu in the phenological stages of fructification. The chemical analysis of aeration
extracts of males and females showed that males produce three specific compounds that are
not present in the aeration extracts of females, the compounds grandisoic acid, grandlure I and
grandlure II. Male volatiles are attractive to females and females also respond to the grandiose
acid majoritarian compound. The survey and monitoring of adults in the orchard used in this
study found a higher level of insect infestation in plants located around the forest, where
approximately 91% of adult insects were also present. The level of infestation during the
harvest reached 42%, with an average of four borer per fruit. Adults of C. humeropictus were
collected in all months of the year, with lower levels than during the harvest period. These
results have important implications for the use of semiochemicals in the integrated pest
management of cupuassu.
Key words: Pheromone, volatiles compounds, cupuassu fruit borer.

xvi
1. INTRODUÇÃO

O uso de semioquímicos no controle da broca-do-cupuaçu (Conotrachelus humeropictus)

Feromônios e outros semioquímicos são úteis para o manejo integrado de diversas


pragas agrícolas. Caracterizam-se como tecnologias seguras, sustentáveis e são aplicados em
milhares de hectares no mundo (WITZGALL et al., 2010; RIFFEL; SOBHY et al., 2014;
COSTA, 2015). No Brasil o uso de semioquímicos vem aumentando a cada ano, mas não há
números disponíveis sobre esse uso. Entretanto, no sul do país, há registros do uso de
feromônio para o controle da mariposa Grapholita molesta (Busck) (Lepidoptera: Tortricidae)
usando a técnica de confundimento sexual e da mariposa Cydia pomonella (Linnaeus)
(Lepidoptera: Tortricidae) usando a técnica de monitoramento (BOTTON et al., 2001;
MONTEIRO et al., 2008).
Na Amazônia, assim como em outras regiões do país o uso de semioquímicos para o
controle de pragas ainda é incipiente. Todavia, o uso de uma técnica de alta especificidade,
que atua na espécie alvo e nenhum resíduo é depositado no meio ambiente ou no alimento
produzido, condiz com o modelo de agricultura preconizado à essa região (FEARNSIDE,
1989).
Nesse sentido, a exploração e busca por novas moléculas químicas com aplicações à
agricultura na Amazônia devem ser incentivadas. Considerando que a fruticultura como opção
interessante para o desenvolvimento da agropecuária local, frutas nativas da Amazônia
brasileira como o cupuaçu, merecem destaque para esse tipo de exploração.
Posteriormente ao açaí, o cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum (Willd. Ex Spreng.
Schum.) é uma das frutíferas nativas de maior expressão econômica da Amazônia. A cultura
do cupuaçuzeiro oferece algumas vantagens comparativas que, se bem exploradas, poderá
torná-lo uma alternativa viável sob diferentes pontos de vista: social, econômico e ambiental
(GONDIN et al., 2001; SOUZA, 2007; ALVES et al., 2014).
Atualmente, a produção de cupuaçu provém, basicamente, de plantios comerciais,
estimados em mais de 20.000 ha, distribuídos no Pará, Amazonas, Rondônia e Acre,
principalmente. No Estado do Amazonas quase todos os municípios (62, no total) possuem
pequenas áreas produtivas com o cupuaçuzeiro, tornando-se, portanto, um dos produtos mais
expressivos do Amazonas (ALVES et al., 2014).
Entre as estratégias para equacionar os entraves da cadeia produtiva do cupuaçuzeiro
está o controle da broca-do-fruto (Conotrachelus humeropictus), praga de maior ocorrência
17
no cupuaçuzeiro das áreas de cultivo da Amazônia e que acarreta graves prejuízos
econômicos aos plantios nos casos de ataque intenso (LOPES; SILVA, 1998; THOMAZINI,
2000).
Diversas são as recomendações preventivas que ainda prevalecem e fazem parte dos
métodos de controle da broca-do-cupuaçu como, manter plantios afastados de florestas e
lavouras de cacaueiro; inspeções periódicas dos pomares; ensacamento de frutos, eliminação
precoce de frutos atacados, entre outras. Por sua vez, a eficiência de inseticidas químicos no
controle desta praga ainda não foi verificada em campo. A utilização de controle biológico,
apesar de efetiva em testes laboratoriais, carece de mais informações em nível de campo
(TEIXEIRA; GERALDA, 1997; GARCIA et al., 1997; SILVA; ALFAIA, 2004; SOUZA,
2007; TREVISAN et al., 2011).
Neste cenário, é consenso que novos estudos e tecnologias sejam desenvolvidos no
âmbito do manejo integrado de pragas para mitigar os prejuízos causados pela broca-do-
cupuaçu. Em especial, que promova o desenvolvimento da cultura numa visão agro-
sustentável.
Deste modo, a Ecologia Química, a qual estuda a interação química entre inseto-
inseto, planta-planta, patógeno-patógeno; planta-patógeno, planta-inseto e animal-inseto-
patógeno, pode oferecer excelente oportunidade para incrementar a pesquisa e
desenvolvimento de novas tecnologias para o controle de pragas, possibilitando a descoberta
de novas estruturas, as quais poderão originar produtos mais específicos e menos prejudiciais
ao ambiente e à vida, do que agrotóxicos em uso na atual agricultura (BORGES et al., 2015;
GOULART et al., 2015).
O grande potencial econômico, fitossanitário e ambiental da Ecologia Química
justifica sua aplicação às culturas Amazônicas, neste caso, o cupuaçu. Portanto, prospectar
semioquímicos da broca-do-cupuaçu bem como, os voláteis emitidos pelo cupuaçuzeiro e a
sua influência sobre o comportamento da broca podem ser essenciais para produzir
ferramentas eficientes no manejo da praga (BORGES et al., 2015).
Esta tese é resultado de um trabalho sobre a ecologia química da broca-do-cupuaçu
(Conotrachelus humeropictus). Inserido no projeto de pesquisa: Pesquisas e inovações
tecnológicas para o desenvolvimento da cultura do cupuaçuzeiro no Estado do Amazonas –
Edital PRÓ-ESTADO. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Amazonas – FAPEAM.

18
A partir do tema delimitado e da problematização da pesquisa que resultou nesta tese,
o objetivo geral foi definido como: prospectar semioquímicos envolvidos no comportamento
de Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae) associados ao
cupuaçuzeiro visando seu uso no manejo integrado de pragas (MIP). E, como objetivos
específicos: analisar o perfil químico de voláteis emitidos pelo cupuaçuzeiro (Theobroma
grandiflorum) nas fenofases (floração, frutificação e mudança foliar); avaliar por meio de
bioensaios a atividade biológica dos voláteis emitidos pelo cupuaçuzeiro no comportamento
de busca de C. humeropictus; extrair, identificar e quantificar semioquímicos da broca do
cupuaçu C. humeropictus; avaliar a resposta comportamental de machos e fêmeas para os
extratos contendo os compostos sexo-específico; Monitorar a população de C. humeropictus
(inseto-alvo) no campo e avaliar o nível e intensidade de infestação natural em pomar de
cupuaçuzeiro afim de auxiliar estudos de ecologia química.
A tese está estrutura em três capítulos. No primeiro capítulo, é avaliado a influência
dos voláteis de diferentes estruturas (flor, fruto e folha) do cupuaçuzeiro sobre o
comportamento de busca de C. humeropictus. Para isto, foram conduzidos coletas de voláteis
de 20 plantas de cupuaçu e a influência desses voláteis sobre o comportamento de busca de C.
humeropictus pela planta hospedeira avaliada em bioensaios comportamentais em laboratório.
No segundo capítulo, é descrito os estudos conduzidos para identificar feromônio de
agregação do C. humeropictus e avaliar o potencial desse feromônio para o manejo e/ou
controle de C. humeropictus em pomares de cupuaçu. Para isto, conduziu-se coletas de
voláteis de machos e fêmeas e análises em cromatografia gasosa com detector por ionização
de chamas e espectrometria de massas dos extratos de aeração obtidos de machos e fêmeas,
possibilitando estudar e elucidar a estrutura química de três componentes com grande
potencial de feromônio de agregação da broca-do-fruto do cupuaçu.
No terceiro capítulo são avaliados o nível e intensidade de infestação natural de C.
humeropictus no período da safra do cupuaçuzeiro e analisado a dinâmica desta infestação no
pomar desta frutífera. Com estas informações são discutidas as possíveis forma de manejo e
controle desta praga.
Por fim, nas considerações finais apresento as principais conclusões deste estudo e as
implicações para futuras pesquisas.

19
2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A espécie [Theobroma grandiflorum (Willd ex Spreng) Schum]

2.1.1. Características gerais

O cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum (Willd ex Spreng) Schum) (Malvaceae), é


uma fruteira arbórea nativa da Amazônia brasileira (CALZAVARA et al., 1984;
CAVALCANTE, 2010) (Figura 1). Apresenta excelente potencial agroindustrial e está no
ranking das exportações de frutas Amazônicas (SOUZA, et al., 1999; SANTOS et al., 2010).

Souza et al. (2011) destacam que os produtos dessa fruta, designada fruta nacional
pela Lei no 11.675, de 19 de maio de 2008, tem boa aceitação e conquista fatia de mercado
cada vez maior entre as frutas tropicais, tendo como consequência a expansão do cultivo na
região Norte. A polpa é utilizada em grande escala na agroindústria de néctares, sucos,
sorvetes, doces e sobremesas. As amêndoas na elaboração de produtos similares aos que são
obtidos do cacau (Theobroma cacao L.) e a casca como adubo e na confecção de artesanatos
(NAZARÉ et al., 1990; SOUZA et al., 2011).

A C E

B D F

Figura 1. Aspectos da produção de frutos do cupuaçuzeiro (A e B) pomar com plantas em produção;


(C) fruto maduro; (D) fruto maduro sem casca; (E) ramo com botões, flores e frutos; (F) flor
totalmente aberta.

20
2.1.2. Importância socioeconômica do cupuaçuzeiro

Durante as três últimas décadas, a cultura do cupuaçu destaca-se como importante


alternativa econômica para pequenos e médios produtores rurais na Amazônia
(VENTURIERI, et al., 1985; MULLER; CARVALHO, 1997; ALMUDI, 2015). O cultivo é
realizado em pequenas propriedades rurais e emprega basicamente mão-de-obra familiar
(ROCHA NETO et al., 1999; ALVES et al., 2014).
Segundo Alves et al. (2014) até a década de 1970 toda a produção de cupuaçu era
oriunda do extrativismo. Atualmente provém, basicamente, de plantios comerciais, estimados
em mais de 20.000 ha, distribuídos no Pará, Amazonas, Rondônia e Acre.
No Amazonas, o cupuaçu ocupa a quarta posição em área plantada das lavouras
permanentes (5.536 ha), 85% dessa área está em produção (4.657 ha) e nas culturas de
lavoura permanente está entre as dez com melhor preço médio ao produtor. Compõe lista de
produtos cuja produção é relevante em âmbito regional, ao lado do açaí (Euterpe oleracea),
pupunha (Bactris gasipaes) e graviola (Annona muricata) (ALMUDI; PINHEIRO, 2015).
No agronegócio da fruticultura há grande oportunidade para o setor de polpa de frutas
tropicais não convencionais. Segundo Souza (2007) o cupuaçu está entre estas frutas,
atendendo às necessidades de vários segmentos da indústria de produtos alimentícios. Do
ponto de vista nutricional, o cupuaçu é um fruto com enorme potencial pelas múltiplas
utilidades de sua polpa e amêndoa, sendo relativamente superior à maioria das outras fruteiras
amazônicas (BARBOSA et al., 1978; CHAAR, 1980; RIBEIRO et al., 1992)
Vale destacar que o cultivo do cupuaçuzeiro consorciado com outras espécies em
sistemas agroflorestais, como o açaizeiro, determina benefícios de ordem ambiental,
econômica e social, promovendo a diversificação da renda para pequenos agricultores
(SOUZA; SOUZA, 1999; CASTRO et al., 2009; ALVES et al., 2014;).

2.1.3. Ocorrência e distribuição

É uma árvore nativa da floresta amazônica tropical úmida de terra firme e de várzea
alta (CUATRECASAS, 1964; CALZAVARA 1970). Segundo Ducke (1953) originalmente a
distribuição geográfica do cupuaçuzeiro era restrita às áreas de florestas nativas ao sul do rio
Amazonas, oeste do rio Tapajós, sul e sudeste do estado do Pará e a região “pré-amazônica”
21
do estado do Maranhão. Esta região foi considerada como o centro de origem da espécie por
Cuatrecasas (1964).

De acordo com Alves (2002) a diversidade genética observada entre as populações


coletadas no Sul e Sudeste do Pará e Noroeste do Maranhão, dá respaldo à hipótese que
aponta a região como o centro de máxima diversidade do cupuaçuzeiro (ALVES, 2002). Para
Clement (1999) e Cavalcante (2010) trata-se de uma espécie pré-colombiana que,
provavelmente, foi disseminada, do seu centro de origem, para todos os estados da região
Norte, através da intensa movimentação das nações indígenas no interior da Amazônia.

No Brasil, o cupuaçuzeiro está disseminado por todo o Pará, bacia Amazônica,


Amazonas, Acre, Rondônia, norte do Maranhão, São Paulo, Espirito Santo, Paraná, Jardim
Botânico do Rio de Janeiro e Bahia. Há registros que essa fruteira em vários estados
brasileiros e outros países como Colômbia, Peru, Bolívia, Guiana, Martinica, Equador, São
Tomé, Trinidad, Gana e Costa Rica (DUCKE, 1940; CALZAVARA et al., 1984;
VENTURIERI; AGUIAR, 1988).

Alves et al. (2014) asseguram que as populações nativas de cupuaçuzeiro sofreram


séria erosão genética nos últimos anos, pois suas áreas de ocorrência, especialmente no
Sudeste paraense, foram ocupadas por grandes projetos pecuários. Segundo os autores, até
áreas teoricamente mais protegidas, como o Polígono dos Castanhais, próximo à Marabá,
foram drasticamente afetadas, e hoje restaram apenas alguns mosqueados da mata original,
localizadas em reservas legais e áreas indígenas.
Há de se concordar com os autores quando categoricamente alertam sobre a
importância dessas populações para a sustentabilidade biológica do cupuaçuzeiro. Em tese,
são as únicas reservas de genes e genótipos do mundo que o melhoramento genético da
cultura poderá lançar mão, na busca de materiais resistentes a uma nova praga ou doença
futura. Bem como, será lá que serão buscados os genes que poderão melhorar a produtividade
do cupuaçuzeiro.

22
2.1.4. Aspectos botânicos

O gênero Theobroma, contém 22 espécies e é considerado um grupo tipicamente


neotropical (CUATRECASAS, 1964).
O cupuaçuzeiro que pertencia a família Sterculiaceae, atualmente está classificado na
da família Malvaceae (ALVERSON et al., 1999). A espécie é diploide e apresenta 2n = 20
cromossomos (CARLETTO, 1946). Porém, o cupuaçuzeiro sem sementes (mamau) coletado
no município de Cametá, Estado do Pará, é triploide com 30 cromossomos, possivelmente
decorrente de mutação natural (MORAES et al., 1994).
No ambiente silvestre, normalmente, compõem o extrato intermediário, chegando a
atingir o dossel superior, com mais de 20 m de altura e 45 cm de diâmetro. Em cultivos, o
porte do cupuaçuzeiro varia de 6 a 8 m e área de copa de 7 m de diâmetro (VENTURIERE,
1993).
Normalmente a copa é de formato variável, irregular e pouco espessa, com tronco de
coloração acinzentada com manchas brancas. As folhas são simples, alternas, curto
pecioladas, com lâmina verde na face superior e ferrugíneo-tomentosa na face inferior. As
inflorescências são axilares ou ramifloras. As flores são hermafroditas de coloração que varia
do branco ao vermelho-violeta. O fruto é uma baga oblonga, elipsoide ou oboval, que cai da
árvore quando maduro, após quatro a quatro meses e meio desde a polinização (PRANCE;
SILVA, 1975; CALZAVARA et al., 1984; VENTURIERI, 1993; CAVALCANTE, 2010).
O fruto apresenta o epicarpo lenhoso recoberto de pelos ferrugíneos que, quando
raspado expõe uma camada clorofilada. O mesocarpo é esponjoso e pouco resistente. O
endocarpo (parte comestível) tem coloração branco-amarelada, de sabor ácido odor agradável,
e recobre as sementes. Estas apresentam-se em número variável de 15 a 50, em média 36 por
frutos, são quase circulares, achatadas, medem aproximadamente 2,6 cm de comprimento por
2,3 cm de largura e 0,9 cm de espessura, superpostas em torno de um eixo central
longitudinalmente disposto em relação ao comprimento do fruto e representam 16% do fruto
(BARBOSA et al., 1978; VENTURIERI; AGUIAR, 1998).
O cupuaçuzeiro é tido como uma espécie alógama, auto incompatível, floresce no
período mais seco do ano, (normalmente de julho a outubro no Amazonas) sendo que o pico
de frutificação acontece no período das chuvas (janeiro a junho) (PRANCE; SILVA, 1975;
VENTURIERI, 1994). É uma fruteira precoce, com produção bastante irregular e grande

23
variação entre plantas, muito afetada pelas condições ambientais e baixa fecundidade
(FALCÃO; LLERAS, 1983).
A produção média de cupuaçuzeiros nativos é de 25 frutos/pé (HOMMA et al., 2001).
Em condições de cultivo a variação de produção entre plantas é bastante pronunciada, devido
a desuniformidade do material de plantações, além de variações das condições de clima e de
cultivo (CALZAVARA, et al., 1984). Frutos maduros são facilmente reconhecidos em razão
do cheiro agradável que exalam (SOUZA, et al., 1996). Estudos sobre os aspectos
biofísicos de cupuaçuzeiro em viveiro, mostraram que as plantas de cupuaçu podem
apresentar comportamento variável quanto a resposta fotossintética, nos vários estádios de
desenvolvimento da planta na fase juvenil. Na fase adulta, as funções fotossintéticas também
podem variar com o momento fenológico da planta (FIGUEIRÊDO et al., 2002).
As plantas de cupuaçu cultivadas ao sol têm maior atividade fotossintética líquida que
as mantidas à sombra, independentemente da idade de um ou dois anos de cultivo. A taxa
fotossintética líquida é influenciada positivamente pela maior disponibilidade de água no solo,
como ocorre nos meses de janeiro a maio (FIGUEIRÊDO et al., 2005).
Muller et al. (1996), relata que quando submetidos a déficit hídrico, o cupuaçuzeiro
apresenta paralisação no crescimento; perdas de folhas; secamento do broto terminal; maior
susceptibilidade ao ataque de pragas e doenças; e a morte da planta, conforme a intensidade
do déficit hídrico. Quando infectadas pelo fungo Moniliophthora perniciosa, causador da
doença “vassoura-de-bruxa” apresentam menor transpiração e condutância estomática em
relação às sadias (JUNIOR et al., 2011).

2.1.5. Compostos orgânicos voláteis do cupuaçuzeiro em interação inseto-planta

Estudos relacionados à comunicação química entre insetos e plantas constituem um


importante passo para o desenvolvimento de ferramentas que podem ser aplicadas no MIP. A
identificação dos compostos orgânicos voláteis (COVs) emitidos pelas plantas e suas
interações com os insetos, pode gerar medidas alternativas ao uso de agrotóxicos (COOK et
al., 2007).
Leskey et al. (2014) relatam que os esforços para reduzir os insumos de inseticidas
contra o curculio de ameixa (C. nenuphar) incluem o uso de uma abordagem de "atrair e
matar". Segundo os autores, os estímulos olfativos padrões são suficientes para fornecer

24
agregação dentro de armadilhas, mas esse outro meio (atrair e matar) deve ser usado para
gerenciá-los após a chegada nos pomares.
Estudos em olfatômetro para avaliar respostas de C. nenuphar a voláteis de planta
hospedeira e o seu feromônio de agregação, o ácido grandisoico e odores de machos vivos,
revelaram que os compostos orgânicos voláteis (COVs) da essência da ameixa foi considerada
o odor mais atrativo para as fêmeas virgens e imaturas, tanto em laboratório como no campo
(COOMBS, 2001; WHALON et al., 2006; AKOTSEN-MENSAH et al., 2010; HOCK et al.,
2017), indicando sua possível utilização como componente em armadilhas no campo.
Recentemente, foram identificados os COVs associados as cinco fases fenológicas da
goiaba (Psidium guajava L.), nas quais se detecta a presença do Conotrachelus psidii
Marshall, 1922 e se confirmou o papel do limoneno como cairomônio na interação P. guajava
-C. psidii Marshall. Na comunicação do C. psidii participam cairomônios provenientes de sua
planta hospedeira e um feromônio de agregação macho-específico. Segundo o estudo, os
semioquímicos identificados poderão ser usados como atraentes em armadilhas para detecção,
o monitoramento e o manejo do C. psidii em cultivos da goiaba (FRÍAS, 2015).

Estudos preliminares sobre os voláteis do cupuaçu em dois estágios fisiológicos


(vegetativo e reprodutivo) e somente dos frutos, em dois períodos (diurno e noturno)
mostraram que não há diferença na composição das misturas liberadas nos dois períodos
considerados. A mistura de voláteis é composta por uma série de monoterpenos,
sesquiterpenos e alguns aromáticos. A análise química dos extratos de aeração das plantas no
estágio vegetativo e reprodutivo identificou quarenta compostos orgânicos voláteis
majoritários, da mesma classe de compostos identificados nos frutos. Porém os estudos para
avaliar a influência desses compostos no comportamento de C. humeropictus não foram
concluídos pelos autores (BORGES et al., 2015).

De maneira geral, os registros de literatura para estudos de semioquímicos do


cupuaçuzeiro e as interações inseto-planta ainda são escassos ou não estão estabelecidos.
Apesar de estudos preliminares do perfil de voláteis, ainda não se sabe por exemplo, qual o
papel desses compostos na defesa direta e indireta das plantas. Contrariamente, para a cultura
do algodão por exemplo, já existem pesquisas que visam formular uma mistura volátil
derivada da planta hospedeira que poderia ser usada para aumentar a eficácia do sistema atual
de monitoramento dessa praga, que é o seu feromônio de agregação (OLIVEIRA et al., 2014;
MAGALHÃES et al., 2016;).

25
2.2. A espécie Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera:
Curculionidae)

2.2.1. Descrição taxonômica

O gênero Conotrachelus possui mais de 1.100 espécies. Alguns dos seus membros são
economicamente importantes devido aos danos causados em frutíferas neotropicais
(O´BRIEN; COUTURIER, 1995).
Fiedler (1940) elaborou as chaves para a espécies de Conotrachelus. Entretanto, na
descrição transcrita por Booth et al. (1990) os espécimes são originários do Brasil e Guiana,
sendo que suas larvas desenvolvem-se em sementes e casca de frutos de cacau.
Trevisan e Mendes (1991) relatam que a taxonomia de C. humeropictus descrita por
Fiedler (1940), foi baseada em dois espécimes coletados em Aga (provavelmente o município
de Tefé, AM) e o outro procedente do Vale Demerara, na Guiana, ambos sem registro da
planta hospedeira.
É um besouro bicudo, marrom-escuro, medindo cerca de 8 mm de comprimento e 5
mm de largura. Apresenta pontuações amarelo-douradas e estrias longitudinais nos élitros
(Figura 2). O macho tem seis ventritos e as fêmeas cinco (dimorfismo sexual) (Figura 3). O
último ventritos do macho é reduzido e nem sempre de fácil visualização a olho nu. Os ovos
(Figura 4A), brancos-leitosos, elíptico (0,26 mm de comprimento e 0,16 mm de largura)
tornam-se amarelo-palha no final do desenvolvimento embrionário (LOPES, 2000). As larvas
são ápodas, branco-leitosas, apresentando cápsula cefálica marrom-avermelhada e mandíbulas
bem desenvolvidas (Figura 4A). Quando totalmente desenvolvidas medem cerca de 14 mm de
comprimento. As pupas, do tipo exarada, inicialmente são branco-leitosas (Figura 4A),
tornando-se castanho-claras à medida que se aproximam da emergência dos adultos.

26
Figura 2 Adulto de Conotrachelus humeropictus

♂ ♀

Figura 3 Vista inferior do abdome de uma macho e de uma fêmea de C. humeropictus. Separação dos
sexos com base em observação da região esternal do último segmento abdominal.

A B C

Figura 4 A) ovo; B) larvas e C) pupas de Conotrachelus humeropictus.

2.2.2. Sistemática, ocorrência e distribuição

A broca-do-fruto do cupuaçu pertence a ordem Coleoptera, família Curculionidae,


tribo Conotrachelini, subfamília Molytinae, gênero Conotrachelus. A literatura registra o
gênero como típico do continente americano (BONDAR, 1937). Determinadas espécies são
neotropicais, distribuídas desde a América Central à América do Sul (BONDAR, 1941;
O’BRIEN; COUTURIER, 1995; RODRIGUEZ; CÁSARES, 2003) A maioria das espécies
desse gênero (mais de 900), dentre elas C. humeropictus, foi descrita por Fiedler (1940)
(O'BRIEN; COUTURIER, 1995) e são consideradas importantes pragas agrícolas.
27
Entre os principais representantes desse gênero nas regiões tropicais estão C.
humeropictus em cupuaçu, Conotrachelus. Eugeniae O´Brien em araçá, C. dubiae em camu-
camu e C. psidii em goiabeira e araçazeiro (SILVA FILHO, 2005). Além disso, há registro de
dezenas de espécies desse gênero em plantas pertencentes às famílias botânicas: Sapotaceae,
Myrtaceae, Leguminoseae, Rosaceae, Guttiferaceae; Sapindaceae, Meliaceae, Sterculiaceae e
Anonaceae (BONDAR, 1941 e 1944).
O primeiro registro de C. humeropictus foi em 1981, atacando frutos de cacau no
estado de Rondônia (MENDES et al., 1982). Ocorrências em frutos silvestres como cacauí,
Theobroma speciosum e Theobroma microcarpum também foram registradas (ALMEIDA;
ALMEIDA, 1987). Segundo Aguilar e Gasparotto (1999) esta broca está disseminada em
regiões com médias de temperatura variando entre 21,6 e 27,5 °C, umidade variando de 64%
a 93% e precipitação anual entre 1.900mm e 3.100mm.
Para Trevisan et al. (2011), o inseto-praga, está restrito a região amazônica,
particularmente aos estados de Rondônia, Amazonas, Acre, Pará e Mato Grosso. Tem como
plantas hospedeiras o cupuaçu (T. grandiflorum) e o cacaueiro (Theobroma cacao). Por esse
motivo, deve ser evitado o trânsito de material botânico dessas regiões para outras onde a
presença de C. humeropictus é desconhecida (MENDES et al., 1988; VENTURIERI, 1993).

2.2.1. Danos e importância econômica

Os danos econômicos causados por insetos do gênero Conotrachelus são relatados


para as mais diversas culturas. A broca-dos-frutos, é do ponto de vista fitossanitário a praga
mais importante do cupuaçuzeiro, devido aos danos causados pelas larvas aos frutos (LOPES;
SILVA, 1998; GONDIN et al., 2001; THOMAZINI, 2002; SILVA et al., 2016).

Nas últimas duas décadas, estudos constataram o aumento gradativo dos níveis de
infestações de larvas de C. humeropictus em cultivos de cupuaçu no Amazonas (LOPES;
SILVA, 1998). A produção de frutos decresceu, passando de 2.705 frutos/ha em 1996 para
1.856/ha em 2006 (SOUSA et al., 2007). Segundo Garcia et al. (1997) a broca-do-fruto se
destaca entre os fatores responsáveis por essa redução. Atualmente, esta praga assume posição
principal como fator limitante à expansão desta frutífera, em função da severidade de seus
danos (LOPES; SILVA, 1998; LOPES, 2000; THOMAZINI, 2002; SILVA; PAMPLONA
2011).

28
As larvas são responsáveis pelos danos diretos ao fruto. Os danos indiretos são
causados pelos microrganismos e insetos que penetram através dos furos construídos pelas
larvas que saem para se transformar em pupa no solo (TREVISAN; MENDES, 1991).
Quando a oviposição ocorre em frutos jovens, os frutos caem e as larvas não se desenvolvem.
Os frutos atacados que atingem o amadurecimento apresentam a polpa destruída pela
fermentação causada pelos organismos decompositores (AGUILAR; GASPAROTTO, 1999).

Os agricultores que se dedicam ao cultivo do cupuaçuzeiro reconhecem a importância


de novas tecnologias que possam auxiliar no controle de pragas como forma de evitar perdas
significativas dos plantios. Todavia, normalmente se deparam com a escassez de informações
ou métodos de controle eficientes para a broca-do-fruto. Nenhuma técnica isolada de controle
para esta praga se encontra disponível, o que pode levar alguns produtores a recorrerem ao
uso de agrotóxico. Prática esta já testada em cupuaçu e cacau sem resultados satisfatório, além
de antieconômica e elevado impacto ambiental (GARCIA et al., 1988; COSTA et al., 2015).

2.2.2. Biologia

Trata-se de um besouro da espécie Conotrachelus humeropictus; Ordem Coleoptera e


família Curculionidae (FIEDLER, 1940). Seu ciclo de vida ocorre em cinco estágios: ovo,
larva, pré-pupa, pupa e adulto (MENDES, 1997).

Apesar dos relevantes trabalhos de Mendes (1997), Aguilar e Gasparotto (1999) e


Lopes (2000) sobre a biologia de C. humeropictus, as lacunas a respeito da biologia desta
espécie ainda é um obstáculo para condução pesquisas em diversos campos da entomologia,
principalmente aquelas direcionadas ao controle.

Mendes (1997) descreve em seus resultados que as posturas de C. humeropictus ocorre


de forma isolada, com posturas ocasionalmente constituídas por 02 a 03 ovos e média de
108,45 por fêmea. Segundo autor o maior número de ovos é colocado durante as primeiras
posturas, entre o 18º e o 54º dia da emergência.

Mendes (1997) e Trevisan et al. (2011) descrevem os ovos por coloração branco-
leitosa, tornando-se amarelo-palha, na medida em que acontece o desenvolvimento
embrionário. Segundos os autores os ovos apresentam forma elíptica, com 0,26 ± 0,01 mm de
comprimento e 0,16 ± 0,01 mm de largura e o período embrionário é de 04 a 06 dias com
29
média de 4,73 dias e viabilidade de 75,60 %, em média. Afirmam ainda que em condições
naturais, é provável uma maior eclosão de larvas, já que não há manipulação e perda de água
dos ovos no interior dos frutos.

Lopes (2000) caracteriza as larvas como ápodas de cor branco-leitoso, apresentando


cápsula cefálica marrom avermelhada e mandíbulas bem desenvolvidas. De acordo com a
autora, as larvas apresentam quatro ínstares e é nesta fase considerada praga, quando o inseto
causa o dano direto no cupuaçu. Ressalta ainda que frutos altamente infestado por larvas não
completam a maturação e caem antes da semente solidificar.

A larva recém-eclodida apresenta cerca de 0,81 ± 0,02 mm de comprimento. É comum


encontrar larvas de quarto instar se alimentando do conteúdo das sementes dos frutos. Ao
atingir o máximo desenvolvimento larval, em média 26,64 dias da eclosão mede
aproximadamente 17,21 ± 0,34 mm de comprimento, então, cessa sua alimentação e,
abandonando o fruto, prepara a "câmara pupal" no solo e, cessando também seus movimentos,
entra na fase pré-pupa, cujo período é, em média, de 6,07 dias. Nessa fase a viabilidade é de
99,59% (MENDES, 1997; TREVISAN et al., 2011; SILVA et al., 2016).

A pupa, do tipo exarada, quando recém-formada é branco-leitosa, tornando-se


castanho-claro, à medida que se aproxima a eclosão do adulto. Mendes (1997), cita o período
pupal de 08 a 12 dias, com duração média de 9,62 dias e a viabilidade pupal de 97,12%. Para
Lopes (2000), a duração do período pupal varia de 22 a 121 dias para machos, com média de
65 dias e de 22 a 174 dias para fêmeas, com média de 73 dias.

O adulto teneral, de cor castanho claro e 9,87 ±0,13 mm de comprimento permanece,


por um período de 03 a 06 dias (média 4,56 dias), praticamente imóvel na antiga "câmara
pupal" quando, então, emergem do solo. A esse período Paradis (1956) e Smith (1957) para
Conotrachelus nenuphar e Tedders; Payne (1986) para Conotrachelus schoofi, denominaram
de estádio imaginal e de pré-emergência do adulto, respectivamente.

Trevisan et al. (2011) destacam que ambos os sexos apresentam 5 esternitos visíveis
quando em posição ventral. Nos machos este esternito apresenta uma depressão central e nas
fêmeas duas depressões laterais, adicionalmente nos machos, e em posição ventral, é visível o
último tergito abdominal. Os machos apresentam um aparelho estridulatório na margem
interna dos élitros.

30
Os registros de Mendes (1997) mencionam que a cópula ocorre no mesmo dia da
emergência, após a distribuição das fêmeas em gaiolas, dura de 75 a 105 minutos (média
89,25 minutos), com casais copulando mais de uma vez, indicando que os machos são capazes
de fecundar mais de uma fêmea. Segundo o autor, este comportamento também foi constatado
para as espécies C. nenuphar (SMITH, 1957) e C. schoofi (TEDDERS; PAYNE, 1986).

Estudos conduzidos por Lopes (2000) sobre a biologia, comportamento e flutuação


populacional C. humeropictus, mantidos individual e em casais à temperatura de 25,0 + 0,1º
C, umidade relativa 78,0 + 0,4%, com fotofase de 12 horas, constataram que os insetos
mantidos em casais viveram em média maior número de dias (197,46 + 51,85 para machos e
205,38 + 68,38 para fêmeas) que os insetos mantidos individualmente (88,94 + 17,85 para
machos e 94,24 + 22,39 para fêmeas).

As fêmeas apresentaram em média maior tempo de vida que os machos (GARCIA, et


al., 1988; MENDES, 1997), no entanto, estas quando mantidas em casais tiveram
representantes com menor longevidade. Segundos os autores, os indivíduos em agregados são
mais longevos que os insetos vivendo de forma isolada.

2.2.3. Atividades comportamentais

Adultos de C. humeropictus são mais ativos no período noturno, durante o dia ficam
ocultos entre as folhagens e, ao sentirem-se ameaçados, jogam-se sobre o solo. Esse
comportamento foi observado tanto na cultura do cacau (TRAVISAN, 2011) como na cultura
do cupuaçu (LOPES, 2000). Esse comportamento é típico da família, em qualquer substrato
que se encontram.
Lopes (2000) constatou que em frutos de cupuaçu, as fêmeas apresentaram preferência
pela parte mediana do fruto para postura. Inicialmente, as fêmeas fazem várias perfurações
para alimentação do fruto e depois efetuam as posturas. As perfurações podem ser próximas e
em grupos de 2 a 4, mas podem ser encontrados conjuntos com numerosos furos de diâmetro
entre 0,50-2,0 mm.
O autor relata que as fêmeas desempenham mais de um tipo de atividade para
oviposição, que inclui: exploração do fruto, formação de perfuração e alimentação, disposição
crescente de alimentação e postura dos ovos. Após a oviposição os insetos iniciam nova

31
sequência. No campo, a oviposição é maior nos frutos verdes com cerca de dois meses antes
da maturação destes, assim como, os maiores ataques de pragas ocorrem em plantas
localizadas a próximas à floresta.
Adultos de C. humeropictus formando casais de igual e diferentes idades, quando
avaliados em laboratório nos horários diurnos e noturnos, à temperatura de 26,0 + 0,1º C,
umidade relativa de 74,0 + 0,9% em 1997 e em 1998 à temperatura de 25,0 + 0,1º C e
umidade relativa de 84% + 0,4% apresentaram quatro atividades comportamentais mais
frequentes: comportamento de repouso, locomoção, alimentação e acasalamento (LOPES
2000).
Machos e fêmeas de 15 dias de idade apresentaram maior porcentagem média nas
atividades de locomoção (23,42 + 5,78) e acasalamento (2,77 + 0,48). Insetos de todas as
idades ficaram mais tempo em repouso (77,1 + 4,8) tanto para o período diurno quanto
noturno. Chouinard et al. (1993), encontraram essa tendência em C. nenuphar observados em
ambiente seminatural.
Em repouso, o inseto permanece com as antenas e rostro curvados para baixo, e os três
pares de perna ficam totalmente encolhidas. A principal forma de locomoção de adultos da
broca-do-fruto de cupuaçuzeiro é por caminhamento, entretanto, os insetos se deslocam em
voos de curta distâncias. Durante a noite os besouros locomovem-se mais (LOPES, 2000,
TREVISAN 2011).
Mendes et al. (1997), registraram acasalamento de C. humeropictus pela primeira vez
no mesmo dia da emergência. Lopes (2000), relata que casais de C. humeropictus machos e
fêmeas de 15 dias de idade apresentaram as atividades de corte e acasalamento no intervalo de
8:00 às 15:00 horas com pico às 13:00 horas. Macho e fêmeas de 1 dia acasalaram no período
de 9:00 às 15:00 horas. Machos adultos de 15 dias e fêmeas de 1 dia acasalaram no terceiro
dia de observação. Estudos de comportamento de C. nenuphar com diferentes idades,
relataram que a idade do primeiro acasalamento para machos e fêmeas foi a partir do 6º dia de
vida e que aumentou o número de casais que acasalaram pela primeira vez, com o avanço da
idade de machos e fêmeas até o 16º de observação. (JHOSON; HAYS, 1969).
Resultados obtidos por Lopes (2000) revelam que a corte e acasalamento foram
atividades verificadas exclusivamente durante o horário diurno até as 17:00 horas. Para essa
autora, ao contrário do que se acreditava, a broca-do-cupuaçu apresenta comportamento
diurno que inclui alimentação, acasalamento e oviposição, além de hábitos noturnos de voo,

32
queda brusca da planta para o chão, alimentação e caminhamento como principal forma de
locomoção.
Igualmente a escassez de trabalhos sobre a biologia de C. humeropictus, o
desconhecimento do comportamento desta espécie tem se constituído obstáculo para
condução de pesquisas em diversos campos da entomologia, como por exemplo o estudo da
ecologia química de inseto aplicada a agricultura.

2.2.4. Manejo e controle

Apesar dos avanços em pesquisas sobre a biologia e comportamento da broca, ainda


não existe um método de controle eficiente deste inseto. Nenhuma técnica isolada de controle
para esta praga encontra-se disponível. Não há nenhum inseticida registrado para a cultura,
específico à broca-do-fruto (THOMAZINI, 1998; AGUILAR; GASPAROTTO, 1999;
SOUZA, 2007; TREVISAN, 2011).
De um modo geral, plantios bem conduzidos, quanto à limpeza, adubação, podas de
formação e de manutenção e tratamentos fitossanitários, apresentam menos problemas com
pragas e doenças (SILVA; ALFAIA, 1998; SOUZA, 2007; TREVISAN, 2011).
Os métodos de controle da broca atualmente encontrados na literatura são:
monitoramento, métodos culturais, método biológico e método químico (TREVISAN, 2011).
Recomenda-se na época da safra, fazer inspeções frequentes, principalmente em locais
próximos à mata, para verificar se existem frutos atacados, ou seja, aqueles caídos no chão e
com orifício de saída da broca. Neste caso, sugere-se que sejam retirados, colhidos e
destruídos, pois agindo assim, interrompe-se o ciclo de vida do inseto (THOMAZINI, 1998;
SILVA; ALFAIA, 1998; TREVISAN, 2011).
Para o controle da broca-do-fruto do cupuaçuzeiro em sistemas agroflorestais (SAFs), Silva e
Alfaia (1998) recomendam um conjunto de medidas que devem ser tomadas de forma
integradas:

Evitar o estabelecimento de plantios de cupuaçu em áreas recentemente plantadas com cacau


ou próxima de plantios abandonados;

33
• Evitar formação de novos SAFs em áreas muito próximas à floresta e/ou capoeira,
evitando incluir plantas de copa densa, que possam sombrear intensamente as árvores
de cupuaçu;
• Na formação de novos SAFs, usar mudas bem formadas de viveiristas licenciados,
priorizando culturas de diferentes famílias botânicas, incluindo, quando possível,
plantas aromáticas na bordadura dos SAFs;
• Para os SAFs já estabelecidos, fazer calagem seguida de adubação fosfatada e
potássica em coroamento;
• Desbastar as castanheiras quebradas e remover toda vegetação sem valor econômico,
inclusive rasteira, para redução do nível de sombreamento e favorecimento da
circulação do ar no interior dos SAFs;
• A vegetação rasteira só deverá ser removida no início da estação chuvosa, porque o
cupuaçuzeiro é extremamente sensível a perda de umidade;
• Podar as árvores de cupuaçu com remoção dos galhos inferiores (elevação da saia),
para desencostá-los do solo; (Obs.: Esta prática deve ser feita por pessoa treinada);
• Colher, preferencialmente nas primeiras horas da manhã, todos os frutos brocados do
interior dos SAFs, com posterior queima ou enterrio em valas de, no mínimo, 1m de
profundidade ou afogando em água durante três dias;
• Formar aceiros de, no mínimo, 20 m entre a mata/capoeira e o SAF com plantio de
vegetação rasteira (aromática) nas bordaduras;
• Priorizar a quebra dos frutos fora da área de cultivo, para evitar possível penetração
das larvas no solo;
• Realizar limpeza periódica dos veículos de transporte dos frutos, para evitar a
disseminação da praga entre as propriedades;
• Efetuar inspeções na plantação a cada 15 dias para verificar a presença de frutos
atacados e;
• Efetuar o transporte dos frutos sobre lona ou carrocerias sem frestas.
Aguilar e Gasparotto (1999) atestam que o método do controle biológico da broca-do-
fruto do cupuaçuzeiro mediante parasitóides e predadores apresenta certas limitações, devido
ao próprio habito da praga, que dificulta o contato com os inimigos naturais. Entretanto, existe
um campo promissor para o controle da broca envolvendo este método, tendo em vista a
utilização de parasitóides já identificados em C. humeropictus ou mesmo em outras espécies
como Conotrachelus eugenia.
34
Mendes (1996) recomenda que a utilização, no campo de entomopatógenos, tais como:
os fungos Metarrhizium anisopliae e Beauveria bassiana deve ser alvo de futuros trabalhos
de pesquisa. Garcia et al. (1997) relatam que cerca de 70% das larvas de Conotrachelus sp.
que penetram no solo para pupar não completam o ciclo e morrem devido ao ataque de fungos
e outros parasitas.
Garcia et al. (1997) orientam que para o controle da praga não é recomendável o uso
de agrotóxicos, uma vez que este processo já foi testado para o curculionídeo em plantações
de cacau e, mais recentemente em cupuaçu (COSTA et al., 2015) e não apresentou efeito
positivo. Segundo esses autores, o custo desse processo é alto, economicamente inviável e de
elevado impacto ambiental.
Por último, embora não se conheça, na literatura, alguma referência a algum tipo de
resistência ou graus de resistência dos frutos do cupuaçuzeiro à broca. Alguns autores
aconselham realizar testes em frutos sem sementes, os quais podem ser menos atacados pela
falta de alimentos, tendo em vista que as exigências nutricionais da broca-do-fruto do
cupuaçuzeiro na fase larva1 são preenchidas pelas sementes do fruto (MENDES;
TREVISAN, 1991; AGUILAR; GASPAROTTO; 1999).
Os semioquímicos dos insetos e plantas combinados com as recomendações de
controle cultural listadas acima e uso de controle biológico (como fungos e nematóides)
podem gerar um manejo integrado de C. humeropictus para a cultura do cupuaçu. O uso do
feromônio de agregação da espécie e de atrativos voláteis do cupuaçu poderão auxiliar no
monitoramento e controle da praga. Os semioquímicos vem sendo aplicados nas mais
diferentes culturas com bastante sucesso, inclusive para curculionídeos no Brasil, como para
Anthonomus grandis na cultura do algodão (MAGALHÃES et al., 2016), e para Cosmopolites
sordidus na cultura da banana (MESQUITA, 2003), por exemplo. Em sistema agroflorestais,
onde deve se evitar o uso de agrotóxicos por questões ambientais, para evitar atingir
organismos não alvos, e para obter alimentos mais saudáveis para o consumidor final. O uso
de semioquímicos pode auxiliar no manejo de pragas de uma forma mais sustentável e
inclusive com menor custo (BENTO et al., 2016; BORGES; BLASSIOLI-MORAES, 2017).
Hoje a produção de uma nova molécula com efeito inseticida pela indústria química tem um
custo médio de 200 milhões de dólares e pode levar de oito a 10 anos para estar disponível
(WHITFORD, 2009). Isso explica por que tão poucas moléculas novas estão sendo colocadas
à disposição da agricultura no mundo e a urgência de desenvolvermos novos métodos de
manejo e controle de pragas.

35
2.2.5. Semioquímicos no manejo de Conotrachelus humeropictus

Os semioquímicos estão presentes em inúmeras espécies de Curculionídeos


(BARTELT, 1999; SEYBOLD; VANDERWEL, 2003; AMBROGI et al., 2009).
Normalmente, os machos produzem os feromônios e via de regra, esses feromônios atraem
ambos os sexos (ELLER; BARTELT, 1996; TUMLINSON et al., 1969).
Segundo Ambrogi et al. (2009), as espécies pragas de Curculionidae com compostos
feromonais já identificados pertencem a 6 subfamílias (Conoderinae, Curculioninae,
Dryophthorinae, Entiminae, Lixinae e Molytinae) e 10 tribos (Piazurini, Anthonomini,
Curculionini, Rhynchophorini, Eustylini, Sitonini, Cleonini, Pissodini, Sternechini e
Conotrachelini). Os autores ressaltam que esses insetos, são importantes pragas nas culturas
de mamoeiro, pimenta e pimentões, algodoeiro, morangueiro, bananeira, palmáceas,
abacaxizeiro, cana-de-açúcar, coqueiro, leguminosas, beterraba, maçã e soja, respectivamente.
A utilização dos feromônios em programas de manejo de pragas é crescente e atende
ao modelo recomendado para a agricultura do futuro (WITZGALL et al., 2010; BENTO et al.,
2016; BORGES; BLASSIOLI, 2017). Os feromônios são específicos, atuam sobre a espécie
alvo, e apresentam baixa toxicidade a mamíferos nas quantidades utilizadas no campo, na
ordem de nanogramas a pouco miligramas. Essas características conferem aos feromônios
vantagens comparativas enormes sobre os agrotóxicos. Os agrotóxicos são extremamente
tóxicos ao organismo alvo e aos organismos não alvos, como os inimigos naturais.
Na literatura existem inúmeros registros da utilização de semioquímicos no controle e
monitoramento de pragas. Segundo Silva Filho (2005) armadilhas iscadas com
semioquímicos foram utilizadas com sucesso na coleta do gorgulho-da-cana-de-açúcar,
Metamasius hemipterus (CERDA et al., 1999), no controle da broca-do-coqueiro,
Rhynchophorus palmarum (JAFFÉ et al., 1993; GILBLIN-DAVIS et al., 1994), do bicudo-
do-algodoeiro, Anthonomus grandis (DICKENS, 1989; ROCHAT et al., 1991), do gorgulho-
da-pimenta, Anthonomus eugenii (ELLER et al., 1994), do gorgulho-do-arroz, Sitophilus
oryzae (PHILLIPS et al., 1993; TIGLIA et al., 1995), do gorgulho-da-batata-doce, Cylas
formicarius (JANSSON et al., 1992) e dos gorgulhos-dos-pinheiros, Hylobius radicis e
Pachylobius picivorus (HUNT; RAFFA, 1989), entre outros.
Entre espécies do gênero Conotrachelus com o feromônio de agregação isolado,
sintetizado e testado, está a espécies C. nenuphar. Machos de C. nenuphar produzem como
feromônio de agregação o ácido grandisoico (ELLER; BARTELT, 1996; HOCK et al., 2017).

36
Testes de campo revelaram que tanto a mistura racêmica do ácido grandisoico como os
enantiômeros puros atraem machos e fêmeas da espécie. Armadilhas desenvolvidas para o
monitoramento de C. nenuphar iscadas com semioquímicos apresentaram boa eficiência na
coleta do gorgulho em pomares de ameixa, maçã e pêra (ELLER; BARTELT, 1996;
PROKOPY et al., 1997; PROKOPY et al., 2003; LESKEY; WRIGHT, 2004).
Estudo com semioquímicos envolvidos na interação gorgulho-da-goiaba
(Conotrachelus psidii Marshall, 1922) e goiabeira (Psidium guajava L.), sugere a existência
de um feromônio de agregação produzido por ambos os sexos (SILVA FILHO, 2005).
Frías (2015) afirma que entre os compostos orgânicos voláteis orgânicos identificados
na planta de goiabeira, dois foram também detectados tanto nos machos como nas fêmeas de
C. psidii, sugerindo se tratar de cairomônios.
Para essa autora os compostos papayanol e o papayanal liberados especificamente
pelos machos de C. psidii, indicam tratar-se possivelmente dos componentes de seu
feromônio de agregação. Ressalta ainda que o monoterpeno limoneno combinado com o
feromônio (1R,2S,6R)-papayanol tem potencial para a detecção e o monitoramento do bicudo
da goiaba, no campo, como uma estratégia útil para ser incluída dentro do programa de
manejo integrado desta praga.
Recentemente, Palácio-Cortés et al. (2015), mencionam que, machos de C. psidii
produzem um composto masculino específico, o papayanol, que na presença de voláteis de
plantas é altamente atraente para ambos os sexos. Esses autores, informam que futuras
experiências de armadilhas no campo serão realizadas para desenvolver um método
ambientalmente seguro para monitorar ou controlar este inseto em pomares de goiaba usando
seu feromônio de agregação em combinação com voláteis de plantas.
Apesar dos avanços e dos milhares de registros na literatura de compostos
identificados como feromônio de insetos (THE PHEROBASE, 2017), sabe-se muito pouco
sobre a função destes compostos na comunicação química entre inseto-inseto ou inseto-planta
para torná-los uma nova ferramenta no manejo de inimigos naturais e outros insetos.
Estudos de ecologia química com as principais pragas da cultura do cupuaçuzeiro, em
especial, a broca-do-fruto, são raros. Entretanto, pesquisa recente, revela a presença de três
compostos machos específicos para C. humeropictus, que foram identificados como (1R, 2S)
-grandisol, ácido (1R, 2S) -grandisoico e uma lactona de terpeno bicíclico (1R, 6R) -2,2,6-
trimetil-3-oxabiciclo [4.2.0] octan-4-ona, denominada de grandisolactona. Provavelmente eles
irão atuar como feromonas de agregação (SZCZERBOWSKI et al., 2016). No entanto, os

37
autores não conduziram estudos comportamentais nem testes de campo para confirmarem que
estes compostos tem função feromonal para esta espécie.
Análises químicas dos extratos de voláteis de machos e fêmeas apresentaram um
composto específico do macho que foi identificado como o ácido grandisoico. A identificação
deste composto é uma informação importante para o avanço nas pesquisas com feromônio de
C. humeropictus (BORGES et al., 2015; BORGES et al., 2017).
Torrens (2015) assinalou a presença de quatro compostos produzidos por machos da
espécie C. humeropictus. Segundo o autor, a liberação do feromônio ocorre na sua maior
concentração durante o período noturno. Os testes de atratividade em laboratório de machos e
fêmeas para os compostos na forma sintéticas mostraram que a presença da lactona, foi
fundamental na atratividade de fêmeas. Porém, uma avaliação preliminar, no campo, na qual
foram testados os compostos, ácido grandisoico e lactona, em nenhum tratamento foi obtido
insetos capturados nas armadilhas.
As informações disponíveis mostram que existem lacunas desde a prospecção até a
efetiva atratividade e controle por meio desses compostos ao C. humeropictus. Nesse sentido,
explorar a ecologia química da broca-do-cupuaçu é acolher uma demanda social por ambiente
e produtos utilizados na alimentação humana livre de agrotóxicos e herbicidas. De modo
geral, é necessário que sejam discutidas diferentes forma de utilizar os semioquímicos para o
manejo de pragas, suas principais vantagens e desvantagens, os desafios futuros e exemplos
de sucesso da aplicação e uso do semioquímicos para o Brasil (BLASSIOLI-MORAES et al.,
2009; BORGES et al., 2011; BORGES et al., 2015).

2.3. Semioquímicos

2.3.1. Semioquímicos e interações ecológicas

Interações entre plantas e insetos devem ser compreendidas sob um ponto de vista co-
evolutivo (EHRLICH; RAVEN, 1964; BLANDE, 2017). Semioquímicos envolvidos nessas
interações constituem um foco central de estudos ecológicos e evolutivos em constante
expansão (BLANDE, 2017).

Segundo Kessler (2015), as interações ecológicas entre plantas e insetos são mediadas
por uma diversidade de metabólitos produzidos pelas plantas. Para Agelopoulos et al. (1999)
essas informações (metabólitos) são fundamentais e particularmente importantes para os
insetos, por exemplo, para localizar fontes de alimento. Os semioquímicos que medeiam a
38
comunicação intraespecífica são denominados de feromônios, enquanto que os envolvidos na
comunicação interespecífica são chamados de cairomônios, sinomônios e alomônios.
Cairomônios são substâncias voláteis que atuam entre espécies diferentes, favorecendo apenas
o receptor da informação, sinomônios são substâncias que quando emitidas resulta em
benefícios para ambos e alomônios resulta em benefício para o emissor. Essa troca de
mensagens químicas também ocorre entre plantas, microrganismos e animais regulando
populações (BORGES et al., 2015).

Os semioquímicos liberados pelas plantas podem ser percebidos por uma gama
diversificada de organismos em sua comunidade e ainda informar sua condição fisiológica
(HELMS et al., 2013). Para esses autores, as plantas também podem detectar e processar
informações químicas derivadas de herbívoros. Sinais olfativos derivados de insetos podem
transmitir informações específicas às plantas em relação ao tipo de ameaça e seu imediatismo.
Portanto, detectar tais informações e utilizá-lo para a implantação efetiva de defesas é
potencialmente benéfico para a planta (BLANDE, 2017).

É notório que o entendimento das interações inseto-planta na perspectiva da


comunicação química precisa ser continuamente explorado. Tendo em vista, por exemplo, que
a prospecção de substâncias semioquímicas, associada a estudos biológicos das espécies
envolvidas, pode gerar novos produtos para uso no manejo integrado de pragas (BORGES et
al., 2015).

2.3.2. Semioquímicos e o manejo de insetos-pragas

O semioquímico é um sinal químico (volátil ou não volátil) que permite a


comunicação entre organismos vivos. Entre estes, os insetos constituem o grupo de animais
onde a comunicação química é crucial para sua sobrevivência e garantia da perpetuação das
espécies. Os insetos utilizam a comunicação química para localizar o parceiro para
acasalamento, localizar alimento, plantas hospedeiras e identificar situações de perigos
(DELLA-LUCIA, 2001; WYATT, 2014; LIMA; BLANDE, 2017).

O estudo dos semioquímicos com vistas ao manejo de pragas, tem sido o foco de
estudos da ecologia química como disciplina científica, desde a identificação do primeiro
feromônio sexual de um inseto, o composto bombicol (E,Z)10,12-hexadecadien-1-ol) da
mariposa da seda (Bombyx mori) (BUTENANDT et al., 1959; TEWARI et al., 2014). A
39
utilização de semioquímicos como compostos não tóxicos, exclusivos de espécies e que não
prejudicam insetos benéficos, constitui a base para estratégias de manejo eficientes e
sustentáveis (WITZGALL et al., 2010).

Registros da literatura confirmam que, especialmente feromônios sexuais, têm sido


investigados intensivamente por pesquisadores da área de controle de pragas por mais de uma
década. Os resultados apontam bons caminhos para o seu emprego e vários programas que os
utilizam têm sido implementados com sucesso (WITZAGALL et al., 2010; BENTO et al.,
2016; WEBER et al., 2017).

Atualmente feromônios e outros semioquímicos são aplicados para manejo de pragas


em milhões de hectares no mundo todo (WITZGALL, 2010). No Brasil o uso vem
aumentando a cada ano, mas não há número disponíveis sobre esse uso. Em são Paulo, Bento
et al. (2016) analisandos os benefícios econômicos do uso a longo prazo de armadilhas
iscadas com o feromônio sexual da perfuradora de citro, Gymnandrosoma aurantianum Lima,
1927 (Lepdoptera: Tortricidae) mostraram que de 2001 a 2013, os produtores de citros
evitaram perdas de pragas acumuladas de 132,7 milhões a 1,32 bilhões de dólares em receita
bruta, considerando possíveis perdas de safras na faixa de 5 a 50%, causadas por esta praga. A
área analisada, 56.600 a 79.100 hectares de citros (20,4 a 29,4 milhões de árvores)
corresponde a 9,7 a 13,5% da área total plantada com citros no estado de São Paulo. Segundo
os autores, o estudo demonstra que os feromônios sexuais são ferramentas importantes para os
produtores e para o ambiente, pois seu uso para o monitoramento de populações permite o uso
racional e reduzido de inseticidas.

No sul do país, na cultura da maçã, o feromônio da mariposa Grapholita molesta


(Busck) (Lepidoptera: Tortricidae) é usado para o seu controle usando a técnica de
confundimento sexual (ARIOLI et al., 2009; BOTTON et al., 2011), e o feromônio da
mariposa Cydia pomonella (Linnaeus) (Lepidoptera: Tortricidae) para o seu monitoramento
(TESTASECCA, 2013). A C. pomonella foi erradicada do Brasil e o feromônio é usado para
checar sua presença ou não em programa de erradicação de C. pomonella. Os feromônios
podem ser aplicados em diferentes contextos e técnicas junto com outras práticas do manejo
integrado de pragas (WITT, 2016).

Borges et al. (2011) mostraram que o feromônio sexual do percevejo marrom é mais
eficiente para o seu monitoramento do que a técnica comumente utilizada para

40
monitoramento, o pano de batida. Segundo os autores, as vantagens de se usar o feromônio
para monitoramento são: menores custos, facilidade de uso, não são tóxicos, não deixam
resíduos no meio ambiente, são específicos, agindo somente sobre a espécie alvo, são usados
em doses baixas (nanogramas a poucas miligramas) e tem alta sensibilidade de detecção.

O modelo de agricultura do futuro exige a adoção de métodos efetivamente mais


sustentáveis nos sistemas produtivos. Substituir os agrotóxicos por moléculas ambientalmente
benéficas e mais específicas ainda é um desafio de pesquisa atual (WITZGALL et al., 2010).

Moscardi et al. (2011) relatam que o uso de feromônios sexuais combinadas com
outras medidas de controle, como o controle biológico, pode ser uma estratégia importante
para gerenciar Spodoptera spp. no Brasil e para minimizar a grande quantidade de inseticidas
atualmente utilizados para controlar populações de Spodoptera em campos de cultivo.
Estudos recentes sugerem que a identificação de uma mistura atraente de feromônios para
diferentes espécies poderia ajudar a desenvolver uma técnica de monitoramento de múltiplos
alvos (BLASSIOLI- MORAES et al., 2016).

Pinto-zevallos et al. (2013) ressaltam que embora a efetividade dos feromônios seja
bem reconhecida, a adoção de feromônios sintéticos não pode ser feita sem uma base sólida
de conhecimento. O sucesso da utilização de feromônios precisa de um amplo conhecimento
da ecologia e biologia das pragas, o que implica a necessidade de envolver químicos,
ecologistas, biólogos e agrônomos nas pesquisas de laboratório e campo.

Nesse sentido, é fundamental para o processo de implantação de feromônios como


uma metodologia alternativa ao controle de insetos pragas, que tenhamos grupos de pesquisa
capacitado a realizar o processo de prospecção, isolamento e identificação estrutural no
Brasil, em especial nas regiões como a Amazônia onde os estudos com ecologia química de
insetos aplicada a agricultura ainda são escassos (MOREIRA et al., 2005).

Certamente, é oportuno e significativo investir ainda mais na pesquisa sobre produtos


químicos modificadores de comportamento para o gerenciamento sustentável de insetos
(KLASCHKA, 2009; WITZGALL et al., 2010).

41
2.3.3. Cairomônios em insetos-pragas

Os compostos orgânicos voláteis de plantas são potencialmente úteis para aplicação na


agricultura. O uso desses compostos para o manejo de pragas insere-se como uma alternativa
viável na busca por sistemas ambientalmente sustentáveis (RIFFEL; COSTA, 2015).

Os voláteis emitidos pelas plantas desempenham papéis importantes na sua de defesa e


reprodução (PICHERSKY; GERSHENZON, 2002). Kessler e Baldwin (2001) afirmam que
os voláteis emitidos de tecidos vegetativos, como parte do sistema de defesa da planta, podem
repelir ou intoxicar animais e microrganismos diretamente, ou atrair inimigos naturais, que
protegerão a planta indiretamente. Shulaev et al. (1997) ressaltam que esses voláteis podem
alertar plantas vizinhas a respeito de um ataque de algum herbívoro ou patógeno, preparando
estas plantas para responder mais rapidamente em um ataque futuro, conhecido como efeito
“priming”, estado de alerta.

Os cairomônios desempenham diferentes funções na interação inseto-planta. Podem


atuar como repelentes, inibir feromônios de alarme, induzir a oviposição e provocar respostas
nos receptores olfativos dos insetos (WEBSTER et al., 2008; VERHEGGEN et al., 2008).

Espécies como o bicudo da ameixa, Conotrachelus nenuphar Herbst, 1797


(Coleoptera; Curculionidae), Bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis Boheman, 1843
(Coleoptera: Curculionidae) e o bicudo da cana-de-açúcar, Diaprepes abbreviatus Linnaeus,
1758 (Coleoptera: Curculionidae) são exemplos de besouros que utilizam os compostos
orgânicos voláteis (COVs) emitidos por sua planta hospedeira para encontra-las (HOCK et al.,
2017; PROKOPY et al., 1995, BRUCE; PICKETT, 2011; MAGUALHÃES et al., 2012;
HARARI; LANDOLT, 1997).

Grupos de pesquisa dedicados a estudos sobre os compostos orgânicos voláteis


induzidos por herbivoria, principalmente nas grandes culturas, asseguram que o uso desses
compostos seja uma das importantes estratégias a ser utilizada em controle de pragas (PINTO-
ZEVALLOS et al., 2013; BLASSIOLI-MORAES et al., 2013, 2016; MAGALHÃES et al.,
2016).

Os produtos químicos derivados de plantas são conhecidos por melhorar a atração de


iscas de feromônio. Inúmeros registros na literatura relatam que o sinergismo entre
feromônios de insetos e os voláteis da planta hospedeira aumentam a atração de insetos. Por

42
este prisma, é possível que novas estratégicas no manejo integrado de pragas possam ser
desenvolvidas (CERUTI, 2007).

Em coleópteros por exemplo, a mediação do feromônio na agregação, particularmente


aqueles atrativos produzidos pelos machos, é reconhecido por estar inter-relacionados com a
presença de alimento (BORDEN, 2003). Wood (1982) menciona que alguns insetos adquirem
compostos químicos da planta hospedeira e os usam como feromônios sexuais ou precursores
de feromônio.

Mesmo os voláteis de plantas não-hospedeiras podem desempenhar um papel


significativo no manejo de insetos, uma vez que alguns insetos evitam voláteis de plantas não-
hospedeiras. Esse conhecimento (dos sinais voláteis negativos da planta) pode ser usado para
projetar técnicas do tipo atrai-repele, do inglês push-pull (BORDEN 1997; ZHANG;
SCHLYTER 2004; COOK et al., 2007).

Hock et al. (2017) afirmam que a sinergia entre odores de plantas e insetos pode
aumentar as capturas e melhorar as técnicas de monitoramento de insetos no campo. Ceruti
(2007) considera que o aumento da atração de machos, ou fêmeas, pelos odores da planta
hospedeira resulte no desenvolvimento de armadilhas mais efetivas para o controle de pragas.
Para o autor, iscas baseadas somente em feromônio sintético não são completamente atrativas
para a maioria dos insetos e são improváveis de serem completamente competitivas com os
sinais que emanam das plantas hospedeiras e dos alimentos. Isso seria esperado ocorrer
principalmente com insetos especialistas, como o bicudo do algodoeiro, que tem uma relação
muito específica com sua planta hospedeira, que apesar de ter fontes alternativas de
alimentação, o mesmo só se reproduz nas plantas de algodão (RIBEIRO et al., 2010;
MAGALHÃES et al., 2016). Por outro lado, insetos generalistas como Helicoverpa armigera
(Hubner) (Lepdoptera: Noctuidae) e Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepdoptera:
Noctuidae), são menos prováveis de sofrerem forte influência atrativa dos voláteis de plantas
para encontrar a planta hospedeira. Nos insetos generalistas, no geral, o feromônio sexual tem
grande atratividade, e não há a necessidade de utilizar a ação de cairomônios para melhorar a
eficiência dos mesmos no campo.

43
Capítulo I

Avaliação da influência dos voláteis de diferentes estruturas (flor, fruto e folha) do


cupuaçuzeiro sobre o comportamento de busca de Conotrachelus humeropictus Fiedler,
1940 (Coleoptera: Curculionidae).

44
3. Avaliação da influência dos voláteis de diferentes estruturas (flor, fruto e folha) do
cupuaçuzeiro sobre o comportamento de busca de Conotrachelus humeropictus
Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae).

RESUMO

Os voláteis de plantas são responsáveis por induzirem inúmeras respostas no


comportamento dos insetos. Este trabalho teve por objetivo analisar a influência dos voláteis
emitidos pelo cupuaçuzeiro, Theobroma grandiflorum, em diferentes fenofases sobre o
comportamento de busca de Conotrachelus humeropictus. As análises químicas dos extratos
de aeração do cupuaçuzeiro mostraram que há diferença na composição das misturas de
voláteis liberadas nas fenofases consideradas, floração, frutificação e mudança foliar. A classe
de compostos liberadas nas diferentes fenofases foi similar sendo composto majoritariamente
de monoterpenos, sesquiterpenos e alguns aromáticos. Os compostos majoritários encontrados
na fase de mudança foliar foram os sesquiterpenos (E,E)-α-farneseno e β-cariofileno, os
monoterpenos β-mirceno, limoneno e o homoterpenos (E)-4,8-dimetil-1,3,7-nonatrieno
(DMNT). Na fase reprodutiva (flor), os compostos majoritários foram os monoterpenos (E)-
ocimeno, os sesquiterpenos β–cariofileno e (E,E)-α-farneseno e os dois homoterpenos o
DMNT e o (E,E)-4,8,12-trimetoltrideca-1,3,7,11- tetraeno (TMTT). Na fase de fruto,
destacaram-se os compostos, (E) ocimeno e o sesquiterpeno trans-α-bergamoteno. Adultos,
machos, de C. humeropictus responderam preferencialmente aos odores liberados pelo
cupuaçuzeiro na fenofase de frutificação. Tais respostas sugerem que as diferenças entre as
proporções dos compostos liberados tenham sido suficientes para que machos de C.
humeropictus distinguissem os voláteis da fase de fruto. Os compostos (E) ocimeno e trans α-
bergamoteno, α-copaeno, nonanal e DMNT foram os que mais contribuíram para o perfil de
separação obtido na fase de frutos e possivelmente, podem estar envolvidos na atração da
broca-do-cupuaçu.

Palavras chaves: semioquímicos, broca-do-cupuaçu, ecologia química.

45
Evaluation of the influence of volatiles of different structures (flower, fruit and leaf) of
cupuassu on the search behavior of Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940
(Coleoptera: Curculionidae).

SUMMARY

Plant volatiles are responsible for inducing numerous responses to insect behavior.
This work had the objective to analyze the influence of the volatiles emitted by the
cupuaçuzeiro, Theobroma grandiflorum, in different phenological stages on the search
behavior of Conotrachelus humeropictus. The chemical analysis of the aeration extracts of the
cupuaçuzeiro showed that there is difference in the composition of the volatile mixtures
released in the phenological stages considered, flower, fruit and leaves. The class of
compounds released in the different stages was similar being composed mainly of
monoterpenes, sesquiterpenes and some aromatics. The major compounds found in the
vegetative phase were sesquiterpenes (E, E) -α-farnesene and β-caryophyllene, β-myrcene
monoterpenes, limonene and the (E) -4,8-dimethyl-1,3,7- nonatriene (DMNT). In the
reproductive phase (flower), the major compounds were the monoterpenes (E) -ocimeno, the
sesquiterpenos β-caryophyllene and (E, E) -α-farnesene and the two homoterpenes the DMNT
and the (E, E) -4, 8,12-trimetoltrideca-1,3,7,11-tetraene (TMTT). In the fruit stage, the
compounds were highlighted, (E) ocimene and sesquiterpene trans-α-bergamotene. Adult
males of C. humeropictus responded preferentially to odors released by the cupuaçuzeiro in
the phenological stages of fruiting. These responses suggest that the differences between the
proportions of the released compounds were sufficient for males of C. humeropictus to
distinguish the volatiles from the fruit phase. The compounds (E) ocimene and trans α-
bergamotene, α-copaene, nonanal and DMNT contributed the most to the separation profile
obtained in the fruit phase and possibly may be involved in the attraction of cupuassu.

Key words: semiochemicals, cupuassu fruit borer, chemical ecology.

46
3.1 INTRODUÇÃO

As substâncias químicas de natureza volátil produzidas pelas plantas têm sido


consideradas de grande importância nas interações envolvendo plantas, pragas e inimigos
naturais (VENDRAMIM, 2002). Normalmente, essas substâncias envolvem os álcoois,
aldeídos, monoterpenos, sesquiterpenos e outras moléculas químicas, caracterizando o perfil
de voláteis de uma planta, que pode sofrer alterações induzidas por influência de fatores
bióticos e abióticos (TURLINGS et al., 1998; HARE, 2011). Embora sejam presentes em
várias espécies de plantas, as características quantitativas e qualitativas dos perfis de voláteis
parecem ser particulares (DICKE et al., 2000).

As plantas desenvolveram ao longo da evolução uma série de mecanismo que auxiliam


na resistência aos herbívoros (DUDAREVA et al., 2006). As estratégias de defesa das plantas
podem ser divididas em duas categorias: resposta de defesa constitutivas e respostas de defesa
induzidas. As respostas de defesas constitutivas incluem mecanismos de defesa que estão
sempre presentes e incluem inibidores de alimentação, toxinas e defesas mecânicas, no geral,
são específicos para grupos taxonômicos. As respostas de defesas induzidas iniciam somente
após a ocorrência do dano e incluem a modificação e o acúmulo dos metabólitos secundários
da planta (LEVIN, 1973).

Os mecanismos de defesa direta podem alterar a biologia ou o comportamento de


insetos herbívoros. Características morfológicas, no geral, agem negativamente sobre os
insetos. Metabólitos secundários provocam ação repelente, supressora de alimentação e
oviposição ou redutora de digestibilidade (ARIMURA et al., 2005; DICKE, 1994). A defesa
indireta envolve a atração de inimigos naturais dos herbívoros que atacam a planta, por meio
da produção de nectários extraflorais, domáceas e COVs (CHEN, 2008; HEIL, 2008).

A identificação e manipulação de semioquímicos mediadores de atividades vitais dos


artrópodes oferecem uma ampla gama de possibilidades para o desenvolvimento de
estratégias de controle de pragas mais sustentáveis, considerando-se que os sinais químicos
são a fonte primária de informação para estes organismos. A identificação e o conhecimento
das funções e natureza dos semioquímicos permite a manipulação com a finalidade do
controle de pragas agrícolas, já apresentadas em casos bem sucedidos. Além disso, o
conhecimento sobre a função dos voláteis emitidos em forma constitutiva nas interações

47
planta-herbívoro tem permitido o uso de plantas armadilhas e plantas repelentes na redução da
pressão de pragas na cultura principal (SHRIVASTAVA et al., 2010).

Nos últimos anos, vários estudos têm sido conduzidos com o intuito de compreender a
comunicação química existente entre plantas e insetos herbívoros, sendo que as substâncias
envolvidas na comunicação entre estes organismos, por mediarem as interações intra e inter-
específicas, possuem inúmeras possibilidades de uso no MIP. Nesse sentido, o uso de
semioquímicos é um substituto potencial ou auxiliar aos métodos convencionais de controle e
monitoramento populacional (BLASSIOLI-MORAES et al., 2016; VILELA; PALLINI, 2002;
BORGES, et al., 2015).

A identificação dos compostos orgânicos voláteis (COVs) emitidos pelas plantas e


suas interações com os insetos, podem gerar novas tecnologias mais sustentáveis para serem
aplicadas ao manejo integrado de pragas e minimizar o uso de agrotóxico. Os COVs podem
atuar como atrativos ou repelentes, estimular ou inibir a alimentação, e até mesmo induzir ou
prevenir o acasalamento de insetos (COOK et al., 2007; CERUTI, 2007). Eles também podem
ser usados para atrair outros insetos benéficos tais como parasitoides e predadores. (DICKE;
SABELIS, 1988, METCALF, 1998; HILKER; MEINERS, 2011, TEWARI et al., 2014).
Entre os exemplos melhor estudados das interações bióticas mediadas pelos COVs das
plantas se encontra a atração dos insetos polinizadores. Segundo Cordeiro (2015), o Cambuci
(Campomanesia phae), que é uma árvore frutífera nativa da Mata Atlântica, emite um buquê
floral noturno que tem função atrativa para espécies de abelhas noturnas/crepusculares como
Megalopta sp. O autor descreve que o volátil floral 1-octanol é o principal responsável por
essa atração. Em outro estudo Cutri (2013) constatou que os compostos orgânicos voláteis que
compõem o aroma das flores dos maracujazeiros (Passiflora spp.) contribuem para o sucesso
reprodutivo destas espécies, uma vez que atuam fortemente na atração de polinizadores
específicos, fundamentais para a produção dos frutos.
Abelhas por exemplo, são capazes de reconhecer as diferenças sutis na proporção dos
compostos orgânicos voláteis florais emitidos por quatro cultivares de flores de dragão
(Antirrhinum majus), que emitem os mesmos compostos voláteis, mas em diferentes
proporções (WRIGHT et al., 2005). Em contraste com as abelhas, mariposas usam sugestões
de odor em longas distâncias (DOBSON, 1994) e, portanto, a quantidade de odor tem que ser
maior para ser detectado. Muitas mariposas podem usar os mesmos compostos para localizar
fontes de néctar, embora as classificações de sensibilidade possam ser diferentes.

48
Os voláteis de planta induzidos por herbivoria (VPIHs) são sinais importantes na
comunicação química entre plantas e insetos benéficos. No geral, são usados como
sinomônios pelos inimigos naturais dos herbívoros (KAPLAN, 2012). Estudos vem
mostrando que os VPIHs, poderiam ser liberados artificialmente no campo e utilizados pelos
inimigos naturais como pistas de localização do hospedeiro (DRUKKER et al., 1995).
Segundo Bernasconi et al. (2001) a densidade do predador no campo é sempre maior quando
há infestação pela praga, e está associada aos VPIHs emitidos pelas folhas atacadas.
Os COVs podem ser utilizados dentro de um conceito de controle biológico
conservativo (CBC) isto é, uma estratégia que busca preservar a população residente de
inimigos naturais em uma plantação e aumentar a sua abundância e atividade. Os
semioquímicos, neste caso, seriam utilizados para atrair estes inimigos naturais para a lavoura,
enquanto que o sistema, plantas com flores (nectarias), forneceriam os nutrientes, para
retenção dos inimigos naturais na área. Com isso haveria um aumento na longevidade e
fecundidade dos inimigos naturais e retenção dos mesmos nas áreas de interesse, portanto,
maximização da atividade sobre as pragas. (KHAN et al., 2008).
Os compostos orgânicos voláteis induzidos por sinais de stress emitidos pelas plantas
além de atuarem na defesa indireta, atraindo os inimigos naturais, também agem na defesa
direta das plantas repelindo os herbívoros (VENDRAMIM, 2002). Por outro lado, os voláteis
induzidos e os compostos constitutivos das plantas também são usados como sinais pelos
herbívoros para localizarem suas plantas hospedeiras (STEIDLE et al., 2001).
Estudos recentes sobre os semioquímicos responsáveis da interação entre a goiaba
(Psidium guajava L.) e o bicudo da goiaba (Conotrachelus psidii Marshall, 1922) asseguram
que a goiaba libera voláteis que são usados pelo bicudo de goiaba, para localizar a planta
hospedeira. Foram estudados cinco fases fenológicas da goiaba (botão floral, flor aberta, flor
seca, fruto imaturo e fruto) e os estudos mostraram o monoterpeno como cairomônio para o C.
psidii Marshall (FRÍAS, 2015).
Piñero e Prokopy (2003) ao avaliar resposta de C. nenuphar (gorgulho) a três voláteis
sintéticos da ameixa, benzaldeído, isovalerato de etila e limoneno, avaliados isoladamente e
em combinação com o ácido grandisoico, o feromônio de agregação de C. nenuphar,
mostraram que o composto benzaldeído foi o único que teve sinergismo com o feromônio de
agregação e que atraiu ambos os sexos da espécie.
Segundo a literatura, o uso combinado de voláteis da planta hospedeira com o
feromônio de agregação dos insetos aumenta a eficiência de captura das armadilhas

49
feromonais (LANDOLT, 1997). Nesse contexto, combinar voláteis da planta hospedeira e
feromônio em iscas para monitorar o início, pico e fim da migração de adultos de C.
humeropictus, em pomares de cupuaçu, afim de precisar a tomada de decisão, pode ser uma
ferramenta valiosa, (PIÑERO et al., 2001). Assim sendo, o objetivo desse capítulo foi analisar
o perfil de voláteis produzidos pelo cupuaçuzeiro em diferentes estágios fenológicos e estudar
a influência desses voláteis no processo de busca da planta hospedeira.

3.2. MATERIAL E MÉTODOS

3.2.1. Local

As atividades de coleta de voláteis das plantas de cupuaçu, manutenção de insetos e


bioensaios, foram desenvolvidas na área experimental de plantio de cupuaçu e no Laboratório
de Entomologia da Embrapa Amazônia Ocidental. As análises químicas foram realizadas no
Laboratório de Semioquímicos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
(CENARGEM).

3.2.2. Obtenção das formas imaturas e adultos

Os insetos utilizados nos experimentos em laboratório foram obtidos durante a safra


em plantações de cupuaçuzeiro da Estação Experimental da Embrapa Amazônia Ocidental
(Figura 1.1), situada no Km 29 da rodovia AM 010, no município de Manaus no Amazonas,
latitude 2º53'S e longitude 59º58W, nos anos de 2015, 2016 e 2017. Larvas (2000 mil) de
quarto instar (ápodas, branco-leitosas, apresentando cápsula cefálica marrom-avermelhada e
mandíbulas bem desenvolvidas, com cerca de 14 mm de comprimento), foram coletadas
manualmente após a quebra de frutos infestados, recém caídos e recolhidos aleatoriamente sob a
copa das árvores. Após a quebra dos frutos, as larvas foram contadas, separadas por tamanho e
cor, mantidas em recipiente plástico transparente de 400 mL, com tampa perfurada, contendo em
seu interior solo umedecido, para obtenção dos adultos.
Estes foram separados por sexo e mantidos individualmente em placas de Petri de
plástico (60x15mm) em câmaras climatizadas (Eletrolab, São Paulo, Brasil), com temperatura

50
de 26 ± 2 °C e umidade relativa de 75 ± 10 % com fotoperíodo de 12:12 (fotofase/escotofase)
até a emergência dos adultos (PAMPLONA; OLIVEIRA, 2013).
Os adultos foram mantidos em dieta natural composta por pedaços frescos de cana-de-
açúcar, (aproximadamente 10 cm de comprimento do colmo repartido em quatro partes)
trocados a cada dois dias. Especificamente, no ano de 2017, após constatação da presença de
insetos adultos na copa das plantas de cupuaçu no campo, além do método descrito, os adultos
foram coletados por método do sacolejo, segundo Trevisan (1989), no qual uma tela plástica,
de cor branca com dimensões de 8,0 x 3,5 m foi estendida no chão, na projeção da copa da
árvore que, em seguida, é sacodida com o auxílio de uma vara de madeira com 5,0 m de
comprimento e um gancho na extremidade. Em função dos adultos apresentarem
comportamento de tanatose quando se sentem ameaçados, eles são coletados no momento em
que se lançam ao chão.
Após a coleta pelo método do sacolejo, os adultos foram transportados até o
Laboratório de Entomologia da Embrapa Amazônia Ocidental, separados por sexo e mantidos
em placas de Petri de plástico (60x15mm), em grupos de até 10 indivíduos em dieta de cana-
de-açúcar.

Figura 1. 1 Área experimental utilizada para coleta de insetos e voláteis de plantas de


cupuaçu. Estação Experimental da Embrapa Amazônia Ocidental, Km 29 da rodovia
AM 010. Pomar Nagibão (2°53'17.39"S; 59°57'59.22"O).

51
3.2.3. Período fenológicos do cupuaçuzeiro

Para determinar o perfil químico de voláteis emitidos em cada fase fenológica, foram
selecionadas vinte plantas produtivas, distribuídas no pomar, com idade aproximada de vinte
anos do banco de germoplasma de cupuaçuzeiro da Embrapa Amazônia Ocidental na mesma
área descrita acima (Figura 1.1). Os períodos fenológicos determinados foram: mudança
foliar - maio-junho de 2016, floração - setembro-outubro de 2015 e frutificação - dezembro-
janeiro de 2015 (PRANCE; SILVA, 1975; FALCÃO; LLERAS, 1983; FIGUEIRÊDO et al.,
2002)

3.2.4. Coleta de voláteis

A coleta de voláteis foi realizada através da técnica de aeração, para isto, ramos com
estruturas representativas de cada fase fenológica (folha, flor e fruto) foram selecionados e
acondicionados no interior de sacos plásticos de poliéster (Reynold® - 59,6 cm de altura x
48,2 cm de base, USA) (Figura 1.2). Na fase de mudança foliar os ramos acondicionados
continham apenas folhas, na fase de floração, folhas (em média oito folhas por ramo) e flores
e na fase de fruto, apenas fruto. Sendo os frutos hospedeiros preferencias da broca para
oviposição e desenvolvimento larval, priorizou-se na frutificação aerações com frutos
acondicionados isoladamente no saco plástico, sem a presença de folhas ou demais estruturas,
retiradas 24h antes da aeração. Os sacos plásticos antes do uso foram limpos com hexano e
aquecidos à 120o C por 10 min. Os voláteis das estruturas selecionadas foram coletados a cada
24 h, durante três dias consecutivos. Um único sistema de aeração foi instalado em cada
planta (Figura 1.2).
No sistema de aeração, o ar entrava no saco plástico por meio de uma bomba
compressora com corrente de 1,0 L/min conectado a um filtro de carvão ativado (4-20 mesh),
garantindo a entrada de ar purificado. A retirada do ar foi feita através de uma bomba de
vácuo com vazão de 0,6 L/min, conectada a um tubo de vidro (10 x 150 mm) com 100 mg de
polímero adsorvente Super Q® (80-100 mesh, Alltech PA, EUA). As conexões foram
realizadas através de tubos flexíveis de politetrafluoretileno (PTFE), criando um sistema de
pressão positiva, conforme descrito por Moraes et al., (2005) (Figura 2).

52
2

A B

Figura 1. 2 A - Sistema de aeração de plantas utilizado para coleta de voláteis no campo. B- detalhe
dos frutos acondicionados no saco plástico. 1. Entrada do ar, 2 saída para a bomba de vácuo, onde é
conectado o adsorvente para a coleta de voláteis.

Os voláteis adsorvidos no polímero foram eluídos usando 500 µL do solvente orgânico


n-hexano, concentrados para 50 µL sob fluxo de N2. Os extratos de aeração foram
armazenadas em freezer a -20 ºC até serem usados nas análises químicas e nos bioensaios
comportamentais.

3.2.5. Análises químicas dos compostos orgânicos voláteis do cupuaçuzeiro

Para as análises quantitativas dos compostos a cada amostra foi adicionada 1 µL do


composto 16-hexadecanolactona, como padrão interno (PI), preparado em n-hexano destilado,
a uma concentração final de 0,01 mg.mL-1. Para as análises, 1 µL de cada extrato de aeração
foi injetado no CG (Agilent 7890B, coluna apolar DB-5MS, 0,25 mm de diâmetro x 60 m de
comprimento e filme de 25,0 µm, Supelco, Bellefonte, PA, EUA), com detector de ionização
de chama (DIC), usando o modo splitless e tendo o hélio como gás de arraste. A temperatura
inicial da rampa foi de 50°C por 2 min, aumentando gradualmente 5°C.min-1 até atingir
180°C, onde foi mantida por 0,1 min, seguida de um segundo aumento gradual de 10°C.min-1
até atingir 280°C, permanecendo nessa temperatura por 10 min. A temperatura do detector foi
de 270°C e do injetor, 250°C.

A quantificação dos compostos liberados pelas plantas foi realizada por meio de
comparação das áreas de cada composto em relação à área do PI. Desta forma, considerou-se
o fator de resposta do detector, para todos os compostos, igual a 1. Os dados foram coletados
com o software Chem Station e analisados com o programa Excel (Microsoft Office para Mac
2015, Microsoft Corporation, EUA).

53
Na avaliação qualitativa, amostras selecionadas foram injetadas no CG-EM (Agilent
5975MSD) equipado com analisador quadrupolar, e coluna apolar DB-5MS (0,25 mm de
diâmetro x 30 m de comprimento, com filme de 0,25 µm, Supelco, Bellefonte, PA, EUA),
com ionização por impacto de elétrons (70 -eV, temperatura de 200°C) e injetor no modo
splitless. O gás hélio foi usado como gás de arraste. Os dados foram coletados e analisados
com o software Chem Station.

A identificação dos compostos orgânicos voláteis orgânicos foi realizada por


comparação do padrão de fragmentação dos componentes da amostra com o de dados
catalogados em bibliotecas espectrais (NIST e Wiley 2008), pelo cálculo do índice de
retenção (IR) e confirmados pela injeção de padrões autênticos quando disponível. Para
calcular o IR, uma mistura de hidrocarbonetos alcanos lineares (C9-C24) foi injetada nas
mesmas condições descritas anteriormente.
Químicos: Acetato de isoamila, 2-heptanona, nonano, α-pineno, sabineno, β-pineno,
decano, limoneno, 3-careno, e-ocimeno, γ-terpineno, 2-nonanona, linalol, 4,8-dimethylnona-
1,3,7-triene (DMNT), dodecano, salicilato de metila, tridecano, α-copaeno, β-cariofileno, β-
farneseno, (E,E)-α-farneseno e (E,E)-4,8,12-trimethyl-1,3,7,11-tridecatetraene. Os outros
compostos presentes nos extratos foram identificados através do padrão de fragmentação
comparando com os dados da literatura e o índice de retenção.

3.2.6. Avaliação da atividade biológica dos voláteis do cupuaçuzeiro no comportamento


de busca de C. humeropictus

Para avaliar se os voláteis liberados por plantas de cupuaçu, em diferentes fenofases


tinham efeito sob o comportamento de adultos de C. humeropictus, foram conduzidos
experimentos comportamentais em olfatômetro em “Y” utilizando os extratos obtidos na
aeração como estímulos odoríferos. O olfatômetro em “Y” é uma placa de acrílico (26 x 23
cm), com uma cavidade em forma de “Y” (corpo 12 cm e braços 10,5 cm), mantida entre dois
vidros de mesmas dimensões, um translúcido na parte inferior e o outro transparente na parte
superior, prensados por clipes de papel (MORAES et al., 2005). Seringas de vidro (10 mL),
contendo papel de filtro impregnado com 5 μL dos extratos, foram conectadas a cada braço do
olfatômetro através de mangueiras de silicone (Figura 1.3). Esperava-se 60 s para que o
solvente evaporasse e somente então, era inserido o papel filtro nas seringas. No interior do
olfatômetro, uma corrente de ar foi formada utilizando uma bomba de aquário com fluxo de

54
0,4 L/min. O ar conduzido para o interior do olfatômetro foi filtrado em carvão ativado,
umidificado e regulado por fluxômetros. Para o escoamento do ar, uma bomba de sucção foi
posicionada no extremo oposto à entrada de ar e regulada com fluxo de 0,4 L/min. Os testes
foram conduzidos em sala climatizada (25 + 1ºC e 70 + 10% UR) a partir das 18h, período de
maior atividade do inseto (TREVISAN, et al., 2010).

Fluxo

B C

Figura 1. 3 Diagrama do sistema de bioensaios em olfatômetro em “Y” elaborado por Magalhães


(2012) adaptado e adotado como referência para os bioensaios nesse estudo (Magalhães, 2012).

Neste sistema, um fluxo contínuo de ar umidificado e filtrado em carvão ativo


atravessa os dois braços do tubo até a extremidade oposta (Sentido B e C para A) (Figura 1.3).
No lado oposto, um único adulto, macho ou fêmea, da broca-do-cupuaçuzeiro foi introduzido
na área de liberação do olfatômetro, no extremo oposto à corrente de ar, e seu padrão de
procura foi registrado durante dez minutos. Foram considerados como não responsivos os
insetos que não se movimentavam nos primeiros 5 min de observação. Foi avaliado a primeira
escolha (que é o primeiro braço do olfatômetro que o inseto entrou e permaneceu pelo menos
20 s). Cada adulto foi usado apenas uma vez e os filtros de papel contendo os extratos foram
trocados a cada cinco repetições, quando a posição dos braços foi invertida entre tratamento.
Os insetos utilizados nos bioensaios foram provenientes da criação estoque do
laboratório, com idades variando entre 30 a 120 dias. Para avaliar o padrão de resposta de
adultos de C. humeropictus, machos e fêmeas para odores das plantas de cupuaçu foram

55
avaliados os seguintes tratamentos, 1) extrato de aeração de planta na fenofase de mudança
foliar x hexano, 2) extrato de aeração de planta na fenofase de floração x hexano, 3) e extrato
de aeração de planta na fenofase de frutificação x hexano. Foram realizadas 30 repetições para
cada tratamento.

3.2.7. Análises estatísticas

Respostas dos machos e fêmeas nos bioensaios foram analisadas pelo teste Qui-
Quadrado. Para hipótese nula foi considerada de 95% de confiança.
A quantidade total de voláteis emitidos em cada fenofase foi analisada por análise de
variância (ANOVA). O contraste foi realizado efetuando-se a comparação das médias pelo
teste de Tukey (P<0,05). Todos os dados foram analisados com o programa R 2.14.0 (R
Development Core Team, 2009) com nível de significância de p < 0.05.
Para determinar a contribuição de cada composto para o perfil de separação dos
tratamentos em cada tempo avaliado, foram realizadas análises de Variáveis Canônicas
(AVC). Os dados foram analisados com o programa PAST 2.17c, 2013. Esta análise
discriminante fornece uma representação gráfica das variáveis que mais contribuíram para os
níveis de agrupamento dos compostos.

56
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Análise química dos compostos orgânicos voláteis

As análises químicas dos extratos de aeração das plantas do cupuaçuzeiro mostraram


que há diferença na composição das misturas liberadas nas três fenofases, com 33 compostos
orgânicos voláteis identificados (Figura 1.4). A mistura de voláteis é composta por uma série
de monoterpenos, sesquiterpenos e alguns aromáticos. Os compostos majoritários encontrados
na fase de mudança foliar foram os sesquiterpenos (E,E)-α-farneseno e β- cariofileno, os
monoterpenos β-mirceno e o limoneno e o homoterpeno (E)-4,8-dimetil-1,3,7-nonatrieno
(DMNT). Na fase reprodutiva (flor) os compostos majoritários foram o monoterpeno, (E)-
ocimeno, os sesquiterpenos β–cariofileno e (E,E)-α-farneseno, e dois homoterpenos, DMNT e
(E,E)-4,8,12-trimetiltrideca-1,3,7,11- tetraeno (TMTT). Na frutificação, destacaram-se a
produção do monoterpeno, o (E)-ocimeno e do sesquiterpeno trans-α-bergamoteno (Tabela 1).
A identidade dos voláteis está de acordo com os compostos previamente encontrados em
outros estudos com cupuaçu (BORGES et al., 2015). Quantitativamente os voláteis emitidos
pelas plantas diferiu entre as fases fenológicas (F=10,95, p<0,001; teste Tukey p<0,05) (Figura
4). O maior número de compostos foi detectado no período reprodutivo (Figura 1.5). No
geral, a mistura mais abundante de COV é liberada pelas flores (MARÍN-LOAIZA;
CÉSPEDES, 2007; PINTO-ZEVALLOS et al., 2013). Segundo esses autores, é durante a
floração que acontece uma importante liberação de voláteis produzida pela planta para atrair
polinizadores. Segundo Lafleur; Hill (1987) em C. nenuphar a migração para a planta
hospedeira é sinalizada por esta fase fenológica, é o momento em que a planta se torna mais
notável do ponto de vista olfativo.

A menor quantidade de voláteis liberada pelo cupuaçuzeiro foi observada na


frutificação seguida pela fenofase de mudança foliar (vegetativa) (Figura 1.4). Normalmente
folhas e outros tecidos vegetativos como frutos liberam uma quantidade pequena de
compostos orgânicos voláteis. O estádio de desenvolvimento do órgão (ontogenia foliar, floral
e do fruto) é muitas vezes determinante na quantidade e na composição de voláteis de plantas.
Em muitos casos ocorre uma alteração da composição química, sendo que alguns
componentes podem variar das fases iniciais ao completo desenvolvimento do órgão
(FIGUEIREDO et al., 1997; MÁÑEZ et al., 1991; BADALAMENTI, 2004).

57
a

Mudança foliar Floração Frutificação

Figura 1. 4 Compostos orgânicos voláteis totais (média + EP) liberados por plantas de cupuaçuzeiro
nas fenofases de mudança foliar, floração e de frutificação. Médias seguidas pela mesma letra não
diferiram significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

M. foliar

Floração

Frutificação

Figura 1. 5 Perfis cromatográficos de plantas de cupuaçuzeiro nas fenofases de mudança foliar (M.
foliar), floração e frutificação. PI: padrão interno. Números correspondem aos compostos da Tabela 1.

58
Tabela 1 Compostos orgânicos voláteis coletados de plantas de cupuaçuzeiro em diferentes
fenofases (média + erro padrão da média em μg no intervalo de 24h).

µg/24h
Compostos* Mudança foliar Floração Frutificação
1. Isoamil acetato - 59.48 + 16.19 -
2. 2-Heptanona - 48.62 + 16.11 -
4. α-Pineno 35.68 + 14.24 45.79 + 20.97 37.87 + 8.93
5. Sabineno 179.32 + 87.35 168.37 + 142.00 -
6. β-Pineno - 52.24 + 7.34 -
7. β-Mirceno 366.99 + 126.31 222.38 + 74.89 56.04 + 18.33
9. Octanal 58.69 + 21.45 135.08 + 18.93 95.28 + 14.75
10. Limoneno 317.62 + 104.25 248.04 + 56.79 58.59 + 10.11
11. (Z) Ocimeno - 10.48 + 2.61 82.85 + 30.46
12. (E) Ocimeno 244.41 + 79.08 1521.89 + 440.11 514.68 + 272.61
13. γ-Terpineno 33.37 + 13.15 17.23 + 2.45 -
14. 2-Nonanona - 130.2 + 46.81 -
15. Terpinoleno 75.18 + 16.79 - -
16. Linalol 105.53 + 30.71 363.54 + 119.11 126.55 + 43.33
18. Nonanal 155.65 + 44.19 225.31 + 32.73 291.67 + 54.43
19. DMNT 354.68 + 123.77 882.82 + 358.56 140.16 + 92.19
20. Alocimeno - - 6.43 + 2.54
23. Salicilato de metila 80.1 + 28.08 208.61 + 30.40 69.29 + 20.73
24. Benzotiazol 114.9 + 38.59 75.13 + 23.99 47.9 + 10.49
26. α-Copaeno - 84.46 + 18.26 149.41 + 47.01
27. cis α-bergamoteno - 38.84 + 6.39 19.38 + 5.03
28. trans α-bergamoteno 526.21 + 138.48
29. β -Cariofileno 327.7 + 116.13 334.09 + 168.41 100.44 + 25.28
30. Sesquiterpeno (fruto)† - - 24.16 + 6.27
31. Sesquiterpeno (fruto)† - - 6.43 + 2.54
32. (Z)- β-farneseno - - 35.6 + 8.61
33. (E)- β-farneseno - - 83.43 + 23.08
35. Germacreno D (folha) 77.73 + 42.76 - -
36. Sesquiterpeno (flor) - 247.21 + 70.03 -
37. (E,E)-α-Farneseno 381.05 + 135.63 3678.07 + 1117.15 -
38.cis-α-Bisaboleno - - 22.35 + 13.53
39. β-Bisaboleno - - 35.12 + 7.80
40. TMTT 128.77 + 55.13 807.54 + 278.46 69.26 + 26.49

1 Valores médios (± EPM) calculados a partir de 20 amostras obtidas na aeração das plantas
de cupuaçuzeiro no intervalo de 24 h. †Tentativa de identificação dos compostos. *Os
compostos 3,8, 17, 21, 22, 25 e 34 ausentes na tabela, representam hidrocarbonetos alcanos
lineares (C9-C24) injetados para calcular IR.

59
Como a produção de compostos nas plantas ocorre através de rotas biossintéticas a
quantidade de compostos sendo produzidas não é uma variável independente (HARE, 2011),
assim sendo optou-se por aplicar uma técnica estatística para análise de dados multivariada
que considera a dependência dos dados.

A análise de Variáveis Canônicas (AVC) mostrou diferenças no padrão de


agrupamento dos voláteis de plantas de cupuaçuzeiro entre as fenofases. (MANOVA teste de
Pillai-trace: (24 h) F=7,036, p=0,001; (Figura 1.6). É possível observar três grupos: o
primeiro representado pela fenofase de mudança foliar (folha), o segundo pela fenofase de
floração (reprodutivo) e o terceiro pela fenofase de frutificação. Os compostos mirceno (7) e
limoneno (10) parecem estar correlacionados com a fenofase de mudança foliar (folha). Os
compostos (E)-ocimeno (12), DMNT (19), (E,E)-α-farneseno (37) e TMTT (40) parecem
estar fortemente correlacionados com a fase reprodutiva (flor) e o trans- α –bergamoteno (28)
com a fase de frutificação (Figura 1.6, Tabela 1).
Estes compostos já foram relacionados a diversos papéis semioquímicos, portanto,
essenciais na comunicação entre os seres vivos (GATEHOUSE, 2002). Estudos sobre o efeito
do dano herbívoro em cultivares de plantas resistentes e susceptíveis sobre seus inimigos
naturais, constatou que os compostos (E,E)-α-farneseno, salicilato de metilo, acetato de (Z) -
3hexenilo e (E) -2-octen-1-ol., foram os que mais contribuíram para a divergência entre
plantas de soja danificadas em comparação com plantas não danificadas (MICHEREFF et al.,
2011).
Pavarini e Lopes (2016) relatam que nos campos da ecologia química e da fisiologia
vegetal o estudo das terpeno sintases e das repostas nos níveis de seus produtos, os terpenos
voláteis principalmente, têm avançado no sentido de reforçar os papéis semioquímicos destes
metabolitos principalmente no nível trófico de comunicação “planta-inseto” implicando,
portanto, que há aquisição evolutiva dos organismos que biossintetizam estes compostos.
Ademais, estas funções semioquímicas ocorrem em interações multitróficas,
mediando relações de organismos vivos pertencentes a diferentes níveis hierárquicos na teia
alimentar. Segundo Xiao et al. (2012), voláteis induzidos por herbívoros específicos
defendem plantas e determinam a composição da comunidade de insetos no campo. Esses
autores constataram em arroz a atração dos predadores e parasitóides de herbívoros por
emissão de β- cariofileno em ação sinérgica com a emissão de linalol induzida por ataque.
Como agente gerador de uma resposta de defesa por mecanismo indireto é possível citar ainda
a ação atrativa que o (E)-β-cariofileno produz sobre nematoides entomopatogênicos. As raízes

60
de milho liberam este sesquiterpeno em resposta à alimentação por larvas do
besouro Diabrotica virgifera, uma praga de milho encontrado na Europa (RASMANN et al.,
2005).

A maior contribuição para o perfil de separação na frutificação, foi a produção de


trans-α-bergamoteno. A mudança no perfil químico da planta com o fruto, onde ocorre a
diminuição na produção de alguns voláteis como os homoterpenos DMNT e TMTT e
aumento na produção de sesquiterpenos (Tabela 1), deve ser uma informação importante para
C. humeropictus que as plantas já alcançaram o estágio de frutificação. Magalhães et al.
(2016), mostrou que plantas de algodão ao atingirem o estágio reprodutivo e começarem
emitir os primeiros botões tem a produção de TMTT e DMNT diminuída em relação as
plantas no vegetativo e que o bicudo do algodoeiro Anthonomus grandis utiliza esses sinais
químicos como indicativo que as plantas estão no estágio fenológico para o seu acasalamento
e oviposição.

Diferenças fenológicas podem resultar em mudanças na liberação de voláteis. A


emissão de voláteis varia quali- e quantitativamente, a depender de uma série de fatores que
interagem entre si, como a própria fenologia da planta e a guilda alimentar dos insetos que a
ataca (KALINOVÁ et al., 2000). Uma maior quantidade de voláteis emitidos não implica,
necessariamente, em maior atratividade de insetos. Estudos sobre semioquímicos de plantas
de algodoeiro induzidos por herbivoria de Anthonomus grandis, revelaram que o algodoeiro
no estágio vegetativo liberou determinados compostos em maior quantidade do que no estágio
reprodutivo, o que não garantiu maior atração para o A. grandis. Dessa forma, mesmo
liberando uma mistura de compostos orgânicos voláteis em menor quantidade, o algodoeiro,
quando reprodutivo, atraiu mais o A. grandis (MAGALHÃES et al., 2012).

Os resultados revelam que o cupuaçuzeiro apresenta diferenças no perfil de voláteis


emitidos por plantas em fenofases diferentes e, Conotrachelus humeropictus discrimina
cupuaçuzeiros por fases fenológicas por meio das diferenças no perfil de voláteis emitidos por
plantas (Figura 1.5, figura 1.6).

61
Figura 1. 6 Análise de Variáveis Canônicas (AVC) indicando a composição dos voláteis de plantas de
cupuaçuzeiro em diferentes fenofases. Os símbolos representam os scores individuais para cada
amostra, calculados a partir da AVC que maximiza as diferenças entre os tratamentos nas duas
dimensões consideradas (CV1 e CV2). As linhas azuis representam os diferentes compostos presentes
nas amostras e seu comprimento, a importância (magnitude relativa) da contribuição de cada composto
para a diferenciação das fenofases. Floração, frutificação e mudança foliar. Os números representam
os compostos 1) Isoamil acetato, 2) 2-heptanona, 4) alpha-pineno, 5) sabineno, 6) beta pineno, 7)
mirceno, 9) octanal, 10) limoneno, 11) (Z)-ocimeno, 12) (E)-ocimeno, 13) γ-terpineno, 14) 2-
nonanona, 15) terpinoleno, 16) linalol, 18) nonanal, 19) DMNT, 20) alocimeno, 23) salicilato de
metila, 24) benzotiazol, 26) α-copaeno, 27) cis-α -bergamoteno, 28) trans- α -bergamoteno, 29) β-
cariofileno, 30) sesquiterpeno (fruto), 31)sesquiterpeno (fruto), 32) (Z)-β-farneseno, 33) (E)- β -
farneseno, 35) germacreno D (Folha) 36) sesquiterpeno (flor), 37) (E,E)α-farneseno, 38) cis- α-
bisaboleno, 39) β –bisaboleno e 40) TMTT .

3.3.2. Bioensaios com adultos de C. humeropictus

Os insetos que não escolheram nenhum dos lados do olfatômetro, não foram
considerados na análise estatística. Os adultos utilizados foram do campo, recém coletados
pelo método do sacolejo e alimentados exclusivamente com cana-de-açúcar. Apenas machos
de C. humeropictus responderam preferencialmente à extratos de aerações das plantas do
62
cupuaçuzeiro na frutificação. É provável que nesta fase os machos ao chegarem na planta
hospedeira anunciem, a sua presença para as fêmeas, indicando uma fonte de alimento
disponível nas proximidades para alimentação e oviposição, aumentando suas possibilidades
de atrair e acasalar (LANDOLT; PHILLIPS, 1997). Nos demais bioensaios não foram
observadas respostas significativas, as fenofases mudança foliar e reprodutivo representam os
menos atraentes (Figura 1.7). Machos respondendo para extratos de aeração de plantas na
fenofase de mudança foliar versus hexano (χ2 = 0.533, p = 0.465), machos respondendo para
extratos de aeração de plantas na fenofase de floração versus hexano (χ2 = 0.533, p = 0.465),
machos respondendo para extratos de aeração de plantas na fenofase de frutificação versus
hexano (χ2 = 4.551, p = 0.033), fêmeas respondendo para extratos de aeração de plantas na
fenofase de mudança foliar versus hexano (χ2 = 0.533, p = 0.465), fêmeas respondendo para
extratos de aeração de plantas na fenofase de floração versus hexano (χ2 = 2.133, p = 0.144),
fêmeas respondendo para extratos de aeração de plantas na fenofase de frutificação versus
hexano (χ2 = 1.125, p = 0.288).

Estudos sobre respostas de C. nenuphar à voláteis de plantas hospedeiras (ameixa e


maçã), ácido grandisoico e odor de macho vivos, constataram que a maior atração de fêmeas
ocorreu quando maduras, alimentadas e virgens (HOCK et al., 2017). Esse fato ressalta a
importância dos fatores fisiológicos da espécie nos bioensaios de atratividade. É possível que
os testes não responsivos neste trabalho estejam ligados ao estado fisiológico dos insetos
utilizados.

A essência da ameixa (planta hospedeira) é considerada altamente atrativa para C.


nenuphar em teste de campo (COOMBS 2001; WHALON et al., 2006; AKOTSEN-
MENSAH et al., 2010). A atratividade de machos de C. humeropictus aos voláteis liberados
especificamente na frutificação sustentam que a essência dos frutos são atrativos a estes
insetos. Indicando a possível utilização dos voláteis de cupuaçu em iscas atrativas em
armadilhas para monitoramento da broca.

Os resultados encontrados neste trabalho assemelham-se aos de Hock et al. (2017),


Leskey e Prokopy (2001) e Akotsen-Mensah (2010), sugerindo que assim como o curculio da
ameixa, a broca-do-cupuaçu também é essencialmente atraída para voláteis de frutas (estádio
de frutificação), indicando a importância de odores de frutas como componentes-chave em
iscas de armadilha.

63
Tais respostas sugerem que as diferenças entre as proporções dos compostos liberados
tenham sido suficientes para que machos de C. humeropictus distinguissem os voláteis da fase
de fruto. No entanto, a função individual e/ou conjunta destes compostos ainda precisa ser
avaliada, afim de esclarecer o mecanismo de comunicação química no sistema
Conotrachelus-cupuaçuzeiro. Nesse sentido, esse estudo identificou o perfil químico de
voláteis produzidos por plantas de cupuaçu e que as mudanças na proporção dos compostos e
produção de sesquiterpenos e homoterpenos podem estar relacionados com a atratividade de
C. humeropictus. Estudos futuros usando eletroantenografia e soluções sintéticas dos
compostos poderiam comprovar essa hipótese, em direção à identificação dos semioquímicos
envolvidos na provável atração da broca pela planta hospedeira.

Extratos de
Macho Controle Tratamento aeração
*
Hexano (1) Frutificação
ns
Hexano (3) Floração
ns
Hexano (9) M. foliar
ns
Fêmea Hexano (9) Frutificação

ns
Hexano (8) Floração
ns
Hexano (4) M. foliar

Figura 1. 7 Resposta da primeira escolha de machos e fêmeas adultos do campo de Conotrachelus


humeropictus para extratos de aeração (24h) de cupuaçuzeiro em três fenofases (mudança foliar,
floração e frutificação) no olfatômetro em “Y”. Controle: hexano. Asterisco indica diferença
significativa entre os tratamentos pelo teste de Qui-quadrado (χ²), onde: *, 0,05> p >0,01. Números
entre parentes representam os bioensaios com insetos que não responderam aos estímulos odoríferos.
A primeira escolha foi analisada por Regressão Logística; X2 e teste de Wald para avaliar a
significância. Barras representam o IC a 95%.

64
3.2. CONCLUSÕES

O cupuaçu (Theobroma grandiflorum) apresentou um perfil de voláteis


quantitativamente diferente nas fenofases avaliadas. Preferencialmente, a broca-do-cupuaçu
responde aos voláteis de plantas de cupuaçu na fenofase de frutificação.

É provável que o recrutamento de novos indivíduos (os primeiros, em infestação


inicial) à cultura do cupuaçuzeiro seja estimulado pelo sinergismo do “compostos químicos
específicos” com voláteis emitidos por plantas de cupuaçuzeiro, preferencialmente na
frutificação.

Um alternativa para a captura dos adultos em armadilhas no campo seria a utilização


de lures (iscas atrativas) sintéticos com essência do fruto e o feromônio da broca (feromônio +
cairomônio).

A seleção de variedades de cupuaçu que produzam quantidades altas de DMNT e


TMTT ou mesmo colocar os voláteis da fenofase de mudança foliar em grande quantidade
nos lures em tese, seria uma estratégia para enganar a broca para ela não perceber que o
cupuaçu entrou no estágio reprodutivo e assim evitar a chegada no pomar.

Estudos de natureza atrativa ou sinergista com os compostos químicos do


cupuaçuzeiro merecem investigação. A apreciação individual dos compostos com potencial de
atração da broca, α-farneseno, β-mirceno, DMNT, limoneno, (E)-ocimeno, β–cariofileno,
DMNT, TMTT, (E,E)-α-farneseno, (E)-ocimeno e trans-α-bergamoteno, além de ensaios
comportamentais e testes eletrofisiológicos podem auxiliar na caracterização do(s)
composto(s) envolvido(s) na atração da broca por sua planta hospedeira, resultando em
avanços técnicos para o controle desta praga.

65
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70
Capítulo II

Extração e identificação do feromônio de agregação de Conotrachelus humeropictus


Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae) oriundos de pomares de cupuaçu no Estado
do Amazonas.

71
4. Extração e identificação do feromônio de agregação de Conotrachelus humeropictus
Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae) oriundos de pomares de cupuaçu no
Estado do Amazonas.

RESUMO

A Broca-do-fruto do cupuaçuzeiro, Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera:


Curculionidae) é considerada a mais importante praga desta cultura. Disseminada na maioria
dos plantios do estado do Amazonas, limita a expansão desta frutífera, em função da
severidade de seus danos e adoção de métodos de controle pouco eficientes. A descoberta de
substâncias químicas que intermedeiam as relações entre organismos, feromônios, associada a
estudos biológicos desta espécie, pode permitir o desenvolvimento de novos produtos para
uso no manejo integrado desta praga. O objetivo foi avaliar se a espécie de C. humeropictus
produz feromônio sexual ou de agregação e, se este feromônio tem potencial para ser usado
no manejo desta praga na cultura de cupuaçuzeiro. Machos e fêmeas de C. humeropictus
foram coletados em plantações de cupuaçuzeiro localizados nos campos experimentais da
Embrapa Amazônia Ocidental, no ano de 2017, e submetidos a técnica de aeração forçada
para coleta de voláteis. A análise química dos extratos de aeração de machos e fêmeas
mostrou que os machos produzem três compostos específicos que não estão presentes nos
extratos de aeração de fêmeas, os compostos ácido grandisoico, grandlure I e grandlure II.
Bioensaios em olfatometria em Y mostraram que os voláteis de machos são atrativos para
fêmeas e que fêmeas respondem para o composto majoritário ácido grandisoico. A análise
usando cromatografia gasosa com coluna quiral e comparação com dados de tempo de
retenção da literatura mostrou que o isômero produzido pelos machos é o (1R,2S)-ácido
grandisoico. A produção do ácido grandisoico por macho foi de 2.86 ng/inseto em 24h. Os
compostos minoritários foram produzidos em quantidades de traços, não sendo possível sua
quantificação. As possibilidades de usar esses compostos no manejo de C. humeropictus é
discutido.

Palavras chaves: Ácido grandisoico, broca-do-cupuaçu, ecologia química.

72
Extraction and identification of the aggregation pheromone of Conotrachelus
humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae) from cupuassu orchards in the
State of Amazonas.

SUMMARY

The cupuassu fruit borer, Conotrachelus humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera:


Curculionidae) is considered the most important pest of this culture. Disseminated in most
plantations in the state of Amazonas, it limits the expansion of this fruit, due the amplitude,
severity of damages, and the inefficient control methods. Currently the only control method
available for C. humeropictus is through the use of pesticides, which is not recommended,
mainly due to being a crop practiced in the middle or in forest areas of the Amazon. Thus,
there is an enormous need to research alternative methods and less aggressive to the
environment for the management of this pest. The discovery of chemical substance that
interfere in the relations between organisms, called pheromones, associated with biological
studies of this species, may allow the development of new products for use in integrated pest
management in the cupuaçu. Therefore, the objective of this study was to evaluate if the
species of C. humeropictus produced sexual pheromone or of aggregation and if this
pheromone has potential to be used in the management of this pest in the cultures of cupuassu
in Amazonas. To identify the pheromone of C. humeropictus males and females were
collected in cupuassu plantations located in the experimental fields of Embrapa Western
Amazon, in the year 2017, and subjected to forced aeration technique to collect volatiles. The
chemical analysis of aeration extracts of males and females showed that males produce three
specific compounds that are not present in the aeration extracts of females, the compounds
grandisoic acid, grandlure I and grandlure II. Bioassays in Y olfactometry showed that male
volatiles are attractive to females and that females also respond to the grandisoic acid major
compound. Analysis using chiral column gas chromatography and comparison with retention
time data from the literature showed that the isomer produced by males is the (1R, 2S)-
grandisoic acid. The production of grandisoic acid per male was 2.86 ng / insect in 24 hours.
The minority compounds were produced in trace amounts, not being quantification possible.
The possibilities of using these compounds in the management of C. humeropictus are
discussed.

Keywords: Grandisoic acid, cupuassu, chemical ecology.

73
4.1. INTRODUÇÃO

O cultivo do cupuaçu é visto como uma das mais importantes atividades agrícolas da
região Amazônica do Brasil em função da grande aceitação no mercado interno e externo da
polpa in natura ou processada (SAID, 2011; VENTURIERI, et al., 1985; MULLER;
CARVALHO, 1997).
Atualmente, a cultura do cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.)
Schum, Malvaceae) ocupa a quarta posição em área plantada das lavouras permanentes no
Amazonas (5.536 ha). Compõe lista de produtos cuja produção é relevante em âmbito
regional, ao lado do açaí (Euterpe oleracea), pupunha (Bactris gasipaes) e graviola (Annona
muricata) (ALMUDI; PINHEIRO, 2015).
Entretanto, nas últimas duas décadas, estudos apontam para o aumento gradativo dos
níveis de infestações de larvas de Conotrachelus humeropictus em cultivos no Amazonas,
com valores superiores a 50% de frutos brocados (LOPES; SILVA, 1998). Vários fatores são
responsáveis por essa redução, entre eles se destaca a broca-do-fruto (GARCIA et al., 1997).
As larvas de C. humeropictus são responsáveis pelos danos diretos, em decorrência da
formação de galerias, da destruição da polpa, das sementes e da contaminação interna dos
frutos verdes. Os danos indiretos são causados pelos microrganismos e insetos oportunistas
que penetram através dos furos no epicarpo construídos pelas larvas (TREVISAN; MENDES,
1991).
Os agricultores que se dedicam ao cultivo do cupuaçuzeiro reconhecem a importância
de novas tecnologias que possam auxiliar no controle de pragas como forma de evitar perdas
significativas dos plantios. Todavia, normalmente se deparam com a escassez de informações
ou métodos de controle eficientes para a broca-do-fruto (SAID, 2011).
Notadamente, os aspectos fitossanitários quando incipientes, podem comprometer o
desenvolvimento das culturas. As medidas preventivas, atualmente empregadas ao controle da
broca-do-cupuaçu (cultural e químico, p.ex.) ainda reservam espaços para o uso de feromônio
e outros semioquímicos no manejo integrado de pragas. Nesse sentido, a pesquisa por novas
alternativas para o controle de pragas tem se intensificado e a busca por moléculas com uma
atividade inseticida mais seletiva, com menor toxicidade ao ambiente e as espécies não alvo e
ao homem têm sido priorizadas (GOULART, 2015). Os registros da literatura dão conta da
existência de diversos compostos feromonais em distintas espécies de curculionídeos.

74
A maioria dos feromônios para esta família é produzido pelos machos. No geral,
atraem ambos os sexos, por isso são conhecidos como feromônios de agregação. (HOCK et
al., 2014; TEWARI et al., 2014; AMBROGI et al., 2009; SEYBOLD; VANDERWEL, 2003).
Entre as espécies do gênero Conotrachelus com o feromônio de agregação isolado,
sintetizado e testado, destaca-se C. nenuphar. Machos de C. nenuphar produzem como
feromônio de agregação o composto; ácido grandisoico. Testes de campo revelaram que tanto
a mistura racêmica do ácido grandisoico como os enantiômeros puros, atraem machos e
fêmeas desta espécie. Armadilhas desenvolvidas para o monitoramento de C. nenuphar
(gorgulho da ameixa) iscadas com semioquímicos (feromônio e voláteis de planta) têm
apresentado boa eficiência na coleta do gorgulho (C. nenuphar) em pomares de ameixa, maçã
e pera (PROKOPY et al., 2003; TUMLINSON et al., 1969; LESKEY; WRIGHT, 2004).
Os resultados alcançados nesta área de conhecimento ainda são pontuais e restritos a
esforços isolados. No Amazonas, a identificação do feromônio e a avaliação da atividade
comportamental, para o controle da broca-do-fruto do cupuaçuzeiro, são etapas que o presente
estudo objetiva responder no âmbito do manejo integrado de pragas.

4.2. MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1. Obtenção da Criação Estoque

Os insetos utilizados nos experimentos em laboratório foram obtidos durante a safra


em plantações de cupuaçuzeiro da Estação Experimental da Embrapa Amazônia Ocidental,
situada no Km 29 da rodovia AM 010, no município de Manaus no Amazonas, latitude 2º53'S
e longitude 59º58W, nos anos de 2015, 2016 e 2017 (Figura 2.1). Larvas de quarto instar,
foram coletadas manualmente após a quebra de frutos infestados, recém caídos e recolhidos
aleatoriamente sob a copa das árvores. Após a quebra dos frutos, a larvas foram contadas,
separadas por tamanho e cor, mantidas em recipiente de plástico transparente de 400 mL, com
tampa perfurada, contendo em seu interior solo umedecido, para obtenção dos adultos.
Os recipientes foram mantidos com temperatura de 26 ± 2 °C e umidade relativa de 75
± 10 % com fotoperíodo de 12:12 (fotofase/escotofase) até a emergência dos adultos. Após a
emergência, os insetos foram sexados e mantidos individualmente em placas de Petri em
câmaras climatizadas, com temperatura de 26 ± 2 °C e umidade relativa de 75 ± 10 % com
fotoperíodo de 12:12 (fotofase/escotofase) (PAMPLONA; OLIVEIRA, 2013).

75
Os adultos foram mantidos em dieta natural composta por pedaços frescos de cana-de-
açúcar, (aproximadamente 10 cm de comprimento do colmo repartido em quatro partes)
trocados a intervalo de dois dias. Especificamente, no ano de 2017, além do método descrito
acima, os adultos também foram coletados por meioA do sacolejo. No método do sacolejo uma
tela de preferência de cor clara é estendida no chão, na projeção da copa da árvore que, em
seguida, é sacudida. Em função dos adultos apresentarem comportamento de tanatose quando
se sentem ameaçados, eles são coletados no momento em que se jogam ao chão sob a tela
fingindo-se de mortos (TREVISAN, 1989).
Após a coleta pelo método do sacolejo, os adultos foram transportados até o
Laboratório de Entomologia da Embrapa Amazônia Ocidental, separados por sexo e mantidos
em placas de Petri, em grupos de até 10 indivíduos em dieta de cana-de-açúcar.
A separação dos sexos foi feita com base em observação da região esternal do último
segmento abdominal (Figura 2.2). Os machos apresentam seis segmentos abdominais
contendo uma depressão na área central do último segmento. As fêmeas, apresentam cinco
segmentos e, no último, além de uma depressão central, encontram-se duas depressões laterais
(SILVA; ALFAIA, 2004; MENDES,1989). Os voucher specimens estão depositados na
coleção entomológica permanente da Embrapa Amazônia Ocidental.

A B

C D

Figura 2. 1 Área experimental utilizada para coleta de insetos e voláteis de plantas de cupuaçu. Área experimental utilizada
para coleta de insetos e voláteis de plantas de cupuaçu. Estação Experimental da Embrapa Amazônia Ocidental, Km 29 da
rodovia AM 010. Pomar Nagibão (2°53'17.39"S; 59°57'59.22"O). A e B, vista aérea do pomar Nagibão e sua dimensão em
volta da floresta. C, plantas de cupuaçu e D, sacolejo de plantas de cupuaçu localizadas na borda da floresta.
76
♂ ♀

Figura 2. 2 Vista inferior do abdome de macho e fêmea de C. humeropictus. Separação dos sexos com base em observação
da região esternal do último segmento abdominal.

4.2.2. Coleta de voláteis de C. humeropictus

Os voláteis foram obtidos através da técnica de aeração. Cinquenta machos e/ou 50


fêmeas foram colocadas em câmaras de vidro individuais (com volume interno de 1 L)
hermeticamente fechadas. Na tampa da câmara há duas entradas, em uma das entradas
conecta-se o filtro de carvão ativado, por onde o ar irá entrar (0.8 litros por minuto), na outra
será a saída onde se conectou o adsorvente químico que é ligado a uma bomba de vácuo (0.4
LPM) (Figura 2.3). Para a coleta de voláteis utilizou-se o adsorvente Super Q.
Os voláteis foram coletados a cada 24 horas em tubos de vidro contendo 60 mg do
polímero adsorvente Porapak Q (50-80 mesh, Bellefonte, PA, EUA). Esses foram eluídos dos
tubos adsorventes usando 500 µL do solvente orgânico n-hexano e concentrados para 50 µL
sob fluxo de N2. Após o processo de eluição, os tubos foram limpos usando 2 mL de n-hexano
e aquecidos à 180ºC, sob fluxo constante de nitrogênio, por trinta minutos antes de serem
colocados novamente nas câmaras de aeração. As amostras obtidas foram armazenadas a -
20ºC até sua utilização em cromatógrafo gasoso acoplado ao detector de ionização de chamas
(CG-DIC), CG acoplado ao espectrômetro de massas (CG-EM) e em bioensaios
comportamentais.
Para a coleta de voláteis foram utilizados adultos da criação estoque após a
emergência em laboratório e adultos do campo coletados pela técnica do sacolejo. Os insetos
coletados pelo método de sacolejo e obtidos do fruto foram mantidos separados com o intuito
de avaliar a produção do feromônio dos insetos provenientes das duas metodologias de coleta.
As coletas de voláteis foram realizadas em sala climatizada (T: 26 ± 2 °C) com
fotoperíodo 12L:12E. Durante a coleta dos voláteis, os insetos foram alimentados com
77
pedaços de cana-de-açúcar (aproximadamente 10 cm de comprimento do colmo repartido em
quatro partes) como fonte alimentar, sendo substituídos a cada 48 horas.

A B

Figura 2. 3 Sistema de aeração para coleta de voláteis de machos e fêmeas de C. humeropictus


separados, juntamente com cana-de-açúcar como fonte alimentar. A - câmara de aeração utilizadas em
Manaus, B - câmara de aeração utilizada em Brasília.

4.2.3. Análises químicas

Para as análises quantitativas dos compostos, a cada amostra foi acrescida de 1 µL do


composto 16-hexadecanolactona, como padrão interno (PI), preparado em n-hexano destilado,
a uma concentração final de 0,01 mg.mL-1. Posteriormente, 1 µL de cada extrato de aeração
foi injetado no CG (Agilent 7890A, coluna apolar DB-5MS, 0,32 mm de diâmetro x 60 m de
comprimento e filme de0,25 µm, Supelco, Bellefonte, PA, EUA), com detector de ionização
de chama (DIC), usando o modo splitless e tendo o hélio como gás de arraste. A temperatura
inicial da rampa foi de 50°C por 2 min, aumentando gradualmente 5°C.min-1 até atingir
180°C, onde foi mantida por 0,1 min, seguida de um segundo aumento gradual de 10°C.min-1
até atingir 250°C, permanecendo nessa temperatura por 20 min. A temperatura do detector foi
de 270°C e do injetor de, 250°C. A quantificação dos compostos liberados pelos insetos foi
realizada por meio de comparação das áreas de cada composto em relação à área do PI. Desta
forma, considerou-se o fator de resposta do detector, para todos os compostos, igual a 1. Os
dados foram analisados com auxílio do software GC ChemStation e tabulados em Excel
(Microsoft Office para Mac 2015, Microsoft Corporation, EUA).
Na avaliação qualitativa, amostras selecionadas foram injetadas no CG-EM (Agilent
5975-MSD) equipado com analisador quadrupolar, em coluna apolar DB-5MS (0,25 mm de
diâmetro x 30 m de comprimento, com filme de 0,25 µm, Supelco, Bellefonte, PA, EUA),
com ionização de impacto de elétrons (70 -eV, temperatura de 200°C) e injetor no modo

78
splitless. O gás hélio foi usado como gás de arraste. Os dados foram coletados e analisados
com no software ChemStation.
A identificação dos compostos orgânicos voláteis foi realizada por comparação do
padrão de fragmentação dos componentes da amostra com o de dados catalogados em
bibliotecas espectrais (NIST 2008) e também pelo cálculo do índice de retenção (IR). Para
calcular o IR, uma mistura de hidrocarbonetos alcanos lineares (C8-C26) foi injetada nas
mesmas condições descritas anteriormente. Para a confirmação final, o padrão de
fragmentação e o IR dos compostos foram comparados com os dados obtidos da coinjeção de
padrões autênticos com as amostras, quando havia o padrão disponível.

4.2.4. Produção do feromônio por C. humeropictus

Para determinar a quantidade diária do composto majoritário emitido por machos de


C. humeropictus, foram coletados extratos de aerações de 65 machos durante 24 horas. Para
avaliar se há períodos de maior produção do feromônio ao longo do dia os voláteis dos
machos foram coletados em dois períodos: noturno (18:00 às 06:00) e diurno (06:00 às
18:00). A quantificação foi realizada com base no composto majoritário o ácido grandisoico.
Os compostos minoritários estão em quantidades de traços, o que não possibilita uma
quantificação com exatidão. Cada extrato (50 μL) foi acrescido de 1 μL do composto 16-
hexadecanolactona, como padrão interno (PI) em uma concentração de 1mg/ml para
comparação de áreas. Posteriormente, 2μL de cada solução foi injetado no CG (Agilent 7890,
coluna apolar DB-5, 0,32 mm de diâmetro x 60 m de comprimento, filme 1,0 μm, Supelco,
Bellefonte, PA, EUA), com detector de ionização por chama (DIC) a 250ºC, usando o modo
splitless e tendo o Hélio como gás de arraste. A temperatura inicial da rampa foi de 50ºC por
2 min, aumentando gradualmente 5ºC/min até 180ºC por 0,1 min, seguida de um segundo
aumento gradual de 10ºC/min até 250ºC por 20 min. A quantificação dos compostos liberados
pelos insetos foi realizada por meio de comparação das áreas de cada composto em relação à
área do PI utilizado. Desta forma, considerou-se o fator de resposta do detector para todos os
compostos igual a 1. Os dados foram coletados com o software ChemStation e analisados
com o Excel (Microsoft Office 2007, Microsoft Corporation, EUA). Os dados referentes a
dinâmica de emissão do feromônio na fotofase e escotofase foram avaliados estatisticamente
usando ANOVA seguida pelo teste Tukey a 5% de significância.

79
4.2.5. Configuração absoluta do ácido grandisoico produzido por C. humeropictus

A configuração absoluta do ácido grandisoico produzido pelos machos de C.


humeropictus foi conduzida através da análise no CG-EM usando uma coluna quiral (30
mm×0.25 mm i.d., 0.25 μm, β-DEX 325 com 25% 2,3-di-O-acetil-6-O-TBDMS-β-
ciclodextrina em SPB-20 poli (20% fenil/ 80% dimetisiloxana) (Supelco, EUA). A
temperatura do forno foi programa como: 60oC por 3 min, aumentando a 1 oC/min até 120 oC
e mantida nesta temperatura por 30 minutos. Injeções foram feitas no modo splitless, com
hélio como gás de arraste a 0.7 mL/min, injetor a 250oC. A temperatura da interface do CG-
EM em 280oC. Ionização por impacto por elétrons. Foi injetado 2 µL de cada amostra, o ácido
grandisoico sintético, produzido a partir do grandisol racêmico, e os extratos de macho da
broca do cupuaçu obtidos nas aerações.

4.2.6. Bioensaios em olfatômetro

4.2.6.1. Status fisiológicos dos insetos testados

Os bioensaios para avaliar a atratividade de machos e fêmeas em laboratório aos


odores de insetos adultos vivos e extratos de aeração de adultos (Figura 2.14) foram
realizados nos meses de abril e maio de 2017. Para odor de insetos vivos, adultos do campo,
coletados pelo método do sacolejo entre os meses de janeiro e março de 2017 e mantidos em
laboratório com dieta exclusiva de cana-de-açúcar, foram usados como fonte de odor (20
indivíduos em cada seringa). Os insetos respondedores foram da coleção estoque nos dois
bioensaios, com idade variando entre 30 e 60 dias.
Os bioensaios com ácido grandisoico impregnado no septo (Figura 2.15, Figura 2.16)
foram realizados entre os meses de abril e maio de 2017. Adultos do campo, coletados pelo
método do sacolejo entre os meses de janeiro e março de 2017 e mantidos em laboratório com
dieta exclusiva de cana-de-açúcar, foram utilizados como insetos respondedores.
Os bioensaios com soluções sintéticas de ácido grandisoico, grandisolactona e
grandisol (Figura 2.15) foram realizados entre os meses de agosto e setembro de 2017 e os
insetos respondedores foram da coleção estoque, com dieta exclusiva de cana-de-açúcar, e
idade variando entre 90 e 120 dias.

80
Para avaliar a atratividade de machos e fêmeas em laboratório para odores de insetos
adultos vivos, extratos de aeração de adultos e os compostos macho-específico sintético, foi
utilizado um olfatômetro em “Y” manufaturada em acrílico (26 x 23 cm), com uma cavidade
em forma de “Y” (corpo 12 cm e braços 10,5 cm), mantida entre duas placas de vidros de
mesmas dimensões, um translúcido na parte inferior e o outro transparente na parte superior,
prensados por clipes de papel (MORAES et al., 2005). Seringas de vidro (10 mL) onde foram
colocados os odores a serem testados, foram conectadas a cada braço do olfatômetro através
de mangueiras de silicone (Figura 2.4). Neste sistema, um fluxo contínuo de ar umidificado e
filtrado em carvão ativo atravessa os dois braços do tubo até a extremidade oposta (Sentido B
e C para A). No lado oposto, um único adulto, macho ou fêmea, da broca-do-cupuaçuzeiro foi
introduzido na área de liberação do olfatômetro, no extremo oposto à corrente de ar, e seu
padrão de procura foi registrado durante dez minutos. Foram considerados como não
responsivos os insetos que não se movimentavam nos primeiros 5 min de observação. Foram
avaliados a primeira escolha (considerada quando o inseto entrou e permaneceu em um dos
braços por pelo menos 20 s). Os testes foram realizados durante o período de maior liberação
do feromônio (18:00 ás 00:00), usando o olfatômetro em posição horizontal. Cada adulto foi
usado apenas uma vez e os filtros de papel contendo 10µL de extratos e/ou solução sintética
foram trocados a cada cinco repetições, quando a posição dos braços era invertida entre
tratamento. Foram realizadas 30 repetições com resposta, para machos e para fêmeas. Em
todos os bioensaios com solução sintética foi utilizado uma concentração de 0.01mg/mL.
A resposta comportamental de machos e fêmeas foi avaliada com os seguintes
tratamentos: 1) odor de machos vivos versus ar, 2) odor de fêmeas vivas versus ar, 3) voláteis
de extrato de aeração de machos versus ar, 4) voláteis de extrato de aeração de fêmeas versus
ar, 5) septo impregnado com 2 mg de ácido grandisoico versus ar, 6) solução sintética de
ácido grandisoico versus grandisolactona, 7) solução sintética de grandisolactona versus ar, 8)
solução sintética de ácido grandisoico + grandisolactona versus ar, 9) solução sintética de
ácido grandisoico + grandisol versus ar e 10) solução sintética de ácido grandisoico +
grandisol versus solução sintética de ácido grandisoico.

81
Fluxo

B C

Figura 2. 4 Diagrama do sistema de bioensaios em olfatômetro em “Y”. O ar no sistema foi regulado


por um fluxômetro (0,6 L/min), filtrado por carvão ativado e umidificado. O fluxo foi dividido para as
seringas contendo o papel filtro impregnado com os extratos e/ou solução sintética. No extremo
oposto, uma bomba de vácuo conectada a um fluxômetro (0,2 L/min) permitia a formação de um
gradiente de odor dentro do sistema. Fonte: Magalhães, 2012.

Em virtude da demora no tempo de resposta dos insetos, observada nos bioensaios


conduzidos em olfatômetro em “Y” manufaturada em acrílico (Figura 4), um segundo grupo
de bioensaios foram realizados, utilizando-se um olfatômetro de vidro com adaptador anti-
splash de capacidade para 250 ml (Figura 5). Por esta constatação, os bioensaios foram
realizados durante 12 horas (18:00 – 06:00) por grupo de insetos colocados no olfatômetro. A
resposta comportamental de 10 machos ou 10 fêmeas foi avaliada com o seguinte tratamento:
1) septo impregnado com 2 mg de ácido grandisoico versus ar. Adultos do campo foram
utilizados como respondedores. Inicialmente, esses bioensaios foram realizados no laboratório
de Semioquímicos – CENARGEN/Brasília e em seguida na Embrapa Amazônia Ocidental,
em Manaus, tendo em vista garantir as condições ambientais em que a espécie está inserida.

82
Figura 2. 5 Olfatômetro em “Y” adaptado, vidraria anti-splash.

4.2.7. Eletroantenografia (EAG) para C. humeropictus

Para a análises eletrofisiológicas, as antenas de fêmeas do campo de C. humeropictus


foram cortadas e posicionadas entre dois eletrodos de aço inoxidável, e gel condutor foi
aplicado para fechar o circuito da ponte salina. Uma solução sintética contendo o composto
majoritário do macho o composto ácido grandisoico a 0.01mg/mL foi analisada usando um
CG (Perkin Elmer) equipado com coluna apolar HP-5 (0,25 mm de diâmetro x 30 m de
comprimento, com filme de 0,25 µm, Supelco, Bellefonte, PA, EUA), detector DIC e injetor
no modo splitless, acoplado a um eletroantenógrafo (Syntehc-CG-EAD). A temperatura
inicial da rampa foi de 50°C por 1 min, aumentando gradualmente 15°C.min-1 até atingir
250°C, onde foi mantida por 10°C.min-1. A temperatura do detector foi de 270°C e do injetor,
250°C. O gás de arraste utilizado foi o Hélio. No CG-EAD o fluxo da coluna é divido, onde
metade do efluente vai para o detector DIC e a outra metade para a antena do inseto. As
respostas das antenas foram medidas em despolarizações (mV), de modo que os sinais
passavam por um amplificador de alta impedância (UN-06, Synthec, Holanda) e as gravações
simultâneas das respostas do EAD e do DIC foram analisadas utilizando um software
específico (EAD versão 2.14, Synthec, Holanda). Foram realizadas três repetições com as
antenas de fêmeas.

83
4.2.8. Teste de campo

Para avaliar a atratividade de C. humeropictus para o composto majoritário ácido


grandisoico e um dos compostos minoritários o grandlure I (grandisol). Não foi realizado com
o grandlure II por que esse composto não estava disponível no laboratório. Os testes de campo
foram realizados no período de dezembro de 2016 a janeiro de 2017 e de maio a junho de
2017, na estação experimental da Embrapa Amazônia Ocidental.
Para os testes de atração das iscas, 35 árvores de cupuaçu com idade de 20 anos e com
altura aproximada de 4 metros foram selecionadas próximo da floresta (20) e no interior do
pomar (10). No primeiro período, todas as plantas apresentavam frutos de diferentes tamanhos
e flores em menor número. Além disso, era constatado por meio do sacolejo a presença de
insetos adultos no pomar e frutos brocados com larvas. No segundo período, as plantas não
apresentavam flores e frutos e o número de insetos adultos obtidos por meio do sacolejo era
reduzido em relação ao período anterior.
As armadilhas utilizadas foram do tipo pirâmide, de cor preta, adaptadas contendo um
septo de cada tratamento (Figura 2.6) (TEDDERS, WOOD. 1994; LESKEY; WRIGHT 2004;
PROKOPY et al., 2003). Foram afixadas a 0,5 metros do tronco de cada árvore, com distancia
aproximada de 30 m (Figura 2.7) (PROKOPY et al., 2000). O delineamento estatístico
utilizado foi inteiramente casualizado com cinco repetições. Após 24 horas foram realizadas
vistorias para constatação de captura por um período de 30 dias.
Tratamento 1. Ácido grandisoico 2 mg/septo; Tratamento 2. Ácido grandisoico 4
mg/septo; Tratamento 3. Ácido grandisoico 2 mg + grandisol 2mg/septo; Tratamento 4. Ácido
grandisoico 4 mg + grandisol 2mg/septo; Tratamento 5. Ácido grandisoico 2 mg + Grandlure
completo 2mg/septo; Tratamento 6. Ácido grandisoico 4 mg + grandlure completo 2mg/septo;
Tratamento 7. Testemunha

84
A B

Figura 2. 6 Armadilhas utilizadas para captura dos insetos. A - armadilha tipo pirâmide, utilizada no
campo, adaptadas contendo um septo impregnado, B - Localização da armadilha em relação a planta
de cupuaçuzeiro.

Figura 2. 7 Área experimental da Embrapa Amazônia Ocidental. Esquema de


distribuição das armadilhas.

4.2.9. Análises estatísticas

Respostas dos machos e fêmeas nos bioensaios foram analisadas pelo teste Qui-
Quadrado. Para hipótese nula foi considerada de 95% de confiança. Todos os dados foram
analisados com o programa R 2.14.0 (R Development Core Team, 2009) com nível de
significância de p < 0.05. Não houve captura de insetos nas armadilhas colocadas no campo,
assim sendo não foi possível analisar os dados estatisticamente.
85
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.1. Identificação dos compostos macho-específicos de Conotrachelus humeropictus

As análises dos extratos de aeração dos insetos, machos e fêmeas virgens, obtidos dos
frutos e criados em laboratório, durante os anos de 2015, 2016 e 2017 não revelaram a
liberação de feromônio. Esse fato, pode ser explicado a luz da chamada lógica do pensamento
ecológico nutricional de insetos, ou seja, o inseto atinge seu potencial fisiológico máximo no
desempenho de suas atividades biológicas, com consequente contribuição reprodutiva para a
próxima geração ao nível máximo quando dispõem de condições ideais de fatores abióticos e
bióticos, alimento em abundância e de elevada qualidade nutricional (PANIZZI; PARRA,
2009; HOCK et al., 2014; TREVISAN et al., 2010).
Os insetos mantidos no laboratório tiveram dieta constituída exclusivamente de cana-
de-açúcar, o que pode, segundo essa teoria, ter comprometido a emissão dos compostos
feromonais. As informações sobre a influência da quantidade e qualidade do alimento
ingerido, nas fases jovem e/ou adulta, sobre emissão e percepção de feromônios em insetos,
de modo geral, ainda são escassas (HARDEE, 1970). Porém, Scriber e Slansky (1981)
asseguram que os seres vivos em geral são um reflexo do que consomem e, no caso dos
insetos, muitos aspectos de sua biologia, incluindo o comportamento, a fisiologia e a ecologia
estão, de uma ou outra maneira inserida num contexto nutricional. Para Lima e Della Lucia
(2001), a síntese do feromônio pode ser contínua, porém a liberação e percepção no ambiente
são controladas pelo estado fisiológico dos insetos e por condições climáticas e ambientais.
Somente em extratos de aeração C. humeropictus oriundos do campo, coletados pela
técnica do sacolejo, na safra (janeiro a março) de 2017, foi possível identificar a liberação de
feromônio, por meio da comparação dos perfis cromatográficos dos extratos de aeração de
machos e fêmeas. É provável que os componentes nutricionais assimilados por estes insetos
em ambiente natural, possam ter contribuído para esta liberação feromonal, além de outros
fatores já mencionados.
Essas comparações demonstraram a presença de três compostos específicos do macho,
o majoritário ácido grandisoico 2,1-metil-2-(prop-1-en-2-il)ciclobutil) ácido acético, e dois
minoritários grandlure I (Z)-2-Isopropenil-1-metilciclobutanoetanol e grandlure II (Z)-2-(3,3-
Dimetilciclohexilideno)-etanol. Os compostos tiveram sua estrutura química definida e foram
confirmados através da comparação do espectro de massas e do tempo de retenção com as

86
injeções de padrões sintéticos (Figura 2.8 e 2.9). Esses resultados coadunam com estudos
sobre feromônios já identificados para Conotrachelus nenuphar (ELLER, BARTELT, 1996) e
C. humeropictus em populações do estado de Rondônia. (SZCZERBOWSKI, 2016).

O composto ácido grandisoico, já foi descrito como feromônio para o gorgulho da


ameixa, C. nenuphar (ELLER; BARTELT, 1996). Foi sugerido ácido grandisoico como nome
popular, por ser análogo ao grandisol. Neste trabalho, os autores observaram em armadilhas
no campo a atração de machos e fêmeas de C. nenuphar ao ácido grandisoico, considerando-o
um feromônio de agregação.

Os estudos sobre a ecologia química de C. humeropictus com insetos oriundo de


populações de Rondônia, apontaram a presença de quatro compostos produzidos por machos.
Três destes compostos foram identificados, grandisol, ácido grandisoico (majoritário) e uma
lactona (minoritário) derivada do ácido grandisoico, sendo a primeira descrição desta como
um composto natural (SZCZERBOWSKI, 2016). No entanto, a lactona provavelmente não
faz parte da mistura feromonal de C. humeropictus. Esta é um artefato formado na
decomposição do ácido grandisoico no injetor de CG em alta temperatura.

Quando os extratos de aeração foram injetados no injetor splitless observou-se a


formação de um quarto pico, que não estava presente nos cromatogramas de fêmeas, que foi
identificado como gradisolactona* (grandisolide em inglês). No entanto, observou-se que a
mesma amostra quando injetada no CG-DIC ou no CG-EM produzia quantidades diferentes
desse composto. Provavelmente, o mesmo estava sendo formado dentro do injetor splitless a
uma temperatura de 250oC. Para avaliar se a temperatura do injetor no liner poderia acelerar a
degradação do ácido grandisoico, as amostras foram injetadas em um CG-DIC com um injetor
cool-on-column, com temperatura inicial de 40oC.

87
Figura 2. 8 Perfil cromatográficos do extrato de aeração obtidos na análise de CG-DIC com injetor
splitless. A. fêmeas de C. humeropictus + cana de açúcar, B. machos de C. humeropictus + cana de
açúcar. C) cana-de-açúcar, 1) undecano, 2) nonanal, 3) dodecano, 4) decanal, 5) grandlure I, 6)
grandlure II, 7) tridecano, 8) ácido grandisoico, 9) grandisolactona proveniente da degradação do
ácido grandisoico no injetor splitless.

Figura 2. 9 Estrutura química dos três compostos identificados no extrato de aeração de machos de C.
humeropictus.

88
68
11500
10500 A
OH
9500
8500
Abindância

7500
108
6500
5500
4500
3500 55
2500 41 94
1500 82 139
122 148
500 131
0 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220
m/z

6500
69 B OH

6000
5500
5000 136
93
4500
Abindância

4000 121
3500 41
3000 79
2500
2000
55 107
1500
1000 154
500 163
47
0 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
m/z

68
3000000 HO

2600000 C O

2200000
Abundância

1800000

1400000

1000000 108

600000 41 53
125
79 93
200000
0
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

m/z

Figura 2. 10 Espectro de massas dos três compostos específicos dos machos. A. grandlure I, B
grandlure II e C ácido grandisoico.
89
Quando os extratos foram injetados no injetor cool-on-column o pico 9 não foi
observado (Figura 11). No injetor cool-on-column a amostra é injetada diretamente na coluna,
que não tem o liner de vidro, e além disso a temperatura do injetor está programada para
40oC., diferente do injetor splitless que tem o liner de sílica e as injeções são realizadas em
alta temperatura para auxiliar na volatilização a 250oC. O liner com o uso pode tornar-se
ligeiramente ácido e, com a temperatura alta do injetor pode provocar reações dentro do liner.
Era isso que estava ocorrendo. O ácido grandisoico estava decompondo e formando o
grandisolactona (Figura 2.8).

Uma das formas de produzir grandisolactona sintética é através da reação de ácido


grandisoico em meio ácido (HBr 68% aquoso a temperatura ambiente) Szczerbowski et al.
(2016). Apesar do liner ter uma acidez bem menor que o HBr, o liner dentro do injetor está a
250oC, o que aumenta a reatividade do composto. Com esta observação todas as amostras
passaram a ser injetadas somente no injetor cool-on-column.

Figura 2. 11 Perfil de cromatograficos do extrato de aeração de C. humoripictus obtidos usando uma


entrada de coluna fresca a 40oC. A. fêmeas + cana-de-açúcar, B. machos + cana-de-açúcar. 1)
undecano, 2) nonanal, 3) dodecano, 4) decanal, 5) grandlure I, 6) grandlure II, 8) ácido grandisoico

4.3.2. Elucidação da configuração absoluta do ácido grandisoico

A elucidação da configuração absoluta do ácido grandisoico foi realizada


indiretamente através da configuração da grandisolactona formada no injetor splitless do CG.
O ácido grandisoico racêmico não separou na coluna quiral que foi utilizada β-DEX 325, mas
percebeu-se que ao injetar a mistura racêmica do ácido grandisoico com o injetor splitless este
se degrada em dois isômeros de grandisolactona mostrando que o ácido grandisoico sintético

90
injetado era composto de dois isômeros (1S,2R) e (1R,2S) (Figura 2.12A). Usando o mesmo
tipo de coluna e condições de corrida de Szczerbowski et al. (2016) a análise mostrou que o
isômero (1S,6S)-grandisolactona elui primeiro que o seu enantiômero (1R,6R).
Assim, ao injetar o extrato de aeração de machos de C. humeropictus observou-se que
somente um pico correspondente a grandisolactona foi formado (Figura 2.12B), e pelo tempo
de retenção e em comparação ao que foi descrito por Sczerbowski et al. (2016) foi
determinado que a grandisolactona formada pela degradação do ácido grandisoico é (1R,6R) e
portanto o ácido grandisoico produzido pelos machos da população de Manaus tem a
configuração absoluta (1R,2S) (Figura 2.12C). Não foi possível identificar a configuração
absoluta do grandlure I e II devido a presença destes compostos a nível de traços.
A configuração absoluta do composto ácido grandisoico liberado por C. humeropictus
(1R,2S), também foi descrita para a espécie C. nenuphar (ELLER, BARTELT, 1996). Nesta,
o feromônio produzido por machos é o enantiômero (+) do ácido grandisoico e atrai ambos os
sexos e cepas (ELLER; BARTELT, 1996). No entanto, Hock et al. (2017) destacam outros
estudos em que a mistura racêmica produzida sinteticamente de ácido grandisoico contendo
quantidades iguais dos enantiômeros (+) como (-), também foi atraente (PIÑERO et al.,
2001), fracamente atraente (PIÑERO; PROKOPY, 2003; LESKEY; WRIGHT, 2004) e pouco
atraentes (LESKEY; PROKOPY, 2000; AKOTSEN-MENSAH, 2010).
O fato de o inseto produzir dois compostos derivados, com a mesma configuração
absoluta, evidencia a tendência do inseto a percorrer o caminho de menor gasto energético
durante a síntese natural de moléculas necessárias para sua comunicação (SEYBOLD;
WANDERWEL, 2003).

91
Figura 2. 12 Análise em CG-quiral do A) ácido grandisoico, B) extrato de aeração de 55 machos de
C. humeropictus, C) co-injeção do ácido grandisoico com o extrato de aeração de 55 machos. 1)
(1S,6S)-grandisolide, 2)(1R,6R)-grandisolide, 3) ácido grandisoico, 4) geranil acetona.

4.3.3. Quantificação do composto ácido grandisoico

A análise quantitativa mostrou que um inseto libera uma média de 2.86 ± 1.01
ng/inseto de ácido grandisoico por dia. As análises da periodicidade de emissão dos
compostos demonstraram que a liberação de feromônio de C. humeropictus ocorre de forma
mais intensa durante a escotofase (1.41 ± 0.35 ng/inseto) (Figura 2.13).
Observações em laboratório, campo e em estudos de biologia de C. humeropictus
apontam que o período noturno é o de maior atividade biológica do inseto (LOPES, 2000,
TREVISAN et al., 2010; OLIVEIRA, 1998). Segundo Lopes (2000), durante a noite os
besouros locomovem-se mais, demostrando ser uma atividade preferencial desenvolvida no
horário noturno, marcada principalmente por caminhamento e ocasionalmente por voos
curtos. Esse comportamento já foi relatado para C. psidii Marshall 1922 e Conotrachelus
nenuphar Herbst, 1797 (Coleoptera; Curculionidae) (RACETTE et al., 1992) e pode está
relacionado com capturas de maior intensidade durante a noite em estudo de atratividade de
C. nenuphar em armadilhas (LAMOTHE, 2008). Uma vez que a liberação de feromônio da
espécie C. humeropictus ocorre principalmente durante o período noturno, confirma-se assim
a hipótese inicial.

92
Figura 2. 13 Emissão média do composto ácido grandisoico por machos de C. humeropictus, durante
a escotofase e fotofase (F2,12= 4,425, p= 0,03088). Colunas seguidas de letras distintas diferem
significativamente (teste Tukey; P<0,05) (n = 6).

4.3.4. Avaliação da atividade biológica de C. humeropictus mediante os compostos


sintetizados

Os compostos identificados foram testados nos bioensaios com adultos de C.


humeropictus em laboratório. Foram utilizados odores de insetos vivos, voláteis dos extratos
de aerações de machos e fêmeas e os compostos na forma sintética.

4.3.5. Bioensaios com olfatômetros em Y

O status fisiológico dos insetos utilizados em cada bioensaio está descrito na


metodologia. Os insetos que não escolheram nenhum dos lados do olfatômetro, não foram
considerados na análise estatística. Os extratos de aeração de adultos machos utilizados nos
bioensaios continham o composto ácido grandisoico, antes identificados em cromatografia
gasosa.
Os compostos minoritários foram encontrados em apenas algumas amostras na forma
de traços. É provável que a ausência desses compostos nos extratos tenha sido determinante

93
para não resposta dos insetos, tendo em vista, que o grandisol é reconhecidamente um
componente feromonal de muitas espécies de curculionídeos (AMBROGI et al., 2009).
Não foi observada atratividade significativa nas respostas de machos e fêmeas para os
tratamentos com odor de insetos vivos e extratos de aeração de insetos adultos; odor de
insetos vivos (machos) x ar, para machos (χ2 = 2.080, p = 0144); odor de insetos vivos
(machos) x ar, para fêmeas (χ2 = 0.133, p = 0.715); odor de insetos vivos (fêmeas) x ar, para
machos (χ2 = 2.080, p = 0.144); odor de insetos vivos (fêmeas) x ar, para fêmeas (χ2 = 0.133,
p = 0.715); extratos de aeração de insetos (machos) x ar, para machos (χ2 = 0.133, p =
0.715); extratos de aeração de insetos (machos) x ar, para fêmeas (χ2 = 3.33, p = 0.067);
extratos de aeração de insetos (fêmeas) x ar, para machos (χ2 = 0.533, p = 0.465); extratos de
aeração de insetos (fêmeas) x ar, para fêmeas (χ2 = 0.133, p = 0.715) (Figura 14).

Machos
Controle Tratamento
ns
Hexano (0) Extrato de fêmea
ns
Ar (0) Odor de fêmea1
ns
Hexano (3) Extrato de macho
ns
Ar (10) Odor de macho1
ns
Fêmeas Hexano (5) Extrato de fêmea
ns
Ar (3) Odor de fêmea1
ns
Hexano (2) Extrato de macho
ns
Ar (7) Odor de macho1

Figura 2. 14 Primeira escolha de machos e fêmeas de Conotrachelus humeropictus procedentes da


coleção estoque e campo1 para odor e extratos de insetos vivos em bioensaios com olfatômetro em Y.
A primeira escolha foi analisada por Regressão logística; X2 e teste de Wald para avaliar a
significância. Barras representam o IC a 95%. Asterisco indica diferença significativa entre os
tratamentos pelo teste de Qui-quadrado (χ²), onde: *, 0,05> p >0,01. ns: não significativo. Números
entre parentes representam os bioensaios com insetos que não responderam aos estímulos odoríferos.

Em princípio, deve-se ressaltar, que a produção, liberação e percepção dos feromônios


nos insetos dependem de fatores endógenos como idade, presença de co-específicos, condição
reprodutiva, aspectos nutricionais e de uma ampla variedade de condições ambientais como

94
planta hospedeira, temperatura, fotoperíodo, intensidade luminosa, umidade relativa e
condições atmosféricas (LIMA; DELLA-LUCIA 2001; PANIZZI; PARRA, 2009).

Segundo Hock et al. (2014), machos de C. nenuphar podem produzir feromônio de


oito a 36 dias de idade, com um pico médio entre 12 e 20 dias. Isso indica, possivelmente, que
os machos da coleção estoque utilizados nos bioensaios, provavelmente não estariam
sintetizando, emitindo ou mesmo percebendo feromônio no momento dos testes, tendo em
vista a idade superior a 30 dias.

Estudos sobre respostas em olfatômetro de C. nenuphar para odores de insetos vivos,


extratos de planta e feromônio, desenvolvidos por Hock et al. (2017) revelaram que machos
virgens e maduros provocavam maior atração de fêmeas, além de produzirem mais feromônio
durante a escotofase na presença de fruta hospedeira. É provável que os machos alimentados
por vários dias, exclusivamente com cana-de-açúcar, tenham cessado a emissão do feromônio,
ou os insetos respondedores, com idade entre 30 e 60 dias não tivessem status fisiológicos
para responder aos estímulos olfativos. Esses autores recomendam que, em estudos
olfatométricos usando ácido grandisoico sintético ou machos vivos, devem incluir o uso de
respondedores alimentados.

De acordo com Altafini et al. (2010), em lepidópteros, a idade de machos, pode ser
uma característica endógena relevante na comunicação intraespecífica. Segundo os autores, é
constatado que, no campo, machos de lepidópteros exibem níveis crescentes de percepção ao
feromônio durante os primeiros dias após a emergência, havendo um decréscimo de respostas,
em insetos mais velhos.

Contudo, os resultados obtidos até o momento ainda são insuficientes para se explicar
sobre os possíveis efeitos da idade e alimentação de C. humeropictus na síntese e emissão de
feromônio.

Nos bioensaios com soluções sintéticas (Figura 2.15) foram usados machos e fêmeas
da coleção estoque com idade entre 90 – 120 dias. A concentração de cada solução foi de 0,01
mg.ml e a quantidade impregnada em cada papel foi de 10 µL.

Não foram observadas respostas significativas de machos e fêmeas para as seguintes


soluções sintéticas; grandisolactona x ar, para machos (χ2 = 0.133, p = 0.715);
grandisolactona x ar, para fêmeas (χ2 = 0.533, p = 0.4652); ácido grandisoico x

95
grandisolactona, para machos (χ2 = 2.133, p = 0.144); ácido grandisoico x grandisolactona,
para fêmeas (χ2 = 0.133, p = 0.715); ácido grandisoico + grandisolactona x ar, para machos
(χ2 = 0.533, p = 0.465); ácido grandisoico + grandisolactona x ar, para fêmeas (χ2 = 2.133, p
= 0.144); ácido grandisoico + grandisol x ar, para machos (χ2 = 2.133, p = 0.144); ácido
grandisoico + grandisol x ar, para fêmeas (χ2 = 2.133, p = 0.144); ácido grandisoico +
grandisol x ácido grandisoico, para machos (χ2 = 0, p = 1) e ácido grandisoico + grandisol x
ácido grandisoico, para fêmeas (χ2 = 0.133, p =0.715).

É provável que a concentração das soluções utilizadas além da idade dos insetos
tenham sido determinantes na manifestação da pouca resposta dos insetos nesse estudo e,
devem ser melhor elucidados. Alguns trabalhos asseguram que a concentração e a proporção
de odores individuais colocados em uma combinação demonstraram ser um fator muito
importante C. nenuphar (LESKEY et al., 2001; LESKEY; PROKOPY, 2001). Além disso,
Gilblin-Davis et al. (1996) destacam que em algumas ocasiões a resposta aos feromônios é
mais acentuada quando estes são associados com cairomônios vegetais. Segundo Viana
(1992), em Cosmopolites sordidus, os adultos são atraídos com maior eficácia por voláteis
liberados por machos, fêmeas e rizomas da bananeira.

Outra questão a ser considerada nos bioensaios com soluções sintéticas é que a
grandisolactona, constatada nesse estudo, é um produto da degradação do ácido grandisoico
dentro do liner, o que provavelmente, não constitui o feromônio dessa espécie, logo não foi
percebida pelos insetos nos bioensaios.

Os bioensaios com o ácido grandisoico impregnado em septos (Figura 2.15 e 2.16)


foram conduzidos tanto em Brasília quanto em Manaus (local com as condições ambientais
em que a espécie está inserida), com machos e fêmeas recém coletados do campo. Para tanto,
foram utilizados dois tipos de olfatômetros em Y, a placa manufatura acrílica e o adaptado
com vidraria anti-splash. A adoção do olfatômetro adaptado para os bioensaios ocorreu após
constatação que os insetos demoravam a responder e provavelmente precisassem de um
período maior de exposição frente ao composto majoritário. Desta forma, os bioensaios foram
realizados durante 12 horas (18:00 – 06:00) por grupo de insetos colocados no olfatômetro.

Diferente da solução impregnada em papel, que volatiliza rapidamente, os septos


liberam o composto por um período maior e consequentemente podem ser percebidos por
inseto que demoram a responder.
96
Indiferente ao tipo de olfatômetro, nos bioensaios com o ácido grandisoico
impregnado em septos, fêmeas do campo preferiram o braço do olfatômetro contendo odor do
ácido grandisoico (χ2 = 4.8, p = 0.028) (Figura 15 e 16).

Adultos de C. humeropictus mantidos em laboratório e alimentados somente em cana-


de-açúcar, por estarem em condições artificiais, tendem a não acasalar. Desta forma, o mais
adequado é realizar os testes diretamente no campo com a mistura sintética do feromônio, até
o estabelecimento de uma colônia adequada envolvendo a segunda e a terceira geração obtida
em ambiente de laboratório.

Bartelt (1999) mostrou que o ácido grandisoico constitui o feromônio de agregação


com atratividade para machos e fêmeas de C. nenuphar. Neste sentido, era esperado que para
C. humeropictus houvesse também atração de machos e fêmeas. Todavia, observou-se
somente em fêmeas. Há de se considerar, para os bioensaios, a importância da natureza
multicomponente dos feromônios na percepção pelos insetos, compostos individuais ou
mesmo a eliminação de qualquer componentes pode interferir no comportamento de resposta.

Controle Tratamento
ns
Machos
Sol. AG (13) Sol.AG + GSOL
ns
Hexano (32) Sol.AG + GSOL
ns
Hexano (29) Sol.AG + Glactona
ns
Hexano (22) Sol.AG x Glactona
ns
Hexano (15) Sol. Glactona
ns
Ar (3) AG (septo)
ns
Sol.AG (21) Sol.AG + GSOL
Fêmeas
ns
Hexano (40) Sol.AG + GSOL
ns
Hexano (20) Sol.AG + Glactona
ns
Hexano (19) Sol.AG x Glactona
ns
Hexano (33) Sol. Glactona

Ar
*1
(2) AG (septo)

Figura 2. 15 Primeira escolha de machos e fêmeas de Conotrachelus humeropictus procedentes da


coleção estoque e campo1 para solução sintética (ácido grandisoico (Sol.AG), Grandisolactona (Sol.
Glactona) e Grandisol (Sol.GSOL) - 0,01 mg.ml), ácido grandisoico septo (AG-septo - 2 mg/septo) em
bioensaios com olfatômetro em Y manufatura acrílico. A primeira escolha foi analisada por Regressão
Logística; X2 e teste de Wald para avaliar a significância. Barras representam o IC a 95%. Asterisco

97
indica diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de Qui-quadrado (χ²), onde: *, 0,05> p
>0,01. ns: não significativo. Números entre parentes representam os bioensaios com insetos que não
responderam aos estímulos odoríferos.

Controle Tratamento
Machos
Ar ns (2) AG (Manaus)

ns (9) AG (Brasília)
Ar

Fêmeas Ar
ns (9) AG (Manaus)

*
Ar (9) AG (Brasília)

Figura 2. 16 Primeira escolha de machos e fêmeas de Conotrachelus humeropictus procedentes do


campo para ácido grandisoico (AG) - 2 mg/septo em bioensaios com olfatômetro em Y adaptado com
de vidraria anti-splash. X2 para avaliar a significância. Barras representam o IC a 95%. Asterisco
indica diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de Qui-quadrado (χ²), onde: *, 0,05> p
>0,01. ns: não significativo. Números entre parentes representam os bioensaios com insetos que não
responderam aos estímulos odoríferos.

4.3.6. Eletroantenografia (EAG) de C. humeropictus

Na análise por GC-EAD, antena de fêmea de C. humeropictus respondeu a solução


sintética de ácido grandisoico a 0.01 mg/mL (Figura 2.17). Mostrando que fêmeas apresentam
proteínas receptoras de ligantes de odores para este composto, indicando que este composto
tem potencial para ter uma função comportamental de atratividade. Esse estudo não foi
conduzido com os machos devido a falta de insetos.

98
Figura 2. 17 Resposta de uma antena de fêmeas de C. humeropictus à solução sintética de 0.01
mg/mL de ácido grandisoico. Análise por CG-EAD.

4.3.7. Teste de atratividade em campo

Os testes conduzidos no campo usando lures (iscas atrativas) impregnados com


diferentes proporções e quantidades do ácido grandisoico sozinho ou combinado com o
grandisol (grandlure l) ou com grandlure comercial do bicudo do algodoeiro não atraiu
nenhum inseto. A efetividade de iscas atrativas no campo decorre de inúmero fatores, dentre
eles, destacam-se a natureza multicomponente do feromônio, a taxa de liberação dos septos,
concentração, proporção dos compostos, isolados e/ou mistura racêmica. Além disso, os
fatores climáticos, tipos de armadilhas, época, local de instalação ou mesmo a contribuição
dos voláteis de plantas, influenciam no processo de atratividade. Todos esses fatores devem
ser melhor compreendidos e ajustados ao campo.

Os experimentos de campo foram planejados em 2016, quando não tínhamos feito a


identificação do grandlure II, que ocorreu somente em maio de 2017 com insetos provenientes
do sacolejo. Assim, sendo a proporção dos componentes nos liberadores não é a mesma que o
inseto libera e essa deve ser a principal causa da não captura dos insetos nas armadilhas
feromonais. Esses compostos são comuns a vários curculionídeos, e a proporção dos
99
componentes deve ser um fator importante para reconhecimento da espécie. Novos estudos de
campo deverão ser conduzidos usando o ácido grandisoico como composto majoritário e o
grandlure I e II com minoritários, mimetizando a liberação natural dos insetos.

O composto macho-específicos, ácido grandisoico, teve como resultado em laboratório


a atração de fêmeas. Portanto, era esperado que ao menos as fêmeas fossem atraídas pela isca.
No entanto, no campo, nenhum inseto foi capturado para nenhum dos tratamentos. Em campo,
muitos fatores podem afetar a atratividade como, por exemplo, a armadilha (modelo, cor e
altura da instalação) a concentração dos compostos na isca ou a taxa de liberação (PROKOPY
et al., 2000; BAVARESCO 2005).

Adicionalmente, as armadilhas foram instaladas num período de plena frutificação.


Nesta fase, os insetos já deveriam ter migrado da floresta para o interior do pomar,
provavelmente atraídos pelos voláteis das plantas. Nestas circunstâncias, inexiste a
possibilidade de que iscas contendo apenas componentes macho específico, não sejam
suficiente para atrair os insetos, tendo em vista inúmeros relatos da literatura que afirmam
aumento na captura de insetos em armadilhas no campo quando combinados feromônio e
voláteis de planta hospedeira (LESKEY et al., 2001; HOCK et al., 2017; BLAND, 2017;
MESQUITA, 2003).

No segundo experimento, realizado de maio a julho, as armadilhas foram instaladas


num período em que não tinham flores e nem frutos nas plantas. Nesta época, sem a presença
de flores e frutos, provavelmente sem os insetos no campo, as armadilhas com iscas
feromonais poderiam agir na atração dos insetos. Porém, isso não ocorreu. Assim, iscas com
feromônio dos machos combinado com voláteis da planta hospedeira poderiam ser avaliados
nos próximos experimentos de campo.

Estudos diversos citam exemplos de sistema bem estabelecido de monitoramento, com


o emprego de armadilhas com feromônio (BENTO et al., 2016; NAVARRO, et al., 2002;
VILELA; DELLA LUCIA, 2001; AMBROGI, et al., 2009). O monitoramento de C. nenuphar
utilizando iscas com atrativo, tem se apresentado eficiente na coleta em cultivos de ameixa,
maçã e pera (LESKEY; WRIGHT, 2004; PROKOPY et al., 2003), podendo ser
potencializado quando feromônio de C. nenuphar, ácido grandisoico, é testado em
combinações com limoneno e etil isovalerato ou benzaldeído, que são compostos presentes no

100
fruto hospedeiro, demonstrando aumentar a captura para alguns tratamentos (PROKOPY et
al., 2003).
Não restam dúvidas quanto a necessidade de continuidade de estudos da ecologia
química da broca-do-cupuaçu, tanto a nível de laboratório quanto de campo. Estudos como
este podem gerar ferramentas de inestimável benefício para o meio ambiente e para o
produtor no manejo integrado desta praga.

4.2. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste trabalho indicam que feromônios produzidos pelos machos
de C. humeropictus coletados de população do Amazonas, na região de Manaus é constituído
do composto majoritário ácido grandisoico e, dos compostos minoritários grandilure I e
grandilure II. A liberação desse feromônio ocorre em maior quantidade durante o período
noturno, o que faz sentido, uma vez que estes insetos tem hábito noturno, movimentando e
acasalando durante à noite.
Os bioensaios com fêmeas em laboratório mostraram atratividade significativa ao
ácido grandisoico quando impregnado em septo de borracha. Em função desse resultado,
abre-se uma grande perspectiva quanto ao uso desses compostos no campo como alternativa à
serem empregados no manejo integrado de C. humeropictus.
Os resultados obtidos são de grande importância, porque deram “início” ao estudo da
ecologia química da broca-do-fruto do cupuaçu. Com a descoberta do feromônio dessa
espécie novos estudos devem ser realizadas tanto a nível de laboratório quanto de campo. Para
o sucesso dessa estratégia no efetivo controle da espécie dentro de um contexto de MIP, é
necessário que esse trabalho tenha continuidade.

101
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106
Capítulo III

Avaliação do nível e intensidade de infestação natural de Conotrachelus humeropictus


Fiedler (Coleoptera: Curculionidae) em pomar de cupuaçuzeiro.

107
5. Avaliação do nível e intensidade de infestação natural de Conotrachelus
humeropictus Fiedler (Coleoptera: Curculionidae) em pomar de cupuaçuzeiro.

RESUMO

Na cultura do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) a broca-do-fruto


(Conotrachelus humeropictus) é do ponto de vista fitossanitário a principal praga. Embora
existam informações sobre nível de infestação desta broca em pomares de cupuaçu, ainda são
necessários estudos que impliquem em informações mais precisas e atualizadas sobre o
potencial de danos desta praga a esta cultura. A análise do nível e intensidade de infestação da
broca-dos-frutos permite inferências sobre os danos na produtividade e servem de subsídios
aos produtores para adoção de medidas de controle. A pesquisa foi desenvolvida em um
pomar de cupuaçuzeiro com incidência de broca-do-fruto, da Estação Experimental da
Embrapa Amazônia Ocidental, situada no Km 29 da rodovia AM 010, no município de
Manaus no Amazonas (2o53’ S e 59o58’ W), no período de janeiro a dezembro de 2017. As
amostras foram representadas por frutos coletados de trinta plantas com idade aproximada de
vinte anos, selecionadas no início da safra. A coleta dos frutos foi realizada três vezes ao mês.
Os frutos foram caracterizados como sadios (sem presença de larvas ou furos) e brocados
(com larvas ou furos por fruto), calculando-se o nível de infestação (NI) da broca nas plantas
avaliadas. Neste mesmo período e nas mesmas plantas, foi realizado o levantamento e
monitoramento físico de adultos da broca pela técnica do sacolejo. O maior nível de
infestação foi observado em plantas localizadas ao redor da mata, onde aproximadamente
91% dos insetos adultos também estavam presentes. O nível de infestação durante a safra
chegou a 42%, com média de quatro brocas por fruto. Os adultos de C. humeropictus foram
coletados em todos os meses do ano, com níveis mais baixos que durante o período da safra.
Esses dados ratificam estudos anteriores e ressaltam a importância de técnicas efetivas de
controle para esta praga na região Amazônica.

Palavras chaves: dinâmica populacional, broca-do-cupuaçu, insecta.

108
Evaluation of the level and intensity of natural infestation of Conotrachelus
humeropictus Fiedler, 1940 (Coleoptera: Curculionidae) in a cupuassu orchard.

SUMMARY

In the cupuassu culture (Theobroma grandiflorum) the cupuassu fruit borer (Conotrachelus
humeropictus) is from the phytosanitary point of view the main pest. Though there is
information on the level of infestation of this borer in cupuaçu orchards, studies are still
needed that imply more accurate and updated information about the potential damage of this
pest to this crop. The analysis of the level the intensity and infestation of the fruit-borer
allows inferences about the damages in the productivity and as subsidies to the producers for
the adoption of measures of control. The research was carried out in a cupuassu orchard with
fruit borer incidence, at the Experimental Station of Embrapa Western Amazon, located at
Km 29 of the highway AM 010, Manaus, Amazonas (2o53 'S and 59o58' W), in the period
from january to december 2017. The samples were represented by fruits collected from thirty
plants with an approximate age of twenty years, selected at the beginning of the crop. The
fruits were collected three times for month. The fruits were characterized as healthy (without
larvae or holes) and brocade (with larvae or holes per fruit), calculating the level of infestation
(NI) of the borer in the evaluated plants. During this same period and in the same plants, the
surveying and monitoring of adults of the borer was realized by shaking the tree branches.
The highest level of infestation was observed in plants located around the forest, where
approximately 91% of adult insects were also present. The level of infestation during the crop
42%, with an average of four larvae per fruit. Adults of C. humeropictus were collected in all
months of the year, with lower levels than during the crop period. These data confirm
previous studies and emphasize the importance of the effective control techniques for this pest
in the region.

Key words: population dynamics, cupuassu fruit borer, insecta.

109
5.1. INTRODUÇÃO

A cultura do cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum,


Malvaceae) é reconhecida como uma das mais importantes atividades agrícolas da região
Amazônica do Brasil. (SAID, 2011; VENTURIERI, et al., 1985; MULLER; CARVALHO,
1997). Atualmente, ocupa a quarta posição em área plantada das lavouras permanentes no
estado do Amazonas e, nas culturas de lavoura permanente está entre as dez com melhor
preço médio ao produtor. Além disso, compõe lista de produtos cuja produção é relevante em
âmbito regional, ao lado do açaí (Euterpe oleracea), pupunha (Bactris gasipaes) e graviola
(Annona muricata) (ALMUDI; PINHEIRO, 2015).

Apesar da inegável importância, preço, cadeia de valor consolidada, relevância


regional e avanços em outros aspectos da cultura, os problemas fitossanitários e,
especificamente a broca-do-fruto, ainda representam um fator limitante à expansão do
cupuaçu, em função da amplitude e severidade de seus danos. Inviabiliza a comercialização
da polpa e sementes, com prejuízo direto ao produtor. O percentual de frutos atacados tem
sido alto nos plantios na Amazônia Ocidental, tanto nos cultivos em sistemas agroflorestais
como em plantios solteiros (SOUZA et al., 2016; LOPES, 2000; LOPES; SILVA, 1998;
THOMAZINI, 2002; SILVA; PAMPLONA 2011).

Estudos desenvolvidos por Said (2011) sobre aspectos culturais e potencial de uso do
cupuaçu no estado do Amazonas, assinalam para um possível declínio da cultura na região,
visto que há descrença por parte dos produtores com o cultivo da espécie. Segundo o autor, os
produtores de cupuaçu sentem-se desestimulados a manterem seus cultivos por não
conseguirem combater a proliferação das pragas e doenças que afetam a planta (SAID, 2011;
LOPES; SILVA, 1998). O estudo não revela a proporção do desestímulo devido
especificamente a broca, mas, ressalta que é altamente recomendável o investimento em
pesquisas que visem práticas culturais como manejo da fertilidade do solo e controle de
pragas e doenças para que a cultura volte a ter índices elevados de produtividade.

Nesse sentido, não restam dúvidas da importância de estudos que visem a avaliação
dos níveis de infestação e monitoramento de insetos adultos no campo para dar suporte ao
agricultor quanto ao manejo desta praga. Estudos como este podem resultar em ferramentas
valiosas, pois permitem o estabelecimento de táticas de controle condizentes com o
comportamento do inseto praga no campo.

110
5.2. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi conduzida em um pomar de cupuaçuzeiro, em sistema de monocultivo


de aproximadamente 2 ha, cerca de 30 anos de idade e com incidência da broca-do-fruto, sem
manejo anterior da praga, localizado na Estação Experimental da Embrapa Amazônia
Ocidental, situada no Km 29 da rodovia AM 010 (2o53’ S e 59o58’ W), no período de janeiro
a dezembro de 2017 (Figura 3.1).
As amostras foram representadas por frutos coletados de trinta plantas, previamente
selecionadas no início da safra (Figura 1C). Vinte plantas, dentre as 30, foram aleatoriamente
escolhidas próximas a mata (~5 - 10 m de distância) e 10 no interior do pomar, distante da
borda da floresta primária (~20 - 30 m de distância), para verificar uma possível influência da
floresta na intensidade do ataque.
A coleta manual dos frutos (caídos) sob a copa das plantas foi realizada durante a safra
(janeiro a abril) três vezes ao mês até o final da frutificação. Os frutos colhidos foram
colocados em sacos plásticos identificados e transportados para uma área coberta com
bancada instalada no campo para processamento. Após prévia contagem dos furos todos os
frutos foram quebrados para avaliar a presença de larvas. Segundo Trevisan et al. (2011), ao
atingir o último instar cada larva faz seu furo de saída no fruto para pupar no solo.
Para avaliar o nível de infestação os frutos foram caracterizados como sadios (sem
presença de larvas ou furos) e brocados (com larvas ou furos por fruto), calculando-se o nível
de infestação (NI) da broca nas plantas avaliadas: NI (%) = (fb / ft) x 100) fb = frutos
brocados; ft = total de frutos (SOUZA et al., 2016).
Paralelamente ao estudo de infestação, foi realizado o levantamento e monitoramento
físico de adultos da broca pela técnica do sacolejo. Esse levantamento foi desenvolvido no
período de janeiro a dezembro de 2017, englobando inclusive o período da safra. As plantas
selecionadas para o levantamento e monitoramento da broca foram as mesmas para o estudo
de infestação.
A aplicação da técnica de sacolejo era feita três vezes ao mês. Foi utilizada uma tela
plástica, de cor branca com dimensões de 8m x 3,5 m estendida no chão (Figura 3.1D), na
projeção da copa da árvore que, em seguida, teve seus ramos sacodidos por 5 segundos com o
auxílio de uma vara de madeira com 5m de comprimento e um gancho na extremidade
(TREVISAN, 1989). Os adultos de Conotrachelus caídos na tela foram rapidamente contados,

111
sexados e levados ao laboratório de entomologia agrícola da Embrapa Amazônia Ocidental,
onde foram mantidos em placa de Petri, em grupos de no máximo 10 indivíduos e
alimentados com cana-de-açúcar.
A

A B

C D

Figura 3. 1 Área experimental utilizada para coleta de insetos e voláteis de plantas de


cupuaçu. Estação Experimental da Embrapa Amazônia Ocidental, Km 29 da rodovia AM 010.
Pomar Nagibão (2°53'17.39"S; 59°57'59.22"O). A e B, vista aérea do pomar Nagibão e sua
dimensão em volta da floresta. C, plantas de cupuaçu e D, sacolejo de plantas de cupuaçu
localizadas na borda da floresta.

5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O nível de infestação alcançou 46% dos frutos produzidos durante a safra, com média
de 4 brocas por fruto (Tabela 3.1). Praticamente, metade da produção de frutos foi
comprometida com o ataque da broca. O que normalmente acontece com pomares antigos de
cupuaçu e atacados por C. humeropictus.
A maior porcentagem de infestação da broca ocorreu no mês de abril (78%) que
também apresentou a maior intensidade de infestação (4,62 + 0,84 larvas/fruto). Ressalta-se
porém, que as fêmeas de C. humeropictus ovipõem em frutos a partir de dois meses de idade,
portanto, no início da frutificação que acontece nos meses de novembro a dezembro
112
(TREVISAN, 1989; TREVISAN et al., 2011; SILVA et al., 2016). A aferição da presença de
larvas nesta fase inicial de desenvolvimento dos frutos de cupuaçu, torna-se extremamente
difícil. Assim, o registro de infestação desta broca torna-se mais exequível quando os frutos
de cupuaçu estão totalmente maduros; fase em que caem ao solo.
A porcentagem de frutos atacados teve um pico em janeiro (59%) e abril (78%)
coincidindo com os valores de No médio de larvas/fruto de 4,54 e 4,62, respectivamente
(Tabela 3.1).
A maior percentagem de frutos brocados no mês de abril, pode ser explicado pela alta
população de insetos adultos obtidos na copa das plantas nos meses de janeiro a março
(Figura 3.4). Especificamente no mês de abril os frutos permaneceram sob a copa da árvores e
ao final do mês foram quebrados. Provavelmente esse período, sob a copa das árvores, foi
suficiente para o completo desenvolvimento e saída das larvas dos frutos, consequentemente
melhor aferição do número de larvas pelo número furos presentes, tendo em vista que em
diversos frutos recém colhidos e quebrados não se constata a presença de furos e/ou larvas
pequenas (não visíveis) (TREVISAN; MENDES, 1991; MENDES et al., 1997; AGUILAR;
GASPAROTTO, 1999). O número de larvas que abandonam os frutos, medido pelo número
de orifícios de saídas pode ser o dobro do número de larvas presentes no fruto (THOMAZINI,
2002).

Tabela 3. 1 Número total de frutos infestados, número total de insetos adultos coletados no
sacolejo, média de larvas de Conotrachelus humeropictus e de orifícios de saída de larvas por
fruto de cupuaçu, em área experimental da Embrapa Amazônia Ocidental. Manaus, AM. 2017

Mês No de frutos No de frutos Infestação No de machos No de fêmeas N° médio de


avaliados infestados (%) coletados coletadas larvas/fruto1
Jan 207 123 59 39 31 4,54 + 0,82

Fev 386 187 48 38 35 4,15 + 0,75

Mar 323 106 33 43 22 3,73 + 0,69

Abr 105 82 78 21 18 4,62 + 0,84

Total 1021 478 46 141 106 4,26


1
Estimativa correspondente ao somatório total de larvas pequenas (< 1,1 cm); larvas médias (entre 1,1 e 1,4 cm);
larvas grandes (>1,4 cm) e número de orifícios de saída das larvas encontradas no fruto. Um orifício significa
uma broca que saiu do fruto. ± erro padrão

113
Nas plantas próximas a mata, a infestação foi de 53% contra 41% das plantas
localizadas no interior do pomar (Tabela 2). Esses dados corroboram com outros estudos
realizados por Laker e Trevisan (1992), Oliveira (1997), Lopes e Silva (1998), Aguiar (1999)
e Thomazini (2002).

Tabela 3. 2 Número total de frutos avaliados, número de frutos broqueados, porcentagem


média de frutos de cupuaçu atacados e número total de adultos de Conotrachelus
humeropictus coletados pelo sacolejo em área experimental da Embrapa Amazônia Ocidental.
Manaus, AM. 2017.

Próxima a mata Interior do pomar


Sacolejo Sacolejo
(20 plantas) (10 plantas)
Mês Frutos Broca % No Fruto Broca % No
Jan 131 81 62 59 76 42 55 11

Fev 224 140 63 68 162 47 29 05

Mar 230 77 33 63 93 29 31 02

Abr 58 44 76 35 47 38 81 04

Total 643 342 53 225 378 156 41 22


Fonte: o próprio autor

Um total de quatrocentos insetos adultos de C. humeropictus foram coletados entre os


meses de janeiro a dezembro de 2017 (Figura 3.2). Aproximadamente 65% desses insetos
foram encontrados entre os meses de janeiro a abril (safra), período este, historicamente, mais
chuvoso, de menor temperatura e maiores médias de umidade relativa do ar, segundo os dados
agroclimatológicos, registrados pela Estação Agroclimatológica Convencional da Embrapa
Amazônia Ocidental (SCARAZATTI; ANTONIO, 2016) (Figura 3.3).
Entre os meses de maio a outubro houve um declínio na população de adultos nas
plantas de cupuaçu, com um pequeno pico no mês de novembro. Os poucos insetos
encontrados neste período possivelmente são os remanescentes dos últimos frutos atacados e
caídos da safra (Figura 3.4). Ao que tudo indica, esses insetos aparecem exclusivamente para
reprodução e depois migram para a floresta. Infere-se que estes adultos alimentam-se e talvez
infestam hospedeiros alternativos como o cupuí (Theobroma subincanum Mart) e cacauí
(Theobroma speciosum, Willd. ex Spreng) (SMITH; FLESSEL 1968, LAFLEUR et al., 1987,
PIÑERO et al., 2001).

114
Figura 3. 2 Número total de machos e fêmeas adultos de C. humeropictus coletados no período de
janeiro a dezembro de 2017, amostradas pelo método do sacolejo, em 30 cupuaçuzeiros componentes
de um monocultivo, com e sem mata ao redor. Manaus, AM.

Figura 3.3 Precipitação pluviométrica e temperatura médias observadas na Estação Agroclimatológica


Convencional da Embrapa Amazônia Ocidental - CPAA durante o ano de 2017. Manaus, AM.

115
Figura 3. 4 Levantamento e monitoramento de adultos de Conotrachelus humeropictus no período de
janeiro a dezembro de 2017, amostradas pelo método do sacolejo, em 30 cupuaçuzeiros componentes
de um monocultivo. Manaus, AM.

Nas lavouras cacaueiras de Rondônia, Trevisan (1989) e Mendes e Trevisan (1991)


constataram a ocorrência de C. humeropictus sobre as plantas independentemente de sua fase
de desenvolvimento, em todos os meses do ano, sendo que as maiores populações de adultos
são observadas nos períodos de junho/julho, setembro/outubro e dezembro, enquanto que as
maiores infestações de larvas estão diretamente relacionadas aos picos de frutificação.
O número de insetos coletados nas plantas adjacentes a mata foi aproximadamente sete
vezes maior às plantas dentro do pomar (Figura 3.2 e Figura 3.5). Estudos desenvolvidos por
Thomazini (2002) e Oliveira (2003) na região do projeto: Reflorestamento Econômico
Consorciado Adensado - RECA, divisa dos estados do estado do Acre, Amazonas e
Rondônia, relatam que as plantas amostradas próximas a mata, apresentaram um número de
adultos maior que aquelas amostradas no interior do pomar. Explica ainda, que, essa diferença
populacional (com mata e sem mata), não significa, em geral, um aumento na porcentagem de
frutos broqueados. Para os autores, o papel da mata na população da broca deve ser melhor
elucidado.

116
Figura 3. 5 Levantamento e monitoramento físico de adultos de Conotrachelus humeropictus em
plantas adjacentes a mata e dentro do pomar, no período de janeiro a dezembro de 2017, amostradas
pelo método do sacolejo, em 30 cupuaçuzeiros componentes de um monocultivo. Manaus, AM.

Estudos sobre a migração, seleção de sítios de hibernação e mortalidade de


Conotrachelus nenuphar, revelaram que a dispersão dentro do pomar é relativamente limitada
e, maior na borda da floresta. Os autores sugerem que outros fatores além da árvore podem
influenciar a direção da migração do curculionídeo em direção a mata. Manter um padrão de
dispersão relativamente constante dentro de uma área específica pode ser uma vantagem
evolutiva para a broca, isso favoreceria uma certa coesão dentro da população que aumentaria
as chances de encontrar um companheiro (LAFLEUR, 1987; LOPES 2000; SOUZA et al.,
2016; THOMAZINI, 2002).
A amostra total de insetos coletados esteve constituída por 57% de machos, levemente
superior ao de fêmeas, tanto na borda quanto no interior do pomar, com proporção sexual
aproximada de 1:1 por planta (Tabelas 3.1 e 3.2). Em tese, o potencial de dispersão das
fêmeas é maior, portanto, esperava-se uma superioridade das fêmeas em relação aos machos.
Geralmente as fêmeas são maiores que os machos e assim, podem investir mais energia para
explorar o seu ambiente (THOMSON, 1932; LAFLEUR, 1987; MAIA et al., 1999; MENDES
et al., 1997).

117
Fica evidente o elevado nível de infestação natural desta praga constatado neste
estudo. Para Aguilar (1999), isso compromete a produtividade da cultura exigindo
conhecimento e aplicações de técnicas agroeconômicas para que seja obtida produtividade de
melhor qualidade e quantidade a fim de cobrir os investimentos realizados, e assim suprir o
mercado consumidor e oferecer lucros aos produtores.
O número elevado de insetos adultos coletados no campo durante a pesquisa, revela
que do ponto de vista metodológico o sacolejo pode ser adotado como uma alternativa para o
levantamento e monitoramento físico de adultos de C. humeropictus.

5.2. CONCLUSÕES

O nível de infestação natural por larvas de adultos de C. humeropictus é alto, o que


compromete aproximadamente metade da produção de frutos, com maior prevalência em
plantas localizadas próxima a mata. Isto coincide com número elevado de adultos
predominantemente durante a safra.

Como a maioria dos insetos adultos está relativamente próxima da borda da floresta, a
estratégia de controle desta broca deve focar nas plantas situadas nos primeiros 10 m de mata
adjacentes.

É provável que o ataque de C. humeropictus seja reduzido pela escolha de locais de


pomares isolados ou distantes da borda da mata, habitat de “invernagem” potencial. Embora
isso ainda possa ser testado, como medida de preocupação, reforça-se a recomendação de se
promover o distanciamento dos pomares de cupuaçu em relação a floresta para reduzir
substancialmente a infestação.

Como estratégia de monitoramento da população de adultos de C. humeropictus no


pomar de cupuaçu, recomenda-se a adoção da técnica do sacolejo pelo seu elevado potencial
de efetividade.

118
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CONCLUSÕES GERAIS

A broca-do-fruto do cupuaçu pela sua forma e natureza de ataque, constitui numa das
pragas agrícolas mais difíceis de controle efetivo.

Os resultados obtidos neste estudo, possibilitaram uma melhor compreensão dos


mecanismos de comunicação química e de alguns aspectos comportamentais de adultos de C.
humeropictus. Esta espécie por apresentar comportamento fitofágico de broqueamento, em
que estruturas vegetais são usadas como “escudos biológicos”, constitui uma categoria de
praga que desafia os esforços de pesquisa e inovação, na busca de soluções que resultem no
seu efetivo controle.

Os feromônios produzido pelos machos de C. humeropictus coletados de população no


Amazonas, na região de Manaus é constituído por um composto majoritário - o ácido
grandisoico e, dos compostos minoritários grandilure I (grandisol) e grandilure II.

Estes compostos quando associados aos voláteis liberados pelo cupuaçu


(cairomônios), principalmente aqueles voláteis produzidos pela planta na fenofase de
frutificação, constituem em importante fonte de atração da broca-do-fruto. Assim, é provável
que o recrutamento de novos indivíduos de C. humeropictus junto ao pomar do cupuaçuzeiro,
seja estimulado pelo sinergismo desses “compostos químicos específicos” com voláteis
emitidos por plantas de cupuaçuzeiro.

O maior nível de infestação natural encontrado neste estudo ocorre principalmente em


plantas relativamente próxima da borda da floresta. É provável que o ataque de C.
humeropictus seja reduzido pela escolha de locais de pomar isolados ou distantes da borda da
mata, habitat de “invernagem” potencial.

Estudos devem ser ampliados, sobre o sincronismo dos compostos químicos atrativos
produzidos por adultos da broca-do-fruto, correlacionando com os aspectos fenológicos e os
compostos químicos liberados pelas plantas de cupuaçuzeiro. Ainda há dúvidas quanto ao
potencial sinérgico dos compostos produzidos pelos insetos e plantas de cupuaçuzeiro e
outros fatores que participam como mediadores e amplificadores das complexas relações intra
e interespecíficas.

Pelos resultados obtidos neste trabalho, abre-se novas perspectivas quanto ao uso
desses compostos, como alternativa de controle e uma ferramenta a ser adotada na estratégia
do manejo integrado de C. humeropictus.

Para o sucesso dessa estratégia no efetivo controle desta broca dentro de um contexto
de MIP, é necessário que pesquisas em ecologia química venham a ter continuidade. Estudos
sobre a biologia e comportamento da broca, além de avaliações individuais e combinadas de
semioquímicos encontrados serão necessários.

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