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Universidade Estadual de Montes Claros -
UNIMONTES Centro de Ciências Humanas –
CCH Departamento de Comunicação e Letras – DCL Curso de Letras Português
Disciplina: Fundamentos da Sociológicos da Educação.
Vespertino- 2º período Discente: Thadia Tamine Lino de Oliveira
O livro “Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber”, de Tania
Quintaneiro, destaca a importância de Émile Durkheim para a Sociologia, enfatizando seu papel na consolidação da disciplina como ciência empírica. Durkheim acreditava na progressão da humanidade guiada pela "lei do progresso", um conceito que se originou no Iluminismo. Ele defendia a necessidade de um novo sistema científico e moral para substituir o antigo, apagado pela Revolução Francesa, que se alinhasse com a ordem industrial. Acreditava também que a vida coletiva não era simplesmente uma soma das vidas individuais, mas sim um fenômeno mais complexo, que exigia o uso do método positivo para seu estudo. O sociólogo desenvolveu um sistema de pensamento original, contestando as ideias dominantes da época. Para Durkheim, a sociologia deveria dialogar com outras disciplinas, mas ele também reconhecia as limitações dessas ciências na compreensão dos fatos sociais. O antropólogo define a Sociologia como a ciência que estuda as instituições, sua origem e funcionamento, focando nos fatos sociais, que são as maneiras de agir e pensar impostas pela sociedade. Ele argumenta que esses fatos sociais são externos aos indivíduos e formam uma realidade própria, distinta da soma das consciências individuais. Durkheim aponta que a sociedade é uma síntese, com uma consciência coletiva que molda o comportamento dos membros, e que a educação é um meio de internalizar essas normas sociais. Ele também reconhece que, apesar da pressão social, mudanças e inovações são possíveis, especialmente quando refletem novas aspirações coletivas. Além disso, o método de estudo da sociologia proposto por Durkheim busca abordar a vida social de maneira científica, não se prendendo ao senso comum. Ele argumenta que, embora a sociologia deva seguir um método semelhante ao das ciências naturais, ela não deve ser uma cópia exata, pois os fenômenos sociais têm características específicas que os diferenciam dos fenômenos naturais. Durkheim também defende que os sociólogos devem investigar as relações de causa e efeito e as regularidades sociais para descobrir leis e regras de ação futura, observando fenômenos rigorosamente definidos. O sociólogo estabelece que a sociedade deve ser estudada a partir de sua manifestação externa, considerando fatores como a população, a densidade demográfica, e a disposição territorial. Esses elementos são essenciais para entender a vida social, assim como a constituição do substrato social influencia os fenômenos coletivos. Durkheim propõe que os sociólogos considerem os fatos sociais como "coisas", ou seja, como objetos que a inteligência não penetra de maneira natural. Ele enfatiza a importância de afastar as prenoções, definir os fenômenos de forma objetiva e estudá-los independentemente de suas manifestações individuais. Essa abordagem científica exige que o sociólogo assuma sua ignorância inicial sobre os fatos sociais, livre-se de noções preconcebidas e adote a prática da dúvida metódica, semelhante à atitude de físicos e químicos ao explorar novas áreas de estudo. Ele também argumenta que o sociólogo deve se desinteressar das consequências práticas de suas descobertas e se concentrar em expressar a realidade não julgando. Durkheim critica o uso indiscriminado de conceitos como Estado, liberdade política e socialismo, que algumas vezes são utilizados de maneira imprecisa, sem uma compreensão científica adequada. O método durkheimiano propõe que esses conceitos só devem ser utilizados uma vez que sejam cientificamente constituídos, evitando misturas indistintas de impressões vagas e preconceitos. O antropólogo analisa a dualidade das regras morais, que, apesar de serem coercitivas, também são desejáveis porque nos ligam à sociedade, aumentando a vitalidade. As normas sociais transcendem os indivíduos e proporcionam uma elevação acima da natureza física. Ele compara a necessidade de revigorar os ideais coletivos aos ritos religiosos, que mantêm a coesão e a vitalidade do grupo, assegurando sua continuidade e a energia de seus membros. Durkheim discute a solidariedade social e sua relação com a coesão dos grupos, explicando como varia de acordo com o nível de divisão do trabalho. Ele propõe que possuímos duas consciências: uma coletiva, representando a sociedade dentro de nós, e outra individual, que reflete nossos pensamentos e sentimentos pessoais. Nas sociedades com menor divisão do trabalho, a consciência coletiva domina.. Já nas sociedades mais complexas, a consciência coletiva ocupa um espaço menor, permitindo maior desenvolvimento da individualidade. No entanto, essa diferenciação não diminui a coesão social; pelo contrário, a interdependência gerada pela especialização fortalece os laços sociais. Durkheim enfatiza que a divisão do trabalho se estende além da economia, afetando todas as esferas da sociedade, e que, à medida que a sociedade se torna mais diferenciada, abre-se espaço para a expressão da individualidade e autonomia. Durkheim diferencia dois tipos de solidariedade social: mecânica e orgânica, cada uma correspondente a diferentes tipos de sociedades. A Solidariedade Mecânica se prevalece em sociedades menos complexas, onde os laços entre os membros são diretos e baseados em semelhanças, sem intermediários. Os indivíduos são muito parecidos entre si e têm poucas diferenças, resultando em uma coesão baseada em similitudes. A consciência coletiva, ou seja, o conjunto de crenças e sentimentos comuns a todos, é dominante, e os indivíduos quase não se distinguem uns dos outros. A Solidariedade Orgânica surge em sociedades mais complexas, caracterizadas por uma extensa divisão do trabalho. Os laços sociais são baseados na interdependência, onde os indivíduos são unidos pelas diferenças e pela especialização de suas funções. A consciência coletiva diminui, cedendo espaço à individualidade e à consciência individual, permitindo que cada pessoa desenvolva uma esfera própria de ação. Durkheim apresenta que essas formas de solidariedade evoluem inversamente: à medida que uma sociedade se torna mais complexa e a solidariedade orgânica se desenvolve, a solidariedade mecânica diminui. No entanto, ambas as formas cumprem a função de assegurar a coesão social, sendo em sociedades simples ou complexas. Em sociedades com forte solidariedade, os membros mantêm muitas relações, aumentando sua interdependência e a frequência de seus contatos, o que fortalece os laços sociais. Durkheim distingue entre dois tipos principais de sanções: as repressivas, que infligem punição ao infrator, e as restitutivas, que buscam restaurar as condições anteriores ao dano causado. Ele observa que em sociedades onde a solidariedade é baseada em semelhança entre os membros, as normas jurídicas tendem a ser mais repressivas. Por outro lado, nas sociedades mais complexas, onde a divisão do trabalho é mais nítida, as regras jurídicas tendem a ser mais cooperativas. Nesses contextos, as infrações específicas não geram reações coletivas, mas são tratadas de maneira mais técnica e menos visível ao público em geral. Durkheim também relaciona o Direito à saúde social, comparando-o ao sistema nervoso de um organismo, regulando e expressando o estado de concentração e desenvolvimento da sociedade. Em suma, Durkheim utiliza o estudo do Direito para explorar e entender a estrutura e o funcionamento da solidariedade social em diferentes tipos de sociedades, mostrando como as normas jurídicas refletem e mantêm a coesão social. O sociólogo discute sobre moralidade, anomia, e a crise das sociedades modernas. Ele criticava as interpretações utilitaristas das causas da desordem social e enfatizava a importância dos fatos morais na integração dos indivíduos à vida coletiva. Acreditava que a moralidade estava enfraquecida nas sociedades modernas por conta da redução de instituições tradicionais como a religião e a família. Essas instituições estavam perdendo sua eficácia, e a profissão emergia como a nova base para a construção de solidariedade e moralidade. Durkheim via a crise moral como uma consequência do progresso econômico sem o correspondente desenvolvimento de instituições capazes de regulamentar e limitar os interesses individuais. A anomia resultava em desordens, ameaçando a coesão social. Ele defendia que as corporações profissionais poderiam substituir as funções morais e econômicas antes exercidas pela família, impondo regras de conduta e fomentando a solidariedade entre seus membros. O filósofo também criticava a divisão anômica do trabalho, onde a especialização extrema e a falta de regulamentação levavam à desintegração social. Ele argumentava que a divisão do trabalho deveria promover a moralidade, mas, em vez disso, estava gerando desigualdade. Ele via a luta de classes como uma expressão dessa anormalidade e defendia que as desigualdades sociais deveriam refletir as desigualdades naturais, com o mérito individual sendo valorizado. Durkheim via a crise moral das sociedades modernas como uma consequência da falta de regulamentação e da dissolução de instituições tradicionais, e propunha que as corporações profissionais poderiam ser a solução para restaurar a moralidade e a solidariedade social. Baseada nos princípios de Émile Durkheim, a moral é definida como um conjunto de normas de conduta que não apenas prescrevem como os indivíduos devem agir, mas que também envolvem um senso de dever, considerado essencial e desejável. Essas normas são sustentadas pela autoridade da sociedade, que confere a elas um caráter obrigatório. Ele sugere que a moralidade é essencialmente um produto social, surgindo da vida em grupo e sendo expressa através das instituições e normas coletivas. Cada sociedade possui uma moral que guia a opinião pública, servindo como um ideal que orienta as ações dos indivíduos. Negar essa moral é negar a própria sociedade, embora haja uma diversidade de consciências morais individuais que expressam essa moral comum de maneiras distintas. Durkheim também explora a ideia de que, à medida que a sociedade se torna mais complexa, a moralidade passa a refletir um sistema de crenças individualistas, onde a proteção dos direitos individuais e a criação de liberdades são fundamentais. Ele discute como o equilíbrio entre o Estado e os grupos secundários (como a família, corporações, e a Igreja) é importante para a manutenção dessas liberdades. O Estado, em uma sociedade moderna e complexa, tem a tarefa de garantir o respeito à personalidade humana e o desenvolvimento de um ideal social mais elevado, que transcenda os interesses individuais. No contexto de uma sociedade que valoriza o indivíduo, Durkheim alerta para os perigos do individualismo desregrado, que pode surgir da falta de disciplina e de uma autoridade moral forte. Para ele, a liberdade individual deve ser utilizada em benefício social, sendo um culto à pessoa humana que se eleva acima das consciências individuais. O francês argumenta que a religião reflete a sociedade idealizada, incorporando tanto aspirações positivas quanto aspectos negativos da vida social. Ele vê as religiões como os primeiros sistemas coletivos de representação do mundo, influenciando o desenvolvimento de conceitos fundamentais como tempo, espaço e causa. Durkheim critica as explicações empiristas e aprioristas do conhecimento, propondo que as categorias do entendimento são produtos sociais, originados na religião e expressando a vida coletiva. Logo, apesar de adotar um método positivista e enfrentar críticas que o associaram às tendências conservadoras de seu tempo, Durkheim estava atento às novas crenças e ideais que surgem em períodos de grande mudança social. Ele acreditava que momentos de exaltação moral poderiam revitalizar a fé nas sociedades e transformar a vida social em algo idealizado. Durkheim também acreditava na convivência pacífica entre indivíduos diversos, com esperança em uma justiça social global.