Relatorio Parcial

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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Ana Carolina da Silva


Bruna de Melo Janczur
Felipe Batista
Karine Mirelle Martins de Almeida
Sabrina Giovanna Soares
Tiago Lourenço Carvalho

Barreiras Culturais: O impacto da falta de multiculturalismo


no ensino de comunidades rurais
Polos de Estiva Gerbi, Conchal e Indaiatuba - SP
2024
UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Barreiras Culturais: O impacto da falta de multiculturalismo


no ensino de comunidades rurais

Relatório Técnico-Científico apresentado na


disciplina de Projeto Integrador para o curso
de pedagogia e letras da Universidade Virtual
do Estado de São Paulo (UNIVESP).

Estiva Gerbi - SP
2024
SILVA, Ana Carolina; JANCZUR, Bruna; BATISTA, Felipe; ALMEIDA, Karine; SOARES,
Sabrina; Carvalho, Tiago. Barreiras Culturais: O impacto da falta de multiculturalismo no
ensino de comunidades rurais. 20f. Relatório Técnico-Científico. Pedagogia e Letras –
Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tutor: (Rosangela de Oliveira Pereira).
Polo... (Estiva Gerbi, Conchal, Indaiatuba), 2024.

RESUMO

Este projeto integrador tem como foco a ausência do multiculturalismo no ambiente


escolar rural, determinando as causas, consequências e abordando soluções a serem aplicadas.
Apesar destas comunidades terem diversidades de costumes e tradições, não possuem um
contato satisfatório com as outras culturas fora da região homogênea, o que limita o aprendizado
e o desenvolvimento para um futuro fora da comunidade ali estabelecida.
A coleta de informações foi feita em uma escola rural do município de Mogi Guaçu,
onde realizamos pesquisas, questionários com os alunos e diálogos com os gestores e docentes
da unidade. Por esses recursos identificamos que a ausência das práticas multiculturais afeta a
formação escolar e o desenvolvimento interpessoal dos alunos, podendo causar falta de
empatia, preconceito com o distinto fora da comunidade e até mesmo com as relações em
grupos.
Através disto, o projeto propõe soluções para impedir que esta comunidade continua
em apenas um foco de ensino, abrangido o conhecimento e o interesse dos alunos sobre outras
culturas, etnias, línguas, entre outras diversidades. Espera-se, que com isso, a escola se torne
um ambiente com informações abrangentes.

PALAVRAS-CHAVE: Multiculturalismo; Cultura; Comunidades; Escola; Alunos.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1– Interesse dos alunos em aprender mais sobre o multiculturalismo ................. 15

Figura 2– Participação dos alunos em atividades sobre o multiculturalismo ................... 15


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8

2 DESENVOLVIMENTO........................................................................................................ 9
2.1 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 9
2.2 JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ................................................. 10
2.2.1 Isolamento cultural ......................................................................................................................................................... 10
2.2.2 Desigualdades socioeconômicas .......................................................................................................................... 10
2.2.3 Qualificação dos professores .................................................................................................................................. 11
2.2.4 Preconceito e estereotípicos ..................................................................................................................................... 11
2.2.5 Falta de estrutura.............................................................................................................................................................. 11
2.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 12
2.4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 15
2.5 RESULTADOS PRELIMINARES: SOLUÇÃO INICIAL ............................................... 16
2.5.1 Storyboads: Ilustração da solução inicial.....................................................................18

Referências .............................................................................................................................. 20
8

1 INTRODUÇÃO

A educação é o principal caminho para a construção de uma sociedade igualitária e


harmônica, porém, sabemos que os alunos presentes nas escolas rurais já se desenvolvem em
um ambiente com lacunas no que diz respeito às práticas pedagógicas do multiculturalismo,
impedindo que eles obtenham o conhecimento sobre outras culturas, etnias, línguas e tradições.
O Multiculturalismo é essencial no ambiente escolar, quanto mais esse tema é inserido nas salas
de aulas pelos professores, mais chances teremos de desenvolver os alunos para uma sociedade
harmoniosa, igualitária e respeitosa.
A falta de atividades pedagógicas relacionadas ao multiculturalismo nas escolas rurais,
pode gerar nos alunos uma visão limitada sobre o mundo, podendo privar os estudantes de uma
formação integral e até mesmo de um contato futuro com outras culturas. O que dificulta a
implementação do tema nessas comunidades, é a dificuldade de acesso a matérias didáticos,
professores com formação inadequada e também o difícil acesso para essas comunidades, a
falta de visibilidade em questão geográfica e idealista.
A escolha do tema foi através da colaboradora Ana Carolina, que possui um cargo
ocupacional, na comunidade escolar: Escola Coronel Joaquim Leite de Souza, situada no bairro
rural de Nova Lousa, em Mogi Guaçu - São Paulo. A escola atende alunos do Ensino Infantil
ao 9º (nono) ano do ensino fundamental, contabilizando o total de 210 alunos divididos entre o
período diurno, entretanto, o projeto foi desenvolvido com ênfase nos alunos do Ensino
Fundamental II. Optamos pela escola rural pelos inúmeros desafios que ela enfrenta, tais como:
dificuldade de acesso, falta de investimentos, falta de um currículo mais adaptado, entre outras.
Tivemos um ótimo acolhimento por parte dos gestores e dos docentes da escola, que
nos passaram seus pontos de vista e nos orientaram os problemas a serem resolvido e possíveis
soluções que poderíamos colocar em prática no ambiente escolar. E, inevitável para a pesquisa,
fizemos questionários com os alunos dos 8º (oitavo) e 9º (nono) anos, questionando se os
mesmos têm contato com outras culturas, se já tiveram atividades escolares relacionadas à
diversidade, também foram questionados sobre suas opiniões em questão do ambiente inclusivo
da escola, entre outras perguntas que nos levaram ao tema presente que será desenvolvido.
9

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 OBJETIVOS

O objetivo deste tema do projeto integrador é analisar a falta do multiculturalismo nas


comunidades rurais e o impacto que é causado nos estudantes, tanto, no desenvolvimento
educacional, quanto no social, propondo soluções por meio de estratégias pedagógicas,
determinando a evolução da diversidade de cultura e da integração de outras perspectivas no
ambiente escolar.
Designadamente, os objetivos específicos são:
 Investigar o ponto de vista de diretores, coordenadores, pais e alunos, sobre a
diversidade cultural e os desafios que causa na escola;
 Avaliar o que a ausência do multiculturalismo está ocasionada em questão
social, emocional e pedagógico;
 Propor métodos educacionais para promover a introdução do multiculturalismo
nos planos de aula;
 Desenvolver atividades que incluam, mostrem e analise outras culturas, etnias,
língua e tradições;
 Explorar barreiras culturais que impedem de inserir o multiculturalismo nas
escolas;
 Explorar como as mídias sociais podem reforçar ou dificultar a implementação
de conhecimentos culturais.
Estes objetivos visam promover uma compreensão mais profunda sobre a importância
da diversidade cultural e como ela pode ser integrada nas escolas rurais, oferecendo um
ambiente de aprendizagem mais inclusivo e representativo para todos os alunos. O projeto se
torna abrangente e estruturado, buscando não apenas identificar problemas, mas também
implementar soluções e fomentar uma educação mais inclusiva e multicultural nas escolas
rurais.
Em última instância, este projeto tem como objetivo criar uma base sólida para a
construção de uma educação inclusiva, onde o multiculturalismo não seja visto como um
desafio, mas como uma oportunidade para enriquecer o processo de aprendizagem e formar
cidadãos mais preparados para um mundo globalizado e diverso.
10

2.2 JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

As escolas rurais muitas vezes estão localizadas em regiões geograficamente isoladas e


com menos acesso a recursos pedagógicos diferentes, causando um aprendizado limitado à
cultura do local apenas, sem que os estudantes tenham contato com outras realidades. Isso pode
resultar em uma formação restrita, que não contempla a pluralidade e a diversidade cultural
presentes no país e no mundo. Durante o desenvolvimento do projeto, identificamos os
principias obstáculos das escolas rurais em relação a falta do multiculturalismo.

2.2.1 Isolamento cultural

O isolamento cultural dos alunos, delimita o contato dos alunos com outras culturas,
etnias, tradições, línguas, e como já foi dito, a consequência deste isolamento reflete em
cidadãos com uma visão limitada do mundo. Dificultando o desenvolvimento de valores
sociais, como, empatia, tolerância e respeito, valores estes que são essenciais para a convivência
em sociedade.
Alunos que crescem em comunidades culturalmente isoladas tendem a ter dificuldades
de adaptação em locais urbanos ou globalizados, podendo limitar oportunidades futuras como
uma busca por emprego ou até mesmo buscar um desenvolvimento intelectual.

2.2.2 Desigualdades socioeconômicas

Em regiões rurais, a pobreza e a exclusão social são fatores que afetam a qualidade do
ensino e a integração dos alunos. Isso pode se intensificar em contextos multiculturais, onde
minorias étnicas ou grupos indígenas enfrentam maior marginalização. A condição
socioeconômica das famílias influencia diretamente no ensino dos estudantes, muitas vezes
dificultando o acesso a matérias didáticos, transporte e atividades extracurriculares, mesmo que
essas dificuldades sejam responsabilidades governamentais, de fornecer para todos os alunos.
A Constituição Federal de 1988 assegura ao aluno da escola pública o direito ao
transporte escolar, como forma de facilitar seu acesso à educação. A Lei nº 9.394/96, mais
conhecida como LDB, também prevê o direito do aluno no uso do transporte escolar, mediante
a obrigação de estado e municípios, conforme transcrição abaixo:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
...
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009).
11

2.2.3 Qualificação dos professores

A falta de qualificação dos docentes é um problema significativo na educação,


especialmente em escolas rurais, onde os recursos didáticos são menores, a estrutura muitas
vezes precária. Com recursos limitados, é preciso uma preparação especial de um plano de aula
que desenvolva o multiculturalismo e, para isso, são necessários professores que tenham esta
perspectiva, que estejam dispostos a promover atividades diferentes e pesquisar como pode ser
feita a inclusão do tema com os recursos disponíveis.
A qualificação contínua é essencial para um bom educando. Professores sem acesso a
qualificações acabam sempre tendo os mesmos métodos de aprendizagem, sem novas
abordagens com os alunos, o que pode espelhar uma certa falta de interesse, por parte dos
estudantes. Isto acentua a desigualdade educacional, que como consequência dificulta o futuro
dos presentes estudantes.

2.2.4 Preconceito e estereotípicos

Escolas onde há pouco ou nenhum incentivo à diversidade cultural, o preconceito pode


se manifestar de várias maneiras, perpetuando estereótipos, preconceitos relacionados à etnia,
raça, religião, orientação sexual, exilando certos grupos, e como consequência limitando a
construção de um ambiente respeitoso e igualitário.
Quando o assunto de diversidade cultural não é valorizado no ambiente escolar, os
alunos pertencentes a minorias sociais podem se sentir vítimas de exclusão e descriminação. A
falta de representatividade de suas culturas no currículo escolar pode reforçar a ideia de que
suas identidades são menos importantes ou inferiores às culturas dominantes, perpetuando o
preconceito e a discriminação dentro e fora da escola.
A ausência do multiculturalismo e atividades que promovam o tema equidade e a
inclusão econômica podem fazer com que os alunos se sintam menos capazes ou menos dignos
de oportunidades, perpetuando as desigualdades sociais. Alunos que são vítimas de preconceito
têm a sua autoestima e autoconfiança afetadas, o que pode prejudicar seu desempenho escolar
e seu emocional, trazendo complicações ao longo da vida.

2.2.5 Falta de estrutura

As faltas de estrutura nas escolas rurais se manifestam através da infraestrutura, recursos


didáticos como cadernos, livros, giz em bom estado e equipamentos de audiovisuais. Sem o
12

fornecimento destes materiais, os professores enfrentam dificuldades para desenvolver métodos


de aprendizagem criativos, que envolvem os alunos em uma dinâmica diferente e até mesmo a
aplicação da aprendizagem clássica.
Com o mundo cada vez mais digital, as carências de tecnologia nas escolas rurais
acabam deixando os estudantes em desvantagem. Está falta de acesso prejudica o ensino, que
poderia ser desenvolvido através de multimídias e plataformas online, levando o ensino dos
alunos a uma metodologia mais interativa com a realidade virtual em que vivemos.

2.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para a realização do projeto, analisamos e usamos como fundamentação teórica alguns


artigos, matérias de revistas, trabalhos de conclusão de curso e documentos fornecidos pelo
Ministério de Educação (MEC).
Iniciamos pelo conceito de multiculturalismo pela Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), que é um documento normativo que orienta o currículo das escolas de educação básica
no Brasil. Ela estabelece os direitos de aprendizagem e desenvolvimento que todos os alunos
devem ter ao longo da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, promovendo uma
educação de qualidade para todos. No contexto do multiculturalismo, a BNCC traz princípios
que visam à valorização da diversidade cultural, social e étnica, refletindo a importância de uma
educação inclusiva e equitativa. A BNCC está fortemente alinhada com o conceito de
multiculturalismo, promovendo uma educação que não só ensine sobre a diversidade, mas que
também a valorize e a utilize como uma ferramenta essencial para a formação de cidadãos
críticos, éticos e capazes de conviver em uma sociedade plural. Por meio de um currículo que
integra a diversidade cultural, social e étnica, a BNCC busca construir uma educação inclusiva
e representativa de todas as vozes que compõem a sociedade brasileira.
Através de uma educação inclusiva e plural, a Base Nacional Comum Curricular busca
criar um ambiente que respeite e celebre as diferenças, promovendo uma convivência saudável
e democrática. A BNCC define dez competências gerais, das quais várias estão diretamente
relacionadas ao multiculturalismo, como:
 Competência 8: Visa a valorização da diversidade de saberes e vivências
culturais, promovendo o diálogo entre diferentes culturas, para fortalecer a
cidadania e a democracia. Competência
13

 9: Promove a empatia, a cooperação e o respeito, elementos centrais na


convivência com a diversidade.
Assim, sabemos que existe uma certa preocupação sobre o multiculturalismo nas escolas
por parte do Estado, porém, não é algo que está em prática em todas as escolas.
Para compreendermos mais sobre as dificuldades das escolas rurais, recorremos ao
artigo Educação no campo: Desafios e Perspectivas, onde tem como foco os desafios que essas
escolas enfrentam, nesta publicação é destacada como a falta de infraestrutura é um empecilho
para uma educação de qualidade, como é descrito no trecho:
Segundo Mendes (2020), “a carência de recursos destinados à infraestrutura escolar em
regiões rurais é um impedimento significativo para assegurar o ensino de qualidade no campo”.
(Revista Brasileira de Ensino e Aprendizagem, 2023, v. 7, p. 03).
O artigo também destaca a importância de uma formação de professores que não apenas
integre teoria e prática, mas que também se alinhe com as realidades do ensino rural. A
conscientização sobre as práticas e o contexto em que se inserem é essencial para a
transformação educativa. Essa abordagem holística contribui para formar educadores críticos e
preparados para enfrentar os desafios do ambiente educacional.
E para nos aprofundarmos no tema, usamos como base o Trabalho de Conclusão de
Curso de alunos da Universidade Federal Rural de Pernambuco. O objetivo da monografia é
analisar as especificidades da educação em áreas rurais, destacando tanto os desafios quanto os
avanços. A problemática central está em como os professores podem lidar com as dificuldades
no processo de ensino-aprendizagem dos alunos do campo. Apesar desses desafios, há um
esforço significativo por parte dos profissionais da educação rural para inovar e adaptar suas
práticas pedagógicas, buscando melhorar o aprendizado dos estudantes. A educação no campo
requer uma abordagem que considere as particularidades e desafios enfrentados pelos alunos,
promovendo uma experiência de aprendizado que não apenas instrua, mas também
emancipadora e que respeite suas identidades. O papel do educador é crucial nesse processo,
pois a diversificação das práticas pedagógicas e a conexão com o contexto familiar e produtivo
podem fazer toda a diferença na formação dos alunos.
Os mesmos trazem que a falta de multiculturalismo e estrutura de ensino para as escolas
rurais está diretamente ligada ao poder público, que tem a responsabilidade de garantir uma
educação igualitária para todos os cidadãos. Caldart (2002), tem a educação como:
[...] a luta do povo do campo por políticas públicas que garantam o seu
direito à educação, e a uma educação que seja no e do campo. No: o
povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o povo tem
direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua
participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas
14

e sociais. (Educação na zona rural: dificuldades no processo de ensino e


aprendizagem, 2021, p. 11).

A análise deste trabalho foi crucial para formular estratégias e políticas educacionais
que reconheçam e atendam às especificidades da educação rural, garantindo que todos os alunos
tenham acesso a uma educação de qualidade, que respeite suas culturas e realidades. A conexão
entre a escola e a realidade do campo é fundamental para a construção de uma educação
significativa que respeite a cultura local e prepare os alunos para serem agentes ativos em suas
comunidades. Essa visão educacional não só promove o aprendizado, mas também fortalece a
identidade e a autonomia dos estudantes do campo.
O espaço rural costuma ser visto a partir da perspectiva urbana, muitas vezes por meio
de programas de TV, reportagens e textos acadêmicos. Essa visão, que vem do ponto de vista
do "dominador" mais moderno e rico, perpetua estereótipos e idealizações sobre o campo.
Quatro principais estereótipos são comumente associados aos sujeitos rurais: o preguiçoso e
doente, como o personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato; o invasor e preguiçoso, visto em
movimentos sociais agrários; o trabalhador pacífico e ingênuo, muitas vezes enganado por
espertos da cidade; e o caipira carismático, representado por Chico Bento, de Maurício de
Sousa. Esses estereótipos retratam um sujeito imaginário e irreal, mas que acaba influenciando
a construção das identidades dos habitantes rurais. Segundo Renata Rôveri Candido, "[...] o
espaço rural costuma ser visto a partir da perspectiva urbana, muitas vezes por meio de
programas de TV, reportagens e textos acadêmicos. [...]. Esses estereótipos retratam um sujeito
imaginário e irreal, mas que acaba influenciando a construção das identidades dos habitantes
rurais" (CANDIDO, Renata Roveri, 2009). Assim, é evidente que a superação dessas barreiras
culturais é essencial para promover uma educação mais inclusiva e representativa, que valorize
as experiências e identidades dos alunos rurais, contribuindo para uma sociedade mais justa e
plural.

2.4 METODOLOGIA

Logo após tomarmos a decisão de desenvolver o tema do projeto integrador na escola


localizada em zona rural, a integrante do grupo SILVA, Ana Carolina, compareceu à escola e
conversou com os professores e com a equipe gestora sobre o tema a ser executado, anotando
algumas ideias, referências e problemas que o tema sugerido influencia na rotina escolar dos
alunos. A partir deste primeiro contato decidimos aplicar questionários para as turmas do 8º
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(oitavo) e 9º (nono) anos do ensino fundamento. A partir destes questionários desenvolvemos


um gráfico de acordo com o interesse dos estudantes pelo tema, como é mostrado abaixo:

Figura 1: Interesse dos alunos em aprender mais sobre o


multiculturalismo.

28%

72%

Não tem interesse Acha importante

Fonte: Questionário realizado com os alunos do 8º e 9º ano da escola rural, EMEB "Coronel Joaquim Leite de
Souza, localizada em Mogi Guaçu - São Paulo.

Como mostra o gráfico, uma porcentagem significativa dos alunos tem interesse em
aprender mais sobre o multiculturalismo, porém, mesmo os alunos demonstrando interesse, o
nível de atividades sobre o multiculturalismo não é excelente, assim mostramos no próximo
gráfico.

Figura 2: Participação dos alunos em atividades sobre


o multiculturalismo

45%
55%

Já participou Não participou

Fonte: Questionário realizado com os alunos do 8º e 9º ano da escola rural, EMEB "Coronel Joaquim Leite
de Souza, localizada em Mogi Guaçu - São Paulo.
16

Mesmo que a maior porcentagem dos alunos já tenha participado de alguma atividade
relacionada ao multiculturalismo, é preocupante a quantidade de estudantes que não teve
nenhum contato com o tema. Se todos esses alunos tivessem sidos apresentados sobre a
diversidade de cultura, raças, etnias e tradições, com certeza o ambiente desta escola seria mais
agradável para todos presentes no local, tanto como os alunos, professores, gestores e os pais.
Diante de todas informações coletadas, concluímos que o simples fato de incluir
atividades sobre o multiculturalismo nas salas de aulas, já auxilia na evolução dos estudantes
em relação ao desenvolvimento de empatia e respeito por outras culturas e tradições. Junto com
os professores e gestores, desenvolvemos alguns planos de aulas que poderiam ser aplicados
em sala de aula para iniciarmos a parte prática do projeto.

2.5 RESULTADOS PRELIMINARES: SOLUÇÃO INICIAL

Através de conversas com os professores, decidimos usar como solução inicial a prática
dentro da sala de aula, apresentando aos alunos novas culturas por meio de explicações teóricas,
discussões coletivas e uma atividade em grupo. O intuito da atividade em grupo já ajuda a entrar
no tema, pois todos terão que ouvir opiniões diferentes sobre a cultura que será abordada,
desenvolvendo empatia e respeito por opiniões contrarias a de si mesmo. Nesta aula estaremos
desenvolvendo algumas habilidades baseadas na Base Nacional Comum Curricular:
 EF09HI06: Relacionar os processos culturais, econômicos e sociais que contribuem
para a diversidade cultural brasileira. (Brasil, Ministério da Educação, 2018)
 EF69LP36: Produzir textos argumentativos que articulem temas como diversidade
cultural, identidade e convivência. (Brasil, Ministério da Educação, 2018)
O tema da aula será, O Multiculturalismo: Reconhecendo e Valorizando a Diversidade
Cultural, como público alvo teremos os alunos do 8º ano e acontecerá em aproximadamente 02
aulas de 50 minutos. A aula tem como objetivos gerais, a compreensão dos alunos sobre o
conceito do multiculturalismo e sua importância na sociedade, causar um impacto de reflexão
sobre a diversidade cultural presente no Brasil, conhecer outras culturas que não fazem parte
do seu dia a dia, promover o respeito e a valorização de diferentes culturas e incentivar a
empatia e o respeito entre culturas distintas.
A aula terá início com algumas perguntas sobre o multiculturalismo para os alunos,
dando abertura para eles falarem o que acham da temática. Logo após, ocorrerá a explicação
aprofundada do tema, detalhamento do conceito do multiculturalismo, mostrar o quão
17

importante é a diversidade, e enfatizar a importância de conhecer um pouco de cada cultura.


Também será mostrado a eles as contribuições das culturas indígenas, africanas, europeias e
asiáticas, entre outras existentes no Brasil.
Após a explicação, a turma será dívida em grupos e cada um deles terá uma cultura
diferente para ser pesquisada, cada grupo deverá identificar os principais elementos dessa
cultura (tradições, vestimentas, comida, música etc.) e como esses elementos estão presentes
no Brasil. Este processo de pesquisa em grupo promove a comunicação e a colaboração, os
alunos aprendem a ouvir diferentes opiniões, expressar suas ideias, lidar com conflitos,
habilidades essenciais tanto na vida escolar, social e profissional. Discutir e debater diferentes
pontos de vistas desafia os alunos a ter um pensamento crítico, eles aprendem a analisar
informações, formular argumento e questionar suposições.
A atividade em grupo inclui a pesquisa ativa, que envolve os alunos de forma mais
dinâmica nos métodos tradicionais, deixando eles mais interessados no tema trabalhado.
Juntos com todas essas habilidades os estudantes desenvolvem responsabilidade, já que cada
membro é responsável por uma parte do trabalho, isso ajuda a compreender a gestão de tempo
e comprometimento com os objetivos do grupo. Esses elementos combinados fazem da
pesquisa em grupo uma experiência significativa, preparando os alunos para desafios
escolares e também para a vida fora da escola.
Também será exibido para os alunos trechos de vídeos ou documentários curtos que
retratam a diversidade cultural no Brasil e em outros países. O uso de matérias audiovisuais
ajuda os alunos a visualizar e compreender conceitos mais complexos, além disso causa um
foco maior nos estudantes, estimulando o interesse pelo assunto, consequentemente
estimulando um aprendizado mais profundo.
A avaliação final será através da participação dos alunos na participação das
discussões coletivas e no desenvolvimento e apresentação do trabalho. Vamos observar se
todos os objetivos da solução foram atingidos, se todos os estudantes compreenderam o
conceito do multiculturalismo, se entenderam o fato de saber respeitar outras culturas,
tradições, etnias, entre outras diversidades. Finalizando com um reforço sobre a importância
de respeitar e valorizar a diversidade cultural, encoraja-los para a busca de uma educação
igualitárias para as comunidades rurais e induzi-los a ser cidadãos mais conscientes e
empáticos.
18

2.5.1 Storyboads: Ilustração da Solução Inicial

ETAPA 1

ETAPA 2
Explicação sobre o multiculturalismo

Divisão dos grupos e culturas

ETAPA 3

Pesquisa dos alunos sobre a cultura ETAPA 4


atribuída ao grupo

Apresentação de cada grupo

ETAPA 5


Discussão sobre as culturas
apresentadas e finalização da aula
19

O desenvolvimento deste projeto integrador permitiu uma visão ampla e aplicada dos
conhecimentos adquiridos ao longo do processo. Ao unir teoria e prática, foi possível identificar
e solucionar os desafios propostos, culminando em resultados que superaram as expectativas
iniciais.
Através da aplicação das metodologias estudadas, desejamos atingir os objetivos
estabelecidos. Além disso, o projeto proporcionou uma oportunidade valiosa de trabalhar em
equipe, promovendo a troca de ideias e a cooperação, fundamentais para o sucesso de projetos
multidisciplinares.
Por fim, a conclusão deste projeto integrador reforça o impacto que a falta do
multiculturalismo pode causar na vida dos estudantes, e como a inclusão do tema ajuda a
prepara-los para os desafios reais do mercado de trabalho e contribuindo de forma significativa
para nosso desenvolvimento pessoal e profissional.
20

REFERÊNCIAS

Brasil. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Informação e documentação. Brasília:


MEC, 2018.

ARAÚJO, Claudiana Rafaela de Lima; AGUIAR, Eliene da Silva. Educação na zona rural:
dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Educação a
Distância e Tecnologia, Recife, 2021.

MENDES, Fabiana; ARAUJO, Sabrina Karen Oliveira Souza; FERREIRA, Luiques Tunes;
SANTANA SANTOS, Isabel Cristina. Educação no campo: desafios e perspectivas. Revista
Brasileira de Ensino e Aprendizagem, v. 7, p. 468-484, 2023.

CANEN, Ana; OLIVEIRA, Angela M. A. de. Multiculturalismo e currículo em ação: um


estudo de caso. Revista Brasileira de Educação, v. 21, p. 61-74, set. /out. /nov. /dez. 2002.

BRASIL. [Constituição (1988) ]. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Brasília, DF: Presidência da República.

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