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ELEMENTO MADEIRA

Autor: Jesus Garcia de Almeida ¹


Orientadora: Claudia Mara Stapani Ruas ²
Data da Submissão: 21/02/2023
Data da Aprovação: 31/05/2023

RESUMO

Este estudo pretende abordar o elemento Madeira conforme a Medicina Tradicional Chinesa
(MTC), de forma, a compreender sua origem energética e suas funções. Neste estudo
realizou-se uma pesquisa bibliográfica em livros da MTC. Sendo um aglomerado de
conhecimentos teórico-empíricos, a acupuntura visa a cura de doenças por intermédio de
aplicações de agulhas. A teoria dos cinco elementos: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água;
supõe que tais símbolos provêm de forças cósmicas denominadas Yin e Yang e que estas
forças foram geradas através do TAO (energia original) que criou todas as coisas. O elemento
Terra possui o baço-pâncreas e o estômago como órgão e víscera, respectivamente. O baço-
pâncreas transforma os alimentos em essências distribuídas em todo o corpo, equilibra os
estados emocionais, harmoniza a forma corporal, balanceia a digestão, além de muitas outras
características. Já o estômago está acoplado ao baço-pâncreas e o auxilia nestes processos.
Como considerações finais constata-se que estes conhecimentos são fundamentais para
realizar o diagnóstico e um tratamento eficaz e integral.

Palavras chave: Medicina Tradicional Chinesa; Acupuntura; Elemento madeira.

ABSTRACT

This study intends to approach the Earth element according to Traditional Chinese Medicine
(TCM), in order to understand its energetic origin and functions. In this study, a
bibliographical research was carried out in TCM books. Being a cluster of theoretical-
empirical knowledge, acupuncture aims to cure diseases through needle applications. The
theory of the five elements: Wood, Fire, Earth, Metal and Water; it assumes that such symbols
come from cosmic forces called Yin and Yang and that these forces were generated through
the TAO (original energy) that created all things. The Earth element has the spleen and the
stomach as an organ and viscera, respectively. The spleen-pancreas transforms food into
essences distributed throughout the body, balances emotional states, harmonizes body shape,
balances digestion, and many other features. The stomach is connected to the spleen and helps
in these processes. As final considerations, it should be noted that this knowledge is
fundamental to carry out the diagnosis and an effective and integral treatment

Keywords: Traditional Chinese Medicine; Acupuncture; Wood elemento.

¹ Jesus Garcia de Almeida. Bacharel em Fisioterapia. Aluno do curso de Formação e Pós-Graduação Lato Sensu
em acupuntura. E-mail: subtenentejesus96.eb@gmail.com.
² Claudia Mara Stapani Ruas. Doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco. Professora de
Graduação e da Pós-Graduação da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e da Associação Brasileira de
Acupuntura /Faculdade Einstein- BA no curso de Formação e Pós-Graduação Lato Sensu em acupuntura. E-mail:
abapuntura.ms@hotmail.com
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INTRODUÇÃO

Neste presente estudo tem-se como objetivo desta pesquisa discorrer um segmento da
MTC: sendo o Elemento Madeira, compreendendo o conceito energético em que a energia Qi
está sempre em constante transformação, no qual, o Yin e Yang e os cinco Elementos,
existindo em sua conformidade o ciclo de geração e o ciclo de dominância, entre estes
elementos.

O método utilizado foi a pesquisa através de revisão bibliográfica utilizada como


referência dos professores da Associação Brasileira de Acupuntura (ABA) para o
desenvolvimento do trabalho teórico.

Através do material solicitado para elaboração da pesquisa estruturou-se o trabalho em


forma de artigo cientifico sendo dividido em 3 (três) partes, sendo que a primeira parte,
considera-se a história da Acupuntura.

É muito importante antes de falar da acupuntura, uma pesquisa da história, em busca


de fatos e informações de extrema relevância para trazer a luz do pensamento que permeia nos
tempos da atualidade.

A MTC que possui como pilar de sustentação, a filosofia Taoísta, na qual, foi
difundida desde os primórdios de geração para geração, seus conceitos e conhecimento
obtidos na antiguidade, onde, a Acupuntura tem seu surgimento registrado.

Na segunda parte deste artigo, discorre sobre a organização da MTC, na forma de que
existe a energia celeste, terrestre e entre as duas, encontra-se o homem, isso trata-se da
Energia Qi, a qual, é representada no pentagrama os cinco Elementos, onde, o elemento
madeira gera o elemento Fogo, este gera o elemento terra, esta gera o elemento metal, este
gera o elemento água, este por sua vez gera a madeira e assim sendo, fechando o ciclo da
geração; no ciclo dominância , o elemento madeira domina o elemento terra, esta domina o
elemento água, este domina o elemento fogo, que domina o elemento metal, este por sua vez
domina o elemento madeira, fechando o ciclo da dominância do pentagrama.

Segundo Cordeiro e Cordeiro (2018), o pensamento oriental, que conduz as atividades


dos chineses desde os tempos de Confúcio e pode-se dizer, talvez antes, é da filosofia Taoísta.

Desenvolveu-se a terceira parte deste trabalho, a análise do Elemento Madeira, sua


divisão de acordo com o homem, este sendo o Meridiano do Fígado de polaridade Yin e o da
Vesícula Biliar de polaridade Yang, no qual, de acordo com a sua natureza, tem representação
na estação da primavera, resplandecendo suas características fundamentais.

Os chineses em sua visão clássica tem a crença, de que o corpo humano, possui uma
rede de meridianos, os quais se conectam com os órgãos e vísceras, denominados de Zang FU,
responsáveis em transportar a energia Qi.

Desta forma, através desta teoria, surgiu a base fundamental, da técnica da aplicação
de agulhas e a utilização de moxabustão, obtém-se uma harmonização e proporciona um
efeito terapêutico, quando puntuando pontos específicos dentro do meridianos que deve ser
harmonizado, de forma a realizar uma tonificação ou uma dispersão da energia que encontra-
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se em desarmonia, com isto com a harmonia do Qi, o indivíduo passará a disponibilizar em


seu favor de um aparato de energias curativas que irá beneficiá-lo nas curas de sua lesões
físicas e harmonia emocional, obtendo uma saúde com plenitude, pois haverá o equilíbrio
entre o macrossomo e o microssomo, assim as doenças físicas e emocionais surgem quando
ocorre o desequilíbrio da energia Qi e correm pelos meridianos.

A história da acupuntura também é descrita por algumas lendas como as que são
conhecidas por marcos originário da acupuntura, sendo o desaparecimento do continente da
Atlântida, reconhecida com o berço do conhecimento que dela partiram os que sobreviveram,
e difundiram os ensinamentos para o mundo, chegando a China, os continentes africano e
americano, iniciando para esse povo o ensinamento da técnica. (GALLIAN E ROCHA, 2016).

Através da elaboração da anamnese, a avaliação dos pulsos, observação dos elementos


presentes na língua, íris dos olhos, é elaborado o plano de tratamento, observando também, a
estação do ano do momento da anamnese, somado com as queixas relatadas pelo paciente.

Por fim, buscou-se evidenciar, nas considerações finais que foram se desenvolvendo, a
abordagem para o Elemento Madeira que possui grande importância para a acupuntura, mas,
contudo, é uma parte do todo, sendo igualmente importante, como os demais elementos.

Ajustar a energia do organismo e prepará-lo para obter melhor qualidade de vida, tanto
na esfera física, mental e emocional, como adotar práticas de atividade física, como o TAI
CHI, disfrutando de uma boa dietética, aumentar as horas de descanso e lazer, diminuir horas
de trabalho, fazer acupuntura promovem o bem estar e garantem a melhora da saúde do
paciente.

1. A ORIGEM DA ACUPUNTURA

A acupuntura tem sua origem primordial desabrochada na civilização chinesa tendo


como o Imperador Amarelo (2797 a.c) o responsável pelo seu surgimento e codificação.

Este conceito foi observado de forma simbólica pois o calendário chinês tem seu início
na data do seu nascimento, assim, a origem da acupuntura se mistura com o início da
civilização e da cultura chinesa (DULCETTI JUNIOR, 2001).

Esta arte milenar era transmitida na antiguidade passando de mestre para discípulo de
forma verbal. O Imperador Amarelo foi o autor dos primeiros tratados da MTC, deixando
verdadeiros tesouros de ensinamentos tratando a respeito da saúde do corpo, do espírito e uma
grande variedade de receitas de uma vida galgada na sistemática com o objetivo de uma saúde
plena.

A medicina Clássica Chinesa, nos seus primórdios, teve dois personagens importantes
que contribuíram para o desenvolvimento da Acupuntura, o Imperador Amarelo (HUANG TI),
que difundiu seus conhecimentos em saúde do corpo (XING), espirito (SHEN), dicas de
mudança de hábito (TAO), e o Divino Laborioso, que foi o herdeiro do Pai da civilização
Chinesa” FU XI. O segundo foi EL JIA (2004), algumas mudanças nos fatores ambientais que
foram causadores de doenças, relacionadas ao Yin Yang, como frio e calor, foram
evidenciados no ano de 771 a. c.
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A imagem de um “homem pássaro” palpando o pulso radial de um chinês e uma


agulha de pedra foi encontrada numa figura de uma rocha na cidadela de Mawandui na China,
quando ocorria uma escavação, que foi interpretado por alguns autores, que trataria de uma
representação, que retratava a imagem de PIEN TSIAO, médico da antiguidade.

Foram através do conhecimento dos velhos sábios que viveram na antiguidade da


China, que o conhecimento da acupuntura teve sua origem, isto pode ser constatado no
capítulo 1 do clássico Imperador Amarelo (DULCETTI JUNIOR, 2001).

1.1 ACUPUNCTURA NO ORIENTE

A medicina e a religião têm papel de extrema importância e estando intimamente


interligadas, desta forma, invocavam-se os antepassados (ancestrais) para obter-se boas
colheitas, ajudar nas batalhas, sendo em respeito a questões médicas, de acordo com Cordeiro
e Cordeiro, 2018.

Houve um período no qual foi caracterizado pela explosão da filosofia Taoísta, isto
ocorreu, na dinastia dos HAN, onde de 219 a.C. até 206 a. C., no período compreendido 207 a
110 a.C, foram prescritas fórmulas de inibição à dor, analgésicas e anestésicas de fitoterapia
para realização de cirurgias.

Os pontos ASHI foram descritos pela dinastia TUNG, aparece o SUN SI MIAO (590-
682), onde formulou a aplicação de pontos e dietética. A acupuntura foi revigorada durante a
dinastia SONG, onde houve seu maior desenvolvimento.

A medicina Chinesa foi sistematizada a fim de tornar utilizável como sistema de


medicina de massas, este fato ocorreu em 1958, onde MAO TSÉ explanou que a MTC é uma
grande casa do tesouro (EEL JIA, 2004).

Segundo Cordeiro e Cordeiro (2018, p.13) “A história da acupuntura faz parte da


história da humanidade e por isso depende do ponto de vista do historiador [...] os chineses
possuíam um conhecimento das energias humanas maior que sua geração anterior, que o cor-
po de doutrina já estava formado e acabado nas dinastias de mais de 4.000 mil anos atrás’’.
Diz-se que a acupuntura surgiu quando um guerreiro ferido no calcanhar viu suas dores reu-
máticas desaparecerem.

Documentos chineses encontrados com datas de quatrocentos a.C contém estrutu-


ras médicas, seus princípios e aplicações práticas que foram aplicados a estudantes orientais
de medicina ao longo de milhares de anos. Palavras citadas pelo Imperador Amarelo datam de
quatro séculos a.C, o diálogo do Imperador com seu médico mais tarde foi documentado em
vinte quatro volumes sobre a acupuntura na china. As origens ancestrais da acupuntura pros-
seguiram como um segredo das famílias, passadas apenas aos membros dos próprios clãs, dos
quais os direitos tradicionais para praticar a medicina retrocediam no passado fazendo várias
gerações e somente alguns deles eram julgados capaz para exercê-la. (MANN, 1994).

Cheng (2008) descreve que a China sempre concedeu ao social e ao político, mesmo
que o individual tenha ocupado um lugar de destaque na época de rebelião e confusão, porém,
sempre lembrando que o papel de conselheiro do príncipe raramente se perdia de vista na
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época imperial. Uma vez que Confúcio desenvolveu a noção de mandato celeste, mesmo com
a queda do regime imperial, o destino do pensamento chinês está ligado ao das dinastias.
Desde a antiguidade na metade do século II antes da era cristã os primeiros escritos
encontrados exibiram características da civilização chinesa que sustenta suas raízes no culto
aos antepassados e no caráter divinatório da escrita e da racionalidade.

Através da aposta que Confúcio lançou sobre o homem, forjou-se uma ética que
nunca deixará de estimular a consciência chinesa. Perante os reinos combatentes (séc, IV-III)
aperfeiçoou-se uma mistura de ideias em virtude as multiplicações das correntes de
pensamentos. É nessa fase que os trunfos, os temas centrais, os riscos, as premissas, os
desafios e as orientações futuras se definem.

A partir da unificação da China pelo primeiro Imperador Qin em 221 a.C., o


pluralismo dos reinos combatentes marca passo. Depois da queda da dinastia Han no séc. III e
o desabamento de toda sua visão do mundo, o espaço político chinês vivencia um rompimento
que favorece o reaparecimento das correntes filosóficas dos reinos Combatentes e a
introdução do budismo vindo da Índia. Ainda que essa forma de pensamento fosse um pouco
estranha adaptou-se a sociedade e cultura transformando intensamente todo o patrimônio
cultural, até facilitar o avanço dos Tang.

Mesmo com a influência budista, a partir do fim do I milênio houve um empenho


pela tradição letrada dos Song como propósito de repensar de alto a baixo em função da nova
situação. A Dinastia Ming (séc. XV-XVI) portou-se contra essa renovação, sendo marcada
pela volta das virtudes de introspecção e o ressurgimento dos valores práticos, acelerado pela
instauração da dinastia manchu dos Qing.

Quando o pensamento chinês se identificou com o budismo, ocorreu um confronto


com a tradição do cristianismo e das ciências europeias, de início pelos missionários, posteri-
ormente através dos contatos que se multiplicam ao longo de todo sec. XIX até resultar nas
agressões por parte das potências ocidentais. No começo do séc. XX, a China se vê dividida
entre a herança do passado e o presente do ocidente.

No passado, muitas pessoas foram notáveis e famosas uma geração, e de


tempos em tempos. Tal como na dinastia Zhou, houve sua excelência Qin
Yueren (cerca de 220 a.C.), na dinastia Wei, houve sua excelência Zhang
Daoling (156 d.e.) e sua excelência Hua Tuo (falecido em 220 d.C.) todos
eles renovando diariamente sua aplicação dos princípios e conseguindo uma
multidão de seguidores, seu brilho tornou-se opulento, sua reputação atingiu
a realidade, o que muito provavelmente foi conseguido pelos seus ensina-
mentos e por uma dádiva dos céus. (WANG, 2001, p. 22)

Wen (1985) menciona que não existe documento que relatam como foi o surgi-
mento inicial da acupuntura, mas sabe-se que, desde tempos antigos, esta era uma arte muito
difundida entre os chineses.

1.2 A ACUPUNTURA NO OCIDENTE

Segundo Grendene e Grendene (2021, p.65)


[...] foi por intermédio dos jesuítas franceses em missão na China, enviados
pelo rei Luís XIV a Pequim ou Bĕi Jing it, no século XVII, que os europeus
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receberam os primeiros ensinamentos da medicina chinesa e Acupuntura. E


com eles surgiu o termo latino da "técnica das agulhas" praticada pelos
chineses: "Acus" = agulha e "Punctura" = picada. Dentre os monges jesuítas,
merece destaque o padre francês Hervieu, que publicou em 1671, em
Grenoble, o primeiro tratado sobre a matéria intitulado "Les Secrets de la
Medecine des Chinois". Em 1816 o Dr. Berlioz, pai do grande compositor
francês, enviou um memorial à Sociedade de Medicina de Paris, relatando
casos por ele tratados com acupuntura. Posteriormente, muitos pesquisadores
e adeptos da Acupuntura na França vieram na esteira desses sucessos. O
mais significativo foi o Dr. Cloquet, que usou o método para tratar de 400
pacientes no Hospital Saint Louis, em Paris. Contudo, foi com George Soulié
de Morant (1878 a 1955), após 1928, que a Acupuntura Chinesa Clássica (e
Tradicional) chegou definitivamente ao Ocidente, onde se difundiu na
França e demais países da Europa com os seus ensinamentos e práticas. Ele
foi enviado no início do séc. XX à Shangai ou Shàng Hai, como cônsul,
tendo permanecido na China por mais de 20 anos.

Depois do retorno dos primeiros jesuítas franceses que se encontravam na China em


missão científica, enviados pelo rei Luís XIV, que os Franceses obtiveram os primeiros
ensinamentos da Medicina Tradicional Chinesa, ocasião onde receberam os ensinamentos da
antiguidade dos Chineses, a partir daí, os franceses fizeram suas contribuições no qual
escreveram sobre seus estudos e práticas.

A publicação do livro “A Medicina entre os Chineses”, escrito pelo Francês Dabry de


Thiersant, interessantemente de que pelo fato de que o mesmo, nunca ter tido praticado a
acupuntura e nem possuir discípulos, seu livro levou em primeira mão aos franceses o
conhecimento a respeito dos pulsos patológicos (DULCETTI JUNIOR, 2001).

O Cônsul da França, Soulié de Morant, difundiu a prática no ocidente, foi enviado a


Shang Hai, sendo nomeado como “Mestre em Medicina Chinesa”. Através de Soulié, houve a
tradução dos textos para a língua francesa, foi ele quem criou a ordem alfanumérica dos
pontos, desenvolveu um aparelho que detectava os pontos e o disparador de agulhas.

1.3 A ACUPUNTURA NO BRASIL

O Brasil recebeu os imigrantes orientais, momentos que os mesmos, difundiram de


forma muito tímida e com pouca expressividade a prática da MTC, só depois da chegada do
Professor Frederich Spaeth, realizando atos de extrema importância para a difusão deste
conhecimento milenar, um deles, foi a Cofundador da Associação Brasileira de Acupuntura
(ABA) e do Instituto Brasileiro de Acupuntura, segundo Grendene e Grendene ( 2021).

Por volta dos anos 60, o Dr Edvaldo Leite utilizou pontos específicos da analgesia
cirúrgica. Em 1983, fundou-se uma entidade aliada a ABA, no qual, seus fundadores são: o Dr
Dulcetti e a Professora Pérola G. Dulcetti, onde cultivam os trabalhos do mestre Soulié de
Morant, somados com os ensinamentos do professor Spaeth, Elizabet Rochat, Claude Larre,
Dr Jean Schtz que são os diretores da Escola Europeia de Acupuntura (DULCETTI JUNIOR,
2001).
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2. AS TEORIAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

2.1 QI – AS ENERGIAS

Pode-se observar que a energia se encontra presente em tudo de diversas formas e


estados sendo esta a base da MTC, é a energia vital que estrutura todas as coisas, desde o
momento do nascer do sol (momento yang), até o anoitecer (momento yin), períodos
chuvosos (yin), períodos de sol (yang).

Primordialmente, da intenção de TAO, foi criada as energias de diferente polaridade e


com funções, que são distintas e complementares, dotadas de capacidade e inteligência, de
projeção e geração, sendo responsáveis pela criação do universo e, este a construção do
homem e de todos os seres viventes que nele habitam, com diferentes expressões de energias.

Observa-se que a acupuntura atua em três níveis formando um conjunto de energia


denominada primordial, são elas: Céu (1), Terra (2), Homem (3), que se apresentam como
celeste ou yang, terrestre ou yin, seguindo o pensamento de Cordeiro e Cordeiro, 2018.

O microssomo e o macrossomo se movimentam no tempo e no espaço, podendo ser


modificados de acordo com as estações do ano e hora do dia, hábitos de vida e excesso ou
deficiência de alguma atividade.

O homem recebe a energia celeste através da respiração, energia terrestre pelo


alimento e energia ancestral que foi adquirida de forma hereditária, como energia nutridora e
defensiva (CORDEIRO E CORDEIRO, 2018).

Nossa energia ancestral vai diminuindo com o decorrer dos anos, para que possa durar
mais tempo, haja vista que não se pode aumentá-la, deve-se tomar cuidados essenciais, de
forma a preservá-la.

Os meridianos recebem o nome de acordo com o órgão e víscera responsável, no qual


estão sendo conectados, desta forma, são condutores de energia e assim sendo, pode-se
realizar a regulação energética.

2.2 A TEORIA DO TAO E YIN E YANG

Conforme Dulcetti Junior (2019, p. 41):

Embora, o Tao se defina pelo indefinível, inominável, inefável. Presente em


tudo e em todos. Está acima de um princípio (Li) que significa estrutura
interna regente e ordenadora de todas as coisas, estabelecendo as leis do
Universo [...]. O Tao, dotado de Ação, origina as coisas. Tal ação pode ser
nomeada de Ação Criadora (do Tao) que em chinês se chama Potência ou
Eficàcia (De) que literalmente se traduz por Virtude, não no sentido moral de
virtude, mas, no sentido tradicional do termo, a geradora de manifestações
[...]. O Tao pode ser traduzido como sendo a VIA. Afirmam os sinólogos
clássicos que a Via é a origem (Yuan) de todas as coisas [...]. Isto quer dizer
que inicia o movimento determinante do surgimento do ser condicionado, o
seu desenvolvimento [...]. Toda noção chinesa é uma atitude, assim, também
é a doutrina do Tao, uma receita de vida, de se saber viver.
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Gendende e Grendene (2021) explicam que a MTC tem seus princípios baseados em
uma filosofia Daoista, seguindo uma ideia de “Ordem, Leis ou Princípios”, desde a origem do
universo, no cosmo e em seus fenômenos e manifestações. Deste modo, a Acupuntura e todas
as suas formas terapêuticas seguem a linha racional de que tudo o que se manifesta tem
origem de uma energia original, o TAO. Sendo este, imaterial, ele não simboliza o
“manifesto”, mas sim uma condição onde não há manifestações, suscitando a ideia de vazio
extremo ou primordial que precede a origem de todas as coisas, este estado é denominado Wú
Jí: o grande vazio potencial, que não possui polaridade. Providos de uma visão não
especulativa e observacional, os chineses antigos direcionavam sua atenção a fim de retratar o
que percebiam do que tentar encontrar o motivo da existência do universo, partindo do
princípio que é frívolo tentar explicar o inexplicável. Seguindo essa perspectiva, é inútil
descobrir a origem, motivo, significado ou fim da existência, mas é útil aprender como o TAO
funciona e aceitar as leis que o animam.

Segundo o parecer de Dulcetti Junior (2019, p.42):

[..] o Tao, o Yin/Yang evocam sinteticamente e suscitam globalmente a


ordenação rítmica que rege a vida no mundo e a atividade do Espírito. O
pensamento chines parece inteiramente comandado pelas ideias unidas de
Ordem, Totalidade e Ritmo[...]. A ideia do Tao não é exclusiva dos taoistas, é
um "estilo de vida chines". "O Tao é a Mãe de Tudo", isto é, o Principio
Universal. Marcel Granet escreveu que o emblema Tao num primeiro sentido
quer dizer "Caminho"; numa noção muito Sintética, dos chineses,
inteiramente diferente da nossa ideia de Causa e bem mais extensa, evoca o
Princípio Único de uma Ordem Universal, categoria Suprema. Para os
autores taoístas, o termo Tao possui significado resultante do complexo de
ideias muito próximas como a Ordem, a Totalidade, Responsabilidade, ou
até mesmo, o indefinido, o Incontável e o Inominado. No capítulo I, do Nei
Jing Su Wen aparece o termo Tao: "Os homens da alta antiguidade
observavam a Via se regulando pelo Yin/Yang, e atestavam a harmonia pela
Prática e pelo Números…", justamente o que falta para a geração atual. [...]
Os autênticos da antiguidade viviam "cem anos", respeitando a Ordem
Cósmica Universal (Tao), a Via, se valiam de técnicas práticas de
manutenção da vida e da força vital (Qi), tais como: a alquimia exterior e
interior, a acupuntura, o Qi gong, o Tai Chi Chuan (tai ji quan), dietética,
entre outras, associando-se com a numerologia prática os produtores do
Universo". As práticas terapêuticas preventivas e curativas são as Virtudes
ou a eficácia do Tao. Por analogia, a Via trata-se de uma reunião de métodos
para se manter a harmonia. Ademais, convém lembrar que o Tao com os seus
atributos compõe a base tradicional da medicina chinês.

Figura 01 - O grande vazio potencial, Wú Jí.


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Fonte: Grendene e Grendene (2019, p. 119).


Consecutivamente, Grendene e Grendene (2019, p. 120) explica:

De qualquer forma, para a maioria dos Daoístas, o Wú Jí se caracteriza o


momento cósmico do Céu Anterior ou Xian Tian X. Atribui-se Céu Anterior
para aquilo que vem antes do que é manifesto, antes do Céu/Terra, o que
precede a forma ou o próprio Ser. [..] O Céu Anterior contém potencialmente
tudo que comporá os nomes, as formas, os destinos dos seres particulares.
Ele simboliza a própria essência da vida e a incomensurável e sutil, anterior
às oposições ou ao Yin e Yang relativos. Em um momento posterior,
independentemente do tempo demandado, Wú Jí gera a primeira ação,
embora ainda no nível do "Não criado", dando origem ao Tài Yi - ou o
"Grande Um": denominado de "Um Ser", o "Indefinido", dando Início à
primeira manifestação na sua plena sutileza. O "Ser" ou You é gerado a partir
do "Não-Ser" ou Wú. [...] Na sequência, o Yúan Qí, que é Uno, se divide e
da origem ao “Dois” Original [...] há a polarização sem a “mistura” do
Yin/Yang, os quais são puros. Céu e a Terra ainda não foram formados. [...]
Este momento é denominado Taì Shi, ou o “Grande Início”. [...] O Yáng
puro, sutil e leve ascende e se espalha para formar o Céu ou Tian x. O Yin
pesado, denso e grosseiro se concentra para formar a Terra ou Di . É o
momento do desenvolvimento Cósmico da "Grande Simplicidade" ou Tài Su
x , quando a Terra e o Céu são formados. Após Céu [...] e Terra [...] serem
formados, há a descida do Yáng e a subida do Yin, ocorrendo a mistura dos
dois. [...] surge o Universo manifesto denominado de a "Grande
Manifestação" ou o "Fato Supremo" [...] A interação dinâmica do Yin/Yáng
gera os "Dez mil seres" [...] tendo o Homem ou Rén, como emblema
representante do nível "intermediário", resultado da totalidade das coisas e
dos seres do mundo concreto.

Figura 02- A Grande Manifestação.

Fonte: Grendene e Grendene (2021, p. 122).

Com relação ao Yin e o Yang, segundo a MTC, são energias opostas que se
complementam e estão em constante mutação de cada coisa, cada ser, onde um não existe um
sem o outro, como por exemplo, o yin não é totalmente yin e o yang não é totalmente yang
(EEL JIA, 2004).
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O Zang (órgão) fu (víscera), representam as energias supracitadas no corpo humano,


onde os zang são considerados estruturas densas como: coração, pulmão, rins, fígado e baço-
pâncreas e o fu (vísceras) são estruturas ocas como: estômago, bexiga, vesícula biliar,
intestino grosso e intestino delgado de acordo com Cordeiro e Cordeiro, 2018.

Existe a maré energética, onde cada órgão e cada víscera atinge maior atividade dentro
de um horário específico, ajudando o indivíduo a organizar rotina de alimentação, exercícios,
produtividade e descanso, assim sendo, organizando todo o ciclo circadiano e harmonizando
cada elemento e seu acoplado com a mudança nos hábitos de vida, adquirindo hábitos
saudáveis para desta forma, aumentar sua longevidade e qualidade de vida (AUTEROCHE E
NAVIL, 1992)

Com a mudança nas estações do ano que são: primavera, verão, interestação, outono e
inverno, existe maior evidência do yin ou yang, no qual, seu oposto declina, colocando o
próximo em ascensão.

O homem é diretamente afetado pela mudança nas estações, bem como, a


fisiopatologia, diagnóstico e o tratamento, cada estação têm a ação da energia perversa, como
a primavera com o vento, bem como, o verão com o calor, fim do verão com a umidade, a
seca no outono, frio nocivo no inverno (WONG, 1995).

Segundo Cordeiro e Cordeiro (2018) nada é totalmente Yin ou Yang, podendo-se até
determinar em alguns setores, verdadeiras escalas em que a quantidade de uma destas formas
de energia vai aumentando enquanto a outra vai diminuindo; é o que acontece em relação aos
sabores e as cores: o sabor picante é o mais Yang e a seguir, na ordem crescente da quantidade
de Yin e decrescente de Yang, temos os sabores: ácido, doce, salgado e amargo que é o menos
yang e mais Yin. Quanto às cores a ordem é: vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul anil e
violeta, sendo interessante observar que o vermelho é mais Yang e mais quente enquanto o
violeta é a cor mais Yin e mais fria (WONG, 1995).

2.3 OS CINCO ELEMENTOS

Pela transformação do yin-yang, resultou-se na natureza cinco elementos, são eles:


madeira, fogo, terra, metal e a água. Assim sendo, foram classificados de duas formas como
ciclo de geração onde: madeira gera fogo, fogo gera terra, terra gera metal, metal gera água e
água gera madeira e o ciclo de dominância, onde: a madeira controla terra, terra controla água,
água controla fogo, fogo controla metal e metal controla madeira.

O pentagrama é composto por cada elemento supracitado e cada elemento trabalha


com seu acoplado específico, sendo: elemento madeira representado pelo fígado e vesícula
biliar, o elemento fogo representado pelo intestino delgado, triplo reaquecedor, circulação e
sexualidade e o coração, o elemento terra representado pelo estômago e baço-pâncreas, o
elemento metal representado pelo intestino grosso e pulmão e o elemento água representado
pelo rim e bexiga.

A base filosófica da MTC de extrema relevância se apoia no conceito yin-yang,


manifestando na forma de QI, apresentando nas duas formas distintas: onde o sutil é o QI e na
forma mais densa o sangue, nas funções yin-yang na totalidade do corpo físico, energético e
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emocional, dependendo do estado da saúde do paciente, podendo se mostrar de forma


desarmoniosa, vista como deficiente ou em excesso (HIRCH,2009).

Os ensinamentos dos orientais revelam que o QI, energia vital provém dos doze
meridianos principais comparados como as águas que circulam no leito de um rio, que quando
há precipitação em alguns dias de chuva, estes rios enchem, ocasionando o seu
transbordamento, inundando os vales. Na visão da MTC, este fenômeno metafórico traz a luz
da interpretação que em situações que os meridianos transbordam da energia do QI, motivado
pelo excesso de energia inundam os outros meridianos extras que não têm a competência de
conter e transportar o QI.

O yin-yang distribuídos no ciclo dos cinco elementos no indivíduo retratado como


Zang-Fu, função Yin representado pelos órgãos e função Yang representado pelas vísceras.

3. O ELEMENTO MADEIRA

3.1 Os conceitos do Elemento Madeira

Segundo Dulcetti Junior (2001) o termo chinês Madeira quer dizer romper, com os
corpos, bem como que nasce após brotar na superfície alcançando a luz do sol. Expressa algo
que se solta da superfície do solo. Sua estação proporcional é a primavera, a cor é o verde que
é a cor da vida. O elemento Madeira se encontra no setor Leste, onde se manifesta a força
vital.

Hicks; Hicks; Mole (2007) descreve que a característica do elemento madeira vem da
árvore e de todo reino vegetal, e seu processo natural de crescimento, respeitando o ciclo de
crescimento das plantas. As sementes se depositam no solo no outono, no inverno ficam em
repouso no solo e em reação ao yang do calor e a luz da primavera a semente começa a brotar,
mas, só sendo possível com a umidade, solo apropriado e minerais para alcançar toda sua
capacidade de crescimento. A semente tem como destino crescer e se tornar uma planta e mais
nada. Crescerá encontrando dificuldades, mas sem desistir seguirá sua crescente direção,
podendo melhorar o progresso do seu desenvolvimento, ao longo desse processo de
transformação dará o seu melhor.
A cor referente da Madeira é o verde, o tom de voz é o grito, o sabor é o azedo, o
odor é rançoso e a emoção é a raiva. A Madeira tem como poder o nascimento,
correspondendo a todo seu processo de transformação, o clima é o vento, o órgão do sentido é
a visão, os orifícios são os olhos e a secreção são as lágrimas, o tecido correspondente ao
elemento são os ligamentos e tendões e os resíduos da Madeira são as unhas.

Figura 3- Caractere do Elemento Madeira


12

Fonte: Hicks; Hicks; Mole (2007, p. 147)

De acordo com Sionneau (2015, p. 144)


A madeira é o movimento do nascimento ou do renascimento, daquilo que
expande, sai da terra, sai de si mesmo. Claro que esta potente subida vertical
primaveril será acompanhada de uma explosão em fogo de artifício, mas será
preciso esperar a potência do fogo, no verão, para ver uma difusão centrifuga.
A madeira é o movimento da força bruta, masculina, que é necessária para se
separar e se distanciar do yin, necessário a mudança e transformação.

3.2 Características do Elemento Madeira

De acordo com Hicks; Hicks; Mole (2007) os órgãos que representam o elemento
Madeira são o Fígado e a Vesícula biliar, eles são nessa ordem o órgão yin e yang. Ainda que
suas funções sejam diferentes, são bem próximos e tem funções em comum.

O fígado tem o cargo de general das forças armadas, tem como função avaliar as
circunstâncias, planejar estratégias, ter consciência dos propósitos finais e força. O tempo
todo o planejamento está acontecendo, em todos os pontos do corpo, da mente e do espírito.
Perceber que a função planejamento do fígado falhou e mais fácil quando a mente fica
desorganizada e incapacitada de pensar o que poderia ser feito. O fígado nos deixa superar os
desafios da vida com vigor e flexibilidade.

Os órgãos yin guardam um “espirito”, o Hun que é descrito como “Alma Etéria” é
guardado pelo fígado. O Hun acomete algumas funções mentais como, o sono, pensamento,
consciência e concentração mental, por um lado, e raciocínio e capacidade de estratégia com
discernimento e sabedoria, por outro.

O Hun está preso ao sangue do fígado, e quando esse sangue não está benéfico, as
pessoas podem manifestar uma sensação de flutuação ao tentar dormir, ou sonambulismo, ter
muitos sonhos e não diferenciar o sonho da realidade. O Hun se afeta com o álcool e com
drogas facilmente. Porém se o fígado está em harmonia, o Hun permanece preso e a realidade
do sonho é diferenciada facilmente, assim, o desequilíbrio pode variar entre distrações leves,
até a completa distorção das percepções.

Hirsch (2009) diz que habilidade de discernir, a determinação e as decisões são


responsabilidade da Vesícula Biliar e está presente no corpo, espírito e mente. O horário que
se ligam ao fígado e vesícula biliar determinam se o desequilíbrio melhora ou piora. O horário
da vesícula biliar é das 23:00 até 01:00, o fígado da 01:00 até as 03:00, os sintomas de
desequilíbrio podem variar entre dificuldade em dormir, ou dormir profundamente.

Campliglia (2004) descreve que fígado é regulador das Vias das Águas e mantém o
sangue nos vasos, também é encarregado pelo fluxo livre de Qi. Se manifesta nos olhos,
tendões, ligamentos e unhas e do fluxo de Qi que protege que não haja acúmulos ou nós de
energia. Durante o descanso, a circulação tende a ficar mais lenta e o sangue fica reservado, o
fígado é o responsável por essa armazenagem, somente ele pode liberar o sangue durante
atividade física rigorosa. Assim, como o sangue é um portador de energia, o fígado ao
reservar esse sangue também reserva a energia. O fígado precisa estar em equilíbrio para que
se possa ver e enxergar, assim como as emoções que ele regula.
13

A vesícula Biliar é descrita como uma víscera especial, pois não recebe líquidos e
alimentos diferente de outras. É responsável pelas tomadas de decisões e escolhas, além disso
é responsável por acumular e excretar a bile, sendo a bile considerada energia pura do fígado.
No plano mental pela sua importante função ela recebe o nome de víscera de comportamento
particular. O elemento madeira tem a cor verde como descrição e as patologias do fígado e da
Vesícula biliar são principalmente esverdeadas. As patologias associadas envolvem
transformações emocionais, como irritações, ansiedade, estresse, vômitos, edemas, soluços,
cefaleias, tonturas e problemas nos olhos. A pessoa com as características madeira quando
bem equilibrado consegue seguir suas intuições e seus ritmos sem passar por cima dos seus
sentimentos para agir. Entende como equilibrar liberdade e responsabilidade, mas para isso,
precisa desenvolver a visão para si compreender.

A experiência clínica demonstrou que havia uma nítida relação entre os


órgãos e os meridianos do corpo. Assim, traçaram-se doze meridianos
ordinários; esses tinham relação direta com os órgãos e vísceras do corpo.
Além deles, estabeleceram-se oito meridianos denominados extrameridianos,
usados em patologias diversas. (WEN, 1985, p.25)

O meridiano da Vesícula Biliar é de natureza Yang e está acoplado ao meridiano do


Fígado que é de natureza Yin, recebendo a energia do meridiano do triplo aquecedor e
transferindo para o meridiano do fígado. O meridiano da Vesícula Biliar possui 44 pontos de
cada lado. Se inicia no angulo lateral do olho, sobe para a região temporal, desce por trás do
ouvido, ao longo do lado da nuca pela frente do meridiano triplo-aquecedor até a fossa supra
clavicular.

Existe um ramo que passa por trás e entra no ouvido, dirigindo-se pela frente da orelha
no ângulo lateral do olho. Do mesmo ponto, deixa outro ramo que desce pelo lado medial da
mandíbula, atravessa a região maxilar inferior do olho, e se estende pelo pescoço até atingir a
fossa supra clavicular. Continuamente, junto do outro ramal, se estende pelo mediastino, passa
pelo diafragma e liga-se com o fígado e a vesícula biliar. Saindo da vesícula biliar, se estende
pelo lado lateral do abdômen e atinge a região inguinal e vira por trás, na região trocantérica.

O meridiano principal surge do angulo lateral do olho, passa na frente da orelha


pela lateral da cabeça, e desce pela lateral do músculo trapézio na região supra escapular.
Continua pela frente do ombro, ao lado do peito, descendo pelo lado do tronco na região
trocantérica, unindo-se com o meridiano da bexiga na região da nádega. Segue pela borda
lateral da coxa, perna e pela parte anterolateral do tornozelo até o lado dorsal do pé, passando
entre o quarto e o quinto metatarsos no quarto dedo do pé. Há outro ramo que se separa no
lado dorsal do pé, passa entre o primeiro e o segundo metatarsos até o lado dorsal do dedão do
pé e liga-se com o meridiano do fígado. Como pode ser observado na figura abaixo.

Figura 4- Meridiano da vesícula Biliar


14

Fonte: Wen (1985, p. 120)

O meridiano do fígado é de natureza Yin, acoplado ao meridiano da vesícula biliar que


é yang. Recebendo a energia da vesícula biliar e transfere para o meridiano do pulmão.
Este meridiano começa no dedo do pé (hálux), pelo lado do pé entre o primeiro e o
segundo metatarsos, passando no ponto Zhongfeng (F4), l tsun na frente do maléolo medial,
atravessa com o meridiano do baço-pâncreas no ponto Sanyinjiao (BP6) acima do maléolo
medial, e sobe pelo lado ântero-medial da perna na borda medial da tíbia. Dirige pelo lado
medial do joelho e coxa para a região genital externa e suprapúbica, onde se junta com o
meridiano do Ren-Mo.

Continuando seu trajeto, sobe pelo lado do abdômen, até a reborda costal, ligando-se
ao fígado e à vesícula biliar. Este meridiano possui um ramo que vai atravessando o diafragma
pelo lado posterior do tórax, esôfago, laringe, passa pela região naso-faringeal e liga-se aos
olhos. Desse ramo, sai dos olhos atingindo a região maxilar em volta dos lábios. O ramo do
fígado passa pelo diafragma e pulmão ligando-se ao meridiano do pulmão. Como pode ser
observado na figura abaixo:

Figura 5- Meridiano do Fígado

Fonte: Wen (1985, p. 130)

3.3 Funções do elemento madeira

De acordo com Faria (2015) o elemento tem como função organizar, integrar e
fornecer propriedades de energia, as transformações do metabolismo, bem como suas
caracterizações e composições, a capacidade de agir, planejar e executar. O fígado é o órgão
responsável pelo metabolismo fisiológico e energético do organismo, ele promove uma
limpeza na energia do sangue tornando possível sua reutilização. Sua função hepática
transforma substancias químicas e energéticas originais em outras estruturas que o organismo
irá reutilizar. Ele também é o órgão responsável pela renovação do sangue (Xue).

Campliglia (2004) descreve a vesícula biliar como responsável por acumular e


excretar a bile, tendo função de ajudar o processo digestivo e digerir o fluxo de Qi, é
responsável pelas escolhas, coragem e impulso. A incapacidade de tomar decisões, fazer
escolhas e expressar raiva, pode ser insuficiência energética da vesícula biliar. Conforme
descreve Sionneau (2015, p. 292)
15

O fígado governa a livre circulação e a evacuação. Ele permite ao qì circular


de maneira fluida e assim o sangue circula sem entrave. “O qì circula então o
sangue circula”. No momento, não percamos de vista que é o coração que
tem a principal tarefa de mobilizar o sangue. “O corpo humano se
movimenta então o sangue circula nos canais, [se ele está] calmo então o
sangue é armazenado no fígado, é por isso que o fígado é o mar de sangue.

Dulcetti Junior (2001) discorre que a vesícula biliar tem a função de decisão e
sentença. Ela controla o fígado, energeticamente., o Meridiano da vesícula biliar antecede o
meridiano do fígado. As decisões da vesícula biliar, quer dizer que ela se acumula
energeticamente das essências. Pela bile determina uma conexão com o sistema nervoso
central pelo envio das essências às regiões cerebrais. Assim relacionam as energias as energias
originais Yin/Yang no Ming Men ou Porta do destino.

CONSIDERAÇÕES FINAI S

A acupuntura é transmitida de geração em geração, ensinando como o homem deve


agir para ter mais saúde, qualidade de vida e desta forma, viverem muitos anos adquirindo a
longevidade.

Esta técnica de origem milenar nos mostra e nos ensina que para ter um corpo em
plena harmonia energética, física e emocional e em constante equilíbrio, é necessário realizar
mudanças no hábito de vida, na forma de pensar e trabalhando seu ambiente interno e externo,
melhorando a alimentação, praticando atividade física, realizar atividades que busca o
equilíbrio mental e energético, atividades respiratórias, evitar os excessos como de trabalho e
sexual, desta forma, a energia ancestral é preservada, equilibrando a energia defensiva e de
nutrição, protegendo contra energia perversa.

Outras técnicas compõem a MTC de forma a complementar a técnica da Acupuntura,


que são: dietética, fitoterapia, moxaterapia, ventosas, auriculoterapia, atividade física como o
Tai Chi. É necessário que haja equilíbrio e harmonia para que a circulação energética possa
fluir normalmente, livres como as águas no leito de um rio, devendo-se tratado o desequilíbrio,
pois pode haver esgotamento da energia ancestral.

Assim sendo, a acupuntura patrimônio da humanidade, mostra-se de forma notória sua


importância, pois, além de melhorar o estado de saúde do ser humano em todos os níveis,
desde a sutileza até a matéria densa, é possível manter um organismo equilibrado e harmônico,
com a utilização desta técnica de forma preventiva, realizando intervenções pontuais, evitando
a desarmonia, insuficiência ou excesso das energias do próprio órgão e/ou víscera a fim
também de prevenir patologias tanto a nível energético, emocionais e quanto físicos.

REFERÊNCIAS

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1992.

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Paulo: PoloPrinter, 2018.

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São Paulo: Andrei, 2001.

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