Crise Do Fordismo 2503c
Crise Do Fordismo 2503c
Crise Do Fordismo 2503c
Crise do Fordismo
Teoria
Assim, o Fordismo viveu seu auge (anos dourados) durante as décadas seguintes, de 1950 a 1960,
viabilizado pela política de Welfare State, ou Estado de Bem-Estar Social. Após a crise liberal de
1929, houve uma política de Estado forte e interventor na economia, que garantiu o giro de consumo
e o reaquecimento da economia. Isso levou o Fordismo, mesmo com sua lógica de produção em
massa e estoques lotados, a chegar ao seu auge.
Todavia, as características do Fordismo não se sustentaram por mais tempo e, somado a outros
fatores econômicos, como o primeiro choque do petróleo, em 1973, resultaram em uma crise do
modelo produtivo na década de 1970. Nos tópicos abaixo, iremos nos aprofundar nas
características que explicam essa crise fordista.
Somando a isso, a durabilidade dos produtos e sua padronização, necessária para a produção em
massa, gerava uma estagnação do consumo. Uma vez que a inovação e o lançamento de novos
produtos eram limitados e sua durabilidade postergava a necessidade de compra de novos
produtos, a maior parte ficava nos estoques. Uma vez que a produção se acumula, muitos
investidores deixaram de reinvestir o lucro, reduzindo o quadro de empregados, gerando
desemprego e, portanto, redução do consumo. Com menor consumo, maior é o acúmulo da
produção, gerando um efeito ciclo negativo na economia, que resultaria em uma grande crise
econômica.
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A pressão dos sindicatos e do Welfare State
Como dito, o período de Welfare State ou Bem-Estar Social foi de forte intervenção estatal na
economia, o que garantia um consumo elevado. Porém, os ganhos de direitos trabalhistas
encareciam os gastos públicos e das empresas gerando duas consequências: uma menor
desigualdade de renda e uma diminuição dos lucros. O lucro se dá a partir da diferença entre o gasto
da produção e o ganho bruto. Dentro da concepção de muitos empresários, os direitos trabalhistas
encareciam o valor da mão de obra e eram o principal responsável pela redução do lucro das
empresas.
A saída para isso era diminuir os custos com mão de obra, principalmente a partir da redução de
direitos trabalhistas. Todavia, pelo fato de a fábrica fordista ser espacialmente concentrada,
qualquer sinal de mudança na legislação gerava uma maior pressão sindical. Assim, quando
sinalizado a perda de direitos, os trabalhadores se organizavam rapidamente, paralisando a
produção da fábrica.
Uma outra opção foi a inserção de tecnologia no processo produtivo, diminuindo cada vez mais a
necessidade da mão de obra. Tanto que, posteriormente a essas mudanças, irá se observar uma
elevação dos níveis de desemprego e uma precarização do trabalho. Isso irá ocorrer, pois as
indústrias com maior grau de automação irão exigir cada vez menos trabalhadores ou buscar por
outras formas de contratos, como a terceirização (processo no qual uma empresa contrata outra
empresa para realizar determinado serviço). Com isso, cria-se o cenário que explica a crise do
Fordismo.
Essa crise foi originada em resposta ao apoio estadunidense à Israel, no conflito pela Palestina. A
Arábia Saudita, uma das maiores exportadoras de petróleo, líder da OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) e grande representante do mundo árabe, decidiu reduzir a produção
como forma de atingir os Estados Unidos, pelo apoio a Israel. Tamanha foi a redução, que o preço
do petróleo dobrava semana após semana. Em uma sociedade altamente dependente dessa fonte
energética, rapidamente os preços dos produtos e o custo de vida subiram, o lucro diminuía,
empresas faliram e as bolsas de valores caíram.
Nessa situação de crise, a arrecadação dos Estados também estava em queda. Só que, por outro
lado, a lógica keynesiana exigia o aumento dos gastos para recuperação econômica e assim, o
saldo não fechava. Como poderia gastar mais, arrecadando menos? O Estado Keynesiano entrou
em crise e a solução defendida era uma menor intervenção/gasto do Estado na economia. Esse
novo modelo econômico defendido passou a ser denominado Neoliberalismo.
Dessa forma, podemos entender que a década de 1970 e 1980 é caracterizada pela ascensão do
Toyotismo (pós-Fordismo) aliada a mudanças no modelo econômico com a defesa do
Neoliberalismo. Isso tudo, somado a Terceira Fase da Revolução Industrial possibilitou a ampliação
da Globalização e o início de um processo de redistribuição da indústria pelo mundo, uma vez que
essa passou a buscar custos produtivos menores em outros países. Países emergentes, como o
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Brasil, que estavam em seu processo de industrialização pautados pelo intervencionismo de Estado
foram os que mais sentiram esse impacto, principalmente pela adoção do Neoliberalismo e a saída
de diversas indústrias.
O modelo de produção toyotista foi idealizado por Kiichiro Toyoda e Taiichi Ohno e difundido pelo
mundo a partir de 1970. O Toyotismo, também conhecido como sistema flexível ou pós-fordista,
foi desenvolvido em uma fábrica de automóveis da Toyota, no Japão, buscando atender às
especificidades da produção e do território japonês, que, por ser uma ilha, eram limitadas.
Uma das características desse novo modelo produtivo é a produção diversificada, com muitas
opções, buscando atender às características de cada mercado. Outra característica do Toyotismo
é a baixa durabilidade dos produtos, pois é uma resposta direta à durabilidade dos produtos
fordistas. O Toyotismo é um modelo que até mesmo antes de produzir um produto, busca manipular
a opinião sobre ele. Com o apoio da publicidade, muitas vezes, a necessidade de um produto é
criada antes da sua produção, o que impede que os estoques fiquem cheios, o que é outra
característica fundamental desse modelo.
Utilizando-se do Just in Time, que em uma tradução literal significa “na hora certa”, o Toyotismo
consegue produzir a quantidade exata de um produto, sem desperdiçar matéria-prima ou gerar
custos gigantescos de armazenamento. A ideia é que não se tenha grandes estoques e assim
diminuía as chances de crise econômica devido aos produtos ficarem parados nos estoques.
2. (Enem PPL, 2015) Falava-se, antes, de autonomia da produção significar que uma empresa,
ao assegurar uma produção, buscava também manipular a opinião pela via da publicidade.
Nesse caso, o fato gerador do consumo seria a produção. Mas, atualmente, as empresas
hegemônicas produzem o consumidor antes mesmo de produzirem os produtos. Um dado
essencial do entendimento do consumo é que a produção do consumidor, hoje, precede a
produção dos bens e dos serviços.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
4. (FGV, 2010) Ao considerar o processo de reestruturação produtiva como uma resposta à crise
de acumulação capitalista, esse processo encerra uma estratégia de reorganização da
produção e dos mercados. Dessa forma, esse processo interfere diretamente no(a)(s)
(A) Adoção de modelos de gerenciamento de recursos organizacionais e no sistema de
inclusão social das empresas.
(B) Organização da sociedade e no conjunto das relações que se estabelecem entre o capital,
o trabalho e o Estado.
(C) Modos de pensar e agir, cultural e socialmente, incentivando a organização coletiva e
sindical dos trabalhadores.
(D) Formas produtivas alternativas oriundas do meio rural, como novas tecnologias
artesanais de trabalho.
(E) Diagnóstico das relações sociais e na crise do Estado de Bem-Estar.
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5. Transformações produtivas geram grandes consequências que vão além da lógica das
indústrias. A crise que assolou o modelo fordista nos anos 70 trouxe reflexos para a
organização das cidades em que as principais unidades fabris estavam localizadas.
Podemos apontar como consequência da crise mencionada no texto
(A) A ampliação do número de sindicatos e o fortalecimento de sua capacidade de
negociação e de pressão.
(B) A emergência de um mercado de trabalho sólido decorrente de uma produção em escalas
diferentes.
(C) A elevação de postos de trabalho nos países ditos desenvolvidos.
(D) A redução dos postos de trabalho e a ampliação dos níveis de proteção social dos
empregados.
(E) A elevação dos níveis de desemprego e a precarização do trabalho.
6. (Enem, 2013)
8. (UEL, 2003) A expansão da produção capitalista, nos três primeiros quartos do século XX,
esteve assentada principalmente no modelo de organização fordista. A partir dos anos 1970,
esse modelo sofreu significativas alterações, decorrentes da dificuldade em enfrentar, através
de ganhos de produtividade, a crise que atingiu o sistema capitalista. Impôs-se ao universo
da produção a necessidade de profunda reestruturação econômica, expressa pela introdução
de novas tecnologias, flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos
produtos e dos padrões de consumo. Tais mudanças foram vistas por alguns como ruptura
e, por outros, como continuidade do modelo fordista. De qualquer maneira, o mundo do
trabalho real do século XXI já não é mais o mesmo.
Sobre os impactos concretos que afetaram a produção e o trabalho no Brasil, no quadro das
transformações comentadas no texto, é correto afirmar que houve:
(A) consolidação do assalariamento regulamentado, através da expansão do emprego com
carteira registrada para a totalidade dos trabalhadores.
(B) fortalecimento do poder de negociação dos sindicatos e elevação contínua da renda dos
trabalhadores.
(C) extinção por inteiro das formas antigas de divisão do trabalho baseada na separação
entre concepção e execução, em decorrência da alta qualificação intelectual dos
trabalhadores.
(D) expansão de formas alternativas de organização do trabalho (trabalho informal,
doméstico, temporário, por hora e subcontratação) em detrimento do assalariamento
tradicional.
(E) redução drástica das jornadas de trabalho e ampliação do tempo de lazer desfrutado
pelos trabalhadores.
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9. (Unicamp, 2018 – adaptada) Detroit foi símbolo mundial da indústria automotiva. Chegou a
abrigar quase 2 milhões de habitantes entre as décadas de 1960 e 1970. Em 2010, porém,
havia perdido mais de um milhão de habitantes. O espaço urbano entrou em colapso,
com fábricas em ruínas, casas abandonadas, supressão de serviços públicos
essenciais, crescimento da pobreza e do desemprego. Em 2013, foi decretada a falência da
cidade. Essa crise urbana vivida por Detroit resulta dos seguintes processos:
(A) ascensão do taylorismo; protecionismo econômico e concorrência com capitais
europeus; deslocamento de indústrias para cidades vizinhas.
(B) consolidação do regime de acumulação fordista; protecionismo econômico e
concorrência com capitais europeus; deslocamento de indústrias para outros países.
(C) declínio do toyotismo; liberalização econômica e concorrência com capitais asiáticos;
deslocamento de indústrias para cidades vizinhas.
(D) ascensão do regime de acumulação flexível; concorrência com capitais asiáticos;
deslocamento de indústrias para outros países.
(E) crise de superprodução; ascensão do regime produtivo rígido; mudanças nas estruturas
e estratégias empresariais.
Exercícios de fixação
1. B
O Fordismo viveu seu auge (anos dourados) durante as décadas de 1950 a 1960, viabilizado
pela política de Welfare State, ou Estado de Bem-Estar Social iniciada após a crise liberal e
intensificada no contexto, pós-Segunda Guerra Mundial.
2. A
Os custos elevados com a mão de obra, a padronização da produção e a durabilidade dos
produtos fordistas explicam a diminuição da margem de lucro das empresas, juntamente com
a possibilidade de grandes perdas econômicas com os estoques lotados.
3. C
O Fordismo era conhecido como um modelo rígido. Essa característica, em parte, tem relação
com a utilização de uma mão de obra especializada, que, acostumada com uma ou outra tarefa,
dificultava a alteração da linha de montagem e a respectiva diversificação produtiva. Após a
Segunda Guerra Mundial, o grande desenvolvimento técnico e científico deu início à Terceira
Revolução industrial. Todas as inovações criadas nesse período não eram incorporadas tão
facilmente pelo Fordismo, o que dificultava mais ainda sua sobrevivência como modelo
produtivo. A alternativa A está incorreta, pois a mão de obra não é qualificada, e a alternativa B
está incorreta, pois o Fordismo não é flexível.
5. A
O velho liberalismo renasceu com uma nova roupagem denominada neoliberalismo.
Exercícios de vestibulares
1. E
O Fordismo começou a esboçar sinais de decadência a partir de 1960. Isso decorre de suas
próprias características produtivas e de opções melhores quanto à produção oferecidas pelo
Toyotismo. Assim, a reestruturação produtiva observada refere-se ao declínio do Fordismo e
ascensão do Toyotismo.
2. C
No Fordismo, a produção era o fato gerador de consumo. Com a crise desse modelo e a
necessidade de mudança, o Toyotismo conseguiu atender bem a essa questão, pois, primeiro,
cria a necessidade, antes mesmo de o produto existir.
3. D
O Toyotismo busca oferecer uma produção de acordo com a demanda, a fim de evitar estoques
e possíveis gastos desnecessários. Just in time significa “em cima da hora” ou “no momento
certo”. É o sistema de pronta-entrega.
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4. B
A organização do espaço social e natural é extremamente regulada pelas relações produtivas
e de poder que se estabelecem no âmbito econômico.
5. E
O pós-Fordismo e o Toyotismo contam com relações de trabalho mais líquidas, menos
comprometidas. A terceirização, o trabalho temporário e a demanda por profissionais que se
adequem a diversas mudanças são maiores nesse modelo. Com essas mudanças é possível
observar um aumento do desemprego ao mesmo tempo que se observa a precarização do
trabalho/trabalhador.
6. D
Observando-se as duas imagens, é possível identificar que a diferença entre elas é a
necessidade ou não de estoque. No modelo 1, o armazenamento é originado pela produção em
massa, característica do modelo fordista-taylorista de produção, enquanto no modelo 2, a
produção ocorre quando é requerida, eliminando, assim, os estoques, característica essa que
corresponde ao modelo toyotista de produção (just in time).
7. A
O pós-Fordismo caracteriza-se pela flexibilização da capacidade produtiva e do trabalho, além
da maior automação na produção. A letra E está errada, pois o marketing é cada vez mais
responsável por estimular a troca por novos produtos.
8. D
Com o surgimento do Toyotismo, as relações de trabalho, que antes eram rígidas, se tornaram
mais flexíveis para se adequar à demanda produtiva, em um contexto em que a produção
passou a ocorrer de acordo com o gosto do consumidor. Isso, por outro lado, favoreceu ao
empresariado, pois representou a diminuição dos custos e a maximização dos lucros.
9. D
A cidade de Detroit está localizada no estado de Michigan, no Nordeste dos Estados Unidos.
Essa foi a região de grande desenvolvimento na segunda fase da Revolução Industrial. Com o
tempo, ela passou a ser denominada Manufacturing Belt ou Cinturão dos Manufaturados. Com
a reorganização espacial das indústrias possibilitada pela ascensão do Toyotismo e a lógica
de acumulação flexível, diversas empresas e indústrias buscaram outras regiões mais
competitivas. No geral, essas regiões foram países asiáticos, embora algumas tenham migrado
também para a América Latina. Esse quadro levou ao aumento do desemprego, à precarização
do trabalho e à decadência urbana na região do Manufacturing Belt, que passou a ser
denominada Rust Belt ou Cinturão da Ferrugem.
10. E
Nessa época o Brasil estava passando pela Ditadura Militar, que fazia alianças diretas com os
chefes de poder dos Estados Unidos. A ditadura seguiu a tendência das políticas neoliberais de
desenvolvimentismo e medidas que beneficiavam a burguesia. As consequências da crise no
Brasil, portanto, foram no sentido de tentar manter o desenvolvimento dos polos industriais,
mas fracassar aumentando muito a dívida externa e execrando sua população. Esse período
de crise do petróleo (1973 e 1979) e consequente restruturação produtiva do Fordismo levou à
substituição da lógica econômica Keynesiana pelo neoliberalismo, que defendia menor
intervenção do Estado na economia.