01 Lingua Portuguesa
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Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br
Quando Lula disse a Collor no primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais de 1989:
³(XVDELDTXHYRFrHUDFROORULGRSRUIRUDPDVFDLDGRSRUGHQWUR´
Os brasileiros colocaram essa frase no âmbito dos ³GLVFXUVRV GD FDPSDQKD SUHVLGHQFLDO´ e
entenderam não ³9RFr WHP FRUHV IRUD PDV p UHYHVWLGR GH FDO SRU GHQWUR´, mas ³9RFr DSUHVHQWD XP
discurso moderno e de centro-HVTXHUGDPDVpXPUHDFLRQiULR´.
Observe que há duas operações diferentes no entendimento do texto. A primeira é a apreensão, que
é a captação das relações que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No entanto, ela não
é suficiente para entender o sentido integral. Uma pessoa que conhecesse todas as palavras da frase
acima, mas não conhecesse o universo dos discursos da campanha presidencial, não entenderia o
significado da frase. Por isso, é preciso colocar o texto dentro do universo discursivo a que ele pertence
e no interior do qual ganha sentido. Alguns teóricos chamam ³FRQKHFLPHQWR GH PXQGR´ ao universo
discursivo. Na frase acima, collorido e caiado não pertencem ao universo da pintura, mas da vida política:
a primeira palavra refere-se a Collor e ao modo como ele se apresentava, um político moderno e inovador;
a segunda diz respeito a Ronaldo Caiado, político conservador que o apoiava. A essa operação
chamamos compreensão.
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: informativa e de reconhecimento.
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se
informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave,
passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo.
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras
como não, exceto, respectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha adequada.
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia
do sentido global proposto pelo autor.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos parágrafos
que é composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques.
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem
esquerda.
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira
clara e resumida.
Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos levará à
compreensão do texto.
Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um tecido. O fio deve ser trabalhado com muito
cuidado para que o trabalho não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato de escrever toma de
empréstimo uma série de palavras e expressões amarrando, conectando uma palavra uma oração, uma
ideia à outra. O texto precisa ser coeso e coerente.
Coesão
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais elementos de coesão são os conectivos,
vocábulos gramaticais, que estabelecem conexão entre palavras ou partes de uma frase. O texto deve
ser organizado por nexos adequados, com sequência de ideias encadeadas logicamente, evitando frases
e períodos desconexos. Para perceber a falta de coesão, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto,
procurando estabelecer as possíveis relações entre palavras que formam a oração e as orações que
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formam o período e, finalmente, entre os vários períodos que formam o texto. Um texto bem trabalhado
sintática e semanticamente resultam num texto coeso.
Coerência
A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto, ou seja,
ela é que faz com que o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da coerência será levado em
conta o tipo de texto. Em um texto dissertativo, será avaliada a capacidade de relacionar os argumentos
e de organizá-los de forma a extrair deles conclusões apropriadas; num texto narrativo, será avaliada sua
capacidade de construir personagens e de relacionar ações e motivações.
Tipos de Composição
Comumente afirma-se que certas ocorrências de discurso têm sentido próprio e sentido figurado.
*HUDOPHQWHRVH[HPSORVGHWDLVRFRUUrQFLDVVmRPHWiIRUDV$VVLPHP³0DULDpXPDIORU´GL]-VHTXH³IORU´
WHP XP VHQWLGRSUySULRH XP VHQWLGRILJXUDGR2 VHQWLGR SUySULR pR PHVPR GR HQXQFLDGR ³SDUWH GR
YHJHWDO TXH JHUD D VHPHQWH´ 2 VHQWLGR ILJXUDGR p R PHVPR GH ³0DULD PXOKHU EHOD HWF´ O sentido
próprio, na acepção tradicional não é próprio ao contexto, mas ao termo.
O sentido tradicionalmente dito próprio sempre corresponde ao que definimos aqui como sentido
imediato do enunciado. Além disso, alguns autores o julgam como sendo o sentido preferencial, o que
comumente ocorre.
O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a metáfora, e que em leitura imediata leva à
mesma mensagem que se obtém pela decifração da metáfora.
O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência da leitura ingênua, que ocorre
esporadicamente, é verdade, mas nunca mais que esporadicamente.
Não há muito que criticar na adoção dos conceitos de sentido próprio e sentido figurado, pois ela abre
um caminho de abordagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de crítica é a atribuição de status
diferenciado para cada uma das categorias. Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma conotação
GHVHQWLGR³QDWXUDO´VHQWLGR³SULPHLUR´
,QYHUWHQGRDSHUVSHFWLYDFRPRVPHVPRVDUJXPHQWRVSRGHUtDPRVDILUPDUTXH³QDWXUDO´³SULPHLUR´p
o sentido figurado, afinal, é o sentido figurado que possibilita a correta interpretação do enunciado e não
R VHQWLGRSUySULR 6H RVHQWLGRILJXUDGRp R ³YHUGDGHLUR´SDUDRHQXQFLDGR SRU TXHQmR FKDPi -lo de
³QDWXUDO´³SULPHLUR´"
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Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de perspectiva não é possível, pois o sentido figurado
está impregnado de uma conotação desfavorável. O sentido figurado é visto como anormal e o sentido
próprio, não. Ele carrega uma conotação positiva, logo, é natural, primeiro.
A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e estetização e até a geração de categorias se
ressente disso. Essa tendência para atribuir status às categorias é uma constante do pensamento antigo,
cuja índole era hierarquizante, sempre buscando uma estrutura piramidal para o conhecimento, o que se
estende até hoje em algumas teorias modernas.
Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária ao conhecimento científico, vemos
conotações de valor sendo atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações totalmente externas
a ela. Um exemplo: o retórico que tenha para si a convicção de que a qualidade de qualquer discurso se
fundamenta na sua novidade, originalidade, imprevisibilidade, tenderá a descrever os recursos retóricos
FRPR³GHVYLRVGD QRUPDOLGDGH´SRLVRTXHOKHLQWHUHVVDpS{UHVVHVUHFXUVRVUHWyULFRVDVHUYLoRGHVXD
concepção estética.
Sentido Imediato
Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata que, com certa reserva, poderia ser chamada
de leitura ingênua ou leitura de máquina de ler.
Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a existência de uma série de premissas que restringem
a decodificação tais como:
- As frases seguem modelos completos de oração da língua.
- O discurso é lógico.
- Se a forma usada no discurso é a mesma usada para estabelecer identidades lógicas ou atribuições,
então, tem-se, respectivamente, identidade lógica e atribuição.
- Os significados são os encontrados no dicionário.
- Existe concordância entre termos sintáticos.
- Abstrai-se a conotação.
- Supõe-se que não há anomalias linguísticas.
- Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto modificadores do código linguístico.
- Supõe-se pertinência ao contexto.
- Abstrai-se iconias.
- Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc.
- Não se concebe a existência de locuções e frases feitas.
- Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai-se o uso expressivo, cerimonial.
Sentido Preferencial
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teve origem em processos metafóricos, alegóricos, metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos o
VHJXLQWHH[HPSOR³8PFDPLQKmRGHFLPHQWR´2VHQWLGRSUHIHUHQFLDOSDUDDIUDVHGDGDpRPHVPRGH
³FDPLQKmRFDUUHJDGRFRPFLPHQWR´HQmRRGH³FDPLQKmRFRQVWUXtGRFRPFLPHQWR´1HVWHFDVRRVHQWLGR
SUHIHUHQFLDOpRPHWRQtPLFRRTXHFRQWUDS}HDWHVHTXHGL]TXHRVHQWLGR³ILJXUDGR´QmRpR³SULPHLUR
VLJQLILFDGRGDSDODYUD´7DPEpPpFRPXPRVHQWLGRPDLVXVDGRVHLPSRUVREUHRPHQRVXVDGR
Para certos termos é difícil estabelecer o sentido preferencial. Um exemplo: Qual o sentido
preferencial de manga? O de fruto ou de uma parte da roupa?
Interpretação
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer
finalidade de compreender o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a importância de
entender um texto?
Quando se fala em texto, pensamos naqueles longos, com introdução, desenvolvimento e conclusão,
onde depois temos que responder uma ou várias questões sobre ele. Na verdade, texto pode ser a
questão em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como é possível cometer um erro
numa simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura,
GHL[DPRV GH SUHVWDU DWHQomR QXPD Vy SDODYUD FRPR XPD ³QmR´ Mi PXGD D LQWHUSUHWDomR 9HMD D
diferença:
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que
encontrar correta. Pode parecer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais
do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões. Partindo desse
princípio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos
cometer ao ler um texto maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso que é preciso
melhorar a capacidade de leitura e compreensão.
A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo assim, temos vários tipos de gêneros
textuais, formas de escrita. Mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é a interpretação de
textos. Muitos dizem que não sabem interpretar, ou que é muito difícil. Se você tem pouca leitura,
consequentemente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto de vista e um grande medo de
interpretar. A interpretação é o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece justamente
quando há leitura. Somos fragmentos de nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias,
PXLWDVYH]HVFRQWDGDVSRURXWURV4XDQWDVYH]HVYRFrQmROHXDOJRHSHQVRX³1RVVDHOHGLVVHWXGR
TXH HXSHQVR´ &RP FHUWH]D YiULDV YH]HV 7HPRV Dt D LGHQWLILFDomRGH QRVVRV SHQVDPHQWRV FRP RV
pensamentos dos autores, mas para que aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, refletir,
formar ideias e escrever quando puder e quiser.
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa árdua, mas acredite,
valerá a pena para sua vida futura. Mesmo que você diga que interpretar é difícil, você exercita isso a
todo o momento. Exercita através de sua leitura de mundo. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas,
interpretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer
³9DPRVDJRUDLQWHUSUHWDUHVVHWH[WR´SDUDTXHDVSHVVRDVVHFDOHP1inguém sabe o que calado quer,
pois ao se calar você perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo
de expor suas ideias. Faça isso como um exercício diário e verá que antes que pense, o medo terá ido
embora.
Texto ± é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).
Contexto ± um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há certa informação que
a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a
ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as
frases é tão grande, que se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente,
poderá ter um significado diferente daquele inicial.
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Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
Exemplo
Faz-se necessário:
- Conhecimento Histórico ± literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática.
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico. Na semântica (significado
das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonímia,
polissemia, figuras de linguagem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese.
- Capacidade de raciocínio.
Interpretar X Compreender
Erros de Interpretação
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes
são:
- Extrapolação (viagem). Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
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- Redução. É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um
texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema
desenvolvido.
- Contradição. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar
conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão.
Observação: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
numa prova de concurso o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma
conjunção (nexos), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o
que já foi dito. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome
relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente.
Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm cada um valor semântico, por isso a
necessidade de adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são muito importantes na
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em
consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber:
Que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente. Mas depende das condições da frase.
Qual (neutro) idem ao anterior.
Quem (pessoa).
Cujo (posse) - antes dele, aparece o possuidor e depois, o objeto possuído.
Como (modo).
Onde (lugar).
Quando (tempo).
Quanto (montante).
Exemplo:
Falou tudo quanto queria (correto).
Falou tudo que queria (errado - antes do que, deveria aparecer o demonstrativo o).
1. Leia bastante. Textos de diversas áreas, assuntos distintos nos trazem diferentes formas de
pensar.
2. Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, mas que nos ajuda a ter certeza
que estamos prestando atenção na leitura.
4. Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qualquer informação, mínima que seja,
nos ajuda a compreender melhor o assunto do texto.
5. Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia central do texto, e assim, levantar
hipóteses e saber sobre o que se fala.
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6. Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais detalhada. Assim, você economiza
tempo se no meio da leitura identificar uma possível resposta.
7. Preste atenção nas informações não-verbais. Tudo que vem junto com o texto, é para ser
usado ao seu favor. Por isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.
8. Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a melhor forma para você, pois
cada um tem seu jeito de resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado
para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração,
mas também um aprendizado.
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação,
ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de
memória. Então, foco na leitura, que tudo fica mais fácil!
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos
parágrafos, composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:
- Declaração inicial;
- Definição;
- Divisão;
- Alusão histórica.
Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques.
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem
esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída
de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um
caminho que nos levará à compreensão do texto.
Os Tipos de Texto
Cada um desses textos possui características próprias de construção, que pode ser estudado mais
profundamente na tipologia textual.
É comum encontrarmos queixas de que não sabem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios
nessa categoria. Acham monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o seu próprio
entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem algum
fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, mas em texto não literário isso
é um equívoco. Diante desse problema, seguem algumas dicas para você analisar, compreender e
interpretar com mais proficiência.
- Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós passamos a gostar de algo, compreendemos
melhor seu funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós mesmos. Não se deixe
levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença. Leia tudo que tenha vontade, com o tempo você
se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras foram superficiais e, às vezes, até ridículas.
Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais refinada. Existe
tempo para cada momento de nossas vidas.
- Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio.
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- Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é
fazer palavras cruzadas.
- Faça exercícios de sinônimos e antônimos.
- Leia verdadeiramente.
- Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão pode ser falsa. É preciso paciência para ler
outras vezes. Antes de responder as questões, retorne ao texto para sanar as dúvidas.
- Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e por isso você
deve voltar ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a questão está voltada à ideia geral
do texto.
- Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do conhecimento, porque algumas perguntas
extrapolam ao que está escrito. Veja um exemplo disso:
Texto:
Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos
latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da
indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado.
Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos
canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-
se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos.
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes)
5HVSRVWD ³&´ $SHVDU GR DXWRU QmR WHU FLWDGR R QRPH GRV tQGLRV p SRVVtYHO FRQFOXLr pelas
características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto.
- Tome cuidado com as vírgulas. Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir:
(1) Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes.
(2) Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes.
(3) Os alunos dedicados passaram no vestibular.
(4) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular.
(5) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi.
(6) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi.
Explicações:
(1) Diego fez sozinho o trabalho de artes.
(2) Apenas o Diego fez o trabalho de artes.
(3) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e passaram no vestibular somente os que
se dedicaram, restringindo o grupo de alunos.
(4) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados.
(5) Marcão é chamado para cantar.
(6) Marcão pratica a ação de cantar.
³6HPSUHIH]SDUWHGRGHVDILRGRPDJLVWpULRDGPLQLVWUDUDGROHVFHQWHVFRPKRUP{QLRVHPHEXOLomRH
com o desejo natural da idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação
FRPHUFLDOHQWUHDHVFRODHRVSDLVVHVREUHS}HjDXWRULGDGHGRSURIHVVRU´
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Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente das escolas privadas. E esse é o grande
desafio do professor moderno.
Explicações:
- Certos alunos = qualquer aluno.
- Alunos certos = aluno correto.
- Alunos determinados = alunos decididos.
- Determinados alunos = qualquer aluno.
Questões
³$ )DPtOLD 6FKUPDQQ GH QDYHJDGRUHV EUDVLOHLURV FKHJRX DR SRQWR PDLV GLVWDQWH GD ([SHGLomR
Oriente, a cidade de Xangai, na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é a primeira vez
que os Schürmann aportam em solo chinês. A negociação para ter a autorização do país começou há
mais de três anos, quando a expedição estava em fase de planejamento. Essa também é a primeira vez
que um veleiro brasileiro recebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com as autoridades
GRSDtV´
(http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pela-primeira-vez-na-antartica.html)
3DUDILFDU FDUDFWHUL]DGDD LGHLD GHSDVVDGRGLVWDQWHDH[SUHVVmR ³Ki PDLV GH WUrV DQRV´ GHYHVHU
UHHVFULWD³KiPDLVGHWUrVDQRVDWUiV´
( ) Certo ( ) Errado
Crônica
Como o povo brasileiro é descuidado a respeito de alimentação! É o que exclamo depois de ler as
recomendaçõeVGHXPQXWULFLRQLVWDDPHULFDQRRGU0D\QDUG'L]HVWH³$DSDWLDRXLQGLIHUHQoDpXPD
GDV FDXVDV SULQFLSDLV GDV GLHWDV LQDGHTXDGDV´ &HUWR FHUWtVVLPR $LQGD RQWHP YL WRGD XPD IDPtOLD
nordestina estendida em uma calçada do centro da cidade, ali bem pertinho do restaurante Vendôme,
PDVDSiWLFDVHPDPHQRUYRQWDGHGHHQWUDUHFRPHUEHP(QVLQDDLQGDRHVSHFLDOLVWD³(PERUDKDMD
alimentos em quantidade suficiente, as estatísticas continuam a demonstrar que muitas pessoas não
compreendem e não sabem seleFLRQDURVDOLPHQWRV´eLVVRPHVPRTXHPGHUXPDYROWDQDIHLUDRXQR
supermercado vê que a maioria dos brasileiros compra, por exemplo, arroz, que é um alimento pobre,
deixando de lado uma série de alimentos ricos. Quando o nosso povo irá tomar juízo? Doutrina ainda o
QXWULFLRQLVWDDPHULFDQR³8PDERDGLHWDSRGHVHUREWLGDGHHOHPHQWRVWLUDGRVGHFDGDXPGRVVHJXLQWHV
grupos de alimentos: o leite constitui o primeiro grupo, incluindo-VHQHOHRTXHLMRHRVRUYHWH´(PERUD
modestamente, sempre pensei também assim. No entanto, ali na praia do Pinto é evidente que as
crianças estão desnutridas, pálidas, magras, roídas de verminoses. Por quê? Porque seus pais não
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sabem selecionar o leite e o queijo entre os principais alimentos. A solução lógica seria dar-lhes sorvete,
todas as crianças do mundo gostam de sorvete. Engano: nem todas. Nas proximidades do Bob´s e do
Morais há sempre bandos de meninos favelados que ficam só olhando os adultos que descem dos carros
e devoram sorvetes enormes. Crianças apáticas, indifeUHQWHV&LWDQGRDLQGDRLOXVWUHPpGLFR³$FDUQH
constitui o segundo grupo, recomendando-se dois ou mais pratos diários de bife, vitela, carneiro, galinha,
SHL[HRXRYRV´6DQWR0D\QDUG6DQWRVMRUQDLVEUDVLOHLURVTXHGLYXOJDPDVVXDVSDODYUDVUHGHQWRUDV E
dizer que o nosso povo faz ouvidos de mercador a seus ensinamentos, e continua a comer pouco, comer
mal, às vezes até a não comer nada. Não sou mentiroso e posso dizer que já vi inúmeras vezes, aqui no
Rio, gente que prefere vasculhar uma lata de lixo a entrar em um restaurante e pedir um filé à
Chateaubriand. O dr. Maynard decerto ficaria muito aborrecido se visse um ser humano escolher tão mal
seus alimentos. Mas nós sabemos que é por causa dessas e outras que o Brasil não vai pra frente.
CAMPOS, Paulo Mendes. De um caderno cinzento. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 40-42.
A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Crimes Cibernéticos da Câmara dos Deputados divulgou
seu relatório final. Nele, apresenta proposta de diversos projetos de lei com a justificativa de combater
delitos na rede. Mas o conteúdo dessas proposições é explosivo e pode mudar a Internet como a
conhecemos hoje no Brasil, criando um ambiente de censura na web, ampliando a repressão ao acesso
a filmes, séries e outros conteúdos não oficiais, retirando direitos dos internautas e transformando redes
sociais e outros aplicativos em máquinas de vigilância.
Não é de hoje que o discurso da segurança na Internet é usado para tentar atacar o caráter livre, plural
e diverso da Internet. Como há dificuldades de se apurar crimes na rede, as soluções buscam criminalizar
o máximo possível e transformar a navegação em algo controlado, violando o princípio da presunção da
inocência previsto na Constituição Federal. No caso dos crimes contra a honra, a solução adotada pode
ter um impacto trágico para o debate democrático nas redes sociais ± atualmente tão importante quanto
aquele realizado nas ruas e outros locais da vida off line. Além disso, as propostas mutilam o Marco Civil
da Internet, lei aprovada depois de amplo debate na sociedade e que é referência internacional.
(*BLOG DO SAKAMOTO, L. 04/04/2016)
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Após a leitura atenta do texto, analise as afirmações feitas:
I. O jornalista Jonas Valente está fazendo um elogio à visão equilibrada e vanguardista da Comissão
Parlamentar que legisla sobre crimes cibernéticos na Câmara dos Deputados.
II. O Marco Civil da Internet é considerado um avanço em todos os sentidos, e a referida Comissão
Parlamentar está querendo cercear o direito à plena execução deste marco.
III. Há o temor que o acesso a filmes, séries, informações em geral e o livre modo de se expressar
venham a sofrer censura com a nova lei que pode ser aprovada na Câmara dos Deputados.
IV. A navegação na internet, como algo controlado, na visão do jornalista, está longe de se concretizar
através das leis a serem votadas no Congresso Nacional.
V. Combater os crimes da internet com a censura, para o jornalista, está longe de ser uma estratégia
correta, sendo mesmo perversa e manipuladora.
Bens descartáveis
Seguindo essa linha de raciocínio, o psicanalista Jurandir Freire Costa, na obra A ética e o espelho da
cultura, enfatiza que o homem tem muitas vezes a tendência de acompanhar as metamorfoses sociais, e
com todas as mudanças no cotidiano, acaba moldando-se as mesmas, sem muitas vezes se
questionarem. Mas, segundo o psicanalista, quando o sujeito se apercebe num emaranhado de
atribuições disseminados pela publicidade que nem sempre foram pensadas e analisadas, é que chegam
os conflitos e desamparos, porque perdem muitas vezes a noção de singularidade para serem mais um
na multidão.
Com efeito, o sociólogo Jean Baudrillard frisa que na cultura do consumo, na qual o homem
FRQWHPSRUkQHR VH HQFRQWUD LQVHULGR ³&RPR D µFULDQoa-ORER¶ VH WRUQD ORER j IRUoD GH FRP HOH YLYHU
também nós, pouco a pouco nos tornamos funcionais. Vivemos o tempo dos objetos; quero dizer que
H[LVWLPRV VHJXQGR VHX ULWPR H HP FRQIRUPLGDGH FRP VXD VXFHVVmR SHUPDQHQWH´ WUHFKR H[WUDtGR GR
livro A sociedade do consumo).
Por conseguinte, e com todas as mudanças ocorridas no contexto social vigente, bem como a
produção de bens materiais em larga escala, muitas vezes se sofre a influência dos bens produzidos.
Contudo, esses bens propagandeados afiguram-se cada vez mais descartáveis, pois já não se tem mais
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quem herde o sentido moral e emocional que eles no início do século 20 materializavam. Isso fez o
MRUQDOLVWD$UQDOGR-DERUFDUHFHUTXH³RIXWXURYLURXXPDSURPHVVDGHDSHUIHLoRDPHQWRGHSURGXWRVFRP
uma velocidade que fez do presente um arcaísmo em processo, uma espécie de passado ao vivo em
GHFRPSRVLomR´
A história e as escolhas
Prazer, em se tratando da situação agradável de quando se ouve uma boa música ou se faz sexo. Já
o engajamento é a profundidade de envolvimento da pessoa com sua vida. Finalmente o significado,
como a sensação de que a vida faz parte de algo maior. Salienta também em suas pesquisas, que um
dos maiores erros das sociedades contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em apenas um
dos três pilares, esquecendo os outros. Sendo que as pessoas escolhem justo o mais fraco deles; o
prazer. Enfatiza que o engajamento e o significado são elos indispensáveis na vida do ser humano frente
à felicidade.
Fonte: http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/_ed700_como_a_sociedade_moderna_se_organiza_diante_da_felicidade/
Felicidade
Marcelo Jeneci
Lembrará os dias
que você deixou passar sem ver a luz
Se chorar, chorar é vão
porque os dias vão pra nunca mais
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Melhor viver, meu bem
Pois há um lugar em que o sol brilha pra você
Chorar, sorrir também e dançar
Dançar na chuva quando a chuva vem
Fonte: https://www.letras.mus.br/marcelo-jeneci/1524699/
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( $SDODYUD³IUDFDVVDGR´HPUHODomRDRSURFHVVRGHIRUPDomRGDVSDODYUDVpXPDGHULYDomR
prefixal e sufixal, simultaneamente.
Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada. Cada um
tem na mão um ramo de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus.
(Edipo-Rei, Sófocles, RS: L&PM, 2013)
O texto é a parte introdutória de uma das maiores peças trágicas do teatro grego e exemplifica o modo
descritivo de organização discursiva. O elemento abaixo que NÃO está presente nessa descrição é:
(A) a localização da cena descrita.
(B) a identificação dos personagens presentes.
(C) a distribuição espacial dos personagens.
(D) o processo descritivo das partes para o todo.
(E) a descrição de base visual.
Brasil escola
Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da
concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção
de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece o
encarecimento dos locais mais próximos dos grandes centros, tornando-os inacessíveis à grande massa
populacional. Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil
acesso tornam-se mais caras, o que contribui para que a grande maioria da população pobre busque por
moradias em regiões ainda mais distantes.
Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os centros comerciais
e os locais onde trabalham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sofrem com esse
processo são trabalhadores com baixos salários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte
público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vezes não contam com saneamento
básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência.
A especulação imobiliária também acentua um problema cada vez maior no espaço das grandes,
médias e até pequenas cidades: a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por dois principais
motivos: 1) falta de poder aquisitivo da população que possui terrenos, mas que não possui condições de
construir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para que esses se tornem mais caros para uma
venda posterior. Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o acúmulo de lixo, mato alto,
e acabam tornando-se focos de doenças, como a dengue.
3(1$5RGROIR)$OYHV³3UREOHPDVVRFLRDPELHQWDLVXUEDQRV´%UDVLO(VFROD'LVSRQtYHOHP
http://brasilescola.uol.com.br/brasil/problemas-ambientais-sociais-decorrentes-urbanização.htm. Acesso em 14 de abril de
2016.
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09. (MPE-RJ ± Analista do Ministério Público - Processual ± FGV/2016)
O avanço da tecnologia afetou as bases de boa parte das profissões. As vítimas se contam às dezenas
e incluem músicos, jornalistas, carteiros etc. Um ofício relativamente poupado até aqui é o de médico. Até
aqui. A crer no médico e "geek" Eric Topol, autor de "The Patient Will See You Now" (o paciente vai vê-lo
agora), está no forno uma revolução da qual os médicos não escaparão, mas que terá impactos positivos
para os pacientes.
Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos coloca a par de incríveis tecnologias, já
disponíveis ou muito próximas disso, que terão grande impacto sobre a medicina. Já é possível, por
exemplo, fotografar pintas suspeitas e enviar as imagens a um algoritmo que as analisa e diz com mais
precisão do que um dermatologista se a mancha é inofensiva ou se pode ser um câncer, o que exige
medidas adicionais.
Está para chegar ao mercado um apetrecho que transforma o celular num verdadeiro laboratório de
análises clínicas, realizando mais de 50 exames a uma fração do custo atual. Também é possível,
adquirindo lentes que custam centavos, transformar o smartphone num supermicroscópio que permite
fazer diagnósticos ainda mais sofisticados.
Tudo isso aliado à democratização do conhecimento, diz Topol, fará com que as pessoas administrem
mais sua própria saúde, recorrendo ao médico em menor número de ocasiões e de preferência por via
eletrônica. É o momento, assegura o autor, de ampliar a autonomia do paciente e abandonar o
paternalismo que desde Hipócrates assombra a medicina.
Concordando com as linhas gerais do pensamento de Topol, mas acho que, como todo entusiasta da
tecnologia, ele provavelmente exagera. Acho improvável, por exemplo, que os hospitais caminhem para
uma rápida extinção. Dando algum desconto para as previsões, "The Patient..." é uma excelente leitura
para os interessados nas transformações da medicina.
Respostas
01. Errado
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O verbo haver já contém a ideia de passado. A adição do termo "atrás" caracteriza pleonasmo.
02. (C)
Dentro da crônica existe o " o Eu" introduzido pelo Autor Paulo Mendes
Diferença:
1-"o Eu" se mostra ingênuo (Aquele que é inocente, sincero, simples.) e alienado (1-Cedido a
outro dono, ou o que enlouqueceu, 2-vendido.)
Um exemplo é quando ele diz: "É o que exclamo depois de ler as recomendações de um nutricionista
americano, o dr. Maynard"
2- O autor não se mostra ingênuo e nem alienado, uma vez que, ele mesmo é quem escreve a Crônica.
03. (B)
São características de textos:
a) encadear fatos que envolvem personagens - NARRATIVO
b) tentar convencer o leitor da validade de uma ideia - DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO
c) caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos - DESCRITIVO
d) oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação - INJUNÇÃO/ INSTRUCIONAL
04. (D)
Doutrina = conjunto coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas.
05. (C)
06. (C)
07. (D)
"a) a localização da cena descrita."
"Diante do palácio de Édipo; nos degraus da entrada."
"b) a identificação dos personagens presentes."
"Um grupo de crianças; De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus."
c) a distribuição espacial dos personagens.
"Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada. De pé, no meio delas,"
d) o processo descritivo das partes para o todo.
Nesse item, resposta da questão, o que acontece é justamente o contrário, do todo para as parte,
senão, vejamos:
"Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoelhado nos degraus da entrada. Cada um
tem na mão um ramo de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus."
Palácio de Édipo (todo) > degraus da escada > ramo de oliveira na mão das crianças
e) a descrição de base visual.
O texto nos passa uma descrição a qual se torna possível visualizar "mentalmente" a situação descrita.
08. (B)
FGV costuma usar paralelismo entre as alternativas e a geralmente a alternativa que sobra é o
gabarito. Não são todas as questões que possuem paralelismo.
a) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos e um desenvolvimento
com destaque de alguns problemas; >>> d) uma referência imediata a um dos problemas sociais
urbanos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo problema;
c) uma apresentação de caráter histórico seguida da explicitação de alguns problemas ligados às
grandes cidades; >>> e) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de sua explicação
histórica, motivo de crítica às atuais autoridades.
Sobrou a letra B.
b) uma abordagem direta dos problemas com seleção e explicação de um deles, visto como o mais
importante;
"Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto
da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção
de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades.
09. (C)
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A charge demonstra a falta de segurança no RJ, pois o único elemento de segurança pública
simbolizado na figura, à medida que novos jogos olímpicos vão surgindo, menos atenção ele dispensa a
essa questão, já que na última (2016) ele está embaixo do guarda sol, pedindo "refri".
10. (B)
As alternativas A, C, D, E não encontram respaldo no texto.
A assertiva B é praticamente uma reescritura do seguinte período:
Está no forno uma revolução da qual os médicos não escaparão, mas que terá impactos
positivos para os pacientes.
Tipos Textuais
Descrição
Narração
Dissertação
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Prevalece a denotação.
Carta
Descrição
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação ou coisa, onde procuramos mostrar os
traços mais particulares ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja apreendido
pelos sentidos e transformado, com palavras, em imagens.
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo
uso da descrição. Não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia
de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não
será para outro.
A vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre
determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
Exemplos:
, ³'HORQJHYLDDDOHLDRQGHDWDUGHHUDFODUDHUHGRQGD0DVDSHQXPEUDGRVUDPRVFREULDRDWDOKR
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, pequenas surpresas entre os cipós. Todo o
jardim triturado pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo qual estava
URGHDGD"&RPRSRUXP]XQLGRGHDEHOKDVHDYHV7XGRHUDHVWUDQKRVXDYHGHPDLVJUDQGHGHPDLV´
H[WUDtGRGH³Amor´/DoRVGH)DPtOLD&ODULFH/LVSHFWRU
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava
duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo
o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina,
pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O
mestre era mais severo com ele do que conosco.
(Machado de Assis. "Conto de escola". Contos. 3ed. São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.)
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da escola que o escritor frequentava.
Deve-se notar:
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao mesmo tempo que gastava duas horas para
reter aquilo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande medo ao pai);
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser considerada cronologicamente anterior a outra do
ponto de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente anterior a
retirar-se dela; no nível do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o escritor
quer é explicitar uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas ações);
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que
indica concomitância em relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de 1840, em
que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma transformação de
estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correríamos o risco de alterar nenhuma relação
cronológica - poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto do fim para o
começo: O mestre era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-
se antes...
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados pode ser invertida, está-se pensando
apenas na ordem cronológica, pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos são descritos
produz determinados efeitos de sentido.
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Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer certas modificações no texto, pois este
contém anafóricos (palavras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou catafóricos
(palavras que anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem perder sua função e assim não
ser compreendidos. Se tomarmos uma descrição como As flores manifestavam todo o seu esplendor.
O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a ordem das frases, precisamos fazer algumas alterações, para
que o texto possa ser compreendido: O Sol fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu
esplendor. Como, na versão original, o pronome oblíquo as é um anafórico que retoma flores, se
alterarmos a ordem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos mudar a palavra flores para
a primeira frase e retomá-la com o anafórico elas na segunda.
Por todas essas características, diz-se que o fragmento do conto de Machado é descritivo. Descrição
é o tipo de texto em que se expõem características de seres concretos (pessoas, objetos, situações, etc.)
consideradas fora da relação de anterioridade e de posterioridade.
Características:
Características Linguísticas:
"Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto aguçado
no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que
de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste,
mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito
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pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito
despegadas do crânio."
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
"Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso
chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava
petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue."
(José de Alencar - Senhora)
"Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa era assim: na frente, uma grade
de ferro; depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter uns cinco
degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde saíam três portas;
no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e atrás ainda tinha
um galpão, que era o lugar da bagunça..."
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
Recursos:
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio,
ausente do calor alegre do sol.
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, concretas. Ex: As criaturas humanas
transpareciam um céu sereno, uma pureza de cristal.
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a figura do homem. Ex: Era um
verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo
simples. O pessoal, muito crente.
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são apresentadas como realmente
são, concretamente. Ex: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos, pele
bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos".
Não se dá qualquer tipo de opinião RX MXOJDPHQWR ([HPSOR ³$ FDVDYHOKDHUDHQRUPHWRGDHP
largura, com porta central que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de guilhotina para
cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-
lei. Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente
sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do
Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita ± sobre a qual ela se punha um pouco
GHHVJXHOKDHIXJLQGROLJHLUDPHQWHGRDOLQKDPHQWR ´(Pedro Nava ± Baú de Ossos)
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a
cena, a paisagem são transfigurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expressar seus
sentimentos. Ex: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. Não só as
condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um
anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompéia)
³ 4XDQGRFRQKHFHX-RFD5DPLURHQWmRDFKRXRXWUDHVSHUDQoDPDLRUSDUDHOH-RFD5DPLURHUD
único homem, par-de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por lei, de
VREUHJRYHUQR´
(Guimarães Rosa ± Grande Sertão: Veredas)
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão temporal, a ordem dos enunciados na
descrição é indiferente, uma vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem si-
multaneamente. No entanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de
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cima para baixo ou vice-versa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido
distintos.
2EVHUYHRVGRLVTXDUWHWRVGRVRQHWR³5HWUDWR3UySULRGH%RFDJH
O poeta descreve-se das características físicas para as características morais. Se fizesse o inverso,
o sentido não seria o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer relevo.
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar uma cena. É como traçar com palavras o
retrato de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facilmente
identificáveis (descrição objetiva), ou suas características psicológicas e até emocionais (descrição
subjetiva).
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, também denominado adjetivação. Para
facilitar o aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto, sublinhe
todos os substantivos, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva.
Descrição de ambientes:
Descrição de paisagens:
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer outra referência de caráter geral.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explicação do que se vê ao longe).
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- Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos do observador - explicação detalhada
dos elementos que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca da impressão que a paisagem causa em
quem a contempla.
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma estrutura pictórica, em que os aspectos
sensoriais predominam. Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreensão de algo
objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o
pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas ou
imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-literária ou literária. Na descrição não-
literária, há maior preocupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por ser objetiva, há
predominância da denotação.
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um tipo de descrição objetiva: ela recria o
objeto usando uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever aparelhos, o
seu funcionamento, as peças que os compõem, para descrever experiências, processos, etc.
Exemplo:
Folheto de propaganda de carro
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir o espaço interno. Os seus interiores são
amplos, acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant possuem
direção hidráulica e ar condicionado de elevada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do
ambiente.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada
para até 1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plástico reciclável e posicionado entre as rodas
traseiras, para evitar a deformação em caso de colisão.
Textos descritivos literários: Na descrição literária predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no
conjunto de associações conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de pessoas;
cenários, paisagens, espaço; ambientes; situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também
podem ocorrer tanto em prosa como em verso.
Narração
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários.
O texto narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço, organizados por
uma narração feita por um narrador. É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo
mudança de um estado para outro, segundo relações de sequencialidade e causalidade, e não
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simultâneos como na descrição. Expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e as ligações
afetivas entre esses indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm essa vivência.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narrador acaba sempre contando onde,
quando, como e com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o texto
narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de texto
são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é
contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo.
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas personagens, que são justamente as
pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado. As personagens são identificadas (nomeadas)
no texto narrativo pelos substantivos próprios.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (em
que lugar) as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou
ações é chamado de espaço, representado no texto pelos advérbios de lugar.
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história.
Esse elemento da narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas
principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que
indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu.
A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte inicial da história, também chamada de
prólogo), pelo desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa,
também chamada de trama) e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo). Aquele que
conta a história é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em
3ª pessoa: Ele).
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por
advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou
seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história
contada.
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a história.
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de tal forma, que não é possível
compreendê-los isoladamente, como simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implicação
mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança à história narrada.
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso,
exceto as personagens ou o fato a ser narrado.
Exemplo:
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Porquinho-da-índia
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
- Narrador-personagem: é aquele que conta a história na qual é participante. Nesse caso ele é
narrador e personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
- Narrador-observador: é aquele que conta a história como alguém que observa tudo que acontece
e transmite ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa.
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as personagens, revelando seus
pensamentos e sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada
com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).
Estrutura:
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados alguns personagens e expostas algumas
circunstâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá.
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propriamente a ação. Encadeados, os episódios
se sucedem, conduzindo ao clímax.
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu momento crítico, tornando o desfecho
inevitável.
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações dos personagens.
Tipos de Personagens:
Os personagens têm muita importância na construção de um texto narrativo, são elementos vitais.
Podem ser principais ou secundários, conforme o papel que desempenham no enredo, podem ser
apresentados direta ou indiretamente.
A apresentação direta acontece quando o personagem aparece de forma clara no texto, retratando
suas características físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os personagens
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aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a
partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.
- Em 1ª pessoa:
Personagem PrincipalKiXP³HX´SDUWLFLSDQWHTXHFRQWDDKLVWyULDHpRSURWDJRQLVWD([HPSOR
³%DWLDQRVQRYHQWDDQRVRFRUSRPDJURPDVVHPSUHWHVRGR-DQJR-RUJHXPTXHIRLFDSLWmRGXPD
maloca de contrabandista que fez cancha nos banhados do Brocai.
Esse gaúcho desamotinado levou a existência inteira a cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no
desmaiado da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que chovesse reiúnos
acolherados ou que ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca
desandou cruzada! ...
(...)
Aqui há poucos ± coitado! ± pousei no arranchamento dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não
nos víamos desde muito tempo. (...)
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matança dos leitões e no tiramento dos assados
FRPFRXUR´
(J. Simões Lopes Neto ± Contrabandista)
- Em 3ª pessoa:
³'HYLD DQGDU Oi SHORV FLQFR DQRV H PHLR TXDQGR D fantasiaram de borboleta. Por isso não pôde
defender-se. E saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha de
cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa para disfarçar o
sentimento impUHFLVRGHULGtFXOR´
(Ilka Laurito. Sal do Lírico)
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como sendo vista por uma câmara ou filmadora.
Exemplo:
Festa
Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o crioulão de roupa limpa e remendada,
acompanhado de dois meninos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos com menos
de dez anos.
Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resolutamente, e se dirigem para o cômodo dos
fundos, onde há seis mesas desertas.
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O homem pergunta em quanto fica uma cerveja,
dois guaranás e dois pãezinhos.
__ Duzentos e vinte.
O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
__Que tal o pão com molho? ± sugere o rapaz.
__ Como?
__ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gostoso.
O homem olha para os meninos.
__ O preço é o mesmo ± informa o rapaz.
__ Está certo.
Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como se o estivessem fazendo pela primeira
vez na vida.
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O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em seguida, num pratinho, os dois pães com
meia almôndega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos pães,
enquanto o rapaz cúmplice se retira.
Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo de cerveja até a boca, depois cada um
prova o seu guaraná e morde o primeiro bocado do pão.
O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando criteriosamente o menino mais velho e o
menino mais novo absorvidos com o sanduíche e a bebida.
Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos. E permanecem para sempre, humanos
e indestrutíveis, sentados naquela mesa.
(Wander Piroli)
Tipos de Discurso:
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para o personagem, sem a sua interferência.
Exemplo:
Caso de Desquite
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca). Veja, doutor, este velho caducando.
Bisavô, um neto casado. Agora com mania de mulher. Todo velho é sem-vergonha.
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só não me pise, fico uma jararaca.
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão.
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está bom? Ela não contribuiu com nada, doutor. Só
deu de mamar no primeiro mês.
__Você desempregado, quem é que fazia roça?
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui jogado na estrada, doutor. Desde onze anos
estou no mundo sem ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui na carroça. Sempre
o mais sacrificado, está bom?
__ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só. Sempre tem um cristão que enterra o
pobre.
__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
__ Eu arranjo.
__ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois cavalos. A carroça e os dois cavalos, o
que há de melhor. Vai me deixar sem nada?
__ Você tinha a mula e a potranca. A mula vendeu e a potranca, deixou morrer. Tenho culpa? Só quero
paz, um prato de comida e roupa lavada.
__ Para onde foi a lavadeira?
__ Quem?
__ A mulata.
(...)
(Dalton Trevisan ± A guerra Conjugal)
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, sem lhe passar diretamente a palavra.
Exemplo:
Frio
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exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para chegar em casa.
Os bondes passavam.
(João Antônio ± Malagueta, Perus e Bacanaço)
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do personagem e a fala do narrador. É um
recurso relativamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exemplo:
A Morte da Porta-Estandarte
Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços. Rosinha está dormindo. Não acordem
Rosinha. Não é preciso segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu... Esse temporal
assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não!
E esses tambores? Ui! Que venham... É guerra... ele vai se espalhar... Por que não está malhando em
sua cabeça? ... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o
fundo do País... Abraçá-la no alto de uma colina...
(Aníbal Machado)
Sequência Narrativa:
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma coordena-se a outra, uma implica a
outra, uma subordina-se a outra.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um dever (um desejo ou uma necessidade
de fazer algo);
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma competência para fazer algo);
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou devia fazer (é a mudança principal da
narrativa);
- uma em que se constata que uma transformação se deu e em que se podem atribuir prêmios ou
castigos às personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus).
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pressupõem logicamente. Com efeito, quando
se constata a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetua-se porque quem a realiza
pode, sabe, quer ou deve fazê-la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se
assina a escritura, realiza-se o ato de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou
dever comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter
sido despejado, por exemplo).
Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem. Assim, para apanhar uma fruta, é
necessário apanhar um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso antes
conseguir o dinheiro.
Narrativa e Narração
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é um componente narrativo que pode
existir em textos que não são narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exemplo, quando
VHGL]³Depois da abolição, incentivou-VHDLPLJUDomRGHHXURSHXV´, temos um texto dissertativo, que, no
entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém uma mudança de situação: do não incentivo
ao incentivo da imigração européia.
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, o que é narração?
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de Manuel Bandeira ± ³3RUTXLQKR-da-tQGLD´
como vimos, preenche essa condição);
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos concretos (o texto "Porquinho-da-índia"
preenche também esse requisito);
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que, entre elas, existe sempre uma relação
de anterioridade e posterioridade (no texto "Porquinho-da-índia" o fato de ganhar o animal é anterior ao
de ele estar debaixo do fogão, que por sua vez é anterior ao de o menino levá-lo para a sala, que por seu
turno é anterior ao de o porquinho-da-índia voltar ao fogão).
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Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre pertinente num texto narrativo, mesmo que a
sequência linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance machadiano
Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narrador começa contando sua morte para em seguida
relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura,
as relações de anterioridade e de posterioridade.
Resumindo: na narração, as três características explicadas acima (transformação de situações, fi-
guratividade e relações de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados) devem estar
presentes conjuntamente. Um texto que tenha só uma ou duas dessas características não é uma
narração.
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que aconteceu, quando e onde.
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos personagens.
- Desenvolvimento: detalhes do fato.
- Conclusão: consequências do fato.
Caracterização Formal:
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto narrativo apresenta, até certo ponto, alguma
subjetividade, porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função da individualidade e do estilo
do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. Assim é de grande
importância saber se o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a
participação do narrador; segundo, há uma inferência do último através da onipresença e onisciência.
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos acontecimentos: esses podem oscilar no
WHPSRWUDQVJUHGLQGRRDVSHFWROLQHDUHFRQVWLWXLQGRRTXHVHGHQRPLQD³flashback´2QDUUDGRUTXHXVD
essa técnica (característica comum no cinema moderno) demonstra maior criatividade e originalidade,
podendo observar as ações ziguezagueando no tempo e no espaço.
Exemplo - Personagens
"Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. Amâncio não viu a mulher chegar.
- Não quer que se carpa o quintal, moço?
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face escalavrada. Mas os olhos... (sempre
guardam alguma coisa do passado, os olhos)."
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado Aberto, p. 5O)
Exemplo - Espaço
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o
leito seco de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez."
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
Exemplo - Tempo
- Romance
- Conto
- Crônica
- Fábula
- Lenda
- Parábola
- Anedota
- Poema Épico
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Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:
- Memorialismo
- Notícias
- Relatos
- História da Civilização
Apresentação da Narrativa:
Dissertação
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com
prudência, como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segundo, como trair ou solapar
os predecessores; e o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um
príncipe discreto prefere nomear os que se valem do último desses métodos, pois os tais fanáticos sempre
se revelam os mais obsequiosos e subservientes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição
todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros subordinando a maioria do senado, ou grande
conselho, e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja natureza lhe expliquei), garantem-se
contra futuras prestações de contas e retiram-se da vida pública carregados com os despojos da nação.
Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o
príncipe discreto a escolhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e justifica esse conselho.
Observe-se que:
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com conceitos abstratos e genéricos (não se
fala de um homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro, mas do homem em geral
e de todos os métodos para atingir o poder);
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mudança de atitude dos que clamam contra a
corrupção da corte no momento em que se tornam primeiros-ministros);
- a progressão temporal dos enunciados não tem importância, pois o que importa é a relação de
implicação (clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação para
primeiro-ministro).
Características:
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Dissertação Expositiva e Argumentativa:
A dissertação expositiva é voltada para aqueles fatos que estão sendo focados e discutidos pela
grande mídia. É um tipo de acontecimento inquestionável, mesmo porque todos os detalhes já foram
expostos na televisão, rádio e novas mídias.
Já o texto dissertativo argumentativo vai fazer uma reflexão maior sobre os temas. Os pontos de vista
devem ser declarados em terceira pessoa, há interações entre os fatos que se aborda. Tais fatos precisam
ser esclarecidos para que o leitor se sinta convencido por tal escrita. Quem escreve uma dissertação
argumentativa deve saber persuadir a partir de sua crítica de determinado assunto. A linguagem jamais
poderá deixar de ser objetiva, com fatos reais, evidências e concretudes.
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar
seu desenvolvimento. Tipos:
- DivisãoTXDQGRKiGRLVRXPDLVWHUPRVDVHUHPGLVFXWLGRV([³&DGDFULDWXUDKXPDQDWUD]GXDV
almas consigo: uma que olha de dentro para fora, oXWUDTXHROKDGHIRUDSDUDGHQWUR´
- Alusão HistóricaXPIDWRSDVVDGRTXHVHUHODFLRQDDXPIDWRSUHVHQWH([³$FULVHHFRQ{PLFDTXH
teve início no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a década colecionou,
agravou vários dos históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
FXMDHVFDODGDWHPVLGRIDFLOPHQWHLGHQWLILFDGDSHODSRSXODomREUDVLOHLUD´
- Proposição: o autor explicita seus objetivos.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma coisa apresentada no texto. Ex: Você quer
HVWDU³QDVXD´"4XHUVHVHQWLUVHJXURWHURVXFHVVRSUHWHQGLGR"1mRHQWUHSHORFDQR)DoDSDUWHGHVVH
time de vencedores desde a escolha desse momento!
- Contestação: contestar uma ideia ou umDVLWXDomR([³eLPSRUWDQWHTXHRFLGDGmRVDLEDTXHSRUWDU
DUPDGHIRJRQmRpDVROXomRQRFRPEDWHjLQVHJXUDQoD´
- Características: caracterização de espaços ou aspectos.
- EstatísticasDSUHVHQWDomRGHGDGRVHVWDWtVWLFRV([³(PHUDPPLOKões os domicílios
brasileiros com televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos receptores
instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e
2.624 repetidoras (que apenas retransmitem VLQDLVUHFHELGRV ´
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
- CitaçãoRSLQLmRGHDOJXpPGHGHVWDTXHVREUHRDVVXQWRGRWH[WR([³$SULQFLSDOFDUDFWHUtVWLFDGR
déspota encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras que definem a
vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre
H[FOXVLYDPHQWHGHVXDYRQWDGHGHVHXSUD]HUHGHVXDVQHFHVVLGDGHV´
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que compõem o texto.
- InterrogaçãoTXHVWLRQDPHQWR([³9ROWDHPHLDVHID]DSHUJXQWDGHSUD[HDILQDOGHFRQWDVWRGR
HVVHHQWXVLDVPRSHORIXWHEROQmRpXPDSURYDGHDOLHQDomR"´
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosidade do leitor.
- Comparação: social e geográfica.
- EnumeraçãoHQXPHUDUDVLQIRUPDo}HV([³$omRjGLVWkQFLDYHORFLGDGHFRPXQLFDomROLQKDGH
montagem, triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades que marcaram esses
100 últimos anos, aparHFHDYHUGDGHLUDGRHQoDGRVpFXOR´
- Narração: narrar um fato.
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com este tipo de abordagem.
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia principal ao máximo, esclarecendo o
conceito ou a definição.
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações distintas.
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos favoráveis e desfavoráveis.
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou descrever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis resultados.
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- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apresentar questionamento e reflexão.
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, valores, juízos.
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
- Exemplificação: dar exemplos.
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento integrado de tudo que se argumentou.
Para ela convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
Exemplo:
Direito de Trabalho
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo modelo econômico: o capitalismo, que até
o século XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio da exclusão. (A)
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o trabalho automático, devido à evolução
tecnológica e a necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro fator
que também leva ao desemprego de um sem número de trabalhadores é a contenção de despesas, de
gastos. (B)
6HJXQGR D &RQVWLWXLomR ³SUHRFXSDGD´ Fom essa crise social que provém dessa automatização e
qualificação, obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhadores, de que,
mesmo que as empresas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado de trabalho. (C)
Não é uma utopia?!
Um exemplo vivo são os boias-frias que trabalham na colheita da cana de açúcar que devido ao avanço
tecnológico e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo a queima da
cana de açúcar para a colheita e substituindo-os então pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D)
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de cabelereiro, marcenaria, eletricista, para
não perderem o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais.
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida estudando, se especializando, para se
diferenciarem e ainda estão desempregados? como vimos no último concurso da prefeitura do Rio de
-DQHLURSDUD³JDUL´KDYLDDWpDGYRJDGRQDILODGHLQVFULomR(E)
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm o direito de trabalho, cabe aos governantes
desse país, que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desníveis gritantes e
criar soluções eficazes para combater a crise generalizada (F), pois a uma nação doente, miserável e
desigual, não compete a tão sonhada modernidade. (G)
1º Parágrafo ± Introdução
2º ao 6º Parágrafo ± Desenvolvimento
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que remetem a uma análise do tema em questão.
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da realidade.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de quem propõe soluções.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.
7º Parágrafo: Conclusão
F. Uma possível solução é apresentada.
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com modernidade.
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre o que não se conhece. A leitura de
bons textos é um dos recursos que permite uma segurança maior no momento de dissertar sobre algum
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assunto. Debater e pesquisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento
de um texto dissertativo.
Ainda temos:
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o assunto que vai ser abordado.
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discutido.
Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos com os quais a pessoa que escreve
sustenta suas opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja, razões
a favor ou contra uma determinada tese.
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de pleno domínio do assunto e habilidade
de argumentação;
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- impõem-se sempre o raciocínio lógico;
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na
demonstração do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta
gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar: uma frase contendo a ideia principal (frase
nuclear) e uma ou mais frases que explicitem tal ideia.
([HPSOR ³$ WHOHYLVmR PRVWUD XPD UHDOLGDGH LGHDOL]DGD LGHLa central) porque oculta os problemas
VRFLDLVUHDOPHQWHJUDYHV LGHLDVHFXQGiULD ´
Vejamos:
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente.
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à
indicação de características, funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemento
necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os critérios de
importância, preferência, classificação ou aleatoriamente.
Exemplo:
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias causas: alimentação inadequada, falta
de exercícios sistemáticos e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de Televisão.
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o número de emissoras que dedicam parte
da sua programação à veiculação de programas religiosos de crenças variadas.
3-
- A Santa Missa em seu lar.
- Terço Bizantino.
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- Despertar da Fé.
- Palavra de Vida.
- Igreja da Graça no Lar.
4-
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo brasileiro diante de tantos
desmatamentos, desequilíbrios sociológicos e poluição.
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar pelos caminhos do crime.
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, porque pode trazer muitas consequências
indesejáveis.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos
de lazer.
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em várias categorias.
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da comparação, que confronta ideias,
fatos, fenômenos e apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
Exemplo:
³$MXYHQWXGHpXPDLQIDWLJiYHODVSLUDomRGHIHOLFLGDGHDYHOKLFHSHORFRQWUiULRpGRPLQDGDSRUXP
vago e persistente sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felicidade é uma
LOXVmRTXHVyRVRIULPHQWRpUHDO´
(Arthur Schopenhauer)
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que abriga em si, porque os seus olhos
teimam apenas em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam.
- O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre nós, de modo que hoje somos obrigados a
viver numa sociedade fria e inamistosa.
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta evolução. Primeiro, o homem aprendeu
a grunhir. Depois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só muitos séculos
mais tarde é que passou à comunicação de massa.
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos, os solos são profundos. Existe nessas
regiões uma forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra pela
umidade e calor. Nas regiões temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pouco profunda.
(Melhem Adas)
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para
torná-las mais compreensíveis.
([HPSOR³$UWpULDpXPYDVRTXHOHYDVDQJXHSURYHQLHQWHGRFRUDomRSDUDLUULJDURVWHFLdos. Exceto
no cordão umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém sangue vermelho-
vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado,
que o coração remete para os pulmões parDUHFHEHUR[LJrQLRHOLEHUDUJiVFDUE{QLFR´
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve delimitar-se o tema que será desenvolvido
e que poderá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão indígena, ela
poderá ser desenvolvida a partir das seguintes ideias:
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- A violência contra os povos indígenas é uma constante na história do Brasil.
- O surgimento de várias entidades de defesa das populações indígenas.
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasileiro.
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve fazer a estruturação do texto.
Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a
abertura do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os
objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de
análise e a hipótese ou a tese a ser defendida.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir
especificada através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequência, das
definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No
desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição da
ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas acima.
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais
convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação (um parágrafo).
Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da
tese, acrescida da argumentação básica empregada no desenvolvimento.
Injunção
Os textos injuntivos têm por finalidade instruir o interlocutor, utilizando verbos no imperativo para atingir
seu intuito. Os gêneros que se apropriam da estrutura injuntiva são: manual de instruções, receitas
culinárias, bulas, regulamentos, editais etc.
³>@1mRLQVWDOHQHPXVHRFRPSXWDGRUHPORFDLVPXLWRTXHQWHVIULRVHPSRHLUDGRV~PLGRVRXTXH
estejam sujeitos a vibrações. Não exponha o computador a choques, pancadas ou vibrações, e evite que
HOHFDLDSDUDQmRSUHMXGLFDUDVSHoDVLQWHUQDV>@´ (Manual de instruções de um computador).
Questões
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Agoniza a velha casa. Agora, somente imagens
desfilam, ao longo das noites. As janelas são bocas
escancaradas. A casa velha em ruínas clama por
vozes e movimentos...
(Geraldo M. de Carvalho)
Em 2015, cuidarei bem do meu dinheiro. Organizarei bem os números e as verbas. Esses números
mudarão bastante ao longo do ano. Um monstro chamado inflação ronda o país. Só que, agora, ele usa
um manto da invisibilidade, que ganhou de seu criador, o governo. Quando morder meu bolso, eu nem
saberei de onde terá vindo o ataque, não terei tempo de me defender. Por isso, deixarei boas gorduras
no orçamento para atirar a ele, quando aparecer. Essas gorduras serão chamadas de verba para lazer e
reservas de emergência.
Em 2015, não farei apostas. Já há gente demais apostando em imóveis, ações e outros investimentos
especulativos. Farei escolhas certeiras. Deixarei a maior parte de meu investimento na renda fixa. Ela
está com uma generosidade única no mundo. Enquanto isso, estudo o desespero de especuladores que
aguardarão a improvável recuperação dos imóveis, da Petrobras, da credibilidade dos mercados. Quando
esses especuladores jogarem a toalha, usarei parte de minhas reservas para fazer investimentos bons e
baratos. Mas não na Petrobras.
Muita gente fala que, com a inflação e a recessão, pode perder o emprego ou os clientes. Faltará
renda, faltarão consumidores. O ano de 2015 será, mais uma vez, ruim para quem vende. Será um ano
bom para quem pensa em comprar. Estarei atento aos bons negócios para quem tem dinheiro na mão.
Se a renda fixa paga bem, a compra à vista tende a me dar descontos maiores. É por esse mesmo motivo
que, em 2015, evitarei as dívidas. Os juros estão altos e isso me convida a poupar, e não a alugar dinheiro
dos bancos. Dívidas de longo prazo são corrigidas pela inflação, também em alta. Por isso, aproveitarei
os ganhos extras de fim de ano para liquidar dívidas e me policiar para não contrair novas.
No ano que começa, também não quero fazer papel de otário e deixar nas mãos do governo mais
impostos do que preciso. Não sonegarei. Mas aproveitarei o fim do ano para organizar meus papéis e
comprovantes, planejar a declaração de Imposto de Renda de março e tentar a maior restituição que
puder, ou o mínimo pagamento necessário. Listarei meus gastos com dependentes, educação e saúde,
doarei para instituições que fazem o bem, aplicarei num PGBL o que for necessário para o máximo
benefício. Entregarei minha declaração quanto antes, no início de março. Quero ver minha restituição na
conta mais cedo, já que 2015 será um ano bom para quem tiver dinheiro na mão.
Para quem lamenta, recomendo cuidado com o monstro e com o governo. Para quem está atento às
oportunidades, desejo boas compras.
(Disponívelem:http://epoca.globo.com/colunasǦeǦblogs/gustavoǦcerbasi/noticia/2015/01/comoǦcuidarǦdeǦbseuǦdinheirobǦemǦ2015.html
Acesso em: 06/02/2015.)
(A) narrar.
(B) instruir.
(C) descrever.
(D) argumentar.
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03. (UFRJ ± Assistente em Administração ± PR-4 CONCURSOS /2015)
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(C) descrição.
(D) caracterização.
(E) dissertação.
Respostas
01. Resposta D
Objetividade ± Análise, crítica imparcial, opinar sem interferir no assunto, linguagem
predominantemente dissertativa.
Subjetividade ± Analisar um fato, criticar, escrever sobre algo emitindo sua opinião pessoal ou seu
sentimento sobre o assunto em questão, o que vem de dentro do narrador.
02. Resposta D
Argumentar é expressar uma convicção, um ponto de vista, que é desenvolvido e explicado de forma
a persuadir o ouvinte/leitor. Para isso é necessário que apresentemos um raciocínio coerente e
convincente, baseado na verdade, e que influencie o outro, levando-o a agir/pensar em conformidade
com os nossos objetivos.
03. Resposta: A.
Narrar é contar um fato, e como todo fato ocorre em determinado tempo, em toda narração há sempre
um começo um meio e um fim. São requisitos básicos para que a narração esteja completa. (CORRETA)
Predição: Processo de determinação de acontecimentos futuros com base em dados subjetivos.
Instrução é explicação, esclarecimentos dados para uso especial: leiam as instruções da bula, antes
de tomar o remédio.
Descrição: sempre que você expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a alguém,
está fazendo uso da descrição.
Argumentar é a capacidade de relacionar fatos, teses, estudos, opiniões, problemas e possíveis
soluções a fim de embasar determinado pensamento ou ideia.
04. Resposta: A.
É possível perceber no poema uma sutil ideia de sucessão temporal, caracterizando-o, assim, como
narração.
Gêneros Textuais
O gênero textual é a forma como a língua é empregada nos textos em suas diversas situações de
comunicação, de acordo com o seu uso temos gêneros textuais diferentes. É importante lembrar que um
texto não precisa ter apenas um gênero textual, porém há apenas um que se sobressai.
Os textos, tanto orais quanto escritos, que têm o objetivo de estabelecer algum tipo de comunicação,
possuem algumas características básicas que fazem com que possamos saber em qual gênero textual o
texto se encaixa. Algumas dessas características são: o tipo de assunto abordado, quem está falando,
para quem está falando, qual a finalidade do texto, qual o tipo do texto (narrativo, argumentativo,
instrucional, etc.).
Distinguindo
É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo textual. Cada uma dessas
classificações é referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma possui um significado
totalmente diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual:
Gênero Literário ± nestes os textos abordados são apenas os literários, diferente do gênero textual,
que abrange todo tipo de texto. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma, podendo ser
do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc.
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Tipo textual ± este é a forma como o texto se apresenta, podendo ser classificado como narrativo,
argumentativo, dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma dessas classificações varia de
acordo como o texto se apresenta e com a finalidade para o qual foi escrito.
Os gêneros textuais são infinitos e cada um deles possui o seu próprio estilo de escrita e de estrutura.
Desta forma fica mais fácil compreender as diferenças entre cada um deles e poder classifica-los de
acordo com suas características.
Diário ± é escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não há um destinatário específico,
geralmente, é para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O
objetivo desse tipo de texto é guardar as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um exemplo:
³'RPLQJRGHMXQKRGH
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando o vi na mesa, no meio dos meus outros
presentes de aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.)
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é de espantar; afinal, era meu aniversário.
Mas não me deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze para
as sete. Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as
boas-vindas, esfregando-VHHPPLQKDVSHUQDV´
7UHFKRUHWLUDGRGROLYUR³'LiULRGH $QQH)UDQN´
Carta ± esta, dependendo do destinatário pode ser informal, quando é destinada a algum amigo ou
pessoa com quem se tem intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto ou que não se
tenha intimidade. Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo
ser dissertativa, narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o
corpo da carta e para finalizar a despedida.
Propaganda ± este gênero geralmente aparece na forma oral, diferente da maioria dos outros gêneros.
Suas principais características são a linguagem argumentativa e expositiva, pois a intenção da
propaganda é fazer com que o destinatário se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter
algum tipo de descrição e sempre é claro e objetivo.
Notícia ± este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua linguagem é narrativa e
descritiva e o objetivo desse texto é informar algo que aconteceu.
Gêneros literários
Gênero Narrativo:
Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de
uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um
1
Fonte: http://www.portuguesxconcursos.com.br/p/tipologia-textual-tipos-generos.html
http://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/
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tom de exaltação, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de
Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos e de caráter
mais verossímil. Também conta as façanhas de um herói, mas principalmente uma história de amor vivida
SRUHOHHXPDPXOKHUPXLWDVYH]HV³SURLELGD´SDUDHOH$SHVDUGRVREVWiFXORVTXHRVHSDUDPRFDVDO
vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por isso, costuma ser punido no final. É o tipo de
narrativa mais comum na Idade Média. Ex: Tristão e Isolda.
Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade
do conto. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e
A Metamorfose, de Kafka.
Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras,
anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo
de forma escrita com a publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual conto surgiram na
tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens do mundo da fantasia; contos de
aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da realidade; contos folclóricos
(conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto sombrio e
objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de um
mistério.
Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais são
não humanos e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.
Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter
um tom humorístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo
de jornal, revistas e programas da TV...
Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e
reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico,
filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como
documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância,
de John Locke.
Gênero Dramático:
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador
FRQWDQGRDKLVWyULD(OD³DFRQWHFH´QRSDOFRRXVHMDpUHSUHVHQWDGDSRUDWRUHVTXHDVVXPHPRVSDSpLV
das personagens nas cenas.
Farsa: A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as
incongruências, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o
engano.
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Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua
origem grega está ligada às festas populares.
Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural
nordestinos, fatos diversos da sociedade e da realidade vivida por este povo.
Gênero Lírico:
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à
do autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os
pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.
Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto
máximo do texto. O emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William Shakespeare.
Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e
cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus símbolos),
às divindades, à mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com
acompanhamento musical;
Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza,
às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de
desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a paisagem,
espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos (muito rara);
Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico.
Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qual as letras iniciais de cada
verso formam uma palavra ou frase;
Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo
característico e refrão vocal que se destinam à dança;
Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio;
Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas,
portanto.
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Questões
a) uma poesia, pois faz uso das funções enfática e expressiva da linguagem para homenagear as
mães em virtude da passagem do Dia das Mães.
b) um anúncio publicitário, caracterizado pelo uso da função conativa da linguagem. Tem como
finalidade seduzir o leitor para convencê-lo a comprar um determinado produto.
c) uma reportagem, caracterizada por ser publicada em periódico, ter a função básica de aprofundar
as informações acerca de um tema relevante, apresentar ao leitor fatos e considerações e utilizar uma
linguagem referencial, preferencialmente objetiva.
d) uma notícia, uma vez que se caracteriza por ser publicada em jornal, relatar um fato recente,
explicitando os envolvidos e as circunstâncias em que se deu um fato, e por ser de relevância social para
um grande público, apontando causas e consequências.
e) um editorial, caracterizado por emitir a posição de um jornal ou revista acerca de um produto, embora
sem indicação de autoria, utilizando uma linguagem subjetiva e expressiva.
O artigo objetiva contribuir para as análises referentes ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (PRONATEC) proposto pelo MEC em 2011 e pertencente à Política de Educação
Profissional Técnica de nível médio. (I) Problematiza um dos pressupostos do Programa: o de que a
qualificação pretendida implica na melhoria da qualidade do Ensino Médio Público. (II) Apresenta, como
bases de análise, o contexto do Decreto nº 5154/04, a atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Profissional e as do Ensino Médio e referencial teórico baseado nos conceitos de Estado
ampliado e de capitalismo dependente. (III) O PRONATEC ao priorizar a qualificação profissional
concomitante ao Ensino Médio Público, mediante parcerias público/privado fragmenta os insuficientes
recursos públicos, e promove a descontinuidade em relação à concepção progressista de integração entre
Ensino Médio e Educação Profissional. (IV) Paraliza o processo de travessia para a escola unitária e não
enfrenta a problemática complexa da qualidade na escola pública.
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O fragmento em questão é o resumo de um artigo científico. Considerando que, nesse gênero, o uso
da língua padrão é necessário, verifica-se que, nos trechos em destaque no próprio texto, houve
observância desse uso no trecho:
a) IV.
b) III.
c) II.
d) I.
As diferenças que podem ser observadas entre os textos dizem respeito à sua situação de produção
e de circulação, inclusive a finalidade a que se destinam. São os chamados gêneros de texto. Por
exemplo: se o locutor quer instruir seu interlocutor, ele indica passo a passo o que deve ser feito para a
obtenção de um bom resultado, como ocorre numa receita de bolo. Se quer persuadir alguém a consumir
um produto, ele argumenta, como faz em um anúncio de chocolate. Se quer contar fatos reais, ele pode
escrever uma notícia. Se quer contar uma história ficcional, ele pode produzir um conto. Se quer transmitir
conhecimentos, ele deve construir um texto em que exponha com clareza os saberes relacionados ao
objeto em foco.
Ou seja, quando interagimos com outras pessoas por meio da linguagem, seja ela oral ou escrita,
produzimos certos textos que, com poucas variações, se repetem no tipo de conteúdo, no tipo de
linguagem e de estrutura. Esses textoVFRQVWLWXHPRVFKDPDGRVµJrQHURVWH[WXDLV¶HIRUDPKLVWRULFDPHQWH
criados pelas pessoas a fim de atender a determinadas necessidades de interação social. De acordo com
o momento histórico, pode nascer um gênero novo, podem desaparecer gêneros de pouco uso ou, ainda,
um gênero pode sofrer mudanças.
Numa situação de interação verbal, a escolha do gênero textual é feita de acordo com os diferentes
elementos que fazem o contexto, tais como: quem está falando ou escrevendo; para quem; com que
finalidade; em que momento histórico etc. Os gêneros estão ligados a esferas de circulação da linguagem.
Assim, por exemplo, na esfera jornalística, são comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais,
entrevistas; na esfera da divulgação científica, são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de
enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência etc.
Desse modo, os gêneros de texto que circulam na sociedade têm uma grande vinculação com o
momento histórico-cultural de cada contexto.
(William Cereja; Thereza Cochar; Ciley Cleto. Interpretação de textos. São Paulo: Editora Atual, 2009, p. 29. Adaptado)
Respostas
1. (B)
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A função conativa é o mesmo que apelativa; centrada no receptor, no destinatário. Exemplo:
Propagandas.
2. (C)
A questão pede o uso da norma padrão da língua, os erros dos trechos são:
I) O verbo implicar no sentido de "acarretar", "ocasionar" é transitivo DIRETO.
http://portugues.uol.com.br/gramatica/verbo-implicar.html
II) Correta -> letra c
III) Uso da vírgula errado, a primeira vírgula está separando sujeito do verbo.
IV) Escreve-se paraliSa e não paraliZa
3. (D)
Qual o sentido global que apresenta o texto? De adição, note ali a conjunção aditiva "e". Para que
mantenhamos o trecho com seu sentido global, temos que substituir a conjunção aditiva por outra
conjunção aditiva.
a) Errada; Esses textos constituem os chamados gêneros textuais uma vez que foram historicamente
criados pelas pessoas.
Aqui temos uma conjunção CAUSAL.
b) Errada; Esses textos constituem os chamados gêneros textuais, como foram historicamente criados
pelas pessoas.
Conjunção COMPARARTIVA.
c) Errada. Esses textos constituem os chamados gêneros textuais conforme foram historicamente
criados pelas pessoas.
Conjunção CONFORMATIVA
d) Gabarito. Esses textos não só constituem os chamados gêneros textuais, mas também foram
historicamente criados pelas pessoas.
GABARITO. Não só... Mas também - Conjunção aditiva
e) Errada. Esses textos constituem os chamados gêneros textuais, porém foram historicamente
criados pelas pessoas.
Conjunção ADVERSATIVA
$SDODYUDRUWRJUDILDpIRUPDGDSHORVHOHPHQWRVJUHJRVRUWR³FRUUHWR´HJUDILD³HVFULWD´VHQGRDHVFULWD
correta das palavras da língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de critérios etimológicos
(ligados à origem das palavras) e fonológicos (ligados aos fonemas representados).
Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba trazendo a memorização da grafia correta.
Deve-se também criar o hábito de consultar constantemente um dicionário.
Alfabeto
2 DOIDEHWR SDVVRX D VHU IRUPDGR SRU OHWUDV $V OHWUDV ³N´ ³Z´ H ³\´ QmR HUDP FRQVLGHUDGDV
integrantes do alfabeto (agora são). Essas letras são usadas em unidades de medida, nomes próprios,
palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos: km, kg, watt, playground, William, Kafka,
kafkiano.
Vogais: a, e, i, o, u, y, w.
Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,z.
Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z.
Observações:
$OHWUD³<´SRVVXLRPHVPRVRPTXHDOHWUD³,´SRUWDQWRHODpFODVVLILFDGDFRPRYRJDO
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$OHWUD³.´SRVVXLRPHVPRVRPTXHR³&´HR³48´QDVSDODYUDVDVVLPpFRQVLGHUDGDFRQVRDQWH
Exemplo: Kuait / Kiwi.
-iDOHWUD³:´SRGHVHUFRQVLGHUDGDYRJDORXFRQVRDQWHGHSHQGHQGRGDSDODYUDHPTXHVWmRYHMDRV
exemplos:
1RQRPHSUySULR:DJQHUR³:´SRVVXLRVRPGH³9´ORJRpFODVVLILFDGRFRPRFRQVRDQWH
Emprego da letra H
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético; conservou-se apenas como símbolo,
por força da etimologia e da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta palavra vem do
latim hodie.
Emprega-se o H:
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, hesitar, haurir, etc.
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave, boliche, telha, flecha, companhia, etc.
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, etc.
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmonia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério,
heliporto, hematoma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear, hera, húmus;
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baianada, etc.
Não se usa H:
- No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimológico, foi eliminado por se tratar de palavras
que entraram na língua por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha, respectivamente do
latim, herba, hibernus e Hispania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro,
herbicida, hispânico, hibernal, hibernar, etc.
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, /o/ e /u/ nem sempre é nítida. É
principalmente desse fato que nascem as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, intitular,
mágoa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais.
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em ±uar: continue, habitue, pontue, etc.
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em ±oar: abençoe, magoe, perdoe, etc.
- As palavras formadas com o prefixo ante± (antes, anterior): antebraço, antecipar, antedatar,
antediluviano, antevéspera, etc.
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro, Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira,
Desperdício, Destilar, Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, Lacrimogêneo, Mexerico,
Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase, Quepe, Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer.
Emprega-se a letra I:
- Na sílaba final de formas dos verbos terminados em ±air/±oer /±uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui,
retribui, sai, etc.
- Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaéreo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
- Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício, artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar,
cimento, crânio, criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio, feminino, Filipe,
frontispício, Ifigênia, inclinar, incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina,
pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.
Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, boletim, botequim, bússola, chover, cobiça,
concorrência, costume, engolir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, névoa, nódoa,
óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo.
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Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume,
cutucar, entupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada, tonitruante,
trégua, urtiga.
Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferenciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/
e /u/. Fixemos a grafia e o significado dos seguintes:
área = superfície
ária = melodia, cantiga
arrear = pôr arreios, enfeitar
arriar = abaixar, pôr no chão, cair
comprido = longo
cumprido = particípio de cumprir
comprimento = extensão
cumprimento = saudação, ato de cumprir
costear = navegar ou passar junto à costa
custear = pagar as custas, financiar
deferir = conceder, atender
diferir = ser diferente, divergir
delatar = denunciar
dilatar = distender, aumentar
descrição = ato de descrever
discrição = qualidade de quem é discreto
emergir = vir à tona
imergir = mergulhar
emigrar = sair do país
imigrar = entrar num país estranho
emigrante = que ou quem emigra
imigrante = que ou quem imigra
eminente = elevado, ilustre
iminente = que ameaça acontecer
recrear = divertir
recriar = criar novamente
soar = emitir som, ecoar, repercutir
suar = expelir suor pelos poros, transpirar
sortir = abastecer
surtir = produzir (efeito ou resultado)
sortido = abastecido, bem provido, variado
surtido = produzido, causado
vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Grafa-se este ou aquele signo não de modo
arbitrário, mas de acordo com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego gypsos), jeito (do latim
jactu) e jipe (do inglês jeep).
Escrevem-se com G:
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Escrevem-se com J:
- Palavras derivadas de outras terminadas em ±já: laranja (laranjeira), loja (lojista, lojeca), granja
(granjeiro, granjense), gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sarjeta), cereja
(cerejeira).
- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em ±jar ou ±jear: arranjar (arranje), despejar
(despejei), gorjear (gorjeia), viajar (viajei, viajem) ± (viagem é substantivo).
- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso,
enjeitar, projeção, rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito).
- Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani) ou africana: canjerê, canjica, jenipapo,
jequitibá, jerimum, jiboia, jiló, jirau, pajé, etc.
- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste, cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias,
Jericó, Jerônimo, jérsei, jiu-jítsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, pegajento,
rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, varejista.
- Atenção: Moji, palavra de origem indígena, deve ser escrita com J. Por tradição algumas cidades de
São Paulo adotam a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mogi-Mirim.
- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimento, dança, dançar, contorção, exceção,
endereço, Iguaçu, maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, muçulmano, muçurana, paçoca, pança,
pinça, Suíça, suíço, vicissitude.
- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descansar, descanso, diversão, excursão,
farsa, ganso, hortênsia, pretensão, pretensioso, propensão, remorso, sebo, tenso, utensílio.
- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, carrossel, cassino, concessão, discussão,
escassez, escasso, essencial, expressão, fracasso, impressão, massa, massagista, missão, necessário,
obsessão, opressão, pêssego, procissão, profissão, profissional, ressurreição, sessenta, sossegar,
sossego, submissão, sucessivo.
- SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, consciente, crescer, cresço, descer, desço,
desça, disciplina, discípulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio, oscilar, piscina,
ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibilidade, suscitar, víscera.
- X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximidade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
- XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, excelso, excêntrico, excepcional, excesso,
excessivo, exceto, excitar, etc.
Homônimos
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Emprego de S com valor de Z
- Adjetivos com os sufixos ±oso, -osa: gostoso, gostosa, gracioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc.
- Adjetivos pátrios com os sufixos ±ês, -esa: português, portuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa,
etc.
- Substantivos e adjetivos terminados em ±ês, feminino ±esa: burguês, burguesa, burgueses,
camponês, camponesa, camponeses, freguês, freguesa, fregueses, etc.
- Verbos derivados de palavras cujo radical termina em ±s: analisar (de análise), apresar (de presa),
atrasar (de atrás), extasiar (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc.
- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: pus, pusemos, compôs, impuser, quis,
quiseram, etc.
- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Baltasar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel,
Isaura, Luís, Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás, Valdês.
- Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis, arnês, ás, ases, através, avisar, besouro,
colisão, convés, cortês, cortesia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, espontâneo, evasiva, fase, frase,
freguesia, fusível, gás, Goiás, groselha, heresia, hesitar, manganês, mês, mesada, obséquio, obus,
paisagem, país, paraíso, pêsames, pesquisa, presa, presépio, presídio, querosene, raposa, represa,
requisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesouro, três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo,
visita.
Emprego da letra Z
- Os derivados em ±zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha,
cãozito, avezita, etc.
- Os derivados de palavras cujo radical termina em ±z: cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar
(de vazio), etc.
- Os verbos formados com o sufixo ±izar e palavras cognatas: fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização,
etc.
- Substantivos abstratos em ±eza, derivados de adjetivos e denotando qualidade física ou moral:
pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc.
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade, aprazível, baliza, buzinar, bazar,
chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez.
- O sufixo ±ês (latim ±ense) forma adjetivos (às vezes substantivos) derivados de substantivos
concretos: montês (de monte), cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de montanha), francês
(de França), chinês (de China), etc.
- O sufixo ±ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjetivos: aridez (de árido), acidez
(de ácido), rapidez (de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) avidez (de ávido) palidez (de
pálido) lucidez (de lúcido), etc.
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Verbos terminados em ±ISAR e -IZAR
Escreve-se ±isar (com s) quando o radical dos nomes correspondentes termina em ±s. Se o radical
não terminar em ±s, grafa-se ±izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar (a + liso +
ar), bisar (bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar (improviso + ar), paralisar (paralisia + ar), pesquisar
(pesquisa + ar), pisar, repisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), anarquizar (anarquia + izar),
civilizar (civil + izar), canalizar (canal + izar), amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar), vulgarizar
(vulgar + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (escravo + izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar
(deslize + izar), matizar (matiz + izar).
Emprego do X
- Não soa nos grupos internos ±xce- e ±xci-: exceção, exceder, excelente, excelso, excêntrico,
excessivo, excitar, inexcedível, etc.
- Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, expiar, expirar, expoente, êxtase, extasiado,
extrair, fênix, texto, etc.
- Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol,
seixo, etc. Excetuam-se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem. Geralmente,
depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxamear, enxaguar, enxaqueca, enxergar, enxerto,
enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch: encharcar (de charco),
encher e seus derivados (enchente, preencher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim, toda vez
que se trata do prefixo en- + palavra iniciada por ch. Em vocábulos de origem indígena ou africana:
abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê, orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar,
faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa, oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim,
xícara, xale, xingar, xampu.
Emprego do dígrafo CH
Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bucha, charque, charrua, chavena,
chimarrão, chuchu, cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha.
Homônimos
Bucho = estômago
Buxo = espécie de arbusto
Cocha = recipiente de madeira
Coxa = capenga, manco
Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça larga e chata, caldeira
Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas do chá ou de outras plantas
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã)
Cheque = ordem de pagamento
Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por uma peça adversária
Consoantes dobradas
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terminado em vogal seguir, sem interposição do hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado,
correlação, pressupor, bissemanal, girassol, minissaia, etc.
CÊ - cedilha
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença,
eleição, exceção, força, frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, raça.
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus derivados: ater, atenção; abster, abstenção;
reter, retenção; torcer, torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção.
O Ç só é usado antes de A, O, U.
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos, nomes próprios tornados comuns:
maia, bacanais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.
- Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando empregados em sentido geral: São Pedro foi
o primeiro papa. Todos amam sua pátria.
- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o
pico da Neblina, etc.
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação dLUHWD ³4XDO GHOHV R KRUWHOmR RX R
DGYRJDGR"´³&KHJDPRVPDJRVGR2ULHQWHFRPVXDVGiGLYDVRXURLQFHQVRPLUUD´
- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com, de, em, sem, grafam-se com inicial
minúscula.
Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificuldades colocando em maus lençóis quem
pretende falar ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar seu
desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras certas em situações apropriadas.
A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos à Europa.
Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessidade de usar atrás, isto é um pleonasmo.
Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de uma solução melhor.
Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resolvemos este caso.
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Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai ao encontro da verdade.
De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opiniões vão de encontro às suas.
A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): Vou a fim de visitá-la.
Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Somos almas afins.
Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar começou a chorar (oposição).
Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar-me, ficou só.
A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das boas notícias.
Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência entre valores financeiros ± câmbio): O dólar e o
euro estão ao par.
À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a (inutilmente, sem razão): Andava à toa pela rua.
À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equivale a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa
e precipitada. (até 01/01/2009 era grafada: à-toa)
Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços funcionam como sujeito: Baixaram os preços
(sujeito) nos supermercados. Vamos comemorar, pessoal!
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos (sujeito) de combustível abaixaram os
preços (objeto direto) da gasolina.
Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os vereadores, deputados: Ficaram todos
reunidos na Câmara Municipal.
Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei uma câmera japonesa.
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Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de artigo, equivale a os outros. Chamaram mais dez
candidatos, os demais devem aguardar.
De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos, refere-se sempre a um substantivo ou a um
pronome: Não vejo nada de mais em sua decisão.
Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é
cheio de surpresas. (até 01/01/2009, era grafado dia-a-dia)
Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente. O álcool aumenta dia a dia. Pode isso?
Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu foi descriminado; pra sorte dele.
Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era impossível discriminar os caracteres do
documento. Cumpre discriminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda são discriminados.
$VH[SUHVV}HV³HQWUHJDHPGRPLFtOLR´H³HQWUHJDDGRPLFtOLR´VmRPXLWRUHFRUUHQWHVHPUHVWDXUDQWHV
na propaganda televisa, no outdoor, no folder, no panfleto, no catálogo, na fala. Convivem juntas sem
problemas maiores porque são entendidas da mesma forma, com um mesmo sentido. No entanto, quando
falamos de gramática normativa, temos que ter cuidado, pois ³DGRPLFtOLR´ não é aceita. Por quê? A
regra estabelece que esta última locução adverbial deve ser usada nos casos de verbos que indicam
movimento, como: levar, enviar, trazer, ir, conduzir, dirigir-se.
3RUWDQWR³$ORMDHQWUHJRXPHXVRIiDFDVD´QmRHVWiFRUUHWR-iDORFXomRDGYHUELDO ³HPGRPLFtOLR´
é usada com os verbos sem noção de movimento: entregar, dar, cortar, fazer.
A dúvida surge com o verbo ³HQWUHJDU´QmRLQGLFDULDPRYLPHQWR"'HDFRUGRFRPDJUDPiWLFDSXULVWD
não, uma vez que quem entrega, entrega algo em algum lugar.
Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica sim movimento, pois quem entrega se desloca
de um lugar para outro.
ContXGRREHGHFHQGRjVQRUPDVJUDPDWLFDLVGHYHPRVXVDU³HQWUHJDHPGRPLFtOLR´QRVDWHQWDQGRDR
fato de que a finalidade é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de uma pessoa.
Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): A estada dela aqui foi gratificante.
Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios ou veículos: A estadia do carro foi
prolongada por mais algumas semanas.
Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha no escuro: Este material é fosforescente.
Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento químico, refere-se a um determinado tipo de
luminosidade: A luz branca do carro era fluorescente.
Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunhado, levantou sozinho a tampa do poço.
Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se cedo e, dirigiram-se ao aeroporto.
Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto de bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo,
prejudicial, enfermidade; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A comida fez mal para mim.
Seu mal é crer em tudo. Conjunção subordinativa temporal, equivale a assim que, logo que: Mal chegou
começou a chorar desesperadamente.
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Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus; feminino=má. Você é um mau exemplo
(bom). Substantivo: Os maus nunca vencem.
Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale a porém, contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas
ela não atendeu.
Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos: Há mais flores perfumadas no campo.
Nem um: equivale a nem um sequer, nem um únicoDSDODYUD³XP´H[SUHssa quantidade: Nem um filho
de Deus apareceu para ajudá-la.
Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e número; vem antes de um substantivo, é oposto de
algum: Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso.
Onde: indica o lugar em que se está; refere-se a verbos que exprimem estado, permanência: Onde fica
a farmácia mais próxima?
Aonde: ideia de movimento; equivale (para onde) somente com verbo de movimento desde que indique
deslocamento, ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta pressa?
Emprego do Porquê
Orações
Interrogativas Exemplo:
(pode ser substituído Por que devemos nos preocupar com o meio
por: por qual motivo, por ambiente?
Por Que qual razão)
Exemplo:
(TXLYDOHQGRD³SHOR Os motivos por que não respondeu são
TXDO´ desconhecidos.
Exemplos:
Você ainda tem coragem de perguntar por quê?
Final de frases e
Por Quê Você não vai? Por quê?
seguidos de pontuação
Não sei por quê!
Exemplos:
A situação agravou-se porque ninguém
Conjunção que indica
reclamou.
explicação ou causa
Ninguém mais o espera, porque ele sempre se
Porque
atrasa.
Conjunção de
Finalidade ± equivale a Exemplos:
³SDUDTXH´³DILPGH Não julgues porque não te julguem.
TXH´
Função de
Exemplos:
substantivo ± vem
Não é fácil encontrar o porquê de toda
acompanhado de artigo
Porquê confusão.
ou pronome
Dê-me um porquê de sua saída.
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Emprego de outras palavras
Tampouco: advérbio, equivale a ³WDPEpP QmR´: Não compareceu, tampouco apresentou qualquer
justificativa.
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão pouco esta semana.
Questões
O FUTURO NO PASSADO
1 Poucas previsões para o futuro feitas no passado se realizaram. O mundo se mudava do campo para
as cidades, e era natural que o futuro idealizado então fosse o da cidade perfeita. Mas o helicóptero não
substituiu o automóvel particular e só recentemente começou-se a experimentar carros que andam sobre
faixas magnéticas nas ruas, liberando seus ocupantes para a leitura, o sono ou o amor no banco de trás.
As cidades não se transformaram em laboratórios de convívio civilizado, como previam, e sim na maior
prova da impossibilidade da coexistência de desiguais.
2 A ciência trouxe avanços espetaculares nas lides de guerra, como os bombardeios com precisão
cirúrgica que não poupam civis, mas não trouxe a democratização da prosperidade antevista. Mágicas
novas como o cinema prometiam ultrapassar os limites da imaginação. Ultrapassaram, mas para o
território da banalidade espetaculosa. A TV foi prevista, e a energia nuclear intuída, mas a revolução da
informática não foi nem sonhada. As revoluções na medicina foram notáveis, certo, mas a prevenção do
câncer ainda não foi descoberta. Pensando bem, nem a do resfriado. A comida em pílulas não veio - se
bem que a nouvelle cuisine chegou perto. Até a colonização do espaço, como previam os roteiristas do
³)ODVK*RUGRQ´HVWiDWUDVDGD0DO chegamos a Marte, só para descobrir que é um imenso terreno baldio.
E os profetas da felicidade universal não contavam com uma coisa: o lixo produzido pela sua visão.
Nenhuma previsão incluía a poluição e o aquecimento global.
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3 Mas assim como os videntes otimistas falharam, talvez o pessimismo de hoje divirta nossos bisnetos.
Eles certamente falarão da Aids, por exemplo, como nós hoje falamos da gripe espanhola. A ciência e a
técnica ainda nos surpreenderão. Estamos na pré-história da energia magnética e por fusão nuclear fria.
4 É verdade que cada salto da ciência corresponderá a um passo atrás, rumo ao irracional. Quanto
mais perto a ciência chegar das últimas revelações do Universo, mais as pessoas procurarão respostas
no misticismo e refúgio no tribal. E quanto mais a ciência avança por caminhos nunca antes sonhados,
mais leigo fica o leigo. A volta ao irracional é a birra do leigo.
³H HUD QDWXUDO TXH R IXWXUR ,'($/,=$'2 HQWmR IRVVH R GD FLGDGH SHUIHLWD´ 2 YRFiEXOR HP
destaque no trecho acima grafa-se com a letra Z, em conformidade com a norma de emprego do sufixo±
izar.
Das opções abaixo, aquela em que um dos vocábulos está INCORRETAMENTE grafado por não se
enquadrar nessa norma é:
a) alcoolizado / barbarizar / burocratizar.
b) catalizar / abalizado / amenizar.
c) catequizar / cauterizado / climatizar.
d) contemporizado / corporizar / cretinizar
e) esterilizar / estigmatizado / estilizar.
3. (Pref. De Biguaçu-SC ± Professor III ± Inglês/2016) De acordo com a Língua Portuguesa culta,
assinale a alternativa cujas palavras seguem as regras de ortografia:
Dificilmente, em uma ciência-arte como a Psicologia-Psiquiatria, há algo que se possa asseverar com
100% de certeza. Isso porque há áreas bastante interpretativas, sujeitas a leituras diversas, a depender
do observador e do observado. Porém, existe um fato na Psicologia-Psiquiatria forense que é 100% de
certeza e não está sujeito a interpretação ou a dissimulação por parte de quem está a ser examinado. E
revela, objetivamente, dados do psiquismo da pessoa ou, em outras palavras, mostra características
comportamentais indissimuláveis, claras e objetivas. O que pode ser tão exato, em matéria de Psicologia-
Psiquiatria, que não admite variáveis? Resposta: todos os crimes, sem exceção, são como fotografias
exatas e em cores do comportamento do indivíduo. E como o psiquismo é responsável pelo modo de agir,
por conseguinte, tem os em todos os crimes, obrigatoriamente e sempre, elementos objetivos da mente
de quem os praticou.
Por exemplo, o delito foi cometido com multiplicidade de golpes, com ferocidade na execução, não
houve ocultação de cadáver, não se verifica cúmplice, premeditação etc. Registre-se que esses dados já
aconteceram. Portanto, são insimuláveis, 100% objetivos. Basta juntar essas características
comportamentais que teremos algo do psiquismo de quem o praticou. Nesse caso específico, infere-se
que a pessoa é explosiva, impulsiva e sem freios, provável portadora de algum transtorno ligado à
disritmia psicocerebral, algum estreitamento de consciência, no qual o sentimento invadiu o pensamento
e determinou a conduta.
Em outro exemplo, temos homicídio praticado com um só golpe, premeditado, com ocultação de
cadáver, concurso de cúmplice etc. Nesse caso, os dados apontam para o lado do criminoso comum, que
entendia o que fazia.
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Claro que não é possível, apenas pela morfologia do crime, saber-se tudo do diagnóstico do criminoso.
Mas, por outro lado, é na maneira como o delito foi praticado que se encontram características 100%
seguras da mente de quem o praticou, a evidenciar fatos, tal qual a imagem fotográfica revela-nos
exatamente algo, seja muito ou pouco, do momento em que foi registrada. Em suma, a forma como as
coisas foram feitas revela muito da pessoa que as fez.
7DO FRPR RFRUUH FRP ³LQWHUSUHWDd2 ´ H ³GLVVLPXODd2´ JUDID-VH FRP ³o´ R VXIL[R GH DPEDV DV
palavras arroladas em:
a) apreenção do menor - sanção legal.
b) detenção do infrator ascenção ao posto.
c) presunção de culpa coerção penal.
d) interceção do juiz - contenção do distúrbio.
e) submição à lei indução ao crime.
Foi na minha última viagem ao Perú que entrei em uma baiúca muito agradável. Apesar de simples,
era bem frequentada. Isso podia ser constatado pelas assinaturas (ou simples rúbricas) dispostas em
quadros afixados nas paredes do estabelecimento, algumas delas de pessoas famosas. Insisti com o
garçom para também colocar a minha assinatura, registrando ali a minha presença. No final, o ônus foi
pesado: a conta veio muito salgada. Tudo seria perfeito se o tempo ali passado, por algum milagre, tivesse
sido gratuíto.
Assinale a alternativa que apresenta palavra em que a acentuação está CORRETA, de acordo com a
Reforma Ortográfica em vigor:
a) gratuíto
b) Perú
c) ônus
d) rúbricas
e) baiúca
A palavra "gás" aparece corretamente acentuada no texto. Dentre as palavras abaixo, aquela cuja
regra de acentuação mais se aproxima daquela que justifica o acento em "gás" é:
a) ácido.
b) âmbito.
c) estágio.
d) público.
e) crê.
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7. (Pref. De Quixadá-CE ± Agente de Combate às Endemias ± Serctam/2016) Marque a opção em
que TODOS os vRFiEXORVVHFRPSOHWDPFRPDOHWUD³V´
a) pesqui__a, ga__olina, ali__erce.
b) e__ótico, talve__, ala__ão.
c) atrá__, preten__ão, atra__o.
d) bati__ar, bu__ina, pra__o.
e) valori__ar, avestru__, Mastru__.
Respostas
1. (A)
Permanecem os acentos diferenciais pode/pôde; por/pôr; tem/têm; vem/vêm. Então o primeiro item
está certo e o segundo, errado. Creem, deem, leem, de fato, não são mais acentuados. Porém,
permanece o acento diferencial de terceira pessoa do plural em tem/têm; vem/vêm.
Assim, temos V, F, F.
2. (B)
A grafia correta do vocábulo em questão é catequizar, com z. A confusão acontece porque o
substantivo catequese é escrito com s, portanto, seria lógico que as palavras dele derivadas
preservassem o s. Seguindo esse raciocínio, muitos acabam errando na hora de escrever, pois fatores
etimológicos acabam sendo desconsiderados, visto que nem todos conhecem a história e a origem de
determinados termos.
Embora a palavra catequese seja escrita com s, o verbo catequizar não é derivado desse substantivo,
já que tem sua origem no latim catechizare e na palavra grega katekhízein. Sendo assim, todas as
palavras derivadas do verbo catequizar devem ser escritas com z, preservando sua etimologia. Observe
os exemplos:
Pedro é um ótimo catequizador.
A catequização das crianças é realizada no salão da paróquia.
A literatura catequizante tem no Padre José de Anchieta um de seus principais representantes.
A principal missão dos jesuítas era catequizar os nativos brasileiros.
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3. (B)
a) eletricista
b) correta
c) Reivindicações
d) discriminar
e) despercebido
4. (C)
3DODYUDV GHULYDGDV GH YHUERV TXH SRVVXHP QR UDGLFDO ³FHG´ ³PHW´ ³FXW´ ³JUHG´ H ³SULP´ ceder-
cessão; prometer-promessa; agredir-agressão; imprimir-impressão; discutir-discussão) invento
5. (C)
Gra ± tui ± to - Paroxítona ± Não acentua paroxítona em O.
Pe ± ru - Oxítona ± Não acentua oxítona terminada em U.
ô ± nus ± Paroxítona ± Acentua paroxítona terminada em u, us, um, uns, on, ons.
Ru ± bri ± ca ± Paroxítona ± Não acentua paroxítona terminada em A.
Bai ± u ± ca ± Não acentua hiato ( U ) em paroxítonas precedidas de ditongo.
6. (E)
A questão pede a mesma regra de acentuação da palavra "GÁS" - MONOSSÍLABO TÔNICO
a)Proparoxítona
b)Proparoxítona
c)Paroxítona
d)Proparoxítona
e)MONOSSÍLABO TÔNICO = CORRETA
7. (C)
A) pesquisa, gasolina, alicerce.
B) exótico, talvez, alazão.
C) atrás, pretensão, atraso.
D) batizar, buzina, prazo.
E) valorizar, avestruz, Mastruz.
8. (B)
Os erros são:
I. intervém ou intervêm, autoinstrução
IV. macrossistema
9. (D)
Procrastinar: transferir para outro dia ou deixar para depois; adiar, delongar, postergar, protrair.
Idiossincrasia: característica comportamental peculiar a um grupo ou a uma pessoa.
Abduzir: afastar, desviar de um ponto, de um alvo, de uma referência; arredar. Tirar ou levar (algo ou
alguém) com violência; arrebatar, raptar.
10. (A)
a) Aparição e Omissão
b) Retenção e Exceção
c) Opressão e Permissão.
d) Pretensão e Impressão
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4. Domínio dos mecanismos de coesão textual; 4.1. Emprego de
elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e
de outros elementos de sequenciação textual; 4.2. Emprego de
tempos e modos verbais
Coesão
Uma das propriedades que distinguem um texto de um amontoado de frases é a relação existente
entre os elementos que os constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre palavras,
expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos gramaticais, que servem para estabelecer
vínculos entre os componentes do texto. Observe:
³2LUDTXLDQROHXVXDGHFODUDomRQXPEORTXLQKRFRPXPGHDQRWDo}HVTXHVHJXUDYDQDPmR´
Arroz-doce da infância
Ingredientes
1 litro de leite desnatado
150g de arroz cru lavado
1 pitada de sal
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sobremesa) de canela em pó
Preparo
Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de sal e mexa sem parar até cozinhar o
arroz. Adicione o açúcar e deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, polvilhe a
canela. Sirva.
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4. São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.
Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes e modo de preparar. As informações
apresentadas na primeira são retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primeira vez
na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido, o qual exerce, entre outras funções, a de
indicar que o termo determinado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica já fizera
menção.
No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o açúcar, o artigo citado na primeira parte.
Se dissesse apenas adicione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar, diverso daquele
citado no rol dos ingredientes.
Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada ou antecipação de palavras, expressões
ou frases e encadeamento de segmentos.
³1RPHUFDGRGHWUDEDOKREUDVLOHLURDLQGDKRMHQmRKiWRWDOLJXDOGDGHHQWUHKRPHQVHPXOKHUHV estas
DLQGDJDQKDPPHQRVGRTXHDTXHOHVHPFDUJRVHTXLYDOHQWHV´
Nesse período, o pronome demonstrativo ³HVWDV´ retoma o termo mulheres, enquanto ³DTXHOHV´
recupera a palavra homens.
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Os termos que servem para retomar outros são denominados anafóricos; os que servem para anunciar,
para antecipar outros são chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa abandonar a
faculdade no último ano:
³-iYLXXPDORXFXUDGHVWDDEDQGRQDUDIDFXOGDGHQR~OWLPRDQR"´
³$VSHVVRDVVLPSOLILFDP0DFKDGRGH$VVLVHODVRYHHPFRPRXPGHVFUHQWHGRDPRUHGDDPL]DGH´
O pronome pessoal ³HODV´ recupera o substantivo pessoas; o pronome pessoal ³R´ retoma o nome
Machado de Assis.
³2VGRLVKRPHQVFDPLQKDYDPSHODFDOoDGDDPERVWUDMDQGRURXSDHVFXUD´
³)XLDRFLQHPDGRPLQJRHFKHJDQGROiILTXHLGHVDQLPDGRFRPDILOD´
³2 JRYHUQDGRU YDL SHVVRDOPHQWH LQDXJXUDU D FUHFKH GRV IXQFLRQiULRV GR SDOiFLR H R IDUi SDUD
GHPRQVWUDUVHXDSUHoRDRVVHUYLGRUHV´
A forma verbal ³IDUi´ retoma a perífrase verbal vai inaugurar e seu complemento.
- (PSULQFtSLRRWHUPRDTXH³R´ anafórico se refere deve estar presente no texto, senão a coesão fica
comprometida, como neste exemplo:
A rigor, não se pode dizer que o pronome ³OD´ seja um anafórico, pois não está retomando nenhuma
das palavras citadas antes. Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudicado: não há
possibilidade de se depreender o sentido desse pronome.
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a nenhuma palavra citada anteriormente no
interior do texto, mas que possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que se inscreve
o texto. É o caso de um exemplo como este:
³2FDVDPHQWRWHULDVLGRjVKRUDV2QRLYRMiHVWDYDGHVHVSHUDGRSRUTXHHUDPKRUDVHHODQmR
KDYLDFRPSDUHFLGR´
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome ³HOD´ é um anafórico que só pode estar-se
referindo à palavra noiva. Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser pelo atraso
da noiva (representada por ³HOD´ no exemplo citado).
- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir informações novas ao texto. Quando elas forem
retomadas, deverão ser precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indicar que o termo
por ele determinado é idêntico, em termos de valor referencial, a um termo já mencionado.
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- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois termos distintos, há uma ruptura de
coesão, porque ocorre uma ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal forma que o
leitor possa determinar exatamente qual é a palavra retomada pelo anafórico.
³'XUDQWHRHQVDLRRDWRUSULQFLSDOEULJRXFRPRGLUHWRUSRUFDXVDGDVXDDUURJkQFLD´
O anafórico ³VXD´ pode estar-se referindo tanto à palavra ator quanto a diretor.
³$QGUpEULJRXFRPRH[-QDPRUDGRGHXPDDPLJDTXHWUDEDOKDQDPHVPDILUPD´
Não se sabe se o anafórico ³TXH´ está se referindo ao termo amiga ou a ex-namorado. Permutando o
anafórico ³TXH´ por ³RTXDO´ ou ³DTXDO´, essa ambiguidade seria desfeita.
Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer por uma substituição por sinônimo,
hiperônimo, hipônimo ou antonomásia.
Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o mesmo sentido que outra, ou sentido
bastante aproximado: injúria e afronta, alegre e contente.
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação do tipo contém/está contido;
Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação do tipo está contido/contém. O
significado do termo rosa está contido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma flor,
mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.
Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um nome comum ou de um comum por um
próprio. Ela ocorre, principalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma característica
notória ou quando o nome próprio de uma personagem famosa é usado para designar outras pessoas
que possuam a mesma característica que a distingue:
Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado pela liberdade na Europa e na América.
³(OHpXP+pUFXOHV´ XPKRPHPPXLWRIRUWH
³8PSUHVLGHQWHGD5HS~EOLFDWHPXPDDJHQGDGHWUDEDOKRH[WUHPDPHQWHFDUUHJDGD'HYHUHFHEHU
ministros, embaixadores, visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo o momento tomar graves
decisões que afetam a vida de muitas pessoas; necessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e
no mundo. Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e terminar sua jornada altas horas da
QRLWH´
A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o último período e o que vem antes dele.
³2EVHUYDYDDVHVWUHODVRVSODQHWDVRVVDWpOLWHV2VDVWURVVHPSUHRDWUDtUDP´
Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros, que recupera os hipônimos estrelas,
planetas, satélites.
³(OHV RV DOTXLPLVWDV DFUHGLWDYDP TXH R RUJDQLVPR GR KRPHP HUD UHJLGR SRU KXPRUHV IOXLGRV
orgânicos) que percorriam, ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso corpo. Eram
quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmonar), a bile amarela e a bile negra. E eram
também estes quatro fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à Água (úmido),
DR)RJR TXHQWH Hj7HUUD IULR UHVSHFWLYDPHQWH´
Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.
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Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos se faz pela repetição da palavra humores;
entre o terceiro e o segundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos.
É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, pois, se ela não for usada para criar um
efeito de sentido de intensificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a seguir, por
exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem),
com a evidente intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável flamenguista atribui ao
Vasco e ao seu Vice-presidente:
³5HFHELSRUHVVHVGLDVXPH-mail com uma série de piadas sobre o pouco simpático Eurico Miranda.
Faltam-PHSURYDVPDVWXGROHYDDFUHUTXHRUHPHWHQWHVHMDXPIODPHQJXLVWD´
Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presidente do clube, vice-campeão carioca e bi-
vice-campeão mundial. E isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, no
Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes que vicejam. Espero que não viciem.
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p. 4-7.
A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode ser facilmente recuperado pelo contexto.
Também constitui um expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria repetido, e o
preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado (=elíptico) exige, necessariamente, que se faça
correlação com outros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que se desenrola a
fala.
9HMDPRVHVWHVYHUVRVGRSRHPD³&tUFXORYLFLRVR´GH0DFKDGRGH$VVLV
(...)
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
³0tVHUD7LYHVVHHXDTXHODHQRUPHDTXHOD
Claridade imorta, TXHWRGDDOX]UHVXPH´
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, v.III, p. 151.
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo que disse a lua, isto é, antes das aspas,
fica subentendido, é omitido por ser facilmente presumível.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que
vem elidido (ou apagado) antes de sentiu e parou:
³0HXSDLFRPHoRXDDQGDUQRYDPHQWHVHQWLXDSRQWDGDQRSHLWRHSDURX´
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que segue, aquela promoção é
complemento tanto de querer quanto de desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:
³)LFRXPXLWRGHSULPLGRFRPRIDWRGHWHUVLGRSUHWHULGR$ILQDOTXHULDPXLWRGHVHMDYDDUGHQWHPHQWH
aquelDSURPRomR´
Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm regência diferente, a coesão é
rompida. Por exemplo, não se deve dizer ³&RQKHoR H JRVWR GHVWH OLYUR´, pois o verbo conhecer rege
complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma o complemento inteiro, portanto teríamos
uma preposição indevida: ³&RQKHoR GHVWHOLYUR HJRVWRGHVWHOLYUR´. Em ³,PSOLFRHGLVSHQVRVHPGyRV
HVWUDQKRVSDOSLWHLURV´, diferentemente, no complemento em elipse faltaria a preposição ³FRP´ exigida pelo
verbo implicar.
Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é colocar o complemento junto ao primeiro
verbo, respeitando sua regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acrescentando a
preposição devida (Conheço este livro e gosto dele) ou eliminando a indevida (Implico com estranhos
palpiteiros e os dispenso sem dó).
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Coesão por Conexão
Há na língua uma série de palavras ou locuções que são responsáveis pela concatenação ou relação
entre segmentos do texto. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discursivos. Por
exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou seja.
Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: estabelecem entre elas relações semânticas
de diversos tipos, como contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Essas relações
exercem função argumentativa no texto, por isso os operadores discursivos não podem ser usados
indiscriminadamente.
Na frase ³2WLPHDSUHVHQWRXXPERPIXWHEROPDVQmRDOFDQoRXDYLWyULD´, por exemplo, o conector
³PDV´ está adequadamente usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumentativa contrária.
Se fosse utilizado, nesse caso, o conector ³SRUWDQWR´, o resultado seria um paradoxo semântico, pois esse
operador discursivo liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sendo o segmento
introduzido por ele a conclusão do anterior.
- Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa série de argumentos orientados para
uma mesma conclusão. Dividem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais forte de
uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que subentendem uma escala com argumentos mais
fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
Toda a série de qualidades está orientada no sentido de comprovar que ele é bom conferencista;
dentro dessa série, ser sedutor é considerado o argumento mais forte.
³(OH p DPELFLRVR H WHP Jrande capacidade de trabalho. Chegará a ser pelo menos diretor da
HPSUHVD´
Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ser ambicioso e ter grande
capacidade de trabalho; por outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para comprovar que
ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe (por exemplo, ser presidente da empresa) e que se
está usando o menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de valor positivo.
Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlocutor quem pode tomar uma dada decisão.
O último deles é introduzido por ³H WDPEpP´, que indica um argumento final na mesma direção
argumentativa dos precedentes.
Esses operadores introduzem novos argumentos; não significam, em hipótese nenhuma, a repetição
do que já foi dito. Ou seja, só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que
representam uma progressão discursiva. É possível dizer ³'LVIDUoRX DV OiJULPDV TXH R DVVDOWDUDP H
continXRXVHXGLVFXUVR´, porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da exposição. Não teria
FDELPHQWR XVDU RSHUDGRUHV GHVVH WLSR SDUD OLJDU GRLV VHJPHQWRV FRPR ³'LVIDUoRX DV OiJULPDV TXH R
DVVDOWDUDPHHVFRQGHXRFKRURTXHWRPRXFRQWDGHOH´
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- Disjunção Argumentativa: há também operadores que indicam uma disjunção argumentativa, ou
seja, fazem uma conexão entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orientação
argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja, caso contrário, ao contrário.
³1mRDJUHGLHVVHLPEHFLO$RFRQWUiULRDMXGHLDVHSDUDUDEULJDSDUDTXHHOHQmRDSDQKDVVH´
O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente oposto àquele de que o falante teria
agredido alguém.
- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão em relação ao que foi dito em dois ou
mais enunciados anteriores (geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica implícita,
por manifestar uma voz geral, uma verdade universalmente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois
(o pois é conclusivo quando não encabeça a oração).
³(VVDJXHUUDpXPDJXHUUDGHFRQTXLVWDSRLVYLVDDRFRQWUROHGRVIOX[RVPXQGLDLVGHSHWUyOHR3RU
FRQVHJXLQWHQmRpPRUDOPHQWHGHIHQViYHO´
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirmação exposta no primeiro período.
- Comparação: outros importantes operadores discursivos são os que estabelecem uma comparação
de igualdade, superioridade ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão contrária
ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como, mais... (do) que.
³2V SUREOHPDV GH IXJD GH SUHVRV VHUmR WDQWR PDLV JUDYHV TXDQWR PDLRU IRU D FRUUXSomR HQWUH RV
DJHQWHVSHQLWHQFLiULRV´
O comparativo de igualdade tem no texto uma função argumentativa: mostrar que o problema da fuga
de presos cresce à medida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por isso, os
segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista sintático, mas não o são do ponto de vista
argumentativo, pois não há igualdade argumentativa proposta, ³7DQWRPDLRUVHUiDFRUUXSomRHQWUHRV
DJHQWHVSHQLWHQFLiULRVTXDQWRPDLVJUDYHIRURSUREOHPDGDIXJDGHSUHVRV´.
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões opostas: Imagine-se, por exemplo, o
seguinte diálogo entre o diretor de um clube esportivo e o técnico de futebol:
³BB3UHFLVDPRVSURPRYHUDWOHWDVGDVGLYLV}HVGHEDVHSDUDUHIRUoDUQRVVRWLPH
__Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto RVGRWLPHSULQFLSDO´
Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção, pois ele declara que qualquer atleta das
divisões de base tem, pelo menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que estes não
primam exatamente pela excelência em relação aos outros.
Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os segmentos na sua fala:
³BB4XDOTXHUDWOHWDGRWLPHSULQFLSDOpWmRERPTXDQWRRVGDVGLYLV}HVGHEDVH´
Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da promoção, pois ele estaria declarando que
os atletas do time principal são tão bons quanto os das divisões de base.
Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a tese de que os Estados Unidos devam
arcar sozinhos com o custo da guerra contra o Iraque.
- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam uma relação de contrajunção, isto é, que
ligam enunciados com orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversativas (mas,
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