Ebook Cana
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(organizadora)
CANA-DE-AÇÚCAR:
MANEJO, ECOLOGIA E BIOMASSA
Meire Cristina Andrade Cassimiro da Silva
(Organizadora)
CANA-DE-AÇÚCAR:
Autores
2021
1ª EDIÇÃO – 2021
CDD 338.17361
Bauru/SP
www.livrariaspessotto.com.br
APRESENTAÇÃO
02 - MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO/FERTIRRIGAÇÃO NA
CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR .................................................35
(Luiz Vitor Crepaldi Sanches)
1
Engenheiro Agrônomo, Dr, Docente das Faculdades Galileu e Gran Tietê,
brunovaesagrope@gmail.com
2
Bióloga, M. Sc, Doutoranda em Botânica (Fisiologia vegetal) – IBB/ UNESP,
leticia.g.jorge@unesp.br
8 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
Em que:
NC = necessidade de calagem, t ha-1;
V% = saturação por bases encontrada na análise de solo;
CTC = capacidade de troca de cátions (cmolc dm-3) do solo a pH 7,0.
Já Copersucar, por meio de Benedini (1988), sugere a necessidade
de calagem para a cultura utilizando a seguinte fórmula:
Em que:
NG = necessidade de gesso, t ha-1;
V1 = saturação por bases encontrada na análise de solo;
CTC = capacidade de troca de cátions (mmolc dm-3).
Uma outra forma de recomendar o gesso agrícola é através do
conhecimento do teor médio de argila do solo. Com posse dos dados de
análise química do solo, deve-se multiplicar o fator de 60 pelo teor médio
de argila para culturas anuais e perenes em geral, critério que é utilizado
no Estado de São Paulo (RAIJ et al., 1996). Como exemplo, para a cultura
da cana-de-açúcar, a recomendação resulta em dose de 900 kg ha-1 de
gesso para um solo ácido com 15% de argila.
Segundo Sousa et al. (2005), se a saturação de alumínio for maior
que 20% ou o teor de cálcio for menor que 0,5 cmolc/dm3, existe a
possibilidade de resposta ao gesso, justificando-se a utilização deste
insumo. A aplicação deve ser realizada a lanço depois da calagem ou
imediatamente antes, caso seja necessário.
Correção e adubação do solo para a cultura da cana de açúcar | 15
Fosfatagem
Um dos problemas que mais afetam a eficiência na produção
agrícola é a baixa concentração de fósforo disponível e o alto potencial de
fixação do P aplicado via fertilizante (PRADO, 2008).
Embora o elemento seja exigido em menores quantidades do que o
nitrogênio e o potássio, exerce função-chave no metabolismo da cultura,
particularmente na transferência e armazenamento de energia, absorção
iônica, fotossíntese, síntese de proteínas, processo de divisão celular,
herança e fixação biológica de N (MALAVOLTA, 2006).
Devido à sua baixa disponibilidade natural e à alta interação do
elemento com a fração mineral do solo, o fósforo é aplicado em grandes
quantidades nos solos brasileiros. A fosfatagem é uma prática corretiva
que tem como objetivo elevar o teor de fósforo do solo, tornando o
elemento disponível para a cultura ao longo do ciclo.
De acordo com Rein et al. (2015), esta prática é baseada na aplicação
de altas doses de P2O5 (até 180 kg/ha) no fundo do sulco, exclusivamente
no plantio. Entretanto, a fosfatagem também pode ser realizada a lanço
com incorporação em profundidade (em torno de 15 cm), onde a densidade
de raízes da cana-de-açúcar é bastante alta. A disponibilidade de fósforo
em grande quantidade faz com que se atinja aproximadamente 80% do
potencial produtivo no ano, sem outra complementação de fertilizante
fosfatado.
Para que ocorra uma adequada absorção do fósforo, é necessário um
contato próximo do nutriente com as raízes. Vale destacar que o
movimento do nutriente no solo é governado pela difusão, ou seja, a
movimentação ocorrerá a favor de um gradiente de concentração,
percorrendo pequenas distâncias, fato que justifica a aplicação localizada,
a qual irá favorecer o processo de absorção (MALAVOLTA, 2006;
PRADO, 2008; RAIJ, 2017).
De acordo com Korndörfer et al. (2004), a adubação fosfatada
contribui para o aumento o teor de P2O5 no caldo, o que melhora
sobremaneira o processo de clarificação do caldo para a produção de
16 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
Introdução
Ao transitarmos pelas rodovias do Estado de São Paulo, é comum
nos depararmos com imensas áreas de cultivo de cana-de-açúcar. Muitos
acreditam que a cultura é rústica e resistente à falta de água, não sendo
necessário o incremento via irrigação. Entretanto, existem duas vertentes
sobre esta afirmação.
De fato, a cana-de-açúcar consegue se manter viva sob estresse
hídrico. Contudo, nessa condição, apresenta baixa produtividade e má
qualidade, sendo fundamental a suplementação hídrica para seu
crescimento e desenvolvimento e, assim, ter sua produtividade
maximizada.
A suplementação hídrica da cultura da cana é fundamental para o
fornecimento de água em períodos de estiagem, pois, na atualidade, os
regimes pluviométricos já não mais ocorrem de forma distribuída pelas
estações climáticas durante o ano. Após a colheita, a cultura necessita de
suprimento de água para favorecer a rebrota das soqueiras, o que tem
impacto direto na safra do ano seguinte.
Nesse contexto, a cana é a cultura com maior área irrigada no Brasil.
Na safra 2018/2019, dos 11,2 milhões de hectares cultivados com cana-de-
açúcar no país, 3,66 milhões foram irrigados (AGROSATÉLITE, 2019).
Segundo a Agência Nacional das Águas – ANA (2019), a área
irrigada no Brasil é dividida em dois segmentos, sendo um deles com a
aplicação de águas captadas em mananciais (irrigação) e o outro, com a
3
Engenheiro Agrônomo, Dr., Docente das Faculdades Galileu e Gran Tietê,
luizvitorsanches@hotmail.com
36 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
Onde:
V = volume de vinhaça a ser aplicada em m³;
Métodos de irrigação/fertirrigação na cultura da cana de açúcar | 39
Conclusão
A aplicação de irrigação/fertirrigação na cultura da cana-de-açúcar é
uma atividade fundamental para suprir suas necessidades hídricas e
nutricionais. Além disso, a estocagem do principal efluente das usinas, a
vinhaça, é inviável sob o ponto de vista econômico, sendo a sua aplicação
em áreas agrícolas a melhor solução, com a vantagem de incremento de
produtividade e ciclagem de nutrientes.
Referências
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ago 2021.
Métodos de irrigação/fertirrigação na cultura da cana de açúcar | 53
Introdução
Os estudos que envolvem Anatomia e Morfologia Vegetal merecem
destaque na área agronômica, já que se trata de uma ciência que estuda a
organização e a estrutura do corpo vegetal, sendo a planta, portanto, a
matéria-prima da Agronomia. Entender como as plantas são organizadas e
como é a resposta dessas plantas frente ao ambiente em que se encontram
é primordial para trabalhar em áreas como Fitotecnia, Produção Vegetal,
Produção de Mudas, Nutrição Mineral de Plantas e tantas outras. O
trabalho de Silva et al. (2005) mostra algumas interrelações da Anatomia
com algumas dessas áreas importantes na Agronomia.
Quando pensamos em entender o corpo das plantas é necessário
também incluir nessa temática os estudos em Fisiologia Vegetal, já que a
estrutura interna das plantas tem total ligação com a sua fisiologia; isto é,
suas células e tecidos fazem parte de uma arquitetura muito rica e
intimamente ligada com seus processos fisiológicos, como fotossíntese,
transpiração, transporte e translocação de solutos nas plantas.
Dessa forma, este capítulo de revisão bibliográfica visa trazer
informações relevantes e atuais sob o ponto de vista morfológico,
anatômico e fisiológico em uma monocultura, a cana-de-açúcar, em uma
situação particular: a condição hídrica. O papel da água na planta é de vital
importância e, por isso, justificam-se os trabalhos que tratam dessa
temática para a cana-de-açúcar. A água na célula contribui para a
turgescência celular, ou pressão de turgescência, que ocorre em resposta
4
Bióloga, Dra., Docente das Faculdades Galileu, Gran Tietê e Faculdade de Tecnologia
de Curitiba, natotti@gmail.com
56 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
mais raízes para explorar regiões que possam estar com maior quantidade
de oxigênio. Presença de aerênquima, células epidérmicas irregulares e
danificadas, distorção celular e perda de uniformidade nas regiões da
endoderme e periciclo foram modificações anatômicas observadas. Sabe-
se que a formação do aerênquima é essencial para a sobrevivência e
funcionamento das plantas submetidas ao alagamento devido às condições
anóxicas da raiz (JAIN et al., 2019). O aerênquima contribui com o
suprimento de oxigênio da parte aérea às raízes e para a ventilação dos
gases. Dos trabalhos que observam o efeito do manejo hídrico para cana-
de-açúcar (Tabela 1), o trabalho de Jain et. (2019) foi o único que estudou
o efeito do alagamento para essas plantas.
Com relação às respostas fisiológicas, sabe-se que a deficiência
hídrica pode afetar diretamente parâmetros como condutância estomática,
uso eficiente de água pela planta, conteúdo de clorofila e taxas de
transpiração. A concentração de solutos na célula leva a uma diminuição
do potencial hídrico e a continuidade da deficiência pode ocasionar o
fechamento estomático. O menor potencial hídrico foliar, além de levar à
redução interna de CO2, também reduz a eficiência da carboxilação
instantânea, indicando que o aparato de fotossíntese também é afetado
(ENDRES et al., 2010).
A transpiração é regulada principalmente pela abertura estomática e,
de acordo com Endres et al. (2010), é o processo fisiológico mais sensível
ao estresse hídrico na maioria das plantas. Embora os estômatos fechem
em resposta à seca antes de qualquer alteração no potencial hídrico ou no
teor de água das folhas, há também o fechamento estomático quando o
déficit de pressão de vapor entre a folha e o ar aumenta (SOCIAS et al.,
1997; ENDRES et al., 2010). Há que se considerar também a atividade do
ácido abscísico, uma vez que este hormônio está relacionado ao
fechamento estomático (SOCIAS et al., 1997).
O trabalho de Zhang et al. (2015) estudou o efeito do conteúdo de
clorofila para parâmetros fisiológicos e seus dados indicaram que os
conteúdos de clorofila a e clorofila a/b diminuíram sob estresse hídrico
leve. Sob condições de seca moderada e severa, a clorofila a, a clorofila b
Respostas morfoanatômicas e fisiológicas da cana de açúcar sob diferentes... | 67
Referências
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70 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
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72 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
1. Introdução
A cultura da cana-de-açúcar tem uma grande importância para a
economia brasileira, pois trata-se da matéria-prima estratégica na produção
do açúcar e álcool, além de que seus subprodutos como bagaço, torta de
filtro, vinhaça, palha, os quais são utilizados como adubos, fertirrigação e
combustíveis, gerando também eletricidade. O volume da produção de
cana-de-açúcar no ciclo 2020/21 totalizou 654,8 milhões de toneladas,
1,8% superior ao da safra 2019/20(Conab-Maio 2021). O crescimento não
acompanhou o aumento na área colhida devido às condições climáticas
adversas em algumas regiões produtoras. A área colhida ficou em 8,62
milhões de hectares, aumento de 2,1% se comparada a 2019/20. A região
Sudeste, principal região produtora do país, manteve seu alto padrão de
produção, alcançando 428,6 milhões de toneladas colhidas, indicando
acréscimo de 3,3% em comparação a 2019/20. Os Estados de São Paulo e
Minas Gerais são os grandes destaques da região Sudeste, o Estado de São
Paulo é o maior produtor brasileiro do setor sucroalcooleiro com produção
de 354 milhões de toneladas na safra 2020/2021.
A reforma dos canaviais é importante para manter elevada a média
de produtividade agrícola de uma usina (SOARES et al., 2011). Sistemas
que adotam a diversificação de culturas promovem vários benefícios, já
que os resíduos vegetais das culturas, ao se decomporem, alteram os
atributos do solo e, como consequência pode influenciar o desempenho da
cultura em sucessão (MARCELO et al., 2009).
5
Engenheiro Agrônomo, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Esp., Docente das
Faculdades Gran Tietê e Faculdade de Tecnologia de Curitiba, nbestana@gmail.com
76 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
v
Rotação de cultura com plantio de soja em reforma de canavial | 81
5. Conclusões finais
A rotação de culturas na reforma de cana de açúcar tem vários
benefícios econômicos e agronômicos para a indústria da cana, uma vez
que melhora os aspectos físicos do solo através de ciclagem de nutrientes,
ao passo que aumenta a fonte de renda do produtor no período de culturas
de pousio. Dentre as Vantagens podemos destacar o ganho nas condições
físicas e biológicas no solo, promovendo o aumento no ciclo da cultura
com aumento de safras, controle de pragas e plantas daninhas através de
utilização de práticas de cultivo diferenciadas bem como a ocupação da
área com cultura alternativa. Ganho em economia de fertilizantes e preparo
do solo para a implantação do canavial e finalmente o retorno financeiro
com a produção de grãos.
Entendo que alguns ajustes ainda tem que ser efetuados para
implantação do sistema em áreas de pequenos e médios produtores, através
da sistematização das áreas adequando época de colheita e variedades de
Cana-de-açúcar, proporcionando viabilidade nas práticas de preparo
Rotação de cultura com plantio de soja em reforma de canavial | 87
6. Referências Bibliográficas
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Rotação de cultura com plantio de soja em reforma de canavial | 89
1. INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar é uma planta da família Poaceae, pertencente ao
gênero Saccharum L., ordem Gramineae, classe Monocotyledones, tendo
recebido a designação Saccharum spp (SANTANA, 2018).
As espécies que deram origem às cultivares atuais de cana-de-açúcar
são oriundas do sudeste asiático. Acredita-se que a espécie Saccharum
officinarum tenha sido cultivada desde a pré-história na região da
Melanésia (Oceania), onde foi domesticada em torno de 6.000 A.C. e
depois disseminada pelo homem por todo o sudeste asiático. A região
tornou-se centro de diversidade, tendo como núcleo Papua Nova Guiné e
Indonésia (MACHADO, 2003).
6
Estudante de Engenharia Agronômica, Faculdade Gran Tietê,
lecoelhofelice@gmail.com
7
Estudante de Engenharia Agronômica, Faculdade Gran Tietê, ivancoletti9@gmail.com
8
Estudante de Engenharia Agronômica, Faculdade Gran Tietê,
junior_helo_bia@outlook.com
9
Estudante de Engenharia Agronômica, Faculdade Gran Tietê,
biondo.diego@hotmail.com
10
Estudante de Engenharia Agronômica, Faculdade Gran Tietê,
alexaguilera.31@hotmail.com
11
Estudante de Engenharia Agronômica, Faculdade Gran Tietê, alex-
santoss1@hotmail.com
12
Engenheiro Agrônomo, Graduando em Pedagogia. Dr, Docente das Faculdades Galileu
e Gran Tietê, marciocamposagronomo@gmail.com
92 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
Figura 02: plantio sendo realizado com tecnologia “RTK” com sulcos
otimizados
O espaçamento em função do uso de terraços passantes, além de
proporcionar segurança às operações, potencializou o layout no talhão
também. Supõe-se que isso tenha contribuído com a manutenção da palha
no solo, possibilitando obter maior relação custo-benefício no sistema de
produção nas colheitas subsequentes.
A utilização de terraços passantes (técnica de conservação do solo)
possibilita que as operações mecanizadas possam passar os terraços sem
impactar em pisoteio na planta, colaborando em uma melhor drenagem na
distribuição e infiltração das águas da chuva e em um tempo maior tempo
para infiltração.
Onde a declividade ficou acima de 9 a 12% ou mais, preferiu-se usar
terraços embutidos de 5 em 5 metros. Também é importante destacar a
eficiência dos terraços passantes trabalhando no controle da velocidade das
águas da chuva e colaborando no tempo de infiltração.
98 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
Carla Gheler-Costa13
Fábio H. Comin14
Gilberto Sabino-Santos Jr15
Luciano M. Verdade16
13
Bióloga, Pedagoga, Dra., Assessora Técnica, Câmara dos Deputados, Brasília,
cgheler@gmail.com
14
Biólogo, Dr., Pesquisador Sênior – Ecologia Aplicada, fhc.eco@gmail.com
15
Virologista e Ecólogo Viral, Dr., Pesquisador Associado naTulane University School
of Public Health and Tropical Medicine, gsabino@tulane.edu
16
Engenheiro Agrônomo, Dr., Docente na Universidade de São Paulo,
lmverdade@usp.br
100 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
17
Engenheiro Agrônomo, Dr., Docente da Faculdade Gran Tietê, vf.canassa@unesp.br
124 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
4. Referências bibliográficas
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Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae) em
cana-de-açúcar (Saccharum spp.). 2016. 98 f. Dissertação (Mestrado)
– Programa em Entomologia Agrícola, Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias, UNESP, Jaboticabal, Brasil, 2016.
Insetos-praga na cultura da cana de açúcar | 139
Daniele Scudeletti18
Elisa Fidêncio de Oliveira19
Erilene Romeiro Alves20
1. Introdução
O Brasil é um dos principais produtores mundiais de cana-de-açúcar,
cultura com importância para o agronegócio brasileiro, devido à produção
de açúcar, etanol e bioeletricidade. É considerada uma das grandes
alternativas para o setor de biocombustíveis, graças aos seus subprodutos,
que auxiliam na redução dos custos de produção e contribuem para a
sustentabilidade da atividade (CONAB, 2017).
A primeira estimativa da safra 2021/22 da área cultivada com cana-
de-açúcar é de cerca de 8.422,8 mil hectares colhidos neste ciclo,
indicando diminuição percentual de 2,2% (193,3 mil hectares) em relação
à safra passada (2020/21). O mesmo ocorre para a produção de cana-de-
açúcar, cuja estimativa é de que sejam colhidos 628,1 milhões de
toneladas, representando um volume 4% menor (CONAB, 2021).
A perspectiva de redução é devido à grande concorrência de cultivos
anuais, como soja e milho, que adquiriram ótima rentabilidade e podem
influenciar diretamente na destinação da área para cana-de-açúcar. Além
disso, as condições climáticas não favoráveis, principalmente no que se
refere às precipitações e à regularidade de distribuição das chuvas e
oscilações durante o ciclo, impactam o potencial produtivo em
consequência do déficit hídrico em algumas localidades, prejudicando os
potenciais produtivos. Com isso, espera-se que haja redução na
produtividade média de colmos em uma comparação com a safra anterior,
podendo ficar em torno de 74 t ha-1 (diminuição de 1,8%) (CONAB, 2021).
18
Engenheira Agrônoma, Dra., Desenvolvimento Técnico de Mercado – BIOTROP,
daniele.scudeletti@hotmail.com
19
Engenheira Agrônoma, Dra., elisa_oliveiraagro@hotmail.com
20
Engenheira Agrônoma, Dra., erilene.romeiro@hotmail.com
144 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
21
Engenheiro químico, M. Sc., Docente da Faculdade de Tecnologia de Curitiba,
carlos.fatecpr@gmail.com
22
Engenheiro químico, Dr., Docente da Universidade Federal do Paraná,
dile.stremel@gmail.com
23
Engenheiro Industrial Madeireiro, Dr., Docente da Faculdade de Tecnologia de
Curitiba, victor.cremonez@gmail.com
162 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
Biomassa % % % Lignina
Lignocelulósica Celulose Hemicelulose
3.3 LIGNINA
A lignina é uma macromolécula orgânica mais complexa e menos
caracterizada na biomassa lignocelulósica e é também um “gargalo” na
produção de bioetanol por hidrólise enzimatica. Depois da celulose, é a
macromolécula mais abundante dentre as biomassas lignocelulósicas
(Figura 4). É um heteropolímero amorfo que consiste em três diferentes
unidades de fenilpropanos: álcool p-cumarílico, álcool coferílico e álcool
sinapílico. A estrutura da lignina não é homogênea, possui regiões amorfas
e estruturas globulares. A composição e a organização dos constituintes da
lignina variam de uma espécie para outra, dependendo da matriz de
celulose-hemicelulose. No processo de hidrólise enzimática dos materiais
lignocelulósicos, a lignina atua como uma barreira física para as enzimas
que podem ser irreversivelmente capturadas pela lignina e,
consequentemente, influenciar na quantidade de enzima requerida para a
hidrólise, assim como dificultar a recuperação da enzima após a hidrólise
(SANTOS et al., 2012).
Figura 4 – Estrutura da Lignina
Fonte: Maestrovirtuale(2021)
Bioetanol a partir da biomassa de cana de açúcar | 167
4.2 HIDRÓLISE
A hidrólise propriamente dita, ocorre após a etapa de pré tratamento
e tem como objetivo converter a celulose em glucose, após quebrar as
ligações glicosídicas, ou seja, produzir açúcares diretamente
fermentescíveis. É a rota com maior potencial de promover o incremento
da produção de bioetanol (sem expandir a fronteira agrícola), bem como
aumentar a eficiência de conversão de energia primária da cana-de-açúcar
(SANTOS et al., 2013). Nesta etapa a hidrólise pode ser catalisada por
ácidos ou enzimas. A hidrólise ácida, utiliza um ácido como catalisador,
pode ser ácido diluído ou concentrado, já a hidrólise enzimática é feita com
um complexo enzimático. A hidrólise enzimática apresenta algumas
vantagens em comparação à ácida como, maior especificidade do
biocatalisador e menores taxas de degradação da glicose, também
apresenta um custo menor, pois é conduzida em condições moderadas (pH
4,8 e Temperaturas de 45 - 50 ° C), além de não ter problemas de corrosão
(SUN; CHENG, 2002).
4.2.1 Hidrólise Ácida
Os processos de hidrólise ácida podem envolver duas situações:
aqueles que utilizam ácidos concentrados e os que utilizam ácidos diluídos.
A hidrólise ácida, feita com catalisadores ácidos, tem o ácido sulfúrico
como o ácido mais utilizado. Porém, há casos onde pode ser encontrada a
utilização de outros ácidos inorgânicos, como o ácido clorídrico, o ácido
nítrico e o fosfórico. Problemas com a hidrólise ácida consistem no fato da
necessidade de recuperação ou neutralização dos ácidos antes de efetuar-
se a fermentação e também na grande quantidade de resíduos produzidos
(ZABED et al., 2016).
O processo com ácido diluído é o mais antigo. Este processo envolve
duas reações de hidrólise; na primeira a fração de hemicelulose é
convertida em açúcares e outros coprodutos por meio da utilização de
ácido diluído e vapor. A temperatura do processo está na faixa de 130 -
190 ºC, com tempo de 10-30 min. O segundo estágio de hidrólise também
é realizado com ácido diluído e vapor, mas as temperaturas são mais
severas, entre 190 e 265 ºC, e com tempo de residência muito curto, só
Bioetanol a partir da biomassa de cana de açúcar | 173
4.3 FERMENTAÇÃO
REFERÊNCIAS
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DEVARAPALLI, M.; ATIYEH, H. K. A review of conversion processes
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Pergamon.
182 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
24
Bióloga, M. Sc., Doutoranda em Agronomia (Energia na Agricultura), FCA/UNESP,
oliviagmartins@gmail.com
25
Engenheira Agrônoma, Bióloga, Dra., Docente das Faculdades Galileu, Gran Tietê e
Faculdade de Tecnologia de Curitiba, mcnandrade@hotmail.com
186 | Cana-de-açúcar: manejo, ecologia e biomassa
v
Fonte: SEYEDBAGHERI (2010).
Figura 4. Sistema de leiras estáticas com aeração forçada
4. Microbiota da compostagem
4.1. Principais grupos
Na compostagem, tem-se a atuação de fungos, arqueas e,
principalmente, bactérias. A dinâmica da microbiota da compostagem é
complexa, dependendo tanto dos parâmetros da compostagem quanto das
relações ecológicas entre os grupos de microrganismos presentes no
composto. Na compostagem, um grupo de microrganismos modifica o
ambiente, possibilitando o desenvolvimento de outro grupo. Por exemplo,
a degradação inicial por microrganismos mesófilos causa um aumento na
temperatura da leira, possibilitando o surgimento de microrganismos
termófilos, que novamente são substituídos por mesófilos quando a
atividade microbiana e a temperatura são reduzidas (ANTUNES, 2016).
De maneira geral, bactérias da ordem Lactobacillales estão presentes
no início do processo, em temperaturas mesofílicas, enquanto que, na fase
termofílica, encontra-se majoritariamente microrganismos das ordens
Bacillales, Clostridiales e Actinomycetales, sobretudo os gêneros Bacillus,
Clostridium, Thermus, Thermobispora e Streptomyces. Embora o estudo
da dinâmica da sucessão da compostagem seja difícil, constatou-se que os
filos mais comuns são Actinobacteria, Firmicutes, Bacteroidetes e
Proteobacteria (ANTUNES, 2016).
4.2. Formas de atuação
Inicialmente, microrganismos mesófilos convertem o nitrogênio
orgânico em nitrogênio amoniacal, parte do qual parte é perdida por
volatização e parte é convertida em nitratos, acidificando o composto. Em
condições anaeróbias, o nitrato é desnitrificado, alcalinizando o composto.
Ainda, durante a fase inicial, bactérias e fungos mesófilos irão decompor,
por ação enzimática, a fração mais prontamente assimilável da matéria
orgânica, como açúcares, amidos e proteínas de fácil digestão. A quebra
inicial da matéria orgânica causa aumento da temperatura, levando à fase
termofílica (DELGADO, 2017).
Aproveitamentos de resíduos da agroindústria sucroalcooleira em sistemas... | 197
ISBN 978-85-5973-190-3