Tecnologias para Canteiros de Obras Sustentável
Tecnologias para Canteiros de Obras Sustentável
Tecnologias para Canteiros de Obras Sustentável
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Tecnologias para
Canteiro de Obras
Sustentável
2017
Copyright © 2017 - Todos os direitos reservados.
CDD 600
Financiadora de Estudos e
Projetos - FINEP
Presidência (PRES)
Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque
Diretoria de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (DRCT)
Wanderley de Souza
Diretoria Financeira e Controladoria (DRFC)
Ronaldo Souza Camargo
Diretoria de Gestão Corporativa (DGES)
Francisco Rennys Aguiar Frota
Diretoria de Inovação I (DRIN1)
Márcio Ellery Girão Barroso
Diretoria de Inovação II (DRIN2)
Victor Hugo Gomes Odorcyk
Área de Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável (ATDS)
Maurício B. de França Teixeira
Departamento de Tecnologia para o Desenvolvimento Urbano e
Mudanças Climáticas (DURB)
Carlos Eduardo Sartor
Analista técnica: Angela Mazzini
Consultora técnica: Maria Lúcia Malard, UFMG
Agradecimentos
Agradecimentos 5
• Nex Group Participações S.A.
• OAS Empreendimentos S.A.
• Odebrecht Realizações Imobiliárias S.A.
• PDG Realty S.A. Empreendimentos e Participações
• Prefacc Ltda.
• Promonature Empreendimentos Imobiliários Ltda.
• Proposta Engenharia de Edificações Ltda.
• Protensão Impacto Ltda.
• R. Correa Engenharia Ltda.
• Rio Verde Engenharia e Construções Ltda.
• Rossi Residencial S.A.
• São Conrado Empreendimentos Ltda.
• Scanmental Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Ferramentas Ltda.
• SFZ Empreendimentos Ltda.
• Soldatopo Containers Ltda.
• Souza Neto Engenharia Ltda.
• Syene Empreendimentos e Participações Ltda.
• Talgatti Edificações Moduladas Eireli
• Tecnisa S.A.
• Tecnobra Tecnologia em Construção a Seco Ltda.
• Villare Engenharia Ltda.
• Viver Eco Canteiros Ltda.
Coordenadores da rede
pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP (1994) e
sheylabs@ufscar.br doutorado na área de Construção Civil pela Escola Politécnica
da USP (2001). É professora associada do Departamento de
Engenharia Civil da UFSCar. Atualmente, é diretora do Centro de
Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET). É docente do Programa
de Pós-graduação em Estruturas e Construção Civil (PPGECiv).
Participa dos grupos de pesquisa do CNPq: NETPRE - Núcleo
de Estudos e Tecnologia em Pré-moldados de Concreto, e
NUPRE - Núcleo de Pesquisa em Racionalização e Desempenho
de Edificações. É membro da ABENGE - Associação Brasileira de
Educação em Engenharia e da ANTAC - Associação Nacional de
Tecnologia do Ambiente Construído. Tem pesquisas na área de
gestão da produção da construção civil, atuando nos seguintes
temas: planejamento e controle da construção, gestão de
subempreiteiros, projeto do canteiro de obra, construção
enxuta, canteiro sustentável, análise organizacional e saúde e
segurança do trabalhador.
7
Tarcísio Abreu Saurin
Coordenadores da rede
Lista de Autores | 9
Jardel Pereira Gonçalves
Professores membros da rede
Lista de Autores | 11
Adriana Gouveia Rodrigo
Pesquisadores da rede
Pesquisadores da rede
USP Engenheira Civil, mestre e doutora em Tecnologia e Gestão
da Produção pela Escola Politécnica da USP, Especialista em
claricedegani@gmail.com Gestão de empreendimentos de construção civil pelo PECE/
USP, participou da equipe técnica para experimentação
da certificação ambiental francesa NF Bâtiments Tertiaires
Démarche HQE pelo CSTB na França, sócia curadora do CBCS -
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável. Atualmente
é assessora técnica da vice-presidência de sustentabilidade
do SECOVI-SP, é docente em disciplinas dos cursos de MBA
Gerenciamento de Facilidades e MBA Tecnologia da Gestão
da Produção, ambos na FDTE POLI/USP. Participa dos comitês
Avaliação da Sustentabilidade, Água e Urbano no CBCS
e é consultora para projetos e construções sustentáveis,
especialmente para o processo AQUA de certificação, e também
para o gerenciamento da sustentabilidade de edifícios em
operação.
Lista de Autores | 13
Danielle Gazarini
Pesquisadores da rede
Graduanda de Engenharia Civil na Escola Politécnica da
USP Universidade de São Paulo.
daniellegazarini@gmail.com
Pesquisadores da rede
UFRGS
arq.guillerminapenaloza@ Possui Mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (2015) e graduação em Arquitetura e
gmail.com Urbanismo pela Universidad Nacional de Córdoba (2010).
Atualmente é aluna de Doutorado em Engenharia Civil na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência
na área de Engenharia Civil, com ênfase em Gerenciamento e
Economia da Construção, atuando principalmente nos seguintes
temas: gestão da segurança e da produção, gestão de requisitos,
sistemas de produção enxuta.
Lista de Autores | 15
Lucila Sommer
Pesquisadores da rede
Pesquisadores da rede
UFBa Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade de
Brighton, Inglaterra (2004), mestrado em Engenharia Ambiental
nashatasha@hotmail.com Urbana (2011) e pós graduação (Latu-Sensu) em Gerenciamento
de Obras pela UFBa. É auditora do BREEAM Internacional e
Assistente AQUA - HQE. Trabalhou como assessora técnica
do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia
(Sinduscon-BA), na área de sustentabilidade, materiais e
inovação. Trabalha como pesquisadora há mais de sete anos
na área de construção sustentável e ciência e engenharia de
materiais. Foi professora na Universidade Federal da Bahia,
ensinando “Técnicas Construtivas”. Atualmente é professora
do Instituto Brasileiro de Educação Continuada (INBEC) num
MBA em Construção Sustentável, ensinando Gestão Ambiental
de Canteiros de Obras e fornece serviços de Consultoria
em Sustentabilidade e Inovação Tecnológica na Construção
e Políticas Públicas Sustentáveis. É pesquisadora honorária da
De Montfort University, Inglaterra.
Nery Knöner
UFSCar Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade
Estadual de Maringá (1983). Mestrado em Estruturas e
nery_knoner@hotmail.com Construção Civil na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
em 2014, e doutorando na mesma instituição com o tema
“Contribuição ao Estudo dos Mecanismos no Dimensionamento
em Painéis Estruturais tipo Sanduíche”. Tem experiência na
área de Engenharia Civil em Cálculos em Concreto Protendido
e em Estruturas Pré-Fabricadas; Execução de obras Residenciais
e Industriais e como Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Atualmente é professor substituto na Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), Campo Mourão.
Lista de Autores | 17
Rita Jane Brito de Moraes
Pesquisadores da rede
Co-autores convidados
UFBa Possui Graduação (1990-1994) em Engenharia Civil pela
Universidade Federal da Bahia, Mestrado (1995-1997) e
alexbandeira@ufba.br Doutorado (1997-2001) em Engenharia Civil pelo Departamento
de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo. Durante o doutoramento na USP
realizou Estágio de Doutorado Sandwich na Universidade de
Hannover (Alemanha, 1999-2000) e na Universidade de Pádova
(Itália, 2000) na área de contato mecânico e micromecânico.
Realizou Pós-Doutorado na Universidade de Berkeley (Califórnia,
EUA, 2015-2016) na área da mecânica das partículas e
tecidos estruturais. Atualmente é professor e pesquisador do
Departamento de Construção e Estruturas da Escola Politécnica
da Universidade Federal da Bahia. Atua principalmente na
área da mecânica computacional, otimização, análise não
linear, método dos elementos finitos, elastoplasticidade,
contato mecânico, impacto, dinâmica não linear, estruturas de
concreto e concreto reforçado com fibra de carbono, mecânica
das partículas e tecidos estruturais. É membro do Comitê
Editorial do seguinte periódico: Journal of Civil Engineering and
Architecture (USA).
Emanuela Rizzoto
UnoChapecó Graduada em Engenharia Civil na Unochapecó (2014).
Atualmente trabalha como engenheira civil em uma
emanuelarizzotto@ incorporadora em Chapecó/SC. Atua como pesquisadora no
unochapeco.edu.br Grupo de Pesquisa em Sistemas Integrados de Gestão na
Unochapecó.
Letícia Nonennmacher
UnoChapecó Graduada em Engenharia Civil na Unochapecó (2015),
Mestranda em Tecnologia e Gestão da Inovação na Unochapecó
letician@unochapeco.edu.br e é gestora de uma empresa de construção no interior do Rio
Grande do Sul. Atua como pesquisadora no Grupo de Pesquisa
em Sistemas Integrados de Gestão na Unochapecó.
Lista de Autores | 19
Sumário
Sumário 21
Seção 3 – Subprojeto Aperfeiçoamento de Sistemas de
Proteção Coletiva em Canteiros de Obras (SPSPC)
Capítulo 5 – Avaliação de Requisitos de Desempenho
de Sistemas de Proteção Periférica (SPP) em Obras
de Edificações .................................................................................109
Guillermina Andrea Peñaloza, Carlos Torres Formoso,
Tarcisio Abreu Saurin
Sumário 23
Seção 5 – Subprojeto Desenvolvimento de tecnologias de
execução relacionadas a métodos e sistemas construtivos
inovadores (SPTEC)
Capítulo 17 – Novas Categorias de Perdas e sua Incidência em
Sistemas Industrializados na Habitação ......................................341
Lucila Sommer, Carlos Torres Formoso, Daniela Dietz Viana
Prefácio 25
As palavras do próprio Popper expressam melhor essa ideia :
(...) nosso trabalho cresce através de nós e crescemos através do nosso trabalho. Esse
crescimento, essa auto-transcendência, tem um lado racional e um lado não-racional.
A criação de novas ideias, de novas teorias, é em parte não racional. É uma questão
que pode ser chamada de ‘intuição’ ou ‘imaginação’. Mas a intuição é falível, como
tudo o que é humano. A intuição deve ser controlada através da crítica racional, que
é o produto mais importante da linguagem humana. Este controle através da crítica é
o aspecto racional do crescimento do conhecimento e do nosso crescimento pessoal.
É uma das três mais importantes coisas que nos tornam humanas. Os outros dois são
compaixão, e a consciência de nossa falibilidade.
O Edital FINEP
O projeto de pesquisa CANTECHIS – Tecnologias para Canteiro de Obras
Sustentável de Habitações de Interesse Social (HIS) – também denominado Rede
CANTECHIS, se caracteriza como uma resposta à Chamada Pública MCT/FINEP/Ação
Transversal Saneamento Ambiental e Habitação 06/2010.
Quatro universidades brasileiras trabalharam na forma de rede de pesquisa
colaborativa e estiveram envolvidas no desenvolvimento do Projeto CANTECHIS:
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade de São Paulo
(USP). No estabelecimento do convênio entre as partes, a Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP) atuou como concedente, as quatro universidades como executoras,
sendo a UFSCar a coordenadora geral, e a Fundação de Apoio Institucional ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FAI-UFSCar) atuou como convenente.
Também colaboraram com a Rede como intervenientes e apoiadoras, as instituições:
Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (SINDUSCON-BA), Associação
Brasileira da Construção Industrializada em Concreto (ABCIC) e a Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (CBIC).
Foram objetivos específicos da Chamada Pública:
• Promover a pesquisa cien�fica e tecnológica e a inovação a fim de contribuir
para a melhoria das condições de habitação, em especial a de interesse social;
• Promover o desenvolvimento de soluções inovadoras aplicáveis à habitação,
que sejam de fácil aplicabilidade, baixo custo de implantação, operação e
manutenção;
• Contribuir para a sustentabilidade da habitação de interesse social;
• Contribuir para a elaboração e atualização das normas e resoluções técnicas
aplicáveis às áreas de habitação;
• Propiciar a ar�culação entre Ins�tuições de Pesquisa Cien�fica e Tecnológica
(ICTs) e organizações atuantes nas áreas de habitação;
• Promover a atuação integrada de ICTs em torno das áreas e temas prioritários
definidos nesta Chamada Pública.
Introdução 27
O convênio foi firmado em dezembro de 2010, sendo a primeira reunião para
estabelecimento da Rede realizada em agosto de 2011.
A Rede
A Rede teve duração até março de 2017 e tratou do tema prioritário contido no
item 2.2 da referida chamada: “desenvolvimento de soluções tecnológicas aplicadas
a canteiros de obras de empreendimentos habitacionais, especialmente de interesse
social, visando à sustentabilidade ambiental e melhoria das condições de trabalho”.
A ênfase do projeto decorreu da expansão das habitações de interesse social (HIS),
das crescentes preocupações com sustentabilidade na sociedade de modo geral, bem
como da necessidade de reduzir as perdas no setor da construção civil.
A Rede CANTECHIS, integralmente apoiada pela FINEP, foi estruturada em cinco
subprojetos que tratam de temáticas relacionadas entre si, além de um subprojeto
específico para a gestão e articulação da rede. São eles:
• Subprojeto diagnós�co das necessidades de inovações tecnológicas (SPDIG):
iden�ficação de prioridades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico em
cinco temá�cas: consumos, emissões e resíduos, interfaces com o meio
exterior, qualidade intrínseca;
• Subprojeto emissão de materiais par�culados (SPEMP): avaliação de
emissões de materiais par�culados em canteiros de obras, bem como
iden�ficação e proposta de soluções para o controle desses resíduos;
• Subprojeto sistemas de proteções cole�vas (SPSPC): desenvolvimento de
aperfeiçoamentos tecnológicos e gerenciais relacionados aos sistemas de
proteções cole�vas e iden�ficação de fatores de fiscalização da segurança e
saúde do trabalho nos empreendimentos pesquisados;
• Subprojeto instalações provisórias em canteiros de obras (SPIPC):
iden�ficação e desenvolvimento de soluções de projeto e tecnológicas para
melhoria da eficiência e condições ambientais em instalações provisórias,
tais como: ves�ários, refeitórios, almoxarifados e áreas administra�vas;
• Subprojeto tecnologias constru�vas (SPTEC): avaliação e proposição de
melhorias gerenciais e tecnológicas para um conjunto de métodos e sistemas
constru�vos inovadores aplicado às HIS, visando à melhoria das condições
de trabalho nos canteiros de obras e à redução da produção de resíduos
decorrentes de perdas e retrabalhos.
O Livro
Os capítulos estão agrupados em cinco seções, cada uma associada a um
subprojeto. A primeira seção é referente ao SPDIG e organiza-se em em três capítulos.
O capítulo 1 trata do diagnóstico das necessidades prioritárias de pesquisas e soluções
tecnológicas para canteiros de baixo impacto. O levantamento dos dados foi realizado
por meio da colaboração de 66 participantes, localizados nas quatro regiões das
universidades participantes da Rede de pesquisa, sendo 22 empresas situadas em
Salvador (BA), 19 empresas em São Paulo (região da capital), 13 empresas na grande
Porto Alegre (RS) e 12 empresas no interior de São Paulo, próximas a São Carlos.
O capítulo 2 aborda boas práticas de sustentabilidade em canteiros de obras. Tais
boas práticas foram identificadas com base em uma revisão da literatura e em visitas a
seis canteiros de obras, sendo agrupadas em cinco categorias: canteiro sustentável, uso
racional da água, uso racional de energia, materiais e recursos, qualidade do ambiente,
inovações e processos. Todas as boas práticas identificadas são apresentadas ao longo
do texto. A partir da análise detalhada dessas práticas, constatou-se que algumas são
de simples implantação, podem reduzir os conflitos com a vizinhança ou trazer maior
produtividade e conforto aos trabalhadores.
Introdução 29
O capítulo 3 apresenta diretrizes para novas políticas de ciência, tecnologia e
inovação que podem ser aplicadas em canteiro de obras de baixo impacto ambiental.
O capítulo 4 corresponde à segunda seção do livro e discute boas práticas
verificadas durante o desenvolvimento do SPEMP para a redução da emissão de
material particulado proveniente dos canteiros de obras.
A seção 3 possui cinco capítulos correspondentes ao SPSPC. O capítulo 5
apresenta um protocolo para a avaliação de requisitos de desempenho de Sistemas de
Proteção Periférica (SPP) em obras de edificações. Os SPP cumprem função importante
na prevenção de quedas de altura, as quais constituem uma das principais causas de
acidentes de trabalho na construção civil. Dentre os resultados, o capítulo apresenta
uma lista abrangente de requisitos ligados à segurança, eficiência e flexibilidade dos
SPP, bem como mostra a comparação entre diversos sistemas de uso corrente no setor.
O capítulo 6 descreve um método de avaliação de requisitos de desempenho
similar ao apresentado no capítulo anterior, porém com foco nos sistemas de linha de
vida. Tais sistemas, embora cumpram papel de equipamento de proteção individual,
costumam ser necessários ao menos em algumas etapas das obras de construção. O
capítulo relata a avaliação de sete diferentes sistemas de linhas de vida.
O capítulo 7 descreve um sistema alternativo para a montagem e desmontagem
das plataformas de proteção periférica, as quais têm a função de aparar a queda de
materiais e resíduos de construção. O sistema proposto evita que os trabalhadores
estejam sobre as plataformas, que ficam em balanço, durante as atividades de
montagem e desmontagem.
O capítulo 8 discute o uso de veículos aéreos não tripulados para inspeções de
segurança em canteiros de obra. Com base em estudos de caso em empreendimentos
habitacionais, são apresentadas recomendações para o planejamento e análise de
dados decorrentes das inspeções, bem como limitações técnicas e legais para o uso
desses equipamentos.
O capítulo 9 trata da avaliação das condições de trabalho em canteiros de
obras sob o ponto de vista ergonômico. É descrita a aplicação do método denominado
Estimativa do Equivalente Metabólico na atividade de recebimento de ferragens, em
um canteiro de obras. Os resultados da aplicação do método estabelecem uma base
empírica para justificar melhorias no projeto da atividade estudada.
O capítulo 10 discute os embargos e interdições (EI) em canteiros de obras
sob uma perspectiva sistêmica. Os EI abordados são aqueles realizados pelos órgãos
reguladores do Ministério do Trabalho, tendo em vista a preservação da segurança e
da saúde dos trabalhadores. Com base em 13 estudos de casos, o capítulo aponta que
há impactos positivos e negativos dos EI, os quais afetam diversos agentes internos
e externos aos canteiros. Com base nessa visão sistêmica, podem ser elaboradas
Introdução 31
O capítulo 16 apresenta o processo de desenvolvimento de um protótipo em pré-
moldados de concreto para IP e os resultados dos ensaios dos componentes propostos.
O sistema construtivo desenvolvido possibilita atender a demanda de mercado para
construção das IP em canteiros de obra de acordo com os quesitos da NBR 15575:
Edificações Habitacionais – Desempenho (ABNT, 2013) e várias outras normas.
A quinta seção do livro é referente ao SPTEC, composta por três capítulos. O
capítulo 17 apresenta uma proposta de novas categorias de perdas e sua incidência em
sistemas industrializados em HIS.
O capítulo 18 descreve o uso de linhas de montagem manuais como técnica de
produção para unidades habitacionais modulares em Light Steel Frame. O sistema foi
modelado e simulado computacionalmente, a fim de que o seu comportamento fosse
avaliado em termos de rapidez de entrega das unidades habitacionais e redução de
perdas.
O capítulo 19 apresenta a análise do processo de revestimento com argamassa
projetada do ponto de vista de aspectos econômicos e ambientais, a partir de quatro
estudos de caso realizados na região metropolitana de Salvador. Para tanto, foi definido
um conjunto de indicadores com o objetivo de se fazer a avaliação de desempenho e
uma comparação entre os estudos.
Por fim, são apresentadas as Conclusões e perspectivas futuras para a indústria
e academia.
Esperamos que você faça uma boa leitura e que o texto e as ideias apresentadas se
tornem realidade e contribuam de fato para melhorar as condições de sustentabilidade
e segurança nos canteiros de obra.
1. Introdução
O processo de construção propriamente dito causa diferentes impactos
ambientais (KILBERT, 2005; USEPA 2006). Grandes quantidades de materiais, água e
energia elétrica, entre outros recursos de vários tipos e origens são consumidos em
canteiros de obras durante as diferentes atividades de produção e de instalações
temporárias. Além da geração de resíduos, estas atividades emitem partículas que
causam contaminação do solo e a poluição do ar, bem como riscos de poluição das
águas e de indução de processos erosivos. Além disso, os impactos decorrentes
direta ou indiretamente das atividades de produção no canteiro de obra podem criar
problemas relacionados com a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores do
local e da vizinhança.
35
Portanto, considerando o tamanho e a importância dos impactos ambientais
causados pelas atividades do canteiro de obras, é necessário que o setor da construção
reduza os impactos da etapa de execução da obra. A partir da priorização dos impactos
que precisam ser reduzidos ou eliminados, pode-se definir as tecnologias e as ações
de natureza gerencial. Podem ser ainda estabelecidos os recursos que precisam ser
implementados, as necessidades de pesquisa, as proposições de melhores práticas que
visam diminuir o consumo e as perdas no canteiro de obras, os equipamentos a serem
comprados, os profissionais a serem treinados ou contratados, ferramentas gerenciais
a serem implementadas e os prazos e custos envolvidos (CARDOSO; ARAUJO, 2007).
Este capítulo tem o objetivo de apresentar as necessidades prioritárias de
pesquisas e soluções tecnológicas para canteiros de obra habitacional de baixo
impacto ambiental, considerando consumos de recursos materiais, energia e água,
resíduos de construção, poluição do ar, da água e do solo, qualidade urbana, poluição
sonora e visual, além da qualidade intrínseca do canteiro, incluindo saúde e segurança
do canteiro e instalações provisórias.
2. Método de Pesquisa
O presente trabalho visou identificar, priorizar e validar as necessidades de
pesquisa para a sustentabilidade ambiental e melhorias das condições de trabalho
em canteiro de obras nas cidades de Salvador-BA, São Paulo-SP, São Carlos-SP e Porto
Alegre-RS, contando com o apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção -
CBIC juntamente com os Sindicatos da Indústria da Construção – Sinduscons.
A etapa inicial da pesquisa envolveu a revisão da literatura de diferentes
métodos não obrigatórios de avaliação ambiental de construções sustentáveis.
Embora estes métodos apresentem os requisitos, que devem ser atendidos para que
um empreendimento seja certificado como uma construção sustentável, a revisão
bibliográfica do presente trabalho focou nas contribuições para o alcance de canteiros
de obra de baixo impacto. As metodologias estudadas foram: BREEAM (Building
Research Establishment Environmental Assessment Method) (BREEAM, 2009), LEED
(Leadership in Energy and Environmental Design) (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL,
2000), Processo AQUA – Alta Qualidade Ambiental (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2010), que
foi adaptada à realidade brasileira a partir do HQE (Haute Qualité Environnementale) e
Selo Casa Azul (JOHN; PRADO, 2010).
Embora os métodos de avaliação apresentem diferenças dentro dos seus critérios
de análise, bem como nos de categorias e temas em que são distribuídos, foi possível
categorizá-los em tópicos semelhantes. Assim, a fim de comparar a contribuição de
cada método de avaliação ambiental e identificar as diretrizes específicas para a etapa
de execução de um empreendimento, quatro temas genéricos foram identificados:
40
30
20
10
0
Consumos Emissões Interfaces Qualidade Média
com exterior intrínseca geral
A partir desses dados, é possível identificar que existe uma lacuna entre a
preocupação das empresas respondentes e a real adoção das diretrizes por parte das
empresas. Neste sentido, é importante entender as razões pelas quais existe tal lacuna
e quais são as carências e necessidades a serem suprimidas, no intuito de se fazer com
que a adoção das diretrizes seja de fato coerente e reflita a importância atribuída pelas
construtoras.
Os resultados a seguir buscam detalhar estas lacunas encontradas em cada um
dos temas pesquisados, assim como identificar as práticas em uso e as carências para
adoção dessas diretrizes.
4.1 Consumo
A Figura 2 apresenta os resultados obtidos para o tema consumo, apresentando
os diferentes valores obtidos referentes à importância da diretriz para os entrevistados
em face da média de adoção da referida diretriz no canteiro.
Aproveitamento
Redução do consumo
de águas cinzas
de água, energia e gás
Aproveitamento
de águas pluviais
Aproveitamento ou descarte
de resíduos Classe C
Controle do Aproveitamento de
lençol freá�co resíduos de construção
Acessos e fluxos de
pedestres e equipamentos
100%
80%
Processo 60% Interferências no
de demolição trânsito local
40%
20%
0%
Melhoria do conforto
térmico e acús�co
Melhoria da estanqueidade Melhoria das condições de
100%
das instalações iluminação e ven�lação
80%
Melhoria das condições Flexibilidade
de uso e operação 60%
arquitetônica
das instalações 40% do canteiro
Melhoria da 20%
Mobiliários e
conec�vidade
0% equipamentos
das instalações
fixos internos
com rede de...
Melhoria das
Melhoria da condições de
segurança contra fogo segurança do trabalho
Soluções de instalações
provisórias em aço
100%
80%
60%
Soluções de instalações Soluções de instalações
40%
provisórias u�lizando provisórias em
chapas de gesso 20% madeiras e derivados
0%
5. Conclusões
A principal contribuição prática deste trabalho é a identificação da atual
situação em termos de importância e da adoção de diretrizes para o desenvolvimento
de canteiros de baixo impacto ambiental, com destaque para os temas de “Consumo”,
Referências
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
RESOLUÇÃO n. 307, julho 2002. Disponível em h�p://www.mma.gov.br/port/conama/res/
res02/res30702.html). Acesso em: nov. 2016.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lei de Polí�ca Nacional de Resíduos Sólidos, LEI n.
12.305, de 2 de agosto de 2010. Disponível em: h�p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: nov. 2016.
BRASIL. Ministério das Cidades. Programa Brasileiro de Qualidade e Produ�vidade no
Habitat – PBQPH. h�p://pbqp-h.cidades.gov.br. Acesso em: nov. 2016.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 18 (NR-18):
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Rio de Janeiro: 2015.
Disponível em: <h�p://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/norma�zacao/
normas-regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-18-condicoes-e-meio-ambiente-
de-trabalho-na-industria-da-construcao>. Acesso em: nov. 2015.
BREEAM. Europe Commercial Assessor. Manual. BRE Global Ltd, 2009. 346p. 2009.
Boas Práticas de
Sustentabilidade em
Canteiros de Obras
1. Introdução
Ações e práticas sustentáveis podem ser entendidas em diferentes contextos.
No âmbito da ação, Cavalcanti et al. (2012) propõem que a sustentabilidade pode
ser uma estratégia fundamental para a preservação do ambiente, da cultura e da
dignidade social das gerações. Já as práticas sustentáveis são um conjunto de ações
inter-relacionadas, segundo Brasil (2016b), que resultam a médio e longo prazo
numa nova perspectiva de vida para nossos sucessores ao garantir a manutenção dos
recursos naturais necessários para uma melhor qualidade de vida.
Segundo Viggiano (2010), as ações sustentáveis podem ser classificadas de
acordo com as diretrizes de sustentabilidade ambiental, social e econômica. De forma
geral, indicam-se:
• Ações econômicas: necessitam da aplicação de capital e incen�vo financeiro;
• Ações tecnológicas: subentendem o uso de equipamentos e tecnologias que
proporcionem mais eficiência na busca da sustentabilidade;
• Ações sociais: tomadas junto aos trabalhadores e sociedade em geral, como
treinamentos e campanhas de conscien�zação.
No caso do canteiro de obras, as ações sustentáveis podem ser transformadas
em boas práticas que organizem e facilitem as tarefas diárias, não agridam o meio em
53
que estão inseridos, utilizem alternativas oferecidas gratuitamente (água de chuva,
insolação, ventos, iluminação) em benefício das atividades a serem realizadas, e ainda
padronizem essas práticas para as obras seguintes (ZEULE, 2014).
A construção civil é um setor de grande potencial para a implantação de
tecnologias sustentáveis, e as características dos empreendimentos têm contribuído
para se disseminar o uso de programas de certificações sustentáveis. Segundo o órgão
certificador Green Building Council Brasil (GBC BRASIL, 2015), existem atualmente, no
Brasil, 279 edifícios certificados com o selo LEED (sigla, em inglês, para Leadership
in Energy and Environmental Design), concedido pela entidade às construções que
atendam a padrões de sustentabilidade. Para esse Conselho, o desenvolvimento
da indústria da construção sustentável envolve a adoção de boas práticas e um
processo integrado de concepção, construção e operação de edificações e de espaços
construídos (GBC BRASIL, 2015).
Existem atualmente vários programas de selagem de certificação ambiental
que se destacam por levar em conta práticas sustentáveis em todas as fases do
empreendimento, considerando as fases de projeto, de execução e de ocupação. A
implantação dos selos de certificação sustentável traz benefícios não apenas ambientais,
mas econômicos e sociais. As construções que levam em conta os “critérios verdes”
ganham com a diminuição de custos operacionais, melhora na saúde dos ocupantes,
uso racional dos recursos naturais, entre outras vantagens (HALLIDAY, 2010).
Cada um dos selos ambientais possui características que orientam a seu favor
a escolha feita pelas empresas na construção civil. Não há necessidade, contudo, do
selo para que o canteiro de obras implemente práticas de sustentabilidade. Há, porém,
a necessidade de que os métodos e práticas sejam mais divulgados para a sua efetiva
implantação durante a fase de construção do empreendimento.
Segundo Costa e Moraes (2013), no Brasil as grandes construtoras
perceberam que a aplicação de métodos de gestão sustentável durante todo o ciclo
do empreendimento, inclusive durante a fase de construção, é a única maneira de
garantir a melhoria do desempenho ambiental das edificações.
A proposta deste capítulo é exibir práticas e diretrizes de sustentabilidade em
canteiros de obras nas quais as empresas da construção civil possam se basear e passem
a adotá-las em seus canteiros, tornando-se assim empreendimentos sustentáveis
nesta importante fase do processo de produção do empreendimento.
2. Método de Pesquisa
Este trabalho se baseia na dissertação de mestrado de Zeule (2014). A pesquisa
utilizou o método de estudo de caso proposto por Yin (2009). A estratégia inicial de
pesquisa consistiu em elaborar um quadro comparativo das diretrizes e regras de
3. Práticas de Sustentabilidade no
Canteiro de Obras
A adoção de várias práticas ajuda a caracterizar um canteiro sustentável, e o
conhecimento das possibilidades ajuda a tornar a sustentabilidade do empreendimento
um fato.
a b
Figura 3 – Local para lavagem de rodas e bicas dos caminhões. Fonte: Zeule (2014).
a b
Sistema de Captação de água Sistema para tratamento da
pluvial (chuva) pelo telhado água de pluvial para
nas instalações provisórias reuso no próprio canteiro
Figura 5 – Captação e tratamento de água pluvial e economia de água. Fonte: Zeule (2014).
Figura 6 – Instruções aos trabalhadores para economizar água e cuidados com a saúde e
segurança no trabalho. Fonte: Zeule (2014).
a b
Iluminação e ven�lação Alterna�va para economia de
natural no ves�ário energia, com garrafas PET com
água no lugar de lâmpadas
a b
Baias cobertas para separação Acondicionamento de produto
dos vários �pos de resíduos contaminante, afastado do solo
Figura 8 – Acondicionamento de resíduos no canteiro de obras. Fonte: Zeule (2014).
a b
Instalação provisória feita com Reuso de madeira de formas
chapas de madeira reciclada
Figura 9 – Uso de materiais reciclados e reuso de materiais que seriam descartados. Fonte:
Zeule (2014).
a b
Refeitório em perfeitas Entorno da obra
condições de uso e limpeza (ruas e calçadas) limpas
Figura 10 – Prá�cas relacionadas à qualidade do ambiente do canteiro. Fonte: Zeule (2014).
4. Conclusões
A implantação das boas práticas apresentadas neste trabalho auxiliarão as
empresas na adoção de estratégias modernas de gestão, com a incorporação de
aspectos de sustentabilidade e responsabilidade social. Além de muitas das práticas
terem valores significativamente baixos para implantação, os retornos do investimento
podem ser intangíveis, como a melhoria da imagem e a comparação com empresas
concorrentes.
É recomendado que as empresas de construção de edificações busquem
alternativas que atuem na redução de impactos ambientais e adotem ferramentas
Referências
BRANDÃO, G.B.M. Tecnologias e Cer�ficações para Canteiros Sustentáveis. 2011. 66f.
Trabalho de Conclusão de Curso. Engenharia Civil. Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 18 (NR-18):
Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. 2015. Brasília-DF.
Disponível em: <h�p://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/norma�zacao/
normas-regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-18-condicoes-e-meio-ambiente-
de-trabalho-na-industria-da-construcao>. Acesso em: nov. 2016.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 9 (NR-9): Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais. 2016a. Brasília-DF. Disponível em: <h�p://trabalho.
gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR09/NR-09-2016.pdf >. Acesso em: nov. 2016.
BRASIL. Sustentável. Economia e meio ambiente no Brasil: Sustentabilidade. 2016b.
Disponível em: <h�p://www.brasilsustentavel.org.br/sustentabilidade>. Acesso em: nov.
2016.
BRE. Bri�sh Research Establishment Environment. Assessement Method (BREEAM).
EuropeCommercial 2009 Assessor. Manual. BRE Global Ltda., 346 p. 2009.
CARDOSO, F.F.; ARAUJO, V.M. Levantamento do estado de arte: Canteiro de obras. Projeto
Finep: Tecnologias para construção habitacional mais sustentável. São Paulo, 38p. 2007.
1. Introdução
Apesar da importância, no Brasil, há uma carência de conhecimento sobre as
necessidades prioritárias para a implementação de canteiros de obra de baixo impacto
ambiental. Dessa forma, ainda permanecem sem resposta satisfatória inúmeros
questionamentos, tais como: o que é preciso fazer para ter canteiros de obras mais
produtivos? Quais são os intervenientes na implementação das práticas? Quais as
necessidades de pesquisas, de capacitação e de políticas para o incentivo e a indução
por parte da indústria da construção com o apoio do governo para se realizar esse tipo
de empreendimento?
Nesse sentido, este capítulo tem como objetivo contribuir com a formulação
de novas políticas de ciência, tecnologia e inovação para canteiros de obra de baixo
71
impacto ambiental e com melhores condições de trabalho, apresentando indutores
estratégicos que possam contribuir para a sustentabilidade nos canteiros de obra.
A formulação dessas diretrizes para novas políticas de ciência, tecnologia e
inovação para canteiros de obra de baixo impacto considerou o levantamento das
necessidades prioritárias de pesquisa e solução tecnológica nesse sentido, bem como
as respectivas carências e dificuldades de implementação, apresentadas no Capítulo
1 deste livro.
Para sistematizar o processo de formulação das novas políticas, criou-se
uma planilha com o intuito de definir um plano de ação para cada uma das práticas
identificadas no Capítulo 1, com base no levantamento e entrevistas realizadas (colunas
1 e 2), conforme Quadro 1.
Em seguida, a primeira e a segunda coluna da planilha foi preenchida por
pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal da Bahia. A
terceira coluna, denominada “como”, foi deixada em branco para ser preenchida com
as opiniões dos pesquisadores a respeito de soluções e de possibilidades capazes de
influenciar as construtoras na adesão a cada diretriz. A quarta coluna, por sua vez,
refere-se a “quem” ou “quais os intervenientes responsáveis” pela implementação ou
realização do “como” em cada diretriz.
Foram estabelecidos os seguintes intervenientes:
(1) Academias/Universidades;
(2) Sindicatos/Associações;
(3) Ins�tuições Tecnológicas;
(4) Indústrias;
(5) Construtoras;
(6) Órgãos Regulamentadores;
(7) Ins�tuições financiadoras).
A quinta coluna refere-se ao tempo destinado à adoção efetiva da diretriz,
podendo ser de curto, médio ou longo prazo.
A partir destes resultados, buscou-se definir a forma de implementação das
diretrizes, as quais foram classificadas de acordo com seis indutores estratégicos,
conforme será discutido a seguir.
Cap. 3
Prá�cas já aplicadas
Como Solucionar as Carências que
Diretrizes re�radas das Entrevistas Intervenientes Responsáveis Prazo
dificultam a Adoção das Prá�cas?
de Salvador.
Redução de perdas Controle de perdas (Uso Elaboração de planos de gestão de [x ] Sindicatos / Associações [x] Curto (0 a 1 ano)
de materiais na de planilhas para controle resíduos [x ] Construtoras
execução dos de perdas atendendo Desenvolver procedimentos gerenciais [x] Academias / Universidades [x] Médio (1 a 3
serviços, no a uma % tolerável específicos para o controle de perdas [x] Construtoras anos)
recebimento, no estabelecida) entre outras (quan�ta�vo orçado, material aplicado,
transporte interno, soluções) resíduos gerados, etc.)
na estocagem e Inserir procedimento gerencial [x] Sindicatos / Associações [x] Curto (0 a 1 ano)
no manuseio de específico no SG da empresa para [x] Construtoras
materiais no canteiro garan�r que haja efe�vo controle de
de obras perdas / percentual tolerável definido
com a comunidade da construção
Treinamentos e cursos para os [x] Ins�tuições Tecnológicas [x] Curto (0 a 1 ano)
operários e setor responsável na obra [x] Construtoras
Treinamentos e cursos para os [x] Academias / Universidades [x] Curto (0 a 1 ano)
engenheiros [x] Construtoras
Aproveitamento dos sistemas de gestão [x] Academias / Universidades [x] Médio (1 a 3
existentes nas empresas construtoras e [x] Sindicatos / Associações anos)
extrapolá-los aos empreiteiros [x] Construtoras
Es�pular metas e regras nos contratos [x] Academias / Universidades [x] Médio (1 a 3
com tercerizados no que diz respeito à [x] Sindicatos / Associações anos)
|
73
2. Indutores Estratégicos
Foram identificados seis indutores estratégicos relevantes para a sustentabilidade
dos canteiros de obra no Brasil.
O primeiro indutor estratégico são as linhas de pesquisas para o desenvolvimento
de soluções tecnológicas nos quatro temas estudados (consumos, emissões, interfaces
com o meio exterior e qualidade intrínseca), específicos para aplicação em canteiros
de obra, incluindo-se a análise de custo dessas soluções.
O segundo indutor são as políticas públicas e incentivos para o desenvolvimento
de materiais e tecnologias pelas indústrias de construção civil, visando à industrialização
dos processos construtivos no Brasil, a partir da criação de subsídios técnicos para
viabilizá-las, considerando o uso racional dos recursos, sejam eles energia, água ou
materiais.
O terceiro indutor é o incentivo ao desenvolvimento de projetos de canteiros de
obra que privilegiem melhores soluções de projetos e práticas gerenciais sustentáveis
e que possam ser adotados nas instalações provisórias (arquitetura, elétrica,
hidrossanitárias, contenções e demais complementares) em cada fase da construção,
além de passarem por aprovação do órgão municipal responsável e efetiva fiscalização,
a fim de garantir o cumprimento da legislação vigente sobre os diversos temas.
Os três últimos indutores estão associados à própria falta de conhecimento das
equipes operacionais e gerenciais nos canteiros de obra, quais sejam: a capacitação
operacional na pauta das empresas construtoras, das políticas públicas e das
entidades setoriais; a capacitação gerencial e tecnológica na pauta das políticas
públicas e das entidades setoriais; e os fóruns para a integração da indústria da
construção, academia e governo.
Os itens a seguir detalham os indutores estratégicos que, em conjunto,
compreendem a formação de uma nova política para a Ciência, Tecnologia e Inovação
no que diz respeito a canteiros de obra de baixo impacto ambiental e com melhores
condições de trabalho. Esses itens são abordados do ponto de vista de consumos,
emissões, interfaces com o meio exterior e da qualidade intrínseca do canteiro de
obra.
Emissões:
• Desenvolver novos produtos e tecnologias para aproveitamento e descarte de
resíduos classe C;
• Desenvolver métodos de descontaminação e soluções de descarte dos resíduos
perigosos, como �ntas, solventes, óleos, ou contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais
e outros (resíduos classe D);
• Desenvolver metodologia de iden�ficação dos riscos, caracterização e
monitoramento de emissões de materiais par�culados, tanto pelo impacto na
vizinhança quanto para o trabalhador;
• Desenvolver método para controle do nível do lençol freá�co, sistemas de
captação e tratamento de efluentes (esgoto) e minimização de riscos decorrentes
do sistema de drenagem no canteiro de obras.
Emissões:
• Desenvolver novos produtos e tecnologias para aproveitamento de resíduos
classe C e D;
• Desenvolver alterna�vas para o descarte temporário dos resíduos que permitam
a triagem e a não contaminação;
• Desenvolver opções de embalagens para armazenamento e descontaminação
de resíduos perigosos, como �ntas, solventes, óleos ou aqueles contaminados,
Consumos:
• Especificar equipamentos com baixo consumo energé�co e cer�ficados PBE/
Procel Inmetro (lâmpadas, eletrodomés�cos, eletroeletrônicos), adotar
disposi�vos de controle (sensores de presença e fotoelétricos) e buscar fontes
alterna�vas (geotermia, eólica, solar térmica e solar fotovoltaica).
Emissões:
• Elaborar planos de gerenciamento de resíduos da construção civil mais
detalhados do que o exigido pela resolução CONAMA 307. U�lizar na própria
obra, efe�vamente, os resíduos classe A gerados;
• Prever a gestão dos efluentes da obra, o tratamento do esgoto, os sistemas de
aproveitamento de águas pluviais, o reuso de águas cinzas e das provenientes
de sistemas de limpeza de rodas, betoneiras e bicas de caminhões de concreto;
• Desenvolver projeto que considere os impactos sonoros e a emissão de
par�culados das a�vidades de canteiro, incluindo planos de monitoramento e
controle, levando em conta o detalhamento dos documentos PPRA e PCMAT e
prevendo uma polí�ca de boa vizinhança.
Consumos:
• Treinar a redução de perdas de materiais na execução dos serviços, no
recebimento, no transporte interno, na estocagem e no manuseio, além da
fidelidade aos projetos de paginação;
• Treinar quanto ao processo de aquisição de materiais e equipamentos e de
contratação de serviços (critérios e polí�cas de compras, logís�ca reversa,
ro�nas de inspeção, avaliação de fornecedores).
Consumos:
• Definir as etapas de desenvolvimento do produto, uso de engenharia a montante
(100% dos projetos prontos antes do início da obra), planejamento dos projetos
para a produção e análises crí�cas inseridos no cronograma, aplicação da
plataforma BIM;
• Criar um banco de dados de indicadores de perda de materiais por serviço: no
recebimento, no transporte interno, na estocagem e no manuseio de materiais
no canteiro de obra. Definir um percentual tolerável de perdas e avaliar os
números alcançados. Discu�r dificuldades e soluções e propor metas de
melhoria;
• Esclarecer as tecnologias e divulgar seus custos e bene�cios, incen�vando a
industrialização, pré-fabricação e pré-moldagem, o uso de maquinários de
ponta, deixando apenas a montagem para o momento de execução da obra
(conceito da obra seca), a fim de reduzir o emprego de mão de obra, induzir o
mercado e aumentar a concorrência, fato que propicia os menores custos dos
sistemas constru�vos;
• Definir critérios para compra dos materiais, produtos e sistemas constru�vos, a
par�r de fontes confiáveis e de locais que incluam informações sobre análise do
ciclo de vida, desempenho técnico, cer�ficações de qualidade, conformidade
ao PSQ do PBPQ-H, procedência dos materiais naturais, como a madeira, areia,
gesso e pedras;
• Apoiar os sistemas de avaliação de fornecedores, incen�vando a formalização e
conformidade em relação à Receita Federal, licença ambiental, responsabilidade
social e normas técnicas, além de promover a divulgação às construtoras e
proje�stas de informa�vos dos sites disponíveis para consulta de cadastros,
Emissões:
• Rever as responsabilidades dos agentes da cadeia produ�va e negociar acordos
entre os diferentes setores industriais para garan�r melhor gestão de resíduos
no canteiro de obras. Iden�ficar as possibilidades de logís�ca reversa e atuar
especificamente com cada agente, buscando alterna�vas tecnológicas, de gestão
e de logís�ca com o obje�vo de reduzir perdas e maximizar o reaproveitamento
dos materiais;
• Discu�r a aplicação dos resíduos inertes no próprio canteiro e o uso dos
agregados reciclados em subs�tuição aos agregados naturais. Divulgar usos
potenciais, métodos de descontaminação e soluções de descarte para os
resíduos perigosos. Desenvolver parcerias com fornecedores, inclusive
considerando suas embalagens.
3. Conclusões
Este documento apresentou as diretrizes para a formulação de novas políticas
de ciência, tecnologia e inovação para canteiros de obra de baixo impacto ambiental e
com melhores condições de trabalho.
Entende-se que a adoção de práticas e tecnologias para o desenvolvimento
do canteiro de obras de baixo impacto exige compromisso de diversos intervenientes
de setor, sejam eles as Academias/Universidades, os Sindicatos/Associações, as
Instituições Tecnológicas, Indústrias, Construtoras, Órgãos Regulamentadores ou as
Instituições financiadoras, com o estabelecimento de políticas públicas de incentivo
e cobrança eficiente, metas progressivas e indicadores constantemente atualizados,
formação de recursos humanos, desenvolvimento e adoção de inovações tecnológicas.
Espera-se que este trabalho ofereça subsídios para a definição de programas
de fomento ao desenvolvimento cientifico e tecnológico na área de conhecimento
de canteiros de obra com ênfase no seu baixo impacto ambiental e de melhores
condições de trabalho, assim como no processo de tomada de decisão a respeito
dos investimentos em inovação e gestão por parte de todas as empresas do setor da
construção civil envolvidas.
1. Introdução
Uma construção é composta de uma série de operações e atividades diferentes,
cada uma com um tempo de duração próprio e uma geração potencial de material
particulado (MP). A emissão de material particulado tem uma origem definida e
um destino que pode variar substancialmente em fases diferentes do processo de
construção, tais como: demolição, terraplanagem, superestruturas, vedações e
acabamento (MUÑOZ, PALACIOS, 2001; RESENDE, 2007).
Na construção civil, em especial durante a execução da obra, diariamente ocorre
geração de poeira. O mecanismo de emissão dessa poeira está relacionado à ação dos
ventos que atuam durante a realização de atividades, como a mistura e a subdivisão de
diversas matérias primas de diferentes granulometrias, tais como: areia, cimento, cal,
gesso, argamassas, madeira, cerâmica, granito, aço, entre outras. Ademais, por meio
de suas atividades construtivas, por exemplo: fabricação de concreto e argamassa,
jateamento de argamassa, corte de aço, de madeira, de cerâmica ou de granito,
aplicação de gesso, varrição a seco, lixamento de superfícies, escavações, estocagem
2. Padrões de Qualidade do Ar
Material particulado é definido como um conjunto de poeiras, fumaças e
todo tipo de material sólido ou líquido que se mantém suspenso na atmosfera em
decorrência de seu pequeno tamanho (CETESB, 2004). Essas partículas são classificadas
de diferentes formas, dentre as quais se destacam as Partículas Totais em Suspensão
(PTS), as Partículas Inaláveis (MP10) e as Partículas Inaláveis finas (MP2,5).
As Partículas Totais em Suspensão (PTS) são aquelas cujo diâmetro aerodinâmico
é menor que 50 µm. Uma parte dessas partículas é inalável e pode causar problemas
à saúde, a outra pode prejudicar a qualidade de vida da população, interferindo nas
condições estéticas do ambiente e prejudicando as atividades normais da comunidade.
Já as Partículas Inaláveis (MP10) são aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor
que 10 µm, dependendo da distribuição de tamanho na faixa de 0 a 10 µm. Podem
ficar retidas na parte superior do sistema respiratório ou penetrar profundamente,
alcançando os alvéolos pulmonares. Por fim, as Partículas Inaláveis finas (MP2,5),
também denominadas Partículas Respiráveis, são aquelas cujo diâmetro aerodinâmico
é menor que 2,5 µm, e devido ao seu tamanho diminuto, penetram profundamente no
sistema respiratório, podendo atingir os alvéolos pulmonares, CETESB (2004).
Os padrões de qualidade do ar são valores de referência para diferenciar uma
atmosfera poluída de uma não poluída. No Brasil, os padrões de qualidade do ar e
episódios críticos de poluição foram estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 03 de
1990 (CONAMA, 1990) e ainda hoje estão em vigor (Tabela 1), porém permanecem
desatualizados em face dos novos conhecimentos científicos, especialmente aqueles
4. Gestão e Monitoramento do MP em
Canteiro de Obras
Para realizar a gestão de MP, é necessário que sejam seguidos alguns princípios
capazes de ajudar a estruturar um “plano de gestão” (RESENDE, 2007). O ciclo PDCA
ou ciclo de Deming é frequentemente utilizado para estruturar sistemas de gestão
(RESENDE, 2007). Segundo Resende (2007), um sistema de gestão deve estar baseado
em quatro etapas fundamentais:
5.3 Armazenamento
Planejamento e gestão do sistema de armazenamento são importantes para
otimização das áreas dos canteiros. Além disso, faz-se necessário que o armazenamento
fique protegido da ação dos ventos e da chuva. O armazenamento inadequado de
materiais também pode gerar emissão de MP na atmosfera.
Figura 4 – Materiais armazenados protegidos da ação dos ventos e chuvas. Fonte: EPD -
Hong Kong, 2006.
Figura 6 – Obra protegida com lona e andaimes fachadeiros. Fonte: EPD- Hong Kong, 2006.
6. Conclusões
O presente capítulo destacou a importância do controle e monitoramento das
emissões de partículas provenientes dos canteiros de obra por meio das melhores
práticas, com vista a proteger a saúde do trabalhador, da vizinhança da obra e do
meio ambiente local. A geração de poeira pode ser substancialmente reduzida com
a aplicação de técnicas cuidadosamente selecionadas de mitigação e gerenciamento
eficaz da obra, uma vez que essas poeiras são difusas, tornando difícil o seu controle.
O controle eficaz dessas emissões deve ser feito na sua fonte.
O controle da poeira pode mitigar alguns efeitos causados pela poluição,
trazendo inúmeros benefícios tanto para os diferentes intervenientes da construção
como para os construtores, por meio da melhor reputação empresarial com as
autoridades reguladoras, além de proporcionar evoluções nas relações de trabalho
com clientes, vizinhança e trabalhadores. Para a vizinhança e a comunidade, tal prática
de controle possibilita menos interrupções na vida cotidiana, reduz os riscos para a
saúde, além de diminuir os danos causados às propriedades. Já para o ambiente, pode
reduzir a poluição do ar, água e os distúrbios provocados na fauna e flora existentes no
entorno da edificação (LONDON COUNCILS, 2006).
O construtor deve ter como objetivo principal, portanto, não causar impactos
no ambiente, o que impõe uma forte mudança na cultura hoje estabelecida pela
construção civil e uma alteração nos sistemas construtivos existentes. Para que isso
aconteça, é necessário reestudar os processos, visando estabelecer formas de evitar
os impactos.
Referências
ARAÚJO, V.M; CARDOSO, F. Redução de impactos ambientais do canteiro de obras. Projeto
Finep: Habitações mais sustentáveis. Finep. São Paulo, 2007.
ARAÚJO, I.P.S. Metodologia para Avaliação e Redução de Impactos Ambientais causados
pela emissão de material par�culado de canteiros de obras habitacionais com foco no
impacto à vizinhança da obra. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica de Salvador –
BA, 2014.
Sites consultados
AIR QUALITY GUIDANCE NOTE. Disponível em: h�p://www.epa.nsw.gov.au. Acesso em:
nov. 2016.
FUNDAÇÃO VANZOLINI. Disponível em: h�p://www.vanzolini.org.br. Acesso em: maio
2014.
Guidance on the Assessment of Dust from Demoli�on and Construc�on. Disponível em:
h�p://www.iaqm.co.uk. Acesso em: nov. 2016.
Revista CNT Transporte. Disponível em: h�p://www.cnt.org.br/Paginas/revista-cnt-
transporte-atual. Acesso em: nov. 2016.
h�p://www. contractorstools.com. Acesso em: nov. 2016.
h�p://www.dustmuzzle.com. Acesso em: nov. 2016
Subprojeto Aperfeiçoamento de
Sistemas de Proteção Coletiva em
Canteiros de Obras (SPSPC)
5
http://dx.doi.org/10.26626/978-85-5953-027-8.2017C0005.p.109-132
Avaliação de Requisitos de
Desempenho de Sistemas de
Proteção Periférica (SPP) em
Obras de Edificações
1. Introdução
Uma das proteções físicas comumente utilizadas nos canteiros de obra são os
sistemas de proteção periférica (SPP), os quais oferecem proteção passiva e simultânea
a vários trabalhadores, impedindo a queda de altura (GARCIA, 2010). No Brasil, de
acordo com o Ministério de Trabalho e Emprego (BRASIL, 2013), os SPP encontram-se
entre os dez equipamentos que frequentemente causam interdições de canteiros de
obras. De fato, há evidências de que os requisitos associados aos SPP costumam ser os
menos atendidos entre aqueles da NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho
na Indústria da Construção (SAURIN et al., 2000; MALLMANN, 2008; CAMBRAIA;
FORMOSO, 2011; COSTELLA et al., 2014).
Apesar disso, é reconhecida a crescente expansão do número de fornecedores de
equipamentos de proteção coletiva tanto no mercado brasileiro como em outros países
(SCANMETAL, 2011; METRO..., 2009; ORMAN, 2012). Contudo, a quantidade de requisitos
disseminados em diversos regulamentos e a falta de métodos para verificar a aderência
dos SPP aos requisitos das normas e outros requisitos relevantes criam dificuldades para
109
todas as partes interessadas, tais como: órgãos de fiscalização, os operários encarregados
pela execução dos SPP e empresas construtoras, as quais carecem de ferramentas para
comparar a eficiência e eficácia dos diferentes sistemas disponíveis no mercado.
Entre as proteções contra quedas dispostas na NR 18 – Condições e Meio Ambiente
de Trabalho na Indústria da Construção (BRASIL, 2014), este trabalho enfatiza os SPP do
tipo guarda-corpo e rodapé (GcR) por serem os mais comumente utilizados nos canteiros
de obra de edificações verticais e objeto frequente de embargos e interdições. A maioria
das normas consultadas neste trabalho, como NR 18 – Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção (OCCUPATIONAL..., 1996), RTP 01 (FUNDACENTRO,
2003), OSHA 1926.502 (OCCUPATIONAL..., 1996), UNE-EN (ASOCIACIÓN..., 2004), S-2.1
(CANADIAN..., 1981), apresenta requisitos de resistência estrutural e configuração
geométrica dos SPP, negligenciando a eficiência e a flexibilidade deles, bem como não
tratam dos processos de montagem e desmontagem. Por outro lado, no Brasil os órgãos
regulamentadores e de fiscalização costumam considerar os requisitos de normas
estrangeiras para aperfeiçoar as normas nacionais e lidar com lacunas.
O objetivo deste trabalho é propor um conjunto de requisitos de desempenho
para SPP. Foram definidos critérios qualitativos e quantitativos, utilizados para a
construção de um protocolo de avaliação de desempenho desses sistemas. São
apresentados exemplos de aplicação desse protocolo em três tipos de SPP, de
madeira, misto e metálico. A avaliação de um conjunto de equipamentos disponíveis
no mercado da Região Metropolitana de Porto Alegre, RS, ilustra como esse protocolo
pode contribuir para a análise de soluções existentes no mercado, que podem ser
objeto de aperfeiçoamento.
2. Método de Pesquisa
2.1 Delineamento da Pesquisa
A primeira etapa desta pesquisa foi desenvolvida por meio da identificação
de requisitos provenientes de normas nacionais e internacionais. Por outro lado, a
definição de novos requisitos e das fontes de evidências surgiu a partir de entrevistas
e grupos de discussão com engenheiros responsáveis por obras que usavam SPP,
engenheiros e técnicos em segurança no trabalho, projetistas de proteções coletivas,
auditores fiscais, representantes de empresas que fornecem SPP e trabalhadores
responsáveis pela execução dos SPP.
Na segunda etapa, houve a classificação dos requisitos de acordo com a
natureza de cada um, em três categorias: segurança, eficiência e flexibilidade. Também
foi realizado um workshop, que envolveu a participação conjunta de representantes
de várias partes, com a finalidade de discutir os resultados de novas aplicações do
protocolo e identificar oportunidades de melhorias nos SPP avaliados.
9º pavto.
A C
(Pav. A)
6º pavto.
A C
(Pav. B)
Figura 1 – Escolha dos trechos de SPP a serem avaliados. Fonte: Peñaloza, 2015.
MADEIRA (MA-1)
Cons�tuído em madeira com tela de proteção. A união dos
componentes ocorre mediante pregos. Os montantes são fixados
na viga por meio de barra de ancoragem, arruela e porca do �po
borboleta. Uso: sistema constru�vo tradicional com estrutura de
concreto armado moldada in loco.
MADEIRA (MA-2)
Cons�tuído em madeira com tela de proteção. A união dos
componentes ocorre mediante pregos. Os montantes são fixados
à super�cie da laje u�lizando-se barras de ferro de 8 mm. Uso:
sistema constru�vo tradicional.
METÁLICO (ME-1)
Cons�tuído por módulos metálicos, nas dimensões 1,50x1,30
m. A união dos módulos ocorre mediante encaixe. A fixação dos
montantes ocorre em área grauteada da alvenaria por meio de
uma alça de ancoragem, já incorporada ao sistema. Uso: sistema
constru�vo em alvenaria estrutural.
METÁLICO (ME-2)
Cons�tuído por módulos metálicos, nas dimensões 0,80 x 1,30
m e 1,10 m x 1,30 m. A união dos módulos é feita mediante
encaixe, travas e pinos de correr. A fixação dos montantes ocorre
na alvenaria grauteada ou viga com o uso de barra de ancoragem,
já incorporada ao sistema. Uso: sistema constru�vo em alvenaria
estrutural e tradicional.
MISTO (MI-1)
Cons�tuído por travessões e rodapé em madeira com tela de
proteção e montantes metálicos. A união dos elementos horizontais
é realizada mediante encaixe nas alças dos montantes. A fixação à
fôrma da viga é do �po sargento, a qual consiste em braçadeiras
reguláveis acopladas ao montante. Uso: sistema constru�vo
tradicional.
MISTO (MI-2)
Cons�tuído por travessões e rodapé em madeira com tela de
proteção e montantes metálicos. A união dos elementos horizontais
ocorre mediante encaixe nas alças dos montantes. Os montantes
são fixados às escoras das lajes por meio de uma treliça incorporada
aos mesmos. Uso: sistema constru�vo tradicional.
MISTO (MI-3)
Cons�tuído por travessões e rodapé em madeira com tela
de proteção e montantes metálicos. A união dos elementos
horizontais é efetuada mediante encaixe nas alças dos montantes.
Os montantes são fixados na viga com o emprego de barra de
ancoragem, arruela e porca do �po borboleta. Uso: sistema
constru�vo tradicional.
MISTO (MI-4)
Cons�tuído por travessões e rodapé em madeira com tela de
proteção e montantes metálicos. A união dos elementos horizontais
é mediante encaixe nas alças dos montantes. Os montantes são
fixados à super�cie da laje por meio de parafusos. Uso: sistema
constru�vo tradicional.
MISTO (MI-5)
Cons�tuído por travessões e rodapé em madeira com tela de
proteção e montantes metálicos. A união dos elementos horizontais
é feita mediante encaixe nas alças dos montantes. Os montantes
são fixados na viga fazendo-se uso de barra de ancoragem, arruela e
porca do �po borboleta. Uso: sistema constru�vo tradicional.
A Tabela 2 apresenta a quantidade de obras em que cada tipo de SPP foi avaliado.
Tais obras correspondem a edifícios residenciais de quatro ou mais pavimentos de sete
empresas construtoras de médio e grande porte, atuantes na Região Metropolitana
de Porto Alegre. Os SPP em madeira e mistos eram comumente utilizados pelas
construtoras nas obras com sistema construtivo tradicional. A avaliação deles foi
realizada após a retirada das fôrmas, nas fases de montagem e desmontagem, quando
já havia a estrutura de concreto armado. Já no sistema de alvenaria estrutural eram
utilizados SPP metálicos, e a avaliação foi realizada na única fase em que o sistema era
empregado. No total, foram realizadas 39 aplicações do protocolo em 26 canteiros
de obra, sendo o protocolo, em algumas obras, aplicado em fases diferentes da
construção. A coleta de dados, em cada aplicação do protocolo, teve uma duração
média de 4 h entre observações, medições e entrevistas, envolvendo de dois a três
pesquisadores. Em todas as aplicações, inicialmente, foi realizada a avaliação do
projeto de SPP conforme a lista de requisitos estabelecidos para essa etapa, seguida
da análise em uso, em dois pavimentos-tipo, em cada obra visitada.
3. Resultados
3.1 Avaliação de Requisitos de Segurança
O Quadro 2 apresenta os dez requisitos de desempenho referentes à segurança e
compara o atendimento aos requisitos de projeto dos diferentes SPP, sendo apresentada
uma média das várias obras em que cada sistema é usado. Pode-se observar que os
SPP metálicos (SPP-ME) apresentam maior porcentagem de atendimento que os
SPP em madeira (SPP-MA). Por exemplo, os projetos dos SPP-MA não apresentavam
a especificação das etapas de montagem, desmontagem e manutenção, bem como
os correspondentes riscos. Os projetos de SPP mistos (SPP-MI), embora também não
MI-1
MI-2
MI-3
MI-5
MI-4
ME-1
ME-2
% de Atendimento
MA-1 100
MA-2 100
100
100
100
100
100
100
100
*1. O projeto minimiza riscos de quedas de pessoas (NR 18)
100
100
100
100
100
100
100
100
100
ferramentas (NR 18)
Cap. 5
0
0
3. O projeto especifica resistência às cargas está�cas previstas
100
100
100
100
100
100
100
pela norma (NR 18)
0
0
0
0
0
0
0
*4. O projeto favorece que sua instalação e remoção sejam
100
100
feitas com segurança (CCOHS)
50
50
50
50
50
50
50
*5. O projeto especifica materiais resistentes e duráveis às
100
100
tolerância a irregularidades na execução.
0
0
0
0
0
0
0
*6. O projeto especifica que travessões, telas e rodapé não
100
100
devem possuir emendas ou retalhos (EN 13374)
0
0
7. O projeto dificulta a remoção acidental de qualquer
100
100
100
100
100
100
100
componente durante seu uso (EN 13374)
SEGURANÇA - Requisitos de Projeto
NA
NA
*8. O projeto especifica espessura dos componentes para evitar
100
100
100
100
100
100
100
cortes e esforços excessivos (OSHA 19226.502)
0
0
0
0
0
0
0
NA
NA
*requisitos aplicáveis tanto na etapa de análise de projeto como na análise de uso.
9. O projeto especifica isolamento de materiais inflamáveis em
áreas com risco de incêndio (Entrevista)
0
0
0
0
0
0
0
NA
NA
10. É previsto isolamento de materiais condutores de
|
55
45
55
50
55
45
50
88
88
Média Total
117
SPP-ME apresentam o maior atendimento aos requisitos de uso. Por exemplo, seis dos
oito SPP-MA-1 avaliados atendiam parcialmente ao requisito 5 (a instalação e a remoção
do SPP devem ser feitas com segurança). Nessa situação, o atendimento parcial devia-
se à falta ou uso incorreto de EPIs, ao uso de ferramentas e equipamentos inadequados
e, em muitos casos, à falta de informação sobre as ferramentas e equipamentos
adequados e disponíveis para realizar a tarefa, bem como à ausência de definição
de uma sequência de montagem e desmontagem. As deficiências de concepção dos
SPP contribuem para atitudes inseguras dos operários, tais como segurar nas escoras
para não perder o equilíbrio, utilizar escadas sem proteção, posicionar-se sobre as
plataformas de proteção ou sobre o rodapé para fixá-lo, como ilustrado na Figura 2.
Média Total
do proje�sta ou fabricante (NR 18)
e ferramentas (NR 18)
18 - CCOHS)
MA-1 62 57 63 79 42 44 38 73 100 95 75 66
MA-2 73 96 100 100 50 50 56 78 NA 97 67 77
MI-3 88 73 63 87 58 38 44 63 87 97 100 73
MI-4 100 87 100 92 75 63 69 75 100 95 100 87
MI-5 100 68 100 81 100 44 50 56 100 90 100 81
ME-1 100 0 100 100 100 100 100 100 100 100 NA 90
ME-2 100 0 50 100 100 100 100 100 100 100 NA 85
* requisitos aplicáveis tanto na etapa de análise de projeto como na análise de uso
d e
Média Total
reu�lizados na mesma obra (Entrevista)
(Entrevista)
(Entrevista)
(Entrevista)
MA-1 0 100 0 0 0 0 16
MA-2 0 100 0 0 0 0 16
MI-1 50 50 0 0 0 100 33
MI-2 50 50 100 0 0 100 50
MI-3 50 50 0 0 0 0 16
MI-4 50 50 0 0 0 100 33
MI-5 50 50 0 0 0 100 33
ME-1 100 100 100 0 100 100 83
ME-2 100 100 100 0 100 100 83
* requisitos aplicáveis tanto na etapa de análise de projeto como na análise de uso.
MI-1
% de Atendimento
50
MI-3 50
MI-4 50
MI-5 50
ME-1 50
ME-2 50
MA-1 100
MA-2 100
MI-2 100
1. A manutenção é simples (NR 18)
0
100
100
100
100
100
100
100
100
*2. Os componentes do SPP são reu�lizados na mesma obra (Entrevista)
0
0
Cap. 5
50
50
50
50
50
100
100
3. Baixo custo ao longo do ciclo de vida (Entrevista)
0
0
50
50
100
100
100
100
100
4. As conexões entre os componentes são fáceis e rápidas (Entrevista)
0
0
0
50
50
50
50
5. O SPP minimizou as perdas e resíduos gerados a par�r da montagem e
por peça mediante pregos (Figura 4).
100
100
desmontagem (Entrevista)
50
50
50
50
50
100
100
100
100
*6. Não há interferências com outros equipamentos (Entrevista)
0
0
7. Reduzir o esforço �sico na execução de tarefas de montagem
100
100
100
100
100
100
100
(Entrevista)
50
50
100
100
100
100
100
100
100
EFICIÊNCIA - Requisitos de Uso
50
50
9. Reduzir o esforço �sico na execução de tarefas de desmontagem
100
100
100
100
100
100
100
(Entrevista)
100
100
100
100
100
100
(Entrevista)
Quadro 5 – Comparação do atendimento aos requisitos de eficiência em uso.
0
0
0
11. O SPP possibilita boa produ�vidade, nas tarefas de montagem e
100
100
100
100
desmontagem (Entrevista)
|
81
91
35
81
22
95
86
86
64
Média Total
121
posturas desfavoráveis de costas e joelhos devem-se principalmente à fixação de peça
limite da categoria de risco 2 (risco médio), foi constatada em 75% das observações. As
Figura 3 – Gráfico das posturas, analisadas com WinOWAS, na montagem dos SPP-MA-1.
a b
Figura 4 – Posturas de pé, apoiado sobre os dois joelhos curvados e costas curvadas. Fonte:
Peñaloza, 2015.
dimensões de componentes
improvisadas (Entrevista)
às diferentes tecnologias
diferentes configurações
constru�vas (Entrevista)
Média Total
*3. O projeto especifica
transportar (Entrevista)
fáceis de manipular e
da obra (Entrevista)
% de Atendimento
(NR 18)
Montante laje
em balanço
barra de ancoragem
(parafuso) e porca
Montante viga de
barra de ancoragem periferia/alvenaria
(parafuso) e porca
diferentes configurações
*3. Os componentes são
constru�vas (Entrevista)
transportar (Entrevista)
*2. O mesmo SPP pode
geométricas, evitando
diferentes tecnologias
e materiais a par�r da
fáceis de manipular e
Média Total
precisar ser re�rado
*4. O SPP permite a
ser usado em todas
% de Atendimento
as etapas da obra
periferia (NR 18)
(Entrevista)
(Entrevista)
(Entrevista)
MA-1 0 100 50 0 100 0 42
MA-2 0 0 50 0 100 0 25
MI-1 0 0 50 0 100 0 25
MI-2 0 0 50 100 100 0 42
MI-3 0 100 0 100 50 0 42
MI-4 0 0 50 0 100 0 25
MI-5 0 0 50 50 100 0 33
ME-1 50 100 50 100 100 0 66
ME-2 0 100 100 100 100 0 66
* requisitos aplicáveis tanto na etapa de análise de projeto como na análise de uso do SPP.
a b
c d
Figura 6 – (a) Remoção do SPP-MA-1 antes da vedação ver�cal; (b) SPP-MA-1 após vedação
ver�cal; (c) remoção do SPP-MI-5 antes da vedação ver�cal; e (d) SPP- MI-5 após vedação
ver�cal. Fonte: Peñaloza, 2015.
Encaixe do montante
Referências
ASOCIACIÓN ESPAÑOLA DE NORMALIZACIÓN Y CERTIFICACIÓN. UNE-EN 13374: sistemas
provisionales de protección de borde: especificaciones del producto, métodos de ensayo.
Madrid, 2004.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 18 (NR-18):
Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. 2015. Brasília-DF.
Disponível em: <h�p://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/norma�zacao/
normas-regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-18-condicoes-e-meio-ambiente-
de-trabalho-na-industria-da-construcao>. Acesso em: abr. 2014.
1. Introdução
Sabe-se que a construção civil é responsável por um grande número de acidentes
e mortes de trabalhadores, sendo a queda de altura o principal problema enfrentado
em obras de diferentes países (BRANCHTEIN, et al., 2015).
Fatalidades desse tipo ocorrem principalmente devido à falta de proteção
adequada ou à deficiência dos sistemas utilizados, condicionados, segundo Borjan et al.
(2016), pelo comportamento dos empregadores, a indisponibilidade de equipamentos
e o tamanho da empresa.
Referente aos empregadores, Cherri e Argudin (2016) explicam que tais
responsáveis pela contratação e gestão de pessoal ainda apresentam certa dificuldade
em tratar do tema. Consequentemente, os colaboradores são submetidos a tarefas em
altura sem que possuam experiência, sem aprender métodos de trabalho e receber
equipamentos de proteção adequados (EVANOFF et al., 2016).
1 Versão resumida do ar�go publicado na Revista SODEBRAS, v. 11, n. 128 de Agosto de 2016,
nas páginas 133 a 140, pelos mesmos autores.
133
Dentre os equipamentos de uso obrigatório em qualquer atividade executada
a partir de 2,0 metros de altura, com risco de queda, tais como telhados, estruturas e
coberturas, estão os cintos de segurança, conforme a NR 18 – Condições e Meio Ambiente
de Trabalho na Indústria da Construção (BRASIL, 2016). Entretanto, ainda que normas
regulamentadoras do trabalho em altura estejam em vigor, como a já citada NR 18 –
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (BRASIL, 2016) e a
NR 35 – Trabalho em Altura (BRASIL, 2014), é grande o número de problemas envolvendo
a má qualidade do planejamento, aplicação e controle dos sistemas de proteção. Um
dos possíveis fatores contribuintes diz respeito à maneira como as normas abordam
os requisitos de desempenho, não incorporando pontos relevantes, como eficiência e
flexibilidade, além da falta de especificações quanto à forma de avaliar seu uso.
Desta forma, é necessário desenvolver métodos e materiais que auxiliem na
análise da utilização dos sistemas de segurança contra quedas, fazendo com que os
requisitos atualmente estabelecidos também contemplem questões práticas do dia a
dia da obra e proporcionem sistemas mais seguros e práticos.
Com o foco de proporcionar uma visão mais ampla dos requisitos necessários ao
eficaz projeto e aplicação de cabos de segurança, bem como à análise de conformidades
para utilização, este estudo pretende apontar níveis de atendimento a requisitos de
segurança, eficiência e flexibilidade.
2. Método
2.1 Delineamento da Pesquisa
A presente pesquisa consistiu na elaboração de um protocolo de avaliação de
desempenho de cabos de segurança. Um teste do protocolo é apresentado com base
na sua aplicação em obras da cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foi realizado o levantamento e estudo de requisitos importantes para a avaliação
de diversos cabos usados na proteção dos trabalhadores da construção civil com base
nas categorias de segurança, contemplando-se questões de projeto e operação, de
eficiência e flexibilidade.
3. Resultados
3.1 Segurança nos Projetos dos Cabos
A Tabela 2 apresenta os resultados da avaliação quanto aos requisitos
concernentes à categoria segurança na fase de concepção dos projetos, a média de
cada empresa, média de cada requisito e média geral da categoria.
Requisitos de segurança na fase de Obra Obra Obra Obra Obra Obra Obra Média
operação A B C D E F G (%)
6. O cabo de segurança passa por 100 0 100 100 100 0 50 64,29
revisão (pelos próprios trabalha-
dores) antes do início das a�vidades
diárias, a fim de verificar suas
condições de uso. (BRASIL, 2014)
7. O cabo de segurança passa 100 0 100 100 100 100 100 85,71
por inspeção mais severa, por
profissional legalmente habilitado,
com a periodicidade mínima de 6
meses. (BRASIL, 2014)
8. Os cabos são subs�tuídos quando 100 100 100 100 100 100 100 100
apresentam condições que
comprometam sua integridade e
coloquem em risco o trabalhador.
(BRASIL, 2016)
9. O cabo de segurança é instalado 100 100 100 100 100 100 100 100
em todos os locais onde há risco de
queda do trabalhador, para que ele
possa conectar o cinto de segurança.
(BRASIL, 2016)
10. Os cabos de segurança são 0 0 100 100 50 100 0 50,00
protegidos quanto ao corte e
desgaste. (OCCUPATIONAL...,
1996b; BRASIL, 2016)
11. O sistema de cabo de segurança 100 100 100 100 100 100 50 92,86
garante que, em caso de queda
ou durante o uso, o talabarte
não fique em atrito com arestas
de lajes ou estruturas similares.
(PEÑALOZA, et al., 2015)
Fonte: Elaboração dos autores.
Requisitos de eficiência Obra Obra Obra Obra Obra Obra Obra Média
A B C D E F G (%)
18. O sistema de cabo de 50 0 0 0 0 100 100 35,71
segurança interfere
nega�vamente no
desenvolvimento do
serviço do trabalhador.
(OCCUPATIONAL..., 1996a)
19. O sistema de cabo de 50 100 100 100 100 100 100 92,86
segurança garante ao
trabalhador autonomia para
realizar a a�vidade por todo
período que es�ver exposto
ao risco de queda. (BRASIL,
2014)
20. O sistema de cabo de 50 0 50 50 0 100 50 42,86
segurança é de rápida
instalação e re�rada.
(PEÑALOZA et al., 2015)
21. O sistema de cabo de 50 100 100 50 50 100 100 78,57
segurança tem pouca ou
nenhuma interferência com
outras proteções cole�vas
(proteções periféricas,
plataformas de proteção)
e escoramentos, não
prejudicando a segurança e
eficiência da movimentação
de materiais e pessoas.
(PEÑALOZA et al., 2015)
Fonte: Elaboração dos autores.
Requisitos de eficiência Obra Obra Obra Obra Obra Obra Obra Média
A B C D E F G (%)
22. Em caso de constatação de 50 0 100 100 100 100 100 78,57
inviabilidade de instalação
do cabo de segurança em
locais onde sua presença seria
necessária, alguma outra
medida de proteção eficiente
é feita em sua subs�tuição.
(OCCUPATIONAL..., 1996a)
23. O sistema de cabo de seguran- 100 100 100 100 100 100 100 100,00
ça tem baixo custo ao longo
do ciclo de vida, tendo em
vista os bene�cios e o tempo
de uso deles em uma obra
(projeto, aquisição, instalação,
manutenção e re�rada).
(PEÑALOZA et al., 2015)
24. Os componentes do sistema 100 100 100 100 100 100 100 100,00
de cabo de segurança são
compa�veis entre si (ex: não
há materiais cuja proximidade
com outros possa causar
danos, os componentes são
facilmente conectados, etc.).
(PEÑALOZA et al., 2015)
Fonte: Elaboração dos autores.
Requisitos de flexibilidade Obra Obra Obra Obra Obra Obra Obra Média
A B C D E F G (%)
25. O sistema de cabo de segurança 100 100 100 100 100 100 100 100
é dimensionado de forma que
possa ser reaproveitado nos diver-
sos serviços e etapas da obra.
26. O número de diferentes 100 100 100 100 50 100 100 92,86
componentes do sistema de
cabo de segurança é minimizado,
visando facilitar a montagem/
desmontagem/troca de local.
(PEÑALOZA et al., 2015)
27. São fornecidos treinamentos para 100 0 100 100 100 100 50 78,57
que os funcionários aprendam
os procedimentos de montagem,
manutenção e desmontagem dos
sistemas de cabo de segurança.
(OCCUPATIONAL..., 1996c)
28. Os riscos na instalação e re�rada 50 0 100 50 100 100 100 71,43
do sistema de cabo de segurança
são minimizados. (PEÑALOZA
et al., 2015)
29. O sistema de cabo de segurança 100 100 100 100 100 100 50 92,86
é adaptável a diferentes tecno-
logias constru�vas (ex: diferentes
tecnologias de formas e escora-
mentos, estruturas pré-moldadas
e moldadas no local, estruturas
metálicas e de concreto armado,
etc.). (PEÑALOZA et al., 2015)
30. O sistema de cabo de segurança NA 100 100 100 50 100 100 91,67
permite o ajuste da altura dos
cabos de aço, em um mesmo
pavimento, com facilidade.
(PEÑALOZA et al., 2015)
Fonte: Elaboração dos autores.
100
90 87,86
Média de atendimento
80
75,50
73,54
70 67,15
60
50
Segurança Segurança Eficiência Flexibilidade
na fase de na fase de
concepção operação
de projetos dos cabos
Categoria
80 80
80 77 79
75
71
70 64 67
63 64
68
60
60 57
50 50
50
40
30
20
10
0
0
A B C D E F G
Obras
4. Conclusões
Ainda que a utilização de equipamentos de segurança contra quedas seja
crescente na busca por índices menores de acidentes, métodos que permitam avaliar
seu uso como meio de aplicar melhorias e de atingir maiores conformidades com
requisitos normativos e de natureza prática são necessários.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11900-4: Terminal para cabo de aço.
Parte 4: Grampos leve e pesado. Rio de Janeiro, 2016.
BORJAN, M.; PATEL, T.; LEFKOWITZ, D.; CAMPBELL, C.; LUMIA, M. Assessing barriers to the
use of fall protec�on in small residen�al construc�on companies in New Jersey. New
solu�ons: a journal of environmental and occupa�onal health policy, v. 26, n. 1, p. 40-54,
2016.
Inovação em Plataformas
de Proteção
1. Introdução
A Indústria da Construção Civil é um dos setores de maior relevância
socioeconômica, principalmente por sua capacidade de gerar postos de trabalho.
Entretanto, devido à natureza das atividades, os trabalhadores são expostos a diversas
situações de risco durante a jornada de trabalho. A probabilidade de acidentes no
trabalho é grande, refletindo nos índices de acidentes do setor. Como exemplo, dados
do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de
Trabalho, DIESAT (2009), apontam que o setor da construção civil é o líder em acidentes
do trabalho (54.142), sendo 19.131 ocorridos na construção de edifícios.
Historicamente, pode-se observar a persistência dos elevados índices de
acidentes na construção, o que conduziu ao poder público reforçar o sistema de normas
e diretrizes para melhorar as condições do meio ambiente de trabalho na indústria da
construção. O principal instrumento normativo tem sido a Norma Regulamentadora 18
(BRASIL, 2013), utilizada como referência do Ministério do Trabalho para ação de
fiscalização em canteiros.
As causas de óbito com maior recorrência em canteiros de obras são os de
quedas em altura, exposição ocupacional às forças mecânicas inanimadas, exposição a
cargas elétricas e agentes físicos, riscos à respiração e outros fatores. Sendo, cerca de
1/3 dos óbitos referentes aos acidentes de queda em altura.
149
A NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, item
13, trata do projeto e da instalação dos sistemas de proteções coletivas contra quedas.
Plataformas primárias fixas e secundárias estão entre essas medidas de proteção. A
indústria da Construção tem desenvolvido esforços para o aprimoramento de tais
equipamentos e, entre essas inovações, está o sistema modular proposto por Silva et al.
(2007). O presente trabalho pretende avaliar um protótipo do sistema modular, tanto
em canteiro, observando os processos de montagem desmontagem e transporte, como
mediante o uso de simulações por Elementos Finitos, prevendo o comportamento do
sistema quando submetido a impactos de quedas. Desta forma, visa oferecer suporte
para a tomada de decisão sobre a adoção de modelos de plataformas atualmente
observadas em canteiros pelo País.
2. Sistema Tradicional
O Relatório Técnico de Procedimento (RTP) 01 – Medidas de Proteção Contra
Quedas de Altura apresenta, no item 4.3, os Dispositivos de Proteção para Limitação
de Quedas, no qual trata especificamente de plataformas de periferia. O sistema
de plataformas de proteção usual é composto por uma estrutura metálica de
suporte (Figura 1) e um assoalho em tábuas de madeira ou compensados. A Norma
Regulamentadora 18 (BRASIL, 2013) prevê a construção provisória, em todo perímetro
da construção de edifícios com mais de quatro pavimentos ou altura equivalente,
de plataformas, como parte das medidas de proteção contra quedas de altura. As
dimensões são variáveis em função do local de implantação, podendo classificar-se
em primárias fixas ou secundárias móveis. A Plataforma principal, na altura da
primeira laje, deve ter 2,50 m de projeção horizontal da face externa da construção
e complemento com 0,80 m de extensão, enquanto as plataformas secundárias de
proteção, em balanço, de 3 em 3 lajes. Essas plataformas devem ter 1,40 m de balanço
e um complemento de 0,80 m de extensão.
Perfil
metálico
Estrutura da
edificação
3. Inovação Proposta
O modelo de solução inovadora proposto por Silva et al. (2007) consiste em
um sistema de plataforma com dois suportes metálicos de aço, espaçados em 1,40
m de largura, com 3 folhas de madeira compensada, apoiadas sobre os suportes e
fixadas conforme a Figura 3a. Os suportes metálicos são presos na laje por meio de
braçadeiras fixadas nesse mesmo local durante a fase de concretagem, Figura 3b.
No ponto de início da inclinação da estrutura metálica, existem argolas que têm a
função de prender os cabos de aço que serão presos nas braçadeiras localizadas na
laje superior.
C ab
os d
Pon e aç
o PS
3
to
no s fixos 2
te t PS
o PA
3
C
c o m ha p a
2
PA
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PS1 ns a ão
do l i c aç
p
e a as
Laje
1 a s d fo r ç
PA h
L in d e
Cabos de aço
fixados na laje
5. Considerações Finais
A construção civil continua sendo um desafio aos profissionais envolvidos
com a segurança do trabalho, sendo a NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho
na indústria da construção, a principal referência para orientação das medidas de
segurança do trabalho. Tal norma indica as proteções coletivas como as medidas
primárias de proteção que devem ser priorizadas, assim como as quedas de pessoas e
objetos são apontas como importantes causas de óbitos. As plataformas de periferia
são apresentadas como medida contra quedas de objetos.
A comparação entre as soluções usuais observadas em canteiros e solução
modular das plataformas avaliadas permite observar que nos trabalhos de montagem,
desmontagem e transporte a proposta modular, examinada neste estudo, reduz a
quantidade de material empregado, volume de madeiras e derivados e massa de aço,
abrindo a possibilidade de redução de custo nos canteiros por diminuir a quantidade de
componentes. Tanto a redução da massa de materiais como a disponibilidade modular
permite o transporte em blocos modulares, viabilizando a mecanização do transporte.
A estrutura da solução modular apresenta comportamento mecânico para
cargas estáticas ou quase-estática adequado, o comportamento sob cargas dinâmicas
também se mostra apropriado. A solução modular é um sistema estrutural de grande
deformabilidade e absorve grandes quantidades de energia.
A pesquisa de novas soluções e novos produtos destinados à proteção coletiva
na construção permite o desenvolvimento de soluções inovadoras que podem se
consolidar como mais eficientes, contribuindo para redução de custos e facilidade de
implantação das proteções coletivas em canteiros.
Referências
BANDEIRA, A.A.; WRIGGERS, P.; PIMENTA, P.D.M. Homogeniza�on Methods Leading to
Interface Laws of Contact Mechanics – A Finite Element Approach for Large 3D Deforma�on
using Augmented Lagrangian Method. London, England, s.n. 2001.
BANDEIRA, A.A.; PIMENTA, P.D.M.; WRIGGERS, P. A 3D study of the contact interface
behavior using elas�c-plas�c cons�tu�ve equa�ons. Lecture Notes In Applied And
Computa�onal Mechanics, v. 27, pp. 313-324. 2006.
BATHE, K.-J. Finite Element Procedures. First ed. New Jersey: Pren�ce-Hall, Englewood
Cliffs. 1996.
1. Introdução
A indústria da construção civil ainda enfrenta dificuldades quanto à gestão da
segurança nos canteiros de obras, cuja ineficiência está diretamente relacionada à
ocorrência de acidentes. Embora a inspeção seja um elemento importante do sistema
de gestão de segurança, responsável pela detecção e correção dos riscos (WOODCOCK,
2014), ainda se observam deficiências quanto a este processo, tais como a ausência
de procedimento estruturado para conduzir a inspeção (LIN et al., 2014), supervisão
insuficiente e a dificuldade em visualizar as condições de trabalho (SHRESTHA et al.,
2011).
Para Irizarry et al. (2012), o processo de inspeção de segurança na construção
civil deve possuir três características principais: frequência, observação direta e
interação direta com os funcionários. Para isso, devem ser estabelecidas rotinas de
inspeção consistentes, baseando-se em critérios e requisitos de segurança estipulados
por normas e regulamentações. Entretanto, o tamanho do canteiro e a quantidade de
159
atividades a serem observadas influenciam no tempo gasto para a avaliação de suas
condições (CAMBRAIA et al., 2010; IRIZARRY et al., 2012).
Além disso, determinados estudos (KIM et al., 2008; PARK et al., 2013) e a prática
mostram que os processos de monitoramento e inspeção gerencial apresentam uma
série de problemas, que acabam por reduzir a eficiência e eficácia destas avaliações.
Segundo os autores citados, tais problemas estão associados a: (a) insuficiência de
pessoal para análise dos requisitos de segurança e a alta demanda de preenchimento
manual de dados; (b) excesso de trabalho na coleta de dados, devido ao grande
número de requisitos a serem avaliados; (c) falta de padronização dos checklists de
avaliação, bem como dos meios de processamento e análise dos dados; (d) perdas de
informação entre coleta e processamento de dados; (e) pouca comunicação entre os
intervenientes do projeto; (f) dificuldade de agir em tempo real para corrigir problemas
e de realizar ações preventivas.
Em vista disso, e com o surgimento de novas tecnologias, muitos pesquisadores
têm buscado conhecer o potencial delas para a melhoria dos processos gerenciais de
construção. Estudos recentes aplicados a domínios da engenharia civil apontam que
os Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), com câmeras digitais acopladas, podem
fornecer informações visuais em alta resolução, contribuindo com o monitoramento
em tempo real (THEMISTOCLEOUS et al., 2014).
O VANT, conhecido, em inglês, como Unmanned Aerial Vehicles/Systems (UAV/
UAS), é definido como toda aeronave projetada para operar sem piloto a bordo
(IRIZARRY et al., 2012). Inicialmente desenvolvido para fins militares, o VANT tem sido
empregado em diferentes domínios da engenharia nos últimos anos. Na engenharia
civil, destacam-se aplicações para inspeção de rodovias (ZHANG, 2008); inspeção
de danos e rachaduras (ESCHMANN et al., 2012); monitoramento de patologias em
fachada (EMELIANOV et al., 2014); e inspeção de pontes (METNI; HAMEL, 2007).
Além de tais aplicações, estudos realizados por Irizarry et al. (2012) e Irizarry
e Costa (2016) têm explorado o potencial dessa tecnologia como uma ferramenta
para auxiliar na gestão da segurança dentro dos canteiros de obras. Para Kim e Irizarry
(2015), o VANT pode contribuir na redução do tempo gasto para realizar tarefas
de monitoramento, na melhoria do desempenho geral do projeto e na agilidade
do processo de reação aos potenciais riscos. Tal potencialidade está diretamente
relacionada ao baixo custo, à alta mobilidade, à velocidade e à segurança oferecida
pela ferramenta durante o procedimento de aquisição de dados (imagens e vídeos).
Além disso, o VANT pode diminuir os custos operacionais envolvidos no processo de
inspeção e ser utilizado em situações em que uma inspeção tripulada não seja possível.
(MORGENTHAL; HALLERMANN, 2014).
Embora haja grandes expectativas quanto ao impacto econômico do crescimento
da indústria de tecnologia VANT no Brasil e no mundo, a falta de regulamentação para
2. Método de Pesquisa
A pesquisa foi dividida nas seguintes etapas: (a) revisão da literatura; (b)
adaptação de protocolos de pesquisa e escolha da tecnologia VANT; (c) estudos de caso
e (d) avaliação da aplicabilidade do VANT para inspeção de segurança e análise prévia
da não conformidade dos requisitos de segurança dos elementos inspecionados.
Foram adaptados para o contexto brasileiro os protocolos para uso de VANT em
monitoramento de obras, com ênfase em inspeção de segurança, desenvolvidos nos
estudos de Irizarry et al. (2015), conforme a seguir:
• Formulário de Planejamento: informações gerais da obra e planejamento do
voo;
• Checklist para Missão VANT: checklist de procedimentos para realização dos
voos em condições de segurança e cadastro de informações operacionais;
• Checklist de Segurança segundo o �po de captura: checklist adaptado às normas
NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e
NR 35 – Trabalho em Altura. Inicialmente, foram selecionados os itens rela�vos
às normas que necessitam de verificação visual e estão situados na área externa
das construções. Esses itens foram divididos em categorias de acordo com o �po
de captura, quais sejam: (1) Overview - visão geral do canteiro, com ênfase em
limpeza e organização de canteiro, instalações temporárias e gestão de resíduos;
(2) Medium View - requisitos de segurança que envolvem Equipamentos de
Proteção Cole�va (EPC) e Equipamentos de Proteção Individual (EPI); (3) Close
Up View - avalia os requisitos de segurança por serviço, tais como cobertura,
concretagem e alvenaria, operação de equipamentos e fachada. No total, o
checklist contemplou 45 itens.
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 161
Além disso, foi desenvolvida uma versão do Checklist de Segurança para coleta
em campo, no qual se apresenta o resumo dos itens de segurança a serem avaliados
(total de 24 itens), usado para orientar o piloto e observá-lo durante a coleta de dados
com o VANT.
O equipamento selecionado para realização do estudo foi um DJI Phantom 3
Advanced (Figura 1), com câmera Sony EXMOR ½.3” acoplada, que possui resolução
de 12,76 megapixels, tamanho de imagem de 4000x3000, gerando fotos nos formatos
JPEG e DNG e vídeos em MP4. Tal escolha justifica-se pelo fato desse modelo de VANT
ser uma tecnologia acessível e comercial, facilitando sua adoção por construtoras e
empresas de consultoria. Além disso, utilizou-se um conjunto de 3 baterias visando
garantir a autonomia de voo necessária.
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 163
Coleta de
dados Processamento Análise dos dados
Checklist Planilha de
Planejamento Análise de Reação –
para missão Registro de voo feedback imediato
VANT (Flight Log) com gestores da
obra
Formulário de
Reunião de Checklist de Seleção de
Planejamento Segurança conjuntos
Análise do Potencial
segundo o a�vos
de Visualização dos
�po de
itens de segurança
captura –
Definição das
para campo
premissas do Checklist de
estudo Segurança
Geração de
segundo o �po
Relatório –
Coleta dos de captura –
Proposição de
a�vos visuais versão
Melhorias
(fotos e completa
vídeos)
3. Resultados e Discussão
Esta seção apresenta os resultados relativos à aplicabilidade do VANT para
inspeção de segurança e à análise da não conformidade dos requisitos de segurança.
3.1 Aplicabilidade
Dos 45 itens que compõem o Checklist de Segurança, em média, foram avaliados
34 itens para a Obra A e 36 itens para a Obra B. Os demais itens que compõem o
Checklist não foram avaliados, pois não se aplicavam ao contexto da obra. De acordo
com os dados obtidos por meio da análise dos ativos visuais coletados em canteiro com
o VANT, 87% e 60% dos itens de segurança avaliados foram visualizados nos Estudos A
e B, respectivamente, conforme apresenta a Figura 3.
0% 3%
8%
5% 16%
87% 60%
21%
Visualizado
N1 - inspeção incompleta
N2 - limitação da tecnologia
N3 - imagem sem detalhamento
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 165
destes itens, por alguma razão, não foram registrados nos ativos coletados em
canteiro (N1 - inspeção incompleta). Destacando-se itens relacionados à montagem e
desmontagem das formas, ao içamento de cargas e à sinalização e isolamento da área
de movimentação de cargas. Essas falhas ocorreram devido à extensão do canteiro
(150.000m²) e à grande quantidade de tarefas desenvolvidas simultaneamente.
Além disso, os outros 8% dos itens não visualizados ocorreram por conta de ativos
coletados que não forneciam informações suficientes para a inspeção, incluindo itens
como as rampas, escadas e passarelas protegidas com guarda-corpo (N3 - imagem
sem detalhamento suficiente). Esses dois resultados indicam a necessidade de maior
precisão na inspeção com o VANT, no que tange a um treinamento mais eficaz para
piloto e observadores.
No Estudo B, devido ao caráter vertical do edifício e por possuir um canteiro
restrito em termos de área livre, 16% dos itens do Checklist de Segurança não foram
visualizados devido à limitação da tecnologia, tais como rampas, escadas e passarelas
protegidas com guarda-corpo e itens relativos a serviços na cobertura. Além disso,
21% dos itens não visualizados foram provenientes de falhas no processo de inspeção.
Entre eles, destacam-se principalmente trabalhadores protegidos de queda (guarda-
corpo e linha de vida), trabalhadores usando EPI, balancim, e remoção de resíduos
por calhas. Em relação às barreiras que dificultaram o processo de inspeção na Obra
B, ressalta-se a existência de telas de proteção ao longo da fachada, a altura limitada
de voo de até 60m para a área urbana, imposta por regulamentação de operação do
VANT, impossibilitando a inspeção do topo do edifício de altura de 80m, o canteiro
restrito, bem como ventos fortes no local, que limitaram a utilização do VANT por
razões de segurança.
A Figura 4 apresenta os resultados da aplicabilidade segundo o tipo de captura.
Segundo a Figura 4, para a captura em Overview, foram visualizados 95%
(Estudo A) e 88% (Estudo B) dos itens do Checklist de Segurança, relativos à
organização e limpeza, instalações provisórias e gestão de resíduos. Tais resultados
indicam a possibilidade de visualização das condições de trabalho sob uma perspectiva
global, capaz de fornecer informações para a tomada de decisão. Para a captura em
Medium View, que tem como objetivo principal visualizar as proteções coletivas, houve
dificuldade na aquisição de dados da Obra B, devido à existência de barreiras físicas e a
condições climáticas desfavoráveis, impactando no percentual de visualização.
As capturas em Close Up, assim como no Medium View, em alguns casos
tiveram seus resultados influenciados por barreiras físicas, limitação de altitude de
voo, inexperiência do piloto e observadores, entre outros. Dessa forma, o Estudo B
apresentou potencial de visualização de apenas 56% em Close Up View, em função
da presença de tais fatores citados. Contudo, no Estudo A, 81% dos itens foram
visualizados para o mesmo tipo de captura, por conta da menor interferência
observada na aquisição de dados com o VANT. Apesar da identificação de algumas
81
Close Up
56
Medium 94
59
Overview 95
88
0 20 40 60 80 100
%
Estudo A Estudo B
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 167
Observa-se que o grau de não conformidade dos itens de segurança avaliados
na Obra B é expressivamente superior aos da Obra A, de modo que se tornam
preocupantes as condições de segurança as quais os trabalhadores da Obra B são
submetidos. Além das diferenças quanto às características físicas e construtivas, as
obras diferem significativamente quanto ao sistema de gestão da segurança adotado.
A Obra A possui uma equipe formada por engenheiro de segurança, 3 técnicos e 5
estagiários de segurança, com alguns procedimentos de inspeção já padronizados,
como permissões de serviço diário para trabalho em altura e inspeção mensal
para proteções coletivas. A obra B, no entanto, possui apenas um técnico para o
desenvolvimento de todas as atividades relativas à gestão da segurança, sem nenhuma
padronização dos processos. Em vista disso, tais resultados apresentados na Tabela 3
evidenciam o impacto da estruturação da gestão da segurança e seus processos nas
condições de trabalho no canteiro de obra. As Tabelas 4 e 5 apresentam alguns itens
avaliados na análise de não conformidade, realizada para ambos os estudos.
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 169
Figura 6 - Trabalhador desprotegido contra queda (sem cinto trava-quedas fixado na
estrutura).
Figura 7 - Trabalhadores na cobertura desprotegidos contra queda (cinto não fixado a linha
de vida).
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 171
Tabela 5 - Continuação.
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 173
Figura 11 - Plataforma de proteção com sobrecarga não prevista (balancim apoiado sobre
a plataforma).
4.3 Discussões
O desempenho do equipamento DJI Phantom 3 Advanced satisfez as
necessidades para a atividade de inspeção de segurança em termos de autonomia de
voo, de estabilidade do VANT, da confiabilidade do sistema e da facilidade de uso. No
total, 26 voos foram realizados sem maiores problemas que pudessem causar danos a
bens ou pessoas. Além disso, o uso do VANT para inspeção não provocou interferências
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 175
A Tabela 6 apresenta o resumo dos fatores positivos e das barreiras relativos ao
uso da tecnologia VANT para inspeção de segurança em canteiros de obras.
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 177
◦ Desenvolver clima e cultura de segurança com ênfase na observação das
não conformidades, baseado em registros visuais, a fim de contribuir com a
mudança de postura dos colaboradores;
◦ Usar os a�vos visuais para treinamento dos colaboradores rela�vos a atos
e condições inseguras, baseado em exemplos da realidade vivenciada pelos
próprios trabalhadores.
4. Conclusões
Este estudo teve por objetivo avaliar a aplicabilidade da tecnologia VANT para
inspeção de segurança em canteiros de obra, focando na capacidade de identificação
de não conformidades que podem fornecer condições inseguras ao trabalhador. Os
resultados encontrados apontam que o VANT permite uma melhor visualização das
condições de trabalho, principalmente em locais com limitações de acesso (fachadas,
coberturas e telhados).
Umas das contribuições deste estudo é o desenvolvimento de um conjunto
de procedimentos para inspeção de segurança em canteiros de obra com VANT
(protocolo de inspeção apresentado na Figura 2). Para tal, foram adaptados formulários
desenvolvidos por Irizarry, Costa e Kim (2015), tais como: Formulário de Planejamento
e Checklist de Missão. O Checklist de Segurança por tipo de captura foi adaptado às
normas de segurança brasileiras (NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na
indústria da construção e NR 35 – Trabalho em altura). Para a análise dos dados, foi
desenvolvida uma base de dados, além de métricas relacionadas com a visualização e
não conformidade dos itens de segurança.
Além disso, os tipos de captura apresentam uma maneira inovadora para
inspecionar itens de segurança, fornecendo informações em diferentes perspectivas.
O Overview fornece informações gerais sobre a organização e limpeza do canteiro, o
Medium View e o Close Up fornecem informações mais específicas sobre os itens de
segurança relacionados a equipamentos de proteção coletiva e individual, além de
possibilitar a inspeção de atividades específicas, como serviços em telhado.
Ainda há uma lacuna sobre como integrar de maneira efetiva a tecnologia
VANT no processo de inspeção de segurança dos canteiros. Há uma expectativa de
que o VANT possa impactar na melhor utilização dos recursos disponíveis para as
inspeções. No entanto, novos estudos são necessários para avaliar o impacto do VANT
no processo de inspeção de segurança de forma sistemática, com foco no feedback
rápido, permitindo ações corretivas imediatas, reduzindo o tempo e simplificando o
processo de inspeção de segurança.
Cap. 8 Diretrizes para o uso de Veículo Aéreo não Tripulado (VANT)... | 179
METNI, N.; HAMEL, T. A UAV for bridge inspec�on: visual servoing control law with
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assessment. In: American Society for Photogrammetry and Remote Sensing Annual
Conference, Portland, Oregon, 2008. Proceedings...
Aplicação do Instrumento
de Análise Ergonômica - MET
na Construção Civil
1. Introdução
O setor da construção civil, por sua natureza, requer de seus trabalhadores
grande esforço físico para execução da maioria de suas atividades. Além disso, o
canteiro de obras pode ser um local inóspito, associado à fadiga física, ao estresse e
outros fatores gerados por grande quantidade de trabalhos manuais e pressões por
produtividade (SAAD, 2008).
Tais características contribuem para um número significativo de distúrbios
musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, que poderiam ser evitados com
mudanças nos materiais, equipamentos ou organização do trabalho.
A ergonomia aparece, nesse contexto, como alternativa para melhorar as
condições de trabalho por meio da adaptação das práticas laborais ao homem.
Busca ainda produzir conhecimentos sobre a atividade de trabalho, a fim de alcançar
a segurança, a satisfação e o bem-estar dos trabalhadores, propondo o tratamento
adequado, evitando prejuízos para empresas e colaboradores, em função de
afastamentos, absenteísmos e incapacidades de trabalho (IIDA, 2005). Segundo a
Associação Internacional de Ergonomia (IEA, 2000), ergonomia é a disciplina científica
pertinente à compreensão das interações entre os seres humanos e os demais
181
elementos do sistema, bem como a aplicação de métodos, dados e teorias para
aprimorar o bem-estar das pessoas e o desempenho global do sistema.
Nesse processo, a utilização dos instrumentos de análise ergonômica é de suma
importância, pois permite a identificação das condições de trabalho que podem levar
o trabalhador a sofrer lesões musculoesqueléticas. Por meio desses instrumentos, é
possível diagnosticar as situações que mais prejudicam a saúde do operário (SHIDA;
BENTO, 2012).
Ressalta-se que questões relacionadas à ergonomia e à segurança do trabalhador
não devem ser apenas uma obrigação legal. Cabe ao empregador cumprir a legislação
vigente, proporcionando condições adequadas de trabalho, as quais resultarão na
satisfação do trabalhador, com reflexos na melhoria do desempenho, redução de
absenteísmo e, consequentemente, o aumento da produtividade.
Nesse sentido, este capítulo tem o objetivo de apresentar os procedimentos
para aplicar o Instrumento de Análise Ergonômica - MET (Estimativa do Equivalente
Metabólico) na Construção Civil, tendo como exemplo o serviço de armação,
especificamente no que diz respeito ao recebimento do aço no canteiro de obras.
Inicialmente, é feita uma descrição do conceito de Análise Ergonômica do
Trabalho (AET), na qual o instrumento em foco se insere. Em seguida, é feita uma
explanação sobre o instrumento de análise ergonômica - MET, no que diz respeito ao
conceito, procedimentos para utilização e exemplo de aplicação na construção civil.
O presente capítulo se encerra com as considerações finais, nas quais se enfatiza a
viabilidade e necessidade de ampliar estudos dessa natureza na construção civil.
Formulação
de um
pré-diagnós�co Definição de
Hipóteses de Observações
um plano de
nível 2 sistemá�cas
observação
Tratamento
dos dados
Validação Análise da
A�vidade
Diagnós�co:
• Local - incidindo sobre as situações
analisadas em detalhe Diagnós�co
• Global - incidindo sobre o funcionamento
mais geral da empresa
O operador A empresa
Caracterís�cas Obje�vos
pessoais Contrato Ferramentas
Sexo, idade, natureza, desgaste,
caracterís�cas regulagens,
�sicas... documentação,
Tarefas
meios de comunicação,
prescritas
Experiência, programa de computador...
formação
Tarefas
adquirida Tempo
reais
horários, cadências...
Estado momentâneo
Fadiga, Organização do
ritmos biológicos, trabalho
A�vidade
vida fora do Instruções, distribuição
de trabalho
trabalho das tarefas,
critérios de qualidade,
�po de aprendizagem...
Ambiente
Espaços, tóxicos,
caracterís�cas �sicas...
A�vidade com
treinamento e
Como a
procedimentos
tarefa é
atribuída ao
A�vidade
trabalhador
atribuída
Ponto de verbalmente Registro
vista da fotográfico e
Levantamento empresa Com processamento
de Campo - procedimento dos dados
Serviço da ensinado pela
Construção empresa
Civil Ponto de
vista do Como Por
trabalhador trabalhador experiência
executa a própria de
tarefa trabalho
Com
ferramentas Resultados
adequadas MET
4.1 AET
Para a AET, é necessária a compreensão do fluxograma de processos da tarefa
e como essa tarefa é executada (conjunto de atividades). Na Figura 4, apresenta-se o
fluxograma dos processos, tendo-se como tarefas o recebimento do aço no canteiro de
obras, sua estocagem, processamento e aplicação final.
Cap. 9
aço é realizada um por um do caminhão, as barras do caminhão com
manualmente. devido ao peso e a fim de o auxílio de “pé de cabra”.
Os trabalhadores facilitar a organização na Assim os feixes são “jogados”
descarregam um feixe calçada. na calçada de forma mais fácil.
por vez. Como as barras já vem cortadas,
o transporte é mais fácil.
2 – Conferência do aço 257,4 s As barras são A conferência por meio de As barras são organizadas na
organizadas na romaneio facilita o trabalho calçada, e a conferência é
calçada. Com o e evita que os trabalhadores realizada por meio das e�quetas
romaneio em fiquem em posturas de cada feixe e do romaneio. A
mãos, é realizada a inadequadas por muito conferência do aço é feita pelo
conferência. tempo. estagiário da obra e o armador.
Em alguns momentos, o
motorista do caminhão também
Recebimento do Aço
ajuda na conferência.”
3 – Transporte das barras para 1980 s As barras são Desgaste �sico dos Os trabalhadores transportam
estoque obra transportadas da trabalhadores; dores no entre 4 e 6 barras por vez,
calçada para obra, a ombro devido ao apoio das dividindo o peso entre eles
fim de estoca-las ao barras. (entre 10-20 kg por trabalhador,
lado da bancada de em média). O tempo médio de
|
Fonte: Autores.
191
4.2 Dados de Entrada
Os dados determinantes de entrada para o cálculo do dispêndio de energia são:
• Código das a�vidades do serviço de armação;
• Tempo das a�vidades do serviço de armação (em segundos);
• Duração da tarefa e do ciclo do trabalho (em segundos);
• Peso de um homem adulto médio.
Procedimento de cálculo utilizado:
• Quan�dade de ciclos = Tempo de realização da tarefa × 3.600/Duração do
ciclo;
• Tempo da etapa (h) = Duração da etapa × Quan�dade de ciclos/3.600;
• Kcal/hora = Σ (Tempo da etapa (h) × MET × Peso adulto médio).
Quadro 3 – MET.
5. Conclusões
A ergonomia ainda é pouco aplicada na construção civil e, especialmente,
no subsetor de edificações, no qual os trabalhadores ainda utilizam ferramentas e
equipamentos manuais, muitas vezes danificados e inadequados para realização de
suas atividades de trabalho.
Por meio da AET, é possível caracterizar de que forma o trabalho está sendo
executado e quais as suas consequências para empregadores e trabalhadores. As
melhorias nas condições de trabalho só podem ser executadas se houver uma perfeita
compreensão da diferença entre a tarefa prescrita e a atividade realizada. Nesse
sentido, os instrumentos de análise ergonômica auxiliam no processo de identificação
das situações críticas de trabalho, quantificando e comparando os valores obtidos em
campo com os valores determinados pela literatura.
Este capítulo apresentou o instrumento de análise ergonômica MET, detalhando
seus procedimentos de aplicação e formas de obtenção de dados. A atividade
selecionada para análise foi caracterizada como trabalho pesado, podendo ser
fatigante para os trabalhadores em questão.
Referências
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da prá�ca à teoria. São Paulo: Editora Blucher, 2009.
ABERNETHY, B.; KIPPERS, V.; MACKINNON, L.T.; NEAL, R.J.; HANRAHAN, S. The Biophysical
Founda�ons of Human Movement. Human Kinects Publishers, Australia. 425p. 1997.
Embargos e Interdições em
Canteiros de Obras: Uma
Perspectiva Sistêmica1
1. Introdução
As inspeções conduzidas por órgãos governamentais têm papel importante
na garantia do atendimento à legislação de segurança e saúde no trabalho (SST) em
canteiros de obras. De fato, pressões externas são normalmente necessárias quando
se trata de requisitos não exigidos pelo usuário final, tais como aqueles ligados à SST.
Contudo, não há evidências conclusivas sobre os impactos das inspeções na
redução dos índices de acidentes. Em parte, isso se deve a dificuldades metodológicas
de isolar o efeito de inspeções. Um dos principais estudos quantitativos acerca do
tema foi realizado por Levine et al. (2012) em uma grande amostra de empresas de
vários setores nos EUA. As conclusões apontaram que as inspeções reduziram as taxas
de acidentes, com nenhuma evidência de impactos negativos em termos de redução
de empregos, vendas ou sobrevivência da empresa.
Embora estudos quantitativos possam fornecer generalizações estatísticas
sobre a eficácia das inspeções, isso não significa que canteiros de obras individuais
sejam imunes a uma mistura de impactos desejados e indesejados. Nesse sentido, o
Pensamento Sistêmico (PS, systems thinking) permite uma análise mais abrangente
197
das inspeções de SST, ajudando a esclarecer os seus efeitos em contextos específicos.
Neste capítulo, é discutido como o PS pode contribuir para uma melhor compreensão
dos impactos das inspeções, bem como dos mecanismos que levam aos impactos.
A discussão é realizada com base em estudos de caso de canteiros de obras
que foram interditados ou embargados por uma inspetoria governamental de SST. O
autor esteve envolvido como observador participante nestes estudos de caso, que
ocorreram ao longo de seis anos.
2. Método de Pesquisa
As inspeções foram analisadas segundo a perspectiva de quatro atributos do PS
identificados por Wilson (2014). O primeiro atributo é a preocupação com o contexto,
que implica em identificar fatores que influenciam o comportamento dos agentes,
acarretando em dificuldades e oportunidades. A visão holística deve ser valorizada,
buscando interações e mecanismos causais que estão distantes, no tempo e no
espaço, das ações e decisões dos agentes (SKYTTNER, 2005). O segundo atributo é o
reconhecimento das interações, o qual se contrapõe à ênfase do pensamento linear
na compreensão apenas das partes. As interações possuem características peculiares
em sistemas complexos, tais como a não proporcionalidade entre causas e efeitos,
natureza dinâmica, feedback loops e incerteza (CILLIERS, 1998).
O reconhecimento de fenômenos emergentes é o terceiro atributo. Tais
fenômenos são manifestações da variabilidade inesperada, surgindo das interações
entre os agentes em vez de algum controle centralizado. Fenômenos emergentes
têm propriedades novas, que não existem nos elementos individuais que interagem
(CILLIERS, 1998). O quarto atributo diz respeito à consideração de diversas
perspectivas. Os agentes de um sistema diferem entre si segundo diversas categorias,
tais como níveis hierárquicos, divisão de tarefas, nível de especialização. Embora a
diversidade crie dificuldades de coordenação, ela contribui para a tomada de melhores
decisões (DEKKER, 2011).
Foram realizados 13 estudos de caso em canteiros de obras que estavam sob
a jurisdição de uma inspetoria do trabalho com longa tradição de ser ativa, exigente
e possuir inspetores (denominados auditores fiscais do trabalho) qualificados
tecnicamente. Segundo dados coletados pela inspetoria de 2003 a 2009 (BRASIL,
2010), 46,9% dos embargos e interdições ocorreram na construção civil, enquanto
este setor foi responsável por 19% dos acidentes fatais no mesmo período.
As fontes de dados foram as mesmas em todos os casos, envolvendo: (i)
observação participante; (ii) observação direta; (iii) análise de relatórios de interdição e
embargo preparados pelos inspetores. Enquanto os dados provenientes dessas fontes
3. Resultados
3.1 Características das Interdições e Embargos
Analisados
A Tabela 1 apresenta as principais características dos estudos de caso em ordem
cronológica, desde a paralisação mais recente até a mais antiga. As treze interdições e
embargos investigados ocorreram ao longo de seis anos em doze diferentes canteiros.
Apenas quatro inspetores diferentes estavam envolvidos nestes casos (20% do total da
inspetoria local) e a duração média das paralisações foi de 4,5 meses. Em sete casos
(53,8%), as construtoras recorreram ao sistema judiciário na tentativa de acabar com a
interdição ou embargo. Os casos envolvendo litígios tiveram paralisações mais longas
(5,7 meses) em comparação aos casos em que foram usados apenas os mecanismos
administrativos regulares (3,2 meses). As construtoras comumente faziam duas
rodadas de defesa administrativa antes de recorrer à opção judicial.
4. Conclusões
O pensamento sistêmico revelou-se útil para a identificação de benefícios e
oportunidades para a melhoria das inspeções. Inicialmente, cabe salientar o papel
dos métodos de coleta de dados, que podem permitir análises similares em contextos
de inspeções em outras regiões. A observação participante expôs o pesquisador ao
complexo contexto real das inspeções. A diversidade de perspectivas foi levada em
conta pelo uso de múltiplas fontes de dados, produzidos pelos inspetores (por exemplo,
relatórios e entrevistas) e pela equipe gerencial das obras (por exemplo, reuniões para
tomar decisões decorrentes dos embargos). O relativo grande número de estudos de
caso (13) e o longo período de pesquisa (6 anos) facilitou a identificação de fenômenos
emergentes, que se desenvolvem lentamente e muitas vezes ficam invisíveis para
participantes internos ao sistema.
Além disso, os resultados indicaram que o pensamento sistêmico, quando
aplicado às inspeções de segurança, pode ter foco nos seguintes objetivos (em
itálico e negrito na Figura 2): (1) identificação dos agentes envolvidos no sistema
associado às inspeções – um reprojeto deste sistema deve considerar explicitamente
o papel de cada um destes agentes; (2) identificação de dificuldades e oportunidades
Cap. 10
(1) Agentes e nega�vos das
ajuda a entender inspeções
Fornecedores
estão expostos a
Universidades contribuem para Cultura de segurança
burocrá�ca, focada
Advogados (3) Re-projeto (3) Interações em documentos
tais (2) Dificuldades
como do sistema entre agentes
Inspetores e oportunidades Efeitos
tais
como indesejados
Gerentes deveria enfa�zar
tais como
Trabalhadores tais como Novo nicho Inovações Corrupção
de mercado tecnológicas
incrementais
Normas
prescri�vas Trabalhadores em
Diversas pressões Ociosidade e risco Excesso de Altos níveis de empregos informais,
para encerrar a de demissão custos e atrasos estresse em sob más condições
interdição gerentes de segurança
|
207
que orientam ações, decisões e interações entre os agentes; (3) identificação
de interações entre os agentes, bem como recomendações para influenciar as
interações, enfatizando o controle das causas raízes das deficiências detectadas pelos
inspetores; (4) identificação dos impactos positivos e negativos das interações. Esses
objetivos podem ser associados com os quatro atributos do pensamento sistêmico:
(1) diversidade de perspectivas; (2) preocupação com o contexto; (3) interações; (4)
fenômenos emergentes.
Embora este estudo tenha sido realizado apenas em uma região do Brasil, os
resultados podem ser úteis para outras regiões e países com contextos similares,
tais como: normas prescritivas de SST; uma história de relações conflitantes entre
construtoras e órgãos de inspetoria; a falta de certificações de terceira parte para
equipamentos de proteção coletiva; o baixo uso de tecnologias de construção
industrializada, já que a pressão dos inspetores pode ser maior para a modernização.
É provável que esse último fator seja mais presente nos países em desenvolvimento,
nos quais tende a existir uma tensão entre a necessidade de tecnologias mais seguras
e incentivos governamentais (por exemplo, impostos mais baixos) para o uso de
métodos artesanais que empreguem mais trabalhadores.
Referências
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Embargo e interdição: instrumentos de
preservação da vida e saúde dos trabalhadores. A experiência da seção de segurança e
saúde no trabalho – SEGUR-RS, Porto Alegre. 2010.
CILLIERS, P. Complexity and Postmodernism: Understanding Complex Systems. Routledge,
London. 1998.
COSTELLA, M.F.; JUNGES, F.C.; PILZ, S.E. Avaliação do cumprimento da NR-18 em função
do porte de obra residencial e proposta de lista de verificação da NR-18 – Ambiente
Construído, v. 14, n. 3, p. 87-102. 2014.
DEKKER, S. Deferring to exper�se versus the prima donna syndrome: a manager’s
dilemma. Cogni�on, Technology and Work, v. 16, p. 541-548. 2014.
DEKKER, S. Dri� into failure: from hun�ng broken components to understanding complex
systems. Ashgate, London. 2011.
GEMINIANI, F.; SMALLWOOD, J.; FEE, S. A compara�ve analysis between contractors’
and inspectors’ percep�ons of the department of labour occupa�onal health and safety
inspectorate rela�ve to South African construc�on. Safety Science, v. 53, p. 186-192.
2013.
GIRARD, N.J. Dealing with periopera�ve prima donnas in your OR. AORN J. v. 82, n. 2,
p. 187-189. 2005.
Instalações Provisórias
Pré-fabricadas para
Canteiros de Obras
1. Introdução1
O canteiro de obras é a área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem
operações de apoio e execução de uma edificação (BRASIL, 2015). As instalações
provisórias ou construções temporárias podem ser entendidas como aquelas que
servem de suporte para as atividades da obra e que são previstas para serem removidas
ao fim da fase de execução.
A partir da obrigatoriedade de fiscalização das áreas de vivência regulamentada
pela NR-18 – Condições e meio ambiente do trabalho na indústria da construção (BRASIL,
2015), as construções provisórias passaram a ser um dos itens mais observados pelo
Ministério do Trabalho, por garantir condições mais dignas para o trabalhador (DIAS;
SERRA, 2013). Dentre os ambientes descritos, encontram-se as instalações sanitárias,
cozinhas, vestiários, refeitórios, ambulatórios, alojamentos, lavanderias e áreas de lazer.
Apesar da existência da NBR 12284: Áreas de Vivência em Canteiros de Obras (ABNT,
1991), a NR-18 – Condições e meio ambiente do trabalho na indústria da construção se
213
tornou mais aplicada, por solicitar que os ambientes apresentem condições de qualidade,
segurança e bem-estar aos trabalhadores.
Mais recentemente, com a conscientização de que os canteiros necessitam ser
projetados, passou-se a discutir também a incorporação de aspectos de sustentabilidade
nas áreas de vivência no momento de sua concepção e produção, como a possibilidade
de reuso das instalações após a desmobilização.
Durante a fase de projeto do canteiro de obras, o planejamento das condições
de trabalho é tão importante quanto à disposição dos fluxos físicos de materiais
necessários à execução dos serviços. Tendo em vista que os operários costumam
permanecer, diariamente, cerca de nove horas no canteiro, entende-se a relevância
de projetar ambientes adequados que proporcionem o mínimo conforto e satisfação.
Além disso, segundo Cesar et al. (2011), adequadas áreas de trabalho promovem a
elevação do moral do trabalhador, bem como a redução de riscos de acidentes.
Entende-se que o layout do canteiro não é um projeto único e fixo, pois enquanto
a obra vai se desenvolvendo, ele assume diferentes configurações de acordo com a
etapa em que se encontra. Assim, as áreas de vivência e administrativas também irão se
modificar, fazendo parte de um ciclo de produção composto por construção, ampliação,
demolição e reuso. Portanto, dependendo do sistema construtivo empregado nessas
edificações, ocorre grande geração de entulho e desperdício de materiais que não
serão reaproveitados em obras posteriores, gerando um novo custo de implantação.
Segundo Arslan (2007), as instalações temporárias podem ser construídas
com materiais sustentáveis e componentes desmontáveis, recicláveis e, até mesmo,
reutilizáveis, com baixo custo de produção.
Para atender a essas condições, existe atualmente um mercado de sistemas
construtivos desenvolvidos especificamente para a utilização como ambientes
provisórios, que podem ser armazenados e reutilizados inúmeras vezes, com boa
qualidade de uso e operação, de acordo com as necessidades de cada obra (SANTO JR.;
AZZOLINI, 2009).
As diferentes soluções tecnológicas para as instalações provisórias nos canteiros
de obra apresentam-se como pré-fabricadas ou industrializadas, por serem produzidas
em ambiente externo à obra, ou seja, em fábricas. Algumas soluções apresentam-se
de forma padronizada para o mercado e, em outros casos, são elaborados projetos
específicos para cada situação de canteiro, considerando aspectos básicos de
modulação.
Assim, torna-se necessário conhecer melhor as características dos tipos de
instalações existentes como forma de subsidiar o processo de decisão, considerando,
entre outros aspectos, a sustentabilidade do produto e a determinação dos custos
envolvidos.
Categorias de Indicadores
Ambiental Funcional (social) Econômico
Potencial de aquecimento Isolamento sonoro Custo de construção
global
Energia primária incorporada Isolamento térmico Custo de manutenção
Conteúdo reciclado Durabilidade Custo de reabilitação
Parâmetros
Decomposição
dos principais Recombinação Mesmo ou novo
componentes ou conserto componente
Unidade de de painéis do edi�cio
instalação constru�vos
temporária Decomposição
de componentes
secundários da Matéria- Material
Operação
construção prima novo
Venda Uso
A durabilidade das instalações é alta, sendo reutilizadas várias vezes, tal como
o contêiner.
Segundo o fabricante, este produto é 100% reaproveitável, não gera resíduos que
agridam ao meio ambiente, possui material que não propaga chamas e é concebido de
acordo com as normas brasileiras, em especial a NR-18 – Condições e meio ambiente
do trabalho na indústria da construção (VRB, 2016).
Figura 18- Preenchimento das placas com material termo acús�co (EPS). Fonte: Dias, 2013.
Figura 19 - Montagem de painéis PETI com perfis guia. Fonte: Almeida, 2015.
6. Conclusões
Todo canteiro de obra deve contar com áreas de apoio, representadas pelas
instalações provisórias, durante a construção. Para que o canteiro de obras possa
ser considerado sustentável, devem ser respeitados os aspectos ambiental, social
e econômico na análise das soluções a serem adotadas. As empresas podem se
conscientizar que o investimento em tecnologias traz benefícios, como melhor
desempenho, mais qualidade no uso e possibilidade de várias reutilizações.
Dessa forma, as empresas construtoras devem analisar as opções disponíveis
no mercado e compor os custos, considerando os processos de aquisição, implantação
e manutenção, a durabilidade, o tempo de uso, a capacidade de reaproveitamento, a
facilidade de montagem, transporte e desmontagem, o conforto termoacústico, entre
outros.
Por meio deste trabalho, percebeu-se que o mercado fornecedor de construções
temporárias encontra-se consciente da importância de apresentar diferentes produtos
compatíveis com a sustentabilidade ambiental e com as necessidades das pessoas que
trabalharão nas obras. É importante que as empresas fornecedoras passem a registrar
o atendimento aos requisitos de pontuação do processo de certificação dos canteiros
sustentáveis como estratégia de marketing.
Com este trabalho espera-se ter contribuído para apresentar as principais
soluções das instalações provisórias disponíveis atualmente no mercado. Espera-se que
as opções tenham como premissas principais a menor geração de resíduos no período
de desconstrução, a diminuição dos gastos dos retrabalhos e busca da satisfação do
trabalho. Alerta-se, contudo, que a análise econômica normalmente considera que
as instalações provisórias pré-fabricadas têm um custo de aquisição mais elevado
se comparadas aos sistemas tradicionais, mas possibilitam que o investimento seja
distribuído ao longo do tempo de reuso.
Referências
ALMEIDA, L.R. Estudo de sistemas constru�vos pré-fabricados modulares aplicados em
canteiros de obras. 74f. 2015. Monografia de Curso de Especialização em Construção Civil
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.
Sites Consultados
EUROBRAS. Módulos Metálicos Habitacionais Termo acús�cos. 2013. Disponível em:
h�p://www.eurobras.com.br/produtos/modhabtermoacus�cos/index.php. Acesso em:
jun. 2013.
IMPACTO PROTENSÃO. Casa de Plás�co: Canteiro Sustentável. 2016. Disponível em: h�p://
www.impactoprotensao.com.br/modulohabitacional/. Acesso em: nov. 2016.
NOVO ESPAÇO. Canteiros de Obra com Madeira e Placa Cimen�cia. Disponível em: h�p://
www.novoespaco.com.br/placacimen�cia.html. Acesso em: jun. 2013.
VINIGALPÃO. Caracterís�cas do Vinigalpão. 2016. Disponível em: h�p://www.vinigalpao.
com.br. Acesso em: nov. 2016.
VRB. VRB 848 Sistemas Modulares. Disponível em: h�p://vrb848.com.br. Acesso em nov.
2016.
h�p://www.lpbrasil.com.br/aplicacoes/
h�p://canteiro.com.br/
h�p://www.prefacc.com.br/
Projeto de Contêineres
Metálicos para Instalações
Provisórias em Canteiros
de Obras
1. Introdução
Um canteiro de obras é a área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem
operações de apoio e de execução de uma obra, segundo a Norma Regulamenta-
dora 18: Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (BRASIL,
2015). Birbojm e Souza (2002) descrevem instalações provisórias como construções
temporárias utilizadas para abrigar as operações de apoio e execução da obra, as quais
serão removidas do local após a sua utilização, e que podem ser divididas entre internas
e externas. As normas NR 18: Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da
construção (BRASIL, 2015) e NBR 12284: Áreas de vivência em canteiros de obras –
Procedimentos (ABNT, 1991) explicitam as áreas obrigatórias de apoio, que devem
dispor, no mínimo, de: instalações sanitárias, vestiário, alojamento, local de refeições,
cozinha (caso haja preparo de refeições), lavanderia, área de lazer e ambulatório
(quando a frente de trabalho possuir mais de 50 trabalhadores); considera-se aqui
como instalação provisória as áreas de escritórios.
O mercado oferece atualmente sistemas com maior ou menor grau de
industrialização para a execução mais rápida de instalações provisórias, tais como
sistema tradicional de chapa de madeira compensado, pré-moldado de madeira,
235
contêineres metálicos, construções com estruturas metálicas desmontáveis, pré-
moldado de concreto e pré-moldado de fibra plástica.
Este capítulo volta-se aos contêineres metálicos para instalações provisórias em
canteiros de obras. Tais estruturas são usualmente empregadas como um conjunto
de módulos semelhantes, combinados horizontal e verticalmente, formando unidades
contínuas, e complementados por estruturas próprias para a circulação de pessoas:
escadas e passarelas. Possuem mecanismo de acoplamento e transporte, sendo
vedados verticalmente por painéis que admitem diferentes soluções de produtos e
preveem aberturas externas e internas, incorporando uma série de sistemas (água,
esgoto, energia, iluminação, etc.).
Em geral, os contêineres metálicos possuem dimensões compatíveis com
as de uma plataforma de caminhão de circulação em áreas urbanas – da ordem de
2,40 m de largura por 6,00 m de comprimento e 2,50 m de altura - e é usualmente
transportado montado em sua configuração tridimensional. O transporte desmontado
exige finalização da montagem nos canteiros de obras, mas reduz os custos do frete. O
caminhão usado para esse fim é normalmente equipado com guindaste hidráulico. O
acoplamento dos contêineres na obra não exige pessoal especializado.
Em uma obra, à medida que os diferentes serviços são executados, as instalações
do canteiro assumem características e configurações distintas, associadas às diversas
fases da obra. Observa-se que, com as mudanças de fases, as instalações provisórias,
muitas vezes, são construídas, ampliadas e, posteriormente, demolidas, gerando uma
quantidade de entulho e desperdício de material e energia. A identificação dessas fases
e das mudanças que ocorrem em cada uma delas, ajuda a compreender a evolução
que se espera no desempenho almejado, ajuda também na elaboração de um projeto
típico de instalação provisória e como ampliá-lo ou reduzi-lo para acomodar as
necessidades de cada fase.
Embora a solução em contêiner metálico alinhe-se fortemente com o conceito
de construção industrializada, a realidade mostra que seu uso se dá de forma
desordenada, com projetos que seguem a prática usada no emprego de sistemas
tradicionais de instalações provisórias.
O objetivo deste artigo é trazer elementos para a criação de um sistema
modular em aço para instalações provisórias de obras, apresentando os principais
condicionantes de projeto para essas instalações, com base em um programa de
necessidades típico para essas estruturas, a fim de possibilitar que a sua configuração
se transforme em função das diferentes fases das obras.
A pesquisa, apresentada em Rodrigo et al. (2015), baseou-se em entrevistas
e visitas de campo guiadas por um roteiro, que investigou os seguintes itens:
identificação da quantidade de trabalhadores por fase das instalações provisórias;
caracterização por tipologia construtiva; razão das escolhas das tipologias; programa
de necessidades; implantação das instalações provisórias no terreno; procedimento
para projeto e responsável pelo projeto; e destinação das instalações provisórias ao
final da obra.
Obras A1 e A2 B1 C1
Fases 1 2 3 1 2 3 1 2 3
Duração (meses) 3 a 4 NI* NI 3 a 4 18 a 24 6 a 12 2 NI 2
N° de funcionários 10 100 200 35 400** 400** 35 450 NI
Obra D1 D2 D3 E1
Fases 1 2 1 2 1 2 1 2
Duração (meses) 1 24 1 20 1 24 9 14
N° de funcionários NI 260 NI 175 NI 420 NI 180
*NI – Não Informado; **número de funcionários por cada subempreendimento (em 2015, espera-se
3.000 funcionários no total).
Fonte: Rodrigo et al., 2015.
A tipologia construtiva da fase 3 não consta na tabela, uma vez que envolve o
uso temporário de áreas internas do edifício, normalmente se empregando partes das
instalações da fase 2, como para compartimentalização de áreas, vasos sanitários, etc.
O uso dos contêineres foi observado apenas na fase 1 e em todas as obras. O
arranjo característico previu o uso de dois a três contêineres simples, normalmente
montados deixando-se uma distância de 2 metros entre eles, sendo esse espaço
coberto e utilizado como vestiário, local para pendurar toalhas ou refeitório. O
cumprimento da NR 18 – Condições e meio ambiente do trabalho na indústria da
construção (BRASIL, 2015), nessa fase, fica comprometido, tendo sido observado a
falta de armários, refeitórios improvisados e revestimentos de vestiários inadequados.
Outra constatação é o uso de construções sob a forma de aluguel, como no caso dos
contêineres, ou sob a forma de comodatos.
O uso do contêiner simples de chapa dobrada, sem tratamento térmico
e acústico, não é nem cogitado para a segunda fase (por nenhuma empresa), pois
traria um grande incômodo aos trabalhadores. Nessa fase, a estrutura em madeira
é considerada mais confortável, ainda que não seja completamente adequada. De
armários
0,8
banco
bebedouro
4,8
mictórios
lavatórios banco
módulo base módulo base módulo de acesso módulo banho módulo sanitário módulo banho
com armários (de canto)
Instalação para 100 funcionários
principal
acesso
Instalação para 180 funcionários
principal
acesso
principal
acesso
Figura 2 – Módulos combinados – áreas de vivência para 100, 180 e 260 funcionários.
fem.
reunião
área
de
escritórios
masc.
Segundo pavimento
lavatórios bebedouros
marmiteiro
para 50
marmitas
marmiteiro
para 50
marmitas
Primeiro pavimento
ambulatório
acesso
principal
Térreo
Figura 3 – Planta baixa de instalação provisória: áreas de vivência, refeitório e escritórios
para obras com 100 funcionários.
4. Conclusões
O capítulo trouxe um estudo de campo que mostrou que as necessidades de
instalações provisórias variam em função da fase da obra e, por conseguinte, das
tipologias construtivas empregadas. Mostrou ainda que, embora os contêineres de aço
sejam atualmente empregados, sobretudo, na fase inicial de uma edificação, quando a
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12284: Áreas de vivência em
canteiros de obras – Procedimento. Rio de Janeiro, 1991.
ANDAYESH, M.; SADEGHPOUR, F. Dynamic site layout planning through minimiza�on of
total poten�al energy. In: Automa�on in Construc�on, v. 31, 2013, p. 92-102.
BIRBOJM, A.; SOUZA, U.E.L. Construções temporárias para o canteiro de obras. Bole�m Técnico
315. São Paulo: EPUSP – Departamento de Engenharia de Construção Civil, 42p. 2002.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 18 (NR-18):
Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. 2015. Brasília-DF.
Disponível em: <h�p://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/norma�zacao/
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de-trabalho-na-industria-da-construcao>. Acesso em: jan. 2017.
Fabricação, Montagem e
Desmontagem de Instalações
Provisórias para Canteiros
de Obras
1. Introdução
Entre os vários ambientes previstos para o canteiro de obras estão as áreas de
vivência (refeitórios, sanitários, vestiários, alojamentos, etc.) e as áreas administrativas
(escritórios, salas de reunião, almoxarifados, etc.), que devem ser dimensionadas e
projetadas para o uso correto. De acordo com Dias (2013), a distribuição das áreas
de vivência e o posicionamento das instalações temporárias necessárias em uma
obra são tradicionalmente feitos de maneira empírica, prevalecendo, muitas vezes,
as experiências dos empreendimentos anteriores, sendo comumente executadas sem
qualidade e por mão de obra não qualificada.
Em contrapartida, a Norma Regulamentadora NR-18: Condições e meio
ambiente do trabalho na indústria da construção (BRASIL, 2015) solicita, desde sua
reedição em 1995, que seja feita a elaboração do projeto do canteiro de obras e, mais
recentemente, a “previsão de dimensionamento das áreas de vivência”. Considerando
a necessidade de incorporar benefícios sociais, econômicos e ambientais ao
empreendimento durante a fase de execução, o planejamento do projeto ou layout
do canteiro e a definição do sistema construtivo das instalações provisórias estão se
tornando aspectos relevantes para melhorar a gestão das obras.
249
Essas instalações são consideradas temporárias ou provisórias, ou seja,
somente estarão presentes na obra durante a fase de execução e enquanto houver
disponibilidade do local no canteiro. Depois são desconstruídas ou desmontadas e,
eventualmente, remontadas. Neste caso, é interessante considerar que o processo de
desmontagem tenha sido planejado e que a concepção do sistema construtivo preveja
o reaproveitamento e remontagem (SOUZA, 2016). A pré-fabricação surge, então,
como uma alternativa racionalizada e produtiva para uso em instalações provisórias (IP)
do canteiro, facilitando as fases de montagem e de desmontagem, desde o processo
de concepção do projeto.
Para Saurin e Formoso (2006), a combinação de espaço limitado com o amplo
número de elementos que compõem um canteiro de obra torna a concepção do
projeto do ambiente similar à montagem de um “quebra-cabeça”, necessitando de
criatividade por parte do projetista para encontrar soluções viáveis e adequadas à
realidade do canteiro.
Neste sentido, a metodologia Building Information Modeling (BIM), que tem
sido utilizada para a elaboração de projetos na construção civil (SACKS; PARTOUCHE,
2010), pode ser empregada para o desenvolvimento do projeto do canteiro de obras e
de suas respectivas instalações provisórias.
Os aplicativos BIM possuem, em geral, bibliotecas com componentes típicos
da indústria da arquitetura, engenharia e construção (AEC). Essas bibliotecas podem
ser também acrescidas dos produtos e catálogos disponibilizados pelos fabricantes
da construção provisória pré-fabricada. Deste modo, o projeto é feito por meio da
composição de elementos de construção, o que o torna muito similar à lógica da
construção pré-fabricada.
As oportunidades de uso dos modelos BIM no canteiro de obras para IP pré-
fabricadas podem ser úteis para comparar o caso real ao modelo virtual 4D (que
considera as três dimensões espaciais e o tempo), tanto no processo de montagem
quanto no de desmontagem, visando otimizar esses processos.
A necessidade de projetos sustentáveis – adequados do ponto de vista
econômico, social e ambiental – e a necessidade e possibilidade de reutilização das
construções temporárias para uso em canteiro de obras justifica o uso de aplicativos
para a concepção, projeto, montagem e desmontagem do processo de fabricação e
execução das instalações provisórias em canteiro de obras.
Acompanhou-se a industrialização
Elaborou-se o cronograma
dos componentes na fábrica e
no MS Project
montagem deles na obra
Importou-se o modelo 3D do
SketchUp e o cronograma do
Projetou-se em 2D no AutoCAD
MS Project e modelou-se em
4D no Navisworks
Fim
Figura 1 – Etapas para a simulação dos processos estudados. Fonte: Souza, 2016.
4. Desconstrução
Para Couto et al. (2006), a demolição seletiva ou desconstrução surgiu em virtude
do rápido crescimento da demolição de edifícios e da evolução das preocupações
ambientais da população. Segundo esses autores, a desconstrução de um edifício é um
processo que se caracteriza pelo seu desmantelamento ou desmontagem cuidadosa,
de modo a reduzir os resíduos e possibilitar a recuperação, reaproveitamento ou reuso
dos materiais e componentes da construção.
Enquanto a demolição tradicional visa remover a edificação o mais rápido
possível, a desconstrução ou demolição seletiva busca separar os materiais para o
reuso e reciclagem (LIPSMEIER e GÜNTHER, 2002).
O procedimento de desconstrução deve ser planejado e documentado para
que os envolvidos possam desenvolvê-lo de forma coordenada, eficiente, eficaz e
segura (ITEC, 1995). A forma mais segura de realizar uma desconstrução é fazendo a
desmontagem em sequência inversa ao processo de construção, retirando-se louças,
cobertura, esquadrias etc., como pode ser visto no esquema da Figura 2.
5. O uso do BIM
O termo BIM ora é tratado como modelo (Building Information Model), ora
como processo (Building Information Modeling). No Brasil, quando entendido como
um modelo, o BIM é chamado de Modelo da Informação da Construção. Porém,
quando pensado na forma de processo, é denominado de Modelagem da Informação
da Construção (BIOTTO, 2012).
A modelagem de informações de construção, segundo Florio (2007), é o
processo de geração e gerenciamento de informações da construção de um modo
interoperável e reutilizável. Os sistemas BIM adotam modelos paramétricos dos
elementos construtivos de uma edificação e permitem o desenvolvimento de
alterações dinâmicas no modelo gráfico, que se refletem em todas as pranchas de
Início
Estocagem na
Extração Transporte Não
madeireira
Madeireira
da madeira da madeira
Vendido?
Sim
Distribuição
Componentes Estocagem
prontos (painéis, Não
Não na madeireira
tesouras e aduelas)
Vendido?
Sim
Sim Distribuição Fim
Foi escolhida uma das edificações previstas para ser modelada. Decidiu-se
pelo detalhamento do projeto do escritório administrativo, conforme Figura 11, que
possuía cerca de 200 m2.
Figura 12 – Fixação dos painéis por meio de pregos com cabeça dupla. Fonte: Souza, 2016.
Início Fim
Fixação do
painel na cinta
Colocação
e colocação do Fixação dos do forro
cimbramento painéis internos
Execução
do baldrame Instalação da
e blocos cinta no suporte
Inserção de Instalação de
de fixação
instalações portas e janelas
elétricas
Instalação do
suporte da
fixação da cinta Inserção de Instalação de
Aterro e dentro dos instalações batentes para
compactação blocos hidráulicas portas e janelas
quarta-feira 07:26
08/10/2015
Day = 6
Week = 2
sexta-feira 14:40
09/10/2015
Day = 7
Week = 2
quinta-feira 16:14
29/10/2015
Day = 20
Week = 4
Início
Cinta Portas e
Louças
superior janelas
(reusável)
(reusável) (reusável)
Tesouras
(reusável) Painéis
Acabamento
externos
Sequência de a�vidades
(reciclável)
(reusável)
Terças
(reusável)
Divisórias Cinta
internas inferior
(reusável) (reusável)
Telhas
(reusável)
Contrapiso
Luminárias
Instalações (reusável ou
(reusável)
elétricas reciclável)
(reciclável)
Fim
Instalações
Forro
hidráulicas
(reusável)
(reciclável)
7. Conclusões
Este trabalho enfocou a importância do projeto para as IP considerando a
possibilidade de desmontagem e remontagem e associando alguns benefícios ao
se utilizar construções pré-fabricadas para canteiros de obras. A modelagem BIM
4D caracteriza-se como uma proposta inédita para a área de projetos, que facilita a
visualização e simplificação das estruturas antes da montagem na obra.
Em relação ao acompanhamento durante a montagem, percebeu-se que as
IP estudadas foram concebidas de modo a reduzir os resíduos gerados, pois foram
poucos componentes cortados em obra. Destaca-se a necessidade de elaboração de
um Projeto para Montagem e outro para a Desmontagem de forma compatibilizada, a
fim de otimizar o uso da mão de obra, tempo e custo. No caso da desmontagem, deve-
se prever a destinação dos materiais gerados a partir da desconstrução.
O potencial de uso do BIM para a fabricação dos componentes, do projeto
do canteiro e de suas instalações pode ser percebido pelos agentes a partir desses
exemplos. Além da visualização da concepção dos detalhes e do produto geral, é
possível obter quantitativos de materiais e de serviços e, ainda, programar a montagem
e a desmontagem. Na modelagem 4D, foi facilmente observado que alguns passos
poderiam ser alterados como forma de melhorar a produtividade.
Os vídeos das simulações da construção foram gerados por meio da modelagem
BIM 4D, sendo necessário contar com conhecimento dos processos de fabricação e
de construção. Houve a necessidade de o pesquisador fazer várias simulações da
modelagem virtual até chegar ao resultado que represente a realidade da melhor forma.
Também foi necessário entender a integração entre os programas computacionais.
Sabe-se que podem ser buscadas alternativas para combinação dos programas.
Desempenho de Contêineres
Metálicos para Instalações
Provisórias em Canteiros
de Obras
1. Introdução
O uso de contêineres metálicos fabricados em aço para abrigo de atividades
humanas ocorre no Brasil desde os anos 1980, inclusive em canteiros de obras. Nos
anos recentes, coincidindo com o crescimento do setor da construção civil, houve
uma mudança da qualidade dos produtos oferecidos no mercado. Paralelamente,
se expandiu o reaproveitamento de contêineres marítimos não mais adequados
ao transporte de cargas. Tal uso tem crescido motivado por fatores com impactos
econômicos, como a rápida velocidade de montagem e a possibilidade de reuso, e
também porque vão ao encontro dos objetivos de sustentabilidade perseguidos pelas
empresas.
Para Birbojm (2001), as vantagens das instalações provisórias nos contêineres
metálicos são flexibilidade, possibilidade de reuso, independência da fundação,
facilidade de transporte, grande resistência a intempéries, curto tempo de montagem
e desmontagem e grande número de arranjos internos, além da possibilidade de
empilhamento, que reduz as necessidades de áreas no canteiro. A grande desvantagem,
273
porém, é o pouco conforto, seguido dos custos iniciais mais elevados e limitações de
marketing (as construções em madeira são mais facilmente adaptadas para visibilidade
e divulgações, que são comuns, por exemplo, nos estandes de vendas).
Para os módulos sanitários, os contêineres mostram-se práticos, já que vêm
completamente prontos, necessitando apenas de ligação com as redes. Por outro lado,
a desvantagem é que, para contêineres que chegam montados na obra, deve-se prever
o acesso de sua chegada e retirada, limitando as possibilidades de posicionamento.
Outra limitação refere-se ao custo de locação, que pode inviabilizar o aluguel de
contêineres para períodos muito longos. Já no caso da compra do contêiner, surge
a necessidade da retirada dessa estrutura ao final da obra, podendo ser levada para
outra edificação ou para um depósito.
Os contêineres marítimos trazem o risco de contaminação, conforme discutido
em reportagem sobre o assunto (BARBOZA, 2015). Outro fator a ser considerado no
reaproveitamento de contêineres marítimos é o peso elevado, maior que o dobro do
peso de um contêiner construído para módulo habitável, fato que dificulta a logística
de instalação, movimentação e desinstalação do canteiro de obras.
De todas as desvantagens de um contêiner, a mais marcante e que o estigmatiza
é o desconforto, sobretudo térmico, mas também acústico, característica que associa
o seu uso ao condicionamento artificial de ar e consequente gastos energéticos. Ideia
que permanece mesmo se sabendo que o desempenho térmico pode ser melhorado
pelo uso de revestimentos especiais das envoltórias, como mostra o trabalho de Costa
(2015).
Como nas construções de caráter permanente, também nas provisórias a
questão da sustentabilidade ambiental e social vem ganhando importância. Instalações
com condições inadequadas de trabalho, normalmente, também estão associados a
desperdícios de água e energia. Ainda sob o ponto de vista ambiental, é condenável o
descarte e a não reutilização das instalações provisórias.
Além da questão do desempenho térmico e acústico, as instalações provisórias
devem apresentar desempenho estrutural adequado, assim como oferecer
estanqueidade à água. Na verdade, deve-se tratar o desempenho de tais instalações
de forma sistêmica, semelhante à maneira como se tratam hoje as construções de
caráter permanente, com a introdução da norma NBR 15575, conhecida como Norma
de Desempenho.
Nesse contexto, o objetivo deste capítulo é discutir o desempenho de
contêineres metálicos para instalações provisórias em canteiros de obras e apresentar
a proposição de requisitos e critérios que contribuam para o seu correto projeto,
fabricação, transporte e uso. O estudo aqui desenvolvido baseia-se no trabalho de
Cardoso et al. (2013).
D - Cobertura
Plana
C - Unidade
intermediária
C - Unidade
intermediária
A - Unidade B - Unidade
isolada de baixo
Não obstante, o projeto do módulo deve oferecer condições para que haja
equilíbrio entre iluminação natural e artificial. Os ofuscamentos precisam ser evitados
por meio de artifícios de transmissão indireta da luz, tais como bandejas de luz e aletas
refletoras nas luminárias.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações Habitacionais –
Desempenho. 2013. Rio de Janeiro, Brasil.
BARBOZA, N. Contêineres. Construção Mercado, v. 169, ago. 2015, p. 80-81. Pini. São
Paulo.
BIRBOJM, A. Subsídios para as tomadas de decisão rela�vas à escolha dos elementos do
canteiro de obras. Dissertação (Mestrado) – São Paulo, Universidade de São Paulo, Escola
Politécnica, 2001.
CARDOSO, F.F.; RODRIGO, A.G.; SOARES, P.V.P.T. Diretriz para avaliação técnica de
desempenho de módulo tridimensional empilhável para instalação provisória em
canteiro de obras: contêiner de aço. Relatório interno do Projeto CantecHIS – Tecnologias
para Canteiro de Obras Sustentável. São Paulo: Finep, agosto de 2013.
COSTA, D.C.R.F. Contêineres metálicos para canteiros de obras: análise experimental de
desempenho térmico e melhorias na transferência de calor pela envoltória. Dissertação
(Mestrado) – São Paulo, Universidade de São Paulo, Escola Politécnica, 2015.
RODRIGO, A.G.S.; GAZARINI, D.; CARDOSO, F.F. Condicionantes de projeto para as
instalações provisórias em canteiros de obras na cidade de São Paulo. In: Proceedings of
the La�n-American and European Conference on Sustainable Building and Communi�es:
Connec�ng People and Ideas. July 21th – 24th, 2015, Guimarães, Portugal. Universidade do
Minho and others. pp. 2495-2504.
1. Introdução
Os contêineres metálicos utilizados como instalações provisórias de canteiros
de obra diferem dos contêineres marítimos quanto ao material de composição e à
espessura das paredes. Enquanto os contêineres marítimos são confeccionados em
aço corten, com espessura em torno de 1,3 mm, os contêineres para canteiros de
obras são compostos predominantemente de aço galvanizado, com espessura em
torno de 0,65 mm, diferença de configuração que atribui aos contêineres marítimos
peso duas vezes maior.
No setor da construção civil, existe um padrão construtivo para os contêineres,
relacionado principalmente às dimensões adequadas para o transporte sobre
caminhão, embora haja variações de composição de materiais e dimensões, dentro da
gama de produtos disponíveis no mercado brasileiro. O padrão mais utilizado apresenta
altura útil de 2,5 m, largura de 2,4 m e comprimento variável, frequentemente baseado
na modulação de 3 m, ou seja, há produtos com 3, 6 e 9 m de comprimento. São
comercializados, em grande parte dos casos, sem qualquer tratamento térmico nas
superfícies verticais. Muitos dos produtos disponíveis no mercado possuem um forro
de 2 cm de poliestireno expandido (EPS) junto à superfície interna da cobertura, cuja
função é o isolamento térmico, acrescido de uma chapa dura de material derivado de
madeira, com espessura de 2,5 mm, para melhoria da qualidade do acabamento.
297
O setor da construção civil brasileiro adota diferentes tipologias de sistemas
construtivos para as instalações provisórias de canteiros de obras, dentre as quais
encontram-se os contêineres metálicos. A utilização de contêineres metálicos como
instalações provisórias em canteiros de obras tem crescido, visto ser uma tipologia
que apresenta vantagens sobre as demais, normalmente empregadas no mercado
brasileiro. Características como rapidez e praticidade na montagem, facilidade de
transporte e reutilização, assim como o baixíssimo potencial de geração de resíduos, são
particularmente atraentes no momento da especificação das instalações para canteiros
de obras. A Tabela 1 apresenta as principais características dos sistemas mais utilizados.
12.000
10.000
8.000
Custo
6.000
Opção A
4.000 Opção B
2.000 Opção C
0
1 2 3 4
Obra
Onde:
• Opção A: contêineres metálicos adquiridos defini�vamente;
• Opção B: sistema racionalizado em chapas de compensado de madeira;
• Opção C: contêineres alugados durante três meses e u�lização das instalações
do edi�cio em construção nos demais períodos.
Como podem ser observados no gráfico da Figura 1, os custos iniciais são
maiores para a utilização de contêineres metálicos, devido ao investimento feito para
Parâmetro Até 90 % de Até 80% de Até 80% de Fora dos Fora dos
sa�sfação sa�sfação sa�sfação parâmetros parâmetros
térmica térmica térmica de sa�sfação de sa�sfação
(tendência (tendência térmica térmica (frio)
ao calor) ao frio) (calor)
Percentual (%) 13 2 5 31 49
a b
50 50
45 45
40 40
35 35
Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)
30 30
25 25
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0:04
1:59
1:54
2:49
3:44
4:39
5:34
6:29
7:24
8:19
9:14
10:09
11:04
11:59
12:54
13:49
14:44
15:39
16:34
17:29
18:24
19:19
20:14
21:09
22:04
22:59
23:54
0:03
1:03
2:03
3:03
4:03
5:03
6:03
7:03
8:03
9:03
10:03
11:03
12:03
13:03
14:03
15:03
16:03
17:03
18:03
19:03
20:03
21:03
22:03
23:03
Figura 4 – Comportamento do termômetro de globo no dia mais quente (a) e no dia mais
frio (b) no interior do contêiner sem tratamento térmico.
a b
50 50
45 45
40 40
35 35
Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)
30 30
25 25
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0:04
1:04
2:04
3:04
4:04
5:04
6:04
7:04
8:04
9:04
10:04
11:04
12:04
13:04
14:04
15:04
16:04
17:04
18:04
19:04
20:04
21:04
22:04
23:04
15:03
16:03
17:03
18:03
19:03
0:03
1:03
2:03
3:03
4:03
5:03
6:03
7:03
8:03
9:03
10:03
11:03
12:03
13:03
14:03
20:03
21:03
22:03
23:03
Figura 5 – Comportamento do termômetro de globo no dia mais quente (a) e no dia mais
frio (b) no interior do contêiner com reves�mento refle�vo.
a b
50 50
45 45
40 40
35 35
Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)
30 30
25 25
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
18:04
0:04
19:04
1:04
2:04
3:04
4:04
5:04
6:04
7:04
8:04
9:04
10:04
11:04
12:04
13:04
14:04
15:04
16:04
17:04
20:04
21:04
22:04
23:04
0:03
1:08
2:13
3:18
4:23
5:28
6:33
7:38
8:43
9:48
10:53
11:58
13:03
14:08
15:13
16:18
17:23
18:28
19:33
20:38
21:43
22:48
23:53
Figura 6 – Comportamento do termômetro de globo no dia mais quente (a) e no dia mais
frio (b) no interior do contêiner com tratamento à condução.
Graus-hora aquecimento
16000
14000 Contêiner à condução
12000 Contêiner refle�vo
10000
8000
6000
4000
2000
0
fev.
mar.
jan.
abr.
maio
jun.
jul.
ago.
set.
out.
nov.
dez.
Total
tempo (meses)
10000
9000 Contêiner sem tratamento
8000 Contêiner à condução
Graus-hora resfriamento
abr.
maio
jun.
Total
jul.
ago.
set.
out.
nov.
dez.
tempo (meses)
7. Conclusões
A envoltória dos contêineres metálicos possui características que a tornam
insuficiente do ponto de vista do desempenho térmico. Sua baixa inércia térmica leva
as superfícies a variações bruscas de temperatura, situação que consequentemente
se registra também no interior dessas instalações. Dessa forma, quando se pretende
a utilização sob condicionamento passivo, isto é, sem a utilização de condicionadores
artificiais, é necessário que se determine previamente a localidade na qual o contêiner
será utilizado, considerando principalmente suas condições climáticas, como também
o tipo de uso predominante a que o contêiner será destinado: se diurno ou noturno.
Seu desempenho térmico insuficiente prejudica a adoção de uma única solução de
tratamento térmico da envoltória para toda e qualquer situação quando se objetiva
o condicionamento passivo ou mesmo a redução do consumo energético para
condicionamento artificial.
O Quadro 1 apresenta um resumo das diretrizes para uso mais adequado à
obtenção de padrões aceitáveis de conforto térmico e eficiência energética nos climas
brasileiros.
Referências
ASHRAE. American Society of Hea�ng, Refrigera�ng and Air-Condi�oning Engineers, INC.
ASHRAE STANDART 55-2013. Thermal Environmental Condi�ons for Human Occupancy.
2013.
CIBSE. The Chartered Ins�tu�on of Building Services Engineers. Degree-days – theory and
applica�on – tm41 2006. [S.l.]: CIBSE, 2006.
Sistema Pré-Fabricado em
Pré-Moldado de Concreto
para Instalações Provisórias
de Canteiros de Obra
Nery Knöner
Fernando Menezes de Almeida Filho
Marcelo de Araújo Ferreira
1. Introdução
No Brasil, nas últimas décadas, houve um aumento significativo no uso
de estruturas pré-fabricadas em concreto em virtude do desenvolvimento dos
componentes e da facilidade de utilização desse sistema para obras comerciais,
residenciais e esportivas, agregando vantagens, como rapidez e facilidade de execução,
redução de desperdícios e segurança na montagem.
O sistema em pré-moldados de concreto proporciona uma construção limpa,
racional e com menos desperdício de materiais, além de possibilitar maior conforto
e bem-estar aos seus ocupantes. Como estratégia de concepção, procura utilizar
componentes e processos padronizados, bem como aproveitar mais eficientemente
os recursos disponíveis. Para Van Acker (2002), com os pré-moldados de concreto é
possível atender os requisitos de industrialização, mesmo sem a produção em escala,
obtendo um processo de produção eficiente, combinado com o trabalho especializado
e a padronização de soluções construtivas.
Segundo Serra et al. (2005), a industrialização da construção civil, por meio
da utilização de peças de concreto pré-fabricados, promoveu, no Brasil e no mundo,
um salto de segurança e organização nos canteiros de obras, devido ao uso de
componentes industrializados com alto controle de produção, com materiais de
qualidade, fornecedores selecionados e mão de obra qualificada.
A construção em elementos pré-fabricados em concreto não se limita apenas
a fabricar peças fora do canteiro, mas engloba todo um sistema construtivo com
características próprias, que devem ser preconizadas desde o início do projeto do
empreendimento (FIB, 2012). Visto que o concreto possui boa inércia térmica e
resistência ao fogo, os componentes gerados, como as paredes, podem ser projetados
para atender determinadas especificidades, como reduzir os ruídos, devido à sua
densidade.
Para Knöner (2014), o uso dos pré-moldados possui potencial de aplicação para
instalações provisórias em canteiros de obra, considerando inclusive a necessidade da
desmontagem e reutilização dos componentes em diferentes obras, além das outras
vantagens levantadas. Para esse autor, a desmontagem com fins de remontagem é
uma característica não comumente citada, mas deve ser considerada desde o início do
processo de projeto.
Existem poucos fabricantes que fornecem opções de instalações provisórias em
concreto pré-moldado no mercado brasileiro. Um deles é a empresa Prefacc (PREFACC,
1992) sediada em Uberlândia, Minas Gerais. Segundo o referido fabricante, trata-se
de um sistema construtivo formado por placas de concreto celular autoclavado, com
módulos de 0,60 m de largura, interligados por perfilados metálicos, que podem
chegar até 3 m de altura. Entre os clientes da Prefacc, podem ser verificadas empresas
de grande porte, consórcios e órgãos públicos.
Além deste tipo de instalações provisórias, são oferecidas pelo mercado
diferentes soluções construtivas, como o uso de madeira ou de chapas metálicas
(DIAS; SERRA, 2013), mas faltam dados para determinar o atendimento às condições
de desempenho de cada solução.
Apesar da existência das soluções comerciais, no Brasil, a maioria das instalações
provisórias dos canteiros de obras ainda é precária e não projetada com vistas ao
seu melhor funcionamento. Considerada como uma instalação temporária, não se
costuma seguir regras de projeto e de segurança, e somente em alguns casos, a NR-
18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção (BRASIL, 2015),
que preconiza condições mínimas de uso e segurança, é atendida.
Também não são comumente considerados os requisitos de uso e operação
desses tipos de instalações, como resistência estrutural, desempenho térmico,
estanqueidade à agua, entre outros, os quais são prescritos pelas normas técnicas.
Dessa forma, este capítulo visa apresentar uma proposta de instalação
provisória em pré-moldado de concreto para uso em canteiro de obra e, em seguida,
2. Método de Pesquisa
O trabalho foi desenvolvido com base na pesquisa de mestrado de Knöner (2014).
A pesquisa tratou de um estudo teórico e experimental, dividido em três etapas:
• A primeira etapa consis�u no estudo sobre a u�lização de diferentes sistemas
constru�vos para aplicação em instalações provisórias, buscando iden�ficar
as principais caracterís�cas necessárias para essas estruturas;
• A segunda etapa consis�u no desenvolvimento de um projeto de instalações
provisórias em pré-moldado de concreto de forma a agregar vantagens
técnicas, econômicas, sociais e ambientais;
• A terceira etapa consis�u na realização de simulações teóricas por meio
de ensaios de laboratório e da determinação dos parâmetros técnicos
necessários para desenvolvimento do produto.
A fase de montagem e desmontagem do protótipo não foi desenvolvida por
Knöner (2014) devido à duração do mestrado ser inferior ao tempo necessário para a
elaboração do produto. Este trabalho foca na apresentação sucinta das etapas 2 e 3,
que podem ser melhor verificadas no trabalho original.
O Anexo apresenta momentos da montagem do protótipo ocorrida em 2017.
120 600
100 100 100 100 100 100
80
20
BWC
100
300
100
330
450
Hall
Piso cimentado
100
6,70m2 200/90
20
Circulação
Piso lajota de concreto
120
7,20m2
250 A A
nível do
nível do
5cm
piso interno
piso externo
70
Elemento de
12cm
fundação
5%
o-acús�ca i = 7,
Telha term
20
10
250
Piso de bloket
Vista lateral
Figura 3 – Corte A-A do protó�po para instalações provisórias. Fonte: Knöner, 2014.
Figura 6 – Detalhe da forma e armadura dos montantes estruturais. Fonte: Knöner, 2014.
5
Sand-Lightweight - 115 PCF
Lightweight - 100 PCF
4
Fire Endurance, hr
1
50 min. Carbonate aggregate
Siliceous aggregate
0
0 2 3 4 5 6 7
Slab or Panel Thickness, In.
*Interpola�on for Different Concrete
Montante
Resistência térmica
Inércia térmica
Irradiação solar
Câmara de ar
Placa interna
Placa externa
30oC
Figura 9 – Atraso da onda de calor devido à massa térmica do concreto. Fonte: FIB, 2012.
Visto que a carga máxima verificada no montante que recebeu maior carga foi
de 55 kN, com coeficiente de segurança mínimo verificado de ɣ = 2,38, o pilar atendeu
às necessidades de uso.
F F
Figura 12 – Esquema de montagem das placas a serem ensaiadas. Fonte: Knöner, 2014.
Figura 13 – Fixação das placas nos montante, montagem de um painel no solo. Fonte:
Knöner, 2014.
Figura 15 – Esquema de montagem do corpo de prova para ensaio. Fonte: Knöner, 2014.
Figura 16 – Local nas placas dos impactos de corpo duro na altura de 1,0 m. Fonte: Knöner,
2014.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11675: Divisórias leves internas
moduladas – Verificação da resistência aos impactos. 2016. 7p. Rio de Janeiro, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12284: Área de Vivência em
Canteiros de Obra. Procedimento. 1991. 14p. Rio de Janeiro, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14432: Exigências de resistência
ao fogo de elementos constru�vos de edificações – Procedimento. 2001. 15p. Rio de
Janeiro, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho térmico de
edificações. 2008. Rio de Janeiro, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações Habitacionais –
Desempenho. 2013. Rio de Janeiro, Brasil.
Lucila Sommer
Carlos Torres Formoso
Daniela Dietz Viana
1. Introdução
O uso crescente de sistemas industrializados em empreendimentos habitacionais
constitui-se em uma das importantes estratégias adotadas pelo setor da construção
civil para obter melhorias de eficiência e redução de prazos na entrega das obras.
Entretanto, deve-se salientar que, para que isso aconteça, há a necessidade de mais
esforços em planejamento, coordenação e controle dos sistemas de produção, a fim
de que sejam obtidos os benefícios potenciais da industrialização.
Segundo Koskela e Vrijhoef (2000), a falta de sucesso na industrialização da
construção deve-se principalmente à utilização de métodos de gestão baseados
em conceitos de gestão da produção obsoletos, com foco apenas nas atividades
de transformação. Em muitas situações, atenta-se apenas para a modernização e
industrialização das atividades de transformação, sendo negligenciadas as atividades
que não agregam valor, tais como transporte, estoques, esperas e inspeção (KOSKELA,
1992). Höök e Stehn (2008) sugerem que, embora os sistemas industrializados
reduzam alguns tipos de complexidade e perdas existentes na construção, eles também
introduzem outras fontes de dificuldade devido à necessidade de integrar diferentes
unidades de produção (projeto, fábrica, logística e montagem) e ainda alteram os
papéis de diferentes agentes da cadeia de suprimentos.
341
A aplicação de conceitos e princípios da Filosofia da Produção Enxuta pode
contribuir para a implementação de sistemas industrializados, visto que se busca
um equilíbrio entre as melhorias nas atividades de transformação e a eliminação de
atividades que não agregam valor. A Produção Enxuta é uma filosofia que emergiu na
indústria automobilística do Japão e que mudou a forma de gestão dos sistemas de
produção em diferentes setores ao longo das últimas décadas, sendo uma abordagem
predominante em empresas de desempenho destacado em diferentes indústrias.
Este capítulo discute o conceito de perdas na construção, propondo uma forma
de mapeamento dessas perdas, de forma a entender as relações de causa e efeito
existentes. São destacadas três categorias de perdas, as quais normalmente não
recebem a devida atenção no contexto da construção civil: trabalho em progresso,
making-do e trabalho inacabado. Ao final, são discutidos brevemente os resultados de
estudos sobre sistemas industrializados, que adotaram tais conceitos.
Consequências
Perdas na
produção
2.3 Making-do
Segundo Koskela (2004), entende-se como making-do uma situação em que
uma tarefa é iniciada sem que todos os recursos necessários estejam disponíveis
para que o trabalho inicie ou continue adequadamente até o seu término. O termo
“recursos” refere-se não somente a materiais, mas a todos os outros recursos, como
máquinas, ferramentas, pessoal, espaço, condições externas, informações, entre
outros. Sem as condições adequadas, podem ser realizadas improvisações para que
seja dada continuidade ao trabalho das equipes, que realizam ações não especificadas
a fim de que o serviço não seja interrompido. Diferentes formas de making-do podem
ser identificadas em canteiros de obras (Quadro 1) e estão relacionadas aos recursos
que não estão disponíveis no local e momento certos para o processamento (SOMMER,
2010).
Para Fireman (2012), há uma forte relação entre perdas por making-do e a
existência de pacotes informais, ou seja, pacotes de atividades que são executadas
sem terem sido planejadas e cujos pré-requisitos nem sempre são verificados de
forma sistemática. Consequentemente, falta de terminalidade das atividades, trabalho
em progresso e aumento do lead time1 também podem ser observados devido aos
pacotes de trabalho informais no canteiro de obras
O Making-do tem como causa principal as deficiências na realização do
planejamento de médio prazo, em que as restrições não são devidamente removidas
(FIREMAN, 2012; SOMMER, 2010). O início das tarefas sem que estejam disponíveis
todos os recursos necessários e devido a reações das equipes para que o trabalho não
seja interrompido podem ainda ter como consequência a diminuição da produtividade;
desmotivação; perdas de materiais; retrabalho; redução da segurança; e redução da
qualidade (FORMOSO et al., 2011).
Neste sentido, Formoso et al. (2011) destacam que, embora a elaboração e o
cumprimento de procedimentos padronizados possam contribuir para a redução das
perdas por making-do, tais medidas não são suficientes para a sua total eliminação.
Os mesmos autores apontam também para a necessidade de se dedicar um esforço
de projeto de processos e operações, por meio de, por exemplo, simulações 4D ou
realização de protótipos físicos, e também a remoção sistemática de restrições em
nível de médio prazo. Tais problemas são incidentes tanto em sistemas construtivos
LE
=
Trabalho em Progresso × 100 (Equação 1)
LT
Semanalmente, ao verificar o andamento dos pacotes de serviço, o indicador
pode ser atualizado. Da mesma forma, se for substituído na expressão acima LE por LC,
tem-se como resultado o avanço físico da obra, Equação 2:
3.3 Making-do
A identificação e quantificação de making-do pode ser realizada pela observação
direta das tarefas realizadas nos canteiros de obras e a sua comparação com padrões
ou melhores práticas estabelecidas. Sommer (2010) propôs um protocolo para a
mensuração desse tipo de perda, o qual foi complementado pelos estudos de Leão
(2014) e Ibarra, Formoso e Lima (2016). As principais etapas deste protocolo estão
apresentadas a seguir:
• Descrever a improvisação observada e fazer um registro fotográfico;
• Iden�ficar os pré-requisitos que não estavam disponíveis;
• Analisar possíveis impactos devido à ação realizada;
• Categorizar os casos (conforme o Quadro 1) e iden�ficar as suas possíveis
causas;
4. Estudos de Caso
4.1 Obra com Estrutura Metálica
A análise relativa ao trabalho em progresso foi a base para compreender o
sistema de planejamento e controle da produção de uma empresa que projeta, fabrica
e monta sistemas construtivos metálicos. Inicialmente, foi observado um alto índice de
atraso na entrega das obras. A análise aprofundada das causas desse atraso apontou
para problemas na estratégia de entrega de componentes por parte da fábrica. A
partir de tal constatação, foi iniciado um estudo mais amplo, envolvendo os diferentes
processos envolvidos na fabricação e entrega dos componentes para as obras.
Cada empreendimento era dividido em grandes etapas de produção que, por sua
vez, eram divididas em subetapas, conforme o projeto executivo (estrutura primária,
secundária, fechamento, telhas, etc.). Esta prática permite a redução do tamanho do
lote de transferência entre cada uma das fases do processo, o que deveria reduzir o
tempo de entrega. Entretanto, os incentivos dados aos departamentos relacionados
ao processo de produção não estavam atrelados ao fechamento das subetapas, mas
ao volume de produção.
Desta forma, cada departamento se beneficiava ao atingir uma determinada
tonelagem de componentes produzidos. Esse incentivo fazia com que o departamento
de projeto priorizasse os projetos mais fáceis e a fábrica produzisse os componentes
mais pesados, criando um alto nível de estoque entre cada uma das fases e dificultando
o envio dos componentes a obra. Para evitar o envio de peças que não pudessem
ser montadas, as subetapas eram pensadas de forma a englobar todos os produtos
necessários para a montagem dos componentes. A prática de priorizar produtos
pesados fazia com que muitos componentes ficassem prontos muito antes dos demais
produtos correspondentes ao seu lote.
A Figura 2 representa a quantidade de materiais armazenada no pátio de uma
das fábricas, ressaltando o quanto desse total representava um lote completo para
ser mandado para a obra. O departamento de logística, responsável pela entrega dos
materiais à obra, tinha apenas uma parcela do estoque para ser efetivamente enviada
à obra.
20 mar.
25 mar.
27 mar.
02 abr.
08 abr.
11 abr.
18 abr.
26 abr.
06 set.
07 maio
15 maio
21 maio
29 maio
09 jul.
24 ago.
31 ago.
Em aberto Completas
800
700
600
Tempo de espera no pá�o
500
400
300
200
100
0
-500 -400 -300 -200 -100 0 100 200 300
Desvio do planejado
250
200
150
100
50
-100
-150
-200
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
9/F
8/F
17/F
27/F
10/F
14/F
16/F
24/F
19/F
26/F
29/F
20/F
31/F
33/F
13/F
15/F
23/F
11/F
18/F
25/F
28/F
32/F
21/F
30/F
12/F
22/F
34/F
TC Pav. TC Lote CD Plano Pav.
TC Lote AB Plano Lote
25
20
15
10
0
9/F
8/F
17/F
27/F
10/F
14/F
16/F
24/F
19/F
26/F
29/F
20/F
31/F
33/F
13/F
15/F
23/F
11/F
18/F
25/F
28/F
32/F
21/F
30/F
12/F
22/F
34/F
17/F
27/F
10/F
14/F
16/F
24/F
19/F
26/F
29/F
20/F
31/F
33/F
13/F
15/F
23/F
11/F
18/F
25/F
28/F
32/F
21/F
30/F
12/F
22/F
34/F
Pavimento Lote AB Lote CD
100
76,50
80
60
40
20
13,58
0
9/F-CD
8/F-CD
17/F-CD
27/F-CD
10/F-CD
14/F-CD
16/F-CD
24/F-CD
19/F-CD
26/F-CD
29/F-CD
20/F-CD
31/F-CD
33/F-CD
13/F-CD
15/F-CD
23/F-CD
11/F-CD
18/F-CD
25/F-CD
28/F-CD
32/F-CD
21/F-CD
30/F-CD
12/F-CD
22/F-CD
34/F-CD
14
12
10
8
6
4
2
0
9/F-CD
8/F-CD
17/F-CD
27/F-CD
10/F-CD
14/F-CD
16/F-CD
24/F-CD
19/F-CD
26/F-CD
29/F-CD
20/F-CD
31/F-CD
33/F-CD
13/F-CD
15/F-CD
23/F-CD
11/F-CD
18/F-CD
25/F-CD
28/F-CD
32/F-CD
21/F-CD
30/F-CD
12/F-CD
22/F-CD
34/F-CD
Média do Lote Média
0
9/F-CD
8/F-CD
17/F-CD
27/F-CD
10/F-CD
14/F-CD
16/F-CD
24/F-CD
19/F-CD
26/F-CD
29/F-CD
20/F-CD
31/F-CD
33/F-CD
13/F-CD
15/F-CD
23/F-CD
11/F-CD
18/F-CD
25/F-CD
28/F-CD
32/F-CD
21/F-CD
30/F-CD
12/F-CD
22/F-CD
34/F-CD
14
12
10
8
6
4
2
F9
F8
F27
F17
F29
F33
F23
F25
F20
F24
F26
F30
F19
F28
F34
F31
F32
F10
F13
F15
F21
F22
F14
F16
F18
F11
F12
Com base na quantificação das perdas, feita a partir dos dados de rastreamento
de componentes, foram identificadas oportunidades de melhorias no sistema de gestão
da produção (Quadro 4), por meio do aumento da transparência entre diferentes áreas
da empresa. Nesta análise, buscou-se questionar a visão tradicional de que se opera
com recursos ilimitados à montante, o que resulta na não consideração das perdas nos
processos de fabricação e logística.
Áreas Comuns
Não
Iniciado Completo
19% 31%
TP
TNF
38%
12%
Trabalho em Progresso (TP)
Falta de Terminalidade (TNF)
Completo
5. Conclusões
Neste capítulo, procurou-se enfatizar que existe a necessidade de ampliar
a abordagem de industrialização na construção em relação a alguns conceitos
estabelecidos há mais de 50 anos, tais como produção em massa, robotização,
racionalização, modulação e padronização. Avanços na gestão, sustentabilidade e
tecnologia da informação devem ser incorporados na implementação de sistemas
construtivos industrializados, a fim de se obter os benefícios esperados.
Diferentemente do que ocorre em outros setores industriais, os
empreendimentos de construção são realizados por uma organização temporária, em
torno de um produto único e envolve normalmente uma ampla cadeia de suprimentos,
o que confere ao ambiente maior complexidade e incerteza quando comparado ao
ambiente da manufatura. Nesse sentido, existe a necessidade de entender as principais
categorias de perdas que ocorrem nesse ambiente específico e propor melhorias
visando à sua eliminação. O presente trabalho apresentou brevemente três estudos
Referências
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KOSKELA, L. Applica�on of the new philosophy to construc�on. Stanford, CIFE, Standord
University, 1992.
1. Introdução
Tradicionalmente, o processo de produção de edificações é caracterizado
pela movimentação dos operários, máquinas (se necessário) e materiais em áreas
que circundam o espaço ocupado pelo produto que está sendo construído, ou seja,
o produto é fixo enquanto operários e máquinas movimentam-se em praticamente
todo o recinto que forma o canteiro de obras. Além disso, grande parte das empresas
construtoras procuram melhorias nas atividades de processamento, tornando-as
mais eficientes em vez de torná-las mais eficazes (KOSKELA, 1992). Assim, entende-se
que a mudança nas bases técnicas seja indispensável para a aplicação de inovações
que rompam com o que tradicionalmente é praticado. Tal ação pode ser justificada
pelo fato de que as práticas tradicionais na construção estão se tornando cada vez
mais inadequadas, tendo em vista o crescimento contínuo da complexidade dos
empreendimentos e da necessidade de rapidez de entrega dessas edificações
(KOSKELA, 2000; KOSKELA; VRIJHOEF, 2001; KOSKELA, 2004; BERTELSEN et al.,2008).
Nesse sentido, mudanças nas bases técnicas de produção são uma das
transformações mais fundamentais que podem ser introduzidas na indústria da
construção. O uso de novos sistemas de produção, como os denominados flow shop,
363
mostram-se adequados nesse contexto, em que as linhas de montagem são uma das
técnicas que melhor definem tais métodos. De acordo com Gomes (2002), o termo
flow shop representa os sistemas de produção projetados a fim de fazer com que os
processos e os equipamentos necessários às tarefas estejam organizados conforme
as etapas sequenciais de produção pelas quais o produto é fabricado. Bachega (2013)
acrescenta ainda que os ambientes flow shop atuam, basicamente, em um fluxo de
peças/materiais e os equipamentos são de uso dedicado e específico.
Tubino (1999) indica algumas vantagens do uso de ambientes flow shop, como
o controle simplificado da produção, a facilidade em otimizar o sistema, a redução do
lead time da produção, entre outras. Assim, considerando a produção de habitações
em um ambiente flow shop, recorreu-se às linhas de montagem como método de
produção. Na visão de Bautista e Pereira (2007), uma linha de montagem é formada
por um determinado número de estações de trabalho, que são dispostas em série ou
em paralelo, nas quais os serviços se desenvolvem por meio de um fluxo de produção.
Os autores afirmam que tais estações são integradas por um sistema de transporte,
cujo objetivo é suprir o elemento (ou produto a ser fabricado) de componentes e
movimentar a produção de uma estação de trabalho a outra.
Tendo em vista o breve contexto apresentado, é necessário indicar a
tecnologia mais adequada a uma perfeita combinação entre o produto e o sistema
de produção. Dessa forma, foi selecionado o sistema construtivo Light Steel Frame
(LSF), pois, simplificadamente, o LSF pode ser definido como um sistema formado por
estrutura composta a partir da associação de elementos fabricados em perfis de aço
conformados a frio, que constituem os elementos estruturais e associam-se a diversos
outros sistemas, como o de vedação, o qual, geralmente, utiliza placas pré-fabricadas
com capacidade de variar sua composição. Mas a principal vantagem do LSF pode
ser identificada nos atributos dos seus elementos, que caracterizam a produção de
edificações em LSF como essencialmente de montagem, fato que representa uma
grande vantagem sobre sistemas construtivos baseados na alvenaria, por exemplo.
Dessa maneira, a justificativa do uso do LSF baseia-se em suas características
de industrialização, inerentes aos seus processos e subprocessos, em relação às
características de trabalho em uma linha de montagem que exige a pré-fabricação. Além
disso, o LSF, como qualquer estrutura metálica, possui outro atributo representado
pela precisão dimensional, de ordem de grandeza milimétrica de seus componentes,
em função das características do aço e dos processos de fabricação dos componentes.
Essa precisão pode ser mais difícil de ser obtida com outros materiais de uso comum
na construção, como a madeira para o sistema Wood Frame.
Considerando a indústria da construção, o uso de um sistema produtivo definido
por linha de montagem é algo pouco explorado, tanto no âmbito acadêmico quanto
comercial. Assim, a adoção de linhas na indústria da construção implica que as casas,
2. Metodologia
O projeto de uma linha de montagem envolve a integração entre o projeto
dos produtos, processos e o layout da fábrica, uma vez que os produtos devem
ser desenvolvidos com base nas regras de projetos para produção e nas restrições
produtivas entre tarefas (REKIEK; DELCHAMBRE, 2006). A fabricação de um item na
linha de montagem é dividida em um conjunto de tarefas conhecidas, e, para cada
estação de trabalho, é atribuído um subconjunto de tarefas denominadas “cargas
de trabalho da estação”, as quais são únicas e específicas para cada estação. Cada
tarefa demanda um tempo de operação, que deve ser determinado em função das
tecnologias de fabricação utilizadas e os recursos (máquinas, ferramentas, etc.)
empregados (BAUTISTA; PEREIRA, 2007).
Assim, uma casa manufaturada é produzida em um ambiente controlado de
uma fábrica e, uma vez concluída, é transportada para o destino final no qual será
instalada e conectada com as demais instalações, como fundações e sistemas prediais
(MEHROTRA; SYAL; HASTAK, 2005). Os autores mostram que, para a montagem da
unidade habitacional, são necessárias várias estações de trabalho de diferentes
tipos, as quais podem estar agrupadas em linhas principais, células de produção ou
em linhas alimentadoras. Além disso, as estações de trabalho devem ser adequadas
para comportar as ferramentas e máquinas necessárias para o desenvolvimento das
atividades atribuídas. Após a realização de diversos estudos de caso em várias indústrias
do ramo, Hammad (2002) e Mehrotra; Syal e Hastak (2005) sugerem uma divisão das
tarefas de montagem de uma casa para uso em linhas de montagem, independente
da tecnologia de construção, que serviu de base para o desenvolvimento do sistema
proposto neste estudo.
3. Resultados
3.1 Unidade Habitacional em Light Steel Frame
Foi projetada uma unidade habitacional composta pela união de quatro
módulos de dimensões iguais, de acordo com as restrições técnicas e tecnológicas
do sistema LSF. Com relação aos módulos, cada um possui dimensões que foram
restringidas por dois fatores principais: transporte rodoviário e placas de vedação.
Assim, para condições usuais de transporte rodoviário, uma das dimensões do módulo
possui 2,60 m (largura) entre montantes externos, excluindo-se, portanto, as placas
de vedações externas, acabamento e beiral. A segunda dimensão, embora mais livre,
foi estabelecida em função da largura das placas de vedação (e suas juntas). Dessa
forma, decidiu-se pelo uso de três placas e suas respectivas juntas, o que resultou
em um comprimento de 3,59 m. Na Figura 1, pode ser analisada a planta da unidade
habitacional.
Cada módulo possui uma estrutura independente, o que garante a sustentação
de sua respectiva laje e cobertura sem a necessidade de estruturas especiais ou
provisórias, de maneira que, uma vez concluídos, são apenas acoplados uns aos outros
de acordo com o layout da arquitetura. A seguir, são apresentados alguns atributos
mais específicos das unidades habitacionais e seus elementos.
A unidade projetada consiste em cinco cômodos divididos em quatro módulos
de 9,42 m2 cada um, totalizando 37,66 m2 com o acabamento. O pé-direito de cada
Célula A�vidade
C-2 Processamento de tubos de conexões hidráulicas para esgotamento sanitário:
montagem dos kits;
C-8 Processamento das mantas de isolamento, cortes nas placas OSB e cortes nas
membranas hidrofugantes;
C-9 Cortes e adequações nas placas de siding vinílico;
C-10 Processamento do PVC para forro dos beirais e cortes para adequação das telhas
shingle;
C11 Cortes no reves�mento para a laje; Cortes no papel de parede e vinil;
C-13 Cortes no piso laminado e no vinil;
C-15 Cortes e adequações em mata-juntas;
C-β2 Cortes e adequações nas chapas de gesso acartonado, eletrodutos, caixas de
passagem e kits hidráulicos;
C-γ2 Cortes e adequações nas chapas de gesso acartonado, eletrodutos, caixas de
passagem e kits hidráulicos;
C-δ4 Montagem de tesouras, fixação de OSB nas tesouras.
Com relação ao fluxo das linhas, para fins de simulação, sugeriu-se a adoção
do sistema chamado cart-on-track por não exigir altos níveis de automação e por
permitir que o próprio operário controle a movimentação. Tompkins e White (1984)
mostram que o mecanismo desse sistema baseia o percurso e a plataforma em um
Trilhos
Plataforma
Tubo rota�vo
Roda de acionamento
WC
E= (Equação 1)
M×C
O uso dessa equação depende, portanto, do conteúdo de trabalho (WC),
número de estações de trabalho (M) e tempo de ciclo (C). De acordo com a soma
dos valores dos tempos de processamento médios para os quatro módulos, o WC é
identificado pelo valor de 1.550,40 min. Já o valor de M é de 15 estações de trabalho
(tendo em vista que as alimentadoras não participam diretamente do processamento
dos módulos, atuando apenas como fornecedoras de componentes), e o tempo de
ciclo (C) é de 242.65 min. Assim, a eficiência do sistema é de (Equação 2):
1550.40
=E = 0.4259
= 42.59% (Equação 2)
15 × 242.65
Os resultados dessa simulação mostram que é possível entregar habitações
de qualidade em poucas horas, sendo necessário, para isso, a promoção da inovação
tecnológica como atributo essencial. O sistema proposto foi capaz de entregar uma
casa a cada 4 horas, quantidade que, em termos de índices correntes na construção
civil, representa algo muito difícil de ser obtido, tendo em vista as atuais condições de
produção.
Além disso, os desperdícios, quando comparados ao de sistemas tradicionais de
construção, são drasticamente reduzidos. Por ser um sistema fabril, o desperdício de
materiais é menor e possui um nível de controle mais favorável do que num canteiro
de obras, por exemplo. Destaca-se que, em termos de desperdício, o sistema proposto
apresenta uma de suas maiores vantagens em face dos métodos tradicionais, tendo
em vista que as denominadas atividades de fluxo são reduzidas e controladas de
acordo com a demanda do sistema.
4. Conclusões
A contribuição dos resultados deste estudo, tanto no âmbito acadêmico
quanto prático, pode ser identificada em dois pontos principais. O primeiro deles é
a definição de um layout de produção específico para unidades habitacionais em LSF,
fato pouco explorado na literatura e com resultados inexpressivos sob o ponto de vista
do conceito de linhas de montagem. O segundo refere-se ao resultado da simulação
computacional, que permitiu o estudo do comportamento do sistema de produção e,
Referências
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Avaliação do Processo de
Revestimento com Argamassa
Projetada: Aspectos
Econômicos e Ambientais
1. Introdução
Entre os sistemas de revestimento disponíveis no mercado brasileiro, o sistema
com uso de argamassa é o mais utilizado (PARAVISI, 2008). Esse tipo de revestimento
pode ser constituído de mais de uma camada, sendo denominadas de emboço e
reboco, ou pode possuir apenas uma camada, chamada de massa única (PARAVISI,
2008).
No intuito de melhorar o desempenho dos processos, o mercado da indústria
da construção civil vem implantado inovações tecnológicas, como o sistema de
revestimento por meio de argamassas projetadas (CRESCENCIO et al., 2000). No
entanto, poucos são os estudos que têm avaliado os impactos dos sistemas de
execução de revestimentos com argamassa projetada, principalmente do ponto de
vista econômico e ambiental.
O objetivo principal do presente capítulo é apresentar os resultados de uma
pesquisa que visa avaliar o processo de revestimento com argamassa projetada do
ponto de vista de seus aspectos econômicos e ambientais, a partir de quatro estudos
383
de caso realizados na região metropolitana de Salvador. Para tanto, foi definido um
conjunto de indicadores que orientaram tal avaliação de desempenho e, finalmente é
feita uma comparação entre os estudos.
RUPc =
∑Hh
∑ QS (Equação 1)
Onde:
RUPc = Razão Unitária de Produção cumula�va (Hh/m²);
ΣHh = Somatório dos homens-hora demandados ao final do período de estudo (Hh);
ΣQS = Somatório da quan�dade de serviço realizada ao final do estudo (m²).
O PTP representa a porcentagem de tempo total do processo destinado a
atividades que agregam valor ao produto (SANTOS; FORMOSO; HINKS, 1996). No
processo de revestimento de argamassa por projeção, tais atividades são realizadas
pela equipe direta, ou seja, trabalhadores envolvidos diretamente com o processo.
Esse indicador pode ser calculado por meio da técnica de Amostragem do Trabalho
(OLIVEIRA et al., 1995), que será discutida no item 4. Esse indicador é calculado a partir
da Equação 2, conforme a seguir.
OP x 100
PTP = (Equação 2)
OT
Onde:
PTP =Porcentagem de Tempos Produ�vos em a�vidades que agregam valor (%);
OP = Número de observações iden�ficadas na realização de a�vidades produ�vas pela
equipe direta;
OT = Número total de observações realizadas durante as a�vidades da equipe direta.
Onde:
Var.espessura = Variação da espessura média em relação à especificada em projeto (%);
emédia = espessura média (cm);
eprojeto = espessura de projeto (cm).
O cálculo do Indicador de Perdas por Variação de Espessura (Pvar.esp.) é realizado
a partir da fórmula expressada na Equação 4, que, por sua vez, é uma adaptação da
fórmula proposta por Costa (2005).
CR − CP
Pvar.esp. = (Equação 4)
CP
Onde:
Pvar.esp. = Perda por variação de espessura (%);
CR = Consumo real necessário (emédia × área produzida) (m³);
CP = Consumo previsto segundo a espessura de projeto (eprojeto × área produzida) (m³).
OTAT
PTAT = (Equação 5)
OT
A=
traço C traço × Q argamassa (Equação 7)
Onde:
Atraço = Água consumida no traço (m³);
Ctraço = 8,5 litros de água para cada 50Kg de argamassa= (0,00017m³/kg);
Qargamassa = Quan�dade de argamassa u�lizada (kg).
Para o cálculo da água consumida na lavagem dos equipamentos, pode-se levar
em consideração as leituras dos hidrômetros antes e depois da projeção, descontado
o consumo de água no traço, conforme a Equação 8.
A=
equipamento [(L f – L i )] − A traço (Equação 8)
Onde:
Aequipamento = Água consumida na lavagem dos equipamentos (m³).
Lf = Leitura final do hidrómetro (m³);
Li = Leitura inicial (m³);
Atraço = Água consumida no traço (m³).
P× d
E= (Equação 9)
Vreal
4. Método de Pesquisa
Este trabalho foi desenvolvido por meio de quatro estudos de caso na Região
Metropolitana de Salvador, na Bahia, no período de setembro de 2012 até setembro de
2014. Cada estudo de caso foi desenvolvido em quatro etapas, conforme apresentado
no Quadro 1.
4.1.6 Decibelímetro
O Medidor de Nível de Pressão Sonora (MNPS), também chamado
de decibelímetro, é um instrumento utilizado para realizar a medição dos NPS, e,
consequentemente, intensidade de sons, já que o NPS é uma grandeza que representa
razoavelmente bem a sensação auditiva de volume sonoro, quando ponderada. Esse
equipamento é normalmente calibrado para ler o nível de som em decibéis (uma
unidade logarítmica) (RODRIGUES et al., 2009). Dessa forma, tal equipamento permitiu,
nesta pesquisa, coletar o Indicador Nível de Pressão Sonora (NPS).
O Quadro 4 apresenta um resumo dos instrumentos, técnicas e ferramentas
utilizadas para a coleta dos indicadores utilizados no presente trabalho.
Figura 2 – Cinco funcionários trabalhando num único ambiente no Estudo A. Fonte: Autores.
40 36
58,5
20 29,1 26
44
24
12
0
Paravisi Estudo D Paravisi Estudo D Paravisi Estudo D
(2008) (2008) (2008)
80
61
60
40 30 36,2
20 16,1 11,2 14 20
7,6 1,4 2,5
0
Menor Entre Entre Entre Maior
que 2,00 2,00 e 3,00 3,00 e 4,00 4,00 e 5,00 que 5,00
Espessuras (cm)
Estudo A Estudo B
Transportes
desnecessários, 3%
Outras a�vidades
auxiliares, 15%
Transportes
necessários, 16%
Transportes
evitáveis, 15%
Informação, 2%
Embalagem
do material, 16%
Equipe, 1%
Acesso/Mobilidade, 42%
Equipamento, 27%
Armanezamento, 12%
Figura 9 – Causa das perdas nas a�vidades de transporte. Fonte: Pérez, Costa e Gonçalves,
2015.
A seguir, são apresentados, nas Figura 10, Figura 11 eFigura 12, alguns exemplos
das principais causas das perdas por transporte no Estudo D.
Iden�ficação dos
Lmáx e Lmín no
empreendimento
25
18,1 19,29 19,38 20,14 18,95 19,2 19,33 19,84 19,77
20 16,31
Volume (m3)
13 15 12
15
10 9 8 10
10 6 6 6
5
7 7,01 4,44 4,44 6,99 4,44 4,44 7,06
0 4,44 4,27
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Andar
Figura 13 – Consumo de Água total, consumo de Água no Traço e Volume Total de argamassa
produzida.
Por fim, o levantamento dos indicadores ambientais nos estudos indicou que
o sistema estacionário por via úmida apresenta maiores impactos que o sistema de
projeção móvel, do ponto de vista do NPS, consumo de água e energia.
Dessa maneira, a opção de utilizar projetores de ar para a realização do
revestimento, além de contribuir com a qualidade dessa atividade (PARAVISI, 2008),
pode ser uma forma de aumentar a produtividade, diminuir as perdas por espessura
e aumentar o tempo destinado a atividades produtivas, entre outras. Porém, esse
sistema apresenta maiores impactos ambientais diretos, tendo em vista o NPS, o
consumo de água gasto para a limpeza dos equipamentos e a energia utilizada pelos
equipamentos de projeção (Figura 16). No entanto, a partir de uma ponderação mais
ampla, considerando os impactos indiretos, a redução do prazo das atividades reduzirá
também atividades inerentes ao funcionamento da obra como um todo. Deste modo,
uma análise mais aprofundada e individualizada é de grande importância, já que tal
ganho de produtividade pode acarretar na compensação dos impactos ambientais
diretos.
Econômicos e Ambientais
Impactos
0
Período de construção do empreendimento
Tempo
6. Conclusões
O presente capítulo apresentou uma análise econômica e ambiental do
processo de revestimento com argamassa projetada a partir dos indicadores coletados
em quatro estudos de caso realizados na região metropolitana de Salvador.
Entre os indicadores econômicos utilizados o PTP e o PTAT foram aqueles que
exigiram um maior esforço na sua coleta, devido à necessidade do uso da técnica da
amostragem de trabalho, consumindo bastante tempo de pesquisa. Por outro lado,
esses indicadores permitiram realizar uma quantificação dos tempos destinados em
atividades produtivas e de transporte no processo estudado. Já o indicador RUPc
mostrou-se como um indicador de coleta bastante simples, feita a partir da planilha
de controle da produção. Os resultados obtidos a partir da coleta da RUPc foram
importantes para a quantificação da produtividade dos sistemas de projeção. Por
último, embora o indicador Pvar.esp. demande uma coleta de amostras das espessuras
das superfícies a revestir, nem sempre de fácil acesso, sua análise é importante porque
a variação de espessura é apontada como uma das principais fontes de perdas de
argamassa no processo de revestimento com argamassa.
Já entre os indicadores utilizados para a avaliação ambiental, o indicador NPS
é de simples coleta, demandando apenas o uso de um decibelímetro. Para o cálculo
do Consumo de água na projeção (A), observa-se a necessidade da existência de um
hidrômetro no reservatório para a realização efetiva do controle de água utilizado. Tal
equipamento apresenta um custo baixo em relação ao benefício econômico que o
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407
encorajem ações mais sustentáveis. Espera-se que os órgãos e instituições possam
estabelecer incentivos próprios para o desenvolvimento de materiais e tecnologias
para construção capazes de proporcionar o uso racional dos recursos, seja energia,
água ou materiais, bem como menores emissões e resíduos, de modo a tornar mais
rápida e efetiva a implantação dessas práticas com menor impacto ambiental, social e
econômico. Este subprojeto mostrou ainda o potencial de investigação concernente ao
estabelecimento de indicadores para o monitoramento dessas práticas e classificação
do nível de sustentabilidade adotado, sendo importante definir metas progressivas e
meios para acompanhar e divulgar os avanços do setor.
Um dos subprojetos mais desafiadores diz respeito à emissão de materiais
particulados por requerer estudos experimentais de campo e envolver variáveis
diversas, como questões meteorológicas (direção e velocidade do vento, pluviometria,
umidade e temperatura), diferentes atividades construtivas no canteiro e fatores
externos, como o arranjo físico do canteiro, a distância entre os pontos de coleta e a
construção, a proximidade dos pontos de coleta e atividades, a distância entre pontos
de coleta, a altura das construções e as contribuições externas.
O capítulo 4 trouxe uma parte dos resultados do referido subprojeto ao discutir
medidas para o controle da poeira, que podem mitigar alguns efeitos causados pela
poluição do ar, trazendo inúmeros benefícios para os diferentes intervenientes da
construção. Assim, em relação aos construtores, pode-se falar em uma provável
melhora na reputação empresarial, além de evoluções nas relações com trabalhadores,
vizinhança e clientes. Para a vizinhança, por sua vez, pode-se falar em melhoria na
saúde. O monitoramento e os estudos relativos à qualidade do ar no entorno das
construções, todavia, devem ser contínuos, dado os impactos e transtornos que as
atividades de construção causam à vizinhança da obra.
Na seção do subprojeto sistemas de proteções coletivas (SPSPC), os seis capítulos
apresentados ofereceram critérios de escolha entre as tecnologias disponíveis,
indicando-as como exemplos de melhorias incrementais. Ademais, descreveram boas
práticas que ainda não são de amplo conhecimento dos profissionais. De outro lado,
como exemplo de tecnologia recente, cujos benefícios e dificuldades de uso ainda são
pouco conhecidos, o emprego de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) foi discutido
no nono capítulo.
Neste subprojeto, diversas oportunidades de novas investigações foram
levantadas, como a avaliação e o aperfeiçoamento de tecnologias que, embora sejam
antigas, recentemente se consolidaram e estão em expansão, tais como: andaimes
fachadeiros, redes de segurança e novos tipos de linhas de vida. Além disto, foi