Procedimento Comum - Fase Instrutória (Preliminares)

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PRELIMINARES

Conforme vimos em aula, realizada a decisão


De acordo com o princípio da
saneadora, quer por escrito, quer via audiência, e eventualidade, as partes devem
fixada a prova, adentra-se à fase probatória na qual indicar as provas aptas a
as partes deverão provar suas alegações. sustentar o alegado, o que
abrange a especificação dos
Assim, o prof. Peleja nos ensinou que: “Instrução meios de prova, no momento
probatória é o preparo da causa com elementos oportuno, qual seja, o autor na
petição inicial e o réu na
aptos a influir, precipuamente, na convicção do
contestação. Os meios de prova
julgador, para que o processo possa ser sentenciado, serão os instrumentos com os
além de servir às partes do processo, em atividade quais irão sustentar a
veracidade dos fatos alegados.
cooperativa pela contraditória influência. Em que
Trata-se da proposição da
pese a evolução doutrinária e os escopos do código prova.
novo, que é dialógico, comunicativo, cooperativo e
participativo, o destinatário da prova é o juiz e se busca trazer aos autos elementos
para que sua decisão possa ser lastreada em bons fundamentos e na ‘verdade real’”.

1.0 – Teoria Geral da Prova:

Por meio das o juiz terá elementos


para decidir a veracidade e credibilidade das alegações – formar
convencimento + demonstrar a verdade dos fatos
incontroversos + testar consistência das alegações. A prova
pode ser examinada sob o aspecto objetivo e subjetivo. Cunho
processual (tendência) – natureza das normas que a tratam.

2.0 – classificação da prova:

Quanto ao:

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Direta – relação imediata com o fato probando


OBJETO Indireta – refere a fato distinto daquele que se pretende
provar e permite levar a convicção a respeito do fato probando

Real – exame de coisa ou pessoa (ex: perícia)


SUJEITO
Pessoal – declaração ou afirmação prestada por alguém a
respeito da veracidade de um fato

Oral - depoimentos
FORMA
Escrita – laudos periciais e prova documental

3.0 – Objeto da prova:

São os FATOS, não se prova o direito (ressalvas → art. 376, CPC). Entre os fatos
relevantes, há alguns que não precisam ser comprovados. O art. 374 do CPC os
enumera:

i. Notórios ➔ os de conhecimento geral, na região em que o processo


tramita;
ii. Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária ➔
desnecessidade de prova dos fatos incontroversos;
iii. Os admitidos, no processo, como incontroversos ➔ há fatos
incontroversos que dependem da produção de provas – enumerados
nos incisos do art. 341 e 345;
iv. Aqueles em cujo favor milita presunção legal de existência ou
veracidade ➔ casos em que o legislador faz presumir, de maneira
absoluta ou relativa, a relatividade de determinados fatos.

“Presunções não se confundem com os indícios, que são sinais


indicativos da existência ou veracidade de um fato, mas que, por
si sós, seriam insuficientes para prová-lo”

- Marcus Vinicius Rios

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4.0 – Prova de Fato negativo:

Fatos negativos não precisam ser provados (negativa non sunt probanda) ➔
João Batista Lopes e Lessona – essa regra não é inteiramente verdadeira: só podem
ser provadas as negativas absolutas, não as relativas, ademais, a impossibilidade da
prova do fato negativo indefinido não deriva do seu caráter negativo, mas do seu
caráter indefinido.

5.0 – Juiz e produção de prova:

Segundo o art. 370 fica claro que ao julgador não cabe mais o papel passivo, que
se limitava a procurar a verdade formal dos fatos, na forma como ela era trazida
pelas partes. A busca deve ser sempre pela verdade real, somente quando
esgotadas as provas que poderiam conduzir ao seu esclarecimento, é que será dado
ao juiz julgar com base na regra do ônus da prova.

A possibilidade de interferir na produção de provas pode também ser utilizada


pelo juiz para assegurar a igualdade real entre as partes.

O juiz tem ampla liberdade de determinar, de ofício, as provas que lhe pareçam
necessárias para apuração da verdade e para assegurar a igualdade real de
tratamento entre as partes.

6.0 – dos sistemas que norteiam a valoração da prova:

Oriundo do direito romano primitivo e medieval “juiz é o quase um autômato,


apenas afere as provas seguindo uma hierarquia legal e o resultado surge
automaticamente”. É um sistema totalmente superado e criticado, pois produzia
apenas a “verdade formal”.

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É o contrário do sistema anterior, aqui o juiz fica com absoluta liberdade para
apreciar as provas, não havendo regras para condicionar tal pesquisa – meios de
prova e métodos de avaliação. O juiz julga sem se ater, necessariamente, à prova
dos autos e pode utilizar métodos extraprocessuais.

Acabava resultando em exageros e injustiça.

Por tal sistema, o juiz é livre para apreciar a prova, todavia, deve se ater à prova
produzida no processo e fundamentar sua decisão. É o sistema dos “modernos”
códigos processuais. “Embora seja livre o exame das provas, não há arbitrariedade,
porque a conclusão deve ligar-se logicamente à apreciação jurídica daquilo que
restou demonstrado nos autos. E o juiz não pode fugir dos meios científicos que
regulam as provas e sua produção, nem tampouco às regras da lógica e da
experiência”

Assim, o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do


sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento (art. 371, CPC). ➔ O livre convencimento motivado tem, como uma
de suas facetas, o princípio constitucional de motivação das decisões judiciais. →
evita-se o arbítrio do Poder Judiciário

7.0 – Prova Emprestada:

Em um dado processo, tenha sido produzida uma tal prova que calharia ser
também útil para um processo diverso. – art. 372 do CPC.

Ela é admitida em nosso ordenamento jurídico, mas encontra obstáculos na


necessidade de contraditório, bem como no princípio da imediatidade do
magistrado que analisará a prova e a produção dela. Por isso, não se pode admitir no
processo entre A e B, a prova produzida entre B e C, eis que sequer participou do
primeiro feito. Assim, o contraditório é essencial para que seja admitida. Quanto à
prova oral, em face do princípio da imediatidade (da identidade física do juiz) e da
oralidade, parte da doutrina entende não devem ser admitidas. Todavia, sob o
argumento de que se houver o respeito ao princípio do contraditório e se a prova

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(oral) não puder mais ser produzida, é de se admiti-la. Quanto à prova pericial não há
mais discussão, sendo possível a utilização.

É de se notar que o princípio da identidade física do juiz, outrora albergado no


art. 132, CPC, não é adotado pelo CPC 15, sendo que há divergência doutrinária no
tema, e a divergência ocorre justamente no sentido de que a omissão legal apagou
ou não a regra do sistema processual civil.

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