Eternidade. Col 3.1-4 - Clinton Ramachotte
Eternidade. Col 3.1-4 - Clinton Ramachotte
Eternidade. Col 3.1-4 - Clinton Ramachotte
“Oh Deus! Impregne todas as minhas sensações com a eternidade e dedique todos
os meus momentos a Sua glória. Oh, que eu possa amá-Lo com um amor puro e
celestial, que possa me esquecer de mim mesmo e viver apenas para Ele, que possa
ser santificado em todos os meus pensamentos e ações, e que toda a minha vida
possa ser uma manifestação constante do Seu amor e glória!”
[ Jonathan Edwards: “The Religious Affections”, pág. 41 ]
“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde
Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não
nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com
Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também
vós vos manifestareis com ele em glória.”
[ Colossenses 3.1-4 ACF ]
“Pai, pedimos que o Senhor mais uma vez nos desafie pela Sua Palavra. Que ela
penetre no mais profundo de nossos corações e através disso, gere em nós a
mudança necessária. E também te agradecemos pela Tua misericórdia. Obrigado,
Pai. Oramos no nome do Cordeiro Santo, Jesus Cristo. Amém!”
INTRODUÇÃO
Segundo John MacArthur, um dos perigos enfrentados pela igreja em Colosso era a
influência de falsos mestres. Ele diz:
Mas uma pergunta que todos nós precisamos responder diariamente em palavras e
em ações, refletindo no que essa epístola tem a nos ensinar, é: o Deus a quem temos
servido, orado e amado é o Deus da Bíblia ou um deus que criamos em nossas
mentes? É preciso que essa pergunta seja respondida e, a partir da resposta, esteja
muito bem fixada nas nossas crenças, pois se adoramos ao Deus da Bíblia, nossa
busca diária é, por consequência, uma vida com os olhos fitos na eternidade.
Falamos de eternidade não pensando naquele tempo antes do mundo existir, mas
no que virá depois da consumação desse mundo. Ou seja, falamos da vida que
teremos com Deus, na Nova Jerusalém – ou, se não fomos regenerados, falamos de
uma vida separados dEle por toda eternidade, no lugar que a Bíblia chama de “lago
de fogo”, ou popularmente conhecido como inferno.
Que esse mundo é passageiro, todos sabemos. Mas quantos de nós vivemos de
acordo com essa verdade? Quantos de nós temos vivido nesse mundo como
peregrinos e forasteiros em terra estranha? Certa vez, Jonathan Edwards, um grande
pregador do século XVIII, disse:
“Viva cada dia como se fosse seu último dia, e cada momento como se fosse seu
último momento. Este mundo é apenas uma antessala do mundo porvir; portanto,
gaste seu tempo e sua vida de tal forma que, quando você morrer, você possa dizer:
‘Eu já vivi o suficiente para a eternidade’.”
[ Jonathan Edwards: Sermão 17: “Pecadores nas Mãos de um Deus irado” ]
Posto isso, vamos analisar alguns aspectos sobre a eternidade nos versos
mencionados de Colossenses 3.
E também R. C. Sproul:
“Aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Ele é nascido do alto, e
seu coração já não pertence a este mundo. Como resultado, ele não pode
se sentir completamente à vontade aqui. Ele está sempre inquieto, sempre
ansiando por algo mais, porque ele sabe que há um lugar melhor
reservado para ele.”
[ R. C. Sproul: “The Holiness of God”, pág. 157 ]
Essa é a definição do que é um cristão: alguém que não tem seus pés
enraizados neste mundo. Alguém que não se sente plenamente à vontade
com o lugar que se encontra aqui. É claro, não falamos de alguém que
está alheio ao mundo, mas de alguém que, embora esteja junto com
pessoas desse mundo, não está imerso nas coisas que são oferecidas aqui e
agora. É, em certo sentido, um “extraterrestre”: está no planeta terra
caído, repleto de pecado, mas não é alguém nascido aqui – fisicamente,
sim, mas espiritualmente nasceu de novo com a cidadania celestial.
Quando Paulo utiliza a expressão “se”, o desafio dele para os
Colossenses é se de fato eram cristãos ou apenas membros/frequentante
da igreja em Colosso. Por isso que, ao desafiá-los a saber se houve uma
verdadeira conversão, o apóstolo logo em seguida diz a consequência de
um salvo: “Buscai as coisas de cima [ou do alto]”. É impossível que
alguém que tenha “ressuscitado com Cristo” não busque as coisas do
alto, pois se torna algo natural. O desapego do cristão nesse mundo é
resultado da sua conversão. Como nascido de novo, seus olhos deixam de
estar sobre as coisas finitas e voltam-se para as coisas eternas. Como disse
John MacArthur:
Além disso, o motivo pelo qual crentes fiéis em Jesus buscam as coisas
do alto é por causa do próprio Senhor. A pessoa Cristo é usada nesse
texto exatamente como meio de motivação para que se busque as coisas
do alto, porque no alto é onde “Cristo está assentado”. Existe para nós,
cristãos, uma motivação maior do que Jesus Cristo? A resposta é um
grande e sonoro não. Não há!
Se ainda nos falta essa visão, devemos clamar ao Senhor como Jonathan
Edwards certa vez orou: “Oh! Deus! Grave a eternidade nos meus olhos”.
Tenhamos a certeza de que o maior interessado para que busquemos as
coisas do alto é o Senhor, que pôs em nós esse desejo. Portanto, se somos
habitados pelo Espírito Santo, que é Deus, nosso desejo deve ser o de
obedecer a ordem de Colossenses 3.1-4.
Por isso também é que Paulo deixa aqui dois lados de uma mesma
moeda: buscar (ação) e pensar.
- “Pensai nas coisas de cima [ou do alto]”: a palavra “pensai”, assim
como a “buscai” usada no versículo 1, indica uma continuidade, algo que
deve ser feito não somente em um dia específico, mas em todos os dias.
Pensar nas coisas do alto é ocupar a mente com “tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro,
tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama” [Filipenses 4.8]. Além
disso, é também [e principalmente] ocupar a nossa mente com a
promessa que o Senhor nos deixou: “... virei outra vez, e vos levarei para
mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” [João 14.3].
Porém Paulo não deixa somente essa condição. Ele continua.
- “...e não nas que são da terra [ou terrenas]”: a condição do cristão deve
ser a de encher-se com as coisas de Deus e, na mesma medida, esvaziar-se
das coisas terrenas. O que é terreno? Tudo o que é finito, transitório,
passageiro, não necessariamente o que é pecaminoso. Paulo não condena
o ato de usufruir daquilo que é bom e temporal, mas sim o apego naquilo
que é provisório em consequência àquilo que é eterno. Portanto, tudo o
que nós temos como importante e que se limita a esse mundo é algo
terreno. Não temos a intenção aqui de dizer que não devemos trabalhar,
comprar um imóvel, carro ou bens materiais – condenamos sim a
idolatria e o exagero, mas na mesma intensidade condenamos o
legalismo. Deus nos abençoa com bens temporais, mas com o propósito
de que Ele seja glorificado, e não que tais coisas se tornem ídolos em
nossos corações. Pensemos no que a Bíblia ensina sobre dinheiro: não é
pecado tê-lo, mas amá-lo sim [leia 1 Timóteo 6.10]. Quanto a isso, diz
MacArthur:
"O problema não é o que temos, mas o que amamos. Se amamos as
coisas desse mundo mais do que a Deus, então elas se tornam ídolos em
nossos corações. Mas se amamos a Deus acima de tudo, então podemos
desfrutar das bênçãos que Ele nos dá sem que elas se tornem uma
tentação para o pecado.”
[ John MacArthur: "Colossians and Philemon." The MacArthur New
Testament Commentary. 1992 ]
CRISTO VIRÁ! Que Cristo virá, nós já sabemos. Mas a pergunta é: Por
que alguns que dizem ser cristãos vivem como se Cristo não fosse voltar?
E pior, como se Ele nunca tivesse morrido na cruz do calvário? Essa não
é a vida de um verdadeiro cristão, pois ele está vivendo e se preparando
para a volta do Seu Senhor. Essa é uma das características do verdadeiro
salvo: sua vida está de acordo com os 4 versículos aqui citados, nem que
seja com algumas quedas durante o caminho, sempre se levante no poder
do Espírito Santo e deseja ardentemente a obediência a Deus. Não
significa que o salvo é perfeito, mas que busca dia após dia se arrepender
dos seus próprios pecados e mortificar a sua carne.