Sobre Ser Catequista

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SOBRE SER CATEQUISTA

Falar sobre uma vocação é uma missão difícil, ainda mais falar sobre uma vocação confiada a cada um de nós
pelo próprio Cristo – “ide pelo inteiro e anunciai a boa nova” (Mc 16,15), mas vamos lá.

Cada um de nós tem dentro de si a semente do amor de Deus, a mesma precisa ser regada para começar a
germinar, e esse primeiro momento é realizado pelos pais, que são nossos primeiros catequistas, depois essa planta
precisa ser cuidada, podada, adubada, dentro da dinâmica de estar em unidade com toda a Igreja de Cristo, e aqui
entra em cena um personagem importante nas nossas vidas – nossos catequistas!!!

Todos nós um dia já fomos catequizados, ou seja fomos educados na fé em Cristo Jesus e seus ensinamentos,
com toda certeza lembramos dos catequistas com gratidão por todo ensinamento que recebemos.

O ser humano está sempre a procura Deus – canta o salmista “a minha alma tem sede de Ti ó meu Deus” (Cf.
Sl 42,1-2) - é nessa hora que a vocação do catequista começa sua missão, mostrando o caminho que leva para essas
águas que vão saciar essa sede de Deus. Mas para mostrar esse caminho não basta apenas saber e conhecer o
caminho, é preciso antes de tudo ter a experiência nesse encontrar e caminhar com Deus, o apóstolo Paulo
escreveu: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé
no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2, 20). E essa deve ser a nossa experiência com Deus, a
mesma que São Paulo teve, e assim poderemos partilhar com plenitude a graça do amor de Deus em nós.

Ser catequista primeiramente é viver experimentando a Boa Nova do amor de Deus por cada um de nós de
forma pessoal, única, gratuita, tal como somos. Como falar de alguém sem ter esse contato íntimo, cairíamos no
erro de omitir a essência, que é o que nos atrai ou repele para junto de alguém. “Vamos juntos fazer a experiência
de Deus, é ela a matéria prima da nossa prática catequética” (Papa Francisco).

Ser catequista é ter Jesus como Senhor e dono de todo nosso ser e nossa vida, é ter consciência que sem a
sua presença nada somos nada podemos fazer. "Eu sou a videira; vós sois os ramos. Quem permanecer em mim e
eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15,5), o conteúdo da fé só é perfeito quando
Jesus Cristo e o seu mistério pascal é o centro de tudo, caso contrário perde o sentido.

Ser catequista é ter a convicção de ser inteiramente de Deus, “sem olhar nem para esquerda e nem para a
direita”, “sem vacilar”, mas com os olhos fixos no Senhor (Dt 18,13; Dt 5, 32), nesse ponto não há muito o que dizer,
ou estamos com Deus ou estamos sem Ele.

Ser catequista é ter por Cristo um amor esponsal, que tudo faz pelo seu amado. São Francisco de Assis é um
exemplo de vida para nós, que nos ensina a amar a Cristo com todo nosso ser; esse amor nos leva, assim como
levou São Francisco, a ter um coração despojado de si mesmo e inflamado de amor pelo próximo e a ter desejo
ardente de descobrir e cumprir a vontade de Deus em nossas vidas e na vida daqueles que Ele nos confia. Um
coração envolvido por este amor esponsal a tudo se dispõe.

Ser catequista requer vida de oração pessoal e comunitária. Não podemos ser apóstolos do Senhor sem uma
vida de oração norteada pela Sagrada Escritura. "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para
repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para
toda boa obra" (2Tm 3,16-17), pela vida sacramental - principalmente a Eucaristia: "Quem come a minha carne e
bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim
também aquele que comer a minha carne viverá por mim" (Jo 6, 56-57).

E ainda um último ponto, ser catequista requer um relacionamento amoroso com a Mãe do nosso Salvador,
pois Ele próprio nos deu sua mãe amada para ser também nossa mãe e sua missão maior é nos conduzir até seu
Filho Amado. A Virgem Mãe é para nós modelo de como se aproximar e servir a palavra de Deus, de serviço aos
irmãos, ela nos educa na generosidade e plenitude de sua doação.
E diante dessas características poucas, podemos pensar em colocar em praticar o verbo catequizar que vai
muito além de “dar aulinhas” sobre a fé. Diz o salmista no Salmo 77: “tudo aquilo que ouvimos e aprendemos, e
transmitiram para nós os nossos pais, não haveremos de ocultar a nossos filhos, mas à nova geração nós
contaremos as grandezas do Senhor e seu poder”, mas partilhar de uma experiência da fé de forma convicta, que
é experimentada a mais de dois mil anos. Catequizar engloba ações concretas como testemunhar e partilhar a
experiência com o Cristo ressuscitado que passou pela cruz; exalar o perfume e a essência de Cristo.

Catequizar é assumir uma maternidade ou paternidade espiritual por aqueles que Deus nos confia. "Forma
o jovem no início de sua carreira, e mesmo quando for velho não se desviará" (Pr 22, 6), para que a salvação que
nos é dada por Jesus Cristo alcance a todos.

Enfim, ser catequista vai muito além daquilo que podemos ver, sentir e imaginar, mas com a certeza que é
uma vocação do coração de Deus para nós.

A Paz de Cristo e o amor da Virgem Maria incendeiem os nossos corações.

Anne M. Caldas

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