1 DC 8020al

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 50

CONCURSO - PC AL – 2022

BANCA IBFC

DIREITO CIVIL: 1. Das pessoas (CC, Parte Geral, Livro I). 2. Dos bens (CC, Parte
Geral, Livro II). 3. Dos fatos jurídicos (CC, Parte Geral, Livro III). 4. Da
responsabilidade civil (CC, Parte Especial, Livro I, Título IX). 5. Da posse (CC,
Parte Especial, Livro III, Título I). 6. Da propriedade (CC, Parte Especial, Livro III,
Título III). 7. Lei de Introdução ao Código Civil. 8. Lei nº 8.078, de 1990 - Código
de Defesa do Consumidor. 9. Lei nº 10.741, de 2003 - Estatuto do Idoso. 10. Lei
nº 13.146, de 2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Direito
Civil
Prof. Cristiano Sobral
LINDB (DL 4657/42)

LINDB: Trata-se de uma norma sobredireito, ou seja, de uma


norma jurídica que visa regulamentar outras normas. Cuidado em
Provas! Chamada também de leis sobre leis ou lex legum.

• Regras sobre a vigência. Vejamos:

Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o


país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

• A lei passa por 3 fases fundamentais para que tenha validade e


eficácia: elaboração; promulgação; publicação.
LC 95/98

Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo


a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo
conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua
publicação" para as leis de pequena repercussão.
§ 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que
estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data
da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia
subsequente à sua consumação integral.
§ 2o As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a
cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias
de sua publicação oficial.
O art. 1º no § 3º menciona norma corretiva. O que é norma
corretiva?
É aquela que serve para afastar equívocos importantes cometidos
pelo texto legal , sendo certo que as correções do texto de lei já em
vigor devem ser considerados como lei nova.

➢Princípio da continuidade

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a
matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter
a lei revogadora perdido a vigência.
Temas mais IMPORTANTES sobre REVOGAÇÃO:

❑ Revogação total ou ab-rogação: ocorre quando se torna sem efeito


uma norma de forma integral, com a supressão total do seu texto por
uma norma emergente. Ex.: ocorreu com o CC/16 pelo o que
podemos ver no art. 2.045, 1ª parte do CC/02.
❑ Revogação parcial ou derrogação: uma lei nova torna sem efeito
parte de uma lei anterior, como ocorreu com a primeira parte do
Código Comercial de 1850, conforme art. 2.045, segunda parte,
CC/02.
❑ Revogação expressa ou por via direta: nesse caso a lei nova
taxativamente declara revogada a lei anterior ou aponta os
dispositivos que pretende retirar. Veja art. 2.045, CC/02.
❑ Revogação tácita ou por via oblíqua: situação em que a lei posterior é
incompatível com a anterior, não havendo previsão expressa no texto
a respeito da revogação.
REPRISTINAÇÃO

Art. 2º [...]
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura
por ter a lei revogadora perdido a vigência.

Exemplo:
• Norma A válida
• Norma B revoga a norma A
• Norma C revoga a norma B
• Norma A (revogada) volta a valer coma revogação (por C) da sua
revogadora (B)?
Resposta: Não. Não se admite o efeito repristinatório automático.
❖Exceção!
A Lei voltará a viger quando a lei revogadora for declarada
inconstitucional ou quando for concedida a suspensão cautelar da
eficácia da norma impugnada. Vejamos: Art. 11, § 2º da Lei
9.868/99.

Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar
em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a
parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as
informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que
couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo.
§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com
efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia
retroativa.
§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso
existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.
➢Princípio da Obrigatoriedade da Norma

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.


(Teoria da Necessidade Social, a quem vendo sendo aceita em provas). As
lei devem ser conhecidas para que melhor sejam observadas)- MHD.

❖Quais são as características da lei?

❑ Generalidade: dirigida a todos cidadãos, sem qualquer distinção,


tendo eficácia erga omnes.
❑ Imperatividade: a norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e
condutas para membros da coletividade.
❑ Permanência: a lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a
eficácia.
❑ Competência: deve a lei emanar da autoridade competente.
❑ Autorizante: a lei autoriza ou não determinada conduta.
➢Formas de integração da norma jurídica

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo


com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Dica! Pode ser chamado em provas de formas de colmatação da lei.

Vedação do não julgamento ou do non liquet.

Art. 140 CPC/15. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de


lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O
juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
❖O que é ANALOGIA?

Aplicação de uma norma próxima ou um conjunto de normas


próximas, quando não houver uma norma prevista para um
determinado caso. Exemplo do art. 499 CC/02 para o caso da união
estável. Podemos ver em provas a sua classificação da seguinte
forma:

❑ Analogia Legal ou legis: é a aplicação de somente uma norma


próxima.

❑ Analogia Jurídica ou iuris: é a aplicação de um conjunto de


normas próximas, extraindo elementos que permitam a
analogia. Ação Reivindicatória para a ação de imissão de posse.
❖O que são COSTUMES?
São práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância
jurídica. Podem ser classificados:

❑ Costumes segundo a lei (secundum legem): aqui a própria lei é


aplicada. Exemplo: Art. 187, CC.
❑ Costumes na falta da lei (praeter legem): em provas pode ser
chamado de costume integrativo. Exemplo clássico do cheque
pré datado ou pós datado. Atenção! Súmula 370 do STJ. Dano In
Re Ipsa.
❑ Costume Contra Lei (contra legem): incidem quando a aplicação
dos costumes contraria a que dispõe a lei. Se cair em provas –
ele não pode ser aplicado.
Obs.: Aplicação dos costumes: continuidade, uniformidade,
diuturnidade, moralidade e obrigatoriedade.
❖O que são PRINCÍPIOS?

Regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da norma,


ato ou negócio jurídico.

Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela
se dirige e às exigências do bem comum.

Vejamos o CPC/15 :

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins


sociais e às exigências do bem comum, resguardando e
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a
eficiência.
✓Nosso Código Civil consagra 3 princípios fundamentais:

❑ Eticidade: valorização da ética e boa-fé.

❑ Socialidade: “eu” substituído por “nós”. Exemplos de


aplicabilidade: o contrato, a empresa, a propriedade, a posse, a
família, a responsabilidade civil.

❑ Operabilidade: simplicidade e efetividade.


❖O que é EQUIDADE?
O uso do bom-senso, a justiça do caso particular, com adaptação
razoável da lei ao caso concreto. Pode ser:
❑ Equidade Legal: no próprio texto da lei:

Art. 413, CC. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a
obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da
penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e
a finalidade do negócio.

❑ Equidade Judicial: quando a lei destaca que o magistrado deve


decidir com base na equidade. Vejamos:

Art. 140, CPC/15. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna
ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
➢Aplicação da Norma Jurídica no Tempo

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato


jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei
vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de
que já não caiba recurso.
Questões Comentadas
(IBFC - 2020 - TRE-PA - Analista Judiciário - Judiciária) A Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (LINDB), enquanto norma de sobredireito, define
normas de vigência e aplicação de leis, e não tem sua incidência restrita ao
direito privado. Nesse sentido, assinale a alternativa incorreta.
A)A nova lei, que estabelece disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Salvo disposição em contrário,
a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência
B)Consideram-se atos jurídicos perfeitos os direitos que o seu titular ou alguém
por ele possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-
fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem
C)Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Trata-se do
Princípio da obrigatoriedade da norma que comporta exceções previstas no
próprio ordenamento jurídico
D)No caso de conflito entre norma posterior e norma anterior, valerá a primeira,
pelo critério cronológico, caso de antinomia de primeiro grau aparente
Comentários:
Gabarito é a letra B. com base no Art. 6º, da LINDB:
“A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao
tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por
êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo,
ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso.”

(VUNESP - Câmara de São Roque - Oficial Legislativo – 2019) A Lei de Introdução


às Normas do Direito Brasileiro serve de guia para a aplicação das normas do
ordenamento jurídico brasileiro no país e no exterior. A respeito deste tema,
assinale a alternativa correta.
A) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
B) A inexatidão formal de norma elaborada mediante processo legislativo regular
constitui escusa válida para o seu descumprimento.
C) O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas apenas em caso de dolo.
D) A repristinação não é admitida no direito brasileiro.
E) Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada apenas à correção, o prazo de vacatio legis não será reiniciado.
Comentários
A letra “A” expressa o dito no artigo 4º da LINDB: “Art. 4 Quando a lei for omissa,
o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.” Portanto, está correta.
A letra “B”, de acordo com o art. 18 da Lei Complementar 95/98 versa: “Eventual
inexatidão formal de norma elaborada mediante processo legislativo regular não
constitui escusa válida para o seu descumprimento.” Assim, está incorreta.
A letra “C” está incorreta, pois conforme o teor do art. 28 da LINDB, inclui que
também responderá em caso de erro grosseiro: “Art. 28. O agente público
responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de
dolo ou erro grosseiro.”
A letra “D” está incorreta, pois a repristinação é admitida no direito brasileiro, e é
previsto no art. 2º, §3º, da LINDB:
“Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 3º - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.”
A letra “D” está incorreta, pois o prazo começará a correr da nova publicação.
Art. 1º, § 3º da LINDB:
“Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará
a correr da nova publicação.”

(CESPE CEBRASPE - MPE - Promotor de Justiça Substituto – 2019) Quando lei


que trata de matéria afeta ao direito civil continua a regulamentar fatos
anteriores a sua revogação, ocorre a chamada
A) ultratividade.
B) retroatividade benigna.
C) retroatividade mínima.
D) repristinação.
E) vigência diferida.
Comentários
Ultratividade é quando lei continua a regulamentar fatos anteriores a sua
revogação.
Retroatividade benigna é quando a lei se aplica a ato ou fato passado, deixa de
defini-lo como infração, ou quando lhe comine penalidade menos gravosa que a
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Retroatividade mínima é quando a lei nova alcança efeitos ainda não
consumados do ato.
Repristinação é um fenômeno legislativo no qual uma lei, anteriormente
revogada, volta a ter vigência, em razão da revogação da norma revogadora.
Vigência diferida, ocorre quando é fixado certo prazo de acomodação da lei antes
de sua vigência.
Assim, letra “A” é a opção correta.
➢Responsabilidade do incapaz
Os pais responderão pelos atos dos filhos que estiverem sob sua guarda e
companhia, mesmo que provarem não agir com negligência. A
responsabilidade será objetiva, e os pais irão substituir os filhos,
consoante a Teoria da Substituição.
Art. 932, CC. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em
sua companhia;

✓Atenção!
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por
ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo,
que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz
ou as pessoas que dele dependem.
Não há responsabilidade solidária entre os menores e seus pais. A
responsabilidade ou incumbe exclusivamente aos pais ou
exclusivamente ao filho, na modalidade subsidiária e mitigada, se os
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem
de meios suficientes para tanto. A única hipótese admissível de
solidariedade seria entre os pais e o menor emancipado por
vontade deles.

Posicionamento em enunciado do CJF, em sua I Jornada.

Art. 928. A única hipótese em que poderá haver responsabilidade


solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado
nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil
(Enunciado n. 41).
Importa mencionar que, havendo indenização prestada pelos
pais, esses não terão possibilidade regressiva em face dos filhos.
Porém o filho terá de trazer à colação o valor da reparação prestada
pelos pais, pois considera esse valor como adiantamento de
legítima.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o
que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano
for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

Em caso de transferência de guarda para terceiros (fins


empregatícios ou educacionais), a responsabilidade também será
transferida.
Enunciados importantes:

Enunciado n. 39 da I Jornada de Direito Civil – Art. 928: A impossibilidade de


privação do necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz um dever de
indenização equitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção à
dignidade da pessoa humana. Como consequência, também os pais, tutores e
curadores serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de
modo que a passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados
todos os recursos do responsável, mas se reduzidos estes ao montante
necessário à manutenção de sua dignidade.
Enunciado n. 40 da I Jornada de Direito Civil – Art. 928: O incapaz responde
pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou excepcionalmente como
devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que
praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e do
Adolescente, no âmbito das medidas socioeducativas ali previstas.
Enunciado n. 449 da V Jornada de Direito Civil – Art. 928, parágrafo único: A
indenização equitativa a que se refere o art. 928, parágrafo único, do Código Civil
não é necessariamente reduzida sem prejuízo do Enunciado n. 39 da I Jornada de
Direito Civil.
Temas importantes

• É inadmissível a declaração de incapacidade absoluta às pessoas com


enfermidade ou deficiência mental. REsp 1.927.423/SP, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
27/04/2021. (Inf. n. 694)
• A cessação da capacidade civil de um dos cônjuges, que impunha a
adoção do regime de separação obrigatória de bens sob a égide do
Código Civil de 1916, autoriza a modificação do regime de bens do
casamento. REsp 1947749/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, por unanimidade, julgado em 14/09/2021, DJe
16/09/2021. (Inf. n. 709).
• É indispensável a abertura da sucessão provisória quando presentes
os requisitos da sucessão definitiva previstos no art. 38 do Código
Civil. REsp 1924451/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 19/10/2021, DJe 22/10/2021. (Inf. n. 716)
Questões Comentadas
(VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Maria, grávida de 9 meses,
juntamente com seu esposo José, estavam caminhando na rua, quando foram
atropelados por Carlos. José faleceu imediatamente em razão do
atropelamento. Verificou-se que o atropelamento se deu em razão de Carlos
não ter realizado as devidas manutenções em seu veículo que estava com
defeitos no sistema de frenagem. O atropelamento ocorreu no dia
01.03.2003. Carlos foi condenado por homicídio culposo e cumpriu pena. Em
02.03.2019, Joaquim, filho de Maria e José, na época do acidente, nascituro,
nascido um dia após a morte do pai, assistido por aquela, ajuizou ação de
indenização por danos morais contra Carlos. Acerca do caso hipotético, é
possível afirmar corretamente que
a)Joaquim não pode demandar alguém por um fato ocorrido antes de seu
nascimento, tendo em vista que a personalidade se inicia após o nascimento
com vida.
b)Carlos não pode ser demandado, tendo em vista que já foi condenado
criminalmente pelo fato, em razão da vedação do bis in idem.
c)por não ter conhecido o pai, não pode Joaquim postular danos morais,
podendo requerer, apenas, o pagamento de eventuais danos materiais por não
ter sido sustentado financeiramente pelo pai.
d)é possível a postulação de danos morais em razão da morte do pai ocorrida
antes do nascimento do autor, independentemente de prova de dor e
sofrimento.
e)a pretensão está prescrita, tendo em vista o decurso de prazo superior a três
anos da data do falecimento de José.
Comentário:
A assertiva de letra A está errada, de acordo com o art. 2º, CC: “ A
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. A assertiva de letra B está
errada, de acordo com o art. 935, CC: ”A responsabilidade civil é independente
da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou
sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no
juízo criminal.” A assertiva de letra C está errada, de acordo com o art. 2º, CC,
supra mencionado; art. 927. CC: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Correta a letra D, de acordo
com o Enunciado n. 445 Jornada de Direito Civil: “O dano moral indenizável não
pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos
desagradáveis como dor ou sofrimento”. A assertiva de letra A está errada, de
acordo com o art. 198, CC: “Também não corre a prescrição: I - contra
os incapazes de que trata o art. 3º”; art.3º, CC: “São absolutamente
incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos”, art. 200, CC: “Quando a ação se originar de fato que deva
ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva
sentença definitiva” e art. 206, CC: “Prescreve: § 3º Em três anos: V - a
pretensão de reparação civil;”

(FGV - TJ RS - Oficial de Justiça - 2020) Maria, grávida de 5 meses, preocupa-se


com a proteção dos direitos do seu futuro bebê. O marido de Maria, pai da
criança, está hospitalizado em quadro de saúde gravíssimo e a relação de
Maria com a família do seu marido não é harmoniosa.
A afirmação que melhor reflete a situação do nascituro é:
A) nascituro goza de proteção jurídica;
B) nascituro tem personalidade civil plena;
C) nascituro não é titular de direitos subjetivos;
D) embrião e nascituro têm o mesmo tratamento legal;
E) material genético humano congelado é um nascituro.
Comentários:
A Letra “A está correta, conforme o art. 2º do CC: “A personalidade civil da
pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.”

(FCC - DPE - Analista Jurídico de Defensoria - Área Ciências Jurídicas - 2019) De


acordo com a atual redação do Código Civil, com as modificações operadas
pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei no
13.146/2015), são relativamente incapazes
A) as pessoas maiores de 16 e menores de 18 anos e os pródigos.
B) todas as pessoas menores de 18 anos.
C) somente as pessoas maiores de 16 e menores de 18 anos, os ébrios
habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido.
D) somente as pessoas que, por deficiência mental, tenham o discernimento
reduzido.
E) todas as pessoas maiores de 16 e menores de 18 anos que tenham sido
emancipadas.
Comentários
Segundo o CC:
“Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida
civil os menores de 16 (dezesseis) anos.”
“Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade;
IV - os pródigos.”
Portanto, a letra “A” está correta.
Com relação as letras “C” e “D”, o termo "somente" tornam os itens incorretos.
E ainda, a hipótese indicada de deficiência mental que cause discernimento
reduzido foi modificada pela redação do inciso III do art. 4º: "aqueles que, por
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade"
ATENÇÃO!
DIREITO AO ESQUECIMENTO.
O ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado direito ao
esquecimento. É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao
esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão da
passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e
licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social
analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da
liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a
caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos
à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em
geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e
cível. STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Inf. 1005).
DIREITOS DA PERSONALIDADE. TRANSGÊNERO.
Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem
fazer cirurgia de transgenitalização e mesmo sem autorização judicial O
transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de
sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada
além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal
faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa
alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a
inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro não constará
nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de
inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação
judicial. Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado
determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de
mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos
ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos
atos. STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018
(repercussão geral) (Info 911).
Questões Comentadas
(FUMARC - 2021 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto) A. e B. são irmãos. A.
necessita, com urgência e segundo atestado médico, de transplante de um rim
e B. tem compatibilidade para ser doador. A doação, entretanto, importa em
diminuição permanente da integridade física. A doação:
A) pode ser feita mediante pagamento de indenização ao doador.
B) pode ser feita diante da exigência médica atestando a urgência.
C) não pode ser feita. por causa da diminuição permanente da integridade física.
D) não pode ser feita, porque atenta contra os bons costumes.
Comentários
Diz o art. 13, do CC que “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição
do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física,
ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será
admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.” A lei
que trata da doação de órgãos, é a de n. 9.434/97, e dispõe em seu art. 1º, que
“A disposição gratuita de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, em vida ou
post mortem, para fins de transplante e tratamento, é permitida na forma desta
Lei”. Assim, correta a assertiva de letra B, restando as demais incorretas.
(FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado de Polícia) Sobre os direitos da personalidade,
assinale a alternativa correta.
A)Os direitos da personalidade são atributos exclusivos das pessoas físicas e não
se aplicam às pessoas jurídicas, apesar de as últimas poderem sofrer dano moral,
nos termos da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça.
B)Depende de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de
imagem de pessoa, com fins econômicos ou comerciais.
C)Os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação, salvo manifestação expressa da
vontade do titular.
D)De acordo com o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (ADI 4815) e
nos termos do art. 20 do Código Civil, há a necessidade de autorização expressa
do titular do direito da personalidade para publicação de biografia.
E)O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.
Comentários:
A letra A está incorreta com base no entendimento sumulado pelo STJ de n. 227
e previsão do art. 52, do CC. A Letra B está incorreta, com base na Súmula n. 403,
do STJ: "Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais". A Letra C
está incorreta. Com base na redação do art. 11, do CC: " Com exceção dos casos
previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. A Letra
D está errada, o STF na ADI 4815 afastou a exigência de autorização para
publicação de biografia: “Ação direta julgada procedente para dar interpretação
conforme à Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto,
para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento
e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível
autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou
audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas
como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou
ausentes).” A Letra E é o gabarito da questão a teor do art. 17, do CC: “O nome
da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória”

(VUNESP - UNIFAI - Procurador Jurídico - 2019) Assinale a alternativa correta


quanto aos direitos de personalidade.
A) A vida privada da pessoa natural é inviolável, salvo para pessoas notórias que
continuamente exponham publicamente atos pessoais.
B) É absolutamente defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física.
C) Com a morte, cessam-se os direitos de personalidade.
D) O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome.
E) É válida e irrevogável, com objetivo científico ou altruístico, a disposição
gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Comentários
A letra “A” está incorreta, pois o art. 21 do CC não traz a exceção a respeito das
pessoas notórias. “Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir
ou fazer cessar ato contrário a esta norma.”
A letra “B” está incorreta. O Código Civil nos fornece uma exceção ao ato de
dispor do próprio corpo relacionada com exigência médica, com base no art. 13 do CC: “Salvo
por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.”
A letra “C” está incorreta. O parágrafo único do art. 12 do CC dispõe:
“Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista
neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o
quarto grau.”
A letra “D” está correta. “Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção
que se dá ao nome.”
A letra “E” está incorreta. De acordo com o disposto no art. 14, parágrafo único, CC/02, tal ato
de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo:
“É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo
ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente
revogado a qualquer tempo.”

Você também pode gostar