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Aula 03

SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais)


Direito Constitucional - 2023 (Pós-Edital)

Autor:
Equipe Direito Constitucional
Estratégia Concursos

11 de Março de 2023

38475979149 - Sueder Mariano Campos


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Índice
1) Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (art. 5º, XXXII a LXXVIII, CF/88)
..............................................................................................................................................................................................3

2) Habeas Corpus
..............................................................................................................................................................................................
55

3) Habeas Data
..............................................................................................................................................................................................
61

4) Mandado de Segurança Individual


..............................................................................................................................................................................................
64

5) Mandado de Segurança Coletivo


..............................................................................................................................................................................................
69

6) Mandado de Injunção
..............................................................................................................................................................................................
72

7) Ação Popular
..............................................................................................................................................................................................
79

8) Ação Civil Pública


..............................................................................................................................................................................................
82

9) Questões Comentadas - Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - Art. 5º - XXXI a LXXIX - FGV
..............................................................................................................................................................................................
85

10) Questões Comentadas - Remédios Constitucionais - FGV


..............................................................................................................................................................................................
105

11) Lista de Questões - Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - Art. 5º - XXXI a LXXIX - FGV
..............................................................................................................................................................................................
122

12) Lista de Questões - Remédios Constitucionais - FGV


..............................................................................................................................................................................................
133

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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS


XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

Ao inserir esse inciso no rol de direitos fundamentais, o constituinte destacou a importância do direito do
consumidor para os cidadãos. Essa importância fica ainda mais evidente quando se verifica que no art. 170,
V, CF/88 a defesa do consumidor foi elevada à condição de princípio da ordem econômica.

O inciso XXXII é uma típica norma de eficácia limitada, uma vez que é necessária a edição de uma lei que
determine a forma pela qual o Estado fará a defesa do consumidor. Essa lei já existe: é o Código de Defesa
do Consumidor (Lei Federal nº 8.078/90). Segundo o STF, as instituições financeiras também são alcançadas
pelo Código de Defesa do Consumidor.1

Cabe destacar que, no RE 636.331, o STF considerou que as normas e os tratados internacionais limitadores
da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia
e de Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. 2 Assim, em caso de extravio
de bagagem ocorrido em transporte internacional, serão aplicadas as normas de convenções internacionais
(e não o Código de Defesa do Consumidor).

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;

Essa norma traduz o direito à informação que, combinado com o princípio da publicidade, obriga a todos os
órgãos e entidades da Administração Pública, direta e indireta (incluindo empresas públicas e sociedades de
economia mista), a dar conhecimento aos administrados da conduta interna de seus agentes. Com efeito,
todos os cidadãos têm o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou
de interesse coletivo ou geral. O princípio da publicidade evidencia-se, assim, na forma de uma obrigação de
transparência.

Todavia, os órgãos públicos não precisam fornecer toda e qualquer informação de que disponham. As
informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado não devem ser fornecidas.
Também são imunes ao acesso as informações pessoais, que estão protegidas pelo art. 5º, X, da CF/88 que
dispõe que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Segundo o STF, o Estado Democrático de Direito instaurado pela Constituição de 1988 estabeleceu, como
regra, a publicidade das informações referentes às despesas públicas, prescrevendo o sigilo como exceção,
apenas quando imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Quanto maior for o sigilo, mais

1
ADI nº 2.591/DF, Rel. Min. Cezar Peluso. DJe: 18.12.2009
2
RE 636.331/RJ (Tema 210). Rel. Min. Gilmar Mendes. DJe: 25.05.2017

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completas devem ser as justificativas para que, em nome da proteção da sociedade e do Estado, tais
movimentações se realizem. Os tratados internacionais e a própria Constituição Federal convergem no
sentido de se reconhecer não apenas a ampla liberdade de acesso às informações públicas, corolário do
direito à liberdade de expressão, mas também a possibilidade de restringir o acesso, desde de que (i) haja
previsão legal; (ii) destine-se a proteger a intimidade e a segurança nacional; e (iii) seja necessária e
proporcional3.

A regulamentação do art. 5º, inciso XXXIII, é feita pela Lei nº 12.527/2011, a conhecida Lei de Acesso à
Informação (Lei Federal nº 12.527/11). É ela que define o procedimento para a solicitação de informações
aos órgãos e entidades públicas, bem como os prazos e as formas pelas quais o acesso à informação será
franqueado aos interessados.

Em 2008, antes mesmo da Lei de Acesso à Informação, o Município de São Paulo, buscando dar maior
transparência pública, determinou a divulgação na Internet da remuneração de seus servidores. O caso foi
levado ao STF, que entendeu que essas informações (remuneração bruta, cargos, funções, órgãos de lotação)
são de interesse coletivo ou geral, expondo-se, portanto, à divulgação oficial. No entendimento da Corte,
“não cabe, no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulgação em causa
dizem respeito a agentes públicos enquanto agentes públicos mesmos; ou, na linguagem da própria
Constituição, agentes estatais agindo ‘nessa qualidade’ (§ 6º do art. 37).4

Ainda nessa linha de garantir o acesso à informação, o STF determinou que fossem fornecidas a pesquisador
documentos impressos e arquivos fonográficos das sessões públicas e secretas realizadas pelo STM
(Superior Tribunal Militar) durante o período dos governos militares. Para a Corte, o direito à informação e
a busca pelo conhecimento da verdade integram o patrimônio jurídico de todos os cidadãos, sendo um dever
do Estado assegurar os meios para o exercício desses direitos.5

No caso de lesão ao direito à informação, o remédio constitucional a ser usado pelo particular é o mandado
de segurança. Não é o habeas data! Isso porque se busca garantir o acesso a informações de interesse
particular do requerente, ou de interesse coletivo ou geral, e não aquelas referentes à sua pessoa (que seria
a hipótese de cabimento de habeas data).

(TRF 5a Região – 2015) Deve ser resguardado o nome do servidor público na publicitação dos dados
referentes a sua remuneração, porquanto tal divulgação viola a proteção constitucional à intimidade.

3
ADPF 129. Rel. Min. Edson Fachin. DJe 09.12.2019.
4
STF, MS, 3.902 – AgR, Rel. Min. Ayres Britto. DJE de 03.10. 2011
5 Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, 15.03.2017

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Comentários:
A divulgação do nome e da remuneração dos servidores públicos é de interesse coletivo ou geral e, portanto,
não há que se falar em violação da intimidade. Questão errada.

Titulares: pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras

Âmbito de proteção: informações de interesse particular ou de interesse


coletivo ou geral
DIREITO À
INFORMAÇÃO
Exceções: informações imprescindíveis à segurança da sociedade ou do
estado

Protegido via mandado de segurança

XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou


abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e


esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Esse dispositivo constitucional prevê, em sua alínea “a”, o direito de petição e, na alínea “b”, o direito à
obtenção de certidões. Em ambos os casos, assegura-se o não pagamento de taxas, por serem ambas as
hipóteses essenciais ao próprio exercício da cidadania.

Para facilitar a compreensão, traduzirei em palavras simples o que é petição e o que é certidão.

Petição é um pedido, uma reclamação ou um requerimento endereçado a uma autoridade pública. Trata-se
de um instrumento de exercício da cidadania, que permite a qualquer pessoa se dirigir ao Poder Público para
reivindicar algum direito ou informação. Por esse motivo, o impetrante (autor da petição) pode fazer um
pedido em favor de interesses próprios, coletivos, da sociedade como um todo, ou, até mesmo, de
terceiros. Não necessita de qualquer formalismo: apenas se exige que o pedido seja feito por documento
escrito. Exemplo: um servidor público pode, por meio de petição, pedir remoção para outra localidade, para
tratar de sua saúde.

Já a certidão é um atestado ou um ato que dá prova de um fato. Dentro da linguagem jurídica, é uma cópia
autêntica feita por pessoa que tenha fé pública, de documento escrito registrado em um processo ou em um
livro. Exemplo: certidão de nascimento. Segundo a Lei Federal nº 9.051/95, as certidões para a defesa de
direitos e esclarecimentos de situações, requeridas aos órgãos da administração centralizada ou autárquica,

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às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às fundações públicas da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, deverão ser expedidas no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias.

Sobre a obtenção de certidões, vale transcrever um trecho da ementa do julgamento da ADI 2.259 (Rel. Min.
Dias Toffoli, DJe 25.03.2020). Nota-se que o direito à gratuidade da certidão não é absoluto: a gratuidade
se condiciona à demonstração de que a certidão é solicitada para a defesa de direitos ou o esclarecimento
de situações de interesse pessoal:

A Constituição da República garante aos cidadãos brasileiros e aos estrangeiros residentes


no país a gratuidade na obtenção de certidões nas repartições públicas, desde que ‘para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal’ (art. 5º, XXXIV,
CF/88). (...) Essa garantia fundamental não depende de concretização ou regulamentação
legal, uma vez que se trata de garantia fundamental dotada de eficácia plena e
aplicabilidade imediata. O direito à gratuidade das certidões, contido no art. 5º, XXXIV, b,
da Carta Magna, também inclui as certidões emitidas pelo Poder Judiciário, inclusive
aquelas de natureza forense. A Constituição Federal não fez qualquer ressalva com relação
às certidões judiciais, ou àquelas oriundas do Poder Judiciário. Todavia, a gratuidade não
é irrestrita, nem se mostra absoluta, pois está condicionada à demonstração, pelo
interessado, de que a certidão é solicitada para a defesa de direitos ou o esclarecimento
de situações de interesse pessoal. Essas finalidades são presumidas quando a certidão
pleiteada for concernente ao próprio requerente, sendo desnecessária, nessa hipótese,
expressa e fundamentada demonstração dos fins e das razões do pedido. Quando o pedido
tiver como objeto interesse indireto ou de terceiros, mostra-se imprescindível a
explicitação das finalidades do requerimento.

É muito comum que as bancas examinadoras tentem confundir o candidato quanto às


finalidades do direito de petição e do direito de obter certidão.

1) O direito de petição tem como finalidades a defesa de direitos e a defesa contra


ilegalidade ou abuso de poder.

2) O direito à obtenção de certidões tem como finalidades a defesa de direitos e o


esclarecimento de situações de interesse pessoal. Quando o pedido tiver como objeto
interesse indireto ou de terceiros, mostra-se imprescindível a explicitação das finalidades
do requerimento.

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Como se vê, ambos servem para a defesa de direitos. Entretanto, a petição também é usada
contra ilegalidade ou abuso de poder, enquanto as certidões têm como segunda aplicação
possível o esclarecimento de situações de interesse pessoal.

O direito de petição é um remédio administrativo, que pode ter como destinatário qualquer órgão ou
autoridade do Poder Público, de qualquer um dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) ou até
mesmo do Ministério Público. Todas as pessoas físicas (brasileiros ou estrangeiros) e pessoas jurídicas são
legitimadas para peticionar administrativamente aos Poderes Públicos.

Por ser um remédio administrativo, isto é, de natureza não-jurisdicional, o direito de petição é exercido
independentemente de advogado. Em outras palavras, não é obrigatória a representação por advogado para
que alguém possa peticionar aos Poderes Públicos. Nesse sentido, é importante deixar claro que o STF faz
nítida distinção entre o direito de peticionar e o direito de postular em juízo.6

O direito de postular em juízo, ao contrário do direito de petição, necessita, para ser exercido, de
representação por advogado, salvo em situações excepcionais (como é o caso do habeas corpus). Portanto,
para o STF, não é possível, com base no direito de petição, garantir a qualquer pessoa ajuizar ação, sem a
presença de advogado. Com efeito, o ajuizamento de ação está no campo do “direito de postular em juízo”,
o que exige advogado.

Quando se exerce o direito de petição ou, ainda, quando se solicita uma certidão, há uma garantia implícita
a receber uma resposta (no caso de petição) ou a obter a certidão. Quando há omissão do Poder Público
(falta de resposta a petição ou negativa ilegal da certidão), o remédio constitucional adequado, a ser utilizado
na via judicial, é o mandado de segurança.

Sobre o direito de certidão, o STF já se pronunciou da seguinte forma:

[...] o direito à certidão traduz prerrogativa jurídica, de extração constitucional, destinada


a viabilizar, em favor do indivíduo ou de uma determinada coletividade (como a dos
segurados do sistema de previdência social), a defesa (individual ou coletiva) de direitos ou
o esclarecimento de situações, de tal modo que a injusta recusa estatal em fornecer
certidões, não obstante presentes os pressupostos legitimadores dessa pretensão,
autorizará a utilização de instrumentos processuais adequados, como o mandado de
segurança ou como a própria ação civil pública, esta, nos casos em que se configurar a
existência de direitos ou interesses de caráter transindividual, como os direitos difusos, os
direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos7.

6
STF, Petição nº 762/BA AgR . Rel. Min. Sydney Sanches. Diário da Justiça 08.04.1994
7RE
STF 472.489/RS, Rel. Min. Celso de Mello, 13.11.2007.

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As bancas examinadoras adoram dizer que o remédio constitucional destinado a proteger


o direito de certidão é o habeas data. Isso está errado!

O remédio constitucional que protege o direito de certidão é o mandado de segurança.


O habeas data é utilizado, como estudaremos mais à frente, quando não se tem acesso a
informações pessoais do impetrante que constam em um banco de dados mantido por um
órgão público ou quando se deseja retificá-las.

Quando alguém solicita uma certidão, já tem acesso às informações; o que quer é apenas
receber um documento formal do Poder Público que ateste a veracidade das informações.
Portanto, é incabível o habeas data.

(TCE-PE – 2017) De acordo com a CF, somente estarão isentas do pagamento de taxa para obtenção de
certidões em repartição pública para defesa de direitos as pessoas que comprovarem sua hipossuficiência.
Comentários:
O direito à obtenção de certidões em repartições públicos independe do pagamento de taxas. Trata-se de
prerrogativa de todas as pessoas (e não apenas dos hipossuficientes!). Questão errada.

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

No Brasil, adota-se o sistema inglês de jurisdição, que é o sistema de jurisdição una. Nesse modelo, somente
o Poder Judiciário pode dizer o Direito de forma definitiva, isto é, somente as decisões do Judiciário fazem
coisa julgada material. Contrapondo-se a esse modelo, está o sistema francês de jurisdição (contencioso
administrativo), no qual tanto a Administração quanto o Judiciário podem julgar com caráter definitivo.

O art. 5º, XXXV, ao dizer que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”,
ilustra muito bem a adoção do sistema inglês pelo Brasil. Trata-se do princípio da inafastabilidade de
jurisdição, segundo o qual somente o Poder Judiciário poderá decidir uma lide em definitivo. É claro que isso
não impede que o particular recorra administrativamente ao ter um direito seu violado: ele poderá fazê-lo,

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inclusive apresentando recursos administrativos, se for o caso. Entretanto, todas as decisões administrativas
estão sujeitas a controle judicial, mesmo aquelas das quais não caiba recurso administrativo.

Cabe destacar que quaisquer litígios, estejam eles concluídos ou pendentes de solução na esfera
administrativa, podem ser levados ao Poder Judiciário. No último caso (pendência de solução administrativa),
a decisão administrativa restará prejudicada. O processo administrativo, consequentemente, será arquivado
sem decisão de mérito.

Em razão do princípio da inafastabilidade de jurisdição, também denominado de princípio da universalidade


de jurisdição, não existe no Brasil, como regra geral, a “jurisdição condicionada” ou “instância
administrativa de curso forçado”. Isso quer dizer que o acesso ao Poder Judiciário independe de processo
administrativo prévio referente à mesma questão. O direito de ação não está condicionado à existência de
procedimento administrativo anterior; uma vez que seu direito foi violado, o particular pode recorrer
diretamente ao Poder Judiciário.

Há, todavia, algumas exceções, nas quais a jurisdição é condicionada, ou seja, somente é possível acionar o
Poder Judiciário depois de prévio requerimento administrativo:

a) habeas data: um requisito para que seja ajuizado o habeas data é a negativa ou omissão da
Administração Pública em relação a pedido administrativo de acesso a informações pessoais ou de
retificação de dados.

b) controvérsias desportivas: o art. 217, § 1º, da CF/88, determina que “o Poder Judiciário só admitirá
ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.”

c) reclamação contra o descumprimento de Súmula Vinculante pela Administração Pública: o art.


7º, § 1º, da Lei nº 11.417/2006, dispõe que “contra omissão ou ato da administração pública, o uso
da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas”. A reclamação é ação
utilizada para levar ao STF caso de descumprimento de enunciado de Súmula Vinculante (art. 103-A,
§3º). Segundo o STF, a reclamação está situada no âmbito do direito de petição (e não no direito de
ação); portanto, entende-se que sua natureza jurídica não é a de um recurso, de uma ação nem de
um incidente processual.8

d) requerimento judicial de benefício previdenciário: antes de recorrer ao Poder Judiciário para que
lhe conceda um benefício previdenciário, faz-se necessário o prévio requerimento administrativo ao
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Sem o prévio requerimento administrativo, não haverá
interesse de agir do segurado.

O art. 5º, XXXV, da CF/88, representa verdadeira garantia de acesso ao Poder Judiciário, sendo um
fundamento importante do Estado Democrático de Direito. Todavia, por mais relevante que seja, não se
trata de uma garantia absoluta: o direito de acesso ao Poder Judiciário deve ser exercido, pelos
jurisdicionados, por meio das normas processuais que regem a matéria, não se constituindo negativa de

8
STF, ADI nº 2.212/CE. Rel. Min, Ellen Gracie. DJ. 14.11.2003

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prestação jurisdicional e cerceamento de defesa a inadmissão de recursos quando não observados os


procedimentos estatuídos nas normas instrumentais.9 Com efeito, o art. 5º, inciso XXXV não obsta que o
legislador estipule regras para o ingresso do pleito na esfera jurisdicional, desde que obedecidos os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Quando este fixa formas, prazos e condições razoáveis,
não ofende a Inafastabilidade da Jurisdição.

Destaque-se que o princípio da inafastabilidade de jurisdição não assegura a gratuidade universal no acesso
aos tribunais, mas sim a garantia de que o Judiciário se prestará à defesa de todo e qualquer direito, ainda
que contra os poderes públicos, independentemente das capacidades econômicas das partes.

É claro que se o valor da taxa judiciária for muito elevado, isso poderá representar verdadeiro obstáculo ao
direito de ação. Nesse sentido, entende o STF que viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a
taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa (Súmula STF no 667). Com efeito, há que existir
uma equivalência entre o valor da taxa judiciária e o custo da prestação jurisdicional; uma taxa judiciária
calculada sobre o valor da causa pode resultar em valores muito elevados, na hipótese de o valor da causa
ser alto. Por isso, é razoável que a taxa judiciária tenha um limite; assim, causas de valor muito elevado não
resultarão em taxas judiciárias desproporcionais ao custo da prestação jurisdicional.

A garantia de acesso ao Poder Judiciário é, como dissemos, um instrumento importante para a efetivação do
Estado Democrático de Direito. Dessa forma, o direito de ação não pode ser obstaculizado de maneira
desarrazoada. Seguindo essa linha de raciocínio, o STF considerou que “é inconstitucional a exigência de
depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a
exigibilidade de crédito tributário”.10 (Súmula Vinculante no 28). Segundo a Corte, a necessidade do depósito
prévio limitaria o próprio acesso à primeira instância, podendo, em muitos casos, inviabilizar o direito de
ação.

Outro ponto importante, relacionado à garantia de acesso ao Poder Judiciário, é sobre o duplo grau de
jurisdição. Elucidando o conceito, explica-se que o duplo grau de jurisdição é um reexame da matéria
decidida em juízo, ou seja, trata-se de uma nova apreciação jurisdicional (reexame) por um órgão diverso e
de hierarquia superior àquele que decidiu em primeira instância.

Segundo o STF, o duplo grau de jurisdição não consubstancia princípio nem garantia constitucional, uma
vez que são várias as previsões, na própria Lei Fundamental, do julgamento em instância única ordinária.11
Em outras palavras, a Constituição Federal de 1988 não estabelece obrigatoriedade de duplo grau de
jurisdição.

9
STF, Ag.Rg. nº 152.676/PR. Rel. Min. Maurício Corrêa. DJ 03.11.1995.
10
Súmula Vinculante nº 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação
judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
11 RHC 79785 RJ; AgRg em Agl 209.954-1/SP, 04.12.1998.

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É de se ressaltar, todavia, que o duplo grau de jurisdição é princípio previsto na Convenção Americana de
Direitos Humanos, que é um tratado de direitos humanos com hierarquia supralegal regularmente
internalizado no ordenamento jurídico brasileiro.12

Assim, parece-nos que a interpretação mais adequada é a de que, embora o duplo grau de jurisdição exista
no ordenamento jurídico brasileiro (em razão da incorporação ao direito doméstico da Convenção
Americana de Direitos Humanos), não se trata de um princípio absoluto, eis que a Constituição estabelece
várias exceções a ele.13 Nesse sentido, não cabe recurso da decisão do Senado que julga o Presidente da
República por crime de responsabilidade; ou, ainda, é irrecorrível a decisão do STF que julga o Presidente e
os parlamentares nas infrações penais comuns.

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

O direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada são institutos que surgiram como instrumentos
de segurança jurídica, impedindo que as leis retroagissem para prejudicar situações jurídicas consolidadas.
Eles representam, portanto, a garantia da irretroatividade das leis, que, todavia, não é absoluta.

O Estado não é impedido de criar leis retroativas; estas serão permitidas, mas apenas se beneficiarem os
indivíduos, impondo-lhes situação mais favorável do que a que existia sob a vigência da lei anterior. Segundo
o STF, “o princípio insculpido no inciso XXXVI do art. 5º da Constituição não impede a edição, pelo Estado, de
norma retroativa (lei ou decreto), em benefício do particular”. 14

A Súmula STF nº 654 dispõe o seguinte:

“A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da


República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.”

Vamos às explicações... Suponha que a União tenha editado uma lei retroativa concedendo
um tratamento mais favorável aos servidores públicos do que o estabelecido pela lei
anterior. Por ser benigna, a lei retroativa pode, sim, ser aplicada mesmo face ao direito
adquirido.

12
O art. 8º, nº 2, alínea h, da Convenção Americana de Direitos Humanos dispõe que toda pessoa tem “o direito de recorrer
da sentença para juiz ou tribunal superior”.
13 STF, 2ª Turma, AI 601832 AgR/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 02.04.2009.
14 STF, 3ª Turma, RExtr, nº 184.099/DF, Rel. Min. Octávio Gallotti, RTJ 165/327.

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Agora vem a pergunta: poderá a União (que editou a lei retroativa) se arrepender do
benefício que concedeu aos seus servidores e alegar em juízo que a lei não é aplicável em
razão do princípio da irretroatividade das leis?

Não poderá, pois a garantia da irretroatividade da lei não é invocável pela entidade estatal
que a tenha editado.

Vamos, agora, entender os conceitos de direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.

a) Direito adquirido é aquele que já se incorporou ao patrimônio do particular, uma vez que já foram
cumpridos todos os requisitos aquisitivos exigidos pela lei então vigente. É o que ocorre se você
cumprir todos os requisitos para se aposentar sob a vigência de uma lei X. Depois de cumpridas as
condições de aposentadoria, mesmo que seja criada lei Y com requisitos mais gravosos, você terá
direito adquirido a se aposentar.

O direito adquirido difere da “expectativa de direito”, que não é alcançada pela proteção do art. 5º,
inciso XXXVI. Suponha que a lei atual, ao dispor sobre os requisitos para aposentadoria, lhe garanta
o direito de se aposentar daqui a 5 anos. Hoje você ainda não cumpre os requisitos necessários para
se aposentar; no entanto, daqui a 5 anos os terá todos reunidos. Caso amanhã seja editada uma nova
lei, que imponha requisitos mais difíceis para a aposentadoria, fazendo com que você só possa se
aposentar daqui a 10 anos, ela não estará ferindo seu direito. Veja: você ainda não tinha direito
adquirido à aposentadoria (ainda não havia cumprido os requisitos necessários para tanto), mas
mera expectativa de direito.

b) Ato jurídico perfeito é aquele que reúne todos os elementos constitutivos exigidos pela lei 15; é o
ato já consumado pela lei vigente ao tempo em que se efetuou.16 Tome-se como exemplo um
contrato celebrado hoje, na vigência de uma lei X.

c) Coisa julgada compreende a decisão judicial da qual não cabe mais recurso.

É importante destacar que, no art. 5º, inciso XXXV, o vocábulo “lei” está empregado em seus sentidos formal
(fruto do Poder Legislativo) e material (qualquer norma jurídica). Portanto, inclui emendas constitucionais,
leis ordinárias, leis complementares, resoluções, decretos legislativos e várias outras modalidades
normativas. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STF de que a vedação constante do inciso XXXVI se
refere ao direito/lei, compreendendo qualquer ato da ordem normativa constante do art. 59 da
Constituição.17

15
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora
Atlas: 2010, pp. 241.
16 Cf. art. 6º, §1º, da LINDB.
17STF, ADI 3.105-8/DF, 18.08.2004.

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Também é importante ressaltar que, segundo o STF, o princípio do direito adquirido se aplica a todo e
qualquer ato normativo infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de direito público ou de direito
privado, ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva. 18

Há, todavia, certas situações nas quais não cabe invocar direito adquirido. Assim, não existe direito
adquirido frente a:

a) Normas constitucionais originárias. As normas que “nasceram” com a CF/88 podem revogar
qualquer direito anterior, até mesmo o direito adquirido.

b) Mudança do padrão da moeda.

c) Criação ou aumento de tributos.

d) Mudança de regime estatutário.

Normas constitucionais originárias

NÃO HÁ DIREITO Mudança do padrão da moeda


ADQUIRIDO
CONTRA
Criação ou aumento de tributos

Mudança de regime estatutário

(PC-RJ – 2022) Eunice, servidora pública estadual, preencheu os requisitos para a fruição de determinado
benefício assegurado pelo regime jurídico único dos servidores. Ocorre que, no dia anterior àquele em que
iria requerê-lo, a lei foi alterada, e o benefício, suprimido. Apesar disso, um amigo lhe informou,
corretamente, que o seu direito ao benefício não seria afetado pela nova lei, o que decorria da garantia
constitucional do ato jurídico perfeito.
Comentários:

18RE
204967 RS, DJ 14-03-1997.

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A situação descrita na questão coincide com a noção de direito adquirido pela servidora pública estadual, e
não de ato jurídico perfeito. Ela já incorporou ao seu patrimônio jurídico o direito de se aposentar, ainda que
tenha havido mudança na lei. Questão errada.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

...

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

Contrariando um pouco a ordem em que estão dispostos na Constituição, analisaremos esses dois incisos
em conjunto. Isso porque ambos traduzem o princípio do “juízo natural” ou do “juiz natural”. Esse postulado
garante ao indivíduo que suas ações no Poder Judiciário serão apreciadas por um juiz imparcial, o que é uma
garantia indispensável à administração da Justiça em um Estado democrático de direito.

O princípio do juiz natural impede a criação de juízos de exceção ou “ad hoc”, criados de maneira arbitrária,
após o acontecimento de um fato. Na história da humanidade, podemos apontar como exemplos de
tribunais de exceção o Tribunal de Nuremberg e o Tribunal de Tóquio, instituídos após a Segunda Guerra
Mundial; esses tribunais foram criados pelos “vencedores” (da guerra) para julgar os “vencidos” e, por isso,
são tão duramente criticados.

O princípio do juiz natural deve ser interpretado de forma ampla. Ele não deve ser encarado apenas como
uma vedação à criação de Tribunais ou juízos de exceção; além disso, decorre desse princípio a obrigação
de respeito absoluto às regras objetivas de determinação de competência, para que não seja afetada a
independência e a imparcialidade do órgão julgador.19 Todos os juízes e órgãos julgadores, em consequência,
têm sua competência prevista constitucionalmente, de modo a assegurar a segurança jurídica.

É importante que você saiba que o STF entende que esse princípio não se limita aos órgãos e juízes do Poder
Judiciário. Segundo o Pretório Excelso, ele alcança, também, os demais julgadores previstos pela
Constituição, como o Senado Federal, por exemplo. Além disso, por sua natureza, o princípio do juiz natural
alcança a todos: brasileiros e estrangeiros, pessoas físicas e pessoas jurídicas. Em um Estado democrático de
direito, todos têm, afinal, o direito a um julgamento imparcial, neutro.

É bom frisar que o STF, também tomando por base o inciso LII, endossou a existência do promotor natural20.

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:

a) a plenitude de defesa;

19
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora
Atlas: 2010, pp. 245 – 246.
20
HC 67.759. Rel. Min. Celso de Mello. DJ 01.07.1993.

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b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Esse inciso deve ser memorizado. Geralmente é cobrado em sua literalidade! Decore cada uma dessas
“alíneas”!

O tribunal do júri é um tribunal popular, composto por um juiz togado, que o preside, e vinte e cinco jurados,
escolhidos dentre cidadãos do Município (Lei Federal no 11.689/08) e entre todas as classes sociais. Segundo
a doutrina, é visto como uma prerrogativa do cidadão, que deverá ser julgado pelos seus semelhantes. 21

O tribunal do júri possui competência para julgamento de crimes dolosos contra a vida. Crime doloso é
aquele em que o agente (quem pratica o crime) prevê o resultado lesivo de sua conduta e, mesmo assim,
pratica a ação, produzindo o resultado. Exemplo: o marido descobre que a mulher o está traindo e,
intencionalmente, atira nela e no amante, causando a morte dos dois. Trata-se de homicídio doloso, que é,
sem dúvida, um crime doloso contra a vida; o julgamento será, portanto, da competência do tribunal do júri.

Sobre a competência do tribunal do júri, destacamos, a seguir algumas jurisprudências que podem ser
cobradas em prova:

1) A competência constitucional do Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII) não pode ser afastada
por lei estadual, nem usurpada por vara criminal especializada, sendo vedada, ainda, a
alteração da forma de sua composição, que deve ser definida em lei nacional. 22

No caso, o STF apreciou lei estadual que criava vara especializada para processar e julgar
crimes praticados por organizações criminosas. Essa vara especializada julgaria, inclusive,
os crimes dolosos contra a vida. Dessa forma, por invadir a competência do tribunal do júri,
foi considerada inconstitucional.

2) A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular, e não do


Tribunal do Júri (Súmula STF nº 603).

21
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora
Atlas: 2010, pp. 249-254.
22 STF, ADI nº 4414/AL, Rel. Min. Luiz Fux, Decisão 31.05.2012

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O latrocínio é um crime complexo, no qual estão presentes duas condutas: o roubo e o


homicídio. Em outras palavras, o latrocínio é um roubo qualificado pela morte da vítima. É
considerado pela doutrina como um “crime contra o patrimônio” (e não como “crime
contra a vida”), ficando, por isso, afastada a competência do tribunal do júri.

A competência do tribunal do júri para julgar os crimes dolosos contra a vida não é absoluta. Isso porque
não alcança os detentores de foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal. É
o caso, por exemplo, do Presidente da República e dos membros do Congresso Nacional, que serão julgados
pelo STF quando praticarem crimes comuns, ainda que dolosos contra a vida, desde que os crimes tenham
sido cometidos durante o exercício do cargo e em razão deste23. Em outras palavras, o foro por prerrogativa
de função prevalece sobre a competência do tribunal do júri, desde que esse foro especial decorra
diretamente da Constituição Federal.

A pergunta que se faz diante dessa última afirmação é a seguinte: e quando o foro especial não decorrer de
previsão da Constituição Federal, mas sim da Constituição Estadual?

Para responder a esse questionamento, o STF editou a Súmula Vinculante nº 45, que assim dispõe: “A
competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função
estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual”.

Já decidiu o STF, com base nesse entendimento, que vereadores que possuam foro por prerrogativa de
função derivado de Constituição Estadual serão julgados pelo tribunal do júri se cometerem crimes dolosos
contra a vida24. Isso se explica pelo fato de que a competência do tribunal do júri prevalecerá sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.

A Constituição Federal estabelece, ainda, três importantes princípios para o tribunal do júri: i) a plenitude de
defesa; ii) a soberania dos veredictos; e iii) o sigilo das votações.

A plenitude de defesa é uma variante do princípio da ampla defesa e do contraditório (art. 5º, LV), que
permite ao acusado apresentar defesa contra aquilo que lhe é imputado. Sua concretização pressupõe que
os argumentos do réu tenham a mesma importância, no julgamento, que os do autor. Em consequência, não
devem existir prioridades na relação processual e deve o réu ter a possibilidade de usar todos os
instrumentos processuais na sua defesa. Também decorre da plenitude de defesa o fato de que os jurados
são das diferentes classes sociais.

Segundo o STF, “implica prejuízo à defesa a manutenção do réu algemado na sessão de julgamento do
Tribunal do Júri, resultando o fato na insubsistência do veredicto condenatório”.25

No que se refere à soberania dos veredictos, também assegurada ao tribunal do júri pela Carta Magna,
destaca-se que esta tem a finalidade de evitar que a decisão dos jurados seja modificada ou suprimida por
decisão judicial. Entretanto, não se trata de um princípio absoluto, sendo possível a sua relativização. A

23
STF, AP 937 QO/RJ. Rel. Min. Roberto Barroso, Decisão 03.05.2018.
24
STF, HC nº 80.477/PI, Rel. Min. Néri da Silveira. Decisão 31.10.2000
25 STF, HC nº 91.952, Rel. Min. Marco Aurélio. Decisão 19.12.2008.

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soberania dos veredictos não confere ao tribunal do júri o exercício de um poder incontrastável e ilimitado.
26

Quanto ao sigilo das votações, é importante pontuar que o ato de votar deve se dar longe do alcance
público. Sigilo das votações é diferente de voto secreto, portanto. Segundo Guilherme de Souza Nucci27,
"votação não quer dizer 'voto', portanto não se pode sustentar que o constituinte desejou assegurar o "voto
secreto", abolindo a sala secreta. Em outras palavras, não é cabível dizer que a Constituição teria garantido
o voto secreto dado em público. Deveria ter mencionado, se assim fosse, que, no júri, é assegurado o 'sigilo
do voto'. Não o fazendo, é preciso delinear o significado de votação, que é o 'ato de votar'. Trata-se, pois, do
método e não do objeto".

É possível, sim, que existam recursos das decisões do tribunal do júri; nesse sentido, é possível haver a
revisão criminal ou mesmo o retorno dos autos ao júri, para novo julgamento.28 Segundo o STF, a soberania
dos veredictos do tribunal do júri não exclui a recorribilidade de suas decisões, quando manifestamente
contrárias à prova dos autos.29 Assim, nesse caso, será cabível apelação contra decisões do tribunal do júri.

Por fim, cabe destacar que o STF entende que a competência do Tribunal do Júri, fixada no art. 5º, XXXVIII,
“d”, da CF/88, quanto ao julgamento de crimes dolosos contra a vida é passível de ampliação pelo legislador
ordinário.30 Isso significa que pode a lei determinar o julgamento de outros crimes pelo tribunal do júri.

(MPE-RS – 2014) Lei ordinária que amplie a competência do Tribunal do Júri não ofende o art. 5º, XXXVIII,
letra “d”, nem a cláusula pétrea do § 4º do art. 60, ambos da Constituição Federal.
Comentários:
Segundo o STF, é possível que lei ordinária amplie a competência do tribunal do júri, ou seja, não há qualquer
ofensa à CF/88. Questão correta.

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

O art. 5º, inciso XXXIX, da CF/88, estabelece um importante princípio constitucional do direito penal: o
princípio da legalidade. Segundo o Prof. Cezar Roberto Bitencourt, “pelo princípio da legalidade, a
elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado

26
STF, HC nº 70.193-1/RS, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 06.11.2006.
27
Júri: princípios constitucionais, São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999, p. 170.
28 STF, HC 70.742-4/ RJ, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 30.06.2000.
29 STF, HC 70.742-4/ RJ, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 30.06.2000.
30HC 101542 SP, DJe-096, 28-05-2010.

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crime e nenhuma penalidade criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência deste fato exista uma
lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção correspondente”.

O princípio da legalidade se desdobra em dois outros princípios: o princípio da reserva legal e o princípio da
anterioridade da lei penal.

O princípio da reserva legal determina que somente lei em sentido estrito (lei formal, editada pelo Poder
Legislativo) poderá definir crime e cominar penas. Nem mesmo medida provisória poderá definir um crime
e cominar penas, eis que essa espécie normativa não pode tratar de direito penal (art.62, § 1º, I, “b”).

A exigência de que lei formal defina o que é crime e comine suas penas traz a garantia de se considerarem
crime condutas aceitas pela sociedade como tais e de que essas condutas sejam punidas da maneira
considerada justa por ela. Com isso, quem define o que é crime e as respectivas penas é o povo, por meio de
seus representantes no Poder Legislativo.

Já pensou se, por exemplo, o Presidente da República pudesse definir o que é crime por medida provisória?
Ou até mesmo dobrar a pena de determinado ilícito por tal ato normativo? Teríamos uma ditadura, não? É
por isso que o inciso XXXIX do art. 5o da CF/88 é tão importante!

As normas penais em branco são aquelas que tipificam a conduta criminosa, mas que
dependem de complementação em outra norma. Um exemplo de norma penal em branco
é o crime de contrabando, que consiste em “importar ou exportar mercadoria proibida”
(art. 334-A, Código Penal).

A definição do crime de contrabando depende de uma complementação, uma vez que o


Código Penal não define quais são as mercadorias proibidas. É a legislação extrapenal que
o fará. Assim, o crime de contrabando é uma norma penal em branco.

Para o estudo do Direito Constitucional, interessa-nos saber que a doutrina majoritária


considera que as normas penais em branco não violam o princípio da reserva legal.

O princípio da anterioridade da lei penal, por sua vez, exige que a lei esteja em vigor no momento da prática
da infração para que o crime exista. Em outras palavras, exige-se lei anterior para que uma conduta possa
ser considerada como crime.

Esse princípio confere segurança jurídica às relações sociais, ao determinar que um fato só será considerado
crime se for cometido após a entrada em vigor da lei incriminadora. Quer um exemplo? Se amanhã for
editada uma lei que considere crime beijar o namorado (ou namorada) no cinema, nenhum de nós será

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preso. Só poderá ser considerado culpado quem o fizer após a entrada em vigor da lei. Aproveitemos, então,
a liberdade de namorar, antes que tal lei seja editada! Mas não agora, é hora de estudar Direito
Constitucional...

Do princípio da anterioridade da lei penal, deriva a irretroatividade da lei penal, que está previsto no art. 5º,
XL, que estudaremos a seguir.

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Retroagir significa “voltar para trás”, “atingir o passado”. Portanto, diz-se que retroatividade é a capacidade
de atingir atos pretéritos; por sua vez, irretroatividade é a impossibilidade de atingi-los.

É comum, também, em textos jurídicos, encontrarmos as expressões “ex tunc” e “ex nunc”. “Ex tunc” é aquilo
que tem retroatividade; “ex nunc” é o que é irretroativo. Lembre-se de que quando você diz que “NUNCA”
mais fará alguma coisa, esse desejo só valerá daquele instante para frente, não é mesmo? Sinal de que fez
algo no passado de que se arrepende, mas que não pode mudar. Já o T de TUNC pode fazê-lo lembrar de
uma máquina do TEMPO, atingindo tudo o que ficou para TRÁS...

EX TUNC = Máquina
do Tempo, atinge o
que ficou para trás EX NUNC = Nunca mais, a
partir de agora

Depois dessa “viagem”, voltemos ao inciso XL. Ele traz o princípio da irretroatividade da lei penal, que,
conforme já comentamos, deriva do princípio da anterioridade da lei penal. Uma conduta somente será
caracterizada como crime se, no momento da sua ocorrência, já existia lei em vigor que a definia como tal.

Portanto, em regra, a lei penal não atinge o passado. Imagine que hoje você beba uma garrafa de vodka no
bar, conduta lícita e não tipificada como crime. No entanto, daqui a uma semana, é editada uma nova lei que
estabelece que “beber vodka” será considerado crime. Pergunta-se: você poderá ser penalizado por essa
conduta? É claro que não, uma vez que a lei penal, em regra, não atinge fatos pretéritos.

Todavia, é importante termos em mente que a lei penal poderá, em certos casos, retroagir. É o que se chama
de retroatividade da lei penal benigna: a lei penal poderá retroagir, desde que para beneficiar o réu. Dizendo
de outra forma, a “novatio legis in mellius” retroagirá para beneficiar o réu.

Há um tipo especial de “novatio legis in mellius”, que é a conhecida “abolitio criminis”, assim considerada a
lei que deixa de considerar como crime conduta que, antes, era tipificada como tal. Um exemplo seria a
edição de uma lei que descriminalizasse o aborto. A “abolitio criminis”, por ser benéfica ao réu, irá retroagir,

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alcançando fatos pretéritos e evitando a punição de pessoas que tenham cometido a conduta antes
considerada criminosa.

A lei penal favorável ao réu, portanto, sempre retroagirá para beneficiá-lo, mesmo que tenha ocorrido
trânsito em julgado de sua condenação. Por outro lado, a lei penal mais gravosa ao indivíduo (que aumenta
a penalidade, ou passa a considerar determinado fato como crime) só alcançará fatos praticados após sua
vigência. É a irretroatividade da lei penal mais grave: a “novatio legis in pejus” não retroage.

No que diz respeito à retroatividade da lei penal mais benigna, entende o Supremo que não é possível a
combinação de leis no tempo, pois caso se agisse dessa forma, estaria sendo criada uma terceira lei (“lex
tertia”). De acordo com o Pretório Excelso, extrair alguns dispositivos, de forma isolada, de um diploma legal,
e outro dispositivo de outro diploma legal implica alterar por completo o seu espírito normativo, criando um
conteúdo diverso do previamente estabelecido pelo legislador31.

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades


fundamentais.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de


reclusão, nos termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da


tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou


militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Em todos esses dispositivos, é possível perceber que o legislador constituinte não buscou outorgar direitos
individuais, mas sim estabelecer normas que determinam a criminalização de certas condutas. 32 É o que a
doutrina denomina “mandados de criminalização”, que se caracterizam por serem normas direcionadas ao
legislador, o qual se vê limitado em sua liberdade de atuação.

Segundo o Prof. Gilmar Mendes, os mandados de criminalização estabelecidos por esses dispositivos
traduzem outra dimensão dos direitos fundamentais: a de que o Estado não deve apenas observar as
investidas do Poder Público, mas também garantir os direitos fundamentais contra agressão propiciada por
terceiros.33

31HC
98766 MG, DJe-040, 04-03-2010.
32
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Editora Saraiva,
2011, pp. 534-538
33 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Editora Saraiva,

2011, pp. 534-538.

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O inciso XLI estabelece que “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais”. Como é possível observar, trata-se de norma de eficácia limitada, dependente, portanto, de
complementação legislativa. Evidencia um mandato de criminalização que busca efetivar a proteção dos
direitos fundamentais.

Na ADO 26, o STF reconheceu que houve omissão inconstitucional por parte do Congresso Nacional ao
deixar de editar lei criminalizando atos de homofobia e transfobia. Segundo a Corte, até que seja editada
lei incriminadora, as condutas homofóbicas e transfóbicas deverão ser tipificadas como crime de racismo.
Cabe destacar que a repressão penal à prática da homotransfobia não restringe o exercício da liberdade
religiosa, de modo que líderes religiosos (pastores, sacerdotes, clérigos muçulmanos, etc) poderão externar
livremente as convicções de suas doutrinas, desde que isso não configure discurso de ódio.34

O inciso XLII, por sua vez, estabelece que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. É claro que há muito a ser falado sobre o racismo; no entanto,
há dois pontos que são muito cobrados em prova:

a) O racismo é crime inafiançável e imprescritível.

Imprescritível é aquilo que não sofre prescrição. A prescrição é a extinção de um direito que se dá
após um prazo, devido à inércia do titular do direito em protegê-lo. No caso, ao dizer que o racismo
é imprescritível, o inciso XLII determina que este não deixará de ser punido mesmo com o decurso de
longo tempo desde sua prática e com a inércia (omissão) do titular da ação penal durante todo esse
período.

Inafiançável é o crime que não admite o pagamento de fiança (montante em dinheiro) para que o
preso seja solto.

b) O racismo é punível com a pena de reclusão. As bancas examinadoras vão tentar te confundir e
dizer que o racismo é punível com detenção. Não é! O racismo é punível com reclusão, que é uma
pena mais gravosa do que a detenção.

Apenas para que você não fique viajando, qual a diferença entre a pena de reclusão e a pena de
detenção? A diferença entre elas está no regime de cumprimento de pena: na reclusão, inicia-se o
cumprimento da pena em regime fechado, semiaberto ou aberto; na detenção, o cumprimento da
pena inicia-se em regime semiaberto ou aberto.

O STF já teve a oportunidade de apreciar o alcance da expressão “racismo”. No caso concreto, bastante
famoso por sinal, Siegfried Ellwanger, escritor e dono de livraria, havia sido condenado por ter escrito,
editado e comercializado livros de conteúdo antissemita, fazendo apologia de ideias discriminatórias contra
os judeus. A questão que se impunha ao STF decidir era a seguinte: a discriminação contra os judeus seria
ou não crime de racismo?

34
ADO 26/DF. Rel. Min. Celso de Mello. Julgamento: 13.06.2019.

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O STF decidiu que a discriminação contra os judeus é, sim, considerada racismo e, portanto, trata-se de
crime imprescritível. Dessa forma, “escrever, editar, divulgar e comerciar livros ‘fazendo apologia de ideias
preconceituosas e discriminatórias’ contra a comunidade judaica (Lei 7.716/1989, art. 20, na redação dada
pela Lei 8.081/1990) constitui crime de racismo sujeito às cláusulas de inafiançabilidade e imprescritibilidade
(CF, art. 5º, XLII).”35

Vale a pena mencionar o posicionamento do STF nesse mesmo julgamento, dispondo que “o preceito
fundamental de liberdade de expressão não consagra o direito à incitação ao racismo, dado que um direito
individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a
honra. (...) A ausência de prescrição nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as gerações de
hoje e de amanhã, para que se impeça a reinstauração de velhos e ultrapassados conceitos que a consciência
jurídica e histórica não mais admitem.”

Importante também conhecer a diferença que há entre os delitos de injúria racial e racismo. O crime de
injúria racial, cuja tipificação consta no art. 140, § 3º, do Código Penal, consiste em ofender a honra de
alguém em função de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o crime de racismo,
previsto na Lei Federal nº 7.716/89, atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando
toda uma raça.

No entanto, ao apreciar o caso de uma senhora que ofendeu uma frentista de um posto de combustíveis
com termos racistas, o STF decidiu que o crime de injúria racial é uma categoria do crime de racismo 36. Com
isso, a injúria racial também é imprescritível.

O inciso XLIII, a seu turno, dispõe sobre alguns crimes que são inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia. Bastante atenção, pois a banca examinadora tentará te confundir dizendo que esses crimes são
imprescritíveis. Não são!

Qual o macete para não confundir? Simples, guarde a frase mnemônica seguinte:

3T + hediondos não têm graça!

3 T? Sim, Tortura, Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e Terrorismo. Esses crimes, assim como os
hediondos, são insuscetíveis de graça ou anistia. Isso significa que não podem ser perdoados pelo Presidente
da República, nem ter suas penas modificadas para outras mais benignas. Além disso, assim como o crime
de racismo e a ação de grupos armados contra o Estado democrático, são inafiançáveis.

O inciso XLIV trata ainda de mais um crime: a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado democrático. Esse crime, assim como o racismo, será inafiançável e imprescritível.

35
STF, Pleno, HC 82.424-2/RS, Rel. originário Min. Moreira Alves, rel. p/ acórdão Min. Maurício Corrêa, Diário da Justiça,
Seção I, 19.03.2004, p. 17.
36
HC 154.248. Rel. Min. Edson Fachin. Julgamento: 28.10.2021.

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Para que você não erre esses detalhes na prova, fizemos o esquema abaixo! Só uma observação para facilitar:
perceba que todos os crimes dos quais falamos são inafiançáveis; a diferença mesmo está em saber que o
“3TH não tem graça”!

IMPRESCRITÍVEIS INAFIANÇÁVEIS INSUSCETÍVEIS DE GRAÇA


•RACISMO •RACISMO OU ANISTIA
•AÇÃO DE GRUPOS •3T •3T
ARMADOS, CIVIS OU •HEDIONDOS •HEDIONDOS
MILITARES, CONTRA A •AÇÃO DE GRUPOS
ORDEM ARMADOS, CIVIS OU
CONSTITUCIONAL E O MILITARES, CONTRA A
ESTADO DEMOCRÁTICO ORDEM
CONSTITUCIONAL E O
ESTADO DEMOCRÁTICO

(IBMBIO – 2022) Constitui crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes, de animais silvestres, de minerais preciosos, de madeiras nobres
e de material genético, o terrorismo e o bioterrorismo, os crimes hediondos, a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático, a prática do racismo, do especismo e do
ecocídio.
Comentários:
A questão elenca hipóteses que não se enquadram nas hipóteses de crime inafiançável, imprescritível e
insuscetível de graça ou anistia (vide art. 5º, inciso XLIII). Questão errada.
(TJ-MG – 2015) A tortura e a ação de grupos armados contra ordem constitucional são crimes inafiançáveis
e imprescritíveis.
Comentários:
A tortura é um crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. A CF/88 não determina que a tortura
seja imprescritível. Questão errada.
(Polícia Civil-CE – 2015) A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
detenção.
Comentários:
A prática do racismo está sujeita à pena de reclusão. Questão errada.

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XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o


dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Esse dispositivo consagra o princípio da intranscendência das penas, também denominado pela doutrina de
princípio da intransmissibilidade das penas ou, ainda, personalização da pena.37 A Constituição garante, por
meio dessa norma, que a pena não passará da pessoa do condenado; em outras palavras, ninguém sofrerá
os efeitos penais da condenação de outra pessoa.

Suponha que João, pai de Lúcia e Felipe, seja condenado a 5 anos de reclusão em virtude da prática de um
crime. Após 2 meses na “cadeia”, João vem a falecer. Devido à intranscendência das penas, ficará extinta a
punibilidade. Lúcia e Felipe não sofrerão quaisquer efeitos penais da condenação de João.

No que diz respeito à obrigação de reparar o dano e à decretação do perdimento de bens, a lógica é um
pouco diferente, ainda que possamos afirmar que o princípio da intranscendência das penas se aplica a essas
situações.

Suponha que João morre deixando uma dívida de R$ 1.500.000,00 (obrigação de reparar dano). Ao mesmo
tempo, deixa um patrimônio de R$ 900.000,00 para seus sucessores (Lúcia e Felipe). A obrigação de reparar
o dano irá se estender a Lúcia e Felipe, mas apenas até o limite do patrimônio transferido. Em outras
palavras, o patrimônio pessoal de Lúcia e Felipe não será afetado; será utilizado para o pagamento da dívida
o patrimônio transferido (R$ 900.000,00). O restante da dívida “morre” junto com João.

Assim, a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens podem ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, mas apenas até o limite do valor do patrimônio
transferido.

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

O inciso XLVI prevê o princípio da individualização da pena, que determina que a aplicação da pena deve
ajustar-se à situação de cada imputado, levando em consideração o grau de reprovabilidade

37
Outra nomenclatura utilizada pela doutrina é princípio da incontagiabilidade da pena.

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(censurabilidade) de sua conduta e as características pessoais do infrator. Trata-se de princípio que busca
fazer com que a pena cumpra sua dupla finalidade: prevenção e repressão.38

A Constituição Federal prevê um rol não-exaustivo de penas que podem ser adotadas pelo legislador. São
elas: i) a privação ou restrição de liberdade; ii) a perda de bens; iii) multa; iv) prestação social alternativa; e
v) suspensão ou interdição de direitos. Como se trata de um rol meramente exemplificativo, poderá a lei
criar novos tipos de penalidade, desde que estas não estejam entre aquelas vedadas pelo art. 5º, XLVII, da
CF/88, que estudaremos na sequência.

Ressaltamos mais uma vez que, ao estabelecer que “a lei regulará a individualização da pena”, o constituinte
determinou que a lei penal deverá considerar as características pessoais do infrator. Dentre essas, podemos
citar os antecedentes criminais, o fato de ser réu primário, etc.

Nesse sentido, o STF considerou inconstitucional, por afronta ao princípio da individualização da pena, a
vedação absoluta à progressão de regime trazida pela Lei 8.072/1990, que trata dos crimes hediondos.39 A
referida lei estabelecia que a pena pelos crimes nela previstos seria integralmente cumprida em regime
fechado, sendo vedada, assim, a progressão de regime. Entendeu a Corte que, ao não permitir que se
considerem as particularidades de cada pessoa, sua capacidade de reintegração social e esforços de
ressocialização, o dispositivo torna inócua a garantia constitucional e, portanto, é inválido (inconstitucional).

Com base nesse entendimento, o STF editou a Súmula Vinculante nº 26:

Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou


equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº
8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo da avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de
modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

Ainda com relação ao inciso XLVI, o STF editou a Súmula Vinculante nº 56, que impede a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso àquele em que ele deveria cumprir a pena:

A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em


regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados
no RE 641.320/RS.

XLVII - não haverá penas:

38
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora
Atlas: 2010, pp. 274-275.
39 STF, HC nº 82.959/SP. Rel. Min. Marco Aurélio. Decisão 23.02.2006.

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a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

O art. 5º, XLVII, estabeleceu um rol exaustivo de penas inaplicáveis no ordenamento jurídico brasileiro. Trata-
se de verdadeira garantia de humanidade atribuída aos sentenciados, impedindo que lhes sejam aplicadas
penas atentatórias à dignidade da pessoa humana.40 Com efeito, as penas devem ter um caráter preventivo
e repressivo; elas não podem ser vingativas.

A pena de morte é, sem dúvida a mais gravosa, sendo admitida tão-somente na hipótese de guerra
declarada. Evidencia-se, assim, que nem mesmo o direito à vida é absoluto; com efeito, dependendo do
caso concreto, todos os direitos fundamentais podem ser relativizados. Como exemplo de aplicação da pena
de morte (que ocorrerá por fuzilamento), temos a prática do crime de deserção em presença de inimigo,
previsto no art. 392 do Código Penal Militar.

As bancas examinadoras adoram dizer que a pena de morte não é admitida em nenhuma
situação no ordenamento jurídico brasileiro. A questão, ao dizer isso, está errada. A pena
de morte pode, sim, ser aplicada, desde que na hipótese de guerra declarada.

A pena de banimento, também inadmitida pela Constituição Federal, consistia em impor ao condenado a
retirada do território brasileiro por toda sua vida, bem como a perda da cidadania brasileira. Consistia, assim,
em verdadeira “expulsão de nacionais”.

Cabe destacar que a pena de banimento não se confunde com a expulsão de estrangeiro do Brasil,
plenamente admitida pelo nosso ordenamento jurídico.

No que concerne à pena de caráter perpétuo, vale destacar que o máximo penal legalmente exequível, no
ordenamento positivo nacional, é de 40 (quarenta) anos, a significar, portanto, que o tempo de

40
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Ed. Juspodium, 2012.

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cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a esse limite, imposto pela redação
vigente do art. 75, "caput", do Código Penal.

Vale pontuar também que, segundo o STF, não são apenas as penas decorrentes do cometimento de crimes
que estão impedidas de terem caráter perpétuo41. Sanções administrativas, tais como a impossibilidade de
retorno ao serviço público do servidor federal que tenha cometido um crime contra a administração pública
ou um ato de improbidade administrativa, previstas no art. 137, parágrafo único, da Lei Federal nº 8.112/90
(Estatuto dos Servidores Públicos Civis Federais), também não podem ter caráter perpétuo.

(TCE-RJ – 2022) Por força do princípio da dignidade da pessoa humana, a pena de morte não é admitida, em
nenhuma hipótese, pela CF.
Comentários:
Conforme o inciso XLVII do art. 5º, é possível a pena de morte em caso de guerra declarada. Questão errada.
(CNMP – 2015) Em nenhuma circunstância haverá penas cruéis ou de morte, de caráter perpétuo, de
trabalhos forçados e de banimento.
Comentários:
Em caso de guerra declarada, admite-se a pena de morte. Questão errada.

PENAS VEDADAS PENAS ADMITIDAS

DE MORTE, SALVO EM CASO DE GUERRA PRIVAÇÃO OU RESTRIÇÃO DA


DECLARADA LIBERDADE
PERDA DE BENS
DE CARÁTER PERPÉTUO
MULTA
DE TRABALHOS FORÇADOS
PRESTAÇÃO SOCIAL ALTERNATIVA
DE BANIMENTO
SUSPENSÃO OU INTERDIÇÃO DE
CRUÉIS DIREITOS

41
Adi 2.975. Rel. Min. Gilmar Mendes. DJe 04.02.2021.

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L- às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação;

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do


delito, a idade e o sexo do apenado;

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

O inciso XLVIII determina que a execução penal seja realizada de maneira individualizada, levando-se em
consideração a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado. É com base nesse comando constitucional
que as mulheres e os maiores de sessenta anos devem ser recolhidos a estabelecimentos próprios.

O inciso XLIX, ao assegurar aos presos o respeito à integridade física e moral, busca garantir que os direitos
fundamentais dos sentenciados sejam observados. É claro, quando está na prisão, o indivíduo não goza de
todos os direitos fundamentais: há alguns direitos fundamentais, como, por exemplo, a liberdade de
locomoção (art. 5º, XV) e a liberdade profissional (art. 5º, XI) que são incompatíveis com sua condição de
preso.

O STF fez uso da expressão "estado de coisas inconstitucional" para se referir às falhas estruturais das
penitenciárias brasileiras. Segundo a Corte, encontra-se presente um "quadro de violação massiva e
persistente de direitos fundamentais42".

Ainda segundo o STF, é dever do Estado manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade
previstos no ordenamento jurídico. Dessa forma, é de sua responsabilidade ressarcir os danos, inclusive
morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições
legais de encarceramento43, conforme prevê o art. 37, § 6º, da CF/88.

O inciso L, por sua vez, estabelece uma dupla garantia: ao mesmo tempo em que assegura às mães o direito
à amamentação e ao contato com o filho, permite que a criança tenha acesso ao leite materno, alimento
natural tão importante para o seu desenvolvimento. Segundo a doutrina, retirar do recém-nascido o direito
de receber o leite materno poderia ser considerado uma espécie de “contágio” da pena aplicada à mãe,
violando o princípio da intranscendência das penas. 44

Vamos continuar o estudo do art. 5º, da Constituição Federal...

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,


praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

42
ADPF 347 MC. Rel. Min. Marco Aurélio. DJe 19.02.2016.
43
RE 580.252 (Tema 365). Rel. Min. Alexandre de Moraes. DJe 02.02.2018.
44 MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora

Atlas: 2010, pp. 285

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LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

A extradição é um instituto jurídico destinado a promover a cooperação penal entre Estados soberanos.
Consiste no ato de entregar uma pessoa para outro Estado onde esta praticou crime, para que lá seja julgada
ou punida. De forma mais técnica, a extradição é “o ato pelo qual um Estado entrega a outro Estado indivíduo
acusado de haver cometido crime de certa gravidade ou que já se ache condenado por aquele, após haver-
se certificado de que os direitos humanos do extraditando serão garantidos.”45

Há casos bastante conhecidos, que podem exemplificar muito bem o que é a extradição. Se você é do nosso
tempo, deve se lembrar do “Balão Mágico” (banda infantil muito conhecida nos anos 80). Um dos integrantes
do “Balão Mágico” era o Mike, que era filho de Ronald Biggs, inglês que realizou um assalto a um trem e,
depois, fugiu para o Brasil. A Inglaterra pediu ao Brasil a extradição, sem obter sucesso.

Um caso mais recente é o do italiano Cesare Battisti, acusado pela prática de vários crimes na Itália. Cesare
Battisti, após viver um tempo na França, fugiu para o Brasil. A Itália também solicitou a extradição ao Brasil,
algo que ocorreu apenas em 2019, após a prisão de Battisti na Bolívia.

Dados esses exemplos, voltemos ao tema...

Há 2 (dois) tipos de extradição: i) a extradição ativa; e ii) a extradição passiva. A extradição ativa acontecerá
quando o Brasil requerer a um outro Estado estrangeiro a entrega de um indivíduo para que aqui seja
julgado ou punido; por sua vez, a extradição passiva ocorrerá quando um Estado estrangeiro requerer ao
Brasil que lhe entregue um indivíduo.

Iremos focar o nosso estudo, a partir de agora, na extradição passiva: quando um Estado solicita que o Brasil
lhe entregue um indivíduo.

De início, vale destacar que a Constituição Federal traz, no art. 5º, LI e LII, algumas limitações importantes à
extradição.

O brasileiro nato (que é o brasileiro “de berço”, que recebeu sua nacionalidade ao nascer) não poderá ser
extraditado; trata-se de hipótese de vedação absoluta à extradição. Baseia-se na lógica de que o Estado
deve proteger (acolher) os seus nacionais.

45
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 17ª
Ed. São Paulo: Saraiva, 2009, pp. 499 – 502.

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Caso o brasileiro nato perca a sua nacionalidade pela aquisição voluntária de outra
nacionalidade, ele estará sujeito à extradição. Perceba que, nesse caso, ele não se
enquadra mais na condição de brasileiro nato.

Por sua vez, o brasileiro naturalizado (que é aquele que nasceu estrangeiro e se tornou brasileiro), poderá
ser extraditado. No entanto, isso somente será possível em duas situações:

a) no caso de crime comum, praticado antes da naturalização. Perceba que existe, aqui, uma
limitação temporal. Se o crime comum tiver sido cometido após a naturalização, o indivíduo não
poderá ser extraditado; a extradição somente será possível caso o crime seja anterior à aquisição da
nacionalidade brasileira pelo indivíduo.

b) em caso de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Nessa


situação, não há qualquer limite temporal. O envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins dará ensejo à extradição quer ele tenha ocorrido antes ou após a naturalização.

Vale ressaltar que as regras de extradição do brasileiro naturalizado também se aplicam ao português
equiparado.46

NATO JAMAIS!

Hipóteses de extradição
do brasileiro Cometimento de crime comum
antes da naturalização
NATURALIZADO
Comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, na forma da lei

Segundo o STF, nos termos da Súmula 421, não há impedimento para a extradição caso o extraditando seja
casado com brasileira ou tenha filho brasileiro.

Os estrangeiros podem ser extraditados com maior liberdade pelo Estado brasileiro, desde que cumpridos
os requisitos legais para a extradição. Cabe destacar, todavia, que não se admite a extradição de estrangeiro
por crime político ou de opinião. Essa é uma prática usual nos ordenamentos constitucionais de outros
países e tem por objetivo proteger os indivíduos que forem vítimas de perseguição política.

A definição de um crime como sendo um delito político é tarefa difícil e que compete ao Supremo Tribunal
Federal. É no caso concreto que a Corte Suprema irá dizer se o crime pelo qual se pede a extradição é ou não

46
Português equiparado é o português que, por ter residência permanente no Brasil, terá um tratamento diferenciado,
possuindo os mesmos direitos dos brasileiros naturalizados.

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político.47 Esse entendimento do STF é bastante importante porque permite resolver alguns problemas de
difícil solução. É possível que o Brasil extradite asilado político? Pode um refugiado ser extraditado?

Vamos aos poucos...

O asilo político, que é um dos princípios do Brasil nas relações internacionais (art. 4º, X), consiste no
acolhimento de estrangeiro por um Estado que não seja o seu, em virtude de perseguição política por seu
próprio país ou por terceiro. Segundo o STF, não há incompatibilidade absoluta entre o instituto do asilo e
o da extradição passiva. Isso porque a Corte não está vinculada ao juízo formulado pelo Poder Executivo na
concessão do asilo político.48 Em outras palavras, mesmo que o Poder Executivo conceda asilo político a um
estrangeiro, o STF poderá, a posteriori, autorizar a extradição.

Quanto ao refúgio, trata-se de instituto mais geral do que o asilo político, que será reconhecido a indivíduo
em razão de fundados temores de perseguição (por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou
opiniões políticas).

Apesar de a lei dispor que “o reconhecimento da condição de refugiado obstará o seguimento de qualquer
pedido de extradição baseado nos fatos que fundamentaram a concessão de refúgio”49, entende o STF que
a decisão administrativa que concede o refúgio não pode obstar, de modo absoluto e genérico, todo e
qualquer pedido de extradição apresentado à Corte Suprema.50 No caso concreto, apreciava-se a extradição
de Cesare Battisti, a quem o Ministro da Justiça havia concedido o status de refugiado. O STF, ao analisar o
caso, concluiu pela ilegalidade do ato de concessão do refúgio.

Agora que já falamos sobre as limitações, vamos entender como funciona o processo de extradição.

A Lei da Migração (Lei nº 13.445/2017) prevê três etapas para a extradição passiva.

A primeira é uma etapa administrativa, de responsabilidade do Poder Executivo. Nessa fase, o Estado
requerente solicita a extradição ao Presidente da República por via diplomática. Destaque-se que o pleito
extradicional deverá ter como fundamento a existência de um tratado bilateral entre os dois Estados ou,
caso este não exista, uma promessa de reciprocidade (compromisso de acatar futuros pleitos). Sem um
tratado ou promessa de reciprocidade, a extradição não será efetivada.

Ao receber o pleito extradicional, há duas situações possíveis:

a) O Presidente poderá indeferir a extradição sem apreciação do STF, o que se denomina recusa
primária.

b) O Presidente poderá deferir a extradição, encaminhando a solicitação ao STF, ao qual caberá


analisar a legalidade e a procedência do pedido (art. 102, I, “g”, CF). Nesse caso, passaremos à etapa

47
Ext 615, Rel. Min. Paulo Brossard. DJ. 05.12.1994.
48
Ext 524, Rel.: Min. Celso de Mello, Julgamento: 31/10/1990, Órgão Julgador: Tribunal Pleno.
49 Lei 9.474/97 – art. 33.
50 Ext 1085, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 16.04.2010

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judiciária. Segundo o STF, nem mesmo a concordância do extraditando em retornar ao seu país
impede que a Corte analise o caso, uma vez tendo recebido comunicação por parte do Poder
Executivo51.

Na etapa judiciária, o STF irá analisar a legalidade e a procedência do pedido de extradição. Um dos
pressupostos da extradição é a existência de um processo penal ou, pelo menos, de uma investigação
criminal. Cabe destacar, portanto, que a extradição será possível tanto após a condenação quanto durante
o processo.

Há necessidade, ainda, que exista o que a doutrina chama “dupla tipicidade”: a conduta que a pessoa
praticou deve ser crime tanto no Brasil quanto no Estado requerente. Quando o fato que motivar o pedido
de extradição não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente, não será concedida a extradição.

Ao analisar a extradição, o STF verifica se os direitos humanos do extraditando serão respeitados. Nesse
sentido:

a) Não será concedida a extradição se o extraditando houver de responder, no Estado requerente,


perante juízo ou tribunal de exceção. É o já conhecido princípio do “juiz natural”.

b) Caso a pena para o crime seja a de morte, o Estado requerente deverá se comprometer a substituí-
la por outra, restritiva de liberdade (comutação da pena), exceto, claro, naquele único caso em que
a pena de morte é admitida no Brasil: guerra declarada.

c) Caso a pena para o crime seja de caráter perpétuo, o Estado requerente deverá se comprometer
à comutação dessa pena em prisão de até 40 anos, que é o limite tolerável pela lei brasileira.5253

Por fim, há outra etapa administrativa, em que o Presidente da República, na condição de Chefe de Estado,
entrega ou não o extraditando ao país requerente. Novamente, há duas situações possíveis:

a) O STF nega a extradição. Nesse caso, a decisão irá vincular o Presidente da República, que ficará
impedido de entregar o extraditando.

b) O STF autoriza a extradição. Essa decisão não vincula o Presidente da República, que é a autoridade
que detém a competência para decidir sobre a efetivação da extradição.

Esse entendimento (o de que a autorização do STF não vincula o Presidente) ficou materializado no caso da
extradição do italiano Cesare Battisti. Segundo a Corte, a última palavra sobre a entrega ou não do
extraditando cabe ao Presidente da República, que tem liberdade para decidir sobre a efetivação da
extradição, obedecidos os termos do tratado bilateral porventura existente entre o Brasil e o Estado
requerente. A decisão de efetivar a extradição é, assim, um ato político, de manifestação da soberania.

51
Ext. 643, STF, Pleno, Rel. Min. Francisco Rezek, j. 19.12.1994.
52
Ext 855, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-8-2004, Plenário, DJ de 1º-7-2005.
53
Com o Pacote Anticrime (Lei Federal nº 13.964/2019), o tempo máximo de cumprimento de pena é de 40 anos.

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(TJ-DFT – 2022) John, de nacionalidade estrangeira e que veio a se naturalizar brasileiro, tinha sido
condenado, anteriormente, em seu país de origem, em sentença judicial transitada em julgado, pela prática
de crime comum. Após anos de negociação, o seu país de origem celebrou tratado de extradição com o
Estado brasileiro e requereu a extradição de John. À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que
John não pode ser extradito, pois o Brasil não extradita os seus nacionais.
Comentários:
A questão se baseia no art. 5º, LI, da CF/88, em que nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. Como o delito cometido por John foi antes de sua
naturalização, ele pode ser extraditado. Questão errada.

(TJ-MG – 2015) O brasileiro naturalizado será extraditado por envolvimento comprovado em tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, independente de ter sido praticado antes da naturalização.
Comentários:
No caso de envolvimento comprovado em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, não há qualquer
limitação temporal à extradição de brasileiro naturalizado. Assim, não interessa se o envolvimento ocorreu
antes ou após a naturalização. Questão correta.

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

O princípio do devido processo legal (due process of law) é uma das garantias constitucionais mais amplas e
relevantes54; trata-se de um conjunto de práticas jurídicas previstas na Constituição e na legislação
infraconstitucional cuja finalidade é garantir a concretização da justiça.

O devido processual legal é garantia que concede dupla proteção ao indivíduo: ele incide tanto no âmbito
formal (processual) quanto no âmbito material.

No âmbito formal (processual), traduz-se na garantia de que as partes poderão se valer de todos os meios
jurídicos disponíveis para a defesa de seus interesses. Assim, derivam do “devido processo legal” o direito

54
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Editora Saraiva,
2011, pp. 592-594.

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ao contraditório e à ampla defesa, o direito de acesso à justiça, o direito ao juiz natural, o direito a não ser
preso senão por ordem judicial e o direito a não ser processado e julgado com base em provas ilícitas. 55

No âmbito material (substantivo), por sua vez, o devido processo legal diz respeito à aplicação do princípio
da proporcionalidade (também chamado de princípio da razoabilidade ou da proibição de excesso). O
respeito aos direitos fundamentais não exige apenas que o processo seja regularmente instaurado; além
disso, as decisões adotadas devem primar pela justiça, equilíbrio e pela proporcionalidade.56

É possível afirmar, portanto, que o princípio da proporcionalidade tem sua sede material no princípio do
devido processo legal, considerado em sua acepção substantiva, não simplesmente formal.57 Em outras
palavras, o princípio da proporcionalidade, que não está expressamente previsto na Constituição, tem como
fundamento o devido processo legal substantivo (material).

O princípio da proporcionalidade está implícito no texto constitucional, dividindo-se em 3 (três)


subprincípios:

a) Adequação: a medida adotada pelo Poder Público deverá estar apta para alcançar os objetivos
almejados.

b) Necessidade: a medida adotada pelo Poder Público deverá ser indispensável para alcançar o
objetivo pretendido. Nenhuma outra medida menos gravosa seria eficaz para o atingimento dos
objetivos.

c) Proporcionalidade em sentido estrito: a medida será considerada legítima se os benefícios dela


resultantes superarem os prejuízos.

O STF tem utilizado o princípio da proporcionalidade como fundamento de várias de suas decisões,
especialmente no que diz respeito ao controle de constitucionalidade de leis. Com efeito, leis de caráter
restritivo deverão observar o princípio da proporcionalidade. Segundo a Corte:

... o princípio da proporcionalidade visa a inibir e a neutralizar o abuso do Poder Público no


exercício das funções que lhe são inerentes, notadamente no desempenho de atividade de
caráter legislativo e regulamentar. Dentro dessa perspectiva, o postulado em questão,
enquanto categoria fundamental de limitação dos excessos emanados do Estado, atua
como verdadeiro parâmetro de aferição da própria constitucionalidade material dos atos
estatais.58

55
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Editora Saraiva,
2011, pp. 592-594.
56 CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Ed. Juspodium, 2012, pp. 740 – 742.
57 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 5ª edição. Ed. Método, 2010. pp. 172-

175.
58 STF, MS 1.320-9/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 14.04.1999.

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O princípio da proporcionalidade tem uma dupla face: a proibição de excesso e a proibição de proteção
deficiente. Assim, na tutela dos direitos fundamentais, não se busca apenas coibir os excessos do Estado
(proibição de excesso), mas também impor ao Estado um dever de proteção (proibição de proteção
deficiente).

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

As garantias do contraditório e da ampla defesa são corolários do princípio do devido processo legal, isto é,
dele decorrem diretamente.

A ampla defesa compreende o direito que o indivíduo tem de trazer ao processo todos os elementos lícitos
de que dispuser para provar a verdade, ou, até mesmo, de se calar ou se omitir caso isso lhe seja benéfico
(direito à não-autoincriminação). Já o contraditório é o direito dado ao indivíduo de contradizer tudo que
for levado ao processo pela parte contrária. Assegura, também, a igualdade das partes do processo, ao
equiparar o direito da acusação com o da defesa.59

A ampla defesa e o contraditório são princípios que se aplicam tanto aos processos judiciais quanto aos
processos administrativos, sejam estes últimos referentes à aplicação de punições disciplinares ou à
restrição de direitos em geral. O termo “litigantes” deve, portanto, ser compreendido na acepção mais
ampla possível, não se referindo somente àqueles que estejam envolvidos em um processo do qual resulte
ou possa resultar algum tipo de penalidade.

Todavia, entende o STF que a ampla defesa e o contraditório não se aplicam na fase do inquérito policial ou
civil.60 Por esse motivo, é nula a sentença condenatória proferida exclusivamente com base em fatos
narrados no inquérito policial. O juiz pode usar as provas colhidas no inquérito para fundamentar sua
decisão; entretanto, por não ter sido garantida a ampla defesa e o contraditório na fase do inquérito, as
provas nele obtidas não poderão ser os únicos elementos para motivar a decisão judicial.

O inquérito é fase pré-processual, de natureza administrativa, consistindo em um conjunto de diligências


realizadas para a apuração de uma infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal
(Ministério Público ou o ofendido) possa ingressar em juízo. Somente aí é que terá início a fase processual,
com as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório devendo ser respeitadas.

Cabe destacar que, apesar de a ampla defesa e o contraditório não serem garantias na fase do inquérito, o
indiciado possui, mesmo nessa fase, certos direitos fundamentais que lhe devem ser garantidos. Dentre
eles, podemos citar o direito a ser assistido por um advogado, o de não se autoincriminar e o de manter-se
em silêncio.61

Vejam bem: na fase do inquérito, o indivíduo pode ser assistido por advogado; todavia, não é obrigatória a
assistência advocatícia nessa fase. É com base nessa lógica que o STF entende que não há ofensa ao

59
ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 5ª edição. Ed. Método, 2010. pp. 176.
60
STF, RE 481.955 – AgR. Rel. Min Carmem Lúcia. DJe: 26.05.2011
61 STF, HC 82.354, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 24.09.2004.

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contraditório e à ampla defesa quando do interrogatório realizado pela autoridade policial sem a presença
de advogado.

Sobre os direitos do indiciado na fase do inquérito, o STF editou a Súmula Vinculante nº 14, muito cobrada
em concursos públicos:

É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de


prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Por meio dessa súmula, o STF garantiu a advogados o acesso a provas já documentadas em autos de
inquéritos policiais que envolvam seus clientes, inclusive os que tramitam em sigilo. Observe, entretanto,
que a súmula somente se aplica a provas já documentadas, não atingindo demais diligências do inquérito, às
quais o advogado não tem direito a ter acesso prévio. Com isso, caso sinta necessidade, a autoridade policial
está autorizada a separar partes do inquérito.

Também existe uma fase pré-processual que antecede os processos administrativos disciplinares: a
sindicância. Segundo o STF, na sindicância preparatória para a abertura do processo administrativo
disciplinar (PAD) não é obrigatória a obediência aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Esses
princípios somente são exigidos no curso do processo administrativo disciplinar (PAD).

Ressalta-se que a razão disso é que a sindicância que precede a abertura do PAD, assim como o inquérito
policial, caracteriza-se pela coleta de informações, que serão apuradas em fases futuras dentro de um
processo. Caso a sindicância, entretanto, não resulte em abertura do PAD, mas se traduza em aplicação de
penalidade (advertência, por exemplo)62, há sim, necessidade de obediência ao contraditório e à ampla
defesa como requisito de validade da pena aplicada.

O STF entende que, nos processos administrativos disciplinares, a ampla defesa e o contraditório podem
ser validamente exercidos independentemente de advogado. Dessa forma, em um PAD instaurado para
apurar infração disciplinar praticada por servidor, não é obrigatória a presença de advogado. Com base
nesse entendimento, o STF editou a Súmula Vinculante nº 5:

A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
a Constituição.

Como forma de garantir a ampla defesa, é bastante comum que a legislação preveja a existência de recursos
administrativos. No entanto, em muitos casos, a apresentação de recursos exigia o depósito ou arrolamento
prévio de dinheiros ou bens. Em outras palavras, para entrar com recurso administrativo, o interessado
precisava ofertar certas garantias, o que, em não raras vezes, inviabilizava, indiretamente, o exercício do
direito de recorrer. Para resolver esse problema, o STF editou a Súmula Vinculante nº 21:

62
Segundo o art. 145, da Lei nº 8.112/90, da sindicância poderá resultar: i) arquivamento do processo; ii) aplicação de
penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; iii) instauração de processo disciplinar.

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É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para


admissibilidade de recurso administrativo.

Dessa forma, será inconstitucional qualquer lei ou ato normativo que estabeleça a necessidade de depósito
ou arrolamento prévio de dinheiro ou bens como requisito de admissibilidade de recurso administrativo.

Nessa mesma linha, o STF entende que não se pode exigir depósito prévio como condição para se ajuizar,
junto ao Poder Judiciário, ação para se discutir a exigibilidade de crédito tributário.63 Foi editada, então, a
Súmula Vinculante nº 28:

É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação


judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

(PC-DF – 2015) O advogado tem direito, no interesse de seu cliente, a ter acesso aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado pela polícia, digam respeito ao exercício do
direito de defesa.
Comentários:
Essa questão está baseada na SV nº 14. Questão correta.
(PC-DF – 2015) Não é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento de bens para admissibilidade
de recurso administrativo.
Comentários:
Essa questão está baseada na SV nº 21, que considera inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento de bens para admissibilidade de recurso administrativo. Questão errada.

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

O devido processo legal tem como uma de suas consequências a inadmissibilidade das provas ilícitas, que
não poderão ser usadas nos processos administrativos e judiciais. Segundo o STF:

63
Na ADIN 1.074-3, o STF considerou inconstitucional o art. 19, da Lei 8.870/94 que estabelecia que “as ações judiciais,
inclusive cautelares, que tenham por objeto a discussão de débito para com o INSS serão, obrigatoriamente, precedidas do
depósito preparatório do valor do mesmo, monetariamente corrigido até a data de efetivação, acrescido dos juros, multa
de mora e demais encargos”.

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É indubitável que a prova ilícita, entre nós, não se reveste da necessária idoneidade jurídica
como meio de formação do convencimento do julgador, razão pela qual deve ser
desprezada, ainda que em prejuízo da apuração da verdade, em prol do ideal maior de um
processo justo, condizente com o respeito devido a direitos e garantias fundamentais da
pessoa humana, valor que se sobreleva, em muito, ao que é representado pelo interesse
que tem a sociedade em uma eficaz repressão aos delitos.64

As provas ilícitas, assim consideradas aquelas obtidas com violação ao direito material, deverão ser,
portanto, expurgadas do processo; serão elas imprestáveis à formação do convencimento do magistrado.65

Há que se destacar, todavia, que a presença de provas ilícitas não é suficiente para invalidar todo o processo,
se nele existirem outras provas, lícitas e autônomas (obtidas sem a necessidade dos elementos informativos
revelados pela prova ilícita).66 Uma vez que seja reconhecida a ilicitude de prova constante dos autos, esta
deverá ser imediatamente desentranhada (retirada) do processo. 67 As outras provas, lícitas e independentes
da obtida ilicitamente, são mantidas, tendo continuidade o processo.

O STF entende que, sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante
abertura de carta, telegrama ou meio análogo68.

Vejamos, a seguir, importantes entendimentos do STF sobre a licitude/ilicitude de provas:

1) É ilícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica sem autorização judicial.

2) São ilícitas as provas obtidas por meio de interceptação telefônica determinada a partir
apenas de denúncia anônima, sem investigação preliminar.

3) São ilícitas as provas obtidas mediante gravação de conversa informal do indiciado com
policiais, por constituir-se tal prática em “interrogatório sub-reptício”, realizado sem as

64
STF, Ação Penal, 307-3-DF. Rel. Min. Ilmar Galvão, DJU 13.10.1995
65
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora
Atlas: 2010, pp. 324-332
66 STF, HC 76.231/RJ, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ: 29.09.1995.
67 STF, Embargos de Declaração em Inquérito. Rel. Min. Néri da Silveira, 07.06.1996
68 RE 1.116.949 (Tema 1041). Rel. Min. Marco Aurélio. DJe 07.11.2020.

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formalidades legais do interrogatório no inquérito policial e sem que o indiciado seja


advertido do seu direito ao silêncio.69

4) São ilícitas as provas obtidas mediante confissão durante prisão ilegal. Ora, se a prisão
foi ilegal, todas as provas obtidas a partir dela também o serão.

5) É lícita a prova obtida mediante gravação telefônica feita por um dos interlocutores
sem a autorização judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que a
gravação está sendo feita. Nessa situação, tem-se a legítima defesa.

6) É lícita a prova obtida por gravação de conversa telefônica feita por um dos
interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de
reserva da conversação.70

7) É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores


sem o conhecimento do outro. 71

Muito conhecida na doutrina é a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (“Fruits of the Poisonous Tree”),
que se baseia na ideia de que uma árvore envenenada irá produzir frutos contaminados! Seguindo essa
lógica, uma prova ilícita contamina todas as outras que dela derivam. É o que a doutrina denomina ilicitude
por derivação; pode-se dizer também que, nesse caso, haverá comunicabilidade da ilicitude das provas
ilícitas a todas aquelas que dela derivarem.

É importante destacar, porém, que a tão só existência de prova reconhecidamente ilícita no processo não
basta para que a condenação seja considerada nula, ou seja, a prova ilícita não contamina todo o processo.
Nesse sentido, segundo o STJ, “não se aplica a Teoria da Árvore dos Frutos Envenenados quando a prova
considerada como ilícita é independente dos demais elementos de convicção coligidos nos autos, bastantes
para fundamentar a condenação.”72

(SEFAZ-MT – 2014) As provas provenientes de quebra irregular de sigilo bancário ou fiscal são nulas para fins
de responsabilização administrativa e cível, mas não criminal.
Comentários:

69
STF, HC 80.949. Rel. Min. Sepúlveda Pertence. DJ 30.10.2001
70
STF, RE 630.944 – AgR. Rel. Min. Ayres Brito. DJ 25.10.2011
71 STF, RE 583.937-QO-RG. Rel. Min. Cezar Peluso. DJ 19.11.2009.
72APR 20050810047450 DF, Rel. Vaz de Mello, j. 07.02.2008.

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As provas ilícitas não podem ser usadas, também, nos processos penais (criminais). Elas serão nulas. Questão
errada.

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;

Trata-se do princípio da presunção de inocência, que tem por objetivo proteger a liberdade do indivíduo
frente ao poder de império do Estado. Somente a partir do trânsito em julgado (decisão da qual não caiba
mais nenhum recurso) de sentença penal condenatória é que alguém poderá ser considerado culpado. É,
afinal, o trânsito em julgado da sentença que faz coisa julgada material.

Da presunção de inocência, deriva a obrigatoriedade de que o ônus da prova da prática de um crime seja
sempre do acusador. Assim, não se pode exigir que o acusado produza provas em seu favor; caberá à
acusação provar, inequivocamente, a culpabilidade do acusado.

A jurisprudência do STF considera que as prisões cautelares (prisão preventiva, prisão em flagrante e prisão
temporária) são compatíveis com o princípio da presunção de inocência. Assim, é plenamente possível, no
ordenamento jurídico brasileiro, que alguém seja preso antes de sentença penal condenatória transitada
em julgado.

Em novembro de 2019, o STF adotou importantíssima decisão relacionada ao princípio da presunção de


inocência, mudando sua jurisprudência sobre o tema. Nos últimos anos, o STF vinha admitindo que, após
uma decisão condenatória em segunda instância, já seria possível a execução provisória da pena. Em outras
palavras, após decisão de segunda instância (acórdão penal condenatório), já poderia ser determinada prisão
do condenado, ainda que cabíveis recurso especial (para o STJ) e recurso extraordinário (para o STF).

Foi com base nesse entendimento, inclusive, que foi determinada a prisão do ex-Presidente Lula, após
decisão condenatória do TRF 4ª Região, antes do trânsito em julgado73.

Mas qual o novo entendimento do STF?

Agora, o STF entende que a decisão condenatória em segunda instância já não mais permitirá a execução
provisória da pena. Se um indivíduo foi condenado em primeira instância e, em seguida, teve a condenação
confirmada por um Tribunal (órgão de natureza colegiada), ainda assim ele não poderá ser preso, pois são
possíveis o recurso especial (para o STJ) e o recurso extraordinário (para o STF). Em outras palavras, ainda
não houve o trânsito em julgado da condenação criminal e, portanto, o indivíduo deve ser presumido
inocente.

Dessa forma, o STF adotou o seguinte entendimento:

73
HC 152.752. Rel. Min. Edson Fachin. DJe 27.06.2018.

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A execução provisória da sentença penal condenatória revela-se frontalmente


incompatível com o direito fundamental do réu de ser presumido inocente até que
sobrevenha o trânsito em julgado de sua condenação criminal (ADCs 43, 44 e 54)

A presunção de inocência também já serviu de fundamento para outra importante jurisprudência, agora
relacionada a concursos públicos.

Segundo o STF, “viola o princípio constitucional da presunção de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF, a
exclusão de candidato de concurso público que responde a inquérito ou ação penal sem trânsito em julgado
da sentença condenatória”.74 Ora, se ainda não houve o trânsito em julgado da sentença penal, o indivíduo
não pode ser considerado culpado. Ao exclui-lo do concurso, a Administração Pública agiu como se ele assim
devesse ser considerado, o que viola a presunção de inocência.

(Polícia Civil-CE - 2015) Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, salvo o preso em flagrante delito.
Comentários:
Pegadinha! Mesmo aquele que for preso em flagrante delito somente poderá ser considerado culpado após
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Questão errada.

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei;

Tem-se, aqui, norma constitucional de eficácia contida: na falta de lei dispondo sobre os casos de
identificação criminal excepcional, esta jamais seria exigível.

O que é identificação civil? É a regra: carteira de identidade, de motorista, de trabalho... E a criminal? É a


impressão digital (processo datiloscópico) e a fotográfica. Aposto que você se lembrou daquelas cenas de
filmes, em que o preso é fotografado de frente e de perfil pela polícia, né?

Assim, lei pode prever, excepcionalmente, hipóteses de identificação criminal mesmo quando o indivíduo
já foi identificado civilmente. A Lei Federal nº 12.037/2009 dispõe sobre os casos de identificação criminal
do civilmente identificado.

74
STF, RE 559.135-AgR. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.05.2008.

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LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal;

Como você sabe, em regra, é o Ministério Público que provoca o Poder Judiciário nas ações penais públicas,
de cujo exercício é titular, com o fim de obter do Estado o julgamento de uma pretensão punitiva.

Entretanto, em alguns casos, o particular poderá exercer essa prerrogativa, de maneira excepcional. Trata-
se dos casos de ação penal privada subsidiária da pública, quando esta não é intentada no prazo legal. Nesse
tipo de ação, a titularidade da persecução criminal era, inicialmente, do Ministério Público. Entretanto,
diante da omissão deste, ela passou para o particular.

Destaca-se, todavia, que não é possível ação penal privada subsidiária da pública quando o Ministério Público
solicitou ao juiz o arquivamento do inquérito policial por falta de provas. Isso porque, nesse caso, não se
caracteriza inércia do Ministério Público.

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da


intimidade ou o interesse social o exigirem;

A compreensão desse inciso é bastante simples. A regra é a publicidade dos atos processuais. A exceção é a
restrição a essa publicidade, que só poderá ser feita por lei e em 2 (duas hipóteses): defesa da intimidade
ou interesse social.

O inciso LX do art. 5º se assemelha ao art. 93, inciso IX, da CF/88, cujo teor vale transcrever:

Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença,
em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;

O direito à liberdade é uma regra prevista na Constituição, que somente em situações excepcionais e
taxativas poderá ser violada. O inciso LXI do art. 5º da Constituição traz as hipóteses em que é possível a
prisão:

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a) em flagrante delito. Nesse caso, não haverá necessidade de ordem judicial. Nos termos do Código
de Processo Penal, qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

b) em caso de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. Nesse caso,
também é dispensada ordem judicial.

c) por ordem de juiz, escrita e fundamentada. A decisão judicial é necessária para a decretação de
prisão cautelar ou para a denegação de liberdade provisória.

A prisão, por tudo o que já comentamos, tem natureza excepcional. Nesse sentido, o inciso LXVI dispõe que
se a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança, ninguém será levado à prisão ou nela mantido.
Isso porque o direito à liberdade é um dos direitos humanos mais básicos e importantes.

Flagrante delito

Casos em que é possível Transgressão militar ou crime


a prisão propriamente militar

Por ordem de juiz, escrita e


fundamentada

(CNMP – 2015) Ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória,
desde que mediante pagamento de fiança.
Comentários:
O art. 5º, LXVI estabelece que “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança”. Questão errada.

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados


imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

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LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

Esses dispositivos enunciam os direitos do preso, que lhe devem ser garantidos imediatamente quando de
sua prisão.

Nos termos do inciso LXII, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. O objetivo é
assegurar-lhe a assistência familiar e permitir que o juiz analise a legalidade da prisão, relaxando-a se tiver
sido ilegal. Destaque-se que não ocorrerá descumprimento do art. 5º, LXII, se o preso, voluntariamente, não
indica pessoa a ser comunicada de sua prisão.75

O inciso LXIII, por sua vez, consagra o direito ao silêncio (direito à não-autoincriminação), que se baseia na
lógica de que ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo (“nemo tenetur se detegere”).
O preso deverá ser informado sobre seu direito de permanecer em silêncio, assim como do fato de que o
exercício desse direito não irá trazer-lhe nenhum prejuízo. Em outras palavras, o silêncio do réu no
interrogatório não pode ser interpretado como se fosse uma confissão da prática do crime.

O direito ao silêncio está presente quando o indiciado ou acusado presta depoimento ao Poder Judiciário,
ao Poder Executivo ou ao Poder Legislativo (no âmbito de CPI, por exemplo). Segundo o STF, o preso deve
ser informado de seu direito ao silêncio, sob pena de nulidade absoluta de seu interrogatório.

Importa destacar ainda que, para o Supremo Tribunal Federal, o direito de permanecer em silêncio insere-
se no alcance concreto da cláusula constitucional do devido processo legal. Nesse direito ao silêncio, está
incluída, implicitamente, a prerrogativa processual de o acusado negar, ainda que falsamente, perante a
autoridade policial ou judiciária, a prática da infração penal. 76 Essa garantia conferida ao acusado,
entretanto, não lhe permite mentir indiscriminadamente. Não pode ele, com base nesse direito, criar
situações que comprometam terceiros ou gerem obstáculos à apuração dos fatos, impedindo que a Justiça
apure a verdade.

O inciso LXIV, por sua vez, garante ao preso o direito de conhecer a identidade dos responsáveis por sua
prisão ou por seu interrogatório policial. O objetivo é evitar arbitrariedades da autoridade policial e de seus
agentes que, uma vez tendo sido identificadas pelo preso, poderão ser responsabilizadas, a posteriori, no
caso de ilegalidades ou abuso de poder.

Já o inciso LXV determina que a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. O
relaxamento da prisão é, portanto, um ato por meio do qual o juiz torna sem efeito a restrição de liberdade.
Trata-se, como se pode verificar, de uma proteção aos indivíduos contra prisões ilegais ou arbitrárias.

75
STF, HC 69.630. Rel. Min. Paulo Brossard. DJ: 04.12.1992.
76STF,
Primeira Turma, HC 68929 SP, Rel. Min. Celso de Mello, j. 22.10.1991, DJ 28-08-1992.

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Um entendimento importante do STF, relacionado ao respeito dos direitos do preso, é a Súmula Vinculante
nº 11, que trata do uso de algemas.

“Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de


perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.”

Com a edição da Súmula Vinculante nº 11, a utilização de algemas somente pode ocorrer em casos
excepcionais (resistência, fundado receio de fuga ou perigo à integridade física), justificados por escrito. A
desobediência a essa regra implicará em responsabilidade do agente ou da autoridade, bem como na
nulidade da prisão.

Por fim, vale destacar a obrigatoriedade da realização das audiências de custódia. Segundo o STF, deve-se
viabilizar o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado
do momento da prisão77. O STF, inclusive, concede habeas corpus em razão da falta de realização de
audiências de custódia78.

(PRF – 2019) São constitucionalmente assegurados ao preso o direito à identificação dos agentes estatais
responsáveis por sua prisão e direito de permanecer em silêncio.
Comentários:
O preso deverá ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado (art. 5º, LXIII, CF/88).
Além disso, o preso também tem o direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial (art. 5º, LXIV, CF/88). Questão correta.
(Polícia Civil-SE – 2018) Em caso de perigo à integridade física do preso, admite-se o uso de algemas, desde
que essa medida, de caráter excepcional, seja justificada por escrito.
Comentários:
O uso de algemas é admitido nas seguintes situações: resistência, fundado receio de fuga ou perigo à
integridade física própria ou alheia. Trata-se de medida de caráter excepcional, que precisa ser justificada
por escrito, conforme previsto na SV nº 11. Questão correta.

77
ADPF 347. Rel. Min. Marco Aurélio. DJe 19.02.2016.
78
HCs 202.579 e 202.700. Rel. Min. Nunes Marques, Red. Ac. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 26.10.2021.

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(Polícia Civil-SE – 2018) Conforme texto constitucional vigente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde
se encontra terão de ser comunicados em até vinte e quatro horas ao juiz competente e à família do preso
ou a pessoa por ele indicada.
Comentários:
Segundo o art. 5º, LXII, CF/88, “a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”. Questão errada.
(Polícia Civil-CE – 2015) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados,
imediatamente, ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
Comentários:
É a literalidade do art. 5º, LXII, CF/88. Questão correta.
(Polícia Civil-CE – 2015) A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade policial.
Comentários:
Pegadinha! É a autoridade judicial (e não a autoridade policial!) que relaxará a prisão ilegal. Questão errada.
(Polícia Federal – 2014) Um agente da Polícia Federal foi escalado para atuar em operação para cumprimento
de mandado judicial de prisão e de busca e apreensão, durante o dia, de documentos no escritório
profissional do investigado. Mesmo que o investigado ofereça resistência à ordem de prisão, não será
possível o uso de algemas para conduzi-lo, uma vez que a CF garante que nenhum cidadão será submetido a
tratamento desumano ou degradante.
Comentários:
A Súmula Vinculante nº 11 autoriza a utilização de algemas em caso de resistência à prisão. Logo, na situação
descrita, será possível o uso de algemas. Questão errada.

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

A partir deste artigo, de “memorização” obrigatória para sua prova, pode-se concluir que:

a) Em regra, não há prisão civil por dívidas.

b) Aquele que não paga pensão alimentícia só pode ser preso se deixar de pagar porque quer
(inadimplemento voluntário) e sem justificativa plausível (inadimplemento inescusável).

c) Se levarmos em conta apenas o texto da Constituição, iremos concluir que o depositário infiel
também pode ser preso. No entanto, o entendimento atual do STF é o de que a única prisão civil por
dívida admitida no ordenamento jurídico brasileiro é a resultante do inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia.

Vamos explicar o porquê disso, começando com o conceito de “depositário infiel”.

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O conceito não é cobrado em prova, mas fica bem mais fácil entender o espírito da norma quando este é
explicado. O depositário é a pessoa a quem uma autoridade entrega um bem em depósito. Essa pessoa
assume a obrigação de conservar aquele bem com diligência e de restituí-lo assim que a autoridade o exigir.
Quando assim não procede, é chamada depositário infiel. A infidelidade, portanto, é um delito. É o caso de
uma pessoa que teve mercadoria apreendida pela Receita Federal, mas que recebe do Auditor-Fiscal
autorização para guardá-la, por falta de espaço no depósito da unidade aduaneira, por exemplo. Caso o bem
não seja entregue assim que requerido, o depositário torna-se infiel.

Pela literalidade da Constituição, o depositário infiel pode ser preso. No entanto, trata-se de autorização (e
não imposição) constitucional. Há necessidade de uma norma infraconstitucional que ordene a prisão. Com
efeito, a Constituição apenas autoriza a prisão; quem deve determinar a prisão do depositário infiel é uma
lei (norma infraconstitucional). Essa lei que determina a prisão do depositário infiel até existe, mas como
explicarei a seguir, está com a eficácia suspensa.

O Brasil é signatário da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica), que
somente permite a prisão civil por não pagamento de obrigação alimentícia. Segundo o STF, esse tratado,
por ser de direitos humanos, tem “status” supralegal, ou seja, está abaixo da Constituição e acima de todas
as leis na hierarquia das normas. Assim, ele não se sobrepõe à Constituição, ou seja, permanece válida a
autorização constitucional para que o depositário infiel seja preso.

No entanto, a Convenção Americana de Direitos Humanos, por ter status supralegal, suspendeu toda a
eficácia da legislação infraconstitucional que regia a prisão do depositário infiel. Segundo o STF, o Pacto de
San José da Costa Rica produziu um “efeito paralisante” sobre toda a legislação infraconstitucional que
determinava a prisão do depositário infiel. 79

Dessa forma, não houve revogação do texto constitucional. A Constituição continua autorizando a prisão
do depositário infiel; no entanto, a legislação infraconstitucional está impedida de ordenar essa
modalidade de prisão, em razão da Convenção Americana de Direitos Humanos, cuja hierarquia é de norma
supralegal.

Para sanar qualquer dúvida sobre o tema, o STF editou a Súmula Vinculante nº 25:

Súmula Vinculante nº 25: É ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade de depósito.

79
RE 466.343-1/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 03.12.2008

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Para finalizar, quero que vocês se lembrem, ainda, de que os tratados sobre direitos humanos também
podem ter “status” de emenda constitucional, desde que aprovados obedecendo ao rito próprio dessa
espécie normativa. Assim, necessitam ser aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros. Essa previsão está no art. 5º, § 3º da CF/88, incluído à
Constituição pela EC 45/04.

Continuemos no estudo do art. 5º, da Constituição Federal!

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,


nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Por meio desse dispositivo, a CF/88 garante a liberdade de locomoção, no território nacional, nos tempos
de paz e nos termos da lei. Observe que se trata de norma constitucional de eficácia contida, que poderá
sofrer restrições referentes ao ingresso, saída e circulação interna de pessoas e patrimônio. É o caso, por
exemplo, das restrições impostas por normas referentes ao ingresso de estrangeiros no país.
==11dbe3==

Outro tópico bastante interessante sobre esse dispositivo é que a liberdade de locomoção só é assegurada
a qualquer pessoa (brasileira ou não) em tempos de paz. Isso significa que, em tempos de guerra, a liberdade
de entrada, saída e permanência no país poderá sofrer duras restrições, principalmente no que se refere a
estrangeiros.

Por fim, cabem algumas considerações sobre o direito de locomoção. Locomover significa andar, correr,
passear, parar, ir, vir, ficar, estacionar, transitar... Em sentido amplo, é o mesmo que circular. Nesse sentido,
não pode o Poder Público cercear o livre trânsito de pessoas, salvo em situações excepcionais. No estado
de sítio, por exemplo, pode ser determinado que as pessoas sejam obrigadas a permanecerem em um local
específico, nos termos do art. 139, inciso I, da CF/88.

O remédio constitucional adequado para proteger a liberdade de locomoção é o “habeas corpus”. Os


remédios constitucionais compreendidos entre os incisos LXVIII e LXXIII do art. 5º serão abordados logo
adiante em nosso curso.

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;

Essa previsão constitucional visa garantir a todos o acesso à Justiça. Em concursos, você deve ficar atento ao
fato de que a assistência jurídica integral e gratuita só é devida aos pobres, aos que comprovarem
insuficiência de recursos.

A Defensoria Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal é o órgão público incumbido de
desempenhar o papel previsto no inciso LXXIV.

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença;

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Tem-se, nesse inciso, a previsão da responsabilidade civil do Estado quanto à condenação por erro judiciário
ou à manutenção de uma pessoa presa por mais tempo que o fixado na sentença judicial.

Tudo bem, aluno (a)... Já vou dizer o que é responsabilidade civil. Trata-se de uma obrigação de indenizar
que surge a partir de um dano. No caso, a responsabilidade do Estado é do tipo objetiva, pois independe de
ter havido dolo ou culpa por parte dos agentes públicos, cuja ação foi imputada ao Estado.

Assim, quem sofreu condenação penal indevida (por erro judiciário) ou ficou preso além do tempo
determinado pelo juiz (erro da Administração) tem direito a indenização. É o que prevê o inciso acima.

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

Quais os possíveis “peguinhas” relativos a esse inciso?

Primeiramente, só os reconhecidamente pobres, na forma da lei, têm direito à gratuidade de que trata a
norma constitucional. Entretanto, o STF julgou constitucional lei que prevê gratuidade do registro do
nascimento, do assento de óbito, bem como da primeira certidão respectiva a todos os cidadãos (e não só
para os pobres). Entendeu-se inexistir conflito da lei impugnada com a Constituição, a qual, em seu inciso
LXXVI do art. 5º apenas estabelece o mínimo a ser observado pela lei, não impedindo que esta gratuidade
seja estendida a outros cidadãos. Considerou-se, também, que os atos relativos ao nascimento e ao óbito
são a base para o exercício da cidadania, sendo assegurada a gratuidade de todos os atos necessários ao seu
exercício (CF, art. 5º, LXXVII).

O STF considerou também que os estrangeiros hipossuficientes são imunes ao pagamento de taxas para
registro da regularização migratória80.

Finalmente, a gratuidade só diz respeito ao registro de nascimento e à certidão de óbito. Nada de cair em
“peguinhas” que estendam esse direito à certidão de casamento, por exemplo.

LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os


atos necessários ao exercício da cidadania.

“Habeas corpus” e do “habeas data” são remédios constitucionais gratuitos. Lembre-se disso!! Iremos
estudar essas duas ações constitucionais em momento oportuno, mas desde já se lembre que são gratuitos.

Lembre-se que também são gratuitos os atos necessários ao exercício da cidadania, na forma da lei. Só a lei
formal, portanto, poderá determinar quais atos são esses. É um caso de reserva legal.

80
RE 1018911/RR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/11/2021 (Repercussão Geral – Tema 988)

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A título de informação, a Lei Federal nº 9.265/96 prevê os atos necessários ao exercício da cidadania e que,
por consequência, devem ser gratuitos. São eles:

➢ Os que capacitam o cidadão ao exercício da soberania popular, a que se reporta o art. 14 da


Constituição (emissão de título de eleitor, por exemplo);
➢ Aqueles referentes ao alistamento militar;
➢ Os pedidos de informações ao poder público, em todos os seus âmbitos, objetivando a instrução de
defesa ou a denúncia de irregularidades administrativas na órbita pública;
➢ As ações de impugnação de mandato eletivo por abuso do poder econômico, corrupção ou fraude;
➢ Quaisquer requerimentos ou petições que visem as garantias individuais e a defesa do interesse
público.
➢ O registro civil de nascimento e o assento de óbito, bem como a primeira certidão respectiva.
➢ O requerimento e a emissão de documento de identificação específico, ou segunda via, para pessoa
com transtorno do espectro autista.

Habeas Corpus e Habeas Data

Registro civil de nascimento


Aos reconhecidamente
pobres
GRATUITOS
Certidão de óbito

Ações necessárias ao exercício da cidadania

Aos que comprovarem


Assistência jurídica gratuita
insuficiência de recursos

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração


do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Esse dispositivo constitucional traduz o princípio da celeridade processual. Foi incorporado à Carta Magna
com o objetivo de garantir aos cidadãos o direito de verem julgados seus processos em um prazo razoável,
sendo aplicável tanto aos processos administrativos quanto aos judiciais.

LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive
nos meios digitais.

O inciso LXXIX foi incluído no texto constitucional por força da Emenda Constitucional nº 115/2022. Nota-se
a preocupação do legislador constituinte com a proteção de dados pessoais.

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Acerca disso, vale notar que o Supremo Tribunal Federal já havia entendido que a manipulação de dados
pessoais deve observar os limites delineados pelo âmbito de proteção das cláusulas constitucionais
assecuratórias da liberdade individual (art. 5º, caput), da privacidade e do livre desenvolvimento da
personalidade (art. 5º, X e XII), sob pena de lesão a esses direitos81. Segundo a Corte, a proteção de dados
pessoais é decorrência do respeito à privacidade e foi positivada pela Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais (Lei nº 13.709/2018).

A proteção de dados pessoais e a autodeterminação informacional são direitos fundamentais autônomos,


dos quais decorrem tutela jurídica específica e dimensão normativa própria. Assim, segundo o STF, é
necessária a instituição de controle efetivo e transparente da coleta, armazenamento, aproveitamento,
transferência e compartilhamento desses dados, bem como o controle de políticas públicas que possam
afetar substancialmente o direito fundamental à proteção de dados.

E o que dizer a respeito do compartilhamento de dados pessoais entre órgãos públicos?

Em recente decisão, o STF entendeu ser legítimo, desde que observados alguns
parâmetros, o compartilhamento de dados pessoais entre órgãos e entidades da
Administração Pública federal, sem qualquer prejuízo da irrestrita observância dos
princípios gerais e mecanismos de proteção elencados na Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais (Lei 13.709/2018) e dos direitos constitucionais à privacidade e proteção de
dados82.

Agora, com a Emenda nº 115, a proteção de dados pessoais não é algo apenas implicitamente extraído da
Constituição, passando a ser um direito fundamental expresso. Em consequência, referido direito também
pode ser considerado uma "cláusula pétrea".

Analisemos, agora, os parágrafos do art. 5o da Constituição Federal...

§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Desse comando constitucional, depreende-se que as normas que definem direitos e garantias fundamentais
(não só aquelas do art. 5º da CF, mas também as constantes de outros artigos da Constituição) devem ser

81
ADI 6387 MC-Ref. Rel. Min. Rosa Weber. Julgamento: 07.05.2020.
82
ADI 6649/DF e ADPF 695/DF. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 15.09.2022.

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interpretadas de modo a terem a maior eficácia possível, mesmo quando ainda não regulamentadas pelo
legislador ordinário. Isso porque, como você percebeu, vários direitos e garantias fundamentais estão
previstos em normas de eficácia limitada, dependendo de regulamentação para a produção de todos os
seus efeitos.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes


do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.

Como se deduz do parágrafo acima, os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição têm
enumeração aberta (rol exemplificativo). Podem, portanto, haver outros, decorrentes dos princípios
constitucionais ou da assinatura de tratados internacionais pela República Federativa do Brasil. Consagrou-
se, no Brasil, um sistema aberto de direitos fundamentais.

Desse modo, para que um direito seja considerado como fundamental, não é necessário que ele seja
constitucionalizado (incorporado formalmente ao texto constitucional). Os direitos serão fundamentais em
razão da sua essência, do seu conteúdo normativo. Surge, assim, a ideia de “fundamentalidade material”
dos direitos fundamentais, que permite a abertura do sistema constitucional a outros direitos fundamentais
não previstos no texto da Constituição.

Há que se ressaltar que a fundamentalidade material é uma noção que depende da existência de cláusula
de abertura material inserida no texto da Constituição, o que no caso brasileiro foi feito pelo art. 5º, § 2º,
CF/88. Em outras palavras, é a Constituição formal que abre a possibilidade para o fenômeno da
“fundamentalidade material”.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem


aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Por meio desse parágrafo, a Constituição determina que alguns tratados e convenções internacionais têm
força de emenda constitucional, atendidos os requisitos:

a) Devem tratar de direitos humanos;

b) Devem ter sido aprovados de acordo com o rito próprio das emendas constitucionais: três quintos
dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação.

E os tratados sobre direitos humanos que não são aprovados por esse rito especial?

Como dissemos anteriormente, caro (a) aluno (a), o Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão recente
(2008), firmou entendimento de que esses tratados têm hierarquia supralegal, situando-se abaixo da
Constituição e acima da legislação interna.

Há apenas dois tratados de direitos humanos aprovados pelo Congresso Nacional na forma do § 3º. Trata-se
dos seguintes compromissos internacionais: Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com

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Deficiência (Decreto nº 6.949/09) e o Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às
Pessoas Cegas, com Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso
(Decreto nº 9.522/18).

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha


manifestado adesão.

O Tribunal Penal Internacional constitui-se no primeiro tribunal de natureza permanente destinado a apurar
a responsabilidade de indivíduos por crimes perpetrados contra os direitos humanos, concretizando grande
avanço do processo de internacionalização dos direitos humanos e de humanização do direito internacional.

(PM-RJ – 2021) Determinado tratado de proteção aos Direitos Humanos foi assinado pelo Estado brasileiro
e, a partir desse momento, iniciou-se um intenso movimento, capitaneado pelas entidades de proteção aos
Direitos Humanos, para que fosse incorporado, à ordem interna, com eficácia jurídica equivalente às
emendas constitucionais. Para que isto ocorra, é preciso que seja aprovado em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, pelo voto de três quintos dos respectivos membros.
Comentários:
Pela literalidade do art. 5º, § 3º, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Questão correta.
(PRF – 2019) Conforme a maneira como são internalizados, os tratados internacionais sobre direitos
humanos podem receber status normativo-hierárquico constitucional ou legal.
Comentários:
Os tratados internacionais de direitos humanos podem status constitucional ou supralegal. Assim, faltou o
prefixo “SUPRA” para que o enunciado ficasse correto. Os tratados de direitos humanos terão status
constitucional quando forem aprovados na forma do art. 5º, § 3º, CF/88. Por outro lado, terão status
supralegal quando forem aprovados pelo mesmo rito de aprovação das leis. Questão errada.
(MPU – 2018) Os tratados internacionais sobre direitos humanos possuem status de emendas
constitucionais, de maneira que a autoridade pública que a eles desobedecer estará sujeita a
responsabilização.
Comentários:
Nem todos os tratados internacionais de direitos humanos possuem status de emenda constitucional, mas
apenas aqueles que forem aprovados pelo rito qualificado do art. 5º, § 3º, CF/88. Questão errada.
(MPU – 2015) A CF traz uma enumeração taxativa dos direitos fundamentais.

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Comentários:
O rol de direitos fundamentais previsto na CF/88 é meramente exemplificativo. Podem existir outros direitos
fundamentais previstos em tratados internacionais ou decorrentes do regime e dos princípios adotados pela
CF/88. Questão errada.
(MPE-GO – 2014) A fundamentalidade material é uma noção que permite a abertura a outros direitos
fundamentais não previstos expressamente no texto constitucional, e essa mesma noção se dá por meios
que prescindem da Constituição formal.
Comentários:
O erro está na parte final da assertiva. A abertura do sistema constitucional a outros direitos fundamentais
depende de expressa previsão na Constituição formal. Questão errada.

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Habeas Corpus

LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado


de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder;

O “habeas corpus” é uma garantia fundamental. Temos que ele é remédio constitucional que protege o
direito de locomoção. Sua finalidade é, por meio de ordem judicial, fazer cessar a ameaça ou coação à
liberdade de locomoção do indivíduo.

O “habeas corpus” tem natureza penal, procedimento especial (é de decisão mais rápida: rito sumário), é
isento de custas (gratuito, nos termos do art. 5º, inciso LXXVII) e pode ser repressivo (liberatório) ou
preventivo (salvo-conduto). Se repressivo, busca devolver ao indivíduo a liberdade de locomoção que já
perdeu (sendo preso, por exemplo); quando preventivo, resguarda o indivíduo quando a perda dessa
liberdade é apenas uma ameaça. Há, ainda, o “habeas corpus” suspensivo, utilizado quando a prisão já foi
decretada, mas o mandado de prisão ainda está pendente de cumprimento.

Pode o “habeas corpus” ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, ou,
ainda, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública. Todos esses são, portanto, sujeitos ativos do
“habeas corpus”. Trata-se de uma ação com legitimidade universal, que pode, inclusive, ser concedida de
ofício pelo próprio juiz. Tamanho é seu caráter universal que o “habeas corpus” prescinde, até mesmo, da
outorga de mandado judicial que autorize o impetrante a agir em favor de quem estaria sujeito,
alegadamente, a constrangimento em sua liberdade de locomoção.

Não pode o “habeas corpus”, contudo, ser impetrado em favor de pessoa jurídica. Somente as pessoas
físicas (os seres humanos) podem ser pacientes de “habeas corpus”. Já viu pessoa jurídica (“empresa”) se
locomovendo? Ou, ainda, é possível que pessoa jurídica seja condenada à prisão? Não, né? Por isso mesmo,
o “habeas corpus” só pode ser impetrado a favor de pessoa natural, jamais de pessoa jurídica. Guarde bem
isso!

Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus, mas sempre a favor de pessoa física.

Não há necessidade de advogado para impetração de “habeas corpus”, bem como para interposição de
recurso ordinário contra decisão proferida em “habeas corpus”. A doutrina considera, por isso, que o
“habeas corpus” é uma verdadeira ação penal popular.

No que se refere à legitimidade passiva no “habeas corpus”, tem-se que este se dirige contra a autoridade
coatora, seja ela de caráter público ou um particular. Por autoridade coatora entende-se aquela que
determinou a prisão ou a restrição da locomoção do paciente, ou seja, da pessoa que sofreu a lesão ou

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ameaça de lesão. Um exemplo típico de “habeas corpus” contra particular é aquele impetrado contra
hospitais, que negam a liberação de seus pacientes, caso estes não paguem suas despesas.

Pela importância do direito que busca proteger (liberdade de locomoção), o habeas corpus é ação de
procedimento especial (rito sumário), sendo decidida de maneira bem célere. Mesmo assim, pode haver
medida liminar em “habeas corpus”, desde que presentes seus pressupostos (fumus boni iuris e periculum
in mora).

“O que é liminar?”

A liminar é uma ordem judicial proferida pronta, sumária (rito breve) e precariamente (não é definitiva). Visa
proteger direito que esteja sendo discutido em outra ação, e que, sem a liminar, poderia sofrer danos de
difíceis reparações, devido à demora na prestação jurisdicional. A liminar, portanto, tem dois pressupostos:

a) O “fumus boni juris”, ou “fumaça do bom direito”, que significa que o pedido deve ter
plausibilidade jurídica;

b) O “periculum in mora” (risco da demora), que significa que deve haver possibilidade de dano
irreparável ou de difícil reparação se houver demora na prestação jurisdicional.

Outra coisa importante: é cabível “habeas corpus” mesmo quando a ofensa ao direito de locomoção é
indireta, ou seja, quando do ato impugnado possa resultar procedimento que, ao final, termine em detenção
ou reclusão da pessoa. É o caso do uso desse instrumento para proteger o indivíduo contra quebra de sigilo
bancário que possa levar à sua prisão em um processo criminal, por exemplo1. Esse é o entendimento do
STF. Entretanto, caso a quebra do sigilo fiscal se desse em um processo administrativo, não caberia “habeas
corpus”. Isso porque esse tipo de processo jamais leva à restrição de liberdade. O remédio constitucional
adequado, nesse caso, seria o mandado de segurança.

O habeas corpus também poderá ser concedido para impugnar medidas cautelares diversas da prisão, as
quais estão relacionadas no art. 319, do Código de Processo Penal.2 Isso se deve ao fato de que, caso essas
medidas cautelares sejam descumpridas, poderão ser convertidas em prisão processual, havendo, portanto,
risco à liberdade de locomoção do indivíduo.

Além disso, cabe habeas corpus para questionar medidas de proteção à mulher previstas na Lei Maria da
Penha. Segundo o STJ, “se o paciente não pode aproximar-se a menos de 500 metros da vítima ou de seus
familiares, se não pode aproximar-se da residência da vítima, tampouco pode frequentar o local de trabalho
dela, decerto que se encontra limitada a sua liberdade de ir e vir. Posto isso, afigura-se cabível a impetração
do habeas corpus”3.

1“O
habeas corpus é medida idônea para impugnar decisão judicial que autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancário em
procedimento criminal, haja vista a possibilidade destes resultarem em constrangimento à liberdade do investigado” (AI
573623 QO/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 31.10.2006).
2 HC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 18.12.2017.
3 HC 298.499/AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, DJ 09.12.2015.

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Resta, ainda, destacar que o “habeas corpus” pode ser concedido de ofício pelo juiz4, ou seja, por sua
iniciativa, sem provocação de terceiros. Isso ocorrerá quando, no curso do processo, a autoridade judiciária
verificar que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

Além disso, entende o STF que o órgão competente para julgamento do habeas corpus está desvinculado à
causa de pedir (fundamento do pedido) e aos pedidos formulados. Assim, havendo convicção sobre a
existência de ato ilegal não mencionado pelo impetrante, cabe ao Judiciário afastá-lo, ainda que isso
implique concessão de ordem em sentido diverso do pleiteado5.

O “habeas corpus” também não serve como meio de dilação probatória6, para reparar erro do Judiciário,
devido à sua índole sumaríssima7. A coação ilegal deverá ser demonstrada de plano pelo impetrante: exige-
se, no “habeas corpus”, prova pré-constituída. Como a fase de dilação probatória é demorada, relativamente
longa, entende o STF que é incabível na via de “habeas corpus”, devido a seu rito sumaríssimo. O bem jurídico
tutelado (a liberdade de locomoção) requer o afastamento da ilegalidade o mais rápido possível, o que não
se daria caso houvesse uma fase probatória.

Apesar de não existir previsão expressa em nosso ordenamento jurídico, o STF admite que
seja impetrado o “habeas corpus coletivo”. Permite-se, desse modo, que os juízes e
Tribunais estendam ordem de habeas corpus para todos aqueles que estão na mesma
situação. Foi esse o entendimento do STF ao analisar habeas corpus coletivo impetrado
pela Defensoria Pública em favor de mulheres grávidas e mães de crianças que estão
cumprindo prisão preventiva.8

Uma pergunta importante que se deve fazer é a seguinte: quando é incabível o “habeas corpus”?

a) Não cabe habeas corpus para impugnar decisões do STF (Plenário, Turmas ou ato individual de
Ministro).

O STF já passou por algumas "idas e vindas" em relação ao cabimento de habeas corpus em face de ato
individual de Ministro. No julgamento do HC 130.620, por exemplo, entendeu-se pela viabilidade de
impetração do remédio constitucional contra ato individual de magistrado. Todavia, em decisão mais recente
tomada no âmbito do inquérito das fake news (Inquérito 4.781), o Plenário do STF não conheceu de habeas

4STF,
HC 69.172-2/RJ, DJ, 1, de 28.08.1992.
5STF,
HC 69.421/SP, DJ, 1, de 28.08.1992.
6 Por dilação probatória entende-se o prazo concedido às partes para a produção de provas no processo.
7STF, HC 68.397-5/DF, DJ 1, 26.06.1992.
8 HC 143.641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. Julgamento: 20.02.2018.

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corpus perante ato individual de um ministro da Corte9. Logo, atualmente prevalece o entendimento de que
não cabe habeas corpus em face de atos individuais praticados pelos Ministros do STF.

A impossibilidade de impetração do “habeas corpus” contra decisões colegiadas do STF decorre do princípio
da “superioridade de grau”, em virtude do qual somente a autoridade imediatamente superior à autoridade
coatora é que teria competência para conhecer e decidir sobre essa ação. Nesse sentido, nenhum juiz pode
conceder “habeas corpus” contra ato do próprio juízo; o habeas corpus é sempre impetrado junto à
autoridade superior daquela que tomou decisão que viola a liberdade de locomoção.

Acerca disso, frise-se a existência da Súmula 606, do STF:

Súmula 606: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma,
ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
==11dbe3==

b) Não cabe “habeas corpus” para impugnar determinação de suspensão dos direitos políticos.

c) Não cabe “habeas corpus” para impugnar pena em processo administrativo disciplinar:
advertência, suspensão, demissão etc.

d) Não cabe “habeas corpus” para impugnar pena de multa ou relativa a processo em curso por
infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. (Súmula STF nº 693)

Perceba que as penas de multa, de suspensão de direitos políticos, bem como disciplinares não resultam em
cerceamento da liberdade de locomoção. Logicamente, não cabe “habeas corpus” para impugná-las.

e) Não cabe “habeas corpus” para impugnar quebra de sigilo bancário, fiscal ou telefônico, se dela
não puder resultar condenação à pena privativa de liberdade.

Se a quebra de sigilo bancário, fiscal ou telefônico puder resultar em condenação à pena privativa de
liberdade, entende-se que há violação indireta à liberdade de locomoção. Nesse caso, será cabível o “habeas
corpus”.

f) Não cabe “habeas corpus” quando já extinta a pena privativa de liberdade. (Súmula STF nº 695)

Desconstituído o objeto do “habeas corpus”, por julgada extinta a pena em face do seu integral
cumprimento, resta prejudicado o pedido10. Isso significa que a extinção da pena torna incabível a utilização
do “habeas corpus”. A lógica é simples: o “habeas corpus” visa à tutela do direito à locomoção, não se
justificando quando esse direito não mais se encontra limitado ou ameaçado.

g) Não cabe “habeas corpus” para discutir o mérito de punições disciplinares militares (art. 142, § 2º,
CF).

9
HCs 170.263, 170.285, 170.328, 170.330 e 186.296. Rel. Min. Edson Fachin.
10HC
34826 RS 2004/0051531-1, DJe 06/10/2008.

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Segundo o STF, é cabível “habeas corpus” para discutir a legalidade de punições disciplinares militares (por
exemplo, a competência do agente e concessão de ampla defesa e contraditório).

h) Não cabe “habeas corpus” contra a imposição de pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública.

i) Não cabe “habeas corpus” para se pleitear o direito a visitas íntimas.11

Destaca-se, ainda, que em caso de estado de defesa (art. 136, CF) ou estado de sítio (art. 139, CF), o âmbito
do “habeas corpus” poderá ser restringido. Contudo, jamais poderá ser suprimido.

Em que pese a inexistência de uma lei específica tratando exclusivamente sobre o habeas corpus, vale
pontuar que o Código de Processo Penal dispõe a respeito da processualística desse remédio constitucional
(artigos 647 a 667).

(PGM-Fortaleza – 2017) Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus.

Comentários:

O “habeas corpus” pode, sim, ser impetrado por qualquer pessoa jurídica, nacional ou estrangeira. A pessoa
jurídica, entretanto, não pode ser paciente dessa ação, uma vez que não possui direito de locomoção a ser
protegido. Questão correta.

(TJ-SP – 2015) Não é possível a concessão de habeas corpus quando alguém se ache ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, devendo a violência
ou coação estarem concretizadas.

Comentários:

A violência ou coação à liberdade de locomoção não precisam estar concretizadas para que se conceda
habeas corpus. Isso porque existe a figura do habeas corpus preventivo, utilizado quando a perda da
liberdade ainda é uma ameaça. Questão errada.

(FUB – 2015) A legitimidade para impetração de habeas corpus é universal, abrangendo a pessoa jurídica e
também aqueles que não possuem capacidade civil plena.

Comentários:

Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, poderá impetrar habeas corpus. Portanto, a
legitimidade para impetração de habeas corpus é universal. Questão correta.

11
HC 138286, Rel. Min. Marco Aurélio. Julgamento: 05.12.2017

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(TCM-GO – 2015) Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém estiver submetido as decisões ilegais
que impliquem condenação em pena privativa de direitos, privativa de liberdade ou de multa.

Comentários:

Não cabe habeas corpus para impugnar pena privativa de direitos ou pena de multa. O bem jurídico tutelado
pelo habeas corpus é a liberdade de locomoção. Portanto, ele é cabível para impugnar decisões ilegais que
impliquem condenação em pena privativa de liberdade. Questão errada.

HABEAS CORPUS
Caráter preventivo ou
Sim
repressivo
Finalidade Proteger a liberdade de locomoção
Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira. Só pode ser
Legitimados ativos
impetrado a favor de pessoa natural, jamais de pessoa jurídica.
Legitimados passivos Autoridade pública e pessoa privada
Natureza Penal
Isenção de custas Sim
Medida liminar Possível, com pressupostos “fumus boni juris” e “periculum in mora”
Penas de multa, de suspensão de direitos políticos, bem como
Observações disciplinares não resultam em cerceamento da liberdade de locomoção.
Por isso, não cabe “habeas corpus” para impugná-las

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Habeas Data

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,


constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;

O habeas data é remédio constitucional de natureza civil e rito sumário, possuindo duas finalidades
principais:

a) garantir acesso a informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos


de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
Essa é uma segunda finalidade do “habeas data”, que muita gente esquece em prova. O “habeas
data” também pode ser usado para retificar dados do impetrante, constantes de banco de dados de
caráter público.

O habeas data poderá ser ajuizado por qualquer pessoa, física ou jurídica, brasileira ou estrangeira. Trata-se
de ação personalíssima, que não poderá ser usada para garantir acesso a informações de terceiros.

A jurisprudência do STF e do STJ reconhece que há uma situação excepcional em que se


admite a impetração de habeas data para obter informações de terceiros. Segundo o STF,
“é parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge sobrevivente na defesa de
interesse do falecido”1. No mesmo sentido, entende o STJ que o cônjuge supérstite
(sobrevivente) tem legitimidade para impetrar habeas data em defesa do interesse do
falecido.

No polo passivo do “habeas data”, podem estar pessoas de direito público ou privado. Quanto às últimas,
a condição é que sejam detentoras de banco de dados de caráter público. Isso se deve ao fato de que as
informações pessoais do impetrante às quais se busca ter acesso constam de registro ou banco de dados de

1
RE 589.257/DF. Rel. Min. Marco Aurélio. Julgamento: 05.08.2014.

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caráter público. O “habeas data” não pode ser usado para que se tenha acesso a banco de dados de caráter
privado.

O “habeas data”, para que seja impetrado, exige a comprovação da negativa da autoridade administrativa
de garantir o acesso aos dados relativos ao impetrante. Trata-se de uma hipótese de “jurisdição
condicionada”, prevista no ordenamento jurídico nacional.

Sobre isso, destaca-se a posição do STF de que o acesso ao “habeas data” pressupõe, dentre outras
condições de admissibilidade, a existência do interesse de agir. Ausente o interesse de agir, torna-se inviável
o exercício desse remédio constitucional. A prova do anterior indeferimento do pedido de informações de
dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável à concretização do interesse
de agir em sede de “habeas data”. Sem que se configure situação prévia de pretensão resistida, há carência
da ação constitucional do “habeas data” (STF, HD 75; DF, DJU de 19.10.2006).

O “habeas data” é, assim como o “habeas corpus”, ação gratuita (art. 5º, inciso LXXVII). No entanto, é
==11dbe3==

imprescindível a assistência advocatícia para que essa ação seja impetrada (ao contrário do “habeas
corpus”, que dispensa advogado). A impetração de habeas data não se sujeita a decadência ou prescrição.
Ademais, os processos de “habeas data” terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-corpus
e mandado de segurança. Guarde bem essa informação!

No RE 673.707/MG, de 17 de junho de 2015, o STF decidiu que “o habeas data é a garantia constitucional
adequada para a obtenção, pelo próprio contribuinte, dos dados concernentes ao pagamento de tributos
constantes de sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos administração fazendária dos
entes estatais”.

A Corte entendeu que os contribuintes têm o direito de conhecer informações que lhe digam respeito e
que constem de bancos de dados público ou de caráter público, em razão do direito de preservar o status
do seu nome, seu planejamento empresarial, sua estratégia de investimento e principalmente a recuperação
de tributos pagos indevidamente, entre outras finalidades. 2

O habeas data não é instrumento adequado para que se possa ter acesso aos autos de processo
administrativo. O remédio constitucional que deverá ser usado com essa finalidade é o mandado de
segurança.

A lei que trata a respeito do habeas data é a Lei Federal nº 9.507/97.

(DPE-RO – 2015) Dentre as garantias fundamentais, a Constituição da República Federativa do Brasil previu
a existência do habeas data. Esse instrumento pode ser utilizado para retificar dados.

2
RE 673.707/MG. Rel. Min. Luiz Fux. 17.06.2015.

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Comentários:

O habeas data pode ser utilizado para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo. Questão correta.

(TCM-GO – 2015) Segundo o regime jurídico das ações constitucionais, é correto afirmar que permite que se
utilize o habeas data para obtenção de vista de processos administrativos.

Comentários:

A obtenção de vista de processos administrativos pode ser garantida mediante mandado de segurança (e
não habeas data). O habeas data será concedido para “assegurar o conhecimento de informações relativas
à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público”. Questão errada.

HABEAS DATA
Proteger direito relativo à informação e retificação sobre a pessoa do
Finalidade
impetrante constante de registros ou bancos de dados
Legitimados ativos Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira
Entidades governamentais ou pessoas jurídicas de caráter público que
Legitimados
tenham registros ou bancos de dados, ou, ainda, pessoas jurídicas de
passivos
direito privado detentoras de banco de dados de caráter público
Natureza Civil
Isento de custas Sim
Medida liminar Não
Destina-se a garantir o acesso a informações relativas à pessoa do
impetrante, ou seja, do requerente, solicitante. Jamais para garantir
acesso a informações de terceiros! Só pode ser impetrado diante da
Observações
negativa da autoridade administrativa de garantir o acesso aos dados
relativos ao impetrante. Sua impetração não se sujeita a decadência ou
prescrição.

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Mandado de Segurança Individual

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por “habeas corpus” ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

O mandado de segurança é ação judicial, de rito sumário especial, própria para proteger direito líquido e
certo de pessoa física ou jurídica, não protegido por “habeas corpus” ou “habeas data”, que tenha sido
violado por ato de autoridade ou de agente de pessoa privada no exercício de atribuição do Poder Público.

Quando se fala que o mandado de segurança protege direito líquido e certo “não amparado por “habeas
corpus” ou habeas data”, determina-se que este tem caráter residual. Assim, essa ação judicial só é cabível
na falta de outro remédio constitucional para proteger o direito violado. Como exemplo, o mandado de
segurança é o remédio constitucional apto a proteger o direito de reunião caso haja lesão ou ameaça de
lesão a esse direito por alguma ilegalidade ou arbitrariedade por parte do Poder Público.

Outra característica importante é que o mandado de segurança tem natureza civil, e é cabível contra o
chamado “ato de autoridade”, ou seja, contra ações ou omissões do Poder Público e de particulares no
exercício de função pública (como o diretor de uma universidade, por exemplo). Destaque-se que, mesmo
sendo ação de natureza civil, o mandado de segurança poderá ser usado em processos penais.

Assim, a violação de direito líquido e certo não protegido por “habeas corpus” ou “habeas data” dará ensejo
à utilização do mandado de segurança. Direito líquido e certo, segundo a doutrina, é aquele evidente de
imediato, que não precisa de comprovação futura para ser reconhecido. A existência desse direito é
impossível de ser negada. Por esse motivo, não há dilação probatória (prazo para produção de provas) no
mandado de segurança. As provas, geralmente documentais, são levadas ao processo no momento da
impetração da ação, ou seja, quando se requer a tutela jurisdicional. São provas pré-constituídas.

De acordo com a jurisprudência do STF, o conceito de direito líquido e certo está mesmo relacionado à prova
pré-constituída, a fatos comprovados documentalmente na exordial (petição inicial do processo). Não
importa se a questão jurídica é difícil, complexa ou controvertida. Nesse sentido, dispõe a Súmula 625 do
STF que “controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança”. O que
se exige é que o fato esteja claro, pois o direito será certo se o fato a ele correspondente também o for.

É importante frisar que o mandado de segurança é cabível contra atos discricionários ou contra atos
vinculados. Reza a Constituição que os indivíduos utilizam o mandado de segurança para se defenderem
tanto da ilegalidade quanto do abuso de poder. Por ilegalidade, entende-se a situação em que a autoridade
coatora não age em conformidade com a lei. Trata-se de vício próprio dos atos vinculados. Por abuso de
poder, por outro lado, entende-se a situação em que a autoridade age fora dos limites de sua competência.
Trata-se de vício próprio dos atos discricionários. Assim, a Constituição, de acordo com a doutrina, ao se
referir à ilegalidade como hipótese de cabimento de mandado de segurança, reporta-se aos atos vinculados,
e ao se referir ao abuso de poder, reporta-se aos discricionários.

No que diz respeito à legitimidade ativa, podem impetrar mandado de segurança:

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a) Todas as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;

b) As universalidades (que não chegam a ser pessoas jurídicas) reconhecidas por lei como detentoras
de capacidade processual para a defesa de seus direitos, como a massa falida e o espólio, por
exemplo;

c) Alguns órgãos públicos (órgãos de envergadura constitucional), na defesa de suas prerrogativas


institucionais e atribuições (Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, por
exemplo);

d) O Ministério Público.

Há um prazo para a impetração do mandado de segurança: 120 (cento e vinte) dias a partir da data em que
o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser impugnado (publicação desse ato na imprensa oficial,
por exemplo). Segundo o STF, esse prazo é decadencial (perde-se o direito ao mandado de segurança depois
desse tempo), não passível de suspensão ou interrupção. Também segundo a Corte Suprema, é
constitucional lei que fixe o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança (Súmula 632
do STF).

E se eu perder o prazo? Bem, nesse caso, você até poderá proteger seu direito, mas com outra ação, de rito
ordinário, normal. Jamais por mandado de segurança!

Uma vez concedida a segurança (deferido, “aceito” o pedido), a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao
duplo grau de jurisdição (reexame necessário). Significa dizer que, uma vez tendo sido concedida a
segurança pelo juiz de primeira instância, ela necessariamente deverá ser reexaminada pela instância
superior. Destaque-se, todavia, que a sentença de primeiro grau (primeira instância) pode ser executada
provisoriamente, não havendo necessidade de se aguardar o reexame necessário.

Pode haver liminar em mandado de segurança?

Presentes os requisitos (fumus boni iuris e periculum in mora), é possível liminar em mandado de segurança.
O art. 7º, § 2º, da Lei do Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/09) previa as seguintes exceções (ou seja,
para as matérias abaixo elencadas a lei vedava a concessão de medida liminar):

a) A compensação de créditos tributários;

b) A entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior;

c) A reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão


de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

Ocorre que o art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016/09 foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal1.
A Corte entendeu ser incompatível com a Constituição Federal ato normativo que vede ou condicione a
concessão de medida liminar nas ações mandamentais (como é o caso do mandado de segurança). Logo,

1
ADI 4296/DF. Rel. Min. Marco Aurélio, rel. p/ acórdão Min. Alexandre de Moraes. Julgado em 09.06.2021.

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mesmo que o mandado de segurança trate de compensação de créditos tributários ou de entrega de


mercadorias e bens provenientes do exterior, por exemplo, é sim possível a concessão de medida liminar.

“É possível que o impetrante desista do mandado de segurança?”

De acordo com o STF, a resposta é sim. O impetrante do mandado de segurança pode desistir dessa ação
constitucional a qualquer tempo, ainda que proferida decisão de mérito a ele favorável, e sem anuência
da parte contrária. Entende a Corte que o mandado de segurança, enquanto ação constitucional, com base
em alegado direito líquido e certo frente a ato ilegal ou abusivo de autoridade, não se revestiria de lide, em
sentido material. Eventual má-fé do impetrante que desistisse seria coibida com instrumental próprio2.

Vejamos, agora, as situações em que é incabível o mandado de segurança.

a) Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
suspensivo; ==11dbe3==

b) Não cabe mandado de segurança contra ato administrativo do qual caiba recurso com efeito
suspensivo.

Nessas duas hipóteses, havendo possibilidade de recurso suspensivo (ou seja, recurso que garante que
nenhuma situação jurídica poderá ser modificada até a decisão) descabe o uso de mandado de segurança,
uma vez que o direito já está protegido pela própria suspensão.

Cabe destacar, porém, que a Súmula nº 429/STF dispõe que “a existência de recurso administrativo com
efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão de autoridade”. Dessa forma,
mesmo existindo recurso administrativo com efeito suspensivo, se houver omissão ilegal ou abusiva da
administração, será cabível mandado de segurança.

c) Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado;

Contra esse tipo de decisão não cabe mais recurso, por isso é descabido o uso de mandado de segurança.

d) Não cabe mandado de segurança contra lei em tese, exceto se produtora de efeitos concretos;

O que é lei em tese? É aquela de efeitos gerais e abstratos, ou seja, que apresenta generalidade e abstração.

A generalidade está presente quando a lei possui destinatários indeterminados e indetermináveis (uma lei
que proteja o meio ambiente, por exemplo). Já a abstração ocorre quando a lei disciplina abstratamente (e
não concretamente) as situações que estão sujeitas ao seu comando normativo.

Somente leis de efeitos concretos (semelhantes a atos administrativos, como uma lei que modifica o nome
de uma rua, por exemplo) podem ser atacadas por mandado de segurança. Isso porque as demais leis em
tese não resultariam numa situação de fato, com violação ao direito líquido e certo do impetrante.

2
RE 669367, Rel. Min. Luiz Fux, p. 13.05.2013.

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e) Não cabe mandado de segurança contra ato de natureza jurisdicional, salvo situação de absoluta
excepcionalidade, quando a decisão for equivocada, seja por manifesta ilegalidade, seja por abuso de
poder3;

Caso haja essa excepcionalidade, deve o impetrante demonstrar, além da violação de direito líquido e certo,
a inexistência de recurso com efeito suspensivo e que o provimento do recurso cabível não seria suficiente
à reparação do dano. Isso porque não pode o mandado de segurança, de acordo com o STF, ser utilizado
como sucedâneo recursal, sob pena de se desnaturar a sua essência constitucional.

O que é um sucedâneo recursal? É todo meio de impugnação4 de decisão judicial que não seja recurso nem
ação, como é o caso, por exemplo, do pedido de reconsideração. No pedido de reconsideração, que não
deriva de lei, mas apenas do bom senso, diante de uma decisão visivelmente equivocada do juiz, a parte
pede para que este reconsidere a decisão.

Voltando à análise da jurisprudência do STF, vimos que o mandado de segurança não pode ser usado como
sucedâneo recursal. Isso porque, havendo possibilidade de recurso ou correição, a ação não pode ser cabível,
por ter caráter residual.

f) Não cabe mandado de segurança contra decisões jurisdicionais do STF, inclusive as proferidas por
qualquer de seus Ministros, salvo situações excepcionais;

Esses decisões, entende a Corte, têm a possibilidade de ser reformadas por via dos recursos admissíveis,
ou, em se tratando de julgamento de mérito com trânsito em julgado, por meio de ação rescisória5 (MS
30836 RJ, 06/10/2011). Novamente, a impossibilidade de emprego do mandado de segurança se dá pelo fato
de que ele não têm caráter recursal.

g) Não cabe mandado de segurança para assegurar direito líquido e certo à insubmissão a certa
modalidade de tributação, na hipótese de o ato coator apontado se confundir com a própria adoção
de Medida Provisória editada pelo Chefe do Poder Executivo;

Trata-se de situação análoga à impetração contra lei em tese (Súmula 266/STF), situação em que é incabível
o mandado de segurança. Em matéria tributária, segundo o Supremo, a cobrança das obrigações fiscais
ganha concreção com o lançamento ou com os atos de constituição desempenhados pelo próprio
contribuinte, quando a legislação de regência assim determinar6. A mera edição de medida provisória pelo
Chefe do Executivo não resulta numa situação de fato em que haja violação ao direito líquido e certo do
impetrante da ação.

3AgRg
no MS 14561 DF 2009/0155213-1, 29/06/2010.
4
Impugnação é quando, no Direito, não se concorda com algum ato.
5 Ação rescisória é aquela que visa a desconstituir, com base em vícios que as tornem anuláveis, efeitos de sentenças

transitadas em julgado, contra as quais não caiba mais recursos. Em outras palavras, aquelas sentenças que seriam “a última
palavra” do Judiciário.
6STF, MS-ED 25265 / DF - DISTRITO FEDERAL, Julg. 28/03/2007, DJ 08/06/2007.

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Por fim, vale destacar que, no processo de mandado de segurança, não há condenação ao pagamento dos
honorários advocatícios (ônus de sucumbência). Isso quer dizer que se o impetrante (o requerente) for
derrotado, não será condenado a pagar as despesas com advogado da outra parte.

A lei que trata a respeito do mandado de segurança é a Lei Federal nº 12.016/09.

MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL


Caráter preventivo
Sim
ou repressivo
Proteger direito líquído e certo, não amparado por “habeas corpus” ou “habeas
Finalidade
data”
Todas as pessoas físicas ou jurídicas, as universalidades reconhecidas por lei
Legitimados ativos como detentoras de capacidade processual, alguns órgãos públicos e o
Ministério Público
Legitimados
Poder público e particulares no exercício da função pública
passivos
Natureza Civil
Isento de custas Não
Medida liminar Possível, com pressupostos “fumus boni juris” e “periculum in mora”

(DP-DF – 2022) Se o responsável por ilegalidade ou por abuso de poder for agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do poder público, a proteção de direito líquido e certo ocorrerá por meio de
mandado de segurança.
Comentários:
O mandado de segurança é remédio constitucional hábil a proteger direito líquido e certo ameaçado ou
violado por ato ilegal de autoridade pública ou de agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
poder público (art. 5º, LXIX, CF/88). Questão correta.
(DPE-MG – 2014) A controvérsia sobre matéria de direito impede a concessão de mandado de segurança,
instituto de defesa de direito certo e incontestável.
Comentários:
Segundo a Súmula nº 625 / STF, “controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado
de segurança”. Questão errada.
(DPE-MG – 2014) É inconstitucional a estipulação de prazo decadencial para a impetração de mandado de
segurança.
Comentários:
O STF considera constitucional lei que estipule prazo decadencial para a impetração de mandado de
segurança. O prazo decadencial do mandado de segurança é de 120 dias. Questão errada.

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Mandado de Segurança Coletivo

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;

O mandado de segurança coletivo serve para proteger direitos coletivos e individuais homogêneos contra
ato, omissão ou abuso de poder por parte de autoridade. Só quem pode impetrá-lo (legitimados ativos) são
essas pessoas previstas nas alíneas “a” e b”. Destaca-se que a exigência de um ano de constituição e
funcionamento da alínea “b” se aplica apenas às associações, jamais às entidades sindicais e de classe.

Nesse sentido, entende o STF que nem mesmo os entes da federação podem impetrar mandado de
segurança coletivo, em favor dos interesses de sua população. Para a Corte, “ao Estado-membro não se
outorgou legitimação extraordinária para a defesa, contra ato de autoridade federal no exercício de
competência privativa da União, seja para a tutela de interesses difusos de sua população – que é restrito
aos enumerados na lei da ação civil pública (Lei 7.347/1985) –, seja para a impetração de mandado de
segurança coletivo, que é objeto da enumeração taxativa do art. 5º, LXX, da Constituição. Além de não se
poder extrair mediante construção ou raciocínio analógicos, a alegada legitimação extraordinária não se
explicaria no caso, porque, na estrutura do federalismo, o Estado-membro não é órgão de gestão, nem de
representação dos interesses de sua população, na órbita da competência privativa da União”.

Não cabe mandado de segurança coletivo para proteger direitos difusos. Isso porque essa ação tem caráter
residual, e os direitos difusos já são amparados por outros instrumentos processuais, como, por exemplo,
a ação civil pública. Além disso, seu caráter sumário exige prova documental, algo que os direitos difusos não
apresentam de forma incontroversa. Com isso, encontram-se obstáculos para comprovar sua fluidez e
certeza.

Lembra-se quando falamos de substituição processual? No mandado de segurança coletivo, aplica-se esse
instituto. O interesse invocado pertence a uma categoria, mas quem é parte do processo é o impetrante
(partido político, por exemplo), que não precisa de autorização expressa dos titulares do direito para agir.

É importante destacar que o STF entende que os direitos defendidos pelas entidades da alínea “b” não
precisam se referir a TODOS os seus membros. Podem ser o direito de apenas parte deles (exemplo, quando
o sindicato defende direito referente à aposentadoria, que beneficia apenas seus filiados inativos).

Outro importante entendimento da Corte Suprema é o de que o partido político não está autorizado a valer-
se do mandado de segurança coletivo para, substituindo todos os cidadãos na defesa de interesses
individuais, impugnar majoração de tributo. Isso porque, para o STF, uma exigência tributária configura
interesse de grupo ou classe de pessoas, só podendo ser impugnada por eles próprios, de forma individual
ou coletiva.

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MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO


Caráter preventivo
Sim
ou repressivo
Proteger direitos líquidos e certos coletivos ou individuais homogêneos,
Finalidade
não amparados por HC ou HD (caráter residual)
Partido político com representação no Congresso Nacional;
Organização sindical e entidade de classe;
Legitimados ativos
Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 01
ano.
Legitimados Autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
passivos atribuições do poder público
Natureza Civil
Isento de custas Não
Medida liminar Possível, com pressupostos “fumus boni juris” e “periculum in mora”
Observações Substituição processual
==11dbe3==

(FUNPRESP-EXE – 2022) Para ter legitimidade ativa para a impetração de mandado de segurança coletivo, o
partido político deve ter representação no Congresso Nacional.
Comentários:
Conforme se extrai do art. 5º, LXX, alínea "a", o partido político deve ter representação no Congresso
Nacional para poder impetrar mandado de segurança coletivo. Questão correta.
(FUB – 2015) O mandado de segurança coletivo impetrado por sindicato dispensa autorização prévia de
sindicalizados.
Comentários:
Não há necessidade de autorização expressa dos sindicalizados para que o sindicato impetre mandado de
segurança coletivo. Aplica-se, aqui, o instituto da substituição processual. Questão correta.
(FUB – 2015) Uma entidade de classe que estiver em funcionamento há apenas seis meses não possui, por
essa razão, legitimidade para impetração de mandado de segurança coletivo em defesa de interesse de seus
membros.
Comentários:
A exigência de um ano de funcionamento aplica-se apenas às associações, jamais às organizações sindicais
e entidades de classe. Portanto, uma entidade de classe que tenha apenas 6 meses de funcionamento poderá
impetrar mandado de segurança coletivo. Questão errada.
(IF-RS – 2015) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por quaisquer partidos políticos e pelas
organizações sindicais, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há,
pelo menos, um ano.

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Comentários:
Pegadinha! Não é qualquer partido político que pode impetrar mandado de segurança coletiva. Apenas
poderão fazê-lo partidos políticos com representação no Congresso Nacional. Questão errada.

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Mandado de Injunção

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora


torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

O mandado de injunção foi disciplinado pela Lei Federal nº 13.300/2016. Trata-se de um remédio
constitucional disponível para qualquer pessoa prejudicada pela falta de norma regulamentadora que
inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, soberania e cidadania. Isso visa garantir que a Constituição não se tornará “letra morta”,
evitando a omissão do legislador infraconstitucional.

O mandado de injunção é aplicável diante da falta de regulamentação de normas constitucional de eficácia


limitada. A título de recordação, normas de eficácia limitada são aquelas que dependem de regulamentação
para produzirem todos os seus efeitos. Segundo o STF, “o direito individual à atividade legislativa do Estado
apenas se evidenciará naquelas estritas hipóteses em que o desempenho da função de legislar refletir, por
efeito de exclusiva determinação constitucional, uma obrigação jurídica indeclinável imposta ao Poder
Público”. 1 Em outras palavras, o direito à legislação (que é um direito individual a ser resguardado por
mandado de injunção) somente será cabível diante de normas de eficácia limitada de caráter impositivo.

Um exemplo interessante em que o STF reconheceu omissão normativa. A Lei Federal nº 10.835/2004
instituiu a renda básica de cidadania, que é um benefício monetário a ser pago para pessoas em situação de
vulnerabilidade socioeconômica (pobreza e extrema pobreza), na linha do art. 3º, III, art. 6º e art. 23, X,
todos da Constituição Federal. Ocorre que o valor da renda básica da cidadania não foi definido pelo Poder
Executivo Federal, sendo que o art. 2º da lei citada prevê tal obrigação ao Poder Executivo. Dessa forma, o
STF concluiu que houve omissão do Presidente da República, restando cabível mandado de injunção2.

O mandado de injunção é cabível não só para omissões de caráter absoluto ou total como também para as
omissões de caráter parcial. Isso porque a omissão inconstitucional, ainda que parcial, ou seja, derivada da
insuficiente concretização, pelo Poder Público, do conteúdo material da norma constitucional, deve ser
repelida, pois a inércia do Estado é um processo informal de mudança da Constituição. Mesmo não alterando
a letra da Constituição, o legislador infraconstitucional modifica-lhe o alcance, ao paralisar sua aplicação.
Essa paralisação, não desejada nem prevista pelo constituinte, é inconstitucional.

Qualquer pessoa, física ou jurídica, que se veja impossibilitada de exercer direito constitucional por falta de
norma regulamentadora é legitimada a impetrar mandado de injunção. Essa é, afinal, uma das diferenças
entre o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

O STF já reconhecia, mesmo diante do silêncio da Constituição, a possibilidade de impetração de mandado


de injunção coletivo. Com a edição da Lei Federal nº 13.300/2016, passou a existir previsão expressa para
esse instrumento. Cabe ressaltar que os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado

1
MI 3316 / DF, Rel. Min. Celso de Mello. Julg. 09.04.2014.
2 MI 7300/DF,
Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021.

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de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas


ou determinada por grupo, classe ou categoria.

São legitimados a impetrar mandado de injunção coletivo:

a) Partido político com representação no Congresso Nacional: para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária.

b) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos um ano: para assegurar o exercício de direitos, liberdades e
prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus
estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

d) Ministério Público: quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis.

e) Defensoria Pública: quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos
direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados.

Uma novidade importante trazida pela Lei Federal nº 13.300/2016, que disciplina o
processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo, foi a previsão que
o Ministério Público e a Defensoria Pública são legitimados a impetrar mandado de
injunção coletivo.

Um tópico muito importante: o mandado de injunção não é gratuito, sendo necessária a assistência de
advogado para sua impetração.

O mandado de injunção visa solucionar um caso concreto. São, portanto, três pressupostos para o seu
cabimento:

a) Falta de norma que regulamente uma norma constitucional programática propriamente dita ou
que defina princípios institutivos ou organizativos de natureza impositiva;

b) Nexo de causalidade entre a omissão do legislador e a impossibilidade de exercício de um direito


ou liberdade constitucional ou prerrogativa inerente à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

c) O decurso de prazo razoável para elaboração da norma regulamentadora (retardamento abusivo


na regulamentação legislativa).

E quando é que descabe mandado de injunção? Segundo a jurisprudência do STF, nas seguintes situações:

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a) Não cabe mandado de injunção se já houver norma regulamentadora do direito constitucional,


mesmo que esta seja defeituosa.

Ora, se já existe norma regulamentadora, não faz sentido falar-se em mandado de injunção, que tem como
pressuposto a ausência de regulamentação de norma constitucional.

b) Não cabe mandado de injunção se faltar norma regulamentadora de direito infraconstitucional.

O mandado de injunção somente repara falta de regulamentação de direito previsto na Constituição


Federal. A ausência de regulamentação de uma lei não dá ensejo à utilização do mandado de injunção.

c) Não cabe mandado de injunção diante da falta de regulamentação de medida provisória ainda
não convertida em lei pelo Congresso Nacional.

O mandado de injunção tem como um de seus pressupostos a ausência de regulamentação de direito


constitucional.

d) Não cabe mandado de injunção se não houver obrigatoriedade de regulamentação do direito


constitucional, mas mera faculdade.

Nesse caso, o legislador tem liberdade para regulamentar ou não a norma constitucional.

Não cabe mandado de injunção:

a) Se já houver norma regulamentadora

b) Se faltar norma regulamentadora de direito infraconstitucional

c) Se faltar regulamentação de medida provisória ainda não convertida em lei pelo


Congresso Nacionalidade

d) Se não houver obrigatoriedade de regulamentação

Segundo o STF, não é cabível medida liminar em mandado de injunção. Isso porque o Poder Judiciário jamais
poderia resolver liminarmente o caso concreto, agindo como poder legislativo, a fim de evitar o prejuízo
oriundo da demora da decisão (“periculum in mora”), um dos pressupostos da liminar. O mandado de
injunção se destina ao reconhecimento, ou não, pelo Poder Judiciário, da demora da elaboração da norma
regulamentadora do direito constitucional.

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Um dos aspectos mais relevantes sobre o mandado de injunção é entender qual a eficácia da decisão. No
que se refere ao tema, duas teses jurídicas relevantes foram construídas pela doutrina: a não concretista e
a concretista.

A corrente não concretista entende que cabe ao Poder Judiciário apenas reconhecer a inércia do Poder
Público e dar ciência de sua decisão ao órgão competente para que este edite a norma regulamentadora.
Não pode o Judiciário suprir a lacuna, assegurar ao lesado o exercício de seu direito e tampouco obrigar o
Poder Legislativo a legislar. Essa posição era a seguida pelo STF até poucos anos atrás. Hoje, essa Corte adota
a corrente concretista, que estudaremos a seguir.

A corrente concretista determina que sempre que estiverem presentes os requisitos exigidos
constitucionalmente para o mandado de injunção, o Judiciário deverá não só reconhecer a omissão
legislativa, mas também possibilitar a efetiva concretização do direito. Essa posição se subdivide em duas:
i) concretista geral e ii) concretista individual.

a) Na concretista geral, a decisão do Judiciário deveria ter efeito sobre todos os titulares do direito
lesado (efeito “erga omnes”), até ser expedida a norma regulamentadora daquele.

b) Na concretista individual, a decisão produziria efeitos somente sobre o autor do mandado de


injunção (eficácia “inter partes”, ou entre as partes do processo). A posição concretista individual
também se subdivide: pode ser direta ou intermediária. Aquela determina que o Judiciário, ao julgar
procedente o mandado de injunção, concretiza direta e imediatamente a eficácia da norma
constitucional para o autor da ação. Já esta (a intermediária) determina que o Judiciário, após julgar
o mandado de injunção procedente, não concretiza imediatamente a eficácia da norma
constitucional para o autor da ação. Este Poder apenas dá ciência ao órgão omisso, dando-lhe um
prazo para regulamentar aquela norma. Só em caso de permanência da omissão é que o Judiciário
fixará as condições necessárias para o exercício do direito pelo autor do mandado de injunção.

O STF tem, atualmente, adotado a posição concretista, cumprindo, muitas vezes, o papel do legislador
omisso, com o objetivo de dar exequibilidade às normas constitucionais. Exemplo disso é que, ao analisar
mandados de injunção referentes à falta de norma regulamentadora do direito de greve dos servidores
públicos civis (art. 37, VII, CF), a Corte não só declarou a omissão do legislador, mas também determinou a
aplicação temporária ao servidor público, no que couber, da lei de greve aplicável ao setor privado (Lei
Federal no 7.783/1989), até que aquela norma seja editada (MI 712/PA).

O STF já chegou até mesmo a editar Súmula Vinculante para combater omissão legislativa. Foi o que ocorreu
em relação à concessão de aposentadoria especial para servidores públicos. A CF/88 exigia lei
complementar para a definição de regras para a concessão de aposentadoria aos servidores cujas atividades
sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Como essa lei
complementar ainda não foi editada, “pipocaram” mandados de injunção no STF. Para resolver o problema,
o STF editou a Súmula Vinculante nº 33, determinando o seguinte:

Súmula Vinculante nº 33 - Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da
previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição
Federal, até a edição de lei complementar específica.

A Lei Federal nº 13.300/2016 adotou, explicitamente, a teoria concretista individual, ao dispor que, em
mandado de injunção, “a decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento

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da norma regulamentadora” (art. 9º, caput). É possível, entretanto, que seja conferida eficácia ultra partes
ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, liberdade ou da
prerrogativa objeto da impetração (art. 9º, § 1º).

Observe que a lei regulamentadora do mandado de injunção reafirmou a jurisprudência do STF, dando maior
segurança jurídica ao processo e julgamento desse remédio constitucional. Agora, fica claro que o órgão
julgador não irá se limitar a declarar a mora legislativa.

Ao contrário, uma vez reconhecida a mora legislativa, o mandado de injunção será deferido para:

a) determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;

b) estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover
ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.

Por fim, resta uma pergunta: a quem cabe julgar o mandado de injunção? Depende de qual autoridade se
omitiu quanto à proposição da lei. Assim, a competência é determinada em razão dessa pessoa (“ratione
personae”).

A competência para julgar mandado de injunção dependerá de quem for a autoridade inerte. Será o STF
caso a elaboração da norma regulamentadora seja atribuição do Presidente da República, do Congresso
Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de qualquer das Casas Legislativas, do
TCU, de qualquer dos Tribunais Superiores ou do próprio STF. Por outro lado, será o STJ se a elaboração da
norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou
indireta, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, Eleitoral, do Trabalho
ou Federal.

MANDADO DE INJUNÇÃO
Suprir a falta de norma regulamentadora, que torne inviável o exercício de
Finalidade direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Legitimados ativos Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira.
Legitimados passivos Autoridade que se omitiu quanto à proposição da lei
Natureza Civil
Isento de custas Não
Medida liminar Não
Pressupostos para cabimento: a) falta de regulamentação de norma
constitucional programática propriamente dita ou que defina princípios
institutivos ou organizativos de natureza impositiva; b) nexo de causalidade
Observações entre a omissão do legislador e a impossibilidade de exercício de um direito ou
liberdade constitucional ou prerrogativa inerente à nacionalidade, à soberania
e à cidadania e c) o decurso de prazo razoável para elaboração da norma
regulamentadora.

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(DPE-RS – 2022) A legitimação constitucional conferida à Defensoria Pública para a propositura do mandado
de injunção coletivo está ligada à sua finalidade essencial na tutela de interesse difusos, coletivos e
individuais homogêneos que tenham repercussão em interesses tutelados, especialmente relevantes para a
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma
do inciso LXXIV do art. 5.º da Constituição Federal.
Comentários:
A Lei 13.300/2016 incluiu a Defensoria Pública como legitimada ativa para propositura do mandado de
==11dbe3==

injunção coletivo. Questão correta.


(PGM-Fortaleza – 2017) Pessoa jurídica pode impetrar mandado de injunção.

Comentários:

A pessoa jurídica é legitimada a impetrar mandado de injunção (art. 3 o, Lei 13.300/2016). Questão correta.

(TCM-GO – 2015) O direito a ser resguardado por mandado de injunção somente se evidencia nos casos em
que a função de legislar refletir uma obrigação jurídica indeclinável imposta ao poder público.

Comentários:

O mandado de injunção é cabível diante de omissão do Estado naqueles casos em que a função de legislar
for uma obrigação jurídica indeclinável. É o que ocorre no caso das normas de eficácia limitada de caráter
impositivo. Questão correta.

(DPE-PE – 2015) A jurisprudência do STF acerca do mandado de injunção evoluiu para admitir que, além de
declarar omisso o Poder Legislativo, o próprio tribunal edite a norma geral de que depende o exercício do
direito invocado pelo impetrante.

Comentários:

Em várias de suas decisões, o STF vem adotando, para o mandado de injunção, a posição concretista geral.
Assim, o Tribunal não se limita apenas a declarar a omissão legislativa, mas busca concretizar o direito para
todos os seus titulares. Há certa polêmica em dizer que o STF “edita norma geral”. Porém, analisando-se o
caso da aposentadoria especial de servidores públicos, é possível perceber que mandados de injunção
impetrados no STF resultaram na edição de verdadeira “norma” pela Corte: a Súmula Vinculante nº 33. Por
isso, a questão foi considerada correta.

(MPE-RJ – 2014) O mandado de injunção é uma ação constitucional, tida como garantia fundamental,
oponível diante de omissões de Poder Público respectivo em regulamentar matérias que viabilizem o
exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas concernentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.

Comentários:

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Aula 03

O mandado de injunção é remédio constitucional que pode ser utilizado sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Questão correta.

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Aula 03

Ação Popular

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

O inciso LXXIII do art. 5º da Constituição traz mais um remédio constitucional: a ação popular. Trata-se uma
ação de natureza coletiva, que visa anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. É, portanto, uma forma de controle, pelos cidadãos,
dos atos do Poder Público, por meio do Judiciário.

“Quem pode impetrar essa ação?”

Boa pergunta! Este é o “peguinha” mais famoso nos concursos, envolvendo a ação popular: só pode impetrar
a ação o cidadão, pessoa física no gozo de seus direitos civis e políticos. Uma pessoa jurídica não tem
legitimidade para propor ação popular, por exemplo. E a ação pode ser usada de maneira preventiva (quando
impetrada antes da prática do ato lesivo ao patrimônio público) ou repressiva (quando o dano já foi causado).

E quais os sujeitos passivos da ação popular, ou seja, quem pode sofrer a ação?

a) Todas as pessoas jurídicas em nome das quais o ato ou contrato lesivo foi (ou seria) praticado;

b) Todas as autoridades, os administradores e os servidores e empregados públicos que


participaram do ato ou contrato lesivo, ou que se omitiram, permitindo a lesão;

c) Todos os beneficiários diretos do ato ou contrato lesivo.

É importante destacarmos, também, o papel do Ministério Público (MP) na ação popular. O MP pode atuar
das seguintes formas:

a) Como parte pública autônoma, velando pela regularidade do processo e pela correta aplicação da
lei, podendo opinar pela procedência ou improcedência da ação. Nesse caso, exerce o papel de fiscal
da lei, ou “custos legis”.

b) Como órgão ativador da produção de prova e auxiliar do autor popular. Todavia, a função de
auxiliar do autor da ação popular não implica em uma atividade secundária do Parquet. Ele não é um
mero ajudante do autor da ação; ao contrário, possui uma atividade autônoma.

Uma observação. Você percebeu que “Parquet” e Ministério Público são sinônimos? Parquet é uma
expressão francesa que designa o MP, em atenção ao pequeno estrado (parquet) onde ficam os agentes do
MP quando de suas manifestações processuais.

c) Como substituto do autor. Aqui, tem-se a palavra substituto empregada em sentido vulgar, como
alguém que age no caso da omissão de outrem. Ocorre quando o autor da ação popular (cidadão)
ainda é parte no processo, mas é uma parte omissa. O Ministério Público, então, age em seu lugar,
cumprindo ônus processuais imputados ao autor, que não os realizou.

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d) Como sucessor do autor. Ocorre, em regra, quando o autor da ação desiste desta, quando, então,
o Ministério Público tem a faculdade de prosseguir com a ação popular, quando houver interesse
público. Nesse caso, é vedado ao Ministério Público desistir da ação popular. Seu poder de escolha
refere-se ao impulso inicial (suceder ou não o autor). Depois disso, não pode mais voltar atrás.

“Nossa! E se o cidadão nunca impetrar a ação popular? O Ministério Público pode impetrá-la
originariamente?”

NÃO! O Ministério Público não possui legitimidade para intentar a ação popular. Só o cidadão possui tal
prerrogativa.

==11dbe3==

O Superior Tribunal de Justiça já admitiu a possibilidade de o Ministério Público ingressar


com ação popular, a exemplo do REsp 806.304/RS1 [Rel. Min. Luiz Fux, j. 02/12/2008].
Entretanto, não é possível generalizar esse entendimento, prevalecendo que apenas o
cidadão tem legitimidade para ingressar com a ação popular. Nesse sentido, o Supremo
Tribunal Federal já assentou entendimento de que a ação popular tem com sujeito ativo
sempre o cidadão - pessoa física no gozo de seus direitos políticos - isto é, o eleitor2.

Apesar disso, a banca FGV já fez uso do termo "ação popular multitudinária" ou "ação
popular multilegitimária" para legitimar a propositura dessas ações por parte do Ministério
Público.

A melhor interpretação que se pode fazer a respeito das ações populares multitudinárias
ou multilegitimárias, em que o Ministério Público pode ser autor, seria equipará-las às
ações civis públicas. Conforme veremos mais à frente em nosso curso, o Ministério Público
tem legitimidade para propor ação civil pública.

Outro tópico importante. Não se exige, para o cabimento da ação popular, a comprovação de efetivo dano
material, pecuniário. O STF entende que a lesividade decorre da ilegalidade: basta esta para que se configure
o dano.

Também é bastante cobrado em prova o entendimento do STF de que não cabe ação popular contra ato de
conteúdo jurisdicional, praticado por membro do Poder Judiciário no desempenho de sua função típica

1
"Hodiernamente, após a constatação da importância e dos inconvenientes da legitimação isolada do cidadão, não há mais
lugar para o veto da legitimatio ad causam do MP para a Ação Popular, a Ação Civil Pública ou o Mandado de Segurança
coletivo.
Em consequência, legitima-se o Parquet a toda e qualquer demanda que vise à defesa dos interesses difusos e coletivos, sob
o ângulo material ou imaterial".
2 ACO, Rel. Min. Gilmar Mendes, dec. monocrática, j. 24.08.2005.

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(decisões judiciais). Isso porque a ação popular só incide sobre a atuação administrativa do Poder Público 3.
Assim, imagine que uma decisão judicial seja lesiva ao patrimônio público. Cabe ação popular contra esse
ato? Não!!! Essa decisão deverá ser atacada por meio de outro tipo de ação.

Não há foro por prerrogativa de função em ação popular. Dessa forma, uma ação popular contra o
Presidente da República ou contra um parlamentar (deputado ou senador) será julgada na primeira instância
(e não perante o STF!).

Quando uma sentença julgar improcedente ação popular, ela estará sujeita, obrigatoriamente, ao duplo
grau de jurisdição (reexame necessário). Em outras palavras, uma decisão judicial que nega provimento a
ação popular deverá ser reexaminada pela instância superior.

A improcedência de ação popular não gera para o autor, salvo comprovada má fé, a obrigação de pagar
custas judiciais e o ônus da sucumbência (pagamento dos honorários advocatícios da outra parte).

(DP-DF – 2022) Qualquer pessoa, física ou jurídica, é parte legítima para propor ação popular que vise anular
ato lesivo à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Comentários:
A ação popular tem exclusiva titularidade do cidadão no gozo de seus direitos políticos. Questão errada.
(DPE-PA – 2015) A ação popular poderá ser intentada por cidadão e por partido político com representação
no Congresso Nacional.
Comentários:
Os partidos políticos não têm legitimidade para ajuizar ação popular. Questão errada.

3
STF, Petição nº 2.018-9/SP, Rel. Ministro Celso de Mello, de 29/06/2000.

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Ação Civil Pública

A ação civil pública não é propriamente um remédio constitucional, já que não está expressamente prevista
no art. 5º da CF/88. Entretanto, ela acaba tendo algumas particularidades quando a analisamos
paralelamente ao estudo da ação popular. Nesse sentido, vamos abordar a ação civil pública para que
possamos entender as semelhanças e diferenças dela em relação aos remédios constitucionais,
notadamente a ação popular.

A ação civil pública é um instrumento de defesa coletiva dos direitos fundamentais, previsto pela
Constituição Federal de 1988, em seu art. 129, inciso III, e regulamentado pela Lei Federal nº 7.347, de 24 de
julho de 1985 (Lei da Ação Civil Pública ou LACP). Visa à proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (art. 129, III, CF), bem como os direitos individuais
homogêneos (Código de Defesa do Consumidor, art. 81, parágrafo único, III).

Por direitos individuais homogêneos, compreendem-se aqueles pertencentes a um mesmo grupo, classe
ou categoria determinável de pessoas, de origem comum e natureza divisível, ou seja, que podem ser
divididos quantitativamente entre os integrantes do grupo. É o que acontece, por exemplo, no caso de vários
consumidores que adquirem o mesmo produto, produzido em série, com defeito. Recordemos a diferença
entre direitos difusos e coletivos:

• Apresentam indivisibilidade, ou seja, é impossível satisfazer-se um de seus


titulares individualmente. Isso porque seus sujeitos são indeterminados.
Direitos • Exemplo: direito ao ar puro.
difusos

• Também têm natureza indivisível, mas têm como titulares um grupo, uma
categoria ou uma classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica.
Direitos • Exemplo: direitos de determinadas categorias sindicais que agem
coletivos coletivamente por meio de seus sindicatos.

Segundo Hely Lopes Meirelles1, a ação civil pública é o instrumento processual adequado para reprimir ou
impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico e por infrações da ordem econômica, protegendo, assim, os interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos, desde que socialmente relevantes. Não se presta, em regra, a amparar

1
Mandado de Segurança e Ações Constitucionais. 35. Ed. São Paulo: Malheiros, 2014, p. 210.

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Aula 03

direitos individuais disponíveis, nem se destina à reparação de prejuízos causados a particulares pela
conduta, comissiva ou omissiva, do réu.

O objeto da ação civil pública poderá ser a condenação em dinheiro ou o cumprimento de uma obrigação
de fazer ou de não fazer (art. 3º, LACP).

Segundo o art. 5º da LACP, têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

a) o Ministério Público;

b) a Defensoria Pública;

c) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

d) a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;


==11dbe3==

e) a associação que, concomitantemente: i) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos
da lei civil; ii) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico.

O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
Note que a ação civil pública, ao contrário da ação penal pública (art. 129, I, CF), não é de competência
privativa do Ministério Público. Cuidado com as “pegadinhas” nesse sentido!

No que se refere às omissões do Poder Público, a ação civil pública possibilita a atuação judicial no sentido
de implementação das políticas públicas necessárias à efetivação dos direitos fundamentais, principalmente
dos direitos sociais, como saúde, educação, previdência, dentre outros.

Vejamos alguns entendimentos do STF sobre a utilização da ação civil pública. Eles servirão
até mesmo como forma de ilustrar a utilização dessa importante ação coletiva.

1) O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares. (Súmula STF nº 643)

2) O Ministério Público é parte legítima para propor ação civil pública voltada a infirmar
preço de passagem em transporte coletivo.

3) O Ministério Público tem legitimidade ativa para propor ação civil pública com o objetivo
de evitar lesão ao patrimônio público decorrente de contratação de serviço hospitalar
privado sem procedimento licitatório.

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4) O Ministério Público não tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o objetivo
de impugnar a cobrança de tributos.

(MPE-PA – 2014) Possui respaldo na disciplina constitucional da matéria o ajuizamento de ação civil pública,
pelo Ministério Público, para questionamento quanto à exigibilidade de tributo, sob o fundamento de
inconstitucionalidade em sua instituição e cobrança.
Comentários:
Em ação civil pública, não podem ser veiculadas pretensões que envolvam tributos e contribuições. Questão
errada.
(MPE-PA – 2014) Possui respaldo na disciplina constitucional da matéria o ajuizamento de ação civil pública,
pelo Ministério Público, para questionamento dos valores de mensalidades escolares, sob o fundamento de
sua abusividade e ilegalidade.
Comentários:
O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade
de reajuste de mensalidades escolares. Questão correta.

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QUESTÕES COMENTADAS

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Art. 5º, XXXII a LXXIX

1. (FGV/SEFAZ-AM - 2022) A Lei nº XX, do Estado Alfa, foi editada com o objetivo de disseminar
responsabilidade no manejo dos recursos administrativos pela população em geral, o que se devia à
alarmante estatística de que 90% das irresignações eram infundadas. Para tanto, exigiu que, nos processos
administrativos em que ocorresse a aplicação de multa aos administrados, a admissibilidade do recurso
estava condicionada ao depósito prévio de 50% do valor da penalidade. Irresignada com o teor da Lei nº
XX, a Associação dos Comerciantes do Estado Alfa consultou um(a) advogado(a) a respeito da sua
compatibilidade com a ordem constitucional, sendo-lhe respondido, corretamente, que o referido diploma
normativo é:

a) inconstitucional, pois os processos administrativos são direcionados aos atos internos da Administração
Pública, não podendo resultar em penalidades aos administrados.

b) constitucional, caso o referido diploma normativo tenha assegurado a possibilidade de o depósito prévio
ser substituído pelo arrolamento de bens.

c) constitucional, pois compete aos Estados legislar sobre o processo administrativo estadual e a medida se
ajusta ao princípio da proporcionalidade.

d) inconstitucional, na medida em que o depósito prévio, nos recursos administrativos, afronta a gratuidade
inerente ao direito de petição.

e) constitucional, pois compete ao Estado instituir taxas e outras exações tributárias pelos serviços que
presta.

Comentários:

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou


abuso de poder.

O STF editou súmula vinculante sobre o tema:

Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios


de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

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2. (FGV/ TJ-DFT - 2022) John, de nacionalidade estrangeira e que veio a se naturalizar brasileiro, tinha
sido condenado, anteriormente, em seu país de origem, em sentença judicial transitada em julgado, pela
prática de crime comum. Após anos de negociação, o seu país de origem celebrou tratado de extradição
com o Estado brasileiro e requereu a extradição de John.À luz da sistemática constitucional, é correto
afirmar que John:

a) não pode ser extraditado, pois o Brasil não extradita os seus nacionais;

b) não pode ser extraditado, salvo se, previamente, for declarada a perda da nacionalidade brasileira;

c) pode ser extraditado em razão da natureza do crime e do momento em que o praticou, sendo-lhe aplicável
o tratado de extradição celebrado posteriormente;

d) poderia ser extraditado em razão da natureza do crime e do momento em que o praticou, mas não lhe é
aplicável o tratado de extradição celebrado posteriormente;

e) poderia ser extraditado, como qualquer nacional, nato ou naturalizado, em razão da natureza do crime,
mas não lhe é aplicável o tratado de extradição celebrado posteriormente.

Comentários:

A alternativa A está incorreta. O brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, na forma da lei. (art. 5º, LI, da CF/88)

A alternativa B está incorreta. Não há essa exigência na CF/88.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. A questão se fundamenta no art. 5º, LI, da CF/88,
pois nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei.

A jurisprudência do STF entende que pode ser extraditado caso o tratado de extradição tenha sido celebrado
posteriormente ao crime cometido.

A alternativa D está incorreta. É aplicável o tratado de extradição celebrado posteriormente.

A alternativa E está incorreta. O brasileiro nato não pode ser extraditado.

3. (FGV/PC-RJ - 2022) Maria, no exercício do direito de petição, compareceu à Secretaria Municipal


de Obras para solicitar que fossem adotadas as providências necessárias ao recapeamento asfáltico das
ruas do seu bairro. Afinal, a falta de manutenção contribuiu para o aumento dos buracos e os acidentes se

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multiplicaram. O servidor responsável pelo protocolo solicitou de Maria o comprovante de recolhimento


da “taxa de expediente”, o que seria necessário para que o seu pleito fosse apreciado. À luz da sistemática
constitucional, a taxa mencionada pelo servidor:

a) não pode ser exigida;

b) pode ser exigida, desde que prevista na lei orgânica;

c) pode ser exigida, desde que prevista em lei ordinária;

d) pode ser exigida, desde que fixada em patamares módicos;

e) pode ser exigida e será reembolsada se o pleito for acolhido.

Comentários:

A alternativa A é a alternativa correta.

A questão trata do direito de petição, que é garantido constitucionalmente. Através desse instrumento o
administrado solicita algo diretamente à Administração Pública (não judicial).

A alínea “a” XXXIV do art. 5º da CF/88 determina que todos possuem o direito de petição em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder e isso independe do pagamento de taxas.

Portanto, a cobrança da “taxa de expediente” não poderia ter sido solicitada pelo servidor, já que Maria
apenas estava exercendo o seu direito de petição perante a Secretaria Municipal de Obras.

4. (FGV/PC-RJ - 2021) Eunice, servidora pública estadual, preencheu os requisitos para a fruição de
determinado benefício assegurado pelo regime jurídico único dos servidores. Ocorre que, no dia anterior
àquele em que iria requerê-lo, a lei foi alterada, e o benefício, suprimido. Apesar disso, um amigo lhe
informou, corretamente, que o seu direito ao benefício não seria afetado pela nova lei, o que decorria da
garantia constitucional do(a):

a) coisa julgada;
b) direito adquirido;
c) ato jurídico perfeito;
d) expectativa legítima;
e) legalidade imanente.

Comentários:

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão.


O direito adquirido está previsto no art. 5º, inciso XXXVI - "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada".

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O direito adquirido é a garantia de o que foi conquistado não poderá ser retirado, mesmo com a alteração
legislativa. O que vale é o direito adquirido no momento em que os requisitos foram alcançados.

Foi um termo utilizado pela Constituição Federal que tem como objetivo garantir que o cidadão que já
preencheu todos os requisitos para o benefício antes da mudança da lei poderá utilizar as regras antigas se
desejar. Garante ainda que você possa utilizar todas as vantagens legislativas anteriores às alterações na lei.

Portanto, uma vez que Eunice, servidora pública estadual, preencheu os requisitos para a fruição de
determinado benefício assegurado pelo regime jurídico único dos servidores, ela possui então o direito
adquirido.

5. (FGV/SEFAZ-ES - 2021) João, vereador do Município Beta, qualificando-se como tal e de modo
isolado, sem prévia aprovação da Câmara Municipal, solicitou ao Prefeito Municipal que lhe fossem
disponibilizados alguns documentos não sigilosos afetos à gestão pública, de modo que lhe fosse possível
avaliar a juridicidade das despesas realizadas. À luz da sistemática constitucional, o requerimento
formulado deve ser:

a) indeferido, pois somente a Câmara Municipal fiscaliza a atuação do Poder Executivo, o que impede a
atuação isolada de um vereador.

b) deferido, pois o parlamentar, na qualidade de cidadão, tem o direito de acesso às informações de interesse
público não submetidas a sigilo.

c) deferido, pois a solicitação de informações apresentada pelo vereador pode ser a qualquer momento
chancelada pela Câmara Municipal.

d) indeferido, pois somente o Tribunal de Contas realiza a fiscalização da juridicidade das despesas realizadas.

e) indeferido, pois informações dessa natureza constarão da prestação anual de contas de governo do
Prefeito Municipal.

Comentários:

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

A questão cobrou do candidato o conhecimento do art. 5º da CF/88, inciso XXXIII, bem como do julgado
referente ao RE 865.401 (Rel. Min. Dias Toffoli, j. 14/08/2015, p. 09/10/2015):

Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.

RE 865.401: O parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito


fundamental de acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art.
5º, inciso XXXIII, da CF e das normas de regência desse direito.

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Portanto, o Vereador, na condição de cidadão, tem o direito de acesso às informações de interesse público
não submetidas a sigilo.

6. (FGV/PM-RJ - 2021) João, maior e capaz, mas que ainda não promoveu o seu cadastro eleitoral,
formulou pedido de acesso a informação direcionado ao Ministério Público do Estado Alfa, requerendo
que lhe fossem fornecidos dados concernentes ao valor despendido com a contratação de empresas
terceirizadas.

À luz da sistemática vigente, é correto afirmar que o pedido de João deve ser

a) deferido, considerando o destinatário do pedido e a natureza das informações solicitadas.

b) indeferido, pois o acesso à informação somente é assegurado em relação aos órgãos do Poder Executivo.

c) indeferido, desde que João apresente os motivos determinantes da solicitação de acesso à informação.

d) indeferido, já que as informações almejadas por João dizem respeito à governança administrativa, não à
sua pessoa.

e) indeferido, já que João não ostenta a condição de cidadão, o que impede a formulação de requerimento
dessa natureza.

Comentários:

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

A questão cobra do candidato o direito à informação, constante no art. 5º da CF/88, vejamos:

Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.

A Lei de Acesso à Informação, por sua vez, trata o tema da seguinte forma:

Lei Federal nº 12.527/11 - Lei de Acesso à Informação:

Art. 10: Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações aos
órgãos e entidades referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o
pedido conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida.

§3º: São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação
de informações de interesse público.

7. (FGV/ TJ-CE – 2019) Determinado tratado internacional de proteção aos direitos humanos foi
aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, pela unanimidade dos seus
membros.

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À luz da sistemática constitucional, o tratado internacional assim aprovado ingressará na ordem jurídica
interna com a natureza de:

a) decreto;

b) lei ordinária;

c) lei complementar;

d) medida provisória;

e) emenda constitucional.

Comentários:

Nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição, “os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.

O tratado internacional descrito no enunciado foi aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos de votação, pela unanimidade dos seus membros. Perceba que cumpriu todos os requisitos e seu
quórum de aprovação foi ainda maior que exigido pela Constituição para obter o “status” de emenda
constitucional. Por isso, adquiriu hierarquia constitucional, situando-se no topo da Pirâmide de Kelsen.

O gabarito é a letra E.

8. (FGV / DPE-RJ – 2019) Maria procurou a Defensoria Pública e informou que foi surpreendida, às
12h, com o ingresso de agentes públicos armados em sua residência, contra a sua vontade, sob a alegação
de que estavam procurando um criminoso. Considerando a sistemática constitucional, o Defensor Público
informou corretamente que a conduta dos agentes públicos era:

a) ilícita, pois os agentes públicos nunca podem ingressar na casa alheia sem o consentimento do morador;

b) lícita, pois os agentes públicos sempre podem ingressar na casa alheia, sem o consentimento do morador,
para procurar um criminoso;

c) lícita, pois os agentes públicos podem ingressar na casa alheia, sem o consentimento do morador, sempre
que entenderem necessário;

d) ilícita, pois os agentes públicos não podem ingressar na casa alheia, sem o consentimento do morador,
para procurar um criminoso, sem ordem judicial;

e) lícita, pois os agentes públicos somente podem ingressar na casa alheia, sem o consentimento do morador,
se estiver sendo praticado um crime no local.

Comentários:

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A conduta dos agentes públicos foi ilícita, uma vez que o ingresso na “casa” de um indivíduo poderá ocorrer
nas seguintes situações (art. 5º, XI, CF):

a) Com o consentimento do morador.

b) Sem o consentimento do morador, sob ordem judicial, apenas durante o dia. Perceba que, mesmo
com ordem judicial, não é possível o ingresso na casa do indivíduo durante o período noturno.

c) A qualquer hora, sem consentimento do indivíduo, em caso de flagrante delito ou desastre, ou,
ainda, para prestar socorro.

Tais hipóteses não contemplam a violação do domicílio, sem consentimento do morador e sem ordem
judicial, para procurar um criminoso. O gabarito é a letra D.

O gabarito é a letra D.

9. (FGV / TJ-SC – 2018) De acordo com o art. 5º, XXXII, da Constituição da República, “o Estado
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.

Considerando a aplicabilidade das normas constitucionais, a norma constitucional que se extrai do referido
preceito tem:

a) eficácia limitada de princípio consumerista;

b) eficácia limitada de princípio institutivo;

c) natureza programática;

d) eficácia contida;

e) eficácia plena.

Comentários:

O inciso XXXII do art. 5º da Carta Magna prevê que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor”. Trata-se de norma de eficácia limitada do tipo programática, que exige a edição de lei para
produzir todos os seus efeitos. Essa lei já existe: é o Código de Defesa do Consumidor. O gabarito é a letra C.

10. (FGV / TJ-SC – 2018) Pedro, servidor público estadual, respondeu a processo administrativo
disciplinar e recebeu, ao final, a sanção de suspensão de 10 (dez) dias, o que também lhe acarretou outros
prejuízos estatutários, como a impossibilidade de ser promovido por merecimento nos dois anos
seguintes. Apesar da gravidade das consequências, Pedro não foi defendido por advogado.

Considerando as garantias constitucionais asseguradas aos brasileiros em geral, a ausência de defesa por
advogado:

a) não afronta a ordem constitucional, desde que tenham sido assegurados o contraditório e a ampla defesa;

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b) não afronta a ordem constitucional, desde que Pedro tenha renunciado ao direito à defesa por advogado;

c) afronta a garantia constitucional do devido processo legal;

d) afronta a garantia constitucional da ampla defesa;

e) afronta a garantia constitucional do contraditório.

Comentários:

O STF entende que, nos processos administrativos disciplinares, a ampla defesa e o contraditório podem ser
validamente exercidos independentemente de advogado. Por isso, a Súmula Vinculante nº 5 dispõe que “a
falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.” O
gabarito é a letra A.

11. (FGV / TJ-AL – 2018) Pedro ajuizou uma ação em face de João e se saiu vitorioso, sendo-lhe atribuído
certo bem. Anos depois, quando já não mais era cabível qualquer recurso, ação ou impugnação contra a
decisão do Poder Judiciário, foi editada uma lei cuja aplicação faria com que o bem fosse atribuído a João.

À luz da sistemática constitucional, o referido bem deve:

a) permanecer com Pedro, por força da garantia do ato jurídico perfeito

b) ser transferido a João, com base no princípio da eficácia imediata da lei.

c) permanecer com Pedro, por força da garantia do direito adquirido.

d) ser transferido a João, salvo se a lei estabelecer regra de transição.

e) permanecer com Pedro, por força da garantia da coisa julgada.

Comentários:

Segundo o art. 5º, XXXVI, CF/88, “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada”.

Na situação apresentada, não cabe mais nenhum recurso da decisão judicial que atribuiu o bem a Pedro.
Formou-se, desse modo, coisa julgada, que não poderá ser prejudicada pela nova lei. Assim, o bem deverá
permanecer com Pedro, por força da garantia da coisa julgada.

O gabarito é a letra E.

12. (FGV / COMPESA – 2016) Consoante o Art. 5º, inciso XLV, da Constituição da República Federativa
do Brasil, “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”.

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Com os olhos voltados à classificação das normas constitucionais, é correto afirmar que a interpretação
desse comando normativo dá origem a uma norma constitucional:

a) de eficácia plena e aplicabilidade integral.

b) de eficácia indireta e aplicabilidade contida.

c) de eficácia plena e aplicabilidade limitada.

d) de eficácia limitada e aplicabilidade mediata.

e) de eficácia contida e aplicabilidade direta.

Comentários:

O art. 5º, XLV, é uma norma constitucional de eficácia contida. Sua aplicabilidade é direta, imediata e
possivelmente não integral.

Trata-se de norma autoaplicável, que independe de regulamentação para produzir todos os seus efeitos.
Desde a promulgação da CF/88, nenhuma pena passará da pessoa do condenado, sendo a obrigação de
reparação do dano e a decretação do perdimento de bens estendida aos sucessores e contra eles executadas.

É possível, todavia, que haja restrição a esse comando constitucional, uma vez que a lei pode definir
requisitos para que a obrigação de reparação do dano e a decretação do perdimento de bens seja estendida
aos sucessores e contra eles executadas

O gabarito é a letra E.

13. (FGV / TJ-PI – 2015) O art. 5º, LXI, da Constituição da República Federativa do Brasil, dispõe que
“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei". À luz dos referenciais de aplicabilidade e eficácia, é correto afirmar que, a partir desse enunciado
linguístico, se obtém uma norma constitucional:

a) programática;

b) de eficácia plena e aplicabilidade imediata;

c) de eficácia contida e aplicabilidade imediata;

d) preceptiva;

e) de eficácia limitada e aplicabilidade imediata.

Comentários:

Essa é uma questão que gera bastante polêmica. Deixe-me explicar melhor o porquê...

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No art. 5º, LXI, CF/88, tem-se uma regra constitucional importante: a de que a prisão somente pode ser
determinada por decisão judicial. Tal regra constitucional poderá ser flexibilizada, entretanto, nas seguintes
hipóteses: i) flagrante delito e; ii) crimes propriamente militares definidos em lei.

Analisando-se, por essa ótica, é possível concluir que, quando a lei definir um crime propriamente militar,
ela estará abrindo a possibilidade para que, diante da prática daquele tipo penal, seja restringida a regra de
que a prisão deverá ser determinada por decisão judicial. Logo, trata-se de norma de eficácia contida.

Mas também é possível uma outra interpretação... Poderíamos afirmar que a definição de crimes
propriamente militares depende da edição de lei. Aí, teríamos uma norma de eficácia limitada.

A FGV adotou a primeira interpretação, considerando o gabarito como a letra C.

14. (FGV / DPE-RO–Analista – 2015) Pedro e Ernesto, renomados advogados, travaram um intenso
debate a respeito das garantias constitucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito. Por fim,
convergiram a respeito da constitucionalidade de uma única tese, dentre as inúmeras que haviam sido
debatidas, qual seja:

a) no momento em que o servidor público toma posse no cargo, surge o direito adquirido ao regime jurídico
então vigente, de modo que as alterações posteriores não podem alcançá-lo;

b) a ordem de vocação hereditária deve observar as normas vigentes à época da abertura do inventário, não
podendo ser invocada a lei anterior, vigente à época do óbito;

c) a garantia do direito adquirido, enquanto projeção direta da dignidade humana, é oponível ao próprio
Constituinte originário;

d) o preenchimento dos requisitos para a aposentadoria faz surgir o direito adquirido, ainda que o
requerimento seja formulado após a vigência da lei que os modificou;

e) os efeitos futuros de contrato celebrado sob a égide da lei anterior devem ser regidos pela lei vigente à
época em que se projetem na realidade.

Comentários:

Letra A: errada. Segundo a jurisprudência do STF, não há direito adquirido do servidor público ao regime
jurídico.

Letra B: errada. A sucessão é regulada pela lei vigente ao tempo da sua abertura, que é o momento do
óbito. Isso é o que prevê o art. 1787, do Código Civil.

Letra C: errada. Não há direito adquirido diante de normas constitucionais originárias, ou seja, diante de uma
nova Constituição.

Letra D: correta. De fato, é o preenchimento dos requisitos que faz nascer o direito adquirido à
aposentadoria.

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Letra E: errada. A lei nova não alcança os efeitos futuros de contratos celebrados antes da sua vigência, sob
pena de violação ao ato jurídico perfeito. O STF adotou esse entendimento no âmbito do RE nº 205.999, no
qual considerou que as normas do Código de Defesa do Consumidor não seriam aplicadas aos contratos que
tivessem sido celebrados antes da sua entrada em vigor.

O gabarito é a letra D.

15. (FGV / DPE-RO–Oficial de Diligência – 2015) Ao enunciar os direitos e deveres individuais e


coletivos, a Constituição da República Federativa do Brasil assegurou uma série de direitos relacionados à
apuração da responsabilidade penal das pessoas em geral. Nesse particular, é correto afirmar que a lei
penal:

a) somente poderá retroagir para beneficiar o réu;

b) sempre poderá retroagir caso disponha dessa maneira;

c) prejudicial ou benéfica ao réu, jamais poderá retroagir;

d) somente poderá retroagir quando o interesse público justificar essa medida;

e) somente poderá retroagir para aumentar a pena, não para criar um novo crime.

Comentários:

Segundo o art. 5º, XL, CF/88, “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. O gabarito é a letra A.

16. (FGV / TCM-SP–Ciências Jurídicas – 2015) Reginaldo e Ednaldo, irmãos e estudantes de direito,
travaram intenso debate a respeito da possibilidade, ou não, de retroatividade das leis. Considerando a
sistemática constitucional a respeito dessa matéria, é correto afirmar que:

a) enquanto não requerido o benefício previdenciário, ainda que preenchidos os requisitos previstos em lei,
há mera expectativa de direito, não verdadeiro direito adquirido;

b) na medida em que não ostenta natureza contratual, não há direito adquirido ao regime jurídico do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço;

c) a lei nova alcança os efeitos futuros de contratos celebrados anteriormente à sua vigência, não havendo
que se falar em afronta ao ato jurídico perfeito;

d) a garantia da coisa julgada a que se refere a Constituição da República alcança tanto aquela formada no
processo judicial como no administrativo;

e) o Tribunal de Contas, no exercício de suas competências, pode determinar a exclusão de vantagens ilegais,
ainda que reconhecidas em sentença judicial transitada em julgado.

Comentários:

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Letra A: errada. Haverá direito adquirido ao benefício previdenciário quando forem preenchidos os
requisitos previstos em lei, ainda que não feita a sua requisição.

Letra B: correta. No Recurso Extraordinário nº 226.855, o STF decidiu o seguinte:

"O FGTS, ao contrário do que sucede com as cadernetas de poupança, não tem natureza contratual, mas,
sim, estatutária, por decorrer da lei e por ela ser disciplinado. Assim, é de aplicar-se a ele a firme
jurisprudência desta Corte no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico”.

Letra C: errada. A lei nova não alcança os efeitos futuros de contratos celebrados antes da sua vigência, sob
pena de violação ao ato jurídico perfeito. O STF adotou esse entendimento no âmbito do RE nº 205.999, no
qual considerou que as normas do Código de Defesa do Consumidor não seriam aplicadas aos contratos que
tivessem sido celebrados antes da sua entrada em vigor.

Letra D: errada. A garantia da “coisa julgada” a que se refere a CF/88 alcança apenas aquela formada no
==11dbe3==

processo judicial.

Letra E: errada. No MS 30.312 AgR/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, o STF apreciou caso concreto em que o TCU
havia considerado ilegal o pagamento de pensão oriunda de decisão judicial transitada em julgada. A Corte
entendeu que o TCU não poderia determinar a exclusão do benefício “ilegal”, sob pena de violação à coisa
julgada.

O gabarito é a letra B.

17. (FGV / TCE-RJ – 2015) Considerando a sistemática de incorporação, na ordem jurídica interna, dos
tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, bem como a posição que podem ocupar no
escalonamento das normas, é correto afirmar, de acordo com o entendimento prevalecente no âmbito do
Supremo Tribunal Federal, que:

a) sempre terão natureza supralegal, mas infraconstitucional;

b) podem ter natureza infralegal ou constitucional;

c) sempre terão natureza legal e infraconstitucional;

d) podem ter natureza supralegal ou constitucional;

e) sempre terão natureza constitucional.

Comentários:

Os tratados internacionais de direitos humanos terão natureza supralegal ou constitucional. Quando forem
aprovados pelo rito próprio das emendas constitucionais, serão a elas equivalentes. Quando forem
aprovados pelo rito ordinário, terão natureza supralegal. A resposta é a letra D.

18. (FGV / DPE-RJ – 2014) A Constituição da República, em seu Art. 5º, XXXV prevê que “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, consagrando o princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional. Nesse contexto, é correto afirmar que o Poder Judiciário

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a) só admite ações relativas à disciplina e às competições desportivas após se esgotarem as instâncias da


justiça desportiva, regulada em lei.

b) só admite ações relativas a direitos autorais após esgotarem-se as instâncias conciliatórias, reguladas em
lei.

c) não pode extinguir um processo, sem resolução de mérito pela convenção de arbitragem, por violação ao
princípio da inafastabilidade da jurisdição.

d) exige o prévio esgotamento da via militar, nos casos disciplinares, para admissibilidade da demanda
perante a Justiça Comum.

e) exige o prévio esgotamento da via eleitoral, nos casos excepcionais previstos em lei, para admissibilidade
da demanda perante a Justiça Comum.

Comentários:

O ordenamento jurídico brasileiro exige o esgotamento da via administrativa como requisito para acesso
ao Poder Judiciário em três situações: i) habeas data; ii) controvérsias desportivas e; iii) reclamação contra o
descumprimento de Súmula Vinculante pela Administração Pública. A resposta, portanto, é a letra A.

19. (FGV / TJ-AM – 2013) No tocante aos direitos e garantias individuais, é correto afirmar que a lei
regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição de liberdade, perda de bens e banimento.

b) multa, prestação social alternativa e interdição de direitos.

c) multa, interdição de direitos e trabalhos forçados.

d) suspensão de direitos, banimento e privação de liberdade.

e) privação de liberdade, trabalhos forçados e prestação social alternativa.

Comentários:

O inciso XLVI do art. 5º da Carta Magna prevê que a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social
alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.

As letras A, C, D e E preveem penas proibidas pela Constituição em seu art. 5º, inciso XLVII. Essas penas são
as seguintes: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter
perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis.

A letra B é o gabarito.

20. (FGV / Fundação Pró Sangue – 2013) Maria, em tempos de paz, ingressa nos quadros do Exército
brasileiro, onde galga os postos adequados à sua carreira. Em determinado momento, o Brasil declara

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guerra ao Estado W, ocorrendo a obediência dos trâmites constitucionais necessários ao ato. Por força de
infringência da legislação militar, Maria vem a ser condenada à morte, por traição à pátria. Nos termos da
Constituição Federal de 1988, a pena de morte foi:

a) banida do direito brasileiro.

b) admitida na situação de guerra externa.

c) autorizada em crimes hediondos.

d) proibida salvo crime de terrorismo.

e) permitida em caso de guerra interna.

Comentários:

O ordenamento jurídico brasileiro admite, excepcionalmente, a pena de morte nos casos de guerra declarada
(art. 5º, XLVII, “a”, CF). O gabarito é a letra B.

21. (FGV / Fundação Pró Sangue – 2013) Pedro e Matheus são acusados da prática de crimes hediondos,
tendo confessado os delitos. Após apuração imparcial verifica-se que a confissão foi obtida mediante a
utilização de meios considerados abusivos, classificados como tortura pelos investigadores. Nos termos da
Constituição de 1988, a tortura é considerada uma violação ao direito à:

a) privacidade.

b) integridade física.

c) igualdade.

d) liberdade.

e) segurança.

Comentários:

A tortura é uma violação ao direito à integridade física. Portanto, o gabarito é a letra B.

22. (FGV / FIOCRUZ – 2010) Com relação aos direitos e garantias constitucionais, analise as afirmativas
a seguir:

I. A promoção da defesa do consumidor não está expressa no art. 5º da Constituição Federal/88; portanto,
uma vez que sua eficácia dependa de lei infraconstitucional, não se pode afirmar que tenha adquirido status
constitucional.

II. A obtenção de certidões em repartições públicas, para esclarecimento de situações de interesse pessoa,
independente de pagamento de taxa.

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III. Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seus interesses particulares, porém os
de interesse coletivo ou geral não poderão ser prestados a particulares, sob pena de responsabilidade, uma
vez que devem sempre estar resguardados sob a proteção do Estado.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.

c) se somente a afirmativa III estiver correta.

d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

Comentários:

A primeira assertiva está errada. O art. 5º, inciso XXXII, da Constituição, prevê que “o Estado promoverá, na
forma da lei, a defesa do consumidor”.

A segunda assertiva está correta. É o que prevê o inciso XXXIV do art. 5º da Constituição, segundo o qual
“são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.

A terceira assertiva está errada. Segundo o inciso XXXIII do art. 5º da CF/88 “ todos têm direito a receber
dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
à segurança da sociedade e do Estado”.

A letra B é o gabarito.

23. (FGV / TJ-AM – 2013) Sobre o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados
e das comunicações telefônicas, assinale a afirmativa correta.

a) A quebra de sigilo telefônico, em qualquer hipótese, somente pode ser deferida por ordem judicial, não
se admitindo que seja feita pela Administração Pública ou por comissão parlamentar de inquérito.

b) A jurisprudência pacífica das Cortes Superiores admite a utilização da gravação clandestina como prova
da quitação de dívidas.

c) A gravação ambiental realizada por circuito interno de TV pode ser utilizada, no processo penal, como
prova da prática de crime.

d) A correspondência do preso é inviolável, somente sendo possível à Administração penitenciária a quebra


do sigilo mediante autorização judicial.

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e) A abertura de carta, que apresente indícios de conter substância de circulação proibida como
entorpecentes, constitui violação do sigilo de correspondência, admitindo-se, todavia, que o serviço postal
recuse a entrega.

Comentários:

Letra A: errada. A quebra de sigilo telefônico pode ser determinada por ordem judicial ou por Comissão
Parlamentar de Inquérito. A interceptação telefônica, por sua vez, pode ser determinada apenas pelo Poder
Judiciário.

Letra B: errada. A gravação clandestina é considerada prova ilícita e, portanto, não pode ser utilizada em um
processo.

Letra C: correta. A gravação ambiental realizada por circuito interno de TV não é considerada prova ilícita.
Portanto, pode ser utilizada em processo penal.

Letra D: errada. A Administração penitenciária poderá, com fundamento em razões de segurança pública,
disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, realizar a interceptação da correspondência dos
presos. Não há necessidade de ordem judicial para isso.

Letra E: errada. Não há violação do sigilo de correspondência na abertura de carta que apresente indícios de
conter substância de circulação proibida.

24. (FGV / Senado Federal – 2012) Com base no art. 5º da Constituição da República, assinale a
afirmativa INCORRETA.

a) Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.

b) A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando se tratar de crimes contra a família.

c) Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei.

d) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.

e) O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado.

Comentários:

Letra A: correta. Trata-se da literalidade do inciso LIX do art. 5º da Constituição.

Letra B: errada. De acordo com o inciso LX do art. 5º da CF/88. a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.

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Letra C: correta. O inciso LXI do art. 5º da Constituição traz as hipóteses em que é possível a prisão: i) em
flagrante delito; ii) em caso de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; iii) por
ordem de juiz, escrita e fundamentada (ou seja, com base legal).

Letra D: correta. Tem-se a literalidade do inciso LXII do art. 5º da Constituição.

Letra E: correta. Trata-se da literalidade do art. 5º, inciso LXIII, da CF/88.

O gabarito é a letra B.

25. (FGV / SEFAZ-RJ – 2011) Abelhudo, cidadão brasileiro, contrai casamento com Abelhudinha, tendo
o casal três filhos. Infelizmente, o casal resolve divorciar-se, e o varão assume o dever de prestar alimentos
à sua ex-esposa e aos seus filhos. Apesar de contar com boa remuneração, abelhudo deixa de pagar várias
prestações dos alimentos acordados judicialmente, vindo a sofrer processo de cobrança, tendo sua ex-
mulher requerido sua prisão caso não solvesse a dívida. O varão, apesar de regularmente comunicado do
processo, não pagou a dívida nem justificou o não pagamento, vindo sua prisão a ser declarada pelo
magistrado presidente do processo. A respeito da prisão civil, é correto afirmar que:

a) É admissível quando o devedor contrai dívidas com fornecedores.

b) Está restrita à dívida quando ela tem natureza de alimentos.

c) Foi extinta após a edição da constituição federal de 1988.

d) É constitucionalmente prevista para homens inadimplentes de alimentos.

e) Está preservada somente para militares em tempo de guerra

Comentários:

A questão cobra o conhecimento do inciso LXVII do art. 5º da CF/88, que prevê que “não haverá prisão civil
por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia
e a do depositário infiel”. A prisão do depositário infiel, todavia, está suspensa, devido à ratificação, pelo
Brasil, do Pacto de San Jose. Esse tratado internacional tem status supralegal, por tratar de direitos humanos,
e suspendeu toda a legislação a ele contrária. Desse modo, ao permitir apenas a prisão civil por não
pagamento de obrigação alimentícia, suspendeu toda legislação infraconstitucional que regia a prisão do
depositário infiel. Não há, portanto, prisão civil nessa hipótese1.

Letra A: errada. Não há tal previsão na Constituição.

Letra C: errada. A CF/88 prevê a possibilidade de prisão civil por dívida, em seu art. 5º, LXVII.

1 Súmula vinculante n. 25, STF.

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Letra D: errada. Há previsão de prisão civil por dívida também no caso de depositário infiel. Além disso, a
previsão constitucional vale tanto para homens quanto para mulheres.

Letra E: errada. A prisão civil por dívidas está prevista nas hipóteses de inadimplemento voluntário e
inescusável de pensão alimentícia e de depositário infiel.

O gabarito é a letra B. No Brasil, a única hipótese de prisão civil por dívida admitida é a do devedor de
alimentos.

26. (FGV / PC-AP – 2010) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.

Comentários:

É o que dispõe o art. 5º, LI, CF/88. Os brasileiros natos jamais serão extraditados. Os brasileiros naturalizados,
por sua vez, serão extraditados no caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Questão correta.

27. (FGV / Senado Federal – 2008) A respeito do catálogo de direitos fundamentais da Constituição
Federal de 1988, assinale a afirmativa correta.

a) A Constituição assegura o direito de permanecer calado apenas ao preso, quando interrogado por
autoridade policial.

b) As provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis apenas nos processos criminais, podendo ser
utilizadas sem restrições nos processos judiciais cíveis e administrativos.

c) Por força do princípio da presunção da inocência, a prisão do réu decretada por juiz anteriormente à
condenação transitada em julgado terá sempre natureza cautelar.

d) É possível a criação de tribunal de exceção para julgar crimes de terrorismo, na forma da lei.

e) O contraditório e a ampla defesa não são assegurados em procedimentos administrativos disciplinares se


o servidor permanecer revel.

Comentários:

Letra A: errada. O direito de permanecer calado, não fornecendo provas contra si mesmo, estende-se a
todos, não só ao preso. Além disso, o preso poderá usufruir desse direito em qualquer fase do processo, não
só quando interrogado por autoridade policial. Nesse sentido, dispõe o art. 5º, LXIII, da CF/88, que o preso
será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência
da família e de advogado.

Letra B: errada. As provas ilícitas também não são admitidas nos processos cíveis e administrativos (art. 5º,
LVI, CF).

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Letra C: correta. De fato, pelo princípio da presunção de inocência, todos são considerados inocentes até o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art. 5º, LVII, CF). Todavia, é possível a prisão cautelar
por ordem judicial em casos previstos no Código de Processo Penal. Não entraremos em mais detalhes sobre
essas hipóteses, por fugir ao interesse do Direito Constitucional, combinado?

Letra D: errada. A Constituição veda a criação de tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII, CF).

Letra E: errada. A Constituição garante (art. 5º, LV) que “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”. O servidor revel, que não apresentou sua defesa no prazo legal, não perde o direito
de fazê-lo em momento posterior.

O gabarito é a letra C.

28. (FGV / Senado Federal – 2012) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial.

Comentários:

É exatamente o que dispõe o art. 5º, LXIV. O preso tem o direito à identificação dos responsáveis por sua
prisão ou por seu interrogatório policial. Questão correta.

29. (FGV / Senado Federal – 2008) Nenhum brasileiro será extraditado, exceto no caso de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e em crime de terrorismo, na forma da lei.

Comentários:

O art. 5º, LI, CF/88, prevê que “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”. Questão errada.

30. (FGV / SEFAZ-RJ – 2011) Lupus, aposentado pelo regime geral da previdência social, é comunicado,
por amigos também aposentados, da possibilidade de reconhecimento, pelo órgão previdenciário, de
valores atrasados. Seu requerimento administrativo veio a ser indeferido, o que gerou a propositura de
ação perante o judiciário. Após dez anos, o seu processo continuava sem solução definitiva. À luz da
principiologia constitucional, pode-se afirmar que restou violado o(s) princípio(s) do(a):

a) Contraditório e publicidade.

b) Ampla defesa e prova ilícita.

c) Publicidade e isonomia.

d) Duração razoável do processo.

e) Juiz e promotor natural.

Comentários:

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Dez anos sem que o processo tenha uma solução definitiva é, de fato, algo bem complicado. Foi prejudicado
o direito à razoável duração do processo, o qual está previsto no art. 5º, LXXVIII. Segundo esse dispositivo,
“a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios
que garantam a celeridade de sua tramitação”. O gabarito é a letra D.

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QUESTÕES COMENTADAS

Remédios Constitucionais

1. (FGV/SEFAZ-AM - 2022) João, pessoa com deficiência, compareceu à Secretaria de Assistência


Social do Município Alfa e solicitou o acesso ao seu cadastro. Ato contínuo, constatou que seus dados
estavam incorretos, principalmente em relação à sua deficiência, o que o impedia de participar dos
programas assistenciais existentes.
Ao solicitar a retificação dos seus dados, foi surpreendido com a negativa do Diretor, sob o argumento
escrito de que não estavam sendo apreciados requerimentos de pessoas não filiadas ao mesmo partido
político do Prefeito Municipal. A decisão foi mantida, pelo próprio Prefeito, após a interposição do recurso
hierárquico cabível.
Por entender que a decisão era manifestamente ilegal, havendo prova pré-constituída de sua existência,
João consultou um(a) advogado(a) a respeito da ação constitucional passível de ser ajuizada. O(A)
advogado(a) respondeu, corretamente, que a referida ação é:
a) o mandado de segurança ou o habeas data, conforme a livre escolha de João.
b) o mandado de segurança.
c) o direito de petição.
d) o habeas data.
e) a reclamação.
Comentários:
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão.
O enunciado traz que João, pessoa com deficiência, compareceu à Secretaria de Assistência Social do
Município Alfa e solicitou o acesso ao seu cadastro. Ato contínuo, constatou que seus dados estavam
incorretos. Ao solicitar a retificação dos seus dados, foi surpreendido com a negativa do Diretor.
Questionamento: Qual seria a medida judicial cabível?
De acordo com o art 5º, LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,


constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo.

2. (FGV/TJ-MS - 2022) Alfa, Associação de Defesa das Pessoas com Deficiência, em atuação na esfera
territorial do Estado Beta e que há uma década defende os interesses das pessoas com deficiência,
constatou que determinado direito social consagrado na Constituição da República de 1988 não fora
objeto de regulamentação pela legislação infraconstitucional. Esse estado de coisas impedia a sua fruição
pelos destinatários em potencial, incluindo os seus associados. Por tal razão, decidiu impetrar mandado

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de injunção coletivo para que a omissão fosse suprida. De acordo com essa narrativa, é correto afirmar
que Alfa:
a) não tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, pois sua atuação não é nacional;
b) não tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, já que o direito social a ser
regulamentado abrange outros destinatários;
c) tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, embora o direito social também pertença
a outros destinatários e não tenha autorização especial;
d) não tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, cabível apenas se o direito a ser
regulamentado pertencer a uma coletividade indeterminada de pessoas;
e) tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, apesar de o direito social alcançar outros
destinatários, sendo ainda exigida uma autorização especial.
Comentários:
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão.
A Questão cobrou do candidato o conhecimento sobre o remédio constitucional mandado de injunção.
O art. 5º, LXXI ensina que conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Por sua vez, o art. 12 da Lei nº 13.300/2016 tem a seguinte redação:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial.

Considerando a legislação supracitada, bem como o caso concreto apresentado pela questão, verifica-se que,
Alfa, Associação de Defesa das Pessoas com Deficiência, com mais de 01 (um) ano em funcionamento, tem
legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, embora o direito social também pertença a
outros destinatários e não tenha autorização especial.
3. (FGV/MP-GO - 2022) Antônio e João travaram intenso debate a respeito da inconstitucionalidade
por omissão, em razão da infração ao dever constitucional de legislar, e dos instrumentos passíveis de
serem utilizados, pelos legitimados, para obterem um provimento jurisdicional que integre a eficácia da
norma constitucional, não se limitando a comunicar a omissão ao Poder Legislativo. Ao final, concluíram
que: (I) a ação direta de inconstitucionalidade por omissão não pode ser utilizada com esse objetivo; (II) o
mandado de injunção pode ser utilizado com esse objetivo, qualquer que seja a natureza da omissão; e
(III) a superveniência de norma regulamentadora, mais favorável, sempre produzirá efeitos ex nunc em
relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado proferida em sede de mandado de injunção.
Nesse caso, é correto afirmar que
a) nenhuma conclusão está certa.
b) todas as conclusões estão certas.

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c) apenas as conclusões I e II estão certas.


d) apenas as conclusões I e III estão certas.
e) apenas as conclusões II e III estão certas.
Comentários:
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.
A conclusão I está equivocada, uma vez que tanto o Mandado de Injunção quanto a Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão são utilizados mediante inércia legislativa.
Veja o art. 12-H, §1º, da Lei nº 8.968/99:

Art. 12-H. Declarada a inconstitucionalidade por omissão, com observância do disposto no


art. 22, será dada ciência ao poder competente para a adoção das providências necessárias.

A conclusão II, também está equivocada, pois o mandado de injunção pode ser utilizado com esse objetivo,
porém precisamos analisar a natureza da omissão.

Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Por fim, a conclusão III, também está equivocada, visto que a superveniência de norma regulamentadora,
mais favorável, produz efeitos ex nunc, exceto se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável. Ou
seja, não é sempre que a superveniência de norma regulamentadora mais favorável produzirá efeitos ex
nunc.
Veja o art. 11 da Lei 13.300/16:

Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos
beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes
for mais favorável.

Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada


antes da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de mérito.

4. (FGV/PM-RJ - 2021) Maria tomou conhecimento, por intermédio de um amigo, servidor público,
que as informações existentes em determinada repartição estadual a seu respeito estavam totalmente
dissociadas da realidade.
Com base na informação que recebera do amigo, Maria ajuizou a ação constitucional de habeas data,
formulando o pedido de retificação dos dados.
Considerando as normas vigentes, é correto afirmar que a ação ajuizada por Maria
a) é adequada ao objetivo almejado, devendo ser julgado procedente o pedido formulado.
b) não deve ser conhecida, já que o requerimento de retificação não foi previamente formulado e indeferido,
ou não conhecido, no plano administrativo.

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c) não deve ser conhecida, pois a incorreção das informações caracteriza afronta a direito líquido e certo de
Maria, devendo ser tutelado via mandado de segurança.
d) não deve ser reconhecida, pois a incorreção das informações caracteriza afronta à legalidade
administrativa, devendo ser corrigida exclusivamente pelo direito de petição.
e) apenas será conhecida se o Poder Público, uma vez notificado dos termos da demanda, deixar de
apresentar, no prazo indicado, certidão comprovando a retificação dos dados.
Comentários:
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão.
A Constituição Federal ensina que:

Art. 5º, LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,


constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;

Por sua vez, a jurisprudência do STJ entende que o habeas data só é cabível se antes disso o cidadão solicitar
o acesso a dados pessoais a um órgão público e esse órgão se negar a disponibilizar os dados. Sem essa
recusa prévia, o pedido de habeas data é negado.
5. (FGV / Prefeitura de Salvador – 2019) Anastácio, brasileiro nato, após completar dezoito anos de
idade, alistou-se como eleitor junto ao órgão competente da Justiça Eleitoral.

À luz da sistemática constitucional afeta aos direitos e garantias fundamentais, a condição de eleitor de
Anastácio era imprescindível para que ele pudesse ajuizar
a) mandado de segurança.
b) mandado de injunção.
c) habeas corpus.
d) ação popular.
e) habeas data.
Comentários:
A condição de eleitor de Anastácio era fundamental para que ele pudesse ajuizar ação popular. Nos termos
do art. 5º, LXXIII, da Constituição:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência (...).

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O gabarito é a letra D.
6. (FGV / DPE-RJ – 2019) João requereu a matrícula do seu filho de dez anos em determinada escola
pública, o que foi indeferido pelo respectivo diretor, por escrito, de modo arbitrário, ilegal e sem qualquer
fundamentação.

Considerando a sistemática constitucional, o instrumento constitucional passível de ser utilizado para se


obter a matrícula do filho de João, que teve o seu direito líquido e certo à educação violado, é:
a) o “habeas data”;
b) o “habeas corpus”;
c) o mandado de injunção;
d) o mandado de segurança;
e) a reclamação constitucional.
Comentários:
O instrumento constitucional adequado para proteger o direito líquido e certo de obtenção da matrícula do
filho de João em escola pública é o mandado de segurança. Segundo o inciso LXIX do art. 5º da Constituição,
“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. O gabarito é a letra D.
7. (FGV / DPE-RJ – 2019) Joana, Prefeita Municipal, praticou diversos ilícitos em detrimento do
respectivo Município, os quais redundaram em dano ao patrimônio público.

Maria, cidadã brasileira, economicamente hipossuficiente, procurou a Defensoria Pública e informou que
desejava ajuizar a ação constitucional cabível para obter, de Joana, o ressarcimento dos danos causados
ao patrimônio público.

Essa ação é:
a) a ação penal;
b) a ação popular;
c) o mandado de segurança;
d) a ação coletiva;
e) a ação difusa.
Comentários:
A ação adequada para esse fim é a ação popular, que pode ser proposta pelo cidadão para anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa (art. 5º, LXXIII,
CF). O gabarito é a letra B.
8. (FGV / TJ-SC – 2018) Pedro, cidadão brasileiro, tomou conhecimento de que determinado
administrador público estava praticando atos lesivos ao patrimônio público. Por considerar absurda essa
situação, procurou um advogado e solicitou informações a respeito da medida que poderia adotar para
postular a anulação desses atos.

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À luz da narrativa acima e da sistemática constitucional, o advogado respondeu, corretamente, que Pedro:
a) não poderia adotar nenhuma medida pessoalmente;
b) poderia ajuizar uma reclamação constitucional;
c) poderia impetrar mandado de segurança;
d) poderia impetrar mandado de injunção;
e) poderia ajuizar uma ação popular.
Comentários:
Pedro é cidadão brasileiro e, por isso, poderá ajuizar ação popular para anular os atos praticados pelo
administrador público. Nos termos do art. 5o, LXXIII, da Constituição, qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. O gabarito é a letra E.
9. (FGV / Câmara Municipal de Salvador–Analista Legislativo – 2018) José, brasileiro, que completaria
18 anos amanhã e nunca tinha votado em uma eleição, era muito crítico em relação aos atos lesivos ao
patrimônio público praticados por alguns agentes públicos. Por tal razão, procurou um advogado e
perguntou o que poderia ser feito para anular esses atos.

À luz da sistemática constitucional, José poderia ajuizar:


a) ação popular, o que pode ser feito por qualquer brasileiro nato ou naturalizado;
b) ação de improbidade, desde que seja elegível para cargo eletivo;
c) ação popular, o que pode ser feito por qualquer brasileiro nato, não pelo naturalizado;
d) ação de improbidade, desde que seja considerado cidadão brasileiro;
e) ação popular, o que exige o seu prévio alistamento como eleitor.
Comentários:
O remédio constitucional adequado para anular atos lesivos ao patrimônio público é a ação popular, que
pode ser ajuizada por qualquer cidadão. Vejamos o que dispõe o inciso LXXIII do art. 5o da Constituição:

Art. 5º, LXXIII, CF - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Segundo a Lei 4.717, de 1965, que regula a ação popular, para que haja legitimidade a propor a ação, é
necessário o prévio alistamento do autor como eleitor:

Art. 1o, § 3º, Lei 4.717/65 - A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o
título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

O gabarito é a letra E.

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10. (FGV / AL-RO – 2018) João almejava ter conhecimento das informações de ordem tributária,
relativas aos tributos municipais que pagou na condição de contribuinte, as quais se encontravam em
poder do Município Alfa. Para tanto, formulou requerimento endereçado ao Secretário Municipal de
Fazenda, que o denegou, por escrito, sob o argumento de se tratar de informação sigilosa.

Irresignado com o indeferimento, João procurou seu advogado, o qual informou que o instrumento
constitucional, previsto no rol dos direitos e garantias fundamentais, adequado à solução do seu
problema, é
a) o mandado de segurança.
b) o mandado de injunção.
c) o direito de petição.
d) o habeas data.
e) a reclamação.
Comentários:
João deverá impetrar “habeas data”, remédio constitucional adequado para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público (art. 5º, LXXII, “a”, CF). O gabarito é a letra D.
11. FGV / MPE-AL – 2018) Maria estava impossibilitada de exercer um direito constitucional inerente à
sua cidadania, em razão da ausência de norma regulamentadora.

O instrumento constitucional a ser utilizado por Maria, devidamente representada por profissional
habilitado, visando à proteção dos seus interesses, é o
a) mandado de segurança.
b) mandado de injunção.
c) direito de petição.
d) habeas corpus.
e) habeas data.
Comentários:
O remédio constitucional adequado para Maria é o mandado de injunção. Nos termos do art. 5º, LXXI, da
Constituição, conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania. O gabarito é a letra B.
12. (FGV / SEFIN-RO–Contador – 2018) Eraldo, após preencher os requisitos exigidos para a fruição de
determinado direito social perante o Poder Público, compareceu à repartição competente e formulou o
respectivo requerimento.

Apesar de ter apresentado todos os documentos exigidos, o que foi reconhecido pela autoridade
competente, o seu pedido foi indeferido de maneira arbitrária, sem qualquer fundamentação.

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À luz da sistemática constitucional e da desnecessidade de ser produzida qualquer outra prova que não a
documental, é correto afirmar que o instrumento mais adequado à tutela do direito de Eraldo, perante o
Poder Judiciário, é o
a) habeas data.
b) mandado de injunção.
c) direito de petição.
d) mandado de segurança.
e) mandado de fruição.
Comentários:
O remédio constitucional adequado à tutela do direito de Eraldo é o mandado de segurança, uma vez que
se trata de direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data (uma vez que se trata
de direito social), indeferido arbitrariamente por autoridade pública. Relembremos o que dispõe o inciso
LXIX do art. 5o da Constituição:

Art. 5o, LXIX, CF - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público (...).

O gabarito é a letra D.
13. (FGV / COMPESA – 2016) Ednaldo soube por um amigo que determinada empresa pública estadual
mantinha em seu poder diversas informações, relativas à sua pessoa, que seriam incorretas. Ato contínuo
procurou um advogado e solicitou esclarecimentos de como deveria proceder para retificar os dados
incorretos.

À luz da sistemática constitucional brasileira, assinale a afirmativa correta.


a) Ednaldo deve impetrar um mandado de segurança, quer tenha solicitado a retificação dos dados à
autoridade administrativa, quer não.
b) Ednaldo deve impetrar um mandado de segurança, desde que tenha solicitado a retificação dos dados à
autoridade administrativa e tal tenha sido negado.
c) Ednaldo deve impetrar um mandado de injunção, de modo que o tribunal competente fixe os balizamentos
a serem observados na correção dos dados.
d) Ednaldo deve impetrar um habeas data, que pressupõe a apresentação de prova do indeferimento
administrativo do pedido de retificação.
e) Ednaldo deve impetrar um habeas data, que independe da formulação de prévio requerimento de
retificação na esfera administrativa.
Comentários:
Segundo o art. 5º, LXXII, será concedido habeas data em 2 (duas) hipóteses: i) para assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados

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de entidades governamentais ou de caráter público e; ii) para a retificação de dados, quando não se prefira
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
A impetração de habeas data depende da prévia negativa da Administração, ou seja, pressupõe a
apresentação de prova do indeferimento administrativo do pedido de retificação.
O gabarito é a letra D.
14. (FGV / IBGE – 2016) De acordo com o texto da Constituição da República de 1988 e com a doutrina
de Direito Administrativo, o mandado de segurança é:
a) ação de fundamento constitucional pela qual se torna possível proteger o direito líquido e certo do
interessado contra ato do Poder Público ou de agente de pessoa privada no exercício de função delegada;
b) remédio constitucional cabível quando houver falta de norma regulamentadora que torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
e à cidadania;
c) meio processual previsto na Constituição para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
d) instrumento constitucional à disposição de qualquer cidadão que visa a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural;
e) demanda de ordem constitucional à disposição de qualquer cidadão para a restituição da verdade sobre
fato juridicamente relevante com a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo.
Comentários:
Letra A: correta. O mandado de segurança é remédio constitucional que tem como objetivo proteger direito
líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data.
Letra B: errada. O remédio constitucional utilizado para combater as omissões inconstitucionais é o
mandado de injunção.
Letra C: errada. O remédio constitucional que busca assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante é o habeas data.
Letra D: errada. A ação popular pode ser proposta por qualquer cidadão, buscando anular ato lesivo ao
patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico-cultural.
Letra E: errada. A retificação de dados relativos à pessoa do impetrante pode ser feita por habeas data.
O gabarito é a letra A.
15. (FGV / DPE-RO–Oficial de Diligência – 2015) Dentre as garantias fundamentais, a Constituição da
República Federativa do Brasil previu a existência do habeas data. Esse instrumento pode ser utilizado
para:
a) proteger direito líquido e certo;
b) retificar dados;

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c) proteger a liberdade de locomoção;


d) permitir o exercício de direitos ainda não regulamentados;
e) assegurar o direito à liberdade de expressão.
Comentários:
Segundo o art. 5º, LXXII, CF/88, o habeas data será concedido:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,


constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo.

Portanto, o gabarito é a letra B.


16. (FGV / DPE-RJ – 2014) Sobre a disciplina do remédio constitucional do mandado de segurança, o
ordenamento jurídico, em especial o Art. 5º LXIX da Constituição da República e a Lei 12.016/09, prevê
que se concede o mandamus contra ato:
a) de autoridade pública, para proteger pessoa física ou jurídica detentora de direito líquido e certo,
independentemente de estar também amparado por habeas corpus ou habeas data, quando houver risco
ou violação de seu direito por ilegalidade ou abuso de poder por parte.
b) de representantes ou órgãos de partidos políticos e dos administradores de entidades autárquicas, bem
como dos dirigentes de pessoas jurídicas ou das pessoas naturais no exercício de atribuições do poder
público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
c) de gestão comercial praticada pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia
mista e de concessionárias e permissionárias de serviço público, na forma da lei.
d) do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução, em razão dos
princípios constitucionais do amplo acesso à justiça e da inafastabilidade do controle jurisdicional.
e) consistente em decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo, como corolário dos princípios
constitucionais do acesso à justiça e do duplo grau obrigatório de jurisdição.
Comentários:
Letra A: errada. O mandado de segurança é ação de natureza residual. Ele é utilizado para proteger direito
líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data.
Letra B: correta. De acordo com o art. 5º, LXIX, da CF/88, sabe-se que é cabível o mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Já o art. 1º, § 1º da Lei nº 12.016/09 (Lei do
Mandado de Segurança), acrescenta algumas informações, dispondo o seguinte:

Art. 1º, § 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou


órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como

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os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do


poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

Letra C: errada. Não poderão ser questionados por meio de mandado de segurança os atos de gestão
comercial dos administradores de empresas públicas, sociedade de economia mista e de concessionárias e
permissionárias de serviço públicos.
Letra D: errada. Não cabe mandado de segurança contra ato administrativo do qual caiba recurso com efeito
suspensivo.
Letra E: errada. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
suspensivo.
17. (FGV / DPE-RJ – 2014) O remédio constitucional previsto na Constituição da República para
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, chama-se:
a) mandado de segurança.
b) mandado de injunção.
c) habeas corpus.
d) habeas data.
e) ação popular.
Comentários:
Esse remédio é o habeas data. De acordo com o art. 5º, LXXII, da Carta Magna, conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados,
quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. O gabarito é a letra D.
18. (FGV / FUNARTE – 2014) O cidadão João da Silva verificou que seu vizinho, proprietário de imóvel
tombado como patrimônio histórico e cultural, pela União, iniciou ilegalmente a realização de obras que
descaracterizavam o bem, com licença emitida pelo Município. Valendo-se do instrumento constitucional
adequado, João pode propor medida judicial que vise anular tal ato, lesivo ao patrimônio histórico e
cultural, por meio de:
a) mandado de segurança;
b) mandado de injunção;
c) ação direta de inconstitucionalidade;
d) ação popular;
e) ação civil pública.
Comentários:
O instrumento adequado para a anulação de ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural é a ação popular,
prevista no art. 5º, LXXIII, da Constituição:

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LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Note que o enunciado deixa claro que João é cidadão, estando apto a impetrar a ação popular. O gabarito é
a letra D.
19. (FGV / OAB – 2013) Em relação aos remédios constitucionais, assinale a afirmativa correta.
a) O habeas data pode ser impetrado ainda que não haja negativa administrativa em relação ao acesso a
informações pessoais.
b) A ação popular pode ser impetrada por pessoa jurídica.
c) O particular pode figurar no polo passivo da ação de habeas corpus.
d) O mandado de segurança somente pode ser impetrado quando as questões jurídicas forem
incontroversas.
Comentários:
Letra A: errada. É requisito para a impetração de habeas data que tenha havido a negativa administrativa em
relação ao acesso às informações pessoais.
Letra B: errada. Somente o cidadão pode impetrar ação popular.
Letra C: correta. Qualquer pessoa (física ou jurídica) pode impetrar o habeas corpus, mas somente pessoas
físicas podem ser favorecidas por esse remédio constitucional. Ou seja, no polo passivo da ação deve figurar,
necessariamente, um particular (pessoa física).
Letra D: errada. Segundo a Súmula 625 do STF, “controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão
de mandado de segurança”.
O gabarito é a letra C.
20. (FGV / TJ-AM – 2013) A Constituição da República Federativa do Brasil assegura, em seu artigo 5º,
o exercício e a proteção de diversos direitos pelo Estado e, inclusive, garante a gratuidade para o exercício
de diversos dos direitos ali previstos. Desta forma, assinale a alternativa que não representa expressa
disposição constitucional de ausência de recolhimento de custas, taxas ou emolumentos.
a) Ação Popular.
b) Habeas Corpus.
c) Habeas Data.
d) Direito de Petição.
e) Mandado de Segurança.
Comentários:
Letra A: errada. A CF/88, em seu art. 5º, inciso LXXII, prevê a isenção de custas da ação popular, exceto
comprovada a má-fé.

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Letras B e C: erradas. O habeas corpus e o habeas data são gratuitos, por determinação do art. 5º, inciso
LXXVII, da Constituição.
Letra D: errada. A Constituição (art. 5º, XXXIV) assegura a todos, independentemente do pagamento de
taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder.
A letra E é o gabarito da questão.
21. (FGV / TJ-AM – 2013) Sobre o mandado de segurança, assinale a afirmativa correta.
a) Não pode ser impetrado preventivamente, uma vez que não se admite impetração contra lei em tese,
devendo haver a efetiva violação do direito.
b) Não pode ter por objeto o pagamento de remunerações atrasadas a servidor público.
c) Deve ter por fundamento direito elencado na Constituição, não se admitindo violação reflexa a direito
constitucional.
d) Por ser garantia constitucional, dispensa formalidades na sua impetração.
e) Admite a produção de prova testemunhal, mas não pericial.
Comentários:
Letra A: errada. O mandado de segurança pode ser preventivo, quando visa proteger ameaça de lesão a um
direito líquido e certo.
Letra B: correta. O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva
de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e
municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do
ajuizamento da inicial (art. 14, § 4o, da Lei nº 12.016/2009). Assim, o mandado de segurança não pode ter
por objeto o pagamento de remunerações atrasadas a servidor público.
Letra C: errada. O direito a ser protegido por mandado de segurança não precisa, necessariamente, estar no
texto constitucional.
Letra D: errada. O habeas corpus é que dispensa formalidades para sua impetração.
Letra E: errada. Não há dilação probatória no mandado de segurança. No mandado de segurança, as provas
são pré-constituídas.
22. (FGV / SEGEP-MA – 2013) A respeito do mandado de segurança coletivo, assinale a afirmativa
correta.
a) O mandado de segurança coletivo, por ser instrumento jurídico de defesa de direitos transindividuais,
pode ser utilizado para questionar a validade de lei em tese.
b) As associações, quando impetram mandado de segurança coletivo em favor de seus filiados, dependem,
para legitimar sua atuação em juízo, de autorização expressa de seus associados.
c) A petição inicial do mandado de segurança deve ser instruída com a relação nominal dos associados da
impetrante, mas não é necessária a autorização dos associados para a impetração.
d) O partido político com representação no Congresso Nacional tem legitimidade para a propositura de
mandado de segurança coletivo.

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e) A entidade de classe não tem legitimação para o mandado de segurança quando a pretensão veiculada
interessa apenas a uma parte da respectiva categoria.
Comentários:
Letra A: errada. Em regra, não cabe mandado de segurança contra lei em tese. Isso só é possível quando a
referida lei produzir efeitos concretos.
Letra B: errada. Não há necessidade de autorização expressa dos associados, uma vez que as associações
atuarão como substitutos processuais.
Letra C: errada. No mandado de segurança coletivo, o impetrante atua como substituto processual. Por esse
motivo, o STF entende desnecessária a autorização expressa ou mesmo a apresentação da relação nominal
dos associados.
Letra D: correta. De acordo com o inciso LXX do art. 5º da Constituição, o mandado de segurança coletivo
pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização
==11dbe3==

sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um


ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.
Letra E: errada. O STF entende que os direitos defendidos pelas entidades de classe não precisam se referir
a todos os seus membros. Podem ser o direito de apenas parte deles.
O gabarito é a letra D.
23. (FGV / TJ-AM – 2013) O mandado de segurança, instituído no ordenamento brasileiro pela
Constituição de 1934 e hoje previsto no artigo 5º, LXIX, da Constituição da República, é importante garantia
dos direitos fundamentais. Sobre essa figura, assinale a afirmativa correta.
a) Não será concedido mandado de segurança para proteger direito líquido e certo amparado por habeas
corpus, habeas data ou ação para a qual se preveja a possibilidade de concessão de medida liminar.
b) Cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas e sociedades de economia mista quando tais atos violarem direito subjetivo.
c) É sempre cabível a impetração de mandado de segurança ainda que haja recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução, uma vez que não se exige o esgotamento das instâncias
administrativas.
d) Se o exercício do direito alegadamente violado depender do esclarecimento de fatos ou situações não
comprovados nos autos já no momento da impetração, não se concederá a segurança.
e) É inconstitucional a fixação, por lei ordinária, de prazo decadencial para a impetração de mandado de
segurança, uma vez que a Lei Maior não condiciona esta garantia ao seu exercício em determinado prazo.
Comentários:
Letra A: errada. O mandado de segurança não será concedido caso seja possível utilizar o habeas corpus ou
habeas data. Entretanto, será cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo que possa
ser protegido por outro tipo de ação em que caiba concessão de medida liminar.
Letra B: errada. Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas e sociedades de economia mista (art. 1º, § 2º, da Lei nº 12.016/2009).

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Letra C: errada. Não se concederá mandado de segurança quando se tratar de ato do qual caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo.
Letra D: correta. Exatamente isso! Não há dilação probatória no mandado de segurança: as provas são pré-
constituídas. Isso está diretamente ligado ao conceito de “direito líquido e certo”. Se o exercício do direito
depender do esclarecimento de fatos ou situações não comprovados nos autos já no momento da
impetração, não será concedido o mandado de segurança.
Letra E: errada. A fixação de prazo decadencial pode ser feita por lei ordinária.
24. (FGV / TJ-AM – 2013) Sobre a disciplina do habeas corpus, assinale a afirmativa correta.
a) Admite-se o manejo do habeas corpus para defesa das liberdades constitucionais em geral, como a
liberdade de religião, não se restringindo o instrumento à defesa da liberdade de locomoção.
b) o paciente do habeas corpus deve ser brasileiro no gozo dos direitos políticos.
c) O registro como advogado é exigido para a impetração do habeas corpus, admitindo-se, todavia, o seu
manejo por estudantes de direito inscritos como estagiários na Ordem dos Advogados do Brasil.
d) Não é possível a impetração de habeas corpus como substitutivo de recurso com efeito suspensivo em
matéria penal.
e) É cabível habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
Comentários:
Letra A: errada. O habeas corpus é o remédio constitucional destinado a proteger a liberdade de locomoção.
Letra B: errada. Qualquer pessoa física, nacional ou estrangeira, poderá ser paciente de habeas corpus.
Letra C: errada. Qualquer pessoa pode impetrar habeas corpus, não havendo necessidade de representação
por advogado.
Letra D: correta. Questão bem difícil! De fato, o habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo de
um recurso com efeito suspensivo em matéria penal.
Letra E: errada. Não é cabível habeas corpus em relações a punições disciplinas militares.
25. (FGV / SUDENE – 2013) Everaldo pretende obter o acesso de dados pessoais que estão sob a guarda
do Ministério da Justiça. Não possuindo haveres apresenta o seu requerimento perante a representação
do referido órgão que é localizada no Estado onde é domiciliado. Após os trâmites burocráticos recebe,
por carta subscrita pelo próprio Ministro da Justiça, resposta ao seu requerimento, tendo a Administração
indeferido o acesso aos dados postulados. Observada tal narrativa, cabe a Everaldo impetrar
a) Mandado de Segurança de competência do Supremo Tribunal Federal.
b) Habeas Data de competência do Superior Tribunal de Justiça.
c) Mandado de Injunção de competência do Supremo Tribunal Federal.
d) Ação Popular de competência do Superior Tribunal de Justiça.
e) Habeas Corpus de competência do Supremo Tribunal Federal.
Comentários:

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Segundo o art. 5º, LXXII, “a”, conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais
ou de caráter público. Cabe destacar que, para que seja impetrado o habeas data, deverá haver o prévio
esgotamento da via administrativa.
Assim, na situação apresentada, Everaldo deverá impetrar habeas data perante o STJ. A competência será
do STJ porque o habeas data está sendo impetrado contra ato de Ministro de Estado (art. 105, I, “b”). A
resposta é a letra B.
26. (FGV / TJ-AM – 2013) Fulano de Tal, cidadão brasileiro, integrante de uma Associação de Moradores
de Bairro, tomou conhecimento de que o Prefeito de sua cidade fraudou documentos e, dessa forma,
permitiu a construção de edifícios comerciais em um parque estadual. Diante do exposto, assinale a
afirmativa correta.
a) Fulano de Tal deve impetrar mandado de segurança individual para anulação do ato lesivo.
b) A Associação de Moradores deve impetrar mandado de segurança coletivo para anulação do ato lesivo.
c) Fulano de Tal deve ajuizar ação popular para anulação do ato lesivo.
d) Como as obras ainda não foram iniciadas, não existe lesão ao patrimônio público, a ser amparada por ação
individual ou coletiva.
e) A Associação de Moradores deve ajuizar ação popular coletiva para anulação do ato lesivo.
Comentários:
A construção de edifícios comerciais em parque estadual de forma fraudulenta é ato lesivo tanto ao
patrimônio público quanto ao meio ambiente. Esse ato é passível de anulação por meio de ação popular,
conforme previsão do art. 5º, LXXIII, da Constituição:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Observe que o enunciado deixa claro que Fulano de Tal é cidadão, estando apto a impetrar a ação popular.
O gabarito é a letra C.

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LISTA DE QUESTÕES

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Art. 5º, XXXII a LXXIX

1. (FGV/SEFAZ-AM - 2022) A Lei nº XX, do Estado Alfa, foi editada com o objetivo de disseminar
responsabilidade no manejo dos recursos administrativos pela população em geral, o que se devia à
alarmante estatística de que 90% das irresignações eram infundadas. Para tanto, exigiu que, nos processos
administrativos em que ocorresse a aplicação de multa aos administrados, a admissibilidade do recurso
estava condicionada ao depósito prévio de 50% do valor da penalidade. Irresignada com o teor da Lei nº
XX, a Associação dos Comerciantes do Estado Alfa consultou um(a) advogado(a) a respeito da sua
compatibilidade com a ordem constitucional, sendo-lhe respondido, corretamente, que o referido diploma
normativo é:

a) inconstitucional, pois os processos administrativos são direcionados aos atos internos da Administração
Pública, não podendo resultar em penalidades aos administrados.

b) constitucional, caso o referido diploma normativo tenha assegurado a possibilidade de o depósito prévio
ser substituído pelo arrolamento de bens.

c) constitucional, pois compete aos Estados legislar sobre o processo administrativo estadual e a medida se
ajusta ao princípio da proporcionalidade.

d) inconstitucional, na medida em que o depósito prévio, nos recursos administrativos, afronta a gratuidade
inerente ao direito de petição.

e) constitucional, pois compete ao Estado instituir taxas e outras exações tributárias pelos serviços que
presta.

2. (FGV/ TJ-DFT - 2022) John, de nacionalidade estrangeira e que veio a se naturalizar brasileiro, tinha
sido condenado, anteriormente, em seu país de origem, em sentença judicial transitada em julgado, pela
prática de crime comum. Após anos de negociação, o seu país de origem celebrou tratado de extradição
com o Estado brasileiro e requereu a extradição de John.À luz da sistemática constitucional, é correto
afirmar que John:

a) não pode ser extraditado, pois o Brasil não extradita os seus nacionais;

b) não pode ser extraditado, salvo se, previamente, for declarada a perda da nacionalidade brasileira;

c) pode ser extraditado em razão da natureza do crime e do momento em que o praticou, sendo-lhe aplicável
o tratado de extradição celebrado posteriormente;

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d) poderia ser extraditado em razão da natureza do crime e do momento em que o praticou, mas não lhe é
aplicável o tratado de extradição celebrado posteriormente;

e) poderia ser extraditado, como qualquer nacional, nato ou naturalizado, em razão da natureza do crime,
mas não lhe é aplicável o tratado de extradição celebrado posteriormente.

3. (FGV/PC-RJ - 2022) Maria, no exercício do direito de petição, compareceu à Secretaria Municipal de


Obras para solicitar que fossem adotadas as providências necessárias ao recapeamento asfáltico das ruas
do seu bairro. Afinal, a falta de manutenção contribuiu para o aumento dos buracos e os acidentes se
multiplicaram. O servidor responsável pelo protocolo solicitou de Maria o comprovante de recolhimento
da “taxa de expediente”, o que seria necessário para que o seu pleito fosse apreciado. À luz da sistemática
constitucional, a taxa mencionada pelo servidor:

a) não pode ser exigida;

b) pode ser exigida, desde que prevista na lei orgânica;

c) pode ser exigida, desde que prevista em lei ordinária;

d) pode ser exigida, desde que fixada em patamares módicos;

e) pode ser exigida e será reembolsada se o pleito for acolhido.

4. (FGV/PC-RJ - 2021) Eunice, servidora pública estadual, preencheu os requisitos para a fruição de
determinado benefício assegurado pelo regime jurídico único dos servidores. Ocorre que, no dia anterior
àquele em que iria requerê-lo, a lei foi alterada, e o benefício, suprimido. Apesar disso, um amigo lhe
informou, corretamente, que o seu direito ao benefício não seria afetado pela nova lei, o que decorria da
garantia constitucional do(a):

a) coisa julgada;
b) direito adquirido;
c) ato jurídico perfeito;
d) expectativa legítima;
e) legalidade imanente.

5. (FGV/SEFAZ-ES - 2021) João, vereador do Município Beta, qualificando-se como tal e de modo
isolado, sem prévia aprovação da Câmara Municipal, solicitou ao Prefeito Municipal que lhe fossem
disponibilizados alguns documentos não sigilosos afetos à gestão pública, de modo que lhe fosse possível
avaliar a juridicidade das despesas realizadas. À luz da sistemática constitucional, o requerimento
formulado deve ser:

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a) indeferido, pois somente a Câmara Municipal fiscaliza a atuação do Poder Executivo, o que impede a
atuação isolada de um vereador.

b) deferido, pois o parlamentar, na qualidade de cidadão, tem o direito de acesso às informações de interesse
público não submetidas a sigilo.

c) deferido, pois a solicitação de informações apresentada pelo vereador pode ser a qualquer momento
chancelada pela Câmara Municipal.

d) indeferido, pois somente o Tribunal de Contas realiza a fiscalização da juridicidade das despesas realizadas.

e) indeferido, pois informações dessa natureza constarão da prestação anual de contas de governo do
Prefeito Municipal.

6. (FGV/PM-RJ - 2021) João, maior e capaz, mas que ainda não promoveu o seu cadastro eleitoral,
formulou pedido de acesso a informação direcionado ao Ministério Público do Estado Alfa, requerendo
que lhe fossem fornecidos dados concernentes ao valor despendido com a contratação de empresas
terceirizadas.

À luz da sistemática vigente, é correto afirmar que o pedido de João deve ser

a) deferido, considerando o destinatário do pedido e a natureza das informações solicitadas.

b) indeferido, pois o acesso à informação somente é assegurado em relação aos órgãos do Poder Executivo.

c) indeferido, desde que João apresente os motivos determinantes da solicitação de acesso à informação.

d) indeferido, já que as informações almejadas por João dizem respeito à governança administrativa, não à
sua pessoa.

e) indeferido, já que João não ostenta a condição de cidadão, o que impede a formulação de requerimento
dessa natureza.

7. (FGV/ TJ-CE – 2019) Determinado tratado internacional de proteção aos direitos humanos foi
aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, pela unanimidade dos seus
membros.

À luz da sistemática constitucional, o tratado internacional assim aprovado ingressará na ordem jurídica
interna com a natureza de:
a) decreto;
b) lei ordinária;
c) lei complementar;
d) medida provisória;

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e) emenda constitucional.

8. (FGV / DPE-RJ – 2019) Maria procurou a Defensoria Pública e informou que foi surpreendida, às
12h, com o ingresso de agentes públicos armados em sua residência, contra a sua vontade, sob a alegação
de que estavam procurando um criminoso. Considerando a sistemática constitucional, o Defensor Público
informou corretamente que a conduta dos agentes públicos era:

a) ilícita, pois os agentes públicos nunca podem ingressar na casa alheia sem o consentimento do morador;
b) lícita, pois os agentes públicos sempre podem ingressar na casa alheia, sem o consentimento do morador,
para procurar um criminoso;
c) lícita, pois os agentes públicos podem ingressar na casa alheia, sem o consentimento do morador, sempre
que entenderem necessário;
d) ilícita, pois os agentes públicos não podem ingressar na casa alheia, sem o consentimento do morador,
para procurar um criminoso, sem ordem judicial;
e) lícita, pois os agentes públicos somente podem ingressar na casa alheia, sem o consentimento do morador,
se estiver sendo praticado um crime no local.

9. (FGV / TJ-SC – 2018) De acordo com o art. 5º, XXXII, da Constituição da República, “o Estado
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.

Considerando a aplicabilidade das normas constitucionais, a norma constitucional que se extrai do referido
preceito tem:
a) eficácia limitada de princípio consumerista;
b) eficácia limitada de princípio institutivo;
c) natureza programática;
d) eficácia contida;
e) eficácia plena.

10. (FGV / TJ-SC – 2018) Pedro, servidor público estadual, respondeu a processo administrativo
disciplinar e recebeu, ao final, a sanção de suspensão de 10 (dez) dias, o que também lhe acarretou outros
prejuízos estatutários, como a impossibilidade de ser promovido por merecimento nos dois anos
seguintes. Apesar da gravidade das consequências, Pedro não foi defendido por advogado.

Considerando as garantias constitucionais asseguradas aos brasileiros em geral, a ausência de defesa por
advogado:
a) não afronta a ordem constitucional, desde que tenham sido assegurados o contraditório e a ampla defesa;
b) não afronta a ordem constitucional, desde que Pedro tenha renunciado ao direito à defesa por advogado;
c) afronta a garantia constitucional do devido processo legal;
d) afronta a garantia constitucional da ampla defesa;

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e) afronta a garantia constitucional do contraditório.

11. (FGV / TJ-AL – 2018) Pedro ajuizou uma ação em face de João e se saiu vitorioso, sendo-lhe atribuído
certo bem. Anos depois, quando já não mais era cabível qualquer recurso, ação ou impugnação contra a
decisão do Poder Judiciário, foi editada uma lei cuja aplicação faria com que o bem fosse atribuído a João.

À luz da sistemática constitucional, o referido bem deve:


a) permanecer com Pedro, por força da garantia do ato jurídico perfeito
b) ser transferido a João, com base no princípio da eficácia imediata da lei.
c) permanecer com Pedro, por força da garantia do direito adquirido.
d) ser transferido a João, salvo se a lei estabelecer regra de transição.
e) permanecer com Pedro, por força da garantia da coisa julgada.

12. (FGV / COMPESA – 2016) Consoante o Art. 5º, inciso XLV, da Constituição da República Federativa
do Brasil, “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”.

Com os olhos voltados à classificação das normas constitucionais, é correto afirmar que a interpretação
desse comando normativo dá origem a uma norma constitucional:
a) de eficácia plena e aplicabilidade integral.
b) de eficácia indireta e aplicabilidade contida.
c) de eficácia plena e aplicabilidade limitada.
d) de eficácia limitada e aplicabilidade mediata.
e) de eficácia contida e aplicabilidade direta.

13. (FGV / TJ-PI – 2015) O art. 5º, LXI, da Constituição da República Federativa do Brasil, dispõe que
“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei". À luz dos referenciais de aplicabilidade e eficácia, é correto afirmar que, a partir desse enunciado
linguístico, se obtém uma norma constitucional:

a) programática;
b) de eficácia plena e aplicabilidade imediata;
c) de eficácia contida e aplicabilidade imediata;
d) preceptiva;
e) de eficácia limitada e aplicabilidade imediata.

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14. (FGV / DPE-RO–Analista – 2015) Pedro e Ernesto, renomados advogados, travaram um intenso
debate a respeito das garantias constitucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito. Por fim,
convergiram a respeito da constitucionalidade de uma única tese, dentre as inúmeras que haviam sido
debatidas, qual seja:

a) no momento em que o servidor público toma posse no cargo, surge o direito adquirido ao regime jurídico
então vigente, de modo que as alterações posteriores não podem alcançá-lo;
b) a ordem de vocação hereditária deve observar as normas vigentes à época da abertura do inventário, não
podendo ser invocada a lei anterior, vigente à época do óbito;
c) a garantia do direito adquirido, enquanto projeção direta da dignidade humana, é oponível ao próprio
Constituinte originário;
d) o preenchimento dos requisitos para a aposentadoria faz surgir o direito adquirido, ainda que o
requerimento seja formulado após a vigência da lei que os modificou;
==11dbe3==

e) os efeitos futuros de contrato celebrado sob a égide da lei anterior devem ser regidos pela lei vigente à
época em que se projetem na realidade.

15. (FGV / DPE-RO–Oficial de Diligência – 2015) Ao enunciar os direitos e deveres individuais e


coletivos, a Constituição da República Federativa do Brasil assegurou uma série de direitos relacionados à
apuração da responsabilidade penal das pessoas em geral. Nesse particular, é correto afirmar que a lei
penal:

a) somente poderá retroagir para beneficiar o réu;


b) sempre poderá retroagir caso disponha dessa maneira;
c) prejudicial ou benéfica ao réu, jamais poderá retroagir;
d) somente poderá retroagir quando o interesse público justificar essa medida;
e) somente poderá retroagir para aumentar a pena, não para criar um novo crime.

16. (FGV / TCM-SP–Ciências Jurídicas – 2015) Reginaldo e Ednaldo, irmãos e estudantes de direito,
travaram intenso debate a respeito da possibilidade, ou não, de retroatividade das leis. Considerando a
sistemática constitucional a respeito dessa matéria, é correto afirmar que:

a) enquanto não requerido o benefício previdenciário, ainda que preenchidos os requisitos previstos em lei,
há mera expectativa de direito, não verdadeiro direito adquirido;
b) na medida em que não ostenta natureza contratual, não há direito adquirido ao regime jurídico do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço;
c) a lei nova alcança os efeitos futuros de contratos celebrados anteriormente à sua vigência, não havendo
que se falar em afronta ao ato jurídico perfeito;
d) a garantia da coisa julgada a que se refere a Constituição da República alcança tanto aquela formada no
processo judicial como no administrativo;

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e) o Tribunal de Contas, no exercício de suas competências, pode determinar a exclusão de vantagens ilegais,
ainda que reconhecidas em sentença judicial transitada em julgado.

17. (FGV / TCE-RJ – 2015) Considerando a sistemática de incorporação, na ordem jurídica interna, dos
tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, bem como a posição que podem ocupar no
escalonamento das normas, é correto afirmar, de acordo com o entendimento prevalecente no âmbito do
Supremo Tribunal Federal, que:

a) sempre terão natureza supralegal, mas infraconstitucional;


b) podem ter natureza infralegal ou constitucional;
c) sempre terão natureza legal e infraconstitucional;
d) podem ter natureza supralegal ou constitucional;
e) sempre terão natureza constitucional.

18. (FGV / DPE-RJ – 2014) A Constituição da República, em seu Art. 5º, XXXV prevê que “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, consagrando o princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional. Nesse contexto, é correto afirmar que o Poder Judiciário

a) só admite ações relativas à disciplina e às competições desportivas após se esgotarem as instâncias da


justiça desportiva, regulada em lei.
b) só admite ações relativas a direitos autorais após esgotarem-se as instâncias conciliatórias, reguladas em
lei.
c) não pode extinguir um processo, sem resolução de mérito pela convenção de arbitragem, por violação ao
princípio da inafastabilidade da jurisdição.
d) exige o prévio esgotamento da via militar, nos casos disciplinares, para admissibilidade da demanda
perante a Justiça Comum.
e) exige o prévio esgotamento da via eleitoral, nos casos excepcionais previstos em lei, para admissibilidade
da demanda perante a Justiça Comum.

19. (FGV / TJ-AM – 2013) No tocante aos direitos e garantias individuais, é correto afirmar que a lei
regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição de liberdade, perda de bens e banimento.


b) multa, prestação social alternativa e interdição de direitos.
c) multa, interdição de direitos e trabalhos forçados.
d) suspensão de direitos, banimento e privação de liberdade.
e) privação de liberdade, trabalhos forçados e prestação social alternativa.

20. (FGV / Fundação Pró Sangue – 2013) Maria, em tempos de paz, ingressa nos quadros do Exército
brasileiro, onde galga os postos adequados à sua carreira. Em determinado momento, o Brasil declara

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guerra ao Estado W, ocorrendo a obediência dos trâmites constitucionais necessários ao ato. Por força de
infringência da legislação militar, Maria vem a ser condenada à morte, por traição à pátria. Nos termos da
Constituição Federal de 1988, a pena de morte foi:

a) banida do direito brasileiro.


b) admitida na situação de guerra externa.
c) autorizada em crimes hediondos.
d) proibida salvo crime de terrorismo.
e) permitida em caso de guerra interna.

21. (FGV / Fundação Pró Sangue – 2013) Pedro e Matheus são acusados da prática de crimes hediondos,
tendo confessado os delitos. Após apuração imparcial verifica-se que a confissão foi obtida mediante a
utilização de meios considerados abusivos, classificados como tortura pelos investigadores. Nos termos da
Constituição de 1988, a tortura é considerada uma violação ao direito à:

a) privacidade.
b) integridade física.
c) igualdade.
d) liberdade.
e) segurança.

22. (FGV / FIOCRUZ – 2010) Com relação aos direitos e garantias constitucionais, analise as afirmativas
a seguir:

I. A promoção da defesa do consumidor não está expressa no art. 5º da Constituição Federal/88; portanto,
uma vez que sua eficácia dependa de lei infraconstitucional, não se pode afirmar que tenha adquirido status
constitucional.
II. A obtenção de certidões em repartições públicas, para esclarecimento de situações de interesse pessoa,
independente de pagamento de taxa.
III. Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seus interesses particulares, porém os
de interesse coletivo ou geral não poderão ser prestados a particulares, sob pena de responsabilidade, uma
vez que devem sempre estar resguardados sob a proteção do Estado.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

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23. (FGV / TJ-AM – 2013) Sobre o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados
e das comunicações telefônicas, assinale a afirmativa correta.

a) A quebra de sigilo telefônico, em qualquer hipótese, somente pode ser deferida por ordem judicial, não
se admitindo que seja feita pela Administração Pública ou por comissão parlamentar de inquérito.
b) A jurisprudência pacífica das Cortes Superiores admite a utilização da gravação clandestina como prova
da quitação de dívidas.
c) A gravação ambiental realizada por circuito interno de TV pode ser utilizada, no processo penal, como
prova da prática de crime.
d) A correspondência do preso é inviolável, somente sendo possível à Administração penitenciária a quebra
do sigilo mediante autorização judicial.
e) A abertura de carta, que apresente indícios de conter substância de circulação proibida como
entorpecentes, constitui violação do sigilo de correspondência, admitindo-se, todavia, que o serviço postal
recuse a entrega.

24. (FGV / Senado Federal – 2012) Com base no art. 5º da Constituição da República, assinale a
afirmativa INCORRETA.

a) Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
b) A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando se tratar de crimes contra a família.
c) Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei.
d) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
e) O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado.

25. (FGV / SEFAZ-RJ – 2011) Abelhudo, cidadão brasileiro, contrai casamento com Abelhudinha, tendo
o casal três filhos. Infelizmente, o casal resolve divorciar-se, e o varão assume o dever de prestar alimentos
à sua ex-esposa e aos seus filhos. Apesar de contar com boa remuneração, abelhudo deixa de pagar várias
prestações dos alimentos acordados judicialmente, vindo a sofrer processo de cobrança, tendo sua ex-
mulher requerido sua prisão caso não solvesse a dívida. O varão, apesar de regularmente comunicado do
processo, não pagou a dívida nem justificou o não pagamento, vindo sua prisão a ser declarada pelo
magistrado presidente do processo. A respeito da prisão civil, é correto afirmar que:

a) É admissível quando o devedor contrai dívidas com fornecedores.


b) Está restrita à dívida quando ela tem natureza de alimentos.
c) Foi extinta após a edição da constituição federal de 1988.
d) É constitucionalmente prevista para homens inadimplentes de alimentos.

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e) Está preservada somente para militares em tempo de guerra

26. (FGV / PC-AP – 2010) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
27. (FGV / Senado Federal – 2008) A respeito do catálogo de direitos fundamentais da Constituição
Federal de 1988, assinale a afirmativa correta.

a) A Constituição assegura o direito de permanecer calado apenas ao preso, quando interrogado por
autoridade policial.
b) As provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis apenas nos processos criminais, podendo ser
utilizadas sem restrições nos processos judiciais cíveis e administrativos.
c) Por força do princípio da presunção da inocência, a prisão do réu decretada por juiz anteriormente à
condenação transitada em julgado terá sempre natureza cautelar.
d) É possível a criação de tribunal de exceção para julgar crimes de terrorismo, na forma da lei.
e) O contraditório e a ampla defesa não são assegurados em procedimentos administrativos disciplinares se
o servidor permanecer revel.

28. (FGV / Senado Federal – 2012) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial.
29. (FGV / Senado Federal – 2008) Nenhum brasileiro será extraditado, exceto no caso de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e em crime de terrorismo, na forma da lei.
30. (FGV / SEFAZ-RJ – 2011) Lupus, aposentado pelo regime geral da previdência social, é comunicado,
por amigos também aposentados, da possibilidade de reconhecimento, pelo órgão previdenciário, de
valores atrasados. Seu requerimento administrativo veio a ser indeferido, o que gerou a propositura de
ação perante o judiciário. Após dez anos, o seu processo continuava sem solução definitiva. À luz da
principiologia constitucional, pode-se afirmar que restou violado o(s) princípio(s) do(a):

a) Contraditório e publicidade.
b) Ampla defesa e prova ilícita.
c) Publicidade e isonomia.
d) Duração razoável do processo.
e) Juiz e promotor natural.

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GABARITO
1. LETRA D
2. LETRA C
3. LETRA A
4. LETRA B
5. LETRA B
6. LETRA A
7. LETRA E
8. LETRA D
9. LETRA C
10. LETRA A
11. LETRA E
12. LETRA E
13. LETRA C
14. LETRA D
15. LETRA A
16. LETRA B
17. LETRA D
18. LETRA A
19. LETRA B
20. LETRA B
21. LETRA B
22. LETRA B
23. LETRA C
24. LETRA B
25. LETRA B
26. CORRETA
27. LETRA C
28. CORRETA
29. ERRADA
30. LETRA D

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LISTA DE QUESTÕES

Remédios Constitucionais

1. (FGV/SEFAZ-AM - 2022) João, pessoa com deficiência, compareceu à Secretaria de Assistência


Social do Município Alfa e solicitou o acesso ao seu cadastro. Ato contínuo, constatou que seus dados
estavam incorretos, principalmente em relação à sua deficiência, o que o impedia de participar dos
programas assistenciais existentes.

Ao solicitar a retificação dos seus dados, foi surpreendido com a negativa do Diretor, sob o argumento
escrito de que não estavam sendo apreciados requerimentos de pessoas não filiadas ao mesmo partido
político do Prefeito Municipal. A decisão foi mantida, pelo próprio Prefeito, após a interposição do recurso
hierárquico cabível.

Por entender que a decisão era manifestamente ilegal, havendo prova pré-constituída de sua existência,
João consultou um(a) advogado(a) a respeito da ação constitucional passível de ser ajuizada. O(A)
advogado(a) respondeu, corretamente, que a referida ação é:

a) o mandado de segurança ou o habeas data, conforme a livre escolha de João.


b) o mandado de segurança.
c) o direito de petição.
d) o habeas data.
e) a reclamação.
2. (FGV/TJ-MS - 2022) Alfa, Associação de Defesa das Pessoas com Deficiência, em atuação na esfera
territorial do Estado Beta e que há uma década defende os interesses das pessoas com deficiência,
constatou que determinado direito social consagrado na Constituição da República de 1988 não fora
objeto de regulamentação pela legislação infraconstitucional. Esse estado de coisas impedia a sua fruição
pelos destinatários em potencial, incluindo os seus associados. Por tal razão, decidiu impetrar mandado
de injunção coletivo para que a omissão fosse suprida. De acordo com essa narrativa, é correto afirmar
que Alfa:
a) não tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, pois sua atuação não é nacional;
b) não tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, já que o direito social a ser
regulamentado abrange outros destinatários;
c) tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, embora o direito social também pertença
a outros destinatários e não tenha autorização especial;
d) não tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, cabível apenas se o direito a ser
regulamentado pertencer a uma coletividade indeterminada de pessoas;
e) tem legitimidade para impetrar o mandado de injunção coletivo, apesar de o direito social alcançar outros
destinatários, sendo ainda exigida uma autorização especial.
3. (FGV/MP-GO - 2022) Antônio e João travaram intenso debate a respeito da inconstitucionalidade
por omissão, em razão da infração ao dever constitucional de legislar, e dos instrumentos passíveis de

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serem utilizados, pelos legitimados, para obterem um provimento jurisdicional que integre a eficácia da
norma constitucional, não se limitando a comunicar a omissão ao Poder Legislativo. Ao final, concluíram
que: (I) a ação direta de inconstitucionalidade por omissão não pode ser utilizada com esse objetivo; (II) o
mandado de injunção pode ser utilizado com esse objetivo, qualquer que seja a natureza da omissão; e
(III) a superveniência de norma regulamentadora, mais favorável, sempre produzirá efeitos ex nunc em
relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado proferida em sede de mandado de injunção.
Nesse caso, é correto afirmar que

a) nenhuma conclusão está certa.

b) todas as conclusões estão certas.


c) apenas as conclusões I e II estão certas.
d) apenas as conclusões I e III estão certas.
e) apenas as conclusões II e III estão certas.
4. (FGV/PM-RJ - 2021) Maria tomou conhecimento, por intermédio de um amigo, servidor público,
que as informações existentes em determinada repartição estadual a seu respeito estavam totalmente
dissociadas da realidade.
Com base na informação que recebera do amigo, Maria ajuizou a ação constitucional de habeas data,
formulando o pedido de retificação dos dados.
Considerando as normas vigentes, é correto afirmar que a ação ajuizada por Maria

a) é adequada ao objetivo almejado, devendo ser julgado procedente o pedido formulado.

b) não deve ser conhecida, já que o requerimento de retificação não foi previamente formulado e indeferido,
ou não conhecido, no plano administrativo.

c) não deve ser conhecida, pois a incorreção das informações caracteriza afronta a direito líquido e certo de
Maria, devendo ser tutelado via mandado de segurança.

d) não deve ser reconhecida, pois a incorreção das informações caracteriza afronta à legalidade
administrativa, devendo ser corrigida exclusivamente pelo direito de petição.

e) apenas será conhecida se o Poder Público, uma vez notificado dos termos da demanda, deixar de
apresentar, no prazo indicado, certidão comprovando a retificação dos dados.

5. (FGV / Prefeitura de Salvador – 2019) Anastácio, brasileiro nato, após completar dezoito anos de
idade, alistou-se como eleitor junto ao órgão competente da Justiça Eleitoral.

À luz da sistemática constitucional afeta aos direitos e garantias fundamentais, a condição de eleitor de
Anastácio era imprescindível para que ele pudesse ajuizar
a) mandado de segurança.
b) mandado de injunção.
c) habeas corpus.

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d) ação popular.
e) habeas data.

6. (FGV / DPE-RJ – 2019) João requereu a matrícula do seu filho de dez anos em determinada escola
pública, o que foi indeferido pelo respectivo diretor, por escrito, de modo arbitrário, ilegal e sem qualquer
fundamentação.

Considerando a sistemática constitucional, o instrumento constitucional passível de ser utilizado para se


obter a matrícula do filho de João, que teve o seu direito líquido e certo à educação violado, é:
a) o “habeas data”;
b) o “habeas corpus”;
c) o mandado de injunção;
d) o mandado de segurança;
e) a reclamação constitucional.

7. (FGV / DPE-RJ – 2019) Joana, Prefeita Municipal, praticou diversos ilícitos em detrimento do
respectivo Município, os quais redundaram em dano ao patrimônio público.

Maria, cidadã brasileira, economicamente hipossuficiente, procurou a Defensoria Pública e informou que
desejava ajuizar a ação constitucional cabível para obter, de Joana, o ressarcimento dos danos causados
ao patrimônio público.

Essa ação é:
a) a ação penal;
b) a ação popular;
c) o mandado de segurança;
d) a ação coletiva;
e) a ação difusa.

8. (FGV / TJ-SC – 2018) Pedro, cidadão brasileiro, tomou conhecimento de que determinado
administrador público estava praticando atos lesivos ao patrimônio público. Por considerar absurda essa
situação, procurou um advogado e solicitou informações a respeito da medida que poderia adotar para
postular a anulação desses atos.

À luz da narrativa acima e da sistemática constitucional, o advogado respondeu, corretamente, que Pedro:
a) não poderia adotar nenhuma medida pessoalmente;
b) poderia ajuizar uma reclamação constitucional;
c) poderia impetrar mandado de segurança;
d) poderia impetrar mandado de injunção;
e) poderia ajuizar uma ação popular.

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9. (FGV / Câmara Municipal de Salvador–Analista Legislativo – 2018) José, brasileiro, que completaria
18 anos amanhã e nunca tinha votado em uma eleição, era muito crítico em relação aos atos lesivos ao
patrimônio público praticados por alguns agentes públicos. Por tal razão, procurou um advogado e
perguntou o que poderia ser feito para anular esses atos.

À luz da sistemática constitucional, José poderia ajuizar:


a) ação popular, o que pode ser feito por qualquer brasileiro nato ou naturalizado;
b) ação de improbidade, desde que seja elegível para cargo eletivo;
c) ação popular, o que pode ser feito por qualquer brasileiro nato, não pelo naturalizado;
d) ação de improbidade, desde que seja considerado cidadão brasileiro;
e) ação popular, o que exige o seu prévio alistamento como eleitor.

10. (FGV / AL-RO – 2018) João almejava ter conhecimento das informações de ordem tributária,
relativas aos tributos municipais que pagou na condição de contribuinte, as quais se encontravam em
poder do Município Alfa. Para tanto, formulou requerimento endereçado ao Secretário Municipal de
Fazenda, que o denegou, por escrito, sob o argumento de se tratar de informação sigilosa.

Irresignado com o indeferimento, João procurou seu advogado, o qual informou que o instrumento
constitucional, previsto no rol dos direitos e garantias fundamentais, adequado à solução do seu
problema, é
a) o mandado de segurança.
b) o mandado de injunção.
c) o direito de petição.
d) o habeas data.
e) a reclamação.

11. FGV / MPE-AL – 2018) Maria estava impossibilitada de exercer um direito constitucional inerente à
sua cidadania, em razão da ausência de norma regulamentadora.

O instrumento constitucional a ser utilizado por Maria, devidamente representada por profissional
habilitado, visando à proteção dos seus interesses, é o
a) mandado de segurança.
b) mandado de injunção.
c) direito de petição.
d) habeas corpus.
e) habeas data.

12. FGV / SEFIN-RO–Contador – 2018) Eraldo, após preencher os requisitos exigidos para a fruição de
determinado direito social perante o Poder Público, compareceu à repartição competente e formulou o
respectivo requerimento.

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Apesar de ter apresentado todos os documentos exigidos, o que foi reconhecido pela autoridade
competente, o seu pedido foi indeferido de maneira arbitrária, sem qualquer fundamentação.

À luz da sistemática constitucional e da desnecessidade de ser produzida qualquer outra prova que não a
documental, é correto afirmar que o instrumento mais adequado à tutela do direito de Eraldo, perante o
Poder Judiciário, é o
a) habeas data.
b) mandado de injunção.
c) direito de petição.
d) mandado de segurança.
e) mandado de fruição.

13. (FGV / COMPESA – 2016) Ednaldo soube por um amigo que determinada empresa pública estadual
mantinha em seu poder diversas informações, relativas à sua pessoa, que seriam incorretas. Ato contínuo
procurou um advogado e solicitou esclarecimentos de como deveria proceder para retificar os dados
incorretos.

À luz da sistemática constitucional brasileira, assinale a afirmativa correta.


a) Ednaldo deve impetrar um mandado de segurança, quer tenha solicitado a retificação dos dados à
autoridade administrativa, quer não.
b) Ednaldo deve impetrar um mandado de segurança, desde que tenha solicitado a retificação dos dados à
autoridade administrativa e tal tenha sido negado.
c) Ednaldo deve impetrar um mandado de injunção, de modo que o tribunal competente fixe os balizamentos
a serem observados na correção dos dados.
d) Ednaldo deve impetrar um habeas data, que pressupõe a apresentação de prova do indeferimento
administrativo do pedido de retificação.
e) Ednaldo deve impetrar um habeas data, que independe da formulação de prévio requerimento de
retificação na esfera administrativa.

14. (FGV / IBGE – 2016) De acordo com o texto da Constituição da República de 1988 e com a doutrina
de Direito Administrativo, o mandado de segurança é:
a) ação de fundamento constitucional pela qual se torna possível proteger o direito líquido e certo do
interessado contra ato do Poder Público ou de agente de pessoa privada no exercício de função delegada;
b) remédio constitucional cabível quando houver falta de norma regulamentadora que torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
e à cidadania;
c) meio processual previsto na Constituição para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;

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d) instrumento constitucional à disposição de qualquer cidadão que visa a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural;
e) demanda de ordem constitucional à disposição de qualquer cidadão para a restituição da verdade sobre
fato juridicamente relevante com a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo.

15. (FGV / DPE-RO–Oficial de Diligência – 2015) Dentre as garantias fundamentais, a Constituição da


República Federativa do Brasil previu a existência do habeas data. Esse instrumento pode ser utilizado
para:
a) proteger direito líquido e certo;
b) retificar dados;
c) proteger a liberdade de locomoção;
d) permitir o exercício de direitos ainda não regulamentados;
e) assegurar o direito à liberdade de expressão.

16. (FGV / DPE-RJ – 2014) Sobre a disciplina do remédio constitucional do mandado de segurança, o
ordenamento jurídico, em especial o Art. 5º LXIX da Constituição da República e a Lei 12.016/09, prevê
que se concede o mandamus contra ato:
a) de autoridade pública, para proteger pessoa física ou jurídica detentora de direito líquido e certo,
independentemente de estar também amparado por habeas corpus ou habeas data, quando houver risco
ou violação de seu direito por ilegalidade ou abuso de poder por parte.
b) de representantes ou órgãos de partidos políticos e dos administradores de entidades autárquicas, bem
como dos dirigentes de pessoas jurídicas ou das pessoas naturais no exercício de atribuições do poder
público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
c) de gestão comercial praticada pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia
mista e de concessionárias e permissionárias de serviço público, na forma da lei.
d) do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução, em razão dos
princípios constitucionais do amplo acesso à justiça e da inafastabilidade do controle jurisdicional.
e) consistente em decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo, como corolário dos princípios
constitucionais do acesso à justiça e do duplo grau obrigatório de jurisdição.

17. (FGV / DPE-RJ – 2014) O remédio constitucional previsto na Constituição da República para
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, chama-se:
a) mandado de segurança.
b) mandado de injunção.
c) habeas corpus.
d) habeas data.
e) ação popular.

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18. (FGV / FUNARTE – 2014) O cidadão João da Silva verificou que seu vizinho, proprietário de imóvel
tombado como patrimônio histórico e cultural, pela União, iniciou ilegalmente a realização de obras que
descaracterizavam o bem, com licença emitida pelo Município. Valendo-se do instrumento constitucional
adequado, João pode propor medida judicial que vise anular tal ato, lesivo ao patrimônio histórico e
cultural, por meio de:
a) mandado de segurança;
b) mandado de injunção;
c) ação direta de inconstitucionalidade;
d) ação popular;
e) ação civil pública.
a letra D. ==11dbe3==

19. (FGV / OAB – 2013) Em relação aos remédios constitucionais, assinale a afirmativa correta.
a) O habeas data pode ser impetrado ainda que não haja negativa administrativa em relação ao acesso a
informações pessoais.
b) A ação popular pode ser impetrada por pessoa jurídica.
c) O particular pode figurar no polo passivo da ação de habeas corpus.
d) O mandado de segurança somente pode ser impetrado quando as questões jurídicas forem
incontroversas.

20. (FGV / TJ-AM – 2013) A Constituição da República Federativa do Brasil assegura, em seu artigo 5º,
o exercício e a proteção de diversos direitos pelo Estado e, inclusive, garante a gratuidade para o exercício
de diversos dos direitos ali previstos. Desta forma, assinale a alternativa que não representa expressa
disposição constitucional de ausência de recolhimento de custas, taxas ou emolumentos.
a) Ação Popular.
b) Habeas Corpus.
c) Habeas Data.
d) Direito de Petição.
e) Mandado de Segurança.

21. (FGV / TJ-AM – 2013) Sobre o mandado de segurança, assinale a afirmativa correta.
a) Não pode ser impetrado preventivamente, uma vez que não se admite impetração contra lei em tese,
devendo haver a efetiva violação do direito.
b) Não pode ter por objeto o pagamento de remunerações atrasadas a servidor público.
c) Deve ter por fundamento direito elencado na Constituição, não se admitindo violação reflexa a direito
constitucional.
d) Por ser garantia constitucional, dispensa formalidades na sua impetração.
e) Admite a produção de prova testemunhal, mas não pericial.

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22. (FGV / SEGEP-MA – 2013) A respeito do mandado de segurança coletivo, assinale a afirmativa
correta.
a) O mandado de segurança coletivo, por ser instrumento jurídico de defesa de direitos transindividuais,
pode ser utilizado para questionar a validade de lei em tese.
b) As associações, quando impetram mandado de segurança coletivo em favor de seus filiados, dependem,
para legitimar sua atuação em juízo, de autorização expressa de seus associados.
c) A petição inicial do mandado de segurança deve ser instruída com a relação nominal dos associados da
impetrante, mas não é necessária a autorização dos associados para a impetração.
d) O partido político com representação no Congresso Nacional tem legitimidade para a propositura de
mandado de segurança coletivo.
e) A entidade de classe não tem legitimação para o mandado de segurança quando a pretensão veiculada
interessa apenas a uma parte da respectiva categoria.

23. (FGV / TJ-AM – 2013) O mandado de segurança, instituído no ordenamento brasileiro pela
Constituição de 1934 e hoje previsto no artigo 5º, LXIX, da Constituição da República, é importante garantia
dos direitos fundamentais. Sobre essa figura, assinale a afirmativa correta.
a) Não será concedido mandado de segurança para proteger direito líquido e certo amparado por habeas
corpus, habeas data ou ação para a qual se preveja a possibilidade de concessão de medida liminar.
b) Cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas e sociedades de economia mista quando tais atos violarem direito subjetivo.
c) É sempre cabível a impetração de mandado de segurança ainda que haja recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução, uma vez que não se exige o esgotamento das instâncias
administrativas.
d) Se o exercício do direito alegadamente violado depender do esclarecimento de fatos ou situações não
comprovados nos autos já no momento da impetração, não se concederá a segurança.
e) É inconstitucional a fixação, por lei ordinária, de prazo decadencial para a impetração de mandado de
segurança, uma vez que a Lei Maior não condiciona esta garantia ao seu exercício em determinado prazo.

24. (FGV / TJ-AM – 2013) Sobre a disciplina do habeas corpus, assinale a afirmativa correta.
a) Admite-se o manejo do habeas corpus para defesa das liberdades constitucionais em geral, como a
liberdade de religião, não se restringindo o instrumento à defesa da liberdade de locomoção.
b) o paciente do habeas corpus deve ser brasileiro no gozo dos direitos políticos.
c) O registro como advogado é exigido para a impetração do habeas corpus, admitindo-se, todavia, o seu
manejo por estudantes de direito inscritos como estagiários na Ordem dos Advogados do Brasil.
d) Não é possível a impetração de habeas corpus como substitutivo de recurso com efeito suspensivo em
matéria penal.
e) É cabível habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

25. (FGV / SUDENE – 2013) Everaldo pretende obter o acesso de dados pessoais que estão sob a guarda
do Ministério da Justiça. Não possuindo haveres apresenta o seu requerimento perante a representação
do referido órgão que é localizada no Estado onde é domiciliado. Após os trâmites burocráticos recebe,

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por carta subscrita pelo próprio Ministro da Justiça, resposta ao seu requerimento, tendo a Administração
indeferido o acesso aos dados postulados. Observada tal narrativa, cabe a Everaldo impetrar
a) Mandado de Segurança de competência do Supremo Tribunal Federal.
b) Habeas Data de competência do Superior Tribunal de Justiça.
c) Mandado de Injunção de competência do Supremo Tribunal Federal.
d) Ação Popular de competência do Superior Tribunal de Justiça.
e) Habeas Corpus de competência do Supremo Tribunal Federal.

26. (FGV / TJ-AM – 2013) Fulano de Tal, cidadão brasileiro, integrante de uma Associação de Moradores
de Bairro, tomou conhecimento de que o Prefeito de sua cidade fraudou documentos e, dessa forma,
permitiu a construção de edifícios comerciais em um parque estadual. Diante do exposto, assinale a
afirmativa correta.
a) Fulano de Tal deve impetrar mandado de segurança individual para anulação do ato lesivo.
b) A Associação de Moradores deve impetrar mandado de segurança coletivo para anulação do ato lesivo.
c) Fulano de Tal deve ajuizar ação popular para anulação do ato lesivo.
d) Como as obras ainda não foram iniciadas, não existe lesão ao patrimônio público, a ser amparada por ação
individual ou coletiva.
e) A Associação de Moradores deve ajuizar ação popular coletiva para anulação do ato lesivo.

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GABARITO
1. LETRA D
2. LETRA C
3. LETRA A
4. LETRA B
5. LETRA D
6. LETRA D
7. LETRA B
8. LETRA E
9. LETRA E
10. LETRA D
11. LETRA B
12. LETRA D
13. LETRA D
14. LETRA A
15. LETRA B
16. LETRA B
17. LETRA D
18. LETRA D
19. LETRA C
20. LETRA E
21. LETRA B
22. LETRA D
23. LETRA D
24. LETRA D
25. LETRA B
26. LETRA C

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