Transtornos de Aprendizagem

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TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um


grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de
Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade
capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior.

O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de conhecimento,
aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação
continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos
e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando
os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras normas de
comunicação.

Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma


confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no
atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de
uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade.

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Sumário

Aprendizagem: Alguns Conceitos e Princípios ...................................................... 4

Dificuldades e Transtornos da Aprendizagem: Uma Abordagem Teórica ......... 12

Dificuldades e Transtornos de Aprendizagem: Atuação Docente e Estratégias e


Intervenção .............................................................................................................. 28

O Papel da Escola na Educação de Alunos com Dificuldades e Transtornos da


Aprendizagem.......................................................................................................... 32

Considerações Finais ............................................................................................. 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 36

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Aprendizagem: Alguns Conceitos e Princípios

No âmbito da Psicologia da Educação, o fenômeno da aprendizagem adquire

um papel relevante no desenvolvimento ontológico do ser, uma vez que uma grande

parcela do comportamento humano resulta desse fenômeno. Embora na natureza se

encontre animais com a capacidade de aprender, nenhuma se iguala ao do animal

racional homem, uma vez que ele se diferencia pela alta capacidade de

aprendizagem. Consequentemente se de um lado sua capacidade de aprendizagem

é infinitamente maior, por outro lado, ele depende mais da aprendizagem para

sobreviver e se adaptar ao meio em que vive.

Ao longo da existência, os seres humanos aprendem uma quantidade muito

grande de coisas a partir de suas necessidades. Por consequência, a aprendizagem

é um fator fundamental para se analisar e compreender o comportamento humano,

segundo enfatiza Delval (2001). Entendemos que a compreensão do fenômeno da

aprendizagem implica, num primeiro momento, no estudo de alguns conceitos.

Porém, por ser um fenômeno complexo, os estudiosos têm uma árdua tarefa para

conceitua-lo, pois a partir das pesquisas realizadas se constatou a inviabilidade da

observação direta das modificações que ocorrem no sistema nervoso após uma

aprendizagem. Para superar esta dificuldade, os conceitos de aprendizagem são

aferidos a partir dos efeitos deste fenômeno sobre o comportamento do aprendiz.

A complexidade deste processo não pode ser explicada por meio de recortes

do todo. Por outro lado, as definições estão impregnadas pela formação dos
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pesquisadores que sofrem a influência dos conceitos que os mesmos têm a respeito

do homem, de sociedade e de conhecimento.

A seguir apresentaremos alguns destes conceitos. Sob a concepção de

Hilgard (1979, p.270) a aprendizagem é conceituada como sendo uma “mudança

relativamente permanente no comportamento e que ocorre como resultado da

prática”.

Sendo assim compreende-se que para Hilgard (1979) a aprendizagem é um

fenômeno comportamental influenciado pela experiência e pelos esforços realizados

por quem aprende no sentido da sua adaptação ou ajustamento a uma nova

situação. Na análise do Campos (1983, p. 30) ao se conceituar aprendizagem como

mudança de comportamento “[...] não se pretende significar qualquer tipo de

mudança, porque, neste caso, poder-se-ia confundi-la com outras mudanças

resultantes de crescimento, maturação, fadiga”. Isto porque o organismo sofre

mudanças orgânicas devido às modificações das estruturas celulares que

acontecem devido ao crescimento. Portanto a aprendizagem se distingue da

maturação, dos comportamentos inatos ou simples ou ainda dos estados

temporários do organismo como o cansaço, etc.

A partir da inferência do que pode se a aprendizagem, se observa que as

modificações do comportamento do aprendiz devem ser duradouras e originárias de

algumas experiências ou treinos anteriores. Sendo assim se concorda com Morgan

(1977) quando diz que a aprendizagem é um processo ativo de apropriação dos


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conhecimentos construídos por uma determinada sociedade que conduz o homem a


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transformações. Para Campos (1983, p. 31) “a aprendizagem é uma modificação

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sistemática do comportamento ou da conduta, pelo exercício ou repetição, em

função de condições ambientais e condições orgânicas”. Barros (1993, p. 45) define

a aprendizagem como sendo uma “modificação do comportamento e aquisição de

hábitos”. Como se pode constatar, estes dois conceitos não dão conta de abarcar o

processo de aprendizagem no seu todo uma vez que a aprendizagem só altera a

conduta do indivíduo porque ele passa por diferentes transformações e apropriações

do conhecimento socialmente construído, fatores não colocados em evidência nos

dois conceitos. Outro aspecto muito importante não evidenciado nos conceitos

acima, é que ninguém aprende se não estiver motivado.

A motivação tem um papel fundamental na aprendizagem, uma vez que o

psiquismo humano possui o caráter intencional de aprender. Esta condição

psicológica para que a aprendizagem ocorra acontece quando o sujeito aprendente

se mobiliza e direciona seus comportamentos na aprendizagem, informa Zanella in

La Rosa (2002). Uma representação possível e sintética sobre o conceito de

aprendizagem é o da figura em espiral. Isto porque a aprendizagem é um processo

de mudanças sucessivas e interativas que estão complexamente interligadas, uma

vez que uma aprendizagem depende e leva à outra, pois o indivíduo quando

aprende modifica seu comportamento por meio da auto-organização neuronal sendo

que essas organizações levam a novas aprendizagens. Sendo assim, pode-se

constatar que a aprendizagem é composta por processos orgânicos, psicológicos e

culturais, porém há de se ressaltar que estes processos estão intrinsecamente

relacionados sendo impossível quantificar a proporção que se dividem, uma vez que

de acordo com as suas características, este processo é contínuo, ativo, dinâmico


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global, gradual e integrativo cumulativo.


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Aprender seria portanto, o processo pelo qual os indivíduos desenvolvem

suas competências e habilidades, apreendem os conhecimentos acumulados

historicamente e, a partir daí modificam o seus comportamento e experiências.

Alguns teóricos como Jean Piaget e Vygotsky se aproximam de um conceito de

aprendizagem mais abrangente. A seguir apresentam-se as análises destas teorias

e a sua relação com a aprendizagem.

Ao se analisar a obra de Jean Piaget, se constata que este cientista não

produziu um conceito objetivo de aprendizagem, pois prefere dar ênfase ao

desenvolvimento cognitivo. Teoriza, portanto, o conhecimento que acontece pelo

processo de equilibrações cognitivas sucessivas que se efetiva pelo esquema de

assimilação e acomodação de objetos e situações, por meio do aprender a “fazer

fazendo” de acordo com o desenvolvimento das estruturas mentais do indivíduo.

Sendo assim, Palangana (1994, p. 69) explica que Piaget distingue a maturação,

destacando que a maturação é baseada exclusivamente em processos fisiológicos e

distingue aprendizagem de conhecimento, pois, para ele, o conhecimento se define

pela soma de coordenações que, tendo passado por um lento processo de

desenvolvimento, encontram-se disponíveis para o organismo em determinado

estágio. Já o conceito de aprendizagem, em sentido estrito, está diretamente

vinculado às aquisições que decorrem, fundamentalmente, das contribuições

provenientes do meio externo. Dessa forma, Piaget diferencia, também, a

aprendizagem do processo de equilibração que regula o desenvolvimento de

esquemas operativos de acordo com as contribuições internas do organismo. Toda

aprendizagem pressupõe a utilização de mecanismos não aprendidos, ou seja,


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pressupõe a utilização de um sistema lógico (ou prelógico) capaz de organizar novas


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informações. Este sistema encontra-se, justamente, no terreno da equilibração.

Portanto se pode concluir que para Piaget a aprendizagem acompanha o

desenvolvimento do indivíduo, não sendo possível forçar a criança a compreender

conceitos ou realizar determinadas tarefas para as quais ainda não dispõe de

estruturas mentais. A aprendizagem seria, portanto, o aumento do conhecimento

num sentido amplo, pois para este epistemólogo, nos desenvolvemos para aprender.

Para Vygotsky a aprendizagem é o processo de desenvolvimento que se

enquadra em vários níveis de acordo com o desenvolvimento do indivíduo e suas

conquistas. Para mais objetivamente se entender em que consiste a aprendizagem

para este estudioso, Oliveira (1993, p. 57) explica que É o processo pelo qual o

indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir do seu

contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que

se diferencia dos fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já

nasce com o indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes

da informação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo). Em Vygotsky,

justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de aprendizado

inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. O termo utiliza em

russo (obuchenie) significa algo como “processo de ensino-aprendizagem”, incluindo

sempre aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre as pessoas. Pela

falta de um termo equivalente em inglês a palavra obuchenie tem sido traduzida ora

como ensino, ora como aprendizagem e assim re-traduzila para o português.

Optamos aqui pelo uso da palavra aprendizado, menos comum que aprendizagem,

para auxiliar o leitor a lembra-se de que o conceito de Vygotsky tem um significado


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mais abrangente sempre envolvendo interação social. Sendo assim, se conclui que
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para Vygotsky (1996), aprendemos para nos desenvolver, pois ele acredita que a

aprendizagem é a via que desperta o desenvolvimento do ser humano. Neste

sentido explica como chegou a esta conclusão por meio das pesquisas que realizou

Nossa segunda série de investigações centrou-se na relação temporal entre

os processos de aprendizado e o desenvolvimento das funções psicológicas

correspondentes. Descobrimos que o aprendizado geralmente precede o

desenvolvimento. A criança adquire certos hábitos e habilidades numa área

específica, antes de aprender e aplicá-los consciente e deliberadamente. Nunca há

paralelismo completo entre o curso do aprendizado e o desenvolvimento das

funções correspondentes (VYGOTSKY, 1996, p. 87) Neste processo o sujeito

aprendente deve estar inserido em um determinado grupo social, pois aprende o que

o grupo social produz. O conhecimento num primeiro momento pertence ao grupo e

cabe ao indivíduo interiorizá-lo.

A aprendizagem acontece a partir do inter-relacionamento entre o sujeito

aprendente e os seus pares sociais, entre ele se encontra o professor, segundo

ressalta Oliveira (1993). Com relação aos princípios de aprendizagem, necessário se

faz questionar: por que o homem necessita aprender? As respostas para esta

questão encontram-se em Abreu e Masetto (1990) que apontam para a importância

deste fenômeno no desenvolvimento dos aspectos cognitivos do sujeito aprendente,

entre eles o processamento de informações e a organização das percepções.

Também afirmam que a aprendizagem desenvolve singularmente e de uma forma

geral o ser aprendente e por fim, ela é imprescindível no desenvolvimento das


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habilidades sociais, uma vez que o homem necessita da interação entre o mundo
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particular e o mundo social para poder viver.

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Com relação à aprendizagem das habilidades sociais, Delval (2001, p. 55)

explica que Embora, esse tipo de aprendizagem seja muito importante, a maior parte

das sociedades presta mais atenção à aquisição das capacidades sociais, às formas

de conduta social. Talvez isto possa parecer surpreendente sobe nossa perspectiva

atual, na qual parece que a educação centra-se mais explicitamente na

aprendizagem de técnicas concretas ou de conhecimentos abstratos. Porém, para a

vida e a sobrevivência de um grupo social, torna-se extraordinariamente importante

a manutenção de regras sociais de todo tipo (morais, jurídicas, consuetudinárias,

etc.) que tornem possível o intercâmbio entre os indivíduos, motivo que faz com que,

tradicionalmente, preste-se um cuidado especial à aquisição das formas de conduta

estabelecidas e aceitas por todos. Estamos falando da aprendizagem das formas de

conduta social do modo de comporta-se com os outros, do que se deve fazer em

cada situação social, de como devemos nos dirigir a outras pessoas e tratá-las, de

qual é o nosso lugar na sociedade. [...] Sendo assim se conclui que a aprendizagem

é um fenômeno individual e essencialmente social, exemplo disso é a história de

Victor de Aveyron, o garoto selvagem encontrado nas florestas do sul da França em

1800 relatada nos estudos do Dr. Jean Itard.

Identificar dificuldades e transtornos relacionados à aprendizagem em sala de

aula, ainda é um grande desafio para muitos docentes, principalmente aos iniciantes

e aqueles os quais buscam se atualizar para lidar com a inclusão, ritmos, e também

modos distintos de aprender.

A aprendizagem do ser humano tem início na vida intrauterina e o ambiente


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interfere intensamente no processo dinâmico que é aprender. Cada sujeito possui


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uma forma única de compreender o mundo e selecionar informações transformando

em conhecimento.

Vários fatores requerem atenção especial dos profissionais envolvidos, pois é

por meio de atividades da mesma natureza como, por exemplo, decodificar sons e

letras, que se iniciam os primeiros passos para o reconhecimento de diversos

problemas, onde além das dificuldades de aprendizagem, constantemente são

detectados transtornos que interferem diretamente no processo de aprendizagem.

As dificuldades precisam ser compreendidas, possibilitando buscar as

intervenções necessárias, trabalhar as lacunas existentes e assim permitir que todos

consigam aprender efetivamente, pois, apesar de cada indivíduo ter a sua maneira

particular de adquirir conhecimento, alguns parâmetros, dentre eles a idade

cronológica, precisam ser seguidos dentro do contexto educacional, propiciando o

reconhecimento do atraso escolar e quais as suas principais causas.

Por outro lado, os transtornos são definidos como perturbações na aquisição

das habilidades, sejam elas simples, ou até mesmo um tanto quanto complexas

onde se exige maior grau do desempenho intelectual. Vale ressaltar que os

transtornos além de serem causados por traumatismos, doenças cerebrais e

disfunções biológicas, envolvem uma série de fatores os quais acabam afetando na

maioria das vezes mais de uma área de conhecimento, sendo então identificados os

transtornos globais.
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A finalidade deste estudo, realizado por meio de uma pesquisa de cunho


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bibliográfico, tem como principal objetivo apresentar contribuições extremamente

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relevantes apuradas na literatura especializada, partindo sempre da questão

específica a qual serve de base para o desenvolvimento do trabalho.

Procura se buscar as soluções e possíveis alternativas concretas a

problemática discutida, sempre utilizando embasamento teórico consistente

destinado a dar as respostas necessárias para uma indagação muito atual, presente

no cotidiano educacional. Quais são as dificuldades e os transtornos da

aprendizagem mais recorrentes no contexto escolar?

As respostas serão apresentadas nas seções a seguir abordando o tema de

acordo com as principais contribuições teóricas, distinguindo as dificuldades e

transtornos, ressaltando a importância do docente e da escola na educação de

alunos com problemas relacionados à aprendizagem. E por fim, se expõe um

balanço geral da discussão com as considerações finais, abrindo espaço para

apontamentos futuros, e as referências prestam a devida credibilidade das obras

consultadas.

Dificuldades e Transtornos da Aprendizagem: Uma Abordagem

Teórica

A aprendizagem é o resultado de uma organização dos esquemas mentais


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desenvolvidos em diferentes estágios com influência do ambiente, assimilação dos


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valores culturais e demais aspectos funcionais, conceituada como a capacidade de

compreender, conhecer e observar as informações obtidas.

Para Graça (2003 p.06,) ”a aprendizagem é gradual, isto é, vamos

aprendendo pouco a pouco, durante toda a vida”. Trata-se de um esquema próprio

para estabelecer a individualidade amparada em quatro (4) elementos essenciais:

• O comunicador ou emissor: Figurado pelo professor ou máquinas capazes de

ensinar transmitindo informações e conhecimentos.

• A mensagem: Conteúdo educativo repassado com precisão e objetividade.

• O receptor da mensagem: Aluno o qual deve receber a instrução

disseminada.

• O meio ambiente: Local que seja propício para a efetivação da aprendizagem;

escola, família, sociedade, etc.

Esses elementos possuem um papel muito importante, se algum deles falhar,

ocorrerá problemas de aprendizagem. No entanto, princípios como; saúde física,

mental, concentração, memória e inteligência necessitam ser considerados. Durante

a aprendizagem os sujeitos passam por uma transformação e se tornam um novo

sujeito. Visto que a aprendizagem é um processo pelo qual as competências,

habilidades, conhecimentos, comportamento ou valores do sujeito são adquiridos ou

modificados de acordo com as experiências vividas por ele, sejam resultadas do seu
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estudo, formação, do raciocínio ou da observação de uma situação. (BARBOSA


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2015, p.24).

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Teorias clássicas encontradas na literatura procuram explicar como a

aprendizagem se processa. Segundo Barbosa (2015, p.15) “dentre elas, destacam-

se: Comportamentalismo, Cognitivismo, Humanismo e Teoria Sócio-Histórica. O

comportamentalismo tem o foco em conduzir o aprendiz a assimilar as respostas

corretamente de acordo com os estímulos proporcionados pelo ambiente. Para os

comportamentalistas, aprender implica mudanças no comportamento, destacando as

teorias do reflexo, associacionista, Behaviorismo de Watson e o Behaviorismo de

Skinner (BARBOSA, 2015, p.16).

No cognitivismo a busca é entender a ocorrência dos processos mentais

durante a aprendizagem. Os cognitivistas entendem que se aprende a partir da

construção do conhecimento e a base do cognitivismo está na cognição, dando

ênfase aos processos da mente, percepção e compreensão. Seus maiores

expoentes são: Bruner, Piaget e Ausubel.

Os representantes do humanismo, Carl Rogers e Kelly, postulam que

aprender leva a autonomia e auto- realização do ser. Tem a atenção voltada para o

ensino centrado no aluno e a sua principal preocupação é o crescimento pessoal. A

teoria Sócio Histórica conta com contribuições de Lev Vygotsky, Luria e Leontiev,

destacando a influência das questões culturais, históricas e sociais as quais agem

diretamente na aprendizagem do individuo, nesta perspectiva a mediação é uma

atividade indispensável para a aprendizagem do aluno.

Cada enfoque em sua essência investiga a aprendizagem e o porquê das

“falhas” ou dificuldades durante o transcurso do processo. As dificuldades da


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aprendizagem em geral caracterizam-se em uma desordem ou disfunção de ordem

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neurológica causada por lesões cerebrais, desenvolvimento inadequado do cérebro

ou desconformidade química.

Barbosa (2015) evidencia a visão neurobiológica da aprendizagem, definida

como aquisição de novas informações arquivadas na memória. O cérebro reage aos

estímulos externos, ativando as sinapses, função na qual se adquirem os novos

saberes.

Na falta de intensidade das sinapses, há alterações dos circuitos que

processam as informações provocando disfunções na rede neuronal, levando o

aprendiz a apresentar dificuldades específicas, com níveis de intensidade distintos,

as dificuldades mais comuns enfrentadas pelas crianças na escola estão

relacionadas à leitura, escrita e matemática.

A maioria dos estudantes passa por dificuldades de aprendizagem em várias

fases durante os anos escolares. Na verdade, ter dificuldade com matéria nova é

uma parte normal do processo de aprendizagem e gera benefícios aos estudantes.

O esforço e a concentração adicionais necessários para completar tarefas

desafiadoras, podem reforçar as habilidades de resolução de problemas e aumentar

a compreensão e manter o foco necessário para melhorar a memória em longo

prazo […] (FERREIRA, 2015, p.09).

As dificuldades surgem a partir de obstáculos encontrados no processo

de ensino-aprendizagem causados pelos fatores externos, metodologias

inapropriadas, conflitos pessoais e diferenças culturais. Na visão psicopedagógica,


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acredita-se que todo o ser humano tem a sua modalidade de aprendizagem e com
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os seus próprios meios constrói o saber. Logo ao nascer, inicia-se um procedimento

o qual se constitui em um esquema, fruto do inconsciente simbólico, residindo nele o

desejo de aprender, resultado da história e das relações pertencentes a cada um.

Serra (2012, p.23) argumenta, ”a aprendizagem possui algumas funções

contraditórias. São elas: a função socializadora, a função repressora e a função

transformadora”. Na função socializadora, a educação conduz o individuo a

experimentar a vida comunitária, fazendo ensaios da participação social em

ambiente escolar. A escola atua dentro de um projeto social e humano para que o

homem faça uso do conhecimento em sua cultura.

A função repressiva define os limites a serem seguidos e especifica atividades

coletivas, mas há uma abertura a plena expressão do desejo de aprender. Por outro

lado, a função transformadora representa uma divisão das demais funções. Ao

mesmo tempo em que mantém a cultura (função socializadora) delimita o ser para

agir de acordo com as regras (função repressiva) e com isso, liberta os sujeitos e

como consequência, transforma a sociedade. No entanto, quando há dificuldades ou

algum tipo de transtorno da aprendizagem, essas funções não se realizam

plenamente.

Ainda, dentre o conjunto das teorias, as contribuições da epistemologia

convergente caracterizam a aprendizagem em um esquema evolutivo dividido em

quatro (04) níveis:

• Protoaprendizagem: Onde se desencadeiam as primeiras aprendizagens nas


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relações afetivas da criança com a mãe, a partir do nascimento até os


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primeiros anos de vida. O mundo da criança resume-se á mãe ou ao adulto

que a substitui.

• Deuteroaprendizagem: É adquirida a concepção de mundo e de vida pela

convivência com a família.

• Aprendizagem assistemática: Acontece na interação do sujeito com a

comunidade.

• Aprendizagem sistemática: Ocorre nas interações com as instituições

educativas, por exemplo, a escola, onde são transmitidos os conhecimentos e

as atitudes estimadas na sociedade.

O enfoque dado às interações seja com a mãe, comunidade, ou com as

instituições, indicam que o aspecto social e sua amplitude favorecem a

aprendizagem (SERRA 2012, p.25). Obstáculos podem vir a causar inadequações e

comprometer a aprendizagem, porém se existir uma relação integrada entre o meio

e o aprendiz, o núcleo essencial não é afetado. Já os transtornos são inerentes ao

ser afetado que recebe a informação adequadamente, porém há uma falha na

integração, processamento e armazenamento, resultando em uma saída de

informações com problemas.

Ao tratar dos transtornos de aprendizagem, nota-se que eles podem estar

ligados a deficiências orgânicas, resultado de alterações anatômicas funcionais do

cérebro, desenvolvendo quadros de dislexia, disgrafia, discalculia e disortografia.


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Estes transtornos encontram-se entre os mais recorrentes na escola e assumem a


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nomenclatura de transtornos específicos da aprendizagem.

17
A dislexia é um distúrbio da leitura, no qual a criança fica impossibilitada de

ler fluentemente. Ocorre a inversão e omissão de sílabas deixando qualquer tipo de

texto com a interpretação comprometida, como consequência a habilidade de leitura

esperada é afetada, infelizmente, a identificação somente acontece depois da

alfabetização.

De acordo com Ferreira (2015, p.12) “pessoas com dislexia têm dificuldade

em entender a relação entre as letras e os sons. Costumam confundir sons como d/f,

p/b, f/v, o que provoca incapacidade na pronuncia”. Assim a compreensão fica em

grande parte prejudicada, as capacidades fonêmicas são menores, por isso, os

recursos cognitivos ficam restritos e a leitura então se trona física e

psicologicamente muito difícil. Ferreira (2015) ainda apresenta uma classificação

para a dislexia:

• Disfonética: Dificuldade auditiva, de análise, síntese, discriminação e tempo.

• Desidética: Desorientação das relações de direção, localização, tempo,

espaço e distância.

• Visual: Percepção visual dificultada.

• Auditiva: Deficiência na memória auditiva.

Para Frank (2003 apud. Dominiense 2011, p.23) Aprofundando um pouco

mais, a dislexia é um problema neurológico relacionado á linguagem e a leitura. As


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habilidades de escrita, palavras e textos, memória e audição sofrem com os


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impactos.

18
Na disgrafia, uma perturbação viso motora, faz com que a qualidade da

escrita seja desorganizada, na forma das letras e palavras, com deformidades nos

traços pouco precisos e a criança não é capaz de idealizar uma recepção condizente

no papel ou outra superfície, espaços em branco, tem lentidão e macro grafia

ilegível. Considera-se que a disgrafia é uma dificuldade relacionada à execução do

grafismo, existindo a falta de regularidade e mau controle na escrita.

Existem dois (2) tipos de disgrafia: A Disgrafia Adquirida consequência de

uma lesão cerebral devido a um acidente ou doença e a disgrafia evolutiva, a qual

vai aparecendo durante a aprendizagem da escrita.

Dentro da disgrafia evolutiva, aparecem a disgrafia disléxica, em que não há

capacidade de fazer relações entre os sistemas, símbolos e grafias representadas

pelos sons e a caligráfica, com o aspecto das letras desproporcionais, pouca ou

muita pressão no lápis.

A discalculia trata-se de uma dificuldade diretamente relacionada à

matemática, a qual é responsável por provocar o baixo desempenho em atividades

de cálculo aritmético. Pode manifestar-se pura, atingindo cerca de 1% dos

portadores ou vir associada a outras dificuldades como a dislexia transtornos como o

TDAH e a dislexia.

Pinheiro e Vitalle (2012) explicam as principais características encontradas

em alunos que desenvolvem o problema. Dentre elas, estão dificuldades em

identificar números, a troca de algarismos, por exemplo, dizer 04(quatro) ao invés de


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06 (seis), decodificar; contar e nomear a sequência correta de numerais, confusão


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na direção ou apresentação das operações, medidas de comprimento, quantidade,

valores em moedas, símbolos de adição, subtração, multiplicação e divisão.

O padrão estabelecido para depreender a disortografia, exige atenção porque

a escrita do aluno não vai obedecer a regras da língua socialmente aceita devido ao

grande número de erros ortográficos, mas nem sempre será simples de perceber.

A disortografia é a escrita incorreta, com erros e substituições dos grafemas,

uma alteração atribuída às dificuldades nos mecanismos de conversão das letras e

dos sons que interfere nas funções auditivas superiores e nas habilidades

linguísticas e perceptivas. (FERNÁNDEZ et al. 2012, p.03).

As composições dos textos escritos demonstram desorganização na

elaboração dos parágrafos, a pontuação das frases mal elaboradas impede o

entendimento da mensagem. Frequentemente não é identificada no meio

pedagógico, chega a ser associada à ideia de que a criança tem preguiça de

escrever corretamente, fator agravante do diagnóstico.

Ainda no grupo dos transtornos de aprendizagem mais recorrentes no meio

educacional, encontram-se o TDAH (transtorno do déficit de atenção e

hiperatividade), o transtorno do Espectro Autista (TEA) ou simplesmente

denominado Autismo, e a síndrome de Asperger (SA), classificada como um

transtorno.

De origem neurodesenvolvimental, o TDAH com base neurobiológica, atinge


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de modo direto o comportamento e o desenvolvimento do autocontrole humano. Os


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portadores deste transtorno se distraem com facilidade pelos estímulos internos

20
(lembranças e pensamentos) e externos (elementos visuais e sons). San Goldstein

(2006 apud. Machado; Cezar, 2016 p. 04) afirma que O TDAH surge na primeira

infância, atinge de 3% a 5% da população durante a vida, não importa quais as

condições de inteligência, nível de instrução, classe econômica ou etnia.

O transtorno é percebido com frequência em meninos, apresentando como

sintomas impulsividade e hiperatividade, já as meninas, estão mais vulneráveis a

desencadear casos de desatenção. No TDAH há a ocorrência de uma alteração

metabólica na região pré-frontal do cérebro a qual interfere na regulagem do

comportamento humano, isso ocorre devido aos neurotransmissores estarem sendo

produzidos em maior ou menor quantidade, estes são fundamentais ao bom

funcionamento do sistema nervoso central, portanto, em desequilíbrio geram

oscilações comportamentais.

Machado e Cezar (2016, p.04) conceituam e caracterizam o TDAH em quatro

(04) formatos:

• Forma hiperativo-impulsiva: Inquietação, fala excessiva, a criança não

consegue fazer atividades em silêncio.

• Forma desatenta: Distração, esquecimento rápido do que aprende, não

consegue seguir instruções, não gosta de atividades que exigem esforço

mental e comete erros por falta de atenção.

• Forma Combinada ou mista: A criança tende a apresentar dois conjuntos,


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forma hiperativa/ impulsiva e desatenta, combinando os sintomas com


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frequência e maiores gravidades.

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• Tipo não específico: O número de sintomas é insuficiente para se chegar a

um diagnóstico preciso, mas acabam provocando alterações no dia a dia da

pessoa, dando a impressão de que algo está errado.

O diagnóstico para cada caso exige uma ampla avaliação e acompanhamento

do histórico clínico e desenvolvimento mental para recolher e incluir dados dos

adultos que convivem com a criança avaliada. Quanto mais cedo forem

diagnosticados os casos, menores as chances do transtorno se estender para a vida

adulta.

Cada estágio do transtorno requer um tratamento diferente, em casos extras

recomenda-se a utilização dos psicofármacos e psicoestimulantes com prescrição

médica para o controle dos sintomas, já os mais simples necessitam apenas de

terapia e metodologias adequadas.

Quando a abordagem é o transtorno do Espectro Autista, muitas definições

são encontradas para identificar os indivíduos Autistas, mas o conjunto característico

que os define, resume-se na incapacidade para estabelecer e desenvolver ações

com os outros ao seu redor.

Em relação à natureza dos primeiros sintomas observados pelos pais, o

atraso no desenvolvimento da comunicação e da linguagem é o sintoma relatado

com maior frequência (ZANON et al. 2014, p.27).

Os comportamentos mais identificados são a ansiedade, o medo, a


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indiferença, e a ausência de resposta quando chamados, além dos comportamentos


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repetitivos. Nota-se pouco contato visual, o chamado “olho no olho” não acontece

22
em conversas com crianças autistas, a fala é sem nexo com a realidade, pedante e

mecânica, sem emoção.

Critérios de maior relevância devem ser observados para diagnosticar o

transtorno, dentre eles a ausência do uso dos modos não verbais para fins

comunicativos, a falta de relacionamento com os colegas da mesma idade e o

desinteresse em compartilhar as realizações. A linguagem também pode servir de

base para o diagnóstico na medida em que não progride, ou venha a regredir

posteriormente ao seu desenvolvimento.

As características do uso da linguagem pelos autistas são peculiares mesmo

quando esta é comparada entre os mesmos, levando-se em conta a expressão

extremamente variada do transtorno. Pode estar presentes manifestações como a

ecolalia tardia (repetição da fala alheia algum tempo depois da emissão desta) ou

imediata (repetição da fala alheia logo após sua emissão); a entoação, melodia, da

voz idiossincrática; a inversão pronominal, ao invés de dizer “EU” a criança autista

diz “VOCÊ”; melhor compreensão do uso de termos lacônicos do que frases

permeadas de analogia, metáforas, ironia ou mesmo sarcasmo; sendo que a falta de

linguagem verbal não é compensada pelo uso da não verbal. (MESQUITA;

PEGORARO 2013, p.327).

Assim como os demais transtornos citados anteriormente, o Autismo

apresenta três (03) níveis, embora ainda não estejam totalmente reconhecidos por

algumas associações que tratam do assunto, estão ativos atualmente e podem se


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resumir em:
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Nível 01: A dificuldade em se comunicar não limita a interação social.

Nível 02: Deficiência da linguagem e menor intensidade de comunicação.

Nível 03: Grave desempenho das habilidades verbais, não verbais, cognição

reduzida, inflexibilidade de comportamento e incapacidade para lidar com

mudanças.

Apesar da síndrome de Asperger diferir do Autismo em intensidade e

gravidade de sintomas, durante anos sofreu associações a ele, mas, por sua vez, a

síndrome de Asperger (SA), tende a manifestar sintomas mais brandos.

Mesmo que anormalidades consideradas significativas na linguagem não

sejam encontradas na fala de pessoas acometidas com a SA, alguns padrões de

comunicação requerem atenção especial. A linguagem pobre em prosódia, padrões

de entonação restritos, velocidade incomum da fala (muito rápida ou entrecortada) e

a modulação de volume excessivamente alta, são observáveis como um não

ajustamento social.

Contrastando um pouco com a representação social no autismo, os indivíduos

com SA encontram-se socialmente isolados, mas não são usualmente inibidos na

presença dos demais. Normalmente, eles abordam os demais, mas de uma forma

inapropriada e excêntrica. Por exemplo, podem estabelecer com o interlocutor,

geralmente um adulto, uma conversação em monólogo caracterizada por uma

linguagem prolixa, pedante, sobre um tópico favorito e geralmente não usual e bem
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delimitado. (KLIN, 2006, p.09).


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O atraso na aquisição das habilidades motoras como andar de bicicleta, subir

em brinquedos ao ar livre e indícios de coordenação motora fraca, são os primeiros

sinais da síndrome de Asperger.

Os sintomas atingem o comportamento provocando impulsividade, isolamento

social, inquietação, movimentos repetitivos e uma constante repetição de ações e

palavras. Nos músculos gera a incapacidade de coordenar os movimentos e no

humor, sentimentos como raiva, ansiedade, solidão e pesadelos são muito comuns.

Imaginação, memória, planejamento e noções de tempo, são em parte as

maiores dificuldades enfrentadas, a capacidade de planejar ações futuras e entender

como o tempo decorre, dificultam as funções de execução em variadas situações e,

além disso, os interesses se voltam para áreas específicas.

Podem mostrar na idade escolar interesses obsessivos por uma área como,

por exemplo, matemática, leitura, história, ou em outro tema, e tendendo a insistir

nisso em conversas e jogos (ROSSANA e FURTADO 2009, p.14).

Por não entenderem as linguagens corporais, não sabem quando devem

mudar de assunto ou parar de falar, não compreendendo as opiniões e ocasiões

distintas. Expressam emoções diferentemente da maioria das pessoas, respondem

com pouco afeto, reagem com raiva, pânico e comportamento agressivo. Os

sentidos são hiper ou pouco reativos, o que caracteriza a sensibilidade ao som alto,

luz fluorescente ou solar forte, perfumes e odores.


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Na escola, apresentam motricidade fina irregular para formar letras e segurar

o lápis, não acompanham o ritmo da classe e não conseguem manter autocontrole

quando se sentem frustrados.

Avalia-se que as dificuldades de aprendizagem são de caráter provisório em

distintas dimensões; social, pedagógica, afetiva, cognitiva e orgânica, vistas sempre

pela óptica de várias causas, mas, deve-se também observar o interesse do aluno,

caso esteja desatento.

Cruz (2014 p.02) afirma, “este fator é muito comum em nossa época, quando

jogos eletrônicos condicionam as crianças a obter respostas imediatas e a satisfação

é gerada pela competitividade”. Então, o docente deve tentar perceber a causa da

desatenção, motivada muitas vezes pelo uso excessivo de aparelhos eletrônicos,

conflitos da vida cotidiana, falta de harmonia entre colegas, metodologia

descontextualizada e exaustiva.

Define-se que para desenvolver estratégias e procurar soluções as quais

busquem sanar as dificuldades de aprendizagem, estão intimamente relacionadas

algumas tarefas essenciais, dentre elas, o desenvolvimento de projetos em conjunto,

solicitar pesquisas monitoradas, elaborar apresentações, dramatizações e acima de

tudo despertar a curiosidade do aluno.

Tornar o material didático mais atraente com pequenas adaptações e

ilustrações, separar informações, usar materiais concretos, promover jogos e

atividades lúdicas. As avaliações devem ser frequentes ou acumulativas, a


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linguagem dos enunciados deve ser composta por frases simples, produções
Página

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textuais com número delimitado de linhas e retomada dos conceitos anteriormente

estudados.

Demais colaborações, reforçam a importância da terapia ocupacional, o

terapeuta tem conhecimento e habilidades, acesso a recursos e informações, logo

após a exploração do problema são estabelecidos planos de ação adotados

juntamente com a escola e a família.

A Terapia Ocupacional tem importante papel neste contexto intervindo como

facilitador da relação escola, aluno-família, o que propicia o desenvolvimento do

aprendizado da criança tendo a capacidade de realizar suas atividades plenamente

e inserida nos seus contextos de desempenho. (OLIVEIRA e CASTANHARO 2006,

p.98).

Para um diagnóstico preciso e tratamento adequado dos transtornos de

aprendizagem, é indispensável haver à colaboração dos pais, educadores,

psiquiatras e psicólogos infantis. Em situações mais graves, são recomendados o

uso de medicação, acompanhamento clínico e encaminhamento para atendimento

especializado.

Ferraz (1999, p.89) explica, “os transtornos específicos de aprendizagem são

incuráveis e os sintomas associados respondem a tratamento específico, mas o

transtorno persiste”.

As crianças com transtornos de aprendizagem se oprimem facilmente, são


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sensíveis as pressões do ambiente. O favorecimento de um local agradável voltado


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ás interações em grupo servem de aliado para promover a convivência natural

dentro e fora da escola.

A avaliação de um transtorno requer que o profissional esteja disposto a

dedicar-se para saber se existem fatores psicológicos envolvidos na permanência do

mesmo. Associar um tratamento farmacológico ao atendimento psicopedagógico, é

indicado nos casos em que a capacidade de concentração e atenção, encontra-se

em estágio de crescente debilitação.

Dificuldades e Transtornos de Aprendizagem: Atuação Docente e

Estratégias e Intervenção

Desde o início da existência humana, a aprendizagem se constitui de modo

complexo, variando de um individuo para outro, o que fez com que os estudos ao

longo dos anos buscassem o entendimento das questões relacionadas à

aprendizagem escolar.

A aprendizagem consiste em uma mudança potencial no comportamento dos

indivíduos devido a suas experiências, ela muda o ser humano de alguma forma

como resultado da prática, mas quando ocorrem às dificuldades e os transtornos da

aprendizagem, todo o processo fica comprometido.


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Para Carara (2017, p.07) “os transtornos e dificuldades de aprendizagem

apresentam vários fatores que influenciam sua constituição, como aspectos sociais,

afetivos, de ordem orgânica, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital”.

As dificuldades são tidas como um fenômeno o qual afeta a vida das pessoas,

identificado como um grupo heterogêneo de desordens manifestadas na utilização e

aquisição da leitura, escrita e dos raciocínios matemáticos, em geral desencadeados

pela desmotivação, falta de estímulos, desestrutura familiar, demais problemas

pessoais e de ordem afetiva, que interferem diretamente na aprendizagem do

educando.

O professor utilizando-se dos recursos e de metodologias diversificadas se

torna um mediador entre o objeto de conhecimento e a concretização real da

aprendizagem, intervindo nas interações, exercendo fundamental importância no

aprendizado e assim contribuir para a ocorrência de avanços que não seriam

possíveis espontaneamente.

A figura do professor, que passa um período significativo do dia convivendo

diretamente com os alunos, deve conhecer seus alunos e assumir um papel de

referência para as crianças, ficando apto a identificar suas dificuldades e interferir de

maneira positiva, de forma a promover situações favoráveis à aprendizagem. O

professor deve assumir o papel de facilitador dentro da escola, onde o aluno possa

ser o protagonista dentro do processo de ensino aprendizado que deve ocorrer de

forma integrada. (CARARA 2017, p.08).


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Ao detectar alunos com dificuldades de aprendizagem, diversas categorias

serão encontradas. Ocorrerá a identificação dos que necessitam de intervenção

clínica, psicológica ou psicopedagógica, até mesmo neurológica, mas sempre

haverá problemas os quais devem ser solucionados dentro da escola, por meio de

programas de ensino individualizados e de práticas diferenciadas.

É de suma importância que o professor reflita a respeito das causas do

fracasso escolar, não para se sentir culpado e sim responsável em adotar

alternativas buscando solucionar aborrecimentos durante as etapas de

aprendizagem.

Compreender como ocorre o conhecimento, as interferências na

aprendizagem e os seus distintos estágios, transforma o trabalho docente em

processo científico. Por isso, destaca-se a relevância de ações e intervenções

conjuntas com a equipe escolar, para subsidiar uma estrutura curricular a qual esteja

compatível com a cognição, afetividade e convivência social do aluno, somente a

partir de então, as metodologias passarão a alcançar com eficácia os objetivos

propostos e atingir os alunos com dificuldades proporcionando aprendizagem.

A sala de aula é um espaço de dialogo, mesmo que o aprender seja

individual, na escola ele acontece coletivamente. Momentos de individualidade e

coletividade podem ser oferecidos na produção da aprendizagem.

Organizar as turmas para o trabalho em grupo, juntando alunos que

aprendem com facilidade e alunos que apresentam dificuldades, também pode ser
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uma boa alternativa, pois as crianças e adolescentes falam a mesma língua e

podem funcionar como professores particulares um dos outros. (SERRA 2012, p.33).

Deve-se ainda, valorizar as potencialidades dos alunos, para descobrir os

talentos que eles possuem e chegar a uma relação interdisciplinar positiva com as

demais áreas.

O planejamento também é essencial, representa que uma intervenção quando

planejada, exerce amplo poder na realização da aprendizagem. A capacidade de

elaboração, transformação e simbolização provocam respostas distintas, tomadas

de intencionalidade, que por meio da interação, provocam elaboração das estruturas

mentais superiores, isto quer dizer, a organização do planejamento facilita a

aprendizagem. As informações interagem e se agrupam, estabelecendo novos

conceitos e novas maneiras de ver o mundo.

Serra (2012, p.80) enfatiza, “ao planejar, é preciso que o professor

acompanhe e avalie os seus alunos de modo a resgatar aqueles que possuem

dificuldades e que considere o vinculo desses alunos com o ato de aprender”.

A elaboração da aprendizagem significativa decorre das trocas com o mundo

exterior e a afetividade está intimamente ligada ao conhecimento, os conteúdos não

podem estar limitados em si mesmos, eles estão a serviço do docente, para que se

adaptem as práticas pedagógicas a fim de facilitar a aprendizagem.


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O Papel da Escola na Educação de Alunos com Dificuldades e

Transtornos da Aprendizagem

O ingresso na vida escolar traz consigo um rol de experiências, e é neste

meio que o aluno independentemente da idade, apresentará sucesso ou dificuldades

em seu aprendizado. As dificuldades vão de áreas específicas a outras mais globais,

representando na maioria das vezes problemas em todas as atividades.

Nepomuceno e Bridi (2010 p.03) acreditam, “se a dificuldade fosse apenas

originada de danos biológicos, orgânicos ou, somente, da inteligência, para

solucioná-los não precisaria entender a complexa rede social do aluno e nem pensar

nos aspectos ligados a escola e a relação professor/aluno.

Estudos evidenciam que cabe a escola, evitar a mera recepção de conteúdos,

proporcionarem ao aluno o desenvolvimento educacional e a formação cultural

básica para viver em sociedade. As dificuldades de aprendizagem precisam ser

consideradas não como fracassos, mas sim, como desafios a serem superados,

dando oportunidade ao aluno de se constituir ser humano em sua totalidade.

Muitas dificuldades de aprendizagem são decorrentes da metodologia

inadequada, professores desmotivados e incompreensivos, brigas e discussões

entre colegas. A escola deve ser a segunda casa do indivíduo, um lugar onde ele

possa se sentir bem e entre amigos, contar com a professora sempre que precisar

ou sempre que tiver um problema familiar (outra causa de dificuldades de

aprendizagem) e manter contato com os outros membros da equipe escolar assim


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como a coordenação pedagógica. Se o aluno sente-se à vontade para conversar


Página

com a professora. (NEPOMUCENO e BRIDI 2010, p.07).

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A ausência de vinculo entre alunos, professores e escola, é um dos motivos

do fracasso escolar, o aluno sente-se desmotivado a cumprir com suas obrigações,

e as situações agravam-se ainda mais quando encontrados métodos muito rígidos,

visto que os alunos necessitam ter liberdade para construir o conhecimento. Cabe a

escola detectar ás carências, elaborar programas com reforço escolar, visando

integrar o aluno com dificuldades, selecionar teorias e práticas realmente

significativas na realidade em que os sujeitos se inserem.

O trabalho educacional ofertado na escola deve ser planejado e intencional,

diferenciando-se de outros espaços, porque as práticas sociais nela desenvolvidas

precisam permitir os alunos entrarem em contato com valores que ampliem as

habilidades e os posicionamentos diante das situações de conflito. A escola é sim

um espaço privilegiado para o bom desenvolvimento da aprendizagem, pois através

dela o aluno pode ter um convívio direto com novas perspectivas de conhecimentos

e diferentes contatos com indivíduos ímpares (SOARES 2006, apud. CORTEZ e

FARIA 2011, p.06).

Uma escola de qualidade não fica limitada apenas ao ensino de conteúdos,

há um conjunto de diversidades e multiplicidades a serem consideradas. Tal modo

permite a instituição ampliar a construção dos conhecimentos, possibilitando que

alunos com transtornos de aprendizagem consigam aprender e sintam-se integrados

junto ao demais, portanto, a escola carece estar ciente de suas funções.

A escola, ao tomar para si o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar


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com competência e dignidade na sociedade, buscará eleger, como objeto de ensino,


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conteúdos que estejam em consonância com as questões sociais que marcam cada

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momento histórico, cuja aprendizagem e assimilação são as consideradas

essenciais para que os alunos possam exercer seus direitos e deveres. Para tanto

ainda é necessário que a instituição escolar garanta um conjunto de práticas

planejadas com o propósito de contribuir para que os alunos se apropriem dos

conteúdos de maneira crítica e construtiva (CORTEZ e FARIA 2011, p.27).

A escola ainda tem o dever de realizar reuniões para elaborar e apresentar

soluções voltadas aos alunos com transtornos, onde se reconheça a importância

da tecnologia assistiva de baixo custo e sejam determinadas ações a serem

desenvolvidas juntamente com os pais e toda a comunidade escolar, discutindo a

adaptação do currículo e de uma proposta pedagógica que realmente contemple a

todos. As ações primordiais podem ser desempenhadas a cada trimestre, com

análise dos resultados alcançados e projetos posteriores.

Considerações Finais

A aprendizagem é o ato de adquirir conhecimento, aliado a capacidade de

modificar determinadas situações cotidianas passíveis de transformação. Apesar

das dificuldades e transtornos de aprendizagem que alguns seres humanos

apresentam no decorrer do percurso escolar, é comprovado cientificamente o

potencial intelectual que estes possuem.


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Com base neste estudo, reafirma-se o fato de que mesmo sendo muito

comum encontrar dificuldades e transtornos no processo de ensino e aprendizagem,

a atenção e o compromisso da família, professores, e a parceria com a escola fazem

todo o diferencial. O diagnóstico preciso e as intervenções propiciam maiores e

melhores resultados em todos os aspectos.

A adaptação das metodologias como também do ambiente escolar, são

fatores indispensáveis ao bem estar do aluno e estão intrinsecamente ligados ao

desempenho cognitivo. Conclui-se que por se tratar de um assunto amplo, as

investigações não se limitam, sempre haverá novas pesquisas buscando

atualizações. O propósito de reconhecer a diversidade de transtornos e dificuldades

da aprendizagem contribui para a formação docente.

Com o reconhecimento cada vez mais crescente da indispensabilidade de

incluir alunos e se aperfeiçoar, os profissionais procuram especialização para atuar

competentemente, pois considerando os resultados obtidos, os argumentos

utilizados no trabalho são bastante significativos para a educação.

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