Excecao de Impenhorabilidade NICHO DBC

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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

COMARCA/ESTADO

URGENTE – IMPENHORABILIDADE DO SALÁRIO – VALORES


BLOQUEADOS

Processo nº. xx.xxx.xxxx-xx-xxxx


Autor: Fulano da Silva
Réu: Sicrano da Silva

FULANO DA SILVA, brasileiro, solteiro, portador da cédula de identidade RG


de número 000000000, emitido por SSPDS SP, inscrito no CPF sob o número
000.000.000-00, residente e domiciliado à Rua das Flores, nº. 01, bairro Jardim,
com CEP de número 10.010-010, cidade de São Paulo - SP, com endereço
eletrônico disponibilizado em mail@mail.com.br, vem, por meio de seu
advogado, que abaixo subscreve, com o devido acatamento e respeito, propor

EXCEÇÃO DE IMPENHORABILIDADE

com fulcro nos artigos 833, IV do Código de Processo Civil, nos autos da
presente execução/cumprimento de sentença, em que contende NOME DO
REQUERENTE NA EXECUÇÃO, Pessoa Jurídica de Direito Privado, Inscrita
no CNPJ nº. 000.000.000/0001-00, com sede à Rua xxx, nº. Xxx, bairro xxx,
cidade de Sâo Paulo – SP, pelos fatos e fundamentos jurídicos expostos a seguir:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA:

O excipiente pleiteia pela concessão dos benefícios da Justiça Gratuita,


assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015
(CPC), artigo 98 e seguintes, tendo em vista não poderem arcar com as despesas
processuais sem incorrer em prejuízos para o seu sustento e de sua família.

Deve ser observado de forma oportuna a Declaração de Hipossuficiência em


anexo, tendo esta possuir presunção de veracidade juris tantum, cabe a parte
adversa demonstrar a inexistência da Hipossuficiência declarada. Não há como
negar, diante o referido compromisso e dos fundamentos legais
supramencionados, a necessidade de ser concedido tal benefício em favor do
excipiente.

Ademais, demonstra-se que o pleiteante atualmente possui renda mensal média


na faixa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), pelo que não possui
quaisquer meios para arcar com as custas processuais e eventuais honorários de
sucumbência, motivo pelo qual pede a gratuidade da justiça.

Ademais, a parte excipiente ainda apresenta os seguintes documentos, que


comprovam a renda auferida mensalmente pela família: extratos bancários,
printscreen de seus rendimentos como motorista de aplicativo; de modo que
demonstra efetivamente a necessidade de assistência judiciária gratuita.

Pede, portanto, a concessão do benefício da Justiça Gratuita nos moldes


expressos acima, por ser o excipiente hipossuficiente na forma da lei.

DOS FATOS

Nos presentes autos adveio decisão proferida por Vossa Excelência


determinando a indisponibilidade de valores em contas de titularidade do
excipiente, que, segundo o extrato em anexo, foi de R$ 17.604,56 (conforme
extratos em anexo).

O referido bloqueio foi efetivado em 26 de outubro de 2022.

O valor bloqueado e indisponibilizado na conta bancária do excipiente,


entretanto, se trata de valor ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEL por se
tratar de verba alimentar necessária à subsistência do beneficiário e de seus
dependentes, conforme dispões o Art. 833, IV do CPC.

O valor indisponibilizado é inferior a 50 (cinquenta) salários mínimos, fato que


dispensa a exceção prevista no Parágrafo 2º do Art. 833.

Anexo a esta petição encontram-se as provas de que o valor que foi bloqueado
na conta corrente do excipiente advém de sua única fonte renda, a saber: renda
que recebe como motorista de aplicativos.

Por tais razões, pede a liberação com urgência do valor bloqueado.

DO DIREITO

1.1. DA IMPENHORABILIDADE DA VERBA SALARIAL

O excipiente é trabalhador autônomo, ganha vida através de comissões de


recebe fazendo corridas como motorista de aplicativos, sendo que os valores
que recebe prestando este serviço é a sua única fonte de renda.

O valor que fora bloqueado era sobras dos recebíveis que estava poupando para
fazer a aquisição de um novo veículo, diga-se: o seu instrumento de trabalho.
Desta forma, fica demonstrado de forma incontestável que o valor penhorado
se trata efetivamente de quantia equiparada a salário.

O art. 833 do Código de Processo Civil trata, explicitamente, sobre os bens


impenhoráveis, do seguinte modo:

Art. 833. São impenhoráveis:


I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não
sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem
a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que
ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio
padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do
executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios
e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os
ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional
liberal, ressalvado o § 2º;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os
instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício
da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas
forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido
político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob
regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa
ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese
de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, bem como às importâncias
excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a
constrição observar o disposto no art. 528, §8º, e no art. 529, §3º.
§3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os
equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a
pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando
tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados
em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de
natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. [grifamos]

Com tais comprovações, faz-se necessário que o douto juízo determine o


imediato desbloqueio do numerário, com fundamento no artigo 833, inciso IV
do CPC.
Vale ressaltar existem apenas duas possibilidades de flexibilização da
impenhorabilidade de proventos, quais sejam aquelas inseridas no §2º do art.
833 do CPC:

1. Pagamento de prestação de natureza alimentícia;


2. Importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos
mensais;

Nenhuma das possibilidades de flexibilização da regra da


impenhorabilidade dos proventos salariais aplica-se ao presente caso.
Portanto, descabido o bloqueio da referida verba.

A este respeito, assim têm sido as decisões do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO.


PENHORA SOBRE SALÁRIO. POSSIBILIDADE DE
FLEXIBILIZAÇÃO DA IMPENHORABILIDADE DE VERBA
REMUNERATÓRIA. EXCEPCIONALIDADE.
1. A regra geral da impenhorabilidade dos vencimentos, dos
subsídios, dos soldos, dos salários, das remunerações, dos proventos
de aposentadoria, das pensões, dos pecúlios e dos montepios, bem
como das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas
ao sustento do devedor e de sua família, dos ganhos de trabalhador
autônomo e dos honorários de profissional liberal poderá ser
excepcionada, nos termos do art. 833, IV, c/c o § 2° do CPC/2015,
quando se voltar: I) para o pagamento de prestação alimentícia, de
qualquer origem, independentemente do valor da verba
remuneratória recebida; e II) para o pagamento de qualquer outra
dívida não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado
forem superiores a 50 salários mínimos mensais, ressalvando-se
eventuais particularidades do caso concreto. Em qualquer
circunstância, deverá ser preservado percentual capaz de dar guarida
à dignidade do devedor e de sua família.
2. Na hipótese, a dívida não corresponde a verba alimentar, a renda
mensal é deveras menor que 50 salários mínimos, ausente
particularidade destoante da realidade da grande maioria das
famílias brasileiras, impõe-se o respeito a regra da
impenhorabilidade.
3. Recurso especial provido.
(STJ - REsp: 1921304 SP 2021/0037004-9, Relator: Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, Data de Publicação: DJ 16/03/2021) [grifamos]

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO.


PENHORA DE SALÁRIO. FOLHA DE PAGAMENTO.
IMPENHORABILIDADE DE VENCIMENTOS. SÚMULA 568/STJ
1. Ação de execução.
2. A impenhorabilidade de vencimentos somente é excepcionada
para pagamento de dívidas de natureza alimentar ou na hipótese do
valor recebido pelo executado forem superiores a 50 salários
mínimos mensais, nos termos da literalidade do art. 833, IV e §2º, do
CPC.
3. Recurso especial conhecido e não provido.
(STJ - REsp: 1906586 DF 2020/0307956-4, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Publicação: DJ 18/12/2020) [grifamos]

Por conta da extrema necessidade de dispor da quantia bloqueada, o excipiente


encontra-se em situação de desespero, o que denota EXTREMA URGÊNCIA no
processamento da presente petição, inclusive em regime de plantão, se for
necessário.

Em face da urgência narrada, encontram-se anexados a esta petição a maior


quantidade de material probatório disponíveis ao excipiente, que acredita ser
suficiente para demonstrar a veracidade das informações que traz ao
conhecimento de Vossa Excelência.

Contudo, caso Vossa Excelência entenda ser necessária a apresentação de


documentos complementares, este causídico disponibiliza o seu número de
telefone pessoal (00-000000000), dispensando-se a intimação, com o propósito
de acelerar ao máximo a prestação da jurisdição e assim evitar transtornos mais
graves ao requerente.

Ressalta-se ainda que, casos como o presente devem ser examinados com a
devida cautela e sensibilidade, levando-se em conta a preservação da dignidade
da pessoa humana, princípio fundamental assegurado na Constituição Federal
(art. 1º, III), tendo em vista que retirar do autor seu único meio de subsistência
pode lhe trazer sérios prejuízos.

Pede, desta forma, pelo desbloqueio, em caráter de urgência, dos valores


provenientes de salário do executado.

DOS PEDIDOS

DIANTE DO EXPOSTO, pede a IMEDIATA REVOGAÇÃO DO BLOQUEIO


REALIZADO ÀS FLS.XXX, visto que se trata de proventos salariais,
impenhoráveis conforme o inciso IV do art. 833 do CPC, disponibilizando-se na
conta do excipiente a integralidade da quantia indisponibilizada.

Nestes termos,
Pugna-se pelo deferimento,

São Paulo, 31 de outubro de 2022.

NOME DO ADVOGADO
Advogado-OAB/SP Nº 00.000

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