Ok IMPRESSAO Caderno Pedagógico Educação Especial FINAL
Ok IMPRESSAO Caderno Pedagógico Educação Especial FINAL
Ok IMPRESSAO Caderno Pedagógico Educação Especial FINAL
DEPARTAMENTO PEDAGÓGICO
COORDENAÇÃO DE GESTÃO DA APRENDIZAGEM
ASSESSORIA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Gestão 2011-2014
Governador do Estado do RS:
Tarso Genro
Secretária Adjunta:
Maria Eulalia Nascimento
Equipe AEI:
Concília Rosa
Clarissa Haas
Cleuza Soares Kegler
Márcia Dias Cernicchiaro
Mely Paula Cimadevila
1ª Edição
2
APRESENTAÇÃO
4
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
5
3.5.2 Livro didático acessível: o software Mecdaisy e suas possibilidades
3.5.3 A Tecnologia Assistiva e o desafio da formação docente
3.5.4 Orientações sobre o uso de laptops pelos estudantes com deficiência
REFERÊNCIAS
6
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE SIGLAS
8
1 OS PROPÓSITOS DE UM CADERNO PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO
ESPECIAL
1
A Secretaria de Educação Especial – SEESP, na atual conjuntura política institucional do Ministério
da Educação (MEC), foi incorporada pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão – SECADI.
9
Ao sistematizarmos os princípios que sustentam e delineiam a perspectiva da
Educação Inclusiva à área da Educação Especial é fundamental que reconheçamos
esta tessitura interligada a um movimento cultural, ético, político e pedagógico.
Entendemos que o mero acesso de estudantes com deficiência na escola
comum não a faz “inclusiva”. Ela “se torna inclusiva” cotidianamente, quando todos
seus agentes, perante esforços planejados coletivamente, reconhecem as
diferenças dos estudantes no processo educativo, buscando práticas pedagógicas
diferenciadas. A adoção dessas práticas depende de mudanças que vão além da
sala de aula. Envolvem a mudança de posturas e atitudes, portanto, a construção de
uma “outra” cultura escolar. Para que essa mudança possa se concretizar é evidente
a necessidade de permanente atualização e do desenvolvimento de novos
conceitos, práticas e estratégias pedagógicas em consonância com o paradigma da
inclusão escolar.
Compreende-se que um ensino de qualidade é resultado de iniciativas que
envolvem professores, gestores, especialistas, pais, estudantes e outros
profissionais que compõem uma rede educacional em torno de uma proposta que é
comum a todas as escolas e que, ao mesmo tempo, é construída por cada uma
delas, segundo as suas peculiaridades. O Projeto Político Pedagógico elaborado por
cada escola é o instrumento, por excelência, para melhor desenvolver o plano de
trabalho eleito e definido por um coletivo escolar, refletindo a singularidade do grupo
que o produziu, suas escolhas e especificidades.
As mudanças necessárias não são decorrentes apenas da formulação de
normas e documentos orientadores; resultam da vontade política de todos os
agentes, vivenciadas a partir de uma gestão escolar democrática e alinhada aos
propósitos da educação inclusiva. Portanto, algumas ações passam a ser
prioritárias: fazer da aprendizagem o eixo central das escolas, garantindo o tempo
necessário para que todos possam aprender, favorecendo o espaço para que a
cooperação, a criatividade e a formação continuada sejam praticadas por seus
professores, gestores, funcionários e estudantes.
Algumas práticas e posturas pedagógicas precisam constantemente ser
questionadas e problematizadas: currículos adaptados; terminalidade específica;
avaliação diferenciada; categorização e diferenciação dos estudantes; a formação
de turmas escolares buscando a homogeneização dos estudantes; a consideração
10
de que o acesso de estudantes com deficiência às escolas comuns seja realizado
“desde que possível”, “desde que capazes de se adaptarem”, pois essas
concepções estão permeadas por uma cultura escolar e social ancorada em um
paradigma ainda integracionista, que previa ao estudante com deficiência adequar-
se ao contexto escolar.
Nesse viés, o foco está na deficiência, percebida como “problema”, “falta”,
“defeito” que incapacita o sujeito e impede sua inclusão plena. Com o paradigma da
inclusão, o foco deve situar-se nas barreiras contextuais, quando impeditivas ao
pleno acesso das pessoas com deficiência. Cabe à sociedade perseguir a
eliminação dessas barreiras, a fim de assegurar as condições de acessibilidade,
extremamente necessárias para emancipação social dessas pessoas, de modo que
a “falta” possa ser visualizada e entendida como constitutiva da natureza humana.
A escola que valoriza as diferenças aproxima a escola comum da área da
Educação Especial, na medida em que essa última passa a ser construída no
contexto escolar como uma modalidade transversal que perpassa todos os níveis e
etapas de ensino. Na articulação estabelecida entre o ensino comum e o
Atendimento Educacional Especializado (AEE) são privilegiados aspectos referentes
à elaboração conjunta dos objetivos e planos de trabalho pedagógicos em que a
Educação Especial não se configura como um tópico à parte do currículo escolar.
Portanto, essas orientações também expressam o compromisso do Governo
Estadual do Rio Grande do Sul em desenvolver seus próprios programas e
propostas educacionais na área da Educação Especial, em busca da implementação
de políticas de Estado que possam responder às suas demandas e necessidades
locais e, simultaneamente, estar em sintonia com os princípios acerca dos direitos
das pessoas com deficiência, compartilhados contemporaneamente pela sociedade
brasileira e mundial.
11
partir da Conferência Mundial de Educação para Todos (1990), da Declaração de
Salamanca (1994), da Convenção da Guatemala (1999), culminando na Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006).
A mobilização da comunidade internacional auxilia a construir e a sustentar
um paradigma que acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais,
impulsionando a implementação de políticas públicas de amplo acesso à
escolarização e ao atendimento às necessidades de todos os estudantes.
A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(CPCD-ONU 2006) – ratificada no Brasil pelos Decretos nº 186/2008 e 6.949/2009 –
apresenta a concepção de pessoa com deficiência descolada do sujeito e
influenciada pelo contexto social. De acordo com o artigo 1º, pessoas com
deficiência “são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou
sensorial, as quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.” (ONU, 2006, art.
1º). No preâmbulo da Convenção lê-se que o conceito de deficiência é um conceito
em evolução; logo, resulta da interação entre as pessoas com deficiência e das
barreiras decorrentes de atitudes e ambientes que impedem a plena e efetiva
participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas.
A Convenção, no artigo 9º, afirma que:
13
O documento da Política também colabora na afirmação da sala de recursos
multifuncionais como espaço escolar prioritário para a oferta do AEE. A Resolução
CNE/CEB nº 04/2009 define a operacionalidade desse serviço de apoio
especializado a ser ofertado de modo complementar/suplementar à escolarização no
ensino comum.
É fundamental reconhecer o significado da inclusão para que as pessoas com
deficiência tenham assegurado seu direito à participação nos ambientes comuns de
aprendizagem. Em suma, a perspectiva da inclusão escolar baseia-se na garantia do
direito à educação básica, na matrícula dos estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns
de ensino regular, assegurando o acesso à escolarização de modo articulado à
oferta de apoios especializados da Educação Especial, por meio do Atendimento
Educacional Especializado/AEE.
As ações da política de Educação Especial na Rede Pública Estadual do Rio
Grande do Sul vêm no sentido de intensificar essa perspectiva. O panorama
histórico da Educação Especial no estado do Rio Grande do Sul (vide item 1.2) e os
indicadores numéricos do Censo Escolar da Educação Básica no intervalo de 2010-
2013 (vide cap. 2) permitem visualizar a construção da Educação Inclusiva no
estado como uma perspectiva implementada processualmente.
14
A história da Educação Especial no Rio Grande do Sul tem sido alvo de
atenção de pesquisadores, como Brizolla e Viegas. Brizolla (2000) realiza um estudo
acerca das políticas públicas no Estado do Rio Grande do Sul referentes à
Educação Especial no período de 1976/2000. Viegas (2005), embora com outro viés,
propõe uma continuidade a este estudo, na medida em que se dedica à investigação
das políticas públicas para a Educação Especial no RS no período de 1988 a 2002.
Conforme Viegas (2005), no período de 1988-1998, as diretrizes que
orientavam as políticas educacionais para a Educação Especial pelo estado do RS
acompanhavam o modelo do atendimento clínico, sendo preponderantes os
atendimentos clínicos vinculados aos procedimentos e encaminhamentos realizados
pela Secretaria Estadual de Educação (SEC-RS)2.
Nesse período, não houve alteração no que diz respeito à normatização para
a Educação Especial no Sistema Estadual de Ensino, prevalecendo a lei federal nº
5.692/71, cuja ênfase apontava para o atendimento das necessidades específicas,
considerando-se as características individuais dos estudantes, e destacando, ainda,
o controle e a fiscalização para os processos de autorização e reconhecimento de
instituições educacionais voltadas à Educação Especial pelos Conselhos Estaduais
de Educação. Na época, prevaleceu a abertura de muitos espaços especializados,
na configuração de classes especiais e com foco na tipologia do sujeito.
No período de 1999-2002, o poder público estadual propõe o documento
orientador do programa de Governo para a Educação, pelo qual afirma a concepção
da educação como um direito de todos e a participação da comunidade escolar na
formulação, gestão e fiscalização das políticas públicas. Este documento marca o
reconhecimento da Educação Especial como uma modalidade da educação básica,
pressuposto destacado na LDBEN e pela oferta em diferentes espaços.
Consta no documento da época, “A Educação respeitando e compreendendo
as diferenças: o acesso e construção do conhecimento”:
3
O atendimento desses estudantes é realizado pela SEC-RS em diferentes
espaços: classes comuns do ensino regular, com ou sem apoio em salas de
recursos; escolas especiais ou classes especiais, conforme as
necessidades dos estudantes. (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO RS,
1999, p. 06).
2
Atualmente SEDUC-RS.
3
A sigla SEC-RS foi substituída por SEDUC-RS.
15
Reconhece-se que os processos de mudança são lentos e envolvem
dinâmicas em cada contexto escolar, que vão além do texto da lei ou de uma
proposta política. De qualquer modo, o ano de 1999 pode ser citado como data de
referência quanto a um posicionamento político do Governo do Estado do RS, pela
Educação Especial em um modelo mais democrático, em consonância com as
legislações e orientações nacionais em vigor.
Com base na aprovação da Resolução CNE/CEB nº 02/2001, o CEEd/RS
aprova em plenário as resoluções CEEd/RS 267/2002 e o parecer CEEd/RS
441/2002, que tratam dos “Parâmetros para a oferta da Educação Especial no
Sistema Estadual de Ensino”. Essas legislações seguem as orientações nacionais,
afirmando a “inclusão do estudante com necessidades educacionais especiais na
escola regular como o caminho preferencial” (VIEGAS, 2005, p. 09).
Pesquisas como a de Viegas (2005) e de Pitta; Danese (2002) apontam a
necessidade de ações mais articuladas entre a SEDUC, a FADERS e o CEEd-RS.
Outra sinalização importante desses estudos é a ausência de dados sobre a
demanda de estudantes com deficiência. Atualmente esta indefinição é superada
com os indicadores numéricos do Censo Escolar da Educação Básica, que propõem
mais transparência e fortalecem a proposição de estratégias.
Como produção de todo este contexto histórico em que prevaleceu a
dualidade entre o modelo clínico-terapêutico e o modelo pedagógico na definição de
políticas públicas para a Educação Especial no RS, a configuração da oferta de
serviços de Educação Especial na rede pública estadual ainda prevalece de
naturezas diversas: o AEE complementar/suplementar, por meio das salas de
recursos multifuncionais e de salas de recursos com foco em uma área de
deficiência; itinerância de professores; atendimento substitutivo realizado em
algumas classes especiais remanescentes com foco na área da deficiência e nas
Escolas Especiais Estaduais e conveniadas; serviços especializados prestados pelo
CAP-RS e pelo NAAH/S.
A Rede Pública Estadual de Ensino do RS vive um momento político de
busca de uma sintonia com os direcionamentos da Política Federal de Educação
Especial na perspectiva de Educação Inclusiva. Esse contexto favorecedor foi
sinalizado por alguns estudos atuais, tais como de Haas; Kegler (2012), em artigo
que tratam sobre as atribuições do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento
16
às Pessoas com Deficiência Visual (CAP-RS), a partir da perspectiva da Educação
Inclusiva. Haas (2013), em pesquisa de mestrado, apresenta os desdobramentos da
política de Educação Especial no estado, voltada aos estudantes jovens e adultos
com deficiência em escolarização na Educação de Jovens e Adultos (EJA). A
FADERS (2013) contribui com um mapeamento dos estudantes identificados com
altas habilidades no Rio Grande do Sul.
Os esforços vêm sendo construídos no sentido de promover o percurso de
escolarização dos estudantes que são público-alvo da Educação Especial no espaço
da escola comum, oferecendo os apoios necessários, por meio da adesão ao
Programa Federal de Implementação das Salas de Recursos Multifuncionais,
mediante a compreensão de que esse espaço deva se constituir em cada contexto
escolar, como dispositivo pedagógico e lócus prioritário do AEE.
Marcos Históricos:
17
Excepcional do Estado do RS (FAERS), com a finalidade principal de promover a
profissionalização do “excepcional”, encaminhando-o para atividades produtivas no
mercado de trabalho ou em oficinas protegidas (PITTA; DANESE, 2002). Em 1990, a
instituição passa por uma transformação, passando a ser uma fundação vinculada à
SEDUC, com a finalidade de dar atendimento no campo da educação às pessoas
com deficiência física, visual, auditiva, mental, múltipla e com altas
habilidades/superdotação. Atualmente, a FADERS é vinculada à Secretaria Estadual
de Justiça e Direitos Humanos.
- Os registros das primeiras salas de recursos implementadas por iniciativa da
gestão da Secretaria Estadual de Educação datam da década de 1990.
- Criação do CAP-RS (2000): o atendimento ao estudante com deficiência visual na
Rede Estadual de Ensino do RS pode ser citado como pioneiro, no que tange à
construção e efetivação de estratégias para a inclusão destes estudantes no ensino
comum. Em 1965, há registros de estudantes com deficiência visual matriculados
nas escolas estaduais de Porto Alegre, sendo atendidos com apoio de professores
itinerantes, lotados na Escola Estadual de Ensino Fundamental Cândido Portinari.
Em 1997, há registro de 400 estudantes com deficiência visual frequentando o
ensino regular e 41 salas de recursos em 36 municípios. O aumento da demanda de
estudantes com deficiência visual reflete a necessidade de extensão do projeto a
todo o estado, sendo criado o Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às
pessoas com deficiência visual (CAP), por meio de um programa federal que previa
a implantação dessas unidades em todos os estados brasileiros. O CAP, com foco
educacional, foi estabelecido em prédio anexo à Escola Estadual de Ensino
Fundamental Cândido Portinari, Porto Alegre, o qual se mantém como seu endereço
atual.
- Implementação das primeiras salas de recursos multifuncionais na rede pública
estadual, por meio do programa federal, em 2005.
- Renovação do Convênio entre a SEDUC e a FADERS (2012), com vistas à
reestruturação de alguns serviços educacionais especializados ofertados: repasse
da gestão do NAAH/S da FADERS para a SEDUC.
18
2 ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E ESTRATÉGIAS
PEDAGÓGICAS DE IMPLEMENTAÇÃO
MEC/SECADI
PAR-Educação
Especial
Programas
Centros
CEE-RS especializados
COEPEDE-RS CAP-RS
Comitê Pró- NAAH-RS
Inclusão
Assessoria em
Educação
Inclusiva/CGA/DP/
Benefício da SEDUC-RS Classes
Prestação especiais/
Continuada/BPC** Escolas
articulação inter-
setorial
especiais*
30 Coordenadorias Atendimento
Regionais de Educacional
Educação - Especializado nas
Assessorias escolas de ensino
comum
4
Conforme indicadores de 2013.
20
12.000
10.539
10.000
8.635
8.000
7.246
6.000
5.467 AEE
4.000
2.000
0
2010 2011 2012 2013
21
mediadas pelo professor especializado, de modo integrado com os demais
profissionais da rede (intérprete/tradutor de Libras5; profissional de apoio6;
professores do ensino comum; equipe diretiva e pedagógica), visando ao processo
de escolarização dos estudantes com deficiência e à construção coletiva do
conhecimento por todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
Portanto, o professor do AEE, como um profissional da educação, exerce um papel
central de dimensão pedagógica na aprendizagem dos sujeitos da Educação
Especial.
O AEE tem como função assegurada em lei identificar, elaborar e organizar
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras e promovam o
acesso, a participação e a aprendizagem no ensino regular, considerando as
necessidades específicas dos estudantes que formam o público-alvo da Educação
Especial. Nesse sentido, cabe a problematização das configurações pedagógicas
que permanecem reproduzindo a configuração restritiva das classes especiais por
meio do serviço do AEE.
Ressalta-se que AEE não se confunde com atividades de reforço escolar.
Quando parte do Projeto Político Pedagógico da escola, o reforço escolar deve ser
oferecido a todos os estudantes que dele se beneficiem, sem prejuízo das atividades
em sala de aula comum e do AEE (caso o estudante seja público-alvo da Educação
Especial). Também se trata de atribuição do AEE envolver as famílias, buscando
compartilhar do processo de escolarização do estudante, orientando sobre o acesso,
a participação e o sucesso em todas as atividades escolares para seu pleno
desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional, com autonomia e
independência.
Torna-se relevante ressaltar o texto da Resolução CNE/CEB nº 04, de 2009,
acerca das Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado
na Educação Básica, no que concerne às atribuições do AEE. São atribuições do
professor especializado que atua nas salas de recursos multifuncionais, segundo o
artigo 13º da Resolução CNE/CEB 04/2009:
5
Com relação ao profissional intérprete/tradutor de Libras, o cargo passa a existir na Rede Pública
Estadual de Ensino a partir da publicação da Lei Estadual 14.448/2014, caracterizado como Agente
Educacional II.
6
O cargo do profissional de apoio também está normatizado pela Lei Estadual 14.448/2014. As
atribuições do profissional estão descritos em seção específica deste documento (3.4).
22
- identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos
pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades
específicas dos estudantes público-alvo da Educação Especial;
- elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado,
avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e
de acessibilidade;
- organizar o tipo e o número de atendimentos aos estudantes na sala de
recursos multifuncionais;
- acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos
e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como
em outros ambientes da escola;
- estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de
estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade;
- orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de
acessibilidade utilizados pelo estudante;
- ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades
funcionais dos estudantes, promovendo autonomia e participação;
- estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum,
visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos
estudantes nas atividades escolares (BRASIL, 2009).
23
• A definição que a elaboração e a execução do Plano do Atendimento
Educacional Especializado são de competência dos professores que atuam na Sala
de Recursos Multifuncionais em articulação com os demais professores do ensino
regular, com a participação da família e em interface com os demais serviços
intersetoriais;
O professor especializado deve ter como meta inacabada aprimorar sua
formação inicial e continuada, buscando uma apropriação reflexiva das
especificidades que envolvem o seu trabalho pedagógico. A seguir, citam-se alguns
desses conhecimentos e estratégias que envolvem sua prática cotidiana. Essa
relação de aspectos deve ser lida como pistas orientadoras e não como
esgotamento das múltiplas possibilidades de intervenção desse profissional:
- Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
- Sistema Braille.
- Orientação e mobilidade.
- Sorobã (ábaco).
- Estimulação visual.
24
- Comunicação alternativa e aumentativa (CAA).
25
mirar (e modificar) o conjunto de relações que contribuem para a
estagnação do sujeito e sua provável dificuldade de aprendizagem e o AEE
como sinônimo de ação pedagógica em Educação Especial. Seria
empobrecedor conceber que um conjunto amplo de possibilidades de
intervenção ficasse reduzido à defesa de atendimento em um único modelo
de sala de recursos. (BAPTISTA, 2013, p. 57).
26
Os processos de avaliação e identificação dos sujeitos da Educação Especial
relacionam-se diretamente com o planejamento das ações pedagógicas do professor
especializado, logo, não há e (não poderá haver) nenhuma indicação prévia quanto
ao número de estudantes e de atendimentos a serem realizados. Essa organização
é parte inseparável da construção do plano de trabalho do profissional do AEE. Do
mesmo modo, não será estabelecido antecipadamente o número máximo de alunos
com deficiência que deverão ser matriculados em uma sala de aula de ensino
comum. Entende-se que as ações da gestão devem buscar garantir a
heterogeneidade dos grupos escolares, todavia, o mito da “gravidade da deficiência”
não deve ser utilizado como parâmetro na organização numérica das turmas.
Cabe também fazer a distinção entre processos de avaliação e identificação
das necessidades dos estudantes com deficiência e processos de avaliação global
de sua aprendizagem. Esta última é competência primeira do professor do ensino
comum. O profissional do AEE deve poder colaborar com a construção dessa
avaliação, mas a responsabilidade pelo processo, principalmente pela avaliação final
(aprovação ou reprovação), é do professor titular da turma.
2. 2 CENTROS ESPECIALIZADOS
27
deficiência visual junto à Secretaria da Educação Especial do Ministério da
Educação (MEC) e foi concebido na perspectiva de ser uma ação política pública,
integrando as esferas administrativas governamentais e não governamentais com a
participação da comunidade em geral.
O CAP-RS, integrado ao Departamento Pedagógico da Secretaria da
Educação do Estado (SEDUC), resulta do termo de parceria e doação entre
MEC/SEESP/ABEDEV e a SEDUC, no sentido de expandir o atendimento
educacional especializado às pessoas cegas e de baixa visão, assegurando-lhes o
acesso e permanência na escola.
O projeto de instalação do CAP-RS data de 1998 e teve início com a reforma
do prédio anexo à Escola Estadual Cândido Portinari, desta capital, para sediar o
referido Centro. No dia 18 de agosto de 2000, foi inaugurado o CAP-RS com o
objetivo de subsidiar as salas de recursos das escolas da Rede Pública Estadual, no
que se refere à transcrição de materiais didático-pedagógicos para o Sistema Braille,
materiais em caracteres comuns ampliados, adaptados e em formato Mecdaisy,
mapas, gráficos em alto relevo, possibilitando aos estudantes cegos e de baixa visão
que frequentam o ensino regular do Estado do Rio Grande do Sul, o acesso ao
conhecimento, com recursos específicos de acessibilidade.
As ações desenvolvidas por este Centro são organizadas de acordo com os
pareceres, avaliações e encaminhamentos da Assessoria em Educação Inclusiva da
Secretaria Estadual de Educação do Estado (SEDUC).
Além da elaboração e confecção dos materiais didático-pedagógicos em
Sistema Braille e caracteres comuns ampliados e adaptados, o CAP presta
assessoria às Coordenadorias Regionais de Educação, às escolas, e na formação
de profissionais da área da educação e pessoas da comunidade, que atuam na área
da deficiência visual.
28
SEDUC. Sua sede de funcionamento passa a ser junto ao CAP-RS, em uma das
salas existentes no Centro.
Conforme o Documento Orientador NAAH/S (Brasília, 2006), os objetivos do
núcleo envolvem ações de: promoção à identificação, ao atendimento e ao
desenvolvimento dos estudantes com altas habilidades /superdotação das escolas
públicas de educação básica, possibilitando sua inserção efetiva no ensino regular e
disseminando conhecimentos sobre o tema nos sistemas educacionais, nas
comunidades escolares, nas famílias em todos os Estados e no Distrito Federal;
29
uma das dimensões da escola das diferenças. Nesse sentido, é preciso planejar,
organizar, executar e acompanhar os objetivos, metas e ações traçadas, em
articulação com as demais propostas da escola.
A democracia se exercita e toma forma nas decisões conjuntas do coletivo da
escola e se reflete nas iniciativas da equipe escolar. Nessa perspectiva, o AEE
integra a gestão democrática da escola. No PPP, devem ser previstos a organização
e os recursos para o AEE: sala de recursos multifuncionais; matrícula do estudante
no AEE; aquisição de equipamentos; indicação de professor para o AEE; articulação
entre professores do AEE e os do ensino comum e redes de apoios internos e
externos à escola.
No caso da inexistência de uma sala de recursos multifuncionais na escola,
os estudantes não podem ficar sem este serviço; o PPP deve prever o atendimento
dos estudantes em outra escola, mais próxima, ou no Centro de Atendimento
Educacional Especializado, no turno inverso ao do horário escolar. Em tal situação,
destaca-se a articulação com os professores e especialistas de ambas as escolas,
para assegurar uma efetiva parceria no processo de desenvolvimento dos
estudantes. O PPP prevê ações de acompanhamento e articulação entre o trabalho
do professor do AEE e os professores das salas comuns, ações de monitoramento
da produção de materiais didáticos especializados, bem como recursos necessários
para a confecção destes.
Enquanto serviço oferecido pela escola ou em parceria com outra escola ou
centro de atendimento especializado, o PPP estabelece formas de avaliar o AEE, de
alterar práticas, de inserir novos objetivos e de definir novas metas visando ao
aprimoramento desse serviço. Na operacionalização do processo de avaliação
institucional, caberá à gestão zelar para que o AEE não seja descaracterizado das
suas funções e para que os estudantes não sejam categorizados, discriminados e
excluídos do processo avaliativo utilizado pela escola.
30
possam eliminar as barreiras que impedem o estudante de ter acesso ao que lhe é
ensinado na sua turma da escola comum.
Para desenvolvê-lo, é imprescindível uma articulação entre o professor
especializado e o do ensino comum, entre os familiares do estudante e, se
necessário, com profissionais da área clínica. Na execução do plano de AEE, o
professor procurará avaliar sistematicamente o seu Plano, revisando-o e
atualizando-o, quando necessário.
Consideramos que não cabe aos órgãos gestores fornecer um modelo de
plano a ser executado pelo professor, pois esse deve resultar dos sentidos docentes
construídos a partir de sua prática, aliando-se às suas experiências e memórias
pedagógicas, às histórias sistematizadas a partir do contexto educacional e dos
sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem. Todavia, entendemos que
embora o pragmatismo seja uma opção a ser descartada na Educação Especial e na
educação em sentido amplo, não se dispensam a rigorosidade e a atenção a alguns
critérios que devem estar explicitados no plano, tais como:
– articulação coerente entre os objetivos e as ações planejadas;
– construção de metas em acordo com as possibilidades do estudante e
detalhamento minucioso de como se pretende alcança-las;
– organização dos tempos, períodos e formas (individual e/ou em pequenos grupos)
de atendimento;
– descrição dos materiais e recursos que serão explorados a partir das ações
previstas;
– elaboração de outras estratégias e ações necessárias além do atendimento ao
estudante no turno oposto (produção de material didático acessível; orientação e
parcerias com os profissionais da escola e/ou com os pais ou responsáveis pelo
estudante; observação regular do estudante na sua turma de ensino comum, entre
outras);
– avaliação contínua dos progressos e dificuldades do estudante e do planejamento
elaborado para ele, refletindo sobre a eficácia dos recursos e estratégias escolhidas,
fazendo uso de diferentes formas de registro da trajetória escolar do estudante, com
enfoque no processo pedagógico de aquisição de conhecimentos, atitudes e
habilidades escolares pelo estudante.
31
2.5 A DOCÊNCIA E O COMPROMISSO COM A FORMAÇÃO CONTINUADA
32
em ser mais que um conhecedor de teorias e hábil executor de programas, mas que
compreenda o ato educativo como um ato político (Freire, 1999), assumindo seu
papel na promoção do paradigma de uma sociedade que afirma a diversidade e a
inclusão social como direito e não como filantropia. Esse compromisso também
resgata a urgência de se compreender que a formação pedagógica do professor,
com o olhar para o sujeito em suas individualidades e necessidades, não é papel
apenas do especialista, mas é atribuição docente em todos os níveis e modalidades
em que atua.
Portanto, o governo do estado do Rio Grande do Sul compreende que a
formação continuada na área da Educação Especial deve priorizar momentos em
que a discussão seja efetivada pelos profissionais especialistas em Educação
Especial em articulação com os professores que atuam nas classes comuns. Esta
premissa deve embasar os projetos de formação continuada desenvolvidos pela
Assessoria em Educação Inclusiva – AEI/CGA/SEDUC-RS, bem como das
Assessorias em Educação Inclusiva de cada uma das 30 CREs, na capital e no
interior do Estado. O fortalecimento da prática pedagógica em todas as instâncias
em que se estabelece pressupõe a necessidade de encontros, diálogos,
planejamentos em conjunto e troca de experiências entre os profissionais envolvidos
na implementação da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Também é compromisso dos docentes, diante das políticas públicas
educacionais, trabalharem pela utopia de que a escola possa ser mais que um local
de acolhida e socialização e sim, um lugar em que “todos tenham um papel na obra
coletiva” (MEIRIEU, 2006, p. 62).
33
3. SUBSÍDIOS PARA OPERACIONALIZAÇÃO DO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA NA ÁREA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
34
As informações sobre o funcionamento das salas de recursos multifuncionais
e suas respectivas escolas são imprescindíveis para fins da efetivação dos
procedimentos de doação dos recursos, para o recebimento de outras ações de
apoio complementar às escolas contempladas pelo Programa, bem como para a
realização dos procedimentos de avaliação. Essas informações devem ser enviadas
ao MEC/SEESP, por meio de ofício do secretário de Educação, comunicando sobre:
- Mudança de endereço ou de denominação da escola, com os dados novos;
- Troca da sala para outra escola da rede de ensino, justificada, com aceite das duas
escolas e de acordo com os critérios do Programa;
- Destruição dos recursos por calamidade pública, com documento declaratório e
relação dos itens danificados em anexo;
- Eventual furto de algum de seus itens, com Boletim de Ocorrência (BO) em anexo.
A seguir, conta a especificação dos itens que fazem parte das Salas de
Recursos Multifuncionais, Tipo 1 e Tipo 2, conforme BRASIL (S.D, p11-15).
35
Especificação dos itens da Sala Tipo I:
Equipamentos Materiais Didático/Pedagógico
02 Microcomputadores 01 Material Dourado
01 Laptop 01 Esquema Corporal
02 Estabilizadores 01 Bandinha Rítmica
01 Scanner 01 Memória de Numerais
01 Impressora multifuncional 01 Tapete Alfabético Encaixado
01 Teclado com colmeia 01 Software CAA
01 Acionador de pressão 01 Sacolão Criativo
01 Mouse com entrada para 01 Quebra Cabeças superpostos-
acionador sequência lógica
01 Lupa eletrônica 01 Dominó de Associação de
Ideias
01 Roteador Wireless 01 Alfabeto Móvel e Sílabas
Mobiliários 01 Caixa Tátil
01 Mesa redonda 01 Memória Tátil
04 Cadeiras 01 Plano inclinado – suporte para
leitura
01 Mesa para impressora 01 Dominó tátil
01 Armário 01 Alfabeto Braille
01 Quadro branco 01 Kit de lupas manuais
02 Mesas para computador
02 Cadeiras Giratórias
36
02 Soroban
02 Guias de Assinatura
01 Kit de Desenho Geométrico
01 Calculadora Sonora
7
Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17430&Itemid=817. Acesso
em: 14/01/2014.
37
Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. São financiáveis as seguintes
ações: adequação arquitetônica; aquisição de cadeiras de rodas, recursos de
tecnologia assistiva, bebedouros e mobiliários acessíveis. Os itens financiáveis são
apresentados a cada ano pelo MEC/FNDE em resolução própria.8
As escolas contempladas efetivam cadastro no Sistema Integrado de
Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação – SIMEC, no qual
inserem o plano de atendimento, contendo o planejamento de utilização dos
recursos. A conferência inicial para envio e submissão do plano para avaliação do
MEC é feita pela gestão estadual, por meio da Assessoria em Educação
Inclusiva/CGA/SEDUC-RS.
8
A Resolução CD/FNDE n. 19, de 21 de maio de 2013 trata-se da resolução em vigor no momento de
elaboração deste documento, a qual dispõe sobre os moldes operacionais e regulamentares do
Programa Escola Acessível.
38
Compreendemos que essas definições servem como direcionamento e auxílio na
organização dos serviços do AEE, com ressalva às leituras simplistas e “fechadas”,
que consideram essas definições imutáveis e buscam enquadrar o AEE a uma lista
de atividades. As leituras sobre os diagnósticos e sobre as funções do Atendimento
Especializado precisam ser respaldadas pelas relações construídas em cada
contexto.
9
Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/educacenso/documentos/2013/folder_censo_escolar_e
ducacao_basica_2013.pdf Acesso em: 24\09\2013.
39
para a promoção da acessibilidade nas atividades de leitura e escrita. São exemplos
de recursos ópticos: lupas manuais ou de apoio, lentes específicas bifocais,
telescópios, entre outros, que possibilitam a ampliação de imagens. São exemplos
de recursos não ópticos: iluminação, plano inclinado, contrastes, ampliação de
caracteres, cadernos de pauta ampliada, caneta de escrita grossa, lupa eletrônica,
recursos de informática, entre outros, que favorecem o funcionamento visual.
4. Estratégias para o desenvolvimento de processos mentais – promoção de
atividades que ampliem as estruturas cognitivas facilitadoras da aprendizagem nos
mais diversos campos do conhecimento, para o desenvolvimento da autonomia e da
independência do estudante frente às diferentes situações no contexto escolar. A
ampliação dessas estratégias para o desenvolvimento dos processos mentais
possibilita maior interação entre os estudantes, o que promove a construção coletiva
de novos saberes na sala de aula comum.
5. Técnicas de orientação e mobilidade – ensino de técnicas e desenvolvimento de
atividades para a orientação e a mobilidade, proporcionando o conhecimento dos
diferentes espaços e ambientes para a locomoção do estudante, com segurança e
autonomia. Para estabelecer as referências necessárias ao ir e vir, tais atividades
devem considerar as condições físicas, intelectuais e sensoriais de cada estudante.
6. Ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) – o ensino da Libras consiste no
desenvolvimento de estratégias pedagógicas para a aquisição das estruturas
gramaticais e dos aspectos linguísticos que caracterizam essa língua.
7. Ensino do uso da Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) – realização de
atividades que ampliem os canais de comunicação, com o objetivo de atender às
necessidades comunicativas de fala, leitura ou escrita dos estudantes. Alguns
exemplos de CAA são os cartões de comunicação, as pranchas de comunicação
com símbolos, as pranchas alfabéticas e de palavras, os vocalizadores ou o próprio
computador, quando utilizado como ferramenta de voz e comunicação.
8. Estratégias para enriquecimento curricular – organização de práticas pedagógicas
exploratórias suplementares ao currículo comum, que objetivam o aprofundamento e
a expansão nas diversas áreas do conhecimento. Tais estratégias podem ser
efetivadas por meio do desenvolvimento de habilidades; da articulação dos serviços
realizados na escola, na comunidade e nas instituições de educação superior; da
prática da pesquisa e do desenvolvimento de produtos; da proposição e do
40
desenvolvimento de projetos de trabalho no âmbito da escola, com temáticas
diversificadas, como artes, esporte, ciências e outras.
9. Ensino do uso do soroban – o ensino do uso do soroban, calculadora mecânica
manual, consiste na utilização de estratégias que possibilitem ao estudante o
desenvolvimento de habilidades mentais e de raciocínio lógico matemático.
10. O ensino da usabilidade e das funcionalidades da informática acessível –
consiste no ensino das funcionalidades e da usabilidade da informática como
recurso de acessibilidade à informação e à comunicação, promovendo a autonomia
do estudante. São exemplos desses recursos: leitores de tela e sintetizadores de
voz, ponteiras de cabeça, teclados alternativos, acionadores e softwares para a
acessibilidade.
11. Ensino da Língua Portuguesa na modalidade escrita – desenvolvimento de
atividades e de estratégias de ensino da língua portuguesa, na modalidade escrita,
como segunda língua, para estudantes usuários da Libras, voltadas à observação e
à análise da estrutura da língua, seu sistema, funcionamento e variações, tanto nos
processos de leitura como na produção de textos.
42
Síndrome de Asperger: síndrome relacionada ao autismo, diferenciando-se deste
por apresentar alterações formais na linguagem e na interação social. Causa
prejuízo qualitativo na interação social, nos relacionamentos com seus pares, na
reciprocidade social ou emocional.
Síndrome de Rett: transtorno de ordem neurológica e de caráter progressivo, com
início nos primeiros anos de vida. Manifesta-se pela ausência de atividade funcional
com as mãos, isolamento, regressão da fala e das habilidades motoras adquiridas,
comprometimento das relações sociais e do desenvolvimento mental e microcefalia
progressiva.
Transtorno Desintegrativo da Infância: caracteriza-se pela perda de funções e
capacidades anteriormente adquiridas pela criança. Apresenta características
sociais, comunicativas e comportamentais também observadas no autismo. Em
geral, essa regressão tem início entre os 2 e os 10 anos de idade e acarreta
alterações qualitativas na capacidade para relações sociais, jogos ou habilidades
motoras, linguagem, comunicação verbal e não verbal, com comportamentos
estereotipados e instabilidade emocional.
Altas Habilidades/Superdotação: caracteriza-se pelo potencial elevado da criança
nas diferentes áreas de seu interesse, isoladas ou combinadas entre si, tais como:
realização de operações lógicas, talento para as artes plásticas e a música,
habilidades de liderança e comunicação, capacidade de autopercepção e empatia,
entre outras.
43
É necessário o laudo médico (diagnóstico clínico) para informar um
estudante com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou
altas habilidades?
Não. O Censo Escolar exige que os dados informados possam ser
comprovados. Assim, para cadastro de estudantes público alvo da educação
especial, é necessário que o professor do Atendimento Educacional
Especializado – AEE elabore o plano de AEE para, a partir disso, organizar e
ofertar o devido atendimento ao estudante público alvo da educação especial.
A elaboração do plano do AEE deve contar com a participação do professor
da sala de aula comum e da família do estudante. É importante notar que o
Censo Escolar é base de dados da educação, cujas ações não necessitam
de laudo médico para serem efetivadas.
10
Consulte Perguntas Frequentes-Educação Especial em:
http://portal.inep.gov.br/web/educacenso/educacao-especial.
44
habilidades de organização e adequação à rotina escolar, estimulando sua
comunicação e interação no espaço escolar. Desse modo, a atuação do monitor
deverá corroborar primordialmente para o desenvolvimento da autonomia de cada
estudante público-alvo da Educação Especial, com o olhar do profissional do AEE e
do professor do ensino comum que deverá orientar o monitor em algumas condutas,
de modo que o conceito de autonomia seja inscrito a partir de cada individualidade
ou percurso de escolarização, ou seja, na relação com o indivíduo, na leitura global
de suas possibilidades e limitações.
Nesse sentido, a autonomia constitui um processo de aprendizagem a ser
adquirido e gradativamente ampliado, por meio da avaliação das estratégias
utilizadas. Planejar o desenvolvimento dessa competência deve ser tratado como
parte integrante do projeto educativo para esse estudante. Logo, embora as
atribuições do profissional de apoio não tenham uma abrangência com a
escolarização formal, sua finalidade é essencialmente educativa, requerendo que
seja acompanhado pelos profissionais da educação (professor especializado e do
ensino comum).
De modo geral, elenca-se como atribuições desse profissional:
- Prestam auxílio individualizado aos estudantes que não realizam as atividades de
locomoção, higiene e alimentação com independência. Esse apoio ocorre conforme
as especificidades apresentadas pelo estudante, relacionadas à sua condição de
funcionalidade e não à condição de deficiência.
- Atuar de forma articulada com os professores do estudante público-alvo da
Educação Especial, da sala de aula comum, da sala de recursos multifuncionais,
entre outros profissionais no contexto da escola, não deixando de estimular e
promover a autonomia e independência dos estudantes que estejam sob seus
cuidados nas áreas de higiene, alimentação e locomoção. Essas atribuições estão
sintetizadas na Lei Estadual do RS nº 14.448/2014, que cria o cargo Agente
Educacional II – Interação com o Educando.
A demanda de um profissional de apoio se justifica quando a necessidade
específica do estudante público-alvo da Educação Especial não for atendida no
contexto geral dos cuidados disponibilizados aos demais estudantes; logo, não é
atribuição do profissional de apoio desenvolver atividades educacionais
45
diferenciadas ao estudante público-alvo da Educação Especial e nem assumir a
responsabilidade exclusiva pelo processo de aprendizagem deste estudante.
11
HAAS, Clarissa; KEGLER, Cleuza. O software Mecdaisy e a Educação Inclusiva: o registro
reflexivo de uma experiência de formação docente. In: I Simpósio Educação e Tecnologias
Inclusivas. Anais... URI: Santo Ângelo, RS, 2013.
46
Haas; Kegler (2013), em seu estudo, citam as contribuições do Comitê de
Ajudas Técnicas - CAT, criado pela portaria nº 142/2006 da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República -SDRH/PR -, na definição da
Tecnologia Assistiva (TA), como:
Conforme Galvão Filho (2009), citado por Haas; Kegler (2013), a TA tem o
caráter de promover o empoderamento às pessoas com deficiência, na medida em
que se constitui como instrumento ou ferramenta mediadora e equiparadora das
oportunidades para essas pessoas. O autor salienta que, apesar de a TA ser uma
expressão nova, que se refere a um conceito em processo de construção e
sistematização, remonta aos primórdios da humanidade, uma vez que qualquer pau
utilizado como bengala, por exemplo, pode caracterizar o uso de um recurso de TA.
Dentre as inúmeras categorias que compõem essa área, enfoca-se um
recurso de tecnologia de informação e comunicação (TIC) acessível: o software -
disponível gratuitamente -, Mecdaisy, pautado em sua abordagem pedagógica.
12
Padrão mundial de livros digitais falados (Digital Talking Books).
47
descrição das figuras14 (mapas, gráficos, desenhos, fotografias e quaisquer outros
elementos não textuais), que são apresentadas como uma espécie de legenda, logo
abaixo da figura.
Haas; Kegler (2013) mencionam Ponte; Sallvatori; Sonza (2012) para alertar
sobre a importância da descrição textual da informação visual fornecer a maior
quantidade possível de elementos à compreensão do sujeito cego, de modo
contextualizado. Acrescentamos a esta consideração o cuidado que há de se ter
para evitar a sobreposição de informações, desconsiderando os detalhes das figuras
cujo teor é meramente ilustrativo, uma vez que já estão incorporadas no texto.
A leitura dos livros nesse formato é possível por meio da utilização do
software “Tocador Mecdaisy15”. Diferentemente de outros leitores de tela utilizados
pelas pessoas com deficiência visual, esse recurso permite a navegabilidade pelo
livro, a inserção de comentários e anotações, preservando as características de um
livro impresso, bem como fornece a descrição das imagens e/ou ilustrações que
compõem a obra e configurações para personalizar a leitura em caracteres
ampliados e com contrastes de cores e formas.
13
Disponível para download em: http://www.daisy.org/project/save-as-daisy-microsoft.
14
No que se refere à necessidade de padronização das descrições de imagens, o MEC emitiu Nota
Técnica nº 21/2012 MEC/SECADI/DPEE que orienta sobre a descrição de imagens na geração de
material digital acessível – Mecdaisy.
15
Disponível em: http://intervox.nce.ufrj.br/Mecdaisy/download.htm. Pode ser feito download do
tocador Mecdaisy para os sistemas Windows e Linux.
48
Figura 2: Interface inicial do tocador Mecdaisy. Tela com plano de fundo preta na parte superior.
Estão dispostos, da esquerda para a direita: cinco botões, duas caixas de seleção e seis botões que
possibilitam o acesso às funcionalidades do tocador. Ao centro da tela, o logotipo do projeto
Mecdaisy e em tamanho menor, os logotipos do MEC, UFRJ, Núcleo de computação eletrônica -
NCE/UFRJ e do DAISY.
Fonte: http://intervox.nece.ufrj.br
50
das CREs a partir de 2012, nos quais a Tecnologia Assistiva, com enfoque no
software Mecdaisy, aparece como conteúdo a ser explorado em alguns
planejamentos, o que, de certa forma, mesmo com as dificuldades apontadas,
sugere que estamos no caminho certo: em busca da tessitura de uma rede de
aprendizagem docente permanente na escola pública estadual do RS.
Por fim, cabe destacar que o investimento prioritário na Tecnologia Assistiva,
seja pelo software Mecdaisy ou qualquer outro recurso tecnológico, trata-se do meio
e não do fim em si mesmo, logo, o uso em si do recurso não constitui a meta
principal.
Acreditamos que a incorporação pedagógica da TA às atribuições do
professor do AEE e da classe comum implica igualmente na necessidade de que
sejam compreendidos efetivamente os princípios políticos, pedagógicos e éticos que
mobilizam a escola pública a partir da Educação Especial na perspectiva da
Educação Inclusiva, meta que só é possível estabelecendo a relação com a
formação continuada, de modo que entendamos o tripé sustentado pela Educação
Inclusiva, Tecnologia Assistiva e formação continuada docente como legítimo e
potencializador desse olhar às singularidades dos sujeitos com deficiência.
51
- Arquivar recibos junto ao Departamento de Logística e Suprimentos da SEDUC /
Almoxarifado Central dos equipamentos distribuídos, devidamente assinados pelos
responsáveis pelo recebimento das CREs;
- Promover cursos de formação aos professores das salas de recursos para o uso
do Livro Digital Falado no formato Daisy;
- As CREs podem formar parcerias com os Núcleos de Tecnologia Educacional
(NTEs), em conjunto com os professores das salas de recursos, para proporcionar
aos estudantes que ainda não dominam o uso do computador formação e
informação sobre esse equipamento:
- Disponibilizar o acesso aos softwares livres, tais como: Dosvox; NVDA e Mecdaisy;
Lente Pro60, entre outros. Auxiliar na instalação dos programas necessários no
laptop do estudante.
- Permitir a mobilidade dos laptops para outra escola estadual, de acordo com o
movimento das matrículas de estudantes com deficiência visual;
Escola:
- Realizar o Censo Escolar adequadamente, informando a condição dos estudantes;
- Zelar para que o equipamento seja de uso exclusivo do estudante; logo, é
expressamente proibida a utilização do mesmo para qualquer outra finalidade;
- No caso de estudantes com deficiência visual, dar preferência do uso dos laptops
para estudantes com matrícula no ensino médio e anos finais, porque já dominam a
leitura e escrita (Braille e tinta);
- Os professores da sala de recursos, em interação com os professores da classe
comum, devem entender e construir, com os estudantes, a importância do uso dessa
ferramenta no processo da aprendizagem. O laptop pode ser utilizado pelos
estudantes em diferentes momentos do processo escolar, ressaltando-se que o
processo da leitura e escrita é construído como os demais estudantes.
- Registrar ocorrência na Delegacia de Polícia em caso de roubo do equipamento,
bem como oficializar e encaminhar o ocorrido à Secretaria de Educação;
- Quanto à utilização do laptop fora das dependências da escola:
O laptop é um recurso pedagógico que auxilia o estudante a ter acesso ao
conhecimento. Nesse sentido, em casos de pesquisa, consultas e/ou trabalhos
específicos, o estudante possui o direito de ter acesso ao laptop na sua residência.
52
Para tanto, é necessário que a escola crie um Termo de Responsabilidade quanto
ao uso do equipamento na residência do estudante, contendo cláusulas definidas,
permitindo ao estudante utilizar o laptop quando necessário. O Termo deverá ter a
ciência e a assinatura do estudante e dos seus responsáveis.
Estudante/Família:
- Garantir a utilização do laptop para fins didático pedagógicos do estudante;
- Assegurar o cuidado com o uso do laptop pelo estudante, uma vez que o mesmo é
propriedade da escola;
- Ter ciência e assinar o Termo de Responsabilidade, para que a estudante possa
levar o laptop para casa, quando necessário;
- Preservar o equipamento nas dependências da Escola e na sua residência.
53
solidariedade, o conjunto de metas, ações e orientações contidas neste documento
orientador visa auxiliar as escolas na reflexão e efetivação de práticas pedagógicas
para o acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação
matriculados nas classes comuns do ensino regular. Visa promover a
operacionalização do AEE nas escolas de educação básica, a fim de favorecer o
processo de escolarização dos estudantes. Todavia, compreende-se que a
construção e a implementação de políticas dependem de um movimento articulado
entre os contextos da prática e da gestão, de modo que se possa, a partir das
macropolíticas, fomentar as micropolíticas em cada cotidiano escolar. As
micropolíticas, por sua vez, não dependem apenas das macropolíticas, mas do
protagonismo e da participação de toda a comunidade escolar.
Compreende-se que a Rede Pública Estadual de Ensino do RS vem
avançando na implementação das metas e estratégias em prol da Educação
Inclusiva, com apoio das assessorias locais, em suas CREs, e das equipes
pedagógicas das escolas. Reconhece-se que as necessidades de cada contexto são
bastante heterogêneas, e que, além das condições de acessibilidade física e da
ampliação dos recursos de apoio, por meio da abertura das salas de recursos
multifuncionais, faz-se necessário investir na formação pedagógica como cultura que
transforma e promove a reinvenção diária da política de Educação Inclusiva,
possibilitando a reorganização e a avaliação contínua das práticas pedagógicas que
norteiam a concepção de currículo escolar como instância formal e praticada.
Investir em ações de formação continuada permanentes e propulsionar que
cada contexto escolar também exerça seu protagonismo nesse aspecto, persiste
como meta necessária e emergente da ordem da macropolítica em Educação
Inclusiva no estado, a fim de que se possa identificar cada vez mais histórias e
percursos de escolarização de avanço escolar “real” e não de promoção baseada no
estigma da incapacidade. Reitera-se o posicionamento político divulgado
recentemente em meio virtual:
54
vivo no qual todos os envolvidos precisam atuar de forma colaborativa
perante os desafios cotidianos. (MÜLLER; HAAS, 2014, p. 01).
55
REFERÊNCIAS
56
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Programa de
Implantação de Sala de Recursos Multifuncionais. Manual de Orientação.
Brasília, 2010.
57
FADERS. Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos. Mapeamento da
Política Pública para as Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação no
Estado do Rio Grande do Sul. [Coordenadora da pesquisa e técnica da FADERS
Mara Regina N. da Costa]. Porto Alegre, RS, 2013.
58
______. Conselho Estadual de Educação. Parecer nº 441 de 10 de abril de 2002.
Parâmetros para a oferta da Educação Especial no Sistema Estadual de Ensino.
Porto Alegre, RS, 2002.
59