Resumo de Iesc Ii

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A territorialização, nos sistemas de saúde, surge em 1920, com o Relatório

Dawson, por solicitação do governo inglês, fruto do debate de mudanças no


sistema de proteção social depois da Primeira Guerra Mundial, devido à
necessidade de se implantar um sistema de redes no serviço público de saúde.

A territorialização é necessária tanto na implantação de uma nova equipe de saúde


da família quanto como ferramenta de estratégia rápida para reconhecimento,
identificação e responsabilização sanitária de uma determinada área, para, em
seguida, estabelecer um relacionamento horizontal e vertical com outros serviços
adjacentes.

A área de abrangência é uma área delimitada geograficamente que determina a


responsabilidade sanitária de uma equipe de saúde da família. No entanto, é um
espaço que vive em permanente construção, compreendendo sua dimensão
econômica, política, cultural e epidemiológica. No Brasil, a recomendação é que
cada médico de família e comunidade atenda em torno de 2.000 a 3.500 pessoas.

O território-microárea é uma unidade operacional de um Agente Comunitário de


Saúde (ACS), em que o objeto é a prática de vigilância à saúde e no qual residem,
no máximo, 750 habitantes. OBS: PNAB diz que áreas em vulnerabilidade devem
ter 100% de cobertura.

Assim, a ESF foi proposta como modelo de assistência com base na prevenção e
na promoção da saúde, com reestruturação dos serviços de saúde e de sua relação
com a comunidade (aumentando o vínculo com o indivíduo e com sua família) e
com atuação nos níveis de atenção primária, secundária e terciária com
consequente melhora da acessibilidade.

No processo de municipalização, podem ser identificados os seguintes territórios:

➢ Território-distrito: delimitação político-administrativa.


➢ Território-área: delimitação da área de abrangência de uma unidade
ambulatorial.
➢ Território-microárea: delimitada com a lógica da homogeneidade
socioeconômico-sanitária.
➢ Território-moradia: lugar de residência de uma família.
“um conjunto de práticas pedagógicas de caráter participativo e emancipatório, que
perpassa vários campos de atuação e tem como objetivo sensibilizar, conscientizar e
mobilizar para o enfrentamento de situações individuais e coletivas que interferem na
qualidade de vida”
Ela se estruturou, inicialmente, na década de 1960, no Brasil, a partir dos desafios
trazidos pela alfabetização de adultos das classes populares, mas hoje é aplicada em
todos os campos do agir humano.
Critica a educação bancária, que é verticalizada e considerada como um ato de
depositar, transferir valores e conhecimentos.
Ensino horizontal – o profissional de saúde dialoga com a população de um mesmo
plano, sem discrepâncias entre saberes mais ou menos acertados;
Papel fundamental da regionalização: havendo a separação em microáreas, é possível
identificar as características, tradições, cultura e hábitos de vida, ou seja, os
determinantes e condicionantes de saúde para a criação conjunta de um saber único,
vide união dos conhecimentos técnico-científicos aos populares regionais;
É contrária ao didatismo, ao autoritarismo na educação;
Prioriza uma educação libertadora, questionadora e reflexiva – opositora à mera
alienação -, focando não somente nos saberes inerentes de cada indivíduo – que não
são uma massa de carentes e ignorantes, como pressupunham as classes dominante -,
mas, sobretudo, em suas potencialidades de serem sempre mais. Essa perspectiva é
densamente expressa por Paulo Freire:
‘’[...] o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é
educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa.
Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os
“argumentos de autoridade” já não valem […]’’.
Revela como o modelo biomédico e hospitalocêntrico, com ênfase na cura, é menos
resolutivo, mais custoso e frustrante para os usuários;
É um instrumento para uma abordagem mais integral na assistência à saúde,
aumentando a resolutividade, diminuindo gastos por interferir no processo saúde-
doença a partir das ações de prevenção e promoção de saúde – devido à atuação em
um nível primário de atenção, pode-se evitar que uma patologia não evolua, podendo
não se desenvolver a depender de como o processo é executado;
Criam-se e fortalecem-se vínculos com a comunidade;
Fortalece o protagonismo social das pessoas envolvidas;
É um modo de estimular a participação popular, pois segundo as diretrizes da PNAB,
compete à atenção básica, por meio da ESF:
‘‘Estimular a participação dos usuários como forma de ampliar sua autonomia e
capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades
do território, no enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, na
organização e orientação dos serviços de saúde a partir de lógicas mais
centradas no usuário e no exercício do controle social.’’
A Política Nacional de Educação Popular em Saúde no Sistema Único de Saúde
(PNEPS-SUS) de 2013 propõe a valorização e a implementação – nos âmbitos
municipais, estaduais e nacionais do SUS – de práticas político-pedagógicas
orientadas por estes princípios: diálogo; amorosidade; problematização; construção
compartilhada do conhecimento; emancipação; e compromisso com a construção do
projeto democrático e popular.
O diálogo pedagógico é aprofundado pela estratégia de transformar a questão que está
sendo enfrentada em um problema a ser discutido e pesquisado com a participação de
todos.
Dá voz a grupo calados socialmente: subalternos, marginalizados, oprimidos e
empobrecidos com a criação de espaços de conversa franca e amorosa, valorizando
saberes como os vindos da intuição, da sensibilidade e da emoção que surgem na arte,
na vida espiritual, no envolvimento amoroso, na contemplação, nas brincadeiras, nas
festas e na agressividade guerreira.
O grande esforço a ser feito pelo educador é o de escuta e compreensão.
The Salutogenic Concept Sense of Coherence (SOC) – orientação para a vida. SOC é um
recurso/instrumento que orienta a promoção da saúde de um indivíduo, grupo ou
sociedade. Assim, a Salutogênese é um processo que capacita pessoas a viverem a vida
como elas querem viver, que promove a capacidade de superação, de se recuperar das
adversidades, estabelecendo como foco principal a promoção da saúde positiva. Essa
perspectiva se relaciona com a Carta de Ottawa, quando destaca que a saúde deve ser
utilizada como um recurso para a vida, e não como um objetivo de viver. Nesse sentido, a
saúde é um conceito positivo. Ao contrário do modelo biomédico, em que o foco principal
é a prevenção da saúde negativa, em que ser saudável é compreendido com ausência de
doença.
As circunstâncias na saúde das pessoas que se apresentam de forma mais ou
menos persistente e que exigem respostas sociais reativas ou proativas, eventuais
ou contínuas e fragmentadas ou integradas dos sistemas de atenção à saúde.
As condições agudas e as condições crônicas.
Essa tipologia está orientada, principalmente, por algumas variáveis-chave
contidas no conceito de condição de saúde: primeira, o tempo de duração da
condição de saúde, se breve ou longo; segunda, a forma de enfrentamento pelo
sistema de atenção à saúde, se episódica, reativa e feita sobre a queixa principal,
ou se contínua, proativa e realizada por meio de cuidados, mais ou menos
permanentes, contidos num plano de cuidado elaborado conjuntamente pela
equipe de saúde e pelas pessoas usuárias; e por fim, o modo como se estrutura o
sistema de atenção à saúde, se fragmentado ou integrado
As condições agudas, em geral, iniciam-se repentinamente; apresentam uma causa
simples e facilmente diagnosticada; são de curta duração; e respondem bem a
tratamentos específicos, como os tratamentos medicamentosos ou as cirurgias.
Existe, tanto para os médicos quanto para as pessoas usuárias, uma incerteza
relativamente pequena. O ciclo típico de uma condição aguda é sentir-se mal por
algum tempo, ser tratado e ficar melhor. A atenção às condições agudas depende
dos conhecimentos e experiências profissionais, fundamentalmente dos médicos,
para diagnosticar e prescrever o tratamento correto. Tome-se, como exemplo de
condição aguda, uma apendicite. Ela começa rapidamente, com queixas de náusea
e dor no abdomen. O diagnóstico, feito no exame médico, leva a uma cirurgia para
remoção do apêndice. Segue-se um período de convalescença e, depois, a pessoa
volta à vida normal com a saúde restabelecida. As condições crônicas,
especialmente as doenças crônicas, são diferentes. Elas se iniciam e evoluem
lentamente. Usualmente, apresentam múltiplas causas que variam no tempo,
incluindo hereditariedade, estilos de vida, exposição a fatores ambientais e a
fatores fisiológicos. Em geral, faltam padrões regulares ou previsíveis para as
condições crônicas. Ao contrário das condições agudas que, em geral, pode-se
esperar uma recuperação adequada, as condições crônicas levam a mais sintomas
e à perda de capacidade funcional. Cada sintoma pode levar a outros, num ciclo
vicioso dos sintomas: condição crônica leva a tensão muscular que leva a dor que
leva a estresse e ansiedade que leva a problemas emocionais que leva a depressão
que leva a fadiga que leva a condição crônica (LORIG et al., 2006).
Os principais fatores determinantes do aumento das condições crônicas são as
mudanças demográficas, as mudanças nos padrões de consumo e nos estilos de vida, a
urbanização acelerada e as estratégias mercadológicas. , destacam-se o tabagismo, o
consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o sexo inseguro, a inatividade física, o excesso
de peso, a alimentação inadequada e o estresse social.
As doenças crônicas determinam impactos fortes: apresentam grandes efeitos adversos
na qualidade de vida dos indivíduos, causam mortes prematuras e geram grandes
efeitos econômicos negativos para as famílias, as comunidades e os países.
De um lado, a pobreza favorece o aparecimento das doenças crônicas; de outro, as
condições crônicas aprofundam a pobreza.
A situação epidemiológica brasileira pode ser analisada por várias vertentes: a
mortalidade, a morbidade, os fatores de risco e a carga das doenças.
Concluindo, pode-se afirmar que, a partir das informações analisadas, o mundo e o
Brasil apresentam um processo de envelhecimento de sua população e uma situação de
transição das condições de saúde, caracterizada pela queda relativa das condições
agudas e pelo aumento das condições crônicas. Ou seja, manifesta-se, universalmente,
o fenômeno da transição epidemiológica.
Nesse sentido, os sistemas de saúde predominantes em todo o mundo estão falhando,
pois não estão conseguindo acompanhar a tendência de declínio dos problemas agudos
e de ascensão das condições crônicas.

os sistemas fragmentados tendem a se voltar para a atenção principal às condições e


aos eventos agudos, enquanto os sistemas integrados tendem a atuar,
equilibradamente, sobre as condições agudas e crônicas.
Sistemas fragmentados:
Não prestam atenção continuada (pontos de atenção à saúde, isolados e incomunicados
uns dos outro)
Os níveis assistenciais não se comunicam
Níveis organizados de forma hierárquica em graus de complexidade equivocadamente;
Supervalorização de níveis mais complexos em detrimento dos de menor complexidade;
Banalização da APS
As mudanças no sistema de atenção à saúde deverão fazer-se nas seguintes direções:
voltar o sistema para a atenção às condições crônicas, fazer uso intensivo da tecnologia
da informação, eliminar os registros clínicos feitos à mão, promover a educação
permanente dos profissionais de saúde, coordenar a atenção ao longo da rede de
atenção, incentivar o trabalho multidisciplinar e monitorar os processos e os resultados
do sistema
O trabalho precursor foi o clássico Relatório Dawson, cujos pontos essenciais foram: a
integração da medicina preventiva e curativa, o papel central do médico generalista, a
porta de entrada na APS, a atenção secundária prestada em unidades ambulatoriais e a
atenção terciária nos hospitais

Processo utilizado para coletar, gerenciar, analisar, interpretar e relatar informações.


Processo contínuo e sistematizado para a coleta e análise de dados sobre as ocorrências de
doenças, como também para a identificação de fatores de risco, o planejamento das ações
para a promoção da saúde, a prevenção das doenças, o controle de riscos e a proteção da
saúde da população.
Vigilância se ocupa em identificar os riscos e implementar as ações para eliminá-los ou
reduzi-los ao máximo;
A notificação de doenças e agravos é definida como a comunicação da sua ocorrência à
autoridade sanitária, feita por profissionais de saúde ou qualquer cidadão para a realização
de medidas de intervenção necessárias
A notificação compulsória é a principal fonte de dados dos sistemas de informação da
vigilância epidemiológica. No Brasil, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN) é alimentado pela ficha de investigação, sendo registrados os dados do agravo
individual ou de surtos. As notificações devem ser realizadas em todo o território nacional,
estabelecimentos de saúde públicos e privados, quando há ocorrência de doenças ou
agravos previstos na listagem nacional, que é atualizada periodicamente pelo Ministério da
Saúde.
OBJETIVOS:
➢ Gestão da vigilância em saúde;
➢ Informação, educação e comunicação;
➢ Alerta e resposta a surtos e eventos;
➢ Notificação de eventos;
➢ Investigação de eventos;
➢ Busca ativa;
➢ Interrupção na cadeia de transmissão;
➢ Controle de vetores, reservatórios e hospedeiros;
➢ Diagnóstico laboratorial de eventos de interesse em saúde pública;
➢ Vacinação.
Tipos de Vigilância:
➢ Vigilância Epidemiológica;
➢ Vigilância ambiental;
➢ Vigilância sanitária;
➢ Vigilância do trabalho/saúde do trabalhador.
A seleção das doenças de notificação compul-sória, que constam na lista nacional, segue
cinco critérios:

1. Magnitude: incidência ou prevalência das doenças (p. ex., dengue).

2. Potencial de disseminação: poder de transmissão do agente causador da doença (p.


ex., meningite meningocócica).
3. Transcendência: taxa de letalidade, relevância social e econômica (p. ex., raiva
humana).
4. Vulnerabilidade: instrumentos de prevenção e controle (p. ex., sín-drome da rubéola
congênita).
5. Compromissos internacionais: acordo internacional da Organização Mundial da Saúde
para controle, eliminação e erradicação (p. ex., febre amarela).
BIBLIOGRAFIA:
Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática
Gustavo Gusso; José Mauro Ceratt

Vigilância em saúde. Aline Do Amaral Zils Costa; Camila Braga De Oliveira Higa
Educação em saúde e suas perspectivas teóricas: algumas reflexões. Maria Aparecida Salci
As redes de atenção à saúde. Eugênio Vilaça Mendes

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