Padrão de Resposta - Simulado 01 - Correção em Vídeo
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Enunciado
Carlos, funcionário da empresa XYZ Ltda., com sede em Niterói/RJ, sempre buscou se destacar nas suas atribuições,
desempenhando seu trabalho de modo a contribuir com o crescimento da empresa. Sempre teve bom
relacionamento com a direção e os colegas do setor onde trabalhava, destacando-se pela sua proatividade e
habilidade de realizar bons negócios, mas tinha uma relação mais distante com Wilson, gerente do seu setor, situação
que se acentuou quando este tomou conhecimento de que Carlos estava sendo cotado para ocupar um cargo na
diretoria da empresa.
Em face disso, no dia 05 de março de 2020, durante reunião do comitê da empresa, Wilson, com a intenção macular
a imagem de Carlos, afirmou que este, na semana anterior, precisamente no dia 28 de fevereiro de 2020, teria
empurrado uma colega de trabalho, praticando a contravenção de vias de fato. Além disso, nessa mesma reunião,
perante Pedro, João e Maria, integrantes do comitê da empresa, afirmou que Carlos era incompetente e preguiçoso.
No mesmo dia, Maria contou a Carlos o teor das declarações de Wilson, ressaltando que foram proferidas na
presença de todos os integrantes da reunião de Comitê. Carlos, extremamente irritado e envergonhado, ficou sem
reação, não conseguindo disfarçar o constrangimento. Passados alguns dias da data dos fatos, Carlos procurou seu
escritório de advocacia e narrou a conduta de Wilson que o deixou envergonhado, pedindo providências na seara
criminal. Você, na qualidade de advogado(a) de Carlos, deve assisti-lo. Informa-se que a cidade de Niterói, no Estado
do Rio de Janeiro, possui Varas Criminais e Juizados Especiais Criminais.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija
a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes, datando-a, ainda, no último dia do prazo.
(Valor: 5,00)
Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão.
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
O examinando deve redigir a peça Queixa-Crime (ação penal de iniciativa privada, exclusiva ou propriamente
dita), com fundamento no Art. 41 do CPP E/OU no Art. 100, § 2º, do CP, c/c o Art. 30 do CPP, dirigida ao Juizado Especial
Criminal de Niterói/RJ.
Deveria o examinando apontar que a peça é tempestiva, pois apresentada dentro do prazo de 06 meses,
previsto nos artigos 38 do Código de Processo Penal e artigo 103 do Código Penal.
Os crimes contra a honra narrados no enunciado são de menor potencial ofensivo (Art. 61 da Lei nº 9.099/95).
Não obstante a incidência de causa especial de aumento de pena e do concurso formal imperfeito, a pena máxima não
ultrapassa o patamar de 2 anos. Isso porque a pena máxima do crime de difamação (Art. 139 do CP) é de 01 ano, e com
o acréscimo de 1/3, em relação à causa de aumento de pena do Art. 141, inciso III, do CP, resultará em 01 ano e 04
meses. O crime de injúria (Art. 140 do CP) prevê pena máxima de 06 meses, com o acréscimo de 1/3, em relação à causa
de aumento de pena do Art. 141, inciso III, do CP, ficará em 08 meses. Como se trata de concurso formal imperfeito (Art.
70, segunda parte, do CP), as penas devem ser somadas (01 ano e 04 meses + 08 meses = 24 meses = 02 anos).
A queixa-crime, como petição inicial da ação penal privada, deve conter os requisitos do Art. 41 do CPP. A
queixa-crime será proposta pelo ofendido (querelante), patrocinado por advogado(a), sendo exigida para esse ato
processual capacidade postulatória, de tal sorte que da procuração devem constar poderes especiais (Art. 44 do CPP).
O prazo para oferecimento da queixa-crime é de 6 meses, contados do dia em que a vítima veio a saber quem
é o autor do crime, conforme previsto no artigo 103 do CP e artigo 38 do CPP. Dessa forma, considerando que a vítima
tomou ciência da autoria do fato no dia 05 de março de 2020, bem como que a queixa-crime deveria ser oferecida no
último dia do prazo, a peça deveria ser datada no dia 04/09/2020.
O examinando, deveria, assim, redigir a queixa-crime de acordo com o Art. 41 do CPP, observando,
necessariamente, os requisitos ali estabelecidos, a saber: “a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime
e, quando necessário, o rol das testemunhas”. Quanto à qualificação, deveria o examinando propor a Queixa-Crime
contra o querelado Wilson.
Em relação à estrutura, deveria o examinando, ainda, apresentar relato dos fatos descritos no enunciado, com
exposição dos fatos criminosos (difamação, por afirmar que o querelante teria, durante uma discussão, empurrado uma
colega, praticando a contravenção de vias de fato), e injúria (porque afirmou que Carlos era incompetente e preguiçoso).
Ressalta-se que nos dois casos não há que se falar em crime de calúnia, pois, nos termos do Art. 138 do CP, o agente
deveria imputar falsamente fato definido como crime, e Wilson imputou fato definido como a contravenção prevista no
Art. 21 do Dec-Lei 3.688/41, além de ter ofendido a dignidade do ofendido, sem imputar FATO definido como crime.
Além disso, deveria o candidato mencionar a causa de aumento de pena por ter sido a difamação e a injúria
proferida na presença de várias pessoas, bem como a tipificação dos delitos, praticados em concurso formal imperfeito
(Arts. 139 e 140, ambos combinados com o Art. 141, inciso III, na forma do Art. 70, segunda parte, todos do CP). Além
disso, também é observado na estrutura da peça o respeito às formalidades técnico-jurídicas pertinentes, tais como:
existência de endereçamento, divisão das partes, aposição de local, data advogado, OAB, dentre outros.
Acerca da ocorrência de concurso formal imperfeito, cumpre destacar que o enunciado da questão, de modo
expresso, indicou que Wilson afirmou que Carlos teria, durante uma discussão, empurrado uma colega, praticando a
contravenção de vias de fato, e, no mesmo contexto fático, com desígnios autônomos, chamou-o de incompetente e
preguiçoso.
Ao final, o examinando deveria formular os seguintes pedidos:
a) a designação de audiência preliminar ou de conciliação, nos termos do artigo 72 da Lei 9.099/95;
b) o recebimento da queixa-crime;
c) a citação do querelado;
d) a procedência do pedido, com a consequente condenação do querelado nas penas dos Arts. 139 e 140,
ambos do Código Penal c/c o Art. 141, inciso III, na forma do Art. 70, segunda parte, todos do Código Penal;
e) a produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente a prova testemunhal, com designação
de audiência para a oitiva das testemunhas arroladas.
f) a fixação do valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, inciso IV do Código de Processo Penal.
Deveria, ainda, apresentar o rol de testemunhas, indicando expressamente os nomes das testemunhas
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
1. Endereçamento 0
Endereçamento correto: Juizado Especial Criminal da Comarca de Niterói/RJ (0,10) 0/0,10
2. Indicação Correta do dispositivo legal que embasa a queixa-crime
Art. 41 e 44 do CPP OU Art. 100, §2º, do CP OU o Art. 30, do CPP OU Art. 145 do CP (0,10). 0/0,10
3. Qualificação do querelante e do querelado
Indicação da qualificação do querelante (0,10) e do querelado (0,10) 0/0,10/0,20
4. Procuração com poderes especiais
Existência de Procuração com poderes especiais (0,10) de acordo com o artigo 44 do CPP
em anexo (0,10) OU menção acerca de sua existência no corpo da qualificação (0,20) 0/0,10/0,20
5. Tempestividade
Prazo de 6 meses, na forma do artigo 38 do CPP OU artigo 103 do CP (0,10) 0/0,10
6. Exposição dos fatos criminosos
Descrição do delito de difamação (0,50) e sua classificação típica (Art. 139 do CP) (0,10) 0/0,10/0,50/0,60
7. Exposição dos fatos criminosos
Descrição do delito de injúria (0,50) e sua classificação típica (Art. 140 do CP) (0,10) 0/0,10/0,50/0,60
8. Causa de aumento
Incidência da causa de aumento de pena por estar na presença de várias pessoas (0,20), nos
0/0,10/0,20/0,30
termos do Art. 141, inciso III, do CP (0,10)
9. Concurso formal imperfeito
Incidência do concurso formal imperfeito (0,20), previsto no Art. 70, segunda parte, do CP
0/0,10/0,20/0,30
(0,10).
10. Dos Pedidos
a) Designação de audiência preliminar ou de conciliação (0,20) 0/0,20
b) recebimento da queixa-crime (0,20) 0/0,20
c) a citação do querelado (0,20); 0/0,20
d) A condenação do querelado (0,50) pelo crime de difamação (Art. 139 do CP) (0,10) e pelo 0/0,10/0,20/
crime de injúria (Art. 140 do CP) (0,10), com a causa de aumento de pena (Art. 141, inciso 0,30/0,40/0,50/
III, do CP) (0,10) em concurso formal imperfeito de delitos (Art. 70, segunda parte, do CP) 0,60/0,70/0,80/
(0,10) 0,90
e) a produção de todas as provas admitidas de direitos, especialmente oitiva das
0/0,20
testemunhas arroladas (0,20);
f) a fixação de valor mínimo de indenização (0,20), nos termos do Art. 387, inciso IV, do CPP
0/0,10/0,20/0,30
(0,10)
I) DA TEMPESTIVIDADE
A presente queixa-crime é tempestiva, pois oferecida
dentro do prazo de 6 meses, previsto nos artigos 38 do Código de Processo
Penal e artigo 103 do Código Penal.
III) DO DIREITO
Ao afirmar, na presença de várias pessoas, que o
querelante teria, durante uma discussão, empurrando uma colega, praticando
a contravenção de vias de fato, o querelado praticou o crime de difamação,
previsto no artigo 139 c/c 141, inciso III, ambos do Código Penal.
Ao afirmar, na presença de várias pessoas, que o
querelante era preguiçoso e incompetente, com a intenção de macular sua
honra, o querelado praticou o crime de injúria, previsto no artigo 140, c/c 141,
inciso III, ambos do Código Penal.
O querelado praticou os crimes de difamação e injúria em
concurso formal imperfeito de crimes, nos termos do artigo 70, segunda parte,
do Código Penal, já que com uma ação praticou dois crimes com desígnios
autônomos, no mesmo contexto fático.
Ao cometer os crimes de difamação e injúria na presença
de várias pessoas, o querelado incorreu, para cada um dos delitos, na causa
de aumento de pena, prevista no artigo 141, inciso III do Código Penal.
ROL DE TESTEMUNHAS:
1) Pedro;
2) João;
3) Maria.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Enunciado
Ricardo, conhecido investidor de imóveis, alugou uma casa para Pedro. Quando a inadimplência do locatário já somava
quatro meses, Ricardo procurou Pedro e solicitou que ele pagasse pelo menos dois meses, relatando a importância
dos aluguéis para sua subsistência. Na ocasião, Pedro solicitou mais uma semana para saldar seu débito, no que foi
atendido. Entretanto, o prazo se esgotou sem que ele efetivasse o pagamento. No dia 05 de março de 2022, indignado
com a inadimplência do locatário, Ricardo ingressou na residência e se apossou do celular de Pedro, objetivando
compensar seu prejuízo. Pedro, revoltado com a atitude de Ricardo, registra ocorrência policial. Concluído o respectivo
inquérito policial e com os autos em mãos, o Ministério Público, no dia 20 de outubro de 2022, ofereceu denúncia
contra Ricardo, imputando-lhe o crime de exercício arbitrário das próprias razões, nos termos do artigo 345 do Código
Penal. Diante do fato narrado, na condição de advogado(a) de Ricardo, esclareça os seguintes questionamentos
formulados pela família do réu.
A) Qual o argumento de direito processual pode ser apresentado para questionar a denúncia oferecida pelo
Ministério Público? (Valor: 0,60)
B) Qual argumento de direito material pode ser apresentado para evitar eventual punição de Ricardo? (Valor: 0,65)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) O argumento de direito processual a ser arguido seria no sentido de que Ministério Público não é parte legítima
para figurar no polo ativo de processo criminal pelo delito de exercício arbitrário das próprias razões, pois não houve
emprego de violência, sendo, portanto, de ação penal privada. Logo, a denúncia deveria ser rejeitada, nos termos do
artigo 395, II, do CPP OU ser declarada a nulidade do recebimento da denúncia, nos termos do artigo 564, II, do CPP.
B) O argumento de direito material a ser arguido seria a extinção da punibilidade, pela decadência do direito de queixa,
já que se passaram mais de 6 meses desde a ciência da autoria do fato, nos termos do artigo 38 do CPP ou art. 103 do
CP. O fato e a ciência da autoria do fato ocorreram no dia 05 de março de 2022, e, pelo menos até 20 de outubro de
2022, não havia sido oferecida a respectiva queixa-crime. Logo, operou-se a decadência do direito de queixa, devendo
ser declarada extinta a punibilidade do réu, nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP.
ITEM PONTUAÇÃO
A) O Ministério Público não é parte legítima para figurar no polo ativo de processo criminal
pelo delito de exercício arbitrário das próprias razões (0,25), pois se trata de crime de ação 0/0,10/0,15/0,20/
0,25/0,30/0,35/
penal privada (0,15), devendo ser rejeitada a denúncia (0,10), nos termos do artigo 395, II,
0,40/0,45/0,50/
do CPP (0,10) OU ser declarada a nulidade do recebimento da denúncia (0,10), nos termos
0,55/0,60
do artigo 564, II, do CPP (0,10).
B) O argumento de direito material a ser arguido seria a extinção da punibilidade (0,25),
0/0,10/0,15/0,20/
pela decadência do direito de queixa (0,15), já que se passaram mais de 6 meses desde a
0,25/0,30/0,35/0,40/
ciência da autoria do fato (0,15), nos termos do artigo 38 do CPP ou art. 103 do CP ou art.
0,45/0,50/0,55/0,65
107, IV, do CP (0,10).
Enunciado
Wilson, inconformado com a participação de Pedro, sócio-proprietário da empresa onde trabalhava, na sua
demissão, decide praticar um crime de roubo na residência do ex-empregador, contando seu intento a Mário, colega
de trabalho. Para isso, compra cordas e elásticos, que utilizaria para amarrar as mãos das vítimas, além de um
simulacro de arma de fogo. Momentos antes da prática delitiva, quando Wilson se preparava para sair de casa, Pedro
liga e demonstra interesse em rever sua decisão em demiti-lo, o que faz com que Wilson decida não mais ir até a
casa do empresário, mas sim a um bar comemorar a notícia. Todavia, Mário, discordando da postura do colega, já
teria comunicado o fato à autoridade policial, que instaurou o respectivo inquérito. Após a conclusão do inquérito
policial, o Ministério Público oferece denúncia, imputando a Wilson a prática do crime de roubo tentado, nos termos
do artigo 157, “caput”, c/c 14, II, ambos do Código Penal. O Magistrado recebeu a denúncia e determinou a citação
do réu. Em busca do cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça comparece à residência de Wilson e
verifica que o imóvel se encontrava trancado. Apenas em razão desse único comparecimento no dia 26/02/2018,
certifica que o réu estava se ocultando para não ser citado e realiza, no dia seguinte, citação por hora certa, juntando
o resultado do mandado de citação e intimação para defesa aos autos no mesmo dia. Diante do fato hipotético, em
sede de resposta à acusação, na condição de advogado(a) de Wilson, responda aos itens a seguir.
A) Qual argumento de direito processual poderá ser apresentada pela defesa, para questionar o ato citatório?
Justifique. (Valor: 0,60)
B) Em busca da absolvição sumária de Wilson pelo delito imputado, qual o argumento de direito material a ser
apresentado? Justifique. (Valor: 0,65)
Gabarito comentado
A) O argumento de direito processual seria no sentido de requerer o reconhecimento da nulidade do ato de citação.
O Código de Processo Penal, em seu Art. 362, prevê a chamada “citação por hora certa”, que será admitida na
hipótese de o réu estar se ocultando para não ser citado, devendo tal informação ser devidamente certificada por
oficial de justiça. Ocorre que, no caso, não seria possível a citação por hora certa, já que não havia nenhum indício
concreto de que o acusado estaria se ocultando para não ser citado. Simplesmente a residência de Wilson
encontrava-se fechada, sendo prematura a conclusão do oficial de justiça apenas com base em um único
comparecimento na residência daquele que pretendia citar.
B) O argumento de direito material seria no sentido de que o réu deveria ser absolvido sumariamente, nos termos
do artigo 397, III, do CPP, pois o fato narrado não constitui crime. Isso porque não foi iniciada a execução do crime
imputado na denúncia, havendo meros atos preparatórios, que, em regra, são impuníveis. A compra de cordas e
elásticos, que utilizaria para amarrar as mãos das vítimas, além de um simulacro de arma de fogo configuram atos
preparatórios e não início de execução. Diante disso, não há tentativa de roubo, já que não havia sido iniciada a
execução do delito, devendo o agente ser absolvido, porque sua conduta não configura crime.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
A) Reconhecimento da nulidade do ato de citação (0,20), nos termos do art. 564, inciso III, “e”,
do CPP (0,10). Wilson não estava se ocultando para ser citado e o oficial de justiça somente 0/0,10/0,20/
compareceu em uma oportunidade (0,20), não preenchendo os requisitos do Art. 362 do CPP 0,40/0,50/0,60
(0,10).
B) O argumento de direito material seria no sentido de que não foram iniciados atos 0/0,10/0,15/0,20
executórios do crime de roubo (0,30), sendo certo que os atos preparatórios são impuníveis 0,25/0,30/0,35/
(0,15) OU não constituem crime (0,15), devendo o réu ser absolvido sumariamente (0,10), nos 0,40/0,45/0,50/
termos do artigo 397, III, do CPP (0,10). 0,55/0,65
Enunciado
João Alves, viúvo da primeira esposa, resolve casar-se novamente, o que gerou a indignação de Lourdes e Ronaldo,
seus dois filhos, sobretudo porque a nova companheira era muito mais jovem do que o pai. Inconformados com a
decisão do pai, e revoltados com o fato de ter mais uma pessoa na linha sucessória, Lourdes e Ronaldo proferem uma
série de ofensas contra o pai, chamando-o de “imbecil” e “idiota”. Após o casamento, João Alves, incentivado pela
nova esposa, resolve, dentro do prazo decadencial, oferecer queixa-crime contra os dois filhos. Depois de alguns meses
de tramitação da ação penal, Lourdes resolve conversar com o pai, que decidiu perdoar a filha, mas prosseguir a ação
contra Ronaldo. Diante dessa nova situação, o advogado de Ronaldo elabora requerimento, postulando ao Magistrado
a declaração da extinção da punibilidade do seu cliente, sendo o pedido indeferido, sob o argumento de que não há
qualquer causa extintiva da punibilidade presente ao caso, já que o perdão foi concedido somente à Lourdes.
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Ronaldo, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível contra a decisão do Magistrado que indeferiu o pedido de extinção da punibilidade?
(Valor: 0,60)
B) Qual argumento de direito material poderá ser apresentado para combater a decisão do Magistrado? Justifique.
(Valor: 0,65)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) O recurso cabível seria o recurso em sentido estrito, com base no artigo 581, IX, do CPP.
B) O argumento a ser formulado pela defesa é o de que o perdão do ofendido oferecido a um dos querelados a todos
aproveita (Art. 51 do CPP), gerando a extinção da punibilidade dos coautores, caso seja aceito (Art. 107, V, do CP). Ao
conceder perdão para Lourdes, necessariamente esse perdão deve ser estendido para Ronaldo, de modo que, com
sua aceitação, haverá extinção da sua punibilidade.
ITEM PONTUAÇÃO
A) O recurso cabível seria o recurso em sentido estrito (0,50), com base no artigo 581, IX, do
0/0,10/0,50/0,60
CPP (0,10).
B) O argumento a ser apresentado é de que o perdão do ofendido concedido a um dos
querelados a todos aproveita, desde que aceito (0,55), na forma do Art. 51, do CPP OU do Art. 0/0,10/0,55/0,65
106, I, do CP (0,10)
Enunciado
Wilson, que contava com 25 anos de idade à época dos fatos, no dia 03 de março de 2020, resolveu se dirigir a um
restaurante conhecido da cidade e, fingindo ser manobrista, recebe do proprietário a respectiva chave e, em
seguida, desaparece com o carro, sendo o fato registrado pelo lesado na delegacia da área. No dia seguinte, o fato
é descoberto e o carro recuperado, não sofrendo a vítima, que contava com 50 anos de idade, qualquer prejuízo
patrimonial, razão pela qual afirmou não ter mais interesse em relação a qualquer procedimento criminal. Não
obstante, a autoridade policial concluiu o inquérito policial. O Ministério Público, após analisar os elementos
informativos que constam no inquérito policial, ofereceu denúncia contra Wilson, imputando-lhe a prática do crime
de estelionato, previsto no Art. 171, “caput”, do CP. Recebida a denúncia, Wilson foi citado no dia 21 de setembro
de 2020 (segunda-feira). Apavorado, Wilson procurou você para, na condição de advogado(a), assumir a causa.
Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de Wilson, aos itens a seguir.
A) Qual peça a ser apresentada em favor de Wilson, e qual o último dia do prazo? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento poderá ser apresentado em busca da absolvição de Wilson? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
Gabarito comentado
A) O candidato deveria afirmar que a peça cabível seria Resposta à Acusação, com base nos Arts. 396 e 396-A,
ambos do CPP. E o último dia para apresentar a Resposta à Acusação seria o dia 01/10/2020, quinta-feira.
B) O candidato deveria afirmar que existe tese de direito material a ser apresentada em favor de Wilson. A partir da
Lei 13.964/2019, que introduziu o § 5º no Art.171 do CP, o crime de estelionato passou a ser, via de regra, crime de
ação penal pública condicionada à representação. Ou seja, para oferecimento da denúncia seria necessária a
representação do ofendido, dentro do prazo de 06 meses a contar da ciência da autoria do fato. Como, no caso, a
vítima manifestou desinteresse em relação a qualquer procedimento criminal, bem como escoado o prazo de 06
meses para representar, operou-se a decadência do direito de representação, devendo ser extinta a punibilidade do
réu, nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP. Logo, deverá o réu ser absolvido sumariamente, com base no Art. 397,
inciso IV, do CPP.
ITEM PONTUAÇÃO
A) A peça cabível seria Resposta à Acusação (0,30), com base nos Arts. 396 e 396-A, ambos do 0/0,10/0,25/
CPP (0,10). O último dia para apresentar a Resposta à Acusação seria o dia 01/10/2020 (0,25). 0,30/0,35/0,40/
0,55/0,65
B) O crime de estelionato é de ação penal pública condicionada à representação (0,10), nos
termos do Art. 171, § 5º, do CP (0,10). Operou-se a decadência do direito de representação 0/0,10/0,20/0,30/
(0,10), devendo ser extinta a punibilidade do réu, nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP (0,10). 0,40/0,50/0,60
Logo, deverá o réu ser absolvido sumariamente (0,10), com base no Art. 397, inciso IV, do CPP
(0,10).