Ética Moderna

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ÉTICA MODERNA

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a


participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua for-
mação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário
ÉTICA MODERNA ............................................................................................. 1

NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4

ÉTICA ................................................................................................................. 6

A ÉTICA DA GRÉCIA ANTIGA A MODERNIDADE ......................................... 12

DA APLICABILIDADE DA ÉTICA NO DIREITO ............................................... 15

O ATO ÉTICO .................................................................................................. 17

REVOLUÇÕES ÉTICAS .................................................................................. 19

A CRISE ÉTICA NA MODERNIDADE .............................................................. 21

SONHOS ÉTICOS ........................................................................................... 23

ÉTICA MODERNA DEONTOLÓGICA E CONSEQUENTALISTA .................... 25

CONCLUSÃO................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 34

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INTRODUÇÃO

O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pes-
soa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta
humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcio-
namento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a
ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o
sentimento de justiça social.
A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos
e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os
valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos.
A ética faz parte da filosofia responsável por investigar os princípios que
motivam, disciplinam, distorcem ou orientam o comportamento do homem, refle-
tindo sobre a sua essência, valores, as normas, preceitos e exortações presen-
tes em qualquer meio social. Na história humana, a reflexão sobre a ética sempre
esteve presente em todas as sociedades, mesmo que de forma desorganizada
e não racionalizada.
Esse saber ético, inicialmente tradicional, foi o responsável pelos funda-
mentos da ética filosófica. Ela estendeu sua reflexão axiológica ao se direcionar
as ciências particulares e técnicas, que hoje são fundamentais para conceder
um melhor convívio entre grupos sociais. A ética se faz importante por guiar o
pensar e o agir do homem em todos os tempos.
Além de expressar as vontades e problemas de cada época, expressa
também as formas de organização política, social e religiosa de uma comuni-
dade. Com isso, o estudo da ética, fundamentado na filosofia, proporciona o co-
nhecimento sobre o ser humano, como ser de ação, racional e social. A Ética
filosófica sempre procurou orientar e encontrar soluções para os problemas bá-
sicos das relações entre os homens.

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Desde a Grécia Antiga à Contemporaneidade a ética também esta intima-
mente ligada ao Direito. Ao contrário da ciência do Direito a ética não estabelece
regras, todavia ela busca justificativas para as regras pertencentes ao âmbito
jurídico. O Direito tem por objetivo promover a justiça, para tanto é necessário
que haja um mínimo ético a ser cumprido para a segurança das relações sociais
e profissionais.

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ÉTICA

A ética ou filosofia moral é uma área de conhecimento que tem como ob-
jeto de investigação as ações humanas e seus princípios orientadores.
Toda cultura e toda sociedade estabelece-se baseada em valores defini-
dos a partir de uma interpretação do que é o bem e o mal, o certo e o errado.
Essas interpretações são fundamentadas em valores morais socialmente
construídos e cabe à ética, se dedicar ao estudo desses valores.
O termo “ética” tem sua origem na Grécia antiga, na palavra ethos, e pos-
sui um duplo significado que influenciou o sentido de ética. Por um lado, ethos
(grafado com a letra grega eta) significa os costumes, os hábitos, ou o lugar em
que se habita. De outro, o ethos (com epsilon) representa o caráter, o tempera-
mento e a índole dos indivíduos.
Assim, a ética é o estudo dos princípios das ações, representado nos cos-
tumes e hábitos sociais e no caráter individual e coletivo.

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Hoje, muitos debates éticos centram-se sobre as questões relativas às
ações em um contexto profissional, um ramo da ética do trabalho chamado de
deontologia (ou ética deontológica).
De que maneira a ética influencia na vida dos seres humanos?
Todo o comportamento humano é orientado por um conjunto de julgamen-
tos (juízos) que determinam sua interpretação da realidade e o valor das ações.
Assim, os seres humanos são capazes de agir e, principalmente, avaliar
essas ações de acordo com um conjunto de valores construídos culturalmente,
que determinam, em suma, o que é certo e o que é errado.
Desse modo, a ética é responsável pela construção de uma ferramenta
de conhecimento para compreender esses conjuntos de valores.
Enfim, o juízo de valores, base da moralidade, é desenvolvido soci-
almente e atua diretamente no cotidiano.

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A moral como um conjunto de regras que determinam o comportamento
humano em um determinado período histórico e a ética como a revisão dessas
bases morais e uma projeção do que se pretende alcançar.

Existe diferença entre ética e moral?

Apesar de não ser um consenso entre os autores, em geral, faz-se uma


distinção relacionando a ética aos princípios e a moral à prática. Por isso, a ética
pode ser compreendida também como filosofia moral.
Assim, a moral é o conjunto de regras que se baseia em valores culturais
e históricos de cada sociedade, por meio da prática ou de aspectos de condutas
humanas específicas. Enquanto a ética é universal, a moral tende a ser particu-
lar, inscrita em uma cultura.
Ambos conceitos não devem ser confundidos. A moral está balizada na
subordinação aos costumes, regras e hábitos determinados por cada sociedade;
a ética, por sua vez, busca fundamentar tais preceitos, que podem validar ou
contestar os valores morais.

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Por exemplo, durante a maior parte da história da humanidade, a escravi-
dão foi uma prática moralmente justificável. Entretanto, o avanço das questões
éticas (antes da moral) questionaram esse costume e influenciaram os primeiros
pensadores que foram contra a posse de um ser humano por outro.
Atualmente, a escravidão fere os preceitos morais vigentes e as políticas
de defesa dos direitos humanos que orientam o Estado.

Três pensadores fundamentais para entender a ética

Desde a Antiguidade, os filósofos, estudiosos e pensadores tentam com-


preender e analisar os princípios e os valores de uma sociedade e como eles
ocorrem na prática.
Podemos citar vários pensadores, que em distintas épocas refletiram so-
bre a ética. Os pré-socráticos, os sofistas, Platão, Sócrates, os Estóicos, os pen-
sadores Cristãos, Spinoza, Nietzsche, dentre outros dedicaram-se vivamente ao
tema.
Destes pensadores, destacamos Aristóteles, Maquiavel e Kant, por cada
uma representar um momento de virada em relação à produção do tema.

1. Aristóteles

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Com a passagem da filosofia naturalista do período pré-socrático para a
filosofia antropológica marcada por Sócrates, o conhecimento volta-se para a
compreensão das relações humanas.
Assim, Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) traz avanços para o desenvolvi-
mento da ética como uma área própria do conhecimento.
O filósofo buscou investigar sobre os princípios que orientam as ações e
o que seria uma vida virtuosa.
Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles escreve sobre sua compreen-
são acerca da virtude e da finalidade da vida, a felicidade.
Aristóteles compreende que a ética pode ser ensinada e exercitada e dela
depende a construção de um caminho que conduza ao bem maior, identificado
como a felicidade.
Para isso, as ações devem estar fundamentada na maior das virtudes e
base para todas as outras, a prudência.

2. Maquiavel

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Nicolau Maquiavel (1469-1527), em sua obra O Príncipe, foi responsável
pela dissociação da ética dos indivíduos da ética do Estado.
Para Maquiavel, o estado é organizado e opera a partir de uma lógica
própria. Assim, o autor cria uma distinção entre a virtude moral e a virtude polí-
tica.
Esse pensamento representou uma mudança bastante relevante em rela-
ção à tradição da Idade Média, fortemente baseada na moral cristã, associando
o governo a uma determinação divina.

3. Kant

Immanuel Kant buscou elaborar um modelo ético em que a razão é o fun-


damento primordial. Com isso, o autor contrariou a tradição que compreendia a
religião e a figura de Deus, como o princípio supremo da moralidade.
Kant, em seu livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes, afirma
que os exemplos servem apenas como estímulo, assim, não se pode criar mo-
delos éticos fundamentados na classificação de alguns comportamentos dese-
jados ou que devem ser evitados.

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Para o filósofo, a razão é responsável por governar a vontade e orientar
as ações, sem ferir a ideia de liberdade e autonomia, própria dos seres humanos.
Kant encontra na autonomia e na razão, a fonte do dever e um princípio
ético fundamental, capaz de compreender e formular regras para si mesmo.
O imperativo categórico proposto por Kant é a síntese da operação racio-
nal capaz de guiar as ações humanas a través da ordem (imperativo):
Age de tal maneira que a máxima de sua ação possa ser tomada como
máxima universal.

A ÉTICA DA GRÉCIA ANTIGA A MODERNIDADE

Desde o gênesis da civilização, a ética sempre se fez presente em todas


as sociedades. Evidente que não de forma racionalizada e estudada como con-
temporaneamente, era encontrada através dos princípios morais, conjunto de
regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, e
que orientam o comportamento humano dentro de uma coletividade (CANA-
BRAVA, 2009).

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A ciência da moral sempre buscou intermediar e encontrar soluções para
as problemáticas humanas. Desde a Grécia Antiga, a ética sempre foi ampla-
mente discutida por diversos filósofos e estudiosos. Para Sócrates, a ética es-
tava associada à ideia do bem e do mal e ligados a virtude de forma racio-
nal. Responsável pela sistematização da ética, Aristóteles, considerado o fun-
dador desta ciência, a ética encontra-se atrelada à virtude, visto que a última
divide-se em: virtudes éticas e virtudes dianoéticas. Virtudes éticas são conside-
radas por Aristóteles como a equidade do meio-justo, subjetivas, ligadas a esco-
lha e responsabilidade. Sendo a justiça a principal virtude ética. Em contrapar-
tida, as virtudes intelectuais são as artes, filosofia e sabedoria prática (RAMOS,
2012).
Com o declínio da Grécia Clássica, a amplitude da ética filosófica rompeu
a barreira das polis e transformou-se em universal, passando a moral a ter refe-
rências na natureza física. Duas correntes de pensamento opostas se fizeram
presentes de forma forte, sendo elas: O estoicismo e o epicurismo (CANA-
BRAVA, 2009).
Para o estoicismo de Sêneca e Epitelo, Deus é a razão da existência do
homem. É a razão derradeira do Cosmo. Portanto o ser humano deve dedicar
sua existência para ele, vivendo de forma natural, de acordo com a razão, pois
todo indivíduo é destinado a Deus. Segundo os epicuristas representados por
Epicuro e Tito, sendo o átomo a partícula base para a vida, é o responsável pela
ordem de toda a existência terrestre. Não existem divindades a qual o homem
deva viver em prol, portanto, o ser humano é unicamente o dono da conduta de
sua vida, procurando e almejando sempre o prazer espiritual, tão remoto de sua
essência (CÂMARA, 2014).
Na Idade Média, entre o século IV e o século XV, ocorreram grandes mu-
tações de pensamentos e assertivas sobre a ética. Uma nova ética considerada
absoluta, identificada como a única e verídica fonte de justiça e do bem. A moral
cristã, assim conhecida, era ponderada a unidade social e o único caminho a ser
seguido em meio às crises existentes na Idade Média (CANABRAVA, 2009).
A filosofia cristã se baseia em verdades reveladas para estabelecer seus
preceitos éticos. Imposta pelas Igrejas Cristãs exercia um domínio ideológico em

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relação a seus fies, em vista que, não possuíam outras formas permitidas de
conhecimentos que não fossem os advindos da moral religiosa. O universo trans-
põe o lugar a Deus, sendo está à nova fonte de suprema veracidade, moral e
perfeição. Todavia, ainda que a filosofia estivesse a ‘’serviço’’ da Teologia (CA-
NABRAVA, 2009).
Agostinho resgata a filosofia grega e submete-a cristianização. De
acordo com a ética de Agostinho, se faz necessária uma ordem para chegar ao
determinado fim. A ordem é a trajetória constituída de forma ética, onde a vida
comum e a busca constante de Deus são realizadas servindo aos demais, esfor-
ços esses com finalidade de alcançar o fim último: a plena realização. A corrente
racionalista é o pilar da ética na modernidade. O antropocentrismo passa a im-
perar enquanto a religiosidade perde força e prestígio diante das novas ciências.
Como as ciências naturais, desenvolvidas na modernidade, sobretudo por Gali-
leu e Newton (NOSELLA, 2008).
O termo modernidade se faz presente em diversas épocas, pois certa-
mente todas já foram consideradas inovações para o seu tempo, entretanto, in-
terligado a razão, o termo só foi empregado no século XVII, com as revoluções
científicas de Galileu e evoluções da filosofia (NOSELLA, 2008).
Segundo Descartes, pai da ética moderna, a ética é racionalizada por um
sujeito pensante. Em seu livro Discurso do Método, expõem a necessidade de
todos os homens utilizarem a razão, inclusive os de senso comum. A razão seria
a norteadora ética, era o parâmetro para todas as coisas (KUJAWSKI, 1969).
A filosofia ética moderna tem seu apogeu em Immanuel Kant, em que uti-
liza a concepção de moralidade. O homem é livre e autônomo e goza do hipera-
tivo categórico, em que os seres humanos devem agir de acordo com seus prin-
cípios, como se fossem aplicados a todos, tornando-se lei da natureza (CANA-
BRAVA, 2009).
Infere-se que, a ética sofreu diversas modificações ao longo das eras his-
tóricas, em que os primeiros estudos e reflexões acerca do tema foram elabora-
dos pelos filósofos socráticos e sua evolução continua a ser largamente e pro-

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fundamente explorada para a melhor compreensão das acepções da ética mo-
derna e estudo da sociedade construída pelo ser humano, analisando assim a
moral e os valores empregados na coletividade (CANABRAVA, 2009).

DA APLICABILIDADE DA ÉTICA NO DIREITO

Direito é uma palavra com origem do latim directum, oriundo do verbo di-
rigere que significa ordenar. De sua etimologia Direito é ‘’aquilo que é reto’’, con-
dizente com os preceitos de justiça e equidade. Portanto, a ciência do Direito é
responsável por originar normas a serem notadas pela sociedade que designam
direitos e deveres. Como instrumento de controle social, o Direito é o mediador
entre o homem e a sociedade e trabalha no sentido da aplicabilidade das leis e
princípios morais na solução de conflitos (BERNARDES, 2009).
Sendo o Direito uma área das Ciências Humanas que tem por objetivo
a manutenção da justiça e da moralidade social, o caráter normativo da Ética
está intimamente ligado ao Direito, visto que, surge com o ideal grego de justa

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medida, que busca o agir humano de forma equilibrada e sensata para o bem
comum (BERNARDES, 2009).
Os profissionais do Direito devem se fundamentar nos valores éticos e
morais, possibilitando o exercício da ética profissional. O ser humano deve estar
penetrado de princípios e valores próprios para aplicá-los em sua profissão. A
ética profissional, por um lado exige a deontologia, que é o estudo dos deveres
específicos de cada área profissional, por outro lado, exige também a diciologia,
que são os direitos que o profissional possui por desempenhar determinada pro-
fissão. Ou seja, seus deveres e direitos (CAMARGO, 1999).
Do ponto de vista cultural, o Direito abrange uma realidade norteada de
valores, pois tem como objetivo a busca pela segurança jurídica e a justiça. Ob-
jetivos esses que são comuns a ética, contudo a ética não impõem uma obriga-
toriedade, não sendo possível assim, a atribuição do valor imperativo da norma
jurídica para a norma ética, todavia, a validade da norma jurídica só é verificável
quando está protegida pelos princípios da ética (BERNARDES, 2009).
A ética pode ser compreendida como uma escolha baseada em princípios
e valores de uma determinada sociedade, qual culminam na seleção de uma
diretriz avaliada obrigatória em uma coletividade, já que, toda norma ética ex-
pressa um juízo de valor a qual é ligada a uma sanção. Na teoria do mínimo ético
o Direito é o representante mínimo de Moral necessária para a sobrevivência da
sociedade, estando o Direito relacionado também a Moral, pois como pertencen-
tes ao mundo ético, o viver conforme a ética consiste no ato de junção de uma
regra moral e uma norma jurídica em situações usuais (REALE, 2002).
É perceptível a complementação entre direito e ética, onde a segunda
corresponde ao conjunto de princípios valorativos de um determinado grupo ou
sociedade identificável, de modo que restringe e orienta as ações a serem ado-
tadas perante o grupo. E o Direito é o artifício criado pelo Estado para cristalizar
os parâmetros morais e éticos e definir punições quando necessárias, mediante
a estrutura políticas criadas para essa intenção (JR ZANON, 2014).
O Direito se verdadeiramente aplicado, efetivamente cumpre a consolida-
ção dos desígnios sociais e da pessoa humana, firma progressos normativos e

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teóricos que, se bem abrangidos e aplicados pelos operadores jurídicos, estabe-
lece a segurança jurídica. Daí a ideia de recomendar à ciência do Direito esse
infindável regresso às reflexões morais não para tomá-las de forma mística ou
metafísica como os jurisnaturalistas, mas para que homens de hoje, possam ter
em vista um horizonte de justiça nas sociedades (MACEDO; REZENDE, 2008).

O ATO ÉTICO

A existência da ética não se faz de forma isolada do mundo, de forma


geral, deve-se associar a ética ao conhecimento, tanto quanto ciência, política,
economia e etc. O ser humano movido pela exigência da moral é composto pela
ligação entre indivíduo, sociedade e espécie, ou seja, por seus meios biológicos,
seu ser individual e social. Portanto, toda visão acerca da ética deve levar em
consideração a dimensão egocêntrica e a potencialidade do desenvolvimento do

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altruísmo, pois mesmo que indiretamente, o sujeito vive para si e para o outro.
(SILVA, JORGE, 2013)
Todo ato ético é um ato de religação. Um ato moral é um ato individual de
religação. Um ato moral é um ato individual de religação, seja um com o outro,
entre uma comunidade, com uma sociedade, ou seja, a religação do ser humano
com a sua espécie (SILVA, 2013).
A religação cósmica se consegue através da religação biológica, que
ocorre por meio da religação antropológica, que é perceptível através da solida-
riedade, amizade, fraternidade e no amor, que é a religação antropológica sobe-
rana. O amor é a demonstração máxima da ética (MORIN, 2006).
Há uma necessidade vital, social e ética de amizade e companheirismo
entre os seres, de afeição e amor para a realização plena da espécie humana.
O sentimento do amor é a experiência essencial para a religação humana. De-
pendendo do nível de religação humana, se for muito complexa, só poderá ocor-
rer se for através do amor (MORIN, 2006).
O homem sem a religação se prende a si, se fecha em seu individualismo.
Destarte, o fechamento o que é o princípio de abertura ao outro: o altruísmo, no
lugar de fazer se abrir, pode nos levar a um fechamento maior ainda, é o caso
do egoísmo extremo, o homem sendo seu próprio lobo, onde o individualismo
suplanta a coletividade e o ideal de bem comum. Em que o problema central
passa ser a barbárie gigantesca interior do homem. Por isso, é necessário que
o homem realize uma análise de pensamento, compreenda-se e se corrija afim
de ao menos amenizar sua barbárie interior e agir de acordo com a ética (HOR-
VATH, 2011).
A ética complexa precisa do que é mais individual do ser humano, a sua
autonomia de consciência e sua noção de responsabilidade. Necessita do seu
potencial reflexivo de espírito em relação à análise do seu eu e de suas ações.
O progresso da ética pode se realizar pelo seu profundo enraizar, pela interação
das consciências intelectual e moral (SANTOS; HAMMERSCHIMIDT, 2012).
O pensamento complexo é o pensamento que se religa. E a ética com-
plexa é fruto desta religação. É de suma importância salientar que a religação
inclui o processo de separação, pois só o separado pode ser religado, portanto,

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a ética humana, deve se realizar através da fraternidade, amor, união na sepa-
ração (SANTOS; HAMMERSCHIMIDT, 2012).
As últimas expressões da Ética são consagradas ao amor. Ele não pode
ser irracional; por isso, cabe à Ética resguardar a racionalidade no íntimo do
amor. Vivendo no amor, conseguimos lidar com a insegurança e a inquietude,
porque ele é o remédio para a angústia, para os males (QUEIROZ, 2008).

REVOLUÇÕES ÉTICAS

A modernidade é o nosso habitat peculiar. Não nos notamos como os ve-


lhos se viam, pois nenhum deles refletia em questionar a naturalidade das afini-
dades entre o homem e a sociedade. E a modernidade aprece precisamente
quando o homem começa a se ajuizar desconexo da comunidade que ele integra
(COSTA, 2010).
Os seres modernos não atribuem a origem mítica da coletividade a um
vinculo orgânico. Para eles, é errônea a afirmação de que somos descendentes

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de Abraão, Rômulo, nem de Eva. Não somos unidos por tradições, não perten-
cemos à mesma família, nem religião e costumes. Para os modernistas, o que
nos une é a nossa vontade individual, guiada pela razão. O racionalismo clássico
é oposto a tradições mitológicas e religiosas com base em uma razão natural,
que explica a ordem natural do mundo e os seus aspectos (COSTA, 2010).
A crença de que a razão poderia explicar todos os feitios do mundo, foi
colocada em suspeita no pensamento medieval, de maneira especial, porque
muitos dos elementos essenciais do cristianismo não eram franqueados pela ra-
zão, mas pela fé. Seria muita ambição do homem aspirar que a sua razão abran-
gesse o mundo criado por um deus onipotente, cuja grandeza não poderia ser
nunca compreendida por nossa restringida racionalidade. Assim, mesmo que as
compreensões cristãs tenham sustentado a ideia de que a razão pode nos trans-
portar a muitas verdades, não se podia acreditar que ela nos desvendasse toda
a verdade (PESTANA, 2012).
Assim, o pensamento medieval é bastante cético diante aos limites de
uma racionalidade individual. A razão é vista como algo que nos expõe a rela-
ções naturais, constituídas independente dos homens. Portanto, é o critério
de racionalidade que nos permite separar os ditames da lei humana e lei natural
(PESTANA, 2012).
Foi contra esta tradição, que naturalizava os seus valores tradicionais
para garantir a sua legitimidade, que elevou o pensamento moderno. Descartes
foi pioneiro reconhecendo que, entre o que ele ponderava natural, existia muito
de convencionalismos difundidos pela sua cultura. Mas ele já não mais podia
converter em natural tudo o que lhe era familiar. Assim, a razão moderna não se
distanciou da noção de naturalidade, mas a reafirmou, especialmente Porque a
sua principal função era diferenciar o aparentemente natural do verdadeiramente
natural (SCREMIN, 2004).
As teorias dos contratualistas não articularam de maneira muito inovadora
o direito natural e o direito positivo, porém, o campo da naturalidade foi redefi-
nido, pois muita coisa passou do campo da naturalidade para o campo da artifi-
cialidade. E foi justamente com esse trânsito que a modernidade pôde criticar a

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tradição, da qual vários elementos passaram a ser vistos como construções ar-
tificiais ilegítimas (ARANHA; 2009).
A saída encontrada para harmonizar essa fragmentação de moralidades
coexistentes foi justamente remeter a moralidade para o campo do privado, em
que nenhuma validade objetiva seria admissível. Mais do que isso, a privatização
da moralidade era uma garantia da liberdade de crença, especialmente da liber-
dade de religião, que era um dos pilares das modernas sociedades européias.
Assim, a regulação da vida pública deixa de ser um papel da moralidade de ins-
piração religiosa, e passa a ser monopólio de um direito pretensamente laico.
Porém, nem toda a moralidade foi remetida ao campo do privado, pois restava a
moralidade natural, cuja validade seria objetiva (CHAUÍ, 2004).
Por isso mesmo, a ética moderna não se volta a uma catalogação das
virtudes dominantes em uma tradição, pois isso é deixado aos moralistas de
cada crença, aos missionários e catequistas de todos os gêneros. Esse gênero
de educação moral não deixa de existir, mas ele migra da reflexão filosófica para
a pregação teológica. Todavia, restava aos filósofos definir aquele núcleo da mo-
ralidade cuja validade universal poderia ser demonstrada. Nesse sentido, a
busca da moralidade se aproxima imensamente da busca pelo direito natural,
pois ambas se fundem na idéia de que existem valores justos por natureza, que
podem ser identificados a partir de um uso adequado da razão. Portanto, os pri-
meiros filósofos modernos da ética, da política e do direito continuavam a velha
tradição platônica, em sua busca pela identificação do bem em si (CHAUÍ, 2004).

A CRISE ÉTICA NA MODERNIDADE

A ética moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos sempre


devem ser o fim de uma ação e nunca um meio parar alcançar determinado in-
teresse, pois o homem é visto no centro e tudo está ao seu serviço. Essa é uma

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ideia defendida por Kant, um dos principais filósofos da modernidade, que acre-
ditava na ideia de o que o homem é um ser egoísta, destrutivo, ambicioso, cruel
e agressivo (GREIK, 2002).
As crises históricas determinam as mudanças históricas que acontecem
e mudam a realidade da sociedade de forma radicalmente. É uma questão bas-
tante relevante para filosofia, visto que o desenvolvimento da história e as suas
crises cabem a filosofia, ela não pode ficar estática a situações vividas pelo ho-
mem moderno. A função da filosofia é elucidar o homem em seu ser total (MA-
TOS, 1992).
A ética tornou-se uma problemática fundamental no ocidente do século
XX. Durante os anos 50 e 60 chegou-se a utilizar o termo reabilitação ética. A
mentalidade técnico-científica se tornou cada vez mais dominante na civilização
ocidental, menosprezando a ética e a reduzindo apenas aos problemas individu-
ais. A ética não faz parte do âmbito racional, pois racionalidade é ligada a ciên-
cia, e tudo que não é pertencente a ciência é resultado do livre arbítrio de cada
um. A ética está no centro da vida humana, pois a tarefa fundamental e primordial
do homem é a construção do seu eu (OLIVEIRA, 1989).

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O problema se faz presente, sobretudo, no pensamento europeu, ainda
por uma oposição que vem desde Kant, com um enorme empecilho a qualquer
ontologia. Não se faz mais uma teoria do mundo. A filosofia virou apenas uma
teoria do nosso conhecimento do mundo. Enquanto não suplantarmos a dicoto-
mia entre ser humano e mundo, entre sujeito e objeto, entre teoria e realidade,
que é a legado deixado pela modernidade, ainda majoritária no pensamento
atual, nós não teremos saídas. Teremos saídas, no máximo que não são capa-
zes de dizer o que devemos fazer frente às questões que cada um deve enfren-
tar. A questão fundamental da filosofia hoje é voltar a ser uma teoria da realidade,
é voltar a falar do legítimo. A partir dos valores, em primeiro lugar, ontológicos,
pode-se perguntar o que a realidade pode dizer enquanto exigência ética (OLI-
VEIRA, 2004).
Podemos pensar em uma ótica de entender a ética da vida coletiva. E
uma idéia fundamental que se destaca como uma ética alternativa é aquela onde
o homem não é em primeiro lugar só indivíduo, mas um ser fundamentalmente
de relações e que só conquista o seu ser através do outro (CUNHA, 2012).
Somente uma sociedade que pudesse ser articulada de tal maneira, onde
cada ser humano possa ser respeitado e respeitar os outros, seria uma socie-
dade capaz de criar condições para realização do ser humano. Esta é a idéia do
reconhecimento mútuo, da dignidade igual de todos os seres humanos. É um
princípio ético fundamental para organizar a vida coletiva. Isto é, não há seres
humanos especiais e a eles não se destinam os bens da Terra. Mas todos os
seres humanos são portadores da mesma igualdade. É por isso que a participa-
ção, naquilo que é comum, e nas decisões da vida coletiva, é um direito funda-
mental de cada um, uma vez que cada um é igual (RAMOS, 2012).

SONHOS ÉTICOS
A ética da vida não se prende apenas ao caráter biológico, mas trans-
cende para poder desejar a vida com graça e paixão. Ao referir-se a poder, fala
da atitude de mudança de pensamento em relação à ética da vida. A ética é
responsável por recriar o sentido da vida, para que tudo volte a fazer sentido,

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para que a razão se reconecte com a paixão e o pensamento com o sentimento
(LEFF, 2001).
Dessa forma, a ética da vida é o caráter do ser, do eu, do indivíduo ao
contrário do pensamento dominante de separação do conhecimento e da vida.
Reafirmando que a mudança passa pelo retorno à essência da vida, pois toda
ética tem como tema central a vida, mesmo havendo outras éticas, a ética deve
ser uma ética criativa, capaz de reestruturar pensamentos e sentimentos para a
boa vida (BAUDRILLARD, 1990).
A ética da vida trata de sonhos, desejos, vontades, mundo de sentidos,
vontades compartilhadas e diálogo de saberes. A ética da vida é contrária ao
processo científico de validação e refutação, pois vai a busca de uma verdade
comum. É a busca pela felicidade, o esforço para atingir a excelência e a virtude
(PHILIPPE, 2002).

A ciência tradicional separa a razão e o sentimento e busca produzir ver-


dades para conduzir a vida humana. O conhecimento tornou-se instrumento de
poder, esquecendo-se do ser, do sentido da vida, da ética da vida. Hoje, para
pensar o mundo, para está inserido na vida de forma verdadeira, é necessário
superar a ética que vem da ciência, como a que emana o mercado (MARCHI-
ONNI, 2008).

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ÉTICA MODERNA DEONTOLÓGICA E CONSE-
QUENTALISTA

A modernidade é o período de maior crescimento intelectual da história.


Um período movido pela força de renascimento cultural e o iluminismo intelectual
consegue resgatar da era cristã um homem autônomo e forte. A negação do
cristianismo e do passado é uma marca presente dos intelectuais modernos. O
questionamento central proposto na modernidade era sobre a ORIGEM DO VA-
LOR MORAL. Teorias deontológicas e consequencialistas divergiam nas respos-
tas.

a) Ética Deontológica – Ética Kantiana Imanuel Kant parte do seguinte


pressuposto: “Se somos racionais e livres, por que valores, fins e leis morais não
são espontâneos em nós, mas precisam assumir a forma do dever?” E a res-
posta é simples: Porque não somos seres morais apenas. Também somos seres
naturais, submetidos à causalidade necessária da Natureza. Nosso corpo e
nossa psique são feitos de apetites, impulsos, desejos e paixões. Nossos senti-
mentos, nossas emoções e nossos comportamentos são a parte da Natureza

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em nós, exercendo domínio sobre nós, submetendo-se à causalidade natural
inexorável.
Dessa forma o DEVER O dever revela nossa verdadeira natureza.

O dever, afirma Kant, não se apresenta através de um conjunto de conte-


údos fixos, que definiriam a essência de cada virtude e diriam que atos deveriam
ser praticados e evitados em cada circunstância de nossas vidas. O dever não é
um catálogo de virtudes nem uma lista de “faça isto” e “não faça aquilo”. O dever
é uma forma que deve valer para toda e qualquer ação moral.
Essa forma não é indicativa, mas imperativa. O imperativo não admite hi-
póteses (“se… então”) nem condições que o fariam valer em certas situações e
não valer em outras, mas vale incondicionalmente e sem exceções para todas
as circunstâncias de todas as ações morais. Por isso, o dever é um imperativo
categórico. Ordena incondicionalmente. Não é uma motivação psicológica, mas
a lei moral interior.
O imperativo categórico exprime-se numa fórmula geral:
Age em conformidade apenas com a máxima que possas querer que se
torne uma lei universal.

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A exposição kantiana parte de duas distinções: Razão pura teórica e prá-
tica são universais, isto é, as mesmas para todos os homens em todos os tempos
e lugares – podem variar no tempo e no espaço os conteúdos dos conhecimen-
tos e das ações, mas as formas da atividade racional de conhecimento e da ação
são universais. Em outras palavras, o sujeito, em ambas, é sujeito transcenden-
tal. A diferença entre razão teórica e prática encontra-se em seus objetos.

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b) Ética Consequentalista - O consequencialismo é a perspectiva nor-
mativa segundo a qual as consequências das nossas opções constituem o único
padrão fundamental da ética. Esta perspectiva corresponde a um conjunto muito
abrangente e diversificado de teorias da obrigação moral, do certo e do errado,
e não há um acordo perfeito quanto às condições que uma teoria tem de satis-
fazer para ser classificada como "consequencialista". (O egoísmo ético, por
exemplo, nem sempre é considerado uma versão de consequencialismo.) No
entanto, as teorias consequencialistas mais puras exibem seguramente três ca-
racterísticas importantes.

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Utilitarismo: O utilitarismo ético nasceu na Inglaterra do século XIX, onde
florescia o capitalismo industrial, que prometia, pelo avanço da tecnologia, a era
do conforto e do bem-estar - mesmo que, de fato, as discrepâncias entre riqueza
e pobreza estivessem longe de ser superadas. Talvez justamente devido a esse
desnível, a intenção dos utilitaristas era estender a todos aqueles benefícios, o
que se percebe pelo avanço da discussão a respeito da reforma social, entre os
liberais, e da revolução, entre os socialistas. O criador do utilitarismo foi Jeremy
Bentham (1748-1832), já influenciado por outros pensadores. Segundo o "prin-
cipio de utilidade", tornado como critério para avaliar o ato moral, o bem é o que

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possibilita a felicidade reduz a dor e o sofrimento. Além disso, porém, deve be-
neficiar o maior número de pessoas.
O termo "utilitarismo" foi usado pela primeira vez por John Stuart Mill
(1806-1873), o divulgador mais famoso dessa concepção. Pode-se dizer que se
trata da forma atualizada do hedonismo grego, na medida em que destaca a
busca do prazer, só que com ênfase no caráter social. Coerente com seus pro-
pósitos, Stuart Mill criticava o egoísmo que prevalecia no liberalismo clássico e
preconizava um liberalismo com aspirações democráticas. Casado com Harriet
Taylor, feminista e socialista, participou da fundação da primeira sociedade de-
fensora do direito de voto para as mulheres.
Assim diz Stuart Mill:
“O credo que aceita como fundamento da moral o Útil ou Principio da Má-
xima Felicidade considera que uma ação é correta na medida em que tende a
promover a felicidade, e errada quando tende a gerar o oposto da felicidade. Por
felicidade entendese o prazer e a ausência da dor; por infelicidade, dor, ou pri-
vação do prazer. Para proporcionar uma visão mais clara do padrão moral esta-
belecido por essa teoria, e preciso dizer muito mais; em particular, o que as
idéias de dor e prazer incluem e ate que ponto essa questão fica em aberto.”

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Stuart Mill oferece explicações para superar o que chamou de questões
"em aberto", mas mesmo assim o utilitarismo, embora tenha sido muito aceito no
século XIX, suscitou inúmeras controvérsias, sobretudo diante do critério para
decidir quais são os prazeres superiores, quais devem ser desprezados e como
conciliar o interesse pessoal e o coletivo.

Hedonismo: Para a filosofia propriamente dita, hedonismo é coisa séria.


Suas raízes foram lançadas pelo filósofo grego Epicuro. Ele pregava que o ob-
jetivo de todos os atos é alcançar o prazer e, com ele, a alma tranqüila que per-
mitiria viver numa espécie de estado superior. "É a busca dos prazeres simples
e refinados para viver com sabedoria". Apesar da moderação e até frugalidade
da idéia original, o que se disseminou, nada surpreendentemente, foi uma espé-
cie de degeneração do conceito – pensem em Roma e todos os seus abusos.
Também nada surpreendentemente, o cristianismo se transformou numa espé-
cie de bandeira anti-hedonista, sobretudo em suas variantes mais puritanas –
pensem no protestantismo fundamentalista que está na raiz da formação ameri-
cana. A moral utilitarista de Jeremy Bentham é outra forma de hedonismo, con-
siderando que moral é tudo o que seja útil e que é útil tudo o que traga benefícios
(prazer, felicidade).

Pragmatismo: Corrente filosófica segundo a qual a eficácia na aplicação


prática fornece o critério para determinar a verdade das proposições. Assim, uma
proposição é verdadeira se for, na prática, vantajoso sustentá-la, ou, na versão
de William James (1842-1910), se funcionar. Isto significa que o conhecimento
é um instrumento para organizar a experiência e os conceitos são hábitos de
crença ou regras de ação. Os pragmatistas pensam que a experiência humana
é um processo histórico, contingente e evolutivo e consideram que muitos dos
problemas filosóficos têm origem em dualismos (como teoria-prática e realidade-
aparência), que derivam de teorias do conhecimento que concebem as crenças
como representações e, por isso, chamaram a atenção para a continuidade entre

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experiência e natureza, e para a reciprocidade entre teoria e prática, entre co-
nhecimento e ação e entre fatos e valores.
O pragmatismo ético, considera portanto que os valores éticos dependem
sempre de uma determinada cultura em um determinado momento histórico, po-
rém, não considera que isso acarretaria o fim da ética. A definição cultural de
valores éticos, revela, ao contrário, que as sociedades e culturas que estabele-
cem esses valores definem normas e regras para sua aplicação e sanções para
os que não as cumprem, estabelecendo assim uma normatividade, que caracte-
riza a ética em geral. O conteúdo desses valores pode variar e quanto a isso
uma análise histórica, antropológica ou sociológica, parece com efeito deixar
claro.
O fato desses valores serem, nesse sentido, convencionais, não significa,
contudo, que sejam arbitrários, ou que possam ser alterados a qualquer mo-
mento ou por qualquer motivo. Ao contrário, essa convencionalidade social, faz
com que aqueles que os adotam tornem-se responsáveis por sua validade e por
seu cumprimento, podendo, portanto, ser cobrados nesses sentidos, é assim
exatamente na medida em que os valores são convencionais que somos res-
ponsáveis por sua validade, enquanto aqueles que constituem e assumem as
convenções. O mesmo ocorre quando esses valores são alterados, caem em
desuso ou são substituídos. Em todo esse processo há uma responsabilidade e
uma imputabilidade referentes àqueles que pertencem a esses contextos.

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CONCLUSÃO

Denomina-se de Ética Moderna as diversas tendências que surgiram


nesse campo a partir do século XVI até o inicio do século XIX. E, embora não
seja fácil sistematizar todas as doutrinas éticas que se desenvolveram nesse
período, podemos dizer que em oposição à ética teocêntrica religiosa, a ética
moderna segue a tendência antropocêntrica.
A alteração de ponto de vista dentro do campo ético aconteceu ao mesmo
tempo em que as mudanças na economia, política e ciência se consolidavam.
Tais transformações ocorreram conforme o sistema feudal foi sendo substituído
pelo modelo capitalista de produção.
Juntamente com o capitalismo, se estabeleceu uma nova classe social, a
burguesia, que lutou para se impor política e economicamente. Ao mesmo
tempo, influenciado pela burguesia, surge o Estado Moderno, modelo estatal
onde o poder é centralizado.
A partir disso temos o rompimento entre razão e fé; ciência e religião; es-
tado e igreja; o homem e deus.
Essa ruptura entre o sistema teocêntrico feudal e o antropocentrismo ca-
pitalista é evidenciada por Maquiavel quando rompe com a moral religiosa ao
defender que o estado deve ter uma moral própria. Segundo Maquiavel, o uso
da violência contra os que se opõem aos interesses estatais é plenamente justi-
ficável uma vez que importam os resultados e não a ação política me si.
A partir de Descartes surge a ética antropocêntrica onde a filosofia tem
como base o homem, que passa a ser o centro da política, da arte e da moral.

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REFERÊNCIAS

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