15 Estude Coesão Faça o Download Do ANEXO 15
15 Estude Coesão Faça o Download Do ANEXO 15
15 Estude Coesão Faça o Download Do ANEXO 15
02 REDAÇÃO
Projeto Gráfico
Secretaria de Educação a Distância – SEDIS
N
a aula 2, nosso objeto de estudo será a coesão textual. Esse conceito está
bem relacionado à aula 1, na qual vimos que um texto não pode ser entendido
como um amontoado de palavras, mas como uma unidade de sentido, e à aula
3, que será sobre coerência textual.
Mas o que significa exatamente coesão? É comum ouvirmos dos técnicos de futebol,
por exemplo, que eles querem organizar um time “coeso”. Esse desejo de que a “união”
fortaleça o time também é válido na produção de textos em diferentes gêneros. Nesta
aula, veremos que a coesão textual é um importante recurso para o fortalecimento de
nossos textos.
1
Redação A02
Para começo
de conversa...
A leitura e a produção de textos em diferentes gêneros representam atividades muito
importantes para qualquer cidadão dentro e fora do ambiente escolar. Todavia, é na
escola que mais ouvimos comentários como:
Tais julgamentos são motivados pelo fato de os professores perceberem que, por algum
motivo, escapa a alguns textos um encadeamento que permita entendê-los como uma
unidade de sentido.
Para não corrermos o risco de ouvir que nossos textos estão truncados, precisamos
aprender a ler com criticidade o que escrevemos e analisar se, em nossos textos
escritos, estamos estabelecendo os nexos necessários para a atribuição de sentido
que desejamos que o leitor alcance.
Exemplo 1
As janelas da casa foram pintadas de azul, mas os pedreiros estão
almoçando. A água da piscina parece limpa; entretanto, foi tratada com
cloro de boa qualidade.
2
Redação A02
Percebemos que não há oposição que justifique o uso do elemento coesivo “mas” entre
as seguintes informações: a cor das janelas e o fato de os pedreiros estarem almoçando.
Nos dois casos, houve inadequação no uso de elementos coesivos. Como ficaria
adequada essa relação? Vejamos.
Exemplo 2
As janelas da casa foram pintadas de azul. Terminada essa etapa da pintura,
os pedreiros foram almoçar. Continuando minha vistoria, percebi que a água
da piscina parecia limpa. Não poderia ser diferente. Ela havia sido tratada
com cloro de boa qualidade.
Coesão textual
A
coesão textual é um recurso que diz respeito aos processos de sequencialização
entre os elementos da superfície textual, ou seja, representa os elos que se
estabelecem entre as palavras, os períodos, os parágrafos de um texto. Tais
elos se concretizam por meio dos mecanismos de substituição, repetição, associação
de sentido entre as palavras, sequenciação e campo lexical.
Segundo Koch (1989), a cada ocorrência de um recurso coesivo, um laço vai associando
um elemento do texto a outro até que o “tecido” textual tome uma forma de sentido.
Isso nos autoriza a afirmar que a coesão é uma espécie de conexão que se estabelece
entre os elementos linguísticos de um texto.
3
Redação A02
Embora o uso de elementos coesivos não seja condição suficiente para que enunciados
se constituam em uma unidade de sentido, a coesão pode oferecer maior legibilidade
ao texto, uma vez que evidencia as relações entre seus diversos componentes.
Com isso, queremos dizer que o uso inadequado de determinados “elos” pode causar
problemas. Para constatar isso, basta reler o exemplo 1. O autor usou elementos
coesivos, mas não observou a inconsistência desse uso.
Logo, se o que buscamos para nossos textos é dar-lhes qualidade, é recomendável que
façamos uso adequado dos elementos coesivos. Por essa razão, estudaremos, agora,
alguns mecanismos que configuram esse processo.
Exemplo 3
Durante o período da amamentação, a mãe ensina os segredos da
sobrevivência ao filhote e é arremedada por ele. A baleiona salta, o filhote
a imita. Ela bate a cauda, ele também o faz.
Essas palavras-chave aparecem ao longo do texto sem que haja repetição viciosa, porque
são substituídas pelos pronomes “ele”, “ela”, “a”.
4
Redação A02
Praticando...
Praticando... 1
1. Vamos testar a sua compreensão? Preencha as lacunas abaixo. Para tanto, retome
a leitura do exemplo 3.
Exemplo 4
“Eles também não vão”. Percebeu que título misterioso? Quem são “eles”? Eles “não
vão” para onde? Quem “também” não vai? Em geral, usa-se primeiro o substantivo e,
depois, esse termo é substituído por um pronome equivalente. Não é isso, porém, o que
ocorre no exemplo 4. Só a leitura do texto nos permite identificar o sentido de “eles”
(Galvão Bueno, Falcão e Arnaldo César Coelho), o local para onde não vão (Venezuela), as
pessoas que “também” não vão para a Copa América, na Venezuela (Kaká, Zé Roberto
e Ronaldinho Gaúcho).
5
Redação A02
Afora o caso do título, outros elos coesivos também aparecem no exemplo 4. Os
substantivos “Kaká”, “Zé Roberto” e “Ronaldinho Gaúcho” são retomados pelo pronome
relativo “que”. “Galvão Bueno”, “Falcão” e “Arnaldo César Coelho”, além de preencherem
a lacuna do “eles” no título, ainda são retomados pelo pronome “los”, na forma verbal
“mandá-los” e na construção “os três”.
Exemplo 5
Saia de bolinhas, colete preto e cabelos presos, Madonna estava mais
para a santa Evita que para a demoníaca material girl quando desembarcou
em Buenos Aires, no sábado 20. A tática usada pela pop star era para
aplacar um pouco os ânimos argentinos, mas não deu muito certo: escalada
pelo diretor Alan Parker para viver no cinema o papel de Eva Perón (1919-
1952), a estrela americana vem enfrentando a ira dos peronistas. Ela foi
recebida com pichações e bombardeada pela imprensa. Tentando contornar
a situação, Madonna foi logo dizendo que estava em missão de paz.
O texto do exemplo 5 se refere a uma cantora famosa. Observe que o nome dela aparece
logo na primeira linha; todavia, esse nome só é repetido na última linha. De fato, uma
importante função da coesão é justamente evitar repetições que deixariam a leitura
cansativa. Assim sendo, várias palavras e expressões substituem o nome da cantora.
Você poderia relacioná-las?
Praticando...
Praticando... 2
Palavra-chave:
material girl
6
Redação A02
A essa altura da aula, você já deve ter percebido que a coesão textual se concretiza de
diferentes formas. Vejamos algumas:
Essas são as formas mais comuns de estabelecer a coesão por substituição. Há outras,
porém. Você já percebeu que até omitindo a palavra anteriormente explicitada é possível
fazer a retomada dela? Vejamos como isso é possível.
Exemplo 6
7
Redação A02
Observe que o nome de Emerson Leão aparece na primeira linha e, em seguida, é
omitido algumas vezes: “Mas φ fica na retranca [...]”; “[...] φ levou o quadro [...]”; “φ
Pagou [...]”. A essa omissão é dado o nome de elipse.
Para ser eficiente, esse recurso precisa ser recuperável pelo leitor por meio da articulação
dos elementos do texto. Releia o exemplo 6 e constate que a elipse é, então, uma falta
que não faz falta.
NAVALHA NA CARNE
8
Redação A02
Observa-se que as palavras “fio”, “cortou” e “pescoço” mantêm a unidade do texto,
uma vez que há uma aproximação de sentido entre essas palavras. Pode-se dizer que
elas estão enlaçadas ao sentido principal do texto.
Claro que, nesse texto, elas adquirem um sentido figurado, pois o título “Navalha
na carne” é o nome figurativo de uma das operações realizadas pela Polícia Federal
no Brasil.
Percebe-se, então, que a escolha de palavras que farão parte de um texto não é
aleatória. Ela é guiada pelo assunto (tema), e as palavras são unidas em torno de um
eixo condutor.
Praticando...
Praticando... 3
1. Utilizando os recursos de coesão por substituição, modifique os elementos repetidos,
quando necessário:
a) O Brasil vive uma guerra diária sem trégua. No Brasil, que se orgulha da índole
pacífica e hospitaleira do povo do Brasil, a sociedade organizada ou não para esse
fim promove a matança impiedosa e fria de crianças e adolescentes. Pelo menos
sete milhões de crianças e adolescentes, segundo estudos do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef), vivem nas ruas das cidades do Brasil.
9
Redação A02
b) A poesia, às vezes, impõe-se por sua própria força. Mesmo quem nunca leu Carlos
Drummond de Andrade sabe que Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta.
Carlos Drummond de Andrade marcou não só a literatura brasileira, mas também a
vida cotidiana de muitas pessoas com suas crônicas publicadas no Jornal do Brasil.
A poesia de Carlos Drummond de Andrade também se preocupou com nossa vida
cotidiana. Nesses momentos, a poesia de Carlos Drummond de Andrade nos faz
refletir sobre sentimentos advindos de certos fatos que, ditos de outra forma, não
nos teriam tocado tanto.
Coesão sequencial
A coesão sequencial é responsável pela sequenciação entre as partes do texto,
utilizando palavras que se interrelacionem. Ela se subdivide em coesão por conexão e
por sequenciação. Vejamos cada uma.
10
Redação A02
Exemplo 7
O Presidente Lula sancionou o acordo de unificação ortográfica, por isso o
Brasil se prepara para a entrada em vigor do projeto. Embora previsto um
período de adaptação (até 2012), o governo já avisou que só comprará livros
didáticos e de referência que atendam à nova ortografia.
Timor Leste.
Embora também se
A maior dúvida, porém, está no uso do hífen. Muitas regras e poucas fale português em
explicações em um ano que promete ser marcado por muitas mudanças Macau, essa localidade
não foi inserida na
no Brasil e no mundo. enumeração devido a
não se tratar de um
(REVISTA LÍNGUA PORTUGUESA, 2008, p. 14). país, mas de uma
Região Administrativa
Especial da República
Popular da China.
Além de ligar as partes do texto, esses conectivos estabelecem certa relação de sentido
(causa, concessão, finalidade, conclusão, contradição, condição) entre elas.
No texto lido, temos o conector “por isso” estabelecendo uma relação de explicação; o
termo “embora” introduzindo uma ideia de concessão; a conjunção “e” adicionando o
termo “(livros) de referência” ao anteriormente explicitado “livros didáticos”; o conec-
tor “mas” estabelecendo uma relação de oposição... Há outros elementos coesivos
e, portanto, outras relações no texto do exemplo 7. Juntos, eles ajudam a garantir a
esse texto a unidade de sentido desejada.
Vejamos, agora, uma lista dos principais conectores e das principais relações semân-
ticas estabelecidas por eles.
11
Redação A02
Adição: e, nem, não só... mas também, tanto como, além de, além disso...
Adversidade: mas, porém, todavia, entretanto, no entanto, contudo...
Alternância: ou, ou...ou, quer...quer...
Causa: porque, como, desde que, contanto que, a menos que, sem que, a
não ser que...
Condição: se, caso, desde que, contanto que, a menos que, sem que, a
não ser que...
Concessão: embora, mesmo que, ainda que, posto que, apesar (de) que,
por mais que, conquanto...
Conclusão: portanto, logo, por conseguinte...
Comparação: como, tanto...como, tanto...quanto, mais...(do)que, tão...
quanto...
Consecução: tão que, tanto...que...
Conformidade: conforme, segundo, como...
Explicação: porque, porquanto, pois, que...
Finalidade: para, a fim de, para que, a fim de que...
Proporção: à proporção que, à medida que, quanto mais...tanto mais...
Tempo: quando, enquanto, mal, assim que, logo que....
Praticando...
Praticando... 4
(A) Não confio em Mariazinha. Não sei... ( ) ...porém não se deixou abater.
(C) Tire a roupa do varal... (A) ...nem quero saber da vida dela.
12
Redação A02
A – Não confio em Mariazinha. Não sei nem quero saber da vida dela. (adição)
B – ________________________________________________________________________
C –________________________________________________________________________
D – ________________________________________________________________________
E – ________________________________________________________________________
F – ________________________________________________________________________
Exemplo 8
A dita “Era da Televisão” é, relativamente, nova. Embora os princípios
técnicos de base sobre os quais repousa a transmissão televisual já
estivessem em experimentação entre 1908 e 1914, nos Estados Unidos, no
decorrer de pesquisas sobre a amplificação eletrônica, somente na década
de vinte chegou-se ao tubo catódico, principal peça do aparelho de tevê.
13
Redação A02
Os sequenciadores podem marcar a progressão temporal, conforme ocorre no texto do
exemplo 6: “1908 e 1914”, “década de vinte”, “1939”, “após 1945”, “setembro de
1950”. Porém, também são chamados de sequenciadores os elementos que marcam
a ordenação espacial (atrás, à esquerda, à direita, em frente) e os que especificam a
ordem dos assuntos (em primeiro lugar, em seguida, na sequência, por fim).
Exemplo 9
Houve um acidente grave na estrada. Apesar de ambulâncias, médicos e
enfermeiros se fazerem presentes, foi alto o número de mortos. Segundo
informações não oficiais, vários hospitais da região receberam os feridos.
Saber articular um texto por meio de mecanismos de coesão não é suficiente para
assegurar a coerência ou para garantir que o texto seja bem sucedido. Entretanto,
o domínio desses mecanismos já expressa que o autor tem algum conhecimento do
processo de coerência: objeto de estudo de nossa próxima aula.
Praticando...
Praticando... 5
14
Redação A02
O fogo elimina o excesso de material combustível acumulado no chão. (causa em
relação ao 1o item).
15
Redação A02
Leituras complementares
O aprimoramento de seus conhecimentos depende das leituras que você faz. Nesse
sentido, em relação à coesão textual, sugerimos que você leia as lições 30 e 31 do livro
de Platão e Fiorin (1991). Essa obra oferece exposição didática, exemplos comentados
e exercícios interessantes.
16
Redação A02
( ) Não há no mundo sistema socioeconômico tão desigual, com nível
de renda per capita semelhante ao nosso: o crescimento pífio produziu
mobilidade social descendente, queda do emprego formal e explosão da
informalidade.
Referências
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.
COUTINHO, Luciano. Crescer, mas com eqüidade. Folha de S. Paulo, 19 fev. 2006.
PLATÃO, Francisco; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São
Paulo: Ática, 1991.
17
Redação A02
Anotações
18
Redação A02
Anotações
19
Redação A02
Anotações
20
Redação A02