Resumo

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Resumo

Compreender a noção de cognição.


Cognição consiste no conhecimento humano e animal sob diferentes formas:
percepção, aprendizagem, memória, consciência, atenção e inteligência.
Segundo Marc Richelle, cognição é o conjunto de mecanismos pelos quais um
organismo adquire informação, a trata, a conserva, a explora; designa também
o produto mental destes mecanismos, quer seja encarado de um modo
generalizado quer a propósito de um caso particular.
Distinguir sensação de percepção.
A percepção é um processo cognitivo através do qual contactamos com o
mundo, que se caracteriza por exigir a presença da realidade a conhecer. Pela
percepção, organizamos e interpretamos as informações sensoriais. Por isso, a
percepção começa nos órgãos receptores (sensoriais) que são sensíveis a
estímulos específicos. Ao processo de detecção e recepção dos estímulos
recebidos chama-se sensação.
Enquanto que as sensações são meras traduções, captações de estímulos, a
percepção exige um trabalho de análise e síntese. Enquanto que a sensação é
a experiência simples dos estímulos, a percepção envolve a interpretação das
informações sensórias recebidas.
Caracterizar percepção.
A percepção é um processo cognitivo através do qual contactamos com o
mundo, que se caracteriza por exigir a presença da realidade a conhecer. Pela
percepção, organizamos e interpretamos as informações sensoriais. Por isso, a
percepção começa nos órgãos receptores (sensoriais) que são sensíveis a
estímulos específicos.
A percepção é uma actividade cognitiva que não se limita ao registo da
informação sensorial, implica a atribuição de sentido, que remete para a nossa
experiência. As percepções resultam de um trabalho árduo de análise e síntese
por parte do cérebro, destacando o seu carácter activo e influenciado pelos
conhecimentos, experiências, expectativas e interesses do sujeito.
Reconhecer o carácter subjectivo da percepção.
A nossa percepção do mundo é subjectiva, na medida em que percebemos o
meio que nos rodeia em função dos nossos conhecimentos adquiridos,
necessidades, interesses, valores, expectativas e experiências passadas. É
importante perceber que não percepcionamos de uma forma neutra e objectiva,
mas antes individual, parcial e subjectiva. E é devido a esta última
característica que a percepção nos permite antecipar acontecimentos e prever
comportamentos, o que nos permite prepararmo-nos para eles.
Por outro lado, a motivação e os estados emocionais de cada um têm grande
influência na percepção que o indivíduo tem da realidade numa dada situação,
por exemplo, o nervosismo e o medo implicam, regularmente, uma distorção e
ampliação de factos que nos é incontrolável.
Também o interesse que os acontecimentos e assuntos nos despertam é
importante para a percepção já que os estímulos perceptivos são
seleccionados pela nossa atenção e, por isso, tendemos a adquirir mais
conhecimentos nas áreas que mais nos fascinam.
Por fim, a subjectividade nota-se nas expectativas. Estas afectam as nossas
percepções levando-nos, frequentemente, à ilusão e consequente desilusão.

Esclarecer o conceito de percepção social.


Percepção social é o processo que está na base das interacções sociais, ou
seja, o modo como conhecemos os outros, analisamos os seus
comportamentos e entendemos os seus perfis. É o modo como
percepcionamos as situações sociais e o comportamento dos outros que
orienta o nosso próprio comportamento. Por isso, podemos afirmar que a
percepção social está inteiramente relacionada com os grupos sociais, a
cultura e o contexto social do indivíduo.
A predisposição perceptiva mostra-nos que os indivíduos e os grupos sociais
atribuem significados particulares à realidade física, reconstruindo-a e, muitas
vezes, percebendo situações de modo diferente. Um exemplo disso, é o efeito
dos estereótipos e dos preconceitos na percepção.
Definir memória.
A memória pode ser entendida como o registo de todas as experiências
existentes na consciência, bem como a qualidade, extensão e precisão dessas
lembranças. A memória é a capacidade do cérebro em armazenar, reter e
recordar a informação. Representa, então, duas funções fundamentais: a
capacidade de fixar, o que permite o acréscimo de novas informações, e a
capacidade de reproduzir, através da qual os conhecimentos são revividos e
colocados à disposição da consciência.
A nossa capacidade de memorizar depende da rede de informação que
possuímos, por isso, é habitual que quem tem mais habilitações, tenha maior
capacidade de memorização.
Para que uma memória seja eficaz, é preciso compreender o teor da
informação, dependendo esta da motivação e do interesse que a questão
suscita em cada um. Quanto maior a compreensão do conteúdo e a
intensidade da ligação entre ele e os nossos restantes conhecimentos, maior a
durabilidade da memória.
Mostrar a importância da memória no comportamento.
A memória é um fenómeno biológico e psicológico, dependente da interacção
entre vários sistemas cerebrais como o lobo temporal, a amígdala e o córtex
pré-frontal.
A memória está na base de todas as funções psíquicas: da percepção, da
aprendizagem, da imaginação, do raciocínio, etc.
Não podemos conceber a vida humana sem memória. É a partir das
informações que o indivíduo possui que se adapta ao meio e atribui significado
às experiências vividas. Sem ela, seria impossível a transmissão e
desenvolvimento cultural. O homem seria um ser puramente biológico.
É a memória que nos dá o sentimento de identidade pessoal: as experiências
vividas, acumuladas e que nos reconhecemos como nossas constituem o
nosso património pessoal que nos distingue dos outros e nos torna únicos.
Sem memória não existe identidade.
A memória humana é limitada na sua capacidade de armazenamento e
afectada pelos sentimentos, emoções, experiências, imaginação e, ainda, pelo
tempo.

Conhecer os processos de memória.


Se a memória é a capacidade do cérebro em armazenar, reter e recordar a
informação, então são estes os três processos base de memória.
A codificação é a primeira operação da memória. Prepara as informações
sensoriais para serem armazenadas no cérebro. Traduz os dados recebidos
em códigos visuais, acústicos ou semânticos. Quando queremos memorizar
algo, agimos em função de uma aprendizagem deliberada que nos exige mais
atenção e, como tal, uma codificação mais profunda.
Depois de codificada, a informação deve ser armazenada, o que acontece por
um período variável. Cada elemento de uma memória é guardado em várias
áreas cerebrais. Engramas são traços mnésicos resultantes das modificações
no cérebro que ocorrem para o armazenamento. Cada engrama produz
modificações nas redes neuronais que permitem a recordação do que se
memorizou sempre que necessário. O processo de fixação é complexo e a
informação que se armazena está sempre sujeito a modificações, o que implica
que, para que ela se mantenha estável e permanente, seja necessário tempo.
A recuperação é, como o nome indica, a fase em que recuperamos,
recordamos, reproduzimos a informação anteriormente guardada.

Caracterizar a memória de curto prazo.


A memória a curto prazo está presente no hipocampo. É uma memória que
retém a informação durante um tempo curto limitado, a partir do qual pode ser
esquecida ou promovida para a memória a longo prazo. Distinguem-se a
memória imediata e a memória de trabalho:
A memória imediata é aquela que retém a informação apenas por uma fracção
de tempo (~30segundos). Normalmente, conseguimos reter até sete unidades
de informação: sete dígitos, sete letras.
A memória de trabalho acontece quando mantemos a informação enquanto ela
nos é útil, por exemplo quando repetimos um nome ou um número várias vezes
porque não o pudemos escrever.
Ambas se completam e formam a memória a curto prazo. Qualquer informação
que tenha estado na memória a curto prazo e que se tenha perdido é
irrecuperável.

Conhecer os diferentes tipos de memória de longo prazo.


Há dois tipos de memória de longo prazo: a memória não declarativa e a
declarativa.
A memória não declarativa é automática, retém as informações do género
“como fazer?”. É o exercício, a repetição do conjunto de práticas que tornam a
actividade automática. Só conseguimos atingir este tipo de memória através da
acção. Explicar como andar de bicicleta é muito complicado, a tendência é
sempre exemplificar. Para isso, não é preciso localização temporal, reflexão ou
reconhecimento a não ser que nos seja perguntada alguma referência.
Memória não declarativa é também chamada memória implícita ou sem registo.
A memória declarativa, explícita ou com registo, implica consciência do
passado, do tempo, de experiências vividas, de acontecimentos e pessoas.
Esta memória lida com conteúdos que podem ser declarados, ou seja,
transpostos para palavras. Dentro desta memória, podemos ainda separar a
memória episódica da semântica.
A memória episódica é constantemente associada a memória autobiográfica
exactamente porque se reporta a lembranças da vida pessoal. Envolve rostos
de pessoas, músicas, factos, experiências. É pessoal e manifesta uma relação
íntima entre quem recorda e o que se recorda.
A memória semântica permite identificar objectos e conhecer o significado das
palavras. Refere-se ao conhecimento geral sobre o mundo: leis, factos,
fórmulas, regras. Não há localização no tempo, não há ligação com qualquer
acção ou conhecimento específico. Sabe – se que 3² = 9 e esse conhecimento
é retido assim, simplesmente. Se se associar quem ensinou, por exemplo, o
professor de matemática, já nos estarmos a reportar à memória episódica.

Compreender a memória como processo activo e dinâmico.


A memória é um processo activo e dinâmico na medida em que não reproduz
fielmente aquilo que armazenou. A memória reconstrói os dados, o que implica
que dê mais relevo a uns, distorça outros ou mesmo os omita. Por outro lado,
quando os acontecimentos são muito emotivos, a memória deixa escapar
pormenores que depois são substituídos/reconstruídos pelo cérebro. Quem
conta um conto, acrescenta um ponto e, assim, quanto mais se reproduz o que
aconteceu, mais elaborada e complexa vai ficando a história, chegando a um
ponto em que muitos factos não passam de imaginação.
No entanto, as representações que temos são sempre tão claras como se
fossem plenas reproduções da realidade, o que faz com que este processo
activo e dinâmico nos passe completamente despercebido. Por este motivo, o
mesmo acontecimento pode ser descrito de formas bastante diferentes por
diferentes pessoas. Não mentem, apenas têm diferentes interpretações
resultantes de diferentes sentimentos, emoções e atenção.
Relacionar memória e esquecimento.
A memória é selectiva e limitada na sua capacidade de armazenamento. Por
isso, o esquecimento é condição essencial ao normal funcionamento da
memória.
Podemos definir esquecimento como a incapacidade de recordar, de recuperar
dados, informações, experiências que foram memorizadas no passado. O
esquecimento pode ser provisório ou definitivo. Apesar de estar carregado de
uma imagem negativa, o esquecimento é essencial. Só continuamos, ao longo
de toda a vida, a memorizar informação porque conseguimos esquecer outra.
O esquecimento tem uma função selectiva e adaptativa, já que despreza a
informação inútil e desnecessária e os conteúdos conflituosos, impedindo um
excesso de informação acumulado no cérebro que bloquearia a captação de
novos assuntos.
O esquecimento está, normalmente, mais relacionado com a memória a longo
prazo uma vez que, na memória a curto prazo, o tempo de retenção da
informação é demasiado curto: esta ou passa para a memória a longo prazo ou
é apagada.

Explicar diferentes tipos de esquecimento: motivado, interferência das


aprendizagens e regressivo.
O esquecimento regressivo acontece quando há dificuldades em apreender
novas informações e relembrar conhecimentos, factos, nomes e números
recentes. É frequente ocorrer, maioritariamente, em pessoas mais idosas
devido à degenerescência dos tecidos cerebrais. Apesar disso, o
envelhecimento pode ser retardado com uma vida activa, empenhada e
equilibrada.
O esquecimento motivado aparece na sequência da teoria do psiquismo
humano de Freud. Assim, esquecemos o que, inconscientemente, nos convém
esquecer. De forma a assegurar o equilíbrio psicológico, o cérebro tende a
esquecer todos os conteúdos que possam ser traumatizantes, dolorosos
angustiantes, fenómeno a que chamamos recalcamento. Através deste
mecanismo de defesa, os conteúdos do inconsciente são impedidos de atingir
a consciência, diminuindo a incidência de momentos tensos provocados por
conflitos internos.
O esquecimento por interferência das aprendizagens explica-se pela interacção
das novas memórias com as mais antigas. As memórias mais antigas não
desaparecem, mas sofrem alterações por efeito da transferência de
aprendizagens e experiências posteriores que as tornam irreconhecíveis.

Caracterizar a aprendizagem.
Aprendizagem é uma modificação relativamente estável do comportamento ou
do conhecimento, que resulta do exercício, experiência, treino ou estudo. É um
processo que, envolvendo processos cognitivos, motivacionais e emocionais,
se manifesta em comportamentos.
No entanto, é preciso notar que nem todas as mudanças de comportamento
resultam da aprendizagem. Alguns comportamentos actualizam-se
naturalmente sem necessidade de aprendizagem porque fazem parte da matriz
genética. São eles, por exemplo: respirar ou digerir. Outras resultam de
problemas físicos.
A aprendizagem é um processo cognitivo que nos humaniza, sendo essencial
na adaptação ao meio.

Conhecer os diferentes tipos de aprendizagem: por habituação,


associativa, por observação e imitação e aprendizagem com recurso a
símbolos e representações.
Há dois processos principais de aprendizagens: simbólicas e não simbólicas.
Dentro das aprendizagens não simbólicas, podemos distinguir a aprendizagem
não associativa e a aprendizagem associativa.
A aprendizagem não associativa é-o porque o indivíduo aprende as
características de um só estímulo. Tem dois conceitos chave: a habituação e a
sensitização.
A habituação é o fenómeno que nos permite aprender a não reagir a estímulos
específicos. Ou seja, seleccionamos do meio ambiente apenas o que nos
interessa e ignoramos os restantes acontecimentos. Quando, pela primeira vez,
tentamos mergulhar de uma prancha alta, podemos sentir receio, vertigens,
insegurança. Mas, à medida que vamos repetindo o acto e que ele se vai
tornando familiar, as reacções vão sendo cada vez menores até se tornarem
inexistentes e o acto de mergulhar se converter em algo completamente
normal.
A sensitização é uma forma de aprendizagem através da qual percebemos as
propriedades de um estímulo negativo, prejudicial. É uma forma de apurar
reflexos para sobreviver. Uma cria, desde que o predador a tenta atacar a
primeira vez, irá aprender que essa situação é de evitar e que deve fugir.
Enquanto a habituação se refere às características de um estímulo positivo, a
sensitização refere-se a um estímulo ameaçador.
A aprendizagem associativa exige a associação de estímulos e respostas.
Divide-se em condicionamento operante e clássico.
O condicionamento clássico refere-se a uma forma de aprendizagem chamada
reflexo condicionado. Um estímulo que não provoque qualquer reacção, depois
de associado a outro estímulo que provoque resposta, passa, por si só, a
provocar a resposta do segundo. Ou seja, uma campainha não provoca
qualquer reacção num homem. Mas se a campainha for associada à passagem
do comboio numa linha férrea, a pessoa só com o sinal da campainha passará
a parar e a esperar pelo comboio.
Estímulo neutro: estímulo que antes do condicionamento (associação) não
produz qualquer resposta.
Estímulo não condicionado: estímulo que desencadeia uma resposta
apreendida.
Resposta incondicionada: resposta ao estímulo incondicionado.
Estímulo condicionado: estímulo neutro associado ao estímulo
incondicionado.
Resposta condicionada: resposta incondicionada que depois do
condicionamento passa a seguir-se ao estímulo neutro.
No condicionamento clássico, o sujeito é passivo porque não depende da
vontade dele.
O condicionamento operante envolve uma consequência positiva – reforço –
que impulsiona a aprendizagem de um determinado elemento. Ou seja, o
reforço é o estímulo que, por trazer consequências positivas, aumenta a
probabilidade de uma resposta ocorrer. Se for positivo, é um estímulo que se
segue a um determinado comportamento e que tem consequências positivas.
Se for negativo, a resposta evita um determinado acontecimento negativo,
doloroso. Se se responder ao estímulo, não acontece uma determinada
situação negativa.
Quer o esforço positivo como o negativo permitem aumentar a ocorrência de
um acontecimento, de uma resposta. É importante notar que esforço negativo
não é castigo. Castigo é um procedimento que diminui a ocorrência de uma
resposta porque o estímulo é impeditivo. O castigo aparece quando a resposta
não é dada ou é mal dada, assim, evita-se que esse comportamento seja
repetido.
Dentro das aprendizagens simbólicas, podemos distinguir a aprendizagem por
observação e imitação e a aprendizagem com recurso a símbolos e
representações.
A aprendizagem por observação e imitação, também chamada por modelação,
acontece ao longo do processo de socialização. Apreendemos determinados
conhecimentos observando e imitando os outros. No entanto, nem tudo o que
vemos imitamos. A reprodução dos actos implica factores internos do próprio
sujeito. A teoria cognitiva e social defende que cada indivíduo possui um
conjunto de competências que permitem a aprendizagem e o desenvolvimento:
capacidade de avaliar o ambiente e de se avaliar a si próprio. O reforço
vicariante acontece quando o indivíduo, ao observar o modelo a efectuar uma
acção que lhe traz repreensões, a evita, ou o contrário.
A aprendizagem com recurso a símbolos e representações permite adquirir
conhecimentos ou adquirir procedimentos e competências.
Para a aquisição de conhecimentos, são necessários esquemas cognitivos
prévios que nos permitam integrar nova informação. Estes são estruturas
dinâmicas que proporcionam os conhecimentos que já possuímos e integram
os conhecimentos novos. Só há aprendizagem se se conseguir integrar o
conhecimento novo nos padrões anteriores.
Para a aquisição de procedimentos e competências é necessário aplicar os
esquemas gerais da competência à nova tarefa, com as devidas adaptações e
integrações que alcancem a eficácia. Com a repetição, interiorizamos o
processo, corrigimos as acções inadequadas e acabamos por tornar o
processo automático. Os procedimentos e as competências adquiridas deste
modo (escrever, andar de bicicleta, conduzir) passarão para a memória a longo
prazo e, mesmo que inactivos durante muito tempo, são possíveis de
recuperar.

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